UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA

DISCIPLINA: CONSTITUIÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE

COOPERATIVAS
DOCENTE: NARA ELOY M. MATURINO

A autonomia do Direito
Cooperativo

Cruz das Almas-BA

 As Divisões da Ciência do
Direito

 Direito Positivo: “conjunto sistemático de

normas que visa ser um instrumento para a
organização social, permitindo que os homens
vivam dentro de complexas relações”
(BECHO, 2002).
 Ciência do direito: divide-se para facilitar o
estudo do direito, que é uno, mas especializa-
se.
 As Divisões da Ciência do
Direito
 Exemplo de unicidade do direito: sentença
do juízo.
 Divisão principal:
a) Direito Público: normas de organização
do estado, atinge diversas pessoas. Normas
cogentes/obrigatórias.
b) Direito Privado: normas que tratam das
relações interpessoais, individuais.
 As Divisões da Ciência do
Direito

 Nova tendência:
c) Direito Social: normas que interessam tanto
ao Estado quanto à Sociedade. Surge ante ao
não atendimento dos anseios sociais pelos
órgãos públicos (Terceiro Setor)
 O direito subdivide-se em ramos, face à
especialização das relações humanas. Ex.:
DIREITO COOPERATIVO.
 As Divisões da Ciência do
Direito

 Mas, o Direito Cooperativo é um ramo

autônomo?
 Difere-se do Direito Civil?
 Difere-se do Direito Comercial?
 Tem objeto e princípios próprios?
 A autonomia do Direito
Cooperativo

 Diversas áreas do Direito poderiam

estudá-lo, mas de forma incompleta.
 Itália: tratamento legislativo inserido no
Código Civil.
 Portugal: até o Código Cooperativo, era
tratado no Código Comercial.
 A autonomia do Direito
Cooperativo

 É preciso conhecer o objeto de estudo:

COOPERATIVAS.
 “Cooperativa é uma sociedade de pessoas, de
cunho econômico, sem fins lucrativos, criada
para prestar serviços aos sócios, de acordo
com princípios jurídicos próprios e mantendo
seus traços distintivos intactos”. (BECHO,
2002).
 A autonomia do Direito
Cooperativo
 Sociedade de pessoas: o indivíduo é mais relevante
que o valor econômico. O que se quer valorizar é o
trabalho de cada um e não a participação financeira.
 Cunho econômico: não são sociedades beneficentes,
embora agreguem pessoas, democratizem relações
produtivas, confiram cidadania. Visam a melhoria
econômica para cada um.
 A autonomia do Direito
Cooperativo
 Sem fim lucrativo: não existe para criar riqueza e
depois distribuí-la entre os associados na medida
da sua participação societária. Não visa lucros.

 Prestação de serviços: são prestadoras de serviços

para os seus associados. É um meio de melhorar a
situação pessoal do associado. Diminui custos,
melhores preços, recebe empréstimo com
melhores juros. Artigo 4º, inciso X.
 A autonomia do Direito
Cooperativo
 Princípios Jurídicos próprios: normas de maior
valor para o sistema jurídico, aplicáveis na
interpretação de outras normas. Ex.: Adesão livre,
administração democrática, etc.

 Traços distintivos da cooperação: para que

seja cooperativa e tratada como tal é preciso
manter as características peculiares. Falsa
cooperativa, atua de forma ilegal, obtendo
vantagens indevidas.
 A autonomia do Direito
Cooperativo
 Características principais as diferem das demais sociedades,
mantendo o forte cunho social.

 90ª Conferência da OIT, 2002: cooperativismo como promotor da

criação de empregos, mobilização de recursos, geração de rendas e
forma de solidariedade humana.

 2º DESAFIO: manutenção do conteúdo ético dos atos cooperativos,

a fim de coibir práticas fraudulentas. Ex. Cooperativas de Trabalho.
 A autonomia do Direito
Cooperativo
 Cooperativa como instituto jurídico
autônomo. Atende à vontade de
determinada realidade social.
 Critérios que garantem a autonomia:
quando possuem características, normas e
princípios regedores próprios, que não se
encaixem em nenhum outro ramo do
direito.
 A autonomia do Direito
Cooperativo
 Características próprias das cooperativas:
possuem características não existentes em
outras formas de sociedade jurídica.
CC/2002, Lei 5.764/71, outras normas.
 Os associados visam a melhoria de vida, um
fim comum, de conteúdo econômico, a ser
atingindo em associação com outras pessoas de
forma não egoísta.
 Participação societária: cada associado um
voto.
 A autonomia do Direito
Cooperativo
 Normas jurídicas próprias das cooperativas:
possuem corpo normativo específico que
rege a sua existência. CF/88, CC/2002, Lei
5.764/71, leis esparsas.
 Princípios próprios das cooperativas:
diretrizes de atuação e existência que regem
as cooperativas. A existência de princípios
próprios já é um indicativo suficiente de
autonomia.
 A autonomia do Direito
Cooperativo
 A autonomia do Direito Cooperativo decorre da
sua própria peculiaridade retratada por meio dos
fins cooperativistas que busca atingir e defender.
 As particularidades referentes às sociedades
cooperativas exigiram a especialização do direito,
a fim de a nova categoria de sociedade, as novas
relações jurídicas fossem regulamentadas e
orientadas.
 Elementos jurídicos + princípios específicos.
 Princípios do Cooperativismo

 Surgiram na Inglaterra: Pioneiros de

Rochdale, em 1844.

 Congresso da Aliança Cooperativa

Internacional, 1995: reformulação.
 Princípios do Cooperativismo

1º Princípio: ADESÃO LIVRE E

VOLUNTÁRIA (portas abertas)
 Organizações voluntárias abertas.
 Pessoas aptas a usar seus serviços.
 Disposição para aceitar responsabilidades
de sócios.
 Sem discriminações sociais, raciais,
políticas, religiosas ou de gênero.
 Princípios do Cooperativismo

 2º Princípio: CONTROLE
DEMOCRÁTICO PELOS SÓCIOS
 Organização democrática controlada pelos
sócios, que atuam ativamente nas decisões.
 Os sócios têm igualdade de votação – um
sócio um voto.
 Divisão equitativa do poder, não relacionada
à detenção do capital.
 Princípios do Cooperativismo
 3º Princípio: PARTICIPAÇÃO ECONÔMICA
DOS SÓCIOS
 Contribuição equitativa pelos sócios.
 Não se destina a remunerar o capital, mas sim o
esforço de cada associado.
 Os sócios recebem juros limitados.
 O excedente deve ser destinado aos associados
conforme a atividade de cada um.
 Destinado ao desenvolvimento das cooperativas
(reservas e educação).
 Princípios do Cooperativismo

4º Princípio: AUTONOMIA E
INDEPENDÊNCIA
 Organizações autônomas para ajuda mútua.
 Controladas pelos membros.
 Não sofrer influência direta de pessoas alheias
ao quadro social.
 Manter a administração democrática (auxílio
externo)
 Princípios do Cooperativismo

5º Princípio: EDUCAÇÃO, TREINAMENTO

E INFORMAÇÃO
 Proporcionar educação e treinamento para os
associados, funcionários, sociedade em geral.
 Contribuir para o desenvolvimento do corpo da
cooperativa.
 Trabalhar a natureza e benefícios da cooperação.
 Recursos devem ser destinados a esta finalidade –
FATES.
 Princípios do Cooperativismo

6º Princípio: COOPERAÇÃO ENTRE

COOPERATIVAS
 Fortalecer a cooperação por meio de
trabalhos conjuntos.
 Cooperativas associadas têm maiores
condições de serem bem sucedidas.
 Complexo Cooperativo de Mondragón.
 Princípios do Cooperativismo

7º Princípio: PREOCUPAÇÃO COM A

COMUNIDADE
 Desenvolvimento sustentável de suas
comunidades.
 Melhoria do meio social.
 Desenvolvimento regional e local por meio
da cooperação.
 O lucro

 Ausência da finalidade de lucro nas

cooperativas.
 Excedente gerado à custa de terceiros ≠
excedente gerado à custa dos próprios
associados.
 Diferenciação das sociedades comerciais.
 O lucro

 “A cooperativa não tem fins lucrativos

porque não se constitui para que se obtenham
dividendos a repartir, mas sim para satisfazer
as necessidades dos associados: permitir-lhes
produzir, trabalhar, vender, comprar, obter
créditos, adquirir casas, etc., em condições
mais vantajosas.”
OBRIGADA!