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CAMPO GRANDE - MS
2011
FOLHA DE APROVAÇÃO
BANCA EXAMINADORA
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Profº(a) Examinador(a)..............................................
Deus me livrou da morte,
na desgraça.
INTRODUÇÃO 09
1 O PROCESSO ADMINISTRATIVO 12
2 O CONSELHO DE CONTRIBUINTES 19
2.1 HISTÓRICO 19
3 A REVISÃO JUDICIAL 33
CONSIDERAÇÕES FINAIS 47
REFERÊNCIAS 50
INTRODUÇÃO
Contudo, será que tal posicionamento não deve ser visto sob uma nova
ótica? Será que a revisão de decisões do Conselho de Contribuintes desrespeita a
esfera Administrativa? Será que é desfeita a segurança jurídica na instituição
Conselho de Contribuintes?
Se é possível que a Administração recorra ao Poder Judiciário para rever,
por exemplo, as cláusulas de um contrato firmado com um particular, porque não
poderia a Administração também buscar o Poder Judiciário para nova apreciação de
decisão exarada pelo Conselho de Contribuintes?
1
SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo, p. 635.
2
LIMA, Ruy Cirne. Sistema de Direito Administrativo Brasileiro, p. 26.
3
DALLARI, Adilson Abreu. Regime Constitucional dos Servidores Públicos, p. 126.
contornos mais determinados, pois a relação entre contribuintes e Fazenda Pública
não pode estar eivada de qualquer mácula, sob pena de invalidação de seus atos.
4
CHROPACZ, Franciely. A Teoria da Prova no Processo Administrativo Fiscal, p. 11.
procedimentos administrativos, afirma a necessidade de
fundamentação legítima e racional dos atos administrativos; da
salvaguarda dos direitos fundamentais dos governados frente aos
governantes, quando da revogação e anulação dos atos
administrativos; da garantia da ampla defesa nos processos
administrativos; da publicidade das decisões do Poder Público
(incluído o direito de vista aos processos); do direito de
representação e petição aos Poderes Públicos; da vedação às
chamadas “sanções políticas” ou “administrativas”.5
O ato administrativo para ser válido, ele precisa ter em seu bojo os
elementos formadores para garantir sua validade, quais sejam: competência do
agente, finalidade, forma, motivo e objeto.
7
GASPARINI, Diogenes. Direito Administrativo, p. 64.
8
GASPARINI, Diogenes. Id, p. 65.
9
MOREIRA, Egon Bockmann. Processo Administrativo, Princípios Constitucionais e a Lei
9.784/1999, p. 67.
atividade administrativa do Estado. Nessa óptica, é imprescindível fazer referência
ao artigo 37 da Constituição Federal:
10
FAGUNDES, Miguel Seabra. O Controle dos Atos Administrativos pelo Poder Judiciário,
p.16/17.
11
MOREIRA, Egon Bockmann. Op. Cit., 2003, p. 30.
12
SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo, 16º ed., p. 647.
13
JUSTEN FILHO, Marçal. O Princípio da Moralidade Pública e o Direito Tributário. RTDP 11/44-
58.
Quando se fala de moralidade, deve-se entendê-la como o aquilo que
está correto para a coletividade, conforme valores éticos para a sociedade, tais
como: honestidade, equilíbrio, justiça, boa-fé. Esse comportamento é exigido tanto
da Administração, como de quem se relaciona com ela.
14
ROMS 9.881-AL, rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ 22.5.2000, p. 123.
15
MOREIRA, Egon Bockmann. Op. Cit., 2003, p. 164.
eficiência pode encerrar norma que garanta e amplie os direitos sociais. Daí por que
a possibilidade de atingir o máximo de benefícios concretos ao cidadão.”
16
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, p. 23.
2 O CONSELHO DE CONTRIBUINTES
2.1 HISTÓRICO
“Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das
convenções internacionais e dos decretos:
(...)
Convém ressaltar que não se deve fazer uma leitura no sentido denotativo
das palavras “jurisdição administrativa”, até porque não há no Brasil tribunais
administrativos ou qualquer outro órgão com função semelhante ao Poder Judiciário
(fazer coisa julgada).
Tanto assim o é, que o tema tem referência no artigo 37, XVIII CF,
atrelando a atividade fazendária aos limites de competência e jurisdição de cada
entre público. Portanto, a leitura que se faz de jurisdição administrativa é atuação do
ente administrativo dentro do seu limite territorial, ou seja, cada município atuando
dentro dos seus limites territoriais, assim, também o Estado.
17
ADIN 1.049-2 MC/DF, julgada em 19/05/1995; RE 210.246/GO, julgado em 12/11/1997; RE
169.077/MG, julgado em 05/12/1997.
O Conselho de Contribuintes não é uma instância obrigatória de ser
percorrida. Caso o contribuinte deseje, pode recorrer direitamente ao Poder
Judiciário, o qual deveria ser visto como exceção para a solução de controvérsias e
não, regra. No entanto, deve-se salientar que a busca de uma reapreciação na
segunda instância administrativa, pode tornar a solução da controvérsia mais célere
e mais econômica para as duas partes.
18
RIBAS, Lídia Maria Lopes Rodrigues. Processo Administrativo Tributário, p. 145.
19
MARINS, James. Direito Processual Tributário Brasileiro (Administrativo e Judicial), p. 45-46.
do comércio e da indústria20). O Conselho de Contribuintes teria o poder de trazer,
face a sua diversidade, mais amplitude da revisão das decisões emitidas no âmbito
Administrativo.
Por outro lado, podem ser apontadas como conseqüências pela falta de
Conselhos de Contribuintes:
Cada órgão possui funções que são preponderantes, mas não deixam de
realizar outras atividades. Por isso, dentro da Administração, há julgamento. Para
que o contribuinte possa se defender, dentro da esfera administrativa, pode-se
recorrer ao Conselho de Contribuintes.
20
Não há referência aos representantes da agricultura porque, historicamente, não era uma categoria
tributada diretamente por órgãos federais, conforme discorreu Fernando Netto Boiteux, em Os
Conselhos de Contribuintes do Ministério da Fazenda e seu Regime Jurídico, em Processo
Administrativo Tributário sob a coordenação de Sério André Rocha, p. 184.
21
GAJARDONI, Fernando da Fonseca. Técnicas de aceleração do processo, p.31.
22
LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. São Paulo: Método, 2005, p. 217.
A coisa julgada é uma garantia prevista no art. 5º, XXXV da CF/88. É
definida pelo art. 6º, § 3º da LICC (Decreto-Lei n.º 4.657/1942); “Chama-se de coisa
julgada ou caso julgado a decisão judicial de qua já não caiba recurso”. Face a
imutabilidade da decisão, nenhuma alteração é possível e, tampouco, qualquer
recurso é cabível.
23
Os Conselhos de Contribuintes se limitam a apreciar as questões tributárias, cujo rol é menor
quando comparado com a amplitude de matérias que podem ser discutidas no Poder Judiciário.
para julgar. Além disso – e também por isso – tardarão muito as
soluções, em detrimento das partes envolvidas. Daí a razão pela
qual, em quase todos os países, se criaram organismos e sistemas
para reduzir o número de causas instauradas perante o Poder
Judicial.24
Vieira26 explica:
24
ATALIBA, Geraldo. Recurso em Matéria Tributária. Revista de Informação Legislativa (Senado
Federal-1988), 25/111, p.122.
25
VIEIRA, Rubens Carlos, Jornal Valor Econômico, 27/10/1995.
26
VIEIRA, Rubens Carlos. Op. Cit.
Os contribuintes demonstram uma forte resistência à revisão judicial
das decisões dos conselhos de contribuintes que lhes forem
favoráveis, calçados no princípio da segurança jurídica e no artigo 45
do Decreto n.º 70.235, de 6 de março de 1972. Dizem mais: se o
Poder Judiciário iniciar o processo de revisão de tais decisões,
aquela instância administrativa será esvaziada, com graves prejuízos
aos interesses dos contribuintes.
Este ponto poderia talvez ser exposto desta forma: se todos estamos
de acordo em que a finalidade do processo é fazer prevalecer a lei,
quer se trate de processo administrativo, quer judicial, o órgão que
deve se pronunciar em última instância é o Poder Judiciário. Por
conseguinte, qualquer solução de lei ordinária que implique em
afastar a intervenção do judiciário, impedindo a sua provocação por
uma, ou por outra das partes do processo administrativo parece-nos
insustentável. Seria atribuir efeito de coisa julgada substancial à
decisão administrativa, o que é incompatível com o nosso regime
constitucional (Justiça e Processo Fiscal, p. 57).
28
LEITÃO, Maria Beatriz Mello. A Possibilidade de Revisão pelo Poder Judiciário das Decisões
do Conselho de Contribuintes à Fazenda Pública, p. 513.
29
LEITÃO, Maria Beatriz Mello. Id., p. 500.
No mais, o julgamento administrativo das lides gera expectativa para os
administrados, mas não se pode falar em formação de coisa julgada administrativa.
Vários doutrinadores sustentam que alterar essas decisões seria destruir o direito
subjetivo nascido para o contribuinte com o julgamento da lide pelo Conselho de
Contribuintes.
30
PASTORELLO, Dirceu Antônio. Processo Administrativo Tributário, p. 534.
31
XAVIER, Alberto. Princípios do Processo Administrativo e Judicial Tributário, p. 47.
órgãos não podem ser responsabilizados pelo fato de tomarem
deliberações contrárias a quaisquer ordens ou diretrizes exteriores.
32
SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 6. ed. São Paulo: Malheiros,
1997. p. 411.
33
XAVIER, Alberto. Id., p. 51.
34
LEITÃO, Maria Beatriz Mello Op. Cit., p. 508.
julgada) era pelo menos um órgão independente que não se
identificando com a administração, tinha o poder de trancar a
instância administrativa, para a Administração. Não iria, pois, a
Administração anular ato seu, mas de um órgão estranho a ela.
35
Ribas, Lídia Maria Lopes Rodrigues. Processo Administrativo Tributário, p. 393.
36
Ribas, Lídia Maria Lopes Rodrigues. Id.
2.4 RECURSO HIERÁRQUICO
37
NEDER, Marcos Vinícius, LÓPEZ, Maria Teresa Martínez. Processo Administrativo Fiscal
Federal Comentado, pg. 396
38 BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional, p.474.
autoridade ou órgão diferente daquele que a prolatou. Assim, classifica-se o recurso
hierárquico como impróprio.
39
Parecer PROCURADOR-GERAL DA FAZENDA NACIONAL – PGFN nº 1.087 DE 19.07.2004.
3 A REVISÃO JUDICIAL
(...)
40
SILVA, Sérgio André. Questionamento judicial, pela Fazenda Nacional, de decisão
administrativa final: análise do parecer PGFN/CRJ Nº 1.087/2004, p. 96.
enfrentar o arbítrio que com freqüência contamina as regiões
vizinhas ao poder político.41
41
MARINS, James. Op. Cit., p.160.
30
MELO, José Eduardo Soares de. Processo Administrativo Tributário, p. 308.
43
Rodrigues, Marilene Talarico Martins. Processo Administrativo Tributário e a Impossibilidade
de Anulação da Decisão de Mérito “Coisa Julgada” pelo Poder Judiciário, p. 332.
Aguarda análise na Câmara de Deputados, em Brasília, o Projeto de Lei
n.º 09/2007 do Senado Federal, cujo autor é Francisco Dornelles. O projeto trata de
vedar a propositura de ação judicial, pela União, contra decisão administrativa
definitiva em favor do contribuinte.44
44 http://www.senado.gov.br/atividade/materia/detalhes.asp?p_cod_mate=79856
45
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário, p. 436.
3.2 POSSIBILIDADE DE REVISÃO JUDICIAL
Para Lídia Maria48 a decisão administrativa não faz coisa julgada porque é
possível a revogação dos atos administrativos e face o controle judicial da
Administração. É no Poder Judiciário que ocorre a formação da coisa julgada.
46
CARRAZA, Roque Antonio. Curso de Direito Constitucional Tributário, p. 65.
47
LEITÃO, Maria Beatriz Mello. Op. Cit., p. 514.
48
RIBAS, Lídia Maria Lopes Rodrigues. Op. Cit., p. 200.
49
FALCÃO, Amilcar de Araújo. Introdução ao Direito Tributário, p. 90.
Essa discussão teve grande repercussão com a publicação do Parecer
PGFN/CRJ/ nº1087/2004 e da Portaria n.º 820/2004. Ambos, expressamente,
declaram que o Poder Judiciário poderá rever as decisões dos Conselhos de
Contribuintes e da Câmara Superior de Recursos Federais.
Logo, não se pode dizer que não é possível recorrer de decisão própria,
se o Conselho é um órgão paritário, a decisão proferida não reflete,
necessariamente, a vontade da Administração. Também não se pode dizer que seja
ato próprio seu pelo já exposto.
50
MORAES, Líria Kédina Cuimar de Sousa e. Op. Citada, p. 74.
Entende-se como cabível a reformatio in pejus da decisão administrativa
de primeiro grau, pelo Conselho de Contribuintes, com o argumento de que
nenhuma violação da Lei deve prosperar. Quem toma conhecimento de qualquer
vício legal, tem o dever de saneá-lo, ou caso não tenha poderes para tanto,
denunciá-lo ao órgão competente.
Alberto Xavier52, por sua vez, entende que não é possível agravar o
lançamento no processo de impugnação, uma vez que os órgãos julgadores não
teriam essa competência. Considera-se esse posicionamento como verdadeiro em
parte, uma vez que se apresenta como possível o agravamento da situação do
sujeito passível em julgamento do Conselho de Contribuintes, mas o quanto e como
ele será feito depende de posição da primeira instância. Isso aconteceria com a
devolução do processo de segundo grau para o primeiro.
Ora, não deve causar espécie tal situação. Por que recorreria a
Administração ao Poder Judiciário das decisões do Conselho de Contribuintes? Isso
aconteceria nas hipóteses em que é afetada a legalidade, há nulidade, vícios e
interpretações descabidas do direito.
O Direito Tributário deve estar de mãos dadas com a Lei. Isso decorre
das obrigações que são impostas ao contribuinte, do respeito aos direitos que lhe
pertencem, bem como aos poderes que a Administração tem para exercer a
administração fazendária.
51
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, p.617.
52
XAVIER, Alberto. Do Lançamento: Teoria Geral do Ato, do Processo e do Procedimento
Tributário, p. 341/342.
Tão grave é a afetação dessa relação que a parte prejudicada pode
recorrer ao Poder Judiciário para ver sanada a lesividade que paira sobre ela.
Descabido é quedar-se inerte perante uma situação tão gravosa.
53
Maria Sylvia Z. di Pietro (Processo Administrativo e Judicial, p. 122); Alberto Xavier (Do
Lançamento: Teoria Geral do Ato, do Procedimento e do Processo Tributário, PP. 230 e ss.); Marçal
Justem Filho (Considerações sobre o ‘processo administrativo fiscal’, Revista Dialética de Direito
Tributário 33/127 e ss.) entendem que existe efeito vinculante nas decisões proferidas no processo
administrativo fiscal.
54
Bottallo, Eduardo. Princípios Gerais do Processo Administrativo Tributário, p. 54.
55
TEMER, Michel. Op. Cit., p. 42.
Bastos56 argumenta que o princípio da inafastabilidade da jurisdição permite que a
parte que se sentir prejudicada possa recorrer ao Poder Judiciário quando seu
direito for lesionado ou estiver ameaçado.
56
BASTOS, Celso. Op. Cit., 63.
57
CINTRA, Antonio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO, Cândido Rangel.
Teoria Geral do Processo, p.88.
58
SOUSA, Rubens Gomes. Revisão Judicial dos Atos Administrativos em Matéria Tributária por
Iniciativa da Própria Administração, RDA 29/441 e ss.
atinge todas as relações jurídicas, sejam elas entre pessoas físicas, jurídicas ou os
entes públicos, entre si.
(...)
59
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, p. 94.
60
CASSONE, Vittorio, CASSONE, Maria Eugenia Teixeira. Processo Tributário – Teoria e Prática, p.
65.
61
MORAES, Líria Kédina Cuimar de Sousa e. Op. Cit., p. 71.
já ficou decidido; coisa julgada material é a que impede discutir-se em outro
processo o que já ficou decidido em processo anterior”.
62
RIBAS, Lídia Maria Lopes Rodrigues. Op. Cit., pg. 415.
3.3 AÇÕES POSSÍVEIS
A Ação Popular pode ser impetrada por qualquer cidadão no gozo dos
seus direitos civis e políticos, conforme a previsão constitucional do artigo 5º LXXIII
da Constituição Federal.
63
MORAES, Líria Kédina Cuimar de Sousa e. Op. Cit., p. 86.
64
Anexo 01.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Não se deve ter medo da revisão Judicial das decisões proferidas pelo
Conselho de Contribuintes. Mas por outro lado, o número delas deve ser diminuto
para valorizar o trabalho dos Conselheiros.
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 12º ed. São Paulo:
Saraiva, 1999.
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 6º ed. São
Paulo: Malheiros, 1997.
SILVA, Sérgio André. Questionamento judicial, pela Fazenda Nacional, de
decisão administrativa final: análise do parecer PGFN/CRJ Nº 1.087/2004.
Revista Dialética de Direito Tributário. São Paulo, n. 109, p. 96, 2004.