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CURSO DE BACHARELADO EM PSICOLOGIA

DISCIPLINA DE CIÊNCIA E SUSTENTABILIDADE


MARIA TAILANE DE FREITAS SILVA
PSI_114N

RESENHA
Uma breve história da Epistemologia

O artigo intitulado “Uma breve história da Epistemologia”, o Doutor em Ciências


Sociais Marcelo Bolshaw Gomes aborda diferentes perspectivas sobre o fazer discurso
científico. Resume-se aqui o discurso dos diversos cientistas citados durante todo o
artigo, sobre o fazer científico segundo o conteúdo: o racionalismo universalista, o
relativismo pós-moderno e o pensamento complexo. O objeto da crítica foi a falta de
contextualização social da epistemologia.

O autor inicia com o discurso sobre o método de Aristóteles, descrevendo que o método
é a relação do sujeito com o objeto, em que se distingue entre o que é subjetivo, relativo
a cada um, do que objetivo, universal ou comum a todos. No decorrer do texto é citado
a experiência indutiva, o autor cita o método de Descartes que é hipotético dedutivo,
partindo do geral para o particular; Isaac Newton é o principal responsável pelo método
indutivo empírico, aquele em que o conhecimento científico é produzido do particular
para o geral. Tanto Descartes quanto Newton entendia o universo como uma imensa
máquina, cuja regularidade e diferenças precisavam ser descritas. E essa forma de
pensar o universo é chamada de “paradigma mecanicista-determinista”, tendo sido mais
aperfeiçoada por novas contribuições.

Na área da epistemologia neopositivista, Bolshaw menciona Karl Popper e demonstra


que nem a verificação nem a indução são suficientes para construir a objetividade
científica. De acordo com Imre Lakatos, “Programas de Investigação Científica” são
conjuntos de regras metodológicas que devem ser seguidas pela pesquisa, indicando as
direções a serem evitadas e podendo ser progressivas ou regressivas. Já para Stephen
Toulmin, o conhecimento científico é dividido em disciplinas compostas por grupos de
conceitos com capacidade explicativa e por grupos de cientistas que possuem uma visão
explicativa ideal.

A contracultura epistêmica com Karl Popper, Imre Lakatos e Stephen Toulmin


argumenta que a epistemologia era essencialmente racionalista. A observação,
experiência e experimentação já não são mais fontes de conhecimento; a ciência explica
os fatos inventando hipóteses e sistemas hipotéticos cada vez mais abstratos, embora
ainda utilize a experimentação como sua principal forma de validação.

Quanto à crise dos paradigmas e da estrutura das revoluções científicas, segundo


Thomas Kuhn, o progresso da ciência oscila entre períodos de ciência normal e períodos
de revolução científica. Ele afirma que a ciência normal ocorre em períodos longos nos
quais as comunidades científicas aderem ao mesmo sistema de pensamento ou
paradigma.

Em relação ao corte e recorte epistemológico, Gaston Bachelard defende que a ciência é


uma construção racional. Bachelard acredita em uma abordagem científica que não é
positivista. Sim, é verdade que o conhecimento científico é racional e construtivista,
mas também possui suas limitações. O progresso na ciência ocorre quando
identificamos, descrevemos e superamos esses obstáculos. O conhecimento científico é
constantemente uma revisão de nossas ilusões. A crítica do objeto empírico, visto pelo
senso comum, leva a construção do objeto teórico. Resumindo, ciência começa onde a
ideologia termina.

Na biologia do conhecimento, de acordo com Umberto Maturana, a ciência avança se


houver uma permanente reformulação das experiências, com elementos da experiência
do próprio cientista, do homem enquanto ser humano no prazer de explicar as coisas. O
fazer do cientista está no cotidiano, pois ele próprio é parte dele.

Com o anarquismo epistemológico, Paul Feyerabend defende a necessidade de


violações das regras metodológicas e epistemológicas. Segundo o mesmo essas
violações são necessárias ao progresso da ciência, pois permitem introduzir hipóteses
novas sem que precisem se ajustar às teorias bem aceitas. Para Feyerabend, fazer
ciência pressupõe admitir novas concepções, alternativas incompatíveis, confrontar
ideias novas e antigas, pode-se levar em conta as discrepâncias entre hipóteses e
observações.
De volta ao todo, além de demonstrar que a vida dos cientistas é um fator preponderante
do fazer científico, o relativismo epistemológico significou também pluralismo cultural,
democratização dos saberes de diferentes locais e principalmente a superação do
etnocentrismo científico ocidental sobre outras formas de pensar o mundo.

No pensamento complexo, Edgar Morin, usa os seis volumes do Método (2005) e no


livro Os sete saberes necessários para a educação do futuro (2000), faz a mais extensa
revisão epistemológica da ciência do século XX. A Teoria da Complexidade tem três
operadores ao mesmo tempo epistemológicos e éticos: o princípio dialógico, o princípio
da recursividade organizacional e o princípio da representação hologramática.

Ao chegarmos ao porto final, contudo, aprendemos sobre o racionalismo universalista, o


relativismo pós-moderno e o pensamento complexo. Descobrimos como a ciência se
tornou mais racionalista e menos empírica-indutiva ao longo do tempo e como as
condições externas de produção do Discurso Científico se tornaram mais relevantes,
devido ao aumento significativo das influências sociais, históricas e políticas na
produção do conhecimento científico.Com base da leitura do artigo, fica notável que o
mesmo apresenta uma escrita clara e objetiva, consegue trazer o leitor para o interior de
sua explicação de forma fácil.

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