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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ

CENTRO DE CIÊNCIA NATURAIS E TECNOLOGIA

BACHARELADO EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS

AMANDA FONSECA DIAS

PRIMEIRA ATIVIDADE DA DISCIPLINA TEORIA DAS RELAÇÕES


INTERNACIONAIS II: TEORIA TRADICIONAL E TEORIA CRÍTICA – MAX
HORKHEIMER

PROFª DRA. MAYANE BENTO

BELÉM-PA
2022
Os pensadores. Textos escolhidos. 1º edição: Victor Civita, 1975. HORKHEIMER, Max.
Teoria Tradicional e Teoria Crítica. p. 125-163
Horkheimer aponta que o surgimento do que se entende por Teoria Tradicional se deu no
início da filosofia moderna com René Descartes e o surgimento do conceito de teoria
parte da dos avanços das ciências naturais – principalmente a matemática e a física –, pois
eram tidas como modelo de se fazer ciência. O autor explica o conceito tradicional de
teoria foi definido como uma “sinopse de proposições” (p. 125) ligadas entre si, cujas
demais teorias seriam deduzidas a partir destas e suas validades se dariam na
correspondência com os fatos e em leis de causa e efeito. O método dedutivo é o que
prevalece nessa ciência e é estendido para todas as demais, inclusive as ciências humanas.
Porém, a diferença se dá não com a teoria em si, e sim como é realizado o processo de
pesquisa que, neste caso, é a empiria. Preocupava-se com a prática, com os caminhos para
seguir o modelo sem questioná-lo e que passa a ser utilizado nas ciências humanas (ou
ciências sociais) sem uma atenção para o conceito de teoria e nenhuma crítica a este. Não
houve, para Horkheimer, um questionamento a essa imposição de modelo, a qual
igualava, metodicamente, os fenômenos sociais e fenômenos naturais: “Não é o
significado da teoria em geral que é questionado aqui, mas a teoria esboçada, ‘de cima
para baixo por outros’, elaborada sem contato direto com os problemas de uma ciência
empírica particular”. (p. 197). Para a Teoria Tradicional, é possível fazer ciências sociais
com o mesmo modelo de observação empírica das ciências naturais, no qual o observador
analisa as conexões causais entre os fenômenos de forma imparcial e distante, ainda que
a sociologia seja tão demonstrável, previsível e calculável quanto uma ciência natural.
Ela é dirigida no caminho da generalização, com o intuito fundamental de aumentar sua
eficácia, em que um dos objetivos é o de classificar o objeto que investiga.
Contudo, a Teoria Crítica surge como oposição as características do modelo tradicional
de teoria, visto que o observador também é observador, é objeto e sujeito da experiência
simultaneamente; logo, não existe imparcialidade. Além disso, essa “classificação” feita
pelas ciências naturais, e que é direcionada às análises sociais, transpõe a investigação de
compreensão da sociedade como dividida em classes. E a crítica ao modelo tradicional
denuncia, exatamente, o caráter descritivo da realidade, pois, ao entender que o potencial
emancipação humana está presente exclusivamente nas representações próprias de uma
classe, a Teoria Tradicional investiga os conteúdos psíquicos de uma determinada
sociedade. Nesse sentido, este modelo impõe a separação entre o indivíduo e a sociedade,
pois o comportamento humano passa a ter a própria sociedade como seu objeto. Qualquer
crítica que parta de um diagnóstico de classe, segundo Horkheimer, reproduz apenas um
único ponto de vista e, dessa forma, não é Teoria Crítica. Esta envolve o comportamento
crítico que orienta para a emancipação, ou seja, a partir das apreensões contraditórias da
realidade percebe-se que a economia vigente é produto da ação humana e pode tomar
rumos que orientam o indivíduo para a emancipação. Na Teoria Tradicional, porém, o
indivíduo não se vê como parte de um processo contraditório, em que suas
potencialidades são desenvolvidas, e sim aceita as determinações impostas por este
método como natural, guiando seu comportamento. Na divisão social, característica desse
modelo, faz com que a sociedade seja vista apenas como grupo de indivíduos isolados
cuja consciência está sob a tutela do processo de racionalização mecânica, e é isso que o
pensamento crítico denuncia quando reconhece as categorias dominantes do processo
social – e que também está presente na própria realidade do mundo governada pelo
capital. Logo, a emancipação tem como objetivo a transformação do todo que dispensa
o caráter pragmático do pensamento tradicional. O modelo crítico não vê como um
processo natural a divisão entre indivíduo e sociedade, pois este é resultado específico de
uma forma determinada de sociedade. Nesse aspecto, a Teoria Critica considera a
realidade como resultado da ação e das decisões humanas (o “saber” e o “agir” podem ser
pensados mutuamente). Já o método tradicional limitou-se a descrever a realidade como
algo exterior ao observador, separando o “saber” do “agir” – a ideia de ciência imparcial.
Além disso, o objetivo de Horkheimer quanto a especialização do conhecimento – diante
do número ampliado de disciplinas cientificas – era analisá-la de uma maneira crítica a
qual é compreendida a partir do tempo – em seus condicionamentos históricos e em seu
sentido social. Desse modo, diagnóstico do tempo presente parte da interdisciplinaridade,
dando atenção sempre às tendências do desenvolvimento histórico. Portanto, a outra
característica que diferencia a Teoria Critica da Teoria Tradicional é a consideração de
que as experiências ocorrem sempre em um contexto histórico, de maneira a fazer um
diagnóstico do tempo presente.

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