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DISCIPLINA: SISTEMA TRIBUTÁRIO CONSTITUCIONAL


PROFESSOR: CAIO AUGUSTO TAKANO
E-mail: takano@tpa.adv.br

Aluno(a): Michele de Sousa Miranda

TIA: 41780132

Prova Final – 2021.2

Instruções:
- A avaliação é individual.
- A interpretação das questões faz parte da avaliação.
- É permitida a consulta à legislação “não comentada”.
- A duração da prova é de 1h40.
- A entrega deverá ser feita exclusivamente pelo Moodle, em tópico específico criado para entrega da prova.

Questões:

1) [5,0 pontos] No que concerne ao processo administrativo tributário, responda justificadamente: (i) Qual
o seu conceito (natureza jurídica) e a sua finalidade? (ii) Quais são os seus princípios informadores? Cite,
pelo menos, dois exemplos. (iii) Como o processo administrativo se inter-relaciona com o Código de
Processo Civil? (iv) Podehaver empréstimo de prova no processo administrativo tributário? Em caso
afirmativo quais seriam os limites? Justifique.

(i) O processo administrativo trata-se de um instituto jurídico o qual consiste em uma série ordenada de
atos mediante a Administração Tributária em face do contribuinte, isto é, o responsável tributário com
o intuito de apurar e exigir dos contribuintes o crédito tributário, em consonância aos Decretos Lei nº
70.235/72 e 7.574/11. Sob este viés, o processo administativo no âmbito tributário tem como objetivo
principal reduzir a presença da Administração Pública em ações judiciais.

(ii) Para ser válido, o processo administrativo necessita designificar princípios, bem como garantiais
constitucionais, a fim de assegurar valores juridicos, econômicos e morais perante todos os envolvidos
no procedimento tributário, isto é, o Contribuinte, o Estado e a própria dociedade. Assim, seguem
alguns dos princípios norteadores:

• Princípio do contraditório e ampla defesa;

• Princípio da razoável duração do processo;

• Princípio da verdade material;

• Princípio da impessoalidade;

• Princípio da motivação;

• Princípio da proporcionalidade;

• Princípio da Publicidade;
Conforme estipulado na questão, a seguir dois exemplos dentre os princípios acima citados:

Princípio da impessoalidade: O protegido, o favorecido, perante à Administração Pública, logo, não


pode ser outro senão a própria Sociedade. Assim, O ente tributante deve agir de forma objetiva e
isonômica, abstendo-se de quaisquer interesses escusos ou pessoais. Portanto, o ente tributante e suas
autoridades devem agir de forma objetiva e imparcial.

Princípio da oficialidade: Compete à própria Administração impulsionar, promover, o processo, do


início ao fim, em qualquer fase que se encontre, até a decisão final. Dessarte, Quando o interessado
declarar que fatos e dados estão registrados em documentos existentes na própria Administração
responsável pelo processo ou em outro órgão administrativo, o órgão competente para a instrução
proverá, de ofício, a obtenção dos documentos documentos ou das respectivas cópias.

(iii) O Código de Processo Civil possui reflexos diretos perante o processo administrativo tributário. Nesse
sentido, o referido código interfere na produção, bem como na condução das normas processuais ao
contencioso admininistrativo tributário. Assim, partindo da premissa que o reconhecimento da condição
repetitiva de um conjunto de demandas e da repercussão geral de determinada matéria são ferramentas
de uniformização de interpretações previstas pelo ordenamento jurídico. Diante do dever de
estabilidade, integralidade e coerência, os Tribunais Administrativos devem atuar seus
posicionamentos, balizando-se pelos entendimentos consolidados.

(iv) Assim como ocorre no âmbito do processo judicial, é possível que haja a produção de determinada
prova no âmbito de um processo administrativo, tornando desnecessária sua repetição em outro
processo administrativo. Nesse caso, a prova feita em um processo pode ser utilizada de modo
“emprestado” em outro, uma vez que trata-se de dever de coerência, e sobretudo de economia
processual.

Contudo, cumpre ressaltar quanto à prova emprestada utilizada pela administração para agravar a
situação do sujeito passivo, que os princípios constitucionais do devido processo legal, da ampla defesa
e do contraditório sejam respeitados. Para tanto, é importante que a Administração se restringa a prova
emprestada produzida em outro processo, e não a decisão proferida com base em tais provas.

--- Escolha apenas uma dentre as questões abaixo para responder --

2.1) [5,0 pontos] No que consiste e qual a diferença entre os embargos à execução e a exceção pré-
executividade? Quais são as matérias que podem ser discutidas em cada uma delas? Quais são os
pressupostos para o seu peticionamento? Em quais situações deve o executado escolher uma ou outra?
Fundamente a sua resposta.

Os embargos à execução constituem modalidade típica de defesa do executado através da propositura de


ação de conhecimento com vistas a opor-se à demanda executiva em curso. Esta modalidade típica de defesa
poderá abrigar, todas as matérias defensivas, substantivas ou adjetivas, para evitar o prosseguimento da execução
forçada.
Os embargos visam impugnar a execução forçada. Esta impugnação abrange questionamentos acerca da
existência, validade e eficácia do título executivo, da dívida exequenda ou do procedimento executivo. Os
embargos veiculam as matérias defensivas do devedor executado, portanto, substancialmente constituem uma
defesa, mas a forma de exercício desta modalidade de defesa, indubitavelmente, será através de uma ação de
conhecimento. Assim, o ônus da prova cabe ao embargante, incumbindo-lhe comprovar a insubsistência do
crédito exequendo, o que reafirma que os embargos são substancialmente uma defesa. Considerando que os
embargos possuem natureza de ação, deverá o executado observar os requisitos da petição inicial (arts. 319 e 320
CPC/2015), sob pena de indeferimento liminar. Além destes requisitos, deverá o embargante deduzir uma
pretensão. Assim, imprescindível abordar o tipo de pretensão que deverá ser deduzida.
Os requisitos de admissibilidade dos embargos à execução são: a) legitimidade; b) tempestividade e c)
competência, que serão abordados nos itens seguintes.
A ausência de um destes requisitos de admissibilidade poderá ensejar o indeferimento liminar dos
embargos, na forma do artigo 918, CPC/2015.O rol previsto neste artigo é exemplificativo, portanto, poderá o
magistrado rejeitar liminarmente os embargos em outras hipóteses, como a prevista no artigo 917, §4º, inciso I,
CPC/2015. Assim, os embargos poderão ser liminarmente rejeitados quando o executado alegue matéria
absolutamente estranha aos embargos ou incompatíveis com o título executivo objeto da execução.

Enquanto os Embargos de Pré-Executividade é um tipo de defesa do Executado, a qual não tem uma
previsão legal expressa, mas está positivada de forma unânime através da uma construção jurisprudencial.
Contudo, é possível utilizar artigo 803, do CPC, para fundamentação legal da Exceção de Pré-
Executividade:

Art. 803. É nula a execução se:


(..)
Parágrafo único. A nulidade de que cuida este artigo será pronunciada pelo juiz, de ofício ou a
requerimento da parte, independentemente de embargos à execução.

Assim, não é necessário o ofericimento de garantia.


O cabimento deste modo de defesa se restringe para matérias de ordem pública, isto é que possam ser
conhecidas de ofício pelo Juízo, e outas matérias desde que não demandem dilação probatória, tais como os
seguintes exemplos: (i) ilegitimaidade passíva do sócio;(ii) prescrição e decadência dos créditos executivos; (iii)
pagamento do crédito; (iv) compensação; (v) inconstitucionalidade do tributo; e (vi) causas suspensivas da
exigibilidade do crédito tributário.

Dado exposto, é aconselhavél a utilização da Execeção de Pré-Eecutivade em casos em que o Executado


não tenha condições de apresentar uma garantia suficiente para o crédito da Execução Fiscal, sendo, portanto, uma
medida de defesa consideravelmente maisviável, contudo, deve-se estar ciente que não há possibilidade de
concessão de efeito suspensivo.

Por outro lado, na hipótese do Executado tenha condições de apresentar garantia à Execução Fiscal,
recomenda-se a oposição de Embargos à Execução, pois, mesmo sendo um meio de defesa com custo mais
elevado, será imputado a concessão de efeito suspensivo ao crédito. Outrossim, ao utilizar os Embargos à
execução será possível alegar toda a matéria de defesa admitida.

2.2) [5,0 pontos] Qual a diferença entre a ação declaratória e a ação anulatória? Quais são as matérias que podem
ser discutidas em cada uma delas? Quais serão os pedidos formulados em cada uma dessas ações? Qual é a
competência para julgar: (i) ação declaratória referente a inexigibilidade do IRPJ em determinada circunstância?
E uma (ii) ação anulatória referente a AIIM lavrado pela SEFAZ/SP referente a débitos de ICMS? Fundamente a
sua resposta.

R. da Consolação, 930 - Consolação, São Paulo - SP, 01302-907

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