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Porém, nem todos os atos q têm intervenção no procedimento administrativo são atos de
estruturas administrativas, ou seja, este também compreende atos dos particulares com
relevância procedimental e, portanto, regulados pelo Dto Adm atos procedimentais
de particulares.
A. Função Jurídico-política
Importa referir q o CPA nunca pode deixar de ser entendido como um instrumento ao
serviço dos órgãos do segundo poder para a realização do seu encargo essencial de
alcançarem o interesse público.
B. Função jurídico-dogmática
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Pode traduzir uma primeira decisão adm sobre determinada realidade factual,
sendo um procedimento declarativo de 1º grau;
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Procedimento ordinário – decorre dentro dos prazos normais fixados pelas regras
para a prática de todos os atos e formalidades exigidos;
Importa referir q nem todos os procedimentos adm têm eficácia externa, isto é, nem
todos colocam em contacto a AP e os cidadãos, visando a produção ou execução de
decisões externas.
Por fim, há procedimentos adm q terminam com decisões produzidas pela APcuja
disciplina material se encontra noutros ramos do Dto Público, assim como no próprio
Dto Privado.
1.3. Natureza
No entanto, cada ato, facto e formalidade, segundo esta ordem sucessiva, tem um
propósito e uma utilidade funcionalizada a gerar o ato final.
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Serve o IP;
Garante as posições jurídicas dos cidadãos;
Implementa as políticas públicas.
Configurado o Art. 267º, nº5 CRP, como norma não executável por si mesma, a
vinculação do legislador ao nível da regulação legislativa do procedimento adm é dupla:
Não obstante o CPA ser a lei reguladora do processamento da atividade nos termos e
para os efeitos do 267º, nº5 CRP, certo é q a normatividade reguladora dos vários
procedimentos administrativos não se esgota no CPA.
Em vez de conduzir logo à rejeição liminar dos pedidos, a AP deverá mandar suprir
as deficiências formais.
A interpretação e aplicação das normas jurídicas, por via adm, pode fazer-se à
luz de uma prática reiterada ou habitualmente seguida, desde q não existam
razoes justificativas de uma conduta diferente;
A interpretação das normas do procedimento adm pode fazer-se à luz dos seguintes
postulados gerais de Dto:
Não se aplicar uma expressão ou uma parte da lei sem tomar em consideração
toda a lei;
Saber ou interpretar leis não é conhecer as suas palavras, mas compreender o seu
fim e efeitos;
As leis anteriores interpretam-se por via das leis posteriores (sendo certo q tb as
leis posteriores, salvo se revogarem as anteriores, se interpretam por aquelas);
Se é controversa a qualificação de uma norma como sendo imperativa ou
dispositiva, deve preferir-se o sentido q, sendo mais favorável à liberdade dos
cidadãos, lhe negue natureza imperativa;
Se a norma habilita o mais, deve sempre permitir tb o menos, pois no todo está
contida a parte;
Se a lei permite a prossecução de um fim, deve entender-se q os confere os
meios necessários;
O q é especial encontra-se sempre contido no geral, aplicando-se
preferencialmente as normas especiais face às gerais;
Contudo, nem toda a imperatividade das normas procedimentais goza da mesma força
jurídico ou do mesmo desvalor jurídico em caso de violação a desconformidade do
agir adm pode obter como resposta a nulidade ou anulabilidade dos atos ilegais.
As normas procedimentais cuja violação acarreta a nulidade têm uma força jurídica
reforçada face às normas procedimentais cujo desvalor se reconduza à anulação.
Art. 163º, nº5 CPA – afasta o efeito anulatório em certas situações – expressão do
aproveitamento dos atos inválidos – cláusula de inexecução legitima de normas
procedimentais:
Este Art. mostra ainda ser uma norma procedimental de conteúdo injuntivo, sem deixar
ao aplicador margem de discricionariedade.
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1. Aplicação subjetiva
Art. 2º CPA:
Assim, o CPA pode ser aplicado por privados não exerçam poderes de autoridade, nem
tenham a sua conduta legalmente regulada pelo Dto Adm, desde q, ao abrigo da
autonomia da vontade, tenham convencionado a aplicação das suas normas.
2. Aplicação material
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Nem todas as normas do CPA são aplicáveis, por igual, a todas as estruturas orgânicas
submetidas ao seu complexo normativo há normas procedimentais q gozam de
aplicação geral e outras q apenas são aplicáveis a certos tipos de atividade adm.
Os princípios gerais da atividade adm e as normas do CPA q concretizam preceitos
constitucionais gozam de aplicação geral.
As normas sobre o funcionamento de órgãos – Arts. 20º a 52º CPA – apenas são
aplicáveis aos órgãos da AP, devendo deles excluir-se:
As normas do CPA são ainda aplicáveis, a título subsidiário, aos procedimentos adm
especiais.
Ideia de que a OJ tem de ponderar outros valores, tais como de natureza pública
(segredo de Estado, segurança, sigilo fiscal...) ou natureza privada (reserva
privada da vida pessoal, segredo da propriedade intelectual...);
Será que o cônjuge tem dto de acesso aos documentos médicos respeitantes
aos outros cônjuges?
Art. 161º, nº2, k) CRP – são nulos os atos q criem obrigações pecuniárias não
previstas na lei
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Pressupostos:
Limites:
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1. Voluntariedade da conduta
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A conduta pode ser por ação ou por omissão, isto é, tanto produz efeitos jurídicos aquilo
q resulta de um agir como aquilo q resulta da omissão de um dever de agir.
Por outro lado, as decisões administrativas podem ter como destinatários 1 ou várias
pessoas determinadas – ato não normativo.
Nem sempre a vontade administrativa é suficiente para produzir efeitos, isto é, nem
sempre um mero agir da AP produz a modificação da realidade.
O requisito da produção de atos jurídicos diz-nos q sem a emanação destes não há uma
atividade jurídica, revelando-se insuficiente a mera habilitação ou fundamentação
jurídica do exercício adm:
Existem atos jurídicos regidos pelo Dto Público e outros regidos pelo Dto Privado –
nem toda a atividade administrativa se rege pelo Dto Público.
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Podem ser atos externos (qd passam para fora da AP) ou internos (os efeitos
produzem-se dentro da AP e esgotam a sua eficácia nesta);
Regulamento;
Ato administrativo;
Meras declarações negociais;
Contratos administrativos;
Convénios interorgânicos;
Atos processuais da AP.
Regulamento e contrato;
Ato e contrato;
Ato e regulamento.
I. REGULAMENTO
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Tipos:
A matéria dos regulamentos está disciplinada no CPA – particularidade: Art. 135º CPA
– exclui a aplicação do Código aos regulamentos internos.
A disciplina jurídica dos regulamentos internos:
Ato jurídico unilateral – a perfeição do ato basta-se com a vontade do seu autor,
não dependendo de qql outra vontade;
Proveniente de estruturas q exercem poderes administrativos;
Procura definir o direito aplicável a uma situação individual e concreta – visa
assumir um conteúdo decisório;
Visa produzir efeitos sem necessidade do consentimento dos destinatários – é
uma estatuição autoritária, obrigando os seus destinatários independentemente
da sua vontade e vinculando-os ao seu cumprimento.
Atos coletivos – têm por base uma sit. concreta e têm como destinatário uma
estrutura colegial – produzem efeitos reflexos face a todos os seus membros ou titulares
(surgem como um conjunto de pessoas unificadas e determinadas ou determináveis).
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Atos cujo objeto é passível de ser um contrato (Ex. concessão) // Atos q não
podem ser contratos
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Regime dos Atos Administrativos: desde q sejam atos externos, o regime está no
CPA. Quanto aos atos internos, para o Regente a solução é inconstitucional, pois deixou
de estar regulada – analogicamente aplicável.
Art. 148º CPA – conceito de ato administrativo. O Código de forma incoerente veio
regular, por exemplo, a delegação de poderes q é um ato interno, entre outros.
Há casos em q a AP não atua de forma autoritária, apesar de regida pelo Dto Público, ou
seja, não gozam de autotutela declarativa, pois se o destinatário não acata / concorda, a
AP só pode ver definido o Dto no caso concreto através da intervenção do Tri.
A AP pode ter uma conduta individual q não goza de autotutela declarativa, isto é, não
define unilateralmente o Dto no caso concreto, para tal acontecer o particular tem de
concordar – assumem a natureza de meras declarações negociais:
Se a AP teimar em aplicar pela força esta definição de Dto q não goza de autotutela
declarativa levará ao dto de resistência por parte do particular, sendo q padece do vício
de usurpação de poder.
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Existem casos em q o agir adm se expressa num ato multilateral, envolvendo um acordo
entre duas ou mais vontades, expressando interesses opostos, e adotando a forma final
de um contrato.
!!! Nem todos os contratos da AP são administrativos, ela também pode celebrar alguns
regidos pelo Dto Privado:
Entre uma entidade pública e uma privada – contratos adm típicos;
Entre duas entidades públicas – contratos interadministrativos;
V. CONVÉNIOS INTERRGANICOS
Estamos perante vínculos jurídicos / acordos entre dois ou mais órgãos / serviços de
uma mesma entidade pública. Visam regular a organização e regulamento ou o
exercício de poderes.
Assim, são acordos celebrados entre dois ou mais órgãos ou serviços de uma mesma
entidade, visando a regulação de aspetos de organização e/ou funcionamento relativos
ao modo de exercício dos poderes de tais estruturas orgânicas.
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!!! Não são contratos, pois o contrato pressupõe dois sujeitos e aqui estamos perante um
único sujeito e também porque não assentam num acordo de vontades provenientes de
duas partes.
Não estão sujeitos nem ao CPA nem ao Código dos Contratos Públicos – estão numa
“zona de ninguém”.
Nem toda a atuação adm assume natureza substantiva, sendo q ao lado desta existe uma
AP processual q, tendo por objeto a defesa de posições jurídicas adm em litígios
judiciais ou arbitrais se reconduz a condutas de natureza processual.
Os atos processuais podem ser praticados diretamente por estruturas adm ou por
representantes mandatários habilitados para o efeito.
Estes têm como função iniciar, desenvolver ou terminar uma determinada lide judicial
ou arbitral envolvem a defesa de posições jurídicas sustentadas por estrituras
decisórias q exercem poderes jurídico-administrativos.
Código de Processo Civil; Código de Processo dos Tri Adm; Lei de Arbitragem
Voluntária (LAV).
Toda esta atuação processual da AP tem sempre de ter um título jurídico de Dto
Público, sendo q tem de existir coerência entre a atuação processual e substantiva da
AP, sob pena de ser violado o princípio da boa-fé.
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A atuação adm ao abrigo do Dto Privado envolve uma exigência de conciliar regras e
princípios diferentes, num fenómeno de intercomunicação aplicativa do Dto Privado
articulada com normas de Dto Adm.
Qql atuação de uma entidade pública aplicando Dto Privado, desde q fora das suas
atribuições, isto é, desde q desnecessário à prossecução dos seus fins, produzirá sempre
t
atos inválidos.
No entanto, a atividade jurídica de Dto Privado desenvolvida pela AP não deixa de estar
pautada pela prossecução do IP:
Trata-se de uma atividade q tem natureza privada, sem deixar de ser adm;
A exigência da prossecução do IP mostra-se passível de limitar o exercício de uma
atividade económico-lucrativa por parte da AP;
A estrutura adm q desenvolve uma atividade regulada pelo Dto Privado alicerça-se
numa norma de competência q permite a imputação dos efeitos de tais atos à
própria AP;
Se o seu autor não tem título habilitador q lhe permita a revista emanação, o ato
será sempre inválido;
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A questão surge em saber se essa norma habilitadora tem de ser uma específica
norma jurídico-adm ou se salvo preceito legal em sentido contrário, basta a mesma
norma q permite as entidades privadas agir passando a gozar de liberdade de
escolha na forma de atuação.
A regulação do agir adm por normas de Dto Privado confere às autoridades competentes
a faculdade de emanar atos q, expressando uma autonomia de celebração,
consubstanciam a relevância da vontade de ação e de declaração, sem q exista
relevância da vontade de estipulação dos efeitos.
O regime genérico destes atos encontra-se no Dto Privado, nos termos da remissão pelo
Art. 259º CC, sem prejuízo da existência de disposições aplicáveis à luz do Art. 2º, nº3
CPA.
Nestes os efeitos do ato são o produto da vontade do seu autor, numa intervenção
modeladora do conteúdo e dos seus resultados jurídicos, sempre dentro dos limites
legais.
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Ex. Renúncia pela AP de certos dtos privados // Aceitação de uma herança por parte de
um município.
Contratos de Dto Privado – o seu regime substantivo é regulado pelo Dto Privado,
enquanto q os contratos públicos são regulados pelo Dto Adm.
Regime Procedimental:
Operações Informais;
Atuação Informal;
Atuação Política.
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Nem sempre a atividade adm envolve a prática de atos jurídicos – a atuação adm não se
esgota na produção de atos jurídicos.
A atividade não jurídica é aquela q, alicerçando-se sempre num ato jurídico e nunca
estando isenta de gerar possíveis efeitos jurídicos colaterais, não se consubstancia ma
produção dos atos jurídicos, todavia:
A atividade em causa não se destina a gerar efeitos cujo objeto típico seja a
constituição, modificação ou extinção de situações jurídicas;
Obedece sempre a uma habilitação jurídica – só pode ser desenvolvida por quem
tenha um título válido de competência – não há atuação adm sem previa norma
jurídica habilitante;
Mesmo a atuação não jurídica pode gerar efeitos jurídicos colaterais atípicos, de
modo reflexo ou indiretamente, tal como RC.
Modalidades:
Estas não são uma declaração jurídica, mas delas pode-se sempre extrair uma conduta
com relevância jurídica, assim, envolvendo um evento físico estas envolvem tb uma
obrigação de agir praticamente:
Ex. Lecionar aula numa escola pública; construir uma obra pública.
A atuação material é o produto de uma anterior decisão adm, mas pode acontecer q por
vezes não exista essa declaração material, ou seja, por vezes a atuação material pode ser
aquilo a q se chama uma “via de facto” atuação material sem prévio título jurídico
ou cujo título jurídico é nulo ou inexistente.
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No entanto, tb pode acontecer q por via das OM possam ocorrer as mais graves
violações aos dtos fundamentais: genocídio de populações, por via de autoridades
militares; a realização da guerra...
Podemos tb ainda distinguir, atendendo ao âmbito de eficácia dos efeitos das OM,
distinguir entre:
Onde é podemos encontrar o regime das OM? Art. 2º, nº3 CPA; existem ainda
diferentes garantias contenciosas.
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Qd estamos perante uma via de facto, será q a operação deve ser imputada à pessoa
coletiva ou ao titular?
Isto é relevante para efeitos de RC administrativa.
Atuação Informal
Praeter legem;
Contra legem – se reiterada ao longo do tempo pode gerar uma normatividade
adm não oficial, q vigora paralelamente à oficial.
Aplica-se às atuações informais o Art. 2º, nº3 CPA e os princípios do Art. 266º CRP.
A atuação informal não pode ser exigida judicialmente, mas pode gerar RC por violação
da tutela da confiança.
Ex. O Professor diz q no exame não sai o capítulo Y e depois o exame é todo à base do
referido capítulo.
Atuação Política da AP
O decurso do tempo fez operar uma evolução nos atos políticos em Dto Adm:
Assim, a AP não é alheia ao exercício da função política, nem se configura apenas como
destinatária de atos políticos, sendo antes a própria AP protagonista e autora de atos
políticos.
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A atuação política da AP, expressando esse espaço decisório de indirizzo adm, envolve
a prática de atos políticos, geradores de efeitos políticos no domínio da função adm,
alicerçados sempre na prossecução do IP e respeitando a lei e a CRP:
Porém, fora da atuação adm situam-se os atos políticos q, sendo expressão de uma
mera vontade política pessoal ou partidária do seu autor são alheios ao exercício direto
ou imediato da função adm – atos privados com relevância político-adm.
A validade destes atos, num Estado de Dto material, depende sempre da sua
conformidade com a CRP, sob pena de se estar numa zona ajurídica de atuação do
poder princípio da juridicidade.
A INATIVIDADE ADMINISTRATIVA
A inércia adm
A conduta adm nem sempre se traduz num comportamento por ação – por vezes a AP
adota uma conduta omissiva: postura de inatividade ou inércia, traduzindo uma forma
de inexecução da lei.
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Nem toda a inércia adm assenta num dever legal de decisão subsequente a assuntos q
tenham sido apresentados pelos interessados: a inércia adm pode tb ser expressão do
não exercício de uma competência adm.
Inércia Adm – omissão do agir adm numa situação em q, por razões de legalidade ou
de mérito, se impunha q o decisor adotasse uma determinada ação – expressão de uma
má administração.
Há assim na inércia adm uma “disfunção adm negativa” – revela a violação de um dever
de agir q vincula as estruturas administrativas:
Deste modo, a inércia adm envolve a ausência de qql ação ou decisão expressa ou
implícita – não exercício de uma competência face a uma determinada situação.
Espécies:
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A inércia adm pode ainda incidir sobre diferentes formas de exercício da atividade adm:
Omissão regulamentar;
Omissão no âmbito de uma relação contratual;
Omissão relativa a situações individuais.
Importa referir q nem sempre a lei associa à inércia adm um determinado significado
jurídico específico: tem de resultar de uma norma a atribuição de um sentido decisório
ao silêncio adm o silêncio só releva como manifestação de vontade qd a lei, uso ou
convenção lhe reconheça esse valor.
A ilegalidade da conduta adm omissiva nem sempre encontra uma tutela jurisdicional
efetiva.
A inércia adm pode tb habilitar o exercício de poderes substitutivos entre estruturas adm
ou fundamentar a RC administrativa por facto omissivo, assim como responsabilidade
disciplinar, financeira ou política do órgão q permanece em inatividade.
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Não obstante a ilegalidade da conduta omissiva, a inércia pode levantar o tema da tutela
da confiança numa prolongada conduta omissiva da AP contra legem, fazendo apelo:
Por norma, a inércia adm assume a natureza de ato jurídico simples, pois mostra-se
irrelevante a existência de uma intencionalidade de efeitos:
Como os efeitos da omissão adm se produzem ex lege estamos então diante de um ato
não negocial, faltando-lhe a intencionalidade própria dos NJ, salvo se se entender q o
órgão inerte pretende os efeitos q decorrem da própria lei.
Ao lado da norma q impõe o dever de ação, passa a vigorar uma norma q, em caso
de incumprimento por omissão de um tal dever, reconhece efeitos positivos à
omissão;
Perante uma norma q reconhece efeitos positivos e válidos à conduta inerte, o
órgão adm se tenha motivado por tais efeitos a inércia adm traduzirá um
verdadeiro ato jurídico intencional.
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Omissão regulamentar:
Total.
Qual é a regra geral? Art. 129º CPA – ato tácito negativo (silêncio vale como
indeferimento).
Requisitos do indeferimento:
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No entanto, a lei pode atribuir ao silêncio o significado de deferimento – Art. 130º CPA
– exceção.
1. Competência
O CPA vincula qql órgão adm a proceder a um autocontrolo da sua competência face à
questão a q é chamado a conhecer – Art. 40º CPA – tendo presente os seguintes limites:
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Qql decisão de um órgão adm sobre a sua própria competência é sempre passível
de controlo judicial.
Art. 40º, nº1 CPA – os órgãos administrativos podem exercer o autocontrolo da sua
própria competência importa ter presente os seguintes efeitos:
Este determina q toda a competência tem de resultar sempre da lei – 36º, nº1 CPA –
traduzindo uma garantia da liberdade e propriedade dos particulares:
Sem uma lei habilitante de poderes de intervenção, a AP não deverá agir: a falta de
norma de competência determina q as estruturas administrativas devem omitir qql
ação.
Art. 36º, nº1 – permite q além da lei, a competência possa ser definida por regulamento,
não obstante a competência adm pode tb resultar de outras fontes:
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A competência traduz uma posição jurídica q, conferida por lei, tem o seu exercício
sempre vinculado a razões de IP:
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Assim, o OJ português consagra várias cláusulas gerais q habilitam que sobre uma
mesma competência vários órgãos se tenham de considerar competentes:
Art. 42º CPA – suplência – a lei institui um mecanismo substitutivo cláusula geral de
competência substitutiva vicarial a favor dos órgãos hierárquicos subalternos.
Muitas das vezes a titularidade comum de poderes não é simultânea, podendo ser
sucessiva ou subsidiaria um órgão investido nessa titularidade só poderá exercer os
seus poderes se ocorrer uma vicissitude relativamente ao órgão normalmente
competente.
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Deste modo, a reabilitação permite que condutas inválidas possam manter-se na OJ, sem
poderem ver questionada a sua desconformidade com a juridicidade.
Intervenção do legislador;
Intervenção adm;
Intervenção judicial;
Simples decurso do tempo.
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A lei q procede à validação retroativa de efeitos inválidos da conduta adm pode assumir
uma dupla operatividade jurídica:
A lei de convalidação goza de uma força de lei q lhe confere capacidade reconstrutiva
das situações e dos efeitos de anteriores condutas adm, agindo sobre a normatividade
existente ou sobre os efeitos e as situações da vida dela emergentes.
O princípio da juridicidade determina q, perante uma conduta adm ilegal, a AP, num
propósito de reposição a posteriori da legalidade violada, possa optar por uma de duas
vias:
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A escolha da via q conduz à sanação adm deve sempre envolver uma ponderação à luz
do princ. da proporcionalidade:
A opção adm pela sanação comporta sempre uma manifestação da vontade com 3
significados:
Torna-se necessário não ter ocorrido alteração do regime jurídico - Art. 164º, nº5,
1ª parte CPA;
Mesmo em caso de alteração do regime legal, existe a possibilidade de destruição
dos efeitos lesivos anteriores, se se encontrar um processo impugnatório pendente
e os atos forem constitutivos de posições jurídicas passivas ou sancionatórias –
Art. 164º, nº5, 2ª parte – Art. 164º, nº5, 2ª parte CPA.
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