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PARA VOCÊ ENTENDER E SE

DEFENDER EM PROCESSO
ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR

Luiz Guilherme Marques

4 de julho de 2022

“A aplicação do direito sancionatório administrativo


também passa pelo influxo dos princípios constitucionais
do Direito Administrativo Sancionador, de modo que a
imputação de determinada conduta ímproba ou
infracional precisa ser antecedida de um exame de: (a)
legalidade formal ou tipicidade, (b) legalidade material
ou lesividade, (c) antijuridicidade e (d) culpabilidade.
A Constituição Federal de 1988 é o centro de
convergência de todo o sistema jurídico, de modo que o
direito sancionador do Estado deve obediência aos
princípios constitucionais dela extraídos.”
(Os Princípios Constitucionais do Direito Administrativo
Sancionador no Regime Democrático da Constituição de
1988 - Ministro Benedito Gonçalves e Renato César
Guedes Grilo -
https://www.estudosinstitucionais.com/REI/article/view/
636/699)

DEDICATÓRIA:
- à minha querida esposa Vera Lúcia Ribeiro Rodrigues e aos amigos de sempre

O DIREITO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR [1] na visão


de um juiz aposentado compulsoriamente, que não
desistiu de tentar provar sua inocência e pretende servir
de informador para que o modelo praticado se aperfeiçoe.

I - INTENÇÃO DE MODERNIZAÇÃO NORMATIVA


Na abertura [2], o Desembargador José Arthur Filho
parabenizou a todos pela realização do seminário. “É um evento que se
propõe a tratar das perspectivas contemporâneas do Direito
Administrativo Sancionador, que prestigia a atuação dos Órgãos de
controle, voltados a ações preventivas, no lugar de punitivas, e da
implementação da consensualidade na tomada de decisão, na
composição dos conflitos”, afirmou.
O Desembargador José Arthur Filho observou que as temáticas
tratadas são “veredas iniciais, a serem percorridas pelos entes da
federação, para a efetivação segura e paulatina de regulamentos
mais atuais e mais modernos sobre direito sancionador”.
(https://www.tjmg.jus.br/portal-tjmg/noticias/tjmg-participa-de-
webseminario-de-direito-administrativo-
8A80BCE681447EFF01819686B891754E.htm#.YrYPHb3MLDc)

Quis, então, o Presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais [3]


demonstrar que o Direito Administrativo Disciplinar deve atualizar-se e
modernizar-se, passando a ser mais preventivo do que punitivo.
Quanto isso não resta dúvida, pois, na verdade, como ramo do Direito
sequer conseguiu o status de tal, ficando no nível de mero conjunto não
harmônico de normas esparsas.
Por exemplo, no que diz respeito ao Direito que podemos chamar de
“Material”, ou seja, aquele que fundamenta os PROCESSOS
ADMINISTRATIVOS DISCIPLINARES, como justificativas para punições,
ainda está em vigor o que prevê a vetusta e autoritária LOMAN, a respeito da
qual escrevemos, há anos atrás, o seguinte:

DEVERES E VEDAÇÕES AOS MAGISTRADOS NA LOMAN


A Lei Orgânica da Magistratura Nacional (LOMAN - Lei
Complementar nº 35, de 14.03.1979), trata, nos seus arts. 35 e 36,
respectivamente, dos deveres dos magistrados e das vedações a eles
impostas.
Pretendo aqui comentar brevemente cada item dos mencionados
dispositivos.
Art. 35 - São deveres do magistrado:
I - Cumprir e fazer cumprir, com independência, serenidade
e exatidão, as
disposições legais e os atos de ofício;
O presente dispositivo mistura coisas completamente diferentes,
mas podemos interpretá-lo assim: os magistrados são obrigados a
cumprir a legislação; são obrigados a praticar os atos do seu ofício,
previstos na legislação; têm de cobrar de outrem o cumprimento da
legislação e dos atos do ofício; no cumprimento da legislação e dos
atos do seu ofício, não pode submeter-se a ninguém a não ser à
legislação; na ação de obrigar outrem a cumprir a legislação e seus
atos do ofício, deve agir da mesma forma; a expressão "serenidade"
não faz diferença no texto, sendo meramente literária; a expressão
"exatidão" visa reforçar o império da Lei.
Em resumo, a intenção clara do presente dispositivo é deixar
claro que o Judiciário é mero “bouche de la loi”, ou seja, aplicador
mecânico e cego das previsões legais elaboradas pelo Legislativo e pelo
Executivo. Trata-se de verdadeira “capitis deminutio” do Judiciário.
Na época da elaboração da LOMAN, havia verdadeiro receio da
independência do Judiciário, e a referida Lei visava, inclusive, a
restringir essa independência.
É necessária a revisão cabal dessa Lei, para que se valorize a
magistratura.
II - não exceder injustificadamente os prazos para
sentenciar ou despachar;
Os prazos processuais talvez fossem suficientes, por exemplo, na
época da edição do CPC, porque o número de processos era ínfimo em
relação à época atual. O acesso à Justiça era limitado e, praticamente,
“pro forma”.
Hoje em dia, com o volume excessivo de processos, não há como
algum magistrado manter seu serviço rigorosamente em dia, a não ser
que conte com uma assessoria excepcional ou renuncie aos seus
horários de refazimento físico trabalhando até à exaustão.
Os prazos processuais deveriam ser revistos, devendo ser
aumentados.
A Corte Europeia dos Direitos Humanos não estabelece prazos
rígidos quanto à "duração razoável dos processos", uma vez que isso
representaria uma irracionalidade. Cada situação de atraso deveria
ser analisada observando-se suas especificidades.
III - determinar as providências necessárias para que os atos
processuais se realizem nos prazos legais;
Vale para este dispositivo o que foi dito quanto ao tópico
anterior.
IV - tratar com urbanidade as partes, os membros do
Ministério Público, os Advogados, as testemunhas, os
funcionários e auxiliares da Justiça, e atender aos que o
procurarem, a qualquer momento, quando se trate de
providência que reclame e possibilite solução de urgência.
Aqui se contemplam duas situações diferentes: tratamento com
urbanidade e atender a quem nos procure.
O dever imposto em primeiro lugar é inquestionável,
representando uma obrigação que não se pode minimizar, uma vez
que cabe inclusive em qualquer situação da vida pública ou privada,
até no nível da boa educação.
Quanto à segunda situação, tem de ser analisada “cum grano
salis”. O Desembargador Marcus Faver, quando de uma de suas
últimas atuações no CNJ, entendeu que seria aplicável a disposição em
apreço de forma literal. Os magistrados teriam de, praticamente, estar
à disposição de quem quisesse com ele avistar-se, interrompendo suas
demais atividades. Verdadeira interpretação rigorista do dispositivo
geraria situações absurdas.
V - residir na sede da Comarca salvo autorização do Órgão
disciplinar a que estiver subordinado;
A obrigação de residir na localidade onde trabalhamos tem uma
série de vantagens para nosso trabalho. Os casos de autorização para
residência em outra localidade devem ser analisados caso a caso,
havendo aqueles em que tal se justifica.
VI - comparecer pontualmente à hora de iniciar-se o
expediente ou a sessão, e não se ausentar injustificadamente
antes de seu término;
O ideal é que o magistrado possa ser encontrado facilmente,
todavia, mais importante que ser mero cumpridor de horários, é que
esteja sempre interessado em resolver os problemas a ele apresentados
no exercício do seu cargo.
VII - exercer assídua fiscalização sobre os subordinados,
especialmente no que se refere à cobrança de custas e
emolumentos, embora não haja reclamação das partes;
A fiscalização dos magistrados sobre seus subordinados é
imprescindível, devendo, inicialmente, selecionar pessoas competentes,
honestas e de boa-vontade, e, em seguida, trabalhar com elas em
ambiente de harmonia, visando ao bom atendimento ao público.
Com subordinados que não preencham esses requisitos pouco
adianta ser rigoroso, pois sua produção será sempre dificultosa.
Tenho para mim que os magistrados deveriam poder escolher
livremente seus escrivães dentre os servidores de sua equipe.
VIII - manter conduta irrepreensível na vida pública e
particular.
O que seja "conduta irrepreensível" é um tema polêmico. Há
quem ache até que o uso de terno em qualquer situação seja um dever
impostergável...

Art. 36 - É vedado ao magistrado:


I - exercer o comércio ou participar de sociedade comercial,
inclusive de economia mista, exceto como acionista ou
quotista;
As situações de acionista ou quotista podem prejudicar ou não a
atuação de um magistrado, de acordo com as peculiaridades de cada
caso. Se prejudicar, devem os magistrados renunciar a elas.
II - exercer cargo de direção ou técnico de sociedade civil,
associação ou fundação, de qualquer natureza ou finalidade,
salvo de associação de classe, e sem remuneração;
Entendo que cada caso deve ser analisado dentro de suas
peculiaridades. A imposição do CNJ no sentido de impedimento
absoluto me parece rigorista.
III - manifestar, por qualquer meio de comunicação, opinião
sobre processo pendente de julgamento, seu ou de outrem,
ou juízo depreciativo sobre despachos, votos ou sentenças,
de órgãos judiciais, ressalvada a crítica nos autos e em
obras técnicas ou no exercício do magistério.
É salutar que os magistrados sejam também doutrinadores e,
portanto, analisem inclusive o Direito aplicado, visando ao seu
aperfeiçoamento. Não deve haver tabu quanto ao estudo do Direito,
sob pena de estagnação.
(https://investidura.com.br/biblioteca-juridica/artigos/judiciario/7366-
deveres-e-vedacoes-aos-magistrados-na-loman)

No mesmo sentido do pensamento do atual Presidente do Tribunal de


Justiça de Minas Gerais vai a doutrina de Julizar Barbosa Trindade Júnior,
exposta no seu artigo, que merece ser transcrito, por sua visão de grande
modernidade, intitulado

II - DIREITO ADMINISTRATIVO SANCIONADOR:


CONSENSUALIDADE E INTERESSE PÚBLICO [4]

Antes de transcrevermos o artigo abaixo, vamos refletir sobre a finalidade


da punição dos servidores públicos a quem se imputa a prática de infrações.
No Brasil há uma ideia de que apenas os que ocupam cargos nos degraus
mais baixos da hierarquia são servidores públicos, sendo que os que estão no
topo da pirâmide não o seriam.
No nosso livro “A Justiça da França – um modelo em questão”,
AMCGuedes, pp. 219/220, consta:
“Na França existem aproximadamente 2.500.000 funcionários
públicos e cerca de 1.000.000 de funcionários de entidades públicas.
A maioria dos juízes judiciários franceses não aceita para si a
classificação de funcionário público. Tratados na Constituição em
vigor como “autoridades judiciárias”, tendo inclusive a garantia da
inamovibilidade, é certo que estão muito acima do que se entende por
“funcionário público”.
É certo que a Constituição não diz que o Judiciário é um poder.
No entanto, não dá a Constituição de 1958 (em vigor) o qualificativo de
poder ao Legislativo e ao Executivo: simplesmente nada menciona a
respeito, deixando a discussão para os hermeneutas mais ou menos
qualificados.
Entendemos inadequado dizer-se que os juízes Judiciários são
funcionários públicos ou servidores públicos.
Quanto aos juízes administrativos a denominação parece ser
menos discutível, devido à estrutura específica. No entanto, num livro
chamado Le service Publique de la Justice, constante de vários
pequenos estudos, dentre os quais um de Elisabeth Guigou, ex-Ministra
da Justiça, constatamos que a matéria é polêmica (ou polemizada) na
França.
A ex-ministra (La Justice au Service du Citoyen) é taxativa no
sentido de que a Justiça é um serviço público: “A Justiça é um serviço
público porque a ideia mesma de serviço público está ligada à ideia de
justiça”. (11)
Truchet defende tese mais respeitosa ao Judiciário: “Dizer da
Justiça que ela é um serviço público não é nem traí-la nem lhe render
inteiramente... justiça. Ela é isso, e mais que isso”.
Sauvé diz que o Judiciário francês é, ao mesmo tempo, poder e
serviço público: “Assim então, após ter examinado a jurisprudência do
Conselho Constitucional, do Tribunal dos Conflitos, do Conselho de
Estado e da Corte de Cassação, podemos concluir por essa afirmação
paradoxal: a Justiça é, ao mesmo tempo, um serviço público e um dos
três poderes reconhecidos pela Constituição.”
Um juiz francês, perguntado, disse que aceita o rótulo de
funcionário público, se assim também se admitirem os membros dos
Poderes Executivo e Legislativo ... Resta saber se na França há um
consenso sobre o que seja funcionário (ou servidor) público...”

Há uma tendência de considerar que os juízes e Desembargadores,


fiscalizados pelo CNJ, devem cumprir as regras estabelecidas por esse Órgão de
controle externo, que, na verdade, foi inspirado no modelo francês.

Naquele país, assim acontece:


“O Conselho Superior da Magistratura é um Órgão
importantíssimo na estrutura da Magistratura francesa. Esse
“controle externo” é considerado excelente para os magistrados (juízes
e membros do Ministério Público), muito melhor do que anteriormente,
quando a intervenção do Executivo se fazia diretamente na vida
funcional do magistrado. Pretendem os magistrados que o Conselho
Superior da Magistratura seja fortalecido, mesmo com a participação
de pessoas que não sejam magistrados de carreira.
O Conselho possui duas formações distintas: uma para os juízes e
outra para os membros do Ministério Público. A própria Constituição,
no seu art. 65, é clara: O Conselho Superior da Magistratura é
presidido pelo Presidente da República. O Ministro da Justiça é seu
Vice-Presidente de Direito. Ele pode substituir o Presidente da
República. Além do Presidente da República, e do Ministro da Justiça o
conselho é composto de cinco juízes e um membro do Ministério
Público, um conselheiro de Estado designado pelo referido Conselho de
trabalho, e três pessoas que não pertençam nem à Assembleia
Nacional nem ao Senado e nem à ordem Judiciária, designadas
respectivamente pelo Presidente da República, pelo Presidente da
Assembleia Nacional e pelo Presidente do Senado. Essa formação
propõe as nomeações dos conselheiros da Corte de Cassação, para
aquelas de primeiro Presidente de Corte de Apelação e para aquelas de
Presidente de Tribunal de Grande Instância. Os outros juízes são
nomeados sob seu parecer favorável. Ela estatui como conselho de
disciplina dos juízes, sendo presidida pelo primeiro Presidente da
Corte de Cassação.
A formação do Conselho Superior da Magistratura em relação aos
membros do Ministério Público dá seu parecer para as nomeações
referentes aos membros do Ministério Público, com exceção dos cargos
providos por ordem do Conselho de Ministros.
Ela dá seu parecer sobre as sanções disciplinares referentes aos
membros do Ministério Público. Esta formação compõe-se do
Presidente da República, o Ministro da Justiça, cinco membros do
Ministério Público, um juiz, um conselheiro de Estado designado, e
mais três personalidades mencionadas na alínea precedente.
Em ambas as formações, o Conselho é constituído de sete
Magistrados e cinco membros ligados diretamente à classe política.
Lei orgânica regulamenta a matéria.
As normas que dispõem sobre a estrutura e o funcionamento do
Conselho encontram-se se complementando em: Disposições
legislativas: – Lei Orgânica 94-100 de 05/02/1994 sobre o Conselho
Superior da Magistratura; – Art. 38 da Lei de 29/07/1881,
modificada, sobre a liberdade de imprensa; Disposições
regulamentares: – Decreto 94-199 de 09/03/1994 relativo ao Conselho
Superior da Magistratura.” (idem ibidem, pp.192/193)

O controle externo não atinge os Tribunais Superiores, mas apenas os do


2º grau e os juízes de 1º grau.
“O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) é uma instituição
pública que visa a aperfeiçoar o trabalho do sistema judiciário
brasileiro, principalmente no que diz respeito ao controle e à
transparência administrativa e processual.[1] Criado em 31 de
dezembro de 2004 e instalado em 14 de junho de 2005, tem sua sede
em Brasília, mas atua em todo o território nacional.
De acordo com a Constituição da República, compete ao CNJ
zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento do
Estatuto da Magistratura, definir os planos, metas e programas de
avaliação institucional do Poder Judiciário, receber reclamações,
petições eletrônicas e representações contra membros ou Órgãos do
Judiciário, julgar processos disciplinares e melhorar práticas e
celeridade, publicando semestralmente relatórios estatísticos
referentes à atividade jurisdicional em todo o país.
Além disso, o CNJ desenvolve e coordena vários programas de
âmbito nacional que priorizam áreas como Meio Ambiente, Direitos
Humanos, Tecnologia e Gestão Institucional. Entre eles, estão os
programas "Lei Maria da Penha", "Começar de Novo", "Conciliar é
Legal", "Metas do Judiciário", "Pai Presente", "Adoção de Crianças e
Adolescentes" etc.
Qualquer cidadão pode acionar o Conselho para fazer
reclamações contra membros ou Órgãos do Judiciário, inclusive
contra seus serviços auxiliares, serventias e Órgãos prestadores de
serviços notariais e de registro que atuem por delegação do poder
público ou oficializado. Não é preciso Advogado para peticionar ao
CNJ.”
(https://pt.wikipedia.org/wiki/Conselho_Nacional_de_Justi
%C3%A7a)
Da data da sua instalação (14/06/2005) para cá, o CNJ vai ganhando
cada vez mais força, inclusive atuando como legislador, ao nosso entender em
áreas que seriam da “ATRIBUIÇÃO” (atuação exclusiva) do Congresso Nacional,
como, por exemplo, o provimento 73/2018, que definiu regras para mudança de
sexo junto ao Registro Civil.

O INTERESSE PÚBLICO é que legitima os Órgãos como o Órgão Especial


do Tribunal de Justiça de Minas Gerais e o CNJ a aplicarem punições
administrativas a juízes e Desembargadores ligados ao referido Tribunal, além
de outros que a legislação os subordina a eles para essa finalidade.

Mas o que vem a ser o “INTERESSE PÚBLICO”? É assim porque a


legislação prevê que assim o seja e nada se pode questionar a respeito? Ou seja,
se a maioria dos membros desses Colegiados entende de punir algum desses
“subordinados”, assim deve acontecer e ponto final?
Não é assim que tem de acontecer e, muito menos, considerar-se como
questão encerrada, pois, além de todos os recursos válidos, a judicialização de
qualquer desses casos pode acontecer, como se sabe:

“Além das questões levantadas nas fases iniciais do processo


administrativo disciplinar (PAD), é comum chegar ao Superior
Tribunal de Justiça ações questionando também o andamento e a
conclusão do PAD, consolidando teses sobre duração do processo,
relação com a esfera penal, compartilhamento de provas, prescrição,
ato de julgar e hipóteses de reexame, reconsideração e revisão.

Encerrada a fase de instituição da comissão processante, a Lei


8.112/1990 determina que o prazo para a conclusão do PAD não pode
exceder 60 dias, admitida a sua prorrogação por igual período,
quando as circunstâncias o exigirem. Após esse prazo, a autoridade
Julgadora tem até 20 dias para proferir sua decisão — um total de até
140 dias para a finalização do processo.

No entanto, o STJ já decidiu que o excesso de prazo para a


conclusão do PAD só causa nulidade se houver demonstração de
prejuízo à defesa, conforme o teor da Súmula 592, aprovada em 2017
pela 1ª Seção.

Em um dos precedentes que deram origem ao enunciado, o MS


19.823, a 1ª Seção manteve a demissão de um Procurador federal após
ele ter-se valido do cargo para lograr proveito pessoal em detrimento
da dignidade da função pública, bem como ter participado de gerência
ou administração de sociedade privada — fatos expressamente
puníveis com a pena de demissão (artigo 132, XIII).

Entre outros pontos, o Procurador alegou a preclusão do direito


de puni-lo, uma vez que a comissão processante só veio a concluir seus
trabalhos após o prazo de 140 dias.
A Relatora do mandado de segurança, ministra Eliane Calmon
(aposentada), lembrou que a jurisprudência do STJ é pacífica no
sentindo de que o excesso de prazo para a conclusão do processo
administrativo disciplinar não é causa de nulidade, quando não
demonstrado prejuízo à defesa do servidor.

Segundo ela, o prejuízo de que fala a Lei é para o exercício do


direito de defesa, "sendo ilógico imaginar-se que eventuais prejuízos
decorrentes da aplicação da pena, dada a sua natureza punitiva,
sejam suficientes para justificar a declaração de nulidade do processo
por excesso de prazo. Afinal, todo e qualquer ato de demissão ocasiona
prejuízos, inclusive financeiros, para o demitido".

Independência de esferas

Em muitos casos, o ato cometido pelo servidor será investigado


tanto na esfera administrativa quanto na penal. Nessas situações, a
jurisprudência do STJ já se pronunciou no sentido da independência
entre as instâncias e da impossibilidade de os efeitos da decisão penal
influírem na administrativa, salvo nas hipóteses de inexistência do
fato ou negativa de autoria. 

Em 2016, no MS 21.305, a 1ª Seção manteve a pena de demissão


aplicada a três servidores, apesar de terem sido absolvidos em ação
penal e em ação de improbidade administrativa, pelos mesmos fatos
apurados nos respectivos PADs.

Denunciados por suposto envolvimento em irregularidades nas


licitações do Órgão em que trabalhavam, eles foram absolvidos na
esfera penal porque o Tribunal de Contas da União (TCU) atestou a
regularidade da aplicação dos recursos públicos — o que excluiu a
presença do dolo da conduta.

O Relator do mandado de segurança impetrado pelos servidores


no STJ, ministro Herman Benjamin, explicou que as decisões
absolutórias na via judicial — que ainda não haviam transitado em
julgado — "não trazem repercussão imediata à esfera do processo
administrativo disciplinar, uma vez que não se lastrearam na
inexistência do fato ou negativa de autoria, mas, sim, na alegada
ausência de dolo dos servidores, haja vista que as contas dos processos
licitatórios teriam sido aprovadas por decisão do TCU".

Prova emprestada

A independência entre as esferas, contudo, não impede que


provas já produzidas no âmbito penal sejam compartilhadas no
processo administrativo. O entendimento está na Súmula 591,
aprovada em 2017 pela 1ª Seção.

Para a jurisprudência do STJ, é possível utilizar provas


emprestadas de inquérito policial ou processo criminal na instrução de
PAD, desde que respeitados os princípios do contraditório e da ampla
defesa.

No MS 17.534, impetrado por um policial rodoviário federal


demitido com base em provas de ação penal, o Relator, ministro
Humberto Martins, reconheceu a possibilidade de uso de
interceptações telefônicas como provas emprestadas.

O ministro destacou que foram observados os critérios


necessários para a utilização desse tipo de prova: a devida
autorização judicial e a oportunidade de o servidor contraditar o seu
teor ao longo da instrução.

Prescrição

Os prazos de prescrição previstos na Lei penal se aplicam às infrações


disciplinares também capituladas como crime, segundo prevê o
parágrafo 2° do artigo 142 da Lei 8.112/1990. No entanto, não é
necessário que haja apuração criminal da conduta do servidor para
aplicar os prazos penais às infrações disciplinares.

O entendimento foi adotado no MS 20.857, julgado em maio de


2019 pela Primeira Seção, que não reconheceu a prescrição em
processo administrativo no qual uma servidora alegava o transcurso
do prazo para aplicar a penalidade de destituição do cargo em
comissão que ocupava. Antes disso, o STJ entendia que a aplicação do
prazo de prescrição previsto na Lei penal exigia demonstração da
existência de apuração criminal da conduta do servidor.

O autor do voto que prevaleceu no julgamento, ministro Og


Fernandes, lembrou que o colegiado, ao julgar o REsp 1.656.383, de
Relatoria do ministro Gurgel de Faria, definiu que, diante da rigorosa
independência entre as esferas, não se pode considerar a apuração
criminal um pré-requisito para a adoção do prazo prescricional da Lei
penal no processo administrativo.

Og Fernandes ressaltou que o Supremo Tribunal Federal também


se posicionou da mesma forma. "O lapso prescricional não pode variar
ao talante da existência ou não de apuração criminal, justamente pelo
fato de a prescrição estar relacionada à segurança jurídica. Assim, o
critério para fixação do prazo prescricional deve ser o mais objetivo
possível – justamente o previsto no dispositivo legal referido –, e não
oscilar de forma a gerar instabilidade e insegurança jurídica para
todo o sistema", afirmou o ministro.

Discordando da comissão

Encerrada a fase do inquérito administrativo, a comissão


elaborará relatório minucioso, com o resumo das principais peças dos
autos e das provas usadas para formar a sua convicção, o qual será
sempre conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade do
servidor. 

Como regra, a autoridade Julgadora acatará o relatório da


comissão, salvo quando contrário às provas dos autos. A
jurisprudência do STJ firmou-se no sentido de que a autoridade pode
discordar das conclusões da comissão processante, desde que em
decisão devidamente fundamentada, conforme o artigo 168 da Lei
8.112/1990.

No MS 17.811, a 1ª Seção manteve a destituição do cargo em


comissão de um servidor, aplicada pela autoridade Julgadora, que
não acatou a conclusão da comissão processante por entender que a
pena proposta contrariava a prova produzida nos autos.

Ele foi investigado por viabilizar a contratação de parentes —


irmão, nora, genro e sobrinhos — por meio de convênios celebrados
com o Órgão em que trabalhava. Por não ter havido dano ao erário, a
comissão processante indicou a pena de advertência.

O Relator do mandado de segurança do ex-servidor, ministro


Humberto Martins, ressaltou que, para a jurisprudência do STJ, o
artigo 168 da Lei permite que a autoridade contrarie as conclusões da
comissão processante, desde que o faça com a devida motivação, para
retificação do julgamento em atenção aos fatos e às provas.

Segundo o ministro, um dos fundamentos utilizados pela


autoridade Julgadora para a aplicação da penalidade recaiu no artigo
117, IX, da Lei 8.112/1990, que proíbe o servidor de "valer-se do cargo
para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da
dignidade da função pública".

Para o ministro, não procede o argumento levantado pelo ex-


servidor de que o fato de não ter havido prejuízo ao erário na
contratação dos parentes ensejaria a anulação da penalidade de
destituição do cargo em comissão. "O dispositivo claramente não elege
o dano ao erário como razão suficiente para estabelecer referida
proibição ao servidor público" — afirmou o Relator, ao ressaltar que o
ato da autoridade Julgadora "sobeja em fundamentos e motivos para
aplicar a pena".

Sem discricionariedade

Em 2018, a seção de direito público reafirmou o entendimento de


que, caracterizada conduta para a qual a Lei estabelece,
peremptoriamente, a aplicação de determinada penalidade, não há
margem de discricionariedade que autorize o administrador a aplicar
pena diversa.

No MS 21.859, o colegiado negou o pedido do ex-reitor de uma


universidade pública para a declaração de nulidade do ato que o
demitiu do cargo. Segundo ele, a autoridade Julgadora do PAD não
levou em consideração os seus antecedentes funcionais ao fixar a pena.

O servidor foi investigado por contratar de forma desnecessária


uma fundação, sem pesquisa de preço, sem justificativa do valor do
contrato e sem que a contratada tivesse condições de executar o
projeto assumido.

Segundo a Relatora do mandado de segurança, ministra Regina


Helena Costa, "não existe para o administrador discricionariedade
para a aplicação de pena diversa da demissão" quando é reconhecida
a conduta de se valer do cargo para lograr proveito pessoal ou de
outrem, em detrimento da dignidade da função pública, além da lesão
aos cofres públicos e da prática de ato de improbidade administrativa
que atenta contra os princípios da administração e causa prejuízo ao
erário.

Revisão

Após o encerramento do PAD, o servidor punido poderá apresentar


recurso para reexame do processo — dirigido à autoridade
hierarquicamente superior, para discutir o mérito da decisão tomada
— ou, ainda, pedir reconsideração à mesma autoridade que aplicou a
pena. A Lei 8.112/1990 fixa procedimentos próprios e prazos para
protocolar esses pedidos.

A qualquer tempo, no entanto, o servidor poderá apresentar


pedido de revisão do PAD, desde que demonstre a existência de fatos
novos ou circunstâncias com potencial de justificar a inocência ou a
inadequação da punição aplicada. Seguindo essa disposição, a 1ª
Seção, no MS 17.666, negou o pedido de revisão a um ex-servidor,
demitido havia mais de dez anos do cargo que ocupava no serviço
público, por não haver fatos novos em suas alegações.

Após o seu pedido de revisão ser negado no Órgão em que


trabalhava, ele argumentou no STJ que foi demitido por improbidade
administrativa antes da edição da Lei 8.429/1992, a qual teria
revogado tacitamente o enquadramento genérico sobre improbidade
da Lei 8.112/1990. Dessa forma, sustentou, apenas o Judiciário teria
competência para julgar servidores por ato de improbidade, e não
mais a administração pública.

Segundo a Relatora do mandado de segurança, ministra


Assusete Magalhães, o ex-servidor não apresentou, para ensejar a
instauração do processo revisional, fatos novos ou qualquer outra
circunstância suscetível de justificar a sua inocência ou a inadequação
da pena.

Ela explicou que a jurisprudência do STJ já assentou o


entendimento de que a Lei 8.429/1992 não revogou dispositivos da Lei
8.112/1990 em relação aos processos administrativos disciplinares.
"Isso porque o artigo 12 da Lei 8.429/1992 é claro no sentido de que as
sanções nele previstas são independentes em relação às sanções
penais, civis e administrativas", afirmou a ministra.”

Com informações da Assessoria de Imprensa do STJ.

(https://www.conjur.com.br/2020-abr-12/veja-stj-julgado-
andamento-conclusao-pad)

O que seja “INTERESSE PÚBLICO” é uma questão subjetiva, não se


podendo considerar como tema de compreensão fácil. O que, para uns, pode ser
de INTERESSE PÚBLICO, para outros, não.
A simples transcrição de expressões sacramentais não define o que seja o
INTERESSE PÚBLICO.
“Há uma grande dificuldade em se definir interesse público, já
que as diversas análises e conceituação variam em relação a
metodologia. É difícil perceber uma tendência filosófica, legal ou
científico-política, não alcançando um acordo a respeito do alcance da
aplicação desse conceito. Essa imprecisão reside na dificuldade de
separar a ideia de público de oficial, além da perspectiva subjetiva ao
redor da ideia de interesse público. Assim, alguns doutrinadores
buscam estabelecer critérios para delimitar esse alcance.
Dalmo de Abreu Dallari aponta alguns critérios, que são
amplamente aceitos, para a identificação do que seria interesse
público, são eles: aquilo que o povo quer ver preservado, devido um
conjunto de valores anteriores e para isso haveria amplos debates
políticos e pela sua análise no caso concreto, em um contexto
específico, existirá uma maior facilidade em perceber o interesse
público.
Já Ernest S. Griffith, indica três métodos para definir o serviço
público, são eles:
·        Legalista: usado pelos positivistas, que utilizam a palavra público
ligada a percepção de procedimento, assim tudo que seguisse um
procedimento legítimo atenderia ao interesse público.
·        Economista: para os economistas a “livre opção do consumidor”
seria um interesse público que o estado deveria perseguir.
·        Sociólogo: nesse caso, interesse público, deveria ser analisado em
relação a sociedade, ao momento histórico e o conjunto de valores.
Para Rodríguez-Arana Munoz, o interesse público está
intricadamente ligado à realidade, não existindo longe dessa. Ocorre
sua materialização através da Administração Público, mas sua
aferição moral e material e realizada pelos princípios informadores do
Estado Social e Democrático de Direito.
Gerhard Colm indica quatro pontos de vista sob os quais se pode
analisar o conceito de interesse público, são eles:
·        Metassociológico: é de interesse público aquele que está em
consonância com os valores supremos impostos pelo estado.
Perspectiva típica de Estados totalitários;
·        Sociológico: é expresso por meio de manifestações sociológicas,
expressas por determinados grupos. Comum em uma democracia
pluralista.
·        Legal ou Judicial: baseada na ideia de que o interesse público
prevalece perante o particular, com o objetivo de restringir atividades
pessoais e coletivas.
·        Econômico: define metas de execução, com o intuito de assegurar
o regular funcionamento da economia e metas de realização que se
referem a o conteúdo prático de interesse público, como a educação, a
defesa, entre outros.
Por fim, para Fernando Sainz Moreno, a noção de interesse
público é analisada sobre dois aspectos, o princípio político da
organização estatal, que ora aproxima e ora afasta a ideia de bem
comum, e com o princípio jurídico a ser observado no caso concreto.
Devido essa fluidez conceitual, alguns qualificam a ideia de
interesse comum como um topoi, um lugar comum, e devido a isso,
uma definição mais precisa poderia ser dispensada para facilitar sua
aplicação.”
(https://pt.wikipedia.org/wiki/Interesse_p%C3%BAblico)

Atentemos para a seguinte expressão de Julizar Barbosa Trindade Júnior:


“É o próprio interesse público que, a um só tempo, legitima e limita a
consensualidade. Daí já se observa, em contrapartida, que a opção
pela negociação, no campo sancionatório, impõe à autoridade
administrativa um adequado ônus argumentativo.”
Segue seu artigo:
“A doutrina registra e os fatos demonstram que, desde o início da
vigência da atual Constituição Federal, se há um domínio do regime
jurídico-administrativo que tem vivenciado forte expansão e
reconfiguração, este é, sem dúvida, o Direito Administrativo
Sancionador (DAS 1). Entre os principais fatores de impulso dessa
transformação, pode-se mencionar (i) a aplicação dos direitos e
garantias fundamentais no campo do DAS; (ii) a influência das teorias
jurídicas inspiradas no pragmatismo e no consequencialismo e, em
especial; (iii) a introdução da consensualidade na atividade
sancionatória 2.

Primeiramente, essa incidência dos direitos e garantias fundamentais,


dedicada a evitar abusos e arbitrariedades, pode ser traduzida na
submissão do ius puniendi estatal a determinados princípios formais e
materiais imanentes ao próprio Estado Democrático de Direito 3,
como o do devido processo legal adjetivo (ampla defesa e
contraditório) e substantivo (proporcionalidade e razoabilidade), da
segurança jurídica, da legalidade, da tipicidade, da presunção de
inocência, da prescritibilidade e da motivação das decisões
sancionatórias 4.

Ao lado dessa atenção conferida aos direitos e garantias


fundamentais, a influência do pragmatismo despertou no DAS a
preocupação com a eficiência da atividade sancionatória, o que, por
sua vez, pressupõe identificar a finalidade da sanção administrativa e,
bem assim, compreender o seu caráter instrumental. Com precisão,
destaca Alice Voronoff que a sanção administrativa deve ter por fim
conformar condutas em favor da realização do interesse público - e
não meramente castigar o infrator 5. A sanção, assim, é uma
ferramenta que deve ser operada de forma prospectiva e guiada por
uma visão marcadamente pragmática e consequencialista. Por certo,
entender que a sanção administrativa seja sempre uma reposta -
automática e necessária - ao cometimento de toda e qualquer infração
faz com que se perca o próprio sentido de se questionar se ela, sanção,
atende, ou não, a alguma finalidade 6.

De outro lado, é essa ideia de instrumentalidade da sanção, aliada à


imperativa busca de uma atuação administrativa eficiente, que
permitiu conduzir o Direito Administrativo Sancionador ao caminho
da consensualidade 7.

Em outras palavras, a opção pela consensualidade exige exatamente a


noção de que as sanções administrativas são ferramentas
condicionadas à finalidade de satisfação do interesse público, objetivo
que, a depender do caso concreto, somente será atingido pela
negociação com o infrator. Na via consensual, bem por isso, "é
especialmente cara a análise dos efeitos esperados pela ação
administrativa para que a Administração Pública delibere pela
consensualidade ou pela imperatividade" 8.

De lege lata, pode-se dizer que o caminho para a consensualidade teve


como um de seus primeiros passos a inclusão do compromisso de
ajustamento de conduta na Lei da Ação Civil Pública (artigo 5º, § 6º).
Deve-se também citar a figura dos acordos de leniência, previstos na
Lei 10.149/00 e, depois, na Lei 12.529/11, juntamente com os
compromissos de cessação de conduta. Irrecusável ainda mencionar a
Lei 13.140/15 (Lei da Mediação) e a Lei de Introdução às Normas do
Direito Brasileiro (LINDB), que expressa, no seu artigo 26 9, a
possibilidade de celebração de compromissos para eliminar situação
contenciosa na aplicação do Direito Público. Especiais destaques
merecem a Lei 12.846/13 (Lei Anticorrupção), ao disciplinar o acordo
de leniência, e a Lei 13.964/19, que veio a expressamente permitir o
acordo de não persecução cível na Lei de Improbidade Administrativa.

O próprio Código de Processo Civil, diga-se, é igualmente pródigo ao


estimular a consensualidade em diversos de seus dispositivos 10. Sem
prejuízo, deve-se referenciar o papel de diversos acordos e convenções
internacionais para o fortalecimento da ideia de ajustes e concertações
no âmbito punitivo estatal 11. De outra parte, a ideia de que a
consensualidade era incompatível com as sanções administrativas foi
sendo particularmente desafiada pela adoção de métodos consensuais
no próprio campo do Direito Penal, reconhecidamente uma
modalidade mais gravosa de punição 12. Em suma, todo esse conjunto
de Leis, direcionadas à consensualidade, permitiu no plano normativo
essa significativa e profunda inovação no Direito Administrativo
Sancionador.

Já no plano dos fatos, essa virada de chave espelhou a insuficiência do


modelo tradicional de sancionamento, que passou a exigir a
experimentação e a utilização de novas técnicas para um combate
mais efetivo da prática de atos ilícitos e para uma solução mais célere
e econômica dos conflitos dela decorrentes. Seja por razões de
ineficiência das estruturas estatais, seja em razão da sofisticação e
complexidade de determinadas organizações dedicadas à ilicitude, o
fato é que negociar passou a ser a única forma de se descobrir a
extensão de certas práticas ilícitas, de punir, de ressarcir danos e de
fazer paralisar condutas indesejáveis.

É que, a partir do momento em que se admite a possibilidade de


negociação entre o ente sancionador e um dos participantes da
ilicitude, coloca-se em permanente risco a própria relação de
confiança entre os infratores, uma condição essencial para a formação
e a estruturação de qualquer organização voltada à prática de ilícitos.
Como destaca Renata Lane, esse "elemento desestabilizador" é
particularmente relevante no ambiente em que as ilicitudes são
cometidos por diversos autores e na clandestinidade, "como a
formação de cartel, subornos de agentes públicos e fraudes em
contratos públicos" 13. Por outro lado, busca-se com a consensualidade
aumentar o grau de cumprimento das sanções, no mais das vezes
prejudicado por demorados e infindáveis trâmites procedimentais, que
acabam por agravar uma geral sensação de impunidade.

Enfim, a consensualidade ingressou, sem volta, no Direito


Administrativo Sancionador. Mas a consensualidade impacta e
transporta desafios... Impacta porque representa a superação da ideia
da impossibilidade de negociação com o Poder Público ou de que a
sanção administrativa deve ser sempre imposta, de forma unilateral e
como uma resposta automática para toda e qualquer infração 14. E
traz desafios porque exige um novo padrão de comportamento do ente
sancionador, que terá de ponderar as opções (consensualidade ou
imperatividade) que melhor possam materializar o interesse público.

A correta visualização do tema, portanto, perpassa por entender que o


que se busca por meio da consensualidade é também atingir o interesse
público, mas apenas de uma forma que seja mais eficiente em face do
caso concreto. Como dito, em determinadas situações, a cooperação do
particular será, numa visão pragmática, imprescindível para que o
sancionamento seja verdadeiramente efetivo, célere, menos custoso e
adequado. Numa palavra, eficiente - conforme exige o próprio artigo
37, caput, da Constituição Federal.

Naturalmente, essa opção pela via do ajuste implicará, em certa


medida, permitir ao ente sancionador substituir, atenuar ou mesmo
perdoar certas sanções, de modo que sempre haverá na
consensualidade uma exigência de ponderação: as vantagens
representadas pelo acordo não podem ir ao ponto de fazer com que o
ilícito tenha valido a pena, mas há também que se evitar que os
institutos consensuais fiquem desprovidos de atratividade.

De todo o modo, resta claro que não se pode nem se deve buscar
descontruir a ideia de interesse público para que se possa admitir a
consensualidade. Ao contrário, a opção pelo ajuste e pela negociação
não é uma forma de dispor do interesse público, mas, sim, uma forma
de atingir o próprio interesse público.

Em síntese, é o próprio interesse público que, a um só tempo, legitima e


limita a consensualidade. Daí já se observa, em contrapartida, que a
opção pela negociação, no campo sancionatório, impõe à autoridade
administrativa um adequado ônus argumentativo, na medida em que
a via consensual exigirá - sempre - uma motivação suficiente e idônea
para explicitar que os ganhos advindos da transação com os infratores
superam os resultados que se poderia esperar de uma atuação
sancionatória tradicional, unilateral e impositiva 15.

1 OLIVEIRA, José Roberto Pimenta; GROTTI, Dinorá Adelaide


Musetti. Direito Administrativo Sancionador brasileiro: breve
evolução, identidade, abrangência e funcionalidades. Interesse Público
[Recurso Eletrônico]. Belo Horizonte, v. 22, n. 120, mar./abr. 2020, p.
83.

2 Ibid., p. 88-89.

3 MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo; GARCIA, Flávio Amaral. A


principiologia no Direito Administrativo Sancionador. Revista
Brasileira de Direito Público - RBDP, Belo Horizonte, ano 11, n. 43,
out/dez. 2013.

4 Sobre tais princípios, cf., entre outros, OSÓRIO, Fábio Medina.


Direito Administrativo Sancionador. 7. ed. rev. e atual. São Paulo:
Thomson Reuters Brasil, 2020, pp. 420 e ss.

5 Ou seja: sanciona-se o concessionário para que o serviço público seja


adequado; sanciona-se o motorista para que se assegure a ordem no
trânsito. A finalidade da sanção administrativa, portanto, é a de
realizar esses objetivos (prestação de um serviço adequado ou
segurança no trânsito), porque são eles de interesse público. O
objetivo primordial da sanção não é castigar nem arrecadar.
(VORONOFF, Alice. Direito Administrativo Sancionador no Brasil:
justificação, interpretação e aplicação. Belo Horizonte: Fórum, 2018,
p. 99)

6 Ibid., p. 104.

7 Bem por isso, Maurício Zockun e Gabriel Morettini e Castella


afirmam que "o princípio da consensualidade surge como forma de
alcançar o princípio da eficiência". (ZOCKUN, Maurício; MORETTINI
E CASTELLA, Gabriel. Programas de leniência e integridade como
nonos instrumentos no Direito Administrativo Sancionador hodierno.
In: Direito Administrativo Sancionador. Estudos em homenagem ao
Professor Emérito da PUC/SP Celso Antônio Bandeira de Mello.
Coordenador José Roberto Pimenta Oliveira. São Paulo: Malheiros,
2019, p. 419)

8 PALMA, Juliana Bonacorsi de. Sanção e acordo na Administração


Pública. São Paulo: Malheiros, 2015, p. 281.

9 Inclusão promovida pela Lei 13.655/2018.

10 Cf., por exemplo, artigos 3º, § 2° e 3º, 6º, 139, V, 165, § 3º, 174,
190, 221, 334, § 11 etc.

11 Mencione-se, de exemplo, a Convenção das Nações Unidas contra a


Corrupção e a Convenção das Nações Unidas contra o Crime
Transnacional.

12 Veja-se que, desde a Lei 9.099/95, inúmeros delitos contra a


Administração Pública já admitiam a transação penal ou a suspensão
condicional do processo. Mas, em especial, deve-se destacar aqui a
figura da colaboração premiada, na forma regida pelo artigo 4º da Lei
12.850/2013, a Lei do Crime Organizado.

13 LANE, Renata. Acordos no domínio da improbidade


administrativa. 2020. 256 f. Dissertação (Mestrado em Direito).
Programa de Estudos Pós-Graduados em Direito, Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2020, p. 112.

14 É a ideia de que a consensualidade significaria necessariamente ir


de encontro ao interesse público: ao deixar de aplicar uma sanção
administrativa em prol de uma solução consensual, o agente público
estaria simplesmente dispondo do seu dever de punir e de sua
competência sancionatória, o que seria de todo inadmissível em face
da indisponibilidade do interesse público.

15 PELEGRINI, Marcia. A consensualidade como método alternativo


para o exercício da competência punitiva dos Tribunais de Contas. In:
Direito Administrativo Sancionador. Estudos em homenagem ao
Professor Emérito da PUC/SP Celso Antônio Bandeira de Mello.
Coordenador José Roberto Pimenta Oliveira. São Paulo: Malheiros,
2019. p. 410.

III - O DIREITO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR E O


DIREITO PENAL
No entendimento de determinados doutrinadores, o Direito
Administrativo Disciplinar nasceu do Direito Penal, somente gradativamente se
distanciando do mesmo, para fazer parte, agora integralmente do Direito
Administrativo:

O DIREITO ADMINISTRATIVO SANCIONADOR E A FALTA


DE SIMETRIA COM O DIREITO PENAL

Por Luís Mauro Lindenmeyer Eche

O Direito Administrativo Sancionador (DAS) pode ser


tradicionalmente definido como "a expressão do efetivo poder de
punir estatal, que se direciona a movimentar a prerrogativa
punitiva do Estado, efetivada por meio da Administração Pública
e em face do particular ou administrado" [1].

Esse conceito se revelava suficiente em certa medida, porque se


prestava a diferenciar o DAS do Direito Penal: enquanto aquele
se ocupava do direito de punir estatal na órbita administrativa,
este materializava o ius puniendi na seara judicial, mais
precisamente perante o juízo criminal.

Porém, essa definição não mais compreende a exata extensão do


que se entende por Direito Administrativo Sancionador. A
"administrativização" do Direito Penal verificada nos últimos
anos — reflexo da hipertrofia do Direito Penal — tornou
necessário que condutas socialmente relevantes, mas que não
mereciam a tutela da ultima ratio, passassem a serem tratadas
pelo Poder Judiciário em seara distinta da penal. Daí porque o
DAS extrapolou os limites internos da Administração Pública
passando a irradiar efeitos junto a processos judiciais que
tenham por escopo a apuração de infrações cíveis-
administrativas que reclamavam uma punição por parte do
Estado por meio do Estado-juiz.

É dessa evolução e do entendimento de que, por decorrer do ius


puniendi, há de ser garantido ao réu um plexo mínimo de direitos
e garantias que o estudo do DAS passa por uma nova fase. Fase
essa que recebeu status de "primeira prioridade" de estudos,
porque o DAS foi expressamente incorporado pelo legislador
pátrio no âmago das ações que versam sobre improbidade
administrativa (§4º do artigo 1º da Lei nº 8.429/92).

Daí a relevância de se a compreender adequadamente o que é o


DAS e qual sua relação com o Direito Penal para, a partir dessa
relação, extrair os efeitos eventualmente decorrentes.

Pois bem.

No seu nascedouro, o DAS sofreu forte influência da evolução do


Direito Penal. Isso porque se partiu de uma ideia equivocada de
que o DAS seria um fragmento do Direito Penal, uma vez que
ambos decorrem do ius puniendi estatal, que é uno. Tanto assim
o é que, inicialmente, o DAS era denominado como Direito Penal
Administrativo.

Todavia, essa premissa errônea se deveu ao próprio ineditismo


da matéria e a falsa apreensão de que, por ambos decorrerem
do ius puniendi, não seria outra a natureza se não a penal da
disciplina que estava sendo desenvolvida.

Contudo, a evolução do tema relevou a impropriedade da


nomenclatura, ensejando a adoção da expressão Direito
Administrativo Sancionador. E essa alteração, antes de mera
adequação semântica, representou verdadeira ruptura com a
doutrina até então vigente, que identificava uma similitude entre
o Direito Penal e o DAS. "La utilización de esta
denominación (DAS) implica, pues, una ruptura deliberada con
concepciones del passado: se abandonan los campos de la
Policia y del Derecho Penal para asentarse en el Derecho
Administrativo. La expresión adquiere así el valor de un
emblema y de una confesión doctrinal" [2].

Veja-se que, ainda que vigore, com predominância, a teoria


do ius puniendi unitário, isso não leva à conclusão de uma
suposta subordinação ou vinculação do DAS ao Direito Penal e
seus predicados. Isso porque percebeu-se que "esses sistemas
sancionatórios não guardam similitude de lógica operativa e,
embora os ordenamentos sancionatórios possam constituir
manifestações de ius puniendi, seus perfis singulares exigem um
esforço para caracterizar o campo em que eles podem ser
utilizados" [3]. Logo, não há falar em simetria integral entre o
Direito Penal e o DAS.

O ius puniendi se presta como raiz comum para ambas as


disciplinas, mas cada qual se ocupa de uma faceta desse poder
diante de suas singularidades, o que, antes de confundi-los,
reforça a autonomia entre eles. Como brilhantemente destacam
José Roberto Pimenta Oliveira e Dinorá Adelaide Musetti Grotti:

"A identidade do DAS em face do Direito Penal não depende


apenas da concepção que se tenha do primeiro. Ela é reflexo
também do que se perfilha cientificamente sobre a identidade do
Direito Penal. Não há como fugir desta constatação. Para quem
admite e aceita que o Direito Penal possa expandir seu terreno
normativo para proteção de bens jurídicos metaindividuais e
mesmo acolhe a responsabilidade criminal da pessoa jurídica, a
conclusão poderia se voltar para uma diferenciação fraca
entre DP e DAS, totalmente dependente da liberdade de
confirmação do Poder Legislativo. Esta conclusão deve ser
afastada, porque os dois ramos — DP e DAS — não se
confundem, sendo que cada um ostenta uma teleologia própria
no direito positivo. É complexo estabelecê-las, mas no Estado de
Direito Constitucional a necessidade de contenção de
arbitrariedades é sempre o ponto de partida, inclusive na
configuração do Direito Penal e do Direito Administrativo
Sancionador" [4].
O DAS é Direito Público Administrativo. Tem por escopo
primordial a tutela do coletivo, a qual se sobrepõe ao interesse
singular ou, ao menos, deve com ele ser cotejado e ponderado no
exame da aplicação da legislação e dos princípios inerentes a
esse sistema. Como leciona Alejandro Nieto:

"Em suma, contra todas as probabilidades, deve-se afirmar que o


Direito Penal Administrativo é, como o próprio nome indica, um
Direito Administrativo embutido diretamente no direito público
estatal e não um Direito Penal vergonhoso; da mesma forma que
o poder sancionatório administrativo é o poder anexado a
qualquer poder atribuído à Administração para a gestão do
interesse público. Não é por acaso, claro, que até o nome do
antigo Direito Penal Administrativo foi substituído há muitos
anos pelo mais próprio Direito Administrativo Sancionador" [5].

Alice Voronoff, que também aponta a natureza administrativa do


DAS, além de tecer fortes críticas ao aspecto unitário do ius
puniendi, deixa claras as peculiaridades que permeiam o DAS e
que devem conduzir sua interpretação. Segundo a
doutrinadora, "este ramo é dotado de singularidades que buscam
um 'equilíbrio fino' ('legitimação híbrida'), destacando: 1) as
particularidades finalísticas e operacionais do DAS, atinentes à
realização de objetivos de interesse público, sob enfoque
prospectivo e conformativo, dissociado, como regra, de juízo de
reprovação ético-social; 2) a instrumentalidade da sanção
administrativa, que é compreendida como meio de gestão, e não
fim em si mesmo. Instrumento de gestão e ferramenta
institucional, governado por lógica de incentivos de
conformidade, visando a efetividade dos objetivos de interesse
público; 3) o componente funcional, que, segundo Voronoff, se
desdobra no elemento funcional estático (Órgão ou ente da
Administração) e elemento funcional dinâmico (exigências
impostas ao modus operandi da Administração)" [6].

Além disso, não se pode esquecer que, a partir da Constituição


Federal de 1988, o Direito Administrativo ganhou novos
contornos. Abandonou-se a ideia de que a disciplina se prestava
a regular a relação Administrador-Administração, passando a
compreender que ela se destinava a tutelar, acima de tudo, o
interesse público enquanto direito fundamental metaindividual.
Pimenta Oliveira e Musetti Grotti bem apreenderam essa
questão, ao afirmarem que:

"A Constituição reconhece o valor jurídico diferenciado do


interesse público como categoria própria e não assimilável aos
meros interesses pronunciados por administradores públicos ou
meramente associados aos Órgãos e entes públicos e
governamentais, por Lei ou atos infralegais. Não se trata de
mero conceito jurídico indeterminado que a teoria da linguagem
possa esgotar como operacionalizá-lo. O interesse público é um
conceito recepcionado na Constituição. Isto se faz no capítulo
próprio dos Direitos e Garantias Fundamentais (artigo 19, inciso
I), no capítulo dedicado à Administração Pública, em seu
significado funcional (artigo 37, inciso IX), na disciplina das
Leis (artigo 66, parágrafo 1º), na atividade de gestão da função
pública na Magistratura (artigo 93, inciso VIII e artigo 95, inciso
II) e no Ministério Público (artigo 128, parágrafo 5º, inciso I,
alínea b), e na distinção do campo da LEGALIDADE (tal como
cristalizado na própria Constituição) do preceituado como
próprio ao interesse público, em seu ADCT (artigo 51 ADCT).
Esta presença constitucional significa que aos intérpretes não é
dado ignorar ou reduzir sua relevância no sistema jurídico,
devendo cumprir a função de demonstrar as suas projeções
normativas no processo de concretização constitucional" [7].

Logo, não há dúvidas de que o DAS cuida de uma disciplina


própria, com predicados particulares e inserido no âmbito do
Direito Administrativo. E, ainda que o Direito Penal possa
fornecer instrumentos para o desenvolvimento da disciplina, é
absolutamente incongruente defender a tese de uma transposição
pura e simples do arcabouço principiológico do Direito Penal
para o Direito Administrativo Sancionador. Tal agir engendraria
uma verdadeira subversão dos valores e dos princípios próprios
desse ramo do Direito. Isso porque, na órbita administrativa
propriamente dita, o DAS visa à preservação do interesse
coletivo e dos princípios da Administração Pública; já na órbita
judicial, a essas finalidades se agrega principalmente a tutela da
moralidade administrativa enquanto direito fundamental,
finalidades essas não tuteladas pelo Direito Penal com a mesma
profundidade.
Reafirmamos: ainda que o Direito Penal possa contribuir, por
meio de seus princípios, na elaboração de instrumentos a
fomentar o DAS, é inviável que não seja sopesado que o DAS
possui finalidades outras e que está alicerçado em uma gama
principiológica própria que, muitas vezes, não converge com
aquela que alimenta o Direito Penal. É da natureza do Direito
Administrativo Sancionador o "predicado de ser uma ordem
jurídica parcial da atividade do Estado e, logo, está
irremissivelmente engatilhado a instrumentalizar a ótima
realização de interesses públicos [8]. A diretriz é contribuir para
integrar; e não desnaturar a índole administrativista dos
sistemas sancionadores administrativos" [9]. O DAS
deve "avaliar com o devido rigor científico as contribuições
desses ramos do Direito Público, sem jamais abandonar a sua
índole de regime jurídico-administrativo instrumental de tutela
de interesses públicos" [10].

Na nossa ótica, mostra-se absolutamente simplista e equivocada


a tese apresentada por parte da doutrina que aponta para uma
pura transposição dos princípios do Direito Penal para o DAS.
Primeiro, porque parte de uma premissa equivocada, no sentido
da existência de uma suposta simetria integral entre o Direito
Penal e o DAS; segundo, essa teoria deixa de lado todas as
prerrogativas e peculiaridades que impregnam a tutela do
coletivo, objeto último do DAS.

O DAS e o Direito Penal possuem diferentes caráteres


institucionais e constitucionais, não se encontrando na mesma
posição ante o Direito. Não há como sustentar que, no âmbito do
Direito Administrativo Sancionador, haja uma prevalência dos
direitos do réu tal qual ocorre no âmbito do Direito Penal. Os
valores e interesses em litígio possuem notas distintivas que,
inclusive, ensejaram a ruptura do DAS e do Direito Penal como
disciplinas de um mesmo ramo jurídico.

Na seara do Direito Administrativo, a prevalência é do coletivo.


E isso, de forma alguma, importa em reconhecer hipótese de
juízo de exceção, ditatorial ou, ainda, que ao réu não serão
conferidos os direitos e garantias que lhes são próprias. Serão!
Todavia, os direitos e as garantias que lhes são devidas dentro
de um contexto de devido processo judicial que envolve matéria
de Direito Administrativo e cujas penas não envolvem privação
da liberdade.

Assim sendo, pode-se conceituar o Direito Administrativo


Sancionador como a "expressão do efetivo poder punitivo do
Estado, no âmbito do Direito Administrativo, direcionada à
responsabilização do servidor público em sentido amplo e/ou do
particular, em órbita não penal, que tenha atentando contra o
interesse coletivo, os princípios da administração pública e/ou a
moralidade administrativa".

Com o conceito ora proposto, o DAS estará corretamente


alocado no ramo do Direito Administrativo, o que destaca as
prerrogativas próprias dessa disciplina em detrimento do Direito
Penal.

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[1] GONÇALVES, Benedito; GRILO, Renato César Guedes. Os


princípios constitucionais do Direito Administrativo Sancionador
no regime democrático da constituição de 1988. Revista Estudos
Institucionais, v. 7, nº 2, mai./ago. 2021, p. 468. Disponível

em https://www.estudosinstitucionais.com/REI/article/view/636,
acessado no dia 03/12/21.

[2] NIETO, Alejandro. Derecho Administrativo Sancionador. 4ª


ed. Madrid: Tecnos, 2008, p. 172.

[3] OLIVEIRA, José Roberto Pimenta; GROTTI, Dinorá


Adelaide Musetti. Direito Administrativo Sancionador brasileiro:
breve evolução, identidade, abrangência e funcionalidades.
Interesse Público – IP, Belo Horizonte, ano 22, nº 120, p. 83-126,
mar./abr. 2020, p. 90. Disponível
em https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/C
EJUR%20-%20PGM/CEJUR%20Clipping/5%C2%AA%20Edi
%C3%A7%C3%A3o/Artigos/3.pdf. Acesso em 03/12/21.

[4] Ob. cit., p. 106.

[5] Ob. cit., p. 27.


[6] Apud OLIVEIRA, José Roberto Pimenta; GROTTI, Dinorá
Adelaide Musetti. Ob. cit., p. 116.

[7] Ob. cit., p. 87.

[8] OLIVEIRA, José Roberto Pimenta; GROTTI, Dinorá


Adelaide Musetti. Ob. cit., p. 103.

[9] OLIVEIRA, José Roberto Pimenta; GROTTI, Dinorá


Adelaide Musetti. Ob. cit., p. 116.

[10] OLIVEIRA, José Roberto Pimenta; GROTTI, Dinorá


Adelaide Musetti. Ob. cit., p. 108.
(https://www.conjur.com.br/2021-dez-09/luis-eche-direito-
administrativo-sancionador-direito-penal#:~:text=O%20Direito
%20Administrativo%20Sancionador%20(DAS,ou%20administrado
%22%20%5B1%5D.)

IV - CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
O objetivo destas notas é fornecer, a nível de comentários não exaustivos,
principalmente, a interpretação do autor, Juiz de Direito aposentado
compulsoriamente, em virtude de quatro PROCESSOS ADMINISTRATIVOS
DISCIPLINARES, ajuizados por dois Corregedores-Gerais de Justiça perante o
Órgão Especial do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, e algumas referências,
da autoria de outros intérpretes do Direito, para que o Regimento Interno do
Tribunal de Justiça de Minas Gerais e outros regramentos sobre o PROCESSO
ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR (Resolução 135/CNJ/2011, Lei
Complementar mineira 59/2001, Leis federais n. 8.112/90 e n. 9.784/99,
Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, Regimento Interno do
Superior Tribunal de Justiça e Constituição Federal ) sejam compreendidos por
Advogados e partes quando atuarem em causa própria nos referidos processos.
Tendo sido investigado, processado e condenado à pena de aposentadoria
compulsória pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça mineiro, perfazendo-se
um período de 4 anos de vivência, em grande parte atuando em causa própria,
adquirimos uma visão real do que existe em termos de regramentos, por um
lado, e de realidade, por outro, detectando divergências normativas,
desrespeito, em vários casos, à hierarquia das normas, tudo isso que precisa
aperfeiçoar-se para atender-se ao ideal de Justiça sonhado pelos Imputados e
pretendido por muitos dos Julgadores, sendo que, todavia, pelo fato, inclusive,
de tratar-se de um ramo do Direito muito recente, ainda não se perfectibilizou o
suficiente para satisfazer a expectativa de realização da Justiça aguardada e
acreditada pelos Imputados e inclusive o desejo de fazer Justiça por parte de
muitos dos próprios Julgadores, que, na colegialidade, muitas vezes, veem-se
vencidos pelo voto da maioria, o que, nem sempre, representa a Justiça [5].
Observamos, no nosso primeiro processo, que, na fase pré-processual,
foram colhidas provas apenas acusatórias, sem ter-se dado a nós a oportunidade
de produzirmos provas e sequer fomos interrogado, ficando a fase pré-
processual praticamente funcionando como uma guilhotina, que seria usada, no
julgamento, pelo Órgão Especial, sendo que vários dos seus Membros se
ativeram muito mais a essas provas do que àquelas que foram produzidas na
fase processual, esta dirigida pelo Relator, sob o crivo do CONTRADITÓRIO e
da AMPLA DEFESA, além do DEVIDO PROCESSO LEGAL. Observe-se que o
voto do Relator foi pelo arquivamento, mas seguido por poucos.
Para a maioria dos Julgadores, não existe a obrigatoriedade do
CONTRADITÓRIO na fase pré-processual, razão pela qual, se houverem por
bem julgar apenas com base nessas provas ou priorizá-las, em detrimento
daqueles produzidas na fase judicial, assim o fazem, acreditando estarem
fazendo Justiça, pois podem pensar que, na fase judicial, o Imputado já estará
mais bem preparado para se defender, enquanto que, na fase pré-processual, a
verdade é que será mostrada. Infelizmente, ainda não se considera que, em
qualquer procedimento, tenha de existir o direito de AMPLA DEFESA. Talvez
um dia assim venha a acontecer, mas está longe esse dia. A figura do Juiz das
Garantias foi uma dessas tentativas, mas falhou, no nosso país.
Igualmente, no nosso caso, não foram observados os princípios da
PROPORCIONALIDADE e da RAZOABILIDADE na aplicação da pena, nem
sequer foram levados em conta os predicados do Magistrado, que contava com
mais de 30 anos de exercício honesto na Magistratura, inclusive sendo autor de
193 livros, até então, sendo vários deles jurídicos. Como não há o princípio da
RESERVA LEGAL, no Direito Administrativo Disciplinar, uma mesma
imputação pode ser punida tanto com advertência como com aposentadoria, de
acordo com o modo de pensar da maioria dos Julgadores, sendo que a
fundamentação se baseia, muitas vezes, em dados que não deveriam justificar
condenações a penas desproporcionais, como Sindicâncias e representações
arquivadas, espírito inovador, sem contar que não se respeitam regras aplicadas
no Processo Penal para a dosimentria da pena, como causas de aumento e
dimininuição, excludentes de ilicitude etc., mas sim há uma mentalidade
draconiana prevalente, de que, praticada uma infração, a pena tem de ser
exemplar, para servir de alerta, inclusive, para desestimular eventuais outros
infratores, quanto mais se pensar em prevenção ao invés de punições. E, talvez o
mais grave, seja a ideia de que a subordinação à hierarquia seja o valor a ser
mais respeitado, como se estivéssemos em uma estrutura militar e não que cada
Magistrado seja um Órgão do Poder Judiciário. O espírito da LOMAN, editada
durante o regime ditatorial de 1964, está presente no PROCESSO
ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR.
Foi considerado apenas o fato em si, ou seja, a infração de que foi
acusado, com rigor na aplicação da pena considerados o que se denominou de
“antecedentes”, mesmo as representações arquivadas e as Sindicâncias
igualmente arquivadas, baseando-se em um princípio extravagante que se
poderia chamar de “onde há fumaça há fogo”, ou seja, se houve muitas
reclamações contra o Magistrado é porque ele é “problemático”, enquanto que
igualmente se pode concluir o contrário, ou seja, “se o Magistrado desagrada a
muitos é porque produz muito ou é muito honesto”.
Em suma, prevaleceram apenas os argumentos da acusação, para a
maioria dos Julgadores.
Esse tipo de julgamento é eivado de subjetivismo, o que acontece muito
mais do que se possa imaginar, justamente porque o Direito Administrativo
Disciplinar não está ainda estruturado como um ramo do Direito realmente
digno desse status, como acontece com o Processo Penal e o Processo Civil, sem
contar a falta de especialização e o volume de processos a serem julgados em
apenas duas sessões por mês, tendo havido uma sessão em que constavam da
pauta, nada mais nada menos, do que 71 processos judiciais, dentre os quais
alguns administrativos disciplinares, sabendo-se que o horário normal das
sessões é de 13:30 às 18:00 horas, sendo que sempre começam depois do
horário previsto e terminam antes do horário regulamentar.
Quanto ao segundo processo, já militava contra nós a não
primariedade, apesar de não transitada em julgado a primeira condenação,
considerada por vários Julgadores como “maus antecedentes”, o que fez com
que a pena aplicada fosse desproporcional ao extremo, mesmo sendo o fato
imputado de mínima gravidade, em desacordo com as provas dos autos, que foi
praticamente toda, ou realmente toda, favorável à tese do arquivamento,
defendida pelo Relator e alguns outros votantes.
Aliás, como dito, em ambos os casos, o Relator optou pelo arquivamento,
mas seu voto foi desconsiderado pela maioria, mesmo tendo sido ele quem
colheu pessoalmente as provas na fase judicial, sob o crivo do
CONTRADITÓRIO, da AMPLA DEFESA e respeitado o DEVIDO PROCESSO
LEGAL.
Observou-se que os votos do Corregedor-Geral de Justiça foram decisivos
para as duas condenações, sendo que alguns dos que os acompanharam
praticamente apenas emitiram, com algumas palavras, um “de acordo”,
parecendo sequer terem tomado ciência das provas produzidas em sua
integralidade, pois os votos do Relator foram embasados nas provas coligidas na
fase judicial, que, realmente, são as decisivas, pois passam pelo crivo do
CONTRADITÓRIO, devendo essas provas ser consideradas as únicas válidas,
conforme o Processo Penal, com exceção de uma ou outra realizada na fase pré-
processual.
É sabido que há testemunhas que mentem na fase pré-processual,
justamente porque estão falando sem serem reperguntadas pela Defesa,
enquanto que, na fase processual, se mentem, estarão sendo reperguntadas e
cairão, na maioria das vezes, em contradição. Por isso, não se pode embasar
uma condenação meramente nas provas da fase pré-processual, quando estão
em contradição com as provas da fase processual.
Quanto ao terceiro processo, apesar de desconsiderados, em vários
momentos, requerimentos de produção de provas, inclusive o aproveitamento
de provas emprestadas, o Relator se mostrou honesto, acreditando estar agindo
dentro do DEVIDO PROCESSO LEGAL, o que representa uma grande virtude.
A questão da honestidade é de suma importância, pois se houver malícia,
mesmo que camuflada, prejudica-se o Imputado e, muitas vezes,
irremediavelmente.
Uma virtude que nos pareceu relevante foi a do Relator determinar a
remessa a nós das notas taquigráficas dos depoimentos e do interrogatório, o
que significa respeito à dignidade da pessoa do Imputado.
O quarto processo teve incidentes questionáveis, como o de não
remessa a nós das notas taquigráficas dos depoimentos das testemunhas
ouvidas.
Outro dado que queremos colocar sob análise é a convocação de
substitutos para composição do Órgão Especial, não só por não terem
conhecimento aprofundado, na maioria dos casos, do Direito Administrativo
Disciplinar, bem como as convocações, muitas vezes, acontecerem de última
hora, fazendo com que sequer tenham tido condições de se inteirar, a fundo, dos
casos concretos que seriam julgados.
Imagine-se na sessão em que foram votados 71 processos judiciais, dentre
os quais vários de cunho administrativo disciplinar, em que se determinam
aposentadorias compulsórias, disponibilidades, exonerações etc....
Na verdade, não deveria haver a previsão legal de substituições no Órgão
Especial, pois representantam a falta de respeito à dignidade da pessoa humana,
contemplada, como princípio, inclusive, no art. 8º do CPC, que diz: “Ao aplicar
o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem
comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e
observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade
e a eficiência.”

Voltando à reflexão sobre o PROCESSO ADMINISTRATIVO


DISCIPLINAR, existe uma intenção de acertar, de fazer Justiça, da parte de
muitos Julgadores, e, por parte dos Imputados, de serem tratados com respeito,
mas, não só o arcabouço jurídico aplicável, esparso, conflitante em alguns
pontos, a falta de uma unicidade ideológica nas disposições normativas, bem
como a falta de recursos materiais e humanos, contribuem para a
imperfectibilidade dos PROCESSOS ADMINISTRATIVOS DISCIPLINARES em
grande parte.
Uma das grandes contribuidoras para essa deficiência atual é a falta de
especialização dos operadores do Direito que julgam esses processos, porque,
diga-se de passagem, ou seja, deveriam as composições dos Órgãos Especiais ser
fixas, com seus membros atuando com exclusividade nesses processos e não
cada membro acumulando ATRIBUIÇÕES e COMPETÊNCIAS jurisdicionais
nas suas respectivas Câmaras, reunindo-se apenas duas vezes por mês para
julgarem, em massa, processos que deveriam ser priorizados e analisados como
especialistas, com dedicação exclusiva, cientes das Leis, dos regramentos, da
jurisprudência e da doutrina aplicáveis.
O DIREITO PROCESSUAL ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR não pode
continuar a ser considerado como um “subdireito”, um apêndice secundário do
Direito Administrativo, contemplado em Resoluções, em poucos artigos de Leis,
Regimentos Internos, mas não como nos casos das Leis processuais civis e
penais, votadas pelo Congresso Nacional, concentradas em Código específico,
com grande acervo de jurisprudência e doutrina subsidiantes, enquanto que
grande parte dos Julgadores procuram aprender, em apenas 2 anos de exercício,
atuando como membros eleitos do Órgão Especial, o que demanda um tempo
muito maior, porque reunem-se apenas duas vezes por mês, perfazendo um
total de 48 sessões durante o mandato, permitida uma reeleição, o que daria 96
sessões, ou, pior ainda, substituindo esporadicamente, como convocados, que
nunca terão tempo e especialização para atuarem como seria de se desejar.
Podem ocorrer, e ocorrem, prejuízos sérios para os Imputados nesses
julgamentos sem especialização verdadeiramente desejável e imprescindível.
Na verdade, os dois únicos membros do Órgão Especial que acabam, com o
tempo, adquirindo mais conhecimento dessa disciplina, de regramentos
esparsos, são o Presidente e o Corregedor-Geral de Justiça, talvez mais esse
segundo do que o primeiro, pois é ele, geralmente, o acusador, que também
acumula a função de Julgador, em um sistema estranho de duplicidade de
funções, que podem comprometer a IMPARCIALIDADE, sendo que o resultado
prático é que, em grande parte dos julgamentos, muitos membros se limitam a
confiar nos entendimentos e posicionamentos do Corregedor-Geral de Justiça
nos casos sob julgamento, sendo que, nos quatro processos ajuizados contra
nós, en todos eles prevaleceram os votos do Corregedor-Geral de Justiça, em
detrimento dos votos dos Relatores que não foram ele próprio.
O modelo vigente tem de ser revisto e aperfeiçoado, pois injustiças vão se
acumulando, em detrimento de profissionais sérios e bem intencionados,
punidos severamente, em prejuízo dos próprios jurisdicionados, que perdem
profissionais capacitados para os servirem nos processos dos fóruns desse
imenso interior, que precisam de atendimento atencioso e dedicado.
O número excessivo de casos julgados em cada sessão faz também com que
haja menos condições de aprofundamento em cada caso concreto, gerando
injustiças em vários deles.
A própria regra da execução imediata das penas logo na 1ª instância, não
tendo o recurso administrativo efeito suspensivo, isso também se constitui em
um problema grave, pois a irreversibilidade, nos casos de decisões injustas,
representa prejuízos e desestímulo.
Em suma, como aqui expomos e fundamentamos nosso entendimento, o
DIREITO PROCESSUAL ADMINISTRATIVO deveria ser alçado ao status de
verdadeiro ramo do Direito e não continuar sendo um “subdireito”, praticado
por não especialistas, muitos dos quais não têm o tempo necessário para o
conhecerem a fundo, de vez que priorizam suas ATRIBUIÇÕES e
COMPETÊNCIAS nas Câmaras em que atuam.
O sistema de composição atual do Órgão Especial [6] não é o melhor,
porque, justamente, não há a exclusividade na atuação, mas sim a acumulação
com outras ATRIBUIÇÕES e COMPETÊNCIAS.
Devemos reconhecer que o modelo praticado não é o ideal e, justamente
por isso, devemos lutar pelo seu aperfeiçoamento.
Aqui não pretendemos menosprezar o esforço de pessoas, mas sim criticar
construtivamente o modelo vigente, que, com o tempo, como todos os ramos do
Direito, irá se aperfeiçoando, mas é preciso acelerarmos esse progresso.
Vemos, por exemplo, no perfil do Corregedor-Geral de Justiça mineiro,
Desembargador Luiz Carlos Corrêa Junior, e alguns outros membros do Órgão
Especial que funcionará a partir de 1º/07/2022, o ideal de aperfeiçoarem o
modelo vigente e isso é muito bom para todos.
A começar pelo reconhecimento dos princípios que devem informar o
DIREITO PROCESSUAL ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR, que não podem
deixar de contemplar, realmente, os princípios nem sempre lembrados da
CONGRUÊNCIA, da AMPLA DEFESA e do DEVIDO PROCESSO LEGAL, temos
de trabalhar para erigi-lo à categoria de um ramo verdadeiro do Direito.
Devemos pleitear do legislador federal a edição de um Código e não nos
contentarmos com a Resolução 135/2011/CNJ, que, na verdade, é apenas uma
Resolução e não uma Lei federal, bem como o Regimento Interno do Tribunal
de Justiça mineiro é apenas uma Resolução e assim por diante [7].
Gisele Leite, no seu artigo referido na nota [7], afirma:

“Desta forma, ratifico que não há hierarquia entre Lei complementar,


Lei ordinária, Lei delegada, medida provisória, decreto legislativo e
Resolução. A referida distinção entre tais espécies normativas é fixada
pela Constituição Federal, mediante a reserva de matérias a cada uma
das espécies. Trata-se de mera reserva constitucional de
COMPETÊNCIAS e, não de relação hierárquica. Todas as normas que
integram o processo legislativo situam-se no mesmo plano
hierárquico.”

O problema é que os Regimentos Internos dos Tribunais regulamentam,


de forma simplificada e incompleta, uma série de assuntos, fazendo com que
cada um seja tratado apenas genericamente em muitos casos, confiantes na
supletividade de outros regramentos, inclusive do Código de Processo Penal e
do Código de Processo Civil, de tal forma que, em muitos PROCESSOS
ADMINISTRATIVOS DISCIPLINARES, esses dois Códigos acabam sequer
sendo lembrados e, muito menos, aplicados.

E, na verdade, o “espírito” do CPC, por exemplo, sequer é conhecido, até


hoje, de muitos dos operadores do Direito, ainda apegados ao CPC de 1973, que
foi regido por outros princípios, totalmente diferentes, tanto que elaborado
apenas por Alfredo Buzaid, escorado na ideologia de Liebman, enquanto que o
CPC de 2015 foi elaborado a partir da mente de 12 juristas (Com 12 integrantes,
a comissão tem prazo de 180 dias para apresentar um anteprojeto de CPC. O
Presidente é o ministro do STJ Luiz Fux e a Relatora, a professora e advogada
Teresa Arruda Alvim Wambier. Os demais integrantes da comissão são
Adroaldo Furtado Fabrício, Desembargador aposentado do RS; Benedito
Cerezzo Pereira Filho, Advogado ; Bruno Dantas, consultor geral do Senado;
Elpídio Donizetti Nunes, Desembargador do TJ/MG; Humberto Theodoro
Júnior, Desembargador aposentado de Minas Gerais; Jansen Fialho de Almeida,
juiz do TJ/DF; José Miguel Garcia Medina, Advogado; José Roberto dos Santos
Bedaque, Desembargador do TJ/SP; Marcus Vinicius Furtado Coelho, membro
do Conselho Federal da OAB; e Paulo Cesar Pinheiro Carneiro, Advogado e ex-
Procurador de Justiça -
https://www.migalhas.com.br/quentes/98337/comissao-de-juristas-que-ira-
elaborar-o-anteprojeto-do-novo-cpc-realiza-primeira-reuniao), cada um
partidário praticamente de uma corrente ideológica particular, inclusive do
nosso jurista mineiro Elpídio Donizetti Nunes, não formando uma unidade, com
normas conflitantes, inclusive, com nenhuma aplicação, nos casos concretos, da
regra básica do art. 8º, que reza: “Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz
atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e
promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a
proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.”
Nesse novo Código (de PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR),
não deveria haver a referência à aplicação supletiva das regras do Código de
Processo Penal e do Processo Civil, mas sim a explicitação dos seus conteúdos,
pois, na prática, essa suplementação acaba não acontecendo em muitos
processos, sendo essa uma realidade verificável por conta da não especialização
dos Julgadores.
Outra regra que tem de ser repensada é a anômala EXEQUIBILIDADE
IMEDIATA DAS CONDENAÇÕES NA 1ª INSTÂNCIA, o que contrária o
PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA, que a Constituição Federal
consagra, devendo-se respeitar o PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE
JURISDIÇÃO, no mínimo.
Vejamos como o STJ entende as regras do DIREITO ADMINISTRATIVO
DISCIPLINAR, inclusive a não suspensividade dos recursos administrativos, o
que mostra o quanto esse ramo do Direito necessita de Código próprio:
“STJ divulga mais dez teses sobre Processo Administrativo Disciplinar

O controle judicial no Processo Administrativo Disciplinar (PAD) se


restringe ao exame da regularidade do procedimento e da
LEGALIDADE do ato, à luz dos princípios do contraditório, da ampla
defesa e do devido processo legal, não sendo possível nenhuma
incursão no mérito administrativo.

Esta é uma das dez teses consolidadas no Superior Tribunal de Justiça


destacadas pela ferramenta Jurisprudência em Teses. Esta é a quarta
edição sobre o tema. No documento, disponível no site do STJ, é
possível ver os precedentes da corte.

Outra tese definida afirma que a administração pública, quando se


depara com situação em que a conduta do investigado se amolda às
hipóteses de demissão ou de cassação de aposentadoria, não dispõe de
discricionariedade para aplicar pena menos gravosa, por se tratar de
ato vinculado.

O PAD também é tema da nova edição de Bibliografias Selecionadas.


Na publicação, sob responsabilidade da Secretaria de Documentação
do STJ, foram reunidos documentos de doutrina, legislação e
jurisprudência produzidos entre 2015 e 2019.

Veja as dez teses sobre PAD:

1) O controle
judicial no
processo
administrativo
disciplinar (PAD)
restringe-se ao
exame da
regularidade do
procedimento e da
legalidade do ato,
à luz dos
princípios do
contraditório, da
ampla defesa e do
devido processo
legal, não sendo
possível nenhuma
incursão no mérito
administrativo.

2) A Lei de
Improbidade
Administrativa
(Lei 8.429/1992)
não revogou, de
forma tácita ou
expressa, os
dispositivos da Lei
8.112/1990, em
relação aos
processos
administrativos
disciplinares.

3) Declarações
prestadas à mídia
por autoridade
pública, acerca de
irregularidades
cometidas por
servidores públicos
a ela
subordinados, não
ensejam, por si só,
a nulidade do
PAD.

4) A
administração
pública, quando se
depara com
situação em que a
conduta do
investigado se
amolda às
hipóteses de
demissão ou de
cassação de
aposentadoria,
não dispõe de
discricionariedade
para aplicar pena
menos gravosa
por se tratar de
ato vinculado.

5) Não há falar em
ofensa ao princípio
da
proporcionalidade
e da razoabilidade
quando a única
reprimenda
prevista para a
infração
disciplinar
apurada é a pena
de demissão.

6) Em caso de
inobservância de
prazo razoável
para a conclusão
de processo
administrativo
disciplinar, não há
falar em
ilegalidade na
concessão de
aposentadoria ao
servidor
investigado.

7) O deferimento
de provimento
judicial que
determine à
autoridade
administrativa que
se abstenha de
concluir
procedimento
administrativo
disciplinar
suspende o curso
do prazo
prescricional da
pretensão punitiva
administrativa.

8) É possível o
imediato
cumprimento da
penalidade
aplicada na
conclusão de
processo
administrativo
disciplinar, uma
vez que os recursos
administrativos e
os pedidos de
reconsideração,
em regra, não
possuem efeito
suspensivo
automático.

9) Reconhecida a
nulidade de PAD
pela existência de
vício insanável,
antes do seu
julgamento, não
há que se falar
em reformatio in
pejus quando a
segunda comissão
processante opina
por penalidade
mais gravosa.

10) Meras
alegações de que
existe fato novo
não têm o condão
de abrir a via da
revisão do
processo
administrativo
disciplinar, sendo
indispensável a
comprovação da
existência de fatos
novos,
desconhecidos ao
tempo do PAD.

Vamos analisar esse entendimento do STJ: “É possível o imediato


cumprimento da penalidade aplicada na conclusão de processo
administrativo disciplinar, uma vez que os recursos administrativos e os
pedidos de reconsideração, em regra, não possuem efeito suspensivo
automático.”
“Em regra”: onde estão as exceções? “Em regra, o recurso
administrativo não possui efeito suspensivo, exceto nos casos quando houver
justo receio de prejuízo de difícil ou incerta reparação decorrente da
execução do ato administrativo.”
(https://www.google.com.br/search?
q=recurso+administrativo+efeito+suspensivo&sxsrf=ALiCzsZSzgLUFG6DTcI
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%3A1656864209171&source=hp&ei=0b3BYvuXCNHd1sQPubWjoAs&iflsig=A
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inistrativo+efeito+suspensivo&gs_lcp=Cgdnd3Mtd2l6EAEYADIFCAAQgAQy
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CYWDQlgFoAHAAeACAAbkBiAG7KJIBBDAuNDCYAQCgAQE&sclient=gws-
wiz)
Em todos os procedimentos ajuizados por nós junto ao CNJ, em
nenhum deles se entendeu que deveria ser dado efeito suspensivo aos recursos
administrativos interpostos, não sabendo este autor de algum caso em que se
tenha reconhecido que “justo receio de prejuízo de difícil ou incerta
reparação decorrente da execução do ato administrativo.”
A inviabilização financeira do Imputado não tem sido levada em conta,
como, por exemplo, no nosso caso, em que chegamos ao ponto de pleitear e
receber decisão em gratuidade em processo cível, conforme consta na nota
[7].
Aplicam-se (mas não só esses) ao PROCESSO ADMINISTRATIVO
DISCIPLINAR os cinco princípios jurídicos que regem a Administração
Pública: 1 - LEGALIDADE, 2 - IMPESSOALIDADE, 3 - MORALIDADE, 4 -
PUBLICIDADE e 5 - EFICIÊNCIA.

PRINCÍPIOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR

I - A LEGALIDADE se pode entender como em sentido amplo,


abrangidas as normas administrativas de vários níveis, bem como a
jurisprudência, mas não as outras fontes jurídicas, que são os costumes e a
doutrina.
II - A IMPESSOALIDADE diz respeito à não consideração a fatores
como nivel social, riqueza e outros acessórios que, na vida comum,
diferenciam as pessoas, mas não podem ser levados em conta nos
PROCESSOS ADMINISTRATIVOS DISCIPLINARES, em que deve
prevalecer o princípio constitucional da igualdade de todos perante a Lei.
III - A MORALIDADE significa que toda decisão, conclusiva no
sentido da absolvição ou da condenação, têm de ser morais e não apenas
legais.
IV - A PUBLICIDADE pode ser relativisada, conforme a conveniência
de cada caso. Todavia, até que se entenda, com base em fundamentos
sólidos, pelo sigilo, deve prevalecer a publicidade, porque é uma conquista
da civilização ocidental.
V - A EFICIÊNCIA tem a ver com a efetividade lembrada no processo
civil, pois a inocuidade desmoraliza a própria justiça.
Todavia, não há como desconhecerem-se os princípios da 6 -
CONGRUÊNCIA, da 7 - AMPLA DEFESA e do 8 - DEVIDO PROCESSO
LEGAL.
VI - A CONGRUÊNCIA quer dar a entender que a condenação ou a
absolvição devem versar sobre o fato que serve de fundamento para a
instauração do PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. Não se pode
admitir julgamentos ultra, extra ou citra petita. Tampouco se admite a
emendatio libeli ou a mutatio libeli.
Entendemos dessa forma quanto à emendatio libeli e à mutatio libeli
porque o PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR não é idêntico ao
Processo Penal e ao Processo Civil, principalmente porque, em caso de
condenação, produz efeitos imediatos, e, em havendo condenação, os
prejuízos são de difícil reparação ou até, de acordo com o caso, de impossível
reparação.
VII - A AMPLA DEFESA é imprescindível, todavia, com a
possibilidade, por exemplo, de arrolamento apenas de testemunhas que
saibam do fato, limita-se a AMPLA DEFESA. Realmente, em muitos casos o
direito de AMPLA DEFESA é cerceado.
VIII - O DEVIDO PROCESSO LEGAL é de Lei, mas a opção de
ajuizamento do PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR sem
suficiente prova a ser colhida a nivel de Sindicância transforma em
processados muitos que conseguiriam provar sua inocência na fase de
Sindicância.
IX – Outro princípio que deve ser analisado é o da
OBRIGATORIEDADE DA INSTAURAÇÃO DO PROCESSO
ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR EM CASO DE PRÁTICA DE
INFRAÇÃO AOS DEVERES FUNCIONAIS, mas a própria Lei
Complementar 59/2001/MG, abre uma exceção, exatamente no art. 46, § 6º,
que diz: “Verificado o exercício irregular de cargo ou função de magistério, o
Conselho da Magistratura ou o Corregedor-Geral de Justiça, caso se trate de
Desembargador ou de Juiz, respectivamente, ouvido o magistrado, fixará
prazo para as adequações devidas, observado o prazo máximo de seis meses.”
Em suma, quando se diz, na própria legislação pertinente, que devem ser
aplicadas supletivamente as normas do Processo Penal e do Processo Civil, tal
regra deve ser respeitada, para não acontecerem de injustiças serem
perpetradas, principalmente em função de cobrança de celeridade por comando
do Conselho Nacional De Justiça.
O PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR não é tão antigo como o
Processo Penal e o Processo Civil e, justamente por isso, há poucos regramentos,
pouca jurisprudência e, mais ainda, escassa doutrina. Em resumo, é um ramo
do Direito que ainda está engatinhando, não tendo sequer o reconhecimento
como um ramo do Direito.
X - Outro princípio, infelizmente incompreendido por grande parte dos
Julgadores, é o do JUIZ IMPARCIAL, sendo que, se nos processos cíveis e nos
criminais, os Julgadores encaram com naturalidade, as arguições de suas
suspeição e impedimento, em contrapartida, nos PROCESSOS
ADMINISTRATIVOS DISCIPLINARES, são tidas as arguições dessa natureza
como implícito desrespeito à hierarquia, e, na prática, a imensa maioria das
arguições são rejeitadas liminarmente, sendo, nos processos nossos, mais de
vinte arguições de suspeição julgadas dessa forma, sem respeito ao DEVIDO
PROCESSO LEGAL.
XI – O princípio do RESPEITO À DIGNIDADE DO MAGISTRADO
é outro a ser lembrado, pois está inscrito no art. 147 da Lei Complementar
59/2001 mineira: A atividade censória de Tribunais e conselhos é exercida com
o resguardo devido à dignidade e à independência do magistrado.
XII – Outro princípio também importante é o da INDEPENDÊNCIA
DO MAGISTRADO, referido no dispositivo legal acima.
XIII – Ainda um outro: o do JUIZ NATURAL. Estamos questionando,
através de representação junto ao Conselho Nacional de Justiça, a composição
atual do Órgão Especial, formado em desacordo com o art. 12 do Regimento
Interno do TJMG, o que gera a nulidade dos julgamentos.

Realmente, a não especialização gera incompreensões e,


consequentemente, erros nos julgamentos, não só de mérito como de
preliminares.
A IMPARCIALIDADE é de vital importância, principalmente do
Corregedor-Geral de Justiça, pois funciona como acusador-juiz, e, se for parcial
contra o Imputado, normalmente, prevalecem seus votos “ipsis litteris”, pela
condenação.
Assim entende a doutrina:
“Imparcialidade do Juiz
Publicado por Maria Eduarda
Introdução:
O princípio da imparcialidade do juiz no processo sempre foi um
assunto intrigante. Como um ser humano poderia ser imparcial em
suas decisões? Como fazer uma escolha sem se convencer de que é
realmente a escolha certa? O objetivo deste tópico é analisar a
imparcialidade do juiz de uma forma geral e até que ponto ela
realmente existe.
O tema foi bastante discutido no começo deste ano devido ao juiz
federal que presidia o processo do empresário Eike Batista ser
flagrado andando com um dos carros que havia sido apreendido.

Sendo assim, deve- se esclarecer o que é a imparcialidade do juiz,


bem como sua importância no devido processo legal.

A Imparcialidade:
O caráter de imparcialidade é inseparável do Órgão da jurisdição. A
primeira condição para que o juiz possa exercer sua função dentro do
processo é a de que ele coloque-se entre as partes e acima dela. A
imparcialidade do juiz é pressuposto para que a relação processual
seja válida. É assim que os doutrinadores dizem que o Órgão
jurisdicional deve ser subjetivamente capaz.

Em um Estado Democrático de Direito, o cerne de qualquer processo


idôneo e justo, reside no princípio da imparcialidade do juiz. Consiste
em um posicionamento indiferente e distante do Julgador – enquanto
investido no poder de jurisdição - em relação ao que está sendo
discutido e às partes. No entanto, como um ser humano o juiz tem
seus ideais, sua ética pessoal, seus próprios princípios, como
qualquer outra pessoa. Não podemos pensar os juízes como pessoas
sem sentimentos, completamente alheios aos acontecimentos sociais.

No sistema das legislações modernas há, unido ao princípio da


imparcialidade do juiz, o do livre convencimento do juiz – onde há
limitação legislativa que impõe o julgamento segundo a instrução
probatória dos autos. Isto porque, o juiz é uma pessoa alheia aos
acontecimentos que provocaram a discussão das partes, seu
conhecimento, portanto, é baseado no que lhe é demonstrado por elas
durante todo o processo de conhecimento. Desta forma, o juiz, de
conformidade com seus critérios pessoais de entendimento, calcado
no raciocínio e na lógica, tendo como espeque a legislação vigente,
com apoio nos elementos e subsídios existente nos próprios autos,
tendo que, na sentença, explanar o porquê de sua motivação, decide,
com racional liberdade, a demanda proposta[1].

Neste sentido podemos fazer uma diferenciação entre os atos de


julgar e decidir. Julgar é opinar; se expressa uma opinião a respeito
de alguma coisa. Paul Ricoeur faz menção que há um encontro “entre
o lado subjetivo e o lado objetivo do julgamento; lado objetivo:
alguém considera uma proposição verdadeira, boa, justa, legal; lado
subjetivo: adere a ela”[2].

A capacidade subjetiva é a qualidade de que o juiz possa agir de


acordo com o princípio da imparcialidade. A incapacidade subjetiva
do juiz, ao contrário, origina-se da suspeita de imparcialidade e afeta
profundamente a relação processual. Para assegurar a
imparcialidade do juiz, a Constituição Federal de 1988 estipula
garantias e prescreve vedações aos magistrados. Assim, durante o
processo de conhecimento o juiz vai convencendo a si mesmo,
intimamente, a respeito do que está sendo demonstrado a ele nos
autos. Neste momento ele é parcial, pois está em busca de uma
posição sobre os acontecimentos. Por outro lado, a decisão será
somente o resultado deste julgamento, pois é nela que ele irá
fundamentar seu julgamento, demonstrar as motivações que o
fizeram chegar a tal resultado. O juiz é, por conseguinte, parcial no
que se refere ao fato de ter que convencer-se de algo, ou seja, ele
deverá aderir ao que as provas contidas no processo demonstrarem,
podendo decidir procedente o pedido de uma das partes ou
parcialmente procedente para ambas. Contudo, terá que ser
imparcial no que tange à ampla defesa e ao contraditório. Ele não
poderá conceder estes direitos somente para uma das partes, terá que
ser para as duas independentemente de seu julgamento pessoal.

Neste sentido ensina Mauro Cappelletti que toda a problemática da


responsabilização judicial deverá reduzir-se a um esforço no sentido de
assegurar a melhor situação concreta para a atuação daqueles valores mais
altos, ou seja, menos instrumentais, que se refletem nas normas
fundamentais da “justiça natural”: a imparcialidade do juiz e magistério a
fairness processual e, consequentemente, o caráter tanto quanto possível
“participativo”, e nesse sentido democrático, da função jurisdicional[3].

As garantias atribuídas aos magistrados assumem importantíssimo


papel na questão da imparcialidade, pois permitem que o Poder
Judiciário decida livremente sobre os conflitos que lhe são
apresentados, sem se abalar com pressões externas. De acordo com o
artigo 95 da Constituição pátria, os juízes gozam das seguintes
garantias:
- Vitaliciedade: A vitaliciedade significa dizer que o magistrado
somente perderá o cargo, uma vez vitaliciado, por sentença judicial
transitada em julgado, sendo-lhe asseguradas todas as garantias
inerentes ao processo judicial. A vitaliciedade, em primeiro grau de
jurisdição, só será adquirida após dois anos de efetivo exercício do
cargo. Nos dois primeiros anos, ou seja, durante o chamado estágio
probatório, o juiz, que ingressou na carreira através de concurso de
provas e títulos, ocupando o cargo de Juiz Substituto, só poderá
perder o cargo através de deliberação do Tribunal a que estiver
vinculado.

- Inamovibilidade: Por meio da regra da inamovibilidade, garante-se


ao juiz a impossibilidade de remoção, sem seu consentimento, de um
local para outro, de uma comarca para outra, ou mesmo sede, cargo,
Tribunal, câmara, grau de jurisdição. A inamovibilidade é a regra.
Contudo, ela não é absoluta, pois o magistrado poderá ser removido,
além de colocado em disponibilidade e aposentado, por interesse
público, fundando-se tal decisão por voto da maioria absoluta do
respectivo Tribunal, assegurada ampla defesa.

- Irredutibilidade de subsídio: O subsídio dos magistrados, ou seja, a


sua remuneração, não poderá ser reduzido, garantindo-se, assim, o
livre exercício das atribuições jurisdicionais. O STF já se pronunciou
no sentido de tratar-se de garantia nominal e não real, ou seja, os
magistrados não estão livres da corrosão de seus subsídios pela
inflação e nem mesmo dos efeitos da tributação.

Aos magistrados foram impostas algumas vedações, delimitadas nos


incisos do parágrafo único do art. 95 da CF. Trata-se de rol taxativo,
exaustivo, por restringir direitos. Assim, aos juízes é vedado:
- Exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo
uma de magistério.

- Receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em


processo. -Dedicar-se à atividade político-partidária. - Receber, a
qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas
físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções
previstas em Lei.

- Exercer a advocacia no juízo ou Tribunal do qual se afastou, antes


de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria
ou exoneração.

A imparcialidade do juiz é uma garantia de justiça para as partes.


Por isso, elas têm o direito de exigir um juiz Imparcial e o Estado, que
detêm o exercício da função jurisdicional, tem o dever de agir com
imparcialidade na solução dos conflitos que lhe são apresentados.

Valendo-se do direito comparado, nota-se que esta preocupação faz-


se presente em grande parte dos ordenamentos jurídicos. A jurisdição
deve configurar-se como uma justiça que dê a cada um o que é seu.
Apenas por meio de um juiz imparcial o processo pode representar
um instrumento não apenas técnico, mas também ético, para a
solução dos conflitos inter individuais. Assim, independentemente do
reconhecimento de cada Estado, o direito internacional público
coloca entre as garantias primordiais do homem o direito ao juiz
imparcial.

A Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1948


estabelece que toda pessoa tem direito, em condições de plena
igualdade, de ser ouvida publicamente e com justiça por um Tribunal
independente e imparcial, para a determinação de seus direitos e
obrigações ou para o exame de qualquer acusação contra ela em
matéria penal.

Desse modo, que é imprescindível que o juiz seja ativo no processo


para que a concretização de direitos e garantias fundamentais sejam
devidamente obedecidas. O juiz não é mais um mero expectador, e
sim, um garantidor de que as partes sejam tratadas de formas iguais,
e de que seu julgamento será realmente baseado nas provas contidas
no processo e sua decisão será devidamente fundamentada nas
formas da Lei, e não em opiniões públicas ou pressões políticas.

Devido a isto que foram criados dois importantes institutos no Código


de Processo Civil, quais sejam, o impedimento, previsto no artigo 134,
e a suspeição, previsto no artigo 135 do mesmo Código.
O primeiro caracteriza situação objetiva, em que é absolutamente
incompatível o julgamento da causa por parte do magistrado em
razão de seu envolvimento concreto com um dos participantes do
processo ou com a causa em debate. Por exemplo, casos em que é
parte o próprio juiz, ou seu cônjuge, ou parente até terceiro grau, etc.

Já a suspeição, ocorre em casos mais subjetivos, em que as máximas


experiências demonstram não ser conveniente que o juiz julgue
determinada causa. Por exemplo, juiz é amigo ou inimigo das partes;
juiz é credor ou devedor de uma das partes, etc.

Ambas devem ser apresentadas no prazo de 15 dias do conhecimento


do fato. Se desde o início do processo já se sabe do impedimento ou da
suspeição do juiz, a exceção deve ser apresentada no prazo da
contestação.

É possível também em se falar do impedimento ou suspeição do


membro do Ministério Público, de serventuário da justiça, de perito
ou até mesmo do interprete, como estabelece o artigo 138 do Código
de Processo Civil.
Há também de se fazer uma importante comparação, qual seja, a da
imparcialidade e a neutralidade do juiz. De acordo com a doutrina "a
imparcialidade do juiz é pressuposto para que a relação processual se
instaure validamente"[4].

Trata-se, nas palavras dos estudiosos, de uma das maiores garantias


conferidas aos cidadãos contra o arbítrio das autoridades atuantes
na Administração Pública. No âmbito do Poder Judiciário, nada mais
é que a segurança de que os seus membros não farão distinções em
relação às partes de um processo. Nesse sentido, segundo parcela
majoritária da doutrina, imparcialidade e neutralidade não seriam
expressões sinônimas.
Com base no exposto acerca da imparcialidade, entende-se que essa
se comprova com o atendimento nos
artigos 134[5] e 135[6] do CPC (Código de Processo Civil), dispositivos
que cuidam, respectivamente, do instituto do impedimento e da
suspeição.
Falar em juiz imparcial, nesse sentido, importa em dizer que o mesmo
não deve ter qualquer interesse em relação às partes do processo,
pautando-se, sempre, em atitude omissiva em relação àquelas,
preocupando-se, somente, com a efetivação da justiça no caso
concreto. Em sentido totalmente oposto está a neutralidade do juiz,
uma ideia desaconselhada pela doutrina. Juiz neutro é aquele que se
fecha a qualquer influência ideológica e subjetiva. É aquele que, ao
julgar, se mostra indiferente, insensível. Não é isso que se busca com
a imparcialidade. Não pugnar pelo interesse de uma das partes
(imparcialidade) não importa em indiferença ou insensibilidade às
circunstâncias do caso concreto.

Em suma, a imparcialidade, como consequência direta do princípio


do juiz natural se revela como a exigência de o Julgador não se
comprometer com uma das partes. Já a neutralidade, conduz o
magistrado ao comportamento comprometido, posto que, ao ignorar
as nuanças do caso concreto e, os seus aspectos subjetivos, acaba por
afetar a sua decisão.

Conclusão:
Como foi visto é indubitável que o processo, para atingir o seu fim de
solução de conflitos e pacificação social, deve contar com a
imparcialidade do Órgão Julgador.

Por vezes, o magistrado não pode em hipótese alguma ter algum


relacionamento pessoal com as partes do processo ou com seus
Advogados, para que não o coloque em uma situação de duvida
quanto a sua isenção para o julgamento da causa.

Esclareceu-se que para resolver tal situação e evitar qualquer mácula


no processo, é que surgem as figuras do impedimento e suspeição
previstas no Código de Processo Civil .
Por fim, cabe aqui ressaltar a importância da imparcialidade do
magistrado, pois sem está o Órgão judiciário seria mais fragilizado
do que já é nos dias atuais. Trazendo segurança para as partes do
processo para que a lide seja julgada da maneira justa. Desse modo,
ser imparcial, portanto é uma garantia fundamental que qualquer
cidadão possui.

Bibliografia:
• ARONNE, Ricardo. O princípio do livre convencimento do juiz.
Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 1996
• RICOEUR, Paul. O justo 1: a justiça como regra moral e como
instituição. São Paulo, 2008

• CAPPELLETTI, Mauro. Juízes irresponsáveis?. Porto Alegre: Sergio


Antonio Fabris Editor, 1989.

• CINTRA, Antonio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini;


DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria Geral do Processo. 28ª
Edição. Editora Malheiros. São Paulo: 2012

[1] ARONNE, 1996, p.16

[2] RICOEUR, 2008, p.175/176


[3] CAPPELLETTI, 1989, p.33

[4] GRINOVER, Ada Pellegrini – Teoria Geral do Processo - 2012


[5] Art. 134. É defeso ao juiz exercer as suas funções no processo
contencioso ou voluntário:

I - de que for parte;

II - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito,


funcionou como Órgão do Ministério Público, ou prestou depoimento
como testemunha;

III - que conheceu em primeiro grau de jurisdição, tendo-lhe proferido


sentença ou decisão;
IV - quando nele estiver postulando, como Advogado da parte, o seu
cônjuge ou qualquer parente seu, consangüíneo ou afim, em linha
reta; ou na linha colateral até o segundo grau;

V - quando cônjuge, parente, consangüíneo ou afim, de alguma das


partes, em linha reta ou, na colateral, até o terceiro grau;

VI - quando for Órgão de direção ou de administração de pessoa


jurídica, parte na causa.

Parágrafo único. No caso do no IV, o impedimento só se verifica


quando o Advogado já estava exercendo o patrocínio da causa; é,
porém, vedado ao Advogado pLeitear no processo, a fim de criar o
impedimento do juiz.
[6] Art. 135. Reputa-se fundada a suspeição de parcialidade do juiz,
quando:
I - amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes;
II - alguma das partes for credora ou devedora do juiz, de seu
cônjuge ou de parentes destes, em linha reta ou na colateral até o
terceiro grau;
III - herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de alguma das
partes;
IV - receber dádivas antes ou depois de iniciado o processo;
aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa, ou
subministrar meios para atender às despesas do litígio;
V - interessado no julgamento da causa em favor de uma das partes.
Parágrafo único. Poderá ainda o juiz declarar-se suspeito por motivo
íntimo.”

Vamos, contudo, trabalhar para que essa autonomia aconteça brevemente.


Temos, em Minas Gerais, o Desembargador Luiz Carlos Corrêa Junior, que
tem base cultural jurídica e honestidade intelectual para contribuir para que
isso aconteça, além de outros, como o Desembargador Wanderley Salgado de
Paiva e outros, citando-se esses dois apenas exemplificativamente.

V - RETROSPECTIVA HISTÓRICA
Parece-nos necessário remontarmos aos primórdios, não muito antigos,
dos regramentos, em que havia uma ideia não mecanicista da atuação dos
magistrados e demais operadores do Direito, para tanto transcrevendo,
inicialmente, o teor da instrução 173/1988/cj, editada por ordem do saudoso
Desembargador José Costa Loures, quando exerceu, com grande senso de
efetividade, o cargo de corregedor de justiça:

Instrução nº 173/1988
(revogada pelo Provimento nº 161/cgj/2006)
normas para agilização de processos.

O Desembargador José Costa Loures, Corregedor de Justiça do Estado


de Minas Gerais e Diretor do Foro da Comarca de Belo Horizonte,
usando de suas atribuições legais, e considerando:
1 - A preocupação de todos com a celeridade na prestação
jurisdicional;
2 - A existência de atos que podem ser atribuídos aos Senhores
Escrivães, sem vedação legal e sem gravame às partes;
3 - A prática, pela Escrivania, de atos plenamente dispensáveis e que
são oriundos de praxes inadequadas;
4 - A possibilidade de concentração de despachos e atos ordinatórios
que reduzirão o retardamento da marcha procedimental e
procrastinação;
5 - A possibilidade de tomada de providências que objetivem o
interesse das partes e da Justiça;
6 - Incumbir ao magistrado estabelecer normas que visem à
simplificação, dinamização e racionalização dos serviços judiciários;
RESOLVE:
RECOMENDAR aos Juízes de todo o Estado que, na direção dos
processos, adotem as seguintes medidas:
1 - Autuação:
As petições iniciais serão registradas e autuadas independentemente
de despacho judicial e, em seguida, levadas à conclusão.
O Cartório fica desde logo autorizado a registrar, autuar e apensar
embargos de devedor, bem como os demais incidentes que devam
tramitar em apenso.
2 - Expediente:
O Escrivão fica autorizado a assinar, sempre mencionando que o faz
por ordem do Juiz:
Todos os mandados, exceto os de prisão.
Os expedientes de simples comunicação de datas, ou de outros
despachos, ou de informações solicitadas.
Os demais ofícios, excetuados os dirigidos às autoridades judiciárias e
policiais, aos integrantes do Poder Legislativo e Executivo, seus
Secretários ou detentores de cargos assemelhados, aos integrantes do
Ministério Público, Reitores,
Diretores de Faculdades, Bispos e seus superiores, Comandantes de
unidades militares das Forças Armadas e outros destinatários
precedentes na ordem protocolar.
2.1 - Editais:
Os editais, expedidos pela Escrivania, logo em seguida ao
requerimento da parte, o serão com prazo de 20 (vinte) dias e
publicados na forma mais objetiva e sintética possível, contendo os
requisitos obrigatórios.
3 - Petições, Documentos e Protocolo:
3.1 - Avulsos:
As petições e documentos, tão logo recebidos em Cartório, deverão ser
protocolizados e juntados aos autos, independentemente de prévio
despacho, dando-se ciência ou vista aos interessados quando
necessário.
Contendo o pedido requerimentos diversos, ou mesmo quaisquer
obscuridades ou questões de alta indagação, fazer conclusão dos autos.
3.2 - Contestação:
Apresentada a contestação ou resposta, juntá-la ao processo e, se
tiverem sido arguidas preliminares ou juntados documentos, dar vista
aos interessados para se manifestarem em 10 (dez) dias no primeiro
caso e, em cinco (5), no segundo.
Não arguidas preliminares e nem juntados documentos com a defesa,
fazer conclusão, após especificação de provas pelas partes em um
tríduo.
4 - Termo de Audiência:
No termo de audiência, devem ficar destacados os debates e as partes
principais da sentença, para proporcionar rápida visualização, para
melhorar o aspecto prático do exame.
5 - Andamento processual:
5.1 - Inventário:
Depois de autuada e registrada a petição inicial, e após nomeado o
inventariante e determinado o prosseguimento, dar andamento ao
feito de forma a serem os autos conclusos apenas para homologação
do cálculo, depois de preparados.
A Escrivania deverá conferir as representações e demais documentos.
Após a homologação do cálculo, dar sequência normal, de forma que
os autos voltem conclusos para julgamento final.
Havendo incidentes ou matéria relevante, fazer conclusão.
5.2 - Arrolamento Sumário:
Estando em termos o pedido, e após a regular verificação por parte da
Escrivania quanto ao cumprimento da Lei 7.019, remeter ao Contador,
fazendo conclusão após o preparo para julgamento.
5.3 - Execução:
Após o despacho ordenatório da citação e prosseguimento, a
Escrivania deverá dar o respectivo andamento ao feito, inclusive
designando hastas públicas e fazendo o expediente necessário até à
satisfação do débito, desde que não haja embargos.
Antes das designações das hastas públicas, intimar o credor para
comprovar, por certidão atualizada, a propriedade do bem
penhorado, se imóvel, e bem assim que se encontra livre e
desembaraçado de ônus ou gravames.
5.4 - Jurisdição voluntária:
Após registrado e autuado o pedido, abrir vista ao Representante do
Ministério Público. Quando o Ministério Público requerer diligências
no sentido de uma parte prestar informações, comprovar algo, etc.,
intimar esta parte para se manifestar ou cumpri-la em 5 (cinco) dias.
Atendida a diligência, renovar vista ao Ministério Público. Em caso
contrário, fazer conclusão.
Nos casos de alvarás e estando o feito devidamente preparado para a
decisão, concordes as partes e o Ministério Público, fazer conclusão
dos autos juntamente com o alvará já expedido.
5.5 - Cartas precatórias:
Expedição:
Requerida expedição e, sendo o caso, desde logo expedir, intimando-se
a parte interessada para, em cinco dias, retirá-la para
encaminhamento e cumprimento no prazo máximo de 30 (trinta) dias,
se outro não for fixado pelo Juiz.
Não sendo devolvida no prazo fixado, intimar o interessado para
diligenciar nesse sentido em cinco dias, passados os quais, remeter os
autos para o preparo complementar e, em seguida, ao arquivo para
aguardar.
Recebimento para cumprimento:
Após a autuação e registro e determinação do cumprimento, a própria
carta servirá de mandado quando possível, satisfeitas as custas
iniciais e taxa judiciária, sendo o caso. Cumprido o ato deprecado,
devolver.
Devolução:
Das precatórias que retornarem juntar ao processo somente as peças
que interessam, ou seja:
a) a carta propriamente dita;
b) as peças comprobatórias do cumprimento (termo de audiências, de
inquirição, mandados de citação, intimação, etc., conforme o caso);
c) conta de custas e comprovantes de recolhimentos, inclusive tributos;
d) eventuais novos documentos e petições que as acompanharem.
As demais peças devem ser guardadas em Cartório, em local próprio,
até o momento do arquivamento dos autos.
Tendo sido negativa, total ou parcial, intimar o interessado a se
manifestar em 5 (cinco) dias.
5.6 - Suspensão do Processo:
Concedida a suspensão e decorrido o prazo, intimar a parte para
promover seu andamento em 5 (cinco) dias. Decorridos mais 30
(trinta) dias de paralisação, intimar pessoalmente a parte para, em 48
horas, dar andamento ao feito; sob pena de extinção.
5.7 - Autos contados:
No momento adequado, remeter os feitos ao Contador para conta de
custas e cálculos, intimando-se após as partes para o respectivo
preparo ou, na segunda hipótese, manifestarem-se.
Devolvidos os autos da Tesouraria sem o pagamento, intimar a parte
interessada, ou devedor, para preparo, em 48 horas, sob pena de
extinção do processo (art. 267 § 1º - CPC)
5.8 - Recursos:
Proferido o despacho de recebimento, deverá o recurso ser processado
com observância dos prazos legais, enviando os autos ao Contador
para preparo em 10 (dez) dias, após as contrarrazões ou após
decorrido o prazo para sua apresentação.
Fica reservado ao Juiz o despacho final determinando a subida ao
Juízo ad quem.
Não preparado o recurso, fazer conclusão após certidão do Sr.
Tesoureiro.
No caso de agravo de instrumento, após autuado e registrado, e depois
de proferido o despacho ordenatório do processamento, intimar o
agravado a indicar as peças ou juntar novos documentos, em 5 (cinco)
dias.
Apresentado documento novo, abrir vista ao agravante para sobre ele
se manifestar em 5 (cinco) dias.
Após formado o instrumento, dar vista ao agravado para responder
em outros 5 (cinco) dias, dando-se vista ao Ministério Público, se for o
caso.
Enviar os autos ao Contador para a conta de custas e preparo,
devendo fazer conclusão após.
5.9 - Trânsito em Julgado:
Nos procedimentos especiais de jurisdição voluntária, renunciando as
partes ao prazo recursal e não discordando o Ministério Público, fica
autorizado o Escrivão ao imediato cumprimento da decisão.
O mesmo deve ocorrer nos casos de decisões proferidas nos inventários
e arrolamentos:
6 - Dos Atos do Oficial de Justiça:
Quando o Oficial de Justiça não encontrar o réu para citar ou intimar,
ou quando outra diligência resultar negativa, intimar a parte
interessada para falar em 5 (cinco) dias.
Nos processos de execução, não localizados o devedor nem bens,
intimar o credor para manifestação no prazo de 5 (cinco) dias,
passados os quais, omitindo-se, remeter os autos ao Contador para o
cálculo das custas finais.
Decorridos 30 (trinta) dias da intimação para preparo, e sem este,
expedir mandado para que o Sr. Oficial de Justiça intime o interessado
para, em 48 horas, dar andamento ao feito, sob pena de extinção.
Requerido o desentranhamento de mandado para ultimação de
citação ou penhora e sendo o caso, providenciar de imediato.
Ocorrendo arresto, intimar o credor para os fins do art. 654 do CPC.
Requerida a expedição de edital, atender com o prazo de 20 (vinte)
dias.
Ao efetuar a penhora, o Oficial de Justiça, sempre que possível, colherá
do devedor declaração de propriedade e estimativa do valor do bem
constrito.
Se o devedor obstar a penhora ou outros atos executivos, o Oficial de
Justiça certificará o ocorrido no verso do mandado e, sem juntada aos
autos, diretamente apresentá-lo-á ao Juiz que, se entender
conveniente, despachará no próprio mandado (arts. 661 e 662 do
CPC).
O Oficial de Justiça, em princípio, somente deixará de cumprir o
mandado por ordem judicial ou ante petição do credor, requerendo a
suspensão em razão de oferta de bem à penhora, dentro de 24 horas da
citação, ou ainda ante pedido de pagamento e respectivo depósito.
Sempre que a diligência for realizada pelo Sr. Oficial de Justiça, sem
que este receba antecipadamente suas custas, deverá expressamente
mencionar esse fato logo abaixo de sua certidão, margeando o que tem
direito, para posterior inserção na conta de custas por parte do Sr.
Contador no momento oportuno.
7 - Disposições Gerais:
Se o devedor pretender ilidir a execução, deve ser observado o
seguinte:
O pedido pode ser formulado em Cartório pelo próprio devedor, sem
Advogado, inclusive oralmente, hipótese em que o Sr. Escrivão
informará nos autos, colhendo o ciente do postulante.
Se o contador não tiver condições de efetuar a conta no ato, o Escrivão,
ou Contador, fará a estimativa do débito geral, promovendo o
recebimento e enviando, em seguida, os autos para o cálculo oficial no
processo. Deverá o devedor ser cientificado, no ato, de que disporá do
prazo de 5 (cinco) dias, a partir de então para efetuar o pagamento da
diferença encontrada pelo Sr. Contador, sob pena de prosseguimento
do feito pelo saldo. Não cumprida a obrigação, prosseguir-se-á, para
cobrança do saldo, recolhendo-se, então, em conta judicial, que
propicie rendimentos, em nome do credor, e à ordem do Juízo e na
agência bancária que por este for designada.
7.2 - Quando houver nomeação de bem à penhora, pelo devedor, e se
acorde o credor, e satisfeitas as exigências legais (art. 656 e § único do
CPC), será ela reduzida a termo e, em seguida, intimado o devedor, ou
seu Procurador, para assinatura em 48 horas. Decorrido dito prazo,
deverá o Sr. Escrivão desentranhar o mandado, expedir novo
mandado ou intimar o Sr. Oficial de Justiça, para que a penhora seja
concretizada.
7.3 - Quaisquer atos a serem praticados pela Escrivania, visando o
andamento e celeridade na prestação jurisdicional, nos termos da
presente Instrução, e que resultem dúvidas no que se refere à sua
prática, por envolverem questões relevantes, controversas e de alta
indagação, deverão ser dirimidas pelo Juiz, ao qual os autos serão
conclusos.
Registre-se, publique-se e cumpra-se.
Belo Horizonte, 23 de junho de 1988.

Desembargador José Costa Loures


Corregedor de Justiça do Estado de Minas Gerais

Posteriormente, essa instrução foi revogada, em 2006, quando já tinha


sido criado o Conselho Nacional de Justiça, o qual tem dois objetivos principais:
a) PADROZINAR O JUDICIÁRIO DE 1ª E 2ª INSTÂNCIAS e b) PUNIR OS
INFRATORES.
Quanto à PADRONIZAÇÃO DO JUDICIÁRIO DE 1ª E 2ª INSTÂNCIAS,
têm sido editadas normas em grande profusão, a ponto de ficar quase
impossível conhecê-las todas elas, sendo uma das propostas mais recentes o
chamado planejamento estratégico, que nada mais é do que uma cópia da
chamada “qualidade total”, ou seja, o máximo de produtividade com alto
espírito de equipe entre todos os participantes do grupo de trabalho.
O grande problema que vemos nesse projeto é a quantidade de tempo que
se gasta com registros e justificativas a serem encaminhadas aos Órgãos
fiscalizadores, preocupados demasiadamente com a estatística, os grandes
números, ao invés do atendimento possivelmente personalizado que cada
jurisdicionado merece.
Para cumprir as exigências desse programa, praticamente o número de
juízes e Desembargadores deveria talvez ser triplicado ou quadruplicado,
sabendo-se que, por exemplo, na Alemanha, o número de juízes é suficiente
para o de processos, mas aqui isso não acontece.
Quanto à ÁREA REPRESSIVA, punitiva, as penas aplicadas têm sido de
uma severidade que beira a realidade dos tempos passados.
Praticamente, porém, substituindo a instrução 173/1988, que vigorou até
2006, como dito, em consonância com outras normatizações, acabou-se
editando o provimento 355, de 2018, de iniciativa do Desembargador André
Leite Praça, entusiasta da informática, atendendo, aliás, aos padrões instituídos
pelo conselho nacional de justiça, com a missão de padronizar o judiciário de 1ª
e 2ª instâncias de Minas Gerais.
Como o próprio nome de cada um dos atos normativos diz, o primeiro era
uma “INSTRUÇÃO”, enquanto que o segundo é um “PROVIMENTO”, ou seja,
de caráter pedagógico passou-se à padronização obrigatória, cujo
descumprimento gera justamente muitos PROCESSOS ADMINISTRATIVOS
DISCIPLINARES, embasados em faltas funcionais graves ou levíssimas, de
acordo com o modo de entender da fiscalização e dos denunciantes.
Esse provimento prima pelo formalismo rígido, aliás, cobrado pelo
Conselho Nacional de Justiça, o que fez com que os Juízes se tornassem
cumpridores de regras de gestão no mesmo patamar que Julgadores dos
processos como dictores do Direito.
O que verificamos na França e que consta no nosso livro “A Justiça da
França – um modelo em questão”, editado em 2001 pela LED, está acontecendo
no Brasil, ou seja, o Judiciário deixando cada mais de ser um dos Poderes fortes
da República.
Impossível transcrevermos aqui o teor do referido PROVIMENTO, que
detalha minúcias que se tornam obrigatórias aos operadores do Direito.
Todavia, uma questão que não podemos deixar de abordar, apesar de
totalmente desconsiderada pelos operadores do Direito, é a da
INCONSTITUCIONALIDADE DO DIREITO ADMINISTRATIVO
DISCIPLINAR, tal como é regulamentado e praticado, tese essa que é afirmada,
por via transversa, para valer para o nosso estudo, pela seguinte afirmação de
um especialista:

“Doutrinariamente, o Estado de Direito é marcado por quatro


princípios capitais: legalidade da administração, segurança jurídica,
proibição do excesso e proteção jurídica e das garantias processuais. A
opção do constituinte por assegurar o Estado de Direito como um dos
princípios fundamentais do Estado brasileiro faz com que tais
princípios estruturem todo o ordenamento jurídico nacional,
incluindo, logicamente, o Direito Penal e o Direito Administrativo
Sancionador.

Não bastasse a opção do constituinte pelo Estado de Direito, todos


esses princípios se manifestam em direitos fundamentais
expressamente arrolados no artigo 5º da Constituição Federal, sendo
alguns dos dispositivos destinados, diretamente, a garantir direitos ao
cidadão frente à atividade sancionatória do Estado. Assim, por serem
direitos formalmente fundamentais, a eles é aplicável o princípio da
máxima efetividade, garantindo sua maior incidência possível,
notadamente a partir de uma perspectiva humanista.

Reconhece-se, deste modo, a existência de um núcleo constitucional


comum a toda a atividade sancionatória do Estado, o qual rege
comumente, através dos princípios derivados do Estado de Direito,
toda a ação punitiva estatal e que aqui é nomeado de Núcleo
Sancionatório Comum.

Inexistindo diferença ontológica entre o ilícito administrativo e o


ilícito penal, distinguindo-se estes apenas formalmente, pelo sistema
jurídico a eles disposto, conforme decisão política do legislador,
defende-se que os princípios derivados do núcleo sancionatório comum
sejam equitativamente aplicados ao Direito Penal e ao Direito
Administrativo Sancionador. Ambos são ramos do Direito que
regulamentam o ius puniendi estatal, servindo como garantia
protetiva ao indivíduo em face da atuação do Estado.

Assim, os princípios da reserva legal, taxatividade, irretroatividade


e proibição do uso de analogia in malam parte, reconhecidamente
aplicáveis ao Direito penal, devem também regular o Direito
Administrativo Sancionador. Porém, não se deve concluir a identidade
entre o Direito Penal e o Direito Administrativo Sancionador, mas,
apenas, o reconhecimento da existência de um núcleo constitucional
comum aos dois ramos. Não se trata, também, da importação de
princípios do Direito Penal ao Direito Administrativo Sancionador.
Tais princípios, por serem corolários do princípio da legalidade,
decorrentes do Estado de Direito, compõe o núcleo sancionatório
comum.

O Direito disciplinar, o Direito punitivo interno, também é regido


pelo núcleo sancionatório comum, já que compõe o Direito
Administrativo Sancionador. Por conseguinte, o Regulamento
Disciplinar do Exército está sujeito ao princípio da legalidade.

Conclui-se, da análise à luz do princípio da legalidade, a


inconstitucionalidade do Regulamento Disciplinar do Exército, haja
vista que este manifestamente inobserva o princípio da reserva legal,
por não ser instituído através de Lei em sentido formal; e o princípio
da taxatividade, por tipificar diversas condutas abertas e abstratas e
deixar de vincular a conduta ilícita à sua respectiva sanção
disciplinar.”

(As Inconstitucionalidades do Regulamento Disciplinar do Exército face aos


Princípios do Estado de Direito - Emerson Gabardo e Carlos Augusto Goulart
Czelusniak https://www.redalyc.org/journal/6559/655969162016/html)

Efetivamente, os deveres cobrados dos Imputados, cuja infração gera as


Sindicâncias, os PROCESSOS ADMINISTRATIVOS DISCIPLINARES e as
condenações, são genéricos e permitem o sancionamento baseado no
subjetivismo muitas vezes camuflado, que revela, nada mais, nada menos, que
os maus resultados da falta de especialização e o volume de processos julgados
em apenas duas sessões por mês, ficando praticamente cada caso julgado pelos
Relatores, enquanto que muitos vogais seguem confiantemente os
posicionamentos daqueles que foram sorteados para aprofundarem cada caso
concreto, mas, principalmente, dos Corregedores-Gerais de Justiça, como
aconteceu nos nossos quatro processos.

Realmente, muito há por se aperfeiçoar esse importante ramo do Direito,


até agora menosprezado com um “subdireito”.

Os princípios da RAZOABILIDADE e da PROPORCIONALIDADE, dessa


forma, acabam sendo desconsiderados e, em muitos casos, talvez na maioria,
Imputados são punidos draconianamente por faltas de pouca gravidade.

Chamamos a atenção dos Imputados e seus eventuais Procuradores, mas


não exclusivamente, para as seguintes normas da Lei Complementar
59/2001/MG, ou seja, a Lei de Organização e Divisão Judiciárias de Minas
Gerais, as quais estão às vezes em dissonância com outras regras, que acabam
gerando a INSEGURANÇA JURÍDICA.

Por isso, defendemos a ideia da codificação do DIREITO


ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR, pois muitos processos tramitam sob o
reinado do subjetivismo, gerando injustiças.

Os dispositivos legais abaixo são uma reprodução extendida dos arts. 35 e


36 da LOMAN. Depois de passados vários anos do artigo que escrevemos,
comentando aqueles artigos da LOMAN, hoje, depois de condenado em
PROCESSOS ADMINISTRATIVOS DISCIPLINARES, temos outra visão destas
normas. Vamos comentar item por item com olhos mais apurados para as
expressões colocadas no diploma legal sem coincidência com a cobrança que se
faz nos PROCESSOS ADMINISTRATIVOS DISCIPLINARES, em que os
julgamentos costumam contrariar as próprias garantias que a legislação
concede:

CAPÍTULO XI
DA DISCIPLINA JUDICIÁRIA
SEÇÃO I
DOS DEVERES DO MAGISTRADO
Art. 145. Os deveres do magistrado são os previstos na
Constituição da República, na Constituição do Estado, na Lei
Orgânica da Magistratura Nacional, no Código de Ética da
Magistratura e na legislação nacional pertinente, dos quais
se destacam:
(Caput com redação dada pelo art. 55 da Lei Complementar
nº 135, de 27/6/2014.)
A lista de disposições legais acaba sendo tão ampla, que, na prática, não
há como conhecê-las todas, uma vez que os deveres não se restringem aos
relacionados na Constituição de 1988, na Constituição Estadual mineira, na
LOMAN, no Código de Ética da Magistratura, no Regimento Interno do
Tribunal de Justiça mineiro, nos Atos Normativos do Conselho Nacional de
Justiça e do Tribunal de Justiça mineiro, sabendo-se que a Resolução
135/CNJ/2011 faz remissão a Leis etc., como se pode ver na referida Resolução.
Por isso, dizemos sempre que há a necessidade da edição de um Código,
pois o emaranhado de disposições legais confunde operadores do Direito e
Imputados e seus eventuais Procuradores.
I - cumprir e fazer cumprir, com independência, serenidade e
exatidão, as disposições legais e os atos de seu ofício;
A expressão “independência” conflita com a expressão “exatidão”, pois
quem goza de independência não tem de obedecer cegamente. E, na prática, a
cobrança é cada vez maior no sentido do cumprimento exato de normas cada
vez mais achatadoras da “independência” sobretudo dos juízes de 1º grau.
II - não exceder injustificadamente os prazos para
sentenciar ou despachar;
O que seja admitido como justificativa fica por conta da maior ou menor
compreensão de quem julga. Efetivamente, não há como cumprir os prazos
estabelecidos nas normas com tantas atividades a desempenhar nas partes
processual e de gestão.
O Conselho Nacional de Justiça, por exemplo, entende que o prazo de
100 dias não representa excesso de prazo, o que, segundo entendemos, de
acordo com o caso, pode ser sim excesso de prazo, devendo cada caso ser
analisado em suas peculiaridades. A fixação, a priori, de prazos, pode gerar
prejuízos irreparáveis.
III - determinar as providências para que os atos
processuais se realizem nos prazos legais;
O número de ATRIBUIÇÕES aumenta cada vez mais, pois, aprovado em
difícil concurso público, para decidir processos, tem sido cobrado, sobretudo
dos juízes de 1º grau, atuação de gestão, através da adesão obrigatória ao
chamado Planejamento Estratégico, em que o juiz consome enorme tempo
prestando contas das suas atuações à Corregedoria-Geral de Justiça e ao
Conselho Nacional de Justiça. Em suma, podemos dizer que o Juiz de Direito
deixou de ser um Julgador para ser um Julgador-gestor. Esse Planejamento
Estratégico repete a antiga Qualidade Total, onde se pretende a
superprodutividade e a prestação de contas para fins estatísticos.
IV – tratar com urbanidade as partes, os membros do
Ministério Público e da Defensoria Pública, os Advogados, as
testemunhas, os funcionários e auxiliares da Justiça e
atender aos que o procurarem, a qualquer momento, quando
se tratar de providência que reclame e possibilite solução de
urgência;
(Inciso com redação dada pelo art. 55 da Lei Complementar
nº 135, de 27/6/2014.)
O atendimento presencial tem sido feito, muitas vezes, pelos assessores,
com agendamento prévio, tamanho é o número de processos e das atividades de
gestão...
V – residir na sede da comarca, salvo autorização motivada
do Órgão competente do Tribunal de Justiça;
(Inciso com redação dada pelo art. 55 da Lei Complementar
nº 135, de 27/6/2014.)
Essa regra sofre uma série de exceções, sendo aplicada caso a caso.
VI - comparecer pontualmente à hora de iniciar-se o
expediente ou a sessão e não se ausentar injustificadamente
antes de seu término;
Se o próprio Órgão Especial sempre começa as sessões com atraso e as
termina antes do horário regulamentar...
VII - exercer assídua fiscalização sobre os subordinados,
especialmente no que se refere à cobrança de custas e
emolumentos, mesmo não havendo reclamação das partes;
O recebimento de presentes e gratificações é uma realidade brasileira...
Controlar essa praxe é praticamente impossível como mais um dever do Juiz
quanto aos que com ele trabalham... A diferenciação entre presente e propina é
um jogo de quebra-cabeça difícil de solucionar-se...
VIII - manter conduta irrepreensível na vida pública e na
particular;
O que seja “conduta irrepreensível na vida pública e na particular” serve
de argumento para muitos PROCESSOS ADMINISTRATIVOS
DISCIPLINARES, pois é uma norma cuja interpretação é totalmente subjetiva.
IX - permanecer de plantão, quando escalado, nos fins de
semana e feriados, com direito a compensação ou a
indenização, paga nos termos do parágrafo único do art. 117
desta Lei Complementar; e
Quanto a este dever não há dúvida, pois a norma é clara. Aliás, todas as
normas que tratam dos deveres deveriam ser claras, pois, em caso de imputação
de seu descumprimento, há como se defender sabendo-se exatamente se houve
ou não descumprimento.
Questionamos, quando ainda na ativa, a obrigação de Juízes de Varas não
Criminais de ficarem, nos plantões, obrigados a presidirem audiências de
custódia...
X - responder as solicitações encaminhadas pelos Órgãos do
Tribunal de Justiça nos prazos assinados, observando o
prazo máximo de setenta e duas horas nos casos de urgência.
(Artigo com redação dada pelo art. 26 da Lei Complementar
nº 105, de 14/8/2008.)
Atender às determinações de prestar esclarecimentos depende dos meios
de comunicação, atualmente, sobretudo, ligados à Internet, que, nem sempre,
funciona a contento. Cada caso tem de ser analisado cum grano salis.
Certa feita, há muitos anos atrás, tivemos de enfrentar uma
representação perante a Corregedoria-Geral de Justiça por conta de uma
determinação de prestarmos esclarecimentos em pleno período de apuração de
eleição quando ainda os votos eram em cédulas de papel...

Art. 146. É vedado ao magistrado:


I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou
função, salvo uma de magistério;
É importante que fosse definido se há exigência do trânsito em julgado da
decisão condenatória para o Magistrado poder exercer outro cargo ou função,
por exemplo, advogar. Essa indefinição pode fazer com que, por exemplo, o
Magistrado, aposentado compulsoriamente, mas não transitada em julgado sua
condenação, se inscreva na OAB e venha a ter sua aposentadoria cassada. Este
dispositivo legal foi muito mal redigido e é preciso tomar-se cuidado com ele na
sua interpretação.
Esta regra acaba tendo mais de uma exceção, como veremos
posteriormente, de tal maneira que o Magistrado, se o quiser, acaba podendo
ser professor, empresário etc. É uma questão de querer ou não desenvolver
outras atividades lucrativas, podendo, inclusive, enriquecer-se, utilizando as
brechas da legislação, que é contraditória, como afirmamos desde o início,
justamente por não ser enfeixada em um Código.
II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou
participação em processo;
O famoso presente, que pode ser confundido com propina...
III - dedicar-se a atividade político-partidária;
Manifestar simpatia por um ou outro candidato a eleições partidárias foi
considerada infração funcional, que gerou PROCESSO ADMINISTRATIVO
DISCIPLINAR em mais de um caso...
IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou
contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou
privadas, ressalvadas as exceções previstas em Lei;
Aceitar patrocínio, por exemplo, para edição de um livro, promover ou
participar de eventos culturais etc., podem ser interpretados como infração
funcional...
V - exercer a advocacia no juízo ou Tribunal do qual se
afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do
cargo por aposentadoria ou por exoneração;
A quarentena, no nosso entender, não faz sentido, pois, na verdade, o fato
de ter exercido cargo de magistrado não significa que terá privilégios nas
possíveis causas que assumir. O exercício bem sucedido da advocacia depende
de outros requisitos e normalmente quem deixou a atividade de magistrado não
será melhor Advogado do que aquele que exerce essa profissão há muito tempo.
Essa norma referente à quarentena não seria necessária, pois são poucos os
casos de magistrados que se tornam Advogados bem sucedidos.
VI - exercer o comércio ou participar de sociedade comercial,
de economia mista inclusive, exceto como acionista ou
quotista;
A missão de julgar não é considerada compatível com quase nenhuma
outra. A vedação quanto ao exercício do comércio se estende ao exercício da
indústria, apesar de serem duas atividades diferentes, mas o Magistrado é
cobrado nesse ponto, ou seja, não pode dedicar-se à atividade comercial ou
industrial, com exceções, sendo que, como acionista ou quotista, pode ter muito
mais lucros do que de outras formas. Esta norma é um tanto, digamos, “irreal”...
O que queremos dizer é que deve haver clareza no estabelecimento das regras,
que não podem ser conflitantes, duvidosas quanto à sua interpretação, porque,
para determinados profissionais do Direito não compensa ingressar no
Judiciário, justamente pela restrição quanto à parte financeira. O Código que
preconizamos não pode ter normas dúbias, prejudicando muitas vezes quem
ingressa na Magistratura com determinadas expectativas e, de acordo com
entendimentos de determinados representantes dos Órgãos Fisclizadores e
Julgadores, o Magistrado acaba sendo penalizado até drasticamente, quando
pode ter agido até de boa-fé. Há um exemplo de condenação, que foi revogado
pelo Conselho Nacional de Justiça e que ficou como alerta para aqueles que são
mais inclinados processar e condenar até por faltas de pouca ou nenhuma
gravidade.
VII - exercer cargo de direção ou técnico de sociedade civil,
associação ou fundação, de qualquer natureza ou finalidade,
salvo de associação de classe e sem remuneração; e
Outra norma “irreal”...
VIII - manifestar, por qualquer meio de comunicação,
opinião sobre processo pendente de julgamento, seu ou de
outrem, ou juízo depreciativo sobre despachos, votos ou
sentenças, de órgãos judiciais, ressalvada a crítica nos autos
e em obras técnicas ou no exercício do magistério.
A vedação não se estende à análise em livros técnicos e no Magistério,
sendo que, por isso mesmo, estamos escrevendo este livro técnico-jurídico. Aqui
as críticas construtivas podem ser feitas, sem arranharmos as vedações legais,
ainda mais que nosso objetivo não é desmerecer pessoas, mas sim contribuir
para que se aperfeiçoe o modelo em vigor.
§ 1º O exercício de cargo ou função de magistério será
permitido somente se houver compatibilidade de horários,
vedado, em qualquer hipótese, o desempenho de função de
direção administrativa ou técnica de estabelecimento de
ensino.
Este parágrafo e os seguintes tratam da acumulação do cargo de
Magistrado com o exercício do Magistério e, aqui, veremos regras draconianas
permeadas por outras, de cunho paternalista...
§ 2º O magistrado poderá desempenhar função docente em
curso oficial de preparação para a judicatura ou de
aperfeiçoamento de magistrados, cumulativamente com o
exercício de cargo ou função de magistério.
Este dispositivo acaba desautorizando aquele que prevê apenas um cargo
no Magistério, porque o Magistrado pode ser professor em quantos cursos
preparatórios conseguir empregar-se...
§ 3º O exercício de cargos ou funções de coordenação
acadêmica, como tais considerados aqueles que envolvam
atividades estritamente ligadas ao planejamento ou
assessoramento pedagógico, será admitido se atendidos os
requisitos previstos no § 1º deste artigo.
Mais uma exceção à regra da proibição de acumulação de atividades
remuneradas no Magistério.
§ 4º O exercício de atividade docente deverá ser comunicado
formalmente ao Conselho da Magistratura ou ao
Corregedor-Geral de Justiça, pelo Desembargador ou pelo
Juiz, respectivamente, com a indicação da instituição de
ensino, da disciplina e dos horários em que as aulas serão
ministradas.
Isso para evitar-se a acumulação considerada prejudicial.
§ 5º Se o exercício de atividade docente prejudicar a
prestação jurisdicional, o Tribunal de Justiça, por seu
Presidente ou pelo Corregedor-Geral de Justiça, conforme se
trate de Desembargador ou de Juiz, determinará ao
magistrado, no prazo de 24 horas, que adote de imediato as
medidas necessárias para regularizar a situação, sob pena
de instauração do procedimento administrativo disciplinar
cabível.
Esta norma está em total desacordo com a do § 6º. Afinal, o prazo para a
regularização é de 24 horas ou de mais de 6 meses? Acabará prevalecendo o
prazo mais benéfico para o magistrado? Será sempre instaurado um PROCESSO
ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR ou este é um caso de consensualidade,
preconizada pelo doutrinador Julizar Barbosa Trindade Júnior? Veja-se como a
própria legislação abre exceção para a regra geral de punição manu militari.
§ 6º Verificado o exercício irregular de cargo ou função de
magistério, o Conselho da Magistratura ou o Corregedor-
Geral de Justiça, caso se trate de Desembargador ou de Juiz,
respectivamente, ouvido o magistrado, fixará prazo para as
adequações devidas, observado o prazo máximo de seis
meses.
(Artigo com redação dada pelo art. 26 da Lei Complementar
nº 105, de 14/8/2008.)
O prazo máximo de 6 meses, mais o tempo da instrução, faz com que a
situação irregular praticamente seja tolerada por um bom tempo... Há aqui uma
certa leniência, introduzida pela LC 105/2008...

SEÇÃO II
DAS PENALIDADES
Art. 147. A atividade censória de Tribunais e conselhos é
exercida com o resguardo devido à dignidade e à
independência do magistrado.
Este dispositivo merece um comentário um tanto incisivo, pois o que
menos se tem feito é respeitar-se a “INDEPENDÊNCIA DO MAGISTRADO”.
Fomos punido, com pena de aposentadoria compulsória, justamente por
alegada desobediência, mesmo apresentadas justificativas plausíveis.
Parágrafo único. O magistrado não poderá ser punido nem
prejudicado pelas opiniões que manifestar nas decisões que
proferir, salvo em casos de impropriedade ou excessos de
linguagem.
(Artigo com redação dada pelo art. 26 da Lei Complementar
nº 105, de 14/8/2008.)
O que sejam “impropriedade” e “excesso de linguagem” cai no domínio
da subjetividade. Poder-se-ia dizer, para evitar dúvidas interpretativas, que o
magistrado deve utilizar expressões técnico-jurídicas sempre que tais possam
ser suficientes para esclarecer suas afirmativas. Adote-se o juridiquês para
evitarem-se mal-entendidos.
Art. 148. São penalidades aplicáveis ao magistrado:
I – advertência;
II – censura;
III – remoção compulsória;
IV – disponibilidade;
V – aposentadoria compulsória;
VI – demissão.
§ 1° As penas de advertência e de censura são aplicáveis
somente aos Juízes de primeiro grau, após o devido processo
legal.
Todas as penas acima elencadas somente podem ser aplicadas após o
DEVIDO PROCESSO LEGAL, que exigem a obediência aos princípios
lembrados linhas atrás, sob pena de nulidade.
§ 2° Compete ao Corregedor-Geral de Justiça, relativamente
ao Juiz de Direito:
I – apurar infrações administrativas;
Ou seja, instaurar Sindicâncias ou até proceder a investigações sigilosas,
as quais tem de submeter ao Órgão Especial, que as aprova ou não.
Muitas vezes um Imputado sequer sabe que está sendo investigado, o que
nos parece um desrespeito à sua pessoa, como tal e como profissional,
desrespeitando-se a regra do art. 147, acima, que determina: “A atividade
censória de Tribunais e conselhos é exercida com o resguardo devido à
dignidade...”
II – propor ao Órgão competente do Tribunal de Justiça a
instauração de processo administrativo disciplinar.
(Expressão “Corte Superior” substituída pela expressão
“Órgão competente do Tribunal de Justiça” pelo art. 111 da
Lei Complementar nº 135, de 27/6/2014.)
Nem sempre os PROCESSOS ADMINISTRATIVOS DISCIPLINARES são
precedidos de Sindicâncias. O Imputado pode questionar essa situação,
inclusive requerendo a rejeição por falta de justa causa.
§ 3° Compete ao Presidente do Tribunal de Justiça exercer as
atribuições previstas no § 2° relativamente ao
Desembargador.
Nunca soubemos de nenhum caso desse tipo.
§ 4° Na Justiça Militar Estadual, as atribuições previstas no
§ 2° competem ao Corregedor, com relação aos Juízes de
primeiro grau, e ao Presidente do Tribunal, no que se refere
aos Juízes de segundo grau.
(Artigo com redação dada pelo art. 56 da Lei Complementar
nº 135, de 27/6/2014.)
Acreditamos que a subordinação da Justiça Militar Estadual do Tribunal
de Justiça seja uma situação estranha, pois, na Justiça Militar Federal se julgar
os militares das Forças Armadas do Exército, Marinha e Aeronáutica, sem
subordinação a não ser ao Superior Tribunal Militar.

Art. 149. A pena de advertência será aplicada no caso de


negligência no cumprimento dos deveres do cargo.
(Artigo com redação dada pelo art. 56 da Lei Complementar
nº 135, de 27/6/2014.)
Negligência significa descaso, desLeixo, desorganização. Todavia, há
entendimentos de que, em caso de primariedade em outros tipos de faltas, a
pena deva ser essa, por ser a mais branda. Realmente, não há um consenso, uma
uniformização de jurisprudência e acaba que cada Julgador se sente livre para
decidir como melhor entende aplicar a Justiça.
Art. 150. A pena de censura será aplicada na reiteração da
negligência e nos casos de procedimento incorreto, se a
infração não justificar a imposição de pena mais grave.
(Artigo com redação dada pelo art. 56 da Lei Complementar
nº 135, de 27/6/2014.)
Aqui há uma emaranhado de opções, que faz com que, de novo, cada
Julgador julgue conforme suas convicções estritamente pessoais. Por exemplo, o
que significa “procedimento incorreto”? Quais os casos em que se justifique
“aplicação de pena mais grave”? A previsão legal, realmente, deixa
margem para penalizações brandas ou extremas.

Art. 151. A pena de remoção compulsória será aplicada


quando:
I – a permanência do Juiz de primeiro grau em sua sede
jurisdicional for prejudicial ao prestígio e ao bom
funcionamento do Poder Judiciário;
II – o prestígio do magistrado e a prestação jurisdicional na
comarca estiverem comprometidos em razão de outros fatos
que envolvam a pessoa do Juiz de Direito.
(Artigo com redação dada pelo art. 56 da Lei Complementar
nº 135, de 27/6/2014.)
Art. 151-A A remoção compulsória finalizará:
I – com o aproveitamento do magistrado em outra comarca;
II – com a decretação da aposentadoria compulsória, no
caso de o magistrado recusar-se a assumir a comarca para a
qual tenha sido designado.
(Artigo acrescentado pelo art. 26 da Lei Complementar nº
105, de 14/8/2008.)
(Artigo com redação dada pelo art. 56 da Lei Complementar
nº 135, de 27/6/2014.)
Há casos em que o juiz fica em situação de extrema dificuldade por falta
de apoio do próprio Tribunal e acaba passando como culpado por ter corrigido
vícios graves na Vara ou Comarca onde atua. É preciso analisar cada caso cum
grano salis e não seguir-se o que acontece muitas vezes, no sentido de que, até
prova em contrário, a culpa pelos desentendimentos é do juiz, muitas vezes
tendo assumido Comarca ou Vara problemáticas.

Art. 152. A pena de disponibilidade com subsídios


proporcionais ao tempo de serviço será aplicada quando o
magistrado não se mostrar apto à produção mínima
desejável e durará até a obtenção de outras funções para as
quais se mostre em condições.
§ 1° A disponibilidade terá a duração máxima de três meses,
podendo o Órgão competente do Tribunal de Justiça
prorrogá-la pelo mesmo prazo.
§ 2° Esgotado o período a que se refere o § 1°, ou sua
prorrogação, não tendo o Órgão competente do Tribunal de
Justiça decidido pelo aproveitamento do magistrado,
decretar-lhe-á a aposentadoria compulsória, observado o
devido processo legal, com garantia de ampla defesa.
(Artigo com redação dada pelo art. 56 da Lei Complementar
nº 135, de 27/6/2014.)
Art. 152-A Cumprirá ao Corregedor-Geral de Justiça fazer o
acompanhamento necessário à reabilitação e propor que
seja reaproveitado o Juiz de Direito compulsoriamente
removido ou posto em disponibilidade.
Parágrafo único. A atribuição a que se refere o caput
pertencerá ao Presidente do Tribunal de Justiça, quando for
o caso de disponibilidade de Desembargador, ou ao
Presidente do Tribunal de Justiça Militar, quando se tratar
de membro deste Tribunal.
(Artigo acrescentado pelo art. 26 da Lei Complementar nº
105, de 14/8/2008.)
(Artigo com redação dada pelo art. 56 da Lei Complementar
nº 135, de 27/6/2014.)
Fomos penalizado com a disponibilidade em PROCESSO
ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR em que a acusação foi de ter danificado um
muro pertencente a uma das partes litigantes, durante a realização de uma
inspeção judicial. O princípio da CONGRUÊNCIA foi totalmente ignorado...
Há quem entenda que o princípio da CONGRUÊNCIA não tem de ser
levado em conta e o Imputado pode ser condenado, em PROCESSO
ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR, por qualquer fato que lhe seja Imputado
posteriormente, em emendatio libeli implícita...
O prazo da disponibilidade aqui previsto como de 3 meses, prorrogado
por mais 3 meses, contradiz o texto do art. 6º § 1º da Resolução 135/CNJ/2011:
“Cumpridos dois anos de pena de disponibilidade, havendo pedido de
aproveitamento, cabe ao Tribunal ao qual vinculado o magistrado promover:
(Incluído pela Resolução nº 323, de 07.07.2020)” Essas diligências, previstas no
dispositivo legal acima, foram determinadas a partir de 14 dias da decretação da
disponibilidade...

Como ficam a interpretação de cada um desses dispositivos? O que deve


prevalecer: o que determina a Lei Complementar estadual ou a Resolução do
CNJ? A interpretação aplicada, no nosso caso, nos foi altamente prejudicial,
pois sequer se passaram os dois anos e já estamos com julgamento marcado em
continuação da sessão suspensa por pedido de vista, já havendo 18 votos no
sentido da condenação em mais uma aposentadoria compulsória...

Art. 153. A aposentadoria compulsória, com proventos


proporcionais ao tempo de contribuição, será decretada
quando:
I – o Órgão competente do Tribunal de Justiça reconhecer
que o magistrado é reiteradamente negligente no
cumprimento de seus deveres;
II – o magistrado proceder de forma incompatível com a
dignidade, a honra e o decoro de suas funções;
III – o magistrado demonstrar escassa ou insuficiente
capacidade de trabalho ou apresentar comportamento
funcional incompatível com o bom desempenho das
atividades do Poder Judiciário.
(Artigo com redação dada pelo art. 56 da Lei Complementar
nº 135, de 27/6/2014.)
Os fundamentos seguintes: 1 - “reiteradamente negligente no
cumprimento de seus deveres” (deveres, aliás, de interpretação subjetiva), 2 -
“proceder de forma incompatível com a dignidade, a honra e o decoro de suas
funções” (dignidade, honra e decoro de interpretação subjetiva) e 3 - “escassa ou
insuficiente capacidade de trabalho (com metas cada vez mais inalcançáveis,
realmente, nenhum magistrado está em dia com seu serviço) ou apresentar
comportamento funcional incompatível com o bom desempenho das atividades
do Poder Judiciário” (outra previsão cuja interpretação fica ao talante de quem
julga) não deixam margem a nenhum magistrado para se defender. Essa é a
verdade, pois, se é muito bom em um desses aspectos, pode ser considerado
péssimo em qualquer dos outros, sem argumento ou prova que convença do
contrário.

Art. 154. A pena de demissão será aplicada ao Juiz de Direito


Substituto, durante o biênio do estágio, quando:
I – for manifestamente negligente no cumprimento dos
deveres do cargo;
II – tiver procedimento incompatível com a dignidade, a
honra e o decoro de suas funções;
III – não revelar efetiva produtividade no trabalho;
IV – seu procedimento funcional for incompatível com o bom
desempenho das atividades do Poder Judiciário;
V – violar as proibições contidas na Constituição da
República e nas Leis.
Parágrafo único. Dar-se-á a demissão, com automático
afastamento das funções, ainda que o ato respectivo seja
publicado após o biênio.
(Artigo com redação dada pelo art. 56 da Lei Complementar
nº 135, de 27/6/2014.)
Art. 154 A - (Revogado pelo inciso X do art. 117 da Lei
Complementar nº 135, de 27/6/2014.)
Dispositivo revogado:
“Art. 154-A. Dar-se-á a exoneração, com automático
afastamento das funções, ainda que o ato respectivo seja
publicado após o biênio.”
(Artigo acrescentado pelo art. 26 da Lei Complementar nº
105, de 14/8/2008.)
Art. 154 B - (Revogado pelo inciso X do art. 117 da Lei
Complementar nº 135, de 27/6/2014.)
Dispositivo revogado:
“Art. 154-B. O recebimento da acusação pela Corte Superior
do Tribunal de Justiça suspenderá o curso do prazo para o
vitaliciamento.”
(Artigo acrescentado pelo art. 26 da Lei Complementar nº
105, de 14/8/2008.)
Art. 154 C - (Revogado pelo inciso X do art. 117 da Lei
Complementar nº 135, de 27/6/2014.)
Dispositivo revogado:
“Art. 154-C. Poderá a Corte Superior do Tribunal de Justiça,
entendendo não ser o caso de pena de perda do cargo,
aplicar as de remoção por interesse público, censura ou
advertência, vedada a disponibilidade por interesse
público.”
(Artigo acrescentado pelo art. 26 da Lei Complementar nº
105, de 14/8/2008.)
Art. 154 D - (Revogado pelo inciso X do art. 117 da Lei
Complementar nº 135, de 27/6/2014.)
Dispositivo revogado:
“Art. 154-D. No caso de aplicação das penas de censura ou de
remoção por interesse público, o Juiz não vitalício ficará
impedido de ser promovido ou removido enquanto não
decorrer o prazo de um ano da punição imposta.”
(Artigo acrescentado pelo art. 26 da Lei Complementar nº
105, de 14/8/2008.)
Art. 154 E - (Revogado pelo inciso X do art. 117 da Lei
Complementar nº 135, de 27/6/2014.)
Dispositivo revogado:
“Art. 154-E. O procedimento de vitaliciamento obedecerá às
normas aprovadas pela Corte Superior do Tribunal de
Justiça.”
(Artigo acrescentado pelo art. 26 da Lei Complementar nº
105, de 14/8/2008.)
Art. 154 F - (Revogado pelo inciso X do art. 117 da Lei
Complementar nº 135, de 27/6/2014.)
Dispositivo revogado:
“Art. 154-F. Somente pelo voto da maioria absoluta dos
integrantes da Corte Superior do Tribunal de Justiça será
negada a confirmação do magistrado na carreira.”
(Artigo acrescentado pelo art. 26 da Lei Complementar nº
105, de 14/8/2008.)
Art. 154 G - (Revogado pelo inciso X do art. 117 da Lei
Complementar nº 135, de 27/6/2014.)
Dispositivo revogado:
“Art. 154-G. Negada a vitaliciedade, o Presidente do Tribunal
de Justiça expedirá o ato de exoneração.”
(Artigo acrescentado pelo art. 26 da Lei Complementar nº
105, de 14/8/2008.)
O juiz que se encontra no estágio probatório, realmente, é vulnerável ao
extremo. Pode ver, de uma hora para outra, jogado por terra todo seu esforço
para ingressar na Magistratura, sem direito sequer a tentar outra área, que, na
certa, exigirá que seja “ficha limpa”.
A Magistratura tem sido cada vez mais um “sacerdócio”, como dizia o
saudoso Desembargador José Arthur de Carvalho Pereira, pois, depois da
Reforma da Previdência, quem ingressou após 2003, aposentar-se-á
voluntariamente aos 65 anos de idade, com 35 anos de contribuição
previdenciária, ganhando proventos de apenas 5 salários mínimos.

Art. 155. As penalidades aplicáveis ao magistrado somente


serão impostas pelo voto da maioria absoluta dos membros
do Órgão competente do Tribunal de Justiça, assegurada a
ampla defesa.
(Artigo com redação dada pelo art. 56 da Lei Complementar
nº 135, de 27/6/2014.)
Art. 155-A O Presidente do Tribunal de Justiça formalizará e
fará publicar a conclusão da decisão disciplinar adotada
pelo Órgão competente do Tribunal de Justiça.
(Artigo acrescentado pelo art. 26 da Lei Complementar nº
105, de 14/8/2008.)
(Artigo com redação dada pelo art. 56 da Lei Complementar
nº 135, de 27/6/2014.)
Art. 155-B A A demissão somente será aplicada ao
magistrado vitalício em decorrência de sentença judicial
transitada em julgado.
(Artigo acrescentado pelo art. 26 da Lei Complementar nº
105, de 14/8/2008.)
(Artigo com redação dada pelo art. 56 da Lei Complementar
nº 135, de 27/6/2014.)

Vejamos o art. 26:

O magistrado vitalício somente perderá o cargo (vetado):

I - em ação penal por crime comum ou de responsabilidade;

        II - em procedimento administrativo para a perda do cargo nas


hipóteses seguintes:

        a) exercício, ainda que em disponibilidade, de qualquer outra


função, salvo um cargo de magistério superior, público ou particular;

        b) recebimento, a qualquer título e sob qualquer pretexto, de


percentagens ou custas nos processos sujeitos a seu despacho e
julgamento;
        c) exercício de atividade politico-partidária.

SEÇÃO III
DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
(Título com redação dada pelo art. 57 da Lei Complementar
nº 135, de 27/6/2014.)
Art. 156. O processo administrativo disciplinar poderá ter
início, em qualquer caso, por determinação:
I – do Conselho Nacional de Justiça;
II – do Tribunal de Justiça, mediante:
a) representação fundamentada do Governador do Estado,
da Mesa da Assembleia Legislativa, do Conselho Seccional
da Ordem dos Advogados do Brasil, do Procurador-Geral de
Justiça e do Defensor Público-Geral do Estado, nos casos de
magistrado de primeiro grau e de Desembargador;
b) proposta do Corregedor-Geral de Justiça, no caso de
magistrado de primeiro grau, ou do Presidente do Tribunal
respectivo, quando se tratar de Desembargador.
(Artigo com redação dada pelo art. 56 da Lei Complementar
nº 135, de 27/6/2014.)
Subseção I (Suprimida pelo art. 57 da Lei Complementar nº
135, de 27/6/2014.)
Dispositivo suprimido.
São esses os legitimados para a iniciativa contra o magistrado estadual a
nível de instauração de PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR.

SUBSEÇÃO I
DOS PROCEDIMENTOS PARA APURAÇÃO DE
RESPONSABILIDADE DISCIPLINAR DE MAGISTRADO
Art. 157. Qualquer pessoa devidamente identificada e com
endereço conhecido poderá representar, por escrito, a
respeito de abuso, erro, irregularidade ou omissão imputada
a magistrado.
(Artigo com redação dada pelo art. 56 da Lei Complementar
nº 135, de 27/6/2014.)
O direito de representar contra magistrado está aberto a qualquer pessoa.
Alguns levam em conta denúncias anônimas.

Art. 158. Antes da decisão sobre a instauração do processo


pelo Órgão competente do Tribunal de Justiça, a autoridade
responsável pela acusação concederá ao magistrado prazo
de quinze dias para a Defesa Prévia, contado da data da
entrega da cópia do teor da acusação e das provas
existentes.
§ 1° Findo o prazo da Defesa Prévia, haja ou não sido
apresentada, o Relator submeterá ao Órgão competente do
Tribunal de Justiça relatório conclusivo com a proposta de
instauração do processo administrativo disciplinar ou de
arquivamento, intimando o magistrado ou seu defensor, se
houver, da data da sessão do julgamento.
§ 2° O Corregedor-Geral de Justiça relatará a acusação
perante o Órgão competente do Tribunal de Justiça, no caso
de Juiz de Direito, e o Presidente do Tribunal, no caso de
Desembargador.
§ 3° O Presidente e o Corregedor-Geral de Justiça terão
direito a voto.
§ 4° Caso a proposta de abertura de processo administrativo
disciplinar contra magistrado seja adiada ou deixe de ser
apreciada por falta de quórum, cópia da ata da sessão
respectiva, com a especificação dos nomes dos presentes, dos
ausentes, dos suspeitos e dos impedidos, será encaminhada à
Corregedoria Nacional de Justiça, no prazo de quinze dias
contados da respectiva sessão, para fins de deliberação,
processamento e submissão a julgamento.
§ 5° Determinada a instauração do processo administrativo
disciplinar pela maioria absoluta dos membros do Órgão
competente do Tribunal de Justiça, o respectivo Acórdão
será acompanhado de portaria, que conterá a imputação dos
fatos e a delimitação do teor da acusação, assinada pelo
Presidente do Tribunal de Justiça.
§ 6° Acolhida a proposta de abertura de processo
administrativo disciplinar contra magistrado, cópia da ata
da sessão respectiva será encaminhada à Corregedoria
Nacional de Justiça, no prazo de quinze dias contados da
respectiva sessão de julgamento, para fins de
acompanhamento.
§ 7° O Relator será sorteado dentre os integrantes do Órgão
competente do Tribunal de Justiça, não havendo Revisor.
§ 8° Não poderá ser Relator o magistrado que dirigiu o
procedimento preparatório, ainda que não seja mais
Corregedor-Geral de Justiça.
§ 9° O processo administrativo disciplinar será concluído no
prazo de cento e quarenta dias, prorrogável, quando
imprescindível para o término da instrução e houver motivo
justificado, mediante deliberação do Órgão competente do
Tribunal de Justiça.
(Artigo com redação dada pelo art. 56 da Lei Complementar
nº 135, de 27/6/2014.)
Uma observação importante a ser feita é a do § 5°: Determinada a
instauração do PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR pela maioria
absoluta dos membros do Órgão competente do Tribunal de Justiça, o
respectivo Acórdão será acompanhado de portaria, que conterá a imputação
dos fatos e a delimitação do teor da acusação, assinada pelo Presidente do
Tribunal de Justiça.” Justamente aqui é que a Portaria tem de preencher um
requisito da denúncia do Processo Penal, aplicada supletivamente, que é “a
imputação dos fatos e a delimitação do teor da acusação”, para efeito de
respeitar-se oprincípio da CONGRUÊNCIA.
Art. 159. O Tribunal de Justiça, pela maioria absoluta dos
membros do Órgão competente e na oportunidade em que
determinar sobre o afastamento do cargo do magistrado até
a decisão final ou, conforme lhe parecer conveniente ou
oportuno, por prazo determinado, assegurado ao
magistrado afastado o recebimento do subsídio integral.
Parágrafo único. Decretado o afastamento, o magistrado
ficará impedido de utilizar o seu local de trabalho e usufruir
de veículo oficial e outras prerrogativas inerentes ao
exercício da função.
(Artigo com redação dada pelo art. 56 da Lei Complementar
nº 135, de 27/6/2014.)
Aplica-se aqui o dispositivo do art. 296:
“Como medida cautelar e a fim de que o servidor processado não
venha a influir na apuração dos fatos e prejudicar a coleta de provas,
a autoridade instauradora do processo disciplinar poderá, mediante
despacho fundamentado, por requerimento da comissão processante,
determinar o seu afastamento do exercício das funções do cargo, por
sessenta dias, sem prejuízo da remuneração.
(Caput com redação dada pelo art. 93 da Lei Complementar nº 135, de
27/6/2014.)
§ 1º - (Revogado pelo art. 30 da Lei Complementar nº 85, de
28/12/2005.)
Dispositivo revogado:
"§ 1º - O afastamento poderá ser prorrogado por igual prazo, cujo o
término implicará a cessação dos seus efeitos, ainda que não esteja
concluído o processo."
§ 2º - (Revogado pelo inciso XII do art. 117 da Lei Complementar nº
135, de 27/6/2014.)
Dispositivo revogado:
"§ 2º - O despacho de afastamento preventivo será fundamentado,
mediante indicação expressa do motivo."
Todavia, no nosso caso, nenhuma justificativa foi semelhante a essa única
justificativa válida.

Art. 159-A Instaurado o processo administrativo disciplinar,


o Relator determinará a citação do magistrado para
apresentar as razões de defesa e as provas que entender
necessárias, em cinco dias, encaminhando-lhe cópia do
Acórdão com a respectiva portaria, observando-se que:
I – caso haja dois ou mais magistrados requeridos, o prazo
para defesa será comum e de dez dias contados da intimação
do último;
II – o magistrado que mudar de residência fica obrigado a
comunicar ao Relator, ao Corregedor-Geral de Justiça e ao
Presidente do Tribunal o endereço em que receberá citações,
notificações ou intimações;
III – quando o magistrado estiver em lugar incerto ou não
sabido, será citado por edital, com prazo de trinta dias, a ser
publicado, uma vez, no Diário do Judiciário;
IV – será considerado revel o magistrado que, regularmente
citado, não apresentar defesa no prazo assinado;
V – declarada a revelia, o Relator poderá designar defensor
dativo ao requerido, concedendo-lhe igual prazo para a
apresentação de defesa.
(Artigo acrescentado pelo art. 26 da Lei Complementar nº
105, de 14/8/2008.)
(Artigo com redação dada pelo art. 56 da Lei Complementar
nº 135, de 27/6/2014.)
Art. 159-B Decorrido o prazo para a apresentação da defesa
prévia, o relator decidirá sobre a realização dos atos de
instrução e a produção de provas requeridas, determinando
de ofício outras que entender necessárias.
O § 3º, adiante, todavia, restringe a AMPLA DEFESA com a oitiva de
testemunhas que tenham ou possam ter conhecimento dos fatos Imputados. O
Relator pode indeferir a oitiva de testemunhas que vão informar sobre a pessoa
do Imputado e outras provas que deveriam ser levadas em conta na dosimetria
da pena, em caso de condenação.
§ 1° Para a colheita das provas o relator poderá delegar
poderes a magistrado de primeiro ou segundo graus.
No Regimento Interno do Tribunal de Justiça de Minas Gerais afirma-se
que a delegação tem de ser a juiz da Comarca onde reside o Imputado: II - nas
comarcas do interior, pelo Relator ou por juiz com jurisdição na comarca,
mediante carta de ordem; III - fora do Estado, por juiz com jurisdição na
comarca, mediante carta precatória, expedida ao Tribunal de Justiça da
unidade da Federação.
Não vale a delegação, por exemplo, do Corregedor-Geral de Justiça, aos
seus juízes auxiliares, se não exercem cargo na Comarca onde reside o
Imputado.
O desrespeito a essa regra atinge o princípio do JUIZ NATURAL, o que
gera a nulidade do ato de instrução. No nosso caso, recusamo-nos a ser
interrogado por juízes auxiliares da Corregedoria-Geral de Justiça, pois foi
desobedecido o regramento acima.
“Art. 217 do Regimento Interno do Tribunal de Justiça de Minas
Gerais: “Decorrido o prazo para a apresentação da Defesa Prévia, o
Relator decidirá sobre a realização dos atos de instrução e a produção
de provas requeridas, determinando de ofício as que entender
necessárias.
§ 1º Exceto quando o acusado for membro do Tribunal, hipótese em
que a colheita da prova competirá, privativamente, ao Relator, será
ela presidida:
I - na Comarca de Belo Horizonte, pelo Relator;
II - nas comarcas do interior, pelo Relator ou por juiz com jurisdição
na comarca, mediante carta de ordem;
III - fora do Estado, por juiz com jurisdição na comarca, mediante
carta precatória, expedida ao Tribunal de Justiça da unidade da
Federação.
§ 2º Na carta de ordem ou na carta precatória será indicado o prazo
para a produção da prova.
§ 3º Para todos os demais atos de instrução, com a mesma cautela,
serão intimados o magistrado processado ou seu defensor, se houver e
o Ministério Público.
§ 4º Na instrução do processo, serão inquiridas, no máximo, oito
testemunhas de acusação e até oito de defesa, por requerido, que
justificadamente tenham ou possam ter conhecimento dos fatos
Imputados.
§ 5º O depoimento das testemunhas, as acareações e as provas
periciais e técnicas destinadas à elucidação dos fatos serão realizados
com aplicação subsidiária, no que couber, das normas da legislação
processual penal e da legislação processual civil, sucessivamente.
§ 6º A inquirição das testemunhas e o interrogatório deverão ser feitos
em audiência una, ainda que, se for o caso, em dias sucessivos, e
poderão ser realizados por meio de videoconferência, nos termos da
Lei processual penal e de ato normativo do Conselho Nacional de
Justiça.
§ 7º O interrogatório do magistrado, precedido de intimação com
antecedência de quarenta e oito horas, será realizado após a produção
de todas as provas.
§ 8º Os depoimentos poderão ser documentados pelo sistema
audiovisual, sem a necessidade, nesse caso, de degravação.”

§ 2° Para todos os de processado ou seu defensor, se houver.


§ 3° Na instrução do processo serão inquiridas, no máximo,
oito testemunhas de acusação e até oito de defesa, por
requerido, que justificadamente tenham ou possam ter
conhecimento dos fatos Imputados.
§ 4° O depoimento das testemunhas, as acareações e as
provas periciais e técnicas destinadas à elucidação dos fatos
serão realizados com aplicação subsidiária, no que couber,
das normas da legislação processual penal e da legislação
processual civil, sucessivamente.
§ 5° A inquirição das testemunhas e o interrogatório deverão
ser feitos em audiência una, ainda que, se for o caso, em dias
sucessivos, e poderão ser realizados por meio de
videoconferência.
§ 6° O interrogatório do magistrado, precedido de intimação
com antecedência de quarenta e oito horas, será realizado
após a produção de todas as provas.
§ 7° Os depoimentos poderão ser realizados pelo sistema
audiovisual, sem a necessidade, nesse caso, de degravação.
(Artigo acrescentado pelo art. 56 da Lei Complementar nº
135, de 27/6/2014.)
Art. 159-C Finda a instrução, o magistrado ou seu defensor
terá dez dias para manifestação sobre a instrução e mais dez
dias para apresentar as razões finais.
(Artigo acrescentado pelo art. 56 da Lei Complementar nº
135, de 27/6/2014.)
São, portanto, 10 dias corridos para se manifestar sobre as provas e mais
10 dias para as razões finais, prazos esses intermediados por deliberação
fundamentada do Relator. Esses prazos são importantes para a Defesa, pois
pode-se alegar cerceamento de defesa, desrespeito ao DEVIDO PROCESSO
LEGAL etc. e a decisão interlocutória do Relator pode ser objeto de agravo
regimental, inclusive pedindo-se efeito suspensivo. Caso seja deferido o efeito
suspensivo, o PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR ficará paralisado
até o julgamento do agravo interno.
Art. 160. O julgamento do processo administrativo
disciplinar será realizado em sessão pública e serão
fundamentadas todas as decisões, inclusive as
interlocutórias.
§ 1° Em determinados atos processuais e de julgamento,
poderá ser limitada a presença às próprias partes e a seus
Advogados, ou somente a estes, desde que a preservação da
intimidade não prejudique o interesse público.
§ 2° Para o julgamento, que será público, será
disponibilizado aos integrantes do Órgão Julgador acesso à
integralidade dos autos do processo administrativo
disciplinar.
§ 3° O Presidente do Tribunal e o Corregedor-Geral de
Justiça terão direito a voto.
§ 4° O Tribunal comunicará à Corregedoria Nacional de
Justiça, no prazo de quinze dias da respectiva sessão, os
resultados dos julgamentos dos processos administrativos
disciplinares.
(Artigo com redação dada pelo art. 56 da Lei Complementar
nº 135, de 27/6/2014.)
Art. 160-A A punição ao magistrado somente será imposta
pelo voto da maioria absoluta dos membros do Órgão
competente do Tribunal de Justiça.
Parágrafo único. Na hipótese em que haja divergência
quanto à pena, sem que se tenha formado maioria absoluta
por uma delas, será aplicada a mais leve ou, no caso de mais
de duas penas alternativas, aplicarse-á a mais leve que tiver
obtido o maior número de votos.
(Artigo acrescentado pelo art. 56 da Lei Complementar nº
135, de 27/6/2014.)
Art. 160-B Entendendo o Tribunal que existem indícios de
crime de ação pública incondicionada, o seu Presidente
remeterá ao Ministério Público cópia dos autos.
Parágrafo único. Aplicada a pena de disponibilidade ou de
aposentadoria compulsória, o Presidente do Tribunal
remeterá cópias dos autos ao Ministério Público e à
Advocacia-Geral do Estado, para as providências cabíveis.
(Artigo acrescentado pelo art. 56 da Lei Complementar nº
135, de 27/6/2014.)
A observância de cada um desses requisitos e formalidades é
imprescindível a título de respeito ao DEVIDO PROCESSO LEGAL, pena de
nulidade.
Art. 160-C O processo disciplinar contra Juiz de Direito
Substituto não vitalício será instaurado dentro do biênio
previsto no art. 95, inciso I, da Constituição da República,
mediante indicação do Corregedor-Geral ao Tribunal,
seguindo o disposto nesta Lei Complementar.
§ 1° A instauração do processo pelo Tribunal suspenderá o
curso do prazo de vitaliciamento.
§ 2° Negada a vitaliciedade, o Presidente do Tribunal
expedirá o ato de demissão.
§ 3° O Juiz de Direito Substituto não vitalício terá seu
processo confirmatório suspenso e será demitido quando
transitar em julgado a decisão que lhe imponha pena.
(Artigo acrescentado pelo art. 56 da Lei Complementar nº
135, de 27/6/2014.)
Art. 160-D O prazo de prescrição de falta funcional praticada
por magistrado é de cinco anos, contado a partir da data em
que o Tribunal tomou conhecimento do fato.
§ 1° Quando configurar tipo penal, o prazo prescricional será
o do Código Penal, no processo respectivo.
§ 2° A interrupção da prescrição ocorre com a decisão do
Órgão competente do Tribunal de Justiça que determinar a
instauração do processo administrativo disciplinar.
§ 3° O prazo prescricional pela pena aplicada começa a
correr a partir do 141° dia após a instauração do processo
administrativo disciplinar.
§ 4° A prorrogação do prazo de conclusão do processo
administrativo disciplinar, prevista no § 9° do art. 158, não
impede o início da contagem do prazo prescricional de que
trata o § 3°.
(Artigo acrescentado pelo art. 56 da Lei Complementar nº
135, de 27/6/2014.)
Nenhuma dúvida.
Art. 161.(Revogado pelo art. 30 da Lei Complementar nº 85,
de 28 de dezembro de 2005).
Dispositivo revogado: “Concluída a Sindicância, se apurados
o descumprimento de dever ou o cometimento de falta
funcional por parte do magistrado, o Corregedor-Geral de
Justiça, em despacho, resumirá a acusação, mencionando e
classificando os fatos, e encaminhará os autos ao Presidente
da Corte Superior para instauração de processo
administrativo, de conformidade com o que dispõe o
Regimento Interno do Tribunal de Justiça”
(Artigo com redação dada pelo art. 26 da Lei Complementar
nº 105, de 14/8/2008.)
Subseção II (Suprimida pelo art. 57 da Lei Complementar nº
135, de 27/6/2014.)
Dispositivo suprimido: “Subseção II Da Extinção dos Efeitos
da Punibilidade”

Art. 162. A instauração de processo administrativo


disciplinar, bem como as penalidades definitivamente
impostas pelo Tribunal e as alterações decorrentes de
julgados do Conselho Nacional de Justiça, serão anotadas
nos assentamentos do magistrado mantidos pela
Corregedoria-Geral de Justiça.
(Artigo com redação dada pelo art. 56 da Lei Complementar
nº 135, de 27/6/2014.)
Art. 162-A Aplicam-se aos procedimentos disciplinares
contra magistrados, subsidiariamente, e desde que não
conflitem com a Lei Orgânica da Magistratura Nacional, as
normas e os princípios relativos ao processo administrativo
disciplinar.
(Artigo acrescentado pelo art. 56 da Lei Complementar nº
135, de 27/6/2014.)
Resta saber quais são esses princípios...
Art. 162-B O magistrado que estiver respondendo a processo
administrativo disciplinar só terá apreciado o pedido de
aposentadoria voluntária após a conclusão do processo ou
do cumprimento da penalidade.
(Artigo acrescentado pelo art. 56 da Lei Complementar nº
135, de 27/6/2014.)
Art. 162-C O Tribunal de Justiça comunicará à Corregedoria
Nacional de Justiça as decisões de arquivamento dos
procedimentos prévios de apuração, de instauração e os
julgamentos dos processos administrativos disciplinares.
(Artigo acrescentado pelo art. 56 da Lei Complementar nº
135, de 27/6/2014.)
O acompanhamento pelo CNJ representa uma das facetas do controle
externo. Pode ele, inclusive, avocar o PROCESSO ADMINISTRATIVO
DISCIPLINAR para processá-lo e julgá-lo.

VI - REGIMENTO INTERNO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE MINAS


GERAIS

Interessa-nos falar, sobretudo, do Órgão Especial, que julga os


PROCESSOS ADMINISTRATIVOS DISCIPLINARES, do Corregedor-Geral de
Justiça, que instaura Sindicâncias e requer a instauração de PROCESSOS
ADMINISTRATIVOS DISCIPLINARES e dos Relatores, que aprofundam os
casos submetidos à sua responsabilidade, sendo que, em muitos casos, vogais se
fiam nas suas palavras e votam nessa confiança, o que pode prejudicar os
Imputados.
O grande número de processos julgados em cada sessão pode prejudicar
os Imputados, porque a tendência é o cansaço gerar a menor concentração e o
não aprofundamento nas provas e no Direito.
O tempo da Sustentação Oral deve ser respeitado porque ali está a Defesa
exercitando o sagrado direito de falar para os Julgadores, o que só acontece uma
única vez, sendo que, se houvesse o Revisor, teria falado não apenas para um
dos Julgadores, no caso, o Relator, mas a duas, ou seja, igualmente o Revisor.
Não se pode ter pressa em julgar, sendo que o estabelecimento de prazo
para conclusão dos PROCESSOS ADMINISTRATIVOS DISCIPLINARES
afronta o princípio da AMPLA DEFESA em muitos casos e as prorrogações nem
sempre são requeridas pelos Relatores, mesmo com o pedido expresso dos
Imputados.
Em suma, há muito o que se aperfeiçoar nos PROCESSOS
ADMINISTRATIVOS DISCIPLINARES, de lege ferenda, ficando aqui
registrada a sugestão da inclusão do Revisor e do não estabelecimento de prazos
fixados a priori, o que só se justifica em processos criminais de réus presos.
Julgamos necessário comentarmos normas referentes à composição do
Tribunal, com destaque para as figuras do Presidente e do Corregedor-Geral de
Justiça, os quais desempenham papéis importantes nos PROCESSOS
ADMINISTRATIVOS DISCIPLINARES.

TÍTULO II
DA ORGANIZAÇÃO E DO FUNCIONAMENTO

Acreditamos que, antes de mais nada, quem vai se defender em


PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR, deve conhecer quem é seu
Julgador, ficando a saber que um desses Julgadores é o acusador, acumulando
as duas funções, o que nos parece uma impropriedade, indigna do nosso Direito,
que evoluiu o suficiente para que o acusador não seja Julgador e vice-versa.
Todavia, como vigora ainda esse modelo, o que se tem de fazer é procurar
se defender desde o primeiro momento, utilizando todos os meios legais para
não acontecer de, de omissão em omissão da Defesa, chegar-se ao ponto da
condenação.
O grande inimigo de quem aparece nas vestes de Imputado é a preclusão,
que castiga aqueles que não chece os meandros do Direito Processual
Administrativo Disciplinar.
Tem-se de começar pelo começo, ou seja, saber das ATRIBUIÇÕES e
COMPETÊNCIAS de cada Órgão, da sua forma de composição e, inclusive, das
formas válidas de substituições de Julgadores.
A procura de tais conhecimentos não significa desrespeito aos
Julgadores, mas sim um direito de quem é Imputado, pois o princípio do JUIZ
NATURAL deve ser considerado sagrado.
O direito de AMPLA DEFESA tem de ser exercido com a maior amplitude
possível, sem nenhuma preocupação de agradar a quem julga, mas sim
conseguir que se faça justiça, o que deve ser o objetivo maior de cada processo.
O debate jurídico não significa inimizade, quando levado com
honestidade e imparcialidade por parte dos Julgadores e honestidade por parte
dos Imputados.
Aliás, o próprio Código de Processo Civil fala no princípio da lealdade: “O
princípio da lealdade processual consiste no dever de todos os sujeitos da
relação processual atuar no feito de modo condizente com a moralidade, a fim
de que este atinja seu objetivo: a solução da lide.”
(https://www.google.com.br/search?
q=lealdade+cpc&sxsrf=ALiCzsak6XFozm2E1pxbUvXM1vznh7_Rsw
%3A1655889053721&source=hp&ei=ndyyYqGgKtLM5OUP2umesA8&iflsig=AJ
iK0e8AAAAAYrLqrbWb6YS4VZWCSPlrr7wX0D84rTsi&ved=0ahUKEwjh4tS22
8D4AhVSJrkGHdq0B_YQ4dUDCAc&uact=5&oq=lealdade+cpc&gs_lcp=Cgdnd
3Mtd2l6EAMyBggAEB4QFjIGCAAQHhAWMgYIABAeEBYyBggAEB4QFjIGCA
AQHhAWMgYIABAeEBYyBggAEB4QFjoECCMQJzoLCAAQgAQQsQMQgwE6C
AguEIAEELEDOgUILhCABDoRCC4QgAQQsQMQgwEQxwEQ0QM6CAgAELE
DEIMBOhEILhCABBCxAxCDARDHARCjAjoICC4QsQMQgwE6DgguEIAEEMc
BEKMCENQCOgUIABCABDoLCC4QgAQQsQMQgwE6CwguEIAEELEDENQC
OggIABCABBCxAzoLCC4QgAQQxwEQrwE6BQgAELEDOg0IABCABBCxAxBG
EPkBOggILhCABBDUAlAAWIchYLYlaABwAHgAgAGqAogBsg6SAQYwLjEwLj
KYAQCgAQE&sclient=gws-wiz).
A imparcialidade é outra exigência que não pode deixar de ser sempre
lembrada pelos Julgadores. “Imparcial é o juiz que não tenha interesse no
objeto do processo nem queira favorecer uma das partes, mas isso não quer
dizer que não tenha o magistrado interesse (dever) que sua sentença seja justa
e que atue com esse compromisso.”
(https://www.google.com.br/search?
q=imparcialidade+cpc&sxsrf=ALiCzsZ7zWL2g8DdhsD_F-ks6i-BFDScbg
%3A1655889060494&ei=pNyyYujrHfSZ0Abg54S4Dw&oq=impacialidade+cpc
&gs_lcp=Cgdnd3Mtd2l6EAEYADIECAAQDTIICAAQHhANEAUyCAgAEB4QCB
ANMggIABAeEAgQDTIICAAQHhAIEA06BggAEB4QBzoICAAQHhAIEAc6CAg
AEB4QBxAFOgoIABAeEAcQBRAKSgQIQRgASgQIRhgAUABYmCBgwzhoAHA
BeACAAaUBiAG1DZIBBDAuMTOYAQCgAQHAAQE&sclient=gws-wiz)
O Julgador não deve se irritar pelo fato do Imputado exercer seu direito
de AMPLA DEFESA, inclusive alegando sua suspeição, porque isso é um direito
do Imputado, não não é obrigado a acreditar na isenção do Julgador
simplesmente porque este entende estar acima de qualquer suspeita.
Se o Julgador se entende honesto e competente, o Imputado tem o direito
de duvidar dessas qualidades e vice-versa, fazendo cada um o seu papel,
contanto que haja lealdade, que mencionamos acima. O debate franco faz parte
da dialéica dos processos e assim deve acontecer nos PROCESSOS
ADMINISTRATIVOS DISCIPLINARES, que não podem ser pautados pela ideia
da supremacia da administração pública sobre os administrados.
É preciso, repitamos, que o DIREITO PROCESSUAL ADMINISTRATIVO
DISCIPLINAR seja alçado ao status de um ramo do Direito, tanto quanto o
Processo Penal e o Processo Civil são autônomos, não se podendo dar a eles a
denominação de “Direito Adjetivo” em contrapartida ao “Direito Substantivo”.
Somente assim, teremos justiça em todos os casos.

Art. 9º. O Tribunal de Justiça organiza-se e funciona pelos


seguintes Órgãos, sob a direção do Presidente:
Quanto mais Desembargadores passam a compor o Tribunal e maior
necessidade vai sendo reconhecida de especializações, vão sendo realizadas
adequações para melhor atendimento das novas ATRIBUIÇÕES e novas
COMPETÊNCIAS. O próprio Regimento Interno, quando se refere ao
Presidente, abre espaço para novas ATRIBUIÇÕES e novas COMPETÊNCIAS
(Art. 26. Sem prejuízo de outras competências e atribuições conferidas em Lei,
em geral cabe ao Presidente do Tribunal).
É importante, de início, diferenciar-se o que é ATRIBUIÇÃO e o que é
COMPETÊNCIA, podendo-se dizer, grosso modo, que, regra geral,
ATRIBUIÇÃO é função indelegável e exclusiva, enquanto que COMPETÊNCIA é
delegável e não exclusiva.
Assim, reconhecendo-se que a realidade vai mudando, as previsões legais
vão tentando acompanhá-las.
II - Órgão Especial, constituído pelos treze Desembargadores
mais antigos e por doze Desembargadores eleitos, observado o
quinto constitucional;
Um dos pontos que pode ser questionado, nos PROCESSOS
ADMINISTRATIVOS DISCIPLINARES, é se o Órgão Especial está composto
validamente, podendo, em caso de irregularidade na sua composição, ser
arguida a irregularidade como matéria de defesa, a nivel de preliminar.
III - Corregedoria-Geral de Justiça;
Outro ponto importante é a verificação das ATRIBUIÇÕES da
Corregedoria-Geral de Justiça, pois podem acontecer atuações indevidas,
podendo ser objeto de alegações de nulidades.

Art. 11. Os Órgãos do Tribunal de Justiça funcionam com o


seguinte quorum mínimo e periodicidade:
II - o Órgão Especial, duas vezes por mês, com vinte membros;
Sem o número mínimo de presentes no início das sessões elas não podem
iniciar-se, mas pode acontecer de esse número acabar sendo reduzido no curso
das sessões, todavia o quorum para votação válida de cada processo tem de
tomar como referência o número de 25 membros. Assim, quando é caso, por
exemplo, de exigência de 2/3 dos membros, o quorum mínimo é de 17 votos e
assim por diante.
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, de Lei ou deste
regimento, as decisões serão tomadas:
III - nos demais casos, por maioria simples.
Nos casos de punições administrativas, em PROCESSOS
ADMINISTRATIVOS DISCIPLINARES, basta a maioria simples, ou seja, 13
votos convergentes para a penalidade aplicada. Se não alcançado esse número
de votos contra o Imputado, veremos, adiante, como acontece. No caso de
recusa de promoção por antiguidade, o quorum é de 17 votos.

TÍTULO III
DA COMPOSIÇÃO E DO FUNCIONAMENTO DO ÓRGÃO
ESPECIAL

Art. 12. Na composição do Órgão Especial haverá vinte


Desembargadores que sejam magistrados de carreira e,
alternadamente, três e dois desembargadores oriundos das
classes de advogados e de membros do Ministério Público.
Se a composição não estiver correta, como dito anteriormente, pode ser
objeto de questionamento, como preliminar de nulidade absoluta, ou seja,
pode ser alegada em qualquer tempo, não havendo que se falar em preclusão.
No caso de Desembargadores que ingressaram pelo quinto
constitucional no extinto Tribunal de alçada, são computados como não sendo
de carreira, portanto, como das classes da Advocacia ou do Ministério
Público.
Parágrafo único. Os membros do Órgão Especial, respeitada a
classe de origem, serão:
I - os treze desembargadores mais antigos;
O portal do Tribunal de Justiça de Minas Gerais divulga os nomes dos
Desembargadores por ordem decrescente de antiguidade.
Igualmente, nos PROCESSOS ADMINISTRATIVOS DISCIPLINARES,
se a composição não estiver correta, como dito anteriormente, pode ser objeto
de questionamento, como preliminar de nulidade absoluta, ou seja, pode ser
alegada em qualquer tempo, não havendo que se falar em preclusão.
II - os doze desembargadores eleitos.
Igualmente, se a composição não estiver correta, como dito
anteriormente, pode ser objeto de questionamento, como preliminar de
nulidade absoluta, ou seja, pode ser alegada em qualquer tempo, não havendo
que se falar em preclusão.

Art. 13. Ocorrida vaga no Órgão Especial, será ela provida:


I - mediante portaria do Presidente do Tribunal, se vagar um dos
treze cargos a serem providos por antiguidade;
Para se conferir, basta verificar-se pelo próprio portal do Tribunal ou
requerer certidão ao Cartório especializado do Tribunal.
II - para completar o mandato, pela convocação do suplente ou, se
não houver, por eleição pelo Tribunal Pleno, se vagar um dos doze
cargos a serem providos por eleição.
Não há como ocorrer dúvida por conta da clareza do dispositivo. Porém,
há que se apressar o provimento do cargo vago.
§ 1º Na hipótese do inciso I deste artigo, a efetivação recairá sobre o
desembargador que, na antiguidade no Tribunal, se seguir ao
último integrante da parte mais antiga do Órgão Especial,
oriundo da classe dos magistrados de carreira, dos advogados ou
dos membros do Ministério Público, de modo a que seja obedecida a
composição prevista no art. 12 deste regimento.
Não há como ocorrer dúvida por conta da clareza do dispositivo. Porém,
há que se apressar o provimento do cargo vago.
§ 2º A substituição do desembargador referido no § 1º deste artigo
far-se-á pelo desembargador mais antigo da mesma classe, não
integrante do Órgão Especial, mediante convocação pelo Presidente
do Tribunal.
Não há como ocorrer dúvida por conta da clareza do dispositivo. Porém,
há que se apressar o provimento do cargo vago.

Art. 14. O mandato de cada membro eleito para integrar o Órgão


Especial será de dois anos, admitida uma recondução.
Norma clara, que dispensa comentário.
§ 1º A substituição do desembargador eleito para integrar o Órgão
Especial, nos afastamentos e impedimentos, será realizada pelo
suplente disponível, mediante convocação do Presidente do
Tribunal, inadmitida a recusa.
A expressão “suplente disponível” significa que deve ser feita a
convocação na sequência correta da suplência, justificando-se com motivação
legal, e não pode o Presidente convocar aleatoriamente.
§ 2º Não havendo suplentes, ou sendo impossível a convocação dos
suplentes para a substituição prevista no § 1º deste artigo, o
membro eleito do Órgão Especial será substituído conforme o
disposto no § 2º do art. 13 deste regimento.
É importante conferir se ocorreu conforme o acima disposto, sob pena de
nulidade absoluta, mesmo que o substituto não tenha votado na sessão. Trata-se
de obediência ao princípio do JUIZ NATURAL.

Art. 14-A. Nos casos de afastamento de desembargador,


membro do Órgão Especial, a qualquer título, por período
superior a trinta dias, será convocado desembargador substituto,
na forma deste regimento, que receberá os processos do
substituído e os distribuídos durante o tempo de substituição,
observado o disposto no inciso III do § 5º do art. 69 do regimento.
(Incluído pela Emenda Regimental nº 9, de 2017)
Não se pode desconsiderar o princípio do JUIZ NATURAL, sob pena de
nulidade absoluta, sendo que entendemos que Juiz Substituto de
Desembargador não pode atuar no Órgão Especial, sob pena de nulidade, pois
desatende o princípio em referência um juiz de 1º grau julgar PROCESSOS
ADMINISTRATIVOS DISCIPLINARES em que o Imputado é um juiz do seu
mesmo nivel na carreira.
A estrutura da justiça estadual é composta por dois níveis: os juízes e os
Desembargadores. Todavia, para julgamento de PROCESSOS
ADMINISTRATIVOS DISCIPLINARES em que é Imputado um Desembargador,
como não há nenhum grau superior ao Tribunal de Justiça, esse Imputado é
julgado por seus Pares, todavia, como dito, quanto aos juízes de direito, são
julgados por Desembargadores.

Art. 15. O novo integrante do Órgão Especial entrará em


exercício.
I- na mesma sessão em que ocorrer a indicação ou na primeira
sessão que se seguir, no caso previsto no inciso I do art. 13 deste
regimento;
É importante conferir se esse regramento foi cumprido, sob pena de
nulidade em caso de atuaçao indevida.
II - na primeira sessão que se seguir à convocação do suplente ou à
eleição para completar o mandato, nos casos previstos no inciso II
do art. 13 deste regimento;
É importante conferir se esse regramento foi cumprido, sob pena de
nulidade em caso de atuaçao indevida.
III - na primeira sessão do mês de julho subsequente à eleição, no
caso previsto no art. 137 deste regimento.
É importante conferir se esse regramento foi cumprido, sob pena de
nulidade em caso de atuaçao indevida.

Art. 16. A antiguidade no Órgão Especial regular-se-á pela


antiguidade de seus integrantes no Tribunal.
Parágrafo único. Quando, no curso do mandato, o desembargador
eleito para o Órgão Especial passar a integrá-lo pelo critério de
antiguidade, será declarada a vacância do respectivo cargo eletivo
e convocado o suplente para completar o mandato.
Norma clara, que dispensa comentário.

TÍTULO I
DAS ATRIBUIÇÕES E DA COMPETÊNCIA
CAPÍTULO I
DAS ATRIBUIÇÕES DO TRIBUNAL PLENO
Art. 25. São ATRIBUIÇÕES ao Tribunal Pleno:
São indelegáveis essas funções, pois que são ATRIBUIÇÕES, ou seja,
exclusivas do Pleno.
II - eleger doze membros integrantes do Órgão Especial;
Por uma questão de agilidade que muitas situações comportam, é
permitido que Órgãos delegatários tomem iniciativas para serem referendadas,
posteriormente, pelo Pleno, mas isso não significa a preterição do dever de
prestar contas.
IX - indicar, em lista tríplice, a dvogados ou membros do
Ministério Público, para preenchimento do quinto constitucional
nos Tribunais estaduais;
Todas as ATRIBUIÇÕES e COMPETÊNCIAS não expressamente
delegadas a outros Órgãos são do Pleno, o qual, na verdade, apenas por uma
questão de funcionalidade, delega ATRIBUIÇÕES e COMPETÊNCIAS, que,
normalmente, seriam exclusivamente suas.

CAPÍTULO II
DAS ATRIBUIÇÕES E DA COMPETÊNCIA E DO PRESIDENTE E
DOS VICE-PRESIDENTES
Art. 26. Sem prejuízo de outras competências e atribuições
conferidas em Lei, em geral cabe ao Presidente do Tribunal:
Normatizações específicas podem contemplar outras ATRIBUIÇÕES e
COMPETÊNCIAS ao Presidente, mas, de acordo com o Regimento Interno, são
elas as mencionadas a seguir. Uma das ATRIBUIÇÕES delegadas por normas
outras ao Presidente, por exemplo, é a de votar nos PROCESSOS
ADMINISTRATIVOS DISCIPLINARES, segundo a Resolução 135/CNJ/2011,
art. 14 § 3º.
III - presidir as sessões ... do Órgão Especial ..., nelas exercendo o
poder de polícia, na forma estabelecida neste regimento;
Como dito, o Presidente vota nos PROCESSOS ADMINISTRATIVOS
DISCIPLINARES por força do art. 14 § 3º da Resolução 135/CNJ/2011. Pode-se
indagar se pode se abster: é evidente que sim. Pode-se indagar se pode não
comparecer e nem se fazer substituir: igualmente.

VII - delegar aos Vice-Presidentes e ao Corregedor-Geral de Justiça


a prática de atos de sua competência;
Note-se que as ATRIBUIÇÕES não podem ser delegadas, mas apenas as
COMPETÊNCIAS. Por exemplo, não pode delegar a ATRIBUIÇÃO de votar em
seu lugar nos PROCESSOS ADMINISTRATIVOS DISCIPLINARES.
Igualmente, não pode delegar a ATRIBUIÇÃO de que trata o art. 28, VII:
“representar para instauração de processo administrativo contra
Desembargador e membro do Tribunal de Justiça Militar” etc.

IX - expedir, em seu nome e com sua assinatura, ordem que não


dependa de acórdão ou não seja de competência do relator;
Essas são as ATRIBUIÇÕES do Presidente do Tribunal.
Na prática, é importante fazer-se essa diferenciação, devendo quem está
defendendo algum interesse pesquisar e verificar se se trata de ATRIBUIÇÃO ou
COMPETÊNCIA e, conforme o caso, pLeitear o reconhecimento de nulidade,
que é sempre absoluta no caso de ATRIBUIÇÃO exercida indevidamente.

Art. 28. Além de representar o Tribunal, são atribuições do


Presidente:
VII - representar para instauração de processo administrativo
contra desembargador e membro do Tribunal de Justiça Militar;
Discute-se se, a representação, neste caso e em todos os demais, deve ser
especificando os fatos, como na denúncia crminal, ou se pode ser genérica. Isso
tudo depende da índole de quem denuncia, de quem investiga e de quem julga,
pois não existe um DIREITO PROCESSUAL ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
organicizado como o Processo Penal, o Processo Civil etc.
VIII - instaurar sindicância para apurar fato ou circunstância
determinante de responsabilidade disciplinar de desembargador e
de membro do Tribunal de Justiça Militar, podendo delegar a
realização dos trabalhos sindicantes ao Corregedor-Geral de
Justiça, vedada a subdelegação, e apresentar o resultado da
sindicância ao Órgão Especial;
Da mesma forma que exposto acima, discute-se se, a representação, neste
caso e em todos os demais, deve ser especificando os fatos, como na denúncia
crminal, ou se pode ser genérica. Isso tudo depende da índole de quem
denuncia, de quem investiga e de quem julga, pois não existe um DIREITO
PROCESSUAL ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR organicizado como o
Processo Penal, o Processo Civil etc.
Ao Presidente, bem como ao Corregedor-Geral de Justiça, ambos que
podem funcionar como acusadores e Julgadores, ao mesmo tempo, cabe o dever
de imparcialidade mais ainda do que aos outros membros do Órgão Especial,
pois a acumulação das duas funções tende a fazer com que priorizem a função
acusatória, caso não considerem, em alta conta, o princípio do DEVIDO
PROCESSO LEGAL.

XXII - colocar magistrado em disponibilidade, nos termos da


legislação pertinente;
XXVII - aplicar pena a servidor, nos casos previstos na legislação
pertinente;
XVIII - aplicar a pena de perda de delegação a delegatário de
serviço notarial e de registro;

Art. 29. Cabe ao Primeiro Vice-Presidente:


I - substituir o Presidente e desempenhar a delegação que este lhe
fizer;
O 1º Vice-Presidente faz parte do Órgão Especial, bem como o 2º Vice-
Presidente e o 3º Vice-Presidente.
Esclareça-se que pode desempenhar as delegações válidas.

CAPÍTULO III
DAS ATRIBUIÇÕES DO CORREGEDOR-GERAL DE JUSTIÇA

Art. 32. São atribuições do Corregedor-Geral de Justiça:


A indelegabilidade dessas ATRIBUIÇÕES é relativa, devendo a Defesa
dos Imputados observar caso a caso.
I - exercer a superintendência da secretaria da Corregedoria-Geral
de Justiça e dos serviços judiciais, notariais e de registro do
Estado;
As ATRIBUIÇÕES do Corregedor-Geral de Justiça são muito amplas,
como se percebe por este dispositivo e têm sido ampliadas cada vez mais, por
força de normatizações editadas principalmente pelo conselho nacional de
justiça.
II - integrar o Órgão Especial;
Aliás, o Corregedor-Geral de Justiça também é lembrado como membro
do Órgão Especial pela Resolução 135/CNJ/2011, art. 14, § 3º.
XIV - expedir ato normativo, de cumprimento obrigatório, para
disciplinar matéria de sua competência, que estabeleça diretrizes
visando à perfeita organização e o bom ordenamento da execução
dos serviços administrativos, bem assim exigir e fiscalizar seu
cumprimento pelos juízes diretores do foro, demais juízes de
direito, servidores da secretaria da Corregedoria e da primeira
instância, notários e registradores;
O provimento 355, de 2018, é o mais importante deles atos normativos da
Corregedoria-Geral de Justiça do Tribunal de Justiça mineiro.
Grifamos a expressão de cumprimento obrigatório.
O peticionante formulou um requerimento a respeito, para o fim de
revogação de uma exgência do referido provimento, o qual está para ser
julgado pelo conselho nacional de justiça, através da representação por excesso
de prazo - 0002179-62.2022.2.00.0000, com forte tendência para continuar
em vigor.
XVII - fiscalizar a secretaria da Corregedoria-Geral de Justiça, os
Órgãos de jurisdição de primeiro grau, os Órgãos auxiliares da
justiça de primeira instância e os serviços notariais e de registro do
Estado, para verificação da fiel execução de suas atividades e
cumprimento dos deveres e das obrigações legais e
regulamentares;
XVIII - realizar correição extraordinária, de forma geral ou
parcial, no âmbito dos serviços do foro judicial, das unidades
jurisdicionais do sistema dos juizados especiais, dos serviços
notariais e de registro, dos serviços da justiça de paz, da polícia
judiciária e dos presídios das comarcas do Estado, para verificar-
lhes a regularidade e para conhecer de denúncia, reclamação ou
sugestão apresentada, podendo delegar a juiz auxiliar da
Corregedoria a sua realização;
XIX - verificar e identificar irregularidades nos mapas de
movimento forense das comarcas e de operosidade dos juízes de
direito, adotando as necessárias providências saneadoras;
XXII - exercer a função disciplinar na secretaria da Corregedoria-
Geral de Justiça, nos Órgãos de jurisdição e nos Órgãos auxiliares
da justiça de primeiro grau e nos serviços notariais e de registro do
Estado, nas hipóteses de descumprimento dos deveres e das
obrigações legais e regulamentares;
Esses quatro incisos poderiam ser resumidos em um único, que trataria
do poder-dever de fiscalizar os juízes e serventuários, com exceção dos Cartórios
afetos aos outros Desembargadores.
Em suma, as ATRIBUIÇÕES e COMPETÊNCIAS do Corregedor-Geral de
Justiça são extensas e podem fazer da sua atuação um meio eficiente de
melhorar a prestação jurisdicional ou transformar o judiciário em um campo de
batalha dentro das suas próprias muralhas, criando a insegurança e um
verdadeiro clima de terror, com punições exacerbadas e injustiças
indefensáveis. Tudo depende da índole de cada um que chega a exercer esse
cargo, de grande repercussão durante seus dois anos de mandato.
XXIII - instaurar sindicância ou, se já provado o fato, processo
administrativo disciplinar contra servidor integrante dos quadros
de pessoal da justiça de primeiro e segundo graus, titulares dos
serviços de notas e de registros e seus prepostos não optantes,
para os fins legais, tão logo recebida representação de parte
legítima, ou de ofício, mediante certidões ou documentos que
fundamentem sua atuação;
Redação clara.
XXIV - instaurar sindicância para apurar fato ou circunstância
determinante de responsabilidade disciplinar de Juiz de Direito,
podendo delegar a realização dos trabalhos sindicantes a juiz
auxiliar da Corregedoria, e apresentar o resultado da Sindicância
ao Órgão Especial;
XXV - arquivar, de plano, representação apócrifa contra Juiz de
Direito ou relacionada a ato jurisdicional por ele praticado e
cientificá-lo do teor da decisão;
XXVI - representar ao Órgão Especial para instauração e instrução
de processo administrativo contra Juiz de Direito, assegurada a
ampla defesa;
XXVII - apurar, pessoalmente ou por intermédio de juiz auxiliar da
Corregedoria que designar, sobre o comportamento de Juiz de
Direito e de servidor integrante dos quadros de pessoal da justiça
de primeiro e segundo graus, em especial no que se refere a
atividade político-partidária;
XXVIII - por determinação do Órgão Especial, dar prosseguimento
às investigações, quando houver indício da prática de crime de
ação penal pública por magistrado;
XXXI - verificar o exercício de atividade de magistério por Juiz de
Direito e, em caso de apuração de irregularidade ou constatação de
prejuízo para a prestação jurisdicional decorrente daquela
atividade, adotar as medidas necessárias para o interessado
regularizar a situação, sob pena de instauração do procedimento
disciplinar cabível.
Ao Corregedor-Geral de Justiça, como ao Presidente, ambos que podem
funcionar como acusadores e Julgadores, ao mesmo tempo, cabe o dever de
imparcialidade mais ainda do que aos outros membros do Órgão Especial, pois a
acumulação das duas funções tende a fazer com que priorizem a função
acusatória, caso não considerem, em alta conta, o princípio do DEVIDO
PROCESSO LEGAL.

CAPÍTULO IV
DAS ATRIBUIÇÕES E DA COMPETÊNCIA DOS DEMAIS ÓRGTRIBUNAL
SEÇÃO I
DA COMPETÊNCIA DO ÓRGÃO ESPECIAL
Art. 33. Compete ao Órgão Especial, por delegação do Tribunal
Pleno:
V - julgar recurso interposto contra decisão jurisdicional do
Presidente, do Primeiro Vice-Presidente, do Segundo Vice-
Presidente ou do Terceiro Vice-Presidente do Tribunal de Justiça,
nos casos previstos em lei ou neste regimento;
VI - julgar agravo interno, sem efeito suspensivo, de decisão do
Relator que, nos processos criminais de competência originária e
nos feitos de sua competência:
a) recusar produção de prova ou realização de diligência;
VII - julgar embargos em feito de sua competência;
A expressão correta deveria ser de ATRIBUIÇÃO e não de COMPETÊNCIA,
pois são tarefas exercidas com exclusividade, não podendo haver, inclusive,
delegação.

SEÇÃO II
DAS ATRIBUIÇÕES DO ÓRGÃO ESPECIAL

Art. 34. São atribuições do Órgão Especial, delegadas do


Tribunal Pleno:
VII - estabelecer normas de caráter geral e de cumprimento
obrigatório para a fiel execução das leis e o bom andamento do
serviço forense;
Esta norma é uma COMPETÊNCIA e não uma ATRIBUIÇÃO, pois o
Corregedor-Geral de Justiça tem idêntica COMPETÊNCIA, conforme o art.
32, XIV.
X - decidir sobre a invalidez de Desembargador e Juiz de Direito,
para fins de aposentadoria, afastamento ou licença compulsória;
XI - decidir sobre a aplicação das penas de advertência e de censura
aos juízes de primeiro grau e sobre a remoção, a disponibilidade e a
aposentadoria por interesse público do magistrado, pelo voto da
maioria absoluta de seus membros, assegurada ampla defesa;
XII - declarar o abandono ou a perda de cargo em que incorrer
magistrado;
XV - movimentar Juiz de Direito de uma para outra vara da mesma
comarca, se o interesse da prestação jurisdicional o recomendar,
pelo voto de dois terços de seus membros, assegurada ampla
defesa;
XXVIII - julgar recurso contra decisão do Presidente do Tribunal
que impuser pena disciplinar, nos termos da legislação pertinente;
A garantia constitucional da AMPLA DEFESA não pode ser lembrada
quando há previsão expressa, mas em todos os casos de julgamento,
evidentemente.

TITULO III
DAS SESSÕES

Art. 55. As sessões classificam-se como solenes, especiais,


ordinárias ou extraordinárias, sendo:
I - ordinárias as destinadas à apreciação e julgamento de matéria
judicial ou administrativa, realizadas nos dias estabelecidos em
provimento anual do Órgão Especial;
II - extraordinárias as convocadas pelo Presidente do respectivo
Órgão, para apreciação de matéria administrativa urgente ou para
concluir a apreciação de matéria constante de pauta de sessão
ordinária.
É importante para o Imputado verificar essa questão.

Art. 56. O horário de início da sessão deverá ser publicado no


Diário do Judiciário eletrônico com, no mínimo, dois dias de
antecedência.
§ 1º As sessões ordinárias terão início às treze horas e trinta
minutos e deverão ser encerradas às dezoito horas, prorrogável o
término até o julgamento ou esgotamento da pauta.
O número excessivo de processos incluídos nas pautas nem sempre
permite a perfectibilidade que as partes merecem, inclusive sendo incorreto, ao
nosso entender, pedir-se aos que vão proferir Sustentação Oral que resumam
suas falas, pois ali se está exercendo o sagrado direito de AMPLA DEFESA.
§ 2º O início das sessões ordinárias poderá ser antecipado para o
período da manhã, conforme estiver contido na convocação.

LIVRO III
DOS PROCEDIMENTOS EM GERAL
TÍTULO I
DO REGISTRO, DO PREPARO E DA
DISTRIBUIÇÃO DE FEITOS CAPÍTULO I DO
REGISTRO E DO PREPARO
SEÇÃO I
DO REGISTRO
Art. 62. Os feitos a serem submetidos à apreciação do Tribunal
serão registrados:
I - no protocolo da Corregedoria-Geral de Justiça, os que devam ser
submetidos à sua apreciação;
II - no protocolo geral, todos os demais.
Parágrafo único. Os feitos judiciais, após o registro no
protocolo geral, serão encaminhados para cadastramento, e os
demais procedimentos judiciais em andamento, aos respectivos
Cartórios.
Dispensam-se comentários.

Art. 63. Constatada alguma irregularidade nos recursos, far-


se-á promoção ao Primeiro Vice-Presidente, que determinará a
devolução dos autos ao juízo de origem, para que seja ela sanada.
Dispensam-se comentários.

Art. 64. O registro será realizado no mesmo dia da


apresentação do feito, procedendo-se à publicação no Diário do
Judiciário eletrônico, após efetuada a distribuição, nela
constando o número, classe no Tribunal, além da comarca, nomes
das partes, nomes dos Advogados e nome do Relator.
Dispensam-se comentários.
SEÇÃO III DO JUIZ CERTO

Art. 80. Será juiz certo ou vinculado e, como tal, participará do


julgamento, salvo caso de força maior:
I- o que tiver lançado o relatório, posto “visto” nos autos,
proposto diligência, ou ainda quando, por qualquer motivo,
estiver vencido o prazo de revisão;
II - o que já tiver proferido voto, em julgamento adiado;
III - o que tiver pedido adiamento de julgamento;
IV - o Relator do Acórdão, nos embargos de declaração e no
julgamento de incidentes que devem ser apreciados pela Câmara;
V - o Desembargador, mesmo que eleito para cargo de direção, que
tiver tomado parte no julgamento para o novo a que se proceder,
em virtude de adiamento, de conversão em diligência, oposição de
embargos infringentes criminais, embargos de declaração, ou juízo
de retratação da decisão objeto de recurso extraordinário ou
especial, nos termos da legislação processual; (Redação dada pela
Emenda Regimental n° 6, de 2016)
VI - o Desembargador a quem for distribuído o pedido de concessão
de efeito suspensivo ou de tutela recursal antecipada dirigido ao
Tribunal no período entre a interposição da apelação cível e sua
distribuição, na forma da Lei processual civil. (Incluído pela
Emenda Regimental n° 6, de 2016)
Parágrafo único. A permuta ou remoção para outro Órgão
fracionário não cessa a vinculação do Desembargador aos feitos
que lhe tenham sido distribuídos, sem prejuízo de distribuições
futuras no novo Órgão.
A vinculação do Julgador ao processo é de extrema importância e deve
ser fiscalizada pelo Imputado, a não ser em casos de força maior, o que pode
gerar polêmica, pois o que seja força maior depende do entendimento de cada
um.

TÍTULO II
DO RELATOR E DO
REVISOR CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES
GERAIS E DOS PRAZOS
Art. 83. Não poderão servir como Relator o Presidente e os Vice-
Presidentes do Tribunal e o Corregedor-Geral de Justiça, exceto nos
feitos que já lhes tenham sido distribuídos até o dia da eleição, caso
em que fica preventa a competência, e nos feitos que, por
disposição legal ou regimental, forem de suas competências.
Entendemos que, em processo de aposentadoria decorrente de
entendimentimento de não reaproveitamento de Juiz de Direito, o
Corregedor-Geral de Justiça, que conduziu o processo de reaproveitamento,
não pode ser o Relator nesse novo processo.

Art. 84. Nos feitos de competência originária, o Relator terá as


atribuições que a legislação processual confere aos juízes
singulares.

Art. 85. Recebido o processo como Relator e não havendo pedido


de vista formulado por Advogado atuante no processo, o
Desembargador lançará o relatório, sugerirá a data da sessão para
julgamento pelo sistema eletrônico e: (Redação dada pela Emenda
Regimental n° 6, de 2016)
IV - pedirá dia para julgamento, nos demais casos. (Incluído pela
Emenda Regimental n° 6, de 2016)
Dispensam-se comentários.

Art. 87. O Relator sobrestará o processo quando for


determinado em Lei, e deverá fazê-lo: (Redação dada pela Emenda
Regimental n° 6, de 2016)
II - nos casos de dúvida sobre a integridade mental do acusado,
salvo quanto a diligência que possa ser prejudicada pelo
sobrestamento, observada a legislação processual penal.
Dispensam-se comentários.

CAPÍTULO II
DO RELATOR

Art. 89. Compete ao Relator, além de outras atribuições previstas


na legislação processual:
I - dirigir e ordenar o processo no Tribunal até a sessão, inclusive
em relação à produção de prova; (Redação dada pela Emenda
Regimental n° 6, de 2016)
IV – a - delegar a juiz de primeira instância a competência para
a produção de provas; (Incluída pela Emenda Regimental n° 6, de
2016)
XII - mandar riscar, de ofício ou a requerimento do ofendido,
expressão desrespeitosa que represente quebra do tratamento
devido a magistrado, membro do Ministério Público ou outra
autoridade, determinando, se inviável o cancelamento, por
prejudicial ao conjunto de peça inquinada, que esta seja
desentranhada do processo e o requerente volte a se manifestar em
termos próprios; (Redação dada pela Emenda Regimental n° 6, de
2016)
XIII - ordenar remessa de cópias de peças ou documentos ao
Ministério Público ou à autoridade policial para fins de
instauração de ação penal ou de inquérito, quando verificar, nos
autos, a existência de indícios de crime de ação pública; (Redação
dada pela Emenda Regimental n° 6, de 2016)
XV - lançar nos autos relatório que contenha adequada exposição
da matéria controvertida e daquela que, de ofício, possa vir a ser
objeto do julgamento;
XVI - pedir dia para o julgamento nos processos em que não
haja revisão; (Redação dada pela Emenda Regimental n° 6, de
2016)
XVIII - homologar a desistência de recurso; (Redação dada pela
Emenda Regimental n° 6, de 2016)
XXIII - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que
não tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão
recorrida nos termos da Lei processual; (Redação dada pela
Emenda Regimental n° 6, de 2016)
XXIX - determinar a intimação do Ministério Público, quando for
o caso. (Incluído pela Emenda Regimental n° 6, de 2016)
§ 2º Aplica-se às determinações do Relator o disposto no parágrafo
único do art. 115 deste regimento. (Incluído pela Emenda
Regimental n° 6, de 2016)

Art. 90. Ao Relator do Acórdão compete:


II - relatar, independentemente de nova distribuição, os
embargos de declaração opostos aos Acórdãos que lavrar,
inclusive como Relator para o acórdão.

TÍTULO III
DA CONVOCAÇÃO, DA PAUTA, DO JULGAMENTO, DO
ACÓRDÃO E DA DIVULGAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA
CAPÍTULO I
DA CONVOCAÇÃO
CAPÍTULO II
DA PAUTA

Art. 97. Os autos com designação de dia para julgamento e os


colocados em mesa serão remetidos ao Cartório onde tramita o
feito, para organização da pauta ou para serem nela incluídos.

Art. 98. A pauta de julgamento será organizada pela classe de


feitos mais antigos, exceto os que possuem prioridade legal ou
regimental, obedecida a ordem numérica crescente e a antiguidade
do Relator.

Art. 99. Entre a data de publicação da pauta e a da sessão de


julgamento decorrerá, pelo menos, o prazo de 5 (cinco) dias,
excluído o dia de publicação. (Redação dada pela Emenda
Regimental n° 6, de 2016)
§ 1º Serão incluídos em nova pauta os processos que não tenham
sido julgados, salvo aqueles cujo julgamento tiver sido
expressamente adiado para a primeira sessão seguinte. (Redação
dada pela Emenda Regimental n° 6, de 2016)
§ 2º Publicada a pauta de julgamento: (Redação dada pela Emenda
Regimental n° 6, de 2016)
I - não será nela incluído qualquer outro processo, exceto aqueles
que, por disposição legal, possam ser colocados em mesa e
ressalvada a possibilidade de publicação de pauta complementar,
desde que respeitado o prazo previsto no caput deste artigo;
(Incluído pela Emenda Regimental n° 6, de 2016)
II - às partes será permitida a vista dos autos em Cartório;
(Incluído pela Emenda Regimental n° 6, de 2016)
III - os Advogados das partes ficam intimados para requerer e
produzir a Sustentação Oral, nos casos em que admitida e se assim
desejarem, cientes de que o julgamento não será adiado caso
compareça para Sustentação Oral apenas o Advogado de uma das
partes. (Incluído pela Emenda Regimental n° 6, de 2016)

Art. 100. A pauta de julgamento, a partir do dia de sua


publicação, será divulgada no sítio do Tribunal na internet,
afixada em quadro próprio, na entrada do prédio da secretaria do
Tribunal e, no dia do julgamento, junto à porta da sala de sessão.

Art. 101. Em todos os processos do Órgão Especial, o Cartório


remeterá aos Desembargadores vogais, preferencialmente por
meio eletrônico, cópias da inicial, da contestação, da sentença, do
parecer da Procuradoria-Geral de Justiça, do Acórdão
embargado e de outras peças indicadas pelo Relator.
Parágrafo único. Em qualquer processo, as partes poderão
fornecer cópias de suas razões para distribuição aos vogais.
Nem todas essas providências são tomadas por quem de direito, mas o
Imputado deve requerer que tudo seja certificado, ou seja, se as exigências
dos arts. 97 a 101 foram cumpridas.
De acordo com o caso, ocorre a nulidade do próprio julgamento.

CAPÍTULO III
DO JULGAMENTO

Art. 102. Os julgamentos serão públicos e feitos em sessão


ordinária ou extraordinária, observada a seguinte ordem de
trabalho:
I - verificação do número de Desembargadores presentes e, se
houver quorum, abertura de sessão;
II - dispensa da Leitura da ata, se publicada no Diário do Judiciário
eletrônico;
III - julgamento dos processos incluídos em pauta; (Redação dada
pela Emenda Regimental n° 6, de 2016)
IV - apresentação de indicações e propostas;
V - conferência e assinatura de acórdãos. (Redação dada pela
Emenda Regimental n° 6, de 2016)
Parágrafo único. Nas sessões realizadas pelo sistema eletrônico,
os Acórdãos dos processos julgados serão assinados digitalmente,
nos termos do art. 115 deste regimento.

Art. 103. Os recursos, a remessa necessária e os processos de


competência originária serão julgados na seguinte ordem:
(Redação dada pela Emenda Regimental n° 6, de 2016)
I - aqueles em que participa do julgamento, como convocado,
Desembargador para compor o quorum ou que dele deva
participar em face de vinculação; (Redação dada pela Emenda
Regimental n° 6, de 2016)
II - aqueles cujo julgamento tenha iniciado em sessão anterior;
(Redação dada pela Emenda Regimental n° 6, de 2016)
III -os requerimentos de preferência apresentados pelas partes
interessadas até o início da sessão de julgamento ou os formulados
pelo Relator, Revisor ou vogal quando houver motivo relevante;
(Redação dada pela Emenda Regimental n° 6, de 2016)
IV - julgamento em bloco, desde que previsto com destaque na
pauta, dos processos conexos ou que versarem sobre a mesma
questão jurídica, ainda que apresentem peculiaridades. (Incluído
pela Emenda Regimental n° 6, de 2016)
§ 1º A preferência poderá ser concedida: (Incluído pela Emenda
Regimental n° 6, de 2016)
I - no caso de sustentação oral: (Incluído pela Emenda Regimental
n° 6, de 2016)
a)para a mesma sessão, quando requerida por uma das partes;
(Incluída pela Emenda Regimental n° 6, de 2016)
b)para a sessão imediata: (Incluída pela Emenda Regimental n° 6,
de 2016)
1)desde que a requeiram os Advogados de todos os interessados; :
(Incluído pela Emenda Regimental n° 6, de 2016)
2)quando o Relator deferir requerimento fundamentado em
motivo relevante; : (Incluído pela Emenda Regimental n° 6, de
2016)
I - no caso de assistência, que precederá as sustentações orais e
não poderá ser adiada para outra sessão. : (Incluído pela Emenda
Regimental n° 6, de 2016)
§ 2º Anunciado o julgamento, estando ausente o Advogado que
fez a inscrição, será o pedido tido como inexistente, retornando o
processo a seu lugar na pauta. : (Incluído pela Emenda Regimental
n° 6, de 2016)
§ 3º O Advogado poderá requerer que conste do julgamento sua
presença para assistir, caso em que, mantendo-se presente no
momento do anúncio do julgamento, ser-lhe-á lida, pelo Relator, a
ementa de seu voto e, pelos demais Julgadores, os resumos dos
respectivos votos, caso não estejam de acordo com o Relator. :
(Incluído pela Emenda Regimental n° 6, de 2016)

Art. 104. A inscrição para sustentação oral ou assistência será


feita pessoalmente antes do início da sessão, facultada a
antecipação, por meio eletrônico, até quatro horas antes do início
da sessão.
Parágrafo único. Em qualquer caso, deverá ser respeitado o
disposto no art. 103 deste regimento.
A Sustentação Oral pode ser feita por Procurador constituído ou pela
própria parte.

A recente modificação no Estatuto da OAB não teve o condão de impedir


a defesa própria em PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR (v. art. .
2º ..... § 2º-A. No processo administrativo, o Advogado contribui com a
postulação de decisão favorável ao seu constituinte, e os seus atos constituem
múnus público.)

Art. 105. Poderá haver sustentação oral pelo prazo de 15 (quinze)


minutos para cada uma das partes e o Ministério Público, na
condição de fiscal da Lei, ressalvados os prazos especiais fixados
em Lei: (Redação dada pela Emenda Regimental n° 6, de 2016)
§ 6º Quando houver mais de um recorrente, incumbirá ao
Presidente definir a ordem das sustentações orais, observado o
conteúdo de cada recurso. (Redação dada pela Emenda Regimental
n° 6, de 2016)
§ 8º Sendo a parte representada por mais de um Advogado,
poderão eles dividir o tempo entre si. (Redação dada pela Emenda
Regimental n° 6, de 2016)
§ 10. Na s ustentação oral é defeso o aparte, sendo facultado
aos Desembargadores que participarem do julgamento pedir
esclarecimentos ao orador. (Incluído pela Emenda Regimental n°
6, de 2016)
§ 11. Para a s ustentação oral, os Advogados e membros do
Ministério Público apresentar-se-ão com vestes talares. (Incluído
pela Emenda Regimental n° 6, de 2016)

Art. 106. Encerrada a sustentação oral, é defeso às partes e ao


Procurador de justiça intervir no julgamento, exceto se autorizado
pelo Presidente, para arguir erro de fato em que incorra o votante.
Parágrafo único. A parte que interferir indevidamente no
julgamento ou usar expressões desrespeitosas à dignidade dos
Órgãos judiciários ou de qualquer autoridade constituída será
advertida pelo Presidente e, se persistir, terá cassada a palavra.
A Resolução 135/CNJ/2011, estabelece:
Art. 20. O julgamento do processo administrativo disciplinar será
realizado em sessão pública e serão fundamentadas todas as decisões,
inclusive as interlocutórias.
§ 1º Em determinados atos processuais e de julgamento, poderá, no
entanto, ser limitada a presença às próprias partes e a seus
Advogados, ou somente a estes, desde que a preservação da intimidade
não prejudique o interesse público.
§ 2º Para o julgamento, que será público, serão disponibilizados aos
integrantes do Órgão Julgador acesso à integralidade dos autos do
processo administrativo disciplinar.

Art. 107. Concluída a sustentação oral, o Presidente tomará os


votos do Relator, ... e dos vogais, na ordem decrescente de
antiguidade. (Redação dada pela Emenda Regimental n° 6, de 2016)
§ 1º O Relator ou outro Desembargador que não se considerar
habilitado a proferir imediatamente seu voto poderá solicitar vista
pelo prazo máximo de 10 (dez) dias, após o qual o recurso será
reincluído em pauta para julgamento na sessão seguinte à data da
devolução. (Redação dada pela Emenda Regimental n° 6, de 2016)
§ 2º Se os autos não forem devolvidos tempestivamente ou se não
for solicitado pelo Desembargador a prorrogação do prazo de no
máximo mais 10 (dez) dias, o Presidente os requisitará para
julgamento do recurso na sessão ordinária subsequente, com
publicação da pauta em que for incluído. (Incluído pela Emenda
Regimental nº 14, de 2020)
§ 3º Ocorrida a requisição mencionada no parágrafo anterior, se o
Desembargador que pediu vista não se sentir habilitado a votar, o
Presidente convocará substituto para proferir voto, observado os
seguintes critérios: (Incluído pela Emenda Regimental nº 14, de
2020)
I - a convocação recairá sobre o vogal que suceder o
substituído na ordem decrescente de antiguidade; (Incluído pela
Emenda Regimental nº 14, de 2020)
II - caso a convocação de integrante do mesmo Órgão Julgador não
seja possível ou não seja suficiente para compor o quorum
necessário para o julgamento do processo, deverá ser convocado
Desembargador de outra câmara, nos termos dos incisos I e II do
art. 95 deste regimento. (Incluído pela Emenda Regimental nº 14,
de 2020)
§ 4º O Desembargador que não houver assistido ao relatório
poderá: (Redação dada pela Emenda Regimental n° 6, de 2016)
(Renumerado pela Emenda Regimental nº 14, de 2020)
I - abster-se de votar, exceto quando ficar comprometido o
quorum de julgamento; (Incluído pela Emenda Regimental n° 6,
de 2016)
II - pedir adiamento do julgamento e vista dos autos, o que não
impede que votem aqueles que se sentirem habilitados. (Incluído
pela Emenda Regimental n° 6, de 2016)
§ 5º Na sessão em que prosseguir o julgamento adiado, o voto
proferido anteriormente será computado e registrado no sistema
eletrônico e na ata, ainda que ausente o Desembargador que o
tenha proferido, fato que não impedirá a coleta dos demais votos,
salvo o disposto no art. 105, §§ 1º a 4º. (Redação dada pela Emenda
Regimental n° 6, de 2016) (Renumerado pela Emenda Regimental
nº 14, de 2020)
§ 6º O Desembargador que já tiver votado poderá rever o voto por
ocasião do prosseguimento do julgamento, inclusive, nas causas
cíveis, nas hipóteses previstas no art. 942, do CPC. (Incluído pela
Emenda Regimental n° 6, de 2016) (Renumerado pela Emenda
Regimental nº 14, de 2020)

Art. 108. A questão preliminar será julgada antes do mérito,


deste não se conhecendo se incompatível com a decisão daquela.
(Redação dada pela Emenda Regimental n° 6, de 2016)
§ 1º Constatada a ocorrência de vício sanável, inclusive aquele que
possa ser conhecido de ofício, o Relator determinará a realização
ou a renovação do ato processual, no próprio Tribunal ou em
primeiro grau de jurisdição, intimadas as partes. (Incluído pela
Emenda Regimental n° 6, de 2016)
§ 2º Cumprida a diligência de que trata o § 1º, o Relator, sempre
que possível, prosseguirá no julgamento do recurso. (Incluído pela
Emenda Regimental n° 6, de 2016)
§ 3º Reconhecida a necessidade de produção de prova, o Relator
converterá o julgamento em diligência, que se realizará no
Tribunal ou em primeiro grau de jurisdição, decidindo-se o
recurso após a conclusão da instrução. (Incluído pela Emenda
Regimental n° 6, de 2016)
§ 4º Quando não determinadas pelo Relator, as providências
indicadas nos §§ 1º e 3º poderão ser determinadas pelo Órgão
competente para julgamento do recurso. (Incluído pela Emenda
Regimental n° 6, de 2016)

Art. 109. Se a preliminar for rejeitada ou se a apreciação do


mérito for com ela compatível, seguir-se-ão a discussão e o
julgamento da matéria principal, sobre a qual todos deverão se
pronunciar, inclusive o vencido. (Redação dada pela Emenda
Regimental n° 6, de 2016)

Art. 110. Salvo disposição em contrário, as deliberações serão


tomadas por maioria de votos.
§ 3º No Órgão Especial, o Presidente votará nos termos do que
dispõe o inciso IV do art. 26 deste regimento.
§ 4º Os Desembargadores membros do Órgão Especial, ocupantes
de cargo de direção, votarão ... em matéria ... administrativa.
§ 5º Em julgamento ... de agravo interno, havendo empate,
prevalecerá, respectivamente, ... a decisão agravada. (Redação
dada pela Emenda Regimental n° 6, de 2016)

Art. 111. Sempre que o objeto da decisão puder ser decomposto


em questões ou parcelas distintas, cada uma será votada
separadamente, para se evitar dispersão de votos ou soma de votos
sobre teses diferentes, observado, no que couber, o disposto no art.
109 deste regimento.

Art. 112. Quando, na votação de questão global indecomponível,


ou de questões ou parcelas distintas, se formarem duas opiniões,
sem que nenhuma alcance a maioria exigida, ressalvados casos de
declaração de constitucionalidade ou de inconstitucionalidade,
prevalecerá a média dos votos ou o voto médio.

Art. 113. Se os votos de todos os Julgadores forem divergentes


quanto à conclusão, o Presidente, cindindo o julgamento em partes,
submeterá toda a matéria a nova apreciação.

Art. 114. Os Julgadores poderão modificar o voto até a


proclamação do resultado pelo Presidente, salvo aquele já
proferido por Desembargador afastado ou substituído. (Redação
dada pela Emenda Regimental n° 6, de 2016)

Art. 115. Proferidos os votos, o Presidente anunciará o resultado


do julgamento e designará para redigir o Acórdão o Relator ou, se
vencido este, o autor do primeiro voto vencedor. (Redação dada
pela Emenda Regimental n° 6, de 2016)
§ 1º O Presidente assinará digitalmente o extrato referente ao
processo, que deverá conter os dados identificadores do processo, a
súmula do julgamento e o nome dos Julgadores, com especificação
dos votos vencidos. (Incluído pela Emenda Regimental n° 6, de
2016)
§ 2º A notificação de ordens ou decisões oriundas do julgamento
será feita por servidor credenciado do Cartório, por qualquer meio
eficaz, inclusive eletrônico, adotando-se os cuidados necessários à
autenticação da mensagem e do seu recebimento. (Incluído pela
Emenda Regimental n° 6, de 2016)

Art. 115-A Se não for unânime o julgamento em apelação e no


agravo de instrumento quando houver reforma da decisão que
julgar parcialmente o mérito, bem como na ação rescisória quando
o pedido resultar na desconstituição da sentença ou Acórdão, por
maioria de votos, o julgamento prosseguirá perante os Órgãos
fracionários indicados nos arts. 35, parágrafo único e 37,
parágrafo único e será assegurado às partes e a eventuais terceiros
o direito de sustentar oralmente suas razões perante os novos
Julgadores. (Incluído pela Emenda Regimental n° 6, de 2016)
§ 1º O processo será, quando necessário, incluído em pauta nos
termos deste Regimento Interno. (Incluído pela Emenda
Regimental n° 6, de 2016)
§ 2º O voto do Desembargador que participou do julgamento
anterior ainda não concluído e que também integra o Órgão
fracionário que prosseguirá no julgamento na forma do caput deste
artigo não será novamente computado, mas poderá revê-lo até
antes de concluído o julgamento. (Incluído pela Emenda
Regimental n° 6, de 2016)

Art. 116. A ata eletrônica, redigida pelo servidor encarregado


de secretariar a sessão, no sistema eletrônico pertinente, conterá
as ocorrências, especialmente:
I - o dia, mês e ano da sessão e a hora da abertura e encerramento;
II - os nomes dos Julgadores que tenham presidido, dos que
compareceram, pela ordem decrescente de antiguidade, e do
Procurador de justiça;
III - os nomes dos Advogados que ocuparam a tribuna, com a
menção dos processos em que atuaram;
IV - os processos julgados, sua natureza, número de ordem e
comarca de origem, o resultado da votação, o nome do Relator e
dos Julgadores vencidos, bem como dos que se declararam
suspeitos e impedidos;
V - as propostas apresentadas com a respectiva votação;
VI - indicação da matéria administrativa tratada e votada;
VII - a menção de ter sido realizada a sessão, total ou parcialmente,
em segredo de justiça; VIII - as demais ocorrências relevantes.

Art. 117. Submetida a ata à apreciação do respectivo Órgão


Julgador, depois de feitas as retificações, se for o caso, será
assinada digitalmente pelo Presidente e servidor encarregado de
secretariar a sessão.

Art. 118. O julgamento dos recursos e dos processos de


COMPETÊNCIA originária poderá ser realizado por meio
eletrônico, cabendo ao Relator cientificar as partes pelo Diário do
Judiciário eletrônico. (Redação dada pela Emenda Regimental n°
6, de 2016)
§ 1º Qualquer das partes poderá, no prazo de 5 (cinco) dias,
apresentar memoriais ou discordância do julgamento por meio
eletrônico. (Redação dada pela Emenda Regimental n° 6, de 2016)
§ 2º A discordância não necessita de motivação, sendo apta a
determinar o julgamento em sessão presencial. (Redação dada pela
Emenda Regimental n° 6, de 2016)
§ 3º No julgamento virtual, o Relator encaminhará seu voto aos
demais componentes da turma Julgadora por meio eletrônico.
(Redação dada pela Emenda Regimental n° 6, de 2016)
§ 4º Os demais componentes da turma Julgadora poderão
requisitar os autos para exame e manifestarão sua adesão por
meio eletrônico. (Redação dada pela Emenda Regimental n° 6, de
2016)
§ 5º Não manifestada a divergência ou ocorrendo o consenso, o
voto do Relator servirá como Acórdão para publicação no Diário
do Judiciário eletrônico. (Incluído pela Emenda Regimental n° 6,
de 2016)

CAPÍTULO IV
DO ACÓRDÃO

Art. 121. O Acórdão será lavrado pelo Relator e conterá:


I - a ementa, que terá início com a palavra ou expressão
designativa do tema principal, objeto do julgamento, bem como a
súmula do que ficou decidido;
II - a classe, o número do feito e os nomes das partes;
III - a indicação do Órgão que fez o julgamento;
IV - a indicação dos Advogados que proferiram Sustentação Oral
ou assistiram ao julgamento, conforme o caso;
V - a declaração de que a decisão foi unânime ou não,
mencionando, se for o caso, os nomes dos vencidos;
VI - o dispositivo;
VII - a data em que a sessão foi realizada;
VIII - a assinatura do Relator ou do Presidente, em caso de
impossibilidade de se colher a do Relator.
§ 1º O Acórdão conterá a identificação do Relator e dos demais
Julgadores com os respectivos votos assinados digitalmente.
§ 2º Em caso de impossibilidade de assinatura digital, os votos
serão rubricados pelos demais Julgadores.
§ 3º Quando o julgamento for unânime e houver voto escrito apenas
do Relator, com a manifestação dos Revisores e dos vogais de que
estão de acordo com o voto proferido, bastará a assinatura do
Relator.

Art. 122. O Acórdão será lavrado pelo Relator, salvo se vencido


in totum, caso em que deverá o vencedor fazê- lo.
§ 1º Nos casos de ausência ou impedimento do Relator ou dos
Desembargadores vencedores, caberá ao primeiro vencido, na
ordem de antiguidade, lavrar o Acórdão, declarando os votos dos
ausentes, bem como relatar os embargos declaratórios. (Redação
dada pela Emenda Regimental n° 6, de 2016)
§ 2º O Presidente designará Relator ad hoc para o Acórdão, no
caso de ausência de todos os Desembargadores que participaram
do julgamento.
§ 3º Será Relator para o Acórdão aquele que proferir o voto médio.
§ 4º Lavrado o Acórdão, sua ementa será publicada no Diário do
Judiciário eletrônico no prazo de 10 (dez) dias, e, se o conteúdo dos
Acórdãos for igual ao de outro ou ao de outros Acórdãos, bastará a
remissão a um deles. (Incluído pela Emenda Regimental n° 6, de
2016)

Art. 123. No prazo de 10 (dez) dias da assinatura do Acórdão, o


Cartório onde tramita o feito fará publicar a súmula da decisão,
dela constando os nomes dos Advogados das partes. (Redação
dada pela Emenda Regimental n° 6, de 2016)
§ 1º Publicado o Acórdão, a parte vencida poderá retirar os autos
do Cartório pelo prazo que a Lei consignar. (Redação dada pela
Emenda Regimental n° 6, de 2016)
§ 2º Havendo mais de uma parte vencida, os autos não poderão ser
retirados do Cartório, salvo se houver acordo entre elas,
manifestado por escrito em expediente dirigido ao gerente do
Cartório onde tramita o feito.

Art. 123-A. Não publicado o Acórdão no prazo de 30 (trinta)


dias, contado da data da sessão de julgamento, as notas
taquigráficas o substituirão, para todos os fins legais,
independentemente de revisão. (Incluído pela Emenda Regimental
n° 6, de 2016)
Parágrafo único. No caso do caput, o Presidente da turma
Julgadora lavrará, de imediato, as conclusões e a ementa e
mandará publicar o Acórdão. (Incluído pela Emenda Regimental n°
6, de 2016)

Art. 124. Qualquer inexatidão material existente no Acórdão,


devida a lapso manifesto, erro de escrita ou cálculo, poderá, de
ofício ou a requerimento de qualquer das partes, ser corrigida pelo
Relator do Acórdão, que determinará a sua republicação.
Não pode haver prazo estabelecido para tal correção, pois um erro dessa
magnitude não pode prevalecer sob o manto da preclusão.

LIVRO IV
DOS PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS
TITULO I
DAS ESPÉCIES DE
PROCEDIMENTO
Art. 134. São procedimentos administrativos:
IX - a verificação de invalidez de magistrado;
X - a advertência, a censura, a remoção, a disponibilidade e a
aposentadoria de magistrado por interesse público e a perda do
cargo;
XI - o vitaliciamento de Juiz de Direito;
XIII - o recurso administrativo e a revisão;
XX - outros processos administrativos previstos em Lei ou neste
regimento.

TÍTULO XI
DOS PROCESSOS ADMINISTRATIVOS EM FACE DE
MAGISTRADOS
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 203. Será instaurado processo
administrativo em face de magistrado nos casos
de:
I - verificação de invalidez;
II- apuração de fato que possa determinar:
a)aplicação das penas de advertência e de censura aos juízes de
primeiro grau;
b)decretação, por interesse público, da remoção ou
disponibilidade;
c)aposentadoria por interesse público;

Art. 204. A instauração do processo administrativo será feita:


I - por ordem do Presidente do Tribunal, de ofício, ou mediante
representação legítima, nos casos dos incisos I, IV e V do art. 203
deste regimento;
II - por determinação do Órgão Especial, de ofício ou mediante
representação legítima, nos casos dos incisos II e III do art. 203
deste regimento.
§ 1º O Órgão Especial e o Presidente do Tribunal procederão de
ofício, na determinação da instauração de processo
administrativo, quando lhes forem apresentados Sindicância feita
pela Corregedoria-Geral de Justiça, certidões, documentos ou
papéis dos quais possa ser inferida ou constatada a existência de
fato determinador da perda de cargo, da remoção, aposentadoria
ou disponibilidade por interesse público, bem como da
disponibilidade por incompatibilidade e da perda do cargo em
razão de perda da nacionalidade ou de direitos políticos.
§ 2º Têm legitimidade para representar, solicitando a instauração
do processo administrativo:
I - nos casos dos incisos II e III do art. 203 deste regimento:
a)o Governador do Estado;
b)o Presidente da AssembLeia Legislativa;
c)o Procurador-Geral de Justiça;
d)o Procurador-Geral da República;
e)o Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do
Brasil;
f)o Presidente do Conselho Secional de Minas Gerais da Ordem dos
Advogados do Brasil;
g)o Defensor Público-Geral;
II - nos casos dos incisos I, IV e V do art. 203 deste regimento, o
Procurador-Geral de Justiça e o Corregedor- Geral de Justiça;
III - nos casos dos incisos I a V do art. 203 deste regimento, o
Corregedor-Geral de Justiça, quando se tratar de juiz de primeiro
grau;
IV - no caso do inciso I do art. 203 deste regimento, também o
magistrado interessado.
CAPÍTULO II
DA VERIFICAÇÃO DE INVALIDEZ DO MAGISTRADO

Art. 205. Recebendo o processo, o Relator proferirá despacho em


que:
I - afastará do exercício do cargo o magistrado que não esteja
licenciado para tratamento de saúde, concedendo-lhe licença, de
ofício, pelo prazo de sessenta dias;
II - nomeará curador especial ao magistrado, quando a causa da
invalidez for doença mental;
III - designará junta médica, constituída de três membros, para
proceder ao exame de verificação de invalidez, formulando, desde
logo, os quesitos que julgar necessários;
IV - mandará cientificar da nomeação da junta médica o
magistrado e, se for o caso, o seu curador nomeado ou Procurador
constituído.
§ 1º O médico nomeado para integrar a junta pode escusar-se, no
prazo de cinco dias, alegando motivo justo ou, no mesmo prazo, ser
recusado por suspeição ou impedimento, nos casos estabelecidos na
legislação processual, competindo ao Relator decidir sobre a escusa
e julgar a arguição de suspeição ou de impedimento.
§ 2º No mesmo prazo estabelecido no parágrafo anterior, o
paciente, pessoalmente ou por seu curador ou Procurador, poderá
indicar médico assistente para o exame, oferecendo desde logo os
quesitos.

Art. 206. Constituída a junta médica, o Relator designará local,


dia e hora para a realização do exame, cientificando o paciente, seu
curador e seu Procurador, se houver, bem como os membros da
junta médica e o assistente.
§ 1º Feito o exame, a junta médica, no prazo de quinze dias,
oferecerá laudo fundamentado, assinado por seus membros e pelo
assistente, se houver.
§ 2º O membro da junta, ou o assistente, que divergir da maioria
oferecerá laudo em separado.
§ 3º Se a junta médica o solicitar, justificadamente, o prazo referido
no § 1º deste artigo será prorrogado pelo tempo indicado como
necessário.
§ 4º A recusa do paciente em submeter-se a perícia médica permite
o julgamento baseado em quaisquer outras provas.

Art. 207. Oferecido o laudo, ou havendo a recusa do paciente


em submeter-se à perícia, o magistrado, pessoalmente, ou seu
curador ou Procurador, quando for o caso, poderá oferecer razões
finais no prazo de cinco dias.

Art. 208. Findo o prazo estabelecido no artigo anterior, com as


razões ou sem elas, o Relator, no prazo de dois dias, lançará no
processo breve relatório e pedirá a designação de dia para o
julgamento.

Art. 209. O julgamento será feito pelo Órgão Especial em sessão


secreta, e a decisão motivada será tomada por maioria absoluta de
votos.

Art. 210. O processo de verificação de invalidez deve ser


concluído no prazo de sessenta dias, a contar de sua instauração.
Parágrafo único. Não sendo concluído o processo no prazo
estabelecido neste artigo, o Relator tomará as providências
necessárias para sua rápida conclusão e prorrogará a licença a que
se refere o inciso I do art. 205 deste regimento.

Art. 211. Declarada a invalidez do magistrado, o Presidente do


Tribunal expedirá o ato de sua aposentadoria.

CAPÍTULO III
DA ADVERTÊNCIA, DA CENSURA, DA REMOÇÃO, DA
DISPONIBILIDADE E DA APOSENTADORIA POR INTERESSE
PÚBLICO E DA PERDA DO CARGO

SEÇÃO I
DA DEFESA PRÉVIA

Art. 212. O procedimento para a decretação de perda do cargo,


remoção, disponibilidade ou aposentadoria por interesse público
de magistrado e para a aplicação das penas de advertência e de
censura aos juízes de primeiro grau terá início por determinação
do Órgão Especial, de ofício ou mediante representação
fundamentada das autoridades elencadas nos incisos I e II do § 2º
do art. 204 deste regimento.
§ 1º Apresentada representação de parte legítima, Sindicância da
Corregedoria-Geral de Justiça, certidões, documentos ou outros
papéis que possam provocar a instauração do procedimento, de
ofício, pelo Órgão Especial, cumpre ao Presidente, no prazo de
quarenta e oito horas, fazer remeter ao magistrado ofício
confidencial, sob recibo, acompanhado de cópia do teor dos
mencionados documentos, assinando-lhe, para defesa prévia, o
prazo de quinze dias contados do recebimento do expediente.
A Defesa Prévia pode ser apenas versante sobre preliminares ou abranger
igualmente o mérito, podendo ser requerida a produção de provas ou
apresentadas provas.
A questão é saber-se se o Órgão Especial vai atender a esse tipo de
consideração.
Há quem entenda que não é a fase própria para o exercício do direito da
AMPLA DEFESA.
O nome “Defesa Prévia” não pode significar que o Imputado tenha de
aguardar ser iniciado o PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR para
apresentar sua defesa efetiva, se bem que o inciso I, abaixo, limita a amplitude
da defesa, o que é inconstitucional, pois ninguém pode ser obrigado a não se
defender apenas por uma questão de aguardar ser instaurado um processo em
que tem todas as provas a seu favor ou tem condições de provar sua inocência.
Nem sempre houve oportunidade do Imputado apresentar contraprovas
antes da Defesa Prévia. Por isso, a Defesa Prévia não pode ser limitadora do
direito de AMPLA DEFESA.
§ 2º O Presidente do Tribunal ou o Corregedor-Geral de Justiça,
conforme o caso, findo o prazo da defesa prévia, submeterá ao
Órgão Especial relatório conclusivo e proporá:
I - o arquivamento dos autos, quando concluir que o fato narrado
não constitui falta disciplinar, já estiver extinta a punibilidade,
pela prescrição ou outra causa, for manifesta a ilegitimidade da
parte ou faltar condição exigida em Lei para o exercício da ação
disciplinar;
II - a instauração do processo administrativo disciplinar, intimado
o magistrado ou defensor, se houver, da data da sessão do
julgamento.
§ 3º Convocado o Órgão Especial no primeiro dia útil após o
vencimento do prazo da defesa prévia, a secretaria respectiva
consultará os seus integrantes a respeito da existência de
impedimento ou suspeição, determinando o Presidente a
convocação de substituto para o Desembargador que não possa
participar do julgamento.
Naturalmente que o substituto tem de ser aquele com preferência legal,
podendo, inclusve, ser arguida sua suspeição ou impedimento.
Os nomes dos substitutos deveriam ser divulgados para que não atuem
impedidos, suspeitos ou convocados fora dos critérios legais.
Há, realmente, muito que se aperfeiçoar no PROCESSO
ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR.

SEÇÃO II
DA AUTORIZAÇÃO PARA INSTAURAÇÃO DO PROCESSO
ADMINISTRATIVO

Art. 213. Em sessão pública, anunciado o julgamento pelo


Presidente, este, no caso de processo contra Desembargador, ou o
Corregedor-Geral de Justiça, nos demais casos, fará relatório oral
ou lerá relatório escrito da Sindicância, lerá ou pedirá a leitura da
representação que houver ou dos documentos que podem provocar
o processo administrativo, fará resumo da defesa prévia e pedirá a
instauração deste.
§ 1º Cada Desembargador poderá pedir, em ordem de antiguidade,
explicações ao Corregedor-Geral de Justiça.
§ 2º Em seguida, os membros do Órgão Especial decidirão,
mediante voto fundamentado, o pedido de instauração do processo,
na forma proposta pelo Corregedor-Geral de Justiça.
A questão grave a ser lembrada é justamente esta: a fundamentação, que,
como se sabe, tem de ser de fato e do Direito aplicável, não podendo ser
considerado válido o voto que simplesmente apoia o entendimento de outro
votante. Essa praxe desqualifica os julgamentos em que acontece, mas,
infelizmente, tem prevalecido, contrariando a própria exigência constituconal de
que toda decisão tem de ser fundamentada, sob pena de nulidade. “O Princípio
Constitucional da motivação das decisões judiciais está previsto
na Constituição Federal, art. 93, IX, e disciplina o seguinte: “Todos os
julgamentos dos Órgãos do Poder Judiciário serão públicos,
e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade.”
(https://www.google.com.br/search?q=decis
%C3%A3o+fundamentada+cf&sxsrf=ALiCzsbU2Eu6XYruYVeSefY01qwpKGC9k
g
%3A1655909923086&source=hp&ei=Iy6zYrXgA_PD5OUP66GM0Aw&iflsig=A
JiK0e8AAAAAYrM8M7-
MX0eeUG6AZZm_Ih8xFUrvdD6I&ved=0ahUKEwj1_fmVqcH4AhXzIbkGHesQ
A8oQ4dUDCAc&uact=5&oq=decis
%C3%A3o+fundamentada+cf&gs_lcp=Cgdnd3Mtd2l6EAMyBQgAEIAEMgYIA
BAeEBYyBggAEB4QFjIGCAAQHhAWOgQIIxAnOgsIABCABBCxAxCDAToRCC
4QgAQQsQMQgwEQxwEQ0QM6CAgAELEDEIMBOg4ILhCABBCxAxDHARCj
AjoICAAQgAQQsQM6CwguEIAEEMcBEK8BOggILhCABBCxAzoECAAQAzoOC
C4QsQMQgwEQxwEQrwE6BQguEIAEOgQIABANOgYIABAeEA1QAFieUWCiV
WgBcAB4AIAB1QGIAcoYkgEGMC4yMy4xmAEAoAEB&sclient=gws-wiz).
§ 3º A proposição do Presidente, no caso de processo contra
Desembargador, será computada como primeiro voto, seguindo-se
o voto do primeiro vogal e dos outros vogais, na ordem decrescente
de antiguidade, a partir do primeiro vogal.
§ 4º A proposição do Corregedor-Geral de Justiça, se for o caso,
será computada como voto, seguindo-se o voto do primeiro vogal
e dos outros vogais, na ordem decrescente de antiguidade, a partir
do Corregedor-Geral de Justiça.
§ 5º A instauração do processo administrativo disciplinar será
decidida pela maioria absoluta dos membros do Órgão Especial.
E, assim, candidatos a promoções são eliminados, privilegiando-se os
demais concorrentes.

SEÇÃO III
DO AFASTAMENTO CAUTELAR

Art. 214. Por solicitação do Presidente do Tribunal ou do


Corregedor-Geral de Justiça, poderá ao Órgão Especial, em caráter
excepcional e preventivo, afastar o magistrado de suas funções
quando sua manutenção nas funções dificultar a instrução
probatória.
Infelizmente, nem sempre se justificam os afastamentos cautelares sob
esse fundamento, o único válido, que é o de “dificultar a instrução probatória”.
Qualquer outra justificativa é inválida. E, no caso, têm de ser apresentada
fundamentação bastante para tanto, não sendo razoável mera suspeita de que
dificultará a produção de provas.
Afinal de contas, deve prevalecer o princípio da presunção de inocência,
e, consequentemente, o da boa-fé, e não o contrário, de que, até prova em
contrário, todo mundo é desonesto e desleal.
Os antecedentes do próprio Imputado podem e devem ser levados em
conta para justificar-se ou não o pedido de afastamento cautelar, o que, se é
decretado injustamente, acarreta mácula indelével na vida funcional do
Imputado.
Aliás, consta do dispositivo em comento que o afastamento cautelar só
deve ser decretado “em caráter excepcional e preventivo”.
Como dito desde o começo deste livro, quem exercite a própria defesa em
nome próprio ou através de Procurador constituído, deve ficar atento para
utilizar os recursos cabíveis em todas as fases do processo, porque a preclusão é
o argumento do arbítrio.
§ 1º Determinada a instauração do processo, caso tenha havido
solicitação do Presidente ou do Corregedor-Geral de Justiça, o
Órgão Especial poderá afastar o magistrado do exercício de suas
funções, sem prejuízo do subsídio, até a decisão final, devendo o
Presidente votar em primeiro lugar, seguido dos demais membros
do Órgão Especial na ordem decrescente de antiguidade, com
motivação em todas as manifestações.
§ 2º Decidindo o Órgão Especial pelo imediato afastamento do
magistrado, nos termos do parágrafo anterior, o Presidente do
Tribunal baixará a portaria de afastamento.

SEÇÃO IV
DA INSTRUÇÃO DO PROCESSO

Art. 215. Determinada a instauração do processo


administrativo, o Presidente do Tribunal ordenará a sua imediata
distribuição e apresentação ao Relator sorteado dentre os
membros do Órgão Especial, excluídos aqueles que já tiverem
recebido distribuição de processo administrativo disciplinar, até
que a totalidade dos membros do Órgão Especial, excluídos os
titulares de cargo de direção, tenha servido como Relator.
A questão da distribuição é outro ponto muito sério a ser verificado pelo
Imputado, porque pode ocorrer prejuízo na prática, que sequer possa a ser
sanado.

Art. 216. O Presidente do Tribunal expedirá portaria,


acompanhada pelo Acórdão, que conterá a imputação dos fatos e a
delimitação do teor da acusação.
§ 1º O Relator determinará a intimação do Ministério Público para
manifestação no prazo de cinco dias.
§ 2º Após, o Relator determinará a citação do magistrado para
apresentar as razões de defesa e as provas que entender
necessárias, em cinco dias, encaminhando-lhe cópia do Acórdão
que ordenou a instauração do processo administrativo disciplinar,
com a respectiva portaria, observando-se que:
A peça de defesa tem de ser respeitada como garantia do direito
constitucional de AMPLA DEFESA, não se podendo restringir as provas
pLeiteadas e nem rejeitarem-se liminarmente arguições de suspeição ou
impedimento de Julgadores, o que se constitui em desapreço às regras
processuais.
I - caso haja dois ou mais magistrados requeridos, o prazo para
defesa será comum e de dez dias contados da citação do último;
II - o magistrado que mudar de residência fica obrigado a
comunicar ao Relator, ao Corregedor-Geral de Justiça e ao
Presidente do Tribunal o endereço em que receberá citações,
notificações ou intimações;
III - quando o magistrado estiver em lugar incerto ou não sabido,
será citado por edital, com prazo de trinta dias, a ser publicado,
uma vez, no Órgão oficial de imprensa utilizado pelo Tribunal para
divulgar seus atos;
IV - considerar-se-á revel o magistrado que, regularmente citado,
não apresentar defesa no prazo assinado;
V - declarada a revelia, o Relator poderá designar defensor dativo
ao requerido, concedendo-lhe igual prazo para a apresentação de
defesa.

Art. 217. Decorrido o prazo para a apresentação da defesa


prévia, o Relator decidirá sobre a realização dos atos de instrução
e a produção de provas requeridas, determinando de ofício as que
entender necessárias.
O Relator deve respeitar o direito de AMPLA DEFESA, o que nem sempre
acontece, por exemplo, quando indefere o requerimento de juntada de prova
emprestada.
A respeito, veja-se:

“A prova emprestada tornou-se tipificada em nosso ordenamento


jurídico após a vigência da Lei 13.105 de 2015, sendo considerada
aquela que, não obstante ter sido produzida em outro processo, é
transferida para demanda distinta, a fim de produzir os efeitos de
onde não é originária.

O Professor Fredie Didier Jr, ao comentar tal instituto, consignou que


“Prova emprestada é a prova de um fato, produzida em um processo,
seja por documentos, testemunhas, confissão, depoimento pessoal ou
exame pericial, que é trasladada para outro processo, por meio de
certidão extraída daquele”.

Muito autores criticavam este meio de prova por alegarem não ser um
meio compatível com o princípio do contraditório, ao buscar em outro
processo, uma prova produzida por outras partes diversas do caso
concreto. Contudo, o Novo CPC condiciona a prova emprestada ao
direito do contraditório.

Segundo o entendimento do STJ, as partes de ambos os processos,


tanto o da origem como o de destino da prova emprestada, não
precisam ser necessariamente as mesmas, para a sua utilização.
Porém alguns Tribunais haviam entendo de forma diversa, razão pela
qual foi editado o Enunciado nº 30 da CJF da 1ª Jornada de Direito
processual civil, que dispõe:

Enunciado nº 30 CJF - “É admissível a prova emprestada, ainda que


não haja identidade de partes, nos termos do art. 372 do CPC”.
Sendo assim, podemos afirmar que o ordenamento jurídico brasileiro
foi prestigiado com mais uma espécie de prova a ser utilizada no
processo civil.”

(https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/10378/As-especies-de-
provas-sob-a-otica-do-Novo-CPC)

Infelizmente, quando se tem pela frente um Relator avesso ao direito de


AMPLA DEFESA, não há outro meio de tentar não ser condenado a não ser
sobrecarregar o Órgão Especial de recursos quase que a toda hora.
§ 1º Exceto quando o acusado for membro do Tribunal, hipótese
em que a colheita da prova competirá, privativamente, ao Relator,
será ela presidida:
I- na Comarca de Belo Horizonte, pelo Relator;
II - nas comarcas do interior, pelo Relator ou por juiz com
jurisdição na comarca, mediante carta de ordem;
A delegação só pode ser em favor de juiz com jurisdição na comarca onde
reside o Imputado e não, por exemplo, a algum juiz auxiliar da Corregedoria-
Geral de Justiça, o que gera a nulidade dos atos da instrução.
III - fora do Estado, por juiz com jurisdição na comarca, mediante
carta precatória, expedida ao Tribunal de Justiça da unidade da
Federação.
§ 2º Na carta de ordem ou na carta precatória será indicado o
prazo para a produção da prova.
§ 3º Para todos os demais atos de instrução, com a mesma cautela,
serão intimados o magistrado processado ou seu defensor, se
houver e o Ministério Público.
§ 4º Na instrução do processo, serão inquiridas, no máximo, oito
testemunhas de acusação e até oito de defesa, por requerido, que
justificadamente tenham ou possam ter conhecimento dos fatos
Imputados.
O Relator deve permitir a oitiva de testemunhas de referência, porque, na
dosimentria da pena, essas afirmações ou documentos elogiosos devem ser
levadas em conta.
§ 5º O depoimento das testemunhas, as acareações e as provas
periciais e técnicas destinadas à elucidação dos fatos serão
realizados com aplicação subsidiária, no que couber, das normas
da legislação processual penal e da legislação processual civil,
sucessivamente.
Como se verifica por mais esta norma, o PROCESSO ADMINISTRATIVO
DISCIPLINAR se aproxima mais do processo penal e, por isso, suas regras e
princípios devem ser aplicados com proficiência, inclusive, os da presunção de
inocência, da CONGRUÊNCIA, da PROPORCIONALIDADE e o da
RAZOABILIDADE.
§ 6º A inquirição das testemunhas e o interrogatório deverão ser
feitos em audiência una, ainda que, se for o caso, em dias
sucessivos, e poderão ser realizados por meio de videoconferência,
nos termos da Lei processual penal e de ato normativo do Conselho
Nacional de Justiça.
Pode acontecer de alguma testemunha ou o próprio Imputado não ter
acesso à Internet.
§ 7º O interrogatório do magistrado, precedido de intimação com
antecedência de quarenta e oito horas, será realizado após a
produção de todas as provas.
Incluve provas periciais, documentais etc.
O interrogatório é meio de prova e de defesa, podendo, portanto, o
Imputado fazer uso da palavra para se defender e não apenas responder às
perguntas que lhe forem endereçadas.
§ 8º Os depoimentos poderão ser documentados pelo sistema
audiovisual, sem a necessidade, nesse caso, de degravação.
O Relator deve enviar ao Imputado, posteriormente, a cópia das provas
orais produzidas na audiência.

Art. 218. Finda a instrução, o Procurador-Geral de Justiça e, em


seguida, o magistrado ou seu defensor terão dez dias para
manifestação e razões finais, respectivamente.
O prazo de 10 dias é contado sem interupção de dias não úteis,
naturalmente que começando a correr no primeiro dia útil e terminando
também no primeiro dia útil.

Art. 219. Findos os prazos a que se refere o artigo anterior, o


Relator, no prazo de quinze dias, fará o relatório e determinará a
apresentação dos autos ao Presidente, que designará para o
julgamento sessão ordinária ou extraordinária do Órgão
Especial, que convocar.

Art. 220. O processo administrativo terá o prazo de cento e


quarenta dias para ser concluído, prorrogável, quando
imprescindível para o término da instrução e houver motivo
justificado, mediante deliberação do Órgão Especial.
O estabelecimento de prazo a priori acaba por prejudicar o direito de
AMPLA DEFESA.
Em caso de ser impossível o término dentro do prazo, o próprio
Imputado pode requerer sua prorrogação e, em caso de recusa por parte do
Relator, pode recorrer ao Órgão Especial, através de agravo interno e, ao
mesmo tempo, ao conselho nacional de justiça.

SEÇÃO V
DO JULGAMENTO

Art. 221. O julgamento far-se-á ordinariamente em sessão


pública do Órgão Especial.
§ 1º Em determinados atos processuais e de julgamento que a
preservação da intimidade recomende e sem prejuízo para o
interesse público, a prática respectiva poderá ser reservada, dela
participando apenas os Desembargadores integrantes e
convocados para o Órgão Especial, o Procurador-Geral de Justiça,
o magistrado e seu defensor.
§ 2º Para o julgamento, os respectivos participantes terão acesso a
todas as peças dos autos do processo administrativo disciplinar.
§ 3º O Presidente e o Corregedor-Geral de Justiça terão direito a
voto.

Art. 222. Aberta a sessão, será dada a palavra ao Relator, que


fará relatório oral do processo, expondo o conteúdo da acusação,
das provas produzidas e das alegações finais do Procurador-Geral
de Justiça e do magistrado.

Art. 223. Feito o relatório, aos Desembargadores que o pedirem e


pela ordem de antiguidade, será dada a palavra, por cinco minutos,
para a discussão, podendo eles, sem antecipação de voto, fazer
considerações a respeito da acusação e da prova colhida.
Trata-se de uma previsão legal talvez nunca utilizada.

Art. 224. Terminada a discussão, o Relator, ou qualquer dos


vogais, poderá propor que se dê ao fato nova capitulação e
aplicação de pena ou medida diversa das indicadas no despacho do
Relator.
Trata-se de uma previsão legal talvez nunca utilizada.
§ 1º Havendo proposta que importe em capitulação e aplicação de
pena ou medida mais grave, serão ouvidos, sucessivamente, o
Procurador-Geral de Justiça e o magistrado ou seu Procurador,
pelo prazo máximo de vinte minutos.
§ 2º A proposta será submetida a votação, sendo a deliberação
tomada motivadamente por maioria absoluta de votos.

Art. 225. Em seguida, far-se-á o julgamento de mérito, devendo


os Julgadores justificar seus votos.
§ 1º As questões preliminares, de direito ou de ordem processual,
serão levantadas antes de iniciada a apreciação do mérito e
decididas motivadamente, em votação aberta, por maioria de
votos.
A fundamentação é que continua a ser um grave problema,
principalmente para vogais.
§ 2º Questões preliminares de direito são as que versarem sobre
arguição de:
I - inconstitucionalidade de Lei aplicável no processo;
II - inconstitucionalidade ou ilegalidade de ato normativo aplicável
no processo.
§ 3º Questões preliminares de ordem processual são as que
versarem sobre aplicação de regras deste regimento.
§ 4º Não se procederá ao julgamento de mérito se com ele for
incompatível a decisão tomada em questão preliminar.
De fácil compreensão.

Art. 226. A decisão que concluir pela procedência do processo


administrativo será tomada pelo voto da maioria absoluta dos
membros do Órgão Especial, observado o disposto no § 3º do art.
212 deste regimento.
Parágrafo único. Na hipótese em que haja divergência quanto à
pena, sem que se tenha formado maioria absoluta por uma delas,
será aplicada a mais leve, ou, no caso de mais de duas penas
alternativas, aplicar-se-á a mais leve que tiver obtido o maior
número de votos.
Infelizmente, como as pautas são muito sobrecarregadas, sendo o
horário normal de 13:30 h às 18:00 h, os julgamentos pecam frequentemente
pela não total aprofudamento na análise de cada caso.
Defendemos a ideia de menor número de membos do Órgão Especial,
mas com dedicação exclusiva, por exemplo, dois grupos de cinco membros
estabelecidas as áreas de atuação, todavia julgando diariamente e não duas
vezes por mês.

Art. 227. Entendendo o Tribunal que existem indícios de crime


de ação pública incondicionada, o Presidente remeterá ao
Ministério Público cópia dos autos.
Parágrafo único. Aplicada a pena de disponibilidade ou de
aposentadoria compulsória, o Presidente do Tribunal remeterá
cópias dos autos ao Ministério Público e à Advocacia-Geral do
Estado de Minas Gerais para tomar as providências cabíveis.
Havendo indícios de crime de ação penal pública incondicionada, se o
Imputado for aposentado compulsoriamente, deixa de ter o privilégio de foro
e passa à jurisdição da justiça de 1ª instância, o que, na verdade, lhe concede
mais uma instância, sendo 4 ao invés de 3.

SEÇÃO VI
DO ACÓRDÃO

Art. 228. O Acórdão será lavrado pelo Relator do processo e


assinado por ele e pelo Presidente, devendo ser juntado aos autos
no prazo de cinco dias.

Art. 229. Havendo arguição de preliminar sobre matéria de


direito ou de ordem processual, da decisão tomada se lavrará
Acórdão em separado, designando-se para redigi-lo o prolator do
primeiro voto vencedor, que nele consignará os fundamentos
jurídicos do decidido e a sua conclusão.
Lavra-se um Acórdão específico para registro dessa nova decisão.

Art. 230. Juntado aos autos o Acórdão, ou Acórdãos, far-se-á


publicação no Diário do Judiciário eletrônico, apenas pela
conclusão, para efeito de interposição de recurso, que não terá
efeito suspensivo.
O grande problema do PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR é
que os recursos não têm, essencialmente, efeito suspensivo.

SEÇÃO VII
DA EXECUÇÃO DO ACÓRDÃO
Art. 231. Tornada definitiva a decisão que impuser pena de perda
do cargo, de remoção, disponibilidade ou aposentadoria por
interesse público de magistrado ou de advertência e censura
contra juízes de primeiro grau, o Presidente expedirá o ato
respectivo.
Parágrafo único. A advertência e a censura, nas hipóteses
cabíveis, serão aplicadas reservadamente e por escrito.

Art. 232. No caso de remoção por interesse público, publicado o


ato de sua formalização, o Juiz de Direito perde o exercício da
função na comarca de que era titular.
Comarca ou vara, de acordo com o caso.
§ 1º A designação será feita para comarca cujo provimento deva
fazer-se por merecimento, mediante indicação do Órgão Especial
ou a requerimento do interessado, dentro de sessenta dias do
trânsito em julgado da decisão.
Comarca ou vara, de acordo com o caso. Observe-se que, nesta hipótese,
tem-se de aguardar o trânsito em julgado para o remanejamento do Imputado.
§ 2º O requerimento do interessado será submetido a parecer da
Comissão de Promoção e, depois, a votação pelo Órgão Especial,
que deliberará por maioria de votos.
Sem dúvida.
§ 3º Deferido o requerimento, serão considerados prejudicados os
demais pedidos de remoção e os pedidos de promoção para a
comarca designada, se houver, devendo o Presidente do Tribunal
baixar o ato de remoção.
O Imputado, em sendo removido para outra comarca ou vara, acaba
sendo um empecilho para os demais candidatos, que, possivelmente, vão ser
deslocados para a antiga vaga deixada pelo Imputado.

TÍTULO XIII
DOS RECURSOS
ADMINISTRATIVOS
E DA REVISÃO
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 263. São recorríveis, nos casos indicados neste capítulo, as
decisões administrativas proferidas, em feitos regulados neste
regimento:
I - pelo Órgão Especial;
II - pelo Presidente do Tribunal;
IV - pelo Relator de processo administrativo;

Art. 264. Das decisões administrativas são


cabíveis:
I - recurso administrativo;
II - embargos de declaração;
III - agravo interno;
IV - revisão.
Os recursos que nos interessam são esses 4, apesar de que sempre se
pode pensar em mandado de segurança, correição parcial e agravo de
instrumento, este último em casos específicos, que são consultáveis nos textos
de processo civil.

Art. 265. Caberá revisão nos casos previstos em Lei ou neste


regimento.
A revisão se equipara à ação rescisória e praticamente fica inacessível ao
Imputado, devido às exigências estreitas para sua procedência.

Art. 266. O feito será autuado pelo Cartório ou unidade


administrativa competente, recebendo denominação e numeração
na classe a que pertencer, distribuído e encaminhado ao Relator,
que, se for o caso, ouvirá o Procurador-Geral de Justiça, no prazo
de cinco dias.
§ 1º Em seguida, com ou sem parecer, o Relator lançará o
relatório nos autos, no prazo de dez dias, e os passará ao
Revisor, que, no quinquídio, fará a revisão e pedirá dia para
julgamento.
§ 2º Aos vogais serão remetidas cópias do relatório e do parecer
do Procurador-Geral de Justiça, quando houver.

Art. 267. Será admitida a Sustentação Oral pelo prazo de quinze


minutos no recurso administrativo, na revisão e no agravo interno
contra a decisão do Relator que julgar monocraticamente o feito.
Este dispositivo está perdido no meio das disposições que tratam da
revisão.

Art. 268. Salvo nos casos em que for exigido quorum especial, a
decisão será tomada por maioria simples de votos.
§ 1º Em caso de empate na votação, o Presidente proferirá voto de
qualidade, se dela não houver participado.
§ 2º Não sendo possível o desempate, prevalecerá a decisão
recorrida.

CAPÍTULO II
DO RECURSO ADMINISTRATIVO

Art. 269. Caberá recurso administrativo contra decisão


definitiva ou terminativa proferida por autoridade competente.
§ 1º O recurso poderá ser interposto:
I - pela parte que se julgar prejudicada;
II - pelo Procurador-Geral de Justiça, nos procedimentos em que
intervenha.
§ 2º Ao recorrente é lícito desistir do recurso a qualquer tempo.

Art. 270. O recurso pode impugnar a decisão recorrida no todo


ou em parte.
Art. 271. Conta-se o prazo para a interposição do recurso:
I - da publicação do ato, ou da decisão, pelo Diário do Judiciário
eletrônico, quando exigida;
II - da intimação, quando feita pessoalmente;
III - do dia em que tiver a parte conhecimento do ato ou da
decisão, por qualquer meio, quando não contado na forma dos
incisos anteriores.
O grande problema para o impugnado é o perigo da perda do prazo,
devido às variantes que se se abrem à sua frente.
O melhor que se pode fazer é não esperar o último dia, pois, inclusive, a
internet pode não ajudar.
É importante saber-se que, apesar dos PROCESSOS
ADMINISTRATIVOS DISCIPLINARES tramitarem em meio físico (papel), se
houver interesse, podem as peças ser remetidas para o endereço do protocolo
central, que confirma o recebimento e a remessa das peças em papel ou outro
meio físico (caso das mídias) se faz necessária em cinco dias.
Alguns ainda pensam que não se pode recorrer antes da publicação do
Acórdão, mas assim se permite: “É tempestivo o recurso interposto antes do
termo inicial do prazo, no NCPC? SIM! De acordo com o parágrafo 4o do art.
218 do Novo CPC, "será considerado TEMPESTIVO o ato praticado antes do
termo inicial do prazo".
(https://www.google.com.br/search?
q=recurso+antes+do+prazo+cpc&sxsrf=ALiCzsahtM1WdhSLLgZ0zA2eaDI7EU
q21A%3A1655926552921&source=hp&ei=GG-
zYuu0NoGU5OUPhtSvQA&iflsig=AJiK0e8AAAAAYrN9KCDR5gbUiWEF3zzzm
EaVsg7g038K&ved=0ahUKEwjroNaP58H4AhUBCrkGHQbqCwgQ4dUDCAc&u
act=5&oq=recurso+antes+do+prazo+cpc&gs_lcp=Cgdnd3Mtd2l6EAMyBggAE
B4QFjoECCMQJzoLCAAQgAQQsQMQgwE6EQguEIAEELEDEIMBEMcBEKM
COg4ILhCABBCxAxCDARDUAjoFCC4QgAQ6CAgAEIAEELEDOggILhCABBCx
AzoFCAAQgAQ6CAgAEB4QDxAWOgcIIRAKEKABOggIIRAeEBYQHVAAWKI4
YOU7aABwAHgBgAHyAogB1xySAQgwLjI0LjEuMZgBAKABAQ&sclient=gws-
wiz)

Art. 272. O recurso será interposto em petição que contenha os


fundamentos de fato e de direito e o pedido de nova decisão.
Parágrafo único. A petição de recurso poderá ser instruída com
documentos novos.
As regras a serem seguidas são as dos recursos cíveis, no caso, a apelação,
apenas que não há preparo e o próprio Imputado pode atuar em causa própria.
O cuidado deve ser tido quanto ao protocoloco
(protocolo.uap@tjmg.jus.br), que é exigente por força da portaria conjunta
699/2017, que transcrevemos abaixo:

PORTARIA CONJUNTA Nº 699/PR/2017


Dispõe sobre o funcionamento do serviço de protocolo do Tribunal de
Justiça do Estado de Minas Gerais e sobre a utilização de sistema de
transmissão de dados para a prática de atos processuais na 2ª
Instância.
O PRESIDENTE e o 1º VICE-PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE
JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS, no uso das atribuições que
lhes conferem, respectivamente, o inciso II do artigo 26 e o inciso II do
artigo 29 do Regimento Interno do Tribunal de Justiça do Estado de
Minas Gerais , aprovado pela Resolução do Tribunal Pleno nº 3 , de 26
de julho de 2012,
CONSIDERANDO que, nos termos do art. 3º da Resolução da Corte
Superior nº 520 , de 8 de janeiro de 2007, a Superintendência
Judiciária tem como objetivo promover a atualização e uniformização
de métodos e práticas administrativas na tramitação dos feitos no
Tribunal de Justiça;
CONSIDERANDO que a Lei federal nº 9.800 , de 26 de maio de 1999,
permite às partes utilizarem o sistema de transmissão de dados e
imagens tipo “fac-símile” ou outro similar para a prática de atos
processuais que dependam de petição escrita; CONSIDERANDO a
instalação dos Órgãos que compõem a Superintendência Judiciária no
edifício sede do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais -
TJMG, bem como a necessidade de se estabelecerem regras objetivas
para disciplinar os procedimentos administrativos do serviço de
protocolo, inclusive no tocante ao disposto na Lei federal nº 9.800 , de
1999;
CONSIDERANDO o grande número de petições protocolizadas
diariamente no TJMG; CONSIDERANDO, por fim, o que constou no
Processo Administrativo SEI nº 0059796-89.2017.8.13.0000,
RESOLVEM:
Art. 1º As petições judiciais dirigidas ao Tribunal de Justiça do Estado
de Minas Gerais - TJMG deverão ser protocolizadas, exclusivamente,
na Coordenação de Protocolo Geral - CPROT, localizada no edifício
sede do Tribunal, na Avenida Afonso Pena, nº 4001, bairro Serra, Belo
Horizonte/MG.
Parágrafo único. O disposto no “caput” deste artigo não se aplica às
petições abrangidas pela Portaria Conjunta da Presidência nº 485 ,
2016. de 26 de fevereiro de
Art. 2º O horário de funcionamento da CPROT para o público externo
é das 8 às 18 horas.
Parágrafo único: As petições que apresentarem pedido de
encaminhamento imediato, dentro do expediente ordinário, deverão
ser protocolizadas até as 17:30 horas.
Art. 3º As petições judiciais, observada a exceção do parágrafo único
do art. 1º desta Portaria Conjunta, poderão ser recebidas no Tribunal
de Justiça através do sistema de transmissão de dados tipo fac-símile
(fax) ou através de correio eletrônico (“email”), conforme critérios
estabelecidos nesta Portaria Conjunta. Parágrafo único. As petições
dirigidas ao Supremo Tribunal Federal e ao Superior Tribunal de
Justiça não poderão ser encaminhadas por correio eletrônico, devendo
ser apresentadas fisicamente na CPROT ou por fax.
Art. 4º Para a transmissão de dados de que trata “caput” do art. 3º
desta Portaria Conjunta, as petições devem ser enviadas para o
endereço eletrônico <protocolo.uap@tjmg.jus.br> ou transmitidas via
fax para os números (31) 32259708, (31) 3225-9393 e (31) 3232-2524.
§ 1º O endereço eletrônico mencionado no “caput” deste artigo destina-
se exclusivamente ao recebimento de petições judiciais de processos em
trâmite na 2ª instância, não tendo caráter consultivo e não podendo
ser utilizado para qualquer outra finalidade.
§ 2º Eventuais dúvidas quanto ao serviço de protocolo deverão ser
dirigidas à Coordenação de Atendimento e Informações Processuais -
CINPRO, por meio do telefone (31) 3254-3380 ou para o endereço
eletrônico <cinpro@tjmg.jus.br>.
Art. 5º Para envio de petições judiciais por meio do correio eletrônico,
no corpo do texto deverá constar, obrigatoriamente:
I - o nome completo do Advogado e o respectivo número de inscrição
na Ordem dos Advogados do Brasil - OAB;
II - o nome da parte requerente;
III - o número do processo e sequencial em tramitação ao qual se
destina, quando se tratar de petição intermediária, incidental ou
recursal;
§ 1º No campo “assunto” deverá constar o nome do recurso ou da ação
originária. § 2º Cada mensagem de correio eletrônico deverá conter
uma única petição, referente a um único recurso ou ação originária, e
ser transmitida em um único anexo com tamanho máximo de 5MB
(cinco “megabytes”), exclusivamente em formato “PDF” (“Portable
Document Format”).
Art. 6º A caixa de entrada do correio eletrônico a que se refere o
“caput” do art. 4º desta Portaria Conjunta será examinada pela
CPROT, obrigatoriamente, nos horários de 9, 11, 14, 16 e 17:30 horas,
podendo, ainda, ser examinada em outros horários, a critério da
referida coordenação.
§ 1º As mensagens eletrônicas, com os respectivos anexos, serão
impressas e protocolizadas pela CPROT no mesmo dia, se recebidas
até 17:30 horas, e no primeiro dia útil subsequente ao envio, se
recebidas após esse horário.
§ 2º A impressão e o protocolo previstos §1º deste artigo serão feitos
em ordem cronológica, observado o horário de recebimento constante
da caixa de entrada.
§ 3º Após proceder à impressão e ao protocolo da mensagem
eletrônica e seu anexo, a CPROT enviará a confirmação de
recebimento ao remetente, anexando, sempre que possível, arquivo de
imagem com o número e horário do protocolo.
§ 4º Caso não receba a confirmação a que se refere o § 3º deste artigo
até as 18 horas do mesmo dia, para as petições recebidas na CPROT
até as 17:30 horas, ou até as 12 horas do primeiro dia útil subsequente,
para aquelas recebidas após as 17:30 horas, caberá ao remetente
reenviar o material, arcando com os ônus decorrentes da falha de
transmissão, inclusive no que diz respeito ao prazos legais.
Art. 7º A confirmação de recebimento da petição transmitida por fax
deverá ser realizada por meio do telefone (31) 3254-3374. Parágrafo
único. Os ônus decorrentes da não obtenção de linha telefônica
disponível ou de defeitos na transmissão ou na recepção de dados
correrão por conta do remetente.
Art. 8º A utilização do sistema de transmissão de dados não dispensa o
protocolo dos originais, nos termos e prazos previstos em Lei, ocasião
em que a parte deverá informar que a petição foi enviada
anteriormente por fax ou por correio eletrônico, indicando a data da
remessa, de modo a evitar distribuição em duplicidade.
Art. 9º As datas e horários estabelecidos nesta Portaria Conjunta têm
como referência os dias de expediente forense regular e o fuso horário
vigente na cidade de Belo Horizonte.
Art. 10. Os casos omissos que tenham implicação de natureza
jurisdicional serão decididos pelo Órgão Julgador competente.
Art. 11. Fica revogada a Portaria Conjunta da Presidência nº 73 , de 12
de janeiro de 2006.
Art. 12. Esta Portaria Conjunta entra em vigor na data de sua
publicação. Belo Horizonte, 8 de novembro de 2017.
Desembargador HERBERT JOSÉ ALMEIDA CARNEIRO Presidente
Desembargador GERALDO AUGUSTO 1º Vice-Presidente

CAPÍTULO III
DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

Art. 273. Caberão embargos declaratórios no prazo de cinco


dias, de COMPETÊNCIA do Relator ou do colegiado que proferiu a
decisão embargada, para sanar omissão, contradição ou
obscuridade desta.
Aplica-se o previsto no cpc.

CAPÍTULO IV
DO AGRAVO INTERNO

Art. 274. O agravo interno, cujo prazo de interposição é de cinco


dias, é cabível contra decisão:
I - do Relator de processo ou recurso administrativo que:
a)julgar a arguição de suspeição ou impedimento de perito;
b)negar a produção de prova ou cercear de qualquer modo a
defesa;
c)julgar monocraticamente o feito, com base nos poderes
conferidos ao Relator pela legislação processual;
II - da comissão de concurso, nos casos previstos em Lei ou
regulamento.
Tratam-se do agravo retido e do agravo de instrumento do processo civil,
apenas com o nomen iuris de agravo interno.

Art. 275. Nos casos das alíneas a e b do inciso I do art. 274 deste
regimento, o agravo interno será processado:
I - na forma retida, caso em que caberá ao Órgão colegiado
competente apreciá-lo como preliminar do julgamento do processo
ou recurso administrativo;
II - na forma de instrumento, se o requerer o agravante.
O Imputado pode escolher como deva processar-se o agravo interno.
Entendemos melhor a segunda opção.

Art. 276. Na hipótese do inciso II do art. 275 deste regimento, a


petição de interposição será instruída com certidão da decisão
recorrida, prova de tempestividade e cópias reprográficas de peças
do processo em que proferida a decisão agravada, imprescindíveis
à compreensão da controvérsia.
Parágrafo único. Formado o instrumento, será ele concluso ao
prolator da decisão agravada para, no prazo de cinco dias:
I - reconsiderá-la, em juízo de retratação; ou
II - sustentá-la, lançar relatório escrito, colocar o feito em mesa
para julgamento e determinar a remessa aos vogais de cópia do
relatório e das peças que indicar.
Para optar pelo rito do agravo de instrumento é necessária a
documentação exposta neste dispositivo legal.

Art. 277. Na hipótese da alínea c do inciso I do art. 274 deste


regimento, o Relator do processo ou recurso, se não se retratar da
decisão no prazo de cinco dias, lançará relatório escrito, pedirá
dia para julgamento e determinará a remessa aos vogais de cópia
do relatório.
Sem dificuldade de compreensão. Todavia, o que sempre se vai observar é
que, dependendo de ser o Relator mais ou menos tecnicista, o risco aumenta ou
diminui, pois há casos reais em que uma omissão mínima tenha sido
justificativa para o não conhecimento do agravo interno.

Art. 278. Na hipótese do inciso II do art. 274 deste regimento, o


processamento do agravo será definido em Resolução do Órgão
Especial ou no regulamento do concurso, até sua distribuição ao
Relator, que colocará o feito em mesa para julgamento e
determinará a remessa de cópia do relatório e das peças que
indicar aos vogais.
Sem dificuldade de compreensão.

CAPÍTULO V
DA REVISÃO

Art. 279. No prazo de cinco anos, contado da publicação da


decisão, poderá ser revisto o processo administrativo, em caso de:
I - demissão de Juiz de Direito não vitalício;
II - remoção ou disponibilidade de magistrado, por interesse
público;
III - imposição de pena de censura
a magistrado;
IV - aposentadoria por interesse público.
§ 1º A revisão somente será admitida quando:
I - a decisão proferida contrariar texto expresso de Lei ou se
fundar em depoimentos, exames ou documentos
comprovadamente falsos;
II - no caso de imposição de pena de censura, se descobrirem novas
provas que inocentem o magistrado;
III - nos casos de perda do cargo de magistrado, de remoção ou
disponibilidade por interesse público, surgirem provas novas,
comprobatórias de que o magistrado não se envolveu no fato
determinador da medida.
§ 2º A alegação de injustiça da decisão e a de má apreciação de
prova não constituem fundamento da revisão.
§ 3º Têm legitimidade para requerer a revisão o próprio
magistrado e, no caso de seu falecimento, o cônjuge supérstite ou
herdeiro necessário.
É uma ação rescisória cível, apenas que sem despesas.

Art. 280. A revisão será processada em autos apartados, a eles


apensado o processo original.

Art. 281. O Relator procederá à instrução do pedido,


observando, no que couber, o disposto nos artigos 215 a 220 deste
regimento.

Art. 282. Terminada a instrução, o magistrado ou seu


Procurador e o Procurador-Geral de Justiça apresentarão,
sucessivamente, no prazo de dez dias, alegações finais.
A instrução pode ser por qualquer meio lícito de prova.

Art. 283. Findos os prazos referidos no artigo anterior, o Relator


lançará seu relatório nos autos, no prazo de dez dias, e os passará
ao Revisor, que, no quinquídio, pedirá designação de dia para o
julgamento.
Parágrafo único. Para o julgamento será designada sessão
ordinária do Órgão Especial, ou extraordinária convocada pelo
Presidente.

Art. 284. Quando se tratar de revisão de decisão que decretar


demissão de Juiz de Direito não vitalício, bem como aposentadoria,
remoção ou disponibilidade por interesse público, no julgamento
serão observadas as exigências relativas à composição do Órgão
Especial e ao quorum de seu funcionamento, sendo a deliberação
tomada pela maioria de votos dos Desembargadores em condições
legais de votar.

Art. 285. Deferida a revisão, o magistrado reverterá ao cargo na


primeira comarca de igual entrância, vaga pelo critério de
merecimento, sob pena de permanecer em trânsito e concorrer, a
partir de então, em igualdade de condições com os demais
candidatos inscritos.
§ 1º O julgamento favorável da revisão importa no
restabelecimento de todos os direitos perdidos em consequência
da decisão revista, sem prejuízo da prescrição dos direitos
patrimoniais.
A revisão é uma ação rescisória, como dito acima.
§ 2º Quando se tratar de revisão de decisão impositiva de remoção
por interesse público, a reversão será substituída pela remoção a
pedido para a comarca de onde o magistrado foi removido, desde
que a vaga deva ser provida por merecimento e a classificação do
magistrado corresponda à da comarca.
§ 3º No caso do parágrafo anterior, o pedido de remoção prejudica
outros idênticos ou pedidos de promoção para a comarca em
questão.

CAPÍTULO II
DO RELATOR, DO REVISOR, DA PAUTA E DA SESSÃO DE
JULGAMENTOS E DOS ACÓRDÃOS

Art. 288. Compete ao Relator:


I- ordenar e dirigir o processo;
II - determinar diligências esclarecedoras;
III III - requisitar autos;
IV - homologar pedido de desistência;
V - apor “visto” e pedir dia para julgamento nos processos sujeitos
à pauta ou, não sendo o caso, apresentá-los em mesa;
VI - indeferir, de plano, postulações quando desprovidas de
fundamento jurídico ou amparo legal;
VII VII - determinar a audiência do Procurador-Geral de Justiça,
quando for o caso;
VIII - lavrar e assinar o Acórdão no prazo de quinze dias;
IX - comunicar o resultado do julgamento às autoridades, quando
entender necessário;
X - remeter ao Revisor, que pedirá dia, os recursos interpostos
contra ato do Corregedor-Geral de Justiça e de juiz diretor do foro.
Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto neste artigo, ao Relator
e ao Revisor, no âmbito do Conselho da Magistratura, aplicam-se,
no que couber, as disposições contidas no Título II do Livro III deste
regimento.

Art. 289. A pauta de julgamentos, a sessão de julgamentos e o


Acórdão, no âmbito do Conselho da Magistratura, sujeitam-se, no
que couber, ao disposto nos Capítulos II, III e IV do Título III do
Livro III deste regimento.

SEÇÃO XII
DOS PROCESSOS ACESSÓRIOS
SEÇÃO II
DO INCIDENTE DE INCOMPETÊNCIA DE DESEMBARGADOR OU
ÓRGÃO DO TRIBUNAL
(Redação dada pela Emenda Regimental n° 6, de 2016)

Art. 543. Poderá ser arguida a inCOMPETÊNCIA de


Desembargador ou de Órgão do Tribunal, em feito que nele
tramite.
§ 1º A arguição se fará em petição fundamentada e devidamente
instruída, que indicará, se for o caso, o Desembargador ou o
Órgão que seria competente.
§ 2º Autuado o incidente em apartado, serão os autos conclusos ao
Primeiro Vice-Presidente, que será o Relator, determinando este
que seja ouvido o suscitado no prazo de cinco dias. (Redação dada
pela Emenda Regimental n° 6, de 2016)
§ 3º Reconhecendo o suscitado sua inCOMPETÊNCIA, serão os
autos remetidos ao Desembargador ou Órgão competente.
(Redação dada pela Emenda Regimental n° 6, de 2016)
§ 4º Não reconhecida a inCOMPETÊNCIA, o Relator remeterá os
autos à Procuradoria-Geral de Justiça, para parecer, em cinco
dias.

Art. 544. Completada a instrução, se houver, o Relator, no


quinquídio, lançará relatório nos autos e pedirá dia para o
julgamento no Órgão Especial.
Parágrafo único. Na sessão de julgamento, havendo empate, o
Presidente proferirá voto de qualidade.
Interessante observar-se que aqui há uma exceção à regra de que, nos
PROCESSOS ADMINISTRATIVOS DISCIPLINARES, o Presidente tem direito
de voto, podendo votar sempre.

Art. 545. O Relator indeferirá liminarmente o incidente, quando


manifestamente improcedente, cabendo agravo interno no prazo
de 15 (quinze) dias. (Redação dada pela Emenda Regimental n° 6,
de 2016)
Rejeitar liminarmente uma arguição de inCOMPETÊNCIA é correr, em
determinados casos, o risco causar danos muitas vezes irreparáveis.

Art. 546. Julgada a exceção, os autos serão apensados aos


principais e remetidos ao Desembargador ou Órgão competente.
Sem dúvida.

SEÇÃO III
DO INCIDENTE DE IMPEDIMENTO OU SUSPEIÇÃO DE
DESEMBARGADOR
(Redação dada pela Emenda Regimental n° 6, de 2016)

Art. 547. O Desembargador poderá dar-se por suspeito, se


afirmar motivo de foro íntimo, e deverá fazê-lo ou dar-se por
impedido, se houver motivo legal de suspeição ou impedimento.
§ 1º Em qualquer das hipóteses previstas neste artigo, o
Desembargador deverá declarar, por escrito, a suspeição ou o
impedimento, mandando o processo a seu substituto, se for
Revisor, ou a nova distribuição, se Relator.
§ 2º O Desembargador vogal que houver de se declarar suspeito ou
impedido deverá fazê-lo verbalmente na sessão de julgamento,
registrando-se na ata a declaração.
§ 3º Se, na sessão de julgamento, o Presidente do Órgão Julgador
se der por suspeito ou impedido, competirá a presidência ao
Julgador mais antigo.
§ 4º A norma prevista no parágrafo anterior se aplica também no
Órgão Especial e no Conselho da Magistratura, se ausentes o
Primeiro, o Segundo e o Terceiro Vice-Presidentes.
Nobre a atitude de quem prefere abster-se de julgar quando movido por
amizade ou inimizade, mesmo que não evidentes aos olhos de terceiros.

Art. 548. O Desembargador poderá ser recusado, por qualquer


das partes, como suspeito ou impedido em feito no qual atue, nos
casos previstos na legislação processual civil e penal.

Art. 549. A exceção de impedimento ou de suspeição deve ser


oposta em petição dirigida ao Presidente do Órgão Julgador,
assinada por Procurador, com poderes especiais, fundamentada e
acompanhada de prova documental ou rol de testemunhas.
Pode o próprio Imputado, aqui, como nos demais petitórios e atuações,
defender-se sem Advogado.
Parágrafo único. O Presidente mandará juntar a petição aos
autos, que serão conclusos ao Desembargador recusado.

Art. 550. Se o Desembargador arguido reconhecer a suspeição


ou o impedimento, determinará, por despacho, a juntada da
petição aos autos e:
I - sendo ele o Relator, ordenará a remessa dos autos ao substituto
ou a nova distribuição;
II - sendo ele o Revisor, passará os autos ao Desembargador que o
seguir na ordem de antiguidade.

Art. 551. Se o recusado não reconhecer a suspeição ou o


impedimento, sustará a marcha do processo e mandará autuar em
apartado a petição, determinando a remessa dos autos do
incidente ao Presidente do Órgão Julgador. (Redação dada pela
Emenda Regimental n° 6, de 2016)
§ 1º Se a arguição for de manifesta improcedência, o Presidente a
rejeitará liminarmente.
A rejeição liminar é uma medida extrema, que não pode ser usada sem
base jurídica, pois, em caso contrário, será a consagração da suspeição de
quem liminarmente afrontou o direito de questionar um suspeito. Então, serão
dois suspeitos.
§ 2º Não sendo o caso de aplicação do parágrafo anterior, o
Presidente mandará ouvir o arguido, que dará a sua resposta em
dez dias, podendo juntar documentos e oferecer testemunhas.
§ 3º Recebidos os autos com a manifestação do arguido, o
Presidente fará relatório escrito, em quinze dias, e convocará o
Órgão para tomar conhecimento da preliminar de exceção.
§ 4º Se for reconhecida a relevância da arguição, processar-se-á o
incidente, com intimação das partes, marcando o Presidente dia e
hora para inquirição de testemunhas, ou delegando poderes a
Desembargador para a diligência. (Redação dada pela Emenda
Regimental n° 6, de 2016)
§ 5º Concluída a instrução, o Presidente fará relatório escrito,
dentro do prazo de quinze dias, e convocará o Órgão para o
julgamento final.
Esse o procedimento digno de um Julgador imparcial.
“A imparcialidade do juiz é pressuposto de validade do processo, devendo
o juiz colocar-se entre as partes e acima delas, sendo esta a primeira
condição para que possa o magistrado exercer sua função jurisdicional.”
(https://www.google.com.br/search?
q=imparcialidade+do+juiz&sxsrf=ALiCzsY8nRowUM3LhgKwtk436DbCKjGF
SA
%3A1655929490179&source=hp&ei=knqzYvmNCZmu5OUP6JyPwAI&iflsig=
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Art. 552. Verificando que o incidente não tem fundamento legal,


o Órgão competente para apreciá-la determinará o seu
arquivamento; caso contrário, condenará o Desembargador nas
custas, na forma legal. (Redação dada pela Emenda Regimental n°
6, de 2016)
Pior do que a condenação nas custas é a condenação dos próprios
Pares.

ALGUNS ANEXOS

RESOLUÇÃO 135/CNJ/2011

Art. 1º Para os efeitos desta Resolução, são magistrados os Juízes


Substitutos, os Juízes de Direito e os Desembargadores dos Tribunais
de Justiça Estaduais, os Juízes Federais e dos Tribunais Regionais
Federais, os Juízes do Trabalho e dos Tribunais Regionais do Trabalho,
os Juízes Militares e dos Tribunais Militares, os Juízes Eleitorais e dos
Tribunais Regionais Eleitorais, os Ministros do Superior Tribunal de
Justiça, os Ministros do Tribunal Superior do Trabalho, os Ministros do
Superior Tribunal Militar e os Ministros do Tribunal Superior Eleitoral,
exceto aqueles que também integram o Supremo Tribunal Federal.

Art. 2º Considera-se Tribunal, para os efeitos desta Resolução, o


Conselho Nacional de Justiça, o Tribunal Pleno ou o Órgão Especial,
onde houver, e o Conselho da Justiça Federal, no âmbito da respectiva
COMPETÊNCIA administrativa definida na Constituição e nas Leis
próprias.

Art. 3º São penas disciplinares aplicáveis aos magistrados da Justiça


Federal, da Justiça do Trabalho, da Justiça Eleitoral, da Justiça Militar,
da Justiça dos Estados e do Distrito Federal e Territórios:

I - advertência;

II - censura;

III- remoção compulsória;

IV - disponibilidade;

V - aposentadoria compulsória;

VI – demissão.

§ 1º - As penas previstas no art. 6º, § 1º, da Lei no 4.898, de 9 de


dezembro de 1965, são aplicáveis aos magistrados, desde que não
incompatíveis com a Lei Complementar no 35, de 1979.

§ 2º - Os deveres do magistrado são os previstos na Constituição


Federal, na Lei Complementar no 35, de 1979, no Código de Processo
Civil (art. 125), no Código de Processo Penal (art. 251), nas demais Leis
vigentes e no Código de Ética da Magistratura.

Art. 4º O magistrado negligente, no cumprimento dos deveres do cargo,


está sujeito à pena de advertência. Na reiteração e nos casos de
procedimento incorreto, a pena será de censura, caso a infração não
justificar punição mais grave.

Art. 5º O magistrado de qualquer grau poderá ser removido


compulsoriamente, por interesse público, do Órgão em que atue para
outro.

Art. 6º O magistrado será posto em disponibilidade com vencimentos


proporcionais ao tempo de serviço, ou, se não for vitalício, demitido por
interesse público, quando a gravidade das faltas não justificar a
aplicação de pena de censura ou remoção compulsória.

§ 1º Cumpridos dois anos de pena de disponibilidade, havendo pedido


de aproveitamento, cabe ao Tribunal ao qual vinculado o magistrado
promover: (Incluído pela Resolução nº 323, de 07.07.2020)
I – Sindicância da vida pregressa e investigação social; (Incluído pela
Resolução nº 323, de 07.07.2020)

II – reavaliação da capacidade física, mental e psicológica; e (Incluído


pela Resolução nº 323, de 07.07.2020)

III – reavaliação da capacidade técnica e jurídica, por meio de frequência


obrigatória a curso oficial ministrado pela Escola da Magistratura.
(Incluído pela Resolução nº 323, de 07.07.2020)

§ 2º Na análise do pedido, o Tribunal procederá ao exame da


subsistência das razões que determinaram a disponibilidade, ou da
superveniência de fatos novos, quando deverá apontar motivo plausível,
de ordem ética ou profissional, diverso dos fatos que ensejaram a pena.
(Incluído pela Resolução nº 323, de 07.07.2020)

§ 3º Devidamente instruído e fundamentado o procedimento, caberá ao


Tribunal ou Órgão Especial decidir quanto ao retorno imediato ou
gradual e adaptativo do magistrado. (Incluído pela Resolução nº 323, de
07.07.2020)

Art. 7º O magistrado será aposentado compulsoriamente, por interesse


público, quando:

I - mostrar-se manifestamente negligente no cumprimento de seus


deveres;

II - proceder de forma incompatível com a dignidade, a honra e o decoro


de suas funções;

III - demonstrar escassa ou insuficiente capacidade de trabalho, ou


apresentar comportamento funcional incompatível com o bom
desempenho das atividades do Poder Judiciário.

II - INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR

Art. 8º O Corregedor, no caso de magistrados de primeiro grau, o


Presidente ou outro membro competente do Tribunal, nos demais casos,
quando tiver ciência de irregularidade, é obrigado a promover a
apuração imediata dos fatos, observados os termos desta Resolução e,
no que não conflitar com esta, do Regimento Interno respectivo.

Parágrafo único. Se da apuração em qualquer procedimento ou


processo administrativo resultar a verificação de falta ou infração
atribuída a magistrado, será determinada, pela autoridade competente, a
instauração de Sindicância ou proposta, diretamente, ao Tribunal, a
instauração de PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR, observado,
neste caso, o art. 14, caput, desta Resolução.
Art. 9º A notícia de irregularidade praticada por magistrados poderá ser
feita por toda e qualquer pessoa, exigindo-se formulação por escrito,
com confirmação da autenticidade, a identificação e o endereço do
denunciante.

§ 1º - Identificados os fatos, o magistrado será notificado a fim de, no


prazo de cinco dias, prestar informações.

§ 2º - Quando o fato narrado não configurar infração disciplinar ou ilícito


penal, o procedimento será arquivado de plano pelo Corregedor, no
caso de magistrados de primeiro grau, ou pelo Presidente do Tribunal,
nos demais casos ou, ainda, pelo Corregedor Nacional de Justiça, nos
casos levados ao seu exame.

§ 3º - Os Corregedores locais, nos casos de magistrado de primeiro


grau, e os Presidentes de Tribunais, nos casos de magistrados de
segundo grau, comunicarão à Corregedoria Nacional de Justiça, no
prazo de quinze dias da decisão, o arquivamento dos procedimentos
prévios de apuração contra magistrados.

Art. 10. Das decisões referidas nos artigos anteriores caberá recurso no
prazo de 15 (quinze) dias ao Tribunal, por parte do autor da
representação.

Art. 11. Instaurada a Sindicância, será permitido ao sindicado


acompanhá-la.

III - PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR

Art. 12. Para os PROCESSOS ADMINISTRATIVOS DISCIPLINARES e para


a aplicação de quaisquer penalidades previstas em Lei, é competente o
Tribunal a que pertença ou esteja subordinado o Magistrado, sem
prejuízo da atuação do Conselho Nacional de Justiça.

Parágrafo único. Os procedimentos e normas previstos nesta Resolução


aplicam-se ao processo disciplinar para apuração de infrações
administrativas praticadas pelos Magistrados, sem prejuízo das
disposições regimentais respectivas que com elas não conflitarem.

Art. 13. O PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR poderá ter início,


em qualquer caso, por determinação do Conselho Nacional de Justiça,
acolhendo proposta do Corregedor Nacional ou deliberação do seu
Plenário, ou por determinação do Pleno ou Órgão Especial, mediante
proposta do Corregedor, no caso de magistrado, de primeiro grau, ou
ainda por proposta do Presidente do Tribunal respectivo, nas demais
ocorrências.

Art. 14. Antes da decisão sobre a instauração do processo pelo


colegiado respectivo, a autoridade responsável pela acusação
concederá ao magistrado prazo de quinze dias para a Defesa Prévia,
contado da data da entrega da cópia do teor da acusação e das provas
existentes.

§ 1º  Findo o prazo da Defesa Prévia, haja ou não sido apresentada, o


Relator submeterá ao Tribunal Pleno ou ao seu Órgão Especial relatório
conclusivo com a proposta de instauração do PROCESSO
ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR, ou de arquivamento, intimando o
magistrado ou seu defensor, se houver, da data da sessão do
julgamento.

§ 2º O Corregedor relatará a acusação perante o Órgão Censor, no caso


de magistrado de primeiro grau, e o Presidente do Tribunal, nos demais
casos.

§ 3º O Presidente e o Corregedor terão direito a voto.

§ 4º Caso a proposta de abertura de PROCESSO ADMINISTRATIVO


DISCIPLINAR contra magistrado seja adiada ou deixe de ser apreciada
por falta de quórum, cópia da ata da sessão respectiva, com a
especificação dos nomes dos presentes; dos ausentes; dos suspeitos e
dos impedidos, será encaminhada para a Corregedoria do Conselho
Nacional de Justiça, no prazo de 15 (quinze) dias, contados da
respectiva sessão, para fins de deliberação, processamento e
submissão a julgamento.

§ 5º Determinada a instauração do PROCESSO ADMINISTRATIVO


DISCIPLINAR, pela maioria absoluta dos membros do Tribunal ou do
respectivo Órgão Especial, o respectivo Acórdão será acompanhado de
portaria que conterá a imputação dos fatos e a delimitação do teor da
acusação, assinada pelo Presidente do Órgão.

§ 6º Acolhida a proposta de abertura de PROCESSO ADMINISTRATIVO


DISCIPLINAR contra magistrado, cópia da ata da sessão respectiva será
encaminhada para a Corregedoria do Conselho Nacional de Justiça, no
prazo de 15 dias, contados da respectiva sessão de julgamento, para
fins de acompanhamento.

§ 7º O Relator será sorteado dentre os magistrados que integram o


Pleno ou o Órgão Especial do Tribunal, não havendo Revisor.

§ 8º Não poderá ser Relator o magistrado que dirigiu o procedimento


preparatório, ainda que não seja mais o Corregedor.

§ 9º O processo administrativo terá o prazo de cento e quarenta dias


para ser concluído, prorrogável, quando imprescindível para o término
da instrução e houver motivo justificado, mediante deliberação do
Plenário ou Órgão Especial.

Art. 15. O Tribunal, observada a maioria absoluta de seus membros ou


do Órgão Especial, na oportunidade em que determinar a instauração do
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR, decidirá
fundamentadamente sobre o afastamento do cargo do Magistrado até a
decisão final, ou, conforme lhe parecer conveniente ou oportuno, por
prazo determinado, assegurado o subsídio integral.
§ 1º O afastamento do Magistrado previsto no caput poderá ser
cautelarmente decretado pelo Tribunal antes da instauração do
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR, quando necessário ou
conveniente a regular apuração da infração disciplinar.

§ 2º Decretado o afastamento, o magistrado ficará impedido de utilizar o


seu local de trabalho e usufruir de veículo oficial e outras prerrogativas
inerentes ao exercício da função.

Art. 16. O Relator determinará a intimação do Ministério Público para


manifestação no prazo de 5 (cinco) dias.

Art. 17. Após, o Relator determinará a citação do Magistrado para


apresentar as razões de defesa e as provas que entender necessárias,
em 5 dias, encaminhando-lhe cópia do Acórdão que ordenou a
instauração do PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR, com a
respectiva portaria, observando-se que:

I - caso haja dois ou mais magistrados requeridos, o prazo para defesa


será comum e de 10 (dez) dias contados da intimação do último;

II - o magistrado que mudar de residência fica obrigado a comunicar ao


Relator, ao Corregedor e ao Presidente do Tribunal o endereço em que
receberá citações, notificações ou intimações;

III - quando o magistrado estiver em lugar incerto ou não sabido, será


citado por edital, com prazo de trinta dias, a ser publicado, uma vez, no
Órgão oficial de imprensa utilizado pelo Tribunal para divulgar seus
atos;

IV - considerar-se-á revel o magistrado que, regularmente citado, não


apresentar defesa no prazo assinado;

V - declarada a revelia, o Relator poderá designar defensor dativo ao


requerido, concedendo-lhe igual prazo para a apresentação de defesa.

Art. 18. Decorrido o prazo para a apresentação da Defesa Prévia, o


Relator decidirá sobre a realização dos atos de instrução e a produção
de provas requeridas, determinando de ofício as que entender
necessárias.

§ 1º Para a colheita das provas o Relator poderá delegar poderes a


magistrado de primeiro ou segundo grau.

§ 2º Para todos os demais atos de instrução, com a mesma cautela,


serão intimados o magistrado processado ou seu defensor, se houver.

§ 3º Na instrução do processo serão inquiridas, no máximo, oito


testemunhas de acusação e, até oito de defesa, por requerido, que
justificadamente tenham ou possam ter conhecimento dos fatos
Imputados.
§ 4º O depoimento das testemunhas, as acareações e as provas periciais
e técnicas destinadas à elucidação dos fatos, serão realizados com
aplicação subsidiária, no que couber, das normas da legislação
processual penal e da legislação processual civil, sucessivamente.

§ 5º A inquirição das testemunhas e o interrogatório deverão ser feitos


em audiência una, ainda que, se for o caso, em dias sucessivos, e
poderão ser realizados por meio de videoconferência, nos termos do §
1º do artigo 405 do Código de Processo Penal e da Resolução no 105, de
2010, do Conselho Nacional de Justiça.

§ 6º O interrogatório do magistrado, precedido de intimação com


antecedência de 48 (quarenta e oito) horas, será realizado após a
produção de todas as provas.

§ 7º Os depoimentos poderão ser documentados pelo sistema


audiovisual, sem a necessidade, nesse caso, de degravação.

Art. 19. Finda a instrução, o Ministério Público e, em seguida, o


magistrado ou seu defensor terão 10 (dez) dias para manifestação e
razões finais, respectivamente.

Art. 20. O julgamento do PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR


será realizado em sessão pública e serão fundamentadas todas as
decisões, inclusive as interlocutórias.

§ 1º Em determinados atos processuais e de julgamento,


poderá, no entanto, ser limitada a presença às próprias
partes e a seus Advogados, ou somente a estes, desde que a
preservação da intimidade não prejudique o interesse
público.

§ 2º Para o julgamento, que será público, serão


disponibilizados aos integrantes do Órgão Julgador acesso à
integralidade dos autos do PROCESSO ADMINISTRATIVO
DISCIPLINAR.

§ 3º O Presidente e o Corregedor terão direito a voto.

§ 4º Os Tribunais comunicarão à Corregedoria Nacional de


Justiça, no prazo de 15 dias da respectiva sessão, os
resultados dos julgamentos dos PROCESSOS
ADMINISTRATIVOS DISCIPLINARES.

Art. 21. A punição ao magistrado somente será imposta pelo


voto da maioria absoluta dos membros do Tribunal ou do
Órgão Especial.

Parágrafo único. Na hipótese em que haja divergência quanto


à pena, sem que se tenha formado maioria absoluta por uma
delas, será aplicada a mais leve, ou, no caso de mais de duas
penas alternativas, aplicar-se-á a mais leve que tiver obtido o
maior número de votos.

Art. 22. Entendendo o Tribunal que existem indícios de crime


de ação pública incondicionada, o Presidente remeterá ao
Ministério Público cópia dos autos.

Parágrafo único. Aplicada a pena de disponibilidade ou de


aposentadoria compulsória, o Presidente remeterá cópias dos
autos ao Ministério Público e à Advocacia Geral da União ou
Procuradoria Estadual competente para, se for o caso, tomar
as providências cabíveis.

IV -DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 23. O processo disciplinar, contra juiz não vitalício, será


instaurado dentro do biênio previsto no art. 95, I da
Constituição Federal, mediante indicação do Corregedor ao
Tribunal respectivo, seguindo, no que lhe for aplicável, o
disposto nesta Resolução.

§ 1º A instauração do processo pelo Tribunal suspenderá o


curso do prazo de vitaliciamento.

§ 2º No caso de aplicação das penas de censura ou remoção


compulsória, o Juiz não vitalício ficará impedido de ser
promovido ou removido enquanto não decorrer prazo de um
ano da punição imposta.

§ 3º Ao juiz não-vitalício será aplicada pena de demissão em


caso de:

I – falta que derive da violação às proibições contidas na


Constituição Federal e nas Leis;

II – manifesta negligência no cumprimento dos deveres do


cargo;

III – procedimento incompatível com a dignidade, a honra e


o decoro de suas funções;

IV – escassa ou insuficiente capacidade de trabalho;

V – proceder funcional incompatível com o bom desempenho


das atividades do Poder Judiciário.
Art. 24. O prazo de prescrição de falta funcional praticada
pelo magistrado é de cinco anos, contado a partir da data em
que o Tribunal tomou conhecimento do fato, salvo quando
configurar tipo penal, hipótese em que o prazo prescricional
será o do Código Penal.

§ 1º A interrupção da prescrição ocorre com a decisão do


Plenário ou do Órgão Especial que determina a instauração
do PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR.

§ 2º O prazo prescricional pela pena aplicada começa a


correr nos termos do § 9º do art. 14 desta Resolução, a partir
do 141º dia após a instauração do PROCESSO
ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. (Alterada conforme
retificação publicada no DJ-e n. 144, de 04 de agosto de
2011)

§ 3º A prorrogação do prazo de conclusão do PROCESSO


ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR, prevista no § 9º do artigo
14 desta Resolução, não impede o início da contagem do
prazo prescricional de que trata o parágrafo anterior.
(Alterada conforme retificação publicada no DJ-e n. 216, de
23 de novembro de 2011)

Art. 25. A instauração de PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR,


bem como as penalidades definitivamente impostas pelo Tribunal e as
alterações decorrentes de julgados do Conselho Nacional de Justiça
serão anotadas nos assentamentos do Magistrado mantidos pelas
Corregedorias respectivas.

Art. 26. Aplicam-se aos procedimentos disciplinares contra


magistrados, subsidiariamente, e desde que não conflitem
com o Estatuto da Magistratura, as normas e os princípios
relativos ao PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR das
Leis n. 8.112/90 e n. 9.784/99.

Art. 27. O magistrado que estiver respondendo a PROCESSO


ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR só terá apreciado o pedido
de aposentadoria voluntaria após a conclusão do processo ou
do cumprimento da penalidade.

Art. 28. Os Tribunais comunicarão à Corregedoria Nacional de


Justiça as decisões de arquivamento dos procedimentos
prévios de apuração, de instauração e os julgamentos dos
PROCESSOS ADMINISTRATIVOS DISCIPLINARES.

Art. 29. A presente Resolução entra em vigor na data de sua


publicação e aplica-se aos processos pendentes, ficando
revogada a Resolução n. 30, de 7 de março de 2007.

 
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LEI N. 8.112/90
Título V

Do PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR

Capítulo I

Disposições Gerais

Art. 143.  A autoridade que tiver ciência de irregularidade no


serviço público é obrigada a promover a sua apuração imediata,
mediante Sindicância ou PROCESSO ADMINISTRATIVO
DISCIPLINAR, assegurada ao acusado AMPLA DEFESA.

§ 1o  Compete ao Órgão central do SIPEC supervisionar e


fiscalizar o cumprimento do disposto neste artigo.                 
(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)                  (Revogado pela Lei
nº 11.204, de 2005)

§ 2o  Constatada a omissão no cumprimento da obrigação a que se refere


o caput deste artigo, o titular do Órgão central do SIPEC designará a comissão
de que trata o art. 149.               (Incluído pela Lei nº 9.527, de
10.12.97)                  (Revogado pela Lei nº 11.204, de 2005)

§ 3o A apuração de que trata o caput, por solicitação da


autoridade a que se refere, poderá ser promovida por autoridade
de Órgão ou entidade diverso daquele em que tenha ocorrido a
irregularidade, mediante COMPETÊNCIA específica para tal
finalidade, delegada em caráter permanente ou temporário pelo
Presidente da República, pelos Presidentes das Casas do Poder
Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo Procurador-Geral da
República, no âmbito do respectivo Poder, Órgão ou entidade,
preservadas as COMPETÊNCIAS para o julgamento que se seguir
à apuração.                 (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

Art. 144.  As denúncias sobre irregularidades serão objeto de


apuração, desde que contenham a identificação e o endereço do
denunciante e sejam formuladas por escrito, confirmada a
autenticidade.

Parágrafo único.  Quando o fato narrado não configurar


evidente infração disciplinar ou ilícito penal, a denúncia será
arquivada, por falta de objeto.

Art. 145.  Da Sindicância poderá resultar:

I - arquivamento do processo;
II - aplicação de penalidade de advertência ou suspensão de
até 30 (trinta) dias;

III - instauração de processo disciplinar.

Parágrafo único.  O prazo para conclusão da Sindicância não


excederá 30 (trinta) dias, podendo ser prorrogado por igual
período, a critério da autoridade superior.

Art. 146.  Sempre que o ilícito praticado pelo servidor ensejar


a imposição de penalidade de suspensão por mais de 30
(trinta) dias, de demissão, cassação de aposentadoria ou
disponibilidade, ou destituição de cargo em comissão, será
obrigatória a instauração de processo disciplinar.

Capítulo II

Do Afastamento Preventivo

Art. 147.  Como medida cautelar e a fim de que o servidor não


venha a influir na apuração da irregularidade, a     autoridade
instauradora do processo disciplinar poderá determinar o seu
afastamento do exercício do cargo, pelo prazo de até 60
(sessenta) dias, sem prejuízo da remuneração.

Parágrafo único. O afastamento poderá ser prorrogado por


igual prazo, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que não
concluído o processo.

Capítulo III

Do Processo Disciplinar

Art. 148.  O processo disciplinar é o instrumento destinado a


apurar responsabilidade de servidor por infração praticada no
exercício de suas atribuições, ou que tenha relação com as
atribuições do cargo em que se encontre investido.

Art. 149. O processo disciplinar será conduzido por comissão composta


de 3 (três) servidores estáveis designados pela autoridade competente, que
indicará, dentre eles, o Presidente.

Art. 149.  O processo disciplinar será conduzido por comissão


composta de três servidores estáveis designados pela autoridade
competente, observado o disposto no § 3o do art. 143, que
indicará, dentre eles, o seu Presidente, que deverá ser ocupante
de cargo efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de
escolaridade igual ou superior ao do indiciado.                     
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 1o  A Comissão terá como secretário servidor designado
pelo seu Presidente, podendo a indicação recair em um de seus
membros.

§ 2o  Não poderá participar de comissão de Sindicância ou de


inquérito, cônjuge, companheiro ou parente do acusado,
consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro
grau.

Art. 150.  A Comissão exercerá suas atividades com


independência e imparcialidade, assegurado o sigilo necessário à
elucidação do fato ou exigido pelo interesse da administração.

Parágrafo único.  As reuniões e as audiências das comissões


terão caráter reservado.

Art. 151.  O processo disciplinar se desenvolve nas seguintes


fases:

I - instauração, com a publicação do ato que constituir a


comissão;

II - inquérito administrativo, que compreende instrução,


defesa e relatório;

III - julgamento.

Art. 152.  O prazo para a conclusão do processo disciplinar


não excederá 60 (sessenta) dias, contados da data de publicação
do ato que constituir a comissão, admitida a sua prorrogação por
igual prazo, quando as circunstâncias o exigirem.

§ 1o  Sempre que necessário, a comissão dedicará tempo


integral aos seus trabalhos, ficando seus membros dispensados
do ponto, até a entrega do relatório final.

§ 2o  As reuniões da comissão serão registradas em atas que


deverão detalhar as deliberações adotadas.

Seção I

Do Inquérito

Art. 153.  O inquérito administrativo obedecerá ao princípio do


CONTRADITÓRIO, assegurada ao acusado AMPLA DEFESA, com
a utilização dos meios e recursos admitidos em direito.

Art. 154.  Os autos da Sindicância integrarão o processo


disciplinar, como peça informativa da instrução.
Parágrafo único.  Na hipótese de o relatório da Sindicância
concluir que a infração está capitulada como ilícito penal, a
autoridade competente encaminhará cópia dos autos ao Ministério
Público, independentemente da imediata instauração do processo
disciplinar.

Art. 155.  Na fase do inquérito, a comissão promoverá a


tomada de depoimentos, acareações, investigações e diligências
cabíveis, objetivando a coleta de prova, recorrendo, quando
necessário, a técnicos e peritos, de modo a permitir a completa
elucidação dos fatos.

Art. 156.  É assegurado ao servidor o direito de acompanhar o


processo pessoalmente ou por intermédio de Procurador, arrolar e
reinquirir testemunhas, produzir provas e contraprovas e formular
quesitos, quando se tratar de prova pericial.

§ 1o  O Presidente da comissão poderá denegar pedidos


considerados impertinentes, meramente protelatórios, ou de
nenhum interesse para o esclarecimento dos fatos.

§ 2o  Será indeferido o pedido de prova pericial, quando a


comprovação do fato independer de conhecimento especial de
perito.

Art. 157.  As testemunhas serão intimadas a depor mediante


mandado expedido pelo Presidente da comissão, devendo a
segunda via, com o ciente do interessado, ser anexado aos autos.

Parágrafo único.  Se a testemunha for servidor público, a


expedição do mandado será imediatamente comunicada ao chefe
da repartição onde serve, com a indicação do dia e hora marcados
para inquirição.

Art. 158.  O depoimento será prestado oralmente e reduzido a


termo, não sendo lícito à testemunha trazê-lo por escrito.

§ 1o  As testemunhas serão inquiridas separadamente.

§ 2o  Na hipótese de depoimentos CONTRADITÓRIOs ou que


se infirmem, proceder-se-á à acareação entre os depoentes.

Art. 159.  Concluída a inquirição das testemunhas, a comissão


promoverá o interrogatório do acusado, observados os
procedimentos previstos nos arts. 157 e 158.

§ 1o  No caso de mais de um acusado, cada um deles será


ouvido separadamente, e sempre que divergirem em suas
declarações sobre fatos ou circunstâncias, será promovida a
acareação entre eles.
§ 2o  O Procurador do acusado poderá assistir ao
interrogatório, bem como à inquirição das testemunhas, sendo-lhe
vedado interferir nas perguntas e respostas, facultando-se lhe,
porém, reinquiri-las, por intermédio do Presidente da comissão.

Art. 160.  Quando houver dúvida sobre a sanidade mental do


acusado, a comissão proporá à autoridade competente que ele
seja submetido a exame por junta médica oficial, da qual participe
pelo menos um médico psiquiatra.

Parágrafo único.  O incidente de sanidade mental será


processado em auto apartado e apenso ao processo principal,
após a expedição do laudo pericial.

Art. 161.  Tipificada a infração disciplinar, será formulada a


indiciação do servidor, com a especificação dos fatos a ele
Imputados e das respectivas provas.

§ 1o  O indiciado será citado por mandado expedido pelo


Presidente da comissão para apresentar defesa escrita, no prazo
de 10 (dez) dias, assegurando-se lhe vista do processo na
repartição.

§ 2o  Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será comum e


de 20 (vinte) dias.

§ 3o  O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo dobro,


para diligências reputadas indispensáveis.

§ 4o  No caso de recusa do indiciado em apor o ciente na


cópia da citação, o prazo para defesa contar-se-á da data
declarada, em termo próprio, pelo membro da comissão que fez a
citação, com a assinatura de (2) duas testemunhas.

Art. 162.  O indiciado que mudar de residência fica obrigado a


comunicar à comissão o lugar onde poderá ser encontrado.

Art. 163.  Achando-se o indiciado em lugar incerto e não


sabido, será citado por edital, publicado no Diário Oficial da União
e em jornal de grande circulação na localidade do último domicílio
conhecido, para apresentar defesa.

Parágrafo único.  Na hipótese deste artigo, o prazo para


defesa será de 15 (quinze) dias a partir da última publicação do
edital.

Art. 164.  Considerar-se-á revel o indiciado que, regularmente


citado, não apresentar defesa no prazo legal.
§ 1o  A revelia será declarada, por termo, nos autos do
processo e devolverá o prazo para a defesa.

§ 2º Para defender o indiciado revel, a autoridade instauradora do


processo designará um servidor como defensor dativo, ocupante de cargo de
nível igual ou superior ao do indiciado.

§ 2o  Para defender o indiciado revel, a autoridade


instauradora do processo designará um servidor como defensor
dativo, que deverá ser ocupante de cargo efetivo superior ou de
mesmo nível, ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do
indiciado.                  (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

Art. 165.  Apreciada a defesa, a comissão elaborará relatório


minucioso, onde resumirá as peças principais dos autos e
mencionará as provas em que se baseou para formar a sua
convicção.

§ 1o  O relatório será sempre conclusivo quanto à inocência


ou à responsabilidade do servidor.

§ 2o  Reconhecida a responsabilidade do servidor, a comissão


indicará o dispositivo legal ou regulamentar transgredido, bem
como as circunstâncias agravantes ou atenuantes.

Art. 166.  O processo disciplinar, com o relatório da comissão,


será remetido à autoridade que determinou a sua instauração,
para julgamento.

Seção II

Do Julgamento

Art. 167. No prazo de 20 (vinte) dias, contados do recebimento


do processo, a autoridade Julgadora proferirá a sua decisão.

§ 1o  Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada da


autoridade instauradora do processo, este será encaminhado à
autoridade competente, que decidirá em igual prazo.

§ 2o  Havendo mais de um indiciado e diversidade de sanções,


o julgamento caberá à autoridade competente para a imposição da
pena mais grave.

§ 3o  Se a penalidade prevista for a demissão ou cassação de


aposentadoria ou disponibilidade, o julgamento caberá às
autoridades de que trata o inciso I do art. 141.

§ 4o  Reconhecida pela comissão a inocência do servidor, a


autoridade instauradora do processo determinará o seu
arquivamento, salvo se flagrantemente contrária à prova dos
autos.  (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

Art. 168.  O julgamento acatará o relatório da comissão, salvo


quando contrário às provas dos autos.

Parágrafo único.  Quando o relatório da comissão contrariar


as provas dos autos, a autoridade Julgadora poderá,
motivadamente, agravar a penalidade proposta, abrandá-la ou
isentar o servidor de responsabilidade.

Art. 169. Verificada a existência de vício insanável, a autoridade Julgadora


declarará a nulidade total ou parcial do processo e ordenará a constituição de
outra comissão, para instauração de novo processo.

Art. 169.  Verificada a ocorrência de vício insanável, a


autoridade que determinou a instauração do processo ou outra de
hierarquia superior declarará a sua nulidade, total ou parcial, e
ordenará, no mesmo ato, a constituição de outra comissão para
instauração de novo processo.                    (Redação dada pela Lei
nº 9.527, de 10.12.97)

§ 1o  O julgamento fora do prazo legal não implica nulidade do


processo.

§ 2o  A autoridade Julgadora que der causa à prescrição de


que trata o art. 142, § 2o, será responsabilizada na forma do
Capítulo IV do Título IV.

Art. 170.  Extinta a punibilidade pela prescrição, a autoridade


Julgadora determinará o registro do fato nos assentamentos
individuais do servidor.

Art. 171.  Quando a infração estiver capitulada como crime, o


processo disciplinar será remetido ao Ministério Público para
instauração da ação penal, ficando trasladado na repartição.

Art. 172.  O servidor que responder a processo disciplinar só


poderá ser exonerado a pedido, ou aposentado voluntariamente,
após a conclusão do processo e o cumprimento da penalidade,
acaso aplicada.

Parágrafo único.  Ocorrida a exoneração de que trata o


parágrafo único, inciso I do art. 34, o ato será convertido em
demissão, se for o caso.

Art. 173.  Serão assegurados transporte e diárias:

I - ao servidor convocado para prestar depoimento fora da


sede de sua repartição, na condição de testemunha, denunciado
ou indiciado;
II - aos membros da comissão e ao secretário, quando
obrigados a se deslocarem da sede dos trabalhos para a
realização de missão essencial ao esclarecimento dos fatos.

Seção III

Da Revisão do Processo

Art. 174.  O processo disciplinar poderá ser revisto, a


qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando se aduzirem    
fatos novos ou circunstâncias suscetíveis de justificar a inocência
do punido ou a inadequação da penalidade aplicada.

§ 1o  Em caso de falecimento, ausência ou desaparecimento


do servidor, qualquer pessoa da família poderá requerer a revisão
do processo.

§ 2o  No caso de incapacidade mental do servidor, a revisão


será requerida pelo respectivo curador.

Art. 175.  No processo revisional, o ônus da prova cabe ao


requerente.

Art. 176.  A simples alegação de injustiça da penalidade não


constitui fundamento para a revisão, que requer elementos novos,
ainda não apreciados no processo originário.

Art. 177.  O requerimento de revisão do processo será dirigido


ao Ministro de Estado ou autoridade equivalente, que, se autorizar
a revisão, encaminhará o pedido ao dirigente do Órgão ou
entidade onde se originou o processo disciplinar.

Parágrafo único.  Deferida a petição, a autoridade competente


providenciará a constituição de comissão, na forma do art. 149.

Art. 178.  A revisão correrá em apenso ao processo originário.

Parágrafo único. Na petição inicial, o requerente pedirá dia e


hora para a produção de provas e inquirição das testemunhas que
arrolar.

Art. 179.  A comissão Revisora terá 60 (sessenta) dias para a


conclusão dos trabalhos.

Art. 180.  Aplicam-se aos trabalhos da comissão Revisora, no


que couber, as normas e procedimentos próprios da comissão do
processo disciplinar.

Art. 181.  O julgamento caberá à autoridade que aplicou a


penalidade, nos termos do art. 141.
Parágrafo único.  O prazo para julgamento será de 20 (vinte)
dias, contados do recebimento do processo, no curso do qual a
autoridade Julgadora poderá determinar diligências.

Art. 182.  Julgada procedente a revisão, será declarada sem


efeito a penalidade aplicada, restabelecendo-se todos os direitos
do servidor, exceto em relação à destituição do cargo em
comissão, que será convertida em exoneração.

Parágrafo único.  Da revisão do processo não poderá resultar


agravamento de penalidade.

LEI 9.784/99
CAPÍTULO IV
DO INÍCIO DO PROCESSO

Art. 5o O processo administrativo pode iniciar-se de ofício ou


a pedido de interessado.

Art. 6o O requerimento inicial do interessado, salvo casos em


que for admitida solicitação oral, deve ser formulado por escrito e
conter os seguintes dados:

I - Órgão ou autoridade administrativa a que se dirige;

II - identificação do interessado ou de quem o represente;

III - domicílio do requerente ou local para recebimento de


comunicações;

IV - formulação do pedido, com exposição dos fatos e de


seus fundamentos;

V - data e assinatura do requerente ou de seu representante.

Parágrafo único. É vedada à Administração a recusa


imotivada de recebimento de documentos, devendo o servidor
orientar o interessado quanto ao suprimento de eventuais falhas.

Art. 7o Os Órgãos e entidades administrativas deverão


elaborar modelos ou formulários padronizados para assuntos que
importem pretensões equivalentes.

Art. 8o Quando os pedidos de uma pluralidade de


interessados tiverem conteúdo e fundamentos idênticos, poderão
ser formulados em um único requerimento, salvo preceito legal
em contrário.
CAPÍTULO V
DOS INTERESSADOS

Art. 9o São legitimados como interessados no processo


administrativo:

I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como titulares


de direitos ou interesses individuais ou no exercício do direito de
representação;

II - aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm direitos


ou interesses que possam ser afetados pela decisão a ser    
adotada;

III - as organizações e associações representativas, no


tocante a direitos e interesses coletivos;

IV - as pessoas ou as associações legalmente constituídas


quanto a direitos ou interesses difusos.

Art. 10. São capazes, para fins de processo administrativo, os


maiores de dezoito anos, ressalvada previsão especial em ato
normativo próprio.

CAPÍTULO VI
DA COMPETÊNCIA

Art. 11. A COMPETÊNCIA é irrenunciável e se exerce pelos


Órgãos administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os
casos de delegação e avocação legalmente admitidos.

Art. 12. Um Órgão administrativo e seu titular poderão, se não


houver impedimento legal, delegar parte da sua COMPETÊNCIA a
outros Órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam
hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em
razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica,
jurídica ou territorial.

Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se à


delegação de COMPETÊNCIA dos Órgãos colegiados aos
respectivos Presidentes.

Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:

 I - a edição de atos de caráter normativo;

II - a decisão de recursos administrativos;

III - as matérias de COMPETÊNCIA exclusiva do Órgão ou


autoridade.
Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser
publicados no meio oficial.

§ 1o O ato de delegação especificará as matérias e poderes


transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e os
objetivos da delegação e o recurso cabível, podendo conter
ressalva de exercício da ATRIBUIÇÃO delegada.

§ 2o O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela


autoridade delegante.

§ 3o As decisões adotadas por delegação devem mencionar


explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão editadas pelo
delegado.

Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos


relevantes devidamente justificados, a avocação temporária de
COMPETÊNCIA atribuída a Órgão hierarquicamente inferior.

Art. 16. Os Órgãos e entidades administrativas divulgarão


publicamente os locais das respectivas sedes e, quando
conveniente, a unidade fundacional competente em matéria de
interesse especial.

Art. 17. Inexistindo COMPETÊNCIA legal específica, o


processo administrativo deverá ser iniciado perante a autoridade
de menor grau hierárquico para decidir.

CAPÍTULO VII
DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO

Art. 18. É impedido de atuar em processo administrativo o


servidor ou autoridade que:

I - tenha interesse direto ou indireto na matéria;

II - tenha participado ou venha a participar como perito,


testemunha ou representante, ou se tais situações ocorrem
quanto ao cônjuge, companheiro ou parente e afins até o terceiro
grau;

III - esteja litigando judicial ou administrativamente com o


interessado ou respectivo cônjuge ou companheiro.

Art. 19. A autoridade ou servidor que incorrer em


impedimento deve comunicar o fato à autoridade competente,
abstendo-se de atuar.

Parágrafo único. A omissão do dever de comunicar o


impedimento constitui falta grave, para efeitos disciplinares.
Art. 20. Pode ser arguida a suspeição de autoridade ou
servidor que tenha amizade íntima ou inimizade notória com
algum dos interessados ou com os respectivos cônjuges,
companheiros, parentes e afins até o terceiro grau.

Art. 21. O indeferimento de alegação de suspeição poderá ser


objeto de recurso, sem efeito suspensivo.

CAPÍTULO VIII
DA FORMA, TEMPO E LUGAR DOS ATOS DO PROCESSO

Art. 22. Os atos do processo administrativo não dependem de


forma determinada senão quando a Lei expressamente a exigir.

§ 1o Os atos do processo devem ser produzidos por escrito,


em vernáculo, com a data e o local de sua realização e a
assinatura da autoridade responsável.

§ 2o Salvo imposição legal, o reconhecimento de firma


somente será exigido quando houver dúvida de autenticidade.

§ 3o A autenticação de documentos exigidos em cópia poderá


ser feita pelo Órgão administrativo.

§ 4o O processo deverá ter suas páginas numeradas


sequencialmente e rubricadas.

Art. 23. Os atos do processo devem realizar-se em dias úteis,


no horário normal de funcionamento da repartição na qual tramitar
o processo.

Parágrafo único. Serão concluídos depois do horário normal


os atos já iniciados, cujo adiamento prejudique o curso regular do
procedimento ou cause dano ao interessado ou à Administração.

Art. 24. Inexistindo disposição específica, os atos do Órgão


ou autoridade responsável pelo processo e dos administrados que
dele participem devem ser praticados no prazo de cinco dias,
salvo motivo de força maior.

Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo pode ser


dilatado até o dobro, mediante comprovada justificação.

Art. 25. Os atos do processo devem realizar-se


preferencialmente na sede do Órgão, cientificando-se o
interessado se outro for o local de realização.

CAPÍTULO IX
DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS
Art. 26. O Órgão competente perante o qual tramita o
processo administrativo determinará a intimação do interessado
para ciência de decisão ou a efetivação de diligências.

§ 1o A intimação deverá conter:

I - identificação do intimado e nome do Órgão ou entidade


administrativa;

II - finalidade da intimação;

III - data, hora e local em que deve comparecer;

IV - se o intimado deve comparecer pessoalmente, ou fazer-


se representar;

V - informação da continuidade do processo


independentemente do seu comparecimento;

VI - indicação dos fatos e fundamentos legais pertinentes.

§ 2o A intimação observará a antecedência mínima de três


dias úteis quanto à data de comparecimento.

§ 3o A intimação pode ser efetuada por ciência no processo,


por via postal com aviso de recebimento, por telegrama ou outro
meio que assegure a certeza da ciência do interessado.

§ 4o No caso de interessados indeterminados, desconhecidos


ou com domicílio indefinido, a intimação deve ser efetuada por
meio de publicação oficial.

§ 5o As intimações serão nulas quando feitas sem


observância das prescrições legais, mas o comparecimento do
administrado supre sua falta ou irregularidade.

Art. 27. O desatendimento da intimação não importa o


reconhecimento da verdade dos fatos, nem a renúncia a direito
pelo administrado.

Parágrafo único. No prosseguimento do processo, será


garantido direito de AMPLA DEFESA ao interessado.

Art. 28. Devem ser objeto de intimação os atos do processo


que resultem para o interessado em imposição de deveres, ônus,
sanções ou restrição ao exercício de direitos e atividades e os
atos de outra natureza, de seu interesse.

CAPÍTULO X
DA INSTRUÇÃO
Art. 29. As atividades de instrução destinadas a averiguar e
comprovar os dados necessários à tomada de decisão realizam-se
de ofício ou mediante impulsão do Órgão responsável pelo
processo, sem prejuízo do direito dos interessados de propor
atuações probatórias.

§ 1o O Órgão competente para a instrução fará constar dos


autos os dados necessários à decisão do processo.

§ 2o Os atos de instrução que exijam a atuação dos


interessados devem realizar-se do modo menos oneroso para
estes.

 Art. 30. São inadmissíveis no processo administrativo as


provas obtidas por meios ilícitos.

 Art. 31. Quando a matéria do processo envolver assunto de


interesse geral, o Órgão competente poderá, mediante despacho
motivado, abrir período de consulta pública para manifestação de
terceiros, antes da decisão do pedido, se não houver prejuízo para
a parte interessada.

§ 1o A abertura da consulta pública será objeto de divulgação


pelos meios oficiais, a fim de que pessoas físicas ou jurídicas
possam examinar os autos, fixando-se prazo para oferecimento de
alegações escritas.

§ 2o O comparecimento à consulta pública não confere, por


si, a condição de interessado do processo, mas confere o direito
de obter da Administração resposta fundamentada, que poderá
ser comum a todas as alegações substancialmente iguais.

 Art. 32. Antes da tomada de decisão, a juízo da autoridade,


diante da relevância da questão, poderá ser realizada audiência
pública para debates sobre a matéria do processo.

 Art. 33. Os Órgãos e entidades administrativas, em matéria


relevante, poderão estabelecer outros meios de participação de
administrados, diretamente ou por meio de organizações e
associações legalmente reconhecidas.

 Art. 34. Os resultados da consulta e audiência pública e de


outros meios de participação de administrados deverão ser
apresentados com a indicação do procedimento adotado.

Art. 35. Quando necessária à instrução do processo, a


audiência de outros Órgãos ou entidades administrativas poderá
ser realizada em reunião conjunta, com a participação de titulares
ou representantes dos Órgãos competentes, lavrando-se a
respectiva ata, a ser juntada aos autos.
 Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha
alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao Órgão competente
para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei.

Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e dados


estão registrados em documentos existentes na própria
Administração responsável pelo processo ou em outro Órgão
administrativo, o Órgão competente para a instrução proverá, de
ofício, à obtenção dos documentos ou das respectivas cópias.

Art. 38. O interessado poderá, na fase instrutória e antes da


tomada da decisão, juntar documentos e pareceres, requerer
diligências e perícias, bem como aduzir alegações referentes à
matéria objeto do processo.

§ 1o Os elementos probatórios deverão ser considerados na


motivação do relatório e da decisão.

§ 2o Somente poderão ser recusadas, mediante decisão


fundamentada, as provas propostas pelos interessados quando
sejam ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou protelatórias.

Art. 39. Quando for necessária a prestação de informações ou


a apresentação de provas pelos interessados ou terceiros, serão
expedidas intimações para esse fim, mencionando-se data, prazo,
forma e condições de atendimento.

Parágrafo único. Não sendo atendida a intimação, poderá o


Órgão competente, se entender relevante a matéria, suprir de
ofício a omissão, não se eximindo de proferir a decisão.

Art. 40. Quando dados, atuações ou documentos solicitados


ao interessado forem necessários à apreciação de pedido
formulado, o não atendimento no prazo fixado pela Administração
para a respectiva apresentação implicará arquivamento do
processo.

Art. 41. Os interessados serão intimados de prova ou


diligência ordenada, com antecedência mínima de três dias úteis,
mencionando-se data, hora e local de realização.

Art. 42. Quando deva ser obrigatoriamente ouvido um Órgão


consultivo, o parecer deverá ser emitido no prazo máximo de
quinze dias, salvo norma especial ou comprovada necessidade de
maior prazo.

§ 1o Se um parecer obrigatório e vinculante deixar de ser


emitido no prazo fixado, o processo não terá seguimento até a
respectiva apresentação, responsabilizando-se quem der causa ao
atraso.
§ 2o Se um parecer obrigatório e não vinculante deixar de ser
emitido no prazo fixado, o processo poderá ter prosseguimento e
ser decidido com sua dispensa, sem prejuízo da responsabilidade
de quem se omitiu no atendimento.

Art. 43. Quando por disposição de ato normativo devam ser


previamente obtidos laudos técnicos de Órgãos administrativos e
estes não cumprirem o encargo no prazo assinalado, o Órgão
responsável pela instrução deverá solicitar laudo técnico de outro
Órgão dotado de qualificação e capacidade técnica equivalentes.

Art. 44. Encerrada a instrução, o interessado terá o direito de


manifestar-se no prazo máximo de dez dias, salvo se outro prazo
for legalmente fixado.

Art. 45. Em caso de risco iminente, a Administração Pública


poderá motivadamente adotar providências acauteladoras sem a
prévia manifestação do interessado.

Art. 46. Os interessados têm direito à vista do processo e a


obter certidões ou cópias reprográficas dos dados e documentos
que o integram, ressalvados os dados e documentos de terceiros
protegidos por sigilo ou pelo direito à privacidade, à honra e à
imagem.

Art. 47. O Órgão de instrução que não for competente para


emitir a decisão final elaborará relatório indicando o pedido inicial,
o conteúdo das fases do procedimento e formulará proposta de
decisão, objetivamente justificada, encaminhando o processo à
autoridade competente.

CAPÍTULO XI
DO DEVER DE DECIDIR

Art. 48. A Administração tem o dever de explicitamente emitir


decisão nos processos administrativos e sobre solicitações ou
reclamações, em matéria de sua COMPETÊNCIA.

Art. 49. Concluída a instrução de processo administrativo, a


Administração tem o prazo de até trinta dias para decidir, salvo
prorrogação por igual período expressamente motivada.

CAPÍTULO XI-A

DA DECISÃO COORDENADA
(Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)

Art. 49-A. No âmbito da Administração Pública federal, as decisões


administrativas que exijam a participação de 3 (três) ou mais setores, Órgãos
ou entidades poderão ser tomadas mediante decisão coordenada, sempre
que:       (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)
I - for justificável pela relevância da matéria; e        (Incluído pela Lei nº
14.210, de 2021)

II - houver discordância que prejudique a celeridade do processo


administrativo decisório.         (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)

§ 1º Para os fins desta Lei, considera-se decisão coordenada a instância


de natureza interinstitucional ou Inter setorial que atua de forma compartilhada
com a finalidade de simplificar o processo administrativo mediante participação
concomitante de todas as autoridades e agentes decisórios e dos responsáveis
pela instrução técnico-jurídica, observada a natureza do objeto e a
compatibilidade do procedimento e de sua formalização com a legislação
pertinente.       (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)

§ 2º  (VETADO).       (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)

§ 3º  (VETADO).        (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)

§ 4º A decisão coordenada não exclui a responsabilidade originária de


cada Órgão ou autoridade envolvida.       (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)

§ 5º A decisão coordenada obedecerá aos princípios da LEGALIDADE, da


eficiência e da transparência, com utilização, sempre que necessário, da
simplificação do procedimento e da concentração das instâncias
decisórias. (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)

§ 6º Não se aplica a decisão coordenada aos processos


administrativos:      (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)

I - de licitação;      (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)

II - relacionados ao poder sancionador; ou       (Incluído pela Lei nº 14.210,


de 2021)

III - em que estejam envolvidas autoridades de Poderes


distintos.      (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)

Art. 49-B. Poderão habilitar-se a participar da decisão coordenada, na


qualidade de ouvintes, os interessados de que trata o art. 9º desta
Lei.      (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)

Parágrafo único. A participação na reunião, que poderá incluir direito a


voz, será deferida por decisão irrecorrível da autoridade responsável pela
convocação da decisão coordenada.      (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)

Art. 49-C.  (VETADO).      (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)

Art. 49-D. Os participantes da decisão coordenada deverão ser intimados


na forma do art. 26 desta Lei.      (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)

Art. 49-E. Cada Órgão ou entidade participante é responsável pela


elaboração de documento específico sobre o tema atinente à respectiva
COMPETÊNCIA, a fim de subsidiar os trabalhos e integrar o processo da
decisão coordenada.     (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)

Parágrafo único. O documento previsto no caput deste artigo abordará a


questão objeto da decisão coordenada e eventuais precedentes.      (Incluído
pela Lei nº 14.210, de 2021)

Art. 49-F. Eventual dissenso na solução do objeto da decisão coordenada


deverá ser manifestado durante as reuniões, de forma fundamentada,
acompanhado das propostas de solução e de alteração necessárias para a
Resolução da questão.      (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)

Parágrafo único. Não poderá ser arguida matéria estranha ao objeto da


convocação.       (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)

Art. 49-G. A conclusão dos trabalhos da decisão coordenada será


consolidada em ata, que conterá as seguintes informações:     (Incluído pela Lei
nº 14.210, de 2021)

I - relato sobre os itens da pauta;       (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)

II - síntese dos fundamentos aduzidos;      (Incluído pela Lei nº 14.210, de


2021)

III - síntese das teses pertinentes ao objeto da convocação;      (Incluído


pela Lei nº 14.210, de 2021)

IV - registro das orientações, das diretrizes, das soluções ou das


propostas de atos governamentais relativos ao objeto da
convocação;      (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)

V - posicionamento dos participantes para subsidiar futura atuação


governamental em matéria idêntica ou similar; e      (Incluído pela Lei nº 14.210,
de 2021)

VI - decisão de cada Órgão ou entidade relativa à matéria sujeita à sua


COMPETÊNCIA.      (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)

§ 1º Até a assinatura da ata, poderá ser complementada a fundamentação


da decisão da autoridade ou do agente a respeito de matéria de COMPETÊNCIA
do Órgão ou da entidade representada.     (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)

§ 2º (VETADO).     (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)

§ 3º A ata será publicada por extrato no Diário Oficial da União, do qual


deverão constar, além do registro referido no inciso IV do caput deste artigo, os
dados identificadores da decisão coordenada e o Órgão e o local em que se
encontra a ata em seu inteiro teor, para conhecimento dos
interessados.     (Incluído pela Lei nº 14.210, de 2021)

CAPÍTULO XII
DA MOTIVAÇÃO

Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com


indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:

I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;

II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;

III - decidam processos administrativos de concurso ou


seleção pública;

IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo


licitatório;
V - decidam recursos administrativos;

VI - decorram de reexame de ofício;

VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão


ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais;

VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou


convalidação de ato administrativo.

§ 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente,


podendo consistir em declaração de concordância com
fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou
propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato.

§ 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode


ser utilizado meio mecânico que reproduza os fundamentos das
decisões, desde que não prejudique direito ou garantia dos
interessados.

§ 3o A motivação das decisões de Órgãos colegiados e


comissões ou de decisões orais constará da respectiva ata ou de
termo escrito.

CAPÍTULO XIII
DA DESISTÊNCIA E OUTROS CASOS DE EXTINÇÃO DO
PROCESSO

Art. 51. O interessado poderá, mediante manifestação escrita,


desistir total ou parcialmente do pedido formulado ou, ainda,
renunciar a direitos disponíveis.

§ 1o Havendo vários interessados, a desistência ou renúncia


atinge somente quem a tenha formulado.

§ 2o A desistência ou renúncia do interessado, conforme o


caso, não prejudica o prosseguimento do processo, se a
Administração considerar que o interesse público assim o exige.

Art. 52. O Órgão competente poderá declarar extinto o


processo quando exaurida sua finalidade ou o objeto da decisão
se tornar impossível, inútil ou prejudicado por fato superveniente.

CAPÍTULO XIV
DA ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO

Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos,


quando eivados de vício de LEGALIDADE, e pode revogá-los por
motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos
adquiridos.
Art. 54. O direito da Administração de anular os atos
administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os
destinatários decai em cinco anos, contados da data em que
foram praticados, salvo comprovada má-fé.

§ 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de


decadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento.

§ 2o Considera-se exercício do direito de anular qualquer


medida de autoridade administrativa que importe impugnação à    
validade do ato.

Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem


lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que
apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela
própria Administração.

CAPÍTULO XV
DO RECURSO ADMINISTRATIVO E DA REVISÃO

Art. 56. Das decisões administrativas cabe recurso, em face


de razões de LEGALIDADE e de mérito.

§ 1o O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a


decisão, a qual, se não a reconsiderar no prazo de cinco dias, o
encaminhará à autoridade superior.

§ 2o Salvo exigência legal, a interposição de recurso


administrativo independe de caução.

§ 3o  Se o recorrente alegar que a decisão administrativa contraria


enunciado da súmula vinculante, caberá à autoridade prolatora da decisão
impugnada, se não a reconsiderar, explicitar, antes de encaminhar o recurso à
autoridade superior, as razões da aplicabilidade ou inaplicabilidade da súmula,
conforme o caso.                 (Incluído pela Lei nº 11.417, de 2006).  Vigência

Art. 57. O recurso administrativo tramitará no máximo por


três instâncias administrativas, salvo disposição legal diversa.

Art. 58. Têm legitimidade para interpor recurso


administrativo:

I - os titulares de direitos e interesses que forem parte no


processo;

II - aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamente


afetados pela decisão recorrida;

III - as organizações e associações representativas, no


tocante a direitos e interesses coletivos;
IV - os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou
interesses difusos.

Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de dez dias o


prazo para interposição de recurso administrativo, contado a
partir da ciência ou divulgação oficial da decisão recorrida.

§ 1o Quando a Lei não fixar prazo diferente, o recurso


administrativo deverá ser decidido no prazo máximo de trinta dias,
a partir do recebimento dos autos pelo Órgão competente.

§ 2o O prazo mencionado no parágrafo anterior poderá ser


prorrogado por igual período, ante justificativa explícita.

Art. 60. O recurso interpõe-se por meio de requerimento no


qual o recorrente deverá expor os fundamentos do pedido de
reexame, podendo juntar os documentos que julgar convenientes.

Art. 61. Salvo disposição legal em contrário, o recurso não


tem efeito suspensivo.

Parágrafo único. Havendo justo receio de prejuízo de difícil


ou incerta reparação decorrente da execução, a autoridade
recorrida ou a imediatamente superior poderá, de ofício ou a
pedido, dar efeito suspensivo ao recurso.

Art. 62. Interposto o recurso, o Órgão competente para dele


conhecer deverá intimar os demais interessados para que, no
prazo de cinco dias úteis, apresentem alegações.

Art. 63. O recurso não será conhecido quando interposto:

I - fora do prazo;

II - perante Órgão incompetente;

III - por quem não seja legitimado;

IV - após exaurida a esfera administrativa.

§ 1o Na hipótese do inciso II, será indicada ao recorrente a


autoridade competente, sendo-lhe devolvido o prazo para recurso.

§ 2o O não conhecimento do recurso não impede a


Administração de rever de ofício o ato ilegal, desde que não
ocorrida preclusão administrativa.

Art. 64. O Órgão competente para decidir o recurso poderá


confirmar, modificar, anular ou revogar, total ou parcialmente, a
decisão recorrida, se a matéria for de sua COMPETÊNCIA.
Parágrafo único. Se da aplicação do disposto neste artigo
puder decorrer gravame à situação do recorrente, este deverá ser
cientificado para que formule suas alegações antes da decisão.

Art. 64-A.  Se o recorrente alegar violação de enunciado da súmula


vinculante, o Órgão competente para decidir o recurso explicitará as razões da
aplicabilidade ou inaplicabilidade da súmula, conforme o caso.                        
(Incluído pela Lei nº 11.417, de 2006).          Vigência

Art. 64-B.  Acolhida pelo Supremo Tribunal Federal a reclamação fundada


em violação de enunciado da súmula vinculante, dar-se-á ciência à autoridade
prolatora e ao Órgão competente para o julgamento do recurso, que deverão
adequar as futuras decisões administrativas em casos semelhantes, sob pena
de responsabilização pessoal nas esferas cível, administrativa e penal.                
(Incluído pela Lei nº 11.417, de 2006). Vigência

Art. 65. Os processos administrativos de que resultem


sanções poderão ser revistos, a qualquer tempo, a pedido ou de
ofício, quando surgirem fatos novos ou circunstâncias relevantes
suscetíveis de justificar a inadequação da sanção aplicada.

Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar


agravamento da sanção.

CAPÍTULO XVI
DOS PRAZOS

Art. 66. Os prazos começam a correr a partir da data da


cientificação oficial, excluindo-se da contagem o dia do começo e
incluindo-se o do vencimento.

§ 1o Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil


seguinte se o vencimento cair em dia em que não houver
expediente ou este for encerrado antes da hora normal.

§ 2o Os prazos expressos em dias contam-se de modo


contínuo.

§ 3o Os prazos fixados em meses ou anos contam-se de data


a data. Se no mês do vencimento não houver o dia equivalente
àquele do início do prazo, tem-se como termo o último dia do mês.

Art. 67. Salvo motivo de força maior devidamente


comprovado, os prazos processuais não se suspendem.

CAPÍTULO XVII
DAS SANÇÕES

Art. 68. As sanções, a serem aplicadas por autoridade


competente, terão natureza pecuniária ou consistirão em
obrigação de fazer ou de não fazer, assegurado sempre o direito
de defesa.
CAPÍTULO XVIII
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 69. Os processos administrativos específicos


continuarão a reger-se por Lei própria, aplicando-se lhes apenas
subsidiariamente os preceitos desta Lei.

Art. 69-A.  Terão prioridade na tramitação, em qualquer Órgão ou


instância, os procedimentos administrativos em que figure como parte
ou interessado:             (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).

I - pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos;              


(Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).

II - pessoa portadora de deficiência, física ou mental;               


(Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).

III – (VETADO)              (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).

IV - pessoa portadora de tuberculose ativa, esclerose múltipla,


neoplasia maligna, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante,
cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante,
nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de
Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome de
imunodeficiência adquirida, ou outra doença grave, com base em
conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido
contraída após o início do processo.                (Incluído pela Lei nº
12.008, de 2009).

§ 1o  A pessoa interessada na obtenção do benefício, juntando


prova de sua condição, deverá requerê-lo à autoridade administrativa
competente, que determinará as providências a serem cumpridas.            
(Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).

§ 2o  Deferida a prioridade, os autos receberão identificação própria


que evidencie o regime de tramitação prioritária.                (Incluído pela
Lei nº 12.008, de 2009).

§ 3o  (VETADO)                (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).

LEI COMPLEMETAR 59/2001/MG


Art. 9º – O Poder Judiciário é exercido pelos seguintes Órgãos:
§ 1º – Os julgamentos dos Órgãos do Poder Judiciário serão públicos e as suas
decisões serão fundamentadas, sob pena de nulidade, sem prejuízo de, em
determinados atos, a presença ser limitada aos Advogados e Defensores
Públicos e às partes, ou somente àqueles, nas hipóteses legais em que o
interesse público o exigir.
(Parágrafo com redação dada pelo art. 6º da Lei Complementar nº 135, de
27/6/2014.)
§ 2º – As decisões administrativas dos Tribunais serão motivadas, e as
disciplinares, tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou do
respectivo Órgão Especial.
Seção III
Do PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
(Título com redação dada pelo art. 57 da Lei Complementar nº 135, de
27/6/2014.)
Art. 156. O PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR poderá ter início, em
qualquer caso, por determinação:
I – do Conselho Nacional de Justiça;
II – do Tribunal de Justiça, mediante:
a) representação fundamentada do Governador do Estado, da Mesa da
AssembLeia Legislativa, do Conselho Seccional da Ordem dos Advogados do
Brasil, do Procurador-Geral de Justiça e do Defensor Público-Geral do Estado,
nos casos de magistrado de primeiro grau e de Desembargador;
b) proposta do Corregedor-Geral de Justiça, no caso de magistrado de primeiro
grau, ou do Presidente do Tribunal respectivo, quando se tratar de
Desembargador.
(Artigo com redação dada pelo art. 56 da Lei Complementar nº 135, de
27/6/2014.)
Subseção I (Suprimida pelo art. 57 da Lei Complementar nº 135, de 27/6/2014.)
Dispositivo suprimido:
“Subseção I
Dos Procedimentos para Apuração de Responsabilidade Disciplinar de
Magistrado”
Art. 157. Qualquer pessoa devidamente identificada e com endereço conhecido
poderá representar, por escrito, a respeito de abuso, erro, irregularidade ou
omissão imputada a magistrado.
(Artigo com redação dada pelo art. 56 da Lei Complementar nº 135, de
27/6/2014.)
Art. 158. Antes da decisão sobre a instauração do processo pelo Órgão
competente do Tribunal de Justiça, a autoridade responsável pela acusação
concederá ao magistrado prazo de quinze dias para a Defesa Prévia, contado da
data da entrega da cópia do teor da acusação e das provas existentes.
§ 1° Findo o prazo da Defesa Prévia, haja ou não sido apresentada, o Relator
submeterá ao Órgão competente do Tribunal de Justiça relatório conclusivo
com a proposta de instauração do PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
ou de arquivamento, intimando o magistrado ou seu defensor, se houver, da
data da sessão do julgamento.
§ 2° O Corregedor-Geral de Justiça relatará a acusação perante o Órgão
competente do Tribunal de Justiça, no caso de Juiz de Direito, e o Presidente
do Tribunal, no caso de Desembargador.
§ 3° O Presidente e o Corregedor-Geral de Justiça terão direito a voto.
§ 4° Caso a proposta de abertura de PROCESSO ADMINISTRATIVO
DISCIPLINAR contra magistrado seja adiada ou deixe de ser apreciada por falta
de quórum, cópia da ata da sessão respectiva, com a especificação dos nomes
dos presentes, dos ausentes, dos suspeitos e dos impedidos, será
encaminhada à Corregedoria Nacional de Justiça, no prazo de quinze dias
contados da respectiva sessão, para fins de deliberação, processamento e
submissão a julgamento.
§ 5° Determinada a instauração do PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
pela maioria absoluta dos membros do Órgão competente do Tribunal de
Justiça, o respectivo Acórdão será acompanhado de portaria, que conterá a
imputação dos fatos e a delimitação do teor da acusação, assinada pelo
Presidente do Tribunal de Justiça.
§ 6° Acolhida a proposta de abertura de PROCESSO ADMINISTRATIVO
DISCIPLINAR contra magistrado, cópia da ata da sessão respectiva será
encaminhada à Corregedoria Nacional de Justiça, no prazo de quinze dias
contados da respectiva sessão de julgamento, para fins de acompanhamento.
§ 7° O Relator será sorteado dentre os integrantes do Órgão competente do
Tribunal de Justiça, não havendo Revisor.
§ 8° Não poderá ser Relator o magistrado que dirigiu o procedimento
preparatório, ainda que não seja mais Corregedor-Geral de Justiça.
§ 9° O PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR será concluído no prazo de
cento e quarenta dias, prorrogável, quando imprescindível para o término da
instrução e houver motivo justificado, mediante deliberação do Órgão
competente do Tribunal de Justiça.
(Artigo com redação dada pelo art. 56 da Lei Complementar nº 135, de
27/6/2014.)
Art. 159. O Tribunal de Justiça, pela maioria absoluta dos membros do Órgão
competente e na oportunidade em que determinar a i sobre o afastamento do
cargo do magistrado até a decisão final ou, conforme lhe parecer conveniente
ou oportuno, por prazo determinado, assegurado ao magistrado afastado o
recebimento do subsídio integral.
Parágrafo único. Decretado o afastamento, o magistrado ficará impedido de
utilizar o seu local de trabalho e usufruir de veículo oficial e outras
prerrogativas inerentes ao exercício da função.
(Artigo com redação dada pelo art. 56 da Lei Complementar nº 135, de
27/6/2014.)
Art. 159-A Instaurado o PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR, o Relator
determinará a citação do magistrado para apresentar as razões de defesa e as
provas que entender necessárias, em cinco dias, encaminhando-lhe cópia do
Acórdão com a respectiva portaria, observando-se que:
I – caso haja dois ou mais magistrados requeridos, o prazo para defesa será
comum e de dez dias contados da intimação do último;
II – o magistrado que mudar de residência fica obrigado a comunicar ao Relator,
ao Corregedor-Geral de Justiça e ao Presidente do Tribunal o endereço em que
receberá citações, notificações ou intimações;
III – quando o magistrado estiver em lugar incerto ou não sabido, será citado
por edital, com prazo de trinta dias, a ser publicado, uma vez, no Diário do
Judiciário;
IV – será considerado revel o magistrado que, regularmente citado, não
apresentar defesa no prazo assinado;
V – declarada a revelia, o Relator poderá designar defensor dativo ao requerido,
concedendo-lhe igual prazo para a apresentação de defesa.
(Artigo acrescentado pelo art. 26 da Lei Complementar nº 105, de 14/8/2008.)
(Artigo com redação dada pelo art. 56 da Lei Complementar nº 135, de
27/6/2014.)
Art. 159-B Decorrido o prazo para a apresentação da Defesa Prévia, o Relator
decidirá sobre a realização dos atos de instrução e a produção de provas
requeridas, determinando de ofício outras que entender necessárias.
§ 1° Para a colheita das provas o Relator poderá delegar poderes a magistrado
de primeiro ou segundo graus.
§ 2° Para todos os de processado ou seu defensor, se houver.
§ 3° Na instrução do processo serão inquiridas, no máximo, oito testemunhas
de acusação e até oito de defesa, por requerido, que justificadamente tenham
ou possam ter conhecimento dos fatos Imputados.
§ 4° O depoimento das testemunhas, as acareações e as provas periciais e
técnicas destinadas à elucidação dos fatos serão realizados com aplicação
subsidiária, no que couber, das normas da legislação processual penal e da
legislação processual civil, sucessivamente.
§ 5° A inquirição das testemunhas e o interrogatório deverão ser feitos em
audiência una, ainda que, se for o caso, em dias sucessivos, e poderão ser
realizados por meio de videoconferência.
§ 6° O interrogatório do magistrado, precedido de intimação com antecedência
de quarenta e oito horas, será realizado após a produção de todas as provas.
§ 7° Os depoimentos poderão ser realizados pelo sistema audiovisual, sem a
necessidade, nesse caso, de degravação.
(Artigo acrescentado pelo art. 56 da Lei Complementar nº 135, de 27/6/2014.)
Art. 159-C Finda a instrução, o magistrado ou seu defensor terá dez dias para
manifestação sobre a instrução e mais dez dias para apresentar as razões
finais.
(Artigo acrescentado pelo art. 56 da Lei Complementar nº 135, de 27/6/2014.)
Art. 160. O julgamento do PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR será
realizado em sessão pública e serão fundamentadas todas as decisões,
inclusive as interlocutórias.
§ 1° Em determinados atos processuais e de julgamento, poderá ser limitada a
presença às próprias partes e a seus Advogados, ou somente a estes, desde
que a preservação da intimidade não prejudique o interesse público.
§ 2° Para o julgamento, que será público, será disponibilizado aos integrantes
do Órgão Julgador acesso à integralidade dos autos do PROCESSO
ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR.
§ 3° O Presidente do Tribunal e o Corregedor-Geral de Justiça terão direito a
voto.
§ 4° O Tribunal comunicará à Corregedoria Nacional de Justiça, no prazo de
quinze dias da respectiva sessão, os resultados dos julgamentos dos
PROCESSOS ADMINISTRATIVOS DISCIPLINARES.
(Artigo com redação dada pelo art. 56 da Lei Complementar nº 135, de
27/6/2014.)
Art. 160-A A punição ao magistrado somente será imposta pelo voto da maioria
absoluta dos membros do Órgão competente do Tribunal de Justiça.
Parágrafo único. Na hipótese em que haja divergência quanto à pena, sem que
se tenha formado maioria absoluta por uma delas, será aplicada a mais leve ou,
no caso de mais de duas penas alternativas, aplicar-se-á a mais leve que tiver
obtido o maior número de votos.
(Artigo acrescentado pelo art. 56 da Lei Complementar nº 135, de 27/6/2014.)
Art. 160-B Entendendo o Tribunal que existem indícios de crime de ação pública
incondicionada, o seu Presidente remeterá ao Ministério Público cópia dos
autos.
Parágrafo único. Aplicada a pena de disponibilidade ou de aposentadoria
compulsória, o Presidente do Tribunal remeterá cópias dos autos ao Ministério
Público e à Advocacia-Geral do Estado, para as providências cabíveis.
(Artigo acrescentado pelo art. 56 da Lei Complementar nº 135, de 27/6/2014.)
Art. 160-C O processo disciplinar contra Juiz de Direito Substituto não vitalício
será instaurado dentro do biênio previsto no art. 95, inciso I, da Constituição da
República, mediante indicação do Corregedor-Geral ao Tribunal, seguindo o
disposto nesta Lei Complementar.
§ 1° A instauração do processo pelo Tribunal suspenderá o curso do prazo de
vitaliciamento.
§ 2° Negada a vitaliciedade, o Presidente do Tribunal expedirá o ato de
demissão.
§ 3° O Juiz de Direito Substituto não vitalício terá seu processo confirmatório
suspenso e será demitido quando transitar em julgado a decisão que lhe
imponha pena.
(Artigo acrescentado pelo art. 56 da Lei Complementar nº 135, de 27/6/2014.)
Art. 160-D O prazo de prescrição de falta funcional praticada por magistrado é
de cinco anos, contado a partir da data em que o Tribunal tomou conhecimento
do fato.
§ 1° Quando configurar tipo penal, o prazo prescricional será o do Código
Penal, no processo respectivo.
§ 2° A interrupção da prescrição ocorre com a decisão do Órgão competente do
Tribunal de Justiça que determinar a instauração do PROCESSO
ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR.
§ 3° O prazo prescricional pela pena aplicada começa a correr a partir do 141°
dia após a instauração do PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR.
§ 4° A prorrogação do prazo de conclusão do PROCESSO ADMINISTRATIVO
DISCIPLINAR, prevista no § 9° do art. 158, não impede o início da contagem do
prazo prescricional de que trata o § 3°.
(Artigo acrescentado pelo art. 56 da Lei Complementar nº 135, de 27/6/2014.)
Art. 161.(Revogado pelo art. 30 da Lei Complementar nº 85, de 28 de dezembro
de 2005).
Dispositivo revogado:
“Concluída a Sindicância, se apurados o descumprimento de dever ou o
cometimento de falta funcional por parte do magistrado, o Corregedor-Geral de
Justiça, em despacho, resumirá a acusação, mencionando e classificando os
fatos, e encaminhará os autos ao Presidente da Corte Superior para instauração
de processo administrativo, de conformidade com o que dispõe o Regimento
Interno do Tribunal de Justiça”
(Artigo com redação dada pelo art. 26 da Lei Complementar nº 105, de
14/8/2008.)
Subseção II (Suprimida pelo art. 57 da Lei Complementar nº 135, de 27/6/2014.)
Dispositivo suprimido:
“Subseção II
Da Extinção dos Efeitos da Punibilidade”
Art. 162. A instauração de PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR, bem
como as penalidades definitivamente impostas pelo Tribunal e as alterações
decorrentes de julgados do Conselho Nacional de Justiça, serão anotadas nos
assentamentos do magistrado mantidos pela Corregedoria-Geral de Justiça.
(Artigo com redação dada pelo art. 56 da Lei Complementar nº 135, de
27/6/2014.)
Art. 162-A Aplicam-se aos procedimentos disciplinares contra magistrados,
subsidiariamente, e desde que não conflitem com a Lei Orgânica da
Magistratura Nacional, as normas e os princípios relativos ao PROCESSO
ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR.
(Artigo acrescentado pelo art. 56 da Lei Complementar nº 135, de 27/6/2014.)
Art. 162-B O magistrado que estiver respondendo a PROCESSO
ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR só terá apreciado o pedido de aposentadoria
voluntária após a conclusão do processo ou do cumprimento da penalidade.
(Artigo acrescentado pelo art. 56 da Lei Complementar nº 135, de 27/6/2014.)
Art. 162-C O Tribunal de Justiça comunicará à Corregedoria Nacional de Justiça
as decisões de arquivamento dos procedimentos prévios de apuração, de
instauração e os julgamentos dos PROCESSOS ADMINISTRATIVOS
DISCIPLINARES.
(Artigo acrescentado pelo art. 56 da Lei Complementar nº 135, de 27/6/2014.)

NOTAS
[1] Direito Administrativo Disciplinar[1] é a subdivisão do Direito
Administrativo dedicada a apurar os ilícitos disciplinares. Tem como
finalidade buscar a verdade material de certo acontecimento na
Administração Pública e, consequentemente, ordenar e disciplinar os seus
servidores. Trata dos deveres e das proibições funcionais dos servidores
públicos e regula o processo para apuração das notícias de irregularidades
funcionais e consequente penalização dos agentes pelas faltas disciplinares
cometidas.
Em razão do Direito Administrativo Disciplinar ser ramo do Direito
Administrativo, este faz parte do Direito Público.
O PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR ou a Sindicância
administrava é o processo pelo qual a Administração exerce o Direito
Disciplinar, e consequentemente, o seu poder disciplinar, estando
condicionada ao respeito das garantias constitucionais e a participação dos
interessados.
Os princípios constitucionais que regem a Administração Pública são
aplicáveis aos instrumentos jurídicos em apreços, quais sejam: LEGALIDADE,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, além de princípios
processuais, tais como o do DEVIDO PROCESSO LEGAL (due process of law),
da AMPLA DEFESA, do CONTRADITÓRIO, da presunção de não
culpabilidade, etc.

Fontes
No âmbito da administração pública federal, o direito disciplinar tem como
principal norma a Lei n.º 8.112/1990, também conhecida como "Regime
Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União", que traz um rol de deveres e
proibições, além de normas especiais para a Sindicância e para o PROCESSO
ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR (PAD). A Polícia Federal e a Polícia Civil do
Distrito Federal, todavia, dispõem de estatuto próprio, a Lei n.º 4.878/1965.
A norma geral de processo administrativo federal é a Lei n.º 9.784/1999, que
se aplica ao PAD quando a Lei especial não instituir o contrário. Há também
disposições sobre direito disciplinar na Lei de Abuso de Autoridade (Lei n.º
4.898/1965) e na Lei de Improbidade administrativa (Lei n.º 8.429/1992).
Aplica-se ainda ao PAD os princípios constitucionais regentes
da administração pública, como os da LEGALIDADE, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência, além de princípios processuais, tais como
o do DEVIDO PROCESSO LEGAL (due process of law), da AMPLA DEFESA, do
CONTRADITÓRIO, da presunção de não culpabilidade, etc. As normas
do Código de Processo Penal e do Código de Processo Civil podem valer
subsidiariamente no direito disciplinar, ou seja, desde que não haja norma
especial regendo a matéria.

Penalidades
No âmbito federal, as penas previstas para os servidores públicos que
cometem infrações disciplinares, dependem da natureza da infração, dos
antecedentes funcionais e dos danos que advierem ao serviço, e podem variar
desde uma simples advertência, passando por suspensão de um até 90 dias,
ou, no máximo, pena de demissão. Para os servidores que estiveram
aposentados, mas que forem responsabilizados por infração cometida quando
da atividade que mereceria penalidade de demissão, haverá a cassação
de aposentadoria.
As autoridades regionais somente podem aplicar penalidades de advertência
ou de suspensão até 30 dias. Suspensões maiores ou penas expulsórias
somente podem ser aplicadas pelo Presidente da República. No entanto,
há decreto presidencial que delega para os ministros de estado o poder de
aplicar essas sanções sobre os servidores de sua pasta. Dessa forma, por
exemplo, um policial federal será demitido por ato do Ministro da Justiça e
Segurança Pública; como um servidor do IBAMA o será pelo Ministro do Meio
Ambiente; um auditor fiscal, pelo Ministro da Economia; e assim por diante.
Já o ministro-chefe da Controladoria-Geral da União (CGU) pode avocar para
si os processos disciplinares dos demais ministérios e aplicar essas
penalidades.
Tipos processuais
A Lei n.º 8.112/1990 instituiu dois tipos de procedimentos, a Sindicância
administrativa e o PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR.
Por meio da Portaria nº 335, de 30 de maio de 2006,[2] definiu-se, para o
processo denominado Sindicância, que as atividades por nele desenvolvidas
serão:
Sindicância investigativa ou preparatória: procedimento preliminar sumário,
instaurada como fim de investigação de irregularidades funcionais, que
precede ao PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR, sendo prescindível
de observância dos princípios constitucionais do CONTRADITÓRIO e da
AMPLA DEFESA;
Sindicância acusatória ou punitiva: procedimento preliminar sumário,
instaurada com fim de apurar irregularidades de menor gravidade no serviço
público, com caráter eminentemente punitivo, respeitados o
CONTRADITÓRIO, a oportunidade de defesa e a estrita observância do
DEVIDO PROCESSO LEGAL.
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR visa a esclarecer as causas de
certo acontecimento na Administração Pública, ou seja, a verdade material.
Como consequência, este processo ordena e disciplina os seus servidores, de
modo a alcançar um correto funcionamento da máquina administrativa, com
a diminuição da ocorrência de irregularidades.

Sistema de Correição
Em junho de 2005, com a publicação do Decreto n.º 5.480, foi criado o
“Sistema de Correição do Poder Executivo Federal”, integrado pela
Corregedoria-Geral da União como “Órgão Central” (Decreto n.º 5.683/2006),
pelas unidades específicas de correição junto aos Ministérios como “unidades
setoriais” e pelas unidades específicas de correição que compõem as estruturas
dos Ministérios, autarquias e fundações públicas como “unidades seccionais”.
Desta forma, este Sistema objetiva integrar as atividades de correição no
âmbito do Poder Executivo Federal.
Denúncias de irregularidades cometidas por servidores públicos federais
podem ser encaminhadas à CGU através do
endereço http://www.cgu.gov.br/AreaOuvidoria/FaleComAOuvidoria/Formu
larioOuvidoria.asp
Cada Estado e cada Município podem instituir regimes disciplinares próprios.
(https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_administrativo_disciplinar)

[2] O superintendente administrativo adjunto e Presidente eleito do Tribunal


de Justiça de Minas Gerais para o biênio 2022-2024, Desembargador José
Arthur Filho, representou a Corte estadual mineira na abertura da terceira
edição do webinário Direito Administrativo Sancionador, realizado nesta
sexta-feira (24/6). A iniciativa é da Controladoria-Geral do Estado de Minas
Gerais (CGE), em parceria com o Instituto Mineiro de Direito Administrativo
(IMDA).
Alinhado ao Plano de Prevenção de Ilícitos Administrativos da CGE, o
webinário tem como objetivo fomentar a discussão acerca da otimização da
atividade disciplinar, aprimorando a excelência, o serviço e a gestão pública
no Estado, e reúne autoridades e especialistas no tema. Os públicos-alvo são
agentes públicos do Poder Executivo mineiro e a comunidade acadêmica, bem
como demais interessados.
Na avaliação do governador, a iniciativa demonstra que, mesmo em uma área
que é conhecida como repreensiva, como é o caso da Corregedoria, também se
pode trabalhar com a prevenção. “Mas ainda é preciso sensibilizar os agentes
públicos e o Legislativo mineiro sobre a necessidade urgente de modernização
do Estatuto dos Servidores Públicos Civis de Minas Gerais. Nesse contexto, a
realização de eventos dessa natureza é fundamental para ampliar
nosso conhecimento e melhorar a cultura da licitude e do Direito no âmbito do
estado”, ressaltou.
O controlador-geral do Estado, Rodrigo Fontenelle, que conduziu a abertura
do evento, disse que o seminário dá início às comemorações dos 70 anos do
Estatuto dos Servidores Públicos de Minas. Ele fez considerações sobre o plano
de ilícitos administrativos da CGE, observando que o tema é sustentado em
quatro eixos: educação, controle, normatização e atuação em rede. “Que
tenhamos um dia de bastante debate e sensibilização em relação ao que
podemos melhorar no que se refere ao Estatuto dos Servidores Públicos de
Minas”, afirmou.
O Advogado-geral do Estado, Sérgio Pessoa, ressaltou que é fundamental a
atuação sinérgica entre a academia, representada pelo IMDA, e instituições
públicas. “Isso é um dos pilares, não só da Controladoria, como Órgão de
controle, sob o olhar da auditoria, mas também no aspecto jurídico. Temos
buscado uma atuação mais resolutiva, em prol da prevenção, na busca de
soluções que antecipem eventuais controvérsias ou imposições de penalidades
aos servidores”, afirmou.
De acordo com o Advogado-geral Sérgio Pessoa, “a preocupação é de
caminhar em diálogo institucional, mas, sobretudo, em um diálogo do controle
interno que, na interlocução com o controle externo, permita soluções mais
otimizadas e mais efetivas, no que tange às atribuições de cada um dos
servidores públicos, para que possam desempenhar suas funções públicas no
bom propósito das entregas constitucionais que lhe são inerentes”.
A Presidente do IMDA, Luciana Moraes Raso Sardinha Pinto, destacou a
satisfação do instituto em participar de mais uma edição do webinário,
observando que a atividade se tornou agenda obrigatória não só da CGE, mas
também da entidade que ela preside. Contou então que o IMDA tem como
missão debater, divulgar e promover estudos nas diversas áreas do direito
administrativo e ressaltou a importâncias das discussões propostas pela
Controladoria, em data tão significativa: o aniversário de 70 anos do Estatuto
dos Servidores Público de Minas. “É muito importante a discussão sobre a
otimização da ação da atividade disciplinar, com vistas à excelência do serviço
público. O IMDA, por meio de seus professores, não poderia se furtar ao
debate de tão relevante tema. Essa ação favorece o servidor e a sociedade,
prevenindo os ilícitos administrativos por meio da orientação, visando à
diminuição da corrupção e, quiçá, à sua própria extinção. Nada mais propício
que a conscientização e a capacitação de agentes públicos”, afirmou.
As discussões foram abertas pelo professor Fábio Medina Osório, Presidente
do Instituto Internacional de Estudos de Direito do Estado, que proferiu
conferência magna sobre o tema. Na sequência, foi realizado um painel sobre
as perspectivas contemporâneas do direito sancionador, tendo como
painelistas o coordenador do Núcleo de Direito Administrativo da Dotti
Advogados, Francisco Zardo; o promotor de Justiça Leonardo Duque
Barbabella; e a Procuradora do Estado de Minas Gerais Raquel Melo Urbano
de Carvalho. Atuou como moderadora a superintendente da Central de
Responsabilização de Agentes Públicos da CGE, Flávia Leal Ramos.

(https://www.tjmg.jus.br/portal-tjmg/noticias/tjmg-participa-de-
webseminario-de-direito-administrativo.htm#.YsGJGL3MLDc)

[3] O Tribunal de Justiça de Minas Gerais é o Órgão superior da justiça


mineira e tem sede em Belo Horizonte e jurisdição em todo o território
mineiro. Por se tratar de um Órgão da justiça estadual, sua função é julgar os
casos que não sejam de COMPETÊNCIA da justiça federal comum, do
trabalho, eleitoral e militar.
Quando um juiz de primeira instância profere uma sentença e uma das partes
não está de acordo com a decisão, cabe o recurso em segunda instância. Nesse
caso, o julgamento é realizado novamente por colegiado de Desembargadores
do Tribunal de Justiça do estado. Esta decisão, tomada por meio de votos dos
Desembargadores, é chamada de Acórdão e pode, ou não, manter a primeira
sentença.
Ao todo são previstos 140 cargos de Desembargador no Tribunal de Justiça.
Quatro quintos dos Desembargadores do Tribunal de Justiça são juízes de
carreira, promovidos por antiguidade ou merecimento, enquanto um quinto
dos lugares é preenchido por Advogados e membros do Ministério Público.
O Tribunal de Justiça é composto pelos seguintes Órgãos:

 Tribunal Pleno
 Órgão Especial
 Corregedoria-Geral de Justiça
 Seções cíveis
 Grupos de câmaras criminais, câmaras cíveis e criminais
 Conselho da Magistratura
 Comissões permanentes
 Conselho de Supervisão e Gestão dos Juizados Especiais
 Turma de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais
 Comissões temporárias
 Ouvidoria Judicial
 

Dentre as atribuições do Tribunal de Justiça estão:

 processar e julgar o executivo estadual


 julgar, em grau de recurso, as causas decididas em primeira instância,
 solicitar a intervenção no Estado e em município
 (https://www.tjmg.jus.br/portal-tjmg/institucional/o-tjmg/conheca-o-
tjmg.htm#.YsGMBb3MLDc)
[4]
[5] Justiça é um conceito abstrato que se refere a um estado ideal
de interação social em que há um equilíbrio que, por si só, deve ser razoável
e imparcial entre os interesses, riquezas e oportunidades entre as pessoas
envolvidas em determinado grupo social.[1] Trata-se de um conceito presente
no estudo do direito, filosofia, ética, moral e religião. Suas concepções e
aplicações práticas variam de acordo com o contexto social de uma
determinada região e sua perspectiva interpretativa, sendo comumente alvo
de controvérsias entre pensadores e estudiosos.
Em um sentido mais amplo, pode ser considerado como um termo abstrato
que designa o respeito pelo direito de terceiros, a aplicação ou reposição do seu
direito por ser maior em virtude moral ou material. A justiça pode ser
reconhecida por mecanismos automáticos ou intuitivos nas relações sociais, ou
por mediação através dos Tribunais, através do Poder Judiciário.
Na Grécia Antiga, a justiça era representada por uma deusa, Têmis e, mais
tarde, Dice. Esta era representada de olhos abertos. Já na Roma Antiga,
a Justiça (Iustitia) era representada por uma estátua com olhos vendados,
cujos valores máximos seriam: "todos são iguais perante a Lei" e "todos têm
iguais garantias legais"; ou ainda, "todos têm direitos iguais". A justiça deve
buscar a igualdade entre os cidadãos.
Justiça também "é uma das quatro virtudes cardinais" e, segundo a doutrina
da Igreja Católica, consiste "na constante e firme vontade de dar aos outros o
que lhes é devido" (CCIC, n. 381).

Conceito de Justiça na História


Grécia Antiga
As primeiras concepções a respeito da justiça surgiram na Grécia Antiga, onde
se utilizava a expressão Dikaiosyne (Δικαιοσύνη) para representar a
personificação de uma integridade moral relacionada ao Estado e
aos governos.
Aristóteles definia justiça como sendo uma igualdade proporcional:
tratamento igual entre os iguais, e desigual entre os desiguais, na proporção
de sua desigualdade. Aristóteles também reconhece que o conceito de justiça é
impreciso, sendo muitas vezes definido a contrario sensu, de acordo com o que
entendemos ser injusto – ou seja, reconhecemos com maior facilidade
determinada situação como sendo injusta do que uma situação justa. [2]
Platão reconhece a justiça como sinônimo de harmonia social, relacionando
também esse conceito à ideia de que o justo é aquele que se comporta de acordo
com a Lei. Em sua obra A República, Platão defende que o conceito de justiça
abrange tanto a dimensão individual quanto coletiva: a justiça é uma relação
adequada e harmoniosa entre as partes beligerantes de uma mesma pessoa ou
de uma comunidade.[3] Platão associava a justiça aos valores morais. [4]
Céfalo afirmou que a justiça consiste em falar a verdade e devolver ao outro o
que lhe tomou; e após apontamentos feitos por Sócrates, acrescenta que só
pode falar a verdade e entregar o pertence, após uma análise da condição
mental da pessoa.[5]
Para Polemarco, a justiça consistia em dar a cada um o que lhe é devido, em
fazer o bem aos amigos e o mal aos inimigos. Já Trasímaco, com argumentos
contrários a Sócrates, disse que a justiça é relativa e depende do interesse do
mais forte, qual seja o que detém o poder. Algo que depende do interesse de
quem governa.[6]
A república é o verdadeiro esforço de Platão na busca por uma definição de
justiça,[7] trazendo consigo a ideia da superioridade da vida do Homem justo
sobre o injusto. Utilizando o método da dialética para ensinar, debater e,
sobretudo, chegar a uma definição clara, precisa e universal de justiça,
Sócrates se posiciona como um perguntador; e por meio das perguntas,
averigua se há contradição do que o interlocutor fala e acredita como
verdadeiro.
Diante dos diálogos, foram surgindo diversas posições e tipos de
argumentações. Dentre os principais interlocutores, estavam Céfalo,
Polemarco[8] e Transímaco.[9]
Para Céfalo, a justiça consiste em falar a verdade e devolver ao outro o que lhe
tomou.
“Não ludibriar ninguém nem mentir, mesmo involuntariamente, nem ficar a
dever, sejam sacrifícios aos deuses, seja dinheiro a um homem, e depois partir
para o além sem temer nada. Para isso a posse das riquezas contribui em alto
grau.”[10]
E após apontamentos feitos por Sócrates, acrescenta que só pode falar a
verdade e entregar o pertence após uma análise da condição mental da
pessoa.
“Como neste exemplo: se alguém recebesse armas de um amigo em perfeito
juízo, e este, tomado de loucura, lhas reclamasse, toda a gente diria que não se
lhe deviam entregar, e eu não seria justo restituir-lhas, nem tão pouco
consentir em dizer toda a verdade a um homem neste estado.” [11]
Polemarco, entre um diálogo com Sócrates, assume a tese defendida
por Simônides,[12] afirmando que ‘’é justo devolver aquilo que devemos’’, [13] ou
seja, a justiça consistia em dar a cada um o que lhe é devido, em fazer o bem
aos amigos e o mal aos inimigos. Porém,
Sócrates se contrapõe ironicamente a essa definição; e utiliza um raciocínio
em que a ação de fazer mal aos inimigos e bem aos amigos se baseia numa
relação de amizade e, portanto, é a ação de um homem injusto, já que fazer o
mal não é a ação do homem justo. Dessa forma, Sócrates argumenta ser justo
aquele que pratica a justiça independente daquele ser amigo ou inimigo.
“Portanto, Polemarco, acontecerá que, para muitos, quantos errarem no seu
juízo sobre os homens, será justo prejudicar os amigos, pois são maus aos teus
olhos; e ajudar os inimigos, pois os têm por bons. E assim, afirmaremos
exatamente o contrário do que fizemos dizer a Simônides.”[14]
E Sócrates ainda fala que de modo algum quer fazer mal a alguém que fosse
justo.
“Portanto, se alguém disser que a justiça consiste em restituir a cada um
aquilo que lhe é devido; e com isso quiser significar que um homem justo deve
fazer o mal aos inimigos, e bem aos amigos, quem assim falar não é sábio,
porquanto não disse a verdade. Portanto, em caso algum nos pareceu que
fosse justo fazer mal a alguém.”[15]
Já Trasímaco entra no discurso com ar de quem estava enfurecido e atacando
Sócrates, afirma:
“porque vos mostrais tão simplórios, cedendo alternadamente o lugar um ao
outro? Se na verdade queres saber o que é a justiça, não te limites a interrogar
nem procures a celebridade a refutar quem te responde, reconhecendo que é
mais fácil perguntar do que dar a réplica. Mas responde tu mesmo e diz o que
entendes por justiça.”[16]
Com argumentos contrários a Sócrates, disse que a Justiça é relativa, depende
do interesse do mais forte.
“Ouve então. Afirmo que a justiça não é outra coisa senão a conveniência do
mais forte. (…).”[17]
Qual seja o que detém o poder. Algo que depende do interesse de quem governa
e que é justo cumprir as ordens dadas pelos governantes.
“Certamente que cada governo estabelece Leis de acordo com a sua
conveniência: a democracia, Leis democráticas; a monarquia, monárquicas, e
os outros, da mesma maneira. Uma vez promulgadas essas Leis, fazem saber
que é justo para os governos aquilo que lhes convém, e castigam os
transgressores, a título de que violaram a Lei e cometeram uma injustiça. (…),
o que convém aos poderes constituídos. Ora, estes é que detêm a força. De onde
resulta, para quem pensar corretamente, que a justiça é a mesma em toda a
parte: a conveniência do mais forte.”[17]
Sócrates então aumenta o campo da discussão, na ideia de mostrar que justiça
não se refere apenas ao utilitarismo, desfazendo as convicções de Trasímaco,
até provar que tudo aquilo citado tratava-se de opiniões individuais, sendo
meras aparências e não possuindo caráter universal.
“(…) que concordaste que também é justo cometer atos prejudiciais aos
governantes e aos mais poderosos, quando os governantes,
involuntariamente, tomam determinações inconvenientes para eles, uma vez
que declaras ser justo que súditos executem o que prescreveram os
governantes. (…) não será forçoso que resulte daí a seguinte situação: que é
justo fazer o contrário do que tu dizes? Pois não há dúvida que se prescreve aos
mais fracos que façam o que é prejudicial ao mais fortes.”[18]
Após análise dos diálogos, é possível perceber que Céfalo (falar a verdade),
Polemarco (fazer o bem aos amigos e o mal aos inimigos) e Trasímaco (que a
Justiça é relativa, depende do interesse do mais forte) apresentam versões
distintas de justiça, o que afasta a visão universal defendida por Sócrates (que
a justiça é virtude e sabedoria, e a injustiça é maldade e ignorância…),
[19]
 motivo pelo qual impossibilita o diálogo entre as partes, dificultando
formular um conceito universal e aprovado por todos com relação à Justiça.
Ainda sobre as noções de justiça criticadas por Platão no livro I d'A República,
pode-se acrescentar que:
Para Céfalo, o conceito de justiça é “Não ludibriar ninguém nem mentir,
mesmo involuntariamente, nem ficar a dever, seja sacrifícios aos deuses, seja
dinheiro a um homem, e depois partir para o além sem temer nada (…)”,
Sócrates resume dizendo que é “falar a verdade e devolver ao outro o que lhe
pertence.”[20]
É perceptível na concepção de Céfalo que a ideia de justiça é subjetiva, não
podendo ter sua aplicação em uma escala universal.
Em segundo, Polemarco, filho de Céfalo que tentou sustentar o argumento do
pai, afirma que a justiça “consiste em fazer bem aos amigos e mal aos
inimigos.” [21] Seguindo esta linha de raciocínio, como pode a justiça estar
ligada ao bem e ao mal de maneira tão subjetiva? Cabendo a cada indivíduo
decidir quem é bom e quem é mau, quem merece ou não receber ajuda, ou
como citado no livro, aquele que merece ou não receber tratamento médico.
Neste diálogo, Sócrates define que a justiça deve ser para todos. Dessa forma,
não se pode dizer que algo é bom ou mau ao mesmo tempo. Se for bom, deve
ser para todos e em qualquer circunstância.
A terceira perspectiva vem de Trasímaco, que entende que justiça é o interesse
do mais forte. Para ilustrar seu conceito, o filósofo utiliza como exemplo o
Estado. Esta é uma instituição que detém o poder coercitivo sobre os cidadãos,
fazendo com que seu interesse prevaleça no meio social, podendo assim ser
classificado como o suposto ser mais forte. É valido lembrar que Trasímaco
viveu em um contexto caracterizado pelo auge da democracia grega e das
Cidades-Estado, ou Pólis.[22]
No diálogo, verificamos que Trasímaco apresenta sua ideia de justiça de forma
que, ser justo é uma atitude de um indivíduo ingênuo, e que ser injusto, no
entanto, é ser esperto e cuidadoso. " (…) Dessa maneira, Sócrates concluiu que
a justiça somente traz satisfação, enquanto que a injustiça não pode trazer
benefícios, portanto jamais a injustiça será mais vantajosa do que a justiça
(…)”.[23]
Em geral, o que podemos perceber em ambas as perspectivas analisadas é que
Sócrates rebateu os argumentos dos demais de forma a desconstruir seus
conceitos e, desta forma, fazendo-os repensar suas respostas, um método que
até hoje funciona muito bem, uma vez que ainda é utilizado para
desconstruir paradigmas impostos como dogmas.
Sendo assim, não existe um conceito universal de justiça. Observa-se que o que
é justo para uns, pode não ser justo para outros. Cada indivíduo, de acordo
com suas experiências, desenvolve noções diferentes a respeito de temas
diversos. Por exemplo: numa demanda judicial, o veredito final para aquele
que conseguiu êxito na demanda, a considera justa, mas aquele que não teve
seus anseios atendidos reclama que a decisão foi injusta, lembrando que, para
Platão, este exemplo não pode trazer o conceito de justiça, pois tem relação
com a doutrina sofista.
Mediação
Aristóteles, no livro V da Ética a Nicômaco, fez[24] um estudo acerca do que
seria a justiça corretiva, que em sua concepção “a justiça corretiva seria o
intermediário entre a perda e o ganho”. Observa-se que a justiça corretiva
necessita da intervenção de uma terceira pessoa que será o responsável por
decidir eventuais conflitos que surgem nas relações interpessoais. Portanto, a
figura do juiz, na justiça corretiva, para Aristóteles é de extrema importância,
pois esse passa a personificar o que seria justo.
Para Eduardo Bittar (2010, p. 135), a justiça corretiva visa o
“restabelecimento do equilíbrio rompido entre os particulares: a igualdade
aritmética”.[25] Aristóteles (1987) aduz que “a Lei considera apenas caráter
distintivo do delito e trata as partes como iguais, se uma comete e a outra sofre
injustiça, se uma é autora e a outra é a vítima do delito”. [26] Acrescenta
também que “sendo essa espécie de injustiça uma desigualdade, o juiz procura
igualá-la”,[26] além disso, exemplifica o filósofo que:
"Porque também no caso em que um recebeu o outro infligiu um ferimento, ou
um matou e o outro foi morto, o sofrimento e a ação foram desigualmente
distribuídos, mas o juiz procura igualá-los por meio da pena, tomando uma
parte do ganho do acusado." (ARISTÓTELES, 1987)[26]
Logo, para Aristóteles, “seja como for, uma vez estimado o dano, um é
chamado de perda e o outro ganho”.[26]
Assim, tem-se que na justiça corretiva, o juiz tem um papel fundamental, pois
ele será o mediador de todo o processo. Para o filósofo Aristóteles (1987),
“recorrer ao juiz é recorrer à justiça, pois a natureza do juiz é ser uma espécie
da justiça animada”.[26] Logo, as pessoas recorrem ao juiz como um
intermediário, aquele que irá resolver o conflito sendo justo para ambas as
partes. Ensina Aristóteles (1987) que naquela época “em alguns Estados os
juízes são chamados de mediadores, na convicção de que, se os litigantes
conseguirem o meio termo, conseguirão o que é justo. O justo, pois, é um meio
termo já que o juiz o é”.[26]
Então, para Aristóteles, a mediação é uma característica essencial para o juiz,
pois “o juiz estabelece a igualdade. É como se houvesse uma linha dividida em
partes desiguais e ele retira a diferença pela qual o segmento maior excede a
metade para acrescentá-la menor. E quando o todo foi igualmente dividido, os
litigantes dizem que receberam 'o que lhes pertence' — isto é, receberam o que é
igual”.[26]
Portanto, o juiz tem um papel muito importante para Aristóteles, porque faz a
justiça, pois sendo o juiz um mediador, ou seja, um intermediário, ele deve
resolver os litígios de forma justa para as partes. Logo, tem-se que o juiz é a
justiça personificada.
Idade Média
Dentro da teoria do Direito Natural, São Tomás de Aquino conceituou a justiça
como sendo a disposição constante da vontade em dar a cada um o que é seu
— suum cuique tribuere — e classifica-a como comutativa, distributiva e legal,
conforme se faça entre iguais, do soberano para os súditos e destes para com
aqueles, respectivamente. Tomás de Aquino entende que não há um Código
incondicionado ou absoluto de uma justiça invariável, tendo em vista que a
razão humana é variável — ainda que a vontade de buscar a justiça seja um
perpétuo objetivo para o homem. Tomás de Aquino, ainda, aproxima muito
seu conceito da religião, ao argumentar que, se somente a vontade de Deus é
perpétua e se justiça é uma perpétua vontade, então a justiça somente pode
estar em Deus.[27] Na Vulgata católica, o conceito de justiça aparece descrito
mais do que qualquer outro tópico, se repetindo mais de 200 vezes naquele
livro.[28]
Juspositivismo moderno
Hans Kelsen apresenta a justiça como sendo uma ideia irracional; por mais
indispensável que seja para a ação dos homens, não se trata de um conceito
sujeito à cognição. Kelsen enxerga a justiça como sendo um julgamento
subjetivo de valor, que não pode ser analisado cientificamente. [29]
Para Hart, a ideia de justiça divide-se em duas partes: um aspecto uniforme
ou constante, resumido no preceito de tratar da mesma maneira os casos
semelhantes; e um critério mutável ou variável, usado para determinar
quando, para uma dada finalidade, os casos são semelhantes ou diferentes.
[30]
 Assim, desde que todos os seres humanos de uma comunidade estejam
ligados entre si por laços de igualdade, tem-se que nenhum deles poderá
aproveitar-se de sua superioridade econômica ou política para alcançar um
fim em detrimento de seu semelhante.[31]

Teorias da Justiça
As principais teorias modernas sobre justiça revelam-se em duas grandes
categorias: para uma primeira corrente, a ideia de justiça relaciona-se
diretamente com a ideia de equidade (ou ainda, fairness, utilizando-se da
expressão inglesa). Para uma segunda corrente, a ideia de justiça está mais
ligada ao conceito de bem-estar (welfare). Cada uma dessas correntes
comporta uma série de teorias diferentes, que se utilizam de distintas
perspectivas para tratar do tema.
Justiça como equidade
Perspectiva utilitarista
A perspectiva utilitarista do conceito de justiça foi desenvolvida por autores
como John Stuart Mill, Henry Sidgwick e Jeremy Bentham, este último sendo
um dos principais expoentes desse pensamento. Sendo uma teoria
preponderantemente consequencialista, o utilitarismo define a utilidade social
em termos de utilidades individuais, ou seja, define a função de utilidade de
cada pessoa em termos de suas preferências individuais.
Bentham propunha que o princípio da utilidade (prazer/dor;
felicidade/tristeza) deveria ser um norteador não só para as ações dos
indivíduos, mas do próprio Estado, no tocante à nomogênese jurídica. Deste
modo, entendendo os interesses da comunidade como as somas dos interesses
de seus diversos membros, caberia aos governantes e legisladores propor Leis
e políticas públicas no sentido de gerar o máximo de felicidade para todos.[32]
A relação da justiça com o utilitarismo reside no fato das regras morais da
justiça estarem diretamente relacionadas ao que há de essencial na promoção
da felicidade humana, sendo valores como a imparcialidade e a igualdade
virtudes ou obrigações da justiça.[33]
Perspectiva liberal de John Rawls
John Rawls foi um dos mais influentes teorizadores do conceito de justiça
como equidade (fairness), através de sua obra Uma Teoria da Justiça,
publicada em 1971.
Retomando a teoria do contrato social, Rawls propõe-se a imaginar uma
situação hipotética e histórica similar ao estado de natureza (chamada de
posição original), na qual, determinados indivíduos escolheriam princípios de
justiça. Tais indivíduos, concebidos como racionais e razoáveis, estariam
ainda submetidos a um "véu de ignorância", ou seja, desconheceriam todas
aquelas situações que lhe trariam vantagens ou desvantagens na vida social
(classe social e status, educação, concepções de bem, características
psicológicas, etc.). Desta forma, na posição original, todos compartilham de
uma situação equitativa: são considerados livres e iguais.
Ao retomar a figura do contrato social como método, Rawls não tem como
objetivo fundamentar a obediência ao Estado (como na tradição do
contratualismo clássico de Thomas Hobbes, John Locke e Jean-Jacques
Rousseau). Ligando-se à Immanuel Kant (construtivismo kantiano), a ideia do
contrato é introduzida como recurso para fundamentar um processo de eleição
de princípios de justiça, que são assim descritos por ele:

 Princípio da Liberdade: cada pessoa deve ter um direito igual ao mais


abrangente sistema de liberdades básicas iguais que sejam compatíveis
com um sistema de liberdade para as outras.
 Princípio da Igualdade: as desigualdades sociais e econômicas devem ser
ordenadas de tal modo que sejam, ao mesmo tempo:
o consideradas como vantajosas para todos dentro dos limites do
razoável (princípio da diferença);
o vinculadas à posições e cargos acessíveis a todos (princípio da
igualdade de oportunidades).
Fiel à tradição liberal, Rawls considera o princípio da liberdade anterior e
superior ao princípio da igualdade. Também, o princípio da igualdade de
oportunidades é superior ao princípio da diferença. Em ambos os casos, existe
uma ordem lexical. No entanto, ao unir estas duas concepções sob a ideia da
justiça, sua teoria pode ser designada como "liberalismo igualitário",
incorporando tanto as contribuições do liberalismo clássico quanto dos ideais
igualitários da esquerda.
Tais princípios exercem o papel de critérios de julgamento sobre a justiça das
instituições básicas da sociedade, que regulam a distribuição de direitos,
deveres e demais bens sociais. Eles podem ser aplicados (em diferentes
estágios) para o julgamento da constituição política, das Leis ordinárias e das
decisões dos Tribunais. Rawls também esclareceu que as duas formas clássicas
de capitalismo (de livre mercado ou de bem-estar social), bem como
o socialismo estatal seriam "injustos". Apenas um "socialismo liberal" (com
propriedade coletiva dos meios de produção)" ou mesmo uma "democracia de
proprietários" poderia satisfazer, concretamente, seus ideais de justiça.
Perspectiva libertária (Hayek e Nozick)
Entre os principais críticos da perspectiva liberal adotada por Rawls,
destacam-se as teorias defendidas pelo americano Robert Nozick[34] e o
austríaco Friederich Hayek,[35] defensoras de uma perspectiva ainda
mais libertária, baseadas na ideia de uma liberdade negativa como o princípio
básico das ideias liberais, qual seja, a não interferência do Estado na vida
privada (em especial, na esfera do mercado).
Hayek afirma que os desejos dos defensores da igualdade são tão
irreconciliáveis com a liberdade quanto são as demandas mais estritamente
igualitárias. Para Hayek, uma ordem social ideal ("A Grande Sociedade",
como ele denomina) é uma ordem formada por homens livres que têm apenas
a Lei como regra de conduta. Estas regras têm a função de reger a sociedade
no seu todo, além de serem, também, normas geradoras de ordem econômica
que, por sua vez, serão direcionadas ao bom desempenho do mercado. A
justiça, tal como a sociedade, também é um produto da evolução dessas
normas que conduzem à formação de normas de conduta justa e não uma
evolução das concepções sociais de uma comunidade. Essa "justiça social",
para Hayek, é uma miragem: não se pode acreditar que seja possível
descobrir uma norma universal aplicável que possa resolver se uma situação é
ou não justa.
Robert Nozick apresenta, também, uma tese voltada para a exaltação das
liberdades de mercado e da limitação do papel do Estado na área social na
forma de um Estado mínimo, opondo-se ao modelo redistributivo de Rawls.
Sua visão de justiça parte do princípio de que todos os indivíduos têm direitos
invioláveis; e que o Estado mínimo deve garantir sua proteção através das
funções restritas à proteção dos direitos fundamentais dos indivíduos, como a
proteção contra a força, roubo, fraude e descumprimento de contratos.
Perspectiva comunitarista
Outra linha crítica da teoria de Rawls foi desenvolvida nos Estados Unidos no
início da década de 1980 por acadêmicos como Charles Taylor, Michael
Walzer e Alsadair MacIntyre, possuindo, ainda, como um de seus principais
expoentes, Michael J. Sandel, professor da Universidade de Harvard.[36]
Esta visão passa a dar mais expressão a conceitos, tais
como cidadania e comunidade, numa rejeição da prioridade do direito e do
justo sobre o bem. Em suas obras, Sandel rejeita a corrente utilitarista, por
entender que esta trata da justiça como uma questão de cálculo e não de
princípio. Ainda que Sandel reconheça que a visão rawliana supera esta visão,
o professor reconhece que a visão liberal de Rawls tenta, equivocadamente,
traduzir os bens humanos em uma única e uniforme medida de valor, sem
considerar diferenças qualitativas entre esses valores. Para Sandel, não se
pode alcançar uma sociedade justa simplesmente maximizando a utilidade ou
garantindo a liberdade de escolha. Desta forma, procura defender uma ética
política voltada a virtudes cívicas de crítica e busca por soluções a dilemas
morais.
Justiça como bem-estar
Perspectiva igualitária de Ronald Dworkin
O jurista Ronald Dworkin também dedicou seu pensamento à analisar o
conceito de justiça e a obra de John Rawls, especialmente, nos livros “A
Virtude Soberana” e “Justiça para Porcos-Espinho”.
Duas ideias desempenham um papel vital na teoria desenvolvida por
Dworkin: a ideia do "igual cuidado" (equal concern) e a ideia de
responsabilidade especial (special responsibility). A primeira significa que a
distribuição das riquezas sociais deve refletir nas escolhas das pessoas, de
forma que uma distribuição idêntica das riquezas não se traduziria per se em
uma distribuição justa. Já a ideia de responsabilidade, implica que não seriam
justificadas as desigualdades materiais que não pudessem ser atribuídas às
escolhas das pessoas, assim como, não se justificariam aquelas que
decorressem de circunstâncias que se encontram fora do controle das pessoas.
Ao defender uma concepção de igualdade de recursos, Dworkin parte do
pressuposto de que as pessoas são responsáveis pelas escolhas que fazem em
suas vidas, mas essa premissa não é suficiente para prover a sua concepção de
fundamentos sólidos. Por isso, Dworkin pressupõe, também, que os atributos
naturais de inteligência e talento são moralmente arbitrários e, por isso, não
devem surtir efeitos sobre a distribuição dos recursos na sociedade.
Uma vez que a igualdade se traduz nos recursos de que as pessoas dispõem
para realizar suas escolhas e não no bem-estar que elas, possivelmente,
poderiam alcançar com estes recursos, os governos devem prover uma
igualdade material para todos, tendo a obrigação política de tratar a vida de
cada pessoa como tendo uma importância igual. A esta ideia, Dworkin
denomina "justiça distributiva".
Perspectiva econômica de Richard Posner
Em seu livro The Economics of Justice, Richard Posner utiliza-se do conceito de
"maximização da riqueza" como uma base normativa para o conceito de
justiça. Para Posner, a riqueza seria maximizada no momento em que os bens
materiais e outras fontes de satisfação são distribuídas de modo que o
seu valor agregado seja maximizado. Como caminhos para esta maximização,
Posner aponta três categorias de direitos fundamentais que podem servir
como facilitadoras: segurança pessoal, liberdade pessoal e propriedade
privada.
O papel do Estado nesta perspectiva seria não só de distribuir riqueza, mas
também criá-la, através da criação de instituições e bens que possam prover
benefícios à população. A concepção de justiça que decorre desta abordagem
consiste em tomar a maximização da riqueza da sociedade como critério para
avaliar a justiça de atos e instituições. Este critério permitiria conciliar, para
Posner, as abordagens de utilidade, liberdade e equidade.
Perspectiva capacitária de Amartya Sen
Aluno de John Rawls, Amartya Sen desenvolveu uma extensa crítica e revisão
das ideias básicas de Rawls. Para Sen, a justiça não deve ser avaliada em
termos binários (se existe justiça ou não). Sen não apoia um ideal abstrato
plenamente estabelecido de justiça para avaliar a adequação de diferentes
instituições — motivo pelo qual Sen busca formular sua teoria tendo
a desigualdade e a diversidade como alguns de seus principais pontos de
partida.[37]
Em sua teoria, Sen argumenta que uma igualdade sempre corresponderá a
uma desigualdade; e esta analogia não pode ser estendida à relação entre
igualdade e liberdade. Partindo do estudo do fenômeno da desigualdade, Sen
sugere uma perspectiva de análise baseada na "capacidade", cuja abordagem
se distinguiria das perspectivas tradicionais de avaliação individual e social,
as quais comumente se baseiam em variáveis, tais quais, "bens primários"
(como no caso de Rawls), "recursos" (como no caso de Dworkin) ou "renda
real" (como no caso da maioria das análises de cunho econômico).
De acordo com Sen, todas essas variáveis tradicionais consistem apenas em
instrumentos para a realização do bem-estar e meios para a liberdade. Já a
capacidade, ao contrário, implica a liberdade para buscar funcionamentos
(parte dos elementos constitutivos do bem-estar e do estado de uma pessoa),
além de desempenhar um papel direto no próprio bem-estar. Além disso, a
capacidade concentra-se diretamente sobre a liberdade e não sobre os meios
para realizá-la: ela é, assim, um "reflexo da liberdade substantiva". Neste
sentido, a capacidade de uma determinada pessoa representa a sua liberdade
de realizar bem-estar.
[6] O ÓRGÃO ESPECIAL é composto por Desembargadores de carreira e do
quinto constitucional, representantes da Ordem dos Advogados do Brasil e do
Ministério Público, além dos ocupantes do Corpo Diretivo, totalizando 25
(vinte e cinco) membros, para mandato de dois anos, cabendo ao Presidente
do Tribunal a direção dos ...

[7] SOBRE A HIERARQUIA DAS LEIS NO DIREITO BRASILEIRO


Entender a formação do ordenamento jurídico brasileiro é importante para
entender o funcionamento das Leis e da justiça no Brasil. O presente texto
tenta didaticamente explicar a teia complexa existente e resistente até hoje.
 É importante conhecer e compreender corretamente a relação hierárquica
existente entre as diferentes espécies normativas que integram nosso
ordenamento jurídico.

Cumpre primeiramente esclarecer que a noção de hierarquia ou subordinação


existente entre as normas é relevante principalmente para o controle de
constitucionalidade das Leis, bem como para resolver eventual conflito
intertemporal.

Ressalte-se que por vezes, como há normas sucessivas no tempo, haja vista que
a norma só pode ser revogada por outra norma de igual ou superior
hierarquia.

A norma revogadora quando cuida de certa matéria só revogará a norma


anterior, se possuir igual ou superior hierarquia daquela.

Cumpre primeiramente elucidar que não existe uma hierarquia entre normas
constitucionais originárias. De sorte, que todas as normas elaboradas
pelo Poder Constituinte originário, independentemente de seu conteúdo,
posicionando-se no mesmo nível hierárquico.

 Portanto, tanto as normas que consagram os direitos fundamentais como as


cláusulas pétreas[1], bem como as normas de conteúdo formalmente
constitucional e até mesmo as normas integrantes do Ato das Disposições
Transitórias (ADCT) pois todas essas normas se situam no mesmo patamar
hierárquico.

 Mas para o doutrinador Otto Bachof[2], vislumbra-se duas grandezas de


normas originárias, a saber: as normas consagradas como cláusulas pétreas
seriam hierarquicamente superiores às demais normas constitucionais
originárias.

 Ipso facto, seria possível a declaração de inconstitucionalidade de normas


constitucionais originárias que ofendessem as cláusulas pétreas.

 Vale lembrar ainda que a tese do doutrinador alemão Oto Bachof não é
admitida no Brasil.

 Identificam-se duas correntes doutrinárias que informam a tese da


inconstitucionalidade de normas constitucionais:

              a) corrente que admite a inconstitucionalidade de normas


constitucionais originárias; e

              b) corrente que admite a inconstitucionalidade de normas oriundas de


processo de revisão ou de emenda, sugerindo apenas contradição aparente
entre as normas constitucionais originárias.

O ordenamento jurídico brasileiro acata a segunda corrente que sustenta que


a inconstitucionalidade de normas constitucionais decorre do processo de
reforma da Constituição pelo constituinte derivado, sempre que haja afronta
às chamadas cláusulas pétreas[3] (limitação de ordem material) ou ao próprio
processo de reforma (limitação de ordem formal).

O Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Ferreira Mendes


registra que, após o advento da Constituição de 1988, o Supremo Tribunal
Federal deparou-se com casos  daquela natureza, todos consubstanciados nos
seguintes julgados: ADI 3.367/DF, Relator Cezar Peluso, DJ 17.3.2006; ADI
3685/DF, Relatora Ellen Gracie, DJ 10.8.2006;  ADI 3.128/DF Relator p/
Acórdão Cezar Peluso, DJ 18.2.2005; ADI 3.105/DF, Relator Cezar Peluso, DJ
18.2.2005; MS 24.642/DF, Relator Carlos Velloso, DJ 18.06.2004;  ADI
1.946/DF, Relator Sydney Sanches, DJ 16.5.2003; ADI-MC 1.946/DF, Relator
Sydney Sanches, DJ 14.9.2001; ADI-MC 1.805/DF, Relator Néri da Silveira, DJ
14.11.2003;  ADI-MC 1.497/DF, Relator Marco Aurélio, DJ 13.12.2002; ADI-
MC 1.420/DF, Relator Néri da Silveira, DJ 19.12.1997; ADI 997/RS, Relator
Moreira Alves, DJ 30.8.1996;  ADI 815/DF, Relator Moreira Alves, DJ
10.5.1996; ADI 939/DF, Relator Sydney Sanches, DJ 18.3.1994; ADI-MC
926/DF, Relator Sydney Sanches, DJ 6.5.1994; ADI 830/DF,  Relator Moreira
Alves, DJ 16.9.1994; ADI 466/DF, Celso De Mello, DJ10.5.1991.

 As cláusulas pétreas[4] não se situam em patamar superior hierarquicamente


ao das normas constitucionais originárias.

 Lembremos que as cláusulas pétreas[5] correspondem às limitações do Poder


Constituinte derivado reformador, na modificação ulterior do texto
constitucional, pois estas não constituem limites impostos à atuação do poder
constituinte originário, na feitura das normas constitucionais originárias.
Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é inviável o controle
de constitucionalidade de norma constitucional originária em face da outra
norma constitucional originária de hierarquia inferior.

 Normas constitucionais derivadas são as resultantes de emendas à


Constituição, por labor do poder constituinte derivado reformador. E,
distinguem-se das normas constitucionais originárias que são aquelas
inseridas pelo poder constituinte originário na Constituição no momento de
sua elaboração.

Tais normas constitucionais derivadas ingressam no ordenamento jurídico no


mesmo nível hierárquico das originárias, portanto, entre essas normas não
existe hierarquia.

Há, entretanto, relevante distinção entre essas, pois enquanto as normas


constitucionais originárias não se submetem ao controle de
constitucionalidade, as normas derivadas poderão ser declaradas
inconstitucionais em caso de violações aos limites estabelecidos pela
Constituição Federal[6] (art. 60).

Analisando as normas federais, estaduais e municipais e distritais convém


ressaltar que também não existe hierarquia entre as normas oriundas de
diferentes entes da federação brasileira.

Portanto, descabe afirmar a superioridade da Lei federal em face da Lei


estadual ou municipal. Afinal, o exercício de suas COMPETÊNCIAS legislativas
constitucionais, cada ente federado é dotado de autonomia política, inexistindo
subordinação entre estes.

A prevalência em caso de conflito de normas federais, estaduais e municipais,


não ocorre por critério hierárquico, mas ocorre através de regras de
COMPETÊNCIA fixadas pelo texto constitucional.

No eventual conflito, a Lei que prevalecerá será aquela oriunda do ente


federado competente para o tratamento da matéria, conforme a repartição de
COMPETÊNCIAS estabelecida na CF/1988.

Deve-se ressalvar que existe relação hierárquica entre a Constituição Federal e


as constituições estaduais e Leis Orgânicas municipais. Pois nesse caso, a
Carta Magna situa-se em plano superior em relação a todas as demais. Por
sua vez, a Constituição Estadual está situada de forma superior à Lei
Orgânica do Município. A Lei Orgânica do Distrito Federal é equiparada à
Constituição Estadual.

As espécies normativas primárias são as que integram o processo legislativo


constitucional, ou seja, as emendas constitucionais, Leis[7] complementares,
Leis ordinárias, Leis delegadas, medidas provisórias[8], decretos legislativos e
resoluções.
As normas primárias porque derivam diretamente da Constituição Federal,
vale dizer, porque retiram o seu fundamento de validade diretamente da
Constituição Federal.

Com exceção das emendas à Constituição (que, propriamente, constituem


normas constitucionais0 todas as demais espécies normativas primárias que
integram o processo legislativo situam-se no mesmo plano hierárquico.

Desta forma, ratifico que não há hierarquia entre Lei complementar, Lei
ordinária, Lei delegada, medida provisória, decreto legislativo e Resolução.

A referida distinção entre tais espécies normativas é fixada pela Constituição


Federal, mediante a reserva de matérias a cada uma das espécies.

Trata-se de mera reserva constitucional de COMPETÊNCIAS e, não de relação


hierárquica. Todas as normas que integram o processo legislativo situam-se
no mesmo plano hierárquico.

É curial para compreender o Direito Constitucional, estudar a hierarquia de


normas, pelo que a doutrina denomina pirâmide de Kelsen[9]. Tal pirâmide
fora concebida pelo jurista austríaco para fundamentar a sua teoria baseada
na ideia de que as normas jurídicas inferiores (normas fundadas) retiram seu
fundamento de validade das normas jurídicas superiores (normas fundantes).

A referida pirâmide de Kelsen tem a Constituição como seu vértice, por ser esta
o fundamento de validade de todas as demais normas do sistema jurídico.
Assim, nenhuma norma do ordenamento jurídico pode se opor à Constituição:
esta é superior a todas as demais normas jurídicas, as quais são, por isso
mesmo, denominadas infraconstitucionais.

Dentro da Constituição, existem normas constitucionais originárias e normas


constitucionais derivadas. As originárias são fruto do Poder Constituinte
Originário[10] (o poder que elabora a nova Constituição); elas integram o
texto constitucional desde que ele foi promulgado, em 1988.

Enquanto que as normas derivadas são aquelas que resultam da manifestação


do Poder Constituinte Derivado (poder que altera a Constituição), são as
chamadas emendas constitucionais que também se situam no topo da
pirâmide de Kelsen.

 Cumpre destacar que não existe hierarquia entre as normas constitucionais


originárias; não existe hierarquia entre normas constitucionais originárias e
normas constitucionais derivadas.

Apesar de inexistente hierarquia, há uma importante diferença entre estas: as


normas constitucionais originárias não podem ser declaradas
inconstitucionais.
Assim, as normas constitucionais originárias não podem ser objeto de controle
de constitucionalidade. Já as emendas constitucionais, as derivadas, poderão,
efetivamente, ser alvo de controle de constitucionalidade.

Com a promulgação da Emenda Constitucional 45/2004 abriu-se uma nova e


importante possibilidade no ordenamento jurídico brasileiro. Pois os tratados
e convenções internacionais de direitos humanos aprovados em cada Casa do
Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal), em dois
turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, passaram a ser
equivalentes às emendas constitucionais. Situam-se, portanto, no ápice da
pirâmide de Kelsen[11], tendo status de emenda constitucional.

Diz-se que os tratados de direitos humanos, ao serem aprovados por esse rito
especial que ingressaram no chamado bloco de constitucionalidade. Em
virtude da matéria de que tratam (direitos humanos), esses tratados estão
gravados por cláusula pétrea, e, estando, portanto, imunes à denúncia pelo
Estado brasileiro.

O primeiro tratado de direitos humanos a receber o status de emenda


constitucional foi a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas
com Deficiência e seu Protocolo Facultativo”.

Os demais tratados internacionais sobre direitos humanos, aprovados pelo


rito ordinário, têm, segundo o STF, “status” supralegal. Isso significa que se
situam logo abaixo da Constituição e acima das demais normas do
ordenamento jurídico

 A EC nº 45/2004 trouxe ao Brasil, portanto, segundo o Prof. Valério


Mazzuoli, um novo tipo de controle da produção normativa doméstica:  o
controle de convencionalidade das Leis.

Assim, as Leis internas estariam sujeitas a um duplo processo de


compatibilização vertical, devendo obedecer aos comandos previstos na Carta
Constitucional e, ainda, aos previstos em tratados internacionais de direitos
humanos regularmente incorporados ao ordenamento jurídico brasileiro.

As normas imediatamente abaixo da Constituição (infraconstitucionais) e dos


tratados internacionais sobre direitos humanos são as Leis (complementares,
ordinárias e delegadas), as medidas provisórias, os decretos legislativos, as
resoluções legislativas, os tratados internacionais em geral incorporados ao
ordenamento jurídico e os decretos autônomos.

Neste momento, é importante perceber quais são as normas


infraconstitucionais e que elas não possuem hierarquia entre si, segundo
doutrina majoritária.

Essas normas são primárias, sendo capazes de gerar direitos e criar


obrigações, desde que não contrariem a Constituição.
As normas federais, estaduais, distritais e municipais possuem o mesmo grau
hierárquico. Assim, um eventual conflito entre normas federais e estaduais ou
entre normas estaduais e municipais não será resolvido por um critério
hierárquico; a solução dependerá da repartição constitucional de
COMPETÊNCIAS.

Deve-se perguntar o seguinte: de qual ente federativo (União, Estados ou


Municípios) é a COMPETÊNCIA para tratar do tema objeto da norma? Nessa
ótica, é plenamente possível que, num caso concreto, uma Lei municipal
prevaleça diante de uma Lei federal.

Questiona-se, afinal: Existe hierarquia entre a Constituição Federal, as


Constituições Estaduais e as Leis Orgânicas dos Municípios? Sim, a
Constituição Federal está num patamar superior ao das Constituições
Estaduais que, por sua vez, são hierarquicamente superiores às Leis
Orgânicas.

As Leis complementares[12], apesar de serem aprovadas por um


procedimento mais dificultoso, têm o mesmo nível hierárquico das Leis
ordinárias.

O que as diferencia é o conteúdo: ambas têm campos de atuação diversos, ou


seja, a matéria (conteúdo) é diferente. Como exemplo, citamos o fato de que a
CF/88 exige que normas gerais sobre direito tributário sejam estabelecidas
por Lei complementar.

As Leis complementares podem tratar de tema reservado às Leis ordinárias.


Esse entendimento deriva da ótica do quem pode mais, pode menos”.

 Ora, se a CF/88 exige Lei ordinária (cuja aprovação é mais simples!) para
tratar de determinado assunto, não há óbice a que uma Lei complementar
regule o tema.

No entanto, caso isso ocorra, a Lei complementar será considerada


materialmente ordinária; essa Lei complementar poderá, então, ser revogada
ou modificada por simples Lei ordinária.

Diz-se que, nesse caso, a Lei complementar irá subsumir-se ao regime


constitucional da Lei ordinária.

As Leis ordinárias não podem tratar de tema reservado às Leis


complementares. Caso isso ocorra, estaremos diante de um caso de
inconstitucionalidade[13] formal (nomodinâmica).

Os regimentos dos Tribunais do Poder Judiciário são considerados normas


primárias, equiparados hierarquicamente às Leis ordinárias. Na mesma
situação, encontram-se as resoluções do CNMP (Conselho Nacional do
Ministério Público) e do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).
Os regimentos das Casas Legislativas (Senado[14] e Câmara dos Deputados),
por constituírem resoluções legislativas, também são considerados normas
primárias, equiparados hierarquicamente,   às Leis ordinárias.

Finalmente, abaixo das Leis encontram-se as normas infralegais. Elas são


normas secundárias, não tendo poder de gerar direitos, nem, tampouco, de
impor obrigações.

Não podem contrariar as normas primárias, sob pena de invalidade. É o caso


dos decretos regulamentares, portarias, das instruções normativas, dentre
outras. É preciso ter cuidado para não confundir os decretos autônomos
(normas primárias, equiparadas às Leis) com os decretos regulamentares
(normas secundárias, infralegais).

 Considerando as mais recentes decisões do STF[15], verifica-se realmente uma


nova configuração na pirâmide de Kelsen. No topo da pirâmide que
hierarquiza o ordenamento jurídico brasileiro está a Constituição Federal, as
Emendas Constitucionais e os Tratados Internacionais que tratam de Direitos
Humanos que passaram pelo procedimento de emendas constitucionais.

 No segundo patamar estão situados os tratados internacionais de direitos


humanos que não passaram pelo procedimento de emenda constitucional,
pois, segundo o STF, atualmente, os mesmos, possuem status de norma
supralegal, portanto, estão acima das Leis, mas abaixo da Constituição
Federal.

 No terceiro patamar situam-se as Leis Ordinárias, Leis Complementares, Leis


Delegadas, Resoluções, Decretos Legislativos, Tratados Internacionais que não
tratem de direitos humanos e, por fim, medidas provisórias. Na base da
pirâmide constam ainda os Decretos, Portarias e demais atos infralegais.

A Reforma Trabalhista introduzida pela Lei 13.467/2017[16] e nos chama


atenção pelo acréscimo do segundo parágrafo do artigo 8º da CLT, que
dispõe: "Súmulas e outros enunciados de jurisprudência editados pelo
Tribunal Superior do Trabalho e pelos Tribunais Regionais do Trabalho não
poderão restringir direitos legalmente previstos nem criar obrigações que não
estejam previstas em Lei.".

É essencial para entender a aplicabilidade das normas constitucionais que


ocorra a escorreita interpretação da Constituição Federal. Daí se pode deduzir
seu alcance e realizabilidade dos diversos dispositivos da Constituição.
Lembrando que todas as normas constitucionais apresentam juridicidade.
Portanto, são imperativas e cogentes, pois surtem seus efeitos, o que varia é o
grau de eficácia.

 A doutrina norte-americana(clássica) distingue duas espécies de normas


constitucionais quanto à aplicabilidade: normas autoexecutáveis (self
executing) e as normas não-autoexecutáveis.
As normas autoexecutáveis[17] são as que podem ser aplicadas sem a
necessidade de qualquer complementação, assim são normas completas,
bastantes em si mesmas. Enquanto que as não-executáveis são dependentes de
complementação legislativa antes de serem aplicadas.

Trata-se de normas incompletas ou programáticas (pois definem diretrizes


para as políticas públicas) e as normas de estruturação (que instituem Órgãos,
mas deixam para a Lei a tarefa de organizar o seu funcionamento).

Apesar da doutrina norte-americana seja bastante didática, a classificação de


normas com relação à sua aplicabilidade mais aceita no brasil foi a proposta
pelo Professo José Afonso da Silva.

 Assim, a partir da aplicabilidade das normas constitucionais o referido


doutrinador classifica as normas constitucionais, em três grupos, a saber: 1.
normas de eficácia plena; 2. normas de eficácia contida; 3. normas de eficácia
limitada.

Normas constitucionais de eficácia limitada[18] são aquelas que dependem de


regulamentação futura para produzirem todos os seus efeitos.

É um exemplo, o artigo 37, inciso VII, da CF/1988 que trata do direito de greve
dos servidores públicos (o direito de greve será exercido nos termos e nos
limites definidos em Lei específica).

As normas constitucionais de eficácia limitada possuem as seguintes


características: a) são não-autoaplicáveis, ou seja, dependem de
complementação legislativa para que possam produzir os seus efeitos. b)
possuem aplicabilidade indireta (dependem de norma regulamentadora para
produzir seus efeitos) mediata (a promulgação do texto constitucional não é
suficiente para que possam produzir todos os seus efeitos) e reduzida (possuem
um grau de eficácia restrito quando da promulgação da Constituição.

As normas de eficácia contida estão aptas a produzir todos os seus efeitos


desde o momento em que a Constituição é promulgada. A Lei posterior, caso
editada, irá restringir a sua aplicação. As normas de eficácia limitada não
estão aptas a produzirem todos os seus efeitos com a promulgação da
Constituição; elas dependem, para isso, de uma Lei posterior, que irá ampliar
o seu alcance.

José Afonso da Silva subdivide as normas de eficácia limitada em dois grupos,


a saber: normas declaratórias de princípios institutivos ou organizativos: são
aquelas que dependem de Lei para estruturar e organizar as atribuições de
instituições, pessoas e Órgãos previstos na Constituição. É o caso, por exemplo,
do artigo 88 da CF/1988, segundo o qual a Lei disporá sobre a criação e
extinção de Ministérios e Órgãos da administração pública.

As normas definidoras de princípios institutivos[19] ou organizativos podem


ser impositivas (quando impõem ao legislador uma obrigação de elaborar a
Lei regulamentadora) ou facultativas (quando estabelecem mera faculdade ao
legislador).

O artigo 88, da CF/1988, é exemplo de norma impositiva, como exemplo de


norma facultativa, o artigo 125, terceiro parágrafo, da CF/1988 que dispõe
que a Lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a
Justiça Militar estadual.

As normas constitucionais de eficácia plena são aquelas, desde a entrada em


vigor da Constituição, produzem, ou têm possibilidade de produzir, todos os
efeitos que o legislador constituinte quis regular. É o caso de artigo 2º da
CF/1988, que diz: são Poderes da União, independentes e harmônios entre si, o
Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

 As normas de eficácia plena possuem as seguintes características, a saber:


são autoaplicáveis, independem de Lei posterior regulamentadora que lhes
complete o alcance e o sentido.

Isso não significa que não possa existir a Lei regulamentadora versando sobre
a norma de eficácia plena. Apesar disto, a norma em questão já produz todos
seus efeitos de imediato, independentemente de qualquer tipo de
regulamentação.

São não-restringíveis, ou seja, caso existe uma Lei tratando de uma norma de
plena eficácia, esta não poderá limitar sua aplicação. Possuem aplicabilidade
direta, imediata e integral (sem sofrer limitações ou restrições).

Já as normas constitucionais de eficácia contida[20] ou prospectiva, são


normas que estão aptas produzir todos os seus efeitos desde o momento da
promulgação da Constituição, mas que podem ser restringidas por parte do
Poder Público.

 Cabe destacar que a atuação do legislador, no caso das normas de eficácia


contida, é discricionária: ele não precisa editar a Lei, mas poderá fazê-lo;

 Um exemplo clássico é o artigo 5º, inciso III da CF/1988, segundo o qual é
livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as
qualificações profissionais que a Lei estabelecer.

Em razão desse dispositivo, é assegurada a liberdade profissional, desde a


promulgação da Constituição, todos já podem exercer qualquer trabalho. Mas,
a Lei poderá estabelecer restrições ao exercício de algumas profissões. É o caso
de aprovação no exame da OAB como pré-requisito no exercício da advocacia.

As normas de eficácia contida possuem as seguintes características, a saber:


são autoaplicáveis, estão aptas a produzir todos os seus efeitos,
independentemente da Lei regulamentadora. Mas, depois da regulamentação
poderá existir restrições ao exercício do direito.
São restringíveis, portanto, sujeitas às limitações ou restrições impostas por
Lei, ou por outra norma constitucional, artigo 139, da CF/1988 prevê a
possibilidade que sejam impostas restrições a certos direitos e garantias
fundamentais durante o estado de sítio.

Conceitos ético-jurídicos indeterminados[21], é quando se estabelece o


iminente perigo público, que poderá limitar o direito de propriedade.

Possuem aplicabilidade direta, não depende de norma regulamentadora para


produzir seus efeitos, imediata, e possivelmente não-integral.

Normas constitucionais[22] de eficácia limitada são aquelas que dependem de


regulamentação futura para produzirem todos os seus efeitos.

É um exemplo, o artigo 37, inciso VII, da CF/1988 que trata do direito de greve
dos servidores públicos (o direito de greve será exercido nos termos e nos
limites definidos em Lei específica).

As normas constitucionais de eficácia limitada possuem as seguintes


características:

a) são não-autoaplicáveis, ou seja, dependem de complementação legislativa


para que possam produzir os seus efeitos;

b) possuem aplicabilidade indireta (dependem de norma regulamentadora


para produzir seus efeitos) mediata (a promulgação do texto constitucional
não é suficiente para que possam produzir todos os seus efeitos) e reduzida
(possuem um grau de eficácia restrito quando da promulgação da
Constituição.

As normas de eficácia contida estão aptas a produzir todos os seus efeitos


desde o momento em que a Constituição é promulgada. A Lei posterior, caso
editada, irá restringir a sua aplicação.

As normas de eficácia limitada não estão aptas a produzirem todos os seus


efeitos com a promulgação da Constituição; elas dependem, para isso, de uma
Lei posterior, que irá ampliar o seu alcance.

José Afonso da Silva subdivide as normas[23] de eficácia limitada em dois


grupos, a saber: normas declaratórias de princípios institutivos ou
organizativos: são aquelas que dependem de Lei para estruturar e organizar
as atribuições de instituições, pessoas e Órgãos previstos na Constituição.

É o caso, por exemplo, do artigo 88 da CF/1988, segundo o qual a Lei disporá


sobre a criação e extinção de Ministérios e Órgãos da administração pública.

 As normas definidoras de princípios institutivos ou organizativos podem ser


impositivas (quando impõem ao legislador uma obrigação de elaborar a Lei
regulamentadora) ou facultativas (quando estabelecem mera faculdade ao
legislador).
O artigo 88, da CF/1988, é exemplo de norma impositiva, como exemplo de
norma facultativa, o artigo 125, terceiro parágrafo, da CF/1988 que dispõe
que a Lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a
Justiça Militar estadual. normas declaratórias de princípios programáticos:
são aquelas que estabelecem programas a serem desenvolvidos pelo legislador
infraconstitucional.

 Um exemplo é o art. 196 da Carta Magna (a saúde é direito de todos e dever
do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à
redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e
igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”).

 Cabe destacar que a presença de normas programáticas[24] na Constituição


Federal é que nos permite classificá-la como uma Constituição- dirigente

É importante destacar que as normas de eficácia limitada, embora tenham


aplicabilidade reduzida e não produzam todos os seus efeitos desde a
promulgação da Constituição, possuem eficácia jurídica.

Frise-se que a eficácia dessas normas é limitada, porém existente! Diz-se que
as normas de eficácia limitada possuem eficácia mínima.  Diante dessa
afirmação, cabe-nos fazer a seguinte pergunta: quais são os efeitos jurídicos
produzidos pelas normas de eficácia limitada?

As normas de eficácia limitada produzem imediatamente, desde a


promulgação da Constituição, dois tipos de efeitos: i) efeito negativo; e ii)
efeito vinculativo.

 O efeito negativo consiste na revogação de disposições anteriores em sentido


contrário e na proibição de Leis posteriores que se oponham a seus comandos.
Sobre esse último ponto, vale destacar que as normas de eficácia limitada
servem de parâmetro para o controle de constitucionalidade das Leis.

 O efeito vinculativo, por sua vez, se manifesta na obrigação de que o


legislador ordinário edite Leis regulamentadoras, sob pena de haver omissão
inconstitucional, que pode ser combatida por meio de mandado de injunção ou
Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO)[25].

Ressalte-se que o efeito vinculativo também se manifesta na obrigação de que


o Poder Público concretize as normas programáticas previstas no texto
constitucional.

A Constituição não pode ser uma mera “folha de papel”; as normas


constitucionais devem refletir a realidade político-social do Estado e as
políticas públicas devem seguir as diretrizes[26] traçadas pelo Poder
Constituinte Originário.

As Leis ordinárias são aprovadas por maioria[27] simples de votos conforme


prevê o artigo 47 da CF/1988, ao passo que as Leis complementares exigem a
maioria absoluta de votos, conforme prevê o artigo 69 da CF/1988.
E, a partir dessa distinção o texto constitucional vigente adota a seguinte
regra para a reserva de matéria. Assim, quando se menciona in litteris: “A Lei
disporá ou “nos termos da Lei”, e, etc, trata-se de Lei ordinária.

E quando a Constituição quer reservar certa matéria à Lei complementar, está


o faz expressamente, “cabe a Lei complementar”, “nos termos da Lei
complementar”.

Em face do referido tratamento constitucional brasileiro, a relação entre Lei


ordinária e Lei complementar sempre foi alvo de discussão doutrinária desde
a promulgação da CF/1988.

A Lei ordinária não pode disciplinar matéria reservada constitucionalmente


para Lei complementar, sob pena de incorrer em inconstitucionalidade formal.

A Lei complementar, por sua vez, não pode disciplinar matéria reservada para
a Lei ordinária, sem incorrer no vício de inconstitucionalidade formal. Mas, in
casu, a Lei complementar perderá seu status de norma complementar e
poderá ser depois revogada, por norma ordinária (trata-se de excepcional
hipótese de revogação de Lei complementar por Lei ordinária).

Frise-se novamente que não existe hierarquia entre Leis ordinárias e Lei
complementares. E, o eventual conflito se resolve pela distinção de matéria
entre essas normas e conforme exista ou não, reserva constitucional específica.

Quanto aos tratados internacionais, compete ao Presidente da República, na


condição do Chefe de Estado, em nome da República Federativa do Brasil,
celebrar tratados internacionais (art. 84, VIII da CF/1988).

Depois de celebrado, caberá ao Congresso nacional aprová-lo, com a


expedição de um decreto legislativo (art. 49, I da CF/1988). Para obter eficácia
obrigatória, o tratado internacional precisa ser promulgado pelo Presidente
da República, por decreto.

Os tratados internacionais[28] sobre os direitos humanos (TTDH) são


incorporados por rito especial do terceiro parágrafo do artigo 5º da CF/1988
e, serão equivalentes às emendas constitucionais brasileiros.

Os mesmos referidos tratados são incorporados pelo rito ordinário e, serão


dotados do status supralegal (norma acima das Leis, porém abaixo da
Constituição).

Quanto aos tratados internacionais em geral, que não versem sobre os direitos
humanos têm hierarquia de Lei ordinária federal. Quanto aos decretos do
Presidente da República que são expedidos para fiel execução das Leis (art.84,
IV da CF/1988).

Compete ainda ao Presidente da República dispor, mediante decreto, sobre


organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar
em majoração de despesas e nem criação ou extinção de Órgãos públicos, e
ainda, extinção de funções de Órgãos públicos, quando vagos (art. 84, IV da
CF/1988).

Os Regimentos Internos[29] dos Tribunais do Poder Judiciário, de acordo com


a COMPETÊNCIA prevista no artigo 96, I, a da CF/1988 e, são, pois, normas
primárias sendo equiparadas hierarquicamente às Leis.

Também são normas primárias aquelas resoluções do Conselho nacional de


Justiça (CNJ), do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e do
Tribunal de Contas da União (TCU) no âmbito de suas COMPETÊNCIAS
constitucionais.

E, também os atos expedidos pelas Agências Reguladoras dentro do âmbito de


suas COMPETÊNCIAS técnicas[30].

O status do direito pré-constitucional, editado na vigência das Constituições


pretéritas, é determinado pela nova Constituição, de acordo com o tratamento
por esta, determinado para cada matéria.

Desta forma, a Constituição federal brasileira de 1988 passou a exigir a Lei


complementar para disciplinar certa matéria que na vigência da Constituição
pretérita, a de 1969, era disciplinável por Lei ordinária.

A Lei ordinária pré-constitucional, se houver compatibilidade material com a


CF/1988, será recepcionada por uma Lei com status de Lei complementar.

A título didático e, em síntese, visualizemos a pirâmide abaixo, para


melhor compreensão da hierarquia presente no ordenamento jurídico.

De qualquer forma, é importante ressaltar que no direito constitucional


moderno e mesmo no contemporâneo não existem direitos fundamentais e
nem garantias fundamentais de natureza absoluta.

Até mesmo o direito à vida poderá ser legitimamente afastado, por exemplo,
na hipótese de guerra declarada, vide o artigo 5º, XLVII da vigente
Constituição federal brasileira.

A necessidade de haver de convivência harmonia[31] entre os direitos e


garantias constitucionais impede a existência de valores absolutos
principalmente porque um direito fundamental deverá respeitar os demais que
sejam igualmente protegidos constitucionalmente.

Ensina a boa doutrina que diante de eventual conflito de direitos


fundamentais, deverá o aplicador do direito realizar, a saber: a) afastar a tese
da existência da hierarquia ou subordinação entre os direitos fundamentais
conflitantes (isto é, não deverá o intérprete, nunca partir da premissa de que
um dos direitos fundamentais, abstratamente considerado, é superior ao outro
e, que, portanto, deverá sempre prevalecer.

Ainda diante de colisão de direitos fundamentais no caso concreto, os dois


direitos conflitantes continuarão a viger no ordenamento jurídico. Com a
aplicação do princípio da harmonização ou de concordância prática, é possível
emitir juízo da ponderação entre direitos fundamentais conflitantes, de forma
que, partindo de características do caso concreto, possa decidir pela
prevalência de um ou do outro direito fundamental, sem, contudo, aniquilar
qualquer deles.

Com o princípio da harmonização afasta-se a noção de hierarquia, o caso


concreto mediante a imposição de limites recíprocos aos valores conflitantes,
de forma, a conseguir a concordância prática entre os direitos fundamentais
em conflito.

 Referências:

 ALEXY, Robert. Teoría de los derechos fundamentales. 3ª ed. Madrid: Centro


de Estudios Politicos y Constitucionales, 2002.

BACHOF, Otto. ¿Normas Constitucionales inconstitucionales? Trad. Leonardo


Álvarez Álvarez. Lima: Palestra Editores, 2010.

BACHOF, Otto. Juezes y Constitución. Madrid: Civitas, 1985.

BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e Aplicação da Constituição. São


Paulo: Saraiva, 1996.

BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Malheiros,


2009.

CARVALHO NETTO, Menelick. A Hermenêutica Constitucional sob o


paradigma do Estado Democrático de Direito. In: CATTONI, Marcelo (Org).
Jurisdição e Hermenêutica constitucional no Estado Democrático de Direito.
Belo Horizonte: Mandamentos, 2004.

DE PÁDUA, Thiago. Bachof ensina que, para evitar politização da Justiça,


ministros devem ter mandato. Disponível
em: https://www.conjur.com.br/2018-jan-14/thiago-padua-otto-bachof-
ensina-ministros-mandato Acesso em 17.04.2018.

ENGISCH, Karl. Introdução ao pensamento jurídico. 7.ed. Lisboa: Calouste


Gulbenkian 1996.

GRAU, Eros Roberto. Ensaio e discurso sobre a interpretação/aplicação do


direito. São Paulo: Malheiros, 2005.

PERELMAN, Chaim. Ética e Direito. São Paulo: Martins Fontes, 1996.


MOREIRA, Mauro Sérgio de Souza. As agências reguladoras do direito
brasileiro e o problema da COMPETÊNCIA normativa abstrata: possibilidade
extensão e limites. Disponível
em: http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?
n_link=revista_artigos_Leitura&artigo_id=8205  Acesso em 18.4.2018)

[7] PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE MINAS GERAIS


Justiça de Primeira Instância
Comarca de JUIZ DE FORA / 1ª Vara de Família da Comarca de Juiz
de Fora
PROCESSO Nº: 5010452-36.2019.8.13.0145
CLASSE: [CÍVEL] CUMPRIMENTO DE SENTENÇA (156)
ASSUNTO: [Causas Supervenientes à Sentença]
REQUERENTE: TPA
REQUERIDO(A): LGM
DECISÃO
Vistos, etc.
Trata o caso de pedido de concessão de gratuidade judiciária ao
argumento de que o postulante, com o advento da aposentadoria, teve
diminuída sua renda, tornando-se incapaz de custear as despesas dos
processos em que figura como parte, inclusive quanto às
sucumbenciais que se descortinam.
Como de sabença, a finalidade da justiça gratuita é a de garantir o
amplo acesso à Jurisdição às pessoas hipossuficientes, dependendo, em
consequência, segundo o art. 5º, inc. LXXIV, da Constituição Federal e
o art. 99, § 2º, do CPC, da efetiva demonstração da necessidade da
medida, no sentido do impedimento em arcar com as despesas do
processo sem o comprometimento da manutenção de patrimônio
mínimo.
O escopo do mandamento constitucional, por óbvio, é o de asseguraro
livre acesso ao judiciário, pelo que a interpretação do pLeito precisa
estar associada às condições pessoais do postulante, a serem cotejadas
em seu todo, e não atrelar-se exclusivamente ao critério objetivo da
renda.
Tanto é assim que a jurisprudência é remansosa no entendimento de
que mesmo quando a parte é detentora de remuneração substancial,
como no caso em análise, ficando ao final comimportância reduzida
em virtude dedescontos compulsórios ouvoluntários, ao ponto de
desaguarem no comprometimento do equilíbrio da economia pessoal,
podeser qualificada como juridicamente pobre e agraciada com a
benesse, porquanto o que deve preponderar na aferição da capacidade
financeira é o que lhe resta líquido.
A jurisprudência consolidada do Superior Tribunal de Justiça é
justamente neste rumo, confira-se:
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO
ESPECIAL. AÇÃO DE REVISÃO DE BENEFÍCIO
PREVIDENCIÁRIO. IMPUGNAÇÃO AO PEDIDO DE
ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. CRITÉRIO OBJETIVO.
IMPOSSIBILIDADE.
1. A decisão sobre a concessão de assistência judiciária judiciária
amparada em critério objetivo (remuneração inferior a cinco
salários mínimos), sem considerar a situação financeira do
requerente, configura violação dos arts. 4º e 5º da Lei 1.060/50.
2. Agravo não provido.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros
da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, na
conformidade dos votos e das notas taquigráficas constantes dos
autos, por unanimidade, negar provimento ao agravo, nos
termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a) Relator(a). Os Srs.
Ministros Paulo de Tarso Sanseverino, Ricardo Villas Bôas
Cueva, Marco Aurélio Bellizze e Moura Ribeiro votaram com a
Sra. Ministra Relatora. (STJ, 1ª Turma, AgInt no REsp nº
1.463.237, rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, 16.02.2017;
STJ, 2ª Turma, REsp nº 1.706.497, rel. Ministro Og Fernandes,
julg. 06.02.2018; STJ, 3ª Turma, AgInt no REsp nº 1.703.327, rel.
Ministra Nancy Andrighi, julg. 06.03.2018).

Fulcrada nestas premissas, passa-se à análise do pedido.


Em amparo probatório, o peticionário coligiu documentos que
denotaram a suscitada
aposentadoria, com queda do rendimento; a existência de doença
grave, degenerativa e irreversível, ensejadora de gastos para além dos
custeados pelo plano de saúde; a venda de veículo que constava em sua
titularidade, por contrato datado de janeiro de 2020; e a locação de
imóvel para sua residência.
O resumo fático e probatório, portanto, é o de que o postulante, aos 68
anos, ainda enfrenta batalhas judiciais e familiares instauradas há
tempos, por motivações que não compete a ninguém avaliar; padece
do terrível mal de Parkinson, e teve sua aposentadoria compulsória
por decisão administrativa, que igualmente não enseja conjecturas.
O desequilíbrio pessoal é notório e ensejador de olhos atentos para
contexto que vai além dos números absolutos do recibo de pagamentos
de seus proventos.
Se o comando normativo é o de análise subjetiva da hipossuficiência,
tem-se que para um magistrado, pois não existem ex juízes, mas juízes
em tempo de aposentadoria, a renda líquida provada nestes autos
pode ser havida como parâmetro de hipossuficiência, ante o grano
salis fundamental à decisão.
Apenas a título comparativo, embora a Lei não estabeleça parâmetros
objetivos para a
concessão da gratuidade, como antes registrado,a Resolução nº 140,
de 24 de junho de 2015, editada pela Defensoria Pública do Distrito
Federal, estabelece como pessoa hipossuficiente aquela que recebe
renda mensal correspondente ao valor de até 5 (cinco) salários-
mínimos, que atualmente totaliza R$6.060,00.
A Corte Especial do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4),
por seu turno, definiu que tem direitoà gratuidade de justiça o litigante
cujo rendimento mensal não ultrapasse o valor do maior benefício do
Regime Geral de Previdência Social (RGPS), que atualmente é de
R$7.087,22, sendo suficiente, nessa hipótese, a presunção de
veracidade da declaração de insuficiência de recursos. A questão foi
enfrentada em Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas
(IRDR).
A renda líquida informada e denotada pelo postulante nos autos, com
evidente possibilidade de oscilação de medidas para mais ou menos,
fica em cerca de R$8.000,00.
Assim, por qualquer ângulo, seja objetivo, seja subjetivo, a
requisitação para concessão da benesse foi preenchida.
Anote-se que embora o postulante tenha constituído seu causídico, nos
termos do que dispõe o artigo 99, §4º, do Código de Processo Civil, a
assistência do requerente por Advogado particular não impede a
concessão de gratuidade da justiça.
Por fim, tem-se que a juntada pela parte contrária dos cálculos
atualizados de ID 9458611853, reforça o entendimento ora
apresentado.
Pelo exposto, defiro a gratuidade judiciária ao postulante.
Cumpra-se o determinado no ID 9437748745.
Anote-se e intimem-se.
Juiz de Fora, data da assinatura eletrônica.

Assinado eletronicamente por:

MONICA BARBOSA DOS SANTOS

- 13/05/2022 15:24:42 Num. 9458757557 - Pág. 4

BIBLIOGRAFIA

1 - Gonçalves, Benedito e Gudes, Renato César - Os Princípios


Constitucionais do Direito Administrativo Sancionador no Regime
Democrático da Constituição de 1988 -
https://www.estudosinstitucionais.com/rei/article/view/636/699
2 – Marques, Luiz Guilherme - Deveres e Vedações aos Magistrados na
LOMAN - https://investidura.com.br/biblioteca-juridica/artigos/judiciario/
7366-deveres-e-vedacoes-aos-magistrados-na-loman
3 – Marques, Luiz Guilherme - A Justiça da França – um modelo em questão,
AMCGuedes, 2016, Rio de Janeiro/RJ

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