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Metodologia da Pesquisa Jurídica

Docente: Érica Babini


Aluno: Thiago Lima dos Santos
1º Período Direito - FCAP/UPE

A partir da leitura do 1º e 2º capítulos do livro: “A ESTRUTURA DAS REVOLUÇÕES


CIENTÍFICAS” de Thomas S. Kuhn e dos seus conhecimentos prévios, responda:
1. O que é um paradigma?
Fazer ciência é gerar conhecimento através de teorias, leis e métodos criados
anteriormente. Tal afirmação faz parte do método da ciência natural, que fixa a resolução dos
seus problemas através de um modelo enraizado e dominante no seu ramo, que não permite
inovar, ou seja, sua observação é restrita a esse modelo, mas garante a maior exploração
possível da forma em que é praticado.
No livro lido, Kuhn chama esse modelo de paradigma. Um dogma dentro da ciência
que é praticado por todos que a utilizam. O paradigma não é imposto, mas ele é formado
através da observação de vários procedimentos até chegar em um no qual não há concorrentes
e que é aceito como certo dentro do grupo, tornando-se um paradigma. Além disso, quando
dada ciência não encontra em seu modelo de observação (paradigma) a resolução do problema,
a resposta é encontrada em outro modelo que utiliza outras teorias, leis e métodos, esse
momento é chamado de Revolução Científica, uma substituição de paradigma, momento esse
vivenciado muitas vezes na história de várias ciências.
Portanto, um paradigma é um modelo utilizado por uma dada ciência no qual busca a
resolução de seus problemas através desse modelo. Ele é aceito por todos, não possui
concorrentes e não está posto a suspeita até que haja uma revolução científica para contrapor
tal modelo e gerar uma substituição da noção (novo paradigma) de tal ciência contraposta.

2. Elabore críticas ao paradigma da ciência normal:


A ciência normal a utilizar dado paradigma como método de observação e de
resolução de conflitos, gera considerações importantes do modo de fazer ciência, mas também,
tem posto a crítica a forma que excluí certas maneiras de pensar que não fazem parte do seu
arcabouço. Sabendo desses dois pontos podemos então refletir, como será exposto
respectivamente.
Sendo assim, ao fixar a sua análise em um modo de observação, o paradigma faz com
que a ciência que o utiliza seja mais aprofundada possível, descobrindo coisas que outrora não
fosse patente à ciência. Tal análise trás consigo méritos de importantes considerações que
servem para a evolução e inovação de estudos firmados naquela ciência, contribuindo, assim,
com a sociedade.
Porém, a questão que se levanta é quando essa análise se desdobra até eixos que até
então não fazem parte desse paradigma, levando o conflito no qual tais suposições e estudos
sejam considerados utopias, falácias e métodos anti-científicos por não fazerem parte do
comportamento comum dentro da ciência. Esse fenômeno restringe a produção científica a
dogmas e afasta a liberdade de inovação de se pensar. Sabendo que todo estudo deve ser posto
a prova e chegar a uma conclusão lógica e coerente dentro do ramo atuante, evitando, dessa
forma, a deturpação do saber científico e a sua degradação. Considerando possível fazer
ciência fora das demarcações dos paradigmas, pode-se chegar a múltiplas revoluções
científicas simultâneas, uma pluralidade de modelos científicos aceitos e válidos.
Portanto, o paradigma como benéfico para ciência, na forma de aprofundar o estudo,
carrega um estigma associado a novos saberes fora do seu modelo, impondo restrições a
pluralidade de visões científicas atuantes dentro de um campo científico.
3. Estabeleça relações do paradigma com o positivismo jurídico e pós-positivismo:
Dentro das ciências jurídicas ao decorrer do seu processo de estudo dentro da
sociedade, podemos enxergar três esferas evolutivas de teorias da forma de se pensar o direito,
como uma ciência que subsiste na sociedade. Primeiramente, destacamos o jusnaturalismo, ou,
o direito natural, onde o modo de fazer justiça não é baseada em leis ou constituições, mas de
forma consuetudinária de pensar no que é legal ou ilegal, de modo geral, um direito primitivo.
Seguidamente temos a evolução desse modelo para o juspositivismo, ou, direito positivo,
forma de se fazer direito baseado única e exclusivamente pelas leis, deixando de lado a
contextualização do processo e da moral. Após a Segunda Guerra Mundial, ao perceber que
os regimes totalitários se apoiaram no juspositivismo no que tende em vista que os seus
modelos de atuação não poderiam ser questionados por estarem assegurados de certa forma
pela lei, surge o pós-positivismo. Nele a lei pode ser questionada de acordo com o seu
contexto de atuação, trazendo notoriedade a moral e a ética dentro da lei.
Ao pensar em paradigma, podemos afirmar que as três esferas evolutivas citadas
posteriormente foram paradigmas formados dentro da ciência do direito. Destacando os dois
últimos modelos citados, iniciaremos com o juspositivismo, paradigma estabelecido entre a
Revolução Francesa até o final da Segunda Guerra Mundial, tendo como maior teórico
alemão, Hans Kelsen. Nesse momento os jurístas, cientistas do direito, participavam de um
modelo seguido por padrões legislativos, onde a lei não havia falhas nem brechas e deveria
ser seguida a qualquer custo. Julgamentos nesse período deixavam de lado a contextualização
do caso como a cultura onde foi ocorrido, a classe social, e fatores semelhantes aos citados
que levaram o descumprimento da lei, trazendo consigo falhas sociais como as representadas
no período nazi-fascista. Contudo, houve uma revolução cientifica no século XX, quebrando o
paradigma do juspositivismo e inaugurando na sociedade o modelo jurídico pós-positivista.
No Brasil, podemos enxergar o novo modelo no período da redemocratização quando surge a
mais atual Constituição Federal em 1988. O paradigma do pós-positivismo, faz agora os
juristas olharem para o contexto da criminalização para, assim, aproximar-se da garantia do
direito, respeitando as suas diferenças estabelecidas, sejam elas por qualquer fator.
Concluindo, assim, o positivismo jurídico e o pós-positivismo, estabelecem relações
com o conceito de paradigma científico ao serem exemplos claros de paradigmas na ciência
do direito e como a explicação voltada a quebra de paradigma a partir de uma revolução
científica, como explicada por Kuhn no livro “A Estrutura das Revoluções Científicas”, é
representada na mudança de paradigma do positivismo ao pós-positivismo como foi discutido.

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