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Metodologia de Pesquisa Jurídica

 Pesquisa no Direito

A problemática produzida pelo novo contexto social exige a superação da concepção


tradicional do ensino jurídico, o que possibilita o repensar das regras que compõem o
ordenamento normativo e a vida social.

O exercício da pesquisa reflete a busca de produção de novos conhecimentos através da


adoção de uma metodologia eficiente e adequada.

Conceito: atividade racional e sistemática que exige o planejamento de todas as ações


desenvolvidas ao longo de seu processo de autoconstrução. É um procedimento prático de
produção de conhecimento.

Pesquisa epistemológica: à investigação do próprio objeto da ciência jurídica, questionando-se


sobre sua identidade e seus fundamentos científicos ou valorativos e, num segundo momento,
à interrogação da própria atividade investigativa dos juristas.

Pesquisa operatória: abrange não só as disciplinas que tratam dos fenômenos sociais
relacionados ao direito, mas igualmente as disciplinas que abordam o direito como um
conjunto de instrumentos e técnicas. Pesquisa jurídica nos cursos de graduação e extensão
deve ser cada vez mais incentivada, objetivando a aquisição de novos conhecimentos em razão
do surgimento de novos modelos de paradigmas resultantes da globalização.

 Pesquisa Jurídica no Brasil

Pesquisa no direito: área de produção atrasada em relação às disciplinas das ciências


humanas. Crença na autossuficiência do direito foi determinante para o atraso no
desenvolvimento da pesquisa em direito no país. Baixa qualidade científica dos trabalhos
produzidos no país

Necessidade da Pesquisa: é fundamental escolher um recorte e uma observação que


delimitem o campo da pesquisa. Variáveis dependentes de questões históricas, propósitos e
conjunturas do contexto do pesquisador. Propósito de problematizar, descrever e formular em
tese explicações causais ou correlações a partir de diversos programas. Para entender a
normatividade das regras sociais é indispensável a reflexão sobre as atitudes humanas. Campo
jurídico não se permite ser descrito ou analisado de forma diferente, assim como não quer ter
de incorporar em sua estrutura as suas descrições. Com isso, acaba ficando sempre igual.

Motivos do atraso: Isolamento secular dos cursos de direito em relação às demais disciplinas,
o que prejudicou o ambiente acadêmico de produção científica das ciências humanas, e uma
confusão que é feita entre pesquisa e prática profissional. Direito e sua aplicação passaram a
ser objetos de estudo de ciências consideradas estranhas pelo meio jurídico. Há uma
defasagem relativa na pesquisa em direito, quando comparada às outras áreas das
humanidades. Privatização do ensino do direito pode ser associada aos interesses
mercadológicos, que em muitas circunstâncias não incentivam as atividades de pesquisa.

Lógica dos pareceres: tomada das experiências práticas e rotineiras dos operadores do direito
como parâmetro para o desenvolvimento de pesquisas jurídicas. Métodos focados no preparo
para exames ou concursos públicos que se utilizam de avaliações alheias aos critérios
científicos de pesquisa. Desconexas com a realidade institucional do Brasil, inclusive pesquisas
teóricas que acabam adotando modelos estrangeiros, sem a devida contextualização.

Comparação regional: apesar das regiões Sul e Sudeste serem as mais bem conceituadas em
pesquisa em direito, relativamente ao restante do país ainda se percebe a falta de
comprometimento institucional com o objetivo de desenvolver a pesquisa, ou seja, não há um
engajamento na organização de muitas instituições de ensino superior com vistas à promoção
da pesquisa em direito de qualidade.

Superação da lógica dos pareceres: Dentre algumas ideias favoráveis à pesquisa, é possível
citar a proposta segundo a qual as faculdades de direito devem implementar Núcleos de
Pesquisa e de Extensão com efetiva regulamentação e cumprimento das atividades destinadas
ao trabalho de conclusão de curso, sob a forma de monografia individual com defesa perante
banca. O acesso, a manutenção e a intensificação da pesquisa em direito depende de uma
regulamentação sólida da profissão, sobretudo para fazer frente às tendências mercadológicas,
a lógica dos pareceres e assegurar um campo seguro de desenvolvimento desta carreira no
país.

Objetivo da pesquisa jurídica: precisa ser tratada como um ramo no qual profissionais atuam
para desenvolver o conhecimento em direito e, em última instância, contribuir para o debate
da resolução de problemas sociais, estabelecendo relações com outras áreas das ciências
humanas a fim de potencializar o aproveitamento conjunto dos pontos de vista interno e
externo.

Positivismo Jurídico no Brasil

Processo de desvirtuamento do pensamento filosófico de Comte pelas elites intelectuais


brasileiras representou uma desconsideração da dimensão sociológica na formação do
positivismo jurídico e contribuiu para o surgimento de uma ciência jurídica onde o Direito
passou a ser compreendido como pura norma, predominando uma concepção científica
desvinculada da dimensão social, o que era inconcebível para o autor considerado o fundador
da Sociologia.

Saber Jurídico: não somente no céu militar republicano brilhou o sol positivista no Brasil,
impactou fortemente tal movimento todas as áreas do pensamento brasileiro. A doutrina
jurídica brasileira alicerçada em nomes de grande referência e reverência, nasce no ambiente
filosófico positivista spenceriano e comteano, com a respectiva noção de cientificidade que lhe
é própria (cientificismo). A filosofia de Comte torna-se oportuna no Brasil do Século XIX em
virtude da premente necessidade de se instalar o liberalismo e um novo regime.

Conceito de Direito: visto como necessário para a organização e manutenção de qualquer


sociedade é entendido como conjunto de normas, dotado de mecanismos capazes de
permitirem a construção de um sistema legal que objetiva alcançar a solução ideal para as
contendas. Eles fazem e aplicam leis sem contato com a realidade e sem a preocupação com a
Sociologia, apenas estribadas na razão. A desconsideração da sociologia na formação dos
bacharéis tornou-se um fato presente nas Faculdades de Direito criadas e o positivismo passou
a ser compreendido como cientificismo legalista. Direito passou a ser compreendido como
pura norma, descompromissado com a realidade fática que deveria dar-lhe sustentabilidade e
que acaba por denunciar seu formalismo e inoperância para a solução dos graves problemas
sociais.
Justiça: que não mais pode ser compreendida e existencializada no universo individualista do
liberalismo moderno. Justiça que clama e urge a contemporânea e necessária dimensão
horizontal do direito e da justiça social.

Metodologia jurídica

Desenvolve seu objeto de estudos através de dois aspectos.

Aspecto teórico: busca debater os próprios fundamentos científicos do direito. ⇨Aspecto


prático: objetiva aprimorar as bases para a própria pesquisa científica, no sentido material da
sua elaboração.

Métodos Jurídicos: método depende o objeto do conhecimento, do conhecimento resulta o


método. O mais usado é o da dedução que por sua vez o jurista deve partir do geral para o
particular, das normas gerais para os casos.

Silogismo: é a forma típica do raciocínio jurídico e esse método dedutivo foi usado e abusado
da jurisprudência conceitual a qual originou a metodologia do direito privado que serviu de
exemplo para outros setores do direito.

Evolução do direito defendia o método teleológico, por ser considerada a força criadora do
direito e a fez compreende-la melhor. Silogismo jurídico.

Silogismo jurídico: é um modelo de pensamento lógico que os profissionais do direito


executam, principalmente, durante a apresentação de pareceres criminais. Dividida em três
etapas: 1ª-apresentação de uma premissa maior, baseada na lei; 2ª-caso concreto,
apresentação dos fatos como ocorreram; 3ª-conclusão que consiste na aplicação da lei ao fato

 Ciência e conhecimento científico

Ciência: conjunto organizado dos conhecimentos disponíveis pela humanidade, maior


patrimônio da humanidade, obtido ao longo da evolução, numa trabalhosa conquista através
do constante aperfeiçoamento do pensamento.

Conhecer: é relação que se estabelece entre o sujeito que conhece e o objeto ou fenômeno
alvo da pesquisa, (cognoscente/cognoscível) Conhecimento popular se correlaciona com o
conhecimento científico, e não se distinguem nem pela veracidade, nem pela natureza do
objeto conhecido, diferenciando em si só a forma. A ciência não é o único caminho de acesso
ao conhecimento e à verdade.

Conhecimento popular/Senso comum: é valorativo, ele se fundamenta com base no estado de


ânimo e emoções (sensitivo), implicando uma dualidade de realidade, os valores do sujeito
(subjetivo) fixam-se ao objeto conhecido, é falível e inexato, se conforma com a aparência
(superficial), com o que se ouviu a respeito do objeto, não permite ideia de hipóteses sobre as
explicações dos fenômenos, além das percepções objetivas (acrítico).

Se limita ao que é tido como verdade e aceito com certa estabilidade. Assistemático, não
possui uma organização prévia ou investigação de estudos para se chegar a uma conclusão,
associado ao conhecimento irrefletido, sem emprego de métodos (ametódico).

Conhecimento filosófico: é valorativo, seu ponto de partida são as hipóteses, baseiam-se nas
experiências, sendo racional, já que consiste em um conjunto de enunciados, logicamente,
correlacionados. É sistemático, visa uma representação coerente da realidade estudada, é
infalível e exato, já que vai buscar a realidade capaz de abranger todas as outras realidades,
não leva em conta a experimentação por teste de observação, esforço de questionar os
problemas humanos a razão pura e tentar discernir o certo e o errado.

Baseado na reflexão e construção de conceitos e ideias, uso do raciocínio em busca do saber


(crítico). Surgiu da capacidade do ser humano de refletir, principalmente sobre questões
subjetivas, imateriais e suprassensíveis, como os conceitos e ideias. Apesar de racional, esse
conhecimento dispensa a necessidade da verificação científica, visto que os seus objetos de
estudo não apresentam um caráter material (elucidativo). Questionar e encontrar respostas
racionais para determinadas questões, sem necessariamente comprovar algo, é especulativo.
Procura conhecer as causas reais dos fenômenos, não as causas próximas, como fazem as
ciências particulares, causas profundas e remotas de todas as coisas (origem das coisas,
respostas gerais).

Conhecimento religioso/ teológico: baseia-se em doutrinas possuindo proposições sagradas


(dogmas e ritos), é valorativo, é inspiracional, suas verdades são reveladas pelo sobrenatural, é
infalível e indiscutível (são verdades exatas), é sistemático por ser obra do Criador, portanto
suas evidências não são verificadas, fiel não detém nelas à procura de evidências, é aceito pela
fé, nada pode ser provado e nem se admite crítica, pois a fé é a única fonte de dados. Conjunto
de verdades que os homens chegaram, não com o auxílio de sua inteligência, mas mediante a
aceitação da revelação divina.

Conhecimento científico: é real, factual, constitui um conhecimento contingente (ensaios e


experiências), suas proposições ou hipóteses possuem sua veracidade ou falsidade conhecida
por meio da experimentação (verificável), e não apenas pela razão. Sendo sistemático, pois se
trata de um saber ordenado logicamente, formando um sistema de ideias, também é falível em
virtude de não ser definitivo, absoluto ou final, por esse motivo é, aproximadamente, exato.
Ultrapassa o senso comum, por meio do seu método, investigar e conhecer objetos, fatos e
coisas. A ciência promove a investigação e explora possibilidades, relação entre ciência e
filosofia, a separação entre os métodos utilizados pelo conhecimento científico e pelo filosófico
só ocorreu, de maneira tardia na história da humanidade, com a revolução promovida por
Copérnico, Galileu, descartes e outros pensadores.

É objetivo e homogêneo, uma vez que busca analisar o objeto em sua essência universal e as
leis gerais que regem os fenômenos. Tem a capacidade de afastar o homem do medo e da
superstição. Melhor forma de investigar, de buscar soluções para os problemas ditos científicos
está no estudo e na aplicação dos modelos de pesquisas que já tenham demonstrado
consistência teórica e prática.

Espírito científico: atitude do pesquisador em busca de soluções para o problema que


enfrenta.

Pesquisador deve ter:

Consciência crítica: distinguir o essencial do acidental, o importante do secundário;


Consciência Objetiva: rompimento com todas as posições subjetivas pessoais e mal
fundamentadas do conhecimento vulgar; Objetividade: trabalho científico é impessoal, não
aceita meias-soluções ou soluções apenas pessoais; Racionalidade: razão deve ser o “único
juiz” nas decisões da pesquisa.

 Pesquisa

Conjunto de atividades orientadas para a busca de um determinado conhecimento.


Objetivo da pesquisa científica é explicar, prever e / ou controlar um determinado fato ou
fenômeno. Baseados no raciocínio lógico, e que têm como objetivo encontrar soluções para
problemas propostos, mediante a utilização de métodos científicos, ampliando os
conhecimentos existentes na comunidade acadêmica.

Processo bilateral de aprendizagem que envolve tanto o indivíduo que a realiza quanto a
sociedade que dela participa como destinatária de seus resultados. Mais sucintamente, a
pesquisa pode ser definida como um conjunto de atividades orientadas e planejadas para o
alcance do conhecimento. Em se tratando de Ciência a pesquisa é a busca de solução a um
problema que alguém queira saber a resposta.

Aspecto metodológico: metodologia dá eficácia e valor à construção da ciência e em sua


aplicação, pois não há geração de conhecimento científico sem método.

Pesquisador: espírito científico é uma atitude ou disposição subjetiva do pesquisador que


busca soluções sérias, com métodos adequados, para o problema que enfrenta. Cultiva a
honestidade, sensibilidade social, curiosidade, integridade intelectual, perseverança (evita o
plágio).

Pesquisa Experimental: É toda pesquisa que envolve algum tipo de experimento.

Pesquisa Exploratória: É toda pesquisa que busca constatar algo num organismo ou num
fenômeno.

Pesquisa Social: É toda pesquisa que busca respostas de um grupo social. ⇨Pesquisa Histórica:
É toda pesquisa que estuda o passado.

Pesquisa Teórica: É toda pesquisa que analisa uma determinada teoria.

Investigador: revisa e analisa literatura específica sobre um tópico, assunto ou área de


conhecimento. Formula hipóteses. Desenvolve um plano de pesquisa. Seleciona e define
amostras. Avalia e seleciona instrumentos de medida. Seleciona um desenho experimental e
esquematiza procedimentos experimentais. Analisa estatisticamente os dados. Prepara o
relatório de pesquisa. Aplica as habilidades e conhecimentos adquiridos no processo científico.

Pesquisa Direta: busca os dados diretamente na fonte, possibilitando conhecer a realidade na


prática, por meio das leituras e reflexões, evidência da realidade, obtida com a observação e
experimentação (ex: Pesquisa de Campo; Pesquisa de Laboratório; Pesquisa-ação; Método
Descritivo; Método Experimental).

Pesquisa Indireta: utiliza-se de informações, conhecimentos e dados já coletados por outras


pessoas e demonstrados de diversas formas, como documentos, leis, projetos, desenhos,
livros, artigos, revistas, jornais (ex: Pesquisa Documental; Pesquisa Bibliográfica; Método de
Procedimento Bibliográfico; Método de Procedimento Histórico)

 Ciência e Direito

Ciência jurídica: pesquisa em direito contemporânea parece ter deixado de girar em torno da
aplicação de lei estatal a casos concretos. Passou a debater o que significa decidir o caso, ou
seja, quais são os critérios aceitáveis para fundamentar uma decisão, para além do texto legal.
A centralidade da lei estatal como fonte do direito está sendo posta em questão pelos debates
a respeito do pluralismo, a internacionalização do direito e a formação de ordens jurídicas
 Tipos de Pesquisa Jurídica:

Pesquisa social: o desejo crescente de conhecer a sociedade melhor, em suas faces


quantitativas e qualitativas., estabelecer a verdade, impor linhas retas.

Método: estudo e na aplicação dos modelos de pesquisas que já tenham demonstrado


consistência teórica e prática

Problemas: isolamento em relação a outras disciplinas das ciências humanas e uma peculiar
confusão entre prática profissional e pesquisa acadêmica.

Visão tradicional: restrita a consulta a manuais, coletânea de jurisprudência, a recortes de


jornais ou simples levantamento de opiniões sobre determinado assunto ou tema

Falta de sistematicidade: fundamentação teórica, de problematização da realidade ou teste de


hipótese. Assim um maior realce ao aspecto regulativo do direito.

 Evolução histórica:

esfera do direito restringia-se a um elenco de normas, proibições, obrigações e instituições, e a


Ciência do direito dedicava-se à sistematização e interpretação unidisciplinar deste elenco. O
saber jurídico tinha natureza dogmáticotecnológica, preocupando-se com as noções de
vigência e de eficiência procedimental; por essa razão, priorizava a criação de condições para a
ação e para o aumento de decidibilidade dos conflitos sociais, sem se preocupar com a
problematização dos fenômenos sociojurídicos e das formas de atuação e de regulação desses
mesmos fenômenos”.

 Modelos teóricos:

Analítico: sistematização de regras e normas.

Hermenêutico: sistema jurídico aplicado e compreensivo das condutas humanas por meio da
atividade discursiva-interpretativa;

Empírico: teoria da decisão jurídica, investigação das normas de convivência no interior ou nas
externalidades do ordenamento jurídico, para facilitar o processo decisório (formal e não
formal).

Argumentativo: necessidade de convencimento, por meio da atribuição de validade aos


argumentos utilizados, e de legitimidade dos procedimentos decisórios

 Teses do saber jurídico:

Todo conhecimento científico-natural é científico-social: concepção humanística das ciências


sociais como agente catalisador da fusão das ciências naturais e ciências sociais, pessoa como
autor/sujeito do mundo, no centro do conhecimento. Não há natureza humana porque toda a
natureza é humana, todo conhecimento científico-natural é científico-social.

Todo conhecimento é local e total: sendo local, também é total, porque reconstitui os projetos
de conhecimento locais, incentiva a emigrarem para outros lugares cognitivos. O conhecimento
do paradigma emergente, ao ser total, não é determinístico e, ao ser local, não é descritivista.
Todo conhecimento é autoconhecimento: criação do conhecimento ocorre com a soma de
atos criativos individuais de cada cientista (autoconhecimento). Todo o ato de conhecer o
objeto é autoconhecimento, forma de o cientista conhecer. Afirma-se assim a ideia de que a
ciência não descobre, cria. Ato criativo protagonizado por cada cientista e pela comunidade
científica em seu conjunto.

Todo conhecimento visa constituir-se em senso comum: paradigma emergente versa sobre a
necessidade da transformação do conhecimento científico em senso comum, em que o autor
defende que o conhecimento deve tornar-se popular e não ficar concentrado nas mãos (e

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