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Metodologia de Investigação

em Ciências Sociais e
Humanas: Teoria e Prática.
Coutinho, Clara Pereira (2011).

UC: Metodologia em Ciência Politica


DANIELA FILIPA CURVAO MARTINS A85056
Citações
• « O papel da teoria é crucial (…) para os defensores da perspetiva positivista;
por trás de uma investigação há sempre uma teoria que orienta (…) e o objetivo
central da investigação cientifica é pura e simplesmente a verificação dessa
mesma teoria. » (pág.11)
• « A minha critica não é apenas contra uma pratica de investigação cientifica
estritamente empírica; (…) estende-se ao nível positivista interpretativo de tais
processos de investigação. A falsa consciência de uma pratica correta tem um
efeito retroativo sobre essa mesma pratica. » (Habermas, 1974, pág. 235)
A Investigação É …

• … uma atividade de natureza cognitiva;


• … um processo sistemático e flexível;
• … objetivo de pesquisa, verificação, indagação;
• … algo que contribui para explicar e compreender os fenómenos socias;

É através da investigação que se reflete e problematizam os dilemas nascidos na pratica.


É através da investigação que nasce o debate e se constroem ideias novas.
Quando falamos de investigação, em CSH, falamos obrigatoriamente de dois preceitos necessários:

Que seja cientifica, regulada pela sistematização e pelo rigor.

Que seja adequada ao objeto de estudo.

A Investigação carateriza-se:
Pela sua dependência contextual (o
cientista social não pode
desincorporar-se do contexto).
Pela sua Multiplicidade (pela
presença de diferentes
abordagens).
Paradigmas de investigação são:
• Um conjunto unido de postulados;
• Valores notórios;
• Teorias idênticas;
• Regras que são recebidas por todos os componentes de uma comunidade
cientifica.

Na investigação cientifica o paradigma obedece a dois cargos principais: a de unificação dos


juízos/conceitos e a de legitimação/validação entre os investigadores.
Perspetiva, tradição, programa de investigação e paradigma são termos semelhantes com um
ideal essencial em comum: agregar e legalizar a investigação nos aspetos concetuais e nos
aspetos metodológicos.

Existem três tipos de paradigmas:

1 Paradigma Positivista;
2 Paradigma Interpretativo;
3 Paradigma Socio-critico;
Paradigma Positivista:
• O paradigma Positivista procura adaptar o modelo das Ciências Naturais à investigação
em CSH utilizando o método quantitativo.
• Nasceu do pensamento de Augusto Comte (o primeiro representante deste
movimento).
• Baseia-se na observação de relações de causa-efeito.
• Inspirada numa ontologia realista que tem o objetivo “descobrir como as coisas são e
como trabalham mesmo” e de “prever e controlar os fenómenos”.
• Para os Positivistas Lógicos só o método cientifico dá garantias de obtenção do
conhecimento mais objetivo possível.
• A Objetividade do investigador deve permanecer neutra para evitar juízos subjetivos.
«Como é possível que um
modelo que concebe o
mundo como sendo
Criticas ao Positivismo: ordenado e sujeito a leis
(…) podia aplicar-se a
uma realidade social que é
aberta e indeterminada?»
(Usher 1996)
Cziko apresentou argumentos para a imprevisilidade do
comportamento humano, como por exemplo, as diferenças individuais
e o caos. (Cziko 2000).

O Positivismo com a sua teoria universal de que só o modelo de investigação da CN é


supra histórico desaba a partir da situação em que, ao situar-se num dado paradigma,
compõe mais uma forma de observar o mundo, nunca a única. Fica assim aberta a
porta para que outras abordagens se declarassem.
Paradigma Interpretativo:
• Surge na década de 60 quando os cientistas desenvolveram um interesse por
abordagens de cariz interpretativo.
• As suas raízes vêm do positivismo de Comte e do empirismo de Locke e Mill.
• Da perspetiva ontológica este paradigma pratica uma posição relativista.
• Inspira-se numa epistemologia subjetivista que valoriza o papel do investigador.
• Adota um quadro metodológico incompatível com as propostas do positivismo.
• Pretende substituir as noções cientificas de explicação, previsão e controlo pelas
noções de compreensão, significado e ação.

Tal como o paradigma positivista, o paradigma


interpretativo foi alvo de inúmeras criticas.
Paradigma Socio-critico:
• O paradigma socio-critico compõe um progresso e uma versão actual da filosofia
marxista, remontando as suas origens ao movimento da escola de Frankfurt.
• Germinou do teórico Jurgen Habermas.
• Trata-se de uma abordagem critica ao paradigma positivista e ao paradigma
interpretativo.
• Pretende entender a ação humana no processamento da comunicação.
• Tem o propósito de transformar o mundo orientando-o à liberdade, justiça e democracia.
• Considera que existe um terceiro tipo de conhecimento, o conhecimento emancipatório,
que visa desvendar as ideologias que sustentam o status social.
Paradigmas: Designações: Fundação Teórica: Finalidade da Logica:
Investigação:

Paradigma Empírico-analítico; Positivismo; Pós-Positivismo; Descrever; Analisar; Hipotético-


Positivista; Objetivista; Realista; Empírico; Explicar; Prever; dedutiva
Quantitativo; Teoria é norma para a pratica. Procurar Leis.
Racionalista. Construção e verificação de
teorias.
Paradigma Humanista; Naturalista; Fenomenologia; Interacionismo Compreender; Indutiva/
Interpretativo; Hermenêutico; simbólico; Antropologia; As Interpretar; Descobrir descritiva;
Qualitativo; Ecológico; construções teóricas emergem da significados. Interpretativa.
Fenomenológico; situação.
Etnográfico.

Paradigma Sociocrático; Orientado à Teoria Critica Praxeologia; Libertar; Emancipar; Indutiva


Socio-critico; mudança; Investigação- A pratica é a teoria em ação; Melhorar;
ação; Emancipatório; As construções teóricas emergem Transformar;
Ciência critica da de forma cooperativa Criticar; Identificar
educação. mudanças
Metodologia VS Método VS Técnica:
As técnicas são usadas por determinado ramo do saber ou ciência
Metodologia = Método na sua praxis cientifica

Um conjunto de técnicas suficientemente gerais para serem comuns a


Técnica um numero significativo de ciências passam a constituir um método.
Técnica
Técnica
Técnica A metodologia analisa e descreve os métodos, distancia-se da prática
Técnica para poder tecer considerações teóricas em torno do seu potencial na
produção do conhecimento cientifico.

A metodologia preocupa-se com as técnicas.


Os métodos são técnicas gerais para serem comuns as diferentes
Método ciências.
Perspetiva Quantitativa:
• Inspirada no paradigma positivista.
• A investigação é baseada na teoria, consistindo muitas das vezes em testar,
verificar, comprovar teorias e hipóteses.
• O objetivo de estudo é desenvolver generalizações que contribuam para
aumentar o conhecimento e permitam prever, explicar e controlar fenómenos.
• Enfatiza os factos, comparações, relações, causas, produtos e resultados do
estudo.
Perspetiva Qualitativa:
• Aparece na sequencia das criticas ao positivismo.
• Surge depois dos factos e apartir da analise dos dados, fundamentando-se na
observação dos sujeitos.
• A nível conceptual, o objeto de estudo são as intenções e situações. Trata-se de
investigar ideias, de descobrir significados nas ações individuais e nas interações
sociais.
• A nível Metodológico, baseia-se no método indutivo, uma vez que o investigador
pretende desvendar a intenção e o propósito da ação, estudando-a na sua própria
posição significativa.
Perspetiva Orientada para a prática:
• Surgiu como uma alternativa ás duas perspetivas anteriores.
• A nível conceptual, assume uma visão global e dialética da realidade.
• Em termos Metodológicos, a perspetiva orientada não tem uma metodologia
própria em relação às duas anteriores.
• Na relação teoria-pratica, considera-se uma perspetiva de carácter pratico, uma
vez que, esta perspetiva centra-se em problemas da realidade social e é orientada
para a ação.
Tendência Atual: Integração Metodológica:
Existem três posições no debate epistemológico entre paradigmas:

1 Incompatibilidade 2 Complementaridade 3 Integração/ unidade epistemológica

Acreditam que os
paradigmas são
diferentes a nível
Os diferentes ontológico e
paradigmas são epistemológico. Aceita
epistemologicamente que o investigador não
diferentes por tao tenha de se enquadrar Rejeita-se o conceito de confronto entre
incomensuráveis e num deles como o único paradigmas advogando-se alternativas
irreconciliáveis. e o melhor que integrem o velho confronto.

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