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DIREITO EMPRESARIAL:

SOCIEDADE COOPERATIVA

SUZANO – SP
2021
ARTIGO JURÍDICO:
SOCIEDADE COOPERATIVA

Artigo Jurídico realizado para obtenção de


nota parcial referente ao 4° semestre do Curso de
Direito,
direcionado à disciplina de Direito Empresarial.

Orientador(a): Prof° Bruno

SUZANO – SP
2021
SOCIEDADE COOPERATIVA
Rosana Lopes Laranjeira
Thalita Costa Ramos Alves

Turma: 2021

RESUMO
No decorrer do presente artigo, será demonstrado o contexto histórico em que a
sociedade cooperativa foi formulada, exemplificando quais as mudanças que
ocorreram através do tempo. O contexto jurídico na qual está inserida, com suas leis
e normas descritas. Suas características detalhadas e quais as vantagens e
desvantagens existentes na mesma. Para checar veracidade dos fatos apresentados,
foi trazido o entendimento de autores conceituados, tomando como base doutrina
existente.

Palavras-chaves: Sociedade; Cooperativa; Organização.

CONTEXTO HISTÓRICO

O movimento que antecede ao tipo empresarial se instaurou pelo movimento


cooperativo no ano de 1842 na Inglaterra, condicionado por uma batalha dos
trabalhadores, em que visavam direitos trabalhistas e políticos, principalmente direito
ao voto universal masculino, no qual a classe dos assalariados não concedia acesso.
Tal processo se encontra em um cenário econômico liberal chamado de Cartista,
podendo considerar como o primeiro movimento revolucionário proletário de grande
amplitude e politicamente estruturado (LENINE, 1986). O sistema não propunha lucro,
mas que cada cooperado dentro das assembleias tinham direito de voto, que
independia e sua participação no capital social da sociedade.
Durante este período, foi-se possível acatar, dentre outras estruturas
cooperativas de países diversos, os princípios fundamentais do movimento, sendo:
vínculo livre; gestão feita pelos próprios cooperados; estado neutro entre política,
social e religiosa; cooperação entre outras cooperativas em âmbito local, nacional e
internacional; contribuição pelos associados na embolsar parte do capital, levando a
êxito os bens que irão a constitui-la, dentre outros. Destarte, perante tais elementos
pode-se notar que a vertente em que se estrutura à cooperativa não se associa ao
sistema capitalista, ao qual este se fundamenta por ser um modo de produção que é
atrelado ao um regime de exploração econômica e alienação da força produtiva, ao
passo que os meios de produção são concebidos pelos sócios da empresa ao
empregado, que este por sua vez, vende sua força de trabalho para a produção de
fato do bem, mas sim, em compasso com um meio que diminuísse os resultados
nocivos causado ao social por tal sistema estruturado.
Em contrapartida, a cooperativa se desenvolve a partir de que, os
associados da sociedade se encontrem em estandarte de sócio, e ao mesmo tempo
o seu próprio consumidor, pois tem como escopo a aquisição de bens para aliena-los
por um valor menor daqueles quando adquiridos pelos sócios.
Em âmbito legislativo, a primeira menção ao tipo empresarial se retrata
pelo Decreto n° 979, determinando atividade a ser exercida na seara rural, de
produção e consumo pelo sindicato, no qual as cooperativas poderiam ser instituídas
em campo de sociedade anônima, em comandita ou em nome coletivo (Decreto n°
1.637), em que obtinham caráter de variação do capital social; quantidade ilimitada de
sócios e afastamento de ações ou partes de alheios à empresa.
No ano de 1971, foi-se positivado o Estatuto Geral do Cooperativismo – Lei
n° 5.764, determinando a política da instituição e seu sistema jurídico, sendo
comtemplado logo depois com o novo Código Civil de 2002.
Em compendio constitucional, a Carta Magna que fez primeira citação da
sociedade empresária foi a de 1988, de forma supérfluo, presente no art. 5º, XVIII; art.
21 XXV; art. 174 § 2,3 e 4; art. 187, VI; art. 192 VIII; art. 146 III, em que o referido
dispositivo se remonta a partir de normas programáticas (eficácia limitada).
No que tange o Código de 1916, este não fazia menção ao tipo social, ao passo que
com a vinda do Código Civil de 2002, instituiu-a no capítulo VII a partir do art. 1.093,
do direito de empresa. O ordenamento conceitua a sociedade em tipo simples (art.
982 CC), não se estruturando como uma sociedade empresária com personalidade
jurídica. Referido dispositivo não excluí sua lei específica.
CONCEITO

Em império da Lei n° 5.764/71, a sociedade cooperativa obtém existência a


partir de sua instituição e não por celebra contratual, se vinculando a um estatuto
social. Portanto, a de se dizer que se parte de um tipo empresarial de pessoas, de
capital efêmero e uma cooperação entre os sócios, com finalidade econômica mas
não visando o lucro (recebimento por valo investido), ao passo que a cooperativa
obtém como efeito econômico a atuação da pessoa e não em torno da pecúnia
investida. Assim, há de se mencionar que o fator social em que és envolto se remonta
pela característica adotada o cooperativismo, ao passo que ao mesmo os fregueses
são os próprios sócios, em que todos os cooperadores investem com o capital.
Carvalho de Mendonça traça tal perpectiva da sociedade cooperativa
moderna:

As sociedades cooperativas são institutos modernos, tendentes a melhorar


as condições das classes sociais, especialmente dos pequenos capitalistas e
operários. Elas procuram libertar essas classes da dependência das grandes
indústrias por meio da união das forças econômicas de cada uma; suprimem
aparentemente o intermediário, nesse sentido: as operações ou serviços que
constituem o seu objeto são realizados ou prestados aos próprios sócios e é
exatamente para esse fim que se organiza a empresa cooperativa; diminuem
despesas, pois que, representando o papel do intermediário, distribuem os
lucros entre a própria clientela associada; em suma, concorrem para
despertar e animar o hábito da economia entre os sócios.

O tipo empresarial se perfaz perante uma atividade que será prestada


aos cooperados, logo, sendo caracterizada como sociedade simples, pois não segue
a linhagem estabelecida pelo condão do art. 982 do CC/02.

CARACTERÍSTICAS
As características da sociedade cooperativa, estão descritas no rol do art. 1.094

Art. 1.094. São características da sociedade cooperativa:

I - variabilidade, ou dispensa do capital social;


Parte-se do princípio de que não é o capital aportado que garante o cumprimento das
obrigações sociais, desta forma a integralização do capital social para uma sociedade
cooperativa torna-se dispensável. Porém, a não integralização não é corriqueira, visto
que assim como toda empresa, a sociedade cooperativa também necessita de bens
básicos para sua composição e atividade.

II - concurso de sócios em número mínimo necessário a compor a administração da


sociedade, sem limitação de número máximo;
As sociedades cooperativas podem ser singulares, centrais, federações cooperativas
ou confederações cooperativas (art. 6º da Lei nº 5.764/71). As cooperativas singulares
devem ser constituídas no mínimo por vinte pessoas naturais, sendo admitidas
pessoas jurídicas que tenham por objeto idênticas ou correlatas atividades
econômicas ou, ainda, aquelas sem fins lucrativos (I). As cooperativas centrais ou
federações cooperativas são constituídas no mínimo por três singulares, podendo,
excepcionalmente, admitir associados individuais (II). Por fim, as confederações de
cooperativas devem ser constituídas por pelo menos três federações de cooperativas
ou cooperativas centrais, da mesma ou de diferentes modalidades (III). (Direito
empresarial – Brasil. I. Rodrigues, Cláudia. II pg. 270)
O art. 1.094 estipula número mínimo para composição das sociedades cooperativas,
visto todo o aporte para sua estrutura organizacional contendo Assembleia Geral,
Diretoria ou Conselho de Administração e Conselho Fiscal, sem limitação de número
máximo de associados, tendo obrigatoriamente que os novos ingressantes na
sociedade, cumpram os requisitos para admissão de associados.

III - limitação do valor da soma de quotas do capital social que cada sócio poderá
tomar;
Na sociedade cooperativa não é permitido um sócio majoritário controlador, assim
como seu nome sugere, todos os associados devem cooperar mutuamente entre si
para a consecução do fim comum, não podendo os sócios subscrever mais de um
terço do total das quotas-partes emitidas pelas cooperativas (art. 24 da Lei das
Cooperativas)

IV - intransferibilidade das quotas do capital a terceiros estranhos à sociedade, ainda


que por herança;
A pessoalidade na sociedade cooperativa é de extrema importância, desta forma, o
legislador proibiu a transferência das quotas do capital social aos não participantes da
sociedade cooperativa. Entende-se no entanto que a intransferibilidade se refere
somente aos alheios à sociedade, o artigo em questão não deixa uma declaração
expressa nos casos de falecimento do socio e transmissibilidade do capital por
sucessão aos herdeiros, caso os mesmos queiram assumir o lugar do falecido por
explorar a mesma atividade econômica.

V - quórum, para a assembléia geral funcionar e deliberar, fundado no número de


sócios presentes à reunião, e não no capital social representado
VI - direito de cada sócio a um só voto nas deliberações, tenha ou não capital a
sociedade, e qualquer que seja o valor de sua participação;
A regra do inciso refere-se à representatividade nas cooperativas. Nestas o critério de
votação é diverso das demais sociedades. Nas cooperativas, a representação é feita
por cabeça e, segundo o art. 40 da Lei nº 5.764/76, o quórum para a instalação das
assembleias gerais era de 2/3 do número de associados em primeira e metade mais
um em segunda convocação. (Direito empresarial – Brasil. I. Rodrigues, Cláudia. II pg.
271)
Trata-se do princípio da administração democrática onde parte-se do pressuposto que
todos os sócios são tratados de maneira igualitária para manter clara a cooperação
independente de seu aporte social. O art. 1.094 VI dá o direito à cada sócio ter o
mesmo peso de participação, visto que a força de uma cooperativa esta em seus
sócios e não em seu poder econômico.
Corolário necessário, o quórum para o funcionamento e deliberação da assembleia
geral será computado em função do número de sócios cooperados e não do capital.
O total do patrimônio social do fundo formado pela contribuição dos cooperados e o
número de quotas são elementos absolutamente estranhos à aferição do quórum.
Importa verificar quantos são, no total, os sócios (independentemente das quotas que
titularizam, friso) e quantos estão presentes à assembleia, como se afere do artigo 4o,
VI, da Lei 5.764/71 e artigo 1.094, V, do Código Civil. ( Direito empresarial – Brasil. 2.
Direito comercial – Brasil. 3. Sociedades comerciais – Legislação. Pg. 470)

VII - distribuição dos resultados, proporcionalmente ao valor das operações efetuadas


pelo sócio com a sociedade, podendo ser atribuído juro fixo ao capital realizado;
A participação de lucros para cada associado é proporcional as operações que realiza
com a sociedade cooperativa, podendo a entidade remunerar o associado com os
juros fixos vindos de sua contribuição para formação do capital realizado.
Esse juro é a remuneração pelo dinheiro que o sócio disponibilizou para a sociedade
(capital realizado) e será, por princípio cooperativo, fixo e limitado. (Direito empresarial
– Brasil. 2. Direito comercial – Brasil. 3. Sociedades comerciais – Legislação.pg 470 )

VIII - indivisibilidade do fundo de reserva entre os sócios, ainda que em caso de


dissolução da sociedade.
A sociedade cooperativa estabelecido pelo artigo 28 da Lei 5.764/71
obrigatoriamente, devem destinar um fundo de reserva ao reparo de perdas, e o
desenvolvimento de sua sociedade com 10% das sobras líquidas do seu exercício. E
um fundo de assistência técnica educacional e social para prestação de assistência
aos sócios e seus familiares, com pelo menos 5% das sobras líquidas no exercício.

Ambos possuem destinação específica, não ficando a disposição dos associados. A


destinação dos fundos antes destinada ao Banco nacional de crédito cooperativo S.A,
passou a ser recolhido ao tesouro nacional com base no art. 68 da lei n° 5764/71

PRÓS E CONTRAS DA SOCIEDADE COOPERATIVA

As sociedades cooperativas, não são passíveis de falência, por isso acabam


tornando-se atrativas para os interessados. Também há a igualdade entre os sócios,
que cooperam e respondem de maneira igualitária na cooperativa. Vale ressaltar, que
é uma sociedade de facílima constituição quando comparada com organizações
distintas, não tendo burocracias excedentes e normas como limite e ingresso,
substituição ou remoção de integrantes.

Os estatutos sociais das cooperativas devem dispor o regramento


complementar administrativo para constituição do fundo e utilização de seus
recursos. Cada cooperativa possui características próprias, que dependem
de uma série de fatores, como, por exemplo: porte que possui, negócios que
pratica e serviços necessita, entre outros. Em decorrência dessas
características específicas, não é viável a instituição e aplicação de um
regulamento interno administrativo único para gestão do que atenda a todas
ou a qualquer cooperativa indiscriminadamente.
DICKEL, DORLY; CRIVELARO DICKEL, CRISTIANO; BOONI, DIEGO; C.
LAGEMANN, LUCIANE; CAMPOS, PAULO ; MACIEL PLETZ, MÁRCIO.
ASPECTOS CONTÁBEIS E TRIBUTÁRIOS: Relevantes da Sociedades
Cooperativas (p. 24). UNKNOWN. Edição do Kindle.

Em contrapartida, anteriormente da criação ou ingresso em uma cooperativa, deve-se


atentar também para pontos cruciais que podem influenciar na tomada de decisão
inicial. Como não é caracteriza como sociedade de cunho intelectual, na sociedade
cooperativa não se é necessário comprovar sua qualificação ou experiência para
ingressar na gestão, deixando-a muitas vezes a mercê de gestores não-qualificados
que podem desestabilizar os recursos, ainda com a grande possibilidade de haver
desarmonia entre os membros durante o percurso. Também, é importante frisar que
como a sociedade não é independente financeiramente, alguns recursos são
discriminados através do Governo, trazendo incerteza quanto à existência e quantia
destes.

BIBLIOGRAFIA

Direito empresarial / Sílvio de Salvo Venosa, Cláudia Rodrigues. – 10. ed. – São Paulo:
Atlas, 2020.

Direito societário: sociedades simples e empresárias / Gladston Mamede. – 12. ed.


São Paulo: Atlas, 2020.

DICKEL, DORLY; CRIVELARO DICKEL, CRISTIANO; BOONI, DIEGO; C.


LAGEMANN, LUCIANE; CAMPOS, PAULO ; MACIEL PLETZ, MÁRCIO.
ASPECTOS CONTÁBEIS E TRIBUTÁRIOS: Relevantes da Sociedades
Cooperativas. Edição do Kindle.

https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788553601592/pageid/390

https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522472956/cfi/33!/4/4@0.00:0.
00

https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597024111/cfi/6/44!/4/14/4@0:
0
https://www.marxists.org/portugues/dicionario/verbetes/c/cartistas.htm

http://www.paranacooperativo.coop.br/ppc/index.php/sistema-ocepar/2011-12-05-11-
29-42/interpretacoes-da-legislacao-cooperativista/90604-entendendo-o-conceito-de-
sociedade-cooperativa

https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2543654/mod_resource/content/2/Bottomore
_dicion%C3%A1rio_pensamento_marxista.pdf

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