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MÓDULO PROJETO DE PESQUISA

Metodologia

Curso online
Produção de
textos filosóficos
Prof. Dr. Mateus Salvadori

Licensed to Josué Souza da Silva - josue.papamike@Gmail.com


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Metodologia

METODOLOGIA

Aqui, na metodologia, é necessário responder às seguintes perguntas: Como?


Com o quê? Onde? Quando? Essa etapa expõe o modus operandi da investiga-
ção. Por isso, é necessário definir os seguintes pontos em sua metodologia:

Tipo de Pesquisa
. Na filosofia, o comum é o tipo de pesquisa bibliográfica, que é uma pesquisa
teórica dos principais conhecimentos existentes sobre um determinado tema a
partir de publicações. Essas publicações se referem a todo material que é efeti-
vamente publicado (público) como artigos científicos, livros, revistas, jornais,
internet, vídeos etc. Todo projeto deve ter pesquisa bibliográfica, pois é impos-
sível construir um problema sem leitura prévia e conhecimento teórico do
assunto em questão.
. Nas ciências, e não na filosofia, há a utilização também das seguintes pesqui-
sas:
- experimental (quando o pesquisador realiza experimentos manipulando as va-
riáveis);
- descritiva/documental (aqui o experimento não é realizado, mas descrito; as
instituições, como as escolas, as delegacias, as empresas, etc., em geral, têm do-
cumentos próprios com dados que elas mesmas coletaram e que, dependendo
da natureza da nossa pesquisa, podem se configurar como o local principal para
nossa coleta de dados);
- de campo (o pesquisador avalia aspectos do comportamento humano em so-
ciedade; envolve estudos de satisfação, interesse, opinião, etc. Os principais
instrumentos utilizados são: questionários, entrevistas etc.).

Método de abordagem
. Método é um termo que tem dois significados fundamentais: 1. qualquer pes-
quisa ou orientação de pesquisa; 2. uma técnica particular de pesquisa. No pri-
meiro significado, não se distingue de “investigação” ou “doutrina”. O segundo
significado é mais restrito e indica um procedimento de investigação organiza-
do, repetível e auto corrigível, que garanta a obtenção de resultados válidos. Ao
primeiro significado referem-se expressões como “M. hegeliano”, “M. dialéti-

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co” etc., ou mesmo “M. geométrico”, “M. experimental” etc. Ao segundo signi-
ficado referem-se expressões como “M. silogístico”, “M. residual” e, em geral,
os que designam procedimentos específicos de investigação e verificação.
Tanto Platão quanto Aristóteles empregam esse termo em ambos os significa-
dos; nos períodos moderno e contemporâneo, prevalece o segundo. Contudo, é
preciso observar que não há doutrina ou teoria, quer científica, quer filosófica,
que não possa ser considerada sob o aspecto de sua ordem de procedimentos,
sendo, pois, chamada de M. O próprio Descartes, por exemplo, expôs o mesmo
conteúdo do Discurso do método na forma de Meditações metafísicas e de
Princípios de filosofia: o que por um lado era M., por outro era doutrina. De
modo geral, não há doutrina que não possa ser considerada e chamada de M., se
encarada como ordem ou procedimento de pesquisa. Portanto, a classificação
dos M. filosóficos e científicos sem dúvida seria uma classificação das respecti-
vas doutrinas.
. Eis alguns exemplos de métodos de abordagem:
- Indutivo: parte de situações particulares para regras gerais; o raciocínio induti-
vo se caracteriza pelo fato de suas conclusões apresentarem conteúdo de maior
abrangência que suas premissas. Assim, se opera uma generalização a partir de
algumas observações particulares (ou menos abrangentes) para uma lei univer-
sal (ou mais abrangente); podemos resumir a posição indutivista da seguinte
forma: Se um grande número de As foi observado sob uma ampla variedade de
condições, e se todos esses As observados possuíam sem exceção a propriedade
B, então todos os As têm a propriedade B. O argumento indutivo é aquele em
que, estando de posse de enumerações de indivíduos ou de qualidades, chega-
mos a uma sentença que de algum modo engloba esta enumeração.
- Dedutivo: parte de regras gerais para situações particulares; o raciocínio dedu-
tivo se caracteriza pelo fato de suas premissas apresentarem conteúdo de maior
abrangência que suas conclusões. Partindo de leis e teorias universais, é possí-
vel derivar delas várias consequências que servem como explicações e previ-
sões; por exemplo, dado o fato de que os metais se expandem quando aqueci-
dos, é possível derivar o fato de que trilhos contínuos de ferrovias não interrom-
pidos por pequenos espaços se alterarão sob o calor do Sol.
- Hipotético-dedutivo: formula uma regra geral para se encontrar aplicação em
situações particulares; inicia pela percepção de uma lacuna nos conhecimentos

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de onde se formula um problema e hipóteses a partir das quais faz-se a experi-


mentação na tentativa de falseá-las pela inferência dedutiva (modus tollens).
- Dialético: contrapõe ideias para a obtenção de novas ideias; diálogo constante
entre uma tese e uma antítese gerando uma síntese. Para a dialética, os objetos
são analisados não de forma fixa, mas em movimento. Nada está acabado, po-
dendo sempre se transformar. Desenvolver o fim do processo é sempre iniciar
um novo processo. O método dialético é aquele que procura apreender o mundo
dos fenômenos por meio das relações e conflitos entre eles ou em suas contradi-
ções internas e das mudanças na natureza ou na sociedade que são o resultado
desses choques. Há quatro leis fundamentais para a aplicação do método dialé-
tico: a) “tudo está ligado”, ou seja, ações e reações recíprocas, unidade na
diversidade; b) “tudo muda”, ou seja, o processo de mudança dialética, a nega-
ção da negação; c) “salto qualitativo”, ou seja, a quantidade produz a mudança
na qualidade; d) “choque dialético”, ou seja, a interpenetração entre tese e antí-
tese, a luta dos contrários que traz o novo.
- Analítico: explica as coisas através da decomposição em partes mais simples,
que são mais facilmente explicadas ou solucionadas, e uma vez entendidas
tornam possível o entendimento do todo. O comportamento do todo é assim ex-
plicado pelo comportamento das partes. Este pensamento se processa relativa-
mente com plena consciência da informação e das operações que implica. Pode
envolver raciocínio cauteloso e dedutivo, muitas vezes utilizando matemática
ou lógica e um explícito planejamento de ações. Ou pode envolver um processo
gradativo de indução e experimento, empregando princípios de técnica de pes-
quisa e de análise estatística. O pensamento analítico soluciona problemas divi-
dindo-os em problemas menores, que recebem soluções particulares. Supõe-se
que, uma vez solucionados os problemas menores, estará solucionado o maior.
- Hermenêutico: lida com os vários sentidos possíveis de uma interpretação tex-
tual, pressupondo sempre todo o horizonte histórico do leitor e daquilo que é
lido, numa “fusão de horizontes”. Ela trabalha com as intenções do autor, com
os sentidos latentes, com as entrelinhas, ou seja, para a hermenêutica há muito
mais que as palavras escritas, há o contexto, as intenções que nortearam a escri-
ta, os sentidos ocultos. Esta forma de compreender o mundo requer capacidade
de diálogo e humildade (abertura) na escuta (leitura). Assim, todo o trabalho
conceitual que levar em conta o período histórico em que foi gerado o conceito,

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a temporalidade e historicidade, tanto da obra que se analisa quanto do leitor é,


em certa medida, um trabalho hermenêutico.
- Fenomenológico: o método fenomenológico (de Husserl) consta de duas
fases: 1) negativa (Epoché ou Redução Fenomenológica): o objeto (fenômeno)
é isolado de tudo o que não lhe é próprio a fim de poder revelar-se em sua
pureza. Para se conhecer a verdadeira natureza do fenômeno é necessário apro-
ximar-se dele com a consciência pura, abstendo-se de pensar dele qualquer
coisa que possa ser dita pela história, pela ciência, pela filosofia, pela literatura,
pela religião e pelo senso comum. Não se trata da dúvida cartesiana, mas um
não fazer uso dos conhecimentos anteriores, a fim de poder começar do princí-
pio; é suspender tudo e buscar somente o incontestável, o apodítico; 2) positiva:
é aquela na qual o olhar da inteligência se dirige para a própria coisa, penetra-a
e faz com que ela se manifeste em toda a sua realidade. O resíduo fenomenoló-
gico será encontrado na consciência: a existência da consciência é evidente.

Método de procedimento
. O método de procedimento é comum nas ciências, mas não na filosofia. Eis
alguns exemplos de métodos de procedimento:
- Estatístico: devido a impossibilidade de manter as causas constantes em algu-
mas ciências, o método estatístico admite todas essas causas variando-as, regis-
trando essas variações e procurando determinar, no resultado, que influências
cabe a cada uma delas;
- Histórico: este método pressupõe a investigação dos acontecimentos e insti-
tuições do passado a fim de verificar suas influências e reflexos na sociedade
contemporânea;
- Comparativo: esse método é o empregado no estudo das semelhanças e dife-
renças entre tipos de grupos, de sociedade ou entre instituições;
- Etnográfico: o método etnográfico pode ser definido em dois sentidos: 1) sen-
tido restrito: consiste na produção de estudos analítico-descritivo dos costumes,
crenças, práticas sociais e religiosas, conhecimentos e comportamentos de uma
cultura particular, geralmente povos ou tribos primitivas; 2) sentido amplo:
todas aquelas investigações de carácter qualitativo, mas que prevalece a obser-
vação participativa, centram sua atenção no ambiente natural, incorporam
como coinvestigador a alguns sujeitos investigados e evitam a manipulação de

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variáveis por parte do investigador.

Técnicas
. Comum nas ciências, mas não na filosofia. Eis alguns exemplos de técnicas:
- Observação: uso dos sentidos na obtenção de aspectos da realidade e descri-
ção;
- Entrevista: conversação metódica face a face e redação;
- Questionário: série de perguntas que devem ser respondidas sem a presença
do pesquisador;
- Formulário: roteiro de perguntas feitas pelo entrevistador e preenchidas por
ele com as respostas do entrevistado;
- Testes: instrumentos utilizados com o objetivo de obter dados que permitam
medir o rendimento, a frequência, a capacidade ou a conduta de indivíduos;
- História de vida: tentativa de obter dados relativos à experiência íntima de
alguém que tenha significado importante para o conhecimento do objeto em
estudo;
- Pesquisa de mercado: obtenção de informações sobre o mercado, de maneira
organizada etc.

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