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-Interesse Individual: É aquele que diz respeito à uma pessoa especificamente considerada,
onde tal pessoa pode ou não ter um vínculo com a administração pública.
-Interesse Coletivo: É o interesse que está relacionado com pessoas que fazem parte de um
grupo, categoria ou classe (professores ingressam com uma ação para melhoria do ensino),
sendo titularizados pelos mesmos, estando vinculadas entre si ou com a parte contrária
por meio de uma relação jurídica base.
O Procedimento é composto por vários atos, que podem ser individualmente considerados
mas são interligados para o alcance de um objetivo comum, que será a decisão
administrativa/adoção da providência. A observância do procedimento é requisito de
validade do processo administrativo, ou seja, do ato administrativo individualmente praticado
e dos atos consequentes do mesmo que são dependentes do ato administrativo anterior.
Proferida a decisão administrativa, admite-se a sua impugnação por meio de recurso, por
isso que há doutrina que fale numa etapa recursal do procedimento administrativo. Após a
decisão administrativa, a mesma será publicada, onde o interessado e a própria
administração pública tomarão ciência da decisão administrativa.
OBS: Há quem sustente que existe uma etapa de comunicação onde, nessa etapa, o
conteúdo da decisão administrativa será disponibilizado. Nessa etapa, o interessado e a
própria administração pública tomarão ciência da decisão administrativa (publicação de
editais, correspondências com a decisão, publicação da decisão no Diário Oficial).
Na (ii) Fase Jurídica, também chamada de fase externa, haverá uma compatibilização do
interesse público com o interesse particular, pois haverá a dedução ou veiculação de uma
pretensão pelo administrado.
(ii) Processos Administrativos de Mero Expediente são aqueles que não envolvem uma
controvérsia, mas apenas uma atuação da administração pública aplicando a lei para o
alcance de algumas finalidades. Um exemplo é quando a administração pública quer
expropriar bens particulares, devendo, por lei, através de um processo de mero expediente, que
determine e declare a área particular como área de utilidade pública.
Analisando em conjunto todos os dispositivos, podemos concluir que: (i) à União cabe
legislar sobre normas gerais de processo (inclusive processo administrativo); (ii) aos Estados,
DF e Municípios cabe complementar e suplementar a legislação federal.
-Lei 9784/99: A Lei 9784/99, a Lei do Processo Administrativo Federal, prevê normas
gerais de administrativo que se aplicam no âmbito da administração pública direta e
indireta, do Poder Executivo e dos outros poderes. Se aplicam tanto no âmbito federal
quanto no municipal e estadual. As normas gerais não devem ser aplicadas se houver
legislação local ou especial.
-Decreto 8539/15: É o decreto 8539/15 que disciplina o meio eletrônico em que são
realizados os processos administrativos, sendo que este decreto é aplicável no âmbito da
administração pública federal direta e indireta. Tal Decreto prevê que o processo
eletrônico é composto por atos organizados e registrados digitalmente. Para que a
autenticidade dos atos seja garantida, haverá a necessidade de certificação digital.
-Restrições ao Princípio da Publicidade: A (i) Lei 12527/11 prevê que haverá restrição toda
vez que a publicidade puder causar algum tipo de prejuízo à segurança da sociedade ou do
Estado além de informações referentes a projetos de pesquisa e desenvolvimento.
(LEI 12527/11) Art. 6o Cabe aos órgãos e entidades do poder público, observadas as normas e
procedimentos específicos aplicáveis, assegurar a:
§ 1o O acesso à informação previsto no caput não compreende as informações referentes a
projetos de pesquisa e desenvolvimento científicos ou tecnológicos cujo sigilo seja imprescindível à
segurança da sociedade e do Estado.
O (iii) Artigo 189 do CPC também prevê algumas restrições ao Princípio da Publicidade.
(CPC) Art. 189. Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de justiça os processos:
I - em que o exija o interesse público ou social;
II - que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união estável, filiação,
alimentos e guarda de crianças e adolescentes;
III - em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade;
IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a
confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo.
§ 1o O direito de consultar os autos de processo que tramite em segredo de justiça e de pedir
certidões de seus atos é restrito às partes e aos seus procuradores.
§ 2o O terceiro que demonstrar interesse jurídico pode requerer ao juiz certidão do dispositivo da
sentença, bem como de inventário e de partilha resultantes de divórcio ou separação.
Essas restrições permitem com que o processo administrativo tramite em segredo, onde
somente o interessado e seu advogado poderão ter acesso ao processo administrativo,
cabendo apenas a eles a obtenção de vista (poder manusear) e fazer a carga (transportar) do
processo, além de obterem certidões. Das audiências e sessões de julgamento que
eventualmente ocorram no processo administrativo, só poderão participar o interessado e
seu advogado constituído.
-Princípio da Publicidade e Fundamentação/Motivação das Decisões: Há quem entenda que
a fundamentação é uma regra, e não um princípio. A publicidade mantém intima relação com
a Regra ou Princípio (depende da doutrina) da Fundamentação/Motivação das Decisões
Judiciais, de acordo com Artigo 93, IX, CF. A decisão será fundamentada quando o
julgador demonstra, fundamenta e explica de que maneira chegou a determinada decisão,
tanto judicialmente quanto administrativamente. Proferida uma decisão motivada, será
essencial a Publicidade, que viabilizará o acesso às decisões, para que assim as decisões
possam ser controladas tanto pela sociedade quanto pelo interessado, que pode entrar com
um recurso.
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da
Magistratura, observados os seguintes princípios:
IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as
decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a
seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado
no sigilo não prejudique o interesse público à informação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45,
de 2004)
Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de
provimento efetivo em virtude de concurso público. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998)
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998)
II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei complementar,
assegurada ampla defesa. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Pode-se dizer que o contraditório impõe que os interessados sejam intimados de todos os
atos do processo administrativo, possuindo acesso a todos os autos do processo
administrativo e havendo a possibilidade do interessado se manifestar sobre qualquer
prova produzida, podendo apresentar defesas no âmbito do processo administrativo. O
contraditório faculta que no âmbito do processo administrativo, o interessado esteja
acompanhado por profissionais com conhecimento técnico (assistente técnico a depender da
matéria). O STJ, no entanto, entende que o processo administrativo disciplinar deve ser
acompanhado por um advogado, em todas as suas fases. Há o prevalecimento de
entendimento do enunciado da Súmula 5 STF.
Súmula Vinculante 5 STF - A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo
disciplinar não ofende a Constituição.
-Ampla Defesa: A Ampla Defesa, por sua vez, assegura aos interessados no processo
administrativo os meios necessários ao exercício do contraditório. Costuma-se dizer que a
ampla defesa faz parte da dimensão substancial do contraditório. Estes meios assegurados
são os recursos administrativos, pedidos de reconsideração de decisão, memoriais técnicos,
impugnações, defesas, etc.
PRINCÍPIO DA ATIPICIDADE E TIPICIDADE – No âmbito do processo administrativo, o
julgador deve sempre considerar a lei para apreciar a configuração de uma infração e
para aplicar uma penalidade. Logo, as decisões administrativas são fundadas na legislação,
prevalecendo a tipicidade.
Por vezes, o legislador não descreve com exaustão a infração que ensejará a aplicação de
uma penalidade. Por tanto, o julgador, valendo-se da discricionariedade, verificará quais
fatos concretos se encaixarão na previsão genérica da infração. Nesses casos, a motivação e
fundamentação do julgador deve ser ainda mais completa, podendo o julgador contar com
eventuais instrumentos negociais firmados, para que desses elementos se extraia a realização da
aplicação da lei na hipótese fática.
OBS: Se a decisão for proferida pela última instância administrativa, tem-se admitido
pedido de reconsideração que será julgado pelo próprio órgão que proferiu a decisão
administrativa.
No âmbito da economia processual é que se fala do aproveitamento dos atos processuais onde,
de acordo com isto, se um ato administrativo processual for irregular (inobservância de uma
formalidade prevista em lei), sendo possível extrair desse ato alguma eficácia sem que haja
nenhum prejuízo, este ato irregular deverá ser aproveitado pela administração pública. Se
não for possível o aproveitamento de imediato, a administração pública deverá oportunizar a
correção desse ato.
Por vezes, o interesse subjetivo é revelado a partir de conflitos explícitos travados entre o
julgador e o objeto/causa discutido no processo administrativo. Portanto, caso o julgador seja o
proprietário de um bem que será expropriado, por exemplo, haverá a presunção de parcialidade,
devendo haver o afastamento do julgador.
(LEI 9784/99) Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade,
finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança
jurídica, interesse público e eficiência.
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de:
VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão;
(CPC) Art. 489. São elementos essenciais da sentença:
§ 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória,
sentença ou acórdão, que:
I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua
relação com a causa ou a questão decidida;
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua
incidência no caso;
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar
a conclusão adotada pelo julgador;
V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus
fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles
fundamentos;
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte,
sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.
Além disso, a objetividade impõe que o julgador julgue com base no ordenamento
jurídico, impedindo que convicções pessoais do julgador violem o Estado Democrático de
Direito e as liberdades garantidas pelo mesmo.
-Verdade Material e Direitos Indisponíveis: Costuma-se dizer na doutrina que, nos processos
em que se discutam direitos indisponíveis (direitos dos quais a pessoa não pode abrir mão,
como o direito à vida, à liberdade, à saúde e à dignidade), deve-se sempre buscar a verdade
material, que é aquela relacionada a exposição dos fatos da forma que os mesmos
aconteceram.
Não pode o julgador, de acordo com o Princípio da Lealdade, atuar de forma contraditória
no processo administrativo, tendo como exemplo quando o mesmo exige a produção de uma
prova e, sem que houvesse alteração no processo, o julgador demanda a desnecessidade da
produção de prova. Em razão da Lealdade, o julgador não pode abusar de um poder
conferido ao mesmo, além disso, está vedada qualquer atuação de má-fé, como o conluio
entre o julgador e o interessado de um processo para o alcance de uma finalidade ilícita.
FASE DE INSTAURAÇÃO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO - O processo
administrativo se inicia por meio da instauração. A instauração é o ato inaugural do processo
administrativo, onde o processo administrativo pode ser iniciado de ofício pela própria
administração pública ou por meio de provocação do particular.
-Competência Funcional Interna Bipartida: Muitas vezes a lei atribui competência para
que uma autoridade conduza a sindicância e para que outra autoridade conduza o
processo administrativo propriamente dito, sendo um caso em que a lei prevê uma
competência funcional interna bipartida, com o intuito de garantir e preservar a
imparcialidade do(s) julgador(es).
OBS: A administração pública poderá desarquivar os autos caso haja um elemento novo e
decidir pelo prosseguimento do procedimento.
A administração pública também pode tomar uma (ii) decisão a favor da instauração do
procedimento onde, apesar de fundada, não pode revelar a conclusão da administração
pública da aplicação ou não da penalidade ou da ocorrência ou não da infração. Tal
decisão deverá ficar restrita aos indícios mínimos que resultam no prosseguimento do
processo administrativo.
-1ª Forma: Na primeira forma, o particular comunica a administração pública que ela deve,
em razão do direito envolvido, exercer sua competência própria de condução de um
processo administrativo. Nestes casos, geralmente está em jogo um direito coletivo (Direito
ao Meio Ambiente, por exemplo).
-2ª Forma: Na segunda forma de atuação, o particular provoca a administração para que a
mesma instaure um processo que versará sobre um direito particular titularizado pelo
próprio interessado.
COMUNICAÇÃO - Proferida decisão administrativa para instauração do processo
administrativo, a parte adversa e todos os demais interessados deverão ser intimados ou
notificados para que possam apresentar defesa, se desejarem. Esta intimação/notificação
deve ser feita, em regra, na pessoa do interessado. Se o interessado for PJ, a intimação
será feita na pessoa de seu representante legal.
OBS: Tem-se falado na doutrina por outras formas de comunicação, vide a notificação por
fax e e-mail, desde que estas formas alternativas sejam idôneas, sendo capazes de
cientificar o interessado sobre a instauração do processo administrativo (e-mail com opção
para que o interessado confirme que recebeu o e-mail).
A finalidade do recurso é buscar uma revisão de todas as questões fáticas e jurídicas que
já foram objeto de uma decisão. Se o recurso for total, é preciso que todas as questões fáticas
e jurídicas sejam analisadas pela autoridade superior, devendo fundamentar a decisão que julga
o recurso.
OBS: Não se pode exigir depósito prévio ou arrolamento de bens para que haja o recurso,
pois isso seria inconstitucional.
OBS: Não se submetem à preclusão as questões de ordem pública e nem as questões que
podem ser alegadas e conhecidas de ofício a qualquer tempo no processo.
VERDADE SABIDA - Já a Verdade Sabida, por sua vez, é um processo sumário em que a
própria autoridade/Superior Hierárquico presencia a infração/irregularidade e aplica a
penalidade. É defendido que a verdade sabida não pode mais ter utilização no direito brasileiro,
em razão do respeito do contraditório, ampla defesa e imparcialidade do julgamento.
LEI 9784/99 – A Lei 9784/99 é a Lei do Processo Administrativo Federal, sendo uma lei
federal que aplica-se à Administração Pública direta e indireta federal, aplicando-se
também ao Poder Legislativo e Judiciário quando exercerem função atípica
administrativa. Essa lei também prevê normais gerais, aplicáveis aos processos
administrativos estaduais e municipais. Além disso, a Lei 9784/99 também é aplicável no
âmbito dos processos administrativos especiais (Licitações, mesmo possuindo lei própria por
exemplo).
ABRANGÊNCIA DA LEI 9784/99- Tal lei disciplina o direito e deveres dos: (i) interessados
que instauram o processo administrativo; (ii) interessados que não instaurem o processo
administrativo, podem ser atingidos indiretamente ou diretamente por decisões
administrativas e, por fim, de (iii) entes de representação coletiva, que atuam com base na
defesa de interesses coletivas, de acordo com o Artigo 1º, §1º da Lei 9784/99. A diferença
entre órgão, entidade e autoridade está prevista no Artigo 1º, §2º da Lei 9784/99.
Art. 1o Esta Lei estabelece normas básicas sobre o processo administrativo no âmbito da
Administração Federal direta e indireta, visando, em especial, à proteção dos direitos dos
administrados e ao melhor cumprimento dos fins da Administração.
§ 1o Os preceitos desta Lei também se aplicam aos órgãos dos Poderes Legislativo e
Judiciário da União, quando no desempenho de função administrativa.
§ 2o Para os fins desta Lei, consideram-se:
I - órgão - a unidade de atuação integrante da estrutura da Administração direta e da
estrutura da Administração indireta;
II - entidade - a unidade de atuação dotada de personalidade jurídica;
III - autoridade - o servidor ou agente público dotado de poder de decisão.
Diz a lei que não será admitida delegação de competência para prática de atos
normativos, a competência para julgamento de recursos e a que tenha sido atribuída única
e exclusivamente para um determinado órgão.
Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:
I - a edição de atos de caráter normativo;
II - a decisão de recursos administrativos;
III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.
-Avocação (Artigos 15 e 16, L9784/99): A avocação é um fenômeno em que um órgão
hierarquicamente superior avoque/tome para si a competência para julgar uma demanda.
A Lei 9784/99 admite que será admitida a avocação de competência desde que a lei
expressamente a preveja. A avocação também deve ser excepcional e prevista em lei,
porém a lei não explicita quais casos excepcionais justificariam a avocação.
Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados,
a avocação temporária de competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior.
Art. 16. Os órgãos e entidades administrativas divulgarão publicamente os locais das respectivas
sedes e, quando conveniente, a unidade fundacional competente em matéria de interesse especial.
De acordo com o Artigo 17 da Lei Federal 9784/99, se a lei, por alguma razão, for omissa
em relação à atribuição de competência de um processo administrativa, será presumido
que a instância inferior/órgão de menor hierarquia será o competente para processar e
julgar a demanda.
Art. 17. Inexistindo competência legal específica, o processo administrativo deverá ser iniciado
perante a autoridade de menor grau hierárquico para decidir.
PRINCÍPIOS DA LEI 9784/99– A Lei Federal 9784/99, em seu Artigo 2º, prevê que o
processo administrativo será regido por alguns princípios vistos anteriormente, como o da
legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa,
contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.
Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade,
motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança
jurídica, interesse público e eficiência.
-Direitos dos Administrados (Artigo 3º, L9784/99): De acordo com a Lei 9784/99, ao
administrado deve ser garantido: o (i) tratamento respeitoso, o (ii) acesso aos processos
administrativos em que seja interessado, podendo obter cópias desses processos e conhecer
das decisões proferidas; (iii) o direito de formular alegações e apresentar documentos
antes da decisão, sendo considerados pelo órgão competente; e o (iv) direito de ser assistido
por um advogado, quando puder.
Art. 3o O administrado tem os seguintes direitos perante a Administração, sem prejuízo de outros
que lhe sejam assegurados:
I - ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores, que deverão facilitar o exercício de
seus direitos e o cumprimento de suas obrigações;
II - ter ciência da tramitação dos processos administrativos em que tenha a condição de
interessado, ter vista dos autos, obter cópias de documentos neles contidos e conhecer as decisões
proferidas;
III - formular alegações e apresentar documentos antes da decisão, os quais serão objeto de
consideração pelo órgão competente;
IV - fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, salvo quando obrigatória a representação,
por força de lei.
-Deveres dos Administrados (Artigo 4º, L9784/99): O Artigo 4º impõe alguns deveres ao
administrado, que decorrem dos Princípios da Boa-Fé Objetiva e da Cooperação. Segundo a lei,
o administrado, no processo administrativo, deve: (i) expor os fatos conforme a verdade;
(ii)atuar com lealdade, honestidade e probidade; (iii) não agir de forma temerária (sem
qualquer fundamento, assumindo postura procrastinatória, com o intuito de retardar o processo)
e protelatória; e.deve sempre (iv) contribuir para os esclarecimentos de fato
Art. 4o São deveres do administrado perante a Administração, sem prejuízo de outros previstos em ato
normativo:
I - expor os fatos conforme a verdade;
II - proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé;
III - não agir de modo temerário;
IV - prestar as informações que lhe forem solicitadas e colaborar para o esclarecimento dos fatos.
IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO – O julgador deve ser imparcial, onde caso o julgador ou
servidor público seja parcial, o mesmo será afastado. Existem dois graus de parcialidade, que
são o impedimento e a suspensão.
-Suspeição: De acordo com o Artigo 19, haverá suspeição da autoridade julgadora e/ou
servidor público quando a autoridade julgadora/servidor público for amiga(o) intima do
interessado, do seu cônjuge ou companheiro ou de parentes consanguíneos e afins de até 3º
grau ou até mesmo inimiga notória do interessado;
Art. 20. Pode ser argüida a suspeição de autoridade ou servidor que tenha amizade íntima
ou inimizade notória com algum dos interessados ou com os respectivos cônjuges, companheiros,
parentes e afins até o terceiro grau.
Art. 21. O indeferimento de alegação de suspeição poderá ser objeto de recurso, sem efeito
suspensivo.
INTIMAÇÃO (Artigo 26, Lei 9784/99) - O Ato de Intimação é um ato formal e deve observar
alguns requisitos, devendo: (i) indicar o intimando (quem receberá a intimação), (ii) o local,
dia, hora da intimação; (iii) indicar finalidade da intimação; além da (iv) indicação do
prosseguimento processo caso não haja resposta à intimação; a (v) indicação de se o
intimando deve comparecer pessoalmente ou pode enviar algum representante; e, por fim,
deve haver a (vi) indicação dos fatos e fundamentos jurídicos relevantes.
Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita o processo administrativo determinará a
intimação do interessado para ciência de decisão ou a efetivação de diligências.
§ 1o A intimação deverá conter:
I - identificação do intimado e nome do órgão ou entidade administrativa;
II - finalidade da intimação;
III - data, hora e local em que deve comparecer;
IV - se o intimado deve comparecer pessoalmente, ou fazer-se representar;
V - informação da continuidade do processo independentemente do seu comparecimento;
VI - indicação dos fatos e fundamentos legais pertinentes.
§ 2o A intimação observará a antecedência mínima de três dias úteis quanto à data de comparecimento.
-Efetuação da Intimação (Artigo 26, §3º e §4º): A intimação poderá ser efetuada por via
postal, por telegrama, aviso de recebimento ou outro meio que assegure a certeza da
ciência do interessado. Entretanto, caso a intimação seja para interessados indeterminados,
a mesma deve ser efetuada por meio de publicação oficial.
§ 3o A intimação pode ser efetuada por ciência no processo, por via postal com aviso de recebimento,
por telegrama ou outro meio que assegure a certeza da ciência do interessado.
§ 4o No caso de interessados indeterminados, desconhecidos ou com domicílio indefinido, a intimação
deve ser efetuada por meio de publicação oficial.
-Nulidade da Intimação (Artigo 26, §5º): De acordo com o Artigo 26, §5º da Lei 9784/99,
caso não haja observação das prescrições legais, haverá nulidade da intimação e dos atos
subsequentes dependentes da intimação.
§ 5o As intimações serão nulas quando feitas sem observância das prescrições legais, mas o
comparecimento do administrado supre sua falta ou irregularidade.
Art. 27. O desatendimento da intimação não importa o reconhecimento da verdade dos fatos, nem a
renúncia a direito pelo administrado.
Parágrafo único. No prosseguimento do processo, será garantido direito de ampla defesa ao
interessado.
Art. 28. Devem ser objeto de intimação os atos do processo que resultem para o interessado em
imposição de deveres, ônus, sanções ou restrição ao exercício de direitos e atividades e os atos de outra
natureza, de seu interesse.
Art. 7o Os órgãos e entidades administrativas deverão elaborar modelos ou formulários padronizados para assuntos
que importem pretensões equivalentes.
Art. 8o Quando os pedidos de uma pluralidade de interessados tiverem conteúdo e fundamentos idênticos, poderão
ser formulados em um único requerimento, salvo preceito legal em contrário.
-Forma e Realização dos Atos Administrativos: Uma vez instaurado processo administrativo,
conforme o Artigo 22, os atos deverão estar na forma escrita em português e deverão ser
datados e assinados. Não existe, em regra, uma forma específica para que um ato processual
seja praticado. Os atos processuais administrativos devem sempre ser praticados, em regra,
durante o expediente, só sendo admitida a prática de atos administrativos fora do
expediente se houver algum prejuízo ao interessado ou interesse público, segundo o Artigo
23 da Lei 9784/99.
Art. 22. Os atos do processo administrativo não dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente a
exigir.
§ 1o Os atos do processo devem ser produzidos por escrito, em vernáculo, com a data e o local de sua realização e a
assinatura da autoridade responsável.
§ 2o Salvo imposição legal, o reconhecimento de firma somente será exigido quando houver dúvida de autenticidade.
§ 3o A autenticação de documentos exigidos em cópia poderá ser feita pelo órgão administrativo.
§ 4o O processo deverá ter suas páginas numeradas seqüencialmente e rubricadas.
Art. 23. Os atos do processo devem realizar-se em dias úteis, no horário normal de funcionamento da repartição na
qual tramitar o processo.
Parágrafo único. Serão concluídos depois do horário normal os atos já iniciados, cujo adiamento prejudique o curso
regular do procedimento ou cause dano ao interessado ou à Administração.
OBS: Além disso, é possível que na fase instrução sejam apresentados pareceres, inclusive
técnicos, como o de uma Procuradoria Jurídica. Se esse parecer for indispensável ao
julgamento do processo administrativo, o processo será paralisado até que esse documento
seja apresentado aos autos.
Art. 43. Quando por disposição de ato normativo devam ser previamente obtidos laudos técnicos de
órgãos administrativos e estes não cumprirem o encargo no prazo assinalado, o órgão responsável pela
instrução deverá solicitar laudo técnico de outro órgão dotado de qualificação e capacidade técnica
equivalentes.
Finalizada a fase de instrução e de acordo com o Artigo 47, quando a autoridade que
conduziu essa fase não for competente para julgar o processo administrativo, haverá a
elaboração de um relatório com uma sugestão de decisão, que será encaminhada à
autoridade competente para o julgamento.
Art. 44. Encerrada a instrução, o interessado terá o direito de manifestar-se no prazo máximo de dez
dias, salvo se outro prazo for legalmente fixado.
Art. 45. Em caso de risco iminente, a Administração Pública poderá motivadamente adotar providências
acauteladoras sem a prévia manifestação do interessado.
Art. 46. Os interessados têm direito à vista do processo e a obter certidões ou cópias reprográficas dos
dados e documentos que o integram, ressalvados os dados e documentos de terceiros protegidos por sigilo
ou pelo direito à privacidade, à honra e à imagem.
Art. 47. O órgão de instrução que não for competente para emitir a decisão final elaborará relatório
indicando o pedido inicial, o conteúdo das fases do procedimento e formulará proposta de decisão,
objetivamente justificada, encaminhando o processo à autoridade competente.
JULGAMENTO E RECURSO – A administração pública tem o dever de decidir e julgar o
processo administrativo, por meio de uma decisão fundamentada, motivada e completa.
Art. 48. A Administração tem o dever de explicitamente emitir decisão nos processos administrativos e sobre
solicitações ou reclamações, em matéria de sua competência.
Art. 49. Concluída a instrução de processo administrativo, a Administração tem o prazo de até trinta dias para
decidir, salvo prorrogação por igual período expressamente motivada.
-Interposição do Recurso: Diz a Lei 9784/99 que se o interessado intimado discordar das
razoes da decisão, o mesmo poderá interpor recurso mediante requerimento, devendo
expor os fundamentos do pedido do reexame, podendo juntar os documentos que achar
conveniente (Artigo 60) contra a autoridade que proferiu a decisão administrativa, que
terá 5 dias para fazer a reconsideração de sua decisão (Artigo 56, §1º). Reconsiderar uma
decisão é modifica-la, acolhendo a pretensão recursal do interessado. Segundo o Artigo 62 da
Lei 9784/99, interposto o recurso, o órgão competente deverá intimar os demais interessados, no
prazo de 5 dias úteis, para que apresentem suas alegações.
Art. 56. Das decisões administrativas cabe recurso, em face de razões de legalidade e de mérito.
§ 1o O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a decisão, a qual, se não a reconsiderar no prazo
de cinco dias, o encaminhará à autoridade superior.
§ 2o Salvo exigência legal, a interposição de recurso administrativo independe de caução.
§ 3o Se o recorrente alegar que a decisão administrativa contraria enunciado da súmula vinculante,
caberá à autoridade prolatora da decisão impugnada, se não a reconsiderar, explicitar, antes de encaminhar o
recurso à autoridade superior, as razões da aplicabilidade ou inaplicabilidade da súmula, conforme o
caso. (Incluído pela Lei nº 11.417, de 2006). Vigência
Art. 57. O recurso administrativo tramitará no máximo por três instâncias administrativas, salvo
disposição legal diversa.
Art. 60. O recurso interpõe-se por meio de requerimento no qual o recorrente deverá expor os
fundamentos do pedido de reexame, podendo juntar os documentos que julgar convenientes.
Art. 62. Interposto o recurso, o órgão competente para dele conhecer deverá intimar os demais
interessados para que, no prazo de cinco dias úteis, apresentem alegações.
Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso poderá confirmar, modificar, anular ou revogar, total
ou parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de sua competência.
Parágrafo único. Se da aplicação do disposto neste artigo puder decorrer gravame à situação do
recorrente, este deverá ser cientificado para que formule suas alegações antes da decisão.
OBS: De acordo com o Artigo 65, os processos administrativos que resultem em sanções
poderão ser revistos a qualquer momento quando surgirem fatos novos ou circunstâncias
que justifiquem a inadequação da sanção aplicada.
Art. 65. Os processos administrativos de que resultem sanções poderão ser revistos, a qualquer tempo,
a pedido ou de ofício, quando surgirem fatos novos ou circunstâncias relevantes suscetíveis de justificar a
inadequação da sanção aplicada.
Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar agravamento da sanção.
PRAZOS PROCESSUAIS – De acordo com a Lei Federal 9784/99, os prazos processuais
administrativos são contados na forma corrida, excluindo-se o dia do começo do prazo e
incluindo-se o dia do vencimento do prazo. Se o prazo vencer em dia não útil ou em dia em
que o funcionamento do órgão foi alterado, o prazo será prorrogado para o primeiro dia útil
subsequente. Os prazos fixados em ano ou em meses são fixados data a data., conforme o Artigo
66, §3º.
Art. 66. Os prazos começam a correr a partir da data da cientificação oficial, excluindo-se da contagem
o dia do começo e incluindo-se o do vencimento.
§ 1o Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil seguinte se o vencimento cair em dia em
que não houver expediente ou este for encerrado antes da hora normal.
§ 2o Os prazos expressos em dias contam-se de modo contínuo.
§ 3o Os prazos fixados em meses ou anos contam-se de data a data. Se no mês do vencimento não
houver o dia equivalente àquele do início do prazo, tem-se como termo o último dia do mês.
-Suspensão dos Prazos: De acordo com o Artigo 67, os prazos processuais poderão ser
suspensos por motivo de força maior. O NCPC/15 previu que a contagem de prazos ocorrerá
somente em dias úteis. Como a Lei Federal, por ser uma lei específica, diz que a contagem é
feita em dias corridos, o NCPC, por ser uma lei geral, não se aplica, de acordo com o critério da
especialidade da antinomia jurídica.
Art. 67. Salvo motivo de força maior devidamente comprovado, os prazos processuais não se
suspendem.
-Prazo Decadencial para Anulação dos Atos: De acordo com o Artigo 54 da Lei 9784/99, o
direito da Administração de anular os seus próprios atos deve ser exercido dentro de um
prazo decadencial de 5 anos. Decorridos os 5 anos, a Administração perderá o direito
potestativo de anular os atos administrativos dos quais decorram efeitos favoráveis ao
particular.
Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos
favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo
comprovada má-fé.
§ 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á da percepção do
primeiro pagamento.
§ 2o Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade administrativa que
importe impugnação à validade do ato.
Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e
pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.
-Convalidação: A convalidação ocorre quando o ato inválido pode produzir efeitos
jurídicos, uma vez que a sua invalidação acarretaria prejuízo para o cidadão (afetação dos
direitos fundamentais) ou para o interesse público. Para evitar o prejuízo da invalidação, há a
convalidação do ato. Ou seja, a administração pública poderá convalidar os atos
administrativos que apresentem defeitos sanáveis, desde que não impliquem violação ao
interesse público, de acordo com o Artigo 55 da Lei 9784/99.
Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a
terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração.
OBS: Havendo vários interessados, a desistência ou renúncia atinge somente quem a tenha
formulado, segundo o Artigo 51,§1º.
Conforme o Artigo 51,§2º, o processo administrativo também pode ser encerrado por
(ii)Renúncia, que ocorre se o interessado renunciar um direito disponível.
§ 2o A desistência ou renúncia do interessado, conforme o caso, não prejudica o
prosseguimento do processo, se a Administração considerar que o interesse público assim o
exige.
Por fim, de acordo com o Artigo 52, o processo administrativo também pode ser encerrado
quando a (iii) decisão dele proferida se tornar inútil ou inexequível. Um exemplo é quando
há o falecimento do interessado beneficiado pela decisão. O processo administrativo pode ser
extinto simplesmente porque a decisão administrativa já foi proferida e produziu todos os seus
efeitos.
Art. 52. O órgão competente poderá declarar extinto o processo quando exaurida sua
finalidade ou o objeto da decisão se tornar impossível, inútil ou prejudicado por fato superveniente.
LICITAÇÃO – O Artigo 37, XXI, CF/88 prevê que as contratações públicas (com a
Administração Pública) serão precedidas de licitação enquanto o Artigo 175 da CF/88 diz que
as concessões e as permissões (espécies de contratos administrativos) também serão precedidas
de licitação.
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão
contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os
concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da
proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica
indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações. (Regulamento)
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de
concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.
O procedimento licitatório será conduzido por uma Comissão de Licitação formada por 3
membros, sendo que tal Comissão conduzirá o procedimento licitatório observando o disposto
no edital. Ao final do procedimento licitatório, havendo a contratação, a execução desse
contrato deve observar o desenvolvimento sustentável. Deve-se submeter ao procedimento
licitatório as Pessoas Jurídicas de Direito Público (União, Estado, DF, Municípios e Autarquias
e Fundações Públicas), assim como as PJs de Direito Privado que integrem a Administração
Pública (como as Sociedades de Economia Mista e Empresas Públicas).
OBS: Parcela da doutrina admite que as empresas públicas e sociedades de economia que
executem atividade econômica só se submetem à licitação para contratação de um objeto
que diga respeito às suas atividades meio e não às atividades fim.
-Edital: Além das leis previamente citadas, a licitação também pode se fundar em um ato
normativo específico, que é chamado de edital ou instrumento convocatório, que prevê os
critérios objetivos que serão utilizados para a seleção e julgamento. O edital é a “lei da
licitação” porque enquanto a Administração deve respeitar os parâmetros e previsões do
edital, não podendo alterá-los no curso do procedimento licitatório, os interessados
deverão preencher as exigências do edital para se classificarem no procedimento licitatório.
PRINCÍPIOS DA LICITAÇÃO - Uma vez instaurado o procedimento licitatório, ele precisa ser
regido por alguns princípios, que estão presentes nos primeiros artigos da Lei 8666/93.
A regra é que não será possível impor restrições à competividade nos procedimentos
licitatórios. Não é possível por exemplo, se limitar a participação de determinado licitante em
razão da nacionalidade e do local em que ele estabelece sede. Também não se pode estabelecer
tratamento diferenciado entre empresas nacionais ou estrangeiras. Não se pode permitir também
exigências desnecessárias ao objeto (pedir que a empresa faça prova de que já prestou
determinado serviço).
§ 1o É vedado aos agentes públicos:
I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, cláusulas ou condições que comprometam,
restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo, inclusive nos casos de sociedades cooperativas, e
estabeleçam preferências ou distinções em razão da naturalidade, da sede ou domicílio dos licitantes ou de
qualquer outra circunstância impertinente ou irrelevante para o específico objeto do contrato, ressalvado o
disposto nos §§ 5o a 12 deste artigo e no art. 3o da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991; (Redação dada
pela Lei nº 12.349, de 2010)
II - estabelecer tratamento diferenciado de natureza comercial, legal, trabalhista, previdenciária ou
qualquer outra, entre empresas brasileiras e estrangeiras, inclusive no que se refere a moeda, modalidade e
local de pagamentos, mesmo quando envolvidos financiamentos de agências internacionais, ressalvado o
disposto no parágrafo seguinte e no art. 3o da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991.
OBS: Além disso, a lei também pode impor observância de alguns requisitos específicos de
habilitação, desde que esse requisito seja pertinente e necessário em razão da
especificidade do objeto contratado.
OBS: Além dessas restrições, a própria Lei Complementar 123/06 também prevê
restrições. Diz um dispositivo dessa lei, que, se a proposta apresentada por microempresa
for igual ou 10% superior em relação a melhor proposta de algum outro licitante, deve-se
oportunizar a essa empresa a prestação do serviço do objeto licitado na mesma condição
da melhor proposta. Essa lei também prevê um tratamento diferenciado para essas
pequenas empresas: elas só precisarão comprovar sua regularidade fiscal trabalhista
depois da assinatura. Havendo alguma restrição, elas terão 5 dias úteis para regularizar.
-Lei 8666/93: O primeiro diploma legal é a Lei 8666/93, que dispõe sobre normas gerais
referentes a procedimentos licitatórios que antecedem qualquer tipo de contratação da
administração pública. A Lei 8666/93 apresenta algumas características marcantes. A Lei
8666/93 disciplina procedimentos licitatórios que, em regra, são presenciais e escritos.
Além disso, tal Lei disciplina as propostas licitatórias que, em regra, não são passíveis de
modificação.
-Lei 10520/02: Além da Lei 8666/93, há outro diploma legal que versa sobre a licitação, que é a
Lei 10520/20, que trata especificamente da modalidade de licitação pregão.
-Lei 12462/11: Por fim, fala-se que também integra o processo licitatório a lei 12462/11, que
disciplina o RDC (Regime Diferenciado de Contratações Públicas).
Tal divulgação deve ser feita no (i) Diário Oficial da União se a licitação for de órgão ou
entidade federal ou ainda se for financiada por recursos federais ou garantida por órgãos
e entidades federais. A divulgação ocorrerá no (ii) Diário Oficial do Estado e/ou DF caso a
licitação seja de órgão ou entidade destes respectivos entes. A depender da complexidade do
objeto da licitação , o aviso do edital também poderá ser publicado em (iii) jornais de grande
circulação ou na imprensa local do Município onde será feita a licitação, conforme Artigos
20 e 21 da Lei 8666/93.
Art. 20. As licitações serão efetuadas no local onde se situar a repartição interessada, salvo por motivo
de interesse público, devidamente justificado.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não impedirá a habilitação de interessados residentes ou
sediados em outros locais.
Art. 21. Os avisos contendo os resumos dos editais das concorrências, das tomadas de preços, dos
concursos e dos leilões, embora realizados no local da repartição interessada, deverão ser publicados com
antecedência, no mínimo, por uma vez: (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
I - no Diário Oficial da União, quando se tratar de licitação feita por órgão ou entidade da Administração
Pública Federal e, ainda, quando se tratar de obras financiadas parcial ou totalmente com recursos federais ou
garantidas por instituições federais; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
II - no Diário Oficial do Estado, ou do Distrito Federal quando se tratar, respectivamente, de licitação feita
por órgão ou entidade da Administração Pública Estadual ou Municipal, ou do Distrito Federal; (Redação
dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
III - em jornal diário de grande circulação no Estado e também, se houver, em jornal de circulação no
Município ou na região onde será realizada a obra, prestado o serviço, fornecido, alienado ou alugado o bem,
podendo ainda a Administração, conforme o vulto da licitação, utilizar-se de outros meios de divulgação para
ampliar a área de competição. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
§ 1o O aviso publicado conterá a indicação do local em que os interessados poderão ler e obter o texto
integral do edital e todas as informações sobre a licitação.
-Concorrência Pública: A concorrência pública, conceituada no Artigo 22, §1º, é uma
modalidade de licitação da qual pode participar qualquer interessado que preencha as
exigências do edital, sendo caracterizada por sua universalidade, pois qualquer um pode
participar, desde que preencha as exigências do edital. Na concorrência pública, o
preenchimento das exigências do edital será verificado no próprio curso do procedimento
licitatório. Em razão desta universalidade, costuma-se dizer que na concorrência a
competitividade é bem ampla/amplíssima.
§ 1o Concorrência é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na fase inicial de
habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para
execução de seu objeto.
(Art 21) § 3o A concorrência é a modalidade de licitação cabível, qualquer que seja o valor de seu objeto, tanto
na compra ou alienação de bens imóveis, ressalvado o disposto no art. 19, como nas concessões de direito
real de uso e nas licitações internacionais, admitindo-se neste último caso, observados os limites deste artigo,
a tomada de preços, quando o órgão ou entidade dispuser de cadastro internacional de fornecedores ou o
convite, quando não houver fornecedor do bem ou serviço no País. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de
1994)
Conforme o Artigo 21, §2º, a divulgação deve ser feita com 30 dias de antecedência da
data de recebimento das propostas. Se a licitação for melhor técnica ou “técnica e preço”,
o aviso será alargado, devendo haver a divulgação com 45 dias de antecedência da data de
recebimento.
Art. 21. Os avisos contendo os resumos dos editais das concorrências, das tomadas de preços, dos
concursos e dos leilões, embora realizados no local da repartição interessada, deverão ser publicados com
antecedência, no mínimo, por uma vez: (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
§ 2o O prazo mínimo até o recebimento das propostas ou da realização do evento será:
I - quarenta e cinco dias para: (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
b) concorrência, quando o contrato a ser celebrado contemplar o regime de empreitada integral ou
quando a licitação for do tipo "melhor técnica" ou "técnica e preço" (Incluída pela Lei nº 8.883, de 1994)
II - trinta dias para: (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
a) concorrência, nos casos não especificados na alínea "b" do inciso anterior; (Incluída pela Lei
nº 8.883, de 1994)
A concorrência pública é uma contratação que pode ser feita para qualquer tipo de
contratação a ser realizada pela Administração Pública. Entretanto, a concorrência púbica
será obrigatória para: a (i) contratação de obras e serviços de engenharia cujo valor
exceda R$1.500.000,00 e também quando a (ii) contratação tiver como objeto compras e
serviços acima de R$650.000,00.
Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem os incisos I a III do artigo anterior serão
determinadas em função dos seguintes limites, tendo em vista o valor estimado da contratação:
I - para obras e serviços de engenharia: (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)
c) concorrência: acima de R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais); (Redação dada pela Lei
nº 9.648, de 1998)
II - para compras e serviços não referidos no inciso anterior: (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)
c) concorrência - acima de R$ 650.000,00 (seiscentos e cinqüenta mil reais). (Redação dada pela Lei
nº 9.648, de 1998)
OBS: Pode ser que o cadastramento demore mais do que a tomada de preços, podendo
chegar um momento em que a tomada de preços avance de fase enquanto o cadastramento
ainda está sendo feito.
Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem os incisos I a III do artigo anterior serão
determinadas em função dos seguintes limites, tendo em vista o valor estimado da contratação:
I - para obras e serviços de engenharia: (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)
a) convite - até R$ 150.000,00 (cento e cinqüenta mil reais); (Redação dada pela Lei nº 9.648, de
1998)
II - para compras e serviços não referidos no inciso anterior: (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)
a) convite - até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais); (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)
§ 4o Nos casos em que couber convite, a Administração poderá utilizar a tomada de preços e, em
qualquer caso, a concorrência.
Art. 21. Os avisos contendo os resumos dos editais das concorrências, das tomadas de preços, dos
concursos e dos leilões, embora realizados no local da repartição interessada, deverão ser publicados com
antecedência, no mínimo, por uma vez: (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
§ 2o O prazo mínimo até o recebimento das propostas ou da realização do evento será:
IV - cinco dias úteis para convite. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
OBS: A doutrina entende que bens e serviços comuns são aqueles que podem ser objeto de
específica caracterização no edital. A complexidade do objeto não interfere na escolha do
pregão como modalidade licitatória. Desde que esse bem ou serviço possa ser
objetivamente descrito no edital, o pregão poderá ser escolhido.
O pregão pode ser presencial ou eletrônico. Se ocorrer (i) Pregão Presencial, as propostas
serão apresentadas por escrito, em sessões públicas presenciais. No (ii) Pregão Eletrônico,
as propostas e todos os procedimentos serão feitos pela via eletrônica.
Art. 4º A fase externa do pregão será iniciada com a convocação dos interessados e observará as seguintes regras:
I - a convocação dos interessados será efetuada por meio de publicação de aviso em diário oficial do respectivo ente
federado ou, não existindo, em jornal de circulação local, e facultativamente, por meios eletrônicos e conforme o vulto da
licitação, em jornal de grande circulação, nos termos do regulamento de que trata o art. 2º;
No pregão, existe uma fase prévia, prevista no Artigo 3º da Lei, de competição na qual os
interessados fazem lances sucessivos decrescentes, porque para administração, quanto
menor for a proposta, melhor.
Art. 3º A fase preparatória do pregão observará o seguinte:
I - a autoridade competente justificará a necessidade de contratação e definirá o objeto do certame, as exigências de habilitação,
os critérios de aceitação das propostas, as sanções por inadimplemento e as cláusulas do contrato, inclusive com fixação dos prazos
para fornecimento;
II - a definição do objeto deverá ser precisa, suficiente e clara, vedadas especificações que, por excessivas, irrelevantes ou
desnecessárias, limitem a competição;
III - dos autos do procedimento constarão a justificativa das definições referidas no inciso I deste artigo e os indispensáveis
elementos técnicos sobre os quais estiverem apoiados, bem como o orçamento, elaborado pelo órgão ou entidade promotora
da licitação, dos bens ou serviços a serem licitados; e
IV - a autoridade competente designará, dentre os servidores do órgão ou entidade promotora da licitação, o pregoeiro e
respectiva equipe de apoio, cuja atribuição inclui, dentre outras, o recebimento das propostas e lances, a análise de sua aceitabilidade e
sua classificação, bem como a habilitação e a adjudicação do objeto do certame ao licitante vencedor.
§ 1º A equipe de apoio deverá ser integrada em sua maioria por servidores ocupantes de cargo efetivo ou emprego da
administração, preferencialmente pertencentes ao quadro permanente do órgão ou entidade promotora do evento.
§ 2º No âmbito do Ministério da Defesa, as funções de pregoeiro e de membro da equipe de apoio poderão ser desempenhadas
por militares
Outra característica marcante do pregão é que a habilitação só será realizada após a fase de
competição. Primeiro haverá a classificação da proposta mais vantajosa, e depois se olha a
habilitação para ver se aqueles interessados que apresentaram menor preço preenchem as
exigências de habilitação. É diferente do rito comum porque no pregão a fase de habilitação
é posterior à fase de classificação, quando em regra ocorre o contrário. É uma inversão de
fases.
Art. 4º A fase externa do pregão será iniciada com a convocação dos interessados e observará as seguintes regras:
X - para julgamento e classificação das propostas, será adotado o critério de menor preço, observados os prazos máximos para
fornecimento, as especificações técnicas e parâmetros mínimos de desempenho e qualidade definidos no edital;
XI - examinada a proposta classificada em primeiro lugar, quanto ao objeto e valor, caberá ao pregoeiro decidir motivadamente a
respeito da sua aceitabilidade;
XII - encerrada a etapa competitiva e ordenadas as ofertas, o pregoeiro procederá à abertura do invólucro contendo os
documentos de habilitação do licitante que apresentou a melhor proposta, para verificação do atendimento das condições fixadas no
edital;
XIII - a habilitação far-se-á com a verificação de que o licitante está em situação regular perante a Fazenda Nacional, a Seguridade
Social e o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS, e as Fazendas Estaduais e Municipais, quando for o caso, com a
comprovação de que atende às exigências do edital quanto à habilitação jurídica e qualificações técnica e econômico -financeira;
XIV - os licitantes poderão deixar de apresentar os documentos de habilitação que já constem do Sistema de Cadastramento
Unificado de Fornecedores – Sicaf e sistemas semelhantes mantidos por Estados, Distrito Federal ou Municípios, assegurado aos
demais licitantes o direito de acesso aos dados nele constantes;
XV - verificado o atendimento das exigências fixadas no edital, o licitante será declarado vencedor;
OBS: O objetivo do pregão é ser mais simples, sobretudo os pregões eletrônicos, mas diz-
se que quando há essa modalidade há também uma queda de qualidade do serviço, porque
a “briga” dos interessados é para apresentar a proposta de menor preço possível.
O RDC, de acordo com o Artigo 1º, §1º, tem por objetivos: (i) ampliar a eficiência nas
contratações públicas e a competitividade entre os licitantes; (ii) promover a troca de
experiências e tecnologias em busca da melhor relação entre custos e benefícios para o
setor público; (iii) incentivar a inovação tecnológica; e (iv) assegurar tratamento
isonômico entre os licitantes e a seleção da proposta mais vantajosa para a administração
pública.
§ 1o O RDC tem por objetivos:
I - ampliar a eficiência nas contratações públicas e a competitividade entre os licitantes;
II - promover a troca de experiências e tecnologias em busca da melhor relação entre custos e benefícios para o setor
público;
III - incentivar a inovação tecnológica; e
IV - assegurar tratamento isonômico entre os licitantes e a seleção da proposta mais vantajosa para a administração
pública.
§ 2o A opção pelo RDC deverá constar de forma expressa do instrumento convocatório e resultará no afastamento das
normas contidas na Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, exceto nos casos expressamente previstos nesta Lei.
§ 3o Além das hipóteses previstas no caput, o RDC também é aplicável às licitações e aos contratos necessários à
realização de obras e serviços de engenharia no âmbito dos sistemas públicos de ensino e de pesquisa, ciência e
tecnologia. (Redação dada pela Lei nº 13.190, de 2015)
Na (v) técnica aberta, as propostas serão apresentadas e poderão ser acessadas por todos
os interessados (o que não é comum nos procedimentos licitatórios em geral – Lei 8.666). Na
(vi) técnica fechada, os interessados não terão acesso às outras propostas apresentadas.
Por fim, na (vii) técnica combinada, pode ser processada de duas formas: na (a) primeira
forma, as propostas são apresentadas de forma sigilosa e depois da classificação os três
primeiros classificados apresentarão sua proposta final de maneira aberta. Na (b) segunda
forma, as propostas podem ser apresentadas abertamente na fase de classificação e
posteriormente serão apresentadas pelos três classificados de forma sigilosa.
OBS: É possível que no edital do RDC esteja previsto que as propostas deverão observar
os limites dos valores orçamentários sem dar publicidade a tal valor, mantendo em sigilo
os valores orçamentários.
Outra característica é que o RDC pode ter edital fundado com base em um anteprojeto de
engenharia, sem necessidade de preparação de projeto básico pela Administração Pública.
Além disso, é possível que tal edital preveja uma remuneração extra para o contratado que
preste serviço com especial destaque para a técnica, sendo um estimulo para a prestação mais
qualificada do serviço.
Finalmente, o RDC pode prever, como objeto, a contratação de interessado que preste
serviço relativo à otimização do funcionamento da Administração Pública. Nesse caso, a
remuneração estará diretamente ligada a redução dos custos proporcionada pela atividade
exercida.
-Verificação dos Recursos Orçamentários: Por fim, a terceira providência na fase interna é a
de verificação dos recursos orçamentários a serem utilizados para pagamentos da licitação
e contratação. Muitas vezes, nessa fase, se verifica que a licitação e contratação devem ser
mantidas com um repasse Administração Pública Federal, por exemplo, estando descrito no
próprio edital.
-Vedação à Participação da Fase Externa: A fase interna acaba criando algumas hipóteses de
vedação à participação da fase externa da licitação.
O (i) autor do projeto básico, seja ele PJ ou PF, não poderá participar da fase externa da
licitação. Também não pode participar da fase externa da licitação (ii) servidor ou dirigente do
órgão/entidade responsável pela licitação. Em realidade, não apenas o autor do projeto básico
(PJ ou PF) não pode participar da fase externa, mas também (iii) qualquer interessado que
mantenha um vinculo ou interesse técnico, comercial ou econômico com o autor do projeto
básico, sendo a participação desses na fase externa uma possível violação da
Impessoalidade.
Além disso, o licitante não deve ter vinculo com nenhum membro da comissão da fase
externa do processo licitatório.
FASE EXTERNA DO PROCEDIMENTO LICITATÓRIO - Encerrada a fase interna, inicia-se
a fase externa com a publicação do instrumento convocatório. A fase externa é conduzida por
uma Comissão da Licitação, formada por, pelo menos, 3 membros, sendo que dois deles
devem ser agentes públicos permanentes da Administração.
OBS: No convite, admite-se que essa Comissão seja substituída por apenas um membro
indicado por autoridade competente, desde que a unidade administrativa responsável pela
licitação seja pequena e haja insuficiência de pessoal.
OBS: No pregão, a Lei 10520/02 fala que a licitação será conduzida pelo pregoeiro
(servidor público), que poderá ter uma equipe de apoio. No concurso há uma
especificidade, pois o mesmo será conduzido por uma Comissão de, pelo menos, 3
membros, que não precisam ser necessariamente formada por agentes públicos.
Em seguida, é necessário que o edital faça a descrição do objeto a ser licitado, conforme o
previsto no projeto básico da licitação. O edital também deve expor os requisitos de
habilitação e exigências que devem ser observados pelos licitantes no procedimento
licitatório (de que maneira os documentos da proposta deverão ser apresentados, se poderá
haver participação ou não de consórcios, proposta em moeda estrangeira ou nacional).
Se o edital não for claro ou se violar os princípios, o mesmo será passível de impugnação
por qualquer licitante (inclusive cidadãos), onde a impugnação deve ser apresentada em até
2 dias úteis antes da data de abertura dos envelopes de habilitação. Em regra, a
impugnação não suspende o procedimento licitatório. Além da impugnação, existem outros
instrumentos que podem combater um edital viciado, podendo o cidadão ou licitante
fazerem uma representação no Tribunal de Contas, por exemplo.
OBS: O cidadão que não tem envolvimento na licitação poderá impugnar o edital desde
que a apresente 5 dias antes da data de abertura do envelope de habilitação, devendo ser
julgado em até 3 dias úteis.
Art. 40. O edital conterá no preâmbulo o número de ordem em série anual, o nome da repartição
interessada e de seu setor, a modalidade, o regime de execução e o tipo da licitação, a menção de que
será regida por esta Lei, o local, dia e hora para recebimento da documentação e proposta, bem como
para início da abertura dos envelopes, e indicará, obrigatoriamente, o seguinte:
I - objeto da licitação, em descrição sucinta e clara;
II - prazo e condições para assinatura do contrato ou retirada dos instrumentos, como previsto no
art. 64 desta Lei, para execução do contrato e para entrega do objeto da licitação;
III - sanções para o caso de inadimplemento;
IV - local onde poderá ser examinado e adquirido o projeto básico;
V - se há projeto executivo disponível na data da publicação do edital de licitação e o local onde
possa ser examinado e adquirido;
VI - condições para participação na licitação, em conformidade com os arts. 27 a 31 desta Lei, e
forma de apresentação das propostas;
VII - critério para julgamento, com disposições claras e parâmetros objetivos;
VIII - locais, horários e códigos de acesso dos meios de comunicação à distância em que serão
fornecidos elementos, informações e esclarecimentos relativos à licitação e às condições para
atendimento das obrigações necessárias ao cumprimento de seu objeto;
IX - condições equivalentes de pagamento entre empresas brasileiras e estrangeiras, no caso de
licitações internacionais;
X - o critério de aceitabilidade dos preços unitário e global, conforme o caso, permitida a fixação
de preços máximos e vedados a fixação de preços mínimos, critérios estatísticos ou faixas de variação
em relação a preços de referência, ressalvado o disposto nos parágrafos 1º e 2º do art.
48; (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)
XI - critério de reajuste, que deverá retratar a variação efetiva do custo de produção, admitida a
adoção de índices específicos ou setoriais, desde a data prevista para apresentação da proposta, ou do
orçamento a que essa proposta se referir, até a data do adimplemento de cada parcela; (Redação
dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
XII - (Vetado). (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
XIII - limites para pagamento de instalação e mobilização para execução de obras ou serviços que
serão obrigatoriamente previstos em separado das demais parcelas, etapas ou tarefas;
XIV - condições de pagamento, prevendo:
a) prazo de pagamento não superior a trinta dias, contado a partir da data final do período de
adimplemento de cada parcela; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
b) cronograma de desembolso máximo por período, em conformidade com a disponibilidade de
recursos financeiros;
c) critério de atualização financeira dos valores a serem pagos, desde a data final do período de
adimplemento de cada parcela até a data do efetivo pagamento; (Redação dada pela Lei nº 8.883,
de 1994)
d) compensações financeiras e penalizações, por eventuais atrasos, e descontos, por eventuais
antecipações de pagamentos;
e) exigência de seguros, quando for o caso;
XV - instruções e normas para os recursos previstos nesta Lei;
XVI - condições de recebimento do objeto da licitação;
XVII - outras indicações específicas ou peculiares da licitação.
§ 1o O original do edital deverá ser datado, rubricado em todas as folhas e assinado pela
autoridade que o expedir, permanecendo no processo de licitação, e dele extraindo-se cópias integrais
ou resumidas, para sua divulgação e fornecimento aos interessados.
§ 2o Constituem anexos do edital, dele fazendo parte integrante:
I - o projeto básico e/ou executivo, com todas as suas partes, desenhos, especificações e outros
complementos;
II - orçamento estimado em planilhas de quantitativos e preços unitários; (Redação dada pela
Lei nº 8.883, de 1994)
III - a minuta do contrato a ser firmado entre a Administração e o licitante vencedor;
IV - as especificações complementares e as normas de execução pertinentes à licitação.
§ 3o Para efeito do disposto nesta Lei, considera-se como adimplemento da obrigação contratual a
prestação do serviço, a realização da obra, a entrega do bem ou de parcela destes, bem como qualquer
outro evento contratual a cuja ocorrência esteja vinculada a emissão de documento de cobrança.
§ 4o Nas compras para entrega imediata, assim entendidas aquelas com prazo de entrega até trinta
dias da data prevista para apresentação da proposta, poderão ser dispensadas: (Incluído pela Lei
nº 8.883, de 1994)
I - o disposto no inciso XI deste artigo; (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
II - a atualização financeira a que se refere a alínea "c" do inciso XIV deste artigo, correspondente
ao período compreendido entre as datas do adimplemento e a prevista para o pagamento, desde que
não superior a quinze dias. (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
§5º A Administração Pública poderá, nos
editais de licitação para a contratação de serviços, exigir da contratada que um percentual mínimo de sua m
ão de obra seja oriundo ou egresso do sistema prisional, com afinalidade de ressocialização
do reeducando, na forma estabelecida em regulamento. (Incluído pela Lei nº 13.500, de
2017)
-Fase de Habilitação: Depois da publicação do edital ou carta convite, haverá a fase de
habilitação, onde a Lei 8666/93 prevê que a fase de habilitação deve ser anterior à fase de
classificação. O termo habilitação é utilizado para fazer referência a uma fase e também a
uma decisão administrativa proferida nesta mesma fase, que declara a capacidade e
idoneidade do licitante contratar com a Administração Pública. A Comissão da Licitação
deve pautar a decisão de habilitação no edital, tendo por base o edital, observando se os
interessados preencheram as exigências dispostas no instrumento convocatório, não podendo
exigir do licitante algo além do previsto no edital.
OBS: A Lei do Pregão, por outro lado, prevê inversão de fases, onde a fase de classificação
é anterior à fase de habilitação. A Lei de RDC, por sua vez, ao depender do previsto no
edital, também possibilitará a inversão de fases.
(iv) Qualificação Técnica consiste na comprovação de que o licitante tenha aptidão para
executar o objeto licitado. Para que se reconheça a qualificação técnica, é preciso mostrar
que o licitante já exerceu atividades semelhantes com a do procedimento licitatório. O
Artigo 30 prevê um rol de documentos (comprovação de inscrição na entidade de classe
respectiva, atestados expedidos por PJs de Direito Público ou Privado que certifiquem que o
licitante já desempenhou tais atividades, etc) que fazem prova de qualificação técnica.
Art. 30. A documentação relativa à qualificação técnica limitar-se-á a:
I - registro ou inscrição na entidade profissional competente;
II - comprovação de aptidão para desempenho de atividade pertinente e compatível em características,
quantidades e prazos com o objeto da licitação, e indicação das instalações e do aparelhamento e do pessoal
técnico adequados e disponíveis para a realização do objeto da licitação, bem como da qualificação de cada
um dos membros da equipe técnica que se responsabilizará pelos trabalhos;
III - comprovação, fornecida pelo órgão licitante, de que recebeu os documentos, e, quando exigido, de
que tomou conhecimento de todas as informações e das condições locais para o cumprimento das obrigações
objeto da licitação;
IV - prova de atendimento de requisitos previstos em lei especial, quando for o caso.
Por fim, na habilitação exige-se que o licitante demonstre que não explore menores
irregulares, sendo uma exigência extraída do Artigo 7º, XXXIII, CF/88. O menor de 16-18
anos não pode ser submetido a trabalho insalubre, noturno ou perigoso. Abaixo de 16 anos,
não se pode submeter o menor a trabalho, salvo na condição de jovem aprendiz. O
licitante deve declarar que não explore indevidamente trabalho de menores.
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social:
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a
menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
Art. 32. Os documentos necessários à habilitação poderão ser apresentados em original, por qualquer
processo de cópia autenticada por cartório competente ou por servidor da administração ou publicação em
órgão da imprensa oficial. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
Na (i) 1ª Subfase, serão apresentados os envelopes lacrados com as propostas dos licitantes.
Os envelopes só serão abertos se o licitante for habilitado. Os documentos de apresentação
devem ser apresentados à Comissão de Licitação em via original ou em cópia autenticada
pelo cartório ou pela própria administração pública. Tais documentos poderão ser total ou
parcialmente dispensados no convite, concurso e leilão, conforme previsão no edital,
também podendo ser dispensados se o licitante dispuser de certidão de registro cadastral.
Na (ii) 2ª Subfase, os envelopes dos licitantes habilitados serão abertos pela Comissão em ato
público, no local, data e hora indicados no edital, momento em que serão colhidas as assinaturas
dos licitantes e da Comissão. Os documentos serão e abertos em envelope lacrado, na data,
horário e local indicados pela Administração Pública, sendo a entrega feita em ato público.
Os envelopes serão assinados pelo licitante e pela própria Comissão, buscando assegurar o
devido processo legal.
Art. 43. A licitação será processada e julgada com observância dos seguintes procedimentos:
I - abertura dos envelopes contendo a documentação relativa à habilitação dos concorrentes, e sua apreciação;
II - devolução dos envelopes fechados aos concorrentes inabilitados, contendo as respectivas propostas, desde
que não tenha havido recurso ou após sua denegação;
III - abertura dos envelopes contendo as propostas dos concorrentes habilitados, desde que transcorrido o
prazo sem interposição de recurso, ou tenha havido desistência expressa, ou após o julgamento dos recursos
interpostos;
IV - verificação da conformidade de cada proposta com os requisitos do edital e, conforme o caso, com os
preços correntes no mercado ou fixados por órgão oficial competente, ou ainda com os constantes do sistema de
registro de preços, os quais deverão ser devidamente registrados na ata de julgamento, promovendo-se a
desclassificação das propostas desconformes ou incompatíveis;
V - julgamento e classificação das propostas de acordo com os critérios de avaliação constantes do edital;
VI - deliberação da autoridade competente quanto à homologação e adjudicação do objeto da licitação.
§ 1o A abertura dos envelopes contendo a documentação para habilitação e as propostas será realizada sempre
em ato público previamente designado, do qual se lavrará ata circunstanciada, assinada pelos licitantes presentes e
pela Comissão.
§ 2o Todos os documentos e propostas serão rubricados pelos licitantes presentes e pela Comissão.
§ 3o É facultada à Comissão ou autoridade superior, em qualquer fase da licitação, a promoção de diligência
destinada a esclarecer ou a complementar a instrução do processo, vedada a inclusão posterior de documento ou
informação que deveria constar originariamente da proposta.
§ 4o O disposto neste artigo aplica-se à concorrência e, no que couber, ao concurso, ao leilão, à tomada de
preços e ao convite. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
§ 5o Ultrapassada a fase de habilitação dos concorrentes (incisos I e II) e abertas as propostas (inciso III), não
cabe desclassificá-los por motivo relacionado com a habilitação, salvo em razão de fatos supervenientes ou só
conhecidos após o julgamento.
§ 6o Após a fase de habilitação, não cabe desistência de proposta, salvo por motivo justo decorrente de fato
superveniente e aceito pela Comissão.
Depois da abertura dos envelopes, a comissão fará avaliação das propostas à luz do edital
para saber a habilitação ou não das empresas. Aberto os envelopes, a comissão estabelecerá
uma ordem de apresentação das propostas. A administração pública faz isso por meio de
uma decisão administrativa, por meio da qual se estabelece uma ordem de classificação.
OBS: É possível que o licitante não seja classificado caso o mesmo não atenda as
exigências em relação ao preço e técnica do edital. Um exemplo é quando o edital prevê
um valor global máximo; as propostas não poderão ultrapassar esse valor. Se alguma
proposta ultrapassar esse valor, ela não poderá ser classificada. Por outro lado, se uma
proposta for inexequível, também será desclassificada.
Art. 44. No julgamento das propostas, a Comissão levará em consideração os critérios objetivos definidos no edital ou
convite, os quais não devem contrariar as normas e princípios estabelecidos por esta Lei.
§ 1o É vedada a utilização de qualquer elemento, critério ou fator sigiloso, secreto, subjetivo ou reservado que possa
ainda que indiretamente elidir o princípio da igualdade entre os licitantes.
§ 2o Não se considerará qualquer oferta de vantagem não prevista no edital ou no convite, inclusive financiamentos
subsidiados ou a fundo perdido, nem preço ou vantagem baseada nas ofertas dos demais licitantes.
§ 3o Não se admitirá proposta que apresente preços global ou unitários simbólicos, irrisórios ou de valor zero,
incompatíveis com os preços dos insumos e salários de mercado, acrescidos dos respectivos encargos, ainda que o ato
convocatório da licitação não tenha estabelecido limites mínimos, exceto quando se referirem a materiais e instalações de
propriedade do próprio licitante, para os quais ele renuncie a parcela ou à totalidade da remuneração. (Redação dada pela
Lei nº 8.883, de 1994)
§ 4o O disposto no parágrafo anterior aplica-se também às propostas que incluam mão-de-obra estrangeira ou
importações de qualquer natureza. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
Art. 45. O julgamento das propostas será objetivo, devendo a Comissão de licitação ou o responsável pelo convite
realizá-lo em conformidade com os tipos de licitação, os critérios previamente estabelecidos no ato convocatório e de acordo
com os fatores exclusivamente nele referidos, de maneira a possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos órgãos de controle.
§ 1o Para os efeitos deste artigo, constituem tipos de licitação, exceto na modalidade concurso: (Redação dada
pela Lei nº 8.883, de 1994)
I - a de menor preço - quando o critério de seleção da proposta mais vantajosa para a Administração determinar que
será vencedor o licitante que apresentar a proposta de acordo com as especificações do edital ou convite e ofertar o menor
preço;
II - a de melhor técnica;
III - a de técnica e preço.
IV - a de maior lance ou oferta - nos casos de alienação de bens ou concessão de direito real de uso. (Incluído
pela Lei nº 8.883, de 1994)
§ 2o No caso de empate entre duas ou mais propostas, e após obedecido o disposto no § 2o do art. 3o desta Lei, a
classificação se fará, obrigatoriamente, por sorteio, em ato público, para o qual todos os licitantes serão convocados, vedado
qualquer outro processo.
§ 3o No caso da licitação do tipo "menor preço", entre os licitantes considerados qualificados a classificação se dará
pela ordem crescente dos preços propostos, prevalecendo, no caso de empate, exclusivamente o critério previsto no parágrafo
anterior. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
§ 4o Para contratação de bens e serviços de informática, a administração observará o disposto no art. 3o da Lei no 8.248,
de 23 de outubro de 1991, levando em conta os fatores especificados em seu parágrafo 2o e adotando obrigatoriamento o tipo
de licitação "técnica e preço", permitido o emprego de outro tipo de licitação nos casos indicados em decreto do Poder
Executivo. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
§ 5o É vedada a utilização de outros tipos de licitação não previstos neste artigo.
§ 6o Na hipótese prevista no art. 23, § 7º, serão selecionadas tantas propostas quantas necessárias até que se atinja a
quantidade demandada na licitação. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)
-Recursos: Nos procedimentos licitatórios regidos pela Lei 8666/93, nos quais primeiro há
uma fase de habilitação e depois uma fase de classificação/julgamento de propostas, cabem
recursos administrativos no final de cada uma das fases (Artigo 109, I, A e B). Esse recurso
administrativo é cabível num prazo de 5 dias úteis a contar da data decisão.
OBS: Quando não couber recurso hierárquico de uma decisão proferida no procedimento
licitatório, caberá representação, também no prazo de 5 dias úteis.
Tanto a anulação quanto a revogação devem observar o devido processo legal, ou seja, os
licitantes interessados devem ter a oportunidade de se manifestar e que a decisão de
invalidação/revogação deve ser devidamente fundamentada. É possível que se chegue a
conclusão de que o procedimento não está eivado de vício de legalidade para ser invalidado e
que também não há um fato superveniente para sua revogação. Caso não haja motivo para
invalidação ou revogação, o procedimento licitatório será homologado.
A adjudicação possui 4 efeitos que são: (i) Conferir ao vencedor o direito de não ser
preterido, impedindo que a Administração contrate objeto licitado com qualquer outro
que não seja o adjudicatário, devendo respeitar a ordem de classificação e não podendo
contratar com terceiros estranhos ao procedimento licitatório;
(ii) Vincular o adjudicatário a todos os encargos estabelecidos no Edital e aos prometidos
na sua proposta; (iii) Sujeitar o adjudicatário às penalidades previstas no Edital, no caso
de não assinar o contrato no prazo e segundo as condições estabelecidas; e (iv) Liberar dos
encargos da licitação os licitantes vencidos.
OBS: Se o licitante vencedor não comparecer dentro do prazo, o mesmo perderá o direito
da contratação. Isto pode resultar na revogação do processo licitatório pela Administração
ou então a própria Administração poderá convocar o 2º colocado para que ele, querendo,
celebre o contrato administrativo para execução do objeto licitado no mesmo preço
daquele apresentado pelo licitante vencedor. Se o 2º colocado não aceitar a contratação
nesses termos, o mesmo não se sujeita a nenhuma penalidade e a Administração poderá
sucessivamente convocar os outros licitantes.
A lei prevê um rol exaustivo nos casos de dispensa, conforme o Artigo 24 da Lei 8666/93.
Fora das hipóteses legais do Artigo 24, não haverá outra hipótese de dispensa, que deve ser
interpretado restritivamente. As hipóteses de dispensa se subdividem em 4 categorias, onde é
dispensável a licitação:
(i) Em razão do reduzido valor econômico do objeto a ser contratado, tendo como exemplo
nos casos de obras de engenharia de valor menor do que 15 mil reais, onde essas obras não
podem ser parte de serviços maiores, porque facilitaria o fracionamento de obras;
Também se enquadram os casos em que (b) não aparecem interessados para participação
do processo licitatório, havendo uma “licitação deserta”. Com a ocorrência de licitação
deserta, preenchendo-se 3 requisitos, admitir-se-á a contratação de licitação. O 1º requisito
(b1) é o requisito objetivo, que é o de realização de um procedimento licitatório prévio. O
2º requisito, também objetivo, (b2) é o não aparecimento de licitantes interessados. Por fim,
o 3º requisito, de caráter subjetivo, (b3) é a impossibilidade de realização de novo
procedimento licitatório tendo em vista de que a mesma violaria/contrariaria o interesse
público, ficando a cargo da margem de discricionariedade do administrador.
(iii) Em razão da contratação de objetos específicos, onde a Lei 8666/93 diz, por exemplo,
que é dispensável a licitação para compras e locações de imóveis nos quais a Administração
Pública exercerá alguma atividade essencial ao Poder Público. Outro exemplo é a dispensa de
licitação para produtos perecíveis. É dispensável a licitação para aquisição e restauração de
obras de arte e objetos históricos;
(iv) Em razão da contratação de pessoas específicas, onde a Lei 8666/93 diz que é
dispensável a licitação para associação de portadores de deficiência física sem fins lucrativos e
idoneidade comprovada, desde que observado o preço de mercado.
Art. 24. É dispensável a licitação:
I - para obras e serviços de engenharia de valor até 10% (dez por cento) do limite previsto na alínea "a", do inciso I do artigo anterior, desde que não se
refiram a parcelas de uma mesma obra ou serviço ou ainda para obras e serviços da mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta e
concomitantemente; (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)
II - para outros serviços e compras de valor até 10% (dez por cento) do limite previsto na alínea "a", do inciso II do artigo anterior e para alienações, nos
casos previstos nesta Lei, desde que não se refiram a parcelas de um mesmo serviço, compra ou alienação de maior vulto que possa ser realizada de uma só
vez; (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)
III - nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem;
IV - nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada urgência de atendimento de situação que possa ocasiona r prejuízo ou
comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, e somente para os bens necessários ao
atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e
oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos contratos;
V - quando não acudirem interessados à licitação anterior e esta, justificadamente, não puder ser repetida sem prejuízo para a Administração, mantidas,
neste caso, todas as condições preestabelecidas;
VI - quando a União tiver que intervir no domínio econômico para regular preços ou normalizar o abastecimento;
VII - quando as propostas apresentadas consignarem preços manifestamente superiores aos praticados no mercado nacional, ou forem incompatíveis
com os fixados pelos órgãos oficiais competentes, casos em que, observado o parágrafo único do art. 48 desta Lei e, persist indo a situação, será admitida a
adjudicação direta dos bens ou serviços, por valor não superior ao constante do registro de preços, ou dos serviços; (Vide § 3º do art. 48)
VIII - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito público interno, de bens produzidos ou serviços prestados por órgão ou entidade que integre a
Administração Pública e que tenha sido criado para esse fim específico em data anterior à vigência desta Lei, desde que o preço contratado seja compatível com
o praticado no mercado; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
IX - quando houver possibilidade de comprometimento da segurança nacional, nos casos estabelecidos em decreto do Presidente da República, ouvido
o Conselho de Defesa Nacional; (Regulamento)
X - para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendimento das finalidades precípuas da administração, cujas necessidades de instalação e
localização condicionem a sua escolha, desde que o preço seja compatível com o valor de mercado, segundo avaliação prévia; (Redação dada pela Lei nº
8.883, de 1994)
XI - na contratação de remanescente de obra, serviço ou fornecimento, em conseqüência de rescisão contratual, desde que atendida a ordem de
classificação da licitação anterior e aceitas as mesmas condições oferecidas pelo licitante vencedor, inclusive quanto ao preço, devidamente corrigido;
XII - nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros gêneros perecíveis, no tempo necessário para a realização dos processos licitatórios
correspondentes, realizadas diretamente com base no preço do dia; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
XIII - na contratação de instituição brasileira incumbida regimental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do desenvolvimento institucional, ou
de instituição dedicada à recuperação social do preso, desde que a contratada detenha inquestionável reputação ético-profissional e não tenha fins
lucrativos; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
XIV - para a aquisição de bens ou serviços nos termos de acordo internacional específico aprovado pelo Congresso Nacional, quando as condições
ofertadas forem manifestamente vantajosas para o Poder Público; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
XV - para a aquisição ou restauração de obras de arte e objetos históricos, de autenticidade certificada, desde que compatíveis ou ineren tes às
finalidades do órgão ou entidade.
XVI - para a impressão dos diários oficiais, de formulários padronizados de uso da administração, e de edições técnicas oficiais, bem como para
prestação de serviços de informática a pessoa jurídica de direito público interno, por órgãos ou entidades que integrem a Administração Pública, criados para
esse fim específico; (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
XVII - para a aquisição de componentes ou peças de origem nacional ou estrangeira, necessários à manutenção de equipamentos durante o período de
garantia técnica, junto ao fornecedor original desses equipamentos, quando tal condição de exclusividade for indispensável pa ra a vigência da
garantia; (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
XVIII - nas compras ou contratações de serviços para o abastecimento de navios, embarcações, unidades aéreas ou tropas e seus meios de
deslocamento quando em estada eventual de curta duração em portos, aeroportos ou localidades diferentes de suas sedes, por motivo de movimentação
operacional ou de adestramento, quando a exiguidade dos prazos legais puder comprometer a normalidade e os propósitos das operações e desde que seu valor
não exceda ao limite previsto na alínea "a" do inciso II do art. 23 desta Lei: (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
XIX - para as compras de material de uso pelas Forças Armadas, com exceção de materiais de uso pessoal e administrativo, quando houver necessidade
de manter a padronização requerida pela estrutura de apoio logístico dos meios navais, aéreos e terrestres, mediante parecer de comissão instituída por
decreto; (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
XX - na contratação de associação de portadores de deficiência física, sem fins lucrativos e de comprovada idoneidade, por órgãos ou entidades da
Admininistração Pública, para a prestação de serviços ou fornecimento de mão-de-obra, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no
mercado. (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
XXI - para a aquisição ou contratação de produto para pesquisa e desenvolvimento, limitada, no caso de obras e serviços de engenharia, a 20% (vinte por
cento) do valor de que trata a alínea “b” do inciso I do caput do art. 23; (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016)
XXII - na contratação de fornecimento ou suprimento de energia elétrica e gás natural com concessionário, permissionário ou autorizado, segundo as
normas da legislação específica; (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)
XXIII - na contratação realizada por empresa pública ou sociedade de economia mista com suas subsidiárias e controladas, para a aquisição ou
alienação de bens, prestação ou obtenção de serviços, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado. (Incluído pela Lei nº
9.648, de 1998)
XXIV - para a celebração de contratos de prestação de serviços com as organizações sociais, qualificadas no âmbito das respectivas esferas de governo,
para atividades contempladas no contrato de gestão. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)
XXV - na contratação realizada por Instituição Científica e Tecnológica - ICT ou por agência de fomento para a transferência de tecnologia e para o
licenciamento de direito de uso ou de exploração de criação protegida. (Incluído pela Lei nº 10.973, de 2004)
XXVI – na celebração de contrato de programa com ente da Federação ou com entidade de sua administração indireta, para a prestação d e serviços
públicos de forma associada nos termos do autorizado em contrato de consórcio público ou em convênio de cooperação. (Incluído pela Lei nº 11.107, de
2005)
XXVII - na contratação da coleta, processamento e comercialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou reutilizáveis, em áreas com sistema de
coleta seletiva de lixo, efetuados por associações ou cooperativas formadas exclusivamente por pessoas físicas de baixa renda reconhecidas pelo poder público
como catadores de materiais recicláveis, com o uso de equipamentos compatíveis com as normas técnicas, ambientais e de saúde pública. (Redação dada
pela Lei nº 11.445, de 2007). (Vigência)
XXVIII – para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou prestados no País, que envolvam, cumulativamente, alta complexidade tecnológica e
defesa nacional, mediante parecer de comissão especialmente designada pela autoridade máxima do órgão. (Incluído pela Lei nº 11.484, de 2007).
XXIX – na aquisição de bens e contratação de serviços para atender aos contingentes militares das Forças Singulares brasileiras empregadas em
operações de paz no exterior, necessariamente justificadas quanto ao preço e à escolha do fornecedor ou executante e ratificadas pelo Comandante da
Força. (Incluído pela Lei nº 11.783, de 2008).
XXX - na contratação de instituição ou organização, pública ou privada, com ou sem fins lucrativos, para a prestação de serviços de assistência técnica e
extensão rural no âmbito do Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar e na Reforma Agrária, instituído por lei
federal. (Incluído pela Lei nº 12.188, de 2.010) Vigência
XXXI - nas contratações visando ao cumprimento do disposto nos arts. 3º, 4º, 5º e 20 da Lei no 10.973, de 2 de dezembro de 2004, observados os
princípios gerais de contratação dela constantes. (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)
XXXII - na contratação em que houver transferência de tecnologia de produtos estratégicos para o Sistema Único de Saúde - SUS, no âmbito da Lei
no 8.080, de 19 de setembro de 1990, conforme elencados em ato da direção nacional do SUS, inclusive por ocasião da aquisição destes produtos durante as
etapas de absorção tecnológica. (Incluído pela Lei nº 12.715, de 2012)
XXXIII - na contratação de entidades privadas sem fins lucrativos, para a implementação de cisternas ou outras tecnologias sociais de acesso à água
para consumo humano e produção de alimentos, para beneficiar as famílias rurais de baixa renda atingidas pela seca ou falta regular de água. (Incluído
pela Lei nº 12.873, de 2013)
XXXIV - para a aquisição por pessoa jurídica de direito público interno de insumos estratégicos para a saúde produzidos ou distribuíd os por fundação
que, regimental ou estatutariamente, tenha por finalidade apoiar órgão da administração pública direta, sua autarquia ou fundação em projetos de ensino,
pesquisa, extensão, desenvolvimento institucional, científico e tecnológico e estímulo à inovação, inclusive na gestão administrativa e financeira necessária à
execução desses projetos, ou em parcerias que envolvam transferência de tecnologia de produtos estratégicos para o Sistema Único de Saúde – SUS, nos
termos do inciso XXXII deste artigo, e que tenha sido criada para esse fim específico em data anterior à vigência desta Lei, desde que o preço contratado seja
compatível com o praticado no mercado. (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)
XXXV - para a construção, a ampliação, a reforma e o aprimoramento de estabelecimentos penais, desde que configurada situação de grave e
iminente risco à segurança pública. (Incluído pela Lei nº 13.500, de 2017)
§ 1o Os percentuais referidos nos incisos I e II do caput deste artigo serão 20% (vinte por cento) para compras, obras e serviços contratados por
consórcios públicos, sociedade de economia mista, empresa pública e por autarquia ou fundação qualificadas, na forma da lei, como Agências
Executivas. (Incluído pela Lei nº 12.715, de 2012)
§ 2o O limite temporal de criação do órgão ou entidade que integre a administração pública estabelecido no inciso VIII do caput deste artigo não se
aplica aos órgãos ou entidades que produzem produtos estratégicos para o SUS, no âmbito da Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, conforme elencados em
ato da direção nacional do SUS. (Incluído pela Lei nº 12.715, de 2012)
§ 3o A hipótese de dispensa prevista no inciso XXI do caput, quando aplicada a obras e serviços de engenharia, seguirá procedimentos especiais
instituídos em regulamentação específica. (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016) Regulamento
§ 4o Não se aplica a vedação prevista no inciso I do caput do art. 9o à hipótese prevista no inciso XXI do caput. (Incluído pela Lei nº 13.243, de
2016)
REGISTRO DE PREÇOS – É um mecanismo utilizado pelo Poder Público quando um
determinado órgão público ou entidade realiza frequentes contratações de serviços ou
aquisições de produtos. Nesse mecanismo, a Administração realiza o procedimento
licitatório valendo-se, em regra, da modalidade concorrência ou pregão e, ao final do
procedimento licitatório, após o estabelecimento da ordem de classificação dos licitantes,
formaliza a ata de registro de preço, que ficará arquivada no âmbito daquele órgão ou
entidade que conduziu a licitação. No registro de preços, a licitação é realizada como uma
fase precedente de várias contratações que poderão ser realizadas pela Administração.
Por isso que se realiza uma ata formal de registro de preços, e conforme haja necessidade da
administração, ela vai contratando de acordo com a ata de registro de preços, até o prazo de
validade do procedimento de 12 meses. No âmbito federal, tem sido utilizado bastante, por
conta da economia.
Art. 15. As compras, sempre que possível,
deverão: (Regulamento) (Regulamento) (Regulamento) (Vigência)
II - ser processadas através de sistema de registro de preços;
§ 1o O registro de preços será precedido de ampla pesquisa de mercado.
§ 2o Os preços registrados serão publicados trimestralmente para orientação da Administração, na imprensa
oficial.
§ 3o O sistema de registro de preços será regulamentado por decreto, atendidas as peculiaridades regionais,
observadas as seguintes condições:
I - seleção feita mediante concorrência;
II - estipulação prévia do sistema de controle e atualização dos preços registrados;
III - validade do registro não superior a um ano.
§ 4o A existência de preços registrados não obriga a Administração a firmar as contratações que deles poderão
advir, ficando-lhe facultada a utilização de outros meios, respeitada a legislação relativa às licitações, sendo
assegurado ao beneficiário do registro preferência em igualdade de condições.
§ 5o O sistema de controle originado no quadro geral de preços, quando possível, deverá ser informatizado.
§ 6o Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar preço constante do quadro geral em razão de
incompatibilidade desse com o preço vigente no mercado.
§ 7o Nas compras deverão ser observadas, ainda:
I - a especificação completa do bem a ser adquirido sem indicação de marca;
II - a definição das unidades e das quantidades a serem adquiridas em função do consumo e utilização
prováveis, cuja estimativa será obtida, sempre que possível, mediante adequadas técnicas quantitativas de estimação;
III - as condições de guarda e armazenamento que não permitam a deterioração do material.
§ 8o O recebimento de material de valor superior ao limite estabelecido no art. 23 desta Lei, para a modalidade
de convite, deverá ser confiado a uma comissão de, no mínimo, 3 (três) membros.
Diz o Artigo 2º, Parágrafo Único, Lei 8666/93 que contrato administrativo é todo e
qualquer ajuste estabelecido entre órgãos ou entidades da Administração e particular em
que há manifestação de vontades, criando-se um vínculo e prevendo-se obrigações
recíprocas.
Art. 2o As obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações, concessões, permissões e
locações da Administração Pública, quando contratadas com terceiros, serão necessariamente precedidas de
licitação, ressalvadas as hipóteses previstas nesta Lei.
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se contrato todo e qualquer ajuste entre órgãos ou
entidades da Administração Pública e particulares, em que haja um acordo de vontades para a formação de
vínculo e a estipulação de obrigações recíprocas, seja qual for a denominação utilizada.
Há quem diga que nos contratos administrativos em sentido estrito, há manifestação de duas
vontades unilaterais; de um lado há a vontade unilateral da Administração, que impõe
obrigações e outras exigências ao particular enquanto que, de outro lado, há a
manifestação de vontade do particular que apenas adere ou não as manifestações do Poder
Público.
OBS: Outra parcela da doutrina diz que os contratos administrativos tem uma parte
formada por manifestações unilaterais e outra formada consensualmente.
De fato, a Administração, no âmbito dos contratos em sentido estrito pode, por exemplo,
(i)alterar unilateralmente o contrato administrativo (alterar prazo, objeto em quantidade e
qualidade, etc) sendo esta uma competência anômala. Existem exemplos de competência
anômalas além da (ii) fiscalização como, a possibilidade da administração de (iii) aplicar
penalidades, podendo também (iv) ocupar cautelarmente instalações da empresa
contratada, com o objetivo de continuar prestando este serviço público.
As competências anômalas não são sinônimo de que o particular não é dotado de algum
direito, pois o particular é titular de direitos na relação, possuindo garantias reforçadas.
Ou seja, podemos concluir que ao particular se garante a alteração unilateral dentro de
certos de limites legais. Um exemplo é que, durante todo o transcurso da execução do
contrato administrativo, deve ser mantido o equilíbrio econômico-financeiro do contrato
administrativo, cabendo á Administração a restauração do equilíbrio.
Nos (i) Contratos Unilaterais são atribuídos deveres apenas a uma parte, tendo como
exemplo o contrato de doação. Já nos (ii) Contratos Bilaterais, são atribuídos direitos e
obrigações para todas as partes envolvidas. É o caso de contrato de execução de obra pública,
onde o contratado deve realizar a obra pública e a Administração deve pagar a empresa pela
obra.
OBS: Os contratos bilaterais não se confundem com os atos administrativos bilaterais, que
são atos aperfeiçoados pela manifestação de vontade de duas partes. Nem todo contrato
administrativo, que é um ato bilateral, será classificado como um contrato bilateral.
O (i) Contrato de Dar é aquele que envolve a transferência de posse ou domínio de bem.
O contrato que preveja a entrega de um bem ou material é um exemplo de contrato de dar. (ii)
Contrato de Fazer é aquele em que se prevê a realização de um fazer, ou seja, a prestação
de um serviço ou a execução de uma obra. Logo, tais contratos envolvem um fazer.
O acordo de vontade tem algumas peculiaridades: a primeira é que o acordo de vontade não
tem como objetivo a satisfação de uma necessidade, direta ou indireta, do aparato
administrativo ou da comunidade. A segunda característica é que o acordo de vontade não
tem fins lucrativos, embora às vezes haja transferências de recursos. Por fim, a terceira
característica é a ausência de comutatividade, significando que, no acordo de vontade da
Administração, não há previsão, em regra, de obrigações recíprocas. O acordo de
vontades possui uma natureza de fomento, tendo como objeto a transferência de recursos,
fornecimentos de bens e pessoal para realização de um interesse coletivo.
DISCIPLINA LEGISLATIVA – A União tem competência para criar normas gerais sobre
contratações administrativas nas suas mais variadas modalidades, no âmbito da
Administração Pública direta, autárquica e fundacional, além do âmbito das empresas
públicas e sociedade de economia mista. No exercício desta competência legislativa, foi
editada a Lei 8666/93, que também é a base de estudos para este assunto. Além dessa lei, a
Lei 8987/95 e a 9074/95 (tratam sobre concessões e permissões) e a Lei 11079/04, que trata
sobre parcerias público-privadas, que são uma espécie de concessão. Além das leis federais,
um Estado pode criar leis suplementares tanto sobre licitações quanto sobre contratos
administrativos.
OBS: Os contratos administrativos também podem ser orais, desde que o pagamento seja
adiantado e de pequeno valor (R$4.000,00).
A terceira formalidade é que a (iii) avença/contratação administrativa pode ser
formalizada por meio de um termo de contrato ou por outros instrumentos, como a
autorização de compra ou ordem de serviço. Será obrigatória a elaboração do termo contrato
em casos de concorrência pública, tomada de preços ou de dispensa e inexigibilidade de
licitação.
A 4ª formalidade é que o (iv) termo de contrato deve ser composto por duas espécies de
cláusulas: as (a) cláusulas regulamentares, que envolvem a descrição do objeto, a forma de
sua execução (prazos, forma de pagamento,etc) e as obrigações das partes; e as (b) cláusulas
econômico-financeiras, que estão relacionadas à previsão da manutenção do equilíbrio
econômico-financeiro do contrato (cláusulas de reajuste, e revisão contratual).
A 5ª formalidade é que o (v) contrato administrativo deve ser elaborado com base na
minuta de contrato anexa ao edital de licitação. A 6ª formalidade é que os (vi) contratos
administrativos devem ter prazo determinado (não podem ter prazo indeterminado) e o
prazo de vigência do contrato administrativo deve corresponder á vigência dos respectivos
créditos orçamentários.
No Artigo 57 da Lei 8666/93, há previsão de que não será necessária a adstrição dos
respectivos créditos orçamentários.
Art. 57. A duração dos contratos regidos por esta Lei ficará adstrita à vigência dos respectivos
créditos orçamentários, exceto quanto aos relativos:
I - aos projetos cujos produtos estejam contemplados nas metas estabelecidas no Plano Plurianual,
os quais poderão ser prorrogados se houver interesse da Administração e desde que isso tenha sido
previsto no ato convocatório;
II - à prestação de serviços a serem executados de forma contínua, que poderão ter a sua duração
prorrogada por iguais e sucessivos períodos com vistas à obtenção de preços e condições mais
vantajosas para a administração, limitada a sessenta meses; (Redação dada pela Lei nº 9.648, de
1998)
IV - ao aluguel de equipamentos e à utilização de programas de informática, podendo a duração
estender-se pelo prazo de até 48 (quarenta e oito) meses após o início da vigência do contrato.
V - às hipóteses previstas nos incisos IX, XIX, XXVIII e XXXI do art. 24, cujos contratos poderão ter
vigência por até 120 (cento e vinte) meses, caso haja interesse da administração. (Incluído pela
Lei nº 12.349, de 2010)
§ 1o Os prazos de início de etapas de execução, de conclusão e de entrega admitem prorrogação,
mantidas as demais cláusulas do contrato e assegurada a manutenção de seu equilíbrio econômico-
financeiro, desde que ocorra algum dos seguintes motivos, devidamente autuados em processo:
I - alteração do projeto ou especificações, pela Administração;
II - superveniência de fato excepcional ou imprevisível, estranho à vontade das partes, que altere
fundamentalmente as condições de execução do contrato;
III - interrupção da execução do contrato ou diminuição do ritmo de trabalho por ordem e no
interesse da Administração;
IV - aumento das quantidades inicialmente previstas no contrato, nos limites permitidos por esta
Lei;
V - impedimento de execução do contrato por fato ou ato de terceiro reconhecido pela
Administração em documento contemporâneo à sua ocorrência;
VI - omissão ou atraso de providências a cargo da Administração, inclusive quanto aos
pagamentos previstos de que resulte, diretamente, impedimento ou retardamento na execução do
contrato, sem prejuízo das sanções legais aplicáveis aos responsáveis.
§ 2o Toda prorrogação de prazo deverá ser justificada por escrito e previamente autorizada pela
autoridade competente para celebrar o contrato.
§ 3o É vedado o contrato com prazo de vigência indeterminado.
§ 4o Em caráter excepcional, devidamente justificado e mediante autorização da autoridade
superior, o prazo de que trata o inciso II do caput deste artigo poderá ser prorrogado por até doze
meses. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)
A administração pública ao exigir isto, ela age de maneira discricionária, em que ela tem uma
faculdade de escolher de quem esta garantia será cobrada, se dos licitantes (é obrigatório que
esteja previsto no ato convocatório da licitação) ou do contratado. Existem algumas
modalidades desta garantia, que são: (a) dinheiro, (b) títulos da dívida pública, (c) seguro-
garantia, (d) fiança bancária. A Garantia visa garantir a realização do objeto pelo
administrado, fazendo frente aos prejuízos que eventualmente possam sofrer a
Administração, em razão de irrealização contratual ou realização defeituosa de contrato.
(ii) Alteração Unilateral consiste no fato de que a Administração pública pode alterar
unilateralmente um contrato administrativo, mas apenas nos casos previstos em lei. Admitir-se-á
alteração unilateral quando: (a) houver alteração no projeto básico ou de suas especificações,
adequando-se à técnica e aos objetivos da contratação; e quando (b) houver ampliação ou
redução do objeto do contrato que alteração do valor contratual.
Além disso, na alteração unilateral quantitativa, (d) a alteração não poderá ultrapassar
25% do valor total atualizado no contrato que tem como objetivo bens, serviços, compras
e obras. Se o objeto do contrato for reforma de edifício ou equipamentos, a alteração será
admitida até 50% do valor total atualizado do contrato.
Por fim, (e) a alteração unilateral deve prezar pela manutenção do equilíbrio financeiro,
não podendo tal alteração desequilibrar o contrato em prejuízo ao particular, sendo
necessário a recomposição do reequilíbrio financeiro do contrato administrativo.
(e1) Se houver redução do valor do contrato, o particular deverá ser reembolsado de todas
as despesas que teve com equipamento, pessoal ou parcela de obra/serviço já executado. Se,
por outro lado, (e2) houver a criação, alteração ou modificação de tributos e encargos legais
que interfiram no preço de equipamento, pessoal, a administração pública também terá
que recompor o equilíbrio econômico financeiro do contrato administrativo. Por fim, (e3)
se houver um fato superveniente imprevisível que altere a relação de encargos e benefícios
no contrato administrativo, a Administração Pública deverá recompor o equilíbrio
econômico-financeiro.
Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as devidas
justificativas, nos seguintes casos:
I - unilateralmente pela Administração:
a) quando houver modificação do projeto ou das especificações, para melhor adequação
técnica aos seus objetivos;
b) quando necessária a modificação do valor contratual em decorrência de acréscimo ou
diminuição quantitativa de seu objeto, nos limites permitidos por esta Lei;
§ 6o Em havendo alteração unilateral do contrato que aumente os encargos do contratado, a
Administração deverá restabelecer, por aditamento, o equilíbrio econômico-financeiro inicial.
(iii) Rescisão Unilateral é a outra cláusula exorbitante presente nos contratos administrativos,
que consiste na possibilidade de rescisão unilateral do contrato administrativo pela
Administração Pública, gerando a sua extinção. Existem alguns motivos para a rescisão
unilateral, que integram algumas categorias. Para que a rescisão unilateral seja válida, é
preciso que se respeite o contraditório. A rescisão unilateral ocorre procedimentalmente,
devendo ocorrer em um processo administrativo em que se respeite o contraditório e a
ampla defesa.
A primeira categoria é a das (a) Causas de Rescisão em Razão de Inadimplemento do
Contrato com Culpa do Contratado. Haverá inadimplemento por culpa quando, por exemplo,
o particular não observa o cronograma da obra ou prestação de serviços; quando o particular
paralisa, injustificadamente, a execução da obra; ou quando o particular subcontrata sem que
haja prévia previsão contratual. Além de não receber indenização, o particular receberá
penalidades.
OBS: Nos casos de rescisão unilateral com culpa ou sem culpa, a Administração deve
pagar pelos serviços ou parte de obra já executados.
(iv) Fiscalização consiste na ideia de que o contrato administrativo será fiscalizado pela
Administração Pública, sendo este um poder-dever da Administração. A fiscalização
ocorrerá através de fiscais, que deverão anotar todas as ocorrências e eventuais falhas na
execução das obras e dos serviços, apontando aquilo que deve ser corrigido.
OBS: A doutrina entende que a declaração de inidoneidade para licitar e contratar com o
Poder Público pode superar o prazo de 2 anos de suspensão temporária de participação
em licitação e contratação com o Poder Público. Além disso, a declaração de inidoneidade
só poderá ser afastada desde que o contratado se reabilite perante a autoridade que
aplicou a penalidade. Quando a decisão administrativa aplica a decisão de declaração de
inidoneidade cabe pedido de reconsideração da decisão no prazo de 10 dias.
Valendo-se da (vi) Autotutela, a administração pública pode anular ou revogar os atos
por ela praticados. A (a) anulação se funda em vício de legalidade, enquanto a (b)
revogação se funda em motivos de conveniência ou oportunidade. Anulado ou revogado o
ato administrativo, por causa não imputável ao contratado, ele deverá ser indenizado
pelos prejuízos sofridos. Ainda que o contratado tenha contribuído para a anulação, ele
deverá receber, pelo menos, pela parcialidade dos serviços prestados, evitando o
enriquecimento ilícito. O exercício da autotutela pela Administração Pública deve ser
precedido do contraditório e da ampla defesa, não podendo a Administração revogar ou
anular qualquer ato administrativo sem oportunizar o contraditório e ampla defesa.
OBS: É possível que a licitação seja anulada ou revogada. Se isso acontecer, o próprio
contrato administrativo será atingido, se ele já estiver sido celebrado.
A Lei 8666/93 prevê expressamente dois casos em que será possível pedido de suspensão do
contrato administrativo pelo contratado, também podendo haver, de acordo com a
jurisprudência, suspensão ou rescisão caso o contratado demonstre que houve extremo
desequilíbrio financeiro impedindo a execução do contrato.
-Mutabilidade: Os contratos administrativos podem sofrer alteração em razão de várias
circunstâncias, como por conta de mutação unilateral pela Administração; Também poderá
haver mutação por conta de rescisão unilateral. Todavia, existem outras circunstâncias que
alteram o contrato administrativo, que levam à aplicação da Teoria do Fato do Príncipe,
Teoria do Fato da Administração e Teoria da Imprevisão. Havendo mutação do contrato
administrativo, deve ser sempre resguardado o equilíbrio econômico-financeiro do
contrato administrativo. O equilíbrio econômico-financeiro representa uma relação
jurídica firmada, quando da celebração do contrato administrativo, na qual deve ser
mantida uma equivalência entre os encargos e benefícios atribuídos ao contratado. Não
mantida essa equivalência, fala-se em desequilíbrio financeiro, sendo dever da
Administração Pública a recomposição do equilíbrio econômico financeiro.
No âmbito dos contratos de natureza privada, em regra, o equilíbrio é mais estável, pois em
havendo qualquer alteração decorrerá de um ajuste de vontade. No âmbito dos contratos
administrativos, há uma dinâmica maior em relação ao equilíbrio econômico financeiro.
Isso se deve a várias razões, uma delas é o longo período de tempo de vigência de um
contrato administrativo, além da complexidade do objeto contratual e das cláusulas
exorbitantes.
As (i) Áleas Ordinárias são os riscos presentes em toda e qualquer tipo de atividade
empresarial. O contratado, que contrata com a Administração, se submete a estes riscos
empresariais. Havendo prejuízos por conta destes riscos ordinários, não há para a
Administração dever de reparação.
Além das áleas ordinárias, existem as (ii) Áleas administrativas. A 1ª primeira álea
administrativa é a (a) Álea decorrente da alteração unilateral dos contratos administrativos,
sendo uma cláusula exorbitante. Prejuízos advindos dos riscos administrativos decorrentes
de alteração unilateral serão de responsabilidade da Administração Pública
O (b) Fato do Príncipe é uma medida de natureza geral decorrida de autoridade pública
que, embora não diga respeito diretamente ao contrato administrativo, poderá atingi-lo.
São exemplos clássicos do fato do príncipe a modificação de regras da importação de produtos.
Ocorrido o fato do príncipe, é dever da Administração recompor o equilíbrio do contrato.
O fato do príncipe não decorre de qualquer ilegalidade.
A álea administrativa também decorre do chamado (c) Fato da Administração, que é todo
comportamento e conduta da Administração Pública que, enquanto parte contratual,
dificulta, impede ou agrava a execução de um contrato administrativo. O fato da
administração está relacionado a um inadimplemento contratual por parte da
Administração Pública. O fato da administração pode ou ensejar a suspensão do contrato
ou a paralisação definitiva das atividades contratuais. O fato da administração decorre de
uma ilegalidade (descumprimento do contrato) da Administração. Enquanto o Fato do
Príncipe é medida geral, que não diz respeito ao contrato diretamente, mas o atinge, o fato da
administração está diretamente relacionado ao contrato.
OBS: É possível ainda que o fato da administração não gere imediatamente uma
suspensão ou paralisação definitiva do contrato, mas cause um desequilíbrio financeiro no
contrato.
Configurado o fato da administração, o contratado deverá formular um requerimento
judicial ou administrativo, obtendo uma autorização que legitime a suspensão ou
paralisação pleiteada. Este requerimento pode ter alguns fundamentos (fundado em atraso
no pagamento superior a 90 dias, não liberação de áreas necessárias para a execução do contrato,
supressão do objeto contratual fora dos parâmetros legais, na paralisação determinada pela
Administração por um prazo superior a 120 dias). Além do requerimento de suspensão e
paralisação, terá o contratado um direito subjetivo de requerer a recomposição do
equilíbrio financeiro do contrato, configurado o Fato da Administração,.
OBS: Costuma-se dizer que o caso fortuito e força maior teriam as mesmas características
do fato da administração. A diferença é que na Álea Administrativa por Fato da
Administração, há manifestação de vontade da Administração Pública, enquanto que no
caso fortuito ou força maior não há manifestação de vontade. As consequências
decorrentes de caso fortuito e força maior que gerem desequilíbrio econômico-financeiro
do contrato são responsabilidade da Administração, conforme doutrina.
(iii) Álea Econômica está relacionada a fatos alheios ao contrato administrativo, à vontade
das partes e também aos fatos imprevistos ou imprevisíveis/inevitáveis. O risco econômico
enseja a chamada Teoria da Imprevisão onde, para que se fale na aplicação da Teoria da
Imprevisão, é preciso que alguns requisitos sejam preenchidos. Primeiro, é (a) preciso que o
fato ocorrido não esteja diretamente vinculado ao contrato. O 2º requisito explicita que (b)
o fato não deve estar fundado em vontade das partes (se existir alguma vontade, ou o fato é
do príncipe ou da Administração). Os (c) fatos precisam não ter sido calculados. Por fim, (d)
o fato precisa ser inevitável, onde o contratado não tem outra opção senão se sujeitar aos
efeitos do fato. A álea econômica gera o direito subjetivo ao contratado para requerer a
recomposição do equilíbrio financeiro do contrato.
OBS: Se, no curso do contrato, o contratado se depara com um tipo de rocha ou solo
imprevisto ou diferente do esperado, fala-se em álea econômica, pois é um fato alheio ao
contrato e à vontade das partes. Outro exemplo de álea econômica é a instabilidade da
inflação.
(i) Rescisão Amigável é aquela que depende de vontade conjunta das partes.
Juntando todos esses elementos, foi criado uma noção do conceito amplo de serviço publico.
Nessa concepção ampliada, serviço público é toda atividade de interesse geral prestada
pelo estado sob regime jurídico de direito público. Essa concepção surgiu na época dos
estados liberais, principalmente na França, onde se desenvolveu a chamada “Escola do Serviço
Público”.
-Mudanças no Elemento Objetivo: No âmbito do elemento objetivo, por exemplo, houve uma
ampliação das atividades enquadradas na categoria “serviços públicos”, não sendo apenas
aquele conceito tradicional (atividades de interesse geral destinadas a satisfação de necessidade
de uma coletividade). Há nesse conceito modificado a inserção de atividades também
comerciais e industriais, cuja fruição ocorre, não de maneira imediata, mas sim indireta.
OBS: Houve quem dissesse que estaria havendo uma crise no conceito de serviço público
com essas transformações nos elementos integrantes do conceito. No Brasil sempre se
defendeu tanto legislativamente quanto doutrinariamente a subsistência da categoria
serviços públicos.
PREVISÃO LEGISLATIVA - O artigo 37, §6º, CF/88, prevê que as PJ’s de direito público e
de direito privado que prestem serviços públicos responderão objetivamente pelos
prejuízos que seus agentes causarem a terceiros.
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos
responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de
regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
Por outro lado, o artigo 175 da CF prevê que incumbe ao Poder Público, na forma da lei,
prestar serviços públicos diretamente ou sob o regime de concessão (acepção mais restrita).
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou
permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.
Parágrafo único. A lei disporá sobre:
I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o caráter especial de
seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e rescisão da
concessão ou permissão;
II - os direitos dos usuários;
III - política tarifária;
IV - a obrigação de manter serviço adequado.
O artigo 145, II, da CF, também faz menção a serviços públicos, prevendo que os entes da
federação poderão instituir tributos (taxas) em razão do exercício do Poder de Polícia e
pela utilização efetiva ou potencial de serviços públicos.
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos:
II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços
públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição;
OBS: Embora em alguns campos passou-se a se falar numa crime no conceito de serviço
público, no Brasil defende-se a subsistência dessa categoria.
-Princípio da Eficiência: Tal princípio segue o ideal de que o Serviço Público deve ser
prestado de maneira regular, tempestiva e satisfatório, no ponto de vista de sua
quantidade e qualidade.
-Serviços Públicos Próprios x Impróprios: (i) Serviços Públicos Próprios são aqueles
prestados pelo Estado diretamente, através de seus órgãos e agentes, ou indiretamente. São
aqueles que se relacionam intimamente com as atribuições do Poder Público (Ex.: segurança,
polícia, higiene e saúde públicas etc.) e para a execução dos quais a Administração usa da
sua supremacia sobre os administrados. Não podem ser delegados a particulares. Tais
serviços, por sua essencialidade, geralmente são gratuitos ou de baixa remuneração.
-Serviços Públicos Essenciais x Sociais: (i) Serviços Públicos Essenciais são aqueles
voltados à atividade econômica. O Estado pode exercer três atividades: na (a) 1ª Categoria , o
Estado somente a prestará para resguardar a soberania e segurança nacional e/ou para
satisfazer o interesse coletivo. As atividades voltadas à prestação de serviços devem ser feitas,
geralmente, por PJs de Direito Privado, como as empresas públicas ou sociedades de
economia mista; na (b) 2ª Categoria , estão relacionadas aquelas atividades exercidas sob o
regime de monopólio, sendo o que acontece nas atividades relacionadas à exploração de jazidas
e recursos minerais, por exemplo; Por fim, a (c) 3ª categoria são atividades que visam a
satisfação de interesses gerais, que são classificadas como serviços públicos comerciais ou
industriais, tendo como exemplo fornecimento de telefonia e energia elétrica.
Os (ii) Serviços Públicos Sociais são aqueles que visam a realização de um direito social
do administrado. São exemplos os serviços de educação, saúde e lazer.
-Serviços Uti Singuli x Uti Universi: Os (i) Serviços Públicos Uti Singuli são aqueles
disponibilizados e usufruídos direta e especificamente pelo administrado, tendo como
exemplo o serviço público de fornecimento de energia elétrica e os transportes públicos. O (ii)
Serviço Público Uti Universi, por outro lado, é aquele disponibilizado mas que não é
utilizado direta ou especificamente por um administrado, tendo como exemplo o
saneamento básico , serviços diplomáticos, segurança pública e serviços de defesa.
-Serviço Público Exclusivo x Não Exclusivo: (i) Serviço Público Exclusivo é aquele
prestado apenas pelo Estado, direta (através dos agentes de órgãos ou entidade) ou
indiretamente (através de concessões ou permissões). Os (ii) Serviços Públicos Não
Exclusivos são aqueles prestados pelo Estado e também prestados pelo particular,
havendo uma concorrência de atuações, sendo o que ocorre com a educação e com a saúde.
FORMAS DE GESTÃO – Os serviços públicos podem ser geridos de algumas maneiras. A (i)
1ª Forma de Gestão é aquela decorrente da prestação de serviço público de maneira
direta pelo Estado. A (ii) 2ª Forma de Gestão é aquela que decorre da prestação de
serviços públicos através de entidades que integram a Administração Pública de maneira
indireta, como nos casos das sociedades de economia mista e empresas públicas. Por fim, a (iii)
3ª Forma de Gestão é aquela que decorre da prestação de serviços públicos através de
concessão ou de permissão.
OBS: Fala-se também em concessão de obra pública, que poderá ser seguida de serviço
público ou não. Também fala-se em concessão de uso de bem público.
-Natureza Jurídica da Concessão: Existem teorias que visam explicar a natureza da concessão.
A (ii) 2ª Teoria Unilateral entende que a concessão é proposta por dois atos unilaterais:
um ato unilateral da Administração Pública, que estabelece as condições regulamentares;
e outro ato unilateral do particular, que opta e aceita as condições estabelecidas pela
Administração.
A (iii) 1ª Teoria Bilateral entende que a concessão é um acordo de vontades regido pelo
Direito Civil. A (iv) 2ª Teoria Bilateral entende que a concessão é um acordo de vontades
regido pelo Direito Público, mais especificamente pelo Direito Administrativo. A (v) 3ª
Teoria Bilateral entende que a concessão é um acordo de vontades regido pelo Direito
Público possuindo também algumas disciplinas e aspectos do Direito Civil.
De acordo com a (vi) Teoria Mista, a concessão é um acordo de vontades, em uma parte, e
também é, em outra parte, um ato unilateral. Segundo tal teoria, a concessão é um ato
unilateral no que se refere ás condições regulamentares, estabelecidas pela Administração.
Já em relação à recomposição do reequilíbrio econômico-financeiro, fala-se em acordo de
vontades.
-Evolução das Formas de Gestão: A concessão de serviços públicos foi a primeira forma de
transferência da execução de serviços públicos ao particular. Tal transferência decorreu do
fato de que o Estado passou a assumir, no campo social e econômico, várias atribuições que o
mesmo não detinha no Estado Liberal. Com esse aumento de atribuições, houve uma
necessidade de se delegar a execução de serviços públicos para terceiros, com o objetivo de
que o Estado tenha capacidade de exercer suas atribuições efetivamente enquanto gera
uma especialização maior dos serviços públicos através da concessão do mesmo ao
particular.
Inicialmente, o concessionário do serviço público prestava o serviço com sua culpa e risco,
sendo apenas remunerado pela tarifa paga pelo usuário do serviço. Com alterações das
concessões, passou a haver uma necessidade de se prever nas concessões formas de
recomposição do equilíbrio econômico-financeiro.
Além das concessões, o Estado passou a criar as chamadas empresas estatais (sociedades
de economia mista e empresas públicas), com o intuito de que as mesmas prestassem alguns
serviços públicos. A partir deste momento, passaram a coexistir os contratos de concessão
e também as empresas estatais.
Além disso, (v) o particular tem o dever de prestar o serviço público de forma contínua,
não podendo suspender ou interromper esta execução, mesmo em caso de não pagamento
da tarifa pelo usuário. Este é o entendimento de parte da doutrina. A concessão pode ser
rescindida unilateralmente antes do fim do seu prazo de vigência.
(vi) Encampação é um fenômeno que consiste no fato de que, havendo a rescisão unilateral
antes do fim do prazo, a Administração Pública retomará para si a prestação do serviço
público. Em caso de encampação, caberá à Administração Pública indenizar os prejuízos
eventualmente sofridos pelo concessionário.
O contrato de permissão pode não ter prazo determinado, onde caso o mesmo não tenha
prazo de contrato determinado, o mesmo poderá ser rescindido ou extinto unilateralmente,
sem direito à indenização para o particular. Quando a permissão tem prazo determinado,
há uma aproximação muito grande á concessão, pois caso haja prazo determinado, haverá
direito à indenização.