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Metodologia na Pesquisa

Artística
Etimologia
• A palavra método vem do grego, methodos, composta
de meta: através de, por meio, e de hodos: via,
caminho.

• Servir-se de um método é, antes de tudo, tentar


ordenar o trajeto através do qual se possa alcançar os
objetivos projetados. (já uma interpretação)

• pela etimologia pode também ser pensada como


perseguir um caminho, ir através de um caminho, ou
literalmente.
Distinção entre método e
metodologia

O termo método se refere mais especificamente às técnicas individuais


(por exemplo, entrevistas, observação participante,etc), enquanto que a
metodologia pode ser interpretada de forma ampla para sugerir tanto os
pressupostos dos métodos, bem como sua relação com a teoria e as
implicações para a sociedade. Metodologia, em suma, mais claramente
implica uma preocupação, uma estratégia global de tipos de construção de
conhecimento específico e se justifica por uma série de suposições
metateóricas. (Raymond Morrow (1994) Apud Graeme Sullivan, 2010)
Metodologia Científica
Pressupostos
01) Busca da verdade
02) Apenas a razão pode alcançar um conhecimento
verdadeiro
03) Observação e experimentação
04) Divisão entre sujeito e objeto: o mundo está lá
fora e necessita ser “descoberto”
05) Sujeito e objeto é mediado por aparelhos e
medições
O que é pesquisa (no sentido clássico da metodologia científica)?

– “Pesquisar, significa, de forma bem simples, procurar respostas para indagações


propostas.”

– “Pesquisa científica é a realização concreta de uma investigação planejada,


desenvolvida e redigida de acordo com as normas da metodologia consagradas
pela ciência.”

– “A pesquisa é uma atividade voltada para a solução de problemas, através do


emprego de processos científicos.”

– “Pesquisa científica é um conjunto de procedimentos sistemáticos, baseados no


raciocínio lógico, que tem por objetivo encontrar soluções para os problemas
propostos mediante o emprego de métodos científicos.”
Método Indutivo

método indutivo parte do particular e coloca a generalização como um produto posterior do trabalho de
coleta de dados particulares.
De acordo com o raciocínio indutivo, a generalização não deve ser buscada, mas constatada a partir da observação
de casos concretos suficientemente confirmadores dessa realidade.
Constituí o método proposto pelos empiristas (Bacon, Hobbes, Locke, Hume), para os quais o conhecimento
é fundamentado exclusivamente na experiência, sem levar em consideração princípios preestabelecidos.
Nesse método, parte-se da observação de fatos ou fenômenos cujas causas se deseja conhecer. A seguir, procura-
se compará-los com a finalidade de descobrir as relações existentes entre eles. Por fim, procede-se à
generalização, com base na relação verificada entre os fatos ou fenômenos (TORRES, 2009).
Considere-se o exemplo:
Antonio é mortal.
Benedito é mortal.
Carlos é mortal.
Zózimo é mortal.
Ora, Antonio, Benedito, Carlos... e Zózimo são homens. Logo, (todos) os homens são mortais,
(TORRES, 2009).
Método Dedutivo

método dedutivo, de acordo com a acepção clássica, é o método que parte do geral e, a seguir, desce ao
particular.
Parte de princípios reconhecidos como verdadeiros e indiscutíveis e possibilita chegar a conclusões de
maneira puramente formal, isto é, em virtude unicamente de sua lógica.
É o método proposto pelos racionalistas (Descartes, Leibniz), segundo os quais só a razão é capaz de
levar ao conhecimento verdadeiro, que decorre de princípios a priori evidentes e irrecusáveis.
O protótipo do raciocínio dedutivo é o silogismo, que consiste numa construção lógica que, a partir de duas
preposições chamadas premissas, retira uma terceira, nelas logicamente implicadas, denominada conclusão
(TORRES, 2009).
Seja o exemplo:
Todo homem é mortal. (premissa maior)
Pedro é homem. (premissa menor)
Logo, Pedro é mortal. (conclusão), (TORRES, 2009).
Pesquisa Quantitativa
Ciências Sociais
• Busca apurar opiniões e atitudes explícitas e conscientes dos entrevistados,
pois utiliza instrumentos estruturados (questionários). Deve ser
representativa de um determinado universo de modo que seus dados
possam ser generalizados e projetados para aquele universo. Seu objetivo é
mensurar e permitir o teste de hipóteses, já que os resultados são concretos
e menos passíveis de erros de interpretação. Em muitos casos cria-se
índices que podem ser comparados ao longo do tempo, permitindo traçar um
histórico de informação.Mostra-se apropriada quando existe a possibilidade
de medidas quantificáveis de variáveis e inferências a partir de amostras
numéricas, ou busca padrões numéricos conceitos, idéias e entendimentos a
partir de padrões encontrados nos dados, ao invés de coletar dados para
comprovar teorias, hipóteses e modelos pré-concebidos.
Questionamentos
• Crítica a noção de Sujeito.

• Crítica da Representação/Recognição.

• Crítica do primado da Significação.

• Crítica ao Próprio método científico (Edgar Morin)

• Logocentrismo, Binarismo, Causalidade, Plano de Arché e Thelos.

• Pós-estruturalismo e Teoria Crítica.

• Autores: Foucault, Deleuze, Guattari, Lyotard, Levy, Agamben, Negri, José Gil.

• Autores de Base: Spinoza, Nietzsche, Bergson, Simondon.


Pesquisa Qualitativa
• Tem caráter exploratório, isto é, estimula os pesquisadores a
pensarem livremente sobre algum tema, objeto ou conceito. Pode
mostrar aspectos singulares e atingem motivações não explícitas,
ou mesmo conscientes, de maneira espontânea. É utilizada
quando se busca percepções e entendimento sobre a natureza
geral de uma questão, abrindo espaço para a interpretação. O
pesquisador desenvolve conceitos, idéias e entendimentos a
partir de padrões encontrados nos dados, ao invés de coletar
dados para comprovar teorias, hipóteses e modelos pré-
concebidos.
Pensamento Complexo

Edgar Morin
• 01) Princípio Sistêmico ou Organizacional
Liga o conhecimento das partes ao conhecimento do todo, conforme a ponte indicada por Pascal "Tenho por
impossível conhecer o todo sem conhecer as partes, e conhecer as partes sem conhecer o todo". A idéia sistêmica,
oposta à reducionista, entende que "o todo é mais do que a soma das partes". Do átomo à estrela, da bactéria ao
homem e à sociedade, a organização do todo produz qualidades ou propriedades novas em relação às partes
consideradas isoladamente: as emergências. A organização do ser vivo gera qualidades desconhecidas de seus
componentes físico-químicos. Acrescentemos que o todo é menos do que a soma das partes, cujas qualidades são
inibidas pela organização de conjunto.
Pensamento Complexo

• 02) Princípio Hologramático


• (inspirado no holograma, no holograma, no qual cada ponto contém a quase totalidade da informação do objeto
representado): coloca em evidência o aparente paradoxo dos Sistemas complexos, onde não somente a parte está
no todo, mas o todo se inscreve na parte. Cada célula é parte do todo -organismo global- mas o próprio todo está
na parte: a totalidade do patrimônio genético está presente em cada célula individual; a sociedade como todo,
aparece em cada indivíduo, através da linguagem, da cultura, das normas.
Pensamento Complexo

• 03) Princípio do Anel Retroativo


• introduzido por Norbert Wiener, permite o conhecimento dos processos de auto-regulação. Rompe com o princípio
de causalidade linear: a causa age sobre o efeito, e este sobre a causa, como no sistema de aquecimento no qual
o termostato regula a situação da caldeira. Esse mecanismo de regulação permite a autonomia do sistema, neste
caso, a autonomia térmica de um apartamento em relação ao frio exterior. De maneira mais complexa, a
"homeostase" de um organismo vivo é um conjunto de processos reguladores fundados sobre múltiplas retroações.
O anel de retroação (ou feedback) possibilita, na sua forma negativa, reduzir o desvio e, assim, estabilizar um
sistema. Na sua forma mais positiva, o feedback é um mecanismo amplificador; por exemplo, na situação de apogeu
de um conflito: a violência de um protagonista desencadeia uma reação violenta que, por sua vez, determina outra
reação ainda mais violenta. Inflacionistas ou estabilizadoras, as retroações são numerosas nos fenômenos
econômicos, sociais, políticos ou psicológicos.
Pensamento Complexo

• 04) Princípio do Anel Recursivo


• supera a noção de regulação com a de autoprodução e auto-organização. É um anel gerador, no qual os produtos e
os efeitos são produtores e causadores do que os produz. Nós, indivíduos, somos os produtos de um sistema de
reprodução oriundo do fundo dos tempos. mas esse sistema só pode reproduzir-se se nós mesmos nos tornarmos
também reprodutores.
Pensamento Complexo

• 05) Princípio de Auto-Eco-Organização


(autonomia/dependência)
• os seres vivos são auto-organizadores visto que se autoproduzem incessantemente, e através disso dependem de
energia para salva-guardar a própria autonomia. Como têm necessidade de extrair energia, informação e
organização no próprio meio ambiente, a autonomia deles é inseparável dessa dependência, e torna-se imperativo
concebê-Ios como auto-eco-organizadores. O princípio de auto-eco-organização vale evidentemente de maneira
específica para os humanos, que desenvolvem a sua autonomia na dependência da cultura, e para as sociedades
que dependem do meio geo-ecológico.
Pensamento Complexo

• 06) Princípio Dialógico


• Deve-se conceber uma dialógica ordem/desordem/organização desde o nascimento do universo: a partir de uma
agitação calorífica (desordem) onde, em certas condições (encontros ao acaso), princípios de ordem permitirão a
constituição de núcleos, átomos, galáxias e estrelas. Tem-se ainda essa dialógica quando da emergência da vida
através dos encontros entre macromolécuIas no interior de uma espécie de anel autoprodutor, que terminará por se
tornar auto-organização viva. Sob as formas mais diversas, a dialógica entre a ordem, a desordem e a organização,
através de inumeráveis inter-retroações, está constantemente em ação nos mundos físico, biológico e humano. A
dialógica permite assumir racionalmente a associação de noções contraditórias para conceber um mesmo
fenômeno complexo. Niels Bohr reconheceu, por exemplo, a necessidade de ver as partículas físicas ao mesmo
tempo como corpúsculos e como ondas. Nós mesmos somos seres separados e autônomos, fazendo parte de
duas continuidades inseparáveis, a espécie e a sociedade. Quando se considera a espécie ou a sociedade, o
indivíduo desaparece; quando se considera o indivíduo, a espécie e a sociedade desaparecem. O pensamento
complexo assume dialogicamente os dois termos que tendem a se excluir.
• 07) Princípio da Reintrodução
• da percepção à teoria científica, todo conhecimento é uma reconstrução/tradução por um espírito/cérebro numa
certa cultura e num determinado tempo.
Metodologias Qualitativas

• Pratical as Research (Prática como pesquisa)

• I-Etnography (Auto-Etnografia)

• Cartografia
Prática como Pesquisa

• O termo "Prática como a pesquisa" sugere um território para a prática de


artes em ambientes acadêmicos, e refere-se a uma ampla gama de
atividades de pesquisa. A prática-como-pesquisa pode indicar um processo
de pesquisa que desemboca em procedimentos ligado a área de artes, ou
então pode ser um projeto de artes que lança mão de uma série de métodos,
ou um processo de pesquisa inteiramente enquadrado como prática artística.
Prática-como-pesquisa não é, portanto, um "método" como tal. A prática-
como-pesquisa recorre a uma variedade de metodologias criativas que
possam ser incorporadas em projetos de pesquisa interdisciplinares com
inovações metodológicas, proporcionando novas perspectivas e ampliação
do conhecimento existente, bem como materializar um tipo diferente de
prática de conhecimento.
Cartografia

• A pista (1) elaborada por Passos e Barros (2009a) indica


que toda pesquisa é intervenção e que toda intervenção é
sempre uma atitude clínica-política. Defende a idéia que o
campo de análise não se separa do campo de intervenção.
Segundo tal abordagem, conhecer não é representar uma
realidade pré-existente, mas é um processo de invenção de
si e do mundo.
Cartografia
• Na Pista (2), Kastrup (2009) define os quatro gestos da
atenção cartográfica durante o trabalho de campo: o
rastreio, o toque, o pouso e o reconhecimento atento –
gestos propícios para acessar elementos processuais
provenientes do território, de interesse do cartógrafo. Para
inibir a atenção seletiva que habitualmente domina nosso
funcionamento cognitivo, esse funcionamento atencional
requer uma concentração sem focalização, através da ideia
de uma atenção à espreita, ao mesmo tempo flutuante,
concentrada e aberta,
Cartografia
• A terceira pista “cartografar é acompanhar processos”;
processos em seu caráter de processualidade, que também
estão presente em cada momento da pesquisa. Pozzana e
Kastrup (2009) afirmam que a cartografia não visa isolar o
objeto de suas articulações históricas e de suas conexões
com o mundo. Para isso é preciso dar conta de suas
modulações e de seus movimentos permanentes, “dar língua
para afetos que pedem passagem” (Rolnik, 2007, p.23).
Esse acompanhamento pede a produção coletiva do
conhecimento (há um coletivo se fazendo com a pesquisa)
Cartografia

• A pista (4), proposta por Kastrup e Barros (2009), apresenta


os movimentos-funções do dispositivo no método da
cartografia. As autoras defendem que a cartografia enquanto
método de pesquisa requer procedimentos concretos
encarnados em dispositivos. O que caracteriza um
dispositivo na pesquisa cartográfica é sua irrupção naquilo
que se encontra bloqueado para a criação, sua
potencialidade de fazer ver e falar o que se apresenta e o
não explícito, o dito e o não dito.
Cartografia

• A quinta pista, formulada por Escóssia e Tedesco (2009),


aponta que, ao lado das formas e dos objetos com seus
contornos estáveis, existe um plano coletivo de forças que
os produzem, um plano movente da realidade das coisas que
não pode ser abandonado quando se pretende compreender
um objeto. A cartografia aqui é apontada como estratégia de
acesso, de análise e de construção desse plano.
Cartografia
• A sexta pista, desenvolvida por Passos e Eirado (2009),
aponta para a ideia de dissolução do ponto de vista do
observador. A cartografia requer a suspensão da posição
pessoal do pesquisador, marcada por interesses,
expectativas e saberes anteriores, de modo que, no encontro
entre pesquisador e o objeto da pesquisa, o primeiro possa
colocar-se de forma efetivamente presente, ou seja, não
perceber através do crivo de juízos prévios ou pré-conceitos
(Kastrup, 2008). O texto revela uma recusa do objetivismo
científico.
Cartografia

• A Pista (7) discursa sobre a importância da imersão do


cartógrafo no território pesquisado. Imersão neste contexto,
“é uma disponibilidade, um engolfamento, um mergulho e,
se bobear, um afogamento. Trata-se de um modo de
perceber/sentir um determinado espaço/tempo casual ou
produzido voluntariamente” (Borges e Etlin, 2010).
Cartografia

• A oitava pista nos oferece indicações sobre a escrita dos


textos cartográficos. Passos e Barros (2009b) apresentam a
ideia de que esse método exige uma mudança nas práticas
habituais de narrar uma pesquisa, num esforço para uma
análise expressiva do discurso, em busca de uma “política
da narratividade” – um modo de dizer que expresse
processos de mudança de si e do mundo. Entendemos, de
acordo com os autores, que as práticas clínicas e de
pesquisa qualitativas sempre dizem respeito a narrativas.

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