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Apresentação Economia

Nº2:

- O que são cooperativas?

A CRP não adianta de todo o modo uma definição de cooperativa; mas exige reiteradamente
às empresas cooperativas a observância dos princípios cooperativos internacionalmente
consagrados, sob pena de não poderem beneficiar os seus titulares da tutela da norma
consagradora do artigo 61o/2, assim como das vantagens objetivas decorrentes da inclusão
neste específico sector de propriedade de meios de produção. Nas palavras de MC,
cooperativas que o sejam apenas formalmente, desviando-se dos princípios cooperativos e
atuando como entidades privadas comuns, saem “do sector cooperativo, para cair no sector
privado”.

As cooperativas são pessoas coletivas autónomas, de livre constituição, de capital e


composição variáveis, que, através da cooperação e entreajuda dos seus membros, com
obediência aos princípios cooperativos, visam, sem fins lucrativos, a satisfação das
necessidades e aspirações económicas, sociais ou culturais daqueles. (n.º 2 do art.º 2.º)
As cooperativas podem ser do primeiro grau ou de grau superior sendo que as de primeiro
grau são cooperativas cujos cooperadores sejam pessoas singulares ou coletivas, e as
cooperativas de grau superior são as uniões, federações e confederações de cooperativas.
(art.º 5.º)
Alguns exemplos de cooperativas de sucesso em Portugal são a Agros (Produtores de Leite); a
COOPROFAR (Proprietários de farmácia); a Egas Moniz (Ensino Superior), etc.

- Importância das cooperativas na economia e na sociedade:

As cooperativas desempenham um papel significativo e multifacetado na economia e na


sociedade, oferecendo uma série de benefícios que vão além dos tradicionais modelos de
negócios. Grandes exemplos disso são:

- No fortalecimento da comunidade, ao serem frequentemente criadas por membros de uma


comunidade local que têm interesses comuns.
- Na criação de emprego ao contribuírem para o desenvolvimento econômico das regiões em
que operam.
- Na distribuição equitativa de recursos, na medida em que os lucros e benefícios gerados
pelas cooperativas são distribuídos entre os membros de acordo com sua participação, em vez
de serem concentrados em um pequeno grupo de acionistas, o que contribui para a redução
das desigualdades econômicas.
- No acesso a serviços financeiros: As cooperativas de crédito oferecem serviços financeiros
acessíveis e justos, muitas vezes servindo comunidades subatendidas e promovendo a inclusão
financeira.
- No estímulo à competitividade e inovação: A competição saudável com outras empresas e a
busca constante pela eficiência incentivam a inovação nas cooperativas.
- Na contribuição para a economia nacional: As cooperativas representam uma parcela
significativa da economia em muitos países, contribuindo para o Produto Interno Bruto (PIB) e
a criação de empregos.
Assim, as cooperativas desempenham um papel vital na promoção de valores como
democracia, equidade e solidariedade na economia e na sociedade, ao oferecerem uma
alternativa aos modelos de negócios tradicionais, com foco não apenas no lucro, mas no bem-
estar de seus membros e comunidades.

Princípios Cooperativos:

A CRP não identifica os princípios cooperativos, sendo entendimento da doutrina portuguesa


que é feita uma remissão expressa para os princípios definidos pela Aliança Cooperativa
Internacional e que estão descritos no art. 3.º do Código das cooperativas, sendo estes:

- O princípio da adesão voluntária e livre: Na prática, significa que uma cooperativa está
aberta a acolher a todos, sendo que quem decide ingressar e usufruir dos serviços de uma
cooperativa deve estar ciente das responsabilidades inerentes.

- O princípio da gestão democrática pelos membros: Na prática, as cooperativas são


organizações democráticas e controladas por seus associados, ou seja, por pessoas que
efetivamente participam na fixação de políticas e tomadas de decisões. Desta maneira, o
poder de decisão não está vinculado à posse. Este princípio do cooperativismo assegura que
todos acompanham as políticas e a evolução da instituição, ao participarem de todas as
decisões.

- O princípio da participação económica dos membros: Assim, os membros de uma


cooperativa contribuem na formação de seu capital social e também na sua movimentação
econômica e financeira. Assim, os excedentes (sobras) são rateados de forma proporcional à
movimentação de cada associado. A legislação específica e o ramo de atuação da cooperativa
determinam como serão destinados os valores. Dentre as opções estão a formação de
reservas, o capital social e outras formas de benefícios aos associados.

- O princípio de autonomia e independência: Este princípio determina que as cooperativas são


organizações autônomas, de ajuda mútua e controladas pelos seus membros. Isto significa que
podem fazer acordos com outras organizações, incluindo instituições públicas, e recorrerem a
capital externo. No entanto, deve ser feito em condições que assegurem o controle
democrático pelos membros e mantenham a autonomia da cooperativa.

- O princípio da educação, formação e informação: Estas organizações devem promover a


educação nas comunidades onde estão inseridas, para que todos possam contribuir de forma
eficaz para o seu desenvolvimento econômico, social e ambiental. Assim, os sócios,
representantes eleitos, administradores e empregados constantemente qualificados
contribuem para o desenvolvimento da cooperativa. Da mesma maneira, beneficiam a
sociedade na qual estão inseridas essas pessoas.

- O princípio da intercooperação: fortalecem o movimento como um todo, podendo haver


intercooperação entre estruturas locais, regionais, nacionais, internacionais. Podem, ainda,
ocorrer entre cooperativas do mesmo sistema, entre cooperativas de outros sistemas e
mesmo com cooperativas de outros ramos do cooperativismo.

- O princípio do interesse pela comunidade: A fundação da primeira cooperativa moderna, em


1844, foi feita sobre a crença de que era preciso trabalhar para o desenvolvimento sustentável
da comunidade. Este é um dos princípios do cooperativismo que prezam por investimentos em
projetos economicamente viáveis, ambientalmente corretos e socialmente justos. Expressa-se
ainda, por meio da atuação sem fins lucrativos. Mais do que isso, pela atuação orientada à
geração de benefícios sociais e econômicos não apenas para os associados, mas para toda a
sociedade.

GOMES CANOTILHO e VITAL MOREIRA consideram que «As “cooperativas” que não respeitem
estes princípios cooperativos não são verdadeiras cooperativas no sentido constitucional, não
podendo gozar, portanto, das respetivas garantias»

Direito legal para a criação de cooperativas

Como dito no nº2 deste artigo e como já referi anteriormente:

Em Portugal, o direito legal que as pessoas têm para criar cooperativas está estabelecido na Lei
das Cooperativas, que define o quadro regulatório para a constituição e funcionamento das
cooperativas no país, sendo que qualquer grupo de pessoas em Portugal tem o direito de
livremente se organizar e criar uma cooperativa, desde que respeitem os princípios
cooperativos e atendam aos requisitos legais.

Em termos dos requisitos legais, para criar uma cooperativa em Portugal, os fundadores
devem atender à elaboração de estatutos que estejam em conformidade com a legislação
vigente, e a realização de uma assembleia constituinte para aprovar os estatutos e eleger os
órgãos sociais da cooperativa.

Após este processo, é necessário proceder ao seu registo legal nas entidades competentes.
Isso envolve o registo na Conservatória do Registo Comercial e, se aplicável, em outras
autoridades regulatórias específicas, dependendo do tipo de cooperativa (por exemplo,
cooperativas de crédito podem requerer autorização do Banco de Portugal).

Nº4

Em Portugal, a legislação estabelece as especificidades organizativas das cooperativas com


participação pública, também conhecidas como "cooperativas de participação pública". Essas
cooperativas têm algumas características distintas em comparação com as cooperativas
tradicionais.
A principal diferença é que as cooperativas de participação pública envolvem a intervenção ou
participação do Estado ou de entidades públicas em seu funcionamento ou capital. Essa
participação pública visa promover objetivos específicos de interesse público ou estimular
atividades em áreas estratégicas da economia. Vamos explicar as especificidades organizativas
dessas cooperativas em Portugal:

- Participação Pública: Nas cooperativas com participação pública em Portugal, o Estado ou


entidades públicas detêm uma parte do capital ou participam de alguma forma na gestão ou
no controle da cooperativa. Isso pode ocorrer através da aquisição de ações, nomeação de
diretores, ou outros mecanismos de influência.

- Objetivos de interesse público: Estas cooperativas são muitas vezes criadas para atender a
objetivos de interesse público, como a prestação de serviços de saúde, educação, ou outras
áreas estratégicas.
- Regulação Específica: As cooperativas com participação pública estão sujeitas a
regulamentações específicas que podem variar de acordo com o setor em que atuam. Por
exemplo, cooperativas de crédito com participação pública são regulamentadas pelo Banco de
Portugal.

- Assembleia Geral de membros de entidades públicas: A estrutura de governança destas


cooperativas pode incluir tanto membros individuais quanto representantes das entidades
públicas em sua assembleia geral, permitindo a participação de ambas as partes nas decisões.

- Combinação de interesses públicos e privados: buscam um equilíbrio entre a busca do lucro


e a realização de objetivos de interesse público. Elas devem conciliar os interesses dos
membros individuais com as metas de interesse público estabelecidas pelo Estado ou pelas
entidades públicas envolvidas.

- Transparência e prestação de contas: Devido à participação pública, estas cooperativas


geralmente são obrigadas a prestar contas de forma mais detalhada e transparente em relação
às suas atividades financeiras e operacionais.

Assim sendo, as cooperativas de participação pública desempenham um papel importante na


promoção de objetivos de interesse público e no fornecimento de serviços essenciais à
população em áreas como saúde, educação e habitação, entre outras. É fundamental que
estas cooperativas sigam as regulamentações específicas estabelecidas pelo governo e que
mantenham um equilíbrio adequado entre os interesses dos membros individuais e os
objetivos de interesse público.

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