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OS PRAZOS LEGAIS DESCRITOS NA LEI E A PERSPECTIVA PRÁTICA DE

EXECUÇÃO NO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO

MPUTU MPIA1

Resumo

O tema da nossa pesquisa fala dos prazos legais descritos na lei e a perspectiva prática de execução no procedimento
administrativo. No entanto, o Estado de direito democrático na sua organização obriga-se a observar alguns valores
para a gestão dos cidadãos que ficam lesados do erro propositado ou da sua negligência cometidos por agente
publico no procedimento administrativo. Os prazos no procedimento administrativo estão previstos na Lei 14/2014
de 10 de agosto, e todas partes no processo incluindo o juiz do tribunal administrativo devem respeitar. Na realidade
em Moçambique, alguns juízes escolhem processos que tem muitos emolumentos deixando outros ao lado que não
terão decisão ao tempo útil causado lesões aos seus administrados. Nesta ordem da ideia o Estado deve ser
responsabilizado uma vez que o agente público causo lesão ao utente ficando provado que existe nexo de
causalidade entre a accão ou omissão do agente público e a lesão sofrida pelo utente. E depois, o Estado terá que
pedir o seu agente que causou lesões ao utente a devolução do valor da indeminização nos termos do artigo 58 da
Constituição da República de Moçambique.

Palavras-chaves: Prazos legais, lei, execução, procedimento administrativo

Summary

The subject of our research speaks of the legal deadlines described in the law and the practical perspective of
execution in the administrative procedure. However, the democratic rule of law in its organization is obliged to
observe certain values for the management of citizens who are harmed by the deliberate error or negligence
committed by a public agent in the administrative procedure. The deadlines in the administrative procedure are
provided for in Law 14/2014 of 10 August, and all parties to the process including the judge of the administrative
court must respect. In fact, in Mozambique, some judges choose cases that have many emoluments, leaving others
on the side who will not have a decision in due time, causing injuries to their administrators. In this order of the idea,
the State must be held responsible once the public agent causes injury to the user, and it is proven that there is a
causal link between the action or omission of the public agent and the injury suffered by the user. And then, the
State will have to ask its agent who caused injuries to the user to return the compensation amount under the terms of
article 58 of the Constitution of the Republic of Mozambique.

Keywords: Legal deadlines, law, enforcement, administrative procedure

1
Mputu Mpia, (2021); Assistente Universitário da UCM, Licenciado em Direito pela Universidade de
Kinshasa, Mestre em Ciências Política Governação e Relações Internacionais da Universidade Católica
Portuguesa, Doutorando em Direito Público 3ª edição da Faculdade de Direito Nampula da Universidade
Católica de Moçambique;

1
I. INTRODUÇÃO

O prazo é um elemento fundamental em todo o procedimento administrativo, tanto a


Constituição como a Lei determinam que o prazo deve ser observado de forma escrupulosa por
todos intervenientes do procedimento, não dando obrigação a uma das partes, demostrando ser
de cumprimento obrigatório para todos. Contudo, sempre que ele é violado pela administração as
consequências por este feito não se mostram severas como as que recaem sobre o particular.
Os órgãos da Administração pública devem cumprir com as suas funções num prazo
considerado razoável, estar mais próxima do cidadão para que ele sinta que a justiça é feita
dentro dos parâmetros legalmente existentes. A morosidade processual causa uma debilidade e
cria uma sensação frustrante, levando-as ao descredito geral, pois quem procura os serviços dos
órgãos administrativos aguarda na expectativa de uma resposta proporcional a petição, à
verdadeira equidade. Nota-se que nem sempre que os particulares procuram os órgãos da
Administração tem a certeza que ganharão a causa, o que eles procuram é um esclarecimento de
algo que possa no seu não estar correcto e aproximam-se administração para ter uma resposta no
que toca a sua preocupação.
O n° 2 do artigo 252 da Constituição da República de Moçambique, prevê as garantias de
imparcialidade no exercício dos cargos públicos.
A lei14/2011 de 10 de agosto determina que os órgãos administrativos devem providenciar
pelo rápido e eficaz andamento do procedimento, recusando e evitando tudo que não for
pertinente ou dilatório, ordenando ou promovendo tudo que for necessário a continuação do
procedimento a justa e oportuna decisão.
Muitos autores para por seu turno falam da questão de observância dos prazos e
suas possíveis consequências. Para MACIE2 a violação ou inobservância do prazo para
conclusão do procedimento administrativo, sem justificação, pode acarretar responsabilidade
disciplinar e arrasta consigo a violação do dever de decidir, sendo dai aplicáveis as devidas
consequências do silêncio da administração: acto tácito.
Os prazos legais patentes na lei nem sempre são os praticados pela Administração o que
provoca muitos obstáculos na esfera do particular, tendo em conta que quando o particular
comete a falha em um dos prazos, os órgãos da administração pública o punem com a decisão de

2
MACIE, Albano, Lições de Direito Administrativo Moçambicano. Volume III, 2015

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extemporaneidade do acto, mas quando o inverso ocorre, pouco ou nada podem os administrados
fazerem para exigir que os seus direitos sejam repostos.
O procedimento administrativo é importante para conferir segurança as fases do processo
até a formação da decisão, ele é necessário, pois, sem essa sequência seria inexecutável para o
Poder Público manter a celeridade dos processos. A celeridade que se procura manter nos
procedimentos é muito útil tanto para a administração como para os administrados, contudo, nem
sempre se torna possível a sua concretização.
É verdade que a legislação moçambicana prevê que o Estado seja responsabilizado com
os erros cometidos com seus agentes no exercício das suas funções, no entanto até que ponto fica
a responsabilidade do agente público na medida em que o erro foi propositado ou de ma fé?
A pergunta é muito relevante no sentido alguns juízes do tribunal administrativo
conseguem escolher os processos, no caso daqueles que tem muitos emolumentos e acabando
prejudicar outros. No entanto o Estado tem que rever apesar que seja responsabilizado com erro,
cometido para seu agente no exercício das suas funções deve pensar o direito de regresso para o
próprio agente para não voltar a cometer as irregularidades propositadas.

II. PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO


Algumas decisões da autoridade administrativa de um Estado de direito merece a sua
cautela porque estão os interesses da pessoa humana. O estado democrático na sua dimensão tem
obrigação de fazer um contro antes ou depois dos actos administrativos. Algumas vezes as
diferentes decisões ou actos decididos mostram-se injustas, ilegais nas suas formas ou conteúdos,
ou seja, as decisões ou actos são legais porem carecem de autenticidade com vista a verificar se a
sua conformidade com as leis.
Alguns autores fazem menção sobre a noção do procedimento administrativo. A existência
das normas que regulam o procedimento administrativo aponta que a actuação administrativa não
se conduz apenas com a prática de actos jurídicos ou de actos materiais mais também da
actuação do procedimento formal que prepara a formação e a execução da vontade subjacente as
declarações jurídicas e as operações materiais3.

3
ALBERTO Xavier, P., o processo administrativo graciosa, sep, O Direito, Lisboa 1967

3
Luís S. Moncada, entende-se por procedimento administrativo, a sucessão ordenada de
actos e formalidades relativos a formação, manifestação, e execução da vontade dos órgãos da
administração Publica4.
Portanto Adolfo Merki diz que o procedimento administrativo é o caminho que condiciona os
termos de gestão e execução da decisão, surgindo esta como produto do procedimento.5
O procedimento aparece como uma cadeira de montagem, visando a produção de um
determinado resultado final, numa preocupação de um determinado resultado final, ou seja, uma
preocupação de predeterminar normativamente a totalidade do comportamento do
administrador6.
O resultado final não é somente ao nosso entender, mas no entender de vários autores que
consubstancia o único pressuposto que temos como obrigação de seguir, mais sim um dever de
ver o caminho a seguir antes de chegar ao objectivo, neste caso, o resultado final. Respeitando o
caminho, os paradigmas que o legislador traçou, dai podemos acreditar que com actos
administrativo as entidades administrativas actuam, todavia verificados os pressupostos de
validade para a autoridade administrativo de direito competente.
Muitos legisladores dos muitos Estados de Direito com uma democracia aplicada devem
existir as normas de procedimento administrativo. Neste contexto Rogério Soares fazendo a
referência com a legislação portuguesa diz que a definição genérica do procedimento
administrativa pode trazer os dois elementos seguintes7:
(i) Trata-se de uma sucessão ordenada de actos, factos, e formalidades que obedecem
a uma sequência e propósitos legalmente definindo-se que a sua omissão ou
preterição constitui fonte da invalidade do acto final, (ii) esses actos, factos e
formalidades dizem respeito a formação, manifestação e execução da vontade de
órgãos administrativos aqui residindo a diferenciação entre o procedimento
administrativo e todos os demais procedimentos, sem natureza administrativa.
A fonte de validade no pensamento do autor refere que quando existe uma omissão haverá
um elemento que podemos levar em consideração, porque algumas omissões podem ser
propositadas para prejudicar os cidadãos. Neste contexto o tribunal Administrativo devera
decidir a invalidade do acto final. Por este motivo os actos administrativos merecem também
uma atenção na sua validade.

4
LUIS, Cabral S., de Moncada, Código do Procedimento Administrativo, anotado 3ª Edição Revista e Actualizada
5
ADOLFE, Merki, II procedimento Administrativo, reimp, Milano 1964
6
ROGERIO, Soares, Actividade Administrativa, in DJAPI, I, Coimbra ,1965
7
IDEM

4
É verdade que a existência de muitos actos por um lado, os actos não administrativos que
não precisam de algumas formalidades previas e do outro lado, os actos administrativos que
merecem um procedimento administrativo e rigor da lei. Sem a existência da intervenção da lei o
Estado democrático terá muitas dificuldades para a sua actuação.
No espirito do legislador moçambicano, de acordo com o glossário da Lei 14/2011 de 10
de agosto, o procedimento administrativo é a sucessão ordenada de actos e formalidades com
vista a formação e manifestação da vontade da administração pública a sua execução.
O acto administrativo deve seguir algumas etapas, formalidades e organização para a sua
realização. Neste sentido, as partes devem organizar um conjunto dos documentos que traduzem
actos e formalidades que constituem o procedimento administrativo: Processo Administrativo.

III. PRAZOS LEGAIS


No âmbito do procedimento administrativo, os prazos são importantes porque todas partes
envolvidas no processo estão a espera de uma justiça organizada que tem alguns princípios para
a sua organização. Ainda referente aos prazos que o legislador fixou na lei para evitando todas
manobras dilatórias com objectivo de parar as acções da justiça e não atingir os seus objetivos de
um Estado de Direito.
No glossário da Lei 14/2011, o prazo ou termo pode ser definido como cláusula acessória
típica em que a Lei determina o período de tempo em que o acto ou contrato podem produzir os
seus efeitos.
O prazo pode ser definido como:
Um lapso de tempo em que o ato processual pode ser validamente praticado que pode ser
delimitado por dois termos: termo inicial dies a quo e termo final dies ad quem e os
prazos processuais podem ser classificados quanto à origem, quanto às consequências
processuais e, por fim, quanto à possibilidade de dilação, Elpidio.8

O mesmo autor confirma que quanto à origem, os prazos podem ser legais ou judiciais.
Neste sentido o autor indica que em alguns momentos o legislador prevê os prazos na Lei,
portanto existem situações em que a justiça através do Tribunal no Procedimento Administrativo,
o juiz pode dar um prazo no momento que o processo está a decorrer dependendo da
circunstância, do momento para esclarecer pode ser a questão discutido neste termo:

8
ELPÍDIO, Donizetti in https://portalied.jusbrasil.com.br/artigos/382248385/os-prazos-processuais, acesso em
24/03/2021 as 21:30

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Prazos legais são os prazos que, como o próprio nome indica, são definidos em lei, não
podendo, em princípio, as partes nem o juiz alterá-los e os prazos judiciais, por outro
lado, são aqueles fixados pelo próprio juiz nas hipóteses em que a lei for omissa. Na
fixação do prazo judicial deve-se levar em conta a complexidade do ato processual a ser
realizado.9
Na concepção de MACIE 10, o prazo é o período ou espaço de tempo dentro do qual deve
ser concluído o procedimento administrativo ou tomada a decisão. São os períodos de tempo
fixados por lei, ou pela convenção entre as partes de um litígio e podem ser fixados de acordo
com a instauração da acção e da contestação.
Ainda na sua percepção o mesmo autor indica que os prazos podem ser legais, que são os
prazos fixados em lei, podem ser também judiciais que aqueles que são os prazos fixados aos
critérios do Juiz e por ultimo os prazos Convencionais que são os prazos estabelecidos pela
convenção entre as partes.
Os prazos têm também sua classificação quanto à natureza jurídica, o que vai determinar a
natureza jurídica da sanção punitiva decorrente de cada tipo de desvio do curso normal de prazo
ou da não observância do mesmo, gerando restrições de direito de parte no processo,
principalmente do exercício da prestação. Deve-se ressaltar os prazos dilatórios, por serem
aqueles que, embora fixados na lei, admitem ampliação ou redução.
A Lei 14/2011 no seu glossário apregoa que prazos são cláusulas assessorias típicas em que
a lei determina o período de tempo em que o ato ou contracto podem produzir os seus efeitos.

III.1. Dilações

Em algumas vezes, a autor diz que o prazo dilatório inicia a correr no primeiro lugar antes
do prazo cominatório, e a dilação tem lugar no momento que se deve considerar o
distanciamento e a simplicidade de correspondências, MACIE 11. Neste sentido o autor dá
indicação que a dilação do prazo como sendo a acção de transferir para uma outra ocasião ou
momento, e repor adiamento da deliberação e resolução do órgão decisório, ou seja a dilação de
prazo é vista como a solicitação de um prazo extra para cumprir a determinação legal, a dilação
geralmente já vem especificada e descrita pela lei, a medida em que os prazos podem ser feitos.

9
ELPÍDIO, Donizetti in https://portalied.jusbrasil.com.br/artigos/382248385/os-prazos-processuais, acesso em
24/03/2021 as 21:30
10
MACIE, Albano, Lições de Direito Administrativo Moçambicano, pág. 61
11
MACIE, Albano. Lições de Direito Administrativo Moçambicano. Volume III, 2015

6
No âmbito da legislação moçambicana, é importante dizer que o n°1 do art. 79 da Lei
14/1011 de 10 de agosto diz que a dilação tem lugar quando se deve atender a distância e a
facilidade de comunicações por nos seguintes termos:
‘‘No primeiro passo, quinze dias, se os interessados residirem ou se encontram fora da
área da sede onde se localiza o respetivo serviço, e de trinta dias se os interessados
residirem ou se encontrarem no estrangeiro.’’

Muitas vezes alguns prazos encontram-se na legislação como prazo dilatório para retardar
o andamento normal do processo. Assim o glossário da Lei 14/2011 de 10 de agosto encontra a
diligência dilatória, como sendo aquelas que tem por finalidade retardar ou demorar ou adiar um
determinado processo. Neste sentido, o prazo dilatório, pode ser modificado ou alterado com
facilidade ou pode ser ampliado ou reduzido por convenção das partes desde que haja aceitação
ou aprovação do órgão da administração.
O prazo dilatório ajuda as partes no momento que não delimita a faculdade de exercer o
direito, mas na mesma ocasião ou no mesmo tempo, determina que o ato deve ser executado em
um certo intervalo de momento, como mecanismo para assegurar e para garantir a celeridade do
procedimento administrativo.

III.2. Contagem dos prazos


A legislação moçambicana através do seu art.78 da Lei 14/2011 de 10 de agosto, disse que as
contagens dos prazos são aplicáveis as seguintes regras:
a) Não se inclui na contagem do dia em que ocorreu o evento a partir do qual o prazo
começa a correr, b) depois o prazo é contínuo e começa a correr independentemente
de qualquer formalidades e c) no fim o termo do prazo que se verifique em dia em
que o serviço não esteja aberto ao público, ou não funcione durante o período normal,
transfere-se para primeiro dia útil seguinte.

A lei estipula agora que não pode contar o dia que aconteceu o incidente ou o evento a
partir do qual o prazo a iniciar, depois o prazo não depende de qualquer situação que seja ou
qualquer evento mais sim e aqueles em que o legislador prevê. E no fim, a lei estípula que há
momentos em que os serviços não conseguem abrir no caso de férias ou do domingo, logo
transfere-se para o primeiro dia útil seguinte.
O legislador prevê a contagem dos prazos, a contagem é uma realidade, uma questão útil e
importante na administração da justiça, por efeito apesar contornar as manobras dilatórias das

7
partes, a atenção do legislador foi também decidir sobre os feriados e os dias que não estão
abertos, e ver caso por caso que podia se contar ou não.
III.3. Dever de celeridade
A celeridade é contrária da morosidade, a lei 14/2011 de 10 de agosto no seu artigo 64
estipula que:
Os órgãos administrativos devem providenciar pelo rápido e eficaz andamento do
procedimento, recuando e evitando tudo o que não for pertinente ou dilatório, ordenando
e promovendo tudo o que for necessário a continuação do procedimento e a justa e
oportuna decisão12.

Neste âmbito, a morosidade ou simplesmente a morosidade da decisão trata-se da lentidão


ou demora dos processos e actos que envolvam a tomada de uma deliberação. Qualquer cidadão
pode fazer reclamações contra membros ou órgãos da administração, inclusivamente contra seus
serviços e auxiliares.
Fazendo uma análise interpretativa, queremos afirmar que, a morosidade em strictu sensus
implica a lentidão ou demorar a dilação, neste momento se existir a demora da tomada da
decisão, podem ser tomadas de forma inesperada, e essa decisão por mais positiva que seja
podem criar muitas questões do que resoluções ou soluções, tendo em conta o tempo que leva
pode mudar a condição das situações das coisas e as mudanças podem trazer mais prejuízos que
favores.
Neste contexto, as partes dentro do processo devem fazer de tudo para evitar as manobras
dilatórias com vista a tomada da última decisão e intervir a tempo e hora.
Sobre a celeridade do processo judicial, na abertura do ano judicial em março 2018 em
Moçambique, houve muitas observações de acordo com Boaventura Mandlate (2018),
Dizendo em Moçambique a celeridade processual e uma miragem e não se vislumbra que
alguns dias pensamos ter nosso sistema de justiça a ser justo em tempo útil, para quem a
ele recorre, em situação de desespero. Nestes termos, os cidadãos que não tem condições
ou outro meio que não sejam os tribunais, para verem a justiça a quem julgam ter direito
de resposta. E o maior drama tem a ver com a ausência da celeridade 13.

12
Lei n. 14/2011 de 10 de agosto
13
MANDLATE, Boaventura, Celeridade processual um imperativo nacional, 2018, em
http://www.Imaomz.com/2018/03/01/celeridade-processual-um-imperativo-nacional, acesso no dia 21/04/2021 as
08:50

8
Na mesma perspetiva o autor explica que o cidadão vai ao tribunal depois esgotarem-se
todos recursos que podem servir para chegar na justiça no sentido de ver-se ressarcido o seu
direito e de eventuais injustiças da nossa comunidade através dos Tribunais.
Sobre cumprimento dos prazos e pagamentos dos preparos, ao autor ainda se refere no mesmo
artigo que:
Os cidadãos com problemas na justiça estão chamados a cumprir os pagamentos que os
juízes estão a impor dentro dos prazos estabelecidos, cumprindo os pagamentos de
preparos, custas, emolumentos, etc. o pacote que o cidadão paga com todo celeridade
para ver os seus problemas ser resolvidos. Portanto os tribunais têm prazos a cumprir, é a
penas nos papéis.14

A celeridade é uma questão importante e pertinente na resolução dos problemas que temos
na justiça. A questão colocada nos tribunais é que os litígios devem ser julgados o mais urgente
possível para permitir o estabelecimento e apuramento da verdade. Porque a decisão do órgão da
justiça é a única que tem poder para fechar o debate caso não haja o recurso para o efeito. Até
que o recurso tenha prazo para decidir para que as partes sejam fixadas uma e única vez por tudo.

IV. RESPONSABILIDADE E SANÇÃO


A responsabilidade e sanção no procedimento administrativo verifica-se no âmbito de um
Estado Democrático e que o processo merece uma celeridade para ultima decisão a tempo e
honra de acordo com a lei. Portanto, os prazos não estão a ser respeitados, este incumprimento
do prazo, merece uma responsabilidade e sanção.
O Estado de Direito precisa na sua administração a qualquer nível que haja algumas
responsabilizações em caso do incumprimento de um dever. Neste caso, o incumprimento do
prazo no procedimento administrativo precisa de algumas sanções apropriadas. Todavia, as
atividades desenvolvidas neste caso para administração publica, são suscetíveis, desde que gere
danos e culminar com a responsabilidade civil; de acordo com Manuel da Silva (1944) citado por
Otero Paulo (2016, p. 228) comente que:
‘‘ (i) a responsabilidade civil administrativa pode ter danos de natureza
patrimonial ou não patrimonial resultantes de acções ou omissões emergentes
do exercício de uma actividade jurídica ou de operações materiais 15.’’

14
MANDLATE, Boaventura, Op. Cit 2018
15
Da Silva Manuel (1944) & Otero Paulo (2016), Direito de Procedimento Administrativo, 1ª edição 2016

9
Nesta responsabilidade civil administrativa, causados os danos de natureza patrimonial, o
autor aponta que o ressarcimento integral dos danos patrimoniais envolve os danos causados por
perda, deterioração, inutilização ou subaproveitamento de bens integrantes do património do
lesado.

V. CONCLUSÃO

A durabilidade do procedimento submetido aos órgãos administrativos depende de muitos


fatores, o legislador prevê vários mecanismos defendendo que todas partes devem seguir apesar
da complexidade do processo administrativo, o procedimento administrativo em particular tem as
suas exigências práticas, as coletas de provas, prazos para prática de atos desde a instrução até a
decisão final.
O Estado Democrático, merece uma atenção particular quando os cidadãos não
conseguem resolver os seus problemas sozinhos na sua sociedade, comunidade e instituições e
recorrem a justiça para ter satisfação. Portanto chegando na a justiça o cidadão não esta consegue
ter satisfações depois todas forças até dos pagamentos dos preparos, emolumentos, custas
judiciais efetuadas para haja soluções a tempo e hora do caso.
Para resolver um problema, ou seja, quando chega um litígio no tribunal administrativo, a
Lei já fixou a prazo para a conclusão do procedimento. De acordo n°1 do art. 76 da Lei 14/2011
de 10 de agosto, o prazo para a conclusão do procedimento deve ser concluído no prazo de vinte
cinco dias, mais a no mesmo artigo in fine e na al) 2 do mesmo artigo que o prazo pode ser
prorrogado por um ou mais períodos, até ao limite de mais vinte e cinco dias, por autorização do
dirigente máximo do serviço ou do órgão coletivo competente, tendo em conta a complexidade
do procedimento ou a necessidade de fazer intervir outras entidades.
Apesar de ter poder para prorrogação do prazo, as partes no processo devem ter a
informação referida no prazo de dez dias, a contar do termo do prazo para a conclusão do
procedimento como vem estipulado no n°5 do art. 76 do mesmo diploma legal. Portanto, ambas
das partes na realidade não conseguem cumprir os prazos do legislador como referia, neste
sentido, Boaventura Mandlate (2018) que em Moçambique há um problema de celeridade no
sistema de justiça a ser justo a tempo útil a ausência da celeridade é o maior drama no
procedimento.

10
O problema dos prazos dilatórias no procedimento administrativo ainda é frequente no
sentido em cada parte pode ser com má-fé querendo a demorar para que o processo não avança.
Neste sentido o legislador deve reforçar as sanções sobre os não cumprimentos dos prazos no
procedimento administrativo evitando manobra dilatórias em todas partes ate nos tribunais
órgãos da decisão final.
O erro propositado pode ser no âmbito do juiz do tribunal administrativo escolher
processo que tem muitos emolumentos e deixar de lado os restantes. Neste caso, os utentes dos
processos colocados de lado serão prejudicados porque não terão a decisão final em tempo útil,
pós a morosidade pode causar lesão na esfera jurídica do administrado.
Nesta ordem da ideia o Estado deve ser responsabilizado uma vez que o agente público
causo lesão ao utente ficando provado que existe nexo de causalidade entre a accão ou omissão
do agente público e a lesão sofrida pelo utente. E depois, o Estado terá que pedir o seu agente
que causou lesões ao utente a devolução do valor da indeminização nos termos do artigo 58 da
Constituição da República de Moçambique.

VI. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

ADOLFE, Merki, II procedimento Administrativo, reimp, Milano 1964

ALBERTO, Xavier P, o processo administrativo gracioso, sep, O Direito, Lisboa 1967

AMARAL, Diogo Freitas do Curso de Direito Administrativo, volume 2, 2011, 2ª edição

DA SILVA, Manuel (1944) & Otero Paulo (2016), Direito de Procedimento Administrativo, 1ª
edição 2016

DIAS, José Eduardo F., e OLIVEIRA, Fernanda P, Noções fundamentais de Direito


Administrativo, 2ª Edição, 2010. Almedina.

ELPÍDIO, Donizetti in https://portalied.jusbrasil.com.br/artigos/382248385/os-prazos-


processuais, acesso, 24/03/2021 as 21:30

FREITAS, Lourenço. Direito do Procedimento Administrativo e Formas de actuação da


Administração

MACIE, Albano, Lições de Direito Administrativo Moçambicano. Volume III, 2015

MARIA, Estorinho, (2011) &Paulo Otero, (2016), Direito de Procedimento Administrativo, 1ª


edição 2016

11
MOARES, Rogério. Direito administrativo, Coimbra, 1978.

LUIS, Cabral de Moncada, R, Código do Procedimento Administrativo, anotado 3ª Edição


Revista e Actualizada

MACIE, Albano, Lições de Direito Administrativo Moçambicano, 2015

MANDLATE Boaventura, Celeridade processual um imperativo nacional, 2018, in


http://www.Imaomz.com/2018/03/01/celeridade-processual-um-imperativo-nacional, acesso em
21/04/2021 as 08:50

MANUEL, da Silva G., in o Dever de Prestar e o dever de indemnizar, Lisboa 1944

PAULO, Otero S., Justo in Direito de Procedimento administrativo, edições Almedina, S A 2016

ROGÉRIO, Soares, Actividade Administrativa, in DJAPI, I, coimbra,1965

Legislação

Constituição da República de Moçambique

Lei 14/2011 de 10 de agosto, Regula a vontade da Administração Pública, estabelece as normas


de defesa dos direitos e interesses dos particulares.

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