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A Administração Publica não dispõe de liberdade constitutiva para escolher os fins que
prossegue. Quem define esses fins é o legislador, que é também responsável pela seleção dos
órgãos competentes para os prosseguir: daí que tudo o que diz respeito aos fins e competências
seja matéria em que a administração está vinculada à lei. Muitas vezes também a lei impõe os
meios que a administração há-de usar para atingir o fim público previsto na norma (atos
vinculados). Mas há outros casos em que a lei se limita a definir o fim e os órgãos competentes
para prosseguir. Neste ultimo caso podemos dizer que há uma margem de livre decisão, ou,
discricionariedade.
O poder discricionário assumia um carácter não jurídico. Mas hoje não podemos fazer a
distinção dessa maneira. O direito não é mera legalidade, sendo também constituído por
princípios jurídicos fundamentais, pela Constituição, pelo Direito internacional, por princípios
gerais de direito administrativo, por regulamentos administrativos e pelos próprios atos
administrativos. Assim, o poder discricionário tem que ser hoje concebido como um poder
jurídico, em que se exige à administração uma “tensão criadora do Direito do caso concreto” –
Prof. Rogério Soares.
Quando a administração decide com base em poderes discricionários, ela é norteada por
tais princípios jurídicos que lhe fornecem os parâmetros ou critérios da decisão que se mostram
como limites da decisão administrativa discricionária. Quando o órgão que atuou não tinha
legitimidade, o tribunal administrativo anulara o ato praticado. Se se demonstrar que a
administração não prosseguiu, através dos poderes discricionários, o interesse público, este
mesmo ato será anulado por desvio do poder subjetivo. Já no que concerne ao uso dos poderes
discricionários, a questão é mais difícil de resolver. Sendo o critério de controlo mais vago, isto
é, constituído pelos princípios jurídicos anteriormente referidos, só a violação ostensiva ou
intolerável poderá basear a anulação jurisdicional dos atos praticados ao abrigo de poderes
discricionários.
a) Liberdade probatória.
Consideramos serem três os casos principais a incluir nessa categoria:
A “liberdade probatória”;
A “discricionariedade técnica”;
A “justiça administrativa”.
Nestes casos não há discricionariedade, porque não há liberdade de escolha entre várias
soluções igualmente possíveis, há sim uma margem de livre apreciação das provas com
obrigação de apurar a única solução correcta.
b) A “Discricionariedade Técnica”
Casos há em que as decisões da Administração só podem ser tomadas com base em estudos
prévios de natureza técnica e segundo critérios extraídos de normas técnicas. O “dever de
boa administração”.
A primeira para sublinhar que a figura da discricionariedade técnica, não se confunde com a
liberdade probatória. Embora ambas se reconduzam a um género comum – o da
discricionariedade imprópria –, a verdade é que se trata de espécies diferentes. Porque a
discricionariedade técnica reporta-se à decisão administrativa, ao passo que a liberdade
probatória tem a ver com a apreciação e valoração das provas relativas aos factos em que se
há-de apoiar a decisão.
c) A “Justiça Administrativa”
A Administração Pública não pode escolher como quiser entre várias soluções igualmente
possíveis: para cada caso só há uma solução correcta, só há uma solução justa.
Mas esta terceira modalidade, a justiça administrativa, não é apenas a mistura entre
liberdade probatória e discricionariedade técnica. Há um terceiro ingrediente neste tipo de
decisões da Administração Pública, que faz a especificidade desta terceira categoria, e que é
o dever de aplicar critérios de justiça. Critérios de justiça absoluta, e de justiça relativa.
Exercícios
Grupo I