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BOLSHAW, 2015
Desde Aristóteles:
• Método como relação entre sujeito e objeto, por meio da qual se distingue o que é subjetivo e relativo a cada
um e o que é objetivo, geral, universal, comum a todos.
• Método científico é entendido como um conjunto de regras e procedimentos para produção do conhecimento
científico ou objetivo novo ou adicional.
• Epistemologia ciência (não seria ramo da filosofia?) que estuda a produção do conhecimento científico (regras
lógicas, problemas e relação com o contexto histórico-social).
Paradigma mecanicista-determinista:
• O universo é uma grande máquina que precisa ser descrita e explicada em suas regularidades e irregularidades.
• Racionalismo e empirismo se alternam, relacionam e complementam como movimentos, dimensões ou
possibilidades do “método científico” (concepção estrita – ou estreita - de ciência e de método).
• Racionalismo / Método Hipotético-Dedutivo (do geral para o particular): chega-se à verdade; dúvida sistemática;
método científico; 21 regras do método científico; 4 etapas: evidência, análise, síntese, enumeração /
classificação.
• Empirismo / Método Indutivo-Experimental (do particular ao geral): determinação das causas dos fenômenos a
partir da experimentação (observação, elaboração da experiência de modo que seja controlável, registrável e
repetível, teste, comparação, generalização).
Paradigma (neo)positivista:
EPISTEMOLOGIA RACIONALISTA - os fatos não são “descobertos”, mas a ciência se reformula para melhor compreendê-
los. A observação, a experiência e a experimentação não são mais a fonte de conhecimento por excelência; a ciência
explica os fatos formulando hipóteses (proposições) e sistemas de hipóteses (teorias) e sistemas de teorias, em um
processo cada vez mais abstrato. A observação, experiência e experimentação não desaparecem, mas o empirismo e o
método indutivo parecem superados.
• A filosofia de Lakatos foi inspirada/provocada pela dialética de Hegel e de Marx, pela teoria do conhecimento
de Karl Popper.
• Programas de investigação científica podem ser progressivos (fazem avançar) ou regressivos (fazem recuar /
suspender) e são conjuntos de regras metodológicas a serem seguidas ela investigação (heurística positiva) e
rotas a serem evitadas (heurística negativa). São formados pelo núcleo duro (teoria principal, irrefutável) e
cinturão protetor (teorias correlatas, auxiliares).
• Lakatos, diferenciando de Popper, diz que teorias que possuem muito conteúdo corroborado em relação às
anteriores e que conseguem antecipar fatos sobrevivem e se mostram válidas.
• As disciplinas ou programas de investigação são responsáveis pela transmissão intelectual intergeracional. Tais
disciplinas ou programas são formados por populações de conceitos com capacidade explicativa e por
populações de cientistas com ideais explicativos. A diferença entre a capacidade explicativa dos conceitos e o
desejo/ideal explicativo dos cientistas dá origem aos problemas científicos que levam a mudanças conceituais,
à solução de problemas e à identificação de outros. As disciplinas ou programas de investigação estão
continuamente se transformando por razões internas ou externas (sociais, políticas e econômicas).
• Rechaça tanto a tese de um único sistema lógico universal válido para todas as disciplinas e programas de
investigação quanto o relativismo de que cada disciplina ou programa forja conceitos e sistemas lógico-
proposicionais localmente soberanos.
CONTRACULTURA EPISTÊMICA- Com a teoria da relatividade, a mecânica quântica e outras descobertas da física teórica,
as teorias epistemológicas se tornam relativistas, sem pretensões à universalidade e põem a ênfase na sincronia (e não
na diacronia). Pluralismo cultural, democratização de saberes, saberes de diferentes locais e origens, superação do
etnocentrismo científico ocidental, outras formas de pensar o mundo. Relativismo.
• Simultaneidade do tempo e distribuição arqueológica dos saberes de forma espacial: Gaston Bachelard (sob
influência da psicanálise e fenomenologia, embora entenda a ciência como racional, critica o positivismo e o
neopositivismo e alinha-se ao construtivismo – não como teoria educacional, mas como teoria de que o
conhecimento é fruto de uma construção com obstáculos epistemológicos; o avanço da ciência ocorre quando
delimitamos, descrevemos e superamos esses obstáculos; o conhecimento científico é sempre a reforma de
uma ilusão) e Thomas Kuhn (oscilação entre períodos de ciência normal, no qual comunidade científica adere a
um mesmo sistema de pensamento ou paradigma; à medida que surgem paradoxos e anomalias, há crise
conceitual e rupturas teóricas, que impulsionam uma revolução científica e a instituição de um novo paradigma).
• Condicionamento estrutural externo, regras lógicas internas de cada disciplina: Umberto Maturana (a ciência
avança como permanente reformulação das experiências; o fazer do cientista está no cotidiano; objetividade
sem parênteses, onde a realidade independe do observador x objetividade entre parênteses, não nega a
existência da realidade, mas entende que podem existir tantas realidades quantos forem os domínios
operacionais).
• Anarquismo epistemológico: Paul Feyerband (defende a necessidade de violação das regras epistemológicas de
dos métodos, pois essa violação permite formular hipóteses que não “cabem” nas teorias aceitas a cada
momento; defende admitir alternativas incompatíveis, confrontar ideias de temporalidades diferentes, levar em
conta as discrepâncias entre hipóteses, observações e experimentos; defende o pluralismo de teorias; ciência
como empreendimento anárquico, resultante de um processo histórico, heterogêneo e complexo, misto de
fatores psicológicos e individuais, com econômicos, políticos e sociais).
• Pensamento sistêmico (Fritjof Capra), pensamento integral (Ken Wilber) e pensamento complexo (Edgar Morin):
o todo é indissociável, o estudo das partes não permite entender e articular o todo; não há um único universo
dividido em partes conexas, nem uma complexidade múltipla sem possibilidade de totalização ou síntese, mas
um Kosmo em que uma totalidade é parte de uma outra totalidade mais abrangente (castelo de conceitos;
combinação de diferentes teorias e modelos); reunificação transdisciplinar dos saberes, três operadores
epistemológicos-éticos: princípio dialógico (dualidade dentro da unidade) + recursividade organizacional
(causalidade circular de retroalimentação múltipla) + representação hologramática (o todo está contido em cada
parte e cada parte contém o todo).