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Direito Empresarial

O incapaz não pode ser sócio em uma


á sociedade na qual assuma
 pessoa jurídica de direito privado responsabilidade ilimitada pelo
(regime jurídico de direito privado) cumprimento das obrigações sociais, ou
 não estatal (constituída com recursos seja, é permitido figurar como sócio, desde
particulares) que não conste nos contratos sociais
 que explora empresarialmente seu atribuições relativas à gerencia e
objeto social (exclui sociedades simples administrações (art. 974 §3° CC). A
e associações civis) princípio não exige autorização judicial
 exerce atividade econômica organizada prévia, porém, requer uma analise
para a produção ou a circulação de casuística. Será necessário observar as
bens ou de serviços e reparte os lucros normas relacionadas à administração de
entre os seus membros bens de filhos menores e às regras de
tutela/curatela, já que haverá transferência
 estrutura social que reúne seres
de bens para a empresa.
humanos para satisfazer necessidades
econômicas e desejos de uma O mesmo será aplicado no caso de
comunidade sociedades simples, desde que essas
sociedades sejam de responsabilidade
limitada e “de capital”, além de atender às
Não pode ser confundida com sociedade, outras condições legais estabelecidas. Se
pois é uma atividade econômica, e não um não se encaixar nas condições específicas
sujeito de direitos. estabelecidas, não poderá admitir sócios
incapazes.
Sociedade se assemelha mais com a figura
do empresário, como sujeito exercente da Vícios de vontade e incapacidade de uma
empresa. das partes não acarreta a dissolução da
sociedade, apenas conduz à invalidade do
í ato de adesão viciado, permanecendo
íntegra a sociedade.
agrupamento por lei de titularidade de
direitos e obrigações na ordem civil, tem PJ 2. í
própria, independe de seus membros.
É o conjunto de atos que a sociedade se
Entidade que a lei empresta personalidade propõe a praticar para exercer em comum
própria, prerrogativa de titularidade de uma determinada atividade econômica.
direitos, diversa dos que a compõem. Deve ser explicitado no ato constitutivo da
sociedade de forma clara e determinada,
sob pena de ser obstado o arquivamento
Por se tratar de um ato jurídico, pressupõe do ato constitutivo (art. 35, I, Lei 8.934/94).
a existência de consenso, objeto lícito e
forma prescrita ou não defesa em lei A individuação concreta do objeto serve
(elementos gerais) pra definir a natureza da sociedade
(empresária ou simples) e analisar se
1. çã sobreveio ou não a causa de encerramento
da sociedade pela falta de cumprimento do
Todos os sócios devem manifestar a objeto ou definir os limites dos poderes
vontade de ingressar na sociedade e deve dos administradores.
ser isenta de vícios O consentimento pode
ser expresso ou implícito, bastando ser 3.
exteriorizado.
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Artigo 967 e 968 CC estabelece obrigação sociedades simples (CC, art 997, V e 1055
de registro para o empresário, já o 987 CC §2°).
permite a possibilidade dos terceiros
provarem sua existência por qualquer Art. 1005 CC – o sócio responde pela
meio. A forma escrita será exigida apenas evicção (perde de bem por ordem judicial)
para gozar de certas vantagens tributarias no caso de contribuição com bens
e mercantis. patrimoniais.

 A constituição de uma sociedade pode 2. çã


decorrer de um acordo expresso ou
tácito, verbal ou escrito, desde que Não é essencial que todo o resultado seja
presente os elementos específicos da dividido entre os sócios, mas é essencial
configuração de uma sociedade. que todos os sócios participem dos
í resultados. Será nulo a clausula que exclua
algum sócio da participação nos lucros ou
1. çã perdas (art. 1008 CC).
A divisão não precisa ser igualitária,
As sociedades existem para o exercício de apenas que seja distribuída a todos. Todos
uma atividade econômica e necessitam de também deverão participar nas perdas,
um patrimônio inicial que será composto devendo sua contribuição entrar para
pelas contribuições dos sócios. Esse fundo cobrir as perdas, podendo ser limitada.
social é chamado de capital social, devendo
todos os sócios contribuir (art. 1004 CC). ó : aquele que deixou de
contribuir para a formação do capital social
Será utilizado como patrimônio inicial da
sociedade, indispensável para o exercício ó : não cumpriu, no
da atividade comum, e também para dar prazo, a obrigação de realizar/integralizar a
aos terceiros (potenciais contratantes ou parcela/quota do capital por ele subscrita.
credores da sociedade) a confiança
necessária. 3.

Não deve ser confundido com o patrimônio “confiança mutua e vontade de


da sociedade, que é o conjunto de relações cooperação conjunta a fim de obter
jurídicas economicamente apreciáveis da determinados benefícios” – vontade .
sociedade, sujeito de oscilações a todo
Trata da vontade de manifestação expressa
instante. Compreende não só o capital
da vontade no sentido de ingressar na
inicial e sim tudo que a sociedade possui
sociedade e na consecução de um fim
ou adquire na sua existência.
comum.
 Desempenha 3 papeis: formar o fundo Não basta que haja a contribuição de uma
patrimonial inicial, definir a participação de ou mais pessoas para a existência de uma
cada socio e constituir o capital inicial. sociedade, é necessário que o resultado
A contribuição pode ser em dinheiro, bens seja perseguido em conjunto. Por isso,
que saiam do patrimônio do sócio e trata-se de um contrato de colaboração ou
ingressem no fundo social ou trabalho. Os de um ato institucional no qual as partes
bens devem ser patrimoniais e podem ser tem um interesse comum.
materiais ou imateriais, desde que aptos a Os sócios devem manifestar a vontade de
produzir uma utilidade. No caso de cooperar ativamente para o resultado que
contribuição em trabalho, o sócio não procuram obter, reunindo capitais e
poderá se empregar em atividade alheia à colocando-se na mesma situação de
sociedade, e só será permitido nas igualdade. A vontade deve ser de forma
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expressa, no sentido de ingresso na


sociedade.
Isso porque, nesses dois regimes de bens
se um ex-cônjuge ou ex-convivente, como do casamento, o patrimônio do casal está
sócio, busca ingressar em uma sociedade confundido, e, portanto, a sociedade
principalmente por motivos pessoais ou empresária não tem como gerir ou
afetivos, e não com o objetivo genuíno de distinguir até onde se limita a obrigação de
colaborar nos negócios da empresa, isso cada um.
pode ser visto como incompatível (at.
1027). Já no regime de separação total de bens,
participação final nos aquestos ou
No caso de morte aplica o art. 1028. comunhão parcial de bens, a delimitação
do patrimônio individual de cada um dos
Terá legitimidade ativa para a ação de cônjuges é melhor definida, viabilizando
dissolução parcial das sociedades: art. 600 assim a sua participação conjunta em uma
e 1.027. Será permitido ao cônjuge ou mesma sociedade.
companheiro no caso de termino de
casamento ou união estável, e aos O art. 977 é aplicado para as sociedades
herdeiros do cônjuge ou o cônjuge que se regidas pelo Código Civil, não sendo
separou não poderão exigir de imediato a aplicado ás Sociedades anônimas.
parte que lhes cabe na quota social,
porém, poderão concorrer à divisão Quem é casado na comunhão universal ou
periódica dos lucros até que a sociedade na separação obrigatória pode ser sócio de
seja liquidada. O ex-cônjuge do sócio faz a terceiros, o que os cônjuges não podem é
apuração de haveres, mas não tem direito serem sócios entre si.
a dissolução parcial. A proibição do mencionado artigo não
Caso haja a quebra da , atinge as sociedades constituídas antes da
vigência do Código Civil de 2002, conforme
haverá a dissolução da sociedade devido
o art. 5º da Constituição Federal e o
sua importância, ou, ao menos a exclusão
Enunciado 204 da III Jornada de Direito
do sócio que não possui mais essa vontade
Civil.
comum, sob pena de inviabilizar o
prosseguimento normal da sociedade. Entretanto, se for feita uma alteração no
contrato social, será necessário adaptação
3.1 ô
da sociedade ao Código Civil, nos termos
Art. 977 CC – faculta-se aos cônjuges do art. 2.031 do Código Civil.
contratar sociedade, entre si ou com 4.
terceiros, desde que não tenham casado
no regime da comunhão universal de bens, No direito brasileiro é exigido pelo menos
ou no da separação obrigatória duas ou mais pessoas para constituir uma
sociedade (art. 981 CC), porém, há
O cônjuge de sócio(a) casado no regime da
exceções que permitem sociedade de um
comunhão de bens é igualmente sócia(o)?
sócio, como:
Os cônjuges casados em regime de
 sociedade subsidiária integral
comunhão universal ou na separação
 empresa pública unipessoal
obrigatória, conforme o art. 977 do Código
 sociedade unipessoal de advocacia
Civil, não podem ser sócios em uma
sociedade limitada.
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De forma geral é atribuída a condição de Se inicia com a constituição da sociedade.


pessoa jurídica às sociedades, com exceção
de 2: A sociedade adquire personalidade jurídica
com a inscrição, no registro próprio e na
 sociedade em comum forma da lei, dos seus atos constitutivos
 sociedade em conta de participação (arts. 45 e 1.150).

Portanto, não é possível colocar a : as pessoas


personalidade como um elemento jurídicas são “organismos sociais
essencial de todas as sociedades. constituídos pelas pessoas jurídicas, que
têm existência e vontade própria, distinta
Não é apenas a pessoa física que pode ser
da de seus membros, tendo por finalidade
sujeito de direitos, pessoas jurídicas e
realizar um objetivo social
entes despersonalizados também podem,
tendo como caráter distintivo a existência Existindo um grupo de pessoas ou um
ou não de personalidade jurídica. conjunto de bens, com uma finalidade
específica, pode a vontade humana,
 personalidade jurídica: aptidão
expressamente manifestada, dar origem a
genérica para adquirir direitos e
uma pessoa jurídica, a qual só nasce
contrair obrigações.
efetivamente com o registro dos atos
não trata apenas de condição de sujeito de constitutivos no órgão competente (art.
direito que caracteriza a personalidade, e 985 CC).
sim da aptidão genérica, pois os entes
çã
despersonalizados também podem praticar
atos jurídicos, apesar de só poderem fazer É um ente fictício, pois não possui uma
o essencial ao cumprimento de sua função existência tangível, logo, depende da
ou o expressamente autorizado (difere na interveniência de seres humanos para
capacidade de adquirir direitos e praticar os atos da vida concreta.
obrigações).
Por se tratar de um ente personificado, é
çã í dotada de capacidade de direito, entendida
como aptidão para ser sujeito de direitos e
Existem para satisfazer interesses
obrigações, a par dos de seus membros.
humanos, na necessidade ou conveniência
Para exercer ambos, precisa praticar os
de pessoas singulares combinarem
mesmos atos que um ser humano
recursos de ordem pessoal ou material
praticaria, logo, precisa de “órgãos.
para a realização de objetivos comuns. Há,
ainda, a função de criar um centro de Além da capacidade de direito, possuem
imputação de direitos e obrigações com capacidade de direito, dotadas de
um patrimônio distinto de seus membros. capacidade de fato plena, não sendo
necessário serem assistidas ou
Ao se exercer a atividade empresarial por
representadas para agir.
meio de uma pessoa jurídica, cria--se um
centro autônomo de interesses em relação Quando o órgão age, é um ato da própria
às pessoas que lhe deram origem. Assim, sociedade, e não de terceiro em proveito
em vez de imputar a atividade empresarial da sociedade
à pessoa física, ela é imputada a um novo
centro de imputação de direitos e ê çã
obrigações, o qual possui um patrimônio
que responde pelas suas obrigações, não 1.
se estendendo a responsabilidade ao As pessoas jurídicas possuem nome
patrimônio dos sócios. próprio, não sendo necessário utilizar o
nome de algum sócio.
í í
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O nome empresarial é a identificação a atribuição de capacidade judicial para as


usada pelo empresário individual ou pela sociedades comerciais, vale dizer, elas
sociedade empresária para exercer suas podem ser parte em processos. Porém, tal
atividades comerciais. A denominação das atributo não é inerente apenas aos entes
sociedades simples, associações e personalizados, pois o art. 75 do CPC/2015
fundações também é equiparada ao nome reconhece tal capacidade para alguns
empresarial (art. 1.155 CC). entes desprovidos de personalidade
jurídica, como a massa falida e o espólio.
2.
6. ê
A cidadania se aplica apenas a pessoas
físicas, mas, por analogia, as pessoas É o reconhecimento da sociedade como
jurídicas podem ter uma "nacionalidade" um centro autônomo de imputação de
atribuída a elas, sendo consideradas direitos e obrigações. Assim sendo, os atos
brasileiras se obedecerem às leis nacionais praticados pela sociedade são atos dela e
e tiverem sede no país. As sociedades não não de seus membros, produzindo efeitos
possuem nacionalidade reconhecida. na sua órbita jurídica e apenas
excepcionalmente afetando os sócios, por
As sociedades estrangeiras podem operar problemas de aparência. Corroborando tal
no Brasil com autorização, mas é mais afirmação, deve--se deixar claro que um
comum criar subsidiárias brasileiras, sócio menor não se emancipa, pois
simplificando assim sua operação no país. “comerciante será, assim, a sociedade e
3. í não os sócios, pela simples razão, de que
eles não exercem atividade comercial em
Trata do local do funcionamento dos seu próprio nome”.
órgãos da administração ou onde o
estatuto fixar (art. 75, IV, CC). 7.

Se a sociedade possuir vários a personificação de uma sociedade cria


estabelecimentos, cada um será uma separação entre o patrimônio da
considerado domicílio para os atos neles pessoa jurídica e o patrimônio pessoal dos
praticados. sócios, proporcionando proteção aos ativos
da sociedade e permitindo o destaque de
Sendo pessoa jurídica, cujos órgãos da uma parcela patrimonial para a realização
administração sejam situados no exterior, das atividades comerciais. (art. 49-A CC)
considera--se como domicílio o local de
cada estabelecimento em relação aos atos Em casos específicos, como dívidas
praticados por cada um. trabalhistas, fiscais e de consumo, a
autonomia patrimonial pode ser mitigada,
4. permitindo que os credores busquem os
bens dos sócios. Essa autonomia
Aptidão para ser parte em contratos de per
patrimonial é fundamental para reduzir os
si, não necessitando de firmar contratos no
riscos no exercício das atividades
nome de seus membros, porquanto a
empresariais e é um instrumento
sociedade possui capacidade de fato e de
importante para o desenvolvimento da
direito para firmar seus negócios jurídicos.
economia de mercado.
Os direitos e obrigações são seus e não de
seus sócios. :
5. !!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Podendo ser parte em negócios jurídicos
em seu próprio nome, é decorrência lógica
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A pessoa jurídica é uma “armadura interesse em jogo é considerado mais


jurídica” para realizar os interesses dos desejável e menos sacrificável do que o
homens de modo mais adequado. interesse protegido pela personificação
societária.
Para incentivar o desenvolvimento de
atividades econômicas produtivas, de É a retirada, episódica e temporária, da
forma a evitar os riscos nas atividades autonomia patrimonial da pessoa jurídica.
econômicas, foi criado o instituto da A decisão que decreta a DPJ suspende,
pessoa jurídica, ou, mais exatamente, as temporária e episodicamente, a eficácia do
sociedades personificadas. ato constitutivo da pessoa jurídica,
permitindo, no caso concreto, a extensão
Cria-se um ente autônomo com direitos e aos seus sócios ou a outros entes a ela
obrigações próprias, não se confundindo ligados os efeitos de relações jurídicas
com a pessoa de seus membros, os quais obrigacionais, inclusive de natureza
investem apenas uma parcela do seu sancionatória, responsabilizando-os.
patrimônio, assumindo riscos limitados de
prejuízo. Esta limitação de prejuízo só pode
ser reforçada com as sociedades de
responsabilidade limitada (sociedade Adequar a pessoa jurídica aos fins para os
anônima e sociedade limitada), as mais quais foi criada; restaurar a ordem jurídica;
usadas atualmente no país. limitar e coibir o uso indevido do privilégio
inerente à personificação
A é a autonomia patrimonial (Arts. (autonomia/separação patrimonial);
45, 49-A e 985 do CC) alcançar o patrimônio de terceiros (sócios,
outras sociedades ou de administradores),
A fim de coibir o uso indevido da pessoa para obter o adimplemento de obrigações
jurídica (fraude, abuso de direito, etc.), contraídas ou dívidas assumidas pela
surgiu a desconsideração da personalidade sociedade devedora.
jurídica.

Só tem cabimento quando estivermos


Caso os dogmas da personalidade jurídica diante de uma pessoa jurídica, isto é, de
sejam desvirtuados, não se pode fazer uma sociedade personificada. Sem a
prevalecer o dogma da separação existência de personalidade, não há o que
patrimonial entre a pessoa jurídica e seus desconsiderar.
membros. Ou seja, a desconsideração
reconhece a relatividade da pj, onde seu A PJ das sociedades nasce com o registro
desvio de função faz com que deixe de dos atos constitutivos no órgão
existir razão para a separação patrimonial. competente (art. 985 CC). Sem o registro
não se pode falar em personificação, não
A personificação das sociedades pode importa se exista ou não ato constitutivo,
entrar em conflito com outros valores, será apenas sociedade em comum ou
como a satisfação de credores. sociedade em conta de participação. Por
Normalmente, a personificação prevalece, não ser PJ não haverá autonomia
favorecendo o progresso econômico. No patrimonial.
entanto, em casos onde um valor superior,
como a finalidade social do direito, é Nas os sócios
ameaçado, a personificação pode ser assumem responsabilidade solidária e
desconsiderada para proteger esse valor ilimitada pelos atos praticados pela
mais importante. Isso ocorre quando o
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sociedade, logo, não há motivo para aplicar desvirtuada, e sim as PF que agiram de
a desconsideração forma ilícita, de responsabilidade pessoal.
A aplicação pressupõe uma sociedade na
qual o esgotamento do patrimônio social
não seja suficiente para levar A fim de desconsiderar a personalidade
responsabilidade aos sócios. (sociedade jurídica, de modo que o patrimônio de
anônima ou limitada) outras pessoas responda pelas obrigações
contraídas em nome da sociedade, é
A exigência da limitação de necessário que se justifique a superação da
responsabilidade é de cunho autonomia patrimonial.
eminentemente prático, pois nada
impediria a desconsideração nos demais 1.
tipos societários. Todavia, a Basta a constatação da falta de pagamento
excepcionalidade da superação da de dívidas por parte da empresa para que a
autonomia patrimonial, por meio da desconsideração da personalidade jurídica
aplicação da desconsideração, torna mais seja aplicada. Isso significa que, mesmo na
fácil a aplicação direta da responsabilidade ausência de fraude, abuso ou
ilimitada dos sócios, quando ela já é irregularidades específicas, os sócios ou
consignada na lei. administradores da empresa podem ser
responsabilizados pelas dívidas da empresa
de forma direta e pessoal.
Arts. 790, II e VII, e 795 do CPC/15.
2.
Art. 790.
O princípio da autonomia patrimonial é
Art. 795. importante, e a desconsideração da
çã ó personalidade jurídica deve ser aplicada
com cautela, apenas em situações
Pode ocorrer em situações que não se excepcionais que atendam a requisitos
enquadram na desconsideração da específicos. Para a "teoria maior" da
personalidade jurídica. desconsideração, não basta o não
cumprimento de uma obrigação pela
Quando eles excedem seus poderes, empresa; é necessário comprovar que a
violam a lei ou o contrato social, são empresa desviou sua finalidade. (art. 50
diretamente responsáveis por seus atos. CC)
Isso não envolve desconsiderar a pessoa
jurídica, mas sim imputar responsabilidade 2.1
pessoal e direta aos sócios ou
administradores. Isso acontece quando Requer a comprovação de má-fé, fraude ou
agem em desobediência às normas legais abuso intencional por parte dos sócios ou
ou estatutárias ou cometem atos ilícitos. administradores da empresa antes de
responsabilizá-los pelas dívidas ou atos da
Não é necessário suspender a autonomia empresa.
patrimonial da empresa nessas situações,
pois a responsabilidade já decorre do : artifício malicioso para prejudicar
preceito legal. terceiros, isto é, “a distorção intencional da
verdade com o intuito de prejudicar
Nos casos dos arts. 117 e 158 da Lei n. terceiros
6.404/76, 135 da Lei n. 5.175/66 (CTN) e
dos arts. 1.009, 1.016 e 1.080 do Código : o ato praticado é
Civil, não tratamos da desconsideração, e permitido pelo ordenamento jurídico,
sim de responsabilidade civil dos sócios, já trata-se de um ato, a princípio, plenamente
que não foi a PJ que teve sua finalidade lícito. Todavia, ele foge a sua finalidade
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social, e sua prevalência gera um mal-estar maior ou menor relativização da


no meio social, não podendo prevalecer. autonomia patrimonial, com a
responsabilização dos sócios ou
çã : os sócios não mantêm, administradores, diretamente ou pela via
na sociedade, capital adequado à da DPJ.
realização do objeto social, vale dizer,
ingressam recursos na sociedade que são çõ í :
distribuídos exclusivamente entre os sócios
e não reaplicados na sociedade, a ponto de Norma de caráter geral para a DPJ. Código
impedi-la de cumprir suas finalidades. Civil, art. 50. (Teoria Maior da
Desconsideração).
çã : ocorre quando os
çã . çõ
sócios não tomassem as providências
necessárias para a dissolução da sociedade. :

: necessariamente CDC (Lei 8.078/90), art. 28 e par. 5º.


um ato proposital para lesar credor ou quando o consumidor for lesado por abuso
praticar outros atos ilícitos (lavagem de de direito, excesso de poder e infração da
dinheiro, ocultação de bens...). lei ou contrato social, DPJ também ocorre
ã é a ausência de em falência, insolvência encerramento de
inatividade da PJ por má adm. Também
separação de fato entre patrimônios, pelo
pode DPJ sempre que houver obstáculo ao
cumprimento repetitivo de obrigações do
ressarcimento de prejuízos causados aos
sócio/adm. ou transferência de ativos e
consumidores
passivos sem efetivas contraprestações
exceto valor proporcionalmente çõ á
insignificante; e outros atos de çã à ô :
descumprimento de aut. patrimonial
Lei de Defesa da Concorrência
2.2 (12.529/2011), art. 34
Permite a aplicação da desconsideração A personalidade jurídica do responsável
sem a necessidade de provar má-fé; foca por infração da ordem econômica poderá
em resultados práticos, como insolvência, ser desconsiderada quando houver da
confusão patrimonial ou abuso da parte deste abuso de direito, excesso de
personalidade jurídica da empresa. (art. 50, poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou
§2° CC) violação dos estatutos ou contrato social. A
desconsideração também será efetivada
 çã é
quando houver falência, estado de
regra geral no sistema jurídico insolvência, encerramento ou inatividade
brasileiro da pessoa jurídica provocados por má
í : administração.

A aplicação do instituto da çõ çã à
desconsideração da personalidade jurídica çã :
orienta-se pelas disposições do art. 50 do
Lei 9.605/98, art. 4º
Código Civil (regra geral) e de outras
normas fixadas em leis especiais (CDC, p/ Poderá ser desconsiderada a pessoa
ex.), a depender da natureza jurídica da jurídica sempre que sua personalidade for
relação jurídica estabelecida entre as obstáculo ao ressarcimento de prejuízos
partes, os interessados, os litigantes. causados à qualidade do meio ambiente.
Obs.: É a natureza das obrigações - se çã :
negociais ou não negociais - que define a
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Lei nº 12.846/2013. Art. 14 çã :A


poderá ser desconsiderada a pessoa pessoa jurídica é chamada a responder
jurídica sempre que sua personalidade for pelas obrigações pessoais contraídas pelo
obstáculo ao ressarcimento de prejuízos sócio.
causados à qualidade do meio ambiente.
: ocorre nos casos de
é sociedades controladoras, controladas e
coligadas em que uma delas se vale da
Lei nº 9.615/1998 – Institui normas gerais
condição dominante para fraudar seus
sobre desporto. Art. 27
credores. A desconsideração se aplica a
As entidades de prática desportiva toda e qualquer das sociedades que se
participantes de competições profissionais encontre inserida no mesmo grupo
e as entidades de administração de econômico, a fim de alcançar a efetiva
desporto ou ligas em que se organizarem, fraudadora que está sendo encobertada
independentemente da forma jurídica pelas coligadas.
adotada, sujeitam os bens particulares de
seus dirigentes ao disposto no art. 50 da : tem por finalidade
Lei no 10.406, além das sanções e responsabilizar o sócio de fato (oculto) de
responsabilidades previstas no caput do determinada sociedade que se acoberta
art. 1.017 (resp. adm.) da Lei no 10.406, na
através do chamado “laranja, testa de
hipótese de aplicarem créditos ou bens
ferro, homem de palha ou boneco de
sociais da entidade desportiva em proveito
próprio ou de terceiros. Autoriza a gelo”. Com a DPJ é possível atingir o
responsabilização dos administradores patrimônio do sócio que se utiliza de uma
(dirigentes) pela via da DPJ, com base no sociedade que está em nome de terceiro,
art. 50 do CC, e na forma direta (nesta mas que ele, sócio de fato, detém
hipótese se aplicarem créditos ou bens efetivamente o poder de controle.
sociais da entidade desportiva em proveito
próprio ou de terceiros). : A autonomia patrimonial da
sociedade configura via de mão dupla, de
ê : modo a proteger, nos termos da legislação
LFRE, art. 82-A. ART. 82-A de regência, o patrimônio dos sócios e da
própria pessoa jurídica (e seus eventuais
É vedada a extensão da falência ou de seus credores). A impenhorabilidade da Lei nº
efeitos, no todo ou em parte, aos sócios de 8.009/90, ainda que tenha como
responsabilidade limitada, aos destinatários as pessoas físicas, merece ser
controladores e aos administradores da
aplicada a certas pessoas jurídicas, às
sociedade falida, admitida, contudo, a
firmas individuais, às pequenas empresas
desconsideração da personalidade jurídica.
A desconsideração da personalidade com conotação familiar, por exemplo, por
jurídica da sociedade falida, para fins de haver identidade de patrimônios." A
responsabilização de terceiros, grupo, desconsideração parcial da personalidade
sócio ou administrador por obrigação da empresa proprietária para a subtração
desta, somente pode ser decretada pelo do imóvel de moradia do sócio do
juízo falimentar com a observância do art. patrimônio social apto a responder pelas
50 do CC e dos arts. 133, 134, 135, 136 e obrigações sociais deve ocorrer em
137 do CPC, não aplicada a suspensão de situações particulares, quando evidenciada
que trata o § 3º do art. 134 do CPC. confusão entre o patrimônio da empresa
: familiar e o patrimônio pessoal dos sócios.
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á ã dos sócios administradores. Análise


çã casuística. Lembrar do microssistema e da
: Levando-se em consideração o regra geral. Lei de combate à corrupção (nº
12.846/2013), art. 14.
conceito/efeitos da DPJ, a sua decretação
responsabilizará todos os sócios Lei 13.874/2019. Alterou a redação do
indistintamente, isto é, caput do art. 50: “administradores ou
independentemente de sua posição quanto sócios da pessoa jurídica beneficiados
à gestão da sociedade e /ou no quadro direta ou indiretamente pelo abuso”.
societário? Tendência à responsabilização

í
í çã
á :
( ã ):
consagrado nos arts. 49-A e 1.024 do CC e
O direito de não se associar é garantido no no art. 795 do CPC, determina que a
Artigo 5º, Inciso XX da Constituição personalização da sociedade limitada ou
Federal, portanto, reforça as garantias de EIRELI acarreta em uma verdadeira
liberdade de associação ao fortalecer a separação patrimonial entre os bens da
liberdade do indivíduo de escolher onde e pessoa jurídica e os bens pessoais de seus
quando quer fazer parte de uma integrantes (sócio/instituidor).
associação.
í
Art. 1028 - A transmissão da herança não ó
implica a transmissão do estado de sócio. çõ :

í çã assegura que o patrimônio dos sócios será


á utilizado apenas quando não houver mais
patrimônio da empresa e em
protege o núcleo da atividade econômica proporcionalidade às limitações da
e, portanto, da fonte produtora de serviços sociedade e participação do sócio. CCB,
ou mercadorias, da sociedade empresária, 1023/1024; CPC, art. 795, §1º. Art. 1.023.
refletindo diretamente em seu objeto í çã
social e direcionando-a, sempre, na busca ó
do lucro.
çõ :
Preconiza a continuidade da atividade CCB, 1023 e 1052; LSA, 1º. Art. 1.023.
econômica desenvolvida pela sociedade
empresária. Serve de fundamento a Se os bens da sociedade não lhe cobrirem
normas que estabelecem figuras como a: as dívidas, respondem os sócios pelo saldo,
na proporção em que participem das
 Resolução da sociedade em relação a perdas sociais, salvo cláusula de
um sócio (dissolução parcial) - CC, 1028 responsabilidade solidária.
e segs., e CPC, arts. 599/609;
 Unipessoalidade incidental e Art. 1.052. Na sociedade limitada, a
temporária (LSA, 206, I, “d”); responsabilidade de cada sócio é restrita
ao valor de suas quotas, mas todos
 Sociedade limitada unipessoal (CC,
respondem solidariamente pela
1052, §§ 1º e 2º
integralização do capital social.
Direito Empresarial

Art. 1º. A companhia ou sociedade sócio com mais quotas/ações, maior poder
anônima terá o capital dividido em ações, e de decisão.
a responsabilidade dos sócios ou acionistas
será limitada ao preço de emissão das CCB, arts. 999, 1063, 1071 e 1076; LSA,
ações subscritas ou adquiridas (quando arts. 129 e 136.
não integralizadas). çã ó
Regra: responsabilidade limitada. Exceções á :
(resp. ilimitada): - Sócios que assumem
Visa proteger o sócio minoritário limitando
responsabilidade ilimitada (SCP e SNC);
o majoritário, para isso dá direitos ao
Sócios da sociedade em comum.
minoritário de fiscalização e recesso.
í á çõ
Ex.: Direitos à participação nos
: lucros/dividendo obrigatório, à fiscalização,
garante que as deliberações serão de retirada/recesso e de reembolso; cessão
resolvidas pela maioria, sendo aqui de quotas; nas S/A, a escolha em separado
considerada a maioria não a quantidade de de membros do Conselho de
sócios, mas das quotas/ações de cada um: Administração.

É dividido em sociedades não proceder ao registro de seus atos


personificadas (arts. 986 a 996) e constitutivos (art. 967).
sociedades personificadas (arts. 997 a
1.14). Tal classificação distingue as ó
sociedades que constituem um sujeito de Vai pelo grau de responsabilidade dos
direitos autônomo com aptidão genérica sócios (se há ou não limite para a
para contrair direitos e obrigações e as que responsabilização do socio por obrigações
não constituem (existência de da sociedade). Existem as sociedades
personalidade jurídica). ilimitadas, limitadas e mistas.
: não : todos os sócios respondem
possuem personalidade jurídica, porque subsidiaria e ilimitadamente pelas
não possuem um ato constitutivo escrito, obrigações da sociedade (se o patrimônio
ou porque não o levaram a registro, ou, social não for suficiente, o patrimônio de
ainda, porque o registro não produz todos os sócios responde pelas obrigações
qualquer efeito (art. 993). Ex: Sociedades da sociedade). A solidariedade entre os
em comum e sociedades em conta de sócios não é necessária para caracterizar
participação. essa categoria. Ex: a sociedade em nome
: adquiriram coletivo, a sociedade em comum1021, as
personalidade por terem levado ao registro sociedades simples puras (art. 1.023) e
competente seus atos constitutivos, eventualmente as sociedades cooperativas.
arquivando-os. Ex: sociedades em nome : todos os sócios tem
coletivo, as sociedades em comandita responsabilidade limitada, obrigam-se
simples, as sociedades em comandita por apenas até determinado montante, que
ações, as sociedades limitadas, as pode ser o valor de as contribuição ou
sociedades cooperativas, as sociedades valor do capital social. Ex: sociedades
simples e as sociedades anônimas, que
obedeceram à determinação legal de
Direito Empresarial

anônimas e as sociedades limitadas, e de empresa. O caráter pessoal é o que


eventualmente as cooperativas. predomina, em oposição à atividade do
empresário, em que a organização assume
: alguns sócios possuem
papel predominante.
responsabilidade limitada e outros
ilimitadas. Ex: comandita simples, em : não há
comandita por ações e em conta de obrigação do registro (art. 971), mas uma
participação. faculdade. Essas sociedades podem
assumir a condição de empresárias se
As sociedades simples podem assumir as
fizerem registro na junta comercial, se não
formas das outras sociedades, e serem
fizerem assumem condição de sociedades
enquadradas como sociedades de
simples.
responsabilidade limitada, ou mista.
A princípio, tanto as sociedades simples
à quanto as sociedades empresárias podem
: o capital é determinado no assumir as mesmas formas societárias
(limitadas, em comandita simples, nome
contrato socia, só podendo ser alterado
coletivo). Porém, determinadas formas
mediante alteração do próprio contrato
societárias são peculiares às sociedades
social. O capital não é imutável, mas sua
simples ou às sociedades empresárias.
alteração pressupõe uma alteração do
contrato social. Ex: sociedades  As as sociedades anônimas são sempre
personificadas previstas pelo CC, exceto as empresárias, não importando a
cooperativas. atividade exercida, e as sociedades
cooperativas são sempre simples (art.
á : o capital não é fixado no
982 do Código Civil).
contrato social, variando a qualquer
tempo. Ex: cooperativas (art. 1094, I)

Há dois critérios:  A administração só pode ser exercida


por quem é sócio
 o objeto da sociedade (nas civis
 A administração só pode ser exercida
atividades civis; nas comerciais
por quem é sócio
atividades comerciais)
 Não é livre a entrada de novos sócios
 a forma de que se reveste a sociedade.
 Morte ou incapacidade dos sócios
: exercem pode gerar a dissolução total ou parcial
atividade própria de empresário (art. 982) da sociedade
que esteja sujeito a registro. Elas exercem  Não admite a participação de
atividade econômica organizada para a incapazes
produção ou circulação de bens ou serviços  Usa razão social
e a lei lhes impõe uma obrigação de  Admite a exclusão de sócios pela
registro. quebra da affectio societatis
: destinadas ao :
exercício das demais atividades
econômicas, como as atividades de  Há uma dissociação entre
natureza intelectual, cientifica, artística administração e propriedade
(art. 966), salvo se constituírem elemento  Todos os sócios possuem
responsabilidade limitada à sua
Direito Empresarial

contribuição ou ao total do capital em lei especial. Ex.: Bancos; Seguradoras;


social Pesquisa e lavra de recursos minerais (CF,
 É livre o ingresso de novos sócios art. 176, §1º); Autorização: Administração
 A morte ou incapacidade dos sócios direta ou Órgão ou Agência da
não influi na vida da sociedade Administração indireta.
 Admite a participação de incapazes
: Prévia
 Usa denominação
autorização do Poder Executivo federal
 Não admite exclusão pela simples
“sempre”, independentemente do objeto
quebra da affectio societatis
social. O Estado pode condicionar a
çã autorização à defesa dos interesses
çã í á nacionais (CC, arts. 1134 e 1135). Livre
iniciativa. Diretrizes da LLE. Razoabilidade.
: são constituídas
Art. 1.137, Art. 1.138 e Art. 1.139.
por contrato entre os sócios; vínculo é
contratual e aplicação dos princípios ó í ( ).
contratuais (p/ ex.: autonomia da
vontade); vedação do ingresso automático Lei 11.079/2004, art. 9º (Lei das PPP). É
de terceiros no quadro societário - pessoa jurídica com a finalidade única de
dependente da manifestação dos sócios executar um determinado
(previamente no contrato ou por ocasião empreendimento ou desenvolver um
da cessão); Ex.: SE Ltda., SS etc. projeto específico; um modelo de
organização empresarial pelo qual se
:Exigem a constitui uma sociedade, limitada ou
manifestação de vontade, mas não se sociedade anônima, com um objetivo
revestem de natureza contratual; Ex.: S/A específico (atividade particularmente
restrita), podendo em alguns casos ter
prazo de existência determinado. Não há
Microssistema jurídico das sociedades legislação ou regramento próprios (aplica-
nacionais/estrangeiras (CC, arts. 1123- se o CC, se Ltda., ou a LSA). Mas tem
1141) previsão na Lei 11.079/2004, que instituiu
as Parcerias PúblicoPrivadas (PPPs). 4.9.
 Critério de distinção não leva em conta
a nacionalidade dos sócios

: são as organizadas Lei 11.638/2007. É a sociedade ou conjunto


segundo a lei brasileira e cuja sede de sua de sociedades sob controle comum que
administração se encontre no Brasil (CCB, tiver, no exercício social anterior, ativo
1126); total superior a R$ 240.000.000,00 ou
receita bruta anual superior a R$
: são as demais 300.000.000,00. (Art. 3º)
que não atendam a esses dois requisitos.
ô , çõ
Dependência de autorização para ( )
funcionamento:
É a sociedade empresária com capital
: Prévia autorização social dividido em ações (espécie de valor
(apenas) para atividades econômicas de mobiliário), na qual os acionistas
especial relevância para a sociedade e o respondem pelas obrigações sociais, até o
interesse nacional, conforme estabelecido
Direito Empresarial

limite do preço de emissão das ações que subsidiariamente, pelas disposições das
possuem, se não efetuado o pagamento. Leis 6.404/76 e 9.615/98 (Lei Pelé).

Características fundamentais: Intervenção Constituição:


estatal (sobretudo legislativa) quanto às
a) transformação do clube de futebol em
Cias. Abertas; Limitação da
Sociedade Anônima do Futebol;
responsabilidade dos acionistas. Regime de
responsabilidade dos Adm e do Ac. b) cisão do departamento de futebol do
Controlador; Livre negociabilidade da clube e transferência do seu patrimônio
participação societária ou acionária; relacionado à atividade futebol;
Natureza jurídica mercantil/empresarial
qualquer que seja o seu objeto social ou o c) por iniciativa (originária) de pessoa
modo de sua exploração (Lei 6.404/76, art. natural ou jurídica ou de fundo de
2º, §1º, c/c CC, art. 982, § único). investimento.

( ) ( ) ã : sucede o clube ou
a PJ quando constituída por transformação
Lei 6.404/76, art. 294-B. Cia de pequeno ou por cisão (art. 2º, I e II, e §1º, I).
porte. Considera-se companhia de menor
porte a que aufira receita bruta anual : Arts. 9º e 10. Quitação das
inferior a R$ 500.000.000,00. (Art. 294-B obrigações dos clubes ou PJ (art. 13):
incluído pela LC n. 182/2021 – “Marco legal Diretamente Concurso de credores
das startups”). Pode ser S/A aberta ou (Regime Centralizado de Execuções – arts.
fechada; Condições facilitadas de acesso ao 14/24 - organizado pelo Poder Judiciário:
MC – mercado de capitais. Cabe a CVM concentra no juízo centralizador as
regulamentar as condições para o acesso execuções, as receitas, os valores
de CiaMP ao mercado de capitais – Res. arrecadados e a distribuição desses valores
88/2022. aos credores em concurso e de forma
ordenada) Recuperação (judicial ou
ô ( ) extrajudicial) de empresa (art. 25). O clube
é admitido como parte legítima para
Lei n. 14.193, 06/08/2021. É a sociedade
requerer a recuperação judicial ou
empresária constituída sob a forma de S/A
extrajudicial, submetendo-se à Lei nº
e cuja atividade principal consiste na
11.101/2005.
prática do futebol, feminino e masculino,
em competição profissional; É regida pelas
regras específicas da Lei 14.193/2021 e,

As sociedades em processo de organização


também são consideradas sociedades em
comum, salvo as sociedades anônimas.
Os artigos 986 e 990 do CC regulamentam
O registro não é condição de existência das
a situação das sociedades em comum,
sociedades, apenas condição para
mesmo que não tenha o ato constitutivo
aquisição da personalidade jurídica.
escrito ou que não tenha registrado.
Substitui a expressão “sociedade de fato e
sociedade irregular”.
Direito Empresarial

) relação ao sócio que praticou o ato pela


sociedade, o qual já responde diretamente
Traço fundamental é ausência de com todo o seu patrimônio, sem a
personalidade jurídica, pelo não necessidade de exaurimento do patrimônio
cumprimento das condições de especial.
adquirimento. Não são reconhecidas como
um sujeito autônomo de direitos e Protegem-se os terceiros de boa-fé que
obrigações, a quem possa ser imputada a poderão executar diretamente o
atividade exercida. patrimônio pessoal daquele que firmou o
contrato, restando também protegidos os
Por não se tratar de uma pessoa, não há demais membros da sociedade de fato,
que se cogitar de autonomia patrimonial, que não firmaram o contrato e terão
isto é, a sociedade em comum não possui responsabilidade subsidiária, só sendo
patrimônio. chamados a responder se o patrimônio
O conjunto de bens organizados posto à especial não for suficiente para tanto.
disposição do exercício da atividade )
empresarial é um patrimônio especial que
pertence aos sócios em condomínio (art. Reconhece a vinculação do patrimônio
988). Reconhece-se um patrimônio social pelos atos de gestão praticados pelos
especial, que não pertence à sociedade, sócios, dentro dos poderes que lhe forma
mas pertence diretamente aos próprios atribuídos.
sócios em condomínio.
Em relação aos atos que extrapolam os
) ó poderes atribuídos, só haverá vinculação se
o terceiro estiver de boa--fé, isto é, se o
É um sujeito de direitos e obrigações. O terceiro não conhecia, nem devia conhecer
patrimônio que irá garantir o cumprimento a limitação dos poderes do sócio (art. 989).
das obrigações é o dos sócios.
Apesar de não ser personificada, tem
art. 990 do CC: os sócios respondem capacidade processual e está sujeita ao
solidária e ilimitadamente pelas obrigações processo falimentar (independente do
contraídas em proveito da sociedade em registro).
comum.
) ê
art. 1.024 do CC: reconhece uma espécie
de benefício de ordem, estabelecendo que Caso seja necessário, é possível demandar,
o patrimônio especial responde em judicialmente, a sociedade em comum (art.
primeiro lugar pelas obrigações contraídas 75, IX, do CPC/2015) ou seus sócios, para
em benefício da sociedade em comum. tal efetivar a responsabilidade sobre os bens
benefício não se aplica àquele sócio que sociais, ou sobre os bens dos sócios. Em
contratou pela sociedade (art. 990). tais casos, há que se provar a existência da
sociedade, pois, caso contrário, seria
: responde primeiro pelas
inviável atingir o patrimônio dos sócios que
obrigações contraídas pela sociedade em não firmaram as obrigações pela
comum o patrimônio especial constituído a sociedade. Garante-se expressamente aos
partir das contribuições dos sócios. Apenas terceiros qualquer meio para provar a
quando exaurido esse patrimônio especial, existência da sociedade (art. 987 do Código
todo o restante do patrimônio dos sócios Civil).
também é chamado a responder. Tal
ordem não precisa ser obedecida em
Direito Empresarial

Mesmo se não existir prova escrita, um A sociedade não aparece para o público,
socio pode ajuizar ações contra o outro ou quem aparece é o sócio ostensivo
contra terceiro, desde que a causa de pedir (sociedade oculta).
não seja a existência da própria sociedade.
Ela não aparece porque sua existência e o
Caso não seja, não será necessário provar a
seu funcionamento independem de
existência da sociedade. (Art. 987 CC)
qualquer formalidade (não há livros, não é
çã necessário o registro e não há um nome
próprio).
É a sociedade oculta, que não aparece
perante terceiros, sendo desprovida de PJ. O acerto entre os sócios pode ser firmado
É caracterizada pela existência de dois verbalmente ou por escrito, não se
tipos de sócio (ostensivo, que aparece e exigindo qualquer formalidade para a
assume toda responsabilidade perante validade do contrato. Os sócios podem
terceiros, e participante ou oculto, que não prová-la por qualquer meio. Caso seja
aparece perante terceiros e só tem firmada por escrito, é indiferente o seu
responsabilidade perante o ostensivo). registro, isto é, mesmo que o contrato seja
registrado não surgirá uma pessoa jurídica
Possui limitação extrema de riscos e não (art. 992).
vincula o sócio participante.
Apesar da ausência de personificação,
) ó reconhece-se a existência de um
patrimônio especial formado pela
ó : pode ser um empresário
contribuição do sócio ostensivo e do sócio
individual ou uma sociedade, é aquele que participante (art. 994). O patrimônio
exercerá a atividade em seu próprio nome, especial pertence aos sócios em
vinculando-se e assumindo toda a condomínio e não à sociedade, que não
responsabilidade perante terceiros. A possui capacidade patrimonial, esse
sociedade em conta de participação não patrimônio especial só produz efeitos entre
firmará contratos. Quem firmará os os sócios (art. 994, § 1º).
contratos necessários para o exercício da
atividade é o sócio ostensivo, usando tão É uma sociedade de pessoas, isto é, a
somente seu próprio crédito1059, seu qualidade pessoal dos sócios é
próprio nome. Quando ele age, não age extremamente importante, há um vínculo
como um administrador de uma sociedade, pessoal entre o sócio participante e o sócio
mas como um empresário, seja ele ostensivo.
individual, seja uma sociedade. É vedado ao sócio ostensivo admitir outros
ó : não aparece perante sócios sem o consentimento expresso dos
terceiros, não assumindo qualquer demais sócios, (não é livre a entrada de
responsabilidade perante o público. Daí a novas pessoas na sociedade em conta de
denominação sócio oculto. A participação). Apesar disso, é certo que a
responsabilidade dele é apenas perante o liberdade atribuída aos sócios na disciplina
sócio ostensivo, nos termos em que da sociedade permite que em
acertado entre os dois1060. Se ele determinados casos específicos ela assuma
participar da atividade-fim, responderá as vestes de uma sociedade de capitais,
solidariamente com o sócio ostensivo (CC – especialmente quando as participações são
art. 993). livremente transferíveis.

) í
Direito Empresarial

Como não é a sociedade em conta de exercício de atividades econômicas, mas as


participação que exerce a atividade sociedades empresárias exercem atividade
empresarial, ela não se vincula, não possui própria de empresário sujeito a registro e
obrigações e, consequentemente, não se as simples não (art. 982). Assim, são
sujeita à falência. sociedades simples aquelas que exercem
as atividades não empresariais (nas quais a
A sociedade em conta de participação não
organização é menos importante que a
é uma verdadeira sociedade, na medida
atividade pessoal) ou atividade de
em que não se constitui como um sujeito
empresário rural sem se registrar na junta
autônomo de direitos e obrigações.
comercial.
) çã Com exceção da atividade rural, não são os
Pode ser constituída para : sócios que definem se a sociedade simples
ou empresária. A definição decorre do
 çã çõ próprio objeto social. A forma jurídica da
- a dissolução da sociedade é opção dos sócios, dentre das
sociedade dependerá da existência de alternativas que lhe são oferecidas.
um justo motivo. Sociedade simples, quanto ao objeto, pode
 assumir a forma de um dos tipos
- a dissolução pode societários destinados às sociedades
dar-se a qualquer momento, pois empresárias previstos no Código Civil,
ninguém é obrigado a ficar preso quais sejam, sociedade em nome coletivo,
indefinidamente a um contrato sociedade em comandita simples e
sociedade limitada. Também pode não
Não há liquidação da sociedade em conta
optar por nenhum desses tipos societários,
de participação, tendo em vista que não se
sujeitando--se a regras peculiares às
trata de uma pessoa jurídica.
sociedades simples (arts. 997 a 1.038 do
No caso de falência do sócio ostensivo, Código Civil).
dissolve-se a sociedade, e os créditos que,
 A sociedade pode ser simples com
eventualmente, possua o sócio
forma de limitada, simples com forma
participante representarão um crédito
de sociedade em nome coletivo,
quirografário a ser habilitado perante a
simples com a forma de comandita
massa falida. No caso de falência do sócio
simples, simples com a forma de
participante, a sociedade poderá continuar
cooperativa e também simples com
a critério do administrador judicial (art. 117
forma de simples, também
da Lei n. 11.101/2005), uma vez que pode
denominada simples pura ou simples
ser interessante e lucrativo à sociedade.
comum.
Dissolvida a sociedade em conta de )
participação, não se segue a liquidação
como nas demais sociedades, o que há é para adquirir PJ deve arquivar seus atos
um mero ajuste de contas entre os sócios, constitutivos no registro competente, no
cabendo ao ostensivo prestar contas do caso será o cartório de Registro Civil das
negócio (art. 996 do Código Civil). Pessoas Jurídicas, até 30 dias após sua
constituição. Nada que esteja fora do
contrato social pode ser oposto a terceiros
(art. 997, parágrafo único). Além do
ç
registro inicial, devem ser registradas
: em ambas há o
Direito Empresarial

quaisquer alterações no ato constitutivo, obrigações com a sociedade e os sócios.


bem como devem ser averbadas as Essas obrigações se iniciam no momento
instituições de sucursais ou filiais. da constituição da sociedade, e só
terminam quando forem extintas as resp.
Deve seguir os requisitos do art. 997 CC.
sociais (art. 1001).
) ó O dever principal é contribuir para o capital
A aquisição da qualidade de socio decorre social. Pode ser em bens ou serviços. Na
da subscrição do capital. Deve ter no contribuição de bens responde por evicção
mínimo dois sócios, em regra, podendo ser e solvência do devedor, sob pena de
PF ou PJ, brasileiros ou estrangeiros, exclusão e não percepção dos lucros (art.
residentes no brasil ou no exterior. 1006).

No caso de pessoas físicas, exige-se que Caso o sócio descumpra tal dever, a
sejam pessoas capazes. No regime do sociedade deve notificá-lo, para constituí--
Código Civil, não há expressamente a lo em mora, assegurando-lhe um prazo de
proibição dos sócios incapazes, mas o art. graça de 30 dias para cumprir seu dever. A
1.691 estabelece que os pais não podem mora nesse caso não decorre do simples
contrair, em nome de seus filhos, vencimento da obrigação, é necessária a
obrigações que ultrapassem os limites da interpelação. Passado tal prazo sem o
simples administração, salvo por cumprimento da obrigação, os demais
necessidade ou evidente interesse da sócios (a sociedade) poderão optar por
prole, mediante prévia autorização do juiz. uma indenização pelos danos causados
pela mora do sócio, ou pela sua exclusão,
 restringe a possibilidade do incapaz ou pela redução de sua quota ao valor
assumir a condição de sócio aos casos integralizado (art. 1.004).
em que não haja risco de sua
responsabilização direta, o que lhe  Se o sócio não cumpre seu dever
afasta das sociedades simples primordial, quebra a
(discussão doutrinaria)
 art. 977 CC - aplicável tanto às Nesse caso, haverá só a resolução do
sociedades simples, como às vinculo do sócio remisso, preservando a
empresárias1086, proíbe a sociedade existência da sociedade por se tratar de um
entre cônjuges casados pelo regime da contrato plurilateral.
comunhão universal e pela separação
obrigatória de bens, protegendo-se o Não se pode falar em enriquecimento
próprio regime de casamento. ilícito, pois o sócio receberá a sua parte no
patrimônio da sociedade,
No regime da comunhão universal, nem proporcionalmente ao montante
sempre haveria uma real e efetiva efetivamente realizado de suas quotas,
conjugação de patrimônios, ou seja, nem conforme balanço especialmente
sempre haveria de fato dois sócios. No levantado (art. 1.031).
regime da separação, haveria a união do
que deveria estar separado. ) ó
) ó : são direitos
eventuais de credito contra a sociedade,
Ao subscreverem o capital social os sócios
consistentes na participação nos lucros e
passam a ser partes do contrato
na participação no acervo social em caso
plurilateral, contraindo inúmeras
Direito Empresarial

de liquidação da sociedade. Seu exercício oportunidade de adquirir as quotas,


depende de fatos incertos. Como a mantendo--as em tesouraria. Se a
produção de lucros ou dissolução da sociedade não quiser ou não puder
sociedade. adquiri--las, deve--se promover a
liquidação das quotas penhoradas,
 É livre à sociedade decidir a forma de
excluindo de pleno direito o sócio e o
sua divisão, desde que não haja um
pagamento de sua apuração de haveres em
pacto leonino, isto é, desde que não se
juízo. Para tais finalidades, é que se faz
atribuam vantagens ou desvantagens
necessária a apresentação do balanço
exageradas a algum sócio.
especial que, naturalmente, poderá ser
No silêncio do contrato social, cada sócio questionado.
participa dos lucros na proporção de suas
Sem o exercício da preferência pelos sócios
quotas (art. 1.007). Todavia, o sócio que
ou pela sociedade, o caminho será a
contribui em serviços só participa dos
liquidação das quotas com o pagamento
lucros pela média do valor das quotas.
em juízo dos valores devidos. Caso tal
: inerentes à qualidade pagamento seja muito oneroso para a
de sócio, como a fiscalização dos atos de sociedade, o juiz poderá decidir pelo leilão
administração da sociedade. judicial das quotas.

çã : obriga os administradores a ) ô
prestar contas justificadas da sua ô
administração anualmente, além de lhes
obrigar a apresentar o inventário e o “os herdeiros do cônjuge de sócio, ou o
cônjuge do que se separou judicialmente,
balanço patrimonial e de resultado
não podem exigir desde logo a parte que
econômico (art. 1.020).
lhes couber na quota social, mas concorrer
çã çõ à divisão periódica dos lucros, até que se
: direito ao voto, ou seja, liquide a sociedade” (CC, art. 1.027).
participar da formação da vontade social. Evita-se a entrada do cônjuge na
) sociedade, para resguardar a affectio
societatis1103, mas garante-se a ele o
art. 789 do CPC/2015, “O devedor exercício de dois direitos patrimoniais,
responde com todos os seus bens quais sejam, a participação nos lucros e a
presentes e futuros para o cumprimento participação no acervo social, ficando este
de suas obrigações, salvo as restrições diferido apenas para o momento de
estabelecidas em lei”. Assim sendo, a liquidação da sociedade.
quota, como bem integrante do patrimônio
Os demais direitos inerentes à quota, como
do sócio devedor, pode estar sujeita à
o direito de voto, permanecerão na pessoa
constrição judicial, para satisfazer os
do sócio originário, pois o cônjuge não
direitos dos credores.
pode exercer os poderes políticos das
Deve-se tentar em primeiro lugar garantir quotas, na condição de terceiro estranho à
aos demais sócios o direito de preferência, sociedade.
adquirindo as quotas penhoradas por
herdeiros do cônjuge falecido de um sócio.
dívidas particulares do sócio.
Eles também não ingressarão na
Não sendo exercida a preferência pelos sociedade, como os herdeiros do próprio
sócios, a própria sociedade tem a sócio (art. 1.028 do Código Civil), mas terão
Direito Empresarial

direito a concorrer à divisão periódica dos ao pagá-la se sub-rogaria nos direitos de


lucros e à liquidação da quota. Os demais credor e adquiriria o direito de regresso
direitos inerentes à quota, como o direito contra os demais sócios.
de voto, permanecerão na pessoa do sócio
Se a solidariedade fosse com a sociedade, a
originário.
disposição estaria no art. 1.024 do Código
Na sociedade simples, a regra é que a Civil, que estabelece a regra da
substituição de um sócio depende do subsidiariedade.
consentimento de todos os demais sócios.
) -
 o cônjuge que se divorciou ou
dissolveu sua união estável com um O sócio que se retira ou é excluído
sócio e os herdeiros do ex- permanece obrigado por dois anos, após a
cônjuge/companheiro de um sócio não averbação da sua saída, em relação às
se tornam proprietários das quotas, obrigações anteriores à averbação da
mas apenas titulares do direito à alteração contratual. (art. 1032 CC).
participação nos lucros e no acervo Na hipótese de falecimento do sócio, seus
social. herdeiros mantêm a responsabilidade por
) dois anos após a averbação da resolução
da sociedade, em relação às obrigações
A princípio, responde pelas obrigações
anteriores ao falecimento do sócio.
sociais o patrimônio da própria sociedade
(art. 1.024 do Código Civil), dada a No caso de cessão da quota, com a
autonomia patrimonial inerente às pessoas substituição do sócio, cedente e
jurídicas. Todavia, no caso de insuficiência cessionário mantêm--se solidariamente
desse patrimônio, os sócios podem ser responsáveis pelas obrigações anteriores à
chamados a responder com o seu averbação da alteração contratual pelo
patrimônio pessoal. Reitere--se aqui que prazo de dois anos após tal averbação (art.
dos sócios sobre tal matéria no âmbito do 1.003.
contrato social.
) ó :
A título exemplificativo, imagine--se a seguinte
situação hipotética, uma sociedade simples
ã
formada por três sócios que subscreveram
Os sócios de uma sociedade simples não
cotas iguais de R$ 1.000,00 (um mil reais).
são obrigados a permanecer sócios por
Considerando que a sociedade não possua mais
patrimônio, embora possua uma dívida de R$ toda a sua vida, eles podem sair do quadro
30.000,00 (trinta mil reais), qual seria a societário, sem que isso implique a
responsabilidade de cada sócio por essa extinção da sociedade.
obrigação?
A cessão de quotas envolve a transferência
Levando em conta a ausência de patrimônio dos direitos inerentes à condição de sócio
social, chega à pessoa dos sócios, os quais e, para valer perante terceiros, essa
respondem na proporção de suas quotas, ou transferência pressupõe uma alteração do
seja, cada sócio terá responsabilidade por R$ contrato social, devidamente registrada. A
10.000,00 (dez mil reais).
sociedade simples é uma sociedade
Embora, a princípio, não haja solidariedade eminentemente de pessoas, na qual os
entre os sócios, estes podem, no contrato sócios não podem ser substituídos nas suas
social, estipular a solidariedade entre eles funções sem o consentimento dos demais
(art. 1.023), de modo que qualquer sócio (art. 1.003 do Código Civil).
seria obrigado pela totalidade da dívida e
Direito Empresarial

A é extremamente haveres. Sem a formalização da saída pelo


relevante nas sociedades simples, por isso recesso, ação poderá ser ajuizada também
é fundamental, para o ingresso de um novo com o objetivo de reconhecer a dissolução
sócio, o consentimento dos demais. do vínculo, apenas declarando o fim do
vínculo a partir do decurso do prazo da
Em geral, os sócios terão uma qualificação notificação.
profissional específica, dada a natureza não
empresarial da atividade desenvolvida, o ) ã ó
que impede o livre ingresso de qualquer
Por derradeiro, também configura uma das
novo sócio.
hipóteses de resolução da sociedade
Desse modo, pode-se concluir que a cessão relativamente a um sócio a sua exclusão
das quotas sempre depende do por iniciativa da sociedade, ou de pleno
consentimento dos demais sócios, direito
ressalvado o caso de penhora de quotas,
) ã
com decisão judicial pelo leilão, quando
será desnecessária a manifestação dos ocorre nos casos em que a quota do sócio
demais sócios que, contudo, terão é liquidada em virtude da sua falência
preferência para aquisição das quotas. pessoal, ou da iniciativa de seus credores
1) çã pessoais (art. 1.030, parágrafo único,
combinado com o art. 1.026.
ó ( çã
) ) ã
) ó
é um direito da própria sociedade de se
Deve ocorrer a resolução do contrato em defender contra aqueles que põem em
relação apenas ao vínculo deste, salvo no risco sua existência e sua atividade.
caso de se decidir a dissolução total da ) ó çã ã
sociedade, ou a substituição do sócio
á
falecido por acordo com os seus herdeiros.
A ação poderá ser proposta pelo espólio do O cônjuge que se divorciou de um sócio e
sócio falecido ou por seus sucessores para os herdeiros do cônjuge de um sócio não
obter a apuração dos haveres. se tornam proprietários das quotas, mas
No caso de dissolução parcial em razão do apenas titulares do direito à participação
falecimento do sócio, tal ação deverá ser nos lucros e no acervo social.
proposta pelo espólio, enquanto não ) çã
encerrada a partilha (CPC/2015, art. 600, I)
e pelos sucessores após o encerramento da Operada a resolução da sociedade em
partilha (CPC/2015, art. 600, II). relação a um sócio, pode ser exercido por
Excepcionalmente, antes da partilha a este um dos direitos patrimoniais inerentes
legitimidade pode ser estendida aos à condição de sócio, qual seja, a apuração
coerdeiros, desde que no interesse do dos seus haveres, vale dizer, o recebimento
espólio de sua parte no patrimônio da sociedade.
Ao contribuir para o capital social e
) adquirir a qualidade de sócio, este passa a
é a saída deste por iniciativa própria ser titular de um direito potencial de
crédito, consistente na divisão do
o próprio sócio terá legitimidade para patrimônio social, o qual se concretiza no
propor a ação para receber a apuração de caso de resolução em relação a um sócio.
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são necessárias a dissolução do vínculo de decorrerá da soma das vontades dos


um sócio em relação à sociedade e a sócios, que deverão atentar ao dever de
manutenção da sociedade. Diante de tal lealdade (art. 1.010, § 3º), não votando
situação, o sócio faz jus à liquidação da sua quando tiverem interesses contrários aos
quota, isto é, faz jus a uma parte do da sociedade.
patrimônio da sociedade. Para este mister,
Expressa a vontade social, ela precisa ser
são necessários dois procedimentos: a
concretizada por meio dos administradores
determinação do patrimônio da sociedade
da sociedade, que, além de colocarem em
e a definição do quinhão que toca a cada
prática a vontade social, também gerem a
um dos sócios e, consequentemente, do
sociedade, tomando decisões de menor
quinhão do sócio que se afastou da
relevo pela sociedade.
sociedade, ou de seus herdeiros.
çã
) çã çã
Expressa a vontade da sociedade pelos
sócios, ou sendo necessária uma decisão
ter por objetivo o reconhecimento da
não sujeita à deliberação dos sócios, surge
resolução por morte, recesso ou exclusão e
a figura do administrador, seja para tomar
o pagamento da apuração de haveres, ou
a decisão, seja para pôr em prática a
somente um desses objetivos.
vontade social.
Nos casos de legitimidade ativa de sócio,
Não se pode falar em representação legal
espólio, herdeiros, ou mesmo cônjuge ou
ou convencional, seja porque a pessoa
companheiro, a princípio, de acordo com o
jurídica não é incapaz, seja porque a
texto do CPC, a ação deve ser ajuizada
função do órgão é essencial à própria vida
contra a sociedade e os demais sócios.
da sociedade, seja porque não há relação
Contudo, a sociedade não será citada se
de subordinação, não se podendo falar em
todos os seus sócios o forem, mas ficará
mandato.
sujeita aos efeitos da decisão e à coisa
julgada (art. 601, parágrafo único, do CPC. Quando o órgão age, quem age é a pessoa
jurídica, por meio do órgão se faz presente
é o direito ao recebimento de uma parcela
a vontade da pessoa jurídica.
do patrimônio da sociedade. Não se trata
de uma compra das quotas pelos demais deve competir a pessoas físicas (art. 997),
sócios, mas sim do recebimento de parcela as quais devem gozar de idoneidade para
do patrimônio da sociedade. Todo o administrar a sociedade, protegendo--se a
cálculo do valor é feito em cima do própria sociedade e o mercado
patrimônio da sociedade, que não se consumidor.
confunde com o patrimônio dos só-cios.
Não incorrendo nos impedimentos legais,
Logo, não há dúvida de que a devedora da
os administradores, que podem ser sócios
obrigação é a sociedade e não os sócios
ou não, devem ser indicados no contrato
remanescentes.
social ou em instrumento separado, que
“ ” deverá ser averbado à margem do registro
da sociedade, para assegurar ao público
sociedade deve praticar atos no mundo em geral o conhecimento de quem pode
dos fatos e muitas vezes se encontra diante praticar atos pela sociedade. Antes de tal
de vários caminhos que podem ser averbação, o administrador assume
seguidos, vale dizer, é necessária uma responsabilidade solidária com a sociedade
decisão. A tomada de tais decisões pelos atos praticados, pois, sem a
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averbação, o terceiro de boa-fé não tem Perante a sociedade, o administrador tem


como aferir a regularidade ou não da responsabilidade pelos danos causados a
atuação do administrador. ela, quando age com culpa e quando age
em desacordo com a vontade da maioria, a
Os sócios administradores nomeados no
qual conhecia ou devia conhecer.
contrato social não poderão ser
Assegura-se aos demais sócios o direito de
destituídos, salvo justa causa reconhecida
verificar os livros e documentos da
judicialmente, a pedido de qualquer dos
sociedade, salvo se uma época própria
sócios.
para tanto for fixada no contrato social.
art. 1.170, o referido dispositivo proíbe
Perante terceiros, o administrador pode
também o administrador de participar, de
ser responsabilizado quando age com
forma direta ou indireta, de operação do
culpa, abrangendo inclusive a exorbitância
mesmo gênero da que lhe foi cometida,
dos poderes que lhe foram atribuídos. Tal
salvo autorização expressa da própria
responsabilidade pode ser isolada ou
sociedade.
solidária em relação à sociedade.

1. cada sócio, eles podem cobrar toda a


dívida de um só, que depois acertará as
é uma sociedade eminentemente de contas com os demais sócios. Inexistem
pessoas, baseada na confiança recíproca limites para a responsabilidade do sócio;
entre os sócios, daí dizer-se que é uma não importa o tamanho da sociedade, cada
sociedade intuitu personae. As sócio responde com todo o seu patrimônio
características pessoais dos sócios exercem pelas obrigações não cumpridas.
papel fundamental para a constituição da
sociedade e para a vida empresarial da ) ó
sociedade. Em virtude disso, não se admite
o Código Civil permite que as quotas dos
a participação de pessoas jurídicas em tal
sócios sejam sujeitas aos credores
tipo societário, pois, em relação a uma
particulares desses sócios. No entanto,
pessoa jurídica, não se pode cogitar de
estranhos não podem ingressar na
uma “confiança”, no seu sentido mais
sociedade. O artigo 1.026 estabelece que,
subjetivo.
na ausência de outros bens, os credores
todos os sócios têm responsabilidade podem executar o direito do sócio aos
subsidiária, solidária e ilimitada pelas lucros ou ao patrimônio social em caso de
obrigações sociais, sem qualquer liquidação, o que resultaria na dissolução
possibilidade de alteração dessa parcial da sociedade. Isso leva à exclusão
responsabilidade1190 perante terceiros. do sócio devedor e ao depósito do valor
equivalente em juízo.
A responsabilidade é subsidiária, pois os
sócios só assumem alguma Nas sociedades em nome coletivo, os
responsabilidade após o exaurimento do credores dos sócios têm direitos limitados
patrimônio da sociedade (art. 1.024 do em comparação com as sociedades
Código Civil). Cada sócio responde perante simples. Eles podem apenas reivindicar os
os credores pela dívida inteira e depois se lucros do sócio devedor, não a liquidação
volta contra os demais sócios. Os credores de sua quota durante a existência da
não precisam cobrar uma parte da dívidade
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sociedade. Isso visa preservar a sociedade desde que o capital social não tenha sido
e manter o sócio na maioria dos casos. prejudicado.

No entanto, excepcionalmente, os A sociedade em comandita simples é


credores podem liquidar a quota do sócio considerada uma sociedade de pessoas,
durante a existência da sociedade, pois as qualidades pessoais dos
principalmente quando a sociedade é comanditados desempenham um papel
prorrogada tacitamente, atrasando a importante em sua constituição e
satisfação dos direitos dos credores. Isso funcionamento. No entanto, em caso de
também é permitido quando um credor se morte de um comanditário, a sociedade
opõe judicialmente à prorrogação da geralmente continua com seus herdeiros, a
sociedade, desde que demonstre os menos que o contrato social disponha o
prejuízos causados pela prorrogação. contrário. A cessão das quotas dos
Nesse caso, a sociedade e o sócio devedor comanditários requer o consentimento dos
são partes na oposição judicial. demais sócios, conforme o artigo 1.003 do
Código Civil.
2.

existência de dois tipos de sócios, que


exercem papéis diferentes para a vida da
sociedade. Sem a presença dos dois tipos
de sócios, não se justifica a sociedade em
comandita simples, tanto que a ausência
de um dos tipos de sócio por mais de 180
dias, apesar da subsistência da pluralidade
de sócios da outra categoria, gera a
dissolução da sociedade (art. 1.051, II, do
Código Civil).

) ó

envolve dois tipos de sócios: comanditados


e comanditários. Os comanditados
assumem responsabilidade ilimitada,
solidária e subsidiária pelas obrigações da
sociedade, semelhante aos sócios em
nome coletivo. Eles também têm o direito
de gerir a sociedade e seus nomes podem
ser incluídos na razão social.

Os comanditários têm responsabilidade


limitada, contribuindo apenas com uma
quantia para o capital social. Eles não
podem participar da gestão da sociedade
nem incluir seus nomes na razão social.
Qualquer redução no valor de suas quotas
não afeta os direitos dos credores
existentes. Eles têm o direito de votar,
fiscalizar a sociedade e receber lucros,

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