Você está na página 1de 1652

SANTA MARIA

PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO | UFSM


2021
S471a Seminário de Extensão Universitária da Região Sul (39. : 2021 : Santa
Maria, RS)
Anais do 39. SEURS [recurso eletrônico] / [organização Pró-
Reitoria de Extensão - UFSM]. – Santa Maria, 15 a 17 de setembro
de 2021. – Santa Maria, RS : UFSM, IFFAR, 2021.
1 e-book

ISBN: 978-65-87668-52-9

1. Ensino Superior – Extensão 2. Extensão Universitária 3.


Cidadania I. Universidade Federal de Santa Maria. Pró-Reitoria de
Extensão II. Título.

Ficha catalográfica elaborada por Lizandra Veleda Arabidian - CRB-10/1492


Biblioteca Central da UFSM
Reitor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
Paulo Afonso Burmann

Reitora do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia Farroupilha (IFFAR)


Nidia Heringer

Vice-Reitor (UFSM)
Luciano Schuch

Vice-Reitor (IFFAR)
Carlos Rodrigo Lehn

Pró-Reitor de Extensão (UFSM)


Flavi Ferreira Lisbôa Filho

Pró-Reitora de Extensão (IFFAR)


Angela Maria Andrade Marinho

Pró-Reitor de Extensão Substituto


Articulação e Fomento à Extensão (UFSM)
Rudiney Soares Pereira

Pró-Reitor de Extensão Substituto (IFFAR)


Chrystian Pulmann Brackmann

Cultura e Arte (UFSM)


Vera Lucia Portinho Vianna

Desenvolvimento Regional e Cidadania (UFSM)


Jaciele Carine Sell

Subdivisão de Divulgação e Eventos (UFSM)


Aline Berneira Saldanha
Danusa Frazzon da Cunha

Editoração (UFSM)
Camila Steinhorst
Juliana Facco Segalla
Mariana de Vargas Reis

Projeto gráfico e capa (UFSM)


Juliana Facco Segalla
Mariana de Vargas Reis

Realização
Pró-Reitoria de Extensão (UFSM)

Promoção
Universidade Federal de Santa Maria
Instituto Federal Farroupilha

Periodicidade da Publicação: Anual


Idioma: Português

Autor Corporativo: Universidade Federal de Santa Maria


Endereço: Av. Roraima, 1000 - Camobi, Santa Maria - RS, 97105-900

A revisão de cada artigo é de responsabilidade de suas/seus autoras/es.


SUMÁRIO
EIXO 1 - COMUNICAÇÃO

WEB RÁDIOS NAS ESCOLAS: INTEGRANDO UNIVERSIDADE E COMUNIDADE.................28

CONSTRUÇÃO DE PERTENCIMENTO A PARTIR DA COMUNICAÇÃO VISUAL: PROJETO


ESEC TAIM COMUNICA E EDUCA......................................................................................................32

AGÊNCIA DA HORA NO COMBATE À DESINFORMAÇÃO...................................................37

CIÊNCIA NO BOTECO: ONLINE..................................................................................................42

DESPERTANDO VOCAÇÕES PARA ENGENHARIAS...............................................................46

ELABORAÇÃO DE CURSO ON-LINE DE PORTUGUÊS COMO LÍNGUA DE


ACOLHIMENTO PARA IMIGRANTES DO ALTO VALE DO ITAJAÍ (SC).......................................50

INFORMAÇÃO E CIDADANIA NAS ONDAS DO RÁDIO..........................................................54

JORNALISMO, DIREITOS HUMANOS E FORMAÇÃO CIDADÃ: AÇÕES EXTENSIONISTAS


NO CONTEXTO PANDÊMICO...........................................................................................................59

POPULARIZAÇÃO DA CIÊNCIA NA AMÉRICA LATINA........................................................63

INCENTIVO DE PROJETOS DE EXTENSÃO NO IFC – CAMPUS IBIRAMA ENTRE OS ANOS 2016


E 2021...................................................................................................................................................67

EIXO 2 - CULTURA

CRUZANDO FRONTEIRAS: GÊNERO E MIGRAÇÃO NA AMÉRICA LATINA A


ESTREITA RELAÇÃO ENTRE UNIVERSIDADE E EXERCÍCIO DA CIDADANIA ATRAVÉS DA
EXTENSÃO...............................................................................................................................73

A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NA PRESERVAÇÃO DE ACERVOS DE ARQUITETURA E


URBANISMO: A EXPERIÊNCIA DE CRIAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DO CENTRO DE MEMÓRIA DO
IAB-RS..................................................................................................................................78

FORMAÇÃO DE JOVENS AGENTES LOCAIS DE COMUNIDADES PESQUEIRAS


ARTESANAIS NO SUL DO RIO GRANDE DO SUL........................................................................83
AÇÕES DO LABORATÓRIO ABERTO DE CONSERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO DE
BENS CULTURAIS A PARTIR DA PANDEMIA DE COVID-19................................................87

AÇÕES EXTENSIONISTAS DE TEATRO EM TEMPOS DE PANDEMIA:


ANCENTRALIDADES TEATRAIS E MULHERES NA ENCENAÇÃO.....................................91

AROMAS DO MUNDO..............................................................................................................95

ARTERAPIA: DESENVOLVIMENTO DE ATIVIDADES ARTÍSTICAS PARA AMENIZAÇÃO


DE EFEITOS DA PANDEMIA DA COVID-19................................................................................100

CINECLUBE CINELATINO: IMAGENS DA AMÉRICA LATINA A SEREM


DECIFRADAS................................................................................................................104

CINEDEBATE, ESTRATÉGIA PARA PROMOVER A ARTE E A CULTURA NO PROCESSO


EDUCACIONAL.......................................................................................................................108

CÍRCULOS DE LEITURA E CRAS – TRANSFORMAÇÃO E LITERATURA...........................113

CONHECENDO O PATRIMÔNIO CULTURAL EDIFICADO DA UFPEL ATRAVÉS DE


ATIVIDADES VIRTUAIS.....................................................................................................................117

CONTA AÍ! DAS TELAS PARA A HISTÓRIA......................................................................122

O ATO DE CONTAR HISTÓRIAS E SUAS METAMORFOSES EM TEMPOS


PANDÊMICOS.................................................................................................126

EXTENSÃO E CULTURA EM TEMPOS DE PANDEMIA: REFLEXÕES A PARTIR DO


PROJETO ‘MUNDOS POSSÍVEIS – MÚSICA E SOCIEDADE PÓS-PANDEMIA.........................131

FESTIVAL FRONTEIRAS SONORAS: EDUCAÇÃO SONORA, ARTE E CULTURA NO


COMBATE À PANDEMIA DE COVID-19.........................................................................................135

GRUPO ARTÍSTICO E CULTURAL TÔ DENTRO: PROJETO DE EXTENSÃO DE


MÚSICA NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA E AS ADAPTAÇÕES EM MEIO À
PANDEMIA........................................................................................................................139

I ENCONTRO DE CHORO DA UNESPAR: PRÁTICAS E A APRENDIZAGENS....................144

IF DA ALEGRIA.......................................................................................................................149

IFSCINEMINHA: ARTE E CULTURA NA INFÂNCIA.............................................................153


.
INVENTÁRIO ARQUITETÔNICO PARA A DUQUE DE CAXIAS – LONDRINA, PR: O PASSADO E
O FUTURO DE UMA AVENIDA..........................................................................................................157

LIMITES EM MOVIMENTO: CORPO EM QUESTÃO – ETAPA 4.........................................161

MEMÓRIAS SUBTERRÂNEAS: PRODUÇÃO DE ACERVO E ESPAÇOS DE DIÁLOGO


SOBRE COTIDIANO, VIOLÊNCIA E RESISTÊNCIA DOS TRABALHADORES DE FOZ DO
IGUAÇU........................................................................................................................165

MOVIMENTOS NO MUNDO DENTRO E FORA DO CONFINAMENTO:


MOSTRA INTERNACIONAL DE VÍDEOS DE DANÇA CRIADOS DURANTE O
C O N F I N A M E NTO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 6 9

MUSEU DA PERIFERIA VILA DAS TORRES – APELOS À MEMÓRIA NA MAIS ANTIGA


COMUNIDADE FAVELIZADA DE CURITIBA................................................................................174

MUSEU HISTÓRICO DE LONDRINA COMO MÚLTIPLO ESPAÇO NA ERADIGITAL: DA


EXTENSÃO À AÇÃO CULTURAL E EDUCATIVA..................................................................179

NOVAS PERSPECTIVAS AOS BAIRROS CACHOEIRENSES: O OLHAR DOS AGENTES


TRANSFORMADORES DO ESPAÇO..........................................................................................183

O NOVO VALE DOS IMIGRANTES “O CONFLITO ENTRE ECONOMIA E


CULTURA”..............................................................................................................................188

OBSERVATÓRIO CULTURAL: IMPACTOS DA PANDEMIA COVID-19 NO SETOR CULTURAL


GAÚCHO........................................................................................................................192

“OFICINA DE CONTAÇÃO” E “TENDA DO TERROR”: A NECESSIDADE


DE (RE) INVENTAR PRÁTICAS PARA FORMAR NOVOS LEITORES.......................................196

PRÁTICAS VOCAIS COLETIVAS, NO PLURAL: O CASO DO BAQUE DO PAMPA - PROJETO


DE EXTENSÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA............................................................201

PRODUÇÃO TEATRAL EPT - CIRCUITO DE VIVÊNCIAS CÊNICAS REMOTA...................206

PROJETO CONHECENDO PG: BENESSES DA PANDEMIA SARS-CoV-2?.........................210

PROJETO DE EXTENSÃO CENTENÁRIO HANS BROOS (1921 – 2021): UMA POSSIBILIDADE


DE VALORIZAÇÃO PATRIMONIAL..................................................................................................214

PROJETO DNA AKK (DNA AFETIVO KAMÊ E KANHRU) NO ÂMBITO DA ARTE COLABORATIVA E
DA ARTE E TECNOLOGIA..................................................................................................................218

AÇÕES DO RODA DE LEITURA NO MUNDO VIRTUAL.........................................................221

SOUVENIRS EM CERÂMICA - INCENTIVO PARA MICROEMPRESAS EM TEMPOS DE


PANDEMIA........................................................................................................................224

PROJETOS TROCA DE LIVROS E SARAU LITERARTE: (RE)DESCOBRINDO O SABER E O


FAZER LITERÁRIO..............................................................................................................................228

EIXO 3 - DIREITOS HUMANOS E JUSTIÇA

CONVIVÊNCIA E PANDEMIA – MANTENDO OS VÍNCULOS.................................................233

PROGRAMA DE EXTENSÃO “JUSTIÇA COM AS PRÓPRIAS MÃOS: MANUALIDADES E


DIREITOS HUMANOS DAS MULHERES”.........................................................................................238

“VOCÊ É SEU PRÓPRIO LAR”: SOBRE MORADIA E VIOLÊNCIA PATRIMONIAL CONTRA


MULHERES.................................................................................................................243

CONTRIBUIÇÃO DA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NA 14ª CONFERÊNCIA MUNICIPAL DE


ASSISTÊNCIA SOCIAL DE LONDRINA - PR.............................................................................247

A CONTRIBUIÇÃO DOS BOLSISTAS PIBIS E PIBEX PARA O TRABALHO DESENVOLVIDO


PELO NEDDIJ – UNESPAR – CAMPUS PARANAVAÍ..................................................................252

SAJU - A EXTENSÃO AO LONGO DO TEMPO......................................................................257

A IMPORTÂNCIA DO NÚCLEO MARIA DA PENHA PARA MULHERES


HIPOSSUFICIENTES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA NA CIDADE DE
LONDRINA-PR......................................................................................................................262

ACESSIBILIDADE E UNIVERSIDADE: UMA QUESTÃO DE CIDADANIA...............................267

AÇÕES AFIRMATIVAS PARA A VALORIZAÇÃO INDÍGENA LOCAL......................................272

AÇÕES DE PROTEÇÃO E DEFESA DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES


DESENVOLVIDAS PELO NEDDIJ GUARAPUAVA.........................................................................277

ASSESSORIA À CEVES NA IMPLANTAÇÃO DO PLANO MUNICIPAL DE


ENFRENTAMENTO ÀS VIOLÊNCIAS CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES - PONTA
GROSSA.........................................................................................................................................282

CONSIDERAÇÕES SOBRE A ELABORAÇÃO DO CURSO DE MULTIPLICADORES (AS) PARA


ENFRENTAMENTO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E/OU FAMILIAR CONTRA A MULHER.........287

DIREITO À POESIA - UMA OFICINA LITERÁRIA EPISTOLAR DURANTE A PANDEMIA DE


COVID-19................................................................................................................................292

DIREITO UENP VAI À ESCOLA.............................................................................................296

DIREITO, REINTEGRAÇÃO SOCIOECONÔMICA E RESSOCIALIZAÇÃO..............................301

IFRS SOLIDÁRIO: SOLIDARIEDADE SEM FRONTEIRAS......................................................306

IMPLICAÇÕES DA PANDEMIA NA INTERMEDIAÇÃO DE ACORDOS EXTRAJUDICIAIS PELO


NEDDIJ-UEM.........................................................................................................................311

O DIREITO ACHADO NA EXTENSÃO: A PERSPECTIVA DAS FAKE NEWS ENTRE OS IDOSOS


DE SANTA MARIA/RS........................................................................................................................316

INTERSETORIALIDADE E INTERSECCIONALIDADE: O TRABALHO EM REDE NO


ATENDIMENTO A MULHERES EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA......................................................321

LÍBERA: CÍRCULOS, CICLOS E FEMINILIDADES...................................................................326

MENINAS HIGH-TECH: EM BUSCA DA IGUALDADE DE GÊNERO NAS ÁREAS DE CIÊNCIA E


TECNOLOGIA................................................................................................................................331

MIGRAIDH: FORMULAÇÃO DE DINÂMICAS DE ATUAÇÃO A PARTIR DA ATENÇÃO INTEGRAL


AO SUJEITO MIGRANTE INTERNACIONAL...................................................................................336

NAS PEGADAS DO HOMEM BRANCO: ENFRENTAMENTO À PANDEMIA DO CORONA


VÍRUS JUNTO AOS GUARANI NO OESTE DO PARANÁ..............................................................341

NÚCLEO MARIA DA PENHA GUARAPUAVA E O ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA CONTRA


MULHERES......................................................................................................................346

NUMAPE UEM: PROTOCOLOS DE ATENDIMENTO E ESTRATÉGIAS DE ADAPTAÇÃO AO


TRABALHO REMOTO.........................................................................................................................351

O DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR EM TEMPOS DE PANDEMIA E SEUS


DESDOBRAMENTOS NOS ATENDIMENTOS DO NEDDIJ - UEM.................................................356
O ENFRENTAMENTO AO TRABALHO INFANTIL NA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA:
POSSIBILIDADES DURANTE A PANDEMIA.....................................................................................361

O NÚCLEO DE ESTUDOS E DEFESA DOS DIREITOS DA INFÂNCIA E JUVENTUDE –


NEDDIJ – E SUA ATUAÇÃO NA COMARCA DE MARECHAL CÂNDIDO RONDON/PARANÁ
(2019-2020)................................................................................................................366

OFICINAS DE CIDADANIA: COMO ACOLHER E INTEGRAR MIGRANTES E


REFUGIADOS?..................................................................................................371

OS DESAFIOS ENFRENTADOS PELA EQUIPE DE TRIAGEM DO NEDDIJ PARANAVAÍ NO


CONTEXTO DA PANDEMIA DA COVID-19.................................................................................376

PARADIPLOMACIA PARA COOPERAÇÃO TRANSFRONTEIRIÇA: FOMENTANDO POLÍTICAS


DE INTEGRAÇÃO PARA O VIVER BEM........................................................................................381

PREVENÇÃO A VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES: AÇÕES DO NUMAPE


GUARAPUAVA..............................................................................................................386

PROJETO ELAS.......................................................................................................................391

PROJETO PASSA E REPASSA: CONSTRUÇÃO DE DIÁLOGOS COM A POPULAÇÃO EM


SITUAÇÃO DE RUA............................................................................................................................396

EIXO 4 - EDUCAÇÃO

A IMPORTÂNCIA DO ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO PARA A FORMAÇÃO


DOS(AS) ACADÊMICOS(AS) DO CURSO DE PSICOLOGIA NA UNIVERSIDADE ESTADUAL
DE MARINGÁ/PR...............................................................................................................................402

AÇÕES EFETIVAS DE ENGAJAMENTO DA UEM CIANORTE COM A


COMUNIDADE REGIONAL..................................................................................................................406

TRILHA INTERPRETATIVA: UM INSTRUMENTO DE ENSINO E APRENDIZAGEM NA


UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA.........................................................................................410

PAPO RÁPIDO EM ALFABETIZAÇÃO: UMA AÇÃO EM TEMPOS DE PANDEMIA................416

DESAFIOS DO PLANEJAMENTO ESCOLAR E DE ENSINO NO PERÍODO DE


PANDEMIA...........................................................................................................421
EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NA FORMAÇÃO CONTINUADA EM ENSINO DE
ASTRONOMIA..................................................................................................427

INTERAÇÃO PREMEN: IMPLANTAÇÃO DE WEB RÁDIO NA ESCOLA....................................433

A RELAÇÃO ENTRE O SERVIÇO SOCIAL E A ATUAÇÃO DO PROGRAMA INSTITUCIONAL


DE AÇÕES RELATIVAS ÀS PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS – PEE NA UNIOESTE DO
CAMPUS DE TOLEDO.......................................................................................................................438

PROJETO DE EXTENSÃO MOVIMENTA: IMPLICAÇÕES PARA (FUTUROS) PROFESSORES E


CRIANÇAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL...........................................................................................443

EDUCA - ENGENHEIROS SEM FRONTEIRAS: A EDUCAÇÃO COMO CAMINHO


DE TRANSFORMAÇÃO DAS REALIDADES DE JOVENS E CRIANÇAS EM SITUAÇÃO DE
VULNERABILIDADE SOCIAL..............................................................................................................448

A EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E OS PATRIMÔNIOS DAS CIÊNCIAS E


TECNOLOGIAS DIALOGAM COM A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA EM TEMPOS DE
PANDEMIA.................................................................................................................453

A ESCRITA CIENTÍFICA COMO ELO INTEGRADOR PARA A MOBILIDADE ACADÊMICA E A


INTERNACIONALIZAÇÃO NA UFSC...............................................................................................458

A EXPERIÊNCIA DA EXTENSÃO NO CURRÍCULO ESCOLAR DURANTE A PANDEMIA NO IFSUL


- CÂMPUS VENÂNCIO AIRES.............................................................................................................463

EDUCAÇÃO EM TEMPOS DE COVID-19: A GESTÃO DO CONHECIMENTO E A


IMPLEMENTAÇÃO DO ENSINO NÃO PRESENCIAL NA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA
CATARINA.......................................................................................................................468

A IMPORTÂNCIA DA UNIVERSIDADE NA TERCEIRA IDADE: A UNATI COMO PONTO DE


PARTIDA PARA A GRADUAÇÃO.......................................................................................................473

A INTERDISCIPLINARIDADE NO CONTEXTO DO PROGRAMA LeME: ATIVIDADE DO


GRÁFICO INTERDISCIPLINAR...........................................................................................................478

A UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS DIGITAIS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE


MATEMÁTICA.....................................................................................................................484

AÇÕES DE DIVULGAÇÃO DE EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS UTILIZANDO REDES


SOCIAIS.........................................................................................................................489
AÇÕES DO MUSEU DINÂMICO INTERDISCIPLINAR FRENTE AO ISOLAMENTO PELA
COVID-19......................................................................................................................494

AÇÕES EXTENSIONISTAS DO PROJETO “FORMAÇÃO DO MEDIADOR DE LEITURA


DA REDE PÚBLICA DE EDUCAÇÃO” DE 2012 A 2020.........................................................498

ALFABETIZAÇÃO EM TEMPOS DE PANDEMIA E A FORMAÇÃO CONTINUADA DE


PROFESSORAS ALFABETIZADORAS................................................................................................503

AS CONTRIBUIÇÕES DO JORNAL MITTEILUNGEN DES DEUTSCHEN SCHULVEREINS FÜR


SANTA CATHARINA (SÜDBRASILIEN) NA CONSTRUÇÃO DA EDUCAÇÃO FORMAL NO VALE DO
ITAJAÍ......................................................................................................................................508

AS REDES SOCIAIS E SEU PAPEL MEDIADOR EM AÇÕES EXTENSIONISTAS...................512

ATENÇÃO ODONTOLÓGICA PARA PACIENTES COM NECESSIDADES ESPECIAIS:


EXPERIÊNCIA EXTENSIONISTA ANTES E A IMPORTÂNCIA DA INTERNACIONALIZACÃO DA
EXTENSÃO DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19......................................................................517

ATUAÇÃO NA ÁREA MATERNO INFANTIL EM TEMPOS DE COVID -19 – UM PROJETO DE


EXTENSÃO...................................................................................................................................522

BRINCANDO COM A LINGUAGEM: AVALIANDO RESULTADOS PARA RETOMADA DO


CONTATO COM A COMUNIDADE.....................................................................................................527

BRINQUEUNIOESTE: O LÚDICO EM DIFERENTES CONTEXTOS........................................532

CAMINHOS NEGROS: TERRITORIALIDADES VIRTUAIS......................................................537

CARTILHA DE OFICINAS UTILIZANDO COMO MATERIAL LIXO ELETRÔNICO..................542

O IMPACTO DA CERIMÔNIA EM HOMENAGEM AOS DOADORES DE CORPOS NA EMPATIA


E FORMAÇÃO ÉTICA DOS ALUNOS.............................................................................................547

COLORES DEL ESPAÑOL NA PANDEMIA: VISIBILIDADE E ENGAJAMENTO PARA O


PROGRAMA DE EXTENSÃO...............................................................................................................552

O PROGRAMA DE EXTENSÃO “COM CIÊNCIA” NO CONTEXTO DE PANDEMIA:


EXPERIÊNCIAS E ADAPTAÇÕES......................................................................................................557

COMUNIDADE RETRÔ: MEDIANDO A PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO EM TEMPOS DE


RUPTURA...............................................................................................................................562
CONTADOR DE HISTÓRIA:UMA REALIDADE NA UATI/UEPG............................................567

CONTRIBUIÇÕES LÚDICAS DA EXTENSÃO NA FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA DE


PROFESSORAS E PROFESSORES....................................................................................................572

CORPO E MOVIMENTO: SABERES E PRÁTICAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR...........577

CRIAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E IMPACTOS DA LIGA DE ESTUDOS ONLINE EM


OFTALMOLOGIA VETERINÁRIA (LEOOVET.....................................................................................582

CURSINHO PRÉ-VESTIBULAR COMUNITÁRIO DA UDESC: ADEQUAÇÕES E EXPERIÊNCIAS


DURANTE A PANDEMIA...................................................................................................................587

DA ESCOLA PARA ESCOLA: PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL CURRICULARIZADA..................592

DEBATENDO AS AÇÕES AFIRMATIVAS A PARTIR DA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA..........597

DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO CIENTÍFICO NO ENSINO FUNDAMENTAL ATRAVÉS


DE OLIMPÍADAS DO CONHECIMENTO..............................................................................................602

DIÁLOGO ENTRE UNIVERSIDADE E EDUCAÇÃO BÁSICA: TRABALHANDO EDUCAÇÃO


SEXUAL DE FORMA LÚDICA..............................................................................................................607

DOAÇÃO DE LIVROS EM CESTAS BÁSICAS: O PROJETO ALIMENTE A MENTE DO PROGRAMA


DE EXTENSÃO ESAG KIDS................................................................................................................612

ECONOMIA SOLIDÁRIA NA WEB: ESTRATÉGIAS DA INCUBADORA UNITRABALHO/UEM


SEDE EM TEMPOS DE PANDEMIA...................................................................................................617

EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM MÍDIAS DIGITAIS: DIA A DIA AMBIENTAL..........................622

EDUCAÇÃO ANTIRRACISTA NA PRÁTICA............................................................................628

EDUCAÇÃO COMUNITARIA: INTERAÇÃO ENTRE SABERES E VIVÊNCIAS.....................633

ENSINO DA LÍNGUA INGLESA NAS ESCOLAS: UMA VISÃO MULTIFACETADA................. 638

ENSINO DA VARIAÇÃO LINGUÍSTICA: PRÁTICAS DIDÁTICAS..............................................642

ENSINO DE ESTATÍSTICA: CONEXÃO ENTRE A ESCOLA E A UNIVERSIDADE......................646

ESTÁGIO INTERDISCIPLINAR DE VIVÊNCIA DE SANTA CATARINA: EXTENSÃO RURAL NA


PANDEMIA DA COVID-19..................................................................................................................651

ESTRATÉGIAS ADOTADAS NO PROJETO DE EXTENSÃO “EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NA


ESCOLA” DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19...............................................................................656

ETNO’S PAMPA: RESGATANDO SABERES DA CULTURA GAÚCHA....................................661

PROGRAMA EXPERIMENTAÇÃO...........................................................................................666

EXTENSÃO EM REDE - NOVAS PRÁTICAS EXTENSIONISTAS...........................................671

FAZENDO MÚSICA NA TEORIA E NA PRÁTICA NO MODO REMOTO: PROTAGONISMO


ESTUDANTIL NA EXTENSÃO EM UMA IES PARANAENSE.....................................................676

INTEGRAÇÃO DE PROJETOS DE EXTENSÃO: ASTRONOMIA E DIVULGAÇÃO DAS FEIRAS


DE MATEMÁTICA...............................................................................................................................681

FIO DA MEADA: TECENDO NOVOS PERCURSOS E POSSIBILIDADES...............................686

FORMAÇÃO CONTINUADA EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE..............691

FORMAÇÃO EM TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO EM UMA


PERSPECTIVA PRÁTICA PARA REDES MUNICIPAIS DE EDUCAÇÃO........................................698

FURBOT: EXPERIÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO DURANTE A PANDEMIA...................703

GASTRONOMIA E FRANCÊS: RELATO DE UMA PRÁTICA DOCENTE EXTENSIONISTA......708

GEOGEBRANDO: CONSTRUÇÕES DE INSCRIÇÕES DE POLÍGONOS REGULARES NA


CIRCUNFERÊNCIA...........................................................................................................713

GEOMETRIA COM DOBRADURAS: DO SABER ENSINÁVEL AO SABER ENSINADO EM


TEMPOS DE PANDEMIA..................................................................................................................718

GESTÃO DE RISCO NA (IN)SEGURANÇA ALIMENTAR: O CASO DO PROJETO PADARIA


SOCIAL/CENTRAL DE EVENTOS - ALDEIAS INFANTIS SOS BRASIL...............................................723

GRUPO MÃOS BILÍNGUES: APRENDENDO LIBRAS DE FORMA REMOTA........................728

IMPLEMENTAÇÃO DE UMA INCUBADORA SOCIAL NO NÚCLEO DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA


- NIT DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR................................................733
INSPIRANDO ALUNOS A MELHORAREM O MUNDO ATRAVÉS DA AÇÃO EMPREENDEDORA:
A ENACTUS/UEM...............................................................................................................................737

INTERAÇÃO ENTRE ALUNOS DE ENSINO SUPERIOR E FUNDAMENTAL: LEVANDO


OPORTUNIDADES ÀS ESCOLAS PÚBLICAS............................................................................742

INTERAÇÃO LINGUÍSTICA E MULTILETRAMENTOS: ACOLHER E


I NT E G R A R . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 4 7

ITALIANO PER BAMBINI: RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE O ENSINO TRADICIONAL E


O ENSINO LÚDICO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA PARA CRIANÇAS (BAMBINI II)...................751

JOGOS DIGITAIS COM O SCRATCH PARA O ENSINO DE MATEMÁTICA: UMA AÇÃO DO


PROJETO MAKERS CLUB CENTRO-SUL..........................................................................................756

JOGOS GIGANTES: LUDICIDADE E RECREAÇÃO NA ESCOLA NOVOS HORIZONTES.......761

KOMBI TECA: LEITURA E DIVERSÃO.....................................................................................765

LEGENDAS EM LATEX: UMA ALTERNATIVA DE ACESSIBILIDADE PARA VIDEOAULAS DE


MATEMÁTICA A SURDOS E ENSURDECIDOS.............................................................................770

LETRAMENTO CIENTÍFICO PARA ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO NA UNIOESTE.......775

LITERATURA EM REDE: CANAL TROLLENDO......................................................................779

LIVES SOBRE A PESSOA COM DEFICIÊNCIA/NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS:


PONTOS E CONTRAPONTOS...........................................................................................................783

MANUTENÇÃO DA ABSTINÊNCIA ALCOÓLICA: DISTANCIAMENTO SOCIAL E SEUS


DESAFIOS...................................................................................................................789

MÃOS SOLIDÁRIAS – FASE II: PRESERVANDO O MEIO AMBIENTE E MUDANDO NOSSOS


HÁBITOS........................................................................................................................794

MENINAS DIGITAIS DO VALE DO ITAJAÍ...........................................................................799

METODOLOGIA PVE (PRODUÇÃO DE VÍDEO ESTUDANTIL) A EXTENSÃO ALÉM DOS


MUROS DA UNIVERSIDADE.............................................................................................................804

MOVIMENTOS E LUTAS SOCIAIS, UNIVERSIDADE E EDUCAÇÃO POPULAR..................809


MULHERES E CIDADES..........................................................................................................814

O AUDIOVISUAL E A EDUCAÇÃO EM CONTEXTO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES E


DEMOCRATIZAÇÃO DE ACESSO.....................................................................................................819

DESAFIO DO ENSINO REMOTO PARA IMIGRANTES...........................................................824

O DIREITO AO ACESSO À UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA: DIVULGAÇÃO,


INCENTIVO E INCLUSÃO DE ESTUDANTES DE ESCOLAS PÚBLICAS AO ENSINO
SUPERIOR POR MEIO DE AÇÕES AFIRMATIVAS..............................................................829

O ENTENDIMENTO DAS MEDIDAS DE PREVENÇÃO À COVID-19 COMO MEIO DE


APRENDIZADO E VALORIZAÇÃO DA CIÊNCIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA......................................834

O MUNDO MÁGICO DA LEITURA: DAS AÇÕES PRESENCIAIS NA ESCOLA PARA EXTENSÃO


REMOTA NO ANO DE 2020............................................................................................................839

O PLANO MUNICIPAL DE TURISMO COMO INSTRUMENTO DE APRENDIZAGEM NOS


CURSOS DE GRADUAÇÃO EM TURISMO........................................................................................844

OBSERVATÓRIO DA SOCIOEDUCAÇÃO: PROMOÇÃO DA CIDADANIA DE ADOLESCENTES E


JOVENS........................................................................................................................................849

OFICINAS DE BRINQUEDOS: INTEGRAÇÃO ENTRE UNATI E DOCENTES EM


FORMAÇÃO..................................................................................................................................854

OFICINAS INTERDISCIPLINARES REMOTAS – 1ª EDIÇÃO...............................................859

OS DESAFIOS DA ADAPTAÇÃO DAS AÇÕES EXTENSIONISTAS DEVIDO À PANDEMIA:


REFLEXÕES SOBRE UM PROJETO DE CINOTERAPIA.............................................................864

PODCAST MULHERES E MENINAS NA CIÊNCIA E TECNOLOGIA: AÇÃO INTEGRADA AO


PROJETO DE GIRLS POWER IN PROGRAMMING..................................................................869

POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO DE PROJETO PSICOEDUCACIONAL NA PANDEMIA DE


COVID-19.............................................................................................................................874

PROGRAMA DE EXTENSÃO LAZER E SAÚDE.....................................................................879

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE AÇÕES RELATIVAS ÀS PESSOAS COM


NECESSIDADES ESPECIAIS- PEE – A TRAJEÓRIA DOS ATENDIMENTOS NO CAMPUS DE
TOLEDO.................................................................................................................................884
COMPARTIR: COLABORANDO PARA A FORMAÇÃO DIGITAL DE ALUNOS
E PROFESSORES...............................................................................................................................889

PROJETO DE EXTENSÃO: PROMOVENDO DIÁLOGOS SOBRE VIOLÊNCIA SEXUAL NO


ENSINO FUNDAMENTAL...................................................................................................................894

PROJETO DE EXTENSÃO SENTA QUE LÁ VEM A HISTÓRIA EM TEMPOS DE PANDEMIA.....899

O QUE COMEMOS? A CIÊNCIA POR TRÁS DOS ALIMENTOS, UMA PROPOSTA DE


DIVULGAÇÃO CIENTIFICA.................................................................................................................904

SABERES COMPARTILHADOS: UMA PROPOSTA PARA QUALIFICAR A ASSISTÊNCIA DE


ENFERMAGEM........................................................................................................................909

SCALA 5.0 POSSIBILITANDO NARRATIVAS VISUAIS COM COMUNICAÇÃO


ALTERNATIVA.................................................................................................................................915

SER PROFESSORA DE INGLÊS NA ATUALIDADE: REFLEXÕES SOBRE DOCÊNCIA EM CURSO


DE EXTENSÃO.....................................................................................................................................920

SUCULENTAS AO ALCANCE DE TODOS: FONTE DE RENDA E SAÚDE MENTAL................925

TRAMAS: TECNOLOGIA, RESPONSABILIDADE, AUTORIA, MOVIMENTO, AMOROSIDADE E


SOCIEDADE..................................................................................................................................930

EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA EM TEMPOS DE PANDEMIA: UM RELATO DE


EXPERIÊNCIA ACERCA DAS ATIVIDADES DO NÚCLEO EXTENSIONISTA RONDON - NER/
UDESC.....................................................................................................................935

UNIOESTE NA COMUNIDADE E SUAS ATIVIDADES DURANTE A PANDEMIA 2020.........939

UNIVERSIDADE ABERTA PARA PESSOAS IDOSAS ON LINE - UMA PROPOSTA


DE EDUCAÇÃO CONTINUADA E SOCIALIZAÇÃO DE IDOSOS EM TEMPOS DE
PANDEMIA......................................................................................................................943

VIABILIDADE DA EDUCAÇÃO STEM NAS ESCOLAS DO BRASIL.......................................948


EIXO 5 - MEIO AMBIENTE

FANBIO: FANÁTICOS POR BIOLOGÍA - FANZINES Y EL ARTE DE ILUSTRAR COMO


HERRAMIENTA DE DIVULGACIÓN CIENTÍFICA EN BIOLOGÍA................................................954

RECICLAJE EN ESCUELA PÚBLICA DE FOZ DO IGUAÇU......................................................958

CONHECENDO O HERBÁRIO: UM ESPAÇO NÃO-FORMAL PARA O ENSINO DA


BIODIVERSIDADE...................................................................................................962

IMPORTÂNCIA DAS FLORESTAS E SEUS SERVIÇOS AMBIENTAIS: CONTRIBUIÇÕES DA


ESTAÇÃO EXPERIMENTAL RIO NEGRO - PR.................................................................................967

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA CONSTRUÇÃO COLETIVA DA CIDADANIA...........................972

A EXPERIÊNCIA DA EXTENSÃO NA CONSTRUÇÃO DE CONHECIMENTO.........................977

A IMPORTÂNCIA DA MOBILIZAÇÃO DE PARCERIAS PARA DESENVOLVER


AÇÕES VOLTADAS A SUSTENTABILIDADE...................................................................................982

AÇÕES SOCIOAMBIENTAIS NO MUNICÍPIO DE CERRO LARGO/RS, POR MEIO DO


PROGRAMA DE EXTENSÃO “AMIGOS DA RECICLAGEM”....................................................987

APROXIMANDO A ALIMENTAÇÃO DA SAÚDE E MEIO AMBIENTE ATRAVÉS DA PRODUÇÃO


DE MATERIAIS PEDAGÓGICOS ALTERNATIVOS...............................................................................992

AVALIAÇÃO, DIVULGAÇÃO E PROPOSTA DE REORDENAMENTO E MELHORIA DA


ARBORIZAÇÃO URBANA DE LAGES, SC.........................................................................................996

CHARLA AGROECOLÓGICA.....................................................................................................1001

DESCOBRINDO A MATA ATLÂNTICA: EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM TEMPOS DE


PANDEMIA.....................................................................................................................1006

DIAGNÓSTICO ORGANIZACIONAL DAS ASSOCIAÇÕES DE ROSÁRIO DO SUL, SANTIAGO E SÃO


VICENTE DO SUL: UM RECORTE DO PROJETO PILARES PARA CONEXÃO SUSTENTÁVEL.......1011

ESCORPIONISMO EM BLUMENAU.........................................................................................1016

2° FLORIPA ECO FASHION....................................................................................................1021

GESTÃO AMBIENTAL NA UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU...............................1026


GESTÃO DE RESÍDUOS NA TRIFRONTEIRA: REINVENTANDO UMA COMUNIDADE
SUSTENTÁVEL........................................................................................................1031

GRUPOS DE ESTUDOS EM PROJETOS E PROGRAMA DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA:


REFLEXÕES NECESSÁRIAS..............................................................................................................1036

INTERVENÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UMA


PROPOSTA PARA ESCOLA DO CAMPO.......................................................................................1041

MANEJO AGRÍCOLA ADOTADO PELOS PRODUTORES DO PNAE NO MUNICÍPIO


DE SÃO VICENTE DO SUL/RS........................................................................................................1046

PROJETO PILARES PARA CONEXÃO SUSTENTÁVEL: DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO DOS


CATADORES DAS ASSOCIAÇÕES DE JAGUARI E SÃO FRANCISCO DE ASSIS-RS DURANTE A
PANDEMIA...........................................................................................................................1050

PROJETO PEÇONHENTOS & VENENOSOS: EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA SOBRE ANIMAIS


DE INTERESSE MÉDICO..................................................................................................................1055

PMO-UNESPAR PARANAGUÁ: A CERTIFICAÇAO ORGANICA NO LITORAL DO PARANÁ..1060

PRODUÇÃO DE SABÃO: INCLUSÃO SOCIAL E GERAÇÃO DE RENDA...............................1065

PROTEÇÃO DE NASCENTES NO MUNICÍPIO DE LUIZIANA - PR...................................1070

QUALIDADE AMBIENTAL – EXPERIÊNCIA DE TÉCNICA DE COMPOSTAGEM NA


UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU................................................................................1075

RELATO DE EXPERIÊNCIA NO PROCESSO DE CERTIFICAÇÃO DO PRIMEIRO MEL


ORGÂNICO DO PROGRAMA PARANÁ MAIS ORGÂNICO.............................................................1080

REVISÃO DO PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DO


MUNICÍPIO DO RIO GRANDE/RS....................................................................................................1085

SOS RIACHOS: PROMOVENDO A CIDADANIA AMBIENTAL.............................................1090

A EXTENSÃO EM TEMPOS DE PANDEMIA: AS MÍDIAS SOCIAIS COMO


FERRAMENTAS DE DIVULGAÇÃO DE TRILHAS ECOLÓGICAS...................................................1095
EIXO 6 - SAÚDE

AÇÕES DE SAÚDE PARA PESSOAS IDOSAS EM MOMENTO DE PANDEMIA:


REINVENTANDO POR MEIO DE FERRAMENTAS VIRTUAIS........................................1101

ARMAZENAMENTO E DESCARTE DE MEDICAMENTOS: AÇÕES DE CONSCIENTIZAÇÃO EM


GRUPOS DE PROMOÇÃO DA SAÚDE..........................................................................................1106

INCONTINÊNCIA URINÁRIA EM IDOSAS PRATICANTES DE PILATES ONLINE.................1112

A IMPORTÂNCIA DE GRUPOS DE AJUDA E SUPORTE MÚTUOS ONLINE PARA A POPULAÇÃO


EM SOFRIMENTO MENTAL NA PANDEMIA DE COVID-19............................................................1117

A INFLUÊNCIA DA LIGA ACADÊMICA DE NEUROCIÊNCIAS NA FORMAÇÃO ACADÊMICA E


NA COMUNIDADE............................................................................................................................1122

A TELEMEDICINA COMO FERRAMENTA DE ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO PARA DOENÇAS


CARDIOVASCULARES E POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO NA PANDEMIA DE COVID-19........1127

AÇÕES EDUCATIVAS REMOTAS PARA GRUPOS VULNERÁVEIS À COVID-19: ADAPTAÇÕES EM


TEMPOS DE PANDEMIA...............................................................................................................1132

AÇÕES PREVENTIVAS DA COVID-19 EM HOMENS COM FATORES DE RISCO


CARDIOVASCULAR.......................................................................................................................1137

ACOLHIMENTO EMOCIONAL PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE MENTAL: RELATO DE


EXPERIÊNCIA COM ALUNOS DO ENSINO MÉDIO.......................................................................1142

ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO: ATENÇÃO À SAÚDE, FORMAÇÃO E FORTALECIMENTO


DE REDES DE CUIDADO...................................................................................................................1148

ALINHAVANDO CIDADANIA: UMA VIVÊNCIA DE EXTENSÃO DO IFSC E CRAS


COMASA/JOINVILLE-SC......................................................................................1153

AS MÍDIAS SOCIAIS E A PROPAGAÇÃO DE INFORMAÇÕES EM TEMPOS DE PANDEMIA..1158

SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM POR MEIO DE TELECONSULTAS


PARA MULHERES COM CÂNCER DE MAMA..........................................................................1163

AT WORK: A IMPORTÂNCIA DE UM PROJETO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NO CUIDADO


DA SAÚDE DO TRABALHADOR PARA A COMUNIDADE INTERNA DA UFCSPA.......................1168
ATENÇÃO À SAÚDE DA MULHER: PROMOÇÃO DA SAÚDE E DA AUTONOMIA PARA A VIDA
DURANTE A PANDEMIA POR COVID-19....................................................................................1173

ATENDIMENTO REMOTO EM UMA UNIDADE DE FARMÁCIA-ESCOLA: UMA ALTERNATIVA


PARA A MANUTENÇÃO DO CONTATO COM O PACIENTE EM TEMPOS DE PANDEMIA.............1178

ATUAÇÃO DAS CENTRAIS DE INFORMAÇÕES DA UNIOESTE NO COMBATE AO


CORONAVÍRUS.................................................................................................................................. 1183

CICLOS FORMATIVOS DE PROFESSORES ONLINE: PROMOÇÃO DE DIÁLOGOS SOBRE


EDUCAÇÃO.............................................................................................................1188

CIDADANIA EM ÉPOCAS DE PANDEMIA: O BLOG MICROBIOLOGANDO COMO VEÍCULO DE


DISSEMINAÇÃO DE INFORMAÇÕES CONFIÁVEIS SOBRE A COVID-19....................................1193

MUSICOTERAPIA: DA PRESERVAÇÃO À RECUPERAÇÃO DA SAÚDE.............................1198

COMO A CRIAÇÃO DE UMA HASHTAG NAS REDES SOCIAIS DE UM PROJETO DE


EXTENSÃO CONTRIBUIU PARA DESMISTIFICAR O USO DE MÉTODOS CONTRACEPTIVOS ENTRE
A POPULAÇÃO EM IDADE REPRODUTIVA..................................................................................1203

COMO A PANDEMIA DO COVID-19 MUDOU A FORMA DE TRABALHO DO PROGRAMA DE


EXTENSÃO BANCO DE DENTES HUMANOS DA UFPR.............................................................1208

CONHECIMENTO DE TERRITÓRIO E ELABORAÇÃO DE UM MAPA DE ESTRATIFICAÇÃO EM


SAÚDE RURAL..................................................................................................................................1212

CONSULTA DE PUERICULUTRA NO ESPAÇO DA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA...............1217

CONVERSANDO SOBRE MENSTRUAÇÃO: A IMPORTÂNCIA DO ACOLHIMENTO E DA


ORIENTAÇÃO AOS FAMILIARES DE PRÉ- ADOLESCENTES E ADOLESCENTES..................1222

DESAFIOS ENFRENTADOS NAS AÇÕES DE EXTENSÃO DURANTE A PANDEMIA PELA


EQUIPE DE ACOMPANHAMENTO DO GRUPO DA TERCEIRA IDADE DE UM MUNICÍPIO DO NORTE
DO PARANÁ......................................................................................................................................1227

DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO AO CONHECIMENTO CIENTÍFICO PELO PROJETO DE


EXTENSÃO PROMOVENDO A SAÚDE BUCAL: BOCA A BOCA.............................................1232

DESAFIOS E POSSIBILIDADES DO VÍNCULO EXTENSIONISTA COM IDOSOS E CUIDADORES


DURANTE A PANDEMIA................................................................................................................1237
PROGRAMA DESENVOLVER: DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR DE CRIANÇAS
ATRAVÉS DO EMPODERAMENTO DE PAIS E CUIDADORES......................................................1241

DESENVOLVIMENTO DE VÍDEOS E MATERIAIS EDUCATIVOS PARA SENSIBILIZAÇÃO E


EDUCAÇÃO DA PUÉRPERA E SUA FAMÍLIA SOBRE O ALEITAMENTO MATERNO.....................1246

EDUCAÇÃO EM SAÚDE NA PUERICULTURA...................................................................1250

PROJETO EDUCAÇÃO EM SAÚDE: OS 10 ANOS DE CONTRIBUIÇÃO PARA A EXTENSÃO


UNIVERSITÁRIA.................................................................................................................1255

EDUCAÇÃO SEXUAL INCLUSIVA NA ESCOLA: UMA ABORDAGEM GEOGRÁFICA DA


SEXUALIDADE..........................................................................................................................1260

ELABORAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE MATERIAL BILÍNGUE PARA ATENDIMENTO DE


IMIGRANTES HAITIANOS NOS POSTOS DE SAÚDE DE SÃO JOSÉ.........................................1264

PROMOÇÃO DE SAÚDE E BEM-ESTAR ATRAVÉS DE UM PROJETO DE EXTENSÃO......1269

ENFRENTAMENTO À COVID-19 NAS 4ª E 6ª REGIONAIS DE SAÚDE DO PARANÁ......1274

ESPORTE NA UENP PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES.................................................1279

ESTRATÉGIAS DE COMERCIALIZAÇÃO DA AGRICULTURA FAMILIAR, EM TEMPOS DE


COVID-19: O FEIRÃO COLONIAL DE SANTA MARIA - RS.........................................................1284

EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA RURAL: COMO O APOIO TÉCNICO PODE AUXILIAR NO


DESENVOLVIMENTO DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE?.........................................................1289

PROJETO PETMAMA: A EXTENSÃO PROMOVENDO A SAÚDE ÚNICA POR MEIO DA


CONSCIENTIZAÇÃO DE TUTORES................................................................................................1294

HORTALIÇAS SEGURAS DO CAMPO À MESA: AÇÃO SOCIOEDUCATIVA EM UMA


POPULAÇÃO CARENTE DE LONDRINA - PARANÁ......................................................................1299

INCLUSÃO SOCIAL E ESPORTE: AS AÇÕES DO FESTIVAL PARALÍMPICO DO VALE DO


IVAÍ...................................................................................................................................1304

INSTRUÇÃO DE MEDIDAS PROFILÁTICAS À DISSEMINAÇÃO DO CORONAVÍRUS EM TUTORES


POSITIVOS PARA CORONAVÍRUS E DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÕES SOBRE A INTERAÇÃO
HOMEM-ANIMAL NO CONTEXTO PANDÊMICO NA REGIÃO SUDOESTE DO PARANÁ........1309
ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO NA PROMOÇÃO DE SAÚDE BUCAL EM PACIENTES EM
QUIMIOTERAPIA......................................................................................................................1314

LEVANTAMENTO DE DADOS DOS CASOS POSITIVOS PARA COVID-19 COM ENFOQUE


NA BUSCA E ENCAMINHAMENTO ADEQUADO DE CASOS VULNERÁVEIS EM FOZ DO
IGUAÇU.........................................................................................................................1318

LIGA ACADÊMICA DE ENFERMAGEM EM ESTOMATERAPIA COMO MECANISMO DE


DESENVOLVIMENTO REGIONAL E CIDADANIA..........................................................................1323

ASSISTÊNCIA REMOTA AOS PORTADORES DE DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA


CRÔNICA E ASMA DO MUNICÍPIO DE JACAREZINHO-PR: AÇÃO DE EXTENSÃO CONTRA O NOVO
CORONAVÍRUS.............................................................................................................1329

MANIPULAÇÃO: MANIPULANDO COSMÉTICOS E TRANSFORMANDO VIDAS................1334

MINUTO CORONA: UMA AÇÃO DE EXTENSÃO COM CIÊNCIA, AMOR E COMUNICAÇÃO...1338

NASP – NÚCLEO DE APOIO SOCIAL E PSICOLÓGICO DA UENP.........................................1343

NÚCLEO DE IMPLEMENTAÇÃO DA EXCELÊNCIA ESPORTIVA E MANUTENÇÃO DA SAÚDE


- NIEEMS..........................................................................................................................................1348

O CUIDADO AO LUTO NO CONTEXTO DA PANDEMIA PELA COVID-19: O PROTAGONISMO


DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA............................................................1352

O IMPACTO DA ABSORÇÃO EMBRIONÁRIA NO DESEMPENHO


REPRODUTIVO DE FÊMEAS BOVINAS: O QUE O PRODUTOR PRECISA
SABER?......................................................................................................1357

ARCERIA PÚBLICO-INSTITUCIONAL PARA ANÁLISE DE DADOS DA PANDEMIA DE COVID-19


EM CIDADES PARANAENSES – PROJETO DE EXTENSÃO BRDATA – BRASIL EM DADOS.......1362

PRÉ-NATAL E HUMANIZAÇÃO: INTERVENÇÃO PSICOSSOCIAL COM GESTANTES E


ENFERMEIROS NO ÂMBITO DO SUS.............................................................................................1367

PREVENÇÃO E COMBATE À OBESIDADE INFANTIL ATRAVÉS DE PROJETOS DE EXTENSÃO


NO NORTE PIONEIRO DO PARANÁ.................................................................................................1372

PROFISC – PROMOVENDO QUALIDADE DE VIDA............................................................1377

EXPERIÊNCIA EXTENSIONISTA EM TEMPOS DE COVID-19: O PROGRAMA DE EXTENSÃO


CUIDANDO DA FARMÁCIA CASEIRA..........................................................................................1382

PROGRAMA DE EXTENSÃO SAÚDE E EQUILÍBRIO..........................................................1386

PROGRAMA DIVERPET: SAÚDE ÚNICA E RECRIAÇÃO DAS AÇÕES EXTENSIONISTAS NA


PANDEMIA DO COVID-19...............................................................................................................1391

PROGRAMA SAÚDE BUCAL DA UENP: ATUAÇÃO E INTERVENÇÃO EM ESCOLAS DA REDE


PÚBLICA DE EDUCAÇÃO.................................................................................................................1396

ATIVIDADES DO PROJETO DANÇA PARA PESSOAS COM PARALISIA


CEREBRAL DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19: UM RELATO DE
EXPERIÊNCIA..........................................................................................................................1400

PROMOÇÃO DA SAÚDE BUCAL E FONOAUDIOLÓGICA NO COMBATE AO TABAGISMO


2021: PRODUÇÕES E DESAFIOS EM UM ANO AINDA PANDÊMICO....................................1405

PROMOÇÃO DA SAÚDE ÚNICA EM ESCOLAS DE CURITIBA.........................................1410

PROMOÇÃO DAS RELAÇÕES SOCIAIS ENTRE IDOSOS: CONSTRUÇÃO COLETIVA DE


UM LIVRO DE CULINÁRIA ON-LINE EM TEMPOS DE PANDEMIA.......................................1415

RADIOLOGIA NA COMUNIDADE E ISOLAMENTO SOCIAL: UM NOVO MODO DE FAZER


EXTENSÃO?................................................................................................................1420

REIKI NA UNIVERSIDADE - UMA EXPÉRIENCIA COM PRÁTICAS INTEGRATIVAS EM


SAÚDE..................................................................................................................................1425

RELATO SOBRE O I SIMPÓSIO DE NEUROCIÊNCIAS CLÍNICA E EXPERIMENTAL:


NEUROINFLAMAÇÃO E NEUROINFECÇÃO....................................................................................1430

RELATO SOBRE O IV SIMPÓSIO DO SUICÍDIO: UMA MORTE EVITÁVEL.......................1435

REPERCUSSÕES SOCIAIS E ACADÊMICAS DAS ATIVIDADES DO PROJETO DE EXTENSÃO


SAÚDE BUCAL INCLUSIVA DURANTE A PANDEMIA......................................................1440

SAMDOF: CIÊNCIA E EDUCAÇÃO EM SAÚDE EM TEMPOS DE DISTANCIAMENTO


SOCIAL.......................................................................................................................................................1445

SERVIÇO DE CLÍNICA CIRÚRGICA ANIMAL: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL, AÇÕES


SOCIOEDUCATIVAS E APRIMORAMENTO PROFISSIONAL......................................................1450
SERVIÇO DE DIAGNÓSTICO ANATOMOPATOLÓGICO VETERINÁRIO EM REALEZA E
REGIÃO............................................................................................................................1455

VISÕES DO RURAL: UMA EXPERIÊNCIA DE CURRICULARIZAÇÃO DA EXTENSÃO EM TEMPOS


DE PANDEMIA..................................................................................................................................1460

SÍNDROME RESPIRATÓRIA AGUDA GRAVE (SRAG) E O CONTEXTO DA PANDEMIA


PELA COVID-19: AÇÕES DE APOIO AO SISTEMA DE SAÚDE EM FOZ DO IGUAÇU..............1465

TELEREABILITAÇÃO EM IDOSOS COM OSTEOARTRITE DE JOELHO EM TEMPOS DE


PANDEMIA – UM RELATO DE EXPERIÊNCIA..................................................................................1470

UEL PELA VIDA CONTRA O CORONAVÍRUS: CONTRIBUIÇÕES DA EXTENSÃO


UNIVERSITÁRIA.....................................................................................................1475

ATUAÇÃO DA LIGA ACADÊMICA DE ESTOMATOLOGIA NO CONTEXTO DA PANDEMIA..1480

PROJETO MÃOS LIMPAS....................................................................................................1484

TELESSAÚDE COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM DIABETES: UMA POSSIBILIDADE


DE MONITORAMENTO EM TEMPOS DE COVID-19...............................................................1488

EIXO 7 - TECNOLOGIA E PRODUÇÃO

UNIVERSIDADE, COMUNIDADE E DISCENTES NA CONSTRUÇÃO DO APLICATIVO “PEIXES DO


RIO URUGUAI”................................................................................................................................1495

A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA COMO FORMA DE APRESENTAÇÃO MERCADO DE TRABALHO


AO ESTUDANTE...............................................................................................................................1500

A PRODUÇÃO DO ARROZ DE BASE ECOLÓGICA EM ASSENTAMENTOS DE REFORMA


AGRÁRIA DO RS.............................................................................................................................1505

APOIO AOS PEQUENOS PRODUTORES RURAIS DA REGIÃO DOS CAMPOS GERAIS....1510

AUXÍLIO TÉCNICO PARA ADEQUAÇÃO DE BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO NAS


AGROINDÚSTRIAS FAMILIARES DE SANTO ANTÔNIO DA PATRULHA/RS PARA CONTER A
Covid-19................................................................................................................................1515

CheckIn@UFSC: SISTEMA DE AVISO DE EXPOSIÇÃO À COVID-19 USANDO


DISPOSITIVOS MÓVEIS PARA QUARENTENA INTELIGENTE E TESTAGEM
SELETIVA...........................................................................................................1519
CLUBE DO RÁDIO - RADIOAMADORISMO NA UNIVERSIDADE ........................................1524

ESTUDO DA REOCUPAÇÃO DAS SALAS DE AULA DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO EM


LONDRINA-PR, A PARTIR DA VENTILAÇÃO NATURAL......................................................1529

FORTALECIMENTO DA AGRICULTURA FAMILIAR E DO COOPERATIVISMO SOLIDÁRIO


ATRAVÉS DA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA...............................................................................1534

PRÁTICAS PARA MELHORIAS DA QUALIDADE E HIGIENE DO LEITE...................................1539

ROBÓTICA NAS ESCOLAS: TREINAMENTO PARA DOCENTES DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO


DE SANTA MARIA (RS).............................................................................................................1544

SISTEMA DE PLANTIO DIRETO EM HORTALIÇAS (SPDH) NAS HORTAS COMUNITÁRIAS DE


MARINGÁ...................................................................................................................................1549

SYLLABUS UEM – APRESENTANDO OS CURSOS DE GRADUAÇÃO COM UMA


LINGUAGEM VISUAL VOLTADA PARA OS MEIOS DIGITAIS..........................................1554

EIXO 8 - TRABALHO

AÇÕES TERRITORIAIS.........................................................................................................1560

A AGROECOLOGIA EM SANTO ANTÔNIO DA PATRULHA E O PAPEL DAS


INSTITUIÇÕES.................................................................................................................1564

NÚCLEO DE ATIVIDADES E PROTEÇÃO AO DIREITO TRABALHISTA E A PESQUISA


NO DIREITO DO TRABALHO DURANTE A PANDEMIA: O RECONHECIMENTO DO VÍNCULO
EMPREGATÍCIO PARA ATLETAS DE ESPORTE ELETRÔNICO..................................................1569

ATUAÇÃO DA INCUBADORA DE EMPREENDIMENTOS ECONÔMICOS SOLIDÁRIOS (EES)


NA FRONTEIRA DA PAZ, SANTANA DO LIVRAMENTO/RS...........................................................1573

EDUCAÇÃO FINANCEIRA E AUTONOMIA ECONÔMICA DAS MULHERES...................1578

EMPREENDEDORISMO SOCIAL, APROXIMAÇÃO DA OFERTA E DEMANDA DE RECURSOS:


CASO DE FINANCIAMENTO COLETIVO PELA PLATAFORMA BENFEITORIA..........................1582

EMPRESA JUNIOR: EXTENSÃO E PROFISSIONALIZAÇÃO INDISSOCIÁVEIS.................1587

EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA COM A AGRICULTURA FAMILIAR DA FRONTEIRA OESTE DO RS


EM TEMPO DE COVID-19............................................................................................................1592

GESTÃO INTERSETORIAL DE SERVIÇOS PÚBLICOS.......................................................1597

IF + EMPREENDEDORES – IFFAR JC....................................................................................1602

JORNADA EMPREENDEDORA NA UNILA: DESPERTANDO O LADO EMPREENDEDOR QUE


HÁ EM VOCÊ...................................................................................................................................1607

O CAMPO NO CAMPUS: ESTRATÉGIA DE COMERCIALIZAÇÃO PARA GERAÇÃO DE RENDA


AOS AGRICULTORES FAMILIARES DE IVAIPORÃ-PR E REGIÃO.........................................1612

O IMPACTO DA PANDEMIA DE COVID-19 EM UM GRUPO DE ECONOMIA SOLIDÁRIA E UMA


EMPRESA SOCIAL............................................................................................................................1617

O TRABALHO DA INCUBADORA DE EMPREENDIMENTOS SOLIDÁRIOS IESOL/UEPG FRENTE


ÀS DEMANDAS DA PANDEMIA..................................................................................................1622

PRÁTICAS TOPOGRÁFICAS COMO AÇÕES EDUCATIVAS................................................1627

O PROJETO “MÚSIC@S EM PAUTA: TRABALHO, MERCADO E NEGÓCIOS” E A DIFUSÃO


DO CONHECIMENTO SOBRE O TRABALHO MUSICAL.................................................................1631

VIABLIZANDO A PARTICIPAÇÃO DE COMUNIDADES QUILOMBOLAS DO CENTRO-SERRA


NA 26ª FEICOOP*............................................................................................................................1637
1.
COMUNICAÇÃO

SEURS
Seminário de Extensão Universitária
da Região Sul
WEB RÁDIOS NAS ESCOLAS: INTEGRANDO UNIVERSIDADE E
COMUNIDADE

Área Temática: Comunicação


Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE)
Autores: L. de S., VALCARENGHI 1; K. G. FAGUNDES 2; N. K. WELTER 3; L. C. Y.
PORTELA 4

Resumo:
O curso de Filosofia da UNIOESTE/campus de Toledo coordena dois projetos de extensão
de web rádio escolar em duas escolas públicas do município de Toledo/PR: o “Web Rádio
no Colégio Jardim Porto Alegre” e o “Web Rádio na Escola: Implantação do Projeto no
Colégio PREMEN/Toledo”, atualmente vigentes e contando com alunos bolsistas PIBEX e
PIBES da Fundação Araucária, e de uma equipe de trabalho formada por professores e
alunos da UNIOESTE e das escolas. Ambos os projetos têm por propósito geral a
constituição de um ambiente de comunicação institucional e estudantil para a comunidade
escolar e extraescolar. O propósito do presente trabalho é apresentar como surge cada um
dos projetos; como ocorre a integração das equipes dos projetos e qual o resultado
alcançado. Nesse sentido, importa-nos estritamente ressaltar: a) a metodologia utilizada por
ambos os projetos em sua atuação cooperativa e integrada; b) o processo avaliativo
conjunto e integrado realizado no âmbito de ambos projetos; c) por último, os elementos
que permitem atribuir o sucesso das web rádios escolares à integração e cooperação de
ambos projetos de extensão.

1
Lucas de Souza Valcarenghi; acadêmico do curso de Letras (português-inglês) da UNIOESTE, campus de
Marechal Candido Rondon e bolsista PIBEX da Fundação Araucária. E-mail: lucas.valcarenghi@unioeste.br.
2 Kauane Gabriele Fagundes; acadêmica do curso de Serviço Social da UNIOESTE, campus de Toledo e

bolsista PIBIS da Fundação Araucária. E-mail: kauane.fagundes@unioeste.br.


3
Nelsi Kistemacher Welter; docente do curso de Filosofia da UNIOESTE, campus de Toledo; coordenadora
do Projeto de Extensão “Web Rádio no Colégio Jardim Porto Alegre”. E-mail: nelsi.welter@unioeste.br.
4
Luis Cesar Yanzer Portela; docente do curso de Filosofia da UNIOESTE, campus de Toledo; coordenador
do Projeto de Extensão “Web Rádio na Escola: Implantação do Projeto no Colégio PREMEN/Toledo”. E-
mail: luis.portela@unioeste.br.

28
Palavras-chave: mídias; web rádio; escola.

Introdução
No ano de 2017, quando o PIBID Filosofia da UNIOESTE atuava no Colégio
Jardim Porto Alegre (Toledo/PR), surge a ideia de criação de um WEB rádio escolar. No
colégio havia um jornal impresso produzido pelos alunos do ensino fundamental e médio
que integravam o Projeto de Altas Habilidades. Apesar de sua relevância, os custos eram
altos e a visibilidade do material baixíssima. Frente a isso a coordenadora do Projeto
PIBID e um professor do colégio (supervisor) constituíram uma equipe, que integrou
membros do projeto Altas Habilidades (estudantes e professores) e membros do PIBID
Filosofia (professores e acadêmicos da UNIOESTE), com o propósito de pesquisar um
meio mais adequado para divulgar os materiais produzidos na escola, e depararam-se com
a plataforma BrLogic, que ofertava recursos diversos propícios à divulgação das atividades
da escola, e decidiram pela criação de uma web rádio escolar, que foi denominada
“Newspaper JPA”. Com a criação da Web Rádio, a coordenação e implantação do projeto
fica a encargo dos professores e alunos da UNIOESTE que, juntamente com professores e
alunos/as do colégio, envolvem-se efetivamente nas atividades, produzindo textos,
entrevistas e matérias diversas – que passam a constituir a programação. O projeto toma
corpo rapidamente e se consolida, sendo uma das principais e mais importantes
características a participação dos alunos na definição das atividades, sobretudo dos temas
que deveriam ser pesquisados e posteriormente abordados na grade de programação dos
anos seguintes, mediante a forma de entrevistas, podcasts, artigos, vídeos etc.
A repercussão e sucesso do projeto de web rádio no Colégio Jardim Porto Alegre,
ocasionou a execução de um novo projeto de extensão pelo curso de Filosofia da
UNIOESTE visando a implantação de uma segunda web rádio escolar no Colégio Premen
de Toledo, no ano de 2020. A web rádio escolar do Colégio Premen passa a se chamar
“Interação Premen” e conta, para sua implantação, com a contribuição de professores e
acadêmicos da UNIOESTE e de estudantes do Colégio Jardim Porto Alegre que já
atuavam no projeto da web rádio naquela escola e que promovem o treinamento e
formação dos membros para desenvolverem as atividades a serem veiculadas na web rádio,
que se se constitui como um importante canal de divulgação da “comunicação
institucional” e como uma “mídia estudantil”, com o propósito de divulgar matérias,
entrevistas, pesquisas e informações, sobretudo envolvendo temas pertinentes à escola e
aos interesses dos estudantes que comporiam a equipe.

29
A partir do momento em que ambos os projetos passam a ser executados ao mesmo
tempo, ocorre uma relação de cooperação e integração entre os membros das duas equipes,
que é determinante para a execução das atividades, sobretudo no período de pandemia, e
que continua vigente até o presente. A interação e cooperação entre os membros de ambos
os projetos de web rádio ocorrem nas seguintes modalidades:
1) Entre coordenadores de ambos os projetos ao: a) elaborarem, proporem e
coordenarem conjuntamente ambos os projetos, alterando-se na coordenadoria e
subcoordenadoria; participarem conjuntamente de reuniões para a elaboração de pauta a ser
tratada com os bolsistas; b) reunirem-se para planejar, elaborar e redigir relatórios,
resumos, apresentação de trabalhos em eventos etc.
2) Entre coordenadores e bolsistas de ambos os projetos ao reunirem-se para: a)
planejar as atividades que são do interesse de ambos os projetos; b) traçar as estratégias de
elaboração de relatórios feitos pelos bolsistas; c) avaliar as atividades executadas nos
projetos e projetar novas ações.
3) Entre bolsistas e equipes dos respectivos projetos em que atuam ao: a) ofertarem
em conjunto cursos de operacionalização da plataforma BrLogic para os membros das
equipes dos projetos; b) participarem de reuniões com as equipes de ambas web rádios para
discutirem temas de interesses comuns; c) proporem e vincularem à grade da programação
quadros/programas de interesse comum de ambas web rádios; d) veicularem em conjunto,
de modo integrado e cooperativo, na plataforma de ambas web rádios, a programação que é
de interesse comuns.

Metodologia
A metodologia utilizada pelo projeto consiste basicamente em: a) reuniões de
planejamento conjuntas das duas equipes para a definição de programas de interesse
comuns a ambas web rádios; b) pesquisa para a elaboração de temas de interesse comuns a
ambas web rádios para serem posteriormente abordados em suas grades de programação;
c) criação, veiculação e difusão conjunta de programas que são de interesses comuns a
ambas web rádios.
No que diz respeito ao item a) num primeiro momento cada equipe responsável
pelo projeto de web rádio se reúne isoladamente para deliberar acerca da criação de
programas e divulgação de matérias e notícias que abordem temas de interesse escolar e da
comunidade extraescolar de seu entorno; num segundo momento as equipes de ambos os
projetos se reúnem para deliberar acerca da realização e veiculação conjunta de programas

30
que abordem temas que são de seus interesses comuns. No que respeita ao item b)
definidos os temas que deverão ser abordados em programas de interesse comuns, bolsistas
e demais membros de ambas as equipes pesquisam acerca do tema e do melhor meio para a
realização do programa. Por fim, ambos os bolsistas dos projetos, em conjunto com alguns
alunos de ambas as escolas, veiculam a grade de programação e a divulgam nas redes
sociais relativas aos projetos (Instagram, Facebook e Twitter).

Desenvolvimento e processos avaliativos


Membros de ambas as equipes dos projetos de extensão de web rádios escolares, se
reúnem constantemente para cooperativamente avaliarem o desenvolvimento das
atividades realizadas em conjunto pela web rádios. Num primeiro momento, coordenador e
bolsista de um projeto se reúnem com sua equipe de trabalho para avaliarem o desempenho
dos programas que realizam em conjunto com os membros do projeto da outra web rádio.
Num segundo momento, coordenadores e bolsistas de ambos os projetos se reúnem para
avaliarem o que fora concluído no primeiro momento e para avaliarem a possibilidade de
novas ações que possam ser executadas por ambas equipes dos projetos de web rádios
escolares.

Considerações Finais
O sucesso do projeto de extensão que desenvolveu a web rádio do Colégio Jardim
Porto Alegre (https://newspaperjpa.webradiosite.com/) estimulou a criação de web rádio
também no Colégio Premen (https://radiopremen.com/), a primeira já consolidada e
contando com a integração da comunidade escolar e a segunda em fase de implantação e
consolidação. Os dois projetos encontram-se em funcionamento nas escolas graças ao
trabalho de cooperação dos membros das equipes, que buscam criar e desenvolver quadros
e matérias de interesse das comunidades escolares. Ressalte-se a atuação de acadêmicos e
professores da UNIOESTE na organização, planejamento e no gerenciamento dos canais,
sobretudo na interlocução com outros setores da sociedade para a criação e divulgação de
notícias, matérias, podcasts, quadros e entrevistas, oferecendo, desse modo, uma
programação e matérias de interesse da comunidade escolar e externa à escola, com foco
na ação conjunta entre universidade e escola, além de seu protagonismo em ações que
envolvem o ensino, a pesquisa e a extensão.

31
A CONSTRUÇÃO DE PERTENCIMENTO A PARTIR DA COMUNICAÇÃO
VISUAL: PROJETO ESEC TAIM COMUNICA E EDUCA

Área Temática: Comunicação


Coordenadora da atividade: F. PIANOWSKI
Universidade Federal do Rio Grande (FURG)
Autores: M. SILVA 1; R. COSTA 2; F. PIANOWSKI 3.

Resumo:
O projeto de extensão ESEC Taim Comunica e Educa, iniciado em agosto de 2020, tem
como objetivo apoiar as ações de comunicação e educação ambiental desenvolvidas pela
Estação Ecológica do Taim (ESEC Taim - ICMBio/MMA), através da criação e publicação
de conteúdo de forma periódica nas redes sociais. Por meio de recursos da comunicação
visual buscamos fortalecer a identidade visual da instituição, aproximando-a dos seus
diversos públicos através do Instagram e Facebook. Apresentamos aqui um relato da
experiência e das percepções construídas durante o início do projeto em meados de 2020
até o atual momento, julho de 2021, destacando-se a forma como este projeto suscitou o
pertencimento entre os participantes, a universidade e a unidade de conservação. O
crescimento das interações do público, número de seguidores e curtidas, nas redes sociais
da ESEC Taim serviu como parâmetro de avaliação dos resultados do projeto. A partir do
fortalecimento da identidade visual da ESEC Taim e dos conteúdos publicados
periodicamente nas redes sociais, apostamos na autonomia da instituição para a
continuidade das ações de comunicação visual iniciadas e consolidadas com o projeto.

Palavras-chave: comunicação visual; unidade de conservação; pertencimento.

1
Mariana da Rocha Silva, licencianda em Artes Visuais - FURG.
2 Ronaldo Cataldo Costa, analista ambiental, ICMBio.
3
Fabiane Pianowski, docente do Instituto de Letras e Artes da FURG.

32
Introdução
A Estação Ecológica do Taim (ESEC Taim), localizada entre os municípios de Rio
Grande e Santa Vitória do Palmar, é uma unidade de conservação federal criada em 21 de
julho de 1986. A ESEC Taim é referência de pesquisa e conservação para a região e
reconhecida internacionalmente como patrimônio mundial, sendo abrigo para 30 espécies
de mamíferos e 250 espécies de aves migratórias.
Possui um valor cultural, social e ecológico imensurável para a biodiversidade
brasileira, sendo “patrimônio do Rio Grande do Sul e do Brasil. É declarada Área de
Interesse Internacional para Aves, Zona Núcleo da Reserva da Biosfera- UNESCO e sítio
Ramsar, protegendo uma fauna e flora exuberantes, com espécies ameaçadas de extinção.”
(ICMBio, 2013).
O surgimento da necessidade de novo diálogo com a comunidade, de forma sólida,
clara e multilateral, conjuntamente com a (re)construção da identidade visual da ESEC
Taim e o contexto pandêmico, em que as pessoas devem manter o distanciamento social,
evitando sair de casa, culminaram no Projeto de extensão ESEC Taim Comunica e Educa,
vinculado ao grupo de pesquisa CNPq/ FURG Artes Visuais em Estudo (AVE) e ao
Núcleo Artes Visuais em Estudo (NAVE), com o objetivo de reconstruir a identidade
visual da ESEC Taim e estabelecer uma comunicação direta através das redes sociais com
as comunidades que acompanham a unidade de conservação.

Metodologia
O projeto, em virtude da pandemia, foi desenvolvido por meio de encontros virtuais
da equipe para conhecer, estudar e produzir uma proposta de atualização da identidade
visual para a ESEC Taim, a partir de um primeiro logotipo que era utilizado pela
organização. Neste ínterim, buscamos pré-definir alguns layouts para as redes sociais,
como forma de conhecer o público com o qual iríamos interagir, diminuindo
paulatinamente o impacto visual da mudança. Após a definição da nova identidade visual,
pouco a pouco, foram inseridos pequenos detalhes da mudança nas publicações nas redes
sociais, especialmente através da tipografia, cores e imagens utilizadas. A partir do
lançamento do logotipo atualizado e finalizado, os elementos antes introduzidos, passaram
a ser utilizados de forma mais contundente, consolidando a nova identidade visual.
Conforme as redes sociais foram sendo atualizadas com as alterações, observamos um
crescimento na participação do público-alvo da ESEC Taim, sendo possível mensurar os

33
níveis de interesse nas publicações e suas interações. Para garantir a segurança de todos,
todas a atividades relativas ao projeto foram realizadas de modo remoto.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Ao lançarmos a identidade visual, tivemos um feedback muito positivo da
comunidade, o que em um efeito cascata acabou por gerar mais visibilidade às páginas da
ESEC Taim. Quando iniciamos o projeto, a página oficial do Instagram 4 tinha em torno de
650 seguidores e no final do primeiro ano, passou a 1.246 seguidores, ganhando, em
média, de 2 a 5 seguidores por dia; na página oficial do Facebook 5 criada a partir do
projeto, temos atualmente 1.765 seguidores, contando com uma média de 2 a 5 novos
seguidores por dia 6. Além disso, durante o período em que estivemos desenvolvendo a
identidade visual, pudemos perceber o interesse das pessoas que acompanhavam os perfis
da instituição nas redes sociais, que está voltado principalmente para as ações de
monitoramento e pesquisas realizadas.
Com a participação das comunidades da ESEC Taim através das redes, percebemos
a importância e relevância da comunicação transparente, direta e periódica entre a unidade
de conservação e seu entorno, especialmente em momentos como o atual em que somente
a interação virtual é possível. Outro ponto interessante e que emergiu do projeto foi
constatar a forma como a comunidade responde aos posts, postando fotografias da Estação,
muitos relembrando momentos em que estiveram no local durante visitações, presenciaram
alguma interação entre os animais, participaram de atividades de educação ambiental, entre
outras. Ou seja, “além do viés informacional, os posts e as interações mediadas pelas redes
sociais podem gerar ações políticas em prol da sustentabilidade, como protestos e outras
formas de manifestação, também possibilita a união de grupos com interesse comum”
(ARRUDA et al, 2017, p.1393).
Segundo Dantas (2018), “a prática extensionista vem para estabelecer novas
metodologias de ensino, garantindo o desenvolvimento de atividades interdisciplinares,
que vão além dos conhecimentos transmitidos em sala aula”. Transpondo o que diz a
autora para as nossas vivências, o projeto como um todo estabeleceu um elo de
pertencimento entre a ESEC Taim, suas comunidades, a FURG e os participantes do
projeto, reforçando a prática da extensão como parte fundamental da formação em nível
superior. Partindo da reflexão de si, acreditamos que o projeto foi fundamental para a

4
Endereço da página no Instagram: https://www.instagram.com/esec_taim
5
Endereço da página no Facebook: https://www.facebook.com/estacaoecologicataim
6
Dados acessados em 28 de julho de 2021 nas respectivas redes sociais.

34
percepção da importância das relações que estabelecemos com o nosso entorno, para além
de enfatizar a importância que a ESEC Taim tem com o trabalho de conservação e
preservação da biodiversidade.

Considerações Finais
O projeto ESEC Taim Comunica e Educa é parte de uma longa parceria entre arte-
educação, comunicação visual e educação ambiental que os cursos de Artes Visuais da
FURG possuem, e a forma positiva em que o projeto foi recebido pela comunidade, pela
unidade de conservação e pela universidade nos faz acreditar que este é um caminho que
devemos e podemos seguir: o da extensão interdisciplinar que age na construção social,
cultural e acadêmica de forma democrática, crítica e participativa. Enquanto nos
encaminhamos para a finalização do projeto, apostando na autonomia da unidade de
conservação na interação em suas redes a partir da identidade visual produzida e do projeto
de comunicação visual desenvolvido, conseguimos abrir outras portas para a sua
continuidade com novos parceiros. No início de 2021, conseguimos ampliar nosso trabalho
para o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Sudeste
e Sul – CEPSUL – ICMBio, com quem estamos desenvolvendo ações de comunicação
visual.

Referências
ARRUDA, Eduardo Chierrito de; CIBOTTO, Bruna Mayara de Lima; MILANI, Rute
Grossi. Redes Sociais e Educação Ambiental, Novas Práticas e Velhos Desafios: Revisão
Narrativa. In: Encontro Paranaense de Educação Ambiental, 16, 2017, Curitiba. Anais...
Curitiba: UFPR, 2017, p. 1392-1394. Disponível em: <http://www.epea2017.ufpr.br/wp-
content/uploads/2017/05/651-E7-S1-REDES-SOCIAIS-E-A-
EDUCA%C3%87%C3%83O-AMBIENTAL.pdf>. Acesso em: 21 jul. 2021.

DANTAS, Sirleya Imaculada Conceição. Desenvolvimento humano e extensão


universitária: o papel da extensão universitária no desenvolvimento humano dos
estudantes. 2018. 20f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Administração) –
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Currais Novos, 2018. Disponível em:
<https://monografias.ufrn.br/jspui/handle/123456789/7069?mode=full>. Acesso em: 20
jul. 2021.

INSTITUTO CHICO MENDES DE BIODIVERSIDADE. Site da Estação Ecológica do


Taim. Disponível em <https://www.gov.br/icmbio/pt-br/assuntos/biodiversidade/unidade-
de-conservacao/unidades-de-biomas/marinho/lista-de-ucs/esec-do-taim>. Acesso em: 28
jul. 2021.

INSTITUTO CHICO MENDES DE BIODIVERSIDADE. Resumo Executivo da


proposta de ampliação da Estação Ecológica do Taim. Rio Grande, 2013. Disponível

35
em: <https://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/o-que-fazemos/consultas_publicas/
RESUMO_EXECUTIVO_Ampliacao_da_ESEC_do_Taim.pdf>. Acesso em: 21 jul. 2021.

Instituição financiadora: Bolsa EPEC financiada pela PROEXC/FURG.

36
AGÊNCIA DA HORA NO COMBATE À DESINFORMAÇÃO

Área Temática: Comunicação


Coordenador(a) da atividade: Luciana MENEZES CARVALHO
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
Autores: MUSSOLIN 1; F. VASCONCELLOS 2; C. AMORIM 3; L. CARVALHO 4; M. DE
QUADROS 5; A. PAVANELLO 6.

Resumo:
O projeto ‘Agência Da Hora no Combate à Desinformação’, vinculado ao Departamento de
Ciências da Comunicação da UFSM-FW, tem como objetivo geral auxiliar a comunidade
no combate à desinformação durante a pandemia. A metodologia envolve técnicas
jornalísticas tradicionais, como a apuração e a entrevista, e curadoria de conteúdo. A
produção é publicada no site e mídias digitais da Agência Da Hora, agência experimental
do curso de Jornalismo da UFSM-FW. Até julho de 2021, foram produzidas 32
reportagens; enviadas 31 newsletters; e veiculados 62 audiocasts em mais de 40 emissoras
de rádio da região da UFSM-FW. Aproximadamente 30 pessoas da UFSM, entre
professores, estudantes e técnicos, já passaram pelo projeto. Além da extensão, o projeto
promove o ensino por meio das práticas jornalísticas adaptadas à situação de trabalho
remoto, permitindo que os estudantes pratiquem apuração jornalística de qualidade em um
contexto de pandemia.

Palavras-chave: desinformação; jornalismo; covid-19.

1
Igor Gabriel Lopes Mussolin, aluno do curso de Jornalismo do Campus da UFSM em Frederico
Westphalen. Bolsista Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis.
2
Fernanda Vasconcellos, aluna do curso de Jornalismo do Campus da UFSM em Frederico Westphalen, ex-
bolsista do projeto (PRE-UFSM).
3
Camila Amorim de Oliveira, aluna do curso de Jornalismo do Campus da UFSM em Frederico Westphalen,
ex-bolsista do projeto (PRE-UFSM).
4
Luciana Menezes Carvalho, professora adjunta do Departamento de Ciências da Comunicação do Campus
da UFSM em Frederico Westphalen, coordenadora do projeto.
5
Mirian Redin de Quadros, professora adjunta do Departamento de Ciências da Comunicação do Campus da
UFSM em Frederico Westphalen, coorientadora do projeto.
6
Alice Pavanello, doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Comunicação (Poscom) da UFSM,
coorientadora do projeto.

37
Introdução
Compreende-se a desinformação (FIGUEIRA e SANTOS, 2019) como um
fenômeno que não surgiu com a internet e as mídias digitais, mas foi por elas
potencializado. A desinformação não se resume às fake news (notícias falsas), pois inclui
informações eventualmente verdadeiras mas descontextualizadas, boatos, com ou sem
intenção de causar prejuízos a alguém, e outras formas de desordem informativa
(WARDLE e DERAKSHAN, 2017). No Brasil, cerca de 65 por cento das pessoas que
usam internet dão prioridade às redes sociais, 80 por cento acredita no que leem nessas
mídias, e o aplicativo de mensagens Whatsapp é o mais acessado desses dispositivos, de
acordo com pesquisa da CNT/MDA (VALOR, 2017). Durante a pandemia da Covid-19, a
desinformação tem sido classificada como uma pandemia paralela, a chamada infodemia,
em que o excesso de informação se alastra como um vírus (OPAS, 2020).
Para ajudar a conter a desinformação nesse contexto, o projeto de extensão
‘Agência Da Hora no Combate à Desinformação' iniciou suas atividades em maio de 2020,
de forma totalmente remota. Em 2020 e 2021, foi aprovado nos editais da Coordenadoria
de Articulação e Fomento à Extensão (CAFE), da Pró-Reitoria de Extensão da UFSM,
voltados ao enfrentamento da pandemia.
Em sua fase inicial, executada entre maio e setembro de 2020, o projeto contou
com quatro docentes, dois técnicos administrativos, quatro bolsistas, e 15 estudantes
voluntários do curso de Jornalismo. Renovado para uma segunda fase, iniciada em março
de 2021 e que deve se estender até dezembro do mesmo ano, o projeto conta, atualmente,
com duas docentes, uma doutoranda, os dois técnicos, dois bolsistas e sete voluntários.
Além de levar à comunidade regional informação bem apurada jornalisticamente,
checagens de boatos, e conteúdos baseados na ciência, o projeto proporciona aos
estudantes do curso de Jornalismo da UFSM-FW experiências práticas do fazer
jornalístico, como pesquisa, apuração, entrevistas, redação, além da prática radiofônica e
audiovisual nas mídias digitais. Assim, envolve a extensão e o ensino, e também a
pesquisa, necessária para a atualização constante do próprio projeto.
O objetivo principal é auxiliar a comunidade de Frederico Westphalen e região no
combate à desinformação na pandemia. Os objetivos específicos visam conscientizar o
público para a importância de se consumir informações de fontes com credibilidade; ajudar
a popularizar a importância da checagem de fatos no combate à desinformação; e inserir o
público em etapas da produção jornalística.

38
Metodologia
A metodologia do projeto utiliza técnicas convencionais da apuração jornalística,
com pesquisas e entrevistas junto a fontes confiáveis, para o desenvolvimento da
checagem. A curadoria de informações se dá por meio da seleção de conteúdos já
produzidos por outras iniciativas de checagem jornalística que são replicados pelo projeto.
Já a proposta do jornalismo colaborativo, que pretendia envolver a comunidade em uma
das etapas de produção, seria feita por meio do envio de ideias de pauta e boatos para
serem checados, o que acabou não acontecendo por falta de adesão do público.
O público-alvo do projeto é a comunidade de Frederico Westphalen e região,
alcançado sobretudo por meio das cerca de 40 emissoras parceiras que levam os audiocasts
ao ar. Na internet, o público alcançado se amplia para todos que cheguem até as páginas da
Agência Da Hora.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Respeitando os protocolos de combate à Covid-19, as reuniões de pauta com
professores e estudantes são feitas semanalmente, de modo remoto, por meio do Google
Meet. Após estabelecida a pauta da semana, são pensadas as fontes específicas para as
entrevistas, privilegiando os pesquisadores que são referência no assunto, por meio de
busca de artigos acadêmicos publicados e informações das universidades e centros de
pesquisa. O contato com as fontes é feito via aplicativos de mensagens ou e-mail.
A partir da redação da reportagem principal, são elaborados os roteiros dos
programetes em áudio (audiocasts), produzidos conteúdos para as mídias sociais (Twitter 7,
Instagram 8 e Facebook 9) da Agência Da Hora, e elaboradas as newsletters, enviadas para
quem se cadastrou previamente por e-mail ou Whatsapp. As reportagens produzidas pelos
alunos são editadas e corrigidas pelos professores antes de serem publicadas no site do
projeto 10.
No Instagram, o número de contas alcançadas cresceu em média 13% ao mês; já no
Facebook, cada publicação atingiu cerca de 380 pessoas. Ao todo, foram produzidas e
enviadas 31 newsletters, por e-mail e lista no Whatsapp; produzidos 62 audiocasts,
veiculados pelas rádios parceiras do projeto, em Frederico Westphalen e região, incluindo
as emissoras públicas da UFSM, além de serem enviados pelo Whatsapp e estarem

7
twitter.com/agenciadahora
8
https://www.instagram.com/agenciadahora/
9
https://www.facebook.com/agenciadahoraufsm
10
ufsm.br/checagemdahora

39
disponíveis no canal do Spotify 11 do projeto. Além disso, foram produzidas 32 reportagens
especiais e, semanalmente, publicados em média quatro posts em diferentes linguagens nas
mídias digitais.
O jornalismo colaborativo é um dos pilares do projeto que se tornou uma
dificuldade para os participantes, visto que a intenção de receber e checar as informações
que circulavam diretamente nas comunidades não foi concretizada e, assim, dificultou o
trabalho participativo de combate à desinformação.
A importância do projeto de extensão pode ser destacada por meio da avaliação dos
estudantes que participaram dos processos produtivos. Em resposta a um questionário,
elaborado pelas docentes, os alunos destacaram a importância da experiência para
aprimorar as habilidades que fazem parte da rotina da profissão, como a busca e o contato
com as fontes, a apuração e checagem de informações, além da satisfação em desempenhar
uma das funções sociais do jornalismo, de levar informação correta à população, sobretudo
durante uma pandemia.

Considerações Finais
Jornalismo e ciência têm se mostrado, no meio de tanta desinformação, essenciais
no esclarecimento da população, na denúncia de mentiras e boatos não comprovados,
ajudando a salvar vidas durante a pandemia. Neste sentido, o projeto aqui apresentado tem
se tornado uma referência na universidade e, também, na região em que atua.
O projeto ganhou Menção Honrosa no Prêmio Rubra de Rádio Universitário, em
2020, na categoria Divulgação Científica 12; foi considerado o melhor trabalho de extensão
do Campus FW apresentado na Jornada Acadêmica Integrada (JAI) em 2020; e foi finalista
da Exposição de Pesquisa Experimental em Comunicação - Expocom Sul 2021, na
categoria Agência/Escola de Jornalismo.
Diante dos resultados, a avaliação é de que o projeto superou as expectativas
traçadas inicialmente. Ainda que se esperasse uma maior participação da comunidade, por
meio do jornalismo colaborativo, a relevância do projeto não diminui. Aumenta a
responsabilidade de professores e estudantes na escolha das pautas a serem abordadas e
levadas ao público.

Referências

11
spotify/checagemdahora
12
https://www.conjor.com.br/pr%C3%AAmio-rubra-de-r%C3%A1dio-universit%C3%A1rio

40
FIGUEIRA, João. SANTOS, Silvio. Introdução: História institucional e a reescrita
permanente das estórias. In: FIGUEIRA, João. SANTOS, Silvio. (orgs). As Fake News e a
nova ordem (des) informativa na era da pós-verdade: manipulação, polarização, filter
bubbles. Coimbra-PT: Imprensa da Universidade de Coimbra. p. 7-16.

Organização Pan-Americana da Saúde - OPAS. Fichas Informativas COVID-19: entenda


a infodemia e a desinformação na luta contra a COVID-19. Brasília: Organização Pan-
Americana da Saúde, 2020. Disponível em:
https://iris.paho.org/handle/10665.2/52054?locale-attribute=pt. Acesso em: 10 nov. 2020.

No Brasil, 80% acreditam no que leem nas redes sociais, diz pesquisa. VALOR, 2017.
Disponível em: https://www.valor.com.br/empresas/4870574/no-brasil-80-acreditam-no-
que-leem-nas-redes-sociais-diz-pesquisa. Acesso em: 29 nov. 2020.

WARDLE, Claire; DERAKHSHAN, Hossein. Information Disorder: Toward an


interdisciplinary framework for research and policymaking. Council of Europe report,
DGI, v. 9, 2017.

41
CIÊNCIA NO BOTECO: ONLINE

Área Temática: Comunicação


Coordenadora da atividade: Zuleide Maria IGNÁCIO
Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS)
Autores: M. E. PLISSARI ; Z. M. IGNÁCIO 2; A. G. BERTOLLO 3; H. J. IBRAHIM 4; M.
1

D. M. LIMA 5; R. F. LOPES 6.

Resumo:
O objetivo deste projeto é difundir popularmente a ciência através de divulgação em
eventos online e, após a Pandemia, em bares do município, baseando-se no modelo
proposto pela organização “Pint of Science”. Foram realizados eventos de divulgação
científica através das plataformas online, apresentados por pesquisadores que utilizaram de
linguagem fácil e acessível ao público em geral. Nesta segunda edição, quatro eventos
foram realizados até o momento, os quais abordaram temas em física, tecnologias em
saúde, psiquiatria translacional e psicologia na Pandemia. A participação e aderência da
comunidade aumentaram com o decorrer de cada evento, evidenciando-se um
estreitamento nos laços entre comunidade científica e participação popular, favorecendo
diálogos e tornando o público protagonista do desenvolvimento científico.

Palavras-chave: Divulgação Científica; Popularização da Ciência; Ciência e Cultura no


Bar.

1 Marcos Eduardo Plissari, aluno do curso de graduação em Enfermagem.


2 Zuleide Maria Ignácio, servidora docente do curso de graduação em Enfermagem e do curso de pós-
graduação em Ciências Biomédicas.
3 Amanda Gollo Bertollo, aluna do curso de graduação em Enfermagem.
4 Hélio Jungkenn Ibrahim, aluno do curso de graduação em Medicina.
5 Millena Daher Medeiros Lima, aluna do curso de graduação em Medicina.
6 Rafael Fagundes Lopes, aluno do curso de graduação em Medicina.

42
Introdução
Por meio de uma difusão e entendimento social e político da relevância da ciência e
da necessidade de investimentos, a ciência passa a fazer parte das mercadorias mundiais ao
mesmo tempo em que são liberadas e resguardadas do mercado mundial. A partir disso
torna-se de extrema importância o modo como a sociedade vê a ciência e como ela
assimila os resultados de suas produções (ALBAGLI, 1996).
Os mais variados meios de comunicação surgem com uma característica primordial
de envio de informação de qualidade, e a ciência deve manter-se arraigada nesse princípio,
fazendo valorar suas produções de qualidade e com potencial inovador que afeta
diretamente a vida de todas as pessoas (TRAVASSOS et al, 2020).
O desenvolvimento cultural e a prática da cidadania tornam-se fatores importantes
e facilitadores da divulgação científica, uma vez que facilitam análises e incitam o
pensamento crítico sobre as mais diversas áreas, proporcionando ao público em geral, além
das informações contidas no trabalho científico em si, um exercício de desenvolvimento
sócio-político-cultural (TRAVASSOS et al, 2020).
Durante o período pandêmico da SARS-CoV-2 (Covid-19) a apropriação das
tecnologias midiáticas, mostrou-se uma grande parceira na facilitação do contato com o
público, tanto mais jovem como um público mais maduro. Contudo, ao mesmo tempo que
se apresentou positiva, tornou-se vilã no cenário de divulgações de informações maliciosas
e mentirosas, principalmente sobre o próprio rumo da pandemia (NETO et al, 2020).
O projeto Ciência no Boteco: Online é inspirado na proposta internacional Pint of
Science e tem como principal objetivo a divulgação científica de qualidade e a
popularização científica, utilizando-se de linguagem acessível e conversa descontraída que
não desvirtua o teor científico do assunto. Proporcionar espaços de discussão popular cria
curiosidade e atrai a comunidade para entender e compreender o que é ciência, como se faz
e qual a necessidade, promovendo bases teórico-científicas de como identificar novas
descobertas em favorecimento comunitário.

Metodologia
As atividades são realizadas mensalmente e contam com a presença de um ou mais
participantes da equipe de pesquisa que se dispôs a apresentar os resultados totais ou
parciais dos trabalhos realizados, além da equipe mediadora do projeto Ciência no Boteco,
que contribui para uma interação mais dinâmica entre cientistas e público.

43
Com apresentações que duram de 60 (sessenta) a 120 (cento e vinte) minutos, a
transmissão é feita diretamente pela plataforma do Youtube, ficando disponível após o
término de cada evento.
Sempre que possível cada apresentação conta com manifestações culturais, sejam
por música, declamações de poemas ou outras manifestações que promovam acesso à
cultura. Essas apresentações são realizadas por alunos e funcionários da Universidade
Federal da Fronteira Sul ou público externo que esteja interessado.
Os contatos com os apresentadores são realizados a partir de busca pela equipe
promotora da iniciativa ou pelo interesse dos próprios apresentadores e contato com a
equipe do projeto.
Ao final de cada evento é disponibilizado espaço para diálogos e acesso ao
formulário de avaliação que busca fazer um levantamento quanto aos temas de interesse do
público para possíveis futuros eventos. Além disso, o formulário coleta as informações
para emissão de certificado de participação como ouvintes para o público, e certificado de
apresentação para o palestrante.
A cada evento é realizada a criação e a divulgação do folder pela equipe do projeto
através das redes sociais, e-mail e na página de notícias da instituição.

Desenvolvimento e Processos Avaliativos


Até julho de 2021 foram realizados quatro eventos abordando temas diferentes
como física, inovação e tecnologia, inteligência artificial, neurociências e psiquiatria.
Todos os eventos estão disponíveis na página Ciência no Boteco – UFFS no Youtube.
O primeiro evento “Buracos Negros no Prêmio Nobel de 2020” contou com
apresentação musical de artistas regionais, destacando a presença cultural na proposta de
extensão. O segundo evento intitulado “Ciência e Saúde: da subjetividade à inteligência
artificial” contou com apresentação musical realizada pelo projeto Musicagem, também da
Universidade Federal da Fronteira Sul. O terceiro evento “Envelhecimento Neuronal e
Depressão em Filhos Adultos de Mães que Sofreram Estresse na Infância” não contou com
participações culturais. O quarto evento “O Processo de Luto em Tempos de Pandemia”
contou com declamações de poesias por um aluno da universidade.
Os temas apresentados foram elencados pela própria comunidade participante e por
interesse dos apresentadores. Cada evento contou com uma média de 80 participantes das
mais variadas regiões brasileiras.

44
Considerações Finais
O interesse e a aderência do público aos eventos superaram expectativas. A cada
evento realizado notou-se aumento no número de participantes, da divulgação e do
engajamento da comunidade.
Os apresentadores mostraram-se tranquilos e receptivos ao diferente método de
apresentação de seus trabalhos, criando redes de diálogos que se estenderam para além das
transmissões online.
A Universidade Federal da Fronteira Sul – Campus Chapecó possui vínculo com o
festival Pint of Science. Contudo, em razão do período pandêmico, optou-se por realizar
uma nova edição do projeto “A Ciência Vai ao Boteco”, adaptando-a para os moldes
online, passou a ser denominada “Ciência no Boteco – Online”, facilitando o manejo de
equipe e participantes. O município de Chapecó é um dos únicos municípios de grande
porte do estado de Santa Catarina que não fazia parte do festival mundial de divulgação
científica, denominado “Pint of Science” Os eventos realizados neste projeto de extensão
contribuirão para que a UFFS evolua na experiência de engajamento com o público em
geral, e no município de Chapecó, e, em parceria com outras instituições de ciência, possa
ampliar as discussões científicas com a comunidade em geral. É importante o engajamento
das entidades públicas e de outras instituições de desenvolvimento de saber científico para
a realização de uma divulgação científica mais ampla e com ainda mais diversidade.

Referências
ALBAGLI, Sarita. Divulgação Científica: informação científica para a cidadania?. Ci. Inf.,
Brasília, v. 25, n. 25, p. 396-404, set./dez. 1996.

NETO, Mercedes et al. FAKE NEWS NO CENÁRIO DA PANDEMIA DE COVID-19.


Cogitare Enferm. [Internet], 2020. Disponível em:
https://revistas.ufpr.br/cogitare/article/view/72627. Acesso em 24 jul. 2021.

TRAVASSOS, Renata et al. Divulgação científica em tempos de pandemia:aimportância


de divulgar o fato em meio às fakes. Raízes e Rumos, Rio de Janeiro, v. 8, n. 2, p. 231-
239, jul./dez., 2020.

Instituição financiadora: Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS)

45
DESPERTANDO VOCAÇÕES PARA ENGENHARIAS

Área Temática: Comunicação


Coordenadora da atividade: Marlene SANTOS
Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS)
Autores: M., ROSSETTO¹; B., ROSSETTI².

Resumo:
Devido às grandes dificuldades encontradas pelos jovens no que se refere à escolha
acadêmica e profissional, tendo em vista que é um processo natural de amadurecimento do
jovem, onde a rede de ensino básico não se torna na maioria das vezes claro quanto às
possibilidades dentro da formação acadêmica, assim, o projeto trouxe uma proposta de
esclarecer como são as carreiras acadêmicas da área de engenharia e outras tecnologias,
através de experimentos simples que remetem à carreira profissional. Inicialmente em
moldes presenciais e posteriormente também em plataformas digitais, onde os alunos
submergem em áreas das engenharias através de atividades que visam atingir a interação
do jovem despertando sua curiosidade, podendo assim observar se aquilo que lhe foi
proposto, encaixa-se em suas convicções, e de alguma forma essa atividade aflora sua
vontade por conhecimentos mais aprofundados sobre o tema presente, incitando com sua
criatividade e se mostrando como algo confortável para seguir em seu futuro, ou ainda,
observar que não é algo que encaixa em seu perfil, e acabe buscando conhecer novas áreas
e assim analisar as diversas possibilidades e alternativas de um futuro com menores
incertezas.

Palavras-chave: jovem; despertando; futuro.

Introdução
Despertando vocação para engenharia, é um projeto fundado com o objetivo de
desmistificar todas as áreas das engenharias, observando que as ferramentas de ensino
atuais corroboram somente na preparação teórica dos alunos sobre um ensino superior

46
futuro, tendo em vista que essa escolha infringe também em um futuro profissional. Sendo
a escolha profissional, uma inserção do jovem em uma realidade multiprofissional em um
atual ambiente de trabalho que molda-se constantemente conforme as necessidades de
mercado. (KRAWULSKI, 1998). Este projeto visa atingir os jovens desmistificando essas
barreiras, apresentando de forma criativa, descontraída e funcional, a realidade de ensino
superior levando a esses jovens uma maior clareza em suas decisões acadêmicas.

Metodologia
Em meio às dificuldades e receios encontrados nos jovens em relação ao seu futuro
acadêmico e profissional, o projeto despertando vocações para engenharias desenvolveu
alguns métodos de viabilizar maiores clarezas focadas nas áreas da engenharia, levando
presencialmente as crianças e jovens em período de educação básica, oficinas práticas onde
esses alunos estariam com alguma visualização e contato de um experimento, levando-os
ao desenvolvimento tecnológico, estimulando assim uma cultura de criatividade e
inovação. Um exemplo de oficina foi a ponte de espaguete, onde os alunos criaram uma
ponte de espaguete com alguns materiais pré definidos, onde o objetivo desta ponte era
suportar o maior peso possível, sendo necessário estimular seus lados de criatividade para
planejar e executar áreas envolventes da física, que é muito presente em diversas áreas da
engenharia. Além deste, extração de DNA de morangos, confecção de slime, montagem de
carrinhos movidos a ar…cada um remetendo a uma profissão com uma breve explanação
sobre as possibilidades de atuação profissional em cada área.
Entretanto durante o período pandêmico decorrente da covid-19, o projeto
necessitou de algumas reformulações para se manter viável, tendo em vista que, prezando a
segurança de todos, e seguindo as normas de saúde, os encontros para oficinas presenciais
se tornou irrealizável. Assim foi desenvolvido a utilização de plataformas digitais, como
instagram e youtube, onde conseguimos assim chegar a esses jovens através de vídeos e
imagens intuitivas, mostrando assim, desde tarefas práticas de se realizar em casa, a novas
descobertas e invenções científicas.

47
Desenvolvimento e processos avaliativos
Em meio as reformulações decorrentes da pandemia, o projeto durante o ano de
2020 obteve um grande avanço no número de seguidores do perfil do Instagram, passando
de 112 em 2019 para 1348 em 2020. Os seguidores em sua maioria é um público jovem
dos 18 aos 24 anos, em busca de esclarecimentos de dúvidas ainda recorrentes sobre as
áreas da engenharia.
Ao longo do ano de 2020 produzimos 109 posts, uma série de mini aulas EAD e
IGTVs, criamos uma identidade visual utilizando as cores da UERGS, que também fazem
parte do logo do projeto. Todo material criado para o instagram foi repostado no facebook.
Participamos do Festival Arte Movie, de curta metragem, com um vídeo sobre
biotecnologia e versos sobre sustentabilidade, viabilizando aos jovens um contato maior
com as formas de cuidados ambientais dentro das engenharias.

Considerações finais
Ao disponibilizar essas orientações e trazer a esses jovens essa interatividade,
consegue-se observar alunos com maiores interesses, que buscaram se informar e pesquisar
sobre o tema, tendo com esse contato, a descoberta de novas habilidades e capacidades de
se sobressair na resolução lógica dos problemas e desafios propostos nas oficinas. Onde
através das descobertas dos jovens, eles podem começar a trilhar seu futuro diminuindo as
incertezas, e assim reduzindo um erro de escolha a seguir no futuro. Johnson et al (2018)
ousam mesmo dizer que que alunos com alto desempenho na universidade passaram pelo
programa de orientação vocacional e profissional. Definições vocacionais e profissionais
bem clarificadas liberam o aluno para se dedicar melhor ao próprio desenvolvimento no
futuro mundo do trabalho.
Em virtude dos fatos mencionados, os jovens participantes do projeto tiveram a
oportunidade de testar na prática projetos envolventes das áreas da engenharia, obtendo um
apreço as atividades e definir se foi algo que edificou seus conhecimentos, levando-os a
buscar e pesquisar mais sobre, quebrando os paradigmas das engenharias, ou definir que
aquela área específica não se fez relevante às suas convicções e a partir disto buscar novos
conhecimentos em áreas em que sintam-se mais familiarizados.

48
Referências
DA SILVA ROSA, S. C.; DE JESUS, O. F. A contribuição da orientação vocacional e
profissional para o novo Ensino Médio. Cadernos da FUCAMP, v. 17, n. 31, 2019.

JOHNSON, M.; WALTHER, C.; MEDLEY, Kelly J. Perceptions of advisors who work
with high-achieving students. 2018.

KRAWULSKI, E. A orientação profissional e o significado do trabalho. Revista da


Associação Brasileira de Orientadores Profissionais, v. 2, n. 1, p. 5-19, 1998.

49
ELABORAÇÃO DE CURSO ON-LINE DE PORTUGUÊS COMO LÍNGUA DE
ACOLHIMENTO PARA IMIGRANTES DO ALTO VALE DO ITAJAÍ (SC)

Área Temática: Comunicação


Coordenador da atividade: Adriano MAFRA
Nome da Universidade: Instituto Federal Catarinense (IFC) – Campus Ibirama
Autores: K. I. VAZ 1; A. MAFRA 2; C. R. SCHARDOSIM 3; R. S. YEE4; T. S.
SCHLICHTING 5.

Resumo:
O projeto de extensão “Ensino de Português como Língua de acolhimento: elaboração de
curso on-line de português para imigrantes” objetiva a formulação e o oferecimento de
curso on-line de língua portuguesa em nível básico para imigrantes, estes, em sua maioria,
haitianos residentes em Presidente Getúlio-SC. Trata-se de uma nova edição das atividades
extensionistas realizadas entre 2017 e 2020 e, dessa vez, a ação pretende oferecer
atividades exclusivamente mediadas por plataformas digitais. Esta edição do projeto busca
favorecer a integração e a inclusão do imigrante, tendo a língua e a cultura brasileiras como
fatores de acolhimento.

Palavras-chave: Imigrantes haitianos; Língua de acolhimento; Curso on-line.

Introdução
O projeto em desenvolvimento foi idealizado para atender a uma demanda de
imigrantes haitianos residentes em Presidente Getúlio, cidade do interior de Santa Catarina.
A cidade recebeu os primeiros imigrantes vindos do Haiti em 2013 e tais imigrantes
buscavam, na ocasião, melhores condições de vida e melhores oportunidades de emprego.
1
Kailayne Idiene Vaz, Discente do curso Técnico em Administração integrado ao Ensino Médio. Bolsista do
projeto de extensão “Ensino de Português como Língua de Acolhimento: elaboração de curso on-line de
português para imigrantes” (Edital interno 05/2020).
2
Adriano Mafra, Professor do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (IFC/ Ibirama).
3
Chris Royes Schardosim, Professora do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (IFC/ Ibirama).
4
Raquel da Silva Yee, Professora do Centro Universitário Leonardo da Vinci (UNIASSELVI).
5
Thais de Souza Schlichting, Professora da Faculdade Sinergia e da Universidade Regional de Blumenau
(FURB).

50
Essa diáspora haitiana caracteriza-se, sobretudo, por uma imigração laboral. Trata-se do
reflexo de um país que, segundo Martins et al. (2014, p. 3), encontra-se à deriva. O Haiti,
segundo os pesquisadores, “foi alvo de sucessivas intervenções externas, viveu longos
períodos de ditaduras e sofreu catástrofes naturais que vitimaram grande parte da
população. 80% dos haitianos são de pobres ou miseráveis. Em razão dessas dificuldades,
um terço deles vive fora do país”. Assim, os migrantes buscam melhores condições de vida
a partir do trabalho em outros países. Para os imigrantes haitianos residentes na região do
Vale do Itajaí, as dificuldades não se limitam apenas ao ambiente de trabalho, mas estão
presentes também no processo de integração social e interação com uma nova cultura, na
reivindicação de seus direitos e no aprendizado de uma nova língua. O conhecimento da
língua portuguesa é um fator decisivo para oportunizar maior interação entre comunidade
local e imigrantes, conforme já discutido em trabalhos anteriores (MAFRA; YEE, 2020;
MAFRA; SCHARDOSIM; YEE; 2019).
Dada a realidade decorrente do contexto de pandemia, a nova edição do projeto será
exclusivamente on-line, com a oferta de curso de língua portuguesa em nível básico para os
imigrantes da região. Sendo assim, a elaboração do curso foi pensada com a intenção de
disponibilizar a aprendizagem dos conteúdos de maneira interativa e comunicativa, isto é,
permeado por uma prática pedagógica dialógica (FREIRE, 1996), buscando a articulação
entre teórica e prática. Estamos inseridos na cultura digital (KENSKI, 2018) e, pela
experiência das edições anteriores do projeto, vimos que os imigrantes haitianos de
Presidente Getúlio também dispõem de acesso a smartphones, possibilitando o curso on-
line. Além disso, “com a mídia digital poderemos localizar ou produzir recursos
instrucionais de um mesmo conteúdo em diferentes formatos: textos, textos com símbolos,
áudio, vídeos, ilustrações, música, imagens” (BERSCH; SARTORETTO, 2015, p. 46).
Acredita-se que este projeto piloto, detalhado a seguir, poderá ser oferecido para outros
grupos de imigrantes futuramente.

Metodologia
O curso será composto por cinco unidades temáticas desenvolvidas em ambiente
virtual de aprendizagem, no qual serão disponibilizados vídeos, exercícios, textos e
materiais complementares. Para tal, uma sala virtual para o projeto foi criada na plataforma
Google Classroom. A ferramenta permite a criação, distribuição e avaliação de atividades e
trabalhos variados, tornando-se o ambiente ideal para a ação. A sala virtual será o local no
qual os alunos do curso terão acesso a atividades e materiais complementares do curso, a

51
vídeos educativos e a podcasts produzidos para as unidades temáticas. Os docentes
elaboraram os planos de aula e a bolsista ficou encarregada da preparação e edição dos
vídeos e dos podcasts de cada unidade. Além disso, o projeto conta com um perfil do curso
na rede social Instagram. Dessa forma, a mídia digital funcionará como uma ferramenta
auxiliar de interação entre professores, bolsista e alunos.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Pode-se dizer que as atividades desenvolvidas pelo projeto têm um impacto muito
positivo na vida dos imigrantes, sendo às vezes a única maneira de acesso e de estudo
sistemático do idioma local. Como mencionado, são cinco unidades didáticas que
compõem a ação extensionista, a saber: a) Vivendo no Brasil, b) Alimentação, c) Vida
profissional, d) Costumes e lendas brasileiras e) Expressões idiomáticas relacionadas ao
corpo. Na primeira delas, foram trabalhadas histórias de imigrantes fora de seus países de
origem, o gênero textual biografia e o uso dos tempos verbais pretéritos. A segunda
unidade tem como objetivo discutir sobre a importância de hábitos alimentares saudáveis, a
partir do Guia alimentar da população brasileira. Além disso, o gênero textual receita é
apresentado como proposta de atividade. A terceira unidade enfoca em auxiliar os
imigrantes na inserção no mercado de trabalho, mostrando como elaborar um currículo e
como se preparar para entrevistas de emprego. A quarta unidade, por sua vez, apresenta aos
imigrantes as festas típicas e algumas tradições brasileiras, propiciando ao imigrante o
conhecimento a respeito da cultura do Brasil. Além disso, a unidade explica o uso de
regências verbais e a utilização correta dos tempos verbais pretéritos para relatar ações
pontuais acontecidas no passado. Por fim, a quinta unidade aborda a utilização de
expressões idiomáticas relacionadas ao corpo humano, trabalhando o conceito de
linguagem denotativa e conotativa.
O projeto prevê dez encontros em ambiente virtual e totalizará 30 h/a. A aluna
bolsista fará a tutoria do curso no ambiente virtual com a supervisão dos professores,
acompanhando as atividades, dando as devolutivas aos estudantes, sanando dúvidas, entre
outras demandas da ação.

Considerações Finais
O ensino de Português como Língua de acolhimento, como política linguística,
pressupõe o ensino de português para grupos de imigrantes de crise no Brasil. Assim,
sentimos a necessidade de atender a essa demanda de imigrantes que precisam aprender ou

52
estudar a língua portuguesa de maneira mais sistematizada, seja por motivos profissionais,
seja para interagir efetivamente com a comunidade local. No que diz respeito à
metodologia, espera-se desenvolver materiais didáticos que possam, em momento
posterior, ser oferecidos a outros grupos de imigrantes, aumentando, assim, o alcance do
projeto. Como a ideia é o desenvolvimento de atividades on-line, a partir do estudo piloto
ora apresentado e das reflexões empreendidas a partir deste, é possível que materiais e
atividades sejam repensados de acordo com as demandas encontradas e, então, sejam
alcançados outros grupos de imigrantes. No que concerne aos participantes, espera-se que
os imigrantes haitianos possam construir conhecimentos a respeito da língua portuguesa
em atividades discursivas pautadas em situações cotidianas. A partir desse ensino
sistemático, é esperado que os participantes possam se tornar insiders (GEE, 2005), isto é,
membros efetivos das práticas e eventos de linguagem das quais participem em seu
cotidiano.

Referências
BERSCH, R.; SARTORETTO, M. Educação, Tecnologia e Acessibilidade. In:
BARBOSA, A. F. (Coord.). Pesquisa sobre o uso das tecnologias da informação e
comunicação nas escolas brasileiras. São Paulo: Comitê Gestor da Internet no Brasil,
2015.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo:


Paz e Terra, 1996.

GEE, J. P. La ideologia em los Discursos: linguística social y alfabetizaciones. Tradução


de Pablo Manzano. Madri: Ediciones Morata, 2005.

KENSKI, V. M. Cultura digital. In: MILL, D. (Org.). Dicionário Educação e Tecnologias


Crítico EaD +. Campinas: Papirus, 2018.

MARTINS, J. R. V. et al. A diáspora haitiana: da utopia à realidade. Perfil dos


imigrantes haitianos em Cascavel. Foz do Iguaçu: Gráfica Grapel, 2014.

MAFRA, A.; YEE, R. S. Experiência de Ensino de PLE para imigrantes haitianos no sul
do Brasil. In: VICENTE, Renata Barbosa; DEFENDI, Cristina Lopomo. (Org.). Estudos
de linguagem em perspectiva: caminhos da interculturalidade. Recife: UFRPE, 2020, v.
1, p. 2917-2925.

MAFRA, A.; SCHARDOSIM, C. R.; YEE, R. S. Produção Textual em aulas de PLE:


Análise de uma sequência didática com imigrantes haitianos em Presidente Getúlio - SC.
In: HÖRNER, D. et al. (org.). Campus Ibirama: Ensino, Pesquisa e Extensão - Ano III.
Blumenau: Editora do Instituto Federal Catarinense, 2019, v. 1, p. 117-132.

53
INFORMAÇÃO E CIDADANIA NAS ONDAS DO RÁDIO

Área Temática: Comunicação


Coordenador da atividade: Clóvis REIS
FURB – Universidade Regional de Blumenau
Autores: A. C. C. A. N. D. COIROLO 1; Y. M. REIMONDO BARRIOS 2;C. REIS 3

Resumo:
Programas de extensão universitária propiciam o fortalecimento da relação entre a
Universidade e o desenvolvimento local. Os meios de comunicação social oferecem uma
possibilidade de expansão de tais iniciativas, se articulados a partir de uma linguagem
adequada e com temáticas de interesse da audiência. O presente artigo tem por objetivo
examinar a relação entre a produção radiofônica de conteúdos educativos e o fomento ao
desenvolvimento sustentável, através do estudo de caso do projeto de extensão
“Informação e Cidadania”, da FURB – Universidade Regional de Blumenau. Os resultados
do trabalho apontam a importância do rádio para a promoção da cidadania ativa, a
transformação da realidade e a difusão dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável
(ODS).

Palavras-chave: Rádio; Informação; Cidadania; Extensão.

Introdução
Na sociedade contemporânea globalizada, a comunicação comunitária é
considerada um importante caminho para se contrapor à indústria midiática monopolizada,
“visando à construção de um discurso próprio” (PAIVA, 2003, p. 158). De acordo com
Uribe (2004) as práticas de comunicação comunitária não surgem de maneira isolada,

1
Anna Carolina Clasen Anesi de Novaes Dutra Coirolo, Mestranda em Desenvolvimento Regional pela
FURB – Universidade Regional de Blumenau, bolsista CAPES.
2
Yanet María Reimondo Barrios, Mestre em Desenvolvimento Regional, doutoranda do Programa de Pós-
Graduação em Desenvolvimento Regional da FURB – Universidade Regional de Blumenau, bolsista CAPES.
3
Clóvis Reis, Doutor em Comunicação, professor do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento
Regional e do Programa de Pós-Graduação em Direito da FURB – Universidade Regional de Blumenau.

54
senão que estão integradas a uma realidade específica e demarcadas pelo contexto social,
político, econômico e cultural. A comunicação comunitária constitui, então, um processo
social de produção de experiências comunicativas desenvolvidas no âmbito da
comunidade.
Com efeito, a participação da comunidade constitui um elemento essencial nos
processos de formação de identidade coletiva, sentimento de pertencer, envolvimento,
resiliência e cidadania. Desta forma, a comunicação comunitária “interliga, atualiza e
organiza a comunidade” (MARCONDES FILHO, 1987, p. 160).
Um dos meios mais adequados para a prática da comunicação comunitária é o
rádio. De acordo com Peruzzo (2003, p. 52), as especificidades das rádios comunitárias se
revelam nas identidades construídas a partir da cultura, dos valores e necessidades de cada
lugar.
Neste contexto, o projeto de extensão universitária “Informação e Cidadania” cria,
produz e distribui programetes de rádio e podcasts educativos, buscando impactar e
influenciar o comportamento dos ouvintes e criar atitudes favoráveis a demandas sociais da
comunidade regional na qual a FURB – Universidade Regional de Blumenau se insere.
As peças se estruturam a partir do tripé informar, educar e entreter, os quais
definem a função social do rádio no. A atividade envolve alunos de diferentes cursos de
graduação e de pós-graduação da FURB, sob a orientação de professores da área de
Comunicação Social.
No ano de 2021, o projeto “Informação e Cidadania” completou 10 anos de
existência, com mais de 500 produções de áudio, distribuídas para uma rede de 45
emissoras de rádio instaladas em Santa Catarina, no Paraná e no Rio Grande do Sul, com
destaque para a FURB FM, a emissora educativa mantida pela Universidade onde se
desenvolve o projeto de extensão. O público-alvo do projeto são os ouvintes de tais
emissoras.
Neste contexto, o objetivo do presente trabalho é descrever dados relacionados ao
projeto de extensão “Informação e Cidadania”, tanto na perspectiva dos extensionistas,
quanto da comunidade acadêmica e regional.

Metodologia
Com foco na Agenda 2030 da ONU, as produções correlacionam os Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS) com assuntos que se interligam à comunidade local e
às atividades desenvolvidas pela comunidade acadêmica da Universidade Regional de

55
Blumenau. A produção das peças começa pela reunião de pauta, na qual a equipe discute
os assuntos que serão temas dos programas. Além dos conteúdos sugeridos pelo grupo de
trabalho, o projeto produz peças sob a demanda e séries especiais, dedicadas a temas
específicos (educação, saúde, igualdade de gênero, mudanças climáticas, etc.).
Definido o tema a ser trabalhado, as etapas seguintes se concentram primeiramente
na pesquisa e coleta de dados, passando pela redação e correção dos textos, gravação de
áudio, edição e mixagem, finalizando com a distribuição das peças para as emissoras de
rádio parceiras. O tempo de duração dos programates varia entre 30, 45 ou 60 segundos,
mas eventualmente os programas podem ser mais longos, conforme a disponibilidade das
emissoras de rádio parceiras e/ou a temática abordada.
As atividades ocorrem no Laboratório de Áudio (sala R-306), vinculado ao
Departamento de Comunicação da FURB. Entretanto, no ano de 2020, por conta crise
sanitária desencadeada pela pandemia de Covid-19, adotou-se o modelo de home office. As
atividades foram produzidas de forma remota, com reuniões periódicas pela plataforma
Microsoft Teams, e com a utilização do Google Drive e seus dispositivos para
acompanhamento do desenvolvimento dos trabalhos. As atividades relacionadas à captação
de áudio foram mantidas no Laboratório de Áudio, seguindo todas as recomendações
sanitárias.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Durante o ano de 2020, dadas as condições atípicas e que exigiram a adaptação
abrupta à nova realidade, foram produzidos 50 programas radiofônicos, os quais
abordaram os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), resultando em
aproximadamente 90 minutos de gravações.
A realização das atividades do “Informação e Cidadania” envolve a participação de
professores, servidor técnico-administrativo, bolsistas e estudantes voluntários da
graduação e da pós-graduação. Com tal dinâmica, o projeto busca tornar-se um canal para
uma educação participativa, conforme preconiza Peruzzo (2007):

Participando do processo de fazer rádio, jornal ou qualquer outra modalidade de


comunicação comunitária, [as comunidades] vivenciam um processo educativo
que contribui para a sua formação enquanto cidadãs. Passam a compreender
melhor a realidade e o mundo que as cerca. (PERUZZO, 2007 p. 84).

56
Além disso, conta com a participação rotativa de estudantes de diferentes cursos de
graduação da Universidade, que desenvolvem atividades na condição de atividades
acadêmicas complementares. Dessa forma, o projeto vem proporcionando a
curricularização da extensão, incluindo tais atividades no percurso formativo dos
estudantes. Considerando-se a indissociabilidade com o ensino e a pesquisa, a iniciativa
favorece a melhoria dos processos de aprendizagem e representa uma inovação nos
conteúdos e metodologias, dialogando com a formação dos estudantes para a sua atuação
profissional, bem como a promoção da transformação social. O projeto também incentiva a
produção técnico-científica, as apresentações em eventos e congressos, e a divulgação na
mídia impressa e eletrônica.
Em relação aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, o projeto de extensão
está alinhado com os seguintes objetivos:
- Objetivo 3: Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em
todas as idades;
- Objetivo 9: Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização
inclusiva e sustentável e fomentar a inovação;
- Objetivo 16: Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento
sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes;
responsáveis e inclusivas em todos os níveis;
- Objetivo 17: Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global
para o desenvolvimento sustentável.

Considerações Finais
O foco central deste artigo buscou refletir sobre a importância da extensão
universitária e seus impactos tanto para estudantes quanto para a comunidade regional, seja
na formação técnico-cientifica, como na formação cidadã, com olhar atento a questões
sociais. Amplia-se o alcance e resultados de tais iniciativas quando o projeto, como o
“Informação e Cidadania”, comunica-se com a sociedade através de uma mídia inclusiva e
acessível, tal qual o rádio.
Em relação aos ouvintes, o “Informação e Cidadania” atingiu, potencialmente, o
público ouvinte das emissoras que integram a rede de parceria. Entretanto, as metodologias
disponíveis não permitem um cálculo da audiência que os programas alcançaram ao longo
da temporada de 2020. Em razão da pandemia de COVID-19, os trabalhos seguiram
parcialmente o cronograma original. A suspensão das atividades presenciais demandou

57
uma série de adaptações na dinâmica de criação, produção e distribuição das peças de
áudio. A recomposição do cronograma minimizou os impactos provocados pelo rearranjo
operacional.

Por fim, os resultados alcançados demonstram cada vez mais a integração do


ensino, da pesquisa e da extensão nas atividades exercidas pelo projeto, fazendo com que
os estudantes se tornem membros ativos deste processo e a abordagem teórico-prática
cotidiana leve em conta uma perspectiva de acolhimento, empatia e solidariedade, voltada
à transformação social. Além disso, o projeto contribui na formação dos acadêmicos, que
aprendem a desenvolver peças radiofônicas de cunho social e, assim, auxiliam a
comunidade ouvinte em questões de interesse social. O projeto também favorece a
construção de uma sociedade crítica, dando voz e oportunidade aos atores sociais que
possam questionar a sua realidade local e, desse modo, aumentam o seu envolvimento e
comprometimento com o meio em que vivem.

Referências
MARCONDES FILHO, C. Quem manipula quem? São Paulo: Vozes, 1987.

PAIVA, R. O espírito comum: Comunidade, mídia e globalismo. Rio de Janeiro: Mauad,


2003.

PERUZZO, C. M. K. Mídia local e suas interfaces com a mídia comunitária. Anuário


UNESCO/UMESP de comunicação regional, 2003, p. 141-162

PERUZZO, C. M. K. Rádio comunitária, educomunicação e desenvolvimento. In: Paiva,


R. (Org.). O retorno da comunidade: os novos caminhos do social. Rio de Janeiro:
Mauad, 2007, p. 69-92.

Instituições financiadoras:
FURB – Universidade Regional de Blumenau
FFM – Fundação Fritz Müller
CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

58
JORNALISMO, DIREITOS HUMANOS E FORMAÇÃO CIDADÃ: AÇÕES
EXTENSIONISTAS NO CONTEXTO PANDÊMICO

Área Temática: Comunicação


Coordenador(a) da atividade: Paula Melani ROCHA 1
Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)
Autoras: B. GUARIENTI 2; M. IAVORSKIEDLING 3; V. MARTINS 4.

Resumo:
A definição do jornalismo comunga com o exercício de cidadania, a fiscalização dos
poderes executivos, legislativos e judiciários, o cumprimento da democracia, a denúncia
das desigualdades sociais e irregularidades institucionais e o bem público (KOVACH;
ROSENSTIEL, 2004). Contudo, há um distanciamento entre o campo conceitual e a
práxis. Esse descompasso deve-se aos interesses das empresas de comunicação, ao modelo
de jornalismo consagrado no século XX, às demarcações conservadoras da sociedade
brasileira ancorada em assimetrias estruturais de classe, gênero, raça, e etnia, as quais são
compartilhadas por grande parte das mídias convencionais brasileiras e pela cultura
profissional. Os cursos de graduação são uma das instâncias que constituem a formação da
cultura profissional. Assim, em 2017, criou-se o projeto de extensão Jornalismo, direitos
humanos e formação cidadã, vinculado ao Departamento de Jornalismo da Universidade
Estadual de Ponta Grossa. Os objetivos eram: promover a prática jornalística atravessada
pela defesa dos direitos universais; trabalhar a formação cidadã crítica em toda equipe
envolvida no projeto, nos agentes parceiros e público alvo; desenvolver atividades em

1
Paula Melani Rocha, doutora em Sociologia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR). Pós-
doutora em Jornalismo pela Universidade Fernando Pessoa (PT). Professora Associada da UEPG.
Coordenadora do projeto de extensão Jornalismo, Direitos Humanos, Formação Cidadã. E-mail:
pmrocha@uepg.br
2
Bettina Guarienti, graduanda em Jornalismo pela UEPG. Integrante do projeto de extensão Jornalismo,
Direitos Humanos e Formação Cidadã, com bolsa PIBEX Fundação Araucária. beguarienti@gmail.com
3
Maria Catharina Iavorski Edling, graduanda em Jornalismo pela UEPG. Integrante do projeto de extensão
Jornalismo, Direitos Humanos e Formação Cidadã, com bolsa PIBEX Fundação Araucária. E-mail:
mariacatharina18@gmail.com
4
Valéria Laroca Martins, graduanda em Jornalismo pela UEPG. Integrante voluntária do projeto de extensão
Jornalismo, Direitos Humanos e Formação Cidadã. Bolsista de Iniciação Científica PIBIC Fundação
Araucária pelo Projeto de Pesquisa Jornalismo e Gênero. E-mail: vlaroca0@gmail.com

59
conjunto com escolas estaduais. Entende-se por agentes parceiros professores, funcionários
e estudantes das escolas que participam do projeto. A metodologia segue os procedimentos
do processo de produção jornalística, ofertas de oficinas de jornal escola e reuniões nos
colégios. O processo avaliativo ocorre pela equipe integrante e externa ao projeto. Conclui-
se uma dificuldade em abarcar todas as questões que atravessam os direitos humanos, há
uma prevalência em abordar racismo, gênero e, no contexto da pandemia, contemplamos as
violências contra os povos indígenas.

Palavras-chave: Jornalismo e Direitos Humanos; Pandemia da Covid-19; Ações


extensionistas na formação cidadã.

Introdução
O projeto de extensão Jornalismo, Direitos Humanos e Formação Cidadã foi
concebido em 2017 por professoras do curso de Jornalismo da Universidade Estadual de
Ponta Grossa, em articulação com o grupo de pesquisa Jornalismo e Gênero. A proposta
era desenvolver via ações extensionistas a prática de um jornalismo atravessado pela
garantia dos direitos humanos universais e alinhado com o processo educacional -ensino,
pesquisa e extensão, estabelecendo parcerias entre graduação e comunidade escolar.
Desde março de 2020, em respeito às normas de segurança e saúde pública, as
atividades de ensino, pesquisa e extensão da Universidade Estadual de Ponta Grossa estão
suspensas no formato presencial. Em abril iniciou o retorno no formato remoto via ações
extensionistas. O presente artigo traz ações desenvolvidas pela equipe do projeto, em um
contexto ambíguo: por um lado, demarcado pelas dificuldades em pensar o planejamento,
organização, produção e alcance na virtualidade, sem romper os princípios de sua
configuração e genealogia; por outro, uma sociedade carente e abatida pelos
desdobramentos múltiplos e crises decorrentes da pandemia: mortes, doenças, desemprego,
fome, corrupção política, violência de gênero e doméstica, violação dos direitos humanos
universais, ausência de políticas públicas coordenadas em prol da vida, entre outras.

Metodologia
De forma remota, o projeto desenvolve reuniões de pauta com a presença de
estudantes, professoras e professor, discutindo situações colocadas pela pandemia. São
pensadas conjuntamente as pautas e distribuídas pela equipe. O universo em foco do

60
projeto são as populações vulneráveis que não tem espaço em outros veículos de
comunicação.
O público-alvo das produções é majoritariamente jovens em idade escolar e
comunidade acadêmica. Essas comunidades estão presentes em massa nas redes sociais. As
publicações ocorrem principalmente no site Elos (https://elos.sites.uepg.br/), mas também
nas redes sociais Instagram e facebook. O site publiciza também colunas produzidas por
integrantes de movimentos civis e sociais e jornais escolas produzidos pelos colégios
parceiros.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Com a suspensão das aulas, em março de 2020, o projeto Jornalismo, Direitos
Humanos e Formação Cidadã, semelhante a outros projetos da UEPG, participou das
atividades extracurriculares. Nesta nova frente, ofereceu os cursos Mapas da apuração de
dados governamentais: informação pública e jornalismo local e Jornalismo e big data; e
realizou lives com a comunidade LGBTQIA+.
No período da pandemia, o projeto teve que adaptar o material produzido e a forma
de produção. Sendo assim, em maio, quando as reuniões de pauta do projeto retornaram, os
alunos, alunas e professores responsáveis repensaram conjuntamente como as atividades
seriam desenvolvidas.
Por conta da priorização das publicações no site do projeto (elos.sites.uepg.br),
houve uma renovação e otimização no layout do site para facilitar a localização das
postagens. Da mesma forma, o Instagram também passou por reformulações, tanto no
formato das suas publicações, que passou a utilizar animação e audiovisual, quanto no seu
design. Foram pensadas estratégias de engajamento exclusivas, como a produção adaptada
das reportagens para a linguagem das redes sociais no formato de stories, posts no feed,
reels e IGTV.
Dentre as temáticas desenvolvidas por bolsistas e voluntários estão: Mulheres na
política; Situação das pessoas que precisaram do auxílio emergencial para sobreviver;
Violência contra a mulher; Situação de professores que trabalham remotamente pelo
celular; Relato das mulheres na linha de frente da Covid-19; Situação dos povos indígenas
durante a pandemia; A militarização das escolas do Paraná; Levantamentos de ONGs e
entidades que trabalham com a população vulnerável. Outra inovação foi a criação do
Boletim Covid-19, uma produção em áudio com informações sobre a pandemia em âmbito

61
local. A produção é diária e veiculada no Spotify, Soundcloud, no site Elos e Rádio
Comunitária Princesa, desde abril de 2020.
Antes da pandemia a avaliação era efetuada pela comunidade envolvida e público
via questionários. Durante 2020 e 2021 não ocorreram avaliações, porém o número de
seguidores nas redes sociais e acesso ao site aumentaram. Os impactos e transformações
sociais são difíceis de mensurar e são processuais. A visibilidade decorre da produção de
pautas envolvendo grupos vulneráveis e considerados minorias, que são pouco reportados
pelos veículos convencionais, assim como trazer pluralidade e polifonia de fontes,
rompendo com a prática jornalística pautada em fontes oficiais e duas versões.
Em virtude do perfil regional do projeto de extensão, o contato direto com a
comunidade é essencial, entretanto as limitações impostas pelo isolamento social foram um
dos maiores desafios na rotina produtiva. Priorizou-se as entrevistas com integrantes da
comunidade e as vivências pessoais. A participação nos projetos de jornal escola foi
interrompida. Para integrantes, o projeto colabora de forma prática para o aperfeiçoamento
dos textos jornalísticos e propicia o debate de pautas atravessadas por direitos humanos,
gênero, raça, etnia e geração. Posto isso, a construção identitária proporcionada pela
atividade complementar visa formar jornalistas com senso crítico, inclusivo e plural.

Considerações Finais
No momento pandêmico foi necessário repensar formas de dar continuidade às
atividades de extensão sem se desviar da gênese do projeto: jornalismo atravessado por
direitos humanos e a preocupação com a formação cidadã dos envolvidos e público. Em
um cenário de insegurança e múltiplas crises, priorizou-se em reportar os impactos da
pandemia na população vulnerável e pouco visibilizada pela mídia hegemônica, cobrando a
aplicação e a garantia dos direitos humanos universais a todos e todas sem exceção.

Referências
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS. 1948. Disponível em
https://www.ohchr.org/EN/UDHR/Pages/Language.aspx?LangID=por. Acesso em: 10 nov.
2021.

KOVACH, B.; ROSENSTIEL, T. Os elementos do Jornalismo. O que os jornalistas


devem saber e o público exigir. São Paulo, Geração Editorial, 2004.

62
POPULARIZAÇÃO DA CIÊNCIA NA AMÉRICA LATINA

Área Temática: Comunicação


Coordenador da atividade: Gabriel Rodrigues da CUNHA
Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA)
Autores: G. R. CUNHA 1; A. MOASSAB 2; I. KOKIN 3

Resumo:
O projeto de extensão desenvolvido na Universidade Federal da Integração Latino-
Americana, denominado “Maloca - popularização da ciência, no território da tríplice
fronteira” visa popularizar o conhecimento cultural, científico e geopolítico do continente,
a partir da produção do MALOCA – Grupo de Estudos Multidisciplinares em Urbanismos
e Arquiteturas do Sul, é reconhecido pela UNILA e cadastrado no diretório de pesquisas do
CNPq desde 2013, tendo como seu público-alvo a população da América Latina e da
tríplice fronteira. Neste âmbito, o projeto de extensão se propôs a popularizar esta
produção acadêmico-social por meio de três frentes de trabalho: (1) publicação de
Cadernos Maloca, uma publicação semestral de acesso gratuito em
https://issuu.com/cadernomaloca; (2) realização de dois cursos de extensão voltados às
comunidades da tríplice fronteira; e (3) divulgação e organização de toda esta produção em
uma página própria do grupo, na web.

Palavras-chave: latinoamericanismo; interdisciplinar; comunicação.

Introdução
O Grupo MALOCA é composto por pesquisadores/as vinculados a instituições de
todas as regiões do país e no exterior, conforme mapa abaixo. Com a liderança da UNILA,
o grupo tem atuado, a partir das necessidades prementes de buscar respostas a questões na

1
Gabriel R. Cunha, professor do Curso de Arquitetura e Urbanismo - UNILA.
2
Andréia Moassab, professora do Curso de Arquitetura e Urbanismo - UNILA.
3
Iurii Kokin, aluno do curso de Cinema e Audiovisual - Unila. Bolsista PROEX-UNILA.

63
área, voltadas para o contexto de ensino, hábitos de morar e construir, políticas públicas e
direitos humanos, sob uma perspectiva decolonial, feminista, antirracista e anticapitalista.

Dadas as características da produção científica e cultural do MALOCA (viés social


e popular e a busca de um enraizamento desta produção nas localidades nas quais atuam e
(con)vivem), as práticas comunicativas assumem caráter fundamental e estratégico para as
experiências extensionistas. A produção científica em diálogo com o território, pressupõe
um fazer comunicativo adequado a esta perspectiva, facilitando a divulgação das reflexões
que o MALOCA vem fazendo desde a sua criação, em 2013 e fazendo a comunicação ser
instrumento estratégico e crítico adequado às características populares e sociais da Unila.
Em um entendimento alargado, a comunicação, segundo José Luiz Aidar Prado
(2006a; 2006b) e Muniz Sodré (2002), está vinculada a sua capacidade de pôr em ação o
comum, de propiciar a partilha de saberes. Ao ampliar o entendimento sobre comunicação,
acreditamos viabilizar uma maior penetração da ciência no território, alargando as
possibilidades de dialogia, de uma comunicação de duas vias: da universidade para o seu
território de inserção e vice-versa. Com efeito, a comunicação pode levar a uma
(re)construção simbólica e concreta do mundo, moldando os valores deste “comum”,
composto pela universidade e os grupos sociais que com ela interagem, por meio da
partilha de saberes. As práticas comunicativas podem, deste modo, traçar linhas de fuga em
relação ao modelo dominante, no que tange à divulgação científica. Recorremos ao
conceito de “ecologia de saberes” de Boaventura de Sousa Santos (2006) e à “revitalização
da experiência democrática a partir do ‘comum’ [...] das organizações regionais e
populares”, conforme preconizado por Sodré (2002: 257). É nosso objetivo, portanto, por

64
meio do curso e dos objetos comunicacionais populares potencializar o fazer científico da
UNILA na tríplice fronteira, divulgando as ações realizadas pelo MALOCA 4.

Metodologia
Com base na partilha de saberes e no pôr em ação o comum, o projeto foi dividido
em três etapas ou frentes de trabalho paralelas, coordenadas por docentes da Unila,
integrantes do MALOCA: (1) publicação de Cadernos Maloca, uma publicação semestral
de acesso gratuito 5; (2) realização de 2 cursos de extensão para as comunidades da tríplice
fronteira; e (3) divulgação e organização de toda produção numa página-web do grupo.
Na frente (1), está em fase de finalização o Caderno MALOCA n. 02, dossier “Dicionário
de arquitetura dos terreiros de candomblé: a partir do Ilê Asé Ojú Ogum em Foz do
Iguaçu” 6. O caderno n.03 está em fase de finalização de conteúdo. Os Cadernos têm como
público-alvo, especialmente, a comunidade local, movimentos sociais e a comunidade da
UNILA, das universidades brasileiras e latino-americanas, artistas, comunicadores e
pesquisadores de diversos países, de língua portuguesa e espanhola. No que se refere à
frente (2), até o momento, julho de 2021, foi realizado o primeiro curso de extensão no
formato remoto: “Sentidos, pensares e territórios: introdução aos saberes de Nuestra
América”. Está em andamento o curso “Limites e desafios das políticas habitacionais da
América Latina”, também remoto, em parceria com o CAU UNILA.

Desenvolvimento e processos avaliativos


O curso “Sentidos, pensares e territórios” reuniu pesquisadores, pesquisadoras e
estudantes de diferentes áreas, integrantes do MALOCA e convidados/as, criando um
ambiente interdisciplinar para apresentação e discussão sobre os seus projetos artísticos e
científicos, voltados, ao debate da geopolítica do conhecimento, da dependência e da
colonialidade na América Latina. Como resultado, revelou a diversidade cultural da
América Latina e incentivou o interesse do público por conhecimentos de áreas que lhes
ajudem a pensar coletivamente e compreender alguns dos problemas fundamentais de suas
regiões de inserção. O curso foi gratuito e aberto a toda a comunidade, contando com 80
inscritos, entre público em geral, do Brasil e do exterior, e integrantes do MALOCA, e teve

4
Acesse: https://portal.unila.edu.br/editora/livros/morar-na-barranca-argentina-brasil-paraguai e
https://issuu.com/cadernomaloca
5
Acesse: https://issuu.com/cadernomaloca.
6
O Caderno MALOCA n.01, dossiê “Direito ao Território no Quilombo Apepu”, foi publicado em setembro
de 2020.

65
4 módulos sob os temas: Arte e Política; A invenção da América Latina e Epistemologias
críticas latino-americanas, o curso contou com a parceria do grupo de pesquisa ATA, da
UFSJ, e com o Laboratório Direito e Urbanismo, da UFRJ. O bolsista contribuiu com a
divulgação e organização deste curso e o fará também no curso “Limites e desafios das
políticas habitacionais da América Latina”. 7
Já na frente de trabalho (3), a divulgação e organização de toda esta produção em
uma página própria do grupo, na web, ao longo destes meses do projeto foram
parcialmente organizados os conteúdos que serão divulgados. Esta etapa ainda está em
andamento 8. O site deverá incluir acesso a textos, fotos, vídeos, ações produzidas pelos
membros/as do MALOCA (docentes, discentes e participantes). O público-alvo é falante
de língua portuguesa e espanhola especialmente.

Considerações Finais
De forma geral, o projeto tem cumprido os objetivos esperados de fazer, a partir da
divulgação das ações e produções teóricas do Grupo MALOCA, a partilha de saberes e de
pôr em ação o comum. A realização do curso fortaleceu o contato com as e os
pesquisadores do MALOCA. Ele foi bem avaliado pelos participantes ao final de cada
aula. Os ganhos acadêmicos têm sido de diversas ordens: aprimoramento dos conteúdos de
ensino dos e das docentes coordenadores do projeto, ampliação do raio de abrangência da
produção teórica do MALOCA, e o fortalecimento político da tríplice fronteira na
apropriação dos saberes científicos produzidos localmente.

Referências
GORZ, A. O Imaterial: Conhecimento, Valor e Capital. SP: Annablume, 2005.

PRADO, J. L. A. Linhas de Fuga, da Mídia Semanal à Hipermídia. Intexto, v. 15, n.


2006a. Disponível em: <www.intexto.ufrgs.br>. Acesso em: 14 nov. 2007.

PRADO, J. L. A. Regimes Cognitivos e Estésicos da Era Comunicacional. Revista


Comunicação, Mídia e Consumo, v. 3, n. 8. SP: ESPM, nov., pp. 11-32, 2006b.

SANTOS, B. de S. A gramática do tempo. SP: Cortez, 2006.

SODRÉ, M. Antropologia do espelho. Petrópolis: Vozes, 2002.

7
O que ainda não ocorreu, na medida em que as aulas ainda estão em andamento.
8
A construção e diagramação da página no servidor da Universidade, que aguarda algumas etapas técnicas
por parte da universidade, será uma experiência-piloto na Universidade.

66
INCENTIVO DE PROJETOS DE EXTENSÃO NO IFC – CAMPUS IBIRAMA
ENTRE OS ANOS 2016 E 2021

Área temática: Comunicação


Coordenadora da atividade: Elisa Lotici HENNIG1
Instituto Federal Catarinense (IFC)
Autores: E. N. F. PEREIRA2; L. M. OLIVEIRA3.

Resumo:
A extensão é uma prática acadêmica que possibilita aos alunos, tanto do ensino médio,
quando do ensino superior, terem uma articulação das atividades de ensino com a
comunidade externa do mundo acadêmico. Aprofundando-se em algum tema, adquirindo
conhecimentos sobre o assunto da pesquisa necessária para execução do projeto, além de
aperfeiçoar as suas habilidades escritas e de apresentação oral. Esta prática deve ser
incentivada em instituições de ensino, inserindo, dessa forma, o acadêmico no meio
científico. O trabalho tem como objetivo demonstrar o incentivo do Campus Ibirama com a
quantidade de oferta/procura/aprovação dos projetos de Extensão do Campus entre os anos
de 2016 e 2021.

Palavras-chave: Extensão; IFC; Campus Ibirama.

Introdução
A extensão se desenvolve pela prática acadêmica das atividades de ensino e
pesquisa junto à comunidade externa. O objetivo da extensão é articular as atividades, com
as demandas educativo social e cultural, científico ou tecnológico, por meio de cursos,
palestras, oficinas, etc., possibilitando uma interação entre a comunidade acadêmica e não
acadêmica para socializar e democratizar o conhecimento.
1
Elisa Lotici Hennig, docente EBTT IFC-Campus Ibiramra.
2
Emily Nathaly Ferreira Pereira, aluna curso Técnico em Informática integrado ao Ensino Médio. Bolsista
Edital Interno IFC 62/2020.
3
Luiza Manuella de Oliveira, aluna curso Técnico em Informática integrado ao Ensino Médio. Bolsista
Edital Interno IFC 62/2020.

67
O Instituto Federal Catarinense oferece, todos os anos letivos, a oportunidade da
inscrição de projetos de cunho Ensino – Pesquisa - Extensão, para docentes e discentes do
Ensino Médio Integrado e Superior, pois este conjunto de atividades é um foco da rede
Federal de Ensino. O IFC, segundo o planejamento estratégico do Instituto Federal
Catarinense 2013 – 2016, tem a missão de ofertar uma educação de excelência, pública e
gratuita, com ações de ensino, pesquisa e extensão, a fim de contribuir para o
desenvolvimento socioambiental, econômico e cultural, visando ser referência em
educação, ciência e tecnologia na formação de profissionais - cidadãos comprometidos
com o desenvolvimento de uma sociedade democrática, inclusiva, social e ambientalmente
equilibrada, dessa forma, contribuindo para o aperfeiçoamento do seu corpo docente,
comunidade acadêmica e sociedade em que a IE está inserida, prática, esta, que deve ser
incentivada para que ocorra o desenvolvimento humano, social, econômico e tecnológico
da região.
O Campus Ibirama, pertencente ao Instituto Federal Catarinense, abre todos os anos,
editais internos para inscrição de projetos de Extensão. Portanto, o objetivo deste trabalho
visa demonstrar o incentivo do Campus Ibirama com a quantidade de
oferta/procura/aprovação dos projetos de Extensão do Campus entre os anos de 2016 e
2021.

Metodologia
Para apuração dos dados, foram utilizados arquivos presentes na Coordenação de
Extensão, bem como dados de publicação de editais e resultados no site do Campus,
proporcionando uma ampla visão de todos os Editais de Extensão lançados internamente,
desde 2016 até 2021, para perceber o incentivo, o número de projetos inscritos e execução
da prática extensionista no Campus Ibirama.

Desenvolvimento e processos avaliativos


A partir dos dados coletados no site e na Coordenação, obteve-se a Tabela 1, a qual
identifica o incentivo real do Campus com as atividades de Extensão.

68
Tabela 1: Incentivo das bolsas de extensão de 2016 a 2021 no Campus Ibirama

ANO INCENTIVO INSCRITOS APROVADOS % BOLSAS


APROVEITADAS
2016 10 13 9 90,00%
2017 12 6 6 50,00%
2018 13 8 8 61,50%
2019 14 11 11 78,50%
2020 COTA 16 16
2021 COTA 4 4
Fonte: autoras

Com a análise da Tabela 1, pode-se verificar que o Campus Ibirama, ofertou maior
quantidade de bolsas com o passar dos anos, incentivando muito a área Extensionista da
região do Alto Vale. Entretanto, percebe-se uma ligeira diminuição da inscrição por parte
dos docentes.
Em 2020, houve o maior número de bolsas e projetos aprovados, percebe-se que os
docentes do Campus estavam incentivados à Extensão, porém houve um decréscimo muito
grande pela procura e execução de projetos em 2021. Nos anos de 2020 e 2021, os editais
não trouxeram um número exato de bolsas proporcionadas, pois dependia do orçamento do
Campus. Verifica-se que todos os projetos inscritos foram contemplados nesses anos.
A figura 1 a seguir, mostra o gráfico que representa o incentivo à Extensão no
Campus Ibirama, entre os anos de 2016 e 2021.

Figura 1: incentivo à Extensão do Campus Ibirama

2022
INCENTIVO À EXTENSÃO ENTRE 2016 E 2021
2020
ANO

2018
2016
2014
2012
10 12 13 14 0 0

INCENTIVO

Fonte: autoras

69
A Figura 2 faz um comparativo entre o incentivo do Campus Ibirama, em relação à
quantidade de projetos aprovados entre os anos de 2016 e 2021.

Figura 2: comparativo entre o incentivo e os projetos aprovados

Fonte: autoras

A Figura 3 mostra a quantidade de projetos inscritos e aprovados no Campus


Ibirama, entre os anos de 2016 e 2021.

Figura 3: relação entre os projetos inscritos e aprovados

Fonte: autoras

70
Considerações Finais
Percebe-se que os docentes possuem prática na procura pela realização de projetos
de Extensão. O ano de 2020 foi o ano com maior adesão aos Projetos, também com maior
número de alunos envolvidos no desenvolvimento de tais atividades.
Em 2021, entretanto, foi o ano com menor procura. Acredita-se que a pandemia da
Covid-19 tenha influenciado diretamente na procura pelo Edital, pois se sabia que todas as
atividades seriam desenvolvidas de forma remota, ou seja, virtual, não sabendo assim, a
real intenção e procura do público externo na participação das atividades de extensão
ofertadas pelo Campus Ibirama.
Nota-se sempre, que a Direção do Campus se preocupa muito com o incentivo de
fomentos de projetos de Extensão, pois a cada ano, a quantidade de bolsas ofertadas
aumenta, o que acontece também, com projetos de Ensino e Pesquisa.

Referências
Instituto Federal Catarinense. Planejamento Estratégico do Instituto Federal
Catarinense. 2013 – 2017. Disponível em <http://ifc.edu.br/wp-
content/uploads/2014/06/Livreto_PlanejamentoEstrat%C3%A9gico_Digital_29-12.pdf>
Acesso em: 29 jul. 2021.

Instituto Federal Catarinense. Projetos. Disponível em: http://ibirama.ifc.edu.br/projetos/.


Acesso em: 29 jul. 2021.

71
2.
CULTURA

SEURS
Seminário de Extensão Universitária
da Região Sul
CONVIVÊNCIA E PANDEMIA – MANTENDO OS VÍNCULOS

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenadora da atividade: Maria Iolanda de OLIVEIRA
Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)
Autores: F. V.TRENTINI 1; L. F.SILVA 2; M. S. de AGUSTINHO 3; R. de F.DIAS 4
S. C. de ASSIS 5

Resumo:
O evidente envelhecimento populacional mundial expressa uma realidade que se faz
presente também no Brasil em que se observa um crescimento acelerado da população
idosa e tal fato impõe a necessidade de redefinição das práticas sociais no atendimento as
necessidades e demandas da população idosa. Para tanto, os grupos de convivência para
pessoas idosas se constituem como espaços de criação e fortalecimento de vínculos, bem
como forma de se assegurar o direito à convivência disposto no Estatuto do Idoso. Mas em
tempos de pandemia como manter esses vínculos? O presente trabalho, de natureza
qualitativa a partir da pesquisa bibliográfica e documental, visa relatar as ações
desenvolvidas pelo projeto de extensão NASJEPI – Núcleo de assistência social, jurídica e
de estudos sobre a pessoa idosa, nesse tempo de pandemia, no sentido de manter os
vínculos com e entre as pessoas idosas participantes do grupo de convivência Idosos em
Ação, na cidade de Ponta Grossa – Pr.

Palavras-chave: Pessoa Idosa; Direito; Convivência.

Introdução
A predominância de uma população envelhecida tem revelado a questão do
aumento da longevidade e o fato de que o envelhecimento humano é uma realidade
mundial e brasileira. Segundo dados do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia (2018) o

1
Fabiana VosgerauTrentini, servidor docente.
2
Luttiane Fátima Silva, aluna Curso de Serviço Social.
3
Márcio Soares de Agustinho, aluno Curso de Serviço Social.
4
Regiane de Fatima Dias, aluna Curso de Serviço Social.
5
Sandriele Cristina de Assis, aluna Curso de Serviço Social

233
número de pessoas idosascom mais de 60 anos alcançará 15% da população em 2060 e o
percentual de pessoas com mais de 65 anos passará dos atuais 9,2% para 25,5%.
Desde já, torna-se imperioso promover a integração social das pessoas idosas e
desenvolver práticas sociais no sentido de viabilizar formas de participação e convívio
social evitando o isolamento e a institucionalização.
A partir da Constituição Federal de 1988 ocorreu uma nova institucionalidade de
proteção das pessoas idosas imprimindo como questão central, a promoção de formas de
atendimento que assegurem o exercício de cidadania e o pertencimento social.
Dentre a legislação vigente se destacam a Política Nacional do Idoso – PNI (Lei nº
8.842, de 04/01/1994 - Decreto nº 1.948, de 03/06/1996), que tem por objetivo “assegurar
os direitos sociais do idoso...” (Art. 1º) e o Estatuto de Idoso (Lei nº 10.741 de
01/10/2003), o qual preconiza no Art. 3º o direito à convivência familiar e comunitária.
Ressalta-se, portanto, que a convivência é um direito garantido por lei, e como tal
deve ser assegurado com prioridade se promovendo formas de atendimento que viabilizem
sua efetivação.Desta forma, “Os grupos de convivência têm sido uma alternativa
estimulada em todo o Brasil. (...) são uma forma de interação, inclusão social e uma
maneira de resgatar a autonomia, de viver com dignidade e dentro do âmbito de ser e estar
saudável.” (WICHMANN et al, 2013, p. 823)
Mas no atual contexto de pandemia COVID-19, isto se torna inviável e a população
idosa, devido ao potencial de risco, é convocada a ficar em casa atendendo as medidas de
distanciamento e isolamento social adotadas para o enfrentamento da pandemia. Esta
situação e a vivência do distanciamento social levou à necessidade de se ressignificar
práticas e condutas até então realizadas nas ações desenvolvidas com a população idosa.
O presente trabalho tem por objetivo relatar algumas das ações desenvolvidas pelo
projeto de extensão NASJEPI – Núcleo de assistência social, jurídica e de estudos sobre a
pessoa idosa, no sentido de manter os vínculos com e entre as pessoas idosas participantes
do grupo de convivência Idosos em Ação na cidade de Ponta Grossa – Pr, buscando
minimizar os efeitos do distanciamento social em relação a sua saúde emocional e mental.

234
Metodologia
Visando minizar os efeitos do distanciamento social para que as idosas não se
sentissem sozinhas e angustiadas e manter os vínculos estabelecidos com a equipe na
convivência presencial, foi realizado a gravação de vídeos, áudios com mensagens de
otimismo e apoio se utilizando das redes sociais, especialmente do whatsapp, para o
contato com aquelas que possuíam acesso e com as que não possuíam, o contato foi
mediado pelas assistentes sociais do Serviço de Obras Sociais, instituição não
governamental, a qual o grupo está vinculado, que obedecendo as normas sanitárias
estabelecidas iam até a casa das idosas.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Considerando que “O convívio e relacionamento entre as pessoas, além de ser
intrínseco à sua formação, ao seu desenvolvimento, e, portanto, ao próprio envelhecimento,
são fatores imprescindíveis à maturação física e psíquica do ser humano; (RODRIGUES,
2005, p.4) e a importância de assegurar às idosas participantes do Grupo de Convivência
Idosos em Ação, a convivência social, o estabelecimento e o fortalecimento de vínculos, as
ações e atividades realizadas sempre se pautaram na premissa do direito e na priorização de
sua participação, convívio e protagonismo social.
Contudo, a pandemia COVID-19 teve um impacto significativo na vida das pessoas
idosas “com direcionamento de ações e estratégias de distanciamento social
especificamente para esse grupo.”(HAMMERSCHMIDT e SANTANA, 2020, s.p) se por
um lado, houve a preocupação positiva, na organização dos serviços, com a saúde destas
pessoas, por outro lado se “reforçou os preconceitos da sociedade, mediante a criação de
diversos vídeos, imagens, frases, músicas, com exposição dos idosos e supervalorização de
características eminentemente negativas. (HAMMERSCHMIDT e SANTANA, 2020, s.p).
Por isso, a equipe do projeto buscou ressignificar a forma de atuação e minimizar
os efeitos negativos do momento vivenciado, produzindo e enviando, pelo whatsapp, 04
vídeos com mensagens educativas e de orientação sobre higiene, cuidados com a saúde, de
estímulo e apoio;enviando pelo correio cartas escritas pelos(as) acadêmicos(as) do projeto

235
destacando a importância da idosa para o grupo; comemorando a páscoa e dia das mães
com entrega a domicílio de uma lembrança; realizando o Arraiá da Alegria (drive-thru
junino) enfatizando a alegria e de que o distanciamento é necessário para a preservação de
sua saúde e proteção da sua vida.
O que se evidenciou na realização dessas atividades foi a dificuldade que as
pessoas idosas têm de cumprirem com o distanciamento social e quanto isso lhes causa
tristeza e angústia, pois a cada contato, ainda que remoto, sempre expressaram a saudade
que têm dos encontros com o grupo e com a equipe. Verificou-se também que o apoio
recebido lhes proporciona alegria, conforto, segurança e consideração e atenção refletidas
nas suas palavras de que como é bom quando ouvem a voz dos aluno(as) e os(as) vêm nos
vídeos.

Considerações Finais
Em sendo os grupos de convivência para idosos uma das alternativas para as
pessoas idosas se socializarem, pode-se afirmar que estes são espaços importantes, os quais
contribuem para a autoestima e melhoria da qualidade de vida, e lhes propiciam o
sentimento de pertencimento, não apenas ao grupo, mas também à sociedade.
Os vínculos estabelecidos e fortalecidos possibilitam a inclusão social e a
percepção de que têm “a possibilidade de encontrar estímulo para uma vida social sadia,
desenvolver sua cultura e ter momentos de lazer.” (WICHMANN et al, 2013, p. 831)
No entanto, a partir das experiências vivenciadas durante a pandemia destaca-se
que “Além de ser oportuno ressignificar os vínculos com os idosos, também são
importantes atitudes de respeito e consideração com este público.” (HAMMERSCHMIDT
e SANTANA, 2020, s.p). E que esse momento de tensão deve ser de aprendizado e busca
de superação das dificuldades para que ocorra a proteção da pessoa idosa e sua dignidade
prevaleça.

Referências
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 1988.

236
BRASIL. Estatuto do Idoso. Lei nº 10.741 de 01 de outubro de 2003.

BRASIL. Política Nacional do Idoso. Lei nº 8.842, de 04 de janeiro de 1994 e Decreto nº


1.948 de 03 de julho de 1996.

HAMMERSCHMIDT K. S. de A.; SANTANA, R. F. Saúde do idoso em tempos de


pandemia Covid-19. Cogitareenferm.[Internet]. 2020 [acesso em 30 de out. de 2020]; 25.
Disponível em: http://dx.doi.org/10.5380/ce.v25i0.72849

RODRIGUES, O. P. Estatuto do Idoso: Aspectos teóricos, práticos e polêmicos e o direito


de família. Família e Dignidade Humana. Anais V Congresso Brasileiro de Direito de
Família. Belo Horizonte: IBDFAM, 2005. Disponível em:
http://www.ibdfam.org.br/publicacoes/anais/detalhes/714/V%20Congresso%20Brasileiro
%20de%20Direito%20de%20Fam%C3%ADlia. Acesso em 30 de outubro de 2020.

WICHMANN, F. M. A.; COUTO, A. N.; AREOSA, S. V. C.; MONTAÑÉS, M.


ConcepciónMenéndez. Grupos de Convivência como suporte ao Idoso na melhoria da
Saúde. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol., Rio de Janeiro, 2013; 16(4):821-832.

237
PROGRAMA DE EXTENSÃO “JUSTIÇA COM AS PRÓPRIAS MÃOS:
MANUALIDADES E DIREITOS HUMANOS DAS MULHERES”

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenadora da atividade: Aline Lemos da Cunha DELLA LIBERA
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Autoras: E. L. THIEL 1; G. N. LINS 2.

Resumo:
Neste texto, desenvolvemos uma análise breve acerca dos aspectos mais relevantes que
registramos durante os anos de atuação do Programa de Extensão “Justiça com as
Próprias Mãos”: Manualidades e Direitos WEBCAM GAMER WARRIOR 1080P PRETO
AC340Humanos das Mulheres. O objetivo geral desta atividade extensionista é
proporcionar espaços formativos para mulheres em situação de privação de liberdade e/ou
em situação de rua, nos quais haja um efetivo diálogo entre os saberes populares e o saber
científico. Aproveitamos para destacar os princípios que nos movimentam enquanto grupo
de extensão e também para demonstrar como o programa e seus diferentes projetos se
adaptaram ao contexto de pandemia, por meio de atividades virtuais, para que os objetivos
propostos fossem alcançados, pelo menos, em parte. Manteve-se, portanto, o escopo de ser
um programa de extensão voltado à difusão do conhecimento e a proporcionar uma
formação acadêmica diferenciada às estudantes bolsistas. Contudo, por conta da pandemia
de COVID-19, não foi possível prosseguir em contato com as mulheres apenadas ou em
situação de rua.

Palavras-chave: Direitos Humanos das mulheres; Educação popular; Ecofeminismo.

Introdução
Tendo como marca o ano de 2015, em que foi assinado um Termo de Cooperação
Técnica entre a UFRGS e a Superintendência dos Serviços Penitenciários (SUSEPE-RS)

1
Elizabeth Lettnin Thiel, aluna do curso de Ciências Sociais da UFRGS.
2
Giulia Nones Lins, aluna do curso de Psicologia da UFRGS.

238
este programa de extensão, nos anos de 2016 e 2017, realizou oficinas e rodas de leitura
com mulheres no Presídio Estadual Feminino Madre Pelletier (PEFMP), bem como
encontros formativos para servidoras(es) da SUSEPE-RS e demais interessados/as. Com
verba PROEXT (Edital 2015), foram reformadas duas salas no PEFMP, a qual chamamos
Sala VerdeLilás, que se tornou a sala de uso da UFRGS para realização de projetos
extensionistas. Além do trabalho realizado com as mulheres apenadas, também realizamos
oficinas de produção artesanal e sobre ervas medicinais, com mulheres em situação de rua 3
e com mulheres quilombolas 4, nos anos de 2018 e 2019.
Os elementos de análise proporcionados pelo convívio da equipe de trabalho com
as mulheres vêm sendo aprofundados por meio de pesquisas acadêmicas, registradas no
sistema de pesquisa da Universidade 5 e de disciplinas ofertadas aos cursos de graduação 6.
Os objetivos principais deste programa são: proporcionar espaços educativos para
estudantes de graduação, possibilitando o intercâmbio de saberes; Colaborar para a
ampliação dos espaços de formação no ambiente prisional e em centros de atendimento
para mulheres em situação de rua; Contribuir com a implementação de políticas públicas
para mulheres em situação de prisão e em situação de rua.

Metodologia
Podemos destacar, pelo menos, quatro eixos centrais que orientam nossas práticas
pedagógicas: trabalho artesanal, direitos humanos das mulheres, educação popular e
ecofeminismo. Propomo-nos constantemente a pesquisar, ensinar, aprender de forma
coletiva e horizontal, tanto entre estudantes e professoras universitárias, quanto com as
mulheres com as quais trabalhamos. Acreditamos que a metodologia abarca um conjunto
de estratégias que, em nosso caso, visam combater a violação de direitos humanos, bem

3
Educandas da EJA na Escola Porto Alegre (EPA).
4
Em parceria com a mestranda Salete Vedovatto Facco (PPGEdu-UFRGS), a qual foi bolsista deste
programa e cuja dissertação foi inspirada em sua atuação como extensionista. Atividade realizada no
Quilombo Urbano do Areal da Baronesa em Porto Alegre.
5
1. Educação Popular Feminista: pressupostos para a profissionalização de mulheres trabalhadoras (Aline
Lemos da Cunha Della Libera – coordenadora); 2. A leitura no sistema prisional: potencialidades e desafios
da remição de pena pela leitura no Brasil (Ana Cláudia Ferreira Godinho – coordenadora).
6
Em especial as disciplinas de: Concepções e práticas em Educação de jovens e adultos; Educação de Jovens
e Adultos em contextos de privação e restrição de liberdade.

239
como materializar uma conduta ético-política com ênfase na transformação da sociedade.
Entre as referências que inspiraram a criação dessa metodologia alternativa, Paulo Freire
tem lugar central. Com Freire, defendemos que “a educação precisa tanto da formação
técnica, científica e profissional quanto do sonho e da utopia” (2006, p. 29), sendo
impossível despolitiza-la.

Desenvolvimento e processos avaliativos


O Programa de Extensão “Justiça com as Próprias Mãos": Manualidades e
Direitos Humanos das Mulheres reúne diferentes projetos de extensão. Destacam-se, as
oficinas realizadas pelo projeto “Grupos de Artesanato com Mulheres”, para confecção de
sabonetes artesanais com ervas medicinais - e as discussões temáticas sobre direitos
humanos das mulheres. Atuando fora de espaços escolares, as oficinas proporcionaram
momentos de aprendizagem coletiva, valorizando os saberes populares das mulheres
incorporados ao longo das suas vivências e a discussão sobre outra lógica de produção da
vida social - através do trabalho artesanal. Além das oficinas de trabalho artesanal, na
época em que a entrada no presídio ainda era permitida, também existiu o projeto “Rodas
de Leitura na EJA - Feminismo, Literatura e Educação Popular”. Esta ação ocorria a partir
de um acervo de livros escritos por mulheres, alusivos à temática feminista tendo-se como
exemplo contos e biografias. Tal atividade, além de contribuir para formação humanística
das mulheres, possibilitava a remição de pena 7. Outro destaque do projeto é o seminário
“Mulheres, a Prisão e a Rua”, inicialmente pensado para que seu público-alvo fosse
composto pelas agentes penitenciárias que atuam no PEFMP. Ao longo das edições,
também passou a diversificar seu público, tanto de ouvintes quanto de palestrantes. Além
deste, desenvolvemos a mostra fotográfica “Mulheres, a Casa, a Prisão e a Rua” que
objetiva trazer à tona discussões pertinentes às problemáticas de papéis de gênero em
diálogo com as temáticas, espaços e mulheres que participam do programa.
Já no atípico ano de 2020, o programa adaptou-se ao contexto da pandemia de
COVID-19 e de atividades remotas. Desse modo, esses projetos, que fazem parte do

7
As atividades realizadas, por meio deste programa de extensão, possibilitaram a remissão de um dia de
pena, por contabilizarem 12 horas de atividades educacionais (conforme Lei de Execução Penal).

240
grande guarda-chuva, também precisaram se reinventar. Estabelecemos uma agenda
semanal de encontros online onde discutimos maneiras de continuar as atividades e colocar
em prática os princípios do projeto mesmo no contexto virtual. Passamos a utilizar as
plataformas de rede sociais a nosso favor: aumentamos a frequência de publicações no
Facebook e criamos uma página no Instagram, o que nos proporcionou difundir nosso
conteúdo para além da UFRGS. Dessa forma, as maneiras que descobrimos para difundir o
conhecimento e incentivar a reflexão acerca de temas que são caros a nós, foram através de
lives, de um curso online e da realização das novas edições do seminário e da mostra
fotográfica de forma virtual. A série de lives realizada na página do Facebook do programa
foi intitulada como “Mulheres Dialogando”, nela recebemos convidadas e abordamos
diversos temas. Por sua vez, o seminário “Mulheres, a Prisão e a Rua” acabou se tornando
o maior evento do ano. Em sua IV edição, tivemos o maior número de inscritos de todas as
edições já realizadas. Promovemos lives semanais em canal do YouTube criado
especialmente para o seminário. Os temas abordados foram: direitos humanos das
mulheres; direito à educação, à saúde física e mental, ao trabalho, à maternidade, à
identidade, à comunicação, cultura e arte; e condições de trabalho de quem atua com estas
mulheres. As lives tiveram um trânsito médio entre 100 e 200 espectadores simultâneos. O
projeto dos grupos de artesanato, em 2020, também encontrou novas formas de se manter
ativo. Inclusive mudou de nome, passando a chamar-se “Ponto Alto: Diálogos online sobre
Artesanato e Ecofeminismo”. Agora, nossas oficinas acontecem de forma virtual, a partir
de artesãs que convidamos para gravarem vídeos em suas casas e compartilharem seus
conhecimentos sobre trabalho artesanal, ao mesmo tempo em que as instigamos a pensar
sobre este trabalho e sobre como ele caminha lado a lado com questões de gênero.
Ademais, faz parte da execução do programa, reuniões de estudo e de trabalho entre as
coordenadoras e as bolsistas, proporcionando a troca de ideias sobre os temas a serem
trabalhados. Dessa forma, o programa proporciona às bolsistas experiências adicionais
além do seu curso de graduação, ampliando seus horizontes para compreender,
problematizar e contribuir para transformações em ambientes antes desconhecidos.

241
Considerações Finais
O contexto da pandemia foi um impeditivo para que continuássemos o trabalho
com as mulheres em situação de rua ou em situação de prisão. Entretanto, ampliamos nossa
inserção por meio das redes sociais e outros meios virtuais, sem deixar de refletir sobre
direitos humanos das mulheres, artesanato, literatura e ecofeminismo.
As bolsistas de extensão, todas elas estudantes de graduação da UFRGS, expressam
em seus relatórios anuais os ganhos logrados por sua participação no programa, dentre
eles: a ampla conscientização sobre questões sociais no âmbito dos direitos das mulheres,
além de amadurecimento pessoal. Também destacam que a atuação como bolsistas as fez
aprofundar estudos sobre temáticas que, por vezes, não são abordadas nos cursos de
graduação, provocando reflexões sobre temas invisibilizados.
Os projetos educativos em ambiente prisional, por vezes são restritos à oferta da
elevação de escolaridade. Entende-se, porém, que a educação é processo amplo e que se
faz em distintos ambientes, não só na escola. Por essa via, cabe ressaltar que a assistência
educacional prevista em Lei, deve ser ampliada por meio de múltiplas formas de aprender e
de ensinar. Sendo assim, este programa de extensão vem contribuindo com este debate
onde, para além da remição, pensa-se a formação integral das mulheres e a educação ao
longo da vida.

Referências
FREIRE, Paulo. À sombra desta mangueira. São Paulo: Olho Dágua, 2006.

Financiamento:
PROREXT/UFRGS.

242
“VOCÊ É SEU PRÓPRIO LAR”: SOBRE MORADIA E VIOLÊNCIA
PATRIMONIAL CONTRA MULHERES

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenadora da atividade: Kátia Alexsandra dos SANTOS
Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO)
Autoras: K. A. SANTOS 1; F. A. BUGAI 2; M. KARPINSKI 3.

Resumo:
Este trabalho teve por objetivo analisar a temática da violência patrimonial contra mulheres
no que concerne especificamente ao direito à moradia. Para tanto discutimos o conceito de
violência patrimonial à luz da premissa divulgada pelo senso comum de que a mulher
"perde seus direitos" quando abandona o lar. A discussão é materializada por meio de um
relato de experiência, organizado a partir de fragmentos de casos atendidos no projeto de
extensão Núcleo Maria da Penha-NUMAPE, em Irati-PR. Os dados nos permitem analisar
a violência patrimonial a partir de uma visão interdisciplinar, articulando uma análise
jurídica, bem como psicológica, ao considerar o aspecto subjetivo da função do "lar" para
as mulheres.

Palavras-chave: violência doméstica; violência patrimonial; moradia; lar.

Introdução
Partindo do tensionamento entre as noções de casa e lar e, considerando o quanto o
ambiente privado tem um lugar de destaque historicamente na vida das mulheres
(FRIEDAN, 1971), este relato de experiência pretende colocar em discussão alguns
aspectos relacionados à moradia em casos de violência doméstica, entendendo que muitas
vezes pode ocorrer o que chamamos de violência patrimonial. O relato de experiência é
uma perspectiva metodológica que pode ser caracterizada no âmbito das pesquisas

1
Kátia Alexsandra dos Santos, professora adjunta do curso de psicologia, coordenadora do Núcleo Maria da
Penha, SETI/UGF.
2
Fernanda de Araújo Bugai, professora de Direito da Faculdade Guarapuava e orientadora de Direito do
Núcleo Maria da Penha, SETI/UGF.
3
Mônica Karpinski, graduanda em psicologia pela UNICENTRO e estagiária do Núcleo Maria da Penha,
SETI/UGF.

243
qualitativas em que as/os pesquisadoras/es, implicadas pela temática, produzem
conhecimento por meio de um trabalho de memória, descrição e associação com discussão
teórica, com vistas a ter como produto a compreensão do vivido (DALTRO; FARIA, 2019)
e a proposição de novas formas de intervenção.
Assim, partiremos de casos atendidos pelo projeto de extensão Núcleo Maria da
Penha-NUMAPE 4, projeto que atende jurídica e psicologicamente mulheres em situação
de violência doméstica, a fim de problematizar situações em que o lar é lugar de violência.
A proposta da pesquisa surge dos constantes questionamentos direcionados à equipe do
projeto com base no enunciado que circula no senso comum de que a mulher, caso
“abandone o lar” perde seus direitos. Embora se trate de uma falsa premissa, ela ainda é
motivo para muitas mulheres suportarem as mais diversas formas de violência e, quando
resolvem finalmente sair, são espoliadas, às vezes, do único bem que possuem: a própria
casa.

Metodologia
O presente trabalho trata-se de um relato de experiência elaborado a partir de
diversos casos com um enredo muito próximo que foram atendidos no Núcleo Maria da
Penha de Irati/PR no ano de 2021. Como o projeto oferece atendimento jurídico e
psicológico gratuito para mulheres em situação de violência doméstica, mesmo referindo-
se a casos de mulheres de diferentes idades e configurações familiares e sociais, foi
possível perceber semelhanças quando havia discussões acerca do direito à moradia, mas
propriamente, a violência patrimonial. Para tal, utilizamos de um conjunto de casos
relatados que têm em comum a questão da violência patrimonial na relação com a questão
da moradia, além de, obviamente, estarem associadas a outras formas de violência.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Partindo da noção jurídica de abandono do lar, apresentado no art. 1240-A, do
Código Civil (BRASIL, 2002), e do conceito de violência patrimonial (BRASIL, 2006),
este trabalho surge a partir de demandas que emergem em meio a atendimentos à
4
Projeto de Extensão financiado pela Superintendência de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior-SETI-
UGF-PR.

244
população-alvo do projeto pelas equipes psicológica e jurídica. As demandas teóricas e
práticas surgem a partir do atendimento de vários casos que possuem mais ou menos o
mesmo enredo: a mulher passa a conviver com o companheiro, constroem ou passam a
morar em uma casa em terreno habitado pelos sogros e outros membros da família extensa
(geralmente da família do companheiro); têm filho/as; em grande parte das vezes a mulher
trabalha e é responsável pelo sustento e pela construção e mobília da casa; começam a
ocorrer agressões verbais, morais, psicológicas e físicas; somente após anos em situação de
violência doméstica a mulher faz denúncia formal; em parte dos casos há medida protetiva;
agressor vai morar com pais no mesmo terreno ou é a mulher que precisa sair. Em grande
parte das vezes, após a denúncia, a mulher continua sofrendo violência por parte da
família.
Cabe ressaltar que em Irati-PR, cidade em que o projeto ocorre, é possível perceber
através da prática cotidiana do Núcleo, que há muitas moradias irregulares, com casas que
vão sendo construídas em um mesmo local, sem documentação. Quando muito, há contrato
de compra e venda, mas a regularização envolveria diversos processos onerosos do ponto
de vista burocrático, temporal e econômico. Assim, os acordos legais são tratados na
informalidade e pautados na confiança em que se constroem os relacionamentos amorosos,
já que muitos deles estão vinculados à visão religiosa, tanto no sentido de “felizes para
sempre” como a do homem encabeçar as decisões da família/casa.
Por não suportar mais a convivência com o agressor e, por vezes, sem condições
emocionais mínimas para sustentar uma disputa pelos seus direitos, acabam tendo que
“enfrentar a escolha cruel entre deixar suas casas para sobreviver ou continuar vivendo sob
o mesmo teto de seus agressores por falta de alternativa de moradia” 5. Esse passa a ser um
dos motivos dessas mulheres passarem muito tempo sofrendo as agressões em silêncio,
sem denunciar, e sem conseguir se afastar do agressor. Afinal, quando conseguem se
desvincular dos ex-companheiros, precisaram arcar com consequências pós-denúncia, que
envolvem a relação com os filhos, com as famílias extensas, as dificuldades financeiras e

5
LUDERMIR, Raquel. Violência Patrimonial e insegurança da moradia contribuem para a persistência
da violência doméstica no Brasil. 2020. Disponível em:
https://blogs.lse.ac.uk/latamcaribbean/2020/03/12/violencia-patrimonial-e-inseguranca-da-moradia-
contribuem-para-a-persistencia-da-violencia-domestica-no-brasil/. Acesso em: 04 ago. 2021.

245
emocionais, as cobranças sociais e ainda, muitas vezes, a ira e a possibilidade do aumento
da violência por parte dos ex-companheiros.

Considerações Finais
Diante de situações como as descritas neste trabalho, muitos são os desafios para os
atendimentos psicológicos e jurídicos do Núcleo Maria da Penha. Concluímos que, para
além de direitos aos bens materiais, principalmente à moradia, há uma relação de afeto e
pertencimento que constituem o que aqui podemos chamar de lar. Há na constituição social
dessas histórias e, portanto, dessas mulheres, uma vinculação do lugar da mulher com o
ambiente doméstico, o que a aproxima, não só fisicamente mas afetivamente à sua casa.
Portanto, quando falamos sobre uma mulher ter que optar em permanecer no lar
violento para não ser violentada em seu patrimônio, ou então deixar o lar e, se em
condições materiais e psicológicas, buscar algum tipo de reparação judicial, não estamos
olhando exclusivamente para uma questão financeira, mas também subjetiva. Trabalhar a
partir de uma visão integral da mulher é fundamental para a compreensão e elaboração de
estratégias de enfrentamento à violência patrimonial, assim como às demais formas de
violências.

Referências
BRASIL. Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. Lei Maria da Penha. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm. Acesso em: 07
jun. 2021.

BRASIL, Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Disponível em:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.htm. Acesso em: 03 ago.
2021.

DALTRO, Mônica Ramos; FARIA, Anna Amélia de. Relato de experiência: uma
narrativa científica na pós-modernidade. Estudos & Pesquisas em Psicologia. v.19. n.1.
Rio de Janeiro, jan/abr, 2019, p. 223-227. Disponível em: https://www.e-
publicacoes.uerj.br/index.php/revispsi/article/view/43015/29664. Acesso em: 12 jul. 2021.

FRIEDAN, Betty. Mística feminina – Tradução de Áurea B. Weissemberg. Rio de


Janeiro: Vozes, 1971.

246
A CONTRIBUIÇÃO DA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NA 14ª CONFERÊNCIA
MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL DE LONDRINA - PR

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenador(a) da atividade: Denise Maria Fank de ALMEIDA
Universidade Estadual de Londrina (UEL)
Autores: D. M. F. ALMEIDA 1; K. A. F. P. COELHO 2; J. R. FONSECA 3.

Resumo:
Este artigo é resultante do projeto de extensão Educação permanente para gestão e controle
social das políticas de proteção social. No Brasil, desde a Constituição Federal de 1988, as
políticas sociais alçaram o patamar de direito do cidadão e dever do Estado, integrando um
sistema de proteção social, o qual exige revisão e renovação em seu quadro conceitual, de
seus aportes teórico-metodológicos e tático-operativos, bem como a melhoria na qualidade
dos serviços disponibilizados à população e qualificação das ações relacionadas aos
serviços nacionais. O objetivo do projeto é atender a demanda de educação permanente do
público-alvo, quanto aos conhecimentos, habilidades e atitudes técnicas e éticas
necessárias à gestão das políticas sociais. O objetivo deste artigo é apresentar uma
experiência de ação extensionista vinculada à organização da 14ª Conferência Municipal
de Assistência Social do município de Londrina-PR, com título: Direito do Povo e Dever
do Estado, com financiamento público, para enfrentar as desigualdades e garantir proteção
social. Os procedimentos metodológicos são a narrativa das ações desenvolvidas.

Palavras-chave: Controle Social; Cidadania; Conferência Municipal.

1
Denise Maria Fank de Almeida, orientadora de IC, docente do Curso de graduação e pós graduação em
Serviço Social da Universidade Estadual de Londrina.
2
Kathiuscia Aparecida Freitas Pereira Coelho, docente do Curso de graduação em Serviço Social da
Universidade Estadual de Londrina
3
Jussarah Rodrigues da Fonseca, graduanda do 4º ano do Curso de Serviço Social e participante do projeto
de pesquisa e Extensão Educação permanente para gestão e controle social das políticas de proteção social na
Universidade Estadual de Londrina.

247
Introdução
A relevância das ações desenvolvidas no processo de organização da conferência é
caracterizada pela articulação entre o Conselho Municipal de Assistência Social, a
Secretaria Municipal de Assistência Social do município de Londrina e a Universidade
Estadual de Londrina, representada pelo projeto de extensão, expressando a importante e
necessária relação entre universidade e comunidade.
As conferências das políticas sociais públicas acontecem a cada dois ou quatro
anos, de acordo com o estabelecimento de leis específicas. Neste ano de 2021, uma nova
realidade se apresenta: a necessidade de implantação de ações remotas devido ao contexto
pandêmico da Covid-19. Este é o grande desafio das conferências na atualidade: mobilizar
a rede de serviços, a população usuária das políticas sociais, menos favorecida
economicamente e sem condições efetivas de acesso a computadores, aparelhos celulares e
internet, que comportem ações on-line, exigindo planejamento diferenciado para garantir a
efetivação das atividades.
O projeto de extensão, por objetivar educação permanente, e pelo fato dos docentes
e estudantes estarem atualmente vivenciando suas atividades de forma remota, entendeu-se
que o projeto poderia contribuir no processo de organização da conferência, possibilitando
a participação, mesmo que de forma virtual, da população e da rede de serviços.
O objetivo deste trabalho é apresentar as ações desenvolvidas no processo de
organização da 14ª Conferência de Assistência Social no município de Londrina- PR,
efetivadas pela parceria entre os sujeitos supracitados.

Metodologia
A metodologia utilizada constitui-se de reuniões semanais de modo remoto, com a
comissão organizadora da 14ª Conferência; elaboração de material de apoio para os
coordenadores das pré-conferências; participação na capacitação da equipe de
trabalhadores da rede e do Conselho Municipal para preparação das pré-conferências;
coordenação e participação de pré-conferências; participação na sistematização de
propostas levantadas na pré-conferência; e participação na Conferência Municipal de

248
Assistência Social. Foi ainda elaborado material de apoio para os coordenadores; podcats,
material de divulgação, tanto para as pré-conferências como para a conferência municipal.
O público-alvo das ações são gestores, trabalhadores e conselheiros municipais de
assistência social.
Desenvolvimento e processos avaliativos
Por meio das atividades do projeto de extensão, desde abril do presente ano,
docentes e estudante participaram ativamente das ações desenvolvidas na organização da
Conferência Municipal de Assistência Social de 2021. Foram realizadas, nesse período, 10
reuniões de modo remoto com a comissão organizadora da 14ª Conferência; elaboração de
material de apoio aos coordenadores das pré-conferências; participação na capacitação da
equipe de trabalhadores da rede e do Conselho Municipal, com o objetivo de preparar as
equipes que mediaram e coordenaram as pré-conferências; coordenação de duas pré-
conferências; participação de uma pré-conferência; participação na sistematização de
propostas levantadas na pré-conferência; coordenação da plenária da discussão das
propostas aprovadas na pré-conferência no dia 7 de junho; e participação na Conferência
Municipal, nos dias 26, 27, 28, 29 de julho e 5 de agosto.
O público-alvo das ações foram os gestores, trabalhadores e conselheiros
municipais de assistência social.
As pré-conferências e a 14ª Conferência Municipal de Assistência Social
aconteceram de forma híbrida com alguns polos presenciais com restrição na quantidade de
participantes e também de forma virtual com transmissão ao vivo, através das plataformas
Google Meet, com retransmissão pelo Facebook, Instagram e YouTube. Foi elaborado,
material de apoio aos coordenadores e, para a divulgação dos dois eventos, foram criados
podcats intitulados “Cidadania em Debate”, que objetivavam, de uma forma mais versátil,
disseminar informações sobre os assuntos relacionados à 14ª Conferência Municipal de
Assistência Social, de modo a fomentar o debate e trazer reflexões, aprimorar os
conhecimentos e trazer aproximação dos participantes com as temáticas da conferência.
Também, como material de divulgação, tanto para as pré-conferências como para a
Conferência Municipal, foram disseminadas postagens nas redes sociais no Instagram e
Facebook. Para as pré-conferências, ocorridas entre os dias 15 e 29 de junho, criou-se um

249
vídeo institucional sobre o SUAS – Sistema Único de Assistência Social, explicando “O
que é”, a importância e os serviços ofertados, bem como difusão de informações da
realização da conferência municipal. Ainda foram produzidos vídeos dos candidatos para
eleição dos conselheiros.
Devido às atividades serem remotas, também foram elaborados vários documentos,
através do aplicativo Google Forms, destinados à coleta de informações por meio de
formulários para todas as etapas do processo que envolveu a organização das pré-
conferências e da 14ª Conferência Municipal de Assistência Social, desde a realização das
inscrições de participantes, credenciamento dos candidatos a delegados dos conselheiros e
os suplentes, processo eleitoral com formulário de votação, formulário para o envio das
propostas das pré-conferências separadas pelos 5 (cinco) eixos temáticos e formulário de
avaliação das pré-conferências por região.

Considerações Finais
O envolvimento de estudantes em projetos de extensão tem impacto extremamente
positivo, pois há a participação ativa do estudante na sociedade em que vive, em uma
relação mútua, de troca. Os estudantes conseguem retribuir de alguma forma os
conhecimentos adquiridos na universidade, mas também aprendem acerca da prática com
os profissionais e com a população. A contribuição da atividade de extensão na formação
acadêmica dos estudantes envolvidos possibilita oportunizar, aos acadêmicos
extensionistas, a convivência com a realidade social e com a prática profissional.
A prática acadêmica interliga a Universidade, nas suas atividades de ensino e de
pesquisa, com as demandas da população e com os diversos setores da sociedade. A ação
descrita neste trabalho contribui com a democratização e ampliação do acesso à
participação, tanto da população usuária da Política de Assistência Social como dos
conselheiros que puderem ter o direito assegurado, mesmo no contexto adverso da
pandemia da Covid-19, de exercer a cidadania e ter garantido o acesso à conferência
municipal, protagonista de um papel importante na implementação das políticas públicas,
dando voz a inúmeros usuários da política de Assistência Social, os quais puderam

250
expressar os anseios e apresentar as demandas e propostas de melhorias dos serviços
prestados.

Referências
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília,
DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.

251
A CONTRIBUIÇÃO DOS BOLSISTAS PIBIS E PIBEX PARA O TRABALHO
DESENVOLVIDO PELO NEDDIJ – UNESPAR – CAMPUS PARANAVAÍ

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça;


Coordenador(a) da atividade: Rosangela Trabuco Malvestio da SILVA
Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR – Unidade Gestora do Fundo Paraná.
Autores: N. M. DUARTE 1; M. C. de BRITO 2

Resumo:
O projeto de extensão Núcleo de estudos e defesa dos direitos da infância e da juventude -
Neddij da Unespar tem por objetivo garantir os direitos de crianças e adolescentes em
situação de risco e vulnerabilidade social. No ano de 2020 a equipe recebeu a colaboração
de dois bolsistas de graduação em Pedagogia PIBIS e PIBEX, para realizarem apoio
pedagógico. Diante do exposto, este texto tem por objetivo destacar a contribuição dos
bolsistas PIBIS e PIBEX para o projeto Neddij, relatando o trabalho desenvolvido com
crianças selecionadas pelo setor de triagem. A Metodologia utilizada é o relato de
experiência, pautado em autores e leis que fundamentaram a ação. O objetivo dos bolsistas
foi oferecer apoio pedagógico às crianças atendidas pelo Neddij com dificuldades na
disciplina de matemática, contribuindo para que as mesmas, em um contexto de pandemia,
dessem continuidade aos seus estudos de forma remota. Durante o desenvolvimento da
ação, os bolsistas realizaram relatos mensais dos estudos e das atividades desenvolvidas.
As ações desenvolvidas contribuíram com os objetivos do projeto Neddij, e os bolsistas
PIBIS e PIBEX puderam complementar sua formação acadêmica com o conhecimento do
trabalho interdisciplinar desenvolvido pela equipe. Conclui-se que os bolsistas
conseguiram desenvolver ações com as famílias e com as crianças selecionadas para
participarem do apoio pedagógico, mas diante do contexto da pandemia o trabalho foi
prejudicado, principalmente por falta de recursos físicos que pudessem viabilizar as
atividades assíncronas.

1
Neli Máximo Duarte, estudante de graduação Unespar, bolsista Pibis – Fundação Araucária.
2
Mateus Cardoso de Brito, estudante de graduação Unespar, bolsista Pibex – Fundação Araucária.

252
Palavras-chave: NEDDIJ; Bolsistas PIBIS e PIBEX; Direitos da criança.

Introdução
No contexto de pandemia, foi desenvolvido um projeto com algumas crianças
selecionadas pelo setor de triagem do Neddij, matriculadas no Ensino Fundamental Anos
Iniciais, garantindo o direito da continuidade dos estudos. A concessão de bolsas PIBEX e
PIBIS aos acadêmicos regularmente matriculados em cursos de graduação da Unespar,
possibilitaram o desenvolvimento de atividades vinculadas à extensão universitária. Os
bolsistas Pibis e Pibex tiveram a oportunidade de conhecerem o trabalho desenvolvido no
projeto Neddij em prol da defesa dos direitos da criança e do adolescente, e tiveram o
objetivo de elaborar planos de aula para atender as crianças em cada etapa de ensino,
desenvolvendo atividades relacionadas ao conteúdo de matemática. Diante destas
atividades fica claro o vínculo entre o ensino, a pesquisa e a extensão, além de aproximar a
família da Universidade.

Metodologia
A metodologia utilizada é o relato de experiência, da atividade desenvolvida
pelos bolsistas Pibis e Pibex com algumas crianças atendidas pelo projeto Neddij da
Unespar Campus de Paranavaí. O relato de experiência é pautado em autores e leis
que fundamentam a ação. Os bolsistas desenvolveram planos de aula e jogos que
contribuíram para as dificuldades de aprendizagem em matemática. Os jogos e as
atividades problematizadoras proporcionaram situações desencadeadoras de
aprendizagem, bem como maior interação entre as crianças e suas famílias.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Ao iniciar o projeto, os bolsistas se depararam com o teletrabalho por conta da
pandemia. Desta forma, a primeira atividade realizada foram leituras de textos que
contribuíssem com o entendimento do processo de ensino e aprendizagem em matemática.
Dos estudos pode-se destacar as ideias de Cestari, Sibila e Souza (2018, p. 46), que
escrevem que o erro do aluno é geralmente associado à ideia de fracasso e de problema de

253
aprendizagem, quando na verdade o erro faz parte do processo de aprendizagem e pode ser
uma estratégia de ensino para o professor: “[...] é preciso compreender que errar é, em
muito, diferente de não acertar, pois se configura ação manifesta pelo aprendiz quando em
processo de apropriação dos saberes necessários, portanto, quando em processo de
construção e reconstrução de conhecimentos.”
O erro é associado à ideia de fracasso, quando deveria estar ligado ao trabalho
pedagógico e seu processo de avaliação contribuindo para que o aluno avance em sua
dificuldade. Na sequência entraram em contato com os responsáveis das crianças
selecionadas pelo setor de triagem e levantaram qual a série que as mesmas estavam
estudando. Foi preciso mobilizar os pais e responsáveis das crianças atendidas e a solução
foi por meio do aplicativo WhatsApp 3. Os bolsistas entraram em contato com os pais
selecionados pelo setor de triagem do Neddij, e explicaram como seria realizado o
trabalho. Todos aceitaram e os bolsistas iniciaram o planejamento das atividades, conforme
o nível de ensino (as mesmas foram impressas e entregues no Neddij aos responsáveis). Os
bolsistas não tinham condições financeiras para atender os estudantes de forma remota,
pois as chamadas deveriam ser feitas do celular dos mesmos e nem sempre tinham crédito
suficiente. Muitas crianças também não tinham celular ou computador que pudessem usar
para esse contato on line. Diante desta dificuldade a solução era conversar com os pais pelo
WhatssApp.
Enquanto as crianças desenvolviam a primeira rodada de atividades, os bolsistas se
dedicaram em fazer jogos matemáticos de adição, subtração, divisão e multiplicação, para
que as crianças jogassem em casa com os pais. Quando os pais foram entregar as
atividades no NEDDIJ, levaram o jogo juntamente com a regra. Diante dos relatos das
famílias e das fotos enviadas pode-se perceber que esta atividade possibilitou maior
interação entre as crianças e a matemática. Esta ação teve impactos positivos pois foi
possível o contato com as famílias das crianças atendidas pelo projeto NEDDIJ em tempos
de pandemia bem como estimular a continuidade dos estudos das mesmas.

3
Aplicativo multiplataforma de mensagens instantâneas e chamadas de voz para smartphones. Além de
mensagens de texto, os usuários podem enviar imagens, vídeos e documentos em PDF, além de fazer
ligações grátis por meio de uma conexão com a internet.

254
Conforme O Art. 53 do Estatuto da criança e do adolescente (BRASIL, 1990) “A
criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua
pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho”. Diante do
objetivo do projeto NEDDIJ que é possibilitar as crianças em situação de vulnerabilidade
social a garantia de seus direitos, entende-se que os bolsistas PIBIS e PIBEX contribuíram
para que o direito à educação fosse contemplado nesta ação.
O projeto possibilitou uma aproximação da Universidade com a comunidade,
oferecendo às crianças que apresentam uma defasagem de aprendizagem por conta da
pandemia, um atendimento pedagógico direcionado e específico. A metodologia utilizada
estimulou a difusão e a democratização dos conhecimentos científicos, pois os bolsistas
participantes puderam reverter os conteúdos estudados em uma ação em prol dos
beneficiários atendidos pelo Neddij.
Por fim, destaca-se que a possibilidade dos bolsistas participarem do projeto de
extensão NEDDIJ, teve impactos sociais positivos, por poderem ter acesso a esta bolsa
oferecida pela Fundação Araucária, bem como complementarem sua formação acadêmica,
sendo de extrema relevância para a compreensão das atividades extensionistas no campus
de Paranavaí, bem como desenvolver a investigação e a iniciação científica por meio de
leituras dirigidas e organização de relatos que serão publicados em eventos científicos.

Considerações Finais

Ao final conclui-se que o projeto foi uma oportunidade para os bolsistas Pibis e
Pibex perceberem a união teoria e prática ao colocarem em ação seu protagonismo em um
processo desafiador para a atuação docente além do contexto da sala de aula, destacando a
oportunidade do ensino acontecer em outros espaços educativos relevância social.
Possibilitou oportunidade de conhecimento interdisciplinar na área de direito, psicologia e
serviço social, além do pedagógico, que são oferecidos pelo Neddij Paranavaí, com o
auxílio da equipe. Por fim, conclui-se alguns objetivos propostos pelo projeto não foram
alcançados pelo contexto da pandemia e por falta de recursos econômicos, mas

255
proporcionou várias oportunidades de conhecimento pedagógicos aos bolsistas Pibis e
Pibex ao conhecerem o trabalho efetuado pela equipe interdisciplinar do Neddij Paranavaí.

Referências
BRASIL, Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e
do Adolescente e dá outras providências. Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil, Brasília, DF, 16 jul. 1990. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm#art266>. Acesso em: 16
dez. 2018.

CESTARI, M. L.; SIBILA, M.; Souza, N. A. Erro na avaliação da aprendizagem:


desvelando concepções. I Jornada de Didática - O Ensino como foco (pp. 1-20). Estado do
Paraná: CEMAD. Disponível em: Acesso em: 6 ago. 2018.

256
SAJU - A EXTENSÃO AO LONGO DO TEMPO

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenador(a) da atividade: Vanessa CHIARI GONÇALVES
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Autores: Francielle dos Santos Souto (aluna de Ciências Jurídicas e Sociais);
Jheinifer Machado dos Santos (aluna de Ciências Jurídicas e Sociais);
Luisa Lamkowski Herrera (aluna de Ciências Jurídicas e Sociais).

Resumo:
O Serviço de Assessoria Jurídica Universitária (SAJU) é um projeto de extensão
permanente vinculado à Faculdade de Direito da UFRGS, composto por 19 grupos atuantes
nas mais diversas áreas do direito, tendo como objetivos assessorar de forma judicial e/ou
extrajudicial pessoas em situação de vulnerabilidade social, promover educação popular
em direitos humanos e proporcionar aos voluntários estudantes e profissionais o contato
com uma visão interdisciplinar da assessoria popular. Enquanto Assessoria Jurídica
Universitária Popular 1 (AJUP) tem por metodologia o exercício dos princípios da
horizontalidade, da interdisciplinaridade, do protagonismo estudantil, da autonomia dos
grupos e da educação popular. Dessa forma, sua organização se dá por meio dos cargos
previstos em Estatuto e de comissões colaborativas que instrumentalizam o projeto,
produzindo relatórios anuais submetidos à Pró-Reitoria de Extensão (Prorext) que
possibilitam a continuidade de um serviço que perdura e que, entre 2019 e 2020. atendeu
mais de 2.300 pessoas.

Palavras-chave: SAJU; Direitos Humanos; Assessoria.

Introdução
A Assessoria foi fundada em 1° de setembro de 1950 sendo o maior projeto de
extensão gratuito da UFRGS e, ao longo dos últimos 71 anos, se posicionou em diversos

1
LIMA, Thiago Arruda Queiroz - A Assessoria Jurídica Popular como Aprofundamento (e opção) do
Conteúdo Político do Serviço Jurídico

257
momentos. Durante a Ditadura Militar, tanto o SAJU quanto o Centro Acadêmico André
da Rocha (CAAR) sofreram diferentes sanções. Em 1971, frente ao início do programa de
Serviço e Preparação Profissional desenvolvido pela Direção, o SAJU foi extinto sob o
argumento de que “o Estado Brasileiro já havia intensificado o acesso à justiça”. A
reabertura veio em 1976, tendo sido, em 1997, oficializada a Institucionalização do SAJU
junto à Prorext e criados os primeiros grupos: G1, G2, G3, GAJUP e G5. No ano de 2000,
foi elaborado o Estatuto do SAJU.
Nos anos seguintes, muitos grupos foram criados, contando o projeto no presente
com 19 grupos autônomos 2, somando ao total cerca de 400 voluntários da UFRGS e de
outras Instituições, com profissionais e alunos não apenas do direito, mas de cursos como
psicologia, serviço social, arquitetura, engenharia e geografia.
Sua relevância se dá pela promoção da integração entre a Faculdade e a população,
levando a Universidade além muros mediante a promoção dos direitos humanos e do
acesso à justiça. Alinha, ainda, ensino, pesquisa e extensão, pois os discentes e bacharéis
recém formados colocam em prática o que aprenderam, também produzindo pesquisas em
extensão que impactam a comunidade.
Portanto, analisaremos como um projeto sobreviveu a diferentes épocas sociais e
cenários políticos, de forma a estabelecer-se como referência em assessoria popular
integrando-se a rede de entidades que promovem o acesso à justiça.

Metodologia
Consistindo no primeiro serviço do estilo no Estado e sendo co-fundador da Rede
Nacional de Assessoria Jurídica Universitária (RENAJU), entidade que reúne SAJUs de
quase todas as unidades federativas do Brasil, o SAJU/UFRGS continua ativo em sua
maioria pelo esforço e dedicação dos alunos, com seleções semestrais de novos integrantes,
bem como pelo envolvimento de professores não apenas do direito, mas de outras
Unidades, pois os subgrupos ao longo do tempo foram se vinculando a docentes da
sociologia, do serviço social e de cursos ligados a saúde. Isso ocorre porque, como

2
Informações dos Grupos

258
explicado, diante dos princípios da instituição, há o entendimento de que as ciências
jurídicas em quase nada ajudarão sem o envolvimento e apoio de diferentes áreas do
conhecimento, proporcionando às pessoas assessoradas atendimentos multidisciplinares.
Nesse sentido, é necessário registrar que nosso público alvo sempre foram pessoas
vulneráveis social e financeiramente, por meio de atendimentos distribuídos nos horários
dos grupos, de segunda a sábado na sede da Faculdade de Direito da UFRGS. E, às vezes,
em atividades itinerantes e eventos pontuais em comunidades de Porto Alegre/RS.
A infraestrutura utilizada resumia-se ao computador, a impressora, duas salas de
atendimento e uma sala de reuniões localizadas no espaço do SAJU dentro da Faculdade.
Ao longo dos anos, os fomentos advindos da Universidade e da Faculdade diminuíram,
dificultando a execução do projeto e sua expansão, cenário que permanece na Pandemia.
Desse modo, em 2021, o SAJU teve que remodelar quase todos os seus processos
internos e formas de atendimento - tendo em vista que quase não se tem mais acesso ao
espaço físico - realizando seleções virtuais, atendimentos virtuais através da
implementação de um formulário de atendimento 3 , criando novos cargos como Diretoria
de Comunicação, para lidar com as redes sociais e novas comissões como a de Cultura
Digital, que lida com a implementação de novas políticas que estejam de acordo com a Lei
Geral de Proteção de Dados (LGPD) e proporcionem o armazenamento seguro dos dados
sensíveis das pessoas assessoradas. Adaptando-se a realidade Pandêmica.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Os desafios impostos pela pandemia permitiram perceber que após o primeiro ano
de isolamento social, alguns procedimentos e a compilação de dados para fins de relatório
anual foram simplificados, pois por meio do formulário obtém-se gráficos quase em tempo
real, o que permite a visualização do perfil das pessoas atendidas.
No atendimento presencial, os grupos entregavam em sua maioria dados
quantitativos ao final do ano, como ocorreu em 2019, quando 1.084 pessoas foram
atendidas, totalizando 1.634 pessoas impactadas, incluindo duas comunidades atendidas.

3 Formulário de atendimento do SAJU/UFRGS

259
Em 2020 foram 741 assessorados, com atuação em 511 processos. Já em 2021, após 18 de
fevereiro (implementação oficial do novo sistema da secretaria) é possível obtermos dados
mais completos que dizem respeito ao perfil do público-alvo. Nesse sentido, das 427
pessoas que chegaram ao SAJU, 62% são brancas, com idades 25 e 39 anos (39,9%), em
sua maioria da Zona Norte da capital (28,9%), com renda mensal de menos de R$ 1.000,00
(34,4%) seguido por pessoas com renda até R$ 100,00, em sua maioria mulheres (71,4%).
Também percebeu-se que o projeto já está inserido no cotidiano e na rede das pessoas e
serviços públicos, pois dos casos que chegam 55,8% são via indicação de familiares ou
amigos, seguido por 11% via pesquisa no google e 7,8% que já foram atendidos
anteriormente, sendo o restante dividido entre encaminhamentos de serviços como a
Defensoria Pública da União, Defensoria Pública do Estado, Conselho Tutelar, CRAS,
CREAS e outras instituições públicas e coletivos. Então, acabamos suprindo uma lacuna
institucional, pois muitas vezes atuamos em demandas nas quais o Estado deveria agir.
Observa-se, assim, que a participação da comunidade é ampla, pois lidamos com a
autonomia dos assessorados sempre apontando possíveis soluções sem, no entanto, impor
algo. Diferentes esferas da vida das pessoas são impactadas pelo serviço, pois elas podem
ter suas demandas de família, moradia e consumidor atendidas em um mesmo local.
Portanto, podemos afirmar que o SAJU consiste numa das melhores experiências
da graduação, para muito além da dimensão prática da aprendizagem, pois coloca os
estudantes em contato com a realidade, tendo diversos Sajuanos afirmado que só
continuaram na graduação por participarem do projeto. A educação popular em direitos
humanos é promovida tanto por meio de formações internas dos grupos quanto para as
pessoas assessoradas.
Considerações Finais
Por fim, temos que o SAJU se mantém por meio de seu capital humano, sendo
renovado semestralmente, e por sua relação com as pessoas assessoradas e com a rede de
serviços voltados às pessoas socialmente vulneráveis. Para a sobrevivência de um projeto
dessa magnitude são necessários o engajamento e o fortalecimento de seus integrantes, por
isso o protagonismo estudantil é primordial, pois formam-se alunos mais críticos, com

260
iniciativa, espírito de liderança e preparados para seguir o caminho acadêmico ou da
prática forense, uma vez que os grupos proporcionam as duas experiências.

Referências
LIMA, Thiago Arruda Queiroz. A Assessoria Jurídica Popular como Aprofundamento (e
opção) do Conteúdo Político do Serviço Jurídico; Informações compiladas pela
Coordenação Discente sobre os grupos.

Financiamento:
Contamos com duas bolsistas, sendo uma bolsa de aperfeiçoamento PRAE disponibilizada
pela Faculdade de Direito da UFRGS e uma bolsa PROREXT ganha via edital da Pró-
Reitoria de Extensão da UFRGS.

261
A IMPORTÂNCIA DO NÚCLEO MARIA DA PENHA PARA MULHERES
HIPOSSUFICIENTES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA NA CIDADE DE
LONDRINA-PR

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenadora da atividade: Claudete CARVALHO CANEZIN
Universidade Estadual de Londrina (UEL)
Autores: A. P. M. GUSMÃO 1; A. B. C. SIMÕES 2.

Resumo:
O presente trabalho visou realçar a importância do Núcleo Maria da Penha (NUMAPE)
para o resgate da dignidade da mulher hipossuficiente vítima de violência doméstica na
cidade de Londrina - Paraná. Mediante a concessão de atendimento jurídico e psicológico
gratuito, desde 2013, o NUMAPE tem se mostrado imprescindível para desvincular as
vítimas de seus agressores. Isto porque, além de defender as vítimas no âmbito penal, atua
na realização do divórcio ou reconhecimento e dissolução de união estável, bem como na
regularização de visitas e guarda dos filhos, alimentos e partilha de bens. Para observar sua
efetividade, utilizou-se o método da experiência prática. Por fim, constatou-se que o
NUMAPE foi efetivo em desvincular a vítima do agressor.

Palavras-chave: NUMAPE; mulheres hipossuficientes; violência doméstica.

Introdução
De antemão, cumpre enfatizar a definição de violência contra a mulher, de acordo
com o artigo 1 da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência
Contra a Mulher (1994): "entender-se-á por violência contra a mulher qualquer ato ou

1
Ana Paula Marques Gusmão, graduanda em Direito pela Universidade Estadual de Londrina e vinculada ao
projeto de extensão Núcleo Maria da Penha: resgate da dignidade da mulher na violência doméstica.
2
Ana Beatriz Coutinho Simões, graduanda em Direito pela Universidade Estadual de Londrina e vinculada
ao projeto de extensão Núcleo Maria da Penha: resgate da dignidade da mulher na violência doméstica.

262
conduta baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou
psicológico à mulher, tanto na esfera pública como na esfera privada”.
Nessa toada, ressalta-se a relevância de projetos de extensão como o Núcleo Maria
da Penha no cenário atual, dado às diversas tendências conservadoras que avançam contra
o Brasil. Como é de se esperar, incertezas políticas acarretam menor garantia de direitos
fundamentais, em especial, quando se trata da histórica violência contra o gênero feminino.
Como Simone de Beauvoir já pontuava no século XX, “basta uma crise política, religiosa
ou econômica para que os direitos das mulheres sejam questionados”.
Assim, tem-se que o Núcleo Maria da Penha (NUMAPE) é um projeto de extensão
existente desde julho de 2013, coordenado pela Profa. Dra. Claudete Carvalho Canezin,
ligado ao Programa Universidade Sem Fronteiras (USF) da Superintendência Geral de
Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI), com recursos da Unidade Gestora do Fundo
Paraná (UGF) e vinculado à Universidade Estadual de Londrina (UEL) e à sua Pró-
Reitoria de Extensão, Cultura e Sociedade (PROEX).
Destaca-se que suas funções englobam prestação de atendimento jurídico e
psicológico gratuito às mulheres de baixa renda, que residam em Londrina/PR e que
gostariam de se desvincular de seus agressores, com a realização do divórcio ou
reconhecimento e dissolução de união estável, bem como a regularização de visitas e
guarda dos filhos, alimentos e partilha de bens, decorrentes da separação.

Metodologia
Para a presente pesquisa, adotou-se a metodologia da experiência prática, tratando
de um caso específico, utilizando-se de nomes fictícios, para demonstrar a efetividade do
NUMAPE.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Neste país, a assistência judiciária gratuita é um direito assegurado pelo artigo 5,
inciso LXXIV da Constituição Federal, que deixa ao encargo do Estado a obrigação de
garantir que a pessoa em situação de vulnerabilidade financeira e social tenha acesso a um
advogado, sem que tenha que prejudicar seu sustento para isso.

263
As mulheres inseridas nessa vulnerabilidade social, muitas vezes, sentem enorme
dificuldade em buscar por ajuda, quando se trata de um relacionamento abusivo e violento,
quando, em muitos dos casos, o abusador é o provedor do lar, fazendo com que essas
vítimas suportem toda a violência praticada por medo de terem a vida de seus filhos
prejudicada, colocando-se assim em uma realidade violenta e abusiva, não por vontade
própria, mas por muitas vezes não possuírem força para saírem dessa realidade de
violência em que vivem.
Neste ponto, a assistência judiciária gratuita é essencial para romper esse ciclo de
violência, pois, além de proporcionar a defesa da vítima gratuitamente, os núcleos, como o
NUMAPE, prestam também o atendimento psicológico e encaminhamento das vítimas às
autoridades competentes para o auxílio na proteção e recomeço de uma nova vida.
Partindo-se para a experiência prática, pode-se citar o exemplo paradigmático da
Sra. Ana, nome fictício adotado para evitar exposição da cliente, londrinense, que entrou
em contato, em 2020, com o Núcleo Maria da Penha, no intuito de divorciar-se do Sr. José,
nome também fictício. Durante a triagem, relatou que era casada desde 2006 e que, desde o
primeiro ano de matrimônio, foi vítima de violência doméstica, tanto com palavras
ofensivas, como agressões físicas. Houve até uma tentativa de enforcamento que não foi
denunciada.
As agressões ocorriam de 15 em 15 dias, em função das crises do ex-marido, que a
traia constantemente e tratava desse assunto em tom de deboche para com a ex-esposa.
Quando soube que a Sra. Ana também teve um relacionamento extraconjugal,
impôs condições para continuar sendo seu marido e para perdoá-la. Como por exemplo,
impôs que ela utilizasse roupas curtas e começasse a ir à academia para ficar “bonita”,
impôs que só teria relação sexual com ela se a mesma se intitulasse de “puta” ou
“prostituta”, impôs que a Requerente ingerisse bebidas alcoólicas. Além disso, costumava
propor tipos de relações sexuais que Ana não estava habituada, ficando nervoso e violento
quando havia negações.
Em determinado momento, José disse que havia adquirido uma arma de fogo e que
estava guardada com um amigo. Depois disso, começou recomendar cuidados para a ex-
esposa. Nesse contexto, pessoas estranhas começaram a aparecer na casa em horários que

264
José não estava presente. Um fato que sempre aterrorizou Ana, foi o momento no qual ele
tirou uma arma de brinquedo e apontou para ela fazendo som de tiro.
Depois de ouvir esse terrível relato, as advogadas e estagiárias do NUMAPE,
conscientes de que Ana era uma mulher hipossuficientes e sem condições de arcar com as
despesas de um processo judicial para desvincular-se de seu agressor, considerando ainda
que o ex-casal possuía dois filhos, resolveram adentrar com uma ação de divórcio litigioso
c/c partilha de bens c/c guarda c/c regulamentação de visitas c/c alimentos, na qual
pugnou-se e recebeu-se deferimento pela gratuidade da justiça a parte autora.
A Juíza da 3ª Vara de Família da Comarca de Londrina-PR, responsável pelo caso,
concedeu medida liminar e, posteriormente, homologou o divórcio das partes e as demais
questões atinentes aos infantes e à partilha de bens foram sanadas por meio de um acordo
extrajudicial intermediado pelas advogadas do NUMAPE e pela advogada da contraparte,
possibilitando, dessa forma, que a autora se livrasse de seu agressor sem custo financeiro.

Considerações Finais
Como pode-se observar neste trabalho, a assistência judiciária gratuita foi crucial
para o rompimento do ciclo de violência na vida de mulheres em vulnerabilidade
socioeconômica, e cumpriu o objetivo de analisar a eficácia do núcleo Maria da Penha, por
meio da experimentação prática.

Referências
BEAUVOIR, Simone. O Segundo sexo – fatos e mitos; tradução de Sérgio Milliet. 4 ed.
São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1980.

CONVENÇÃO INTERAMERICANA PARA PREVENIR, PUNIR E ERRADICAR


A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER, “CONVENÇÃO DE BELÉM DO PARÁ”.
Disponível em: http://www.cidh.org/basicos/portugues/m.belem.do.para.htm. Acesso em:
03 ago. 2021.

SITE DO NUMAPE. Disponível em: http://www.uel.br/nucleos/numape/ Acesso em: 03


ago. 2021.

265
BRASIL. Constituição Federal de 1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm Acesso em: 03 ago.
2021.

266
ACESSIBILIDADE E UNIVERSIDADE: UMA QUESTÃO DE CIDADANIA

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenadora: Vivian da Silva Celestino REGINATO
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Autores: M. M. DE QUADROS 1; A. P. A. DE SOUZA 2; J. V. H. V. L. NAPPI 3;
J. V.; B. E. BESTETTI 4; A. F. BÓZIO 5; V. S. C. REGINATO 6.

Resumo:
Devido ao Estatuto da Pessoa com Deficiência, desde 2015, diversas universidades têm
promovido políticas de inclusão de Pessoas com Deficiência (PcD) na educação superior e,
apesar de todo esforço, os resultados advindos dessas ações não são suficientes para
garantir a permanência de PcD nelas. Este trabalho apresenta parte dos resultados do
projeto de extensão “UFSC 100% Acessível: um cadastro rumo a cidadania”, cujo objetivo
maior é identificar demandas de acessibilidade e indicar, através de tomada de decisão,
intervenções arquitetônicas de forma a garantir o acesso e a permanência de PcD na
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Aliado aos objetivos do desenvolvimento
sustentável (ODS), tanto no eixo da redução das desigualdades quanto no eixo da paz,
justiça e instituições fortes, em seu segundo ano de pandemia de Coronavírus, o projeto
focou na realização de análises advindas de pesquisas remotas do público interno e externo
à UFSC para identificar problemas relacionados à acessibilidade arquitetônica no campus
central da UFSC. Além de diversos problemas de acessibilidade verificados se concluiu
também que, o método aplicado se mostrou válido para indicar as intervenções que se
fazem necessárias e integrou os alunos na vivência prática de problemas de acessibilidade,
fortaleceu e ampliou a formação humana e cidadã de todos.

1
Marilene Maria de Quadros, aluna [Antropologia], bolsista PROBOLSAS.
2
Ana Paula Albrecht de Sousa, aluna [Psicologia], bolsista PROBOLSAS.
3
João Victor Hernandes Vianna Lemos Nappi, aluno [Engenharia Civil], bolsista do PET Civil.
4
Bruno Eduardo Bestetti, aluno [Engenharia Civil], bolsista do PET Civil.
5
André Felipe Bózio, aluno pós-graduação [Engenharia de Transportes e Gestão Territorial].
6
Vivian da Silva Celestino Reginato, docente [Engenharia Civil].

267
Palavras-chave: pessoas com deficiência (PcD); multidisciplinaridade; intervenção
arquitetônica.

Introdução
Desde 2015 o Ministério da Educação passou a exigir que os cursos superiores se
adequem aos requisitos relativos à acessibilidade (BRASIL, 2015), o que tem promovido
políticas de inclusão de Pessoas com Deficiência (PcD) aos meios acadêmicos. Porém,
essas ações não são suficientes para garantir a permanência de PcD no ensino superior.
Pensando na redução das desigualdades e na promoção da paz e justiça dentro da
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o projeto de extensão “UFSC 100%
acessível – um cadastro rumo à cidadania” foi desenvolvido para colaborar na tomada de
decisão acerca da acessibilidade arquitetônica nas estruturas físicas da universidade com
uma abordagem centrada no usuário PcD. O ensino de topografia, que abrange a pesquisa
em geodésia, foi repassado aos alunos de engenharia civil, na prática, durante a execução
dos levantamentos. Também foram produzidos relatos de experiência pela estudante de
antropologia PcD e, para integrar a comunidade na execução do projeto, foi desenvolvido
um questionário pela estudante de psicologia. O objetivo deste trabalho é identificar
demandas de acessibilidade e indicar, através de tomada de decisão, intervenções
arquitetônicas de forma a garantir o acesso e a permanência de PcD na UFSC.

Metodologia
Para atingir aos objetivos definidos foram realizados levantamentos cadastrais in
loco no prédio I da Reitoria e na Biblioteca Universitária (BU), através de trena e croquis,
utilizando como referência a NBR 9.050 (ABNT, 2004) e também foram realizados
mapeamentos remotos de trajetos em forma de relatos de experiência, utilizando o
SIGWEB UFSC e imagens do Google Maps e Street View. Desta forma foi possível
identificar as barreiras arquitetônicas e produzir projetos de intervenção arquitetônica,
através do uso do software AutoCAD, para adaptar os espaços. Foi elaborado um
questionário on line que foi repassado ao público interno e externo à UFSC para identificar
as demandas de acessibilidade a partir das informações e vivências dos discentes, docentes,

268
técnicos-administrativos, moradores ou trabalhadores do entorno do campus central da
UFSC que são PcD ou não ou que possuem mobilidade reduzida.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Nos levantamentos in loco realizados pelos estudantes puderam ser identificados
vários problemas relativos a acessibilidade nos sanitários, rampas de acesso, entre outros,
tanto no prédio I da reitoria quanto na BU. Foi produzido um projeto de intervenção para o
banheiro do primeiro piso do prédio I da reitoria e também foram indicados os problemas
relativos às inclinações de rampas e largura de portas que estavam fora das recomendações
da NBR 9.050. Cita-se que o prédio da reitoria está em reforma durante o ano de 2021 para
se adequar as demandas de acessibilidade descritas na NBR citada. Já o mapeamento
remoto realizado pela estudante de antropologia, usuária de cadeiras de rodas, utilizou sua
memória e percepção do tempo de ensino presencial. Foram identificados inúmeros
problemas de acessibilidade como: dificuldades para entrar no transporte coletivo com
cadeiras de rodas devido ao desnível da parada do ônibus, presença de estacionamento de
motos na parada que impede a passagem de cadeira de rodas para a calçada, inúmeros
buracos em calçadas, presença de degraus nos caminhos, ausência de rampas de acesso,
entre muitos outros. O questionário desenvolvido pela estudante de psicologia conteve 33
questões com respostas objetivas e descritivas e foi amplamente divulgado nas redes
sociais. Da análise do questionário foi possível identificar as estruturas mais utilizadas na
universidade como: restaurante universitário, bancos/caixa eletrônico, livraria, biblioteca
universitária e a feirinha. As deficiências ou necessidades específicas relatadas foram:
ausência congênita da mão direita e hemiparesia; deficiência física; deficiência física de
lesão medular; deficiência física múltipla; dificuldade de caminhar (bengala); fibromialgia.
Alguns participantes relataram o uso de cadeira de rodas e bengala. 9,7% dos respondentes
já fez requerimento junto à UFSC para obter: acessibilidade para uso de cadeira de rodas;
acessibilidade para pessoas com baixa visão; acesso a aparelhos e materiais para estudante
PcD; alteração da sala de aula para o andar térreo e; carteiras para canhotos. 8,1% dos
respondentes já enfrentou alguma dificuldade como: falta de acessibilidade arquitetônica
e/ou indisponibilidade de pessoal para auxiliar as PcD. Em relação às barreiras já

269
enfrentadas em algum campus da UFSC foram assinaladas barreiras arquitetônicas
(40,3%), barreiras comunicacionais e informativas (37,1%), barreiras tecnológicas
(27,4%), barreiras metodológicas e pedagógicas (22,6%), barreiras atitudinais (17,7%) e
outra (16,1%). Resumindo, no quesito arquitetônico, 53,2% dos respondentes responderam
que a UFSC está preparada para receber PcD, mas precisa melhorar e 46,8% responderam
que a UFSC não está preparada. Nenhum respondente assinalou que a UFSC está
totalmente acessível. Além disso, foi solicitado para os participantes que descrevessem os
trajetos e os espaços que utilizam na UFSC em relação à acessibilidade, onde diversos
problemas foram relatados. Além do mais, pelo menos, um respondente já pensou em
desistir da vida acadêmica por falta de acessibilidade.

Considerações Finais
Através do trabalho produzido foi verificado que existem inúmeros problemas
relativos à acessibilidade no campus central da UFSC, o que permitiu concluir que, o
método se mostrou válido e útil na identificação de demandas de intervenção e que as
mesmas já estão ocorrendo no ambiente da universidade. Outro impacto positivo é que a
UFSC também adotou a política de cotas para PcD na pós-graduação, o que pode aumentar
a permanência de PcD na universidade. Considera-se que a utilização de PcD em um
projeto de acessibilidade é muito importante devido ao olhar diferenciado e a vivência
cotidiana destas pessoas, o que humaniza o restante da equipe e diminui as desigualdades
geradas pelas deficiências. Em relação à abrangência, ampliar o espaço da universidade de
forma qualitativa, justa e integradora, é questão de cidadania, e pode servir de parâmetro
para a implantação de políticas de acessibilidade nas demais instituições que cumprem uma
função social e prestam serviços à comunidade, sendo este o principal impacto social
esperado por este projeto.

Referências
Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9.050: Acessibilidade a edificações,
mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.

270
Brasil. Lei Nº 13.146: Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência
(Estatuto da Pessoa com Deficiência). Brasília: 6 de julho de 2015.

Google Maps. Home page. Disponível em: https://www.google.com/maps/search/ufsc/@-


27.5993957,-48.6614513,11z. Acesso em 10 de junho de 2021.

SIGWEB UFSC. Home page. Disponível em: https://dgi.sistemas.ufsc.br/. Acesso em 10 de


junho de 2021.

271
AÇÕES AFIRMATIVAS PARA A VALORIZAÇÃO INDÍGENA LOCAL

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenadora da atividade: Eliza Terres CAMARGO
Instituto Federal de Educação, Ciência, e Tecnologia do Rio Grande do Sul
- Campus Rio Grande (IFRS)
Autores: A. R. BILHALVA 1; K. S. GUIMARÃES 2.

Resumo:
A invisibilidade das histórias e culturas indígenas na cidade do Rio Grande pactua com o
comportamento da sociedade brasileira desde o momento da colonização. Vários
dispositivos legais surgiram, visando fortalecer esses povos e sua cultura. Nesse mesmo
viés, um Projeto de Extensão do NEABI IFRS Rio Grande em 2020 buscou promover
ações afirmativas para o reconhecimento e a valorização dos Povos Tradicionais,
embasado em alguns desses instrumentos legais. Entretanto, com o contexto da pandemia
de COVID-19, novos desafios surgiram, exigindo adaptações metodológicas, como a
atuação online e à distância, fato que não impediu o desenvolvimento de ações de extensão
integradas às esferas Ensino e Pesquisa. Foi possível realizar a monitoria remota de alunas
indígenas, produzir material didático e científico, e promover um curso sobre a temática.
Os efeitos dessas ações foram avaliadas, tanto pelos próprios indígenas beneficiados,
quanto pelo público que participou do curso. Portanto, o projeto foi concluído obtendo
muitos resultados, e a partir dele, novos projetos e ações estão sendo desenvolvidos,
visando integrar a multiculturalidade e valorizar a heterogeneidade étnico-cultural do
município, para além do Núcleo, alcançando a sociedade dentro e fora da academia.

Palavras-chave: indígena; extensão; NEABI.

Introdução
A presença dos Povos Indígenas no município do Rio Grande forma uma população
pluriétnica e multicultural, onde atualmente estão instaladas em seu território três aldeias, a
1
Aline Rodrigues Bilhalva, aluna do Curso Técnico em Enfermagem.
2
Kevem Solano Guimarães, aluno do Curso Técnico em Geoprocessamento do IFRS.

272
Aldeia Guarani Mbyá chamada Y’yrembé, a Aldeia Kaingang de nome Goj Tánh e a
Aldeia Guarani Mbyá Pará Rokê.
Historicamente, as culturas indígenas e suas representações foram invisibilizadas
pela sociedade colonizadora no Brasil. O indígena é estereotipado como um ser místico,
adornado com penas, que vive nu e gosta de ganhar espelhos de presente.
A sociedade brasileira ainda não assimilou toda a informação necessária para
conhecer minimamente os Povos Indígenas do Brasil. Nessa perspectiva, as instituições de
educação têm papel fundamental na luta pela visibilidade da cultura dos Povos Indígenas,
valorização dos saberes, desconstrução do estereótipo e reconhecimento do legado desses
Povos para a sociedade atual. Tendo em vista a ‘desvalorização’ e invisibilidade dos Povos
Indígenas, são necessários atividades, estudos e ações afirmativas que abordem a temática,
que demonstrem e manifestem tais culturas para toda a comunidade, externa e interna
(indígena/não indígena, estudante/não estudante, etc), a fim de afirmarem sua existência e
sua resistência.
Portanto, o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (NEABI) do Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) - Campus Rio
Grande desenvolveu o Projeto “Reconhecimento e Visibilidade da Cultura Indígena
Presente no Município do Rio Grande”, que teve como objetivo concretizar a
implementação das ações afirmativas, para trazer à comunidade indígena residente no
município a visibilidade e a valorização da real história e culturas indígenas brasileiras,
amparando e empoderando os indígenas residentes no município do Rio Grande.
O projeto é amparado pela legislação indigenista vigente, entre elas: a Lei nº 11.645
(BRASIL, 2008), que inclui no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da
temática; o Decreto nº 4.886 (BRASIL, 2003) que institui a “Política Nacional da
Promoção da Igualdade Racial”; o Estatuto do Índio (BRASIL, 1973); a Convenção nº 169
da Organização Internacional do Trabalho (OIT, 2011); a Declaração dos Direitos dos
Povos Indígenas (NAÇÕES UNIDAS, 2008); entre outras.

273
Metodologia
A pandemia gerada pela COVID-19 não impediu que o NEABI seguisse
desenvolvendo o que é proposto em suas competências. Assim, o Núcleo se adaptou à nova
realidade imposta, promovendo ações de forma remota e utilizando as mídias digitais para
alcançar uma maior visibilidade a ele.
Esse projeto teve início no mês de setembro de 2020 e contou com dois bolsistas.
Para promover a troca de conhecimentos entre a comunidade acadêmica do IFRS e a
comunidade das aldeias presentes no município, o NEABI e o Conselho Municipal dos
Povos indígenas do Rio Grande (CMPIRG) iniciaram uma parceria, a qual os membros
desse projeto e do Conselho promoveram reuniões internas para melhor compreensão da
história indígena do município. Também contou com as parcerias da Coordenadoria
Municipal dos Povos Indígenas, e da Secretaria de Município de Cidadania e Assistência
Social.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Foram realizadas diversas ações como a monitoria para as duas primeiras
estudantes indígenas do campus, as quais ingressaram na instituição em 2020. Por conta
da pandemia que afetou o mundo inteiro, o NEABI através deste projeto realizou a
monitoria de forma remota, auxiliando as alunas nas aulas e na interação com o curso e
com os professores.
Para as aldeias, foi feita a aquisição de material para confeccionar seu artesanato
tradicional e ministradas aulas de e-commerce pelos bolsistas.
Além disso, o projeto idealizou e montou, juntamente com o projeto “Causa Negra
e Educação”, uma cartilha para estudantes. Os projetos criaram banners para uso do
NEABI e das aldeias indígenas em suas ações. Cada aldeia do município recebeu um
banner, que traz informações da cultura, história e imagens das comunidades.
O projeto promoveu um Curso com as lideranças indígenas da cidade e participou
de vários eventos, como forma de espalhar o conhecimento sobre suas culturas. Avaliamos

274
que essas ações repercutiram de forma positiva para os indígenas beneficiados e para o
público que participou dos eventos, através do feedback que recebemos de todos.

Considerações Finais
O projeto obteve muitos resultados conforme citados a seguir: Apresentação Oral
online de resumo na “VI Semana em Favor de Igualdade Racial” - Universidade Federal do
Acre; Apresentação Oral online de resumo na IV MEPERG - Mostra de Ensino, Pesquisa e
Extensão - IFRS Campus Rio Grande; Submissão de trabalho no 5º Salão de Pesquisa,
Extensão e Ensino do IFRS; Submissão de artigo na Revista Viver IFRS; Organização e
realização da oficina “Conhecendo a cultura indígena do Rio Grande”, na plataforma
Even3; Permanência das alunas indígenas na instituição; Entrega dos materiais
informativos às aldeias municipais e à comunidade.
Como já esperado desde o início do projeto, haveria dificuldade de contato com as
aldeias e com a comunidade em geral por conta da pandemia e pelo projeto estar sendo
totalmente remoto, mas todos os membros do projeto obtiveram um grande aprendizado
durante esse período. Temos a perspectiva de continuar com as ações afirmativas, através
de projetos promovidos pelo NEABI, para aumentar a visibilidade e o reconhecimento dos
povos indígenas.

Referências
BRASIL, Lei nº 6.001, de 19 de dezembro de 1973. Dispõe sobre o Estatuto do
Índio. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6001.htm. Acesso em: 14
jul. 2021.

BRASIL, Decreto nº 4.886 de 20 de novembro de 2003. Institui a Política Nacional de


Promoção da Igualdade Racial - PNPIR e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2003/d4886.htm. Acesso em: 14 jul.2021.

BRASIL, Lei nº 11.645 de 10 de março de 2008. Altera a Lei no 9.394, de 20 de


dezembro de 1996, modificada pela Lei no 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece
as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de
ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e
Indígena”. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2008/lei/l11645.htm. Acesso em: 14 jul.2021.

275
NAÇÕES UNIDAS, Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos
Indígenas. UNIC, Rio, 2008. Disponível em:
https://www.acnur.org/fileadmin/Documentos/portugues/BDL/Declaracao_das_Nacoes_U
nidas_sobre_os_Direitos_dos_Povos_Indigenas.pdf. Acesso em: 14 jul.2021.

OIT, Convenção n° 169 sobre povos indígenas e tribais e Resolução referente à ação
da OIT / Organização Internacional do Trabalho. - Brasília: OIT, 2011 1v. Disponível em:
http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Convencao_169_OIT.pdf. Acesso em:
14 jul.2021.

Instituição Financiadora:
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul

276
AÇÕES DE PROTEÇÃO E DEFESA DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
DESENVOLVIDAS PELO NEDDIJ GUARAPUAVA

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenador(a) da atividade: Andressa KOLODY
Nome da Universidade: Universidade Estadual do Centro Oeste (UNICENTRO)
Autores: KOLODY 1; A. FRANCESCHI 2; E. CRISTINA SILVA DE LIMA 3; F. APARECIDA
MIZERSKI DE OLIVEIRA 4; M. NEDOPETALSKI BRANDALISE 5.

Resumo:
Este artigo analisa os resultados das ações desenvolvidas pelos/as extensionistas do projeto de
extensão intitulado Núcleo de Estudos e Defesa dos Direitos da Infância e da Juventude
(NEDDIJ), no período entre julho de 2019 a julho de 2021. A metodologia adotada é o relato
de experiência, a pesquisa bibliográfica e a pesquisa documental. O texto apresenta e
problematiza o nível de alcance de cada um dos objetivos do projeto destacando a sua
contribuição para o fortalecimento do Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do
Adolescente (SGDCA) e para a construção de processos formativos ampliados.

Palavras-chave: Convivência Familiar e Comunitária; Criança e Adolescente;


Multidisciplinaridade.

Introdução
O NEDDIJ Guarapuava é um projeto de extensão financiado pela Unidade Gestora do
Fundo Paraná – UGF vinculada a Superintendência Geral e Ciência, Tecnologia e Ensino
Superior – SETI e coordenado pelo Departamento de Serviço Social da Universidade Estadual
do Centro Oeste (UNICENTRO). Na edição analisada, o projeto buscou através da equipe

1
Andressa Kolody, coordenadora, Neddij/Guarapuava.
2
Anderson Franceschi, advogado, bolsista, Neddij/Guarapuava.
3
Elen Cristina Silva de Lima, assistente social, bolsista, Neddij/Guarapuava.
4
Flávia Aparecida Mizerski de Oliveira, psicóloga, bolsista, Neddij/Guarapuava.
5
Mayara Nedopetalski Brandalise, advogada, bolsista, Neddij/Guarapuava.

277
multidisciplinar, formada por profissionais e acadêmicos/as das áreas do Serviço Social, da
Psicologia e do Direito, e em articulação com os demais atores do SGDCA, desenvolver ações
de promoção e defesa de direitos fundamentais de crianças e adolescentes da Comarca de
Guarapuava.
Nesses 25 meses o projeto de extensão atuou na formulação de soluções
comprometidas pessoal e institucionalmente com o impacto e a transformação social
especialmente do direito à convivência familiar e comunitária de crianças e adolescentes.
Nesse sentido os objetivos específicos se referiam diretamente ao fortalecimento desse direito,
na criação de estratégias que favoreçam o acesso da comunidade à justiça e aprendizados
profissionais interdisciplinares.
No período em análise, o trabalho foi organizado em três linhas: i) ações de defesa do
direito à convivência familiar e comunitária: ii) ações preventivas e iii) articulação
intersetorial junto ao SGDCA e práticas de controle social democrático. Sendo que os/as
extensionistas atuaram junto a núcleos familiares de crianças e adolescentes, com vínculos
fragilizados e/ou rompidos, em virtude de comportamentos parentais de abandono material
e/ou afetivo, proibição de convivência, violência doméstica e intrafamiliar e alienação
parental. Ao todo, o projeto alcançou 8.635 pessoas entre crianças, adolescentes e adultos,
tendo sido procurado prioritariamente devido às questões de abandono material e afetivo, e
sobretudo, por mulheres.

Metodologia
O NEDDIJ-Guarapuava utiliza-se das práticas educativas como metodologia de
trabalho, tendo como base a extensão comunicativa, ou seja, a interação com a comunidade é
pautada por uma relação horizontal e as ações profissionais buscam promover a
interdisciplinaridade. O artigo em tela é resultado das discussões entre a equipe durante a os
processos de planejamento e gestão, da revisão bibliográfica e da revisão documental dos

278
relatórios multidisciplinares produzidos semestralmente pela equipe técnica e professores
orientadores.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Para o desenvolvimento das atividades do NEDDIJ-Guarapuava, foram elaborados
planos de trabalhos por área e multidisciplinar. Os planos semestrais multidisciplinares
traçaram as linhas de ação para o alcance dos objetivos do projeto, estabelecendo interações e
fluxos entre as três áreas de conhecimento. A implementação das ações foi monitorada durante
as reuniões da equipe técnica, orientação mensal multidisciplinar e, avaliadas ao final de cada
semestre, sendo a síntese organizada em relatórios semestrais.
A seguir apresenta-se os resultados alcançados por esse grupo de trabalho e a
contribuição dessa vivência para o fortalecimento do Sistema de Garantia de Direitos e para a
formação profissional dos/as envolvidos/as.
O protocolo de atendimento implantado pela equipe profissional permitiu conhecer as
diferentes realidades vividas pelos sujeitos sociais, compreender a dinâmica familiar nas suas
potencialidades e fragilidades e propor um fluxo de intervenção correspondente a necessidade
de proteção da criança e do adolescente o que i) contribuiu para ampliação da proteção
integral e prioridade absoluta de crianças e adolescentes a partir do fortalecimento do
direito à convivência familiar e comunitária; ii) possibilitou processos ampliados de
acesso à justiça e iii) fortaleceu práticas extrajudiciais de resolução de conflitos.
O alcance desses objetivos se deu por meio da realização de 31 ações socioeducativas,
presenciais e remotas; 182 publicações nas redes sociais e 18 Drops 6 para ser veiculados
durante as programações diárias da rádio Universitária, sobre a área da criança e do
adolescente.
Além disso, foram realizados 750 atendimentos jurídicos, 233 atendimentos sociais,
204 atendimentos psicológicos; 3.021 orientações e 354 atendimentos multidisciplinares, que,

6
Áudios curtos sobre os direitos das crianças e adolescentes.

279
sobretudo, em razão da Pandemia de Covid-19, ensejaram a realização de 6.782 interações
com a comunidade via WhatsApp e 6.147 interações através de ligações telefônicas. As
intervenções profissionais resultaram em 479 encaminhamentos para a Rede PCA 7, 15
orientações para adoção, 535 ajuizamentos de ações e 187 acordos extrajudiciais.
O iv) desenvolvimento de pesquisas e aprendizados profissionais interdisciplinares
na área da criança e do adolescente foi possível por meio de 150 encontros 8 de estudos
dos/as membros do projeto; da elaboração e apresentação de 14 trabalhos científicos e 31
participações em eventos sobre a extensão universitária e temas afetos à área da criança e do
adolescente, de 196 reuniões de equipe, 200 reuniões da equipe técnica, da construção de 04
planos de trabalhos multidisciplinares. Considera-se que o atendimento multidisciplinar
mencionado anteriormente contribui significativamente para o alcance desse objetivo.
No período de execução do projeto, a equipe se esforçou em construir diálogos
horizontais com as famílias e representantes da Rede de Proteção. Assim, mais que ajuizar
ações, buscou-se refletir com os responsáveis (seja da sociedade, Estado ou família), as formas
e estratégias de proteção a fim de defender e garantir o acesso aos direitos de meninos e
meninas. Esses resultados apontam para as v) contribuições do projeto para o cumprimento
da função social da universidade pública a partir da extensão comunicativa.
Reconhecendo a importância da articulação entre profissionais, equipamentos e
serviços de proteção na área da criança e do adolescente, a equipe participou de 15 reuniões da
Rede PCA; 11 reuniões do Conselho Municipal da Criança e ao Adolescente e 6 reuniões do
Comitê de Enfrentamento de Violências à Criança e ao Adolescente. Tendo nesse período
ofertado uma formação específica para conselheiros tutelares. Nesse sentido é possível afirmar
que houve esforços significativos para o vi) fortalecimento do SGDCA.

Considerações Finais

7
Rede de Proteção à Criança e o Adolescente da Comarca de Guarapuava/PR
8
Contando eventualmente com a presença de pessoas de referência na área da criança e adolescente ou através de
indicações de bibliografias e participação de eventos online e produção de artigos científicos.

280
No projeto, o impacto e a transformação social envolve, ao mesmo tempo, a
transformação da comunidade e da universidade, visto que, os/as extensionistas foram
colocados em contato com questões da realidade, que figuraram como desafios concretos,
mobilizando o ensino e a pesquisa para enfrentá-los e resolvê-los. Nesse processo, a equipe foi
instada a analisar, planejar, estudar, interagir, se posicionar e articular, ampliando
competências e habilidades, já que, esses processos potencializaram aprendizagens de caráter
conceitual, atitudinal e procedimental. Nesse sentido, os resultados alcançados apontam para
aprendizados interdisciplinares e uma inserção comunitária significativa, especialmente no que
se refere aos processos de prevenção à violação e defesa do direito à convivência familiar e
comunitária. Assim, pode-se afirmar que as vivências extensionistas no âmbito do NEDDIJ,
contribuíram para o cumprimento da função social da universidade.

Referências
Síntese da Proposta do Núcleo de Estudos e Defesa de Direitos da Infância e da Juventude.
Disponível em: https://sguweb.unicentro.br/webrel/webrel.php?id=97&idf=5d0ecfb0-d8f8-
44a3-80e4-503ac8c90a2

281
ASSESSORIA À CEVES NA IMPLANTAÇÃO DO PLANO MUNICIPAL DE
ENFRENTAMENTO ÀS VIOLÊNCIAS CONTRA CRIANÇAS E
ADOLESCENTES - PONTA GROSSA

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenador(a) da atividade: Danuta Estrufika Cantóia LUIZ
Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)
Autores: K. SANTOS 1; L. ROCHA 2; B. SILVA3.

Resumo:
Neste artigo, abordamos sobre o projeto de Assessoria do Núcleo de Estudos, Pesquisa,
Extensão e Assessoria Sobre a Infância e Adolescência - NEPIA À Comissão Municipal
Intersetorial de Enfrentamento às Violências contra Crianças e Adolescentes - CEVES,
ambos do município de Ponta Grossa, na implantação do Plano Municipal de
Enfrentamento às Violências contra Crianças e Adolescentes do município de Ponta
Grossa, Paraná. Um dos objetivos desta assessoria é a contribuição para o processo de
enfrentamento à violência visando a ampliação, articulação e fortalecimento do Sistema de
Garantias de Direitos (SGD) através de atividades de mobilização da comunidade com
ações preventivas e educativas. A equipe, que conta com professoras, assistentes sociais e
acadêmicos de serviço social, foi responsável por auxiliar na construção deste Plano para o
município, a partir da assessoria técnico-acadêmica, através de reuniões online (devido a
pandemia), evidenciando desta forma o papel da extensão universitária junto a comunidade
e a academia.

Palavras-chave: Assessoria; Garantias de Direitos; Criança e Adolescente; Violências.

1
Kimberly Juliana dos Santos, UEPG (acadêmica de Serviço Social).
2
Luiza Stelle Linhares da Rocha, UEPG (acadêmica de Serviço Social).
3
Brenda Sthéfany Brito Correa da Silva, UEPG (acadêmica de Serviço Social).

282
Introdução
O fenômeno da violência contra crianças e adolescentes está presente ao longo da
trajetória da humanidade. Para Minayo (2001), todo ato ou omissão capazes de causar
danos físicos, sexuais e psicológicos à vítima é considerado violência, pois provoca uma
negação do direito que a crianças e adolescentes têm, enquanto sujeitos e pessoas em
condições especiais de crescimento e desenvolvimento. Considerando esta afirmação, a
assessoria à Comissão Municipal Intersetorial de Enfrentamento às Violências contra
Crianças e Adolescentes - CEVES, trabalha na perspectiva de contribuir na implantação do
Plano Municipal de Enfrentamento às Violências Contra Crianças e Adolescentes no
município de Ponta Grossa/PR. Segundo a própria CEVES este plano tem objetivos, metas
e ações voltados à garantia de direitos a este segmento populacional. Enquanto um projeto
de extensão, está vinculado ao tripé de ensino que alicerça o ensino superior, e articula-se
com as atividades de pesquisa e ensino, contribuindo com um aprendizado integral, através
da vivência de prática, teorias e instrumentos técnicos. A assessoria no Serviço Social se
apresenta como uma prática profissional de socialização de informações e conhecimentos,
onde se viabilizam direitos e se tem a rica experiência das contradições dentro campo de
correlações de forças (SOUZA, 2016). O objetivo do trabalho é ressaltar sobre como é
realizada a assessoria à CEVES na implantação do Plano Municipal de enfrentamento às
violências contra crianças e adolescentes.

Metodologia
A assessoria técnico-acadêmica à Comissão Municipal Intersetorial de
Enfrentamento às Violências contra Crianças e Adolescentes - CEVES acontece por meio
das reuniões sistemáticas mensais, e/ou com periodicidade menor (conforme a demanda),
com os profissionais da rede de proteção de crianças e adolescentes de Ponta Grossa.
Dispõe de aporte teórico-metodológico, buscando a construção coletiva de programas,
ações, estratégias que compõem políticas públicas para o enfrentamento às violências
contra crianças e adolescentes, a partir de um espaço de debate democrático e participativo
com os integrantes da comissão e profissionais da rede de proteção. As propostas firmadas
pela comissão, são encaminhadas ao Conselho Municipal da Criança e do Adolescente -
CMDCA, onde são aprovadas e socializadas com os profissionais e a sociedade.

283
Desenvolvimento e processos avaliativos
No município de Ponta Grossa/PR o Conselho Municipal da Criança e do
Adolescente (CMDCA) foi criado em 1990, como conselho paritário com representantes
governamentais e não governamentais. Tendo como responsabilidade elaborar juntamente
com os atores de proteção da criança e do adolescente, políticas públicas voltadas a esse
público, também tem o dever de fiscalizá-las. Desse modo, em 2004 foi criado pelo
município a Comissão Municipal Intersetorial de Enfrentamento às Violências contra a
Criança e o Adolescente - CEVES, como um órgão consultivo do CMDCA. Como exposto
no artigo 2º do decreto 613 de 2004, a função prioritária desta comissão é a formulação de
propostas de políticas públicas que atendam às crianças e adolescentes que estão em
situação de violência. Também tem como responsabilidade, a mobilização da comunidade
em geral com ações preventivas e educativas nesta área. Portanto, a comissão tem como
papel principal formular ações e estratégias de enfrentamento às violências. Esta comissão
é composta por vários representantes da Rede de Proteção à Criança e ao Adolescente em
situação de risco, incluindo o Núcleo de Estudos, Pesquisa, Extensão e Assessoria sobre a
Infância - NEPIA, o qual lhe presta assessoria nas práticas e estudos sobre a temática,
instrumentalizando e fortalecendo a CEVES no desenvolvimento de seus propósitos.
Durante o ano de 2020 e 2021 foi realizada a construção e publicização do Plano
Municipal de Enfrentamento às Violências contra Crianças e Adolescentes do município
de Ponta Grossa, Paraná, este plano foi construído juntamente com os profissionais
participantes da CEVES. Refere-se a um Plano Plurianual (2021-2024), de enfrentamento
das diferentes modalidades de violência contra este segmento, obtendo como propósito a
articulação das ações de forma intersetorial.
Devido ao isolamento social ocasionado pela pandemia COVID-19, as reuniões de
construção foram realizadas no formato online, pela plataforma google meet, contando
com representantes de órgãos estaduais, municipais, e de segmentos organizados da
sociedade civil. Mesmo com todos os desafios presentes nesse período, a Comissão
conseguiu concluir a construção do plano, sendo publicado em maio de 2021, durante a VI
Semana de Enfrentamento às Violências contra Crianças e Adolescentes, realizada pelo
NEPIA em parceria com a CEVES. A Semana contou com lives sobre a temática, pactos

284
com o poder judiciário, legislativo e executivo, alusiva ao Dia Nacional de Combate ao
Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.
Atualmente o NEPIA vem desenvolvendo uma proposta de monitoramento para
acompanhar o desenvolvimento das ações realizadas no processo de implantação do Plano
Municipal de enfrentamento às violências contra crianças e adolescentes. A estratégia para
tanto tem sido a definição de indicadores quali e quantitativos por meta estabelecida no
Plano. Nas palavras de Kayano et al (2002) os indicadores têm como função avaliar
desempenhos e legitimar determinada política pública “são importantes instrumentos para
disponibilizar informações básicas para a construção de diagnósticos sobre a realidade
social e, portanto, são criados não apenas para avaliar, mas antes, para subsidiar e amparar”
(KAYANO et al, 2002, pg.4).

Considerações Finais
O NEPIA se tornou um programa de extensão no início de 2021, e o projeto de
assessoria a CEVES é um dos projetos que o compõem. Esta ampliação do trabalho
extensionista é um elemento importante para enfatizar, pois demonstra que buscamos a
atualização e o compromisso diante das políticas de atendimento às crianças e
adolescentes. A realização de pesquisas, eventos, capacitações e principalmente assessoria
às organizações que executam as políticas públicas municipais na área, se constitui
originalmente numa das suas principais ações do NEPIA / Projeto de Assessoria. A
assessoria técnico-acadêmica nos proporciona um contato direto com outras instituições e
profissões, permitindo a ampliação de atividades que visem o enfrentamento às violências
numa perspectiva municipal. Sendo assim, consideramos a prática de assessoria às
organizações de caráter público, fundamental, tanto para a formação acadêmica, quanto
para a profissional, visto que representa um instrumento para intervir na realidade social.

Referências
PONTA GROSSA. Decreto nº 613, de 24 d e novembro de 2004. Cria a Comissão
Municipal Permanente de Estudo, Análise e Enfrentamento às Violências Físicas,
Psicológicas e Exploração Sexual - CEVES. Disponível em:
http://leismunicipa.is/dkgsm. Acesso em: 12/09/2020.

285
CEVES. Plano Municipal de enfrentamento às violências contra crianças e
adolescentes (2021-2024).

CONSELHO MUNICIPAL DOS DIREITOS DAS CRIANÇAS E DOS


ADOLESCENTES, Ponta Grossa, 2021.

KAYANO, J. et al. Indicadores para o diálogo. São Paulo, 2002.

MINAYO, M. S. Violência contra crianças e adolescentes: questão social, questão de


saúde. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil. Recife, 1(2):91-102, 05-08., 2001.

SOUZA, N. N. ASSESSORIA E CONSULTORIA: competência técnica da (o) assistente


social. II Congresso de Assistentes Sociais do Estado do Rio de Janeiro. Conselho
Regional de Serviço Social Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2016.

286
CONSIDERAÇÕES SOBRE A ELABORAÇÃO DO CURSO DE
MULTIPLICADORES (AS) PARA ENFRENTAMENTO DA VIOLÊNCIA
DOMÉSTICA E/OU FAMILIAR CONTRA A MULHER

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenador(a) da atividade: Maria Cristina Rauch BARANOSKI
Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)
Autores: Letícia Boratto MONTEIRO 1; Arthemis DISTEFANO do Carmo 2; Luiza
Regiane Gaspar IENKE3 ; Maria Cristina Rauch BARANOSKI4

Resumo:
Este artigo apresenta uma análise sobre a execução e os resultados obtidos no decorrer do
projeto “Curso de multiplicadores(as) para enfrentamento da violência doméstica e/ou
familiar contra a mulher”, desenvolvido pelo Núcleo Maria da Penha da Universidade
Estadual de Ponta Grossa (NUMAPE-UEPG). O objetivo do projeto é criar uma rede de
combate à violência doméstica e/ou familiar contra a mulher, dentro da comunidade
escolar, através da formação de alunos multiplicadores, com o intuito de que os mesmos
desenvolvam ações em suas escolas para que o conhecimento sobre a temática chegue a
todos os seus colegas de classe e professores. Ao fim do curso, pode-se concluir que o
objetivo do projeto foi atingido, considerando que os participantes manifestaram real
interesse em agir dentro da comunidade escolar, contra a violência de gênero.

Palavras-chave: comunidade escolar; formação de multiplicadores; violência contra a


mulher.
Introdução
O presente artigo busca apresentar e analisar os objetivos, métodos e resultados do
projeto “Curso de multiplicadores(as) para enfrentamento da violência doméstica e/ou

1
Letícia Boratto Monteiro, aluna extensionista bolsista [Bacharelado em Psicologia na UNICESUMAR].
2
Arthemis Distefano do Carmo, aluna extensionista bolsista [Bacharelado em Direito na Universidade
Estadual de Ponta Grossa- UEPG].
³ Luiza Regiane Gaspar Ienke, aluna extensionista bolsista [Bacharelado em Serviço Social na Universidade
Estadual de Ponta Grossa – UEPG].
4
Maria Cristina Rauch Baranoski, coordenadora [Professora Doutora em Direito na Universidade Estadual
de Ponta Grossa - UEPG].

287
familiar contra a mulher”, desenvolvido pelo Núcleo Maria da Penha da Universidade
Estadual de Ponta Grossa (NUMAPE-UEPG). No desenvolvimento do artigo serão
apresentados quais materiais foram utilizados para a execução do curso, quem participou
das reuniões, por quem o curso foi ministrado, e quais são os objetivos desse projeto. Em
sua conclusão, será possível observar os impactos que o curso gerou em seu público alvo.

Metodologia
O curso de formação de multiplicadores(as) para enfrentamento da violência
doméstica e/ou familiar contra a mulher, foi desenvolvido por toda a equipe do NUMAPE/
UEPG e executado pelos acadêmicos extensionistas, sob orientação das professoras
orientadoras e profissionais. O público alvo delimitado para a participação no curso foi
formado por alunos e professores do ensino médio, que demonstraram interesse na
temática. As aulas ocorreram aos sábados, por meio da plataforma Google Meet, com
duração de aproximadamente uma hora e meia. Utilizou-se como material de apresentação
slides e vídeos explicativos referentes aos temas abordados, além da distribuição dos
escritos de autoria própria, como a cartilha sobre violência contra a mulher e o E-book
referente a rede de proteção às mulheres em situação de violência, na cidade de Ponta
Grossa- PR.
O projeto foi desenvolvido na forma de projeto piloto, no Instituto de Educação
Estadual Professor César P. Martinez localizado na Vila Estrela em Ponta Grossa/ PR, o
qual foi escolhido porque possui Ensino Fundamental II, Ensino Médio, Formação de
Docentes e Cursos Técnicos. Os quatro encontros foram organizados a partir das temáticas
pertinentes à violência doméstica e/ou familiar. Possuindo como plano de formação: no
primeiro encontro a violência de gênero e a violência contra a mulher, a historicidade e os
dados atuais sobre a violência; no segundo encontro a Lei Maria da Penha, as tipificações
da violência, as medidas protetivas e o feminicídio; no terceiro encontro o papel do Estado
no combate à violência, os meios de denúncia e sobre a atuação do NUMAPE em Ponta
Grossa-PR; e por fim, no quarto encontro discutiu-se sobre o papel da escola e dos alunos
no enfrentamento à violência.

288
Desenvolvimento e processos avaliativos
O curso foi desenvolvido para acadêmicos e professores do ensino médio, que
tivessem interesse em se tornarem multiplicadores dos temas sobre a violência doméstica
e/ou familiar contra a mulher, com o propósito de disseminar as informações colhidas, em
atividades escolares.
O primeiro encontro ocorreu no dia 29 de maio de 2021, sábado, e contou com a
presença de vinte (20) alunos, três (3) professoras orientadoras e quatro (4) acadêmicos
extensionistas do projeto. De início, prezou-se pela apresentação de cada integrante da
equipe do NUMAPE/ UEPG, além da exposição dos acadêmicos extensionistas que iriam
conduzir a aula do dia. Por meio da dinâmica “mito ou verdade” sobre os Direitos
Humanos, pode-se adentrar nas questões que levariam aos temas seguintes. A atividade
proporcionou aos alunos uma participação ativa frente ao conteúdo, possibilitando assim,
que a equipe organizadora identificasse as demandas da turma em questão. Pode-se então,
introduzir a temática da violência de gênero, com afinco na violência contra a mulher, onde
abordou-se a vida da Corina Antonieta Portugal, uma mulher que viveu na cidade de Ponta
Grossa- PR, e foi assassinada pelo seu marido no ano de 1889; proporcionando aos alunos
uma visão histórica da violência na cidade em que moram. Chegando ao fim do encontro,
apresentou-se os dados atuais alarmantes sobre a violência contra a mulher em nosso país,
e abriu-se para perguntas e contribuições. Percebeu-se que o momento final do encontro foi
de grande valia para os alunos, pois os mesmos expuseram questões pessoais sobre
violências cometidas em suas famílias e o impacto que sofreram com os ocorridos.
No segundo encontro do curso de formação, contou-se com a presença de vinte e
um (21) alunos. A aula foi planejada com o intuito de discutir sobre a Lei Maria da Penha,
sancionada em 2006 que produz mecanismos para prevenir, coibir e erradicar a violência
doméstica e familiar contra a mulher. Também explanou-se sobre as formas de violência
doméstica e familiar contra a mulher expostas na Lei, assim como o funcionamento da
ferramenta das medidas protetivas de urgência previstas em situações de violência. Ao
final do encontro, abordou-se sobre o crime de feminicídio, e abriu-se um espaço para
questionamentos.

289
Ao longo do terceiro encontro discutiu-se acerca do papel do Estado no combate à
violência contra a mulher, os órgãos da rede de enfrentamento contra a violência na cidade
de Ponta Grossa- PR, e os meios de denúncia disponíveis em caso de testemunho ou
convivência com as violações de direitos femininos. Participaram da aula vinte (20)
estudantes.
No quarto e último encontro instigou-se os alunos a pensarem a respeito do papel
de cada um no combate a violência contra a mulher, assim como o papel da escola nesse
enfrentamento. Utilizou-se, novamente, de uma dinâmica chamada “meter a colher em
casos de violência”, onde pode-se despertar nos alunos a imaginação sobre quais ações eles
poderiam implantar em sua escola, para que todos tivessem acesso ao conhecimento por
eles obtido durante o curso de formação. Contou-se com a presença de dezenove (19)
alunos na última aula.
Pretende-se, com o fim das aulas ministradas, o acompanhamento dos alunos
participantes em seus planejamentos de ações para implantação na escola, cumprindo-se
então o objetivo do projeto, na multiplicação dos conteúdos aprendidos.

Considerações Finais
O curso de formação de multiplicadores(as) para enfrentamento da violência
doméstica e/ou familiar contra a mulher atingiu os seus objetivos. Os alunos demonstraram
interesse e participaram ativamente de todas as aulas ministradas, manifestando real
interesse em agir dentro da comunidade escolar. Sem nenhuma intercorrência o curso foi
finalizado com alta frequência dos alunos, mas nem todos atingiram 100% de participação.
Com isso, a temática da violência de gênero, Lei Maria da Penha e seus
mecanismos de prevenir, coibir e erradicar a violência doméstica e familiar contra a mulher
e, as informações sobre os órgãos da rede de enfrentamento contra a violência na cidade de
Ponta Grossa - PR estarão presentes no contexto e cotidiano escolar, dando possibilidades
para esses adolescentes atuarem na realidade.

290
Referências
BRASIL. Lei n. 11.340, de 7 de agosto de 2006. Disponível em:
&lt;http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/L13827.htm&gt;.
Acesso em: 20 jul. 2021.

NUMAPE. Núcleo Maria da Penha – Universidade Estadual de Ponta Grossa. Banco de


dados do ano de 2021. Não publicado.

Instituição financiadora:
Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI) - Governo do
Estado do Paraná.

291
DIREITO À POESIA - UMA OFICINA LITERÁRIA EPISTOLAR DURANTE A
PANDEMIA DE COVID-19

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenadores da atividade: Cristiane CHECCHIA; Mário René Rodríguez TORRES.
Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA)
Autores: L. F. B. RODRIGUES 1; J. R. de ALMEIDA 2; A. M. USAQUIN 3; A. A. DOS
SANTOS 4.

Resumo:
No presente trabalho nos dedicamos a analisar a realização do Direto à poesia, projeto de
mediação cultural no contexto do cárcere, no ano de 2020. O objetivo do projeto é
estabelecer espaços escuta e acolhimento, a fim de que os participantes sintam-se livres
para falar e expressar-se. Devido ao contexto pandêmico, as oficinas de leitura e escrita
não puderam ser realizadas de forma presencial nas penitenciárias. Assim, a forma
encontrada para mediar o diálogo nesse contexto adverso foi a troca epistolar, por meio da
qual enviávamos textos e propostas de escrita para os participantes. Ao final, o diálogo
travado resultou na produção de uma mini-biblioteca perambulante e de um capítulo de
livro, ainda por publicar. Mediante isso, destacamos que havendo espaços dispostos à
escuta acolhedora, descobrimos que todos têm muito a dizer.

Palavras-chave: Cartas; Cárcere; Mediação Cultural.

Introdução
O Direito à poesia começou a ser desenvolvido no ano de 2015 e, desde então,
organiza-se fundamentalmente a partir de dois núcleos de trabalho articulados: um deles
constitui-se da formação dos estudantes e docentes em um grupo de estudos, no qual

1
Layra Fabian Borba Rodrigues, aluna do curso de Ciência Política e Sociologia da UNILA, bolsista pela
Pró-Reitoria de Extensão (PROEX).
2
Jhenifer Rodrigues de Almeida, aluna do curso de Ciência Política e Sociologia da UNILA, bolsista pela
Fundação Araucária.
3
Angélica Moreno Usaquin, aluna do curso de Letras, Artes e Mediação Cultural da UNILA.
4
Anderson Alves dos Santos, aluno do curso de Filosofia da UNILA.

292
discutimos textos de fundamentação teórica e crítica sobre a questão carcerária e sobre a
mediação de leitura e escritura em contextos adversos; o outro núcleo configura-se da
prática da mediação de leitura e escritura dentro de ambientes prisionais, ou seja, da
realização de Oficinas literárias nas prisões de Foz do Iguaçu, a Penitenciária Estadual II
(PEF-II) e a Penitenciária Feminina de Foz do Iguaçu (PFF-UP).
No ano de 2020, em virtude das dificuldades suscitadas pelo contexto pandêmico,
no primeiro semestre nos dedicamos apenas ao grupo de estudos. Já no segundo semestre,
além do grupo de estudos, pudemos estabelecer um diálogo com os privados de liberdade
da PEF-II por meio da troca de cartas. Através destas, realizamos a mediação da leitura e
escrita, sendo que, ao final, produzimos uma mini-biblioteca perambulante com alguns dos
textos recebidos através das cartas, a fim de que eles pudessem ler a si mesmos e uns aos
outros. Nesse sentido, destacamos que o objetivo do Direito à poesia é criar espaços de
escuta e acolhimento para que os participantes sintam-se livres para falar e expressar-se.
Numa sociedade regida por diversas normas e estruturas sociais que por vezes geram
profundas exclusões, ter um espaço onde possamos estabelecer diálogos e expressar vozes
divergentes é de uma riqueza única, fundamental para a liberdade da expressão de si e da
singularidade da vida.

Metodologia
Levando em consideração os desafios colocados pela pandemia do covid-19 e o
confinamento decorrente, as oficinas do Direito à Poesia no ano de 2020 tiveram de ser
feitas de forma epistolar. Assim, a troca de cartas foi nosso principal veículo de diálogo
com os privados de liberdade. Na primeira carta enviada ao PEF-II, nós nos apresentamos
e expusemos o contexto institucional ao qual estamos vinculados (a Universidade pública,
o projeto de extensão). Além disso, reunimos alguns textos das nossas oficinas presenciais
realizadas anteriormente na própria PEF-II ou de oficinas feitas por grupos semelhantes ao
nosso, e procuramos mobilizar algumas perguntas abertas que os estimulassem a escrever.
Todo o material foi impresso e levado à PEF-II, onde a pedagoga recebeu os textos
e os distribuiu aos participantes. As respostas foram trabalhadas por eles no próprio
material, que buscávamos na semana seguinte. A partir disso, líamos e conversávamos para

293
pensarmos as respostas e a seleção dos textos que comporiam a entrega seguinte. Este
trabalho de troca de correspondências foi desenvolvido ao longo de todo o segundo
semestre de 2020.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Como já destacado, no ano de 2020, o contexto pandêmico impôs dificuldades para
a realização do projeto Direito à poesia dentro do cárcere no formato presencial. Dessa
forma, na primeira parte do ano buscamos fortalecer o grupo de estudos por meio da leitura
e de encontros on-line nos quais buscamos aprofundar nossa compreensão sobre os
processos históricos nos quais surgiu o modelo de prisão e o sistema penal contemporâneo
bem como as adaptações que sofreu para chegar no momento em que vivemos hoje. 5
Depois de junho, porém, conseguimos formalizar outra forma de executar o projeto na
PEF-II, por meio da troca de cartas literárias 6. Assim, em 2020, as cartas foram a
ferramenta que nos permitiu sair de nosso confinamento e, em sentido mais amplo, de
nossos espaços restritos, incluindo o universitário, e acessar o espaço outro do cárcere, nos
permitindo estabelecer diferentes formas de diálogo com as pessoas privadas de liberdade.
Esse diálogo, que suscitou alguns debates ricos, ao final resultou em duas
produções. A primeira delas foi a criação de uma mini-biblioteca perambulante, com
fanzines compostos por textos, imagens e reflexões surgidos da troca de cartas. Assim,
havia ali textos dos participantes da PEF-II, dos membros do grupo Direito à poesia, bem
como alguns textos de autores que foram usados ao longo das entregas de cartas. Essa foi
uma forma que encontramos de fazer circular os textos recebidos por meio das cartas. A
segunda produção foi um capítulo de livro, ainda por publicar, na qual discutimos algumas
temáticas que apareceram de forma recorrente durante a troca, como a velhice na condição
de encarceramento; as questões de gênero, a literatura e as prisões; o choro masculino; a
escrita e as artes enquanto exercício de liberdade no contexto prisional e de pandemia.

5
Alguns dos textos trabalhados pelo grupo ao longo deste ano foram: Angela Davis, Estarão as prisões
obsoletas? (2018), Luciana de Mello e Maria Elvira Woinilowicz, Ninguna calle termina en la esquina:
Historias que se leen y se escriben en la cárcel (2016); Michele Petit, A arte de ler ou como resistir à
adversidade (2009); entre outros
6
Infelizmente, não foi possível desenvolver este trabalho na Penitenciária Feminina de Foz do Iguaçu, em
virtude de obstáculos alheios à nossa vontade.

294
Não obstante ser uma forma distinta de realizar as oficinas de leitura e escrita no
contexto do cárcere, o processo de troca de cartas foi único pois contribuiu para a formação
dos estudantes na mediação cultural em um momento adverso, tendo em conta a pandemia,
bem como por um meio diferente do tradicional, que eram os encontros presenciais. Tais
fatores constituíram um grande desafio para a continuidade do projeto e formação dos
estudantes como mediadores culturais.

Considerações Finais
Ainda que a realização da Oficina Epistolar tenha implicado em uma mudança
bastante profunda em relação à dinâmica dos encontros presenciais, as cartas foram o
veículo para fazer entrar e sair as falas da prisão. O objetivo principal do Direito à poesia é
esse: perfurar muros para liberar falas, criar as condições para que nós e as pessoas
privadas de liberdade possamos falar da forma mais livre possível. Isto quer dizer também
criar condições para que fale uma voz própria, entendida como uma voz que exprime a
singularidade da própria vida. Trata-se de procurar uma voz singular, mas não individual
nem individualista. De fato, o primeiro passo nessa procura é criar um espaço de escuta,
uma comunidade de acolhimento de vozes diversas, que faça os e as participantes
sentirem-se livres para falar. É preciso poder falar livremente, mas sem renunciar à
responsabilidade de manter essa comunidade de acolhimento de vozes divergentes.

Referências
DAVIS, Angela. Estarão as prisões obsoletas? Tradução de Marina Vargas, Rio de
Janeiro; Difel, 2018.

MELLO, Luciana de; WOINILOWICZ, Maria Elvira. Ninguna calle termina en la


esquina: Historias que se leen y se escriben en la cárcel. Ciudad Autónoma de Buenos
Aires: Editorial de la Facultad de Filosofía y Letras Universidad de Buenos Aires, 2016.
Disponível em:
http://publicaciones.filo.uba.ar/sites/publicaciones.filo.uba.ar/files/Ninguna%20calle%20te
rmina%20en%20la%20esquina_interactivo_0.pdf>. Acesso em: 17 de maio de 2020.

PÈTIT, Michele. A arte de ler ou como resistir à adversidade. Tradução de Arthur


Bueno e Camila Boldrin. São Paulo: Ed. 34, 2009.

295
DIREITO UENP VAI À ESCOLA

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenador da atividade: Renato BERNARDI 1
Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP)
Autora: T. PETRIZZI 2

Resumo:
O presente resumo refere-se ao projeto de extensão, do Programa Institucional de Bolsas
de Extensão Universitária da Universidade Estadual do Norte do Paraná, financiado pela
Fundação Araucária e pelo Governo do Estado do Paraná, que busca levar a Educação em
Direitos Humanos, o Direito e a Arte para as escolas públicas. A extensão universitária
leva à comunidade externa os conhecimentos produzidos no meio acadêmico e, por isso, o
“Direito UENP vai à Escola” é um projeto com enfoque nos alunos do ensino fundamental
e médio. A ferramenta principal é o programa que foi ofertado pelo antigo Ministério dos
Direitos Humanos, “Mostra Cinema e Direitos Humanos”. O problema principal é a
desigualdade no ensino, principalmente no atual cenário da COVID-19. Um dos objetivos
é o destaque à importância da educação, da Cultura e dos Direitos Humanos na vida em
sociedade. A metodologia empregada é a sistêmica, visto que pela sistematização de etapas
haverá a concretização dos objetivos da proposta e da efetivação da democratização do
ensino interdisciplinar. Espera-se atingir positivamente a comunidade externa por meio da
disseminação do debate acerca dos Direitos Fundamentais e Humanos.

Palavras-chave: Mostra Cinema e Direitos Humanos; Direito; Educação

Introdução
O projeto de extensão aqui referido busca demonstrar a relação intrínseca do
Direito e da Arte, bem como a importância da Educação em Direitos Humanos. A
ferramenta principal para a realização da proposta de trabalho é o programa, ofertado pelo

1
Renato Bernardi, servidor docente do curso de Direito da Universidade Estadual do Norte do Paraná.
2
Tamires Petrizzi, aluna do curso de Direito da Universidade Estadual do Norte do Paraná.

296
Ministério dos Direitos Humanos, “Mostra Cinema e Direitos Humanos”, que tem por
objetivo ampliar o debate pelos Direitos Humanos e reforçar a democracia através da
linguagem audiovisual.
Nessa perspectiva, a 12ª Mostra Cinema e Direitos Humanos apresentou um
Circuito Difusão tratando de Cinema, Cultura e Educação em Direitos Humanos. O DVD
da apresentação completa da 12ª edição do evento conta com produções como a de
Eduardo Cunha e Pedro Cela, “A Rua é NÓIZ”, que retrata a periferia em ação.
Visando a busca pelo diálogo, a ideia principal é que o público-alvo seja composto
por alunos de escolas públicas, ou seja, o projeto pretende deslocar, ainda que
virtualmente, a UENP e o seu curso de Direito/Campus de Jacarezinho para essa
comunidade levando a Arte, o Direito e a Educação em Direitos Humanos à realidade de
cada estudante.
Além disso, o “Direito UENP vai à escola” também conta com vídeo aulas sobre os
curtas-metragens disponibilizados: “A Constituição Federal de 1988”, “Os Direitos
Humanos e Fundamentais”, “O Estatuto da Criança e do Adolescente”, “O Estatuto do
Idoso”, “O Estatuto da Pessoa com Deficiência”, “Os Direitos das Mulheres” e “O Estatuto
dos Refugiados”, todas as aulas serão ministradas por acadêmicos e/ou profissionais do
Direito.
A principal motivação do projeto de extensão objeto deste resumo encontra-se na
seguinte premissa: se o ensino é desigual, logo o acesso a Cultura, Arte e ao Direito
também são desiguais, por isso o projeto será voltado para os alunos de escolas públicas,
mesmo que em pequena dimensão esse contato interdisciplinar será de suma importância
para os alunos, ainda, o projeto também garantirá direitos fundamentais (como direito a
educação e cultura) garantidos constitucionalmente.

Metodologia
O “Direito UENP vai à escola” será aplicado em três escolas, sendo duas no
Município de Jacarezinho, Paraná, e uma no Município de Barra Bonita, São Paulo, cidade
natal da bolsista/autora do projeto. São, respectivamente, o Colégio Estadual Rui Barbosa,
Instituto Federal e a ETEC Comendador João Rays.

297
O público-alvo do projeto de extensão “Direito UENP vai à escola” é composto por
alunos de escolas públicas de Ensino Médio e Fundamental, dos Municípios de
Jacarezinho e Barra Bonita, com previsão de aproximadamente 100 alunos beneficiados de
faixa etária entre 14 a 18 anos.
A proposta de extensão, financiada pela Fundação Araucária e pelo Governo do
Estado do Paraná, inicialmente seria feita no formato presencial. Entretanto, com a chegada
da pandemia de COVID-19, o material da 12ª Mostra Cinema e Direitos Humanos será
ofertado para as escolas integrantes do projeto por meio do Google Drive, bem como pela
disponibilização das vídeo aulas e pesquisas realizadas com uso do Google Formulários.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Diante da análise dos curtas-metragens da 12ª Mostra Cinema e Direitos Humanos
e da adaptação da proposta à forma remota, o “Direito UENP vai à escola” será levado às
escolas por meio do Google Drive (disponível em: https://bityli.com/Hn1QE) contendo a
apresentação do projeto feita pela bolsista, as instruções e o formulário de participação, as
videoaulas e os materiais de apoio acerca dos temas abordados na 12º Mostra Cinema e
Direitos Humanos, além de outros importantes tópicos da educação básica jurídica.
Por enquanto, no Drive, além de cada documentário e catálogo da 12ª Mostra, estão
disponíveis os materiais das aulas, feitos em conjunto entre bolsista e palestrantes, a
logomarca do Projeto e o formulário de participação. As aulas terão de 20 a 30 minutos e
estão em processo de gravação, cada palestrante poderá indicar outros materiais para
compor as pastas, como livros.
O Google Drive será disponibilizado aos professores das escolas para que
divulguem às suas turmas. Havendo possibilidade nas escolas, reuniões à distância e
síncronas serão marcadas com as salas participantes para eventuais dúvidas, explicações e
debates com os alunos. A devolutiva será feita de acordo com os professores das escolas.
Além das atividades desenvolvidas para o plano de ação e trabalho, a pesquisa está
ao lado da extensão e a participação em eventos científicos é fundamental para o
aprimoramento do projeto e desenvolvimento acadêmico da bolsista. Em dezembro de

298
2020, o trabalho “DIREITO UENP VAI À ESCOLA” foi apresentado durante o VI
ENCONTRO DE INTEGRAÇÃO DA UENP.
Além disso, a participação na 58º Semana Jurídica do Centro Acadêmico Sete de
Março, promovida pela Universidade Estadual de Londrina, com a submissão de dois
resumos simples intitulados de “A LIMITAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS E
HUMANOS: EDUCAÇÃO E A PANDEMIA DA COVID-19 NO BRASIL” e “DIREITO
UENP VAI À ESCOLA”, foram essenciais para compreender a principal dificuldade
encontrada no projeto (a educação e limitação do acesso à internet). Houveram também
exposições sobre o projeto de extensão no I Encontro PROJURIS/UNIFIO/UNIMAR de
Estudos Jurídicos e no II Encontro Virtual do CONPEDI.

Considerações Finais
Em síntese, um dos objetivos é o destaque à importância da Educação, da Cultura e
dos Direitos Humanos e aproximar os alunos de escolas públicas de ensino médio da
realidade de uma Universidade Pública. A maior dificuldade encontrada no “Direito UENP
vai à escola” tem sido aquela imposta pela pandemia de COVID-19: o distanciamento
social.
O projeto, inicialmente pensado para acontecer de forma presencial nas escolas,
será realizado de forma remota e isso implica diretamente em um maior cuidado com o
público-alvo, visto que o ensino por meio da internet é desigual.
Infelizmente, nem todos os alunos têm acesso efetivo à internet, por isso muitos
estão deixando de acompanhar as aulas remotas e boa parte dos que acompanham também
não dispõem de bons aparelhos para acesso ao conteúdo ministrado à distância. A incerteza
do ensino remoto repercute no âmbito de abrangência dos alunos que serão atingidos pelo
projeto.
A extensão será uma atividade extra para as turmas e, por conta das atividades do
ensino à distância de cada escola, o trabalho para sensibilizar os alunos será redobrado;
meios de contato com a bolsista serão disponibilizados.

299
Referências
BRASIL, Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.
Acesso em: 16 ago. 2021.

MINISTÉRIO DOS DIREITOS HUMANOS. Catálogo 12ª Mostra Cinema e Direitos


Humanos, 2018. Brasília, DF/ Rio de Janeiro, RJ: Instituto Cultura em Movimento, 2018.
92 p. Disponível em:
https://mostracinemaedireitoshumanos.mdh.gov.br/2015/wpcontent/uploads/2018/11/12aM
CDH_Catalogo_site.pdf. Acesso em: 16 ago. 2021.

ONU (Organização das Nações Unidas). Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Disponível em: https://nacoesunidas.org/wp-content/uploads/2018/10/DUDH.pdf. Acesso
em: 16 ago. 2021.

300
DIREITO, REINTEGRAÇÃO SOCIOECONÔMICA E RESSOCIALIZAÇÃO

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenadora: Cláudia Sombrio FRONZA
FURB
Autoras: L. S. SCHMICKLER 1; C. S. FRONZA 2; L. KELNER 3

Resumo:
O projeto de extensão “Direito, Reintegração Socioeconômica e Ressocialização" tem
como objetivo geral promover ações de assessoramento, formação cidadã e educação
continuada ao Conselho de Comunidade de Blumenau e a COOPERCONSTRUÇÃO,
com perspectiva da defesa dos direitos humanos e da ressocialização de apenados e
egressos do sistema prisional de Blumenau. Os métodos utilizados são ações de
mobilização, sensibilização e motivação do público-alvo, articulação, prestação de
assessoria e orientação sobre assuntos pertinentes à organização social e política, estudo
dos contextos sociais, econômicos e culturais do público-alvo. Os resultados alcançados
consistem na mobilização do público- alvo, a melhoria na autogestão, a visibilidade e
capacitação em torno de questões relacionadas a Lei de Execução Penal, ao Sistema
Prisional, Ressocialização e Reintegração socioeconômica, tanto para os empreendimentos,
como equipe docentes, discentes e técnicos em Economia Solidária envolvidos nas ações
do projeto.

Palavras-chave: Ressocialização; Direitos Humanos; Sistema Prisional.

Introdução
Na atualidade, uma das preocupações sociais é o aumento da violência e da
criminalidade. Diante dessa realidade, como resposta, o estado vem encarcerando cada vez
mais. Com o aumento da população carcerária, é necessário repensar estratégias de

1
Luana de Souza Schmickler, discente em Direito, pela Universidade Regional de Blumenau - FURB
2
Claudia Sombrio Fronza, docente no Departamento de Serviço Social, da Universidade Regional
de Blumenau - FURB
3
Lenice Kelner, docente no Departamento de Ciências Jurídicas, da Universidade Regional de Blumenau -
FURB

301
ressocialização e reintegração socioeconômica desses sujeitos.
A ressocialização tem como função amenizar os problemas da população
carcerária, buscando auxiliar na reabilitação dos presos oferecendo oportunidades de
qualificação profissional e novas oportunidades de convívio em sociedade.
A ITCP/FURB, é um programa de extensão universitária que desenvolve ações de
geração de trabalho e renda na perspectiva da Economia Solidária.
O projeto de extensão ‘‘Direito, Reintegração Socioeconômica e Ressocialização’’
é uma ação vinculada à Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares
(ITCP/FURB). Devido aos cuidados e restrições da pandemia do COVID-19, as ações de
formação destinadas a população carcerária previstas foram adaptadas. Pactuou-se entre a
equipe do projeto centrar as ações no assessoramento do Conselho da Comunidade de
Blumenau (CCB) e a COOPERCONSTRUÇÃO.
O Conselho da Comunidade de Blumenau é um órgão do Poder Judiciário,
instituído pela Lei de Execução Penal. Criado em 1998, visa a participação da sociedade na
fiscalização e acompanhamento das condições no sistema prisional e na promoção dos
direitos humanos, através de representantes de diversos segmentos, que atuam de forma
voluntária. Atualmente o Conselho é composto por 15 conselheiros e conselheiras. Na
Comarca de Blumenau contamos com duas instituições de atendimento: Presídio
Regional de Blumenau (PRB) e Penitenciária Industrial de Blumenau (PIB)
O Conselho fiscaliza, propõem medidas e ações que possibilitem aos apenados e
egressos a garantia de seus direitos e a ressocialização, como: educação, trabalho,
alimentação, atendimento à saúde, espiritual, com melhor assistência e vínculo para com
a sociedade.
A COOPERCONSTRUÇÃO, é uma Cooperativa de Trabalho no ramo da
construção civil. Fundada em 2018, é composta por 7 cooperados, que participaram do
percurso formativo ‘‘Voltando ao Mundo do Trabalho’’, ofertado pela ITCP/FURB em
2017. Juntos, os cooperados formam uma equipe profissional que realiza obras em geral,
pintura, reformas, entre outros trabalhos. A ITCP/FURB apoia, assessora e orienta o
empreendimento desde sua formação.
Neste sentido, os objetivos específicos do projeto são: 1) Realizar percurso

302
formativo Direito Humanos, Reintegração Socioeconômica e Ressocialização para os
conselheiros do Conselho da Comunidade da Comarca de Blumenau e equipe
ITCP/FURB; 2) Dar visibilidade e sensibilizar a comunidade universitária e regional
sobre as temáticas direitos humanos, ressocialização e reintegração socioeconômica de
pessoas em privação de liberdade por meio da realização de 1 seminário. 3) Assegurar a
autogestão do empreendimento COOPERCONSTRUÇÃO, a fim de que seus integrantes
possam gerenciar as mais diversas esferas que compõem o empreendimento:
administrativa, econômica, política e interpessoal.

Metodologia
Para viabilizar as ações do projeto, utilizou-se até o momento como recursos
metodológicos reuniões de estudo; reuniões de equipe agendadas pela coordenação do
projeto e pela equipe ITCP/FURB, para planejamento, socialização das atividades
desenvolvidas e avaliação dos resultados obtidos; reuniões de articulação entre os
integrantes do Conselho da Comunidade e COOPERCONSTRUÇÃO; reuniões com o
Comitê Interconselhos de Comunidade; percurso formativo com a temática Direitos
Humanos e o Sistema Prisional; tal como diálogo contínuo com o público-alvo.
Vale ressaltar que para a garantia do distanciamento social necessário durante o
período da pandemia do COVID 19, as reuniões foram realizadas através de serviço de
comunicação por vídeo pelas plataformas Google Meet, Microsoft Teams, e-mails e
conversas online pelo aplicativo WhatsApp.

Desenvolvimento e processos avaliativos


As estratégias de ação são uma construção coletiva, tendo em vista favorecer o
direito ao trabalho e ressocialização desse segmento populacional, bem como a
humanização das penas e qualificação da assistência aos presos.
Neste sentido, as ações desenvolvidas foram a realização de reunião com a equipe
do projeto para pactuação do plano de trabalho em 2020 e 2021; reunião com o Conselho
da Comunidade de Blumenau, para planejamento e pactuação de plano de assessoria do
projeto com o empreendimento, participação nas reuniões mensais com a mesa diretora e

303
do CCB; auxílio na organização documental (relatórios, atas e convocações de
assembleia).
Tal como foi realizado um Seminário sobre "Direitos humanos, ressocialização e
reintegração socioeconômica", com a participação dos integrantes do Conselho da
Comunidade, da equipe ITCP/FURB e comunidade externa; assim como reuniões entre a
equipe do projeto e mesa diretora do Conselho para estudo e considerações de adequação
do novo estatuto social; e a realização de assembleia geral no Conselho da Comunidade
para votação para novo estatuto social.
Outras ações desenvolvidas pelo projeto foram o auxílio na mobilização e
motivação da retomada da articulação do Comitê InterConselhos de Comunidade do
Médio Vale do Itajaí e Arredores, composto pelos Conselhos de Indaial, Brusque, Gaspar,
Pomerode, e apoio da inclusão de novos Conselhos de Balneário Camboriú e Itajaí; a
organização e realização de dois encontros virtuais do Comitê InterConselhos de
Comunidade, e início do processo formativo com o tema ‘‘Direitos Humanos e o Sistema
Prisional’’, ofertado pela equipe do projeto; reuniões de assessoria com o CCB para apoio
na criação das redes sociais do Conselho da Comunidade (Facebook e Instagram), criação
de arte e conteúdo semanais para as redes sociais;
Foi realizada também reunião com a COOPERCONSTRUÇÃO para pontuar
quais são as demandas do empreendimento, a situação contábil e jurídica, e as perspectivas
de ação para 2021. Destaca-se reunião e acompanhamento com cooperado para assessoria
de orientação jurídica em processo penal.

Considerações Finais
As ações contribuem na formação acadêmica dos estudantes envolvidos com
ampliação do universo informacional, leitura crítica da realidade prisional e com a
inclusãodesses temas no meio acadêmico.
Em relação ao grau de alteração da situação problema, destaca-se a visibilidade
das ações do Conselho de Comunidade e incidência sobre a realidade dos apenados e
egressos, em especial no que refere a discussão sobre os direitos humanos e o acesso ao
Sistema de Garantia de Direitos.

304
Referências
FRONZA, Claudia Sombrio. et al. ‘‘Direito, Reintegração Socioeconômica e
Ressocialização.’’Projeto de Extensão. 10 fls. Blumenau, SC, 2021. Disponível em:
<https://www.furb.br/pqex/projeto/buscaProjeto.view?nrAnoProjeto=2019&nrProjeto=72
5>. Acesso em: 29 jul. 2021.

Órgão financidor:
Divisão de Apoio à Extensão (DAEX/FURB)

305
IFRS SOLIDÁRIO: SOLIDARIEDADE SEM FRONTEIRAS

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenador(a) da atividade: Jaqueline Terezinha Martins Corrêa RODRIGUES
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul
– Campus Canoas (IFRS)
Autores: M. VELASQUES1; K. ROSA2; D. LEAL3; P. WACHS4; S.MIGOWSKI5

Resumo:
O IFRS Solidário, em sua 4ª edição, busca contribuir para redução das desigualdades e
inclusão das pessoas atendidas, semeando a solidariedade e facilitando a logística entre
quem quer doar e quem precisa receber. Para isso, vem promovendo campanhas para
arrecadar doações destinadas a entidades que atendem às pessoas em situação de
vulnerabilidade nos municípios do entorno do Campus Canoas. Através de reuniões
periódicas e do diálogo permanente com as instituições parceiras, a equipe realiza o
planejamento e controle das ações. Nesta edição, somadas àquelas realizadas em anos
anteriores, foram realizadas campanhas como a “Solidariedade Sem Fronteiras”,
proporcionando a entrega de itens de higiene e limpeza, graças ao edital para
enfrentamento da Covid-19. Arrecadou-se, ainda, vestuário, para os imigrantes e para
população em situação de rua de Porto Alegre. Outra campanha arrecadou recursos
financeiros possibilitando a entrega de 151 cestas básicas para alunos do benefício
estudantil do campus. A campanha de inverno, tradicional no programa, contou com uma
“Gincana” integrando a extensão com uma disciplina do Curso Técnico em Administração
do campus. Já as campanhas do Dia das Crianças e do Natal contaram com
“apadrinhamentos” de crianças e adolescentes da Casa de Passagem e de familiares dos
servidores terceirizados. Foi realizada campanha inédita de volta às aulas, arrecadando
materiais escolares para as crianças e adolescentes da Casa de Passagem. Outras ações são

________________________
1
Maria Eduarda Silva Velasques, aluna do Curso Técnico em Administração integrado ao ensino médio.
2
Kailaine Eduarda da Rosa, aluna do Curso Técnico em Administração integrado ao ensino médio.
3
Daysa Revelant Leal, aluna do Curso Técnico em Administração integrado ao ensino médio.
4
Priscila Wachs, servidora docente visitante.
5
Sérgio Almeida Migowski, servidor docente.

306
a coleta de tampinhas de plástico e livros para o projeto “Gelotecas” que transforma
geladeiras descartadas em bibliotecas acessíveis às comunidades.

Palavras-chave: solidariedade; Direitos Humanos; planejamento.

Introdução
O Campus Canoas está situado na região metropolitana de Porto Alegre, onde o
índice de vulnerabilidade social apresentou piora entre 2000 e 2010, segundo o Atlas de
Vulnerabilidade Social do IPEA (2015). O índice GINI mede o grau de concentração de
renda, sendo que, em 2010, o GINI de Canoas foi 0,52, como o município ocupando a 368ª
posição entre cidades do Rio Grande do Sul (CANOAS EM DADOS, 2019). Já em relação
ao PIB (Produto Interno Bruto), Canoas ocupa o 3º lugar no RS. Esses indicadores
evidenciam um panorama de desigualdade social na região.
Desde 2017, o programa vem auxiliando entidades que atendem às crianças e
adolescentes em situação de vulnerabilidade, idosos e população em situação de rua.
Canoas tem recebido um número significativo de imigrantes, principalmente haitianos e
venezuelanos, e, em 2019, o IFRS Solidário iniciou o trabalho com o Centro Batista de
Referência em Ação Social (CEBRAS), que atende esses imigrantes.
Ao viabilizar o aprendizado prático dos alunos em relação à divulgação e
organização de campanhas, por exemplo, o programa contribui para o ensino, ressaltando
que “Direitos Humanos” é um tema transversal a todos os cursos, sendo essencial para o
desenvolvimento integral do cidadão. Não raro, as diversas situações encontradas pela
equipe acabam por servir de assunto para discussão e reflexão em sala de aula, o que torna
o aluno mais consciente de seu papel na sociedade. Soma-se a isso, a possibilidade de
realização de pesquisas a partir do levantamento de demandas das entidades.
O objetivo principal do programa é promover ações extensionistas para arrecadação
de doações para atendimento de pessoas em situação de vulnerabilidade na região do
entorno do Campus Canoas. Além disso, o programa visa desenvolver conhecimentos em
gestão e organização de eventos aos estudantes participantes.

307
Metodologia
A equipe do programa contou com 6 servidores docentes, uma aluna bolsista de
extensão e 3 alunos voluntários do Campus Canoas. As reuniões da equipe eram realizadas
periodicamente para planejamento das campanhas, definição das ações e responsabilidades,
materiais de divulgação e avaliação. As atividades contemplam:
a) Planejamento: Contato com entidades para levantamento de necessidades; Definição
da ação (objetivo, período de realização, responsabilidades).
b) Divulgação: Elaboração do material de divulgação; Divulgação das campanhas.
c) Execução: Arrecadação de doações; Separação e organização das doações por tipo,
tamanho e necessidades de cada instituição; Entrega na instituição.
d) Avaliação: Feedback das entidades e autoavaliação da equipe.
Os públicos-alvo das Campanhas em 2020/2021 foram: Imigrantes (CEBRAS);
Crianças e Adolescentes (ACAPASS e familiares de servidores terceirizados); Idosos (Lar
da Fraternidade); Alunos do Campus Canoas que recebem benefício estudantil; População
em situação de rua (Centro de Saúde Santa Marta).

Desenvolvimento e processos avaliativos


As entidades parceiras participam do planejamento das atividades ao informar suas
principais demandas, que são avaliadas pela equipe para elaboração de campanhas. Em
2020 o programa participou do edital específico para enfrentamento da Covid-19 (IFRS,
2020), recebendo recursos para aquisição de materiais de higiene e limpeza, que foram
distribuídos entre 3 instituições, conforme número de pessoas atendidas e necessidades.
Por exemplo, foram adquiridas fraldas infantis para a casa de passagem e fraldas
geriátricas para o lar de idosos. Além disso, foram elaborados materiais sobre prevenção
do Coronavírus em português, inglês e francês que foram distribuídos pelas entidades às
pessoas atendidas.
A turma do 3º ano do Curso técnico em Administração integrado ao ensino médio
do Campus Canoas de 2020, na disciplina Gestão de Pessoas, participou de um “Desafio de
Equipes” visando arrecadar tampinhas, roupas, material de higiene e limpeza. Nessa
atividade, os alunos puderam trabalhar temas como liderança, gestão de equipes,

308
motivação, organização e controle, ao mesmo tempo em que se conscientizaram das
necessidades da comunidade na qual estão inseridos contribuindo, assim, para uma
formação cidadã.
A Campanha de inverno arrecadou roupas, calçados e cobertores que foram
entregues para os imigrantes (CEBRAS) e para a população em situação de rua (Centro de
Saúde Santa Marta). Também foram entregues muitas tampinhas para o CEBRAS e
ACAPASS, para que vendessem para reciclagem, arrecadando algum recurso financeiro.
Adiciona-se a arrecadação de livros para o projeto “Gelotecas”, que transforma geladeiras
em bibliotecas instaladas em locais públicos, com livre acesso à população.
Percebendo o aumento de alunos desempregados e em situação crítica em função
da pandemia, foi realizada uma campanha para arrecadação de recursos via site de
financiamento coletivo e adquiriu-se 151 cestas básicas que foram entregues aos estudantes
do Campus Canoas que recebiam o benefício estudantil nas faixas de maior
vulnerabilidade.
Na Campanha das Crianças e Natal, houve contato com a ACAPASS para obter
informações das crianças e adolescentes, como idade e tamanho de roupa. A mesma
consulta foi feita para os servidores terceirizados do Campus Canoas. Com a lista em
mãos, a equipe organizou a campanha de “apadrinhamento”, para que cada
criança/adolescente recebesse um presente personalizado. Da mesma forma, a ACAPASS
informou as demandas de materiais escolares para as crianças/ adolescentes para a
campanha de volta às aulas.
Ressalte-se que todas as atividades realizadas pelos estudantes foram de forma
remota. Os servidores se envolveram apenas nas entregas, quando essas não podiam ser
realizadas diretamente nas entidades, e com todo os cuidados exigidos pelos protocolos da
pandemia. Essas restrições dificultaram a arrecadação de doações e a realização de mais
atividades em parcerias com as instituições, como cursos e palestras.

Considerações Finais
Considerando as restrições impostas pela pandemia, a equipe do programa IFRS
Solidário soube se reinventar e buscar alternativas para continuar auxiliando as entidades

309
que atendem pessoas em situação de vulnerabilidade na região do Campus Canoas. Foi
possível trabalhar questões relacionadas ao projeto, à gestão de pessoas e organização de
campanhas com estudantes do Campus Canoas. Além de estreitar os laços com as
entidades parceiras, cumprindo o papel institucional de atendimento da comunidade
externa.

Referências
CANOAS EM DADOS. 3ª edição. Disponível em: http://ns1.canoas.rs.gov.br/
uploads/paginadinamica/378747/CANOAS_EM_DADOS_3.pdf. Acesso em: 24 fev. 2019.

IFRS. Edital nº 23/2020 – Apoio a projetos de extensão voltados ao enfrentamento do


coronavírus (Covid-19). Disponível em: https://ifrs.edu.br/editais/ Acesso em: 21 jul.2021.

IPEA. Atlas da vulnerabilidade social nos municípios brasileiros/ editores: Marco


Aurélio Costa, Bárbara Oliveira Marguti. – Brasília: IPEA, 2015.

IPEA. O que é? Índice de Gini. 2004. Ano 1. Edição 4 - 1/11/2004. Disponível em:
http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&id=2048:catid=28.
Acesso em: 24 fev.2019.

Instituição Financiadora:
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul

310
IMPLICAÇÕES DA PANDEMIA NA INTERMEDIAÇÃO DE ACORDOS
EXTRAJUDICIAIS PELO NEDDIJ-UEM

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenadoras da atividade: Amalia Regina DONEGÁ; Ednéia J. M. ZANIANI.
Universidade Estadual de Maringá (UEM)
Autores: G. B. MANDARINO ; N. B. SCANFERLA 2; G. P. BERNARDO 3; L. V.
1

LANZIANI 4.

Resumo:
Diante da importância de se preservar o interesse de crianças e adolescentes, o Núcleo de
Estudos e Defesa de Direitos da Infância e da Juventude (NEDDIJ) vinculado à
Universidade Estadual de Maringá e atuante na mesma comarca, procura estimular, através
da atuação interdisciplinar, a realização de acordos extrajudiciais, método alternativo para
a solução dos conflitos de forma consensual que evita maiores desgastes emocionais e a
morosidade judiciária. Porém, ante a atual situação de pandemia provocada pelo vírus
SARS-CoV-2, os atendimentos prestados enfrentam obstáculos relativos à comunicação
com os usuários. Assim, através do presente trabalho, foram apresentadas reflexões acerca
da elaboração de acordos extrajudiciais durante o período de atendimento remoto,
constatando-se que algumas dificuldades relativas à comunicação são exacerbadas nessa
modalidade de atuação, contudo, o objetivo de continuar prestando assistência à população
e positivando direitos de crianças e adolescentes tem sido preservado.

Palavras-chave: Direitos da infância e da juventude; acordos extrajudiciais; pandemia.

1
Gabriel Beraldi Mandarino, aluno de Psicologia na Universidade Estadual de Maringá e bolsista do
NEDDIJ-UEM; inst. financiadora: SETI/PR.
2
Natalia Bataglini Scanferla, graduada em Direito pela Universidade Estadual de Maringá e advogada
voluntária do NEDDIJ-UEM.
3
Gabriela Pereira Bernardo, aluna de Pós-Graduação em Gestão Pública pela Universidade Estadual de Ponta
Grossa e residente de psicologia do NEDDIJ-UEM.
4
Lara Vitale Lanziani, advogada do NEDDIJ-UEM; inst. financiadora: SETI/PR.

311
Introdução
O Núcleo de Estudos e Defesa de Direitos da Infância e da Juventude (NEDDIJ) da
Universidade Estadual de Maringá (UEM), atuante desde 2006, contempla os três pilares
da educação de nível superior, o ensino, a pesquisa e a extensão, oferecendo assistência
jurídica e psicológica sem custos à população hipossuficiente economicamente, com o
objetivo de garantir à criança e ao adolescente seus direitos fundamentais e servir ao seu
melhor interesse, conforme preconiza o art. 227 da Constituição Federal.
Com o início da pandemia do vírus SARS-CoV-2 no ano de 2020, a equipe do
NEDDIJ-UEM adaptou seus atendimentos para a modalidade remota, passando a fazer uso
dos meios eletrônicos de comunicação, tais como, telefone móvel, mensagens por
aplicativos e mídias sociais. Contudo, o atendimento remoto trouxe dificuldades no tocante
à forma de comunicação adotada, o que, em certa dose, acabou prejudicando a realização
de acordos extrajudiciais. O objetivo deste trabalho, portanto, é refletir acerca do
procedimento adotado para a execução do trabalho e sua implicação para a realização de
acordos extrajudiciais, com vistas a oferecer qualidade nos atendimentos prestados à
população.

Metodologia
Os atendimentos iniciais da população que busca pelos serviços oferecidos pelo
NEDDIJ-UEM são, por regra, realizados presencialmente por dois estagiários, sendo um
estudante de Direito e outro de Psicologia. Nesse sentido, quando se inferia a possibilidade
de realização de acordo extrajudicial frente a situação apresentada, ou quando a procura já
se dava especificamente com esse interesse, todas as partes envolvidas eram convidadas à
sede do Núcleo, onde dúvidas eram sanadas, e o acordo era redigido, assinado, e
posteriormente protocolado para homologação judicial. Entretanto, com a pandemia, todos
os atendimentos passaram a ser realizados através de mensagens de texto ou chamadas
telefônicas, implicando em mudanças na dinâmica de trabalho que exigem constantes
adaptações da equipe e impõem limitações à realização de um acordo extrajudicial.

312
A partir do viés qualitativo, tomando como base a vivência da equipe, pretende-se
uma análise capaz de demonstrar as possibilidades e impossibilidades impostas pela
modalidade remota de atendimento na realização de acordos extrajudiciais.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Dispõe o artigo 5º, inciso XXXV da Constituição Federal que a “lei não excluirá da
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. Já o artigo 3º do Código de
Processo Civil determina que juízes, advogados, defensores públicos e membros do
Ministério Público, estimulem a prática dos métodos consensuais de resolução de conflitos.
Em atenção às normas citadas, o NEDDIJ-UEM procura estimular, na medida do
possível, o acordo extrajudicial, respeitando-se as convenções instauradas voluntariamente
pelas partes envolvidas, o que não gera discussão judicial e evita a morosidade judiciária
com maiores desgastes emocionais. Os ajustes formais são intermediados por um terceiro
que não integra o litígio, pertencente a equipe do NEDDIJ-UEM, sendo requisito básico
para a concretização dos acordos, a disposição dos envolvidos ao diálogo saudável e
efetivo, antepondo sempre os interesses dos infantes.
É fato que para se alcançar a efetivação dos métodos consensuais de resolução de
conflitos no direito de família, se faz necessário seguir algumas diretrizes que se encontram
dispostas, principalmente, na Lei nº 13.140/2015. Assim, para se realizar um acordo
através da intermediação do NEDDIJ-UEM, é necessária a homologação judicial do ajuste
realizado, diante do interesse do incapaz, na forma preconizada pelos artigos 3º, §2º da lei
aludida e 178, inciso II do CPC. Por sua vez, o acordo extrajudicial, quando homologado, é
válido como título executivo judicial, podendo ser, inclusive, objeto de execução em
consonância com o artigo 515, inciso III do CPC. Eis, portanto, a importância da referida
sentença homologatória de acordo.
Compete aos advogados e estagiários de Direito, durante a fase negocial, oferecer
os esclarecimentos jurídicos e realizar análises fáticas sobre as vontades manifestadas pelas
partes, mantendo a coerência com a norma. Os psicólogos e estagiários de Psicologia, por
sua vez, analisam a realidade contextual e dinâmica da família, acolhendo, sensibilizando,
provocando reflexões e facilitando o diálogo entre as partes envolvidas. Ressalta-se que

313
toda a equipe prioriza, unicamente, o melhor interesse do(s) infante(s) em questão,
evidenciando a importância da comunicação acolhedora com a família assistida.
Entretanto, a constatação resultante da prática exercida pelo grupo de trabalho do
NEDDIJ-UEM é que o período de pandemia tem dificultado o diálogo efetivo com as
partes. Quando questionados, os usuários preferem que a equipe exerça a comunicação,
exclusivamente, com a outra parte para uma tentativa de acordo. Dessa forma, as principais
dificuldades encontradas estão interrelacionadas, sendo elas: a falta de diálogo acerca dos
termos entre os possíveis acordantes, a desconfiança de uma das partes quanto ao contato
do estagiário e, o prejuízo na escuta, acolhimento e estabelecimento de um vínculo de
confiança com os usuários – marcas que consolidam o trabalho como referência de
assistência. Ademais, fica prejudicada a análise interdisciplinar de cada caso, visto que a
escuta remota, em geral, é realizada por apenas um estagiário.
Diante destas problemáticas enfrentadas, tem-se priorizado, salvo nos casos em que
o acordo extrajudicial é de iniciativa voluntária dos usuários, a tentativa de realizar tais
acordos em fase judicial, durante a audiência de conciliação, momento em que as partes
estão acompanhadas por profissionais mediadores do Centro Judiciário de Solução de
Conflitos e Cidadania (CEJUSC), bem assim, por advogados do NEDDIJ. Esse tipo de
resolução amigável, que não integra o foco do presente estudo, tornou-se frequente nos
casos em que o NEDDIJ-UEM atua.

Considerações Finais
O acordo extrajudicial possui diversos aspectos positivos para a solução de
conflitos, evitando possíveis desgastes durante um processo judicial. Apesar do NEDDIJ-
UEM não contar com mediadores, isso não restringe o acesso a esse modelo de
negociação, sendo este, na medida do possível, estimulado pela equipe interdisciplinar.
Admite-se a ocorrência de prejuízos aos interesses das partes diante do atendimento
realizado de forma remota, se comparado ao presencial. Entretanto, conclui-se que diante
da responsabilidade social assumida pelo NEDDIJ-UEM, a continuidade do trabalho é de
suma importância, ainda que não realizado pela via convencional e considerada a forma
ideal. Assim, as alternativas encontradas frente às dificuldades de realização dos acordos

314
extrajudiciais permanecem atendendo os propósitos de manutenção de assistência à
população, sobretudo ao melhor interesse de crianças e adolescentes, bem como,
contribuindo para a formação dos profissionais e acadêmicos que integram o NEDDIJ.

Referências
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em 22 jul.
2021.

BRASIL. Lei Nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Disponível


em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em
25 jul. 2021.

BRASIL. Lei Nº 13.140, de 26 de junho de 2015. Lei da Mediação. Disponível em:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13140.htm. Acesso em 25
jul. 2021.

315
O DIREITO ACHADO NA EXTENSÃO: A PERSPECTIVA DAS FAKE NEWS
ENTRE OS IDOSOS DE SANTA MARIA/RS

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenador da atividade: Rafael Santos de OLIVEIRA
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
Autores: I. RAMOS ; B. BASTOS 2; I. SILVA 3; L. DRUZIAN 4; H. CORTINA 5; H.
1

DUARTE 6.

Resumo:
O Centro de Estudos e Pesquisas em Direito e Internet da Universidade Federal de Santa
Maria, por estar sempre inserido em debates sobre a intersecção do direito com o ambiente
digital, preocupou-se com a onda de desinformação que foi alavancada pela pandemia da
COVID-19 e que afeta de forma especial a população idosa, em razão do pouco
conhecimento sobre a operacionalidade da rede. Dessa forma, e considerando o acesso do
grupo à Escola Municipal Duque de Caxias, localizada em Santa Maria/RS, objetivou-se
informar e alertar os idosos sobre a disseminação de notícias falsas na internet, utilizando-
se de práticas extensionistas e de recursos digitais. Para tanto, foi criado um chatbot
operacionalizado por meio da plataforma Facebook para interagir com os avós e pais dos
alunos da Escola e possibilitar a troca de conhecimentos através de vídeos e textos curtos,
configurando uma abordagem exploratória que culminou na elaboração de um
questionário, para verificar se ocorreram mudanças no comportamento despendido na
internet e se houve a absorção de conhecimentos pela população analisada. Por fim, foi
possível concluir que os alunos da Escola demonstraram interesse no tema da
desinformação, mas o mesmo não pode ser dito dos pais e avós, uma vez que poucos
participaram das interações com o chatbot e, posteriormente, no formulário. Entretanto,

1
Isadora Palmeiro Ramos, aluna da graduação em Direito.
2
Bruna Bastos, doutoranda em Direito/UNISINOS.
3
Isabela Pradebon da Silva, aluna da graduação em Direito.
4
Luiza Londero Druzian, aluna da graduação em Direito.
5
Henrique Cortina, aluno da graduação em Direito.
6
Hendrisy Araujo Duarte, mestranda em Políticas Públicas/UNIPAMPA.

316
dentre aqueles que interagiram, foi possível perceber uma mudança no comportamento nas
redes sociais, de modo que o objetivo da ação extensionista foi atingido.

Palavras-chave: Chatbot; Desinformação; Idosos.

Introdução
A popularização da internet, inicialmente criada para ser um meio de comunicação
resistente entre pequenas redes locais, permitiu o fenômeno da comunicação em massa e a
construção de novos modelos de organização social e econômica. Nesse sentido, é
consabido que a evolução da mídia, além de possibilitar o acesso célere a determinados
conhecimentos, serve como meio para a propagação de fake news, assunto que se tornou
ainda mais relevante a partir do ano de 2014 com as eleições presidenciais brasileiras.
Entretanto, com a pandemia da COVID-19, a disseminação de notícias falsas na internet
tomou novas proporções, especialmente pelo Brasil ter sido considerado o país que mais
acredita nas ondas de fake news sobre o novo coronavírus, enfrentando o que se denomina
de infodemia (epidemia de desinformação).
Um ponto que merece destaque é que, entre a faixa etária que mais compartilha
essas informações falsas, pessoas acima de 65 anos de idade repassam sete vezes mais
notícias no Facebook do que jovens, situação potencializada pelo fato de que os idosos são
integrantes de um dos grupos de risco apontados pela Organização das Nações Unidas para
a Educação, a Ciência e a Cultura. Assim, fica claro que eles são os mais afetados pela
infodemia, motivo pelo qual a sua abordagem como público-alvo é necessária,
especialmente quando o objetivo é a conscientização. Tendo em conta essa delimitação,
pretendeu-se responder ao seguinte questionamento: como viabilizar a interação dialógica
por meio de ações extensionistas on-line que visem combater a divulgação de informações
falsas compartilhadas por idosos sobre a COVID-19?
Para tanto, objetivou-se criar formas práticas extensionistas on-line que
possibilitem, de forma inovadora e transformadora, informar e alertar os idosos sobre a
disseminação de notícias falsas na internet. Esse estudo vinculou-se ao projeto de extensão
O Direito Achado na Web, do Centro de Estudos e Pesquisa em Direito e Internet

317
(CEPEDI) da Universidade Federal de Santa Maria, que trabalha com os riscos e as
oportunidades no ciberespaço por meios educomunicativos, cunhados pela
indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. Todos os atores da ação extensionista
são pesquisadores do CEPEDI.

Metodologia
Para tanto, foi utilizada a metodologia de abordagem de caráter exploratório, a
partir do mapeamento de como os idosos da comunidade circundante à Escola Municipal
de Ensino Fundamental Duque de Caxias de Santa Maria/RS, onde o CEPEDI realiza
atividades extensionistas, utilizam as redes sociais. Dessa forma, o público-alvo escolhido
foram os idosos que são pais ou avós dos alunos do 4º ano do Ensino Fundamental da
referida Escola. Para atingir essas pessoas, foi feita uma palestra, na plataforma Google
Meet, com os alunos escolhidos, explicando a importância da atividade e encorajando-os a
incluir os familiares na abordagem desenvolvida pelo grupo.
Além disso, a interação com a faixa-etária ocorre por meio de um chatbot,
desenvolvido exclusivamente para essa atividade com o intuito de possibilitar a troca de
conhecimentos de forma didática e acessível. Através desse chatbot e das interações com o
público-alvo, foram disponibilizados quatro vídeos interativos sobre os impactos da
divulgação de fake news na internet, os mitos e as verdades em relação às notícias falsas
sobre o novo coronavírus, as formas de identificar as fake news e um tutorial de como agir
quando os demais usuários da rede propagam notícias falsas. O chatbot ainda teve
comandos para trazer conceitos rápidos e curtos, explicando o que são essas notícias falsas,
como elas são propagadas e de que forma estão ligadas à pandemia da COVID-19.
Ao final, dez dias após o último vídeo, encaminhou-se um formulário de perguntas
e respostas, indagando ao grupo que interagiu com o chatbot se perceberam mudanças nos
seus comportamentos na internet e com o intuito de observar os conhecimentos adquiridos
por eles através da atividade extensionista desenvolvida.

Desenvolvimento e processos avaliativos

318
Conforme mencionado anteriormente e considerando o objetivo da ação
extensionista proposta e relatada nesse trabalho, as atividades consistiram em uma palestra
com os alunos do 4º ano do Ensino Fundamental da Escola escolhida, onde os participantes
conversaram com as crianças para explicar, de forma acessível e simples, o problema das
fake news e da desinformação, encorajando-os a passar esse conhecimento para os
familiares e incentivá-los a participar da atividade proposta. Os alunos foram todos muito
receptivos e participaram ativamente da palestra.
No tocante ao público-alvo, qual seja os familiares idosos desses alunos, a
experiência foi um pouco diferente, uma vez que eles não demonstraram tanto interesse em
fazer parte das atividades propostas. Poucos foram aqueles que procuraram o chatbot para
interagir e aprender mais sobre o assunto proposto, o que trouxe algumas dificuldades em
relação à execução da ação. Entretanto, dentre os que participaram, foi possível perceber
que aproveitaram o momento de aprendizagem e de interação, uma vez que ficaram
bastante tempo na plataforma e assistiram a todos os vídeos disponibilizados. Dessa forma,
apesar de o espectro de impacto ter sido um pouco menor do que o planejado, a ação não
deixou de atingir seus objetivos de conscientização e de aprendizagem colaborativa.

Considerações Finais
Diante de todo o exposto, esperava-se manter a interação dialógica da UFSM e do
CEPEDI para com a comunidade santa-mariense, valendo-se do contato com diferentes
parcelas da sociedade civil e fomentando a transferência de tecnologia em práticas
educacionais de excelência. Frente ao que foi viabilizado pelo projeto de extensão em
comento, é possível dizer que esse objetivo foi alcançado, uma vez que as pesquisas e os
estudos sobre desinformação desenvolvidos na Instituição foram compartilhados com a
comunidade circundante da Escola Municipal Duque de Caxias, atingindo professoras,
alunos e familiares de forma prática e acessível.
O objetivo previsto para a atividade era de que os idosos se tornassem capazes de
identificar notícias falsas quando estivessem utilizando as redes sociais, além de alertar aos
demais cidadãos sobre os desdobramentos da desinformação e reduzir o número de
compartilhamentos de informações errôneas nas redes sociais. Considera-se que esse

319
objetivo também foi atendido, apesar de ter sido dificultado pela baixa adesão do público-
alvo às atividades propostas, uma vez que as respostas ao questionário aplicado ao final da
ação demonstraram a percepção sobre a importância do tema e de se ter cuidado quando
estiver interagindo nas redes sociais virtuais.
Por fim, percebeu-se que houve um ganho acadêmico considerável para os alunos
inseridos na atividade extensionista e para o grupo como um todo, uma vez que foi
possível manter a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, além de
compartilhar as pesquisas que são desenvolvidas com outros membros da comunidade
local, iniciando uma alteração importante na forma como o público-alvo percebe o
compartilhamento de informações pela internet e interage com o ambiente digital,
possibilitando uma proteção maior em relação aos riscos e descontroles do ciberespaço.

320
INTERSETORIALIDADE E INTERSECCIONALIDADE: O TRABALHO EM
REDE NO ATENDIMENTO A MULHERES EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenador(a) da atividade: Kátia Alexsandra dos SANTOS
Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO)
Autores: K. A. SANTOS 1ZARPELLON, B. C. O. 2; SANTOS, F. S. S. 3.

Resumo:
A intersetorialidade e a interseccionalidade têm sido considerados conceitos-chave para se
pensar o atendimento a mulheres em situação de violência. Desse modo, este trabalho teve
como objetivo discutir a operacionalização desses conceitos nos atendimentos realizados
em um projeto de extensão- Núcleo Maria da Penha-, em um município de médio porte do
interior do Paraná. A partir desta escrita, concluímos que há diversos desafios para se
efetivar um atendimento em sua integralidade, mas a atuação ética e comprometida é
essencial para o combate à violência e a garantia de direitos das mulheres.

Palavras-chave: Violência contra as mulheres; Intersetorialidade; Interseccionalidade.

Introdução
A violência contra a mulher é um fenômeno complexo, multicausal e estrutural e,
por conta disso, demanda atuação articulada de diversos setores a fim de lidar com todos
os desafios envolvidos. Para tanto, há a Rede de Enfrentamento à Violência contra as
Mulheres, que envolve instituições e serviços tanto governamentais quanto não
governamentais e comunidade, com o propósito de desenvolver atividades preventivas,
políticas que assegurem os direitos e a autonomia das mulheres, garantia de atendimento

1
Kátia Alexsandra dos Santos, professora adjunta do curso de psicologia, coordenadora do Núcleo Maria da
Penha, SETI/UGF
2
Bianca Carolline Oconoski Zarpellon, psicóloga, ex profissional recém formada do Núcleo Maria da Penha,
SETI/UGF.
3
Fernanda Sabei de Souza Santos, estagiária de Psicologia no Núcleo Maria da Penha, SETI/UGF, acadêmica
de Psicologia na UNICENTRO.

321
especializado para mulheres em situação de violência e responsabilização dos(as)
agressores(as) (BRASIL, 2011).
Cada rede possui suas especificidades a depender da realidade do município e dos
serviços que se fazem presentes nesse território. Neste trabalho, discutiremos acerca da
Rede de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres do município de Irati, localizado na
região Sudeste do Paraná, a 152 km da capital do estado. Segundo a projeção do IBGE,
Irati teria em 2020 aproximadamente 61.088 habitantes, caracterizando-se como município
de médio porte.
Em Irati, a Rede de Atendimento às Mulheres é composta por Conselho Municipal
de Políticas Públicas para Mulheres, Centro de Referência Especializado em Assistência
Social (CREAS), Serviço de Abordagem Social, Casa de Apoio à Mulher em Situação de
Violência, Patrulha Maria da Penha, Núcleo Maria da Penha (NUMAPE), Delegacia de
Polícia Civil, Rede de Saúde (contudo, não há Instituto Médico Legal-IML- ou serviço
especializado de atendimento às mulheres) e Judiciário, sendo que não há Vara de
Violência Doméstica.
O objetivo deste trabalho é explicitar os desafios do trabalho em rede,
problematizando as noções de intersetorialidade e interseccionalidade como pontos
centrais do atendimento a mulheres em situação de violência.

Metodologia
Este trabalho refere-se a um relato de experiência a partir da atuação desenvolvida
no Núcleo Maria da Penha - NUMAPE Irati. Trata-se de um projeto de extensão que faz
parte da rede de enfrentamento a violência contra as mulheres, ofertando gratuitamente o
atendimento psicológico individual e a assistência jurídica. O atendimento psicológico
acontece através da psicoterapia breve que se caracteriza enquanto um atendimento
pontual, com vistas no acompanhamento e fortalecimento da mulher visando romper com a
situação da violência e o atendimento jurídico enquanto orientação acerca dos direitos das
mulheres e representação jurídica em ações que se fizerem necessárias para o rompimento
com a situação de violência e garantia de seus direitos.

322
Desenvolvimento e processos avaliativos
A intersetorialidade é uma prática de gestão que possibilita estabelecer trocas de
saberes e partilha na tomada de decisão entre diversas instituições e setores da sociedade,
articulando políticas públicas a fim de conduzir e solucionar questões complexas (SILVA,
et al, 2014). Assim, entende-se também que um atendimento integral compreende as
condições físicas, emocionais, sociais e culturais, além da compreensão da saúde a partir
de seus determinantes e condicionantes, sendo estes “a alimentação, a moradia, o
saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a atividade física, o
transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais” (BRASIL, 1990).
Desse modo, é possível compreender a importância de protocolos e diretrizes de
atuação que orientem o funcionamento da rede de enfrentamento a violência, buscando
garantir a integralidade do atendimento, por meio da organização de um fluxo de
atendimento, do encaminhamento dos casos, da atuação articulada e intersetorial, uma vez
que casos mais complexos exigem resoluções que não passam somente por um serviço.
A escuta qualificada é um dispositivo de grande importância para a promoção de
um acolhimento humanizado, comprometido e ético, compreendendo o sujeito atendido na
sua integralidade e estando sensível a tudo que é expresso por este(a), sem que ocorram
constrangimentos nesse processo (SANTOS, 2019). Por conta disso, faz parte da escuta
qualificada considerar a singularidade e a integralidade da pessoa atendida, demandando
também que se leve em consideração os marcadores sociais que se fazem presentes em
cada caso, a fim de que se possa realizar um bom acolhimento e construir intervenções
mais eficazes, a partir da realidade de cada usuária.
Além disso, quando falamos em atendimento às mulheres, um dos primeiros pontos
a se ter cuidado é a universalização da noção de mulher a partir de uma perspectiva branca
e ocidental, desconsiderando outras realidades e particularidades raciais, étnicas,
econômicas, culturais e religiosas. Portanto, cada mulher vivencia as relações (seja em
âmbito afetivo, familiar, político, cultural ou organizacional), assim como as possíveis
violências destes espaços, de modo distinto.
O conceito de interseccionalidade objetiva evidenciar a interação e a sobreposição
de gênero, raça, classe, além de outros marcadores como orientação sexual, identidade de

323
gênero, idade, etnia, localidade, deficiência, escolaridade, entre outros, que podem
promover desigualdades, discriminações e violências (AKOTIRENE, 2019).
Sendo assim alguns dos fatores que temos percebido nas mulheres atendidas no
projeto, são principalmente gênero, classe, idade, condições de saúde e território. Olhando
para o trabalho do Núcleo em seus quatro anos de atuação, percebemos que não temos tido
demandas de mulheres negras, mulheres indígenas, mulheres transsexuais, mulheres
lésbicas ou bissexuais e nem mulheres em situação de rua. Acreditamos que haja uma
relação com a dificuldade de acesso dessas mulheres, além da invisibilidade que pode fazer
com que elas não se sintam convocadas a buscar os serviços da rede. A própria Lei Maria
da Penha opera através de uma lógica universalizante, se pautando na violência doméstica,
ao passo que mulheres lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais são mais agredidas em
espaços públicos por desconhecidos, assim como as mulheres em situação de rua são
desconsideradas.
Também, a cultura local do município, pela lógica patriarcal e cristã, tende a ter
posicionamentos machistas, de naturalização da violência e de culpabilização das
mulheres, fator que interfere nos serviços pois essa lógica pode ser reproduzida, momento
em que a escuta é prejudicada e se destaca a violência institucional. Além disso,
questionamos a própria distância que se coloca em decorrência da localização do
NUMAPE, cerca de nove quilômetros do centro da cidade, entendendo também que o
acesso ao transporte também é uma problemática que dificulta a circulação das mulheres
para buscarem os serviços. Por esses motivos, muitas vezes os casos só chegam quando há
uma violência mais grave ou quando ocorre violação dos direitos da criança e/ou
adolescente.
Considerações Finais
Este trabalho buscou discutir acerca dos desafios do atendimento à mulher em
situação de violência de modo integral, a partir da compreensão dos diversos marcadores
que podem compor a existência da mulher assim como os diferentes serviços em que ela
pode acessar, possibilitando um trabalho que opera através da interseccionalidade e da
intersetorialidade. A própria localização e o contexto cultural em que o projeto está
inserido traz uma série de dificuldades para o enfrentamento à violência contra a mulher.

324
Todavia, destacamos que uma atuação ética e comprometida com as demandas sociais é
essencial para que seja feito o combate à violência e a garantia de direitos das mulheres.

Referências
AKOTIRENE, Carla. Interseccionalidade. São Paulo: Sueli Carneiro; Polén, 2019.
BRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a
promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços
correspondentes e dá outras providências. Brasília, 1990. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm>. Acesso em: 03 ago. 2021.
BRASIL. Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres. Rede de enfrentamento à
violência contra as mulheres. Brasília: 2011. Disponível em:
<https://www12.senado.leg.br/institucional/omv/entenda-a-violencia/pdfs/rede-de-
enfrentamento-a-violencia-contra-as-mulheres>. Acesso em: 03 ago.2021.
SANTOS, Angelica. Escuta qualificada como ferramenta de humanização do cuidado em
saúde mental na Atenção Básica. APS EM REVISTA, 170-179, 2019.
SILVA, Kênia Lara et al . Intersetorialidade, determinantes socioambientais e promoção da
saúde. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro , v. 19, n. 11, p. 4361-4370, nov. 2014.

325
LÍBERA: CÍRCULOS, CICLOS E FEMINILIDADES

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenador(a) da atividade: Neila SPEROTTO
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul
- Campus Rolante (IFRS)
Autores: K. R. S. WATHIER 1; L. PIMENTEL 2.

Resumo:
O presente trabalho discorre sobre a atuação e o desenvolvimento do projeto de extensão
Líbera: Círculos, Ciclos e Feminilidades, tendo como intuito socializar a experiência
desenvolvida no período de setembro de 2020 a março de 2021, no IFRS-Campus Rolante.
O projeto tem como propósito resgatar os saberes das mulheres sobre suas feminilidades,
pois a hipótese abordada é que foram invisibilizadas, diante da urgência em pautar no
debate político a igualdade de direitos. Já é comprovado que nós, mulheres, somos seres
com as mesmas condições de trabalho que os homens, mas, defendemos que temos
peculiaridades, referentes às nossas condições biológicas, que nos diferem e precisam ser
reconhecidas. O recorte que escolhemos para o estudo e práticas neste período foi a
menstruação, pois no universo das mulheres jovens este é ainda um tema tabu, sendo
considerado um problema íntimo somente das mulheres, sem que a sociedade discuta as
privações de direitos que mulheres pobres sofrem por não poderem comprar absorventes.
O principal desafio enfrentado pelo projeto foi encontrar formas para garantir o espaço de
troca de saberes sobre as feminilidades, em um momento de pandemia, quando a ordem é
manter-se afastados. Foi explorado como possibilidade o ambiente virtual, e então, as
ações do projeto foram adaptadas para uma metodologia ancorada nas ferramentas das
redes sociais, na comunicação e interação com a comunidade.

Palavras-chave: feminilidades; Direitos Humanos; justiça social.

1
Kauana Rafaela Souza Wathier, aluna do curso Técnico em Administração Integrado ao Ensino Médio.
2
Luzângela Pimentel, aluna do curso Técnico em Agropecuária Integrado ao Ensino Médio.

326
Introdução
O projeto Líbera representa um movimento de empoderamento das mulheres para o
resgate do reconhecimento da natureza do feminino, sob sua mais livre e consciente
expressão de ser. Na tentativa da sociedade de invisibilizar as feminilidades, temos notado
o uso de uma série de medicações com grandes efeitos colaterais, sendo impostas às
mulheres para o controle da natalidade, por exemplo, onde o ônus dos hormônios recai
sobre o corpo da mulher, causando doenças como o câncer e entre outras. Drogas são
propagandeadas pela indústria farmacêutica que denomina, algo que é natural, como
sintomas indesejados do período menstrual, faturam muito para esconder que neste período
a mulher tem estas manifestações, que estas são normais e que podem ser aliviadas com
outras práticas que não sejam a medicalização. A menstruação é uma destas condições
naturais que podem causar prejuízos às mulheres de baixa renda, sem dinheiro suficiente
para adquirir absorventes e isto pode ocasionar em faltas nas disciplinas acadêmicas ou
faltas ao trabalho.
No Campus Rolante, foram coletados dados de atendimentos da assistência
estudantil, onde revelam que muitas ausências nas aulas são resultado da falta de
absorventes ou de dor/desconforto. Em um cenário pandêmico, o projeto teve de ser
reestruturado. O estudo da Política de Extensão do IFRS, nos permitiu pensar de que forma
poderíamos nos aproximar da comunidade. E então, foi decidido que o projeto atuaria
através do ambiente digital. O projeto se caracteriza como extensão, no entanto, ele
também pode perpassar pelo ensino, na produção de conhecimentos e no compartilhamento
de aprendizados. A relação com a pesquisa é feita a partir de formulários, com fins de
conhecer o público e no momento de construção dos cards.
A pesquisa e a revisão de literatura sobre assuntos nos permitiram criar conteúdos
com uma linguagem própria e acessível. O objetivo principal do projeto é garantir um
espaço onde as mulheres possam falar sobre assuntos que são considerados tabus, acessar
saberes ancestrais e científicos, para que não pensem que suas reações e alterações de
humor no período menstrual são loucuras, possam ter uma postura de autocuidado em
relação às suas feminilidades e defenderem-se das violências que são expostas pela
condição de ser mulher.

327
Metodologia
Com as atividades acadêmicas paradas em todo o Brasil, os projetos tiveram que se
adaptar e inovar no modo como as atividades eram propostas. O projeto Líbera atua de
forma remota, via rede social, tornando assim as informações mais acessíveis e inclusivas.
Nosso primeiro contato com a comunidade foi a elaboração de um questionário, no google
forms, com o intuito de delimitar o público-alvo do projeto. Tivemos sucesso para obter
resultados, o questionário foi respondido por 52 mulheres, e com isso, definimos que
seriam mulheres de 13 a 24 anos. Com o público-alvo definido, criamos uma página no
Instagram e passamos a desenvolver os principais assuntos e temáticas dos cards a partir
das respostas do questionário, que também fizeram referência ao desconhecimento sobre a
quantidade de lixo gerado pelas mulheres no período menstrual e os investimentos
necessários para garantir a compra de remédios e absorventes.
Os cards publicados abordaram assuntos como relacionamento tóxico e abusos,
autocuidado e suas variações, amor próprio e dicas para auxiliar as mulheres durante seus
ciclos menstruais. Em articulação com o cronograma do NEPGS (Núcleo de Estudos e
Pesquisas em Gênero e Sexualidade) foi elaborado uma programação especial para o mês
da mulher, chamada de “Líbera absorvendo o tabu”, com o intuito de abordar assuntos que
ainda são considerados tabus por muitas pessoas.
Para que conseguíssemos divulgar e ter acesso à feedbacks sobre o uso de métodos
alternativos durante a menstruação, fizemos também uma parceria com os homens que são
professores/servidores do campus, que se mostraram proativos e doaram alguns coletores e
absorventes ecológicos para serem sorteados na página do projeto. O sorteio é uma
estratégia utilizada nas redes sociais para garantir que as publicações tenham um maior
alcance, desta forma passamos a sortear toda semana do mês de março, coletores
menstruais, absorventes ecológicos e kits de autocuidado. Através das redes sociais
conseguimos ter acesso a outros dados, tais como quem curtiu os cards, quem comentou e
quantos compartilhamentos teve. A dinâmica dos sorteios realizados consistia em que a
participante curtisse o card publicado, marcasse duas amigas nos comentários e estivesse
seguindo a página do NEPGS e do Projeto Líbera nas redes sociais.

328
Desenvolvimento e processos avaliativos
Em cada card, optamos por abordar uma perspectiva de garantir uma reflexão sobre
os temas, e que isto parecesse um diálogo entre duas mulheres. Em relação às crenças/
tabus que nos impedem de falar sobre nossas feminilidades e nossas feridas abertas pela
falta de reconhecimento das nossas questões biológicas. As respostas que recebemos nos
fazem acreditar que um processo de tomada de consciência sobre a necessidade de resgate
das feminilidades e o encontro deste espaço para poder falar, têm ajudado muitas mulheres.
Foram trinta dias quebrando o tabu, no mês de março de 2021, foram trinta dias de
indagações, informações e contato com as participantes através das redes sociais do
projeto. Foi possível alcançar o público-alvo e, além disso, ampliamos nosso alcance para
outros municípios da região do Campus. E isto, certamente, não seria possível se o projeto
estivesse sendo desenvolvido presencialmente, portanto, avaliamos o uso do ambiente
virtual como positivo.

Considerações Finais
O perfil para o projeto na rede social Instagram, facilitou nossa aproximação
com o público, conseguimos transmitir nossos conhecimentos e criamos um ambiente
confortável para as mulheres compartilharem experiências e opiniões. Podemos destacar
também que aos poucos as mulheres vêm se apropriando de seus direitos, entendendo que
seus problemas, que antes pensavam ser só delas, na verdade são problemas sociais, os
quais exigem justiça social, redistribuição e rede de apoio com práticas para melhorar as
suas condições de saúde física/mental, isso sem o uso de remédios e drogas produzidas
pela indústria farmacêutica.
Com o apoio dos servidores do campus, conseguimos sortear 3 coletores e 3 kits de
absorventes ecológicos. Na continuidade do projeto teremos os testemunhos das mulheres
que, agora, através deste sorteio realizado, tiveram acesso a estes meios alternativos de
coletar a sua menstruação, e isso sem impactar o meio ambiente.

329
Referências
ESTES, Clarissa Pinkola. Mulheres que correm com os lobos. Rio de Janeiro: Rocco,
2014.

VIANNA, Adriana. Mulheres, Plantas e Ciclos. Apostila de curso online, 2020.

ABSORVENDO O TABU. Direção: Rayka Zehtabchi. Produção: Netflix. Estados Unidos,


2018.

Instituição Financiadora:
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul

330
MENINAS HIGH-TECH: EM BUSCA DA IGUALDADE DE GÊNERO NAS
ÁREAS DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenadora da atividade: Vanessa PETRÓ
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul
- Campus Feliz (IFRS)
Autores: I. H. MENDES 1; T. de O. PUCCIO 2

Resumo:
Há décadas a desigualdade e a discriminação conforme o gênero vem sendo debatidas,
entretanto, ainda há inúmeras barreiras no mundo acadêmico e do trabalho no que se refere
à participação das mulheres na ciência e na tecnologia. O objetivo do projeto é promover
reflexões e ações sobre a participação feminina na ciência e na tecnologia, buscando
incentivar a atuação das meninas nessa área. Devido a pandemia de Covid-19, as ações são
feitas através das redes sociais do projeto, que incluem publicações e lives relacionadas à
tecnologia e gênero. As ações indicam para um despertar da comunidade em relação ao
tema, muitas vezes naturalizado.

Palavras-chave: tecnologia; gênero; desigualdade.

Introdução
As mulheres, ao longo da história, têm encontrado dificuldades de se inserirem no
campo da ciência e tecnologia, realidade que perdura até os dias atuais. Segundo a
Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (PNAD, 2016), o Brasil possui mais de 580
mil profissionais na área de TI, sendo apenas 20% mulheres [1].
São apontadas como grandes influenciadoras e causadoras desta sub-representação
feminina na área, entre outras, a falta de preparação científica dos professores, falta de
experiências positivas das mulheres com a área desde a infância, a falta de
representatividade de mulheres na ciência e na tecnologia, currículos irrelevantes para as

1
Isabela Hadres Mendes, aluna do Curso Técnico em Meio Ambiente Integrado ao Ensino Médio.
2
Taiane de Oliveira Puccio, aluna do Curso Técnico em Informática Integrado ao Ensino Médio.

331
mulheres, pedagogia de ensino das ciências em favor do sexo masculino, “ambientes frios”
para as mulheres nas aulas de ciências, pressão cultural sobre as mulheres para se
ajustarem aos papeis tradicionais de gênero e uma visão inerente do mundo masculino na
epistemologia científica [2].
A falta de representatividade e incentivo feminino de ingresso e permanência na
área da TI foi primeiramente percebido no próprio Campus Feliz do IFRS. Em dados
recolhidos pelo “Projeto de Pesquisa Gênero e Justiça: uma análise sobre a trajetória
profissional e acadêmica de meninas na área da Informática”, foi identificado que 149
estudantes concluíram o curso Técnico em Informática Integrado ao Ensino Médio até o
início do ano de 2020. Destes, apenas 42 eram meninas, e somente cinco permaneceram
estudando ou trabalhando na área [3].
Problematizar e trazer à tona a sub-representação feminina na área da TI é de suma
importância para a discussão acerca da discriminação e dos estereótipos de gênero: não é
apenas uma questão numérica, mas sim uma questão de representatividade e de dar voz a
mulheres e meninas que estão ou se interessam na área de ciência e tecnologia.
Com intuito de suprir a demanda dessa discussão, surgem iniciativas que possuem
como objetivo a representatividade feminina na área da tecnologia, como é o caso do
Programa Meninas Digitais, criado pela Sociedade Brasileira de Computação (SBC), que
busca a aproximação de meninas do ensino básico à área da computação. Assim, o projeto
aqui apresentado está ligado a esta iniciativa. O Projeto de Extensão Meninas High-Tech
nasceu dentro da sala de aula, na disciplina de Sociologia, ao discutir a temática de gênero.
As ações iniciam-se justamente da necessidade de debatermos a discriminação e os
estereótipos de gênero, enfrentados pelas próprias discentes. As ações realizadas têm como
objetivos promover reflexões e ações sobre a participação feminina na ciência e na
tecnologia e estereótipos de gênero.

Metodologia

332
Com o isolamento social necessário em decorrência da pandemia de Covid -19,
estabelecida em março de 2020, encontramos nas redes sociais uma forma segura e eficaz
de comunicação com o público, tanto para com os e as estudantes, quanto para com o
público externo da região do Vale do Caí.
Através do Instagram, atingimos um público de predominância feminina e jovem,
formado por 73,1% de mulheres e 26,9% de homens, sendo a faixa etária mais comum a de
18 a 24 anos. Em relação à localização do nosso público na rede social, os números mais
expressivos encontram-se nos municípios da Feliz (28%) e Porto Alegre (12,7%).
Todas as ações do Projeto de Extensão Meninas High-Tech são baseadas nas
experiências, perspectivas e demandas das próprias discentes, gerando ações oriundas do
protagonismo juvenil. Além disso, o projeto vem se desenvolvendo de forma indissociável
com o projeto de pesquisa “Gênero e Justiça: uma análise sobre a trajetória profissional e
acadêmica de meninas na área da Informática” e também com ações de ensino, ao discutir
a temática de gênero, ciência e tecnologia nas aulas de Sociologia.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Nossa primeira ação foi um Cine-Debate de forma presencial no início de 2020, que
contou com a exibição do filme “Estrelas Além do Tempo” e convidadas de diferentes
áreas do conhecimento debateram relações entre gênero, ciência, tecnologia e trabalho.
Nessa atividade 255 pessoas participaram, incluindo o público interno e estudantes de
escolas da região do Vale do Caí.
Para dar continuidade ao projeto depois do cancelamento das aulas presenciais,
criamos uma página no Instagram onde são feitas postagens que abordam temas
relacionados a área de TI e questões de gênero através de textos sobre a contribuição das
mulheres para a área da computação; “CineDicas”, indicações de filmes e documentários
que abordam o tema de gênero; textos para ajudar a construir espaços antissexistas; o
“Você Sabia?”, que tem o objetivo de trazer novidades e curiosidades sobre a área de TI e
questões de gênero; e documentários que contaram com o relato de diversas mulheres,
produzidos nas ações de ensino.

333
No YouTube, fizemos transmissões de lives, onde são entrevistadas mulheres das
áreas de ciência e tecnologia para falar de temas atuais. Duas lives foram realizadas no mês
de outubro, em comemoração ao Ada Lovelace Day, que está ligado à necessidade de
visibilidade das profissionais mulheres na área de TI. Durante as mesmas, as convidadas
falaram de suas trajetórias e uma delas discutiu sobre inteligência artificial. Também teve
uma live sobre representatividade feminina na ciência.
Essas atividades por serem online, estão abertas à comunidade interna e externa, a
pessoas que tiverem interesse no tema. No momento da realização das lives a participação
do público foi considerada baixa, em torno de 15 pessoas assistindo simultaneamente.
Entretanto, a possibilidade de deixar as gravações disponíveis nos canais de comunicação
do projeto aumenta significativamente o número de acessos, ampliando o alcance das
ações.

Considerações Finais
Este artigo apresentou um relato das atividades desenvolvidas no âmbito do projeto
de extensão Meninas High-tech. Apesar do mesmo ter tido a necessidade de ser
reorganizado e as atividades de forma presencial terem passado para um conteúdo
totalmente online, não inviabilizou o desenvolvimento do projeto. Pelo contrário, foi
possível divulgá-lo melhor, conhecer o nosso público, criar um espaço de reflexão e
promover discussões sobre o tema que antes não eram feitas. Com a continuidade do
projeto, além das ações já desenvolvidas, estão previstas oficinas online (enquanto
perdurar a pandemia) com estudantes da educação básica, discutindo gênero, ciência e
tecnologia, além de ações no próprio campus, buscando desnaturalizar os estereótipos e
discriminação de gênero.
Referências
Mais de 80% das mulheres que trabalham com tecnologia já sofreram preconceito. Infor
Channel, 2021. Disponível em <https://inforchannel.com.br/2021/03/08/mais-de-80-das-
mulheres-que-trabalham-com-tecnologia-ja-sofreram-preconceito/>. Acesso em: 20 jul.
2021.

334
Sapna Cheryan, Sianna A. Ziegler, Amanda K. Montoya and Lily Jiang. Why are some
STEM fields more gender balanced than others? Psychological Bulletin, 143(1): 1-35,
2017. doi: https://doi.org/10.1037/bul0000052.

PETRÓ, Vanessa; FERREIRA, Vinicius Hartmann; MULLER, Renata Luiza; HAHN,


Jéssica Gabrieli Schmitz; ASSMANN, Leandro von Borstel. Discriminação de gênero e
inserção de meninas na área de TI. In: WOMEN IN INFORMATION TECHNOLOGY
(WIT), 15, 2021, Evento Online. Anais [...]. Porto Alegre: Sociedade Brasileira de
Computação, 2021. p. 61-70. ISSN 2763-8626. DOI:
https://doi.org/10.5753/wit.2021.15842.

Instituição Financiadora:

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul

335
MIGRAIDH: FORMULAÇÃO DE DINÂMICAS DE ATUAÇÃO A PARTIR DA
ATENÇÃO INTEGRAL AO SUJEITO MIGRANTE INTERNACIONAL

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenadora da atividade: Giuliana REDIN
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
Autores: M. S. X. OLIVEIRA 1; R. M. PETRY2; J. C. SOUZA³

Resumo:
O Grupo de Ensino, Pesquisa e Extensão Direitos Humanos e Mobilidade Humana Internacional da
UFSM, o MIGRAIDH, foi criado em 2013 com o objetivo de atuar na proteção e promoção dos
direitos humanos de migrantes e refugiados. O Grupo desenvolve suas atividades extensionistas a
partir da premissa da atenção integral ao sujeito migrante, pela identificação das múltiplas
vulnerabilidades envolvidas no processo migratório. Por isso, constitui-se em um programa
interdisciplinar voltado ao acolhimento, atendimento e integração local de migrantes e refugiados.
Dentre as diversas atividades desenvolvidas, destacam-se a assessoria jurídica, o ensino de língua
portuguesa e o atendimento psicológico, as quais são objeto de análise neste trabalho, que aborda a
formulação de suas dinâmicas dirigidas à atenção integral ao sujeito migrante e refugiado e
implicações práticas, como horizonte comum, o desenvolvimento da autonomia de migrantes e o
reconhecimento da sua condição como sujeito de direitos.

Palavras-chave: Migrantes e Refugiados; Extensão como Comunicação; Atenção Integral.

Introdução
O migrante internacional é aquele suscetível a múltiplas situações de vulnerabilidade em
decorrência de sua condição migratória. São as barreiras na relação com o Estado, com a sociedade
de acolhida, mas também ligadas à subjetividade. Para fazer frente a tal realidade, o Programa de
Extensão do MIGRAIDH adota a metodologia freireana do encontro com o outro, com o sujeito, na

1
Márcia Stéphanie Xavier de Oliveira, Acadêmica do Curso de Direito da Universidade Federal de Santa
Maria, Bolsista pelo Migraidh no Observatório de Direitos Humanos - ODH/UFSM.
2
Roberta Morgana Petry, Licenciada em Letras-Português e Literaturas de Língua Portuguesa pela
Universidade Federal de Santa Maria, participante do Migraidh.
³ Jéssica Carvalho de Souza, Graduada em Psicologia pela Universidade Franciscana -UFN e Especialista em
Clínica Psicanalítica pela Universidade Luterana do Brasil, participante do Migraidh e do Núcleo de
Psicanálise.

336
relação dialógica ou comunicacional entre academia e sujeito. A extensão como comunicação
(FREIRE, [1969], 2017) é subsidiada pela pesquisa interdisciplinar, com linhas de pesquisa nas
áreas do Direito, Ciências Sociais, Comunicação Social, Letras e Psicologia, mas, sobretudo,
subsidia a própria pesquisa pela promoção do “encontro com o Outro” em suas práticas. O presente
trabalho objetiva demonstrar a formulação das dinâmicas de três das várias dimensões de atuação
do Migraidh, as quais são dirigidas à atenção integral ao sujeito migrante e refugiado: a assessoria
jurídica e documental; o ensino do Português Língua de Acolhimento; e a clínica psicológica.

Metodologia
O trabalho está apoiado no caminho metodológico descritivo dos pressupostos teóricos,
processuais e práticos do MIGRAIDH em extensão. Sistematiza a prática em três dimensões e
demonstra o caminho de formulação de suas dinâmicas, realizadas pela relação entre a universidade
e seus atores, os sujeitos inseridos no grupo social de migrantes e refugiados, bem como demais
atores da sociedade civil que compõem a rede ligada à integração local de migrantes e refugiados.

Desenvolvimento e processos avaliativos


As migrações internacionais, conforme o MIGRAIDH (2020), “trazem um dos maiores
desafios de direitos humanos, que está no reconhecimento do imigrante como sujeito e sujeito de
direitos”. Isso implica, com o fato do deslocamento humano também em desafios ligados à
subjetividade e à integridade do migrante como sujeito. Esse pressuposto “desperta para uma ética
voltada à responsabilidade com um sujeito que é negado, leva a uma contestação da ‘verdade’ das
instituições do Estado, conforme Sayad (1998), e requer a essencial presença desse sujeito”
(MIGRAIDH, 2020). Assim, o Grupo, “percebe seu papel, constitui-se como coletivo e atua na
educação em direitos humanos para o desenvolvimento de ações voltadas à proteção e promoção
dos direitos humanos do grupo social de migrantes e refugiados,” que envolve migrantes,
refugiados, professores, pesquisadores, estudantes de graduação e pós-graduação, voluntários e
interessados, de várias áreas do conhecimento, e envolve diversos setores da sociedade civil.
Em 2015, as ações do MIGRAIDH credenciaram a Universidade Federal de Santa Maria
para o Convênio com a Agência das Nações Unidas para Refugiados, o ACNUR, que instituiu aqui
a Cátedra Sérgio Vieira de Mello UFSM, sob responsabilidade do Grupo. Atua a partir da
interdisciplinaridade, observa a realidade de direitos humanos e incide nas práticas de acolhimento,
atenção e integração local de migrantes internacionais, por meio de assessoria jurídica, ensino de
língua portuguesa, atendimentos clínicos, apoio psicossocial, acesso a direitos e serviços públicos,

337
fortalecimento de redes, incidência em processos legislativos e iniciativas para a formulação de
políticas públicas, formação de agentes públicos, pressão política e realização de atividades de
sensibilização 3. Ao lado das ações desenvolvidas do ponto de vista dos processos legislativos e de
políticas públicas, construídas pelo diálogo rigoroso com a realidade vivenciada pela população
migrante, estão ações voltada ao acolhimento, atendimento e integração de migrantes e refugiados,
desenvolvidas a partir da “ética da alteridade”, que requer o “encontro com o Outro”. Essas ações
buscam promover a autonomia dos imigrantes e o reconhecimento de sua condição como sujeito de
direitos:
a) Assessoria Jurídica e Documental: o eixo está centrado na promoção e proteção de
direitos humanos da população migrante e refugiada, portanto, presta assessoria jurídica
e documental individualizada e coletiva, também colaborativa com órgãos públicos, por
meio de peticionamentos e pareceres técnicos. Todo o atendimento perpassa primeiro,
pela compreensão do sujeito a partir da ética da alteridade, ou seja, o sujeito que fala de
si e sobre si, envolto na complexidade da sua relação e condição frente ao Estado, à
sociedade de acolhida e diante do sofrimento vivenciado decorrente do deslocamento
humano. As respostas ligadas ao acesso a direitos são construídas em permanente
diálogo e contato com a realidade mais concreta. Atenção integral requer
reconhecimento das múltiplas vulnerabilidades, para além da questão documental, que
fragiliza e condiciona o imigrante frente ao Estado. Assim, o eixo atua dentro das redes
criadas para acesso a direitos e serviços públicos.
b) Rodas de conversa: constituem o eixo voltado ao auxílio de migrantes da cidade de
Santa Maria com a aprendizagem da língua portuguesa. Entende-se que, sobretudo em
contextos de imigração, a língua é fator decisivo para integração local, pois a atuação
social do imigrante está, normalmente, ligada a sua capacidade de se comunicar de
maneira autônoma na língua do país recebedor. Tal constatação norteia, portanto, a
prática extensionista das Rodas de Conversa, a qual se aproxima, em termos teóricos,
dos pressupostos da língua de acolhimento. Segundo GROSSO (2010) o termo “língua

3
Aos longo dos oito anos de atuação, foram destaques as seguintes ações: a) iniciativa e autoria da
Resolução n. 41/2016 da UFSM, que instituiu o Programa de Acesso ao Ensino Superior e Técnico aos
Refugiados e Imigrantes em Situação de Vulnerabilidade, referenciada pelo ACNUR e ONU; b) o 1º Curso
de Formação e Capacitação para Servidores Públicos em Santa Maria, Refúgio, Migração e Políticas
Públicas, do qual foi aprovada a Carta de Santa Maria sobre Políticas Públicas para a População Migrante e
Refugiada; c) a Nota Técnica ao PL 2516/2015 (Lei de Migração), defendida em audiência pública na
Câmara dos Deputados.

338
de acolhimento” emerge a partir de um contexto específico de ensino-aprendizagem de
língua, o qual ultrapassa as noções de ensino de língua estrangeira, ao envolver a
aprendizagem da língua associada a um contexto de imigração, no qual a autonomia
linguística representa o acesso a diversos outros direitos. Sendo assim, a língua de
acolhimento está relacionada às diversas tarefas linguístico-comunicativas que deverão
ser realizadas na língua alvo, as quais ultrapassam os conhecimentos e saberes da
competência essencialmente linguística e atingem toda a dimensão social da vida do
sujeito. Orientada para a ação, a língua de acolhimento refere a vida cotidiana, as
condições de vida e as convenções sociais envolvidas no contexto dos aprendentes.
Assim, o eixo busca auxiliar migrantes com o desenvolvimento da sua competência
linguístico-comunicativa em paralelo ao seu processo de integração local, a partir da
construção de um espaço de acolhida. Tal atividade demanda, essencialmente, a adoção
de uma postura intercultural, de abertura e de reconhecimento do Outro, na sua
diferença, a partir da identificação e do respeito às suas necessidades e aspirações.
c) Atendimento psicológico: por meio da parceria com o Núcleo de Psicanálise- UFSM, o
Grupo presta serviço especializado para acolher psicologicamente migrantes e
refugiadas. É um espaço de escuta e cuidado com a saúde mental, na qual conta com
profissionais da psicologia, estudantes e psicanalistas, que tem como sustentação o olhar
para os diversos sujeitos que migram, a partir do trabalho interdisciplinar pautado no
diálogo entre diferentes conhecimentos e saberes. Por isso, aplica a especificidade de
uma clínica que lida com o estrangeiro de cada sujeito e, ao mesmo tempo, com o situar
do migrante no lugar do estrangeiro. A psicanalista Debieux (2018) aponta que esta
deve ser uma clínica que migra, que precisa deslocar-se até o sujeito migrante,
conversar e observar as diferentes cenas presentes no cotidiano. Na prática, isto envolve
ultrapassar os atendimentos ditos tradicionais, pois necessita de escutar acerca do que
suscitam as migrações, do espaço de fala próprio para migrantes na singularidade do
caso a caso, do corpo de cada profissional e estudante que escuta e propõe-se a intervir
ultrapassando os limites territoriais clássicos dos consultórios.

Considerações Finais
A atenção integral pressupõe o olhar sobre as múltiplas vulnerabilidades que recaem sobre
a condição do sujeito, que é protagonista na construção das estratégias de enfrentamento dessas

339
vulnerabilidades. A experiência do Migraidh, pela descrição da formulação de suas dinâmicas em
três eixos de atuação, mostra esse processo de (re)conhecimento do sujeito e do sujeito de direitos.

Referências
ROSA, Miriam Debieux; DOMINGUES, Eliane. O método na pesquisa psicanalítica de
fenômenos sociais e políticos: a utilização da entrevista e da observação. Psicol. Soc,
Florianópolis, v. 22, n. 1, p. 180-188.

FREIRE, Paulo. Extensão ou Comunicação. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2017.

GROSSO, Maria José dos Reis. Língua de acolhimento, língua de integração. Horizontes
de Linguística Aplicada, v. 9, n. 2, p. 61-77, 2010. Disponível em:
<https://periodicos.unb.br/index.php/horizontesla/article/view/886> Acesso em: 11 de
agosto de 2021.

MIGRAIDH. Programa Assessoria a Imigrantes e Refugiados. Disponível em:


<https://portal.ufsm.br/projetos/publico/projetos/view.html?idProjeto=65607> Acesso em:
11 de agosto de 2021.

340
NAS PEGADAS DO HOMEM BRANCO: ENFRENTAMENTO À PANDEMIA DO
CORONA VÍRUS JUNTO AOS GUARANI NO OESTE DO PARANÁ

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenador(a) da atividade: Clovis Antonio BRIGHENTI
Universidade Federal da Integração latino-Americana (UNILA)
Autora: M .C. CHENA DE ALMEIDA 1.

Resumo:
Para os povos indígenas a convid-19 é a nova marca da destruição da vida humana no
planeta pelos próprios humanos, são as pegadas deixadas pelos “homens brancos”, em
referência ao colonialismo. A partir dessa premissa desenvolvemos nossa ação de extensão
junto ao povo Guarani no Oeste do estado do Paraná. Os primeiros casos foram registrados
através dos indígenas trabalhadores em frigoríficos. Desenvolvemos ações de prevenção e
orientações aos indígenas e, informações e intervenções nas políticas e ações dos órgãos
públicos com o objetivo de mitigar os efeitos da pandemia junto a essa população, por ser
ela a mais vulnerável aos efeitos da crise sanitária. A ação ocorreu através do contato
direto com essa população a fim de compreender a manifestação da Covid-19 nesse
segmento populacional – com todos os cuidados e medidas sanitárias adotadas – produção
de informações e orientações para os Guarani e para as pessoas que atuam com os mesmos,
além do monitoramento dos serviços públicos. Nas 25 comunidades acompanhadas com
cerca de 4 mil pessoas foram registrados até o momento cerca de 500 pessoas infectadas
(12,5% da população), porém, manifestações de preconceitos foram registrados, inclusive
indígenas sendo expulsos de supermercados quando estavam em compras. O processo
avaliativo é continuo, a partir de novas informações readequados nossa intervenção. Como
resultados, destacamos as orientações e visitas às comunidades, reuniões online para
debater prevenção, cobrar ações do poder público e orientações sobre a vacinação. Mesmo
em contexto adverso, de comunidades sem-terra e sem poder trabalhar fora, não faltaram
alimentos e materiais de prevenção.

1
Graduanda em História-Licenciatura na Universidade Federal da Integração Latino Americana- UNILA/
PR. Brasil. maira.chena2001@gmail.com

341
Palavras-chave: Ava-Guarani no Paraná; Covid-19; Preconceito.

Introdução
A ação de extensão teve início em 2020 em meio a pandemia do Coronavírus. Com
apoio financeiro da Fundação Araucária (Bolsa de Extensão) aprovamos na Proex/Unila a
ação que denominamos “Nas pegadas do homem branco: enfrentamento a pandemia do
Corona Vírus junto aos Guarani no Oeste do Paraná”. É uma ação urgente e necessária.
Entendemos que a Universidade não pode ficar alheia a esses contextos em especial
quando trata-se de populações vulneráveis. A ação de extensão, é por sua natureza, uma
atividade impar para interagir com esses sujeitos sociais.
Os povos indígenas foram considerados, e o são, as populações mais vulneráveis às
pandemias. No caso específico de nossa ação de extensão, temos que considerar o contexto
dos Guarani na região e nossa relação com os mesmos.
O tema era e segue urgente. A experiência com a temática indígena favorecia que
iniciássemos essa ação mesmo com as dificuldades de locomovermos para as aldeias. A
experiência do docente coordenador com ações de extensão junto aos Guarani vem desde
2015, quando ingressou na Unila, portanto nos credencia com know-how e expertise na
temática indígena.
A fim de conhecermos o tema iniciamos pesquisas sobre o mesmo que resultaram
em minicurso ofertado I Simpósio de Etno-História e História Indígena, na UFGD, um
capitulo de livro publicado no México, também participamos de uma série de “lives” e
debates online sobre o tema. Estamos com um artigo submetido e estamos organizando um
livro sobre o tema com previsão para ser lançado ainda em 2021.
No ensino, nas cinco disciplinais ministradas pelo docente sobe História Indígena,
tanto para a graduação, como para a pós-graduação lato sensu e no mestrado em história,
foi enfatizado o tema.
Definimos como objetivo contribuir com a prevenção do Corona Vírus no contexto
dos Ava-Guarani e no Oeste do Paraná através da produção e difusão de informações sobre
os cuidados a fim de criar uma barreira de proteção contra a propagação da doença.

342
Metodologia
Das 25 comunidades que atuamos apenas três possuem terras demarcadas, porém
em quantidade insuficiente. O caso mais emblemático é o Ocoy, cuja população de cerca
de 900 pessoas vivem em 230 hectares de terra cercados entre o veneno das lavouras e o
lago de Itaipu. As demais 22 comundiades vivem em acampamentos, a maioria mora em
barracos de lona. Portanto, a sobrevivência – sejam cuidados com a propagação da doença
e a produção/aquisição de alimentos – tornou-se um desafio enorme.
Por se tratar de uma ação realizada em contexto de restrições sanitárias, tivemos
que nos adequar ao contexto, com poucas atividades presencias, porém, produzindo
informações e orientações.
A ação de garantir que o estado, os municípios e Fundação nacional do Índio
oferecessem alimentos e material de proteção e higiene foi fundamental. Também
provocamos e participamos de diversas reuniões com o Ministério Público Federal,
Secretaria de Saúde do estado do Paraná, Secretaria Especial de Saúde Indígena e Funai
para cobrar atendimentos – devido ao histórico de omissões – e contribuir com nosso
conhecimento sobre os Ava-Guarani.
A ação também incentivou as iniciativas preventivas e curativas próprias dos
Guarani. Os Guarani sabem que para curar uma doença é preciso conhecer a doença. Nesse
sentido, os xamas Guarani fizeram uso de seus conhecimentos para preparar medicamentos
e processos de curas. Se os medicamentos foram fundamentais não temos como afirmar,
porém sequer temos total certeza que as vacinas serão eficazes.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Inicialmente conversamos com algumas lideranças para definir a estratégia da ação,
antes de submetermos a ação de extensão.
Como ação destacamos: a) Provocação aos órgãos públicos para intervir nas
comundiades quando faltavam médicos, agentes de saúde e equipamentos de proteção para
as comundiades; b) Provocação aos órgão públicos para oferta permanente de alimentos as
comundiades; c) Provocação ao MPF para que intervisse junto aos principais
empregadores para liberar os indígenas do trabalho, sem corte salarial; d) Organização de

343
orientações antropológicas e históricas para subsidiar os trabalhos que seriam
desenvolvidos; e) Organização de material em linguagem acessível para orientar os
Guarani da importância da vacinação; f) Reuniões online com os Guarani para orientações
e definição de estratégias de ações; g) Vistas as aldeias para solidariedade e coleta de
informações para as denúncias e pedidos realizados; h) Pesquisas e estudos sobre os efeitos
da epidemia entre povos indígenas ao longo da história, contribuindo para a formação
acadêmica, publicações e trabalhos em sala de aula; i) Produção de artigos para revista
científica e realização de minicurso sobre o tema; j) Interlocução com organizações da
sociedade civil e organizações indígena contribuindo para evitar despejos dos Ava-Guarani
das terras que ocupam sem regularização. K) Apoio as iniciativas Guarani na busca de
medicações próprias, através de plantar e do xamanismo.

Considerações Finais
Os objetivos foram alcançados, muito embora temos muito ainda a fazer até que a
pandemia seja controlada e todos estejam vacinados. O importante é que dos cerca de 500
infectados ocorreu o índice de internados foi baixíssimo, praticamente apenas pessoas
medicadas. Infelizmente ocorreu um óbito de um senhor com mais de 100 anos.
Considerando que para os Guarani a velhice é valorizada e são as pessoas de idade as
transmissoras de conhecimento, foi uma grande perda.
Seguimos monitorando, com os Guarani, a entrega de alimentos e equipamentos de
proteção, bem como denunciando toda e qualquer violência relacionada ao Covid-19, em
especial as manifestações preconceituosas dos regionais.
Em termos acadêmicos conseguimos iniciar importantes pesquisas sobre o tema e
como dissemos temos publicações já realizadas e obras em andamento. Também, resultado
das pesquisas, temos feito diversas participações em eventos científicos.

Referências
CUNHA, M. C. da. (Org.) (1992). História dos Índios no Brasil. São Paulo: Cia da Letra
e Secretaria. Municipal da cultura, Fapespe.

344
BUCHILLET, D. (1991). Representações e práticas. Das medicinas tradicionais. En:
Buchillet, D. (Org.). Medicinas Tradicionais e Medicina Ocidental na Amazônia.
Belém: MPEG/CNPq/SCT/PR/CEJUP/UEP

KOPENAWA, D.; BRUCE, A. A Queda do céu: palavras de um xamã yanomani. São


Paulo: Companhia das Letras, 2015.

ONU. Organização Mundial da Saúde declara novo coronavírus uma pandemia.


Acessado em: 30 de jun. de 2021. Disponivel em
https://news.un.org/pt/story/2020/03/1706881

VILAÇA, A. Morte na floresta. São Paulo: Todavia, 2020.

Instituição financiadora:
Fundação Araucária.

345
NÚCLEO MARIA DA PENHA GUARAPUAVA E O ENFRENTAMENTO À
VIOLÊNCIA CONTRA MULHERES

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenadora da atividade: Rosângela Bujokas de SIQUEIRA
Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO)
Autores: A. C. S. ABREU 1; A. M. M. C. PRATES 2; J. A. G. LACERDA 3; L. R. BOTAN 4;
R.B. SIQUEIRA 5.

Resumo:
A violência contra mulheres é um problema social amplo, tendo uma incidência maior entre
negras e pobres que, além do sexismo, precisam enfrentar o racismo e as opressões de classe.
Este trabalho tem o objetivo de apresentar a trajetória e as ações desenvolvidas pelo NUMAPE
nas edições de 2018 e 2020, avaliando o alcance e os desafios existentes. O Núcleo atende
mulheres em situação de violência doméstica ou familiar de Guarapuava e região através de
uma equipe interdisciplinar, com Direito, Psicologia e Serviço Social. Para a metodologia
utilizou-se dados quantitativos dos relatórios anuais (2018 até 2020) e prontuários. Observou-
se, pelos dados do perfil das mulheres, que a maioria não completou o ensino fundamental,
está desempregada e sofreu violência psicológica e física. Conclui-se que o Projeto
corresponde as diretrizes da justiça gratuita, uma vez que a maioria das mulheres atendidas
está em situação de baixa ou ausência de renda; sendo um espaço de articulação ensino,
pesquisa e extensão, proporcionando aprimoramento da formação profissional das
participantes.

Palavras-chave: Violência; mulheres; ação extensionista.

1
Ana Cláudia da Silva Abreu, bolsista (orientadora de Direito e docente na área).
2
Angela Maria Moura Costa Prates, colaboradora, implantou o Núcleo e coordenou durante dois anos (docente de
Serviço Social).
3
Jully Annye Gallo Lacerda, bolsista (profissional recém-formada em Psicologia).
4
Lorrane Roceti Botan, bolsista (profissional recém-formada em Direito).
5
Rosângela Bujokas de Siqueira, coordenadora (docente de Serviço Social).

346
Introdução
A violência de gênero é fruto das relações desiguais entre homens e mulheres,
atravessada por outras formas de opressão, tais como a raça/etnia, classe, sexualidade, dentre
outras. O heterossexismo, o racismo e a opressão de classe são estruturantes das relações
sociais tecidas no capitalismo de tal modo que a construção social da inferioridade da mulher a
vulnerabiliza às várias formas de violência: física, psicológica, patrimonial, moral, sexual,
obstétrica, simbólica e as violências que decorrem, no âmbito público, pela ausência de
igualdade de direitos, como em relação ao acesso igualitário ao mercado de trabalho e à esfera
política (CISNE e SANTOS, 2018).
Dados recentes destacam que a violência contra a mulher é hiperendêmica em nosso
país, ou seja, é persistente e de alta incidência. Em termos gerais, uma a cada quatro mulheres
acima de 16 anos sofreu algum tipo de violência ou agressão nos últimos doze meses (FBSP,
2021). A realidade de Guarapuava acompanha essa dinâmica. De acordo com a Secretaria de
Políticas para Mulheres (2021), em pronunciamento on-line, entre os meses de março de 2020
e 2021, houve um aumento de 15,5% no registro de boletins de ocorrência acerca de situações
de violência praticadas contra mulheres na cidade, assim como um aumento expressivo na
implementação de medidas protetivas neste período. Portanto, cabe às Universidades
produzirem conhecimento a respeito da temática, preparando as e os estudantes para uma
atuação profissional atenta a esta faceta da realidade social. Considerando o tripé pesquisa,
ensino e extensão destacamos as ações extensionistas como espaços privilegiados para a
qualificação da formação profissional, em permanente diálogo com as demandas da sociedade.
Nesta perspectiva atua o NUMAPE Guarapuava, com a participação das áreas de Direito,
Psicologia e Serviço Social, integrado à rede de enfrentamento à violência do município. O
objetivo deste trabalho é apresentar a trajetória e as ações desenvolvidas pelo Núcleo nas
edições de 2018 e 2020, avaliando o alcance e os desafios existentes neste percurso.

Metodologia

347
O NUMAPE é um projeto de extensão financiado pela Superintendência Geral de
Ciência, Tecnologia e ensino superior do Paraná e, na UNICENTRO, Guarapuava, vem sendo
coordenado pelo Departamento de Serviço Social desde sua implantação, em 2018. Seu
objetivo é o atendimento jurídico, social e psicológico, gratuito, de mulheres que estão em
situação de violência doméstica ou familiar. Assim como, promover ações socioeducativas de
prevenção desse fenômeno. Seu público alvo são mulheres em situação de violência doméstica
ou familiar, com idade entre 18 e 60 anos, que possuam renda inferior a três salários mínimos,
profissionais que atuam com situação de violência e comunidade em geral. A equipe é
composta por bolsistas: professoras-orientadoras (2), profissionais recém-formadas (3) e
estagiárias (3). A atuação acontece em dois eixos: 1) Intervenção (atendimento individualizado
das mulheres) e 2) prevenção (ações socioeducativas de prevenção, como: palestras, oficinas,
trabalho com grupos, rodas de conversa, etc). Além disso, possui atividades: reuniões técnicas;
formação permanente; grupo de estudos e produção de trabalhos científicos; visitas
institucionais; participação na Rede local de enfrentamento à violência e no Conselho de
Direitos da Mulher.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Conforme os Relatórios Anuais (2018-2020), o NUMAPE realizou 961 atendimentos
jurídicos, 543 psicológicos, 519 de serviço social e 296 ações socioeducativas, demonstrando
o alcance de sua atuação.
A partir do levantamento de dados de prontuários entre janeiro de 2018 até dezembro
de 2020, analisamos o perfil das mulheres atendidas, avaliando dados de: idade, escolaridade,
renda e tipo de violência. Foram analisados 324 prontuários, dentro da faixa etária de 18 até 60
anos, excluindo da análise os prontuários que não possuíam nenhuma das três informações,
considerando como informações faltantes. Entre as 324 mulheres, 98 (30,2%) possuem ensino
fundamental incompleto, 69 (21,3%) possuem ensino médio completo, 25 (7,7%) possuem
fundamental completo, 21 (6,5%) possuem médio incompleto, 8 (2,5%) possuem ensino

348
superior completo, e em 103 (31,8%) prontuários não constava a informação de escolaridade.
Em relação à renda, 149 estão desempregadas (46%), 44 recebem menos de 1 salário mínimo
(13,6%), 51 entre 1 e 2 salários mínimos (15,7%), e apenas 3 entre 2 e 3 salários mínimos
(0,9%). Essa realidade mostra que a proposta do Projeto é coerente ao proporcionar justiça
gratuita para mulheres que não possuem condições financeiras. Em 77 prontuários não
constava a informação de renda (23,8%). Sobre os tipos de violência, cada mulher relatou
mais de um tipo de violência, sendo que algumas disseram ter vivenciado as cinco
modalidades previstas pela Lei Maria da Penha. A violência mais frequente foi a psicológica,
estando presente em 296 dos prontuários. A violência física ficou em segundo lugar, com 228
mulheres. E 132 mulheres relataram violência moral, 110 violência patrimonial, e 66 violência
sexual. Apenas 14 prontuários não registraram as violências. Observa-se que a maioria das
usuárias têm um grau de escolaridade baixo, não tendo concluído o ensino fundamental, estão
desempregadas e experenciaram várias formas de violências, destacando-se a psicológica e
física. As usuárias são atendidas por equipe multidisciplinar, que acolhe e realiza escuta
qualificada, promove o atendimento jurídico, psicológico e social gratuito. Além disso, o
Núcleo também faz parte da Rede de Enfrentamento à violência contra mulheres do
município, o que contribui com toda a sociedade.

Considerações Finais
O Projeto conquistou lugar na rede de atendimento em Guarapuava, possui alcance
significativo em atendimentos, fomenta o trabalho conjunto, o desenvolvimento pessoal e
profissional da equipe, ao mesmo tempo em que busca ofertar às usuárias um serviço de
qualidade. Além disso, tem garantido momentos de estudo e formação continuada, aliando
ensino, pesquisa e extensão. Avalia-se como desafios: manter as três áreas de atuação, diante
do corte de bolsas, e garantir interação dialógica com a comunidade, por meio de ações de
prevenção, considerando a perspectiva preponderante de valorização do atendimento
individual e da judicialização no enfrentamento da violência contra mulheres.

349
Referências
CISNE, Mirla; SANTOS, Silvana Morais dos. Feminismo, diversidade sexual e Serviço
Social. São Paulo: Cortez, 2018.

FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA (FBSP). Visível e invisível: a


vitimização de mulheres no Brasil. Disponível em:
https://forumseguranca.org.br/publicacoes_posts/visivel-e-invisivel-a-vitimizacao-de-
mulheres-no-brasil-2-edicao/ Acesso em: 28. Jul. 2021.

GUARAPUAVA, SECRETARIA DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA MULHERES.


Violência contra a mulher durante a pandemia. Disponível em: https://youtu.be/N-
VRRhscoKY Acesso em: 28. Jul. 2021.

NUMPE, Núcleo Maria da Penha. Relatório Anual. Guarapuava, Unicentro, 2018, 2019,
2020.

Instituição financiadora:
Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI/PR)

350
NUMAPE UEM: PROTOCOLOS DE ATENDIMENTO E ESTRATÉGIAS DE
ADAPTAÇÃO AO TRABALHO REMOTO

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenador(a) da atividade: Crishna Mirella de Andrade CORREA
Universidade Estadual de Maringá (UEM)
Autores: A. COSTA ; C. CORREA 2; C. YOTANI[3]; L. STAHLHOEFER[4]
[1]

Resumo:
O presente artigo busca demonstrar os trabalhos e pesquisas executadas pelo Núcleo Maria
da Penha (NUMAPE) da Universidade Estadual de Maringá. O objetivo é explorar as
tecnologias aplicadas no núcleo para atendimento de mulheres de baixa renda em situação
de violência doméstica, através de uma escuta qualificada e interdisciplinar, com foco
principal na adaptação ao teletrabalho ocasionado pela pandemia, e no desenvolvimento de
um módulo, no grupo de estudos, sobre a saúde mental da equipe do núcleo. Este cuidado
com a saúde mental da equipe se mostra necessário, para que mesmo com a sobrecarga
pelo aumento dos casos de violência doméstica durante a pandemia, haja fortalecimento
destas mulheres para continuarem a prestar um atendimento de qualidade.

Palavras-chave: Enfrentamento à violência doméstica; Interdisciplinaridade; Escuta


qualificada.

Introdução
O Núcleo Maria da Penha da Universidade Estadual de Maringá é um projeto de
extensão, subsidiado pela Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino
Superior do Estado do Paraná (SETI), que fornece atendimento psicossocial e jurídico
gratuitos a mulheres de baixa renda em situação de violência doméstica, na Comarca de

1
Amanda Cavalin da Costa (Psicóloga Residente Técnica em Gestão Pública pela UEPG - Bolsista SETI/PR)
2
Crishna Mirella de Andrade Correa (Professora Universitária, coordenadora do Núcleo Maria da
Penha/UEM – bolsista SETI/PR)
3
Cinthya Ayumi Yotani (Graduanda em Direito pela UEM - Bolsista SETI/PR)
4
Letícia Feltrin Stahlhoefer (Advogada Residente Técnica em Gestão Pública pela UEPG - Bolsista
SETI/PR)

351
Maringá (SETI, 2021). O projeto se iniciou no ano de 2016, e possui uma equipe composta
por profissionais recém-formadas (advogadas, psicóloga e assistente social), residentes
técnicas (advogada e psicóloga) e estagiárias (área do direito e psicologia), sendo
orientadas por 2 professoras de cada área, e ainda, por uma coordenadora geral.
O procedimento adotado para acolhimento das assistidas se inicia com a equipe
psicossocial, que acompanha a assistida mensalmente, e posteriormente pela equipe
jurídica para resolução das ações de família. Ainda, o NUMAPE atua na área preventiva à
violência doméstica. É importante ressaltar que a interdisciplinaridade se faz presente, já
que as áreas se atravessam e constituem modos de pensar em conjunto, bem como, a
intersecção das áreas, sendo todas responsáveis pelos caminhos de cada caso.
Atualmente, os problemas enfrentados pelo núcleo se relacionam à pandemia de
COVID-19, pois as atividades e acolhimentos foram transferidas para o teletrabalho, sendo
o objetivo deste artigo demonstrar as tecnologias utilizadas para estruturação às mudanças,
entre elas, o desenvolvimento de um módulo acerca da saúde mental da equipe no grupo de
estudos do núcleo.

Metodologia
O NUMAPE UEM se utiliza de três estratégias como primordiais em sua atuação: a
interdisciplinaridade, a interseccionalidade e a intersetorialidade, todas asseguradas pela
realização de reuniões periódicas de supervisão internas da equipe, contatos estratégicos
com a rede e pela formação continuada em grupos de estudo mensais, fortalecendo a
atuação conjunta entre as equipes psicossocial e jurídica.
Ainda, o módulo de saúde mental abordado no grupo de estudos do Núcleo foi
composto por quatro encontros realizados ao longo de três meses. Utilizou-se de recursos
textuais, audiovisuais e de elementos disparadores para fomentar a discussão entre a equipe
acerca da saúde mental das profissionais que trabalham no atendimento das mulheres em
situação de violência doméstica.

352
Desenvolvimento e processos avaliativos
Os protocolos de acolhimento, atendimento e acompanhamento das mulheres
assistidas pelo núcleo foram sendo construídos e aprimorados pensando na importância de
uma escuta qualificada e potente para a realização do trabalho. As construções de tais
protocolos são orientadas pelos princípios da Lei Maria da Penha (11.340/2006), portarias
e parâmetros do SUAS, assim como dos órgãos de orientação à Rede de Enfrentamento à
Violência Contra a Mulher, para a efetivação de um trabalho que considere a
multidimensionalidade das situações de violência.
Inicialmente, há o acolhimento realizado pela equipe psicossocial, que oferece a
escuta qualificada às mulheres que chegam ao núcleo. Para isso, adota-se a definição
trazida pela Secretaria Nacional de Assistência Social (SNAS), que enfatiza a importância
de atentar, durante a escuta, à fragilidade emocional e social das usuárias, ao surgimento de
novas vulnerabilidades e ao reconhecimento da complexidade e formas de violação de
direitos (SNAS, 2019). A partir disso, as demandas são avaliadas e a mulher é orientada
sobre o trabalho do núcleo, sendo encaminhada para outros serviços públicos da rede, caso
necessário. Posteriormente, a equipe jurídica realiza o segundo atendimento, que objetiva
conhecer o caso para que sejam realizados os procedimentos jurídicos. Além disso, em
casos onde a assistida esteja mais vulnerabilizada, há acompanhamentos mensais por meio
de ligações prestadas pela equipe psicossocial, visando estreitar o vínculo com essas
mulheres.
O núcleo realiza ações de prevenção, pesquisa e de socio-educação, porém, busca-
se expor, neste trabalho, as ações que demandaram maiores adaptações devido à pandemia
global de COVID-19. Já em março de 2020, foi preciso que as profissionais adequassem
sua atuação às suas necessidades e às das assistidas, considerando que o trabalho remoto se
tornou imprescindível. Os atendimentos, orientações e acompanhamentos, por exemplo,
que antes eram presenciais, passaram a acontecer via remota.
Com as dificuldades impostas pela pandemia, as profissionais se depararam com
uma nova dificuldade: a sobrecarga de trabalho e a saúde mental das trabalhadoras. A
partir da identificação do aumento de novos casos e da transição do trabalho para casa, foi
necessário pensar em estratégias que pudessem dar atenção também às profissionais que

353
lidam com temas tão complexos. Segundo Gondim e Borges (2020), um dos maiores
desafios do chamado home office é admitir que reagimos não apenas às dificuldades do
trabalho em casa, mas também às condições que vivenciamos naquele momento, neste
caso, à vivência da própria pandemia. Deste modo, as coordenadoras do núcleo
propuseram utilizar o grupo de estudos para a criação de um módulo de saúde mental,
como uma estratégia para lidar com essa nova dificuldade.
Os encontros foram pensados a partir de uma metodologia ativa, modelo utilizado
para despertar o olhar crítico-reflexivo das profissionais, possibilitando um espaço de troca
(PINTO et al., 2018), onde trabalharam temas diversos como gênero, saúde mental e
trabalho. A prática permitiu com que as profissionais dispusessem de um espaço para falar
sobre suas vivências enquanto mulher que cuida, escuta e acolhe outras mulheres, refletir
sobre o novo cotidiano de trabalho e repensar sobre a importância da saúde mental.

Considerações Finais
Neste trabalho, buscou-se apresentar as tecnologias desenvolvidas pelo NUMAPE
UEM à prestação de um serviço qualificado às mulheres em situação de violência
doméstica e ao seu enfrentamento enquanto fenômeno que atinge diversas esferas na vida
das assistidas e as coloca em especial situação de vulnerabilidade. Pôde-se auferir a
relevância das inovações aplicadas no serviço do núcleo, que presta um trabalho integral às
assistidas. O acolhimento, sempre pautado na escuta qualificada, é repassado às
profissionais da equipe jurídica, evitando a revitimização das mulheres. Por fim, os
acompanhamentos mensais realizados pela equipe psicossocial buscam o fortalecimento
das mulheres assistidas para que possam se desvencilhar da situação de violência
doméstica.
Em razão do contexto pandêmico, que alterou o funcionamento do núcleo e trouxe
um aumento da demanda, a importância do módulo de saúde mental no grupo de estudos
demonstrou-se imensa, conferindo espaço para que todas as integrantes pudessem
compartilhar suas vivências profissionais e para que pudessem se fortalecer. Pode-se
concluir que a saúde mental das mulheres merece especial atenção frente à pandemia e, em
especial, a importância de que as profissionais que cuidam de outras mulheres estejam

354
fortalecidas para que o núcleo possa continuar a prestar seu trabalho de forma qualificada e
profissional.
Referências
BRASIL. Secretaria Nacional de Assistência Social. Ministério da cidadania. Parâmetros
de atuação do sistema único de assistência social (suas) no sistema de garantia de
direitos da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência. Brasília, 2019.

GONDIM, S; BORGES, O. L. Significados e sentidos do trabalho do home-office:


desafios para a regulação emocional. Orientações para o home office durante a
pandemia da COVID-19 (pp. 39-48). Porto Alegre, 2020.

PARANÁ. Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Estado do


Paraná. Núcleo Maria da Penha. Disponível em:
<http://www.seti.pr.gov.br/cct/usf/numape#>. Acesso em 29 jul. 2021.

PINTO, S. G. et al. Metodologias ativas no território: a pluralidade dos encontros. Anais


do 13º Congresso Internacional da Rede Unida. Manaus, 2018.

355
O DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR EM TEMPOS DE PANDEMIA E
SEUS DESDOBRAMENTOS NOS ATENDIMENTOS DO NEDDIJ - UEM

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenadoras da atividade: Amalia Regina DONEGÁ; Ednéia J. M. ZANIANI.
Universidade Estadual de Maringá (UEM)
Autores: F. C. PACHECO ; T. F. da SILVA 2; V. F. de LAPEDRA 3; J. M. LIMA 4.
1

Resumo:
O Núcleo de Estudos e Defesa de Direitos da Infância e da Juventude – NEDDIJ, em
funcionamento há 15 anos na Universidade de Maringá, atua sob a perspectiva da
interdisciplinariedade no objetivo de oferecer assistência ampla para efetivação dos direitos
e garantias de crianças e adolescentes residentes na Comarca de Maringá-PR, nos termos
do que preconizam a Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do Adolescente.
Diante das dificuldades decorrentes da pandemia causadas pelo vírus SARS-CoV-2, o
presente trabalho pretende apresentar reflexões acerca do direito de convivência familiar
em contraposição à necessidade de isolamento social. Através da análise das demandas e
questionamentos decorrentes dos atendimentos realizados pelo NEDDIJ, das diretrizes
estabelecidas pelas autoridades sanitárias e órgãos governamentais e das manifestações
jurisprudenciais que já começaram a surgir, pode-se constatar que o tratamento a ser dado
ao tema deve considerar a análise individual de cada caso, buscando um equilíbrio entre o
direito à convivência familiar e comunitária que preserve a formação e manutenção dos
vínculos afetivos em concomitância ao direito à saúde das crianças e adolescentes.

Palavras-chave: Regulamentação de visitas; Relação familiar; Infância e Juventude.

1
Flávia Cunha Pacheco, mestranda em Psicologia e psicóloga do NEDDIJ- UEM. Bolsista SETI/PR
2
Tatiana Facchini da Silva, advogada do NEDDIJ-UEM. Bolsista SETI/PR
3
Vitória Freitas de Lapedra, discente do curso de Direito da UEM. Bolsista SETI/PR
4
Julia Matsumoto Lima, discente do curso de Direito e estagiária do NEDDIJ-UEM. Bolsista SETI/PR

356
Introdução
Considerando as diretrizes contidas na Constituição Federal e no Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA), torna-se imprescindível a assistência ampla para a
efetivação da garantia dos direitos das crianças e dos adolescentes, buscando equiparar sua
condição de sujeito de direitos com os demais integrantes da sociedade. Nesse contexto, o
NEDDIJ-UEM oferece assistência jurídica e psicológica por meio de equipe
interdisciplinar, composta por profissionais e graduandos do Direito e da Psicologia,
atuando de forma extensionista junto à comunidade, mas também buscando o
aprimoramento teórico por meio de grupos de estudo e projetos de pesquisa vinculados às
temáticas demandadas no cenário geral de sua atuação.
Assim, o presente trabalho se propõe a analisar os limites entre o direito de
convivência familiar, garantido pela Constituição Federal e pelo ECA, em contraposição à
necessidade de distanciamento e isolamento social, temática que representou um grande
desafio advindo com a pandemia de COVID-19 e, consequentemente, se refletiu nos
atendimentos ao público e discussões tecidas por este Núcleo.

Metodologia
No ano de 2021, o trabalho do NEDDIJ-UEM ainda vem ocorrendo de forma
remota, como alternativa temporária e atendimento às medidas de segurança sanitária,
através de plataformas virtuais de comunicação, tais como Whatsapp e Google Meet, sem
que haja, contudo, prejuízo ao objetivo principal do NEDDIJ, que é assegurar os direitos às
crianças e aos adolescentes. Tal objetivo é realizado por meio da assistência jurídica
gratuita para aqueles que estejam vivenciando situação de risco pessoal ou que necessitem
da proteção judicial e, ainda, por meio de atendimentos psicológicos gratuitos, que
ocorrem pela via da escuta, do acolhimento, da orientação às famílias e pelos
encaminhamentos para órgãos da rede de proteção, a fim de assegurar o acesso às ações
das diversas políticas públicas.
Desse modo, para construção do presente trabalho, buscou-se analisar as demandas
oriundas dos mencionados atendimentos realizados, considerando o período em que se
instalou a pandemia, no mês de março de 2020, até o atual momento.

357
Desenvolvimento e processos avaliativos
Com a pandemia mundial propagada pelo vírus SARS-CoV 2, o distanciamento e
isolamento social, tornaram-se medidas recomendadas pelas autoridades sanitárias através
da Lei nº 13.979/2020. O preconizado isolamento social, por sua vez, revela-se avesso ao
direito à convivência familiar, necessária para o desenvolvimento de crianças e
adolescentes. Esta questão se vincula diretamente com o trabalho do NEDDIJ, sendo o
tema deste artigo.
Tal direito, previsto tanto no art. 227 da CF, quanto no art. 4º do ECA, constitui-se
num dos pilares da formação da criança e do adolescente para a vida em sociedade, que,
neste ambiente estabelece vínculos afetivos, vivencia emoções, recebe cuidados diários e
higiênicos, aprende a lidar com as regras sociais, além de assegurar-lhe o acesso à escola,
às atividades de lazer, à saúde, etc. (VIEIRA, s/d). Nos casos de pais ou guardiões que não
residem no mesmo lar, esse direito ganha contornos ainda mais cruciais, na medida em que
as visitas asseguram a convivência e o afeto do genitor, que não reside com o filho
(BORBA, 2020). Por outro lado, tendo em mente o direito à saúde, igualmente privilegiado
pelos dispositivos legais, o risco de contaminação da Covid-19 é maior quanto mais ampla
e numerosa for essa convivência.
À vista disso, em março de 2020, o Conselho Nacional da Criança e do
Adolescente (CONANDA) recomenda substituir os períodos de convivência presencial
pela comunicação telefônica ou on-line. Porém, o Instituto Brasileiro de Direito de Família
(IBDFAM) alertou que os direitos das crianças e dos adolescentes devem ser garantidos e
não podem ser suspensos durante a pandemia, ainda que, em casos pontuais a justiça
brasileira decrete impedimento temporário da convivência presencial para garantir a saúde
(IBDFAM, 2021).
Apesar do número de crianças infectadas pelo vírus ser menor do que o de adultos,
a COVID-19 pode causar consequências neste público, como a Síndrome Inflamatória
Multissistêmica Pediátrica, acometendo seriamente as crianças (HARTMANN, 2021;
VIEIRA, 2021b). Por outro lado, tornam-se cada vez mais notórios os efeitos do
isolamento social à saúde mental infantojuvenil, conforme mostram os estudos da
IFF/FIOCRUZ, que identificaram um aumento das crises de ansiedade e de pânico,

358
alterações no humor; paladar e sono, dificuldades de aprendizagens e maior dependência
nas tomadas de decisões (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2020).
Nesse sentido, um grande número de casos atendidos pelo NEDDIJ-UEM envolve
pais separados, com uma constante preocupação com a saúde de toda a família, por parte
daqueles que residem com o filho, em razão de possíveis comportamentos contrários ao
isolamento social pelo genitor ou familiar que exercita o direito de visitas. Nesses casos,
compete ao NEDDIJ oferecer orientação e assistência às famílias buscando, por meio da
análise individual dos casos e do diálogo com os envolvidos, o equilíbrio entre o direito à
convivência familiar e comunitária que preserve a formação e manutenção de vínculos
afetivos em concomitância ao direito à saúde das crianças e adolescentes.
Considerações Finais
A pandemia do vírus SARS-CoV-2 trouxe dificuldades em dar cumprimento às
garantias legais que preconizam o respeito ao direito de visitas e à convivência familiar.
Tais dificuldades propiciaram amadurecimento acadêmico à equipe do NEDDIJ-UEM que
se dedicou a debater o tema, examinando possíveis soluções para o problema, levando em
consideração as recomendações do CONANDA e do IBDFAM, o que conduziu à
conclusão de que a análise individual de cada caso é imprescindível, não se descurando em
manter-se um canal aberto de comunicação e diálogo entre as partes envolvidas, em busca
de avaliar o menor dano possível para a criança e ao adolescente.

Referências
BORBA, Marcela Patrícia Amarante. O direito de convivência do filho de “pais separados”
durante a pandemia. IBDFAM, 2020. Disponível em:
https://ibdfam.org.br/index.php/artigos/1533/O+direito+de+conviv%C3%AAncia+do+filh
o+de+%E2%80%9Cpais+separados%E2%80%9D+durante+a+pandemia#:~:text=Em%20t
ermos%20normativos%2C%20o%20art,4%C2%BA%20do%20Estatuto%20do%20ECA
Acesso em: 27 abr. 2021.

HARTMANN, Marcel. Como age a síndrome rara que afeta crianças com covid-19 e o que
dizem pais e especialistas. GZH SAÚDE, 2021. Disponível em:
https://gauchazh.clicrbs.com.br/saude/noticia/2021/01/como-age-a-sindrome-rara-que-
afeta-criancas-com-covid-19-e-o-que-dizem-pais-e-especialistas-
ckk8ufnlj001r019w76v85wwp.html Acesso em: 27 abr. 2021.

359
INSTITUTO NACIONAL DE SAÚDE DA MULHER, DA CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE FERNANDES FIGUEIRA (IFF/FIOCRUZ). Covid-19 e Saúde da
Criança e do Adolescente. Ministério da Saúde. 2020. Disponível em:
http://www.iff.fiocruz.br/pdf/covid19_saude_crianca_adolescente.pdf Acesso em: 28 abr.
2021.

Justiça restringe convivência de pai com filho por frequentar festas clandestinas na
pandemia. IBDFAM, 2021. Disponível em:
https://ibdfam.org.br/noticias/8218/Justi%C3%A7a+restringe+conviv%C3%AAncia+de+p
ai+com+filho+por+frequentar+festas+clandestinas+na+pandemia Acesso em: 27 abr.
2021.

VIEIRA, Larissa. Pais e Filhos em Distanciamento Social: Convivência familiar e a


regulação das emoções. Cartilha. Universidade Federal de Juiz de Fora Campus
Governador Valadares (UFJF). Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor
(SIASS). Disponível em: https://www2.ufjf.br/siassgv/wp-
content/uploads/sites/107/2020/08/cartilha.pdf

VIEIRA, Nathan. Especialistas estudam mortes de 1.300 bebês por COVID-19 no Brasil.
Canaltech, 2021. Disponível em: https://canaltech.com.br/saude/especialistas-estudam-
mortes-de-1300-bebes-por-covid-19-no-brasil-182856/ Acesso em: 27 abr. 2021.

360
O ENFRENTAMENTO AO TRABALHO INFANTIL NA EXTENSÃO
UNIVERSITÁRIA: POSSIBILIDADES DURANTE A PANDEMIA

Área temática: Direitos Humanos e Justiça.


Coordenador(a) da atividade: Lenir Aparecida Mainardes da SILVA
Universidade Estadual De Ponta Grossa (UEPG)
Autores: A. COSTA 1; C. RIBEIRO 2; E. FRANCO 3; M. MACHADO 4.

Resumo:
O presente trabalho tem por objetivo dar visibilidade às ações extensionistas realizadas no
mês de junho de 2021 em combate ao trabalho infantil. Para que isso fosse possível no
contexto de pandemia, se fez necessário o uso das plataformas digitais YouTube, Google
Meet e Google Forms. Em destaque, temos a live realizada intitulada como “Expressões do
trabalho infantil na atualidade” onde foram abordadas pautas como o trabalho dos
youtubers mirins e os impactos na saúde causados pelo trabalho infantil, e, também, o
curso de capacitação sobre a extração de microdados do trabalho infantil na PNAD. As
temáticas aqui abordadas são importantes para que possamos refletir sobre a situação de
crianças que estão em situação de trabalho infantil e também para enfatizar a importância
da extensão no desenvolvimento de práticas educativas e no envolvimento com a
comunidade.

Palavras-chave: Extensão universitária na pandemia; trabalho infantil.

Introdução
A Lei 8.069, de 13 de julho de 1990, prevê um capítulo inteiro dispondo sobre o
direito à profissionalização e à proteção ao trabalho da infância e adolescência. Assegura a
proibição das atividades laborais àqueles com menos de 14 anos de idade e dispõe
legislação específica de proteção aos adolescentes entre 14 e 16 anos que trabalham em
condição de aprendiz. Trata-se da Lei 10.097 de 2000, que se configura como uma das

1
Anna Isabela Ringvelski Costa, aluna de Serviço Social.
2
Carolina Palmeira Ribeiro, aluna de Serviço Social.
3
Evenyn Renata de Souza Franco, aluna de Serviço Social.
4
Marielly Santos Machado, aluna de Serviço Social.

361
maneiras de se enfrentar o trabalho infantil e garantir educação, qualificação profissional e
as medidas necessárias ao trabalho adolescente protegido.
Apesar disso, entendemos que a legislação não se concretiza por si só, sendo
necessário um trabalho articulado entre profissionais e segmentos organizados que estejam
comprometidos na defesa e promoção dos direitos da esfera infantojuvenil. Ademais,
entendemos também a importância da extensão em seu projeto educativo, cultural e
científico que viabiliza a articulação da universidade com as necessidades da sociedade
como um todo (IAMAMOTO, 2011).
Dado o que foi exposto, desenvolveu-se, dentro do programa do Núcleo de
Estudos, Pesquisa, Extensão e Assessoria sobre a Infância e Adolescência (NEPIA), da
Universidade Estadual de Ponta Grossa, o projeto Assessoria e Apoio à Aplicabilidade do
Direito à Profissionalização e Proteção ao Trabalho em Conformidade ao ECA (1ª
Edição), em compromisso com a produção de conhecimento científico, assessoramento e
capacitação à profissionais, contribuir com os objetivos 1, 4 e 8 do Desenvolvimento
Sustentável (erradicação da pobreza, educação de qualidade e trabalho decente e
crescimento econômico, respectivamente), bem como promoção e participação de eventos,
seja no enfrentamento ao trabalho infantil, seja na defesa destes como sujeitos de direitos e
na garantia de um trabalho em condições dignas.
Considerando que o projeto tem como horizonte, para além de outros, a realização
de eventos e capacitações em alusão ao Dia Mundial de Erradicação do Trabalho Infantil
(12 de junho) e o envolvimento de alunos de diferentes áreas possibilitando aos mesmos
contato com a realidade social sobre a juventude e o mundo do trabalho, o presente artigo
objetiva dar visibilidade às atividades extensionistas realizadas no mês de junho do ano
atual em relação ao enfrentamento do fenômeno do trabalho precoce, entrelaçando com a
declaração da OIT sobre 2021 como o Ano Internacional para Erradicação do Trabalho
Infantil (OIT, 2021) e atentando para os limites decorrentes da pandemia às práticas
universitárias.

Metodologia
Tendo em mente a necessidade de nos reinventarmos durante a pandemia da covid-
19 para dar continuidade nas práticas educativas e em resposta às demandas do corpo

362
social, utilizamos duas plataformas digitais para a efetivação das ações em questão: o canal
do YouTube do NEPIA, onde realizamos uma live, e o Google Meet para um curso de
capacitação. Utilizamos das redes sociais do referido Núcleo (Instagram e Facebook) para
a divulgação das atividades. Já para a avaliação de ambos eventos, foi disponibilizado aos
participantes um formulário via Google Forms.
O público alvo girou em torno dos profissionais do Sistema de Garantias dos
Direitos de Crianças e Adolescentes (SGDCA) dos municípios da região dos Campos
Gerais no Paraná (professores, assistentes sociais, psicólogos, pedagogos, educadores
sociais), conselheiros tutelares, adolescentes usuários de programas decorrentes da Lei da
Aprendizagem e também acadêmicos dos cursos de Serviço Social, Pedagogia,
Administração, Direito, dentre outros.
Por fim, para a organização dos dois eventos foram feitas reuniões remotas entre a
coordenadora e os extensionistas e também o contato com as profissionais convidadas a
participar da atividade. Ainda, para a live, realizou-se um encontro virtual com as
palestrantes para a demonstração de um tutorial sobre como utilizar a plataforma Stream
Yard, responsável pela transmissão ao vivo no YouTube. O universo abordado, conforme
visto, se dá pelo trabalho infantil.

Desenvolvimento e processos avaliativos


A atividade através do canal do YouTube do NEPIA, realizada no dia 11 de junho
de 2021, intitulou-se como “Expressões do trabalho infantil na atualidade” 5 , na qual
contamos com a palestrante Daniella Vargas, doutoranda em Ciências Sociais Aplicadas da
UEPG, que trouxe a discussão sobre o trabalho realizado pelos youtubers mirins, “o preço
do like”, e também com a palestrante Amanda Navarro, mestre em Saúde Coletiva e
coordenadora técnica do Centro Estadual de Saúde do Trabalhador, onde abordou os
impactos na saúde causados pelo trabalho infantil.
A live conta até o momento com 271 visualizações e, dos 47 ouvintes que
preencheram o formulário de avaliação do evento, 51,1% relataram ser estudantes, 10,6%
assistentes sociais, 4,3% educador social e demais, como diretora de políticas públicas,

5Link para acesso à live: https://www.youtube.com/watch?v=eyLzag5Vibo&ab_channel=NepiaUEPG

363
pedagoga, advogada, funcionário público etc. Recebemos muitas devolutivas em relação à
qualidade da atividade, onde 81,6% dos 47 atribuíram nota 10, 12,2% nota 9 e 6,1% nota 8.
Já o curso pelo Google Meet, realizado dia 23 de junho de 2021, se deu a partir da
capacitadora Augusta PelinskiRaiher, doutora em Economia pela Universidade Federal do
Rio Grande do Sul (2010), em relação à extração de microdados acerca do trabalho infantil
na PNAD. Foram ofertadas 30 vagas e contamos com 28 participantes, indo de acadêmicos
à profissionais da área e várias entidades relacionadas a área por consequência do assunto
tratado.
A extração de dados na PNAD é de grande importância para o desenvolvimento de
pesquisas e de diagnóstico social, munindo os profissionais para a formulação de
estratégias no enfrentamento à problemática. Assim, alguns participantes sugeriram para
que o curso tenha uma carga horária maior, devido à vastidão de informações que acabam
confundindo se passadas em um curto período, ainda mais de modo remoto. Algo a
reavaliarmos em nossas próximas atividades.

Considerações Finais
O projeto de extensão intensifica o aprendizado do acadêmico, proporcionando
experiências junto à comunidade e a profissionais de diversas áreas. Sem mencionar a
articulação entre extensão e a pesquisa, onde o acadêmico desenvolve seu pensar e
contribui com seu campo, com o seu currículo e também para com a sua
profissionalização. Em tempos de crise pandêmica, ressaltamos a importância da
elasticidade e criatividade na reformulação das práticas extensionistas.
Concluímos que os objetivos do projeto para o mês de junho foram alcançados.
Todavia, aqui cabe ressaltar a importância e a nossa pretensão em darmos continuidade nas
ações extensionistas em combate ao trabalho infantil, comprometidos com a defesa dos
direitos de crianças e adolescentes, com os objetivos 1, 4 e 8 do Desenvolvimento
Sustentável e juntando forças em alinhamento à declaração da OIT de 2021 como Ano
Internacional para Erradicação do Trabalho Infantil.

364
Referências
BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do
Adolescente e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm>. Acesso em 20 jul 2021.

IAMAMOTO, M.V. Serviço Social em tempo de Capital Fetiche: Trabalho e Questão


Social. São Paulo: Cortez, 2011.

OIT. Trabalho infantil 2021: Ano Internacional para a Eliminação do Trabalho Infantil.
2021. Disponível em: <https://www.ilo.org/brasilia/noticias/WCMS_766429/lang--
pt/index.htm> Acesso em 03 março 2021.

365
O NÚCLEO DE ESTUDOS E DEFESA DOS DIREITOS DA INFÂNCIA E
JUVENTUDE – NEDDIJ – E SUA ATUAÇÃO NA COMARCA DE MARECHAL
CÂNDIDO RONDON/PARANÁ (2019-2020)

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenadora: Silvia MATTEI 1 (Coordenadora do NEDDIJ)
Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE)
Autores: D. P. OLIVEIRA ; E. C. BRAGANTINE 3; L. V. SANTANA 4;; P. B. ABREU 5;
2

V. L. SOUSA 6.

Resumo:
O presente trabalho é um levantamento de dados dos anos de 2019 e 2020 de atuação do
NEDDIJ na Comarca de Marechal Cândido Rondon/PR. São dados obtidos de relatórios e
material documental interno, que ressalta o crescimento do Núcleo, demonstrando a
importante atuação do Projeto na Região, desde a população atendida até os acadêmicos e
docentes da Universidade envolvidos na Ação. Sua atuação tem elevada função social na
comunidade tornando-se referência nos direitos e deveres relativos à Infância e Juventude.

Palavras-chave: Direito; Pedagogia; Equipe Multidisciplinar.

Introdução
O NEDDIJ 7 foi implementado no ano de 2005 através do Termo de Convênio
11/2005 com o governo do Estado do Paraná e, desde 2007, o Projeto tem sido anualmente
renovado.
O Núcleo é integrado por 01 (um) professor efetivo do curso de Direito, na função
de coordenador, 02 (dois) profissionais recém-formados em Direito, devidamente inscritos

1
Silvia Mattei, coordenadora do NEDDIJ.
2
Daniel Passarini de Oliveira, advogado, bolsista recém-formado do NEDDIJ.
3
Ester Coco Bragantine, acadêmica do curso de Direito da UNIOESTE, bolsista do NEDDIJ.
4
Larissa Vitoria Santana, acadêmica do curso de Direito da UNIOESTE, ex-bolsista do NEDDIJ.
5
Patric Barbosa de Abreu, advogado, bolsista recém-formado do NEDDIJ.
6
Valquíria Lucena de Sousa, pedagoga, bolsista recém-formada do NEDDIJ.
7
Financiado pela Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Estado do Paraná
(SETI/PR) e Unidade Gestora Fundo Paraná (UGF).

366
na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), 03 (três) bolsistas de graduação em Direito da
própria Instituição de Ensino, 01 (um) profissional recém-formado em Pedagogia, 01 (um)
bolsista de graduação da área e 01 (uma) coordenadora pedagógica.
Assim, em observância a ao art. 227 da Constituição Federal e ao Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA), realiza atendimento às crianças e adolescentes e suas
famílias em estado de vulnerabilidade social e desenvolve trabalhos pedagógicos nas
escolas da Comarca e eventos.

Metodologia
O Núcleo oferece atendimento jurídico gratuito a crianças e adolescentes carentes
através de representação de seus responsáveis legais residentes na Comarca de Marechal
Cândido Rondon que estejam vivenciando situação de risco e\ou necessitem da proteção
judicial para que lhes seja assegurada a tutela de seus direitos. A Rede de Proteção 8
divulgou o Projeto que passou a atuar juridicamente nas ações que demandavam
assistência judiciária às pessoas hipossuficientes.
Diante dos casos concretos apresentados, os advogados e bolsistas de Direito,
relacionando teoria e prática, desenvolvem atividades como: atos privativos da advocacia;
visitas aos Centros de Socioeducação (CENSE), Conselhos Tutelares, Centro de
Referência e Assistência Social (CRAS) e Centro de Referência Especializado de
Assistência Social, entre outros órgãos integrantes da Rede de Proteção.
Concomitantemente às atividades jurídicas, a Equipe Pedagógica desenvolve
atividades juntos às escolas para esclarecimento dos direitos e deveres das crianças e
adolescentes, como a confecção de jogos e atividades pedagógicas. A equipe em conjunto,
além da produção científica, desenvolve ações para esclarecimento da comunidade em
geral a respeito dos direitos e deveres das crianças e dos adolescentes e para o
enfrentamento de comportamentos que as coloquem em situação de risco.

8
É um conjunto articulado de ações governamentais e não-governamentais, da União, dos estados, do
Distrito Federal e dos municípios, através de políticas de atendimento dos direitos da criança e do
adolescente. (art. 86, Estatuto da Criança e do Adolescente).

367
Desenvolvimento e processos avaliativos
No ano de 2019, o Núcleo participou e promoveu diversos eventos. Em março, a
equipe participou do projeto “Formação do adolescente para o mercado de trabalho”
desenvolvido pelo Fórum de Marechal Cândido Rondon, tendo ministrado a palestra “A
importância da educação formal para o desenvolvimento pessoal e profissional”. Em abril
fez atendimentos jurídicos para entrada de ações e acordos judiciais no Projeto “Justiça no
Bairro”, realizado pelo Tribunal de Justiça do Estado do Paraná no fórum da Comarca.
Em maio, realizou III Brincando com Neddij, uma tarde recreativa para crianças de
4 a 12 anos atendidas pelo Núcleo e os seus responsáveis, contando com a participação de
outros acadêmicos da Universidade. No mesmo mês, foi realizada, em duas oportunidades
distintas, a palestra "O Dia Nacional do Enfrentamento do Abuso Sexual e a Exploração
Sexual", direcionada para a rede de proteção, escolas, sociedade em geral e acadêmicos do
curso de Direito. Ainda em maio, realizou a entrega de livros e jogos doados à Casa Lar de
Marechal Cândido Rondon e em junho o Núcleo participou do XIX Seminário de Extensão
da UNIOESTE (SEU).
Durante os meses de agosto a novembro, o núcleo realizou atividades junto ao
Centro de Atendimento a Família (CAF), com palestras e atividades lúdicas. Em conjunto
com o NUMAPE (Núcleo Maria da Penha) do campus, participaram do Projeto “Programa
Bem Social” desenvolvido pelo fórum da Comarca, entre setembro e outubro. Em
novembro, a equipe participou do evento do Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA)
do campus da Unioeste em Marechal, com a apresentação de artigos. E ainda durante o ano
de 2019, a equipe ofereceu orientação aos Conselhos Tutelares da região e participou das
reuniões do SINASE (Sistema Nacional de Socioeducação).
Em de março de 2020 o Núcleo realizou a palestra intitulada “Cidadania e Direitos
Humanos” em uma escola municipal. Entretanto, devido a pandemia do Covid-19, as
atividades presenciais foram suspensas, levando ao replanejamento da atuação da equipe.
Durante o período de trabalho remoto a equipe participou de cursos, eventos,
palestras, encontros e lives, para fins de aprimoramento. Foi criado perfil no Instagram do
Núcleo, no qual junto ao Facebook, passou a fazer publicações semanais sobre temas

368
diversos relacionados a infância e juventude. E no mês de outubro, realizou uma live pelo
YouTube intitulada “Primeira Infância: vulnerabilidades e Políticas Públicas”.
Embora os atendimentos presenciais tenham sido suspensos pelo Núcleo, as
orientações jurídicas, atendimentos nos casos urgentes e acompanhamento aos processos
em andamento foram mantidos de forma remota, durante todo o período da quarentena.
No ano de 2019 foram realizados 1411 (um mil, quatrocentos e onze) atendimentos
pedagógicos, em comparação ao ano de 2020, o número de atendimentos pedagógicos caiu
drasticamente para 186 (cento e oitenta e seis), porém deve se considerar que devido as
medidas de restrições, o Núcleo não pode realizá-los como feito no ano anterior.
Em relação aos atendimentos jurídicos, notou-se um aumento, pois em 2019 foram
realizados 744 (setecentos e quarenta e quatro) passando ao ano de 2020 para 911
(novecentos e onze). Nos períodos em que realizou trabalho presencial ou remoto, o
Núcleo manteve os atendimentos através das redes sociais Facebook e Instagram, e-mail,
ligações e através de mensagens via WhatsApp dos números particulares da equipe.
De acordo com o levantamento realizado, percebeu-se a alta na procura do Núcleo
nos últimos dois anos, especialmente durante o período de quarentena. Os números de
ações em que houve atuação jurídica do Núcleo ultrapassaram 1.800 (um mil e oitocentos)
processos, tramitados/e ou tramitando na Vara da Família, Registros Públicos, Infância e
Juventude.

Considerações Finais
Em consideração os dados acima expostos, vê-se que o NEDDIJ é necessário na
Comarca de Marechal Cândido Rondon. O projeto traz e explica ao público os direitos
determinados pelo ECA, atendendo não só o município em si, mas a região de outros cinco
municípios e seus distritos.
A sua importância decorre do fato de a atividade do Núcleo ir além do quesito
jurídico, pois tem-se o apoio emocional que os infantes muitas vezes necessitam, prestado
pela equipe pedagógica. Conclui-se que a continuação do projeto é imprescindível e seu
crescimento e expansão se devem à divulgação, atribuições e seriedade.

369
Referências
BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm. Acesso em: 19 jan. 2021.

BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de


1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.
Acesso em: 19 jan. 2021.

370
OFICINAS DE CIDADANIA: COMO ACOLHER E INTEGRAR MIGRANTES E
REFUGIADOS?

Área temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenadora da atividade: Luiza Bittencourt KRAINSKI
Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)
Autores: L. KRAINSKI ; A. MANOSSO 2; B. CAMARGO 3; D. KRUEGER 4; P.
1

MACHADO 5

Resumo:
O presente trabalho tem por finalidade apresentar o trabalho realizado pelo projeto de
extensão INTERMIG - Internacionalização, Cidadania e Direitos Humanos: do
Intercâmbio às Migrações Contemporâneas junto a adolescentes participantes de projetos
sociais ou Programas de contra turno escolar. As temáticas visam propiciar de forma
introdutória o conhecimento e a reflexão acerca dos processos migratórios contemporâneos
aliado à diversidade cultural e respeito às diferenças sociais, culturais e étnicas. A
metodologia utilizada perpassa por dinâmicas que incentivam a interação, sendoas oficinas
ofertadas através do ensino remoto. Os conteúdos trabalhados pautam-se em estudos
bibliográficos e material elaborado pela equipe possibilitando a reflexão sobre a temática.A
avaliação dos adolescentes e professores envolvidos trouxe um resultado satisfatório
quanto ao desenvolvimento e execução das mesmas, uma vez que as oficinas
proporcionaram uma reflexão acerca da realidade vivenciada por estes jovens, aliado a
conhecimentos e crescimento individual e coletivo.

Palavras-chave: Direitos Humanos; Processos Migratórios; Adolescentes.

1
Luiza Bittencourt Krainski, professora do Departamento de Serviço Social da UEPG e coordenadora do
Projeto INTERMIG.
2
Alline Caroline Manosso, acadêmica do Curso de Serviço Social da UEPG, acadêmica extensionista do
Projeto INTERMIG.
3
Bruna Suelen de Camargo de Souza, acadêmica do Curso de Serviço Social da UEPG, acadêmica
extensionista do Projeto INTERMIG.
4
Daniele Aparecida Marcondes Krueger,acadêmica do Curso de Serviço Social da UEPG, acadêmica
extensionista do Projeto INTERMIG.
5
Paula Rodrigues Machado, acadêmica do Curso de Serviço Social da UEPG, acadêmica extensionista do
Projeto INTERMIG.

371
Introdução
O Projeto de Extensão Internacionalização, Cidadania e Direitos Humanos: do
Intercâmbio às Migrações Contemporâneas desenvolve ações junto a migrantes e
refugiados que moram ou transitam pela cidade de Ponta Grossa/Pr. Suas ações iniciaram
em 2012 através de atividades desenvolvidas junto a acadêmicos em mobilidade acadêmica
que vinham estudar na universidade, em especial, alunos oriundos dos países africanos e da
América Latina.
Inicialmente as ações voltavam-se a acolhida, suporte e atendimento aos alunos em
mobilidade, ampliando-se para o atendimento e orientação a migrantes e refugiados que
moram ou transitam pela cidade. Trabalha com a rede de atendimento a essa população no
encaminhamento a documentação, vistos, serviços públicos campanhas educativas e
informativas.
A proposta da realização de oficinas surgiu no decorrer das ações desenvolvidas
pelo projeto e visam estimular a participação ativa dos adolescentes e conhecimento sobre
os processos migratórios e temas como xenofobia,preconceito e racismo. Os momentos
tem por finalidade o reconhecimento evalorização da diversidade cultural, atuando sobre
osmecanismos de discriminação e exclusão, entraves a cidadania.
Deste modo, frente ao que foi apresentado adotamos como principal referencial
teórico a discussão das migrações internacionais contemporânease suas condicionalidades
como guerras, desastres ambientais e problemas políticos, assim como, os impactos
decorrentes da mesma.
As oficinas são organizadas segundo a lógica da construção coletiva dos temas a
serem trabalhados e se constituem em um espaço dinamizado propiciando a práxis do
movimento ação-reflexão-ação tanto pelos acadêmicos envolvidos como pela participação
dos adolescentes.

Metodologia
As atividades são desenvolvidas junto a adolescentes participantes de Projetos
sociais ou Programas de contra turno escolar localizado no Município de Ponta Grossa/Pr.
O trabalho pauta-se na pedagogia freiriana (FREIRE, 1997), onde se busca criar

372
possibilidades para que o indivíduo participe da construção do conhecimento a partir da
sua própria realidade.
As oficinas são ofertadas em formato remoto em função da pandemia COVID-19,
para jovens estudantes do ensino médio, na faixa etária de 16 a 20anos deidade, sendo
realizados três encontros em dias alternados com cada turma.Os conteúdos abordados
procuram uma aproximação do aprendizado e a ampliação da consciência individual e
coletiva dos adolescentes acerca da temática, compreendendo a oficina como um meio de
levar informações e conhecimento à sociedade.
São estruturadas em torno de temas fundamentais voltados ao acesso aos direito
sociais, a cidadania, a diversidade social, cultural e étnica. Planejadas para serem
desenvolvidas em 03 momentos pedagógicos, sendo que o primeiro momento volta-se ao
conhecimento dos jovens, da equipe de trabalho e sensibilização quanto as migrações
internacionais contemporâneas. Perguntas motivadoras contribuem na reflexão como:
Você já pensou em migrar para outros pais? Por quais motivos?
O segundo momento é de aprofundamento e aproximação aos conceitos de
migrações, refugiados e apátridas, os quais são associados a imagens, contribuindo de
forma significativa na discussão. Questões que remetem à memória afetiva de parentes ou
conhecidos de outros países ou regiões também suscitam reflexões dos jovens sobre o
tema. São abordadas as catástrofes que ocorreram em diversos países, incluindo o Brasil,
na qual os jovens trazem ricas informações e dados.
O terceiro momento é de síntese sobre os temas e reflexão sobre como a
xenofobia, o preconceito e o racismo se manifestam na sociedade. Finaliza-se com a
reflexão sobre como a diversidade cultural e étnica é tão presente no dia-a-dia e que
exige,de todos e cada um, tolerância e o respeito ao diferente.

Desenvolvimento e processos avaliativos


As oficinas são elaboradas tendo como propósito a apresentação e reflexão de
termas, definições e conhecimentos acerca das migrações internacionais, bem como o
estímulo à construção, ao pensamento e posicionamento crítico. As atividades são
organizadas proporcionando interação e troca com os alunos, tal como na filosofia de

373
Paulo Freire, onde é proposta a dialogicidade entre grupos, desta forma promovendo a
correlação de saberes coletivos.
A temática das migrações contemporâneas traz consigo questões presentes no
cotidiano das reações sociais, tais como debates acerca de diversidade e questões a serem
superadas, como situações de intolerância, discriminação e preconceito. Ao trabalhar tais
questões junto aos adolescentes, procura-se provocar um movimento de análise da
realidade, individual, grupal e coletiva, incentivando a troca de conhecimentos entre os
participantes de modo a envolver culturalmente os jovens de diferentes realidades,
costumes, crenças e interesses com o eixo único de se tornar agente de mudança positiva
na sociedade contemporânea.

Considerações Finais

A proposta pedagógica desenvolvida através de oficinas possibilitam uma


percepção da carência desse tipo de debate junto aos adolescentes, sobretudo na rede
pública de ensino que, muitas vezes, vê as questões internacionais como algo muito
distante da sua realidade. A realização por plataformas virtuais apresenta-se como uma
proposta inovadora, sendo considerada uma prática pedagógica eficaz e necessária a sua
adaptação em decorrência do contexto mundial oriundo da pandemia do Covid 19.
Esses momentos se mostram de extrema relevância esclarecendo temas como
migrações e que migrar para outro país sobretudo em condições de perseguição constitui-se
como um direito reconhecido no Brasil (BRASIL, 2018). Essa reflexão contribui para a
construção de uma visão mais humanitária sobre a questão dos migrantes e refugiados que
chegam ao Brasil atualmente.
Ressalte-se a importância do Serviço Social nesta proposta, uma vez que contribui
tanto na construção do conhecimento e na formação dos adolescentes, como no
desenvolvimento das capacidades políticas, pedagógicas dos acadêmicos envolvidos no
Projeto favorecendo o crescimento profissional, visto ser possível desenvolver ações que
possibilitem a consolidação de um mundo melhor e mais humano.

374
Referências
BRASIL. Ministérioda Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais:Pluralidade
Cultural e Orientação Sexual, 2001.

BRASIL. Os Refugiados e os Direitos Humanos: A proteção dos refugiados é uma questão


fundamental de direitos humanos. In: Ministério da Mulher, da família e dos Direitos
Humanos.Disponível em: https://www.mdh.gov.br/todas-as-noticias/2018/junho/os-
refugiados-e-os-direitos-humanos>. Acesso em 27 jul. 2021

375
OS DESAFIOS ENFRENTADOS PELA EQUIPE DE TRIAGEM DO NEDDIJ
PARANAVAÍ NO CONTEXTO DA PANDEMIA DA COVID-19

Área temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenador (a) da atividade: Rosângela Trabuco Malvestio da SILVA
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ (UNESPAR) – UNIDADE GESTORA
FUNDO PARANÁ
Autores: C. TROVA 1; C. L. MENDONÇA 2; D. C. MULLER 3; L. M. SILVEIRA 4

Resumo:
O presente trabalho tem como objetivo discorrer sobre as dificuldades enfrentadas no
âmbito do regime de teletrabalho pelos integrantes do Projeto de Extensão Núcleo de
Estudos e Defesa dos Direitos da Infância e da Juventude – NEDDIJ da Unespar/Campus
de Paranavaí. Em detrimento da pandemia do Covid19, foi necessário uma reorganização
em todos os setores da sociedade. Especificamente no Núcleo, adotou-se novos
mecanismos de trabalho para manutenção das ações dos profissionais para garantir a defesa
dos direitos dos (as) beneficiários (as) atendidos. Diante da necessidade do isolamento
social, mesmo com o impedimento do contato presencial com a população atendida, a
equipe se organizou de forma híbrida e inovadora, para garantir a efetivação do fazer
profissional e principalmente, garantir com o nosso dever pessoal de indivíduo em
sociedade, um ser ético e político, responsável pelo pensar e agir na relação com o outro.

Palavras-chave: NEDDIJ; Crianças e Adolescentes; Pandemia.

1
Carolina Trova, graduanda do 3º ano do curso de Direito, da Universidade Estadual do Paraná –
UNESPAR/ Campus Paranavaí e estagiária bolsista do NEDDIJ.
2
Caroline Lima Mendonça, graduanda do 4º ano do curso de Pedagogia, da Universidade Estadual do Paraná
– UNESPAR/ Campus Paranavaí e estagiária bolsista do NEDDIJ.
3
Danielle da Cruz Muller, graduanda do 3º ano do curso de Pedagogia, da Universidade Estadual do Paraná
– UNESPAR/ Campus Paranavaí e estagiária bolsista do NEDDIJ.
4
Livia Maria Silveira, graduanda do 4º ano do curso de Serviço Social, da Universidade Estadual do Paraná
– UNESPAR/ Campus Paranavaí e estagiária bolsista do NEDDIJ.

376
Introdução
Logo no início do período de pandemia da COVID-19, o setor de triagem do
NEDDIJ identificou um aumento significativo das demandas a serem atendidas. Este
aumento se expressou principalmente nos números das demandas de execução de
alimentos, regularização de alimentos, regularização de guarda e requerimento de
medicamentos ou serviços de saúde.
Diante de um contexto de mudanças expressivas nas relações sociais e na
organização da sociedade como um todo, a equipe de triagem do NEDDIJ/Campus de
Paranavaí precisou dar continuidade na realização do primeiro atendimento formal do
Núcleo 5. A triagem que antes (no modo presencial) era realizada em torno de uma (1) hora
no espaço físico do NEDDIJ, agora, na modalidade remota, tem a duração de
aproximadamente 1 semana. Esse atendimento é realizado atualmente por meio do
aplicativo de WhatsApp, pelo número particular do (da) estagiário (a) ou pela conta do
Núcleo 6.
Portanto, o que se tem atualmente é um onde profissionais e bolsistas atuantes no
campo sociojurídico, deparam-se com a necessidade da adaptação e reorganização de seu
trabalho, tendo em vista a finalidade de atender as demandas e contribuir para o sistema de
garantia de direitos de crianças e adolescentes.

Metodologia

5
Compreende-se o acolhimento como o primeiro atendimento realizado pelo NEDDIJ, sendo esse o
momento em que a demanda é identificada pelo (a) estagiário (a), a partir do diálogo com o (a) familiar
atendido (a). No entanto, tratando-se de registro em instrumentais do projeto, a triagem é o primeiro
atendimento “formal”, uma vez que é o momento caracterizado pela coleta de documentos, informações
pessoais de endereço, renda, escolaridade, profissão entre outras, e demais elementos relacionados a situação
apresentada. A partir desse registro no formulário de triagem, as informações referentes ao caso podem ser
socializadas com os profissionais da equipe, que passam a discutir e pensar a continuidade dos atendimentos
e intervenções profissionais.
6
O objetivo do NEDDIJ está de acordo com a demanda apresentada durante o acolhimento, o nome da
criança e de seu (sua) responsável é inserido na lista de “triagens para serem realizadas”, e, o (a) responsável
deve aguardar seu momento para o atendimento. Durante a Pandemia, o tempo para o início da realização de
uma triagem nova, variou em torno de três (3) e duas (2) semanas, sendo que no início desse período
pandêmico o tempo de espera era maior, considerando o aumento significativo das demandas a serem
atendidas.

377
Para a elaboração deste trabalho utilizou-se a metodologia do relato de experiência,
juntamente com a realização de pesquisa bibliográfica. O relato é realizado a partir do
cotidiano de estágio e formação profissional vivenciado pelo setor de triagem do NEDDIJ,
que se constitui pelos cinco (5) estagiários (as) de três das áreas (Direito, Pedagogia e
Serviço Social) que formam a equipe de trabalho do Núcleo 7. A pesquisa realizada esteve
relacionada a discussão do aumento de casos de violência contra crianças e adolescentes,
ocorrido em decorrência das mudanças acarretadas pela pandemia, sendo a principal delas,
a necessidade do isolamento social. Além disso, realizou-se leituras de artigos científicos
construídos também por meio do relato de experiência de outras equipes profissionais, que
seguem trabalhando pela garantia de direitos de crianças e adolescentes no período
pandêmico 8.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Ao tratar sobre o aumento da procura pelo atendimento do NEDDIJ, compreende-se
esse fenômeno como a expressão do acirramento da questão social, em meio a um contexto
de crise econômica, política, social e sanitária. O desemprego e/ou o trabalho informal,
permeado por condições precárias, fez com que os (as) genitores (as) não efetuassem de
forma regular o pagamento dos alimentos. A necessidade real e incisiva pela contribuição
da parte contrária, com os gastos e demais obrigações que envolvem a crianças ou o
adolescente atendido, fez com que as mães realmente procurassem o Núcleo para a
execução dos valores de pensão não pagos.
As questões relacionadas a saúde dos (as) genitores (as) que acabaram falhando no
pagamento nos alimentos, também devem ser consideradas, tendo em vista o contexto de

7
O projeto de extensão NEDDIJ conta com uma equipe multiprofissional formada a partir da atuação de 4
áreas: o Direito, a Pedagogia, a Psicologia e o Serviço Social. A equipe é constituída por dois (2) advogados
(as), uma (1) assistente social, um (1) psicólogo, dois (as) estagiários de Direito, duas (2) estagiárias da
Pedagogia e uma (1) estagiária de Serviço Social.
8
Diante dos materiais utilizados e a partir da realidade vivenciada pelos (as) estagiários (as) do NEDDIJ da
UNESPAR/Campus de Paranavaí, identificou-se elementos que contribuem para a discussão sobre os
desafios enfrentados pelo Núcleo, em relação aos atendimentos de triagem realizados de forma online. Nesse
interim, deve-se ressaltar que assim como as famílias brasileiras tiveram que se reinventar diante das
dificuldades econômicas e de acesso, as equipes que ocupam os espaços sócio-ocupacionais de atuação
profissional, também se reinventaram por meio da elaboração de novas estratégias de atendimentos, que
devem estar em concordância com a realidade dos (as) nossos atendidos (as).

378
crise sanitária, marcado pela sobrecarga no sistema de saúde, pelo alto nível de contágio e
letalidade do Corona Vírus.
Além disso, não é de hoje que o Sistema Único de Saúde (SUS) vem sofrendo
ataques com a falta de investimento público. Entende-se que esse movimento produz o
aumento do ajuizamento de ações relacionadas ao requerimento de medicamentos e
serviços da saúde, a partir do não fornecimento destes por meio das vias comuns. Esse
momento marcado pelas falhas do Estado em relação a garantia de direitos da população,
proporciona o aumento das judicializações, uma vez que essas famílias não encontram
outras alternativas de acesso ao direito, para além da entrada com o processo judicial. Este
quadro demonstra o quanto a população atendida pelo NEDDIJ encontra-se em condições
ainda mais vulneráveis, o que justifica a necessidade pelos atendimentos e regularizações
das demandas.
Todavia, na modalidade remota 9 as condições materiais dos (as) atendidos (as)
impactam diretamente no trabalho realizado pelo NEDDIJ. A falta de acesso a um aparelho
celular de qualidade e a internet por exemplo influenciam na realização ou não do
atendimento, além das dificuldades enfrentadas em relação ao uso das tecnologias.
Soares e Nadal (2020) asseguram que o profissional “[...] precisa reinventar sua
prática, sem perder de vista o projeto ético-político, seu comprometimento com a classe
trabalhadora e a teoria crítica” (SOARES; NADAL, p. 75). Nesse sentido, mesmo diante
dos desafios que permeiam a realização dos atendimentos de triagem, bem como as
dificuldades na realização do trabalho remoto que se apresentam de diversas formas, o
trabalho do NEDDIJ nunca se fez tão necessário e relevante para as famílias, crianças e
adolescentes atendidos.

9
No momento em que se inicia a triagem no modelo remoto, são passadas as informações iniciais. Essas
informações relacionam-se com a explicação de como ocorre o atendimento da triagem, qual o objetivo da
triagem e quais seus possíveis desdobramentos9. Além disso, solicita-se os documentos necessários para o
preenchimento do formulário e armazenamento na pasta. Após o preenchimento do formulário, envia-se a
documentação que deriva da triagem, para a parte atendida confira se está tudo correto, conforme seu relato,
imprima e assine os documentos.

379
Considerações Finais
Dos estudos realizados é possível afirmar que o cenário sociopolítico e econômico
não tem sido favorável para a superação das situações de vulnerabilidade e violência, pelo
contrário, tem se agravado as condições de vida da população em todos os aspectos (saúde,
educação, alimentação, habitação). Conclui-se a relevância da Universidade Pública, pois
mesmo em período de crise causada pela COVID-19, e do projeto NEDDIJ, que tem se
reinventado durante a pandemia para continuar ofertando os serviços por meio da Extensão
Universitária. Frente a esse panorama desfavorável, seguem os profissionais e estagiários
(as) na tentativa de amenizar os impactos causados pela pandemia e garantir o acesso dos
direitos sociais à população.

Referências
SOARES, Flávia Laura; Nadal, Isabela Martins. O trabalho do (a) assistente social
judiciário no contexto da pandemia da covid-19. In: PONTES, Reinaldo Nobre;
CARNEIRO, ADRIÉLI ,Volpato; AMARO, Sarita. Serviço social e pandemia Covid-19:
realidade, desafios e práxis. 1. ed. Porto Alegre: Nova Práxis Editorial, 2020.

380
PARADIPLOMACIA PARA COOPERAÇÃO TRANSFRONTEIRIÇA:
FOMENTANDO POLÍTICAS DE INTEGRAÇÃO PARA O VIVER BEM

Área temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenadores da atividade: Gustavo VIEIRA; Suellen OLIVEIRA
Universidade Federal da Integração Latino Americana (UNILA)
Autores: A. WEISS 1; D. SALES²; J. SALOMÃO³
Resumo:
O presente projeto ocorre em parceria com a Diretoria de Relações Internacionais do
Município de Foz do Iguaçu com o objetivo de fomentar um Plano Municipal de Relações
Internacionais (PLARIFI). Para tanto, fomenta pesquisa e formação de Relações
Internacionais e Integração na área de Paradiplomacia. A construção do PLARIFI se baseia
na identificação do Interesse Local Internacional (ILI) que permitirá planejar a atuação
internacional do município. A metodologia utilizada é a Pesquisa-Ação-Participante que
consiste na realização de entrevistas por meio de questionários semiestruturados com
atores do território, de maneira que contempla os saberes e as práticas da atuação local. A
elaboração do Plano demandará articulação com entidades públicas estatais, sociedade
civil, ações formativas continuadas e análise do cenário da Paradiplomacia, da literatura e
legislações pertinentes, aproximando num primeiro momento docentes e estudantes do
bacharelado de Relações Internacionais e Integração, dos Programas de Pós-Graduação em
Relações Internacionais, Integração Contemporânea da América Latina da UNILA, a Red
de Expertos en Paradiplomacia e Internacionalización Territorial (REPIT) e a Diretoria de
Relações Internacionais do Município de Foz do Iguaçu. O presente projeto identifica que
as Relações Internacionais contribuem à consonância entre políticas públicas e ao
diagnóstico de demandas específicas ao território. Para tal, considera-se o potencial
internacional de Foz do Iguaçu, devido à sua localização geográfica, história, população
transfronteiriça trinacional, situação social, turística, cultural, ambiental e de saúde e
também às instituições internacionais aqui situadas, como a Itaipu Binacional, as Cataratas
e a UNILA.

1
Alexandre Augusto Weiss, discente do curso de Relações Internacionais e Integração.
² Danielle Sales Teixeira, discente do curso de Relações Internacionais e Integração.
³ Juliana Da Silva Salomão, discente do curso de Relações Internacionais e Integração.

381
Palavras-chave: Paradiplomacia; Cooperação Transfronteiriça; Tríplice Fronteira.

Introdução
As transformações do Direito e das Relações Internacionais decorrentes da
mundialização produzem novas dinâmicas interestatais com profundas implicações sobre
suas fronteiras. O foco de estudo deste projeto é a região fronteiriça de Foz do Iguaçu,
composta por Puerto Iguazú (Argentina), Ciudad del Este, Presidente Franco e
Hernandárias (Paraguai). A dinâmica da Tríplice Fronteira acaba tornando estas cidades
mais interdependentes, permitindo que os impactos da transfronteirização de problemas,
soluções e práticas sejam analisados de maneira mais evidente nos três municípios. Devido
à percepção das características da geopolítica, da segurança das questões energéticas,
socioambientais e a condição transfronteiriça do território, urge a elaboração de uma
política que auxilie a governança do município, evidenciando ao governo local as
estruturas internacionais que o envolvem.
Neste contexto, pode-se avaliar a relevância da Paradiplomacia na região como
meio de compreender a atuação dos entes subnacionais nas relações internacionais. A
Paradiplomacia oferece ferramentas benéficas na construção e na implementação de
políticas públicas de agenda internacional. Esta abordagem torna possível a construção de
soluções para demandas de caráter internacional do município e da região.
Através desse projeto de extensão busca-se apoiar a construção de um Plano
Municipal de Relações Internacionais de Foz do Iguaçu (PLARIFI) com base no Interesse
Local Internacional (ILI) de modo a promover a integração latino-americana a partir de
oportunidades e desafios da fronteira trinacional, pautando a prevalência dos direitos
humanos, a autodeterminação dos povos, defesa da paz e a cooperação entre os povos.

Metodologia
A metodologia do projeto utiliza-se do modelo de construção de política pública
participativo a Pesquisa-Ação-Participante (PAP), organizado com os seguintes objetivos:
definição de uma agenda, identificação de alternativas, avaliação, seleção das opções,
análises e termos de efetivação. Temos como atividades:

382
1) Mapeamento dos atores locais através de entrevistas com o governo local
(Executivo, Legislativo e Judiciário), com a sociedade civil (Universidades
conselhos municipais, lideranças comunitárias) e com o mercado (Empresários).
2) Auto-avaliação ampliada, com o objetivo de avaliar e ampliar o diagnóstico
participativo preliminar sobre a percepção da atuação local internacional.
3) Realização de "Oficinas do futuro", para construir a visão de futuro do PLARIFI,
junto dos atores e lideranças comunitárias prospectadas na fase 1 e 2.
4) Redação de um relatório final de diagnóstico da atuação internacional da cidade de
Foz do Iguaçu, que reunirá todos os indicadores e os cenários futuros construídos
nas oficinas, como também uma nota técnica de orientação para a implantação e o
monitoramento do PLARIFI.

Desenvolvimento e processos avaliativos


O presente projeto é desenvolvido desde 2019, onde houveram ações relevantes
para sua construção, como a participação em eventos internacionais, a participação no
comitê de fronteiras Brasil-Argentina, reuniões com a Prefeitura Municipal de Foz do
Iguaçu (PMFI), entrevistas com autoridades do território e reuniões semanais do grupo.
Neste ano, a extensão participou da articulação para a formação de uma rede internacional
de pesquisadores sobre Paradiplomacia e Internacionalização Territorial, o REPIT, que tem
o objetivo de “fomentar a investigação, formação de recursos humanos e difusão do
conhecimento sobre Paradiplomacia e Internacionalização Territorial, como a vinculação
com a prática política” (REPIT, 2021).
Em 2020, embora limitados devido a pandemia do COVID-19, as ações
continuaram sendo desenvolvidas de maneira remota. Realizamos reuniões para
sistematizar os aspectos relevantes da pesquisa e assim elaborar questionários
semiestruturados. Além disso, através dessas ações se almeja a geração de fontes de
pesquisas significativas para aqueles que buscam maior conhecimento sobre o tema da
Paradiplomacia, portanto as entrevistas estão sendo transcritas e depositadas na Diretoria
de Assuntos Internacionais do município para a democratização do acesso a tais
informações.

383
Em 2021 por meio de um Decreto Municipal (Nº29134) foi instaurada a criação da
Comissão de elaboração do PLARIFI, institucionalizando o trabalho e os objetivos desta
extensão. Os alunos envolvidos nesta ação têm a possibilidade de conhecer a realidade
local, se deparar desde o momento da graduação com problemas complexos das relações
internacionais, das cidades e estar envolvidos com a construção de soluções desde uma
agenda internacional participativa. Uma conquista também foi a entrada de um
extensionista no quadro de estagiários da Diretoria de Assuntos Internacionais, integrando
os estudos da extensão à atuação profissional desse aluno. Essas iniciativas potencializam
o projeto e aumentam a visibilidade das nossas ações, e consequentemente o
compartilhamento de boas práticas.

Considerações Finais
As mudanças a nível global e local ocorrem cada vez mais rapidamente e os
problemas são cada vez mais complexos. Neste sentido, este projeto traduz pesquisa e
ensino em uma ação de extensão. As ações do projeto articulam a Universidade com a
sociedade do território, buscando qualificar cada vez mais suas ações através do acúmulo
de experiências. A principal expressão dos objetivos deste projeto é o caráter técnico da
ação junto da Diretoria de Assuntos Internacionais do município, já que o projeto fornece
ferramentas metodológicas, assessora a execução da elaboração do Plano Municipal de
Relações Internacionais. Assim, as ações deste projeto aos poucos se institucionalizam por
diversos meios, como o reconhecimento do trabalho diante dos atores do território, pelo
reconhecimento da comunidade acadêmica, pela divulgação científica realizada e pelos
decretos municipais que formalizam a atuação da extensão dentro do setor público do
município.

Referências
VILLARRUEL, Daniel. El interés local internacional de los gobiernos no centrales:
Análisis comparativo de la paradiplomacia en Cataluña, Jalisco y Valparaíso. Editoriales e
Industrias Creativas de México, 2016.

384
ODDONE, Carlos Nahuel. La Paradiplomacia Transfronteriza de los Gobiernos Locales
en el MERCOSUR (2003-2013): una aproximación teórica y práctica. Universidad del
País Basco: Bilbao, 2015.

FALS BORDA, Orlando. Conocimiento y poder popular. México: Siglo ZZI Editores,
1983.

REPIT, 2021. Disponível em: <www.repit.site/institucional>. Acesso em: 29 jul. 2021.

Instituição Financiadora:
PROEX - UNILA

385
PREVENÇÃO A VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES: AÇÕES DO NUMAPE
GUARAPUAVA

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça.


Coordenadora da atividade: ROSÂNGELA BUJOKAS DE SIQUEIRA
Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO)
Autores: N. C. BUENO 1; M. S. CORDEIRO 2; N. PCHEKE 3; L. M. GASPEROTTO 4; M.
SCHRAMM 5; R. B. de SIQUEIRA 6

Resumo:
A violência contra as mulheres se constitui em uma violação dos direitos humanos e seu
combate envolve, além de ações de atendimento, a prevenção visando desnaturalizar as
desigualdades de gênero e modificar práticas sexistas e violentas. O Núcleo Maria da Penha
Guarapuava tem como objetivo promover o acolhimento, o atendimento jurídico, psicológico
e social gratuito a mulheres que estejam em situação de violência familiar ou doméstica, assim
como, promover ações de prevenção por meio de práticas socioeducativas. Este trabalho tem
como objetivo refletir sobre as ações de prevenção, por meio de revisão bibliográfica e
documental. Além de demonstrar as ações e os participantes dos encontros, oficinas e rodas de
conversa, afirma a importância das metodologias participativas e da interdisciplinaridade.

Palavras-chave: Extensão dialógica; Interdisciplinaridade; Práticas socioeducativas.

Introdução
A violência doméstica ou familiar contra mulheres constitui uma violação dos direitos
humanos e se caracteriza por [...] “qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause

1
Nayara Cristina Bueno, orientadora de Serviço Social.
2
Micheli Souza Cordeiro, assistente social, bolsista.
3
Nastacia Pcheke, estudante de graduação em Serviço Social, bolsista.
4
Luana Maximo Gasperotto, estudante de graduação em Psicologia, bolsista.
5
Marielle Schramm, estudante de graduação em Direito, bolsista.
6
Rosângela Bujokas de Siqueira, coordenadora.

386
morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial.” (Brasil,
2006). Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (2021), uma em cada quatro
mulheres foi vítima de algum tipo de violência nos últimos doze meses no Brasil, 48% dessas
violências ocorreram em casa e 45% das mulheres não procuraram ajuda. Esses dados
demonstram a importância das ações de atendimento e de prevenção a violência contra as
mulheres. A Lei nº11.340/2006, Lei Maria da Penha, “[...] resulta da luta feminista pela
criação de um expediente jurídico capaz de combater as situações de violência contra as
mulheres, possibilitando mudanças significativas no âmbito do direito” (BANDEIRA, 2014,
p.463). A partir de sua aprovação foram sendo ampliados os serviços de atendimento e as
ações de prevenção. Nesse contexto, em 8 de janeiro de 2018, foi criado o Núcleo Maria da
Penha (NUMAPE), que é um programa de extensão ligado à Universidade Estadual do
Centro-Oeste (UNICENTRO). Após sua formação, na simbólica data de 8 de março do mesmo
ano (Dia Internacional da Mulher), o Núcleo passou a ser reconhecido como um dos atores da
rede de proteção de mulheres em situação de violência na região. Atualmente, o Projeto conta
com a atuação de uma equipe multidisciplinar composta pelas áreas de Serviço Social, Direito
e Psicologia. Cada área possui uma estudante de graduação, uma profissional e uma
orientadora, além da coordenadora. O Núcleo garante à comunidade, de forma gratuita, o
acolhimento, o atendimento jurídico, social e o acompanhamento psicológico de mulheres em
situação de violência doméstica ou familiar. Busca-se o rompimento da situação de violência,
por meio do trabalho integrado da equipe, bem como da articulação com a rede de
atendimento e proteção as mulheres vítimas de violência. Além do eixo atendimento, o Núcleo
se dedica à prevenção. O objetivo deste trabalho é refletir sobre o papel da prevenção no
combate à violência contra mulher, a partir de aproximações com o tema e metodologias
participativas, assim como a consulta a legislação e documentos do Projeto, como relatórios
mensais e anuais.

Metodologia

387
A relação da Universidade com a comunidade, conforme ensinamentos de Paulo Freire
(1971), deve ser uma aproximação baseada no diálogo, na troca de saberes de forma
horizontal, tendo como ponto de partida as vivências nas comunidades. Nesse contexto, são
realizados encontros, oficinas, rodas de conversa, capacitações, palestras, grupos
socioeducativos com a comunidade, visando construir mecanismos de combate à violência
doméstica ou familiar. As ações envolvem as três áreas de atuação, caracterizando uma
atuação interdisciplinar, em que as áreas se complementam e constroem novos saberes, ao
estabelecerem objetivos comuns. A equipe faz contato com instituições para dialogar e
planejar atividades, entre elas a rede de ensino municipal e estadual, as instituições de ensino
superior, organizações da sociedade civil, a rede socioassistencial, Unidades Básicas de Saúde,
entre outros. As ações de prevenção geram efeitos em todos os participantes: equipe do
NUMAPE, profissionais da rede e comunidade em geral. Durante a pandemia de covid-19 a
metodologia precisou ser adaptada ao momento de distanciamento social, por isso, os meios
digitais (online) passaram a ter destaque. Como meio de comunicação e divulgação para
comunidade foram utilizadas as redes sociais do Projeto e da Universidade. As salas virtuais
de interação instantânea e transmissão ao vivo pelo canal do NUMAPE no youtube, bem como
interações via chat durante a atividade.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Antes da pandemia todas as ações de prevenção aconteciam de maneira presencial. A
equipe realizava uma aproximação com as participantes das atividades para conhecer o
contexto da comunidade, depois deslocava-se ao local para os encontros. Os dados a seguir
foram coletados nos registros do Projeto. Entre março a dezembro de 2018 foram realizados:
06 oficinas, 57 trabalhos com grupos, 05 palestras, 05 rodas de conversa, 01 reunião
institucional sobre prevenção, 01 tarde interativa na comunidade e 01 capacitação com
profissionais, portanto, tivemos um total de 76 ações de prevenção, das quais participaram
1.255 pessoas. No ano de 2019, observamos um crescimento expressivo nas ações de

388
prevenção, com: 14 oficinas, 65 trabalhos com grupos, 09 palestras, 02 rodas de conversa, 01
reunião institucional sobre prevenção, 03 capacitações com profissionais, ao todo foram
realizadas 94 práticas educativas de prevenção na comunidade, com 2.065 participantes.
Compreendendo a necessidade e a importância da prevenção à violência contra as mulheres,
enquanto estratégia de mudanças culturais de práticas sociais machistas e violentas, na
pandemia, as ações de prevenção continuaram, mas no formato online. Isso também foi
possível porque a metodologia do Projeto, baseada na dimensão dialógica, envolve a interação
constante da equipe, mulheres atendidas, profissionais da rede de atendimento e prevenção. O
estudo contínuo nas formações da equipe e a participação no Grupo de Estudos Feminismos e
Violência de Gênero também continuaram. Quanto as ações socioeducativas desenvolvidas em
2020 e 2021, podemos dividir em três categorias: transmissões ao vivo, rodas de conversa e
capacitações, sendo realizadas de 09 ações de prevenção que envolveram diretamente 752
participantes. A violência contra as mulheres é um fenômeno estrutural e o seu enfrentamento
exige estratégias que, segundo a Política Nacional de Enfrentamento à Violência Contra as
Mulheres, devem prever […] o desenvolvimento de ações que desconstruam os mitos e
estereótipos de gênero e que modifiquem os padrões sexistas, perpetuadores das desigualdades
de poder entre homens e mulheres e da violência contra as mulheres […] (BRASIL, 2011, p.
26). Portanto, na prevenção dois aspectos se destacam: as metodologias participativas, como
as baseadas na extensão dialógica de Paulo Freire, para que o ponto de partida seja as
vivências nas comunidades, a desnaturalização das desigualdades de gênero, o rompimento
com o silêncio e a mudança de valores. Para isso, o trabalho interdisciplinar, no qual o
conhecimento ultrapassa as barreiras da formação, se torna indispensável, sendo a prevenção
um espaço privilegiado de interação.

Considerações Finais

389
As metodologias participativas colocam a Universidade (e a extensão) em uma relação
horizontal, no qual a troca de saberes possibilita a reflexão e a formação de todos (as) os (as)
envolvidos (as), sendo que a interdisciplinaridade contribui para uma ação extensionista para
além das práticas isoladas de cada profissional. Por isso, o NUMAPE enfatiza a importância
do eixo prevenção e a construção vivências com a comunidade, bem como a mudanças
culturais alicerçadas na igualdade de gênero.

Referências
BANDEIRA, L. M. Violência de gênero: a construção de um campo teórico e de investigação.
Revista Sociedade e Estado, v. 29, n. 2, 2014. Disponível em:
https://www.scielo.br/pdf/se/v29n2/08.pdf. Acesso em: 02 ago. 2021.

BRASIL, S.N.P.M. Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres.


Brasília, DF, 2011

BRASIL. Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. Disponível em:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm. Acesso em: 30 jul.
2021.

FREIRE, P. Extensão ou comunicação? Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1971.

Forúm Brasileiro de Segurança Pública; DataFolha. Relatório Visível e Invisível: a


vitimização de mulheres no Brasil. 3ª Edição. 2021.

Instituição financiadora:
Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior – PR

390
PROJETO ELAS

Área temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenador(a) da atividade: Fabiana LOPES DA SILVA
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul
- Campus Caixas do Sul (IFRS)
Autores: L. C. MARCON 1; I. PERTILE 2;L. A. BENATTO 3;V. do N. BUENO 4;

Resumo:
O objetivo número cinco das metas de desenvolvimento sustentável da ONU trata de
alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas. O projeto ELAS
associam-se a esta meta tendo como objetivo principal inspirar meninas e mulheres nas
áreas de ciências, tecnologia e engenharia, a partir de ações que valorizem o protagonismo
e o empoderamento feminino nas esferas acadêmica, industrial e social. Enquanto ação
extensionista, apresenta caráter multidisciplinar abordando diferentes linhas temáticas
relacionadas ao protagonismo das mulheres em áreas de ciência, medicina, literatura,
tecnologia e engenharia. Além disso, o projeto também propões reflexões a cerca do
engajamento masculino e para o despertar da equidade de gênero no público infantil. As
ações foram desenvolvidas a partir da produção de conteúdo informativo para cada uma
das diferentes linhas temáticas, entrevistas e diálogos com mulheres de diferentes áreas do
conhecimento, pesquisas bibliográficas, palestras técnicas, dentre outras. A execução se
deu de forma virtual e remota, através de produção de conteúdo para as mídias sociais
como postagens e Lives para o Instagram, vídeos para o Youtube, podcasts
disponibilizados nas plataformas Anchor/Spotfy, debates e palestras via Google Meet. Os
resultados obtidos foram o engajamento da comunidade interna e externa nas ações
promovidas com participação ativa de mais 100 pessoas nas palestras e debates. Além
disso, o projeto engajou mais de 600 seguidores no perfil do Instagram ampliando sua

1
Luiza Cruz Marcon, aluna do curso Técnico em Química Integrado ao Ensino Médio.
2
Isabela Pertile, aluna do curso Técnico em Química Integrado ao Ensino Médio.
3
Leticia Ane Benatto, aluna do curso Técnico em Química Integrado ao Ensino Médio.
4
Vinícius do Nascimento Bueno, aluno do curso Técnico em Química Integrado ao Ensino Médio.

391
abrangência para o nível nacional. Para concluir, impactos positivos na autoconfiança e no
sentimento de pertencimento foram relatados pelos diferentes públicos envolvidos.

Palavras-chave: equidade; gênero; Projeto ELAS.

Introdução
Conforme análise de dados publicado no Censo da Educação Superior de 2019, as
mulheres representam 59% das matrículas e 61% das concluintes dos cursos superiores
presenciais do Brasil. Apesar do elevado número de mulheres concluindo o ensino
superior, o número de engenheiras registradas no Sistema Confea/CREA, por exemplo,
representa apenas 15% do total de registros. Esta baixa representatividade também se
reflete na presença de mulheres dentro da Academia Brasileira de Ciências, especialmente
na área de engenharia (Ferrari et al., 2018). No mundo, apesar de apresentarem tanta
ambição de crescer na carreira quanto os homens na mesma posição e de também estarem
dispostas a sacrifícios pessoais para alçar posições de liderança, as mulheres ocupam
apenas 5% dos cargos de alta liderança (McKinsey & Company, 2017). Efeito semelhante
é observado na carreira acadêmica onde, segundo MENEZES et al. (2017), as disparidades
também crescem à medida que se avança na carreira acadêmica.
Dentre as diversas experiências relatadas e presenciadas pelo projeto ELAS ao
longo dos dois últimos anos de sua existência no Campus Caxias do Sul, foi possível
perceber que, muitas vezes, as meninas sequer conhecem uma mulher engenheira ou uma
cientista surpreendendo-se ao identificar mulheres nestes papéis. O objetivo número cinco
das metas de desenvolvimento sustentável da organização das nações unidas (ONU) trata
de alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas. O alcance
desta meta passa por temáticas sensíveis e complexas que envolvem temas socioculturais e
políticas públicas. Sendo assim, o projeto ELAS associa-se a esta meta e tem como
objetivo principal inspirar meninas e mulheres nas áreas de ciências, tecnologia e
engenharia, a partir de ações que valorizem o protagonismo e o empoderamento feminino
nas esferas acadêmica, industrial e social.

392
Além disso, inspirado no movimento Eles por Elas (He For She), também da ONU,
o projeto busca promover ações para fomentar o engajamento do público masculino de
forma alinhada a um esforço global para envolver homens e meninos para novas relações
de gênero sem atitudes e comportamentos machistas.

Metodologia
As ações desenvolvidas foram propostas a partir do diálogo com participantes do
projeto e com a comunidade externa, através da interação entre diferentes instituições
públicas e privadas. Estas ações tiveram como público-alvo meninas e mulheres e foram
estruturadas de acordo com temáticas específica, a saber: “ELAS falando de Ciências”,
“ELAS nas Engenharias”, “Engajando ELES”, “ELAS na Medicina”, “ELAS na
Literatura”, “ELAS em Debate”, “Dicas dELAS” e “ELAS Kids”. Neste processo, os(as)
estudantes foram convidados(as) a pensar criticamente, formular hipóteses, exercitar a
criatividade e interagir com a comunidade externa. Foi criado um perfil no Instagram o
que proporcionou a execução do projeto de forma virtual e remota. A partir de um trabalho
de pesquisa fundamentada sobre cada temática, os(as) estudantes construíram o
aprendizado e socializaram o conhecimento através da produção de conteúdo para as
mídias sociais como postagens e Lives para o Instagram, vídeo para o canal do Youtube,
podcasts na plataforma Anchor/Spotfy, debates e palestras via Google Meet.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Os objetivos do projeto foram convertidos em resultados através das ações
desenvolvidas para cada uma das linhas temáticas pensadas e propostas pelos(as) bolsistas
e colaboradores(as) do projeto. Na ação “ELAS falando de Ciências”, foram produzidos
vídeos de experimentos científicos disponibilizados o canal do Youtube do projeto, além de
posts com conteúdo científicos e Lives com jovens pesquisadoras do Campus Caxias do
Sul do IFRS. Na ação “ELAS nas Engenharias”, foram realizadas pesquisas e produção de
conteúdo sobre as 50 profissões de engenharia, bem como Lives inspiradoras com
engenheiras das diferentes áreas. Na ação “Engajando ELES”, foram realizadas pesquisas e
produção de conteúdo exemplificando formas práticas de homens apoiarem mulheres na

393
pauta de equidade de gênero, assim como publicações que visam apontar e ajudar na
desconstrução de uma masculinidade tóxica. Na ação “Elas na Medicina”, foram realizadas
pesquisas e produção de conteúdo divulgando fatos relevantes e reconhecendo as mulheres
importantes que contribuíram para o avanço desta área.
A ação “ELAS na Literatura” foi realizada em parceria com o projeto de extensão
NELE (Núcleo de Ensino de Línguas em Extensão) do IFRS Campus Caxias do Sul. O
“ELAS em Debate”, proporcionou momentos de debate entre convidadas de diferentes
áreas do conhecimento e a comunidade sobre questões envolvendo equidade. No “Dicas
DELAS” foram produzidos conteúdos com indicações semanais de livros, filme,
documentários e podcasts relacionados ao projeto. Na ação “ELAS Kids”, além de
participação na edição virtual do Espaço KIDS para o 5° Salão de Pesquisa, Extensão e
Ensino do IFRS, forma produzidos vídeos animados de produção autoral e/ou inspirados
em clássicos infantis para o Youtube do projeto.
Por fim, todas estas ações apresentaram um grande engajamento da comunidade
externa através das redes sociais do projeto engajando mais de 600 seguidores no
Instagram. As avaliações de todos(as) os(as) envolvidos(as) foram sempre muito positivas,
destacando o impacto e a relevância social do projeto, bem como propiciando que novas
redes de contato e parcerias técnicas fossem estabelecidas. Os(as) estudantes
envolvidos(as) destacaram o sentimento de pertencimento, a paixão em fazer parte do
projeto e a grande oportunidade de aprendizado e aplicação de conhecimento que tiveram.

Considerações Finais
O projeto alcançou seus objetivos à medida que todas as ações providas para cada
uma das áreas temáticas apresentaram caráter inspirador, com grande engajamento e
avaliação positiva da comunidade envolvida. Destacam-se como ganhos, o caráter
multidisciplinar do projeto que proporcionou um espaço de fala para as questões de
equidade de gênero e para o protagonismo e empoderamento de mulheres e meninas que
servem de inspiração nas mais diversas áreas do conhecimento.

394
Referências
Brito, C.; Pavani, D.; Lima Jr., P. Meninas na Ciência: atraindo jovens mulheres para
carreiras de Ciência e Tecnologia. GÊNERO. Niterói. v. 16. n. 1. p. 33 - 50 (2015).

FERRARI, NATHÁLIA C. et al. Geographic and Gender Diversity in the Brazilian


Academy of Sciences. Anais da Academia Brasileira de Ciências [online]. 2018, v. 90,
n. 2 https://doi.org/10.1590/0001-3765201820170107.

MENEZES, D. et al. Efeito Tesoura. Scientific American Brasil. 2017. Disponível em:
http://www.if.ufrgs.br/cbrito/publicacoesGenero/artigoTesoura_SAm_Brito.pdf Acesso
em: 24 ago.2020.

Women Matter: Ten years of insights on gender diversity. McKinsey & Company.
October 2017.

Instituição Financiadora:

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul

395
PROJETO PASSA E REPASSA: CONSTRUÇÃO DE DIÁLOGOS COM A
POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA

Área temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenador(a) da atividade: Maria Gabriela CURUBETO GODOY
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Autores: Guilherme Sturza ; Anelise Burmeister 2; Maria Gabriela Curubeto Godoy 3;
1

Isadora Rosa Leotti 4

Resumo:
A população em situação de rua (PSR) é historicamente um dos segmentos mais
vulneráveis e excluídos da população geral, tendo entrado recentemente na agenda de
políticas públicas no Brasil. Entretanto, observa-se que a expansão de políticas, ações e
serviços para essa população não dá conta das suas necessidades. Além disso, há pouca
divulgação das ações realizadas em âmbito local, sendo necessária a produção de
informações que contribuam para a atuação dos coletivos que defendem os direitos da
PSR. Nesse sentido, o projeto Passa e Repassa, realiza a coleta, sistematização e
divulgação de informações sobre políticas, ações e serviços implementados pelo poder
público de Porto Alegre produzindo materiais em diversas linguagens e meios (áudios e
podcasts, infográficos, sites e outros) repassando-os para diversos coletivos de luta pelos
direitos da PSR (Movimento Nacional da População de Rua, Jornal Boca de Rua, Escola
Porto Alegre e outros). A avaliação do projeto é processual e participativa, incluindo os
coletivos envolvidos. O compartilhamento e a democratização das informações
sistematizadas e analisadas pelo projeto podem contribuir para fortalecer o protagonismo, a
participação, o controle social e a luta pela garantia de direitos da PSR, instrumentando-a
para reivindicar e qualificar as ações do poder público, aproximando o que é ofertado das
reais demandas dessa população.

Palavras-chave: População em Situação de Rua; Políticas Públicas; Direitos Humanos

1
Estudante de Psicologia (UFRGS) e bolsista, bolsa financiada pela ProREXT
2
Estudante de Saúde Coletiva (UFRGS)
3
Professora do bacharelado em Saúde Coletiva (UFRGS)
4
Estudante de Ciências Jurídicas e Sociais (UFRGS)

396
Introdução
A população em situação de rua (PSR) é um dos segmentos mais vulneráveis e
socialmente excluídos da população geral. O desenvolvimento de políticas públicas
enfocando a cidadania e garantia de direitos dessa população é relativamente recente, tendo
como marco a Política Nacional para a População em Situação de Rua (PNPSR), lançada
em 2009 (BRASIL, 2009). Cabe a cada município, conjuntamente com o estado e o âmbito
federal, atender as necessidades dessa população e contribuir para a participação de
instâncias representativas da PSR no acompanhamento das ações.
Apesar da ampliação de ações, observa-se que a PSR continua aumentando, o que
se acentuou no decorrer da pandemia (GAMEIRO, 2021). Há, portanto, cobertura
insuficiente de serviços para as necessidades dessa população. Além disso, há falta de
informação da própria PSR sobre a oferta, acesso e recursos financeiros utilizados pelo
poder público nas ações e serviços implementados. Nesse sentido, o Projeto Passa e
Repassa contribui realizando a coleta, sistematização, análise e divulgação de informações
sobre ações e políticas para a PSR implementadas pelo poder público em Porto Alegre,
utilizando diversas linguagens e meios.
A circulação e compartilhamento dessas informações junto à PSR e seus coletivos
representativos estimula a democratização do acesso à informação, o fortalecimento do
protagonismo, a participação, o controle social e a luta pela garantia de direitos da PSR,
instrumentando-a para reivindicar e qualificar as ações do poder público, de maneira a
aproximar o que é ofertado das suas reais demandas.

Metodologia
Este projeto está vinculado ao Grupo Interinstitucional e Interdisciplinar de Ensino,
Pesquisa e Extensão de Políticas para a População em Situação de Rua, formado por
docentes e discentes da UFRGS e UNISINOS, vários deles apoiadores do Movimento
Nacional da População de Rua (MNPR) e trabalhadores da rede do Sistema Único de
Saúde (SUS) e do Sistema Único de Assistência Social (SUAS). Parte de seus membros
têm, portanto, trajetória anterior de ações junto à PSR. O grupo tem uma pesquisa em

397
andamento sobre as políticas para a PSR durante a pandemia e cursos já realizados sobre
essas temáticas.
A múltipla inserção da equipe do projeto tem facilitado a articulação com diversos
coletivos, alinhando-se metodologicamente a um processo de dialogicidade permanente
com a PSR (FREIRE, 1967). O projeto foi apresentado a membros do MNPR, do Jornal
Boca de Rua e da Escola Porto Alegre (EPA), que fizeram sugestões e aprovaram a
proposta, priorizando algumas informações desejadas, como por exemplo, a questão da
oferta de alimentação.
O diálogo com os coletivos ocorre em três momentos: no levantamento de
demandas,; na revisão do material elaborado, a fim de estabelecer uma comunicação
culturalmente adequada e sensível; e na avaliação processual do projeto. As fontes de
coleta de informações para a elaboração dos materiais e produtos do projeto incluem:
documentos oficiais publicados em sites de instituições públicas; diários oficiais; sistemas
de gestão de parcerias e contratos do município e do estado, todos de acesso aberto; e
informações publicizadas na internet de meios de comunicação (jornais).
As informações são selecionadas segundo critérios de interesse da PSR, como:
tipos de serviços e ações, locais de oferta, dias e horários de funcionamento, número de
vagas diárias e mensais, recursos financeiros utilizados e outras. É realizada uma
retextualização (“tradução”) da linguagem constante nesses documentos, de maneira a
torná-la acessível e compreensível para a PSR através de ilustrações, áudios e podcasts,
vídeos, infográficos e outros meios. A divulgação do material está prevista para ser
repassada em redes sociais dos coletivos, site do projeto e o Jornal Boca de Rua.
O público-alvo inclui: pessoas em situação de rua usuárias ou não de serviços e
espaços de acolhimento públicos; grupos e coletivos representativos da PSR, como o
MNPR; EPA; Jornal Boca de Rua; Comitê Intersetorial da Política Municipal para a
População em Situação de Rua (Comitê POPRUA); conselheiros e trabalhadores da
Assistência Social e da Saúde. É essa experiência de diálogo com a PSR e a circulação dos
materiais elaborados entre mais pessoas e grupos que inspira o nome do projeto.

398
Desenvolvimento e processos avaliativos
Este projeto está em sua primeira edição, e sua execução inclui um processo
articulado de: 1) planejamento, articulação, acompanhamento e avaliação da proposta
inicial com coletivos da PSR; 2) coleta, seleção, análise de informações oriundas de
documentos oficiais de diversas fontes; 3) elaboração de materiais informativos em
linguagem acessível para a PSR, apresentados aos coletivos antes da sua divulgação para
sugerirem adequações; 4) divulgação desses materiais junto à população-alvo; 5) avaliação
participativa processual com os coletivos envolvidos.
As contribuições do projeto para a formação discente incluem: 1) aprendizado
expandido em diversas áreas: instrumentalização na busca de documentos públicos; criação
e manutenção de sites; produção gráfica e textual; comunicação social; linguagem popular;
cidadania; luta e garantia de direitos; ciências sociais e políticas; antropologia; letramento
jurídico; e outros; 2) ampliação dos conhecimentos sobre as políticas públicas do SUS e do
SUAS para a PSR; 3) integração entre teoria e prática, através de uma ação clínico-política
interdisciplinar, uma aprendizagem viva e orgânica que permite aplicar o que se estuda; 4)
aproximação e criação de diálogo com coletivos e movimentos sociais da PSR,
incentivando uma formação pautada na multiculturalidade e transversalidade, que
possibilita a ampliação da comunicação intra e intergrupos na produção de um
entendimento comum; 5) fortalecimento de uma formação politicamente engajada, atenta
à garantia de direitos e que busque não apenas ler e conhecer o mundo mas,
principalmente, transformá-lo.

Considerações Finais
O projeto está em andamento e a consecução de seus objetivos vem avançando. A
inserção da equipe do projeto em diversos coletivos de apoio à PSR tem sido fundamental
para a articulação das ações. A avaliação processual demonstra o potencial do passe e
repasse de informações que contribuem para maior compreensão e delineamento das
demandas da PSR. A sistematização de informações a partir dos documentos selecionados
possibilitou o desenvolvimento de uma matriz analítica adaptável a outros grupos e locais,
contribuindo para manter a interligação fundamental entre extensão, ensino e pesquisa.

399
Ressalta-se a necessidade de continuidade do projeto para sua consolidação e apropriação
pela PSR.

Referências
BRASIL. Presidência da República. Decreto nº 7.053, de 23 de dezembro de 2009. Institui
a Política Nacional para a População em Situação de Rua e seu Comitê Intersetorial de
Acompanhamento e Monitoramento, e dá outras providências. Diário oficial da União,
Poder Executivo, Brasília, 24 dez. 2009. n. 246, seção 1, p.16-17.

FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. 17. ed. Paz e Terra, Rio de Janeiro, 1974.

GAMEIRO, N. População de Rua aumentou durante a Pandemia. Fiocruz, Brasília,


10/06/2021. Disponível em: https://portal.fiocruz.br/noticia/populacao-em-situacao-de-rua-
aumentou-durante-pandemia

400
3.
DIREITOS HUMANOS
E JUSTIÇA

SEURS
Seminário de Extensão Universitária
da Região Sul
CONVIVÊNCIA E PANDEMIA – MANTENDO OS VÍNCULOS

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenadora da atividade: Maria Iolanda de OLIVEIRA
Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)
Autores: F. V.TRENTINI 1; L. F.SILVA 2; M. S. de AGUSTINHO 3; R. de F.DIAS 4
S. C. de ASSIS 5

Resumo:
O evidente envelhecimento populacional mundial expressa uma realidade que se faz
presente também no Brasil em que se observa um crescimento acelerado da população
idosa e tal fato impõe a necessidade de redefinição das práticas sociais no atendimento as
necessidades e demandas da população idosa. Para tanto, os grupos de convivência para
pessoas idosas se constituem como espaços de criação e fortalecimento de vínculos, bem
como forma de se assegurar o direito à convivência disposto no Estatuto do Idoso. Mas em
tempos de pandemia como manter esses vínculos? O presente trabalho, de natureza
qualitativa a partir da pesquisa bibliográfica e documental, visa relatar as ações
desenvolvidas pelo projeto de extensão NASJEPI – Núcleo de assistência social, jurídica e
de estudos sobre a pessoa idosa, nesse tempo de pandemia, no sentido de manter os
vínculos com e entre as pessoas idosas participantes do grupo de convivência Idosos em
Ação, na cidade de Ponta Grossa – Pr.

Palavras-chave: Pessoa Idosa; Direito; Convivência.

Introdução
A predominância de uma população envelhecida tem revelado a questão do
aumento da longevidade e o fato de que o envelhecimento humano é uma realidade
mundial e brasileira. Segundo dados do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia (2018) o

1
Fabiana VosgerauTrentini, servidor docente.
2
Luttiane Fátima Silva, aluna Curso de Serviço Social.
3
Márcio Soares de Agustinho, aluno Curso de Serviço Social.
4
Regiane de Fatima Dias, aluna Curso de Serviço Social.
5
Sandriele Cristina de Assis, aluna Curso de Serviço Social

233
número de pessoas idosascom mais de 60 anos alcançará 15% da população em 2060 e o
percentual de pessoas com mais de 65 anos passará dos atuais 9,2% para 25,5%.
Desde já, torna-se imperioso promover a integração social das pessoas idosas e
desenvolver práticas sociais no sentido de viabilizar formas de participação e convívio
social evitando o isolamento e a institucionalização.
A partir da Constituição Federal de 1988 ocorreu uma nova institucionalidade de
proteção das pessoas idosas imprimindo como questão central, a promoção de formas de
atendimento que assegurem o exercício de cidadania e o pertencimento social.
Dentre a legislação vigente se destacam a Política Nacional do Idoso – PNI (Lei nº
8.842, de 04/01/1994 - Decreto nº 1.948, de 03/06/1996), que tem por objetivo “assegurar
os direitos sociais do idoso...” (Art. 1º) e o Estatuto de Idoso (Lei nº 10.741 de
01/10/2003), o qual preconiza no Art. 3º o direito à convivência familiar e comunitária.
Ressalta-se, portanto, que a convivência é um direito garantido por lei, e como tal
deve ser assegurado com prioridade se promovendo formas de atendimento que viabilizem
sua efetivação.Desta forma, “Os grupos de convivência têm sido uma alternativa
estimulada em todo o Brasil. (...) são uma forma de interação, inclusão social e uma
maneira de resgatar a autonomia, de viver com dignidade e dentro do âmbito de ser e estar
saudável.” (WICHMANN et al, 2013, p. 823)
Mas no atual contexto de pandemia COVID-19, isto se torna inviável e a população
idosa, devido ao potencial de risco, é convocada a ficar em casa atendendo as medidas de
distanciamento e isolamento social adotadas para o enfrentamento da pandemia. Esta
situação e a vivência do distanciamento social levou à necessidade de se ressignificar
práticas e condutas até então realizadas nas ações desenvolvidas com a população idosa.
O presente trabalho tem por objetivo relatar algumas das ações desenvolvidas pelo
projeto de extensão NASJEPI – Núcleo de assistência social, jurídica e de estudos sobre a
pessoa idosa, no sentido de manter os vínculos com e entre as pessoas idosas participantes
do grupo de convivência Idosos em Ação na cidade de Ponta Grossa – Pr, buscando
minimizar os efeitos do distanciamento social em relação a sua saúde emocional e mental.

234
Metodologia
Visando minizar os efeitos do distanciamento social para que as idosas não se
sentissem sozinhas e angustiadas e manter os vínculos estabelecidos com a equipe na
convivência presencial, foi realizado a gravação de vídeos, áudios com mensagens de
otimismo e apoio se utilizando das redes sociais, especialmente do whatsapp, para o
contato com aquelas que possuíam acesso e com as que não possuíam, o contato foi
mediado pelas assistentes sociais do Serviço de Obras Sociais, instituição não
governamental, a qual o grupo está vinculado, que obedecendo as normas sanitárias
estabelecidas iam até a casa das idosas.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Considerando que “O convívio e relacionamento entre as pessoas, além de ser
intrínseco à sua formação, ao seu desenvolvimento, e, portanto, ao próprio envelhecimento,
são fatores imprescindíveis à maturação física e psíquica do ser humano; (RODRIGUES,
2005, p.4) e a importância de assegurar às idosas participantes do Grupo de Convivência
Idosos em Ação, a convivência social, o estabelecimento e o fortalecimento de vínculos, as
ações e atividades realizadas sempre se pautaram na premissa do direito e na priorização de
sua participação, convívio e protagonismo social.
Contudo, a pandemia COVID-19 teve um impacto significativo na vida das pessoas
idosas “com direcionamento de ações e estratégias de distanciamento social
especificamente para esse grupo.”(HAMMERSCHMIDT e SANTANA, 2020, s.p) se por
um lado, houve a preocupação positiva, na organização dos serviços, com a saúde destas
pessoas, por outro lado se “reforçou os preconceitos da sociedade, mediante a criação de
diversos vídeos, imagens, frases, músicas, com exposição dos idosos e supervalorização de
características eminentemente negativas. (HAMMERSCHMIDT e SANTANA, 2020, s.p).
Por isso, a equipe do projeto buscou ressignificar a forma de atuação e minimizar
os efeitos negativos do momento vivenciado, produzindo e enviando, pelo whatsapp, 04
vídeos com mensagens educativas e de orientação sobre higiene, cuidados com a saúde, de
estímulo e apoio;enviando pelo correio cartas escritas pelos(as) acadêmicos(as) do projeto

235
destacando a importância da idosa para o grupo; comemorando a páscoa e dia das mães
com entrega a domicílio de uma lembrança; realizando o Arraiá da Alegria (drive-thru
junino) enfatizando a alegria e de que o distanciamento é necessário para a preservação de
sua saúde e proteção da sua vida.
O que se evidenciou na realização dessas atividades foi a dificuldade que as
pessoas idosas têm de cumprirem com o distanciamento social e quanto isso lhes causa
tristeza e angústia, pois a cada contato, ainda que remoto, sempre expressaram a saudade
que têm dos encontros com o grupo e com a equipe. Verificou-se também que o apoio
recebido lhes proporciona alegria, conforto, segurança e consideração e atenção refletidas
nas suas palavras de que como é bom quando ouvem a voz dos aluno(as) e os(as) vêm nos
vídeos.

Considerações Finais
Em sendo os grupos de convivência para idosos uma das alternativas para as
pessoas idosas se socializarem, pode-se afirmar que estes são espaços importantes, os quais
contribuem para a autoestima e melhoria da qualidade de vida, e lhes propiciam o
sentimento de pertencimento, não apenas ao grupo, mas também à sociedade.
Os vínculos estabelecidos e fortalecidos possibilitam a inclusão social e a
percepção de que têm “a possibilidade de encontrar estímulo para uma vida social sadia,
desenvolver sua cultura e ter momentos de lazer.” (WICHMANN et al, 2013, p. 831)
No entanto, a partir das experiências vivenciadas durante a pandemia destaca-se
que “Além de ser oportuno ressignificar os vínculos com os idosos, também são
importantes atitudes de respeito e consideração com este público.” (HAMMERSCHMIDT
e SANTANA, 2020, s.p). E que esse momento de tensão deve ser de aprendizado e busca
de superação das dificuldades para que ocorra a proteção da pessoa idosa e sua dignidade
prevaleça.

Referências
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 1988.

236
BRASIL. Estatuto do Idoso. Lei nº 10.741 de 01 de outubro de 2003.

BRASIL. Política Nacional do Idoso. Lei nº 8.842, de 04 de janeiro de 1994 e Decreto nº


1.948 de 03 de julho de 1996.

HAMMERSCHMIDT K. S. de A.; SANTANA, R. F. Saúde do idoso em tempos de


pandemia Covid-19. Cogitareenferm.[Internet]. 2020 [acesso em 30 de out. de 2020]; 25.
Disponível em: http://dx.doi.org/10.5380/ce.v25i0.72849

RODRIGUES, O. P. Estatuto do Idoso: Aspectos teóricos, práticos e polêmicos e o direito


de família. Família e Dignidade Humana. Anais V Congresso Brasileiro de Direito de
Família. Belo Horizonte: IBDFAM, 2005. Disponível em:
http://www.ibdfam.org.br/publicacoes/anais/detalhes/714/V%20Congresso%20Brasileiro
%20de%20Direito%20de%20Fam%C3%ADlia. Acesso em 30 de outubro de 2020.

WICHMANN, F. M. A.; COUTO, A. N.; AREOSA, S. V. C.; MONTAÑÉS, M.


ConcepciónMenéndez. Grupos de Convivência como suporte ao Idoso na melhoria da
Saúde. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol., Rio de Janeiro, 2013; 16(4):821-832.

237
PROGRAMA DE EXTENSÃO “JUSTIÇA COM AS PRÓPRIAS MÃOS:
MANUALIDADES E DIREITOS HUMANOS DAS MULHERES”

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenadora da atividade: Aline Lemos da Cunha DELLA LIBERA
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Autoras: E. L. THIEL 1; G. N. LINS 2.

Resumo:
Neste texto, desenvolvemos uma análise breve acerca dos aspectos mais relevantes que
registramos durante os anos de atuação do Programa de Extensão “Justiça com as
Próprias Mãos”: Manualidades e Direitos WEBCAM GAMER WARRIOR 1080P PRETO
AC340Humanos das Mulheres. O objetivo geral desta atividade extensionista é
proporcionar espaços formativos para mulheres em situação de privação de liberdade e/ou
em situação de rua, nos quais haja um efetivo diálogo entre os saberes populares e o saber
científico. Aproveitamos para destacar os princípios que nos movimentam enquanto grupo
de extensão e também para demonstrar como o programa e seus diferentes projetos se
adaptaram ao contexto de pandemia, por meio de atividades virtuais, para que os objetivos
propostos fossem alcançados, pelo menos, em parte. Manteve-se, portanto, o escopo de ser
um programa de extensão voltado à difusão do conhecimento e a proporcionar uma
formação acadêmica diferenciada às estudantes bolsistas. Contudo, por conta da pandemia
de COVID-19, não foi possível prosseguir em contato com as mulheres apenadas ou em
situação de rua.

Palavras-chave: Direitos Humanos das mulheres; Educação popular; Ecofeminismo.

Introdução
Tendo como marca o ano de 2015, em que foi assinado um Termo de Cooperação
Técnica entre a UFRGS e a Superintendência dos Serviços Penitenciários (SUSEPE-RS)

1
Elizabeth Lettnin Thiel, aluna do curso de Ciências Sociais da UFRGS.
2
Giulia Nones Lins, aluna do curso de Psicologia da UFRGS.

238
este programa de extensão, nos anos de 2016 e 2017, realizou oficinas e rodas de leitura
com mulheres no Presídio Estadual Feminino Madre Pelletier (PEFMP), bem como
encontros formativos para servidoras(es) da SUSEPE-RS e demais interessados/as. Com
verba PROEXT (Edital 2015), foram reformadas duas salas no PEFMP, a qual chamamos
Sala VerdeLilás, que se tornou a sala de uso da UFRGS para realização de projetos
extensionistas. Além do trabalho realizado com as mulheres apenadas, também realizamos
oficinas de produção artesanal e sobre ervas medicinais, com mulheres em situação de rua 3
e com mulheres quilombolas 4, nos anos de 2018 e 2019.
Os elementos de análise proporcionados pelo convívio da equipe de trabalho com
as mulheres vêm sendo aprofundados por meio de pesquisas acadêmicas, registradas no
sistema de pesquisa da Universidade 5 e de disciplinas ofertadas aos cursos de graduação 6.
Os objetivos principais deste programa são: proporcionar espaços educativos para
estudantes de graduação, possibilitando o intercâmbio de saberes; Colaborar para a
ampliação dos espaços de formação no ambiente prisional e em centros de atendimento
para mulheres em situação de rua; Contribuir com a implementação de políticas públicas
para mulheres em situação de prisão e em situação de rua.

Metodologia
Podemos destacar, pelo menos, quatro eixos centrais que orientam nossas práticas
pedagógicas: trabalho artesanal, direitos humanos das mulheres, educação popular e
ecofeminismo. Propomo-nos constantemente a pesquisar, ensinar, aprender de forma
coletiva e horizontal, tanto entre estudantes e professoras universitárias, quanto com as
mulheres com as quais trabalhamos. Acreditamos que a metodologia abarca um conjunto
de estratégias que, em nosso caso, visam combater a violação de direitos humanos, bem

3
Educandas da EJA na Escola Porto Alegre (EPA).
4
Em parceria com a mestranda Salete Vedovatto Facco (PPGEdu-UFRGS), a qual foi bolsista deste
programa e cuja dissertação foi inspirada em sua atuação como extensionista. Atividade realizada no
Quilombo Urbano do Areal da Baronesa em Porto Alegre.
5
1. Educação Popular Feminista: pressupostos para a profissionalização de mulheres trabalhadoras (Aline
Lemos da Cunha Della Libera – coordenadora); 2. A leitura no sistema prisional: potencialidades e desafios
da remição de pena pela leitura no Brasil (Ana Cláudia Ferreira Godinho – coordenadora).
6
Em especial as disciplinas de: Concepções e práticas em Educação de jovens e adultos; Educação de Jovens
e Adultos em contextos de privação e restrição de liberdade.

239
como materializar uma conduta ético-política com ênfase na transformação da sociedade.
Entre as referências que inspiraram a criação dessa metodologia alternativa, Paulo Freire
tem lugar central. Com Freire, defendemos que “a educação precisa tanto da formação
técnica, científica e profissional quanto do sonho e da utopia” (2006, p. 29), sendo
impossível despolitiza-la.

Desenvolvimento e processos avaliativos


O Programa de Extensão “Justiça com as Próprias Mãos": Manualidades e
Direitos Humanos das Mulheres reúne diferentes projetos de extensão. Destacam-se, as
oficinas realizadas pelo projeto “Grupos de Artesanato com Mulheres”, para confecção de
sabonetes artesanais com ervas medicinais - e as discussões temáticas sobre direitos
humanos das mulheres. Atuando fora de espaços escolares, as oficinas proporcionaram
momentos de aprendizagem coletiva, valorizando os saberes populares das mulheres
incorporados ao longo das suas vivências e a discussão sobre outra lógica de produção da
vida social - através do trabalho artesanal. Além das oficinas de trabalho artesanal, na
época em que a entrada no presídio ainda era permitida, também existiu o projeto “Rodas
de Leitura na EJA - Feminismo, Literatura e Educação Popular”. Esta ação ocorria a partir
de um acervo de livros escritos por mulheres, alusivos à temática feminista tendo-se como
exemplo contos e biografias. Tal atividade, além de contribuir para formação humanística
das mulheres, possibilitava a remição de pena 7. Outro destaque do projeto é o seminário
“Mulheres, a Prisão e a Rua”, inicialmente pensado para que seu público-alvo fosse
composto pelas agentes penitenciárias que atuam no PEFMP. Ao longo das edições,
também passou a diversificar seu público, tanto de ouvintes quanto de palestrantes. Além
deste, desenvolvemos a mostra fotográfica “Mulheres, a Casa, a Prisão e a Rua” que
objetiva trazer à tona discussões pertinentes às problemáticas de papéis de gênero em
diálogo com as temáticas, espaços e mulheres que participam do programa.
Já no atípico ano de 2020, o programa adaptou-se ao contexto da pandemia de
COVID-19 e de atividades remotas. Desse modo, esses projetos, que fazem parte do

7
As atividades realizadas, por meio deste programa de extensão, possibilitaram a remissão de um dia de
pena, por contabilizarem 12 horas de atividades educacionais (conforme Lei de Execução Penal).

240
grande guarda-chuva, também precisaram se reinventar. Estabelecemos uma agenda
semanal de encontros online onde discutimos maneiras de continuar as atividades e colocar
em prática os princípios do projeto mesmo no contexto virtual. Passamos a utilizar as
plataformas de rede sociais a nosso favor: aumentamos a frequência de publicações no
Facebook e criamos uma página no Instagram, o que nos proporcionou difundir nosso
conteúdo para além da UFRGS. Dessa forma, as maneiras que descobrimos para difundir o
conhecimento e incentivar a reflexão acerca de temas que são caros a nós, foram através de
lives, de um curso online e da realização das novas edições do seminário e da mostra
fotográfica de forma virtual. A série de lives realizada na página do Facebook do programa
foi intitulada como “Mulheres Dialogando”, nela recebemos convidadas e abordamos
diversos temas. Por sua vez, o seminário “Mulheres, a Prisão e a Rua” acabou se tornando
o maior evento do ano. Em sua IV edição, tivemos o maior número de inscritos de todas as
edições já realizadas. Promovemos lives semanais em canal do YouTube criado
especialmente para o seminário. Os temas abordados foram: direitos humanos das
mulheres; direito à educação, à saúde física e mental, ao trabalho, à maternidade, à
identidade, à comunicação, cultura e arte; e condições de trabalho de quem atua com estas
mulheres. As lives tiveram um trânsito médio entre 100 e 200 espectadores simultâneos. O
projeto dos grupos de artesanato, em 2020, também encontrou novas formas de se manter
ativo. Inclusive mudou de nome, passando a chamar-se “Ponto Alto: Diálogos online sobre
Artesanato e Ecofeminismo”. Agora, nossas oficinas acontecem de forma virtual, a partir
de artesãs que convidamos para gravarem vídeos em suas casas e compartilharem seus
conhecimentos sobre trabalho artesanal, ao mesmo tempo em que as instigamos a pensar
sobre este trabalho e sobre como ele caminha lado a lado com questões de gênero.
Ademais, faz parte da execução do programa, reuniões de estudo e de trabalho entre as
coordenadoras e as bolsistas, proporcionando a troca de ideias sobre os temas a serem
trabalhados. Dessa forma, o programa proporciona às bolsistas experiências adicionais
além do seu curso de graduação, ampliando seus horizontes para compreender,
problematizar e contribuir para transformações em ambientes antes desconhecidos.

241
Considerações Finais
O contexto da pandemia foi um impeditivo para que continuássemos o trabalho
com as mulheres em situação de rua ou em situação de prisão. Entretanto, ampliamos nossa
inserção por meio das redes sociais e outros meios virtuais, sem deixar de refletir sobre
direitos humanos das mulheres, artesanato, literatura e ecofeminismo.
As bolsistas de extensão, todas elas estudantes de graduação da UFRGS, expressam
em seus relatórios anuais os ganhos logrados por sua participação no programa, dentre
eles: a ampla conscientização sobre questões sociais no âmbito dos direitos das mulheres,
além de amadurecimento pessoal. Também destacam que a atuação como bolsistas as fez
aprofundar estudos sobre temáticas que, por vezes, não são abordadas nos cursos de
graduação, provocando reflexões sobre temas invisibilizados.
Os projetos educativos em ambiente prisional, por vezes são restritos à oferta da
elevação de escolaridade. Entende-se, porém, que a educação é processo amplo e que se
faz em distintos ambientes, não só na escola. Por essa via, cabe ressaltar que a assistência
educacional prevista em Lei, deve ser ampliada por meio de múltiplas formas de aprender e
de ensinar. Sendo assim, este programa de extensão vem contribuindo com este debate
onde, para além da remição, pensa-se a formação integral das mulheres e a educação ao
longo da vida.

Referências
FREIRE, Paulo. À sombra desta mangueira. São Paulo: Olho Dágua, 2006.

Financiamento:
PROREXT/UFRGS.

242
“VOCÊ É SEU PRÓPRIO LAR”: SOBRE MORADIA E VIOLÊNCIA
PATRIMONIAL CONTRA MULHERES

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenadora da atividade: Kátia Alexsandra dos SANTOS
Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO)
Autoras: K. A. SANTOS 1; F. A. BUGAI 2; M. KARPINSKI 3.

Resumo:
Este trabalho teve por objetivo analisar a temática da violência patrimonial contra mulheres
no que concerne especificamente ao direito à moradia. Para tanto discutimos o conceito de
violência patrimonial à luz da premissa divulgada pelo senso comum de que a mulher
"perde seus direitos" quando abandona o lar. A discussão é materializada por meio de um
relato de experiência, organizado a partir de fragmentos de casos atendidos no projeto de
extensão Núcleo Maria da Penha-NUMAPE, em Irati-PR. Os dados nos permitem analisar
a violência patrimonial a partir de uma visão interdisciplinar, articulando uma análise
jurídica, bem como psicológica, ao considerar o aspecto subjetivo da função do "lar" para
as mulheres.

Palavras-chave: violência doméstica; violência patrimonial; moradia; lar.

Introdução
Partindo do tensionamento entre as noções de casa e lar e, considerando o quanto o
ambiente privado tem um lugar de destaque historicamente na vida das mulheres
(FRIEDAN, 1971), este relato de experiência pretende colocar em discussão alguns
aspectos relacionados à moradia em casos de violência doméstica, entendendo que muitas
vezes pode ocorrer o que chamamos de violência patrimonial. O relato de experiência é
uma perspectiva metodológica que pode ser caracterizada no âmbito das pesquisas

1
Kátia Alexsandra dos Santos, professora adjunta do curso de psicologia, coordenadora do Núcleo Maria da
Penha, SETI/UGF.
2
Fernanda de Araújo Bugai, professora de Direito da Faculdade Guarapuava e orientadora de Direito do
Núcleo Maria da Penha, SETI/UGF.
3
Mônica Karpinski, graduanda em psicologia pela UNICENTRO e estagiária do Núcleo Maria da Penha,
SETI/UGF.

243
qualitativas em que as/os pesquisadoras/es, implicadas pela temática, produzem
conhecimento por meio de um trabalho de memória, descrição e associação com discussão
teórica, com vistas a ter como produto a compreensão do vivido (DALTRO; FARIA, 2019)
e a proposição de novas formas de intervenção.
Assim, partiremos de casos atendidos pelo projeto de extensão Núcleo Maria da
Penha-NUMAPE 4, projeto que atende jurídica e psicologicamente mulheres em situação
de violência doméstica, a fim de problematizar situações em que o lar é lugar de violência.
A proposta da pesquisa surge dos constantes questionamentos direcionados à equipe do
projeto com base no enunciado que circula no senso comum de que a mulher, caso
“abandone o lar” perde seus direitos. Embora se trate de uma falsa premissa, ela ainda é
motivo para muitas mulheres suportarem as mais diversas formas de violência e, quando
resolvem finalmente sair, são espoliadas, às vezes, do único bem que possuem: a própria
casa.

Metodologia
O presente trabalho trata-se de um relato de experiência elaborado a partir de
diversos casos com um enredo muito próximo que foram atendidos no Núcleo Maria da
Penha de Irati/PR no ano de 2021. Como o projeto oferece atendimento jurídico e
psicológico gratuito para mulheres em situação de violência doméstica, mesmo referindo-
se a casos de mulheres de diferentes idades e configurações familiares e sociais, foi
possível perceber semelhanças quando havia discussões acerca do direito à moradia, mas
propriamente, a violência patrimonial. Para tal, utilizamos de um conjunto de casos
relatados que têm em comum a questão da violência patrimonial na relação com a questão
da moradia, além de, obviamente, estarem associadas a outras formas de violência.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Partindo da noção jurídica de abandono do lar, apresentado no art. 1240-A, do
Código Civil (BRASIL, 2002), e do conceito de violência patrimonial (BRASIL, 2006),
este trabalho surge a partir de demandas que emergem em meio a atendimentos à
4
Projeto de Extensão financiado pela Superintendência de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior-SETI-
UGF-PR.

244
população-alvo do projeto pelas equipes psicológica e jurídica. As demandas teóricas e
práticas surgem a partir do atendimento de vários casos que possuem mais ou menos o
mesmo enredo: a mulher passa a conviver com o companheiro, constroem ou passam a
morar em uma casa em terreno habitado pelos sogros e outros membros da família extensa
(geralmente da família do companheiro); têm filho/as; em grande parte das vezes a mulher
trabalha e é responsável pelo sustento e pela construção e mobília da casa; começam a
ocorrer agressões verbais, morais, psicológicas e físicas; somente após anos em situação de
violência doméstica a mulher faz denúncia formal; em parte dos casos há medida protetiva;
agressor vai morar com pais no mesmo terreno ou é a mulher que precisa sair. Em grande
parte das vezes, após a denúncia, a mulher continua sofrendo violência por parte da
família.
Cabe ressaltar que em Irati-PR, cidade em que o projeto ocorre, é possível perceber
através da prática cotidiana do Núcleo, que há muitas moradias irregulares, com casas que
vão sendo construídas em um mesmo local, sem documentação. Quando muito, há contrato
de compra e venda, mas a regularização envolveria diversos processos onerosos do ponto
de vista burocrático, temporal e econômico. Assim, os acordos legais são tratados na
informalidade e pautados na confiança em que se constroem os relacionamentos amorosos,
já que muitos deles estão vinculados à visão religiosa, tanto no sentido de “felizes para
sempre” como a do homem encabeçar as decisões da família/casa.
Por não suportar mais a convivência com o agressor e, por vezes, sem condições
emocionais mínimas para sustentar uma disputa pelos seus direitos, acabam tendo que
“enfrentar a escolha cruel entre deixar suas casas para sobreviver ou continuar vivendo sob
o mesmo teto de seus agressores por falta de alternativa de moradia” 5. Esse passa a ser um
dos motivos dessas mulheres passarem muito tempo sofrendo as agressões em silêncio,
sem denunciar, e sem conseguir se afastar do agressor. Afinal, quando conseguem se
desvincular dos ex-companheiros, precisaram arcar com consequências pós-denúncia, que
envolvem a relação com os filhos, com as famílias extensas, as dificuldades financeiras e

5
LUDERMIR, Raquel. Violência Patrimonial e insegurança da moradia contribuem para a persistência
da violência doméstica no Brasil. 2020. Disponível em:
https://blogs.lse.ac.uk/latamcaribbean/2020/03/12/violencia-patrimonial-e-inseguranca-da-moradia-
contribuem-para-a-persistencia-da-violencia-domestica-no-brasil/. Acesso em: 04 ago. 2021.

245
emocionais, as cobranças sociais e ainda, muitas vezes, a ira e a possibilidade do aumento
da violência por parte dos ex-companheiros.

Considerações Finais
Diante de situações como as descritas neste trabalho, muitos são os desafios para os
atendimentos psicológicos e jurídicos do Núcleo Maria da Penha. Concluímos que, para
além de direitos aos bens materiais, principalmente à moradia, há uma relação de afeto e
pertencimento que constituem o que aqui podemos chamar de lar. Há na constituição social
dessas histórias e, portanto, dessas mulheres, uma vinculação do lugar da mulher com o
ambiente doméstico, o que a aproxima, não só fisicamente mas afetivamente à sua casa.
Portanto, quando falamos sobre uma mulher ter que optar em permanecer no lar
violento para não ser violentada em seu patrimônio, ou então deixar o lar e, se em
condições materiais e psicológicas, buscar algum tipo de reparação judicial, não estamos
olhando exclusivamente para uma questão financeira, mas também subjetiva. Trabalhar a
partir de uma visão integral da mulher é fundamental para a compreensão e elaboração de
estratégias de enfrentamento à violência patrimonial, assim como às demais formas de
violências.

Referências
BRASIL. Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. Lei Maria da Penha. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm. Acesso em: 07
jun. 2021.

BRASIL, Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Disponível em:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.htm. Acesso em: 03 ago.
2021.

DALTRO, Mônica Ramos; FARIA, Anna Amélia de. Relato de experiência: uma
narrativa científica na pós-modernidade. Estudos & Pesquisas em Psicologia. v.19. n.1.
Rio de Janeiro, jan/abr, 2019, p. 223-227. Disponível em: https://www.e-
publicacoes.uerj.br/index.php/revispsi/article/view/43015/29664. Acesso em: 12 jul. 2021.

FRIEDAN, Betty. Mística feminina – Tradução de Áurea B. Weissemberg. Rio de


Janeiro: Vozes, 1971.

246
A CONTRIBUIÇÃO DA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NA 14ª CONFERÊNCIA
MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL DE LONDRINA - PR

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenador(a) da atividade: Denise Maria Fank de ALMEIDA
Universidade Estadual de Londrina (UEL)
Autores: D. M. F. ALMEIDA 1; K. A. F. P. COELHO 2; J. R. FONSECA 3.

Resumo:
Este artigo é resultante do projeto de extensão Educação permanente para gestão e controle
social das políticas de proteção social. No Brasil, desde a Constituição Federal de 1988, as
políticas sociais alçaram o patamar de direito do cidadão e dever do Estado, integrando um
sistema de proteção social, o qual exige revisão e renovação em seu quadro conceitual, de
seus aportes teórico-metodológicos e tático-operativos, bem como a melhoria na qualidade
dos serviços disponibilizados à população e qualificação das ações relacionadas aos
serviços nacionais. O objetivo do projeto é atender a demanda de educação permanente do
público-alvo, quanto aos conhecimentos, habilidades e atitudes técnicas e éticas
necessárias à gestão das políticas sociais. O objetivo deste artigo é apresentar uma
experiência de ação extensionista vinculada à organização da 14ª Conferência Municipal
de Assistência Social do município de Londrina-PR, com título: Direito do Povo e Dever
do Estado, com financiamento público, para enfrentar as desigualdades e garantir proteção
social. Os procedimentos metodológicos são a narrativa das ações desenvolvidas.

Palavras-chave: Controle Social; Cidadania; Conferência Municipal.

1
Denise Maria Fank de Almeida, orientadora de IC, docente do Curso de graduação e pós graduação em
Serviço Social da Universidade Estadual de Londrina.
2
Kathiuscia Aparecida Freitas Pereira Coelho, docente do Curso de graduação em Serviço Social da
Universidade Estadual de Londrina
3
Jussarah Rodrigues da Fonseca, graduanda do 4º ano do Curso de Serviço Social e participante do projeto
de pesquisa e Extensão Educação permanente para gestão e controle social das políticas de proteção social na
Universidade Estadual de Londrina.

247
Introdução
A relevância das ações desenvolvidas no processo de organização da conferência é
caracterizada pela articulação entre o Conselho Municipal de Assistência Social, a
Secretaria Municipal de Assistência Social do município de Londrina e a Universidade
Estadual de Londrina, representada pelo projeto de extensão, expressando a importante e
necessária relação entre universidade e comunidade.
As conferências das políticas sociais públicas acontecem a cada dois ou quatro
anos, de acordo com o estabelecimento de leis específicas. Neste ano de 2021, uma nova
realidade se apresenta: a necessidade de implantação de ações remotas devido ao contexto
pandêmico da Covid-19. Este é o grande desafio das conferências na atualidade: mobilizar
a rede de serviços, a população usuária das políticas sociais, menos favorecida
economicamente e sem condições efetivas de acesso a computadores, aparelhos celulares e
internet, que comportem ações on-line, exigindo planejamento diferenciado para garantir a
efetivação das atividades.
O projeto de extensão, por objetivar educação permanente, e pelo fato dos docentes
e estudantes estarem atualmente vivenciando suas atividades de forma remota, entendeu-se
que o projeto poderia contribuir no processo de organização da conferência, possibilitando
a participação, mesmo que de forma virtual, da população e da rede de serviços.
O objetivo deste trabalho é apresentar as ações desenvolvidas no processo de
organização da 14ª Conferência de Assistência Social no município de Londrina- PR,
efetivadas pela parceria entre os sujeitos supracitados.

Metodologia
A metodologia utilizada constitui-se de reuniões semanais de modo remoto, com a
comissão organizadora da 14ª Conferência; elaboração de material de apoio para os
coordenadores das pré-conferências; participação na capacitação da equipe de
trabalhadores da rede e do Conselho Municipal para preparação das pré-conferências;
coordenação e participação de pré-conferências; participação na sistematização de
propostas levantadas na pré-conferência; e participação na Conferência Municipal de

248
Assistência Social. Foi ainda elaborado material de apoio para os coordenadores; podcats,
material de divulgação, tanto para as pré-conferências como para a conferência municipal.
O público-alvo das ações são gestores, trabalhadores e conselheiros municipais de
assistência social.
Desenvolvimento e processos avaliativos
Por meio das atividades do projeto de extensão, desde abril do presente ano,
docentes e estudante participaram ativamente das ações desenvolvidas na organização da
Conferência Municipal de Assistência Social de 2021. Foram realizadas, nesse período, 10
reuniões de modo remoto com a comissão organizadora da 14ª Conferência; elaboração de
material de apoio aos coordenadores das pré-conferências; participação na capacitação da
equipe de trabalhadores da rede e do Conselho Municipal, com o objetivo de preparar as
equipes que mediaram e coordenaram as pré-conferências; coordenação de duas pré-
conferências; participação de uma pré-conferência; participação na sistematização de
propostas levantadas na pré-conferência; coordenação da plenária da discussão das
propostas aprovadas na pré-conferência no dia 7 de junho; e participação na Conferência
Municipal, nos dias 26, 27, 28, 29 de julho e 5 de agosto.
O público-alvo das ações foram os gestores, trabalhadores e conselheiros
municipais de assistência social.
As pré-conferências e a 14ª Conferência Municipal de Assistência Social
aconteceram de forma híbrida com alguns polos presenciais com restrição na quantidade de
participantes e também de forma virtual com transmissão ao vivo, através das plataformas
Google Meet, com retransmissão pelo Facebook, Instagram e YouTube. Foi elaborado,
material de apoio aos coordenadores e, para a divulgação dos dois eventos, foram criados
podcats intitulados “Cidadania em Debate”, que objetivavam, de uma forma mais versátil,
disseminar informações sobre os assuntos relacionados à 14ª Conferência Municipal de
Assistência Social, de modo a fomentar o debate e trazer reflexões, aprimorar os
conhecimentos e trazer aproximação dos participantes com as temáticas da conferência.
Também, como material de divulgação, tanto para as pré-conferências como para a
Conferência Municipal, foram disseminadas postagens nas redes sociais no Instagram e
Facebook. Para as pré-conferências, ocorridas entre os dias 15 e 29 de junho, criou-se um

249
vídeo institucional sobre o SUAS – Sistema Único de Assistência Social, explicando “O
que é”, a importância e os serviços ofertados, bem como difusão de informações da
realização da conferência municipal. Ainda foram produzidos vídeos dos candidatos para
eleição dos conselheiros.
Devido às atividades serem remotas, também foram elaborados vários documentos,
através do aplicativo Google Forms, destinados à coleta de informações por meio de
formulários para todas as etapas do processo que envolveu a organização das pré-
conferências e da 14ª Conferência Municipal de Assistência Social, desde a realização das
inscrições de participantes, credenciamento dos candidatos a delegados dos conselheiros e
os suplentes, processo eleitoral com formulário de votação, formulário para o envio das
propostas das pré-conferências separadas pelos 5 (cinco) eixos temáticos e formulário de
avaliação das pré-conferências por região.

Considerações Finais
O envolvimento de estudantes em projetos de extensão tem impacto extremamente
positivo, pois há a participação ativa do estudante na sociedade em que vive, em uma
relação mútua, de troca. Os estudantes conseguem retribuir de alguma forma os
conhecimentos adquiridos na universidade, mas também aprendem acerca da prática com
os profissionais e com a população. A contribuição da atividade de extensão na formação
acadêmica dos estudantes envolvidos possibilita oportunizar, aos acadêmicos
extensionistas, a convivência com a realidade social e com a prática profissional.
A prática acadêmica interliga a Universidade, nas suas atividades de ensino e de
pesquisa, com as demandas da população e com os diversos setores da sociedade. A ação
descrita neste trabalho contribui com a democratização e ampliação do acesso à
participação, tanto da população usuária da Política de Assistência Social como dos
conselheiros que puderem ter o direito assegurado, mesmo no contexto adverso da
pandemia da Covid-19, de exercer a cidadania e ter garantido o acesso à conferência
municipal, protagonista de um papel importante na implementação das políticas públicas,
dando voz a inúmeros usuários da política de Assistência Social, os quais puderam

250
expressar os anseios e apresentar as demandas e propostas de melhorias dos serviços
prestados.

Referências
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília,
DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.

251
A CONTRIBUIÇÃO DOS BOLSISTAS PIBIS E PIBEX PARA O TRABALHO
DESENVOLVIDO PELO NEDDIJ – UNESPAR – CAMPUS PARANAVAÍ

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça;


Coordenador(a) da atividade: Rosangela Trabuco Malvestio da SILVA
Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR – Unidade Gestora do Fundo Paraná.
Autores: N. M. DUARTE 1; M. C. de BRITO 2

Resumo:
O projeto de extensão Núcleo de estudos e defesa dos direitos da infância e da juventude -
Neddij da Unespar tem por objetivo garantir os direitos de crianças e adolescentes em
situação de risco e vulnerabilidade social. No ano de 2020 a equipe recebeu a colaboração
de dois bolsistas de graduação em Pedagogia PIBIS e PIBEX, para realizarem apoio
pedagógico. Diante do exposto, este texto tem por objetivo destacar a contribuição dos
bolsistas PIBIS e PIBEX para o projeto Neddij, relatando o trabalho desenvolvido com
crianças selecionadas pelo setor de triagem. A Metodologia utilizada é o relato de
experiência, pautado em autores e leis que fundamentaram a ação. O objetivo dos bolsistas
foi oferecer apoio pedagógico às crianças atendidas pelo Neddij com dificuldades na
disciplina de matemática, contribuindo para que as mesmas, em um contexto de pandemia,
dessem continuidade aos seus estudos de forma remota. Durante o desenvolvimento da
ação, os bolsistas realizaram relatos mensais dos estudos e das atividades desenvolvidas.
As ações desenvolvidas contribuíram com os objetivos do projeto Neddij, e os bolsistas
PIBIS e PIBEX puderam complementar sua formação acadêmica com o conhecimento do
trabalho interdisciplinar desenvolvido pela equipe. Conclui-se que os bolsistas
conseguiram desenvolver ações com as famílias e com as crianças selecionadas para
participarem do apoio pedagógico, mas diante do contexto da pandemia o trabalho foi
prejudicado, principalmente por falta de recursos físicos que pudessem viabilizar as
atividades assíncronas.

1
Neli Máximo Duarte, estudante de graduação Unespar, bolsista Pibis – Fundação Araucária.
2
Mateus Cardoso de Brito, estudante de graduação Unespar, bolsista Pibex – Fundação Araucária.

252
Palavras-chave: NEDDIJ; Bolsistas PIBIS e PIBEX; Direitos da criança.

Introdução
No contexto de pandemia, foi desenvolvido um projeto com algumas crianças
selecionadas pelo setor de triagem do Neddij, matriculadas no Ensino Fundamental Anos
Iniciais, garantindo o direito da continuidade dos estudos. A concessão de bolsas PIBEX e
PIBIS aos acadêmicos regularmente matriculados em cursos de graduação da Unespar,
possibilitaram o desenvolvimento de atividades vinculadas à extensão universitária. Os
bolsistas Pibis e Pibex tiveram a oportunidade de conhecerem o trabalho desenvolvido no
projeto Neddij em prol da defesa dos direitos da criança e do adolescente, e tiveram o
objetivo de elaborar planos de aula para atender as crianças em cada etapa de ensino,
desenvolvendo atividades relacionadas ao conteúdo de matemática. Diante destas
atividades fica claro o vínculo entre o ensino, a pesquisa e a extensão, além de aproximar a
família da Universidade.

Metodologia
A metodologia utilizada é o relato de experiência, da atividade desenvolvida
pelos bolsistas Pibis e Pibex com algumas crianças atendidas pelo projeto Neddij da
Unespar Campus de Paranavaí. O relato de experiência é pautado em autores e leis
que fundamentam a ação. Os bolsistas desenvolveram planos de aula e jogos que
contribuíram para as dificuldades de aprendizagem em matemática. Os jogos e as
atividades problematizadoras proporcionaram situações desencadeadoras de
aprendizagem, bem como maior interação entre as crianças e suas famílias.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Ao iniciar o projeto, os bolsistas se depararam com o teletrabalho por conta da
pandemia. Desta forma, a primeira atividade realizada foram leituras de textos que
contribuíssem com o entendimento do processo de ensino e aprendizagem em matemática.
Dos estudos pode-se destacar as ideias de Cestari, Sibila e Souza (2018, p. 46), que
escrevem que o erro do aluno é geralmente associado à ideia de fracasso e de problema de

253
aprendizagem, quando na verdade o erro faz parte do processo de aprendizagem e pode ser
uma estratégia de ensino para o professor: “[...] é preciso compreender que errar é, em
muito, diferente de não acertar, pois se configura ação manifesta pelo aprendiz quando em
processo de apropriação dos saberes necessários, portanto, quando em processo de
construção e reconstrução de conhecimentos.”
O erro é associado à ideia de fracasso, quando deveria estar ligado ao trabalho
pedagógico e seu processo de avaliação contribuindo para que o aluno avance em sua
dificuldade. Na sequência entraram em contato com os responsáveis das crianças
selecionadas pelo setor de triagem e levantaram qual a série que as mesmas estavam
estudando. Foi preciso mobilizar os pais e responsáveis das crianças atendidas e a solução
foi por meio do aplicativo WhatsApp 3. Os bolsistas entraram em contato com os pais
selecionados pelo setor de triagem do Neddij, e explicaram como seria realizado o
trabalho. Todos aceitaram e os bolsistas iniciaram o planejamento das atividades, conforme
o nível de ensino (as mesmas foram impressas e entregues no Neddij aos responsáveis). Os
bolsistas não tinham condições financeiras para atender os estudantes de forma remota,
pois as chamadas deveriam ser feitas do celular dos mesmos e nem sempre tinham crédito
suficiente. Muitas crianças também não tinham celular ou computador que pudessem usar
para esse contato on line. Diante desta dificuldade a solução era conversar com os pais pelo
WhatssApp.
Enquanto as crianças desenvolviam a primeira rodada de atividades, os bolsistas se
dedicaram em fazer jogos matemáticos de adição, subtração, divisão e multiplicação, para
que as crianças jogassem em casa com os pais. Quando os pais foram entregar as
atividades no NEDDIJ, levaram o jogo juntamente com a regra. Diante dos relatos das
famílias e das fotos enviadas pode-se perceber que esta atividade possibilitou maior
interação entre as crianças e a matemática. Esta ação teve impactos positivos pois foi
possível o contato com as famílias das crianças atendidas pelo projeto NEDDIJ em tempos
de pandemia bem como estimular a continuidade dos estudos das mesmas.

3
Aplicativo multiplataforma de mensagens instantâneas e chamadas de voz para smartphones. Além de
mensagens de texto, os usuários podem enviar imagens, vídeos e documentos em PDF, além de fazer
ligações grátis por meio de uma conexão com a internet.

254
Conforme O Art. 53 do Estatuto da criança e do adolescente (BRASIL, 1990) “A
criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua
pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho”. Diante do
objetivo do projeto NEDDIJ que é possibilitar as crianças em situação de vulnerabilidade
social a garantia de seus direitos, entende-se que os bolsistas PIBIS e PIBEX contribuíram
para que o direito à educação fosse contemplado nesta ação.
O projeto possibilitou uma aproximação da Universidade com a comunidade,
oferecendo às crianças que apresentam uma defasagem de aprendizagem por conta da
pandemia, um atendimento pedagógico direcionado e específico. A metodologia utilizada
estimulou a difusão e a democratização dos conhecimentos científicos, pois os bolsistas
participantes puderam reverter os conteúdos estudados em uma ação em prol dos
beneficiários atendidos pelo Neddij.
Por fim, destaca-se que a possibilidade dos bolsistas participarem do projeto de
extensão NEDDIJ, teve impactos sociais positivos, por poderem ter acesso a esta bolsa
oferecida pela Fundação Araucária, bem como complementarem sua formação acadêmica,
sendo de extrema relevância para a compreensão das atividades extensionistas no campus
de Paranavaí, bem como desenvolver a investigação e a iniciação científica por meio de
leituras dirigidas e organização de relatos que serão publicados em eventos científicos.

Considerações Finais

Ao final conclui-se que o projeto foi uma oportunidade para os bolsistas Pibis e
Pibex perceberem a união teoria e prática ao colocarem em ação seu protagonismo em um
processo desafiador para a atuação docente além do contexto da sala de aula, destacando a
oportunidade do ensino acontecer em outros espaços educativos relevância social.
Possibilitou oportunidade de conhecimento interdisciplinar na área de direito, psicologia e
serviço social, além do pedagógico, que são oferecidos pelo Neddij Paranavaí, com o
auxílio da equipe. Por fim, conclui-se alguns objetivos propostos pelo projeto não foram
alcançados pelo contexto da pandemia e por falta de recursos econômicos, mas

255
proporcionou várias oportunidades de conhecimento pedagógicos aos bolsistas Pibis e
Pibex ao conhecerem o trabalho efetuado pela equipe interdisciplinar do Neddij Paranavaí.

Referências
BRASIL, Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e
do Adolescente e dá outras providências. Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil, Brasília, DF, 16 jul. 1990. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm#art266>. Acesso em: 16
dez. 2018.

CESTARI, M. L.; SIBILA, M.; Souza, N. A. Erro na avaliação da aprendizagem:


desvelando concepções. I Jornada de Didática - O Ensino como foco (pp. 1-20). Estado do
Paraná: CEMAD. Disponível em: Acesso em: 6 ago. 2018.

256
SAJU - A EXTENSÃO AO LONGO DO TEMPO

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenador(a) da atividade: Vanessa CHIARI GONÇALVES
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Autores: Francielle dos Santos Souto (aluna de Ciências Jurídicas e Sociais);
Jheinifer Machado dos Santos (aluna de Ciências Jurídicas e Sociais);
Luisa Lamkowski Herrera (aluna de Ciências Jurídicas e Sociais).

Resumo:
O Serviço de Assessoria Jurídica Universitária (SAJU) é um projeto de extensão
permanente vinculado à Faculdade de Direito da UFRGS, composto por 19 grupos atuantes
nas mais diversas áreas do direito, tendo como objetivos assessorar de forma judicial e/ou
extrajudicial pessoas em situação de vulnerabilidade social, promover educação popular
em direitos humanos e proporcionar aos voluntários estudantes e profissionais o contato
com uma visão interdisciplinar da assessoria popular. Enquanto Assessoria Jurídica
Universitária Popular 1 (AJUP) tem por metodologia o exercício dos princípios da
horizontalidade, da interdisciplinaridade, do protagonismo estudantil, da autonomia dos
grupos e da educação popular. Dessa forma, sua organização se dá por meio dos cargos
previstos em Estatuto e de comissões colaborativas que instrumentalizam o projeto,
produzindo relatórios anuais submetidos à Pró-Reitoria de Extensão (Prorext) que
possibilitam a continuidade de um serviço que perdura e que, entre 2019 e 2020. atendeu
mais de 2.300 pessoas.

Palavras-chave: SAJU; Direitos Humanos; Assessoria.

Introdução
A Assessoria foi fundada em 1° de setembro de 1950 sendo o maior projeto de
extensão gratuito da UFRGS e, ao longo dos últimos 71 anos, se posicionou em diversos

1
LIMA, Thiago Arruda Queiroz - A Assessoria Jurídica Popular como Aprofundamento (e opção) do
Conteúdo Político do Serviço Jurídico

257
momentos. Durante a Ditadura Militar, tanto o SAJU quanto o Centro Acadêmico André
da Rocha (CAAR) sofreram diferentes sanções. Em 1971, frente ao início do programa de
Serviço e Preparação Profissional desenvolvido pela Direção, o SAJU foi extinto sob o
argumento de que “o Estado Brasileiro já havia intensificado o acesso à justiça”. A
reabertura veio em 1976, tendo sido, em 1997, oficializada a Institucionalização do SAJU
junto à Prorext e criados os primeiros grupos: G1, G2, G3, GAJUP e G5. No ano de 2000,
foi elaborado o Estatuto do SAJU.
Nos anos seguintes, muitos grupos foram criados, contando o projeto no presente
com 19 grupos autônomos 2, somando ao total cerca de 400 voluntários da UFRGS e de
outras Instituições, com profissionais e alunos não apenas do direito, mas de cursos como
psicologia, serviço social, arquitetura, engenharia e geografia.
Sua relevância se dá pela promoção da integração entre a Faculdade e a população,
levando a Universidade além muros mediante a promoção dos direitos humanos e do
acesso à justiça. Alinha, ainda, ensino, pesquisa e extensão, pois os discentes e bacharéis
recém formados colocam em prática o que aprenderam, também produzindo pesquisas em
extensão que impactam a comunidade.
Portanto, analisaremos como um projeto sobreviveu a diferentes épocas sociais e
cenários políticos, de forma a estabelecer-se como referência em assessoria popular
integrando-se a rede de entidades que promovem o acesso à justiça.

Metodologia
Consistindo no primeiro serviço do estilo no Estado e sendo co-fundador da Rede
Nacional de Assessoria Jurídica Universitária (RENAJU), entidade que reúne SAJUs de
quase todas as unidades federativas do Brasil, o SAJU/UFRGS continua ativo em sua
maioria pelo esforço e dedicação dos alunos, com seleções semestrais de novos integrantes,
bem como pelo envolvimento de professores não apenas do direito, mas de outras
Unidades, pois os subgrupos ao longo do tempo foram se vinculando a docentes da
sociologia, do serviço social e de cursos ligados a saúde. Isso ocorre porque, como

2
Informações dos Grupos

258
explicado, diante dos princípios da instituição, há o entendimento de que as ciências
jurídicas em quase nada ajudarão sem o envolvimento e apoio de diferentes áreas do
conhecimento, proporcionando às pessoas assessoradas atendimentos multidisciplinares.
Nesse sentido, é necessário registrar que nosso público alvo sempre foram pessoas
vulneráveis social e financeiramente, por meio de atendimentos distribuídos nos horários
dos grupos, de segunda a sábado na sede da Faculdade de Direito da UFRGS. E, às vezes,
em atividades itinerantes e eventos pontuais em comunidades de Porto Alegre/RS.
A infraestrutura utilizada resumia-se ao computador, a impressora, duas salas de
atendimento e uma sala de reuniões localizadas no espaço do SAJU dentro da Faculdade.
Ao longo dos anos, os fomentos advindos da Universidade e da Faculdade diminuíram,
dificultando a execução do projeto e sua expansão, cenário que permanece na Pandemia.
Desse modo, em 2021, o SAJU teve que remodelar quase todos os seus processos
internos e formas de atendimento - tendo em vista que quase não se tem mais acesso ao
espaço físico - realizando seleções virtuais, atendimentos virtuais através da
implementação de um formulário de atendimento 3 , criando novos cargos como Diretoria
de Comunicação, para lidar com as redes sociais e novas comissões como a de Cultura
Digital, que lida com a implementação de novas políticas que estejam de acordo com a Lei
Geral de Proteção de Dados (LGPD) e proporcionem o armazenamento seguro dos dados
sensíveis das pessoas assessoradas. Adaptando-se a realidade Pandêmica.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Os desafios impostos pela pandemia permitiram perceber que após o primeiro ano
de isolamento social, alguns procedimentos e a compilação de dados para fins de relatório
anual foram simplificados, pois por meio do formulário obtém-se gráficos quase em tempo
real, o que permite a visualização do perfil das pessoas atendidas.
No atendimento presencial, os grupos entregavam em sua maioria dados
quantitativos ao final do ano, como ocorreu em 2019, quando 1.084 pessoas foram
atendidas, totalizando 1.634 pessoas impactadas, incluindo duas comunidades atendidas.

3 Formulário de atendimento do SAJU/UFRGS

259
Em 2020 foram 741 assessorados, com atuação em 511 processos. Já em 2021, após 18 de
fevereiro (implementação oficial do novo sistema da secretaria) é possível obtermos dados
mais completos que dizem respeito ao perfil do público-alvo. Nesse sentido, das 427
pessoas que chegaram ao SAJU, 62% são brancas, com idades 25 e 39 anos (39,9%), em
sua maioria da Zona Norte da capital (28,9%), com renda mensal de menos de R$ 1.000,00
(34,4%) seguido por pessoas com renda até R$ 100,00, em sua maioria mulheres (71,4%).
Também percebeu-se que o projeto já está inserido no cotidiano e na rede das pessoas e
serviços públicos, pois dos casos que chegam 55,8% são via indicação de familiares ou
amigos, seguido por 11% via pesquisa no google e 7,8% que já foram atendidos
anteriormente, sendo o restante dividido entre encaminhamentos de serviços como a
Defensoria Pública da União, Defensoria Pública do Estado, Conselho Tutelar, CRAS,
CREAS e outras instituições públicas e coletivos. Então, acabamos suprindo uma lacuna
institucional, pois muitas vezes atuamos em demandas nas quais o Estado deveria agir.
Observa-se, assim, que a participação da comunidade é ampla, pois lidamos com a
autonomia dos assessorados sempre apontando possíveis soluções sem, no entanto, impor
algo. Diferentes esferas da vida das pessoas são impactadas pelo serviço, pois elas podem
ter suas demandas de família, moradia e consumidor atendidas em um mesmo local.
Portanto, podemos afirmar que o SAJU consiste numa das melhores experiências
da graduação, para muito além da dimensão prática da aprendizagem, pois coloca os
estudantes em contato com a realidade, tendo diversos Sajuanos afirmado que só
continuaram na graduação por participarem do projeto. A educação popular em direitos
humanos é promovida tanto por meio de formações internas dos grupos quanto para as
pessoas assessoradas.
Considerações Finais
Por fim, temos que o SAJU se mantém por meio de seu capital humano, sendo
renovado semestralmente, e por sua relação com as pessoas assessoradas e com a rede de
serviços voltados às pessoas socialmente vulneráveis. Para a sobrevivência de um projeto
dessa magnitude são necessários o engajamento e o fortalecimento de seus integrantes, por
isso o protagonismo estudantil é primordial, pois formam-se alunos mais críticos, com

260
iniciativa, espírito de liderança e preparados para seguir o caminho acadêmico ou da
prática forense, uma vez que os grupos proporcionam as duas experiências.

Referências
LIMA, Thiago Arruda Queiroz. A Assessoria Jurídica Popular como Aprofundamento (e
opção) do Conteúdo Político do Serviço Jurídico; Informações compiladas pela
Coordenação Discente sobre os grupos.

Financiamento:
Contamos com duas bolsistas, sendo uma bolsa de aperfeiçoamento PRAE disponibilizada
pela Faculdade de Direito da UFRGS e uma bolsa PROREXT ganha via edital da Pró-
Reitoria de Extensão da UFRGS.

261
A IMPORTÂNCIA DO NÚCLEO MARIA DA PENHA PARA MULHERES
HIPOSSUFICIENTES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA NA CIDADE DE
LONDRINA-PR

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenadora da atividade: Claudete CARVALHO CANEZIN
Universidade Estadual de Londrina (UEL)
Autores: A. P. M. GUSMÃO 1; A. B. C. SIMÕES 2.

Resumo:
O presente trabalho visou realçar a importância do Núcleo Maria da Penha (NUMAPE)
para o resgate da dignidade da mulher hipossuficiente vítima de violência doméstica na
cidade de Londrina - Paraná. Mediante a concessão de atendimento jurídico e psicológico
gratuito, desde 2013, o NUMAPE tem se mostrado imprescindível para desvincular as
vítimas de seus agressores. Isto porque, além de defender as vítimas no âmbito penal, atua
na realização do divórcio ou reconhecimento e dissolução de união estável, bem como na
regularização de visitas e guarda dos filhos, alimentos e partilha de bens. Para observar sua
efetividade, utilizou-se o método da experiência prática. Por fim, constatou-se que o
NUMAPE foi efetivo em desvincular a vítima do agressor.

Palavras-chave: NUMAPE; mulheres hipossuficientes; violência doméstica.

Introdução
De antemão, cumpre enfatizar a definição de violência contra a mulher, de acordo
com o artigo 1 da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência
Contra a Mulher (1994): "entender-se-á por violência contra a mulher qualquer ato ou

1
Ana Paula Marques Gusmão, graduanda em Direito pela Universidade Estadual de Londrina e vinculada ao
projeto de extensão Núcleo Maria da Penha: resgate da dignidade da mulher na violência doméstica.
2
Ana Beatriz Coutinho Simões, graduanda em Direito pela Universidade Estadual de Londrina e vinculada
ao projeto de extensão Núcleo Maria da Penha: resgate da dignidade da mulher na violência doméstica.

262
conduta baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou
psicológico à mulher, tanto na esfera pública como na esfera privada”.
Nessa toada, ressalta-se a relevância de projetos de extensão como o Núcleo Maria
da Penha no cenário atual, dado às diversas tendências conservadoras que avançam contra
o Brasil. Como é de se esperar, incertezas políticas acarretam menor garantia de direitos
fundamentais, em especial, quando se trata da histórica violência contra o gênero feminino.
Como Simone de Beauvoir já pontuava no século XX, “basta uma crise política, religiosa
ou econômica para que os direitos das mulheres sejam questionados”.
Assim, tem-se que o Núcleo Maria da Penha (NUMAPE) é um projeto de extensão
existente desde julho de 2013, coordenado pela Profa. Dra. Claudete Carvalho Canezin,
ligado ao Programa Universidade Sem Fronteiras (USF) da Superintendência Geral de
Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI), com recursos da Unidade Gestora do Fundo
Paraná (UGF) e vinculado à Universidade Estadual de Londrina (UEL) e à sua Pró-
Reitoria de Extensão, Cultura e Sociedade (PROEX).
Destaca-se que suas funções englobam prestação de atendimento jurídico e
psicológico gratuito às mulheres de baixa renda, que residam em Londrina/PR e que
gostariam de se desvincular de seus agressores, com a realização do divórcio ou
reconhecimento e dissolução de união estável, bem como a regularização de visitas e
guarda dos filhos, alimentos e partilha de bens, decorrentes da separação.

Metodologia
Para a presente pesquisa, adotou-se a metodologia da experiência prática, tratando
de um caso específico, utilizando-se de nomes fictícios, para demonstrar a efetividade do
NUMAPE.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Neste país, a assistência judiciária gratuita é um direito assegurado pelo artigo 5,
inciso LXXIV da Constituição Federal, que deixa ao encargo do Estado a obrigação de
garantir que a pessoa em situação de vulnerabilidade financeira e social tenha acesso a um
advogado, sem que tenha que prejudicar seu sustento para isso.

263
As mulheres inseridas nessa vulnerabilidade social, muitas vezes, sentem enorme
dificuldade em buscar por ajuda, quando se trata de um relacionamento abusivo e violento,
quando, em muitos dos casos, o abusador é o provedor do lar, fazendo com que essas
vítimas suportem toda a violência praticada por medo de terem a vida de seus filhos
prejudicada, colocando-se assim em uma realidade violenta e abusiva, não por vontade
própria, mas por muitas vezes não possuírem força para saírem dessa realidade de
violência em que vivem.
Neste ponto, a assistência judiciária gratuita é essencial para romper esse ciclo de
violência, pois, além de proporcionar a defesa da vítima gratuitamente, os núcleos, como o
NUMAPE, prestam também o atendimento psicológico e encaminhamento das vítimas às
autoridades competentes para o auxílio na proteção e recomeço de uma nova vida.
Partindo-se para a experiência prática, pode-se citar o exemplo paradigmático da
Sra. Ana, nome fictício adotado para evitar exposição da cliente, londrinense, que entrou
em contato, em 2020, com o Núcleo Maria da Penha, no intuito de divorciar-se do Sr. José,
nome também fictício. Durante a triagem, relatou que era casada desde 2006 e que, desde o
primeiro ano de matrimônio, foi vítima de violência doméstica, tanto com palavras
ofensivas, como agressões físicas. Houve até uma tentativa de enforcamento que não foi
denunciada.
As agressões ocorriam de 15 em 15 dias, em função das crises do ex-marido, que a
traia constantemente e tratava desse assunto em tom de deboche para com a ex-esposa.
Quando soube que a Sra. Ana também teve um relacionamento extraconjugal,
impôs condições para continuar sendo seu marido e para perdoá-la. Como por exemplo,
impôs que ela utilizasse roupas curtas e começasse a ir à academia para ficar “bonita”,
impôs que só teria relação sexual com ela se a mesma se intitulasse de “puta” ou
“prostituta”, impôs que a Requerente ingerisse bebidas alcoólicas. Além disso, costumava
propor tipos de relações sexuais que Ana não estava habituada, ficando nervoso e violento
quando havia negações.
Em determinado momento, José disse que havia adquirido uma arma de fogo e que
estava guardada com um amigo. Depois disso, começou recomendar cuidados para a ex-
esposa. Nesse contexto, pessoas estranhas começaram a aparecer na casa em horários que

264
José não estava presente. Um fato que sempre aterrorizou Ana, foi o momento no qual ele
tirou uma arma de brinquedo e apontou para ela fazendo som de tiro.
Depois de ouvir esse terrível relato, as advogadas e estagiárias do NUMAPE,
conscientes de que Ana era uma mulher hipossuficientes e sem condições de arcar com as
despesas de um processo judicial para desvincular-se de seu agressor, considerando ainda
que o ex-casal possuía dois filhos, resolveram adentrar com uma ação de divórcio litigioso
c/c partilha de bens c/c guarda c/c regulamentação de visitas c/c alimentos, na qual
pugnou-se e recebeu-se deferimento pela gratuidade da justiça a parte autora.
A Juíza da 3ª Vara de Família da Comarca de Londrina-PR, responsável pelo caso,
concedeu medida liminar e, posteriormente, homologou o divórcio das partes e as demais
questões atinentes aos infantes e à partilha de bens foram sanadas por meio de um acordo
extrajudicial intermediado pelas advogadas do NUMAPE e pela advogada da contraparte,
possibilitando, dessa forma, que a autora se livrasse de seu agressor sem custo financeiro.

Considerações Finais
Como pode-se observar neste trabalho, a assistência judiciária gratuita foi crucial
para o rompimento do ciclo de violência na vida de mulheres em vulnerabilidade
socioeconômica, e cumpriu o objetivo de analisar a eficácia do núcleo Maria da Penha, por
meio da experimentação prática.

Referências
BEAUVOIR, Simone. O Segundo sexo – fatos e mitos; tradução de Sérgio Milliet. 4 ed.
São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1980.

CONVENÇÃO INTERAMERICANA PARA PREVENIR, PUNIR E ERRADICAR


A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER, “CONVENÇÃO DE BELÉM DO PARÁ”.
Disponível em: http://www.cidh.org/basicos/portugues/m.belem.do.para.htm. Acesso em:
03 ago. 2021.

SITE DO NUMAPE. Disponível em: http://www.uel.br/nucleos/numape/ Acesso em: 03


ago. 2021.

265
BRASIL. Constituição Federal de 1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm Acesso em: 03 ago.
2021.

266
ACESSIBILIDADE E UNIVERSIDADE: UMA QUESTÃO DE CIDADANIA

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenadora: Vivian da Silva Celestino REGINATO
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Autores: M. M. DE QUADROS 1; A. P. A. DE SOUZA 2; J. V. H. V. L. NAPPI 3;
J. V.; B. E. BESTETTI 4; A. F. BÓZIO 5; V. S. C. REGINATO 6.

Resumo:
Devido ao Estatuto da Pessoa com Deficiência, desde 2015, diversas universidades têm
promovido políticas de inclusão de Pessoas com Deficiência (PcD) na educação superior e,
apesar de todo esforço, os resultados advindos dessas ações não são suficientes para
garantir a permanência de PcD nelas. Este trabalho apresenta parte dos resultados do
projeto de extensão “UFSC 100% Acessível: um cadastro rumo a cidadania”, cujo objetivo
maior é identificar demandas de acessibilidade e indicar, através de tomada de decisão,
intervenções arquitetônicas de forma a garantir o acesso e a permanência de PcD na
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Aliado aos objetivos do desenvolvimento
sustentável (ODS), tanto no eixo da redução das desigualdades quanto no eixo da paz,
justiça e instituições fortes, em seu segundo ano de pandemia de Coronavírus, o projeto
focou na realização de análises advindas de pesquisas remotas do público interno e externo
à UFSC para identificar problemas relacionados à acessibilidade arquitetônica no campus
central da UFSC. Além de diversos problemas de acessibilidade verificados se concluiu
também que, o método aplicado se mostrou válido para indicar as intervenções que se
fazem necessárias e integrou os alunos na vivência prática de problemas de acessibilidade,
fortaleceu e ampliou a formação humana e cidadã de todos.

1
Marilene Maria de Quadros, aluna [Antropologia], bolsista PROBOLSAS.
2
Ana Paula Albrecht de Sousa, aluna [Psicologia], bolsista PROBOLSAS.
3
João Victor Hernandes Vianna Lemos Nappi, aluno [Engenharia Civil], bolsista do PET Civil.
4
Bruno Eduardo Bestetti, aluno [Engenharia Civil], bolsista do PET Civil.
5
André Felipe Bózio, aluno pós-graduação [Engenharia de Transportes e Gestão Territorial].
6
Vivian da Silva Celestino Reginato, docente [Engenharia Civil].

267
Palavras-chave: pessoas com deficiência (PcD); multidisciplinaridade; intervenção
arquitetônica.

Introdução
Desde 2015 o Ministério da Educação passou a exigir que os cursos superiores se
adequem aos requisitos relativos à acessibilidade (BRASIL, 2015), o que tem promovido
políticas de inclusão de Pessoas com Deficiência (PcD) aos meios acadêmicos. Porém,
essas ações não são suficientes para garantir a permanência de PcD no ensino superior.
Pensando na redução das desigualdades e na promoção da paz e justiça dentro da
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o projeto de extensão “UFSC 100%
acessível – um cadastro rumo à cidadania” foi desenvolvido para colaborar na tomada de
decisão acerca da acessibilidade arquitetônica nas estruturas físicas da universidade com
uma abordagem centrada no usuário PcD. O ensino de topografia, que abrange a pesquisa
em geodésia, foi repassado aos alunos de engenharia civil, na prática, durante a execução
dos levantamentos. Também foram produzidos relatos de experiência pela estudante de
antropologia PcD e, para integrar a comunidade na execução do projeto, foi desenvolvido
um questionário pela estudante de psicologia. O objetivo deste trabalho é identificar
demandas de acessibilidade e indicar, através de tomada de decisão, intervenções
arquitetônicas de forma a garantir o acesso e a permanência de PcD na UFSC.

Metodologia
Para atingir aos objetivos definidos foram realizados levantamentos cadastrais in
loco no prédio I da Reitoria e na Biblioteca Universitária (BU), através de trena e croquis,
utilizando como referência a NBR 9.050 (ABNT, 2004) e também foram realizados
mapeamentos remotos de trajetos em forma de relatos de experiência, utilizando o
SIGWEB UFSC e imagens do Google Maps e Street View. Desta forma foi possível
identificar as barreiras arquitetônicas e produzir projetos de intervenção arquitetônica,
através do uso do software AutoCAD, para adaptar os espaços. Foi elaborado um
questionário on line que foi repassado ao público interno e externo à UFSC para identificar
as demandas de acessibilidade a partir das informações e vivências dos discentes, docentes,

268
técnicos-administrativos, moradores ou trabalhadores do entorno do campus central da
UFSC que são PcD ou não ou que possuem mobilidade reduzida.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Nos levantamentos in loco realizados pelos estudantes puderam ser identificados
vários problemas relativos a acessibilidade nos sanitários, rampas de acesso, entre outros,
tanto no prédio I da reitoria quanto na BU. Foi produzido um projeto de intervenção para o
banheiro do primeiro piso do prédio I da reitoria e também foram indicados os problemas
relativos às inclinações de rampas e largura de portas que estavam fora das recomendações
da NBR 9.050. Cita-se que o prédio da reitoria está em reforma durante o ano de 2021 para
se adequar as demandas de acessibilidade descritas na NBR citada. Já o mapeamento
remoto realizado pela estudante de antropologia, usuária de cadeiras de rodas, utilizou sua
memória e percepção do tempo de ensino presencial. Foram identificados inúmeros
problemas de acessibilidade como: dificuldades para entrar no transporte coletivo com
cadeiras de rodas devido ao desnível da parada do ônibus, presença de estacionamento de
motos na parada que impede a passagem de cadeira de rodas para a calçada, inúmeros
buracos em calçadas, presença de degraus nos caminhos, ausência de rampas de acesso,
entre muitos outros. O questionário desenvolvido pela estudante de psicologia conteve 33
questões com respostas objetivas e descritivas e foi amplamente divulgado nas redes
sociais. Da análise do questionário foi possível identificar as estruturas mais utilizadas na
universidade como: restaurante universitário, bancos/caixa eletrônico, livraria, biblioteca
universitária e a feirinha. As deficiências ou necessidades específicas relatadas foram:
ausência congênita da mão direita e hemiparesia; deficiência física; deficiência física de
lesão medular; deficiência física múltipla; dificuldade de caminhar (bengala); fibromialgia.
Alguns participantes relataram o uso de cadeira de rodas e bengala. 9,7% dos respondentes
já fez requerimento junto à UFSC para obter: acessibilidade para uso de cadeira de rodas;
acessibilidade para pessoas com baixa visão; acesso a aparelhos e materiais para estudante
PcD; alteração da sala de aula para o andar térreo e; carteiras para canhotos. 8,1% dos
respondentes já enfrentou alguma dificuldade como: falta de acessibilidade arquitetônica
e/ou indisponibilidade de pessoal para auxiliar as PcD. Em relação às barreiras já

269
enfrentadas em algum campus da UFSC foram assinaladas barreiras arquitetônicas
(40,3%), barreiras comunicacionais e informativas (37,1%), barreiras tecnológicas
(27,4%), barreiras metodológicas e pedagógicas (22,6%), barreiras atitudinais (17,7%) e
outra (16,1%). Resumindo, no quesito arquitetônico, 53,2% dos respondentes responderam
que a UFSC está preparada para receber PcD, mas precisa melhorar e 46,8% responderam
que a UFSC não está preparada. Nenhum respondente assinalou que a UFSC está
totalmente acessível. Além disso, foi solicitado para os participantes que descrevessem os
trajetos e os espaços que utilizam na UFSC em relação à acessibilidade, onde diversos
problemas foram relatados. Além do mais, pelo menos, um respondente já pensou em
desistir da vida acadêmica por falta de acessibilidade.

Considerações Finais
Através do trabalho produzido foi verificado que existem inúmeros problemas
relativos à acessibilidade no campus central da UFSC, o que permitiu concluir que, o
método se mostrou válido e útil na identificação de demandas de intervenção e que as
mesmas já estão ocorrendo no ambiente da universidade. Outro impacto positivo é que a
UFSC também adotou a política de cotas para PcD na pós-graduação, o que pode aumentar
a permanência de PcD na universidade. Considera-se que a utilização de PcD em um
projeto de acessibilidade é muito importante devido ao olhar diferenciado e a vivência
cotidiana destas pessoas, o que humaniza o restante da equipe e diminui as desigualdades
geradas pelas deficiências. Em relação à abrangência, ampliar o espaço da universidade de
forma qualitativa, justa e integradora, é questão de cidadania, e pode servir de parâmetro
para a implantação de políticas de acessibilidade nas demais instituições que cumprem uma
função social e prestam serviços à comunidade, sendo este o principal impacto social
esperado por este projeto.

Referências
Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9.050: Acessibilidade a edificações,
mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.

270
Brasil. Lei Nº 13.146: Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência
(Estatuto da Pessoa com Deficiência). Brasília: 6 de julho de 2015.

Google Maps. Home page. Disponível em: https://www.google.com/maps/search/ufsc/@-


27.5993957,-48.6614513,11z. Acesso em 10 de junho de 2021.

SIGWEB UFSC. Home page. Disponível em: https://dgi.sistemas.ufsc.br/. Acesso em 10 de


junho de 2021.

271
AÇÕES AFIRMATIVAS PARA A VALORIZAÇÃO INDÍGENA LOCAL

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenadora da atividade: Eliza Terres CAMARGO
Instituto Federal de Educação, Ciência, e Tecnologia do Rio Grande do Sul
- Campus Rio Grande (IFRS)
Autores: A. R. BILHALVA 1; K. S. GUIMARÃES 2.

Resumo:
A invisibilidade das histórias e culturas indígenas na cidade do Rio Grande pactua com o
comportamento da sociedade brasileira desde o momento da colonização. Vários
dispositivos legais surgiram, visando fortalecer esses povos e sua cultura. Nesse mesmo
viés, um Projeto de Extensão do NEABI IFRS Rio Grande em 2020 buscou promover
ações afirmativas para o reconhecimento e a valorização dos Povos Tradicionais,
embasado em alguns desses instrumentos legais. Entretanto, com o contexto da pandemia
de COVID-19, novos desafios surgiram, exigindo adaptações metodológicas, como a
atuação online e à distância, fato que não impediu o desenvolvimento de ações de extensão
integradas às esferas Ensino e Pesquisa. Foi possível realizar a monitoria remota de alunas
indígenas, produzir material didático e científico, e promover um curso sobre a temática.
Os efeitos dessas ações foram avaliadas, tanto pelos próprios indígenas beneficiados,
quanto pelo público que participou do curso. Portanto, o projeto foi concluído obtendo
muitos resultados, e a partir dele, novos projetos e ações estão sendo desenvolvidos,
visando integrar a multiculturalidade e valorizar a heterogeneidade étnico-cultural do
município, para além do Núcleo, alcançando a sociedade dentro e fora da academia.

Palavras-chave: indígena; extensão; NEABI.

Introdução
A presença dos Povos Indígenas no município do Rio Grande forma uma população
pluriétnica e multicultural, onde atualmente estão instaladas em seu território três aldeias, a
1
Aline Rodrigues Bilhalva, aluna do Curso Técnico em Enfermagem.
2
Kevem Solano Guimarães, aluno do Curso Técnico em Geoprocessamento do IFRS.

272
Aldeia Guarani Mbyá chamada Y’yrembé, a Aldeia Kaingang de nome Goj Tánh e a
Aldeia Guarani Mbyá Pará Rokê.
Historicamente, as culturas indígenas e suas representações foram invisibilizadas
pela sociedade colonizadora no Brasil. O indígena é estereotipado como um ser místico,
adornado com penas, que vive nu e gosta de ganhar espelhos de presente.
A sociedade brasileira ainda não assimilou toda a informação necessária para
conhecer minimamente os Povos Indígenas do Brasil. Nessa perspectiva, as instituições de
educação têm papel fundamental na luta pela visibilidade da cultura dos Povos Indígenas,
valorização dos saberes, desconstrução do estereótipo e reconhecimento do legado desses
Povos para a sociedade atual. Tendo em vista a ‘desvalorização’ e invisibilidade dos Povos
Indígenas, são necessários atividades, estudos e ações afirmativas que abordem a temática,
que demonstrem e manifestem tais culturas para toda a comunidade, externa e interna
(indígena/não indígena, estudante/não estudante, etc), a fim de afirmarem sua existência e
sua resistência.
Portanto, o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (NEABI) do Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) - Campus Rio
Grande desenvolveu o Projeto “Reconhecimento e Visibilidade da Cultura Indígena
Presente no Município do Rio Grande”, que teve como objetivo concretizar a
implementação das ações afirmativas, para trazer à comunidade indígena residente no
município a visibilidade e a valorização da real história e culturas indígenas brasileiras,
amparando e empoderando os indígenas residentes no município do Rio Grande.
O projeto é amparado pela legislação indigenista vigente, entre elas: a Lei nº 11.645
(BRASIL, 2008), que inclui no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da
temática; o Decreto nº 4.886 (BRASIL, 2003) que institui a “Política Nacional da
Promoção da Igualdade Racial”; o Estatuto do Índio (BRASIL, 1973); a Convenção nº 169
da Organização Internacional do Trabalho (OIT, 2011); a Declaração dos Direitos dos
Povos Indígenas (NAÇÕES UNIDAS, 2008); entre outras.

273
Metodologia
A pandemia gerada pela COVID-19 não impediu que o NEABI seguisse
desenvolvendo o que é proposto em suas competências. Assim, o Núcleo se adaptou à nova
realidade imposta, promovendo ações de forma remota e utilizando as mídias digitais para
alcançar uma maior visibilidade a ele.
Esse projeto teve início no mês de setembro de 2020 e contou com dois bolsistas.
Para promover a troca de conhecimentos entre a comunidade acadêmica do IFRS e a
comunidade das aldeias presentes no município, o NEABI e o Conselho Municipal dos
Povos indígenas do Rio Grande (CMPIRG) iniciaram uma parceria, a qual os membros
desse projeto e do Conselho promoveram reuniões internas para melhor compreensão da
história indígena do município. Também contou com as parcerias da Coordenadoria
Municipal dos Povos Indígenas, e da Secretaria de Município de Cidadania e Assistência
Social.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Foram realizadas diversas ações como a monitoria para as duas primeiras
estudantes indígenas do campus, as quais ingressaram na instituição em 2020. Por conta
da pandemia que afetou o mundo inteiro, o NEABI através deste projeto realizou a
monitoria de forma remota, auxiliando as alunas nas aulas e na interação com o curso e
com os professores.
Para as aldeias, foi feita a aquisição de material para confeccionar seu artesanato
tradicional e ministradas aulas de e-commerce pelos bolsistas.
Além disso, o projeto idealizou e montou, juntamente com o projeto “Causa Negra
e Educação”, uma cartilha para estudantes. Os projetos criaram banners para uso do
NEABI e das aldeias indígenas em suas ações. Cada aldeia do município recebeu um
banner, que traz informações da cultura, história e imagens das comunidades.
O projeto promoveu um Curso com as lideranças indígenas da cidade e participou
de vários eventos, como forma de espalhar o conhecimento sobre suas culturas. Avaliamos

274
que essas ações repercutiram de forma positiva para os indígenas beneficiados e para o
público que participou dos eventos, através do feedback que recebemos de todos.

Considerações Finais
O projeto obteve muitos resultados conforme citados a seguir: Apresentação Oral
online de resumo na “VI Semana em Favor de Igualdade Racial” - Universidade Federal do
Acre; Apresentação Oral online de resumo na IV MEPERG - Mostra de Ensino, Pesquisa e
Extensão - IFRS Campus Rio Grande; Submissão de trabalho no 5º Salão de Pesquisa,
Extensão e Ensino do IFRS; Submissão de artigo na Revista Viver IFRS; Organização e
realização da oficina “Conhecendo a cultura indígena do Rio Grande”, na plataforma
Even3; Permanência das alunas indígenas na instituição; Entrega dos materiais
informativos às aldeias municipais e à comunidade.
Como já esperado desde o início do projeto, haveria dificuldade de contato com as
aldeias e com a comunidade em geral por conta da pandemia e pelo projeto estar sendo
totalmente remoto, mas todos os membros do projeto obtiveram um grande aprendizado
durante esse período. Temos a perspectiva de continuar com as ações afirmativas, através
de projetos promovidos pelo NEABI, para aumentar a visibilidade e o reconhecimento dos
povos indígenas.

Referências
BRASIL, Lei nº 6.001, de 19 de dezembro de 1973. Dispõe sobre o Estatuto do
Índio. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6001.htm. Acesso em: 14
jul. 2021.

BRASIL, Decreto nº 4.886 de 20 de novembro de 2003. Institui a Política Nacional de


Promoção da Igualdade Racial - PNPIR e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2003/d4886.htm. Acesso em: 14 jul.2021.

BRASIL, Lei nº 11.645 de 10 de março de 2008. Altera a Lei no 9.394, de 20 de


dezembro de 1996, modificada pela Lei no 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece
as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de
ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e
Indígena”. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2008/lei/l11645.htm. Acesso em: 14 jul.2021.

275
NAÇÕES UNIDAS, Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos
Indígenas. UNIC, Rio, 2008. Disponível em:
https://www.acnur.org/fileadmin/Documentos/portugues/BDL/Declaracao_das_Nacoes_U
nidas_sobre_os_Direitos_dos_Povos_Indigenas.pdf. Acesso em: 14 jul.2021.

OIT, Convenção n° 169 sobre povos indígenas e tribais e Resolução referente à ação
da OIT / Organização Internacional do Trabalho. - Brasília: OIT, 2011 1v. Disponível em:
http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Convencao_169_OIT.pdf. Acesso em:
14 jul.2021.

Instituição Financiadora:
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul

276
AÇÕES DE PROTEÇÃO E DEFESA DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
DESENVOLVIDAS PELO NEDDIJ GUARAPUAVA

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenador(a) da atividade: Andressa KOLODY
Nome da Universidade: Universidade Estadual do Centro Oeste (UNICENTRO)
Autores: KOLODY 1; A. FRANCESCHI 2; E. CRISTINA SILVA DE LIMA 3; F. APARECIDA
MIZERSKI DE OLIVEIRA 4; M. NEDOPETALSKI BRANDALISE 5.

Resumo:
Este artigo analisa os resultados das ações desenvolvidas pelos/as extensionistas do projeto de
extensão intitulado Núcleo de Estudos e Defesa dos Direitos da Infância e da Juventude
(NEDDIJ), no período entre julho de 2019 a julho de 2021. A metodologia adotada é o relato
de experiência, a pesquisa bibliográfica e a pesquisa documental. O texto apresenta e
problematiza o nível de alcance de cada um dos objetivos do projeto destacando a sua
contribuição para o fortalecimento do Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do
Adolescente (SGDCA) e para a construção de processos formativos ampliados.

Palavras-chave: Convivência Familiar e Comunitária; Criança e Adolescente;


Multidisciplinaridade.

Introdução
O NEDDIJ Guarapuava é um projeto de extensão financiado pela Unidade Gestora do
Fundo Paraná – UGF vinculada a Superintendência Geral e Ciência, Tecnologia e Ensino
Superior – SETI e coordenado pelo Departamento de Serviço Social da Universidade Estadual
do Centro Oeste (UNICENTRO). Na edição analisada, o projeto buscou através da equipe

1
Andressa Kolody, coordenadora, Neddij/Guarapuava.
2
Anderson Franceschi, advogado, bolsista, Neddij/Guarapuava.
3
Elen Cristina Silva de Lima, assistente social, bolsista, Neddij/Guarapuava.
4
Flávia Aparecida Mizerski de Oliveira, psicóloga, bolsista, Neddij/Guarapuava.
5
Mayara Nedopetalski Brandalise, advogada, bolsista, Neddij/Guarapuava.

277
multidisciplinar, formada por profissionais e acadêmicos/as das áreas do Serviço Social, da
Psicologia e do Direito, e em articulação com os demais atores do SGDCA, desenvolver ações
de promoção e defesa de direitos fundamentais de crianças e adolescentes da Comarca de
Guarapuava.
Nesses 25 meses o projeto de extensão atuou na formulação de soluções
comprometidas pessoal e institucionalmente com o impacto e a transformação social
especialmente do direito à convivência familiar e comunitária de crianças e adolescentes.
Nesse sentido os objetivos específicos se referiam diretamente ao fortalecimento desse direito,
na criação de estratégias que favoreçam o acesso da comunidade à justiça e aprendizados
profissionais interdisciplinares.
No período em análise, o trabalho foi organizado em três linhas: i) ações de defesa do
direito à convivência familiar e comunitária: ii) ações preventivas e iii) articulação
intersetorial junto ao SGDCA e práticas de controle social democrático. Sendo que os/as
extensionistas atuaram junto a núcleos familiares de crianças e adolescentes, com vínculos
fragilizados e/ou rompidos, em virtude de comportamentos parentais de abandono material
e/ou afetivo, proibição de convivência, violência doméstica e intrafamiliar e alienação
parental. Ao todo, o projeto alcançou 8.635 pessoas entre crianças, adolescentes e adultos,
tendo sido procurado prioritariamente devido às questões de abandono material e afetivo, e
sobretudo, por mulheres.

Metodologia
O NEDDIJ-Guarapuava utiliza-se das práticas educativas como metodologia de
trabalho, tendo como base a extensão comunicativa, ou seja, a interação com a comunidade é
pautada por uma relação horizontal e as ações profissionais buscam promover a
interdisciplinaridade. O artigo em tela é resultado das discussões entre a equipe durante a os
processos de planejamento e gestão, da revisão bibliográfica e da revisão documental dos

278
relatórios multidisciplinares produzidos semestralmente pela equipe técnica e professores
orientadores.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Para o desenvolvimento das atividades do NEDDIJ-Guarapuava, foram elaborados
planos de trabalhos por área e multidisciplinar. Os planos semestrais multidisciplinares
traçaram as linhas de ação para o alcance dos objetivos do projeto, estabelecendo interações e
fluxos entre as três áreas de conhecimento. A implementação das ações foi monitorada durante
as reuniões da equipe técnica, orientação mensal multidisciplinar e, avaliadas ao final de cada
semestre, sendo a síntese organizada em relatórios semestrais.
A seguir apresenta-se os resultados alcançados por esse grupo de trabalho e a
contribuição dessa vivência para o fortalecimento do Sistema de Garantia de Direitos e para a
formação profissional dos/as envolvidos/as.
O protocolo de atendimento implantado pela equipe profissional permitiu conhecer as
diferentes realidades vividas pelos sujeitos sociais, compreender a dinâmica familiar nas suas
potencialidades e fragilidades e propor um fluxo de intervenção correspondente a necessidade
de proteção da criança e do adolescente o que i) contribuiu para ampliação da proteção
integral e prioridade absoluta de crianças e adolescentes a partir do fortalecimento do
direito à convivência familiar e comunitária; ii) possibilitou processos ampliados de
acesso à justiça e iii) fortaleceu práticas extrajudiciais de resolução de conflitos.
O alcance desses objetivos se deu por meio da realização de 31 ações socioeducativas,
presenciais e remotas; 182 publicações nas redes sociais e 18 Drops 6 para ser veiculados
durante as programações diárias da rádio Universitária, sobre a área da criança e do
adolescente.
Além disso, foram realizados 750 atendimentos jurídicos, 233 atendimentos sociais,
204 atendimentos psicológicos; 3.021 orientações e 354 atendimentos multidisciplinares, que,

6
Áudios curtos sobre os direitos das crianças e adolescentes.

279
sobretudo, em razão da Pandemia de Covid-19, ensejaram a realização de 6.782 interações
com a comunidade via WhatsApp e 6.147 interações através de ligações telefônicas. As
intervenções profissionais resultaram em 479 encaminhamentos para a Rede PCA 7, 15
orientações para adoção, 535 ajuizamentos de ações e 187 acordos extrajudiciais.
O iv) desenvolvimento de pesquisas e aprendizados profissionais interdisciplinares
na área da criança e do adolescente foi possível por meio de 150 encontros 8 de estudos
dos/as membros do projeto; da elaboração e apresentação de 14 trabalhos científicos e 31
participações em eventos sobre a extensão universitária e temas afetos à área da criança e do
adolescente, de 196 reuniões de equipe, 200 reuniões da equipe técnica, da construção de 04
planos de trabalhos multidisciplinares. Considera-se que o atendimento multidisciplinar
mencionado anteriormente contribui significativamente para o alcance desse objetivo.
No período de execução do projeto, a equipe se esforçou em construir diálogos
horizontais com as famílias e representantes da Rede de Proteção. Assim, mais que ajuizar
ações, buscou-se refletir com os responsáveis (seja da sociedade, Estado ou família), as formas
e estratégias de proteção a fim de defender e garantir o acesso aos direitos de meninos e
meninas. Esses resultados apontam para as v) contribuições do projeto para o cumprimento
da função social da universidade pública a partir da extensão comunicativa.
Reconhecendo a importância da articulação entre profissionais, equipamentos e
serviços de proteção na área da criança e do adolescente, a equipe participou de 15 reuniões da
Rede PCA; 11 reuniões do Conselho Municipal da Criança e ao Adolescente e 6 reuniões do
Comitê de Enfrentamento de Violências à Criança e ao Adolescente. Tendo nesse período
ofertado uma formação específica para conselheiros tutelares. Nesse sentido é possível afirmar
que houve esforços significativos para o vi) fortalecimento do SGDCA.

Considerações Finais

7
Rede de Proteção à Criança e o Adolescente da Comarca de Guarapuava/PR
8
Contando eventualmente com a presença de pessoas de referência na área da criança e adolescente ou através de
indicações de bibliografias e participação de eventos online e produção de artigos científicos.

280
No projeto, o impacto e a transformação social envolve, ao mesmo tempo, a
transformação da comunidade e da universidade, visto que, os/as extensionistas foram
colocados em contato com questões da realidade, que figuraram como desafios concretos,
mobilizando o ensino e a pesquisa para enfrentá-los e resolvê-los. Nesse processo, a equipe foi
instada a analisar, planejar, estudar, interagir, se posicionar e articular, ampliando
competências e habilidades, já que, esses processos potencializaram aprendizagens de caráter
conceitual, atitudinal e procedimental. Nesse sentido, os resultados alcançados apontam para
aprendizados interdisciplinares e uma inserção comunitária significativa, especialmente no que
se refere aos processos de prevenção à violação e defesa do direito à convivência familiar e
comunitária. Assim, pode-se afirmar que as vivências extensionistas no âmbito do NEDDIJ,
contribuíram para o cumprimento da função social da universidade.

Referências
Síntese da Proposta do Núcleo de Estudos e Defesa de Direitos da Infância e da Juventude.
Disponível em: https://sguweb.unicentro.br/webrel/webrel.php?id=97&idf=5d0ecfb0-d8f8-
44a3-80e4-503ac8c90a2

281
ASSESSORIA À CEVES NA IMPLANTAÇÃO DO PLANO MUNICIPAL DE
ENFRENTAMENTO ÀS VIOLÊNCIAS CONTRA CRIANÇAS E
ADOLESCENTES - PONTA GROSSA

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenador(a) da atividade: Danuta Estrufika Cantóia LUIZ
Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)
Autores: K. SANTOS 1; L. ROCHA 2; B. SILVA3.

Resumo:
Neste artigo, abordamos sobre o projeto de Assessoria do Núcleo de Estudos, Pesquisa,
Extensão e Assessoria Sobre a Infância e Adolescência - NEPIA À Comissão Municipal
Intersetorial de Enfrentamento às Violências contra Crianças e Adolescentes - CEVES,
ambos do município de Ponta Grossa, na implantação do Plano Municipal de
Enfrentamento às Violências contra Crianças e Adolescentes do município de Ponta
Grossa, Paraná. Um dos objetivos desta assessoria é a contribuição para o processo de
enfrentamento à violência visando a ampliação, articulação e fortalecimento do Sistema de
Garantias de Direitos (SGD) através de atividades de mobilização da comunidade com
ações preventivas e educativas. A equipe, que conta com professoras, assistentes sociais e
acadêmicos de serviço social, foi responsável por auxiliar na construção deste Plano para o
município, a partir da assessoria técnico-acadêmica, através de reuniões online (devido a
pandemia), evidenciando desta forma o papel da extensão universitária junto a comunidade
e a academia.

Palavras-chave: Assessoria; Garantias de Direitos; Criança e Adolescente; Violências.

1
Kimberly Juliana dos Santos, UEPG (acadêmica de Serviço Social).
2
Luiza Stelle Linhares da Rocha, UEPG (acadêmica de Serviço Social).
3
Brenda Sthéfany Brito Correa da Silva, UEPG (acadêmica de Serviço Social).

282
Introdução
O fenômeno da violência contra crianças e adolescentes está presente ao longo da
trajetória da humanidade. Para Minayo (2001), todo ato ou omissão capazes de causar
danos físicos, sexuais e psicológicos à vítima é considerado violência, pois provoca uma
negação do direito que a crianças e adolescentes têm, enquanto sujeitos e pessoas em
condições especiais de crescimento e desenvolvimento. Considerando esta afirmação, a
assessoria à Comissão Municipal Intersetorial de Enfrentamento às Violências contra
Crianças e Adolescentes - CEVES, trabalha na perspectiva de contribuir na implantação do
Plano Municipal de Enfrentamento às Violências Contra Crianças e Adolescentes no
município de Ponta Grossa/PR. Segundo a própria CEVES este plano tem objetivos, metas
e ações voltados à garantia de direitos a este segmento populacional. Enquanto um projeto
de extensão, está vinculado ao tripé de ensino que alicerça o ensino superior, e articula-se
com as atividades de pesquisa e ensino, contribuindo com um aprendizado integral, através
da vivência de prática, teorias e instrumentos técnicos. A assessoria no Serviço Social se
apresenta como uma prática profissional de socialização de informações e conhecimentos,
onde se viabilizam direitos e se tem a rica experiência das contradições dentro campo de
correlações de forças (SOUZA, 2016). O objetivo do trabalho é ressaltar sobre como é
realizada a assessoria à CEVES na implantação do Plano Municipal de enfrentamento às
violências contra crianças e adolescentes.

Metodologia
A assessoria técnico-acadêmica à Comissão Municipal Intersetorial de
Enfrentamento às Violências contra Crianças e Adolescentes - CEVES acontece por meio
das reuniões sistemáticas mensais, e/ou com periodicidade menor (conforme a demanda),
com os profissionais da rede de proteção de crianças e adolescentes de Ponta Grossa.
Dispõe de aporte teórico-metodológico, buscando a construção coletiva de programas,
ações, estratégias que compõem políticas públicas para o enfrentamento às violências
contra crianças e adolescentes, a partir de um espaço de debate democrático e participativo
com os integrantes da comissão e profissionais da rede de proteção. As propostas firmadas
pela comissão, são encaminhadas ao Conselho Municipal da Criança e do Adolescente -
CMDCA, onde são aprovadas e socializadas com os profissionais e a sociedade.

283
Desenvolvimento e processos avaliativos
No município de Ponta Grossa/PR o Conselho Municipal da Criança e do
Adolescente (CMDCA) foi criado em 1990, como conselho paritário com representantes
governamentais e não governamentais. Tendo como responsabilidade elaborar juntamente
com os atores de proteção da criança e do adolescente, políticas públicas voltadas a esse
público, também tem o dever de fiscalizá-las. Desse modo, em 2004 foi criado pelo
município a Comissão Municipal Intersetorial de Enfrentamento às Violências contra a
Criança e o Adolescente - CEVES, como um órgão consultivo do CMDCA. Como exposto
no artigo 2º do decreto 613 de 2004, a função prioritária desta comissão é a formulação de
propostas de políticas públicas que atendam às crianças e adolescentes que estão em
situação de violência. Também tem como responsabilidade, a mobilização da comunidade
em geral com ações preventivas e educativas nesta área. Portanto, a comissão tem como
papel principal formular ações e estratégias de enfrentamento às violências. Esta comissão
é composta por vários representantes da Rede de Proteção à Criança e ao Adolescente em
situação de risco, incluindo o Núcleo de Estudos, Pesquisa, Extensão e Assessoria sobre a
Infância - NEPIA, o qual lhe presta assessoria nas práticas e estudos sobre a temática,
instrumentalizando e fortalecendo a CEVES no desenvolvimento de seus propósitos.
Durante o ano de 2020 e 2021 foi realizada a construção e publicização do Plano
Municipal de Enfrentamento às Violências contra Crianças e Adolescentes do município
de Ponta Grossa, Paraná, este plano foi construído juntamente com os profissionais
participantes da CEVES. Refere-se a um Plano Plurianual (2021-2024), de enfrentamento
das diferentes modalidades de violência contra este segmento, obtendo como propósito a
articulação das ações de forma intersetorial.
Devido ao isolamento social ocasionado pela pandemia COVID-19, as reuniões de
construção foram realizadas no formato online, pela plataforma google meet, contando
com representantes de órgãos estaduais, municipais, e de segmentos organizados da
sociedade civil. Mesmo com todos os desafios presentes nesse período, a Comissão
conseguiu concluir a construção do plano, sendo publicado em maio de 2021, durante a VI
Semana de Enfrentamento às Violências contra Crianças e Adolescentes, realizada pelo
NEPIA em parceria com a CEVES. A Semana contou com lives sobre a temática, pactos

284
com o poder judiciário, legislativo e executivo, alusiva ao Dia Nacional de Combate ao
Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.
Atualmente o NEPIA vem desenvolvendo uma proposta de monitoramento para
acompanhar o desenvolvimento das ações realizadas no processo de implantação do Plano
Municipal de enfrentamento às violências contra crianças e adolescentes. A estratégia para
tanto tem sido a definição de indicadores quali e quantitativos por meta estabelecida no
Plano. Nas palavras de Kayano et al (2002) os indicadores têm como função avaliar
desempenhos e legitimar determinada política pública “são importantes instrumentos para
disponibilizar informações básicas para a construção de diagnósticos sobre a realidade
social e, portanto, são criados não apenas para avaliar, mas antes, para subsidiar e amparar”
(KAYANO et al, 2002, pg.4).

Considerações Finais
O NEPIA se tornou um programa de extensão no início de 2021, e o projeto de
assessoria a CEVES é um dos projetos que o compõem. Esta ampliação do trabalho
extensionista é um elemento importante para enfatizar, pois demonstra que buscamos a
atualização e o compromisso diante das políticas de atendimento às crianças e
adolescentes. A realização de pesquisas, eventos, capacitações e principalmente assessoria
às organizações que executam as políticas públicas municipais na área, se constitui
originalmente numa das suas principais ações do NEPIA / Projeto de Assessoria. A
assessoria técnico-acadêmica nos proporciona um contato direto com outras instituições e
profissões, permitindo a ampliação de atividades que visem o enfrentamento às violências
numa perspectiva municipal. Sendo assim, consideramos a prática de assessoria às
organizações de caráter público, fundamental, tanto para a formação acadêmica, quanto
para a profissional, visto que representa um instrumento para intervir na realidade social.

Referências
PONTA GROSSA. Decreto nº 613, de 24 d e novembro de 2004. Cria a Comissão
Municipal Permanente de Estudo, Análise e Enfrentamento às Violências Físicas,
Psicológicas e Exploração Sexual - CEVES. Disponível em:
http://leismunicipa.is/dkgsm. Acesso em: 12/09/2020.

285
CEVES. Plano Municipal de enfrentamento às violências contra crianças e
adolescentes (2021-2024).

CONSELHO MUNICIPAL DOS DIREITOS DAS CRIANÇAS E DOS


ADOLESCENTES, Ponta Grossa, 2021.

KAYANO, J. et al. Indicadores para o diálogo. São Paulo, 2002.

MINAYO, M. S. Violência contra crianças e adolescentes: questão social, questão de


saúde. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil. Recife, 1(2):91-102, 05-08., 2001.

SOUZA, N. N. ASSESSORIA E CONSULTORIA: competência técnica da (o) assistente


social. II Congresso de Assistentes Sociais do Estado do Rio de Janeiro. Conselho
Regional de Serviço Social Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2016.

286
CONSIDERAÇÕES SOBRE A ELABORAÇÃO DO CURSO DE
MULTIPLICADORES (AS) PARA ENFRENTAMENTO DA VIOLÊNCIA
DOMÉSTICA E/OU FAMILIAR CONTRA A MULHER

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenador(a) da atividade: Maria Cristina Rauch BARANOSKI
Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)
Autores: Letícia Boratto MONTEIRO 1; Arthemis DISTEFANO do Carmo 2; Luiza
Regiane Gaspar IENKE3 ; Maria Cristina Rauch BARANOSKI4

Resumo:
Este artigo apresenta uma análise sobre a execução e os resultados obtidos no decorrer do
projeto “Curso de multiplicadores(as) para enfrentamento da violência doméstica e/ou
familiar contra a mulher”, desenvolvido pelo Núcleo Maria da Penha da Universidade
Estadual de Ponta Grossa (NUMAPE-UEPG). O objetivo do projeto é criar uma rede de
combate à violência doméstica e/ou familiar contra a mulher, dentro da comunidade
escolar, através da formação de alunos multiplicadores, com o intuito de que os mesmos
desenvolvam ações em suas escolas para que o conhecimento sobre a temática chegue a
todos os seus colegas de classe e professores. Ao fim do curso, pode-se concluir que o
objetivo do projeto foi atingido, considerando que os participantes manifestaram real
interesse em agir dentro da comunidade escolar, contra a violência de gênero.

Palavras-chave: comunidade escolar; formação de multiplicadores; violência contra a


mulher.
Introdução
O presente artigo busca apresentar e analisar os objetivos, métodos e resultados do
projeto “Curso de multiplicadores(as) para enfrentamento da violência doméstica e/ou

1
Letícia Boratto Monteiro, aluna extensionista bolsista [Bacharelado em Psicologia na UNICESUMAR].
2
Arthemis Distefano do Carmo, aluna extensionista bolsista [Bacharelado em Direito na Universidade
Estadual de Ponta Grossa- UEPG].
³ Luiza Regiane Gaspar Ienke, aluna extensionista bolsista [Bacharelado em Serviço Social na Universidade
Estadual de Ponta Grossa – UEPG].
4
Maria Cristina Rauch Baranoski, coordenadora [Professora Doutora em Direito na Universidade Estadual
de Ponta Grossa - UEPG].

287
familiar contra a mulher”, desenvolvido pelo Núcleo Maria da Penha da Universidade
Estadual de Ponta Grossa (NUMAPE-UEPG). No desenvolvimento do artigo serão
apresentados quais materiais foram utilizados para a execução do curso, quem participou
das reuniões, por quem o curso foi ministrado, e quais são os objetivos desse projeto. Em
sua conclusão, será possível observar os impactos que o curso gerou em seu público alvo.

Metodologia
O curso de formação de multiplicadores(as) para enfrentamento da violência
doméstica e/ou familiar contra a mulher, foi desenvolvido por toda a equipe do NUMAPE/
UEPG e executado pelos acadêmicos extensionistas, sob orientação das professoras
orientadoras e profissionais. O público alvo delimitado para a participação no curso foi
formado por alunos e professores do ensino médio, que demonstraram interesse na
temática. As aulas ocorreram aos sábados, por meio da plataforma Google Meet, com
duração de aproximadamente uma hora e meia. Utilizou-se como material de apresentação
slides e vídeos explicativos referentes aos temas abordados, além da distribuição dos
escritos de autoria própria, como a cartilha sobre violência contra a mulher e o E-book
referente a rede de proteção às mulheres em situação de violência, na cidade de Ponta
Grossa- PR.
O projeto foi desenvolvido na forma de projeto piloto, no Instituto de Educação
Estadual Professor César P. Martinez localizado na Vila Estrela em Ponta Grossa/ PR, o
qual foi escolhido porque possui Ensino Fundamental II, Ensino Médio, Formação de
Docentes e Cursos Técnicos. Os quatro encontros foram organizados a partir das temáticas
pertinentes à violência doméstica e/ou familiar. Possuindo como plano de formação: no
primeiro encontro a violência de gênero e a violência contra a mulher, a historicidade e os
dados atuais sobre a violência; no segundo encontro a Lei Maria da Penha, as tipificações
da violência, as medidas protetivas e o feminicídio; no terceiro encontro o papel do Estado
no combate à violência, os meios de denúncia e sobre a atuação do NUMAPE em Ponta
Grossa-PR; e por fim, no quarto encontro discutiu-se sobre o papel da escola e dos alunos
no enfrentamento à violência.

288
Desenvolvimento e processos avaliativos
O curso foi desenvolvido para acadêmicos e professores do ensino médio, que
tivessem interesse em se tornarem multiplicadores dos temas sobre a violência doméstica
e/ou familiar contra a mulher, com o propósito de disseminar as informações colhidas, em
atividades escolares.
O primeiro encontro ocorreu no dia 29 de maio de 2021, sábado, e contou com a
presença de vinte (20) alunos, três (3) professoras orientadoras e quatro (4) acadêmicos
extensionistas do projeto. De início, prezou-se pela apresentação de cada integrante da
equipe do NUMAPE/ UEPG, além da exposição dos acadêmicos extensionistas que iriam
conduzir a aula do dia. Por meio da dinâmica “mito ou verdade” sobre os Direitos
Humanos, pode-se adentrar nas questões que levariam aos temas seguintes. A atividade
proporcionou aos alunos uma participação ativa frente ao conteúdo, possibilitando assim,
que a equipe organizadora identificasse as demandas da turma em questão. Pode-se então,
introduzir a temática da violência de gênero, com afinco na violência contra a mulher, onde
abordou-se a vida da Corina Antonieta Portugal, uma mulher que viveu na cidade de Ponta
Grossa- PR, e foi assassinada pelo seu marido no ano de 1889; proporcionando aos alunos
uma visão histórica da violência na cidade em que moram. Chegando ao fim do encontro,
apresentou-se os dados atuais alarmantes sobre a violência contra a mulher em nosso país,
e abriu-se para perguntas e contribuições. Percebeu-se que o momento final do encontro foi
de grande valia para os alunos, pois os mesmos expuseram questões pessoais sobre
violências cometidas em suas famílias e o impacto que sofreram com os ocorridos.
No segundo encontro do curso de formação, contou-se com a presença de vinte e
um (21) alunos. A aula foi planejada com o intuito de discutir sobre a Lei Maria da Penha,
sancionada em 2006 que produz mecanismos para prevenir, coibir e erradicar a violência
doméstica e familiar contra a mulher. Também explanou-se sobre as formas de violência
doméstica e familiar contra a mulher expostas na Lei, assim como o funcionamento da
ferramenta das medidas protetivas de urgência previstas em situações de violência. Ao
final do encontro, abordou-se sobre o crime de feminicídio, e abriu-se um espaço para
questionamentos.

289
Ao longo do terceiro encontro discutiu-se acerca do papel do Estado no combate à
violência contra a mulher, os órgãos da rede de enfrentamento contra a violência na cidade
de Ponta Grossa- PR, e os meios de denúncia disponíveis em caso de testemunho ou
convivência com as violações de direitos femininos. Participaram da aula vinte (20)
estudantes.
No quarto e último encontro instigou-se os alunos a pensarem a respeito do papel
de cada um no combate a violência contra a mulher, assim como o papel da escola nesse
enfrentamento. Utilizou-se, novamente, de uma dinâmica chamada “meter a colher em
casos de violência”, onde pode-se despertar nos alunos a imaginação sobre quais ações eles
poderiam implantar em sua escola, para que todos tivessem acesso ao conhecimento por
eles obtido durante o curso de formação. Contou-se com a presença de dezenove (19)
alunos na última aula.
Pretende-se, com o fim das aulas ministradas, o acompanhamento dos alunos
participantes em seus planejamentos de ações para implantação na escola, cumprindo-se
então o objetivo do projeto, na multiplicação dos conteúdos aprendidos.

Considerações Finais
O curso de formação de multiplicadores(as) para enfrentamento da violência
doméstica e/ou familiar contra a mulher atingiu os seus objetivos. Os alunos demonstraram
interesse e participaram ativamente de todas as aulas ministradas, manifestando real
interesse em agir dentro da comunidade escolar. Sem nenhuma intercorrência o curso foi
finalizado com alta frequência dos alunos, mas nem todos atingiram 100% de participação.
Com isso, a temática da violência de gênero, Lei Maria da Penha e seus
mecanismos de prevenir, coibir e erradicar a violência doméstica e familiar contra a mulher
e, as informações sobre os órgãos da rede de enfrentamento contra a violência na cidade de
Ponta Grossa - PR estarão presentes no contexto e cotidiano escolar, dando possibilidades
para esses adolescentes atuarem na realidade.

290
Referências
BRASIL. Lei n. 11.340, de 7 de agosto de 2006. Disponível em:
&lt;http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/L13827.htm&gt;.
Acesso em: 20 jul. 2021.

NUMAPE. Núcleo Maria da Penha – Universidade Estadual de Ponta Grossa. Banco de


dados do ano de 2021. Não publicado.

Instituição financiadora:
Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI) - Governo do
Estado do Paraná.

291
DIREITO À POESIA - UMA OFICINA LITERÁRIA EPISTOLAR DURANTE A
PANDEMIA DE COVID-19

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenadores da atividade: Cristiane CHECCHIA; Mário René Rodríguez TORRES.
Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA)
Autores: L. F. B. RODRIGUES 1; J. R. de ALMEIDA 2; A. M. USAQUIN 3; A. A. DOS
SANTOS 4.

Resumo:
No presente trabalho nos dedicamos a analisar a realização do Direto à poesia, projeto de
mediação cultural no contexto do cárcere, no ano de 2020. O objetivo do projeto é
estabelecer espaços escuta e acolhimento, a fim de que os participantes sintam-se livres
para falar e expressar-se. Devido ao contexto pandêmico, as oficinas de leitura e escrita
não puderam ser realizadas de forma presencial nas penitenciárias. Assim, a forma
encontrada para mediar o diálogo nesse contexto adverso foi a troca epistolar, por meio da
qual enviávamos textos e propostas de escrita para os participantes. Ao final, o diálogo
travado resultou na produção de uma mini-biblioteca perambulante e de um capítulo de
livro, ainda por publicar. Mediante isso, destacamos que havendo espaços dispostos à
escuta acolhedora, descobrimos que todos têm muito a dizer.

Palavras-chave: Cartas; Cárcere; Mediação Cultural.

Introdução
O Direito à poesia começou a ser desenvolvido no ano de 2015 e, desde então,
organiza-se fundamentalmente a partir de dois núcleos de trabalho articulados: um deles
constitui-se da formação dos estudantes e docentes em um grupo de estudos, no qual

1
Layra Fabian Borba Rodrigues, aluna do curso de Ciência Política e Sociologia da UNILA, bolsista pela
Pró-Reitoria de Extensão (PROEX).
2
Jhenifer Rodrigues de Almeida, aluna do curso de Ciência Política e Sociologia da UNILA, bolsista pela
Fundação Araucária.
3
Angélica Moreno Usaquin, aluna do curso de Letras, Artes e Mediação Cultural da UNILA.
4
Anderson Alves dos Santos, aluno do curso de Filosofia da UNILA.

292
discutimos textos de fundamentação teórica e crítica sobre a questão carcerária e sobre a
mediação de leitura e escritura em contextos adversos; o outro núcleo configura-se da
prática da mediação de leitura e escritura dentro de ambientes prisionais, ou seja, da
realização de Oficinas literárias nas prisões de Foz do Iguaçu, a Penitenciária Estadual II
(PEF-II) e a Penitenciária Feminina de Foz do Iguaçu (PFF-UP).
No ano de 2020, em virtude das dificuldades suscitadas pelo contexto pandêmico,
no primeiro semestre nos dedicamos apenas ao grupo de estudos. Já no segundo semestre,
além do grupo de estudos, pudemos estabelecer um diálogo com os privados de liberdade
da PEF-II por meio da troca de cartas. Através destas, realizamos a mediação da leitura e
escrita, sendo que, ao final, produzimos uma mini-biblioteca perambulante com alguns dos
textos recebidos através das cartas, a fim de que eles pudessem ler a si mesmos e uns aos
outros. Nesse sentido, destacamos que o objetivo do Direito à poesia é criar espaços de
escuta e acolhimento para que os participantes sintam-se livres para falar e expressar-se.
Numa sociedade regida por diversas normas e estruturas sociais que por vezes geram
profundas exclusões, ter um espaço onde possamos estabelecer diálogos e expressar vozes
divergentes é de uma riqueza única, fundamental para a liberdade da expressão de si e da
singularidade da vida.

Metodologia
Levando em consideração os desafios colocados pela pandemia do covid-19 e o
confinamento decorrente, as oficinas do Direito à Poesia no ano de 2020 tiveram de ser
feitas de forma epistolar. Assim, a troca de cartas foi nosso principal veículo de diálogo
com os privados de liberdade. Na primeira carta enviada ao PEF-II, nós nos apresentamos
e expusemos o contexto institucional ao qual estamos vinculados (a Universidade pública,
o projeto de extensão). Além disso, reunimos alguns textos das nossas oficinas presenciais
realizadas anteriormente na própria PEF-II ou de oficinas feitas por grupos semelhantes ao
nosso, e procuramos mobilizar algumas perguntas abertas que os estimulassem a escrever.
Todo o material foi impresso e levado à PEF-II, onde a pedagoga recebeu os textos
e os distribuiu aos participantes. As respostas foram trabalhadas por eles no próprio
material, que buscávamos na semana seguinte. A partir disso, líamos e conversávamos para

293
pensarmos as respostas e a seleção dos textos que comporiam a entrega seguinte. Este
trabalho de troca de correspondências foi desenvolvido ao longo de todo o segundo
semestre de 2020.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Como já destacado, no ano de 2020, o contexto pandêmico impôs dificuldades para
a realização do projeto Direito à poesia dentro do cárcere no formato presencial. Dessa
forma, na primeira parte do ano buscamos fortalecer o grupo de estudos por meio da leitura
e de encontros on-line nos quais buscamos aprofundar nossa compreensão sobre os
processos históricos nos quais surgiu o modelo de prisão e o sistema penal contemporâneo
bem como as adaptações que sofreu para chegar no momento em que vivemos hoje. 5
Depois de junho, porém, conseguimos formalizar outra forma de executar o projeto na
PEF-II, por meio da troca de cartas literárias 6. Assim, em 2020, as cartas foram a
ferramenta que nos permitiu sair de nosso confinamento e, em sentido mais amplo, de
nossos espaços restritos, incluindo o universitário, e acessar o espaço outro do cárcere, nos
permitindo estabelecer diferentes formas de diálogo com as pessoas privadas de liberdade.
Esse diálogo, que suscitou alguns debates ricos, ao final resultou em duas
produções. A primeira delas foi a criação de uma mini-biblioteca perambulante, com
fanzines compostos por textos, imagens e reflexões surgidos da troca de cartas. Assim,
havia ali textos dos participantes da PEF-II, dos membros do grupo Direito à poesia, bem
como alguns textos de autores que foram usados ao longo das entregas de cartas. Essa foi
uma forma que encontramos de fazer circular os textos recebidos por meio das cartas. A
segunda produção foi um capítulo de livro, ainda por publicar, na qual discutimos algumas
temáticas que apareceram de forma recorrente durante a troca, como a velhice na condição
de encarceramento; as questões de gênero, a literatura e as prisões; o choro masculino; a
escrita e as artes enquanto exercício de liberdade no contexto prisional e de pandemia.

5
Alguns dos textos trabalhados pelo grupo ao longo deste ano foram: Angela Davis, Estarão as prisões
obsoletas? (2018), Luciana de Mello e Maria Elvira Woinilowicz, Ninguna calle termina en la esquina:
Historias que se leen y se escriben en la cárcel (2016); Michele Petit, A arte de ler ou como resistir à
adversidade (2009); entre outros
6
Infelizmente, não foi possível desenvolver este trabalho na Penitenciária Feminina de Foz do Iguaçu, em
virtude de obstáculos alheios à nossa vontade.

294
Não obstante ser uma forma distinta de realizar as oficinas de leitura e escrita no
contexto do cárcere, o processo de troca de cartas foi único pois contribuiu para a formação
dos estudantes na mediação cultural em um momento adverso, tendo em conta a pandemia,
bem como por um meio diferente do tradicional, que eram os encontros presenciais. Tais
fatores constituíram um grande desafio para a continuidade do projeto e formação dos
estudantes como mediadores culturais.

Considerações Finais
Ainda que a realização da Oficina Epistolar tenha implicado em uma mudança
bastante profunda em relação à dinâmica dos encontros presenciais, as cartas foram o
veículo para fazer entrar e sair as falas da prisão. O objetivo principal do Direito à poesia é
esse: perfurar muros para liberar falas, criar as condições para que nós e as pessoas
privadas de liberdade possamos falar da forma mais livre possível. Isto quer dizer também
criar condições para que fale uma voz própria, entendida como uma voz que exprime a
singularidade da própria vida. Trata-se de procurar uma voz singular, mas não individual
nem individualista. De fato, o primeiro passo nessa procura é criar um espaço de escuta,
uma comunidade de acolhimento de vozes diversas, que faça os e as participantes
sentirem-se livres para falar. É preciso poder falar livremente, mas sem renunciar à
responsabilidade de manter essa comunidade de acolhimento de vozes divergentes.

Referências
DAVIS, Angela. Estarão as prisões obsoletas? Tradução de Marina Vargas, Rio de
Janeiro; Difel, 2018.

MELLO, Luciana de; WOINILOWICZ, Maria Elvira. Ninguna calle termina en la


esquina: Historias que se leen y se escriben en la cárcel. Ciudad Autónoma de Buenos
Aires: Editorial de la Facultad de Filosofía y Letras Universidad de Buenos Aires, 2016.
Disponível em:
http://publicaciones.filo.uba.ar/sites/publicaciones.filo.uba.ar/files/Ninguna%20calle%20te
rmina%20en%20la%20esquina_interactivo_0.pdf>. Acesso em: 17 de maio de 2020.

PÈTIT, Michele. A arte de ler ou como resistir à adversidade. Tradução de Arthur


Bueno e Camila Boldrin. São Paulo: Ed. 34, 2009.

295
DIREITO UENP VAI À ESCOLA

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenador da atividade: Renato BERNARDI 1
Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP)
Autora: T. PETRIZZI 2

Resumo:
O presente resumo refere-se ao projeto de extensão, do Programa Institucional de Bolsas
de Extensão Universitária da Universidade Estadual do Norte do Paraná, financiado pela
Fundação Araucária e pelo Governo do Estado do Paraná, que busca levar a Educação em
Direitos Humanos, o Direito e a Arte para as escolas públicas. A extensão universitária
leva à comunidade externa os conhecimentos produzidos no meio acadêmico e, por isso, o
“Direito UENP vai à Escola” é um projeto com enfoque nos alunos do ensino fundamental
e médio. A ferramenta principal é o programa que foi ofertado pelo antigo Ministério dos
Direitos Humanos, “Mostra Cinema e Direitos Humanos”. O problema principal é a
desigualdade no ensino, principalmente no atual cenário da COVID-19. Um dos objetivos
é o destaque à importância da educação, da Cultura e dos Direitos Humanos na vida em
sociedade. A metodologia empregada é a sistêmica, visto que pela sistematização de etapas
haverá a concretização dos objetivos da proposta e da efetivação da democratização do
ensino interdisciplinar. Espera-se atingir positivamente a comunidade externa por meio da
disseminação do debate acerca dos Direitos Fundamentais e Humanos.

Palavras-chave: Mostra Cinema e Direitos Humanos; Direito; Educação

Introdução
O projeto de extensão aqui referido busca demonstrar a relação intrínseca do
Direito e da Arte, bem como a importância da Educação em Direitos Humanos. A
ferramenta principal para a realização da proposta de trabalho é o programa, ofertado pelo

1
Renato Bernardi, servidor docente do curso de Direito da Universidade Estadual do Norte do Paraná.
2
Tamires Petrizzi, aluna do curso de Direito da Universidade Estadual do Norte do Paraná.

296
Ministério dos Direitos Humanos, “Mostra Cinema e Direitos Humanos”, que tem por
objetivo ampliar o debate pelos Direitos Humanos e reforçar a democracia através da
linguagem audiovisual.
Nessa perspectiva, a 12ª Mostra Cinema e Direitos Humanos apresentou um
Circuito Difusão tratando de Cinema, Cultura e Educação em Direitos Humanos. O DVD
da apresentação completa da 12ª edição do evento conta com produções como a de
Eduardo Cunha e Pedro Cela, “A Rua é NÓIZ”, que retrata a periferia em ação.
Visando a busca pelo diálogo, a ideia principal é que o público-alvo seja composto
por alunos de escolas públicas, ou seja, o projeto pretende deslocar, ainda que
virtualmente, a UENP e o seu curso de Direito/Campus de Jacarezinho para essa
comunidade levando a Arte, o Direito e a Educação em Direitos Humanos à realidade de
cada estudante.
Além disso, o “Direito UENP vai à escola” também conta com vídeo aulas sobre os
curtas-metragens disponibilizados: “A Constituição Federal de 1988”, “Os Direitos
Humanos e Fundamentais”, “O Estatuto da Criança e do Adolescente”, “O Estatuto do
Idoso”, “O Estatuto da Pessoa com Deficiência”, “Os Direitos das Mulheres” e “O Estatuto
dos Refugiados”, todas as aulas serão ministradas por acadêmicos e/ou profissionais do
Direito.
A principal motivação do projeto de extensão objeto deste resumo encontra-se na
seguinte premissa: se o ensino é desigual, logo o acesso a Cultura, Arte e ao Direito
também são desiguais, por isso o projeto será voltado para os alunos de escolas públicas,
mesmo que em pequena dimensão esse contato interdisciplinar será de suma importância
para os alunos, ainda, o projeto também garantirá direitos fundamentais (como direito a
educação e cultura) garantidos constitucionalmente.

Metodologia
O “Direito UENP vai à escola” será aplicado em três escolas, sendo duas no
Município de Jacarezinho, Paraná, e uma no Município de Barra Bonita, São Paulo, cidade
natal da bolsista/autora do projeto. São, respectivamente, o Colégio Estadual Rui Barbosa,
Instituto Federal e a ETEC Comendador João Rays.

297
O público-alvo do projeto de extensão “Direito UENP vai à escola” é composto por
alunos de escolas públicas de Ensino Médio e Fundamental, dos Municípios de
Jacarezinho e Barra Bonita, com previsão de aproximadamente 100 alunos beneficiados de
faixa etária entre 14 a 18 anos.
A proposta de extensão, financiada pela Fundação Araucária e pelo Governo do
Estado do Paraná, inicialmente seria feita no formato presencial. Entretanto, com a chegada
da pandemia de COVID-19, o material da 12ª Mostra Cinema e Direitos Humanos será
ofertado para as escolas integrantes do projeto por meio do Google Drive, bem como pela
disponibilização das vídeo aulas e pesquisas realizadas com uso do Google Formulários.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Diante da análise dos curtas-metragens da 12ª Mostra Cinema e Direitos Humanos
e da adaptação da proposta à forma remota, o “Direito UENP vai à escola” será levado às
escolas por meio do Google Drive (disponível em: https://bityli.com/Hn1QE) contendo a
apresentação do projeto feita pela bolsista, as instruções e o formulário de participação, as
videoaulas e os materiais de apoio acerca dos temas abordados na 12º Mostra Cinema e
Direitos Humanos, além de outros importantes tópicos da educação básica jurídica.
Por enquanto, no Drive, além de cada documentário e catálogo da 12ª Mostra, estão
disponíveis os materiais das aulas, feitos em conjunto entre bolsista e palestrantes, a
logomarca do Projeto e o formulário de participação. As aulas terão de 20 a 30 minutos e
estão em processo de gravação, cada palestrante poderá indicar outros materiais para
compor as pastas, como livros.
O Google Drive será disponibilizado aos professores das escolas para que
divulguem às suas turmas. Havendo possibilidade nas escolas, reuniões à distância e
síncronas serão marcadas com as salas participantes para eventuais dúvidas, explicações e
debates com os alunos. A devolutiva será feita de acordo com os professores das escolas.
Além das atividades desenvolvidas para o plano de ação e trabalho, a pesquisa está
ao lado da extensão e a participação em eventos científicos é fundamental para o
aprimoramento do projeto e desenvolvimento acadêmico da bolsista. Em dezembro de

298
2020, o trabalho “DIREITO UENP VAI À ESCOLA” foi apresentado durante o VI
ENCONTRO DE INTEGRAÇÃO DA UENP.
Além disso, a participação na 58º Semana Jurídica do Centro Acadêmico Sete de
Março, promovida pela Universidade Estadual de Londrina, com a submissão de dois
resumos simples intitulados de “A LIMITAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS E
HUMANOS: EDUCAÇÃO E A PANDEMIA DA COVID-19 NO BRASIL” e “DIREITO
UENP VAI À ESCOLA”, foram essenciais para compreender a principal dificuldade
encontrada no projeto (a educação e limitação do acesso à internet). Houveram também
exposições sobre o projeto de extensão no I Encontro PROJURIS/UNIFIO/UNIMAR de
Estudos Jurídicos e no II Encontro Virtual do CONPEDI.

Considerações Finais
Em síntese, um dos objetivos é o destaque à importância da Educação, da Cultura e
dos Direitos Humanos e aproximar os alunos de escolas públicas de ensino médio da
realidade de uma Universidade Pública. A maior dificuldade encontrada no “Direito UENP
vai à escola” tem sido aquela imposta pela pandemia de COVID-19: o distanciamento
social.
O projeto, inicialmente pensado para acontecer de forma presencial nas escolas,
será realizado de forma remota e isso implica diretamente em um maior cuidado com o
público-alvo, visto que o ensino por meio da internet é desigual.
Infelizmente, nem todos os alunos têm acesso efetivo à internet, por isso muitos
estão deixando de acompanhar as aulas remotas e boa parte dos que acompanham também
não dispõem de bons aparelhos para acesso ao conteúdo ministrado à distância. A incerteza
do ensino remoto repercute no âmbito de abrangência dos alunos que serão atingidos pelo
projeto.
A extensão será uma atividade extra para as turmas e, por conta das atividades do
ensino à distância de cada escola, o trabalho para sensibilizar os alunos será redobrado;
meios de contato com a bolsista serão disponibilizados.

299
Referências
BRASIL, Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.
Acesso em: 16 ago. 2021.

MINISTÉRIO DOS DIREITOS HUMANOS. Catálogo 12ª Mostra Cinema e Direitos


Humanos, 2018. Brasília, DF/ Rio de Janeiro, RJ: Instituto Cultura em Movimento, 2018.
92 p. Disponível em:
https://mostracinemaedireitoshumanos.mdh.gov.br/2015/wpcontent/uploads/2018/11/12aM
CDH_Catalogo_site.pdf. Acesso em: 16 ago. 2021.

ONU (Organização das Nações Unidas). Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Disponível em: https://nacoesunidas.org/wp-content/uploads/2018/10/DUDH.pdf. Acesso
em: 16 ago. 2021.

300
DIREITO, REINTEGRAÇÃO SOCIOECONÔMICA E RESSOCIALIZAÇÃO

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenadora: Cláudia Sombrio FRONZA
FURB
Autoras: L. S. SCHMICKLER 1; C. S. FRONZA 2; L. KELNER 3

Resumo:
O projeto de extensão “Direito, Reintegração Socioeconômica e Ressocialização" tem
como objetivo geral promover ações de assessoramento, formação cidadã e educação
continuada ao Conselho de Comunidade de Blumenau e a COOPERCONSTRUÇÃO,
com perspectiva da defesa dos direitos humanos e da ressocialização de apenados e
egressos do sistema prisional de Blumenau. Os métodos utilizados são ações de
mobilização, sensibilização e motivação do público-alvo, articulação, prestação de
assessoria e orientação sobre assuntos pertinentes à organização social e política, estudo
dos contextos sociais, econômicos e culturais do público-alvo. Os resultados alcançados
consistem na mobilização do público- alvo, a melhoria na autogestão, a visibilidade e
capacitação em torno de questões relacionadas a Lei de Execução Penal, ao Sistema
Prisional, Ressocialização e Reintegração socioeconômica, tanto para os empreendimentos,
como equipe docentes, discentes e técnicos em Economia Solidária envolvidos nas ações
do projeto.

Palavras-chave: Ressocialização; Direitos Humanos; Sistema Prisional.

Introdução
Na atualidade, uma das preocupações sociais é o aumento da violência e da
criminalidade. Diante dessa realidade, como resposta, o estado vem encarcerando cada vez
mais. Com o aumento da população carcerária, é necessário repensar estratégias de

1
Luana de Souza Schmickler, discente em Direito, pela Universidade Regional de Blumenau - FURB
2
Claudia Sombrio Fronza, docente no Departamento de Serviço Social, da Universidade Regional
de Blumenau - FURB
3
Lenice Kelner, docente no Departamento de Ciências Jurídicas, da Universidade Regional de Blumenau -
FURB

301
ressocialização e reintegração socioeconômica desses sujeitos.
A ressocialização tem como função amenizar os problemas da população
carcerária, buscando auxiliar na reabilitação dos presos oferecendo oportunidades de
qualificação profissional e novas oportunidades de convívio em sociedade.
A ITCP/FURB, é um programa de extensão universitária que desenvolve ações de
geração de trabalho e renda na perspectiva da Economia Solidária.
O projeto de extensão ‘‘Direito, Reintegração Socioeconômica e Ressocialização’’
é uma ação vinculada à Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares
(ITCP/FURB). Devido aos cuidados e restrições da pandemia do COVID-19, as ações de
formação destinadas a população carcerária previstas foram adaptadas. Pactuou-se entre a
equipe do projeto centrar as ações no assessoramento do Conselho da Comunidade de
Blumenau (CCB) e a COOPERCONSTRUÇÃO.
O Conselho da Comunidade de Blumenau é um órgão do Poder Judiciário,
instituído pela Lei de Execução Penal. Criado em 1998, visa a participação da sociedade na
fiscalização e acompanhamento das condições no sistema prisional e na promoção dos
direitos humanos, através de representantes de diversos segmentos, que atuam de forma
voluntária. Atualmente o Conselho é composto por 15 conselheiros e conselheiras. Na
Comarca de Blumenau contamos com duas instituições de atendimento: Presídio
Regional de Blumenau (PRB) e Penitenciária Industrial de Blumenau (PIB)
O Conselho fiscaliza, propõem medidas e ações que possibilitem aos apenados e
egressos a garantia de seus direitos e a ressocialização, como: educação, trabalho,
alimentação, atendimento à saúde, espiritual, com melhor assistência e vínculo para com
a sociedade.
A COOPERCONSTRUÇÃO, é uma Cooperativa de Trabalho no ramo da
construção civil. Fundada em 2018, é composta por 7 cooperados, que participaram do
percurso formativo ‘‘Voltando ao Mundo do Trabalho’’, ofertado pela ITCP/FURB em
2017. Juntos, os cooperados formam uma equipe profissional que realiza obras em geral,
pintura, reformas, entre outros trabalhos. A ITCP/FURB apoia, assessora e orienta o
empreendimento desde sua formação.
Neste sentido, os objetivos específicos do projeto são: 1) Realizar percurso

302
formativo Direito Humanos, Reintegração Socioeconômica e Ressocialização para os
conselheiros do Conselho da Comunidade da Comarca de Blumenau e equipe
ITCP/FURB; 2) Dar visibilidade e sensibilizar a comunidade universitária e regional
sobre as temáticas direitos humanos, ressocialização e reintegração socioeconômica de
pessoas em privação de liberdade por meio da realização de 1 seminário. 3) Assegurar a
autogestão do empreendimento COOPERCONSTRUÇÃO, a fim de que seus integrantes
possam gerenciar as mais diversas esferas que compõem o empreendimento:
administrativa, econômica, política e interpessoal.

Metodologia
Para viabilizar as ações do projeto, utilizou-se até o momento como recursos
metodológicos reuniões de estudo; reuniões de equipe agendadas pela coordenação do
projeto e pela equipe ITCP/FURB, para planejamento, socialização das atividades
desenvolvidas e avaliação dos resultados obtidos; reuniões de articulação entre os
integrantes do Conselho da Comunidade e COOPERCONSTRUÇÃO; reuniões com o
Comitê Interconselhos de Comunidade; percurso formativo com a temática Direitos
Humanos e o Sistema Prisional; tal como diálogo contínuo com o público-alvo.
Vale ressaltar que para a garantia do distanciamento social necessário durante o
período da pandemia do COVID 19, as reuniões foram realizadas através de serviço de
comunicação por vídeo pelas plataformas Google Meet, Microsoft Teams, e-mails e
conversas online pelo aplicativo WhatsApp.

Desenvolvimento e processos avaliativos


As estratégias de ação são uma construção coletiva, tendo em vista favorecer o
direito ao trabalho e ressocialização desse segmento populacional, bem como a
humanização das penas e qualificação da assistência aos presos.
Neste sentido, as ações desenvolvidas foram a realização de reunião com a equipe
do projeto para pactuação do plano de trabalho em 2020 e 2021; reunião com o Conselho
da Comunidade de Blumenau, para planejamento e pactuação de plano de assessoria do
projeto com o empreendimento, participação nas reuniões mensais com a mesa diretora e

303
do CCB; auxílio na organização documental (relatórios, atas e convocações de
assembleia).
Tal como foi realizado um Seminário sobre "Direitos humanos, ressocialização e
reintegração socioeconômica", com a participação dos integrantes do Conselho da
Comunidade, da equipe ITCP/FURB e comunidade externa; assim como reuniões entre a
equipe do projeto e mesa diretora do Conselho para estudo e considerações de adequação
do novo estatuto social; e a realização de assembleia geral no Conselho da Comunidade
para votação para novo estatuto social.
Outras ações desenvolvidas pelo projeto foram o auxílio na mobilização e
motivação da retomada da articulação do Comitê InterConselhos de Comunidade do
Médio Vale do Itajaí e Arredores, composto pelos Conselhos de Indaial, Brusque, Gaspar,
Pomerode, e apoio da inclusão de novos Conselhos de Balneário Camboriú e Itajaí; a
organização e realização de dois encontros virtuais do Comitê InterConselhos de
Comunidade, e início do processo formativo com o tema ‘‘Direitos Humanos e o Sistema
Prisional’’, ofertado pela equipe do projeto; reuniões de assessoria com o CCB para apoio
na criação das redes sociais do Conselho da Comunidade (Facebook e Instagram), criação
de arte e conteúdo semanais para as redes sociais;
Foi realizada também reunião com a COOPERCONSTRUÇÃO para pontuar
quais são as demandas do empreendimento, a situação contábil e jurídica, e as perspectivas
de ação para 2021. Destaca-se reunião e acompanhamento com cooperado para assessoria
de orientação jurídica em processo penal.

Considerações Finais
As ações contribuem na formação acadêmica dos estudantes envolvidos com
ampliação do universo informacional, leitura crítica da realidade prisional e com a
inclusãodesses temas no meio acadêmico.
Em relação ao grau de alteração da situação problema, destaca-se a visibilidade
das ações do Conselho de Comunidade e incidência sobre a realidade dos apenados e
egressos, em especial no que refere a discussão sobre os direitos humanos e o acesso ao
Sistema de Garantia de Direitos.

304
Referências
FRONZA, Claudia Sombrio. et al. ‘‘Direito, Reintegração Socioeconômica e
Ressocialização.’’Projeto de Extensão. 10 fls. Blumenau, SC, 2021. Disponível em:
<https://www.furb.br/pqex/projeto/buscaProjeto.view?nrAnoProjeto=2019&nrProjeto=72
5>. Acesso em: 29 jul. 2021.

Órgão financidor:
Divisão de Apoio à Extensão (DAEX/FURB)

305
IFRS SOLIDÁRIO: SOLIDARIEDADE SEM FRONTEIRAS

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenador(a) da atividade: Jaqueline Terezinha Martins Corrêa RODRIGUES
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul
– Campus Canoas (IFRS)
Autores: M. VELASQUES1; K. ROSA2; D. LEAL3; P. WACHS4; S.MIGOWSKI5

Resumo:
O IFRS Solidário, em sua 4ª edição, busca contribuir para redução das desigualdades e
inclusão das pessoas atendidas, semeando a solidariedade e facilitando a logística entre
quem quer doar e quem precisa receber. Para isso, vem promovendo campanhas para
arrecadar doações destinadas a entidades que atendem às pessoas em situação de
vulnerabilidade nos municípios do entorno do Campus Canoas. Através de reuniões
periódicas e do diálogo permanente com as instituições parceiras, a equipe realiza o
planejamento e controle das ações. Nesta edição, somadas àquelas realizadas em anos
anteriores, foram realizadas campanhas como a “Solidariedade Sem Fronteiras”,
proporcionando a entrega de itens de higiene e limpeza, graças ao edital para
enfrentamento da Covid-19. Arrecadou-se, ainda, vestuário, para os imigrantes e para
população em situação de rua de Porto Alegre. Outra campanha arrecadou recursos
financeiros possibilitando a entrega de 151 cestas básicas para alunos do benefício
estudantil do campus. A campanha de inverno, tradicional no programa, contou com uma
“Gincana” integrando a extensão com uma disciplina do Curso Técnico em Administração
do campus. Já as campanhas do Dia das Crianças e do Natal contaram com
“apadrinhamentos” de crianças e adolescentes da Casa de Passagem e de familiares dos
servidores terceirizados. Foi realizada campanha inédita de volta às aulas, arrecadando
materiais escolares para as crianças e adolescentes da Casa de Passagem. Outras ações são

________________________
1
Maria Eduarda Silva Velasques, aluna do Curso Técnico em Administração integrado ao ensino médio.
2
Kailaine Eduarda da Rosa, aluna do Curso Técnico em Administração integrado ao ensino médio.
3
Daysa Revelant Leal, aluna do Curso Técnico em Administração integrado ao ensino médio.
4
Priscila Wachs, servidora docente visitante.
5
Sérgio Almeida Migowski, servidor docente.

306
a coleta de tampinhas de plástico e livros para o projeto “Gelotecas” que transforma
geladeiras descartadas em bibliotecas acessíveis às comunidades.

Palavras-chave: solidariedade; Direitos Humanos; planejamento.

Introdução
O Campus Canoas está situado na região metropolitana de Porto Alegre, onde o
índice de vulnerabilidade social apresentou piora entre 2000 e 2010, segundo o Atlas de
Vulnerabilidade Social do IPEA (2015). O índice GINI mede o grau de concentração de
renda, sendo que, em 2010, o GINI de Canoas foi 0,52, como o município ocupando a 368ª
posição entre cidades do Rio Grande do Sul (CANOAS EM DADOS, 2019). Já em relação
ao PIB (Produto Interno Bruto), Canoas ocupa o 3º lugar no RS. Esses indicadores
evidenciam um panorama de desigualdade social na região.
Desde 2017, o programa vem auxiliando entidades que atendem às crianças e
adolescentes em situação de vulnerabilidade, idosos e população em situação de rua.
Canoas tem recebido um número significativo de imigrantes, principalmente haitianos e
venezuelanos, e, em 2019, o IFRS Solidário iniciou o trabalho com o Centro Batista de
Referência em Ação Social (CEBRAS), que atende esses imigrantes.
Ao viabilizar o aprendizado prático dos alunos em relação à divulgação e
organização de campanhas, por exemplo, o programa contribui para o ensino, ressaltando
que “Direitos Humanos” é um tema transversal a todos os cursos, sendo essencial para o
desenvolvimento integral do cidadão. Não raro, as diversas situações encontradas pela
equipe acabam por servir de assunto para discussão e reflexão em sala de aula, o que torna
o aluno mais consciente de seu papel na sociedade. Soma-se a isso, a possibilidade de
realização de pesquisas a partir do levantamento de demandas das entidades.
O objetivo principal do programa é promover ações extensionistas para arrecadação
de doações para atendimento de pessoas em situação de vulnerabilidade na região do
entorno do Campus Canoas. Além disso, o programa visa desenvolver conhecimentos em
gestão e organização de eventos aos estudantes participantes.

307
Metodologia
A equipe do programa contou com 6 servidores docentes, uma aluna bolsista de
extensão e 3 alunos voluntários do Campus Canoas. As reuniões da equipe eram realizadas
periodicamente para planejamento das campanhas, definição das ações e responsabilidades,
materiais de divulgação e avaliação. As atividades contemplam:
a) Planejamento: Contato com entidades para levantamento de necessidades; Definição
da ação (objetivo, período de realização, responsabilidades).
b) Divulgação: Elaboração do material de divulgação; Divulgação das campanhas.
c) Execução: Arrecadação de doações; Separação e organização das doações por tipo,
tamanho e necessidades de cada instituição; Entrega na instituição.
d) Avaliação: Feedback das entidades e autoavaliação da equipe.
Os públicos-alvo das Campanhas em 2020/2021 foram: Imigrantes (CEBRAS);
Crianças e Adolescentes (ACAPASS e familiares de servidores terceirizados); Idosos (Lar
da Fraternidade); Alunos do Campus Canoas que recebem benefício estudantil; População
em situação de rua (Centro de Saúde Santa Marta).

Desenvolvimento e processos avaliativos


As entidades parceiras participam do planejamento das atividades ao informar suas
principais demandas, que são avaliadas pela equipe para elaboração de campanhas. Em
2020 o programa participou do edital específico para enfrentamento da Covid-19 (IFRS,
2020), recebendo recursos para aquisição de materiais de higiene e limpeza, que foram
distribuídos entre 3 instituições, conforme número de pessoas atendidas e necessidades.
Por exemplo, foram adquiridas fraldas infantis para a casa de passagem e fraldas
geriátricas para o lar de idosos. Além disso, foram elaborados materiais sobre prevenção
do Coronavírus em português, inglês e francês que foram distribuídos pelas entidades às
pessoas atendidas.
A turma do 3º ano do Curso técnico em Administração integrado ao ensino médio
do Campus Canoas de 2020, na disciplina Gestão de Pessoas, participou de um “Desafio de
Equipes” visando arrecadar tampinhas, roupas, material de higiene e limpeza. Nessa
atividade, os alunos puderam trabalhar temas como liderança, gestão de equipes,

308
motivação, organização e controle, ao mesmo tempo em que se conscientizaram das
necessidades da comunidade na qual estão inseridos contribuindo, assim, para uma
formação cidadã.
A Campanha de inverno arrecadou roupas, calçados e cobertores que foram
entregues para os imigrantes (CEBRAS) e para a população em situação de rua (Centro de
Saúde Santa Marta). Também foram entregues muitas tampinhas para o CEBRAS e
ACAPASS, para que vendessem para reciclagem, arrecadando algum recurso financeiro.
Adiciona-se a arrecadação de livros para o projeto “Gelotecas”, que transforma geladeiras
em bibliotecas instaladas em locais públicos, com livre acesso à população.
Percebendo o aumento de alunos desempregados e em situação crítica em função
da pandemia, foi realizada uma campanha para arrecadação de recursos via site de
financiamento coletivo e adquiriu-se 151 cestas básicas que foram entregues aos estudantes
do Campus Canoas que recebiam o benefício estudantil nas faixas de maior
vulnerabilidade.
Na Campanha das Crianças e Natal, houve contato com a ACAPASS para obter
informações das crianças e adolescentes, como idade e tamanho de roupa. A mesma
consulta foi feita para os servidores terceirizados do Campus Canoas. Com a lista em
mãos, a equipe organizou a campanha de “apadrinhamento”, para que cada
criança/adolescente recebesse um presente personalizado. Da mesma forma, a ACAPASS
informou as demandas de materiais escolares para as crianças/ adolescentes para a
campanha de volta às aulas.
Ressalte-se que todas as atividades realizadas pelos estudantes foram de forma
remota. Os servidores se envolveram apenas nas entregas, quando essas não podiam ser
realizadas diretamente nas entidades, e com todo os cuidados exigidos pelos protocolos da
pandemia. Essas restrições dificultaram a arrecadação de doações e a realização de mais
atividades em parcerias com as instituições, como cursos e palestras.

Considerações Finais
Considerando as restrições impostas pela pandemia, a equipe do programa IFRS
Solidário soube se reinventar e buscar alternativas para continuar auxiliando as entidades

309
que atendem pessoas em situação de vulnerabilidade na região do Campus Canoas. Foi
possível trabalhar questões relacionadas ao projeto, à gestão de pessoas e organização de
campanhas com estudantes do Campus Canoas. Além de estreitar os laços com as
entidades parceiras, cumprindo o papel institucional de atendimento da comunidade
externa.

Referências
CANOAS EM DADOS. 3ª edição. Disponível em: http://ns1.canoas.rs.gov.br/
uploads/paginadinamica/378747/CANOAS_EM_DADOS_3.pdf. Acesso em: 24 fev. 2019.

IFRS. Edital nº 23/2020 – Apoio a projetos de extensão voltados ao enfrentamento do


coronavírus (Covid-19). Disponível em: https://ifrs.edu.br/editais/ Acesso em: 21 jul.2021.

IPEA. Atlas da vulnerabilidade social nos municípios brasileiros/ editores: Marco


Aurélio Costa, Bárbara Oliveira Marguti. – Brasília: IPEA, 2015.

IPEA. O que é? Índice de Gini. 2004. Ano 1. Edição 4 - 1/11/2004. Disponível em:
http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&id=2048:catid=28.
Acesso em: 24 fev.2019.

Instituição Financiadora:
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul

310
IMPLICAÇÕES DA PANDEMIA NA INTERMEDIAÇÃO DE ACORDOS
EXTRAJUDICIAIS PELO NEDDIJ-UEM

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenadoras da atividade: Amalia Regina DONEGÁ; Ednéia J. M. ZANIANI.
Universidade Estadual de Maringá (UEM)
Autores: G. B. MANDARINO ; N. B. SCANFERLA 2; G. P. BERNARDO 3; L. V.
1

LANZIANI 4.

Resumo:
Diante da importância de se preservar o interesse de crianças e adolescentes, o Núcleo de
Estudos e Defesa de Direitos da Infância e da Juventude (NEDDIJ) vinculado à
Universidade Estadual de Maringá e atuante na mesma comarca, procura estimular, através
da atuação interdisciplinar, a realização de acordos extrajudiciais, método alternativo para
a solução dos conflitos de forma consensual que evita maiores desgastes emocionais e a
morosidade judiciária. Porém, ante a atual situação de pandemia provocada pelo vírus
SARS-CoV-2, os atendimentos prestados enfrentam obstáculos relativos à comunicação
com os usuários. Assim, através do presente trabalho, foram apresentadas reflexões acerca
da elaboração de acordos extrajudiciais durante o período de atendimento remoto,
constatando-se que algumas dificuldades relativas à comunicação são exacerbadas nessa
modalidade de atuação, contudo, o objetivo de continuar prestando assistência à população
e positivando direitos de crianças e adolescentes tem sido preservado.

Palavras-chave: Direitos da infância e da juventude; acordos extrajudiciais; pandemia.

1
Gabriel Beraldi Mandarino, aluno de Psicologia na Universidade Estadual de Maringá e bolsista do
NEDDIJ-UEM; inst. financiadora: SETI/PR.
2
Natalia Bataglini Scanferla, graduada em Direito pela Universidade Estadual de Maringá e advogada
voluntária do NEDDIJ-UEM.
3
Gabriela Pereira Bernardo, aluna de Pós-Graduação em Gestão Pública pela Universidade Estadual de Ponta
Grossa e residente de psicologia do NEDDIJ-UEM.
4
Lara Vitale Lanziani, advogada do NEDDIJ-UEM; inst. financiadora: SETI/PR.

311
Introdução
O Núcleo de Estudos e Defesa de Direitos da Infância e da Juventude (NEDDIJ) da
Universidade Estadual de Maringá (UEM), atuante desde 2006, contempla os três pilares
da educação de nível superior, o ensino, a pesquisa e a extensão, oferecendo assistência
jurídica e psicológica sem custos à população hipossuficiente economicamente, com o
objetivo de garantir à criança e ao adolescente seus direitos fundamentais e servir ao seu
melhor interesse, conforme preconiza o art. 227 da Constituição Federal.
Com o início da pandemia do vírus SARS-CoV-2 no ano de 2020, a equipe do
NEDDIJ-UEM adaptou seus atendimentos para a modalidade remota, passando a fazer uso
dos meios eletrônicos de comunicação, tais como, telefone móvel, mensagens por
aplicativos e mídias sociais. Contudo, o atendimento remoto trouxe dificuldades no tocante
à forma de comunicação adotada, o que, em certa dose, acabou prejudicando a realização
de acordos extrajudiciais. O objetivo deste trabalho, portanto, é refletir acerca do
procedimento adotado para a execução do trabalho e sua implicação para a realização de
acordos extrajudiciais, com vistas a oferecer qualidade nos atendimentos prestados à
população.

Metodologia
Os atendimentos iniciais da população que busca pelos serviços oferecidos pelo
NEDDIJ-UEM são, por regra, realizados presencialmente por dois estagiários, sendo um
estudante de Direito e outro de Psicologia. Nesse sentido, quando se inferia a possibilidade
de realização de acordo extrajudicial frente a situação apresentada, ou quando a procura já
se dava especificamente com esse interesse, todas as partes envolvidas eram convidadas à
sede do Núcleo, onde dúvidas eram sanadas, e o acordo era redigido, assinado, e
posteriormente protocolado para homologação judicial. Entretanto, com a pandemia, todos
os atendimentos passaram a ser realizados através de mensagens de texto ou chamadas
telefônicas, implicando em mudanças na dinâmica de trabalho que exigem constantes
adaptações da equipe e impõem limitações à realização de um acordo extrajudicial.

312
A partir do viés qualitativo, tomando como base a vivência da equipe, pretende-se
uma análise capaz de demonstrar as possibilidades e impossibilidades impostas pela
modalidade remota de atendimento na realização de acordos extrajudiciais.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Dispõe o artigo 5º, inciso XXXV da Constituição Federal que a “lei não excluirá da
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. Já o artigo 3º do Código de
Processo Civil determina que juízes, advogados, defensores públicos e membros do
Ministério Público, estimulem a prática dos métodos consensuais de resolução de conflitos.
Em atenção às normas citadas, o NEDDIJ-UEM procura estimular, na medida do
possível, o acordo extrajudicial, respeitando-se as convenções instauradas voluntariamente
pelas partes envolvidas, o que não gera discussão judicial e evita a morosidade judiciária
com maiores desgastes emocionais. Os ajustes formais são intermediados por um terceiro
que não integra o litígio, pertencente a equipe do NEDDIJ-UEM, sendo requisito básico
para a concretização dos acordos, a disposição dos envolvidos ao diálogo saudável e
efetivo, antepondo sempre os interesses dos infantes.
É fato que para se alcançar a efetivação dos métodos consensuais de resolução de
conflitos no direito de família, se faz necessário seguir algumas diretrizes que se encontram
dispostas, principalmente, na Lei nº 13.140/2015. Assim, para se realizar um acordo
através da intermediação do NEDDIJ-UEM, é necessária a homologação judicial do ajuste
realizado, diante do interesse do incapaz, na forma preconizada pelos artigos 3º, §2º da lei
aludida e 178, inciso II do CPC. Por sua vez, o acordo extrajudicial, quando homologado, é
válido como título executivo judicial, podendo ser, inclusive, objeto de execução em
consonância com o artigo 515, inciso III do CPC. Eis, portanto, a importância da referida
sentença homologatória de acordo.
Compete aos advogados e estagiários de Direito, durante a fase negocial, oferecer
os esclarecimentos jurídicos e realizar análises fáticas sobre as vontades manifestadas pelas
partes, mantendo a coerência com a norma. Os psicólogos e estagiários de Psicologia, por
sua vez, analisam a realidade contextual e dinâmica da família, acolhendo, sensibilizando,
provocando reflexões e facilitando o diálogo entre as partes envolvidas. Ressalta-se que

313
toda a equipe prioriza, unicamente, o melhor interesse do(s) infante(s) em questão,
evidenciando a importância da comunicação acolhedora com a família assistida.
Entretanto, a constatação resultante da prática exercida pelo grupo de trabalho do
NEDDIJ-UEM é que o período de pandemia tem dificultado o diálogo efetivo com as
partes. Quando questionados, os usuários preferem que a equipe exerça a comunicação,
exclusivamente, com a outra parte para uma tentativa de acordo. Dessa forma, as principais
dificuldades encontradas estão interrelacionadas, sendo elas: a falta de diálogo acerca dos
termos entre os possíveis acordantes, a desconfiança de uma das partes quanto ao contato
do estagiário e, o prejuízo na escuta, acolhimento e estabelecimento de um vínculo de
confiança com os usuários – marcas que consolidam o trabalho como referência de
assistência. Ademais, fica prejudicada a análise interdisciplinar de cada caso, visto que a
escuta remota, em geral, é realizada por apenas um estagiário.
Diante destas problemáticas enfrentadas, tem-se priorizado, salvo nos casos em que
o acordo extrajudicial é de iniciativa voluntária dos usuários, a tentativa de realizar tais
acordos em fase judicial, durante a audiência de conciliação, momento em que as partes
estão acompanhadas por profissionais mediadores do Centro Judiciário de Solução de
Conflitos e Cidadania (CEJUSC), bem assim, por advogados do NEDDIJ. Esse tipo de
resolução amigável, que não integra o foco do presente estudo, tornou-se frequente nos
casos em que o NEDDIJ-UEM atua.

Considerações Finais
O acordo extrajudicial possui diversos aspectos positivos para a solução de
conflitos, evitando possíveis desgastes durante um processo judicial. Apesar do NEDDIJ-
UEM não contar com mediadores, isso não restringe o acesso a esse modelo de
negociação, sendo este, na medida do possível, estimulado pela equipe interdisciplinar.
Admite-se a ocorrência de prejuízos aos interesses das partes diante do atendimento
realizado de forma remota, se comparado ao presencial. Entretanto, conclui-se que diante
da responsabilidade social assumida pelo NEDDIJ-UEM, a continuidade do trabalho é de
suma importância, ainda que não realizado pela via convencional e considerada a forma
ideal. Assim, as alternativas encontradas frente às dificuldades de realização dos acordos

314
extrajudiciais permanecem atendendo os propósitos de manutenção de assistência à
população, sobretudo ao melhor interesse de crianças e adolescentes, bem como,
contribuindo para a formação dos profissionais e acadêmicos que integram o NEDDIJ.

Referências
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em 22 jul.
2021.

BRASIL. Lei Nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Disponível


em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em
25 jul. 2021.

BRASIL. Lei Nº 13.140, de 26 de junho de 2015. Lei da Mediação. Disponível em:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13140.htm. Acesso em 25
jul. 2021.

315
O DIREITO ACHADO NA EXTENSÃO: A PERSPECTIVA DAS FAKE NEWS
ENTRE OS IDOSOS DE SANTA MARIA/RS

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenador da atividade: Rafael Santos de OLIVEIRA
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
Autores: I. RAMOS ; B. BASTOS 2; I. SILVA 3; L. DRUZIAN 4; H. CORTINA 5; H.
1

DUARTE 6.

Resumo:
O Centro de Estudos e Pesquisas em Direito e Internet da Universidade Federal de Santa
Maria, por estar sempre inserido em debates sobre a intersecção do direito com o ambiente
digital, preocupou-se com a onda de desinformação que foi alavancada pela pandemia da
COVID-19 e que afeta de forma especial a população idosa, em razão do pouco
conhecimento sobre a operacionalidade da rede. Dessa forma, e considerando o acesso do
grupo à Escola Municipal Duque de Caxias, localizada em Santa Maria/RS, objetivou-se
informar e alertar os idosos sobre a disseminação de notícias falsas na internet, utilizando-
se de práticas extensionistas e de recursos digitais. Para tanto, foi criado um chatbot
operacionalizado por meio da plataforma Facebook para interagir com os avós e pais dos
alunos da Escola e possibilitar a troca de conhecimentos através de vídeos e textos curtos,
configurando uma abordagem exploratória que culminou na elaboração de um
questionário, para verificar se ocorreram mudanças no comportamento despendido na
internet e se houve a absorção de conhecimentos pela população analisada. Por fim, foi
possível concluir que os alunos da Escola demonstraram interesse no tema da
desinformação, mas o mesmo não pode ser dito dos pais e avós, uma vez que poucos
participaram das interações com o chatbot e, posteriormente, no formulário. Entretanto,

1
Isadora Palmeiro Ramos, aluna da graduação em Direito.
2
Bruna Bastos, doutoranda em Direito/UNISINOS.
3
Isabela Pradebon da Silva, aluna da graduação em Direito.
4
Luiza Londero Druzian, aluna da graduação em Direito.
5
Henrique Cortina, aluno da graduação em Direito.
6
Hendrisy Araujo Duarte, mestranda em Políticas Públicas/UNIPAMPA.

316
dentre aqueles que interagiram, foi possível perceber uma mudança no comportamento nas
redes sociais, de modo que o objetivo da ação extensionista foi atingido.

Palavras-chave: Chatbot; Desinformação; Idosos.

Introdução
A popularização da internet, inicialmente criada para ser um meio de comunicação
resistente entre pequenas redes locais, permitiu o fenômeno da comunicação em massa e a
construção de novos modelos de organização social e econômica. Nesse sentido, é
consabido que a evolução da mídia, além de possibilitar o acesso célere a determinados
conhecimentos, serve como meio para a propagação de fake news, assunto que se tornou
ainda mais relevante a partir do ano de 2014 com as eleições presidenciais brasileiras.
Entretanto, com a pandemia da COVID-19, a disseminação de notícias falsas na internet
tomou novas proporções, especialmente pelo Brasil ter sido considerado o país que mais
acredita nas ondas de fake news sobre o novo coronavírus, enfrentando o que se denomina
de infodemia (epidemia de desinformação).
Um ponto que merece destaque é que, entre a faixa etária que mais compartilha
essas informações falsas, pessoas acima de 65 anos de idade repassam sete vezes mais
notícias no Facebook do que jovens, situação potencializada pelo fato de que os idosos são
integrantes de um dos grupos de risco apontados pela Organização das Nações Unidas para
a Educação, a Ciência e a Cultura. Assim, fica claro que eles são os mais afetados pela
infodemia, motivo pelo qual a sua abordagem como público-alvo é necessária,
especialmente quando o objetivo é a conscientização. Tendo em conta essa delimitação,
pretendeu-se responder ao seguinte questionamento: como viabilizar a interação dialógica
por meio de ações extensionistas on-line que visem combater a divulgação de informações
falsas compartilhadas por idosos sobre a COVID-19?
Para tanto, objetivou-se criar formas práticas extensionistas on-line que
possibilitem, de forma inovadora e transformadora, informar e alertar os idosos sobre a
disseminação de notícias falsas na internet. Esse estudo vinculou-se ao projeto de extensão
O Direito Achado na Web, do Centro de Estudos e Pesquisa em Direito e Internet

317
(CEPEDI) da Universidade Federal de Santa Maria, que trabalha com os riscos e as
oportunidades no ciberespaço por meios educomunicativos, cunhados pela
indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. Todos os atores da ação extensionista
são pesquisadores do CEPEDI.

Metodologia
Para tanto, foi utilizada a metodologia de abordagem de caráter exploratório, a
partir do mapeamento de como os idosos da comunidade circundante à Escola Municipal
de Ensino Fundamental Duque de Caxias de Santa Maria/RS, onde o CEPEDI realiza
atividades extensionistas, utilizam as redes sociais. Dessa forma, o público-alvo escolhido
foram os idosos que são pais ou avós dos alunos do 4º ano do Ensino Fundamental da
referida Escola. Para atingir essas pessoas, foi feita uma palestra, na plataforma Google
Meet, com os alunos escolhidos, explicando a importância da atividade e encorajando-os a
incluir os familiares na abordagem desenvolvida pelo grupo.
Além disso, a interação com a faixa-etária ocorre por meio de um chatbot,
desenvolvido exclusivamente para essa atividade com o intuito de possibilitar a troca de
conhecimentos de forma didática e acessível. Através desse chatbot e das interações com o
público-alvo, foram disponibilizados quatro vídeos interativos sobre os impactos da
divulgação de fake news na internet, os mitos e as verdades em relação às notícias falsas
sobre o novo coronavírus, as formas de identificar as fake news e um tutorial de como agir
quando os demais usuários da rede propagam notícias falsas. O chatbot ainda teve
comandos para trazer conceitos rápidos e curtos, explicando o que são essas notícias falsas,
como elas são propagadas e de que forma estão ligadas à pandemia da COVID-19.
Ao final, dez dias após o último vídeo, encaminhou-se um formulário de perguntas
e respostas, indagando ao grupo que interagiu com o chatbot se perceberam mudanças nos
seus comportamentos na internet e com o intuito de observar os conhecimentos adquiridos
por eles através da atividade extensionista desenvolvida.

Desenvolvimento e processos avaliativos

318
Conforme mencionado anteriormente e considerando o objetivo da ação
extensionista proposta e relatada nesse trabalho, as atividades consistiram em uma palestra
com os alunos do 4º ano do Ensino Fundamental da Escola escolhida, onde os participantes
conversaram com as crianças para explicar, de forma acessível e simples, o problema das
fake news e da desinformação, encorajando-os a passar esse conhecimento para os
familiares e incentivá-los a participar da atividade proposta. Os alunos foram todos muito
receptivos e participaram ativamente da palestra.
No tocante ao público-alvo, qual seja os familiares idosos desses alunos, a
experiência foi um pouco diferente, uma vez que eles não demonstraram tanto interesse em
fazer parte das atividades propostas. Poucos foram aqueles que procuraram o chatbot para
interagir e aprender mais sobre o assunto proposto, o que trouxe algumas dificuldades em
relação à execução da ação. Entretanto, dentre os que participaram, foi possível perceber
que aproveitaram o momento de aprendizagem e de interação, uma vez que ficaram
bastante tempo na plataforma e assistiram a todos os vídeos disponibilizados. Dessa forma,
apesar de o espectro de impacto ter sido um pouco menor do que o planejado, a ação não
deixou de atingir seus objetivos de conscientização e de aprendizagem colaborativa.

Considerações Finais
Diante de todo o exposto, esperava-se manter a interação dialógica da UFSM e do
CEPEDI para com a comunidade santa-mariense, valendo-se do contato com diferentes
parcelas da sociedade civil e fomentando a transferência de tecnologia em práticas
educacionais de excelência. Frente ao que foi viabilizado pelo projeto de extensão em
comento, é possível dizer que esse objetivo foi alcançado, uma vez que as pesquisas e os
estudos sobre desinformação desenvolvidos na Instituição foram compartilhados com a
comunidade circundante da Escola Municipal Duque de Caxias, atingindo professoras,
alunos e familiares de forma prática e acessível.
O objetivo previsto para a atividade era de que os idosos se tornassem capazes de
identificar notícias falsas quando estivessem utilizando as redes sociais, além de alertar aos
demais cidadãos sobre os desdobramentos da desinformação e reduzir o número de
compartilhamentos de informações errôneas nas redes sociais. Considera-se que esse

319
objetivo também foi atendido, apesar de ter sido dificultado pela baixa adesão do público-
alvo às atividades propostas, uma vez que as respostas ao questionário aplicado ao final da
ação demonstraram a percepção sobre a importância do tema e de se ter cuidado quando
estiver interagindo nas redes sociais virtuais.
Por fim, percebeu-se que houve um ganho acadêmico considerável para os alunos
inseridos na atividade extensionista e para o grupo como um todo, uma vez que foi
possível manter a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, além de
compartilhar as pesquisas que são desenvolvidas com outros membros da comunidade
local, iniciando uma alteração importante na forma como o público-alvo percebe o
compartilhamento de informações pela internet e interage com o ambiente digital,
possibilitando uma proteção maior em relação aos riscos e descontroles do ciberespaço.

320
INTERSETORIALIDADE E INTERSECCIONALIDADE: O TRABALHO EM
REDE NO ATENDIMENTO A MULHERES EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenador(a) da atividade: Kátia Alexsandra dos SANTOS
Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO)
Autores: K. A. SANTOS 1ZARPELLON, B. C. O. 2; SANTOS, F. S. S. 3.

Resumo:
A intersetorialidade e a interseccionalidade têm sido considerados conceitos-chave para se
pensar o atendimento a mulheres em situação de violência. Desse modo, este trabalho teve
como objetivo discutir a operacionalização desses conceitos nos atendimentos realizados
em um projeto de extensão- Núcleo Maria da Penha-, em um município de médio porte do
interior do Paraná. A partir desta escrita, concluímos que há diversos desafios para se
efetivar um atendimento em sua integralidade, mas a atuação ética e comprometida é
essencial para o combate à violência e a garantia de direitos das mulheres.

Palavras-chave: Violência contra as mulheres; Intersetorialidade; Interseccionalidade.

Introdução
A violência contra a mulher é um fenômeno complexo, multicausal e estrutural e,
por conta disso, demanda atuação articulada de diversos setores a fim de lidar com todos
os desafios envolvidos. Para tanto, há a Rede de Enfrentamento à Violência contra as
Mulheres, que envolve instituições e serviços tanto governamentais quanto não
governamentais e comunidade, com o propósito de desenvolver atividades preventivas,
políticas que assegurem os direitos e a autonomia das mulheres, garantia de atendimento

1
Kátia Alexsandra dos Santos, professora adjunta do curso de psicologia, coordenadora do Núcleo Maria da
Penha, SETI/UGF
2
Bianca Carolline Oconoski Zarpellon, psicóloga, ex profissional recém formada do Núcleo Maria da Penha,
SETI/UGF.
3
Fernanda Sabei de Souza Santos, estagiária de Psicologia no Núcleo Maria da Penha, SETI/UGF, acadêmica
de Psicologia na UNICENTRO.

321
especializado para mulheres em situação de violência e responsabilização dos(as)
agressores(as) (BRASIL, 2011).
Cada rede possui suas especificidades a depender da realidade do município e dos
serviços que se fazem presentes nesse território. Neste trabalho, discutiremos acerca da
Rede de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres do município de Irati, localizado na
região Sudeste do Paraná, a 152 km da capital do estado. Segundo a projeção do IBGE,
Irati teria em 2020 aproximadamente 61.088 habitantes, caracterizando-se como município
de médio porte.
Em Irati, a Rede de Atendimento às Mulheres é composta por Conselho Municipal
de Políticas Públicas para Mulheres, Centro de Referência Especializado em Assistência
Social (CREAS), Serviço de Abordagem Social, Casa de Apoio à Mulher em Situação de
Violência, Patrulha Maria da Penha, Núcleo Maria da Penha (NUMAPE), Delegacia de
Polícia Civil, Rede de Saúde (contudo, não há Instituto Médico Legal-IML- ou serviço
especializado de atendimento às mulheres) e Judiciário, sendo que não há Vara de
Violência Doméstica.
O objetivo deste trabalho é explicitar os desafios do trabalho em rede,
problematizando as noções de intersetorialidade e interseccionalidade como pontos
centrais do atendimento a mulheres em situação de violência.

Metodologia
Este trabalho refere-se a um relato de experiência a partir da atuação desenvolvida
no Núcleo Maria da Penha - NUMAPE Irati. Trata-se de um projeto de extensão que faz
parte da rede de enfrentamento a violência contra as mulheres, ofertando gratuitamente o
atendimento psicológico individual e a assistência jurídica. O atendimento psicológico
acontece através da psicoterapia breve que se caracteriza enquanto um atendimento
pontual, com vistas no acompanhamento e fortalecimento da mulher visando romper com a
situação da violência e o atendimento jurídico enquanto orientação acerca dos direitos das
mulheres e representação jurídica em ações que se fizerem necessárias para o rompimento
com a situação de violência e garantia de seus direitos.

322
Desenvolvimento e processos avaliativos
A intersetorialidade é uma prática de gestão que possibilita estabelecer trocas de
saberes e partilha na tomada de decisão entre diversas instituições e setores da sociedade,
articulando políticas públicas a fim de conduzir e solucionar questões complexas (SILVA,
et al, 2014). Assim, entende-se também que um atendimento integral compreende as
condições físicas, emocionais, sociais e culturais, além da compreensão da saúde a partir
de seus determinantes e condicionantes, sendo estes “a alimentação, a moradia, o
saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a atividade física, o
transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais” (BRASIL, 1990).
Desse modo, é possível compreender a importância de protocolos e diretrizes de
atuação que orientem o funcionamento da rede de enfrentamento a violência, buscando
garantir a integralidade do atendimento, por meio da organização de um fluxo de
atendimento, do encaminhamento dos casos, da atuação articulada e intersetorial, uma vez
que casos mais complexos exigem resoluções que não passam somente por um serviço.
A escuta qualificada é um dispositivo de grande importância para a promoção de
um acolhimento humanizado, comprometido e ético, compreendendo o sujeito atendido na
sua integralidade e estando sensível a tudo que é expresso por este(a), sem que ocorram
constrangimentos nesse processo (SANTOS, 2019). Por conta disso, faz parte da escuta
qualificada considerar a singularidade e a integralidade da pessoa atendida, demandando
também que se leve em consideração os marcadores sociais que se fazem presentes em
cada caso, a fim de que se possa realizar um bom acolhimento e construir intervenções
mais eficazes, a partir da realidade de cada usuária.
Além disso, quando falamos em atendimento às mulheres, um dos primeiros pontos
a se ter cuidado é a universalização da noção de mulher a partir de uma perspectiva branca
e ocidental, desconsiderando outras realidades e particularidades raciais, étnicas,
econômicas, culturais e religiosas. Portanto, cada mulher vivencia as relações (seja em
âmbito afetivo, familiar, político, cultural ou organizacional), assim como as possíveis
violências destes espaços, de modo distinto.
O conceito de interseccionalidade objetiva evidenciar a interação e a sobreposição
de gênero, raça, classe, além de outros marcadores como orientação sexual, identidade de

323
gênero, idade, etnia, localidade, deficiência, escolaridade, entre outros, que podem
promover desigualdades, discriminações e violências (AKOTIRENE, 2019).
Sendo assim alguns dos fatores que temos percebido nas mulheres atendidas no
projeto, são principalmente gênero, classe, idade, condições de saúde e território. Olhando
para o trabalho do Núcleo em seus quatro anos de atuação, percebemos que não temos tido
demandas de mulheres negras, mulheres indígenas, mulheres transsexuais, mulheres
lésbicas ou bissexuais e nem mulheres em situação de rua. Acreditamos que haja uma
relação com a dificuldade de acesso dessas mulheres, além da invisibilidade que pode fazer
com que elas não se sintam convocadas a buscar os serviços da rede. A própria Lei Maria
da Penha opera através de uma lógica universalizante, se pautando na violência doméstica,
ao passo que mulheres lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais são mais agredidas em
espaços públicos por desconhecidos, assim como as mulheres em situação de rua são
desconsideradas.
Também, a cultura local do município, pela lógica patriarcal e cristã, tende a ter
posicionamentos machistas, de naturalização da violência e de culpabilização das
mulheres, fator que interfere nos serviços pois essa lógica pode ser reproduzida, momento
em que a escuta é prejudicada e se destaca a violência institucional. Além disso,
questionamos a própria distância que se coloca em decorrência da localização do
NUMAPE, cerca de nove quilômetros do centro da cidade, entendendo também que o
acesso ao transporte também é uma problemática que dificulta a circulação das mulheres
para buscarem os serviços. Por esses motivos, muitas vezes os casos só chegam quando há
uma violência mais grave ou quando ocorre violação dos direitos da criança e/ou
adolescente.
Considerações Finais
Este trabalho buscou discutir acerca dos desafios do atendimento à mulher em
situação de violência de modo integral, a partir da compreensão dos diversos marcadores
que podem compor a existência da mulher assim como os diferentes serviços em que ela
pode acessar, possibilitando um trabalho que opera através da interseccionalidade e da
intersetorialidade. A própria localização e o contexto cultural em que o projeto está
inserido traz uma série de dificuldades para o enfrentamento à violência contra a mulher.

324
Todavia, destacamos que uma atuação ética e comprometida com as demandas sociais é
essencial para que seja feito o combate à violência e a garantia de direitos das mulheres.

Referências
AKOTIRENE, Carla. Interseccionalidade. São Paulo: Sueli Carneiro; Polén, 2019.
BRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a
promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços
correspondentes e dá outras providências. Brasília, 1990. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm>. Acesso em: 03 ago. 2021.
BRASIL. Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres. Rede de enfrentamento à
violência contra as mulheres. Brasília: 2011. Disponível em:
<https://www12.senado.leg.br/institucional/omv/entenda-a-violencia/pdfs/rede-de-
enfrentamento-a-violencia-contra-as-mulheres>. Acesso em: 03 ago.2021.
SANTOS, Angelica. Escuta qualificada como ferramenta de humanização do cuidado em
saúde mental na Atenção Básica. APS EM REVISTA, 170-179, 2019.
SILVA, Kênia Lara et al . Intersetorialidade, determinantes socioambientais e promoção da
saúde. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro , v. 19, n. 11, p. 4361-4370, nov. 2014.

325
LÍBERA: CÍRCULOS, CICLOS E FEMINILIDADES

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenador(a) da atividade: Neila SPEROTTO
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul
- Campus Rolante (IFRS)
Autores: K. R. S. WATHIER 1; L. PIMENTEL 2.

Resumo:
O presente trabalho discorre sobre a atuação e o desenvolvimento do projeto de extensão
Líbera: Círculos, Ciclos e Feminilidades, tendo como intuito socializar a experiência
desenvolvida no período de setembro de 2020 a março de 2021, no IFRS-Campus Rolante.
O projeto tem como propósito resgatar os saberes das mulheres sobre suas feminilidades,
pois a hipótese abordada é que foram invisibilizadas, diante da urgência em pautar no
debate político a igualdade de direitos. Já é comprovado que nós, mulheres, somos seres
com as mesmas condições de trabalho que os homens, mas, defendemos que temos
peculiaridades, referentes às nossas condições biológicas, que nos diferem e precisam ser
reconhecidas. O recorte que escolhemos para o estudo e práticas neste período foi a
menstruação, pois no universo das mulheres jovens este é ainda um tema tabu, sendo
considerado um problema íntimo somente das mulheres, sem que a sociedade discuta as
privações de direitos que mulheres pobres sofrem por não poderem comprar absorventes.
O principal desafio enfrentado pelo projeto foi encontrar formas para garantir o espaço de
troca de saberes sobre as feminilidades, em um momento de pandemia, quando a ordem é
manter-se afastados. Foi explorado como possibilidade o ambiente virtual, e então, as
ações do projeto foram adaptadas para uma metodologia ancorada nas ferramentas das
redes sociais, na comunicação e interação com a comunidade.

Palavras-chave: feminilidades; Direitos Humanos; justiça social.

1
Kauana Rafaela Souza Wathier, aluna do curso Técnico em Administração Integrado ao Ensino Médio.
2
Luzângela Pimentel, aluna do curso Técnico em Agropecuária Integrado ao Ensino Médio.

326
Introdução
O projeto Líbera representa um movimento de empoderamento das mulheres para o
resgate do reconhecimento da natureza do feminino, sob sua mais livre e consciente
expressão de ser. Na tentativa da sociedade de invisibilizar as feminilidades, temos notado
o uso de uma série de medicações com grandes efeitos colaterais, sendo impostas às
mulheres para o controle da natalidade, por exemplo, onde o ônus dos hormônios recai
sobre o corpo da mulher, causando doenças como o câncer e entre outras. Drogas são
propagandeadas pela indústria farmacêutica que denomina, algo que é natural, como
sintomas indesejados do período menstrual, faturam muito para esconder que neste período
a mulher tem estas manifestações, que estas são normais e que podem ser aliviadas com
outras práticas que não sejam a medicalização. A menstruação é uma destas condições
naturais que podem causar prejuízos às mulheres de baixa renda, sem dinheiro suficiente
para adquirir absorventes e isto pode ocasionar em faltas nas disciplinas acadêmicas ou
faltas ao trabalho.
No Campus Rolante, foram coletados dados de atendimentos da assistência
estudantil, onde revelam que muitas ausências nas aulas são resultado da falta de
absorventes ou de dor/desconforto. Em um cenário pandêmico, o projeto teve de ser
reestruturado. O estudo da Política de Extensão do IFRS, nos permitiu pensar de que forma
poderíamos nos aproximar da comunidade. E então, foi decidido que o projeto atuaria
através do ambiente digital. O projeto se caracteriza como extensão, no entanto, ele
também pode perpassar pelo ensino, na produção de conhecimentos e no compartilhamento
de aprendizados. A relação com a pesquisa é feita a partir de formulários, com fins de
conhecer o público e no momento de construção dos cards.
A pesquisa e a revisão de literatura sobre assuntos nos permitiram criar conteúdos
com uma linguagem própria e acessível. O objetivo principal do projeto é garantir um
espaço onde as mulheres possam falar sobre assuntos que são considerados tabus, acessar
saberes ancestrais e científicos, para que não pensem que suas reações e alterações de
humor no período menstrual são loucuras, possam ter uma postura de autocuidado em
relação às suas feminilidades e defenderem-se das violências que são expostas pela
condição de ser mulher.

327
Metodologia
Com as atividades acadêmicas paradas em todo o Brasil, os projetos tiveram que se
adaptar e inovar no modo como as atividades eram propostas. O projeto Líbera atua de
forma remota, via rede social, tornando assim as informações mais acessíveis e inclusivas.
Nosso primeiro contato com a comunidade foi a elaboração de um questionário, no google
forms, com o intuito de delimitar o público-alvo do projeto. Tivemos sucesso para obter
resultados, o questionário foi respondido por 52 mulheres, e com isso, definimos que
seriam mulheres de 13 a 24 anos. Com o público-alvo definido, criamos uma página no
Instagram e passamos a desenvolver os principais assuntos e temáticas dos cards a partir
das respostas do questionário, que também fizeram referência ao desconhecimento sobre a
quantidade de lixo gerado pelas mulheres no período menstrual e os investimentos
necessários para garantir a compra de remédios e absorventes.
Os cards publicados abordaram assuntos como relacionamento tóxico e abusos,
autocuidado e suas variações, amor próprio e dicas para auxiliar as mulheres durante seus
ciclos menstruais. Em articulação com o cronograma do NEPGS (Núcleo de Estudos e
Pesquisas em Gênero e Sexualidade) foi elaborado uma programação especial para o mês
da mulher, chamada de “Líbera absorvendo o tabu”, com o intuito de abordar assuntos que
ainda são considerados tabus por muitas pessoas.
Para que conseguíssemos divulgar e ter acesso à feedbacks sobre o uso de métodos
alternativos durante a menstruação, fizemos também uma parceria com os homens que são
professores/servidores do campus, que se mostraram proativos e doaram alguns coletores e
absorventes ecológicos para serem sorteados na página do projeto. O sorteio é uma
estratégia utilizada nas redes sociais para garantir que as publicações tenham um maior
alcance, desta forma passamos a sortear toda semana do mês de março, coletores
menstruais, absorventes ecológicos e kits de autocuidado. Através das redes sociais
conseguimos ter acesso a outros dados, tais como quem curtiu os cards, quem comentou e
quantos compartilhamentos teve. A dinâmica dos sorteios realizados consistia em que a
participante curtisse o card publicado, marcasse duas amigas nos comentários e estivesse
seguindo a página do NEPGS e do Projeto Líbera nas redes sociais.

328
Desenvolvimento e processos avaliativos
Em cada card, optamos por abordar uma perspectiva de garantir uma reflexão sobre
os temas, e que isto parecesse um diálogo entre duas mulheres. Em relação às crenças/
tabus que nos impedem de falar sobre nossas feminilidades e nossas feridas abertas pela
falta de reconhecimento das nossas questões biológicas. As respostas que recebemos nos
fazem acreditar que um processo de tomada de consciência sobre a necessidade de resgate
das feminilidades e o encontro deste espaço para poder falar, têm ajudado muitas mulheres.
Foram trinta dias quebrando o tabu, no mês de março de 2021, foram trinta dias de
indagações, informações e contato com as participantes através das redes sociais do
projeto. Foi possível alcançar o público-alvo e, além disso, ampliamos nosso alcance para
outros municípios da região do Campus. E isto, certamente, não seria possível se o projeto
estivesse sendo desenvolvido presencialmente, portanto, avaliamos o uso do ambiente
virtual como positivo.

Considerações Finais
O perfil para o projeto na rede social Instagram, facilitou nossa aproximação
com o público, conseguimos transmitir nossos conhecimentos e criamos um ambiente
confortável para as mulheres compartilharem experiências e opiniões. Podemos destacar
também que aos poucos as mulheres vêm se apropriando de seus direitos, entendendo que
seus problemas, que antes pensavam ser só delas, na verdade são problemas sociais, os
quais exigem justiça social, redistribuição e rede de apoio com práticas para melhorar as
suas condições de saúde física/mental, isso sem o uso de remédios e drogas produzidas
pela indústria farmacêutica.
Com o apoio dos servidores do campus, conseguimos sortear 3 coletores e 3 kits de
absorventes ecológicos. Na continuidade do projeto teremos os testemunhos das mulheres
que, agora, através deste sorteio realizado, tiveram acesso a estes meios alternativos de
coletar a sua menstruação, e isso sem impactar o meio ambiente.

329
Referências
ESTES, Clarissa Pinkola. Mulheres que correm com os lobos. Rio de Janeiro: Rocco,
2014.

VIANNA, Adriana. Mulheres, Plantas e Ciclos. Apostila de curso online, 2020.

ABSORVENDO O TABU. Direção: Rayka Zehtabchi. Produção: Netflix. Estados Unidos,


2018.

Instituição Financiadora:
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul

330
MENINAS HIGH-TECH: EM BUSCA DA IGUALDADE DE GÊNERO NAS
ÁREAS DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenadora da atividade: Vanessa PETRÓ
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul
- Campus Feliz (IFRS)
Autores: I. H. MENDES 1; T. de O. PUCCIO 2

Resumo:
Há décadas a desigualdade e a discriminação conforme o gênero vem sendo debatidas,
entretanto, ainda há inúmeras barreiras no mundo acadêmico e do trabalho no que se refere
à participação das mulheres na ciência e na tecnologia. O objetivo do projeto é promover
reflexões e ações sobre a participação feminina na ciência e na tecnologia, buscando
incentivar a atuação das meninas nessa área. Devido a pandemia de Covid-19, as ações são
feitas através das redes sociais do projeto, que incluem publicações e lives relacionadas à
tecnologia e gênero. As ações indicam para um despertar da comunidade em relação ao
tema, muitas vezes naturalizado.

Palavras-chave: tecnologia; gênero; desigualdade.

Introdução
As mulheres, ao longo da história, têm encontrado dificuldades de se inserirem no
campo da ciência e tecnologia, realidade que perdura até os dias atuais. Segundo a
Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (PNAD, 2016), o Brasil possui mais de 580
mil profissionais na área de TI, sendo apenas 20% mulheres [1].
São apontadas como grandes influenciadoras e causadoras desta sub-representação
feminina na área, entre outras, a falta de preparação científica dos professores, falta de
experiências positivas das mulheres com a área desde a infância, a falta de
representatividade de mulheres na ciência e na tecnologia, currículos irrelevantes para as

1
Isabela Hadres Mendes, aluna do Curso Técnico em Meio Ambiente Integrado ao Ensino Médio.
2
Taiane de Oliveira Puccio, aluna do Curso Técnico em Informática Integrado ao Ensino Médio.

331
mulheres, pedagogia de ensino das ciências em favor do sexo masculino, “ambientes frios”
para as mulheres nas aulas de ciências, pressão cultural sobre as mulheres para se
ajustarem aos papeis tradicionais de gênero e uma visão inerente do mundo masculino na
epistemologia científica [2].
A falta de representatividade e incentivo feminino de ingresso e permanência na
área da TI foi primeiramente percebido no próprio Campus Feliz do IFRS. Em dados
recolhidos pelo “Projeto de Pesquisa Gênero e Justiça: uma análise sobre a trajetória
profissional e acadêmica de meninas na área da Informática”, foi identificado que 149
estudantes concluíram o curso Técnico em Informática Integrado ao Ensino Médio até o
início do ano de 2020. Destes, apenas 42 eram meninas, e somente cinco permaneceram
estudando ou trabalhando na área [3].
Problematizar e trazer à tona a sub-representação feminina na área da TI é de suma
importância para a discussão acerca da discriminação e dos estereótipos de gênero: não é
apenas uma questão numérica, mas sim uma questão de representatividade e de dar voz a
mulheres e meninas que estão ou se interessam na área de ciência e tecnologia.
Com intuito de suprir a demanda dessa discussão, surgem iniciativas que possuem
como objetivo a representatividade feminina na área da tecnologia, como é o caso do
Programa Meninas Digitais, criado pela Sociedade Brasileira de Computação (SBC), que
busca a aproximação de meninas do ensino básico à área da computação. Assim, o projeto
aqui apresentado está ligado a esta iniciativa. O Projeto de Extensão Meninas High-Tech
nasceu dentro da sala de aula, na disciplina de Sociologia, ao discutir a temática de gênero.
As ações iniciam-se justamente da necessidade de debatermos a discriminação e os
estereótipos de gênero, enfrentados pelas próprias discentes. As ações realizadas têm como
objetivos promover reflexões e ações sobre a participação feminina na ciência e na
tecnologia e estereótipos de gênero.

Metodologia

332
Com o isolamento social necessário em decorrência da pandemia de Covid -19,
estabelecida em março de 2020, encontramos nas redes sociais uma forma segura e eficaz
de comunicação com o público, tanto para com os e as estudantes, quanto para com o
público externo da região do Vale do Caí.
Através do Instagram, atingimos um público de predominância feminina e jovem,
formado por 73,1% de mulheres e 26,9% de homens, sendo a faixa etária mais comum a de
18 a 24 anos. Em relação à localização do nosso público na rede social, os números mais
expressivos encontram-se nos municípios da Feliz (28%) e Porto Alegre (12,7%).
Todas as ações do Projeto de Extensão Meninas High-Tech são baseadas nas
experiências, perspectivas e demandas das próprias discentes, gerando ações oriundas do
protagonismo juvenil. Além disso, o projeto vem se desenvolvendo de forma indissociável
com o projeto de pesquisa “Gênero e Justiça: uma análise sobre a trajetória profissional e
acadêmica de meninas na área da Informática” e também com ações de ensino, ao discutir
a temática de gênero, ciência e tecnologia nas aulas de Sociologia.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Nossa primeira ação foi um Cine-Debate de forma presencial no início de 2020, que
contou com a exibição do filme “Estrelas Além do Tempo” e convidadas de diferentes
áreas do conhecimento debateram relações entre gênero, ciência, tecnologia e trabalho.
Nessa atividade 255 pessoas participaram, incluindo o público interno e estudantes de
escolas da região do Vale do Caí.
Para dar continuidade ao projeto depois do cancelamento das aulas presenciais,
criamos uma página no Instagram onde são feitas postagens que abordam temas
relacionados a área de TI e questões de gênero através de textos sobre a contribuição das
mulheres para a área da computação; “CineDicas”, indicações de filmes e documentários
que abordam o tema de gênero; textos para ajudar a construir espaços antissexistas; o
“Você Sabia?”, que tem o objetivo de trazer novidades e curiosidades sobre a área de TI e
questões de gênero; e documentários que contaram com o relato de diversas mulheres,
produzidos nas ações de ensino.

333
No YouTube, fizemos transmissões de lives, onde são entrevistadas mulheres das
áreas de ciência e tecnologia para falar de temas atuais. Duas lives foram realizadas no mês
de outubro, em comemoração ao Ada Lovelace Day, que está ligado à necessidade de
visibilidade das profissionais mulheres na área de TI. Durante as mesmas, as convidadas
falaram de suas trajetórias e uma delas discutiu sobre inteligência artificial. Também teve
uma live sobre representatividade feminina na ciência.
Essas atividades por serem online, estão abertas à comunidade interna e externa, a
pessoas que tiverem interesse no tema. No momento da realização das lives a participação
do público foi considerada baixa, em torno de 15 pessoas assistindo simultaneamente.
Entretanto, a possibilidade de deixar as gravações disponíveis nos canais de comunicação
do projeto aumenta significativamente o número de acessos, ampliando o alcance das
ações.

Considerações Finais
Este artigo apresentou um relato das atividades desenvolvidas no âmbito do projeto
de extensão Meninas High-tech. Apesar do mesmo ter tido a necessidade de ser
reorganizado e as atividades de forma presencial terem passado para um conteúdo
totalmente online, não inviabilizou o desenvolvimento do projeto. Pelo contrário, foi
possível divulgá-lo melhor, conhecer o nosso público, criar um espaço de reflexão e
promover discussões sobre o tema que antes não eram feitas. Com a continuidade do
projeto, além das ações já desenvolvidas, estão previstas oficinas online (enquanto
perdurar a pandemia) com estudantes da educação básica, discutindo gênero, ciência e
tecnologia, além de ações no próprio campus, buscando desnaturalizar os estereótipos e
discriminação de gênero.
Referências
Mais de 80% das mulheres que trabalham com tecnologia já sofreram preconceito. Infor
Channel, 2021. Disponível em <https://inforchannel.com.br/2021/03/08/mais-de-80-das-
mulheres-que-trabalham-com-tecnologia-ja-sofreram-preconceito/>. Acesso em: 20 jul.
2021.

334
Sapna Cheryan, Sianna A. Ziegler, Amanda K. Montoya and Lily Jiang. Why are some
STEM fields more gender balanced than others? Psychological Bulletin, 143(1): 1-35,
2017. doi: https://doi.org/10.1037/bul0000052.

PETRÓ, Vanessa; FERREIRA, Vinicius Hartmann; MULLER, Renata Luiza; HAHN,


Jéssica Gabrieli Schmitz; ASSMANN, Leandro von Borstel. Discriminação de gênero e
inserção de meninas na área de TI. In: WOMEN IN INFORMATION TECHNOLOGY
(WIT), 15, 2021, Evento Online. Anais [...]. Porto Alegre: Sociedade Brasileira de
Computação, 2021. p. 61-70. ISSN 2763-8626. DOI:
https://doi.org/10.5753/wit.2021.15842.

Instituição Financiadora:

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul

335
MIGRAIDH: FORMULAÇÃO DE DINÂMICAS DE ATUAÇÃO A PARTIR DA
ATENÇÃO INTEGRAL AO SUJEITO MIGRANTE INTERNACIONAL

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenadora da atividade: Giuliana REDIN
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
Autores: M. S. X. OLIVEIRA 1; R. M. PETRY2; J. C. SOUZA³

Resumo:
O Grupo de Ensino, Pesquisa e Extensão Direitos Humanos e Mobilidade Humana Internacional da
UFSM, o MIGRAIDH, foi criado em 2013 com o objetivo de atuar na proteção e promoção dos
direitos humanos de migrantes e refugiados. O Grupo desenvolve suas atividades extensionistas a
partir da premissa da atenção integral ao sujeito migrante, pela identificação das múltiplas
vulnerabilidades envolvidas no processo migratório. Por isso, constitui-se em um programa
interdisciplinar voltado ao acolhimento, atendimento e integração local de migrantes e refugiados.
Dentre as diversas atividades desenvolvidas, destacam-se a assessoria jurídica, o ensino de língua
portuguesa e o atendimento psicológico, as quais são objeto de análise neste trabalho, que aborda a
formulação de suas dinâmicas dirigidas à atenção integral ao sujeito migrante e refugiado e
implicações práticas, como horizonte comum, o desenvolvimento da autonomia de migrantes e o
reconhecimento da sua condição como sujeito de direitos.

Palavras-chave: Migrantes e Refugiados; Extensão como Comunicação; Atenção Integral.

Introdução
O migrante internacional é aquele suscetível a múltiplas situações de vulnerabilidade em
decorrência de sua condição migratória. São as barreiras na relação com o Estado, com a sociedade
de acolhida, mas também ligadas à subjetividade. Para fazer frente a tal realidade, o Programa de
Extensão do MIGRAIDH adota a metodologia freireana do encontro com o outro, com o sujeito, na

1
Márcia Stéphanie Xavier de Oliveira, Acadêmica do Curso de Direito da Universidade Federal de Santa
Maria, Bolsista pelo Migraidh no Observatório de Direitos Humanos - ODH/UFSM.
2
Roberta Morgana Petry, Licenciada em Letras-Português e Literaturas de Língua Portuguesa pela
Universidade Federal de Santa Maria, participante do Migraidh.
³ Jéssica Carvalho de Souza, Graduada em Psicologia pela Universidade Franciscana -UFN e Especialista em
Clínica Psicanalítica pela Universidade Luterana do Brasil, participante do Migraidh e do Núcleo de
Psicanálise.

336
relação dialógica ou comunicacional entre academia e sujeito. A extensão como comunicação
(FREIRE, [1969], 2017) é subsidiada pela pesquisa interdisciplinar, com linhas de pesquisa nas
áreas do Direito, Ciências Sociais, Comunicação Social, Letras e Psicologia, mas, sobretudo,
subsidia a própria pesquisa pela promoção do “encontro com o Outro” em suas práticas. O presente
trabalho objetiva demonstrar a formulação das dinâmicas de três das várias dimensões de atuação
do Migraidh, as quais são dirigidas à atenção integral ao sujeito migrante e refugiado: a assessoria
jurídica e documental; o ensino do Português Língua de Acolhimento; e a clínica psicológica.

Metodologia
O trabalho está apoiado no caminho metodológico descritivo dos pressupostos teóricos,
processuais e práticos do MIGRAIDH em extensão. Sistematiza a prática em três dimensões e
demonstra o caminho de formulação de suas dinâmicas, realizadas pela relação entre a universidade
e seus atores, os sujeitos inseridos no grupo social de migrantes e refugiados, bem como demais
atores da sociedade civil que compõem a rede ligada à integração local de migrantes e refugiados.

Desenvolvimento e processos avaliativos


As migrações internacionais, conforme o MIGRAIDH (2020), “trazem um dos maiores
desafios de direitos humanos, que está no reconhecimento do imigrante como sujeito e sujeito de
direitos”. Isso implica, com o fato do deslocamento humano também em desafios ligados à
subjetividade e à integridade do migrante como sujeito. Esse pressuposto “desperta para uma ética
voltada à responsabilidade com um sujeito que é negado, leva a uma contestação da ‘verdade’ das
instituições do Estado, conforme Sayad (1998), e requer a essencial presença desse sujeito”
(MIGRAIDH, 2020). Assim, o Grupo, “percebe seu papel, constitui-se como coletivo e atua na
educação em direitos humanos para o desenvolvimento de ações voltadas à proteção e promoção
dos direitos humanos do grupo social de migrantes e refugiados,” que envolve migrantes,
refugiados, professores, pesquisadores, estudantes de graduação e pós-graduação, voluntários e
interessados, de várias áreas do conhecimento, e envolve diversos setores da sociedade civil.
Em 2015, as ações do MIGRAIDH credenciaram a Universidade Federal de Santa Maria
para o Convênio com a Agência das Nações Unidas para Refugiados, o ACNUR, que instituiu aqui
a Cátedra Sérgio Vieira de Mello UFSM, sob responsabilidade do Grupo. Atua a partir da
interdisciplinaridade, observa a realidade de direitos humanos e incide nas práticas de acolhimento,
atenção e integração local de migrantes internacionais, por meio de assessoria jurídica, ensino de
língua portuguesa, atendimentos clínicos, apoio psicossocial, acesso a direitos e serviços públicos,

337
fortalecimento de redes, incidência em processos legislativos e iniciativas para a formulação de
políticas públicas, formação de agentes públicos, pressão política e realização de atividades de
sensibilização 3. Ao lado das ações desenvolvidas do ponto de vista dos processos legislativos e de
políticas públicas, construídas pelo diálogo rigoroso com a realidade vivenciada pela população
migrante, estão ações voltada ao acolhimento, atendimento e integração de migrantes e refugiados,
desenvolvidas a partir da “ética da alteridade”, que requer o “encontro com o Outro”. Essas ações
buscam promover a autonomia dos imigrantes e o reconhecimento de sua condição como sujeito de
direitos:
a) Assessoria Jurídica e Documental: o eixo está centrado na promoção e proteção de
direitos humanos da população migrante e refugiada, portanto, presta assessoria jurídica
e documental individualizada e coletiva, também colaborativa com órgãos públicos, por
meio de peticionamentos e pareceres técnicos. Todo o atendimento perpassa primeiro,
pela compreensão do sujeito a partir da ética da alteridade, ou seja, o sujeito que fala de
si e sobre si, envolto na complexidade da sua relação e condição frente ao Estado, à
sociedade de acolhida e diante do sofrimento vivenciado decorrente do deslocamento
humano. As respostas ligadas ao acesso a direitos são construídas em permanente
diálogo e contato com a realidade mais concreta. Atenção integral requer
reconhecimento das múltiplas vulnerabilidades, para além da questão documental, que
fragiliza e condiciona o imigrante frente ao Estado. Assim, o eixo atua dentro das redes
criadas para acesso a direitos e serviços públicos.
b) Rodas de conversa: constituem o eixo voltado ao auxílio de migrantes da cidade de
Santa Maria com a aprendizagem da língua portuguesa. Entende-se que, sobretudo em
contextos de imigração, a língua é fator decisivo para integração local, pois a atuação
social do imigrante está, normalmente, ligada a sua capacidade de se comunicar de
maneira autônoma na língua do país recebedor. Tal constatação norteia, portanto, a
prática extensionista das Rodas de Conversa, a qual se aproxima, em termos teóricos,
dos pressupostos da língua de acolhimento. Segundo GROSSO (2010) o termo “língua

3
Aos longo dos oito anos de atuação, foram destaques as seguintes ações: a) iniciativa e autoria da
Resolução n. 41/2016 da UFSM, que instituiu o Programa de Acesso ao Ensino Superior e Técnico aos
Refugiados e Imigrantes em Situação de Vulnerabilidade, referenciada pelo ACNUR e ONU; b) o 1º Curso
de Formação e Capacitação para Servidores Públicos em Santa Maria, Refúgio, Migração e Políticas
Públicas, do qual foi aprovada a Carta de Santa Maria sobre Políticas Públicas para a População Migrante e
Refugiada; c) a Nota Técnica ao PL 2516/2015 (Lei de Migração), defendida em audiência pública na
Câmara dos Deputados.

338
de acolhimento” emerge a partir de um contexto específico de ensino-aprendizagem de
língua, o qual ultrapassa as noções de ensino de língua estrangeira, ao envolver a
aprendizagem da língua associada a um contexto de imigração, no qual a autonomia
linguística representa o acesso a diversos outros direitos. Sendo assim, a língua de
acolhimento está relacionada às diversas tarefas linguístico-comunicativas que deverão
ser realizadas na língua alvo, as quais ultrapassam os conhecimentos e saberes da
competência essencialmente linguística e atingem toda a dimensão social da vida do
sujeito. Orientada para a ação, a língua de acolhimento refere a vida cotidiana, as
condições de vida e as convenções sociais envolvidas no contexto dos aprendentes.
Assim, o eixo busca auxiliar migrantes com o desenvolvimento da sua competência
linguístico-comunicativa em paralelo ao seu processo de integração local, a partir da
construção de um espaço de acolhida. Tal atividade demanda, essencialmente, a adoção
de uma postura intercultural, de abertura e de reconhecimento do Outro, na sua
diferença, a partir da identificação e do respeito às suas necessidades e aspirações.
c) Atendimento psicológico: por meio da parceria com o Núcleo de Psicanálise- UFSM, o
Grupo presta serviço especializado para acolher psicologicamente migrantes e
refugiadas. É um espaço de escuta e cuidado com a saúde mental, na qual conta com
profissionais da psicologia, estudantes e psicanalistas, que tem como sustentação o olhar
para os diversos sujeitos que migram, a partir do trabalho interdisciplinar pautado no
diálogo entre diferentes conhecimentos e saberes. Por isso, aplica a especificidade de
uma clínica que lida com o estrangeiro de cada sujeito e, ao mesmo tempo, com o situar
do migrante no lugar do estrangeiro. A psicanalista Debieux (2018) aponta que esta
deve ser uma clínica que migra, que precisa deslocar-se até o sujeito migrante,
conversar e observar as diferentes cenas presentes no cotidiano. Na prática, isto envolve
ultrapassar os atendimentos ditos tradicionais, pois necessita de escutar acerca do que
suscitam as migrações, do espaço de fala próprio para migrantes na singularidade do
caso a caso, do corpo de cada profissional e estudante que escuta e propõe-se a intervir
ultrapassando os limites territoriais clássicos dos consultórios.

Considerações Finais
A atenção integral pressupõe o olhar sobre as múltiplas vulnerabilidades que recaem sobre
a condição do sujeito, que é protagonista na construção das estratégias de enfrentamento dessas

339
vulnerabilidades. A experiência do Migraidh, pela descrição da formulação de suas dinâmicas em
três eixos de atuação, mostra esse processo de (re)conhecimento do sujeito e do sujeito de direitos.

Referências
ROSA, Miriam Debieux; DOMINGUES, Eliane. O método na pesquisa psicanalítica de
fenômenos sociais e políticos: a utilização da entrevista e da observação. Psicol. Soc,
Florianópolis, v. 22, n. 1, p. 180-188.

FREIRE, Paulo. Extensão ou Comunicação. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2017.

GROSSO, Maria José dos Reis. Língua de acolhimento, língua de integração. Horizontes
de Linguística Aplicada, v. 9, n. 2, p. 61-77, 2010. Disponível em:
<https://periodicos.unb.br/index.php/horizontesla/article/view/886> Acesso em: 11 de
agosto de 2021.

MIGRAIDH. Programa Assessoria a Imigrantes e Refugiados. Disponível em:


<https://portal.ufsm.br/projetos/publico/projetos/view.html?idProjeto=65607> Acesso em:
11 de agosto de 2021.

340
NAS PEGADAS DO HOMEM BRANCO: ENFRENTAMENTO À PANDEMIA DO
CORONA VÍRUS JUNTO AOS GUARANI NO OESTE DO PARANÁ

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenador(a) da atividade: Clovis Antonio BRIGHENTI
Universidade Federal da Integração latino-Americana (UNILA)
Autora: M .C. CHENA DE ALMEIDA 1.

Resumo:
Para os povos indígenas a convid-19 é a nova marca da destruição da vida humana no
planeta pelos próprios humanos, são as pegadas deixadas pelos “homens brancos”, em
referência ao colonialismo. A partir dessa premissa desenvolvemos nossa ação de extensão
junto ao povo Guarani no Oeste do estado do Paraná. Os primeiros casos foram registrados
através dos indígenas trabalhadores em frigoríficos. Desenvolvemos ações de prevenção e
orientações aos indígenas e, informações e intervenções nas políticas e ações dos órgãos
públicos com o objetivo de mitigar os efeitos da pandemia junto a essa população, por ser
ela a mais vulnerável aos efeitos da crise sanitária. A ação ocorreu através do contato
direto com essa população a fim de compreender a manifestação da Covid-19 nesse
segmento populacional – com todos os cuidados e medidas sanitárias adotadas – produção
de informações e orientações para os Guarani e para as pessoas que atuam com os mesmos,
além do monitoramento dos serviços públicos. Nas 25 comunidades acompanhadas com
cerca de 4 mil pessoas foram registrados até o momento cerca de 500 pessoas infectadas
(12,5% da população), porém, manifestações de preconceitos foram registrados, inclusive
indígenas sendo expulsos de supermercados quando estavam em compras. O processo
avaliativo é continuo, a partir de novas informações readequados nossa intervenção. Como
resultados, destacamos as orientações e visitas às comunidades, reuniões online para
debater prevenção, cobrar ações do poder público e orientações sobre a vacinação. Mesmo
em contexto adverso, de comunidades sem-terra e sem poder trabalhar fora, não faltaram
alimentos e materiais de prevenção.

1
Graduanda em História-Licenciatura na Universidade Federal da Integração Latino Americana- UNILA/
PR. Brasil. maira.chena2001@gmail.com

341
Palavras-chave: Ava-Guarani no Paraná; Covid-19; Preconceito.

Introdução
A ação de extensão teve início em 2020 em meio a pandemia do Coronavírus. Com
apoio financeiro da Fundação Araucária (Bolsa de Extensão) aprovamos na Proex/Unila a
ação que denominamos “Nas pegadas do homem branco: enfrentamento a pandemia do
Corona Vírus junto aos Guarani no Oeste do Paraná”. É uma ação urgente e necessária.
Entendemos que a Universidade não pode ficar alheia a esses contextos em especial
quando trata-se de populações vulneráveis. A ação de extensão, é por sua natureza, uma
atividade impar para interagir com esses sujeitos sociais.
Os povos indígenas foram considerados, e o são, as populações mais vulneráveis às
pandemias. No caso específico de nossa ação de extensão, temos que considerar o contexto
dos Guarani na região e nossa relação com os mesmos.
O tema era e segue urgente. A experiência com a temática indígena favorecia que
iniciássemos essa ação mesmo com as dificuldades de locomovermos para as aldeias. A
experiência do docente coordenador com ações de extensão junto aos Guarani vem desde
2015, quando ingressou na Unila, portanto nos credencia com know-how e expertise na
temática indígena.
A fim de conhecermos o tema iniciamos pesquisas sobre o mesmo que resultaram
em minicurso ofertado I Simpósio de Etno-História e História Indígena, na UFGD, um
capitulo de livro publicado no México, também participamos de uma série de “lives” e
debates online sobre o tema. Estamos com um artigo submetido e estamos organizando um
livro sobre o tema com previsão para ser lançado ainda em 2021.
No ensino, nas cinco disciplinais ministradas pelo docente sobe História Indígena,
tanto para a graduação, como para a pós-graduação lato sensu e no mestrado em história,
foi enfatizado o tema.
Definimos como objetivo contribuir com a prevenção do Corona Vírus no contexto
dos Ava-Guarani e no Oeste do Paraná através da produção e difusão de informações sobre
os cuidados a fim de criar uma barreira de proteção contra a propagação da doença.

342
Metodologia
Das 25 comunidades que atuamos apenas três possuem terras demarcadas, porém
em quantidade insuficiente. O caso mais emblemático é o Ocoy, cuja população de cerca
de 900 pessoas vivem em 230 hectares de terra cercados entre o veneno das lavouras e o
lago de Itaipu. As demais 22 comundiades vivem em acampamentos, a maioria mora em
barracos de lona. Portanto, a sobrevivência – sejam cuidados com a propagação da doença
e a produção/aquisição de alimentos – tornou-se um desafio enorme.
Por se tratar de uma ação realizada em contexto de restrições sanitárias, tivemos
que nos adequar ao contexto, com poucas atividades presencias, porém, produzindo
informações e orientações.
A ação de garantir que o estado, os municípios e Fundação nacional do Índio
oferecessem alimentos e material de proteção e higiene foi fundamental. Também
provocamos e participamos de diversas reuniões com o Ministério Público Federal,
Secretaria de Saúde do estado do Paraná, Secretaria Especial de Saúde Indígena e Funai
para cobrar atendimentos – devido ao histórico de omissões – e contribuir com nosso
conhecimento sobre os Ava-Guarani.
A ação também incentivou as iniciativas preventivas e curativas próprias dos
Guarani. Os Guarani sabem que para curar uma doença é preciso conhecer a doença. Nesse
sentido, os xamas Guarani fizeram uso de seus conhecimentos para preparar medicamentos
e processos de curas. Se os medicamentos foram fundamentais não temos como afirmar,
porém sequer temos total certeza que as vacinas serão eficazes.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Inicialmente conversamos com algumas lideranças para definir a estratégia da ação,
antes de submetermos a ação de extensão.
Como ação destacamos: a) Provocação aos órgãos públicos para intervir nas
comundiades quando faltavam médicos, agentes de saúde e equipamentos de proteção para
as comundiades; b) Provocação aos órgão públicos para oferta permanente de alimentos as
comundiades; c) Provocação ao MPF para que intervisse junto aos principais
empregadores para liberar os indígenas do trabalho, sem corte salarial; d) Organização de

343
orientações antropológicas e históricas para subsidiar os trabalhos que seriam
desenvolvidos; e) Organização de material em linguagem acessível para orientar os
Guarani da importância da vacinação; f) Reuniões online com os Guarani para orientações
e definição de estratégias de ações; g) Vistas as aldeias para solidariedade e coleta de
informações para as denúncias e pedidos realizados; h) Pesquisas e estudos sobre os efeitos
da epidemia entre povos indígenas ao longo da história, contribuindo para a formação
acadêmica, publicações e trabalhos em sala de aula; i) Produção de artigos para revista
científica e realização de minicurso sobre o tema; j) Interlocução com organizações da
sociedade civil e organizações indígena contribuindo para evitar despejos dos Ava-Guarani
das terras que ocupam sem regularização. K) Apoio as iniciativas Guarani na busca de
medicações próprias, através de plantar e do xamanismo.

Considerações Finais
Os objetivos foram alcançados, muito embora temos muito ainda a fazer até que a
pandemia seja controlada e todos estejam vacinados. O importante é que dos cerca de 500
infectados ocorreu o índice de internados foi baixíssimo, praticamente apenas pessoas
medicadas. Infelizmente ocorreu um óbito de um senhor com mais de 100 anos.
Considerando que para os Guarani a velhice é valorizada e são as pessoas de idade as
transmissoras de conhecimento, foi uma grande perda.
Seguimos monitorando, com os Guarani, a entrega de alimentos e equipamentos de
proteção, bem como denunciando toda e qualquer violência relacionada ao Covid-19, em
especial as manifestações preconceituosas dos regionais.
Em termos acadêmicos conseguimos iniciar importantes pesquisas sobre o tema e
como dissemos temos publicações já realizadas e obras em andamento. Também, resultado
das pesquisas, temos feito diversas participações em eventos científicos.

Referências
CUNHA, M. C. da. (Org.) (1992). História dos Índios no Brasil. São Paulo: Cia da Letra
e Secretaria. Municipal da cultura, Fapespe.

344
BUCHILLET, D. (1991). Representações e práticas. Das medicinas tradicionais. En:
Buchillet, D. (Org.). Medicinas Tradicionais e Medicina Ocidental na Amazônia.
Belém: MPEG/CNPq/SCT/PR/CEJUP/UEP

KOPENAWA, D.; BRUCE, A. A Queda do céu: palavras de um xamã yanomani. São


Paulo: Companhia das Letras, 2015.

ONU. Organização Mundial da Saúde declara novo coronavírus uma pandemia.


Acessado em: 30 de jun. de 2021. Disponivel em
https://news.un.org/pt/story/2020/03/1706881

VILAÇA, A. Morte na floresta. São Paulo: Todavia, 2020.

Instituição financiadora:
Fundação Araucária.

345
NÚCLEO MARIA DA PENHA GUARAPUAVA E O ENFRENTAMENTO À
VIOLÊNCIA CONTRA MULHERES

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenadora da atividade: Rosângela Bujokas de SIQUEIRA
Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO)
Autores: A. C. S. ABREU 1; A. M. M. C. PRATES 2; J. A. G. LACERDA 3; L. R. BOTAN 4;
R.B. SIQUEIRA 5.

Resumo:
A violência contra mulheres é um problema social amplo, tendo uma incidência maior entre
negras e pobres que, além do sexismo, precisam enfrentar o racismo e as opressões de classe.
Este trabalho tem o objetivo de apresentar a trajetória e as ações desenvolvidas pelo NUMAPE
nas edições de 2018 e 2020, avaliando o alcance e os desafios existentes. O Núcleo atende
mulheres em situação de violência doméstica ou familiar de Guarapuava e região através de
uma equipe interdisciplinar, com Direito, Psicologia e Serviço Social. Para a metodologia
utilizou-se dados quantitativos dos relatórios anuais (2018 até 2020) e prontuários. Observou-
se, pelos dados do perfil das mulheres, que a maioria não completou o ensino fundamental,
está desempregada e sofreu violência psicológica e física. Conclui-se que o Projeto
corresponde as diretrizes da justiça gratuita, uma vez que a maioria das mulheres atendidas
está em situação de baixa ou ausência de renda; sendo um espaço de articulação ensino,
pesquisa e extensão, proporcionando aprimoramento da formação profissional das
participantes.

Palavras-chave: Violência; mulheres; ação extensionista.

1
Ana Cláudia da Silva Abreu, bolsista (orientadora de Direito e docente na área).
2
Angela Maria Moura Costa Prates, colaboradora, implantou o Núcleo e coordenou durante dois anos (docente de
Serviço Social).
3
Jully Annye Gallo Lacerda, bolsista (profissional recém-formada em Psicologia).
4
Lorrane Roceti Botan, bolsista (profissional recém-formada em Direito).
5
Rosângela Bujokas de Siqueira, coordenadora (docente de Serviço Social).

346
Introdução
A violência de gênero é fruto das relações desiguais entre homens e mulheres,
atravessada por outras formas de opressão, tais como a raça/etnia, classe, sexualidade, dentre
outras. O heterossexismo, o racismo e a opressão de classe são estruturantes das relações
sociais tecidas no capitalismo de tal modo que a construção social da inferioridade da mulher a
vulnerabiliza às várias formas de violência: física, psicológica, patrimonial, moral, sexual,
obstétrica, simbólica e as violências que decorrem, no âmbito público, pela ausência de
igualdade de direitos, como em relação ao acesso igualitário ao mercado de trabalho e à esfera
política (CISNE e SANTOS, 2018).
Dados recentes destacam que a violência contra a mulher é hiperendêmica em nosso
país, ou seja, é persistente e de alta incidência. Em termos gerais, uma a cada quatro mulheres
acima de 16 anos sofreu algum tipo de violência ou agressão nos últimos doze meses (FBSP,
2021). A realidade de Guarapuava acompanha essa dinâmica. De acordo com a Secretaria de
Políticas para Mulheres (2021), em pronunciamento on-line, entre os meses de março de 2020
e 2021, houve um aumento de 15,5% no registro de boletins de ocorrência acerca de situações
de violência praticadas contra mulheres na cidade, assim como um aumento expressivo na
implementação de medidas protetivas neste período. Portanto, cabe às Universidades
produzirem conhecimento a respeito da temática, preparando as e os estudantes para uma
atuação profissional atenta a esta faceta da realidade social. Considerando o tripé pesquisa,
ensino e extensão destacamos as ações extensionistas como espaços privilegiados para a
qualificação da formação profissional, em permanente diálogo com as demandas da sociedade.
Nesta perspectiva atua o NUMAPE Guarapuava, com a participação das áreas de Direito,
Psicologia e Serviço Social, integrado à rede de enfrentamento à violência do município. O
objetivo deste trabalho é apresentar a trajetória e as ações desenvolvidas pelo Núcleo nas
edições de 2018 e 2020, avaliando o alcance e os desafios existentes neste percurso.

Metodologia

347
O NUMAPE é um projeto de extensão financiado pela Superintendência Geral de
Ciência, Tecnologia e ensino superior do Paraná e, na UNICENTRO, Guarapuava, vem sendo
coordenado pelo Departamento de Serviço Social desde sua implantação, em 2018. Seu
objetivo é o atendimento jurídico, social e psicológico, gratuito, de mulheres que estão em
situação de violência doméstica ou familiar. Assim como, promover ações socioeducativas de
prevenção desse fenômeno. Seu público alvo são mulheres em situação de violência doméstica
ou familiar, com idade entre 18 e 60 anos, que possuam renda inferior a três salários mínimos,
profissionais que atuam com situação de violência e comunidade em geral. A equipe é
composta por bolsistas: professoras-orientadoras (2), profissionais recém-formadas (3) e
estagiárias (3). A atuação acontece em dois eixos: 1) Intervenção (atendimento individualizado
das mulheres) e 2) prevenção (ações socioeducativas de prevenção, como: palestras, oficinas,
trabalho com grupos, rodas de conversa, etc). Além disso, possui atividades: reuniões técnicas;
formação permanente; grupo de estudos e produção de trabalhos científicos; visitas
institucionais; participação na Rede local de enfrentamento à violência e no Conselho de
Direitos da Mulher.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Conforme os Relatórios Anuais (2018-2020), o NUMAPE realizou 961 atendimentos
jurídicos, 543 psicológicos, 519 de serviço social e 296 ações socioeducativas, demonstrando
o alcance de sua atuação.
A partir do levantamento de dados de prontuários entre janeiro de 2018 até dezembro
de 2020, analisamos o perfil das mulheres atendidas, avaliando dados de: idade, escolaridade,
renda e tipo de violência. Foram analisados 324 prontuários, dentro da faixa etária de 18 até 60
anos, excluindo da análise os prontuários que não possuíam nenhuma das três informações,
considerando como informações faltantes. Entre as 324 mulheres, 98 (30,2%) possuem ensino
fundamental incompleto, 69 (21,3%) possuem ensino médio completo, 25 (7,7%) possuem
fundamental completo, 21 (6,5%) possuem médio incompleto, 8 (2,5%) possuem ensino

348
superior completo, e em 103 (31,8%) prontuários não constava a informação de escolaridade.
Em relação à renda, 149 estão desempregadas (46%), 44 recebem menos de 1 salário mínimo
(13,6%), 51 entre 1 e 2 salários mínimos (15,7%), e apenas 3 entre 2 e 3 salários mínimos
(0,9%). Essa realidade mostra que a proposta do Projeto é coerente ao proporcionar justiça
gratuita para mulheres que não possuem condições financeiras. Em 77 prontuários não
constava a informação de renda (23,8%). Sobre os tipos de violência, cada mulher relatou
mais de um tipo de violência, sendo que algumas disseram ter vivenciado as cinco
modalidades previstas pela Lei Maria da Penha. A violência mais frequente foi a psicológica,
estando presente em 296 dos prontuários. A violência física ficou em segundo lugar, com 228
mulheres. E 132 mulheres relataram violência moral, 110 violência patrimonial, e 66 violência
sexual. Apenas 14 prontuários não registraram as violências. Observa-se que a maioria das
usuárias têm um grau de escolaridade baixo, não tendo concluído o ensino fundamental, estão
desempregadas e experenciaram várias formas de violências, destacando-se a psicológica e
física. As usuárias são atendidas por equipe multidisciplinar, que acolhe e realiza escuta
qualificada, promove o atendimento jurídico, psicológico e social gratuito. Além disso, o
Núcleo também faz parte da Rede de Enfrentamento à violência contra mulheres do
município, o que contribui com toda a sociedade.

Considerações Finais
O Projeto conquistou lugar na rede de atendimento em Guarapuava, possui alcance
significativo em atendimentos, fomenta o trabalho conjunto, o desenvolvimento pessoal e
profissional da equipe, ao mesmo tempo em que busca ofertar às usuárias um serviço de
qualidade. Além disso, tem garantido momentos de estudo e formação continuada, aliando
ensino, pesquisa e extensão. Avalia-se como desafios: manter as três áreas de atuação, diante
do corte de bolsas, e garantir interação dialógica com a comunidade, por meio de ações de
prevenção, considerando a perspectiva preponderante de valorização do atendimento
individual e da judicialização no enfrentamento da violência contra mulheres.

349
Referências
CISNE, Mirla; SANTOS, Silvana Morais dos. Feminismo, diversidade sexual e Serviço
Social. São Paulo: Cortez, 2018.

FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA (FBSP). Visível e invisível: a


vitimização de mulheres no Brasil. Disponível em:
https://forumseguranca.org.br/publicacoes_posts/visivel-e-invisivel-a-vitimizacao-de-
mulheres-no-brasil-2-edicao/ Acesso em: 28. Jul. 2021.

GUARAPUAVA, SECRETARIA DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA MULHERES.


Violência contra a mulher durante a pandemia. Disponível em: https://youtu.be/N-
VRRhscoKY Acesso em: 28. Jul. 2021.

NUMPE, Núcleo Maria da Penha. Relatório Anual. Guarapuava, Unicentro, 2018, 2019,
2020.

Instituição financiadora:
Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI/PR)

350
NUMAPE UEM: PROTOCOLOS DE ATENDIMENTO E ESTRATÉGIAS DE
ADAPTAÇÃO AO TRABALHO REMOTO

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenador(a) da atividade: Crishna Mirella de Andrade CORREA
Universidade Estadual de Maringá (UEM)
Autores: A. COSTA ; C. CORREA 2; C. YOTANI[3]; L. STAHLHOEFER[4]
[1]

Resumo:
O presente artigo busca demonstrar os trabalhos e pesquisas executadas pelo Núcleo Maria
da Penha (NUMAPE) da Universidade Estadual de Maringá. O objetivo é explorar as
tecnologias aplicadas no núcleo para atendimento de mulheres de baixa renda em situação
de violência doméstica, através de uma escuta qualificada e interdisciplinar, com foco
principal na adaptação ao teletrabalho ocasionado pela pandemia, e no desenvolvimento de
um módulo, no grupo de estudos, sobre a saúde mental da equipe do núcleo. Este cuidado
com a saúde mental da equipe se mostra necessário, para que mesmo com a sobrecarga
pelo aumento dos casos de violência doméstica durante a pandemia, haja fortalecimento
destas mulheres para continuarem a prestar um atendimento de qualidade.

Palavras-chave: Enfrentamento à violência doméstica; Interdisciplinaridade; Escuta


qualificada.

Introdução
O Núcleo Maria da Penha da Universidade Estadual de Maringá é um projeto de
extensão, subsidiado pela Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino
Superior do Estado do Paraná (SETI), que fornece atendimento psicossocial e jurídico
gratuitos a mulheres de baixa renda em situação de violência doméstica, na Comarca de

1
Amanda Cavalin da Costa (Psicóloga Residente Técnica em Gestão Pública pela UEPG - Bolsista SETI/PR)
2
Crishna Mirella de Andrade Correa (Professora Universitária, coordenadora do Núcleo Maria da
Penha/UEM – bolsista SETI/PR)
3
Cinthya Ayumi Yotani (Graduanda em Direito pela UEM - Bolsista SETI/PR)
4
Letícia Feltrin Stahlhoefer (Advogada Residente Técnica em Gestão Pública pela UEPG - Bolsista
SETI/PR)

351
Maringá (SETI, 2021). O projeto se iniciou no ano de 2016, e possui uma equipe composta
por profissionais recém-formadas (advogadas, psicóloga e assistente social), residentes
técnicas (advogada e psicóloga) e estagiárias (área do direito e psicologia), sendo
orientadas por 2 professoras de cada área, e ainda, por uma coordenadora geral.
O procedimento adotado para acolhimento das assistidas se inicia com a equipe
psicossocial, que acompanha a assistida mensalmente, e posteriormente pela equipe
jurídica para resolução das ações de família. Ainda, o NUMAPE atua na área preventiva à
violência doméstica. É importante ressaltar que a interdisciplinaridade se faz presente, já
que as áreas se atravessam e constituem modos de pensar em conjunto, bem como, a
intersecção das áreas, sendo todas responsáveis pelos caminhos de cada caso.
Atualmente, os problemas enfrentados pelo núcleo se relacionam à pandemia de
COVID-19, pois as atividades e acolhimentos foram transferidas para o teletrabalho, sendo
o objetivo deste artigo demonstrar as tecnologias utilizadas para estruturação às mudanças,
entre elas, o desenvolvimento de um módulo acerca da saúde mental da equipe no grupo de
estudos do núcleo.

Metodologia
O NUMAPE UEM se utiliza de três estratégias como primordiais em sua atuação: a
interdisciplinaridade, a interseccionalidade e a intersetorialidade, todas asseguradas pela
realização de reuniões periódicas de supervisão internas da equipe, contatos estratégicos
com a rede e pela formação continuada em grupos de estudo mensais, fortalecendo a
atuação conjunta entre as equipes psicossocial e jurídica.
Ainda, o módulo de saúde mental abordado no grupo de estudos do Núcleo foi
composto por quatro encontros realizados ao longo de três meses. Utilizou-se de recursos
textuais, audiovisuais e de elementos disparadores para fomentar a discussão entre a equipe
acerca da saúde mental das profissionais que trabalham no atendimento das mulheres em
situação de violência doméstica.

352
Desenvolvimento e processos avaliativos
Os protocolos de acolhimento, atendimento e acompanhamento das mulheres
assistidas pelo núcleo foram sendo construídos e aprimorados pensando na importância de
uma escuta qualificada e potente para a realização do trabalho. As construções de tais
protocolos são orientadas pelos princípios da Lei Maria da Penha (11.340/2006), portarias
e parâmetros do SUAS, assim como dos órgãos de orientação à Rede de Enfrentamento à
Violência Contra a Mulher, para a efetivação de um trabalho que considere a
multidimensionalidade das situações de violência.
Inicialmente, há o acolhimento realizado pela equipe psicossocial, que oferece a
escuta qualificada às mulheres que chegam ao núcleo. Para isso, adota-se a definição
trazida pela Secretaria Nacional de Assistência Social (SNAS), que enfatiza a importância
de atentar, durante a escuta, à fragilidade emocional e social das usuárias, ao surgimento de
novas vulnerabilidades e ao reconhecimento da complexidade e formas de violação de
direitos (SNAS, 2019). A partir disso, as demandas são avaliadas e a mulher é orientada
sobre o trabalho do núcleo, sendo encaminhada para outros serviços públicos da rede, caso
necessário. Posteriormente, a equipe jurídica realiza o segundo atendimento, que objetiva
conhecer o caso para que sejam realizados os procedimentos jurídicos. Além disso, em
casos onde a assistida esteja mais vulnerabilizada, há acompanhamentos mensais por meio
de ligações prestadas pela equipe psicossocial, visando estreitar o vínculo com essas
mulheres.
O núcleo realiza ações de prevenção, pesquisa e de socio-educação, porém, busca-
se expor, neste trabalho, as ações que demandaram maiores adaptações devido à pandemia
global de COVID-19. Já em março de 2020, foi preciso que as profissionais adequassem
sua atuação às suas necessidades e às das assistidas, considerando que o trabalho remoto se
tornou imprescindível. Os atendimentos, orientações e acompanhamentos, por exemplo,
que antes eram presenciais, passaram a acontecer via remota.
Com as dificuldades impostas pela pandemia, as profissionais se depararam com
uma nova dificuldade: a sobrecarga de trabalho e a saúde mental das trabalhadoras. A
partir da identificação do aumento de novos casos e da transição do trabalho para casa, foi
necessário pensar em estratégias que pudessem dar atenção também às profissionais que

353
lidam com temas tão complexos. Segundo Gondim e Borges (2020), um dos maiores
desafios do chamado home office é admitir que reagimos não apenas às dificuldades do
trabalho em casa, mas também às condições que vivenciamos naquele momento, neste
caso, à vivência da própria pandemia. Deste modo, as coordenadoras do núcleo
propuseram utilizar o grupo de estudos para a criação de um módulo de saúde mental,
como uma estratégia para lidar com essa nova dificuldade.
Os encontros foram pensados a partir de uma metodologia ativa, modelo utilizado
para despertar o olhar crítico-reflexivo das profissionais, possibilitando um espaço de troca
(PINTO et al., 2018), onde trabalharam temas diversos como gênero, saúde mental e
trabalho. A prática permitiu com que as profissionais dispusessem de um espaço para falar
sobre suas vivências enquanto mulher que cuida, escuta e acolhe outras mulheres, refletir
sobre o novo cotidiano de trabalho e repensar sobre a importância da saúde mental.

Considerações Finais
Neste trabalho, buscou-se apresentar as tecnologias desenvolvidas pelo NUMAPE
UEM à prestação de um serviço qualificado às mulheres em situação de violência
doméstica e ao seu enfrentamento enquanto fenômeno que atinge diversas esferas na vida
das assistidas e as coloca em especial situação de vulnerabilidade. Pôde-se auferir a
relevância das inovações aplicadas no serviço do núcleo, que presta um trabalho integral às
assistidas. O acolhimento, sempre pautado na escuta qualificada, é repassado às
profissionais da equipe jurídica, evitando a revitimização das mulheres. Por fim, os
acompanhamentos mensais realizados pela equipe psicossocial buscam o fortalecimento
das mulheres assistidas para que possam se desvencilhar da situação de violência
doméstica.
Em razão do contexto pandêmico, que alterou o funcionamento do núcleo e trouxe
um aumento da demanda, a importância do módulo de saúde mental no grupo de estudos
demonstrou-se imensa, conferindo espaço para que todas as integrantes pudessem
compartilhar suas vivências profissionais e para que pudessem se fortalecer. Pode-se
concluir que a saúde mental das mulheres merece especial atenção frente à pandemia e, em
especial, a importância de que as profissionais que cuidam de outras mulheres estejam

354
fortalecidas para que o núcleo possa continuar a prestar seu trabalho de forma qualificada e
profissional.
Referências
BRASIL. Secretaria Nacional de Assistência Social. Ministério da cidadania. Parâmetros
de atuação do sistema único de assistência social (suas) no sistema de garantia de
direitos da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência. Brasília, 2019.

GONDIM, S; BORGES, O. L. Significados e sentidos do trabalho do home-office:


desafios para a regulação emocional. Orientações para o home office durante a
pandemia da COVID-19 (pp. 39-48). Porto Alegre, 2020.

PARANÁ. Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Estado do


Paraná. Núcleo Maria da Penha. Disponível em:
<http://www.seti.pr.gov.br/cct/usf/numape#>. Acesso em 29 jul. 2021.

PINTO, S. G. et al. Metodologias ativas no território: a pluralidade dos encontros. Anais


do 13º Congresso Internacional da Rede Unida. Manaus, 2018.

355
O DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR EM TEMPOS DE PANDEMIA E
SEUS DESDOBRAMENTOS NOS ATENDIMENTOS DO NEDDIJ - UEM

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenadoras da atividade: Amalia Regina DONEGÁ; Ednéia J. M. ZANIANI.
Universidade Estadual de Maringá (UEM)
Autores: F. C. PACHECO ; T. F. da SILVA 2; V. F. de LAPEDRA 3; J. M. LIMA 4.
1

Resumo:
O Núcleo de Estudos e Defesa de Direitos da Infância e da Juventude – NEDDIJ, em
funcionamento há 15 anos na Universidade de Maringá, atua sob a perspectiva da
interdisciplinariedade no objetivo de oferecer assistência ampla para efetivação dos direitos
e garantias de crianças e adolescentes residentes na Comarca de Maringá-PR, nos termos
do que preconizam a Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do Adolescente.
Diante das dificuldades decorrentes da pandemia causadas pelo vírus SARS-CoV-2, o
presente trabalho pretende apresentar reflexões acerca do direito de convivência familiar
em contraposição à necessidade de isolamento social. Através da análise das demandas e
questionamentos decorrentes dos atendimentos realizados pelo NEDDIJ, das diretrizes
estabelecidas pelas autoridades sanitárias e órgãos governamentais e das manifestações
jurisprudenciais que já começaram a surgir, pode-se constatar que o tratamento a ser dado
ao tema deve considerar a análise individual de cada caso, buscando um equilíbrio entre o
direito à convivência familiar e comunitária que preserve a formação e manutenção dos
vínculos afetivos em concomitância ao direito à saúde das crianças e adolescentes.

Palavras-chave: Regulamentação de visitas; Relação familiar; Infância e Juventude.

1
Flávia Cunha Pacheco, mestranda em Psicologia e psicóloga do NEDDIJ- UEM. Bolsista SETI/PR
2
Tatiana Facchini da Silva, advogada do NEDDIJ-UEM. Bolsista SETI/PR
3
Vitória Freitas de Lapedra, discente do curso de Direito da UEM. Bolsista SETI/PR
4
Julia Matsumoto Lima, discente do curso de Direito e estagiária do NEDDIJ-UEM. Bolsista SETI/PR

356
Introdução
Considerando as diretrizes contidas na Constituição Federal e no Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA), torna-se imprescindível a assistência ampla para a
efetivação da garantia dos direitos das crianças e dos adolescentes, buscando equiparar sua
condição de sujeito de direitos com os demais integrantes da sociedade. Nesse contexto, o
NEDDIJ-UEM oferece assistência jurídica e psicológica por meio de equipe
interdisciplinar, composta por profissionais e graduandos do Direito e da Psicologia,
atuando de forma extensionista junto à comunidade, mas também buscando o
aprimoramento teórico por meio de grupos de estudo e projetos de pesquisa vinculados às
temáticas demandadas no cenário geral de sua atuação.
Assim, o presente trabalho se propõe a analisar os limites entre o direito de
convivência familiar, garantido pela Constituição Federal e pelo ECA, em contraposição à
necessidade de distanciamento e isolamento social, temática que representou um grande
desafio advindo com a pandemia de COVID-19 e, consequentemente, se refletiu nos
atendimentos ao público e discussões tecidas por este Núcleo.

Metodologia
No ano de 2021, o trabalho do NEDDIJ-UEM ainda vem ocorrendo de forma
remota, como alternativa temporária e atendimento às medidas de segurança sanitária,
através de plataformas virtuais de comunicação, tais como Whatsapp e Google Meet, sem
que haja, contudo, prejuízo ao objetivo principal do NEDDIJ, que é assegurar os direitos às
crianças e aos adolescentes. Tal objetivo é realizado por meio da assistência jurídica
gratuita para aqueles que estejam vivenciando situação de risco pessoal ou que necessitem
da proteção judicial e, ainda, por meio de atendimentos psicológicos gratuitos, que
ocorrem pela via da escuta, do acolhimento, da orientação às famílias e pelos
encaminhamentos para órgãos da rede de proteção, a fim de assegurar o acesso às ações
das diversas políticas públicas.
Desse modo, para construção do presente trabalho, buscou-se analisar as demandas
oriundas dos mencionados atendimentos realizados, considerando o período em que se
instalou a pandemia, no mês de março de 2020, até o atual momento.

357
Desenvolvimento e processos avaliativos
Com a pandemia mundial propagada pelo vírus SARS-CoV 2, o distanciamento e
isolamento social, tornaram-se medidas recomendadas pelas autoridades sanitárias através
da Lei nº 13.979/2020. O preconizado isolamento social, por sua vez, revela-se avesso ao
direito à convivência familiar, necessária para o desenvolvimento de crianças e
adolescentes. Esta questão se vincula diretamente com o trabalho do NEDDIJ, sendo o
tema deste artigo.
Tal direito, previsto tanto no art. 227 da CF, quanto no art. 4º do ECA, constitui-se
num dos pilares da formação da criança e do adolescente para a vida em sociedade, que,
neste ambiente estabelece vínculos afetivos, vivencia emoções, recebe cuidados diários e
higiênicos, aprende a lidar com as regras sociais, além de assegurar-lhe o acesso à escola,
às atividades de lazer, à saúde, etc. (VIEIRA, s/d). Nos casos de pais ou guardiões que não
residem no mesmo lar, esse direito ganha contornos ainda mais cruciais, na medida em que
as visitas asseguram a convivência e o afeto do genitor, que não reside com o filho
(BORBA, 2020). Por outro lado, tendo em mente o direito à saúde, igualmente privilegiado
pelos dispositivos legais, o risco de contaminação da Covid-19 é maior quanto mais ampla
e numerosa for essa convivência.
À vista disso, em março de 2020, o Conselho Nacional da Criança e do
Adolescente (CONANDA) recomenda substituir os períodos de convivência presencial
pela comunicação telefônica ou on-line. Porém, o Instituto Brasileiro de Direito de Família
(IBDFAM) alertou que os direitos das crianças e dos adolescentes devem ser garantidos e
não podem ser suspensos durante a pandemia, ainda que, em casos pontuais a justiça
brasileira decrete impedimento temporário da convivência presencial para garantir a saúde
(IBDFAM, 2021).
Apesar do número de crianças infectadas pelo vírus ser menor do que o de adultos,
a COVID-19 pode causar consequências neste público, como a Síndrome Inflamatória
Multissistêmica Pediátrica, acometendo seriamente as crianças (HARTMANN, 2021;
VIEIRA, 2021b). Por outro lado, tornam-se cada vez mais notórios os efeitos do
isolamento social à saúde mental infantojuvenil, conforme mostram os estudos da
IFF/FIOCRUZ, que identificaram um aumento das crises de ansiedade e de pânico,

358
alterações no humor; paladar e sono, dificuldades de aprendizagens e maior dependência
nas tomadas de decisões (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2020).
Nesse sentido, um grande número de casos atendidos pelo NEDDIJ-UEM envolve
pais separados, com uma constante preocupação com a saúde de toda a família, por parte
daqueles que residem com o filho, em razão de possíveis comportamentos contrários ao
isolamento social pelo genitor ou familiar que exercita o direito de visitas. Nesses casos,
compete ao NEDDIJ oferecer orientação e assistência às famílias buscando, por meio da
análise individual dos casos e do diálogo com os envolvidos, o equilíbrio entre o direito à
convivência familiar e comunitária que preserve a formação e manutenção de vínculos
afetivos em concomitância ao direito à saúde das crianças e adolescentes.
Considerações Finais
A pandemia do vírus SARS-CoV-2 trouxe dificuldades em dar cumprimento às
garantias legais que preconizam o respeito ao direito de visitas e à convivência familiar.
Tais dificuldades propiciaram amadurecimento acadêmico à equipe do NEDDIJ-UEM que
se dedicou a debater o tema, examinando possíveis soluções para o problema, levando em
consideração as recomendações do CONANDA e do IBDFAM, o que conduziu à
conclusão de que a análise individual de cada caso é imprescindível, não se descurando em
manter-se um canal aberto de comunicação e diálogo entre as partes envolvidas, em busca
de avaliar o menor dano possível para a criança e ao adolescente.

Referências
BORBA, Marcela Patrícia Amarante. O direito de convivência do filho de “pais separados”
durante a pandemia. IBDFAM, 2020. Disponível em:
https://ibdfam.org.br/index.php/artigos/1533/O+direito+de+conviv%C3%AAncia+do+filh
o+de+%E2%80%9Cpais+separados%E2%80%9D+durante+a+pandemia#:~:text=Em%20t
ermos%20normativos%2C%20o%20art,4%C2%BA%20do%20Estatuto%20do%20ECA
Acesso em: 27 abr. 2021.

HARTMANN, Marcel. Como age a síndrome rara que afeta crianças com covid-19 e o que
dizem pais e especialistas. GZH SAÚDE, 2021. Disponível em:
https://gauchazh.clicrbs.com.br/saude/noticia/2021/01/como-age-a-sindrome-rara-que-
afeta-criancas-com-covid-19-e-o-que-dizem-pais-e-especialistas-
ckk8ufnlj001r019w76v85wwp.html Acesso em: 27 abr. 2021.

359
INSTITUTO NACIONAL DE SAÚDE DA MULHER, DA CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE FERNANDES FIGUEIRA (IFF/FIOCRUZ). Covid-19 e Saúde da
Criança e do Adolescente. Ministério da Saúde. 2020. Disponível em:
http://www.iff.fiocruz.br/pdf/covid19_saude_crianca_adolescente.pdf Acesso em: 28 abr.
2021.

Justiça restringe convivência de pai com filho por frequentar festas clandestinas na
pandemia. IBDFAM, 2021. Disponível em:
https://ibdfam.org.br/noticias/8218/Justi%C3%A7a+restringe+conviv%C3%AAncia+de+p
ai+com+filho+por+frequentar+festas+clandestinas+na+pandemia Acesso em: 27 abr.
2021.

VIEIRA, Larissa. Pais e Filhos em Distanciamento Social: Convivência familiar e a


regulação das emoções. Cartilha. Universidade Federal de Juiz de Fora Campus
Governador Valadares (UFJF). Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor
(SIASS). Disponível em: https://www2.ufjf.br/siassgv/wp-
content/uploads/sites/107/2020/08/cartilha.pdf

VIEIRA, Nathan. Especialistas estudam mortes de 1.300 bebês por COVID-19 no Brasil.
Canaltech, 2021. Disponível em: https://canaltech.com.br/saude/especialistas-estudam-
mortes-de-1300-bebes-por-covid-19-no-brasil-182856/ Acesso em: 27 abr. 2021.

360
O ENFRENTAMENTO AO TRABALHO INFANTIL NA EXTENSÃO
UNIVERSITÁRIA: POSSIBILIDADES DURANTE A PANDEMIA

Área temática: Direitos Humanos e Justiça.


Coordenador(a) da atividade: Lenir Aparecida Mainardes da SILVA
Universidade Estadual De Ponta Grossa (UEPG)
Autores: A. COSTA 1; C. RIBEIRO 2; E. FRANCO 3; M. MACHADO 4.

Resumo:
O presente trabalho tem por objetivo dar visibilidade às ações extensionistas realizadas no
mês de junho de 2021 em combate ao trabalho infantil. Para que isso fosse possível no
contexto de pandemia, se fez necessário o uso das plataformas digitais YouTube, Google
Meet e Google Forms. Em destaque, temos a live realizada intitulada como “Expressões do
trabalho infantil na atualidade” onde foram abordadas pautas como o trabalho dos
youtubers mirins e os impactos na saúde causados pelo trabalho infantil, e, também, o
curso de capacitação sobre a extração de microdados do trabalho infantil na PNAD. As
temáticas aqui abordadas são importantes para que possamos refletir sobre a situação de
crianças que estão em situação de trabalho infantil e também para enfatizar a importância
da extensão no desenvolvimento de práticas educativas e no envolvimento com a
comunidade.

Palavras-chave: Extensão universitária na pandemia; trabalho infantil.

Introdução
A Lei 8.069, de 13 de julho de 1990, prevê um capítulo inteiro dispondo sobre o
direito à profissionalização e à proteção ao trabalho da infância e adolescência. Assegura a
proibição das atividades laborais àqueles com menos de 14 anos de idade e dispõe
legislação específica de proteção aos adolescentes entre 14 e 16 anos que trabalham em
condição de aprendiz. Trata-se da Lei 10.097 de 2000, que se configura como uma das

1
Anna Isabela Ringvelski Costa, aluna de Serviço Social.
2
Carolina Palmeira Ribeiro, aluna de Serviço Social.
3
Evenyn Renata de Souza Franco, aluna de Serviço Social.
4
Marielly Santos Machado, aluna de Serviço Social.

361
maneiras de se enfrentar o trabalho infantil e garantir educação, qualificação profissional e
as medidas necessárias ao trabalho adolescente protegido.
Apesar disso, entendemos que a legislação não se concretiza por si só, sendo
necessário um trabalho articulado entre profissionais e segmentos organizados que estejam
comprometidos na defesa e promoção dos direitos da esfera infantojuvenil. Ademais,
entendemos também a importância da extensão em seu projeto educativo, cultural e
científico que viabiliza a articulação da universidade com as necessidades da sociedade
como um todo (IAMAMOTO, 2011).
Dado o que foi exposto, desenvolveu-se, dentro do programa do Núcleo de
Estudos, Pesquisa, Extensão e Assessoria sobre a Infância e Adolescência (NEPIA), da
Universidade Estadual de Ponta Grossa, o projeto Assessoria e Apoio à Aplicabilidade do
Direito à Profissionalização e Proteção ao Trabalho em Conformidade ao ECA (1ª
Edição), em compromisso com a produção de conhecimento científico, assessoramento e
capacitação à profissionais, contribuir com os objetivos 1, 4 e 8 do Desenvolvimento
Sustentável (erradicação da pobreza, educação de qualidade e trabalho decente e
crescimento econômico, respectivamente), bem como promoção e participação de eventos,
seja no enfrentamento ao trabalho infantil, seja na defesa destes como sujeitos de direitos e
na garantia de um trabalho em condições dignas.
Considerando que o projeto tem como horizonte, para além de outros, a realização
de eventos e capacitações em alusão ao Dia Mundial de Erradicação do Trabalho Infantil
(12 de junho) e o envolvimento de alunos de diferentes áreas possibilitando aos mesmos
contato com a realidade social sobre a juventude e o mundo do trabalho, o presente artigo
objetiva dar visibilidade às atividades extensionistas realizadas no mês de junho do ano
atual em relação ao enfrentamento do fenômeno do trabalho precoce, entrelaçando com a
declaração da OIT sobre 2021 como o Ano Internacional para Erradicação do Trabalho
Infantil (OIT, 2021) e atentando para os limites decorrentes da pandemia às práticas
universitárias.

Metodologia
Tendo em mente a necessidade de nos reinventarmos durante a pandemia da covid-
19 para dar continuidade nas práticas educativas e em resposta às demandas do corpo

362
social, utilizamos duas plataformas digitais para a efetivação das ações em questão: o canal
do YouTube do NEPIA, onde realizamos uma live, e o Google Meet para um curso de
capacitação. Utilizamos das redes sociais do referido Núcleo (Instagram e Facebook) para
a divulgação das atividades. Já para a avaliação de ambos eventos, foi disponibilizado aos
participantes um formulário via Google Forms.
O público alvo girou em torno dos profissionais do Sistema de Garantias dos
Direitos de Crianças e Adolescentes (SGDCA) dos municípios da região dos Campos
Gerais no Paraná (professores, assistentes sociais, psicólogos, pedagogos, educadores
sociais), conselheiros tutelares, adolescentes usuários de programas decorrentes da Lei da
Aprendizagem e também acadêmicos dos cursos de Serviço Social, Pedagogia,
Administração, Direito, dentre outros.
Por fim, para a organização dos dois eventos foram feitas reuniões remotas entre a
coordenadora e os extensionistas e também o contato com as profissionais convidadas a
participar da atividade. Ainda, para a live, realizou-se um encontro virtual com as
palestrantes para a demonstração de um tutorial sobre como utilizar a plataforma Stream
Yard, responsável pela transmissão ao vivo no YouTube. O universo abordado, conforme
visto, se dá pelo trabalho infantil.

Desenvolvimento e processos avaliativos


A atividade através do canal do YouTube do NEPIA, realizada no dia 11 de junho
de 2021, intitulou-se como “Expressões do trabalho infantil na atualidade” 5 , na qual
contamos com a palestrante Daniella Vargas, doutoranda em Ciências Sociais Aplicadas da
UEPG, que trouxe a discussão sobre o trabalho realizado pelos youtubers mirins, “o preço
do like”, e também com a palestrante Amanda Navarro, mestre em Saúde Coletiva e
coordenadora técnica do Centro Estadual de Saúde do Trabalhador, onde abordou os
impactos na saúde causados pelo trabalho infantil.
A live conta até o momento com 271 visualizações e, dos 47 ouvintes que
preencheram o formulário de avaliação do evento, 51,1% relataram ser estudantes, 10,6%
assistentes sociais, 4,3% educador social e demais, como diretora de políticas públicas,

5Link para acesso à live: https://www.youtube.com/watch?v=eyLzag5Vibo&ab_channel=NepiaUEPG

363
pedagoga, advogada, funcionário público etc. Recebemos muitas devolutivas em relação à
qualidade da atividade, onde 81,6% dos 47 atribuíram nota 10, 12,2% nota 9 e 6,1% nota 8.
Já o curso pelo Google Meet, realizado dia 23 de junho de 2021, se deu a partir da
capacitadora Augusta PelinskiRaiher, doutora em Economia pela Universidade Federal do
Rio Grande do Sul (2010), em relação à extração de microdados acerca do trabalho infantil
na PNAD. Foram ofertadas 30 vagas e contamos com 28 participantes, indo de acadêmicos
à profissionais da área e várias entidades relacionadas a área por consequência do assunto
tratado.
A extração de dados na PNAD é de grande importância para o desenvolvimento de
pesquisas e de diagnóstico social, munindo os profissionais para a formulação de
estratégias no enfrentamento à problemática. Assim, alguns participantes sugeriram para
que o curso tenha uma carga horária maior, devido à vastidão de informações que acabam
confundindo se passadas em um curto período, ainda mais de modo remoto. Algo a
reavaliarmos em nossas próximas atividades.

Considerações Finais
O projeto de extensão intensifica o aprendizado do acadêmico, proporcionando
experiências junto à comunidade e a profissionais de diversas áreas. Sem mencionar a
articulação entre extensão e a pesquisa, onde o acadêmico desenvolve seu pensar e
contribui com seu campo, com o seu currículo e também para com a sua
profissionalização. Em tempos de crise pandêmica, ressaltamos a importância da
elasticidade e criatividade na reformulação das práticas extensionistas.
Concluímos que os objetivos do projeto para o mês de junho foram alcançados.
Todavia, aqui cabe ressaltar a importância e a nossa pretensão em darmos continuidade nas
ações extensionistas em combate ao trabalho infantil, comprometidos com a defesa dos
direitos de crianças e adolescentes, com os objetivos 1, 4 e 8 do Desenvolvimento
Sustentável e juntando forças em alinhamento à declaração da OIT de 2021 como Ano
Internacional para Erradicação do Trabalho Infantil.

364
Referências
BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do
Adolescente e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm>. Acesso em 20 jul 2021.

IAMAMOTO, M.V. Serviço Social em tempo de Capital Fetiche: Trabalho e Questão


Social. São Paulo: Cortez, 2011.

OIT. Trabalho infantil 2021: Ano Internacional para a Eliminação do Trabalho Infantil.
2021. Disponível em: <https://www.ilo.org/brasilia/noticias/WCMS_766429/lang--
pt/index.htm> Acesso em 03 março 2021.

365
O NÚCLEO DE ESTUDOS E DEFESA DOS DIREITOS DA INFÂNCIA E
JUVENTUDE – NEDDIJ – E SUA ATUAÇÃO NA COMARCA DE MARECHAL
CÂNDIDO RONDON/PARANÁ (2019-2020)

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenadora: Silvia MATTEI 1 (Coordenadora do NEDDIJ)
Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE)
Autores: D. P. OLIVEIRA ; E. C. BRAGANTINE 3; L. V. SANTANA 4;; P. B. ABREU 5;
2

V. L. SOUSA 6.

Resumo:
O presente trabalho é um levantamento de dados dos anos de 2019 e 2020 de atuação do
NEDDIJ na Comarca de Marechal Cândido Rondon/PR. São dados obtidos de relatórios e
material documental interno, que ressalta o crescimento do Núcleo, demonstrando a
importante atuação do Projeto na Região, desde a população atendida até os acadêmicos e
docentes da Universidade envolvidos na Ação. Sua atuação tem elevada função social na
comunidade tornando-se referência nos direitos e deveres relativos à Infância e Juventude.

Palavras-chave: Direito; Pedagogia; Equipe Multidisciplinar.

Introdução
O NEDDIJ 7 foi implementado no ano de 2005 através do Termo de Convênio
11/2005 com o governo do Estado do Paraná e, desde 2007, o Projeto tem sido anualmente
renovado.
O Núcleo é integrado por 01 (um) professor efetivo do curso de Direito, na função
de coordenador, 02 (dois) profissionais recém-formados em Direito, devidamente inscritos

1
Silvia Mattei, coordenadora do NEDDIJ.
2
Daniel Passarini de Oliveira, advogado, bolsista recém-formado do NEDDIJ.
3
Ester Coco Bragantine, acadêmica do curso de Direito da UNIOESTE, bolsista do NEDDIJ.
4
Larissa Vitoria Santana, acadêmica do curso de Direito da UNIOESTE, ex-bolsista do NEDDIJ.
5
Patric Barbosa de Abreu, advogado, bolsista recém-formado do NEDDIJ.
6
Valquíria Lucena de Sousa, pedagoga, bolsista recém-formada do NEDDIJ.
7
Financiado pela Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Estado do Paraná
(SETI/PR) e Unidade Gestora Fundo Paraná (UGF).

366
na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), 03 (três) bolsistas de graduação em Direito da
própria Instituição de Ensino, 01 (um) profissional recém-formado em Pedagogia, 01 (um)
bolsista de graduação da área e 01 (uma) coordenadora pedagógica.
Assim, em observância a ao art. 227 da Constituição Federal e ao Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA), realiza atendimento às crianças e adolescentes e suas
famílias em estado de vulnerabilidade social e desenvolve trabalhos pedagógicos nas
escolas da Comarca e eventos.

Metodologia
O Núcleo oferece atendimento jurídico gratuito a crianças e adolescentes carentes
através de representação de seus responsáveis legais residentes na Comarca de Marechal
Cândido Rondon que estejam vivenciando situação de risco e\ou necessitem da proteção
judicial para que lhes seja assegurada a tutela de seus direitos. A Rede de Proteção 8
divulgou o Projeto que passou a atuar juridicamente nas ações que demandavam
assistência judiciária às pessoas hipossuficientes.
Diante dos casos concretos apresentados, os advogados e bolsistas de Direito,
relacionando teoria e prática, desenvolvem atividades como: atos privativos da advocacia;
visitas aos Centros de Socioeducação (CENSE), Conselhos Tutelares, Centro de
Referência e Assistência Social (CRAS) e Centro de Referência Especializado de
Assistência Social, entre outros órgãos integrantes da Rede de Proteção.
Concomitantemente às atividades jurídicas, a Equipe Pedagógica desenvolve
atividades juntos às escolas para esclarecimento dos direitos e deveres das crianças e
adolescentes, como a confecção de jogos e atividades pedagógicas. A equipe em conjunto,
além da produção científica, desenvolve ações para esclarecimento da comunidade em
geral a respeito dos direitos e deveres das crianças e dos adolescentes e para o
enfrentamento de comportamentos que as coloquem em situação de risco.

8
É um conjunto articulado de ações governamentais e não-governamentais, da União, dos estados, do
Distrito Federal e dos municípios, através de políticas de atendimento dos direitos da criança e do
adolescente. (art. 86, Estatuto da Criança e do Adolescente).

367
Desenvolvimento e processos avaliativos
No ano de 2019, o Núcleo participou e promoveu diversos eventos. Em março, a
equipe participou do projeto “Formação do adolescente para o mercado de trabalho”
desenvolvido pelo Fórum de Marechal Cândido Rondon, tendo ministrado a palestra “A
importância da educação formal para o desenvolvimento pessoal e profissional”. Em abril
fez atendimentos jurídicos para entrada de ações e acordos judiciais no Projeto “Justiça no
Bairro”, realizado pelo Tribunal de Justiça do Estado do Paraná no fórum da Comarca.
Em maio, realizou III Brincando com Neddij, uma tarde recreativa para crianças de
4 a 12 anos atendidas pelo Núcleo e os seus responsáveis, contando com a participação de
outros acadêmicos da Universidade. No mesmo mês, foi realizada, em duas oportunidades
distintas, a palestra "O Dia Nacional do Enfrentamento do Abuso Sexual e a Exploração
Sexual", direcionada para a rede de proteção, escolas, sociedade em geral e acadêmicos do
curso de Direito. Ainda em maio, realizou a entrega de livros e jogos doados à Casa Lar de
Marechal Cândido Rondon e em junho o Núcleo participou do XIX Seminário de Extensão
da UNIOESTE (SEU).
Durante os meses de agosto a novembro, o núcleo realizou atividades junto ao
Centro de Atendimento a Família (CAF), com palestras e atividades lúdicas. Em conjunto
com o NUMAPE (Núcleo Maria da Penha) do campus, participaram do Projeto “Programa
Bem Social” desenvolvido pelo fórum da Comarca, entre setembro e outubro. Em
novembro, a equipe participou do evento do Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA)
do campus da Unioeste em Marechal, com a apresentação de artigos. E ainda durante o ano
de 2019, a equipe ofereceu orientação aos Conselhos Tutelares da região e participou das
reuniões do SINASE (Sistema Nacional de Socioeducação).
Em de março de 2020 o Núcleo realizou a palestra intitulada “Cidadania e Direitos
Humanos” em uma escola municipal. Entretanto, devido a pandemia do Covid-19, as
atividades presenciais foram suspensas, levando ao replanejamento da atuação da equipe.
Durante o período de trabalho remoto a equipe participou de cursos, eventos,
palestras, encontros e lives, para fins de aprimoramento. Foi criado perfil no Instagram do
Núcleo, no qual junto ao Facebook, passou a fazer publicações semanais sobre temas

368
diversos relacionados a infância e juventude. E no mês de outubro, realizou uma live pelo
YouTube intitulada “Primeira Infância: vulnerabilidades e Políticas Públicas”.
Embora os atendimentos presenciais tenham sido suspensos pelo Núcleo, as
orientações jurídicas, atendimentos nos casos urgentes e acompanhamento aos processos
em andamento foram mantidos de forma remota, durante todo o período da quarentena.
No ano de 2019 foram realizados 1411 (um mil, quatrocentos e onze) atendimentos
pedagógicos, em comparação ao ano de 2020, o número de atendimentos pedagógicos caiu
drasticamente para 186 (cento e oitenta e seis), porém deve se considerar que devido as
medidas de restrições, o Núcleo não pode realizá-los como feito no ano anterior.
Em relação aos atendimentos jurídicos, notou-se um aumento, pois em 2019 foram
realizados 744 (setecentos e quarenta e quatro) passando ao ano de 2020 para 911
(novecentos e onze). Nos períodos em que realizou trabalho presencial ou remoto, o
Núcleo manteve os atendimentos através das redes sociais Facebook e Instagram, e-mail,
ligações e através de mensagens via WhatsApp dos números particulares da equipe.
De acordo com o levantamento realizado, percebeu-se a alta na procura do Núcleo
nos últimos dois anos, especialmente durante o período de quarentena. Os números de
ações em que houve atuação jurídica do Núcleo ultrapassaram 1.800 (um mil e oitocentos)
processos, tramitados/e ou tramitando na Vara da Família, Registros Públicos, Infância e
Juventude.

Considerações Finais
Em consideração os dados acima expostos, vê-se que o NEDDIJ é necessário na
Comarca de Marechal Cândido Rondon. O projeto traz e explica ao público os direitos
determinados pelo ECA, atendendo não só o município em si, mas a região de outros cinco
municípios e seus distritos.
A sua importância decorre do fato de a atividade do Núcleo ir além do quesito
jurídico, pois tem-se o apoio emocional que os infantes muitas vezes necessitam, prestado
pela equipe pedagógica. Conclui-se que a continuação do projeto é imprescindível e seu
crescimento e expansão se devem à divulgação, atribuições e seriedade.

369
Referências
BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm. Acesso em: 19 jan. 2021.

BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de


1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.
Acesso em: 19 jan. 2021.

370
OFICINAS DE CIDADANIA: COMO ACOLHER E INTEGRAR MIGRANTES E
REFUGIADOS?

Área temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenadora da atividade: Luiza Bittencourt KRAINSKI
Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)
Autores: L. KRAINSKI ; A. MANOSSO 2; B. CAMARGO 3; D. KRUEGER 4; P.
1

MACHADO 5

Resumo:
O presente trabalho tem por finalidade apresentar o trabalho realizado pelo projeto de
extensão INTERMIG - Internacionalização, Cidadania e Direitos Humanos: do
Intercâmbio às Migrações Contemporâneas junto a adolescentes participantes de projetos
sociais ou Programas de contra turno escolar. As temáticas visam propiciar de forma
introdutória o conhecimento e a reflexão acerca dos processos migratórios contemporâneos
aliado à diversidade cultural e respeito às diferenças sociais, culturais e étnicas. A
metodologia utilizada perpassa por dinâmicas que incentivam a interação, sendoas oficinas
ofertadas através do ensino remoto. Os conteúdos trabalhados pautam-se em estudos
bibliográficos e material elaborado pela equipe possibilitando a reflexão sobre a temática.A
avaliação dos adolescentes e professores envolvidos trouxe um resultado satisfatório
quanto ao desenvolvimento e execução das mesmas, uma vez que as oficinas
proporcionaram uma reflexão acerca da realidade vivenciada por estes jovens, aliado a
conhecimentos e crescimento individual e coletivo.

Palavras-chave: Direitos Humanos; Processos Migratórios; Adolescentes.

1
Luiza Bittencourt Krainski, professora do Departamento de Serviço Social da UEPG e coordenadora do
Projeto INTERMIG.
2
Alline Caroline Manosso, acadêmica do Curso de Serviço Social da UEPG, acadêmica extensionista do
Projeto INTERMIG.
3
Bruna Suelen de Camargo de Souza, acadêmica do Curso de Serviço Social da UEPG, acadêmica
extensionista do Projeto INTERMIG.
4
Daniele Aparecida Marcondes Krueger,acadêmica do Curso de Serviço Social da UEPG, acadêmica
extensionista do Projeto INTERMIG.
5
Paula Rodrigues Machado, acadêmica do Curso de Serviço Social da UEPG, acadêmica extensionista do
Projeto INTERMIG.

371
Introdução
O Projeto de Extensão Internacionalização, Cidadania e Direitos Humanos: do
Intercâmbio às Migrações Contemporâneas desenvolve ações junto a migrantes e
refugiados que moram ou transitam pela cidade de Ponta Grossa/Pr. Suas ações iniciaram
em 2012 através de atividades desenvolvidas junto a acadêmicos em mobilidade acadêmica
que vinham estudar na universidade, em especial, alunos oriundos dos países africanos e da
América Latina.
Inicialmente as ações voltavam-se a acolhida, suporte e atendimento aos alunos em
mobilidade, ampliando-se para o atendimento e orientação a migrantes e refugiados que
moram ou transitam pela cidade. Trabalha com a rede de atendimento a essa população no
encaminhamento a documentação, vistos, serviços públicos campanhas educativas e
informativas.
A proposta da realização de oficinas surgiu no decorrer das ações desenvolvidas
pelo projeto e visam estimular a participação ativa dos adolescentes e conhecimento sobre
os processos migratórios e temas como xenofobia,preconceito e racismo. Os momentos
tem por finalidade o reconhecimento evalorização da diversidade cultural, atuando sobre
osmecanismos de discriminação e exclusão, entraves a cidadania.
Deste modo, frente ao que foi apresentado adotamos como principal referencial
teórico a discussão das migrações internacionais contemporânease suas condicionalidades
como guerras, desastres ambientais e problemas políticos, assim como, os impactos
decorrentes da mesma.
As oficinas são organizadas segundo a lógica da construção coletiva dos temas a
serem trabalhados e se constituem em um espaço dinamizado propiciando a práxis do
movimento ação-reflexão-ação tanto pelos acadêmicos envolvidos como pela participação
dos adolescentes.

Metodologia
As atividades são desenvolvidas junto a adolescentes participantes de Projetos
sociais ou Programas de contra turno escolar localizado no Município de Ponta Grossa/Pr.
O trabalho pauta-se na pedagogia freiriana (FREIRE, 1997), onde se busca criar

372
possibilidades para que o indivíduo participe da construção do conhecimento a partir da
sua própria realidade.
As oficinas são ofertadas em formato remoto em função da pandemia COVID-19,
para jovens estudantes do ensino médio, na faixa etária de 16 a 20anos deidade, sendo
realizados três encontros em dias alternados com cada turma.Os conteúdos abordados
procuram uma aproximação do aprendizado e a ampliação da consciência individual e
coletiva dos adolescentes acerca da temática, compreendendo a oficina como um meio de
levar informações e conhecimento à sociedade.
São estruturadas em torno de temas fundamentais voltados ao acesso aos direito
sociais, a cidadania, a diversidade social, cultural e étnica. Planejadas para serem
desenvolvidas em 03 momentos pedagógicos, sendo que o primeiro momento volta-se ao
conhecimento dos jovens, da equipe de trabalho e sensibilização quanto as migrações
internacionais contemporâneas. Perguntas motivadoras contribuem na reflexão como:
Você já pensou em migrar para outros pais? Por quais motivos?
O segundo momento é de aprofundamento e aproximação aos conceitos de
migrações, refugiados e apátridas, os quais são associados a imagens, contribuindo de
forma significativa na discussão. Questões que remetem à memória afetiva de parentes ou
conhecidos de outros países ou regiões também suscitam reflexões dos jovens sobre o
tema. São abordadas as catástrofes que ocorreram em diversos países, incluindo o Brasil,
na qual os jovens trazem ricas informações e dados.
O terceiro momento é de síntese sobre os temas e reflexão sobre como a
xenofobia, o preconceito e o racismo se manifestam na sociedade. Finaliza-se com a
reflexão sobre como a diversidade cultural e étnica é tão presente no dia-a-dia e que
exige,de todos e cada um, tolerância e o respeito ao diferente.

Desenvolvimento e processos avaliativos


As oficinas são elaboradas tendo como propósito a apresentação e reflexão de
termas, definições e conhecimentos acerca das migrações internacionais, bem como o
estímulo à construção, ao pensamento e posicionamento crítico. As atividades são
organizadas proporcionando interação e troca com os alunos, tal como na filosofia de

373
Paulo Freire, onde é proposta a dialogicidade entre grupos, desta forma promovendo a
correlação de saberes coletivos.
A temática das migrações contemporâneas traz consigo questões presentes no
cotidiano das reações sociais, tais como debates acerca de diversidade e questões a serem
superadas, como situações de intolerância, discriminação e preconceito. Ao trabalhar tais
questões junto aos adolescentes, procura-se provocar um movimento de análise da
realidade, individual, grupal e coletiva, incentivando a troca de conhecimentos entre os
participantes de modo a envolver culturalmente os jovens de diferentes realidades,
costumes, crenças e interesses com o eixo único de se tornar agente de mudança positiva
na sociedade contemporânea.

Considerações Finais

A proposta pedagógica desenvolvida através de oficinas possibilitam uma


percepção da carência desse tipo de debate junto aos adolescentes, sobretudo na rede
pública de ensino que, muitas vezes, vê as questões internacionais como algo muito
distante da sua realidade. A realização por plataformas virtuais apresenta-se como uma
proposta inovadora, sendo considerada uma prática pedagógica eficaz e necessária a sua
adaptação em decorrência do contexto mundial oriundo da pandemia do Covid 19.
Esses momentos se mostram de extrema relevância esclarecendo temas como
migrações e que migrar para outro país sobretudo em condições de perseguição constitui-se
como um direito reconhecido no Brasil (BRASIL, 2018). Essa reflexão contribui para a
construção de uma visão mais humanitária sobre a questão dos migrantes e refugiados que
chegam ao Brasil atualmente.
Ressalte-se a importância do Serviço Social nesta proposta, uma vez que contribui
tanto na construção do conhecimento e na formação dos adolescentes, como no
desenvolvimento das capacidades políticas, pedagógicas dos acadêmicos envolvidos no
Projeto favorecendo o crescimento profissional, visto ser possível desenvolver ações que
possibilitem a consolidação de um mundo melhor e mais humano.

374
Referências
BRASIL. Ministérioda Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais:Pluralidade
Cultural e Orientação Sexual, 2001.

BRASIL. Os Refugiados e os Direitos Humanos: A proteção dos refugiados é uma questão


fundamental de direitos humanos. In: Ministério da Mulher, da família e dos Direitos
Humanos.Disponível em: https://www.mdh.gov.br/todas-as-noticias/2018/junho/os-
refugiados-e-os-direitos-humanos>. Acesso em 27 jul. 2021

375
OS DESAFIOS ENFRENTADOS PELA EQUIPE DE TRIAGEM DO NEDDIJ
PARANAVAÍ NO CONTEXTO DA PANDEMIA DA COVID-19

Área temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenador (a) da atividade: Rosângela Trabuco Malvestio da SILVA
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ (UNESPAR) – UNIDADE GESTORA
FUNDO PARANÁ
Autores: C. TROVA 1; C. L. MENDONÇA 2; D. C. MULLER 3; L. M. SILVEIRA 4

Resumo:
O presente trabalho tem como objetivo discorrer sobre as dificuldades enfrentadas no
âmbito do regime de teletrabalho pelos integrantes do Projeto de Extensão Núcleo de
Estudos e Defesa dos Direitos da Infância e da Juventude – NEDDIJ da Unespar/Campus
de Paranavaí. Em detrimento da pandemia do Covid19, foi necessário uma reorganização
em todos os setores da sociedade. Especificamente no Núcleo, adotou-se novos
mecanismos de trabalho para manutenção das ações dos profissionais para garantir a defesa
dos direitos dos (as) beneficiários (as) atendidos. Diante da necessidade do isolamento
social, mesmo com o impedimento do contato presencial com a população atendida, a
equipe se organizou de forma híbrida e inovadora, para garantir a efetivação do fazer
profissional e principalmente, garantir com o nosso dever pessoal de indivíduo em
sociedade, um ser ético e político, responsável pelo pensar e agir na relação com o outro.

Palavras-chave: NEDDIJ; Crianças e Adolescentes; Pandemia.

1
Carolina Trova, graduanda do 3º ano do curso de Direito, da Universidade Estadual do Paraná –
UNESPAR/ Campus Paranavaí e estagiária bolsista do NEDDIJ.
2
Caroline Lima Mendonça, graduanda do 4º ano do curso de Pedagogia, da Universidade Estadual do Paraná
– UNESPAR/ Campus Paranavaí e estagiária bolsista do NEDDIJ.
3
Danielle da Cruz Muller, graduanda do 3º ano do curso de Pedagogia, da Universidade Estadual do Paraná
– UNESPAR/ Campus Paranavaí e estagiária bolsista do NEDDIJ.
4
Livia Maria Silveira, graduanda do 4º ano do curso de Serviço Social, da Universidade Estadual do Paraná
– UNESPAR/ Campus Paranavaí e estagiária bolsista do NEDDIJ.

376
Introdução
Logo no início do período de pandemia da COVID-19, o setor de triagem do
NEDDIJ identificou um aumento significativo das demandas a serem atendidas. Este
aumento se expressou principalmente nos números das demandas de execução de
alimentos, regularização de alimentos, regularização de guarda e requerimento de
medicamentos ou serviços de saúde.
Diante de um contexto de mudanças expressivas nas relações sociais e na
organização da sociedade como um todo, a equipe de triagem do NEDDIJ/Campus de
Paranavaí precisou dar continuidade na realização do primeiro atendimento formal do
Núcleo 5. A triagem que antes (no modo presencial) era realizada em torno de uma (1) hora
no espaço físico do NEDDIJ, agora, na modalidade remota, tem a duração de
aproximadamente 1 semana. Esse atendimento é realizado atualmente por meio do
aplicativo de WhatsApp, pelo número particular do (da) estagiário (a) ou pela conta do
Núcleo 6.
Portanto, o que se tem atualmente é um onde profissionais e bolsistas atuantes no
campo sociojurídico, deparam-se com a necessidade da adaptação e reorganização de seu
trabalho, tendo em vista a finalidade de atender as demandas e contribuir para o sistema de
garantia de direitos de crianças e adolescentes.

Metodologia

5
Compreende-se o acolhimento como o primeiro atendimento realizado pelo NEDDIJ, sendo esse o
momento em que a demanda é identificada pelo (a) estagiário (a), a partir do diálogo com o (a) familiar
atendido (a). No entanto, tratando-se de registro em instrumentais do projeto, a triagem é o primeiro
atendimento “formal”, uma vez que é o momento caracterizado pela coleta de documentos, informações
pessoais de endereço, renda, escolaridade, profissão entre outras, e demais elementos relacionados a situação
apresentada. A partir desse registro no formulário de triagem, as informações referentes ao caso podem ser
socializadas com os profissionais da equipe, que passam a discutir e pensar a continuidade dos atendimentos
e intervenções profissionais.
6
O objetivo do NEDDIJ está de acordo com a demanda apresentada durante o acolhimento, o nome da
criança e de seu (sua) responsável é inserido na lista de “triagens para serem realizadas”, e, o (a) responsável
deve aguardar seu momento para o atendimento. Durante a Pandemia, o tempo para o início da realização de
uma triagem nova, variou em torno de três (3) e duas (2) semanas, sendo que no início desse período
pandêmico o tempo de espera era maior, considerando o aumento significativo das demandas a serem
atendidas.

377
Para a elaboração deste trabalho utilizou-se a metodologia do relato de experiência,
juntamente com a realização de pesquisa bibliográfica. O relato é realizado a partir do
cotidiano de estágio e formação profissional vivenciado pelo setor de triagem do NEDDIJ,
que se constitui pelos cinco (5) estagiários (as) de três das áreas (Direito, Pedagogia e
Serviço Social) que formam a equipe de trabalho do Núcleo 7. A pesquisa realizada esteve
relacionada a discussão do aumento de casos de violência contra crianças e adolescentes,
ocorrido em decorrência das mudanças acarretadas pela pandemia, sendo a principal delas,
a necessidade do isolamento social. Além disso, realizou-se leituras de artigos científicos
construídos também por meio do relato de experiência de outras equipes profissionais, que
seguem trabalhando pela garantia de direitos de crianças e adolescentes no período
pandêmico 8.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Ao tratar sobre o aumento da procura pelo atendimento do NEDDIJ, compreende-se
esse fenômeno como a expressão do acirramento da questão social, em meio a um contexto
de crise econômica, política, social e sanitária. O desemprego e/ou o trabalho informal,
permeado por condições precárias, fez com que os (as) genitores (as) não efetuassem de
forma regular o pagamento dos alimentos. A necessidade real e incisiva pela contribuição
da parte contrária, com os gastos e demais obrigações que envolvem a crianças ou o
adolescente atendido, fez com que as mães realmente procurassem o Núcleo para a
execução dos valores de pensão não pagos.
As questões relacionadas a saúde dos (as) genitores (as) que acabaram falhando no
pagamento nos alimentos, também devem ser consideradas, tendo em vista o contexto de

7
O projeto de extensão NEDDIJ conta com uma equipe multiprofissional formada a partir da atuação de 4
áreas: o Direito, a Pedagogia, a Psicologia e o Serviço Social. A equipe é constituída por dois (2) advogados
(as), uma (1) assistente social, um (1) psicólogo, dois (as) estagiários de Direito, duas (2) estagiárias da
Pedagogia e uma (1) estagiária de Serviço Social.
8
Diante dos materiais utilizados e a partir da realidade vivenciada pelos (as) estagiários (as) do NEDDIJ da
UNESPAR/Campus de Paranavaí, identificou-se elementos que contribuem para a discussão sobre os
desafios enfrentados pelo Núcleo, em relação aos atendimentos de triagem realizados de forma online. Nesse
interim, deve-se ressaltar que assim como as famílias brasileiras tiveram que se reinventar diante das
dificuldades econômicas e de acesso, as equipes que ocupam os espaços sócio-ocupacionais de atuação
profissional, também se reinventaram por meio da elaboração de novas estratégias de atendimentos, que
devem estar em concordância com a realidade dos (as) nossos atendidos (as).

378
crise sanitária, marcado pela sobrecarga no sistema de saúde, pelo alto nível de contágio e
letalidade do Corona Vírus.
Além disso, não é de hoje que o Sistema Único de Saúde (SUS) vem sofrendo
ataques com a falta de investimento público. Entende-se que esse movimento produz o
aumento do ajuizamento de ações relacionadas ao requerimento de medicamentos e
serviços da saúde, a partir do não fornecimento destes por meio das vias comuns. Esse
momento marcado pelas falhas do Estado em relação a garantia de direitos da população,
proporciona o aumento das judicializações, uma vez que essas famílias não encontram
outras alternativas de acesso ao direito, para além da entrada com o processo judicial. Este
quadro demonstra o quanto a população atendida pelo NEDDIJ encontra-se em condições
ainda mais vulneráveis, o que justifica a necessidade pelos atendimentos e regularizações
das demandas.
Todavia, na modalidade remota 9 as condições materiais dos (as) atendidos (as)
impactam diretamente no trabalho realizado pelo NEDDIJ. A falta de acesso a um aparelho
celular de qualidade e a internet por exemplo influenciam na realização ou não do
atendimento, além das dificuldades enfrentadas em relação ao uso das tecnologias.
Soares e Nadal (2020) asseguram que o profissional “[...] precisa reinventar sua
prática, sem perder de vista o projeto ético-político, seu comprometimento com a classe
trabalhadora e a teoria crítica” (SOARES; NADAL, p. 75). Nesse sentido, mesmo diante
dos desafios que permeiam a realização dos atendimentos de triagem, bem como as
dificuldades na realização do trabalho remoto que se apresentam de diversas formas, o
trabalho do NEDDIJ nunca se fez tão necessário e relevante para as famílias, crianças e
adolescentes atendidos.

9
No momento em que se inicia a triagem no modelo remoto, são passadas as informações iniciais. Essas
informações relacionam-se com a explicação de como ocorre o atendimento da triagem, qual o objetivo da
triagem e quais seus possíveis desdobramentos9. Além disso, solicita-se os documentos necessários para o
preenchimento do formulário e armazenamento na pasta. Após o preenchimento do formulário, envia-se a
documentação que deriva da triagem, para a parte atendida confira se está tudo correto, conforme seu relato,
imprima e assine os documentos.

379
Considerações Finais
Dos estudos realizados é possível afirmar que o cenário sociopolítico e econômico
não tem sido favorável para a superação das situações de vulnerabilidade e violência, pelo
contrário, tem se agravado as condições de vida da população em todos os aspectos (saúde,
educação, alimentação, habitação). Conclui-se a relevância da Universidade Pública, pois
mesmo em período de crise causada pela COVID-19, e do projeto NEDDIJ, que tem se
reinventado durante a pandemia para continuar ofertando os serviços por meio da Extensão
Universitária. Frente a esse panorama desfavorável, seguem os profissionais e estagiários
(as) na tentativa de amenizar os impactos causados pela pandemia e garantir o acesso dos
direitos sociais à população.

Referências
SOARES, Flávia Laura; Nadal, Isabela Martins. O trabalho do (a) assistente social
judiciário no contexto da pandemia da covid-19. In: PONTES, Reinaldo Nobre;
CARNEIRO, ADRIÉLI ,Volpato; AMARO, Sarita. Serviço social e pandemia Covid-19:
realidade, desafios e práxis. 1. ed. Porto Alegre: Nova Práxis Editorial, 2020.

380
PARADIPLOMACIA PARA COOPERAÇÃO TRANSFRONTEIRIÇA:
FOMENTANDO POLÍTICAS DE INTEGRAÇÃO PARA O VIVER BEM

Área temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenadores da atividade: Gustavo VIEIRA; Suellen OLIVEIRA
Universidade Federal da Integração Latino Americana (UNILA)
Autores: A. WEISS 1; D. SALES²; J. SALOMÃO³
Resumo:
O presente projeto ocorre em parceria com a Diretoria de Relações Internacionais do
Município de Foz do Iguaçu com o objetivo de fomentar um Plano Municipal de Relações
Internacionais (PLARIFI). Para tanto, fomenta pesquisa e formação de Relações
Internacionais e Integração na área de Paradiplomacia. A construção do PLARIFI se baseia
na identificação do Interesse Local Internacional (ILI) que permitirá planejar a atuação
internacional do município. A metodologia utilizada é a Pesquisa-Ação-Participante que
consiste na realização de entrevistas por meio de questionários semiestruturados com
atores do território, de maneira que contempla os saberes e as práticas da atuação local. A
elaboração do Plano demandará articulação com entidades públicas estatais, sociedade
civil, ações formativas continuadas e análise do cenário da Paradiplomacia, da literatura e
legislações pertinentes, aproximando num primeiro momento docentes e estudantes do
bacharelado de Relações Internacionais e Integração, dos Programas de Pós-Graduação em
Relações Internacionais, Integração Contemporânea da América Latina da UNILA, a Red
de Expertos en Paradiplomacia e Internacionalización Territorial (REPIT) e a Diretoria de
Relações Internacionais do Município de Foz do Iguaçu. O presente projeto identifica que
as Relações Internacionais contribuem à consonância entre políticas públicas e ao
diagnóstico de demandas específicas ao território. Para tal, considera-se o potencial
internacional de Foz do Iguaçu, devido à sua localização geográfica, história, população
transfronteiriça trinacional, situação social, turística, cultural, ambiental e de saúde e
também às instituições internacionais aqui situadas, como a Itaipu Binacional, as Cataratas
e a UNILA.

1
Alexandre Augusto Weiss, discente do curso de Relações Internacionais e Integração.
² Danielle Sales Teixeira, discente do curso de Relações Internacionais e Integração.
³ Juliana Da Silva Salomão, discente do curso de Relações Internacionais e Integração.

381
Palavras-chave: Paradiplomacia; Cooperação Transfronteiriça; Tríplice Fronteira.

Introdução
As transformações do Direito e das Relações Internacionais decorrentes da
mundialização produzem novas dinâmicas interestatais com profundas implicações sobre
suas fronteiras. O foco de estudo deste projeto é a região fronteiriça de Foz do Iguaçu,
composta por Puerto Iguazú (Argentina), Ciudad del Este, Presidente Franco e
Hernandárias (Paraguai). A dinâmica da Tríplice Fronteira acaba tornando estas cidades
mais interdependentes, permitindo que os impactos da transfronteirização de problemas,
soluções e práticas sejam analisados de maneira mais evidente nos três municípios. Devido
à percepção das características da geopolítica, da segurança das questões energéticas,
socioambientais e a condição transfronteiriça do território, urge a elaboração de uma
política que auxilie a governança do município, evidenciando ao governo local as
estruturas internacionais que o envolvem.
Neste contexto, pode-se avaliar a relevância da Paradiplomacia na região como
meio de compreender a atuação dos entes subnacionais nas relações internacionais. A
Paradiplomacia oferece ferramentas benéficas na construção e na implementação de
políticas públicas de agenda internacional. Esta abordagem torna possível a construção de
soluções para demandas de caráter internacional do município e da região.
Através desse projeto de extensão busca-se apoiar a construção de um Plano
Municipal de Relações Internacionais de Foz do Iguaçu (PLARIFI) com base no Interesse
Local Internacional (ILI) de modo a promover a integração latino-americana a partir de
oportunidades e desafios da fronteira trinacional, pautando a prevalência dos direitos
humanos, a autodeterminação dos povos, defesa da paz e a cooperação entre os povos.

Metodologia
A metodologia do projeto utiliza-se do modelo de construção de política pública
participativo a Pesquisa-Ação-Participante (PAP), organizado com os seguintes objetivos:
definição de uma agenda, identificação de alternativas, avaliação, seleção das opções,
análises e termos de efetivação. Temos como atividades:

382
1) Mapeamento dos atores locais através de entrevistas com o governo local
(Executivo, Legislativo e Judiciário), com a sociedade civil (Universidades
conselhos municipais, lideranças comunitárias) e com o mercado (Empresários).
2) Auto-avaliação ampliada, com o objetivo de avaliar e ampliar o diagnóstico
participativo preliminar sobre a percepção da atuação local internacional.
3) Realização de "Oficinas do futuro", para construir a visão de futuro do PLARIFI,
junto dos atores e lideranças comunitárias prospectadas na fase 1 e 2.
4) Redação de um relatório final de diagnóstico da atuação internacional da cidade de
Foz do Iguaçu, que reunirá todos os indicadores e os cenários futuros construídos
nas oficinas, como também uma nota técnica de orientação para a implantação e o
monitoramento do PLARIFI.

Desenvolvimento e processos avaliativos


O presente projeto é desenvolvido desde 2019, onde houveram ações relevantes
para sua construção, como a participação em eventos internacionais, a participação no
comitê de fronteiras Brasil-Argentina, reuniões com a Prefeitura Municipal de Foz do
Iguaçu (PMFI), entrevistas com autoridades do território e reuniões semanais do grupo.
Neste ano, a extensão participou da articulação para a formação de uma rede internacional
de pesquisadores sobre Paradiplomacia e Internacionalização Territorial, o REPIT, que tem
o objetivo de “fomentar a investigação, formação de recursos humanos e difusão do
conhecimento sobre Paradiplomacia e Internacionalização Territorial, como a vinculação
com a prática política” (REPIT, 2021).
Em 2020, embora limitados devido a pandemia do COVID-19, as ações
continuaram sendo desenvolvidas de maneira remota. Realizamos reuniões para
sistematizar os aspectos relevantes da pesquisa e assim elaborar questionários
semiestruturados. Além disso, através dessas ações se almeja a geração de fontes de
pesquisas significativas para aqueles que buscam maior conhecimento sobre o tema da
Paradiplomacia, portanto as entrevistas estão sendo transcritas e depositadas na Diretoria
de Assuntos Internacionais do município para a democratização do acesso a tais
informações.

383
Em 2021 por meio de um Decreto Municipal (Nº29134) foi instaurada a criação da
Comissão de elaboração do PLARIFI, institucionalizando o trabalho e os objetivos desta
extensão. Os alunos envolvidos nesta ação têm a possibilidade de conhecer a realidade
local, se deparar desde o momento da graduação com problemas complexos das relações
internacionais, das cidades e estar envolvidos com a construção de soluções desde uma
agenda internacional participativa. Uma conquista também foi a entrada de um
extensionista no quadro de estagiários da Diretoria de Assuntos Internacionais, integrando
os estudos da extensão à atuação profissional desse aluno. Essas iniciativas potencializam
o projeto e aumentam a visibilidade das nossas ações, e consequentemente o
compartilhamento de boas práticas.

Considerações Finais
As mudanças a nível global e local ocorrem cada vez mais rapidamente e os
problemas são cada vez mais complexos. Neste sentido, este projeto traduz pesquisa e
ensino em uma ação de extensão. As ações do projeto articulam a Universidade com a
sociedade do território, buscando qualificar cada vez mais suas ações através do acúmulo
de experiências. A principal expressão dos objetivos deste projeto é o caráter técnico da
ação junto da Diretoria de Assuntos Internacionais do município, já que o projeto fornece
ferramentas metodológicas, assessora a execução da elaboração do Plano Municipal de
Relações Internacionais. Assim, as ações deste projeto aos poucos se institucionalizam por
diversos meios, como o reconhecimento do trabalho diante dos atores do território, pelo
reconhecimento da comunidade acadêmica, pela divulgação científica realizada e pelos
decretos municipais que formalizam a atuação da extensão dentro do setor público do
município.

Referências
VILLARRUEL, Daniel. El interés local internacional de los gobiernos no centrales:
Análisis comparativo de la paradiplomacia en Cataluña, Jalisco y Valparaíso. Editoriales e
Industrias Creativas de México, 2016.

384
ODDONE, Carlos Nahuel. La Paradiplomacia Transfronteriza de los Gobiernos Locales
en el MERCOSUR (2003-2013): una aproximación teórica y práctica. Universidad del
País Basco: Bilbao, 2015.

FALS BORDA, Orlando. Conocimiento y poder popular. México: Siglo ZZI Editores,
1983.

REPIT, 2021. Disponível em: <www.repit.site/institucional>. Acesso em: 29 jul. 2021.

Instituição Financiadora:
PROEX - UNILA

385
PREVENÇÃO A VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES: AÇÕES DO NUMAPE
GUARAPUAVA

Área Temática: Direitos Humanos e Justiça.


Coordenadora da atividade: ROSÂNGELA BUJOKAS DE SIQUEIRA
Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO)
Autores: N. C. BUENO 1; M. S. CORDEIRO 2; N. PCHEKE 3; L. M. GASPEROTTO 4; M.
SCHRAMM 5; R. B. de SIQUEIRA 6

Resumo:
A violência contra as mulheres se constitui em uma violação dos direitos humanos e seu
combate envolve, além de ações de atendimento, a prevenção visando desnaturalizar as
desigualdades de gênero e modificar práticas sexistas e violentas. O Núcleo Maria da Penha
Guarapuava tem como objetivo promover o acolhimento, o atendimento jurídico, psicológico
e social gratuito a mulheres que estejam em situação de violência familiar ou doméstica, assim
como, promover ações de prevenção por meio de práticas socioeducativas. Este trabalho tem
como objetivo refletir sobre as ações de prevenção, por meio de revisão bibliográfica e
documental. Além de demonstrar as ações e os participantes dos encontros, oficinas e rodas de
conversa, afirma a importância das metodologias participativas e da interdisciplinaridade.

Palavras-chave: Extensão dialógica; Interdisciplinaridade; Práticas socioeducativas.

Introdução
A violência doméstica ou familiar contra mulheres constitui uma violação dos direitos
humanos e se caracteriza por [...] “qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause

1
Nayara Cristina Bueno, orientadora de Serviço Social.
2
Micheli Souza Cordeiro, assistente social, bolsista.
3
Nastacia Pcheke, estudante de graduação em Serviço Social, bolsista.
4
Luana Maximo Gasperotto, estudante de graduação em Psicologia, bolsista.
5
Marielle Schramm, estudante de graduação em Direito, bolsista.
6
Rosângela Bujokas de Siqueira, coordenadora.

386
morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial.” (Brasil,
2006). Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (2021), uma em cada quatro
mulheres foi vítima de algum tipo de violência nos últimos doze meses no Brasil, 48% dessas
violências ocorreram em casa e 45% das mulheres não procuraram ajuda. Esses dados
demonstram a importância das ações de atendimento e de prevenção a violência contra as
mulheres. A Lei nº11.340/2006, Lei Maria da Penha, “[...] resulta da luta feminista pela
criação de um expediente jurídico capaz de combater as situações de violência contra as
mulheres, possibilitando mudanças significativas no âmbito do direito” (BANDEIRA, 2014,
p.463). A partir de sua aprovação foram sendo ampliados os serviços de atendimento e as
ações de prevenção. Nesse contexto, em 8 de janeiro de 2018, foi criado o Núcleo Maria da
Penha (NUMAPE), que é um programa de extensão ligado à Universidade Estadual do
Centro-Oeste (UNICENTRO). Após sua formação, na simbólica data de 8 de março do mesmo
ano (Dia Internacional da Mulher), o Núcleo passou a ser reconhecido como um dos atores da
rede de proteção de mulheres em situação de violência na região. Atualmente, o Projeto conta
com a atuação de uma equipe multidisciplinar composta pelas áreas de Serviço Social, Direito
e Psicologia. Cada área possui uma estudante de graduação, uma profissional e uma
orientadora, além da coordenadora. O Núcleo garante à comunidade, de forma gratuita, o
acolhimento, o atendimento jurídico, social e o acompanhamento psicológico de mulheres em
situação de violência doméstica ou familiar. Busca-se o rompimento da situação de violência,
por meio do trabalho integrado da equipe, bem como da articulação com a rede de
atendimento e proteção as mulheres vítimas de violência. Além do eixo atendimento, o Núcleo
se dedica à prevenção. O objetivo deste trabalho é refletir sobre o papel da prevenção no
combate à violência contra mulher, a partir de aproximações com o tema e metodologias
participativas, assim como a consulta a legislação e documentos do Projeto, como relatórios
mensais e anuais.

Metodologia

387
A relação da Universidade com a comunidade, conforme ensinamentos de Paulo Freire
(1971), deve ser uma aproximação baseada no diálogo, na troca de saberes de forma
horizontal, tendo como ponto de partida as vivências nas comunidades. Nesse contexto, são
realizados encontros, oficinas, rodas de conversa, capacitações, palestras, grupos
socioeducativos com a comunidade, visando construir mecanismos de combate à violência
doméstica ou familiar. As ações envolvem as três áreas de atuação, caracterizando uma
atuação interdisciplinar, em que as áreas se complementam e constroem novos saberes, ao
estabelecerem objetivos comuns. A equipe faz contato com instituições para dialogar e
planejar atividades, entre elas a rede de ensino municipal e estadual, as instituições de ensino
superior, organizações da sociedade civil, a rede socioassistencial, Unidades Básicas de Saúde,
entre outros. As ações de prevenção geram efeitos em todos os participantes: equipe do
NUMAPE, profissionais da rede e comunidade em geral. Durante a pandemia de covid-19 a
metodologia precisou ser adaptada ao momento de distanciamento social, por isso, os meios
digitais (online) passaram a ter destaque. Como meio de comunicação e divulgação para
comunidade foram utilizadas as redes sociais do Projeto e da Universidade. As salas virtuais
de interação instantânea e transmissão ao vivo pelo canal do NUMAPE no youtube, bem como
interações via chat durante a atividade.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Antes da pandemia todas as ações de prevenção aconteciam de maneira presencial. A
equipe realizava uma aproximação com as participantes das atividades para conhecer o
contexto da comunidade, depois deslocava-se ao local para os encontros. Os dados a seguir
foram coletados nos registros do Projeto. Entre março a dezembro de 2018 foram realizados:
06 oficinas, 57 trabalhos com grupos, 05 palestras, 05 rodas de conversa, 01 reunião
institucional sobre prevenção, 01 tarde interativa na comunidade e 01 capacitação com
profissionais, portanto, tivemos um total de 76 ações de prevenção, das quais participaram
1.255 pessoas. No ano de 2019, observamos um crescimento expressivo nas ações de

388
prevenção, com: 14 oficinas, 65 trabalhos com grupos, 09 palestras, 02 rodas de conversa, 01
reunião institucional sobre prevenção, 03 capacitações com profissionais, ao todo foram
realizadas 94 práticas educativas de prevenção na comunidade, com 2.065 participantes.
Compreendendo a necessidade e a importância da prevenção à violência contra as mulheres,
enquanto estratégia de mudanças culturais de práticas sociais machistas e violentas, na
pandemia, as ações de prevenção continuaram, mas no formato online. Isso também foi
possível porque a metodologia do Projeto, baseada na dimensão dialógica, envolve a interação
constante da equipe, mulheres atendidas, profissionais da rede de atendimento e prevenção. O
estudo contínuo nas formações da equipe e a participação no Grupo de Estudos Feminismos e
Violência de Gênero também continuaram. Quanto as ações socioeducativas desenvolvidas em
2020 e 2021, podemos dividir em três categorias: transmissões ao vivo, rodas de conversa e
capacitações, sendo realizadas de 09 ações de prevenção que envolveram diretamente 752
participantes. A violência contra as mulheres é um fenômeno estrutural e o seu enfrentamento
exige estratégias que, segundo a Política Nacional de Enfrentamento à Violência Contra as
Mulheres, devem prever […] o desenvolvimento de ações que desconstruam os mitos e
estereótipos de gênero e que modifiquem os padrões sexistas, perpetuadores das desigualdades
de poder entre homens e mulheres e da violência contra as mulheres […] (BRASIL, 2011, p.
26). Portanto, na prevenção dois aspectos se destacam: as metodologias participativas, como
as baseadas na extensão dialógica de Paulo Freire, para que o ponto de partida seja as
vivências nas comunidades, a desnaturalização das desigualdades de gênero, o rompimento
com o silêncio e a mudança de valores. Para isso, o trabalho interdisciplinar, no qual o
conhecimento ultrapassa as barreiras da formação, se torna indispensável, sendo a prevenção
um espaço privilegiado de interação.

Considerações Finais

389
As metodologias participativas colocam a Universidade (e a extensão) em uma relação
horizontal, no qual a troca de saberes possibilita a reflexão e a formação de todos (as) os (as)
envolvidos (as), sendo que a interdisciplinaridade contribui para uma ação extensionista para
além das práticas isoladas de cada profissional. Por isso, o NUMAPE enfatiza a importância
do eixo prevenção e a construção vivências com a comunidade, bem como a mudanças
culturais alicerçadas na igualdade de gênero.

Referências
BANDEIRA, L. M. Violência de gênero: a construção de um campo teórico e de investigação.
Revista Sociedade e Estado, v. 29, n. 2, 2014. Disponível em:
https://www.scielo.br/pdf/se/v29n2/08.pdf. Acesso em: 02 ago. 2021.

BRASIL, S.N.P.M. Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres.


Brasília, DF, 2011

BRASIL. Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. Disponível em:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm. Acesso em: 30 jul.
2021.

FREIRE, P. Extensão ou comunicação? Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1971.

Forúm Brasileiro de Segurança Pública; DataFolha. Relatório Visível e Invisível: a


vitimização de mulheres no Brasil. 3ª Edição. 2021.

Instituição financiadora:
Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior – PR

390
PROJETO ELAS

Área temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenador(a) da atividade: Fabiana LOPES DA SILVA
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul
- Campus Caixas do Sul (IFRS)
Autores: L. C. MARCON 1; I. PERTILE 2;L. A. BENATTO 3;V. do N. BUENO 4;

Resumo:
O objetivo número cinco das metas de desenvolvimento sustentável da ONU trata de
alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas. O projeto ELAS
associam-se a esta meta tendo como objetivo principal inspirar meninas e mulheres nas
áreas de ciências, tecnologia e engenharia, a partir de ações que valorizem o protagonismo
e o empoderamento feminino nas esferas acadêmica, industrial e social. Enquanto ação
extensionista, apresenta caráter multidisciplinar abordando diferentes linhas temáticas
relacionadas ao protagonismo das mulheres em áreas de ciência, medicina, literatura,
tecnologia e engenharia. Além disso, o projeto também propões reflexões a cerca do
engajamento masculino e para o despertar da equidade de gênero no público infantil. As
ações foram desenvolvidas a partir da produção de conteúdo informativo para cada uma
das diferentes linhas temáticas, entrevistas e diálogos com mulheres de diferentes áreas do
conhecimento, pesquisas bibliográficas, palestras técnicas, dentre outras. A execução se
deu de forma virtual e remota, através de produção de conteúdo para as mídias sociais
como postagens e Lives para o Instagram, vídeos para o Youtube, podcasts
disponibilizados nas plataformas Anchor/Spotfy, debates e palestras via Google Meet. Os
resultados obtidos foram o engajamento da comunidade interna e externa nas ações
promovidas com participação ativa de mais 100 pessoas nas palestras e debates. Além
disso, o projeto engajou mais de 600 seguidores no perfil do Instagram ampliando sua

1
Luiza Cruz Marcon, aluna do curso Técnico em Química Integrado ao Ensino Médio.
2
Isabela Pertile, aluna do curso Técnico em Química Integrado ao Ensino Médio.
3
Leticia Ane Benatto, aluna do curso Técnico em Química Integrado ao Ensino Médio.
4
Vinícius do Nascimento Bueno, aluno do curso Técnico em Química Integrado ao Ensino Médio.

391
abrangência para o nível nacional. Para concluir, impactos positivos na autoconfiança e no
sentimento de pertencimento foram relatados pelos diferentes públicos envolvidos.

Palavras-chave: equidade; gênero; Projeto ELAS.

Introdução
Conforme análise de dados publicado no Censo da Educação Superior de 2019, as
mulheres representam 59% das matrículas e 61% das concluintes dos cursos superiores
presenciais do Brasil. Apesar do elevado número de mulheres concluindo o ensino
superior, o número de engenheiras registradas no Sistema Confea/CREA, por exemplo,
representa apenas 15% do total de registros. Esta baixa representatividade também se
reflete na presença de mulheres dentro da Academia Brasileira de Ciências, especialmente
na área de engenharia (Ferrari et al., 2018). No mundo, apesar de apresentarem tanta
ambição de crescer na carreira quanto os homens na mesma posição e de também estarem
dispostas a sacrifícios pessoais para alçar posições de liderança, as mulheres ocupam
apenas 5% dos cargos de alta liderança (McKinsey & Company, 2017). Efeito semelhante
é observado na carreira acadêmica onde, segundo MENEZES et al. (2017), as disparidades
também crescem à medida que se avança na carreira acadêmica.
Dentre as diversas experiências relatadas e presenciadas pelo projeto ELAS ao
longo dos dois últimos anos de sua existência no Campus Caxias do Sul, foi possível
perceber que, muitas vezes, as meninas sequer conhecem uma mulher engenheira ou uma
cientista surpreendendo-se ao identificar mulheres nestes papéis. O objetivo número cinco
das metas de desenvolvimento sustentável da organização das nações unidas (ONU) trata
de alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas. O alcance
desta meta passa por temáticas sensíveis e complexas que envolvem temas socioculturais e
políticas públicas. Sendo assim, o projeto ELAS associa-se a esta meta e tem como
objetivo principal inspirar meninas e mulheres nas áreas de ciências, tecnologia e
engenharia, a partir de ações que valorizem o protagonismo e o empoderamento feminino
nas esferas acadêmica, industrial e social.

392
Além disso, inspirado no movimento Eles por Elas (He For She), também da ONU,
o projeto busca promover ações para fomentar o engajamento do público masculino de
forma alinhada a um esforço global para envolver homens e meninos para novas relações
de gênero sem atitudes e comportamentos machistas.

Metodologia
As ações desenvolvidas foram propostas a partir do diálogo com participantes do
projeto e com a comunidade externa, através da interação entre diferentes instituições
públicas e privadas. Estas ações tiveram como público-alvo meninas e mulheres e foram
estruturadas de acordo com temáticas específica, a saber: “ELAS falando de Ciências”,
“ELAS nas Engenharias”, “Engajando ELES”, “ELAS na Medicina”, “ELAS na
Literatura”, “ELAS em Debate”, “Dicas dELAS” e “ELAS Kids”. Neste processo, os(as)
estudantes foram convidados(as) a pensar criticamente, formular hipóteses, exercitar a
criatividade e interagir com a comunidade externa. Foi criado um perfil no Instagram o
que proporcionou a execução do projeto de forma virtual e remota. A partir de um trabalho
de pesquisa fundamentada sobre cada temática, os(as) estudantes construíram o
aprendizado e socializaram o conhecimento através da produção de conteúdo para as
mídias sociais como postagens e Lives para o Instagram, vídeo para o canal do Youtube,
podcasts na plataforma Anchor/Spotfy, debates e palestras via Google Meet.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Os objetivos do projeto foram convertidos em resultados através das ações
desenvolvidas para cada uma das linhas temáticas pensadas e propostas pelos(as) bolsistas
e colaboradores(as) do projeto. Na ação “ELAS falando de Ciências”, foram produzidos
vídeos de experimentos científicos disponibilizados o canal do Youtube do projeto, além de
posts com conteúdo científicos e Lives com jovens pesquisadoras do Campus Caxias do
Sul do IFRS. Na ação “ELAS nas Engenharias”, foram realizadas pesquisas e produção de
conteúdo sobre as 50 profissões de engenharia, bem como Lives inspiradoras com
engenheiras das diferentes áreas. Na ação “Engajando ELES”, foram realizadas pesquisas e
produção de conteúdo exemplificando formas práticas de homens apoiarem mulheres na

393
pauta de equidade de gênero, assim como publicações que visam apontar e ajudar na
desconstrução de uma masculinidade tóxica. Na ação “Elas na Medicina”, foram realizadas
pesquisas e produção de conteúdo divulgando fatos relevantes e reconhecendo as mulheres
importantes que contribuíram para o avanço desta área.
A ação “ELAS na Literatura” foi realizada em parceria com o projeto de extensão
NELE (Núcleo de Ensino de Línguas em Extensão) do IFRS Campus Caxias do Sul. O
“ELAS em Debate”, proporcionou momentos de debate entre convidadas de diferentes
áreas do conhecimento e a comunidade sobre questões envolvendo equidade. No “Dicas
DELAS” foram produzidos conteúdos com indicações semanais de livros, filme,
documentários e podcasts relacionados ao projeto. Na ação “ELAS Kids”, além de
participação na edição virtual do Espaço KIDS para o 5° Salão de Pesquisa, Extensão e
Ensino do IFRS, forma produzidos vídeos animados de produção autoral e/ou inspirados
em clássicos infantis para o Youtube do projeto.
Por fim, todas estas ações apresentaram um grande engajamento da comunidade
externa através das redes sociais do projeto engajando mais de 600 seguidores no
Instagram. As avaliações de todos(as) os(as) envolvidos(as) foram sempre muito positivas,
destacando o impacto e a relevância social do projeto, bem como propiciando que novas
redes de contato e parcerias técnicas fossem estabelecidas. Os(as) estudantes
envolvidos(as) destacaram o sentimento de pertencimento, a paixão em fazer parte do
projeto e a grande oportunidade de aprendizado e aplicação de conhecimento que tiveram.

Considerações Finais
O projeto alcançou seus objetivos à medida que todas as ações providas para cada
uma das áreas temáticas apresentaram caráter inspirador, com grande engajamento e
avaliação positiva da comunidade envolvida. Destacam-se como ganhos, o caráter
multidisciplinar do projeto que proporcionou um espaço de fala para as questões de
equidade de gênero e para o protagonismo e empoderamento de mulheres e meninas que
servem de inspiração nas mais diversas áreas do conhecimento.

394
Referências
Brito, C.; Pavani, D.; Lima Jr., P. Meninas na Ciência: atraindo jovens mulheres para
carreiras de Ciência e Tecnologia. GÊNERO. Niterói. v. 16. n. 1. p. 33 - 50 (2015).

FERRARI, NATHÁLIA C. et al. Geographic and Gender Diversity in the Brazilian


Academy of Sciences. Anais da Academia Brasileira de Ciências [online]. 2018, v. 90,
n. 2 https://doi.org/10.1590/0001-3765201820170107.

MENEZES, D. et al. Efeito Tesoura. Scientific American Brasil. 2017. Disponível em:
http://www.if.ufrgs.br/cbrito/publicacoesGenero/artigoTesoura_SAm_Brito.pdf Acesso
em: 24 ago.2020.

Women Matter: Ten years of insights on gender diversity. McKinsey & Company.
October 2017.

Instituição Financiadora:

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul

395
PROJETO PASSA E REPASSA: CONSTRUÇÃO DE DIÁLOGOS COM A
POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA

Área temática: Direitos Humanos e Justiça


Coordenador(a) da atividade: Maria Gabriela CURUBETO GODOY
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Autores: Guilherme Sturza ; Anelise Burmeister 2; Maria Gabriela Curubeto Godoy 3;
1

Isadora Rosa Leotti 4

Resumo:
A população em situação de rua (PSR) é historicamente um dos segmentos mais
vulneráveis e excluídos da população geral, tendo entrado recentemente na agenda de
políticas públicas no Brasil. Entretanto, observa-se que a expansão de políticas, ações e
serviços para essa população não dá conta das suas necessidades. Além disso, há pouca
divulgação das ações realizadas em âmbito local, sendo necessária a produção de
informações que contribuam para a atuação dos coletivos que defendem os direitos da
PSR. Nesse sentido, o projeto Passa e Repassa, realiza a coleta, sistematização e
divulgação de informações sobre políticas, ações e serviços implementados pelo poder
público de Porto Alegre produzindo materiais em diversas linguagens e meios (áudios e
podcasts, infográficos, sites e outros) repassando-os para diversos coletivos de luta pelos
direitos da PSR (Movimento Nacional da População de Rua, Jornal Boca de Rua, Escola
Porto Alegre e outros). A avaliação do projeto é processual e participativa, incluindo os
coletivos envolvidos. O compartilhamento e a democratização das informações
sistematizadas e analisadas pelo projeto podem contribuir para fortalecer o protagonismo, a
participação, o controle social e a luta pela garantia de direitos da PSR, instrumentando-a
para reivindicar e qualificar as ações do poder público, aproximando o que é ofertado das
reais demandas dessa população.

Palavras-chave: População em Situação de Rua; Políticas Públicas; Direitos Humanos

1
Estudante de Psicologia (UFRGS) e bolsista, bolsa financiada pela ProREXT
2
Estudante de Saúde Coletiva (UFRGS)
3
Professora do bacharelado em Saúde Coletiva (UFRGS)
4
Estudante de Ciências Jurídicas e Sociais (UFRGS)

396
Introdução
A população em situação de rua (PSR) é um dos segmentos mais vulneráveis e
socialmente excluídos da população geral. O desenvolvimento de políticas públicas
enfocando a cidadania e garantia de direitos dessa população é relativamente recente, tendo
como marco a Política Nacional para a População em Situação de Rua (PNPSR), lançada
em 2009 (BRASIL, 2009). Cabe a cada município, conjuntamente com o estado e o âmbito
federal, atender as necessidades dessa população e contribuir para a participação de
instâncias representativas da PSR no acompanhamento das ações.
Apesar da ampliação de ações, observa-se que a PSR continua aumentando, o que
se acentuou no decorrer da pandemia (GAMEIRO, 2021). Há, portanto, cobertura
insuficiente de serviços para as necessidades dessa população. Além disso, há falta de
informação da própria PSR sobre a oferta, acesso e recursos financeiros utilizados pelo
poder público nas ações e serviços implementados. Nesse sentido, o Projeto Passa e
Repassa contribui realizando a coleta, sistematização, análise e divulgação de informações
sobre ações e políticas para a PSR implementadas pelo poder público em Porto Alegre,
utilizando diversas linguagens e meios.
A circulação e compartilhamento dessas informações junto à PSR e seus coletivos
representativos estimula a democratização do acesso à informação, o fortalecimento do
protagonismo, a participação, o controle social e a luta pela garantia de direitos da PSR,
instrumentando-a para reivindicar e qualificar as ações do poder público, de maneira a
aproximar o que é ofertado das suas reais demandas.

Metodologia
Este projeto está vinculado ao Grupo Interinstitucional e Interdisciplinar de Ensino,
Pesquisa e Extensão de Políticas para a População em Situação de Rua, formado por
docentes e discentes da UFRGS e UNISINOS, vários deles apoiadores do Movimento
Nacional da População de Rua (MNPR) e trabalhadores da rede do Sistema Único de
Saúde (SUS) e do Sistema Único de Assistência Social (SUAS). Parte de seus membros
têm, portanto, trajetória anterior de ações junto à PSR. O grupo tem uma pesquisa em

397
andamento sobre as políticas para a PSR durante a pandemia e cursos já realizados sobre
essas temáticas.
A múltipla inserção da equipe do projeto tem facilitado a articulação com diversos
coletivos, alinhando-se metodologicamente a um processo de dialogicidade permanente
com a PSR (FREIRE, 1967). O projeto foi apresentado a membros do MNPR, do Jornal
Boca de Rua e da Escola Porto Alegre (EPA), que fizeram sugestões e aprovaram a
proposta, priorizando algumas informações desejadas, como por exemplo, a questão da
oferta de alimentação.
O diálogo com os coletivos ocorre em três momentos: no levantamento de
demandas,; na revisão do material elaborado, a fim de estabelecer uma comunicação
culturalmente adequada e sensível; e na avaliação processual do projeto. As fontes de
coleta de informações para a elaboração dos materiais e produtos do projeto incluem:
documentos oficiais publicados em sites de instituições públicas; diários oficiais; sistemas
de gestão de parcerias e contratos do município e do estado, todos de acesso aberto; e
informações publicizadas na internet de meios de comunicação (jornais).
As informações são selecionadas segundo critérios de interesse da PSR, como:
tipos de serviços e ações, locais de oferta, dias e horários de funcionamento, número de
vagas diárias e mensais, recursos financeiros utilizados e outras. É realizada uma
retextualização (“tradução”) da linguagem constante nesses documentos, de maneira a
torná-la acessível e compreensível para a PSR através de ilustrações, áudios e podcasts,
vídeos, infográficos e outros meios. A divulgação do material está prevista para ser
repassada em redes sociais dos coletivos, site do projeto e o Jornal Boca de Rua.
O público-alvo inclui: pessoas em situação de rua usuárias ou não de serviços e
espaços de acolhimento públicos; grupos e coletivos representativos da PSR, como o
MNPR; EPA; Jornal Boca de Rua; Comitê Intersetorial da Política Municipal para a
População em Situação de Rua (Comitê POPRUA); conselheiros e trabalhadores da
Assistência Social e da Saúde. É essa experiência de diálogo com a PSR e a circulação dos
materiais elaborados entre mais pessoas e grupos que inspira o nome do projeto.

398
Desenvolvimento e processos avaliativos
Este projeto está em sua primeira edição, e sua execução inclui um processo
articulado de: 1) planejamento, articulação, acompanhamento e avaliação da proposta
inicial com coletivos da PSR; 2) coleta, seleção, análise de informações oriundas de
documentos oficiais de diversas fontes; 3) elaboração de materiais informativos em
linguagem acessível para a PSR, apresentados aos coletivos antes da sua divulgação para
sugerirem adequações; 4) divulgação desses materiais junto à população-alvo; 5) avaliação
participativa processual com os coletivos envolvidos.
As contribuições do projeto para a formação discente incluem: 1) aprendizado
expandido em diversas áreas: instrumentalização na busca de documentos públicos; criação
e manutenção de sites; produção gráfica e textual; comunicação social; linguagem popular;
cidadania; luta e garantia de direitos; ciências sociais e políticas; antropologia; letramento
jurídico; e outros; 2) ampliação dos conhecimentos sobre as políticas públicas do SUS e do
SUAS para a PSR; 3) integração entre teoria e prática, através de uma ação clínico-política
interdisciplinar, uma aprendizagem viva e orgânica que permite aplicar o que se estuda; 4)
aproximação e criação de diálogo com coletivos e movimentos sociais da PSR,
incentivando uma formação pautada na multiculturalidade e transversalidade, que
possibilita a ampliação da comunicação intra e intergrupos na produção de um
entendimento comum; 5) fortalecimento de uma formação politicamente engajada, atenta
à garantia de direitos e que busque não apenas ler e conhecer o mundo mas,
principalmente, transformá-lo.

Considerações Finais
O projeto está em andamento e a consecução de seus objetivos vem avançando. A
inserção da equipe do projeto em diversos coletivos de apoio à PSR tem sido fundamental
para a articulação das ações. A avaliação processual demonstra o potencial do passe e
repasse de informações que contribuem para maior compreensão e delineamento das
demandas da PSR. A sistematização de informações a partir dos documentos selecionados
possibilitou o desenvolvimento de uma matriz analítica adaptável a outros grupos e locais,
contribuindo para manter a interligação fundamental entre extensão, ensino e pesquisa.

399
Ressalta-se a necessidade de continuidade do projeto para sua consolidação e apropriação
pela PSR.

Referências
BRASIL. Presidência da República. Decreto nº 7.053, de 23 de dezembro de 2009. Institui
a Política Nacional para a População em Situação de Rua e seu Comitê Intersetorial de
Acompanhamento e Monitoramento, e dá outras providências. Diário oficial da União,
Poder Executivo, Brasília, 24 dez. 2009. n. 246, seção 1, p.16-17.

FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. 17. ed. Paz e Terra, Rio de Janeiro, 1974.

GAMEIRO, N. População de Rua aumentou durante a Pandemia. Fiocruz, Brasília,


10/06/2021. Disponível em: https://portal.fiocruz.br/noticia/populacao-em-situacao-de-rua-
aumentou-durante-pandemia

400
4.
EDUCAÇÃO

SEURS
Seminário de Extensão Universitária
da Região Sul
A IMPORTÂNCIA DO ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO PARA A FORMAÇÃO
DOS(AS) ACADÊMICOS(AS) DO CURSO DE PSICOLOGIA NA UNIVERSIDADE
ESTADUAL DE MARINGÁ/PR

Área Temática: Educação


Coordenadora da atividade: Rosana A. Bonadio
Universidade Estadual de Maringá/PR (UEM)
Autores: Nathália Furquim Depieri1; Milene Ariele da Silva2; Lígia Natália Abramoski
Nogueira da Silva3; Lorena Gonzalez Donadon Leal4

Resumo:
O objetivo do presente trabalho é retratar o projeto de extensão da Universidade Estadual
de Maringá denominado “Atendimento psicoeducacional a crianças com problemas de
escolarização e TDAH”, como possibilidade para uma formação crítica em Psicologia
Escolar. O projeto é composto por acadêmicos, professores e agentes universitários do
curso de Psicologia e busca apresentar possibilidades de enfrentamento à biologização e a
medicalização das queixas escolares. Com foco na superação da patologização da infância
almeja o desenvolvimento das potencialidades das crianças, possibilitando ressignificação
de suas vivências escolares. Além de ser um projeto importante para a comunidade externa,
também o é para os acadêmicos que fazem parte do projeto, visto que consiste em uma
formação acadêmica em Psicologia para além das atividades acadêmicas obrigatórias.

Palavras-chave: Atendimento Psicoeducacional; Problemas de Escolarização; Projeto de


Extensão.

1
Formada em Psicologia pela Universidade Estadual de Maringá (2021), e estagiária voluntária no Projeto de
Extensão.
2
Formada em Psicologia pela Universidade Estadual de Maringá (2021), bolsista do programa de bolsas de
extensão universitária da Fundação Araucária - PIBIS e estagiária voluntária no Projeto de Extensão.
3
Formada em Psicologia pela Universidade Estadual de Maringá (2021), e estagiária voluntária no Projeto de
Extensão.
4
Aluna do curso de Psicologia da Universidade Estadual de Maringá (UEM), e estagiária no Projeto de
Extensão.

402
Introdução

Sabe-se que a história do desenvolvimento humano é estudada por diferentes


vertentes da Psicologia no decorrer de sua história enquanto ciência. Entretanto, uma das
principais características deste processo são as teorias biologicistas e naturalistas, estas, por
sua vez, compreendem de forma conservadora a dinâmica escolar, familiar e as condições
sócio-econômicas que interferem e limitam o acesso das crianças aos bens materiais e
simbólicos produzidos socialmente e historicamente pelo coletivo humano. Como reflexo
desta atuação, percebemos que o número de encaminhamentos de crianças com
dificuldades de aprendizagem e Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
(TDAH) para profissionais da neurologia e psiquiatria cresce visivelmente a cada ano,
acarretando em superprodução de diagnósticos, psicopatologização da infância e,
medicalização de crianças, corroborando para que problemas de ordem social tornem-se
individuais, culpabilizando a organicidade daquele sujeito que não aprende.
Frente a essa realidade, este trabalho tem por objetivo apresentar o projeto de
extensão “Atendimento Psicoeducacional a crianças com dificuldades de escolarização e
TDAH”, o qual apresenta a possibilidade de enfrentamento a biologização e medicalização
de queixas escolares como uma das práticas possíveis ao Psicólogo Escolar, bem como o
vislumbrar na prática a intersecção dos conceitos teóricos apresentados em sala de aula,
necessários a formação do Psicólogo. Desta forma, promovendo junto aos estagiários do
curso de Psicologia da Universidade Estadual de Maringá (UEM)/PR, reflexões e
intervenções apropriadas aos encaminhamentos, a avaliação, a elaboração das queixas e as
dificuldades de escolarização, provenientes das escolas públicas do município de
Maringá/PR. Assim, pensando na atuação do Psicólogo diante destas práticas, a área de
Psicologia escolar do Departamento de Psicologia da UEM, transformou o atendimento já
realizado desde 2003, na Unidade de Psicologia Aplicada (UPA) em um projeto de
extensão como mais uma possibilidade para a formação crítica dos acadêmicos.
Utilizando-se de instrumentos diagnósticos e de intervenção por meio da Psicologia
Histórico-Cultural, a qual considera que o desenvolvimento do ser humano se dá por meio
das relações sociais estabelecidas com o meio em que o sujeito vive. Desta perspectiva
consideramos as crianças em sua integralidade em sua forma de pensar, agir e sentir. Por
longo período, o projeto manteve-se vinculado ao projeto de pesquisa intitulado “Retrato
da medicalização no Estado do Paraná”, encerrado em meados de 2020, o que contribuiu
significativamente para a ampliação das discussões sobre práticas que patologizam o não

403
aprender. A partir do projeto foram desenvolvidas também duas pesquisas, apresentadas ao
longo desse período de atividades remotas. Articulando o ensino com o direcionamento
teórico-prático durante as intervenções realizadas, com vistas à formação de psicólogo.
Contudo, por conta da pandemia da COVID-19 as atividades tornaram-se limitadas
aos grupos de estudos, nos quais foram abordadas temáticas e ideias de adaptação do
serviço que serão apresentadas no decorrer deste trabalho. Da mesma forma que Martins
(2012), consideramos que o tripé ensino-pesquisa-extensão são imprescindíveis e
indissociáveis para uma formação crítica, de modo a não configurar-se como reprodutora
de técnicas, mas como propulsora de reflexão e transformação de nossa práxis.
Metodologia

O projeto de extensão “Atendimento Psicoeducacional a Crianças com Problemas


de Escolarização e TDAH” teve seu início no ano de 2013 na UPA. Atualmente, o projeto
conta com a participação de uma coordenadora docente do Departamento de Psicologia
(DPI), um psicólogo escolar, um psicólogo clínico, duas fonoaudiólogas, uma assistente
social, uma agente administrativa e oito estagiárias do curso de Psicologia, sendo quatro
estagiárias do 4º ano e quatro do 5º ano, além de contar com quatro psicólogas voluntárias
recém-formadas e, três das estagiárias são bolsistas do programa de bolsas de extensão
universitária da Fundação Araucária. O trabalho desenvolvido no projeto é orientado pelo
psicólogo escolar e pela coordenadora. A partir das orientações, as estagiárias planejam as
atividades que serão desenvolvidas semanalmente com as crianças. No entanto, devido à
pandemia da COVID-19 que eclodiu no Brasil no início de 2020, as atividades práticas
realizadas com as crianças foram suspensas e diante disso, as atividades se limitaram aos
grupos de estudos que tiveram o objetivo de discutir as futuras possibilidades de
intervenção com as crianças, olhando sempre para o cenário atual pandêmico que estamos
vivendo e tendo como referência para o planejamento, estudos teóricos a partir da
Psicologia Histórico-Cultural. As reuniões passaram a acontecer quinzenalmente, às sextas
feiras com duração de 1 hora e 30 minutos, contando com a presença de toda a equipe do
projeto.

Desenvolvimento e processos avaliativos

Durante o ano de 2020, foram apresentadas as pesquisas de estagiárias do projeto,


sendo uma delas sobre os efeitos da medicalização no desenvolvimento afetivo e a outra
sobre combinações medicamentosas para crianças diagnosticadas com TDAH,

404
considerando os dados levantados no projeto. Outro tema trabalhado foi à periodização do
desenvolvimento de acordo com a Psicologia Histórico-Cultural, apresentando as
características de cada fase e suas implicações no processo educacional. Além disso,
também foi discutida a interdisciplinaridade entre Psicologia e Fonoaudiologia. Foi
realizado ainda, um levantamento e apresentação de dados das escolas municipais e
estaduais relacionados ao cenário atual, referentes a metodologia adotada para o ensino
durante a pandemia, bem os impactos desse momento na vida das pessoas com foco
especial nas crianças e no processo de aprendizagem. A partir desse levantamento foi
possível desenvolver uma proposta de intervenção coerente as limitações impostas pela
pandemia, a ser realizada de forma remota. A intervenção proposta terá início em Agosto
de 2021 trabalhando em encontros online com as famílias das crianças TDAH e
dificuldades de escolarização de escolas municipais e estaduais, abordando temas como o
ensino remoto, as dificuldades enfrentadas pelos pais no acompanhamento dos estudos dos
filhos, preocupações em relação à pandemia, entre outros.

Considerações Finais
O objetivo principal do projeto de extensão é o atendimento da comunidade externa
no enfrentamento à patologização da infância e biologização e medicalização das queixas
escolares, para que as crianças atendidas possam desenvolver suas potencialidades e
superar suas dificuldades. Além disso, o projeto possibilita formação acadêmica do
psicólogo escolar, de forma que as estagiárias participantes do projeto tenham respaldo
teórico para sua prática no projeto, possibilitando o desenvolvimento de um pensamento
crítico em relação à Psicologia da Educação. Em virtude da pandemia da COVID-19, o
projeto ficou restrito aos grupos de estudos, de forma que pudéssemos entender melhor o
momento em que estamos e de que forma podemos lidar com ele quando voltarmos a
atender a comunidade externa.

Referências

MARTINS, L. M. Ensino-pesquisa-extensão como fundamento metodológico da


constituição do conhecimento na universidade. São Paulo: Unesp, 2012. Disponível em:
http://www.academia.edu. Acesso em: 26 jul. 2021.

VIGOTSKI, L. S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2008.

405
AÇÕES EFETIVAS DE ENGAJAMENTO DA UEM CIANORTE COM A
COMUNIDADE REGIONAL

Área Temática: Educação


Coordenadora da atividade: Cristina do Carmo LUCIO-BERREHIL EL KATTEL
Universidade Estadual de Maringá (UEM)
Autores: A. DALBERTO1.

Resumo:
Com a identificação de que o Campus Regional da UEM de Cianorte – CRC, apesar dos 36
anos de existência, ainda não é conhecido por parte da sociedade regional, professores e
alunos se uniram, em meados de 2019, no intuito de reconhecer as potencialidades de cada
curso para propor ações para engajamento da comunidade regional. O objetivo deste
trabalho é apresentar tais ações, planejadas e desenvolvidas, e os resultados alcançados até
o momento. O projeto prevê dois grupos de ações: a comunicação midiática das atividades
desenvolvidas e ações efetivas de engajamento. A comunicação tem apresentado resultado
satisfatório, com número crescente de visualizações; quanto às ações efetivas, foram
realizados diversos trabalhos beneficentes, exposições, palestras e projetos, com destaque
para o Fab Lab, ainda em fase de implantação. Por ter sido contemplado em Edital Público
da Fundação Araucária, o Sebrae PR possibilitou 3 meses de consultoria pelo Programa
Habitats Paraná de Inovação, viabilizando a estruturação do Habitat de Desenvolvimento
Tecnológico e Inovação, Espaço Maker e Pré-Incubadora – Fab Lab Design UEM, com
importantes parcerias da cidade e região. Não há dúvidas que os ganhos desta integração
serão amplos, tornando o campus universitário importante espaço de integração e
desenvolvimento social.

Palavras-chave: UEM Cianorte; engajamento social; educação transformadora.

1
Anelise Guadagnin Dalberto, servidora docente.

406
Introdução
O campus regional da UEM de Cianorte (CRC), criado pela demanda da
comunidade cianortense na década de 1980, possui 4 cursos de graduação: Ciências
Contábeis e de Pedagogia (criados em 1986) e Design e Moda (criados em 2002). Apesar
de seus 36 anos de existência, o campus não é conhecido por todos, e muitos que o
conhecem não sabem quais cursos oferece, embora diversos egressos atuem no mercado de
trabalho regional. Outro fator preocupante é a queda constante dos inscritos nos
vestibulares, um problema de abrangência nacional, mas que merece atenção, pois indica,
entre outros fatores, uma possível preterição pelas áreas aqui ofertadas.
A partir dessa constatação, professores do CRC se uniram, em meados de 2019, no
intuito de reconhecer as potencialidades de cada curso para, então, propor ações de
engajamento da comunidade regional com os cursos e com o CRC, o que deu início ao
projeto de extensão “UEM na Comunidade”. Desse modo, o objetivo desta publicação é
apresentar as ações desenvolvidas e os resultados alcançados até o momento.

Metodologia
O projeto “UEM na comunidade” prevê dois grandes grupos de ações: a
comunicação midiática de todas as atividades desenvolvidas no campus regional da UEM,
e ações efetivas de engajamento, como projetos, exposições, palestras, capacitações, cursos
e quaisquer ações de integração com os atores sociais. Quanto às divulgações, os
resultados são bastante satisfatórios, com alcance crescente de visualizações, e por isso as
artes têm sido aprimoradas, visando alcançar maior número de pessoas.
As divulgações são indispensáveis, mas é preciso gerar produtos novos e de
interesse das pessoas para angariar engajamento consistente. Sendo assim, muitos projetos
foram criados. Um exemplo é a Empresa Junior de Design, a qual oferece soluções mais
acessíveis à sociedade regional, como materiais gráficos, projetos de interiores e
desenvolvimento de produtos, para atender a público abrangente, de pessoa física à
jurídica, de pequeno a grande porte.
Outro exemplo é o programa de pós-graduação em Design, cuja proposta é atender
principalmente à demanda regional, mas que devido à proximidade com os países vizinhos,
possibilitará a troca internacional de conhecimentos, permitindo mão de obra qualificada.
O último projeto desenvolvido, o Fab Lab Design UEM, decorreu da participação e
contemplação da Chamada Pública da Fundação Araucária (FAPPR) em 2020 – Programa
de Pesquisa e Inovação em Design. A proposta da FAPPR objetiva aproximar a

407
comunidade acadêmica do setor comercial e industrial da sociedade, por meio da produção
de serviços e produtos inovadores de modo acessível à população em geral.

Desenvolvimento e processos avaliativos


A extensão surgiu na Inglaterra do século XIX, com a intenção de direcionar novos
caminhos para a sociedade e promover a educação continuada. Nos dias atuais, surge como
instrumento a ser utilizado pela Universidade para a efetivação do seu compromisso social
(AMARAL et al., 2013). Nesse sentido temos trabalhado no projeto UEM na Comunidade
e desde que foi criado, em meados de 2019, muitas ações foram desenvolvidas para a
sociedade, de modo direto, apresentadas a seguir cronologicamente:

ANO AÇÃO DETALHAMENTO


Semana Cultural Os quatro cursos participaram da Semana Cultural de Cianorte em outubro
2019 Exposição e Em dezembro, foram realizadas pela Tecidoteca Moda UEM uma exposição na
CAPS Fashion prefeitura municipal e o evento CAPS Fashion
Campanha Ano No início do ano, foi realizada campanha de doação de alimentos, brinquedos e
Novo Solidário outros itens, os quais foram destinados à Associação Rainha da Paz
2020
Doação de Com a pandemia de Covid 19, foram confeccionadas máscaras e doadas a
máscaras instituições de saúde e filantrópicas
Doação de chocolates e doces para as crianças atendidas pela São Jose Serviço
Doação de Páscoa
de Obras Sociais – CEMIC.
Doação em Foram levantados fundos para auxilio de pessoa da comunidade na realização
espécie de exame de saúde, com doação em dinheiro
Doação de Cestas para a Associação Rainha da Paz (cerca de 300 kg)
2021
alimentos Cestas básicas para o Provopar – Acão Social de Cianorte (cerca de 300 kg)
Doação de roupas Roupas, sapatos, acessórios e cobertores, com arrecadação de itens importantes
e outros itens para o inverno, foram doados à Associação Rainha da Paz
Campanha A parceria com o Centro de Atenção Psicossocial CAPS e o grupo Scketchers,
antimanicomial originou desenhos empregados na campanha pela luta antimanicomial

Além dessas ações, outros projetos foram desenvolvidos no período, provenientes


da capacitação e know-how dos docentes das diversas áreas presentes na UEM Cianorte.
Destes, o projeto Fab Lab Design UEM é o que tem obtido maior visibilidade, mesmo
ainda não tendo sido inaugurado. Apenas com a divulgação nas mídias da UEM Sede no
início de 2021, de que fomos 1 dos 3 contemplados pela FAPPR, dos 12 participantes,
surgiu o convite do Sebrae PR, oferecendo consultoria pelo Programa Habitats PR de
Inovação, já com apoio da prefeitura de Cianorte, para construção de Habitat Tecnológico
relacionado ao Fab Lab no Ecossistema Regional. O projeto concluiu com êxito sua
participação no programa do Sebrae, o que permitiu definir o Habitat de Desenvolvimento
Tecnológico e Inovação, Espaço Maker e Pré-Incubadora. Esse processo proporcionou
visibilidade da UEM Cianorte frente aos principais ícones da tecnologia e inovação do

408
Paraná, permitindo conexões e futuras parcerias com Hubs de inovação, aceleradoras,
startups e demais iniciativas e espaços tecnológicos em todo o Estado. Atualmente, o Fab
Lab conta com a participação de: docentes dos cursos de Design, Moda e Ciências
Contábeis; discentes; e profissionais do Marketing, da Fotografia e da Gestão; além de
parcerias e colaborações em processo de oficialização da Prefeitura Municipal de Cianorte;
Sebrae Cianorte; Empresa Junior de Design Carimba; Laboratório de Ergonomia da UEM;
Tecidoteca Moda UEM; Oficina de Moda UEM; e Laboratório de Modelagem
Automatizada UEM. Diversos projetos de pesquisa deverão ser correlacionados.
Devido à integração de todos estes projetos, incluindo os de pesquisa, foi criado o
grupo no DGP intitulado “Pesquisas para o Desenvolvimento Tecnológico e Inovação -
Fab Lab Design UEM”, já certificado pela instituição, visando o estabelecimento de núcleo
de DT&I na UEM Cianorte para benefício da região.

Considerações Finais
O ensino rompe as barreiras da sala de aula e sai do ambiente fechado da
Universidade, para que haja troca de informações. Assim, o conteúdo passa a ser multi,
inter e transdisciplinar (AMARAL et al., 2013). A múltipla integração aqui descrita
configura-se num importante marco para o estabelecimento de relações e parcerias,
sobretudo relacionadas ao DT&I, do campus regional da UEM de Cianorte com a
comunidade. Com isso, é possível concluir que os objetivos do projeto “UEM na
Comunidade” têm sido alcançados, pois já está ocorrendo participação dos alunos, dos
professores e de diversos setores da cidade e região nas discussões para benefício regional.
É preciso destacar, entretanto, que, apenas com a efetivação desses projetos, com acesso
real dos atores sociais na universidade, será possível o engajamento completo pretendido.
Não há dúvidas que os ganhos desta integração serão amplos na região, permitindo
reconhecimento da importância da universidade, com consequente defesa desta frente aos
órgãos governamentais, tornando o campus universitário importante espaço de integração e
desenvolvimento social.

Referências

AMARAL, C. L.; BATALHA, T. B.; PASSOS NETO, I. D.; PRATA, M. S.;


RODRIGUES, A. L. Contribuições da extensão universitária na sociedade. Cadernos de
Graduação: Ciências Humanas e Sociais, Aracajú, v. 1, n. 16, p. 141-8, mar. 2013.

409
TRILHA INTERPRETATIVA: UM INSTRUMENTO DE ENSINO E
APRENDIZAGEM NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA

Área Temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: André Calor Cruz Copetti
Universidade Federal do Pampa (Unipampa)
Autores: E.PEREIRA ; L, AGNALDO DA SILVA MARQUES JUNIOR2.
1

Resumo:
O uso de trilhas ecológicas como instrumento de interpretação cresce positivamente, uma
vez que, o uso de espaços verdes e trilhas tem como foco a educação ambiental não formal.
Contudo, em razão do novo cenário e das medidas de distanciamento, a proposta deste
trabalho tem por objetivo viabilizar, através de ferramentas digitais e atividades remotas,
versões que possibilitem aproximar as instituições de ensino assim como a comunidade da
região. A trilha interpretativa: Campus Verde trata-se de um trabalho que vem sendo
desenvolvido no espaço da Universidade Federal do Pampa - Campus São Gabriel/RS,
através de parcerias com o Laboratório de Inventário e Manejo (LABMAF), para coleta de
imagens para a criação e atualização do espaço virtual, para proporcionar um passeio onde
os visitantes possam interagir e obter informações ao longo do trajeto, e com a Secretaria
de Educação, que através da disponibilidade de transporte de alunos até a Universidade em
tempos anteriores à pandemia e da organização e garantia de acesso à salas virtuais para as
atividades em tempos de pandemia. Até o momento foram realizadas gincanas presenciais,
expedições de estudos, e atualmente estão sendo desenvolvidas produções de gincanas
virtuais com temáticas através dos pontos na qual integram a trilha. Como resultado, pode-
se observar que, a elaboração deste projeto possui um impacto de magnitude inexplicável
tanto para práticas e discussões acerca das diferentes áreas, assim como para que
informações permaneçam acessíveis e de qualidade, além de tornar a indissociabilidade
entre ensino, pesquisa e extensão com interdisciplinaridade dentre essas versões.

1
Eduarda Pereira de Pereira, Aluna da graduação em Ciências Biológicas.
2
Luis Agnaldo da Silva Marques Junior Aluno da graduação em Engenharia Florestal.
3
André Carlos Cruz Copetti, docente da Universidade Federal do Pampa.

410
Palavras-chave: Trilha ecológica; Interpretação; Educação Ambiental.

Introdução
Por muito tempo, a principal função das trilhas foi suprir a necessidade de
deslocamento. Entretanto, a procura por espaços naturais vem crescendo cada vez mais na
sociedade contemporânea, na busca por contato com a natureza, a simplicidade do campo,
ar puro, beleza naturais, atividades como as trilhas surgem como um novo meio de contato
com a natureza e uma nova abordagem educativa, visto que as trilhas denominadas
ecológicas são locais utilizados como laboratórios vivos em que se relacionam com
experiências para serem interpretadas, fazendo gerar questionamentos e interagir com o
meio em que estão e não apenas como espaços de “repasse de informações". Contudo
ainda são grandes os desafios a enfrentar-se quando se procura direcionar as ações para a
melhoria das condições de vida no mundo. Um deles é relativo à mudança de atitudes na
interação com o patrimônio básico para a vida humana: o meio ambiente.
Uma vez que, a relação entre o homem e a natureza têm sofrido bruscas alterações
que incidem no Planeta, de maneira mais intensa a cada época, são claramente
vislumbradas por questões como o avanço tecnológico aliado ao grande crescimento
urbano-industrial, crises socioambientais, diminuição de recursos naturais disponíveis,
aumento exponencial de poluição entre outros fatores que se encontram em atuação na
sociedade atual, encontrar um método para abordar tais problemáticas, sendo estas
causadas pelo distanciamento da população para com a natureza, mostra-se necessária.
Assim, torna-se indispensável, no que diz respeito a conscientização ambiental
através de práticas educacionais ambientais que venham contribuir com a sustentabilidade
ambiental, como o exemplo da Trilha Interpretativa: Campus Verde, encontra-se
preservada ambientalmente, buscando despertar nos visitantes, discentes, docentes,
funcionários e entre outros, a ligação com o meio natural e a reduzir a dificuldade
encontrada em trabalhar o conceito de educação ambiental de maneira interdisciplinar nas
instituições escolares.
Nessa perspectiva, a criação de ambientes como trilhas corrobora como alguns dos
diversos recursos didáticos práticos existentes, buscando explorar o raciocínio lógico,

411
incentivar observações e reflexões para além do conhecimento científico teórico,
sensibilizar para os cuidados relacionados ao meio ambiente, de forma a transmitir o
conteúdo de maneira dinamizada, além de um contato direto com a fauna e flora da região
(adaptada Martins, J.H.B & Carvalho, A.F; 2020). Além disso, tal ferramenta de ensino
propicia a interdisciplinaridade, ligando-se a vários conceitos e auxiliando no
entendimento e interpretação sistêmica do ambiente (BUZATTO; KUHNEN, 2020).
Portanto, o objetivo deste trabalho é relatar as inúmeras possibilidades de explorar o
ambiente/formato da trilha, através da interdisciplinaridade entre ensino, pesquisa e
extensão. Viabilizar meios através de ferramentas digitais e atividades remotas, para que
seja possível manter, de forma virtual, passeios/expedição de estudos e gincanas, com
diferentes temáticas para o público em geral, dando um panorama sobre as atividades
desenvolvidas entre 2019 e o andamento das atividades até o momento presente.

Metodologia
O presente trabalho é resultado de uma parceria entre corpo docentes, discentes e
técnicos da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA) Campus São Gabriel, com a
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e Secretária Municipal de Educação do
município de São Gabriel, ressaltando a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e
extensão.
O projeto vem sendo desenvolvido na Universidade Federal do Pampa, na área de
vegetação campestre, mista de eucalipto, espécies nativas, áreas de açudes e lagos em
conjunto com a Instituição de Ensino. Dentro desta perspectiva, o ambiente possui uma
área total de 19 ha, sendo apenas a área natural com aproximadamente 1km definida como
trajeto para fins de elaboração da Trilha Interpretativa: Campus Verde. Até o momento,
para a implantação da trilha no Campus, foram realizados esforços, na demarcação dessa,
sinalização do trajeto para caminhadas presenciais e placas com orientações dos pontos
interpretativos. Atualmente foram colocados pontos enumerados de 0 a 10, sendo eles: 0 -
entrada da trilha; 1 - compostagem; 2- botânica sensorial; 3- agrofloresta; 4 - PANC
(Plantas Alimentícias Não Convencionais); 5 - integração; 6 - paleontologia; 7 - animais
peçonhentos; 8 - jardim das exatas; 9 - hidrologia; 10 - meliponário.

412
Em razão do atual cenário que assola o país com a pandemia da Covid-19 e as
diversas recomendações de especialistas pelo isolamento social, mudanças no cotidiano da
sociedade brasileira precisaram ser adaptadas para que fosse possível haver a sua execução
ou mesmo postergar visto que as circunstâncias exigiam que as atividades ocorressem de
forma remota. Com isso, o projeto Trilha Interpretativa: Campus Verde vem
desenvolvendo atividades em sua versão virtual possibilitando que sejam criadas atividades
de educação ambiental através de gincanas temáticas e com passeios virtuais, na qual vem
sendo elaborado pela equipe executora do projeto, tendo como público alvo tanto a
comunidade acadêmica como o público em geral.

Desenvolvimento e processos avaliativos


No ano de 2019 foram realizadas inúmeras atividades ao longo da trilha. Entre elas
podemos destacar as visitas guiadas e as gincanas temáticas, além de atividades de ensino
realizadas em componentes curriculares e ou em projeto de ensino. As visitas guiadas e as
gincanas compreendem a maior utilização do espaço, sendo que foram realizadas em torno
de 16 atividades, passando pelo espaço mais de 200 pessoas, entre alunos do ensino médio
e fundamental, professores, técnicos e funcionários municipais, além de outros grupos
como os bombeiros mirins e o grupo do Programa Jovem Aprendiz.
Desta forma, o uso de espaço de área verde como metodologia de ensino a partir da
participação em trilhas interpretativas pode ser vista como uma ótima ferramenta para a
exploração da interdisciplinaridade, raciocínio lógico e o incentivo a práticas ambientais,
como estas já realizadas em momentos anteriores a pandemia da Covid-19, além de aulas
práticas desenvolvidas por disciplinas de cursos de graduação como Ecologia, Manejo de
Fauna, Geoturismo e desenvolvimento local, Botânica Sistemática. Além destas atividades,
foram realizadas parcerias entre a Prefeitura Municipal de São Gabriel com ajuda de
doações de mudas e outras ações necessárias em outros pontos do município. Da mesma
forma, para ajustes à nova modalidade e virtual, realizou-se a parceria com o Laboratório
de Inventário e Manejo (LABMAF), para que fossem realizados voos com drone para
percorrer a trilha e fornecer as imagens, em consonância com o recurso H5P, no moodle

413
para a execução de uma visita virtual, proporcionando um passeio onde os visitantes
pudessem interagir e obter informações ao longo do trajeto.
Na questão de formação acadêmica, através do desenvolvimento de gincanas
virtuais com temáticas diversas abrangendo os pontos na qual integram a trilha, destaca-se
a grande exigência de capacidade de formulação de diferentes questões abordando temas
transversais, como o modelo produzido por discentes do curso de Licenciatura em
Ciências Biológicas sob orientação da professora responsável na componente curricular
“Práticas de Estágio em Educação Não-Formal: Edição Trilha Campus Verde”, a qual foi
vista como uma excelente oportunidade para os discentes em formação vivenciarem
práticas docentes em ambientes não formais que são quaisquer locais fora do ambiente
escolar.

Considerações Finais
A utilização de trilhas interpretativas como instrumento de ensino e aprendizagem
na Universidade Federal do Pampa pode, além de enriquecer a aprendizagem dos alunos,
também ser uma excelente ferramenta de suporte para aquilo que propõe-se a investigar,
tornando qualquer tema mais atrativo e despertando o desejo de investigar. A partir do uso
de trilha para disponibilizar conteúdos didáticos de forma mais atrativa, conciliando com a
gincana e outras formas interativas de coletar dados sobre o conhecimento em
determinados temas, será possível comprovar a sua aplicabilidade e fornecer subsídios para
elaborar estratégias mais didáticas e atrativas e de fácil compreensão a todos. O projeto
ainda está em adaptação, mas pretende focar no uso da trilha para gerar e trocar
conhecimentos de forma mais interativa. Por outro lado, baseado em conceitos e
contribuições freireanas, o uso de espaços não formais como as trilhas possibilita
atividades fundamentais para contribuir nas demandas criadas a partir da inserção da
extensão nos currículos da graduação, bem como está estreitamente alinhado aos Objetivos
da agenda 2030 da ONU, que contempla as três dimensões do desenvolvimento
sustentável: social, econômico e ambiental.

414
Referências
IF. SÉR. REG. Manejos de Trilhas um manual para gestores. São Paulo, n. 35, p. 1- 74,
maio de 2008.

J. H. B, Martins & D.A.F. de Carvalho. A importância do uso de trilhas ecológicas no


ensino de biologia: uma revisão de literatura, v.4, n.1, 2020.

MEDEIROS, S. C. Manual de Sinalização de Trilhas. Instituto Chico Mendes de


Conservação de Biodiversidade, 2018.

MENDONÇA, R. Atividades em áreas naturais. Livro Eletrônico, 2 ed., São Paulo.


Ecofuturo, 2017.

PASKAUSKAS, V.; GINDRI DELLA PACE VARGAS, A.; CARLOS CRUZ COPETTI,
A. Trilha Virtual Campus Verde: em busca de atividades remotas. Anais do Salão
Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão, v. 12, n. 3, 20 nov. 2020.

415
PAPO RÁPIDO EM ALFABETIZAÇÃO: UMA AÇÃO EM TEMPOS DE
PANDEMIA

Área Temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Silvana Maria Bellé Zasso
Universidade Federal do Rio Grande (FURG)
Autores: Taís. RODRIGUES GARCIA 1; Milena. SEVERO ESTIMA 2; Barbara.
CORDEIRO BORGES 3; Carolina. DOS SANTOS ESPÍNDOLA 4

Resumo:
Este trabalho trata da ação de extensão que teve origem nas demandas deste período de
afastamento social em função do COVID-19. O grupo do LAPIL (Laboratório de
Alfabetização e Práticas de Incentivo à Leitura) da FURG se propôs a criar um canal no
youtube denominado: PAPO RÁPIDO EM ALFABETIZAÇÃO, como uma estratégia de
formação continuada aos alfabetizadores. O propósito é produzir vídeos curtos, sobre
temáticas específicas do campo da alfabetização, com linguagem simples, direta e
exemplos práticos que podem ser realizados em sala de aula pelas professoras
alfabetizadores. Tais vídeos foram produzidos por professoras e acadêmicas que integram
o Grupo de Estudos e Pesquisa em Alfabetização e Letramento – GEALI e LAPIL.
Acreditamos que tais materiais audiovisuais contribuem para a formação permanente dos
professores, pois neste momento que estão impossibilitados de seguir participando das
ações presenciais, que vinham sendo desenvolvidas em parceria com a SMED – Rio
Grande, poderão acessar o Canal do LAPIL no Youtube. Além desses profissionais, todos
os interessados em alfabetização, ampliando e redimensionando a ação de formação para
âmbito nacional. Os vídeos foram no primeiro ano - julho de 2020 - disponibilizados
quinzenalmente e, partir de julho de 2021, mensalmente. Temos recebido depoimentos
importantes pelo grupo de Whatsapp que mantemos com os professores e no canal do
Youtube que indicam a pertinência das discussões das temáticas escolhidas; o

1
Taís Rodrigues Garcia, aluna curso Pedagogia da FURG, Bolsista EPEC/FURG no ano 2020/2021.
2
Milena Severo Estima, professora voluntária do GEALI/LAPIL; Bolsista EPEC/FURG ano de 2020.
3
Barbara Cordeiro Borges, aluna curso Pedagogia da FURG.
4
Carolina dos Santos Espíndola, mestranda do Programa de pós-graduação em educação.

416
compartilhamento do canal; a utilização das orientações práticas no planejamento das aulas
e elogios em relação a qualidade dos materiais e das reflexões.

Palavras-chave: alfabetização; formação continuada; pandemia.

Introdução
Apresentamos neste trabalho uma das ações de extensão realizadas pelo
Laboratório de Alfabetização e Práticas de Incentivo à Leitura – LAPIL e pelo Grupo de
Estudos e Pesquisa em Alfabetização e Letramento – GEALI do Instituto de Educação, da
Universidade Federal do Rio Grande – FURG, em parceria com a Secretaria de Município
da Educação – SMEd, da cidade do Rio Grande- RS. Nosso grupo é constituído por
professoras da FURG, acadêmicas da graduação e pós-graduação e professoras rede de
ensino.
Desde 2018, temos uma parceria com a Secretaria de Educação de Rio Grande-
SMED e vínhamos realizando ações de formação continuada de alfabetizadores, mas no
início de 2020, fomos surpreendidos pela Pandemia do COVID- 19. Com a intenção de
darmos seguimento as ações que vinha sendo realizada pelo LAPIL, propomos de forma
estratégica a criação de um canal na plataforma virtual YouTube denominado - “Papo
Rápido em Alfabetização”.
No Papo Rápido em Alfabetização produzimos vídeos curtos com foco em
temáticas específicas da alfabetização e podem ser acessados, por todos aqueles que
tiverem interesse no assunto, ampliando e redimensionando a ação de formação para
âmbito nacional. Os vídeos são produzidos pelos integrantes do GEALI/LAPIL e,
inicialmente foram postados quinzenalmente. Enfrentamos novos desafios quanto à
formação e a prática alfabetizadora, pois todos os professores precisaram se reinventar para
encontrar estratégias de ensino que contribuíssem na manutenção do vínculo com as
crianças e, também, para que elas mantivessem o interesse em aprender a ler e escrever.
Trabalhamos os processos de formação continuada dos professores a partir da
escola num paradigma colaborativo entre os professores. (IMBERNÓN, 2011, p.85) e
diante dos desafios do Ensino Remoto Emergencial, criamos este canal no Youtube como

417
uma estratégia de formação continuada aonde os alfabetizadores pudessem acessar
materiais audiovisuais para sua formação e planejamento assumindo-se, ainda mais, como
protagonista da sua ação profissional.
Considerando o papel da universidade em subsidiar e instrumentalizar a
comunidade acadêmica e professores da Educação Básica, bem como construir
conhecimento e contribuir com o avanço no campo da alfabetização, é que desenvolvemos
desde julho de 2020 esta ação de formação continuada de alfabetizadores com o objetivo
de seguir realizando formação e, ao mesmo tempo, possibilitando às acadêmicas
aprendizagens sobre a produção destes materiais audiovisuais, pois neste processo
observamos que todos envolvidos aprenderam já que é uma experiência nova que exigiu
estudos e reflexões acerca das estratégias de ensino e aprendizagem no formato virtual.
Além disso, o aprofundamento teórico acerca das temáticas abordadas nos vídeos.

Metodologia
Como primeira etapa do projeto foi a criação do canal do Youtube. Em seguida,
realizamos a definição das temáticas que seriam abordadas juntamente com a elaboração
dos textos pelo grupo GEALI/LAPIL; após a gravação dos vídeos e, quinzenalmente,
acontecem encontros a fim de realizar avaliações sobre os vídeo, distribuir as temáticas a
serem estudadas e gravadas. Também, avaliamos a edição e a visibilidade do canal.
Neste segundo semestre de 2021, definimos no grupo que os vídeos serão postados
mensalmente, em função de outras atividades extensionistas que envolvem os
alfabetizadores.

Desenvolvimento e processos avaliativos


O canal foi criado no dia 28 de julho de 2020, e foram postados até o momento
onze vídeos com diferentes temáticas específicas sobre alfabetização. Segue abaixo a
imagem da página do Canal do LAPIL no Youtube.

418
Figura – Canal do LAPIL no YouTube.

Fonte: https://www.youtube.com/channel/UCUeTzDzc9s7Bt0uQ1ZvufAw/

Segundo a ferramenta “Analytics”, disponível no YouTube para o acompanhamento


das estatísticas dos canais, até o momento temos 611 inscritos e contamos com um total de
8.630 visualizações. Em relação ao público alvo 100% dos inscritos são do gênero
feminino, sendo 82,6% na faixa etária entre 24 a 34 anos e 17,4% entre 45 a 54 anos.
Podemos perceber que o campo da alfabetização no Brasil ainda é composto, em sua
grande maioria, por mulheres, fato já conhecido e que corrobora com as estatísticas
apresentadas.
Os vídeos postados no Canal do Papo Rápido em Alfabetização até o momento
abordam temáticas do cotidiano da prática dos alfabetizadores, bem como enfocam alguns
fundamentos sobre conhecimento e aprendizagem, quais sejam: Alfabetização e
Letramento; Organização do trabalho pedagógico (sequências didáticas e projetos);
Consciência Fonológica (consciência silábica, consciência fonêmica e consciência
intrassilábica, Alfabetização: tipos de letras; Alfabetização: atividades permanentes;
Teorias do conhecimento; Alfabetizar letrando; Leitura deleite; Realismo nominal;
Heterogeneidade das turmas e Leitura na educação infantil. Acreditamos que este conjunto
de materiais audiovisuais têm contribuído para as discussões entre os alfabetizadores que
estão vivenciando o Ensino Remoto Emergencial.

Considerações Finais

419
Nesse período em que o canal está ativo na plataforma, podemos perceber que o
projeto tem sido bem aceito pelo público, uma vez que apresenta um considerável número
de inscritos e visualizações, além dos comentários do público trazendo considerações
acerca dos temas propostos, da qualidade das reflexões e orientações práticas.
Segue a produção dos vídeos, trazendo conhecimentos pertinentes sobre a temática
da alfabetização, buscando manter a proximidade, o vínculo com os professores
alfabetizadores viabilizando assim, por meio desta estratégia online, a formação
continuada.

Referências
FERREIRO, Emília. Reflexões sobre a alfabetização. 22 ed. São Paulo: Cortez, 1993.

IMBERNÓN, F. Formação permanente do professorado: novas tendências. São Paulo:


Cortez, 2009.

420
DESAFIOS DO PLANEJAMENTO ESCOLAR E DE ENSINO NO PERÍODO DE
PANDEMIA

Área Temática: Educação


Coordenadora: Profª Drª Léia de Cássia Fernandes HEGETO
Universidade Federal do Paraná (UFPR)
Autores: L. HEGETO; Y. SILVA; R. DIAS; P. LIMA; R. PEREIRA.

Resumo:
O objetivo deste artigo é apresentar parte das atividades realizadas no âmbito do projeto de
extensão universitária “Planejamento na organização do trabalho pedagógico escolar”
durante a pandemia da Covid-19. O objetivo do projeto de extensão é a reflexão sobre o
planejamento escolar e de ensino, na qual busca-se promover a aproximação entre
estudantes de cursos de licenciaturas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e os
profissionais de uma escola pública de Curitiba/PR. As atividades realizadas no projeto
buscam contemplar a tríade Ensino, Pesquisa e Extensão. Nestes dois últimos anos (2020 e
2021) com a suspensão das atividades presenciais, as atividades do projeto passaram a ser
realizadas de forma remota. O foco das ações tem sido a discussão sobre o planejamento a
partir de uma perspectiva crítica que considera a atuação dos professores e pedagogos
como essenciais no enfrentamento dos desafios advindos desse período. Têm sido
realizadas reuniões quinzenais e encontros de formação continuada mensais com a escola
parceira do Projeto. Outra ação do projeto é a oferta do Curso de Extensão ofertado aos
Pedagogos da Rede de ensino estadual do Paraná. As ações realizadas mostram que são
muitos os desafios nesse período, especialmente quanto a participação e aprendizagem dos
alunos. Os professores e pedagogos na grande maioria revelam a tentativa de se aproximar
dos estudantes e manter a autonomia nas suas práticas e planejamento das aulas. As
análises e atividades que contemplem o planejamento em situações adversas possibilita
reflexões que impactem o modo como os professores planejam suas ações.

Palavras-chave: Planejamento Escolar. Trabalho pedagógico. Formação de professores.

421
Introdução
Neste período de pandemia do Coronavírus, o projeto de extensão universitário
“Planejamento na Organização do Trabalho Pedagógico Escolar”, entende que é de
extrema importância favorecer o debate sobre o planejamento nesse momento de
pandemia, entre alunos dos cursos de licenciaturas e entre professores, pedagogos e
profissionais da Redes de ensino. O projeto aborda temáticas que relacionam os
conhecimentos teóricos adquiridos na universidade e os conhecimentos práticos dos
profissionais de ensino, garantindo na extensão o tripé ensino, pesquisa e extensão.
O projeto no ano de 2020 e 2021 tem abordado temáticas que envolvem o
planejamento e encaminhamentos metodológicos em tempos de pandemia. Discutiu-se
ações necessárias para a aprendizagem e acompanhamento dos estudantes no período de
aulas on-line e aulas remotas. Na Rede Estadual do Paraná as aulas remotas foram
instituídas em março de 2020 com a Resolução 891/2020 que prevê medidas para
enfrentamento do Coronavírus – COVID19 (PARANÁ, 2020).
O planejamento por parte do pedagogo e professor se tornou imprescindível para
que houvesse um melhor atendimento das turmas e alunos, tendo em vista que nem todos
alunos puderam acompanhar as aulas remotas pela falta de acesso à internet e/ou aos
equipamentos tecnológicos. As novas concepções sobre o conhecimento e a educação
evidenciam a necessidade de encontrar caminhos mesmo em tempos de incertezas. Para
Morin (2020) “A chegada do coronavírus nos lembra que a incerteza permanece um
elemento inexpugnável da condição humana”. (MORIN, 2020).
Pedagogos e professores tiveram que se adaptar às exigências do ensino remoto e
aulas on-line, especialmente no atendimento aos alunos que só puderam acompanhar os
conteúdos por meio de atividades impressas, recebidas quinzenalmente na escola.
Por isso, o projeto buscou por meio das ações realizadas de forma remota na UFPR
promover debates e reflexões e assim alcançar alunos da graduação, pedagogos e
professores externos à UFPR. Buscou-se, portanto, discutir o planejamento como
possibilidade de reflexão e aprimoramento da prática.

422
Metodologia
No início do ano de 2021 o projeto firmou uma parceria com uma escola localizada
na região sul de Curitiba-PR e devido a pandemia provocada pelo COVID-19 não foi
possível dar início às atividades presenciais na escola. Devido a impossibilidade neste
período de realizar reuniões presenciais e visitas à escola parceira do projeto, traçou-se
uma nova forma de se comunicar com a comunidade acadêmica e profissionais da
educação, usando-se de plataformas on-line para realizar reuniões para estudo e
produzir lives, formulários, jograis e conteúdos audiovisuais para as redes sociais e páginas
do projeto. As leituras e referências bibliográficas estiveram amparadas nas pesquisas de
Freire (2004), Libâneo (2005), Morin (2020), Vasconcellos (2019), entre outros.
Nas reuniões de estudo entre os extensionistas, além do estudo das bibliografias,
têm sido realizados debates acerca das formações continuadas realizadas pela equipe. Para
a realização das formações continuadas com a escola parceira tem sido utilizada a
plataforma Google meet.

Desenvolvimento e Processos avaliativos


Devido ao contexto pandêmico provocado pelo COVID-19 e em respeito às normas
sanitárias preventivas, as atividades presenciais foram suspensas e as reuniões e encontros
de formação passaram a ser realizadas de forma flexível, remota e adaptada.
Nas reuniões realizadas entre os extensionistas têm-se discutido sobre as dificuldades na
adaptação dos professores, alunos e gestores ao ensino remoto, bem como identificar
barreiras e desafios na efetivação do planejamento escolar e de ensino.
As reuniões têm contribuído com diálogos constantes entre os extensionistas. Foi
a partir da importância de aproximação com os sujeitos escolares que buscou-se realizar
formações continuadas na escola parceira, buscando explorar, refletir e entender como a
escola estava lidando com a configuração imposta pela pandemia. Oportunizou-se aos
alunos das licenciaturas conhecer a realidade da escola, e aos profissionais da escola
compartilhar e pensar em estratégias de adaptação.
Nesses encontros de formação continuada tem ocorrido diálogos embasados em
referências bibliográficas, buscando resgatar a essência do planejamento nesse período. Os

423
encontros de formação continuada com os profissionais da escola parceira tem como
objetivo contribuir para o enfrentamento dos desafios postos ao planejamento. As
discussões sobre as possibilidades de reinventar as práticas e ressignificar o planejamento
buscou contribuir com a organização do trabalho pedagógico e um melhor atendimento dos
estudantes e famílias. Foram evidenciadas dificuldades quanto à falta de acesso e contato
físico e as dificuldades de aprendizagem. Foram priorizados aspectos sobre o plano de ação
e o plano de aula.
Os encontros de formação são organizados pela equipe de extensionistas e as
atividades incluem o estudo, debates e dinâmicas com o intuito de promover momentos de
descontração com a equipe da escola. Os extensionistas têm elaborado e questionários via
Google Forms para a coleta de dados e posterior análise dos resultados.
Nesse contexto, verificou-se que o planejamento escolar se tornou indispensável na
tentativa de concretizar um bom trabalho. Se a prática escolar presencial exige o
planejamento constante e contextualizado das ações, a prática de aulas remotas exigirá
ainda mais. Para Vasconcellos (2019, p.7) planejar é antecipar mentalmente ações a serem
realizadas “[...] para atingir finalidades que suprem desejos e/ou necessidades, em relação a
determinada realidade, e agir de acordo com o antecipado”. Para além de estabelecer ações,
o planejamento é uma ferramenta que tem a função de produzir sentido para a prática.
Uma outra importante atividade realizada pelo projeto neste ano de 2021 foi a
oferta do curso de extensão “O papel do/a pedagogo/a na Organização e Planejamento do
Trabalho Pedagógico Escolar” em parceria com a Secretaria Estadual Educacional da
Associação dos Professores do Paraná (APP Sindicato), Departamento de Pedagogos e
Confederação Nacional dos trabalhadores da Educação.
O curso organizado pelo projeto e ministrado por professores da UFPR compõe o
Programa de formação para pedagogos da APP e as formações são transmitidas no
YouTube e Facebook. As discussões têm abordado temáticas sobre Planejamento de
Ensino; o papel do/a pedagogo/a na organização do trabalho pedagógico; a identidade
profissional e método; sobre aspectos históricos e conceituais do Currículo Escolar e
Projeto Político Pedagógico (PPP).

424
Considerações Finais
Na pesquisa destacou-se a importância das ações e atividades realizadas pelos
extensionistas do Projeto “Planejamento na Organização do Trabalho Pedagógico”. Os
estudos nas reuniões da equipe e encontros de formação continuada na escola têm
possibilitado uma maior aproximação e conhecimento mais aprofundado sobre os desafios
do cotidiano escolar, especialmente em relação ao planejamento, a seleção de conteúdos, as
metodologias e estratégias de ensino e o processo de avaliação.
O ensino remoto durante a pandemia tem mostrado que há grandes desigualdades e
dificuldades quanto ao acesso à internet e uso de equipamentos. Do mesmo modo, o curso
de extensão tem proporcionado a discussão de temas como: o planejamento da pedagoga, o
papel do pedagogo na organização do trabalho pedagógico, Fundamentos do Currículo e o
Projeto Político Pedagógico (PPP) e os desafios para sua concretização.
Conclui-se que as atividades realizadas neste ano, mesmo que de forma remota
possibilitaram, por parte dos extensionistas e profissionais da escola, a reflexão sobre as
dificuldades enfrentadas pelo professor e pedagogo, bem como, pensar possibilidades para
superar tais desafios. Defende-se que é preciso lutar pelo financiamento e educação de
qualidade, assim como, manter a resistência, solidariedade e ética como caminho.
Reafirma-se a importância do planejamento na prática docente e o papel do pedagogo na
luta por um ensino comprometido com a maioria dos estudantes.

Referências
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São
Paulo: Paz e Terra, 2004.

LIBANEO José Carlos. Organização e Gestão da Escola – teoria e prática. 5 ed.


Goiânia: Alternativa, 2001.

MORIN, Edgar. As certezas são uma ilusão. Fronteiras do pensamento. 9 abr. 2020.
Entrevista. Disponível em: https://www.fronteiras.com/entrevistas/edgar-morin-as-
certezas-sao-uma-ilusao. Acesso em: 16 mar. 2020.

PARANÁ. Secretaria de educação e do esporte (SEED). Resolução N° 891, de 18 de


março de 2020. Estabelece medidas previstas no decreto n°4.230, de 16 de março de 2020,

425
e n° 4.258, de 17 de março de 2020, no âmbito da Secretaria do Estado da Educação e do
Esporte. Diário Oficial, Paraná, n°10649 de 19 de março. 2020.

VASCONCELLOS, Celso dos S. Sobre o Planejamento Escolar: Momentos Iniciais,


Projeto de Ensino- Aprendizagem e Trabalho por Projetos. In: Gestão da Sala de
Aula. São Paulo: Libertad, 2019 (no prelo).

426
EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NA FORMAÇÃO CONTINUADA EM ENSINO DE
ASTRONOMIA

Área temática: Educação


Coordenadora: Roberta Chiesa BARTELMEBS
Universidade Federal do Paraná (UFPR)
Autores: Roberta Chiesa BARTELMEBS¹; Maria Milena Tegon FIGUEIRA²

Resumo:
No ano de 2020, devido à pandemia do COVID-19, o Sistema de Educação foi exposto à
diversas limitações. Desse modo, para potencializar a formação continuada de professores
da Educação Básica, ofertamos um curso de extensão sobre Formação em Ensino de
Astronomia, na modalidade à distância (EAD). O objetivo principal do curso foi o de
promover formação continuada para professores(as) de Ciências do Ensino Fundamental e
licenciandos(as) em formação inicial sobre conteúdos de Astronomia. A plataforma
utilizada foi o Google Class Room, e tivemos a participação de mais de 150
professores(as) de todo o país. De certa maneira, percebemos que a formação continuada
online pode atingir um maior número de pessoas, que estariam limitadas geograficamente
de participar de ações extensionistas como a nossa. Além disso, os participantes relataram
que o curso possibilitou reflexões e inovações para suas futuras aulas, sejam elas
presenciais ou não.

Palavras-chave: Educação em Astronomia. Formação de Professores. Extensão


Universitária.

Introdução
Em março de 2020 poucos de nós, brasileiros, estávamos cientes do verdadeiro
significado que a primeira semana nos trouxe ao nos isolar em nossas casas. Jamais
poderíamos imaginar que mais de doze meses se passariam e ainda estaríamos vivendo
todas as incertezas do início da pandemia. Para a Educação, são momentos assim que nos
obrigam a sérias e profundas de transformações. Os estudos acerca da Educação à

427
Distância já vinham desenhando possibilidades para uma educação mais conectada, porém,
ninguém estava preparado para essa nova realidade totalmente virtual da sala de aula.
Pensando em como poderíamos, através de nosso projeto de extensão, auxiliar
professores e professoras de ciências no Ensino Fundamental, elaboramos a ideia de um
curso de extensão de formação continuada no estilo um Curso Online Aberto e Massivo
(MOOC). Apresentaremos a seguir o desenvolvimento do curso de extensão
em formação para ensino de Astronomia.

Metodologia
O Curso de Extensão Formação em Ensino de Astronomia, foi ofertado na
modalidade EaD como um Curso Online Aberto e Massivo (MOOC). Utilizamos a
plataforma gratuita do Google Class Room . As videoaulas foram gravadas e editadas,
sendo disponibilizadas via Youtube. Os materiais do curso foram criados sob a
licença Creative Commons de Atribuição-Não Comercial CC By-NC.

Sobre a estrutura do Curso


A duração do curso foi de 20h, tendo iniciado em julho e finalizado em agosto de
2020. Os participantes tinham a possibilidade de criar seu próprio itinerário de estudos,
devendo apenas cumprir todas as atividades avaliativas para ter direito ao respectivo
certificado. Por se tratar de um MOOC, o ambiente ainda está disponível para quem
desejar continuar no curso e para novos participantes.
Os conteúdos do curso foram elencados do currículo dos anos iniciais do Ensino
Fundamental, pautados nas Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná e na Base
Nacional Comum Curricular (BNCC). Também levamos em conta os conteúdos presentes
no currículo do município em que nos situamos.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Inicialmente teríamos em torno de 20 professoras e professores participantes do
curso, que seriam os docentes da disciplina de Ciências do Ensino Fundamental. Por conta
da situação gerada pelas restrições da COVID-19, a UFPR incentivou que projetos e ações

428
de extensão fossem desenvolvidos para toda a comunidade acadêmica e externa à
universidade. Desta forma, lançamos a inscrição do curso via site da UFPR, grupos em
redes sociais e em matérias de jornais locais.
Para nossa surpresa, já no primeiro dia de inscrição atingimos mais de 150 pessoas
interessadas, e, ao final do período de inscrição, totalizaram mais de 300 pessoas inscritas.
Como o curso é um MOOC, nem todos os participantes finalizaram todas as atividades,
portanto, neste artigo vamos apresentar especificamente o material dos participantes que
cumpriram todos os requisitos para receberem seu certificado, que totalizou 86
participantes, até final de agosto de 2020.
Durante todo o Curso, as professoras e os professores participantes puderam
interagir com a professora e tutores via mensagens na plataforma de ensino escolhida. Ao
final do curso, todos deveriam preencher um formulário de avaliação tanto dos conteúdos
conceituais, quanto da metodologia aplicada no Curso. Esses serão os dados que vamos
apresentar a partir da nossa análise realizada com a metodologia de Análise Textual
Discursiva (MORAES, GALIAZZI, 2006).

Avaliação dos participantes do Curso de Extensão e suas principais dificuldades


no Ensino de Astronomia
Os apontamentos dos participantes com relação a sua avaliação do curso foram
muito positivos. Todos os apontamentos se referem a qualidade do material apresentado
nas aulas. E a facilidade em, futuramente, inserir algumas práticas em suas aulas. De modo
geral, os professores que ministram aulas de Ciências nas escolas, são oriundos da
Licenciatura em Pedagogia ou da Licenciatura em Biologia. E nestes casos, dificilmente,
na graduação, existe uma formação específica para esses conteúdos (LANGHI, 2004,
2009; BARTELMEBS, 2012, 2016; IACHEL, 2013). Assim, para quem se propõe a
trabalhar com essa temática com professores, é importante ter em mente a necessidade de
contextualizar os conceitos além disso, incentivar o uso de materiais concretos e de
práticas com os alunos.

429
Esse curso foi muito significativo para mim, mudou minha relação com a
astronomia, eu abordava os temas relacionados por obrigação porque não entendia
direito e achei que não gostava do tema. Mas, aprendi o tanto que não aprendi em
40 anos de vida. E não tenho mais medo de não saber e de dar aulas rasas no senso
comum sem fundamentação e conceito. Vou aplicar tudo que aprendi e adaptar
para minhas turmas e me empolguei para fazer jogos e tudo mais... Antes eu dava
qualquer texto para leitura sem contexto, figuras estereotipadas…

Uma das possibilidades mais significativas de um curso de formação continuada,


mesmo que de curta duração, é a de permitir ao professor revisitar suas próprias
concepções. De acordo com estudos anteriores (BARTELMEBS, 2016), percebemos que,
quando o docente questiona sua forma de ver a ciência, ele paulatinamente também altera
sua forma de ensiná-la. Há uma estreita relação entre as concepções epistemológicas e as
concepções didáticas e metodológicas dos professores (HARRES et al, 2008).

As estratégias metodológicas dos professores e seu impacto entre os alunos da Educação


Básica
Com relação às práticas metodológicas que os participantes já haviam desenvolvido
com seus alunos, muitos relatos se referem a atividades práticas, especialmente na
Educação Infantil. Grande parte dos participantes já havia desenvolvido algum dos temas
com os alunos, e relataram que não se sentiam seguros para trabalhar de forma prática
certos temas. No entanto, com as crianças pequenas os professores em geral elaboram
atividades que permitem a criação de brinquedos, como foguetes e planetas.

Já desenvolvi um mini planetário em minha escola, pois é um tema que os alunos


têm muitas curiosidades. Foi bem legal, meus alunos se empenharam e
realizaram um lindo projeto.
Eu, já fiz oficinas sobre os planetas e sobre a história de vida de Marcos Pontes,
fizemos o sistema planetário e colocamos "roupas" de astronautas em boneco
com papel alumínio e copinho transparente (recicláveis).
Ano passado meus alunos de 3 anos estavam bem interessados em ir para o
espaço, e não sabia direito como trabalhar esse assunto de maneira lúdica,
fizemos pesquisas e montamos vários cenários e um foguete de papelão onde
eles poderiam entrar neste e empurra-lo até o próximo cenário fingindo terem
voado, fizemos roupas de astronautas, lunetas.

A formação dos professores, o currículo e as experiências extra-classe

430
Com relação à formação, os professores que já atuam na área relatam que tiveram
poucas oportunidades de formação na área. Isso é um dado recorrente nas pesquisas da
área. Os futuros professores, estudantes de graduação que realizaram o curso, relatam que
o curso foi para eles, uma excelente oportunidade de formação.

Estou me formando na formação de docentes esse ano, no momento, trabalho


como estagiária na educação infantil, portanto, o contato que tenho com a
astronomia é básico, apenas para aplicar o conteúdo aos pequenos, e sobre o que
eu aprendo em sala de aula com meus professores.
O curso de Astronomia nos colocou em contato com grandes autores, materiais e
exemplos de como levar esse conhecimento para a sala de aula, mesmo porque, na
graduação o assunto de Astronomia não foi estudado.

Entendemos que a Extensão Universitária pode ser um importante espaço para a


formação continuada dos professores que atuam nas escolas de Educação Básica.

Considerações Finais
Podemos realizar algumas reflexões acerca da oferta deste curso de extensão
voltado a formação continuada em Educação em Astronomia. A primeira é com relação ao
que os professores relatam sobre o impacto positivo que os conteúdos de Astronomia
proporcionam aos alunos. Todos apresentaram relatos de aulas em que, a partir dessa
temática, os alunos passaram a se interessar por Ciências. Neste sentido, acreditamos que
possibilitar essa formação a muitos professores, pode criar espaços em várias salas de aula
(virtuais ou presenciais) para o desenvolvimento do gosto pelo estudo das Ciências.
Além de proporcionar mais um espaço de formação para os professores em
formação e para os que já atuam em sala de aula. Como vimos no decorrer deste artigo, a
formação dos professores, especialmente do Ensino Fundamental I, é ainda precária com
relação a conteúdos da área da Astronomia.
Por fim, para nós, professores e futuros professores, responsáveis pela elaboração
deste curso, as manifestações dos participantes com relação a qualidade do material e da
metodologia do curso, nos permitiu comprovar a importância da universidade Pública.
Pois, foi dentro de uma Universidade Federal de estudos e pesquisas foram realizados, os
quais pautaram nossas escolhas metodológicas e conceituais no curso. E agora, nos foi

431
possível devolver a comunidade (principalmente a escolar) que sempre tão bem nos
acolheu, um pouco daquilo que produzimos a partir da sua realidade. Entendemos que esse
é o papel fundamental da Extensão Universitária: Possibilitar mudanças na realidade na
qual opera. E no nosso caso, cada professor que realizou o curso e nos relatou suas aulas,
nos permite pensar que pequenas, mas significativas mudanças, podem estar ocorrendo nas
aulas de Ciências.

Referências
BARTELMEBS, R. C. Ensino de Astronomia nos anos iniciais do ensino
fundamental: Como evoluem os conhecimentos dos professores a partir do estudo das
ideias dos alunos em um curso de extensão baseado no modelo de investigação na escola.
2016. 211 f. Tese (Doutorado em Educação em Ciências e Matemática) – Programa de
Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática, Pontifícia Universidade Católica
do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2016.

BARTELMEBS, R. C. O ensino de astronomia nos anos iniciais: reflexões produzidas


em uma comunidade de prática. 2012. 119 f. Dissertação (Programa de Pós Graduação
em Educação em Ciências: Química da vida e saúde). Universidade Federal do Rio
Grande. Rio Grande (RS), 2012.

HARRES, J. B. S.; PIZZATO, M. C.; SEBATIANY, A. P.; PREDOBON, F.; FONSECA,


M. C. Evolução das concepções de futuros professores sobre a natureza e as formas de
conhecer as ideias dos alunos. Revista Brasileira de Ensino de Ciências e
Tecnologia, Curitiba, v. 1, n. 2, p.95-112, mai./ago. 2008.

IACHEL, G. Os caminhos da formação de professores e da pesquisa em ensino de


astronomia. 2013. 201 f. Tese (Doutorado em Educação para a Ciência) - Universidade
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Faculdade de Ciências, Bauru 2013.

LANGHI, R. Astronomia nos anos iniciais do ensino fundamental: repensando a


formação de professores. 2009. 370 f. Tese (Doutorado em Educação para a Ciência) -
Faculdade de Ciências, Universidade Estadual de São Paulo - (UNESP), Bauru, 2009.

LANGHI, R. Um estudo exploratório para a inserção da Astronomia na formação de


professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental. 2004. 243 f. Dissertação
(Mestrado em Educação para a Ciência). Faculdade de Ciências, Universidade Estadual de
São Paulo - (UNESP), Bauru (SP), 2004.

MORAES, R.; GALIAZZI, M. D. C. Análise textual discursiva. Ijuí: Editora Unijuí,


2007.

432
INTERAÇÃO PREMEN: IMPLANTAÇÃO DE WEB RÁDIO NA ESCOLA

Área temática: Educação


Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE)
Autores: E. D. MEIER 1; L. C. Y. PORTELA 2; N. K. WELTER 3

Resumo:
O curso de Filosofia da UNIOESTE/campus de Toledo coordena, desde o ano de 2019, o
projeto de extensão “Web Rádio na Escola: Implantação do Projeto no Colégio
PREMEN/Toledo”, um dos maiores e mais importantes colégios da cidade de Toledo-Pr,
contando com um aluno bolsista PIBES da Fundação Araucária, que atua junto a uma
equipe de trabalho formada por professores e alunos da UNIOESTE e da escola. O
principal objetivo do projeto é a constituição de um ambiente de comunicação institucional
e estudantil para a comunidade escolar e extraescolar. O projeto utiliza a plataforma
BrLogic para a execução da web-radio, veiculando em sua grade de programação – seja em
formato impresso, de vídeo ou de podcasts – notícias, artigos e poesias autorais,
informações e a divulgação de projetos da escola, programas de debates, entrevistas,
abordagem de temas e questões pertinentes a várias áreas do conhecimento, à cultura e ao
entretenimento, além da programação musical. A metodologia utilizada pelo projeto
consiste em reuniões de trabalho para definição de temas a serem abordados nos quadros
que compõem a grade de programa; pesquisa para produção dos programas; e
operacionalização da grade de programação. O processo avaliativo do desenvolvimento do
projeto é feito constantemente em reuniões dos membros da equipe da web rádio. Um dos
mais expressivos resultados do projeto é sua contribuição para o enriquecendo do currículo
do colégio na medida em que possibilita que seus alunos sejam protagonistas de pesquisas,

1
Emerson Diego Maier; acadêmico do curso de Filosofia da UNIOESTE, campus de Toledo; bolsista da
Fundação Araucária. E-mail: emersonfilosofia13@gmail.com.
2
Luis Cesar Yanzer Portela; docente do curso de Filosofia da UNIOESTE, campus de Toledo; coordenador
do projeto de extensão “Web Rádio na Escola: Implantação do Projeto no Colégio PREMEN/Toledo”. Email:
luis.portela@unioeste.br.
3
Nelsi Kistemacher Welter; docente do curso de Filosofia da UNIOESTE, campus de Toledo;
subcoordenadora do projeto de extensão “Web Rádio na Escola: Implantação do Projeto no Colégio
PREMEN/Toledo”. E-mail: nelsi.welter@unioeste.br.

433
de ensino e extensão, e que os seus professores vinculem temáticas abordadas nos
programas da web rádio às suas estratégias didáticas.

Introdução
O projeto de extensão “Web Rádio na Escola: Implantação do Projeto no Colégio
PREMEN/Toledo” surge da demanda da direção da escola à coordenação do projeto de
extensão da UNIOESTE executado no Colégio Jardim Porto Alegre, da cidade de Toledo,
que redundara na criação, nessa escola, de uma web rádio denominada Newspaper JPA, e
que obtivera grande sucesso e repercussão na cidade. Dada a necessidade do Colégio
PREMEN de criação de um canal online – que divulgue ao público escolar e extraescolar
de sua abrangência materiais que contribuam com o currículo escolar, além de notícias
acerca das atividades ocorridas no colégio e concernentes às ações produzidas pela
UNIOESTE – e a disposição e experiência de professores e acadêmicos do curso de
Filosofia da UNIOESTE de implantar o projeto na referida escola, dá-se início, no ano de
2019, às tratativas entre universidade e escola para a execução do referido projeto. Assim,
contando com apoio de membros da equipe que já operavam a web rádio escolar do
Colégio Jardim Porto Alegre, passa-se a constituir uma equipe de trabalho, constituída por
professores e acadêmicos da UNIOESTE e alunos e professores do colégio, para atuar na
criação da web rádio no Colégio PREMEN. O segundo ato para a implantação da web
rádio no Colégio PREMEN foi a contração da plataforma online BRLOGIC – cujos custos
são assumidos pela APMF da escola – devido a comportar a estrutura necessária para a
produção, divulgação e prospecção de matérias, artigos, textos, entrevistas, músicas,
podcasts e vídeos, e ao mesmo tempo permitir que todo o material produzido e
compartilhado na web rádio pudesse ser tornado acessível nas redes sociais (Facebook,
Instagram e Twitter). O terceiro ato foi o treinamento da equipe para operar a plataforma
da web rádio e produzir a grade de programação. O quarto ato, com a equipe já formada,
foi fazer várias reuniões para deliberar sobre quadros a serem desenvolvidos e temas a
serem abordados em programas que viriam a constituir a grade de programação; e
distribuir as responsabilidades pelas pesquisas dos temas necessários à execução dos

434
programas, e pela sua efetiva realização, pondo a web rádio “Interação PREMEN” em
funcionamento.
Sendo o propósito principal do projeto criar as condições para estabelecer-se a
comunicação institucional e estudantil para a comunidade escolar e extraescolar do Colégio
PREMEN, a web rádio escolar, além de constituir-se um importante canal para o
fortalecimento das relações entre escola e comunidade, integrando os alunos com a
realidade social e aproximando a comunidade externa da comunidade escolar, e
como um importante meio para divulgação de diversas produções, de diferentes gêneros,
abordando temáticas diversificadas que contribuem para a formação escolar e cidadã,
constitui-se em um veículo de comunicação que propicia aos seus membros a inserção na
pesquisa e na extensão, e, na medida em que os conteúdos temáticos abordados nos
programas são utilizados pelos professores da escola em sala de aula, constitui-se em
importante canal de enriquecimento do ensino curricular. Ademais, é importante ressaltar,
por um lado, que na medida em que o projeto tem por norte a indissociabilidade entre
ensino, pesquisa e extensão, ele propicia aos estudantes da escola a consciência da
importância de engajarem-se na execução destes três pilares fundamentais ao
desenvolvimento de sua formação superior; e, por outro lado, na medida em que o projeto
é desenvolvido em conjunto por alunos e professores tanto do colégio como da
UNIOESTE, ele se mostra como um importante meio para a integração conjunta de
atividades feitas pela universidade e escola com repercussão na comunidade extraescolar.

Metodologia
A metodologia utilizada para execução do projeto consiste em: a) reuniões de
trabalho realizadas pelos membros da equipe do projeto (professores e alunos da
UNIOESTE e do Colégio PREMEN) em vista da definição de temas a serem abordados
nos quadros que compõem a grade de programação; b) busca de parceiros tanto no colégio
quanto na universidade e na comunidade externa para a realização de quadros que
constituem a grade programação; c) pesquisa por parte dos integrantes do projeto de temas
para serem abordados em quadros que constituem a grade de programação; d)
operacionalização, pelo aluno bolsista do projeto e pelos alunos da escola, da grade de

435
programação veiculada na web rádio tanto para os membros da comunidade escolar quanto
da comunidade extraescolar de sua abrangência.

Desenvolvimento e processos avaliativos


As ações desenvolvidas pelo projeto consistem na deliberação, planejamento e
execução de uma grade de programação, apresentada em formato online e contando com a
públicação de textos, vídeos, podcasts e programação musical. Desse modo, por meio da
web rádio Interação PREMEN são desenvolvidas matérias sobre temáticas diversas; artigos
e poesias autorais; programas de debates, entrevistas, abordagem de temas e questões
pertinentes à várias áreas do conhecimento, à cultura e ao entretenimento; e uma ampla
programação musical (A grade de programação pode ser viualizada em
https://radiopremen.com).
Todas estas atividades são desenvolvidas por membros que compõem a equipe do
projeto, e algumas ainda contam com parceria de membros da comunidade externa. A
avaliação do desenvolvimento do projeto é feita em reuniões que contam com a
participação de todos os membros da equipe. Sendo o projeto orientado pela
indissociabilidade da pesquisa, ensino e extensão, ele se constitui em efetivo meio para a
transformação de seus membros em pesquisadores, agentes de ensino e de extensão: a) que
planejam, decidem e executam atividades em grupo de forma cooperativa; b) que
produzem e disseminam saberes; c) que se constituem como leitores, pesquisadores,
escritores, disseminando conhecimentos, com um olhar atento, reflexivo e crítico para
temas importantes ao desenvolvimento regional, nacional e da cidadania; d) que interagem
no espaço escolar, tornado-o um âmbito mais associativo e produtivo.
O projeto, ao propiciar a integração dos alunos do Ensino Médio do Colégio
PREMEN com os acadêmicos da UNIOESTE, e com os professores tanto do colégio
quanto da universidade, num diálogo cooperativo, constitui-se em efetivo instrumento de
estímulo aos alunos do colégio a prosseguirem seus estudos e a ingressarem na
universidade já conscientes da indissociabilidade entre a pesquisa, o ensino e a extensão.

436
Considerações Finais
O objetivo principal do projeto, de implantação da web rádio escolar no Colégio
PREMEN de Toledo, foi efetivado, sendo seu principal desafio agora a sua manutenção e
consolidação. Do que se pode ver até o momento, a web rádio “Interação PREMEN” tem
se mostrado como um eficiente instrumento para oportunizar uma maior integração da
comunidade escolar, propiciando a divulgação de atividades que acontecem na escola e na
Unioeste para a comunidade escolar e extraescolar, caracterizando-se com uma importante
ferramenta pedagógica para o estímulo à produção e publicação de trabalhos feitos tanto
em sala de aula quanto fora dela, envolvendo temáticas curriculares e extracurriculares de
interesse da comunidade escolar e extra escolar. Ademais, o projeto tem se mostrado como
um excelente instrumento de integração entre a escola e a universidade, promovendo a
divulgação de suas atividades para a comunidade escolar e extraescolar.

437
A RELAÇÃO ENTRE O SERVIÇO SOCIAL E A ATUAÇÃO DO PROGRAMA
INSTITUCIONAL DE AÇÕES RELATIVAS ÀS PESSOAS COM NECESSIDADES
ESPECIAIS – PEE NA UNIOESTE DO CAMPUS DE TOLEDO

Área Temática: Educação


Coordenadora da atividade: Carmen Pardo Salata 1
Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste)
Autores: Mylena. Assis Marcelo 2; Francy Rodrigues da Guia Nyamien 3;
Vanderlize Simone Dalgalo 4; Isabel Cristina Theiss 5; Márcia Franciele Spies 6

Resumo:
Este trabalho apresenta ações desenvolvidas pelo Programa de Ações Relativas às Pessoas
com Necessidades Especiais (PEE) /Campus de Toledo e o curso de graduação de Serviço
Social. O projeto tem como atividades planejadas com base nas competências e atribuições
privativas do serviço social integrado na educação inclusiva, viabilizando a inclusão da
Pessoa com Deficiência no mundo acadêmico e bem como também a inter-relação de
ambos. Tem como objetivo mapear a trajetória do Programa de Educação Especial – PEE,
na Unioeste do Campus de Toledo e a evolução dos Atendimentos Educacionais
Especializados como efetivação das Política Públicas da Educação Inclusiva

Palavras-chave: Educação Inclusiva; Extensão; Deficiência.

Introdução
O Programa Institucional de Ações Relativas às Pessoas com Necessidades
Especiais – PEE, é organizado de uma forma multicampi. Criado no ano de 1997 a partir
da resolução nº 323 do Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão (CEPE), promovendo o

1
Mestre em Educação, Serviço Social, CCSA, campus Toledo. E-mail: cpardosalata@gmail.com
2
Mylena Cristina de Assis Marcelo, Graduanda de Serviço Social, CCSA, campus Toledo. Email:
mylena.assis@gmail.com
3
Francy Rodrigues da Guia Nyamien, Doutora em Educação (UEM), Docente do colegiado do Curso de
Ciências Sociais-Licenciatura do Centro de Ciências Humanas e Sociais (CCHS), Docente do Programa de
Pós-Graduação em Ciências Ambientais, campus de Toledo. Subcoordenadora local do PEE/UNIOESTE,
campus Toledo. E-mail: francy_gui@hotmail.com.
4
Vanderlize Simone Dalgado.Mestre em Educação (Unioeste), Pedagoga, PEE/CCSA, campus Toledo.
Email: vanderlize.dalgalo@unioeste.br.
5
Isabel Cristina Theiss, Especialista em educação Especial -TGD, PEE/CCHS, campus Toledo. E-mail:
isabeltheiss@gmail.com.
6
Márcia Franciele Spies, Mestre em Ciências Sociais (Unioeste), PEE/CCHS, campus Toledo E-mail:
marciaedufi@gmail.com

438
ingresso e permanência das pessoas com Deficiência ou alguma Necessidade Educacional
Especial no âmbito universitário. O PEE/Toledo tem sua atuação na garantia dos direitos
das pessoas com necessidades especiais proporcionando a oportunidade de acesso e
igualdade ao processo de ensino/aprendizagem. Para tanto, a equipe do PEE constitui-se de
forma multidisciplinar propiciando aos acadêmicos atendidos materiais adaptados e
profissionais qualificados que contribuem para a efetivação da práxis educativa. Diante do
exposto, além de garantir um instrumento igualitário para formação educacional à Pessoa
com Deficiência, o programa desenvolve diversas atividades, no debate acerca da temática
inclusiva. No PEE campus Toledo desenvolve o projeto O Serviço Social no Programa
Institucional de Ações Relativas às Pessoas com Necessidades Especiais – PEE na
Unioeste do Campus de Toledo.
Considerando-se que o Serviço Social está presente na educação, este projeto tem
como proposta de estudo a caracterização da atuação do Serviço Social na educação
inclusiva, especificamente no PEE. Pautando-se no Estatuto da Pessoa com Deficiência
(2015), “considera-se Pessoa com Deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo
de natureza física, mental, intelectual ou sensorial”, o qual, em interação com uma ou mais
barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de
condições com as demais pessoas. A garantia de direitos da pessoa com deficiência
constitui-se na oferta de serviços de políticas públicas, que na rede educacional se articula
com as políticas de educação, assistência social e saúde, que servem de equipamentos de
proteção social junto à assistência social, ao acesso educacional e de saúde de qualidade
para crianças e adolescentes.
Metodologia
Inicialmente desenvolve-se a coleta dos dados referentes aos acadêmicos com
deficiência matriculados no decorrer dos anos letivos de (2020/2021) e alunos já egressos.
A partir dos dados coletados, quantificou-se e posteriormente, identificou-se os acadêmicos
que demandavam de Atendimento Educacional Especializado e qual o perfil de
profissional que o atendeu. Será estabelecido um cronograma de entrevistas estruturadas
com os acadêmicos para identificar o parecer dos mesmos quanto aos atendimentos
recebidos. Pautado, na análise do parecer dos acadêmicos priorizar no primeiro momento

439
os atendimentos mais relevantes para os acadêmicos com deficiência. Organizar grupos de
estudos embasados no diálogo sobre as Políticas Públicas de Inclusão das pessoas com
deficiência e seus direitos garantidos, numas perspectivas de identidade da pessoa com
deficiência.
Desenvolvimento e processos avaliativos
• Levantamento de dados gerais dos arquivos para atualização semestral (Em 2019
e 2020, meses de março a setembro). Em 2021 – mês de março.
• Participação trimestral em reuniões com discentes e docentes dos Colegiados do
Campus da Unioeste-Toledo para exposição do trabalho desenvolvido pelo PEE.
Meses maio, agosto e novembro.
• Atendimento individual de acadêmicos do Serviço Social em matéria específica
de Serviço Social - 2019 a 2021.
• Este projeto justifica-se pela sua relevância social em participar do Programa
PEE, integrando Serviço Social na Educação Especial Inclusiva, ampliando o
atendimento aos acadêmicos (as) com deficiência da Unioeste com ações
extensivas às suas famílias, desenvolvendo grupo de estudos. Ainda, divulgando
resultados para a comunidade acadêmica da Unioeste.
As atividades planejadas têm como base as competências atribuições privativas do
Serviço Social. (Lei 8662/93, disponível em anexo para consulta).
• Como produção até o momento se elaborou um relatório que demonstra a
trajetória do PEE, no campus de Toledo, pautado em documentos gerais do PEE
(ofícios, atas e memorandos) sobre os atendimentos dos acadêmicos com
deficiência pelo Programa desde 2008.
Esse projeto de extensão está conhecendo a rotina do PEE desde a sua implantação
e a atuação no decorrer dos anos, isto é, continua realizando levantamentos periódicos de
dados dos arquivos verificando as ações e bem como, se organizando para os atendimentos
aos acadêmicos com deficientes da Unioeste no Campus de Toledo, devido ao contexto da
Pandemia, as atividades de reuniões foram suspensas, o que diminui as documentações
para análise. A identificação de quantos profissionais já se envolveram com as atividades
do Programa, seus pontos fortes e fracos. Enfim, esse projeto está acompanhando a

440
realidade que o PEE apresenta para ampliar suas ações estratégicas conforme as demandas
encontradas no atendimento dos acadêmicos com deficiência. O objetivo de mapear a
trajetória do Programa de Educação Especial – PEE na Unioeste do Campus de Toledo e a
evolução dos Atendimentos Educacionais Especializados estão sendo efetivados.

Considerações Finais
A proposta dessas bolsas vincula justamente o processo de concretização de uma
pesquisa documental cujos dados continuam sendo produzidos e analisados, como forma
de explicitar as atividades desenvolvidas entre o Programa (PEE) e o projeto de pesquisa, o
que nos leva ao diálogo de afirmação da necessidade de indissociabilidade de ensino e
pesquisa.
O impacto e a transformação social nas vidas dos acadêmicos reafirmam a quanto a
extensão universitária é um processo que estabelece a inter-relação dos setores internos da
universidade, como também a relação da Instituição com a sociedade de uma forma geral,
visando uma atuação transformadora, voltada aos interesses e necessidades da maioria da
população. As atividades de extensão constituem aportes decisivos à formação do
acadêmico, seja pela ampliação do universo de referência e como também no processo de
ensino aprendizagem, seja pelo contato direto com grandes questões sociais, discussões
pessoais, suas vivências enquanto pessoas com deficiências e suas demandas que são
impostas ao Ensino Superior.
É de suma importância destacar que os acadêmicos com Deficiência ou
Necessidades Especiais, vem crescendo a cada ano, fazendo com que o Programa (PEE)
tenha que estar buscando formações e ampliações nos seus atendimentos, desenvolvendo
novos protocolos para que seja garantido o direito de todos. As atividades desenvolvidas
nas ações extensionistas devem apresentar um projeto pedagógico que contemplem três
elementos muito importantes como: a função do professor orientador, os objetivos das
ações desenvolvidas pelos envolvidos e a avaliação da participação dos acadêmicos nessas
atividades extensionistas.

441
Referências
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996): Lei nº 9394/96, de 20
de dezembro de 1996.

CARVALHO, E. R. Política da Educação Especial no Brasil. Em Aberto, Brasília, ano 13,


n.60, out./dez. 1993.

442
PROJETO DE EXTENSÃO MOVIMENTA: IMPLICAÇÕES PARA (FUTUROS)
PROFESSORES E CRIANÇAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL

Área Temática: Educação


Coordenadora da atividade: Luciana TOALDO GENTILINI AVILA
Universidade Federal do Rio Grande (FURG)
Autores: Viviane PEREIRA DOMINGUES 1; Charles DA COSTA BANDEIRA 2; Ketlyn
DE OLIVEIRA MARQUES 3; Leonardo DE SOUZA RODRIGUES4.

Resumo:
O objetivo deste trabalho é analisar as implicações do Projeto de Extensão Movimenta para
a formação de professores e no aprendizado e desenvolvimento motor de crianças.
Participaram do projeto, na edição analisada, professoras, estudantes de Licenciatura em
Educação Física e Pedagogia e crianças de turmas de Educação Infantil. O principal
objetivo do projeto é propor intervenções com os conteúdos da Educação Física para
turmas de Educação Infantil. Após os dois primeiros semestres de atividades, o projeto foi
avaliado por três instrumentos: reflexão escrita dos estudantes, entrevista semiestruturada
com as professoras e discussões nas rodas de conversa no seminário de encerramento do
projeto. Os dados coletados foram analisados por meio da análise de conteúdo, momento
em que foram criadas duas categorias: aprendizagem dos estudantes e avaliação das
professoras. A partir desses resultados, observam-se as implicações das ações de extensão
para a formação de professores ao oportunizar a aproximação dos conhecimentos da
universidade com os da comunidade.

Palavras-chave: projeto de extensão; educação física; educação infantil.

1
Viviane Pereira Domingues, aluna da Pedagogia Licenciatura da Universidade Federal do Rio Grande
(FURG).
2
Charles da Costa Bandeira, Licenciado em Educação Física pela Universidade Federal do Rio Grande
(FURG)
3
Ketlyn de Oliveira Marques, aluna da Pedagogia Licenciatura da Universidade Federal do Rio Grande
(FURG).
4
Leonardo de Souza Rodrigues, aluno de Licenciatura em Educação Física pela Universidade Federal do Rio
Grande (FURG)

443
Introdução
A Educação Infantil, como primeira etapa da Educação Básica, visa promover nas
crianças o desenvolvimento dos aspectos cognitivos, motores, sociais e afetivos e
possibilitar o relacionamento com indivíduos diferentes daqueles pertencentes ao meio
familiar (BRASIL, 2010; 2017). Uma das peculiaridades da Educação Infantil é não se
organizar a partir de disciplinas, tal como as demais etapas da Educação Básica. Por essa
razão, documentos oficiais, como as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Infantil – DCNEI - (BRASIL, 2010), não mencionam a disciplina de Educação Física
como parte integrante do currículo escolar da Educação Infantil. No entanto, os conteúdos
da Educação Física, integrados à proposta pedagógica das escolas e dos professores, são
obrigatórios na Educação Infantil e podem colaborar para o desenvolvimento integral dos
indivíduos (BRASIL, 2017).
Tendo em vista a importância da Educação Física em todas as etapas da Educação
Básica e, em especial na Educação Infantil, é que se justifica a existência do Projeto de
Extensão Movimenta desde o ano de 2019. Esse projeto é coordenado por uma docente do
curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande (FURG)
e conta com a participação de discentes dos cursos de Pedagogia e Licenciatura em
Educação Física da referida universidade, assim como de professoras de Educação Infantil
que atuam em escolas da rede municipal da cidade do Rio Grande/RS.
Desde então, os principais objetivos do projeto são: propor intervenções
pedagógicas para turmas da Educação Infantil, visando à aquisição das habilidades motoras
fundamentais, a melhora da aptidão física, aprendizagem cognitiva e crescimento afetivo
das crianças; e oportunizar aos acadêmicos dos cursos de Licenciatura em Educação Física
e Pedagogia o planejamento, execução e avaliação de intervenções pedagógicas oferecidas
pelo projeto.
Dessa forma, o objetivo deste resumo será de apresentar os principais resultados
obtidos na primeira edição do Projeto de Extensão Movimenta no ano de 2019.

444
Metodologia
Nessa perspectiva, participaram de forma voluntária do projeto, durante o primeiro
e segundo semestre do ano de 2019, além da coordenadora, sete estudantes de Licenciatura
em Educação Física da FURG, três estudantes do curso de Pedagogia da FURG, quatro
professoras generalistas, atuantes em uma escola pública da rede municipal do Rio
Grande/RS e crianças de turmas de Educação Infantil das referidas professoras.
Durante esse período, o projeto atendeu quatro turmas de Educação Infantil. A
elaboração dos planos de aula da intervenção foi feita conjuntamente pelos acadêmicos e
coordenadora nas reuniões presenciais do projeto. Os conteúdos foram organizados
conforme as habilidades motoras fundamentais de equilíbrio, locomoção e manipulação
(GALLAHUE, OZMUN, GOODWAY, 2013), sendo desenvolvidos a partir de
brincadeiras, com caráter lúdico, construídas para e com as crianças.
Como ferramenta para obtenção dos dados deste trabalho foram utilizadas:
entrevistas professoras generalistas, diário de registros das atividades (cada estudante
extensionista possuía seu próprio diário) e o seminário de encerramento do projeto.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Os resultados deste trabalho foram organizados a partir de duas categorias:
Aprendizagem dos estudantes e Avaliação das professoras sobre o projeto.
Na categoria Aprendizagem dos estudantes, destaca-se as avaliações desses sobre
as aprendizagens obtidas a partir da participação no projeto. Foram salientadas o trabalho
colaborativo e participativo e a confiança para atuar na Educação Infantil. Sobre o trabalho
colaborativo e participativo, o projeto se potencializou, segundo os estudantes, por contar
com pessoas de graduações diferentes, fato que colaborou para a troca de conhecimentos e
experiências.
Além disso, infere-se que essa forma de trabalho pode ter contribuído para a
diminuição das inseguranças dos futuros professores para atuar com a Educação Infantil.
De acordo com as escritas reflexivas, os estudantes mencionaram que no decorrer do
projeto foram se sentindo mais confiantes nas aulas, levando-os a terem maior autonomia
para atuarem com as crianças e lidarem com os demais desafios impostos pela escola.

445
Na categoria Avaliação das professoras sobre o projeto, são manifestadas as
percepções que essas tiveram sobre o projeto na aprendizagem das crianças e a
contribuição para a formação continuada. Notam-se nas entrevistas evidências de possíveis
aprendizagens das crianças com as aulas do projeto, como por exemplo: divisão do espaço,
esperar a sua vez, respeitar as regras das atividades e o reconhecimento sobre as
potencialidades dos movimentos realizados pelo corpo.
No tocante à formação continuada, as professoras destacaram que o projeto foi
importante para terem o contato e aprenderem novos conhecimentos que pudessem levar
para a prática cotidiana na escola. Elas mencionaram, especialmente, as aprendizagens
sobre os conteúdos da Educação Física e a forma como podem ser oportunizados na
Educação Infantil. Apesar de a literatura mencionar o fato de alguns professores
generalistas apresentarem dificuldades em ensinar os conteúdos da Educação Física
(AYOUB, 2005), percebe-se que a proposta de um projeto de extensão colaborou na
continuidade da formação docente.

Considerações Finais
As implicações do projeto, analisadas e expostas no presente texto, fornecem pistas
de como as aulas oferecidas puderam contribuir com a aprendizagem e desenvolvimento
dos professores e crianças participantes. Apesar de essa análise abranger um tempo
reduzido das ações de extensão oferecidas, as professoras relataram ter observado
mudanças significativas no comportamento das crianças. Nesse sentido, percebem-se
também contribuições do projeto para o aprendizado e desenvolvimento profissional das
professoras, as quais tiveram suas turmas atendidas pelo projeto, o que possibilitou a
formação continuada sobre os conteúdos da Educação Física na Educação Infantil.
Portanto, ainda em relação às inferências do projeto, os estudantes atuantes tiveram a
oportunidade de observar e aprender aspectos práticos da docência, lidando com as
particularidades nas quais envolvem a Educação Infantil, possibilitando suprir as demandas
observadas por eles nas suas formações iniciais e construírem aprendizagens para o seu
desenvolvimento profissional.

446
Referências
AYOUB, E. Narrando experiências com a educação física na educação infantil. Revista
Brasileira de Ciências do Esporte, Brasília, v. 26, n. 3, p. 143-158, 2005.

BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes curriculares nacionais para a educação


infantil. Secretaria de Educação Básica. Brasília: MEC/SEB, 2010.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: Senado Federal,


Coordenação de Edições Técnicas, 2017.

GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C.; GOODWAY, J. D. Compreendendo o


desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. 7 ed. Porto Alegre:
AMGH Editora, 2013.

447
EDUCA - ENGENHEIROS SEM FRONTEIRAS: A EDUCAÇÃO COMO
CAMINHO DE TRANSFORMAÇÃO DAS REALIDADES DE JOVENS E
CRIANÇAS EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE SOCIAL

Área Temática: Educação


Coordenadora da atividade: Giséli DUARTE BASTOS 1
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
Autores: G. DUARTE BASTOS 2; L. GORGINO JEK 3; L. BARRETO RÖPKE 4; L. DA
ROSA SILVA 5; P. DO AMARAL GRAMINHO5; C. AMARO CORRÊA 6

Resumo:
Este trabalho desenvolve-se a partir das práticas educacionais realizadas por voluntários do
projeto Educa, vinculado à ONG Engenheiros Sem Fronteiras, em parceria com a ONG
Estação dos Ventos, em Santa Maria - RS. O projeto iniciou em 2017 objetivando
proporcionar o desenvolvimento de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade
social, através de atividades lúdicas e educacionais. As aulas, ministradas com alunos de 7
a 17 anos, são elaboradas a partir do interesse e curiosidade destes jovens. Dessa forma, o
projeto Educa, além de fornecer suporte quanto a questões emocionais, por meio de um
ambiente baseado em respeito, carinho e afeto, também complementa a formação escolar
dessas crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social, empoderando-os em
direção à transformação de suas próprias realidades.

Palavras-chave: Voluntariado; Crianças e adolescentes; Educação.

Introdução
A vulnerabilidade social pode ser caracterizada como a suscetibilidade do indivíduo
de se ver exposto a riscos de naturezas econômicas, sociais, culturais e históricas que o

1
Giséli Duarte Bastos, servidora técnico-administrativa da Pró-Reitoria de Extensão.
2
Luan Gorgino Jek, aluno do curso de Engenharia Química.
3
Luise Barreto Röpke, aluna do curso de Engenharia Sanitária e Ambiental.
4
Letícia da Rosa Silva, aluna do curso de Pedagogia, bolsista FIEX do Projeto Educa.
5
Pâmela do Amaral Graminho, aluna do curso de Engenharia Sanitária e Ambiental.
6
Camila Amaro Corrêa, voluntária da ONG Engenheiros Sem Fronteiras, participante do Projeto Educa.

448
condicionam ao enfrentamento de diversos desafios dentro dessas esferas, de forma a ter
como resultado processos de exclusão e de desigualdades (ROCHA, 2007). Entre os
jovens, a vulnerabilidade acentua-se ainda mais, visto que a desilusão de uma vida
contemplada por oportunidades emerge em um cenário de criminalidade, fome e
desamparo, potencializada por falta de políticas públicas.
Embora a negligência do poder público evidencie o descaso para com essas
realidades, o trabalho de Organizações Não Governamentais (ONG’s), projetos sociais e
ações extensionistas de Instituições de Ensino buscam, senão suprir, ao menos amenizar o
condicionamento social, possibilitando o vislumbramento de novos caminhos e espaços.
Nesse contexto, o reconhecimento de privilégios e de acesso ao conhecimento, e a difusão
destes como propagadores de práticas dialógicas emancipatórias do oprimido, tornam-se
fundamentais, uma vez que a transformação da realidade destes sujeitos ocorrerá a partir da
transição de uma consciência ingênua para uma crítica, capaz de torná-los conscientes de
suas próprias histórias (FREIRE, 2011).
Assim, este trabalho desenvolve-se a partir da memória das práticas educacionais
realizadas desde 2017 por voluntários do projeto Educa, vinculados à ONG Engenheiros
Sem Fronteiras, em parceria com a ONG Estação dos Ventos. As atividades são
documentadas ao longo do desenvolvimento do projeto, seja através de atas ou de trabalhos
de pesquisa/extensão, visando aperfeiçoá-las, contribuindo de forma cada vez mais efetiva
no desenvolvimento das crianças e jovens, além de contribuir com a formação para o
ensino, a pesquisa e a extensão dos voluntários envolvidos.

Metodologia
As aulas são ministradas na ONG Estação dos Ventos, localizada no bairro Km 3,
em Santa Maria, RS, para crianças e jovens de 7 a 17 anos que se encontram em situação
de vulnerabilidade social. O desenvolvimento das atividades se dá de forma lúdica, a fim
de auxiliar na construção do conhecimento. Algumas atividades utilizam cartolinas, papel,
tintas, materiais recicláveis, enquanto outras envolvem o corpo, instigando a
movimentação dos alunos.

449
Para tanto, são construídos planos de aulas onde se registram as atividades a serem
desenvolvidas e também descrevendo aspectos como dificuldades, facilidades,
comportamento e sentimento dos alunos após a realização, podendo ser revisitado para
reflexão e aperfeiçoamento das atuações pedagógicas. Além disso, como meio de adquirir
mais conhecimentos teóricos, iniciou-se uma parceria, em 2020, entre o projeto Educa,
registrado no Centro de Tecnologia (CT), e o Centro de Educação (CE), ambos da
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Através dessa cooperação, desenvolvem-se
encontros formativos quinzenais para discussões, reflexões e estudos de autores/teorias da
educação entre especialistas da área e os voluntários, para que passem a fundamentar
teoricamente suas práticas, proporcionando, assim, um processo de ensino-aprendizagem
aos jovens não só efetivo, mas permeado de significado.

Desenvolvimento e processos avaliativos


As atividades desenvolvidas pelo projeto Educa partem de uma abordagem
Freireana, uma vez que a compreensão das peculiaridades da realidade de cada aluno se
torna fundamental no processo de autonomia e de identidade do jovem. Nesse sentido, a
proposição de aulas visa promover o protagonismo das crianças e adolescentes,
desmistificando a relação vertical entre educador e educando, possibilitando o despertar da
curiosidade e do empoderamento.
Além disso, a participação da comunidade na preparação das atividades é essencial
para a criação desse ambiente saudável onde há representatividade de situações das
vivências dos educandos. Para isso, realizam-se reuniões com os pais desses jovens com o
objetivo de conhecer o núcleo familiar, e, sobretudo, ouvir as necessidades de cada
educando e receber feedbacks das atividades. O próprio espaço físico onde as aulas são
ministradas também se torna fundamental na formação da identidade dos alunos. Como
resultado, tem-se atividades educacionais sobre cultura afro-brasileira, orixás africanos,
racismo, dentre outros temas que fazem parte da realidade desses jovens e que se mostram
imprescindíveis nesse processo de perpetuação do individual e coletivo cultural, trazendo
sentimentos de pertencimento, afinidade e de respeito entre os alunos.

450
O impacto direto na vida desses jovens pode ser exemplificado com duas situações:
i) uma aluna que não estava conseguindo aprender a ler e a escrever por meio do ensino
tradicional da escola e conseguiu desenvolver estas habilidades trabalhando essas questões
dentro do projeto Educa; e ii) um aluno que ingressou no curso Técnico em Agricultura no
Colégio Técnico Industrial de Santa Maria (CTISM) após o incentivo e apoio dos
educadores voluntários do Educa.
A construção de um impacto futuro nessas vidas também é observada. Além das
práticas educacionais dentro da Estação dos Ventos, realizam-se passeios em locais de
Santa Maria, à primeira vista, distantes das realidades desses jovens. Visitas a espaços
públicos da cidade, como praças e museus, e também dentro da UFSM, como o jardim
botânico, o planetário e atividades com o Grupo de Automação e Robótica Aplicada
(GARRA), já foram realizadas e despertaram o interesse sobre esses assuntos, além de
incitarem sentimentos de pertencimento e vislumbres de possíveis novos caminhos através
da educação.
Ao longo de sua realização, o projeto também se mostrou capaz de promover o
desenvolvimento de uma formação acadêmica pautada na empatia, no acolhimento e no
empreendedorismo social por parte dos voluntários do projeto, pois, a partir das atividades
construídas por meio do diálogo e do pensamento crítico, há uma troca mútua nesse
encontro de realidades, uma vez que não há existência sem comunicação e diálogo e que
objetos não existem sem a interação, assim, a própria palavra, o ato de pronunciá-la, já se
torna um pressuposto da existência (BUBER, 1979).

Considerações Finais
O projeto Educa mostra-se relevante para a comunidade envolvida ao incentivar o
pleno desenvolvimento de crianças e de adolescentes em situação de vulnerabilidade
social, através de atividades lúdicas e educacionais, em busca de formar sujeitos
conscientes de sua realidade social, capazes de analisá-la de forma crítica e então
transformá-la.
Além disso, o Educa também possibilita o desenvolvimento dos participantes do
projeto enquanto indivíduos privilegiados que buscam fazer a diferença por meio da práxis,

451
pois não são os conceitos que têm iniciativa, é a vida. A existência precede as exigências, a
vida é anterior aos conceitos. O que vem em primeiro lugar não é o programa, é a vida; não
é o modelo ou o sistema, é a experiência; não é a disposição, é o encontro (MAILLIOT;
DURRIVE, 2015).

Referências

ROCHA, S. R. da. Possibilidades e limites no enfrentamento da vulnerabilidade social


juvenil: a experiência do Programa Agente Jovem em Porto Alegre. 2007. 249f. Tese
(Doutorado em Serviço Social) – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul,
Porto Alegre, 2007.

FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 50. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2011.

BUBER, M. Eu e tu. Tradução de Newton Aquiles von Zuben. 2. ed. São Paulo: Cortez &
Moraes, 1979.

MAILLIOT, S.; DURRIVE, L. A ergologia e a produção de saberes sobre os ofícios.


(Diálogo 3) In: SCHWARTZ, Y; DURRIVE, L. Trabalho e Ergologia II: Diálogos sobre
a atividade humana. Tradução de Marlene Machado Zica Vianna. Belo Horizonte:
Fabrefactum, 2015. p. 151-240.

452
A EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E OS PATRIMÔNIOS DAS CIÊNCIAS E
TECNOLOGIAS DIALOGAM COM A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA EM
TEMPOS DE PANDEMIA

Área Temática: Área Educação


Coordenador(a) da atividade: Carla Amorim Neves GONÇALVES 1
Universidade Federal do Rio Grande (FURG)
Autores: A. C. dos S. C. ALVES 2; E. S. HELENA 3, B. F. NORNBERG 4, F. E. MACIEL 5,
C. A. N. GONÇALVES1

Resumo:
O projeto Museu Virtual do Ensino de Ciências Fisiológicas da FURG, face à pandemia,
ofertou em março de 2021, o curso “Ferramentas de ensino sobre os patrimônios das
ciências e tecnologias”. O curso online objetivou promover a Educação Patrimonial (EP)
sobre patrimônios das Ciências e Tecnologias, para estudantes de licenciaturas. A
metodologia foi migrada para o digital, criando-se práticas de ensino ativo para gerar maior
interação. O número de inscritos superou as expectativas (n=96), contudo apenas 33
inscritos realizaram o curso demonstrando que a adesão ao ensino síncrono remoto ainda é
baixa. Desta experiência de curso de extensão online trazemos para este artigo reflexões
sobre como o distanciamento tem afetado as práticas extensionistas, de que maneira os
extensionistas têm adaptado sua práxis e como ressignificar a interação com o público-
alvo.

Palavras-chave: Patrimônios de Ciência e Tecnologia; COVID-19; Extensão online.

1
Carla Amorim Neves Gonçalves, Dra. Ciências Zoologia, Docente do Instituto de Ciências
Biológicas/FURG.
2
Amanda Cristina dos Santos Costa Alves, Mestre em História e Graduanda em Arqueologia.
3
Eduarda Santa Helena, Dra. Ciências Fisiológicas. Pós-Doutoranda PUC- Rio de Janeiro.
4
Bruna Félix Nornberg, Dra. Ciências Fisiológicas. Técnica-administrativa em educação Instituto de
Ciências Biológicas/FURG.
5
Fábio Everton Maciel, Dr. Ciências Fisiológicas. Docente Instituto de Ciências Biológicas/FURG.

453
Introdução
O Museu Virtual do Ensino de Ciências Fisiológicas da FURG (MUVIe), vem
desenvolvendo ações de Educação Patrimonial (EP) há mais de uma década, com
estudantes da educação básica, do ensino superior e com membros da comunidade. Com a
pandemia de 2020 provocada pelo novo Coronavírus, e a necessidade de distanciamento
social imposta pelas medidas sanitárias de enfrentamento à doença COVID-19, o mundo
parou. O imprevisível bateu as nossas portas, expondo a impermanência, trazendo à tona
inúmeras fragilidades humanas e sociais. A Educação e as práticas de ensino, pesquisa e
extensão precisaram se reinventar. Nós extensionistas fomos chamados a fazer aquilo que
em nossa práxis já era rotineiro: inovar, reinventar, improvisar e se abrir ao novo.
Interessante reflexão foi proposta por Ferreira Ribeiro et al. (2021) onde um traçaram
um paralelo entre o distanciamento das ações de extensão e o sentimento de luto. Eles
descreveram à luz da filosofia e da psicanálise, como os extensionistas têm se sentido
diante de tantas perdas. Mais de 500 mil vidas brasileiras, mais de 4, 2 milhões em todo o
mundo. Nossas perdas profissionais e emocionais, nos trouxeram uma importante lição. A
lição da resiliência teimosa do humano frente ao vírus. Como isso tem nos afetado, será
tema para um sem-fim de tratados. Como isso afeta o saber-fazer da extensão
universitária? Esta é a pergunta de pano de fundo deste trabalho, enquanto relata a
resistência, a inovação e busca encontrar os ganhos diante do incompreendido novo
cenário.
O MUVIE decidiu em junho de 2020 reabrir suas portas virtuais para realizar um
novo projeto, online, denominado “Ferramentas para Educação Patrimonial no ensino
básico de Ciências”, que recebeu uma cota de bolsa da Pró-Reitoria de Graduação (Edital
EPEC 2020), uma vez que atenderia aos licenciandos da FURG. A ação de ensino/extensão
baseou-se nas atuais discussões sobre o papel da ciência no desenvolvimento social,
voltada para licenciandos.

Metodologia
Novas parcerias foram estabelecidas com pesquisadores/extensionistas de diferentes
áreas (Fisiologia, Genética, Toxicologia, Bioquímica, Farmacologia, História, Engenharia,

454
Astronomia, Museologia), trazendo novas possibilidades de interações para dialogar com a
EP e com as Ciências & Tecnologias (C&T), objetos centrais da proposta. Criamos então o
curso “Ferramentas de ensino sobre os patrimônios das ciências e tecnologias”, ofertado de
forma remota e síncrona.
Na divulgação foi utilizada estratégia de marketing digital, nas redes sociais do
MUVIe, e e-mails à várias instituições de ensino superior, públicas e privadas. O curso
estruturado em 6 encontros, no período de março a abril, abordou: Introdução à EP e
conceitos gerais dos patrimônios de C&T; Ferramentas de EP: “o mundo presencial” e “o
mundo virtual”; O papel dos museus de ciências e tecnologias na Educação Básica
(palestra realizada pelo Dr. Marcus Granato da Museu de Astronomia e Ciências Afins
Mast- UNIRIO); e as apresentações de propostas de ensino de EP em C&T realizadas pelos
cursistas. A fundamentação do projeto ficou pautada em Funari & Funari (2008) e Granato
et al. (2010).

Desenvolvimento e processos avaliativos


Inicialmente obtivemos 96 inscritos. Trinta e três compareceram ao primeiro
encontro e concluíram o curso. Destes, 10 aceitaram realizar a proposição de atividade de
ensino de EP em C&T. A tabela 1 traz os dados quantitativos do perfil dos cursitas. Houve
um número maior de estudantes externos a FURG, de outras universidades dos estados do
Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Pará e Sergipe, tanto públicas como privadas. A
formação acadêmica dos estudantes variou entre todas as áreas do conhecimento.

Tabela 1 - Dados quantitativos do perfil de cursistas

DADOS DOS CURSISTAS TOTAL


Mulheres 27
Homens 6
Licenciandos da FURG 11
Licenciandos Externos 22
Professores/Servidores 03
Idade dos Cursistas 20-60 anos
Fonte: MUVIe, 2021.

455
Considerações Finais
Consideramos satisfatória a atividade proposta, mesmo em meio a pandemia, pelo
êxito da oferta, pelo número de inscritos e concluintes, e qualidade dos trabalhos
apresentados. Em avaliação mediada por formulário Google, constatamos a satisfação dos
cursistas, e muitos ressaltaram nunca ter imaginado sua área de docência como “um
patrimônio cultural, histórico ou de C&T”. Como desdobramento convidamos aos cursistas
que propuseram ações de ensino em EP para participarem da elaboração de um e-book, já
em andamento. Nossa expectativa é que levem este tema transversal na sua constituição
como futuro professores. Se por um lado o distanciamento dificulta o contato físico com
determinados públicos, por outro, facilita as interações sem restrições geográficas.
Tivemos estudantes de várias regiões do país, e a aproximação de um extensionista e
pesquisador renomado da área de patrimônios de C&T, que aceitou palestrar no curso.
Cenário que no mundo presencial talvez nunca se concretizasse. A alta procura vs. baixo
comparecimento para o curso pode ser reflexo do excesso de ações disponíveis no mundo
virtual, somados ao cansaço instaurado pelas horas síncronas diante das telas digitais. Isso
nos levou a repaginar o curso e em recente oferta oportunizar aulas gravadas com interação
digital em uma comunidade específica no Facebook (curso em andamento, sem análise
conclusiva).
Fazer extensão em meio a pandemia, foi muito mais do que resistência, foi como
uma ação terapêutica de duas vias. Onde extensionistas e público-alvo, encontraram-se
como puderem, como quem espera a chuva passar, porém não sem intencionalidades, e
ainda como muitas trocas acadêmicas e afetivas, seguindo curso do possível em respeito e
honra aos que se foram.

Referências
GRANATO, M.; MAIA, E. S.; CAMARA, R. N. Valorização do patrimônio científico e
tecnológico brasileiro: concepção e resultados preliminares. Anais do XI Encontro
Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação. João Pessoa: ENANCIB, 2010. v. 1. p.
1-16.

FUNARI, P. P.; FUNARI, R.S. Educação Patrimonial: teoria e prática. In: SOARES, A. L.
R; KLAMT, S. C. (Org.). Educação Patrimonial: Teoria e Prática. ed.1. Santa Maria: Ed.
da UFSM, 2008, v., p. 11-21.

456
RIBEIRO, G.M. F.; SANTOS, G.A. C.; RELHER, J., MENDONÇA, L.M.; MACHADO,
M. E. F.; COSTA, R. G. A. Interlocução entre saberes: Reconstrução do Programa de
Extensão em Tempos de Pandemia. Revista Expressa Extensão, Universidade Federal de
Pelotas, Pelotas. ISSN 2358-8195, v. 26, n. 1, p. 6-16, JAN-ABR, 2021.

Bolsa EPEM/FURG.

457
A ESCRITA CIENTÍFICA COMO ELO INTEGRADOR PARA A MOBILIDADE
ACADÊMICA E A INTERNACIONALIZAÇÃO NA UFSC

Área temática: Educação


Coordenadora da atividade: Júlia Carina NIEMEYER
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Autores: E. G. LUCIANO 1; N. S. BONATO 2; J. C. NIEMEYER 3.

Resumo:
Comunicar ideias de forma clara e eficiente é uma habilidade fundamental para qualquer
pesquisador, em qualquer lugar do mundo e em todas as áreas do conhecimento. A
capacidade de envolver diferentes públicos com ideias de pesquisa é crucial para obter
financiamento, garantir oportunidades de trabalho e publicar bons artigos. Este trabalho
relata a experiência do Curso Virtual de Extensão Writing and Publishing Scientific
Papers, oferecido pela UFSC em 2021, no âmbito de um edital conjunto da Pró-Reitoria de
Extensão, Secretaria de Relações Internacionais, com o apoio da Secretaria de Educação à
Distância e a Secretaria de Planejamento e Orçamento, para incentivar a
internacionalização por meio do Programa de Mobilidade Virtual. O curso foi oferecido
em inglês, via Moodle Grupos, em duas turmas de forma assíncrona, com atividades de
avaliação da aprendizagem, possibilitando a troca de experiências em atividades de Fórum.
Foram recebidas 1957 inscrições de 19 Estados e estrangeiros da Itália, Espanha, Estados
Unidos, Colômbia, México, Portugal, Irlanda, China, Japão e Peru. A maioria era de
Ciências Biológicas/Saúde e Engenharias, sendo 62% de pós-graduação e 65% do sexo
feminino. A participação via Fórum foi o ponto alto de interação, permitindo a troca de
experiências sobre os objetivos com a escrita científica, e sobre as estratégias de cada
estudante ao estruturar seus próprios artigos. Como tema integrador, a escrita científica em
inglês possibilitou uma experiência trans, multi e interdisciplinar em uma oportunidade de
mobilidade acadêmica virtual, constituindo-se em verdadeira experiência em
internacionalização no seu sentido pleno de troca cultural.

1
Enzo Gonçalves Luciano, aluno [Engenharia Florestal].
2
Nathalia Seeber Bonato, aluna [Medicina Veterinária].
3
Júlia Carina Niemeyer, docente [Agricultura, Biodiversidade e Florestas].

458
Palavras-chave: cursos de extensão; mobilidade at home; internacionalização em casa.

Introdução
Com a pandemia da COVID-19, as atividades de mobilidade virtual at home se
intensificaram devido à necessidade de isolamento social e quarentena, acelerando uma
mudança na postura educacional (SANTOS e REIS, 2020); porém, ainda são ações
incipientes e relativamente não institucionalizadas (NEVES e BARBOSA, 2020). Uma
estratégia é oferecer cursos em inglês em torno de uma temática comum (COSTA, 2019),
favorecendo o diálogo entre estudantes de diferentes países, especialmente na atualidade,
onde o mundo se une para buscar soluções de desenvolvimento sustentável para o planeta
na Agenda 2030 da ONU.
Na Universidade, a internacionalização deve buscar formas de cooperação com
potencial para melhorar a qualidade do ensino e da pesquisa localmente produzida, de
modo a fomentar o desenvolvimento regional (GOROVITZ, UNTERNBÄUMEN, 2021).
Neste sentido, o tema da escrita científica configura-se como de interesse dos acadêmicos,
uma vez que comunicar ideias de forma clara e eficiente é uma habilidade fundamental
para qualquer pesquisador (GIBA, 2014), além de trazer o estímulo à curiosidade, à
postura ativa e à experimentação do estudante (FREIRE, 1996). Este trabalho tem como
objetivo relatar a experiência de oferecer um Curso Virtual de Extensão sobre escrita de
artigos científicos em inglês como ação de mobilidade virtual em casa e
internacionalização na UFSC.

Metodologia
O curso virtual de extensão Writing and Publishing Scientific Papers foi
desenvolvido para atender a um edital conjunto entre a Pró-Reitoria de Extensão
(PROEXT) e Secretaria de Relações Internacionais (SINTER), com o apoio da Secretaria
de Educação à Distância (SEAD) e a Secretaria de Planejamento e Orçamento (SEPLAN),
para incentivar a internacionalização por meio do Programa de Mobilidade Virtual (Edital
n.º1/2021/PROEX/SINTER/SEAD/SEPLAN). O curso foi disponibilizado via Moodle

459
Grupos, de forma gratuita e assíncrona, a toda comunidade UFSC e participantes externos.
O público-alvo do edital da UFSC era estudantes de graduação, brasileiros e estrangeiros;
porém, ao envolver a temática de escrita científica, a equipe de professores e tutores desta
proposta já esperava que boa parte dos inscritos poderia ser estudantes de pós-graduação.
Os materiais do curso foram elaborados em inglês, sendo compostos de videoaulas,
animações, apostila, materiais complementares, e links para materiais adicionais
disponíveis online. A avaliação da aprendizagem foi realizada por atividades de correção
automática no ambiente virtual. Foram disponibilizadas duas turmas entre junho e agosto
de 2021. Toda a comunicação entre estudantes, tutores e professores foi realizada em
inglês. Durante o curso, os participantes precisavam contribuir em duas atividades do tipo
Fórum: a primeira, para apresentar-se à turma e falar sobre seus objetivos com o curso e
suas vivências com a escrita científica; e a segunda, para partilhar a estratégia usada na
escrita dos seus próprios artigos.

Desenvolvimento e processos avaliativos


A partir da participação nos Fóruns, foram compilados os dados dos participantes.
Esse diagnóstico torna-se importante para o planejamento de novas estratégias visando
mobilidade acadêmica e internacionalização envolvendo este tema. A primeira questão
refere-se à grande participação de estudantes de pós-graduação (>60%), sendo que a
maioria era de Ciências Biológicas/Saúde e Engenharias. Isso era esperado, haja visto que
é na pós-graduação que a atividade de pesquisa se dá de forma mais intensa e que a
publicação dos resultados em periódicos é obrigatória.
Ao planejar o curso, a equipe executora tinha dúvidas sobre a eficiência da
atividade de Fórum para turmas tão numerosas: 499 inscritos na turma A; 1458 na turma B.
Porém, após o desenvolvimento da atividade, consideramos que a participação no Fórum
foi o ponto alto da interação dos estudantes entre si e com os tutores. Consideramos que, ao
ler os comentários dos outros participantes, cada estudante poderia praticar seus
conhecimentos de inglês e estar em contato com diferentes vivências e culturas, além de
reconhecer a diversidade de estratégias que podem envolver o processo de escrita
científica.

460
Na etapa de avaliação crítica do curso, alguns estudantes relataram que gostariam
de mais material envolvendo gramática de inglês. Observou-se, ao longo do processo, que
os conhecimentos em inglês ainda são um obstáculo para a publicação dos artigos pelos
estudantes e pesquisadores brasileiros em revistas internacionais. Estratégias de oferecer
cursos em inglês são importantes para o encorajamento de professores, tutores e estudantes
para o envolvimento em ações de internacionalização, considerando o inglês como um
meio de instrução e de troca de conhecimentos entre participantes de diferentes países e
culturas (COSTA, 2019). Aprimorar os conhecimentos em escrita científica foi um perfeito
elo integrador nesta prática de extensão e internacionalização, uma vez que é uma
necessidade entre estudantes e pesquisadores, não importa o país, e que é alvo de
aprimoramento contínuo na vida de qualquer acadêmico.

Considerações Finais
Consideramos que o curso cumpriu o seu propósito como atividade de extensão por
disseminar conhecimento e estimular os estudantes a publicarem os resultados do seu
trabalho. Como tema integrador, a escrita científica em inglês possibilitou uma experiência
trans, multi e interdisciplinar em uma oportunidade de mobilidade acadêmica virtual em
casa, constituindo-se em verdadeira experiência em internacionalização no seu sentido
pleno de troca cultural.

Referências
COSTA, A. A internacionalização do ensino superior explicada em 6 tópicos. Revista
Ensino Superior, 13/08/19. Disponível em:
<https://revistaensinosuperior.com.br/internacionalizacao-ensino-superior-6> Acessado em
05 ago. 2021.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo:


Paz e Terra, 1996.

GIBA, J. Developing skills in scientific writing. Esteve Foundation Notebooks, n. 29.


Barcelona, Spain, 2014. 201 p.

461
GOROVITZ, S.; UNTERNBÄUMEN, E. H. (org.). Políticas e tendências de
internacionalização do ensino superior no Brasil. Brasília: Universidade de Brasília,
2021. 284 p.

NEVES, C. E. B.; BARBOSA, M. L. O. Internacionalização da educação superior no


Brasil: avanços, obstáculos e desafios. Sociologias, Porto Alegre, ano 22, n. 54, maio-ago
2020, p. 144-175.

SANTOS, G. M. T. dos .; REIS, J. P. C. dos . COVID-19 e internacionalização em casa:


potencialidades para o processo de ensino-aprendizagem na educação superior. Boletim de
Conjuntura (BOCA), Boa Vista, v. 4, n. 11, p. 18–27, 2020.

Instituição financiadora:
UFSC, Edital n.º 1/2021/PROEX/SINTER/SEAD/SEPLAN.

462
A EXPERIÊNCIA DA EXTENSÃO NO CURRÍCULO ESCOLAR DURANTE A
PANDEMIA NO IFSUL - CÂMPUS VENÂNCIO AIRES

Área temática: Educação


Coordenadora da atividade: Josiane Paula da LUZ
Instituto Federal Sul-Rio-Grandense, Câmpus Venâncio Aires - IFSUL
Autora: J. LUZ 1

Resumo:
O presente trabalho objetiva mostrar a experiência da disciplina curricular de “Pratica de
Extensão”, do ensino médio integrado do Câmpus Venâncio Aires, onde os estudantes do
3º ano do ensino médio são desafiados a construir uma proposta de extensão, executá-la, e,
relatá-la, avaliando suas nuances e alcances. Com a pandemia provocada pelos vírus
SARS-COVID-19, e a implantação das APNPs, o trabalho da disciplina se torna ainda
mais desafiador, uma vez que os estudantes deveriam propor ações de extensão que
utilizassem uma metodologia 100% remota. Foram três turmas do ensino médio envolvidas,
que desenvolveram um total de 32 ações de extensão, colocando em prática 19 ações, em
um processo interdisciplinar que envolveu estudantes, público-alvo, instituições
acolhedoras, e parceria de colegas servidores/professores orientadores, além da mediação
da professora da disciplina.. Todas as atividades realizadas pelo estudante foram avaliadas:
envolvimento, processo reflexivo, de busca, de construção, de ressignificação, e sua
participação. Foi observada a capacidade de análise, de síntese, de registro, de produção,
de socialização de saberes, com acompanhamento e orientações específicas a cada grupo
de trabalho. Quanto as ações que foram executadas, pode-se observar inúmeros benefícios,
onde destaca-se a vivência genuína da curricularização da extensão, e a indissociabilidade
entre ensino, pesquisa e extensão, além da interação dialógica com a comunidade, neste
período tão complexo de isolamento social, além dos conhecimentos obtidos pelo público-
alvo envolvido, sendo estes das mais diversas áreas, promovendo uma formação integral
do estudante bem como a promoção da transformação social por meio das ações realizadas.

1
Josiane Paula da Luz, professora adjunta no Instituto Federal Sul-Rio-grandense, Câmpus Venâncio Aires.

463
Palavras-chave: Indissociabilidade; Interdisciplinaridade; Curricularização da Extensão.

Introdução

Atento à missão do Instituto Federal Sul-rio-grandense, o Câmpus Venâncio Aires,


quando da sua implementação, em 2010, cria e propõe em sua matriz curricular dos cursos
técnicos integrados a disciplina de “Prática de Extensão”. Buscava-se efetivar a
indissociabilidade entre Ensino, Pesquisa e Extensão na sua forma mais genuína. Desde
então a disciplina é oferecida de forma regular, sendo ministrada pela docente que
apresenta este trabalho desde 2014. Os estudantes do 3º ano do ensino médio são
desafiados a construir uma proposta de extensão, executá-la, e, relatá-la, avaliando suas
nuances e alcances. Este processo em essência era desafiador e exigia muita articulação e
colaboração entre docentes e estudantes. Com o advento da pandemia provocada pelos
vírus SARS-COVID-19, e a implantação das APNPs, o trabalho da disciplina se torna
ainda mais desafiador, uma vez que os estudantes deveriam propor ações de extensão que
utilizassem uma metodologia 100% remota. Foram três turmas do ensino médio envolvidas,
que desenvolveram um total de 32 ações de extensão, colocando em prática 19 ações, em
um processo criterioso que envolveu estudantes, público-alvo, instituições acolhedoras, e
especialmente contou com a parceria de colegas servidores/professores orientadores, além
da mediação/condução da professora da disciplina.

Metodologia
Durante o período de APNP as aulas foram ministradas em momentos síncronos e
assíncronos com a mediação da professora. Além disso, foi utilizado o Google Sala de Aula
como ambiente virtual de aprendizagem (AVA), bem como as demais ferramentas e/ou
recursos que facilitem o desenvolvimento das atividades não-presenciais. Compreendendo a
aula como uma “teia” de significações, práticas, desafios e expectativas que se faz e se refaz na
relação com seus protagonistas, ou seja, professor e estudantes, pretendeu-se estabelecer uma
relação dialógica, investigativa e emancipatória. Espaço no qual se aprende a lidar com as
diferenças, com os conhecimentos, com as incertezas e ainda com os sonhos e objetivos desses

464
sujeitos no mundo. Com essas concepções se buscou conduzir e mediar as aulas no decorrer da
disciplina, tanto nos momentos síncronos como assíncronos.
A metodologia da disciplina se baseia em três eixos principais: elaborar o projeto,
executá-lo e avaliá-lo. Cada etapa costuma ocorrer em um trimestre letivo. Inicialmente
ocorrem aulas expositivas, e na sequência os estudantes partem para a escrita do projeto,
que ocorria nos laboratórios de informática do IFSUL, e, na modalidade APNP, aconteceu
nas aulas assíncronas, utilizando-se um arquivo no drive compartilhado com a professora,
onde ocorria um processo permanente de sugestões, orientações, ajustes e melhoria
contínua no texto. As ações de extensão foram planejadas para que acontecessem com uma
metodologia 100% remota, tendo em vista a pandemia. Os estudantes descreveram uma
metodologia de trabalho de forma a contemplar as diretrizes da extensão: interação
dialógica, interdisciplinaridade e interprofissionalidade, indissociabilidade entre ensino,
pesquisa e extensão, impacto na formação do estudante e impacto e transformação social;
Nas três turmas atendidas, foram desenvolvidas 32 ações de extensão, que
propuseram as mais diversas metodologias, utilizando-se uma ou mais ferramentas como
forma de interação com o público-alvo. Dentre elas, destaca-se: reuniões pelo meet (com
uso do kahoot, padlet, stopots e slides), gravação de lives ao vivo (rodas de conversa com
profissionais convidados), disponibilização de vídeos gravados no youtube, criação de
turma no google sala de aula, formulário google, grupo de watsapp, telegram com enquetes,
grupos fechados no facebook com disponibilização de vídeos e atividades, e criação de
redes sociais com interações, como apoio.

Desenvolvimento e processos avaliativos


A condução dos trabalhos ocorreu a partir de uma metodologia mista, onde havia
encontros síncronos na disciplina de “Prática de Extensão” e atividade s assíncronas, como
a elaboração do Projeto. Para elaboração da metodologia e preparação dos encontros com a
comunidade externa, os estudantes escolheram e convidaram um orientador (docente ou
técnico administrativo) com conhecimento e/ou experiência na área de atuação da ação de
extensão que estava sendo desenvolvida. Este orientador teve papel fundamental pois era
quem avaliava a viabilidade das ações dentro da sua área específica. Das 32 propostas

465
planejadas, 19 foram colocadas efetivamente em prática. Algumas não foram possíveis,
tendo em vista os mais diversos motivos que o momento apresentava: desde estudantes e
orientadores infectados pelo COVID, até dificuldade de concluir a parte escrita do projeto
e negativa das instituições em receber o projeto.
Na etapa final da disciplina, foi realizado um debate sobre os resultados das ações,
sendo que a aprendizagem no processo de planejamento e execução das ações foi a questão
mais citada. Inclusive os estudantes, que por motivos diversos não colocaram suas ações
em prática, tiveram grandes aprendizados pois passaram pela experiência do planejamento
e não-execução, por motivos alheios a sua vontade, o que representou também uma
experiência rica em aprendizado, conforme seus relatos.
Quanto as ações que foram executadas, pode-se observar inúmeros benefícios, onde
destaca-se a vivência genuína da curricularização da extensão, e a indissociabilidade entre
ensino, pesquisa e extensão, além da interação dialógica com a comunidade, neste período
tão complexo de isolamento social, além dos diversos conhecimentos obtidos pelo público-
alvo envolvido, sendo estes das mais diversas áreas, promovendo uma formação integral
do estudante bem como a promoção da transformação social por meio das ações realizadas.
A avaliação, parte integrante e intrínseca a todos os momentos do processo
educacional, numa concepção que vai além da visão tradicional, não tem apenas a função
de constatar ou verificar o nível de aprendizagem do aluno. Assim, no decorrer da
disciplina todas as atividades realizadas pelo aluno foram avaliadas: seu envolvimento, seu
processo reflexivo, de busca, de construção, de ressignificação, sua participação. Foi
observada a capacidade de análise, de síntese, de registro, de produção, de socialização de
saberes, com acompanhamento e orientações específicas a cada grupo de trabalho.

Considerações Finais

Observa-se que os objetivos da disciplina estão sendo plenamente atingidos,


incluindo-se a missão do IFSUL, que é “Implementar processos educativos, públicos e
gratuitos de ensino, pesquisa e extensão, que possibilitem a formação integral mediante o
conhecimento humanístico, científico e tecnológico e que ampliem as possibilidades de
inclusão e desenvolvimento social.” (IFSUL, texto digital). O desafio do ensino remoto

466
despertou ainda mais em educadores e estudantes a necessidade de desenvolver uma
postura empreendedora, carregada de autonomia e responsabilidade, algo que já se buscava
no “antigo normal”. Foi necessário reinventar processos de acompanhamento e rever as
formas de relações e aprendizados entre os sujeitos envolvidos. Um processo rico,
desafiador, e ainda em construção e avaliação. As experiências em Extensão do ano letivo
de 2020 também foram socializadas recentemente na “4ª Mostra de Extensão: experiências
em tempos de pandemia no Câmpus Venâncio Aires”, evento online promovido pela
professora da disciplina e aberto a comunidade, e buscou proporcionar a socialização e
valorização das ações de extensão realizadas pelo IFSul, Câmpus Venâncio Aires, além de
promover a socialização das ações de extensão entre as turmas de 3º ano, suas famílias,
professores orientadores, entidades acolhedoras e público-alvo dos projetos, valorizando a
autonomia e o protagonismo dos estudantes.

Referências
IFSUL. Instituto Federal Sul-Rio-Grandense. Disponível em:
http://www.ifsul.edu.br/instituto. Acesso em 18 ago 2021.

467
EDUCAÇÃO EM TEMPOS DE COVID-19: A GESTÃO DO CONHECIMENTO E
A IMPLEMENTAÇÃO DO ENSINO NÃO PRESENCIAL NA UNIVERSIDADE
FEDERAL DE SANTA CATARINA

Área temática: Educação


Coordenador da atividade: Rogério Cid BASTOS
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Autores: S. K. DA SILVA 1; R. C. BASTOS 2.

Resumo:
Após decreto do governo federal, em fevereiro de 2020, o Brasil adotou inúmeras medidas
de enfrentamento à COVID-19, entre elas, a substituição de aulas presenciais por aulas não
presenciais em todo o território nacional. Este artigo é um estudo de caso e apresenta as
mudanças organizacionais e as medidas estratégicas baseadas na gestão do conhecimento
adotadas pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) como forma de adequação
ao novo cenário educacional brasileiro, decorrente da pandemia da COVID-19. Os
resultados são apresentados com uma abordagem conceitual da gestão do conhecimento.
Foi possível verificar que a identificação e mapeamento dos ativos intelectuais da
universidade, bem como, a mobilização de todo o conhecimento possível, contribuiu de
forma positiva para implementação do ensino não presencial na universidade.

Palavras-chave: Gestão do conhecimento; Educação; Mudança organizacional.

Introdução
Em fevereiro de 2020, o governo brasileiro sancionou a primeira lei emergencial
de saúde pública com medidas de enfrentamento à COVID-19, dentre elas, a suspensão de
atividades de ensino presenciais. Consequentemente, em março de 2020, a Universidade
Federal de Santa Catarina (UFSC) suspendeu todas as suas atividades de ensino afetando

1
Suzana Kilpp da Silva, aluna pós-graduação [Programa de Pós-Graduação de Engenharia e Gestão do
Conhecimento] e servidora técnica-administrativa.
2
Rogério Cid Bastos, docente [Programa de Pós-Graduação de Engenharia e Gestão do Conhecimento].

468
diretamente cerca de 36 mil estudantes, incluindo educação básica, graduação e pós-
graduação (UFSC, 2020d).
Assim, em meio à crise de saúde, surgiu também a demanda por inovação
educacional. E nesse sentido, a gestão do conhecimento vem ao encontro das demandas
organizacionais contribuindo com estratégias que estimulam a difusão do conhecimento
criado e adquirido entre indivíduos da organização, com o objetivo de sistematizar e criar
novos conhecimentos (TAKEUCHI; NONAKA, 2008) necessários a adaptação de novos
cenários históricos.
O objetivo deste artigo é apresentar quais foram as mudanças organizacionais e
medidas estratégicas adotadas pela Universidade Federal de Santa Catarina, com base na
gestão do conhecimento, como forma de adequação ao ensino não presencial decorrente do
novo cenário educacional brasileiro, devido a pandemia da COVID-19.

Metodologia
Este artigo utiliza o método de pesquisa descritivo documental. A pesquisa e
levantamento de informações foi realizada através do banco de dados da Universidade
Federal de Santa Catarina (UFSC), o Sistema Integrado de Gerenciamento de Projetos de
Pesquisa e de Extensão (SIGPEX), em websites da universidade, e levantamento teórico
realizado através do Portal de Periódicos Capes e do Programa de Pós-Graduação de
Engenharia e Gestão do Conhecimento da UFSC. Informações complementares foram
obtidas através de contato por e-mail com servidores da universidade. Os resultados da
pesquisa são apresentados com uma abordagem conceitual da gestão do conhecimento.

Desenvolvimento e processos avaliativos


A retomada das atividades de ensino de forma segura e responsável levou a gestão
da UFSC a constituir um Comitê de Combate à Pandemia da COVID-19, em maio de
2020, com a finalidade de propor, coordenar e executar ações voltadas ao
acompanhamento da crise e apresentar medidas de restabelecimento e funcionamento da
universidade ao longo e após as situações geradas pela pandemia (UFSC, 2020a).
Constitui-se assim, um processo de assimilação das mudanças e acompanhamento dos

469
acontecimentos, através de informações do ambiente, que por sua vez transformou-se em
conhecimento no momento que produziu uma modificação na estrutura da organização
(FERNÁNDEZ-MOLINA, 1994), nesse caso com a intervenção de um comitê de crise.
Consoante a isso, outras estratégias de gestão do conhecimento foram
implementadas, como a identificação e o mapeamento de ativos intelectuais no âmbito
organizacional, por meio da identificação dos indivíduos que detém o conhecimento
(URIARTE, 2008). De acordo com Gonzalez e Martins (2017), todas as organizações
precisam mobilizar seu conhecimento para promover e dar suporte a suas estratégias.
Stewart (1998) acrescenta ainda, que o capital intelectual é a somatória do conhecimento
de todas as pessoas que compõe a organização, representando sua capacidade coletiva.
Como forma de diagnóstico, em junho de 2020, o comitê realizou uma pesquisa
institucional com toda a comunidade universitária. A pesquisa levantou informações sobre:
estrutura (espaço e condições de trabalho e estudo no ambiente residencial, equipamentos
disponíveis e acesso à internet), conhecimento e domínio de tecnologias digitais de
informação e comunicação e levantamento de interesse em receber treinamento para o uso
de ferramentas digitais.
Em julho de 2020, um relatório detalhado de diagnóstico e com recomendações
foi encaminhado para o Conselho Universitário da UFSC, servindo como fonte de
informação para tomada de decisão desse conselho. Como resultado, através da Resolução
Normativa nº 140/2020/CUn, o Conselho Universitário regulamentou a adoção de aulas
não presenciais na educação básica, graduação e pós-graduação da universidade, na
modalidade educação à distância, com aulas síncronas e assíncronas, viabilizando assim o
retorno das atividades de ensino (UFSC, 2020c).
Assim, no mesmo mês, a Pró-Reitoria de Extensão da UFSC – PROEX - lançou
um edital de apoio à criação de Núcleos de Produção de Conteúdos Digitais (UFSC,
2020b). O objetivo do edital foi apoiar programas de extensão que capacitassem a
comunidade universitária para o uso de tecnologias digitais em educação, através da oferta
de cursos de capacitação e treinamento, de curta duração, não presenciais, e coordenados
por docentes da universidade.

470
Das 30 propostas apresentadas, 17 foram implementadas. Foram então criados 17
Núcleos de Produção de Conteúdos Digitais, coordenados por professores de diferentes
departamentos da universidade. Juntos, os núcleos forneceram 228 cursos de capacitação e
treinamento para a comunidade universitária (docentes, técnicos-administrativos e
estudantes), com um total de 4.071 horas de cursos e 8.904 concluintes.

Considerações Finais
O desafio da implementação do ensino não presencial levou a universidade a
constituir um comitê de crise e a fazer um diagnóstico institucional. O relatório emitido,
com recomendações sobre a implementação das aulas não presenciais, serviu de base para
a redação da resolução normativa que regulamentou o retorno às aulas na universidade, em
agosto de 2020.
Dentre as estratégias de gestão aplicadas, foi possível verificar que a identificação
e mapeamento dos ativos intelectuais da universidade, bem como, a mobilização de todo o
conhecimento possível, contribuiu de forma positiva para implementação do ensino não
presencial na universidade. Além disso, a capacitação e treinamento da comunidade
universitária por meio de cursos de extensão contribuiu com a transferência de
conhecimento entre os próprios membros da comunidade acadêmica. Com as mudanças
adotadas e estratégias implementadas, espera-se minimizar as dificuldades e transtornos,
causados pela pandemia de 2020, na comunidade acadêmica da universidade.

Referências
FERNÁNDEZ-MOLINA, J. Carlos. Enfoques objetivo y subjetivo del concepto de
información. Revista española de Documentación Científica, [s. l.], v. 17, n. 3, p. 320–
331, 1994. Disponível em: https://doi.org/10.3989/redc.1994.v17.i3.320

GONZALEZ, Rodrigo Valio Dominguez; MARTINS, Manoel Fernando. Knowledge


management process: A theoretical-conceptual research. Gestao e Producao, [s. l.], v. 24,
n. 2, p. 248–265, 2017.

STEWART, Thomas A. Capital intelectual: a nova vantagem competitiva das empresas.


Rio de Janeiro: Campus, 1998.

471
TAKEUCHI, Hirotaka; NONAKA, Ikujiro. Gestão do Conhecimento [recurso
eletrônico]. Porto Alegre: Bookman, 2008.

UFSC. Comitê Pandemia. [S. l.], 2020a. Disponível em:


https://coronavirus.ufsc.br/comite-de-combate-a-pandemia-do-covid-19/. Acesso em: 28
ago. 2020.

UFSC. Edital PROEX. [S. l.], 2020b. Disponível em:


https://proex.ufsc.br/2020/06/04/edital-no-22020proex-nucleos-de-producao-de-conteudos-
digitais/. Acesso em: 26 ago. 2020.

UFSC. RN 140/2020/CUn. Brazil, 2020c. Disponível em:


o
https://coronavirus.paginas.ufsc.br/files/2020/08/Resolução_Normativa_n _140.2020.CUn
_retificada.pdf. Acesso em: 30 set. 2020.

UFSC. Suspensão Aulas. [S. l.], 2020d. Disponível em:


https://noticias.ufsc.br/2020/03/coronavirus-administracao-central-da-ufsc-decide-
suspender-aulas-presenciais/. Acesso em: 14 ago. 2020.

URIARTE, Filemon A. Introduction to knowledge management. Jakarta: Asean


Foundation, 2008. E-book.

472
A IMPORTÂNCIA DA UNIVERSIDADE NA TERCEIRA IDADE: A UNATI
COMO PONTO DE PARTIDA PARA A GRADUAÇÃO

Área temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Sebastião Cavalcanti NETO
Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR)
Fundação Araucária
Autores: D. SOUZA 1; D. PONTES 2.

Resumo:
Destaca a importância do contato com o ensino superior para a pessoa idosa, fazendo,
através de pesquisas bibliográficas, uma breve descrição histórica das Universidades
Abertas para a Terceira Idade (UNATI). Por meio de entrevistas, comprova o interesse dos
alunos em ingressar em uma graduação acadêmica após vincular-se a uma UNATI.
Conclui expondo, entre outros resultados, a sensação de utilidade experienciada por esses
idosos.

Palavras-chave: universidade; terceira idade.

Introdução
O seguinte trabalho salienta como as UNATIs incentivam o ingresso de seus alunos
em cursos de ensino superior, e através de entrevistas e pesquisas bibliográficas, revela a
importância da universidade no cotidiano da pessoa idosa, desfazendo a falácia de que se
trata de um grupo incapaz de produzir algo relevante.

Metodologia
Este trabalho foi desenvolvido através de pesquisas bibliográficas, para uma
fundamentação teórica com base na análise de dados sobre o papel da universidade para a
terceira idade. Essas pesquisas nos mostraram que as UNATIs podem ser um degrau para o
ingresso de idosos em cursos de graduação. Também foram feitas breves entrevistas

1
Daniella Ferreira de Souza, aluna de Letras Inglês.
2
Dandára Louise Pontes, aluna de Letras Português/Inglês.

473
relacionadas a esse contexto, com o objetivo de reiterar a importância que as UNATIs têm
para esse processo, abrindo portas e incentivando a busca por mais conhecimento.

Desenvolvimento e processos avaliativos


A participação do idoso nas universidades tem crescido significativamente através
dos anos, isso se dá devido ao aumento da expectativa de vida, assim, a procura pela
interação social e a busca por conhecimento nessa etapa da vida segue um caminho que os
leva até as instituições de ensino superior. As UNATIs têm projetos que auxiliam os idosos
nesse processo de aprendizado, mas, além disso, um novo objetivo tem sido traçado por
essa população: a graduação. Dessa forma, as universidades estão tendo uma diversidade
etária entre seus alunos, o que indica que a terceira idade está apta para qualquer tipo de
desafio.
De acordo com Areosa et al (2016), a Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC)
tem em torno 53 cursos de graduação, nos quais a população idosa está incluída. A UNISC
tem um comprometimento com a terceira idade, trazendo ações direcionadas a eles e
estabelecendo um desenvolvimento acadêmico. Assim, é possível compreender a
importância que a graduação tem no cotidiano de cada um, se tornando uma ocupação de
grande significado para os idosos. Ter uma participação ativa na comunidade acadêmica
faz com que o processo de envelhecimento seja reformulado e visto de uma nova
perspectiva, pois o que, erroneamente, se entendia era que os idosos não produziam mais
nada, pois chegaram a um ponto da vida onde a comodidade de ficar em casa foi o que lhes
restou, então tornou-se comum não traçar novos objetivos. Porém, a constante procura por
conhecimento e interação social, resultou no ingresso desses idosos no ensino superior,
direcionando a perspectiva do passado para uma nova realidade, na qual entende-se que
todos são capazes de produzir algo.
Observando esse processo da participação dos idosos é possível afirmar que:

As atividades das Universidades para o envelhecimento têm contribuído para: i)


facilitar a oportunidade grupal, de sociabilização, de participação, de vivência de
manutenção dos direitos e papéis sociais; ii) ajudar o idoso através das diferentes
atividades a vencer sua constante incapacidade para lidar com perdas múltiplas;
iii) manter e adaptar pelo maior tempo possível a sua independência física,

474
mental e social; iv) estimular o indivíduo para realizar atividades visando o
treinamento sensorial e o desenvolvimento da criatividade; v) reconstruir padrões
de vida e atividades; e vi) avaliar o desempenho adaptativo do idoso como um
dos indicadores de saúde. (FERRARI, 2002, p. 103, apud AREOSA et al., 2016,
p. 218-219)

Analisando todos os aspectos dessa situação, é possível perceber também a grande


relevância que as Universidades Abertas têm na vida dessas pessoas, pois as atividades
direcionadas a eles são desenvolvidas e trabalhadas de uma forma com que cada ponto seja
algo com um significado. Como, por exemplo, trabalhar promovendo o bem-estar, assim,
uma qualidade de vida melhor será implantada, fazendo com que a velhice seja bem vista e
produtiva, ressignificando a vida destas pessoas (MOLITERNO et al., 2012, p. 180).
Segundo Moliterno et al (2012), a primeira Universidade Aberta para a Terceira
Idade (UNATI) surgiu na França em 1973, isso mostra que o interesse por atividades
específicas para idosos já vinha sendo trabalhado desde o século passado. No Brasil, a
implementação desse projeto demorou mais alguns anos, mas não deixou de acontecer,
sendo criada a UNATI da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e da Pontifícia
Universidade Católica de Campinas (PUC) em 1983 e 1990 respectivamente. Duas décadas
depois, em 2010, foi a vez da Universidade Estadual de Maringá (UEM) iniciar atividades
voltadas especificamente para a terceira idade. Esse processo de integração do idoso no
ambiente de ensino auxilia no aumento da autonomia deles, pois uma vez que uma pessoa
está ativamente integrada em atividades e projetos acadêmicos, estará trabalhando
diretamente com a sua autonomia, porque é algo que depende total e inteiramente de seu
próprio esforço.
De acordo com Areosa et al (2016), em 2014 a Universidade Aberta para o Adulto
Maior (UNIAMA), teve sua primeira turma com 28 idosos, na sua maioria mulheres (23), e
5 homens. Essa é uma das realidades: as mulheres são mais ativas nessa busca por
conhecimento e interação. Outro ponto observado, foi o grande interesse desses idosos na
educação contínua, fazendo com que a terceira idade esteja no mesmo nível das outras
faixas etárias. Isso demonstra que toda a capacidade que eles têm em estar sempre
buscando oportunidades de aprender e também de se inserirem num contexto social que é
dominado pelos jovens, o que resulta em relações sociais intergeracionais. Algo descrito

475
pelos autores foi como os projetos direcionados aos idosos incentivaram a busca pelo curso
de ensino superior, porque nas UNATIs eles têm, em sua maioria, acesso a cursos,
palestras e oficinas, mas isso não os caracteriza como alunos oficiais de uma universidade.
Assim, a UNATI pode ser uma porta de entrada para a graduação, proporcionando um
aumento na estimativa de idosos que ingressam no ensino superior.
As UNATIs de Paranaguá e do Litoral atendem diversos idosos, com o objetivo de
promover o conhecimento contínuo e a interação social dessas pessoas. Através das
atividades propostas, um incentivo acaba se tornando presente na vida dos idosos, mesmo
que o ingresso em um curso de graduação ainda não tenha ocorrido efetivamente.
Através da entrevista utilizada para identificar as opiniões dos membros da UNATI,
pudemos compreender todo o contexto que a pesquisa bibliográfica nos trouxe. Quando
perguntado sobre qual a importância da UNATI para a vida acadêmica dos idosos, LN
respondeu: A UNATI abre a mente para o tudo; já MS respondeu: A UNATI é
maravilhosa, pois ela inclui o idoso na questão cultural, e abre portas para graduação.
Ambas acreditam que a Universidade Aberta incentiva a procura por um curso superior,
segundo LN: Desde que comecei a participar ativamente das aulas e atividades que a
UNATI oferece, despertou em mim a vontade que fazer uma graduação de psicologia. MS
diz que: Quando eu era jovem não tive a oportunidade de estudar, mas procuro estar
presente em todas as aulas da UNATI, e isso fez com que eu voltasse a me interessar por
uma graduação em Libras. Apesar dessas alunas ainda não estarem matriculadas em um
curso superior, é possível identificar o papel que a Universidade Aberta tem, incentivando
a procura dos idosos por diferentes cursos de graduação.

Considerações Finais
Conclui-se, assim, que a participação dos idosos na universidade resulta em
diversas possibilidades, como: aumento na expectativa de vida; a socialização entre
diferentes gerações; a produção de autonomia; ressignificação das ocupações diárias, entre
outras coisas. Então, a sensação de utilidade que esses idosos sentem é um dos resultados,
mostrando a importância da educação em suas vidas.

476
Referências
AREOSA, Silvia Virginia Coutinho et al. ENVELHECIMENTO ATIVO: UM
PANORAMA DO INGRESSO DE IDOSOS NA UNIVERSIDADE. Revista Reflexão e
Ação, Santa Cruz do Sul, v. 4, n. 3, set/dez. 2016. Disponível em:
http://online.unisc.br/seer/index.php/reflex/index. Acesso em: 14 fev. 2021.

MOLITERNO, Aline Cardoso Machado et al. VIVER EM FAMÍLIA E QUALIDADE DE


VIDA DE IDOSOS DA UNIVERSIDADE ABERTA DA TERCEIRA IDADE. Revista
enfermagem UERJ, Rio de janeiro, v. 20, n. 2, abr/jun 2012. Disponível em:
https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/enfermagemuerj/article/view/4040. Acesso
em: 14 fev. 2021.

477
A INTERDISCIPLINARIDADE NO CONTEXTO DO PROGRAMA LeME:
ATIVIDADE DO GRÁFICO INTERDISCIPLINAR

Área temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Mauren PORCIÚNCULA
Universidade Federal do Rio Grande (FURG)
Autores: L. G REQUE ; H. CASSALES 2; H. CRISOSTOMO 3; P. CUNHA 4; T.
1

GAUTÉRIO 5.

Resumo:
O Programa de Extensão LeME proporciona a estudantes de graduação experiência inicial
como professores de Educação Estatística. Estes, através de pedagogias interdisciplinares,
possibilitam o Letramento Estatístico de jovens em vulnerabilidade. O presente trabalho
traz uma análise qualitativa, de trechos de diários, da prática extensionista, no ensino
interdisciplinar de estatística, de licenciandos. Nesse sentido, pondera-se que a
interdisciplinaridade dessa prática caracterizou-se como um fator inaugural no ensino e
aprendizagem, com maiores potencialidades em futuras execuções.

Palavras-chave: Programa de Extensão; Ensino de Estatística; Interdisciplinaridade.

Introdução
A extensão é um importante pilar da educação, uma vez que aproxima a instituição
educacional da comunidade, contribuindo, principalmente, para o graduando se aprofundar
numa área de atuação. Neste sentido, o presente trabalho traz uma análise qualitativa da
prática extensionista de dois graduandos em licenciatura, que atuaram como professores do

1
Leonardo da Silva Greque Junior, graduando de Geografia-Licenciatura pela Universidade Federal do Rio
Grande (FURG). Bolsista PET/MEC/FNDE.
2
Hayane Cassales Fernandes, graduanda de Letras Português-Licenciatura pela Universidade Federal do Rio
Grande (FURG). Bolsista PET/MEC/FNDE.
3
Hosana Crisostomo Cavalcante, graduanda de Ciências Biológicas- Licenciatura pela Universidade Federal
do Rio Grande (FURG). Bolsista PET/MEC/FNDE.
4
Pedro Perez Germano da Cunha, graduando de Educação Física-Licenciatura pela Universidade Federal do
Rio Grande (FURG). Bolsista PET/MEC/FNDE.
5
Tiago da Silva Gautério, Doutorando no PPGEC pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG).

478
Programa de Letramento Multimídia Estatístico – LeME. Esta proposta se refere a uma
atividade que envolve conhecimentos da Educação Estatística e da disciplina de Língua
Portuguesa, mais especificamente, classe gramatical dos pronomes, sob um viés
interdisciplinar, presente no planejamento e no desenvolvimento dela.
O Letramento Estatístico, foco do Programa LeME, segundo Gal (2002), consiste
na capacidade de interpretar e avaliar criticamente, além de comunicar informações
estatísticas. É importante destacar que a natureza interdisciplinar da Estatística possibilita o
desenvolvimento de práticas entre diferentes áreas do conhecimento, não se limitando aos
próprios conhecimentos estatísticos. Desta forma, as ações extensionistas podem ser uma
opção para o fazer interdisciplinar, visto que o mesmo é tido como desafio perante a um
sistema de ensino fragmentado (PAGAN, 2010). Logo, neste trabalho, a
interdisciplinaridade é entendida como uma “nova atitude diante da questão do
conhecimento, da abertura à compreensão de aspectos ocultos do ato de aprender e dos
aparentemente expressos” (FAZENDA, 2001, p.11). Ademais, os autores veem a atividade
em questão como um movimento em prol de uma educação cada vez mais interdisciplinar,
o que também se vem buscando no Programa.
O LeME é um programa da Universidade Federal do Rio Grande - FURG, existente
desde 2012, que busca promover o Letramento Estatístico por meio de atividades
pedagógicas com potencial lúdico e interdisciplinar, com adolescentes em situação de
vulnerabilidade socioeconômica e ambiental. No ano de 2019, através de uma parceria com
a secretaria municipal da educação - SMED e a Fundação Carlos Chagas - FCC, o LeME
passou a ser realizado em escolas municipais de Educação Básica do Rio Grande-RS.
Inicialmente foi desenvolvido como um piloto, ou seja, uma primeira experiência de
aplicação do Programa, o que permitiu que, posteriormente, sejam traçadas estratégias que
melhor se adaptem às necessidades dos sujeitos participantes.
Sob tal perspectiva, a prática investigada e apresentada neste texto, foi
desenvolvida na Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Olavo Bilac, por
acadêmicos de licenciatura em Geografia e Letras Português que experienciaram pela
primeira vez, a elaboração e o planejamento de atividades com intencionalidade
interdisciplinar. Essas atividades foram relatadas em diários descritivos, e terão alguns

479
trechos discutidos na seção de desenvolvimento e processos avaliativos deste trabalho.
Além disso, também serão apresentados nas seções seguintes a metodologia da atividade
aplicada na escola, as considerações finais e as referências que orientaram a escrita. Esta
investigação tem como objetivo analisar os aspectos interdisciplinares presentes na
atividade em questão, bem como apontar outras perspectivas presentes nesta prática
extensionista.

Metodologia
O LeME desenvolvido na EMEF Olavo Bilac, foi um projeto piloto realizado com
duas turmas de sexto ano da escola (6°A e 6°B), escolhidas pelas professoras regentes da
disciplina de Português e Matemática, por serem, segundo elas, as mais participativas nas
atividades propostas em sala de aula. Assim, se desenvolveu a atividade, nomeada pelos
professores do LeME como “Gráfico Interdisciplinar”, ou seja, uma atividade que tem
como princípio a interdisciplinaridade que resultou na construção de um gráfico de barras.
Dessa forma, os professores do LeME produziram, previamente, um template de um
gráfico com materiais de TNT 6, EVA 7 e velcro para fazer as superfícies adesivas para colar
todas as partes necessárias do gráfico como: o eixo horizontal com as categorias ‘x’ e o
eixo vertical em ‘y’ com as frequências representadas, título e fonte do gráfico. Sendo
assim, para a prática do “Gráfico Interdisciplinar”, os professores do LeME utilizaram o
conteúdo de Classe Gramatical, especificamente sobre Pronomes, que a professora de
Língua Portuguesa já estava trabalhando com os alunos, sendo essa uma estratégia para
integrar conhecimentos da própria disciplina e da Estatística, propiciando uma
aprendizagem interdisciplinar, sem desconsiderar o que já havia sido planejado pela
professora regente da turma.
Por conseguinte, foi solicitado aos alunos que escrevessem uma frase que
possuísse, no mínimo, um pronome (ex.: Ela foi ao quadro. [Ela= pronome pessoal do caso
reto]), e, assim, os professores do LeME elaboraram o “Gráfico Interdisciplinar”, que teve
como propósito, a construção de um gráfico de barras a partir da frequência em que
6
TNT é sigla de Tecido Não Tecido, é um polipropileno cujas fibras são unidas pelo calor.
7
EVA é sigla de Etil Vinil Acetato, é uma borracha não tóxica.

480
determinado tipo de pronome era utilizado por cada aluno. Logo, os professores do LeME
apresentaram o template onde estavam identificados o eixo horizontal, com as categorias, e
o vertical, com as frequências representadas, título e fonte do gráfico. Em seguida, cada
aluno recebeu um quadrado autocolante, de dimensões iguais, e foram convidados a lerem
e a identificarem os pronomes nas as frases escritas. Na sequência, cada aluno foi até ao
quadro, onde se encontrava o template e colou seu quadrado na categoria correspondente.
Por fim, a turma construiu um gráfico de barras a partir da frequência da utilização dos
pronomes nas frases expostas pelos próprios alunos.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Para analisar os aspectos interdisciplinares presentes na atividade “Gráfico
Interdisciplinar”, bem como apontar outras perspectivas da prática extensionista, serão
discutidos trechos dos diários dos dois professores do LeME. Vale ressaltar que a
identidade de todos os envolvidos foi retirada. Ao unificar as duas temáticas, pronomes e
Estatística, em uma mesma prática escolar, além de concatenar saberes, buscou-se romper
barreiras disciplinares, evidenciando a Estatística e, especialmente, o conteúdo de leitura e
interpretação de gráficos, como uma possibilidade pedagógica, tendo em vista contribuir,
como afirma Lopes (2008), no desenvolvimento de um cidadão crítico e autônomo numa
sociedade de informações.
Para o planejamento e a aplicação do LeME, após um primeiro contato com a
escola, direção e professores, os diários contaram que o [...] Professor 1 teve uma grande
ideia de construir um gráfico [...] trabalhar com os alunos o que estava sendo visto na
disciplina de Língua Portuguesa: pronomes. Desse modo, essa ideia tinha intenção de
abranger as duas disciplinas cedidas para o Programa (Recortes - diário 2). Neste
contexto, podemos identificar um esforço dos mesmos para integrar diferentes tipos de
conhecimentos em uma mesma atividade. Ademais, na aplicação da atividade [...] em
primeiro momento introduzimos a ideia de gráfico [...] trabalhamos os pronomes e os seus
diferentes tipos, através de um gráfico de barras que era montado a partir da construção
de frases que contasse com pelo menos um pronome (Recortes - diário 1). Nesta
conjuntura, ao relacionar objetos do conhecimento previamente desenvolvidos com os

481
estudantes, como os pronomes, por exemplo, com outros inéditos, neste caso, habilidades
estatísticas, integrou-se, assim, um aprendizado de forma interdisciplinar, pois proporciona
um novo olhar sobre o fenômeno que está sendo estudado, o que pode contribuir à
formação dos estudantes, segundo Fazenda (2007, p. 33), “faz-se necessário eliminação
das barreiras entre as disciplinas e entre as pessoas que pretendem desenvolvê-las”.
Sob o mesmo ponto de vista, [...] após essa apresentação do grande gráfico,
partimos para os conceitos de moda, média e mediana. Dessa forma, com base nas idades
deles que coletamos, conseguimos trabalhar os conceitos, mas tivemos que repetir
algumas vezes para o entendimento de alguns. [...] Em seguida, deu-se início a uma
construção de gráficos, onde os alunos manifestaram uma grande dificuldade na hora de
desenvolver (Recortes - diário 2). De acordo com o relato, podemos perceber que as
abordagens desenvolvidas com os estudantes, ainda apresentam lacunas e precisam ser
replanejadas, uma justificativa para tais dificuldades podem estar na quantidade de
estudantes, [...] realmente lotou a sala de aula que já não era muito grande – mas era a
maior da escola –, totalizando 40 alunos (Recortes - diário 2). Contudo, destacamos a
importância da relação entre professor e aluno, [...] fomos indo de aluno em aluno que
pedia a nossa ajuda e isso acabou gerando um grande vínculo entre alunos e professores.
Nota-se também, que a atividade propiciou um contato dos professores em formação com a
sala de aula e com diferentes perfis de estudantes, o que contribui, segundo Zuanon (2006),
para o processo de aprendizagem. Além disso, possibilitou aprendizados sobre a postura
profissional, as relações estabelecidas no convívio e a resolução de situações cotidianas
(Zuanon; 2006).
Cabe salientar, que o projeto de extensão despertou o interesse de mais professores
a se integrarem em atividades conjuntas, [...] a professora de artes comentou que poderia
introduzir os gráficos na disciplina dela, e trabalhar de maneira interdisciplinar (Recorte
- diário 1).
Por fim, o desenvolvimento da atividade e o relato dos professores, ressaltaram as
potencialidades do projeto de extensão para todos os agentes envolvidos, especialmente ao
protagonizar a construção da aprendizagem de forma interdisciplinar e no experienciar das
práticas e desafios de sala de aula.

482
Considerações Finais
Levando em consideração as discussões supracitadas, faz-se possível enfatizar
ganhos tanto em âmbitos de aprendizagem Estatística interdisciplinar, como no vínculo
professor e aluno, uma vez que, com o surgimento de dúvidas, verificou-se maiores
aproximações pedagógicas.
Apesar de ter sido uma experiência inicial, nota-se a troca de experiências e a
adesão à prática extensionista, especialmente por ocorrer em uma escola pública e usufruir
de materiais de fácil acesso, possibilitando assertividade na atividade e a participação de
todos. A interdisciplinaridade presente caracterizou-se como um fator inaugural no ensino
e aprendizagem, com maiores potencialidades futuras de execução.
Como proposta inicial, o projeto proporcionou novas óticas, expondo fragilidades
da comunidade escolar local e percepções acerca do campo docente, bem como a
interligação de conteúdos na formação discente. Assim, possibilitando que o projeto e a
Educação Estatística possam auxiliar ainda mais e retornar, futuramente, para a sociedade
de forma mais assertiva.

Referências
FAZENDA, I. C. A.; SEVERINO, A. J. (Org.). Conhecimento, pesquisa e educação.
Campinas: Papirus, 2001.
FAZENDA, I. C. A. (Org). Interdisciplinaridade: um projeto em parceria. 6. ed., São
Paulo, Loyola, Coleção Educar 13, 2007.

GAL, I. “Adults statistical literacy: meanings, components, responsibilities.”


International Statistical Review, v. 70, n. 1. Netherlands, pp. 1-25, 2002.

LOPES, C. A. O ensino da estatística e da probabilidade na educação básica e a formação


dos professores. Caderno Cedes, Campinas, v. 28, n. 74, p. 57-73, abr. 2008a.

PAGAN, M. A. A interdisciplinaridade como proposta pedagógica para o ensino da


estatística na educação básica. Dissertação (Mestrado em Educação Matemática) –
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2010.

ZUANON, Á. C. A. O processo ensino–aprendizagem na perspectiva das relações entre:


professor-aluno, aluno-conteúdo e aluno-aluno. Revista ponto de vista, v. 3, n. 1, p. 13-
24, 2006.

483
A UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS DIGITAIS NA FORMAÇÃO DE
PROFESSORES DE MATEMÁTICA

Área temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Denice Aparecida Fontana Nisxota MENEGAIS
Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA)
Autores: V. L. DUARTE FERREIRA 1; D. DA SILVA FAGUNDES 2.

Resumo:
O presente trabalho apresenta uma síntese do projeto de extensão vigente desde 2018
intitulado A Utilização De Tecnologias Digitais na Formação de Professores de
Matemática, o qual tem como objetivo aprimorar a prática docente, levando em
consideração o impacto das tecnologias digitais na sociedade e educação, especialmente
em relação à mudança do papel do professor no ensino e aprendizagem. Durante as edições
do curso foram exploradas atividades com a utilização de softwares, plataformas
educacionais, gamificação, entre outros. A metodologia para análise dos resultados obtidos
foi a de pesquisa qualitativa. Os instrumentos de coleta de dados foram questionários e
planejamentos de aulas elaborados pelos participantes. Em decorrência da análise dos
dados, percebeu-se que houve um aprimoramento dos conhecimentos dos sujeitos
professores participantes desta pesquisa em relação à inserção efetiva dos recursos
tecnológicos na prática pedagógica. Assim, é possível observar que o curso de formação
promoveu mudanças substanciais de paradigmas na prática docente, mudanças essas que
estão diretamente ligadas ao fomento da utilização das tecnologias digitais no cotidiano da
sala de aula e corroboradas nas falas dos participantes.

Palavras-chave: matemática; tecnologias digitais; formação continuada.

Introdução
Com o constante avanço das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação

1
Vera Lúcia Duarte Ferreira, Docente, curso de Matemática-Licenciatura, campus Bagé.
2
Daiane Da Silva Fagundes, Graduanda em Matemática-Licenciatura, Bolsista PDA 2021.

484
(TDCs), os espaços educacionais necessitam cada vez mais integrá-las no cotidiano
pedagógico da escola, o que acaba se tornando um grande desafio para as instituições
educacionais, assim como para os professores, pois essa integração requer mudanças na
prática pedagógica. Segundo Arruda e Mill (2021) as iniciativas no âmbito da formação
de professores para usos e apropriações de TDCs talvez devam envolver não somente a
constituição de políticas indutoras, mas de reconfigurações estruturantes do lócus de
formação docente e de pesquisadores em nível de pós-graduação e graduação brasileiros.
Desse modo, o grande desafio para inserção das tecnologias digitais no campo
educacional é diminuir a grande ênfase que é dada nas habilidades operacionais básicas,
como instalar aplicativos ou usar softwares e navegadores, o que inclui também a
criatividade, capacidade de criar conteúdo, de análise de conteúdos e redes sociais, de
maneira a gerar resultados tangíveis positivos para o desenvolvimento da educação.
Tendo em vista que as propostas metodológicas tradicionais não estão mais
atendendo às necessidades inerentes ao contexto contemporâneo, é de suma importância
que haja mudanças inovadoras no sistema educacional, em particular no ensino e na
aprendizagem de Matemática. Assim sendo, a principal motivação desse projeto é a de
promover a inclusão digital na prática docente, e por conseguinte, contribuir para a
melhoria do desempenho dos estudantes em Matemática, das escolas públicas e
particulares de Bagé/RS.
O presente trabalho é um recorte da pesquisa contextualizada em um Projeto de
Extensão intitulado A Utilização De Tecnologias Digitais na Formação de Professores de
Matemática, o qual tem como objetivo aprimorar a prática docente, levando em
consideração o impacto das tecnologias digitais na sociedade e educação, especialmente
em relação à mudança do papel do professor no ensino e aprendizagem.
Vale salientar que, o referido projeto cadastrado sob nº 02.030.18, tem por
finalidade promover a integração da universidade com ensino básico proporcionando aos
professores e licenciandos de Matemática situações de aprendizagem e experiências
metodológicas inovadoras, oportunizando-se aos participantes da educação básica
inserção/atualização no uso de tecnologias digitais aplicadas ao ensino de Matemática.

485
Metodologia
A metodologia adotada foi a de pesquisa qualitativa com características de estudo
de caso (STAKE, 2016). O curso de formação foi ministrado de 2018 à 2019 em modo
presencial no Laboratório de Ensino e Projetos do Curso de Matemática/Campus Bagé.
Com o evento da COVID-19 em 2020, o curso de formação passou a ser ofertado em
modo remoto em ambiente virtual de aprendizagem a professores de Matemática.
Para análise dos resultados os dados foram coletados via questionários (inicial e
final), bem como planos de aula elaborados pelos docentes participantes com a
incorporação das várias tecnologias digitais trabalhadas em cada edição do curso. Sendo
que: de 2018 a 2019, foram abordadas atividades práticas com o software GeoGebra e
GeoGebra Book. plataforma Khan Academy, calculadora gráfica Desmos, Kahoot; Já no
de 2020, utilizou-se a aplicação de questionários interativos (Aha Slides, Poll Everywhere,
Mentimeter), aplicativos de quadro branco do tipo white Board (Open Board, EquatIO,
Jamboard), sistemas de videoconferência (YouTube , Stream Yard).
Vale destacar que a edição de 2021 está constituída em 2 módulos independentes
de 40 horas/aula cada um. Sendo trabalhados e explorados softwares Geometria
Dinâmica, gamificação (Wordwall, google forms gamificado, Canva gamificado, Arcade,
Jogo do Tabuleiro, PowerPoint gamificado, MineCraft, Quizizz, Stopwatch.
Lumosity,Toon Math, Tindin, Super Heróis da Matemática, Rei da Matemática, Scratch),
plataformas educacionais (Webquest, Classroom), bem como a apresentação de alguns
Laboratórios virtuais de aprendizagem em Matemática.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Para desenvolver essas atividades, a UNIPAMPA realiza parcerias com escolas e
professores da região, promovendo assim, uma aproximação entre a universidade e a
comunidade. No ano de 2018, os professores participantes do projeto tiveram a
oportunidade de levar os alunos do ensino básico para realizarem atividades no
laboratório de informática da universidade, bem como conhecer as estruturas e
dependências da instituição no intuito de proporcionar um vínculo educacional entre
universidade e escola.

486
O projeto ainda possibilita aos bolsistas a participação em diferentes contextos
acadêmicos como eventos locais, regionais, nacionais e internacionais, quer seja como
oficinistas quer seja apresentando comunicação oral. Deste modo, promove-se a interação
entre a vida acadêmica e a rede de educação básica, além de estimular os bolsistas na
leitura e escrita de textos acadêmicos científicos.

Neste contexto, as análises dos dados coletados demonstram o quanto o curso


contribui para a incorporação dos recursos digitais na prática pedagógica, além de auxiliar
na aquisição de habilidades e competências digitais contemplando as competências e
habilidades propostas pela BNCC, conforme relato de um dos participantes:

Utilizei o wizer.me, canva, wordwall, forms gamificado e stopwatch.Os alunos


amaram o vídeo que fiz no canva. Gostaram muito do jogo das tabuadas que
criei na plataforma wordwall,o forms gamificado eles amaram também pois
disseram que ajuda no treinamento dos conteúdos para terem autonomia nos
estudos e amaram ver a tia adri nos bitmoji.O stopwatch utilizei nas pescarias
das tabuadas e os cronômetros.Os aplicativos que ainda não utilizei, pretendo
utilizar.

O relato do professor participante ratifica a autonomia oportunizada frente aos


avanços das tecnologias digitais, além do crescimento profissional e educacional dos
participantes, concretizando-se nos reflexos positivos para a qualidade do ensino e
aprendizagem dos estudantes.

Considerações Finais
Com a presença das ferramentas tecnológicas no espaço escolar, o professor é
instigado a um processo de reflexão, de redimensionamento sobre sua função e papel
social. Deste modo, observou-se ao longo das edições dos cursos integrantes do projeto de
extensão, a inserção efetiva das tecnologias digitais nos planos de aula elaborados pelos
participantes, evidenciando a mudança de paradigma na prática docente.
Neste contexto, ressalta-se a importância de promover ações de extensão que
permitam aos professores uma maior autonomia no uso das TIDCs. Dessa forma, investir
na formação continuada do professor representa o fortalecimento para a educação, além
de corroborar na busca de soluções para as demandas educacionais e promover o

487
estreitamento entre escola e universidade.

Referências
ARRUDA, E.P.; MILL, D. Tecnologias digitais, formação de professores e de
pesquisadores na pós-graduação: relações entre as iniciativas brasileiras e internacionais.
Revista Educação. v. 46, 2021 – Jan./Dez. ISSN Eletrônico: 1984-6444. Disponível em:
https://periodicos.ufsm.br/reveducacao/article/view/41203/html. Acesso: 06 ago. 2021.

STAKE, R. E. Pesquisa qualitativa: estudando como as coisas funcionam. Penso


Editora, 2016.

Agradecimentos:
Ao Programa de Desenvolvimento Acadêmico-PDA, edital nº 40/2021.

488
AÇÕES DE DIVULGAÇÃO DE EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS UTILIZANDO
REDES SOCIAIS

Área Temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Mauren Assis de SOUZA
Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA)
Autores: E. BUENO 1; R. BRITO 2; M. FRANCO³; S. SOSA⁴.

Resumo:
A educação, que já vinha passando por grandes mudanças, principalmente devido à
inserção de tecnologias no processo de ensino-aprendizagem, precisou se adaptar e
reorganizar-se no último ano em função da pandemia de COVID-19 e os protocolos de
distanciamento social. Diante disso, o presente trabalho visa ampliar os conhecimentos da
comunidade, através de postagens informativas utilizando a rede social Instagram. A
divulgação segue a seguinte ordem de etapas para a sua concretização: Após a escolha de
um artigo científico relacionado ao ensino por um componente do grupo de pesquisa
ocorre a apresentação em forma de palestra nas reuniões do grupo e a criação do card
informativo de forma resumida. Após, ocorre a publicação e divulgação através da conta
do instagram do grupo (@nupef.unipampa) desse material. Até o presente momento, foram
publicados doze resumos, dentre eles, destacam-se três temáticas: procrastinação, emoções
e aprendizagem e estilos de aprendizagem, obtendo maior alcance na plataforma. Sendo
assim, é possível deduzir que divulgações científicas sobre esses temas são bem aceitos
pelo público e que, além disso, a procrastinação e emoções no ambiente escolar são temas
potenciais para realização de futuras pesquisas e intervenções, visto que eles fazem parte
do cotidiano da população e tem influência sobre o ensino-aprendizagem.

Palavras-chave: ensino-aprendizagem; redes sociais; divulgação científica.

1
Ederson Nunes Bueno, aluno de mestrado no PPG Multicêntrico em Ciências Fisiológicas, bolsista CAPES.
2
Railson Carlos Olinto de Brito, aluno de graduação do curso de Fisioterapia,UEPB.
3
Matheus Silvelo Franco. aluno de graduação do curso de Enfermagem - UNIPAMPA. Bolsista PDA.
4
Stefânia Medeiros Sosa, aluna de graduação do curso de Enfermagem - UNIPAMPA.

489
Introdução
Professores e alunos buscam cada vez mais ferramentas digitais como alternativas
que substituíssem os encontros na modalidade presencial, principalmente devido à
pandemia ocasionada pelo Coronavírus. Busca-se ambientes virtuais pois são meios de
comunicação que permitem a interação remota entre os usuários e são recursos
amplamente utilizados pela sociedade. Visto isso, a utilização de recursos digitais permite
que esses ambientes sejam explorados em ações que promovam a educação, dentre elas a
extensão universitária, promovendo atividades de divulgação científica, que unem ensino,
pesquisa e sociedade.
A divulgação científica é a ação extensionista responsável pela propagação de
conhecimentos para a população, contribuindo para melhorar a qualidade de vida das
pessoas e também, aprimorando os saberes específicos (MASSARANI et Formulário
RPPE - Julho /18 Página | 1 al., 2002). No campo do ensino, esta afirmação sobre
divulgação científica também é verdadeira, visto que o ensino precisa ser baseado em
evidências científicas e para que isso seja possível é importante que ocorra uma divulgação
da ciência por trás do ensino para o público em geral (LENT, 2019). Com isso, o objetivo
desta ação extensionista foi divulgar, no instagram, conhecimentos científicos sobre o
ensino de fisiologia e neurofisiologia da aprendizagem para a comunidade acadêmica e
não acadêmica. Este resumo contempla a primeira etapa do projeto de extensão “ Ensino de
Fisiologia e Neurofisiologia da Aprendizagem, como isso influencia meu cotidiano? Ações
de divulgação de evidências científicas”, a ação completa conta com a divulgação de
vídeos pelo youtube e instagram e com encontros com profissionais da educação para
divulgação de estratégias de ensino baseadas em evidências. Pretende-se a partir desta
primeira etapa, ampliar os conhecimentos do público promovendo integração da
universidade com a comunidade e a capacitação de recursos humanos, por meio da
qualificação da equipe executora deste projeto que conta com alunos de graduação e pós-
graduação.
Metodologia
O trabalho é realizado por meio da publicação e divulgação de resumos de artigos
científicos, em forma de postagens, que referem-se ao ensino e neurofisiologia da
aprendizagem, os quais são discutidos nas reuniões semanais do núcleo de pesquisa e

490
ensino de fisiologia (NuPEF). A discussão dos materiais fomenta a criação de imagens ou
vídeos curtos que, de maneira didática, acessível e sintetizada são publicados na mídia
social Instagram, na conta do grupo de pesquisa, com o intuito de alcançar tanto a
comunidade acadêmica quanto a não acadêmica. Os materiais são desenvolvidos na
plataforma Canva, a qual permite a criação de design gráficos em formato de cards
dimensionados em 4:5 (1350px/ 10080px). Após a escolha de um artigo científico
relacionado ao ensino por um componente do grupo de pesquisa ocorre a apresentação em
forma de palestra nas reuniões do grupo e a criação do card informativo de forma
resumida. Após, ocorre a publicação e divulgação através da conta do instagram do grupo
(@nupef.unipampa). O engajamento do público-alvo serviu como marcadores utilizados
para avaliar o alcance das postagens, sendo contabilizados número de likes,
compartilhamentos e comentários de cada postagem.

Desenvolvimento e processos avaliativos


As ações desenvolvidas neste projeto tiveram como base principal a postagem de
resumos no instagram sobre assuntos abordados em reuniões do grupo com diversas
temáticas. Através do feedback da plataforma e do público é possível obter informações
acerca do alcance das publicações e do engajamento com os temas abordados. A tabela 1
mostra a relação entre os temas dos resumos publicados até o momento e informações da
rede social.
Tabela 1: Temas dos resumos relacionados com interação do público
Contas Compartilha Visitas
Temas dos resumos alcançadas Comentários Curtidas mentos Salvamentos ao perfil

Celular e aprendizagem 512 1 20 2 2 0


Emoções e distorções de
memória 632 1 25 2 3 5
Emoções e abordagens de
ensino 950 7 79 5 8 6

Neurônios e o audiovisual 728 0 42 3 7 6


Gamificação 565 0 38 15 1 2

Metodologias ativas 588 0 42 5 1 5


Procrastinação no meio
acadêmico 1159 6 117 4 10 11

491
Estilos de aprendizagem 876 0 67 2 19 7

Estatística na pesquisa 597 0 38 3 8 6


Atenção e emoções 356 0 35 0 1 6

Questionário MEQ 262 0 22 0 1 1


Fonte: Elaborado pelos autores com dados retirados do aplicativo Instagram (Mês 02 ao 08)

Verificando a tabela acima é possível perceber que foram publicados doze resumos
entre os meses de Fevereiro a Agosto, dentre eles, destacam-se três: procrastinação,
emoções e aprendizagem e estilos de aprendizagem, obtendo maior alcance na plataforma.
Sendo assim, é possível deduzir que divulgações científicas sobre esses temas são bem
aceitos pelo público e que, além disso, a procrastinação e emoções no ambiente escolar são
temas potenciais para realização de futuras pesquisas e intervenções, visto que a
procrastinação implica efeitos negativos no desempenho acadêmico de estudantes e no seu
bem-estar subjetivo e as emoções desempenham um papel primordial para o aprendizado
(Steel & Klingsieck, 2016). Ademais, todos os temas divulgados até agora são importantes
para compreensão cognitiva, pedagógica e neurofisiológica da aprendizagem, obtendo bons
resultados de aceitação do público. Visto isso, a presente ação buscou proporcionar
informações referenciadas para a consolidação de conhecimentos baseados em evidências
na área de ensino na tentativa de auxiliar os estudantes e comunidade em questões
cotidianas relacionadas a cada tema abordado.

Considerações Finais
Através dos resultados conclui-se que ocorreu uma integração da universidade com
o público e que, através disso, é possível divulgar ciência, baseada em evidências
científicas, utilizando uma rede social, o que torna cada vez mais instigante a utilização
desse recurso para informar alunos, professores e comunidade em geral acerca de temas
relacionados com a educação. É necessário, também, ressaltar as fragilidades acerca do
uso das redes sociais, pois depende do público que segue o grupo e do tempo de plataforma
da conta, porém consideramos que existem muitos pontos a serem melhorados e isso será
possível através do feedback da comunidade envolvida. Cabe reforçar que este artigo
apresenta resultados parciais referentes a primeira etapa do projeto de extensão, sendo essa

492
a postagem de resumos feita semanalmente. As outras duas etapas são a divulgação de
vídeos com professores referência nas temáticas e a ação com os professores das redes
municipais, estaduais e federais que serão discutidas posteriormente.

Referências
LENT, Roberto. Educação Baseada em Evidências – Análises, Sugestões e Propostas. 1.
ed. Rio de Janeiro: Rede CpE, 2019. v. 1. 80p.

MASSARANI, L et al. Ciência e Público: caminhos da divulgação científica no Brasil Rio


de Janeiro: Casa da Ciência – Centro Cultural de Ciência e Tecnologia da Universidade
Federal do Rio de Janeiro. 2002. 232 p.

STEEL, P.; KLINGSIECK, K. Academic Procrastination: Psychological Antecedents


Revisited. Australian Psychologist, February, v. 51, n. 1, pp.36-46, 2016.

493
AÇÕES DO MUSEU DINÂMCIO INTERDISCIPLINAR FRENTE AO
ISOLAMENTO PELA COVID-19

Área Temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Ana Paula VIDOTTI
Nome da Universidade: Universidade Estadual de Maringá (UEM)
Autores: G. R. F. BACHESK 1; I. F. CONSULIM 2; A. P. VIDOTTI 3

Resumo:
O MUDI realiza ações de divulgação e popularização da ciência em diferentes áreas do
conhecimento há 36 anos. Devido a pandemia do novo coronavírus as atividades
presenciais foram suspensas e um projeto de evento de extensão foi criado com o título
“MUDI e a educação não formal em tempos de isolamento por Covid-19”, para, a partir da
BNCC e dos PPPs de algumas escolas, com a análise dos conteúdos ministrados em todos
as séries da educação básica, elaborar através da educação não formal materiais
complementares. Além disso, as mídias tornaram-se grandes aliadas do conhecimento
nesse tempo de pandemia, vigorosamente fortalecidas e exploradas para melhor contato
com a comunidade: Instagram, Facebook, Youtube da AMUDI, blog e o site do museu
onde são disponibilizados os links dos materiais produzidos.

Palavras-chave: museus de ciências; educação não formal; divulgação científica.

Introdução
A história da humanidade tem demonstrado que a divulgação do conhecimento
possui papel importante no desenvolvimento humano, visto que inúmeras civilizações
foram extintas devido ao grande avanço das ciências e tecnologias que não foi passado
adiante. Nesse cenário a divulgação do conhecimento ao longo de gerações é fundamental,

1
Giovanna Ribeiro Ferreira Bachesk, graduanda em Ciências Biológicas, mediadora do MUDI/UEM bolsista
Central de Estágio do Governo do Paraná.
2
Isadora Fogaça Consulim, graduanda em Ciências Biológicas, mediadora do MUDI/UEM bolsista Central
de Estágio do Governo do Paraná.
3
Ana Paula Vidotti, professora do Departamento de Ciências Morfológicas – DCM/UEM; coordenadora de
projetos de extensão no MUDI.

494
uma vez que a tendência é que as gerações futuras tenham mais tecnologias disponíveis
para resolução de problemas (BARROS, 2002). Assim, em uma sociedade que vive na era
da informação e comunicação, as propostas educativas e de divulgação científica dos
museus tornam-se cada vez mais evidentes (GRUZMN & SIQUEIRA, 2007).
O objetivo fundamental de um museu de ciências é proporcionar a ligação entre a
sociedade em geral com o patrimônio local e o conhecimento científico e cultural de uma
forma democrática, atuando como uma ferramenta de diálogo, um local de interações
sociais e um meio de divulgação científica (COELHO, et al.,2019). O Museu Dinâmico
Interdisciplinar (MUDI) da Universidade Estadual de Maringá (UEM), realiza diversas
ações para a comunidade tendo como objetivo central a redução da distância entre o
conhecimento científico e a população em geral (MUDI, 2021).
O surto da COVID-19 causada pelo coronavírus-2, representa uma grave ameaça à
saúde pública global e às economias locais, além de ser uma emergência de preocupação
internacional (Liu et al, 2020; Cortegiani et al, 2020). Portanto, é fundamental reconhecer a
magnitude desse problema e priorizar o enfrentamento da epidemia, que é vital e
necessário. Diante deste cenário diversas adaptações ocorreram para que os objetivos dos
projetos do museu fossem cumpridos, e que todos conseguissem ter acesso às informações
e atividades desenvolvidas, com isso o projeto “MUDI e educação não formal durante o
isolamento pela Covid-19” foi incorporado as atividades a partir de maio 2020 (em
andamento), a fim de informar a população de uma maneira dinâmica, acerca desta
pandemia e sua relação com o que se realiza presencialmente no museu.

Metodologia
A partir da Base Nacional Curricular Comum (BNCC) e dos Projetos Políticos
Pedagógicos (PPP) de algumas escolas, com a análise dos conteúdos ministrados em todos
as séries da educação básica, bem como aos alunos da Universidade Aberta a Terceira
Idade (UNATI/UEM), a elaboração através da educação não formal, de materiais
complementares. Devido a pandemia, as atividades estão sendo desenvolvidas por meio de

495
videoconferência e fóruns de discussão no aplicativo multiplataforma de mensagens
instantâneas do whatsapp com auxílio de ferramentas disponibilizadas pelo Google Drive.

Desenvolvimento e processos avaliativos


A ideia de produzir material alternativo para disponibilizar virtualmente ao público
do museu está rendendo inúmeros conteúdos para os diferentes níveis de ensino e
população em geral. Além disso as mídias foram fortalecidas e exploradas para melhor
contato com a comunidade: Instagram (@mudi_uem); Facebook
(https://www.facebook.com/mudi.uem); Youtube da AMUDI; blog
(https://museudinamicointerdisciplinar.wordpress.com/) e o site (www.mudi.uem.br).
Os conteúdos se encontram no site do museu http://www.mudi.uem.br/covid-19:
Material 1- Ensino Básico Fundamental I; 2- Jogo para fundamental II (7º Ano); 3- Jogo
para Ensino Médio (1ºano); 4- Ebook UNATI; 5- Exposição: Vírus Mortais que marcaram
a época; 6- Onde está a palavra? (Jogo Almanaque COVID-19); 7- Texto e dominó
Coronavírus para Ensino Fundamental II; 8- Texto e Dominó para Ensino Médio; 9-
BATALHA IMUNE vs COVID; 10 - A importância da química em pleno século XXI; 11 –
Microscopia eletrônica na observação do vírus; 12 – A origem da Covid-19; 13 – Máscaras
e sua importância no combate a Covid-19; 14 – Exposição Virtual “Zoologia fantástica e
onde habita”; 15 – O papel do Raio Ultravioleta na descontaminação do vírus; 16 – A
permanência do SARS-CoV-2 em superfícies e a possibilidade de transmissão.
Além destes, foram realizados Podcasts diversos: 17 – Extinção das espécies
(Episódio 1); 18 – Espécies Ameaçadas (Episódio 2); 19 – Introdução das espécies
(Episódio 3); 20 – As abelhas e a polinização (Episódio 4); 21 – Plantas: seres vivos mais
completos que você imagina (Episódio 5); 22 – Adaptações das plantas (Episódio 6); 23 –
O segundo cérebro (Episódio 7); 24 – Ciência e Negacionismo (Episódio 8); 25 –
Astronomia (Episódio 9); 26 – Como percebemos o mundo? (Episódio 10) e atividades
para professores de Ensino médio: 27 – Cadeia e teia alimentar; 28 – Atividade de ciências
sobre células (7º ano); 29 – Como trabalhar o tema coronavírus em sala de aula.

496
Considerações Finais
O espaço físico do museu permanece fechado para visitação em virtude da
pandemia da COVID-19 e com isso, os ambientes virtuais relacionados ao MUDI estão
sendo as ferramentas principais para colocar a comunidade em contato com o que é
produzido pelo museu e universidade periodicamente. As atividades possuem grande
influência na vida da comunidade interna e externa a UEM, sejam para aprimorar e
reforçar as habilidades com a pesquisa, ensino e extensão na produção e publicação de
conteúdos de fácil acesso e compreensão, sejam para receber as informações de forma
dinâmica e interativa com os feedbacks para que as mesmas continuem e melhorem cada
vez mais.

Referências
BARROS, H. L. A cidade e a ciência. In: MASSARANI, L; [et al]. Ciência e Público.
Caminhos da divulgação científica no Brasil. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 2002.

COELHO, T.B.; [et al]. Museus de História Natural como Ferramentas de Divulgação
Científica. Analecta. Juiz de Fora, 2019.

GRUZMAN, C.; SIQUEIRA, V. H. F. O papel educacional do Museu de Ciências: desafios


e transformações conceituais. Revista electrónica de Enseñanza de las ciencias, v. 6, n. 2,
p. 402-423, 2007.

LIRA-DA-SILVA, R.M. [et al]. Ludicidade e Ciência: Produção e Divulgação de Jogos


Sobre Ciências em um Espaço de Ensino Não-Formal. Atas VIII ENPEC. Universidade
Estadual de Campinas, 2007.

LIU. [et al]. Cell Discovery (2020) 6:16 Cell Discovery. https://doi.org/10.1038/s41421-
020-0156-0

MUDI. Histórico. Disponível em: http://www.mudi.uem.br/sobre-nos-1>. Acesso em: 28


jul. 2021.

497
AÇÕES EXTENSIONISTAS DO PROJETO “FORMAÇÃO DO MEDIADOR DE
LEITURA DA REDE PÚBLICA DE EDUCAÇÃO” DE 2012 A 2020

Área Temática: Educação


Coordenador da atividade: Rovilson José da SILVA
Universidade Estadual de Londrina (UEL)
Autores: Simone Steffan. REKTVA 1; Rovilson José da. SILVA 2

Resumo:
Este trabalho de iniciação científica foi desenvolvido com base no projeto de extensão
“Formação do mediador de leitura da rede pública de educação” e teve o objetivo de
apresentar as ações extensionistas promovidas pelo projeto, no período 2012 e 2020, em
instituições escolares. A metodologia utilizada pautou-se pela abordagem qualitativa,
compondo-se de revisão bibliográfica e documental, por meio da produção acadêmico-
científica disseminada nesse período. Apresentam-se, aqui, as ações do Projeto de extensão
em duas instituições da rede pública de Londrina, a saber: Colégio de Aplicação da UEL e
Instituto de Educação Estadual de Londrina (IEEL). A partir das ações extensionistas,
constatou-se que houve contribuição para a formação do professor mediador de leitura e de
seus procedimentos pedagógicos para a formação de leitor na escola, por meio do uso da
biblioteca escolar.

Palavras-chave: Formação do mediador de leitura; biblioteca escolar; formação do leitor.

Introdução
O projeto “Formação do mediador de leitura da rede pública de educação” visou
promover estudo continuado a mediadores de leitura em exercício na rede pública de
educação como multiplicadores (professores, coordenadores, supervisores pedagógicos,
estudantes de graduação).

1
Simone Steffan Rektva, graduanda em Pedagogia, bolsista (fundação Araucária).
2
Rovilson José da Silva, coordenador do projeto de extensão e docente do departamento de Educação da
UEL.

498
As ações extensionistas ocorreram em duas instituições públicas de Londrina:
Instituto de Educação Estadual de Londrina (IEEL), na readequação pedagógica e
arquitetônica da biblioteca, e no Colégio de Aplicação, sede Campus, na reorganização da
biblioteca escolar e orientação para a mediação de leitura.
Buscou-se evidenciar a importância do desenvolvimento de ações extensionistas em
relação à formação de professores mediadores de leitura, que atuam no âmbito escolar e
utilizam a biblioteca, como instrumento pedagógico potencializador, para as mediações em
favor da formação do leitor.

Metodologia
A metodologia utilizada pautou-se pela abordagem qualitativa, compondo-se em
revisão bibliográfica e documental da produção do projeto de extensão "Formação do
mediador de leitura da rede pública de educação", de 2012 a 2020, por meio da coleta,
reorganização e revisão de material acadêmico-científico produzido e disseminado pelo
Projeto nesse período.
A pesquisa teve como público-alvo os mediadores de leitura: professores,
coordenadores e alunos em formação, pertencentes à rede pública de educação estadual.
Foi coletado o material produzido pelo projeto, no período de 2002 a 2020, ou seja, artigos,
resumos disseminados em revistas e eventos acadêmicos, livro, cursos e relatórios gerados
pelas ações. As publicações consultadas foram produzidas pelos participantes das
instituições que receberam o projeto, por graduandos e docentes das áreas de Pedagogia,
Arquitetura e Biblioteconomia da UEL, envolvidos na extensão.

Desenvolvimento e processos avaliativos


A primeira ação extensionista ocorreu no período de 2012 a 2013. O projeto
realizou a intervenção de reorganização pedagógica e arquitetônica da biblioteca do
Colégio de Aplicação Pedagógica da UEL Prof. José Aloísio Aragão, no ensino
Fundamental I – Campus UEL (SILVA et. al., 2015). Na época, havia uma distância entre
a biblioteca e o restante da instituição, por isso, foi necessário redimensionar

499
pedagogicamente o trabalho entre a biblioteca e as ações de leitura conjuntamente com as
salas de aula.
Para proceder à intervenção pedagógica e arquitetônica na Biblioteca do Colégio de
Aplicação, foi utilizado, como recurso, o contato com a escola e a biblioteca, para a
observação do espaço, da rotina e das ações realizadas. Durante reuniões realizadas no
espaço da biblioteca escolar, fez-se o reconhecimento do espaço mediante da observação e
de fotografias (SILVA et. al., 2015).
Por meio do projeto de extensão, a intervenção pedagógica e arquitetônica realizada
na Biblioteca do Colégio de Aplicação favoreceu aproximadamente 600 alunos dos anos
iniciais com orientações ao projeto de formação de leitores, reorganização da biblioteca da
instituição e orientação para feira de livros. Foram também beneficiados, em média, 50
professores com orientação, cursos e palestras acerca da leitura. (SILVA, 2000).
A segunda ação do projeto atuou na reestruturação arquitetônica e pedagógica da
biblioteca escolar do Instituto de Educação Estadual de Londrina (IEEL), entre 2012 e
2019, uma vez que a biblioteca da instituição estava em condições precárias, tanto em
relação ao aspecto pedagógico quanto ao espacial, arquitetônico (SILVA et. al., 2016).
O IEEL é uma das instituições mais antigas e tradicionais de Londrina e está
situado na região central de Londrina. O Instituto atende às series finais dos ensinos
fundamental e médio, formação de professores e cursos técnicos de administração,
contabilidade e transações imobiliárias.
Para a realização da readequação espacial da biblioteca escolar em conjunto com a
mediação pedagógica da leitura do IEEL, foram realizadas leituras, discussões de conceitos
que respaldaram as ações do projeto, visitas à instituição, levantamento do relacionamento
da comunidade escolar com a biblioteca, por meio de questionários para cada categoria
pertencente à escola. Ao mesmo tempo, foi feito o levantamento das condições estruturais
das instalações da biblioteca. Com isso, realizou o diagnóstico inicial para estabelecer as
ações que seriam realizadas (SILVA, 2014).
A partir do levantamento, ao longo dos anos, foram realizadas ações para com
cursos e troca de ideias com a comunidade escolar a respeito de sua biblioteca;
readequação inicial dos espaços da biblioteca em condições insalubres (telhas quebradas,

500
vazamentos, amontado de materiais inservíveis) e implantação gradativa de propostas para
o uso da biblioteca por professores com seus alunos.
Ao finalizar suas ações extensionistas no IEEL, o projeto de extensão entregou à
instituição Projeto Executivo para a reforma da biblioteca. Nele, constava o
redimensionamento do espaço, das estruturas, áreas de convivência. Tudo foi apresentado e
discutido com a comunidade escolar até se chegar à proposta final aprovada por todos.
(SILVA, p. 207-211, 2019).
A reorganização pedagógica e arquitetônica da biblioteca do IEEL constante do
projeto de extensão beneficiou, em média, 2000 alunos, anualmente, com procedimentos
pedagógicos, melhoria do espaço e redimensionamento das aulas e empréstimo. Mediante
a orientação, cursos e palestras contemplaram aproximadamente 200 professores,
anualmente (SILVA, 2000).

Considerações Finais
O projeto "Formação do mediador de leitura da rede pública de educação"
contribuiu para que as instituições participantes das ações extensionistas recebessem
orientação contínua, no propósito de ressignificar o uso e a organização pedagógica da
biblioteca escolar, com o objetivo de formação de leitores, uma vez que essa instituição é
peça fundamental para se chegar à leitura.
Assim, ao oportunizar a formação do professor mediador de leitura via estudos,
discussões e reflexão crítica acerca da leitura e da biblioteca, ampliou-se a possibilidade de
acesso dos alunos à formação leitora.

Referências
SILVA, R. J. da. Biblioteca escolar e a extensão universitária. ABECIN Editora, p. 83-
103, 2019. Disponível em: http://www.abecin.org.br/. Acesso em: 30 jul. 2021.

SILVA, R. J. et al. Pedagogia, Arquitetura e Biblioteconomia: processos pedagógicos para


reestruturar uma biblioteca escolar. Informação@ Profissões, v. 5, n. 1, p. 04-25, 2016.

SILVA, R. J. et al. Reestruturação arquitetônica e pedagógica da biblioteca de uma escola


pública de Londrina. In: Por extenso-Simpósio de Extensão Universitária da UEL, p.
256-257, 2014.

501
SILVA, R. J. et. al. Biblioteca do Colégio de Aplicação do Campus na UEL:
Reorganização pedagógica. In: XVI Semana da Educação e VI Simpósio de Pesquisa e
Pós-graduação em Educação, Londrina- UEL, p. 223-235, 2015.

SILVA, R. J. Relatório final de projeto e programa de extensão. Universidade Estadual


de Londrina, Pró-Reitoria de extensão, 2000.

Agradecimento:
À Fundação Araucária

502
ALFABETIZAÇÃO EM TEMPOS DE PANDEMIA E A FORMAÇÃO
CONTINUADA DE PROFESSORAS ALFABETIZADORAS

Área Temática: Educação


Coordenadora da atividade: Caroline BRAGA MICHEL
Universidade Federal do Rio Grande (FURG)
Autores: M. NEVES 1

Resumo:
Com a chegada de uma pandemia, decorrente da propagação do novo Coronavírus (Covid-
19), muitas atividades rotineiras foram afetadas e a suspensão das aulas presenciais foi uma
delas. Este novo cenário trouxe com ele um misto de dúvidas, incertezas e desafios,
principalmente para as professoras alfabetizadoras que tiveram que adaptar esse processo
tão importante para as crianças, e reorganizar estratégias para o ensino e a aprendizagem da
leitura e da escrita. Desse modo, tem-se como objetivo, neste trabalho, apresentar o Curso
de Extensão “Alfabetização em tempos de pandemia: desafios e possibilidades”, realizado
no ano de 2020, como uma ação de formação continuada online para professoras
alfabetizadoras do Rio Grande do Sul. O curso possibilitou reafirmar a relevância da
dialogicidade na formação continuada de professores e reiterar a necessidade de ações
formativas em tempos tão díspares.

Palavras-chave: Alfabetização; Pandemia; Formação Continuada.

Introdução
Considerando a conjuntura vivenciada a partir de março de 2020, de suspensão das
atividades presenciais de ensino das escolas de Educação Básica do estado do Rio Grande
do Sul, em virtude da pandemia do Coronavírus (COVID-19), os processos de ensino e de
aprendizagem das crianças em fase de alfabetização têm sido realizados com outras
dinâmicas e em outros espaços e tempos, que não os que envolvem as salas de aulas. Sem
dúvida, esse novo contexto tem apresentado distintos limites no que tange não só ao

1
Marília Zuchoski Neves, aluna do curso de Pedagogia Licenciatura.

503
planejamento das práticas de alfabetização, mas também de execução, de acompanhamento
e de avaliação do processo de aprendizagem das crianças, como tem evidenciado algumas
pesquisas (REDE, 2020). Diante da necessidade de refletir e construir novas estratégias de
ensino, as redes de educação dos municípios de Santo Antônio da Patrulha e de Caraá
solicitaram à Universidade Federal do Rio Grande uma parceria para o desenvolvimento de
um curso de formação continuada para as professoras alfabetizadoras, o qual foi realizado
em julho de 2020 e que Posteriormente a esta oferta, em virtude da demanda das docentes
de outros municípios, teve início a segunda turma do Curso de Extensão no mês de
outubro, sendo esta composta por professoras alfabetizadoras de distintas cidades do Rio
Grande do Sul. Assim, tem-se como objetivo, neste trabalho, apresentar o Curso de
Formação “Alfabetização em tempos de pandemia: desafios e possibilidades”, o qual foi
desenvolvido com o objetivo de atender as demandas listadas pelas docentes, bem como
oportunizar um espaço de partilha, de escuta e de formação.

Metodologia

O Curso de Extensão foi estruturado a partir das necessidades e interesse das


professoras. Sendo assim, para a primeira oferta, inicialmente foi enviado às
alfabetizadoras um questionário via Google Forms. Desse modo, durante o curso, foram
desenvolvidas quatro temáticas que emergiram dos resultados dos questionários, a saber:
elementos que compõem o processo de alfabetização; planejamento em tempos de
pandemia; estratégias de ensino; e relação família-escola. Temáticas estas que foram
mantidas na segunda oferta do curso. O questionário Google Forms continha 19 questões
distribuídas em três segmentos, a saber: formação acadêmica; planejamento e tempos de
pandemia e demandas para a Formação de Professores. Essas questões foram do tipo
abertas e fechadas, sendo que as abertas permitiram aos participantes "responder
livremente, usando linguagem própria, e emitir opiniões" (MARCONI; LAKATOS, 2003,
p. 204). Cabe ressaltar que a dinâmica do curso envolveu troca de cartas entre as cursistas,
fóruns de discussão, rodas de conversas com socialização de práticas docentes em tempos
de pandemia, bem como o acesso a materiais didáticos e sugestões de atividades on-line,
jogos interativos e aplicativos, artigos para leitura sobre o ensino remoto,

504
compartilhamento de vídeos de professoras de várias regiões do Rio Grande do Sul
relatando suas vivências, entre outros.

Desenvolvimento e processos avaliativos


A primeira oferta do curso teve 75 participantes e a segunda o total de 80
professoras alfabetizadoras, sendo que a segunda foi composta por alfabetizadoras de
diferentes cidades do Rio Grande do Sul, selecionadas de acordo com a ordem de inscrição
após divulgação de edital. As análises dos dados dos questionários enviados à primeira
turma demonstraram que as práticas da maior parte das professoras estavam sendo
desenvolvidas com o auxílio de ferramentas tecnológicas, tais como: criação de grupo de
Whatsapp (para dúvidas, complementos das atividades, e contato diário), gravações de
vídeos pelas professoras com as orientações das atividades e disponibilização de vídeos e
materiais da internet. Também se destaca o envio de atividades impressas aos alunos,
principalmente para as famílias que não possuem acesso à internet. Realidade esta que não
foi diferente da vivenciada pelas professoras integrantes da segunda turma do Curso de
Extensão e tão pouco do que mostram diversas pesquisas que vêm sendo realizadas acerca
do ensino remoto (REDE, 2020). O uso dessas diferentes estratégias para a continuidade
do processo de alfabetização, mesmo com a suspensão das aulas presencias, denota que,
em tempos de pandemia da COVID-19, em meio a tantas incertezas, limitações e
dificuldades, as professoras tiveram que inventar maneiras para não se fazerem ausentes.
Também foi possível observar que em ambas as turmas as professoras alfabetizadoras
socializaram e construíram, coletivamente, estratégias para superar os desafios e as
dificuldades que vinham sendo enfrentadas na dinâmica das aulas remotas. O que, de certa
maneira, lhes oportunizou maior segurança e motivação para seus fazeres docentes em
tempos pandêmicos, dando visibilidade a “um coletivo que não deixa de existir, mesmo
quando as condições são sensivelmente desfavoráveis” (FERREIRA; BARBOSA, 2020, p.
4). Nessa perspectiva, reforça-se o quanto a partilha e a colaboração são aspectos
relevantes na formação continuada e na constituição de um grupo (IBERNÓN, 2009). Para
além de oportunizar um espaço de formação às professoras envolvidas, o desenvolvimento
do projeto contribuiu, também, para a formação acadêmica dos estudantes envolvidos no

505
mesmo, uma vez que lhes possibilitou além de pensar ações de formação continuada,
refletir sobre questões teóricas e práticas da sua área de atuação, sobre a identidade docente
a importância da reflexão no cotidiano do desenvolvimento do fazer docente.

Considerações Finais
Os dados expostos neste trabalho mostram o quanto tem sido necessário, nesse
momento, se reinventar enquanto professora alfabetizadora, bem como problematizar
conceitos como o de criança, de processo de aprendizagem, de alfabetização, de rotina, de
tempo e espaço e de proposta pedagógica. Apesar de se ter observado durante o curso
certos anseios por parte das professoras elas seguiram engajadas no processo, em uma rede
de ajuda mútua, buscando formação continuada principalmente para tentar dirimir as
dificuldades enfrentadas pela utilização dos recursos digitais e em virtude das demandas
emergentes neste período. Sublinha-se, ainda, o quanto os espaços de partilha, de troca, de
diálogo, de formação têm sido fundamentais para as reorganizações e readaptações
realizadas pelas professoras alfabetizadoras. Salienta-se, nesse sentido, que as estratégias
utilizadas no Curso de Extensão reafirmaram a relevância da dialogicidade na formação
continuada de professores e reiteraram a necessidade de ações formativas em tempos tão
díspares, uma vez que, por meio das atividades realizadas, as professoras compartilharam
experiências, práticas e sentimentos que lhes permitiram maior segurança e motivação para
seus fazeres docentes em tempos pandêmicos.

Referências
FERREIRA, Luciana; BARBOSA, Andreza. Lições de Quarentena. Práxis Educativa.
Ponta Grossa, v. 15, p. 1 – 24, 2020.

IBERNÓN, Francisco. Formação permanente do professorado: novas tendências. São


Paulo: Cortez, 2009.

MARCONI, Marina de Andrade. LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos da metodologia


científica. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2003.

REDE, Alfabetização em. ALFABETIZAÇÃO EM REDE. Revista Brasileira de


Alfabetização. São Paulo, n.13, p. 185 – 201, dez. 2020. Disponível em:

506
<https://revistaabalf.com.br/index.html/index.php/rabalf/article/view/465>. Acesso em: 04
ago. 2021.

Instituição financiadora:
FURG – Bolsa Ensino, Pesquisa, Extensão e Cultura (EPEC)

507
AS CONTRIBUIÇÕES DO JORNAL MITTEILUNGEN DES DEUTSCHEN
SCHULVEREINS FÜR SANTA CATHARINA (SÜDBRASILIEN) NA
CONSTRUÇÃO DA EDUCAÇÃO FORMAL NO VALE DO ITAJAÍ

Área temática: Educação


Coordenador (a) da Atividade: Valéria Contrucci de Oliveira MAILER
Universidade Regional de Blumenau (FURB)
Autores: C. RODRIGUES 1; N. FREESE 2; P. JOSÉ 3

Resumo:
Em colaboração com o Arquivo Histórico José Ferreira da Silva e a Secretaria de Cultura
e Relações Institucionais de Blumenau - SC, o projeto Documentos de Identidade:
Traduzindo a História tem como principal objetivo decifrar e preservar os escritos e
arquivos publicados no Jornal da Associação de Professores e Sociedades Escolares de
Santa Catarina (Sul do Brasil), Mitteilungen des Deutschen Schulvereins für Santa
Catharina (Südbrasilien)(1906-1917), a fim de analisar e evidenciar a sua contribuição ao
patrimônio cultural para a região do Vale do Itajaí, principalmente no que tange a
organização da educação formal. Com base no Catálogo do Jornal Mitteilungen,
elaborado em 2019, buscou-se pesquisar as várias seções do periódico concernentes à
função dos professores nas escolas, propostas de currículo e notícias sobre a situação das
escolas étnicas alemãs da região. A sociedade formada no Vale do Itajaí é construída a
partir de um mosaico de grupos étnicos. Para tanto, através da transcrição, tradução,
análise e catalogação desses documentos, há o intuito de mapear e refletir sobre o
patrimônio histórico-cultural das comunidades que se elaboraram no contexto da
imigração europeia iniciada no século XIX, no que se refere a história da educação local e
regional.

Palavras-chave: Jornal Mitteilungen. Patrimônio. Educação.

1
Cíntia Régia Rodrigues. Docente do Departamento de História e Geografia – FURB.
2
Nestor Alberto Freese. Bolsista Voluntário no projeto desde 2017.
3
Paula Ziegler Campos José. Graduanda do curso de Letras. Bolsista de extensão no projeto em 2021.
PROPEX –FURB.

508
Introdução
“Patrimônios [...] podem ser interpretados como coleções de objetos móveis e
imóveis, apropriados por e expostos por determinados grupos sociais” (GONÇALVES,
2009, p. 26), e ainda “recentemente, construiu-se uma nova qualificação: o ‘patrimônio
imaterial’ [...], visa aspectos da vida social e cultural dificilmente abrangidos pelas
concepções mais tradicionais” (GONÇALVES, 2009, p.28). A partir desses conceitos,
depreende-se que os documentos encontrados no acervo histórico blumenauense possuem
significativo valor como patrimônios, justificando a elaboração do projeto de extensão.
Os cursos de Letras e História da FURB trabalham desde 2019 em conjunto com o
Arquivo Histórico José Ferreira da Silva no projeto de extensão Documentos de
Identidade: Traduzindo a História, que tem enorme importância na conserva de
documentos para a história local e regional, bem como dar acesso ao seu conteúdo aos
arquivistas e demais historiadores, antes dificultado tanto pela barreira de linguagem
quanto pela complicada decodificação da escrita gótica. O projeto, que foi iniciado em
2017, trabalha transcrevendo, traduzindo e decifrando o Jornal Mitteilungen em seus mais
de cem exemplares publicados de 1906 a 1917 (salvo o ano de 1914, em que não houve
publicações devido à eclosão da Primeira Guerra). Por meio desses documentos, é
possível depreender o panorama da educação e da sociedade daquele período, em um
contexto de imigração, guerra, adaptação e mudança e contatos interétnicos.

Metodologia
Os arquivos digitalizados do Jornal Mitteilungen são divididos em pastas de
acordo com o ano de publicação, que por sua vez são subdivididos em arquivos para cada
mês, cada um contendo um exemplar de quatro páginas que cobre desde a rotina e
notícias gerais da época, a poemas e cartas de opinião. Desde 2018 houve um trabalho
conjunto para organizar essas quase quinhentas páginas de conteúdo em um catálogo, que
foi concluído no ano de 2019 com pouco mais de 170 páginas. A obra dividia as seções
do jornal em título, ano e mês de publicação, e assunto. O projeto também tem parte na
revisão de artigos em alemão e português para serem publicados no periódico Blumenau

509
em Cadernos, por solicitação da diretoria do Arquivo Histórico.

Desenvolvimento e processos avaliativos


O catálogo do Jornal da Associação de Professores e Sociedades Escolares de
Santa Catarina (sul do Brasil) concentra em pouco mais de 170 páginas os 111
exemplares do periódico, organizados de acordo com seu título (em alemão e em
português), ano, mês e número da produção, e o seu assunto principal. Após a leitura do

catálogo, foram separadas as seções relacionadas à função do professor no período de


publicação do jornal. Desde instruções para ministrar aulas de Língua Portuguesa,
Geografia, História, Exercícios e Ginástica e Matemática divididas em diversas seções
publicadas em diferentes edições do periódico, até relatórios e estatísticas de escolas na
região, foram concentradas mais de duzentas seções pertinentes ao ambiente escolar na
época. Em paralelo tem se trabalhado na transcrição e tradução de exemplares do
Mitteilungen des Deutschen Schulvereins für Santa Catharina (Südbrasilien) de
dezembro de 1909 e janeiro de 1910, com ênfase no currículo da época. Os estudantes
envolvidos têm acesso à documentos sobre a história local por meio do manuseio dos
materiais e os resultados são socializados em eventos e na Universidade. O desempenho
do projeto é avaliado periodicamente pelos colaboradores do Arquivo e auto-avaliado
pela equipe. Resultados são divulgados em publicações e em eventos.

Considerações Finais
O projeto de extensão Documentos de Identidade: Traduzindo a História possui
extrema relevância no ato de analisar a memória construída a partir do Jornal
Mitteilungen. Através desse processo de tradução aliado à análise do catálogo do
periódico, é possível estabelecer um panorama do sistema de educação formal deste
período no Vale do Itajaí, em contexto de imigração alemã e a eclosão da Primeira
Guerra. Além do valor histórico e cultural, os documentos também podem ser usados para
futuras pesquisas, análises e elaborações de teses. A sua preservação e proteção é vital
para as interpretações acerca da história da educação e da sociedade nos onze anos de

510
publicação do periódico.

Referências
MITTTEILUNGEN DES DEUTSCHEN SCHULVEREINS FÜR ST.
CATHARINA (SÜDBRASILIEN). 1906 a 1917. Blumenau-SC (jornal).

GONÇALVES, José Reginaldo Santos. O patrimônio como categoria de pensamento. In:


ABREU, Regina; CHAGAS, Mário (orgs.). Memória e patrimônio: ensaios
contemporâneos. 2. Ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2009. p. 25-33. Disponível em:
http://www.reginaabreu.com/site/images/attachments/coletaneas/06-memoria-e-
patrimonio_ensaios-contemporaneos.pdf. Acesso em: 04 ago 2021.

511
AS REDES SOCIAIS E SEU PAPEL MEDIADOR EM AÇÕES EXTENSIONISTAS

Área Temática: Educação


Coordenadora da atividade: Aline Joana Rolina Wohlmuth Alves dos SANTOS
Universidade Federal de Pelotas (UFPel)
Autores: E. V. DE SOUZA 1; J. V. M. MOTA 2; L. L. MOREIRA 3.

Resumo:
Durante o período de isolamento social, em consequência da pandemia causada pelo novo
coronavírus, o Projeto Transfere em parceria com o Projeto de extensão TICs, adaptaram
suas ações extensionistas, que antes aconteciam principalmente em escolas públicas de
Pelotas, para serem desenvolvidas através das redes sociais @projetotransfere. Foram
desenvolvidas metodologias para produção de conteúdos em publicações diárias. Os dados
foram acompanhados e analisados nas páginas do Facebook e Instagram, durante os
primeiros 8 meses. O intuito era investir no crescimento das páginas por meio da interação
com os conteúdos de Química e Ciências produzidos. Assim, o crescimento de ambas as
páginas, repercutiu no entendimento de que as redes sociais têm potencial como
importantes meios de troca e de construção de saberes, com benefícios aos usuários e
seguidores dos perfis e aos graduandos extensionistas. Durante a pandemia, as ações de
extensão universitária foram pautadas em atividades remotas, já que ações presenciais não
foram possíveis, e seus resultados apontam para uma tendência à continuidade do uso das
redes sociais no retorno das atividades extensionistas presenciais, como um importante
ponto de contribuição na interação com as comunidades.

Palavras-chave: Redes sociais; extensão universitária; mediação.

Introdução
O Projeto Transfere – Mediação de Conhecimentos Químicos entre Universidade e
Comunidades é um projeto de cunho extensionista vinculado à Universidade Federal de

1
Eduarda Vieira de Souza, graduanda em Licenciatura em Química – UFPel (Bolsa PBA/UFPel/PREC).
2
João Victor Moreira Mota, graduando em Cinema de Animação – UFPel (Bolsa PBA/UFPel/PREC).
3
Letícia Leal Moreira, graduanda em Licenciatura em Química – UFPel.

512
Pelotas (UFPel) e suas ações são voltadas ao público escolar. Seu principal objetivo é gerar
interesse pelo conhecimento científico, com ênfase no conhecimento de Química, por
intermédio de atividades lúdicas e em laboratório, de maneira a aproximar este saber da
vivência do aluno. Neste caso, a extensão universitária age como uma ponte oferecendo
conhecimento e assistência (NUNES e SILVA, 2011).
Por consequência do cenário ocasionado pelo coronavírus Sars-CoV-2, a partir de
2020, as ações in loco foram impossibilitadas e, desta maneira, os membros do Projeto
Transfere iniciaram um movimento de adaptação de sua atuação extensionista presencial
para o ambiente virtual @projetotransfere nos sites de redes sociais (SRS) (Facebook e
Instagram). As ações remotas, em parceria com membros do projeto de extensão TICs –
Tecnologias de Informação e Comunicação, basearam-se no desenvolvimento e divulgação
de conteúdos de Química e Ciências, para disseminar conhecimentos e manter o contato
com as comunidades escolares e demais usuários interessados no tema, neste momento de
excepcionalidade. O grupo é formado por graduandos dos cursos de Licenciatura em
Química e de Cinema de Animação que atuam conjuntamente em trabalho interdisciplinar
na produção de conteúdos que associam ações de ensino, pesquisa e extensão.
Apesar das pretensões, é perceptível o desafio de comunicar e disseminar a
narrativa social, que constitui “os símbolos” (BOURDIEU, 1989) associados ao saber
científico, já que essa narrativa cientificista é mais complexa e, portanto, menos
interessante para a comunicação no ambiente virtual, do que outros produtos “meméticos”
(DAWKINS, 2007) disseminados nesse ambiente. A dificuldade de difundir ideias mais
complexas está diretamente associada ao excesso informacional, pois, segundo Branco
(2017), os SRS foram desenvolvidos para manter a interação do usuário o maior tempo
possível, no entanto por meio de interações superficiais aos conteúdos. Assim,
considerando o desafio de desenvolver um conteúdo científico adaptado para os SRS, de
modo a informar enquanto entretém, o texto a seguir busca analisar o relatório de
crescimento dos perfis do Projeto Transfere no Facebook e Instagram, entre os meses de
outubro de 2020 e junho de 2021, e as interações feitas pelos usuários, com o intuito de
obter embasamento para aperfeiçoar as ações do projeto no ambiente virtual, ao mesmo
tempo em que evidência a importância desse meio de comunicação virtual.

513
Metodologia
Diante da necessidade de adaptações, recorrer às redes sociais para dar
continuidade às ações extensionistas mostrou-se como um meio possível para manter
contato com as comunidades, em especial com as comunidades escolares. Para se certificar
de que o método proposto de interação funcionaria de forma eficaz, assim como, para que
fosse possível o aprimoramento das ações nas redes sociais, a maneira escolhida foi
acompanhar ativamente os dados quantitativos relacionados ao alcance e desempenho das
publicações das páginas no Instagram e Facebook (@projetotransfere). Para tanto, todos os
dados coletados foram dispostos em relatórios semanais, durante oito meses (outubro/2020
a junho/2021), de modo que fosse possível comparar os números de interações de ambas as
redes, bem como o tipo de postagem e o conteúdo envolvido na mesma. Além disso, os
comentários dos usuários, em ambas as páginas, foi considerado como um feedback
importante com indícios importantes de interação com as páginas.

Desenvolvimento e processos avaliativos


As páginas do Facebook e Instagram foram organizadas através de temáticas,
sendo publicados materiais diferentes, em dias da semana distintos. Cada material recebeu
uma denominação conforme suas características (SOUZA; SANTOS, 2021): “Um
cientista, sua história…”, “Química no Cotidiano”, “QuíDica”, “Memes”, “Quiz”, “Listas”
e “Curiosidade de Química”, sendo os cinco primeiros, materiais de um único post, com
conteúdo de rápido consumo e os demais, materiais em formato “carrossel”, com conteúdo
dividido em mais de um post. Dados de crescimento e interações com os posts foram
constantemente acompanhados pelo grupo, bem como adaptações ao formato das
publicações foram constantemente realizadas de acordo com a demanda dos usuários e das
próprias redes. Ao final do período de análise dos perfis foi verificado um crescimento de
129% no Facebook, alcançando 895 seguidores, e 355% de crescimento no Instagram,
alcançando 601 seguidores. Este crescimento pode estar relacionado às adaptações
realizadas pelo grupo com o objetivo de aprimorar as publicações e conteúdos divulgados
nas páginas. Para isso, além da necessidade de aproximar o conteúdo ao público alvo, o

514
mesmo foi adaptado de forma tal que as publicações se adequassem aos padrões de cada
mídia social, visto que elas divergem entre si, principalmente na faixa etária dos usuários.
Neste caso, a carga textual foi diminuída para adequar a estética visual (MOTA; SANTOS,
2021). As respostas locais, regionais, nacionais e até internacionais aos posts, bem como os
comentários de professores das redes públicas e privadas de educação mostraram-se como
um importante feedback que evidencia o alcance das publicações e a importância do
professor como mediador do conhecimento aos seus estudantes.

Considerações Finais
No período de análise dos SRS @projetotransfere ficou evidente o crescimento de
ambas as páginas, o que provavelmente se deu em razão das adaptações realizadas para
adequação dos materiais à demanda do público e das redes sociais. Essa crescente é um
indício de que as adaptações praticadas estão indo conforme o seu objetivo, o de alcançar
seguidores integrantes de comunidades escolares, bem como seguidores ativos nas redes
sociais, que curtam, interajam e façam uso dos conteúdos presentes nas publicações, de
modo a produzir conhecimento como forma de interação mediada às comunidades. Os SRS
mostraram potencial como meios de troca e de construção de saberes, com benefícios aos
usuários e seguidores dos perfis e aos graduandos que atuaram no planejamento, produção
de conteúdos, execução e análise de dados. Ações por meio de SRS são uma realidade
evidenciada durante a pandemia, mas com perspectivas futuras de integração a ações
extensionistas presenciais, afinal, o avanço das tecnologias é inevitável e seu bom uso é de
grande valia para alcançar públicos que não seriam alcançados em atividades estritamente
presenciais.

Referências
BOURDIEU, P. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Difel, 1989.
BRANCO, S. Fake News e os caminhos para fora da bolha. Interesse Nacional, São
Paulo, v. 38, n. 10, p. 51-61, ago./out. 2017.

DAWKINS, R. O gene egoísta. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

515
MOTA, J. V. M.; SANTOS, A. J. R. W. A. dos. O processo de desenvolvimento
comunicacional das redes sociais do Projeto Transfere. In: 7ª Semana Integrada de
Inovação, Ensino, Pesquisa e Extensão (SIIEPE), 2021, Pelotas. Anais da 7ª SIIEPE.
Pelotas: UFPEL, 2021.

NUNES, A. L. P. F.; SILVA, M. B. C. A extensão universitária no ensino superior e a


sociedade. Mal-Estar e Sociedade, v. 4, n. 7, p. 119-133, 2011. Disponível em:
https://revista.uemg.br/index.php/gtic-malestar/article/view/60. Acesso em: 04 jul. 2021.

SOUZA, E. V. de; SANTOS, A. J. R. W. A. dos. A interação entre universidade e


comunidades nas redes sociais. In: 7ª Semana Integrada de Inovação, Ensino, Pesquisa e
Extensão (SIIEPE), 2021, Pelotas. Anais da 7ª SIIEPE. Pelotas: UFPEL, 2021.

516
ATENÇÃO ODONTOLÓGICA PARA PACIENTES COM NECESSIDADES
ESPECIAIS: EXPERIÊNCIA EXTENSIONISTA ANTES E A IMPORTÂNCIA DA
INTERNACIONALIZACÃO DA EXTENSÃO DURANTE A PANDEMIA DA
COVID-19

Área temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Márcia CANÇADO FIGUEIREDO
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Autores: V. BRUSTOLIN1; M. TEIXEIRA2; L. BERTI3; A. POTRICH4

Resumo:
A Extensão Universitária “Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais” da
Faculdade de Odontologia da UFRGS, vem há mais de 15 anos proporcionando um contato
entre a universidade através de seus discentes, docentes e técnicos administrativos com a
sociedade, de maneira interdisciplinar. O objetivo principal deste projeto é capacitar
acadêmicos de diferentes países latino-americanos para o atendimento clínico odontológico
ao paciente com necessidades especiais. Através desta extensão conseguiu-se realizar um
serviço de qualidade e atingir uma população menos favorecida, que não tem fácil acesso a
clínicas especializadas para a realização de procedimentos odontológicos. No contexto da
pandemia foi preciso reinventar a maneira de disseminar o aprendizado entre os discentes,
estimulando a internacionalização da extensão realizando através de vídeo aulas suas
atividades online no Moodle da UFRGS. Independente do cenário, o compromisso e
objetivos da extensão foram os mesmos: levar saúde e informação para seus pacientes e,
para os discentes de diferentes países latino-americanos, edificar tanto sua trajetória
acadêmica quanto futuramente sua vida profissional, oferecendo um programa para
aprimoramento em saúde de precisão, capacitando-os para prestar assistência em equipe
multiprofissional a partir dos princípios e diretrizes do SUS.

Palavras-chave: Odontologia; Extensão; Pacientes com Necessidades Especiais.

Volmar Brustolin Junior, acadêmico da Faculdade de Odontologia da UFRGS


2
Maitê da Silva Teixeira, acadêmica da Faculdade de Odontologia da UFRGS
3
Laura Pasqualini Berti, acadêmica da Faculdade de Odontologia da UFRGS
4
Ana Rita Viana Potrich, cirurgiã dentista da Faculdade de Odontologia da UFRGS

517
Introdução
A Extensão Universitária surgiu com o intuito de manter um vínculo entre a
universidade e a sociedade, prestando um serviço de qualidade e promovendo o
desenvolvimento social, assim auxiliando na melhora significativa da qualidade de vida da
população que necessita desta atenção. Beneficia também aos futuros profissionais da
saúde que nela atuam, pois proporciona conhecimento, experiência e responsabilidade
social. É fundamental a articulação entre ensino, pesquisa e extensão obtendo como
resultado a eficiência de suas ações como instituição promotora e comprometida com a
formação ampla e sem lacunas (SANTOS, M. P. 2012). Nesse contexto, foi criado o
projeto de atendimento odontológico para pacientes com necessidades especiais da FO-
UFRGS, que já atua há 22 anos e, como Extensão Universitária, há 15 anos. A chegada do
projeto à universidade foi motivada pelo programa Brasil Sorridente, sabendo da demanda
e necessidade de atendimento especializado para esta população, no ano de 2006 a FO-
UFRGS decidiu fazer um convênio com a Secretaria Municipal de Saúde, com o intuito de
capacitar novos cirurgiões-dentistas nos Centros de Especialidades Odontológicas (CEO).
No entanto, a universidade vem enfrentando inúmeros desafios desde o início da pandemia
da COVID-19, dentre eles o fechamento do Hospital de Ensino Odontológico da UFRGS
(HEO/UFRGS). O objetivo deste artigo é relatar o trabalho realizado pela Extensão
Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais (OPNE) antes e a importância da
internacionalização durante a pandemia da COVID-19, decretada em março de 2020.

Metodologia
A Extensão OPNE realiza seus atendimentos no HEO da UFRGS, atendendo toda e
qualquer pessoa com alguma necessidade especial. Esses pacientes podem chegar ao CEO
da FO-UFRGS encaminhados pelo SUS, através de Unidades Básicas de Saúde. De acordo
com ANDRADE, A. P. P.; ELEUTÉRIO, A. S. L. (2015):

Há uma grande dificuldade dos profissionais da área da Odontologia para


lidar com pacientes com necessidades especiais (PNE), devido à falta de
experiência e conhecimento o que torna mais difícil o convívio e
atendimento a esses pacientes.

518
A abordagem odontológica de PNE deve estar embasada em uma anamnese
detalhada, com todos os dados do indivíduo e da deficiência, que irão auxiliar no
planejamento, diagnóstico e prognóstico do tratamento. Após instalada a pandemia da
COVID-19, não foi possível atender os pacientes em clínica, pois houve o fechamento do
HEO/UFRGS, os pacientes passaram a receber informações educativas através da
teleodontología e, acadêmicos da extensão se capacitaram através dela sendo ofertada via
Moodle UFRGS. Esta foi internacionalizada e pode-se perceber um fortalecimento de troca
de experiência entre os envolvidos e, isto reforçou um pilar importantíssimo dentro da
extensão. Atualmente temos cinco alunos do Peru e uma aluna do Uruguai, sendo que as
aulas e demais atividades são realizadas em sua maioria em português e espanhol.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Nossa extensão tem um grande impacto social visto que, no Brasil, o número de
profissionais capacitados para atender o PNE é pequeniníssimo. Assim, aos discentes, ela
acrescenta um grande valor profissional, favorece a sua formação como um cidadão
consciente e atuante, ampliando sua percepção de mercado de trabalho (CASTILHO, L. S.
et al, 2013). Os cursos de graduação da área da saúde devem pautar suas metas na
formação de um profissional consciente das necessidades e particularidades da população
(OLIVEIRA, J. S. et al 2015), bem como, devem-se expandir conhecimento de línguas
estrangeiras e, focar em uma ampla divulgação promovendo esta integração e
internacionalização entre os acadêmicos e a extensão (PAIVA, I. et. al,2019).
Enfim, o importante é verificar se nesta extensão forma-se profissionais com
capacidade para compreender os conceitos e preceitos da OPNE, considerando sua
especificidade profissional de acordo com os pressupostos do SUS e atuando em um
contexto interdisciplinar para o atendimento das necessidades de cuidado e/ou educação
dos usuários do serviço em saúde.

Considerações Finais
A extensão OPNE vem demostrando ser de grande importância nesses 15 anos de atuação.
No âmbito social leva um atendimento de qualidade, manejo adequado e informação,

519
fazendo com que a saúde bucal/geral seja tratada e não deixada de lado por falta de
profissionais capacitados. Para os acadêmicos, esta extensão concede a oportunidade de
dominar temáticas e línguas estrangeiras, o que é de suma importância para o dia a dia na
clínica e, na área de OPNE. Destaca-se a importância desta extensão por apresentar
objetivos onde sua equipe executora realiza atividades em equipe, desenvolvendo
estratégias de integração com profissionais de diferentes nacionalidades para garantir a
integralidade do cuidado de precisão. Os horizontes se abriram para um novo olhar,
promove-se esta extensão ao mesmo patamar de internacionalização presentes nos campos
do ensino e da pesquisa.

Referências
ANDRADE, A. P. P.; ELEUTÉRIO, A. S. L. Pacientes portadores de necessidades
especiais: abordagem odontológica e anestesia geral. Revista Brasileira de Odontologia,
Rio de Janeiro, v.72, n. 1-2, jan./jun 2015. Disponível em:
http://revodonto.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-
72722015000100013. Acesso em: 13 jul de 2021.

CASTILHO, L. S. et al. Atendimento odontológico a pacientes com necessidades


especiais: Considerações a respeito de um projeto de extensão. Revista elo diálogos em
extensão, [s. l.], v. 2, n. 1, jul 2013. Disponível em:
https://periodicos.ufv.br/elo/article/view/987. Acesso em: 14 jul de 2021.

OLIVEIRA, J. S. et al. Promoção de saúde bucal e extensão universitária: novas


perspectivas para pacientes com necessidades especiais. Revista da ABENO, Londrina, v.
15, n. 1, jan/jun 2015. Disponível em:
http://revodonto.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-
59542015000100008. Acesso em: 14 jul de 2021.

PAIVA, I. et. al. Internacionalizando a extensão universitária: o projeto S-Intex na UFPB.


Mural Internacional, Rio de Janeiro, v.10, n.e38797, p.1-15, 2019. Disponível em:
https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/muralinternacional/article/view/38797/30439
Acesso em: 14 jul de 2021.

SANTOS, M. P. Extensão Universitária: Espaço de Aprendizagem Profissional e Suas


Relações com o Ensino e a Pesquisa na Educação Superior. Revista Conexão UEPG,
Ponta Grossa, v. 8, n. 2, p. 154-163, jul/dez 2012. Disponível em:
https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=514151728002. Acesso em: 13 jul de 2021.

Instituição Financiadora:

520
Pró-reitoria de Extensão Universitária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(PROREXT/UFRGS)

521
ATUAÇÃO NA ÁREA MATERNO INFANTIL EM TEMPOS DE COVID -19 – UM
PROJETO DE EXTENSÃO

Área temática: Educação


Coordenadora: Ana Marise Pacheco Andrade de Souza
Universidade Regional de Blumenau (FURB)
Autores: A. M. Pacheco Andrade de Souza 1; G. Silveira Luebke Hort 2; M. Campos
Martins Machado³

Resumo
O projeto de extensão “Educação em Saúde na Área Materno Infantil” atua de forma
interdisciplinar na comunidade local. O objetivo principal do projeto é promover a saúde
da mulher gestante e de bebês com deficiências. A metodologia com gestantes inclui a
formação de acadêmicos e bolsistas, e a produção de materiais educativos, com temas
relacionados à gestação e maternidade. Com os bebês com deficiência é realizada avaliação
nutricional, que inclui anamnese interdisciplinar e coleta dos dados antropométricos, e
avaliação odontológica, com exame clínico intra e extrabucal. Os pais/responsáveis
recebem orientações nutricionais e odontológicas individuais conformes as necessidades
do seu bebê. Com a pandemia, novas metodologias de compartilhamento de conhecimento
foram exploradas, como WhatsApp®, Instagram®, E-mail e materiais educativos sob a
forma de E-books foram produzidos, além de capacitações online para profissionais e
acadêmicos da área da saúde. Dessa maneira, a página do Instagram® proporcionou
seguidores, curtidas, comentários e compartilhamentos. Os materiais educativos enviados
por WhatsApp® e E-mail, promoveram o acesso à informação e novos conhecimentos ao
público-alvo. A capacitação foi avaliada ao final pelos participantes, que se mostraram
satisfeitos com o conteúdo abordado. Conclui-se que novas formas de compartilhamento
do conhecimento promoveram o alcance dos objetivos em meio a uma pandemia, exigindo

1
Ana Marise Pacheco Andrade de Souza, Professora do quadro do Curso de Odontologia da Universidade
Regional de Blumenau (FURB).
2
Gabriely Silveira Luebke Hort, Aluna da graduação do Curso de Odontologia da Universidade Regional de
Blumenau (FURB) e bolsista de extensão
³ Mariana Campos Martins Machado, Professora do quadro do Curso de Nutrição da da Universidade
Regional de Blumenau (FURB).

522
das acadêmicas e coordenadoras do projeto criatividade, aquisição de novas habilidades,
além da compreensão da realidade.

Palavras-chave: saúde materno infantil; extensão; Covid 19.

Introdução
A adoção de políticas públicas que visam proporcionar acolhimento, atenção e
suporte a pessoas com deficiências e seus respectivos núcleos familiares vêm se
desenvolvendo no Brasil (JORGE et al., 2015).
Em relação a gestação e período pré-natal, as adequações a orientações são mais
aceitas pelas gestantes quando há atenção compartilhada entre mais de um profissional da
saúde, principalmente em temas pouco explorados nas consultas de pré-natal como
amamentação, alimentação, ganho de peso e cuidados do bebê. Assim uma estratégia
sistematizada de atenção e orientação pode promover um desfecho importante no período
de gestação e puerpério (MARQUES et al., 2021).
O Projeto de extensão "Educação em Saúde na Área Materno Infantil" da filiação
institucional vem se desenvolvendo há mais de 20 anos na busca da promoção da saúde
integral e qualidade de vida de gestantes, e bebês com deficiências de 0 a 3 anos. As
atividades são realizadas de forma interdisciplinar, atualmente entre os cursos de
Odontologia e Nutrição, com a participação de acadêmicos, professores e da comunidade.

Metodologia
A metodologia de atendimento dos bebês com deficiências inclui uma anamnese
interdisciplinar com dados sobre o histórico médico, familiar e gestacional, sobre os
hábitos alimentares, de higiene bucal e hábitos nocivos. No exame clínico nutricional é
realizada a coleta de dados antropométricos (peso, comprimento e perímetro cefálico), e a
partir das observações e dos dados coletados se estabelece um diagnóstico nutricional. No
exame clínico intra e extrabucal um odontograma é preenchido, e são avaliadas também as
funções orais. Ao final das avaliações são repassadas aos pais orientações nutricionais e
odontológicas com base nos achados na anamnese interdisciplinar e exames clínicos.

523
Quando necessária a intervenção de outros profissionais da saúde, realiza-se os
encaminhamentos. Há também o compartilhamento de material educativo via mídias
sociais.
No grupo de gestantes são abordados temas relacionados à saúde da mulher no
período gestacional, parto, e pós-parto, associados à maternidade e desenvolvimento do
bebê. Antes da Pandemia da Covid-19 as rodas de conversa e oficinas aconteciam uma vez
por mês presencialmente, e após, o projeto foi sendo transformado e readequado, uma vez
que gestantes são consideradas grupo de risco (RONDELLI et al., 2020). Atualmente, as
atividades com as gestantes acontecem mediadas por tecnologia.
Criou-se uma página no Instagram® para o compartilhamento de informações
voltadas a saúde de gestantes e promoção de saúde de bebês, e por meio do aplicativo
WhatsApp® são encaminhados às gestantes e aos responsáveis dos bebês materiais
educativos relacionados à odontologia e nutrição, sendo compartilhados também, através
de e-mail, materiais e E-books abordando assuntos sobre a nutrição da gestante e lactação,
cuidados com recém-nascidos, e guia sobre bebês prematuros.
Capacitações virtuais estão sendo desenvolvidas para profissionais e acadêmicos da
área da saúde, abordando temas relacionados aos cuidados e orientações disponibilizadas
no atendimento de gestantes, e as características e abordagem de bebês com deficiências
atendidos no projeto.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Com a chegada do Covid-19, novas habilidades e adaptabilidade foram vivenciadas
pelos estudantes, que participaram da relocação do projeto para forma remota.
A interlocução com as gestantes se deu por meio de envio de e-mails para as UBS e
empresa, por grupo de WhatsApp®, que também foi utilizado para a comunicação com os
pais dos bebês com deficiências. A página do Instagram®, conseguiu a impulsão de
conteúdos proporcionando um total de 100 seguidores, um total de 106 curtidas em suas
publicações, 9 comentários e 17 compartilhamentos.
No total foram realizadas três capacitações para acadêmicos/profissionais da saúde
no período de 2020 a maio de 2021, com um total de 89 participantes. As capacitações
foram avaliadas no final da apresentação, por meio de questionário online, e 92,8% dos

524
participantes de todas as capacitações responderam que os temas apresentados foram
interessantes, sendo que os outros 7,16% classificaram como regular. Dessa maneira foram
alcançados resultados positivos, e os participantes puderam elencar novos temas para
futuras oficinas.
As entidades parceiras do projeto vêm sendo essenciais na mediação da
comunicação durante a pandemia, e dessa forma apresentaram uma devolutiva positiva do
projeto.
Na avaliação dos acadêmicos extensionistas, eles relatam a oportunidade de
desenvolvimento profissional e pessoal por conta de estarem inseridos em distintas
realidades, em contato com a produção cientifica, e envolvimento com a pesquisa.

Considerações Finais
Com a pandemia, um período de vulnerabilidade física e emocional, reinventou-se
as estratégias metodológicas do projeto voltadas a educação em saúde materno infantil na
comunidade de gestantes e bebês com deficiências. Em relação aos acadêmicos e
profissionais envolvidos, o projeto permitiu o fortalecimento do trabalho em equipe, a
vivência de experiência interdisciplinar, a ampliação da visão de educação em saúde, o
desenvolvimento de novas habilidades, a adaptação a situações adversas, o estímulo à
criatividade e a promoção do senso crítico.

Referências
JORGE, et al. Assistência pré-natal e políticas públicas de saúde da mulher: revisão
integrativa Revista Brasileira em Promoção da Saúde, v. 28, n. 1, pág. 140- 148, 2015
Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=40842428019

MARQUES, et al. Orientações às gestantes no pré-natal: a importância do cuidado


compartilhado na atenção primária em saúde. Escola Anna Nery, v. 25 n. 1. Disponível
em: https://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2020-0098

RONDELLI, et al. Assistência às gestantes e recém-nascidos no contexto da infecção


covid-19: uma revisão sistemática. Revista Interdisciplinar Da Universidade Federal
Do Tocantins, v.7 n.3, p.48-74. Disponível em: https://doi.org/10.20873/uftsuple2020-
8943

Instituição Financiadora:

525
PROPEX

526
BRINCANDO COM A LINGUAGEM: AVALIANDO RESULTADOS PARA
RETOMADA DO CONTATO COM A COMUNIDADE

Área temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Deisi Cristina Gollo Marques VIDOR1
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA)
Autores: T. A. F. CHIES2; A. S. KERN3; A. C. M. DAVID3; K. B. SILVA3; T. V. S.
GARCIA3.

Resumo:
Com o gradual abrandamento da situação epidemiológica e a retomada das atividades
presenciais, este é um tempo de reflexão a respeito do trabalho já realizado, buscando
avaliar e ajustar a esta nova realidade as futuras ações a serem desenvolvidas no âmbito da
extensão. Por este motivo, o objetivo deste trabalho é apresentar os resultados já obtidos
com o projeto junto aos seus públicos-alvo (considerando a escola e o aluno em formação),
a fim de refletir sobre possíveis mudanças e necessários aprimoramentos quando da
retomada das atividades presenciais. Para isso, são aqui descritas as ações entre 2017 e
2019, com seus resultados, a fim de se levantar pontos positivos e, principalmente, ajustes
a serem realizados neste novo cenário de retorno. Dentre os desafios, pode-se citar a
necessidade de consolidação do papel da extensão junto à sociedade, com real contribuição
ao desenvolvimento da comunidade, a importância do papel do diagnóstico como
norteador das ações específicas enfrentadas pelo público-alvo a ser atingido, e o desafio
institucional de valorização da extensão dentro da formação acadêmica do universitário.
Apesar das metas já alcançadas nestes três anos de atuação, a paralisação das atividades
devido à pandemia trouxe a necessidade de retomada das conquistas já realizadas e a
necessária discussão sobre novos rumos a serem trazidos à tona por esta discussão.

1
Deisi Cristina Gollo Marques Vidor, professora adjunto do departamento de Fonoaudiologia (UFCSPA) e
coordenadora do Projeto de Extensão.
2
Thiago Augusto Flores Chies, bolsista de extensão e acadêmico de Fonoaudiologia (UFCSPA).
3
Aline da Silva Kern, voluntária e acadêmica de Fonoaudiologia (UFCSPA).
3
Ana Carolina Mendes David, voluntária e acadêmica de Fonoaudiologia (UFCSPA).
3
Karine Baptista da Silva, voluntária e acadêmica de Fonoaudiologia (UFCSPA).
3
Tainá Viégas da Silva Garcia, voluntária e acadêmica de Fonoaudiologia (UFCSPA).

527
Palavras-chave: Extensão; Educação; Fonoaudiologia Educacional.

Introdução
Com o advento da pandemia e o consequente isolamento social causado pela
COVID-19, as atividades de extensão tiveram de se reinventar em termos de formatos e
objetivos, a fim de continuar a cumprir com os princípios norteadores deste pilar da
formação universitária: a troca de saberes com a sociedade, a interdisciplinaridade e a
formação do estudante. Com o gradual abrandamento da situação epidemiológica e a
retomada das atividades presenciais, em especial, neste caso, na área da Educação, este
também é um tempo de reflexão a respeito do trabalho já realizado, buscando avaliar e
ajustar a esta nova realidade as futuras ações a serem desenvolvidas no âmbito da extensão.
Por este motivo, o objetivo deste trabalho é apresentar os resultados já obtidos com o
projeto junto aos seus públicos-alvo (escola e aluno em formação), a fim de refletir sobre
possíveis mudanças e aprimoramentos quando da retomada das atividades presenciais.

Metodologia
As ações do Projeto de Extensão Brincando com a Linguagem, que tem como
objetivo aprimorar as habilidades linguísticas de crianças em contexto escolar por meio de
oficinas lúdicas, ocorreram, entre 2017 e 2019, de forma presencial, em uma escola pública
municipal da cidade de Porto Alegre, localizada na vila MAPA, que conta com cerca de
1200 alunos, atendendo ensino fundamental e EJA.
O trabalho iniciou com a apresentação da proposta à comunidade escolar, com o
objetivo aproximar esta à equipe do projeto, desenvolvendo um ambiente de parceria que
pudesse guiar o andamento das ações futuras. Seguiu-se o diagnóstico do perfil linguístico
dos alunos, a fim de que as ações estivessem voltadas para as reais necessidades da
comunidade e para que as estratégias pudessem ser construídas coletivamente, o entre a
academia e a população atendida. Para isso, foi aplicada uma bateria de protocolos que
avaliaram as áreas de fonologia (Bueno e Vidor, 2010), vocabulário (Capovilla, Negrão e
Damázio, 2011), discriminação fonológica (Hipólito, Trevisan e Dias, 2012), consciência
fonológica (Seabra, 2012) e escrita (Seabra e Capovilla, 2013). Com base nos resultados,

528
selecionou-se uma área de intervenção para cada série, tendo em vista os conteúdos
específicos desenvolvidos em cada etapa de progressão escolar. Para dar conta da
verificação da eficácia da intervenção realizada, foi aliado ao projeto de extensão um
projeto de pesquisa, que teve por finalidade analisar os dados coletados para subsidiar a
tomada de decisão das futuras ações (aprovação nº 3.647.518). Toda intervenção foi feita
coletivamente nas turmas, por meio de oficinas lúdicas semanais, planejadas e estruturadas
pela equipe antes de sua execução. Durante as oficinas, os professores foram convidados à
participação e encorajados a desenvolver atividades semelhantes para estimulação daquela
habilidade linguística em suas rotinas. Além disso, durante as intervenções, os professores
trocavam ideias e experiências com os membros do projeto, intensificando a parceria
estabelecida.

Desenvolvimento e processos avaliativos


A análise da experiência vivenciada neste período possibilitou a avaliação com
vistas ao delineamento das ações futuras do projeto. O primeiro resultado a ser destacado é
a parceria entre o projeto e a comunidade escolar. Embora difícil de ser mensurada, esta
conquista é de extrema relevância. Decorridos três anos de atuação, observa-se que o
projeto faz parte da rotina da escola, de forma interdisciplinar. Apesar disso, seu desenrolar
foi permeado de momentos de desconfiança, uma vez que o ambiente escolar sofre, há
tempos, com a investida de projetos que utilizam a escola como fonte de dados, mas não
retornam nenhum resultado à comunidade.
Tão importante quanto este entrosamento é conhecer a realidade específica a
respeito do tema que pretendemos desenvolver com determinada comunidade. O
diagnóstico inicial das habilidades linguísticas dos alunos atingiu 311 crianças de seis a
dez anos de idade, do 1° ao 4° ano do ensino fundamental, totalizando 749 protocolos
aplicados. Observou-se que ainda há, por parte da comunidade, distanciamento no que se
refere aos problemas de linguagem que afetam as crianças. Embora o engajamento tenha
sido considerável, muitas famílias entenderam que seus filhos não precisavam participar
por não apresentarem questões a serem resolvidas nesta área. Além disso, observou-se

529
elevado número de abstenção e evasão de alunos, alertando para um grave problema nesta
comunidade.
Outra diretriz fundamental da extensão universitária diz respeito ao impacto das
ações na formação do aluno. Neste quesito, apesar do reconhecimento deste por parte dos
voluntários, por meio de avaliações qualitativas contínuas, vale destacar a dificuldade
encontrada em poder participar de forma mais ativamente das ações do projeto, quer seja
pela necessidade de deslocamento até a escola, quer seja pelo tempo necessário para o
planejamento e a execução das ações, dentro de uma matriz de formação que ainda
privilegia o ensino e a pesquisa em detrimento da extensão.

Considerações Finais
A análise da atuação do Projeto de Extensão Brincando com a Linguagem junto à
escola revelou pontos que precisam ser discutidos e aperfeiçoados, quer seja no âmbito da
Instituição, do projeto ou de sua relação com a comunidade. Apesar das metas já
alcançadas nestes três anos de atuação, a paralisação das atividades devido à pandemia
trouxe a necessidade de retomada das conquistas já realizadas e a necessária discussão
sobre novos rumos a serem trazidos à tona por esta discussão.

Referências
Bueno, T. G., Vidor, D. C. G. M., Alves, A. L. S. (2010) Protocolo de avaliação fonológica
infantil-PAFI: projeto piloto. Verba Volant, v. 1, no 1. Pelotas: Editora e Gráfica
Universitária da UFPel.

Capovilla, F. C., Negrão, V. D., Damázio, M. (2011) Teste de Vocabulário Auditivo e


Teste de Vocabulário Expressivo. São Paulo: Memnon.

Hipólito, R., Trevisan, B. T., Dias, N. M. (2012). Cap. 2 - Evidências de validade e


fidedignidade do Teste de Discriminação Fonológica. In: Seabra, A.G., DIAS, N. M..
Avaliação Neuropsicológica Cognitiva: Linguagem Oral. Vol 2. São Paulo: Memnon.

Seabra, A. G. (2012). Cap 14 - Evidências de validade e fidedignidade da Prova de


Consciência Fonológica por escolha de Figuras. In: Seabra, A.G., Dias, N. M. Avaliação
Neuropsicológica Cognitiva: Linguagem Oral. Vol 2. São Paulo: Memnon.

530
Seabra, A. G., Capovilla, F. C. (2013). Cap 7 - Prova de Escrita sob Ditado (versão
reduzida). In: Seabra, A. G., Dias, N. M., Capovilla, F. C.; Avaliação Neuropsicológica
cognitiva. Vol 3. São Paulo; Memnon.

531
BRINQUEUNIOESTE: O LÚDICO EM DIFERENTES CONTEXTOS

Área Temática: EDUCAÇÃO.


Coordenador(a) da atividade: Eliana Maria MAGNANI
Nome da Universidade: Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE)
Autores: Eliana Maria MAGNANI 1; Valquiria Kauana Oliveira da CRUZ PEREIRA 2.

Resumo:
Este artigo revela a importância do projeto de extensão BRINQUEUNIOESTE, que realiza
educação lúdica por meio de brincadeiras e jogos, para e com os acadêmicos da
UNIOESTE, em diferentes contextos como na própria universidade, em escolas públicas e
projetos sociais. As atividades têm por objetivos: oportunizar vivências lúdicas; promover
a interação entre universidade e sociedade; despertar para o consumo consciente; e,
colaborar na (re)implantação de brinquedotecas. A metodologia baseia-se em pesquisas e
vivências relacionadas a práxis dos jogos e das brincadeiras, na perspectiva de teóricos
como Cunha, Friedmann, Piaget e Winnicott. O processo avaliativo tem ocorrido a partir
dos depoimentos de participantes do projeto, através de estudos que revelam a importância
do lúdico para o desenvolvimento individual e social do ser humano, bem como pela
procura de diversas instituições pela brinquedoteca. A BRINQUEUNIOESTE firmou
parceria com a Secretaria Municipal de Educação de Cascavel, que resultou na
(re)implantação de brinquedotecas em Centros Municipais de Educação Infantil e nas
Escolas em Tempo Integral; pois, o lúdico é algo legal e sustenta a vida.

Palavras-chave: Brincar; Educação lúdica; Brinquedoteca.

Introdução
BRINQUEUNIOESTE é um projeto de extensão, que se originou em 2016 devido
ao apelo de acadêmicos, que clamavam por uma brinquedoteca no Campus de Cascavel,
para que acolhesse seus filhos enquanto estudavam e que servisse como ambiente de

1
Eliana Maria Magnani, professora doutora do Curso de Pedagogia, Campus de Cascavel.
2
Valquiria Kauana Oliveira da Cruz Pereira, acadêmica do Curso de Pedagogia, Campus de Cascavel.

532
estágio e pesquisas relacionadas à infância e ao desenvolvimento da ludicidade dos
acadêmicos. Já se passaram seis anos, e os novos acadêmicos continuam sonhando com
uma brinquedoteca permanente, ambiente lúdico de - jogos, brinquedos e brincadeiras -,
onde o brincar livre é valorizado.
A ideia de brinquedoteca teve origem em Los Angeles, na década de1930, porque
crianças de escolas roubavam materiais para elaboração de brinquedos. Com o intuito de
evitar roubos o setor público incentivou o empréstimo de brinquedos (toy library). Durante
o passar dos anos, diversos serviços passaram a serem realizados como assessoria de
brinquedos a educadores e a crianças usuárias de creches, escolas e de outras instituições.
Contudo, foi somente em 1963, na Suécia, que a ideia foi expandida por duas professoras,
mães de crianças excepcionais.
No Brasil, tal ideia surgiu na década de 1980, mas com características diferentes,
pois a maioria das brinquedotecas está atrelada aos hospitais pediátricos (conforme a lei
federal nº. 11.104/2005), as universidades, as escolas infantis e a assistência social. Em
Cascavel – PR, o Plano Municipal de Educação (2015-2025; Art 7º, inciso VIII), declara
assegurar a implantação de brinquedoteca nos Centros Municipais de Educação Infantil –
CMEIs e nas escolas em Tempo Integral. Contudo, há carência de educação lúdica na
formação inicial e continuada de professores no que concerne ao brincar, principalmente na
brinquedoteca.
Em função desse cenário, surgiu este projeto, que teve outros nomes, o projeto
iniciou as atividades lúdicas em salas de aulas, nos corredores da universidade, em
instituições de saúde, de educação, na assistência social e em locais abertos como praças.
Em tais contextos, a práxis do lúdico esteve/está presente. Para tanto, o projeto baseia-se
nos estudos de Piaget (2010 [1946]), de Winnicott (1975 [1971]) e de autores que estudam
o desenvolvimento humano.
Para Piaget as atividades lúdicas estão relacionadas aos jogos, que envolvem:
exercício – movimento; símbolo – representação, imaginação; construção – planejamento;
regras – normas, coletividade. Winnicott contribui com os estudos acerca do lúdico ao
afirmar que o adulto precisa sustentar as necessidades das crianças por meio do brincar
livre e com brincadeiras que utilizem o próprio corpo, recursos naturais e/ou objetos como

533
embalagens descartáveis. Para ele, caso o adulto não desenvolva esta ludicidade, ele terá
dificuldades para brincar com a criança e poderá realizar essa ação por meio da ansiedade,
da passividade e/ou do autoritarismo.
Em todas as situações mencionadas o ensino e a pesquisa estão presentes, pois o
projeto auxilia acadêmicos na realização por exemplo, da Atividade Prática como
Componente Curricular, relacionada à Disciplina de Fundamentos da Educação Infantil,
quando disponibiliza pesquisas sobre brincar, brinquedo e orienta na confecção de
materiais lúdicos para os Centros Municipais de Educação Infantil. Além disso, o projeto
forneceu elementos para que acadêmicos implantassem brinquedotecas provisórias na
UNIOESTE, em evento científico e ao lado da cantina. Isso tudo tem contribuído para a
difusão dessa ideia e ajudou na parceria entre UNIOESTE e Secretaria Municipal de
Educação – SEMED, na (re)implantação de brinquedotecas nas escolas públicas.
A partir disso, os principais objetivos do trabalho são: apresentar as atividades
desenvolvidas no projeto; divulgar a importância do lúdico e da brinquedoteca; estimular a
organização de políticas públicas voltadas ao lúdico e a (re)implantação de brinquedotecas
em diferentes ambientes. Essas ações acontecem porque tanto as crianças, quanto os
acadêmicos e as pessoas em geral, têm direito e necessidade da ludicidade.

Metodologia
A metodologia tem ocorrido em fases e na perspectiva de teóricos como Cunha,
Friedmann, Piaget e Winnicott:
i) Estudo e reflexão sobre o lúdico – jogo, brinquedo e brincadeira. Análise dos
diferentes tipos de brinquedoteca.
ii) Promoção de vivências lúdicas com destaque as brincadeiras tradicionais como
amarelinha, pular corda. Confecção de brinquedos e jogos com materiais
recicláveis como bilboquê (feitos de garrafas PET), cinco marias (produzidas
com retalhos de tecidos e cascalho fino para ornamentação). Atividades com
brinquedos e jogos industrializados, existentes no laboratório dos cursos de
licenciaturas da UNIOESTE.

534
iii) Re/implantação de brinquedoteca - seleção e organização de cantos temáticos,
bem como de materiais adequados as diversas necessidades infantis. Atividades
realizadas em Centro Municipal de Educação Infantil de Cascavel.
iv) Desenvolvimento de atividades lúdicas em local aberto com o público em
geral.
Primeiramente, os estudos e as práticas acerca do lúdico foram realizado(a)s para e
com acadêmicos na universidade. Em outros momentos, os acadêmicos vivenciaram o
lúdico com a população externa à UNIOESTE, com materiais
industrializados/confeccionados e em diversos locais como em praças, em escolas e em
instituição assistencial.

Desenvolvimento e processos avaliativos


As ações desenvolvidas, supramencionadas, foram em sua maioria, organizadas e
executadas, juntamente com acadêmicos da UNIOESTE, a partir de necessidades lúdicas
da comunidade interna e externa à instituição (1). O impacto causado foi grande, pois
diversos setores da sociedade (educação, saúde, serviço social e justiça) estão requerendo
auxílio na (re)implantação de ambientes lúdicos e na formação lúdica de seus profissionais
(2). Quanto a formação dos acadêmicos, o projeto tem contribuído para a revisão de
atitudes em relação ao meio ambiente e ainda para a reorganização de suas práticas de
maneira lúdica, pois as atividades realizadas têm promovido a tomando de consciência
acerca da importância do lúdico para a melhoria da qualidade de vida (3).

Considerações Finais
Considera-se que o projeto está atendendo parcialmente o sonho dos acadêmicos,
pois a UNIOESTE ainda não possui um espaço físico permanente para que todos possam
usufruir dos benefícios que uma brinquedoteca oferece. Mas, a ideia do brincar (não)
consumista e da brinquedoteca como ambiente coletivo de brincadeiras, continua sendo
divulgada, ampliada e sustentada pelo projeto.

535
Referências
BRASIL. Lei n. 11.104, de 21 de março de 2005. Dispõe sobre a obrigatoriedade de
instalação de brinquedotecas nas unidades de saúde que ofereçam atendimento pediátrico
em regime de internação. Diário Oficial da União, Brasília, DF, n 55, seção1, p.1, 22 de
março de 2005.

CASCAVEL. Plano Municipal de Educação de Cascavel. Secretaria Municipal de


Educação, Cultura e Esporte de Cascavel, PR. Jun/2015.

CUNHA, N. H. da S. Brincar, Pensar e Conhecer – brinquedos, jogos e atividades. São


Paulo: Maltese, 1997.

FRIEDMANN, A. et al. O direito de brincar: a brinquedoteca. 3. ed. São Paulo: Scritta,


1996.

PIAGET, J. A formação do símbolo na criança: imitação, jogo e sonho, imagem e


representação. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2010 [1946].

WINNICOTT, D. W. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1975 [1971].

536
CAMINHOS NEGROS: TERRITORIALIDADES VIRTUAIS

Área Temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Rita PATTA RACHE
Universidade Federal do Rio Grande (FURG)
Autores: A. JUSTAMANT 1; S. PORTO ALEGRE 2; C. SIQUEIRA 3; Y. SILVA 4; R.
RACHE 5

Resumo:
O projeto Caminhos Negros: redescobrindo Rio Grande busca o reconhecimento
histórico e territorial da população Negra na cidade do Rio Grande, a mais antiga do
estado do Rio Grande do Sul, por meio da demarcação de territórios e criação de trajetos
em espaços públicos que considerem o pertencimento afrodescendente nas comunidades e
na formação do município. Com a pandemia da COVID-19, transpusemos os Caminhos
Negros para um ambiente virtual (website), via Plataforma Wix, disponibilizando as
informações e pesquisas de reterritorialidade dos espaços que o Projeto aborda. Neste
trabalho, apresentamos um breve histórico do Projeto e o processo de criação do website,
que, neste momento de isolamento social, substitui a interação presencial e possibilita que
a comunidade percorra os caminhos negros de Rio Grande. O Projeto se propõe a ser um
instrumento para a aplicação da Lei 10.639/2003, potencializando, com isso, a interação
dialógica entre a educação superior e a educação básica, assim como a integração de
acadêmicos com a comunidade riograndina, seu engajamento com a arte, a cultura e as
questões sociais locais.

Palavras-chave: Rio Grande/RS; Territórios Negros; Ambiente Virtual.

1
Alisson Ferreira Justamant, estudante do Curso de Artes Visuais - Licenciatura. Bolsista de extensão/FURG.
2
Sophia Hiriart Porto Alegre, estudante do Curso de Artes Visuais - Bacharelado (FURG).
3
Chendler Vasconcelos Siqueira, estudante do Curso de Direito (FURG).
4
Yasmin Acosta da Silva, estudante do Programa de Pós-Graduação em Antropologia (UFPEL).
5
Rita Patta Rache, professora do Instituto de Letras e Artes (FURG).

537
Introdução
A contribuição de africanos e africanas na formação do Brasil foi essencial, tanto
na composição física da população quanto na conformação do que viria a ser sua cultura,
que inclui dimensões como língua, culinária, religião, música, estética, valores sociais e
estruturas mentais (PRANDI, 2005).
No entanto, segundo Maestri (2008, p. 54),
A maioria da população rio-grandense acredita que o Rio Grande [Rio Grande
do Sul] seja essencialmente produto do esforço do homem livre, luso-brasileiro
e, sobretudo, ítalo-germânico. Na superficial e mítica visão geral da população
sobre o passado rio-grandense, a contribuição dos africanos e dos
afrodescendentes à formação social sulina é desqualificada e ignorada.

Nossa história é marcada pela invisibilização de culturas, que foram (e ainda são)
sufocadas pela história oficial, na vida social, na educação e na economia. A cidade de Rio
Grande é negra desde seu nascedouro. Esse município possui uma dívida enorme com a
população afro e afrodescendente.
Através das ações que propomos, buscamos descontruir a histórica estigmatização,
criminalização, segregação e invisibilidade do povo negro, evidenciando sua contribuição
na formação dos nossos patrimônios materiais e imateriais.
Nesse sentido, o projeto Caminhos Negros tem por objetivo identificar, mapear e
demarcar os principais territórios de importância e concentração da comunidade Negra na
cidade. Assim, se propõe a ser um instrumento para a aplicação da Lei 10.639/2003
(BRASIL, 2003) e das Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações
Étnico-Raciais (BRASIL, 2004).
Em 2019, em parceria com a Prefeitura Municipal do Rio Grande (PMRG),
realizamos apresentação pública do Projeto e enquete com a comunidade para
levantamento e escolha dos territórios negros que seriam demarcados com placas de
identificação. Na sequência, criamos de um grupo de trabalho (GT) interdisciplinar e
interinstitucional, envolvendo representantes da FURG, de secretarias da PMRG, de
escolas públicas e do Movimento Negro, para elaboração de textos para as placas de
identificação dos locais escolhidos pela comunidade.

538
Em 2020, prevíamos finalizar a arte das placas, encaminhá-las para produção e
fixação nos devidos locais, no entanto, devido à pandemia de Covid-19, as ações do
projeto foram redimensionadas para as possibilidades virtuais, entre as quais o
aprofundamento da pesquisa sobre história do povo negro de Rio Grande a criação de um
website, com um mapa interativo sobre os Caminhos Negros.

Metodologia
Demos seguimento ao Projeto através de encontros remotos regulares do GT e
produção de textos a respeito dos territórios, por meio da realização de pesquisa
bibliográfica, a partir de estudos a respeito da história de Rio Grande que abordam e
contextualizam as questões da negritude. Do mesmo modo, por meio da história oral
também temos levantado informações e narrativas a respeito dos territórios negros da
cidade.
Assim, provocados pelo contexto de virtualização dos espaços e com a intenção de
socializar as ações do projeto, a pesquisa e seus resultados, desenvolvemos o website do
Caminhos Negros, que objetiva ser uma ponte de acessibilidade e interação com a
comunidade municipal e regional.
Além disso, originalmente, o Projeto previa a realização de atividades de mediação
cultural presencial com escolas, criando-se trajetos entre territórios previamente escolhidos
para percorrer os Caminhos Negros com a comunidade escolar. Em função da situação
sanitária que vivemos e com a criação do mapa interativo virtual, propomos a realização de
atividades de mediação cultural remota.

Desenvolvimento e processos avaliativos


A criação do ambiente virtual dos Caminhos Negros 6 iniciou com o
estabelecimento da identidade visual discutida no GT, pois entende-se que a estética é uma
forma de reconhecimento e pertencimento. Assim sendo, é necessário que haja uma
convergência entre o conteúdo de um espaço virtual e o seu design.

6
https://caminhosnegros.wixsite.com/furg

539
Nesse sentido, elaboramos o website com a paleta de cores em tons de amarelo,
laranja e marrom e as texturas terrosas e amadeiradas, pelas quais se possibilita os fluxos
com os territórios e a história, ambos presentes na concepção do projeto Caminhos Negros.
Partimos dessa estética para a segmentação do espaço virtual nas categorias: projeto,
caminhos, territórios, mapa, contato, que compõem as abas do website.
Na primeira aba, consta a trajetória do Projeto e seus contribuintes. A segunda é
referente aos espaços físicos que por ora irão receber placas de identificação, contendo
textos e fotos oriundos da pesquisa. Na terceira, se encontram todos os territórios negros já
mapeados pelo Projeto. Na aba do mapa, as pessoas podem percorrer os Caminhos Negros,
através dos pontos geográficos que receberão futuramente as placas.
O Projeto tem contribuído para a formação acadêmica de estudantes, pela interação
dialógica com a comunidade, engajamento com a arte, a cultura e as questões sociais
locais.

Considerações Finais
Acreditamos que esses percursos possam ser um importante instrumento para a
aplicação da Lei 10.639/2003 (BRASIL, 2003) e as Diretrizes Curriculares Nacionais
para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-
Brasileira e Africana (BRASIL, 2004) no âmbito educação formal e não-formal, no
combate à uma educação não plural e a favor de uma educação antirracista e inclusiva.
Segundo Fanon (2008, p.48), “no caso do negro, nada é parecido. Ele não tem
cultura, não tem civilização, nem um longo passado histórico.” Partindo da trágica análise
do autor, entendemos que a rememoração e a reterritorialização de seus históricos e suas
raízes, possibilita uma afirmação identitária e de resistência, possibilitando recursos que
autoafirmem o valor e derrotem a raciologia e toda forma de exploração do homem sobre
o homem. Trazendo para o contexto científico a oralidade e a reterritorialização dos
espaços, possibilitamos duelar contra todo pensamento colonizador e supremacista racial.

540
Referências
BRASIL. Lei nº 10.639 de 9 de janeiro de 2003. D.O.U. de 10 de janeiro de 2003. Altera
a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da
temática "História e Cultura Afro-Brasileira", e dá outras providências.

BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-


Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Brasília:
MEC, 2004.

FANON, Frantz. Pele negra máscaras brancas. Salvador: EDUFBA, 2008.

MAESTRI, Mauro. História e historiografia do trabalhador escravizado no RS: 1819-2006.


In: Los estudios afroamericanos y africanos en América Latina: herencia, presencia y
visiones del otro. Buenos Aires/Argentina: CLACSO. p. 53-88. 2008. Disponível
em:http://biblioteca.clacso.edu.ar/clacso/coediciones/20100823031132/06mae.pdf. Acesso:
2 Maio 2020.

PRANDI, Reginaldo. Segredos guardados: orixás na alma brasileira. São Paulo:


Companhia das Letras, 2005.

541
CARTILHA DE OFICINAS UTILIZANDO COMO MATERIAL LIXO ELETRÔNICO

Área Temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Angelita M. de RÉ
Universidade Estadual do Centro-Oeste(UNICENTRO)
Autores: M.A.F. THOMEN1; A.M. DE RÉ2.

Resumo:
A sociedade moderna produz novidades tecnológicas que motivam as pessoas a considerarem
seus antigos equipamentos eletroeletrônicos desatualizados. Essa dinâmica da sociedade e,
consequentemente, o descarte inadequado de equipamentos eletrônicos geram inúmeros
problemas sociais e ambientais. Tais problemas ocorrem devido à grande parte desse lixo
possuir materiais químicos nocivos à saúde das pessoas e ao meio ambiente. Assim, esta ação
de extensão teve como objetivo a conscientização através da realização de oficinas
pedagógicas utilizando materiais provenientes do Lixo Eletrônico. Entretanto, devido a
pandemia do Covid-19, as aulas foram suspensas, impossibilitando a realização das oficinas.
Nesse contexto, surgiu a ideia da confecção de uma cartilha como material de apoio e
orientação. Desse modo, a cartilha, através das sugestões de oficinas, têm o intuito de discutir
o assunto do Lixo Eletrônico e também motivar os participantes a reaproveitarem o referido
lixo com inúmeras possibilidades de alternativas.

Palavras-chave: Conscientização; Educação; Lixo Eletrônico.

Introdução
Segundo Celinski et.al (2014), o desenvolvimento das cidades aumentou o volume do
lixo e este passou a ser um problema, pois além do lixo orgânico, que se decompõe com

1Marieli Aparecida Ferreira Thomen, aluna (Curso de Ciência da Computação/CEDETEG/UNICENTRO).


2Angelita Maria De Ré, servidora docente (Curso de Ciência da Computação/CEDETEG/UNICENTRO).

542
facilidade, está presente o lixo não orgânico, que demora décadas para se decompor. Isso é
reflexo de um modelo de desenvolvimento que incentiva o consumo, pois novos produtos
surgem no mercado, facilitando a vida dos consumidores e proporcionando mais conforto com
a melhora da qualidade de vida das pessoas e a crescente utilização de elementos tecnológicos.
De acordo com Welle (2020), são descartados 53 milhões de toneladas de lixo eletrônico por
ano no mundo.
Neste contexto, a Educação Ambiental é um processo fundamental para a
conscientização das pessoas sobre os perigos do descarte inadequado do Lixo Eletrônico de
Informática. Segundo Dias (2002), a Educação Ambiental estimula o exercício pleno e
consciente da cidadania (deveres e direitos) e fomenta o resgate e o surgimento de novos
valores que tornem a sociedade mais justa e sustentável. Assim, esta ação de extensão tem
como objetivo a conscientização através da realização das oficinas pedagógicas, as quais
abordam sobre as consequências do descarte inadequado do Lixo Eletrônico e novas
perspectivas de uso sob a concepção da reutilização.

Metodologia
Esta ação está vinculada ao projeto de extensão EDUCA: Lixo Eletrônico de
Informática. O referido projeto tem como objetivo o desenvolvimento de palestras e/ou
oficinas para conscientizar a comunidade sobre a problemática do Lixo Eletrônico de
Informática. Em edições anteriores do projeto, foram realizadas oficinas nos colégios
estaduais de Guarapuava, que possuem cursos técnicos em informática. Estas oficinas eram
elaboradas e executadas de acordo com a demanda dos referidos colégios. Entretanto, com a
pandemia do Covid-19, as aulas foram suspensas e, posteriormente, ministradas remotamente.
Em virtude disso, a realização das oficinas foi suspensa. Contudo, surgiu a ideia da confecção
de uma cartilha com todas as informações necessárias para que as oficinas, quando possível,
possam ocorrer.
A metodologia para elaboração dessa cartilha teve início tomando como base as

543
oficinas presenciais que foram realizadas pelo supracitado projeto de extensão. A partir de
experiências anteriores e de um estudo detalhado, foi possível identificar novas abordagens
sobre o tema de reciclagem do Lixo Eletrônico. Assim, foram elaboradas 5 tipos de oficinas,
conforme mostra a Figura 1.

Figura 1. Exemplar de páginas da Cartilha de sugestões para atividades em oficinas


pedagógicas utilizando Lixo Eletrônico de Informática.

Em cada oficina proposta, são expostos e descritos os seguintes itens com as referidas
informações: (a) Sobre; (b) Material necessário; (c) Ferramentas; (d) Duração; (e) Objetivo; (f)
Público Alvo; (g) Disposição da sala; (h) Dinâmica; e, (i) Avaliação da Atividade.
Dessa forma, contempla a possibilidade de realização das oficinas pedagógicas para um
público que abrange desde alunos do Ensino Fundamental até o Ensino Médio. Ampliando de
forma significativa o público alvo e consequentemente o debate sobre o tema do descarte
correto e a reciclagem do Lixo Eletrônico de Informática.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Esta Cartilha tem como principal objetivo fornecer subsídios para que oficinas
pedagógicas possam ser realizadas quando o ensino presencial retornar. Assim, partindo do

544
princípio de que as atividades serão realizadas de forma presencial, em cada uma das
propostas de oficinas existentes na cartilha são descritas as formas de avaliação. Isto é,
seguindo as particularidades, o conteúdo abordado e a dinâmica de cada oficina realizada.
Entretanto, todas contemplam uma roda de conversa na qual cada participante poderá expor
suas dificuldades e o seu aprendizado, após a realização das atividades. Em cada oficina, os
instrutores e/ou monitores devem ser alunos de graduação, pois assim será possível consolidar
a formação acadêmica dos mesmos através da atividade de extensão realizada.

Considerações Finais
Considerando que as oficinas pedagógicas são instrumentos poderosos para o
aperfeiçoamento didático, pois trata-se de um aprendizado dinâmico. E, também uma forma de
apresentar conteúdos através da troca de experiências, esta é uma abordagem muito
interessante e válida quando expõe uma temática atual e preocupante, o descarte e a
reciclagem do Lixo Eletrônico.
Vale ressaltar que esta cartilha estará disponível de forma online na página do
Departamento de Ciência da Computação no site da UNICENTRO. Assim, a mesma
possibilita que os interessados possam escolher o tipo de ação/oficina a ser realizada, de
acordo com o público alvo e o modo como será abordada a temática do Lixo Eletrônico.
Destaca-se que a alteração da situação problema, que é a conscientização do descarte e
reciclagem do Lixo Eletrônico, será realizada por meio de uma atividade de aprendizado tanto
para o público alvo (participantes), bem como, para os instrutores/monitores que exercem de
forma influente na Comunidade uma participação real na conscientização do manejo e
reaproveitamento do Lixo Eletrônico.

Referências
CELINSKI, T. M. et al. Lixo Eletrônico: educação e conscientização ambiental. 12.° CONEX,
UEPG, 2014. Disponível em:
http://sites.uepg.br/conex/anais/artigos/341-1415-1-DR-mod.pdf. Acesso em: 3 jul. 2021.

545
DIAS, G. F. Iniciação à temática ambiental. São Paulo: Gaia, 2002.

WELLE, D. Montanha de lixo eletrônico não para de crescer no mundo. 2020. Disponível
em: https://www.dw.com/pt-br/not%C3%ADcias/s-7111. Acesso em: 3 jul. 2021

546
O IMPACTO DA CERIMÔNIA EM HOMENAGEM AOS DOADORES DE
CORPOS NA EMPATIA E FORMAÇÃO ÉTICA DOS ALUNOS

Área Temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Andrea OXLEY DA ROCHA
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA)
Autores: K. GOMES 1; B. LESSA 2, E. KELSCH 3, J. ADAMES 4.

Resumo:
O estudo prático da anatomia é essencial para a formação do profissional da área da saúde.
Entretanto, a vivência realista de estudar anatomia com corpos reais na universidade só é
possível pela credibilidade na educação científica dos doadores de corpos, através do
Programa de Doação de Corpos da UFCSPA. Sendo assim, foi criada uma Cerimônia em
Homenagem aos Doadores de Corpos (CHDC) para prestar agradecimentos aos doadores
pelo gesto altruísta e seus familiares. Este trabalho tem por objetivo analisar o impacto da
CHDC na sabedoria científico-social e no desenvolvimento da empatia entre os
participantes. Aplicou-se um questionário aos alunos dos primeiros anos dos cursos da
saúde, dividido em dois grupos: participantes e não participantes. A aplicação foi em sala
de aula com termos de consentimento livre e esclarecido. As perguntas eram relativas à
empatia e valorização da ciência. Os resultados foram avaliados em SPSS para Windows.
Foram preenchidos 370 questionários, no qual 84% participaram da cerimônia. Em
comparação aos alunos que não participaram da cerimônia, 98% dos alunos que
participaram afirmaram que tiveram impacto positivo relacionado ao gesto altruísta e na
perspectiva ética; 92% dos participantes acreditam que a doação de corpos aumenta seu
comprometimento com os estudos, 83% dos alunos afirmaram que aumentaram a sua
empatia ao participarem da cerimônia. A CHDC demonstrou auxiliar na promoção do
altruísmo nos estudantes da saúde, sendo um evento de extensão universitária que

1
Karoline de Araujo Gomes, acadêmica do terceiro ano do curso de Medicina.
2
Brendha Martins Lessa, acadêmica do quarto ano do curso de Medicina.
3
Eduardo de Freitas Kelsch, acadêmico do terceiro ano do curso de Medicina.
4
Julia Bertoni Adames, acadêmica do quarto ano do curso de Medicina.

547
possibilita troca de experiências entre comunidade externa e demonstra o impacto positivo
que a doação representa.

Palavras-chave: Anatomia; Doação de corpos; Empatia.

Introdução
Na área da saúde, o estudo prático da anatomia desde os primeiros anos acadêmicos
é uma peça essencial para a formação destes futuros profissionais. Essa prática, a partir da
dissecação de corpos, proporciona ao discente o desenvolvimento de habilidades técnicas,
o trabalho em equipe, a prática da empatia, compreensão da ética, e a reflexão sobre a
morte, o que leva a um amadurecimento desses indivíduos1,2. Visando a preparação para
um atendimento humanizado dos pacientes, o estudante é exposto a diversas situações que
exigem uma nova visão do ser humano, como o primeiro contato com cadáveres.
Entretanto, atualmente, a vivência realista de estudar anatomia humana com corpos reais só
é possível pela boa vontade e credibilidade dos doadores de corpos na educação científica,
que doam voluntariamente seus corpos para as Universidades.
Assim, no ano de 2008, com intuito de obter corpos para manter ensino de
qualidade em anatomia humana, foi organizado o Programa de Doação de Corpos para o
Ensino e pesquisa em Anatomia da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto
Alegre (UFCSPA), com objetivo de conscientizar a população sobre a possibilidade de
doar o próprio corpo, de forma voluntária, em vida4.Decorrente dos bons resultados com
este programa, em relação ao número de corpos recebidos e doadores cadastrados, foi
criado em 2010, o Museu de Anatomia, que dá vida a este projeto até a atualidade. Além
disso, com o intuito de homenagear o gesto altruísta dos doadores, que auxiliam no
crescimento e aprendizado dos acadêmicos, também em 2010, na UFCSPA, organizou-se
a primeira Cerimônia em Homenagem aos Doadores de Corpos (CHDC) realizada no
Brasil, para as famílias dos doadores4. A partir disso, todos os anos ocorre esta cerimônia
para prestar agradecimentos aos doadores e seus familiares, a fim de evidenciar a
importância da doação para o aprendizado, a promoção da empatia e respeito com o
próximo, na formação dos futuros profissionais5. A cerimônia, organizada pelos alunos da

548
da graduação que realizam a disciplina de anatomia, propicia um momento de reverência
ao gesto altruísta dos doadores, contando também com a presença de um celebrante em sua
amplitude religiosa, para trazer palavras de conforto às famílias, embora este não seja uma
evento religioso.

Metodologia
No ano de 2017, a cerimônia foi organizada pelos alunos do primeiro ano da
graduação, convidando toda comunidade acadêmica, mas como público-alvo os familiares
dos doadores de corpos para o Programa de Doação de Corpos para o Ensino em Pesquisa
em Anatomia da UFCSPA.
Inicialmente, escolhe-se um tema distinto a cada ano e os alunos avaliam possíveis
talentos entre os próprios colegas, como músicos e dançarinos, para selecionar obras e
conceitos condizentes com o tema definido naquele ano. Além de expressar a importância
do gesto da doação para seu aprendizado e seus sentimentos de gratidão aos familiares por
respeitarem a decisão da doação do corpo pelos seus entes queridos. Ao fim, os nomes de
todos os doadores recebidos desde o início do programa são lidos em voz alta e suas fotos
projetadas em telão (com autorização prévia dos familiares).Após, os alunos presentes
entregam pessoalmente flores aos familiares presentes, como símbolo de agradecimento e
empatia.
Um questionário foi aplicado, ao final do ano de 2017, aos alunos do primeiro,
segundo e terceiro anos do curso de medicina da universidade, que concordaram em
participar do estudo (CEP nº 2.769.695 / 2017 ), tendo participado ou não da cerimônia. A
aplicação se deu nas salas de aula com termos de consentimento livre e esclarecido e
garantia de anonimato nas respostas. O questionário constava de afirmações sobre a
influência da cerimônia na formação ética, reflexão sobre a morte, empatia e sobre a
doação de corpos, sendo as respostas dispostas segundo a Escala de Likert de 5 pontos,
variando de concordo plenamente a discordo plenamente. Ao final, os resultados obtidos
foram avaliados em software estatístico, SPSS para Windows.

549
Desenvolvimento e processos avaliativos
A Cerimônia de Doação de Corpos proporciona a aproximação dos alunos da
graduação com os familiares dos doadores e com a realidade da morte destes doadores, na
possibilidade de se colocar no lugar dos doadores e avaliarem se seriam capazes do mesmo
gestos, e no lugar dos familiares, para refletir se concordavam com a decisão destes. Além
disso, esta é uma oportunidade de reflexão ética, pensando sobre o respeito devido a estes
corpos que são utilizados para o estudo e a decisão dos doadores.
No ano de 2017, foi realizado um questionário com três grupos de séries que
cursaram a disciplina de anatomia. Foram preenchidos 370 questionários pelos alunos do
primeiro, segundo e terceiro anos do curso de medicina. 138 alunos do primeiro ano, 141
do segundo ano e 91 do terceiro ano. A participação na cerimônia não era obrigatória aos
alunos. Dos 370 graduandos, que responderam o questionário, 84% participaram da
cerimônia.
Em relação a assertiva do questionário “a dissecação facilitou minha reflexão a
respeito da morte”, 88% dos alunos respondeu positivamente (concorda totalmente ou
concorda); a assertiva “o conhecimento da doação de corpos modificou positivamente
minha atitude em relação aos doadores”, 96% respondeu positivamente; a assertiva “o
conhecimento da doação de corpos modificou positivamente meu comprometimento com
os estudos”, 92% responderam positivamente; a assertiva “a compreensão do gesto
altruísta do doador teve impacto na minha formação ética”, 98% responderam
positivamente. A média foi realizada com afirmação, as quais o aluno concorda ou
discorda de acordo com com a escala de Likert.
O processo de empatia com os doadores de corpos foi avaliado com afirmações
relacionadas a admiração desses alunos com o ato de doar os seus corpos para auxiliar no
ensino e na ciência, 94% dos alunos que responderam o questionário concordaram com
essa afirmação. Ademais, de acordo com os questionários, 83% dos alunos afirmaram que
aumentaram a sua empatia ao participarem da Cerimônia de Doação de Corpos.

550
Considerações Finais
A cerimônia de doação de corpos, como evidenciado pela pesquisa realizada com
os alunos participantes, é uma ferramenta potente para a promoção de ética e humanismo
nos estudantes. Desde a organização até a realização do evento, são trabalhados aspectos
de extrema relevância para a construção do profissional de saúde, como a empatia, tanto
com a família com em relação ao doador; a ética em relação a vulnerabilidade dos corpos e
o respeito devido aquelas pessoas que doaram seus corpos e se colocam voluntariamente
como instrumento de aprendizagem, além de humanismo e compaixão, para com estas
famílias que vão a esta cerimônia em busca de conforto e apoio pela decisão tomada,
abrindo mão de seus rituais tradicionais de despedida de seus familiares.
Por isso, é evidente o importante papel do Programa de Doação de Corpos ,e da
Cerimônia em Homenagem aos Doadores, tanto para a comunidade acadêmica, quanto
para a comunidade externa, constituindo um elo que atua diretamente na formação técnica
e humanística destes alunos.

Referências
Prakash, Prabhu LV, Rai R, D’Costa S, Jiji PJ, Singh G. 2007. Cadavers as teachers in
medical education: Knowledge is the ultimate gift of body donors. Singapore Med J
48:186–190.

Cornwall J, Hildebrandt S. 2019. Anatomy and ethics in a changing world. Anat Sci Educ
12:329–331.

Brenner E, Pais D. 2014. The philosophy and ethics of anatomy teaching. Eur J
Anat 18:353–360.

da Rocha AO, Tormes DA, Lehmann N, Schwab RS, Canto RT. 2013. The body donation
program at the Federal University of Health Sciences of Porto Alegre: A successful
experience in Brazil. Anat Sci Educ 6:199–204.

da Rocha AO, Maués JL, Chies GA, Silva AP. 2017Assessing the Impact of a Ceremony
in Honor of the Body Donors in the Development of Ethical and Humanistic Attitudes
among Medical Students

551
COLORES DEL ESPAÑOL NA PANDEMIA: VISIBILIDADE E ENGAJAMENTO
PARA O PROGRAMA DE EXTENSÃO

Área Temática: Educação


Coordenadora da atividade: Hellen GONÇALVES
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná (IFPR)
Autores: H. GONÇALVES 1; P. MILAN 2; R. VARELLA 3; R. PORRUA 4; T. CANZIANI 5

Resumo:
Este trabalho apresenta as ações do programa de extensão Colores del Español e o impacto
da modificação de seu formato em função da pandemia. O Colores é ofertado pela área de
Espanhol do Instituto Federal do Paraná (IFPR) - Curitiba, e apoiado por colaboradores de
outras áreas/instituições, desde 2016. Objetiva integralizar práticas didáticas de língua
espanhola dentro e fora de sala de aula e dar maior visibilidade às ações relacionadas ao
ensino-aprendizagem do idioma em mídias diversas, promovendo o espanhol e sua(s)
cultura(s) para comunidades interna e externa do IFPR. As ações se amparam nas
Metodologias Ativas e na Teoria Crítica da Linguagem. O processo avaliativo de cada ação
é revisto e atualizado de modo regular após a execução de cada etapa, pelos colaboradores,
e por meio de formulários de (auto)avaliação pelos participantes. As contribuições do
Colores são marcantes, pois possibilitam que os envolvidos atuem ativamente em cada
ação desenvolvida, assumindo o papel de protagonistas de sua formação, assim como
promovem a visibilidade da língua espanhola e de sua(s) cultura(s).

Palavras-chave: língua espanhola; cultura(s) hispânica(s); ensino e aprendizagem.

Introdução
O Colores del Español foi instituído, de modo sistematizado, no ano de 2016,
após a execução de algumas ações isoladas desenvolvidas pelas professoras da área de

1
Hellen Christina Gonçalves, servidora docente - IFPR.
2
Pollianna Milan, colaboradora externa, servidora docente - UFPR.
3
Raul Czelujinski Varella, estudante do curso de Mecânica integrado ao Ensino Médio - IFPR.
4
Regiane Pinheiro Dionisio Porrua, servidora docente - IFPR.
5
Tatiana de Medeiros Canziani, servidora docente - IFPR.

552
Língua Espanhola do IFPR-Curitiba que tinham por objetivo publicizar as atividades
docentes e discentes desenvolvidas no componente curricular de Espanhol e envolver a
comunidade interna do Campus na promoção da diversidade das culturas hispânicas.
Somam-se a essas ações, os resultados obtidos em investigações científicas da época que
indicavam uma significativa invisibilidade da língua espanhola e da(s) cultura(s)
hispânica(s) na percepção de estudantes brasileiros (LESSA, 2013; LIMA, 2013;
IRINEU, 2014) e, principalmente, dos resultados da dissertação da professora criadora do
projeto e coordenadora na época (PORRUA, 2015).
Passados cinco anos, somam-se a essa invisibilidade da língua espanhola e das
da(s) cultura(s) hispânica(s) por parte dos estudantes, o descaso governamental em nível
federal e estadual/Paraná na não oferta de língua espanhola na educação formal. A Lei
Federal 11.161/2005, em vigor na época da criação desse projeto de extensão, trazia
como obrigatória a oferta de língua espanhola pela escola, mas facultativa para os
estudantes. Essa lei foi revogada pelo governo Temer e a implementação da Lei 13.415
de 2017 desobriga a oferta de língua espanhola por parte das escolas.
É nesse contexto, portanto, que o Colores del Español se transforma em programa
de extensão, em 2020, e se estabelece como uma ação que reúne práticas pedagógicas,
curso de formação e grupo de pesquisa que podem contribuir para uma mudança nesse
quadro de ausências sobre a língua espanhola na sociedade brasileira, envolvendo os
alunos dos cursos técnicos integrados ao Ensino Médio do IFPR-Campus Curitiba 6, assim
como comunidade externa - professores, estudantes de língua espanhola e os interessados
em conhecer e estudar o idioma e seus referentes culturais.

Metodologia
O programa Colores se baseia nas Metodologias Ativas (MORAN, 2015), a partir
de estratégias facilitadoras e motivadoras na construção do conhecimento, possibilitando
uma ruptura no modelo tradicional de abordagem da língua estrangeira, em um viés

6
No ano de 2018, os docentes de línguas estrangeiras do IFPR-Curitiba, Língua Espanhola e Língua Inglesa,
se uniram em prol da oferta equitativa de ambas as línguas junto aos colegiados dos cursos do campus e
conseguiram não só a oferta de espanhol, mesmo frente à não-obrigatoriedade imposta pela Lei 13.415 de
2017 (BRASIL, 2017), mas a manutenção de dois anos de língua espanhola e inglesa, com duas horas
semanais.

553
estruturalista, e colocando o estudantes/ extensionistas como protagonistas da
aprendizagem. As ações do Colores fundamentam-se ainda na Teoria Crítica da
Linguagem (BAKHTIN;VOLOSHINOV, 1992) que entende os fenômenos linguísticos
como parte da totalidade social, que os atos de linguagem dependem da capacidade de se
estabelecer uma interação com o outro e que a significação é o resultado de uma prática
social apreendida dentro de um determinado contexto sócio-histórico.
As ações desenvolvidas pelo Colores ocorreram de modo presencial de 2016 a
2019. Em função da pandemia de Covid-19, o formato remoto possibilitou abrangência ao
ganhar um canal exclusivo no Youtube "Colores del Español - Colores Cartonera" no qual
são/serão veiculados os trabalhos dos estudantes e as lives transmitidas, pelo Stream Yard.

Desenvolvimento e processos avaliativos


O Colores é estruturado em quatro ações principais que, em virtude da grande
participação e motivação dos estudantes do IFPR, já se transformaram em ações contínuas
que passaram a integrar o calendário institucional e os corredores do campus. Compõem
essas ações tais atividades: "Ni una menos": planejamento, organização e execução de
exposição de cartazes sobre o tema “Mulher” para discussão de igualdade de gênero;
Mostra de clipes: organização de equipes, pesquisa sobre bandas, análise de canções,
ritmos, análise de pré-roteiro de gravação, gravação, edição, análise de materiais, seleção
de vencedores e exibição de clipes no IFPR; Feira Gastronômica: planejamento,
organização e execução do evento; elaboração de questionários de avaliação; pesquisa e
escolha de alimentos/receitas por países; preparação de material específico para trabalhar
os elementos lexicais e culturais sobre a temática envolvida; Oficinas e Minicursos
Colores del Español: planejamento de oficinas e minicursos, elaboração de materiais e
apresentações, divulgação para captação de inscritos, avaliação final de curso e
remodelação.

Considerações Finais
Com a pandemia de Covid 19, as ações do programa Colores tiveram que ser
repensadas e algumas das ações de extensão foram ofertadas virtualmente. O formato
remoto possibilitou a expansão das atividades do projeto e sua consolidação como

554
programa de extensão que se destaca na luta pela promoção da língua espanhola e de sua(s)
cultura(s) ao promover espaços de estudo e difusão e propiciar a visibilidade da língua
espanhola e sua(s) cultura(s), frente à crítica situação pela qual passa o idioma e seus
profissionais na educação brasileira.
Por meio de transmissões online realizadas no canal do Youtube no ano de 2020,
foram realizados 11 encontros de 1 hora e 30 minutos, das Oficinas e Minicursos. Foram
certificados no evento, em média, 70 participantes por encontro, de vários estados
brasileiros e até mesmo do exterior, tendo cerca de 300 visualizações posteriores. Nos
formatos presenciais, a média de participantes era de 15 pessoas. Além disso, a Feira
Gastronômica aconteceu também de modo remoto, envolvendo os estudantes do IFPR que
tiveram o desafio de preparar receitas hispânicas, sem utilizar comida de verdade, mas com
muita criatividade. Os vídeos produzidos também estão postados no canal do programa de
extensão. Assim, os desafios apresentados pela pandemia acabaram contribuindo para uma
maior visibilidade e engajamento do programa de extensão Colores del Español.

Referências
BAKHTIN, M. M.; VOLOSHINOV, V. N. Marxismo e filosofia da linguagem:
problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. São Paulo:
HUCITEC, 1992.

IRINEU, L. M. Memórias sobre a América Latina na formação de professores de


espanhol In: LIMA, L. M. (Org.) A (in)visibilidade da América Latina na formação do
professor de espanhol. Campinas: Pontes Editores, 2014. p. 21-39.

LESSA. G. da S. M. Memórias e identidades latino-americanas invisíveis e silenciadas no


ensino-aprendizagem de espanhol e o papel do professor. In: ZOLIN-VESZ, F. (Org.). A
(in)visibilidade da América Latina no Ensino de Espanhol. Campinas: Pontes
Editores, 2013. p. 17-28.

LIMA, L. M. Representações sobre a América Latina em livros didáticos de língua


espanhola, de história, de geografia e de sociologia. In: ZOLIN-VESZ, F. (Org.). A
(in)visibilidade da América Latina no Ensino de Espanhol. Campinas: Pontes
Editores, 2013. p. 29-50.

MORAN, J. Mudando a educação com metodologias ativas. In: SOUZA, C. A.;


MORALES, O. E. T. (Orgs.). Convergências Midiáticas, Educação e Cidadania:
aproximações jovens. V. 2, PROEX/UEPG, 2015. Disponível em:

555
<http://www2.eca.usp.br/moran/wp-content/uploads/2013/12/mudando_moran.pdf>
Acesso em: 06 ago 2019.

PORRUA, R. P. D. O discurso sobre a língua espanhola em anúncios publicitários na


mídia televisiva brasileira: percepção do estudante de Ensino Médio. Dissertação
(Mestrado em Educação), Setor de Educação, Universidade Federal do Paraná, Curitiba,
2015.

556
O PROGRAMA DE EXTENSÃO “COM CIÊNCIA” NO CONTEXTO DE
PANDEMIA: EXPERIÊNCIAS E ADAPTAÇÕES

Área Temática: Educação


Coordenador da atividade: Carlos Raphael ROCHA
UDESC
Autores: C. R. ROCHA; A. L. S. GOMES; R. A. S. ZANON; A. BELLUCCO; J. A. DA-
COL 1.

Resumo:
Apresentamos o programa de extensão Com Ciência, da UDESC, suas ações e adaptações
realizadas no ano de 2020 e de 2021 dado o contexto da pandemia de COVID-19. Previsto
com quatro ações, o programa se readequou e algumas ações adotaram o formato online
para propiciar sua realização e atingir os seus objetivos. Neste trabalho, damos destaque às
ações Colóquios da Física e Podcast Com Ciência que passaram por grandes adaptações
(formato online) para que fosse possível sua realização, bem como apresentaremos os
motivos que nos levou a relegar as outras ações a um segundo plano. O feedback recebido
foi positivo e realizado principalmente pelas redes sociais do programa de extensão e pelos
comentários recebidos ao vivo nos chats durante as realizações dos colóquios.

Palavras-chave: divulgação científica; ensino de física; contexto de pandemia.

Introdução
O programa de extensão Com Ciência tem o objetivo de contribuir para o
aprendizado, aumentar o interesse na ciência e promover a divulgação dos cursos da
UDESC para alunos do Ensino Médio e para o público em geral. Especificamente, o
programa pretende facilitar a alfabetização científica e tecnológica, tornar a ciência mais
atrativa, contribuir para articulação intracurricular dos cursos da UDESC, fornecer recursos
didáticos para professores em formação ou em exercício e potencializar a formação inicial
dos licenciandos da UDESC e a continuada dos professores da região. Tais objetivos são

1
Nome Completo, vínculo (aluno [curso], servidor docente, servidor técnico-administrativo).

557
postos porque acreditamos que cabe à extensão se aproximar da comunidade e oferecer
informações que facilitem a leitura de mundo e o desenvolvimento da alfabetização
científica (Silva et al., 2020).
As ações propostas foram Show da Física, Laboratório de Demonstrações e Ensino
de Física, Podcast Com Ciência e Colóquios da Física. Todas as ações foram inicialmente
pensadas para realização presencial e o contexto da pandemia de COVID-19 obrigou a
grandes alterações no programa, inviabilizando algumas dessas ações. O Show da Física é
uma apresentação de experimentos com uma duração de 45 a 60 minutos, de forma
interativa, lúdica e sem distorção dos conceitos físicos. O Laboratório de Demonstrações e
Ensino de Física (LABDEF) é um espaço de planejamento, elaboração, e empréstimo de
experimentos de física e outros materiais didáticos e que serve de aporte e suporte às
atividades de ensino, pesquisa e extensão realizadas pelo Departamento de Física. O

“Podcast Com Ciência” pretende discutir temas atuais de ciência, tecnologia, engenharia e
matemática em um programa de, no máximo, noventa minutos. Os Colóquios de Física são
apresentações sobre temas específicos, ainda assim sem a necessidade de demasiada
profundidade, visando sua divulgação e discussão com o público acadêmico ou não
especializado. Dessa forma, o programa Com Ciência tem por intenção atender todo o
público da UDESC, mas tendo relevância também em alunos de Ensino Médio e para o
público em geral.

Metodologia
A situação pandêmica inviabilizou a realização do Show da Física, visto que é uma
atividade presencial e que exige muita interação entre apresentadores e público, e limitou a
visitação de alunos à universidade para promover a divulgação do LABDEF. Visando,
ainda assim, promover as ações do Com Ciência e a melhoria da saúde mental dos alunos,
optamos por migrar quase que totalmente para meios online de divulgação das atividades,
considerando que a internet e as mídias sociais se tornaram o principal meio para essa
mobilização, articulação e disseminação dos resultados alcançados (Serrão, 2020).
Assim, para efetivar a realização dos Colóquios da Física, fez-se parceria com
outras ações de extensão (Colóquios da Computação e UniDiversidade) e com programas

558
de pós-graduação da UDESC para construir um canal de divulgação no Youtube para
apresentação de palestras e mesas redondas. O canal “Colóquios e Seminários UDESC” foi
o meio para realização de todas as atividades de colóquios e contou com apoio de
professores, alunos e pesquisadores da UDESC e de outros centros. Todas as apresentações
foram divulgadas no perfil do programa no Instagram (@comcienciaudesc) e na página
institucional da universidade.
O Podcast Com Ciência mudou seu nome para “Papo de Quarentena” e teve foco
em conversas para estimular a empatia com os alunos e professores no início da pandemia
e do período de isolamento social. Conversas foram realizadas por um dos bolsistas e
gravadas com uso da plataforma Anchor e disponibilizadas nos agregadores de podcasts do
programa, além de ser incorporado à programação da rádio UDESC Joinville. Buscou-se
contato com alunos e professores da UDESC e de escolas da educação básica, profissionais
de saúde e demais interessados, pois se ofertou a participação com o envio de mensagem
no perfil do Instagram. Destacamos, ainda, que houve a gravação de um primeiro podcast
nos moldes iniciais da ação, no mês de março de 2020 e antes da pandemia ter sido
decretada pela Organização Mundial da Saúde. Este episódio fala sobre o primeiro contato
dos calouros com a UDESC e também está disponível nos agregadores de podcast.

Desenvolvimento e processos avaliativos


O canal “Colóquios e Seminários UDESC” possui mais de seiscentos inscritos e,
somando-se as parcerias, mais de sessenta transmissões ao vivo, sendo que vinte são de
transmissões de colóquios. Os vídeos possuem quase dez mil visualizações desde maio de
2020 e as transmissões ao vivo contam com a participação de, aproximadamente, vinte
pessoas no chat, com picos de cinquenta pessoas. Os temas abordados foram de ensino de
física, física, políticas públicas, feminismos, saúde mental, formação de professores, entre
outros. A vinculação com atividades de ensino e de pesquisa foi realizada com a
apresentação de dois colóquios feitos por alunos do curso de Licenciatura em Física
durante a disciplina de Instrumentação para o Ensino de Física III e um em parceria com
grupo de pesquisa da universidade. Os temas destes colóquios foram: controvérsias do 5G,
termômetros infravermelho e a Base Nacional Comum Curricular. Certificados são

559
fornecidos aos participantes dos colóquios que preenchem um formulário em cada
transmissão e podem ser usados para integralização das atividades extracurriculares
necessárias nos cursos da UDESC.
O “Papo de Quarentena” realizou a gravação de 31 episódios com alunos e
professores da educação básica e de graduação, além de demais interessados. Ao menos
cinco programas foram gravados por contato feito com a equipe do Com Ciência, o que
mostrou boa receptividade da proposta. Este programa teve o intuito de ser um canal aberto
da UDESC com toda a comunidade em que está inserida e fazer a devida aproximação por
meio de uma conversa informal. Os episódios apresentaram projetos de ensino e de
extensão realizados pela UDESC, contato com egressos e divulgação de informações sobre
saúde pública. Somados, os episódios já têm mais de mil plays, segundo estatísticas da
plataforma Anchor.

Considerações Finais
Dado o contexto pandêmico, podemos considerar que tivemos nossos objetivos
atingidos de modo satisfatório, pois conseguimos fazer divulgação e promover articulação
intracurricular, além de nos obrigarmos a pensar todas as ações de forma a adaptá-las ao
presente contexto. A realização de transmissões ao vivo para os Colóquios da Física nos
mostrou uma possibilidade até então desconsiderada e fez com que nossas apresentações
atingissem um público além do universitário.
Tanto os colóquios com a temática da saúde mental como os episódios de podcast
mostram a importância do desenvolvimento de ações direcionadas à saúde mental de
alunos de graduação, pois acredita-se que também seja papel da universidade colaborar no
incentivo ao cuidado e autocuidado à saúde do estudante universitário (Coelho et al.,
2020).

Referências
COELHO, A. P. S.; OLIVEIRA, D. S.; FERNANDES, E. T. B. S.; SANTOS, A. L. DE S.;
RIOS, M. O.; FERNANDES, E. S. F.; NOVAES, C. P.; PEREIRA, T. B.; FERNANDES,
T. S. S. Saúde mental e qualidade do sono entre estudantes universitários em tempos de
pandemia da COVID-19: experiência de um programa de assistência estudantil. Research,

560
Society and Development, v. 9, n. 9, p. e943998074, 2020.

SERRÃO, A. C. P. Em Tempos de Exceção como Fazer Extensão? Reflexões sobre a


Prática da Extensão Universitária no Combate à COVID-19. Revista Práticas em
Extensão, v. 04, n. 1, p. 47–49, 2020.

SILVA, M. L. DA; DIAS; PASTOR JUNIOR, A. DE A.; RIBEIRO, E. G.; FONSECA, L.


F.; BULLA, A. C. S.; DIAS, M. F. R. Experiências de divulgação científica e letramento
científico sobre moléculas durante a pandemia da Covid-19. Raízes e Rumos, v. 8, n. 2, p.
252–263, 2020.

Financiamento:
Edital PAEX-PROCEU 01/2019 - UDESC)

561
COMUNIDADE RETRÔ: MEDIANDO A PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO EM
TEMPOS DE RUPTURA

Área temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Douglas Emerson Deicke HEIDTMANN JR¹
Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)
Autores: A. C. B. AGUADO², G. C. de MOURA³.

Resumo:
O Programa de Extensão Permanente “Comunidade Retrô: Mediadores do Patrimônio”
desenvolve, desde 2012, ações voltadas à preservação do Patrimônio Histórico e Cultural,
a partir de iniciativas de Educação Patrimonial. Aliado às atividades de ENSINO e
PESQUISA desenvolvidas no Laboratório de Preservação do Patrimônio (LABPPat) da
Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), o Programa estabelece uma troca
direta entre a Universidade e a comunidade local da cidade de Laguna. Dessa forma, busca
desenvolver o vínculo sensível entre a população lagunense e o seu Patrimônio, de modo a
suprir uma lacuna existente no processo de preservação após o tombamento do conjunto do
Centro Histórico, a partir da conexão entre teoria e prática e do processo de
retroalimentação característico da extensão universitária, conforme a Política Nacional de
Extensão Universitária de 2012. O Programa visa, também, criar com as pessoas uma
relação de consonância entre o “antigo” e o “novo”, para superar a ideia de que o
tombamento representa uma barreira ao desenvolvimento da cidade.

Palavras-chave: Educação Patrimonial; Laguna; Patrimônio;

Introdução
Situado ao sul do estado de Santa Catarina, o município de Laguna abriga um
conjunto arquitetônico com cerca de 600 edificações reconhecidas como Patrimônio, em
nível federal, desde 1985, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(IPHAN). Dentro desse contexto, surge o projeto de extensão “Comunidade Retrô”,
_______________________
¹ Douglas Emerson Deicke Heidtmann Junior, servidor público, Prof. Dr. em Arquitetura e Urbanismo.
² Ana Clara Barros Aguado, estudante de Graduação em Arquitetura e Urbanismo.
³ Gabriela Carvalho de Moura, estudante de Graduação em Arquitetura e Urbanismo.

562
oriundo da disciplina de Técnicas Retrospectivas do curso de Arquitetura e Urbanismo,
com o objetivo valorizar, conscientizar e ampliar o reconhecimento do patrimônio material
e imaterial do município, bem como suprir a lacuna existente no processo de preservação
da cidade, uma vez que grande parte da população ainda resiste à ideia do tombamento,
encarando-o como um símbolo de congelamento ou sinal de retrocesso. (HEIDTMANN
JR, 2019, p. 62).
Iniciado em 2012, o programa era composto por três projetos: Retropolis,
Retroscópio e Retrotopia. Em 2020, o projeto Retrotopia deu origem a outros dois:
Retroscapes e Retrospectário, tornando-se um Programa de Extensão Permanente. Para
além da Extensão, partindo do princípio da indissociabilidade do tripé que compõe a
Universidade, o Programa, que é parte do Laboratório de Preservação do Patrimônio
(LABPPat), atua na Pesquisa, aliando as atividades desenvolvidas à pesquisas nas áreas de
Policromia Urbana, Fotogrametria e Geoprocessamento e no Ensino, auxiliando as
disciplinas de Técnicas Retrospectivas e Projeto de Intervenção no Patrimônio Edificado.
O presente artigo tem como objetivo tratar das relações entre Ensino, Patrimônio e
Comunidade - aqui, acadêmica e local - a partir da exposição das iniciativas desenvolvidas
no Programa de Extensão “Comunidade Retrô” durante os dois últimos anos, período em
que as atividades desenvolvidas precisaram ser adaptadas aos desafios impostos pela
pandemia de COVID-19, e seus desdobramentos no âmbito da Educação Superior.

Metodologia
A extensão se desenvolve em cinco projetos independentes, articulados entre si, que
atuam com diferentes metodologias e públicos-alvo. Dispondo de um coordenador para
cada um dos cinco projetos, sendo 4 alunos bolsistas e 1 professor, é através do debate em
equipe e do universo abordado - o Patrimônio sob a ótica da Arquitetura e Urbanismo - que
os produtos finais são integrados, articulando Ensino, Pesquisa e Extensão de acordo com a
Política Nacional de Extensão Universitária de 2012.
Para a elaboração das atividades, são realizadas reuniões e discussões semanais pela
plataforma com os bolsistas de cada projeto e o professor coordenador. Assim, por meio do
debate contínuo, os materiais são desenvolvidos. A partir de levantamentos bibliográficos

563
sobre Patrimônio, Educação Patrimonial, Museologia, Documentário e outras áreas, e com
o auxílio de diferentes softwares de ilustração e diagramação, os materiais didáticos são
desenvolvidos para a mediação patrimonial. Durante a pandemia, as reuniões semanais
passaram a ser realizadas através da plataforma Microsoft Teams, e os conteúdos
produzidos, cujo público-alvo abrange desde crianças até adultos, foram adaptados para
serem veiculados virtualmente. Ao longo do último ano, foram produzidos jogos de
educação patrimonial, papercrafts (maquetes de papel), cartilhas, apostilas de capacitação,
conteúdos gráficos e audiovisuais, além da organização de exposições permanentes e
temporárias a partir da salvaguarda da Coletânea Garibaldina reunida pelo projetista-
pesquisador Wolfgang Ludwig Rau e da realização de eventos como palestras, oficinas
para estudantes da disciplina de Representação Gráfica e encontros denominados de
“Tertúlias”.
Para o desenvolvimento das atividades que demandam comunicação direta com a
comunidade, como debates, mediação de palestras e vínculos com outras instituições de
ensino (a exemplo das dinâmicas realizadas em séries iniciais de escolas públicas de
educação básica), houve uma adaptação para que ocorressem por meio do Instagram, do
YouTube e Google Meet, respectivamente. No caso das escolas, a disponibilização do
material e os encontros onlines com os alunos permitiram uma transformação virtual
completa do projeto, que contou com jogo online, vídeo de introdução ao tema do jogo,
dois encontros virtuais e papercrafts dos patrimônios arquitetônicos abordados.

Desenvolvimento e processos avaliativos


O projeto Retropolis utiliza a produção audiovisual como uma ferramenta de
registro e meio de divulgação do conhecimento. Seu objetivo é a documentação da
interação entre os estudantes e os moradores da cidade, a partir da presença da
Universidade em Laguna. Os vídeo-documentários captam cenas do cotidiano da
população, os levantamentos e diagnósticos realizados para a disciplina de Técnicas
Retrospectivas.
No Retroscópio, são desenvolvidas ações e materiais didáticos voltados à
Educação Patrimonial para crianças em escolas públicas e associações de ensino, tendo

564
adaptados, nesse último ano para o meio virtual, por meio de materiais lúdicos e interativos
que foram enviados para as escolas e disponibilizados em redes sociais aos alunos.
Através da capacitação de mão de obra não especializada, a ação Retrotopia leva o
conhecimento gerado em Pesquisa e Ensino sobre preservação do Patrimônio Material para
a comunidade e, atualmente, tem uma cartilha de capacitação em fase de produção. O
projeto Retroscapes, por sua vez, é responsável pela troca de conhecimentos
desenvolvidos nas ações precedentes, através da realização de eventos, bem como a
divulgação de trabalhos e discussões relacionadas à área de Patrimônio e ao papel do
Arquiteto e Urbanista. Dois eventos foram realizados de modo online: a 8.ª Tertúlia “Em
tempo de reflexão” e a palestra “Projetista RAU: Arquiteturas da Modernidade e o papel de
Wolfgang Ludwig Rau”. A 9ª Tertúlia “Fora do Trilho” está sendo organizada para agosto
de 2021, em comemoração ao Dia do Patrimônio. O projeto Retrospectário desenvolve o
Espaço Museológico Rau, a partir da Coletânea Garibaldina, criando material para
exposições e instalações permanentes e temporárias, tendo veiculado parte de sua produção
em redes sociais, durante a pandemia.

Considerações Finais
Ao aproximar a população do patrimônio, o trabalho desenvolvido, ao longo dos
anos, tem sido responsável pelo surgimento, de opiniões favoráveis à preservação do
patrimônio. Além disso, a produção de material didático focado na Educação Patrimonial
rompe as fronteiras da Universidade, levando o conhecimento gerado dentro dela para a
população.
O isolamento social na pandemia de COVID-19 alterou significativamente nossa
atuação, fazendo com que a Extensão desenvolvesse novas estratégias e dinâmicas de
atuação que permitissem a continuidade do trabalho de forma remota. Durante esse
período, as atividades tiveram suas produções adaptadas total ou parcialmente para serem
realizadas virtualmente, e as mídias sociais se transformaram no principal meio de contato
direto com a comunidade e de divulgação do material produzido. Mesmo assim, o
Comunidade Retrô tem conseguido demonstrar a necessidade da Extensão Universitária
como instrumento transformador, por meio da Educação Patrimonial - que, por sua vez,

565
deve ser entendida também como um campo das políticas públicas (HEIDTMANN JR,
2019, p. 71), contribuindo para o cumprimento do Artigo 216 da Constituição Federal de
1988.

Referências
BRASIL. [Constituição Federal (1988)]. Constituição da República Federativa do
Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Brasília, DF: Senado Federal.

HEIDTMANN JR, Douglas Emerson. Retrospectar do Patrimônio. Laguna, 2019. 144p.

566
CONTADOR DE HISTÓRIA:UMA REALIDADE NA UATI/UEPG

Área Temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Rita de Cássia da Silva OLIVEIRA
Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)
Autores: R. C. OLIVEIRA 1; L. CLARINDO 2; M. VANIN3; D. SANTOS4.

Resumo:
O Programa de Extensão da UATI/UEPG existe há 30 anos e renova as ações educacionais
seguindo os interesses dos alunos, baseando-se na concepção da educação permanente, na
valorização e participação do idoso pautada no envelhecimento ativo e saudável. Entre as
atividades é oferecida a de Contador de História que possibilita o desenvolvimento de
habilidades de comunicação, a criatividade e a ampliação das relações intergeracionais dos
idosos.O artigo objetiva apresentar as ações desenvolvidas pelos alunos na Contação de
História por meio da socialização de histórias orais, contos, causos e histórias de vida;
identificar como as práticas de contação de história tem impactado nos idosos da
UATI/UEPG nestes tempos de pandemia. As práticas de contação de histórias são
desenvolvidas em momentos de integração entre os idosos, dentro da UATI, em escolas e
demais instituições. As atividades são previamente planejadas, são socializadas diferentes
técnicas de contação de história com o intuito de encantar, proporcionar momentos
prazerosos e de descontração entre os participantes. Neste contexto pandêmico, a contação
de história tem impactado na pessoa idosa a medida em que possibilita, mesmo que de
maneira remota, o compartilhamento de histórias, experiências, possibilita o acesso à
memória antiga e remota e o desenvolvimento da fala e da escuta.

Palavras-chave: contador de história; Universidade Aberta para a Terceira idade;


programa de extensão.

1
Rita de Cassia Oliveira. Pedagoga, Coordenadora da UATI/UEPG. Doutora em Educação.
2
Lucelia Clarindo. Pedagoga, Especialização em Metodologia do Ensino da Arte, Literatura para crianças e
jovens e Contação de Histórias. Professora de Contador de História na UATI/UEPG.
3
Marlei Vanin. Aluna do Projeto Universidade Aberta para a Terceira Idade.
4
Divanir Santos. Aluna do Projeto Universidade Aberta para a Terceira Idade.

567
Introdução
Atualmente vive-se em um contexto atípico diante da Pandemia pelo COVID19, o
qual exige um distanciamento e isolamento social, cuidados sanitários para evitar o
contágio.Com a vacina, as ações se intensificaram para que a população seja vacinada,
porém, os cuidados e as restrições quanto as aglomerações de pessoas não devem ser
abandonadas porque o contágio ainda ocorre de maneira intensa.
A UATI/UEG, desde março de 2020, diante desse contexto pandêmico, alterou
todas as suas atividades para a forma remota, na tentativa de garantir o desenvolvimento e
continuidade de atividades além de manter as pessoas idosas integradas e participativas.
O contador de histórias, uma das atividades realizadas na UATI, proporciona nas
pessoas idosas um sentimento de libertação, dando vasão a criatividade, a imaginação,
aproximando diferentes faixas etárias, possibilitando o crescimento pessoal e desenvoltura
na forma de se expressar resultando em muitos benefícios para todos os envolvidos.
Esse artigo objetiva apresentar as ações desenvolvidas pelos alunos na Contação de
História por meio da socialização de histórias orais, contos, causos e histórias de vida;
identificar como as práticas de contação de história tem impactado nos idosos da
UATI/UEPG nestes tempos de pandemia.
.
Metodologia
Adota-se uma metodologia na qual as referências teóricas estão em consonância
com as práticas diárias vivenciadas, nas quais “o narrador retira da sua experiência o que
ele conta, sua própria experiência ou a relatada por outro...” (BENJAMIN, 1994, p.197).
Desta maneira, valorizam-se as próprias narrativas e a partir delas organizam-se roteiros,
repertórios, técnicas e o registro dessas narrativas.
A cada relato são estudadas coletivamente as características que um bom contador
de histórias precisa ter como a performance, a importância da observação, como ser
observador, a valorização das suas vivências para que se reconheçam contadores de suas
próprias histórias de vida, as histórias da oralidade e autorais que se entrelaçam com a sua
vida, com a dos colegas e pode chegar a tantos outros ouvidos e vozes.

568
E nessa reflexão sobre a postura, vivências, laços afetivos, memórias e interações
com as histórias como lendas, fábulas, provérbios, adivinhas, parlendas, ditos
populares,fotos da infância,histórias orais e autorais, canções que contam histórias e que
convivem durante a vida vão se criando as interações necessárias para agregar cada vez
mais uma disciplina personalizada que define sua nomenclatura.
As ações de contação de histórias são planejadas antecipadamente por meio de
encontros remotos e se apresentam bem variadas, desde um causo que pode ser fruto da
imaginação, histórias clássicas conhecidas ou criadas que prendem a atenção e que
encantam os participantes.As práticas de leitura e contação de histórias são desenvolvidas
dentro da UATI, em momentos de socialização e integração entre as pessoas idosas, de maneira
remota, por meio de aplicativos disponibilizados para este fim. São apresentadas diferentes
técnicas da arte da contação de história. Os alunos selecionam uma história que
vivenciaram ou que criaram; elaboram o material para ser utilizado na socialização das
histórias orais e histórias de vida, desenvolvidas com diferentes grupos e faixas etárias e
também a participação em eventos e encontros nacionais específicos da área.

Desenvolvimento e processos avaliativos


As pessoas idosas que participam destas atividades são auto motivadas e se
dedicam muito, com uma participação efetiva na seleção do que será apresentado, na
criação dos materiais que serão utilizados, no compartilhamento de experiências, na busca
por diferentes grupos para a realização da socialização e da contação de história.
Os alunos são continuamente estimulados para participar e, mesmo com o
distanciamento social, as atividades continuam acontecendo.
As práticas de contação de história também contam com a participação e
colaboração de acadêmicos, em especial do curso de Pedagogia, que ao se envolverem,
fortalecem diretamente a integração do ensino com a extensão, o estreitamento do convívio
intergeracional e a aprendizagem das práticas de contação de histórias as quais os
acadêmicos aplicam em suas atividades de docência e na própria vida pessoal de cada um.

569
As atividades desenvolvidas possibilitam além da aprendizagem de técnicas de
contação de histórias, a criação e construção de histórias autorais, o regate da auto estima,
a socialização e convívio com diferentes faixas etárias e em instituições escolares e sociais.
Essas atividades impactam significativamente nos alunos da UATI, a medida em
que crescem como pessoas, que resgatam o sentimento de utilidade e de protagonistas na
superação dos preconceitos negativos atribuídos a esta faixa etária na sociedade brasileira,
e no fortalecimento de um espaço produtivo e criativo para possibilitar um envelhecimento
ativo e saudável.
Os benefícios para todos os envolvidos são perceptíveis, ainda mais neste contexto
ímpar que assola o mundo e que registra grandes perdas afetivas para todos, o
compartilhamento de história, de experiências, possibilita o acesso à memória antiga e
remota, o desenvolvimento da fala e da escuta, superando o sentimento de solidão
resultado do isolamento compulsório.

Considerações Finais
Os objetivos propostos para as práticas de Contador de História são plenamente
atingidos, mesmo enfrentando as mudanças e limitações por terem sido desenvolvidas de
maneira remota, refletem ganhos consideráveis. No aspecto individual registra-se o
desabrochar de pessoas idosas da UATI, de crescimento pessoal no enfrentamento da
rotina diária, com mais alegria e desenvoltura. Por meio dos próprios depoimentos, as
pessoas idosas registram a surpresa consigo mesmas ao perceberem que possuíam
habilidades de fala, de escuta, de criação de textos, de organização de histórias conhecidas
para exporem a outros grupos; potencialidades até então por elas mesmo desconhecidas.
No aspecto coletivo, acentua-se um estreitamento de relações intergeracionais e de
relações em diferentes instituições escolares e socias; a participação em eventos e
congressos da área com o intuito de cada vez mais se aperfeiçoarem neste espaço
encantador da contação de história.
As histórias vindas da tradição, lidas, inventadas, vividas e vivenciadas sempre
serão bem vindas e há espaço para todos. Mesmo atualmente no ciber espaço, que está aí

570
para nos servir e nos permitir levar histórias, ouvir e contar que sempre fez tão bem em
qualquer tempo para toda a humanidade.
As práticas desenvolvidas descortinam outro espaço de inserção, de participação
social para a pessoa idosa que cada vez mais percebe com alegria a sua própria superação
pessoal, como protagonista de sua própria vida e de sua existência inconclusa enquanto ser
humano que se desenvolve e se aperfeiçoa sempre pela educação permanente!

Referências
BUSATTO, Cléo. Contar e Encantar: pequenos segredos da narrativa. Petrópolis, Vozes,
2012

MACHADO, Regina. Acordais: fundamentos teóricos-poéticos da arte de contar histórias.


São Paulo, DCL, 2004.

BENJAMIN, Walter. O Narrador: considerações sobre a obra de Nikolai


Lesckov.In:Magia e técnica, arte e política: ensaio sobre literatura e história da cultura.
São Paulo: Brasiliense. 1994,p.197-221.

571
CONTRIBUIÇÕES LÚDICAS DA EXTENSÃO NA FORMAÇÃO INICIAL E
CONTINUADA DE PROFESSORAS E PROFESSORES

Área temática: Educação


Coordenadora da atividade: Maria Conceição COPPETE
Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)
Autores: M. C. COPPETE 1; B. Ribeiro XAVIER 2; L. Tredicci LOPES 3.

Resumo:
O Programa de Extensão “Brinquedos e Brincadeiras: Um Caleidoscópio de Ideias e
Vivências”, da Universidade do Estado de Santa Catarina (FAED/UDESC), está vinculado
ao Laboratório de Vivências e Alternativas Lúdicas (LALU), do curso de Pedagogia.
Objetiva oportunizar a formação inicial e continuada de professoras/es mediante a oferta de
cursos, oficinas e, atualmente, palestras, para educadores da rede pública e privada da
grande Florianópolis. O programa é predominantemente presencial, mas segue de forma
remota por conta das pandemia através das redes sociais 4 . Ele garante a função social
extensionista ao contribuir com a evolução constante dos docentes valendo-se da
ludicidade, dos brinquedos e brincadeiras cooperativas, resultando um novo significado às
práticas pedagógicas para uma sociedade mais inclusiva e respeitosa. É importante destacar
que, além dos cursos de formação inicial e continuada, o Programa vem inovando suas
atividades com indicação eventos pedagógicos, de livros e filmes infantojuvenis, e com a
elaboração de E-books brincantes, elevando cada vez mais o seu nível de alcance e buscas,

1
Maria Conceição Coppete, professora adjunta da UDESC/FAED e coordenadora do Programa de Extensão
Brinquedos e Brincadeiras: um caleidoscópio de ideias e vivências e da Ação de Extensão: Formação de
Professoras/es Brinquedistas: abrangências do brincar.
2
Bruna Ribeiro Xavier, bolsista do Programa de Apoio à Extensão Universitária (PAEX) e Programa de
Incentivo à Creditação da Extensão Universitária (PROCEU) da Universidade do Estado de Santa Catarina
(UDESC), ( aluna [Pedagogia]).
3
Lais Tredicci Lopes, discente voluntária do Programa de Apoio à Extensão Universitária (PAEX) e
Programa de Incentivo à Creditação da Extensão Universitária (PROCEU) da Universidade do Estado de
Santa Catarina (UDESC), (aluna [Pedagogia]).
4
Blog: https://brinquedosebrincadeiras-faedproex.blogspot.com/
Facebook: https://www.facebook.com/lalufaed/
Site: https://lalufaed.wixsite.com/laboratorioludico
Instagram: https://www.instagram.com/lalufaed/
YouTube: https://www.youtube.com/channel/UCh_MizXwR8pPPJykc0Q62dg

572
chegando a 25k em uma única postagem, atingindo famílias e usuários de qualquer lugar
do Brasil. Destarte, ainda esse ano será realizado de forma on-line um Ciclo de Palestras e
o Curso de Formação de Brinquedistas e Organização de Brinquedotecas.

Palavras-chave: extensão; formação de professores; ludicidade.

Introdução
Pesquisas têm revelado que a ludicidade promove um estado de plenitude, de
inteireza naquilo que se faz com prazer e pode estar presente em diferentes situações da
vida. Algumas das principais declarações e estatutos que amparam a infância são enfáticas
em reconhecer e proteger juridicamente o direito ao brincar. A Declaração Universal dos
Direitos Humanos (1948) estabelece em seu artigo 24 “o direito ao repouso e ao lazer”. No
entanto, é preciso enfatizar que no âmbito da Educação Infantil, podemos identificar
historicamente, certo distanciamento de políticas e ações, que primaram por uma educação
da melhor qualidade no trabalho desenvolvido por programas comunitários. Em
Florianópolis, por exemplo, é possível perceber a pouca visibilidade das universidades
públicas no cotidiano das creches comunitárias, seja como campo de investigação
educativa, ou como campo de intervenção pedagógica. E mesmo no campo dos anos
iniciais, os desafios que se apresentam para a formação inicial e continuada têm se tornado
emblemáticos, fundamentalmente no que se refere à formação de professoras/es sensíveis
às infâncias.
Neste Programa, prima-se pela indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão,
especialmente com impacto na formação do estudante de pedagogia e na geração de novos
conhecimentos, numa perspectiva interdisciplinar e intercultural, uma vez que mediante as
ações de extensão é possível a aproximação e o comprometimento dos acadêmicas/os, com
as ações realizadas no âmbito da extensão.
O tema da ludicidade nos leva ao brincar. E é pelo brincar que a criança está
aprendendo as coisas do mundo, da cultura, para que tenha um arsenal de informações para
ela poder interagir com outros pares. Isso é fundamental para o século XXI. Um ser
humano flexível, que saiba dialogar e enfrentar as diversas situações, que tenha contato

573
com a diversidade de pessoas, que tenha raciocínio lógico, matemático, uso da linguagem e
domínio espacial. Mas todo esse entendimento não terá reverberação se professoras/res não
acessarem esses saberes em seus percursos formativos.
Nesse sentido, com os impactos provocados pela pandemia de COVID-19,
enfrentamos o maior desafio: oportunizar possibilidades de formação a distância (EaD).
Para isso, foi necessário encontrar alternativas como alimentar o site do Laboratório no
qual o Programa está vinculado; oferecer palestras e rodas de conversa a distância e o curso
de Formação de Educadores Brinquedistas, intensamente procurado. Portanto, as ações
extensionistas visam ampliar o número de acessos, sobretudo para a formação inicial e
continuada de professoras/es e este é o propósito imperioso que o Programa almeja.

Metodologia
Tendo em vista a pandemia e a reelaboração das atividades, a metodologia tem
exigido a diversificação. Entre elas, destaca-se a metodologia bibliográfica, com
planejamento e ações on-line. É importante destacar que a formação de professoras/es foi
pensada no ano de 2020 e reestruturada para a forma virtual, na qual o programa
oportunizará cursos de formação on-line no ano de 2021, mediante encontros síncronos e
assíncronos pelas plataformas da FAED/UDESC. As publicações nas redes sociais do
Programa continuam sendo elaboradas e produzidas a partir de diálogos internos e
externos. Os materiais e recursos utilizados são produções bibliográficas, vídeos,
ferramentas virtuais e as redes sociais para o compartilhamento de conteúdos produzidos e
também divulgação das ações. Levando em consideração a formação inicial e continuada,
o público-beneficário das atividades desenvolvidas é constituído de estudantes,
professoras/es de Florianópolis-SC e região, e demais interessados.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Na execução das atividades propostas, consideramos toda a experiência adquirida
no campo da formação inicial e continuada de profissionais, da pesquisa, da produção
intelectual e da intervenção, primando-se pela indissociabilidade entre ensino, pesquisa e

574
extensão, especialmente com impacto na formação do estudante, sobretudo de pedagogia e
na geração de novo conhecimento numa perspectiva interdisciplinar.
Em todas as ações propostas, têm sido realizadas avaliações de caráter dinâmico e
processual, utilizando distintas formas de registros, tais como: relatos, registros reflexivos,
fotos comentadas, narrativas, as quais vêm compondo o portfólio do grupo operativo que
desenvolve o programa. A manutenção das redes sociais, além de serem meios virtuais
que possibilitam o acesso facilmente e a muitas pessoas, têm se mostrado como
ferramentas eficazes para sistematização de processos avaliativos, na medida em que
possibilitam distintas formas de participação e registro.
A utilização de questionário avaliativo, ferramenta utilizada nas edições anteriores,
mostra-se muito eficaz, na medida em que tem possibilitado à equipe avançar em
metodologias e tempo de duração das ações. Entendemos também que os acadêmicos/as
bolsistas devem ser desafiados a articular conhecimentos do campo educacional com
práticas profissionais que compreendem o planejamento, a coordenação e a avaliação de
práticas educativas em espaços pré-escolares, escolares e não escolares.

Considerações Finais
A universidade pública brasileira tem se deparado com constantes e crescentes
desafios face às diferentes realidades marcadas de urgências, que passam a requerer dessa
instituição respostas às suas demandas, sobretudo, mas não só, naquelas presentes nos
diversos contextos educativos. Neste sentido, a docência universitária não se inscreve
dissociada da necessidade de articular as atividades de ensino, pesquisa e extensão. Ela
deve também sintonizar os conteúdos das áreas de estudos com os problemas sociais,
econômicos, políticos, ecológicos, educacionais e culturais, assumindo o seu papel calcado
no preparo de quadros com conhecimento e capacidade para pensar, refletir, interagir e
transformar a realidade. Esta missão requer atitudes prospectivas e dialógicas, expressas
em atividades de ensino, pesquisa e extensão.
Por fim, necessitamos de profissionais que tenham o que Cunha (2009) qualificou
de “coragem criativa”. É fato que esta “coragem criativa” não se restringe exclusivamente
para os profissionais que atuam em brinquedotecas, até porque temos poucos profissionais

575
e instituições que tenham brinquedotecas; escolas, associações, clubes, e ainda, que façam
o uso consciente destes espaços. (ABREU, 201; ABREU e NUNES, 2012). O que pode
haver de melhor e mais favorável no âmbito da educação de crianças senão a complexa e
extraordinária aprendizagem que acontece nas experiências lúdicas? Para que projetos de
natureza lúdica aconteçam é necessário, entre outros aspectos, articular políticas educativas
e práticas pedagógicas efetivamente emancipatórias.

Referências
ABREU, Geysa Spitz Alcoforado de. O espaço e o tempo do brincar: um estudo sobre
instituições educativas e não educativas que atendem crianças pequenas em Florianópolis.
Projeto de Pesquisa. Florianópolis, FAED/UDESC, 2011.

ABREU, Geysa Spitz Alcoforado de; NUNES, Letícia Zappelini. A brinquedoteca e a


formação universitária do professor. In: Anais do X Colóquio Sobre Questões
Curriculares & VI Colóquio Luso Brasileiro de Currículo. Belo Horizonte: UFMG,
2012. CD-ROM.

BRASIL. Eca - Estatuto da Criança e do Adolescente Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990


- DOU de 16/07/1990 (atualizado em julho de 2012).

CUNHA, Nylse Helena Silva. A brinquedoteca brasileira. In: SANTOS, Santa Marli Pires
dos. (Org.). Brinquedoteca: o lúdico em diferentes contextos. 13 ed. – Petrópolis, RJ:
Vozes, 2009.

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS (1948). Disponível em


http://portal.mj.gov.br/sedh/ct/legis_intern/ddh_bib_inter_universal.htm. Acesso em 08
ago./2021.

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA (1959). Disponível em


http://www.promenino.org.br/Ferramentas/Conteudo/tabid/77/ConteudoId/389cad15-8993-
4900-ba1f-c70d82c091a5/Default.aspx. Acesso em 08 de ago./2021.

SCHNEUWLY, Bernard; DOZ, Joaquim e colaboradores. Gêneros orais e escritos na


escola. Tradução Roxane Royo e Glaís S. Cordeiro. Campinas/SP: Mercado das Letras,
2004.

576
CORPO E MOVIMENTO: SABERES E PRÁTICAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA
ESCOLAR

Área temática: Educação


Coordenadora da atividade: Verônica Werle, V. WERLE
Universidade Federal do Paraná (UFPR)
Autores: S. R. CHAVES JUNIOR1; G. A. P. SILVA2; B. R. CZECKAILO3

Resumo:
Entre os conhecimentos da cultura corporal historicamente construídos e socialmente
partilhados estão os jogos e as brincadeiras, que têm encontrado dificuldades diversas para
se efetivarem como objetos de ensino na escola. Neste sentido, o projeto tem como
objetivo desenvolver e divulgar práticas pedagógicas de educação física escolar que
permitam a ampliação e apropriação crítica da cultura corporal, com foco nos jogos e
brincadeiras. O contexto de atuação são as escolas em situação de vulnerabilidade da Rede
Municipal de Ensino de Curitiba- PR. São realizadas reuniões de estudo, sistematização de
unidades de ensino, desenvolvimento de materiais didáticos e intervenções pedagógicas,
por meio da interação dialógica entre bolsistas, voluntários e atores das escolas
parceiras. Assim, os participantes têm construído novas possibilidades
pedagógicas e organizado rodas de conversas e minicursos para divulgar a produção do
conhecimento. A avaliação processual aponta que o projeto tem se constituído como
espaço de reflexão e produção de novos conhecimentos e metodologias de ensino da
educação física escolar, sendo suporte pedagógico para professores e futuros professores,
inclusive por meio do acervo de jogos, textos e vídeos que permitem a conservação da rica
diversidade da cultura lúdica humana.

Palavras-chave: educação física escolar; práticas pedagógicas; jogos e brincadeiras.

Introdução
Desde o momento em que passou a ser reconhecida como componente
curricular e orientou seu estatuto epistemológico, de modo a compreender o movimento, o
corpo e suas práticas como construções socialmente partilhadas, a área pedagógica da

577
Educação Física tem como tarefa reestruturar seus saberes e práticas escolares sob a
perspectiva da cultura corporal. Entre as temáticas da cultura corporal estão os jogos
e as brincadeiras, aqui entendidos como objetos de ensino e formas privilegiadas de
representação, apresentação e apropriação do mundo (VAZ;
PETERS; LOSSO, 2002). Optamos por trabalhar com esta delimitação temática em função
da dificuldade do seu desenvolvimento rigoroso na escola, seja pela estreita vinculação
entre a Educação Física e a perspectiva biomédica e o esporte (FIGUEIREDO, 2004), mas
também pela ideia amplamente difundida na pedagogia de que as brincadeiras apenas estão
a serviço de outros conhecimentos (SAYÃO, 2000).
Tendo em vista estas questões, participam do projeto estudantes dos cursos de
Licenciatura em Educação Física e de Pedagogia que, articulados interdisciplinarmente
interagem com os professores, diretores e pedagogos de duas escolas da Rede Municipal de
Curitiba. A parceria acontece com amplo investimento na pesquisa com a geração de novos
saberes materializados em propostas pedagógicas, materiais didáticos e intervenções
(presenciais e remotas) com os escolares, bem como no ensino por meio da formação
profissional e cidadã dos envolvidos protagonizando estudos e ações que visam tanto
valorizar e ampliar o acervo lúdico da comunidade, mas também contribuir para
a superação de desigualdades em que se encontram, pelo menos no que se
refere ao acesso à cultura.
O objetivo é desenvolver e divulgar práticas pedagógicas de educação física escolar
que permitam a ampliação e apropriação crítica da cultura corporal, com foco no conteúdo
estruturante “jogos e brincadeiras”. Especificamente busca-se contribuir na formação
inicial e continuada dos licenciandos e professores das escolas parceiras por meio de
estudos e experiências docentes pautadas no diálogo e na construção democrática de
saberes.

Metodologia
Para alcançar os objetivos propostos o projeto acontece em etapas que seguem um
processo cíclico de reunião geral entre todos envolvidos com estudos e construção da linha
de trabalho, sistematização e avaliação de proposta pedagógica e material didático,

578
intervenção e desenvolvimento conjunto das atividades com os alunos das escolas e,
restruturação do trabalho a partir da avaliação e resultados obtidos com estudantes e
professores das escolas parceiras. A construção das propostas pedagógicas e a produção
dos materiais e recursos didáticos voltadas aos jogos e brincadeiras, são orientadas pelas
três dimensões do saber da educação física escolar propostas por Pinto e Vaz
(2009). Como estratégia de divulgação e disseminação dos conhecimentos construídos a
partir do projeto, são apresentados trabalhos em eventos, organizadas roda de conversa e
minicursos, postagem de materiais em formato digital no site e em redes sociais.
As atividades acontecem em duas escolas parceiras: a Escola Municipal Vila
Torres que atende aproximadamente 500 alunos dos primeiros anos do Ensino
Fundamental, localizada em um bairro com baixa renda per capita e altos índices de
analfabetismo refletidos no ambiente escolar; a Escola Municipal CEI Eva da Silva, atende
cerca de 600 alunos também do ensino fundamental, sendo que uma parcela considerável é
oriunda de famílias de baixa renda, que, muitas vezes, encontram na escola as únicas
refeições do dia.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Ao longo de dois anos e meio de projeto já foram realizadas cerca de 60 reuniões de
estudos e reflexões sobre as temáticas propostas no projeto, além daquelas que surgem de
situações concretas dos campos de intervenção, as escolas. Com relação às intervenções
nas escolas, destaca-se a construção e desenvolvimento da unidade temática “Jogos do
Mundo Todo: Conhecendo a América”, a partir da sistematização do conhecimento acerca
dos aspectos históricos e sociais de jogos dos países americanos, tendo em vista a
valorização da diversidade cultural dos escolares, incluindo-se imigrantes e refugiados do
Haiti e da Venezuela. Com a parceria de mais uma escola e mediante a situação de ensino
remoto, ampliaram-se os estudos e intervenções com a sistematização de conhecimentos
sobre jogos de diferentes continentes, com foco nos jogos de tabuleiro, e
consequente desenvolvimento da unidade temática “Jogos de Tabuleiro do Mundo:
relações com as culturas.” Deste trabalho desdobra-se um conjunto de materiais e ações de
compartilhamento de conhecimento como: arquivos textuais com a organização didática

579
dos jogos, arquivo digital fotográfico e fílmico, um livro didático sobre os jogos de
tabuleiro do mundo (no prelo), atividades pedagógicas adaptadas ao ensino remoto,“kits de
férias” com brinquedos de materiais recicláveis, rodas de conversas e minicursos.
Neste processo de sistematização do conhecimento sobre os jogos e de intervenção
nas escolas são mobilizados saberes de diferentes áreas, como a história (do jogo e da
cultura), a literatura (com a apresentação de lendas e contos), a educação física (com o
conhecimento do jogo em si e de outras práticas corporais que pertencem a cultura de
origem do jogo), arte (com a reconstrução dos jogos com materiais alternativos). Alguns
jogos, brincadeiras e saberes são conhecidos dos professores das escolas, são construções
de sua prática cotidiana, outros são saberes acadêmicos, atualizados na relação com os
bolsistas e voluntários, e um terceiro grupo de saberes e práticas é fruto de pesquisa
conjunta entre os participantes de modo a reforçar o protagonismo de cada um. Isso
impacta diretamente a formação técnico-profissional dos professores e estudantes que
juntos constroem novos saberes didáticos e pedagógicos, mas as particularidades das
escolas em situação de vulnerabilidade social e as condições de ensino
remoto também impactam na formação humana e cidadã dos envolvidos que criam juntos
alternativas para superar a realidade de ampla desigualdade social e cultural da
nossa sociedade. Quanto ao público-alvo das intervenções - os alunos das escolas parceiras
- destacamos que o desenvolvimento das propostas tem contribuído para a construção de
uma relação mais positiva com a escola e com os colegas de diferentes etnias, além
de ampliarem seu universo lúdico, ainda que o ensino remoto tenha dificultado este
processo.

Considerações Finais
A autoavaliação dos participantes da universidade e da comunidade escolar, bem
como dos participantes das atividades abertas ao público, permite avaliar que o projeto tem
se constituído como um espaço privilegiado de estudo, reflexão e sistematização e
produção de novos conhecimentos e metodologias de ensino da educação física
escolar, mas também, para a reflexão sobre os desafios didáticos e estratégias educacionais
necessárias para o enfrentamento de situações específicas como o ensino remoto em

580
contextos de vulnerabilidade. O acervo de jogos, imagens, textos e vídeos de caráter
pedagógico tem sido utilizado como suporte pedagógico por professores e futuros
professores, sendo um desafio do projeto a ampliação do acesso a estes materiais, seja por
meio da incorporação de novas escolas ao projeto e/ou da ampliação das ações de
divulgação da produção do conhecimento elaboradas no seu interior.

Referências
FIGUEIREDO, Z. C. Formação docente em Educação Física: experiências sociais e
relação com o saber. Movimento, Porto Alegre, v. 10, n. 1, p. 89-111, jan./abril de 2004.

SAYÃO, D. T. Infância, Ed. Física e Educação Infantil. P. M. Florianópolis, Secretaria


Municipal de Educação, Dep. de Ensino, Divisão de Ed. Infantil. 2000. p. 36-41.

VAZ, A.; PETERS, L.; LOSSO, C. Identidade cultural e infância em uma experiência
curricular integrada a partir do resgate das brincadeiras açorianas. Revista da Educação
Física/UEM. Maringá, v. 13, n. 1, p. 71-77, 1. sem. 2002.

PINTO, F.; VAZ, A. Sobre a Relação Entre Saberes e Práticas Corporais: notas para a
investigação empírica do fracasso em aulas de educação física. Educação e Realidade,
Porto Alegre, v. 34, n. 2, p. 261-275, mai/ago, 2009.

581
CRIAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E IMPACTOS DA LIGA DE ESTUDOS
ONLINE EM OFTALMOLOGIA VETERINÁRIA (LEOOVET)

Área temática: Educação


Coordenador da atividade: Gentil Ferreira GONÇALVES
Universidade Federal da Fronteira SUL (UFFS)
Autores: V. A. MUSIAL ; J. F. S. MIELKE 2; C. S. FURLANETTO3; P. M. P.
1

AMARAL4; G.A DIOGO5.

Resumo:
A oftalmologia é uma especialidade recente na medicina veterinária que se baseia no
estudo das patologias que acometem o sistema visual. No Brasil, a área vem crescendo
significativamente nos últimos anos, assim, denota-se como necessária a capacitação
profissional. Um dos recursos para o fornecimento de conhecimento na oftalmologia
veterinária ocorre por meio da extensão universitária. Com isso, a Liga de Estudos Online
em Oftalmologia Veterinária surge como uma possibilidade de complementar os saberes
na área e também, promover a integração da comunidade acadêmica. Para isso, criou-se o I
Seminário de Oftalmologia Veterinária, evento on-line e gratuito que conta com a
participação de discentes, docentes e profissionais de diferentes estados brasileiros. Assim,
visto a necessidade da ampliação da disseminação de conhecimento na área da
oftalmologia veterinária e a possibilidade plausível gerada pela extensão universitária de
realizar isso, a LEOOVET trouxe impactos positivos tanto para a comissão organizadora
quanto para os participantes do evento.

Palavras-chave: Extensão; Oftalmologia Veterinária; Seminário.

Introdução

1
Vitor Angelo Musial, aluno, Curso de Graduação em Medicina Veterinária.
2
João Felipe da Silva Mielke, aluno, Curso de Graduação em Medicina Veterinária.
3
Carla Sordi Furlaneto, servidor docente, Curso de Graduação em Medicina Veterinária.
4
Pamela Maria Portela do Amaral, aluno, Curso de Graduação em Medicina Veterinária.
5
Giovana Alves Diogo, aluno, Curso de Graduação em Medicina Veterinária.

582
A oftalmologia clínica tem seu início em meados da segunda metade do século V
a.C, por meio de estudos meticulosos de doenças oculares pelo pai da Medicina:
Hipócrates (RIBEIRO JR, 2005). Com o passar dos períodos históricos, houve uma
inconstante evolução da área, mas, devido aos consecutivos processos desencadeados
nesses milhares de anos tornou-se possível a estruturação da oftalmologia, especialidade
que se especifica no estudo minucioso completo das patologias que acometem, diretamente
ou indiretamente, o sistema visual (OLIVEIRA, M. M. et al. 2014).
Por meio da elaboração das bases da oftalmologia na medicina humana, essa se
expandiu para o campo da medicina veterinária, com a inclusão de novas técnicas e
tecnologias e desde então vem crescendo exponencialmente (MOREIRA, M. V. L, 2018).
Esse aumento é evidenciado pelo crescimento da demanda por tratamentos
oftálmicos relatado nos últimos anos que proporcionou uma maior visibilidade e procura
de serviços especializados (DEL RÍO, et al 2011). Com base na procura e com foco no
objetivo de complementar os saberes técnicos e científicos relacionados a oftalmologia
veterinária, visto que sua oferta na graduação não satisfaz amplamente as noções básicas
exigidas no ambiente profissional, encontrou-se por meio de ferramentas presentes nas
universidades modelos que tornassem a realização desse objetivo possível, tal qual a
extensão universitária, evidenciado na elaboração da Liga de Estudos Online em
Oftalmologia Veterinária, surgida com base no interesse coletivo dos acadêmicos
envolvidos no projeto.
O presente trabalho tem por objetivo expor desde as ideias e objetivos de criação e
desenvolvimento da Liga até os impactos dos resultados obtidos com a proposta de
extensão.

Metodologia
A Liga inicialmente foi idealizada e constituída por três acadêmicos e um professor
orientador, ambos membros da Universidade Federal da Fronteira Sul - UFFS. Ademais,
contou-se com o auxílio de uma docente e quatro discentes externos a instituição na qual o
projeto de extensão foi vinculado, sendo dois acadêmicos provenientes da Universidade
Federal do Paraná e outros dois da Universidade Federal de Santa Catarina.

583
Para realização do I Seminário de Oftalmologia Veterinária da LEOOVET,
elaborou-se um cronograma de 12 encontros, sendo estes realizados a cada 14 dias. Os
temas dos encontros foram didaticamente organizados, visando abordar primeiramente
questões básicas e iniciais e, posteriormente, temas mais complexos.
Optou-se pela utilização da plataforma de transmissão simultânea Cisco Webex
com vagas correspondentes 1000 participantes. Entendendo o contexto atual da pandemia
devido ao SAR-CoV-2 e visando o maior alcance do público-alvo, estipulou-se a
elaboração do seminário de forma totalmente gratuita.
As inscrições, exclusivas à acadêmicos e profissionais em Medicina Veterinária,
são realizadas por meio da Plataforma de emissão de certificados para eventos (Even3).
Essas foram liberadas no dia 15 de maio e estarão disponíveis para acesso até o último dia
de apresentação.
Ao final do programa de ação, será feita a contagem de presença dos participantes e
um formulário com os dados dos inscritos que estiveram presentes, em pelo menos, 75%
dos dias de evento será enviado para UFFS com propósito de elaboração dos certificados.

Desenvolvimento e processos avaliativos


As inscrições do I Seminário Online de Oftalmologia Veterinária da LEOOVET
iniciaram no dia 15 de maio, alcançando nas primeiras 24 horas um total de 115 inscritos,
resultados que superaram as expectativas da equipe organizadora, tendo em vista ainda ser
o primeiro dia de inscrição. Após o mesmo período, 65 novos participantes se inscreveram,
já no terceiro dia, obteve-se o dobro de inscritos do primeiro. Atualmente o seminário
conta com mais de 490 inscritos.
A proposta de extensão alcançou participantes de 24 estados brasileiros distribuídos
nas cinco regiões do país, além do Distrito Federal, sendo 40,8% dos participantes
provindos da Região Sul, 33,7% da Região Sudeste, 6,1% da Região Centro-Oeste, 14,2%
da Região Nordeste e 3,6% inscritos da Região Norte. Além disso, a Liga alcançou
inscritos da Argentina, Chile, Colômbia, Equador, Uruguai e México. Em âmbito nacional,
discentes de mais de 120 instituições de ensino superior que possuem a Medicina
Veterinária como componente curricular foram contagiados pela proposta da Liga

584
Por meio da análise desses dados, observa-se a importância da extensão
universitária na disseminação de conhecimento científico de forma gratuita para
acadêmicos e profissionais, e principalmente, denota-se a magnitude do alcance da
proposta de extensão em virtude do uso de ferramentas digitais, atingindo diferentes
culturas, complementando o estudo da oftalmologia e estabelecendo a integração entre
acadêmicos, docentes e profissionais de diferentes instituições do país e além.
Dentre todos os inscritos que participaram de pelo menos um dia dos cinco
encontros já realizados no decorrer do seminário 33,7% dos participantes classificaram
seus níveis de conhecimento em oftalmologia veterinária como regular, 21,4% entendem
como ruim, 18,7% como bom, 15,5% como ótimo e 10,7% compreendem que seus saberes
na área se enquadram como péssimos.
Os dados evidenciam que apenas 34,2% dos participantes classificaram seus níveis
de conhecimento em oftalmologia veterinária como bom ou ótimo. Tal fato comprova a
necessidade do aprimoramento, para discentes, docentes e profissionais, dos saberes nessa
área, cabível de obtenção a partir dos recursos plausíveis com a extensão universitária,
sendo uma das maneiras de ampliar o entendimento e a promoção da manutenção do
desenvolvimento da Oftalmologia Veterinária.

Considerações Finais
Complementar o ensino por meio de recursos extracurriculares é um dos temas
centrais da extensão universitária, que visa aliar o conteúdo teórico-científico e a
integração da comunidade acadêmica e profissionais atuantes no mercado de trabalho,
buscando a manutenção de boas práticas na oftalmologia veterinária e em diversas outras
áreas a serem entregues a sociedade (MANCHUR, SURIANI, CUNHA, 2013).
Infere-se, portanto que a LEOOVET, promoveu benefícios tanto aos membros da
equipe organizadora, tendo em vista a experiência obtida na extensão e promoção de
eventos e pela integração entres discentes e docentes de distintas instituições, quanto aos
ouvintes, a Liga possibilitou o contato com a área da oftalmologia veterinária e a educação
continuada aos participantes.

585
Referências
DEL RÍO, A.B. et al. Oftalmología veterinaria: de la catarata al OCT. Arch Soc Esp
Oftalmol, Barcelona, v. 85, n. 12, p. 387-389, 2011.

MANCHUR, J.; SURIANI, A.L.A.; CUNHA, M.C.D. A contribuição de projetos de


extensão na formação profissional de graduandos de licenciaturas. Revista
Conexão UEPG, Guarapuava, v. 9, n. 2, p. 334 - 41, 2013.

MOREIRA, M.V.L. et al. Prospective study of ocular and periocular diseases in animals:
188 cases, Pesquisa Veterinária Brasileira, Rio de janeiro, v. 38, n. 3, p. 502 - 510, 2018.

OLIVEIRA, M.M.S. et al. Retrospective study of ophthalmopathies in 337 dogs.


Enciclopédia Biosfera, v.10, n.19, p. 1960 - 1966, 2014.

RIBEIRO JR, W.A. Hipócrates de Cós. SciELO, Rio de Janeiro, p.11 - 24, 2005.

586
CURSINHO PRÉ-VESTIBULAR COMUNITÁRIO DA UDESC: ADEQUAÇÕES E
EXPERIÊNCIAS DURANTE A PANDEMIA

Área Temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Ana Elise Cardoso Inácio INÁCIO e Anna Paola Pio PIO
Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)
Autores: A. E. C. INÁCIO ¹; A. P. PIO ², M. C. VIEIRA ³; M. L. G. de ANDRADE
SILVA; N. C. OLIVEIRA.

Resumo:
O Projeto de Extensão Cursinho Comunitário da UDESC Laguna e da UDESC Balneário
Camboriú, tem como objetivo ser uma ferramenta de acesso ao Ensino Superior,
proporcionando a jovens e adultos, sobretudo os que estão em situação de vulnerabilidade
socioeconômica, a oportunidade de se preparar para os processos seletivos para ingresso
em Universidades. Durante a pandemia, os dois projetos de Extensão uniram forças e
passaram a oferecer de forma conjunta, as aulas no modelo online. Compreendemos que a
interrupção das atividades presenciais, acabaram proporcionando novas oportunidades e
adequações que vieram aprimorar o trabalho que era desenvolvido. Dentre as alterações
positivas, passamos a oferecer mais vagas e os alunos passaram a ter mais bolsistas
disponíveis para acompanhar cada disciplina.

Palavras-chave: Políticas de Educação Superior; Políticas de Acesso; Ensino Superior;

Introdução
O ensino superior público brasileiro passou por mudanças nas últimas décadas e
estas alterações estão relacionadas sobretudo a políticas públicas governamentais para
fazer da educação um direito de todos, promover o desenvolvimento social e econômico do
país pela educação, e trazê-la como instrumento de combate à pobreza e de inclusão social.
São exemplos destas políticas públicas iniciadas em gestões governamentais passadas, o

_______________________
¹ Ana Elise Cardoso Inácio, servidora Técnica Administrativa, Coordenadora da ação de Extensão;
² Anna Paola Pio, servidora Técnica Administrativa, Coordenadora da ação de Extensão;
³ Mayrah Cardoso Vieira, estudante de Graduação em Arquitetura e Urbanismo - UDESC.
4 Maria Laura Gualberto de Andrade Silva, estudante de Graduação de Engenharia do Petróleo;
5 Nárdia Clímaco Oliveira, estudante de Graduação de Engenharia do Petróleo.

587
sistema de COTAS, REUNI, FIES e PROUNI. Tendo como base estas prerrogativas, a
criação do Cursinho Pré-vestibular Comunitário da Universidade do Estado de Santa
Catarina - UDESC, oferecidos nos Centros de Laguna e Balneário Camboriú, surge com o
objetivo de proporcionar oportunidades para jovens e adultos, sobretudo aqueles em
situação de vulnerabilidade socioeconômica, de se prepararem para concorrer as vagas nos
concursos vestibulares, com foco no vestibular da UDESC e a prova do ENEM. Além
desta ação principal, a Extensão faz divulgação dos próprios Cursos da UDESC e
orientações aos cursistas, que vão desde processos seletivos a eventuais dúvidas para
participar destes processos.
Durante o ano de 2020, assim como as demais Universidades Brasileiras, a UDESC
e suas ações de Extensão tiveram que se reinventar e buscar alternativas para dar
continuidade em suas propostas. Foi assim, que duas ações de extensão desenvolvidas em
Centros diferentes da UDESC reuniram-se para unir forças e oportunizar o ensino de forma
online. Os atores extensionistas que desenvolveram a proposta são compostos por bolsistas
remunerados, bolsistas voluntários, as coordenadoras e professores de cursinhos que se
voluntariaram para participar da ação.
O objetivo geral deste trabalho é contextualizar as ações desenvolvida pelos dos
Cursinhos Pré-vestibulares durante a pandemia, bem como relatar as adequações,
dificuldades e oportunidades que surgiram com a soma de esforços das duas unidades de
Ensino da UDESC.
Metodologia
A ação de Extensão Cursinho pré-vestibular Comunitário, UDESC Laguna e
UDESC Balneário Camboriú, utilizou para o atendimento do objetivo da proposta, de
meios digitais. As aulas, assim como a organização de toda a estrutura ocorreram por meio
do Ambiente Virtual de Aprendizagem – Moodle. Neste mesmo ambiente, foram
realizadas reuniões com a equipe, espaço para feedbacks e a realização de simulados
preparatórios. O público-alvo atendido foram alunos matriculados no Terceiro ano do
Ensino Médio de Escolas Públicas, preferencialmente, e alunos recém-formados no ensino
Médio oriundos também de Escola Pública ou Particular com bolsa Integral. O curso foi

588
oferecido nos semestres 2020-1 e 2 e 2021-1 e uma nova turma está sendo organizada para
o semestre 2021-2.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Como mencionado neste artigo, o Cursinho Pré-vestibular Comunitário ocorria de
forma presencial e individual nas duas unidades da UDESC, Laguna e Balneário
Camboriú. No início do ano letivo de 2020, a UDESC, assim como as demais
universidades e órgãos, passaram a realizar suas atividades de forma remota.
Logo nos primeiros meses da pandemia, o Cursinho Pré-vestibular da UDESC
Laguna realizou sua primeira turma de forma online. Todos os procedimentos, desde
inscrição à matrícula de alunos, ocorreram pela internet sem necessidade da presença física
dos usuários. Nesta primeira turma, as aulas e o conteúdo foram disponibilizados na
plataforma MOODLE sem aulas síncronas. Sabendo desta ação, a Coordenação do
Cursinho de Balneário Camboriú entrou em contato para saber da experiência e após
reuniões, os dois cursinhos uniram esforços e decidiram oferecer suas vagas de forma
conjunta. Assim nasceu o Cursinho Pré-vestibular online da UDESC. As vagas oferecidas
passaram de 60 para 120, e os alunos passaram a ter mais de um professor bolsista por
disciplina. A plataforma MOODLE também permitiu a realização de simulados online, nos
quais os cursistas tiveram a oportunidade de aprimorar seus conhecimentos.

589
Figura 1: Ambiente Virtual de aprendizagem - aulas síncronas. Fonte: Elaborado pelas autoras.

Como resultado desta união de esforços, oportunizamos mais vagas, além de


disponibilizarmos aos cursistas, material didático em pdf, aulas síncronas que ficaram
gravadas no Ambiente e que permitiram acesso em horários alternativos. A divulgação da
proposta também ocorreu por mídia eletrônica e entrevista à rádio local. Durante este
período, a ação de extensão atendeu 360 alunos, em sua grande maioria de Escolas
Públicas, com alguns poucos de escola particular com bolsa. Como resultado tivemos
também bons feedbacks dos usuários e notas altas no Enem, principalmente na Redação.
Por fim, a experiência em realizar o Cursinho de forma online e em parceria,
proporcionou uma valiosa troca de saberes entre os bolsistas. Além de atuarem como
professores no cursinho, os bolsistas, puderam compartilhar experiências e se auxiliar em
grupos para a realização das aulas síncronas, o que diminuiu a carga individual de cada
professor, mas ao mesmo tempo, permitiu uma colaboração na elaboração de conteúdos de
forma conjunta.

Considerações Finais
Por fim, conclui-se que mesmo com todas as adversidades impostas ao longo de
2020 por conta da pandemia, a ação de Extensão Cursinho Pré-vestibular Comunitário, se
reinventou e conseguiu proporcionar a seus cursistas, a oportunidade de estudar e se
preparar para os processos seletivos. Julgamos que esta ação, foi de grande importância,
tendo em vista que muitas escolas públicas tiveram dificuldades em manter os conteúdos a
seus alunos ao longo de 2020. Diante desta situação, o Cursinho veio para proporcionar um
reforço a estes alunos e tentar, de alguma forma, amenizar as perdas ocasionadas pelo
forçamento de aulas remotas nas Escolas sem o preparo adequado.
Embora tenhamos alterado o modo de operar proposto no cursinho presencial, a
união de esforços trouxe também uma oportunidade e um novo olhar para essas ações.
Pretendemos continuar com essa parceria e aprimorar ainda mais esta ação, com a
utilização do modo Híbrido de Ensino, por exemplo e a o acesso aos alunos cursistas, a
computadores disponibilizados para uso na própria Instituição.

590
Referências
LIMA, Paulo Gomes. Políticas de educação superior no Brasil na primeira década do
século XXI: Alguns cenários e leituras. Avaliação, Campinas; Sorocaba, SP, v. 18, n. 1, p.
85-105, mar. 2013.

MELLO, Alex Fiúza de. Globalização sociedade do conhecimento e educação superior.


Brasília. Editora da UNEB, 2011.

OLIVEIRA, João Ferreira. Et. al. Democratização do acesso e inclusão na educação


superior. In: BITTAR, Mariluce; OLIVEIRA, João Ferreira; MOROSINI, Marília. (org).
Educação superior no Brasil: 10 anos pós-LDB. Brasília, INEP, 2008

591
DA ESCOLA PARA ESCOLA: PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL
CURRICULARIZADA

Área temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Cleonice Maria BEPPLER 1
Instituto Federal Catarinense - IFC
Autores: M. CANCILLIER 2; L. MONDINI 3; B. ENGEL 4.

Resumo:
O programa de extensão, Proteção e Defesa Civil nas Escolas, possui como princípio o
desenvolvimento dos profissionais da área educacional, curricularizando-o em todas as
disciplinas, visando a autoproteção à comunidade escolar, cidadania e compromisso na
construção de uma sociedade preparada para eventos adversos ou desastres. Os processos
metodológicos são apresentados por meio da plataforma Moodle que contém materiais,
slides, livros do aluno e livro do professor, lives, vídeos e lições, a fim de construir um
espaço online interativo e acolhedor ao público. Neste contexto, afirma-se o compromisso
social no desenvolvimento do resguardo dos seus indivíduos em resposta às crises e
eventos adversos a que o corpo social se expõe.

Palavras-chave: IFC; Autoproteção; Proteção e Defesa Civil Curricularizada nas Escolas.

Introdução
O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Catarinense - IFC
desenvolve suas atividades no âmbito educacional com excelência, qualidade e de forma
gratuita desde 1953. Originado pela integração de escolas agrotécnicas no Estado de Santa
Catarina com a Rede Federal de Ensino definido na Lei Federal n.º 11.892/2008 (BRASIL,
2008) atualmente mantém 15 campi distribuídos pelo estado de Santa Catarina (IFC,
2018). No campus Camboriú, localizado na cidade de nome homônimo, a primeira turma

1
Cleonice Maria Beppler, Docente do IFC campus Camboriú
2
Michela Cancillier, TAE do IFC campus Camboriú
3
Leandro Mondini, Docente do IFC campus Camboriú.
4
Bianca Engel, Discente do Curso técnico Controle Ambiental. Bolsista. Financiamento Edital nº 28/2020.

592
do curso técnico subsequente em Defesa Civil iniciou seus trabalhos no ano de 2015 com a
perspectiva do desenvolvimento de âmbito profissional.
O programa de extensão Proteção e Defesa Civil nas Escolas (PDCE) tem
como finalidade o desenvolvimento da autoproteção de toda a sociedade, neste propósito
agindo com ações educacionais e pedagógicas por meio da intermediação dos profissionais
da educação e da Defesa Civil do Estado de Santa Catarina, DCSC , também reconhecidos
como mediadores, que passa a exercem sua cidadania contemplando o programa e
adquirindo os saberes para, em ações futuras, nortearem os alunos na amplificação dos
estudos e experiências, preparando-os para a fase de resposta a eventos adversos e
desastres iminentes.

Metodologia
No ano de 2017 foi firmado o acordo de cooperação técnica científica do IFC
com a DCSC e diversas ações vêm sendo desenvolvidas. Entre as ações tem-se o então
Programa de Proteção e Defesa Civil nas Escolas que foi criado em 2012/2013 pela Defesa
Civil de SC e a partir de 2017 passou a ser desenvolvido junto ao IFC que pode propor
alterações no projeto político pedagógico original. Inicialmente era desenvolvido em
conjunto com professores e alunos, mas em 2018 iniciou-se a transição de Projeto para
Programa de Proteção e Defesa Civil nas Escolas capacitando professores de todos os
municípios catarinenses e, desde 2019 por meio da plataforma Moodle (Modular Object-
Oriented Dynamic Learning Environment) para aproximar mais os professores
possibilitando a interação e aprendizagem. A partir de 2020 foi ampliada esta interação
online devido ao desastre da pandemia e, em 2021 formalizado parceria com a Secretaria
de Educação Estadual passou a integrar o programa.
A estratégia é informar e impulsionar o poder público, comunidade, e o corpo
escolar que é composto por professores, diretores visando o desenvolvimento de
prevenção, mitigação e resposta. O ingresso ao programa é concedido aos municípios que
assinam termo de adesão com vigor de 60 meses. Neste viés, com o estabelecimento do
público, explora-se a capacitação aos participantes e mantém-se o compromisso de

593
curricularização do PDCE através das disciplinas, fazendo que o tema seja abordado no dia
a dia dos alunos e professores.
Em concordância com a delimitação e preparação estipulada entre a DCSC e o
IFC, assim como com os gestores escolares, propõe-se exercitar ações e atividades nas
instituições de ensino por meio dos conhecimentos multi e transdisciplinares,
almejando reconheceres notáveis para prevenção, preparação, mitigação, resposta e
recuperação de eventos adversos/desastres inclusive conforme preconizado no Marco de
Sendai (UNDRR, 2015).
O programa é dividido em 5 módulos e oportuniza numerosos materiais para o
desenvolvimento e progresso dentro do programa e, no seguimento a assistência aos
participantes durante sua jornada de aprendizagem esta é mediada por lições propostas em
cada módulo e postadas como retorno e concretização dos conhecimentos obtidos, com
objetivo colaborativo, envolvendo alunos, professores, pais e responsáveis, além de toda a
comunidade escolar. E como finaliza com a criação do Núcleo Escolar de Proteção e
Defesa Civil (NEPDEC), produzindo relatórios com os resultados adquiridos e formatura
sinalizando a finalização do programa.
A supervisão e suporte aos participantes são realizados a distância, por
representantes da Proteção e Defesa Civil Estadual, professores do IFC Camboriú e
orientados pelos professores os alunos do IFC ingressos pelo Ensino Médio Integrado ao
Técnico em Controle Ambiental e técnicos subsequentes em Defesa Civil, amparados
financeiramente por bolsas disponibilizadas aos alunos que atuam de maneira integrada ao
programa e alunos voluntários dos Cursos do IFC.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Entre os resultados obtidos ressaltamos como principal resposta, a formação e
ampliação comportamental em autoproteção, desenvolvendo, no cidadão
independentemente da idade, o protagonismo no ambiente onde mora, estuda e trabalha
buscando proporcionar através da percepção do risco, da vulnerabilidade e do território
conhecer suas capacidades de enfrentamento, podendo gerar segurança e equilíbrio ao
corpo social diante dos eventos adversos/desastres.

594
A construção do programa pela DCSC e sua reestruturação/ampliação após a
parceria técnica com IFC, possibilitou intensa interação/dedicação dos profissionais
atuantes de ambas as instituições e também, fortalecendo para uma educação resiliente e
segura.
Esta parceria possibilitou a evolução das práticas pedagógicas e a formação de
profissionais da educação. No ano de 2021, com o aprimoramento das metodologias e
inclusão de novos recursos, estima-se um público de aproximadamente 12.350 estudantes
e 1.327 profissionais da educação (municipais e estaduais) de 166 escolas, a maioria delas
públicas, localizadas em 105 municípios em todo o estado de Santa Catarina.

Considerações Finais
As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental, no Art. 17
considera que o planejamento curricular e a gestão da unidade de ensino devem contribuir
para “o estabelecimento das relações entre as mudanças do clima e o atual modelo de
produção, consumo, organização social, visando à prevenção de desastres ambientais e à
proteção das comunidades” (BRASIL, 2014, p. 53). E que Santa Catarina é o terceiro
estado mais impactado por danos e prejuízos no país (SCHADECK, 2016) e único estado
brasileiro que prevê legalmente através de decreto o programa nas escolas.
É salutar o potencial de compreender e afirmar a importância do
desenvolvimento da autoproteção no ambiente escolar através das capacitações e ações
oriundas dos multiplicadores e por meio das ações desenvolvidas, o programa Proteção e
Defesa Civil nas Escolas contribuir no fortalecimento dos alicerces da comunidade em
Proteção e Defesa Civil formando cidadãos seguros e responsáveis pelo meio em que
vivem.

Referências
BRASIL. Lei Federal nº 11.892 de 12 de dezembro de 2008. Institui a Rede Federal de
Educação Profissional, Científica e Tecnológica, cria os Institutos Federais de Educação,
Ciência e Tecnologia, e dá outras providências. Brasília, 2008. Disponível em:
http://www.pl analto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11892.htm. Acesso em: 02
ago. 2021.

595
IFC. Instituto Federal Catarinense. Sobre o IFC. 2018. Disponível em: https://ifc.edu.
br/sobre-o-ifc/. Acesso em: 04 ago. 2021.

UNDRR. United Nations Office for Disaster Risk Reduction. Sendai Framework for
Disaster Risk Reduction 2015-2030. Japão, 2015. Disponível em:
https://www.undrr.org/publication/sendai-framework-disaster-risk-reduction-2015-2030.
Acesso em: 20 set. 2021.

BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental. In: BRASIL.


Ministério do Meio Ambiente. Ministério da Educação. Educação Ambiental Por um
Brasil Sustentável: ProNEA, Marcos Legais e Normativos. Brasília, DF: MMA/MEC,
2014. p.47-55.

SCHADECK, Rafael (org.). Relatório de danos materiais e prejuízos decorrentes de


desastres naturais no Brasil: 1995 - 2014. Florianópolis: Centro Universitário de Estudos
e Pesquisas sobre Desastre, 2016.

596
DEBATENDO AS AÇÕES AFIRMATIVAS A PARTIR DA EXTENSÃO
UNIVERSITÁRIA

Área Temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Luciane Maria PILOTTO
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Autores: I. R. dos SANTOS 1; A. B. MARTINS 2; J. M. GUARNIERI 3; R. R.
BITENCOURT 4; L. M. PILOTTO 5.

Resumo:
Este trabalho trata-se de um relato de experiência de um projeto de extensão universitária,
vinculado ao Programa Uni’Nbá da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
O Uni’Nbá organiza ações entre a Universidade e diversos territórios para refletir e agir
nos diferentes contextos sociais, na perspectiva de reduzir as desigualdades sociais e
transformar a realidade. Dentre as ações desenvolvidas através do Programa está o projeto
de extensão "Debatendo as ações afirmativas no Campus da Saúde/UFRGS e em escolas
públicas de ensino médio”, que visa divulgar as ações afirmativas da UFRGS para
estudantes da educação básica e ampliar o debate sobre a assistência estudantil dentro da
UFRGS, principalmente no Campus da Saúde. Como realizações do projeto, estão as
participações na organização do Novembro Negro e articulações com movimentos
secundaristas e comunitários. A avaliação é um processo contínuo e as ações têm tido
retornos positivos por parte de todos envolvidos. Dada a importância do debate proposto e
o desconhecimento sobre as ações afirmativas, observa-se a necessidade de expandir cada
vez mais a divulgação desta temática.

Palavras-chave: educação; ações afirmativas; extensão universitária.

1
Isabelle Rieger dos Santos (discente [Odontologia]).
2
Aline Blaya (docente)
3
Jaqueline Guarnieri (discente [Mestrado em Saúde Coletiva])
4
Renata Bittencourt (discente [Mestrado em Saúde Coletiva])
5
Luciane Maria Pilotto (docente)

597
Introdução
Ações afirmativas são instrumentos que visam corrigir ou atenuar as desigualdades
sociais para indivíduos historicamente desfavorecidos (ALBUQUERQUE; PEDRON,
2018). Estas podem ser realizadas de diversas formas, sendo uma delas, no campo da
educação, as cotas para o ingresso no ensino superior, criadas pela lei com nome
homônimo, de n. 12.711/2012. Esta, que foi conquistada graças à luta do movimento
estudantil, garante a reserva de 50% das matrículas por curso nas modalidades das cotas.
Para ampliar o debate sobre as ações afirmativas na UFRGS e em escolas da
educação básica, foi criado em 2020 o projeto “Debatendo as ações afirmativas no Campus
da Saúde/UFRGS e em escolas públicas de ensino médio", que está em sua segunda
edição. Tal projeto integra o programa de extensão Uni’Nbá. O termo Uni’Nbá surge a
partir de inquietações dos extensionistas sobre o lugar da universidade em espaços
coletivos, sobre sua junção com as comunidades. Sendo assim, “Uni” remete à
universidade e “Nbá”, em iorubá, a comunidade. Entende-se que essa unidade só é possível
quando os muros da academia são rompidos e quando é possibilitada uma construção
horizontal com todos. Um novo mundo é possível à medida que a emancipação é colocada
como coletiva. Sendo assim, uma extensão voltada para a discussão dos direitos do acesso
ao ensino superior e de assistência estudantil com futuros ingressantes em suas próprias
escolas abre espaço para a compreensão do espaço-tempo, do contexto histórico no qual
estão inseridos.
Cabe destacar que este projeto de ações afirmativas surgiu como uma demanda dos
estudantes secundaristas que participaram do II Novembro Negro no Campus da
Saúde/UFRGS em 2019, tendo em vista o pouco conhecimento sobre as políticas de ações
afirmativas para ingresso e permanência na UFRGS. Assim, a relevância do projeto reside
na possibilidade de transformação de jovens em situação escolar de espectadores passivos
de fenômenos sociais para sujeitos históricos.
Entende-se que o acesso à universidade é negado para a juventude, seja pelo
processo de ingresso destoante com a realidade de ensino na esfera pública, seja pela falta
de possibilidades de permanência. O ensino da universidade, muitas vezes integral, não
possibilita ao jovem em situação precarizada trabalhar em horários regulares, em empregos

598
regulares. Com isso, soma-se a falta de perspectivas que as diversas esferas da juventude
brasileira têm enfrentado.
Como noticiado, o país nunca teve tantos jovens e tantos jovens sem perspectiva de
trabalho ou de mudança em sua situação material (CANZIAN, 2020). A evasão escolar
também tem sido crescente, principalmente durante a pandemia, e quase 40 milhões de
brasileiros não têm acesso à internet (IBGE, 2021), o que inclui parte dos que estão em
situação escolar. Vale ressaltar que, por mais que existam iniciativas governamentais de
auxílio-wifi, o contato com as escolas e com seus estudantes passou por dificuldades. A
inquietação na pandemia é como dar sentido ao ambiente escolar se ele escancara cada vez
mais as desigualdades da educação brasileira.

Metodologia
O projeto tem caráter interdisciplinar uma vez que sua equipe extensionista é
composta por professoras da Escola de Enfermagem e Faculdade de Odontologia,
acadêmicas da Odontologia e Serviço Social, mestrandas da Saúde Coletiva, técnica e
secundaristas de escolas públicas representantes do movimento estudantil. A ação se baseia
em metodologias participativas, onde todas as etapas são construídas coletivamente, e nas
tecnologias leves, onde as tecnologias das relações, do acolhimento/vínculo e da
autonomia são fundamentais para seu desenvolvimento. A equipe extensionista reúne-se
semanalmente para planejar as intervenções/ações. Tem-se como público-alvo jovens e
adultos estudantes de escolas públicas de Porto Alegre e da região metropolitana, bem
como ingressantes na UFRGS.

Desenvolvimento e processos avaliativos


A partir da articulação dos extensionistas são propostas ações que atendam ao
objetivo do projeto e venham ao encontro das necessidades identificadas em cada contexto
escolar, valendo-se de diferentes mídias e estratégias de comunicação e adaptando-se às
limitações impostas.
A organização de apresentações e debates para o Novembro Negro (NN) no
Campus da Saúde, que acontece anualmente, está entre as principais atividades
desenvolvidas a partir do projeto. Em 2020 o evento ocorreu on-line em virtude da

599
pandemia e, mesmo assim, teve um número significativo de participantes, abordando temas
como o genocídio da população negra, a necropolítica e o racismo institucional. A edição
do NN deste ano está em construção. Além disso, diante da suspensão das aulas presenciais
e impossibilidade de realizar ações nas escolas, optou-se em divulgar as ações afirmativas
existentes na Universidade através de cards informativos, enviados por e-mail para às
escolas, e buscar outros canais de comunicação, como as redes sociais, ampliando a
disseminação da informação com auxílio do movimento estudantil. Também foram
desenvolvidas ações de educação em saúde junto às comunidades da Vila Cruzeiro e
Planetário, ambas de Porto Alegre, que procuraram o projeto de extensão para construir
ações de forma conjunta. Estas uniram arte e ciência, instigando a conscientização sobre os
cuidados durante a pandemia e a democratização das informações.
Todas essas ações têm possibilitado encontros e discussões potentes entre os
envolvidos, instigando análises críticas a partir de diferentes perspectivas e ressaltando a
importância da descolonização do pensamento e da Universidade. Nesse sentido a
avaliação ocorre como um processo contínuo individual e coletivo e perpassa todas ações,
sendo um recurso que permite repensar e qualificar o projeto.

Considerações Finais
O projeto tem alcançado seus objetivos, contribuindo significativamente para a
formação de consciência crítica, democratização da informação e construção da autonomia
em relação ao direito de acesso à educação. Além disso, as alianças com movimentos
comunitários e estudantis têm levantado novas demandas e possibilitado a inserção dos
membros em diferentes contextos, por consequência expande-se o alcance do projeto.
Todavia, dada a importância do debate proposto e o desconhecimento sobre as ações
afirmativas, observa-se a necessidade de expandir cada vez mais a divulgação e o debate
desse tema tanto entre escolares quanto entre alunos de graduação.

Referências
ALBUQUERQUE, R. A.; PEDRON, C. D. Os objetivos das ações afirmativas em uma
Instituição de Ensino Superior (IES) pública brasileira: a percepção da comunidade
acadêmica. Rev. bras. Estud. pedagog., Brasília, v. 99, n. 251, p. 54-73, jan./abr. 2018.

600
Disponível em: https://doi.org/10.24109/2176-6681.rbep.99i251.3449. Acesso em: 18 jul.
2021.

CANZIAN, F. Sem perspectivas, metade dos jovens quer deixar Brasil: Mercado
deprimido e recorde de nem-nem frustram 50 milhões entre 15 e 29 anos. Folha de S.
Paulo, jun. 2021. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2021/06/sem-
perspectivas-metade-dos-jovens-quer-deixar-brasil.shtml. Acesso em: 18 jul. 2021.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍsTICA - IBGE. Pesquisa


Nacional por Amostra de Domicílios Contínua. Acesso à Internet e à televisão e posse
de telefone móvel celular para uso pessoal 2019. 2021. Disponível em:
https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101794_informativo.pdf. Acesso em:
18 jul. 2021.

Instituição Financiadora:
Pró-Reitoria de Extensão - UFRGS

601
DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO CIENTÍFICO NO ENSINO
FUNDAMENTAL ATRAVÉS DE OLIMPÍADAS DO CONHECIMENTO

Área Temática: Educação


Coordenadora da atividade: Patrícia ANSELMO ZANOTTA
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul
– Campus Rio Grande (IFRS)
Autores: K. P. ALMEIDA 1; L. B. SOARES 2; E. V. JULIANO 3

Resumo:
O artigo aborda a participação em olimpíadas científicas pelos alunos de 6° ao 9° ano de
uma escola estadual de ensino fundamental, da cidade do Rio Grande/RS, no ano de 2020,
durante a pandemia da COVID-19, a partir da parceria com um projeto de extensão do
IFRS - Campus Rio Grande. Pelo qual objetiva-se promover o pensamento científico e a
divulgação das olimpíadas de conhecimentos, por meio de ações que auxiliem com as
adaptações necessárias para o contexto de isolamento sanitário, como a elaboração de
materiais para estudos e atendimentos por parte dos bolsistas do Instituto aos alunos da
referida escola. Como principais resultados, alcançou-se a participação efetiva em
olimpíadas como a ONC, a OBQJr e a OBA de cerca de 87% dos alunos atendidos pelo
projeto, e o empoderamento da comunidade pelo reconhecimento de suas capacidades
através dos bons desempenhos nas olimpíadas. Tal fato se evidenciou pela divulgação dos
êxitos por parte da direção da escola, e a sequência de interlocuções do coletivo. Além
disso, a adesão de mais professores, tanto da escola como do IFRS, na edição de 2021 da
ação de extensão, evidencia a relevância da proposta.

Palavras-chave: Olimpíadas Científicas; extensão; escolas públicas.

Introdução
Em março de 2020, a Organização Mundial da Saúde - OMS decretou estado de

1
Kríshina Pereira Almeida, discente do curso Técnico de Automação Industrial integrado ao ensino médio.
2
Liziane Bohns Soares, docente da E.E.E.F. Agnella do Nascimento.
3
Ellen Vasconcellos Juliano, docente da E.E.E.F. Agnella do Nascimento.

602
pandemia devido ao vírus SARS-CoV-2, o que provocou a cessação das atividades
presenciais, especialmente na área da educação. Dessa forma, o projeto de extensão do
Campus Rio Grande do IFRS, intitulado “Feira de Ciências: desenvolvendo o letramento
científico” também se ajustou ao formato online.
Tal projeto foi proposto em parceria com a Escola Estadual de Ensino Fundamental
Agnella do Nascimento, localizada em Rio Grande/RS, a partir de uma construção
dialógica com a comunidade escolar, mais especificamente com as professoras
responsáveis pelas turmas de 5° ao 9° ano e docentes do IFRS. Destaca-se dentre os
objetivos propostos, além das atividades de pesquisa referentes aos projetos para a feira de
ciências, o incentivo à participação em olimpíadas científicas brasileiras, sendo esse o foco
do presente texto.

Metodologia
Em 2020, as instituições do mundo todo precisaram adaptar-se à pandemia do
COVID-19, necessitando repensar novas formas de interação entre alunos e professores,
como o meio remoto, cujo conceito se dá pela resposta educacional à impossibilidade das
atividades pedagógicas presenciais (SALDANHA, 2020). Dentro desse contexto, as
olimpíadas científicas também foram afetadas e demandaram uma nova metodologia de
aplicação das provas, essa sendo online.
A partir de tais adaptações, o projeto agiu de forma a estimular que os alunos do 6°
ao 9° ano da E.E.E.F. Agnella do Nascimento participassem de diversas olimpíadas e,
consequentemente, estimulassem seu pensamento científico. Compreendendo-se este como
a autonomia de pensamento, a elaboração de generalizações, a criatividade e o tratamento
de dados reais (PALMIERI, 2020), e ainda, que tal pensamento não se restringe às áreas de
Ciências Exatas e Ciências da Natureza, mas abrange o todo da estrutura curricular.
Houve então uma análise de como poderia ser a adaptação remota e quais meios
teriam a maior probabilidade de uso dos alunos, obtendo em resposta a criação de grupos

603
no aplicativo WhatsApp, encontros síncronos via Google Meet e, uma página na rede social
Facebook (facebook.com/projetofeiradecienciasIFRS). A qual constituiu-se um espaço
pedagógico virtual, de entrosamento dos conhecimentos entre os alunos e de contato direto
entre eles, discentes do IFRS e professoras participantes.
Dentre as olimpíadas abordadas no projeto, constavam a Olimpíada Nacional de
Ciências - ONC, a Olimpíada Brasileira de Química Júnior - OBQJr e a Olimpíada Brasileira
de Astronomia e Astronáutica - OBA. Tais competições necessitam de motivação e estudos
dos alunos, sendo parte dessa responsabilidade dos professores e da escola pois recebe-se
efeitos positivos para todos os envolvidos, bem como a superação dos objetivos educacionais
iniciais. Assim, realizou-se a elaboração de materiais de estudos para as competições, como a
organização de questões das provas anteriores ao ano de 2020 tanto do tipo analítico-
expositiva como de múltipla escolha, e também o desenvolvimento de resumos interativos e
didáticos dos conteúdos programáticos dos editais de cada olimpíada. A divulgação das
provas foi feita através dos meios de comunicação criados, juntamente com os materiais de
estudos elaborados e também postagens interativas relacionadas aos conteúdos na respectiva
página do Facebook.

Desenvolvimento e processos avaliativos


A realização das olimpíadas científicas permite uma formação cultural e educacional
e, o desenvolvimento do pensamento científico, estimulando a capacidade cognitiva do
aluno, ao buscar soluções para as situações-problema exigidas nas provas, as quais
apresentam diferentes níveis de dificuldades. As olimpíadas organizam classificações e
premiações regionais e nacionais, como forma de incentivo à adesão dos alunos, as quais
foram usadas como critérios de avaliação das ações do projeto, tanto pela adesão efetiva dos
alunos envolvidos como pelo desempenho dos mesmos. Além disso, outro motivador para a
participação dos alunos, é a possibilidade de ingressar em uma universidade pública através
dos resultados obtidos nas competições, sem a necessidade de vestibular, como por exemplo
na Universidade de São Paulo - USP e na Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP,
denominadas “vagas olímpicas" tal forma de ingresso. De acordo com os

604
editais da USP (001/2019 4), UNICAMP (14/2020 5) e outras universidades adeptas ao formato,
cerca de 560 vagas foram olímpicas, as quais são preenchidas conforme as classificações dos
alunos nas olimpíadas que tenham relação com os cursos pretendidos.

Considerações Finais
Em suma, o pensamento científico possui ligação direta com o pensamento crítico,
dando a possibilidade de uma formação cidadã e de consciência coletiva aos alunos. Nessa
conjuntura, verifica-se a importância da ciência na atualidade, visto que o aluno constrói
uma postura de análise crítica e reflexiva desde o ensino fundamental ao interpretar
informações e que, consequentemente, causa um grande impacto positivo na sociedade.
Como resultado do trabalho realizado, cerca de 87% dos alunos efetivamente participaram
das olimpíadas, e destes, 9 alunos obtiveram boas classificações, dentre elas medalhas de
ouro, prata e bronze na OBA, e 3 classificados para a segunda fase da OBQJr. O
desenvolvimento do projeto também possibilitou o crescimento acadêmico e a melhoria da
empatia dos discentes do IFRS, bem como o interesse de outras escolas em acrescentar a
proposta em seus espaços estudantis. Além disso, houve a adesão de mais professores,
tanto da escola como do IFRS, na edição de 2021 da ação de extensão, o que evidencia a
relevância da proposta.

Referências
PALMIERI, M. Pensamento científico: estrutura de análise para todas as áreas de
conhecimento. Geekie, 2021. Disponível em: https://site.geekie.com.br/blog/pensamento-
cientifico-competencia-bncc. Acesso em: 13 jul. 2021.

SALDANHA, L. C. D. O discurso do ensino remoto durante a pandemia de COVID-19.


Revista Educação e Cultura Contemporânea, 2020, v.17. Disponível em:
http://periodicos.estacio.br/index.php/reeduc/article/view/8701/47967205. Acesso em: 03
fev. 2021.

4
Disponível em: https://www.fuvest.br/wp-content/uploads/Edital_Ingresso-de-Participantes-de-
Competi%C3%A7%C3%B5es-do-Conhecimento_Retificado_30-08-2019.pdf . Acesso em: 20 jul.2020.
5
Disponível em: https://www.comvest.unicamp.br/wp-content/uploads/2020/10/Edital_VO_2021.pdf.
Acesso em: 20 jul. 2020.

605
Instituição Financiadora:
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul

606
DIÁLOGO ENTRE UNIVERSIDADE E EDUCAÇÃO BÁSICA: TRABALHANDO
EDUCAÇÃO SEXUAL DE FORMA LÚDICA

Área temática: Educação


Coordenadora da atividade: Virgínia Iara de Andrade MAISTRO
Universidade Estadual de Londrina (UEL)
Autores: N. H. TURKE 1; F. TSUZUKI 2; B. G. RODRIGUES 3

Resumo:
Considerando os documentos oficiais brasileiros que determinam o trabalho com a
educação sexual na escola, e de modo a suprir as demandas formativas dos professores de
ciências e biologia e das escolas da região de Londrina, o Projeto de Extensão Educação
para a Sexualidade: Diálogo entre UEL e Educação Básica emerge com o objetivo de
promover reflexões sobre as sexualidades, diversidades e outros desafios do contexto
escolar, buscando a construção de aprendizados, de culturas e valores que possam auxiliar
na formação para a cidadania. Portanto, almejando alcançar o objetivo enunciado, os
extensionistas desenvolveram atividades lúdicas e dinâmicas sobre temas de sexualidade e
diversidade, como: bullying; diversidade sexual e de gênero; métodos contraceptivos;
Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), entre outros. É possível concluir que a
realização dessas atividades reforçou a importância do trabalho com sexualidade para os
professores das escolas que receberam os extensionistas, bem como possibilitou o alcance
do objetivo, pois a utilização de dinâmicas permitiu a discussão de temas associados à
sexualidade de forma lúdica.

Palavras-chave: Educação para Sexualidade; Ensino de Ciências; Licenciatura em


Ciências Biológicas.

Introdução
A sexualidade é uma temática recorrente nos currículos de ensino. No Brasil, já
estava incorporada ao currículo, de forma transversal, desde os Parâmetros Curriculares
1
Nathália Hernandes Turke, Doutoranda em Ensino de Ciências e Educação Matemática.
2
Felipe Tsuzuki, Mestre em Ensino de Ciências e Educação Matemática.
3
Bruno Guelfi Rodrigues, aluno do curso de Ciências Biológicas.

607
Nacionais – PCN (BRASIL, 1998). Mais recentemente, a Base Nacional Comum
Curricular – BNCC (BRASIL, 2018) voltou a citar a temática da sexualidade, que passou a
assumir um corpo de conteúdos a serem trabalhados nas disciplinas de Ciências da
natureza e suas tecnologias. Mesmo antes deste documento, pesquisas com professores do
ensino básico já apontavam que, para os professores que participaram da pesquisa, o
conteúdo de sexualidade deveria ser trabalhado pelos professores de Ciências e Biologia
(MAISTRO, 2006; TURKE et al., 2015). Contudo, os professores de Ciências e Biologia,
por vezes, alegavam não possuir a formação que julgavam necessária para abordar e
ensinar os conteúdos referentes à sexualidade em sala de aula (RIZZATO, 2013).
Em vista da demanda local, algumas escolas da região de Londrina passaram a
procurar, na Universidade Estadual de Londrina e em seus estudantes de Licenciatura em
Ciências Biológicas, um auxílio para se trabalhar com a sexualidade no contexto
educacional. Diante das demandas apresentadas, emergiu em 2018 o Projeto de Extensão –
Educação para a Sexualidade: Diálogo entre UEL e Educação Básica. Além das atividades
com os estudantes da educação básica, este projeto também atua promovendo cursos e
palestras de formação de professores e agentes de saúde da região de Londrina. Com isso,
promove-se uma educação sexual de forma lúdica e prática, pautada em conhecimentos
científicos, diferente das diversas informações que permeiam a internet, os discursos de
ódio e até mesmo os mitos do senso comum. Portanto, este Projeto de Extensão tem por
objetivo promover reflexões sobre as sexualidades, diversidades e outros desafios do
contexto escolar, buscando a construção de aprendizados, de culturas e valores capazes de
auxiliar na formação para a cidadania.

Metodologia
As dinâmicas aqui apresentadas foram realizadas com alunos dos anos finais do
Ensino Fundamental (6º ao 9º ano). Foram desenvolvidas, atividades lúdicas acerca dos
seguintes assuntos: saúde e sexualidade. Especificamente, foram trabalhados os seguintes
temas: bullying; autoestima; respeito entre as pessoas; diversidade sexual e de gênero;
métodos contraceptivos; Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST); gravidez precoce;

608
higiene íntima; exploração e abuso contra crianças e adolescentes; violência de gênero;
feminicídio; masculinidade tóxica, entre outros. De modo a descrever e ilustrar algumas
atividades desenvolvidas, três serão descritas detalhadamente no tópico a seguir.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Dinâmica 1 – Dança da Transmissão: esta dinâmica pode ser realizada para
introduzir as temáticas: métodos contraceptivos e IST. Para seu desenvolvimento, serão
utilizados os materiais: copos descartáveis, água, água tônica, luz negra, música.
Inicialmente, os copos descartáveis serão preenchidos (até a metade) com água, salvo um
copo que irá conter água tônica sem gás – alguns copos deverão ser duplicados (um dentro
do outro) e outros não. Posteriormente, cada aluno(a) irá pegar um copo e se dispersará
pela sala. O(a) professor(a) responsável pela atividade irá colocar uma música, simulando
uma festa, pausando-a constantemente. Nos momentos de pausa, os(as) alunos(as) irão
trocar o líquido do copo com seus colegas. A “festa” será finalizada ao término da música,
e os(as) alunos(as) serão convidados(as) para olhar seus copos na luz negra, percebendo
que o líquido presente em alguns copos apresenta coloração roxa, brilhando na luz negra,
enquanto outros permanecem azuis (característica da luz negra). Tendo isto em vista, serão
divididos em dois grupos, de acordo com a coloração do líquido e o(a) docente explicará
que apenas um copo continha água tônica no começo da oficina e os demais continham
água pura. Importante ressaltar que a água tônica reflete a coloração “roxa brilhante” em
contato com a luz negra por conter a substância “quinino”. Apesar de apenas um copo
possuir água tônica, ao final da dinâmica, mais da metade da turma teve seu copo
“contaminado” com a substância. Será realizada, portanto, discussão acerca da importância
da utilização dos métodos contraceptivos durante as relações sexuais, a qual será conduzida
por meio da analogia com a troca dos fluidos nos copos. Ora, no começo da dinâmica,
ninguém tinha conhecimento de que uma pessoa estava contaminada, e, ao final, metade da
turma se contaminou; o mesmo ocorre nas relações sexuais sem prevenção, uma vez que
ninguém apresenta indicação de infecção, como HIV, HPV, Sífilis, entre outras. De modo
a ampliar as discussões, mostra-se que há alunos(as) que possuíam dois copos, simulando a

609
utilização da camisinha. Assim, apesar de estes(as) terem tido contato com a infecção (com
a água tônica), não foram contaminados(as).
Dinâmica 2 – Semáforo: esta dinâmica tem o objetivo de esclarecer as dúvidas dos
alunos sobre sexualidade. Para seu desenvolvimento, são utilizados os materiais: papéis em
branco, caneta, cartolina verde, amarela e vermelha. As cartolinas serão distribuídas em
uma carteira no centro da sala de aula. Os papéis em branco entregues aos alunos, que irão
escrever, anonimamente, suas dúvidas, classificando-as em fáceis (verde), médias
(amarelo) ou difíceis (vermelho), dispondo-as nas cartolinas com as respectivas cores. O(a)
docente responsável irá ler as dúvidas em voz alta, esclarecendo-as.
Dinâmica 3 – Trabalhando em Equipe: esta dinâmica busca trazer discussões acerca
da importância do respeito entre as pessoas. Para seu desenvolvimento, a turma deverá ser
dividida em grupos de cinco ou sete alunos(as). Cada integrante do grupo será identificado
por uma característica única, como: deficiência física, visual, auditiva, entre outras. De
modo a simular estas características, terão seus olhos ou boca vendados(as); seus ouvidos
tampados; seus braços (direito, esquerdo ou ambos) amarrados. Ademais, todos os grupos
receberão uma folha de papel e uma caneta, devendo desenhar um barco em 60 segundos,
com a participação de todos(as). Contudo, cada integrante poderá fazer apenas um traço.
Ao final, os resultados serão apresentados para a turma, seguido de uma discussão acerca
da importância do trabalho em equipe, do respeito entre os colegas e da inclusão.

Considerações Finais
Discutir e refletir sobre os assuntos contemporâneos inseridos nas diversas
dimensões da sexualidade é abranger a saúde física e mental. Portanto, é necessário e
urgente abrir espaços para que acadêmicos, educadores e outros profissionais possam
compreender a importância de trabalhar educação sexual em sala de aula. A partir da
utilização de metodologias práticas, é possível discutir os diversos temas voltados à
sexualidade e saúde de forma lúdica, dinâmica e divertida, sendo possível alcançar os
objetivos traçados.

610
Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros


Curriculares Nacionais: apresentação dos temas transversais. Brasília, 1998.

MAISTRO, V. I. A. Projetos de Orientação Sexual nas escolas: seus limites e suas


possibilidades. 2006. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Educação
Matemática) – Centro de Ciências Exatas, Universidade Estadual de Londrina, Londrina.

RIZZATO, L. K. Percepções de professores/as sobre gênero, sexualidade e homofobia:


pensando a formação continuada a partir de relatos da prática docente. 2013. Dissertação
(Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo.

TURKE, N. H.; JOINHAS, F. A.; TSUZUKI, F.; MAISTRO, V. I. A. Sexualidade na


escola: ampliando limites, desafiando e reconhecendo possibilidades. In: CONGRESSO
NACIONAL DE EDUCAÇÃO – EDUCERE, 12., 2015, Curitiba. Anais [...]. Curitiba:
PUCPRESS, 2015. p. 20136-20147.

Instituições Financiadoras:
Universidade Estadual de Londrina (UEL), Pró-Reitoria de Extensão (PROEX) e CAPES

611
DOAÇÃO DE LIVROS EM CESTAS BÁSICAS: O PROJETO ALIMENTE A
MENTE DO PROGRAMA DE EXTENSÃO ESAG KIDS

Área Temática: Educação


Coordenador da atividade: Eduardo JARA
Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)
Autores: E. JARA 1; A. SILVA 2; A. FRANCISCO 3; S. CARDOSO 4

Resumo:
O Programa de Extensão Universitária Esag Kids, da Universidade do Estado de Santa
Catarina necessitou reformular suas ações e oficinas presencias com o advento da
Pandemia de Covid-19. A partir de decreto estadual que impossibilitou atividades
presenciais, a equipe do Programa de Extensão Esag Kids buscou novas possibilidades
para continuar com suas atividades extensionistas. A alternativa encontrada foi incluir
livros em cestas básicas doadas por instituições parceiras do programa. Mapeando
possibilidades e organizando a ação a partir de histórico de relacionamentos e parcerias,
buscou-se encontrar formas de fomentar a impressão de novos livros. Com apoio de editais
de fomento da SBPC e USAID, além de uma campanha de doação coletiva em plataformas
online, foi possível contribuir para que mais de 5 mil livros fossem doados para crianças ao
longo da pandemia.

Palavras-chave: Extensão; pandemia; criança.

Introdução
O Programa de Extensão Universitária Esag Kids, da Universidade do Estado de
Santa Catarina (UDESC), vem desenvolvendo atividades relacionadas ao tema
empreendedorismo, simultaneamente com questões de inovação e educação fiscal. As
ações buscam evidenciar alternativas distintas de uma abordagem tradicional baseada na

1
Eduardo Janicsek Jara, Docente e Coordenador Programa Esag Kids, ESAG/UDESC.
2
Ana Luiza de Bem Peres da Silva, acadêmica de Administração e bolsista PAEX, ESAG/UDESC.
3
Alice Eduarda Francisco, acadêmica de Administração e bolsista PAEX, ESAG/UDESC.
4
Sophia Simão de Myron Cardoso, acadêmica de Administração Pública e bolsista PAEX, ESAG/UDESC.

612
fixação de conceitos e teorias (MIZUKAMI, 1992). Poderíamos até falar de um tipo de
revolução no método de ensino e aprendizagem, pois uma revolução é “uma espécie de
mudança envolvendo um certo tipo de reconstrução dos compromissos do grupo. Mas não
necessita ser uma grande mudança, nem precisa parecer revolucionária” (KUHN, 1987,
p.225), pois é a partir de pequenas transformações que poderemos alterar um cenário já
estabelecido. Uma prática onde destacam-se a empatia e capacidade de relacionamento,
pela troca de ideias, vivências e diálogos, uma vez que “o diálogo é o encontro amoroso
dos homens que, mediatizados pelo mundo, o ‘pronunciam’, isto é, o transformam, e,
transformando-o, o humanizam para a humanização de todos” (FREIRE, 2013, p.51).
Com o advento da pandemia de Covid-19, as ações extensionistas que, em sua
grande maioria, eram presenciais tiveram que ser momentaneamente suspensas, de acordo
com o Decreto Estadual N° 509 de 17/03/2020:

art. 1° ficam suspensas no território catarinense, por 30 (trinta) dias, a


partir de 19 de março de 2020, inclusive, as aulas nas unidades das redes
pública e privada de ensino, municipal, estadual e federal (...) (SANTA
CATARINA, 2020a).

A suspensão das aulas foi uma ação que antecedeu o primeiro óbito registrado em
Santa Catarina, por decorrência da pandemia de COVID-19, ocorrido em 23 de março de
2020. Um mês após a suspenção das atividades letivas presenciais, o Governo do Estado de
Santa Catarina, através do Decreto Nº 562 de 14/04/2020, estabeleceu, estado de
calamidade pública em todo o território catarinense, para fins de enfrentamento à COVID-
19 (SANTA CATARINA, 2020a), impossibilitando reuniões e aglomerações diversas.
Com o fechamento dos estabelecimentos de Ensino a equipe do Programa de
Extensão Esag Kids, a partir de reuniões remotas, começou a planejar possibilidades de
seguir com suas atividades e contribuir, de alguma forma, para amenizar os impactos da
pandemia. Uma das alternativas buscadas foi a distribuição de livros em cestas básicas que
estavam sendo doadas para famílias em situação de vulnerabilidade. As ações
anteriormente realizadas já previam a doação de materiais. O objetivo agora era maior:
auxiliar um grande número de famílias com crianças, fazendo chegar até os pequenos
estudantes, materiais educativos que pudessem contribuir de alguma maneira durante o

613
período de afastamento das atividades escolares. Para que o plano pudesse obter êxito, fez-
se necessário o planejamento e desenho de um projeto chamado ALIMENTE A MENTE,
com intuito de doar um livro paradidático Esag Kids em cada cesta básica doada por
Instituições parceiras do programa Esag Kids.

Metodologia
O planejamento da ação extensionista passou por análise documental, buscando
todas as instituições que já haviam realizado ações em parceria com o Programa Esag
Kids. Houve também a etapa do planejamento, com modelo Canvas, para desenhar a ação
identificando público-alvo, recursos necessários, formas de distribuição e comunicação e
indicadores de resultados. Foram identificadas uma série de Instituições parceiras que
estavam doando cestas básicas para famílias em situação de vulnerabilidade. O contato
inicial organizado apontou a possibilidade de se incluir livros em cestas básicas que seriam
doadas para famílias com crianças. Outro ponto importante foi relativo aos recursos. O
Programa ainda tinha um saldo de cerca de mil livros para serem doados do Manual do
Empreendedor Mirim, mas necessitava de mais livros para serem impressos. Em relação a
distribuição, foi conseguido o apoio logístico da UDESC que se encarregou de enviar
livros para parceiros distantes, localizados outros campi pelo Estado de Santa Catarina e
também de Instituições de outros estados que foram beneficiadas com envio de materiais.
A comunicação e divulgação das ações contou com o apoio do setor de comunicação da
UDESC, que produziu matérias sobre as ações realizadas. Como indicadores de resultados,
a equipe criou uma planilha de controle de livros doados, referenciando a Instituição
Parceira, data da ação e quantidade de livros doados. O planejamento da ação estava bem
organizado. Era o momento de enfrentar o desafio maior: a busca de recursos para
impressão de novos livros.

Desenvolvimento e processos avaliativos


A campanha ALIMENTE A MENTE iniciou em redes sociais (Instagram e
Facebook) do Programa Esag Kids e aos poucos foi sendo compartilhada e conhecida por
mais pessoas. Foi criado um modelo de fomento compartilhado, uma “vaquinha online”,

614
descrevendo a intenção de doação de livros infantis em cestas básicas de famílias
impactadas pelas ações de lockdown e isolamento. Foram criadas contas nas plataformas
Kickante e Vakinha para arrecadação de valores doados por pessoas engajadas na causa, e
foram doados R$3.770,00. Além disto, foi conseguido um fomento internacional, via edital
da USAID, no valor de U$1.550,00, que possibilitou incremento para o orçamento de
impressão de livros, e apoio da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC)
em seu Edital SBPC Vai à Escola, que auxiliou com fomento de R$6.000,00 para
impressão de livros. Foram impressos livros Liderança para Crianças e Diário de Uma Pipa
em Quarentena. As ações de doação de livros em cestas básicas seguem até hoje, e já
foram doados mais de 5 mil livros para diferentes famílias, fazendo com que o livro se
tornasse, ao menos no imaginário das crianças beneficiadas, um item essencial da cesta
básica.

Considerações Finais
A pandemia de Covid-19 modificou o modelo de trabalho realizado pelos
Programas de Extensão. Particularmente, o Programa Esag Kids, da UDESC, readequou
muitas das suas atividades, privilegiando geração de conteúdo digital e também produção
de livros. A ação ALIMENTE A MENTE mostrou um caminho possível para aproximar as
crianças às ações do Programa de Extensão universitária Esag Kids. Com cerca de 5 mil
crianças beneficiadas, a agilidade de planejamento e readequação das ações realizadas
mostrou-se profícua e com excelentes resultados, brevemente ilustrados pela figura 1:

Figura 1: Livros doados em cestas básicas chegando nas mãos das crianças

615
Fonte: Acervo Esag Kids.
Referências
FREIRE, Paulo. Extensão ou comunicação? Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2013.

KHUN, T. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 1987.

MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo:


E.P.U., 1992.

SANTA CATARINA. Decreto N° 509 de 17/03/2020. Diário Oficial do Estado, 2020a.


Disponível em https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=390985. Acesso em: 11 ago.
2021.

SANTA CATARINA. Decreto N° 562 de 17/04/2020. Diário Oficial do Estado, 2020b.


Disponível em https://bit.ly/3gCR0wd. Acesso em: 11 ago. 2021.

616
ECONOMIA SOLIDÁRIA NA WEB: ESTRATÉGIAS DA INCUBADORA
UNITRABALHO/UEM SEDE EM TEMPOS DE PANDEMIA

Área Temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Mara Lucy CASTILHO
Universidade Estadual de Maringá (UEM)
Autores: M. L. CASTILHO 1; M. R. S. SCAPIM 2; C. A. GUARNIERI 3; F. C.
PACHECO 4; M. F. ANDRIATO 5; M. E. B. SILVA 6.

Resumo:
O objetivo do trabalho é apresentar os resultados das atividades realizadas pela Incubadora
Unitrabalho/UEM Sede durante o período da pandemia do Covid-19. Devido o
distanciamento social, a Incubadora mudou sua atuação junto aos empreendimentos,
atendendo-os no ambiente virtual e buscando atingir novos públicos por meio deste espaço.
Entre as atividades realizadas, estão a oferta do curso de extensão “Introdução à Economia
Solidária: princípios, normativas e contextos”, bem como publicações periódicas em redes
sociais. A metodologia utilizada no curso foi a dialógica, sendo sua realização possível
através da plataforma Google Meet. No que se refere às publicações em redes sociais, a
organização foi definida por um cronograma periódico e realizada por grupos de trabalho.
Avalia-se que os objetivos do curso de extensão foram alcançados, proporcionando
discussão e reflexão a respeito da Economia Solidária. Quanto às publicações periódicas,
embora parciais, os resultados demonstram que o objetivo de manter o contato com
pessoas que seguem suas redes sociais, promovendo conhecimento e engajamento na causa
da Economia Solidária.

Palavras-chave: Economia Solidária; Covid-19; ambiente virtual.

1
Mara Lucy Castilho, docente do Departamento de Economia/UEM.
2
Monica Regina da Silva Scapim, docente do Departamento de Engenharia de Alimentos/UEM.
3
Carolina de Andrade Guarnieri, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais/UEM.
4
Flávia Cunha Pacheco, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Psicologia/UEM.
5
Murilo Florentino Andriato, mestrando do Programa de Pós-Graduação em Economia/UEM.
6
Maria Eduarda Barão Silva, graduanda em Psicologia/UEM.

617
Introdução
A Incubadora Unitrabalho/UEM Sede atua na construção/reconstrução de
conhecimentos por meio do processo prático educativo de organização e acompanhamento
sistêmico a grupos de pessoas interessadas na formação de empreendimentos associativos e
melhoria da renda. É, portanto, uma práxis que implica um conjunto de atividades de
caráter técnico e social, interagindo com conhecimentos teóricos, orientados por objetivos.
É composta por uma equipe multidisciplinar de docentes, técnicos, graduandos e pós-
graduandos que buscam, por meio de estudos e pesquisas, o desenvolvimento de
tecnologias sociais sustentáveis, facilmente aplicáveis como estratégias de produção para
geração de trabalho e renda.
Com o advento da pandemia e consequente suspensão de atividades presenciais no
campus universitário a partir de março de 2020, a Incubadora mudou sua atuação junto aos
empreendimentos, atendendo-os, sempre que possível, no ambiente virtual. Por outro lado,
houve uma atuação maior da equipe em atividades remotas, a fim de fortalecer o processo
de ensino/aprendizagem sobre a Economia Solidária, intensificando as atividades de
pesquisa e ensino, mais facilmente adaptáveis às novas tecnologias, ao passo que o
caminho encontrado para atingir a comunidade em geral foi a oferta de uma nova edição do
curso de extensão intitulado “Introdução à Economia Solidária: princípios, normativas e
contextos”, bem como publicações periódicas em redes sociais. Sendo assim, o presente
trabalho objetiva apresentar os resultados parciais deste esforço de se engajar em ambiente
virtual para manter o vínculo com os empreendimentos e atingir novos públicos
interessados na temática da Economia Solidária.

Metodologia
Para a realização do curso, cujo objetivo era iniciar a discussão sobre a Economia
Solidária, a metodologia utilizada foi a dialógica, tal como proposta por Freire (1999), com
foco na criação e gestão do conhecimento junto ao público participante. Não se objetivou
atender um público específico e efetivamente participaram atuantes diversos, desde pessoas
que já faziam parte de empreendimentos acompanhados ou não pela Incubadora, aquelas
que, ao se depararem com a oportunidade, se interessaram, mesmo não atuando

618
diretamente em empreendimentos, como gestores, acadêmicos, etc. Realizou-se dois
encontros semanais no período de 21 a 28 de abril de 2021, utilizando a plataforma Google
Meet.
No que se refere às publicações semanais em redes sociais, a equipe definiu, em
conjunto, constituir três frentes de trabalho, quais sejam: uma coluna publicada
quinzenalmente, intitulada “Ecoluna – notas sobre Economia Solidária”, buscando
aprofundar o conhecimento em assuntos específicos; uma curiosidade, do tipo “Você
sabia?”, também de publicação quinzenal e geralmente vinculada à coluna, portanto,
precedendo-a; e um informativo intitulado “Nas entrelinhas”, publicado semanalmente e se
destina a postagem de materiais formativos e informativos, frequentemente em formato
audiovisual, que aprofundam temas voltados à Economia Solidária, aos Empreendimentos
Econômico Solidários e à Extensão Universitária de forma geral. Todos os materiais são
disponibilizados no site da Incubadora (www.unitrabalho.uem.br), bem como no Facebook
(@UnitrabalhoUEM) e no Instagram (@quitutesbelezuras).

Desenvolvimento e processos avaliativos


No que tange ao planejamento e execução do curso de extensão, toda a equipe da
Incubadora contribuiu, uma vez que as atividades desenvolvidas foram compartilhadas
entre todos. Vale destacar que o curso contou mais de 50 inscritos, mas grande parte não
participou efetivamente, possivelmente devido ao modelo remoto, restando apenas 19
pessoas que concluíram o trabalho. Este público foi bastante diversificado
geograficamente, contando com participantes do Paraná, bem como de São Paulo, Rio
Grande do Sul e Ceará. De acordo com depoimentos dos participantes, o curso se mostrou
bastante produtivo, inserindo conceitos, normativas e realidades da Economia Solidária,
sobretudo no momento pandêmico que atravessamos, o que contribuiu para novas
reflexões sobre a atuação desta “nova economia que acontece”.
Já os conteúdos desenvolvidos para publicação em redes sociais estão sempre
interconectados com a temática da quinzena, sendo que a coluna e, consequentemente a
curiosidade, são vinculadas às pesquisas e vivências dos membros da equipe, o que permite
uma diversidade de assuntos, sendo distribuídos periodicamente entre os membros, assim

619
cada um escreve uma coluna a cada dois meses e meio, em média. Importante salientar que
tais atividades contribuem para que todos os envolvidos possam conhecer e se aprofundar
em temas relacionados à Economia Solidária, assim como permite a interação com as
pessoas que acessam estes conteúdos, enviando dúvidas, perguntas e até mesmo sugestões
à equipe.
Desde o início desta proposta, em meados de outubro de 2020, já foram publicadas
17 curiosidades, 16 colunas e 34 vídeos formativos/informativos. Todo este material
disponível proporcionou conhecimento e interação com a população em geral, sobretudo
aqueles que acompanham as redes sociais da Incubadora, alcançando maior número de
pessoas disponíveis a pensar a Economia Solidária como alternativa na geração de trabalho
e renda, também no momento pandêmico pelo qual passamos.
Vale destacar que no início do ano de 2020 a Incubadora Unitrabalho/UEM passou
a integrar a Rede de Incubadoras Universitárias do Paraná – RIU/PR, cuja parceria
proporcionou outras atividades, como: 1) I Ciclo de Formação Virtual / RIU-UFPR: Curso
Economia Solidária e Tecnologia Social: discussões em tempos de pandemia – de 09/09 a
11/11/2020, totalizando 20 horas de carga horária; 2) Live Economia Solidária: abordagens
desde Brasil, Espanha, Portugal e Uruguai – promoção RIU/PR e CES (Centro de Ciências
Sociais da Universidade de Coimbra/Portugal), em 12/12/2020; 3) Live Diálogos sobre
outras economias: possibilidades de transformação social - promoção RIU/PR e CES
(Centro de Ciências Sociais da Universidade de Coimbra/Portugal), em 06/05/2021.

Considerações Finais
Os desafios gerados a partir da crise da COVID-19 foram muitos e na extensão
universitária, a Incubadora Unitrabalho/UEM Sede buscou alternativas para manter sua
atuação, mesmo no formato virtual. Desse modo, no que se refere ao curso de extensão
avalia-se que seus objetivos foram alcançados, uma vez que proporcionou discussão e
reflexão a respeito da temática, incluindo a troca de experiências entre os participantes
aderentes a Empreendimentos Econômicos Solidários e, assim, tornando mais conhecida e
abrangente a Economia Solidária.

620
Embora sejam resultados parciais, acredita-se que o maior objetivo das publicações
da Incubadora, qual seja, de manter o contato com pessoas que seguem suas redes sociais,
promovendo conhecimento e engajamento na causa da Economia Solidária, foram
alcançados, sobretudo porque o distanciamento social imposto pela pandemia não
proporciona outra forma de contato senão esta.
Vale ressaltar que houve ganhos, de carácter científico ou vivencial, a toda a equipe
envolvida nestas atividades, tanto graduandos, pós-graduandos, técnicos, docentes e o
público-alvo, evidenciando a importância da integração do ensino, da pesquisa e da
extensão de forma concomitante.

Referências
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São
Paulo: Paz e Terra, 1999.

621
EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM MÍDIAS DIGITAIS: DIA A DIA AMBIENTAL

Área temática: Meio ambiente


Coordenador da atividade: Amanara Potykytã de Sousa Dias VIEIRA
Instituição: Universidade Federal do Paraná (UFPR)
Autores: 1. M. L. C. HESS ; 2. A. C. G. de PAULA2; 3. A. B. das NEVES3; 4. D. G.
1

LOPES4; 5. J. de M. SILVA5; 6. P. H. de O. ROSA6

Resumo:
O projeto de extensão "Educação ambiental em vídeo" teve início em 2019, contando na
época com seis alunos do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária, que produziam,
editavam e publicavam vídeos no canal “EAS ConsCEMtiza”, no youtube. Com o início da
pandemia em 2020, o projeto teve que se reinventar, surgindo a ideia de realizar essas
ações e vídeos de forma remota, seguindo as orientações de saúde e segurança da
Universidade. Um aspecto importante também considerado foi o de manter o contato com
os alunos do curso e de toda a Universidade. A rede social escolhida para isto foi o
instagram, devido a possibilidade de alcançar mais pessoas (e estudantes), de forma mais
dinâmica. O perfil “@diaadiaambiental” criado está no ar desde 28 de abril de 2020.
Através dele são publicados semanalmente postagens com informações de cunho
ambiental: notícias, curiosidades, dicas, além da realização de “lives” com profissionais da
área. Atualmente a página contabiliza mais de 300 postagens e quase 700 “seguidores”. A
plataforma permite avaliar o engajamento do público (número de curtidas, comentários,
salvamento de postagens e compartilhamentos). O projeto de extensão, em seu formato
atual, vem resultando na evolução do grupo de discentes, que empenha-se na pesquisa e
leitura de conteúdos, escrita de material, elaboração de postagens e mediação de lives,
além de atingir seu objetivo inicial de divulgação de informação nas temáticas ambientais e
sanitárias para estudantes e comunidade.

Palavras-chave: Educação ambiental, mídia digital e saneamento básico.


1
Maria Laura Carvalho Hess, aluna de Graduação
2
Anne Caroline Goltz de Paula, aluna de Graduação
3
Audiny Bilek das Neves, aluna de Graduação
4
Daniel Gaspar Lopes, Aluno de Graduação
5
Jacirleide de Melo Silva, Aluna de Graduação
6
Pedro Henrick de Oliveira Rosa, Aluno de Graduação

622
Introdução
A nível global, pode-se dizer que a discussão ambiental e o termo desenvolvimento
sustentável nunca estiveram tão em voga. Zancanaro, já em 1998, ressaltava que hoje, em
plena crise ecológica, defrontamo-nos concretamente com a possibilidade de destruição do
meio ambiente, do ecossistema, e da vida inteira. Em nosso país, lidamos com graves
problemas de infraestrutura urbana, ou a falta dela, como é percebido na área de
saneamento básico. Com a motivação de transbordar o conhecimento científico além das
paredes da universidade, a coordenadora deste projeto iniciou em 2019 o projeto de
extensão “Educação Ambiental em vídeo”. De acordo com a Primeira Conferência
Intergovernamental sobre Educação Ambiental, realizada em 1977 em Tbilisi, Georgia, a
educação ambiental é considerada um processo permanente, no qual os indivíduos e a
comunidade tomam consciência do meio ambiente e adquirem os conhecimentos, os
valores, as habilidades, as experiências e a determinação que os tornam aptos a agir
individual e coletivamente para resolver problemas ambientais presentes e futuros (DIAS,
1992, p. 92).
O projeto começou com a produção de vídeos, de variados temas relacionados ao
meio ambiente e saneamento básico, pelos próprios alunos, com sua participação atuante
na pesquisa, elaboração, edição e até mesmo narração. Com a suspensão do calendário
acadêmico na UFPR por conta da pandemia e adoção de medidas e protocolos sanitários,
levando à impossibilidade de reunião presencial dos alunos, o projeto adequou-se à nova
situação, migrando para a plataforma Instagram, com o perfil “Dia a dia ambiental”. O
perfil foi também criado para divulgação de conteúdo relacionado ao meio ambiente e
saneamento, tendo como intuito ainda a educação ambiental, utilizando-se de mídias
digitais. Nesta mudança tornou-se possível a divulgação de informação por meio de
postagens e vídeos sobre assuntos relacionados à área de formação dos alunos do grupo
(Engenharia Ambiental e Sanitária). O perfil do projeto atendeu a outra necessidade nesta
pandemia, a de aproximação com os discentes do curso, campus e Universidade. Assim, o
projeto busca divulgar informações para o público interno e externo à Universidade,

623
fazendo com que sejam agentes de uma mudança em prol do meio ambiente, e também
possam ser propagadores desse conhecimento.

Metodologia
As atividades descritas no presente artigo foram organizadas e desenvolvidas pela
equipe do projeto de extensão da Universidade Federal do Paraná - UFPR, no Campus
Pontal do Paraná. Como já comentado, o formato de divulgação dos materiais criados foi
modificado devido à pandemia, época em que foi criada a página @diaadiaambiental na
plataforma instagram.
O grupo é composto atualmente por seis discentes de diferentes períodos do curso
de Engenharia Ambiental e Sanitária. A equipe realiza reuniões semanais para definição de
pauta. Durante todo o processo, os alunos buscam informações atuais e confiáveis,
relacionadas à temática do projeto. A partir do processo de pesquisa e de definição de
pauta, são realizadas postagens semanais (aproximadamente duas por semana)
e lives (aproximadamente uma por mês), sendo uma ou um dos alunos da equipe a/o
responsável pela mediação . O processo de pesquisa envolve leitura, busca de filmes,
séries, podcasts, livros, notícias e artigos; escrita de textos curtos para descrição das
postagens; elaboração da arte das postagens e cuidado estético/ visual da página. As lives,
mediadas por um discente, também exigem preparação e leitura, a fim de elaboração de
perguntas e encaminhamento da discussão. Todas estas ações compreendem um
acompanhamento atento do que é atual nas temáticas ambientais.
A elaboração das postagens é feita com o auxílio da
aplicação Canva. As lives ocorrem diretamente no instagram. Nas postagens, além da
preocupação com conteúdo, é muito importante o cuidado estético com a composição de
cores, texto, fontes e imagens. As lives limitam-se em uma hora, devido ao limite da
própria plataforma utilizada. Atualmente são realizadas lives mais curtas e perguntas
previamente elaboradas. Esta mudança ocorreu por uma percepção do perfil dos
ouvintes. O formato aproxima-se de uma entrevista informal, realizada sempre entre um
discente integrante da equipe e um profissional da área ambiental e/ ou sanitária.

624
A opinião dos seguidores é recebida através de interações e feedbacks, sendo esta
também uma fonte de inspiração para novos assuntos. São usadas ferramentas dentro
da própria rede social, como os “stories”, onde as fotos ficam somente 24 horas e “IGTV”,
onde vídeos mais longos podem ser postados.

Desenvolvimento e Processos Avaliativos


No momento em que vivemos, o uso das redes sociais tem se tornado cada vez mais
frequente. Dificilmente conhecemos alguém que não tenha usado uma rede social.
Passando por essa época de pandemia da covid-19, alinhado com a forma como as pessoas
interagem e buscam informação, visando o alcance de um público maior e a facilidade de
acesso, o “Instagram” foi a rede social escolhida para a continuação do projeto “Educação
ambiental em vídeos”, através do perfil “Dia a Dia Ambiental”.
O feed é a forma como são apresentadas as postagens diariamente sobre os mais
variados assuntos que englobam a temática ambiental e sanitária. Nesse local o público
pode interagir através das “curtidas”, compartilhamento, menções e comentários. Através
dos stories, postagens que ficam apenas 24h na linha do tempo da plataforma, é possível
interagir através de “perguntas e respostas”, compartilhamento de outras páginas ou da
própria, inserção de posts animados (gifs), entre outros. As lives acontecem a cada 30 dias
(aproximadamente) e são feitas de forma remota, onde um dos membros da equipe
entrevista convidados da área ambiental/sanitária ao vivo, e posteriormente fixa estes
vídeos no IGTV.
Acredita-se que a rede social apresentada tem um grande potencial de alcance de
público. A primeira postagem ocorreu no dia 28 de abril de 2020 e atualmente o perfil
conta com quase 700 seguidores, que interagem através das ferramentas citadas
anteriormente, mais de 300 postagens, 13 lives e diversas publicações no story. O
instagram permite a verificação de algumas métricas, como quantidade de seguidores,
idade e gênero, quantidade de interações, cidade de localização dos seguidores, horários de
maiores visualizações, entre outros. Nossos seguidores são majoritariamente do gênero
feminino (63,2%), entre 25 e 34 anos (35,6%) (em segundo lugar está a faixa etária entre
18 e 24 anos, com 30,9%). Os acessos ocorrem principalmente no município de Curitiba

625
(15,1%) e Paranaguá (13,3%). É interessante destacar que as principais localizações
englobam municípios do litoral do Paraná (Paranaguá, Pontal do Paraná e Matinhos).
Analisando individualmente as contas de seguidores, percebe-se um grande
número de alunos do próprio Campus (do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária e
outros cursos) e de outros cursos da UFPR, o que já demonstra um objetivo atingido: o
alcance e aproximação de alunos em tempos de pandemia. O perfil apresenta bons
resultados referente a interação com o público, principalmente quando as postagens tratam
sobre assuntos que estão mais em alta, por exemplo queimadas e desmatamento. A
comunidade acadêmica também tem aprovado de forma satisfatória o formato da
divulgação das informações, o que se verifica através de mensagens no próprio perfil, além
de comunicações privadas com os membros da equipe. Outras páginas relacionadas com a
mesma temática têm interagido (curtindo, compartilhando e comentando) as postagens.
Esta boa aceitação é confirmada através de convites para participação e divulgação em
outros programas da própria Universidade e rádios locais. A maior contribuição da página
para o público é a forma como a informação é transmitida, de forma menos técnica,
deixando o assunto mais prático e de fácil entendimento para qualquer pessoa que busque
informação sobre o tema meio ambiente.
Além da página contribuir com a comunidade, abordando de forma simplificada
assuntos que podem ser complexos, também contribui na forma como os estudantes do
curso de Engenharia Ambiental e Sanitária, e outros cursos relacionados, abordam os
assuntos conectados com a área.

Considerações Finais
O projeto de extensão em seu formato atual proporciona que acadêmicos possam
se inserir em uma prática diferenciada, que considera a existência dos vários saberes
envolvidos, o que implica um planejamento dinâmico das ações, possibilitando a
ampliação do processo de aprendizagem dos alunos bolsistas e voluntários em propostas
teóricas e metodológicas voltadas para a prática da educação ambiental e sanitária. É
nítido a evolução dos participantes a cada dia, na escrita das matérias, crescimento do
hábito da leitura, o aprendizado de design gráfico e a harmonia do trabalho em grupo. O

626
aumento de pessoas alcançadas e a participação demonstra também a aproximação com
alunos, seus familiares e amigos, profissionais e população (principalmente na região
metropolitana de Curitiba e litoral do Paraná). Por exemplo, nos últimos trinta dias (16 de
junho a 15 de julho) foram alcançadas 65,6% mais contas e 515% mais interações com
conteúdo em comparação ao mês anterior. No formato atual, o projeto efetivamente
conseguiu ultrapassar o espaço físico da Universidade, alcançando a população, o que é o
pilar da extensão. Além disso, tornou-se interessante também para o ensino, já que é uma
forma de interação com alunos do curso e do campus.

Referências
DIAS, G.F. Educação ambiental: princípios e práticas. São Paulo, Gaia, 1992

ZANCANARO, L. O conceito de responsabilidade em Hans Jonas. 1998. Tese


(Doutorado em Educação) - Faculdade de Educação, Faculdade Estadual de Campinas,
Campinas.

627
EDUCAÇÃO ANTIRRACISTA NA PRÁTICA

Área temática: Educação


Coordenadora: Eliza TERRES CAMARGO
Instituto Federal de Educação, Ciência, e Tecnologia do Rio Grande do Sul
- Campus Rio Grande (IFRS)
Autores: M. A. M. RODRIGUES 1; M. S. GOMES 2

Resumo:
A luta contra o racismo, ainda existente contra a população negra, necessita de ações
afirmativas para alcançar uma equidade de oportunidades. Ao considerar o surgimento de
leis voltadas ao combate do racismo, é notório que o Brasil enfrentou uma reformulação
nos conceitos de educação antirracista e intercultural. No entanto, se faz necessário trazer a
temática da teoria para a práxis em todos os setores, principalmente os mais básicos da
educação. Sendo assim, desenvolver projetos que relacionem as questões étnico-raciais
com a comunidade geral, instituições privadas e as comunidades minoritárias é essencial
para a efetividade da educação antirracista. Por isso, o NEABI do IFRS Campus Rio
Grande realizou o Projeto de Extensão sobre a causa negra e a educação, com objetivo de
ampliar o conhecimento sobre a cultura afro-brasileira, através da produção de material
didático e informativo, que foram divulgados nas redes sociais. Avaliou-se que o alcance
da comunidade foi maior pela forma remota, do que havia sido nos anos anteriores. Este
projeto procurou aumentar o engajamento da instituição em questões relacionadas à
negritude, e hoje, é visto como um suporte necessário para o entendimento das
afrobrasilidades nos tempos atuais, através da educação antirracista, cujo intuito é
fortalecer as relações étnico-raciais.

Palavras-chave: educação antirracista; ações afirmativas; NEABI.

1
Maria Alice Machado Rodrigues, aluna do curso Técnico em Automação Industrial.
2
Monise Soares Gomes, aluna do curso Técnico em Geoprocessamento.

628
Introdução
Ainda hoje, estamos lutando contra o racismo. Não há um dia sequer em que jovens
negros não são mortos, presos por conta de sua cor da pele, ou que não sejam
inferiorizados e julgados. Podemos conceituar o que é o racismo da seguinte forma:
O racismo é uma forma sistemática de discriminação que tem a raça como
fundamento, e que se manifesta por meio de práticas conscientes ou
inconscientes, que culminam em desvantagens ou privilégios para indivíduos, a
depender do grupo racial ao qual pertençam (ALMEIDA, 2019, p. 22).

A educação pública foi negada para aqueles que não eram brancos; inclusive, em
1837 houve uma lei que proibia a entrada de pessoas negras dentro da escola pública
(BRASIL, 1837). Como uma ação afirmativa, a Lei nº 12.711 (BRASIL, 2012), chamada
Lei de Cotas, veio equiparar a desigualdade entre brancos e negros nas instituições
públicas.
A presença de negros em maior número na academia por conta da Lei de Cotas é
um fenômeno transgressor e faz com que todos, brancos e negros, reflitam sobre
suas posições na sociedade como um todo, ainda que com suas especificidades
culturais e identitárias, porém trabalhando para um bem comum: uma mudança
de estrutura (ROSA, 2019, p. 42).

Faz-se necessário citar também a Lei nº 11.645 (BRASIL, 2008), cuja ação
antirracista foi incluir a temática étnico-racial no currículo do ensino básico. Afinal, é
preciso que as pessoas negras se enxerguem dentro dos espaços; que tanto docentes e
funcionários, quanto alunos estejam ocupando espaços de poder, pois educação e
conhecimento são poderes, para que, por exemplo, aquele aluno se veja além da formação.
Por isso, o Projeto de Extensão “Causa Negra e Educação - NEABI IFRS Rio
Grande” tem como objetivo concretizar a implementação das ações afirmativas, ao
elaborar material didático, informativo e divulgações acadêmicas, além de promover
encontros de reflexão e capacitações para o conhecimento e valorização da história e da
cultura africana e sua contribuição para a constituição do país.

629
Metodologia
“Causa Negra e Educação” foi possível de acontecer, pois parcerias
interinstitucionais foram formadas, são elas: Ponto de Cultura Boneca Africana Rana
(PBAR), que é um movimento social; Centro de Referência da Assistência Social - Águeda
(CRAS), instituição governamental municipal, responsável pelos serviços
socioassistenciais do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) nas áreas consideradas
vulneráveis e com algum risco social nos municípios; Secretaria de Município de Educação
(SMEd), Coordenadoria Municipal de Políticas Públicas para a Promoção da Igualdade
Racial; Museu Afro-Brasil-Sul (MABSul), que busca contar a história de negros e negras
da Região Sul.
As atividades foram realizadas de forma remota, focando na comunidade interna e
externa do IFRS, através das redes sociais e de plataformas de reunião online.

Desenvolvimento e Processos Avaliativos


A participação no evento ao vivo “Semana Feminista” do NEPGS (Núcleo de
Estudos e Pesquisa sobre Gênero e Sexualidade) do Campus Rio Grande, possibilitou que
as comunidades externa e interna tivessem mais contato com a temática e despertassem o
interrese em se envolver com o Núcleo, dando assim maior visibilidade para a causa.
Esta live teve participação das duas bolsistas do projeto “Causa Negra e Educação”
e a presença da fundadora do MABSul. Foi discutido sobre a importância das ações
afirmativas na nossa sociedade e foram esclarecidas as dúvidas que muitas pessoas tinham.
O curso “Fortalecimento do Potencial Negro” foi criado com a intenção de
aumentar o público acadêmico interno e externo, compartilhando conhecimento através das
5 oficinas ofertadas de modo online, com a intenção de aumentar o público acadêmico
interno e externo, compartilhando conhecimento através das 5 oficinas ofertadas.
A alimentação de posts informativos nas redes sociais; a publicação do projeto em
eventos científicos e a criação, junto ao projeto de extensão sobre a causa indígena, de uma
cartilha e de banners explicativos foram mais algumas ações afirmativas realizadas.

630
Considerações Finais
A organização de eventos que abordaram a cultura afro-brasileira teve muito
sucesso na sua implementação. As parcerias consolidadas foram de suma importância para
o desenvolvimento do projeto.
O projeto da causa negra aumentou a visibilidade do Núcleo, e pudemos, assim,
obter mais conhecimento sobre as relações étnico-raciais dentro e fora do IFRS. Foi
possível dar visibilidade a temas abordados raramente nos espaços da academia. Com o
engajamento entre o Núcleo e as comunidades interna e externa, conseguimos aumentar a
quantidade de membros ativos no NEABI, por consequência, mais pessoas começaram a
propagar conhecimento sobre a importância da luta contra o racismo e o que a negritude
representa para a construção da identidade racial brasileira.
Porém, percebemos que uma das maiores dificuldades foi a falta de mais membros
internos do IFRS, como alunos e servidores, pois tivemos poucos docentes e estudantes
cotistas participando das atividades. O instituto já tem poucas pessoas pretas e nós com
certeza sentimos dificuldade em trazê-las para a causa e para o Núcleo.
A continuidade de projetos do NEABI em 2021 mantém as ações afirmativas, cujas
perspectivas são promissoras na luta contra o racismo, pois percebemos que o fomento ao
diálogo e a ações que fortaleçam a causa negra impulsionam mudanças.

Referências
ALMEIDA, Sílvio Luiz de. O que é racismo estrutural? Belo Horizonte (MG):
Letramento, 2018.

BRASIL, Lei nº 1, de 14 de janeiro de 1837. Instrução Primária no Rio de Janeiro. Link


para o acesso: https://seer.ufrgs.br/asphe/article/viewFile/29135/pdf Acesso em: 21
jul.2021.

BRASIL, Lei nº 11.645 de 10 de março de 2008. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de


dezembro de 1996, modificada pela Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece
as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de
ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e
Indígena”. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2008/lei/l11645.htm . Acesso em: 21 jul. 2021.

631
BRASIL, Lei nº 12.711, de 29 de agosto de 2012. Dispõe sobre o ingresso nas
universidades federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível médio e dá
outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2012/lei/l12711.htm. Acesso em: 21 jul.2021.

ROSA, Duro Sabrina. O aluno cotista racial negro: possibilidades de empoderamento por
meio da aula de língua inglesa a partir do desenvolvimento da competência simbólica. Tese
(Doutorado), UFPel, 2019.

Instituição financiadora:
Instituto Federal de Educação, Ciência, e Tecnologia do Rio Grande do Sul

632
EDUCAÇÃO COMUNITARIA: INTERAÇÃO ENTRE SABERES E VIVÊNCIAS

Área Temática: Educação


Coordenador da atividade: Paulo Roberto Cardoso da SILVEIRA
Universidade Federal do Pampa – UNIPAMPA
Autores: C. L. I. CARBAJAL 1; M. L. S. CAMPOS 2; D. M. BORDIN 3; P. E. P. DIANI 4;
T. M. BORDIN 5.

Resumo:
Este trabalho aborda um programa de extensão que propõem a interação Universidade-
Sociedade, utilizando-se da Educação Comunitária como metodologia, sendo esta
orientada pela problematização da realidade cotidiana e o diálogo de saberes. Esta
metodologia visa conhecer os problemas vivenciados pela comunidade e mobilizar os
agentes públicos e comunitários para seu enfrentamento. Devido a Pandemia da COVID -
19 realizaram-se encontros virtuais com a participação de segmentos da comunidade e
transmitidos a toda sociedade itaquiense; instituiu-se uma página no facebook para
postagens de material e troca de conhecimentos, com enquetes (usando também o
Instagram) e espaços de diálogo (Fóruns). Escolheram-se temáticas relevantes para a
sociedade e que dialogassem com projetos e programas da instituição, voltadas para
segmentos historicamente distantes da Universidade. Avalia-se que a aproximação das
entidades parceiras e de pessoas da comunidade em projetos e programas de extensão,
demonstra o efeito positivo das estratégias adotadas. E o número de seguidores que
interagem com a página significa um canal permanente de comunicação da Universidade
com a comunidade e contribui para sua ação no desenvolvimento local e regional.
Considera-se que os objetivos projetados foram alcançados, promovendo-se a interação
entre saberes acadêmicos e populares.

Palavras-chave: Educação Comunitária; Extensão Universitária; Diálogo de Saberes;

1
Carla Lisiani Ibaldi Carbajal, Discente do Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia;
2
Marcio Luciano dos Santos Campos; Servidor Técnico-administrativo do Campus de Itaqui;
3
Daniela Maciel Bordin; Discente do Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia;
4
Pedro Emanoel Peres Diani; Discente do Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia;
5
Taiara Maciel Bordin; Discente do Curso de Enfermagem- Campus de Uruguaiana.

633
Introdução
O “Programa Interdisciplinar de Educação Popular e Comunitária” surge de duas
necessidades sentidas no trabalho de extensão universitária: incentivar o protagonismo da
comunidade-alvo e propiciar a interação entre a Universidade e a sociedade
local/regional. Mais do que ações de difusão do trabalho acadêmico, a proposta foi
constituída no sentido de estabelecer o diálogo com a comunidade Itaquiense e região,
conhecendo seus problemas e contribuindo com seu enfrentamento. Adotou-se a
metodologia de Educação Comunitária, a qual busca problematizar a realidade vivenciada
pela comunidade, explicitando desafios que devem produzir esforços da Universidade na
criação de projetos de pesquisa e extensão, alicerçando sua ação no diálogo permanente
entre os conhecimentos acadêmico e popular.
A educação popular comunitária tem uma tradição na América Latina, a qual tem
se proposto como instrumento de mobilização e organização das comunidades,
fomentando a formação de agentes de desenvolvimento local e regional. Pode-se definir a
Educação Comunitária como “uma das formas de expressão da educação popular,
mediante a qual se busca melhorar a qualidade de vida dos setores excluídos...”
(GADOTTI, 1992,150).
Com a Pandemia da COVID-19, teve-se que adaptar a metodologia inicialmente
projetada devido a imposição de medidas de distanciamento social. O desafio constituiu-
se em promover a interação com a comunidade, utilizando-se apenas de ambientes
virtuais, o que levou a criação de um conjunto de estratégias de comunicação; estas
significaram a criação de espaços interativos, possibilitando o diálogo permanente e
efetivo, integrando diferentes ações de extensão.
Tomaram-se como temas a serem abordados aqueles relacionados com segmentos
historicamente marginalizados da ação universitária, os agricultores, a população negra,
os setores da cultura popular, a população da periferia urbana e os frequentadores das
redes sociais muitas vezes impactados por informações simplificadas e por Fake News; os
temas também foram escolhidos, considerando a existência de ações extensionistas
capazes de dar continuidade ao debate e viabilizar proposições de trabalho efetivo com
cada segmento.

634
O grande objetivo deste programa é constituir espaços permanentes de interação
Universidade-Sociedade, aproximando a comunidade acadêmica da realidade local e
regional; deste modo, favorece-se a circulação de saberes, se permite que as vozes
populares saiam do silenciamento e que os diferentes programas e projetos realizados
pelos servidores do Campus Itaqui alcancem o cotidiano dos cidadãos itaquienses e da
região de abrangência do campus.
Metodologia
Com a Pandemia da COVID-19, a equipe foi constrangida a pensar formas de
interação com a comunidade, sendo definidas duas linhas orientadoras:
a) A criação de uma página no facebook com postagens frequentes, onde através
de vídeos e textos, levaram-se informações relevantes em relação à
compreensão do processo de ação do Coronavírus e seus impactos na vida
cotidiana, enfocando-se o reaprender a tecer relações e adotar novos
comportamentos. Estes temas enfatizaram a saúde mental, a alimentação, a
educação diante da propagação do Coronavirus; para instigar a participação da
comunidade foram propostas enquetes pelo Facebook e Instagram, as quais
permitiam conhecer as ansiedades da população e seu entendimento sobre
questões importantes abordadas por programas e projetos, os quais
qualificaram nossa capacidade de ação.
b) A promoção de espaços virtuais on line (lives) a partir da geração de imagens
em um local significativo em relação ao tema abordado via aplicativo Stream
Yard e transmitido pelo Facebook para toda comunidade itaquiense; estes
espaços reúnem no local representantes da organização anfitriã, um câmera
(bolsista) e a coordenação do projeto, sendo que os convidados para o debate
acessavam via internet; deste modo, evitava-se aglomeração e se colocava no
local no máximo oito pessoas, respeitando o distanciamento entre os
presentes, uso de máscara e álcool gel; estes eventos ficavam gravados na
página do Programa e permitiam serem acessados posteriormente.
Na fase de lançamento do programa, tivemos duas rodas de conversa virtuais,
versando sobre educação e ciência na contemporaneidade. As duas linhas orientadoras se

635
interelacionam, pois se apoiam e se potencializam mutuamente;

Desenvolvimento e Processos Avaliativos


Realizaram-se em 2020, três encontros virtuais no formato exposto acima com
temas cultura tradicionalista transmitida do Piquete Sinuelo dos Pampas; a cultura de
matriz africana e o processo de subalternidade da população negra transmitido do Clube
Cassino, antigo clube social negro de Itaqui; a importância da Agroecologia para a
agricultura familiar e a alimentação saudável transmitida desde o sindicato dos
trabalhadores rurais; em todos os casos tivemos a efetiva participação das entidades
parceiras na decoração e na viabilização da infraestrutura no local, na definição do
formato do espaço e convidados. Estes espaços produziram a aproximação da comunidade
de vários projetos e programas de extensão, onde passam a atuar como integrantes ativos.
A organização do local, a geração de imagens e a divulgação estiveram a cargo de
estudantes bolsistas e voluntários.
A participação discente no programa também se efetivou na criação e gestão das
páginas, assumindo a produção de conhecimentos e o desenvolvimento de instrumentos
de comunicação. Deste modo, observou-se um aprendizado relevante, possibilitando que
a ação extensionista se concretize como um qualificativo da atividade de ensino,
destacando- se a capacitação metodológica.

Considerações Finais
No momento que as Universidades públicas buscam se legitimar diante da
sociedade, em que o processo de curricularização da extensão institui uma necessidade de
aprofundar e qualificar as ações extensionistas, a metodologia aqui apresentada significa
uma contribuição importante. Observou-se que mesmo durante a Pandemia da COVID-
19, conseguiu-se efetivar a interação com a comunidade, compartilhando saberes e
criando espaços de aprendizado permanente.

Referências
DELIZOICOV, D.; MUENCHEN, C. A Construção de um Processo Didático-pedagógico
dialógico: Aspectos epistemológicos; Belo Horizonte, Revista ENSAIO, v.14, n. 3, set-

636
dez. 2012.

DESLANDES, M.; ARANTES, A. A extensão universitária como meio de transformação


social e profissional. Sinapse Múltipla, v. 6, n. 2, dez., 179-183, 2017. Disponível em:
http://periodicos.pucminas.br/index.php/sinapsemultipla. Acesso em: 17 jul. 2021.

GADOTTI, Moacir. Escola Vivida e Escola Projetada. Campinas: Papirus, 1992 (p.150).

637
ENSINO DA LÍNGUA INGLESA NAS ESCOLAS: UMA VISÃO
MULTIFACETADA

Área Temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Leila Cleuri Pryjma
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná (IFPR)
Autores: L. Cleuri PRYJMA 1; S. de OLIVEIRA GOMES 2; C. PEREIRA de SÁ 3

Resumo:
O projeto tem como finalidade oferecer ensino de Língua Inglesa a alunos da rede
municipal de ensino. Iniciou-se com a proposta de motivação aos alunos do ensino médio
na aprendizagem do componente, bem como a necessidade da rede pública municipal que
não possui professores dessa área e verificou que o índice de retenção da rede estadual em
Língua Inglesa é alto, celebrou-se então a parceria entre o IFPR e a Rede Municipal de
Educação, visando uma preparação prévia aos alunos para dar sequência ao componente
assim que iniciassem o Ensino Fundamental II. Para tal ação, foi desenvolvida uma
apostila interdisciplinar valorizando o uso do lúdico bem como a aplicação de práticas
pedagógicas. As aulas são ministradas de maneira que fomentem a autonomia e destaque
juvenil dos professores-aplicadores, que são os estudantes do Ensino Médio Técnico
Integrado de Cooperativismo, desenvolvimento pessoal, ao mesmo tempo em que cria um
vínculo entre professor e aluno, destacando o envolvimento e a dedicação dos alunos nas
aulas, que levam os aprendizados para além das fronteiras de uma sala de aula. Até o
momento, observa-se o protagonismo dos professores-aplicadores, um melhoramento da
autoestima, desenvolvimento da oralidade e senso de competência, em companhia da
contribuição do arranjo educativo local.

Palavras-chave: ensino-aprendizagem; Língua Inglesa; metodologias ativas.

1
Dra. Leila Cleuri Pryjma, docente do IFPR, coordenadora do projeto de extensão I
CanLearnEnglishatSchool.
2
Sabrina de Oliveira Gomes, estudante do Curso Técnico de Cooperativismo, bolsista PIBEX-Jr/IFPR do
projeto de extensão I CanLearnEnglishatSchool.
3
Me. Clayton Pereira de Sá, docente do IFPR.Vice-coordenador do projeto de extensão I
CanLearnEnglishatSchool.

638
Introdução
Este projeto surgiu da necessidade de despertar o interesse dos alunos pelas aulas
de Língua Inglesa, aliado à necessidade da rede municipal de ensino que não possui
professores desse componente curricular. Trata-se de um Projeto de Extensão intitulado I
Can Learn English at School, com 01 bolsa Pibex Jr/IFPR e 35 colaboradores voluntários,
todos do Ensino Médio, que recebem o título de professores-aplicadores, são eles que vão
nas escolas ministrar aulas de Inglês para os estudantes do 5º ano da Rede Municipal sob a
supervisão da coordenadora do Projeto.

Metodologia
Foi desenvolvida uma apostila de Inglês, com conteúdo interdisciplinar, para a
aplicação através do uso de metodologias ativas (BERBEL,2011; BASTOS, 2006;). Nossa
fundamentação teórica tem como base, o uso de referências que nos auxiliam durante a
efetivação de nossas metodologias, ou seja, materiais que colaboram para uma melhor
compreensão do uso do lúdico no ensino de língua inglesa, uma vez que esta é motriz de
nosso trabalho e o nosso diferencial se comparados aos métodos de ensino tradicionais
(JORDÃO, 2006; MITRI, 2008) . A fim de complementar teoricamente nosso projeto,
guiamo-nos por compêndios que nos auxiliarão no pensamento de novas práticas a serem
inseridas em nosso contexto, tornando a aprendizagem mais significativa (SPRATTetal,
2005; RAJAGOPALAN, 1999). Quanto à metodologia utilizada, destacamos que é
baseada na abordagem comunicativa para o ensino-aprendizagem de língua inglesa,
prevendo a inclusão de atividades que promovam a interação entre alunos e seus pares com
atividades que proporcionem o uso real da língua estrangeira (BAKHTIN, 2003). No
decorrer do ano de 2020, devido à pandemia, não pudemos desenvolver o projeto
presencialmente, pressupondo a preservação da saúde dos envolvidos. Buscamos diversas
possibilidades para continuar o exercício das aulas de maneira remota, contudo,
identificamos problemas de acesso e equipamentos por parte dos alunos, o que
impossibilitou as atividades. Concentramos-nos no desenvolvimento e confecção de
atividades lúdicas, tais como bingo, palavras cruzadas/caça-palavras, músicas, gincanas e
jogos interativos.

639
Desenvolvimento e processos avaliativos
A realidade sociocultural da região que está situada o IFPR é carente de
oportunidades culturais e nosso projeto, Pibex-Jr/IFPR I CanLearnEnglishatSchool,
propõe-se a colocar tanto os estudantes do 5º ano da Rede Municipal, quanto os
professores-aplicadores em contato com diversidades linguísticas e culturais, de forma que
instigue sua capacidade de interação com realidades diferentes, refletindo sobre suas
práticas sociais, culturais e linguísticas. Para tanto, os estudantes do IFPR utilizam os
conhecimentos adquiridos nas aulas de Inglês, ministradas pela coordenadora do projeto,
para promover a melhoria do arranjo educativo local, ensinando Inglês nas escolas
municipais, em contraturno. Trata-se de um projeto em parceria com a Secretaria
Municipal de Educação da cidade, desenvolvido desde 2019 que abrange, em média, 350
estudantes de 5º ano e vem recebendo um excelente feedback. Destaca-se também que os
professores-aplicadores realizaram o TOEFL e o TOEIC com ótimos resultados.

Considerações Finais
Até este momento destacamos que o protagonismo por parte dos professores-
aplicadores trouxe emoção ao ver os jovens alunos aprendendo e ensinando, melhoria de
autoestima e de possuir uma utilidade na sociedade, estimulando o protagonismo juvenil,
colocando os nossos estudantes, professores-aplicadores, na posição de cidadãos atuantes e
críticos, capazes de fazer a diferença para o arranjo educativo local. Os estudantes
participam realmente das aulas, demonstram alegria, carinho e responsabilidade com sua
aprendizagem, além de querer participar, os professores-aplicadores se interessaram mais
pelo componente curricular de Língua Inglesa e passaram a desenvolver melhor suas
habilidades pessoais, tais como, falar em público, gestão do tempo, organização pessoal. O
projeto é extremamente importante porque percebemos que podemos aprender muito
ensinando e que podemos despertar o interesse de outras pessoas para a melhoria de suas
próprias vidas. Além da compreensão de que a educação é o princípio de qualquer
mudança, o projeto tem se destacado na cidade por ser composto, em sua maioria, de

640
jovens colaboradores e estar mostrando um impacto positivo no índice de aprovação da
rede estadual.

Referências
BAKHTIN, M. M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

BASTOS, C. C. Metodologias ativas. Educação e Medicina, 2006.

BERBEL, N. A. N. As metodologias ativas e a promoção da autonomia de estudantes.


Semina: Ciências Sociais e Humanas, Londrina, v. 32, n. 1, p. 25-40, jan./jun. 2011.

JORDÃO, C. O ensino de línguas estrangeiras – de código a discurso. In: KARWOSKI,


A. M.; BONI, V. (Orgs.). Tendências contemporâneas no ensino de inglês. União da
Vitória, PR: Kaygangue, 2006.

MITRI, S. M. Metodologias ativas de ensino aprendizagem na formação profissional em


saúde: debates atuais. Ciência & Saúde Coletiva, v. 13, supl 2, p. 2133-2144, 2008.

RAJAGOPALAN, K. ReplytoCanagarajah. ELT Journal, Oxford University, v. 53/3, p.


2015-2016, jul. 1999.

SPRATT, M.; PULVERNESS, A.; WILLIAMS, M. The TKT Course. Cambridge:


Cambridge University Press, 2005.

641
ENSINO DA VARIAÇÃO LINGUÍSTICA: PRÁTICAS DIDÁTICAS

Área Temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Joelma CASTELO BERNARDO DA SILVA
Universidade Estadual do Paraná - Campus Apucarana (UNESPAR)
Autores: Juliana SOUTO 1; Milena ALVES 2

Resumo:
O objetivo do projeto de extensão Ensino da Variação Linguística: práticas didáticas
(ProExVar) é oferecer ao professor meios didáticos para trabalhar a variação linguística
nas aulas de Língua Portuguesa. O projeto está organizado em três frentes: lives no
Youtube, postagens no Instagram e propostas didáticas sobre tópicos gramaticais aos níveis
fonológico e morfossintático, com o objetivo de criar um espaço para o debate sobre
variação e sua aplicação ao ensino, promovendo assim o respeito à diversidade linguística
no contexto escolar.

Palavras-chave: sociolinguística; ensino; variação.

Introdução
O objetivo do projeto de extensão “O Ensino da Variação Linguística: práticas
didáticas” (ProExVar), oferecido pelo curso de Letras-Português da UNESPAR, consiste
em oferecer aos professores de Língua Portuguesa do segundo segmento do Ensino
Fundamental e do Ensino Médio conceitos, materiais, recursos e propostas didáticas para
trabalhar a variação linguística. Por formarem o patrimônio cultural do povo brasileiro, as
normas linguísticas que compõem o Português Brasileiro (PB) devem ser estudadas nas
aulas de Língua Portuguesa, a fim de reforçar a nossa identidade nacional e combater
atitudes de preconceito linguístico. A BNCC reforça essa necessidade ao afirmar que o
ensino de Língua Portuguesa deve contemplar “reflexões sobre os fenômenos da mudança

1
Juliana de Barros Souto, graduanda do curso de Letras-Português da UNESPAR
2
Milena Machado dos Santos Alves, graduanda do curso de Letras-Português da UNESPAR

642
linguística e da variação linguística, inerentes a qualquer sistema linguístico, e que podem
ser observados em quaisquer níveis de análise” (BNCC, 2016). No entanto, os conceitos
sobre variação linguística são esquecidos ou rejeitados nos materiais didáticos em favor de
um ensino purista sobre língua, propagador de preconceitos linguísticos (VIEIRA, 2017;
BAGNO, 2007; FARACO, 2008). Pensando em intervir nessa situação, o projeto se
justifica por oferecer materiais teóricos e metodologias para tornar possível um ensino
baseado na realidade linguística do aluno, fortalecendo, dessa forma, o diálogo entre os
conhecimentos acadêmicos e os saberes populares.

Metodologia
Os conceitos, debates e metodologias aplicados pelo projeto têm como finalidade
introduzir nas escolas atitudes e práticas pedagógicas pautadas na pedagogia da variação
(FARACO, 2008), à luz de abordagens que relacionam conceitos de variação e ensino
(VIEIRA, 2017 entre outros). As atividades do projeto são desenvolvidas em três frentes:
postagens no Instagram; realização de lives pelo Youtube e desenvolvimento de propostas
didáticas. Como recursos digitais, empregaram-se o Canva para elaboração dos materiais
do projeto, o Instagram para divulgá-los (@proexvar) e o Youtube para promover as lives
(https://www.youtube.com/channel/UCDklte9x7HC75wKkPjiHvkQ).
As propostas didáticas são elaboradas com o objetivo de oferecer ao professor de
Língua Portuguesa um conjunto de atividades organizadas sistematicamente em etapas. A
aplicação das tarefas preza pela flexibilidade nos modos de execução e locais de aplicação,
bem como pela valorização da mediação do professor e do protagonismo do aluno. As
propostas didáticas são acompanhadas de materiais que facilitam a sua aplicação (anexos
de textos de diferentes gêneros, questionários, design de tabuleiro e cartas de jogos). Essas
propostas serão reunidas em um caderno de atividades, que será oferecido aos professores
em um curso de extensão.

643
Desenvolvimento e processos avaliativos
Nossas publicações no Instagram tem alcançado o perfil de professores, alunos e
funcionários das escolas, além do perfil de diversos projetos de ensino e extensão de
diferentes Universidades no Brasil. Atualmente contamos com a participação de mais de
100 seguidores. Nas postagens sobre história da língua, foram abordados variados temas
como a formação do PB, migrantes europeus chegados no Brasil, os africanos trazidos ao
Brasil e fatores influenciadores nesse processo. Nas postagens sobre a relação língua e
sociedade, deu-se ênfase à discussão sobre o preconceito linguístico.
Nas lives, professores de diferentes universidades federais do Brasil
compartilharam formas de aplicar ao ensino os resultados de suas pesquisas, debatendo
tópicos sobre variação segmental, suprassegmental e sintática. As gravações das lives
obtiveram até o momento da escrita desse artigo mais de 300 visualizações.
As colaboradoras do projeto desenvolveram até agora cinco propostas: uma para
Fonologia, duas para Morfossintaxe e duas para História da Língua. Na proposta de
Fonologia, são trabalhadas as variações regionais presentes na entoação dos enunciados
declarativos e interrogativos do PB e do Português Europeu (PE) através da aplicação de
tarefas de escuta e reconhecimento dessas duas variedades, utilizando recursos
provenientes de atlas interativos. Nas duas propostas de Morfossintaxe, são desenvolvidas
atividades para o trabalho com a variação diastrática e diafásica na concordância nominal
e verbal de número e no paradigma de pronomes pessoais no PB . Na proposta de História
da Língua, são abordados temas pertinentes à sócio-história do PB, que visam relatar a
expansão europeia no século XVI, sua cronologia e os primeiros contatos entre os povos
europeus, africanos e indígenas, em território brasileiro, que contribuíram para formação
da nossa língua.
Como última etapa do nosso projeto, será oferecido um curso de extensão aos
professores, a fim de apresentar as propostas didáticas e motivar sua aplicação em sala de
aula. Entende-se que o impacto social do projeto nas escolas será um grande desfecho de
uma série de ganhos já conquistados pelo projeto, com destaque para a formação
acadêmica dos estudantes do curso de Letras Português, colaboradores do projeto, que se

644
tornam aptos a promover mudanças sociais, a partir de uma relação dialógica com a
comunidade, promovendo um ensino de língua mais justo e democrático.

Considerações Finais
Em suma, o impacto e a transformação social já proporcionados pelas atividades
desenvolvidas pelo ProExVar incluem a expansão da consciência do acadêmico e do
professor a respeito da natureza dinâmica da língua bem como dos problemas derivados da
relação língua e sociedade, fazendo-o atuar de forma crítica na solução dos problemas de
preconceito linguístico que emergem no contexto escolar. Dessa forma, propõe-se
contribuir para edificação dos três pilares que sustentam a universidade: Pesquisa, Ensino e
Extensão, criando uma parceria entre a Universidade e sociedade, por meio da atuação do
professor já formado e em formação como mediadores de uma visão plural sobre língua.

Referências
BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico: o que é, como se faz. São Paulo: Edições
Loyola, 2000.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular: Educação é Base.


Brasília: MEC, 2018.

FARACO, Carlos Alberto. Norma culta brasileira: desatando alguns nós. São Paulo:
Parábola, 2008.

VIEIRA, Silvia (org.). Gramática, Variação e ensino. Rio de Janeiro: FAPERJ, 2017.

645
ENSINO DE ESTATÍSTICA: CONEXÃO ENTRE A ESCOLA E A
UNIVERSIDADE

Área Temática: Educação


Coordenadora da atividade: Suzi SAMÁ
Universidade Federal de Rio Grande (FURG)
Autores: Carine M. Correia 1; Estefany F. dos Santos 2; Rejane C. S. da Silva 3

Resumo:
O projeto Educação Estatística: conexão entre escola, universidade e comunidade buscou
articular a relação entre os campos do conhecimento por meio da Estatística. Uma das ações
do projeto consistiu na formação de um grupo de discussão que teve por objetivo (re)pensar
o ensino da estatística nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Participaram desse grupo
professoras de uma escola pública, alunas da graduação e pesquisadoras da Educação
Estatística da universidade. No grupo foram discutidas oito temáticas da área da estatística
de forma a promover a troca de experiências e metodologias de ensino que auxiliem os
professores a desenvolver as habilidades e competências do campo da estatística previstos
na Base Nacional Comum Curricular. Concluímos que a conexão entre escola e
universidade, possibilitada por um espaço de diálogo em que as experiências vividas por
todos os envolvidos foram legitimadas, potencializaram aprendizados essenciais para
compreensão e reflexão a respeito do ensino de estatística nas diferentes realidades do
contexto escolar e acadêmico.

Palavras-chave: Ensino de Estatística; Anos Iniciais do Ensino Fundamental; Formação


de Professores.

Introdução
Aprender por meio da investigação favorece a formação estatística das crianças e
o desenvolvimento do pensamento científico desde os anos iniciais da escolarização. Por

1
Carine Medeiros Correia, aluna do curso de Psicologia - FURG.
2
Estefany Fonseca dos Santos, aluna do curso de Matemática Aplicada - FURG.
3
Rejane Conceição Silveira da Silva, professora da educação básica e membro do grupo de pesquisa EaD-
Tec/FURG.

646
meio de sua curiosidade a criança é levada a questionar e descobrir coisas novas. Neste
sentido aguçar a curiosidade dos estudantes pode instiga-los a investigar, seja pela
experimentação ou pela observação, o mundo ao seu redor. O processo de investigação
inicia com uma pergunta do interesse da criança, já a busca por uma resposta possibilita a
criança, segundo Freire (2001), a articular o saber popular e o saber crítico, mediados pelo
conhecimento quejá traz para a escola.
O processo de investigação permite superar a falta de relação entre teoria e prática,
muitas vezes presentes nas metodologias adotadas no ensino da Estatística na formação
inicial dos professores. Neste sentido, a ação desenvolvida no âmbito deste projeto busca
aproximar as pesquisas realizadas na academia sobre o ensino da estatística, por meio de
uma ação de extensão que tem por objetivo (re)pensar o ensino da estatística nos anos
iniciais do Ensino Fundamental, em diálogo contínuo entre graduandas, pesquisadoras da
universidade e professoras da escola.

Metodologia
O grupo de discussão surgiu a partir do interesse das professoras, que atuam nos
anos iniciais de uma escola pública da cidade de Rio Grande/RS, em discutir os conceitos
estatísticos previstos na Base Nacional Comum Curricular. O primeiro contato com as
professoras ocorreu em abril de 2020 a fim de discutir com a equipe do projeto as
demandas e potencialidades da ação de extensão. Os próximos encontros ocorreram de
junho a julho de 2021, totalizando oito encontros semanais. Por conta da pandemia a
plataforma Google Meet® foi utilizada, bem como a Plataforma Cousify.me®, onde os
materiais produzidos ao longo da ação foram disponibilizados. A abordagem dos conceitos
estatísticos foi fomentada a partir dos resultados de pesquisas e ações propostas em
dissertações de mestrado desenvolvidas por pesquisadores brasileiros da Educação
Estatística.
Nos encontros foram abordados as seguintes temáticas: A Estatística e a Educação
Estatística; Fases da Investigação Científica; Identificação do problema de investigação e
os tipos de fenômenos; Tipos de variáveis qualitativas e quantitativas; Organização dos
dados: construção de tabelas; Organização dos dados: gráficos; Uso adequado das

647
representações gráficas e Propostas de atividades para sala de aula. As temáticas
propostas no grupo foram pensadas sob a perspectiva interdisciplinar, a fim de que
professores e alunos possam explorar diferentes conceitos estatísticos por meio de
atividades investigativas, desencadeadas a partir de histórias da literatura infantil e vídeos.
Os vídeos configuram-se um recurso viável neste período de pandemia e ensino não
presencial vivido pelas escolas.

Desenvolvimento e processos avaliativos


A ação de extensão, entendida como um grupo de discussão, foi desenvolvida e
pensada com as professoras e não para as professoras. Embora os encontros do grupo
seguissem temáticas relacionadas ao ensino da estatística, o planejamento do encontro
subsequente era organizado conforme as discussões e demandas que emergiam na
interação e na troca de experiências de sala de aula das professoras da Educação Básica.
Cabe ressaltarque, tanto os encontros do grupo de discussão quanto às atividades propostas
para promover o ensino da estatística nos anos iniciais, consideraram o ensino não
presencial e os relatos das professoras referentes às dificuldades enfrentadas nesta
modalidade de ensino.
A cada encontro, as professoras foram relembrando experiências e atividades já
desenvolvidas em sala de aula, debatendo possíveis adequações nas mesmas de forma a
contemplar a interface com a Estatística, bem como valorizar e incentivar a imaginação
das crianças. Para D’Ambrosio e Lopes (2015) os professores precisam vivenciar
atividades que lhes provoquem não apenas uma apropriação de determinados conteúdos,
mas sobretudo, areflexão sobre possibilidades de como explorar este conteúdo.
A ação teve como ponto de partida discussões relativas ao que é Estatística e
Educação Estatística, problematizamos a abordagem da estatística a partir das fases de
uma investigação científica, as quais consistem, segundo Cazorla et. al (2017) na
problematização, planejamento e execução. Na “problematização da pesquisa” foi
discutida a importância da escolha do tema para contextualizar o problema a ser
investigado incentivando os alunos à observação dos fenômenos que ocorrem ao seu
redor. No “planejamento da pesquisa” foi abordada a definição da população a ser

648
investigada, a identificação e caracterização das variáveis, além do levantamento dos
dados. Na terceira e última fase, a “execução da pesquisa”, foi discutido os diversos
conceitos e procedimentos que auxiliam a organizar os dados e a extrair as informações
mais relevantes para analisar, interpretar e comunicar os resultados, bem como evidenciar
a importância da participação ativa dos estudantes ao longo de todo o processo
investigativo.
Por meio do livro “A surpresa de Handa” discutimos o pontencial da abordagem
dos conceitos estatísticos por meio da Literatura infantil, tão presente nos anos iniciais.
Essa história se passa na África do Sul e permite trabalhar diferentes culturas, espaço
geográfico, alimentação e os animais selvagens e domésticos. Com relação à Estatística,
problematizamos temas de investigação possíveis de serem trabalhados a partir da história
do livro, o qual foi escolhido por ter disponível vídeo com a contação da história no
Youtube, o que facilita o acesso dos alunos e minimiza a dificuldade enfrentada pelos
professores no que diz respeito ao material didático em tempos de pandemia.
No desenvolvimento da ação de extensão a aproximação entre as estudantes de
graduação com as professoras dos anos iniciais da escola contribuiu para a compreensão e
reflexão a respeito das diferentes realidades do contexto escolar e acadêmico. Além disso,
essa aproximação também possibilitou as acadêmicas refletirem sobre a relação entre a
teoria e a prática, o conhecimento científico e cotidiano, e as diferentes possibilidades de
abordar a estatística no contexto escolar.

Considerações Finais
Abordar a Estatística por meio da investigação com alunos dos anos iniciais
possibilita tanto compreender e interpretar os conceitos estatísticos, como favorece que
estes conceitostenham significado para os estudantes, auxiliando-os a ler o mundo em que
vivem. Estabelecer um espaço de discussão entre a universidade e a escola, possibilitou:
as graduandas experienciar outras realidades e a fomentar o ensino da estatística nas
escolas; as professoras dos anos iniciais a (re)pensar as formas de abordar os conceitos
estatísticos com seus alunos; e as pesquisadoras a articular a pesquisa, o ensino e a
extensão no contextoescolar e acadêmico.

649
Referências
CAZORLA, I.; MAGINA, S., GITIRANA, V., GUIMARÃES, G. Estatística para os anos
iniciais do Ensino Fundamental. 1. ed. Brasília: SBEM, 2017. Disponível em:
http://www.sbembrasil.org.br/files/ebook_sbem.pdf. Acesso em: jul./2021.

D’AMBROSIO, B.; LOPES, C. E. Perspectivas para a Educação Estatística de Futuros


Educadores Matemáticos de Infância. In: SAMÁ, S.; SILVA, M. (Orgs.) Educação
Estatística: ações e estratégias pedagógicas no ensino básico e superior. Curitiba: CRV, 2015.

FREIRE, P. Educação na Cidade. 5ª ed. São Paulo: Cortez, 2001.

650
ESTÁGIO INTERDISCIPLINAR DE VIVÊNCIA DE SANTA CATARINA:
EXTENSÃO RURAL NA PANDEMIA DA COVID-19

Área Temática: Educação


Coordenadora da Atividade: Marília Carla de Mello GAIA
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Autoras: L. MOTTER-OLIVEIRA ; L. C. PEREIRA-OLIVEIRA 2; L. PIGOZZI 3; M. C.
1

M. GAIA 4.

Resumo:
A Experiência Interdisciplinar de Vivência é o projeto que promove em Santa Catarina o
Estágio Interdisciplinar de Vivência (EIV), originado pela Federação dos Estudantes de
Agronomia do Brasil (FEAB), e tem um importante papel histórico e social no contexto
brasileiro, aproximando estudantes da realidade campesina e dos movimentos sociais do
campo. Nesse sentido, o presente trabalho apresenta a importância dessa experiência na
formação dos/as estudantes, apreendendo a necessidade de compreensão social direta da
realidade socioeconômica, política e cultural da agricultura familiar de Santa Catarina e
que, para tal, organiza-se em atividades que contemplem o atual momento de pandemia.
Busca-se, então, apresentar a organização do EIV/SC desde o início da crise sanitária da
Covid-19, limitada às atividades remotas de formações e debates em função das restrições
advindas da pandemia e a impossibilidade de realizar atividades presenciais.

Palavras-chave: Formação Transdisciplinar; Extensão Rural; Agricultura Familiar.

Introdução
O Estágio de Vivência Interdisciplinar (EIV) surgiu na década de 1980, sendo uma
iniciativa dos estudantes vinculados à Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil
(FEAB). O estágio, até então, era somente para os estudantes de Ciências Agrárias. A

1
Laíne Motter Oliveira, aluna [Serviço Social].
2
Laura Cristina Pereira de Oliveira, aluna [Geografia].
3
Luiza Pigozzi, aluna [Ciência e Tecnologia de Alimentos].
4
Marilia Carla de Mello Gaia, docente [Zootecnia e Desenvolvimento Rural].

651
primeira vivência aconteceu em 1987, em Dourados/MT, tendo por objetivo principal
elaborar um debate crítico pautando outras narrativas a respeito do sistema agropecuário
brasileiro, aproximando da visão dos movimentos sociais do campo. Alguns anos depois,
na década de 1990, a experiência se espalhou por todo o Brasil, e dessa vez com pessoas de
diferentes áreas do conhecimento, ganhando um caráter interdisciplinar (CAPISTRANO,
2018).
Trazendo para o contexto de Santa Catarina, o qual iremos restringir este trabalho,
o EIV foi sendo elaborado após o Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA), realizado
em Florianópolis no ano de 2005. Avaliando o salto qualitativo dos estudantes de
Agronomia e Zootecnia da UFSC, que retornavam da disciplina obrigatória de Vivência
em Agricultura Familiar (VAF), afirmando a importância de aproximar a juventude urbana
das questões cotidianas das famílias camponesas (CAPISTRANO, 2018).
Diferentes de outros estados, em Santa Catarina, o EIV se tornou um projeto de
extensão universitária, assumindo responsabilidades institucionais, por isso é designado de
Experiência Interdisciplinar de Vivência, de forma a não gerar conflitos com os estágios
curriculares obrigatórios e não obrigatórios dos cursos de graduação. Foi realizado pela
primeira vez em 2006, e ao longo dos anos passou por algumas modificações. Atualmente,
o EIV é construído pela Comissão Político Pedagógica (CPP), que é formada por
estudantes de diferentes cursos, majoritariamente da UFSC - não sendo uma regra -, em
conjunto com os movimentos sociais que compõe a Via Campesina/SC, quais sejam:
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento dos Atingidos por
Barragens (MAB), Movimentos dos Pequenos Agricultores (MPA), Movimento das
Mulheres Camponesas (MMC) e Levante Popular da Juventude (Levante) (ESTÁGIO
INTERDISCIPLINAR DE VIVÊNCIA/SC, 2020).
O EIV/SC é uma experiência educacional que busca reunir anualmente estagiários e
estagiárias, na sua maioria universitários, de distintas áreas do conhecimento, para
formação social, promovendo ensino e aprendizado a partir da vivência com famílias
camponesas e movimentos sociais do campo. Com base em método político pedagógico
baseado no método pedagógico do Instituto de Educação Josué de Castro (IEJC),
localizado em Veranópolis/RS, tendo como pilares a Pedagogia Socialista e a Educação

652
Popular. O EIV é dividido em três etapas: Formação, Vivência e Socialização, com
objetivo principal de conhecer a realidade do campo (ESTÁGIO INTERDISCIPLINAR
DE VIVÊNCIA/SC, 2020).
Em janeiro e fevereiro de 2020 ocorreu a 11ª edição do EIV/SC, antes de ser
declarada a crise sanitária da COVID-19, decretando o estado de pandemia. Em virtude
disso, as atividades foram adaptadas para o modelo virtual, contando com formações,
debates, apresentações em formato de lives e de encontros online.

Metodologia
Em virtude da pandemia da Covid-19 e enquanto perdurar o calendário suplementar
excepcional da UFSC, as atividades do EIV/SC a partir de abril de 2020 e em 2021
consistiram em ações virtuais, de forma a manter os debates sobre a realidade agrária
brasileira e as perspectivas de transformação deste cenário. Tais ações foram divididas em
3 etapas:
1ª Etapa: Formações internas com a CPP e estagiários/as da última edição do
EIV/SC, iniciadas em abril de 2020. Compreende um período de formação em plataformas
virtuais, com temas vinculados aos movimentos sociais que compõem a Via Campesina/SC
e temas emergentes da classe trabalhadora, com foco na formação dos/as estudantes
interessados pela construção do próximo EIV/SC.
2ª Etapa: Formação e lives abertas à comunidade, de setembro de 2020 a março de
2021. Consistiu na promoção de eventos em plataformas virtuais com o objetivo de
aproximação do EIV/SC com a comunidade abordando temáticas relevantes para a
formação crítica dos sujeitos.
3ª Etapa: Qualificação da CPP, de abril de 2021 até o momento atual. Tendo como
propósito constituir uma nova CPP, tendo em vista que, muitos já se formaram na
graduação renovando assim o quadro da comissão.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Na primeira etapa de formações tratamos dos seguintes temas: ‘A Via Campesina e
o Projeto Popular’, ‘Análise de conjuntura’, ‘Soberania Alimentar: relação campo e

653
cidade’, ‘Lutas e desafios da juventude’, ‘Privatização da água’, e ‘O PL 735 e a
importância de um movimento autônomo de mulheres camponesas na luta por direitos’.
Obtém-se, a partir dessas temáticas, o entendimento e o debate das pautas importantes para
o campo e a cidade.
Na segunda etapa, iniciamos com construção de uma live focada nas experiências
de ex-estagiárias de forma a discutirmos a importância do EIV e da vivência na formação
dos sujeitos. Contamos com expressões artísticas e relatos de outros estagiários/as por
meio de vídeos. A live teve como tema ‘O papel da vivência no campo para a construção
do conhecimento crítico na Universidade Popular’. Nesta etapa, também realizamos duas
formações abertas à comunidade em geral com os temas: ‘Luta indígena: territórios,
culturas e resistência’, onde abordou-se a resistência indígena ao longo das décadas,
relacionado às questões concretas do nosso cotidiano e a luta indígena de Santa Catarina, e
‘Há a necessidade de uma nova poética política para a luta social?’, onde foram abordadas
as questões de enfrentamento poético e de militância política, a partir da discussão sobre a
organização popular através da arte teatral política, como também a importância da
extensão rural para a formação.
A terceira etapa foi voltada para reavaliação e qualificação da CPP. Dedicamos a
estudar o método pedagógico do Instituto de Educação Josué de Castro, de forma a adaptar
e consolidar o método político pedagógico do EIV. Para formação da CPP é de extrema
relevância entender a sua função coletiva de orientar o movimento pedagógico dos/as
estagiários/as para a formação humana dos sujeitos sociais.

Considerações Finais
O projeto tem por finalidade aproximar a juventude urbana dos debates referentes à
questão agrária brasileira, sobretudo, de Santa Catarina, de forma a construir uma formação
universitária que seja voltada para a realidade da classe trabalhadora na sua totalidade, os
sujeitos do campo e da cidade. Assim, como se compreende que relação campo e cidade é
formada por uma interligação, busca-se qualificar o debate e formar sujeitos críticos e
comprometidos com a transformação da sociedade.

654
Referências
CAPISTRANO, Giancarlo. A pedagogia socialista e sua importância no estágio
interdisciplinar de vivência de Santa Catarina. Trabalho de Conclusão de Curso
(Graduação em Ciências Biológicas) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de
Ciências Biológicas. Florianópolis, p. 36. 2018.

ESTÁGIO INTERDISCIPLINAR DE VIVÊNCIA/SC. Cartilha de apoio à formação do


Estágio Interdisciplinar de Vivência de Santa Catarina, 2020.

655
ESTRATÉGIAS ADOTADAS NO PROJETO DE EXTENSÃO “EFICIÊNCIA
ENERGÉTICA NA ESCOLA” DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19

Área Temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Enoque Dutra GARCIA
Universidade Federal do Pampa (Unipampa)
Autores: E. D. GARCIA 1; L. F. Freitas-Gutierres 2; M. S. CARVALHO 3; W. MARTINS 4

Resumo:
Este trabalho aborda iniciativas de extensão universitária que abrange a comunidade a
partir de ações realizadas em escolas dos Ensinos Fundamental e Médio, mais
especificamente o projeto “Eficiência Energética na Escola”. O propósito de ofertar
vivências a graduandos é conciliado com a carência dos professores das ciências exatas em
apresentar conteúdos diferenciados aos alunos. Os procedimentos metodológicos previstos
nos projetos foram adaptados para o cenário de pandemia, de tal modo, os resultados
apresentados representam desafios e oportunidades. O uso de tecnologias para interação
online conduziu a adequação de materiais relativos à eficiência energética e o
desenvolvimento de temas relativos às fontes de energia. As iniciativas de gestão para
manter a equipe engajada frente ao planejamento da curricularização da extensão.

Palavras-chave: Eficiência energética; Escola; Inovação.

Introdução
A demanda da sociedade por energia é crescente e está atrelada a questões chaves como
sustentabilidade. Somada a esta questão, no Brasil, a dependência da hidroeletricidade
influencia os preços de energia elétrica. Assim, são oportunas as políticas públicas que
sinalizem aos usuários a importância do consumo consciente de energia. O Atlas da
Eficiência Energética Brasil 2020, elaborado pelo Ministério de Minas e Energia (1) e

1
Enoque Dutra Garcia, docente Universidade Federal do Pampa (Unipampa).
2
Luiz Fernando Freitas-Gutierres, docente Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
3
Myllena de Sousa Carvalho, bolsista PDA Extensão Universidade Federal do Pampa (Unipampa).
4
William Martins, bolsista PDA Ensino Universidade Federal do Pampa (Unipampa).

656
alinhado com o Plano Nacional de Energia 2030 (2) e Plano Nacional de Energia 2050 (3),
aponta diversas linhas de atuação e, entre essas indicações/recomendações, destaca-se as
ações de eficiência energética para a Educação Básica.
Segundo (4), a eficiência energética é um grande paradigma, necessitando
harmonizar a economia, o ambiente e a segurança no caminho da qualidade do serviço.
Ainda distante da realidade das edificações residenciais, iniciativas nas instalações
industriais possibilitam certificação relativa a gerenciamento energético, alinhado à gestão
eficaz de energia (5). O Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica
(PROCEL) incentiva a redução do desperdício de energia elétrica por meio da mudança de
hábitos, assim como o uso eficiente da eletricidade e melhoraria da qualidade de vida das
comunidades (6).
O projeto “Eficiência Energética na Escola” está alinhado ao que consta no Plano
de Desenvolvimento Institucional da Unipampa (7), a luz das novas Diretrizes Curriculares
Nacionais do Curso de Graduação em Engenharia (8), o que estabelece as Diretrizes para a
Extensão na Educação Superior Brasileira (9) e o que institui o Projeto Pedagógico do
Curso de Engenharia de Energia (10).
De tal modo, o projeto busca sensibilizar os educandos dos Ensinos Fundamental e
Médio de escolas públicas e privadas de Bagé e região da Campanha para a concretização
de uma cultura voltada ao uso eficiente da energia elétrica. O Grupo de Estudos Avançados
em Engenharia de Energia (GrEEn) atende ao princípio da indissociabilidade entre ensino,
pesquisa e extensão, inclusive ações sociais como o programa sobre “Doações de
Notebooks” desenvolvido para fornecer equipamentos a discentes.
O objetivo do presente trabalho é a reflexão sobre a realização de extensão
universitária com temas que façam sentido para os proponentes e receptores, mesmo diante
das restrições da pandemia do COVID-19.

Metodologia
A partir dos conhecimentos adquiridos em edições de projetos de extensão, cujas
ações eram executadas de forma presencial buscaram-se alternativas para continuidade do
projeto. As atividades planejadas necessitam ser ressignificadas diante das Diretrizes

657
Operacionais para Oferta das Atividades de Ensino Remoto Emergenciais – AERES.
Assim, as reuniões presenciais do GrEEn foram substituídas por encontros periódicos
de forma online através da plataforma Google Meet (11), já para gestão foi adotado o
Trello (12).
Para possibilitar a interação com o público alvo se fez necessário adaptar
materiais didáticos previamente desenvolvidos e executar gincanas virtuais, com a
colaboração do professor da Rede Básica de Educação e do coordenador do projeto. A
alternativa adotada para manter o contato da universidade com a comunidade externa e
interna foi a intensificação de postagens nas redes sociais do GrEEn.
Neste contexto de inovação foi desenvolvido dentro do projeto “Eficiência
Energética na Escola” o tópico “Energia no ENEM”, o qual aborda as fontes de energia
renováveis. As ações junto ao Ensino Fundamental foram interrompidas, mas os
integrantes do GrEEn desenvolveram uma plataforma Web sobre o tema “Geografia da
Energia”, que relaciona tópicos de Ciências, Geografia e História, o qual será rodado em
2021 na forma de piloto.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Através do ambiente virtual os graduandos interagem de forma expositiva
dialogada com estudantes do Ensino Médio e destacam pontos relevantes das questões do
ENEM. A participação se encerra com aplicação de formulários modelados no Google
Formulários, cujos resultados são analisados pelo GrEEn e compartilhados com
professores e coordenadores pedagógicos das escolas. A seguir dados em forma de tabela.

Tabela 1 - Percentual de número acertos e erros


Tipo de Energia Percentual de Acertos Percentual de Erro
Biomassa 74,67% 25,33%
Hidráulica 72,38% 27,62%
Eólica 70,58% 29,41%
Solar 76,67% 23,33%

658
A partir das dicas de eficiência energética, no curto prazo, se desencadeia o uso
consciente de energia nas residências dos educandos. A partir do conhecimento sobre
energia eólica, solar e biomassa se contribui com a formação cidadã sobre sustentabilidade,
um processo de conscientização com efeitos no médio e longo prazo.
A formatação do projeto possibilita a participação de calouros há egressos, já que
aborda tópicos básicos no aspecto da extensão e avançados no âmbito da pesquisa. De
parte dos graduandos se verifica satisfação em relação à oportunidade de aplicar o
conhecimento e o sentimento de pertencimento a uma equipe. Por conseguinte se atinge,
entre outros, o objetivo de divulgação da universidade na região e a redução da evasão, que
são desafios da Unipampa, dos cursos do campus Bagé, inclusive da Engenharia de
Energia.

Considerações Finais
A realização de ações em tempos de pandemia exige resiliência, mas se verifica
que é possível a continuidade das atividades de forma alternativa de maneira a manter o
engajamento dos graduandos e a rede de contatos com as escolas parceiras.
A execução do projeto “Eficiência Energética na Escola”, em síntese, se
caracteriza como um processo educativo, cultural e científico de troca de saberes entre a
comunidade local e a universidade, um dos preceitos do conceito de extensão definido
pelo Fórum de Pró- Reitores de Extensão das Instituições Públicas de Educação Superior
Brasileira.

Referências
EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA. Atlas da Eficiência Energética Brasil 2020.
Relatório de Indicadores. Rio de Janeiro, 2021.

MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA. Plano Nacional de Energia 2030. Brasília,


2007.

MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA. Plano Nacional de Energia 2050. Brasília,


2020.

SOARES, I. Eficiência Energética e a ISO 50001. 1. ed. Lisboa: Edições Sílabo, 2015.

659
PDI 2019-2023 - Unipampa.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO 50001: 2018


– Sistemas de gestão da energia. Rio de Janeiro, 2018.

ELETROBRÁS. PROCEL EDUCAÇÃO: Informação e Cidadania.

PDI 2019-2023 - Unipampa.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Resolução Nº 2. Diretrizes Curriculares Nacionais do


Curso de Graduação em Engenharia. 2019.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Resolução Nº 7. Diretrizes para a Extensão na


Educação Superior Brasileira. 2018.

PPC BAEE. Projeto Pedagógico do Curso de Engenharia de Energia. Bagé, Brasil:


UNIPAMPA; BAEE, 2019.

Google for Education. Orientações do Google for Education para o nível superior
utilizar as tecnologias de apoio. 2020.

Trello. Introdução ao Trello. [online]. 2020. Disponível em: https://trello.com/guide

660
ETNO’S PAMPA: RESGATANDO SABERES DA CULTURA GAÚCHA

Área Temática: Educação


Coordenadora da atividade: Ângela Maria HARTMANN
Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA)
Autores: J. Q. P. FREITAS 1; Â. M. HARTMANN 2

Resumo:
Relata-se neste artigo uma ação de extensão realizada na forma de um curso intitulado
“Etno’s Pampa”, ofertado para professores e alunos do Ensino Fundamental, com o objetivo
de promover a iniciação científica dos participantes e instigá-los a elaborar projetos de
pesquisa sobre a cultura gaúcha para apresentação em Feiras de Ciências. O curso, ofertado
de forma remota, em 2020, foi estruturado em cinco módulos, cada um com duração de uma
semana. Participaram do curso onze docentes e 26 discentes da Educação Básica, de oito
municípios da região do Pampa gaúcho. Foram elaborados durante o curso nove projetos de
pesquisa com temáticas alusivas à cultura gaúcha. A ação teve um impacto positivo no público-
alvo porque, além de promover a iniciação científica dos participantes, estimulou professores
e alunos a repensar os trabalhos submetidos em Feiras de Ciências.

Palavras-chave: Feira de Ciências; Iniciação Científica; Cultura Gaúcha.

Introdução
As Feiras de Ciências têm grande importância para a alfabetização científica, desde
que sejam realizadas “de forma a envolver ativamente os estudantes em torno de desafios
que provoquem sua mobilização cognitiva, afetiva e comunicativa” (HARTMANN, 2014, p.
405). Esses eventos são, assim, um espaço que proporciona o desenvolvimento do espírito
científico em estudantes e professores da Educação Básica, representando a oportunidade de
os alunos comunicarem os resultados alcançados após várias horas de estudo, planejamento,
pesquisa, interpretação e sistematização das informações. Dornfeld e Maltoni (2011)
destacam que as Feiras de Ciências oportunizam aos alunos deixar a posição passiva de

1
Jeruza Quintana Petrarca de Freitas, discente, Mestrado Profissional em Ensino de Ciências.
2
Ângela Maria Hartmann, docente, Mestrado Profissional em Ensino de Ciências

661
aprendizagem e a experienciarem a iniciação científica.
A ação de extensão, realizada por meio do curso de extensão intitulado “Etno’s
Pampa”, foi realizada pela primeira autora, mestranda do Programa de Pós-Graduação em
Ensino de Ciências, da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), para professores e
alunos do Ensino Fundamental. O objetivo do curso foi promover a iniciação científica dos
participantes e instigá-los a elaborar projetos de pesquisa sobre a cultura gaúcha para serem
apresentados em Feiras de Ciências. A ação integra a pesquisa de mestrado da discente e
cujo objetivo é avaliar se a proposta de iniciação científica sobre conhecimentos relativos à
cultura gaúcha contribui para ampliar a alfabetização e a cultura científica de estudantes de
Ensino Fundamental.
A iniciação científica, de acordo com indicadores reunidos na literatura da área de
Ciências, compreende a inserção dos estudantes no mundo da pesquisa, desenvolvendo neles
a capacidade de: (i) formular problemas que não possuam respostas prontas; (ii) desenvolver
um método de pesquisa adequado para reunir e analisar dados para a resolução do problema;
(iii) realizar a comunicação dos resultados de pesquisa.

Metodologia
O curso, ofertado de forma remota em 2020, foi estruturado em cinco módulos, cada
um com duração de uma semana. Em cada módulo foram realizados um encontro síncrono
e até três atividades assíncronas. Também foram realizados encontros virtuais semanais para
a orientação dos trabalhos de pesquisa de cada grupo. Para as atividades assíncronas foi
utilizada a plataforma, online e gratuita, Google Classroom, e para os momentos síncronos
o aplicativo Google Meet, uma vez que ambos podem ser acessados em computadores e
celulares. A divulgação ocorreu em mídias sociais, tendo sido enviadas mensagens de e-mail
a diversas unidades de ensino. A inscrição dos participantes ocorreu de forma online através
de preenchimento de formulário no Google Forms. A participação no curso foi limitada para
até dez professores, de todo o Rio Grande do Sul, sendo que cada professor deveria inscrever
três alunos que estivessem cursando o 8º e/ou 9º ano do Ensino Fundamental.
O curso contou com a participação de onze docentes com diversas formações
(Matemática Química, Biologia; Letras; Educação do Campo, Ciências Humanas e Física) e

662
vinte e seis estudantes da Educação Básica de diversos municípios (Lavras do Sul, Dom Pedrito,
Candiota, Santiago, São Vendelino, Uruguaiana, Santana do Livramento e Hulha Negra).

Desenvolvimento e processos avaliativos


Os cinco módulos do curso de extensão foram intitulados: (i) Introdução à cultura
gaúcha e científica; (ii) Fontes de consulta científica: onde encontrar; (iii) Formas de obter
dados de pesquisas; (iv) Análise de dados de pesquisa e elaboração do relatório de pesquisa;
(v) Divulgação de trabalho de pesquisa.
O Módulo I foi destinado a dar as boas-vindas aos participantes e a apresentar os
objetivos da ação e os etnomodelos elaborados pela pesquisadora no intuito de exemplificar
a conexão entre o conhecimento científico e os elementos da cultura gaúcha. Como
atividades assíncronas, foi solicitado aos participantes que: (i) elaborassem uma breve
apresentação, em formato de vídeo, de histórias e/ou objetos da cultura gaúcha; (ii) assistir
dois vídeos (“O Povo Brasileiro: Brasil Sulino”, baseado na obra “O Povo Brasileiro”, de
Darcy Ribeiro e “What is Science?”); (iii) problematizar o artefato cultural escolhido,
buscando examinar a ciência que se pode explorar a partir dele.
No Módulo 2, os participantes, distribuídos em grupos por afinidade, foram
desafiados a delinear um projeto de pesquisa para uma Feira de Ciências. Foram
aprofundados os elementos esperados em um projeto de pesquisa: problema, justificativa,
objetivos, referencial teórico e cronograma. Como atividade assíncrona, os participantes
realizaram leituras sobre o significado da expressão: “comprovado cientificamente”, a
importância de citar a fonte de pesquisa e onde encontrar fontes confiáveis de dados.
No Módulo 3, foram retomados os elementos de um relatório de pesquisa
aprofundando: produção de dados de pesquisa, análise dos resultados e conclusão. Os
participantes foram orientados sobre como produzir um formulário de pesquisa e a como
usar editores de texto online para registro do experimento escolhido pelo grupo, bem como
algumas técnicas e instrumentos para obtenção de dados em uma pesquisa. Como atividade
assíncrona, cada participante recebeu um artigo para identificar: a temática, o problema de
pesquisa, a justificativa, o objetivo geral, os objetivos específicos, o referencial teórico, os
instrumentos para obtenção de dados.

663
Durante o Módulo 4, cada grupo apresentou a temática escolhida para sua pesquisa,
o problema e a forma de obtenção dos dados e resultados preliminares. Como atividade
assíncrona, cada grupo elaborou formulários com questionamentos para o público-alvo de
sua pesquisa e/ou experimento.
Durante o Módulo 5, aconteceu uma conversa informal sobre o desenvolvimento dos
módulos para ouvir dos participantes as dúvidas, sugestões, críticas e comentários sobre a
experiência de participar de um curso de forma remota. Os participantes tiveram, como tarefa
final, a produção do relatório de pesquisa e a produção de vídeo sobre o projeto de pesquisa
elaborado pelos grupos.
A avaliação da ação levou em consideração a entrega de trabalhos dentro do prazo,
o acompanhamento qualitativo da evolução dos alunos, o interesse pela pesquisa, as
elaborações autorais e a participação ativa nas atividades. Para obter a certificação, o
participante deveria realizar a entrega de um relatório, de um vídeo sobre o projeto de
pesquisa e a preencher a ficha de avaliação do curso.

Considerações Finais
A ação de extensão resultou em nove projetos de pesquisa para Feiras de Ciências
com temáticas alusivas à cultura gaúcha: alpargatas; cuia feita de porongo, tosquia de ovinos,
ervas medicinais: macela e boldo, hábitos relacionados ao chimarrão, malva como auxílio
no tratamento da saúde bucal, quero-quero, pomada caseira de macela, o uso do berrante. Os
participantes salientaram na avaliação da ação o ganho na habilidade de realizar pesquisas e
elaborar projetos mais aprofundados para as Feiras de Ciências. Um dos respondentes
ressaltou que sua “maior aprendizagem foi aprender a montar as pesquisas [...], e agora que
eu sei, eu posso fazer futuramente novos trabalhos, e melhorar o meu desempenho”. A
mestranda, que desenvolveu e ministrou os cinco módulos, ampliou sua experiência docente
ao realizar essa formação para professores e alunos da Educação Básica de forma remota.
O conteúdo dos módulos, o material de apoio e os projetos elaborados pelos
participantes serão disponibilizados em um site (em construção) com o objetivo disseminar
conhecimentos sobre a Cultura Gaúcha e servir de inspirações para projetos de pesquisa para
Feira de Ciências entre profissionais da educação.

664
Referências
DORNFELD, Carolina Buso; MALTONI, Kátia Luciene. A Feira de Ciências como auxílio
para a formação inicial de professores de ciências e biologia. Revista Eletrônica de
Educação. São Carlos, SP: UFSCar, v. 5, n. 2, p. 42-58, nov. 2011.

HARTMANN, Ângela Maria. Educação e Cultura Científica: a participação de escolas


como expositoras na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. Curitiba: Appris, 2014.

665
PROGRAMA EXPERIMENTAÇÃO

Área Temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Adriane Sambaqui GRUBER 1;
Universidade Do Estado De Santa Catarina (UDESC)
Autores: A. B. GASPAR 2; J. MARTINS 3; K. HORST 4; L. R. ROSA5; S.
ALBUQUERQUE 6.

Resumo:
O Programa ExperimentAÇÃO desenvolvido no laboratório de química do curso de ano
Engenharia de Petróleo da UDESC de Balneário Camboriú foi criado em outubro de 2018
com o intuito de aproximar alunos e professores das escolas de Balneário Camboriú e
região da Universidade, e da área das exatas, especialmente a química. Atualmente os
projetos ativos no programa são o Projeto VisitaAÇÃO e o CapacitAÇÃO. O VisitAÇÃO
tem recebe alunos e professores para conhecer o laboratório, com visitações orientadas e
realização de experimentos lúdicos, com reagentes de fácil aquisição, como em
supermercados e farmácias, e materiais comuns, como garrafas e copos e colheres. Desde a
sua fundação o VisitAÇÃO já recebeu cerca de 536 alunos do 9ºano do ensino
fundamental e médio. O CapacitAÇÃO visa a capacitar professores, com a realização de
cursos de reciclagem e temas relacionados ao universo do curso de Engenharia de Petróleo.
Durante a realização dos cursos há possibilidade de interação entre os organizadores e o
público-alvo. Devido a pandemia de Covid 19 e a adoção do ensino EAD universidade os
cursos de capacitação foram realizados na modalidade online utilizando a plataforma de
EAD Moodle disponibilizada pela UDESC. Os últimos cursos contaram com a
participação de mais de 165 pessoas de outras regiões do estado de Santa Catarina e do
Brasil. O alcance deste projeto foi facilitado pela modalidade online e demonstrou uma

1
Adriane Sambaqui Gruber, Dra., Professora do Departamento de Engenharia de Petróleo da UDESC.
2
Ana Beatriz Gaspar, aluno de Engenharia de Petróleo da UDESC, aluna bolsista de extensão.
3
Janaine Martins, aluno de Engenharia de Petróleo da UDESC, aluna bolsista de extensão.
4
Kamila Horst, aluno de Engenharia de Petróleo da UDESC, aluna bolsista de apoio discente.
5
Leticia Regina Rosa, aluno de Engenharia de Petróleo da UDESC, aluna discente voluntária.
6
Sabrina Albuquerque, aluno de Engenharia de Petróleo da UDESC, aluna bolsista de apoio discente.

666
oportunidade a ser explorada no desenvolvimento de novos projetos e ações afim de
causar um maior impacto social.

Palavras-chave: Escolas; química; Engenharia de Petróleo.

Introdução
O Programa ExperimentAÇÃO foi criado com a intenção de aproximar as escolas
da Universidade, e da área de exatas. Segundo o relatório da Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), apenas 17% dos graduados
brasileiros são dos cursos da área de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática. A
média dos países desenvolvidos é de 24%. Apenas Argentina e Costa Rica têm percentuais
menores do que o Brasil, ambos com 14%. O relatório analisou 35 países-membros, e
outros 11 considerados parceiros, que inclui o Brasil (OCDE,2020).
A partir destes dados, e considerando o escopo do curso de engenharia de petróleo,
percebemos a possibilidade de atuar junto as escolas, compartilhando nossos
conhecimentos e desmistificando a aprendizagem em ciências. Os estudantes do 9°ano do
Ensino fundamental e médio e seus professores são foco do programa; aos alunos é
oferecido um panorama lúdico e desafiador na área de química, e ao professor novas
ferramentas didáticas e atualização na área de tecnologia.

Metodologia
O Programa desenvolveu suas primeiras atividades relacionadas à preparação de
material didático e de divulgação além da testagem de experimentos, tendo como foco
alunos do 9°ano do ensino fundamental e 3° ano do ensino médio.
Os extensionistas prepararam os seguintes materiais para as visitações: uma tabela
periódica de parede com informações importantes para cada elemento químico, uma
apresentação audiovisual sobre petróleo, destacando definição, produção nacional e pré-
sal, além de um banner sobre a linha do tempo do petróleo no Brasil. Além disto, uma
pesquisa na literatura sobre experimentos simples (GIORDAN, M), relativos aos conteúdos
de ensino em escolas (MEC, 2008), foram elencados e testados, visando baixo custo e fácil

667
acesso dos reagentes e materiais necessários, os quais oferecessem a possibilidade dos
ensaios serem replicados em escolas que não tivessem um laboratório de química.
Atividades de capacitação aos professores de ensino fundamental (9° ano) e médio,
estavam previstas para serem realizadas no laboratório no ano de 2020, com demonstração
de experimentos alternativos de baixo custo, e a discussão da explicação teórica.
Entretanto, houve necessidade de adequação do Programa, em função da pandemia. Diante
de tais adequações foi oferecido aos professores um curso de capacitação no formato EAD
sobre o uso de programas para auxílio nas suas aulas online. O curso foi denominado
“Ferramentas Digitais” e apresentou tutorias de 5 programas disponíveis gratuitamente.
Todo conteúdo foi gravado e editado pelos extensionistas, ancorado na plataforma Moodle
da UDESC, e disponibilizado aos inscritos na plataforma onde interagiam para solução de
dúvidas e na avaliação da ação.
Outro curso oferecido na forma EAD, foi chamado de “Geração Energia” e contou
com a participação de docentes da UDESC Balneário Camboriú e dois convidados
profissionais do setor de energia. O tema foi relacionado as diferentes formas de energia,
suas participações na matriz energética mundial e nacional, sistema de funcionamento,
vantagens e desvantagens. O tema foi dividido em módulos que foram disponibilizados
dentro da plataforma Moodle da UDESC.O material didático de apoio disponibilizado aos
participantes foi produzido pelos palestrantes, com auxílio dos extensionistas na
formatação e edição dos vídeos das aulas gravadas.
Ambos os cursos tiveram grande procura e no final foi emitido certificados para os
participantes que concluíram as atividades.

Desenvolvimento e processos avaliativos


As atividades de visitação no ano de 2019 contaram com cerca de 423
participantes, e passaram por adequação aos diferentes grupos de acordo com a demanda
dos conteúdos, relatada pelos professores nos contatos para agendamento da atividade. O
impacto foi percebido nas redes sociais do Programa, pelo aumento nos seguidores, e pelo
número de contatos para agendar visitas, inclusive de outras cidades da região. Segundo

668
relatos dos professores, os alunos apresentaram mais interesse e criatividade nos trabalhos
envolvendo a química.
O curso “Ferramentas Digitais” foi proposto em função da demanda em
capacitação em programas interativos com alunos para o formato EAD, e o curso “Geração
Energia” mostrou-se necessário devido o tema ser presente na vida em sociedade (ano de
2020).
Os dois cursos de capacitação contaram com a participação de 157 participantes. O
sucesso e o interesse dos participantes foram demonstrados nos depoimentos que além de
teceram elogios, demostraram gratidão pela oportunidade de aprendizado.A participação
dos extensionistas nas atividades, os qualifica em diferentes aspectos, tais como: escrita,
oratória, pesquisa e interação interpessoal.

Considerações Finais
Os objetivos foram alcançados o que pode destacado no número de alunos nas
visitações (423), e nos cursos de capacitação (157), e nos feedbacks recebidos.
Os acadêmicos apresentam ganho em conhecimento, habilidades interpessoais,
produção de diferentes materiais, uso de ferramentas de multimídia, produção de textos e
oratória em público. Essas habilidades desenvolvidas auxiliaram na manutenção da missão
do programa de continuar atuando de forma a causar impactos positivos na sociedade por
meio da Extensão universitária.

Referências
Education at a Glance ,Paris, 2020: OECD Indicators, OECD Publishing, Orientações
Curriculares para o ensino médio, ciências da natureza, matemática e suas
tecnologias. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2008.

GIORDAN, M. O Papel da Experimentação no Ensino de Ciências. Química Nova na


Escola, n. 10, p. 3-10, 1999.

Agradecimentos:
A coordenação do Programa ExperimentAÇÃO agradece a UDESC que por meio
do Edital Paex-Proceu nº01/2019 subsidiou bolsas de extensão e recursos que contribuíram

669
para manutenção do Programa. Ao Diretor Geral da UDESC Balneário Camboriú Prof.
José Carlos de Souza, à Direção de Extensão na pessoa do Prof. Luiz Filipe Goldfeder
Reinecke,aos técnicos e gestores administrativos da UDESC Balneário Camboriú; Gustavo
Kogure, Luiz Felipe Silveira e Siunara Simone Rodrigues; á atual equipe do programa
composta por alunos de Engenharia de Petróleo e Administração Pública da Universidade
do Estado de Santa Catarina; Ana Julia da Silva, Ana Medeiros, Janaine Martins, Leticia
Regina da Rosa, Sabrina Albuquerque, Ana Beatriz Gaspar e Kamila Horst.

670
EXTENSÃO EM REDE - NOVAS PRÁTICAS EXTENSIONISTAS

Área Temática: Educação.


Coordenador(a) da atividade: Marlova GIULIANI GARCIA
IFFAR
Autores: M. G. GARCIA ; R. LUNARDI ; A. C. S. GOMES ; R. VENDRUSCOLO 4; M.
1 2 3

L. V. CARDOSO 5; M. C. PARIZI6

Resumo:
Este relato tem como objetivo descrever as experiências desenvolvidas no Programa
Extensão em Rede, promovido pela Proex, no ano de 2020. A pandemia do Covid-19 e o
ensino remoto levou a muitas adaptações no campo do ensino, da pesquisa e nas atividades
extensionistas. O objetivo do programa foi promover o diálogo com a comunidade interna
e externa ao IFFar, em relação aos temas de extensão, mesmo durante o isolamento social,
utilizando plataformas de vídeos como o Youtube, para promoção de lives. Os resultados
obtidos nas estatísticas das visualizações nas lives reforçam a importância da utilização da
tecnologia como estratégia de extensionalizar o conhecimento, divulgar as atividades
extensionistas das instituições públicas de ensino, o protagonismo do estudante, o
desenvolvimento da capacitação dos servidores nas agendas prioritárias como
Curricularização da Extensão e Inovação Social, bem como trocar experiências na Rede
Federal de Educação Profissional e Tecnológica. Esta ação permite, então, o trabalho
efetivo em rede.

Palavras-chave: extensão nas instituições de ensino, mídias digitais, agendas prioritárias.

1
Marlova Giuliani Garcia, servidora docente.
2
Raquel Lunardi, servidora docente.
3
Ana Carla dos Santos Gomes, servidora docente.
4
Rafaela Vendruscolo, servidora docente.
5
Maria Lucia Viana Cardoso, servidora técnica administrativa em educação.
6
Márcia Costenaro Parizi, estudante IFFar, Campus Alegrete

671
Introdução
A pandemia do Covid-19 trouxe grandes consequências para a população mundial,
dentre elas a necessidade de adaptar as ações de ensino, pesquisa e extensão nas
instituições de ensino. As novas necessidades de distanciamento social e, portanto, trabalho
remoto, acelerou a busca por metodologias e tecnologias para desenvolver as ações com
foco para atividades on-line ou digitais.
Neste contexto, a partir da necessidade da Pró-reitoria de Extensão do Instituto
Federal Farroupilha reinventar-se, promovendo e estimulando o desenvolvimento da
extensão em tempos de distanciamento social, criou-se o Programa Extensão em Rede. O
Programa foi desenvolvido com o objetivo de articular as discussões e informações em
torno das temáticas prioritárias da extensão no IFFar no ano de 2020. Com isso, apresentar
as ações de extensão desenvolvidas no IFFar e de outras instituições da Rede Federal de
Educação Profissional e Tecnológica, bem como de universidades brasileiras. O nome
Extensão em Rede ilustra o objetivo de conectar estudantes, professores e técnicos
administrativos em torno da extensão, além de consolidar o trabalho em rede nas
instituições federais de educação profissional e tecnológica do país.
Com isso, o Programa Extensão em Rede do IFFar, proporcionou formações para
estudantes e servidores em temas essenciais da extensão neste período em dez momentos e
articulou diferentes instituições com trocas de conhecimentos e experiências, deu voz a
estudantes e servidores e divulgou as ações de extensão, em sua maioria articuladas ao
ensino e a pesquisa, demonstrando como os institutos federais e as universidades estão
cumprindo o seu papel social.
Diante deste cenário, este texto traz o relato sobre a idealização, organização,
execução e resultados do Programa Extensão em Rede do IFFar, promovido pela Proex.
Além disso, discute as necessidades e os desafios da extensão em tempos de pandemia do
Covid-19 e isolamento social.

Metodologia
A realização da proposta contou com a participação de servidores, estudantes e
comunidade em geral. Para o alcance desses sujeitos, foi utilizada a Plataforma Youtube,

672
com a criação do Canal Extensão em Rede, para que as dez lives fossem realizadas. As
lives abordaram os seguintes temas da extensão: “Curricularização da Extensão”;
“Experiências e práticas de Curricularização da Extensão: no IFFar e na Rede Federal”;
“Práticas em Extensão: desafios e potencialidades em época de pandemia”; “Empresa
Júnior - FEJERS, JARS e o trabalho no IFFar”; “Potencialidades de Inovação Social nos
Institutos Federais por meio da Extensão”; “Experiências de Extensão no IFFar”;
“Incubadoras Sociais”; “Experiências de Extensão: protagonismo dos estudantes”; “O
esporte como ação de transformação social” e “Arte e cultura transformando realidades”.

Desenvolvimento e processos avaliativos


A construção de atividades que promovem a extensão universitária é a forma de
enfatizar o compromisso social da instituição com a sociedade, pois por meio da
metodologia participativa promove a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão,
tripé indispensável para que o processo de ensino-aprendizagem, aconteça de maneira
efetiva. Apoiando-se nesse tripé ensino, pesquisa e extensão, Chauí (2001, p. 35), ressalta
que a “universidade é uma instituição social” e, em razão disso, acaba por refletir as
especificidades da sociedade em que está inserida. Nesse sentido, a Extensão procurou
encontrar dinâmicas de trabalho pautadas no planejamento, na comunicação com uso da
tecnologia com diversos atores sociais e um cuidado na construção das etapas, para que de
fato envolvesse além dos muros da instituição.
Para o ano de 2020 o Programa Extensão em Rede, desenvolveu as seguintes ações
e alcançou os seguintes resultados:

Atividade Visualizações* Impressões**

Curricularização da Extensão IFFar e IFPA


84 710
Experiências e práticas de Curricularização da Extensão: no IFFar
e na Rede Federal.

Práticas em Extensão: desafios e potencialidades em época de 217 836


pandemia.

A Empresa Júnior - FEJERS, JARS e IFFar 11 306

673
Potencialidades de Inovação Social nos Institutos Federais por 200 510
meio da Extensão.

Experiências de Extensão no IFFar 118 880

Geoparque 143 332

Incubadoras Sociais 183 374

Experiências de Extensão: alunos em rede 154 569

O esporte como ação de transformação social 108 535

Arte e cultura transformando a realidade social. 152 568


*O número de visualizações legítimas dos seus canais ou vídeos.
** Quantas vezes foram exibidas aos espectadores no YouTube por meio de impressões registradas.

Os números expressos no quadro acima, permite visualizar quantas comunidades


além dos muros foi possível alcançar, mesmo em um cenário de isolamento social e um
momento de muitas dificuldades para o mundo todo. Com essa experiência foi possível
entender que extensão não se faz somente nos moldes que estávamos acostumados, que
quando compreendido o seu valor acadêmico enquanto metodologia para dialogar o
conhecimento, surgem inúmeras estratégias passíveis de serem colocadas em prática.
Defendia Freire (1979) no diálogo sobre a extensão ou comunicação, reafirmando a tese
que o mundo humano é um mundo da comunicação, e comunicação se dá através de
sujeitos co-participantes que apresentam reciprocidade entre si. Diferentemente da
extensão onde há um sujeito que sabe e outro que não sabe (emissor-ativo e receptor-
passivo), na comunicação não há sujeitos passivos. Nesse sentido, a educação é
comunicação e é isso que esse programa promoveu.

Considerações Finais
O escopo do trabalho ancora-se na ideia de que as IES, têm papel importante a
desempenhar, nas mais diversas áreas em prol da sociedade. Considerando que vivemos
um momento onde não estávamos preparados para enfrentar um isolamento social
acompanhado de tantas mortes, sofrimentos, incertezas, que afetam a saúde emocional de
toda a comunidade. Os dados confirmam que ações extensionistas como essa são
motivadoras para o desenvolvimento do ensino, da pesquisa e da extensão, utilizando apoio

674
de tecnologias digitais e sociais. Esta ação contribuiu para o aprofundamento das
discussões sobre a prática da extensão ao mesmo tempo em que possibilitou refletir e
planejar as próximas edições do Programa Extensão em Rede no IFFar, por iniciativa da
Pró-Reitoria de Extensão.

Referências
CHAUÍ, M. d. S. Escritos sobre a universidade. São Paulo: Editora Unesp, 2001.

FREIRE, Paulo. Extensão ou comunicação? 4. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.

GADOTTI M. Extensão universitária: para quê? São Paulo: Instituto Paulo Freire. 2019
Recuperado de http://www.paulofreire.org/noticias/557-extensao-universitária-para-que.
Acesso em: 25 de jul. 2021.

675
FAZENDO MÚSICA NA TEORIA E NA PRÁTICA NO MODO REMOTO:
PROTAGONISMO ESTUDANTIL NA EXTENSÃO EM UMA IES PARANAENSE

Área temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Tiago MADALOZZO
Universidade Estadual do Paraná - campus Curitiba II (UNESPAR)
Autores: R. K. GOMES 1; K. G. HOEFELMANN 2.

Resumo:
O MusiCroma 2.0 é um curso de teoria musical na prática, com participação aberta à
comunidade, em um projeto que se configura como um laboratório de prática pedagógica
para os estudantes do curso de Licenciatura em Música da Unespar - campus de Curitiba II.
A proposta foi remodelada em 2020 para o ambiente remoto, e abarcou práticas de Estágio
Curricular Obrigatório do curso de Licenciatura. Neste relato, definimos o modo de
trabalho desenvolvido, com os múltiplos papéis assumidos pela equipe, envolvendo
docentes e estudantes do curso, como monitores ou estagiários, e a variedade do público
atendido na comunidade externa. Ao final, apontamos como temas emergentes para
reflexão: a conexão da extensão universitária com o estágio na formação inicial de
professores; a experiência do ensino de música no modo remoto; e o acesso a um público-
alvo mais abrangente, de modo a ressignificar o protagonismo estudantil na extensão.

Palavras-chave: educação musical; licenciatura; ensino remoto.

Introdução
A inserção social de um curso de formação de professores é algo que vai além das
práticas de ensino dentro dos muros da universidade. No curso de Licenciatura em Música
da Universidade Estadual do Paraná (Unespar) - campus de Curitiba II, a aproximação com
a comunidade tem ocorrido a partir do Programa de Extensão Labem - Laboratório de
Educação Musical, e tem como uma de suas principais ações o curso MusiCroma.

1
Rachel Kovacs Gomes, aluna (curso de Licenciatura em Música).
2
Kleber Gonçalves Hoefelmann, aluno (curso de Licenciatura em Música).

676
O curso de Licenciatura em Música previa até 2019 a realização de um Teste de
Habilidade Específica contemplando conhecimentos básicos de proficiência musical para
ingresso pelo concurso vestibular. Porém, destacamos que o acesso a este tipo de conteúdo
não é universal na escola e que não corresponde com a formação musical implementada no
ensino regular 3. Assim, o MusiCroma se propõe a preencher essa lacuna, e foi planejado
desde 2017 como um curso de teoria musical na prática, com participação aberta à
comunidade e de forma gratuita, tendo como instrutores os estudantes da Licenciatura.
O projeto teve duas turmas em modo presencial, e em 2020 foi remodelado com o
título de MusiCroma 2.0 - Aprendendo Música na Teoria e na Prática, em um modo de
participação totalmente remoto, com atividades síncronas e assíncronas utilizando
diferentes plataformas e recursos digitais, envolvendo uma equipe ampliada às turmas de
licenciandos em suas práticas de Estágio Curricular Obrigatório. Deste modo, a ação
envolveu diferentes atores – docentes do curso de Licenciatura, atuando não apenas como
membros da equipe executora do projeto de extensão, mas também como orientadores e
supervisores de estágio; estudantes monitores, com atribuições pedagógicas e também de
cunho administrativo na gestão do curso; estudantes estagiários, com atuação na produção
de conteúdo (videoaulas), acompanhamento de atividades assíncronas e regência de aulas
online ao vivo; e participantes de diferentes regiões do país, em um engajamento em várias
semanas de curso. A turma do MusiCroma 2.0 2020-2021 teve acesso a uma proposta
também mais abrangente: um curso de música abordando teoria, história e cultura musical,
a partir da vivência de conceitos em uma linguagem atual – a linguagem da internet –, com
diferentes repertórios e perspectivas históricas, propondo acima de tudo uma maior
abertura dos participantes a novos repertórios e curiosidades musicais.
A partir do objetivo amplo de proporcionar ao público em geral (comunidade
externa) acesso a conhecimentos básicos de teoria musical por meio de abordagens práticas
e teóricas, o MusiCroma 2.0 tem os objetivos específicos de apresentar, discutir e vivenciar
elementos básicos de leitura e escrita musical; estimular uma audição mais ativa; e levar os
participantes a explorar estilos e conhecer melhor os instrumentos musicais.

3
Sobre isso, contextualizamos que o ensino da música é hoje considerado conteúdo obrigatório, sendo uma
das linguagens artísticas da componente curricular Arte, segundo a Lei nº. 13.278, de 2 de maio de 2016.

677
Metodologia
O processo de ensino-aprendizagem privilegia uma relativa proximidade pessoal
(ainda que ausente da presença física) propiciada por Ambientes Virtuais de Ensino-
Aprendizagem (AVEAs), e que lança mão de recursos digitais para viabilizar vivências
musicais no modo de instrução remoto. Os AVEAs utilizados são: i) o Google Suite, para
transmissão das aulas síncronas ao vivo (que são gravadas para acompanhamento
posterior) e para armazenamento de videoaulas; ii) o Moodle Unespar, para organização do
conteúdo do curso e acesso às videoaulas e atividades assíncronas aos participantes
(fóruns, quizzes, questionários); e iii) o Microsoft Teams Unespar, utilizado para reuniões
de planejamento, escrita de planos de ensino e de aula e armazenamento de áudio, vídeo, e
texto pela equipe executora e pelos estagiários.
O curso se divide em Unidades semanais que englobam: i) de três a cinco
videoaulas gravadas; ii) de uma a três atividades para prática e fixação dos conteúdos
propostos nas videoaulas; e iii) um encontro síncrono, no final da semana, para interação
em tempo real, plantão tira-dúvidas e vivência e ampliação de conteúdo a partir do tema
das videoaulas, ao vivo. A partir da possibilidade de projetos de extensão abarcarem
práticas de Estágio Curricular Obrigatório 4 na Unespar, os licenciandos da última série do
curso têm tido papel primordial no planejamento e na produção dos materiais e ações
descritos. Se trata de um atendimento em múltiplas frentes, em que os docentes, monitores
e estagiários atuam também em múltiplos papéis – de orientadores a supervisores de
estágio; de pesquisadores a editores de vídeo; de produtores de conteúdo a educadores.
Os temas tratados partem das propriedades do som (duração, altura, intensidade e
timbre) e dos elementos da música (ritmo, melodia, harmonia, andamento, textura,
densidade, forma, classificações instrumentais e vocais, arranjos, notação musical
tradicional), em repertórios de música antiga, erudita, contemporânea e popular,
mesclando-se os repertórios em uma diversidade de abordagens musicais sobre os temas.

4
Sobre isso, verificar a Resolução nº. 024/2020 do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) da
Unespar, de 18 de agosto de 2020.

678
Desenvolvimento e processos avaliativos
A turma 1 do MusiCroma 2.0 teve suas atividades entre setembro de 2020 e junho
de 2021. Embora o plano inicial previsse doze unidades temáticas, a equipe executora
propôs aos participantes a extensão do curso, com o chamado “MusiCroma plus”, que teve
ainda mais seis unidades ofertadas de maneira eletiva – o que foi prontamente aceito. A
equipe foi composta por quatro docentes 5, dois monitores e dezoito estagiários, e incluiu
uma média de quarenta participantes da comunidade externa atuantes nas ações.
A rotina de planejamento incluiu: i) a definição do tema da Unidade; ii) a
estruturação do plano de ensino dividido entre o conteúdo das videoaulas, a organização
das atividades assíncronas, e as atividades a serem realizadas no encontro síncrono; iii) a
pesquisa aprofundada e a elaboração dos roteiros das videoaulas; iv) a gravação e a edição
das videoaulas; v) a postagem dos materiais no Moodle Unespar; vi) o acompanhamento
do preenchimento das atividades; vii) a elaboração do plano do encontro síncrono; e viii) a
regência da aula ao vivo. Entendemos que estas ações colaboram com o sentido de
protagonismo dos estudantes, e são essenciais para a sua formação como educadores
musicais, com a adaptação às possibilidades do modo de instrução remoto.

Considerações Finais
Avaliamos que um projeto como o MusiCroma 2.0 tem uma série de
potencialidades que se mostram passíveis de desenvolvimento para a formação inicial de
professores e para o acesso a conhecimentos musicais para a comunidade externa. Neste
sentido, destacamos três temas emergentes para reflexão:
i) A conexão da extensão com o estágio: a experiência singular de intersecção entre
ensino, pesquisa e extensão se dá de maneira evidente na proposta, com múltiplos papeis
assumidos pelas partes, em uma diversidade de rotinas e modos de expressão e interação;
ii) A experiência de ensino de música no modo remoto: o desafio de ressignificar
conteúdos, recursos e estratégias de ensino-aprendizagem, considerando que a música é
uma arte temporal, e que efeitos como o delay entre a transmissão e a recepção de sinais

5
Mencionamos o envolvimento dos professores André Ricardo de Souza, Andréa Maria Bernardini e Felipe
Augusto Vieira da Silva, docentes do curso de Licenciatura em Música e membros da equipe executora.

679
sonoros e a impossibilidade de abertura simultânea de microfones em uma sala de aula
virtual são obstáculos para a prática musical;
iii) Expansão do público-alvo: o acesso pela internet permite a participação de uma
comunidade maior do que a atendida no círculo de abrangência local do campus, tendo
como consequência positiva a possibilidade de atendimento ao um público mais eclético.
Entendendo que tais questões são tomadas pela equipe não como dificuldades
insolúveis, mas como desafios a serem superados, o MusiCroma se mostra um projeto em
que os objetivos são cumpridos, e que extrapolam a proposta de extensão em si, ao permitir
um novo olhar sobre as possibilidades do ensino de música de forma envolvente.

680
INTEGRAÇÃO DE PROJETOS DE EXTENSÃO: ASTRONOMIA E
DIVULGAÇÃO DAS FEIRAS DE MATEMÁTICA

Área temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Katia Hardt SIEWERT
Instituto Federal Catarinense (IFC)
Autores: R. XAVIER 1; G. VOSS 2; B. R. RODRIGUES 3; A. C. G. DE OLIVEIRA 4.

Resumo:
Neste relato são apresentadas atividades desenvolvidas pelo Projeto de Apoio,
Organização e Formação de Docentes e Estudantes para as Feiras de Matemática em
conjunto com o projeto Viagem pelo Céu: uso da Astronomia no saber Científico na
Educação Científica e Séries Iniciais. A proposta, remodelada em razão do momento
pandêmico, foi desenvolvida de forma remota, a partir da criação das redes sociais
“Viagem pelo Céu'', nas quais foram postadas publicações referentes ao ensino da
Matemática e da Astronomia e a relação dessas duas áreas na forma de atividades,
curiosidades e vídeos, com o intuito de, também, divulgar e incentivar a participação de
professores nas Feiras de Matemática. Os resultados apontam para a diversificação de
público por meio da propagação de informações científicas no ciberespaço, reforçando a
importância de atividades interativas para a alfabetização científica de estudantes e
públicos diversos.

Palavras-chave: Redes Sociais; Feiras de Matemática; Astronomia.

Introdução
Nos dias que sucederam o advento da pandemia de COVID-19, e consequente
cancelamento de atividades presenciais em diferentes espaços sociais, avaliou-se a
1
Raianni Xavier, Aluna Bolsista do curso de Lic. em Ciências Agrícolas - Projeto Feiras de Matemática -
Editais 15/2019 e 09/2020 - Campus Araquari.
2
Grasiela Voss, Docente do IFC - Campus Araquari e coordenadora do Projeto Viagem pelo Céu - Editais
15/2019 e 09/2020.
3
Bianca Ribeiro Rodrigues, Aluna Bolsista do curso Técnico em Química - Projeto Feiras de Matemática -
Edital 15/2019 - Campus Araquari.
4
Ana Cristina Gomes de Oliveira, Aluna Bolsista do curso Técnico em Química - Projeto Viagem pelo Céu -
Edital 15/2019 - Campus Araquari.

681
possibilidade de execução dos trabalhos aprovados no Edital de Seleção Interna de Projetos
de Extensão do Instituto Federal Catarinense (IFC) - Campus Araquari no formato remoto.
Desse modo, os projetos “Viagem pelo Céu: uso da Astronomia no saber Científico, na
Educação Científica e Séries Iniciais” e “Projeto de Apoio, Organização e Formação de
Docentes e Estudantes para as Feiras de Matemática” foram reformulados e unificados,
visando a divulgação de conhecimentos da Matemática e da Astronomia de forma
conjunta, criando-se as redes sociais - Facebook e Instagram - Viagem pelo Céu 5.
O objetivo principal do Projeto de Apoio, Organização e Formação de Docentes e
Estudantes é auxiliar nas atividades para as Feiras de Matemática, que ocorrem há 36 anos,
promovendo a socialização de trabalhos, a troca de experiências na aprendizagem da
Matemática e o ensino científico com a participação da comunidade (SILVA, 2014).
Embora o cancelamento da edição 2020 da Feira Catarinense de Matemática,
professores do IFC, das secretarias e gerências de educação e de outras instituições
parceiras com projetos de ensino, pesquisa e/ou extensão aprovados buscaram promover
ações de divulgação e continuidade das atividades relativas à Feira Catarinense. No projeto
aprovado no Campus Araquari, optou-se pela criação de conteúdo digital que mostrasse a
interrelação da Matemática com a Astronomia e instigasse a participação de professores da
Educação Infantil e séries iniciais - público-alvo definido no projeto aprovado em edital –
nas referidas Feiras. Para isso, diferentes materiais digitais foram criados e divulgados,
porém, neste estudo, enfatiza-se as “Feiras de Matemática”.

Metodologia
O desenvolvimento das ações propostas foi dividido em duas etapas: Levantamento
bibliográfico nos Anais das Feiras Catarinense, em projetos de extensão de instituições
parceiras e no acordo de cooperação entre estas e construção de roteiro, diagramação e
elaboração de vídeo e postagens dos materiais elaborados em redes sociais. Das
informações coletadas, destacam-se: o início e as etapas que antecedem a Feira
Catarinense, objetivo, categorias e participação do IFC - Campus Araquari na

5
As publicações referentes à junção da Astronomia com a Matemática podem ser visualizadas no perfil do
Instagram Viagem Pelo Céu, no endereço: https://www.instagram.com/viagempeloceu/.

682
organização/realização desse evento e, dados sobre a relação centenária entre Matemática e
Astronomia, definições dessas duas ciências, exemplos de astrônomos e matemáticos e
algumas de suas descobertas. Na segunda etapa, com o emprego das tecnologias digitais, as
informações foram organizadas em roteiros para áudio e vídeo. O vídeo animado/interativo
Feiras de Matemática (Figura 1) foi criado na plataforma de comunicação visual do
Powtoon, com licença Edu adquirida pelas proponentes dos projetos.

Figura 1: Vídeo interativo com o tema: Feira Catarinense de Matemática e as relações


entre Matemática e Astronomia

Fonte: Material produzido pelos integrantes do projeto. Disponível em:


https://www.youtube.com/watch?v=Y4KvzVnawI8.

Já para mostrar a relação entre a Matemática e a Astronomia nos trabalhos


publicados nos Anais 6 da Feira Catarinense de Matemática, dois estudos (categorias
Educação Infantil e Ensino Fundamental - Anos Iniciais) foram analisados e publicados no
perfil das redes sociais. A diagramação das postagens e do vídeo foi idealizada pelas
bolsistas, contendo: título do trabalho, autores, escola, procedimentos metodológicos e
resultados alcançados, após análise da relação que o trabalho estabelece entre Matemática e
Astronomia (Figura 2).

6
Mais informações sobre os Anais da Feira Catarinense de Matemática podem ser acessadas através da url:
http://www.sbembrasil.org.br/feiradematematica/anais.html.

683
Figura 2: A presença da Matemática e da Astronomia no trabalho intitulado “Medidas de
Tempo”, da categoria Educação Infantil

Fonte: Material visual produzido pelos integrantes do projeto. Disponível em:


https://www.instagram.com/p/CGz_pAqHTV3/.

Desenvolvimento e processos avaliativos


A junção dos projetos de extensão possibilitou a divulgação de conhecimentos
científicos nesse vasto campo das redes sociais. O vídeo produzido para divulgar as Feiras
de Matemática e a interrelação da Matemática e Astronomia ao longo dos anos não ficou
restrito aos partícipes das Feiras e da comunidade local, haja vista dados recentes coletados
das redes. O vídeo sobre as Feiras publicado no Facebook teve alcance de 1059 pessoas e 6
compartilhamentos. Já a postagem com o resumo publicado nos Anais, categoria Educação
Infantil, teve alcance de 78 contatos no Instagram, 14 curtidas e foi exibido 108 vezes
(impressões). Para o resumo do Ensino Fundamental - Anos Iniciais, o número de usuários
alcançados foi de 86, 12 curtidas e 123 impressões.
Ressalta-se que as atividades foram pensadas para aproximar a comunicação e a
educação, criando estratégias pedagógicas que consideram a contemporaneidade
tecnológica na qual estudantes e comunidade vivem. O vídeo interativo e a seleção dos
trabalhos que relacionam a Matemática e a Astronomia foram uma extensão da sala de
aula, atingindo a comunidade externa e criando espaços Educomunicativos que vinculam a
comunicação e a mídia ao processo de ensino (SCHÖNINGER; SARTORI; CARDOSO,
2016).

684
Considerações Finais
Os projetos de extensão aqui destacados cumpriram, até o momento, sua intenção
de formação cultural e científica, viabilizando a relação entre a comunidade e o ensino,
pois, a publicização das atividades nas redes sociais permitiu diversificar público-alvo e
espaços. Pode-se afirmar, portanto, que os objetivos foram alcançados por meio da
produção de material didático de fácil compreensão que poderá ser usado em formações
presenciais quando estas puderem ser retomadas, bem como, por professores e outras
instituições na abordagem desses temas. Desse modo, os projetos descritos tanto
enriquecerem o processo educativo dos integrantes, permitindo-lhes superar os desafios
vivenciados, quanto aproximaram a comunidade e o IFC - Campus Araquari.

Referências
SILVA, V. Feiras Estaduais. 2014. Disponível em:
http://www.sbembrasil.org.br/feiradematematica/feirasestaduais.html. Acesso em: 20 jul.
2021.

SCHÖNINGER, R. R. Z. V.; SARTORI, A. S.; CARDOSO, F. L. Educomunicação e


Prática Pedagógica Educomunicativa: uma revisão sistemática. Cadernos de Pesquisa,
São Luís, v. 23, n. 1, 2016.

Financiamento:
Edital de Seleção Interna de Projetos de Extensão IFC – Campus Araquari (Edital
15/2019).

685
FIO DA MEADA: TECENDO NOVOS PERCURSOS E POSSIBILIDADES

Área temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Maria do Carmo GONÇALVES CURTIS
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Autores: L. SILVEIRA 1; J. SOUZA 2; T. RAMOS 3

Resumo:
O artigo expõe o percurso do Fio da Meada, Projeto de Extensão da UFRGS, desde seu
início, ao qualificar o acompanhamento de adolescentes em processo de Medida
Socioeducativa (MSE) de Prestação de Serviços à Comunidade (PSC) até o período pós
COVID/19, quando passa a atuar nas Redes Sociais. Destaca que, recentemente, o projeto
estabeleceu parcerias com espaços educativos de Porto Alegre, potencializando a ação
interacional do Fio da Meada em afirmar o compromisso social da Universidade com a
sociabilidade sustentável – aproveitando materiais sobrantes e retomando a inclusão dos
adolescentes. As novas parcerias corroboram o compromisso extensionista da
Universidade, contribuindo para a formação cidadã e profissional, especialmente, das
alunas que dele participam.

Palavras-chave: Sustentabilidade; Socioeducação; Redes Sociais.

Introdução
O Fio da Meada é um dos projetos de Extensão que compõem o Centro
Interdisciplinar de Educação Social e Socioeducação (CIESS) – Órgão Auxiliar da
Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Sua
origem está relacionada ao Programa de Prestação de Serviços à Comunidade (PPSC), o
qual visava constituir um novo projeto que operasse enquanto um Setor de Trabalho ao
acolhimento dos adolescentes na Universidade, aproveitando a parceria de mais de uma
década entre a Gráfica da UFRGS e o PPSC. Criado em 2016, o Fio da Meada se constituiu
1
Laura Becker da Silva Silveira, graduanda em Pedagogia e bolsista de Extensão remunerada pela UFRGS.
2
Jéssica da Silva Souza, graduanda em Pedagogia e bolsista de Extensão remunerada pela UFRGS.
3
Thayná de Moraes Ramos, graduanda em Design Visual e bolsista de Extensão remunerada pela UFRGS.

686
para qualificar o cumprimento da Medida Socioeducativa (MSE) de Prestação de Serviços
à Comunidade (PSC) por adolescentes autores de atos infracionais, bem como das
estratégias de reaproveitamento de materiais sobrantes da Gráfica. Seu principal objetivo:
contribuir com o compromisso social da UFRGS. Inspirado pelo objetivo inicial da
produção sustentável, o projeto caracteriza-se pela confecção de produtos artesanais, entre
eles o caderno, marca-páginas e bloquinhos.
Por meio da metodologia do fazer com – que prioriza o protagonismo juvenil na
relação ensino-aprendizagem –, a ação conta com a participação da comunidade
acadêmica, professores, técnico-administrativos e graduandos de várias áreas – Pedagogia,
Artes Visuais, Psicologia, Design e Políticas Públicas –, que integram a equipe de trabalho.
Seguindo os preceitos estabelecidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA,
1990) e pelo Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE, 2021), entende-
se a MSE como um direito do adolescente, pautada em ações que ensejam uma experiência
acolhedora e potencializadora do repertório juvenil. Além do cumprimento da MSE, o Fio
da Meada visa ampliar as frentes de trabalho, divulgando suas ações e tornando o processo
socioeducativo uma experiência educativa e não punitiva, conforme o princípio que “é a
partir do entendimento de que as práticas desenvolvidas no projeto buscam romper com a
lógica de criminalização, opressão e punição, que também se compreende o quanto a
vivência do adolescente necessita ser significativa” (AGUIRRE et al., 2021, p. 1711).
Dentre suas atividades, além do acompanhamento das MSE, o Projeto realizava
oficinas na Universidade com a presença ativa dos adolescentes; recebeu prêmio destaque
no Salão de Extensão de 2019 e participou no IV Congresso de Extensão Universitária de
Associação de Universidades Grupo Montevideo (AUGM), publicando o artigo “Fio da
Meada: costurando criação e sustentabilidade nas medidas socioeducativas”, em 2021.
Ao longo da trajetória, os três eixos da ação extensionista se consolidam: a
sustentabilidade, a produção de artesanato e o protagonismo juvenil. Mas, devido ao
isolamento social em 2020, a relação com os adolescentes foi temporariamente
interrompida, fragilizando o terceiro eixo. Foi preciso reinventar o trabalho por meio do
diálogo entre a equipe do Fio da Meada e demais projetos que compõem o CIESS,
culminando na alternativa das Redes Sociais. Em junho de 2021, começa nova fase, por

687
meio de oficinas remotas e elaboração de Caderno Pedagógico. O objetivo do artigo é
relatar o percurso do Projeto Fio da Meada e sua readaptação em tempos pandêmicos.

Metodologia
O público-alvo do Projeto, no momento inicial da pandemia, compreendia as
pessoas com acesso às Redes Sociais que se interessam pela Socioeducação e Produção
Artesanal Sustentável, para democratizar o acesso a esses temas. Foram escolhidos o
Instagram e Facebook para veicular os conteúdos alinhados aos três eixos da ação.
Trabalho discutido e redigida, semanalmente, pela equipe 4 . Estratégia metodológica de
acordo com a Carta de Alfenas/UFMG 5 , que salienta como as plataformas digitais
favorecem a ação extensionista:

[...] registrou-se maior alcance de outros setores da sociedade em decorrência da


agenda de eventos, cursos e prestação de serviços viabilizada pelas redes sociais
e plataformas digitais. Ao alcançar mais pessoas ampliou-se a visibilidade sobre
as atividades desenvolvidas pelas IPES, bem como demonstrou à sociedade o
caráter produtivo e realizador da educação superior e o compromisso das
instituições educacionais com a sociedade (UFMG, 2012, p. 2).

Em 2021, estudou-se como ampliar as atividades para além das plataformas. Então
foram iniciadas novas parcerias com espaços educativos, como o Centro de Referência
Especializado em Assistência Social da região central (CREAS) – e a E.M.E.F Porto
Alegre (EPA). Possibilitando retomar as oficinas agora em formato remoto, por vídeo-
chamadas. A atividade, ainda em fase inicial, é desenvolvida por um tutorial de confecções
realizadas no Projeto, com materiais reaproveitados, como papelão, papel, lápis, sacola,
recorte de jornais e/ou revistas, fornecidos aos participantes pelas instituições parceiras. O
cronograma das atividades está organizado pela produção/costura do caderno artesanal,
seguido por outro encontro para customizar a capa. Outra atividade em desenvolvimento é
a publicação de um Caderno Pedagógico, com a compilação de conteúdos postados desde

4
Link para os sites: https://www.instagram.com/projetofiomeada/;
https://www.facebook.com/ProjetoFiodaMeada/.
5
Documento que registra o 47º Encontro Nacional do Fórum de Pró-Reitorias e Pró-Reitores de Extensão das
Instituições Públicas de Educação Superior Brasileiras, on-line, março de 2021. Foram debatidos os desafios
e dificuldades do fazer da Extensão Universitária.

688
julho de 2020. Proposta dividida em três segmentos temáticos: Apresentação do Projeto;
Três Eixos e a Relação com os Adolescentes e Produções Artesanais.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Segundo dados das próprias redes sociais, há uma repercussão considerável. Por
exemplo, em um ano, foram obtidas no Facebook 4.707 visualizações e no Instagram
foram 3.087 6 . Isso demonstra que a ação está alcançando um público expressivo. A
interação por meio de curtidas, visualizações e comentários nas postagens indicam quais
conteúdos tem maior visibilidade e relevância para pessoas que se interessam sobre as
Medidas Socioeducativas. Também evidencia o grau de interesse da comunidade externa
pelo Fio da Meada, o que é bem significativo tendo em vista o compromisso social
universidade-comunidade. A retomada das oficinas é elaborada em consonância com as
instituições parceiras, considerando suas demandas e as possibilidades com as quais o
Projeto possa contribuir. Ainda que faltem dados acerca dos resultados desta retomada,
trata-se de um movimento que envolve a comunidade externa, contemplando um dos
princípios da Extensão. Essa atividade impacta na formação cidadã e profissional das
bolsistas, discentes em interação direta com os grupos envolvidos.

Considerações Finais
A adaptação do Projeto Fio da Meada pós COVID/19 significou uma perda
temporária, pois a partilha, antes realizada na relação com os adolescentes, passou a ser via
rede social, mediante o incentivo à criação artesanal à comunidade externa. Migrar para as
redes sociais, postando conteúdos informativos sobre sustentabilidade, artesanato e
protagonismo juvenil, permite à equipe manter a memória do projeto e evocar a presença
de cada ator social que passou pelo Fio da Meada. A interdisciplinaridade propicia
diversidade nas trocas que convergem num trabalho coletivo, potente e colaborativo,
contribuindo à formação de todas. Enfim, a perspectiva atual de retomada da interação via

6
As curtidas diferem nas plataformas: no site do Face, houve 230 reações de curtidas nas postagens, 153
reações de curtidas nas páginas e 142 seguidores; no Instagram, foram obtidas 738 reações de curtidas e 189
seguidores.

689
oficinas, ainda que remotas, encaixa-se tanto no objetivo de qualificar o processo educativo
quanto na divulgação da ação extensionista.

Referências
AGUIRRE, J.; SILVEIRA, L.; LACERDA, L.; CHAVES, N. Fio da Meada: costurando
criação e sustentabilidade nas medidas socioeducativas. In: CONGRESO DE
EXTENSIÓN UNIVERSITARIA DE AUGM, 2021. Universidad de Chile/Universidad
de Santiago de Chile/Universidad de Valparaíso/Universidad de Playa Ancha. Chile:
AUGM, 2021, p. 1707-1720.

BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente: Lei Federal n.° 8.069 de 13 de junho de


1990.

BRASIL. Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo: Lei Federal n.° 12.594 de


18 de janeiro de 2012.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS. Carta de Alfenas/Belo Horizonte.


Disponível em:
<https://www.ufmg.br/proex/renex/images/documentos/Carta_Alfenas.pdf>. Acesso em:
12 de julho de 2021.

690
FORMAÇÃO CONTINUADA EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL E
SUSTENTABILIDADE

Área Temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Soeli Francisca Mazzini MONTE BLANCO
Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)
Autores: Júlia Rossler da Rosa. OLIVEIRA 1; Mariana Pereira. OLIVEIRA 2.

Resumo:
Este trabalho discorre sobre a ação de extensão “Curso online: Educação Ambiental e
Sustentabilidade”, pertencente ao Programa de Extensão “Saúde e Cidadania” e vinculado
ao Centro de Educação a Distância (CEAD) da UDESC e aos laboratórios de Educação
Sexual (LabEduSex) e Laboratório de Direitos Humanos (LabDH), e parceria com o
Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB/UDESC). O Curso objetivou a formação
continuada de educadores/as a fim de fomentar a abordagem do tema nas escolas, de
acordo com o que é indicado pela Base Nacional Comum Curricular e preenchendo
possíveis lacunas na formação de professores/as. A avaliação ocorreu durante todo o
processo pela equipe executora e ao final do curso pelos participantes (avaliação da
organização e conteúdo). Na avaliação procurou-se verificar se os organizadores e cursistas
alcançaram os objetivos propostos e se o trabalho desenvolvido proporcionou ao grupo a
ressignificação de conceitos e desenvolvimento pessoal. Dessa forma concluiu-se que o
curso apresentou contribuições acerca da questão ambiental com novos elementos a serem
trabalhados em sala de aula, com uma proposta na perspectiva anticolonial sobre o tema,
instigando o pensamento crítico. Esta experiência se tornou gérmen de reflexões sobre a
educação ambiental, sustentabilidade e da educação por meio de plataformas online, o que
serviu de material para este relato.

Palavras-chave: Educação Ambiental; Sustentabilidade; Formação Continuada.

1
Júlia Rossler da Rosa Oliveira, graduanda em história-licenciatura.
2
Mariana Pereira Oliveira, graduanda em geografia-bacharelado.

691
Introdução
O curso online de extensão “Educação Ambiental e Sustentabilidade” foi uma ação
organizada pelo Programa de Extensão “Saúde e Cidadania”, vinculado ao Centro de
Educação à Distância (CEAD) da Universidade Estadual de Santa Catarina (UDESC) e aos
laboratórios de Educação Sexual (LabEduSex) e Laboratório de Direitos Humanos
(LabDH), e parceria com o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB/UDESC). O Curso
foi elaborado conjuntamente com especialistas da área, professoras da rede pública de
ensino e bolsistas de extensão dos cursos de Licenciatura em História e Bacharelado em
Geografia. Também contou com apoio de bolsistas ligados ao Laboratório de Direitos
Humanos da UDESC (LabDH) e designers institucionais.
Ao longo do planejamento e execução desta ação, foram realizados grupos de
estudos para troca de conhecimentos que enriqueceram a ação e auxiliaram na preparação,
entrosamento e sensibilização da equipe. O curso online cumpriu importante papel na
formação continuada de professores, tendo em vista que a proposta foi apresentada para
discussão e validação às direções e supervisões das escolas parceiras, a fim de contribuir
significativamente para atender as necessidades levantadas pelos professores. Também
compreendendo, as deficiências na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), quando se
visa uma educação emancipatória, que requer mudanças significativas. Este artigo tem
como objetivo relacionar as experiências proporcionadas no decorrer do curso online, com
o aporte teórico estudado durante a organização e planejamento para a elaboração e
execução do curso, que serviram como base para pensar os objetivos desejados para esta
ação de extensão, uma formação com abordagem na educação ambiental, a partir do senso
crítico e anticolonial.

Metodologia
Os conceitos de anticolonialidade e educação emancipatória são incorporados às
experiências proporcionadas durante a construção e desenvolvimento do curso online de
extensão “Educação ambiental e Sustentabilidade”, neste trabalho foram identificadas as
deficiências da última versão da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) no que se
refere a este tema de extrema importância para o desenvolvimento humano. O aporte

692
teórico utilizado neste artigo e no decorrer de nossa ação de extensão, foi apresentado de
forma a promover a visualização da articulação entre teoria e práxis, bem como a
articulação entre ensino, pesquisa e extensão.
A ação estava prevista inicialmente para o formato presencial, mas em função
pandemia da COVID 19 foi necessário a adequação para a plataforma online, o que exigiu
mais preparo e estudo da equipe para o uso das tecnologias.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Uma abordagem transformadora da Educação Ambiental
A questão ambiental e a sustentabilidade requerem ser trabalhadas de forma
interdisciplinar, mas de forma que sejam assegurados no currículo escolar de crianças e
adolescentes, compreendendo a urgência de se discutir as questões ambientais, necessárias
para a manutenção da vida. Em nossa BNCC reformulada em 2017, o tema é abordado e
assegura que seja um interesse educativo imediato, porém, identifica-se um afastamento da
criticidade ao abordar o tema,
seguindo a lógica do cuidado individual e da conservação do indivíduo/natureza
para outras gerações ou materializando-se ainda de forma fragmentada e restrita
a concepção ecológica, afastando-se da relação entre os problemas ambientais
reais existentes e o atual modelo de desenvolvimento econômico que vivemos,
bem como das questões relacionadas à sociedade de consumo, a produção
excessiva de mercadorias, a obsolescência programada, a acumulação do lixo, a
privação de saneamento básico, a miséria e a pobreza, dentre outras questões
emergentes, que comumente atingem a população marginalizada. (ANDRADE,
PICCININI; 2017, p.10)

A abordagem da Educação Ambiental na BNCC demonstra tentativas de uma


neutralidade acerca da temática, revelando a escolha de ausentar o compromisso do
docente com a mudança. Paulo Freire (1979) discorre que para a transformação da
realidade ser possível, neste caso, da tomada de consciência para preservar o meio
ambiente, a ação isolada e focalista de querer transformar um aspecto de nossa
materialidade, não é possível. Só é possível a transformação ambiental que assegure a vida,
se transformarmos a totalidade, pois a questão ambiental não é uma ilha em relação à
sociedade, mas faz parte dela e de suas ideologias, que perpassam da questão individual à
coletiva, de tomada de consciência à materialidade a ser transformada. A educação

693
ambiental é fundamental para a conscientização sobre nossos processos e relações com o
meio ambiente, é a partir dela que criamos possibilidades de um mundo melhor, por meio
de laços de respeito.
Para uma educação emancipatória é necessário identificar a nossa realidade
ambiental e nossa relação com o meio ambiente, que hoje é pautada em um viés
consumista, tratando a natureza apenas como recurso. “Nossos verdadeiros bens são as
coisas da floresta: suas águas, seus peixes, sua caça, suas árvores e seus frutos. Não são as
mercadorias!” (KOPENAWA, 2015). Porém, compreendendo que o processo de
consciência que leva a sociedade capitalista a enxergar a natureza como mercadoria, não é
natural, torna-se necessária a esperança no ensino que vise a mudança. O compromisso
com a educação perpassa pela esperança de mudança, que Aílton Krenak (2019) denomina
instituição do sonho, onde se busca nos sonhos, orientações para ações do dia a dia.

Curso de extensão online: Educação Ambiental e Sustentabilidade


O curso de extensão online “Educação Ambiental e Sustentabilidade” contou com a
organização fundamentada em estudos realizados durante o ano de 2020 que culminaram
em seu caráter acolhedor e inclusivo, delimitando suas abordagens técnicas e reflexivas de
forma anticolonial, e que visam uma educação emancipadora. O curso foi organizado
dentro da Plataforma Moodle, que possui diversas ferramentas para que a dinâmica ocorra
de maneira fluida, por meio da possibilidade de gravar áudios, vídeos e manter constante
diálogo através de fóruns que foram abertos para interações com os cursistas. Os bolsistas
e equipe envolvida, também tiverem acesso para contatos via e-mail e WhatsApp com os
participantes, a fim de sanar as dúvidas e acolher sugestões.
O público-alvo de nosso curso foram professores/as da rede básica de ensino de
Santa Catarina, em especial das escolas que estabelecemos parceria, EEF Júlio da Costa
Neves, localizada em Florianópolis, e o CEM Nova Esperança, localizado na cidade de
Balneário Camboriú. Foram disponibilizadas 100 vagas para participantes, dando
prioridade aos/às professores/as destas instituições, porém, destinamos parte das vagas para
o público em geral que tinha interesse no tema abordado. Chegamos a mais de 100

694
inscritos, a ponto de necessitar a realização de uma lista de espera, porém, muitos cursistas
não concluíram o percurso até o final.
O “Curso online: Educação Ambiental e Sustentabilidade”, com carga horária de
40h, teve duração do dia 24 de maio até o dia 27 de junho de 2021, sua estrutura foi
dividida em quatro módulos. O primeiro módulo foi voltado para introdução à ecologia e a
relação do homem com a natureza, a fim de contextualizar a importância dos
conhecimentos científicos gerados pela Ecologia para a compreensão do funcionamento do
meio em que vivemos. O segundo módulo tratou da educação ambiental, que propôs
repensar os processos educativos, as atitudes e as práticas coletivas de Educação
Ambiental, apresentada como componente curricular básico nos espaços escolares em sua
concepção mais ampla. O terceiro módulo abordou a legislação e gestão ambiental, para
debater sobre as políticas públicas ambientais, os fundamentos constitucionais, a evolução
da legislação ambiental brasileira, e a participação e o controle social. O último módulo,
que recebeu o título “Educação Ambiental e a Sociedade”, foi voltado para discutir
questões atuais e recorrentes envolvendo a Preservação e Educação Ambiental, racismo
ambiental, e as nuances da prática de educação em comunidades quilombolas e indígenas.
Os três primeiros módulos foram ministrados por meio de videoaulas, com apoio de
apostilas digitais como materiais didáticos, já o quarto módulo, ocorreu através da
realização de lives com palestrantes convidados, em que os cursistas poderiam interagir por
meio do YouTube. A estrutura do curso também contou com uma aba voltada para
informações gerais do curso e apresentação dos participantes e organizadores, além de um
fórum de dúvidas. Posterior às abas correspondentes aos módulos, contou com uma aba de
avaliações, onde estavam as avaliações solicitadas em todos os módulos, bem como um
trabalho final que demandava a elaboração de um plano de aula.
A ação desenvolvida pelo Programa “Saúde e Cidadania” foi responsável por
fornecer um contato mais íntimo das estudantes bolsistas com a comunidade,
possibilitando a aprendizagem a partir da pesquisa e da experiência, com trocas de
conhecimentos que aconteceram desde os grupos de estudos e planejamento do curso
online, até sua execução e avaliação. Possibilitou também, um vínculo entre ensino,

695
pesquisa e extensão, fundamentais para tecer um conjunto de experiências necessárias à
formação acadêmica, com autonomia e orientação da professora coordenadora.

Considerações Finais
O curso alcançou os objetivos propostos e trouxe uma abordagem crítica e
anticolonialista sobre os estudos da Educação Ambiental e a Sustentabilidade para a
formação dos educadores/as. Importantes conhecimentos foram construídos juntamente
com os extensionistas e comunidade escolar, dessa forma contribuindo como espaços de
estudo, discussão e produção de conhecimento sobre o tema. O enfoque no ambiente
virtual foi uma experiência nova e que agregou positivamente aos membros da equipe. A
troca de experiências surtiu muitos ganhos, principalmente em relação às palestras que
foram realizadas com as temáticas: licenciamento ambiental e prática de educação em
comunidades quilombolas e indígenas. O tema abordado interdisciplinarmente contribui
aos estudos das ciências humanas e biológicas, que nas universidades, frequentemente
acabam sendo trabalhadas somente através de uma perspectiva, favorecendo um ensino
tecnicista, e não crítico.

Referências
ANDRADE, Maria Carolina Pires de; PICCININI, Cláudia Lino. Educação Ambiental na
Base Nacional Comum Curricular: retrocessos e contradições e o apagamento do debate
socioambiental. IX EPEA - Encontro Pesquisa em Educação Ambiental, Juiz de Fora -
MG. Agosto de 2017.

BONDÍA, Jorge Larrosa. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. Revista


Brasileira de Educação, Barcelona, p. 20 - 28, jan/fev/mar/abr 2002

FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. São Paulo: Paz e Terra, 1979. Disponível em:
https://construindoumaprendizado.files.wordpress.com/2012/12/paulo-freire-educacao-e-
mudanca-desbloqueado.pdf. Acesso em: 02 ago. 2021.

HOOKS, Bell. Ensinando a transgredir: A Educação como prática da liberdade. São


Paulo: Martin Fontes, 2013, p.9-64

KOPENAWA, Davi; Albert, Bruce. A queda do céu: Palavras de um xamã Yanomami. 1ª


ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

696
KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras,
2019.

697
FORMAÇÃO EM TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO EM
UMA PERSPECTIVA PRÁTICA PARA REDES MUNICIPAIS DE EDUCAÇÃO

Área temática: Educação


Coordenador da atividade: Bruno BONIATI
Instituto Federal Farroupilha (IFFar)
Autores: T. C. MARION ; N. E. CANCI ; I. P. ARGENTA 3; T. S. de OLIVEIRA 4; G. K.
1 2

TRES 5; B. B. BONIATI 6

Resumo:
Este artigo apresenta a organização e execução de uma formação docente mediada por um
Ambiente Virtual de Ensino Aprendizagem (AVEA) para utilização de tecnologias da
informação e comunicação (TICs) aplicadas à educação. Tal formação foi motivada em
função do contexto de isolamento social imposto pela pandemia de COVID-19 e objetivou
desenvolver uma formação junto aos docentes em exercício de seis redes municipais de
educação do Rio Grande do Sul (RS), no primeiro semestre de 2021 para utilização de
ferramentas do pacote Google Workspace for Education. A participação e avaliação dos
cursistas indica que a formação alcançou seus objetivos de oportunizar a realização de
atividades práticas relacionadas ao uso de tecnologias da informação e comunicação
aplicadas à educação.

Palavras-chave: formação docente; AVEA; TICs.

Introdução
A pandemia de COVID-19 modificou muito rapidamente as relações pessoais e de
trabalho em escala global. Estudantes e trabalhadores da educação, sem uma prévia
preparação, foram diretamente impactados e precisaram adaptar suas práticas de ensino,
em formato remoto. No contexto da pandemia os docentes de diferentes redes, da educação

1
Tobias Cadoná Marion (aluno do Curso Téc. em Informática).
2
Nei Eduardo Canci (aluno do Curso Téc. em Informática)
3
Izabella Paterno Argenta (aluno do Curso Téc. em Informática)
4
Tauani Studzinski de Oliveira (aluno do Curso Téc. em Informática)
5
Gabriele Kauane Tres (aluno do Curso Téc. em Informática)
6
Bruno Batista Boniati (servidor docente)

698
básica a Universidades, foram estimulados a pensar e colocar em prática processos de
ensino e aprendizagem não presenciais. As atividades letivas presenciais foram
temporariamente suspensas, porém grande parte das comunidades escolares mantiveram
suas atividades por meio de interações digitais com os estudantes.
As instituições que já faziam uso de AVEAs tiveram maior agilidade para se
adaptar ao uso de TICs para o desenvolvimento de atividades letivas. Outras, no entanto,
sequer disponham de ambientes e recursos disponíveis. Nestes casos foi necessário
selecionar, ativar e configurar ambientes virtuais. Zang (2021) sinaliza que a plataforma
Google Wordkspace for Educaction fornece gratuitamente recursos e ferramentas digitais
para instituições educacionais. Tal plataforma foi adotada pela SEDUC/RS, contemplando
neste caso as escolas estaduais do RS. As secretarias municipais de educação, contudo,
ficaram desassistidas e precisaram construir alternativas individualmente.
Através dessa ação de extensão objetivou-se desenvolver parcerias com secretarias
municipais de educação para auxiliar a ativação da plataforma Google Wordkspace for
Educaction e desenvolver junto aos profissionais municipais da educação (professores,
monitores, técnicos, etc.) uma formação sobre TICs com um enfoque prático. Durante o
desenvolvimento da ação, servidores e estudantes do IFFar – Campus de Frederico
Westphalen capacitaram profissionais da educação de seis municípios gaúchos para
utilização das ferramentas disponíveis na plataforma Google Wordkspace for Educaction.
A formação foi demandada pelos gestores municipais em jan./fev. de 2021. Estiveram
envolvidos na formação cinco estudantes do Curso Téc. em Informática e seis servidores
do Campus Frederico Westphalen. Participaram da formação de mais de 400 profissionais
que atuam na educação infantil e no ensino fundamental de escolas municipais.

Metodologia
A formação foi organizada em dois módulos, com quatro semanas cada um,
totalizando 40 horas de atividades. O cronograma organizado conjuntamente com as
secretarias municipais de educação contemplou encontros síncronos pelo Google Meet ou
transmissão pelo Youtube e atividades práticas relacionadas às ferramentas da plataforma
Google Workspace for Education. O Google Sala de Aula (Classroom) foi utilizado como

699
AVEA para disponibilização dos materiais, coleta das atividades e controle dos feedbacks.
Os momentos síncronos foram conduzidos pelos servidores do IFFar com auxílio de
estudantes. Estes eram responsáveis pela edição de vídeos para demonstrar a realização das
atividades práticas propostas. Os materiais eram personalizados para cada município e
foram desenvolvidos utilizando-se das ferramentas disponíveis na própria plataforma onde
a formação foi desenvolvida. As atividades propostas ao longo da formação objetivaram
colocar os cursistas diante de situações práticas e abordaram conceitos relativos à
organização de aulas em ambientes on-line (BEHAR e SCHNEIDER, 2018), comunicação
não violenta (ROSENBERG, 2006), recursos para avaliação, compartilhamento e trabalho
colaborativo.

Desenvolvimento e processos avaliativos


A formação organizada por essa ação extensionista nasce a partir da motivação dos
gestores municipais de educação que se deparam com dois problemas: como qualificar os
servidores para atuar em ambientes on-line? Que tipo de ambiente on-line utilizar? O
público alvo da formação (servidores da educação) foi diretamente impactado pela
mudança abrupta na forma de conduzir as atividades letivas, em função da pandemia
COVID-19. Entende-se que a velocidade como a formação foi organizada e o enfoque
prático que ela proporcionou foram muito significativos para seus resultados positivos.
Para organizar a formação foi preciso considerar a existência de diferentes perfis de
usuários: iniciantes e intermediários/avançados (que já haviam participado de outras
formações ao longo do ano de 2020). Neste sentido, entendeu-se que os conteúdos a serem
desenvolvidos durante a formação necessitariam estar diretamente relacionados e
contextualizados às atividades desempenhadas pelos cursistas e deveriam contemplar
sugestões de atividades aplicáveis, voltadas especialmente ao ensino fundamental.
A formação foi organizada em oito tópicos que foram disponibilizados
semanalmente no AVEA Classroom. As gravações dos encontros síncronos eram
imediatamente disponibilizadas após sua conclusão de forma que participantes
impossibilitados de participar ao vivo pudessem assisti-las. Para validar a participação dos
cursistas foram propostas 10 atividades avaliativas ao longo do curso. Tais atividades

700
estavam relacionadas aos conteúdos desenvolvidos no respectivo tópico semanal.
Feedbacks individuais eram fornecidos através das ferramentas de comunicação da própria
plataforma e feedbacks coletivos eram apresentados antes do início de uma nova semana
durante os encontros síncronos seguintes.
Destaca-se também a importância dessa ação para formação e vivência acadêmica
dos estudantes. Mesmo impactados pela pandemia, todos se mostraram dispostos a
colaborar e discutir formas de fazer com que a condução dos encontros pudesse encontrar
maior aceitação. Seguramente o acompanhamento individualizado dos cursistas e a
comunicação com os mesmos (pela própria plataforma), realizada com o auxílio dos
participantes do projeto foi fundamental para potencializar o número de concluintes.

Considerações Finais
Ao final das formações, dados sobre sua condução foram coletados através de
formulário eletrônico. A análise das avaliações das seis turmas deixa evidente que a
formação atingiu seu objetivo, permitindo aos participantes, do ponto de vista pedagógico,
conhecer e empregar as ferramentas de tecnologias. No que se referem ao desenvolvimento
profissional, os participantes identificam o potencial da cultura digital para o
aprimoramento de suas práticas.
As formações foram realizadas nos municípios de Frederico Westphalen,
Taquaruçu do Sul, Caiçara, Cristal do Sul, Campina das Missões e Capivari do Sul. Todas
as formações foram registradas no Sistema Nacional de Informações da Educação
Profissional e Tecnológica (Sistec) na condição de cursos de qualificação profissional de
formação para professores. Tal registro é importante para o computo de estudantes
equivalentes para o campus ofertante.
As análises das avaliações também evidenciam necessidade de proporcionar outros
tipos de formações continuadas com foco na qualificação profissional de servidores da
educação. Verificou-se também que o uso das tecnologias possui grande potencial
educacional, não apenas em um contexto de pandemia, mas também um cenário de aulas
presenciais.

701
Referências
BEHAR, P. A.; SCHNEIDER, D. Arquitetura pedagógica para educação a distância. In:
MILL, D. (Org.) Dicionário crítico de educação e tecnologias e de educação a
distância. Campinas, SP: Papirus, 2018.

ROSENBERG, M. B. Comunicação não-violenta: Técnicas para aprimorar


relacionamentos pessoais e profissionais. São Paulo: Ágora, 2006.

SEDUC/RS. Começa implantação das Aulas Remotas na Rede Estadual de Ensino.


Disponível em: <https://educacao.rs.gov.br/comeca-implantacao-das-aulas-remotas-na-
rede-estadual-de-ensino>. Acesso em: 20 de jul. de 2021.

ZHANG, M. Teaching with Google Classroom. 2. ed. Packt Publishing, 2021.

702
FURBOT: EXPERIÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO DURANTE A PANDEMIA

Área Temática: Educação


Coordenadora da atividade: Luciana PEREIRA DE ARAÚJO KOHLER
Universidade Regional de Blumenau (FURB)
Autores: L. P. de ARAÚJO KOHLER 1; M. CAPOBIANCO LOPES 2; L. WERNER
RIBEIRO 3; D. SOLANO DOS REIS 4; V. LOURENÇO DA ROSA 5; L. FRONZA 6.

Resumo:
A partir da introdução da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) várias discussões tem
ocorrido no sentido de identificar-se a melhor forma de efetivar a inclusão de fundamentos
de Ciência da Computação, especificamente relacionados ao Pensamento Computacional
(PC), na educação básica. A partir de uma experiência realizada por três anos com a
aplicação de um jogo para o pensamento computacional em escolas de ensino fundamental,
percebeu-se que o papel do professor vem sendo negligenciado nas ações de formação
gerando resistências na adoção de práticas inovadoras em sala de aula. Assim, decidiu-se
dar continuidade ao desenvolvimento de tecnologias plugadas e desplugadas, ampliando o
escopo para estimular o desenvolvimento de saberes relacionados ao PC em professores do
ensino fundamental de tal forma a propiciar uma apropriação da tecnologia utilizada. A
metodologia de trabalho é a pesquisa-ação, caracterizada por ser dividida em ciclos pois
ambas as frentes, a de tecnologia e a de formação de professores, fazem parte de um
conjunto de ações colaborativas entre a universidade e as escolas envolvidas. Além disso,
prevê a colaboração de uma equipe interdisciplinar responsável pela avaliação e
desenvolvimento das atividades realizadas em laboratório de forma prática, com de
tecnologias educacionais inovadoras. O projeto também visa contribuir para a consolidação
da curricularização da extensão por meio de uma série de atividades complementares e
inter-relacionadas envolvendo uma equipe interdisciplinar de pesquisadores e bolsistas, nos

1
Luciana Pereira de Araújo Kohler, Professora – Departamento de Sistemas e Computação.
2
Maurício Capobianco Lopes, Professor – Departamento de Sistemas e Computação.
3
Leandro Werner Ribeiro, Professor – Departamento de Publicidade e Propaganda.
4
Dalton Solano dos Reis, Professor – Departamento de Sistemas e Computação.
5
Vítor Lourenço da Rosa, Estudante - Design
6
Leonardo Fronza, Estudante – Ciências da Computação

703
cursos de Ciência da Computação, Sistemas de Informação e Publicidade e Propaganda
trazendo demandas da realidade escolar para que possam ser trabalhadas em sala-de-aula.

Palavras-chave: jogo; pensamento computacional; ensino fundamental.

Introdução
A associação entre fundamentos da computação e pensamento crítico permite uma
nova forma de abordagem de ensino que auxilia no desenvolvimento de habilidades de
abstração e estruturação do raciocínio lógico (BRACKMANN, 2017; ZANETTI,
BORGES, RICARTI; 2016). Essas habilidades auxiliam as crianças na resolução de
problemas em todas as áreas da vida, seja de maneira individual ou colaborativa (ORTIZ et
al., 2019).
Várias pesquisas têm sido realizadas evidenciando lacunas existentes na formação
do raciocínio lógico dos estudantes e indicando que tais falhas prejudicam e são reflexos de
muitos casos de reprovação e evasão sendo necessário criar estratégias para que esta
habilidade seja desenvolvida desde os primeiros anos de escolarização (GLITZ; 2017, p.
8). Considerando-se os últimos resultados do PISA (MORENO; 2018) reforçando que uma
parcela expressiva de escolares apresentam desempenho insuficiente em leitura, escrita e
matemática, trabalhar com Pensamento Computacional (PC) com escolares e professores
apresenta-se como um desafio mas também traduz-se em oportunidade de inovar no
processo de ensino-aprendizagem envolvendo educadores, pesquisadores e a comunidade
escolar.
Tendo ciência desta realidade, o projeto Furbot, desde o seu início nas escolas
públicas tem tido o cuidado de tratar este tema não só desenvolvendo um projeto específico
para atender laboratórios obsoletos, mas também no desenvolvimento de tecnologias
plugadas e desplugadas (que não envolvem o uso de computadores). O Furbot caracteriza-
se como um serious games ou jogos sérios que possibilitam o desenvolvimento de
habilidades do pensamento computacional. No jogo, o jogador é representado por um robô
que percorre um cenário bidimensional por meio de comandos de programação. No
cenário, o jogador deve sair de um ponto de origem e chegar em um ponto de destino

704
desviando de obstáculos encontrados pelo caminho. Além do jogo, existe uma plataforma
na qual o professor tem acesso as métricas de seus alunos, após estes jogarem os jogos,
podendo acessar dados como: quantidade de fases concluídas, tempo de cada fase,
quantidade de erros, entre outras informações.
Assim, no que se refere ao histórico de relacionamento com o público-alvo,
destaca-se que, em 2017, desenvolveu-se, junto à escola Pedro II, as fases iniciais do jogo,
direcionadas aos alunos de 9 e 10 anos. A escola demonstrou interesse em expandir o uso
da ferramenta para as crianças de 11 anos, incorporando novos desafios ao jogo em 2018.
Para o ano de 2019, ampliou-se a diversidade de recursos (com novas plataformas e um
ambiente remodelado) e realizou-se um piloto de formação de professores com vistas a
avaliar-se o resultado da intervenção em sala de aula. Os resultados deste piloto
contribuíram para a proposta de continuidade do projeto em 2020 e 2021, o que confirma a
relação dinâmica entre universidade e comunidade e fortalece o compromisso da FURB de
sustentar uma relação dialógica com diferentes setores, instituições e atores sociais da
região na qual está inserida, com vistas a uma atuação transformadora e interessada no
desenvolvimento social (FURB, 2004).

Metodologia
Devido as restrições da Pandemia do Covid-19 que continuaram neste primeiro
semestre de 2021, os bolsistas do projeto continuaram trabalhando remotamente. Assim,
foi utilizada uma metodologia semelhante as metodologias ágeis de desenvolvimento de
sistemas. A cada semana é realizada uma reunião de forma remota, na qual todos os
integrantes do projeto (bolsistas e professores) participam e discutem a respeito de como
está o desenvolvimento e os próximos passos a serem realizados.
Em cada reunião, cada um dos bolsistas apresenta as atividades desenvolvidas
durante a semana. As atividades são avaliadas, criticadas e discutidas com toda a equipe.
Em seguida, são elencadas novas atividades para cada um dos membros da equipe de modo
que devem ser concluídas ao longo daquela semana para que então seja apresentada na
próxima reunião.

705
Desenvolvimento e processos avaliativos
Em virtude do ano atípico de pandemia e da suspensão presencial das aulas na rede
pública de ensino, o Projeto de Extensão Furbot não aconteceu conforme havíamos
planejado. Assim as atividades planejadas que envolviam a realização de oficinas nas
escolas não puderam ser executadas. Apesar disso, antes do lockdown em 2020 foi possível
realizar 2 formações com 60 pessoas.
Embora não tenhamos tido a possibilidade de executar as oficinas, as atividades de
desenvolvimento e validação do jogo continuaram conforme a metodologia destacada na
seção anterior. Espera-se que ao longo deste segundo semestre seja possível a validação do
jogo com alunos de ensino fundamental.
Como desenvolvimento do jogo e da plataforma Furbot, neste ano de trabalho
desenvolveram-se espaços para que o professor possa acompanhar o progresso de seus
alunos. Com os dados que o jogo fornece ao professor, este pode ter uma noção da
evolução das habilidades de seus alunos e pode utilizá-los para realização de outras
atividades que achar relevante.

Considerações Finais
Considerando que o projeto ainda está em andamento, tem-se que as interfaces
relacionadas ao professor estão finalizadas, assim como as fases do jogo que são
disponíveis para os alunos praticarem as habilidades do pensamento computacional.
Contudo, é necessário ainda a validação em campo tanto das fases do jogo, quanto da
interação dos professores com a plataforma desenvolvida. Espera-se que ao longo do
segundo semestre seja possível a validação com professores de ensino fundamental.

Referências
BRACKMANN, C. P. Desenvolvimento do pensamento computacional através de
atividades desplugadas na educação básica. 2017. 226 f. Tese (Doutorado). Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2017.

GLIZT, F. R. O. O pensamento computacional nos anos iniciais do ensino fundamental.


2017. 89 f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciência e Tecnologia). Universidade
Tecnológica Federal do Paraná, Ponta Grossa, 2017.

706
FURB - Universidade Regional de Blumenau. Resolução no 024, de 21 de maio de 2004.
Institui e regulamenta a política de extensão da Universidade Regional de Blumenau.
Blumenau: Furb, 2004.

MORENO, A. C. PISA 2018: Dois terços dos brasileiros de 15 anos sabem menos que o
básico de matemática. 2019. G1 Educação. São Paulo.

ORTIZ, Júlia et al. Pensamento Computacional e Cultura Digital: discussões sobre uma
prática para o letramento digital. Brazilian Symposium on Computers in Education
(Simpósio Brasileiro de Informática na Educação - SBIE), [S.l.], p. 1241, nov. 2019. ISSN
2316-6533. Disponível em: https://www.br-ie.org/pub/index.php/sbie/article/view/8856.
Acesso em: ago. 2021. doi:http://dx.doi.org/10.5753/cbie.sbie.2019.1241.

ZANETTI, H.; BORGES, M.; RICARTE, I. (2016). Pensamento Computacional no Ensino


de Programação: Uma Revisão Sistemática da Literatura Brasileira. Anais do Simpósio
Brasileiro de Informática na Educação (SBIE-2016), p.21-30.

707
GASTRONOMIA E FRANCÊS: RELATO DE UMA PRÁTICA DOCENTE
EXTENSIONISTA

Área Temática: Educação


Coordenadora da atividade: Clarissa Laus Pereira OLIVEIRA
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Autores: B. K. BALBINOTTI 1; B. B. SOARES 2; K. C. FAGUNDES 3;
C. L. P. OLIVEIRA 4.

Resumo:
Neste artigo apresentamos um breve relato crítico e reflexivo de nossa prática docente
realizada na disciplina de Estágio Supervisionado Obrigatório II, do curso de Letras-
Francês, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O estágio aconteceu no
âmbito do projeto de extensão Nous parlons français (NPF), registrado na UFSC e
oferecido à comunidade escolar do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC). O objetivo
geral deste projeto é oferecer à comunidade florianopolitana noções fundamentais de
língua e cultura francófonas para sensibilizá-la sobre a importância da referida língua para
a formação inicial e continuada do cidadão. Para tanto, o projeto prevê como objetivo
principal o envolvimento de graduandos do curso de Letras Francês na elaboração e
ministração de aulas de francês. Neste estágio, realizado integralmente online devido ao
contexto pandêmico, escolheu-se como tema de trabalho a gastronomia. Para a elaboração
do material didático para as aulas síncronas e assíncronas, ocorridas na plataforma Moodle,
articulou-se a metodologia de projeto, a perspectiva actionnelle e noções de
interculturalidade para o ensino de francês. O resultado do projeto de estágio, Gastronomia
e Francês, foi a publicação, em um site francês, das receitas trabalhadas pelos estudantes
durante as aulas, assim como a elaboração de um relatório e de um artigo científico.

Palavras-chave: Metodologia do projeto; Francês; Língua Estrangeira; Interculturalidade.

1
Brenda Kieling Balbinotti, aluna [Letras-Francês].
2
Bruna Brito Soares, aluna [Letras-Francês].
3
Keren Coimbra Fagundes, aluna [Letras-Francês].
4
Clarissa Laus Pereira Oliveira, docente [Letras-Francês].

708
Introdução
Este trabalho apresenta um breve relato crítico de experiência das atividades
desenvolvidas durante o Estágio Supervisionado Obrigatório II, no curso de licenciatura
em Letras – Língua Francesa, da UFSC. As aulas fizeram parte do projeto de extensão
NPF, realizado pela primeira vez em uma parceria da Universidade com o IFSC – Câmpus
Florianópolis. A turma, de nível iniciante, foi formada por estudantes, professores e
servidores da instituição. Este projeto extensionista está diretamente relacionado ao ensino
uma vez que são os estagiários do curso de Letras Francês os responsáveis pela elaboração
e ministração das aulas, em um movimento de ação e reflexão crítica contínuo,
proporcionando experiência ímpar na formação inicial dos futuros professores de francês.
O objetivo principal do projeto extensionista Nous parlons français é criar espaços
reais de prática docente para os licenciandos do curso de Letras Francês. O estágio, que
hora apresentamos, é uma das ações do NPF. Por sua vez, o objetivo do projeto
desenvolvido no estágio realizado por três alunas foi trabalhar a língua francesa sob o tema
da gastronomia, apresentando aspectos gramaticais e culturais do universo francófono. As
receitas elaboradas pelo grupo de estudantes durante o processo de ensino-aprendizado
foram publicadas em um site francês especializado no assunto.

Metodologia
Para a realização das vinte horas previstas no projeto de estágio, Gastronomia e
Francês, foram desenvolvidos planos de aula assíncronos (10 horas, realizadas dentro da
plataforma Moodle) e síncronos (10 horas, em encontros virtuais na plataforma Google
Meet). Durante o processo de elaboração das aulas, estagiárias e professora coordenadora
refletiram sobre como desenvolver nos estudantes a ideia de sujeitos ativos, os quais
utilizam a língua em tarefas/ações dentro de um contexto real, partindo de suas bagagens
culturais e linguísticas (Puren, 2002). O intuito principal era afastar-se da criação de
ambientes simulados, logo não-reais, para a utilização da língua.
Para que os estudantes apresentassem uma receita com a qual tivessem
envolvimento afetivo, foi criado um fórum na plataforma Moodle. Para a realização do
trabalho de revisão, utilizou-se o Padlet, plataforma online colaborativa, onde os

709
estudantes colocaram em prática as competências que haviam adquirido nas aulas
síncronas e assíncronas. Posteriormente ao Padlet, as receitas foram postadas no site
Ptichef, conforme estava previsto no plano de ensino do módulo ofertado.

Desenvolvimento e processos avaliativos


A escolha pelo tema da gastronomia se deu pelo fato de que “o ato alimentar é
compreendido assim como um aspecto que permite uma observação abrangente e uma
possível compreensão da alteridade” (CASTRO, MACIEL E MACIEL, 2016, p. 19).
Sendo assim, acreditamos que, ao trazermos esse tema para a sala de aula de francês língua
estrangeira, trouxemos também elementos da cultura francófona e brasileira, em uma
abordagem intercultural. Para isso, apresentamos receitas, curiosidades, expressões
linguísticas envolvendo vocabulário da gastronomia de diferentes regiões do mundo –
França, Canadá, Bélgica, Marrocos, Itália, Estados Unidos, Irã –, como tajine, lasanha,
croque-monsieur, blanquette.
Ao optarmos por explorar os textos apresentados pelos estudantes, trouxemos a
cultura de cada um deles para a sala de aula, como pode ser visto em um dos fóruns do
Moodle do curso, na resposta de um dos estudantes quando questionado sobre a sua
escolha: “Além de me trazer lembranças muito gostosas, ele é um bolinho tradição na
minha família”. Dessa maneira, provocamos reações cognitivas e emotivas através da
opção pela abordagem intercultural, como propõe Sammadi (2014).
Uma vez as receitas postadas no Ptitchef, elas estarão expostas a receber
comentários dos usuários do site, ou seja, os autores das receitas, nossos estudantes, como
pertencentes a um mundo globalizado, poderão interagir em um contexto real, com pessoas
interessadas pelo o que eles postaram. Isto configura o lado integrador social do projeto
pedagógico. As tarefas do nosso projeto de estágio eram solicitadas semanalmente, em
toda aula síncrona, e faziam parte do agir da aprendizagem, enquanto que o objetivo final
do projeto focou no agir para o uso social.

710
Considerações Finais
Os objetivos propostos pelo projeto Nous parlons français foram amplamente
atingidos uma vez que proporcionou às alunas-estagiárias do curso de Letras Francês uma
experiência docente enriquecedora por permitir-lhes uma reflexão teórica confrontada com
uma prática real de ensino de língua estrangeira. Todos os processos e as etapas para a
realização do projeto de prática docente, Gastronomia e Francês, foram elaborados e
executados pelas estagiárias, sob a orientação e a supervisão da professora coordenadora
do projeto extensionista NPF. Foram inúmeras as dificuldades encontradas, uma vez que
estávamos vivenciando o ensino remoto pela primeira vez. No entanto, elas foram
superadas, pois além da elaboração do material didático, a metodologia e a dinâmica das
aulas online exigiram muita reflexão crítica e adaptação para o novo contexto de ensino-
aprendizado.
A prática docente realizada no IFSC nos mostrou que a aprendizagem por meio de
um projeto pedagógico foge à progressão tradicional do ensino de língua estrangeira, pois
ela é definida a partir das etapas do mesmo e dos conhecimentos que elas requerem. No
projeto de estágio, Gastronomia e Francês, o estudante foi apresentado a um conteúdo, o
aplicou e, portanto, teve uma aprendizagem mais ativa e significativa. Assim também foi
com as estagiárias atuantes no Nous parlons français, pois colocaram em prática a teoria
que o curso de Licenciatura em Francês lhes apresentou até o momento do Estágio
obrigatório.

Referências
CASTRO, Helisa; MACIEL, Maria; MACIEL, Rodrigo. Comida, cultura e identidade:
conexões a partir do campo da gastronomia. Ágora, Santa Cruz do Sul, v. 18, n. 1, p. 18-
27, jan./jun. 2016. Disponível em:http://online.unisc.br/seer/index.php/agora/index>.
Acesso em: 2 maio 2021.

PUREN, Christian. Perspectives actionnelles et perspectives culturelles en didactique des


langues : vers une perspective co-actionnelle co-culturelle. Les langues modernes, Paris,
n. 3, p. 55-71, jul./set. 2002. Disponível em: http://www.aplv-
languesmodernes.org/spip.php?article844. Acesso em: 21 nov. 2020.

SAMMADI, Houcem. L’apport de l’interculturalité à la compétence communicative


dans l’enseignement/apprentissage du FLE (cas des classes de 1ère année

711
universitaire option : lettre et langue française Université de Tébessa). Dissertação
(Mestrado em Didática do FLE) – Faculté des Lettres et des Langues, Université Larbi Ben
M’Hidi, Argélia, 2014. Disponível em: http://bib.univ-
oeb.dz:8080/jspui/bitstream/123456789/5179/1/m%c3%a9moire%20mastre%20SAMMA
DI.pdf. Acesso em: 2 maio 2021.

712
GEOGEBRANDO: CONSTRUÇÕES DE INSCRIÇÕES DE POLÍGONOS
REGULARES NA CIRCUNFERÊNCIA

Área Temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Rafael MESTRINHEIRE HUNGARO
Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR)
Autores: Rafael Mestrinheire HUNGARO 1; Franchesco Sanches dos SANTOS 2.

Resumo:
O presente trabalho propõe uma sequência didática para o ensino de construções
geométricas de polígonos regulares na circunferência e suas relações de inscrição e
circunscrição com o uso do software GeoGebra. Tendo como objetivo principal, estudar
alternativas para a aplicabilidade deste software de forma a melhorar e potencializar a
qualidade da prática docente e verificar se metodologia adotada se mostrou clara e eficiente
para o entendimento dos conceitos trabalhados. O trabalho foi aplicado em forma de
oficinas destinadas aos alunos e professores de universidades e de escolas da rede pública e
privada e foi dividido em duas etapas: Na primeira etapa, ocorreu a apresentação do projeto
e do software Geogebra, expondo a interface e seus comando básicos. Já na segunda etapa,
foi realizada as construções geométricas de quatro polígonos regulares inscritos na
circunferência e a avaliação do projeto, onde foi solicitado aos participantes que
avaliassem as atividades que foram desenvolvidas. De acordo com a avaliação do projeto,
obtivemos como resultado que o uso do software para o desenvolvimento das atividades
foi excelente, possuindo comandos claros tanto nas construções geométricas quanto nas
atividades, com nível de dificuldade das construções adequado e proposta metodológica
excelente. Portanto, podemos concluir que o uso do software Geogebra contribuiu muito
para o ensino-aprendizagem dos conteúdos matemáticos propostos no projeto, ajudando e
potencializando muito o aprendizado dos alunos.

Palavras-chave: GeoGebra; Construções Geométricas; Polígonos Regulares.

1
Rafael Mestrinheire Hungaro, vínculo (servidor docente).
2
Franchesco Sanches dos Santos, vínculo (aluno [matemática]).

713
Introdução
O projeto foi desenvolvido por um grupo composto por acadêmicos do
curso de licenciatura de Matemática da Universidade Estadual do Paraná – campus
de Paranavaí, e foi acompanhado por mim, professor coordenador do projeto. Como
proposta de estudo foram elaboradas atividades investigativas aliadas ao uso do
software GeoGebra, que é um programa computacional matemático gratuito e
linguagem simples e fácil que junta geometria, álgebra e cálculo em um mesmo
ambiente. Foi criado inicialmente por Markus Hohenwarter em 2001, na Universität
Salzburg, e até hoje continua sendo desenvolvido, porém agora na Florida Atlantic
University, para ser utilizado no processo ensino-aprendizagem desde a matemática
básica ao universitário. Seu download pode ser realizado no site:
http://www.GeoGebra.org/download. Com uso do GeoGebra tanto professores,
como alunos, podem visualizar a movimentação dos objetos, que antes eram apenas
construídos estaticamente, e a partir desses movimentos, investigar e descobrir o
que acontece com a sua construção, pois um simples movimento pode mudar as
características originais.

Metodologia
Este trabalho iniciou-se com a seleção de acadêmicos do curso de
matemática e em seguida foi composto de uma fase de estudo teórico sobre as
novas tendências da educação Matemática dando ênfase em Mídias tecnológicas e
esta fase foi realizada através de estudos de textos atuais sobre o assunto e
discussões com o grupo de trabalho. Essas reuniões foram realizadas semanalmente
de forma online através do Google Meet. Ainda nesta primeira fase foi realizado o
estudo de construções geométricas de polígonos regulares, para que a manipulação
do software se torne mais significativa, de modo que a elaboração de atividades
com o software num segundo momento se torne mais clara e objetiva.
Posteriormente foram feitos estudos e explorações do software GeoGebra e sua
aplicabilidade para ensino de construções geométricas de polígonos regulares.

714
Após este momento inicial de ambientação do software, foi elaborado e
ofertado um minicurso online, destinado a professores e alunos de universidades e
escolas. Este minicurso foi dividido em dois dias, no primeiro dia a equipe do
projeto explorou a interface e os comando básicos do software GeoGebra. Já no
segundo dia, a equipe realizou a construção de quatro polígonos regulares inscritos
na circunferência (triângulo equilátero, quadrado, pentágono regular e hexágono
regular). Por fim, a avaliação do projeto, onde foi solicitado aos participantes que
avaliassem as atividades que foram desenvolvidas.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Iniciamos apresentando a interface do software GeoGebra e algumas ferramentas
do Menu que serão utilizadas durante as construções geométricas propostas nas atividades.
Em seguida, realizamos o passo a passo das construções dos polígonos regulares.

715
Na última etapa, foi solicitado aos participantes que avaliassem as
atividades que foram desenvolvidas. As fichas avaliativas foram enviadas em forma
de formulário online aos participantes após a finalização das atividades resolvidas.

Considerações Finais
De acordo com os avaliação realizada pelos participantes, podemos concluir
que utilizar as novas tecnologias é essencial na escola atual, cabendo ao docente
familiarizar-se e apropriar-se dessas inovações, uma vez que os educandos se
encontram inseridos nesse contexto tecnológico em sua vida cotidiana. São muitas
as possibilidades de inserção das tecnologias na dinâmica da sala de aula no ensino

716
da Matemática. Ao que tange especificamente ao software GeoGebra, ele se destaca
por ser de livre acesso e por abranger tanto a Geometria quanto a Álgebra e sua
aplicação em sala de aula permeia o Ensino Fundamental, Médio e o Superior,
podendo ser usado para a simples exposição de conteúdos e exercícios de maneira
mais dinâmica ou para a construção de ferramentas dentro do próprio software e
aplicação em resolução de exercícios.

Referências
BORBA, Marcelo de Carvalho; PENTEADO, Miriam Godoy. Informática e Educação
Matemática. 3. ed. 2. reimp. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.

DOLCE, O. Fundamentos de Matemática Elementar, 9: Geometria Plana. 7a Ed. São


Paulo: Atual, 1993.

FACCIN D.; NUNES, T. d. S. Livro de Desenho Geométrico: 1a Série. Porto Alegre:


Alegre Poa, 2012.

GEOGEBRA. Público, 2019. Disponível em: <https://www.GeoGebra.org/about>. Acesso


em: 26 maio 2021.

717
GEOMETRIA COM DOBRADURAS: DO SABER ENSINÁVEL AO SABER
ENSINADO EM TEMPOS DE PANDEMIA

Área Temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Débora PEREIRA LAURINO
Universidade Federal do Rio Grande (FURG)
Autores: R. T. CRIZEL ; C. J. B. THEODOSIO 2; J. R. SILVA 3; V. L. B. GAUTÉRIO 4.
1

Resumo:
Com a mudança na rotina das escolas de educação básica, devido a pandemia, os
estudantes sofrem com os prejuízos com relação à aprendizagem. Este texto tem como
objetivo relatar a atividade titulada 1ª Semana On-line da Matemática: Geometria com
Dobraduras, voltada para estudantes a partir do 6º ano do Ensino Fundamental e
desenvolvida através de encontros on-line pelo Laboratório de Educação Matemática e
Física – LEMAFI – da Universidade Federal do Rio Grande – FURG em conjunto com a
Secretaria de Município da Educação do Rio Grande – SMEd com o intuito de acolher os
estudantes da educação básica, enfatizando a construção e a socialização do conhecimento,
para que compreendessem que mesmo em momentos de distanciamento físico, podemos
interagir e desenvolver atividades com o uso de materiais diferenciados e meios de
comunicação, que permitam a interatividade e o trabalho colaborativo/cooperativo. Ao
finalizar a atividade, foi concluído que as dobraduras foram propulsoras do pensar e, o
brincar foi a emoção que sustentou o conversar sobre conceitos matemáticos e
procedimentos da Geometria. Assim, possibilitar distintas vivencias pedagógicas a fim de
que múltiplos modos do aprender sejam contemplados e que o desejo e as ideias dos
estudantes sejam ouvidos e considerados possibilita-se que o saber científico torne-se saber
ensinável com a intenção de tornar-se saber ensinado mesmo em tempo de pandemia.

Palavras-chave: Laboratório de Educação Matemática e Física; Geometria; Dobraduras.

1
Renata Truquijo Crizel, estudante (Licenciatura em Matemática).
2
Caio Josa Barbosa Theodosio, estudante (Licenciatura em Matemática).
3
Janice Rubira Silva, colaboradora (Secretaria de Município da Educação do Rio Grande – SMEd).
4
Vanda Leci Bueno Gautério, colaboradora (Secretaria de Município da Educação do Rio Grande – SMEd).

718
Introdução
Um novo tempo da docência se estabeleceu a partir da paralização das escolas para
o ensino presencial em decorrência da pandemia provocada pelo SARS-CoV-2. O estudo
“Perda de Aprendizagem na Pandemia” 5 elaborado pelo Insper em parceria com o Instituto
Unibanco, indica que o afastamento dos estudantes dos espaços escolares acarreta
prejuízos com relação aos saberes ensinados. Essas perdas atingem com maior intensidade
os “seres fora de” ou “à margem de” (FREIRE, 1987, p.39), os denominados
marginalizados que “[...] jamais estiveram fora de. Sempre estiveram dentro de. Dentro da
estrutura que os transforma em ‘seres para outro’” (FREIRE, 1987, p.39).
Com o sentido de incluir e de trabalhar cooperativamente o Laboratório de
Educação Matemática e Física – LEMAFI – da Universidade Federal do Rio Grande –
FURG em conjunto com a Secretaria de Município da Educação do Rio Grande – SMEd,
do estado do Rio Grande do Sul desenvolve ações de ensino, pesquisa e extensão. De
acordo com o artigo 83 do Regimento Geral da Universidade Federal do Rio Grande –
FURG (Resolução 015/09, de 26/06/2009 do CONSUN), “A extensão universitária
constitui-se em atividade de natureza acadêmica, que viabiliza a integração com a
sociedade, visando a promover a formação, a transformação da realidade e a produção
compartilhada de saberes entre ambas”.
Dessa forma, o LEMAFI se apresenta como um espaço dialógico reflexivo que (re)
pensa a docência, seus saberes e fazeres, de forma contribuir para o processo de
qualificação do professor em formação inicial ou continuada por meio do auxílio na
articulação do conhecimento produzido através do ensino e da pesquisa desenvolvidos no
espaço universitário com as necessidades da comunidade. Caminhamos almejando
participar da construção da compreensão de que ensinar é criar as possibilidades para a
(re)construção de conhecimento (FREIRE, 1996).
Neste texto, temos como objetivo relatar uma das atividades desenvolvida em
março de 2021, ao vivenciarmos o ensino remoto emergencial. A atividade titulada 1ª
Semana On-line da Matemática: Geometria com Dobraduras, voltada para estudantes a

5
Disponível em: https://observatoriodeeducacao.institutounibanco.org.br/cedoc/detalhe/89499b7c-6c99-
4333-937d-1d94870d3181. Acesso em: 02 ago. 2021.

719
partir do 6º ano do Ensino Fundamental, foi desenvolvida através de encontros on-line com
a finalidade de explorar os conceitos da Geometria a partir de dobraduras. As dobraduras
foram propulsoras do pensar e, o brincar foi a emoção que sustentou o conversar sobre
conceitos matemáticos e procedimentos da Geometria.

Metodologia
A 1ª Semana On-line da Matemática: Geometria com Dobraduras foi elaborada
pelos integrantes do LEMAFI com o intuito de acolher os estudantes da educação básica,
enfatizando a construção e a socialização do conhecimento, para que compreendessem que
mesmo em momentos de distanciamento físico, podemos interagir e desenvolver atividades
com o uso de materiais diferenciados e meios de comunicação, que permitam a
interatividade e o trabalho colaborativo/cooperativo, propósitos da Agenda 2030.
Composta por três encontros, de uma hora de duração, a 1ª Semana On-line da
Matemática foi anunciada nas redes sociais e contou com a participação de 38 estudantes
das cidades de Rio Grande, Pelotas e Canoas. A escolha pela atividade com dobraduras se
sustenta no entendimento de que esta instiga a coordenação, a noção de espaço, a
concentração, além do que o ato de criar, de produzir algo gera satisfação e compreensão
do processo realizado. Também agrega ludicidade ao processo do aprender.
No primeiro encontro, a partir das movimentações necessárias para a construção de
um porco em dobradura, abordaram-se os conceitos primitivos da geometria como ponto,
reta e plano, os polígonos e seus elementos e as posições relativas entre retas. Considera-se
importante destacar que, a escolha pela construção dos animais ocorreu com base na arte
oriental que consiste em fazer dobraduras de papel, formando assim pequenas esculturas.
Tradicionalmente, as figuras representadas são elementos da natureza, como animais e
plantas, sendo que cada um tem um significado específico.
No segundo encontro, aprofundou-se as discussões e explorou-se o conceito
ângulos a partir da confecção de um sapo. Por fim, no terceiro encontro, retomou-se às
discussões anteriores, bem como investigou-se a classificação dos triângulos por meio da
construção de uma tartaruga. Como fechamento, realizamos uma roda de conversa para
que os estudantes se posicionassem com o intuito de avaliar a atividade.

720
Desenvolvimento e processos avaliativos
O LEMAFI se constituiu como um espaço de convivência em que os professores,
seja da Universidade ou da rede municipal e bolsistas/discentes em processo de formação
atuam como parceiros, atores, autores e coautores; auxiliam-se e apoiam-se mutuamente.
Assim, a organização e produção do material para a realização da 1ª Semana On-line da
Matemática ocorre em momentos educativos dialógicos em que se prima pela fala e escuta,
pela legitimidade e pela construção partilhada de conhecimentos. Uma construção acurada
e reflexiva que valoriza a dialogicidade “[...] em que os sujeitos dialógicos aprendem e
crescem na diferença, sobretudo, no respeito a ela” (FREIRE, 1996, p. 31).
Ao desenvolver as atividades foram discutidas teorias e práticas. Os professores da
universidade e do município, juntamente com os discentes/bolsistas buscam escolher
diferentes estratégias de ensino alicerçados aos suportes tecnológicos possíveis para o
momento pandêmico, de forma a construir um ambiente em que os estudantes pudessem
interagir e se sentirem a vontade para falar, perguntar e compartilhar suas produções.
A dialogicidade enquanto processo de construção do conhecimento se estendeu a
todos os sujeitos envolvidos na atividade. Sendo assim, os estudantes foram questionados e
seus anseios e sugestões foram ouvidos para que o grupo do LEMAFI pensasse em
possíveis adaptações para trabalhos futuros. Entendemos que assim estimulamos o prazer
pelo aprender matemática e fugimos do exercício tão presente ainda nas aulas de
matemática.

Considerações Finais
Ao entendermos que o sujeito constrói seu conhecimento a partir de suas vivências,
precisamos para mediar suas aprendizagens saber o que ele conhece, valorizar seus saberes
e sua cultura e propiciar vivencias. A parceria entre a Universidade e a Secretaria de
Educação de Município na área da matemática vem sendo profícua devido a aproximação
dos pares e a promoção do diálogo a respeito de diferentes temáticas de modo a avançar
gradativamente no campo conceitual e metodológico para o aprender dos estudantes.
Partimos do conhecimento prévio adquirido a respeito da temática e avançamos,
gradativamente, de acordo com a curiosidade do estudante. Sem limitar a atividade a idade

721
e/o ano escolar, pois o importante é que possamos trabalhar os conhecimentos básicos de
matemática (Agenda 2030). Assim, ao promover distintas vivencias pedagógicas a fim de
que múltiplos modos do aprender sejam contemplados e que o desejo e as ideias dos
estudantes seja ouvidos e considerados possibilita-se que o saber científico torne-se saber
ensinável com a intenção de tornar-se saber ensinado mesmo em tempo de pandemia.

Referências
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 27 ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1987.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São


Paulo: Paz e Terra, 1996.

Instituição financiadora:
Programa de desenvolvimento do estudante PDE/FURG

722
GESTÃO DE RISCO NA (IN)SEGURANÇA ALIMENTAR: O CASO DO
PROJETO PADARIA SOCIAL/CENTRAL DE EVENTOS- ALDEIAS INFANTIS
SOS BRASIL

Área Temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Aurelinda LOPES BARRETO
Nome da Universidade:Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE)
Autores: E. RIBEIRO DE ALENCASTRO 1; A. LOPES BARRETO 2; F.
JOSÉ MARTINS 3.

Resumo:
O projeto social sem fins lucrativos (2017) “Pão da Terra”, da Unioeste- Foz do Iguaçu em
parceria com a ONG Aldeias Infantis SOS Brasil, desde 2019 é chamado de “Padaria
Social/Central de Eventos, e atua com a junção dos cursos de Turismo e Hotelaria no
projeto guarda-chuva da Central de Eventos. Como inicialmente, seu objetivo de “criar um
ambiente escola a fim de gerar conhecimentos na área de panificação e confeitaria” se
mantém; porém, sendo ampliado para o viés social da segurança alimentar, contemplando
além dos discentes, famílias do entorno da instituição, mais precisamente do Bairro Cidade
Nova, na faixa etária dos 20 aos 60 anos, com 1 a 9 filhos, chefes de família com trabalhos
informais em áreas diversas e do lar, tendo histórico de violência doméstica, de forma a
terem conhecimento e atuarem seguindo os seus direitos no âmbito sociais e de saúde. A
metodologia utilizada é de natureza qualiquantitativa. Por meio de coleta de dados por
ficha cadastral inicial, questionários de avaliação bimestral, fotos e conversas informais,
captou-se resultados positivos, considerando que os envolvidos se beneficiaram de novos
conhecimentos, e encontraram uma forma de sustento perante as situações de carência e
vulnerabilidade social e econômica anterior. Percebeu-se melhorias na autoestima e no

convívio familiar dos envolvidos, uma vez que gerou-lhes autonomia financeira, e deu-lhes
empoderamento pessoal. Na comunidade acadêmica, o projeto teve grandes impactos como

1
Eurídice Ribeiro de Alencastro, Professora Doutora, curso de Hotelaria.
2
Aurelinda Lopes Barreto, Professora Mestra, curso de Turismo.
3
Fernando José Martins, Professor Doutor, curso de Pedagogia.

723
a abertura de bolsas de iniciação científica, estágios curriculares e publicações diversas por
contributos e inovações no setor atuante.

Palavras-chave: Eventos; educação; (in)segurança alimentar.

Introdução
No ano de 2017, numa ação extensionista dentro do “Projeto Hotelaria em Ação”
do curso de Hotelaria da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Unioeste, surgiu o
“Projeto Pão da Terra” com a implantação de uma padaria social, onde os acadêmicos
levavam para a sociedade o conhecimento que adquiriam em sala de aula, numa parceria
com a ONG Aldeias Infantis SOS Brasil. Em 2019 deu-se início a idealização do “Projeto
Padaria Social/ Central de Eventos”, com a formatação “guarda-chuva”, proporcionando
aos participantes uma multidisciplinaridade de conhecimentos como: segurança alimentar,
empreendedorismo, planejamento e Gestão de eventos, custos operacionais, entre outras,
tendo o Curso de Turismo sua coordenação, e a vice coordenação o Curso de Hotelaria.
No intuito de cumprir os objetivos do projeto em seu aspecto sócio-econômico e
vislumbrando gerir os riscos de (in)segurança alimentar vivenciados pela comunidade
envolvida, a equipe de formadores após a confecção dos produtos e sua venda, doa parte
deles para as famílias dos participantes, e faz a comercialização gerando renda para compra
de novos insumos da produção. Atualmente o projeto conta com patrocínio dos governos
municipal e estadual.
Veyret (2007) analisando risco como objeto social, cita: “Se há riscos, há uma
população ou indivíduos que o perceberam e poderão ou não sofrer seus efeitos,
assumindo-os, recusando-os, estimando-os, avaliando-os e calculando-os, ou não”.
Quanto ao tema segurança alimentar e seus atores envolvidos, Alencastro (2018)
explica que:
A segurança alimentar está regida por determinados princípios. O primeiro deles
é que a segurança alimentar e nutricional e alimento seguro são como “duas
faces da mesma moeda”, não podendo se garantir uma delas sem que a outra
também esteja garantida. O segundo princípio está no fato de que somente será
garantido a segurança alimentar e nutricional e o alimento seguro, através de
uma participação conjunta de instituições de alimentação coletiva e as entidades

724
fiscalizadoras de segurança alimentar (Políticas Públicas), sem que com isto se
diluam os papéis específicos que cabe a cada parte.

Logo, este trabalho se centra no tema da gestão do risco social e econômico no


viés da (in)segurança alimentar de uma comunidade considerada carente, buscando
minimizar tais carências através da formação e capacitação na área da produção de em
panificação e confeitaria dando-lhes uma forma de empoderamento e melhoria de sua
qualidade de vida. Sendo assim, são objetivos deste estudo: demonstrar a importância do
Projeto Padaria Social/ Central de Eventos diante da vulnerabilidade social e econômica de
toda a comunidade contemplada e balizar os novos métodos aplicados no projeto após a
junção dos Cursos de Turismo e Hotelaria.

Metodologia
Para o desenvolvimento deste trabalho e obtenção de dados, utilizou-se uma mescla
de natureza quantitativa e qualitativa, com característica qualitativa, considerando que a
pesquisa envolve o estudo de caso com dados obtidos de forma observacional direta (in
loco), apoiando-se em dados quantitativos, coletados através de: questionários com
perguntas fechadas aplicado por entrevista no momento do cadastro dos participantes,
sendo estes repetidos bimestralmente, além de questionamentos em conversas informais no
decorrer dos cursos e registros iconográficos (DENCKER, 1998).
Para o incremento da ação escolheu-se como amostra o bairro Cidade Nova, região
norte de Foz do Iguaçu-Paraná, pela boa aderência da comunidade local em projetos
anteriores já desenvolvidos pela UNIOESTE e pela ONG, e ainda, pela facilidade de
deslocamento da citada comunidade, o que facilitaria o acesso das famílias participantes.
A equipe operacional conta com profissionais tais como: orientadora social,
psicóloga, um gestor e uma técnica/oficineira, selecionados pela ONG, professores do
curso de Turismo e Hotelaria, alunos estagiários e bolsistas PIBIC. O período de atividade
é vespertino (das 13:30 hs às 17:00 hs, ou conforme a demanda).
A ONG através de fichas cadastrais contendo o histórico da situação
sócioeconômica analisa o perfil público-alvo, onde se captou o perfil dos
participantes.Após o repasse dos conhecimentos teóricos iniciam-se as práticas de

725
panificação e confeitaria, onde os produtos são comercializados a baixo custo, com a
divulgação e venda através de grupos de aplicativos de mensagens de texto.
São algumas das atividades implantadas pelo modelo de projeto atual: organizar e
estruturar a central de eventos e desenvolver material pedagógico, realizar contatos para
seleção e formalização de convênios, e dar continuidade do projeto padaria social para
ensinar e atender a comunidade acadêmica da universidade.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Acredita-se que o novo modelo do projeto abriu um leque maior de possibilidades
para toda a comunidade envolvida, e tornou-o um diferencial dentro da instituição da
Unioeste, uma vez que os novos métodos implantados trouxeram benesses ampliando os
horizontes de conhecimento e aprimoramento dos participantes, fortalecendo-os na
inserção ao mercado de trabalho, dando-lhes empoderamento com mudanças na autoestima e
no convívio familiar, oportunidade de gerar renda para suas famílias e autonomia financeira,
minimizando mais precisamente os riscos da insegurança alimentar de suas famílias, e
ainda, despertando a consciência em relação aos seus próprios direitos e
proporcionandolhes uma melhor qualidade de vida.

Considerações Finais
O Projeto Padaria Social/ Central de Eventos tem extrema importância para a
sociedade e comunidades que o mesmo contempla. Pensando na academia, dissemina
novos conhecimentos, produção científica, estágios curriculares, abertura de projetos de
ensino e ainda beneficia discentes com bolsas de estudo. Em relação aos participantes
externos da instituição, alavanca seu desenvolvimento trazendo benefícios não apenas
financeiros, mas sociocultural e psicossocial aos envolvidos.

Referências
Aldeias Infantis SOS Brasil. Aldeias Infantis empodera mulheres em Foz do Iguaçu.

726
2015. Disponível em:
<https://www.aldeiasinfantis.org.br/engajese/noticias/recentes/cultivando-o-cuidado>.
Acesso em: 25 jul. 2021.

ALENCASTRO, E.R. Análise comparativa da gestão das políticas públicas no âmbito


sanitário alimentar: O caso de Portugal e do Brasil. Tese apresentada no Programa De
Doutoramento Em Território, Risco e Políticas Públicas do Instituto de Investigação
Interdisciplinar da Universidade de Coimbra. 2018. Disponivel em:
https://estudogeral.uc.pt/bitstream/10316/80695/1/An%C3%A1lise%20Comparativa%20d
a%20Gest%C3%A3o%20das%20pol%C3%ADticas%20p%C3%BAblicas%20no%20%C3
%A2mbito%20sanit%C3%A1rio%20alimentar.pdf. Acesso em: 20 jul. 2021.

DENCKER, A. de F. M. Método e Técnicas de Pesquisa em Turismo. São Paulo: Futura,


1998.

VEYRET, Y.; RICHEMOND, N. M. O Risco, os riscos. In: VEYRET, Y. (Org.). os


riscos – O homem como agressor e vítima do meio ambiente. São Paulo: Contexto, pp. 23-
79. 2007.

727
GRUPO MÃOS BILÍNGUES: APRENDENDO LIBRAS DE FORMA REMOTA

Área temática: Educação


Coordenadora da Atividade: Elisane Maria RAMPELOTTO¹
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
Autores: C.A. WANDCHEER IDALGO²; E. LUDWIG KAHLER³; J. DIAS
BRONDANI4 M. SILVA GUERRA FERNANDES DA⁵; N. KULZER BARBARO⁶

Resumo:
Este trabalho menciona a experiência e a prática das ações que estão sendo realizadas, de
forma remota, do Projeto de Extensão: Grupo Mãos Bilíngues que prioriza o ensino da
Língua Brasileira de Sinais - Libras, o qual visa atender estudantes ouvintes das
licenciaturas da Universidade Federal de Santa Maria – UFSM, e para professores de
escolas públicas de Santa Maria - RS. O projeto divide-se em duas etapas: a primeira,
utiliza a glosa (tradução da língua portuguesa para a estrutura da língua sinalizada) de
canções infantis para viabilizar a prática da LS para acadêmicos ouvintes da UFSM. As
glosas das canções escolhidas são preparadas e ensinadas por uma professora surda aos
participantes do grupo. A segunda etapa, destina-se ao aprendizado da Libras aos alunos
ouvintes dos anos iniciais de duas escolas públicas de Santa Maria. Em virtude da
pandemia causada pelo Covid-19, e a necessidade do isolamento social, o projeto passou
por readequações e, a partir de 2020, vem sendo executado semanalmente por meio de
encontros virtuais, através da plataforma Google Meet. Estes encontros mantêm a proposta
da primeira etapa, idealizada pelo grupo Mãos Bilíngues. A segunda etapa, precisou ter
outro foco, visto que, o deslocamento do grupo até a escola tornou-se inviável, apenas os
professores participam, de forma remota, das atividades. Durante os encontros, a
professora surda observa, avalia e corrige os sinais realizados pelos participantes. Sendo
assim, o projeto continua oferecendo subsídios para desenvolver, ampliar e aprofundar o
aprendizado da Libras para acadêmicos e professores das escolas participantes.

Palavras-chave: Aprendizagem; Libras; Canções.


1
Elisane Maria Rampelotto, Profa. do Curso de Educação Especial – EDE/CE/ UFSM;
² Carmen Amanda Wandcheer Idalgo, Acadêmica do Curso de Educação Especial/UFSM. Bolsista FIEX do
Projeto Mãos Bilíngues (agosto em 2020 a janeiro de 2021);
³ Evelyn Ludwig Kahler, Acadêmica do Curso de Educação Especial/UFSM;
4
Julia Dias Brondani, Acadêmica do Curso de Educação Especial/UFSM;
⁵ Michele da Silva Guerra Fernandes, Curso de Pedagogia-noturno/UFSM;
⁶ Natali Kulzer Barbaro, Acadêmica do Curso de Educação Especial/UFSM.

728
Introdução
Com o reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais - Libras e, principalmente,
com a publicação do Decreto nº 5626/05, a oferta de educação bilíngue passa a ser a
diretriz que norteia os direitos dos alunos surdos, por considerar essa educação
fundamental para o exercício da cidadania. À vista disso, a oferta da disciplina de Libras é
realizada pelo Departamento de Educação Especial do Centro de Educação da UFSM,
sendo disponibilizada quatro delas durante os oito semestres letivos do Curso de Educação
Especial diurno. No entanto, a maioria dos estudantes do Curso de Educação Especial não
têm domínio da Libras quando vão exercer as atividades de docência no âmbito dos
estágios.
A Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002 que dispõe sobre a Libras e dá outras
providências, define no seu artigo 1° que: “O sistema linguístico é de natureza visual-
motora e com estrutura gramatical própria, representa um sistema linguístico de conduzir
ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil” (BRASIL, 2002). Por
Língua de Sinais – LS, entende-se “um sistema linguístico usado para a comunicação entre
pessoas surdas e adquirido como primeira língua por pessoas que não podem ouvir
nenhuma língua falada e por filhos de pais surdos” (STOKOE, 1980, p.371).
O projeto “Grupo: Mãos Bilíngues” surgiu em decorrência de outro projeto de
extensão: Grupo “Canto Mão 1” realizado no ano de 1998 a 2000. Em 2017, com o estágio
supervisionado de uma acadêmica do Curso de Educação Especial, orientado pela
coordenadora do projeto, que se iniciam as atividades do novo grupo. No mesmo ano,
levou-se o projeto para outras duas escolas públicas de Santa Maria. O Grupo tem como
objetivo desenvolver a aprendizagem da Língua Brasileira de Sinais – Libras, para
acadêmicos ouvintes das licenciaturas da UFSM e, para alunos dos anos iniciais de escolas
públicas de Santa Maria, bem como o aprendizado desta língua pelos professores ouvintes
das escolas parceiras. Em 2018 e 2019, continuamos a parceria com as duas escolas
levando o projeto em quatro turmas dos anos iniciais. No ano seguinte, em 2020, com a
paralisação das atividades presenciais e a readequação do projeto, o mesmo vem sendo

¹O Projeto Grupo Canto Mão “foi realizado como projeto de extensão do Centro de Educação na UFSM. O
objetivo do projeto foi divulgar a Língua de Sinais para a comunidade acadêmica ouvinte da instituição,
assim como difundi-la à comunidade regional em geral. Tornou-se bastante conhecido e solicitado, para
muitas apresentações, em aberturas de eventos e comemorações de datas festivas” (RAMPELOTTO, E.M;
RAMPELOTTO, A.M.F, 2015, p. 42)

729
realizado de forma remota, garantindo assim a continuidade do trabalho que estava sendo
desenvolvido.

Metodologia
A partir de 2020, o projeto vem sendo executado, semanalmente, por meio de
encontros virtuais, através da plataforma de videoconferência Google Meet, onde são
sinalizadas várias canções infantis, a fim de aprimorar e desenvolver o ensino-
aprendizagem da Libras. Atualmente, participam do projeto, 3 professoras ouvintes de
escolas públicas parceiras e 25 acadêmicos das licenciaturas da UFSM, onde os integrantes
são todos ouvintes e aprendizes da língua de sinais. Também, fazem parte da execução do
projeto: 1 professora ouvinte – que é coordenadora, 1 professora surda – que é
colaboradora e 1Tradutora-Intérprete de Libras (TILS) – que é voluntária, totalizando 31
participantes.
Para facilitar a compreensão da LS utiliza-se a música de canções infantis como
instrumento de aprendizagem e, para viabilizar o aprendizado da Libras, através das
canções, utilizam-se glosas – trata-se de um sistema de transcrição da tradução da língua
portuguesa oral para a estrutura da língua sinalizada. É importante ressaltar que as glosas
das canções são preparadas pela professora surda que é quem ensina cada um dos sinais
aos participantes ouvintes. Na sequência é realizado o ensaio das canções sinalizadas pelos
integrantes ouvintes do projeto.
O projeto está organizado em duas etapas: a primeira com acadêmicos das
licenciaturas dos cursos da UFSM, onde utiliza-se a glosa, de músicas selecionadas para
viabilizar a prática da LS para acadêmicos ouvintes da UFSM. Em decorrência da COVID
19, a segunda etapa deixou de ser realizada no espaço das escolas, mas, era destinada ao
aprendizado da Libras para alunos ouvintes dos anos iniciais das escolas públicas e
parceiras do projeto. Até 2019 eram atendidos 100 alunos dos anos iniciais e, atualmente,
apenas os professores desses alunos continuam participando, de forma remota, do projeto.

Desenvolvimento e Processos
O projeto “Grupo: Mãos Bilíngues” está orientado para a repercussão das
condições que implicam a não-existência de um território linguístico comum, com

730
consequências para a explicitação de ideias e o diálogo autêntico, principalmente, porque
os acadêmicos das licenciaturas, em especial aqueles do Curso de Educação Especial,
encontram-se, muitas vezes, despreparados para atender e interagir com os sujeitos surdos
nas escolas e na sociedade em geral. Para realizar as ações do projeto, seguimos os
cuidados e recomendações da Comissão de Biossegurança da UFSM. Assim, cabe destacar
as atividades que foram readequadas e realizadas de forma remota, conforme descrição e
sequência das metas: Meta 1: Garantir formas institucionalizadas de apoiar e divulgar o
uso da Libras para acadêmicos das licenciaturas da UFSM e, Meta 2: Dar continuidade ao
aprendizado da Libras, aos acadêmicos participantes e aos professores das escolas
parceiras do projeto, no sentido de ampliar e aprofundar a língua gestual visual.
Para dar conta das ações desenvolvidas pelo projeto, o qual possui um grupo no
WhatsApp, após cada encontro semanal, os participantes realizam as postagens de um
vídeo sinalizando a canção. Os vídeos são todos analisados e avaliados pela professora
surda que corrige os sinais, quando necessário. Também, foi criado um canal no YouTube
para disponibilizar todas as canções sinalizadas e trabalhadas pelo grupo. Vale mencionar
ainda que, com o fechamento das escolas e, para manter o isolamento social, o grupo
deixou de levar o projeto às crianças ouvintes dos anos iniciais das escolas parceiras, sendo
uma das metas, quando executado presencialmente - o ensino da Libras. No entanto, os
professores das escolas continuaram, de forma remota, participando das atividades
desenvolvidas pelo projeto ampliando e aprofundando a Libras nos encontros on-line.
Sendo assim, esses mesmos professores têm condições de enviar os vídeos das canções
sinalizadas às crianças das séries iniciais.

Considerações Finais
O projeto em questão proporciona aos estudantes participantes, maior vivência e
contato com a Libras ao utilizarem a música como ferramenta para sinalizar. Desse modo,
essa situação linguística traz impactos em relação às possibilidades de interação,
comunicação e aprendizagem da Libras por acadêmicos ouvintes. Portanto, as ações deste
projeto continuam contribuindo, mesmo na perspectiva remota, para ampliar e aprofundar
o ensino e a prática da Libras no contexto acadêmico da UFSM e para o aprendizado da LS
aos professores das escolas parceiras. Os resultados apontam que a música tem sido um

731
instrumento capaz de proporcionar a aprendizagem da língua de sinais por acadêmicos
ouvintes e, que a memória auditiva, é um dos recursos usados nesse processo para
consolidar o aprendizado ao longo do tempo. Os acadêmicos têm revelado a satisfação e o
prazer em dar continuidade ao aprendizado da Libras durante o período de pandemia, e
mais ainda, manifestam a importância de contar com a professora surda quando envolve a
prática da Libras.

Referências
BRASIL. Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais
– Libras e dá outras providências. Diário Oficial da União. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/cCivil_03/LEIS/2002/L10436.htm>. Acesso em: 26 jul.2021.

BRASIL. Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei nº 10.436, de


24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras, e o art. 18 da
Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Diário Oficial da União. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Decreto/D5626.htm>. Acesso
em: 26 jul. 2021.

RAMPELOTTO, E. M; RAMPELOTTO, A. M. F. Aprendizagem e acessibilidade:


travessias do aprender na universidade / Sílvia Maria de Oliveira Pavão [et al.]
organizadoras. – 1. ed. – Santa Maria: UFSM, Pró-Reitoria de extensão, pE.com, 2015.

STOKOE, William C. Sign language structure. Annual review of anthropology.


Tradução por M.A. Nobre. v.9, p. 365-390, 1980.

732
IMPLEMENTAÇÃO DE UMA INCUBADORA SOCIAL NO NÚCLEO DE
INOVAÇÃO TECNOLÓGICA - NIT DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO
PARANÁ – UNESPAR

Área temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Sebastião Cavalcanti NETO
Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR)
Fundação Araucária
Autores: R. REIS; T. ROCHA

Resumo:
Núcleo de Inovação Tecnológica e suas dependências tem grande importância para a
sociedade acadêmica e a sociedade em torno da universidade, a incubadora social abrange
uma grande parcela de micro e pequenos empreendedores com capacitação, transferência
de conhecimento e ajuda a dar o ponta pé inicial para projetos empreendedores saírem do
papel para o desenvolvimento e arrecadação de renda. Através de pesquisas bibliográficas,
foi obtida conhecimento e descrição sobre incubadoras sociais. Descrevendo assim os
benefícios da implementação de uma incubadora social junto a Universidade Estadual do
Paraná – UNESPAR.

Palavras-chave: Incubadora Social; Inovação.

Introdução
O NIT - Núcleo de inovação tecnológica da Universidade Estadual do Paraná –
UNESPAR tem sua base no Campus de Paranaguá, onde sua estrutura física possui móveis
e equipamentos para suporte aos incubados. As atividades são estendidas aos sete campi,
localizados nos municípios de Apucarana, Campo Mourão, Curitiba I, Curitiba II,
Paranaguá, Paranavaí e União da Vitoria. Esses municípios onde os campi estão situados
tem em vista potenciais econômicos com uma significativa concentração industrial e uma
organização pública e privada de instituições de ensino e pesquisa que formam uma

733
complexa rede de atores que juntos colaboram para ações voltadas a tecnologia e inovação
auxiliando os encubados.
Existem diversos tipos de incubadoras: de base biotecnológica, de empresas
tradicionais, de empreendimentos solidários, de base tecnológica, etc. Incubadoras tem por
objetivo principal auxiliar e capacitar empreendedores em um grau físico, de infraestrutura
e intelectual para que o empreendimento em seu primeiro momento possa sair do papel e
ser desenvolvido com baixo custo de capital inicial, podendo assim ao longo da incubação
chegar a uma empresa de grande porte e ter seu espaço físico.
Um estudo feito em 2017 pela Associação Nacional de Entidades Promotoras de
Empreendimentos Inovadores (ANPROTEC) e o Ministério da Ciência, Tecnologia,
Inovação e Comunicação (MCTIC), mostrou que no Brasil existem cerca de 363
incubadoras de negócios inovadores e que geraram cerca de 14.457 postos de trabalhos e
faturam em torno de R$ 551 milhões de reais a economia brasileira.
A incubadora a ser implantada no NIT é de cunho social, que visa apoiar e capacitar
micro e pequenos empreendedores dos municípios aos quais os campi estão localizados e
cidades vizinhas.

Metodologia
Esse estudo tem uma abordagem qualitativa através de uma pesquisa bibliográfica
com cunho descritivo de interesse em descrever a estratégia de implementação de uma
incubadora social ao NIT – Núcleo de Inovação Tecnológica.
A pesquisa bibliográfica foi desenvolvida através de materiais já elaborados,
constituídas principalmente sobre artigos científicos já publicados.

Revisão bibliográfica
O NIT é um projeto dentro da instituição universitária, sendo coordenado por um
docente e suas atividades desenvolvidas por acadêmicos graduandos e recém graduados.
Frantz (2013) alega que o ambiente universitário e suas ações são de reflexão humana onde
há um espaço de poder exercidos por diversas formas e por diversas áreas dos saberes

734
desenvolvidos nas grades curriculares da graduação, sendo permitido debates, diálogos e
troca de ideias tendo por um denominador comum a liberdade de expressão.
O Núcleo de Inovação Tecnológica é um projeto de extensão universitária da
Universidade Estadual do Paraná. Santos (2016), declara que extensão universitária é uma
vasta área onde a prestação de serviço e destinada as comunidades regionais e locais a
grupos sociais e populares, sendo assim, para os mais variados destinatários, abrangendo
ate governos e outras instituições públicas e privadas.
Eid (2004) define a metodologia de incubação tem duas perspectivas de práticas, a
primeira perspectiva está diretamente ligada a teoria que tem por finalidade fazer uma
ligação entre capital e trabalho, promovendo debates que tem como objetivo definir o
melhor plano para a o desenvolvimento e emancipação social. A segunda perspectiva esta
relacionada ao desenvolvimento e suas práticas de forma programática sendo levada ao
público alvo e com o objetivo final a geração de renda.

A incubação tecnológica de empreendimentos de economia solidária constitui


uma das maiores inovações introduzidas no âmbito da extensão universitária
brasileira. Centrada na perspectiva do trabalho coletivo e baseada na reflexão
sobre educação popular, tecnologia social e qualificação profissional, visando
inserir no sistema formal da economia setores marginalizados tanto social quanto
economicamente (SCHÜTZ, 2008).

Considerações Finais
Através da metodologia aplicada foi notório a importância e da implementação da
incubadora social, sua vasta abrangência e benefícios intelectuais aos colaboradores e
associados. As incubadoras serão assessoradas por acadêmicos dos cursos da grade da
universidade, onde os mesmos faram assessoria, consultoria e capacitação, por docentes
que estarão em um segundo plano dando suporte aos acadêmicos, e os acadêmicos ainda
serão agentes intermediários de ligação aos micros e pequenos empreendedores com os
empreendedores mais experientes das áreas que decidirem serem voluntários junto ao NIT.
Essa ligação se dará através de rodas de conversas, palestras, feiras de empreendedores (já
existentes na grade do curso de administração), que era apenas para acadêmicos será aberta
ao incubados possibilitando toca de informações e possíveis investimentos anjos.

735
Referências
CARRILHO, C P. Incubadoras em Operação. Disponível em:
<https://anprotec.org.br/site/lideres-tematicos/incubadoras-em-operacao/>. Acesso em: 24
jul 2021.

CRUZ, E P. Mapeamento mostra que Brasil tem 363 incubadoras e 57 aceleradoras.


Disponivel em: <https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2019-08/mapeamento-
mostra-que-brasil-tem-363-incubadoras-e-57-aceleradoras>. Acesso em 24 jul 2021.

EID, F. Análise sobre processos de formação de incubadoras universitárias da Unitrabalho


e metodologia de incubação de EES. In: PICANÇO, I.; TIRIBA, L. (Org.). Trabalho e
educação Aparecida, SP: Idéias & Letras, 2004. p. 167-88.

FRANTZ, W. (Org.). Educação no contexto da globalização: reflexões a partir de


diferentes olhares. Ijuí, RS: Ed. Unijuí, 2013.

SANTOS, B. S. S. Educação Popular e Universidades Palestra Proferida no Fórum da


Educação Popular. Porto Alegre, 2016. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=BW3p6nY-ASY Acesso em: 15 jul. 2016.

SCHÜTZ, R. Economia Popular Solidária: novos desafios para a educação popular. In:
Vários Autores; Série Le Monde Diplomatique Brasil. (Org.). Desafio da economia
solidária. São Paulo: Editora e Livraria Instituto Paulo Freire, 2008, v. 04, p. 19-52.

736
INSPIRANDO ALUNOS A MELHORAREM O MUNDO ATRAVÉS
DAAÇÃO EMPREENDEDORA: A ENACTUS/UEM

Área temática: Educação


Coordenadora da atividade: Leila Pessôa DA COSTA
Universidade Estadual de Maringá (UEM)
Autores: F. NAKASATO 1; J. LIMA 2; N. CAMPANER 3; R. RODRIGUES 4; S. LIMA 5

Resumo:
Este artigo tem como objetivo apresentar o projeto de Extensão ENACTUS/UEM e os
projetos que desenvolve: Despertar, Motirô, Lavi e Dignitá, bem como os benefícios do
trabalho realizado com as comunidades para a construção de uma sociedade mais igualitária.
de natureza muldisciplinar que tem como objetivo empoderar pessoas, ampliando suas
perspectivas e oportunidades por meio do empreendedorismo social, a partir da criação e
desenvolvimento de diferentes projetos pautados nos Objetivos do Desenvolvimento
Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU).

Palavras-chave: educação; ODS; empreendedorismo social.

Introdução
A extensão, enquanto um dos pilares das universidades brasileiras proporciona a
interação entre a universidade e a sociedade através da “ponte entre os saberes acadêmico
(gerados no ensino e na pesquisa) e popular, realizando ações de integração junto à
comunidade” (FIGUEIREDO, s/d, p.1). Neste trabalho, apresentaremos o Projeto de
Extensão ENACTUS/UEM, de natureza muldisciplinar que tem como objetivo empoderar
pessoas, ampliando suas perspectivas e oportunidades por meio do empreendedorismo
social, a partir da criação e desenvolvimento de diferentes projetos. Atualmente, essas ações
são desenvolvidas nos projetos Despertar, Motirô, Lavi e o Dignitá, que aqui abordaremos.

1
Fábio Yuiti Nakasato, aluno [Engenharia Química].
2
Julia Ferreira de Lima, aluna [Psicologia].
3
Natália Costa Campaner, aluna [Engenharia Química].
4
Rodrigo Cesar Rodrigues, aluno [Engenharia Química].
5
Stephani Loren de Campos Lima, aluna [Engenharia Civil].

737
Metodologia
Para a criação e desenvolvimento de projetos, a ENACTUS/UEM segue alguns
delineamentos e metodologia, como por exemplo a de ser uma proposta que cause impacto
positivo pelo uso de ferramentas do empreendedorismo promovendo negócios e inovação
pautados nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030
estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU, 2015, p. 1) “estimulando a ação
em áreas de importância crucial para a humanidade e para o planeta” que envolvem pessoas,
planeta, prosperidade, paz e parceria.
Para a criação dos projetos, trilhamos um percurso composto de 4 fases: Insights
(prospecção), Implementação, Impacto e Ignição para que posteriormente o projeto possa se
tornar independente da instituição, quando apresentar resultados consolidados, possibilidade
de replicação, aumento de escalabilidade.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Um dos princípios para o percurso do desenvolvimento de um projeto
ENACTUS/UEM é a participação ativa das comunidades-alvo, seja na identificação do
problema, na construção da solução e na execução das atividades pensadas. Atualmente há
quatro projetos em andamento: o Despertar, o Motirô, o Lavi e o Dignitá, que estão nas mais
diversas etapas de maturação.
Para tal, o time conta com 31 membros, de 11 cursos diferentes da Universidade que
se dividem em equipes e por sua característica multidisciplinar, compartilham seus
conhecimentos adquiridos em sala de aula com as comunidades com as quais atuam.
O projeto Despertar, foi criado em 2015 com o objetivo de ampliar a perspectiva de
futuro de jovens da rede pública de Maringá, despertando o protagonismo social e o
sentimento de pertencimento comunitário por meio de três pilares: o autoconhecimento, o
talento e a prática empreendedora, atendendo aos ODS 4, 10 e 16. A metodologia se pauta
em encontros periódicos com um determinado grupo de alunos a partir de dinâmicas que
abordam os pilares a serem desenvolvidos. A prática empreendedora é selecionada e
desenvolvida pelo grupo de alunos, com o apoio do time.
Em sua última edição presencial, em 2019, alcançou 34 alunos diretamente e 650

738
indiretamente, além de capacitar 3 membros da Sociedade de Integração dos Estudantes
Paranaenses como possíveis replicadores do projeto. Em 2021, organizou suas ações em um
e-book com vistas a transformá-lo em um projeto de extensão da Universidade e assim
garantir sua independência. Por seu reconhecimento, o projeto ganhou o Prêmio da 10ª
Edição do Ozíres Silva, na categoria Empreendedorismo na Educação, na modalidade
Acadêmicos; o Prêmio ODS 4 - Educação de Qualidade, no Evento Nacional da Enactus
Brasil em 2018 e, em 2019, contou com a mentoria da Fundação Lemann.
O Motirô tem como propósito transformar problemas ambientais em soluções sociais
e econômicas, por meio da compostagem e da educação ambiental em escolas do ensino
fundamental, atendendo aos ODS 4, 11 e 12, com a aplicação de composteiras em
instituições de ensino, possibilitando o descarte adequado dos resíduos orgânicos gerados na
produção da merenda escolar.
Para tanto, organizou módulos didáticos com o objetivo de garantir uma maior
sensibilização ambiental para estudantes de 5 a 11 anos, de tal forma que as crianças se
tornem multiplicadoras em seus próprios espaços.
Desenvolvido na Associação Lar Nossa Senhora da Esperança, foi finalizado em
2020, em função do contexto pandêmico e do fechamento das instituições escolares. Nesse
percurso, atingiu um grau de satisfação de mais de 80% das crianças quanto aos módulos
didáticos e pode impactar 122 vidas, incluindo alunos e funcionários. Foi semi finalista do
edital ganhador, em 1º lugar, “Com Mc Mudamos o Mundo”, do Mc Donald’s.
O projeto Lavi, iniciado em janeiro de 2021, tem como objetivo auxiliar na
empregabilidade de imigrantes e refugiados, haitianos e venezuelanos para atuar como ponte
entre a comunidade, constituída por mais de dois mil haitianos e venezuelanos, e empresas
que busquem ampliar seu mercado de trabalho e acreditem em sua responsabilidade social,
fornecendo o suporte necessário nas questões burocráticas, de contatos e possíveis
capacitações, atendendo as ODS 8 e 10. Este projeto é oriundo do projeto Raízes e Asas, que
inicialmente auxiliou essa população no domínio da língua portuguesa e observou a
marginalização dessas pessoas, tendo em vista o papel central que o trabalho ocupa no
inventário social.
O projeto Dignitá, atende aos ODS 8, 10 e 12 e foi criado em 2021, considerando o

739
descarte incorreto de lonas utilizadas em banner e que é um material que leva décadas para
se decompor no meio ambiente.

Tem como objetivo a produção de acessórios e artigos de moda que serão


desenvolvidos com a Associação Kings Maringá, uma comunidade de paratletas, em busca
de uma atividade profissional remunerada, que identificaram a possibilidade de confeccionar
produtos esportivos acessíveis, tanto física quanto financeiramente, e que pudessem ser
feitos com este material. Atualmente, estão sendo confeccionados e testados os protótipos
desses produtos.

Considerações Finais
Os projetos de Extensão ENACTUS/UEM tem como objetivo empoderar pessoas
por meio do empreendedorismo social, atuando em comunidades em vulnerabilidade por
meio do compartilhamento de conhecimentos científicos adquiridos na universidade, nos
mais diferentes cursos. Realizamos isso por meio dos projetos desenvolvidos dentro da
organização, que seguem os critérios da ENACTUS internacional, visando o impacto social,
ambiental e econômico nas comunidades com as quais atuamos.
A avaliação dos projetos pela comunidade e o reconhecimento que têm recebido
apontam a importância de sua criação e desenvolvimento, bem como reafirmam a
importância da extensão universitária junto a comunidade e na contribuição efetiva para a
formação dos alunos, que durante esse percurso tem a oportunidade de atuarem em grupos
multidisciplinares e inspirando alunos a melhorarem o mundo através da ação
empreendedora.

Referências
FIGUEIREDO, Karen. Experiência universitária: os 3 pilares da universidade.
Disponível em https://inspiradanacomputacao.github.io/academia/experiencia-universitaria-
os-tres-pilares-da- universidade/ Acesso em: 29 jul. 2021.

ONU – Organização das Nações Unidas. Transformando nosso mundo: a agenda 2030
pra o desenvolvimento sustentável. Disponível
em
http://www.itamaraty.gov.br/images/ed_desenvsust/Agenda2030-completo-site.pdf.

740
Acesso em: 29 jul. 2021.

741
INTERAÇÃO ENTRE ALUNOS DE ENSINO SUPERIOR E FUNDAMENTAL:
LEVANDO OPORTUNIDADES ÀS ESCOLAS PÚBLICAS

Área temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Márcio SOUZA
Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)
Autores: A. POPOVICZ 1; M. SOUZA 2; M. FERRASA 3; J. COHEN 4.

Resumo:
O Projeto de Extensão “Estrutura de Dados, Algoritmos e Desafios de Programação”,
desenvolvido na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), tem como um dos
objetivos auxiliar alunos de escolas públicas de Ensino Fundamental que queiram
participar da prova de iniciação da Olimpíada Brasileira de Informática (OBI). A prova de
iniciação não envolve programação, apenas a resolução de problemas lógicos, e tem o
objetivo de auxiliar o desenvolvimento do raciocínio lógico dos alunos. Alunos dos cursos
de graduação da UEPG são convidados para participar do projeto e ir até as escolas
públicas para explicar a estrutura da prova, treinar os alunos interessados e aplicar as
provas. Durante os últimos anos, a prova foi aplicada para muitos estudantes de escolas
públicas de Ponta Grossa, mostrando que há interesse das coordenações pedagógicas e dos
estudantes. Os resultados obtidos mostram que ainda há desafios a serem superados,
principalmente em relação ao interesse dos professores das escolas envolvidas, para que
haja melhorias no desempenho dos alunos nas provas, mas a existência do projeto permitiu
que muitos alunos de escolas públicas pudessem conhecer e participar da competição, e
ofereceu a acadêmicos da UEPG uma oportunidade de desenvolvimento pessoal através de
uma atividade de extensão.

Palavras-chave: Olimpíada Brasileira de Informática; treinamento; Ensino Fundamental.

1
Adriano Popovicz, aluno de Engenharia de Computação.
2
Márcio Augusto de Souza, servidor docente.
3
Marcelo Ferrasa, servidor docente.
4
Jaime Cohen, servidor docente.

742
Introdução
O raciocínio lógico é muito importante dentro da computação, pois permite
desenvolver algoritmos que nada mais são do que sequências de passos que permitem
resolver um determinado problema. Cotidianamente, todas as pessoas costumam
inconscientemente construir algoritmos para definir os passos necessários à resolução dos
problemas do dia a dia. Portanto, bom raciocínio lógico não é importante apenas para quem
gosta de computadores.
Com essa ideia em mente, a Sociedade Brasileira de Computação (SBC)
anualmente organiza a Olimpíada Brasileira de Informática (OBI), que é uma competição
científica que possui dois tipos de provas: uma que envolve programação, e outra que
envolve a resolução de problemas usando raciocínio lógico, sem necessidade de usar
computadores.
Pode participar da OBI qualquer aluno do Ensino Fundamental, mas muito poucos
participam dela por desconhecerem que essa competição existe. Por isso o projeto de
extensão “Estrutura de Dados, Algoritmos e Desafios de Programação” tem como um de
seus objetivos divulgar a OBI nas escolas de Ensino Fundamental.
Além da divulgação, é necessário também oferecer algum tipo de treinamento para
os alunos e auxiliar na aplicação das provas. Essas tarefas podem ser feitas por alunos de
cursos de graduação em computação, pois eles já têm uma vocação natural para resolver
problemas que envolvam raciocínio lógico, além de ser uma excelente chance do aluno
aprimorar sua formação através do aperfeiçoamento de suas capacidades didáticas. Essa
interação entre alunos de diferentes níveis educacionais garante uma simbiose em que
todos se beneficiam.
Há outras iniciativas de divulgação e incentivo à participação em competições de
informática, realizados por diversas universidades brasileiras, como pode ser observado em
Almeidaet al (2015), Martins (2011), Santos et al (2015) e Trindade et al (2017).
Este trabalho mostra os resultados obtidos pela aplicação da OBI nos últimos anos
nas escolas públicas de Ponta Grossa.

743
Metodologia
As atividades desenvolvidas por este projeto são destinadas a alunos de escolas de
Ensino Fundamental principalmente públicas. O primeiro passo é fazer uma visita até as
escolas para apresentar a ideia aos coordenadores pedagógicos e diretores. Em seguida, um
aluno de graduação vai até a escola explicar a prova para os alunos, treinar os interessados
e aplicar as provas. A escola precisa fornecer uma sala no local e um horário, e as demais
atividades são desenvolvidas pelo acadêmico responsável pela escola.

Desenvolvimento e processos avaliativos


A participação em olimpíadas científicas é de grande importância para alunos do
Ensino Fundamental. É uma maneira de fortalecer seus conhecimentos e prepará-los para
vestibulares. Porém, com exceção de olimpíadas já consagradas, como a de Matemática
(OBMEP) e da Língua Portuguesa, a maioria das competições desse tipo não são muito
bem divulgadas para as escolas em geral.
Informações encontradas no site da OBI mostram que ela é pouco popular no
estado do Paraná em geral, e a divulgação da prova nas escolas tem ajudado a diminuir
esse problema na região de Ponta Grossa.
Embora a ideia de participar da competição seja sempre bem aceita pelos
coordenadores pedagógicos, os professores nem sempre se animam a ajudar, já
sobrecarregados que estão com as demais tarefas do dia a dia escolar. Por essa razão, é
muito importante que exista alguém da Universidade ajudando o processo localmente.
A escolha de alunos de graduação para ajudar no treinamento e aplicação da prova
é uma escolha natural, pois aumenta o número de escolas atendidas enquanto permite uma
experiência muito positiva para o acadêmico ao ter relacionamentos pessoais e
profissionais fora dos muros da Universidade.
O projeto de extensão já atendeu mais de 400 alunos do Ensino Fundamental
(Souza et al, 2021), a grande maioria de escolas públicas. Geralmente são atendidos no
máximo 30 alunos por escola, pois a aplicação da prova fica limitada pela quantidade de
provas que é possível imprimir e pelo espaço físico disponibilizado pela escola, visto que a
prova necessita ser aplicada durante o horário letivo.

744
Todas as escolas públicas que participaram da OBI nos últimos anos o fizeram pelo
projeto de extensão, mas algumas escolas particulares não. Porém, a OBI é dividida em
fases, e a prova da última fase é aplicada pela UEPG, de maneira que todos os alunos que
participam da competição, mesmo que não façam parte do projeto de extensão, acabam
sendo atendidos por ele.
Por essa razão, é possível ter uma visão global do desempenho dos alunos na
cidade toda. E nesse ponto, os resultados obtidos pelos alunos mostram que as escolas
particulares apresentam melhor desempenho na prova. Por exemplo, na prova de 2019, a
última antes da pandemia, dos 9 alunos que foram classificados para a última fase da OBI,
apenas 2 eram de escolas públicas.
Avaliar os resultados do projeto pelo desempenho dos alunos não é o ideal, pois o
principal objetivo dele é propiciar oportunidades para adolescentes de classes sociais mais
vulneráveis. E nesse quesito o projeto tem alcançado sucesso, pois a cada ano aumenta o
número de escolas e estudantes atendidos.

Considerações Finais
Os resultados obtidos pelo projeto mostram que ainda há pontos que podem ser
melhorados, pois é necessário pensar em novas maneiras de motivar os professores e
estudar maneiras alternativas de preparar os alunos. Porém, o desenvolvimento pessoal que
se pode enxergar nos alunos participantes, sejam de nível Superior ou Fundamental, é
motivo de incentivo para estender cada vez mais o alcance do projeto.
Em 2020 e 2021, em virtude da pandemia, o projeto modificou seu enfoque e tem
trabalhado com o desenvolvimento de um site com material didático, o qual será usado
como auxiliar na preparação dos alunos nos próximos anos (Popoviczet al, 2020).

Referências
ALMEIDA, I. L et al. O LogiC e a participação em olimpíadas da área de informática.
Viver IFRS. Ano 3, n. 3. Canoas/RS, 2015.

MARTINS, W. S. Jogos de Lógica. Divirta-se e prepare-se para a Olimpíada Brasileira


de Informática. Goiânia: Editora Viera, 2011.

745
POPOVICZ, A. M. et al. Auxílio e Sistema de Treinamento Para Alunos Participantes da
Olimpíada Brasileira de Informática (OBI). Anais do 19º CONEX - Encontro
Conversando sobre Extensão na UEPG. Ponta Grossa/PR, 2020.

SANTOS, E.R.F et al. Raciocínio Lógico e Computação: Descobrindo Estratégias de


ensino por meio da Olimpíada Brasileira de Informática. Anais do XXI Workshop de
Informática na Escola (WIE). Maceió/AL, 2015.

SOUZA, M. A. et al. Interação entre Acadêmicos de Diferentes Níveis Educacionais


Através do Treinamento para OBI. Anais do 9º Congresso de Extensão Universitária.
Alfenas/MG, 2021.

TRINDADE, R, G. et al. Logic in a Logic Way: um Aplicativo para Exercitar a Resolução


de Problemas de Lógica da Olimpíada Brasileira de Informática. Anais do XXV
Workshop sobre Educação em Computação (WEI), São Paulo/SP, 2017.

746
INTERAÇÃO LINGUÍSTICA E MULTILETRAMENTOS: ACOLHER E
INTEGRAR

Área temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Maria Aparecida Lucca PARANHOS
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha (IFFAR)
Autores: M. SCHWANDES 1; J. EBERHARDT; 2. M. A. L. PARANHOS 3; A. T.
PRATES 4

Resumo:
O projeto visa oportunizar aos imigrantes haitianos participantes a possibilidade de ampliar
o letramento em Língua Portuguesa. A barreira linguística que estes sujeitos encontram em
seus espaços sociais e laborais, muitas vezes é intransponível e lhes impede de se incluírem
na sociedade, assim como a barreira do não conhecimento dos recursos tecnológicos.
Espera-se estabelecer relações com o projeto de extensão já em execução Horta
Comunitária, no IFFar, atendendo a uma demanda daquele grupo de participantes do
projeto, também imigrantes haitianos. A proposta será desenvolvida aos sábados, no
saguão da E. M. Francisco Brochado da Rocha, respeitando todas as orientações de
higienização e distanciamento social, enquanto durar o contexto de pandemia. Participam
do projeto 15 alunos, imigrantes haitianos também participantes do projeto de extensão
Horta Comunitária. Acreditamos que todas as pessoas podem aprender nosso idioma e
colaborar para que o Brasil se torne um país cada vez mais plural, fraterno e receptivo às
diversas culturas. Nesse sentido, a proposição de oferecer um curso de português para os
haitianos que residem em nosso município, estabelecendo um intercâmbio linguístico-
cultural com esses sujeitos.

Palavras-chave: letramento; inclusão social; imigrantes.

1
Milena Retzlaff Schwandes, aluna do curso de Licenciatura em Computação.
2
Julia Martins Eberhardt, aluna do curso de Licenciatura em Computação.
3
Maria Aparecida Lucca Paranhos, servidora docente IFFar San.
4
Angelina Toso Prates aluna do curso de Licenciatura em Computação.

747
Introdução
O município de Santo Ângelo, assim como várias outras cidades brasileiras, têm
recebido pessoas provenientes do Haiti, na condição de refugiados. São pessoas que
tiveram de deixar para trás seu país para preservar sua sobrevivência e a de seus familiares.
Uma das dificuldades enfrentadas por essas pessoas no seu dia a dia no Brasil é a barreira
linguística. É através da linguagem que as pessoas conseguem expor seus pensamentos,
preocupações, anseios e sentimentos, na falta desse importante instrumento ficam, muitas
vezes, impossibilitadas de acessar espaços de vida mais digna.
A condição dos imigrantes haitianos na cidade de Santo Ângelo é muito diversa e
não se tem estudos ou publicações que documentem essa situação. Muitos trabalham no
setor de alimentação e, para que possam se naturalizar brasileiros e se manter no país,
precisam comprovar a realização de um curso de Língua Portuguesa. Este projeto vem
atender a esta demanda deste grupo social vulnerável.
O objetivo principal consiste em ampliar os multiletramentos que são aqueles
relacionados às tecnologias, além de oportunizar aos imigrantes haitianos a ampliação do
letramento em Língua Portuguesa; promover a cidadania e inclusão desse grupo social que
se encontra em situação de vulnerabilidade; instrumentalizá-los alunos a usar ferramentas
digitais; e oportunizar atividades matemáticas que possam relacionar com as situações do
dia a dia e promover o desenvolvimento do raciocínio lógico.

Metodologia
As aulas são desenvolvidas aos sábados, das 9 às 10h, no saguão da E. M.
Francisco Brochado da Rocha. Participam do projeto 15 alunos, imigrantes haitianos. As
atividades são desenvolvidas na perspectiva dos letramentos, buscando relacionar com
contextos da vida, especialmente o da Horta Comunitária em que participam. As aulas são
desenvolvidas com jogos, atividades práticas, experimentações e também são
disponibilizadas atividades impressas, online (forms, áudios, imagens, textos, etc.).

748
Desenvolvimento e processos avaliativos
Nas ações já realizadas, percebe-se um grande envolvimento por parte dos
participantes, cuja vontade de aprender a Língua Portuguesa é imensa. O grupo tem ficado
maior a cada encontro e sua realização e reconhecimento são gratificantes. Além do mais, a
comunidade também tem se mostrado bastante participativa no que diz respeito às
necessidades do grupo, como na arrecadação de materiais, alimentos e agasalhos.
Na perspectiva do letramento, organizam-se atividades de leitura, escrita e
compreensão de textos orais e escritos que circulam na sociedade a fim de que possam
interagir nos espaços sociais, seja para dar conta de situações cotidianas, seja para dar
continuidade aos estudos e, assim, conquistar espaços cada vez mais dignos no mundo do
trabalho. Assim, trabalhamos com panfleto educativo sobre a Covid-q9; conscientização
sobre a importância da vacinação. Também, trabalhamos com o gênero Receita e
produzimos conservas. Como as aulas procuram envolver o contexto da horta, outra
temática foi sobre chás, com experimentações e também legumes e verduras produzidos.
Além das aprendizagens, este espaço se constitui num espaço de interação (real e
virtual) em que esses sujeitos se sentem acolhidos e valorizados em suas potencialidades.

Considerações Finais
Como o projeto está em andamento no momento, ainda estamos em busca do
alcance dos nossos objetivos que consistem, principalmente, em promover interações
linguísticas entre os imigrantes haitianos e a comunidade voluntária, em sua maioria,
alunos do IFFar, oportunizando a aprendizagem de uma nova língua para ambas as partes
já que realizamos muitas trocas de conhecimentos durante os encontros.
Dessa forma, com base nos encontros já realizados, tem sido muito proveitoso e
muitas aprendizagens têm sido construídas, já que os participantes possuem um grande
desejo em aprender, questionando a cada momento e realizando muitas trocas de
conhecimento através do diálogo, o que é um ponto fortemente positivo no alcance dos
nossos objetivos.

749
Referências
BRASIL, Plano de Desenvolvimento Institucional - PDI IFFar 2019-2026.

ROJO, Roxane. Letramentos Múltiplos, escola e inclusão social. São Paulo: Parábola
Editorial, 2009.

750
ITALIANO PER BAMBINI: RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE O ENSINO
TRADICIONAL E O ENSINO LÚDICO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA PARA
CRIANÇAS (BAMBINI II).

Área temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Alessandra RIBEIRO.
Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOSTE).
Autores: A. KRIEGER 1; A. SILVA 2; L. CIVIERO 3.

Resumo:
As instituições públicas de Ensino Superior são importantes espaços de produção e
disseminação de conhecimentos científicos. Continuamente, por meio das atividades de
extensão universitária, busca-se garantir que a expansão dos saberes produzidos nesses
locais beneficie tanto a comunidade acadêmica quanto a comunidade externa; garante-se,
assim, a articulação entre os novos estudos e as necessidades encontradas em nossa
sociedade. Dessa forma, o presente trabalho tem como objetivo relatar as experiências
vivenciadas pelas discentes e docente do curso de Letras Português/Italiano da
Universidade Estadual do Oeste do Paraná, campus de Cascavel, durante a estruturação e o
desenvolvimento das atividades do projeto de extensão Italiano per Bambini, que oferta
cursos gratuitos de introdução à língua e cultura italianas para crianças com idades entre
cinco e dez anos. No ano de 2019, aproximadamente 35 alunos foram beneficiados pelo
projeto, que contou com duas turmas: a turma Bambini I, com aulas matutinas, e a turma
Bambini II, com aulas vespertinas; além de seis professoras voluntárias. A metodologia do
curso baseou-se no ensino lúdico e trabalhos manuais, com o objetivo de despertar o
interesse dos alunos em relação à língua alvo por meio da inserção e utilização de jogos e
brincadeiras em sala de aula.

Palavras-chave: Língua Italiana; Ensino Tradicional; Ensino Lúdico.

1
Agnes Oliveira Krieger, graduanda do curso de Letras/Italiano, CECA, Cascavel.
2
Andrielly Antunes da Silva, graduanda do curso de Letras/Italiano, CECA, Cascavel.
3
Lohana Larissa Mariano Civiero, graduanda do curso de Letras/Italiano, CECA, Cascavel.

751
Introdução
Coordenado pela professora Alessandra Ribeiro, docente do curso de Letras
Português/Italiano da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE, campus de
Cascavel; o projeto Italiano per bambini, primeiro iniciado como curso de curta duração
em 2011 e depois transformado em projeto de extensão no ano de 2014, evoluiu muito
nesses 10 anos de jornada desde sua idealização.
Este artigo pretende, especificamente, explanar os resultados da turma do Bambini
II em dois anos distintos: 2018, em que as aulas foram ministradas pelas professoras Agnes
e Andrielly; e 2019, quando a professora Lohana se juntou ao projeto com as outras duas
precedentemente mencionadas.

Metodologia
O projeto atende, hoje, crianças em idades entre 5 e 10 anos em duas turmas em
períodos distintos: o Bambini I, antes aos sábados, passou a ser às sextas-feiras de manhã;
enquanto o Bambini II ocorre nas tardes de segunda-feira. As aulas são todas ministradas
por discentes voluntários do curso de Letras; possuindo, em 2019, três professores em cada
turma.
Respeitando as necessidades específicas de cada faixa etária, o curso conta com
uma metodologia de ensino bastante variada e maleável, sempre visando a melhor forma
de ensinar ao aluno a língua italiana, estimulando sua vontade de aprender a língua nova e
aguçando a sua curiosidade. Visto que a metodologia aplicada pelas docentes em 2018 foi
diversa da de 2019, pode-se notar a diferença de aprendizado entre a turma que aprendeu
sob o método mais tradicionalista, com alguns jogos lúdicos, e a que foi ensinada por meio
de jogos lúdicos somados a trabalhos manuais.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Em um primeiro momento, no ano de 2018, as professoras responsáveis pela turma
Bambini I, Agnes e Andrielly, realizaram uma abordagem tradicional para apresentar,
ensinar e discutir sobre o tema “La Casa” e sobre o “Le Frutte” durante as aulas de
italiano. Para isso, foi realizada uma discussão sobre os assuntos, a qual foi seguida de uma

752
apresentação do vocabulário. Nesse momento, foi feita uma exposição por meio de figuras
legendadas, no PowerPoint, a fim de que os alunos pudessem relacionar a figura ao
respectivo nome em italiano. Ainda, realizada a apresentação do léxico e da pronúncia,
foram realizadas atividades, que pudessem trabalhar e reforçar esses vocabulários, como
“Cruciverba” (Caça-palavras) e uma atividade na qual os alunos deveriam nomear os
cômodos da casa e, no caso das frutas, as respectivas imagens. Além disso, ao buscar uma,
de certa forma, ludicidade, foram apresentadas, junto aos conteúdos, duas músicas: “Era
una casa molto carina” e “Il caffè della Peppina".
Convém, assim, ressaltar que, durante a realização dessa atividade, foi possível
perceber uma fixação do assunto, contudo, essa, de certa forma, memorização foi sendo
perdida conforme as aulas foram passando e, novos assuntos, introduzidos. Tendo isso em
vista, para o ano seguinte, conforme acordo realizado entre a coordenadora do projeto e os
professores, foi proposta uma nova abordagem: a lúdica. Essa mudança foi necessária para
que pudéssemos compreender de que modo os alunos possuem mais contato e aprendizado
com a língua.
Em um segundo momento, a abordagem lúdica utilizada conduziu as aulas da
turma Bambini II de um modo outro, conforme Leffa (2012), no qual nós, professores,
passamos a nos colocar em um outro lugar, colocando aluno e conteúdo frente a frente - a
fim de explorar um novo olhar para a relação de ensino-aprendizagem. Diante disso, os
mesmos assuntos foram abordados por meio de um novo método, logo, a interação, a
produção e a aprendizagem foram afetadas a partir de uma percepção outra da língua
italiana. A partir disso, tanto ambos os temas foram apresentados, em um breve primeiro
momento, de um modo mais tradicional, por meio do contato dos alunos com o léxico e a
pronúncia, de igual modo foram utilizadas as músicas, a fim de inseri-los no conteúdo.
Contudo, em 2019, a abordagem final sofreu alterações; logo, no tema “La Casa”,
foi proposto que os estudantes construíssem uma maquete de uma casa pensada em
conjunto, propondo que utilizassem o vocabulário aprendido de um modo mais prático e
próximo da sua realidade. Já no tema “Le Frutte”, ao contrário do ano anterior, foi
realizada uma abordagem prática, na qual propusemos uma aula culinária, ao prepararmos,

753
alunos e professoras, “La Macedonia” (Salada de Frutas). Esses dois modos promoveram
um pensar sobre a língua de modo conjunto, principalmente, entre os próprios alunos.

Considerações Finais
A partir do que foi apresentado, é possível perceber alguns resultados acerca dessa
abordagem outra. Assim, em um primeiro momento, entende-se que a relação dos
estudantes com a língua desenvolveu-se de um modo mais completo, visto que a usaram na
prática - observando-a como, de fato, uma materialidade em uso no cotidiano. Além disso,
o papel das professoras também sofreu uma alteração, afinal, nesse novo modelo, foi
permitido uma troca de experiências linguísticas-sociais que não era possível em um
ambiente tradicional.
Ademais, o resultado mais expressivo foi que, ao trabalhar a língua italiana
ludicamente, os próprios discentes se sentiram à vontade para, entre si, construir esse
aprendizado e, consequentemente, as propostas que lhes eram apresentadas, seja a
construção de uma casa, seja a produção de um prato culinário. Nesse contexto, retoma-se
o que foi afirmado por Moita Lopes (2006),

Os participantes discursivos constroem o significado ao se envolverem e ao


envolverem outros no discurso em circunstâncias culturais, históricas e
institucionais particulares. (MOITA LOPES, p. 30, 2006).

Por fim, ao considerar o que foi exposto, não há como negar que a escolha de um
método em detrimento do outro produz, de fato, um ensino-aprendizagem que se configura
de outro modo e, como consequência, afeta, diretamente, os relacionamentos construídos
pelos alunos entre a língua, a turma e as professoras.
Assim, é possível compreender que, em suma, a escolha do método afeta o
desenvolvimento da aula e da aquisição linguística, contudo, é necessário ressaltar que se
deve considerar a turma e o contexto social e linguístico em que estão inseridos. Soma-se a
isso a compreensão de que, por promover uma interação em equipe e explorar o uso
prático da língua estrangeira, o método lúdico, nas circunstâncias encontradas no projeto

754
Italiano per Bambini, mostrou-se mais proveitoso e proporcionou experiências únicas tanto
para os alunos quanto para as acadêmicas-professoras.

Referências
LEFFA, V. Ensino de línguas: passado, presente e futuro. Estudos Linguísticos, Belo
Horizonte, v. 20, n. 2, p. 389-411, 2012.

MOITA LOPES, L. P. Identidades fragmentadas: a construção discursiva de raça, gênero


e sexualidade em sala de aula. Campinas: Marcado de Letras, 2002.

755
JOGOS DIGITAIS COM O SCRATCH PARA O ENSINO DE MATEMÁTICA: UMA
AÇÃO DO PROJETO MAKERS CLUB CENTRO-SUL

Área Temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Clodogil Fabiano RIBEIRO DOS SANTOS
Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro)
Autores: A. CARNEIRO 1; L. A. PEDROZO 2; M. L. V. KOTRYBALA 3.

Resumo:
O presente trabalho relata uma ação extensionista do projeto “Makers Club Centro-Sul:
Comunidades de Desenvolvimento de Ideias Criativas”. O público alvo foram estudantes e
egressos do curso de Licenciatura em Matemática da Universidade Estadual do Centro-Oeste,
Campus de Irati (PR), alguns já atuando em escolas de ensino básico. A metodologia de
trabalho foi a promoção de minicurso de jogos digitais com o recurso Scratch, como parte de
uma série de ações do gênero. A do projeto é desenvolver atividades nas áreas de
programação, eletrônica, mecânica, mecatrônica, robótica e automação, marcenaria,
artesanato, cultivo e preparo de alimentos, entre outras, em comunidades estudantis, visando
potencializar a aprendizagem dos conteúdos das componentes curriculares. A ação é, portanto,
parte de uma série de minicursos previstos para serem frequentemente ofertados e servir como
atividade formativa para subsidiar o ensino de matemática. A avaliação da atividade foi feita
por meio de questionário submetido aos participantes. As respostas obtidas apontam para a
proficuidade da ação e permitiram vislumbrar as produções dos participantes.

Palavras-chave: movimento maker; jogos digitais; Scratch.

Introdução
A presente ação extensionista se insere no denominado movimento makers education
ou educação por meio do fazer, proposto por Adalberto (2016). Trata-se de uma das ações do
projeto “Makers Club Centro-Sul: comunidades de desenvolvimento de ideias criativas”,

1 Arthur Carneiro, estudante do curso de Matemática, Campus de Irati (PR).


2 Luana Aparecida Pedrozo, estudante do curso de Matemática, Campus de Irati (PR).
3Maria Luísa Visinoni Kotrybala, estudante do curso de Matemática, Campus de Irati (PR).

756
pautada nos clubes de robótica, proposta por Dos Santos (2018) e Dos Santos et al. (2018).
Neles os participantes podem manipular dispositivos relacionados a áreas tecnológicas, tais
como: eletrônica, programação, robótica, entre outras.
O movimento maker tem aparecido em produções acadêmicas e técnicas
(ADALBERTO, 2016; RAABE, 2016), que se caracterizam por discutir o uso criativo dos
recursos tecnológicos, enfatizando o caráter prático. Por exemplo, Raabe et al., se apresenta
como “[...] uma contribuição efetiva ao focalizar de que forma o uso de tecnologia pode
fomentar os processos que envolvem a criatividade” (RAABE et al., 2016, p.11). O
movimento tem por meta desenvolver o “professor criativo”, que propõe atividades que
potencializam a criatividade dos alunos.
Os autores deste trabalho desenvolveram e implementaram um minicurso de jogos
digitais utilizando o recurso Scratch (MIT, 2011), promovendo o contato com uma ferramenta
de considerável potencial didático e caráter lúdico, inerente à produção de jogos digitais,
criados pelo próprio participante da atividade. Isso vai ao encontro da proposição de diferentes
usos do computador, como propõe Valente (1993).
O Scratch (MIT, 2011) foi concebido para ensinar programação para estudantes de
todos os níveis. Trabalhos relacionados a tal proposta remontam à década de 1960, com
Seymour Papert, professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). Suas ideias são
descritas em Papert (1980 e 2008). Ao fundamentar o construcionismo, Papert propõe “um
estilo de uso de tecnologia voltado ao protagonismo do estudante” (RAABE et al., 2016,
p.12). O recurso Scratch é um produto desses trabalhos.
O principal objetivo foi promover um contato com um recurso que pode ser utilizado
como ferramenta didática, a qual permite potencializar a aprendizagem de conceitos
matemáticos pelos estudantes do ensino básico. Com isso, podem dispor de mais um recurso
didático interessante e dotado de considerável ludicidade, permitindo inovar sua prática
pedagógica e atrair a atenção dos estudantes para os conteúdos escolares.

757
Metodologia
A ação extensionista ora relatada foi desenvolvida na forma de minicurso, planejado e
desenvolvido na modalidade remota, por meio digital, tendo em vista a suspensão das
atividades presenciais, ainda em vigor, causada pela pandemia de COVID-19. A primeira
oferta desse minicurso ocorreu no dia 26 de junho de 2021, contando com a participação de 16
pessoas, entre licenciandos e licenciados do curso de Matemática do Campus de Irati (PR). O
curso foi desenvolvido na modalidade online, por meio da plataforma Google Meet. Os
participantes também acessaram o aplicativo Scratch, por meio da página do recurso na
Internet (MIT, 2011), onde puderam criar uma conta e desenvolver seu projeto de jogo.
Estão previstas futuras ofertas do minicurso englobando um público mais abrangente,
especialmente professores do ensino básico.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Dentre as atividades desenvolvidas pelos participantes, destaca-se a produção do
próprio conteúdo didático, na forma de jogo digital. Com isso, buscou-se formar uma
comunidade maker, visando realizar uma troca de experiências entre os participantes.
Cabe destacar a participação da comunidade na execução da atividade de extensão,
especialmente de professores de matemática que já atuam no ensino básico. No entanto, dos
16 participantes, apenas seis enviaram respostas ao questionário avaliativo, todos eles
estudantes de graduação, alguns participantes de programas como PIBID ou Residência
Pedagógica.
Quanto ao impacto e a transformação social, entende-se que, face aos depoimentos
obtidos nos questionários avaliativos, há um grande potencial a ser explorado. Algumas
respostas evidenciam esse fato. Por exemplo, em resposta à pergunta “Qual sua opinião sobre
a inserção da tecnologia através da linguagem de programação computacional, para o ensino
da matemática, nas escolas?”, foram obtidas as seguintes respostas:

758
BP: “Uma excelente ferramenta para desenvolver o raciocínio lógico-matemático,
sendo que ao programar você diz ao programa o que fazer e como fazer tal coisa”.
TS: “há muitos benefícios para o uso da tecnologia na sala de aula tornando a
aprendizagem mais prática, lúdica e dinâmica”.
ML: “Acho que seria muito interessante, visto que, a programação é muito necessária
e pode somar muito dentro do ensino da matemática, acho que deveriam implantar na
educação básica pois além de incluir a matemática pode abrir caminhos para outros
campos de conhecimento desde cedo”.
MG: “Na minha opinião a inserção terá grande valia para a aprendizagem dos alunos
acerca dos conteúdos matemáticos, pois poderá facilitar o entendimento e a
compreensão”.
JL: “A maneira mais fácil de introduzir a tecnologia”.
JP: “É uma boa idéia, porém as escolas devem fornecer uma boa "estrutura" para
isso”.

Além disso, é preciso destacar a contribuição da atividade de extensão na formação


acadêmica dos estudantes envolvidos, pois foi uma oportunidade de mobilizar conhecimentos,
tanto de matemática como de programação, para planejar e implementar a ação.

Considerações Finais
Pode-se afirmar que os objetivos inicialmente estabelecidos foram alcançados, tendo
em vista as manifestações positivas em relação à proposta. Foi possível, assim, vislumbrar
oportunidades de inovar as estratégias de ensino e fornecer aos licenciandos e professores o
acesso a uma alternativa didática interessante e com grande potencial de promoção de
aprendizagem.

Referências
ADALBERTO, E. M. L. Movimento maker e a aprendizagem criativa no ensino da
matemática no fundamental I. In: ENCONTRO NACIONAL DE EDUCAÇÃO
MATEMÁTICA, 12 (XII ENEM): Educação Matemática na Contemporaneidade: desafios e
possibilidades. Anais... São Paulo – SP, 13 a 16 de julho de 2016. Disponível em
http://www.sbem.com.br/enem2016/anais/pdf/8040_3907_ID.pdf. Acesso em: 03 ago. 2021.

DOS SANTOS, C. F. R. Clubes de robótica e automação em instituições públicas de


educação básica. 2018. 15f. Produção Técnica (Doutorado em Ensino de Ciência e
Tecnologia). PPGECT/UTFPR, Ponta Grossa, 2018a.

759
DOS SANTOS, C. F. R.; PINHEIRO, N. A. M.; CIAPPINA, J. R. Clubes de Robótica e
Automação: uma proposta de trabalho interdisciplinar relacionado ao letramento digital e ao
pensamento computacional. Revista Tecnologias na Educação, ano 10, v. 25, artigo 61, Julho
2018b. Disponível em https://bit.ly/3iwDPOh. Acesso em: 20 set. 2020.

MIT, Massachusets Institute of Technology. Scratch. Versão 1.4. Boston: MIT Media Lab,
2011. Disponível em: http://scratch.mit.edu. Acesso em: 03 ago. 2021.

PAPERT, S. Mindstorms: children, computers, and powerful ideas. New York: Basic Books,
Inc., 1980.

PAPERT, S. A máquina das crianças: repensando a escola na era da informática. Tradução de


Sandra Costa. Porto Alegre: Artes Médicas, 2008.

RAABE, A. L. A.; GOMES, A. S.; BITTENCOURT, I. I.; PONTUAL, T. Educação criativa:


multiplicando experiências para a aprendizagem. Recife: Pipa Comunicação, 2016. Disponível
em https://bit.ly/3xlzMM0, acesso em 03 ago. 2021.

VALENTE, J. A. Diferentes usos do computador na educação. Núcleo de Informática


Aplicada à Educação - NIED/UNICAMP, 1993. Disponível em https://bit.ly/2SpTjca, acesso
em: 03 ago. 2021.

760
JOGOS GIGANTES: LUDICIDADE E RECREAÇÃO NA ESCOLA NOVOS
HORIZONTES

Área temática: Educação


Coordenadora da atividade: Cícera Andréia de SOUZA
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná (IFPR)
Autoras: Daniele Rake da SILVA 1; Rafaela HART 2; Sandra Fatima Duarte SMIDERLE 3;
Cícera Andréia de SOUZA 4

Resumo:
O projeto Jogos Gigantes foi desenvolvido para contemplar a comunidade de Barracão -
PR, especificamente os alunos da Escola Novos Horizontes, a Associação de Pais e
Amigos dos Excepcionais (APAE) desse município, por meio da produção e aplicação em
oficinas de jogos criados ou reproduzidos em tamanhos maiores que os originais e
comumente fabricados, conhecidos como Jogos Gigantes. Essa iniciativa se deve ao fato
que a ludicidade tem sido cada vez mais associada como fundamental ao desenvolvimento
dos indivíduos, de forma que os jogos adaptados possam contribuir para desenvolver
habilidades motoras básicas; habilidades cognitivas e habilidades sociais. O projeto
também tem como objetivo proporcionar a experiência de inclusão invertida – na qual os
alunos do Campus Avançado Barracão são incluídos no ambiente escolar da APAE, em
vez de ocorrer o contrário. Esse tipo de experiência pode contribuir para aumentar a
sensibilidade e a empatia entre pessoas neurotípicas e pessoas com deficiências.

Palavras-chave: Jogos Gigantes; Inclusão; Inclusão Invertida.

1
Estudante do Curso Técnico em Administração integrado ao Ensino Médio/Campus Avançado Barracão –
IFPR.
2
Estudante do Curso Técnico em Administração integrado ao Ensino Médio/Campus Avançado Barracão –
IFPR.
3
Especialista em Gestão Pública. Técnico Administrativo em Educação no Campus Avançado Barracão –
IFPR. Vice-coordenadora do projeto.
4
Mestre em Educação Física. Docente no Campus Avançado Barracão – IFPR.

761
Introdução
Uma das funções sociais da educação é oportunizar a reflexão sobre o diferente,
sobre a diversidade e, dessa forma, permitir que o estudante possa evoluir, transpor
barreiras e assim, incluir e ser incluído. É a partir desse pensamento que, em 2018, surgiu
este projeto. Desde então, seu princípio norteador é gerar experiências de inclusão para os
estudantes da Escola Novos Horizontes APAE localizada em Barracão – Paraná e de
inclusão invertida (ou inversa) para os estudantes do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Paraná (IFPR) - Campus Avançado Barracão. Entende-se por
inclusão o processo onde os sistemas sociais comuns passam por adequações para toda a
diversidade humana (SASSAKI, 2009) e por inclusão invertida o processo de integrar a
pessoa neurotípica em espaços ou práticas comumente voltados às pessoas com
deficiência.
Portanto, além de possibilitar aos estudantes do Campus experiências de inclusão
invertida e assim, oportunizar reflexões, o projeto tem como objetivo principal desenvolver
habilidades motoras, cognitivas e sociais de um grupo de estudantes da APAE de Barracão.
Para que estes objetivos possam ser alcançados o projeto produz “Jogos Gigantes”, que são
jogos mais conhecidos no seu formato pequeno, como o jogo do dominó, porém no projeto
busca-se produzir este e outros jogos num formato “gigante”. A produção em tamanho
gigante torna os jogos bastante atrativos e favorece o desenvolvimento de habilidades
motoras, cognitivas e uma maior interação social, visto que o jogo pode ser observado e
jogado por várias pessoas ao mesmo tempo. Para desenvolver, de uma forma recreativa e
lúdica e ao mesmo tempo incentivar o processo que conhecemos como inclusão invertida
os principais desenvolvedores e aplicadores dos jogos através de oficinas são os estudantes
do IFPR – Campus Avançado Barracão.

Metodologia
Como estamos em um período atípico de pandemia o projeto precisou passar por
uma adaptação em sua metodologia. Desse modo, as etapas principais consistem em:
Estudo e Divulgação: estudo sobre deficiência e inclusão e preparação de material
informativo para divulgação; Planejamento: planejamento dos jogos gigantes; Entrega:

762
entrega dos jogos e a Prática: quando os estudantes da APAE (público-alvo) tem acesso
aos jogos. Esta entrega é realizada para a escola que encaminha os jogos para os estudantes
jogarem em suas residências. Anteriormente à pandemia, as oficinas ocorriam na APAE
envolvendo os estudantes das duas escolas. Neste momento, as duas primeiras etapas estão
sendo realizadas via google meet, enquanto a terceira e quarta etapa acontecem
respectivamente na APAE e na residência dos estudantes. Os jogos são elaborados com
materiais recicláveis ou de baixo custo. Abaixo descreveremos as atividades desenvolvidas
durante o período da pandemia.

Desenvolvimento e processos avaliativos


O processo de Estudo e Divulgação vem sendo uma fase bastante relevante. Nesta
fase é possível a revisão de conceitos necessários para o desenvolvimento dos jogos que
conta com apoio de bibliografias diversas e rodas de conversas com convidados. O
desenvolvimento de materiais de divulgação tem sido uma forma de alcançarmos a
comunidade para apresentar conceitos necessários para a inclusão. Esses materiais podem
ser encontrados na rede social Facebook do IFPR - Campus Avançado Barracão.
Para a Produção dos jogos cada estudante realiza um projeto de jogo e apresenta no
grupo. Com o apoio dos demais chega-se a uma ideia final de como será a produção e
define-se os materiais necessários e também como funcionará na prática. Posteriormente é
realizada a Entrega na APAE que direciona os jogos para os seus estudantes.

Considerações Finais
É possível perceber que este projeto vem proporcionando à comunidade escolar um
verdadeiro crescimento ao respeito às diferenças. Os estudantes participantes do projeto
apresentam evolução em vários âmbitos desde tomada de decisão, autonomia até o olhar
mais consciente para com a pessoa com deficiência, assim como é possível perceber uma
aproximação da comunidade da APAE com a comunidade do IFPR. Infelizmente desde o
início da pandemia a proximidade física não está ocorrendo, o que dificultou em partes o
alcance dos objetivos.

763
Referências
SASSAKI. Romeu Kazumi. Inclusão: acessibilidade no lazer, trabalho e educação. Revista
Nacional de Reabilitação (Reação), São Paulo, Ano XII, mar./abr. 2009, p. 10-16.
Disponível em: SASSAKI_-_Acessibilidade.pdf (ufg.br). Acesso em: 07 jul. 2021.

764
KOMBI TECA: LEITURA E DIVERSÃO

Área Temática: Educação


Coordenadora da atividade: Sandra Maria DO NASCIMENTO DE OLIVEIRA 1
Instituto Federal Farroupilha (IFFar)
Autores: A. L. SANFELICE ANTONELLO MORO 2; C. C. FONSECA BARBOSA 3; M.
RIGON DENARDIN 4; P. R. MACHADO WEISSBACH ; S. M. DO NASCIMENTO DE
OLIVEIRA .OLIVEIRA 5.

Resumo:
A leitura é uma prática que se efetiva na ação social. É por isso que a Kombi Teca,
adaptada para ser uma biblioteca ambulante, leva a leitura e a contação de histórias para
crianças e adolescentes da comunidade do Bairro São João do Barro Preto, em Júlio de
Castilhos/RS, próxima ao campus do IFFAR, em forma de projeto. Este tem por objetivo
proporcionar a essa comunidade, que apresenta vulnerabilidade social, o contato com a
leitura e a produção textual, fazendo com que a criança, desde cedo, sinta na leitura uma
prática prazerosa e possibilite esse gosto também aos adolescentes que ainda não o
adquiriram, já que o leitor pode ser formado em qualquer época de sua vida, desde que
estimulado para isso. A metodologia do projeto é construtivista e cooperativa, visando
levar a criança a aprender a aprender e à interação entre os participantes. Dado o contexto
de pandemia que vivenciamos, são respeitados e colocados em prática os protocolos
sanitários adotados pelo município e pelo campus. A avaliação das ações realizadas é feita
na comunidade com os participantes, em forma de ficha de avaliação sobre importância do
projeto na vida de cada um. Assim, esperamos que a Teca leve até as pessoas sem acesso à
leitura uma melhor possibilidade de vida, e que os alunos do campus possam vivenciar
uma realidade de prática pedagógica e exercício de cidadania por meio do voluntariado.

Palavras-chave: Leitura; Contação de histórias; Diversão.

1 Sandra Maria do Nascimento de Oliveira, servidora, docente.


2
Ana Luíza Sanfelice Antonello Moro, Aluna do curso Técnico Integrado em Agropecuária Bolsista do
Projeto Kombi Teca: Leitura e Diversão. Bolsista Proex do Projeto.
3
Carla Cristiane Fonseca Barbosa, servidora, servidora, docente.
4
Mariane Rigon Denardin, servidora, docente.
5
Paulo Ricardo Machado Weissbach, servidor, docente.

765
Introdução
O projeto “Kombi Teca: Leitura e Diversão” surgiram da necessidade de se
trabalhar a leitura com a criança e o adolescente desde sua família, sua comunidade, isto é,
na realidade em que vive, a partir de entrevista local com os membros da comunidade de
São João do Barro Preto, no município de Júlio de Castilhos, localizada na RS 527, estrada
de acesso secundária para Tupanciretã, ao lado do campus, com um número aproximado de
164 moradores, sendo que as crianças, aproximadamente 50, são o foco principal do
projeto.
Segundo Lajolo (2008), é por meio da literatura que a sociedade expressa seus
imaginários, suas crenças e valores. É importante salientar que a melhor fase para a
aquisição do gosto pela leitura é a infância, porém tanto os jovens, como os adultos e os
idosos têm condições de adquirir interesse e paixão pela leitura (Silva, 1998). Por isso, há
a preocupação também com os adolescentes, pois eles vivem uma fase em que outras
atividades chamam a sua atenção e despertam o seu interesse, bem como com as mães e
responsáveis pelas crianças e adolescentes que sempre participam levando seus filhos e
acabam retirando livros para ler.
. A cada ano, a realidade do bairro é diferente, pois assim como algumas famílias
fazem parte dele, deixam de fazer em algum momento. Isso ocorre devido à necessidade de
trabalho que não tem na comunidade e os pais das crianças precisam sair em busca de
emprego, em diferentes municípios. Dessa forma, há sempre crianças novas participando
do projeto, o que motiva as reedições do projeto que já está na 4ª edição.
O projeto articula o ensino e a pesquisa porque para além do desenvolvimento
cognitivo e linguístico promovido pela leitura e as atividades propostas durante os
encontros, as crianças, os adolescentes e os adultos desenvolvem estratégias que são
habitualmente utilizadas na pesquisa: questionamentos, busca por mais conhecimento,
relação e comparação com a realidade, síntese e formulação de problema. Salienta-se que a
vinculação com o ensino se dá na ação pedagógica efetiva dos envolvidos no projeto, seja
no sentido do ensino quanto da aprendizagem lato sensu.
Diante disso, o projeto tem como objetivo geral proporcionar à comunidade São
João do Barro Preto, de Júlio de Castilhos, que apresenta vulnerabilidade social, o contato

766
com a leitura e a produção textual oral e escrita. Para realizar esse objetivo geral,
elencamos alguns objetivos específicos como: viabilizar a reflexão sobre a importância da
Literatura, despertando o imaginário dos leitores em tempos de pandemia; oportunizar
situações que possibilitem a conscientização quanto à importância da leitura na construção
de um cidadão livre, bem como levar à conscientização da importância dos cuidados de
prevenção em relação ao coronavírus; realizar ações que promovam a inclusão social no
contexto atual em que vivemos; integrar os alunos do campus, com a comunidade; divulgar
a literatura às crianças, aos jovens e aos adultos.

Metodologia
A metodologia do projeto é construtivista e cooperativa, visando levar a criança a
aprender a aprender e à interação entre os participantes. São realizados encontros
quinzenais para retirada de livros na Kombi Teca e atividades de contação de histórias 6,
totalizando 8h mensais de planejamento e 8h de execução junto aos participantes. Alguns
alunos do campus, tanto do integrado como da graduação, têm envolvimento maior, já
outros participam de forma esporádica das oficinas em função da disponibilidade de
tempo. O bolsista participa ativamente do planejamento e da execução das atividades. A
escolha dos livros pode ser livre ou orientada pelos professores, alunos participantes e
pelas próprias crianças. Em cada encontro, há contação de histórias e momentos para ouvir
as crianças, pois no atual contexto é importante ouvir as suas próprias histórias, as suas
expectativas e as dificuldades enfrentadas.
Vale salientar que, dado o contexto de pandemia que vivenciamos, são respeitados
e colocados em prática os protocolos sanitários adotados pelo município e pelo campus. O
projeto acontece na comunidade, em torno da kombi 7. Os participantes recebem máscaras
que são recolhidas em um saco plástico adequado e, posteriormente, lavadas/higienizadas
pelos integrantes do projeto, as quais são distribuídas no próximo encontro e quando há
6
Neste momento de pandemia não estão sendo realizadas oficinas lúdicas para evitar aglomeração, somente à
contação de histórias, respeitando o distanciamento, e a retirada de livros estão acontecendo.
7
A Kombi Teca é de propriedade da professora Sandra Oliveira e foi adaptada para ser uma biblioteca
ambulante. O acervo conta com aproximadamente 2.500 livros, incluindo infantis, juvenis e clássicos da
literatura e, além disso, conta com materiais diversificados para oficinas lúdicas, cadeiras, mesas, guarda sol,
gazebo e tapete.

767
necessidade, são substituídas, bem como é ofertado álcool gel 70% para higienização das
mãos. O distanciamento é promovido a fim de evitar aglomeração. Também são usadas
mídias digitais como grupo de Whatsapp para contato e envio de vídeos com contação de
histórias e atividades. Os livros devolvidos pelos participantes são colocados em uma caixa
reservada para esse fim e, no campus, os livros são deixados espalhados sobre uma mesa
na sala do projeto, em quarentena. Só são devolvidos à kombi depois de quinze dias. Para o
encerramento anual do projeto, há uma exposição dos trabalhos realizados no campus, nos
bancos Banrisul, Sicredi e Caixa Econômica Federal, e em espaços culturais da cidade,
bem como atividades artístico-culturais com envolvimento dos alunos, de outros projetos
do campus e da comunidade de São João do Barro Preto.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Na execução do projeto são realizadas com as crianças e os adolescentes contação
de histórias infantis e infanto-juvenis, pois essas auxiliam na construção da cidadania do
leitor, na medida em que possibilita que ele interaja com os outros através da leitura;
debates sobre temas da vivência da comunidade; desenhos e produção textual e exposição
dos trabalhos dos alunos. Kleiman (1995) postula que a relação do leitor com os livros e a
sociedade, em um processo interativo, é o que se chama modernamente de letramento.
Como resultados das ações do projeto, colabora-se para a formação de bons
leitores; proporcionam-se momentos de diversão e de convívio para os participantes;
contribui-se para a formação de sujeitos críticos e cidadãos mais participativos na
sociedade; ajuda-se no combate à vulnerabilidade social por meio da ação cultural e acesso
à literatura, e promove-se, ainda, melhor desempenho escolar.
A avaliação das ações realizadas é feita na comunidade com os participantes, em
forma de ficha de avaliação sobre a importância do projeto na vida de cada um.

Considerações Finais
Consideramos que nossos objetivos com o projeto vêm sendo alcançados na
medida em que a literatura infantil e infanto-juvenil auxilia na construção da cidadania do
leitor, e que possibilita que ele interaja com os outros por meio da leitura. Além disso, os

768
alunos do campus podem vivenciar uma realidade de prática de leitura e produção textual
em conjunto com a comunidade. A contribuição social do projeto se efetiva na ação de
inclusão de uma comunidade carente na sociedade, a partir da leitura, atendendo à linha de
extensão alfabetização, leitura e escrita. Conforme a professora as escola local, as crianças
passaram a apresentar melhor desempenho em suas atividades escolares.

Referências
KLEIMAN, Â. B. (org.). Os significados do letramento. Campinas, São Paulo: Mercado
de Letras, 1995.

LAJOLO, M. Do mundo da leitura para a leitura de mundo. São Paulo: Ática, 2008.

SILVA, E. T. da. Criticidade e leitura. Campinas, SP: Mercado de Letras, 1998.

769
LEGENDAS EM LATEX: UMA ALTERNATIVA DE ACESSIBILIDADE PARA
VIDEOAULAS DE MATEMÁTICA A SURDOS E ENSURDECIDOS

Área Temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Ulysses TAVARES CARNEIRO 1
Instituto Federal Catarinense - Campus Avançado Sombrio (IFC - CAS)
Autores: L. SPILLERE BARCHINSKI 2; S. PEREIRA DA CUNHA DE MATOS 3;
A. PAULA RAMOS PEREIRA 4

Resumo:
O projeto Videoaula IFC Campus Sombrio é uma proposta de ensino híbrido, que combina
a sala de aula presencial e o ambiente virtual através do seu Canal no YouTube. Neste
Canal, cujas videoaulas públicas são acessadas por estudantes de todo o Brasil e do
exterior, encontram-se diversos vídeos de conteúdos do ensino médio, sobretudo de
matemática. Em 2021, o acervo do Canal está sendo legendado para que surdos e
ensurdecidos possam tirar proveito dos conteúdos. Somado ao trabalho de legendagem, há
o desafio de transformar a linguagem matemática em uma linguagem com caracteres
simples. Para tanto, utilizou-se a linguagem LaTex. Em avaliação preliminar, constatou-se
que a linguagem LaTex pode ser uma alternativa para legendar conteúdos matemáticos
porém demanda capacitação prévia para seu pleno aproveitamento.

Palavras-chave: legendagem de videoaula; acessibilidade; linguagem LaTex;

Introdução
O Projeto Videoaula IFC Campus Sombrio é uma proposta de ensino híbrido, que
mescla sala de aula presencial e ambiente virtual. Desenvolvido desde 2014 pelo Campus
Avançado Sombrio do Instituto Federal Catarinense - IFC, utiliza o Canal Videoaula IFC
Campus Sombrio5, no YouTube, para publicação de conteúdo do Ensino Médio regular e

1
Ulysses Tavares Carneiro, servidor técnico-administrativo, Técnico em Assuntos Educacionais
2
Lucas Spillere Barchinski, servidor docente, professor do Curso de Licenciatura em Matemática
3
Susana Pereira da Cunha de Matos, servidor docente, professora do Curso de Licenciatura em Matemática
4
Ana Paula Ramos Pereira, bolsista, acadêmica do Curso de Licenciatura em Matemática
5
Disponível em: https://www.youtube.com/c/VideoaulaIFCCampusSombrio

770
técnico, principalmente de Matemática. É possível acessar todo o material pela internet e,
através do YouTube Studio, verifica-se que o conteúdo já foi acessado mais de 2,2 milhões
de vezes, não só pelo público brasileiro mas também de outros países.
Até agora, a maior parte dos materiais não estava acessível às pessoas com
deficiência. Sendo assim, em 2021 um dos objetivos do Projeto é ampliar a acessibilidade
do acervo para pessoas surdas e ensurdecidas. Neste trabalho serão apresentados alguns
aprendizados e resultados preliminares do processo de legendagem aproveitando os
recursos legendas automáticas, presentes no YouTube, bem como do desafio de legendar a
linguagem matemática, que não é contemplada nos recursos de criação de legendas. Nesse
sentido, as legendas estão sendo produzidas no formato LaTex, um programa que utiliza o
TEX como base de processamento, através de comandos para diferentes funções.

Metodologia
O início deste trabalho se deu por meio da legendagem de vídeos já publicados no
YouTube. Foram selecionados vídeos com conteúdo de matemática básica: expressões
numéricas, produtos notáveis, técnicas algébricas e equações do primeiro grau. Grande
parte deles conta com a legenda gerada automaticamente pela própria plataforma de
vídeos. Para aqueles que não dispunham dessas legendas, foi utilizado o recurso de cabo
P2 virtual, através do software VB Cable - Virtual Audio Device 6 e o recurso de digitação
por voz do aplicativo Google Docs para converter voz em texto.
As legendas em geral só permitem caracteres de texto comuns, dificultando a
transcrição de conteúdo matemático. Para solucionar esse problema, utilizou-se a
linguagem LaTex. Essa linguagem hoje está presente na maioria dos editores de texto mais
populares, sejam software livre ou proprietário.
Por fim, os primeiros sete vídeos legendados foram agrupados em uma playlist no
Canal Videoaula IFC Campus Sombrio 7, precedidos de um vídeo introdutório, explicando
os conceitos básicos da linguagem LaTex. Na descrição dos vídeos, foram incluídos links
para materiais de apoio: o Manual LaTex, um excerto do Manual do Programa de Iniciação

6
Software gratuito disponível em: https://vb-audio.com/Cable/
7
Link para a playlist completa:
https://youtube.com/playlist?list=PLUIF5EnypVbm9FnUMGjWoniejxGZDtn3U

771
Científica da OBMEP 8, contendo instruções para sua utilização, e a página eletrônica
Codecogs 9, que permite escrever utilizando essa linguagem e visualizar a expressão
matemática gerada em tempo real. Essa playlist foi encaminhada para avaliação preliminar
de profissionais intérpretes de Libras e professores de matemática, surdos e ouvintes.

Figura 1: Ferramenta de edição de legendas na Figura 2: Digitação por voz no aplicativo Google
plataforma Youtube. Os autores. Docs utilizando o VB Cable Virtual Audio Device.
Os autores.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Nos vídeos em que o YouTube fornece legendas automáticas, apesar de imperfeitas,
é possível editá-las, aproveitando a sincronia e depois publicá-las. Já para inserir uma
legenda, são fornecidas três opções: (i) enviar arquivo (closed caption), (ii) sincronização
automática e (iii) digitar manualmente. Após fazer a transcrição completa utilizando o
serviço Google Docs, a opção selecionada foi a de sincronização automática, inserindo o
texto e deixando a sincronização a cargo do YouTube.
Porém, nos dois cenários, além da correção dos eventuais erros de transcrição, por
se tratar de conteúdos matemáticos, a transcrição fiel das palavras muitas vezes não faz
sentido. Em alguns casos, não favorece o aprendizado por ser diferente da linguagem
matemática utilizada pelos alunos. Assim, utilizamos a ferramenta de edição da legenda já
sincronizada para fazer as devidas adaptações, além de alterar os trechos de linguagem
matemática, transcrevendo-os na linguagem LaTex.
Outra adaptação necessária é com relação aos critérios de pontuação, segmentação,

8
Disponível em: http://www.obmep.org.br/docs/manual2015.pdf
9
Disponível em: https://latex.codecogs.com/eqneditor/editor.php

772
tradução de sons e velocidade na criação de legendas para surdos e ensurdecidos (LSE),
contidos no Guia para Produções Audiovisuais Acessíveis, do Ministério da Cultura
(NAVES et al., 2016). Em razão da utilização do LaTex na transcrição da linguagem
matemática, por vezes é mandatório extrapolar esses parâmetros.
A proposta da legendagem está relacionada à ideia de acessibilidade dos vídeos,
principalmente no que se refere aos estudantes que possuem alguma deficiência auditiva.
Contudo, a iniciativa do projeto vai ao encontro da proposta do Desenho Universal para a
Aprendizagem (DUA). Zerbato e Mendes (2018) explicam que esse modelo proporciona
diversas opções de ensino para todos, levando em consideração a diversidade existente na
sala de aula, tentando maximizar as oportunidades de aprendizagem para todos os
estudantes, sejam eles Público-alvo da educação especial (PAEE) ou não.
Avaliaram o trabalho, por meio de questionário eletrônico, profissionais intérpretes
de Libras e professores de matemática, surdos e ouvintes. Foram 13 respondentes: 1
estudante, 8 professores e 4 intérpretes. A maioria (11) considerou o vídeo introdutório útil
ou parcialmente útil para introduzir a linguagem LaTex e presume que poderá aproveitar as
legendas nas videoaulas de matemática. Os 5 que acessaram os materiais, consideraram
parcialmente suficientes. Constatou-se ainda que se faz necessária capacitação prévia sobre
o LaTex, já que a maior parte (8) não conhecia a linguagem.

Considerações Finais
É grande e urgente a demanda por materiais didáticos audiovisuais acessíveis.
Existe pouco material de matemática acessível para surdos e ensurdecidos, sobretudo do
ensino médio. A tecnologia fornece ferramentas que auxiliam nessa tarefa. Para outros
conteúdos, que não matemáticos, as ferramentas citadas aqui facilitam a tarefa da
legendagem, permitindo tornar o acervo de material didático presente no YouTube, pelo
menos em parte, acessível a esse público. A linguagem LaTex se mostra uma alternativa
para resolver o problema de legendar conteúdos matemáticos neste nível de ensino. Para
seu melhor aproveitamento, é necessária formação básica para que professores e
estudantes, com ou sem deficiência, possam familiarizar-se com o recurso.

773
Referências
NAVES, Sylvia Bahiense et al (org.). GUIA PARA PRODUÇÕES AUDIOVISUAIS
ACESSÍVEIS. Brasília: Ministério da Cultura - Secretaria do Audiovisual, 2016. 88 p.
Disponível em: https://inclusao.enap.gov.br/wp-content/uploads/2018/05/Guia_para_prod
ucoes_audiovisuais_acessiveis.pdf. Acesso em: 09 jul. 2021.

ZERBATO, Ana Paula; MENDES, Enicéia Gonçalves. Desenho universal para a


aprendizagem como estratégia de inclusão escolar. Educação Unisinos, [S.L.], v. 22, n. 2,
p. 147-155, 23 maio 2018. UNISINOS - Universidade do Vale do Rio Dos Sinos.
Disponível em: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=449657611004. Acesso em: 12 jul.
2021.

774
LETRAMENTO CIENTÍFICO PARA ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO NA
UNIOESTE

Área Temática: Educação


Coordenadora da atividade: Cleiser Schenatto Langaro LANGARO
Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE)
Autores: Cleiser Schenatto Langaro 1; Luciana Vedovato 2;
Bruna Shirley Gobi Pradella 3; João Lucas Cavalheiro Camargo 4; Oscar Kenji Nihei 5.

Resumo:
A atividade Iniciação Científica para estudantes do Ensino Médio: noções básicas sobre
escrita científica, pesquisa e vida acadêmica teve início no ano de 2019 e tem como
objetivo atender estudantes do Ensino Médio de Foz do Iguaçu e região na fundamentação
inicial e básica sobre ciência, pesquisa/produção de conhecimento e gêneros textuais
comuns à vida acadêmica. O grupo de trabalho se constitui interdisciplinar com docentes
do curso de Letras e discentes egressos, mestrandos e doutorandos e colaboradores
externos, além da participação de docentes dos cursos de Pedagogia e Enfermagem no ano
de 2020. O Projeto atende aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, atrelado à
Educação de Qualidade e Redução de Desigualdades, além da indissociabilidade entre
ensino, pesquisa e extensão e está vinculado ao Programa Ciclos de Formação Científica
Interdisciplinar do Programa de Pós-Graduação em Sociedade, Cultura e Fronteiras,
Unioeste Foz do Iguaçu. Em 2020, devido Pandemia de Sars/Covid-19, foi necessária a
adaptação das atividades para modo on-line/síncrono/assíncrono, por meio de plataforma
Google Classroom e Google Meet. Foram ministrados sete módulos de aulas síncronas,
além de orientações individuais para pesquisa e escrita de artigo científico e realizado o II
Simpósio Letramento Científico e Interdisciplinaridade para apresentação dos trabalhos em
comunicações. Concluiu-se que foi possível atender aos objetivos propostos, mesmo com
os desafios decorrentes da pandemia. As atividades realizadas contribuíram para estimular
o estudo e a pesquisa, possibilitaram o protagonismo dos participantes e instigaram a
autonomia necessária para a vida acadêmica, assim como subsidiaram noções básicas sobre
a produção do conhecimento, características essenciais para a iniciação do pesquisador.

Palavras-chave: Pesquisa científica; Escrita científica; Estudantes do Ensino Médio.

1
Doutora, Letras, CELS, Foz do Iguaçu. cleiserschenatto@hotmail.com
2
Doutora, Letras, CELS, Foz do Iguaçu. lucianavedovato@yahoo.com.br
3
Graduada e Mestra em Letras / Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Bruna.pradella@gmail.com
4
Mestre em Ensino (PPGEn UNIOESTE), CELS, Foz do Iguaçu. lucas.camargo_@hotmail.com
5
Doutor em Ciências (UFRJ) CELS, Unioeste - Campus de Foz do Iguaçu, oknihei@gmail.com

775
Introdução
O projeto “Iniciação Científica para estudantes do Ensino Médio: noções básicas
sobre escrita científica, pesquisa e vida acadêmica” tem por objetivo lidar com conceitos
introdutórios da pesquisa científica: a escrita, metodologia, os gêneros frequentes na esfera
acadêmica, metodologia, normas da ABNT, haja vista que “[...] o texto científico tem
características únicas [...]” (KOLLER; DE PAULA COUTO; HOHENDORFF, 2014,
p.17), além da organização de leitura e apresentação de comunicação oral em formato de
seminário.
Devido ao período pandêmico, todas as atividades foram realizadas na modalidade
on-line, para tanto, as inscrições foram abertas e divulgadas em instituições públicas e
privadas de Ensino Médio e Técnico de Foz do Iguaçu e região. Os encontros eram
organizados de forma a contemplar os conteúdos e, para tanto, mobilizaram docentes da
Unioeste, Campus de Foz do Iguaçu (dos cursos de Letras, Pedagogia e Enfermagem), bem
como professores e professoras da rede estadual de ensino e acadêmicos e acadêmicas
egressos/as da Unioeste/Foz do Iguaçu.

Metodologia
Devido ao funcionamento remoto das atividades na Universidade, conforme decreto
estadual de março de 2020, em decorrência da pandemia de Sars/Covid-19, os encontros
foram realizados de forma on-line, pelas plataformas Google Classroom e Google Meet. O
projeto aconteceu de julho a dezembro de 2020, com o seguinte cronograma e conteúdo
programático:
A) Atividades administrativas: planejamento e transferência do projeto para
modalidade virtual em decorrência da pandemia de Covid-19; Criação da página do
projeto no website E-inscrições para descrição, inscrições e posteriormente
divulgação das atividades; A comunicação com os inscritos ocorreu pelos seguintes
meios: E-mail, Whatsapp, E-inscrições e Google Classroom; Acompanhamento de
acesso às plataformas com apoio feito por colaboradores do projeto; Reuniões
mensais para discussão do andamento do projeto, atividades, reflexão sobre
experiências e feedback.

776
B) Atividades pedagógicas: planejamento pedagógico da equipe e reuniões com o
propósito de debater e acompanhar o andamento do curso em aspectos pedagógicos:
dificuldades, metodologias, pontos fortes, limitações técnicas, etc.; Desenho, criação
e ministração dos seguintes módulos de aula via plataforma Google Classroom:
Ambientação – Como usar o Google Classroom; Módulo I – O que é Ciência? O
Olhar do Pesquisador; Módulo II – Escrita e Leitura Científica; Módulo III – Gênero
Resumo e Gênero Artigo; Módulo IV – Argumentação I; Módulo V – Comunicação;
Módulo VI – Argumentação; Orientação de artigos científicos por meio de sugestões
e compartilhamento de leituras, orientação e correção textual, reuniões para debates,
discussões e sugestões de temas, assuntos, metodologia, conteúdos e análise;
Encerramento com o II Simpósio Letramento Científico e Interdisciplinaridade com
Alunos do Ensino Médio, apresentação dos resultados da pesquisa em comunicações.

Desenvolvimento e processos avaliativos


O principal objetivo do projeto é formar jovens para o conhecimento e prática
científica/acadêmica, tendo em vista que “[...] a atividade primeira da universidade é
pesquisar, em sentido produtivo e construtivo [...]” (DEMO, 2003, p. 15). Durante o ano de
2020 podemos destacar: a) a diversidade de participantes, alunos da rede pública,
estadual/federal e privada, os quais abordaram, nas pesquisas, temas diversos desde a
linguagem nas mídias sociais até questões de saúde cardíaca. Como eram estudantes do
Ensino Médio, houve também uma forte participação das famílias - em especial nos
seminários de encerramento – onde os familiares puderam assistir os trabalhos
desenvolvidos durante o semestre, além de conhecer os orientadores/orientadoras e a
própria universidade.
Tal participação já havia acontecido em outros anos de realização da atividade de
extensão e muitas mães e pais (ou mesmo a comunidade escolar), acabam contribuindo
com sugestões e apontamentos para o desenvolvimento do projeto. Os resultados do
projeto são ricos e produtivos. Vários dos participantes foram aprovados em vestibulares,

777
por exemplo. Houve um envolvimento com o saber científico, pesquisa e escrita, que
esperamos que possam levar para a vida de estudos.

Considerações Finais
Em todo projeto de extensão, há sempre um grande esforço em mobilizar a
comunidade externa, não apenas para “mostrar o que a universidade está fazendo” como
comumente se ouve em alguns espaços, mas, na atividade aqui exposta, para apresentar,
debater, trabalhar os pilares da Universidade: a pesquisa, o ensino e a extensão. Sendo
assim, ressaltamos o engajamento que esta atividade realiza, pois envolve o trabalho de
docentes do curso de Letras, egressos da Universidade, colaboradores de outros cursos, da
Pós-graduação em Sociedade, Cultura e Fronteiras, bem como de colaboradores externos,
no propósito de estabelecer diálogos interdisciplinares com a comunidade interna e
externa.
No que se refere aos estudantes do Ensino Médio, o contato com a pesquisa, com a
ciência, com saberes como metodologia, produção escrita, dados, etc. não trata apenas de
um campo possível para o futuro de jovens em formação, mas é, nas condições história em
que nos encontramos, urgente, para que possamos ter cada vez mais estudantes envolvidos
em atividades científicas, produzindo saber, ajudando a construir projetos, pesquisas,
passando em vestibulares. Assim, acreditamos que o projeto Iniciação Científica para
estudantes do Ensino Médio: noções básicas sobre escrita científica, pesquisa e vida
acadêmica instigou aqueles e aquelas que dele participaram.

Referências
DEMO, Pedro. Pesquisa: Princípio científico e educativo. 10. ed. São Paulo: Cortez, 2003.

KOLLER, Sílvia H.; DE PAULA COUTO, Maria Clara; HOHENDORFF, Jean Von.
Manual de Produção Científica [recurso eletrônico]. Porto Alegre: Penso, 2014.

778
LITERATURA EM REDE: CANAL TROLLENDO

Área Temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Nincia Cecilia Ribas Borges TEIXEIRA
Universidade Estadual do Centro-Oeste - UNICENTRO
Autores: Nincia Cecilia Ribas Borges TEIXEIRA 1

Resumo:
O projeto Literatura em rede: Canal Ttrollendo aliou a leitura de obras literárias solicitadas
para os vestibulares estaduais do Estado do Paraná, especialmente da Universidade
Estadual do Centro-Oeste/UNICENTRO, ao canal midiático YouTube. Sabe-se que a
presença das mídias é inegável no mundo contemporâneo e, assim, reforça-se a
necessidade de integração entre esse universo e o escolar, que irão se complementar no
processo de aprendizagem dos indivíduos. Por meio do projeto criou-se um espaço virtual
de leitura aberto a qualquer interessado, em especial alunos que farão o vestibular. Neste
ambiente, os participantes têm acesso à análise das obras feitas por professor de
Universidade paranaense que apresenta suas impressões, reflexões e dicas sobre obras
literárias. A utilização de vídeos possibilita não só a mudança do instrumento (livro,
quadro e giz) mas também a metodologia de ensino. Nesse sentido, cabe aqui alertar que a
melhoria da qualidade de ensino está voltada à postura do professor, em que ele deve
assim, deixar de ser o repassador do conhecimento e passar a ser o criador de ambientes de
aprendizagem, o facilitador do processo de desenvolvimento intelectual do aluno.

Palavras-chave: obras literárias; vestibular; plataforma digital.

Introdução
Como formar o cidadão frente à influência avassaladora da internet no quadro de
uma cultura pós-moderna fragmentada e fragmentadora? Qual o papel da escola neste
processo? Quem mais uma vez educará os educadores? E quem forma os comunicadores?

1
Nincia Cecilia Ribas Borges Teixeira. Professora servidora efetiva. Diretora de Cultura da Universidade
Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO).

779
Qual seria, então, o caminho para a construção da cidadania pós-moderna e para garantir,
assim, a sua emancipação? (FLUSSER, 2010)
A proposta de uma educação para a utilização da internet como ferramenta, que
fundamenta este projeto, considera: a construção do real (objeto-de-mundo x objeto-de-
discurso) e representação da complexidade de uma sociedade não-polarizada (processos de
referenciação do acontecimento-referente e explicitação/implicitação de elementos desse
processo em textos veiculados – condições de produção do discurso midiático. Para tanto,
o projeto propõe a realização de intervenções na comunidade escolar no que diz respeito a
ações educativas para leitura literária a partir da internet. Assim, é mister que se
transformem políticas públicas em políticas inclusivas para que todos os cidadãos exerçam
seus direitos. Mas, garantir o exercício de direitos humanos e a educação inclusiva, exige-
se estudo e conhecimento de princípios por profissionais da Educação.
Estes conteúdos devem ser oferecidos com base nos princípios de universalidade,
inalienabilidade, indivisibilidade, interdependência e participação, apoiados na convicção
do caráter público de todo ser humano desde o primeiro momento de sua existência. Ao
perceber as transformações comportamentais promovidas pelo poder de formação dos
produtos midiáticos, especialmente sobre crianças e adolescentes, a pesquisa volta-se à
investigação de aspectos “aparentemente” distantes da esfera escolar: conteúdos de
novelas, séries e minisséries, músicas, blogs, chats, filmes, desenhos animados, histórias
em quadrinhos, brinquedos, outdoors, peças publicitárias, entre outros. A intenção é
auxiliar o professor a refletir sobre os efeitos causados pela cultura midiatizada via
internet, desvelando a atuação pedagógica e as intenções ideológicas da indústria cultural,
normalmente atrelada aos interesses do sistema capitalista de consumo de maneira a se
aproximar dessa abordagem, o projeto aqui apresentado procura relacionar a prática dos
booktubers e o exercício da tutoria a ser adotado pelo docente no que tange à leitura da
literatura.

Metodologia
A fim de reconhecer a interrelação Comunicação e Educação, por meio do
letramento midiático, foi realizado o Projeto. Este se mostrou um importante campo de

780
intervenção social e de atuação profissional, considerando que a informação como base da
construção do conhecimento é fator fundamental para a educação, cidadania e inclusão
social. A escolha das estratégias foi guiada pelo que solicita os PCNs no que diz respeito a
observar como os meios de comunicação agem na sociedade e buscar formas de colaborar
com nossos alunos para conviverem com eles de forma positiva, sem se deixarem
manipular. Para levar a cabo essa proposta foram coletados materiais na mídia (filmes,
programas televisivos, textos, música, imagens que possibilitaram gerar discussões acerca
das obras que foram apresentadas nos programas produzidos. Em seguida, foram gravados
os programas com obras literárias solicitadas no vestibular da UNICENTRO, UEPG E
UFPR.

Desenvolvimento e processos avaliativos


O Booktubers, mas o que é isso? Um booktuber é alguém que mantém um canal no
Youtube dedicado à literatura e ao hábito de ler. Eles fazem resenhas de livros, promovem
discussões, dão dicas de como organizar sua leitura e outras atividades relacionadas. É um
número, cada vez maior, de visualizações na internet de conteúdos que perpassam o
universo dos livros. É essencial permitir que mais pessoas, que não têm acesso a cursinhos
preparatórios, possam ter acesso a dicas e análises de obras literárias para poderem
competir em igualdade por uma vaga na universidade. O projeto se justifica porque os
canais que oferecem esse tipo de serviço, na maioria das vezes não é coordenado ou
editado por profissionais na área de Letras, mais especificamente, literatura, dessa forma
acarreta-se um novo cenário: o de pessoas informadas, porém sem aprofundamento. É
comum observarmos erros de grafia, de conceitos nos canais que estão à disposição na
internet. Por que não aliar uma linguagem descontraída, como a dos booktubers, com
conteúdo aprofundado e conhecimento acadêmico de profissionais de estudos literários?
Dessa maneira, o professor seria visto como um tutor literário de canais inseridos no
YouTube.
Assim é de caráter urgente do docente em selecionar e tornar acessíveis as
ferramentas disponibilizadas digital/virtualmente ao alunado, que possibilitam o trabalho
de ensinar-aprender sobre a literatura em conjunto — professor, booktuber, estudante e

781
demais leitores. Faz-se isso, utilizando-se dos booktubers, como aqueles que, junto ao
docente, direcionariam os alunos, que tão pouco consomem literatura e os que já estão a
compreendê-la, a uma prática não apenas escolar.
A avaliação do projeto é verificada pelo número de acesso na plataforma e pelos
comentários que são disponibilizados na plataforma. Atualmente, o canal tem 3.666
inscritos. Alguns vídeos ultrapassam a marca de 10 mil visualizações como o caso das
obras: Noite na Taverna (14 mil), Vestido de Noiva (10 mil), A Causa Secreta (10 mil)

Considerações Finais
A prática de curadoria pelo professor em sala de aula tem como objetivo perceber a
literatura não por um viés que parece prevalecer no contexto da educação básica, que é de
uma “iniciação à língua literária e à cultura humanista, menos rentável em curto prazo,
parece vulnerável na escola e na sociedade do amanhã.” (BAMBERGER, 2009, p. 23).
Mas sim de observá-la por uma perspectiva oposta. Para tanto, pensa-se na figura do outro
sujeito que se aproxima das ações tomadas pelo tutor: o booktuber, pois a literatura é um
direito e necessita ser curada a partir daquilo que os avanços tecnológicos digitais nos
oferecem. O Projeto permitiu a criação do booktuber e possibilitou a integração de práticas
educativas ao estudo sistemático dos sistemas de comunicação, cumprindo dessa forma o
que preconiza os PCNs. Ao trazer informações aprofundadas sobre obras literárias,
evitando, assim, o superficialismo de alguns canais que tratam sobre Literatura, foi
possível difundir o binômio Comunicação e Educação como potencial transformador da
sociedade em direção à plena cidadania promovendo debater que propiciem a inclusão de
diversos grupos sociais.

Referências
BAMBERGER, Richard. Como Incentivar o Hábito de Leitura. Trad. De Octavio
Mendes Cajado. 6. ed. São Paulo, Ática, 2009.

FLUSSER, Vilém. A escrita. Há futuro para a escrita? São Paulo: Annablume, 2010.

782
LIVES SOBRE A PESSOA COM DEFICIÊNCIA/NECESSIDADES
EDUCACIONAIS ESPECIAIS: PONTOS E CONTRAPONTOS

Área Temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Ivã José de PÁDUA
Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE
Autores: A. P. S. LEONEL 1; V. L. R. R. ,SILVA 2; V. L. PÁDUA 3; M. M. PIRES 4

Resumo:
Com a pandemia do COVID-19, o Programa de Educação Especial (PEE) e a Assessoria
de Igualdade e Promoção Social (AIPS) promoveram discussões sobre questões
relacionadas às pessoas com deficiência, utilizando ferramentas tecnológicas e redes
sociais. Lives quinzenais foram realizadas, antecedidas semanalmente de reuniões para
discutir temáticas, convidados e encartes para divulgação nas redes sociais. Houve ampla
participação de pessoas com deficiência e de outros profissionais da área da educação.

Palavras-chave: pessoas com deficiência; ferramentas tecnológicas; direitos humanos.

Introdução
Em decorrência da pandemia da COVID-19, a partir de março de 2020, alterações
ocorreram, pois, “a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou estado de pandemia,
isto é, situação em que uma doença infecciosa afeta um grande número de pessoas
espalhadas pelo mundo e recomenda que os governos das nações adotem medidas de
contenção, dentre elas, a mais importante, a do isolamento social” (PREVITALI;
FAGIANI, 2020, p. 123).

1
Ana Paula da Silva Leonel, Pedagoga de Atendimento Educacional Especializado/Programa Institucional de
Ações Relativas às Pessoas com Necessidades Especiais.
2
Vera Lúcia Ruiz Rodrigues da Silva, Servidora Técnico Administrativa/Programa Institucional de Ações
Relativas às Pessoas com Necessidades Especiais.
3
Vandriele Lúcia de Pádua/Colaboradora do Programa Institucional de Ações Relativas às Pessoas com
Necessidades Especiais.
4
. Michaelli Maria Pires, Pedagoga de Atendimento Educacional Especializado/Programa Institucional de
Ações Relativas às Pessoas com Necessidades Especiais.

783
Assim, instaurou-se o isolamento social e a maioria dos trabalhadores passaram a
desenvolver as atividades laborais em suas residências, como também as aulas passaram a
ser realizadas remotamente, através de plataformas digitais.
Nesse contexto, o Programa Institucional de Ações Relativas às Pessoas com
Necessidades Especiais (PEE) e a Assessoria de Igualdade e Promoção Social (AIPS),
ambas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Unioeste, propuseram o Projeto de
Extensão, em andamento desde 2020, que consiste na realização de discussões sobre o
papel das Pessoas com Deficiência no atual modelo societário de produção, com a
utilização de ferramentas tecnológicas que permitam a realização e participação de grande
número de pessoas, mantendo o necessário isolamento social.
Foram realizadas Lives quinzenais, abordando várias temáticas dentro do objetivo
proposto, veiculando-as através do Facebook do coordenador do Projeto em questão
(https://www.facebook.com/ivajose.padua), bem como compartilhar por vários outros
perfis das redes sociais.
O isolamento social praticamente impôs uma nova rotina laboral e particular no
processo de interlocução entre o emissor e o receptor, entre os pares no trabalho, entre
empresas, entre pais, filhos e outros parentescos. Refere-se a utilização das plataformas
digitais, seja de forma síncrona ou assíncrona.

Metodologia
O trabalho iniciou-se com reuniões para a seleção de temas de relevância para o
público alvo da ação que são os profissionais que atuam na área da educação especial,
educação básica e interessados no tema.
A divulgação foi realizada a partir da elaboração de encartes, contendo informações
sobre o evento, palestrantes, equipe técnica, informação sobre a presença de intérprete de
Libras em formato de imagem e com descrição visual para publicação nas redes sociais da
Unioeste. A descrição dos encartes foi realizada seguindo as estratégias e orientações
referentes a descrição de imagens, o que se faz necessário, para garantir o direito à
comunicação e à informação para todos os cidadãos, com destaque para as pessoas com
deficiência visual, como por exemplo: “Inicie com a frase ‘Descrição da imagem' seguida

784
de dois pontos; descreva os detalhes essenciais da imagem” (UFAC, p. 21); “[...] sempre
utilizar fontes sem serifa, ou seja, sem prolongamentos nos caracteres, pois esse tipo de
fonte é considerado mais acessível” (IFRS, 2020, p.4) e “manter a simplicidade e um
padrão na forma de apresentação das informações” (idem; p. 8). Os encartes foram
confeccionados utilizando editor gráfico online gratuito.
As profissionais tradutoras/intérpretes de Libras para assegurar a qualidade no
processo de interpretação recebiam previamente uma síntese dos assuntos a serem
abordados.
Anteriormente ao evento eram realizadas reunião para a definição de mediadores e
organização da atividade.
As Lives eram realizadas quinzenalmente e transmitidas por um estúdio de
transmissões ao vivo gratuito e repassadas para rede social. Essa ferramenta permitiu a
presença de diversas pessoas em diferentes locais ao mesmo tempo durante a atividade. Na
data do evento os profissionais da equipe técnica e palestrante adentravam a plataforma
onde eram repassadas informações sobre a dinâmica da Live, que consistia em explanação
por 40 minutos e 10 minutos de debates realizados pelas redes sociais.

Desenvolvimento e processos avaliativos


As temáticas desenvolvidas durante o projeto (Tabela 1) foram definidas a partir de
demandas do Atendimento Educacional Especializado – PEE – Unioeste e em discussões
em reuniões colegiadas do referido programa.

TABELA 1 - Lives realizadas no projeto 2020/2021.

DATA PALESTRANTE TEMA


14/05/2020 Prof. Rubens Ferronato (Curitiba) Ms. Ivã José de Pádua
Multiplano: o ensino de
(HUOP)
matemática para Pessoas com
Deficiência Visual
28/05/2020 Ms. Dorisvaldo R. da Silva A utilização das Tecnologias
Ms. Ivã José de Pádua Assistivas para pessoas com
Dra. Vera Lucia R. R. da Silva (Unioeste/ Cascavel - deficiências
PEE)

785
18/06/2020 Profa. Dra. Lucia Zanato Tureck
A acessibilidade dos
Profa. Dra. Marciana Pelin Kliemann
participação em reuniões eaplicativos
(UNIOESTE)
encontros para as pessoas
com deficiência
02/07/2020 Ms. Patrícia Seter (Mestranda de Dialogando com as pessoas com
Psicologia - UEM) deficiência sobre: aplicativos acessíveis
Profa. Esp. Francieli Giza (Docente de Libras para encontros e
Unioeste/Toledo - PEE) reuniões

16/07/2020 Prof. Dr. José Antônio Borges (UFRJ - NCE) Ms. Ivã As tecnologias Assistivas e o Sistema
José de Pádua (HUOP) Dosvox

30/07/2020 Ms. Dorisvaldo R. da Silva Comunicação Alternativa


Esp. Letícia Goulart (Unioeste - PEE)
20/08/2020 Prof. Rubens Ferronato (Curitiba) Código Universal de Cores
Géssica Pereira (Ms. em Eng. Elétrica)
03/09/2020 Prof. Dr. Alfredo Batista (Unioeste) Políticas Públicas e os Direitos das
Daiane Mantoanelli (Assistente Social) Maria Filomena Pessoas com Deficiência
Cardoso André (Advogada, membra do movimento das
Pessoas com Deficiência) Cascavel - PR.
17/09/2020 Prof. Juliany de Faria (Educação Especial) Discussões sobre
Profa. Ms. Rosiene Queres de Aguiar Soares (Coord. Atendimento Educacional
CAS - Cascavel) Especializado
01/10/2020 Ana Paula Lorenzini Estimulação Visual
Nivea Prass Gabardo
Ana Elizabeth Bisatto Fernandes (Professoras e
Pedagogas do Colégio Estadual Castelo Branco)
15/10/2020 Prof. Dr. Luís Fernando Reis (Unioeste) Profa. Ms Atuação do Professor em Tempo de
Patrícia da Silva Zanetti (CAP Estadual) Pandemia

29/10/2020 Patrícia Braille (Esp. Educação Especial - Salvador, Audiodescrição nas Mídias Sociais
Bahia)
Profa. Dra. Lucia Zanato Tureck (Unioeste)
12/11/2020 Dra. Marlúcia Almeida (Conselheira Discussão sobre o Decreto N°
CONADE) 10.502/2020
Profa. Dra. Jane Peruzo Iacono (Unioeste)
26/11/2020 Profa. Dra. Andreia Cristina Sanches (Unioeste) Medicalização da Infância nas Pesquisas
Profa. Dra. Neide da Silveira D. de Matos (Unioeste) Científicas: Enfrentamentos necessários
a Formação Humana

11/02/2021 Gustavo Martins Piccolo O modelo social da deficiência


04/03/2021 Vandiana Borba Wilhem (Professora SEMED) Estudo comparado da política de
educação especial no Brasil e na
Venezuela: uma análise a partir
emergência do neoliberalismo

786
18/03/2021 Rafael Faria Guiger (Auditor do trabalho) O modelo social como instrumento de
avaliação no trabalho
01/04/2021 Dra. Juliana Pavesi (Neuropediatra) Marcos Roberto Diel Autismo: Questão diagnóstica,
(Psicólogo) avaliações de habilidades e intervenções
15/04/2021 Profa. Dra. Tânia Aparecida Martins Estudos para Especificação e
Modelagem de
Estruturas e Organização de um
Dicionário
Monolíngue de Libras
29/04/2021 Dr. Ricardo Tadeu Marques de Fonseca (Desembargador O papel do trabalho na vida das pessoas
do Trabalho – Paraná) com deficiência
13/05/2021 Profa. Dra. Lucia Zanato Tureck (Unioeste) Criação de um audiolivro e a temática
da acessibilidade: crítica genética e
recepção por pessoas com deficiência
visual
27/05/2021 Profa. Joana Belarmino de Souza (UFPB) O papel dos movimentos sociais das
pessoas com deficiência na sociedade
capitalista

25/06/2021 Bela Marinho – Diretora de mulheres da União Nacional O papel dos Movimento Estudantil e
dos Estudantes das
Ms. Ivã José de Pádua – Coordenador geral do PEE e Pessoas com Deficiência na Sociedade
assessor da AIPS. Capitalista

A produção dos encartes passou por um processo de aprimoramento a partir das


primeiras experiências, tanto no design quanto na descrição das informações.
A interpretação de Libras contou com profissionais do PEE e da Universidade
Federal da Fronteira Sul, campus de Erechim, RS. Essas intérpretes de Libras obtiveram
grande crescimento profissional, pois a cada novo assunto abordado havia o desafio do
estudo sobre o tema e pesquisa de sinais relacionados com as diversas áreas, as quais não
são diretamente ligadas à rotina de trabalho. Além disso, a atuação proporcionou a
disseminação do conhecimento e de informações para a Comunidade Surda, usuária da
Libras.
Alcançou-se ampla participação de pessoas com deficiência, tendo em média o
acesso de 300 pessoas, sendo estas da comunidade interna e externa da universidade.
Os integrantes do projeto relataram que participação nas Lives contribuiu para o
aperfeiçoamento no domínio das ferramentas tecnológicas; reflexões sobre os conteúdos

787
abordados; intercâmbio de experiências entre diferentes instituições; socialização de
conhecimentos acerca da pessoa com deficiência/necessidades especiais.

Considerações Finais
O período da pandemia da COVID-19 resultou em mudanças de paradigma no
cotidiano familiar e profissional em relação a comunicação, onde reuniões e encontros
passaram a ser realizados através de plataformas digitais.
As plataformas digitais constituíram ferramentas prioritárias para a veiculação entre
universidade e comunidade externa para o desenvolvimento de atividades extensionistas.
O projeto potencializou o diálogo do público com os palestrantes em âmbito
nacional, proporcionando maior visibilidade pelo trabalho desenvolvido pela universidade
no que tange a educação da pessoa com deficiência/necessidades especiais.

Referências
INSTITUTO FEDERAL RIO GRANDE DO SUL. Centro Tecnológico de Acessibilidade.
Dicas de acessibilidade na EaD. Porto Alegre, 2020. [Documento em pdf]

PREVITALI, Fabiane Santana; FAGIANI, Cílson César. Trabalho e educação sob o


corona vírus no Brasil. In: LUCENA, Carlos; VITALI, Fabiane; BRETAS, Anderson
(orgs). Pandemia Covid-19: a distopia do século XXI. Uberlândia, MG: Navegando
Publicações, 2020. p. 123 - 137.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE. Núcleo de Apoio à Inclusão. Guia de


orientação acessibilidade no ensino remoto. Rio Branco, 2020. [Documento em pdf]

788
MANUTENÇÃO DA ABSTINÊNCIA ALCOÓLICA: DISTANCIAMENTO
SOCIAL E SEUS DESAFIOS

Área Temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Ana Lúcia DE GRANDI
Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP)
Autores: L. S.TEIXEIRA ; P. M.KOGA 2; J. R.SAVOIA 3; T. M. CASTELUCCI 4; A. L.
1

GRANDI 5.

Resumo:
O alcoolismo é um transtorno grave do uso e abuso do álcool, afetando não apenas o
usuário, mas todos aqueles que convivem com ele, sendo assim, as ações de cuidado em
saúde ao indivíduo e à família são fundamentais. A Associação de Recuperação do
Alcoólatra (ARA) é um grupo de autoajuda, importante para a manutenção da abstinência
alcoólica, que ser reunia semanalmente de forma presencial. Nosso objetivo é relatar os
desafios encontrados por participantes desse projeto de extensão, acadêmicos dos cursos de
enfermagem e ciências biológicas, no desempenho de atividades remotas para esse grupo
durante o período de distanciamento social provocado pela pandemia da COVID-19. O
projeto de extensão está em funcionamento desde 2011, promovendo apoio social e
emocional através do desenvolvimento de atividades por meio da técnica de
psicoeducação. Desde o mês de março de 2020, as atividades presenciais na universidade
estão suspensas devido à pandemia da COVID-19 e o projeto teve que se adaptar a essa
nova rotina, aprendendo novas estratégias, como o uso de tecnologias online, buscando
junto aos integrantes diferentes formas de contato e buscando criar uma rede de apoio com
os alcoolistas em recuperação. A continuidade das ações é fundamental para a manutenção
do vínculo e da rede de suporte, auxiliando na manutenção da abstinência alcoólica.

1
Lillian Souza Teixeira, aluna de graduação do curso de enfermagem.
2
Patrícia Midori Koga, aluna de graduação do curso de enfermagem, bolsista PIBIS Extensão, agência
Fundação Araucária.
3
Júlia Rodrigues Savóia, aluna de graduação do curso de enfermagem.
4
Tatielly Menegasso Castelucci, aluna de graduação do curso de enfermagem.
5
Ana Lúcia De Grandi, professora da UENP, orientadora do projeto.

789
Palavras-chave: Pandemia; Psicoeducação; Apoio Social Online.

Introdução
A psicoeducação utiliza de técnicas relacionadas a instrumentos psicológicos e
pedagógicos para ensinar a pessoa e os cuidadores sobre a patologia física e/ou psíquica,
bem como sobre seu tratamento, desenvolvendo um trabalho de prevenção e de
conscientização em saúde (LEMES; ONDERE NETO, 2017).
No projeto de extensão, em parceria com a Associação de Recuperação do
Alcoólatra (ARA), desenvolvemos atividades para que o indivíduo entenda seu processo
patológico e esteja munido de artifícios para enfrentar a dependência alcoólica.
Com a chegada da pandemia da COVID-19 e a necessidade do distanciamento
social, estratégias rígidas passaram a ser tomadas para prevenir a infecção pelo vírus
SARS-COV-2.
O projeto de extensão teve que se adaptar à nova organização social, visto que, às
últimas sextas-feiras do mês ocorria a sinergia de troca de saberes entre os integrantes da
universidade com a comunidade, portanto, o distanciamento social se tornou um
dificultador para o encontro com os alcoolistas em recuperação e, consequentemente, para
a realização das atividades, que precisou ser remodelada para a forma remota.
O intuito desse trabalho é relatar os desafios encontrados por membros de um
projeto de extensão na continuidade das atividades durante o período de distanciamento
social.

Metodologia
A COVID-19 requer o distanciamento social como medida de prevenção, levando a
suspensão das atividades de extensão presenciais. Foi necessária a adaptação das
atividades, passando a ser de forma online. Primeiramente entramos em contato com os
membros do grupo ARA por via telefônica e por mensagens de WhatsApp, entretanto, uma
pequena parcela atendia as ligações e não sugeriam possíveis intervenções para a
continuidade das atividades, não gerando dessa forma bons resultados.

790
Diante disso, passou-se a pensar em formas alternativas de dar continuidade às
reuniões do ARA, sendo uma das possibilidades a forma online. Criou-se um grupo no
aplicativo de celular WhatsApp, onde eram compartilhados links para as reuniões via
Google meet. Os alcoolistas em recuperação tiveram dificuldade em acessar as reuniões
por meio dos links que eram enviados no grupo do WhatsApp, pois eram idosos e não
possuíam habilidades com a tecnologia, juntamente com a dificuldade de lidar com os
aplicativos.
Os membros do projeto de psicoeducação também elaboraram materiais sobre o
alcoolismo, sendo estes compartilhados no grupo do WhatsApp, como folders, infográficos
e vídeos informativos, inclusive ensinando a acessar as reuniões online.
A fim de expandir o projeto e difundir o conhecimento sobre o alcoolismo para o
público geral, foram criadas páginas nas redes sociais Facebook e Instagram para a
divulgação dos materiais. Semanalmente são publicados conteúdos relacionados ao assunto
alcoolismo (às segundas-feiras, quartas-feiras e sextas-feiras), tais como enquetes e posts
explicativos. Ainda, são compartilhados vídeos produzidos por profissionais da área e
entrevistas. Todo conteúdo publicado é divulgado nos grupos de WhatsApp dos membros
do grupo ARA como também nas redes sociais do projeto, pois a manutenção do contato é
essencial para a continuidade do vínculo e abstinência alcoólica.

Desenvolvimento e processos avaliativos


O projeto de extensão PSICOEDUCAÇÃO NA ASSOCIAÇÃO DE
RECUPERAÇÃO DO ALCOÓLATRA (ARA) DE BANDEIRANTES-PR é desenvolvido
por alunos de graduação dos cursos de Enfermagem e Ciências Biológicas, sendo
coordenado por uma docente do curso de Enfermagem, com experiência em Saúde Mental,
Enfermagem Psiquiátrica e Uso e Abuso de Álcool e outras Drogas.
No modo presencial, os temas das atividades eram combinados previamente com o
grupo e desenvolvidos pelos alunos juntamente com a orientadora do projeto, tendo a
participação dos membros da ARA e suas famílias que frequentam a instituição, com
diversas abordagens acerca do álcool.

791
No entanto, desde o mês de março de 2020, às atividades presenciais na
universidade foram suspensas devido à pandemia do novo coronavírus. Assim, o projeto
teve que se adaptar a essa nova rotina, com todos os integrantes buscando diferentes
formas de exercer o contato e continuar promovendo apoio para as pessoas participantes do
ARA.
No ano de 2021 as atividades remotas continuaram, com isso houve a oportunidade
de promover parcerias com outros grupos de autoajuda existentes no município de
Bandeirantes-PR, como por exemplo, o Grupo de Libertação do Alcoólatra (GLA) e a
Pastoral da Sobriedade.
Contudo, desde o início da pandemia até o momento, muitas dificuldades foram
encontradas, desde o estresse gerado pela situação de pandemia, a dificuldade para que o
conteúdo produzido chegue às pessoas necessárias e o retorno, principalmente por alguns
membros dos grupos de autoajuda. Salienta-se que essa dificuldade se dá pelo fato dos
grupos serem formados majoritariamente por homens de meia e terceira idade, de classe
baixa, tanto social quanto econômica e alguns são analfabetos, o que dificulta o contato via
internet e por meios eletrônicos, seja pelo fato de não possuírem ou por não terem
conhecimento prévio para utilização dessas tecnologias.
Os estudantes tentam se adaptar a todas as dificuldades que surgem, produzindo
conhecimento por meio das postagens nas redes sociais e envio dos conteúdos para o
celular dos alcoolistas em recuperação com o intuito de atingir um maior número de
pessoas, gerando informações confiáveis e promovendo melhoria na saúde mental. Isso os
ajuda a pensar na resolução de problemas e sobre a forma de atuação na realidade da
comunidade.

Considerações finais
A pandemia nos submeteu a aceitação da mudança, modificando nossa estrutura de
vida por meio de um modelo de distanciamento social. Esse afastamento trouxe consigo
desafios de comunicação, impondo a aquisição de habilidades para o trabalho remoto e a
ressignificação da rotina diária.

792
O grupo do projeto de extensão tenta se adaptar para proporcionar esse apoio para
os alcoolistas em recuperação, fornecendo conhecimento e incentivando a promoção de
uma melhor qualidade de vida. Além disso, tem propagado conhecimento científico a toda
população por meio das redes sociais, expandindo os horizontes e quebrando estigmas.

Referências
LEMES, C. B.; ONDERE NETO, J. Aplicações da psicoeducação no contexto da
saúde. Temas psicol. Ribeirão Preto, v. 25, n. 1, p. 17-28, 2017.

793
MÃOS SOLIDÁRIAS – FASE II: PRESERVANDO O MEIO AMBIENTE E
MUDANDO NOSSOS HÁBITOS

Área temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Lúcia ALLEBRANDT DA SILVA RIES
Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS)
Autores: L. ALLEBRANDT DA SILVA RIES1; A. LEAL ABREU2; J. H. DA
SILVEIRA3; A. SANTOS DE SOUZA4; I. SOUZA PERES DA SILVA5; E. G. DE
SOUZA FERREIRA6; A. ROSSONI RAVA7.

Resumo:
Valendo-se do alcance positivo da primeira fase do projeto e pensando em dar
continuidade às atividades de extensão, o projeto “Mãos Solidárias – Fase II” tem como
objetivo divulgar por meio de vídeos didáticos e atrativos, a importância e a necessidade de
cuidados com a higiene pessoal, com a saúde alimentar e com a preservação do meio
ambiente. O projeto foi planejado para ser desenvolvido de maneira totalmente remota e
organizado em quatro eixos temáticos: hábitos saudáveis; saúde alimentar; reciclagem e
meio ambiente; e consumo responsável. Deve-se destacar que a realização desse projeto
está contribuindo para a disseminação de conhecimentos assertivos junto à comunidade,
bem como na formação acadêmica dos estudantes envolvidos no processo de criação dos
conteúdos.

Palavras-chave: Hábitos Saudáveis; Reciclagem e Meio Ambiente; Consumo


Responsável.

1
Lúcia Allebrandt da Silva Ries, servidor docente.
2
Adriana Leal Abreu, servidor docente.
3
Joyce Helena da Silveira, aluna (curso de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia) – bolsista.
4
Alessandra Santos de Souza, aluna (curso de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia).
5
Izalina Souza Peres da Silva, aluna (curso de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia).
6
Ederson Gustavo de Souza Ferreira, aluno (curso de Administração).
7
Aline Rossoni Rava, aluna (curso de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia).

794
Introdução
O cuidado com a higiene pessoal, com a saúde alimentar, com a reciclagem e o
meio ambiente e com o consumo responsável é fundamental para uma vida sadia e para um
meio ambiente limpo e saudável. Tratar esses temas de maneira interdisciplinar, integrando
diferentes saberes é imprescindível para a formação de indivíduos capazes de compreender
e questionar sua realidade socioambiental (TENÓRIO et al., 2018). Contudo, nem todas as
pessoas possuem acesso a informações sobre saúde pública, higiene e preservação
ambiental de forma clara, simples e objetiva.
Neste sentido, ações voltadas para a população em geral tornam-se extremamente
relevantes, e o papel exercido pelas Universidades ganha destaque ainda maior. O projeto
de extensão “Mãos Solidárias – Fase II” vem ao encontro dessa premissa, e é fruto da
iniciativa de um grupo de professores e alunos de graduação da Universidade Estadual do
Rio Grande do Sul (UERGS), Unidade Porto Alegre.
A produção de vídeos dinâmicos e explicativos visa alcançar o público jovem e
suas famílias, e para atingir tal objetivo é necessário que o material disponibilizado seja
desenvolvido de maneira atraente, trazendo informações cientificamente corretas e
uníssonas com os especialistas de cada área do conhecimento abordada.
Em um mundo cada vez mais conectado e com abundância de meios para obter
informação, a curadoria de conteúdo através do processo de seleção das informações mais
relevantes, e da divulgação de maneira concisa e didática colabora para a difusão do
conhecimento assertivo. O processo de produzir conteúdo de maneira sistemática,
interdisciplinar e organizá-lo de maneira assertiva é uma tarefa que pode parecer simples,
mas requer planejamento e consciência acerca do público a que se destina o conteúdo
produzido (GORDON, 2014).
Valendo-se do alcance positivo da primeira fase do projeto e pensando em dar
continuidade de maneira remota às atividades do grupo de extensão, o projeto de extensão
“Mãos Solidárias – Fase II” tem como objetivo geral divulgar por meio de vídeos didáticos
e atrativos, a importância e a necessidade de cuidados com a higiene pessoal, com a saúde

795
alimentar, com a reciclagem de resíduos e com o meio ambiente, e com o consumo
responsável, em tempos de pandemia e de não pandemia.

Metodologia
O projeto foi planejado para ser desenvolvido de maneira totalmente remota, em
respeito aos protocolos de prevenção e combate à COVID-19. Foram escolhidos quatro
eixos temáticos para nortear as pesquisas e montagem dos vídeos: hábitos saudáveis; saúde
alimentar; reciclagem e meio ambiente; e consumo responsável.
O grupo discute, semanalmente, o material utilizado como referencial teórico para a
produção dos roteiros dos vídeos. São produzidas animações empregando o software
Toonly para enriquecimento e valorização dos vídeos. As gravações ocorrem nos espaços
caseiros que cada aluno dispõe, com o uso de equipamentos simples como a câmera de
smartphones e microfones de lapela. A revisão do conteúdo produzido é realizada pela
docente coordenadora da atividade juntamente com a docente colaboradora.
Para realizar o compartilhamento dos vídeos, foi criada uma conta Google
institucional, utilizada na criação de um canal na plataforma YouTube. Ao finalizar a
produção e a etapa de revisão, o conteúdo é disponibilizado no YouTube, no canal Projeto
Mãos Solidárias (https://www.youtube.com/channel/UCyD280LGDGny-SviMM_FJQQ).
Outro recurso adotado é um blog hospedado na plataforma Blogger, onde os textos
elaborados, imagens e fotografias podem ser consultados, além da lista de referências
utilizadas em cada vídeo.
O público-alvo dessa ação de extensão é a sociedade como um todo, em especial
jovens que estão nos últimos anos do ensino fundamental ou cursando o ensino médio.
Além disso, o material produzido no projeto pode ser aproveitado como material
complementar por professores da rede pública de ensino.

Desenvolvimento e processos avaliativos


O projeto foi planejado para promover a disseminação de informações corretas
sobre temas do cotidiano familiar, e servir como apoio na hora da tomada de decisões em
situações corriqueiras, como a separação de resíduos em casa e no ambiente de trabalho, o

796
uso adequado de agentes saneantes como o sabão, e a consciência no ato da compra de
produtos de uso pessoal e coletivo.
Foram escolhidos temas que tem ligação direta com o momento pandêmico que
vivemos, mas que também estarão presentes no pós-pandemia. Para verificar o alcance da
ação, o grupo de extensão pretende avaliar a repercussão dos conteúdos a partir do número
de acessos tanto no blog quanto no canal no YouTube. Além dessa avaliação, criar
enquetes e ações online, como transmissões ao vivo, para promover o engajamento do
público e incentivar a discussão dos assuntos apresentados em cada eixo temático. Em um
momento de maior segurança em relação à pandemia, será proposto o desenvolvimento de
vídeos e outros materiais com a participação direta de jovens dos Centros de Juventude,
líderes comunitários e profissionais da educação atuantes dentro das comunidades.
Deve-se destacar que a realização desse projeto está contribuindo de maneira
significativa na formação acadêmica dos estudantes envolvidos no processo de criação de
conteúdo, pela interdisciplinaridade proposta e pelo desenvolvimento do trabalho em
equipe, mesmo de maneira remota. O manejo de novas ferramentas e equipamentos no
âmbito do projeto enriquece o currículo dos alunos envolvidos com novas habilidades.
A ação de extensão tem o poder de abrir as portas para diferentes realidades e
promover a interação com o público em geral, que passa a enxergar o potencial do trabalho
desenvolvido dentro da Universidade.

Considerações Finais
A realização desse projeto está contribuindo para a disseminação de conhecimentos
assertivos junto à comunidade, permitindo a revisão de valores e novas formas de agir em
relação ao mundo que nos cerca.
A expectativa é que os vídeos sejam visualizados por um grande número de pessoas
da comunidade, contribuindo para que hábitos saudáveis sejam cada vez mais comuns,
tanto no atual período de pandemia quanto no pós-pandêmico. O primeiro vídeo, intitulado
“Conheça o Projeto Mãos Solidárias”, foi publicado no final do mês de julho de 2021, e em
meados de agosto de 2021 já alcançou 75 visualizações. Dessa forma, o grupo espera que a

797
comunidade demonstre um crescente interesse pelo canal e pelo conteúdo compartilhado à
medida que os temas centrais forem disponibilizados.
Por fim, o projeto Mãos Solidárias procurou reinventar-se frente aos novos modelos
de acesso ao público para além da Universidade. Pode-se constatar que o
compartilhamento nas redes sociais é capaz de atrair cada vez mais indivíduos para a
Universidade, e promover a saúde coletiva e a educação ambiental de forma eficiente e
eficaz, com economicidade e um alcance consideravelmente mais abrangente quando
comparado com os métodos tradicionais anteriormente utilizados.

Referências
GORDON, L. Paralelos entre a curadoria de conteúdo em redes sociais e a gestão do
conhecimento. HFD, 2014, v.3, n.5, p. 03-11.

TENÓRIO, A. K. D. C.; TENÓRIO, P. P.; OLIVEIRA, L. M. S. R.; MOREIRA, M. B.


Educação, saúde e meio ambiente: uma relação interdisciplinar. REVASF, Petrolina-PE,
2018, v. 8, n.15, p. 153-163.

Instituição financiadora da bolsa:


UERGS

798
MENINAS DIGITAIS DO VALE DO ITAJAÍ

Área temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Andreza SARTORI
Universidade Regional de Blumenau (FURB)
Autores: A. SARTORI ; L. P. de ARAÚJO KOHLER 2; F. DURIEUX ZUCCO 3; A.
1

CHICATTO DOS SANTOS 4; 5; L. WERNER RIBEIRO 6.

Resumo:
Após um ano do projeto Meninas Digitais Vale do Itajaí nas cidades de Blumenau e
Massaranduba, este projeto tem por objetivo aumentar sua rede de colaboração
proporcionando as alunas do ensino médio e fundamental assuntos relacionados a
tecnologias, programação, noções de algoritmos através de atividades lúdicas e prazerosas
durante oficinas e workshops. Com isso, busca-se atrair mulheres para os cursos de Ciência
da Computação e Sistemas de Informação da FURB. Em um ano de projeto, observou-se
uma entrada de mulheres nos cursos do Departamento de Sistemas e Computação superior
as médias dos anos anteriores, sendo um total de 53% superior aos últimos 10 anos. Além
das oficinas, o projeto continuará desenvolvendo materiais publicados no Instagram que
visam o empoderamento da mulher na área da computação. A metodologia consiste em
encontrar novos locais interessados, manter locais parceiros, preparar material de apoio,
desenvolver workshops ou palestras. Como resultados, espera-se firmar parcerias com
empresas da região e aumentar a quantidade de mulheres participantes nas oficinas, com o
objetivo de aumentar a entrada de mulheres nos cursos de Computação. Tendo o grupo
Meninas Digitais Vale do Itajaí reconhecido como projeto parceiro do Programa Meninas
Digitais da Sociedade Brasileira de Computação, foram divulgadas as ações deste projeto
no Women in Information Technology (WIT) do Congresso Brasileiro de Computação. O
projeto também visa contribuir para a consolidação da curricularização da extensão por

1
Andreza Sartori, Professora – Departamento de Sistemas e Computação.
2
Luciana Pereira de Araújo Kohler, Professora – Departamento de Sistemas e Computação.
3
Fabrícia Durieux Zucco, Professora – Departamento de Comunicação.
4
Amanda Chicatto dos Santos, aluna [Publicidade e Propaganda].
5
Amanda Chicatto dos Santos, aluna [Publicidade e Propaganda] e bolsista de extensão da FURB.
6
Leandro Werner Ribeiro, Professor – Departamento de Publicidade e Propaganda.

799
meio de atividades interdisciplinares envolvendo pesquisadores, bolsistas e docentes dos
cursos de Ciência da Computação, Sistemas de Informação e Publicidade e Propaganda.

Palavras-chave: Meninas Digitais; Mulher na Computação; Empoderamento Feminino.

Introdução
Uma pesquisa realizada por Castelini (2018) com um público de mulheres que
fazem computação sofreram durante seu período no curso algum "ato de pré-julgamento,
assédio e/ou sentimento desfavorável por ser mulher em uma área composta
predominantemente por homens". Essa e outras pesquisas que seguem a mesma linha,
como em Pinho (2017), corroboram com a ideia de que a computação é um curso para
homens, sendo um estereótipo que precisa ser mudado na sociedade atual. Alguns
trabalhos vêm realizando tentativas e contribuições para esta mudança, como os grupos
apoiados pela Sociedade Brasileira de Computação, no qual trabalham no combate da
desigualdade de gênero, focando em agregar maior visibilidade as mulheres nas áreas de
computação.
Nessa linha, o Meninas Digitais Vale do Itajaí teve sua primeira vigência entre os
anos de 2018 e 2019 com o apoio de diversas áreas da educação, como pedagogia e letras.
Desde 2018, diversas atividades foram feitas em prol de mulheres no mercado de trabalho
tecnológico atual. Foram realizadas 16 oficinas com alunos(as) de ensino fundamental (8º e
9º ano) e ensino médio, quatro rodas de conversa com mulheres que já atuam no mercado,
quatro palestras em eventos de computação e em empresas da região, um evento de
tecnologia com talks, dois podcasts, três vídeos para divulgação do projeto, uma visita
técnica com alunas calouras dos cursos de Ciência da Computação e Sistemas de
Informação na empresa Sênior Sistemas, participação em uma mesa redonda pelo dia da
mulher, início da produção de livro, participação em dois interações FURB, divulgação do
projeto na MIPE e no evento SEURS (Seminário de Extensão da Região Sul), além de
quatro murais informativos. Além disso, o projeto firmou parceria com a prefeitura de
Massaranduba, na qual são feitas oficinas de programação nas escolas da cidade bem como

800
foi reconhecido como projeto parceiro oficial do grupo Meninas Digitais da Sociedade
Brasileira de Computação.
A partir dessas realizações, percebeu-se que várias meninas participantes se
identificaram com a área ao mesmo tempo em que questionaram se elas poderiam cursar
um curso de computação, visto que ouviam outros falarem para elas que somente homens
podem cursar essa área. Ainda, algumas meninas que antes não sabiam o que era
computação se despertaram para a área e realizaram projetos elaborados durante as
oficinas, os quais foram compartilhados nas redes sociais. Dessa forma, a partir dessas
realizações, foi possível incentivá-las a seguir sua formação em um curso de computação.
Como continuação do projeto, percebe-se que a área da computação ainda é uma área frágil
em relação a participação feminina, principalmente pela falta da informação a respeito.

Metodologia
Devido a situação vivenciada no ano de 2020 e no primeiro semestre de 2021, com
a Pandemia do Covid-19, adaptou-se as atividades do projeto para a mídia digital, pois esta
é um canal de comunicação direta com a sociedade. A coordenadora do projeto forneceu
duas entrevistas para acadêmicos do curso de Publicidade e Propaganda que geraram uma
release para o site da FURB. As entrevistas contaram a situação do projeto em relação a
pandemia, bem como o que se tem feito.
Foram realizadas reuniões com toda a equipe e com acadêmicos do curso de
Publicidade e Propaganda. As reuniões com a equipe tiveram como propósito definir que
atividades seriam realizadas devido a situação da Pandemia, de modo a não deixar o
projeto parado, portanto, rever o cronograma pré-estabelecido. Já as reuniões com os
acadêmicos do curso de Publicidade e Propaganda tiveram como objetivo identificar
atividades relevantes para o projeto que pudessem ser realizadas nas redes sociais para
engajar mais pessoas a participar e a conhecer o projeto.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Em virtude do ano atípico de pandemia e da suspensão presencial das aulas na rede
pública de ensino, o Projeto de Extensão Meninas Digitais Vale do Itajaí não aconteceu

801
conforme havíamos planejado. Assim as atividades planejadas que envolviam a realização
de workshops nas escolas não puderam ser executadas.
Foram realizadas 2 rodas de conversa e uma oficina de Scratch, sendo uma LIVE
no Instagram do projeto (https://instagram.com/meninasdigitaisvale) como parte das
oficinas do Interação FURB. Na primeira roda de conversa foram convidadas duas
mulheres, ex-alunas de computação da FURB, que ocupam cargos importantes na área de
computação. A segunda roda de conversa ocorreu no curso de Pedagogia, em que foram
apresentados conceitos de computação, tecnologias para as acadêmicas do curso. A oficina
de Desenvolvimento de Jogos com a plataforma Scratch aconteceu de forma online pela
plataforma Teams. Além disso, foram elaborados um resumo para a Mostra Integrada de
Ensino, Pesquisa, Extensão e Cultura (MIPE) da FURB e um artigo para o evento
científico Women in Information Technology (WIT) do Congresso Brasileiro de
Computação.
Por fim, como principal atividade deste ano, devido a pandemia foram realizadas
em torno de 100 publicações no Instagram do projeto, incluindo publicações no Feed e nos
Stories. Essas publicações permitiram atrair mais pessoas ao projeto, envolver mais o
público e divulgar o projeto na comunidade externa.

Considerações Finais
Devido a situação atual da Pandemia do Covid-19, não foi possível realizar as
atividades propostas inicialmente. As atividades e objetivos eram atender as meninas dos
últimos anos do ensino fundamental e ensino médio, promovendo eventos, oficinas, entre
outros. Contudo, como essas já estavam passando por um momento delicado, estudando de
suas casas (quando havia internet e computador e nas condições precárias da educação
EAD), decidiu-se mudar o rumo do projeto neste ano. Dessa forma, mediante as mídias
sociais onde divulgamos vagas de emprego, frases de motivação, dicas de tecnologia e
informática, curiosidades sobre mulheres das ciências e tecnologias, entre outros. Assim,
trabalhando fortemente em publicações no Instagram do projeto para atrair mais seguidores
e fazer com que o projeto se torne mais conhecido na sociedade, entendemos que se o

802
projeto for mais conhecido, no próximo ano será mais fácil de entrar nas escolas, bem
como teremos uma adesão maior das meninas na realização de nossas oficinas.

Referências
CASTELINI, Pricila. Mulheres na computação: percepções, memórias e participação de
estudantes e egressas. 2018. 136 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Programa de
Pósgraduação em Tecnologia e Sociedade (ppgte), Universidade Tecnológica Federal do
Paraná, Curitiba, 2018.

SANTOS, Carolina Marins. Por que as mulheres “desapareceram” dos cursos de


computação? 2018. Disponível em: https://jornal.usp.br/universidade/por-que-as-
mulheres-desapareceram-dos-cursos-de-computacao/. Acesso em: 15 dez. 2019.

803
METODOLOGIA PVE (PRODUÇÃO DE VÍDEO ESTUDANTIL)
A EXTENSÃO ALÉM DOS MUROS DA UNIVERSIDADE

Área Temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Josias PEREIRA
Universidade Federal de Pelotas (UFPel)
Autores: Josias PEREIRA 1; Eliane CANDIDO 2.

Resumo:
Produzir vídeo com os alunos é uma ação crescente no Brasil. O objetivo deste trabalho é
apresentar como nosso projeto vem contribuindo na capacitação docente. A metodologia
utilizada foi utilizar um questionário eletrônico com 300 professores que estão realizando o
curso da educação básica.

Palavras-chave: Cinema e Educação; Metodologia PVE; Produção de Vídeo Estudantil

Introdução
Produzir vídeo dentro do espaço escolar é uma ação crescente no Brasil, vide os
festivais de vídeo estudantis criados nos últimos anos (2010 – 2021). Porém percebemos
que a academia ainda apresenta resistência na capacitação docente, principalmente os
cursos de graduação. Nos cursos de pós-graduação já percebemos ações de pesquisas sobre
essas ações como o mestrado em Educação Matemática da UFPel dentre outros. Sendo
assim o Laboratório Acadêmico de Produção de Vídeo Estudantil dentre as suas 9 ações
criou os cursos de aperfeiçoamento para professores da Educação básica. Desde 2019
criamos cursos de roteiro (4 turmas com média de 200 alunos); Metodologia PVE (3
turmas com média de 300 alunos por turma). Os dois cursos foram pedidos. No final do
ano de 2020 a prefeitura de Gramado e de Santana do Livramento pediram um curso onde
os professores aprendessem ações de edição, gravação e ações pedagógicas na produção de
vídeo estudantil. Como já tínhamos o projeto Metodologias PVE reorganizamos o mesmo

1
Josias Pereira, Professor Adjunto do curso de Cinema e audiovisual da UFPel.
2
Eliane Candido, aluna do curso de Mestrado em Educação Matemática da UFPel.

804
em um curso de 40h no moodle via EAD. O bolsista de extensão ajudou a organizar o
curso para estes professores e a tirar dúvidas também. No início do ano de 2021
convidamos o Instituto Estadual de Cinema (IECINE), os polos de Educação da
Universidade Aberta do Brasil e o NTE (Núcleo de Tecnologia Educacional) para ajudar a
organizar no estado um curso para professores da educação básica o curso seria
Metodologia PVE que teve início em maio de 2021 para 450 professores. A
interdisciplinaridade se apresenta pois o curso de Cinema e Audiovisual é de bacharelado e
estamos adaptando todas as ações técnica para uma educacional, com um recorte
transversal entre essas áreas do conhecimento Cinema e Educação. Com esse recorte temos
então adaptado ações para que a técnica do cinema também se torne uma ação pedagógica.
Os atores da ação extensionista são professores da educação básica do estado do Rio
Grande do Sul, esse foi o recorte para esse curso! A disciplina Cinema e Educação é o elo
entre o ensino a pesquisa e a extensão que é desenvolvida no curso de Cinema e apresenta
essa aproximação entre essas teorias e práticas. Esse curso realizado teve o objetivo
principal de capacitar os professores na realização audiovisual dentro do espaço escolar no
sentido

Desenvolvimento e processos avaliativos


O curso foi criado a pedido das comunidades de Gramado e Santana do Livramento
e depois desenvolvido para todas as cidades do Rio Grande do Sul com apoio dos polos
EAD/RS. Em diálogo com os Polos e os NTEs decidimos que o melhor seria cursos
rápidos de 40h para os professores fazer em pouco tempo. O impacto e a transformação
social que acreditamos estar proporcionando é que professores de diversas cidades do
interior do Rio Grande do Sul podem se organizar para fazer vídeo com seus alunos e
assim eles poderem apresentar seu ponto de vista do mundo para os professores. Essa ação
de fazer vídeo é uma ação que possibilita o aluno a ter uma ação mais ativa dentro do seu
processo educacional, ler o mundo de forma diferente.
O que é que eu quero dizer com dicotomia entre ler as palavras e ler o mundo?
Minha impressão é que a escola está aumentando a distância entre as palavras
que lemos e o mundo em que vivemos. Nessa dicotomia, o mundo da leitura é só
o mundo do processo de escolarização, um mundo fechado, isolado do mundo
onde vivemos experiências sobre as quais não lemos. Ao ler palavras, a escola se

805
torna um lugar especial que nos ensina a ler apenas as 'palavras da escola', e não
as 'palavras da realidade (FREIRE, 1990, p.164).

Para o aluno bolsista de extensão acredito que a possibilidade de ele pensar no


cinema como processo educacional e pedagógico já que no curso de bacharelado não
trabalhamos essas ações. “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as
possibilidades para sua própria produção ou a sua construção”. (FREIRE, 2003, p. 47). E
no curso pensamos nestas ações que fosse totalmente prática para que o aluno pudesse
experimentar softwares e APPs livre.

Metodologia
Para este artigo utilizamos como metodologia qualitativa que permite uma
abordagem interpretativa do mundo em um cenário natural.

Em geral, os estudos de caso representam a estratégia preferida quando se


colocam questões do tipo ‘como’ e ‘por que’, quando o pesquisador tem pouco
controle sobre os acontecimentos e quando o foco se encontra em fenômenos
contemporâneos inseridos em algum contexto da vida real. (YIN, 2005, p. 19)

Assim preferimos realizar um estudo de caso do curso de metodologia PVE para


compreender o que estes alunos (professores da educação básica) estão procurando quando
realizam esse curso. Para realizar a inscrição no curso o aluno deveria responder um
questionário e uma das perguntas era justamente por que fazer esse curso? Selecionamos
algumas das 300 respostas dos alunos. A escolha foi feita com o foco no nosso problema
de pesquisa. Qual o motivo que leva os professores a procurarem curso de produção de
vídeo estudantil.
A Metodologia PVE vem muito de encontro com as competências gerais da
BNCC, devemos explorar a cultura digital que é extremamente forte em nossos
alunos e sair da nossa zona de conforto (educação bancária não pertence a estes
tempos) essa geração aprende através de outras metodologias e produzir vídeos
gera mais emoção para os nossos alunos, desenvolve muitos conhecimentos e
principalmente produz memória. (Aluna 01) 3

Para min, é conhecer os procedimentos e saber o que fazer e como fazer? Com as
vídeos aulas sobre cada um, estou vendo que podemos nos apropriar desse
conhecimento e assim poder aplicar, melhor colocar em prática com os alunos.

3
A numeração é sequencial e não tem ligação com o seu número no curso.

806
Percebi que até agora fiz muito pouco com meus alunos. Estamos iniciando neste
contexto... Estou amando aprender sobre PVE. Pensava que precisava de muito
suporte tecnológico. (Aluno 03)

Então posso dizer que não é uma dificuldade, mas creio que um conjunto de
fatores: ter noção mais clara de como efetuar um bom planejamento, ter recursos
ao alcance dos alunos, e por fim ampliar os conhecimentos a respeito de quais
aplicativos ou programas que facilitem a edição para que o produto final tenha
qualidade tanto visual como sonora. (Aluno 05)

Como o curso é prático a cada modulo o aluno deveria falar das dificuldades em
fazer o exercício prático. Assim um dos alunos após fazer documentário respondeu que

Percebi que o trabalho de criação é prazeroso e muito mais o momento de


exportar o vídeo, é como o nascimento de um filho. Imagino como seria a
elaboração e o resultado final de um trabalho com os alunos até a publicação
final. Gostei muito! Sinto que estou vinculado a essa metodologia PVE, (Aluna
06)

Segundo os vídeos assistidos no momento o documentário é bem complexo,


pois envolve o problema proposto que será a base central
para acontecer o documentário, mas achei interessante pois envolverá a uma
aprendizagem significativa na troca é interação entre as pessoas e local que
acontecerá a entrevista ou sondagem do tema específico. (Aluno 07)

Percebemos que a Edição ainda é um dos dilemas para professores da educação


básica

A maior dificuldade está na organização do vídeo para editar e fazer a narração


do mesmo, além do uso correto dos novos recursos tecnológicos e despertar o
interesse nos alunos. (Aluna 08)

Minha dificuldade está mais ligada as ferramentas tecnológicas. Pois existem


várias opções e saber usá-las faz toda a diferenças. E no meu caso, em geral não
sei usá-las tão bem quanto gostaria. E a edição é uma destas dificuldades. (Aluna
09)

Quanto a edição, tenho um pouco de prática e realizo em meu computador com


programas, porém acho que é interessante o aluno ter essa prática também e meu
maior desafio seria ajudá-los a realizar essas edições. (Aluna 10)

Considerações Finais
Podemos concluir pensando que existe uma demanda muito grande sobre a
produção de vídeo estudantil e os cursos de Licenciatura poderiam repensar a criação de
disciplinas voltadas para essa ação para capacitar o futuro discente para ação teórica e

807
prática na produção audiovisual discente. Sabemos que estamos no início desta ação, mas
acreditamos que os primeiros passos já foram dados e a UFPel tem contribuído com este
debate para nossa sociedade. Percebemos que os alunos que estão realizando o curso estão
colocando em prática o que estão aprendendo e uma das ações é que estamos colocando
uma metodologia mais voltada a parte pratica, ou seja, em cada modulo do curso o aluno
aprende primeiro a parte prática do fazer vídeo com uma videoaula e depois o aluno faz na
prática um vídeo educação com as ferramentas (softwares e APPs) que os alunos
aprenderam e ao usar essas ferramentas surgem as dúvidas e então os alunos no chats e nas
lives tiram suas dúvidas. O principal alcance social destes cursos é possibilitar que alunos
de diversas cidades do interior do Brasil possam ter acesso a essa metodologia e ação
pedagógica inovadora.

Referências
FREIRE, Paulo; SHOR, Ira. Medo e Ousadia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman, 2005.

808
MOVIMENTOS E LUTAS SOCIAIS, UNIVERSIDADE E EDUCAÇÃO POPULAR

Área Temática: Educação


Coordenador(a)s da atividade: Tiago MARTINELLI e Mailiz Garibotti LUSA
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Autores: B. G. S. OLIVEIRA 1; M. D. S. F. C. ROSA 2; M. G. LUSA 3; T. MARTINELLI 4.

Resumo:
A experiência extensionista na pandemia, a partir do Programa de Extensão Movimentos
Sociais e Serviço Socia,l aprimorou a interlocução da universidade com as lutas e
movimentos sociais, tendo por referência a educação popular. Foi problematizada a
realidade, discutida a extensão popular e suas repercussões e impactos. Também foi
apontada a importância da extensão e seus desafios. As parcerias extensionistas firmadas
romperam barreiras geográficas e sociais, contribuindo para a transformação societária.
Destaca-se a produção de conhecimento e a efetivação do papel social da extensão.

Palavras-chave: Movimentos e lutas sociais; Educação Popular; Universidade.

Introdução
O trabalho aborda a importância das atividades extensionistas durante o período da
pandemia da Covid-19, a partir da experiência desenvolvida no Programa de Extensão
Movimentos Sociais e Serviço Social 5 da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS). A Universidade, enquanto instituição produtora e difusora de conhecimento,
ciência e tecnologia, precisou recriar estratégias de atuação. A prática extensionista
apresentou-se como fundamental, a fim de manter um sólido referencial capaz de apoiar a

1
Barbara Gabriela Santos Oliveira, (estudante de graduação UFRGS [Ciências Sociais] bolsista
PROREXT).
2
Maicon Diego Schirmam Fogaça Caetano da Rosa, (estudante de graduação UFRGS [Ciências Sociais]
bolsista PROREXT).
3
Mailiz Garibotti Lusa, (servidora docente do Departamento de Serviço Social [Curso de Serviço Social]).
4
Tiago Martinelli, (servidor docente do Departamento de Serviço Social [Curso de Serviço Social]).
5
Ações vinculadas Educação popular e universidade: uma experiência de articulação com o Cursinho Popular
Carolina de Jesus [Ação N. 42429]; 10 anos do Curso de Serviço Social na UFRGS [Ação N. 42422];
Educação Popular e Universidade: estratégias de fortalecimento da luta por direitos sociais [Ação N. 45092];
e Movimentos e lutas sociais, educação popular e universidade [Ação N. 43376].

809
população para superar o momento histórico ímpar. O contexto vivido é grave e
preocupante: os elevados cortes orçamentários nas universidades públicas têm se agravado
ano a ano e durante a pandemia se explicitou a insustentabilidade do quadro, com anúncio
do fechamento de importantes universidades públicas. A situação agrava-se ainda mais
para a classe trabalhadora, assolada pelo desemprego estrutural, trabalho informal,
aumento do custo de vida, desmonte da saúde e das demais políticas sociais, acirramento
da violência e da repressão policial e agravamento da crise sanitária que até o momento
ceifou a vida de bem mais que cinco centenas de brasileiras/os.
Frente a este contexto as/os extensionistas do Programa propuseram e efetivaram
uma série de atividades voltadas para a afirmação dos direitos sociais e para a construção
da referência de uma universidade popular e presente na vida da população. A experiência
foi gerada a partir do acúmulo de conhecimento advindo de ações extensionistas anteriores,
bem como da pesquisa e das práticas de ensino nas áreas da educação popular, das lutas e
dos movimentos sociais, da universidade e da extensão popular.

Metodologia
A equipe foi reconhecendo a disponibilidade do público para acesso às plataformas
digitais e, a partir disso, passou a fazer uso delas, seguindo as recomendações da
Organização Mundial da Saúde e de cientistas da área da saúde, como medida de proteção
sanitária para evitar maior difusão da contaminação pelo coronavírus.
Dos temas abordados destacaram-se: a educação como direito social fundamental;
os direitos sociais como base para os processos de autonomia e emancipação política; a
educação popular e a universidade; o Ensino Remoto Emergencial e a extensão popular; a
universidade e os cursinhos pré-vestibulares populares; os movimentos e lutas sociais e o
Serviço Social; e os 10 anos deste Curso na UFRGS. As estratégias envolveram: o estudo
de textos e de artigos; o levantamento de informações e a análise de dados da realidade; o
uso e a produção de materiais audiovisuais para difusão de conhecimento; e a utilização da
cultura e da arte como estratégia para reflexões e debates.
Atendeu-se diretamente 31 estudantes de Cursos Popular durante 9 meses, com
ações contínuas de 20 horas semanais; 13 docentes do Departamento de Serviço Social; 03

810
técnicos administrativos do Curso de Serviço Social; 184 estudantes vinculados ao Curso
de Serviço Social; e 591 inscritos e 33 painelistas do curso de extensão 6. Abrangeu-se até
15 estados brasileiros e de outros dois países (Colômbia e Alemanha); de 63 instituições,
entre secretarias de educação, cursinhos populares, movimentos sociais; e mais de 49
universidades. O público geral compôs-se de estudantes do ensino médio, de pré-
vestibulares, da graduação (especialmente serviço social, ciências sociais e educação), da
pós-graduação, docentes, militantes de movimentos sociais e lideranças comunitárias.

Desenvolvimento e processos avaliativos


A base da extensão popular aporta-se em outra concepção de universidade oposta à
concepção tradicional e burguesa. Ela se materializa na realização de atividades com
potencialidade para fomentar na pesquisa e no ensino os elementos emancipadores capazes
de desenvolver e consolidar o pensamento crítico (MELO NETO, 2006). As atividades
foram formuladas pelas/os próprias/os extensionistas e pela comunidade, e desenvolvidas
de forma democrática, horizontal e com compartilhamento de responsabilidades tanto
das/os estudantes, técnicos administrativos e docentes, quanto do público da extensão.
Participaram diretamente, desde a formulação da proposta em 2019, alguns
cursinhos populares de Porto Alegre, com destaque para o Cursinho Popular Carolina de
Jesus. Durante a execução das atividades participaram também professores de vários níveis
da educação e trabalhadores sociais de serviços e de equipamentos públicos sociais.
As principais atividades foram: encontros de estudos; participações no Salão de
Extensão da UFRGS e em outros eventos acadêmicos; publicações na Revista Social
Drops, do Serviço Social da UFRGS e preparação de materiais para outras publicações;
estabelecimento de parcerias diretas com onze grupos e núcleos de pesquisa da UFRGS e
das seguintes universidades: UFPB, UFMG, UEM, UFPEL, UFSC, UFF, UFCG, PUC-SP
e UFRJ, além de seis cursinhos pré-vestibular populares e com os seguintes movimentos
sociais: MUP, MST-RS; ARPIN-SUL; COMIN e Movimento Negro de Porto Alegre.
Foram ministradas atividades e participado de encontros pedagógicos de cursinhos
populares e reuniões de equipe, bem como encontros e campanhas com a comunidade por

6
Movimentos e lutas sociais, educação popular e universidade [Ação N. 43376].

811
eles atendida. Foi realizado um curso de extensão com 13 encontros ao longo de 05 meses
e também produzidos e difundidos materiais e informações sobre educação popular.
Evidencia-se a participação da comunidade, tanto no planejamento como na
execução da extensão, o que possivelmente produziu impacto para a transformação social
pelo fortalecimento das lutas sociais e da perspectiva de universidade e da extensão
popular, além de contribuir diretamente para a formação acadêmica dos estudantes.

Considerações Finais
Tão certo como o êxito da prática extensionista foi o fato dela ser atravessada
diretamente pelas repercussões da pandemia. A crise sanitária agravou a preexistente crise
econômica estrutural. A necessidade de distanciamento e as orientações de suspensão das
atividades presenciais exigiram a reorganização da prática extensionista. Os tradicionais
desafios foram agravados pelas incipientes condições de acesso à internet e a equipamentos
pela equipe e também pelas/os participantes do Programa. Mesmo com estes desafios, o
Programa atingiu seus objetivos no que tange à formação extensionista das/os bolsistas, à
oferta de aulas, de cursos e de outras atividades interativas, e à realização de estudos, de
encontros pedagógicos, de assessorias e de articulações com todo o Brasil.
Através das parcerias, a ação rompeu barreiras geográficas e sociais, aproximando
de norte a sul do país e, na América Latina, setores comprometidos com a educação, a
universidade e a extensão popular. Com isso fomenta as lutas sociais, a democracia e a
transformação societária, bem como práticas de luta, pesquisa, ensino e extensão, voltadas
às urgências da sociedade, sobretudo as dos setores mais explorados da classe trabalhadora.
Inúmeros foram os ganhos acadêmicos em termos de produção de conhecimento e
de realização do papel social da extensão popular. As atividades seguem com o
estabelecimento de parceria para a realização de uma ação internacional envolvendo
universidades colombianas e brasileiras, coordenada pelo Programa em articulação com
outros grupos de pesquisa e extensão na área das lutas sociais e da educação popular.

812
Referências
EXTELAR, Grupo de Pesquisa em Extensão Popular. Universidade popular. Texto para
debate. João Pessoa (PB): UFPB, 2011. Disponível em: http://ujc.org.br/wp-
content/uploads/2017/04/universidade-popular.-Texto-para-debate.pdf. Acesso em: 05 ago.
2020.

MELO NETO, José Francisco. Extensão popular. João Pessoa: Editora da Universidade
Federal da Paraíba, 2006.

813
MULHERES E CIDADES

Área Temática: Educação


Coordenadora da atividade: Vanessa MARX
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Autoras: M. CASTILHOS 1; R. PEREIRA 2; G. SCAPINI 3.

Resumo:
O trabalho apresenta o projeto de extensão Mulheres e Cidades, que problematiza as
desigualdades sociais enfrentadas pelas mulheres em espaços públicos com a finalidade de
repensar as cidades para torná-las mais acolhedoras. Além disso, ressalta a relevância do
planejamento urbano como ferramenta de inclusão com base no diálogo entre mulheres de
diferentes vivências e também demonstra a possibilidade de troca de experiências através
da metodologia de pesquisa-ação, proporcionando formas de ação para promover reflexões
na comunidade geral sobre o direito das mulheres e da igualdade social, desenvolvidas na
inserção e participação em redes nacionais e internacionais de diálogo entre mulheres e
cidades. Por fim, a atuação tem atingido públicos diversos com a divulgação das demandas
das mulheres com relação ao espaço urbano e às políticas públicas, possibilitando um novo
ponto de vista no meio acadêmico a respeito das cidades.

Palavras-chave: Mulheres; Cidades; Planejamento Urbano.

Introdução
Este trabalho busca apresentar os objetivos, o desenvolvimento e os principais
resultados alcançados através do projeto de extensão Mulheres e Cidades, vinculado ao
projeto de pesquisa o 4º Distrito a partir do olhar dos atores sociais no bairro Floresta
desenvolvido no âmbito das atividades do Grupo de Pesquisa Sociologia Urbana e
Internacionalização das Cidades (GPSUIC), além de se relacionar com as disciplinas As

1
Mariana Silveira Castilhos, aluna-bolsista de extensão Prorext 2020 [Arquitetura e Urbanismo].
2
Rafaela Silveira Pereira, aluna-bolsista de extensão Prorext 2021 [Arquitetura e Urbanismo].
3
Gabriela Luiz Scapini, doutoranda bolsista CNPq [Sociologia].

814
Múltiplas Faces do Feminismo e Sociologia Urbana, Atores Sociais e Internacionalização
das Cidades do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFRGS e da disciplina do
departamento de sociologia no curso de graduação de Ciências Sociais Estudos de
Sociologia Urbana da mesma instituição de ensino.
Consideramos neste projeto que a relação entre mulheres e a conquista de direitos é
marcada por uma série de avanços e retrocessos. Os avanços foram possibilitados a partir
das lutas do movimento feminista e de mulheres pautando em sua agenda política o direito
ao voto, a educação igualitária, a inserção no mercado de trabalho e leis que as protejam na
esfera privada. Ainda assim, são enfrentadas uma série de desigualdades sociais pelas
mulheres nos espaços públicos e isto se configura enquanto uma problemática que precisa
ser mais discutida para que possamos construir cidades inclusivas, amigáveis e
democráticas.
O planejamento urbano na contemporaneidade poderia exercer um papel na
reprodução de lógicas excludentes às mulheres ao desconsiderar as especificidades
associadas a elas nas cidades. A política de desenvolvimento urbano, com base na
Constituição Cidadã de 1988, busca ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais
da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes; porém, tende a ser pensado a partir de
uma suposta neutralidade que tende a prejudicar as mulheres.
Por este motivo, o projeto tem como papel social construir um espaço de diálogo
com diferentes mulheres, de diversas gerações que vivem nas cidades e têm necessidades
plurais no urbano, relacionando-as com o pensar o direito à cidade e a vida urbana para
todas as mulheres.
Os objetivos principais do projeto de extensão são: discutir quadros analíticos,
teóricos, históricos e comparativos que permitam aprofundar a compreensão reflexiva das
práticas de movimentos de mulheres com as cidades; promover a aprendizagem de
cientistas sociais, intelectuais e ativistas comprometidas com os movimentos e
organizações sociais, em especial através da participação nas discussões em nível nacional
e local do BR Cidades em parceria com o Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB) no
Grupo de Trabalho Gênero, Raça, LGBTQ+ e Classes no espaço urbano do núcleo de
Porto Alegre/RS; problematizar a questão de gênero e políticas públicas para mulheres na

815
cidade de Porto Alegre e em cidades de fronteira, tendo como caso específico a fronteira
entre o Brasil e o Uruguai tomando como antecedente o projeto de extensão desenvolvido
em 2015 UPMS: Mulheres em Diálogo de Fronteira.

Metodologia
A metodologia desenvolvida no âmbito do projeto de extensão promove o diálogo
através da escuta e trocas de experiências, buscando uma sociedade mais justa e
democrática onde as desigualdades sociais possam ser superadas. Para tanto, se ancora na
metodologia de pesquisa-ação que se caracteriza pela autorreflexão e diálogo em que
pesquisadoras e demais participantes buscam, através de um diálogo cooperativo e
participativo, discutir os problemas sociais que as afetam e propor formas de ação no
coletivo para superá-los (TRIPP, 2005). É neste sentido também que a Universidade
Popular dos Movimentos Sociais adota a ecologia de saberes e propõe formas de escuta e
diálogo que visem a promoção da igualdade social, com a participação de acadêmicas,
ativistas e demais pessoas interessadas (MARX; CELIBERTI, 2017) inspirando as
atividades do projeto.
Tendo em vista esta construção metodológica, buscamos dar seguimento às
atividades de diálogo na fronteira, além de integrar o eixo de Gênero, Raça, LGBTQI+ e
Classe nas cidades no âmbito do projeto nacional do Br Cidades, considerando que o
público-alvo desta ação é composto por mulheres intelectuais, docentes, ativistas,
discentes, artistas, movimentos sociais, sociólogas, urbanistas, arquitetas, representantes de
ONGs e coletivos culturais.

Desenvolvimento e processos avaliativos


O projeto de extensão tem sido desenvolvido através da inserção e participação em
redes nacionais e internacionais que promovem o diálogo entre mulheres e cidades, tais
como a atividade “Entreturba - Mulheres e o direito à cidade” promovida pelo coletivo
TURBA, para que diferentes mulheres pudessem refletir acerca de suas vivências na/com a
cidade, nas discussões do Eixo Gênero, Raça, LGBTQI+ e classe nas cidades do BR
Cidades e em debates públicos como o “Mulheres e o Direito à Moradia” organizado pelo

816
Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), na organização das “Jornadas de
diálogo de feministas” em Melo/Uruguai em parceria com o Cotidiano Mujer do Uruguai e
demais instituições brasileiras e uruguaias e na publicação de matérias jornalísticas
discutindo a problemática de mulheres e cidades.
Para além destas atividades também vêm sendo realizado “Diálogos de mulheres e
cidades”, disponibilizados no canal de YouTube do GPSUIC 4, em que são convidadas
mulheres com atuações e perfis diversos e plurais para discutirem acerca das suas vivências
e demandas nas cidades, o que implica em uma agenda gerada pelos diálogos tendo como
questões a segurança pública, mobilidade e deslocamentos, habitação, espaço público,
segurança alimentar entre outros tópicos importantes que surgiram através desta iniciativa
e tem possibilitado reflexões coletivas relevantes. Com base neste diálogo entre mulheres e
cidades, o projeto tem alcançado a comunidade geral e proporcionado reflexões acerca da
relevância dos direitos individuais, sociais e coletivos das mulheres.

Considerações Finais
A atuação do projeto tem proporcionado a divulgação das demandas de mulheres
com relação ao espaço urbano e as políticas públicas, tanto através dos seus vídeos que
receberam 558 visualizações e atingem públicos diversos, como na sua inserção junto à
imprensa e academia por meio da publicação de matérias jornalísticas na Carta Capital 5, no
Jornal da UFRGS, no Observatório das Metrópoles e no jornal Matinal 6. Isto tem
proporcionado reposicionar a centralidade das mulheres atingindo públicos acadêmicos e
da comunidade geral, conscientizando da importância dos direitos de mulheres nas cidades
e atuando em prol da mudança na maneira com que as cidades são pensadas e planejadas.

4
GPSUIC. Youtube. Disponível em:
<https://www.youtube.com/channel/UCIwiVpJZ89OyKob_YGepuWQ>.
5
MARX, V.; SCAPINI, G. Mulheres e cidades: o 8 de março e o direito à vida urbana. Carta Capital, 8
de março de 2020. Disponível em: <https://www.cartacapital.com.br/sociedade/mulheres-e-cidades-o-8-de-m
arco-e-o-direito-a-vida-urbana/?fbclid=IwAR2nut2VYIEwiIZqgH4EqMnkjkw4-WaTDGCdesIteHU1yMC
Ag440HRbF3w>.
6
MARX, V.; SOARES, P. Por uma Porto Alegre para as mulheres e antirracista. Matinal, 11 de
dezembro de 2020. Disponível em: <https://www.matinaljornalismo.com.br/matinal/por-uma-porto-alegre-p
ara-as-mulheres-e antirracista/?fbclid=IwAR3Rti4UWY0klJrlc0DcTCxSzgGJY9KlM_EpLciy8GzV8FmOVJ
XFkIyPl20>.

817
Referências
MARX, V.; CELIBERTI, L. Diálogo de Mulheres de Fronteira no Contexto da
Universidade Popular dos Movimentos Sociais: novas metodologias e agendas.
Iluminuras, Porto Alegre, v. 18, n. 43, p. 119-133, jan./jul., 2017. Disponível em:
<https://seer.ufrgs.br/iluminuras/article/view/72878/41212>.

TRIPP, D. Pesquisa-ação: uma introdução metodológica*. Educação e Pesquisa, São


Paulo, v. 31, n. 3, p. 443-466, set./dez. 2005. Disponível em:
<https://www.scielo.br/j/ep/a/3DkbXnqBQqyq5bV4TCL9NSH/?lang=pt&format=pdf>.

818
O AUDIOVISUAL E A EDUCAÇÃO EM CONTEXTO DE FORMAÇÃO DE
PROFESSORES E DEMOCRATIZAÇÃO DE ACESSO

Área Temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Kira Santos PEREIRA
Universidade Federal da Integração Latino-Americana
Autores: J. O. KLAROSK 1.

Resumo:
O presente trabalho visa como objetivo a reflexão e discussão da importância do projeto de
extensão “Cinema na Escola: Formação de Professores” em sua atuação recorrente dentro
da comunidade escolar. A partir do relato das diversas ações desenvolvidas durante o
projeto nos anos de 2020 e 2021, são discutidas justificativas que auxiliarão no debate
pertinente ao assunto que para além de seu tema, também são relevantes no que tange aos
desafios percorridos para a execução e desenvolvimento das ações num período de
isolamento social global, contextualizado pela pandemia do Coronavírus (SARS-CoV-2 e
Covid-19).

Palavras-chave: Cinema; Educação; Educomunicação.

Introdução
Com os novos adventos das TICs - tecnologias da informação e comunicação - a
sociedade contemporânea passou a remodelar suas formas de vivência. Tais tecnologias
provenientes da globalização trouxeram uma interface multidisciplinar e intercultural para
o mundo, mas também trouxeram problemáticas dos mais diversos aspectos. Percebendo-
se uma necessidade de remodelação dos padrões educacionais, as Diretrizes Gerais para a
Educação Básica (2013) defendem que as TICs,

Como qualquer ferramenta, devem ser usadas e adaptadas para servir a fins
educacionais e como tecnologia assistiva; desenvolvidas de forma a possibilitar
que a interatividade virtual se desenvolva de modo mais intenso, inclusive na

1
Jeniffer Olivetti Klarosk, aluna, Bacharelado Cinema e Audiovisual.

819
produção de linguagens. Assim, a infraestrutura tecnológica, como apoio
pedagógico às atividades escolares, deve também garantir acesso dos estudantes
à biblioteca, ao rádio, à televisão, à internet aberta, às possibilidades da
convergência digital. (MEC, 2013, p. 25)

Tendo isso como base, o projeto de extensão universitária “Cinema na Escola:


Formação de Professores” da Universidade Federal da Integração Latino-Americana
(UNILA) vêm com o propósito de fomentar o uso do audiovisual dentro das escolas de
rede básica, fornecendo instrumentalização dos profissionais da educação acerca às
especificidades técnicas, estéticas e de linguagem que são atribuídas nos processos de
criação de uma obra audiovisual além de teorizar as funcionalidades e as práticas de uma
leitura de obra audiovisual.

Metodologia
Dividido em duas atuações distintas, o projeto a partir de 2020 flui da seguinte
maneira: 1) fornecimento de cursos de formação básica para professores sobre as áreas
mais relevantes do audiovisual, de forma remota utilizando plataformas digitais; 2)
elaboração e criação de um website do projeto em que são fornecidos textos e materiais
para o estudo sobre as mesmas áreas mais relevantes para uma produção audiovisual,
focada na realidade escolar.
Tanto em um caso como no outro, são abordadas as nove áreas: cinema e educação,
leitura de obras audiovisuais, roteiro audiovisual, produção, direção de arte, direção de
fotografia, som no audiovisual, direção e montagem. As ações têm ocorrido com
participações de discentes e docentes do curso de bacharelado de Cinema e Audiovisual da
UNILA. No primeiro caso, ficam os docentes responsáveis pela ministração das oficinas
do curso, com exceção da oficina sobre Cinema e Educação, ministrada por mim, e a
oficina de Produção, ministrada pelo discente Raul Klemp. Os demais discentes
voluntários atuam colaborando em oficinas específicas, auxiliando os docentes em
demandas como pesquisa de filmografia, desenvolvimento do planejamento da aula e
criação de dispositivos de apresentação, além da realização de devolutivas dos exercícios
assíncronos propostos nas oficinas, fazendo parte, então, desde a preparação até a

820
realização das oficinas. Esta presença dos discentes desde a concepção das aulas tem como
objetivo que estes possam compreender mais profundamente a atividade docente, de forma
que no futuro possam assumir eles mesmos a ministração de cursos e oficinas.
No segundo caso, a elaboração do website, os discentes foram os responsáveis
diretos pela elaboração do conteúdo e propostas de exercício, tendo os docentes a função
de revisar e sugerir ajustes nesses materiais.
Em ambos os casos, o projeto se destina a professores e profissionais da educação
em escala nacional que se interessem em utilizar o audiovisual em sala de aula. Soma-se a
isso, a estimativa de um público-alvo ainda maior na criação do website, uma vez que o
objeto pode ser alvo de acesso e estudo de um público geral interessados no tema,
colaborando assim, para a democratização de acesso à informação e conhecimento quanto
às teorias e técnicas do audiovisual e seus processos.
Para tanto, é utilizada uma vasta bibliografia com base nos materiais oferecidos na
formação acadêmica de Cinema e Audiovisual. Assim, cada etapa se desenvolve a partir
dos conhecimentos e dos interesses das pessoas - discentes e docentes - envolvidas na
elaboração dos materiais e das discussões.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Desde o segundo semestre de 2020, o projeto de extensão “Cinema na Escola:
Formação de Professores” vem passando por mudanças significativas em sua estrutura
metodológica, uma vez que os encontros presenciais estariam impedidos por conta do
isolamento social decorrente da pandemia do Coronavírus. Assim, novas necessidades
surgiram e foi pensada, para além da realização de dois cursos de curta duração, a criação
de um website sobre a utilização da prática do audiovisual na sala de aula como ferramenta
de desenvolvimento pedagógico.
Já em 2021, as demandas e as possibilidades do projeto foram distintas. O projeto,
nesse momento, foi contemplado com um orçamento de desenvolvimento financiado pelo
edital Profiex 34/2020 e assim, além do custeio de uma bolsista, foi obtido o aporte
financeiro para a realização profissional do previsto website. As demandas que

821
necessitavam custeio até o presente momento seriam a criação de identidade visual do
projeto, criação de layout das páginas do site, registro e hospedagem do domínio para
validação do website. Nesse processo, foram feitas pesquisas no mercado virtual para
planejamento de gastos, analisando as melhores condições para viabilizar o custeio sob um
serviço de qualidade para o desenvolvimento do projeto. Assim, ficou-se decidido que a
elaboração da identidade visual seria feita pelo discente voluntário Jhonnatan Olivetti
Klarosk que já trabalhava com design gráfico e assim, as outras demandas poderiam usar a
verba orçamentária disponível.
Paralelo a isso, também acontecia o planejamento das atividades a serem exercidas
no curso de formação de professores, previsto para iniciar no segundo trimestre do ano.
Nessa etapa, foram convocados os discentes participantes na criação dos textos do site para
estarem auxiliando os docentes das áreas propostas.
Finalmente, o curso de formação proposto teve seu início na data de 08 de julho de
2021 e vêm acontecendo semanalmente com a participação dos docentes e discentes
responsáveis pela área de tema da aula e os participantes, professores da rede básica de
ensino. Os encontros estão sendo realizados em plataformas digitais e apesar dos desafios,
é tida uma boa resposta dos participantes em relação às aulas.

Considerações Finais
Até o presente momento, pode-se considerar a participação discente fundamental
para o desenvolvimento e acontecimento do projeto. Nesse sentido, é visto um importante
aprimoramento acadêmico dos participantes voluntários em relação aos temas que ficaram
responsáveis no projeto de extensão, uma vez que atuam nas pesquisas e desenvolvimento
de conteúdo. Sobretudo, pode-se ressaltar o conhecimento de metodologias pedagógicas e
a temática de estudos sobre educomunicação, inserção das TICs no contexto educacional e
desenvolvimento da democratização do acesso à informação, conhecimento e cultura.
Vale ressaltar que as ações do projeto ainda estão acontecendo e prevê-se a
finalização do curso ao fim de agosto desse mesmo ano, seguido da publicação do website
nos meses posteriores. Assim, considera-se essencial a continuidade da produção de

822
conteúdos de mídia para o site e a elaboração da estrutura de funcionamento do mesmo,
sendo planejados então pela discente bolsista e voluntários.
Referências
BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica. Ministério da
Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Currículos e Educação Integral.
Brasília: MEC, SEB, DICEI, 2013.

823
O DESAFIO DO ENSINO REMOTO PARA IMIGRANTES

Área Temática: Educação


Coordenadora da atividade: Flávia WALTER
IFC - Campus Camboriú
Autores: L. BONATO ; L. COLUSSI , J. FARIAS 3; H.P. MIRANDA 4
1 2

Resumo:
Nas últimas décadas, o Brasil começou a receber maiores fluxos de imigrantes,
principalmente por desastres naturais, crise política e econômica. Desde 2016, o campus
Camboriú, do Instituto Federal Catarinense vem desenvolvendo projetos de extensão com o
intuito de ofertar cursos com ênfase no ensino de Português inicialmente voltados a
haitianos e agora ampliado no sentido de contemplar outros imigrantes, por meio de uma
abordagem comunicativa aliada à interculturalidade no sentido da valorização do potencial
de contribuição de suas culturas. Com o objetivo de promover a inclusão desses sujeitos
por meio da capacitação no uso da língua portuguesa e instrumentalizá-los para o exercício
pleno da cidadania, pretende-se que os alunos sejam capazes de utilizar a língua portuguesa
e os demais conhecimentos em seu cotidiano com vistas à inclusão social, educacional e ao
mundo do trabalho. O curso costuma ser oferecido presencialmente 2 noites semanais. No
entanto, a pandemia da Covid-19 trouxe obstáculos no trabalho com os imigrantes e fez
com que o movimento de ensino e aprendizagem ficasse mais desafiador, em diferentes
sentidos, uma vez que tivemos que “migrar” para o ensino remoto.

Palavras-chave: Português; Imigrantes; Ensino Remoto.

Introdução
Santa Catarina é um dos estados que mais recebe imigrantes, o que exige políticas
efetivas de acolhimento em um país que ainda busca a superação de um histórico
excludente desde a época colonial (MIRANDA, 2017). Nesse cenário, diante do aumento
do fluxo de imigrantes haitianos desde 2013, assim como no sentido do atendimento aos

1
Laralice Vasques Bonato, aluna bolsista de Bacharelado em Sistemas de Informação do IFC Campus
Camboriú.
2
Luciana Colussi, docente do IFC Campus Camboriú.
3
João Salomão Corrêa Farias, aluno voluntário de Bacharelado em Sistemas de Informação do Campus IFC
Camboriú.
4
Helen Parnes Miranda, licenciada em pedagogia pelo IFC - Campus Camboriú, mestranda do PPGE - IFC -
Campus Camboriú

824
princípios e missão institucionais (INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE, [s/d]), desde
2016, vêm sendo ofertados cursos de língua portuguesa para os imigrantes haitianos na
perspectiva da interculturalidade por meio de projetos de extensão junto ao IFC -
Camboriú, nomeados de “Inclusão pelo Português” (MIRANDA, 2017, WALTER et al,
2017; WALTER, COLUSSI, FARIAS, 2019; WALTER, COLUSSI, MIRANDA, 2020).
A partir de 2018, os venezuelanos passaram a ser a nacionalidade que mais solicita
refúgio, seguido dos haitianos (CAVALCANTI; OLIVEIRA; MACEDO, 2020). Até maio
de 2021, Santa Catarina recebeu cerca de 6.650 venezuelanos (CURCI, 2021). Dessa
forma, o projeto se alterou no sentido de buscar atender aos imigrantes, independentemente
de seus países de origem. Buscamos promover a inclusão de imigrantes por meio de um
curso interdisciplinar e intercultural de imersão na Língua Portuguesa de forma básica,
onde os conhecimentos necessários à inclusão social, educacional e ao mundo do trabalho
possam contribuir no sentido de conhecer e compreender melhor as questões sociais e
culturais do contexto em que vivem atualmente, bem como a fim de que tenham meios de
participar efetivamente da sociedade que passam a integrar (MIRANDA, 2017).

Metodologia
Tendo-se em vista que o curso se assenta na perspectiva da Língua Portuguesa
como língua estrangeira, todas as aulas são lecionadas em português a partir de uma
abordagem comunicativa, devendo, portanto, envolver métodos que visem a atender à
especificidade do público imigrante. Nesse sentido, destacamos que a compreensão que
temos é que estamos atuando dentro de um contexto que considera este ensino como de
uma Língua de Acolhimento já que “o direito ao ensino/aprendizagem da língua de
acolhimento possibilitará o uso dos outros direitos, assim como o conhecimento do
cumprimento dos deveres que assistem a qualquer cidadão” (GROSSO, 2010).
Ao encontro dessa concepção da língua como instrumento voltado à cidadania, alia-
se a interculturalidade (FLEURI, 2003; WALSH, 2012) entendida como proposta de
ruptura com a imposição da visão hegemônica do eurocentrismo colonizador e da
reconstrução das relações a partir do confronto entre as diferenças culturais.

Desenvolvimento e processos avaliativos

825
O curso é ofertado em três dias da semana, de forma virtual. Saúde, Segurança do
Trabalho, Português, Informática Básica, Geopolítica e Noções de Empreendedorismo são
as áreas temáticas trabalhadas nos encontros semanais. O curso traz temas que estão dentro
da área de conhecimento dos professores voluntários e também são pensados a partir do
interesse da comunidade que participa. As aulas de Português sempre partem das
dificuldades que os cursistas vão apresentando nas aulas. Já nas aulas de Informática, o
professor trabalha com conteúdos básicos de edição, formatação e uso de ferramentas que
possam contribuir com a inclusão no mundo do trabalho. Com este curso, visamos a
melhoria na qualidade de vida por meio da justiça social e da promoção da igualdade,
perfazendo o caráter extensionista do projeto enquanto ponte entre a instituição
educacional e a região em que se insere.

Considerações Finais
No ensino presencial para imigrantes vivenciamos constantes barreiras, tais como:
grande rotatividade de cursistas, falantes de diferentes línguas, imigrantes de várias
nacionalidades, com diferentes idades, assim como níveis diferentes de escolaridade
(CURCI, 2021).
Além desses obstáculos, em função da pandemia, experienciamos um novo modelo
de ensino devido ao distanciamento social com todas as dificuldades que acarreta, por
exemplo, dependemos do acesso à internet, do uso praticamente exclusivo de smartphones,
da participação em ambientes nada propício para aprendizagem, com barulhos de televisão,
conversas, choros de crianças, entre outros. Por outro lado, percebemos que a rotatividade
de estudantes em aula parece ter diminuído, uma vez que não precisam se deslocar ao
campus para assistir às aulas presenciais. Notamos também que mulheres com filhos
podem ficar em casa e conseguem participar mais das aulas, o que, muitas vezes, no
presencial, torna-se inviável.
Por fim, sabemos que nada substitui o ensino presencial. A solução para amenizar
essas dificuldades e equalizar a participação de homens e mulheres nos cursos, assim como
aumentar a qualidade de ensino seria, unicamente, ampliar o número de vagas oferecidas
para imigrantes em várias instituições, em diferentes horários, com políticas de

826
permanência.
Referências
CAVALCANTI, L; OLIVEIRA, T; MACEDO, M, Imigração e Refúgio no Brasil.
Relatório Anual 2020. Série Migrações. Observatório das Migrações Internacionais;
Ministério da Justiça e Segurança Pública/ Conselho Nacional de Imigração e Coordenação
Geral de Imigração Laboral. Brasília, DF: OBMigra, 2020.

CURCI, N. B. Z. D. Minicurso de extensão. Acolhimento e Ensino de Português para


Imigrantes: contextos de educação não formal e formal (educação básica). Florianópolis,
SC: Uninter SPM (Serviço Pastoral dos Migrantes), jul. 2021.

FLEURI, R. M. Intercultura e educação. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro,


n.23, p. 16-35, 2003. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rbedu/a/SvJ7yB6GvRhMgcZQW7WDHsx/?lang=pt&format=pdf.
Acesso em 24 jul. 2021.

GROSSO, M. J. D. R. Língua de acolhimento, língua de integração. Horizontes de


Linguística Aplicada, v. 9, n. 2, p. 61-77, 2010. Disponível em:
https://periodicos.unb.br/index.php/horizontesla/article/view/886. Acesso em 20 jul. 2021.

INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE. Portal do IFC. Disponível em:


<http://ifc.edu.br/sobre-o-ifc>. Acesso em: 30 jul. 2021

MIRANDA, H. P. DO KREYÒL AO PORTUGUÊS: Uma análise sobre o curso


“Inclusão pelo Português”. 171 f. (Trabalho de Conclusão de Curso). Licenciatura em
Pedagogia. Instituto Federal Catarinense- Campus Camboriú, Camboriú, SC, Brasil, 2017.

WALSH, C. Interculturalidad y (de)colonialidad: Perspectivas críticas y políticas. Revista


Visão Global, Joaçaba, v. 15. n. 1-2, p. 61-74, jan./dez. 2012. Disponível em
http://editora.unoesc.edu.br/index.php/visaoglobal/article/view/3412. Acesso em 30 jun
2021.

WALTER, F.; COLUSSI, L.; CUBA, R.; MIRANDA, H. P. O desafio do ensino do


Português como língua estrangeira para Haitianos. Anais do 35º Seminário de Extensão
Universitária da Região Sul. Área temática: Educação. Foz do Iguaçu, Unila, 2017.
Disponível em: http://dspace.unila.edu.br/123456789/3680. Acesso em 29 jun. 2021.

WALTER, F.; COLUSSI, L.; FARIAS, J. S. C.; Português como Língua de Acolhimento
para Imigrantes Haitianos. Anais do 37º - Seminário de Extensão Universitária da
Região Sul. Área temática: Educação. Florianópolis, UFSC, 2019. Disponível em:
https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/199321

WALTER, F.; COLUSSI, L.; MIRANDA, H.P.; Português: Língua de Acolhimento para
imigrantes haitianos. Ensino da Língua Portuguesa – dimensões, contextos, pedagogias e
práticas. Atas do VII SIELP - Simpósio Internacional de Ensino de Língua

827
Portuguesa. Minho: Universidade do Minho. Centro de Investigação em Educação
(CIEd), 2020. Disponível em: <http://hdl.handle.net/1822/68865>. Acesso em 29 jun.
2021.

828
O DIREITO AO ACESSO À UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA:
DIVULGAÇÃO, INCENTIVO E INCLUSÃO DE ESTUDANTES DE ESCOLAS
PÚBLICAS AO ENSINO SUPERIOR POR MEIO DE AÇÕES AFIRMATIVAS

Área Temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Margarida de Cássia CAMPOS.
Universidade Estadual de Londrina (UEL)
Autores: T. PEREIRA 1; A. PRADO 2; A. ANDRADE 3; V. ANDRADE 4; L. FARIAS 5.

Resumo:
Apresenta alguns apontamentos sobre a criação e ampliação das políticas de ação
afirmativa nas universidades, em especial no que se refere ao acesso. O objetivo é
problematizar as ações do projeto de extensão “O direito ao acesso à Universidade
Estadual de Londrina: divulgação, incentivo e inclusão de estudantes de escolas públicas
ao ensino superior por meio de ações afirmativas” vinculado à UEL com início em abril de
2018. Este projeto oferta suporte institucional às ações do PROPE (Programa de Apoio à
Permanência) da UEL. A metodologia utilizada foi de cunho qualitativa, por meio de uma
abordagem interpretativa dos fenômenos estudados (ações realizadas no projeto), dando
mais liberdade e novas possibilidades para o entendimento da aproximação entre a
Universidade e escola pública. Como processo avaliativo das ações desenvolvidas no
projeto, utilizaram as reuniões semestrais com toda a equipe para refletir e/ou reformular as
suas atividades. Mesmo com algumas dificuldades o projeto confirmou o quanto as ações
de extensão são fundamentais na ampliação da democratização da Universidade,
cumprindo sua função social.

Palavras-chave: UEL; ações afirmativas; ensino superior.

Introdução
Nos últimos vinte anos, as discussões sobre temas associados ao racismo, à
discriminação e ao preconceito adquiriram relevância significativa e conquistaram espaços
de debate com visibilidade, devido, principalmente, às demandas apresentadas por

1
Thainara Assis Pereira, aluna Pedagogia – UEL.
2
Amabyle do Prado, aluna Pedagogia – UEL.
3
Adilson Wilian Oliveira Andrade, Psicologia – UEL.
4
Vitória de Andrade, Direito – UEL.
5
Luana Gonçalves Farias, Ciências Sociais – UEL.

829
movimentos sociais, com destaque para o Movimento Negro (GOMES, 2017). Almeida
(2018) constata que as desigualdades sociais, raciais, étnicas e de gênero tendem a
determinar o destino da população negra como um grupo alijado de vários direitos, com
destaque para o direito à educação. Segundo Campos e Brandão (2021), a implantação de
ações afirmativas no Brasil não só romperam publicamente com o discurso da Democracia
Racial, como também levaram ao estabelecimento de medidas proativas para o efetivo
enfrentamento do racismo, como, por exemplo, o estabelecimento do artigo 26A, da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), que tornou obrigatório o ensino da
história e cultura afro-brasileira, indígena e africana.
É importante salientar que a UEL e o Estado do Paraná não se isentaram desse
debate. O sistema de cotas para estudantes oriundos da escola pública e para os/as que se
autodeclaram negros/as foram implantadas na UEL, e, desde 2004, vem sendo aprimorado.
Mais recentemente, em 2017, o sistema foi ampliado, garantindo uma reserva 45% das
vagas: 20% para estudantes de escola pública, outros 20% para estudantes de escola
pública, que se autodeclaram negro/as e 5% para negros/as de qualquer percurso escolar.
Cabe também ressaltar que a Lei Estadual nº 13.134/2001 criou a reserva de vagas
suplementares para indígenas nas Universidades Estaduais Paranaenses. Desde então,
anualmente, ingressam seis estudantes indígenas nos mais variados cursos de cada
Universidade Pública Estadual paranaense. Vale registrar, também, a adesão voluntária da
UFPR a este sistema (CAMPOS e BRANDÃO, 2020).
As ações afirmativas na UEL ofereceram melhores condições de acesso aos/às
estudantes oriundos/as da escola pública e os/as que se autodeclaram negros/as,
fortalecendo o processo de democratização de ensino superior no Brasil. Mas, para
consolidar esta iniciativa de vanguarda, a UEL deve atuar em outro patamar, aprimorando
a divulgação das formas de ingresso na instituição e da oferta de oportunidades mais
diversificadas de assistência material e pedagógica. Divulgar os sistemas de ações
afirmativas das instituições de ensino superior públicas do Estado do Paraná constitui-se no
fundamento político deste projeto. As iniciativas inerentes ao seu desenvolvimento estão
vinculadas à busca de aprimorar o incentivo, a motivação e a inclusão de estudantes de

830
escolas públicas paranaenses no ensino superior público, particularmente, nas
Universidades Estaduais.
A perspectiva do presente Projeto é de organizar uma série de atividades e ações,
sempre no esforço de elevar o número de ingresso de estudantes oriundos do sistema
público de ensino de diferentes etnias, raças e necessidades especiais, tendo como ponto de
partida a extensão universitária. A proposta se baseia também na integração entre ensino,
pesquisa e extensão, uma vez que os sujeitos envolvidos – estudantes de graduação e
professores/as integrantes do Projeto – estabelecerão contatos e relações com a
comunidade externa, que financia a universidade pública e tem a expectativa de que esta
possa efetuar a formação das novas gerações e participar da transformação social da
própria comunidade. Busca-se, também, reforçar e ampliar o cumprimento da função social
da UEL, pela valorização da inserção de segmentos populacionais em espaços de produção
intelectual, acadêmica, formativa, profissional e técnica.

Metodologia
O projeto promove reuniões de formação quinzenais com os estudantes e
pesquisadores com discussão de temas referentes aos mecanismos de ação do racismo,
natureza e relevância das ações afirmativas, desigualdades de gênero e social na sociedade
brasileira, formas de democratização do ensino superior entre outros. Antes da pandemia,
desde abril de 2018, o projeto estabelecia as relações entre a comunidade, por meio de
visitas nos colégios de Londrina, sendo anualmente cerca de 50 unidades e 22 unidades em
outros municípios (Ibiporã, Tamarana, Rolândia e Cambé), todas escolas públicas
(atingindo um público de cerca de 3.000 alunos entre os anos de 2018 e 2019), com falas
direcionadas, em particular, aos estudantes do terceiro ano do ensino médio sobre
informações gerais, no que se refere à natureza e à relevância da Universidade Estadual de
Londrina nos cenários nacional e regional, as formas de ingresso à UEL (vestibular,
ENEM/SISU e vagas remanescentes) sistema de cotas, formas de isenção do vestibular, e
organização de palestras e oficinas para professores/as da rede pública e a construção de
uma plataforma digital (no site da Universidade, facebook e instagram) para disseminação

831
dos conteúdos e informações trabalhadas em diferentes formatos e suportes
informacionais.
Desde março de 2020, por conta da pandemia da Covid-19, foi necessário
modificar as ações do projeto, manter as reuniões de formação com a equipe,
quinzenalmente, no formato remoto, e como as escolas ficaram fechadas, criou-se um canal
no Youtube (PROPE – UEL) para organizar palestras que atendiam aos temas referentes às
visitas presenciais. Também, organizou-se uma série de podcast (com três episódios
denominados de PROPEcast) hospedada na plataforma Anchor, direcionada aos estudantes
do ensino médio, abordando temas sobre a UEL, formas de ingresso e vestibular; foram
promovidas, também, três mesas redondas no formato remoto sobre o sistema de cotas na
UEL, dois vídeos em parceria com a COM (Coordenadoria de Comunicação da UEL) e
com o SEBEC (Serviço de Bem Estar Social) sobre os mecanismos de inserção do
vestibular e a organização do sistema de cotas da UEL.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Há participação da comunidade no projeto, de várias formas, primeiramente por
meio de duas integrantes do Movimento Negro, uma como colaboradora externa e outra
como estudante de mestrado da UEL, realizando trocas entre as demandas do movimento e
as ações do projeto, há um diálogo permanente com a professora responsável pelas equipes
multidisciplinares (responsáveis por articular ações sobre os conteúdos que discutem a
diversidade) do Núcleo Regional de Londrina cujo profissional é responsável por articular
as ações do projeto com as demandas do NRE-Londrina quanto à divulgação da UEL junto
às escolas públicas. Em todas as visitas, é aplicado um questionário aos estudantes, com
intuito de avaliar as ações do projeto. No relatório de avaliação das cotas da UEL de 2019,
destaca-se a presença significativa do PROPE, como um vetor de disseminação das
informações de acesso à Universidade, junto aos estudantes ingressantes. Esse fato
demonstra que as ações do projeto estão cumprindo seu objetivo inicial.

832
Considerações Finais
Por meio do projeto de extensão em questão, a UEL contribui com o processo de
democratização do acesso ao ensino superior na região Norte do Paraná e aprimora o
exercício de sua função social. Diante do exposto, ao divulgar o sistema de cotas, as
atividades deste projeto também poderão desmistificar as confusões e interpretações
equivocadas sobre as ações afirmativas, demonstrando a importância e a necessidade de
grupos sociais em vulnerabilidade ocuparem as vagas destinadas a eles, ressaltando as
formas de lutas históricas para a conquista desses acessos para o processo de
democratização do ensino superior.

Referências
ALMEIDA, Silvio de. Racismo estrutural. Belo Horizonte: Letramento, 2018.

CAMPOS, Margarida de Cássia Campos e BRANDÃO, Jéssica Justino. A percepção de


egressos/as do sistema de cotas raciais da Universidade Estadual de Londrina quanto às
políticas permanência. Comunicações: Piracicaba-SP, v. 27, n. 3, p.21-46, 2020.

GOMES, Nilma Lino. O movimento negro educador: Saberes construídos na luta por
emancipação. Petrópolis, RJ: Vozes, 2017.

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA. Relatório Bienal (2016 – 2018)


Comissão de Acompanhamento e Avaliação da Política de Cotas da Universidade
Estadual e Londrina. Londrina, 2019.

833
O ENTENDIMENTO DAS MEDIDAS DE PREVENÇÃO À COVID-19 COMO
MEIO DE APRENDIZADO E VALORIZAÇÃO DA CIÊNCIA NA EDUCAÇÃO
BÁSICA

Área Temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Sheila Maria Brochado WINNISCHOFER
Universidade Federal do Paraná (UFPR); Pró-Reitoria de Extensão
e Cultura (PROEC/UFPR); Fundação da Universidade Federal do Paraná
(FUNPAR)
Autores: I. F. HARTMANN1; M. S. DENARDIN2; V.C. SOUZA3; A.C. MEDEIROS4; P.
P. DARIO5; S. M. B. WINNISCHOFER6.

Resumo:
A atual pandemia impactou negativamente diversos setores, especialmente o da educação
básica. A imposição repentina de medidas necessárias à prevenção e disseminação do vírus
Sars-CoV-2 geraram questionamentos acerca do entendimento das crianças quanto ao novo
modo de viver. Neste cenário, as atividades propostas pelo projeto de extensão “Pequenos
Cientistas do Mundo – a valorização da ciência no mundo pós-pandemia” foram pautadas
na construção do conhecimento científico acerca das medidas sanitárias impostas no
período de volta às aulas. Objetivou-se explorar os conceitos científicos existentes por trás
das medidas sanitárias recomendadas pelos órgãos oficiais de saúde, promovendo a
educação científica desde a infância, consolidando conhecimentos básicos já adquiridos
anteriormente pelos alunos. Neste âmbito, foram planejadas e executadas atividades
práticas pautadas no distanciamento social e no uso de máscaras, capazes de fomentar o
interesse pela ciência, mediante ações realizadas em duas instituições de ensino infantil
(crianças de 4 a 6 anos) e fundamental (crianças de 7 a 13 anos). A análise dos resultados
demonstrou que as crianças conseguiram identificar os elementos científicos presentes nos
temas abordados, assegurando a consolidação do conhecimento e despertando, desde
pequenos e de forma lúdica, o interesse pela ciência.

Palavras-chave: Educação Básica; Pandemia COVID-19; Divulgação Científica.

834
Introdução
A pandemia da Covid-19 acarretou modificações na rotina da população. A
suspensão das aulas presenciais trouxe sobrecarga para os gestores educacionais não só em
relação à condução das atividades remotas, mas também no que diz respeito à organização
das escolas para o retorno das aulas presenciais, respeitando as medidas de saneamento,
como a disponibilização de álcool gel e o uso de máscaras. Porém, mais relevante que a
disponibilidade destes materiais é a compreensão dos alunos e seus familiares acerca da
necessidade de execução dos procedimentos e protocolos sanitários recomendados pelos
órgãos oficiais de saúde para evitar a disseminação do vírus Sars-CoV-2.
Além disso, a suspensão das aulas presenciais exacerba a problemática do
abandono dos estudos. Programas de integração e recuperação da aprendizagem,
estratégias que promovam estímulo à leitura, raciocínio-lógico e matemático são essenciais
nesse período (SCHNEIDER, et al., 2020).
Diante do exposto, o presente trabalho realizou o planejamento e a execução de
atividades didáticas que abordaram os conceitos científicos existentes por trás das medidas
de saneamento recomendadas pelos órgãos oficiais de saúde, como uma forma de educação
científica, social e integrada na sociedade. Buscou-se promover a educação científica desde
a infância, consolidando conhecimentos básicos já adquiridos anteriormente pelos alunos.
As ações do projeto englobam as estratégias de Promoção de Saúde defendidas pela
Organização Mundial da Saúde – OMS, buscando o desenvolvimento de habilidades
pessoais e coletivas, visando melhoria da qualidade de vida e saúde (WHO,1986).
As atividades foram elaboradas de maneira interdisciplinar por professores das
áreas de bioquímica e química da Universidade Federal do Paraná (UFPR), alunos de
graduação e pós-graduação de diversos cursos da UFPR. Foram combinadas temáticas
relacionadas às ciências da saúde e biológicas com disciplinas básicas do Ensino
Fundamental, especificamente Ciências, Matemática e Português, de modo que as
atividades reforcem os saberes específicos e sociais das crianças. As ações realizadas
possibilitaram uma abordagem interdisciplinar entre ensino-pesquisa-extensão na
elaboração das atividades integrando conteúdos pautados no saber científico.

835
Metodologia
A execução das atividades foi realizada entre os meses de março a julho de 2021
em duas escolas, sendo a CEI-Catavento, instituição privada, com 28 alunos entre 3 e 6
anos que estavam em atividades híbridas, e o Centro Assistencial Educacional Pe.
Giocondo (CAEPG), instituição pública, com 34 alunos entre 7 e 13 anos que estavam em
atividades remotas. Foram elaborados vídeos, teatro de fantoches, histórias em quadrinhos
e protocolo das atividades práticas, sendo que todo o material produzido foi previamente
discutido com a equipe pedagógica de ambas as instituições. O contato com as famílias em
sistema remoto ocorreu via Google Formulário ou Whatsapp. Foram executadas atividades
contemplando o entendimento sobre as medidas de proteção à Covid-19, voltadas para o
distanciamento social e o uso de máscaras. A dinâmica das atividades envolveu a
elaboração de hipóteses pelas crianças diante do tema apresentado, a problematização e
execução da prática experimental, seguido de discussão do resultado observado.
O distanciamento social foi abordado por meio de experimento que utilizou água
misturada a corante alimentício borrifada (uma comparação às gotículas expelidas na
respiração, fala, espirro etc.) contra coletes de papel Kraft ou folhas em branco, em
diferentes distâncias medidas por barbantes (entre 0,5 e 2,0 m). As crianças criaram
hipóteses a respeito da distância segura para proteção contra a Covid-19. As crianças de 7 a
13 anos também realizaram exercícios de proporção entre as medidas de distância.
Para demonstrar a eficiência e importância do uso das máscaras foi proposto que as
crianças observassem as diferentes porosidades de tecidos de algodão e TNT com o auxílio
de lupa e microscópio ótico. Para as crianças de 4 a 6 anos foi realizado um experimento
adicional utilizando uma peneira (alusão à porosidade das máscaras), arroz (às partículas
virais) e farinha (ao ar). Para as crianças de 7 a 13 anos, o conceito de hidrofobicidade
também foi abordado, observando a dispersão do corante em água e óleo, além de
borrifarem água com corante alimentício em máscaras de algodão e de TNT.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Participaram da atividade do distanciamento social 64,3% (18/28) das crianças de 3
a 6 anos e 17,6% (6/34) das de 7 a 13 anos. Em ambos os grupos, as crianças criaram

836
hipóteses coerentes sobre a distância entre o borrifador e o/a colete/folha e o quanto
este/esta seria atingido/a pelo líquido com corante. Todas as crianças do primeiro grupo
concluíram que é necessário manter pelo menos 1,5 m de distância das pessoas para evitar
a contaminação com gotículas de secreções; na segunda instituição 20% (1/5), 20% (1/5) e
60% (3/5) das crianças afirmaram que a distância necessária era de 1,0 m, 1,5 m, 2,0 m,
respectivamente. Na atividade da proporção entre as medidas, 80% (4/5) identificaram que
o barbante de 1 m equivale a dois de 50 cm e 66,7% (4/6) que um de 1,5 m equivale a três
de 50 cm e que um de 50 cm é igual a 5 de 10 cm.
A atividade das máscaras contou com a participação de 92,9% (26/28) das crianças
de 4 a 6 anos e 55,9% (19/34) das crianças de 7 a 13 anos. Todas as crianças registraram
poros maiores ou mais numerosos no tecido de TNT em comparação ao algodão. As
crianças visualizaram que o arroz (vírus) fica retido na peneira (máscara) e a farinha (ar)
não, e por último, as crianças de 7-13 anos hipotetizaram que o corante dissolve melhor na
água (60,0% - 3/5), e 80% (4/5) responderam que o algodão retém mais água que o TNT.
O planejamento, construção e busca por estratégias na realização das atividades
contribuíram para o desenvolvimento dos alunos de graduação e pós-graduação que
participam do projeto, por meio da transformação do saber científico adquirido na
Universidade para uma linguagem acessível à população da comunidade envolvida,
aproximando e significando a função da instituição pública de ensino como agente
transformadora em aspectos sociais e conscientizadores.

Considerações Finais
Os instrumentos e abordagens foram didáticas e compreendidas pelo público alvo,
proporcionando maior conhecimento dos aspectos científicos que fundamentam as medidas
protetivas contra a Covid-19. Os participantes identificaram e reconheceram a ciência
como elemento fundamental das medidas sanitárias, contribuindo para a qualidade de vida
na comunidade. Foi perceptível o estímulo à curiosidade, a reflexão sobre conceitos e o
interesse pela divulgação científica, contemplando os objetivos do projeto. A limitação ao
acesso à internet justifica a baixa adesão das crianças no modelo remoto.

837
Referências
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Ottawa Chapter for Health Promotion. First
International Conference of Health Promotion. Ottawa: WHO, 1986.

SCHNEIDER A, SANTOS A, COSTIN C, BONFIM RTW. Educação na Pandemia: O


retorno às aulas presenciais no contexto da pandemia da Covid-19: contribuições para o
debate público. Associação Todos pela Educação, 2020.

838
O MUNDO MÁGICO DA LEITURA: DAS AÇÕES PRESENCIAIS NA ESCOLA
PARA EXTENSÃO REMOTA NO ANO DE 2020

Área Temática: Educação


Coordenador(as) da atividade: Rosangela Valachinski GANDIN e Luciana FERREIRA
Universidade Federal do Paraná - UFPR
Autores: Rosangela Valachinski GANDIN1; Luciana FERREIRA2; Juçara de Oliveira
PINHEIRO 3; Rafaela Valachinski GANDIN4; Vitoria Maximiano TERNOVSKI5.

Resumo:
O objetivo é apresentar as ações do Mundo Mágico da Leitura desenvolvida remotamente em
2020 e em 2021, isto é, a publicação de Sessões de Contação de História e de Sessões de
Leitura compartilhada na página do facebook, no youtube e no instagram do programa de
extensão. Após a seleção de textos, planejamento da contação de história e/ou da leitura
compartilhada não síncrona, foram criados 27 vídeos sendo publicados 20 em 2020.
Entretanto, há 08 vídeos na fase de edição, em 2021. Todos os vídeos foram criados por
acadêmicos da UFPR Litoral. As ações remotas contribuíram com as habilidades de trabalho
em equipe, de planejamento, de diminuição da timidez, etc. Por fim, os produtos educativos
culturais publicados nos canais do Mundo Mágico da Leitura ampliaram o número de
seguidores da página do facebook e também o público alvo do programa.

Palavras-chave: Leitura; Literatura Infanto-juvenil; Produto Educativo Cultural

Introdução
O programa de extensão O Mundo Mágico da Leitura, desde a sua concepção em 2008,
vem desenvolvendo ações extensionistas articulando os atores envolvidos – servidores da UFPR
Litoral, acadêmicos de diferentes cursos da UFPR Litoral e profissionais da educação da rede
municipal de Matinhos, em prol do desenvolvimento da leitura e do letramento nos centros de

1
Rosangela Valachinski Gandin, servidora técnica-administrativa, coordenadora do programa de extensão.
2
Luciana Ferreira, servidor docente, vice-coordenadora do programa de extensão.
3
Juçara de Oliveira Pinheiro, aluna do curso de Licenciatura em Artes, bolsista da Fundação Araucária.
4
Rafaela Valachinski Gandin, aluna do curso de Licenciatura em Geografia, bolsista extensão.
5
Vitoria Maximiano TERNOVSKI, aluna do curso de Licenciatura em Artes, bolsista Extensão em 2020.

839
educação infantil e nas escolas de ensino fundamental (anos iniciais) daquela rede. Tanto é que
o Mundo Mágico da Leitura é uma parceria registrada no Plano Municipal de Educação de
Matinhos, conforme Lei 1786/15 de 30/06/15 e da estratégia 6.10 da Lei nº 1862/2016 de
21/11/16 que revisou o texto da Lei anterior. Por acreditar no conceito de autor-contemplador
de Bakhtim (2011), no processo de aprendizagem de Piaget (1964) e de Vigotsky (1984) ” e
também porque Kleiman (2011) afirma que ler é entender um texto, o objetivo que direciona as
ações é: “contribuir para o exercício da cidadania por meio da parceria educacional entre a
UFPR Litoral e a escola pública, no desenvolvimento da leitura e do letramento”.
Por isso, o programa oferece aos estudantes universitários uma prática extensionista
capaz de contribuir com a formação deles em uma equipe multidisciplinar, além de oferecer
campo para trabalhos de conclusão de curso, o que vem já acontecendo, e para pesquisa, como
é o caso da tese de Gandin (2021).
Enfim, por 11 anos consecutivos (2009 – 2019) o programa ofertou aos centros de
educação infantil, às escolas do ensino fundamental (anos iniciais) e também para uma escola
estadual do município de Matinhos, Sessões de Dramatizações/Teatro de Fantoche e Sessões
de Leitura abordando diferentes temas e colocando a Literatura Infantil de maneira
transdisciplinar no currículo escolar, assim como também aconteceram Sessão de
Dramatização e de Leitura específica sobre o tema Promoção da Saúde, ora utilizando
literatura infantil na primeira e textos informativos e argumentativos na segunda. As sessões
eram planejadas e executadas por acadêmicos dos cursos da UFPR Litoral.
Contudo, por força da pandemia, em 2020 o Mundo Mágico da Leitura passou a
planejar, produzir, editar e publicar Sessões de Contação de História e Sessões de Leitura
Compartilhada na página do facebook do programa e também no canal do youtube e no
instagram, criados com esta finalidade em 2020. Portanto, o objetivo deste é apresentar as
atividades extensionista desenvolvida remotamente em 2020 e que continuam em 2021.

Metodologia
Para dar continuidade à extensão durante a pandemia de 2020, primeiramente tinha-se
como objetivo criar “produtos culturais” que pudessem ser expostos pós-pandemia. Porém
durante o curso de capacitação “Lendo as Entrelinhas”, os acadêmicos (bolsistas e voluntários)

840
propuseram criar, produzir, editar e publicar vídeos de contações de histórias e de leitura
compartilhada a partir dos assuntos abordados naquele curso, isto é, planejamento da leitura e
adaptação de textos narrativos em texto teatral. As atividades seguiram as seguintes etapas:
seleção do texto de literatura infantil, considerando as preferências das crianças e os temas
solicitados pelas escolas e centros de educação infantil parceiros; estudo do texto aplicando
estratégia de leitura da autora Isabel Solé (1998); planejamento da contação de história (cenário,
figurino, personagens, vozes para os personagens) para Sessões de Contação História;
planejamento para Sessões de Leitura Compartilhada não síncrona, isto é, o momento adequado
em que a leitura será interrompida para que o mediador de leitura possa se dirigir ao público e
realizar perguntas condutoras de inferência e demais estratégias cognitivas e metacognitivas que
envolvem a compreensão leitora; apresentação do planejamento para equipe do programa que,
por sua vez, serviu como “ensaio” antes da gravação do vídeo; envio do vídeo para equipe de
edição do programa; e por último, o tratamento do vídeo para posterior publicação.

Desenvolvimento e processos avaliativos


A partir da metodologia de trabalho, em 2020 foram criados 27 produtos educativos
culturais, sendo que 20 foram publicados naquele ano e estão disponíveis: no facebook
Programa de extensão O Mundo Mágico da Leitura | Facebook, no canal do youtube com o
título Programa de extensão O mundo mágico da leitura e no instagram com o título
mundomagico.leitura, conforme quadro a seguir:

QUADRO 01 – PRODUTOS EDUCATIVOS CULTURAIS DESENVOLVIDOS EM 2020 E 2021 NA


MODALIDADE EXTENSÃO REMOTA.
PRODUTOS EDUCATIVOS CULTURAIS DESENVOLVIDOS EM 2020 E 2021 NA
MODALIDADE EXTENSÃO REMOTA
DESCRIÇÃO 2020 2021*
Pandemia – vídeos no facebook, youtube e instagram publicados 20 -
Pandemia – vídeos encaminhados para edição 07 01
Pandemia – estudo de texto para criação do Produto Educativo Cultural 09
Total 27 10
FONTE: Mundo Mágico da Leitura (2021).
*Dados obtidos até a data de 30/06/2021.

841
Entretanto, há 08 vídeos produzidos que se encontram na fase de edição, portanto,
estão sendo tratados pela equipe de edição e com previsão de publicação ainda em 2021, assim
como estão sendo planejados 09 vídeos para futura edição, em 2022.
Salienta-se que foram utilizados os dados acumulados do período 2009 – 2019, sobre a
preferência temática das crianças e os apontamentos dos professores, no momento da seleção
dos textos o que, por sua vez, auxiliou a equipe multidisciplinar composta por acadêmicos do
curso de Licenciatura em Artes, Licenciatura em Geografia, Licenciatura em Linguagem e
Comunicação e Bacharelado em Serviço Social, todos coordenados por professora da área de
Artes Visuais e pela pedagoga do setor Litoral da UFPR.
Enfim, a leitura, a literatura e as atividades das etapas são guias que moveram a
aprendizagem da equipe do programa, contribuindo com o desenvolvimento de diferentes
competências e habilidades, ou seja: diminuição da timidez; aprendizagem do planejamento da
leitura, independente do curso superior; elaboração de cronogramas para facilitar o trabalho,
capacidade de interagir em equipe, entre outras não citadas.

Considerações Finais
Destaca-se que a ação extensionista desenvolvida remotamente ampliou a extensão do
público alvo do programa, uma vez que os produtos educativos culturais estarão disponíveis
para centros e educação infantil e escolas para além da rede municipal de Matinhos, principal
parceiro do programa. Estuda-se manter as ações, que atualmente são remotas, em um novo
projeto vinculado ao programa.
Por ora, pode-se afirmar que a atividade remota ampliou o número de seguidores da
página do facebook, tendo em vista que em 21/08/2020 o número era 432, passando a ser 692
na data de entrega do relatório anual de atividades e por último, em julho de 2021 a página
possui 708 seguidores.

Referências
BAKHTIN, M. M. Estética da criação verbal. Tradução de Paulo Bezerra. 6. ed. São
Paulo: Martins Fontes, 2011.

842
GANDIN, R. V. Professores escritores de contos de aventuras: aprender a escrever para
saber ensinar. 2021. 352 p. Tese (Doutorado em Educação) – Setor de Educação,
Universidade Federal do Paraná, 2021. No prelo.

KLEIMAN, Â. Texto e leitor: Aspectos cognitivos da leitura. 14. ed. Campinas, SP:
Pontes Editores, 2011.

PIAGET, J. Seis estudos de psicologia. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1964, pág. 1-61.

SOLÉ, I. Estratégias de leitura. Tradução Claudia Schilling. 6. ed. Porto Alegre, Artmed, 1998.

VIGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984.

843
O PLANO MUNICIPAL DE TURISMO COMO INSTRUMENTO DE
APRENDIZAGEM NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO EM TURISMO

Área Temática: Educação


Coordenadora: Maria Emília Martins da Silva GARBUIO
Instituto Federal Catarinense - Campus Avançado Sombrio (IFC)
Autores: Luciana Silva GIRELLI 1; Fernanda Dias Silva PINTO 2

Resumo:
A disciplina de planejamento e organização do turismo prepara os acadêmicos do ensino
superior de Turismo para o planejamento dos espaços rurais e urbanos, reais e potenciais,
por meio da compreensão de políticas públicas integradas aos preceitos teórico-práticos. O
objetivo do projeto foi promover, aos acadêmicos, a vivência in loco por meio do
levantamento de dados, exposição de diagnóstico e sugestões para o turismo de Sombrio
(SC) e, ao município, a contrapartida como laboratório de ensino. Foi adotada a
metodologia do Ministério do Turismo (Mtur), denominada inventário da oferta turística
(INVTUR) como base para a elaboração do Plano Municipal de Turismo (PMT). Os
resultados apontaram potencial para o segmento do turismo de compras e a contribuição
efetiva do aprendizado teórico-prático aos acadêmicos que vivenciaram a experiência no
núcleo receptor.

Palavras-chave: Desenvolvimento; Turismo; Plano Municipal; Prática Pedagógica.

Introdução
O desenvolvimento turístico no país tem permeado a construção de políticas
públicas para o setor, auxiliada pelo ensino superior em Turismo e/ou Hospitalidade. A Lei
Geral do Turismo, n. 11.771/2008 (BRASIL, 2008) reforça a necessidade do planejamento
em nível municipal, o que prevê a qualificação de mão-de-obra e a interlocução com
instituições de ensino. Uma das possibilidades de intervenção nos núcleos receptores se dá
pelo estabelecimento de parcerias com escolas de turismo, prática consagrada desde 1970,

1
Luciana Silva Girelli, monitora da Disciplina de Planejamento e Organização do Turismo.
2
Fernanda Dias Silva Pinto, acadêmica do Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Turismo.

844
onde os chamados “municípios-laboratório” que oferecem a oportunidade para esse tipo de
trabalho acabam sendo favorecidos pelo recebimento de uma consultoria [...] (ALMEIDA,
2006, p. 75). Considerando a necessidade em cumprir os requisitos do Projeto Pedagógico
(2017) do Curso Superior de Tecnologia em Gestão do Turismo, para a oferta da disciplina
de Planejamento e Organização do Turismo I e II (POT), firmou-se convênio com o
município de Sombrio para a elaboração do PMT, viabilizado como projeto de extensão.
O PMT é um dos instrumentos exigidos pelo MTur aos municípios que almejam se
integrar ao Mapa do Turismo Brasileiro. Logo, além de favorecer o cumprimento desta
exigência, a atividade é requisitada como prática pedagógica. Assim, este projeto integra
ações entre ensino, pesquisa e extensão. Por conseguinte, o objetivo do projeto foi o de
promover, aos acadêmicos, a prática de vivência in loco por meio do PMT de Sombrio
(SC).
Metodologia
O PMT é o resultado prático da disciplina de POT. A preferência do município-
laboratório para o estudo foi estabelecida mediante contato da Prefeitura Municipal de
Sombrio ao IFC, solicitando cooperação técnica e apoio institucional para a realização do
referido trabalho. Ruschmann (2001, p. 73) defende a "parceria entre núcleos turísticos e as
instituições de ensino para o desenvolvimento de planos municipais de turismo'' (Figura 1):

Figura 1 – Metodologia do Plano Municipal de Turismo desenvolvido pelo IFC

Fonte: Autoras, 2021.

845
A metodologia apresentada seguiu os preceitos de Ruschmann (2016) e Mtur
(2011).

A prática pedagógica e a interlocução com a comunidade


A articulação com a Diretoria de Turismo foi fundamental para a concretização do
trabalho. A seguir, as etapas inerentes ao projeto foram baseadas no modelo de Ruschmann
(2001), adaptadas para a realidade local:
a) Contato Preliminar e Concretização do Acordo de Cooperação Técnica;
b) Apresentação da Equipe Técnica e Objetivos do PMT à comunidade;
c) Levantamento de dados que compõem o inventário da oferta turística;
d) Oficina Técnica com representantes do trade - análise SWOT;
e) Elaboração do diagnóstico, prognóstico turístico e definição de programas.
A primeira reunião entre as instituições realizou-se em 17 de março de 2021 e a
oficialização do município-laboratório em 04 de maio de 2021. O levantamento de dados
da oferta turística deu-se em 15 de maio a 29 de junho, com 229 estabelecimentos.
Seguiram-se os protocolos de segurança da Covid-19 conforme determinação.

Figura 2 - Acadêmicos em pesquisa in loco, no levantamento de dados do INVTUR.

Fonte: Arquivos do projeto, 2021.

846
A gestão do turismo por meio da integração ensino, pesquisa e extensão
O impacto da extensão evidenciou-se no despertar dos comerciantes sobre as
oportunidades que o turismo pode gerar. A sensibilização contribuiu para ampliar a visão
sobre o turismo e sua profissionalização, pois, somente com a aceitação dos residentes, ele
se consolida. Paralelamente, a presença de estudantes (IFC) para o desenvolvimento de
políticas públicas municipais visando atingir os ODS/ONU (Objetivo 11 - Cidades e
comunidades sustentáveis) consolida seu papel de IES preocupada em atuar para além do
ensino, com ações de extensão junto a comunidade e arranjos produtivos locais.

A contribuição da disciplina de POT para a formação do estudante de Turismo


Ansarah (2002) reflete a necessidade da vivência na elaboração de planos de
desenvolvimento turístico municipais, trabalho que deve "propiciar aos alunos a
experiência de um processo de planejamento, de forma real [...]” (2002, p. 33). Buscou-se
identificar a contribuição da disciplina de POT para os acadêmicos da graduação em
Gestão de Turismo, que atuaram como técnicos do PMT. Para isso, realizou-se uma
pesquisa com 20 estudantes no período de 12 a 23 de julho de 2021, cujos resultados se
ilustram na Figura 3.

Figura 3 – Considerações dos acadêmicos sobre a disciplina de POT / Curso de Gestão de Turismo.

Fonte: Autoras, 2021.

A correlação que os estudantes fizeram entre a teoria com a prática e, a importância


para sua apreensão das ferramentas de planejamento turístico demonstra, o quão
importante se faz a interdisciplinaridade e o estímulo ao desenvolvimento de novas
capacidades (BORDENAVE; PEREIRA, 1994, apud ALMEIDA, 2006).

847
Considerações Finais
O trabalho desenvolvido consolidou ainda mais o vínculo existente entre sociedade,
IFC e poder público. Seu objetivo, o de promover, aos acadêmicos, a prática de vivência in
loco por meio do PMT de Sombrio (SC) foi atingido. As etapas inerentes à elaboração do
PMT foram conduzidas com a participação dos moradores, sempre assessorada pelos
acadêmicos. As propostas de projetos levaram em consideração a realidade econômica do
município e seus recursos naturais e culturais. Espera-se que o município se utilize deste
plano para aprimorar o turismo local. Além disso, é notório como a experiência pedagógica
contribui para a valorização do egresso em Gestão de Turismo.

Referências
ALMEIDA, M. V. de. O ensino de planejamento turístico nos cursos superiores de
turismo: reflexões e recomendações para a prática pedagógica. In: RUSCHMANN, D.;
SOLHA, K. T. (org). Planejamento turístico. Barueri, SP: Manole, 2006. p. 66 - 88.

ANSARAH, M. G. DOS R. Formação e capacitação do profissional em turismo e


hotelaria: reflexões e cadastro das instituições educacionais no Brasil. São Paulo: Aleph,
2002.

BRASIL. 2008. Lei n° 11.771 de 17 de setembro de 2008. Disponível em:


http://www.camara.gov.br. Acesso em: 27 jul. de 2021.

INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE. Projeto Pedagógico do Curso Superior de


Tecnologia em Gestão de Turismo. Sombrio, 2017.

RUSCHMANN, D. Turismo e planejamento sustentável: a proteção do meio ambiente.


Papirus editora, 2016.

848
OBSERVATÓRIO DA SOCIOEDUCAÇÃO: PROMOÇÃO DA CIDADANIA DE
ADOLESCENTES E JOVENS

Área Temática: Educação


Coordenador da atividade: Maurício PERONDI
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Autores: A. L. VARGAS OLIVEIRA 1; M. KOVASKI DE AGUIAR 2; J. PEREIRA
BORTOLUZZI 3; J. EIFLER SILVA MACHADO 4; R. RIBAS MOREIRA 5

Resumo:
O trabalho apresenta as ações desenvolvidas pelo Observatório da Socioeducação,
integrante do Centro Interdisciplinar de Educação Social e Socioeducação-CIESS, da
Faculdade de Educação da UFRGS. Seus objetivos são: sistematizar dados sobre as
medidas socioeducativas, promover formação para agentes sociais que atuam na área e
contribuir para o desenvolvimento regional da socioeducação no Rio Grande do Sul.
Desenvolveu uma metodologia colaborativa online, através de reuniões, encontros de
formação e construção de conhecimentos sobre a socioeducação. Teve como resultados
principais: o início de um banco de dados do Programa de Prestação de Serviços à
Comunidade; a criação de redes sociais digitais e de um repositório digital aberto à
comunidade; a seleção para a realização de uma consultoria para a criação de um
Observatório Estadual da Socioeducação, em parceria com a Secretaria de Justiça e
Direitos Humanos do Estado. Tais ações contribuíram para a estruturação do campo
socioeducativo, tendo em vista a promoção da cidadania de adolescentes e jovens que
cometeram ato infracional.

Palavras-chave: Socioeducação; Cidadania; Adolescentes.

1
Anna Luiza Vargas Oliveira, aluna, Curso de Pedagogia.
2
Mariana Kowaski de Aguiar, aluna, Curso de Pedagogia.
3
Joana Pereira Bortoluzzi, aluna, Curso de Biblioteconomia.
4
Joana Eifler Silva Machado, aluna, Curso de Pedagogia.
5
Rafael Ribas Moreira, aluno, Curso de Ciências Sociais.

849
Introdução
O Observatório da Socioeducação se constitui como um grupo interdisciplinar de
pesquisa e de extensão, que visa potencializar a produção, a troca e a difusão do
conhecimento científico sobre socioeducação e temas relacionados, tais como
adolescência, juventude, justiça juvenil e políticas públicas voltadas para a juventude.
Atualmente, a adolescência e a juventude têm sido os segmentos de maior
vulnerabilidade social ao serem impactados por fatores tais como: a dificuldade de
conclusão de pelo menos o Ensino Médio, o recorde de desemprego juvenil, a falta de
oportunidades de políticas públicas de trabalho e, principalmente, o elevado índice de
homicídios. Um dos fatores que corrobora essa situação é que, de acordo com o Anuário
Brasileiro de Segurança Pública 2021, 54,3% das vítimas de homicídio em 2020 eram
jovens (FBSP, 2021).
Uma das áreas que que atende adolescentes é a socioeducação, que atua diretamente
com aqueles que cometeram algum ato infracional e, depois de receberem uma sentença
judicial, são designados a cumprirem uma medida socioeducativa, que pode ser de meio
aberto ou de meio fechado (BRASIL, 1990).
A Universidade Federal do Rio Grande do Sul-UFRGS é uma das unidades de
execução de medidas, que é o Programa de Prestação de Serviços à Comunidade (PPSC),
da Faculdade de Educação. Desde o seu início, em 1997, atendeu mais de 1.800
adolescentes, em seus projetos. Devido à necessidade de sistematizar e produzir dados
sobre a socioeducação no Estado do Rio Grande do Sul, no tocante aos adolescentes e
jovens que cumprem medida socioeducativa, a partir do ato infracional cometido, foi
criado o Observatório da Socioeducação.
Além do trabalho com os adolescentes o Observatório, está diretamente relacionado
a duas disciplinas da área de Educação Social da Faced/UFRGS: a) EDU 3101, Educação
Social: fundamentos e práticas (do Curso de Pedagogia); b) EDU 03031, Seminário
Educação e Movimentos Sociais (eletiva, aberta aos demais cursos da universidade). Desse
modo, procura-se estabelecer a relação entre a extensão e o ensino acerca da temática
abordada.

850
Percurso metodológico
Devido a pandemia de Covid-19, desde março de 2020 o Observatório da
Socioeducação passou a adotar uma metodologia colaborativa online, através da qual
realiza reuniões e atividades remotas, através de plataformas online, tais como Google
Meet e Mconf.
O público alvo atendido pelo projeto constitui-se de: adolescentes em cumprimento
de medida de Prestação de Serviço a Comunidade, estudantes de graduação e de pós-
graduação, agentes socioeducadores e educadores sociais de diversas instituições. Também
desenvolve atividades em parcerias com diferentes instituições sociais tais como: o
Conselho Gestor das Medidas Socioeducativas de Porto Alegre, a Frente de Enfrentamento
à Mortalidade Juvenil em Porto Alegre, o 3º Juizado da Infância e da Juventude de Porto
Alegre, o Conselho Regional de Psicologia, a Associação de Juízes pela Democracia-AJD
e a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos do RS.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Como ações desenvolvidas pelo Observatório da Socioeducação temos o grupo de
estudo interno, composto pelos seis bolsistas atuais do programa e pelo coordenador do
projeto. Este grupo de estudo visa capacitar os bolsistas sobre a temática da socioeducação,
de sua construção histórica, do estabelecimento da infância, do entendimento da criança e
do adolescente como sujeitos de direitos, dos tipos de medidas socioeducativas existentes e
da importância do aspecto pedagógico envolvidos em suas ações. O conhecimento
compartilhado neste grupo de estudos contribui para a formação acadêmica dos bolsistas,
aproximando-os de temáticas interdisciplinares e socialmente relevantes, como educação,
juventude, justiça juvenil e políticas públicas.
Outra atividade em fase de planejamento é o “Seminário sobre juventude,
socioeducação e pandemia”, sendo organizado pela equipe do programa de extensão, com
a participação de entidades e agentes convidados. Assim, temos um exemplo da
aproximação do programa de extensão com a comunidade, no caso, com a comunidade
participando do planejamento e da execução da ação, que pretende trazer experiências de

851
agentes que trabalham com medidas socioeducativas para colegas ou interessados na
temática.
A equipe de bolsistas do observatório também está trabalhando para promover as
ações do programa e divulgá-las para a comunidade em geral. Para isso, estão em
construção as redes sociais, instagram e facebook, além do lançamento de um repositório
digital do observatório, o nosso site, cujo domínio já foi criado.
A pesquisa científica está diretamente atrelada ao funcionamento de um
observatório no que tange seu papel de difusão de produção científica. Por isso, realizar
pesquisa é um dos objetivos do Observatório da Socioeducação para o segundo semestre de
2021. A pandemia do covid-19, contudo, se mostrou um empecilho para a pesquisa com
grupos focais, ideia inicial da equipe interdisciplinar do observatório, o que em nossas
reuniões nos levou a discutir a possibilidade de realizar pesquisa a partir do banco de dados
do PPSC.
Para que isso possa ocorrer, os bolsistas organizarão o banco de dados do PPSC, o
que ajudará na formação acadêmica dos bolsistas, uma vez que a universidade atua em três
eixos, ensino, pesquisa e extensão, e a sistematização de dados é um processo essencial no
fazer da pesquisa, por tanto, uma vez experiência edificante no desenvolvimento de alunos
da universidade.
Através de edital da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos do RS, o
Observatório da Socioeducação também atuará como consultor para a criação do
Observatório da Socioeducação do Estado do Rio Grande do Sul, após ter sido selecionado
pelo processo seletivo para tal.

Considerações Finais
Através das ações desenvolvidas e de outras que estão em fase de execução,
percebe-se uma ampliação do campo de atuação do Observatório. Fato notório é a sua
seleção para atuar na criação do Observatório Estadual de Socioeducação, o que aponta
para a sua capacidade em articular a produção e sistematização de dados, contribuindo para
a relação entre universidade e sociedade civil. Cabe destacar a contribuição para o

852
desenvolvimento regional, que é um dos temas do SEURS, dado que esse projeto
proporcionará um alcance estadual em suas atividades.
Através da criação deste Observatório, da realização de seminário sobre as
juventudes, da criação das redes sociais digitais e de um repositório online de subsídios
sobre a socioeducação, o projeto demonstra a sua contribuição para uma atuação social
mais eficiente junto aos adolescentes e jovens. Possibilita também que se tenha dados e
conhecimentos mais efetivos para a garantia de direitos e para a promoção da cidadania
desse segmento tão estigmatizado e com tamanha vulnerabilidade social.

Referências
BRASIL. ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei Federal n. 8069, de 13 de
julho de 1990.

FBSP – FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. Anuário Brasileiro de


Segurança Pública 2021. Brasília: 2021.

853
OFICINAS DE BRINQUEDOS: INTEGRAÇÃO ENTRE UNATI E DOCENTES
EM FORMAÇÃO

Área Temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Sandra Regina Cassol CARBELLO
Universidade Estadual de Maringá (UEM)
Autores: A. JAVORSKI 1; H. REZENDE 2; P. FREITAS 3; T. COSTA 4.

Resumo:
Este trabalho trata sobre a integração entre jovens acadêmicas do curso de Pedagogia/UEM
e idosos alunos da UNATI/UEM, a partir de oficinas de brinquedos que são realizadas
após roda de conversas sobre as memórias e experiências de infância da/os unatiana/os.
Nos respaldamos nos estudos de Kishimoto (2012) e Vellas (2009) para organizar
encontros semanais que integram as duas gerações, estimulam o diálogo e trabalham para a
preservação e valorização das memórias da/os unatiana/os. As oficinas fazem parte das
atividades de um projeto de extensão que visa estimular os estudos sobre o direito ao
brincar e fortalecer os espaços para as relações intergeracionais. Em tempos de pandemia,
os encontros aconteceram virtualmente e o/as unatiano/as aceitaram o desafio de
confeccionar os brinquedos, com materiais disponíveis em casa, compartilhando via fotos,
vídeos ou textos os modos de fazer e brincar. Considera-se que os momentos de oficinas de
brinquedos foram importantes para que as duas gerações se aproximassem, trocassem
experiências, conhecimento e memórias, aprendendo uma com a outra.

Palavras-chave: Memórias; Relações Intergeracionais; Oficinas De Brinquedos.

Introdução
Este texto discorre sobre uma das atividades desenvolvidas no Projeto de Extensão:
“Bola de Meia, Bola de Gude...: de conversas sobre memórias de brinquedos, jogos e

1
Ana Carolina de Oliveira Javorski, acadêmica do 4º ano do curso de Pedagogia/UEM.
2
Heloisa Maria Ribeiro Rezende, acadêmica do 4º ano do curso de Pedagogia/UEM.
3
Pamela Porto de Freitas, acadêmica do 4º ano do curso de Pedagogia/UEM.
4
Tamires Caroline da Costa, acadêmica do 4º ano do curso de Pedagogia/UEM.

854
brincadeiras à interação pedagógica com alunos da educação básica” organizado na
Universidade Estadual de Maringá/UEM em parceria com aluna/os da Universidade Aberta
à Terceira Idade/UNATI e acadêmicas do curso de Pedagogia/UEM. O projeto, em 2019,
dividiu-se em duas fases: no primeiro semestre foram realizados estudos sobre a
importância do brincar, pautados em Kishimoto (2012), e sobre os direitos do idosos, a
partir do Estatuto do Idoso, e os direitos das crianças, apresentados no Estatuto da Criança
e do Adolescente. Além disso, foram executadas oficinas de confecção de brinquedos, os
quais valorizavam as memórias de infância da/os unatiana/os. No segundo semestre, as
atividades concentraram-se nas idas às escolas, em que ocorriam o compartilhamento dos
brinquedos e dos jogos confeccionados e dos diferentes modos de brincar, pensar e ver o
mundo, uma verdadeira troca de conhecimentos entres gerações.
Vellas (2009) ressalta a importância da integração entre os jovens e os idosos e a
inserção destes em espaços sociais diversificados. Nesse trabalho o foco são as oficinas de
brinquedos, suas características e relevância para o convívio e o fortalecimento do
relacionamento entre as duas gerações: juventude e terceira idade, ambas com experiências
de vida distintas, o que proporcionou uma transferência rica de conhecimento e afeto entre
ambos. Em consonância com França, Silva e Barreto (2010), esse contato entre gerações é
necessário para que se aproximem e aprendam com as habilidades e conhecimentos do
outro, valorizando suas experiências e saberes. As atividades lúdicas são importantes para
que essas trocas ocorram, afinal nelas têm-se o envolvimento genuíno dos sujeitos
(FRANÇA; SILVA; BARRETO, 2010) e a oportunidade de traçar novos caminhos, rumo a
uma sociedade mais compreensiva e atenta às necessidades da terceira idade.
Dessa maneira, um dos resultados do trabalho em tela é apresentar uma
possibilidade de integrar idosos e jovens numa atividade lúdica e de grande relevância para
a preservação das memórias dos unatianos: a confecção de brinquedos. Salienta-se que as
oficinas aqui relatadas continuaram a ocorrer nos momentos de ensino remoto, necessário
por conta da pandemia. Os idosos aceitaram o desafio de confeccionar os brinquedos com
materiais disponíveis em suas residências e compartilhar os modos de fazer por meio de
vídeos, fotos ou textos. Além disso, os momentos de diálogo foram intensificados, o que
permitiu uma maior aproximação entre o/as unatiano/as e as acadêmicas.

855
Metodologia
As oficinas de brinquedos realizadas no projeto de extensão foram desenvolvidas,
presencialmente, ao longo do 1° semestre do projeto na UEM e seu alicerce esteve na roda
de conversa sobre as memórias e vivências da infância do/as unatiano/as, que relatavam
sobre as maneiras de brincar e fazer os brinquedos do seu tempo.
Os brinquedos ou jogos a serem confeccionados nas oficinas eram decididos
coletivamente entre o/as idoso/as, as acadêmicas e a professora responsável pelo projeto,
em seguida, cada integrante recebia a tarefa de coletar os materiais necessários, como latas,
madeira, barbantes, retalhos de tecido, pedras, palha, entre outros. Após a coleta dos
materiais, os brinquedos eram construídos por todos os integrantes do grupo, o que se
constituiu num momento de aprendizado, de troca de conhecimentos e experiências entre
o/as unatiano/as e as acadêmicas.
Já a partir de 2020, devido ao distanciamento social necessário por conta da
pandemia, o projeto de extensão passou a realizar suas atividades virtualmente, contando
com o apoio das acadêmicas para auxiliarem o/as unatiano/as na familiarização com as
plataformas digitais, como o Google Meet. À vista disso, as oficinas de brinquedos
assumiram novo caráter, sendo realizadas pelo/as unatiano/as em suas residências com o
desafio de utilizarem os materiais disponíveis. Nesse momento, o/as idoso/as ficaram livres
para registrar a confecção por meio de fotos, vídeos ou textos e apresentarem suas
produções nos encontros semanais, espaços valiosos para eles, que se sentiam acolhidos e
pertencentes ao grupo. Relatavam que a continuidade do projeto era fundamental para
organizar a rotina, as atividades da semana e combater a solidão.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Todos os momentos de confecção dos brinquedos foram liderados pelo/as idoso/as,
que mesmo em meio a pandemia ainda constroem os brinquedos e os compartilham por
meio do diálogo, dos registros escritos, fotos ou vídeos. Isso possibilitou aos unatiano/as a
sensação de pertencimento e de acolhimento, já que nas oficinas eles têm a oportunidade
de relatar a sua infância, os modos de vivê-la e as maneiras de brincar, narrando os
detalhes que facilitavam na confecção dos brinquedos e no desenvolvimento dos jogos.

856
Vellas (2009) discorre que a troca de serviços reais entre a juventude e os idosos, a
preocupação destes em serem atuais e a possibilidade de viverem sua época, permite que
haja compreensão entre as duas gerações e que os mais velhos se sintam úteis e motivados
ao adquirirem novas responsabilidades. Dessa forma, para além da elaboração dos
brinquedos, as oficinas se tornaram momentos de escuta e diálogo entre as gerações, que
tem muito a ensinar e aprender uma com a outra. Além disso, para participar do projeto os
idosos aprenderam a usar as plataformas, dialogando com as acadêmicas.
Para as acadêmicas, as oficinas se tornaram espaços de aprendizagem a respeito da
infância de outros tempos, as maneiras de brincar, os brinquedos utilizados e como eram
produzidos. Além de confeccionarem os brinquedos como o telefone de lata, o jogo das
cinco-Marias, os bonecos trapezista e malabarista, e a fazendinha de milho, por exemplo,
as alunas conheceram as histórias de cada um, aprenderam sobre a importância de
confeccioná-los e tiveram a chance de auxiliar os unatianos na busca de melhorias para o
processo de confecção. Nesse sentido, salienta-se com base em França, Silva e Barreto
(2010), que essas vivências fortaleceram os relacionamentos e a inclusão social de ambas
as gerações.

Considerações Finais
Consideramos que integrar jovens e idosos em diferentes espaços e atividades tem
muito a contribuir para a vida em sociedade, pois podem melhorar a qualidade de vida das
gerações envolvidas e auxiliar na quebra de preconceitos frente ao envelhecimento. As
oficinas de brinquedos constituíram-se em espaços que facilitam o conhecimento recíproco
entre as gerações e que resgatam práticas culturais, valorizam a amizade e ajuda mútua
entre os sujeitos, mesmo nos encontros virtuais.
Destaca-se que a integração entre gerações corrobora para o exercício da cidadania,
a garantia do direito a uma vida digna e de uma visão positiva frente ao envelhecimento.
Enfatiza-se ainda, que a terceira idade tem muito a contribuir, ensinar e aprender com as
demais gerações e que assumir novos desafios e responsabilidades auxiliam na autoestima
dos idosos e no sentimento de pertencimento a uma sociedade ou grupo, que não os
despreza, mas, ao contrário, os acolhe e oportuniza momentos de protagonismo.

857
Referências
FRANÇA, Lucia Helena de Freitas Pinho; SILVA, Alcina Maria Testa Braz; BARRETO,
Márcia Simão Linhares. Programas intergeracionais: quão relevantes eles podem ser para a
sociedade brasileira? Revista Brasileira Geriatria e Gerontologia, Rio de Janeiro, v. 13,
n. 3, p. 519-531, 2010.

KISHIMOTO, Tizuko. M. Brinquedos e Brincadeiras de Creches: manual de


orientações pedagógicas. Brasília: MEC/SEB, 2012.

VELLAS, Pierre. As oportunidades da terceira idade. Maringá: EDUEM, 2009.

858
OFICINAS INTERDISCIPLINARES REMOTAS – 1ª EDIÇÃO

Área Temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: J. A. PARRILHA DA SILVA 1; N. SILVA JUNIOR 2
Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)
Autores: A. SPANHOLI 3; C. DE TOLEDO FARIAS 4.

Resumo:
O Projeto de Extensão Oficinas Interdisciplinares Remotas é uma proposta derivada do
Programa INTERARC - Interação entre Arte e Ciência em Atividades de Extensão. Tem
como objetivo principal compartilhar e promover as relações entres a Ciência e as Artes
Visuais em formato de evento remoto. Conta com oficinas de caráter Teórico-Prático-
Interdisciplinar (TPI). O enfoque da proposta é articular conhecimentos de forma prática e
plural, divulgando conhecimento científico e interdisciplinar (SILVA; NARDI, 2017). A
proposta partiu do Departamento de Artes da Universidade Estadual de Ponta Grossa e
contou com 13 docentes dos departamentos: Artes; Biologia Geral; Matemática; Química;
Física e Jornalismo, bem como do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e
Educação Matemática – PPGECEM. A partir das reuniões entre os integrantes do Grupo de
pesquisa INTERART: Interações entre Arte, Ciência e Educação: diálogos e interfaces nas
Artes Visuais (CNPq) com os do Programa INTERARC foi definida a metodologia:
organizar eventos com oficinas com caráter TPI com enfoque na interdisciplinaridade e
foram definidas, inicialmente, 10 oficinas organizadas em dois módulos.As oficinas foram
realizadas organizadas desde dezembro de 2020e realizadas em junho de 2021, foi
organizado material, realizados vídeos (disponibilizados no canal de youtube da
GAUEPG) e, em fase de organização, está um E-book, com relato das oficinas
desenvolvidas. As oficinas proporcionaram o envolvimento dos docentes participantes do
projeto, alunos da graduação e pós-graduação e comunidade, proporcionando o acesso a
oficinas de caráter TPI a articulações entre Arte e Ciência.

1
Josie Agatha Parrilha da Silva, Docente do Departamento de Artes.
2
Nelson Silva Júnior, Docente do Departamento de Artes.
3
Andreia Spanholi, Graduanda do curso de Artes Visuais pela UPEG, pesquisadora do grupo INTERART.
4
Cássio de Toledo Farias, Egresso do curso de Artes Visuais pela UPEG, pesquisador do grupo INTERART.

859
Palavras-chave: Oficinas; Arte e Ciência; Interdisciplinaridade.

Introdução
O projeto partiu das atividades realizadas pelo grupo de extensão do INTERARC,
desenvolvidas nos encontros quinzenais remotos do grupo INTERART - Interações entre
Arte, Ciência e Educação: diálogos e interfaces com as Artes Visuais, onde houveram
discussões de cunho teórico-prático interdisciplinar (TPI). A partir de seus componentes,
Professores, graduandos, pós-graduandos e alunos extensionistas, de áreas diversas,
buscou-se uma forma de socializar o conhecimento e partilhar com a comunidade
acadêmica e geral por meio de oficinas teórico-práticas remotas, utilizando-se do ensino
remoto e das ferramentas disponíveis, e a adaptabilidade ao modo remoto devido a
pandemia do COVID-19.

Metodologia
Para realização do evento de extensão a proposta partiu das reflexões teórico-
práticas realizadas pelo grupo INTERARC, levando em conta as discussões e pesquisas de
cada participante apresentadas nas reuniões quinzenais do grupo INTERART. Com o
objetivo de partilhar conhecimento de cunho Teórico-Prático Interdisciplinar (TPI) em
formato de oficinas remotas que relacionem Ciência e Artes Visuais (JAPIASSU, 1976);
bem como de divulgar o conhecimento científico e as propostas desenvolvidas pelos
participantes do grupo INTERARC (professores, alunos da graduação e pós-
graduação).(LABURU; ARRUDA, 2015)

Desenvolvimento e processos avaliativos


Todas as 10 oficinas dos módulos I e II contemplaram a interdisciplinaridade com
as áreas da biologia, física, química e matemática relacionando com as possíveis
articulações com as Artes Visuais. (FAZENDA, 2008) Durante o módulo I a proposta foi
possibilitar conhecimentos teórico-práticos em relação a técnicas de pintura fluída,

860
compreender os processos de anamorfose, técnicas de elaboração de trabalhos científicos, e
reflexões sobre afirmações científicas.
Durante o módulo II buscou-se compreender as relações entre cinema e ciência,
discutir a representatividade da figura do cientista no cinema, discutir uma proposta de
análise fílmica, e promover articulações entre a ciência e produções em Artes Visuais.

Figura 1 – Cartazes das dez Oficinas Teóricos práticos do INTERARC.

Fonte: Autores (2021).

Situadas entre o período de suspensão das aulas, entre 15 e 30 de junho de 2021


foram aplicadas as oficinas via Google Meet, com extensões para atividades práticas via
GoogleClassroom para os acadêmicos da graduação, pós graduação e comunidade em
geral. Durante o desenvolvimento da extensão a comunidade acadêmica e geral teve
participação muito relevante, em especial da Universidade Estadual de Ponta Grossa e

861
Universidade Estadual de Maringá. Os participantes das oficinas não se limitaram a Ponta
Grossa e região, mas também diversas localidades do Brasil, todas as oficinas propiciaram
reflexões e impacto significativo, em especial as que propuseram atividades práticas em
formato remoto, as quais obtiveram resultado significativo de retorno das produções
visuais dos participantes. Ao término das oficinas todos os acadêmicos envolvidos
puderam ter uma perspectiva ampla de alternativas do ensino remoto, mas principalmente,
refletir sobre as possíveis articulações das ciências com as Artes Visuais, em especial,
discutir a relação da produção artística/científica utilizando o exemplo do laboratório/ateliê
nas discussões de cunho TPI, divulgando o conhecimento científico e a
interdisciplinaridade.

Considerações Finais
As oficinas obtiveram retorno extremamente positivo, que pôde ser observado nas
produções dos participantes, e diálogos após a realização das oficinas, seja entre os
componentes do grupo INTERART, que puderam estreitar mais suas relações entre suas
pesquisas visando da interdisciplinaridade, e o retorno positivo da comunidade em geral
que pôde perceber articulações de forma dinâmica e prática do campo científico.
O resultado do material gravado e produzido pode ser assistido via youtube, todo o
conteúdo audiovisual está sendo disponibilizado, e está parcialmente completo no canal da
Galeria UEPG 5 (), existe uma playlist especial para cada oficina e sua continuidade no
canal do youtube. A experiência geral com as oficinas de cunho TPI aliadas ao ensino
remoto foi enriquecedora, levando em conta as dificuldades de se trabalhar a prática
artística e a articulação com as áreas da ciência, em especial química, biologia, física e
matemática. Promoveu reflexões sobre a interdisciplinaridade e o conhecimento científico,
suas articulações e relações com as Artes Visuais e a ciência, relacionados ao eixo temático
do evento.
Ao propor um evento de extensão que combinava diferentes áreas da ciência,
graduandos, pós-graduandos e articulando com a comunidade em geral, pôde-se traçar

5
CANAL GAUEPG - https://www.youtube.com/channel/UCSiKUwWr77uXCIkMthb6vIA

862
reflexões relevantes para o conhecimento científico e sua relação interdisciplinar com as
Artes Visuais como um todo. Utilizando o formato remoto de oficinas TPI, tornou
acessível o conhecimento de forma prática e dinâmica, possibilitando grande acessibilidade
e participação.

Referências
FAZENDA, I. O que é interdisciplinaridade? São Paulo: Cortez, 2008.

JAPIASSU, H. Interdisciplinaridade e Patologia do saber. Rio de Janeiro: Imago, 1976.

LABURU, C.E.; ARRUDA, S.M.; NARDI, R. Pluralismo metodológico no ensino de


ciências. Revista Ciência e Educação, v. 9, n. 2, p. 247-260, 2003. Disponível em: .
Acesso em: 25 maio 2015.

SILVA, J. A. P.; NARDI. R. Arte e Ciência na Lua: interdisciplinaridade e formação de


professores. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2017.

863
OS DESAFIOS DA ADAPTAÇÃO DAS AÇÕES EXTENSIONISTAS DEVIDO À
PANDEMIA: REFLEXÕES SOBRE UM PROJETO DE CINOTERAPIA

Área Temática: Educação


Coordenadora da atividade: Renata Gomes CAMARGO
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Autores: D. S. POTGURSKI 1; R. G. CAMARGO 2; L. Z. SARZI 3

Resumo:
O conceito de Cinoterapia pode ser compreendido como ações mediadas com cães, nas
quais se baseiam as práticas desenvolvidas no projeto “Proposta de atividades mediadas
por animais no Colégio de Aplicação”. O objetivo desta pesquisa é analisar o processo de
modificações e adequações desse projeto para o formato de atividades extensionistas não
presenciais. Este artigo segue a abordagem qualitativa e os dados foram interpretados com
base na Análise de Conteúdo (BARDIN, 2011). As práticas aqui descritas ilustram as
ferramentas utilizadas pela equipe para o desenvolvimento dos encontros do projeto na
modalidade virtual, a criação de uma página no Instagram, grupos no WhatsApp e
divulgação dos resultados obtidos por meio de participação em eventos. Assim, verifica-se
que as adaptações se mostram favoráveis, uma vez que os resultados advindos atendem as
necessidades dos estudantes público-alvo.

Palavras-chave: Intervenções Assistidas Por Animais; Extensão; Escola.

Introdução
As Intervenções Assistidas por Animais (IAA) mediadas com cães dizem respeito
às atividades e/ou terapia mediada por cães, como uma alternativa de trabalho (DUQUE,
2011). São desenvolvidas IAA no Colégio de Aplicação (CA), da Universidade Federal de
Santa Catarina (UFSC), via projeto de pesquisa e extensão intitulado “Proposta de
Atividades Mediadas por Animais no Colégio de Aplicação a partir da Cinoterapia”.

1
Dayane Stephanie Potgurski, aluna [Fonoaudiologia], bolsista PIBIC.
2
Renata Gomes Camargo, docente [Colégio de Aplicação].
3
Luana Zimmer Sarzi, docente [Colégio de Aplicação].

864
As atividades são planejadas por uma equipe transdisciplinar e realizadas com o
cão, que interage com os estudantes participantes, mediando a atividade, impulsionando o
seu engajamento no projeto e seu envolvimento com o ambiente escolar. Sendo assim, este
estudo objetiva analisar o processo de modificações e adequações do projeto “Proposta de
Atividades Mediadas por Animais no Colégio de Aplicação a partir da Cinoterapia” para o
formato de atividades extensionistas não presenciais, diante da pandemia de Covid-19.

Metodologia
Esse projeto é de pesquisa e extensão, os dados relativos às ações extensionistas
embasam este artigo, são voltadas às crianças e adolescentes com alterações de linguagem
verbal, fala e/ou dificuldades de aprendizagem. Ressalta-se que está aprovado no Comitê
de Ética e Pesquisa e na Comissão de Ética no Uso de Animais. Frente à situação atual de
pandemia, em razão do novo Corona vírus (COVID-19), suspendeu-se as atividades
presenciais da UFSC em 2020, assim como as atividades do CA/UFSC.
Desta forma, mantendo-se a finalidade do projeto de pesquisa e extensão, as
atividades foram adaptadas às atividades pedagógicas não presenciais (APNPs) para
cumprir os seus objetivos. Este artigo embasa-se na abordagem qualitativa, caracterizando-
se como uma investigação descritiva, utilizando para a apreciação dos dados a análise de
conteúdo (BARDIN, 2011).

Desenvolvimento e processos avaliativos


Para sistematizar essa nova forma de trabalho nas APNPs, o projeto passou a
utilizar-se ferramentas como: Google Drive para desenvolvimento e compartilhamento dos
trabalhos desenvolvidos e as plataformas RNP e Moodle para as reuniões semanais de
orientação e acompanhamento das atividades. Além disso, para sanar dúvidas pontuais em
relação às tarefas a serem cumpridas na semana, criou-se um grupo no aplicativo
WhatsApp, composto por todos os membros da equipe do projeto. Este aplicativo mostrou-
se útil devido à sua rapidez na entrega da informação, facilitando o diálogo entre a equipe e
possibilitando que os participantes atuassem de forma integrada dentro da organização
(SANTOS, 2018).

865
Entende-se o contexto relativo aos desafios de atuar nas APNPs, que se apresentou
como novidade para docentes e alunos, diante de conciliações com outras
responsabilidades no dia a dia e desafios no processo de ensino-aprendizagem (BATISTA,
2020). Por esse motivo, o retorno da realização dos encontros com os estudantes do ensino
fundamental e médio, público-alvo do projeto, passou a ser realizado com cautela para com
a sua ambientação. Destinou-se atenção e cuidado a respeito do novo contexto em que os
mesmos estavam inseridos, de modo que foi respeitado um determinado tempo de
experiência com as aulas on-line, para então iniciarem-se as ações de IAA. Também se
criou um segundo grupo no aplicativo WhatsApp, com os pais e responsáveis desses
estudantes, para compartilhamento de links de acesso e recados pertinentes aos encontros.
Ao final dos encontros realizados no ano de 2020, a equipe do projeto realizou uma
análise dos resultados apresentados durante as APNPs. À medida em que se percebeu a
amplitude dos benefícios vivenciados e experiências significativas estabelecidos pela
relação dos sujeitos envolvidos entre si e, potencializadas pela presença do cão, decidiu-se
por continuar oferecendo as atividades do projeto no ano de 2021 de forma não presencial.
De modo que em encontros pontuais, os estudantes convidaram amigos de outras escolas e
até de outras cidades para participarem on-line.
Esta apresentou-se uma experiência única para a equipe, a qual constitui-se de
forma transdisciplinar composta por acadêmicos de diferentes cursos de graduação e
possibilita espaços para troca de conhecimentos, compartilhamento de olhares sob
diferentes óticas para a mesma forma de intervenção. Tendo em vista que esta diversidade
qualifica o desenvolvimento das ações, cada área contribui com o seu conhecimento
específico para o enriquecimento dos atendimentos, oportunizando benefícios tanto para os
participantes do projeto, quanto para os sujeitos que compõem a equipe, de modo que esta
vivência diferenciada poderá ser importante para o seu futuro profissional (POTGURSKI,
SARZI, CAMARGO, 2019).
Além disso, a abordagem em redes sociais foi uma alternativa encontrada, para a
criação de um espaço para divulgação das ações e dados e trocas e, com a pandemia,
tornou-se uma prioridade e uma das principais ações de extensão. Assim, criou-se uma
página na rede social Instagram, intitulada “@cinoterapiaufsc”, onde são publicados dados

866
dos estudos desenvolvidos, atividades realizadas com os estudantes, textos informativos
em relação às IAA mediadas com cães e informações pertinentes à temática do projeto.
Por fim, ressalta-se que o trabalho desenvolvido é constantemente compartilhado
com a comunidade em eventos. Destacam-se os minicursos ministrados na 18ª edição da
Semana de Ensino, Pesquisa, Extensão e Inovação da UFSC e minicurso no I Congresso de
Práticas Inclusivas na Educação, pessoas de vários estados brasileiros passaram a fazer
contato com o grupo para troca de experiências.

Considerações Finais
A partir do exposto, evidencia-se que o processo de modificações e adequações do
projeto “Proposta de Atividades Mediadas por Animais no Colégio de Aplicação a partir
da Cinoterapia” para o formato de atividades extensionistas não presenciais, tem atendido,
dentro das condições possíveis, às necessidades dos estudantes com dificuldades na
linguagem verbal e/ou atenção e/ou memória. De modo que a partir do projeto, estes
sujeitos tem o seu desenvolvimento cognitivo qualificado, fomentado pela interação social,
contribuindo assim, na ampliação de suas relações interpessoais. Além disso, o
compartilhamento dos resultados obtidos com a comunidade por meio da página na rede
social Instagram contribui para ampliação da divulgação do trabalho realizado,
aproximando o público externo às ações relacionadas à Cinoterapia e seus benefícios.

Referências
BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Tradução: Luís Antero Reto, Augusto Pinheiro
GEE, Nancy; SHELLY, Harris; JOHNSON, Kristina. The Role of Therapy Dogs in Speed
and Accuracy to Complete Motor Skills Tasks for Preschool Children. Anthrozoös,
Fredônia, v. 20, n. 4, p. 375 - 386, 2015. São Paulo: Edições, 2011.

BATISTA, Carlos. Desafios em adequar o ensino a distância em um aprendizado sem


“distância”. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed.
01, v. 10, pp. 83-95. jan.2020. Acesso em: 05 ago. 2021. Disponível em:
https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/aprendizado-sem-distancia.

DUQUE, J. A. V. Actividades y terapia asistida por animales desde la mirada del Modelo
de Ocupación Humana. Revista Chilena de Terapia Ocupacional, v. 11, n. 1, 2011.

867
POTGURSKI, Dayane Stephanie; SARZI, Luana Zimmer; CAMARGO, Renata Gomes.
Cinoterapia: práticas transdisciplinares para a qualificação do atendimento em educação
especial. In: colóquio internacional de educação especial e inclusão escolar, 2019,
Florianópolis. Anais eletrônicos, Campinas, Galoá, 2019.

SANTOS, Valdelice da Conceição. Uso do whatsapp como uma ferramenta de


comunicação interna: um estudo de caso na prefeitura de São Félix-BA. 2018. 59 f.
TCC (Graduação) - Curso de Gestão Pública, Universidade Federal do Recôncavo da
Bahia, Cachoeira, 2018. Acesso em: 05 ago. 2021. Disponível em:
https://www.ufrb.edu.br/gestaopublica/images/phocadownload/20181TCCconcluidos/SAN
TOS_Uso_Whatsapp_ferramenta_comunicacao_interna.pdf

868
PODCAST MULHERES E MENINAS NA CIÊNCIA E TECNOLOGIA: AÇÃO
INTEGRADA AO PROJETO DE GIRLS POWER IN PROGRAMMING

Área Temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Andréia MARINI
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná (IFPR)
Autores: L. M. OLIVEIRA 1; B. G. TRINDADE 2; L. N. ARAÚJO 3; H. A. TIVES 4; A.
MARINI 5.

Resumo:
O presente artigo relata a experiência da criação dopodcast Mulheres e Meninas na Ciência
e na Tecnologia, inserido entre as diversas ações associadas ao projeto de extensão Girls
Power in Programming. Até o momento já foram produzidas 3 temporadas organizadas em
18 episódios. O objetivo do podcast é transmitir conhecimento, oferecer visibilidade e
apresentar referências femininas para incentivar mulheres e meninas a ingressar em áreas
da Ciência e da Tecnologia. Os episódios do podcast são direcionados principalmente aos
estudantes da educação básica, mas estão disponibilizados para toda comunidade. A
metodologia adotada contou com elaboração de roteiros didáticos, revisão bibliográfica,
entrevistas, gravação, edição, divulgação e reuniões semanais da equipe de trabalho, sendo
que todas as atividades foram realizadas no formato remoto em decorrência do atual
período de pandemia. Cabe destacar que o processo de elaboração do material foi muito
positivo e sugere que o uso desse tipo de prática pode ser promissor para oferecer
visibilidade às mulheres atuantes nas áreas da Ciência e Tecnologia.

Palavras-chave: Exemplo Feminino; Engajamento de meninas e mulheres; Disseminação


de informação.

1Letícia Mariano de Oliveira, aluna do Curso de Bacharelado em Sistemas de Informação.


2 Bruno Guaringue Trindade, docente do Curso de Bacharelado em Sistemas de Informação.
3 Lilian do Nascimento Araújo, docente do Curso de Bacharelado em Sistemas de Informação.
4 Heloise AccoTives, docente do Curso de Bacharelado em Sistemas de Informação.
5 Andréia Marini, docente do Curso de Bacharelado em Sistemas de Informação.

869
Introdução
A educação em carreiras nas áreas da Ciência, Tecnologia, Engenharia e
Matemática (STEM) é uma das bases da Agenda 2030 para o Desenvolvimento
Sustentável (UNESCO, 2018). A participação de mulheres nestas áreas é um problema que
levou ao aumento de pesquisas, ações e debates sobre os fatores que podem promover o
interesse, a permanência e a visibilidade das mulheres em carreiras relacionadas.
O projeto de extensão Girls Power in Programming (GPP) 6 é uma iniciativa
integrada ao curso Bacharelado em Sistemas de Informação do IFPR campus Palmas que
promove oficinas, rodas de conversa, entre outras atividades, sobre assuntos específicos da
computação direcionados ao público feminino. Com a pandemia do COVID-19, novas
formas de alcance da comunidade do projeto precisaram ser elaboradas, o que incentivou a
criação do podcast Mulheres e Meninas na Ciência e na Tecnologia.
Os temas abordados nas temporadas do podcast estão relacionados à área de
tecnologia da informação e demais ciências. O projeto de criação do podcast consistiu em
usar as plataformas digitais familiares aos estudantes, e acessíveis em smartphones para
transmitir conhecimento. O podcast é dividido em vários episódios e temporadas que
tratam de diferentes histórias de mulheres importantes, inspiradoras e revolucionárias que
em muitos casos passaram por inúmeras dificuldades para conseguir realizar seus sonhos,
ou de certa maneira podem ter sido negligenciadas pela história.
Estudos sobre o uso e as atitudes dos estudantes em relação ao podcast começaram
a aparecer na literatura em 2006 (CHESTER et al., 2011). Um podcast possui vantagens
como o acesso que pode ser realizado de qualquer lugar e o conteúdo disponibilizado
contribuem para o acesso à informação para aqueles com pouco tempo para leitura e
estudos (DIEGUES; COUTINHO, 2010).

6
Financiamento: Programa Institucional de Apoio à Inclusão Social, Pesquisa e Extensão -
PIBEX/PIBIS/FUNDAÇÃO ARAUCÁRIA – Edital n.06/2020 - DIEXT/PROEPPI - Bolsista: Letícia
Mariano de Oliveira.

870
Metodologia
Pensando em abranger um público variado e inclusivo, optou-se por produzir tanto
material de cunho visual disponibilizado no Instagram do projeto 7, quanto materiais em
áudio no formato de podcast, disponibilizados on-line, assim, contemplar também pessoas
cegas ou com baixa visão.Para sua realização, foram estabelecidas estratégias definidas em
conjunto durante as reuniões, sendo elas: (1) criação de grupo de WhatsApp; (2) criação de
uma identidade visual; (3) definição da periodicidade da liberação de episódios; (4)
definição do perfil das possíveis convidadas para gravação de episódios; (5) definição dos
procedimentos e ferramentas para gravação, revisão e publicação de episódios.
As responsabilidades foram compartilhadas e as tarefas foram distribuídas entre
coordenação e integrantes da equipe executora da ação. As principais atividades
executadas pelos integrantes foram: estabelecer contato com as convidadas, divulgação dos
episódios em canais institucionais, avaliação do material produzido e o apoio nos
bastidores da transmissão. As estudantes envolvidas (bolsista ou voluntárias) colaboraram
com a criação das artes de divulgação por meio do aplicativo Canva, a descrição textual do
conteúdo dessas artes e a divulgação dos episódios em redes sociais.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Para a primeira temporada, alguns nomes de importantes cientistas listados pelas
estudantes foram escolhidos para que o podcast fosse criado e posteriormente para cada
episódio a biografia de uma dessas mulheres pesquisadas fosse gravada. Os conteúdos
foram pesquisados em livros, artigos e sites da internet, propiciando em conjunto com a
ação, a apresentação de ambientes e materiais disponíveis que possibilitam a realização de
uma pesquisa para as acadêmicas envolvidas.
Para a segunda temporada, a lista foi atualizada considerando as personagens que
as estudantes relataram de alguma maneira serem referência para seu interesse na área de
Ciência e da Tecnologia. Em seguida, as estudantes decidiram reaver histórias de

7
https://www.instagram.com/projeto.mulheres.ciencia ou @projeto.mulheres.ciencia

871
mulheres da comunidade docente, discente e convidadas, o que originou a terceira
temporada.
Na terceira temporada: “Bate-papo com Mulheres sobre suas experiências e
vivências com a Tecnologia” foram realizadas entrevistas com mulheres da comunidade
docente (2), discentes (4) e convidadas (2) para reaver momentos importantes de sua
história pessoal. A lista completa, completa com as três temporadas poderá ser acessada
diretamente na plataforma Anchor 8. Foram utilizadas algumas ferramentas para a gravação
e edição dos episódios do podcast. Para facilitar a gravação/narração dos áudios, o
gravador de um smartphone com sistema Android foi usado. O Audacity 9 foi utilizado para
realizar a edição dos áudios, sendo que para cada utilizou-se uma abertura e um
encerramento padrão com a finalidade de identificar os episódios. O Anchorfoi utilizado
para publicar o podcast. Para criar uma identidade visual mais forte, foi utilizada a
logomarca do projeto nas publicações de divulgação dos episódios em redes sociais.

Considerações Finais
Este trabalho apresentou um relato de experiência referente a criação do podcast
Mulheres e Meninas na Ciência e Tecnologia, uma das ações oferecidas pelo projeto de
extensão Girls Power in Programming. A atividade se mostrou como uma excelente
alternativa de sensibilização para estabelecer referências locais e regionais para estudantes
da Educação Básica para áreas predominantemente masculinas.
Acredita-se que a ação da criação do podcast alcançou um bom resultado no
sentido de oferecer visibilidade para mulheres atuantes nas áreas de STEM, em diferentes
níveis de formação e mulheres da comunidade local e regional. Cabe enfatizar que durante
todo o desenvolvimento da ação houve uma preocupação com o envolvimento das
discentes vinculadas ao projeto. Acredita-se que houve uma contribuição na formação das
estudantes com a oportunização de uma participação ativa e momentos de escuta às suas
percepções e contribuições.

8
Disponível em: https://anchor.fm/projeto-gpp
9
Disponível em: https://www.audacityteam.org/about/license/. Acesso em: 21 set. 2020.

872
Por fim, a ação do podcast continua ativa, com previsão de novas temporadas,
sendo que para as próximas, estudos e rodas de conversa vêm sendo pensados como
formas de incluir o relato de mais mulheres na atividade. Observa-se que ainda é necessária
uma articulação conjunta de diferentes projetos, para que seja possível fortalecer parcerias
direcionadas ao incentivo, ingresso e à permanência de meninas e mulheres nas áreas
tecnológicas.

Referências
CHESTER, A.; BUNTINE, A.; HAMMOND, K.; ATKINSON, L. Podcasting in
education: Student attitudes, behaviour and self-efficacy. Journalo Educational
Technology & Society, v. 14, n. 2, p. 236–247, 2011.

DIEGUES, V.; COUTINHO, C. P. Webrádio educativa: Produção e utilização de


podcasts em experiências educomunicativas. Prisma. com, n. 13, p. 125–147, 2010.

UNESCO. Decifrar o código: educação de meninas e mulheres em ciências, tecnologia,


engenharia e matemática (STEM). 2018. ISBN:978-85-7652-231-7. Disponível em:
https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000264691. Acesso em: 01 fev. 2021.

873
POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO DE PROJETO PSICOEDUCACIONAL NA
PANDEMIA DE COVID-19

Área Temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Rosana Aparecida Albuquerque BONADIO
Universidade Estadual de Maringá (UEM)
Autores: L. C. K. BAKOSHI 1; B. C. CARVALHO 2; S. M. A. BILIERI 3; A. SOLOVI 4; B.
C. KOSOSKI5

Resumo:
Com a pandemia denominada SARS-CoV-2 a forma de ensino precisou ser remodelada e
passou a acontecer remotamente, em redes estaduais de ensino e via atividades impressas,
na rede municipal, o que impactou de forma negativa a qualidade física e psicológica das
crianças. Diante dessa nova realidade, com a necessidade de distanciamento social, alguns
projetos de extensão, como o nosso “Atendimento Psicoeducacional a crianças com
dificuldades de escolarização e Transtorno do Déficit de Atenção (TDAH)”, que atende
crianças com alguma queixa escolar, não puderam desenvolver as atividades presenciais.
Neste sentido, dando continuidade ao projeto durante a pandemia, realizamos grupos de
estudos com toda a equipe (coordenadora, psicólogos, fonoaudiólogas, assistente social e
estagiárias) e planejamos ao longo desse período uma proposta de intervenção destinada
aos pais e/ou responsáveis de alunos com TDAH e dificuldades de escolarização.
Inicialmente realizaremos o atendimento de dois grupos, por meio de plataformas online:
um grupo com pais de crianças do 3º ao 5º ano e outro com pais de crianças do 6º ao 9º
ano. Vale ressaltar que, por mais que os grupos de estudo estejam acontecendo via remoto,
eles têm proporcionado várias reflexões sobre o papel da psicologia diante da nova
situação global, viabilizando uma rede de conhecimento a serem discutidos e uma base
para nós, alunos, que seremos os profissionais de um futuro pós pandemia.

1
Larissa Christina Kawano Bakoshi, aluna do curso de Psicologia da UEM.
2
Bilania Camila Carvalho, aluna do curso de Psicologia, bolsista PIBIS/FA - UEM.
3
Sthefany Maria Ambrosio Bilieri, aluna do curso de Psicologia da UEM.
4
Aline Solovi, aluna do curso de Psicologia, bolsista PIBIS/FA - UEM.
5
Bárbara Cristina Kososki, aluna do curso de psicologia da UEM.

874
Palavras-chave: Atendimento Psicoeducacional; Transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade; Pandemia.

Introdução
Desde o final de 2019 e início de 2020 o mundo todo vem enfrentando uma
pandemia causada pelo novo coronavírus, nomeado SARS-CoV-2. Segundo o Ministério
da Saúde (2021) esse vírus já infectou mais de 190 milhões de pessoas ao redor do mundo,
no Brasil foram mais de 19 milhões, tirando a vida de mais de 500 mil brasileiros. Para
conter a proliferação da doença, foram adotadas medidas que alteraram drasticamente o dia
a dia da população. A fim de manter o distanciamento social, foi necessário fechar locais
que poderiam gerar aglomerações, sendo um dos principais locais afetados o ambiente
escolar, com a suspensão das atividades presenciais. A partir daí, o contato do aluno com a
escola ocorreu de várias formas: online, via TV e atividades impressas entregues pela
escola.
Pensando a partir do olhar da Psicologia Histórico-Cultural, compreendemos que
essas formas de ensino alteram o processo de ensino-aprendizagem, visto que para que este
ocorra, é necessária a mediação professor-aluno, que até então acontecia presencialmente.
Desta perspectiva, destaca-se a importância da mediação para o desenvolvimento das
funções mentais da criança, apontando que a mesma possibilita a realização de atividades
pela criança somente com a ajuda do adulto, mas que futuramente serão efetivas de forma
independente (VIGOTSKI, 2008). Desse modo, é possível questionar a maneira e a
qualidade com que essas mediações têm acontecido no ensino remoto.
De acordo com as pesquisas realizadas por Cherolt (2020) e Almeida e Silva Júnior
(2021), neste período de quarentena houve impactos negativos na qualidade de vida física e
mental das crianças, passando a sentir com mais intensidade medo, solidão, estresse e
frustração, tendo um aumento nos casos de ansiedade e depressão no público infantil. Por
isso, consideramos importante entender os impactos da pandemia na aprendizagem dos
alunos, e como a comunidade que participa do projeto de extensão foi afetada com a
experiência do distanciamento escolar, e quais são problemáticas advindas deste.

875
Nesse sentido, o presente trabalho tem como objetivo apresentar uma proposta de
intervenção do projeto de extensão “Atendimento Psicoeducacional a crianças com
dificuldades de escolarização e TDAH” durante o atual contexto de pandemia, que
precisou ser adaptada ao modelo remoto. Desta forma, a intervenção de uma atuação da
psicologia escolar ocorrerá via remoto no segundo semestre de 2021, visando o
acolhimento das famílias das crianças de escolas municipais e estaduais que apresentam
dificuldades de escolarização.

Metodologia
O projeto de extensão atualmente têm a participação de uma coordenadora docente
do Departamento de Psicologia (DPI) da Universidade Estadual de Maringá (UEM), um
psicólogo escolar, um psicólogo clínico, duas fonoaudiólogas, uma assistente social, uma
agente administrativa, sendo todos funcionários da Unidade de Psicologia Aplicada (UPA),
além de onze estagiárias do curso de Psicologia da UEM, sendo 4 bolsistas: duas alunas do
4º ano, quatro do 5º ano e cinco profissionais recém-formadas, sob supervisão da UPA.
O projeto oferece atendimento às crianças que apresentam como queixa principal
dificuldades de aprendizagem e diagnósticos de TDAH, visando oferecer possibilidades de
intervenção que substituam o medicamento. Com a pandemia da Covid-19 as atividades
presenciais foram suspensas, de modo que, ao longo de 2020 e no primeiro semestre de
2021, foram realizados apenas os grupos de estudos online, com a equipe para discussão de
casos e realização de estudos teóricos, além do planejamento de uma proposta de
intervenção à comunidade durante a esse contexto da pandemia.
Para isso, foram planejados uma proposta para dois grupos, que será realizada por
meio de plataformas online, como o Google Meet, sendo: um grupo com os pais de
crianças do 3º ao 5º Ano; e outro com pais de crianças do 6º ao 9º ano, ambos com
diagnóstico de TDAH e dificuldades na escolarização, preferencialmente de escolas
públicas. Para essa intervenção estão previstos quatro encontros semanais, com a duração
de 1 hora, nos quais terão como foco as seguintes questões norteadoras: onde estávamos
quando as atividades presenciais da Escola foram interrompidas? Desde o início da
Pandemia o que fizemos com a vida escolar dos nossos filhos?; O que esperamos com o

876
retorno das atividades presenciais na escola? Quais os impactos e perspectivas na vida
escolar de nossos filhos? Os grupos serão acompanhados e conduzidos pela equipe do
projeto.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Para elaboração da proposta de intervenção foram realizados os grupos de estudos
que possibilitaram pesquisas, discussões e a organização de um planejamento que
contemplasse informações acerca das modalidades de ensino adotadas em meio a
Pandemia da Covid 19; as atividades remotas ou as impressas organizadas e
disponibilizadas pelas escolas a serem realizadas em casa com o acompanhamento dos pais
e/ou responsáveis; os impactos na Pandemia cognitivamente e psicologicamente, além dos
estudos do nosso aporte teórico. Acreditamos que esse espaço oferecido pelo projeto de
extensão possibilitará trocas de experiências e acolhimento entre a equipe do projeto e as
famílias, além de orientações que poderão contribuir para a melhoria do processo de
aprendizagem.
Apesar do contato com a atividade de extensão nesse período ser por via remota, as
discussões teóricas e o planejamento dos encontros com os pais irão proporcionar inúmeras
reflexões sobre como a psicologia escolar pode atuar diante do isolamento social, e quais
são as novas possibilidades de atuação que serão exigidas no período pós-pandemia.

Considerações Finais
As propostas do Projeto de Extensão se mostraram fundamentais para formação
acadêmica das alunas, tendo em vista que serão profissionais que atuarão em uma
sociedade afetada por consequências dos impactos sofridos durante a pandemia. Ademais,
acreditamos que teremos resultados eficazes com os encontros a serem realizados com os
pais dos alunos com queixas escolares, uma vez que, a partir do contato com relatos de
como ocorreu o processo de aprendizagem durante o ensino remoto, será possível atender
prováveis questões inerentes à pandemia. Veremos quais foram as principais dificuldades e
conquistas nesse momento, tanto dos alunos quanto dos pais que os acompanharam durante

877
esse período, a fim de compreender os possíveis impactos da pandemia na vida escolar
dessas crianças com dificuldades de escolarização.

Referências
ALMEIDA, I. M. G.; SILVA JÚNIOR, A. A. Os impactos biopsicossociais sofridos pela
população infantil durante a pandemia da Covid-19. Research, Society and Development,
v. 10, n. 2, p. 1-10, 2021.

BRASIL. Ministério da Saúde. Painel Coronavírus. Disponível em:


https://covid.saude.gov.br/. Acesso em: 24 jul. 2021.

CHEROLT, N. R. Déficit de Atenção e Hiperatividade e os Desafios no Ensino e na


Aprendizagem em Tempos de Pandemia da Covid 19. Trabalho de conclusão de Curso -
Universidade Estadual do Rio Grande do Sul, Alegrete, 2020.

VIGOTSKI, L. S. A formação social da mente. 7 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2008.

878
PROGRAMA DE EXTENSÃO LAZER E SAÚDE

Área temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Alcyane MARINHO
Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)
Autores: B. CUNHA 1; A. GUIMARÃES 2; A. MARINHO 3

Resumo:
O Programa de extensão “Lazer e Saúde” compreende o lazer como um espaço
privilegiado para vivências lúdicas importantes para o desenvolvimento humano e para a
promoção da saúde, permitindo a manifestação individual e coletiva de situações que
possibilitam divertimento, descanso e desenvolvimento pessoal e social. Como objetivo
geral visa promover ações comunitárias relacionadas ao lazer e à saúde, atendendo à
comunidade em geral. O programa é constituído por dois projetos de extensão: “Lazer e
Recreação” e “MoviMente” e por um evento de extensão: “CineCEFID”.

Palavras-chave: Lazer; Saúde; Educação.

Introdução
O Programa de extensão “Lazer e Saúde” tem concretizado a possibilidade de
interferência social por meio da ampliação dos conteúdos disseminados na graduação,
oportunizando espaços de atuação dos participantes, por meio das propostas de intervenção
em diferentes contextos sociais. Trabalhos acadêmico-científicos têm sido desenvolvidos
por meio desta iniciativa, concretizando a geração de processos e produtos, uma vez que
ele vem desenvolvendo atividades, aguçando a curiosidade dos alunos por pesquisas na
área. Este programa preconiza a indissociabilidade entre o ensino, a pesquisa e a extensão,
legitimando impactos na formação não apenas técnico-científica dos acadêmicos, mas
também em níveis pessoal e social. Como exemplo fértil deste cenário, a partir do ano de

1
Beatriz Freitas da Cunha, Graduanda do Curso de Licenciatura em Educação Física CEFID/UDESC.
2
Adriana Coutinho de Azevedo Guimarães, Doutora. Profa. Associada do CEFID/UDESC.
3
Alcyane Marinho, Doutora. Profa. Adjunta do CEFID/UDESC. Coordenadora do Laboratório de Pesquisa
em Lazer e Atividade Física - LAPLAF/CEFID/CNPq. alcyane.marinho@udesc.br

879
2017, este programa esteve em parceria com o Programa de Ensino “Meio Ambiente por
Inteiro”, implantado no Centro de Ciências da Saúde e do Esporte (CEFID) da
Universidade do Estado de Santa Catariana (UDESC), em 2011, e tem se constituído em
um importante tempo/espaço para sensibilização dos alunos para questões socioambientais
e suas relações com a qualidade de vida e a saúde. A associação entre estas ações consolida
a indissociabilidade entre ensino, extensão e pesquisa e reitera a necessidade do diálogo
entre estas distintas, porém, complementares, esferas universitárias.
O programa tem como objetivo principal promover ações comunitárias relacionadas
ao lazer e à saúde, atendendo as comunidades interna e externa do CEFID/UDESC; e,
como objetivos específicos: 1) promover intervenções relacionadas ao lazer, à recreação, à
atividade física e à saúde em diferentes contextos; 2) planejar, organizar, executar e avaliar
eventos educacionais; 3) promover o acesso aos conteúdos culturais do lazer à
comunidade; 4) proporcionar a socialização entre universidade e comunidade; e
intercomunidade; e, 5) promover a autonomia da comunidade por meio de ações que visem
à formação de agentes multiplicadores.

Metodologia
O Programa de Extensão “Lazer e Saúde” possui vertentes educativa, estimuladora
e superadora, envolvendo os participantes, de diferentes contextos da sociedade, em um
processo de aprendizagem, por meio do lúdico, que os permitem questionar a realidade em
que vivem e os potencializa a querer mudá-la para melhor. Condições estas que
influenciam na qualidade de vida destes participantes. As ações promovidas constituem-se
por aulas teóricas, expositivas e participativas; e práticas específicas referentes aos
conteúdos culturais do lazer, da recreação, da saúde e da educação.

Desenvolvimento e processos avaliativos


O processo avaliativo é dinâmico, constante e transversal às atividades
desenvolvidas. Este programa relaciona-se com cinco instituições parceiras: 1) Oficina do
aprendiz; 2) Laboratório Experimental de Arte-Educação e Cultura da USP (Lab_Art); 3)
Serviço Social do Comércio (SESC) de Cacupé; 4) Centro de Atenção à Terceira Idade

880
(CATI) e Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos para Pessoas Idosas
(SCFVI), ambos da Secretaria Municipal de Assistência Social de São José; e 5)
Associação Pró Coqueiros, de moradores locais, por meio do compartilhamento de saberes
entre membros das equipes para participação direta nas ações. O programa é constituído
pelas ações relatadas a seguir.

Projeto de Extensão: “Lazer e Recreação”


Este projeto capacita acadêmicos e membros da comunidade para atuarem na área
do lazer e da recreação. Desenvolve-se por meio de oficinas e palestras, aulas teóricas,
expositivas e participativas/interativas; e práticas referentes aos diferentes conteúdos
culturais do lazer. Como parceiros do projeto são convidados membros da comunidade,
com competência para atuar com conteúdos culturais do lazer e da recreação. Salienta-se a
relação bilateral com atores e setores da sociedade por meio de parcerias institucionais e
comunitárias. Diferentes ações têm sido realizadas: oficinas de origami; slackline; jogos de
tabuleiro, contação de histórias, contos africanos, história em quadrinhos, entre outras.

Projeto de Extensão: “MoviMente”


Este projeto de extensão promove diferentes práticas corporais, como danças
circulares, yoga, meditações, heiki, técnicas de relaxamento, terapias manuais, expressão
corporal e técnicas de contato/improvisação, arteterapia, entre outras. O projeto prevê o
desenvolvimento de oficinas e palestras, com vistas a oportunizar melhor qualidade de vida
e saúde mental. Por meio do oferecimento de práticas corporais, no ambiente universitário,
vem suprindo uma lacuna existente no contexto do próprio cenário curricular, tanto da
Educação Física quanto da Fisioterapia, no CEFID, cursos que não possuem disciplinas
e/ou projetos que abordem tais práticas efetivamente.

Evento de Extensão “CineCEFID”


Este evento de extensão vem ocorrendo desde a criação do Programa “Lazer e
Saúde” (2011), porém, foi recentemente formalizado como ação de extensão. Ele promove,
eventualmente, sessões de recursos fílmicos (como curtas, longas e documentários),

881
utilizando-se de uma metodologia própria, a qual prevê algumas etapas até chegar ao
debate, propriamente dito, do assunto proposto.
Este evento defende a potencialidade do recurso fílmico em abrir janelas para
realidades que transcendem nossas experiências concretas; em facilitar a apresentação e a
contextualização de diferentes temas; e em promover a ampliação do olhar, legitimando
seu potencial transformador. Os documentários “Lixo Extraordinário” e “Nossos negócios,
nossa Terra” foram trabalhados recentemente durante as ações. Além deles, em julho deste
ano, foi realizada a palestra “Cinema e Educação: arte como intensificação da vida” em
parceria com o Lab_Art da USP.

Considerações Finais
O impacto social gerado por estas ações transformadoras sobre a problemática
social contribui para a inclusão social de distintos grupos, por meio da aplicação de
estratégias educacionais. Esta iniciativa possibilita o acesso ao processo de formação e de
qualificação dos acadêmicos e comunidades envolvidos.
Este programa, ao compreender que as vivências de lazer nele propostas podem se
constituir em elementos fundadores de importantes mudanças na sociedade, em particular,
no hábito de vida das pessoas, destaca o quanto inovadora e promissora esta ação está se
constituindo.

Bibliografia
ALMEIDA, R. Cinema e educação: fundamentos e perspectivas. Educação em Revista,
Belo Horizonte, n.3, 2017, p.e153836.

AMADO, D. M. et al. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no


Sistema Único de Saúde 10 anos: avanços e perspectivas. Journal of Management and
Primary Health Care. p. 290-308. 2017.

BEZERRA, I. M. P.; SORPRESO, I. C. E. Conceitos de saúde e movimentos de promoção


da saúde em busca da reorientação de práticas. Journal of Human Growth and
Development. São Paulo, p. 11-16. 2016.

BROCK, A. et al. Brincar: Aprendizagem para a vida. Porto Alegre: Penso, 2010.

882
CAMARGO, L. O. L. Educação para o lazer. São Paulo: Moderna, 1998.

FREIRE, P. Extensão ou comunicação? 8a. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.

MARCELLINO, N. C. Lazer & Cultura. Campinas (SP): Alínea, 2009.

WHO - World Health Organization. Traditional Medicine Strategy: 2014-2023. Hong


Kong: WHO; 2013. 76 p. Disponível em:
http://apps.who.int/medicinedocs/en/m/abstract/Js21201en/

Instituição financiadora:
PAEX - UDESC

883
PROGRAMA INSTITUCIONAL DE AÇÕES RELATIVAS ÀS PESSOAS COM
NECESSIDADES ESPECIAIS- PEE – A TRAJEÓRIA DOS ATENDIMENTOS NO
CAMPUS DE TOLEDO

Área Temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Francy Rodrigues da Guia NYAMIEN
Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE)
Autores: A. RAYMUNDO 1; M. SPIES 2; THEIS 3; V. DALGALLO4; NYAMIEN, F5.

Resumo:
O presente trabalho tem por objetivo apresentar um levantamento de dados das ações
desenvolvidas pelo Programa de Ações Relativas às Pessoas com Necessidades Especiais
(PEE) /Campus de Toledo. O PEE é considerado um projeto de extensão multicampi, que
desenvolve ações de atendimento e acompanhamento a pessoas com deficiência no âmbito
da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE). Para a coleta dos dados foram
realizadas diversas ações visando construir um banco de informações dos acadêmicos
atendidos pelo programa. Para a coleta de dados foram realizadas entrevistas com os
acadêmicos para elaboração de relatos de experiências. Diversos avanços foram
conquistados com o passar dos anos no campo da inclusão e acessibilidade, sendo estes
frutos de diversas lutas dos acadêmicos, familiares, docentes e movimentos sociais.

Palavras-chave: deficiência; acadêmicos; atendimento educacional especializado.

Introdução
O Programa de Ações Relativas às Pessoas com Necessidades Especiais (PEE)
campus de Toledo está vinculado a Universidade Estadual do Oeste do Paraná
(UNIOESTE) campus de Toledo. Desde que foi instituído em 1997 tem proposto ações que
estejam relacionadas ao atendimento dos acadêmicos com deficiência, proporcionando

1 Ana Paula Fernandes Raymundo, discente [Serviço Social].


2
Márcia Franciele Spies. Mestre em Ciências Sociais. Docente de atendimento educacional especializado.
3
Isabel Cristina Theis. Especialista em Educação. Docente de atendimento educacional especializado.
4
Vanderlize Simone Dalgallo. Mestre em Educação. Docente de atendimento educacional especializado
5
Francy Rodrigues da Guia Nyamien. Doutora em Educação. CCHS. Subcoordenadora PEE/Toledo.

884
assim meios para que estes estudantes possam ter garantidos seus direitos, no que tange as
necessidades educacionais coletivas e individuais.
O direito a educação é assegurado pela Constituição Federal de 1988, e
suplementado por outras legislações como o Estatuto da Pessoa com Deficiência, que
destina um capítulo para abordar o tema (BRASIL, 2015). Nesse sentido, esta pesquisa
propõe a realização de um resgate histórico das atividades realizadas pelo PEE. Ter acesso
a esse movimento perpassado pelo programa é fundamental para o desenvolvimento de
diversas ações, que servirão como base para outras pesquisas, realização de uma análise
sobre o crescimento do programa, apresentar novas potencialidades, entre tantas outras
ações que podem ser executadas.
O reconhecimento da importância do Programa é vivenciado no cotidiano ao
observar a ocupação destes acadêmicos aos diversos espaços ofertados (ensino, pesquisa e
extensão) sendo este o tripé estrutural que compõe a Universidade. Ao ser realizado esse
levantamento torna-se mais palpável a amplitude alcançada pelo PEE, bem como as
principais dificuldades vivenciadas, o diálogo é fundamental para possibilitar melhorias
aos atuais e novos usuários do programa, [...] “é necessário salientar que as deficiências
não são todas iguais; cada uma delas possui características e necessidades próprias”
(ROSSETTO; IACONO; ZANETTI, 2013).
As ações desenvolvidas pelo PEE não se restringem apenas a comunidade
universitária, como característica da extensão objetiva-se a promoção de ações de interação
com a comunidade externa, ampliando constantemente a visibilidade das atividades
realizadas e possibilitando a proximidade com as temáticas associadas a deficiência, algo
que para muitos nunca foi oportunizado.

Metodologia
Inicialmente foi realizado o mapeamento dos acadêmicos com deficiência e
necessidades educacionais especiais atendidos pelo PEE. Na sequência, foi feita a
realização do agendamento com os acadêmicos para elaboração de relatos de experiências
(vale ressaltar que esta etapa está sendo realizada de forma remota tendo em vista a
necessidade de distanciamento social devido à pandemia mundial do novo Coronavírus).

885
Para a realização da busca ativa aos acadêmicos que não se encontram mais na instituição
de ensino foi necessário, estabelecer estratégias e utilizar de ferramentas como contato
telefônico, e-mail e aplicativo de mensagens instantâneas (WhatsApp).
Por meio dos relatos conseguimos identificar dados referentes ao ano de ingresso e
as disciplinas cursadas e/ou em andamento para posteriormente realizarmos a transcrição
das informações coletadas, tabular os dados e elaborar o relatório das atividades realizadas.
O levantamento destes dados é fundamental para que não se perca a memória do que foi
construído ao longo dos anos, bem como daqueles acadêmicos que puderam utilizar do
programa como uma das ferramentas para possibilitar a sua permanência no ensino
superior.

Desenvolvimento e processos avaliativos


O PEE no campus de Toledo é composto por uma equipe multidisciplinar de
profissionais especializados, para que se tenha a melhor qualidade em atendimentos aos
acadêmicos que necessitarem de atendimento do programa. Atualmente conta com uma
formação de 27 indivíduos, sendo estes: 02 (duas) profissionais tradutoras/ intérpretes de
libras, 05 (cinco) bolsistas, 03 (três) docentes de atendimento educacional especializado,
14 (quatorze) acadêmicos acompanhados, 02 (duas) professoras pedagogas, e 01 (uma)
coordenação local.
Durante o desenvolvimento da pesquisa percebeu-se a necessidade de aprofundar o
estudo, tendo em vista que o PEE campus Toledo não possuí um levantamento detalhado
de todos os acadêmicos que recorreram ao acompanhamento do programa desde seu início,
impossibilitando assim a precisão nos dados sobre o volume de acadêmicos assistidos em
todos os anos.
O resultado desta pesquisa está sendo apresentado de forma parcial, tendo em vista
que a mesma continua em processo de investigação. Atualmente são acompanhados pelo
programa no campus de Toledo 14 indivíduos, dentre eles acadêmicos da graduação ao
doutorado e profissionais da instituição de ensino. Até o momento as principais
deficiências acompanhadas pelo programa são: deficiência física, deficiência visual,
deficiência auditiva e alguns transtornos de aprendizagem.

886
Apresenta-se um número mais expressivo de acadêmicos com deficiência visual,
sendo estes 35% dos atendidos, dentre os assistidos pelo PEE 42% necessitam de
acompanhamento profissional em sala de aula, enquanto uma outra parte solicita o auxílio
do programa para adaptação de materiais dentre outros tipos de ações.
A Resolução nº 209/2016 – CEPE é fundamental para a compreensão de qual caminho o
programa deve seguir, dentre seus objetivos no art. 4º destaca-se “promover as condições
para o ingresso, permanência e formação de acadêmicos com necessidades especiais na
Unioeste”, este tem sido desde então o compromisso assumido pelo PEE no campus de
Toledo.

Considerações Finais
Tendo em vista o momento histórico e os constantes ataques ao ensino superior, se
faz necessário reforçar a importância da Universidade Pública como construção de
conhecimento através da pesquisa. Nesse contexto, Esta pesquisa engloba ações voltadas
ao levantamento de dados referentes aos acadêmicos que já foram atendidos pelo Programa
de Educação Especial, entretanto não se restringe apenas a busca por dados quantitativos,
mas procura compreender através dos relatos destes indivíduos, os impactos causados pelo
programa tanto positivos como negativos.
Deste modo o programa possui um pacto com a inclusão e a luta pela ampliação
dos direitos, caminhando a pari passu com os movimentos da pessoa com deficiência,
almejando que os direitos conquistados através da legislação possam ser de fato efetivados
na caminhada acadêmica destes indivíduos possibilitando que a pessoa com deficiência
tenha acesso e permaneça na educação superior.

Referências
BRASIL. Constituição Da República Federativa Do Brasil de 1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 25 jan.
2021.

BRASIL, Lei nº 13.146, de 06 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da


Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Disponível em:

887
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm. Acesso em 25
jan. 2021.

RESOLUÇÃO CEPE Nº 209/2016 – Regulamento do Programa Institucional de Ações


Relativas às Pessoas com Necessidades Especiais (PEE) da Unioeste. Disponível em:
https://www.unioeste.br/portal/arquivos/proex/pee/209_2016_CEPE.pdf. Acesso em: 27
jan. 2021.

ROSSETTO, Elisabeth; IACONO, Jane Peruzo; ZANETTI, Patricia da Silva. Pessoa com
Deficiência: Caracterização e Formas de Relacionamento. Pessoa com Deficiência:
Aspectos Teóricos e Práticos. Cascavel: EDUNIOESTE, 2013. Cap. 3, p.59.

Instituição financiadora:
Programa Institucional de Apoio à Inclusão Social Pesquisa e Extensão Universitária –
PIBIS 2020 – Fundação Araucária

888
COMPARTIR: COLABORANDO PARA A FORMAÇÃO DIGITAL DE ALUNOS
E PROFESSORES

Área Temática: Educação


Coordenador (a) da atividade: André Luiz Turchiello de OLIVEIRA
Instituto Federal Farroupilha (IFFar)
Autores: André Luiz Turchiello de Oliveira ; Charline Lunardi Fogliato 2; Eder Fernando
1

Borba 3; Karine Franco Schalemberger 4.

Resumo:
O projeto de extensão Compartir: Metodologias ativas e recursos pedagógicos com
soluções na prática foi aprovado em edital de fomento do Instituto Federal Farroupilha. O
projeto foi cadastrado pelo Campus São Vicente do Sul, mas conta com a participação de
servidor do Campus Jaguari. O projeto já vinha sendo desenvolvido há mais de cinco anos,
porém com outro nome. Este ano alteramos o nome por entendermos que este representa
aquilo que estamos alcançando com as ações desenvolvidas e também porque representa o
que acreditamos. Trabalhamos na linha de compartilhar e de aprendermos nas diversas
ações realizadas, com participação ativa das pessoas que são atendidas pelo projeto. Já
trabalhamos em dois cursos de formação no ano de 2021, e estamos em ação inédita de um
curso sobre os recursos da Google Workspace For Education com alunos do ensino
fundamental de Santa Maria. Já vínhamos trabalhando em cursos 100% online desde 2019,
então a pandemia não interrompeu o projeto, ao contrário, acelerou as demandas e em 2020
conseguimos ajudar muito através de ações práticas sobre o uso de ferramentas na área de
educação. Tais ferramentas e seus recursos podem trazer inovações e melhorias no
processo de aprendizagem.

Palavras-chave: tecnologias educacionais; formação; extensão.

1
André Luiz Turchiello de Oliveira, servidor técnico-administrativo.
2
Charline Lunardi Fogliato, servidor técnico-administrativo.
3
Eder Fernando Borba, servidor técnico-administrativo.
4
Karine Franco Schalemberger, aluna de Licenciatura em Ciências Biológicas.

889
Introdução
Já vivíamos nos últimos anos em uma mudança de era com transformações
constantes em todas as áreas da nossa vida, mesmo que muitas vezes pudéssemos não nos
dar conta disso. E tudo isso foi acelerado no ano de 2020, a partir de uma pandemia
mundial, que ainda está trazendo diversos aprendizados a todos nós, e os reflexos farão
com que, como em toda grande crise, modificações na forma de viver e fazer algumas
coisas não retornem ao estado anterior.
Uma das áreas que mais sofreram transformações abruptas nas metodologias e
formatos foi o sistema educacional. E as tecnologias digitais tiveram papel fundamental
nisso, elas foram determinantes para que as aulas em momentos de pandemia pudessem
seguir acontecendo.
Já era bastante clara a necessidade de pensarmos novas metodologias devido às
mudanças de mundo, de necessidades de formação, e de perfil de gerações. Neste sentido,
Silva (2012) menciona que estes novos espectadores, seja na educação ou nas atividades do
dia a dia, como assistir à programação da televisão, exige uma proposta interativa da parte
de quem transmite, gerando uma comunicação aberta, permitindo aos clientes-
consumidores-alunos atuarem como coautores, ativos no produto final, podendo participar
ativamente em todo o processo.
Mas para que essas transformações possam ocorrer é preciso apoio e formação para
os atores principais deste processo, que são os docentes. Pois, como Demo (2009) ressalta,
o professor só terá condições de analisar e utilizar equipamentos, softwares, aplicativos, se
tiver conhecimentos adequados acerca deles, para saber se deverá usar, onde usar, e
quando usar. Porém, para adquirir esta emancipação acerca das tecnologias, terá
obrigatoriamente que ir em busca de formações, pois, como o próprio autor traz (Demo,
2007), o professor é a figura estratégica nesta questão, pois será ele o responsável pela
formação dos alunos, futuros atores da sociedade.
Através do projeto buscamos atuar efetivamente e proativamente, mesmo que de
forma modesta, no processo de transformação da educação. temos como objetivo
compartilhar formações sobre uso de ferramentas e estratégias de uso das tecnologias

890
digitais. Com isso esperamos dar maior segurança e autonomia, para que todos possam
inovar em suas práticas, sejam elas quais forem.

Metodologia
Viemos trabalhando nestes últimos anos sempre visando inovar métodos e formas
de compartilhar nossos conhecimentos, de acordo com a experiência e conhecimentos
adquiridos, e principalmente com os feedbacks experienciados do que conseguimos de
bons resultados e do que pode ser melhorado.
Neste sentido, nos baseamos na metodologia de pesquisa-ação. Thiollent (1998)
destaca que uma pesquisa-ação visa trabalhar no seguinte delineamento: Realizações –
Ações efetivas – Transformações – Mudanças no campo social. Para isso, ela deve se
concretizar com planejamento, objeto de análise, deliberação e avaliação, de modo que a
capacidade de aprendizagem seja aproveitada e enriquecida em função das exigências da
ação em torno da qual se desenrola a investigação. Tanto pesquisadores como participantes
aprendem durante o processo de investigação, discussão e resultados.
Trabalhamos metodologias variadas nas nossas ações, mas desde que fomos para o
100 % EaD, em 2019, viemos trabalhando bastante com cursos, que tem variado de 20 a 60
anos, usando um ambiente virtual de aprendizagem, no nosso caso usamos o Google
Classroom, para postarmos as interações e materiais, que em sua grande maioria são aulas
em vídeos autorais e objetivos sobre alguma ferramenta digital específica. Mas temos visto
cada vez mais a necessidade e importância das atividades síncronas como forma inclusive
de interação e confiança por parte dos professores e cursistas, e por isso temos combinado
ações síncronas e assíncronas em nossos cursos ofertados.
Em relação aos conteúdos de formação, temos trabalhado como foco as ferramentas
da Google Workspace For Education, como o próprio Google Classroom, Google Drive,
Google Documentos, Google Keep, Google Formulários, Google Meet, entre outros.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Neste ano de 2021, estamos buscando dar continuidade ao excelente trabalho que
realizamos em 2020, onde atendemos somente em cursos com acompanhamento na

891
plataforma, 432 pessoas, e destes, tivemos mais de 70 % que finalizaram todas as etapas
para conclusão, que se dá a partir de desafios que eles devem desenvolver visando inovar
suas práticas.
Neste ano de 2021 já finalizamos dois cursos, um curso de 20 horas sobre como
usar o Google Sala de Aula para discentes do curso de Matemática do Instituto Federal
Farroupilha - Frederico Westphalen, e outro um curso de 40 horas trabalhando as diversas
ferramentas Google para alunos do curso de Matemática do IFFar/UAB.
Estamos desenvolvendo uma ação inédita com alunos do ensino fundamental das
escolas municipais de Santa Maria. O curso está sendo desenvolvido com uma carga
horária maior, com um maior número de aulas síncronas e metodologias variadas e ativas.
Os resultados têm sido excelentes até o presente momento e logo queremos compartilhar
os resultados.
Além disso, estamos levando o projeto a outros lugares como eventos, debates,
lives. Destaco a participação no GEG SUMMIT 2021, um evento voltado a líderes
educadores Google do Brasil, em que pudemos não somente participar, mas apresentar
nosso trabalho a mais de 80 líderes de todo o país.

Considerações Finais
Acreditamos que todos nós podemos e temos o dever de ajudarmos os outros.
Obviamente que podemos fazer isso das mais diversas formas, mas em se tratando de
instituições educacionais, e principalmente estando no ambiente de um Instituto Federal,
que tem como missão transformar as comunidades em que atua através da extensão, nos
orgulha e nos motiva muito podermos atuar nesta linha, ajudando e inspirando mais
pessoas a fazerem o mesmo.
Sabemos que não fazemos nada sozinhos, e por isso somos gratos não só ao grupo
que trabalha ou já trabalhou nos projetos, mas às mais diversas pessoas que nos apoiam
quando precisamos, que acreditam e confiam no nosso trabalho e por isso nos procuram
para conversar, fazer cursos, pedir dicas. Esperamos seguir sempre compartilhando,
colaborando e aprendendo com o processo.

892
Referências
DEMO, P. Aposta no Professor. Porto Alegre: Mediação, 2007.

DEMO, P. Educação Hoje “Novas” Tecnologias, Pressões e Oportunidades. São Paulo:


Atlas, 2009.

SILVA, M. Sala de aula interativa. 6 ed. São Paulo: Edições Loyola, 2012.

THIOLLENT. M. Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo: Cortez, 1998.

Instituição financiadora:
Bolsista do projeto financiado pelo Campus São Vicente do Sul do IFFar.

893
PROJETO DE EXTENSÃO: PROMOVENDO DIÁLOGOS SOBRE VIOLÊNCIA
SEXUAL NO ENSINO FUNDAMENTAL

Área Temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Rúbia EMMEL
Instituto Federal Farroupilha Campus Santa Rosa (IFFAR)
Autores: R. LENHARDT 1; A. M. MADRUGA 2; A. M. GASPERI 3; G. STROCHAIN 4; A.
J. KRUL 5; R. EMMEL 6.

Resumo:
Este projeto de extensão teve como objetivo geral: compreender as concepções e atitudes
sobre a violência sexual de crianças e adolescentes, no âmbito do Ensino Fundamental. O
projeto foi desenvolvida a partir dos pressupostos da pesquisa-ação, na qual buscou-se
aprofundar os conhecimentos sobre violência sexual problematizando o tema com crianças
e adolescentes. A população de pesquisa foram 223 estudantes de seis escolas da Rede
Pública de Ensino de um Município da Região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.
Sendo elaborado um jogo didático para facilitar os diálogos entre os estudantes. Portanto,
nesta pesquisa compreendemos que gênero, violência de gênero e violência sexual; são
temas que podem fazer parte dos currículos escolares, podendo ser trabalhados por meio de
projetos de extensão.

Palavras-chave: Empoderamento de Estudantes; Gênero; Violência Sexual.

Introdução
Este projeto de extensão parte da temática “atitudes perante a violência sexual de
crianças e adolescentes”, optou-se por este tema para possibilitar diálogos e debates nas
1
Raíssa Lenhardt, Aluna do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas - IFFar, Santa Rosa, RS, Brasil.
2
Artiese Machado Madruga, Aluna do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas - IFFar, Santa Rosa, RS,
Brasil.
3
Angélica Maria de Gasperi, Aluna do curso de Licenciatura em Matemática - IFFar, Santa Rosa, RS, Brasil.
4
Gabriele Strochain, Aluna do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas - IFFar, Santa Rosa, RS, Brasil.
5
Alexandre José Krul, Professor dos Cursos de Licenciatura em Matemática e Licenciatura em Ciências
Biológicas - IFFar, Santa Rosa, RS, Brasil.
6
Rúbia Emmel, Professora dos Cursos de Licenciatura em Matemática e Licenciatura em Ciências Biológicas
- IFFar, Santa Rosa, RS, Brasil.

894
escolas de Educação Básica da Rede Pública. A violência sexual é um tema de extrema
importância de ser trabalhado em sala de aula, pois é recente e ainda acomete muitas
vítimas, a informação também é uma forma de prevenção. Independente da condição
social, econômica ou étnica a violência sempre esteve presente na história da humanidade,
segundo Labronici, Fegadoli e Correa (2010, p. 402): “se manifesta em todas as esferas do
convívio social, e é uma realidade sentida em todo o mundo”.
Neste contexto, a escola pode desenvolver projetos pedagógicos e/ou ações com a
finalidade de alertar e informar crianças e adolescentes sobre a realidade da violência
sexual e violência de gênero nas esferas: nacional e regional. Diante disto foi desenvolvido
o projeto Jogos Reflexivos: Diálogos sobre Gênero e Violência Sexual, onde por meio de
jogos de trilha com cartas informativas crianças e adolescentes refletiram sobre este tema.
Deste modo, o projeto de extensão teve como objetivo geral: compreender as
concepções e atitudes sobre a violência sexual de crianças e adolescentes, no âmbito do
Ensino Fundamental.

Metodologia
Este projeto de extensão, foi desenvolvido a partir dos pressupostos da pesquisa-
ação, na qual buscou-se aprofundar os conhecimentos sobre violência sexual
problematizando o tema com crianças e adolescentes. Considerando que se pode pensar na
pesquisa-ação como instrumento de transformação das práticas em práxis (FRANCO,
2012, p. 204), pois olhamos para grupos em transformação, de uma articulação teoria e
prática que produz mudanças nos sujeitos. Pautados nos pressupostos de Carr e Kemmis
(1986) entendemos que a pesquisa-ação não é apenas uma ação planejada para produzir
transformações sociais, mas sim uma investigação autor reflexiva que visa à compreensão,
análise e transformação das próprias práticas.
Os sujeitos envolvidos nas ações do projeto de extensão foram os estudantes dos
anos finais do Ensino Fundamental, no contexto de seis escolas da rede pública de um
município da Região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, totalizando 223
estudantes. Para que os estudantes tivessem acesso a essas informações a respeito do tema,

895
criou-se um jogo de cartas, onde através destas cartas os estudantes iam dialogando e de
certa forma se empoderando, por meio da informação.

Desenvolvimento e processos avaliativos


As ações desenvolvidas por meio deste projeto de extensão, tinham o intuito de
sistematizar novos conhecimentos a respeito da violência sexual, pelo diálogo com
estudantes por meio das informações do jogo; pois, acreditamos que isto pode ser a base
das atividades de sensibilização da instituição escolar para enfrentar a violência sexual.
Segundo estudos da associação Abrapia (2002 p. 21): “a melhor forma de evitar que
crianças continuem a ser abusadas, por pedófilos é estarem bem informados para prevenir a
situação e proteger seus filhos. Só a aplicação da lei não é suficiente.”
O jogo foi confeccionado com base nos estudos de Meyer (2003), envolvendo a
temática da violência sexual, considerando não haver como abordar esse tema descolado de
temas como: gênero, o machismo, o feminismo e a violência de gênero. Foi desenvolvido
para ser utilizado com adolescentes, tendo em vista que os mesmos, já tenham sido
iniciados em discussões sobre sexualidade e gênero no âmbito escolar.
De um total de 49 cartas, entre vermelhas e verdes; foram elaboradas cartas
vermelhas contendo informações negativas, envolvendo a temática proposta, abordavam a
violência sexual e o limite entre a brincadeira e a violência, traziam registros da violência
sexual ao nível local e nacional. Também foram elaboradas, cartas verdes com conteúdo
informativo dos avanços em relação aos aspectos políticos, legais e educativos sobre o
tema, leis que garantem a integridade física e moral de crianças e adolescentes, bem como
visavam promover a igualdade de gênero.
Ao proporcionar a sistematização de conhecimentos aos estudantes acreditamos
que este projeto de extensão é de suma importância, pois é papel da escola manter os
estudantes informados, assim como nós futuros licenciados podemos contribuir na nossa
formação inicial docente para isto acontecer através deste projeto. Onde através do projeto
além de conhecer as realidades e os múltiplos contextos das escolas no município em que
estamos inseridos, tivemos a oportunidade de interagir com os estudantes, promovendo
diálogos e interações que refletem numa educação humanizadora.

896
Considerando os processos de pesquisa-ação como licenciandos que participamos
deste projeto, de todas às etapas percebemos o quanto é importante esta caminhada, que
envolve deste o planejamento das atividades, as observações dos contextos, as ações de
jogos com o grupo de estudantes, até as reflexões sobre a temática no âmbito da Educação
Básica, traduzindo-se em uma prática de empoderamento dos estudantes. Sendo assim,
com os diálogos percebemos que este tema extrapola o âmbito escolar, pois, os estudantes
puderam (des) construir suas concepções e puderam trazer reflexões a partir de suas
realidades oportunizando a transformação das opiniões pelos esclarecimentos das cartas
jogo e mediação com o grupo de licenciandos.

Considerações Finais
Em vista dos argumentos apresentados acreditamos que os estudantes obtiveram
conhecimentos nestas ações de extensão através de inúmeras fontes teóricas e legais, a
partir das problematizações e intervenções realizadas nas rodas de conversa e cartas dos
jogos.
Percebemos que ao tratar de Gênero e de Violência Sexual diversos fatores estão
envolvidos como: repressão, poder, preconceito, vida, etc. Percebemos a importância de
dialogar com os estudantes no jogo de trilha, e a importância da instituição escolar de
Educação Básica, ao problematizar não apenas a violência sexual de forma fragmentada ou
utilizando-se de metodologias mais tradicionais, pois o jogo rompeu barreiras disciplinares,
e permitiu reconstruir discursos e ressignificar os preconceitos.
Concluímos que, enquanto a escola está formando um estudante, ela também está
formando sujeitos de linguagem, marcados por discursos e por relações de poder. Como
futuros professores podemos agir de forma a minimizar os preconceitos e discriminações,
empoderando os sujeitos estudantes através do conhecimento.

Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA MULTIPROFISSIONAL DE PROTEÇÃO À INFÂNCIA
E ADOLESCÊNCIA - ABRAPIA. Abuso Sexual contra crianças e adolescentes. 3. ed.
Petrópolis: Editora Autores & Agentes & Associados, 2002.

897
CARR, W.; KEMMIS, S. Becoming critical: education, knowledge and action research.
Philadelphia: Falmer, 1986.

FRANCO, M. S. do R. Pedagogia e prática docente. São Paulo: Cortez, 2012.

LABRONICI, L. M.; FEGADOLI, D.; CORREA, M. E. C. Significado da violência sexual


na manifestação da corporeidade: um estudo fenomenológico. Revista Escola de
Enfermagem da USP, São Paulo, v. 44, n. 2, p. 401-406, 2010.

MEYER, D. E. Gênero e Educação: teoria e política. In: LOURO, G. L.; NECKEL, J. F;


GOELLNER, S. V. (Orgs.). Corpo, gênero e sexualidade: um debate contemporâneo na
Educação. Petrópolis: Vozes; 2003. 191p. pp. 9-27.

Instituição financiadora:
FAEX/PROEX do IFFar

898
PROJETO DE EXTENSÃO SENTA QUE LÁ VEM A HISTÓRIA EM TEMPOS DE
PANDEMIA

Área Temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Claudia Maria Petchak ZANLORENZI
Universidade Estadual do Paraná- UNESPAR- União da Vitória
Autores: P. H. M. M. SILVA 1; C. A. W. SLIVINSKI 2.

Resumo:
O projeto de extensão “Senta que lá vem a história”: contribuição para a linguagem tem
como finalidade proporcionar às crianças o acesso à literatura por meio da contação de
histórias, bem como desenvolver o processo coletivo na vivência dos acadêmicos que
participam do projeto e sua formação como contadores de histórias. Dado o contexto
pandêmico, devido ao COVID 19, no ano de 2020 e 2021, inquietações permearam as
discussões do coletivo de contadores do projeto, quais sejam: como organizar um projeto
de extensão que prioritariamente o seu ambiente de concretização é o espaço das
instituições de educação infantil? Como consolidar a extensão que envolve a comunidade e
universidade, em tempos de atividades remotas? Como propor formações para o contador
de histórias que conta com a expressão corporal, a voz, o espaço e o olhar da plateia para
sua performance? O presente trabalho tem por objetivo apresentar a reorganização de
algumas ações realizadas pelo projeto, para que essas se consolidassem como espaço
extensionista, mesmo remotamente. As ações que serão apresentadas além de contribuírem
com continuidade ao projeto de extensão, oportunizaram aos acadêmicos espaços de pensar
o coletivo em momentos de imprevisto e principalmente o compromisso efetivo da
universidade com a comunidade.

Palavras-chave: Extensão; Contação De Histórias; Pandemia.

1
Paola Helena Muxfeldt Morandi da Silva, graduanda de Pedagogia
2
Cláudia Aparecida Wlodarczyk Slivinski, graduanda de Pedagogia

899
Introdução
O projeto de extensão “Senta que lá vem a história”: contribuição para a linguagem,
tem como finalidade proporcionar às crianças o acesso à literatura por meio da contação de
histórias, bem como desenvolver o processo coletivo na vivência dos acadêmicos que
participam do projeto e sua formação como contadores de histórias.
As contações de histórias são feitas em instituições de ensino de educação infantil
do município de União da Vitória e outros municípios que fazem parte do Associação dos
Municípios do Sul do Paraná, como Cruz Machado e Paula Freitas, além do município de
Porto União (SC), o que abrange um grande número de crianças.
Para essas contações, os componentes do projeto participam de formações que são
organizadas tendo dois objetivos: a contação de histórias como propulsora do
desenvolvimento infantil e que técnicas devem ser utilizadas que contribuem para esse
desenvolvimento. Entretanto, com o contexto pandêmico, devido ao COVID 19, no ano de
2020 e 2021, as seguintes inquietações permearam as discussões do coletivo de contadores
do projeto: como organizar um projeto de extensão que prioritariamente o seu ambiente de
concretização é o espaço das instituições de educação infantil? Como consolidar a extensão
que envolve a comunidade e universidade, em tempos de atividades remotas? Como propor
formações para o contador de histórias que conta com a expressão corporal, a voz, o espaço
e o olhar da plateia para sua performance?
O presente trabalho tem por objetivo apresentar a reorganização de algumas ações
realizadas para sanar as inquietações e principalmente para que essas ações se
consolidassem como espaço extensionista, mesmo remotamente. A metodologia do
trabalho constará no corpo do texto, que será apresentado na sequência.

Inquietações com a pandemia e a reorganização das ações


O contexto pandêmico trouxe várias questões que evidenciaram a exclusão e
desigualdade social, o descaso das ações governamentais e a falta de planejamento
estratégico. Em meio a essa situação, a sociedade teve que se reorganizar, tanto no que diz

900
respeito aos protocolos de saúde como nas ações cotidianas como a educação, dentre essa o
espaço universitário e o tripé que compõem a universidade: ensino, pesquisa e extensão.
O projeto de extensão “Senta que lá vem a histórias”: contribuição para a
linguagem, desde 2018, tem desenvolvido ações extensionistas que com a pandemia
tiveram que ser reorganizadas, com destaque as formações e as contações para as crianças,
que antes, presencialmente, tiveram que passar por adaptações.
Ao mesmo tempo que a pandemia isolou as pessoas em suas casas, restringindo
encontros, ações educativas, também possibilitou o contato remoto via as plataformas
digitais e redes sociais. Foi potencializando esse espaço que o projeto se reorganizou diante
das inquietações que se colocavam no contexto, com destaque nas formações dos
contadores, que poderiam ter a oportunidade de cursos e encontros com contadores de
outras cidades, inclusive de renome internacional.
Como exemplo dessa ação, apontamos o Festival de Contação de Histórias
(FECO), organizado pelos membros do projeto, que continuou no mesmo formato, na sua
segunda edição (2020), mas virtualmente, a partir encontros (LIVES) com contadores
expressivos na arte de contar histórias e oficinas virtuais, que positivamente abrangeram
um público maior, inclusive dando maior visibilidade ao projeto e à universidade, uma vez
que a publicização das ações eram via redes sociais. Nesse item, a experiência de
coletividade foi primordial para o planejamento das ações que os contadores, acadêmicos
de Pedagogia, protagonizaram para a execução dividindo-se na execução das tarefas.
Em outra frente, era necessário dar continuidade às contações às crianças, pois esse
é o objetivo primordial do projeto, levar acesso à literatura e desenvolver a linguagem, a
imaginação criativa, a sequência de ideias, entre outros aspectos, pois

O contato com as histórias na cultura significa para as crianças o reencontro


simbólico com um padrão organizativo – temporal e mesmo rítmico- que elas já
vivem em sua experiência com a sucessão dos eventos no tempo: a rotina
doméstica, a expectativa pelo aniversário, o ziguezague entre lembrança e
imaginação prospectiva que marcam a ação do faz-de-conta (GIRARDELLO,
2007, p. 41).

901
Essa foi a inquietação que demandou vários encontros do coletivo. Uma das
possibilidades era a contação nas redes sociais, que foram feitas conforme um cronograma,
como também no FECO foi realizada a maratona de contação de histórias na página da
rede social do projeto, com o resultado de 23.609 visualizações e 3815 compartilhamentos.
Todavia, mesmo com um número expressivo de visualizações, incomodava ao coletivo de
contadores que nem todas as crianças têm acesso à internet e o projeto tem como finalidade
direcionar suas ações para os locais de maior vulnerabilidade. Diante dessa questão, surgiu
a ideia dos Kits Imaginação Criativa.
Os Kits foram feitos pelas contadoras e direcionados aos alunos do Infantil 4 dos
centros de educação infantil do município de União da Vitória, público o qual é priorizada
a ação de contação de histórias, dada a questão epistemológica do projeto que tem por base
a psicologia Histórico-Cultural. Vigostki (1994, p. 124) afirma que “ A situação imaginária
de qualquer forma de brinquedo já contém regras de comportamento, embora possa, não
ser um jogo com regras formais estabelecidas a priori. A criança imagina-se como mãe e a
boneca como criança e dessa forma, deve obedecer às regras do comportamento maternal.”
Nessa perspectiva teórica, a brincadeira de faz de conta é, aos 4 anos, a atividade que mais
ocupa espaço nas crianças. Diante disso, é nesse espaço que deve ser potencializado o
desenvolvimento cognitivo como atenção, memória, percepção, linguagem entre outros.
Tendo o exposto acima como finalidade, foram organizados grupos que
confeccionaram os kits, os quais compunham de dedoches e fichas de sequência lógica de
histórias, em pacotes decorado com um recado aos pais sobre a importância do brincar.
Observamos nesses kits uma ação potencializadora não só do desenvolvimento infantil,
mas também a oportunidade de envolvimento da família na brincadeira.
Destacamos, que por mais que essas ações foram desencadeadoras de oportunidades
para a concretização do projeto, nada é comparável ao olhar das crianças na hora da
contação de histórias, pois “É na narrativa oral que as teias da imaginação vão se formando
no espaço entre o narrador e o ouvinte, no qual se processa a história. É como vibrar
uníssono.” (SISTO, 2004, p. 90).

Considerações Finais

902
Diante às inquietações supracitadas, as ações apresentadas acima além de
contribuírem com continuidade ao projeto de extensão, oportunizaram aos acadêmicos
espaços de pensar o coletivo em momentos de imprevisto e principalmente o compromisso
efetivo da universidade com a comunidade. À guisa de uma avaliação, mesmo no triste
contexto pandêmico, o projeto conseguiu ter continuidade, o que comprova que as ações
coletivas e organizadas são primordiais para se alcançar um objetivo.

Referências
GIRARDELLO, G. Voz, presença e imaginação: a narração de histórias e as crianças
pequenas. In: CABERAL, C. F.; SILVA, G. da ( orgs.). Imaginação e educação em
debate. Campinas, SP: Papirus, 2007. (p. 31-57).

SISTO, C. O misterioso momento: a história do ponto de vista de que ouve (e também


vê!). In: GIRARDELLO, G. (org.). Baús e chaves da narração de histórias. 2 ed.
Florianópolis: SESC/SC, 2004.

VIGOTSKI, L.S. A formação social da mente. 5 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1994.

903
O QUE COMEMOS? A CIÊNCIA POR TRÁS DOS ALIMENTOS, UMA
PROPOSTA DE DIVULGAÇÃO CIENTIFICA

Área temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Aline THEODORO TOCI
Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA)
Autor: A. S. BARBOZA 1.

Resumo:
A preparação dos alimentos envolve diversas operações. As ações mais comuns como
assar, fermentar, torrar ou amassar são conhecidas por muitas pessoas, mas os fenômenos
que envolvem estas ações como a reação de Maillard, a formação de gás, desnaturação
proteica ou polimorfismo de estruturas químicas não formam parte do conhecimento em
geral. Este trabalho possibilitou a criação de experimentos voltados aos fenômenos
químicos, físicos e biológicos na preparação de alimentos, sendo todas áreas com difusão
limitada na população. O objetivo geral foi fornecer conhecimentos básicos e mostrar os
bastidores sobre alimentos apreciados pelos consumidores como massas, espumas e
chocolates, visando tornar o ensino da ciência, em particular, a química mais agradável.
Para alcançar o objetivo foram divulgados três vídeos explicativos sobre elaboração de
alimentos. Devido a pandemia o projeto sofreu modificações na modalidade de divulgação,
mas permitiu o desenvolvimento de material didático, o qual ainda pode ser aplicado ao
alvo principal, capaz de promover a alfabetização científica e na compreensão dos
fenômenos que estão no cotidiano.

Palavras-chave: Alimentos; Cotidiano; Divulgação Científica.

Introdução
A química estuda vários fenômenos que podem ser explicados mediante uso de
modelos científicos e a experimentação. Estes fenômenos ocorrem em todo lugar, por tanto
podem ser explicados utilizando vários espaços e não somente utilizando tubos de ensaio

1
Aldo Sindulfo Barboza Valdez, aluno [Química-Licenciatura] bolsista remunerado PROEX

904
em laboratórios, uma imagem distorcida adquirida para as ciências (BORROWS, 2006). A
cozinha pode ser considerada o espaço dentro da casa de maior contato com fenômenos
que envolvem as ciências como a química, física e biologia. Neste local ocorrem vários
processos de transformação da matéria, mudanças de fases, misturas e medições
(CÓRDOVA, 2018). Ensinar todos esses processos pode se tornar muito complexo.
Dentro das barreiras encontra-se uma elevada quantidade de conteúdos abstratos abordados
de forma simplista e descontextualizada, o que gera desinteresse nos alunos e na população
em geral (GIL PÉREZ et al., 2001).
Com foco nesta problemática, o ensino contextualizado, como a divulgação
cientifica, permite democratizar o acesso ao conhecimento científico e criar condições para
uma alfabetização científica (NETO, 2018), onde os alunos e cidadãos em geral tenham a
capacidade de discutir assuntos que impactam de alguma forma na sociedade, mas que
poderiam ficar restritos a especialistas devido a termos e conceitos pouco conhecidos.
Inicialmente, a proposta do projeto era desenvolver atividades e oficinas nas
escolas da rede pública e privada da cidade de Foz do Iguaçu. Ao final, para a divulgação,
utilizou-se a modalidade virtual, desenvolvendo vídeos para um público-alvo generalizado,
formado por alunos da UNILA e pessoas externas à universidade. Decisão tomada devido
às restrições sociais adotadas no país pela crise sanitária causada pelo COVID-19.
Foram elaborados vídeos que unem vários conceitos de química, física e biologia
aos fenômenos observados na cozinha. O projeto elaborou três vídeos sobre a ciência por
trás de alguns processos de elaboração de alimentos, o pão, o merengue e o chocolate. A
finalidade foi mostrar a presença do conhecimento científico no dia a dia, de forma
simples, demostrando procedimentos surpreendentes e curiosos que podem despertar o
interesse de muitos indivíduos. Visando tornar o ensino de ciências mais agradável.

Metodologia
Adotou-se para o desenvolvimento desta ação extensionista a divulgação científica.
Nela se tratou questões cientificas referente principalmente a processos químicos, físicos e
biológicos realizados na cozinha, utilizando uma linguagem simplificada e adaptada ao
conhecimento geral. As atividades realizadas durante o projeto podem ser resumidas em

905
quatro etapas: a planificação e preparação do roteiro, a montagem e edição do vídeo, a
divulgação e a avaliação. Durante a planificação foram pesquisadas diversas receitas, de
forma a demostrar experimentalmente os fenômenos a serem abordados durante os vídeos.
O monólogo foi escrito com termos fáceis e esclarecendo os conceitos científicos, de modo
a apresentar uma linguagem simples. Para a montagem e edição dos vídeos foram
utilizados o PowerPoint e InShot, tomando em consideração toda a pesquisa levantada.
O curso de extensão realizado foi composto por três vídeos temáticos com duração
média de 12 minutos, apresentado informações com os seguintes tópicos: (I) o glúten e seu
papel na elaboração de pães, onde foi possível apresentar conceitos como ligação química,
estrutura química, reação química, propriedades químicas e físicas assim como a
proporcionalidade; (II) a ciência por trás da elaboração de merengue, neste vídeo foi
trabalhado os conceitos de misturas, dispersão coloidal, suspensão, propriedades físicas,
estrutura química, reação química e interações químicas, além de cinética química; (III) a
produção e temperagem do chocolate, os conceitos abordados neste vídeo foram vários,
reação química, catalise por enzimas, volatilidade, reação de Maillard, estrutura de sólidos,
recristalização, polimorfismo, entre outros.
Os vídeos foram publicados no YouTube, no canal Química Na Cozinha, e a
divulgação foi feita nas redes sociais e no Portal da UNILA, além de grupos de WhatsApp.
Para finalizar, foi aplicado um pequeno questionário de forma a verificar a experiência do
público.

Desenvolvimento e processos avaliativos


O planejamento e elaboração dos experimentos para demonstração da formação de
massa, formação de espumas e temperagem de chocolates foram realizados no laboratório
Multiusuário Engenheira Enedina Alves Marques – PTI e no domicílio particular do aluno
extensionista. Nesta ação a participação foi exclusivamente do discente e coordenadora de
atividade.
Segundo a estatística do YouTube, no total os três vídeos obtiveram 229 vistas,
número obtido em apenas um mês de publicação. Resultado satisfatório, pois a divulgação
foi realizada em pequenos grupos de pessoas e a análise foi feita em pouco tempo de

906
divulgação. Um questionário permitiu avaliar que o os vídeos foram interessantes e
educativos, permitindo aprender novas informações para aplicar nas receitas abordadas,
tendo assim um impacto positivo para o ensino de química.
Este projeto permitiu a elaboração e análise de experimentos contextualizados no
universo das técnicas aplicadas na elaboração de alimentos, desenvolveu a capacidade de
pesquisa e também da postura e expressão oral, contribuindo na formação acadêmica do
discente.

Considerações Finais
O projeto, apesar de ter sofrido modificações na sua aplicação, foi bastante
satisfatório, pois além de conseguir um público-alvo e modalidade de divulgação diferente
ao proposto inicialmente, permitiu o desenvolvimento de material didático, o qual ainda
pode ser aplicado ao alvo principal. Os resultados revelaram que os vídeos têm a
capacidade de despertar a curiosidade de alunos e da comunidade educativa em geral,
todavia, para maior aproveitamento, esses recursos devem ser utilizados em combinação
com discussões levantadas pelo público, o que permitirá que toda dúvida seja esclarecida.
Desta forma, o projeto atingiu seus objetivos, principalmente com a alfabetização
científica e a compreensão dos fenômenos que estão no cotidiano, tais conhecimentos
auxiliam ao pensamento mais criterioso e a tomada de decisões com base no
conhecimento.

Referências
BORROWS, P. Chemistry outdoors. School Science Review, v. 87, p. 23-29, 2006.

CÓRDOVA, J. L. F. La química y La ciencia. Biblioteca Digital. Disponível em:


http://bibliotecadigital.ilce.edu.mx/sites/ciencia/volumen2/ciencia3/093/html/laquimic.htm.
Acesso em: 2 dez. 2020.

GIL-PÉREZ, D.; MONTORO, I. F.; ALÍS J. C.; CACHAPUZ A.; PRAIA J. Para uma
imagem não deformada do trabalho científico. Ciência & Educação, v. 7, n. 2, p.125-153,
2001.

907
SILVA NETO, J. R. Alcance da divulgação científica por meio do YouTube: estudo de
caso no canal Meteoro Brasil. Múltiplos Olhares em Ciência da Informação, [S. l.], v. 8,
n. 2, 2018. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/moci/article/view/16885.
Acesso em: 2 dez. 2020.

908
SABERES COMPARTILHADOS: UMA PROPOSTA PARA QUALIFICAR A
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

Área temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Ana Amélia Antunes LIMA
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA)
Autores: N. D. OLIVEIRA 1; G. A. MARTINS 2; G. F. C. LINCH³; E. N. SOUZA³; A. A.
A. LIMA4.

Resumo:
Introdução: A Sistematização da Assistência de Enfermagem é um processo de trabalho do
enfermeiro que visa planejar e implementar a assistência de enfermagem individualizada.
A sua implantação proporciona visibilidade do trabalho do enfermeiro e benefícios para o
paciente. Objetivo: Relatar a experiência de ações educativas à distância com enfermeiros
de um complexo hospitalar de Porto Alegre – RS, realizadas no projeto de extensão SAE:
ações para qualificar o cuidado. Metodologia: Ações educativas realizadas na modalidade a
distância, na plataforma do Google Meet, com discussão de casos clínicos reais, no período
de agosto de 2020 a julho de 2021, com 243 participantes. No final das ações foi
disponibilizado aos participantes um questionário elaborado no Google Forms, para a
avaliação da ação. Conclusões: Houve significativa participação dos enfermeiros nas ações
educativas e destaca-se a interlocução entre o ensino e o serviço, representando um
importante momento de compartilhamento de saberes, educação permanente para os
enfermeiros e complementar dos acadêmicos de enfermagem, sendo construtivas para
todos.

1
Nathália Dias de Oliveira, acadêmica do 7º semestre do Curso de Enfermagem. Bolsista do projeto de
extensão SAE: ações para qualificar o cuidado.
2
Grasiele do Amaral Martins, acadêmica do 3º semestre do Curso de Enfermagem. Bolsista voluntária do
projeto de extensão SAE: ações para qualificar o cuidado.
3
Graciele Fernanda Costa Linch, professora associada do Departamento de Enfermagem. Docente
colaboradora do projeto de extensão SAE; Ações para qualificar o cuidado.
4
Emiliane Nogueira de Souza, professora associada do Departamento de Enfermagem. Docente colaboradora
do projeto de extensão SAE: ações para qualificar o cuidado.
5
Ana Amélia Antunes Lima, professora adjunta do Departamento de Enfermagem. Coordenadora do projeto
de extensão SAE: ações para qualificar o cuidado.

909
Palavras-chave: Enfermagem; Educação Continuada; Educação a distância.

Introdução
A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é o processo de trabalho
gerencial do enfermeiro, cuja finalidade é operacionalizar o Processo de Enfermagem (PE)
(COFEN, 2009). É necessário ao enfermeiro ter capacidade para ir além da execução de
procedimentos técnicos. Na sua prática é indispensável o conhecimento teórico sólido, para
aplicar de maneira eficiente e eficaz o PE, fundamentado em raciocínio clínico e
evidências científicas. Também é fundamental que domine conceitos de gestão e
desenvolva habilidades para organizar o seu ambiente de trabalho, preparar e conduzir a
sua equipe a uma performance assistencial de alto nível, que é o propósito da SAE
(CARNEIRO, 2019; COFEN, 2017; SOARES; CAMELO; RESCK; TERRA, 2016;
SHASANMI;KIM;CASSIANI, 2015).
A Enfermagem, como ciência da arte do cuidar, denota, em suas práticas
assistenciais, gerenciais e educativas, a estreita relação com a responsabilidade social que
implica na formação de recursos humanos em nível superior e técnico, o que está em
consonância com as premissas do Sistema Único de Saúde (SUS). A gerência em serviços
de saúde, desde Florence Nightingale é uma das principais dimensões do trabalho do
enfermeiro, onde se destaca a busca pela qualidade assistencial e excelência no cuidado,
ancoradas nas evidências científicas e nas ações de educação permanente e continuada.
Em resposta às necessidades de educação permanente e continuada dos enfermeiros
de um complexo hospitalar de Porto Alegre, parceiro das atividades de ensino, pesquisa e
extensão da UFCSPA, em 2013 constituiu-se um grupo de trabalho da SAE, formado por
enfermeiros gestores e líderes dos sete hospitais deste complexo, docentes enfermeiras da
UFCSPA e estudantes de graduação em Enfermagem. Desta parceria, foi organizado e
oferecido aos enfermeiros, um curso de extensão sobre PE, ministrado por docentes do
Departamento de Enfermagem da UFCSPA, na modalidade presencial com carga horária
de 30 horas, ofertado em três edições entre 2013 e 2014, com um total de 90 participantes
(LINCH, et.al. 2019).

910
Dando sequência às ações desenvolvidas entre 2013 e 2014, por meio de um
produto de Mestrado Profissional em Enfermagem, a SAE foi implantada no sistema de
gestão deste complexo hospitalar em 2017 e, deste então, não apenas busca consolidar-se
institucionalmente, como também contribui para fortalecer as ações de ensino na
graduação de enfermagem (LINCH, et.al. 2019). A consolidação da SAE no cotidiano dos
enfermeiros deste complexo hospitalar requer ações integradas que proporcionem o
compartilhamento de saberes entre o ensino (academia) e o serviço de enfermagem,
(enfermeiros assistenciais). Esta proposta se alinha a alguns dos pressupostos de Paulo
Freire, de que os seres humanos são inacabados, incompletos e inconclusos (GADOTTI,
2017) e que “é pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar
a próxima prática”(FREIRE, 2011, p. 40). Nesta perspectiva, desenvolveu-se a proposta
do projeto de extensão “SAE: ações para qualificar o cuidado”, cujo objetivo é qualificar a
SAE realizada pelos enfermeiros. O paciente torna-se, ao final deste processo, o
beneficiário indireto das ações, ao receber assistência individualizada, qualificada e segura.
As ações de extensão do projeto articulam-se ao ensino e à pesquisa em
enfermagem, uma vez que despertam no acadêmico o desenvolvimento da práxis de
enfermagem, motivando-o à contínua busca de evidências para ancorar a prática de
enfermagem. Em atenção às necessidades de educação permanente dos enfermeiros deste
complexo hospitalar, algumas ações educativas, inicialmente programadas para a
realização presencial, foram adaptadas para a modalidade à distância, no período da
pandemia da COVID-19. O objetivo deste trabalho é relatar a experiência de ações
educativas à distância, com enfermeiros de um complexo hospitalar de Porto Alegre – RS,
realizadas no projeto de extensão SAE: ações para qualificar o cuidado.

Metodologia
Ações de educação permanente realizadas na modalidade à distância, utilizando
casos clínicos reais como estratégia de ensino. As ações ocorreram mensalmente entre
agosto de 2020 e julho de 2021, com duração média de 90 minutos, na plataforma Google
Meet, a partir de um planejamento conjunto da equipe do projeto com os enfermeiros
representantes do grupo SAE. A divulgação da atividade ocorreu no Instagram do projeto

911
@projetosaeufcspa, no grupo de whatsapp e, por e-mail, tendo como público-alvo
enfermeiros e estudantes de enfermagem. Para cada encontro, um enfermeiro da instituição
de saúde é convidado para apresentar um caso clínico da sua experiência na assistência
hospitalar. Os encontros foram moderados pela docente coordenadora do projeto, com
apoio das bolsistas e de dois enfermeiros que lideram o grupo da SAE no hospital. Ao final
de cada atividade, um questionário com a avaliação da ação, elaborado no Google Forms
foi enviado aos participantes.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Foram realizadas nove ações com discussão de casos clínicos sobre assistência de
enfermagem para pacientes adultos das áreas da cardiologia, oncologia, hematologia,
obstetrícia, infectologia (COVID-19) e pacientes pediátricos. Os casos clínicos
contextualizaram o estado de saúde do paciente, a patologia de base, anamnese, avaliação
clínica com evolução de enfermagem, os diagnósticos e as ações de enfermagem, de
acordo com a linguagens padronizadas da Enfermagem, preservando a identidade dos
pacientes. Essas informações guiaram as discussões dos casos e estimularam o raciocínio
clínico dos participantes, com sugestão de outros diagnósticos de enfermagem e cuidados,
denotando a ativa participação do público-alvo na atividade, com considerações advindas
da prática dos enfermeiros, contribuindo para a formação dos profissionais e dos alunos
presentes. As ações foram programadas para um turno e horário compatíveis com as
atividades dos enfermeiros na assistência, a fim de ampliar a participação. Participaram das
ações neste período, 243 participantes (enfermeiros e acadêmicos de enfermagem). O
impacto social dessa proposta, ao qualificar a SAE, processo de trabalho dos enfermeiros,
qualifica-se a segurança do paciente e a assistência de enfermagem individualizada,
fundamentada nas melhores evidências científicas. As ações com a participação ativa dos
enfermeiros permitem dialogar sobre a prática e compartilhar saberes. Congruente com os
objetivos previstos pelo PPC do Curso de Enfermagem, as ações descritas promovem aos
acadêmicos, a busca por evidências que fundamentam a prática clínica, o desenvolvimento
da comunicação, do pensamento crítico e reflexivo para a tomada de decisão, a

912
proximidade com a realidade e os desafios da assistência de enfermagem, contribuindo
para a formação das competências do futuro enfermeiro.
Os enfermeiros avaliaram positivamente a metodologia da atividade (casos
clínicos) e a possibilidade de realizá-la na plataforma on-line, o que contribuiu para
ampliar o conhecimento sobre SAE, qualificar a assistência e os protocolos de cuidado,
além de denotar a valorização do trabalho do enfermeiro e a visibilidade deste processo de
trabalho. Linch et al. (2019, p. 2) afirmam que “a SAE é a única possibilidade do
enfermeiro atingir a sua autonomia profissional e constitui a essência da sua práxis” e
destacam que a formação de recursos humanos qualificados é uma oportunidade de
“alavancar e qualificar profissionais e as instituições de saúde nesta temática”(p.2).

Considerações Finais
As ações educativas do projeto foram adaptadas para a realização à distância, em
decorrência da pandemia, mas permaneceram centradas nos objetivos que visam qualificar
a assistência de enfermagem. Observa-se uma crescente participação dos enfermeiros nas
ações educativas e destaca-se a interlocução entre o ensino e o serviço, representando um
importante momento de educação permanente para os enfermeiros e complementar dos
acadêmicos de enfermagem, sendo construtivas para todos. As discussões dos casos foram
disponibilizadas em formato mp4, para o departamento de educação corporativa da
instituição de saúde, a fim de inclui-las na plataforma educacional e possibilitar o acesso
para os enfermeiros que, eventualmente, devido às demandas da assistência, não
participam das atividades síncronas.

Referências
CARNEIRO, F. A. Tutoriais como ferramenta de educação para registros de
enfermagem. Dissertação[mestrado]. Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto
Alegre. Programa de Pós-Graduação Mestrado Profissional em Enfermagem, 2019.
Disponível em: https://repositorio.ufcspa.edu.br/jspui/handle/123456789/843. Acesso em:
06 ago. 2021.

913
CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Resolução 358/2009. [S. l.], 15 out. 2009.
Disponível em: http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-3582009_4384.html. Acesso em:
21 mar. 2021.

CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Resolução COFEN 564, de 6 de


novembro de 2017. Aprova a Reformulação do Código de Ética dos Profissionais de
Enfermagem. Brasília: COFEN, 2017.

FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo:


Paz e Terra, 2011.

GADOTTI, M. Extensão universitária: para quê? Disponível em:


https://www.paulofreire.org/images/pdfs/Extens%C3%A3o_Universit%C3%A1ria_-
_Moacir_Gadotti_fevereiro_2017.pdf. Acesso em: 08 ago. 2021.

LINCH, G. F. C. et al. Ações coordenadas para implantação e consolidação da


Sistematização da Assistência de Enfermagem em um complexo hospitalar. Enferm Foco,
2019, v. 10, n. 4, p. 82-88. Disponível em:
http://revista.cofen.gov.br/index.php/enfermagem/article/view/2342/556 Acesso em: 08
ago. 2021.

SHASANMI, R. O.; KIM, E. M.; CASSIANI, S. H. de B. National nursing strategies in


seven countries of the Region of the Americas: issues and impact. Rev Panam Salud
Publica, 2015, v. 38, n. 1. p. 64-72. Disponível em:
https://scielosp.org/article/rpsp/2015.v38n1/64-72/en/. Acesso em: 06 ago. 2021

SOARES, M. I.; CAMELO, S. H.; RESCK, Z. M.; TERRA, F. de S. Nurses’ managerial


knowledge in the hospital setting. Rev Bras Enferm [Internet]. 2016; v. 69, n. 4. p. 631-
637. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167.2016690409i. Acesso em: 06 ago. 2021.

914
SCALA 5.0 POSSIBILITANDO NARRATIVAS VISUAIS COM COMUNICAÇÃO
ALTERNATIVA

Área temática: Educação


Coordenadora da atividade: Cláudia RODRIGUES DE FREITAS
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Autores: C. P. S. STEQUES ; C. R. FREITAS 2; M. D. SOUZA 3; A. C. C. PEREIRA 4.
1

Resumo:
Ao desenvolver o sistema SCALA 5.0 nos centramos nas necessidades de comunicação
dos sujeitos não oralizados, assim como nas expectativas de professores, mediadores das
práticas educativas, na participação intensa da família para utilização e adaptação destas
estratégias e recursos. A trajetória investigativa envolve, portanto, os vários projetos de
investigação desenvolvidos pelo grupo em diferentes espaços e momentos, que nos
permitem propor o Scala 5.0. O Projeto Scala 5.0 (Sistema de Comunicação Alternativa
para Letramento de Pessoas com Autismo) em sua quinta versão, vem sendo idealizado e
desencadeado pelo Grupo de pesquisa Teias
(http://scala.ufrgs.br/Scalaweb/INICIO/index.php) e tem como intenção de oferecer o
know-how desenvolvido a partir das pesquisas e ações realizadas anteriormente na área de
Tecnologia Assistiva (TA), principalmente no que diz respeito à Comunicação Alternativa
(CA) BERSCHT. R., 2009 e o desenho universal na direção de favorecer a Inclusão
escolar PASSERINO, L M; PEREIRA, A. C. C., 2010, BEZ; PASSERINO, 2009. O
objetivo geral da ação de extensão, lincada a pesquisa homônima, é o de, a partir da
atualização do software do Scala, organizar formação com vistas o desenvolvimento de
narrativas visuais em CA, para crianças em processo de letramento com alguma
dificuldade na comunicação. As Ações desencadeadas buscam instrumentalizar, alunos e
alunas do Curso de Pedagogia da UFRGS, para que possam se apropriar deste dispositivo e

1
Cauê Petry da Silva Steques, (aluno [Bacharel em Astrofísica]).
2
Cláudia Rodrigues de Freitas, (servidor docente).
3
Magali Dias de Souza, (servidor docente).
4
Ana Cristina Cypriano Pereira, (servidor docente).

915
inserir seu uso com alunos em processo de letramento com alguma dificuldade na
comunicação.

Palavras-chave: Tecnologia Assistiva; Comunicação Alternativa; Scala.

Introdução
A comunicação humana é uma das práticas culturais mais importantes dos seres
humanos que, de forma geral, efetiva-se na linguagem e impacta no seu desenvolvimento,
seja social, seja cognitivo e cultural. Por este motivo, a comunicação é de vital importância
para o processo de inclusão social. Algumas crianças podem apresentar necessidade de
dispositivos que removam barreiras comunicacionais e, nestes casos, é necessário buscar
alternativas que podem estar ancoradas no campo da Tecnologia Assistiva, principalmente
na subárea Comunicação Alternativa. É esta subárea que tem proporcionado subsídios para
pesquisadores, profissionais da área da saúde e educadores pensar/elaborar
estratégias/recursos para suplementar, complementar ou construir o processo de
comunicação alternativa (CA). A ação de extensão Scala 5.0 Possibilitando narrativas
visuais com Comunicação Alternativa está vinculada a pesquisa homônima. Imagina-se
que a remoção de barreiras na comunicação possa favorecer as aprendizagens de crianças
com deficiência desde a concepção definida no Decreto nº 6.949/2009.
O Scala 5.0 – Sistema de Comunicação Alternativa para Letramento, não é uma
ação nova, mas conta com quatro ações anteriores, iniciadas e desenvolvidas pela
Professora Liliana Passerino (PASSERINO, 2011). Propomos sua continuidade e avanços,
pois é um dispositivo que facilita o processo de comunicação para todas as crianças, em
especial as para as referidas como público-alvo da Educação Especial. A ação de extensão
prevê articulação de trabalho com a pesquisa, assim como compromisso com a formação,
inicialmente, para alunos e alunas do curso de Pedagogia da UFRGS. O Sistema SCALA é
um recurso tecnológico que promove habilidades e esquemas de comunicação por meio da
tecnologia em sua aplicabilidade no âmbito da Educação, em especial aos aspectos
relacionados desenho universal, favorecendo a Inclusão Escolar. O objetivo geral da ação
de extensão é o de, a partir da atualização do software do Scala, organizar formação com

916
vistas ao desenvolvimento de narrativas visuais em CA, para crianças em processo de
letramento com alguma dificuldade na comunicação. Dar expansão à plataforma Scala,
visa permitir a utilização, escolar ou não, para um número maior de crianças. O acesso e
uso de tecnologias do SCALA é livre, após a inscrição no site e pode ser acessado de
qualquer lugar, via Computador ou celular. Ao oferecer cursos de extensão para o uso do
sistema SCALA 5.0 nos centramos na possibilidade deste dispositivo, favorecer a
comunicação dos sujeitos não oralizados. As ações qualificam os usuários (futuros
professores, mediadores das práticas educativas), instrumentalizando para a utilização e
adaptação de estratégias e recursos na aprendizagem (PASSERINO, 2010, AVILA;
PASSERINO, 2011,).

Metodologia
Para a oferta de ações de extensão em 2021 será usado a plataforma Google Meet
disponibilizada pela UFRGS, na intenção de oferecer curso de extensão a alunos e alunas
do curso de pedagogia da UFRGS, com vistas a qualificar futuros professores para o uso
deste dispositivo. Buscamos, desta forma ampliar a utilização do Scala contemplando,
prioritariamente, a formação de professores para seu uso com os alunos em processo de
letramento com alguma dificuldade na comunicação. Nossa perspectiva visa a remover
barreiras às aprendizagens desde a concepção definida a partir da Política (2008) e da LBI
de 2015. O sistema Scala é desenvolvido de forma intuitiva, individual, ou em pequenos
grupos, podendo contribuir com os processos de inclusão. São previstas três etapas para a
ação em 2021 sendo que duas já iniciaram: Ampliação de fundamentação teórica e
Atualização do sistema operacional. A terceira ação, Cursos de Extensão Universitária para
alunos da Licenciatura em Pedagogia UFRGS, vai ser oferecida no semestre que se
avizinha.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Ainda que em contexto inicial de desenvolvimento em sua versão Scala 5.0, ações
anteriores já aconteceram e sempre muito concorridas. Neste sentido, imaginamos que será
bem recebida na comunidade UFRGS. No que se refere a importância do sistema, é

917
inegável o impacto do Scala no desenvolvimento de crianças com dificuldade na
comunicação. Desta forma, socializar o sistema como ferramenta que pode auxiliar a
aprendizagem e comunicação em espaço escolar se faz oportuno que o maior número de
professores e futuros professores tenha acesso a ele.

Considerações Finais
O processo de recuperação de um sistema que já é de conhecimento da
Comunidade UFRGS, mas não só, é de suma importância, assim como garantir sua versão
mais recente. A tecnologia está em eterna evolução, e os softwares devem ser
frequentemente atualizados para que se mantenham sempre disponíveis e acessíveis. Entre
os desafios está a recuperação de todo o legado do sistema Scala, assim como a
modernização do programa. Por outro lado, a expectativa da comunidade reforça a sua
importância e por consequência o ganho acadêmico com este dispositivo.

Referências
AVILA, B. G.; PASSERINO, L. M.. SCALA: um sistema de CAA centrado no contexto
do usuário. RENOTE. Revista Novas Tecnologias na Educação, v. 9, p. 1-10, 2011.

BERSCHT. R. Tecnologia Assistiva: metodologia para estruturação de serviço em escolas


públicas. 2009. Dissertação (Mestrado em PGDESIGN) - Universidade Federal do Rio
Grande do Sul. Co-Orientador: Liliana Maria Passerino.

BRASIL, LEI Nº 13.146, DE 6 DE JULHO DE 2015. Lei Brasileira de Inclusão da


Pessoa com Deficiência. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-
2018/2015/Lei/L13146.htm.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de


Educação Especial na perspectiva da educação inclusiva. Brasília, DF, 2008.

PASSERINO, L M; PEREIRA, A. C. C. Educação, Inclusão e Trabalho: um debate


necessário. Educação e Realidade, v. 39, p. 831-846, 2014.

PASSERINO, L. M. Scalando: trajetórias de pesquisa na construção do Sistema de


Comunicação Alternativa para letramento de pessoas com autismo (SCALA). In: Leila
Regina d'Oliveira de Paula Nunes; Miruan Bonadiu Pelosi; Catia Crivelenti de Figueiredo
Walter. (Org.). Compartilhando experiências: ampliando a comunicação alternativa. 1
ed. Marília - SP: ABPEE, 2011, v. 1, p. 83-96.

918
PASSERINO, L. M.; AVILA, B. G.; BEZ, M. R.. SCALA: um Sistema de Comunicação
Alternativa para o Letramento de Pessoas com Autismo. RENOTE. Revista Novas
Tecnologias na Educação, v. 1, p. 1-10, 2010.

PASSERINO, L. M. Apontamentos para uma reflexão sobre a função social das


tecnologias no processo educativo. Texto Digital (UERJ), v. 6, p. 1-20, 2010.

Cauê P. S. STEQUES, Bolsista de extensão no Scala 5.0


Programa de bolsas de extensão UFRGS

919
SER PROFESSORA DE INGLÊS NA ATUALIDADE: REFLEXÕES SOBRE
DOCÊNCIA EM CURSO DE EXTENSÃO

Área Temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Sita Mara Lopes SANT´ANNA
Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS)
Autores: K. SILVA 1; S. SANT’ANNA 2.

Resumo:
O presente artigo visa apresentar e refletir sobre uma atividade formativo-reflexiva
realizada como curso de extensão, intitulada: “Ser professor(a) de inglês na atualidade:
uma reflexão sobre identidades docentes”, promovido pela Universidade Estadual do Rio
Grande do Sul- UERGS. Embora tenha sido um curso de curta duração, realizado em oito
horas, com duas horas semanais, via Google Meet, através dele tornou-se possível
compreender a importância da extensão universitária como instância formadora e espaço
de aprendizagens, por possibilitar o diálogo com docentes e discentes, oriundos de
diferentes instituições. Com os objetivos de reunir e possibilitar espaço reflexivo e crítico
com docentes e discentes para que percebam seus processos identitários e os saberes
profissionais múltiplos que os constituem, buscou-se qualificar o(a) professor(a) de língua
inglesa. Do ponto de vista metodológico, produzir-se-á excertos de uma narrativa reflexiva
sobre acontecimentos relevantes do curso e de processos avaliativos orais e escritos
realizados, que serão evidenciados. Como principais resultados, tendo por base as
discussões e reflexões produzidas no/com o grupo observou-se que há falta de espaços
formativos e que considerem a reflexão e a escuta das vozes docentes de professores(as) de
inglês, que carecem de cursos de formação continuada específicos para o profissional de
Letras/Inglês.

Palavras-chave: Identidades Docentes; Extensão Universitária; Professores(As) De Inglês.

1
Kelly Cristina Rodrigues Gularte da Silva, UERGS (mestranda [Mestrado Profissional em Educação]).
2
Sita Mara Lopes Sant’Anna, UERGS (servidor docente [Mestrado Profissional em Educação]).

920
Introdução
A proposta deste curso de extensão específico para docentes e discentes de Curso
de Letras/Inglês é relevante, porque normalmente o(a) professor(a) de inglês tem “uma
trajetória solitária” (BRITISH COUNCIL, 2015, p. 14) e um grupo fomentando ideias,
possibilita melhorar a qualidade do ensino da língua estrangeira e a identificar-se mais
enquanto docente. Nesses contextos, há carência de formação continuada específica e
gratuita para professores de língua estrangeira, e por conta disso, problematiza-se: como se
percebem os(as) professores(as) de inglês, no exercício de sua docência.
Participaram desta ação extensionista, em ambiente virtual via Google Meet, doze
participantes de diferentes instituições do país. Importante salientar que esta ação de
extensão universitária mobiliza saberes interdiscursivos diversos, constituídos
especialmente do intercâmbio PDPI/CAPES/Fulbright, na Iowa State University, EUA,
realizado em 2019 e de estudos, em andamento, produzidos no Mestrado em Educação-
PPGED-MP/UERGS, onde investigamos as identidades docentes.
Para tanto, objetivou-se: qualificar o(a) professor(a) de língua inglesa no intuito de
promover a melhora da qualidade de ensino nesta disciplina, de forma que docentes desta
área de linguagem se percebam, reflitam sobre suas identidades docentes e saberes
múltiplos que possuem, assim como este intuito se estende à presente pesquisadora.

Metodologia
A metodologia utilizada para a produção dos dados engloba a narrativa reflexiva,
que nas proposições de Abrahão (2012) envolvem o ato de explicitar para si mesmo as suas
compreensões e processos de aprendizagem, para entender a sua historicidade. A narrativa
de destaques apresentadas foram registradas em caderno de notas. O curso foi
desenvolvido considerando encontros semanais com duração de duas horas, sendo
ministrado pela pesquisadora durante o mês de maio de 2021, com registro na Pró Reitoria
de Extensão-ProExUERGS. Em sua metodologia, além dos espaços de reflexão
proporcionados pelo curso, possibilitou-se também momentos de exposição-dialogada,
apresentando possibilidades pedagógicas de utilização de Power Point e Canva, aplicação

921
de jogos, com os/as professores(as) de inglês. Além disso, foram realizadas visitas a
websites com exemplos de abordagens pedagógicas potentes para serem utilizadas na
escola pública, com estudantes da Educação Básica nas diferentes concepções de sala de
aula neste momento de ensino remoto, tais como: Youglish, Kahoot, worldwall, Google
form, mentimeter, entre outras. Como abordagem de tópicos explorados em intercâmbio
realizado nos EUA, refletiu-se sobre possibilidades pedagógicas de tipos de warm ups,
maneiras significativas de introduzir um conteúdo, com running dictation, diagrama de
Venn e aspectos metodológicos relacionados ao ensino de inglês.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Sobre as metodologias e processos pedagógicos do curso, os/as professores(as)
manifestaram que o curso possibilitou que os mesmos refletissem sobre sua prática na sala
de aula e como utilizam as diretrizes educacionais, como BNCC, nos contextos em que
estão inseridos(as). Ao longo dos encontros foram apresentadas, discutidas e
problematizadas também algumas abordagens que versavam sobre feminização docente,
identidades e saberes docentes, constituição do curso de Letras/Inglês no Brasil, desafios,
demandas da atualidade e práticas metodológicas na perspectiva brasileira. Estas temáticas
abrangem estudos efetivados no PPGED-MP/UERGS, o que reafirma a interlocução e
importância desse espaço de extensão como troca de saberes produzidos na Universidade
com professores da Educação Básica e também de aprendizagens obtidas nesse
movimento. Percebe-se, assim a contribuição da atividade de extensão na formação
continuada dos envolvidos nas produções das narrativas apresentadas, pois foi possível
produzir reflexões acerca do exercício da docência, que nos conceitos de Laffin (2012, p.
212) “[...] só podem ser apreendidos como práticas construídas socialmente mediante a
análise das determinações históricas que emergem das reais condições de trabalho”, assim
como dos processos metodológicos que são desenvolvidos e constituem as suas
identidades.
Destas perspectivas apreende-se, também a partir de Hall (2006) que manifesta que
a identidade é formada ao longo do tempo, que as identidades docentes ou os processos

922
identitários são múltiplos, instáveis, temporários, dinâmicos e se constituem, constroem
como efeito e por interferência de processos históricos, interculturais, sociais, ideológicos,
legais, políticos, em movimentos de tensão e conflitos, permeados por um continuum de
discursos, que atuam e se atualizam nos modos de ser e agir destes docentes. O
entendimento que se destaca, em suas narrativas mediante processos avaliativos orais e
escritos, que os mesmos refletiram sobre suas identidades docentes demonstrando que não
sabiam do recorte sócio-político-histórico que os interpela; se sentiram valorizados pelos
saberes que possuem e nem sabiam ou não tinham consciência destes saberes. Apreciaram
(re)aprender práticas pedagógicas reais de serem desenvolvidas na sala de aula, neste
momento pandêmico. Tardif (2002) reitera, ao abranger os saberes docentes, que estes são
oriundos da trajetória dos professores, como estudantes, das vivências profissionais e
formativas que possuem, na sua formação inicial docente e com os saberes curriculares
com os quais dialogam, constituindo assim, suas identidades docentes.

Considerações Finais
Conclui-se, após processo reflexivo, tendo por base as discussões e reflexões
produzidas, que há falta de espaços formativos e que considerem a reflexão e a escuta das
vozes docentes de professores(as) de inglês, que carecem de cursos de formação
continuada específicos para o profissional de Letras/Inglês, e que nessa atualidade,
diferentes abordagens pedagógicas são utilizadas neste leque ampliado da função social do
inglês. Por fim, os objetivos da ação do curso de extensão, foram alcançados, contribuindo
significativamente para todos os envolvidos nesta prática reflexiva, e colaborando para os
estudos do mestrado profissional, e trazendo reflexões sobre a docência de todos os
envolvidos neste curso.

Referências
ABRAHÃO, M. H. M. B; PASSEGGI. M. C. As narrativas de formação, a teoria do
professor reflexivo e a autorregulação da aprendizagem: uma possível aproximação. In:
SIMÃO, V.; FRISON; ABRAHÃO. Autorregulação da aprendizagem e narrativas
autobiográficas. Natal: EDUFRN: Porto Alegre: EDIPUCRS, 2012.p. 53-71

923
BRISTISH COUNCIL. O Ensino de Inglês na Educação Pública Brasileira: Elaborado
com exclusividade para o British Council pelo Instituto de Pesquisas Plano CDE. 1. ed.
São Paulo: British Council, 2015.

HALL, Stuart. Identidades Culturais na pós modernidade; tradução: Tomaz Tadeu da


Silva, Guaracira Lopes Louro.11. ed. Rio de Janeiro: DP&A Ed., 2006.

LAFFÍN. Maria Hermínia Lage Fernandes. A constituição da docência na Educação de


Jovens e Adultos. Currículo sem Fronteiras, v. 12, n.1, p. 210-228, jan./abr., 2012.
Disponível em: http://www.curriculosemfronteiras.org/vol12iss1articles/laffin.pdf. Acesso
em: 27 jan. 2021.

TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 4. ed. Petrópolis, Rio de


Janeiro: Vozes, 2002.

924
SUCULENTAS AO ALCANCE DE TODOS: FONTE DE RENDA E SAÚDE
MENTAL

Área Temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Meire PEREIRA DE SOUZA FERRARI
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná (IFPR)
Autores: M. L. CAMPOS BRAGA 1; S. V. DALBELLO. DE MESQUITA 2; N. LOPES.
ARAUJO 3; M. P. DE SOUZA FERRARI 4

Resumo:
As suculentas são plantas fáceis de cuidar e armazenar, estudos apontam que elas ajudam
na concentração, além de limpar o ar e remover toxinas. No entanto, necessitam de alguns
cuidados básicos. O objetivo desse projeto é expandir o conhecimento sobre as plantas
suculentas por meio de minicursos de técnicas de propagação e de comercialização, para
que possa gerar renda extra às famílias, e também desenvolver o gosto pelo cultivo da
planta, ajudando na saúde física e mental dos envolvidos. As atividades além de
envolverem leituras prévias de artigos, reuniões para troca de informações conta com
atividades conduzidas nas dependências do IFPR(Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Paraná) e na escola estadual do campo Vinicius de Moraes no distrito de
Saltinho D’Oeste, em diferentes etapas. Até o momento foi realizada a distribuição de 50
(cinquenta) suculentas às mães dos estudantes da escola do campo Vinicius de Moraes do
município de Saltinho D’Oeste, apresentações em congressos científicos e publicação de
um artigo.

Palavras-chave: Propagação; Cultivo; Comercialização.

1
Maria Laura Campos Braga - Aluna Técnica em Informática Instituto Federal do Paraná - IFPR.
2
Nelma Lopes Araújo - Docente Instituto Federal do Paraná - IFPR.
3
Sandra Valéria Dalbello de Mesquita - Docente Instituto Federal do Paraná - IFPR.
4
Meire Pereira de Souza Ferrari - Docente Instituto Federal do Paraná – IFPR.

925
Introdução
O projeto “Suculentas ao alcance de todos: Fonte de renda e saúde mental” possui
uma bolsa do Programa Institucional de Bolsas de Extensão - Pibex Júnior, do Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná (IFPR). Surgiu com a ideia de
conectar o ser humano com a natureza, algo que vem se tornando cada vez mais difícil,
mas também com o intuito de oferecer renda e bem-estar aos envolvidos, por meio do
cultivo e manejo da planta, afinal promover terapia ocupacional com a natureza mostra um
avanço positivo como como é apontado por estudos (CAMARGO et al., 2015; SOUZA,
2017).
O projeto é desenvolvido nas dependências do IFPR e na Escola Estadual de
Campo Vinicius de Moraes, no Distrito de Saltinho D’Oeste, em diferentes etapas, com
alunos, voluntários e professores, além de mães da escola Vinicius de Moraes.
A proposta possibilita aos estudantes uma formação acadêmica mais completa,
melhorando na oratória, e contribuindo positivamente na escrita de trabalhos
científicos,além de ampliar o conhecimentosobre as plantas suculentas por meio de
minicursos de técnicas de propagação e de comercialização, dessa forma, desenvolver o
gosto pelo cultivo. As famílias envolvidas busca gerar renda, como também melhorar a
saúde física e mental, por meio de palestras de motivação, além de promover terapia
ocupacional por meio do cultivo de plantas.

Metodologia
As atividades contam com diferentes etapas e públicos alvos, a primeira etapa foi
destinada para os estudantes e professores, já a segunda para os participantes externos
devidamente cadastrados no Centro de referência de Assistência Social (CRAS) e as mães
dos alunos da Escola do Campo.
As atividades de capacitaçào e cultivo de suculentas foram realizadas nas
dependências do IFPR e na Escola Estadual do Campo Vinicius de Moraes, no Distrito de
Saltinho D’Oeste.
Os materiais utilizados para cultivo das plantas foram: areia, palha de amendoim e
esterco nas proporções de (1:1:1). No primeiro estágio as suculentas foram cultivadas em

926
“berçários”, em seguida transferidas para vasos de PVC (policloreto de vinilo) com
capacidade para 100 ml (Mililitro), permanecendo no campus até atingirem a altura de 5
cm (Centímetro).
Na primeira etapa foram ministrados cursos de produção de suculentas, onde foi
feito o preparo do substrato para produção das mudas. Já na segunda etapa foram
ministrados cursos para os tratos culturais com as plantas que foram realizadas a cada
encontro, envolvendo a aguação, limpeza dos vasos, replantio e a produção de novas
mudas. Além disso, foram ministradas técnicas de comercialização e confecção das
embalagens e etiquetas a partir de material reciclado. Todos os envolvidos foram
estimulados a cuidar daquilo que produziram, e acompanharam suas mudas até o momento
da retirada do campus e/ou comercialização, para que assim possam ter conhecimento de
todas as etapas do processo de cultivo, propagação e comercialização do universo das
suculentas.
Pretende-se ainda para 2021/2022 implantar o projeto em outra escola como:
Centro Municipal de Educação Infantil Recanto Feliz (CEMEI) para que ocorra a oferta de
cursos, cultivo de mudas e distribuição das mesmas.

Desenvolvimento e processos avaliativos


No ano de 2020 a atividade foi desenvolvida em parceria com a escola do campo
Vinícius de Moraes onde podemos destacar o empenho da comunidade acadêmica em
divulgar o projeto e a parceria nas ações. As mães dos alunos da escola do campo Vinicius
de Moraes, os estudantes, professores e voluntários se manifestaram para o cultivo das
plantas, manejo, técnicas de propagação e todos os processos de cuidado como: aguação,
limpeza dos vasos, replantio e a produção de novas mudas.
Essas atividades geraram oportunidade de renda extra às famílias carentes
incentivando o cultivo dessas plantas. Ainda recebemos relatos de algumas pessoas
atendidas pelo projeto, tanto pelas que participaram dos minicursos, como as que
receberam uma muda de suculentas que têm ampliando seu repertório de suculentas e
gostariam de participar de mais atividades. Para os alunos envolvidos houve uma
significativa melhora na formação acadêmica, na oratória, e em maneiras de como

927
apresentar e criar trabalhos científicos. As expectativas ainda para os anos de 2021/2022 é
a expansão do projeto em outras escolas, com o intuito de ampliar os conhecimentos sobre
as plantas suculentas para todas as pessoas que se interessarem, em aprender técnicas de
cultivo, manejo, propagação, cuidado e comercialização.
É importante ressaltar a participação ativa do estudante bolsistas em todas as
atividades do projeto: desde o plantio das mudas e cuidados culturais a participação em
congressos científicos e escritas de resumos e artigo, sempre supervisionado pelos
professores envolvidos na proposta.

Considerações Finais
Mesmo diante da pandemia, que dificultou significativamente a execução da
proposta, foi possível alcançar vários objetivos propostos.
Na primeira etapa concluímos o que era esperado, ministrar cursos de produção de
suculentas para fins de preparo do substrato para produção das mudas. Onde recebemos
relatos de pessoas que participaram das oficinas mostrando sua gratidão em redes sociais.
Com a distribuição das suculentas às mães dos estudantes da escola do campo
Vinicius de Moraes do município de Saltinho D’Oeste, e com o curso remoto sobre os
tratos culturais da planta para os participantes externos inscritos durante o evento "O que
você FAZ feliz da vida e outras ideias para viver melhor”, o IFPR recebeu maior
divulgação, o que é realmente gratificante para a instituição.
Em relação à situação problema ainda não foi possível avaliar o impacto social das
ações, no entanto, recebemos vários relatos positivos dos participantes.
Espera-se concluir todos os objetivos propostos para os próximos anos.

Referências
CAMARGO, Reginaldo et al. Uso da hortoterapia no tratamento de pacientes portadores
de sofrimento mental grave. Enciclopédia Biosfera, v. 11, n. 22, 2015.

HURRELL, Julio Alberto; DELUCCHI, Gustavo; KELLER, Héctor Alejandro. Flora del
Valle de Lerma: Fam. Crassulaceae J. St.-Hill. Aportes Botánicos de Salta. Serie Flora,
v. 11, 2013.

928
SOUZA, Thaís Sampaio de; MIRANDA, Marlene Barreto Santos. Horticultura como
tecnologia de saúde mental. 2017.
TAKANE, Roberto Jun; PIVETTA, Kathia Fernandes Lopes; YANAGISAWA, Sergio
Shoji. Cultivo técnico de cactos & suculentas ornamentais. GrafHouse, 2009.

929
TRAMAS: TECNOLOGIA, RESPONSABILIDADE, AUTORIA, MOVIMENTO,
AMOROSIDADE E SOCIEDADE

Área Temática: Educação


Coordenadora da atividade: Amanda MEINCKE MELO
Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA)
Autores: A. MEINCKE MELO 1; D. BAST KUHN 2; M. LUZ ALVES 3; J. V.
CARVALHO 4.

Resumo:
O programa de extensão TRAMAS tem como objetivo geral promover o respeito à
multiplicidade das diferenças. Para isso, tem-se realizado uma série de ações, considerando
o cenário pandêmico, de forma online. Essas ações têm envolvido diretamente a
comunidade externa e contribuído à formação técnica e cidadã de estudantes universitários.

Palavras-chave: Sociedade; Responsabilidade; Tecnologia.

Introdução
No movimento nacional de curricularização da extensão universitária,
impulsionada pelo Plano Nacional de Educação 2014-2024, a Universidade Federal do
Pampa (UNIPAMPA), através das pró-reitorias de graduação e de extensão e cultura, tem
mobilizado a comunidade acadêmica a ampliar as ações de extensão universitária
integradas aos currículos de graduação.
Ademais, “[...] a abordagem de conteúdos pertinentes às políticas de educação
ambiental, de educação em direitos humanos e de educação das relações étnico-raciais e o
ensino de história e cultura afro-brasileira, africana e indígena [...]” (SILVINO et al., 2017,
p. 11) constitui o critério de análise para o indicador conteúdos curriculares da

1
Amanda Meincke Melo, servidora docente, aluna da Licenciatura em Letras-Português.
2
Diuli Bast Kuhn, aluna do Bacharelado em Engenharia de Software, bolsista PDA2021/UNIPAMPA.
3
Merlen da Luz Alves, aluna da Licenciatura em Letras-Português.
4
João Vitor Carvalho, aluno do Bacharelado em Engenharia Mecânica.

930
organização didático-pedagógica dos cursos de graduação em processos de
reconhecimento e renovação de conhecimento.
Esses conteúdos são indispensáveis à formação cidadã e ética de estudantes
universitários. Eles têm sido debatidos em diferentes espaços, destacando-se cursos de
licenciaturas, comitês de gênero e sexualidade, núcleos de estudos afro-brasileiros e
indígenas, escolas, pontos de cultura, ações literárias e espaços de convivência.
Nesse cenário, foi proposto o programa de extensão TRAMAS, acrônimo para
Tecnologia, Responsabilidade, Autoria, Movimento, Amorosidade e Sociedade, que tem
como objetivo geral promover o respeito à multiplicidade das diferenças.

Metodologia
Orientam o desenvolvimento programa de extensão TRAMAS as diretrizes da
extensão, enunciadas na Política Nacional de Extensão (SOARES et al., 2012): interação
dialógica, inderdisciplinaridade e interprofissionalidade, indissociabilidade ensino-
pesquisa-extensão, impacto na formação do estudante, impacto e transformação social.
Tem-se como público-alvo das ações extensionistas: profissionais e estudantes da
educação básica, profissionais da área cultural, pessoas idosas e comunidade em geral. A
equipe executora do TRAMAS é formada por discentes, docentes, técnicos administrativos
em educação e membros da comunidade externa de variadas áreas de formação.
O conjunto de ações desenvolvidas, desde março de 2020, dado o cenário
pandêmico, inclui rodas de conversa online, ciclos de lives, aulas e seminários abertos,
ações literárias online, ações e projetos alinhados aos objetivos do programa. Essas ações
são veiculadas em páginas e grupos do Facebook, no YouTube, em plataformas de
podcasts. Algumas são desenvolvidas com apoio da plataforma de reuniões Google Meet.
Para planejar essas ações, a comunicação da equipe executora tem acontecido
principalmente em grupos de WhatsApp. A divulgação ocorre em listas de e-mails, redes
sociais e mídia local. Para avaliá-las, são adotados instrumentos como formulários online
cujos dados serão tabulados para análise ao final do período de execução do programa.

931
Desenvolvimento e processos avaliativos
Em 2020, no Facebook, foram desenvolvidos a página do programa de extensão 5;
de junho a agosto, um ciclo de lives denominado “Coletivo Multicultural Online” em
parceria com o ponto de cultura Coletivo Multicultural de Alegrete; e, em novembro, o
grupo TRAMAS entre gerações 6, com a intenção de promover a trocas de experiências e
conhecimentos entre diferentes gerações com especial interesse em novas tecnologias para
o público idoso.
No mesmo ano, com apoio do Google Meet, foram realizadas rodas de conversa
online em temas afins aos objetivos do programa (ex.: sexualidade, cultura indígena,
acessibilidade na comunicação, lixo eletrônico e arte etc.); rodas de conversa online do
projeto Saúde e bem-estar em tempos de pandemia com o protagonismo de profissionais da
comunidade externa; o Sarau de Literatura Lusófona com a colaboração de estudantes e
professores do curso de Letras-Português/Licenciatura; e a Noite Poética em homenagem a
Chico Buarque, em parceria com o Serviço Social do Comércio (SESC) e o ponto de
Cultura Coletivo Multicultural de Alegrete.
Ainda em 2020, no canal YouTube do TRAMAS 7, foram veiculadas a terceira
edição do curso interinstitucional “Aprendizagens Interculturais: produção de sentidos na
educação”, aulas e seminários abertos do componente curricular Tecnologia em Contexto
Social com a colaboração de membros da comunidade externa.
Além dessas ações, em março de 2020, deu-se início ao TRAMAS Literárias,
veiculada nas plataformas SoundCloud 8 e no Spotfy 9, com o protagonismo de estudantes
universitários em sua organização e leituras de textos por membros internos e externos à
Universidade.
Em 2021, o projeto Leitura em Todos os Sentidos, desenvolvido desde 2018, no
campus Alegrete da UNIPAMPA, passou a integrar o programa de extensão TRAMAS. No
canal YouTube do programa, foram veiculadas aulas abertas do componente curricular

5
https://www.facebook.com/tramasunipampa
6
https://www.facebook.com/groups/tramasentregeracoes
7
https://www.youtube.com/c/TRAMAS-UNIPAMPA
8
https://soundcloud.com/ammelobr
9
https://open.spotify.com/show/16waabWc99A4L7SIv6Cx87

932
Acessibilidade Inclusão Digital; uma nova edição do curso “Aprendizagens Interculturais:
produção de sentidos na educação” está em desenvolvimento; e a programação da
celebração dos 4 anos do #LeiaMulheresAlegrete, protagonizada pelas mediadoras do
clube de leitura, também integra a programação do canal. Em maio deste ano, realizou-se a
segunda edição do Sarau de Literatura Lusófona com a participação de estudantes e
professores da educação básica.
Está em fase de organização uma oficina para idealizar tecnologias digitais com
adolescentes para divulgar os cursos na área da Computação; uma série de publicações
sobre acessibilidade em redes sociais, que deve ser disponibilizada no período de setembro
a dezembro de 2021; uma programação alusiva ao centenário de Paulo Freire; um ciclo de
lives sobre a formação ética e cidadã de estudantes universitários; assim como atividades a
serem desenvolvidas em parceria com o Centro de Convivência e Fortalecimento de
Vínculos para o grupo Conviver Idosos.
Com início de suas atividades em março de 2020, um pouco antes do isolamento
social imposto pela pandemia por COVID-19, a equipe executora do programa de extensão
TRAMAS precisou se reinventar. Considerando-se seus objetivos, uma série de ações
online têm sido desenvolvidas com o protagonismo – propositores de ações, mediadores,
palestrantes e autores de conteúdos – e a participação de membros da comunidade externa
à Universidade. Todas essas ações são sistematicamente avaliadas.
Ao colaborarem no desenvolvimento dessas ações, estudantes universitários têm
adquirido habilidades de planejamento, de trabalho interdisciplinar em grupo, de
comunicação e de uso de tecnologias digitais para oportunizar que mais pessoas sejam
alcançadas em atividades variadas. Além disso, esses estudantes podem não apenas
vivenciar, mas refletir e escrever sobre seu envolvimento em ações de extensão, a exemplo
das produções acadêmicas associadas ao Sarau de Literatura Lusófona e ao TRAMAS
Literárias.

Considerações Finais
O objetivo central do programa de extensão TRAMAS tem sido endereçado. O
diálogo e a colaboração com a comunidade, ainda que limitado à mediação das tecnologias

933
digitais, tem se desenvolvido satisfatoriamente. Estudantes universitários têm tido espaço
no programa para exercitar a interdisciplinaridade e a interprofissionalidade, assim como
para manter em perspectiva reflexões importantes à convivência em sociedade, inclusive
em seus ambientes de atuação profissional.

Referências
SILVINO, A. M. D.; OLIVEIRA, A. C. A. M.; FABRINI, A. F. S. et al. Instrumento de
Avaliação de Cursos de Graduação Presencial e a Distância: reconhecimento,
renovação de reconhecimento. Brasília: Inep/MEC, 2017.

SOARES, L. T. R.; FERREIRA, L. F. G.; MIRANDA, G. L.; et al. Política Nacional de


Extensão Universitária. Manaus: FORPROEX, 2012.

934
EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA EM TEMPOS DE PANDEMIA: UM RELATO DE
EXPERIÊNCIA ACERCA DAS ATIVIDADES DO NÚCLEO EXTENSIONISTA
RONDON - NER/UDESC

Área Temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Alfredo Balduíno SANTOS
Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)
Autores: E. R. BORIN 1; G. C. M. DEMETRIO 2; G. S. RANGEL 3;
G. G. BAUER 4; A. C. A. FILHO 5.

Resumo:
O presente artigo visa descrever os métodos utilizados pelo Núcleo Extensionista Rondon -
NER/UDESC para manter-se ativo durante o período de isolamento social, através de um
relato de experiência.O NER/UDESC atua por meio de operações presenciais em mais de
180 municípios, porém, com a pandemia,suas ações precisaram ser adaptadas ao formato
remoto, dessa forma diversas atividades foram realizadas para que fosse possível dar
sequência às programações pertencentes ao planejamento do projeto. Dessa forma,
reuniram-se os professores, técnicos universitários e extensionistas/rondonistas, de forma
remota, para que a extensão universitária continuasse ativa em época de pandemia. Assim,
a abordagem proposta, evidenciou a importância do uso das tecnologias de informação e
comunicação, ao mesmo tempo em que promoveu aprendizagens aos bolsistas, também
possibilitou ampliar as mediações entre a universidade e a comunidade. Diante de todas as
limitações ao trabalhar de maneira remota, conseguiu-se atingir bons resultados com o uso
das tecnologias de informação e comunicação, que viabilizaram a continuidade das
operações.

Palavras-chave: Extensão Universitária; Tecnologias; Indissociabilidade.

1
Emanoeli Rostirola Borin, aluna [enfermagem]. Bolsista do NER no Centro de Educação do Oeste (CEO).
2
Gabriela Cristina Martins Demetrio, aluna [informática]. Bolsista Voluntária do NER no Centro de
Educação a Distância (CEAD).
3
Giovanna da Silva Rangel, [fisioterapia]. Bolsista do NER no Centro da Saúde e do Esporte (CEFID).
4
Gustavo Garcia Bauer, aluno [engenharia elétrica]. Bolsista do NER no Centro de Ciências Tecnológicas
(CCT).
5
Antonio Carlos dos Anjos Filho, Professor Coordenador do Instituto Fazer Social - DF. Colaborador do
NER desde 2010 na Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC).

935
Introdução
A história da Extensão Universitária (EU) é marcada por um pensamento atípico ao
habitual da época, desde o seu início na segunda metade do século XIX na Inglaterra com a
ideia da educação continuada àqueles que não tinham acesso à Universidade, passando pela
Reforma de Córdoba na América Latina em 1918 que propunha uma EU comprometida
com as mudanças sociais e até os dias atuais quando se busca curricularizá-la, garantindo
que faça parte do tripé universitário (ensino, pesquisa e extensão) (SANTOS, 2012).
O Núcleo Extensionista Rondon - NER surge na Universidade do Estado de Santa
Catarina através da portaria nº 1192 de 2010, destacando-se como uma das principais ações
de extensão da referida instituição e possibilitando o intercâmbio de acadêmicos e
acadêmicas a partir de suas inserções em diferentes espaços do estado de Santa Catarina,
de outros estados da federação e até em outros países (SANTOS, 2012).
As atividades desenvolvidas durante as Operações, são planejadas para acontecer
de forma presencial considerando-se as oito áreas da Extensão Universitária no Brasil:
Comunicação; Cultura; Direitos Humanos e Justiça; Educação; Meio Ambiente; Saúde;
Tecnologia e Produção e Trabalho, e são desenvolvidas pelos extensionistas/rondonistas
de forma interdisciplinar, visando desenvolvimento pessoal, acadêmico e profissional.
Entretanto, com a pandemia da Covid-19 declarada em março de 2020 pela
Organização Mundial da Saúde ocasionada pelo vírus SARS-CoV-2, o NER, assim como
todos os outros projetos universitários, teve suas atividades interrompidas e posteriormente
(re)pensadas para a realidade vigente. O objetivo deste artigo é descrever os métodos
utilizados pelo projeto para manter-se ativo durante o período de isolamento social.

Caminho Metodológico
Trata-se de um relato de experiência acerca das atividades desenvolvidas pelo
Núcleo Extensionista Rondon - NER/UDESC, entre março de 2020 e julho de 2021 -
período pandêmico, onde discentes, docentes e técnicos universitários, capacitaram-se para
desenvolveram aptidão ao trabalho remoto dentro das oito áreas temáticas da Extensão
Universitária.

936
Desenvolvimento e processos avaliativos
Inicialmente, a coordenação do projeto - que é composta por professores, técnicos
universitários e um estudante bolsista de cada campus da universidade, reuniu-se via
plataforma digital para pensar e discutir coletivamente sobre quais habilidades e
conhecimentos poderiam ser utilizados para prosseguir com as atividades e contribuir para
a garantia de acesso à informação de qualidade pela comunidade.
Durante o ano de 2020, entre os meses de abril e setembro, o NER e a Pró-reitoria
de Extensão, Cultura e Comunidade - PROEX/NER/UDESC desenvolveram um Curso de
Extensão Via Plataforma Moodle, intitulado “Extensão Universitária, Currículo e
Sociedade - NER/UDESC 2020”, aberto a comunidade acadêmica da Udesc e também ao
público em geral interessado, com uma carga horária total de 43 horas na certificação.
O ano de 2020 também foi marcado pela comemoração dos 10 anos de história do
projeto e por isso, realizou-se um evento online e de lançamento das comemorações, com
uma semana de atividades, que incluíram: oficinas das mais diversas temáticas,
apresentações culturais, retrospectiva das operações já realizadas. Esse evento contou com
mais de 90 participantes, sendo taxado positivamente pelos formulários avaliativos de cada
atividade, bem como, pelas reuniões de avaliação da equipe coordenadora.
Na busca por um método que promovesse a permanência de vínculo entre os
discentes, docentes e técnicos universitários responsáveis pela coordenação do projeto,
definiu-se um dia na semana para encontros fixos que pudessem ser espaço de troca de
conhecimento, estudo e diálogos acerca de atividades realizadas e planejadas para serem
desenvolvidas on-line. Da mesma forma, ainda é incerta a volta das Operações, de maneira
presencial e portanto, permanecem em formato remoto, com ações realizadas em parceria
com alguns municípios do meio oeste catarinense e desde já se trabalha para o sucesso da
mesma.

Considerações Finais
Desde o início do projeto e ao longo dos anos de atividades, tornando-se um dos
maiores da instituição, é notável que a abrangência das ações que o Núcleo Extensionista
Rondon - NER/UDESC realiza em âmbito estadual, nacional e com alcance internacional

937
dá à universidade uma importante visibilidade. O contato direto, focado e baseado em
processo da academia universitária com a comunidade garante não só a troca, mas também
a construção coletiva de conhecimento.
Não se pode dizer que a impossibilidade do contato presencial não afetou as ações
do NER, entretanto, este se manteve ativo e desenvolveu diversas formas de trabalho que
garantissem a continuidade da extensão universitária. Atividades essas que foram capazes
de enriquecer o currículo e formação dos acadêmicos e ainda, trazer ganhos e resultados
para a comunidade envolvida.

Referências
SANTOS, Alfredo Balduíno. Extensão Universitária como viabilizadora de políticas
públicas: A visão de acadêmicos da Udesc. 2012. Disponível em: Extensão Universitária
como viabilizadora de políticas públicas: A visão de acadêmicos da Udesc. Acesso em: 09
ago. 2021.

UDESC. Núcleo Extensionista Rondon - NER. Disponível em:


https://www.udesc.br/nucleorondon. Acesso em: 09 ago. 2021.

UDESC. Udesc Oeste fabricará mais de cinco mil protetores faciais para uso contra
Covid-19. 2020. Disponível em:
https://www.udesc.br/cefid/noticia/udesc_oeste_fabricara_mais_de_cinco_mil_protetores_
faciais_para_uso_contra_covid-19. Acesso em: 09 ago. 2021.

UDESC. Núcleo Extensionista Rondon da Udesc é tema de dossiê na revista


Cidadania em Ação. 2021. Disponível em:
https://www.udesc.br/noticia/nucleo_extensionista_rondon_da_udesc_e_tema_de_dossie_n
a_revista_cidadania_em_acao. Acesso em: 09 ago. 2021

UDESC. Concurso de marca do Núcleo Extensionista Rondon da Udesc anuncia


resultado. 2021. Disponível em:
https://www.udesc.br/noticia/concurso_de_marca_do_nucleo_extensionista_rondon_da_ud
esc_anuncia_resultado. Acesso em: 09 ago. 2021.

938
UNIOESTE NA COMUNIDADE E SUAS ATIVIDADES DURANTE A PANDEMIA
2020

Área Temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Marcos MORAES
Nome da Universidade (SIGLA): Universidade Estadual do Oeste do Paraná
(UNIOESTE)
Autores: A MARTINEZ ; A VIEIRA ; C SABADIN ; F VELOSO4, J SILVA5
1 2 3

Resumo:
A extensão universitária é uma atividade considerada pilar da atividade universitária e,
portanto, proporciona trocas de conhecimento entre acadêmicos, docentes, servidores e a
comunidade em geral. O projeto Unioeste na comunidade busca desenvolver atividades
multidisciplinares em contato com a comunidade nos cinco campi da universidade,
utilizando-se de meios virtuais, como redes sociais e em um cenário normal, através do
contato direto com a comunidade em eventos presencial. O contato entre universidade e
comunidade vem então proporcionando a troca de saberes entre os meios, sendo uma
forma de crescimento para ambos.

Palavras-chave: Comunidade; Extensão; Políticas Públicas.

Introdução
Segundo o MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, RESOLUÇÃO Nº 7, de 18 de
dezembro de 2018, no Capítulo I da Concepção, das Diretrizes e dos Princípios, define a
ação extensionista como “uma atividade que se integra a matriz curricular e a organização
da pesquisa, constituindo-se em processo interdisciplinar, político educacional, cultural,
científico, tecnológico que promove a interação transformadora entre as instituições de
ensino superior e os outros setores da sociedade, por meio da produção e da aplicação do

1
Adriane de Castro Martinez, Doutora, Odontologia, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Cascavel.
2
Ana Fernanda Daka Vieira, Acadêmica, Medicina, Centro de Ciências Médicas e Farmacêuticas, Cascavel.
3
Caroline Dresch Sabadin, Acadêmica, Medicina, Centro de Ciências Médicas e Farmacêuticas, Cascavel.
4
Fabiana Regina Veloso,Doutora, Secretariado Executivo, Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Toledo
5
Julia Fratin da Silva, Acadêmica, Centro de Ciencias da Saúde, Francisco Beltrão.

939
conhecimento, em articulação permanente com o ensino e a pesquisa.” Dessa forma,
considerando que, para o PNE 2011-2020 a extensão universitária deve ser creditada em
todos os cursos de graduação, o projeto Unioeste na Comunidade surge para efetivar esse
objetivo.
Criado no ano de 2012 tendo por finalidade atender a demanda de realizar
atividades diversificadas pelos discentes, docentes e agentes universitários para com a
comunidade possibilitando o exercício da multidisciplinaridade e interdisciplinaridade,
além do contato com a comunidade essencial em um projeto extensionista.
Atualmente o projeto visa a atuação com a comunidade em cada um dos cinco
campi da Universidade Estatual do Oeste do Paraná, com ações cívico-sociais realizadas
em períodos pré-determinados em parceria com docentes extensionistas que estão
vinculados a universidade, tais ações contam com auxilio e orientação à comunidade
relacionado a prevenção e diagnóstico precoce de doenças crônicas não transmissíveis tais
como hipertensão, obesidade, câncer de mama e diabetes, além disso realizar oficinas
lúdicas para a comunidade infantil, promovendo assim a integração universidade
comunidade.
Portanto o projeto objetiva o contato entre a universidade e à comunidade, visando
levar a população os conhecimentos e experiencias adquiridas em sala de aula de maneira
prática para que a comunidade se sinta valorizada e acolhida pelos extensionistas que estão
atuando no trabalho.

Metodologia
A metodologia utiliza na realização do Projeto Unioeste na Comunidade
fundamenta-se no compartilhamento de informações das diversas áreas do conhecimento
entre a sociedade e os cursos disponibilizados pelos campus acadêmicos da Unioeste. Para
o desenvolvimento dessas ações, o projeto faz uso das redes sociais, site, Portal da
Unioeste e e-mails para incentivar e convidar os acadêmicos a participar de atividades
voluntarias. Além disso, para a divulgação de eventos, o projeto conta com um Instagram
(@unioestenacomunidade).

940
Figura 1 e 2 - Instagram Unioeste na Comunidade Figura 3 – Vídeo com os Depoimentos

Nas figuras (1 e 2) acima temos o Instagram do projeto Unioeste na comunidade,


no qual foram desenvolvidos os principais objetivos do projeto de permitir uma interação
entre a sociedade e a faculdade. A figura 3 mostra a imagem de abertura do vídeo que foi
montando com todos os depoimentos coletados nos 5 campi dos representantes dos alunos
e alunas de todos os cursos. Nos depoimentos, os representantes contam sobre suas
escolhas a respeito do curso, possibilidades de trabalho e a importância de estar em uma
universidade pública e gratuita. Essas informações são importantíssimas para os estudantes
do Ensino Médio que pretendem ingressar na Universidade, esclarecendo pontos
fundamentais para sua decisão de carreira. São 40 vídeos que foram unidos num só vídeo
institucional. Até o mês de julho, já tivemos 2340 visualizações.
Durante a pandemia de COVID-19 a atuação do projeto foi exclusivamente virtual,
com reunião entre os bolsistas para a organização das atividades desenvolvidas durante o
tempo de atuação no projeto. No total foram 14 reuniões entre os integrantes , nas quais
foram discutidos a organização de eventos, além das postagens no Instagram do projeto.
As postagens desenvolvidas foram sobre a atuação da universidade nas diferentes cidades
durante a pandemia, além de vídeos sobre cada curso dos diversos campis da Unioeste.

941
Foram 40 vídeos ao todo, de diferentes acadêmicos relatando a sua experiencia pessoal
como discente da faculdade e relatos sobre o curso, com um público atingido de 2340
pessoas, esses vídeos tiveram como objetivo sanar dúvidas e estimular a procura de
vestibulandos pela faculdade. Além das postagens no Instagram, esses vídeos estão sendo
divulgados na recepção da reitoria da Unioeste.

Considerações Finais
A extensão tem como objetivo fortalecer o compromisso social da universidade
integrando um trabalho coletivo entre todos os envolvidos.
As atividades do projeto são benéficas tanto para a sociedade, quanto para os
docentes e discentes que participam dele, haja vista que ocorre uma troca de saberes entre
as partes, na qual se destacam a interação dialógica e troca de saberes. Apesar das
dificuldades encontradas durante a pandemia, esse objetivo ainda foi alcançado com os
diversos meios desenvolvidos pelos participantes.

Referências
ANDRADE, R. M. M. A extensão universitária e a democratização de ensino na
perspectiva da universidade do encontro. Revista Em aberto, Brasília. 2019. 241 f.

JUNIOR, F. A. A. Ministério da Educação – Conselho Nacional de Educação – Câmara


de Educação Superior- Resolução nº 7, de 18 de dezembro de 2018. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=10425
1-rces007-18&category_slug=dezembro-2018-pdf&Itemid=30192>.

ALMEIDA R. L. et al. A extensão em foco. Revista Extensiva. Cascavel, 2017 n 3, p


6871 Portal Unioeste, 2020. Disponível em: https://www.unioeste.br/portal/unioeste-
nacomunidade/o-objetivo.

Agência de Fomento
Fundação Araucária- Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Paraná.

Agradecimentos
Agradecemos à Fundação Araucária pelo apoio na forma de bolsas durante o
período 2020/2021.

942
UNIVERSIDADE ABERTA PARA PESSOAS IDOSAS ON LINE - UMA
PROPOSTA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA E SOCIALIZAÇÃO DE IDOSOS
EM TEMPOS DE PANDEMIA

Área Temática: Educação


Coordenadora da atividade: Adriane TEIXEIRA
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Autores: K. S. FAGUNDES 1; L.H. DOTTO 2; M.R.OLCHIK3; M.L.F. CARNEIRO4; A.R.
TEIXEIRA5.

Resumo:
O envelhecimento da população brasileira é um fato. Existem vários programas que visam
incluir os idosos na sociedade e nas universidades, e que com a pandemia tiveram que
mudar suas programações. O objetivo deste trabalho é descrever as atividades
desenvolvidas na atividade extensionista Universidade Aberta para Pessoas Idosas
(UNAPI/UFRGS) de forma remota (on line). Desde 2020 houve a adaptação do programa,
com atividades remotas síncronas. Atualmente são 558 idosos matriculados, participando
de 26 oficinas, via aplicativo de reunião, com encontros semanais (desenho, culinária,
yoga, exercícios físicos, música, teatro, jardinagem, filmes e séries,leitura, escrita, história,
entre outras). Mensalmente são realizadas lives via redes sociais do programa de extensão,
abordando temáticas atuais (vacinação, cuidados pós-vacinação, literatura, importância do
exercício físico na pandemia). As oficinas são oferecidas por estudantes bolsistas ou
voluntários no programa, que ainda recebe atividades curriculares obrigatórias de cursos de
graduação da universidade. A avaliação da ação permite verificar que está trazendo
benefícios para os idosos, que conseguem manter-se ativos e incluídos na proposta por
meio digital. Além disso, é uma oportunidade para que os acadêmicos de diferentes cursos
possam participar da ação, desenvolvendo habilidades e competências necessárias para seu
futuro profissional. Conclui-se que o programa atinge sua proposta, por meio de atividades

1
Karine da Silva Fagundes, aluna [curso de História], bolsista PROREXT/UFRGS.
2
Laura Huffell Dotto, aluna [curso de Odontologia], bolsista PROREXT/UFRGS.
3
Maira Rozenfeld Olchik, servidora docente.
4
Mára Lúcia Fernandes Carneiro, servidora docente.
5
Adriane Ribeiro Teixeira, servidora docente.

943
intergeracionais, impactando positivamente e gerando transformação social, a partir do
momento em que promove inclusão digital dos idosos, contato entre indivíduos de
diferentes idades, preparando os acadêmicos para o futuro trabalho com pessoas com mais
de 60 anos e integrando ensino, pesquisa e extensão.

Palavras-chave: Idoso; Envelhecimento; Inclusão Digital.

Introdução
O envelhecimento populacional é um fato no Brasil, sendo considerado o principal
evento demográfico do Século XXI (ROMERO et al., 2021). Dentre as atividades que
visam a manutenção do idoso na sociedade, estão projetos e programas que buscam a
inclusão de tais indivíduos em universidades. A Universidade Federal do Rio Grande do
Sul (UFRGS) tem um programa denominado Universidade Aberta para Pessoas Idosas
(UNAPI). O programa de extensão foi implementado em 2017, a partir da modificação de
uma proposta vigente desde 1993.
Durante a pandemia da COVID-19, foi evidenciado que os idosos pertenciam a um
dos grupos mais vulneráveis, com elevadas taxas de mortalidade (ROMERO et al., 2021).
Ao mesmo tempo em que se pregava a necessidade de permanência dos mesmos em suas
residências, com distanciamento social, verificou-se que estes começaram a apresentar
sentimentos de solidão, tristeza e ansiedade (ROMERO et al., 2021), além de serem
evidenciados discursos ageistas que impactaram ainda mais na qualidade de vida (SILVA
et al., 2021).
Frente a isso, a coordenação da UNAPI optou por retomar as atividades, usando
recursos de ensino remoto, com a organização de atividades envolvendo acadêmicos de
graduação de diferentes cursos, com a manutenção de atividades intergeracionais,
buscando não só tornar este período mais tranquilo para os idosos, mas também
possibilitando que as atividades de educação continuada e socialização fossem mantidas,
bem como a atuação dos alunos em atividades de pesquisa e estágios curriculares
obrigatórios, que são desenvolvidos em conjunto com a ação.

944
Assim, este trabalho tem como objetivo descrever as atividades desenvolvidas na
atividade extensionista UNAPI/UFRGS on line.

Metodologia
As atividades da UNAPI/UFRGS on line são mensais e semanais. Para participar,
os idosos devem efetivar matrícula, preenchendo um formulário eletrônico. Os únicos pré-
requisitos são a idade (60 anos ou mais) e a possibilidade de participar via smartphone ou
computador pessoal. Não são feitas exigências com relação à escolaridade, pois um dos
objetivos do programa é incluir os idosos em ambiente universitário, independentemente
do seu nível educacional. O programa não prevê o pagamento de taxas de matrícula ou
mensalidade.
Mensalmente são feitas de uma a quatro lives, transmitidas via rede social do
programa. Os acadêmicos que participam do projeto e os idosos também participaram das
lives. Após a transmissão, para que o conteúdo esteja acessível a todos os públicos, os
vídeos são disponibilizados no you tube®. Semanalmente os idosos participam de oficinas,
realizadas via aplicativo de reunião virtual.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Entre junho de 2020 e julho de 2021 foram 32 lives, com temas variados (idosos e
covid, cuidados pós-vacina, como acessar o aplicativo de reuniões virtuais, entre outras).
Em 2020 foram oferecidas 11 oficinas (jardinagem, filmes e séries, espanhol,
leitura e escrita, nutrição, entre outras), muitas delas com mais de uma turma. Em 2021, até
o mês de julho, foram 26 oficinas, novamente mantendo-se mais de uma turma em algumas
atividades com um número maior de interessados, uma vez que o limite é de 15 a 20
participantes por turma, para que todos possam permanecer com as câmeras ligadas e
manifestarem-se oralmente e todos os encontros.
Em 2020 foram 533 idosos matriculados, mas somente 275 participaram das
atividades remotas. Essa diferença ocorreu porque as matrículas ocorreram ainda no pré-
pandemia, havendo desistências no ensino remoto. Com a continuidade das atividades on
line, em 2021 verificamos que houve um incremento no número de participantes.

945
Atualmente são 558 matriculados que participam das oficinas. Além de idosos de Porto
Alegre (RS), freqüentam as atividades pessoas residentes em outras cidades do estado
(Cachoerinha, Bento Gonçalves, Canoas, Capão da Canoa, Charqueadas, Dom Pedrito,
entre outras) e até mesmo de outros estados (Santa Catarina, Goiás, Paraná, Minas Gerais,
São Paulo, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Bahia e Espírito Santo). Assim, o programa
está atingindo e beneficiando pessoas de diferentes locais do país, promovendo a inclusão
digital dos idosos. Durante e ao final de cada oficina os idosos sugerem temas para as
oficinas seguintes.
Para a oferta das atividades, é essencial a atuação dos alunos da graduação.
Atualmente são 18 acadêmicos, bolsistas ou voluntários, dos cursos de Arquitetura,
Educação Física, Enfermagem, Ciências Sociais, Fonoaudiologia, História, Letras e
Odontologia. Além desses, os cursos de Fonoaudiologia, Fisioterapia, Medicina e Nutrição
desenvolvem atividades curriculares obrigatórias no programa.
Os estudantes em contato com tantas pessoas, de diversas cidades e até mesmo
estados, estão conectados com diversas culturas e conhecimentos, o que enriquece
profissionalmente e pessoalmente. A cada oficina, os idosos aprendem sobre algum tema,
mas os estudantes levam para a vida toda o que ali é ensinado por pessoas que acumulam
aprendizados por, no mínimo, seis décadas. Além da integração com o ensino, ocorre
também a vinculação com a pesquisa, por meio do desenvolvimento de trabalhos para
serem apresentados em eventos científicos e artigos publicados.

Considerações Finais
Considera-se que o programa UNAPI/UFRGS realizado de forma remota (on line)
consegue atender as demandas da comunidade, promovendo a inclusão digital dos idosos, a
educação continuada e a socialização dos mesmos, por meio de uma proposta
intergeracional. Com isso, acredita-se que conseguimos manter o público alvo em
distanciamento físico, mas em integração social, auxiliando a diminuir sentimentos de
tristeza, desamparo e solidão em função da pandemia. Além disso, os ganhos para os
acadêmicos da graduação também são inegáveis, pois conseguem manter-se na atividade
extensionista, auxiliando nessa transformação social e ao mesmo tempo em que colaboram

946
com os idosos, aprendem com os mesmos, desenvolvendo oficinas ligadas aos seus cursos
e interesses.

Referências
ROMERO, D. E. et al. Mortalidade domiciliar de idosos no município do Rio de Janeiro
durante a pandemia de Coronavírus, 2020. Revista Brasileira de Geriatria e
Gerontologia, Rio de Janeiro, v. 24, n.1, p. e200316, jun., 2021.

SILVA, M.F. et al. Ageismo contra idosos no contexto da pandemia COVID-19: uma
revisão integrativa. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 55, p.4, 2021.

947
VIABILIDADE DA EDUCAÇÃO STEM NAS ESCOLAS DO BRASIL

Área Temática: Educação


Coordenador(a) da atividade: Eliziane da Silva DÁVILA
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha Campus São Vicente
do Sul (IFFar-SVS)
Autores: W. M. LOPES 1; A. F. LOPES 2; G. C. MELO 3; J. G. MEDEIROS 4.

Resumo:
Atreladas à globalização, surgem novas necessidades e problemáticas, as quais afetam o
contexto educacional, exigindo desse ambiente várias adaptações. Nesse sentido, temos a
Educação STEM (Science, Technology, Engineering and Mathematics), adotada em
diversos países ao redor do mundo, mas ainda recente no Brasil, com poucos indícios de
como pode ser adequada à realidade brasileira. Deste modo, buscamos promover um curso
de extensão aos professores da Educação Básica do Brasil acerca do Movimento STEM.
Para tal, o curso foi desenvolvido em seis encontros, nos meses de outubro e novembro de
2020, em que foram trabalhadas tanto atividades teóricas quanto práticas sobre Educação
STEM. Durante este curso de extensão, os participantes elaboraram planos de aulas no viés
deste movimento de ensino, além de responderem a questionários ao longo dos encontros
síncronos. Ao analisarmos os planos de aulas, foi possível verificar que algumas
dificuldades no desenvolvimento dos planejamentos e na execução das atividades, contudo
mesmo assim, foi inferida ao final a viabilidade da Educação STEM nas escolas do Brasil,
visto ser essa uma abordagem que promove um ensino para a formação cidadã e preparo
para o mundo de trabalho. Entretanto existem desafios a serem enfrentados para que esta
implementação possa ocorrer, como o fomento à formação de professores, maiores
investimentos na educação e mais políticas públicas para viabilizar este tipo de educação.

1
Wesllen Martins Lopes, acadêmico do curso de Licenciatura em Química do IFFar-SVS.
2
Andressa Freitas Lopes, mestranda do Programa de Pós Graduação Educação em Ciências: Química da
Vida e Saúde da UFSM.
3
Graciele Carvalho de Melo, mestranda do Programa de Pós Graduação Educação em Ciências: Química da
Vida e Saúde da UFSM.
4
Juliana Guarize Medeiros, mestranda do Programa de Pós Graduação Educação em Ciências: Química da
Vida e Saúde da UFSM.

948
Palavras-chave: Educação STEM; Formação de professores; Concepções docentes.

Introdução
As mudanças tecnológicas, econômicas, culturais e ambientais que têm ocorrido
globalmente geram novas questões e problemáticas que impactam a escola, uma vez que
esta não é isolada do mundo, exigindo desta uma reestruturação em seu processo de ensino
e aprendizagem. Dentro dessa perspectiva, uma iniciativa que vem sendo amplamente
discutida, pesquisada e implementada é a Educação STEM, a qual integra a Ciência,
Tecnologia, Engenharia e Matemática, a qual idealiza o rompimento da tradicional
passividade das ciências, promovendo um ensino emancipatório (PUGLIESE, 2017).
Para tanto, a Educação STEM visa proporcionar um ensino e aprendizagem que os
possibilite aos estudantes aplicar de forma crítica e reflexiva as teorias e práticas de cada
área STEM em sua rotina, resolvendo problemas reais do seu contexto social (BYBEE,
2013). Apesar da Educação STEM já ser implementada em vários países, no Brasil ainda é
recente (PUGLIESI, 2017). Foi dentro desse contexto que o Grupo de Estudos do
Movimento STEM (GEMS) verificou a importância de promover um curso de extensão
para apresentar aos professores do Brasil os estudos acerca da Educação STEM com
perspectiva de implementação para a Educação Básica brasileira.

Metodologia
No ano de 2020, a partir da aprovação de um projeto em edital de pesquisa do
CNPq, formou-se o Grupo de Estudos do Movimento STEM (GEMS), parceria entre o
Instituto Federal Farroupilha - Campus São Vicente do Sul (IFFar - SVS), Universidade
Federal de Santa Maria (UFSM) e Colégio Técnico Industrial de Santa Maria (CTISM).
Neste grupo, foram realizados estudos sobre a Educação STEM, culminando em um curso
de extensão online, tendo como público-alvo professores da Educação Básica no Brasil.
Realizou-se no total seis encontros assíncronos e síncronos, com duração de 3 horas
cada encontro. O curso foi desenvolvido semanalmente aos sábados, entre os meses de
outubro e novembro de 2020. Aos participantes foram solicitados planejamentos
quinzenais, com intuito de colocar em ação os conceitos trabalhados nos encontros.

949
O curso contou com um total de 25 inscritos, os quais 11 concluíram o curso,
respondendo a um questionário inicial e um final com perguntas acerca da Educação
STEM, bem como sua percepção acerca da viabilidade do STEM para o contexto
brasileiro.
Os encontros foram organizados da seguinte forma:
1º encontro: Conceituação desenvolvida acerca do Movimento STEM, contexto de
surgimento, objetivos, ressignificação de cada letra do acrônimo e exemplificação.
2º encontro: Convergência do Movimento STEM com a Base Nacional Comum
Curricular (BNCC), o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) e o Novo Ensino
Médio.
3º encontro: A fragmentação e construção do conhecimento e Níveis de Integração
(multidisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar).
4º encontro: Comunidade Prática como alternativa de integrar professores, e Grupos
Colaborativos por meio de metodologias ativas, com destaque para a Resolução de
problemas, Problem Based Learning (PBL).
5º encontro: Exercício prático realizado remotamente e conceito de STEM Literacy
com as possibilidades de tradução do termo para o contexto educacional brasileiro;
6º encontro: Realização do grupo de interlocuções, quanto à devolutiva dos
planejamentos, esclarecimentos acerca do Movimento STEM. Finalizou-se com a
aplicação de um questionário com questões abertas e fechadas sobre o Movimento STEM.

Desenvolvimento e Processos Avaliativos


Verificou-se que mesmo com dificuldade no desenvolvimento das atividades
práticas, os docentes conseguiram resolver os problemas apresentados através da
colaboração, diálogo e troca de conhecimentos. Sobre os planejamentos que estes
realizaram, ao avaliarmos, notamos que em suma atingiam grandes pontos trabalhados
durante o curso acerca do Movimento STEM, como a aplicação dos 4C’s, os níveis de
integração e as Metodologias Ativas. De dificuldades foram constatadas o
desenvolvimento das áreas STEM nos planos e de especificar o papel dos sujeitos
(professor e estudantes) suas propostas de atividades STEM.

950
Em relação aos questionários, observamos que referente aos prós da Educação
STEM no Brasil para os estudantes da educação básica, as percepções dos docentes
mostram que a Educação STEM permite o estudante atuar de forma ativa no processo de
ensino e aprendizagem, além de adquirir habilidades necessárias à sociedade
contemporânea. Quanto aos contras da Educação STEM, os professores percebem a
dificuldade de trabalhar de forma integrada devido à falta de tempo, inexperiência, pouco
conhecimento do assunto, entre outros. Neste sentido, apontam a necessidade de haver
formações continuadas e investimentos no contexto escolar, pois a precarização do mesmo
dificulta a inserção de novas abordagens.
Já sobre os pontos favoráveis da Educação STEM para o contexto brasileiro, os
professores participantes mencionaram que a Educação STEM pode trazer benefícios tanto
para o aluno como para os próprios docentes através da implementação nos currículos
escolares da interdisciplinaridade, dos quatro Cs, de temas contemporâneos de Ciência e
Tecnologia de novas formas de ensinar Ciência e Tecnologia. Em relação aos pontos
desfavoráveis, os professores citaram dificuldades para a sua implementação, como
condições escolares, a formação de professores e dificuldade de integração de pessoas,
bem como a possível resistência dos alunos à nova concepção de ensino.
Por fim, os professores ressaltam a necessidade de investimento na formação inicial
e continuada, além da importância de uma política para implementação da Educação
STEM. Sobre as redes de ensino para promoção da Educação STEM, perceberam que
todas possuem condições, porém, as escolas privadas teriam maior viabilidade por
possuírem melhores condições de infraestrutura, planejamento e remuneração docente.

Considerações Finais
Constatamos que os docentes percebem a viabilidade da Educação STEM no Brasil,
devido sua consonância com as políticas públicas educacionais do país e por visar à
superação da fragmentação disciplinar do conhecimento. Para isso, objetiva o
protagonismo e autonomia discente, o desenvolvimento de competências e habilidades,
além de uma formação cidadã, baseada em problemáticas da realidade do aluno e de

951
preparação para o mercado de trabalho. Entretanto é necessários maiores investimentos na
formação docente inicial e continuada, seja de valorização desta profissão como de
fomento, para diminuir as dificuldades para realização da Educação STEM no Brasil.
Constata-se a importância de serem desenvolvidas atividades extensionistas, no
nosso caso, curso para docentes da educação básica, como forma de disseminar o
conhecimento produzido a outras redes de ensino e poder refletir sobre os diversos
assuntos em conjunto.

Referências
BYBEE, R. W. The case for STEM education: Challenges and opportunities. NSTA
press, 2013.
PUGLIESE, G. O. et al. Os modelos pedagógicos de ensino de ciências em dois
programas educacionais baseados em STEM (Science, Technology, Engineering, and
Mathematics). 2017.

952
5.
MEIO AMBIENTE

SEURS
Seminário de Extensão Universitária
da Região Sul
FANBIO: FANÁTICOS POR BIOLOGÍA - FANZINES Y EL ARTE DE
ILUSTRAR COMO HERRAMIENTA DE DIVULGACIÓN CIENTÍFICA EN
BIOLOGÍA

Área temática: Médio Ambiente


Coordenador(a) da atividade: Giovana Secretti VENDRUSCOLO
Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA)
Autores: Y. CAJAS 1; G. S. VENDRUSCOLO2; L. C. P. LIMA3; M. CORTEZ4; H. J.
SCHMITZ5

Resumo:
Hay una creciente necesidad de crear herramientas de divulgación científica que permitan
transmitir el conocimiento de las ciencias biológicas para la comunidad en un lenguaje
didáctico, comprensible y llamativo. Por lo tanto, este proyecto tiene como objetivo
realizar fanzines con contenidos de biología para despertar interés y concientización en la
comunidad. Para la ejecución de los fanzines fueron realizados estudios bibliográficos para
realizar las ilustraciones que compondrían una historia didáctica; se hizo su respectiva
diagramación para publicación y su posterior divulgación tanto impresa como digital. Estas
herramientas de divulgación científica permiten aproximar la información científica de una
manera comprensible y apta para la población en general, transformando perspectivas y
formando una sociedad más consciente.

Palavras-chave: Biología; Ilustración; Divulgación Científica.

Introducción
Actualmente, la accesibilidad a la información científica requiere materiales
didáctico-pedagógicos que permitan entrelazar una aproximación entre la sociedad y la
ciencia, generando un mayor interés y curiosidad en el área de ciencias biológicas

1
Yenifer Carolina Cajas Guaca, aluna de Ciências Biológicas – Ecologia e Biodiversidade.
2
Giovana Secretti Vendruscolo, docente.
3
Laura Cristina Pires Lima, docente.
4
Mariana Cortez, docente.
5
Hermes José Schmitz, docente.

954
(ROCHA, 2012). Y así generar un impacto en la construcción de un pensamiento crítico
propio sobre esta ciencia. Por lo tanto, esto implica la integración del contenido científico
con un lenguaje sencillo y de fácil aprendizaje dando soporte y herramientas para traspasar
fronteras educativas, pues el conocimiento es de todos y para todos (ADURIZ et.al, 2009).
Siendo así, la divulgación científica es fundamental para el acercamiento entre la
investigación científica y la sociedad, la calificación de todos los actores de la enseñanza y,
finalmente, para que la sociedad se apropie del conocimiento cientifico y desarrolle
concienciación crítica respecto a temas actuales, sean locales o globales. El proyecto de
extensión FanBio: Fanáticos por Biologia tiene como objetivo la producción de fanzines
como material de divulgación científica en Biología, tanto vía digital como impresa.
Los fanzines surgieron como publicaciones espontáneas para diseminación de una
cultura, normalmente compartidos gratuitamente por los propios organizadores con otras
personas con interés en común (LOPES et al., 2013). El proyecto Fanbio utiliza este
carácter informal y gratuito de los fanzines para, por medio del arte de la ilustración,
acompañada de textos claros y concisos, con un lenguaje comprensible para el público no
especializado, despertar la curiosidad del receptor por la Biología y oportunizar la
apropiación del saber científico en conexión con su cotidiano o sus saberes tradicionales.

Metodología
Los fanzines son elaborados cada uno abordando un tema científico en Biología.
Para tanto, además de la concepción de los personajes y de la historia, una investigación
bibliográfica es realizada para entender la morfología de los organismos a ser ilustrados,
así como sus respectivas interacciones ecológicas y otros conceptos científicos. Las
ilustraciones fueron realizadas en tres etapas: 1. Boceto inicial; 2. Transferencia al papel
final; 3. Realización del contorno y coloración. La versión final fue hecha en papel opalina
o papel acuarelable. Con las ilustraciones en el papel final, son resaltados los contornos en
línea fina con nanquim y dentro de ésta técnica, se usó el puntillismo para crear texturas y
volumen, para así finalmente pintar ya sea a base de color sólido para opalina o a base de
colores acuarelables en el papel acuarela. Las ilustraciones fueron digitalizadas y los
fanzines diagramados y editados digitalmente. Cada fanzine es publicado digitalmente

955
como un volumen de la Série FanBio y es disponible gratuitamente y con reproducción
autorizada, desde que sin fines comerciales. Versiones impresas del primer fanzine
producido fueron donadas a escuelas en Foz do Iguaçu, PR, y a la Biblioteca para a
Infância e Juventude Iguaçuense, donde es realizado un proyecto de mediación de lectura
con grupos de niños. Los fanzines también son divulgados por las redes sociales del
FanBio (Facebook e Instagram).

Desarrollo y procesos evaluativos


El desarrollo del proyecto cuenta con la participación de estudiantes de pregrado y
otros colaboradores, que pueden ser coautores de los fanzines. El primer fanzine, Os
Coletores de Tesouros fue publicado como el vol. 1 de la serie (NEVES, 2019) y presenta a
un niño conociendo las actividades de un herbario. El vol. 2, Ana Flora: entre abelhas e
flores (VENDRUSCOLO & ZANELLA, 2021) presenta, por medio de la curiosidad de
una niña, algunas especies nativas de abejas y sus relaciones con plantas comunes en
jardines. En el vol. 3, Plantas para comer: As Aventuras de Liberta e Pânico (HUERGO et
al. 2021) quien cuenta la historia es la abuela Victoria, una mujer con ascendencia
afroindígena que simboliza la miscigenación y diversidad de América Latina y Caribe, que
además remite a la memoria afectiva de alimentación saludable y los personajes
protagonistas de la historia: la abeja Liberta y la herbácea Pânico, presentando aún otras
especies de PANC - plantas alimenticias no convencionales. El cuarto fanzine está en
elaboración, donde una mamá yaguareté (Panthera onca), especie icónica del Iguazú y
amenazada de extinción, presentará a sus niños seres prehistóricos que habitaron el estado
do Paraná en el pasado, bien como una reflexión sobre las amenazas a las especies
actuales.
La elaboración de estos fanzines para la colección FanBio ha enriquecido la
formación científica, humanística y artística de los estudiantes y profesores involucrados y
oportuna la participación activa para la elaboración de los fanzines de colaboradores no
necesariamente involucrados en el equipo permanente del proyecto. El proyecto busca
contribuir con la divulgación científica de calidad para la sociedad, generando mayor
interés y curiosidad por la Biología.

956
Consideraciones Finales
La serie Fanbio de divulgación científica busca una transformación reflexiva ante la
Biología, despertando interés y formando una sociedad más consciente. El uso de la
ilustración como herramienta amplía perspectivas interdisciplinares entre el arte, la ciencia
y la comunicación, desarrollando herramientas de divulgación atrayentes, con un lenguaje
sencillo y de fácil aprendizaje y potencializando el uso autónomo por parte del público de
los materiales producidos en espacios como las redes sociales, escuelas, bibliotecas y en
sinergía con otros proyectos, ocasionando así un gran aporte educativo.

Referencias
ADÚRIZ, B.; AYMERICH, M, I. Un modelo de modelo científico para la enseñanza de las
ciencias naturales. Revista electrónica de investigación en educación en ciencias, v. 4, n.
3, p. 40-49; 2009.

HUERGO, E. M.; GUACA, Y. C. C.; GALEANO, Y. P. G.; LIMA, L. C. P. Plantas para


comer: As aventuras de Liberta e Pânico. In: VENDRUSCOLO, G. S. V.; LIMA, L. C. P.;
SCHMITZ, H. J.; CORTEZ, M. Série FanBio. Foz do Iguaçu: PROEX/UNILA, 2021.

LOPES R.E; BORBA P.L.O; MONZELI G.A. Expressão livre de jovens por meio do
fanzine: recurso para a terapia ocupacional social. Saúde Soc., v. 22, n. 3, p. 937-948,
2013.

NEVES, B.C. Os coletores de tesouros. In: VENDRUSCOLO, G.S.; LIMA, L.C.P.;


SCHMITZ, H.J.; CORTEZ, M. Série FanBio. Foz do Iguaçu: PROEX/UNILA, 2019.

ROCHA, M. B. O potencial didático dos textos de divulgação científica segundo


professores de ciências. Revista Brasileira de Ensino de Ciências e Tecnologia, v. 5, n.
2, 2012.

VENDRUSCOLO, G.S.; ZANELLA, F.C.V. Ana Flora em: entre abelhas e flores. In:
VENDRUSCOLO, G.S.; CORTEZ, M.; LIMA, L.C.P.; SCHMITZ, H.J. (Org.) Série
FanBio. Foz do Iguaçu: PROEX/UNILA, 2021.

Instituição financiadora:
Pró-Reitoria de Extensão - UNILA

957
RECICLAJE EN ESCUELA PÚBLICA DE FOZ DO IGUAÇU

Área temática: Médio Ambiente


Coordinadoras de la actividad: Mara Rubia SILVA; Joanna SILVA SANTOS
ALBUQUERQUE.
Universidad Federal de Integración Latinoamericana (UNILA)
Autores: N. MALDONADO 1; M. RAMIREZ 2.

Resumen:
La vida moderna propicia una creciente demanda de residuos, llamados popularmente de
basura, cuya disposición inadecuada constituye uno de los principales problemas
ambientales, siendo urgentes medidas que estimulen en las escuelas la práctica del
reciclado y compostaje de residuos orgánicos. A partir de eso, este proyecto de extensión
trae el plan de gerenciamiento para una escuela de enseñanza primaria, en la Escuela
Municipal Arnaldo Isidoro de Lima, ubicada en Foz de Iguazú, Brasil, con foco en la
colecta selectiva y compostaje dentro de la institución. El proyecto tiene como objetivo
crear el compostaje de residuos orgánicos dentro del predio de la escuela y el reciclaje de
algunos residuos sólidos como práctica de educación ambiental, promoviendo actitudes
para la preservación y equilibrio del medio ambiente. La metodología cuenta con las
siguientes etapas: aplicación de un inventario de cantidad de residuos sólidos y orgánicos
generados en cada casa por cada niño. Para la conducción del proyecto fue creado un
espacio dentro de la escuela para la producción de tres compostas y una huerta, la
composta fue hecho por medio de baldes de plásticos reciclados y para la huerta fueron
usadas las garrafas PET recicladas, estos obtuvieron registros de vídeos por medio de
grabaciones durante toda la aplicación para otorgar a los niños el aprendizaje de como
hacer estos procedimientos en sus casas. Finalmente se percibe la problemática de la
basura que son poco abordadas en el ambiente escolar y se fomenta al reciclaje y
compostaje instalados en la escuela.

Palabras-claves: reciclaje; compostaje; escuela.


1
Noelia Fernanda Maldonado Britos,vínculo (alumno [Ingeniería Química]).
2
Martha Belen Ramirez Cabrera, vínculo (alumno [Ingeniería Química]).

958
Introducción
El aumento de la población trae la necesidad de producción y consumo cada vez
mayor. Al mismo tiempo, se plantea el problema de la generación de residuos urbanos,
esos desperdicios, si están dispuestos incorrectamente traen diversos perjuicios al medio
ambiente y a los que están dentro de él, como contaminación atmosférica, de recursos
hídricos y de los suelos, diseminación de vectores y enfermedades, entre otros problemas
que se agravan cada día.
En esta perspectiva ambiental surgió la importancia del Proyecto, teniendo acciones
de Educación Ambiental para que tales problemas sean comprendidos, comenzando dentro
de la propia escuela. Con el fin de promover la ciudadanía y la concientización a través de
prácticas educativas que visan enseñar a la descomposición orgánica, el reciclaje, la
reutilización y el descarte correcto de los residuos sólidos, el proyecto está abordando
tópicos como consumo consciente, impactos ambientales, separación de residuos sólidos,
recolección selectiva, ejercicio de ciudadanía.
La comprensión de la estructura socioambiental, así como aspectos históricos, es
importante y debe estar presente en el momento de planificar acciones y actividades
ambientales. No basta con que establezcamos excelentes investigaciones y completos
informes de impacto ambiental si gran parte de la población no los comprende y no
consigue interpretarlos. La educación Ambiental se hace necesaria para que las personas
sean esclarecidas y puedan, de manera consciente y ciudadana, opinar sobre proyectos que
ciertamente influenciarán sus vidas y sus comunidades por mucho tiempo. (LISBOA,
2012, P15).
En este trabajo los adolescentes están siendo instigados a pensar en la importancia
de dar un destino correcto a los residuos sólidos, observando todos los pasos de la
descomposición y también la importancia del reciclaje haciendo en la práctica el
reaprovechamiento de algunos materiales.
Este Proyecto busca promover dentro del ámbito escolar una sensibilización y
preocupación mayor por parte de los alumnos, profesores y empleados, con relación a la
problemática de los residuos sólidos (basura seca y orgánica) que son generados en el día a

959
día escolar, incentivando a los involucrados a un pensamiento crítico, dirigiéndolos a la
valorización, concientización y cambios en relación a los problemas ambientales.

Metodologia
Para la realización de este proyecto fue elegida la Escuela Municipal Arnaldo
Isidoro de Lima, ubicada en Foz de Iguaçu y su aplicación ocurrió en un sector verde de la
institución, solamente con la colaboración de la profesora regente de clases de los alumnos
del quinto año debido a la pandemia del Covid-19.
Se elaboró una secuencia de actividades haciendo uso de metodologías
alternativas, inicialmente se elaboró un inventario a los alumnos con el fin de diagnosticar
la cantidad de residuos reciclables en sus casas, luego con grabaciones para promover el
aprendizaje de los estudiantes se llevó a cabo la construcción de compostas y para su
desarrollo se utilizó materiales alternativos y de bajo costo como: balde de plástico, grifo
de filtro, taza de acrílico, un fondo de tazón, cáscaras de frutas, verduras y hojas secas.
Después de eso, se llevó a cabo la construcción de la huerta utilizando
tierra fertilizada producida por el proceso de compostaje, semillas de verduras y garrafas
pet. Y, para finalizar, se propuso a los estudiantes la escritura de un ensayo contando su
experiencia sobre todo el proceso de este estudio, con el fin de evaluar si la actividad era
asertiva y significativa para los involucrados.

Desenvolvimiento y procesos evaluativos


En este trabajo son participes tanto los alumnos, las familias de los mismos y
profesores de la escuela ya que todos contribuyen a su realización. La educación es la
posibilidad de intervenir en este proceso para disminuir el impacto del hombre hacia la
naturaleza y así salvar el planeta es por eso que este proyecto de reciclaje y compostaje
tiene un impacto de interdisciplinariedad, formulación de ideas y estrategias de acción para
con el medio ambiente en la escuela contribuyendo asi al interés de los niños creando
cambios de valores, cultura e ideales sobre los residuos generados.

960
Consideraciones Finales
Con la metodología aplicada fue posible enfatizar a los alumnos sobre la
importancia de seleccionar adecuadamente los residuos producidos, mostrando los
beneficios del reciclaje y compostaje en la escuela. Fue posible mostrar a los educandos
que todos pueden contribuir para minimizar los problemas causados por la acumulación de
residuos, con pequeñas acciones en su cotidiano.
Conforme el conocimiento adquirido se espera que el alumno pueda actuar
individualmente y en la sociedad, y que este trabajo contribuya en la formación de
individuos críticos, comprometidos con la mejora del medio ambiente y con el aumento de
la calidad de vida, porque el futuro depende de la contribución de cada ciudadano.

Referencias
LISBOA, P. C. Educação Ambiental. Porto Alegre: Mediação, 2012.

961
CONHECENDO O HERBÁRIO: UM ESPAÇO NÃO-FORMAL PARA O ENSINO
DA BIODIVERSIDADE

Área Temática: Meio Ambiente


Coordenador(a) da atividade: Lívia G. TEMPONI
Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE)
Autores: LÍVIA G. TEMPONI 1; ELENICE L. FARIA 2;
KAMILLA Z. GIUFFRIDA 3; SHIRLEY M. SILVA4; FERNANDA A.
MEGLHIORATTI 4.

Resumo:
Este projeto de extensão objetiva auxiliar na construção de conhecimentos acerca da
biodiversidade da flora regional e propiciar o Ensino da Botânica mediante atividades
interativas e recursos didáticos. Entre as ações do projeto estiveram: visitação ao Herbário;
exposições de material didático para a comunidade interna e externa à Unioeste. As ações
realizadas foram consideradas atrativas e estimuladoras pelos participantes, os quais
demonstraram interesse pelos materiais elaborados e atividades didáticas propostas.

Palavras-chave: Espaço não Formal; Flora Regional; Morfologia Vegetal.

Introdução
A Botânica é a área do conhecimento que estuda os vegetais. Seu campo é muito
vasto, abrange todo o reino vegetal (FERRI, 1999). As plantas e seus derivados estão

1
Doutora em Ciências Biológicas (Botânica), Ciências Biológicas, CCBS, campus Cascavel. E-mail:
liviatemponi@yahoo.com.br
2
Bacharel em Ciências Biológicas, Mestranda em Conservação e Manejo de Recursos Naturais e Graduanda
em Licenciatura em Ciências Biológicas, Ciências Biológicas, CCBS, campus Cascavel. E-mail:
eleniceliberali@hotmail.com.br
3
Mestre em Educação (Ensino de Ciências e Matemática), Doutoranda em Educação em Ciências e
Educação Matemática, Ciências Biológicas, CCBS, campus Cascavel. E-mail: kamilla.giuffrida@unioeste.br
4
Doutora em Ciências Biológicas (Biologia Vegetal), Ciências Biológicas, CCBS, campus Cascavel. E-mail:
shirley.silva@unioeste.br
4
Doutora em Educação para a Ciência, Ciências Biológicas, CCBS, campus Cascavel. E-mail:
Fernanda.meglhioratti@unioeste.br

962
presentes em vários momentos do nosso dia, desde o despertar até a hora de dormir,
entretanto, essa presença nem sempre é notada. Desde o início da história humana as
plantas já eram usadas como alimento, remédio, produção de cosméticos e outras
aplicações. Conhecer essa área permite um maior respeito à Biodiversidade. Durante a
evolução do homem, novas formas de utilização direta ou indireta dos vegetais vêm sendo
descobertas (FURLAN et. al., 2008).
Uma das formas de arquivo e registro da Biodiversidade da flora é por meio de
Herbários, que são espaços que colecionam, preservam e identificam espécies de plantas e
fungos, bem como o conjunto de informações ecológicas, fisiológicas taxonômicas
fitogeográficas e culturais a eles associados (PEIXOTO E MAIA, 2013). No ano de 2018,
o Herbário UNOP, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), iniciou o este
projeto de extensão que viabiliza visitas técnicas de alunos de ensino médio ou graduação,
com o objetivo de mediar o conhecimento a respeito da biodiversidade da flora regional.
Em um primeiro momento as atividades do projeto se concentraram na produção
de materiais didáticos e propostas de ensino que fossem adequados para a promoção da
aproximação dos conteúdos de Botânica com o cotidiano, permitindo um ensino de
Botânica de modo interativo e contextualizado. Após elaboração, planejamento e validação
dos recursos didáticos ocorreram ações que promoveram o conhecimento da Botânica para
a comunidade interna e externa da Unioeste.

Metodologia
Uma das estratégias utilizadas no ensino de ciências é a utilização de modelos e
recursos didáticos, os quais são intermediários entre as abstrações da teoria e as ações
concretas da experimentação, estes auxiliam: fazer predições, guiar investigações e facilitar
a comunicação, principalmente em disciplinas como a Botânica, na qual, muitas vezes, em
situações de ensino ocorre pouca interação (GILBERT; BOULTER,1998). Assim,
inicialmente foram elaborados e selecionados diversos materiais didáticos que auxiliariam
os processos de ensino e aprendizagem, entre eles: representações de cortes tridimensionais
da madeira conforme modelo proposto por Ceccantini (2006); representação em gesso de

963
venação das folhas; representações em biscuit dos estômatos da folha; cartazes; exsicatas;
amostras de madeiras; carpoteca; modelo de estrutura floral.
Os recursos didáticos produzidos foram utilizados de duas formas: em exposição
para a comunidade e em visita guiada experimental ao herbário realizada por uma escola
estadual. Em relação às exposições para a comunidade estas foram realizadas no dia
Nacional da Botânica, no Dia Mundial do Meio Ambiente, na Feira das profissões em 2019
“Conhecendo a UNIOESTE: ensino, pesquisa e extensão". Essas exposições auxiliaram no
processo de divulgação científica permitindo informações relacionadas à Botânica a
comunidade de Cascavel e região.
Quanto à visita guiada ao Herbário UNOP, foi realizado um planejamento
minucioso e construída uma sequência didática para ser trabalhada com alunos do Ensino
Fundamental. As atividades e materiais didáticos que compunham a sequência didática
foram avaliados pelos docentes da área de Botânica e apresentada e validada no grupo de
pesquisa GECIBIO (Grupo de Educação em Ciências e Biologia - UNIOESTE). Na
reunião de validação da sequência didática no GECIBIO também foram avaliados os
questionários iniciais e finais que seriam respondidos pelos alunos do Ensino Fundamental
que visitariam o Herbário.
Após a validação da sequência didática, seus recursos didáticos e instrumentos de
coleta de dados, foi realizada uma visita experimental com alunos do 8º ano de uma escola
da cidade de Cascavel-PR. Os dados gerados no desenvolvimento dessa visitação foram
avaliados em uma pesquisa que se configurou como um Trabalho de Conclusão de Curso
no curso de Ciências Biológicas – Bacharelado. A análise da sequência didática ofereceu
subsídios para pensar novas ações e instrumentos de coleta de dados, propiciando
readequar as próximas atividades. Uma nova sequência está sendo proposta e a pandemia
impediu novas visitações, mas estratégias remotas foram realizadas.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Ao longo das ações de exposição à comunidade foram utilizados modelos didáticos
cartazes, exsicatas e carpotecas, além de amostras frescas para facilitar a compreensão dos

964
conteúdos de Botânica, ressaltando a presença dessa área do conhecimento no cotidiano
das pessoas. Como as ervas medicinais e condimentos e algumas amostras de madeira.
Quanto o desenvolvimento da visita guiada, os alunos preencheram questionários
iniciais e finais para avaliarmos o papel da sequência didática na aprendizagem. Ao longo
da sequência didática os alunos do 8º ano de uma escola da cidade de Cascavel-PR
puderam interagir com diversos recursos, entre eles as exsicatas. As exsicatas (uma
amostra de planta prensada, seca, fixada em uma cartolina e acompanhadas de uma
etiqueta contendo informações sobre o vegetal e o local de coleta, para fins de estudo
botânico) permitiram apresentar representantes da flora regional e explicar o papel do
herbário UNOP na identificação e armazenamento de um conjunto de dados a respeito da
flora nacional. Também Foi foram disponibilizadas aos alunos amostras de madeiras da
região de modo associado aos modelos didáticos que representavam as camadas do tronco
de uma árvore e modelos que representavam os vasos condutores xilema e floema. Ainda
como recurso didático que objetivava o conhecimento das plantas regionais foi apresentado
uma coleção de frutos secos (carpoteca).
Os alunos também puderam visualizar cartazes com informações diversas a respeito
das plantas e ter contato com um modelo didático de uma flor aberta com pétalas livres,
salientando a importância da polinização e preservação da vegetação. Outra atividade
central foi a de exploração os sentidos de tato e olfato, com amostras de ervas medicinais e
condimentos. Nessa atividade os alunos eram vendados e deveriam descobrir qual a planta
em questão utilizando suas mãos e o cheiro das plantas.

Considerações Finais
A abordagem da proposta foi considerada atrativa e estimuladora pelos
participantes, com grande interesse pelos materiais e atividades didáticas apresentadas.
Este projeto buscou algumas estratégias para o Ensino de Botânica para estimular o
rompimento das barreiras existentes entre os temas estudados em sala de aula e o cotidiano
dos alunos. Ressaltamos que com a atual situação da pandemia da Covid-19 algumas
atividades do projeto foram repensadas para que a divulgação dos conhecimentos

965
botânicos possa ocorrer de forma remota, e foram elaborados vídeos aulas sobre o que é
um Herbário e roteiros didáticos de como confeccionar um Herbário escolar.

Referências
CECCANTINI, G. Os tecidos vegetais têm três dimensões. Revista Brasileira de
Botânica. São Paulo, v. 29, n. 2, p. 335-337. 2006.

PEIXOTO, A. L.; MAIA, L. C. Manual de Procedimentos para Herbários. INCT


Herbário virtual para a Flora e os Fungos. Editora Universitária UFPE, Recife, 2013.

GILBERT, J. K.; BOULTER, C. J. Aprendendo ciências através de modelos e


modelagem. Modelos e educação em ciências. Rio de Janeiro: Ravil, 1998, 96p.

966
IMPORTÂNCIA DAS FLORESTAS E SEUS SERVIÇOS
AMBIENTAIS: CONTRIBUIÇÕES DA ESTAÇÃO EXPERIMENTAL RIO
NEGRO - PR

Área Temática: Meio Ambiente


Coordenador: Prof. Dr. Richardson RIBEIRO1
Nome da Universidade: Universidade Federal do Paraná (UFPR)
Autores: L. PEREIRA2; J. AZEVEDO2; C. MILDEMBERG2; F. CASTRO2; J. SILVA2

Resumo:
A Estação Experimental da UFPR, localizada em Rio Negro - Pr, é uma unidade modelo à
manutenção de espécies nativas e exóticas, tornando-se apropriada para atividades de
extensão na temática meio ambiente. Interações da Estação com a comunidade externa,
como escolas, associações, etc, tem se intensificado nos últimos anos, e a Estação começou
a ser conhecida como uma área para a divulgação dos benefícios das florestas. Tem-se
como objetivos sistematizar as interações da Estação com a comunidade como forma de
proporcionar a conscientização sobre a importância das florestas e seus serviços. O
aumento da densidade populacional e de construções de polos industriais tem ocasionado o
desaparecimento de florestas em regiões próximas das cidades. Isso tem
dificultado, principalmente aos professores, demonstrarem aos alunos de forma prática
aspectos relacionados as florestas. Em 2019 e 2020 foram realizadas com a comunidade
visitas in loco, com metodologia prática em atividades de campo e explanações. Em
período de pandemia, as atividades foram direcionadas na preparação de conteúdo digital
em formato de videoaula. Nos anos de 2020 e 2021, o total de 16 videoaulas foram
produzidos, abordando biodiversidade, sistema agrossilvipastoril, preservação das
florestas, herbário, etc. Cada videoaula foi direcionada para um público específico, com
atenção aos alunos da educação infantil, ensino fundamental e ensino médio. O projeto tem
promovido com ações extensionistas a educação e conscientização sobre a importância das
florestas e de seus serviços ambientais. Mesmo em período de pandemia, observamos a
motivação e comprometimento dos discentes do projeto aos princípios extensionistas da
UFPR.

Palavras-chave: florestas; conservação da natureza; serviços ambientais.

967
Introdução
A Universidade Federal do Paraná (UFPR) possui sobre sua responsabilidade uma
propriedade no município de Rio Negro - PR, denominada Estação Experimental de Rio
Negro, com 130.000 metros quadrados. A Estação é uma unidade modelo no que se refere
à manutenção de plantios e remanescentes florestais de espécies nativas e
exóticas. Possui 160 talhões experimentais com 20 espécies de coníferas e 12 espécies de
folhosas, tornando-se apropriada para atividades de ensino, pesquisa
e extensão na temática meio ambiente.
O aumento da densidade da população e polos industriais nas periferias
dos municípios vem ocasionando o desaparecimento de áreas florestais (LANLY, 2003), e
a Estação começou a ser conhecida como uma importante área para a divulgação dos
benefícios das florestas e conservação da natureza. Isso fez que comunidades locais, como
escolas, prefeituras, associações, etc, se interessarem pelas atividades da Estação.
Nesse viés, foi concebido em 2019 o projeto extensionista “A floresta e os serviços
ambientais: vivências na estação experimental de Rio Negro - Pr”, com objetivo de levar a
comunidade a conscientização sobre a importância das florestas e de seus serviços
ambientais, da necessidade de conservar a natureza e de promover o desenvolvimento
sustentável. A seguir, mostramos a metodologia concebida para tal fim, bem como a
participação dos discentes e docentes da UFPR e comunidade externa.

Metodologia
Os primeiros esforços do projeto foram voltados na interação com a comunidade
externa. Com reuniões dialógicas entre atores sociais estratégicos como
diretores, professores, prefeitura, e discentes integrantes, foi estabelecido em conjunto o
planejamento e a execução de ações extensionistas visando disseminar a importância
da temática do projeto.
Em 2019, 2020 e 2021 foram produzidos materiais educativos (folders, fotos e
vídeos) sobre o tema do projeto. Foram produzidos 3 folders ilustrativos, e 16 videoaulas
abordando espécies florestais, biodiversidade, sistema agrossilvipastoril, preservação das

968
florestas, herbário, serviços florestais, etc. Cada videoaula foi direcionada para um público
específico, com atenção à educação infantil, ensino fundamental e ensino médio.
Todos os materiais foram desenvolvidos por discentes da UFPR, com a supervisão
de professores e auxílio da literatura, tais como (CARVALHO, 2012; SEIFFERT,
2014). Esses materiais são utilizados de apoio as visitações in
loco, e disponibilizados no canal de comunicação on-line do
projeto https://moodle.c3sl.ufpr.br/course/view.php?id=230, usado também para divulgaçã
o, interação e agendamento de visitas.
Além do envolvimento de profissionais de diferentes áreas do saber na produção
dos materiais educativos (por exemplo, informática, jornalismo, gramática), houve auxílio
técnico-operacional para manutenção de trilhas entre os talhões, como forma de promover
as caminhadas e espaço para explanações durante visitações in-loco.
Nas visitações, a troca de saber ocorre com uma metodologia prática (atividades em
campo) visando o entendimento por parte dos participantes das atividades à temática do
projeto. Como apoio, foram utilizadas as seguintes bibliografias: (PHILIPPI, 2013;
REIGOTA, 2009). Ao final, em uma dinâmica de grupo cada participante comenta sua
opinião sobre os assuntos ministrados. O tempo aproximado da visitação é de 2h e 30min.

Logo do projeto Imagem área da Estação Amostra de materiais

Em 2019 e 2020 houveram visitações da Escola Municipal Olavo


Bilac, do Colégio Estadual Lysímaco F. da Costa, bombeiros e militares. A partir de
meados de 2020, as atividades foram dedicadas na produção e divulgação dos materiais
didáticos de maneira on-line.

Desenvolvimento e processos avaliativos


O impacto e transformação social ocorre por meio de atividades práticas, produção
de conteúdo informativo e de um canal de comunicação on-line, onde a
comunidade é conscientizada e informada sobre a importância das florestas e dos serviços
ambientais, com enfoque na conservação da natureza e no desenvolvimento sustentável. A

969
disseminação destes conceitos e informações em diferentes segmentos estratégicos da
sociedade permite a formação de replicadores independentes destas informações,
potencializando o impacto desse conhecimento a ponto de que a conservação e o uso
sustentável de florestas sejam ainda mais relevantes na agenda de preocupações
socioambientais.
A interdisciplinaridade é intensa no projeto, visto a conjunção de diversas
disciplinas e áreas de conhecimento, como conservação da natureza, ecologia florestal,
dendrologia, conservação de solo e água, tecnologia da madeira, silvicultura de florestas,
gestão ambiental, educação ambiental, ciências exatas e extensão rural.
Na indissociabilidade ensino/pesquisa/extensão, o projeto é consequência de
pesquisas e atividades de ensino realizadas sistematicamente na Estação. Portanto, o
projeto está traduzindo os conhecimentos das pesquisas, em conscientização e informação
na forma de ensino, com a incorporação de conteúdos e práticas às disciplinas de
graduação, pós-graduação e principalmente na forma de extensão, com a interação
dialógica e o repasse de informações a distintos setores da sociedade.
Nas contribuições das atividades na formação dos estudantes, o projeto é centrado
nos discentes, onde possuem interação direta com a geração do conhecimento
(pesquisa), desenvolvimento de habilidades didáticas, a interação dialógica com setores
sociais e as ações extensionistas (atividades práticas, produção de conteúdos e canal de
comunicação), com orientação dos docentes integrantes. Mesmo em período de
pandemia, destacamos a motivação e comprometimento dos discentes da UFPR aos
princípios extensionistas.

Considerações Finais
As ações desenvolvidas pelo projeto vão ao encontrar dos princípios
extensionistas da UFPR e da Educação Superior Brasileira. Este artigo apresentou as
justificativas, objetivos, método e resultados do projeto de extensão “A Floresta e os
Serviços Ambientais: vivências na estação experimental de Rio Negro - Pr”, concebido
para proporcionar a conscientização sobre a importância das florestas e de seus serviços
ambientais.

970
Ressalta-se nas atividades a integração do ensino, pesquisa e extensão. Como
avaliação do projeto, está sendo usado o feedback dos discentes integrantes como forma de
melhorar as atividades futuras. No canal de comunicação on-line é possível a comunidade
externa enviar sugestões, bem como durante as visitações, os participantes são
incentivados a darem opiniões da metodologia e assuntos abordados.
Na especificação de produtos alcançados destacamos 3 folders, 16 videoaulas, 2
vídeos institucionais, e principalmente 11 discentes bolsistas, com ganhos
acadêmicos pela participação dos mesmos em eventos com artigos e apresentações,
como 11a. SIEPE UFPR (2019), 10o. Seminário de Extensão e Inovação da UTFPR (2020)
e 9o. CBEU (2020).

Referências
CARVALHO, I. C. M. A formação do sujeito ecológico. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2012.

LANLY, J.-P. Deforestation and Forest Degradation Factors. In: XII World Forestry
Congress, Québec, 2003.

SEIFFERT, M. E. B. Gestão Ambiental. 3. ed., Atlas, 2014.

PHILIPPI Jr, A. Educação Ambiental e Sustentabilidade. 2. ed., Col. Ambiental, 2013.

REIGOTA, M. O que é Educação Ambiental. São Paulo: Brasiliense. 2. ed. 2009.

971
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA CONSTRUÇÃO COLETIVA DA CIDADANIA

Área Temática: Meio Ambiente


Coordenador da atividade: Leandro Bordin
Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS)
Autores: L. BORDIN 1; T. R. M. BEGNINI 2; G. M. B. SILVA 3

Resumo:
O artigo apresenta o projeto de extensão “Educação Ambiental: conscientização para a
ampliação de futuros” desenvolvido por professores e estudantes de Engenharia Ambiental
e Sanitária junto ao Programa Social “Viver Ações Sociais” no município de Chapecó,
Santa Catarina. No texto são discutidos os processos e os produtos audiovisuais da
interação remota assíncrona com um grupo de crianças com idades entre 6 e 10 anos no
período de março a agosto de 2020. O percurso metodológico – participativo e
colaborativo – estruturou as discussões em torno dos seguintes temas: (a) cuidados com o
meio ambiente, (b) resíduos sólidos e reciclagem, (c) recurso natural água e (d) energias
renováveis. Apesar das dificuldades tecnológicas os resultados demonstram importantes
compreensões acerca da conscientização ambiental, da ampliação dos conhecimentos e do
desenvolvimento de um pensamento crítico acerca dos temas propostos.

Palavras-chave: Consciência ambiental; Educação cidadã; Ciência, Tecnologia e


Sociedade (CTS).

Introdução
Ramos (2001) destaca que a expressão ‘Educação Ambiental’ (EA), desde a década
de 1970, ganha espaço não apenas no campo das políticas públicas, mas nos mais
diferentes contextos pedagógicos. As diferentes modalidades de educação, neste contexto,
se constituem como espaços de discussão acerca das diferentes esferas – sociais, políticas e
econômicas, por exemplo – que integram a busca por soluções individuais e coletivas para

1
Leandro Bordin, docente do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária.
2
Thays Regina Miotto Begnini, estudante do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária; bolsista UFFS.
3
Graziele Moura Borges Silva, estudante do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária.

972
os problemas ambientais causados pela ação antrópica. Nessa direção, Guimarães (2004) e
Alves (2001) discutem a estreita relação entre EA e educação para a cidadania na medida
em que orientam que a superação das causas estruturais dos problemas ambientais passa
pela construção de um sentido de pertencimento e corresponsabilidade. Em síntese a
Educação Ambiental pode ser entendida como aquela em que cada cidadão toma para si,
ao mesmo tempo que compartilha com a coletividade, a responsabilidade pela construção
de valores e atitudes socioambientais por meio de conhecimentos, habilidades, atitudes e
competências voltadas para a conservação do meio ambiente (Brasil, 1999).
Considerando os elementos supracitados, um coletivo de estudantes e professores
do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária do campus Chapecó/SC da Universidade
Federal da Fronteira Sul (UFFS) desenvolveu, nos anos de 2018, 2019 e 2020, ações de
extensão no âmbito do projeto denominado “Educação Ambiental: conscientização para a
ampliação de futuros”. O projeto atendeu anualmente cerca de 40 crianças inscritas no
Programa Social “Viver Ações Sociais” localizado no município de Chapecó/SC. As ações
discutidas neste artigo tratam do período de distanciamento físico/social imposto pela
disseminação e contaminação da COVID-19 no ano de 2020.

Metodologia
Os extensionistas – um professor coordenador, um professor colaborador, uma
estudante bolsista e outra voluntária – começaram as atividades do projeto em questão de
modo presencial em março de 2020. Na terceira semana letiva as atividades presenciais
foram suspensas por orientações institucionais, municipais e estaduais. Naquele momento
não tínhamos recursos tecnológicos disponíveis para a continuação do trabalho e em
reunião com a equipe diretiva e pedagógica do Viver vislumbramos como única
possibilidade o trabalho remoto assíncrono via aplicativo de mensagens usando o aparelho
celular das mães, pais e responsáveis. Para todas as interações – ocorridas no período de
abril a agosto de 2020 – enviávamos um conjunto pequeno de perguntas para que as
crianças respondessem por meio de desenhos, áudios ou textos. De posse das respostas
selecionávamos usando a metodologia de Análise de Conteúdo (BARDIN, 1977) as
categorias que precisavam de novos entendimentos e construções. A devolutiva para as

973
crianças era feita por meio de audiovisuais nos quais se intercalavam recortes de falas,
desenhos e textos recebidos como resposta às questões e novas explicações acrescidas de
imagens que didaticamente ilustravam tais explicações.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Nossa primeira atividade foi a definição de temas ambientais que despertassem a
curiosidade e que tivessem um significado para o grupo de crianças. Nesse sentido, o
elemento disparador para a primeira atividade se deu pela socialização de uma animação
infantil a respeito do Dia da Terra (22 de abril). Nesta atividade, as crianças deveriam
assistir ao vídeo enviado e responder, por meio de um desenho, a pergunta: “O que você
faz ou pode fazer para cuidar do planeta Terra?”. Com base nos desenhos, determinamos a
necessidade de discussão e aprofundamento de três temas: (a) Resíduos sólidos e
reciclagem, (b) Recurso natural água e (c) Energias renováveis. A partir deste ponto o
mesmo movimento – metodológico – foi feito para cada tema emergente.
O áudio devolutivo sobre resíduos sólidos e reciclagem valorizou, num primeiro
momento, as contribuições das crianças e os ‘acertos’ na classificação dos resíduos
orgânicos e recicláveis. No entanto, os elementos mais representativos da primeira
categoria emergente revelaram a falta de compreensão acerca dos resíduos considerados
especiais. Sendo assim, foi construída uma explicação em torno, principalmente, dos
resíduos eletrônicos (pilhas, baterias, equipamentos e afins) informando pontos específicos
de coleta na cidade de Chapecó. A definição da segunda categoria de discussão, direcionou
uma interlocução acerca dos cuidados na separação dos resíduos recicláveis para posterior
reciclagem e sobre informações da coleta seletiva que acontece no bairro. Por fim, um
debate que emergiu foi a valorização e a construção de orientações técnicas acerca da
compostagem de resíduos orgânicos.
O vídeo produzido sobre a temática recursos hídricos apresentou, em um primeiro
momento, a contribuição das crianças acerca da origem da água, fazendo-se a interlocução
entre o ciclo hidrológico e o ‘caminho’ da água até chegar nas residências. A segunda
categoria apresentou os usos da água no cotidiano, bem como sua importância para a
sobrevivência de todas as espécies. A terceira categoria apontou o uso racional da água, de

974
modo a valorizar e estimular a reutilização desse recurso natural. Por fim, a quarta
categoria permitiu destacar as falas das crianças acerca da preservação e uso consciente da
água, incentivando os cuidados com o desperdício e com a não contaminação/poluição.
O vídeo de fechamento sobre energias renováveis iniciou explorando e
contextualizando a principal fonte da energia elétrica local, acompanhado do
funcionamento das usinas hidrelétricas. Nesta categoria, energia hídrica, os áudios
evidenciaram o entendimento parcial dos alunos acerca da sua origem e distribuição.
Sendo assim, construiu-se uma explicação a respeito do processo de transformação do
movimento da água sobre as turbinas (energia cinética) em energia elétrica. Na segunda
categoria, os alunos sugeriram a energia fotovoltaica como uma alternativa de recurso para
geração de energia elétrica. Desta forma, foi destacada a utilização das placas solares para
a conversão da energia solar em térmica ou elétrica. Por fim, a terceira categoria abordou a
energia eólica como opção para regiões com ventos fortes e constantes através da
transformação do movimento das pás dos aerogeradores (energia mecânica) em energia
elétrica, nos parques eólicos.

Considerações Finais
Pela impossibilidade de executar o planejamento inicial feito para atividades
presencias, que seriam muitas e de diversas abordagens metodológicas, uma (re)adaptação
das ações propostas foi realizada tendo como resultado uma profícua troca de saberes entre
as crianças e o grupo da Universidade. Como mencionado, apesar das dificuldades
principalmente do campo tecnológico houve um grande engajamento, com participação da
maioria das crianças. Disso resulta a compreensão de que em condições tecnológicas ideais
o formato remoto – assíncrono e síncrono – pode ser uma efetiva abordagem para
discussões/construções de EA.

Referências
ALVES, F. L. Educação Ambiental e Educação para a Cidadania. Olam – Ciência e
Tecnologia. Rio Claro, v.1, n.1, ago., p. 160-175. 2001.

BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.

975
BRASIL. Lei nº 9.795. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de
Educação Ambiental e dá outras providências. Brasília: Presidência da República/Casa
Civil/Subchefia para Assuntos Jurídicos, 1999.

GUIMARÃES, M. Educação ambiental crítica. In: LAYRARGUES, P. P. (coord).


Identidades da Educação Ambiental Brasileira. Brasília: Ministério do Meio Ambiente,
2004.

RAMOS, E. C. Educação ambiental: origem e perspectivas. Educar. Curitiba, n.18, p.


201-218, 2001.

976
A EXPERIÊNCIA DA EXTENSÃO NA CONSTRUÇÃO DE CONHECIMENTO

Área Temática: Meio Ambiente


Coordenador(a) da atividade: Gilson Jacob BERGOC
Universidade Estadual de Londrina (UEL)
Autores: G. C. Cavalcante ; L. A. ORIDE 2; R. E. L. BEZERRA 3; V. D. FRANCO4.
1

Resumo:
Atualmente, projetos de ensino, pesquisa e extensão têm tido cada vez mais relevância,
devido aos seus resultados nas mais diversas áreas de conhecimento. O presente artigo tem
como objetivo apresentar o Projeto de Extensão “Apoio à análise de Estudo de Impacto de
Vizinhança (E.I.V.) e outros estudos urbanísticos, arquitetônicos e Regionais para
Londrina e Região Metropolitana” e suas atividades realizadas desde seu início até os dias
atuais, relacionando-as com a construção e desenvolvimento de diversos saberes para com
as comunidades integrantes de estudos de caso do Projeto e também para o cotidiano e vida
profissional dos estudantes. As atividades desenvolvidas pelo projeto foram pensadas de
maneira a integrar os estudantes e as comunidades participantes, para que estes possam
conhecer suas diferentes realidades e agregar conhecimentos profissionais e gerais em
ambas as partes. O resultado dessa metodologia consiste em diversos tipos de abordagem
com diferentes comunidades na cidade de Londrina-PR, onde o Estudo de Impacto de
Vizinhança, como uma das ferramentas possíveis para o exercício da política urbana.

Palavras-chave: Estudo de impacto de vizinhança; extensão universitária; Estatuto da


Cidade.

1
Gabriely Cabeça Cavalcant, vínculo (aluna, Arquitetura e Urbanismo),
2
Lígia Akemi Oride, vínculo (aluna, Arquitetura e Urbanismo),
3
Rayane Emonaliza de Lima Bezerra, vínculo (aluna, Arquitetura e Urbanismo),
4
Victória Dísparo Franco, vínculo (aluna, Arquitetura e Urbanismo).

977
Introdução
Com os estudos avançando cada dia mais em diferentes áreas, projetos de ensino,
pesquisa e extensão têm sido cada vez mais relevantes. Nesse contexto, projetos de
extensão como o “Apoio para Estudos de Impacto de Vizinhança (E.I.V.) e outros estudos
urbanísticos, arquitetônicos e Regionais para Londrina e Região Metropolitana” se
mostram de grande importância.
O objetivo do projeto em questão consiste em apoiar conselhos, entidades,
movimentos e comunidades na análise de parâmetros e estudos relacionados aos impactos
urbanísticos de obras, empreendimentos, projetos e atividades em discussão ou
implantação nos municípios da Região Metropolitana de Londrina. O projeto relaciona
discentes, docentes e colaboradores de diferentes áreas do conhecimento com a
comunidade local estudando diversos aspectos e instrumentos urbanísticos, relacionando-
os com o cotidiano da comunidade em questão.
Contando com docentes das áreas de Arquitetura e Urbanismo, Engenharia Civil,
Direito, Geografia e Serviço Social, o Projeto se mostra como um importante instrumento
interdisciplinar que possibilita a disseminação de conhecimentos e situações que agregam a
vida e o cotidiano dos estudantes. O projeto teve início no ano de 2011, focado em apoiar
conselheiros do CMC - Conselho Municipal da Cidade de Londrina - que deliberam sobre
os Estudos de Impacto de Vizinhança feitos na cidade, mas, no decorrer de suas atividades,
sentiu a necessidade de ampliar sua colaboração às comunidades sobre impacto das
atividades determinados na lei municipal e agregar a seus estudos outros parâmetros
urbanísticos, possibilitando novas frentes de intervenção como na atual versão, iniciada em
2020, dando continuidade à proposta inicial.
Este artigo tem como objetivo apresentar o Projeto de Extensão assim como suas
temáticas e atividades, relacionando-as com a construção de saberes para com as
comunidades inseridas como estudos de caso no projeto.
Para isso, será apresentada a metodologia utilizada nos trabalhos com a
comunidade e nas pesquisas feitas pelos discentes e docentes, a apresentação de algumas
atividades realizadas pelo Projeto e também uma revisão bibliográfica com conceitos
relacionados às temáticas abordadas pelo Projeto.

978
Metodologia
O projeto em questão nasceu da necessidade de se construir e ampliar o
entendimento sobre uma importante ferramenta de planejamento e controle urbano, o
Estudo de Impacto de Vizinhança - EIV, com a intenção de colaborar para emancipação
das comunidades, alheias aos instrumentos que podem lhes assegurar melhoria na
qualidade da vida e vivência urbana, promovendo uma troca de saberes acadêmicos e
populares com as comunidades, nos territórios impactados por empreendimentos,
conforme determinados na lei municipal que instituiu o Plano Diretor de Londrina e
também em municípios da região metropolitana.
O referencial teórico deste trabalho parte da ideia de Paulo Freire, no qual o
conhecimento é construído entre os diferentes saberes, e que se buscou dentro deste projeto
de extensão ser trabalhado em suas atividades através da comunicação entre docentes,
discentes, gestores públicos e comunidades afetadas pelo impacto da implantação ou
ampliação de empreendimentos e suas atividades
O educador-agrônomo que não conhece o mundo do camponês não pode pretender sua
mudança de atitude. A intenção era enfatizar os princípios e fundamentos de uma educação
que promove a prática da liberdade. Esta prática não pode ser reduzida a um simples
suporte técnico, mas inclui o esforço humano para decifrar-se, decifrar os outros e o
contexto onde se vive.” (FREIRE, 1977 p. 36; apud. GADOTTI, p. 5).

Como metodologia de trabalho, o artigo se apoiou na análise das atividades


desenvolvidas ao longo do projeto de extensão com um estudo de caso, “apuração empírica
que investiga um fenômeno contemporâneo (o "caso") em profundidade e dentro de seu
contexto do mundo real, especialmente quando as fronteiras entre fenômeno e contexto
podem não estar claramente evidentes” (YIN, 2014, tradução nossa).

Desenvolvimento e processos avaliativos


As ações desenvolvidas pelo projeto incluem análises de EIVs submetidas ao
Conselho Municipal da Cidade (CMC), elaboração de banco de dados para análise dos
EIVs da cidade de Londrina, análise de projetos de leis urbanísticas, participação da
revisão do Plano Diretor de Londrina, capacitação dos alunos para trabalhar com a
comunidade, apoio e capacitação das comunidades urbanas, a fim de assegurar a

979
participação nos processos de planejamento da cidade, elaboração de estudos urbanísticos e
arquitetônicos para atender às demandas das comunidades locais. Dentre estas ações,
colocam-se em discussão as que englobam a relação direta com as comunidades, tendo em
vista que a extensão universitária deve possibilitar a emancipação do conhecimento,
associando os diferentes tipos de saberes às vivências do espaço urbano.
Para Rancière (2007), a emancipação engloba questões sobre ações em que se
verifica a igualdade ou se reduz a desigualdade. O contato entre discentes, docentes,
profissionais e membros da comunidade, em condição de igualdade, traz uma diversidade
de conhecimentos para todos os envolvidos, visto que se mescla o conhecimento
acadêmico e científico com o conhecimento popular. Além disso, os resultados de tal
envolvimento nas atividades unem não apenas o caráter técnico, mas também a realidade
dos indivíduos que vivem em determinada porção da cidade, procurando atingir resultados
mais completos e positivos em favor das comunidades.
Algumas dessas experiências experimentadas dentro do projeto de extensão foram:
o curso de capacitação dos conselheiros do CMC para análise de EIV. Neste, a comunidade
acadêmica, docentes e discentes, interagiu junto aos conselheiros da cidade e demais
interessados para compartilhar os conhecimentos sobre impactos, medidas mitigadoras e
vizinhança afetada, levantados nos estudos de impacto vizinhança elaborados na cidade de
Londrina; a assistência técnica à comunidade ocupante do assentamento Flores do Campo,
que sofrem ameaça de remoção, dialogando com os moradores para entender essa
demanda; e entrevista com comunidade vizinha ao empreendimento de supermercados,
para pesquisar os impactos gerados sobre o seu cotidiano.
Para os estudantes, a contribuição é tão positiva quanto a apresentada às
comunidades. Assim como para elas é importante o contato com diferentes conhecimentos,
para os estudantes também é, já que a conexão com diferentes realidades consolida-os
como profissionais que ultrapassam o tecnicismo para a construção da cidade.

Considerações Finais
Nota-se, por fim, que o EIV é um instrumento com potencial de ampliar a
participação popular, entretanto, o caráter técnico dos estudos dificulta a representatividade

980
da comunidade. A presente ação extensionista se mostrou importante tanto para combinar
os diferentes tipos de conhecimento como para legitimá-la como um instrumento que
precisa ser melhor aproveitado no exercício das políticas urbanas dos municípios,
colaborando com a gestão democrática da cidade.

Referências
GADOTTI, M. Extensão Universitária: Para quê? 2017.

FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1967.

RANCIÈRE, J. O mestre ignorante: cinco lições sobre a emancipação intelectual. 2. ed.


Belo Horizonte: Autêntica. 2007.

YIN, R. K. Case Study Research: Design and Methods. (5th ed.). Thousand Oaks: SAGE
Publications, Inc. (2014).

981
A IMPORTÂNCIA DA MOBILIZAÇÃO DE PARCERIAS PARA DESENVOLVER
AÇÕES VOLTADAS A SUSTENTABILIDADE

Área Temática: Trabalho e Meio Ambiente


Coordenador(a) da atividade: Cleide VIEIRA
Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC
Autores: C. KUBERESKY 1; T. H. SCHADE 2; N. CORDEIRO 3; C. VIEIRA 4

Resumo:
Os países membros da ONU aprovaram a Agenda 2030 para o Desenvolvimento
Sustentável. A Agenda corresponde a 17 Objetivos e 169 metas, neste artigo destacamos
o ODS 17 – Parcerias e Meios de Implementação. Propomos os Projetos de Extensão
‘Programa Radiofônico – Sustentabilize-se' e Podcast 'ODS na Prática’, a fim de, divulgar
ações práticas voltadas aos ODS. O objetivo é mobilizar parcerias com propósito de
promover mais ações voltadas a sustentabilidade, estimular as discussões das políticas
públicas e envolver os discentes e bolsistas contribuindo com seu desenvolvimento como
cidadãos sustentáveis. Foram realizadas em 2021, 20 entrevistas que contribuíram para
aproximar e divulgar as ações voltadas aos ODS a comunidade, assim como fortalecer as
parcerias.

Palavras-chave: Objetivos do Desenvolvimento Sustentável; Rádio UDESC FM Jlle;


Parcerias; Políticas públicas.

Introdução
Segundo as Nações Unidas (2019), nos próximos 30 anos a população mundial
deve crescer em 2 bilhões de pessoas. E mais, até 2050, os países Índia, Nigéria,
Paquistão, República Democrática do Congo, Etiópia, Tanzânia, Indonésia, Egito e

1
Carolina Kuberesky, acadêmica em Licenciatura em Química pela Universidade do Estado de Santa
Catarina.
2
Thiago Henrique Schade, acadêmico em Licenciatura em Matemática pela Universidade do Estado de Santa
Catarina
3
Nadir Radoll Cordeiro, Consultora ODS
4
Cleide Vieira, Professora do curso de Engenharia de Produção na Universidade do Estado de Santa Catarina

982
Estados Unidos serão responsáveis por mais da metade do crescimento global estimado.
Existe uma estimativa de que a Índia, em 2027, vai superar a China, sendo o país mais
populoso do mundo. De acordo com a WWF-Brasil (2021), neste ano já gastamos os
recursos que a Terra é capaz de renovar três semanas mais cedo do que em 2020. Dessa
forma, com o crescimento desenfreado e as atividades humanas sobre o Planeta Terra,
desencadeiam alterações significativas no meio ambiente, impactando na saúde, bem-
estar, economia, qualidade dos recursos naturais, entre muitas outras.
De modo geral, mobilizar parcerias para promover o desenvolvimento sustentável
é necessário para proporcionar uma melhor qualidade de vida, sem aumentar o uso dos
recursos naturais. Os países membros das Nações Unidas - ONU em 2015, aprovaram a
‘Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável’. A Agenda corresponde aos 17
Objetivos dos Desenvolvimentos Sustentáveis – ODS e suas 169 metas. Os Objetivos
abrangem três áreas: econômica, social e ambiental, sendo integrados e indivisíveis. É
uma missão de todos, atingindo todos os setores e inclusive você. A Agenda 2030,
propõem promover e sensibilizar ações em áreas de importância, como Pessoas, Planeta,
Prosperidade, Paz e inclusive Parcerias.
Dentre os 17 Objetivos, destacamos neste trabalho o ODS 17 – Parcerias e Meios
de Implementação. Para mobilizar e sensibilizar a sociedade ao engajamento dos 17
Objetivos do Desenvolvimento sustentável é necessário promover cooperação e fortalecer
parcerias. Assim, o Programa de Extensão intitulado “ODS - Conscientização e Práticas”
propõe os Projetos de Extensão ‘Programa Radiofônico – Sustentabilize-se' e Podcast 'ODS
na Prática’, a fim de, divulgar ações práticas voltadas aos ODS e assim conquistar
parcerias. O presente trabalho tem o objetivo de fomentar a necessidade de mobilização
de parcerias a fim de promover mais ações voltadas à sustentabilidade. Envolver os
discentes e bolsistas à vivência com realidades diferentes, experimentando e
aperfeiçoando o aprendizado, respeitando e contribuindo com o desenvolvimento de um
cidadão consciente.

Metodologia
Dentre os Projetos do Programa de Extensão “ODS - Conscientização e Práticas”,

983
destacamos o Projeto ‘Programa Radiofônico – Sustentabilize-se' e o Projeto Podcast
'ODS NA PRÁTICA'. Ambos os projetos promovem a sensibilização por meio de
comunicações das redes sociais e rádio. A Tabela 1 apresenta resumidamente os Projetos
relacionados aos objetivos e a metodologia utilizada. A intenção é atingir os ouvintes da
rádio UDESC FM JOINVILLE e região, signatários do Movimento ODS - SC,
associações, empresas, instituições de ensino, órgãos governamentais e comunidade em
geral.
Com isso, o Projeto Sustentabilize-se utiliza o meio de comunicação o Rádio e as
Redes Sociais para divulgar e apoiar ações e projetos relacionados a sustentabilidade e
aos objetivos dos ODS. As entrevistas mobilizam a comunidade ouvinte, promovendo as
parcerias necessárias dando continuidade e inovando ações.

Tabela 1 – Projetos relacionados ao Programa de Extensão.


Projeto Objetivo Metodologia
- Criação de programas radiofônicos com inserções
Mobilizar e conscientizar semanais na Rádio UDESC FM Joinville, a partir de
da necessidade de entrevistas com pessoas que promovam ações
Radiofônico
parcerias afim de sustentáveis;
Sustentabilize-se
promover ações voltadas - Os conteúdos são baseados em ações que sensibilizam a
a sustentabilidade. comunidade sobre a importância de práticas que
contribuam para os ODS.
Possibilitar que os
- Disponibilizar as entrevistas no formato de Podcast, a
conteúdos produzidos no
fim de, possibilitar maior divulgação das ações
PODCAST Programa de rádio sejam
sustentáveis;
ODS na prática acessados a qualquer
- Mobilizar maior número de pessoas a serem signatários
tempo e até novamente
ao Movimento ODS – SC.
no formato de Podcast.

Desenvolvimento e processos avaliativos


O Programa Sustentabilize-se apresenta e divulga ações sustentáveis em parcerias
com os ODS. Além disso, o projeto conta com o apoio do ‘Projeto ODS na prática’, sendo
um podcast lançado semanalmente no site da UDESC CEPLAN. Os podcasts podem ser
acessados pelo link: https://www.udesc.br/ceplan/odsprojeto2. O programa é gravado nos
estúdios da rádio UDESC FM Joinville e tem duração de 30 minutos. As entrevistas são
realizadas pela Consultora ODS Nadir Radoll Cordeiro e com apoio dos Bolsistas

984
Carolina Kuberesky e Thiago Henrique Schade. As entrevistas são divulgadas no website
do Programa das redes sociais, links https://www.instagram.com/ods.ceplan/,
https://www.facebook.com/ceplan.ods. Devido a pandemia do COVID-19, o Projeto teve
que ser adaptado e atualmente as entrevistas estão sendo gravadas e editadas de forma
remota.
Das entrevistas realizadas, destacamos o Projeto MenstruAção. A idealizadora do
projeto, a empresária Elis da Nhaia, na entrevista conta que infelizmente o tema é
considerado um tabu e ainda possui preconceitos pela sociedade. Menciona que no Brasil
os artigos de higiene menstrual, deveriam ser considerados básicos, mas infelizmente é
tributado como um artigo de luxo, possuindo 27,5% de impostos sobre os absorventes.
Elis esclarece que seu projeto contribui para os ODS3, ODS4, ODS5, ODS6, ODS8,
ODS10 e ODS12. A pobreza menstrual é um tema novo e segundo Assad, a denominação
‘pobreza menstrual’ corresponde a uma situação de precariedade e vulnerabilidade
econômica e social.
Outra entrevista que destacamos é sobre Economia Solidária, distribuição justa
de renda, autogestão e preservação do planeta. Os entrevistados Diego Goulart e Fabiana
Lopes, falam sobre políticas públicas relacionadas ao ODS8. Apresentam o cenário atual
e as ações realizadas. Essas e outras entrevistas completas podem ser acessada no website
do Programa.

Considerações Finais
Os Projetos ‘Sustentabilize-se’ e ‘ODS na prática’ não foram afetados pela
pandemia, sendo executados como previstos. Os Projetos fazem parte do Programa de
Extensão “ODS - Conscientização e Práticas” e tem apoio da Universidade do Estado de
Santa Catarina (UDESC). Em 2021, já foram realizadas 20 entrevistas com ações
abrangendo os 17 ODS e seus Podcasts estão disponíveis no website do Programa. Dessa
forma os Projetos contribuíram para uma maior aproximação e divulgação das ações
voltadas aos ODS para a comunidade de modo geral, também contribuímos com o
estímulo para discussões das políticas públicas. O Programa de extensão envolveu os
acadêmicos e diretamente os bolsistas incentivando a adotarem posturas,

985
comportamentos e ações que possibilitam o bem-estar das pessoas, promovendo a
Responsabilidade Social e a Sustentabilidade. É importante que os acadêmicos conheçam
realidades diferentes onde não só colocarão em prática as teorias e conceitos adquiridos,
como levarão um aprendizado para a vida. Dessa forma, os acadêmicos aprenderão que
universidade é mais que ciência e tecnologia.

Referências
Perspectivas Mundiais de População 2019. Nações Unidas. Acessado em 13/08/2021:
https://brasil.un.org/pt-br/83427-populacao-mundial-deve-chegar-97-bilhoes-de-pessoas-
em-2050- diz-relatorio-da-onu.

A Agenda 2030. Acessado em 13/08/2021:


http://www.agenda2030.org.br/sobre/. WWF-Brasil. Dia da Sobrecarga
da Terra. Acessado em 13/08/2021:
https://www.wwf.org.br/overshootday/.

ASSAD, Beatriz Flügel. Políticas Públicas acerca da pobreza menstrual e sua contribuição
para o combate à desigualdade de gênero. Revista Antinomias, v. 2, n. 1, p. 140-160,
2021.

SOUSA, Williane Marques de. Brasil tributa absorventes com carga equivalente a itens
supérfluos. Acessado em 13/08/2021: https://unieducar.org.br/blog/brasil-tributa-
absorventes-com-carga- equivalente-a-itens-superfluos.

986
AÇÕES SOCIOAMBIENTAIS NO MUNICÍPIO DE CERRO LARGO/RS, POR
MEIO DO PROGRAMA DE EXTENSÃO “AMIGOS DA RECICLAGEM”

Área Temática: Meio Ambiente


Coordenadora da atividade: Aline Raquel Müller TONES
Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS)
Autores: I. C. SOFFNER ; M. L. NEUBAUER 2; M. A. AMARAL 3; J. V. T.
1

FERREIRA 4; A. A. A. ALVES 5

Resumo:
Com o aumento na geração de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), desde o fim do século
XIX países e organizações têm se preocupado em melhorar sua gestão de resíduos sólidos.
As Instituições de Ensino Superior (IES) tem também contribuído para a gestão ambiental
ao instruir os discentes sobre sustentabilidade nas ações de ensino, pesquisa e extensão.
Neste contexto, o Programa de Extensão “Amigos da Reciclagem” foi desenvolvido a fim
de viabilizar a implementação/manutenção de Pontos de Entrega Voluntário (PEV) de
resíduos sólidos específicos (RSE). Para análise da efetivação das ações socioambientais
do Programa, identificou-se aspectos relacionados ao acolhimento pela comunidade
acadêmica e externa, subsidiada pela verificação qualitativa e quantitativa do fluxo de
utilização dos resíduos nos PEV. Verificou-se que até o mês de junho de 2021, quatro PEV
estão em funcionamento e cerca de 12 kg de embalagens de fraldas e 868 unidades de
esponjas foram recolhidas, comprovando a inter-relação da Universidade Federal da
Fronteira Sul (UFFS), com a comunidade externa, propiciando um descarte
ambientalmente correto para a cadeia produtiva, e socialmente justo ao aprimorar o
desenvolvimento social.

Palavras-chave: desenvolvimento sustentável, ecopontos, manejo de resíduos sólidos.

1
Ingrid de Camargo Soffner, aluna de Engenharia Ambiental e Sanitária.
2
Maria Luisa Neubauer, aluna de Ciências Biológicas.
3
Matheus Araújo do Amaral, aluno de Engenharia Ambiental e Sanitária.
4
Júlia Villela Toledo Ferreira, aluna de Engenharia Ambiental e Sanitária.
5
Alcione Aparecida de Almeida Alves, servidor-docente.

987
Introdução
IES pode melhorar as práticas de gestão ambiental e conseguir ganhos
significativos ao contribuir com a formação dos acadêmicos (BORGES et al., 2013), para
que sejam capazes de refletir sobre os impactos causados ao meio ambiente decorrentes do
desenvolvimento, além de capacitá-los a conduzir estratégias sustentáveis (ROHRICH;
TAKAHASHI, 2019). A exemplo, a UFFS por meio do Programa de Extensão “Amigos da
Reciclagem” contribui para a formação de conhecimentos teórico-práticos de
gerenciamento dos RSU e logística reversa de acordo com a Política Nacional de Resíduos
Sólidos - Lei Nº 12.305/2010 (BRASIL, 2010).
Com a finalidade de reduzir o envio de resíduos sólidos a aterros sanitários e
promover ações sustentáveis o Programa de Extensão “Amigos da Reciclagem”
implementou e monitora quatro PEVs, para que a comunidade descarte seus resíduos
específicos corretamente. Com isso, o objetivo do presente trabalho é analisar as ações
socioambientais deste programa no Campus Cerro Largo/RS que visa contribuir com a
segregação de resíduos sólidos e mitigar impactos socioambientais negativos na gestão de
RSU.

Metodologia
O Programa de Extensão tem como público-alvo a população cerro-larguense,
estimada em 14.189 habitantes (IBGE, 2020). Os materiais coletados estão descritos no
Quadro 1. São promovidas divulgações remotamente, por mídias sociais, que instruem o
público-alvo quanto a segregação, armazenamento e destinação dos resíduos a fim de
assegurar a melhor qualidade dos materiais depositados e facilitar a reciclagem.

Desenvolvimento e processos avaliativos


No tocante às ações de divulgação, coleta e envio para destinação final, o Programa
apresenta o quantitativo de resíduos estimados no Quadro 1. Algumas tipologias de
resíduos específicos foram descontinuadas pela empresa recicladora e outras ainda não
tiveram um volume e massa significativos para serem enviadas a empresa.

988
Quadro 1 – Quantificação dos resíduos sólidos coletados no período de outubro de 2017 a
junho de 2021
Resíduos Sólidos Unidade/k 2017 2018 2019 2020 2021 (até
Especificos g (10/11/12) junho)
Cápsulas de café Unidades - 1760 - - -
Escova dental e embalagens Unidades 5.270 486 - - -
de creme dental
Embalagens de fraldas, Unidades - 703 1.547 18kg 12kg
absorventes e de lenços /Kg
umedecidos
Esponjas/embalagens Unidades 3122 4.085 3.322 2.384 868
Instrumentos de escrita Unidades 6.648 5.614 4.935 2.870 -
Fonte: Autoria Própria (2021).

Os PEV em funcionamento durante a pandemia COVID-19 estão localizados e


distribuídos na área urbana do município de Cerro Largo/RS (Figura 1).

Figura 1 – a) Sicredi, Agência de Cerro Largo/RS; b) Clínica de Fisioterapia Cerro Saúde;


c) Supermercado Jaescke, unidade centro.

a) b) c)
Fonte: Autoria Própria (2021).

Os materiais dos PEV (Figura 2) são recolhidos pela equipe da Casa da Amizade e
encaminhados no local de armazenamento (Figura 2a), posteriormente são contabilizados e
empacotados (Figura 2c) e encaminhados para a destinação final. A Casa da Amizade é a
entidade beneficiada e gerencia integralmente o envio destes resíduos para empresa
TerraCycle, não havendo movimentação ou recebimento de quaisquer valores por parte do
Programa.

989
Figura 2 – a) Local de armazenamento; b) Instrumentos de escrita; c) Resíduos sólidos
embalados para o envio.

a) b) c)
Fonte: Autoria Própria (2021).

Como impactos das atividades deste Programa de Extensão, destacam-se: (i)


formação dos discentes; (ii) experiência teórico-prática, que permite a materialização dos
compromissos éticos e solidários da UFFS e, (iii) a promoção da inter-relação da UFFS
com os outros setores da sociedade envolvidos com o descarte de RSE passíveis de serem
reintegrados a cadeia produtiva.

Considerações Finais
O presente Programa de Extensão promove o desenvolvimento socioambiental para
a comunidade Cerro-larguense desde 2017. Em virtude da Pandemia COVID-19,
atividades presenciais foram canceladas, porém a equipe organizadora se adaptou à nova
realidade e manteve a coleta dos resíduos contribuindo assim para uma melhor gestão de
RSU.

Referências
BORGES, A. F. et al. Análise da Gestão Ambiental nos Institutos Federais de
Educação, Ciência e Tecnologia. Cerne. Universidade Federal de Lavras (UFLA). V. 19.
N. 2. 2013. DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-77602013000200001.

BRASIL. Lei Nº 12.305, de 02 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos


Sólidos. Diário Oficial [da] República do Brasil Brasília, DF. 03 de agosto de 2010.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso em: 10 jul. 2021.

990
IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo
demográfico de Cerro Largo: IBGE, 2010. Disponível em:
https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rs/cerro-largo/panorama. Acesso em: 06 jul. 2021.

ROHRICH, S. S.; TAKAHASHI, A. R. W. Sustentabilidade ambiental em Instituições


de Ensino Superior, um estudo bibliométrico sobre as publicações nacionais. Gestão &
Produção. V. 26. N. 2. 2019. DOI: https://doi.org/10.1590/0104-530X2861-19.

991
APROXIMANDO A ALIMENTAÇÃO DA SAÚDE E MEIO AMBIENTE
ATRAVÉS DA PRODUÇÃO DE MATERIAIS PEDAGÓGICOS ALTERNATIVOS

Área Temática: Meio Ambiente


Coordenadores da atividade: Cibele SCHWANKE (Im Memoriam) e Celson Roberto
CANTO SILVA
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio grande do Sul – Campus
Porto Alegre (IFRS)
Autores: B. P. VIDAL 1; A. T. DA SILVA 2; C. R. CANTO SILVA 3

Resumo:
A presente pesquisa buscou analisar as decisões que tomamos sobre nossa alimentação e de
como ela pode provocar diversos impactos ambientais, sociais e econômicos. A
alimentação traz impactos significativos em relação às questões climáticas, por meio do
desenvolvimento da agricultura e agropecuária, do transporte e da geração de resíduos.
Desta forma, o objetivo do estudo centrou-se em analisar qual a relação entre alimentação e
meio ambiente e de como materiais didáticos podem auxiliar nesse entendimento. A partir
disso, o processo metodológico envolveu pesquisa bibliográfica e a organização do módulo
de Saúde e Meio Ambiente, que compõe um dos eixos temáticos do projeto Mostra
Itinerante Ciência em Movimento, organizada pelo grupo PET - Conexões Gestão
Ambiental do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul,
Campus Porto Alegre, sendo constituído a partir de atividades que buscam explorar a
relação entre a saúde humana e as questões ambientais, além de abordar questões sobre a
geração de resíduos. Os resultados obtidos através da aplicação dos materiais produzidos
em feiras e eventos em que o grupo teve a oportunidade de expor de forma interativa as
atividades apontam que há grande interesse do público pela temática. Com isso, sugere-se
que os materiais produzidos auxiliam positivamente no entendimento e reflexão do tema.

Palavras-chave: meio ambiente; alimentação; material didático.

1
Bárbara Pereira Vidal, discente do curso de Tecnologia em Gestão Ambiental.
2
Anacéli Turski da Silva, discente do curso de Tecnologia em Gestão Ambiental.
3
Celson Roberto Canto Silva, servidor docente.

992
Introdução
A temática da alimentação tem sido cada vez mais debatida quando se fala em
sustentabilidade e até mesmo em mudanças climáticas. Se analisarmos detalhadamente
todo o caminho que um alimento percorre até que chegue à nossa mesa, desde o uso da
terra para produção até as etapas de transporte e utilização de combustíveis fósseis,
podemos compreender a importância do assunto estudado. Cabe ressaltar que um terço de
todos os alimentos produzidos globalmente é desperdiçado, enquanto mais de 700 milhões
de pessoas no mundo vivem na miséria e não têm acesso às necessidades básicas (ONU,
2018). Sendo assim, entendemos que a alimentação é uma questão de saúde pública
(WWF, 2017). A partir desta observação e a instigação por tal assunto, temos a seguinte
problemática: Qual a relação da alimentação e o meio ambiente?
Na busca de soluções para essa problemática, as autoras organizaram e produziram
o módulo de Saúde e Meio Ambiente, que compõe um dos eixos temáticos de um projeto
maior denominado Mostra Itinerante Ciência em Movimento, proposto pelo grupo PET -
Conexões Gestão Ambiental, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Rio Grande do Sul, Campus Porto Alegre. Seu objetivo principal foi disponibilizar
atividades lúdicas e pedagógicas para que haja uma busca em torno da relação homem-
natureza, abordando a temática da alimentação de forma sustentável e consciente.

Metodologia
O presente estudo contou com processo metodológico de referências bibliográficas,
conversas semiestruturadas com participantes que, segundo Manzini (1990-1991), podem
ser modificadas por outras questões no momento do diálogo. Além disso, a metodologia
baseou-se na produção e utilização de materiais didáticos já existentes, como por exemplo
o “Mapa: O caminho da comida”, que foi adaptado a partir do mapa disponibilizado pela
World Wide Fund for Nature (WWF, 2017). Nele, é traçado um caminho visual que
percorre todas as etapas do alimento desde a utilização dos recursos naturais, passando
pelo transporte, até a chegada do alimento aos pontos de venda. A ideia é propor uma
reflexão sobre todos os processos que o alimento percorre até o nosso consumo e, através
disso, estimular novas percepções estabelecendo uma conexão entre como estamos nos

993
alimentamos e quais os impactos que estamos contribuindo todos os dias, desde o
momento da escolha do alimento nas prateleiras.
Por meio deste mapa, foram produzidos outros materiais pedagógicos alternativos a
fim de abordar com mais clareza cada etapa nele descrita.

Desenvolvimento e processos avaliativos: Jogos “Qual a quantidade de água nos


alimentos?” e “Processamento dos alimentos”
Pensando nos recursos naturais, foi elaborado um jogo sobre a quantidade de água
utilizadas na produção de cada alimento. O jogo apresenta uma tabela com quatro colunas,
que podem ser divididas em dois pares de “Alimento > Quantidade de Água”. A proposta é
que o usuário escolha dentre as opções de figuras com valor em litros de água qual o
alimento correspondente no painel e assim descubra a quantidade real de água utilizada na
produção de cada alimento.
Seguindo o mesmo modelo de tabuleiro do Jogo da Quantidade de Água, foi
proposto um jogo sobre o Processamento dos Alimentos. A ideia central é mostrar como
eles podem afetar a saúde humana, por meio do uso de conservantes e aditivos e também
da geração de resíduos pelo uso de embalagens. O tabuleiro é separado em quatro
categorias: “In natura”, “Minimamente processados”, “Processados” e “Ultraprocessados”.
O participante deve escolher dentre as figuras disponíveis e selecionar uma das quatro
categorias. Os materiais utilizados são os mesmos do Jogo da Quantidade de Água,
alterando apenas as imagens e os textos de cada categoria.

Abordagem sobre os Pontos de Venda


Na atividade proposta, os participantes são instigados a refletir em questões como:
De onde vem o alimento que consumimos? Quanto foi gasto em litros de água? E como
fica a minha saúde?
Sendo assim, propomos então um debate sobre a possibilidade de optar por
alimentos produzidos de forma sustentável. Para isso foi desenvolvido um jogo da
memória que propõe encontrar qual troca pode diminuir a geração de resíduos e assim ter
menor impacto ambiental (ex: canudo descartável por canudo reutilizável, filtro de papel

994
por filtro de pano). Para jogar, basta embaralhar todas as figuras viradas para baixo e em
cada rodada um participante poderá retirar duas figuras por vez, sendo que o objetivo é
memorizar e encontrar todos os pares de figuras.

Considerações Finais
A partir de resultados obtidos de forma preliminar pela aplicação dos materiais
didáticos produzidos na MostraPoA 20° Edição e na Feira de Trocas 6° Edição, ambos
eventos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul,
Campus Porto Alegre, foi possível perceber o interesse e a receptividade do público. Com
isso, evidencia-se a capacidade dos materiais produzidos de serem potencialmente
educativos e contribuírem para a temática proposta.

Referências

Água QSP. Disponível em: http://www.aguaqsp.com.br/agua-e-alimentos.php. Acesso em:


8 jul. 2021.

MANZINI, E. J. A entrevista na pesquisa social. In Didática: São Paulo, v. 26/27, p. 149-


158, 1990/1991.

Plataforma Agenda 2030. Disponível em: http://www.agenda2030.com.br/. Acesso em: 8


jul. 2021.

Portilho, Fátima, et al. “A alimentação no contexto contemporâneo: consumo, ação


política e sustentabilidade”. Ciência & Saúde Coletiva, vol. 16, n o 1, janeiro de 2011, p.
99–106.

WWF - World Wide Fund for Nature. Impactos ambientais da alimentação é tema de
vídeos do WWF-Brasil. 01 ago. 2017. Disponível em:
https://www.wwf.org.br/informacoes/bliblioteca/agricultura_e_meio_ambiente/?uNewsID
=59882 . Acesso em: 8 jul. 2021.

Instituição financiadora das bolsas:


PET/FNDE/MEC

995
AVALIAÇÃO, DIVULGAÇÃO E PROPOSTA DE REORDENAMENTO E
MELHORIA DA ARBORIZAÇÃO URBANA DE LAGES, SC

Área Temática: Meio Ambiente


Coordenador(a) da atividade: Maria Raquel KANIESKI
Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)
Autores: L. R. da SILVA1; E. T. N. AIDEN2; V. A. C. S. DELLAJUSTINA3; G.
MELEGARI4; M. F. NICOLETTI5; M. R. KANIESKI6

Resumo:
A arborização urbana traz diversos benefícios à sociedade, porém para obtenção de tais
benefícios, é necessária que a arborização seja adequadamente planejada, de forma a não
oferecer problemas e conflitos. Portanto, esse programa de extensão teve por objetivo
avaliar, divulgar e propor melhorias à arborização da cidade de Lages, gerando subsídios à
criação do Plano Diretor de Arborização Urbana (PDAU). A primeira etapa do programa
partiu de duas ações principais: 1) Inventário arbóreo e identificação dos problemas da
arborização urbana empregando a metodologia adaptada do Grau de Atenção de Árvores
Urbanas (GAAU); e 2) Divulgação de práticas corretas e problemas na arborização para à
população. Até o momento, foram avaliados os bairros Centro e Coral, totalizando 38 ruas,
10 praças e uma rotatória. A avaliação de GAAU permitiu verificar problemas referentes à
sanidade das árvores, problemas estruturais, além de conflito com rede elétrica e
levantamento de calçada. Os resultados obtidos e demais informações sobre o tema foram
divulgados à comunidade pela rede social do projeto, facilitando acesso da população, que
pode sanar dúvidas e interagir a respeito do tema.

Palavras-chave: Arborização viária; Percepção Ambiental; PDAU; Planejamento Urbano.

1
Letícia Rodrigues da Silva, aluna do curso de Engenharia Florestal.
2
Evilyn Talita Nunes Aiden, aluna do curso de Engenharia Florestal.
3
Victor Amadeu Colombo Sousa Dellajustina, aluno do curso de Engenharia Florestal.
4
Guilherme Melegari, aluno do curso de Engenharia Florestal.
5
Marcos Felipe Nicoletti, professor do curso de Engenharia Florestal.
6
Maria Raquel Kanieski, professora do curso de Engenharia Florestal.

996
Introdução
A arborização urbana traz múltiplos benefícios para a sociedade quando bem
planejada, como aumento da umidade relativa do ar, aumento do sombreamento, redução
de ilhas de calor, redução da temperatura, entre outros (CARVALHO et al., 2010).
Entretanto, para obtenção de tais benefícios é necessário um bom planejamento desta, de
forma que ela não gere transtornos futuros, muito menos riscos ao patrimônio e à vida.
Para o município de Lages, SC, existem apenas poucas legislações específicas para
arborização urbana, e estas não mencionam a futura elaboração de um Plano Diretor de
Arborização Urbana (PDAU). Além disso, é evidente a falta de árvores no município e
realização de podas inadequadas naquelas existentes, sendo assim o conhecimento das
árvores da cidade e suas condições, são de suma importância produção do PDAU, bem
como, na realização de melhorias às árvores urbanas já presentes.
As atividades propostas neste programa têm relação direta com o ensino e a
extensão, devido à atuação direta dos estudantes universitários, que realizaram ações
práticas, aplicando os conhecimentos teóricos adquiridos, contribuindo para produção de
um bem que irá melhorar a qualidade de vida de toda a população da cidade. Além disso,
há uma interação direta com a comunidade, a partir da divulgação contínua dos resultados
e informações referentes à arborização urbana. Os dados obtidos ainda podem gerar
subsídio para novas pesquisas envolvendo as áreas de arborização urbana e educação
ambiental, bem como, melhoria para as condições de vida na cidade de Lages-SC.
Diante disso, o programa de extensão teve por objetivo avaliar, divulgar e propor
melhorias à arborização da cidade de Lages, gerando subsídios à criação do Plano Diretor
de Arborização Urbana (PDAU). A primeira etapa do programa partiu de duas ações
principais: 1) Inventário arbóreo e identificação dos problemas da arborização urbana
empregando a metodologia adaptada do Grau de Atenção de Árvores Urbanas (GAAU); e
2) Divulgação de práticas corretas e problemas na arborização para à população.

Metodologia
O programa foi realizado na cidade de Lages, que se encontra na região serrana do
estado de Santa Catarina e possui uma população estimada de 157.349 habitantes.

997
Primeiramente iniciou-se o programa em dois bairros: Centro e Coral. O bairro Centro
possui 13.059 habitantes, já o bairro Coral possui uma população de 5.059 habitantes. Os
bairros Centro e Coral possuem um total de 170 e 55 ruas, respectivamente, a maioria delas
com grande circulação de pessoas e veículos, que concentram grande número de lojas,
farmácias, bancos e comércio em geral.
O inventário da arborização foi realizado a partir da amostragem sistemática, no
qual as ruas a serem levantadas foram definidas como: principais, arborizadas e sorteadas,
totalizando 38 ruas (27 do bairro Centro e 11 do bairro Coral). Além disso, foram
levantadas 10 praças e uma rotatória (Coral).
Para cada árvore analisada foi realizada uma avaliação quali-quantitativa de acordo
com a adaptação da metodologia do Grau de Atenção para Árvores Urbanas (GAAU)
(COELHO, 2020), qual se baseia em análises visuais da copa e tronco dos indivíduos e do
alvo, que trata sobre a circulação de pedestres e veículos. Foram mensuradas as variáveis
dendrométricas: circunferência à altura do peito (CAP) (cm), raio de copa (m), altura total
e altura da primeira bifurcação do indivíduo (m). Ainda, mediu-se a área livre para o
crescimento e desenvolvimento das árvores (m²), largura das vias e largura das calçadas
(m). Por fim, as árvores foram identificadas com nome popular e científico, e obtidas
coordenadas geográficas (latitude e longitude). Durante o levantamento todos os dados
foram anotados diretamente em planilha eletrônica do software Microsoft Office Excel®,
A divulgação dos resultados foi feita a partir de publicações na rede social do
programa, utilizando linguagem simplificada, da mesma maneira as demais publicações
informativas a respeito do tema e boas práticas envolvendo a arborização urbana.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Durante o inventário arbóreo foi possível identificar diferentes problemas que vem
ocorrendo na arborização urbana, dentre eles a baixa diversidade de espécies e presença de
espécies exóticas invasoras; indivíduos arbóreos doentes, lesionados e impedidos de ter seu
pleno crescimento; árvores em conflito com estruturas urbanas; entre outros. Além disso,
fica claro que as podas estão sendo executadas de forma incorreta, ou muitas vezes não são
realizadas a fim de atender objetivos específicos, como: limpeza, condução, elevação, etc.

998
A avaliação realizada a campo indicou a carência de indivíduos arbóreos e má
distribuição daqueles já existentes, refletindo em problemas à população que reside e
circula pelo bairro, qual não tem oportunidade de aproveitar as vantagens que uma
arborização adequada tem a oferecer. Os problemas verificados elevam o risco de queda
das árvores, podendo acarretar danos ao patrimônio público e privado, lesão contra a vida e
outros agravantes. Estes resultados contribuirão de forma positiva para a elaboração do
PDAU para o município, além de propiciar um conhecimento mais amplo a respeito da
arborização urbana dos bairros estudados, logo, refletindo na tomada de decisões mais
assertivas por parte da gestão pública.
Quanto à divulgação do programa nas redes sociais, foi possível manter um contato
próximo com a comunidade, respondendo dúvidas, conversando diretamente com a
população, interagindo com enquetes e outras ferramentas. Obteve-se um feedback positivo
por parte da comunidade, pois o engajamento atingiu bons níveis, sendo que as publicações
foram compartilhadas e chegaram até muitas pessoas.

Considerações Finais
Conclui-se a partir das etapas realizadas, que a metodologia adaptada do Grau de
Atenção de Árvores Urbanas foi capaz de quantificar e qualificar a arborização urbana do
bairro Centro e Coral em Lages-SC. Assim, será possível dar continuidade as etapas
subsequentes do programa: análise dos dados e propostas de reordenamento e melhorias à
arborização urbana, e produção de mudas nativas para plantio e replantio nos locais onde
for verificada necessidade. Destaca-se também a relevância do programa e a necessidade
de se expandir aos demais bairros, a fim de se obter a maior quantidade de informações
sobre a arborização urbana de Lages-SC, para a criação do Plano de Arborização Urbana.
A divulgação dos resultados via redes sociais demonstrou atender o objetivo do
programa, atingindo resultado positivo, bem como, promovendo interação entre
universidade e comunidade, indicando a importância de se manter esta etapa dentro do
programa.

999
Referências
CARVALHO, J. A. de; NUCCI, J. C.; VALASKI, S. Inventário das árvores presentes na
arborização de calçadas da porção central do bairro Santa Felicidade – Curitiba/PR.
Revista da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana – REVSBAU. Piracicaba –
SP, v. 5, n. 1, 2010. p.126-143.

COELHO, C. C. Reordenamento da arborização urbana como atrativo de rota


turística para três cidades da serra catarinense. 2020. Dissertação (Mestrado em
Engenharia Florestal) – Centro de Ciências Tecnológicas, Universidade Regional de
Blumenau, Blumenau – SC, 2020.

1000
CHARLA AGROECOLÓGICA

Área Temática: Meio Ambiente


Coordenador(a) da atividade: Biane de CASTRO
Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS)
Autores: B. de CASTRO 1; D. M. LEMOS 2; S. do E. S. CARDOZO 3; I. P.
GONÇALVES 4; B. P. FERREIRA 5; F. L. V. da MAIA 6.

Resumo:
No projeto de extensão “Charla Agroecológica” buscou-se realizar a divulgação de ações e
técnicas voltadas à Agroecologia, aos produtos da sociobiodiversidade e à conservação do
meio ambiente. Foram realizadas quatro edições do projeto de extensão em ambientes
virtuais e com distintos enfoques. As distintas “Charlas Agroecológicas” consistiram em
eventos inicialmente projetados para a exibição de palestras com execução de um modo
mais dinâmico e interativo, em que os participantes podiam dialogar diretamente com os
palestrantes e outros participantes. Essa dinâmica contribuiu para difusão e discussão
acerca das políticas públicas e pesquisas voltadas à produção de base ecológica, integrando
agricultores, consumidores, população interessada em produzir em pequenos espaços,
alunos e profissionais das ciências agrárias. As lives, compreendidas pelas palestras e
discussões, se mostraram como uma excelente oportunidade de difusão da Agroecologia
em meio à pandemia ocasionada por Covid-19, contribuindo para a propagação de
conhecimentos técnicos sobre o uso sustentável e produção nos Biomas Mata Atlântica e
Pampa, bem como para promover o consumo de alimentos agroecológicos.

Palavras-chave: Agroecologia; Covid-19; encontros virtuais.

1
Biane de Castro, docente da UERGS.
2
Dellins Mestreti Lemos, aluna do curso de Bacharelado em Agronomia da UERGS, bolsista de extensão.
3
Sabrina do Espírito Santo Cardozo, aluna do curso de Bacharelado em Agronomia da UERGS, bolsista de
extensão.
4
Ianysei Pereira Gonçalves, aluna do curso de Bacharelado em Desenvolvimento Rural e Gestão
Agroindustrial da UERGS, bolsista de extensão.
5
Bruna Pereira Ferreira, aluna do curso de Especialização em Desenvolvimento Territorial e Agroecologia da
UERGS.
6
Fernando Luis Vieira da Maia, aluno do curso de Bacharelado em Agronomia da UERGS, bolsista de
extensão.

1001
Introdução
A Agroecologia tem o potencial de produzir localmente grande parte dos alimentos
necessários para as comunidades rurais e urbanas por meio do uso sustentável do meio
ambiente. O hábito de consumo de alimentos agroecológicos promove, dentre vários
benefícios, a melhoria do sistema imunológico (ALTIERI; NICHOLLS, 2020).
As condições impostas pela pandemia por Covid-19 têm feito com que as pessoas
utilizem cada vez mais as diferentes plataformas virtuais para divulgar diversos temas,
podendo ser uma excelente oportunidade para divulgar a Agroecologia e formar e
fortalecer redes envolvendo todos os elos da cadeia produtiva. Assim, o presente trabalho
teve por objetivo difundir e trazer para a discussão as políticas públicas e pesquisas
voltadas à produção de base ecológica, integrando agricultores, consumidores, população
interessada em produzir em pequenos espaços, alunos e profissionais das ciências agrárias.

Metodologia
A partir do macroprojeto ProEx Covid-19 do Programa Inova – RS promovido pela
Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (ProEx-UERGS)
em parceria com a Secretaria Estadual de Inovação, Ciência e Tecnologia (SICT), foram
elaboradas propostas de projetos de extensão no formato remoto em virtude da pandemia
ocasionada por Covid-19.
Atendendo a essa restrição, em 2020 foram realizadas quatro edições das lives
“Charlas Agroecológicas” via Google Meet com distintos enfoques abordando como temas
centrais a Agroecologia, os produtos da sociobiodiversidade e a conservação do meio
ambiente. Os eventos foram realizados no turno da noite via Google Meet para que os
estudantes que trabalhassem durante o dia pudessem participar do projeto.
As “Charlas Agroecológicas” propostas foram classificadas quanto aos Objetivos
do Desenvolvimento Sustentável (ODS), conforme a Agenda 2030 da ONU (2020) durante
o cadastro das ações de fluxo contínuo. As propostas foram classificadas como ações
voltadas à erradicação da pobreza; fome zero e agricultura sustentável; saúde e bem-estar;
educação de qualidade; redução das desigualdades; cidades e comunidades sustentáveis; e
consumo e produção responsáveis.

1002
As ações de extensão foram abertas aos alunos da UERGS e público em geral
interessado, com duração de aproximadamente uma hora por palestrante convidado. Para
cada evento foi criada uma arte e divulgada nas redes sociais, contando com o fundamental
apoio da ProEx-UERGS e da Unidade em Santana do Livramento – RS da UERGS. Cada
palestra consistiu em uma apresentação, verbal e/ou com material digital de apoio e
moderação pela coordenadora do evento. Posteriormente foram realizadas rodadas para
dirimir dúvidas e realizar comentários de cunho técnico extensionista e científico, mas em
tom descontraído de conversa entre os beneficiários das ações de extensão e os realizadores
dos eventos. Essa proposta de trabalho deu origem ao nome do projeto conter a palavra
“Charla”, associando ao fator sociocultural e bilíngue de região fronteiriça, relacionando à
temática “Agroecológica”.

Desenvolvimento e processos avaliativos


O primeiro encontro virtual do projeto de extensão realizado foi a “Charla
Agroecológica: Ensino da Agroecologia através da Horticultura e da Culinária. Com essa
edição foi possível conhecer o projeto Plantar, Colher e Cozinhar, que é uma metodologia
de ensino desenvolvida para o meio urbano e registrada como propriedade intelectual da
Profa. Dra. Viviane Falkembach Pretz no Instituto Quintal Urbano.
A “Charla Agroecológica: A Experiência na Construção do Plano Estadual de
Agroecologia e Produção Orgânica no RS (PLEAPO – RS)” consistiu na segunda edição
proferida pelas Engenheiras Agrônomas Agda Regina Yatsuda Ikuta e Sabrina Milano
Vaz, Analistas Agropecuária e Florestal da Secretaria da Agricultura, Pecuária e
Desenvolvimento Rural (SEAPDR - RS). Nesse encontro foi possível conhecer conceitos
envolvendo o direito à alimentação adequada, sistemas de produção alimentar, bem como o
papel do poder público na formulação de políticas públicas frente às demandas da
sociedade.
A terceira edição “Charla Agroecológica: Uso Sustentável da Flora Nativa”
consistiu na apresentação realizada pela Engenheira Agrônoma, Angélica Ritter (Chefe da
Divisão de Flora do Departamento de Biodiversidade - DBIO da Secretaria Estadual do
Meio Ambiente e Infraestrutura - SEMA) e Ma. Bióloga Joana Braun Bassi (Analista

1003
Ambiental da Divisão de Flora - DBIO da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e
Infraestrutura - SEMA) com o objetivo de transmitir informações sobre o uso sustentável
da flora nativa que está previsto na legislação ambiental e também sobre a certificação
como ferramenta que tem por objetivo garantir o uso das espécies nativas de forma
sustentável, sendo importante estratégia de conservação da biodiversidade.
O quarto e último encontro remoto realizado foi a “Charla Agroecológica:
Programa Estadual Campos do Sul – Estratégias para Conservação e Uso Sustentável dos
Campos Nativos”. Com essa edição, foi possível apresentar o Programa Estadual Campos
do Sul, política pública que tem por objetivo preservar os campos nativos inseridos nos
biomas Pampa e Mata Atlântica mediante a adoção de boas práticas ambientais e de
manejo, integrando uma produção pecuária sustentável. Essa ação consistiu na
apresentação realizada pela pelo Me. Engenheiro Agrônomo, Diretor do Departamento de
Biodiversidade - DBIO da Secretaria do Meio Ambiente do Rio Grande do Sul, Diego
Melo Pereira.
O projeto de extensão Charla Agroecológica se tornou uma forma de expandir o
conhecimento sobre conceitos importantes da Agroecologia e trazer para a discussão,
políticas públicas e pesquisas voltadas à produção de base ecológica, integrando
agricultores, consumidores e orientando sobre as diferentes estratégias de desenvolvimento
sustentável. Foram avaliadas as potencialidades dos sistemas agrícolas por uma perspectiva
social, econômica e ecológica, priorizando a manutenção da produtividade agrícola e
minimizando os impactos ambientais.

Considerações Finais
A Agroecologia tem se mostrado como uma alternativa mais que necessária para o
desenvolvimento rural e uso sustentável dos recursos naturais. Os quatro encontros da
“Charla Agroecológica” serviram para agregar conhecimento sobre os temas apresentados,
aproximando a comunidade acadêmica aos produtores, técnicos da área e a outros
interessados no tema. Impulsionadas pela situação imposta pela pandemia ocasionada por
Covid-19, as “Charlas Agroecológicas” realizadas via Google Meet foram uma forma para

1004
propagar e popularizar a Agroecologia e a importância da conservação e uso sustentável do
meio ambiente, principalmente quando associados a políticas públicas.

Referências
ALTIERI, M. A.; NICHOLLS, C. I. La Agroecología en tiempos del COVID-19., Centro
Latinoamericano de Investigaciones Agroecológicas (CELIA), University of California,
Berkeley, p.1-7, 2020.

ONU. Organização das Nações Unidas. Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.


Disponível em: https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/. Acesso em: 10 mai. 2020.

1005
DESCOBRINDO A MATA ATLÂNTICA: EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM
TEMPOS DE PANDEMIA

Área Temática: Meio Ambiente


Coordenadora da atividade: Fernanda Witt Cidade
Instituto Federal Catarinense Campus Araquari (IFC)
Autores: V. GREGIANIN 1; P. H. MÜER 2; B. A. DRANKA 3; F. W. CIDADE 4.

Resumo:
O Bioma Mata Atlântica vem sofrendo com a ação antrópica ano após ano, por meio do
desmatamento, exploração de seus recursos naturais e perda da biodiversidade, em virtude
desses desafios perante a ação humana no Bioma, em 2019 deu início o Projeto de
Extensão Descobrindo a Mata Atlântica. A proposta inicial surgiu com intuito de despertar
a consciência ecológica nas crianças através de atividade lúdicas, incentivando-as a adotar
práticas de preservação e cuidados com a natureza. Hoje, sob a realidade atual, o projeto
encontra-se ativo nas redes sociais (Instagram) abrangendo não apenas a população de
Araquari, mas sim seu entorno e grande parte do Estado, Região Sul e Sudeste do País.
Durante o desenvolvimento das ações, as tecnologias da educação foram utilizadas como
ferramentas metodológicas, uma vez que possibilitam determinar saberes pré-existentes, ou
a evolução do conhecimento ao longo das práticas educativas. As atividades de extensão
vinculadas ao projeto beneficiam o desenvolvimento social e a preservação ambiental, de
forma que ambos caminhem juntos, tendo a arte e as redes sociais como protagonistas para
o ensino e o despertar da consciência ecológica vinda através da educação ambiental.

Palavras-chave: educação ambiental; mata atlântica; redes sociais.

1
Vitória Gregianin, estudante de Graduação Licenciatura em Ciências Agrícolas, Instituto Federal
Catarinense – Campus Araquari, Bolsista do Projeto. Financiamento Edital Interno 09/2020.
2
Pedro Henrique Müer, estudante do Ensino Médio Integrado ao Curso Técnico em Química do Instituto
Federal Catarinense – Campus Araquari, Bolsista do Projeto. Financiamento Edital Interno 09/2020.
3
Bruno Alcimar Dranka, estudante de Pós-Graduação Mestrado em Tecnologia e Ambiente, Instituto Federal
Catarinense – Campus Araquari. Professor do Estado de Santa Catarina.
4
Fernanda Witt Cidade, Professora EBTT do Instituto Federal Catarinense – Campus Araquari.
Coordenadora do Projeto.

1006
Introdução
O Projeto de Extensão Descobrindo a Mata Atlântica atua diretamente no âmbito
da educação ambiental, sobrepujando as diferenças e dificuldades da vivência humana na
sociedade contemporânea, e trazendo a vista informações científicas de alta importância a
respeito do bioma Mata Atlântica, o qual abriga a instituição que o subsidia e,
praticamente, todo o estado de Santa Catarina. Esse que também abriga uma infinidade de
seres vivos, dos reinos animal, vegetal e fungi, além de formações geológicas únicas, ao
abarcar grande parte da costa brasileira, e por conseguinte sul-americana. Com a
continuidade do desmatamento no Estado de Santa Catarina, ações antrópicas nocivas ao
Meio Ambiente e a exploração desenfreada do Bioma, a Mata Atlântica encontra-se
extremamente fragmentada, preservada em pequenas áreas, como as Unidades de
Conservação Ambiental (IMA, 2021). Hoje, encontramos a biodiversidade em declínio, a
flora Catarinense dispões de 269 espécies ameaçadas, sua fauna possui 261 espécies que
estão sob risco de ameaça e outras 8 espécies foram consideradas extintas regionalmente
(SANTA CATARINA, 2014).
Em virtude desses desafios perante a ação humana no Bioma, em 2019 deu-se
início o Projeto de Extensão Descobrindo a Mata Atlântica, o qual nasceu da necessidade
de um enfoque de Educação Ambiental nas escolas de Ensino Fundamental no Município
de Araquari. A proposta inicial surgiu com intuito de despertar a consciência ecológica nas
crianças através de atividades lúdicas e artísticas, uma vez que tais atividades desenvolvem
aspectos cognitivos e emotivos nas crianças, na evolução dos traços que dão forma ao
pensamento e ao conhecimento conforme se manifestam (HANAUER, 2013), dessa forma
incentivando-as a adotar práticas de preservação e cuidados com a natureza.
Sob a realidade atual pandêmica, desde o ano de 2020 o projeto encontra-se ativo
nas redes sociais (Instagram) abrangendo não apenas a população de Araquari, mas sim
seu entorno e grande parte do Estado, Região Sul e Sudeste do País. Souza e Figueiredo
(2021) apontam que a utilização dessa rede motiva os estudantes e a comunidade, pois,
além de estarem familiarizados com as postagens, interagem com colegas e desenvolvem
atividades em regime de colaboração entre os pares. Dessa forma, o projeto se desenvolve
com o auxílio das redes sociais, através da criação de materiais para a divulgação de

1007
informações de cunho técnico-científico, curiosidades, fotografias, ilustrações científicas e
enquetes sobre os temas abordados, de modo a dar continuidade a proposta inicial do
despertar da consciência ecológica, agora, na comunidade em geral, e desenvolver o
sentimento de pertencimento ao Bioma, tendo em vista a preservação e manutenção dos
ecossistemas da Mata Atlântica.

Metodologia
Ao longo dos anos o projeto foi se adequando às problemáticas vivenciadas pelo
Estado de Santa Catarina em relação à Mata Atlântica. No ano de 2019, durante às ações
de extensão, realizadas com alunos de 6 a 11 anos de idade, pertencentes ao 1º ano e 5º ano
da Escola Municipal Rosalvo Fernandes no Município de Araquari, foram utilizadas
tecnologias da educação na perspectiva lúdica e artística, tais como vídeos, desenhos,
mostra de fotografias e palestras. A fim de avaliar a forma como esses estudantes
enxergavam a Mata Atlântica foram realizadas e analisadas atividades prévias e posteriores
às ações de extensão.
Nos segundo (2020) e terceiro (2021) anos do projeto, o formato das ações foi
modificado. A rede social Instagram surgiu como uma plataforma adequada para a
continuidade do projeto na concepção da divulgação científica alinhada à educação
ambiental. Em 2020 foi criada a conta (@descobrindoamatatlantica) que parte do olhar
educacional no desenvolvimento de postagens informativas de cunho científico,
curiosidades sobre o Bioma, fotografias e ilustrações científicas. Os dados oriundos das
redes sociais foram utilizados para inferir o alcance das publicações, curtidas, comentários,
compartilhamentos e salvamentos.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Ao analisar detalhadamente as produções artísticas criadas pelos estudantes do 1º
ano e 5º ano da Escola Municipal Rosalvo Fernandes do Município de Araquari/SC sobre o
tema Mata Atlântica, em 2019, antes e após as ações de extensão, observou-se,
inicialmente, uma carência de informações acerca ao Bioma e, posteriormente, um avanço
nesse conhecimento. Contudo, foi possível constatar a necessidade de outros tipos de

1008
ações, incluindo passeios em áreas que representassem os diferentes ecossistemas da Mata
Atlântica.
No segundo e terceiro ano de desenvolvimento do projeto, a continuidade das ações
se deu por meio da confecção e compartilhamento de materiais informativos sobre diversos
temas que permeiam a Mata Atlântica e conversam com a sociedade através das redes
sociais, construindo assim os saberes de maneira clara e objetiva, onde se parte de
conceitos básicos e segue aprofundando-se, como distribuição territorial, histórico de
exploração, espécies da flora e fauna, ecossistemas do bioma, entre outros. Nesse período
foi-se atentado em como a sociedade interagia com as problemáticas dispostas nas
publicações. Em 2020 foram totalizados 216 seguidores e 8 publicações, obtendo de 16 a
110 curtidas. Por sua vez, o alcance das publicações, o qual demonstra o total de contas
que observaram e/ou interagiram, foi de 99 a 540, tendo como média 144 alcances. Em
2021, até o mês de julho, totalizam 754 seguidores e 36 publicações, observando-se um
aumento de 249% no número de seguidores e um aumento de 350% em relação às
publicações. Das 28 publicações até o mês de julho de 2021, a média de curtidas por
publicação, hoje, alcança 50 likes. O alcance das publicações varia entre 169 a 697
seguidores, sendo que a média de alcance foi de 291.

Considerações Finais
Ao longo dos três anos de projeto, obtiveram-se ganhos em relação ao ensino e
extensão sobre questões que envolvem a educação ambiental, principalmente com a
utilização das redes sociais, pois usufruir delas garantiu a continuidade do projeto e,
principalmente, um maior alcance, de forma que as informações têm beneficiado a todos os
envolvidos nas ações, fortalecendo o sentimento de pertencimento à Mata Atlântica, bem
como o desenvolvimento da consciência ecológica na população. Além disso, o projeto
tem interferido de forma significativa na formação dos estudantes participantes, onde
interagem e compartilham vivências que agregam na sua trajetória formativa.

1009
Referências
SOUZA, L. M.; FIGUEIREDO, R. S. Desdobramentos pedagógicos da utilização do
instagram para a promoção da educação ambiental. Revista Interdisciplinar Sulear, p.
138-152, 2021.

HANAUER, F. Riscos e rabiscos – O desenho na educação infantil. Perspectiva, Erechim,


v. 37, n. 140, p.73-82, dez. 2013.

IMA – Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina. Parque Estadual Acaraí. 2020
Disponível em: <http://www.ima.sc.gov.br/index.php/ecosistemas/unidades-de-
conservacao/parque-estadual-acarai> Acesso em: 13 jul. 2021

SANTA CATARINA. Lista Oficial das Espécies da Flora. RESOLUÇÃO CONSEMA


Nº 51, de 05 de dezembro de 2014.

1010
DIAGNÓSTICO ORGANIZACIONAL DAS ASSOCIAÇÕES DE ROSÁRIO DO
SUL, SANTIAGO E SÃO VICENTE DO SUL: UM RECORTE DO PROJETO
PILARES PARA CONEXÃO SUSTENTÁVEL

Área Temática: Meio Ambiente


Coordenador(a) da atividade: Vanessa Almeida da SILVA
Instituto Federal Farroupilha (IFFar)
Autores: K. S. RODRIGUES ; L. S. FERREIRA2, S. DORNELES3; R.L.R. ANESE4; C.
1

M. VIEIRA5

Resumo:
O presente trabalho trata-se de um diagnóstico organizacional desenvolvido nas
associações de catadores de materiais recicláveis nos municípios de Santiago, São Vicente
do Sul e Rosário do Sul. Esse estudo é um recorte do projeto Pilares para Conexão
Sustentável, que está vinculado ao Programa “IF mais Empreendedor” com o intuito de
conhecer a realidade das Associações, visando definir medidas para apoio às mesmas. A
metodologia envolveu pesquisas bibliográficas e documentais, bem como entrevistas
realizadas com três (3) representantes. A equipe do projeto é constituída por alunos e
professores, que se reúnem semanalmente, de forma remota, para planejar e tratar os
assuntos referentes ao projeto, com o propósito de auxiliar na valorização das Associações,
buscar apoio do poder local e da própria sociedade.

Palavras-chave: Catadores; Resíduos sólidos; Vulnerabilidade social.

Introdução
O modelo de produção da sociedade moderna é pautado pela exploração dos
recursos naturais criando produtos que têm uma vida útil muito pequena. Na mesma
vertente, a sociedade do consumo é estimulada a adquirir mais coisas do que realmente
necessita (COUTINHO et al., 2016). Com base em documentos oficiais apresentados pelo
____________________________________________
1
Karen Soares Rodrigues, (aluna do Curso Técnico integrado em Administração).
2
Laura Ferreira, (aluna do Curso Técnico integrado em Administração).
3
Simone Bochi Dorneles, (Professora do IFFAR Campus São Vicente do Sul)
4
Rogério Luis Reolon Anése, (Professor do IFFAR Campus São Vicente do Sul)
5
Cristiano Martins Vieira, (Professor do IFFAR Campus São Vicente do Sul)

1011
Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2017) ressalta-se a política dos 5R’s - Repensar,
Reduzir, Reutilizar/reaproveitar, Recusar e Reciclar. Essas medidas visam uma revisão dos
hábitos do cotidiano dos cidadãos, possibilitando uma educação em termos ambientais,
com a priorização da redução do consumo, reaproveitamento de itens e a reciclagem.
No entanto, o processo de reaproveitamento dos resíduos sólidos é um problema até
mesmo para cidades de grande porte que fazem o processo há vários anos. A partir da
coleta de resíduos muitos cidadãos que vivem em condições de vulnerabilidade social
encontram uma solução rentável para atender às necessidades socioeconômicas na
reciclagem, buscando resíduos em aterros a céu aberto, em resíduos mistos ou em
associações e cooperativas de recicladores (FUSS; BARROS; POGANIETZ, 2021). No
entanto, as políticas governamentais ainda não inseriram o catador como um agente
produtivo e ambiental.
De tal modo, esse estudo tem por objetivo relatar os achados da primeira fase do
diagnóstico organizacional das Associações de Recicladores dos Municípios de Santiago,
São Vicente do Sul e Rosário do Sul. As associações fazem parte do projeto de extensão
Pilares para Conexão Sustentável, que tem o propósito de auxiliar com ações estratégicas
para as organizações. Cabe ressaltar que tal projeto é contemplado pelo projeto Nacional
“IF mais Empreendedor” e teve início em junho de 2021, aliando ensino, pesquisa e
extensão, através do envolvimento de discentes e docentes dos cursos Técnico Integrado
em Administração, Tecnologia em Gestão Pública e Bacharelado em Administração do
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha (IFFar), Campus São
Vicente do Sul.

Metodologia
Como procedimentos metodológicos que contemplam esse estudo, foi desenvolvido
um levantamento inicial em pesquisas bibliográficas e documentais, através de artigos,
sites de prefeituras e notícias a respeito das três Associações de Recicladores dos
municípios de Santiago, São Vicente do Sul e Rosário do Sul. Além disso, elaborou-se um
instrumento de coleta dos dados quantitativo, através de um roteiro semiestruturado de
diagnóstico organizacional, contendo quatro (4) perguntas fechadas, a respeito do número

1012
de associados, vinculação com o Movimento Nacional de Catadores, a quantidade de
recolhimento mensal e a existência de coleta seletiva no Município sede. Tal roteiro foi
aplicado, por meio telefônico ou presencial, no mês de junho de 2021, com os três (3)
representantes das Associações de Recicladores, um de cada cidade. Os dados foram
analisados utilizando-se de método descritivo e quantitativo. Ressalta-se, ainda, que os
achados aqui apresentados são da fase inicial de desenvolvimento do projeto.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Nesta etapa do projeto de extensão as ações consistiram em: 1) Reunião de
apresentação do projeto com as lideranças das Associações de Santiago, São Vicente do
Sul e Rosário do Sul; 2) Verificação de dados nos sites das prefeituras a respeito da coleta
seletiva de lixo e destinação final; 3) Entrevista por telefone e contato via WhatsApp.
As ações já realizadas envolveram a equipe do projeto (alunos e professores), o
poder público municipal (secretários) e, os presidentes das Associações, sendo uma
possibilidade de fortalecer laços entre o IFFar e a comunidade externa, oportunizando aos
alunos do ensino superior e ensino médio a prática profissional e a convivência com a
realidade social.
As atividades de extensão propostas trazem benefícios sociais e ambientais,
acarretando em uma maior visibilidade e valorização a esses grupos que se encontram em
situações de vulnerabilidade social. Para os estudantes, o projeto contribui para o
conhecimento teórico prático, com planejamento, relação interpessoal, desenvolvimento do
senso crítico e participativo, além das reflexões socioambientais, permitindo a contribuição
à sociedade.

Considerações Finais
A coleta de informações realizada neste estudo auxiliou na identificação da
importância do Projeto Pilares para Conexão Sustentável para reflexão dos problemas
ambientais, econômicos e sociais existentes nas Associações e municípios. Os objetivos do
estudo foram alcançados a partir do diagnóstico organizacional.

1013
Como características das associações tem-se que a Associação de Recicladores de
Materiais Recicláveis de Rosário do Sul possui atualmente nove associados, em sua
maioria com vinculações familiares, conforme apontou a representante entrevistada. A
Associação faz parte do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis
(MNCR) Durante a pandemia, a Associação teve uma queda de recolhimento mensal de
resíduos, de quatro toneladas/mês em comparação com o ano de 2019 (cerca de 12 t/mês),
devido ao Município não ter iniciado a coleta seletiva de lixo, com previsão para agosto de
2021, o que representa dificuldades de repasse e separação de resíduos. Quanto à
Associação de Catadores Profetas da Ecologia (Santiago), a mesma possui uma gestão
mais profissionalizada, contendo 30 associados, está ligada ao MNCR, tem recolhimento
mensal de 100 toneladas e o município possui coleta seletiva ativa e repassa como doação
os resíduos sólidos à associação de catadores. Em termos da Associação de Recicladores
Terra Doce do Vale do Jaguari (São Vicente do Sul), há nove associados, a associação
não possui ligação com o MNCR, bem como está em fase de implantação e consolidação
ainda em andamento. Além disso, o Município ainda não possui coleta seletiva. Nos três
municípios as Associações são vinculadas à Secretaria de Meio Ambiente. Dado que, os
profissionais precisam ser valorizados, e necessitam que os padrões de trabalho sejam
atendidos, a começar pela aquisição de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs).
Desta forma, o projeto articula o ensino, pesquisa e extensão, promovendo a
inclusão de pessoas em situação de vulnerabilidade social e contribuindo com ações que
para a sustentabilidade, tomando como base os objetivos do Desenvolvimento Sustentável,
observa-se que o projeto abrange pelo menos sete objetivos diretamente: 1- Erradicação da
pobreza; 2-Fome zero; 4- Educação de qualidade; 8-Trabalho decente e crescimento
econômico; 10- redução de desigualdades; 11- Cidades e comunidades sustentáveis; 12-
Consumo e produção responsáveis.

Referências
COUTINHO, Cadidja et al. Pentáculo Ambiental: Instrumento Para Verificação Das
Atitudes Ambientais. Ciência e Natura, [s. l.], v. 38, n. 3, p. 1469, 2016. Disponível em:
https://doi.org/10.5902/2179460x22551

1014
FUSS, Maryegli; BARROS, Raphael T.V.; POGANIETZ, Witold Roger. The role of a
socio-integrated recycling system in implementing a circular economy – The case of Belo
Horizonte, Brazil. Waste Management, [s. l.], v. 121, p. 215–225, 2021. Disponível em:
<https://doi.org/10.1016/j.wasman.2020.12.006>.

MMA. A política dos 5 R’s. Disponível em: http://www.mma.gov.br/comunicacao/item/


9410>. Acesso em: 20 mar. 2017.

1015
ESCORPIONISMO EM BLUMENAU

Área Temática: Meio Ambiente


Coordenador(a) da atividade: Simone WAGNER
Universidade Regional de Blumenau (FURB)
Autores: S. WAGNER 1; C. BOSSE2; L.H. RÉUS 3; G.O. ZIMMER 4

Resumo:
O escorpionismo e a dispersão do escorpião amarelo têm aumentado no município de
Blumenau, tornando-o um problema de saúde pública e que motivou o contato da
Vigilância Sanitária de Blumenau/SC com o grupo PET Biologia FURB, para criar ações
que diminuam a sua dispersão e o número de acidentes. Uma das ações propostas foi este
projeto, que teve como objetivo informar e orientar alunos(as) de oitavo ano de uma
comunidade escolar sobre o escorpião amarelo. Com a pandemia, o projeto foi elaborado
para ocorrer no formato remoto, envolvendo duas turmas de oitavo ano da Escola Básica
Municipal (E.B.M.) Machado de Assis, localizada entre dois focos de ocorrência do
escorpião. Abordou-se, utilizando metodologias diversas, a evolução e a importância
ecológica dos escorpiões, como agir caso ocorra o encontro com algum espécime e como
esses animais chegaram ao município de Blumenau. Para finalizar o projeto, foi realizada
uma avaliação com os(as) alunos(as) e produzido um folheto explicativo. Houve intensa
participação dos(as) alunos que, em mais de 90%, compreenderam a importância do animal
no ambiente em que se insere, além de entenderem o que deve ser feito para diminuir a sua
ocorrência e o que fazer caso ocorra o encontro com o animal.

Palavras-chave: Tityus serrulatus; escorpião amarelo, Escola.

1
Simone Wagner, docente e bolsista do Programa de Educação Tutorial do Ministério da Educação
2
Carolina Bosse, egressa do curso de Ciências Biológicas e egressa do Programa de Educação Tutorial do
Ministério da Educação
3
Luiz Henrique Réus, discente do curso de Ciências Biológicas e voluntário do Programa de Educação
Tutorial do Ministério da Educação
4
Gabriel Otávio Zimmer, discente do curso de Ciências Biológicas e bolsista do Programa de Educação
Tutorial do Ministério da Educação

1016
Introdução
Existem cerca de 1.500 espécies de escorpião descritas no mundo (PRENDINI;
WHEELER, 2005), porém somente de 30 a 50 provocam acidentes potencialmente graves
em seres humanos (CHIPPAUX; GOYFFON, 2008). Atualmente, o escorpionismo
(acidente com escorpião) já supera o ofidismo em números absolutos no Brasil
(MANUAL, 2009), sendo que o Tityus Serrulatus, comumente chamado de escorpião
amarelo, é a espécie que causa acidentes de maior gravidade (MANUAL, 2001). É
facilmente encontrado em área urbana, cujo principal alimento é a barata, instalando-se
muito bem dentro das casas. Desde 2004, a espécie vem se difundindo em Blumenau
trazida, provavelmente, em carrocerias de carros e cargas de algodão. É causadora de
acidentes fatais, principalmente em crianças, apesar de até agora não ter registros de óbitos
por escorpionismo no município de Blumenau.
O número de focos notificados nos quais o escorpião amarelo tem aparecido e
provocado acidentes, vem aumentando nos últimos anos. O projeto teve seu início após a
Vigilância Sanitária de Blumenau solicitar à Universidade Regional de Blumenau (FURB)
uma cooperação para conter a dispersão do escorpião amarelo, considerando que a
coordenadora do projeto estudou a peçonha de escorpiões na sua tese. Uma das formas de
trabalhar esse assunto foi com alunos(as) de oitavo ano, tendo o grupo PET Biologia
FURB organizado as atividades com o objetivo de orientar, por meio de conversas,
dinâmicas e materiais diversos, alunos de uma escola pública de Blumenau a respeito das
características, evolução, importância ecológica e medidas que possam ser tomadas para
evitar acidentes e a propagação dos escorpiões, informações estas que podem facilmente
ser disseminadas entre seus familiares e amigos.

Metodologia
Conhecendo a capacidade de dispersão do escorpião amarelo e as possíveis
consequências se esta espécie se instalasse em uma escola de ensino básico, a E.B.M.
Machado de Assis foi estrategicamente escolhida para a realização do projeto, por estar
localizada entre dois focos de ocorrência do escorpião amarelo e por ainda não haver

1017
registro de sua ocorrência nos ambientes da escola. Sendo assim, o público-alvo deste
trabalho foram os(as) alunos(as) do oitavo ano e, de forma indireta, seus familiares.
Com o agravamento da pandemia causada pelo Sars-CoV-2 e as medidas de
distanciamento, foi necessário criar o material didático para permitir a inclusão de
todos(as) alunos(as) que quisessem participar das atividades desenvolvidas.
A metodologia foi dividida em 4 etapas. Inicialmente, os(as) alunos(as) de duas
turmas do oitavo ano foram convidados(as) a fazer um desenho ou uma redação sobre a
impressão que eles tinham sobre escorpiões para fundamentar as discussões seguintes.
Após, foi elaborado conteúdo expositivo, com uso de slides, e um material impresso, com
conteúdo equivalente ao digital para os(as) alunos(as) que não possuíam acesso à internet.
Em seguida, foi realizada uma conversa, mediada por tecnologia, na qual os(as) alunos(as)
relataram suas experiências com a espécie, abordando assuntos como profilaxia, cuidados e
medidas a serem tomadas em caso de acidentes. Para finalizar o projeto e verificar a
compreensão do conteúdo, foi realizada, pelo Google Forms, uma avaliação, respondida
por todos(as) os(as) alunos(as). Além do formulário, os(as) alunos(as) foram
questionados(as) sobre possíveis dúvidas e o que eles consideravam mais importante e
interessante para que fosse desenvolvido um folheto (folder) sobre o assunto, destinado a
familiares e amigos.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Conforme foram sendo desenvolvidas as atividades, foi possível observar grande
participação e interesse dos(as) alunos(as) de ambas as turmas, principalmente na atividade
de desenho e nas conversas realizadas. Os desenhos foram bem variados, desde os que
procuravam reproduzir fielmente um escorpião, até os que fizeram uso da imaginação. Foi
evidente, nas conversas ocorridas, o interesse que o assunto provocou nos(as) alunos(as),
aparecendo na discussão o medo e a excitação de se encontrar um animal potencialmente
perigoso, porém sem muitos relatos de encontros com a espécie. Para evitar que os(as)
alunos(as) enxergassem os escorpiões como animais unicamente nocivos, foi realizada
uma conversa sobre a sua evolução e a importância deles na natureza. A partir dessas
informações, foram identificadas, por todo o grupo, que a influência antrópica favorecia a

1018
instalação e dispersão de algumas espécies de escorpião, em especial as que têm o
potencial de causar acidentes moderados e graves. Nestas conversas, os(as) alunos(as)
também foram instigados a se perguntar se os seus ambientes escolar e residencial
oferecem condições para a instalação do animal e o que fazer para diminuir a probabilidade
desses encontros. Vários foram os relatos de entulhos nos arredores da casa; resíduos mal
acondicionados que favorecem a ocorrência de baratas, alimento dos escorpiões; além de
ralos destampados entre outros fatores. Para mensurar o grau de apreensão do conteúdo,
aplicamos um formulário de perguntas usando o Google Forms, comprovando que mais de
90% dos(as) alunos(as) apreenderam o conteúdo abordado, o que permitiu aos alunos
produzir o folheto sobre o escorpião amarelo. Além disso, este projeto contribuiu com a
formação dos(as) acadêmicos(as) envolvidos, principalmente pelos desafios que foram
maiores na pandemia.Com a pandemia, novas formas de interação foram necessárias, com
a preocupação de tornar as atividades interessantes e inclusivas, o que exigiu dos(as)
alunos(as) extensionistas grande criatividade e o desenvolvimento da habilidade de manter
a atenção de jovens em conversas virtuais, ao mesmo tempo em que eram apresentadas
informações importantes sobre o assunto para instigá-los a buscar respostas, fazer os seus
relatos e produzir os materiais solicitados (desenhos/redação e folheto).

Considerações Finais
Considerando que o objetivo geral foi o de orientar alunos(as) de oitavo ano de uma
comunidade escolar sobre a ocorrência do escorpião amarelo no município de Blumenau e
que foram abordados e apreendidos, por mais de 90% dos(as) alunos(as), os conteúdos
apresentados, entendemos que esse projeto foi concluído de forma exitosa, atendendo a
todas as expectativas iniciais, incluindo a formação dos alunos extensionistas que tiveram
uma experiência nova e desafiadora no desenvolvimento de uma abordagem acolhedora e
instigante. Contamos com a participação ativa de 110 (cento e dez) alunos(as), potenciais
disseminadores das informações para o seu grupo familiar, considerando também que os
jovens têm maior facilidade de alterar hábitos que podem ser prejudiciais ao meio. Desta
forma, é provável que a condição de dispersão e instalação de espécimes do escorpião
amarelo em regiões com pessoas que foram atingidas pelas informações, como a ocorrida

1019
com esses(as) alunos(as), tende a diminuir, minimizando também o escorpionismo, um
problema de saúde pública. Em conclusão, mesmo em estado de pandemia, os
extensionistas conseguiram se adequar às novas condições, buscando proveito da
tecnologia e de recursos tradicionais para manter o seu trabalho com a comunidade
externa.

Referências
MANUAL de Diagnóstico e Tratamento de Acidentes por Animais Peçonhentos. 2. ed.
rev. Minas Gerais: Assessoria de Comunicação e Educação em
Saúde/Ascom/Pre/FUNASA, 2001. 110 p. ISBN 85-7346-014-8. Disponível em:
https://www.icict.fiocruz.br/sites/www.icict.fiocruz.br/files/Manual-de-Diagnostico-e-
Tratamento-de-Acidentes-por-Animais-Pe--onhentos.pdf. Acesso em: 2 ago. 2021.

MANUAL de Controle de Escorpiões. 1. ed. Brasília/DF: MS – OS 2009/0396, 2009. 72 p.


ISBN 978-85-334-1573-7. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_controle_escorpioes.pdf. Acesso em: 2
ago. 2021.

CHIPPAUX, J.-P.; GOYFFON, M. Epidemiology of scorpionism: a global appraisal. Acta


Tropica, La Paz, Bolívia, v. 107, n. 2, p. 71-79, 12 ago. 2008. Elsevier BV.

PRENDINI, L.; WHEELER, W. C. Scorpion higher phylogeny and classification,


taxonomic anarchy, and standards for peer review in online publishing. Cladistics, New
York, NY, v. 21, n. 5, p. 446-494, 21 out. 2005.

1020
2° FLORIPA ECO FASHION

Área Temática: Meio Ambiente


Coordenador(a) da atividade: Neide KÖHLER SCHULTE 1
Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)
Autores: Milena SARTOR LUIZ 2; Ariana PEREIRA DE ALMEIDA PAMPOLHA 3.

Resumo:
A realização da segunda edição do evento Floripa Eco Fashion, ação vinculada ao
Programa de Extensão Ecomoda Udesc, teve como objetivo conectar estilistas, designers,
artesãos e a comunidade em geral em prol de um viver pró-sustentabilidade. Com base nos
ODSs 4, nos princípios para sustentabilidade e nas economias circular, compartilhada e
solidária, o evento contou com as seguintes atividades: palestras, oficinas, rodas de
conversa, exposições e um desfile. O evento foi realizado durante o FIK 2020 (Festival
Internacional de Arte e Cultura José Luiz Kinceler), dentro do CEART UDESC (Centro de
Artes da Universidade do Estado e Santa Catarina), e foi idealizado em parceria com os
Institutos Trama Ética e IMODA, e também contou com outras parcerias para sua
realização. As atividades realizadas tiveram um público expressivo, desse modo o evento
atingiu seu propósito de contribuir para uma educação pró-sustentabilidade por meio da
extensão universitária e se tornou um evento referência do sul do país sobre moda e
sustentabilidade.

Palavras-chave: Ecomoda; Sustentabilidade; Extensão; Comunidade; Evento.

Introdução
A moda no contexto da sustentabilidade tem diversos desafios, entre eles, como
produzir e consumir de modo a gerar menos impactos socioambientais?

1
Neide Köhler Schulte, coordenadora do Programa de extensão Ecomoda – UDESC (Moda)
2
Milena Sartor Luiz, bolsista de extensão – UDESC (Moda)
3
Ariana Pereira de Almeida Pampolha, bolsista de extensão – UDESC (Moda)
4
Objetivos do Desenvolvimento Sustentável

1021
Por meio de profissionais pioneiros, a sustentabilidade vem ganhando espaço no
mercado e tem estado em pauta nos maiores eventos de moda do mundo. Em 2007, a
SPFW (São Paulo Fashion Week) reuniu 37 estilistas que trabalharam com o tema “moda
responsável”. Após o evento, os demais que se seguiram continuaram basearam-se em
práticas ecologicamente corretas, com enfoque na neutralização das emissões de CO2 Para
(BERLIM, 2012).
As universidades de moda, vendo a necessidade e a oportunidade de mercado com
a sustentabilidade, começam a introduzir matérias em sua grade curricular, pesquisas e
programas de extensão qualificando os futuros profissionais para a área da moda.
Escolas de moda como a Central St. Martin`s e Chelsea School Of Art são citadas
por Lee (2009) como modelos de currículos que contém projetos sustentáveis,
incentivando os alunos a discutir sobre o assunto e colocá-los em prática.
Em termos de projetos relevantes em universidades brasileiras, “o programa
Ecomoda, coordenado pela professora Dra. Neide Schulte, foi pioneiro” de acordo com
Berlim (2012, p. 73). O projeto faz parte do programa de extensão da Universidade do
Estado de Santa Catarina (UDESC) e, desde o princípio de 2005, teve como objetivo a
disseminação do conceito de sustentabilidade e do consumo consciente. O Ecomoda tem
uma atuação incisiva no cenário da moda em Santa Catarina, mas também promove ações
em outros estados e representa o Brasil em outros países da Europa e América Latina.
O Ecomoda UDESC é citado pela autora como um dos exemplos entre os projetos
inovadores de universidades que têm como foco uma visão pró-sustentabilidade em relação
à moda, pois meio de um novo diálogo entre a moda, o consumidor e a natureza.
Aos poucos os consumidores estão conhecendo novas possibilidades para o
vestuário, com propostas de várias iniciativas para uma moda pró-sustentabilidade. O
evento fez a conexão dessas iniciativas com o público, por meio das atividades realizadas
no 2º Floripa Eco Fashion.
Metodologia
O evento 2º Floripa Eco Fashion foi realizado em quatro dias, de 09 a 12 de
fevereiro de 2020, e contou com várias atividades: palestras, oficinas, rodas de conversa,
exposições e um desfile. Os palestrantes, expositores e demais convidados foram

1022
selecionados por serem referência na área de moda e sustentabilidade. O evento fez parte
da programação do FIK 2020 (Festival Internacional de Arte e Cultura José Luiz Kinceler),
realizado no CEART-UDESC (Centro de Artes da Universidade do Estado e Santa
Catarina). O público teve acesso gratuito ao evento, sendo que para os inscritos nas
atividades receberam certificado.

Desenvolvimento e processos avaliativos


O 2º Floripa Eco Fashion contou com quinze expositores, cinco oficinas, quinze
palestras, duas mesas redondas e um desfile. A organização do evento foi realizada numa
parceria entre o Programa Ecomoda da Udesc, o Instituto de Negócios de Moda (IMODA),
o Instituto Trama Ética, a Croqui Conteúdo e Comunicação e por fim, da empresa Zaveo,
Design Estratégico.
A oficina que abriu as atividades foi com a designer de superfície Goya Lopes,
chamada de “Processo Criativo”. O objetivo dessa atividade foi produzir um trabalho
criativo em grupo, tendo como referência as estampas da própria artista e estimular a
criatividade, mostrando que o trabalho criativo necessita de um processo. A segunda
oficina com a designer Agustina Comas, “A ressurreição das roupas – Upclycle”,
possibilitou a aplicação do processo criativo do Método Comas de Upcycling Raiz, por
meio do trabalho de desconstrução/reconstrução de peças prontas, criando novas peças.
A terceira oficina do evento, “Ecochic de moda sustentável: Estamparia com
bordados”, ministrada por Mônica Horta, objetivou o conhecimento de técnicas manuais
para restauração de roupas ou criação de novas peças a partir da utilização de estampas
artesanais bordadas. Na oficina, “Ecomoda: superfícies têxteis, com Isabel Possidônio,
foram utilizados retalhos de diversos tipos de texturas e cores juntamente com a técnica de
bordado sashiko, para criar superfícies têxteis que podem ser usados para confeccionar
carteiras, bolsas e outras peças, de acordo com a criatividade de cada pessoa.
A última oficina do evento “Impressão Botânica e a Impressão do Ser” foi realizada
por Natalia Seeger. Nela foram abordadas questões alinhando e aflorando, por meio da
teoria e da prática, memórias ancestrais através das manualidades obtidas por meio da
impressão botânica e do artesanato têxtil.

1023
Nas mesas redondas foi discutido “o panorama da moda no contexto da
sustentabilidade”, com a participação da autora Lilyan Berlin, da artista têxtil Mônica
Horta e da professora Neide Schulte; “a sustentabilidade no ensino de moda” com a
participação de Jamilly Machado, Jaqueline Keller e Neide Schulte; e “a sustentabilidade
na indústria da moda”, que contou com a presença de Gustavo Loiola, Agustina Comas,
Damylla Damiani, Valmor Loli e Rita Conti.
Das palestras participaram Márcia Dutra e Monica Horta, trazendo a importância da
comunicação para a difusão da sustentabilidade na moda; Lilyan Berlim falando de
educação para sustentabilidade na moda; Goya Lopes conversando sobre um novo olhar
para a sustentabilidade; Agustina Comas, apresentando o método de upcycling para a
indústria da moda; Roberta Kremer, apresentando sua pesquisa sobre os processos de
estamparia natural; Nara Guichon, falando sobre como fazer as pazes com o planeta;
Daniela Rosendo, demonstrando as nuances do ecofeminismo e a moda; e Samira Campos,
discutindo o sobre o percurso de novas marcas de moda.

Considerações Finais
O Floripa Eco Fashion se tornou um evento referência do sul do país sobre moda e
sustentabilidade, a partir da qualidade do conteúdo, da curadoria dos expositores e da
abordagem de vanguarda (educação). Realizou-se uma semana de moda pró-
sustentabilidade, como uma atividade de extensão universitária, contribuindo para a
educação pró-sustentabilidade, por meio do compartilhamento de conhecimentos e saberes,
da construção do pensamento sistêmico, colaborativo e ético, além de instigar a
criatividade dentro das técnicas praticadas no universo da moda, promovendo também uma
reflexão acerca da maneira como se pensa moda no momento histórico atual de crise
climática.

Referências
BERLIM, Lilyan. Moda e Sustentabilidade. Uma reflexão necessária. São Paulo: Estação
das Letras e Cores Editora, 2012.

1024
LEE, Matilda. Eco chic: guia de moda ética para a consumidora consciente. São Paulo:
Larousse do Brasil, 2009.

1025
GESTÃO AMBIENTAL NA UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU

Área Temática: Meio Ambiente


Coordenador(a) da atividade: Nicolau CARDOSO Neto
Universidade Regional de Blumenau (FURB)
Autores: P. BAGIO ; V. GONÇALVES 2; N. CARDOSO NETO 3, F. K. ALVES 4;
1

Resumo:
Na Universidade Regional de Blumenau, a Gestão Ambiental teve início em 2000, com a
implementação de programas e ações para redução dos impactos ambientais das atividades
institucionais. Desde então, o Sistema de Gestão Ambiental da FURB vem promovendo o
envolvimento de estudantes, servidores, docentes e técnicos, além da comunidade em
geral, por meio de ações de gestão ambiental, bem como a participação em projetos de
pesquisa e extensão. Destaca-se os projetos Universidade Verde, Reciclando Hábitos,
Qualidade Ambiental, Construção do Plano do Logística Sustentável, que buscam, por
meio da aplicação de questionários, rodas de conversa, oficinas e análise documental, obter
informações da realidade institucional, bem como compartilhar conhecimentos sobre a
gestão de resíduos comuns e sólidos perigosos, resíduos de saúde, de construção civil e
outros gerados na Universidade, de modo que sejam descartados de forma ambientalmente
e legalmente adequada. Levando em consideração o avanço tecnológico, a
industrialização e as mudanças nos padrões de consumo da sociedade, é possível observar
um aumento significativo na geração de resíduos, não sendo diferente na Universidade. Os
resultados alcançados com os projetos contribuem significativamente para a construção da
nova Política Ambiental da FURB, bem como na geração de conhecimento, traduzidos em
vídeos educativos, apresentações em participação em eventos científicos e submissão de
artigos. A geração de dados e informações ambientais é de suma importância pois, ao
conhecer a realidade institucional, aumenta as possibilidades de serem propostas melhorias
nos processos de gestão, rumo à consolidação de uma Universidade Verde.

1 Poliana Bagio, estudante do curso de Medicina Veterinária, bolsista de extensão.


2 Vitor Gonçalves, estudante do curso de Ciências Biológicas, bolsista de extensão.
3 Nicolau Cardoso Neto, professor coordenador do projeto de extensão.
4 Flávia Keller Alves, servidora técnico-administrativo lotada no Sistema de Gestão Ambiental da FURB.

1026
Palavras-chave: meio ambiente; gestão ambiental; universidade verde

Introdução
As Instituições de Ensino Superior podem contribuir de diferentes formas para
alcançar o desenvolvimento sustentável e apostar em educação ambiental é uma delas, de
forma interdisciplinar, refletindo na formação de seus acadêmicos e possíveis ativistas que
tomem decisões conscientes, ou preocupados e engajados com as causas ambientais. Outro
viés está relacionado aos Sistemas de Gestão Ambiental (SGA) das IES, considerados
ferramentas de gestão nos campi, como mencionado por Gotti (2015).
Ações voltadas ao meio ambiente vêm sendo difundidas rotineiramente em meio a
sociedade e, neste contexto, a Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB),
desenvolve atividades voltadas à comunidade acadêmica, abordando a preservação por
meio da educação ambiental, e implementando ações embasadas na redução dos impactos
ocasionados pelas atividades institucionais. De certa maneira, o SGA e a Comissão do
Meio Ambiente (CMA) tem proporcionado a qualificação dos processos relacionados à
gestão de resíduos gerados nos espaços acadêmicos e administrativos por meio de projetos
de extensão e pesquisa, tais como Plano de Logística Sustentável (PLS), Qualidade
Ambiental, Universidade Verde I e II, Reciclando Hábitos e outros executados na FURB.
Os projetos de extensão e pesquisa vinculados ao Sistema de Gestão Ambiental e à
Comissão do Meio Ambiente buscam informações, dados e outras características
relacionadas a produção, acondicionamento e descarte de resíduos, além de entender como
podem interferir diretamente na saúde ambiental e indiretamente na saúde animal e
humana, podendo, então, interferir no conceito de saúde única.

Metodologia
Os projetos de extensão e pesquisa desenvolvidos e executados pelo SGA e a CMA
possuem como metodologia a aplicação de questionários, de forma online, vídeos
educativos disponibilizados em redes sociais como o Instagram e Yammer, apresentações e
submissões em eventos científicos, palestras e oficinas oferecidas para toda a comunidade

1027
universitária. O público-alvo vinculado as atividades desenvolvidas são, especialmente, os
acadêmicos e servidores da IES. As etapas do processo consistem em elaboração e
planejamento das atividades, aplicação, compilação de resultados e informação.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Dentre as ações desenvolvidas no projeto Construção do Plano de Logística
Sustentável, que teve início no ano de 2019, destaca-se a aplicação do questionário para
diagnóstico da situação dos laboratórios da FURB. Com retorno de 145 laboratórios, ou
seja, aproximadamente 54% dos espaços, o questionário foi respondido por professores,
técnicos de laboratório e monitores. As informações foram organizadas em forma de
relatório, apresentadas à Gestão Superior no ano de 2020 e serviram como mapeamento
dos insumos armazenados nos espaços laboratoriais, bem como evidenciando a quantidade
de resíduos perigosos gerados ao longo de um ano.
O projeto Qualidade Ambiental ainda em execução, coleta informações sobre os
resíduos orgânicos produzidos em ambientes administrativos da IES e promove a
vermicompostagem como técnica de compostagem, onde os resíduos são coletados
diariamente. Outra ação está relacionada com os biotérios, onde a maravalha e as fezes do
setor de grandes animais do Hospital Escola Veterinário são utilizados na compostagem no
sistema de cilindros e leiras no campus 5 da Universidade. O tratamento destes resíduos,
anteriormente destinados como resíduos de saúde ao custo de R$7,14/kg, gera
aproximadamente uma economia de R$22.000,00 ao ano para a Universidade, o que pode
se alterar devido a demanda dos insumos direcionados a compostagem.
Ademais, os projetos de pesquisas denominados de Universidade Verde I, que
ocorreu no ano de 2020, e o Universidade Verde II, executados de forma online, geram
dados sobre a Gestão Ambiental de todas a universidades públicas brasileiras, tais como: se
existe SGA na IES, política ambiental, biotérios e como descartam o resíduo produzido no
local. Os projetos Reciclando Hábitos I (2018) e o Reciclando Hábitos II (2019)
promoveram a educação ambiental por meio das várias intervenções na IES, tais como
recolher todo o lixo nos campi, pesá-los e expor à comunidade acadêmica, com o intuito de

1028
conscientizar sobre a importância do descarte adequado de resíduos e da proteção do meio
ambiente, e dos impactos que podemos causar ao mesmo.
Na execução dos projetos de pesquisa e extensão desenvolvidos junto ao SGA e a
CMA da FURB estão envoltas atividades docentes, discente, técnicas, bolsistas, servidores
em geral. Os projetos contribuíram para a institucionalização da nova Política Ambiental
da IES, homologada em 2020, adaptação a novos hábitos ao descarte dos resíduos e,
principalmente, que sejam despojados de forma adequada. Em geral as atividades
desenvolvidas buscam impactar, de forma positiva, na conscientização sobre a importância
da preservação de toda a biodiversidade e, de certa forma, sustentar o elo da saúde única,
ou seja: o equilíbrio entre a saúde humana, animal e ambiental.

Considerações Finais
O trabalho desenvolvido por bolsistas, membros do SGA e CMA é relevante pela
geração de informações a respeito da gestão de resíduos e insumos utilizados na cidade
universitária, além de contribuir na aplicação da gestão ambiental da Universidade,
reduzindo gastos e minimizando o impacto ambiental ocasionado pelo descarte inadequado
dos resíduos e manipulação incorreta de insumos. Vale salientar, que os dados obtidos por
meio das atividades das extensões contribuíram para a elaboração da nova Política
Ambiental da Universidade e a atualização de Procedimentos Operacionais Padrão (POP).
Além disso, proporcionou aos bolsistas conhecimento dos processos institucionais,
relacionamento interpessoal e o despertar um olhar crítico e responsável pela questão
ambiental, contribuindo para o currículo acadêmico a ser construído ao longo dos anos de
participação da extensão e oferecendo experiências únicas ao longo da vida universitária.

Referências
GOTTI, A. Diagnóstico e perspectivas da gestão ambiental na Fundação Regional de
Blumenau - FURB. 2015. 160 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Ambiental)
Universidade Regional de Blumenau, Blumenau, 2015. Disponível

1029
em: <http://bu.furb.br/consulta/novaConsulta/recuperaMfnCompleto.php?menu=rapida&C
dMFN=359099>. Acesso em 03 de ago. 2021.

FURB. Gestão Ambiental. 2021. Universidade Regional de Blumenau, 2021. Disponível


em: < https://www.furb.br/web/1655/institucional/gestao-ambiental/apresentacao>. Acesso
em 03 de ago. 2021.

Entidade financiadora:
Art.171°, FUMDES

1030
GESTÃO DE RESÍDUOS NA TRIFRONTEIRA: REINVENTANDO UMA
COMUNIDADE SUSTENTÁVEL

Área Temática: Meio Ambiente


Coordenadora da atividade: Andréa de Fátima Silva REZENDE
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná (IFPR)
Autores: A. F. S. REZENDE 4; J.J.H. LIMA 5; R. S. CAVAGNOLLI 6; T.C.ANDRADE 7.

Resumo:

Com o passar dos anos, problemas ambientais crescem em um nível alarmante, e


concomitante a isso, muitas instituições vêm buscando meios de equilibrar de modo
a estabilizar as atividades humanas com a conservação do meio ambiente. Conforme os
grandes centros se desenvolvem, fica eminente a necessidade de gerir os resíduos de
forma sustentável dando a eles a destinação correta, evitando um aterro comum, buscando
extrair o máximo de cada material antes que seja completamente inutilizável. Com isso, a
reciclagem garante um ciclo virtuoso gerando renda a milhares de famílias. Entretanto,
políticas públicas mal aplicadas geram uma completa distorção na destinação adequada
municípios e empresas particulares pecam em não conscientizar sua população o que
acarreta em graves problemas sanitários, atingindo um público ainda maior. Em razão da
alta demanda, surgiu o nosso projeto que intensificou a conscientização acadêmica e da
população fronteiriça em relação ao descarte e manejo adequado dos resíduos,
estimulando assim a reciclagem e a compostagem, buscando sempre equilibrar a relação
entre consumo humano e meio ambiente. Todavia, a atual situação pandêmica mobilizou
o grupo de pesquisa a fazer muitas adequações nas ações extensionistas e uma verdadeira
transição do meio presencial para o digital, através das redes sociais, desenvolvendo
vídeos interativos e divulgando conteúdos a nossa população. Assim, o processo contínuo
de sensibilização da nossa comunidade com educação ambiental em vários formatos e a
construção do “ser” sustentável permanecem em plena atividade.

1
Andrea de Fatima Silva Rezende, servidor docente EBTT Biologia
2
Joaquim José Honório de Lima, servidor docente EBTT Informática
3
Rafael dos Santos Cavagnolli, aluno do curso Técnico integrado em Informática
4
Tatiane de Cristo Andrade, aluna do curso Técnico integrado em Informática

1031
Palavras-chave: gestão de resíduos; compostagem; sustentabilidade.

Introdução
A produção de resíduos sólidos tem se tornado um tema de muita preocupação,
pois a da falta de planejamento com relação a gestão de resíduos sólidos tem causado
muito impactos na sociedade como um todo. Essa realidade tem levado a humanidade a
repensar seu relacionamento com a natureza, buscando soluções que equilibrem a relação
do consumismo humano com a preservação ambiental. Essa harmonia homem-ambiente
condiz com o desenvolvimento sustentável, o que concilia o que é financeiramente viável,
o socialmente confortável com o ambientalmente adequado. (ALVES et al, 2015).
No Brasil existem várias iniciativas de educação ambiental que tem por objetivo
sensibilizar toda sociedade em relação à problemática ambiental, e, principalmente no que
se refere a gestão de resíduos. Segundo Brasil (2010), com a aprovação da Lei 12.305,
que trata da Política Nacional de Resíduos Sólidos, ocorreu a divisão da responsabilidade
pelo lixo entre os cidadãos, as empresas, e as esferas de governos municipais, estaduais e
federal, envolvendo coleta seletiva de material reciclável, separação de lixo orgânico para
o processo de compostagem, e destinação correta para compostos tóxicos (BRASIL,
2015).
Dessa maneira, o presente projeto tem suas ações extensionistas realizadas por um
grupo de alunos do curso técnico em Administração e Informática do campus Avançado
Barracão do IFPR, contando com apenas um bolsista financiado pelo Pibex (Programa
Institucional de bolsas de extensão) junto aos professores colaboradores, sensibilizando a
população regional sobre a importância da destinação correta dos resíduos, bem como
consolidando uma consciência sustentável na comunidade como um todo. Até antes da
pandemia causada pela COVID-19 as ações de conscientização ocorriam através de
palestras socioeducativas dentro do campus e nas escolas da Trifronteira, abordando a
importância de destinar de forma correta cada resíduo e o material reciclável
rotineiramente era separado e encaminhado à Associação de Recicladores (AR). Já os

1032
resíduos orgânicos continuam sendo destinados à compostagem, processo no qual o grupo
de pesquisa tem realizado concomitantemente às ações extensionistas. Com esse quadro
de pandemia várias adequações têm sido realizadas com o intuito de continuarmos o
processo de sensibilização da comunidade no tocante a educação ambiental e a
importância de construir uma mentalidade sustentável no nosso dia a dia.
Com a suspensão das atividades presenciais, as reuniões do grupo de pesquisa,
bem como as atividades de divulgação e propagação de informações relacionadas à
sustentabilidade e ao meio ambiente têm sido realizadas de maneira virtual através das
redes sociais com publicações nas páginas do grupo.

Metodologia
A destinação correta dos resíduos já faz parte da rotina da comunidade acadêmica,
pois as atividades de conscientização sempre são realizadas. As palestras foram realizadas
no segundo semestre de 2019 dentro da temática de Educação Ambiental para os
estudantes das instituições de ensino das cidades de Barracão-PR, Dionísio Cerqueira- SC
e Bom Jesus do Sul-PR, porém desde 2020 até os dias atuais, com a permanência da
suspensão das atividades presenciais em decorrência da pandemia causada pela COVID-
19, as palestras e a elaboração de atividades lúdicas também foram interrompidas, porém
os meios digitais continuam sendo o suporte para divulgar e sensibilizar a comunidade no
que diz respeito a importância do meio ambiente e do equilíbrio que deve existir entre a
ação humana e a preservação da vida no planeta. Foi desenvolvida no ano passado uma
página nas redes sociais denominada “GRT sustentável” e a “BioFronteira" com o intuito
de prosseguir a conscientização social, assim nossas plataformas (Instagram e facebook)
estão sendo constantemente alimentadas a fim de levar conteúdo para toda a população da
Trifronteira. O processo de compostagem já desenvolvido no campus, tem sido realizado
pela coordenadora do projeto a cada quinze dias para propiciar a transformação do
composto e favorecer a manutenção das composteiras do campus. Também estão sendo
adquiridos através de doações de microempresas regionais baldes que serão utilizados nas

1033
oficinas de compostagem nas escolas da região. Assim que retornarmos presencialmente
estaremos desenvolvendo essas oficinas e, a partir da interação dos alunos do IFPR com
os das respectivas escolas, faremos a elaboração das composteiras e deixaremos uma em
cada instituição, estimulando assim essa prática como forma de disseminar a importância
do processo de compostagem.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Ao passo que as atividades vão sendo realizadas, o grupo de pesquisa se reúne para
uma autoavaliação em que é observado se as metas foram alcançadas. No momento atual,
têm sido realizadas reuniões quinzenais com os alunos do grupo de pesquisa/extensão do
projeto de forma virtual e também compartilhando ideias e sugestões via WhatsApp. No
decorrer do primeiro semestre deste ano, realizamos o esvaziamento das composteiras a
fim de retirar o composto (adubo) produzido e deixar as composteiras com espaço para a
produção de mais adubo através da transformação da matéria orgânica pelas minhocas
californianas presentes. Além disso, com a criação da página nas redes sociais, o processo
de sensibilização da comunidade tem sido realizado e monitorado pelos integrantes do
grupo de pesquisa, o que os motiva a ler, estudar e produzir material a respeito do
desenvolvimento sustentável de maneira a atingir grande parte da comunidade da
Trifronteira. Assim, pretende-se continuar com toda essa proposta avaliativa a cada etapa
concluída do projeto que nos motivará cada vez mais a desenvolvermos as ações com
maior atenção e solidez.

Considerações Finais
Em virtude da suspensão do calendário acadêmico, mantivemos nossas atividades
de forma remota obtendo resultados satisfatórios graças ao alcance das redes sociais.
Infelizmente com o agravamento da situação pandêmica, nossas palestras e visitas
continuam sem previsão de retorno, pois a integridade de cada participante deve manter-
se, esperamos que na metade do segundo semestre possamos retomar as atividades
presenciais, levando atividades de sensibilização, oficinas de compostagem e o

1034
desenvolvimento local para enaltecer cada vez mais a importância ambiental na
Trifronteira.
Referências
ALVES, D. H. C. et al. Resíduos Sólidos mais que uma Questão Ambiental, uma Questão
Social. E&S - Engineeringand Science, 2015.

BRASIL, Lei nº 12.305, de 02 de março de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos


Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Diário
Oficial da União, Brasília, DF, 03 de mar. 2010.

1035
GRUPOS DE ESTUDOS EM PROJETOS E PROGRAMA DE EXTENSÃO
UNIVERSITÁRIA: REFLEXÕES NECESSÁRIAS

Área Temática: Meio Ambiente


Coordenador(a) da atividade: Jorge Luiz FAVARO
Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro)
Autores: J. L. FAVARO 1; A. ROIK 2. G. WOLF 3; H. M. I. HULSE 4; L. B. REIS 5; I. R.
PASSUELLO 6

Resumo:
O texto tem por objetivo refletir sobre os grupos de estudos dos projetos de extensão
universitária “Núcleo Multidisciplinar de Estudo em Agroecologia e Produção Orgânica –
NEA” e “Feira Agroecológica”, ambos articulados no programa de extensão “Território:
meio ambiente, produção e comercialização agroecológica”, da Universidade Estadual do
Centro-Oeste – Unicentro. Considera-se como recorte o período de março de 2020, em que
se inicia a pandemia do COVID-19, até o presente momento. Os grupos aconteceram em
reuniões mensais na plataforma Google Meet, envolvendo as equipes acadêmicas dos
projetos e programa, sendo os temas e textos escolhidos coletivamente mediante a
avaliação de cada encontro. Os participantes, organizados em equipes menores, ficavam
responsáveis por apresentar tópicos específicos das referências indicadas nas reuniões dos
grupos de estudos, articulando as reflexões com as ações dos projetos e programa e,
também, com as demais leituras. A partir das avaliações, os participantes destacaram que
os grupos possibilitam a integração das equipes dos projetos e programa de extensão e se
constituem em um espaço de formação, de troca de saberes e de reflexão crítica sobre a
realidade. Diante disso, pode-se concluir que os grupos de estudos têm possibilitado um
olhar crítico para a extensão universitária, em particular, dos projetos e programas

1
Jorge Luiz Favaro, servidor docente do Curso de Agronomia da Unicentro.
2
Anderson Roik, servidor agente universitário da Unicentro.
3
Gustavo Wolf, aluno do Curso de Medicina Veterinária da Unicentro, bolsista do Programa Institucional
de Apoio a Inclusão Social Pesquisa e Extensão Universitária, PIBIS.
4
Helcya Mime Ishiy Hulse, servidora docente do curso de Medicina Veterinária da Unicentro.
5
Igor Rosino Passuello, aluno do Curso de Medicina Veterinária da Unicentro.
6
Larissa Bessa Reis, aluna do Curso de Medicina Veterinária da Unicentro.

1036
desenvolvidos na área da agroecologia, ressignificando as ações e reafirmando o
compromisso ético-político dos participantes com a transformação social.

Palavras-chave: Agroecologia; Extensão universitária; Grupos de estudos.

Introdução
Este texto tem por objetivo refletir sobre atividades dos grupos de estudos dos
projetos de extensão universitária “Núcleo Multidisciplinar de Estudo em Agroecologia e
Produção Orgânica – NEA” e “Feira Agroecológica”, ambos articulados no programa de
extensão “Território: meio ambiente, produção e comercialização agroecológica”, da
Universidade Estadual do Centro-Oeste – Unicentro. O recorte considerado é período de
março de 2020, em que se inicia a pandemia de COVID-19, até o presente momento.
Os projetos, assim como o programa de extensão universitária, são desenvolvidos
nas cidades de Guarapuava e Irati no Estado do Paraná e, pautados numa perspectiva
interdisciplinar, envolvem docentes, estudantes e técnicos administrativos das áreas de
Administração, Agronomia, Enfermagem, Engenharia de Alimentos, Geografia, História,
Medicina Veterinária, Psicologia e Turismo da universidade. Fazem parte da equipe dos
projetos pessoas ligadas ao Programa Paraná Mais Orgânico – PMO, a Universidade
Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR e ao Instituto de Desenvolvimento Rural do
Paraná – IDR que são, também, parceiros nas ações. O público dos projetos e do Programa,
são produtores da agricultura familiar, de assentamentos da reforma agrária, pequenos
produtores artesanais de doces e salgados e, também, artesãos da região.

Metodologia
A pandemia de Covid-19 e as recomendações do distanciamento social trouxeram
inúmeras dificuldades para o desenvolvimento das ações de extensão universitária,
principalmente as que necessitavam ser realizadas presencialmente, como é o caso dos
projetos e do programa em questão. Com isso, muitas ações que vinham sendo executadas
tiveram de ser interrompidas ou suspensas, sendo que os grupos de estudos foram uma das
poucas atividades que puderam ter continuidade.

1037
No entanto, os grupos de estudos que aconteciam de forma separada entre as
equipes dos projetos e do programa – por exemplo na Feira Agroecológica do campus de
Irati, que acontecia no formato “Roda de Mate e Debate” envolvendo equipe acadêmica e
os produtores/feirantes –, tiveram que ser adaptados para o formato virtual de reuniões por
vídeo e passaram a concentrar todas as equipes. Além disso, é importante ressaltar que
nesse período não seria possível envolver todos os produtores/feirantes devidos as
dificuldades no acesso as tecnologias e conexão de internet, indispensáveis para acessar as
reuniões e participar das atividades remotas. Por isso, nesse primeiro momento, optou-se
por trabalhar apenas com as equipes dos projetos e do programa conjuntamente.
Nessa perspectiva, os grupos de estudos tiveram o propósito de ser um espaço de
reflexão crítica sobre as ações executadas e de pensar novas possibilidades. Afinal, ação e
reflexão, como ensina Freire (2018), constituem a maneira humana de existir, constitutivos
inseparáveis da práxis. Por isso, também, indispensáveis em práticas que se pretendem
transformadoras.

Desenvolvimento e processos avaliativos


A premissa dos grupos de estudos é de pensar as ações dos projetos e programa a
partir das diretrizes para a extensão universitária: (i) interação dialógica, (ii)
interdisciplinariedade e interprofissionalidade, (iii) indissociabilidade ensino-pesquisa-
extensão, (iv) impacto na formação do estudante e, (v) impacto e transformação social
(FORPROEX, 2012). Tanto no planejamento quanto na realização dos grupos, foram
priorizadas metodologias participativas, de modo a estimular o protagonismo dos sujeitos.
Dessa forma, os grupos aconteceram em reuniões mensais na plataforma Google
Meet, envolvendo as equipes acadêmicas dos projetos e programa, sendo os temas e textos
escolhidos coletivamente mediante a avaliação de cada encontro.
O primeiro tema definido pelos participantes foi a agroecologia, com a intenção de
socializar e pactuar sobre seu entendimento. O texto trabalhado foi “Agroecologia:
experiências e conexões na relação campo-cidade” que integra o “Dossiê ABRASCO”
(CARNEIRO, 2015). A partir daí, os participantes apontaram para a necessidade de
discutir a essência da extensão universitária, sendo indicado para estudo o livro “Extensão

1038
ou Comunicação?” (FREIRE, 1979). Este debate levou os participantes a problematizar o
lugar dos sujeitos com os quais se faz extensão universitária, sobretudo, a dialogicidade
das relações, os saberes envolvidos e a construção da autonomia. Para tanto, o grupo
decidiu estudar a obra “Pedagogia da Autonomia” (FREIRE, 2015).
Importante registrar que, a densidade do referencial teórico utilizado bem como das
discussões e debates decorrentes, fizeram com que cada tema fosse trabalhado em mais de
uma reunião. Assim, os participantes organizados em equipes menores, ficavam
responsáveis por apresentar tópicos específicos das referências indicadas nas reuniões dos
grupos de estudos, articulando as reflexões com as ações dos projetos e programa e,
também, com as demais leituras.
A partir das avaliações, os participantes destacaram que os grupos possibilitam a
integração das equipes dos projetos e programa de extensão e se constituem em um espaço
de formação, de troca de saberes e de reflexão crítica sobre a realidade.

Considerações Finais
Os grupos de estudos provocaram os participantes a repensarem o papel dos
sujeitos com os quais se faz a extensão assim como os objetivos e as metodologias
utilizadas nos projetos e programa. Espaços de reflexão, como os oportunizados pelos
grupos de estudos e que geralmente são colocados em segundo plano, são fundamentais
para se fazer extensão universitária.
É importante ressaltar, também, que as dificuldades ocasionadas pela pandemia de
COVID-19, dificultaram, até este momento, que os produtores e feirantes participassem
dos grupos de estudos. Aliás, a integração dos produtores/feirantes aos grupos de estudos,
avançando na relação dialógica e na troca de saberes, é uma questão que emerge como
prioridade no entendimento das equipes.
Por fim, é possível concluir que os grupos de estudos têm possibilitado um olhar
crítico para a extensão universitária, em particular, dos projetos e programas desenvolvidos
na área da agroecologia, ressignificando as ações e reafirmando o compromisso ético-
político dos participantes com a transformação social.

1039
Referências
CARNEIRO, Fernando Ferreira et al (Org.). Dossiê ABRASCO: um alerta sobre os
impactos dos agrotóxicos na saúde. Rio de Janeiro: EPSJV; São Paulo: Expressão Popular,
2015.

FORPROEX. Política Nacional de Extensão Universitária. Porto Alegre: UFRGS, 2012.

FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. 38. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2018.

FREIRE, Paulo. Extensão ou Comunicação? 4. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 51.


ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2015.

1040
INTERVENÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA NA PERSPECTIVA DA
EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UMA PROPOSTA PARA ESCOLA DO CAMPO

Área Temática: Meio Ambiente


Coordenador(a) da atividade: Josete B. CARDOSO
Instituto Federal Farroupilha (IFFAR)
Autores: Josete B. CARDOSO 1; Tanise. M. GAIKE 2.

Resumo:
Neste escrito, socializamos as ações desenvolvidas no projeto de extensão “Intervenção
Didático Pedagógica na perspectiva da Educação Ambiental: uma proposta para escola
do campo''. A partir dele, implementou-se intervenção, em espaço escolar campesino,
visando colaborar com a formação permanente dos docentes, através de uma abordagem
interdisciplinar e transversal da Educação Ambiental. Intervenção educativa, no território
Campo, assume grande relevância, na atualidade, em especial, quando se destina à
educação dos sujeitos que produzem seu viver a partir da interação com a natureza.
Metodologicamente buscou-se problematizar, ressignificar, instituir práticas educativas
comprometidas com a dimensão ambiental, uma vez acreditarmos que a sensibilização, por
meio destas, pode transformar a realidade, desenvolver atitudes e ressignificar valores.
Como resultado, destaca-se a definição dada pelos partícipes à “intervenção”, a qual
distanciou-se de uma conjuntura autoritária, para então, configurar-se em uma proposta, a
qual visa a transformação social e quiçá em uma nova forma de se fazer educação. O corpo
docente mostrou-se perceptivo e pronto a instaurar estratégias educativas de valorização do
contexto escolar campesino, de desenvolvimento de atitudes/valores relacionados à
Educação Ambiental (EA) e à Educação do Campo (EdoCampo), bem como conscientes
de um fazer docente comprometido com a dimensão homem/território/natureza. A
pertinência do processo interventivo guarda, entre outros motivos, o caráter transformador
da educação em um prisma extremamente importante, qual seja, a formação
socioambiental dos cidadãos campesinos, a partir do fazer de seus formadores.

Palavras-chave: Educação Ambiental; Intervenção Escolar; Escola do Campo.

Introdução
O trabalho que ora apresentamos materializa-se pela intervenção, em espaço escolar
campesino, a qual teve por intuito, não só conhecer as representações e ações dos
educadores, como também, colaborar com a formação permanente de professores,

1
Josete Bitencourt Cardoso, servidora docente, campus Jaguari - IFFAR.
2
Tanise Marian Gaike, aluna do curso de Especialização em EdoCampo e Agroecologia.

1041
fomentando um processo educativo interdisciplinar voltado à temática ambiental na escola
do campo.
Para tanto, destinou-se força e empenho na proposta interventiva/formativa, no
espaço campo, junto à Escola Municipal de Ensino Fundamental Vanda Maria da Silva,
situada na Localidade de São Xavier, 4º distrito do município de Jaguari-RS, visando
fomentar/construir, junto ao corpo docente, estratégias para a inserção da Educação
Ambiental em suas práticas educativas. A opção por esta escola, deu-se pelo fato de estar
localizada no campo, com a integralidade de seu alunado oriunda da área rural.
Vislumbrou-se a escola como espaço para construir os elementos necessários ao
entendimento da relação homem e meio ambiente, visto ser nos bancos escolares que
prioritariamente surgem os elementos críticos e criativos que modelam a sociedade.
A intervenção foi planejada, no âmbito do curso de especialização em Educação do
Campo e Agroecologia do campus Jaguari, colaborou com o desenvolvimento de práticas
educativas comprometidas com a formação de um cidadão responsável ambientalmente,
capaz de, não só preocupar-se com os espaços de produção de vida, mas criar, a partir das
discussões escolares, possibilidades de ações comprometidas com o entorno dos sujeitos,
qual seja, sua escola, suas casas, suas comunidades, sua cidade, estado, país.

Metodologia
A marcha metodológica constituiu-se por um caminhar formativo linear,
contemplativo das especificidades de atuação do corpo docente da escola, com relação à
educação ambiental. O processo permitiu a concretude de uma formação conjunta e
interdisciplinar, capaz de ressignificar práticas educativas comprometidas com as questões
ambientais envolvendo os sujeitos reconhecidos pela Educação do Campo (EdoCampo).
O projeto intervencionista cadastrado no IFFar - campus Jaguari, junto à
Coordenação de Extensão, apresentou um passo a passo constituído por:
- Pesquisa de demanda junto ao corpo docente da escola a respeito do interesse em
participar do projeto;
- Reconhecimento das especificidades de atuação docente com relação à EA;

1042
- Mobilização para uma formação conjunta/autoformativa problematizadora da temática
ambiental.
- Reflexão sobre a prática educativa relacionada à EA, bem como prospecção de possíveis
estratégias educativas para o contexto campo.
- Por fim, análise sobre os benefícios de ações comprometidas com o meio e com os
sujeitos, em especial os sujeitos da EdoCampo.
A ação metodológica amparou-se em especial no ideário de Imbernón (2009),
quando este em sua obra “Formação permanente do professorado novas tendências”, nos
chama a atenção de que a formação deve aproximar-se das situações e problemas vividos
no próprio âmbito educacional. O autor destaca a importância de se dar voz aos
protagonistas da ação educativa, e que, ações reflexivas conjuntas, dentro do espaço
educacional, podem garantir mudanças profícuas na cultura escolar.
Quanto à propositura de um projeto intervencionista, através de ações de extensão
do IFFar - campus Jaguari, o processo metodológico possibilitou que todos participassem:
alguns, como ouvintes; outros, participantes; outros tantos, protagonistas, já que
socializaram suas estratégias de ensino. Houve, inclusive, os que se arriscaram na proposta
de projetos para o âmbito escolar, projetos estes, que, de agora em diante, certamente, irão
engajar mais sujeitos, assim como mais estratégias de ensino contemplativas das questões
ambientais e das especificidades campesinas.

Desenvolvimento e processos avaliativos


O desenvolvimento da ação interventiva proporcionou, aos envolvidos, o contato
com múltiplas dimensões do processo educacional. Problematizarmos as ações educativas
desenvolvidas na escola, permitiu, não só conhecer os fazeres e imaginários, mas, também,
valorizar as práticas instauradas e instituir espaços para discussão e valorização da temática
ambiental no contexto da escola do campo.
A criação de espaços comunicativos (formativos) entre os pares, constituiu-se em
oportunidade mobilizadora de conhecimentos. Estabeleceu-se um processo formativo
interdisciplinar reflexivo das estratégias utilizadas, bem como promovedor de novas
perspectivas e possibilidades educativas, nas suas especificidades de atuação.

1043
Segundo Inbernón (2009), este ato permite:
[...] obter uma visão crítica do ensino para analisar a postura, os imaginários de
cada um diante do ensino e da aprendizagem, que dê alento ao confronto de
preferências e valores, em que prevaleça o encontro, a reflexão sobre o que se faz
entre colegas como elemento fundamental na relação educativa. (p.75)
Avalia-se como positivo a posição receptiva dos docentes, bem como participação e
envolvimento, atitude esta, a qual permitiu-nos perceber: identificação com a temática,
potencial criativo, percepção dos valores subjacentes à temática da EA, sua relação com o
ideário da EdoCampo, assim como o papel mobilizador desses valores junto ao alunado.
A ação extensionista fortaleceu o grupo docente, motivando-os a pesquisar, criar e
refletir sobre novas e possíveis estratégias de ensino. Fato este, que chancela a iniciativa,
bem como cria o espectro positivo para futuras intervenções.
Os encontros interventivos/formativos problematizaram ainda, a importância da EA
na vida dos alunos da Escola Vanda Maria da Silva. Obteve-se como resultado uma
percepção coletiva da condição campesina como fator preponderante na relação ensino
aprendizagem. Os resultados aproximam-se do que Caldart (2005), diz ser:
[...] o debate de uma outra concepção de campo e de projeto de desenvolvimento
que sustente uma nova qualidade de vida para a população que vive e trabalha no
campo; - vinculadas ou não a estas lutas sociais, a presença significativa de
experiências educativas que expressam a resistência cultural e política do povo
camponês frente às diferentes tentativas de sua destruição. (CALDART, 2005,
p.3)
O processo interventivo/formativo comprometeu-se com a transformação social, a
qual se engajam a EA e a EdoCampo. Colaborou com a formação do grupo de professores
da escola campesina, permitindo a ressignificação de seus próprios fazeres.

Considerações Finais
A perspectiva da proposta intervencionista desencadeou nos partícipes do projeto
um aspecto formativo valioso, o qual esteve orientado pelos paradigmas e princípios
pedagógicos que norteiam tanto a Educação Ambiental como a Educação do Campo.
Sabemos que são muitos os propósitos da Educação Ambiental e da Educação do
Campo, ambas modalidades apresentam aspectos sensibilizadores, que fomentam atitudes
mantenedoras do ambiente e que motivam para ações comprometidas com um
desenvolvimento sustentável.

1044
Nesse contexto, a escola tem importante papel social, uma função
formadora/transformadora, capaz de mobilizar um saber ambiental, materializado em
valores éticos, políticos, econômicos e culturais, que, por sua vez, é capaz de promover um
saudável convívio social almejado tanto em contextos urbanos como campesinos.

Referências
CARVALHO, Isabel Cristina de Moura. Educação ambiental: a formação do sujeito
ecológico. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2006.

CALDART, R.S. Momento atual da Educação do Campo. Núcleo de Estudos Agrários e


Desenvolvimento Rural. Ministério do Desenvolvimento Agrário NEAD/MDA), 2005.

DIAS, Genebaldo F. Educação Ambiental: princípios e práticas. 9. ed. São Paulo: Gaia,
2004.

IMBERNÓN, Francisco. Formação permanente do professorado: novas tendências. São


Paulo: Cortez, 2009.

1045
MANEJO AGRÍCOLA ADOTADO PELOS PRODUTORES DO PNAE NO
MUNICÍPIO DE SÃO VICENTE DO SUL/RS

Área Temática: Meio Ambiente


Coordenador(a) da atividade: Ana Lúcia de Paula RIBEIRO
Instituto Federal Farroupilha, campus São Vicente do Sul (IFFar)
Autores: N. P. DORNELES 1; F. T. L. FRONZA 2; M. A. TURCHIELO³; E. CEREZER4

Resumo:
São Vicente do Sul é um município localizado na região centro-oeste do estado do Rio
Grande do Sul, que em 2010 possuía uma população de 8.440 habitantes, destes 30,3%
residiam no meio rural. Assim, a atividade olerícola em escala de produção pode ser
considerada uma modalidade de produção recente para a região, tal avanço só foi possível
através de programas de políticas públicas para o setor como o Programa Nacional de
Alimentação Escolar (PNAE). Com o objetivo analisar o manejo agrícola dos agricultores
familiares do município de São Vicente do Sul envolvidos com o Programa Nacional de
Alimentação Escolar foi aplicado um questionário com questões semiestruturadas,
contendo 30 questões em dezembro de 2020. Ao total foram realizadas 16 entrevistas com
os agricultores, que atuam junto ao PNAE. Este trabalho só foi possível com a parceria do
Escritório da Emater municipal de São Vicente do Sul. A realização deste estudo
possibilitou conhecer o manejo agrícola adotado pelo produtor de hortaliças cadastrado no
Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) do município de São Vicente do Sul e
destaca-se a necessidade da assistência e orientação técnica no manejo das boas práticas
agrícolas para promoção e garantia da segurança alimentar.

Palavras-chave: Agricultura familiar. Políticas públicas. Alimentação escolar.

1
Acadêmico do curso de Agronomia, Instituto Federal Farroupilha – campus São Vicente do Sul
2
Acadêmico do curso de Agronomia, Instituto Federal Farroupilha – campus São Vicente do Sul
³ Engenheiro Agrônomo, Acadêmico do Curso de Pós-Graduação em Ciência do Solo, Universidade Federal
de Santa Maria
4
Acadêmica do curso de Agronomia, Instituto Federal Farroupilha – campus São Vicente do Sul

1046
Introdução
Com o fortalecimento de agricultura familiar, consequentemente resoluções tiveram
que ser modificadas, assim a resolução FNDE n° 26 teve alterações no ano de 2015,
estabelecendo critérios para seleção e classificação dos projetos, diferenciando grupos
formais e informais de assentados da reforma agrária, indígenas e quilombolas, criando
critérios de desempate, incluindo o documento para habilitação de projetos de venda de
grupos formais, estabelecendo preços dos produtos a serem adquiridos, limite individual de
venda para o agricultor familiar na comercialização para o PNAE por entidade executora,
regras para controle desse limite individual (FNDE, 2020).
O Instituto Federal Farroupilha campus São Vicente do Sul assinou oito contratos
oriundos da Chamada Pública nº11/2018 em outubro de 2018, que tratava da compra de
Gêneros Alimentícios da Agricultura Familiar para a Alimentação Escolar e visava atender
o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar). A aquisição através do Programa
Nacional de Alimentação Escolar atende a Lei 11947/2009, traduzindo-se em uma política
pública que busca a qualidade na alimentação e, ao mesmo tempo, o fomento a
empreendimentos familiares locais. Esses oito empreendimentos familiares serão
responsáveis por fornecer alimentos, a serem utilizados nas refeições fornecidas aos
estudantes do campus. O contrato com validade até dia 31 de dezembro de 2018, sendo o
total de recursos no valor de R$ 38.956,80. Atualmente os produtores cadastrados no
PNAE do município de São Vicente do Sul totalizam dezesseis e o valor de compra
ultrapassa R$ 107.072,00 na aquisição de tomate, alface, repolho, batata-doce, morango,
brócolis, pimentão, cenoura, beterraba, mandioca, feijão, moranga, feijão vagem, couve
flor, rúcula e melancia. Portanto, o trabalho tem por objetivo analisar o manejo agrícola
dos agricultores familiares do município de São Vicente do Sul envolvidos com o
Programa Nacional de Alimentação Escolar.

Metodologia
Os métodos de pesquisa em geral englobam dois momentos distintos: a pesquisa ou
coleta de dados e a análise e interpretação desses Lakatos e Marconi (2011). A pesquisa foi
desenvolvida tendo um caráter exploratório, quantitativo e qualitativo, tendo como foco os

1047
agricultores familiares que participam do PNAE em São Vicente do Sul. A pesquisa foi
realizada contendo 30 questões, que demandou um tempo com cada entrevistado, em
dezembro de 2020. Ao total foram realizadas 16 entrevistas com os agricultores, que atuam
junto ao PNAE. Este trabalho só foi possível com a parceria do Escritório da Emater
Regional do município de São Vicente do Sul.

Desenvolvimento e processos avaliativos


A partir dos resultados foi possível conhecer a realidade dos pequenos produtores
rurais com a inclusão dos alimentos produzidos em âmbito local nos cardápios das escolas
mantendo à tradição e à cultura local. Os principais produtos produzidos pelos produtores
cadastrados no PNAE do município são a batata-doce, mandioca, alface, repolho,
beterraba, moranga, tomate, feijão-vagem, morango, feijão, brócolis, cenoura, pimentão,
couve-flor, rúcula e melancia.
A inserção dos produtos da agricultura familiar nos mercados tem sido considerada
complexa ao longo dos tempos, mas, a agricultura familiar nunca deixou de comercializar
seus produtos, se inserindo tanto em mercados internos, como de exportação (Wanderley,
1996). O PNAE representa uma importante conquista no que se refere às iniciativas de
compras públicas e 87% dos produtores do município de São Vicente do Sul
disponibilizam alimentos ao programa através de gestão para a compra direta do agricultor
familiar cadastrado.
O modelo convencional e o orgânico de agricultura predomina na produção de
hortaliças entre os produtores cadastrados no programa do município. O uso do manejo
orgânico reduz o uso de agrotóxicos e contribui para a sustentabilidade do meio ambiente
e, a busca de soluções para atender as limitações existentes em termos de nutrição vegetal e
controle de fitoparasitas ocorre em conjunto com os técnicos da Emater e os profissionais
do Instituto Federal Farroupilha no campus de São Vicente do Sul.

1048
Considerações Finais
A realização deste estudo possibilitou conhecer o manejo agrícola adotado pelo
produtor de hortaliças cadastrado no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE)
do município de São Vicente do Sul.
A formação dos produtores rurais em conhecimentos e tecnologias aplicadas ao
manejo integrado de pragas, deve ser intensificada, com a finalidade de estimular a adoção
desse sistema de manejo em hortaliças
Promover e fortalecer programas, cursos e ações destinados aos sistemas orgânicos
de produção e projetos e atividades que incentivem a pesquisa e a extensão rural para
atender as necessidades regionais de produção.

Referências
CARVALHO FILHO, A., CARVALHO, L. C. C., CENTURION, J. F., BEUTLER, A. N.,
CORTEZ, J. W., RIBON, A. A Qualidade física de um Latossolo Vermelho férrico sob
sistemas de uso e manejo. Bioscience Journal, Uberlândia, p.43-51, 2009.

FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO (FNDE). Aquisição


de produtos da agricultura familiar para a alimentação escolar 2ª edição - versão atualizada
com a Resolução CD/FNDE nº 04/2015. Disponível em:
https://www.fnde.gov.br/index.php/programas/pnae/pnae-eixos-de-atuacao/pnae- Acesso
em: 14 de abril de 2021.

JADOSKI, S. O., SAITO, L. R., MAGGI, M.F., WAGNER, M.V., REFFATTI, T.N.
Formas de mecanização e manejo do solo para a cultura da batata. I – características da
produção. Engenharia Agrícola, Jaboticabal, p. 889-899, 2012.

PURQUERIO, L.F.V; TIVELLI S. W. Manejo do ambiente em cultivo protegido.


Manual técnico de orientação: projeto hortalimento. São Paulo: Codeagro, p. 15-29, 2006.
Disponível em: http://www.iac.sp.gov.br/imagem_informacoestecnologicas/58.pdf Acesso
em 14 de abril de 2021.

SILVA, J. C., WENDLING, B., CAMARGO, R., FREITAS, L. B. C. M.; FREITAS, M. C.


M. Análise comparativa entre os sistemas de preparo do solo: aspectos técnicos e
econômicos. Enciclopédia Biosfera, Goiânia, p.1-11, 2011.

1049
PROJETO PILARES PARA CONEXÃO SUSTENTÁVEL: DIAGNÓSTICO DA
SITUAÇÃO DOS CATADORES DAS ASSOCIAÇÕES DE JAGUARI E SÃO
FRANCISCO DE ASSIS-RS DURANTE A PANDEMIA

Área Temática: Meio Ambiente


Coordenador(a) da atividade: Simone Bochi DORNELES
Instituto Federal Farroupilha (IFFar)
Autores: S. G. DE VARGAS 1; J. S. DA SILVA 2, I.A. RODRIGUES 3; A.M DOS
SANTOS 4

Resumo:
O presente estudo trata-se de um diagnóstico desenvolvido durante a pandemia nas
associações de catadores de materiais recicláveis dos municípios de Jaguari e São
Francisco de Assis do Rio Grande do Sul. A pesquisa está vinculada ao Programa “IF Mais
Empreendedor” com o intuito de conhecer a realidade de cada associado, da associação e
suas relações com o poder público e demais entidades, e por fim realizar propostas de
melhorias. O método da pesquisa consiste em um questionário com perguntas abertas e
fechadas destinado às associações/lideranças e seus respectivos associados, além de
pesquisas em sites de ambos os municípios e diretamente com o poder público local. A
equipe do projeto é constituída por alunos e professores, que se reúnem semanalmente de
forma remota para planejar e tratar diversos assuntos referentes ao diagnóstico. Por fim,
espera-se que esse estudo possa trazer benefícios sociais e ambientais, acarretando em uma
maior visibilidade e valorização a esses grupos que se encontram em situações de
vulnerabilidade social.

Palavras-chave: Sustentabilidade; Diagnóstico; Catadores;

1
Sabrina Guimarães de Vargas, (aluna do Curso Bacharelado em Administração).
2
Janaína dos Santos da Silva, (aluna do Curso Tecnologia em Gestão Pública).
3
Isabela Acosta Rodrigues, (aluna do Curso Técnico integrado em administração)
4
Aline Martins dos Santos, (Professora do IFFAR Campus São Vicente do Sul)

1050
Introdução
O debate sobre a sustentabilidade passou a ser impulsionado no Brasil a partir da
RIO 92, conferência mundial sobre meio ambiente, contudo foi somente em 2009 que
houve a criação de uma lei que tratasse dos resíduos urbanos (ROMEIRO, 2012). Em vigor
desde agosto de 2010, a lei reforça o aspecto social, priorizando a participação dos
catadores através da responsabilidade compartilhada entre governo, empresas e população.
Por meio do Decreto Federal 7.404 foi definida a forma como a legislação deve ser
implementada, esta prevê parcerias, incentivos financeiros, capacitação e melhoria da
produção e das condições de trabalho das associações e cooperativas, as quais são aliadas
importantes das empresas para viabilizar as ações para a reciclagem.
Os catadores foram reconhecidos pela nova lei brasileira como agentes da gestão do
lixo. Ou seja, sua participação, tanto na coleta seletiva nas residências e empresas como na
separação dos resíduos para reciclagem, deve ser priorizada pelos municípios
(CEMPRE,2021). O trabalho realizado pelos catadores além de contribuir para a redução
dos resíduos e de poluição ambiental, possibilita a melhoria das condições de vida de
pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade social. No entanto, as políticas
governamentais ainda não inseriram o catador como um agente produtivo e ambiental.
Segundo Farias (2012), essa condição torna o catador “invisível” às ações estatais, o que
prejudica a ação conjunta desses agentes na solução dos problemas sociais, ambientais e
econômicos enfrentados pelos municípios.
Na mesma linha, Martins (2006) aborda que há espaço para a inovação na gestão
dos resíduos sólidos urbanos, aliando redução do desperdício à geração de renda e de
trabalho, enquanto estratégias de combate à pobreza. Assim, o projeto de extensão “Pilares
para a Conexão Sustentável” tem por objetivo realizar um diagnóstico das associações de
recicladores/catadores dos municípios de Jaguari e São Francisco de Assis.

Metodologia
Este projeto de extensão tem como método um diagnóstico estruturado aplicado, a
partir de um questionário com perguntas fechadas e abertas, realizados com cinco
associados da Associação de Catadores Assisense (São Francisco de Assis) e cinco

1051
associados da Associação Profetas da Ecologia (Jaguari), bem como com as lideranças das
respectivas Associações. No questionário aos associados identificou-se o perfil dos
respondentes (10 questões), a situação de moradia (2 questões) e, aspectos relacionados ao
trabalho (11 questões), já no questionário para liderança questionou-se em relação à
Associação (10 questões), o município (6 questões), a situação do local de trabalho (4
questões) e sobre o trabalho (10 questões).
Outro método utilizado foi à coleta de informações em sites, documentos
normativos e com o poder público local. A partir disso, a equipe do projeto, constituída por
alunos e professores, reúne-se de forma online para planejar e definir ações necessárias à
melhoria dos grupos.

Desenvolvimento e processos avaliativos


As ações desenvolvidas foram articuladas com a comunidade externa, neste caso os
associados, lideranças, gestores públicos e a comunidade interna do IFFar, por meio da
equipe do projeto. Realizou-se a sensibilização com as lideranças das Associações, na qual
foi apresentado o objetivo, a equipe e o cronograma do projeto. Semanalmente os alunos e
professores reúnem-se para discutir práticas sustentáveis, analisar as realidades das
Associações em estudo e pesquisar outras experiências que possam trazer ideias possíveis
de serem adaptadas à realidade regional. Além disso, foi efetuada uma visita às
Associações pela coordenadora e uma professora colaboradora, onde puderam conhecer a
realidade de cada Associação, e aplicar um questionário para o diagnóstico dos associados
e líderes, entendendo seus respectivos anseios, necessidades e as relações com o poder
público municipal.
As atividades de extensão propostas trazem benefícios sociais e ambientais,
acarretando em uma maior visibilidade e valorização a esses grupos que se encontram em
situações de vulnerabilidade social. Para os estudantes, o projeto contribui para que os
conhecimentos adquiridos em sala de aula sejam postos em prática, com planejamento,
relação interpessoal, organização de diagnósticos, compreensão de diversas realidades
sociais, desenvolvimento do senso crítico e participativo, além das reflexões
socioambientais, permitindo a contribuição à sociedade.

1052
Considerações Finais
Com a aplicação dos questionários, identifica-se similaridades entre os associados,
sendo: nível de escolaridade (ensino fundamental incompleto); não pagam INSS; moradia
própria; 8 horas diária de trabalho; não exercem outra atividade remunerada; todos estão
satisfeitos e motivados com a atividade. Entre os problemas enfrentados em ambas as
Associações estão à falta de apoio do poder público; a não separação correta do lixo;
máquinas estragadas, falta de Equipamento de Proteção Individual (EPIs). Como vantagem
de fazer parte da Associação eles destacam o apoio em equipe, à união e o trabalho. Entre
as principais diferenças estão a renda de catador, no qual em Jaguari recebem um salário
mínimo, diferentemente de São Francisco que é menos de um salário mínimo. Também se
diferem quanto ao apoio da prefeitura, na Associação de Jaguari, há colaboração da
prefeitura com o pagamento de água, luz, diesel, motorista e dois serventes, já em São
Francisco de Assis apenas é cedido o caminhão e o motorista. Outro aspecto observado foi
o aumento de renda dos catadores na pandemia, devido à escassez de matéria-prima nas
indústrias e valorização do material reciclável.
A partir do diagnóstico identificou-se a necessidade de maior apoio do poder
público a estas Associações, visto que, este trabalho precisa ser valorizado, pois estes
profissionais necessitam da garantia e respeito aos padrões do trabalho digno. Por isso, a
equipe do projeto está planejando ações que contemplem o cenário apresentado pelos
respondentes, com vistas à melhoria na qualidade de vida, trabalho e renda. Desta forma, o
projeto articula o ensino, pesquisa e extensão, promovendo a inclusão de pessoas em
situação de vulnerabilidade social e ações que contribuem para a sustentabilidade, tomando
como base os objetivos do Desenvolvimento Sustentável.

Referências
CEMPRE. A política Nacional de resíduos sólidos: A lei na prática. Disponível em:
https://cempre.org.br/wp-content/uploads/2020/11/4-Politica-Nacional-de-Residuos-
S%C3%B3lidos-1.pdf Acesso em 21/03/2021.

FARIAS, Milton Cordeiro. Rede de Catadores de Materiais Recicláveis: Perspectiva para a


Organização da Autogestão. Journal of Public Administration & Social Management

1053
Recyclable Collectors Networks : Perspective for the Organization of Self-Management
Administração Pública e Ges. Apgs, [s. l.], v. 4, n. 3, p. 341–364, 2012.

MARTINS, Roberto Araújo. Políticas públicas, arranjos institucionais e organizações


informais: uma análise das mudanças do aterro sanitário do Aurá em Belém - 1997/2006.
2006, 122 f. Dissertação (Mestrado em Planejamento do Desenvolvimento) – Núcleo de
Altos Estudos Amazônicos, Universidade Federal do Pará, Belém, 2006.

ROMEIRO, Ademar Ribeiro. Desenvolvimento sustentável: Uma perspectiva econômica


ecológica. Estudos Avançados, [s. l.], v. 26, n. 74, p. 65–92, 2012. Disponível em:
https://doi.org/10.1590/S0103-40142012000100006.

1054
PROJETO PEÇONHENTOS & VENENOSOS: EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA
SOBRE ANIMAIS DE INTERESSE MÉDICO

Área temática: Meio Ambiente


Coordenador(a) da atividade: Luciani Figueiredo SANTIN
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul
- Campus Sertão (IFRS).
Autores: V. M. TRAINOTI1; P. H. T. SILVA2; A. GORROSTERRAZU3; F. C.
GRABOSKI4.

Resumo:
Considerados um grave problema social e econômico no Brasil, os acidentes com animais
peçonhentos são a segunda maior causa de envenenamento humano. A falta de
discernimento da comunidade acerca de aspectos básicos da biologia e ecologia destes
animais é considerado um fator importante na ocorrência de acidentes. O projeto
Peçonhentos e Venenosos é desenvolvido no IFRS - Campus Sertão e tem como objetivo
promover a disseminação de conhecimentos sobre animais de interesse médico por meio da
interação com a comunidade externa. Para tanto, três atividades são desenvolvidas: i)
palestras e oficinas direcionadas a estudantes e professores de escolas de ensino básico da
rede pública; ii) divulgação por meio de rede sociais; iii) construção de um guia ilustrativo
com os principais animais peçonhentos e venenosos da região. O público externo participa
das ações de forma ativa, demonstrando grande interesse pela temática. O projeto tem
propiciado troca contínua de conhecimentos e vivências com a comunidade externa.
Destaca-se a relevância das ações para o público externo, visto que através da divulgação
de informações, há possibilidade de redução nos acidentes ocasionados por animais
venenosos e peçonhentos.

Palavras-chave: acidentes; veneno; educação ambiental.

1
Vitória Marina Trainoti, aluna do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas.
2
Pedro Henrique Tibola da Silva, aluno do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas
3
Amanda Gorrosterrazu, aluna do curso de Bacharelado em Zootecnia.
4
Fermino Copatti Graboski, aluno do curso de Bacharelado em Zootecnia.

1055
Introdução
Muito frequentes no Brasil, acidentes ocasionados por animais peçonhentos como
serpentes, escorpiões, aranhas, lagartas e abelhas são considerados um importante
problema de saúde pública (WHO, 2007). Elencados como a segunda maior causa de
envenenamento humano, acidentes com estes animais, ficam atrás apenas da intoxicação
medicamentosa. Somente no ano de 2018, foram registrados no Brasil, 265.643 acidentes
com animais peçonhentos, destes 59% foram ocasionados por escorpiões, 13,6% por
aranhas e 10,9% por serpentes (BRASIL, 2020).
Os elevados índices de envenenamento podem estar associados a diversos fatores
como: desmatamento, expansão da área agrícola e crescimento urbano desordenado, os
quais ocasionam redução e/ou perda de habitat (MACHADO, 2016). Fato que pode
contribuir para o deslocamento destes organismos em direção a ambientes fora de seu
habitat natural, como as residências domésticas.
Entretanto, para alguns autores, uma das principais causas para os altos índices de
envenenamento está no desconhecimento da população sobre aspectos básicos da biologia
e ecologia destes animais e sobre prevenção de acidentes (FERREIRA; SOARES, 2008;
NASCIMENTO, 2000). Boa parte do conhecimento sobre as questões supracitadas são
produzidos e trabalhados em ambientes acadêmicos, ficando, na maioria das vezes, retido
nestas instituições. Trazer a comunidade a temática animais de interesse médico, com
ênfase nos peçonhentos e venenosos, possibilita um maior conhecimento sobre estes
organismos, o que poderá implicar na redução de acidentes.
O projeto peçonhentos e venenosos: extensão universitária sobre animais de
interesse médico é desenvolvido por estudantes de cursos de graduação do IFRS - Campus
Sertão. O mesmo busca a aproximação entre a sociedade e o meio acadêmico através de
ações de divulgação que envolvem extensão, ensino e pesquisa. Os principais objetivos das
ações são: i) promover a disseminação de conhecimentos sobre animais de interesse
médico; ii) apresentar as medidas preventivas e formas corretas de agir em caso de
acidentes; iii) estimular a consciência ambiental em relação a conservação desses animais
para o equilíbrio ecológico dos habitats.

1056
Metodologia
As ações do projeto englobam três atividades principais, descritas abaixo:
Palestras e oficinas: atividades destinadas a estudantes e professores de escolas
localizadas nas proximidades do IFRS - Campus Sertão, atualmente ministradas de forma
remota pela equipe do projeto. Os temas variam conforme a faixa etária, curso e tempo
disponível. No geral, os assuntos abordados são: identificação das espécies de animais que
causam acidentes no Brasil, medidas preventivas, primeiros socorros, importância
ecológica e os mitos e verdades sobre tais animais.
Divulgação por meio de redes sociais: esta ação envolve publicações semanais,
realizadas através da rede social Instagram (@venenosoepeconhento). As publicações são
produzidas pelos membros da equipe, que após realizarem extensa pesquisa em
referenciais bibliográficos, elaboram páginas com texto e ilustrações para facilmente
compreendidas por qualquer público. Os temas são diversos, abordando variados aspectos
dos grupos de animais peçonhentos e venenosos e acidentes.
Produção de um guia ilustrado: esta atividade envolve além dos membros do
projeto, algumas parcerias com ilustradores científicos e pesquisadores da área de
herpetologia. O guia contém informações sobre identificação e ocorrência das principais
espécies de animais peçonhentos e venenosos da região norte do RS. As informações
utilizadas para a construção do material serão retiradas de artigos científicos, livros, guias e
de comunicações da comunidade externa, que comumente envia fotografias destes animais
observados próximos a suas residências.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Com início no ano de 2019, o projeto atendeu mais de 250 estudantes e professores
de escolas da região, com palestras e oficinas ministradas no IFRS - Campus Sertão. O
público envolvido participou ativamente de todas as atividades, sempre trazendo ao final
um “feedback” positivo sobre as ações. Além disso, o projeto ficou bastante conhecido
dentro da própria instituição, onde vários estudantes e servidores procuraram os
participantes para sanar dúvidas sobre os acidentes e a identificação de animais
peçonhentos.

1057
No ano de 2020, em função da pandemia do novo coronavírus, as ações foram
reformuladas e a divulgação ocorreu de forma online, principalmente pelas redes sociais.
Essas que atualmente reúnem mais de 1200 participantes de todas as regiões do Brasil. Por
meio de comentários e chats de mensagem, os participantes interagem semanalmente com
as publicações, seja sanando dúvidas, fazendo relatos de caso, trazendo questionamentos
etc.
Na edição de 2021, as ações do projeto estão focadas em palestras remotas para
escolas de educação básica, publicação de informações na rede social e na produção de um
guia sobre animais peçonhentos e venenosos da região norte do RS. Esta última ação
atende diretamente a uma demanda do público participante, uma vez que não há nenhum
material deste tipo disponível à população. De forma geral, o projeto tem sido moldado
com a participação direta do público externo, o qual colabora trazendo suas principais
dúvidas e interesses.
Ações que visem divulgação de informações de grande relevância para a sociedade
como as ligadas a questões de saúde pública e meio ambiente, como as realizadas pelo
projeto, são extremamente válidas. Sendo úteis como estratégias para orientar, esclarecer e
trabalhar tais temáticas de alguma forma afetam a todos. Levar tais informações ao público
externo, contribui para a interação entre o meio acadêmico e a comunidade. Neste
movimento, ambos segmentos são beneficiados.
Por fim, cabe destacar a importância do projeto para a formação profissional e
pessoal dos graduandos envolvidos, os quais têm trabalhado de forma direta com extensão,
pesquisa e ensino. Aperfeiçoando técnicas de escrita acadêmica, oratória, aprofundamento
nos conceitos, por meio de cursos de capacitação, participação em eventos acadêmicos
locais, regionais e nacionais, levando o nome da instituição para várias regiões do país.

Considerações Finais
Considera-se que os objetivos do projeto foram e continuam sendo alcançados de
forma exitosa. Tal inferência é feita com base do retorno positivo do público externo
durante e após a participação nas ações.

1058
Ainda, ressalta-se a relevância do projeto por abordar informações de utilidade
pública, validas a qualquer cidadão, visto que através da divulgação destas, há
possibilidade significativa de redução de acidentes. Além disso, as ações proporcionam a
aproximação e divulgação do IFRS, bem como o fortalecimento de parcerias com
instituições da região.
Referências
BRASIL. Boletim Epidemiológico. Acidentes ofídicos no Brasil, 2018. Secretaria de
Vigilância em Saúde, Ministério da Saúde, v. 51, n. 9, 2020.
FERREIRA, A. M.; SOARES, C. A. A. Aracnídeos peçonhentos: Análise das informações
nos livros didáticos de Ciências. Ciência e Educação, v.14, n. 2, 2008.
MACHADO, C. Um panorama dos acidentes por animais peçonhentos no Brasil. J. Health
NPEPS, v.1, n. 1, 2016.
NASCIMENTO, S. P. Aspectos epidemiológicos dos acidentes ofídicos ocorridos no
Estado de Roraima, Brasil, entre 1992 e 1998. Cad Saúde Pública, v.16, n.1-8, 2000.
WHO. Rabies and envenomings: a neglected public health issue: report of a consultative
meeting. Geneva: WHO, 2007.

Instituição Financiadora:
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul

1059
PMO-UNESPAR PARANAGUÁ: A CERTIFICAÇAO ORGANICA NO LITORAL
DO PARANÁ

Área Temática: Meio Ambiente


Coordenador(a) da atividade: Luís Fernando ROVEDA
UNESPAR – Campus Paranaguá)
Autores: P. M. SOUZA ; J. GOMES-FIGUEIREDO; L.F. ROVEDA
1

Resumo:
O Programa Paraná Mais Orgânico (PMO) é uma parceria entre a SETI (Secretária da
Ciência, Tecnologia e Ensino Superior), o Instituto de Tecnologia do Paraná (TECPAR),
as instituições estaduais de ensino superior e o Centro Paranaense de Referência em
Agroecologia (CPRA). A Universidade Estadual do Paraná campus de Paranaguá é
responsável pela certificação das propriedades nos sete municípios que compõem o litoral
do Paraná. Com o objetivo de promover e fomentar a agricultura orgânica juntamente com
a agricultura familiar, busca incentivar modelos de produções agrícolas diferentes do
modelo convencional de produção, oferecendo apoio integral do início ao fim do processo
de certificação. O programa vem auxiliando a aproximação entre agricultores familiares
orgânicos e os consumidores. Um ponto importante a destacar, é que o agricultor
certificado tem preferência em editais do PNAE e PAA. Em Morretes, Antonina e
Paranaguá o programa atende agricultores que comercializam seus produtos para as escolas
da região. Com isso o Programa além de acompanhar todo o processo de certificação ainda
auxilia na comercialização dos produtos.

Palavras-chave: COVID, orgânico, certificação orgânica.

1
Petrucio de Souza Mareco (bolsista Fundação Arauçaria, Programa de Pós- Graduação em Ambientes
Litorâneos e Insulares – PALI. Campus Paranaguá)
1
Josiane Ap. Gomes-Figueiredo (Servidor docente, Programa de Pós- Graduação em Ambientes Litorâneos e
Insulares – PALI. Campus Paranaguá)
1
Luís Fernando Roveda (Coordenador, docente efetivo, Programa Paraná Mais Orgânico - Núcleo
UNESPAR Paranaguá)

1060
Introdução
O programa Paraná́ Mais Orgânico (PMO) destaca-se como uma ação extensionista
no estado que realiza processo de certificação de produtos orgânicos, via auditoria gratuita
para produtores com a finalidade de incentivar a prática da agricultura orgânica e
agroecológica. No litoral do Paraná́ , o PMO atua por meio do núcleo UNESPAR - Campus
de Paranaguá́ desde o ano de 2009.
Atualmente, o programa encontra-se na fase V (2021/2023). Trata-se de iniciativa
pioneira de extensão universitária voltada a auxiliar agricultores familiares e agroindústrias
familiares na certificação orgânica de seus produtos, sem custos ao agricultor. A
Universidade Estadual do Paraná campus de Paranaguá é responsável pela certificação das
propriedades nos sete municípios que compõem o litoral do Paraná (Michellon et al., 2018).
Com o programa atuando nestes municípios reforçando o objetivo de promover e
fomentar a agricultura de base familiar o núcleo Unespar de certificação busca incentivar
modelos de produções agrícolas diferentes do modelo convencional de produção,
oferecendo apoio integral no processo de certificação e apoiando a comercialização da
produção orgânica.
O programa atua juntamente com os extensionistas da Emater, que são os principais
intermediários entre os agricultores familiares e as políticas públicas, desenvolvendo
projetos com o enfoque em diversas áreas, como o bem estar social, uso racional de
agrotóxicos, saneamento, conservação do solo e das fontes de água (SANCHES et al.,
2018). Desta forma, o Paraná Mais Orgânico na UNESPAR sempre busca parcerias com as
instituições que trabalham com assistência técnica voltada a agricultura familiar na região,
no intuito de facilitar a comunicação com os agricultores, ajudando na aproximação e no
estabelecimento de uma relação de confiança entre todas as pessoas envolvidas.

Metodologia
Uma equipe de profissionais recém formados composta por um coordenador,
quatro profissionais e uma estudante de graduação agendam e realizam visitas técnicas a

1061
propriedades rurais de base familiar nas diferentes cidades do litoral do Paraná, com o
objetivo de levantar informações sobre as características produtivas, ambientais e
socioeconômicas da propriedade interessada na certificação.
Após coleta das informações é possível observar as técnicas de manejo utilizadas e
se seguem as boas práticas de produção orgânica. Dessa maneira, elabora-se um estudo de
caso e o plano de manejo orgânico da propriedade com base na legislação que definem os
sistemas orgânicos de produção (IN n° 46/2011 Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento). O plano de manejo orgânico é um item exigido pela legislação, o qual
apresenta informações ambientais e socioeconômicas que auxiliam os agricultores no
planejamento das atividades em suas propriedades.
Após os estudos de caso são encaminhados ao TECPAR para avaliação e, se a
propriedades estiverem em conformidade com a legislação será agendada uma auditoria.
Caso não esteja em conformidade ela vai se adequar conforme orientações da EMATER e
do PMO, para posteriormente passar pela auditoria. A auditoria é realizada pelo TECPAR,
que utiliza técnicos do próprio PMO, porém de outros núcleos, ou técnicos do próprio
TECPAR para a realização do processo. Após a auditoria, o inspetor elabora um relatório e
havendo conformidade com a legislação, o agricultor recebe o certificado de conformidade
orgânica, válido por um 01 ano, sendo passível de renovação, com o qual o agricultor (a) é
permitido(a) a confeccionar e acrescentar nos rótulos de seus produtos o selo SisOrg de
certificação orgânica por auditoria e apresentar o certificado durante a comercialização. O
certificado tem validade de um ano, e ainda pode passar por manutenção após 6 meses da
certificação inicial, e ainda pode passar por visita sem prévio aviso para avaliar o manejo
realizado pelo produtor. Assim o PMO atua na certificação inicial e na certificação de
manutenção. Com a Pandemia o programa teve que se adequar, e com isso iniciamos
auditorias remotas onde a auditoria ocorre online com o agricultor, e com isso manter as
atividades do programa.

1062
Desenvolvimento e processos avaliativos
O PMO continua anualmente desenvolvendo as atividades de acompanhamento e
certificação de propriedades. Percebemos um aumento constante na busca pela certificação
pelos agricultores da região do litoral. Com uma maior demanda de alimentos orgânicos
pelo PNAE observa-se uma importante política de apoio à agricultura orgânica e com isso
mais produtores buscam a certificação. Hoje o PMO conta com mais de 62 agricultores
certificados no Litoral, sendo que este número só não é maior devido a questão da
pandemia, no qual o programa focou em manter os certificados a buscar novos pelas
imposições impostas nestes últimos anos.

Tabela 1 – Propriedades acompanhadas pelo PMO 2018/2020.


PROPRIEDADES ACOMANHADAS PELO PMO
MUNICIPIOS 2018 2021
ANTONINA 3 34
GUARAQUEÇABA 0 7
MORRETES 10 16
PARANAGUÁ 2 5
TOTAL 15 62

Conforme a tabela acima foi possível identificar as atividades do programa nos


últimos 3 anos, e o aumento expressivo nas certificações. Com isso o programa se
consolida a cada ano proporcionado um atendimento de qualidade e de forma gratuita a
agricultar orgânica do litoral do Estado do Paraná.

Considerações Finais
Mesmo com os desafios impostos pela pandemia as adaptações realizadas pelo
PMO, foram de extrema importância para a continuidade do atendimento aos produtores
do Programa, que mesmo com a pandemia chegou a 60 agricultores certificados, com
aumento de mais de 40 produtores nos últimos três anos.

1063
Referencias

MICHELLON, E.; ROCHA, C. H.; MARTINS, F. R. C.; KAWAKAMI, J.; ROVEDA, L. F.;
KAWANO, L. C.; VENTURA, M. U.; GARCIA, R. C.; MACEDO, R. B.; WILHELM, V. I.;
Relatos de Experiência de Certificação Pública de Produtos Orgânicos, Paraná Mais
Orgânicos. CRV Ltda., Curitiba, 2018.

SANCHES, E.T.; SOUSA, L. S. P. A importância da extensão rural na formação das


organizações rurais: um estudo de caso. 2018. Trabalho conclusão de curso, UFPR
Litoral, Matinhos, 2018.

Instituição Financiadora:
Unidade gestora do Fundo Paraná

1064
PRODUÇÃO DE SABÃO: INCLUSÃO SOCIAL E GERAÇÃO DE RENDA

Área Temática: Meio Ambiente


Coordenador da atividade: Denis da Silva GARCIA
Instituto Federal Farroupilha - Campus Frederico Westphalen (IFFar - FW)
Autores: J. F. S. BARBOSA 1; F. H. GARCIA 2; D. S. GARCIA 3.

Resumo:
Esse texto tem como objetivo principal socializar e discutir as ações e os resultados obtidos
na realização do projeto de extensão intitulado “Produção de sabão: inclusão social e
geração de renda”, desenvolvido nos anos de 2019 e 2020, destacando a importância das
ações de extensão para o fortalecimento dos laços entre instituições de ensino e
comunidade. O projeto desenvolvido teve o propósito de promover a geração de trabalho e
renda para mulheres pertencentes às associações de bairros e para agricultoras do
município de Frederico Westphalen-RS e região. Teve também como objetivo a
preservação do meio ambiente através de ações sustentáveis. As comunidades auxiliaram
diretamente no recolhimento do óleo de cozinha e seu armazenamento, o qual
posteriormente foi utilizado para a fabricação do sabão. Após o preparo do sabão, foi
apresentado aos participantes do projeto os cálculos de custo entre outros produtos de
limpeza e na etapa final foram calculados os custos e o possível preço de venda do produto
para geração de renda. Para armazenamento dos produtos foram reutilizadas embalagens
de garrafas PET e similares.

Palavras-chave: inclusão; trabalho; sabão.

Introdução
O projeto aqui discutido, intitulado “Produção de sabão: inclusão social e geração
de renda”, foi submetido e aprovado nos Editais de Extensão nº EDITAL 529/2018 e
353/2019 – Seleção de Projetos do Programa Institucional de Inclusão Social (PIISF),
1
Julia Francini Simon Barbosa, aluna bolsista do curso Técnico em Informática Integrado (Financiamento
Interno (2020 - Edital nº 353/2019 - Seleção de projetos do Programa Institucional de Inclusão Social
(PIISF)).
2
Fernanda Hart Garcia, servidora docente.
3
Denis da Silva Garcia, servidor docente.

1065
proposto pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha (IFFar) –
Campus Frederico Westphalen e executado nos anos de 2019 e 2020, tendo como linha de
atuação “geração de trabalho e renda”. O objetivo principal do projeto foi colaborar e
incentivar a geração de renda para as mulheres agricultoras e para as mulheres de baixa
renda moradoras de diferentes bairros de Frederico Westphalen e região, através da
reutilização de óleos e gorduras para a fabricação de sabão, evitando que os referidos
resíduos fossem descartados no meio ambiente, ocasionando a contaminação do solo e da
água (LOPES & BADIN, 2009; GOMES, 2013; KLINGELFUS, 2011). Além da
fabricação do sabão, também foram realizadas oficinas de produção de desinfetante
caseiro, estimulando assim ações sustentáveis capazes de contribuir na preservação
ambiental.
Além disso, é papel das instituições, mais especificamente do professor como
proponente das ações de extensão, intensificar o diálogo entre as instituições de ensino e a
sociedade, sempre visando a pertinência e a intervenção de maneira que seja significativa e
possa melhorar, de certa forma, aspectos relacionados à qualidade de vida das pessoas
pertencentes as comunidades atendidas. De acordo com Síveres (2011, p. 35) “a extensão
precisa estar aberta para acolher a vida dos sujeitos educativos e o projeto das instituições
educadoras, abrigando os grandes desafios da comunidade e buscando, com eles, conduzir
um processo de formação humana e de construção social”. Assim, o presente trabalho tem
o objetivo de socializar e discutir as ações e os resultados obtidos quando na execução do
projeto de extensão, destacando a importância das ações de extensão para o fortalecimento
dos laços entre instituições de ensino e comunidade.

Metodologia
As ações do projeto foram conduzidas por servidores e alunos do IFFar - Frederico
Westphalen, em turnos alternativos. A execução do projeto, no ano de 2019, foi dividida
em etapas: I- foram realizadas visitas nas comunidades em parceria dos CRAS (Centro de
Referência de Assistência Social), Assistentes Sociais e integrantes da Emater, com o
propósito de solicitar o recolhimento de óleo e gorduras; II- agendamento das datas para o
desenvolvimento da atividade; III- recolhimento de garrafas PET para armazenamento; IV-

1066
separação dos materiais; V- encontro nas comunidades para a execução do projeto com a
fabricação do sabão e desinfetante caseiro.
É importante ressaltar que o público alvo do projeto foram mulheres de baixa renda
e em situação de vulnerabilidade social. Para a participação nos encontros, foram divididos
grupos de no máximo 20 pessoas com o propósito de que as mulheres participantes se
tornassem disseminadoras para os outros moradores, beneficiando e estimulando um
grande número de pessoas a preservarem (minimizarem os impactos) o ambiente com a
possibilidade de geração de renda.
No ano de 2020, com a pandemia causada pela Covid-19 houve uma alteração na
execução das ações, por necessidade do distanciamento social, as atividades não puderam
ser realizadas nas comunidades. Optou-se pela produção do sabão líquido caseiro no
laboratório de química do campus, para posterior distribuição às comunidades,
contribuindo assim com a higienização e combate ao vírus.

Desenvolvimento e processos avaliativos


O projeto foi ministrado no ano de 2019 em dois municípios, sendo em que em
Taquaruçu do Sul foram realizados três encontros, e na cidade de Frederico Westphalen,
quatro encontros, para a fabricação de sabão na forma de detergente (sabão líquido) e
desinfetante. Durante o processo de preparo, foram explicitados todos os detalhes e a
importância de seguir o passo a passo corretamente, enfatizando a importância do cuidado
no manuseio dos reagentes utilizados, no caso da soda cáustica e do etanol. O preparo
também foi um momento de troca de experiências, pois muitas das mulheres também
produziam em casa seu próprio sabão em barra.
Após o término do preparo, foi discutido o custo das duas receitas e a importância
de um destino correto ao óleo de cozinha após a sua utilização, reforçando os impactos
ocasionados pelo descarte incorreto. Para finalizar o encontro, os produtos foram
embalados e distribuídos para as mulheres participantes. No ano de 2019, o projeto contou
com a participação de 189 mulheres. Na figura 1, fotos de alguns dos encontros realizados.

1067
Figura 1: Fotos do projeto desenvolvido em Taquaruçu do Sul-RS, e em Frederico Westphalen-RS

No ano de 2020, o projeto não pôde ser desenvolvido nas comunidades devido a
pandemia da Covid-19, no entanto, a produção do sabão caseiro ocorreu no laboratório do
campus do IFFar – Campus Frederico Westphalen e com o auxílio dos colaboradores, o
sabão produzido foi distribuído às comunidades. Foram produzidos cerca de 800 litros de
sabão líquido, sendo distribuídos para 400 famílias em situação de vulnerabilidade social,
juntamente com outros produtos arrecadados para doação.

Figura 2: Fotos de ações desenvolvidas no ano de 2020.

Assim, o projeto alcançou o seu objetivo de colaborar e incentivar a geração de


renda e contribuir na economia doméstica. A participação das entidades parceiras e da
comunidade foi fundamental, sendo possível perceber, através dos relatos, a importância
das ações de extensão e suas contribuições para a melhoria das condições de vida das
comunidades. Para os estudantes, o envolvimento na referida atividade de extensão foi de
extrema importância, pois puderam conhecer a realidade das comunidades (ano de 2019) e
contribuir com o combate a pandemia.

1068
Considerações Finais
Com a realização do projeto, verificou-se a importância de incentivar a geração de
renda por meio da preservação ambiental e de forma sustentável, contribuindo também
para a melhoria de vida de mulheres em vulnerabilidade social, bem como de suas famílias.
Sendo assim, o projeto alcançou com êxito os objetivos propostos, possibilitando que as
mulheres participantes adotassem a ideia da reutilização do óleo de cozinha, além de levá-
las aos demais integrantes da comunidade, impedindo que este óleo acabasse descartado
indevidamente na natureza.
Além disso, o projeto cumpriu com os objetivos da Extensão, uma vez que
possibilitou a troca de saberes entre os representantes da instituição de ensino (IFFar) e as
pessoas das comunidades atendidas, concretizando o diálogo entre instituição e sociedade.

Referências
GOMES, A. P. et al. A questão do descarte de óleos e gorduras vegetais hidrogenadas
residuais em indústrias alimentícias. XXXIII Encontro Nacional de Engenharia de
Produção. A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o
Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos. Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de
outubro de 2013. Acesso em: 27/03/2017. Disponível em: http://www.abepro.org.br
bibliotecaenegep2013_tn_stp_185_056_22083.pdf.

KLINGELFUS. V. M. Reaproveitamento do Óleo de Cozinha: possibilidades de


projetos nas escolas do Campo. 2011. Acesso em: 27/03/2017. Disponível em:
http://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/38534/R%20-%20E%20-
%20VERA%20MARIA%20KLINGELFUS.pdf?sequence=1.

LOPES, R. C. BALDIN, N. Educação ambiental para a reutilização do óleo de cozinha na


produção de sabão – projeto “ecolimpo”. IX Congresso Nacional de Educação –
EDUCERE. III Encontro Sul Brasileiro de Psicopedagogia. 26 a 29 de outubro de 2009 –
PUCPR. Acesso em 27/03/2017. Disponível em:
http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2009/anais/pdf/2078_1012.pdf.

SÍVERES, L. Princípios estruturantes da extensão universitária. In: SÍVERES, L.;


MENEZES, A. L. T. Transcendendo fronteiras: a contribuição da extensão das
instituições comunitárias de ensino superior (Ices). Santa Cruz do Sul: Edunisc, 2011.

1069
PROTEÇÃO DE NASCENTES NO MUNICÍPIO DE LUIZIANA - PR

Área Temática: Meio Ambiente


Coordenador: Jefferson de Queiroz CRISPIM
Universidade Estadual do Paraná – campus de Campo Mourão (UNESPAR)
Autores: Alesson Lopes SOARES 1; Taila Lorena de SOUZA 2; Lurdes ZACHETKO3.

Resumo:
O projeto de proteção de nascentes desenvolvido em propriedades rurais do município de
Luiziana, visa melhorar a qualidade da água e por meio de análises e verificar se atende as
especificações da Portaria MS 05/2017 do Ministério da Saúde. Este projeto é
desenvolvido por professores do Laboratório de Pesquisa Geoambiental (LAPEGE) da
Universidade Estadual de Paraná – campus de Campo Mourão e Prefeitura Municipal de
Luiziana - PR. Após estudos sobre a bacia hidrográfica e reuniões com os agricultores para
explanação sobre as técnicas utilizadas e a importância da proteção utilizando o solo-
cimento, foram realizados trabalhos de sensibilização ambiental e capacitação dos
agricultores e alunos da Universidade. O desenvolvimento dos trabalhos iniciou a partir da
formação de parcerias entre professores, acadêmicos, técnicos da vigilância sanitária da
prefeitura municipal e agricultores, com três recuperações de nascentes, acompanhadas do
reflorestamento ripário e cercamento da área para evitar o acesso de animais e pessoas. Os
resultados obtidos foram satisfatórios, como a redução de processos erosivos, turbidez e
eliminação de elementos microbiológicos (Escherichia coli e coliformes totais).

Palavras-chave: Nascentes; Agricultores; Contaminação.

Introdução

A água é um recurso fundamental para a vida no planeta, é necessário que seja


preservada garantindo sua qualidade e seu potencial hídrico. Sabe-se que o espaço

1
Alesson Lopes Soares, aluno do curso de bacharel em Geografia.
2
Taila Lorena de Souza, aluna curso de bacharel em Geografia.
3
Lurdes Zachetko, aluna do curso de licenciatura em Geografia.

1070
geográfico está em constante transformação, esta aliada a práticas agrícolas irregulares
pode gerar impactos sobre o meio natural, contribuindo para o surgimento de problemas
ambientais, principalmente em áreas onde o solo possui uma declividade acentuada,
erodindo para as áreas de afloramento das nascentes.
As nascentes devem ser preservadas seguindo a Lei de Proteção da Vegetação (Lei
n° 12.651/12), que considera o entorno das nascentes como Área de Preservação
Permanente. Essa lei federal no Artigo 4º, inciso IV, determina sobre as áreas ao entorno
de nascentes e de olhos d’água perenes, seja qual for sua situação topográfica um raio
mínimo de 50 metros, preservando assim a bacia hidrográfica contribuinte (BRASIL,
2012).
Todavia o produtor rural vem se adequando e procurando novos modelos e
estratégias para suprir suas necessidades tendo em vista a grande importância da
preservação do ecossistema, por meio do manejo do solo, proteção e reflorestamento ao
entorno de corpos hídricos, tratamentos de resíduos, assim favorecendo toda uma cadeia de
interesses ambientais.
Desta forma, este trabalho tem por objetivo analisar os procedimentos de proteção e
recuperação das nascentes localizadas no município de Luiziana – PR e verificar se os
parâmetros microbiológicos atendem a Portaria de Consolidação nº 05/2017 do Ministério
da Saúde, e por fim, apresentando os resultados que a implantação deste projeto trouxe
para a preservação ambiental e saúde dos agricultores do município.

Metodologia

Para a realização do projeto é necessário que anterior a implantação do sistema


solo-cimento, seja realizado reuniões com os agricultores com objetivo de explicar sobre a
importância da preservação das nascentes e recuperação daquelas degradadas, entre elas, o
manejo adequado do solo agrícola, o destino adequado de resíduos sólidos e líquidos,
cercamento do local e reflorestamento com espécies nativas.
Posterior à assistência técnica aos agricultores é entregue a lista de materiais que
serão necessários para proteger a nascente, como cimento, tubulação de 100mm, tubulação
de 50 mm com tampas.

1071
Depois de providenciado os materiais, a equipe retorna a propriedade para a
implantação da técnica solo-cimento na nascente. Primeiro é feito a limpeza do local,
retirando as folhas em decomposição, cortando as radicelas de plantas que estão no interior
da nascente, escavar para aumentar o diâmetro de saída da água, e posteriormente, retirar
os sedimentos do interior da nascente.
O segundo passo é inserir as rochas de origem vulcânica de boa qualidade (que não
apresentem decomposição) no interior da nascente, tendo cuidado para que não bloqueie a
passagem da água. São instaladas quatro tubulações, a primeira de cima para baixo, será a
saída da água excedente (extravasor), a segunda, é instalada uma tubulação para coleta de
água que servirá a residência dos agricultores. A terceira, na parte inferior, é utilizada para
liberar a água presente no interior da proteção no momento da limpeza, realizada
bimestralmente.
O último passo é aplicar a argamassa sobre as pedras inseridas no interior da
nascente, na proporção de três partes de solo para uma de cimento, denominada de solo-
cimento, e sobre esta carapaça, introduz-se a quarta tubulação que receberá 200 ml de
hipoclorito de sódio a cada 60 dias (Figuras 1a, 1b, 1c).
Para analisar a eficácia da proteção de nascentes, são coletadas amostras de água
antes de aplicar a técnica de recuperação e outra após noventa dias da recuperação. Nestas
amostras microbiológicas são analisadas a Eschirichia Coli e Coliformes Totais.

Figura 1a – Limpeza da nascente Figura 1b – Preparo da tubulação Figura 1c – Técnica concluída


Aplicação da técnica do solo-cimento
Fonte: Autores, 2021.

1072
Desenvolvimento e processos avaliativos

O presente estudo possui grande relevância social para produtores rurais do


município de Luiziana, pois permitiu a integração dos agricultores e alunos, realizando a
recuperação de três nascentes utilizando a técnica do solo-cimento, melhorando a
qualidade da água consumida pelos agricultores por meio da redução de contaminantes.
Os agricultores acompanharam todos os processos de preservação e declararam se
tratar de uma técnica de fácil aprendizado, de baixo custo e que apresenta resultados
positivos imediatos, tanto para a saúde das pessoas quando para a conservação da nascente.
A contrapartida dos agricultores foi a aquisição dos materiais utilizados para a proteção,
com valores entre R$ 60,00 a R$100,00 dependendo do porte da nascente.
A educação ambiental foi trabalhada por meio de conversas informais com os
agricultores, apresentando os riscos causados pela água contaminada, realizando ações de
reflorestamento e orientações para limpeza da caixa d’água e desinfecção da nascente.

Considerações Finais

O trabalho teve como intuito realizar a proteção das nascentes por meio do solo-
cimento e orientar agricultores sobre a importância da qualidade da água para consumo,
possibilitando uma melhor qualidade de vida aos moradores da área rural.
Mediante aos resultados insatisfatórios obtidos nas primeiras análises e satisfatórios
na segunda coleta para os elementos Coliformes Totais e Eschirichia Coli após a
revitalização das nascentes, foi possível avaliar a eliminação dos agentes microbiológicos,
após a desinfecção do sistema, possibilitando uma melhor qualidade de vida e de saúde
para a população residente na zona rural. No qual os agricultores foram orientados a fazer
a cada bimestre a limpeza das caixas d’água com hipoclorito de sódio e desinfecção das
nascentes.

Agradecimentos

A Fundação Araucária e CAPES pelo financiamento da pesquisa e a Universidade Estadual


do Paraná - campus de Campo Mourão, pelo apoio recebido.

1073
Referências

BRASIL. Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Novo Código Florestal. Presidência da


República, Brasília, DF, 25 de maio de 2012.

MINISTÉRIO DE ESTADO DA SAÚDE. Portaria nº 2.914, de 12 de dezembro de


2011.

VALENTE, O. F.; GOMES, M. A. Conservação de Nascentes: Produção de Água em


Pequenas Bacias Hidrográficas. 2. ed. Viçosa: Aprenda Fácil, 2011.

1074
QUALIDADE AMBIENTAL – EXPERIÊNCIA DE TÉCNICA DE
COMPOSTAGEM NA UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU

Área Temática: Meio Ambiente


Coordenador(a) da atividade: Nicolau CARDOSO
NETO
Universidade Regional de Blumenau (FURB)
Autores: V. GONÇALVES 1; P. BAGIO 2; N. CARDOSO NETO 3; F. K. ALVES 4.

Resumo:
A Gestão Ambiental surgiu na FURB no ano de 2000 com a implementação de
programas e ações para redução de impactos ambientais, especialmente relacionados à
gestão de resíduos. Dentre eles, o Programa de Gestão de Resíduos Sólidos que
compreende aseparação, coleta e encaminhamento para reciclagem de resíduos gerados na
Universidade. Neste contexto, o projeto Qualidade Ambiental tem como objetivo atualizar
e reorganizar a coleta seletiva nos espaços da Universidade e, dentre as ações
implementadas, está o tratamento de resíduos orgânicos através de vermicompostagem e
compostagem de resíduos de biotérios da FURB utilizando, para tanto, a técnica de
cilindros. Por meio de educação ambiental, o projeto também visa sensibilizar os
servidores da Universidade e mobilizar as agentes de limpeza para que estejam orientadas
para o novo sistema. Após a implementação dos processos de compostagem em escala
piloto verificou-se melhoria na separação dos resíduos no momento do descarte, bem
como redução de despesas relacionadas à destinação deles. Ao aplicar estas ações, a
FURB avança em direção à consolidação de ser Universidade Verde.

Palavras-chave: qualidade ambiental; compostagem; resíduos sólidos.

1
Vitor Gonçalves, estudante do curso de Ciências Biológicas, bolsista de extensão.
2
Poliana Bagio, estudante do curso de Medicina Veterinária, bolsista de extensão.
3
Nicolau Cardoso Neto, Professor coordenador do projeto de extensão.
4
Flávia Keller Alves, servidora técnico-administrativo lotada no Sistema de Gestão Ambiental da FURB

1075
Introdução

No âmbito do desenvolvimento sustentável, De Conto (2010) expõe que as


Universidades, como instituições responsáveis pela produção e socialização do
conhecimento e a formação de recursos humanos, têm papel fundamental de dar o
exemplo, produzir, socializar e formar respeitando o meio ambiente. Ou seja: a
responsabilidade ambiental deve estar presente em todas as suas atividades, sendo,
inclusive, objeto de avaliação institucional por meio de indicadores de desempenho
específicos.
Neste contexto, no que tange a gestão de resíduos, a responsabilidade das
Instituições de Ensino Superior (IES) inicia com a aquisição do bem ou insumo e persiste
até sua disposição final, ou seja, seu descarte. Por isso as IES têm procurado investir em
programas de gestão de resíduos e/ou, até mesmo, implementado sistemas de gestão
ambiental (SGA) de modo a minimizarem os impactos ambientais oriundos de suas
atividades acadêmicas e administrativas, contribuindo com o desenvolvimento sustentável.
O Projeto de Extensão Qualidade Ambiental - experiência de técnica de
compostagem na Universidade Regional de Blumenau, tem como objetivos implementar
melhorias no sistema de coleta seletiva dos ambientes administrativos e dos biotérios dos
campi da FURB e promover a experiência com as técnicas de compostagem para a
execução do Programa de Gestão de Resíduos Sólidos (PGRS), de forma a qualificar a
separação e promover destinação adequada dos resíduos.

Metodologia
Para verificação da aplicabilidade da metodologia, foi desenvolvido um projeto
piloto e implementado no segundo andar do bloco K da Universidade. Neste espaço estão
centralizadas as atividades administrativas de Controladoria, Divisão de Administração de
Materiais e Sistema de Gestão Ambiental (SGA). Primeiramente, promoveu-
se a capacitação da agente de limpeza do Bloco K e, na sequência, a sensibilização
dos técnico-administrativos por meio de educação ambiental. Utilizou-se ferramentas
didáticas, como a produção de vídeos e folders digitais, e a orientação através de

1076
intervenção dialogada com as agentes de limpeza e os técnico-administrativos.
A partir deste piloto o projeto foi se expandindo a todos os campi da Universidade,
utilizando-se a sensibilização e a comunicação como ferramenta principal, para o
desenvolvimento do projeto. Tendo esta primeira fase aplicada, o projeto adentrou nos
biotérios da Universidade, procurando a destinação mais adequada aos resíduos gerados
por estes laboratórios. Com os dados coletados e analisados, confeccionou-se as
composteiras de cilindros, utilizando-se arames, telas, baldes e banners de lona, bem como
a compostagem através de leiras e as vermicomposteiras.

Desenvolvimento e processos avaliativos


As ações propostas pelo projeto de Extensão Qualidade Ambiental - experiência de
técnica de compostagem na Universidade Regional de Blumenau, iniciaram em setembro
de 2019. Após apreciação e aprovação pelo Sistema de Gestão Ambiental (SGA) e pela
Comissão do Meio Ambiente (CMA), iniciou-se a aplicação do projeto piloto no campus 1
da FURB e, com os resultados preliminares, expandiu-se para todos os campi da
Universidade.
Com a implementação do projeto, as lixeiras individuais dos ambientes
administrativos foram retiradas, deixando um conjunto de coletores para papel, plástico e
resíduo orgânico para serem utilizadas de forma compartilhada pelos servidores em suas
salas de trabalho. Além de facilitar o sistema de coleta para as agentes de limpeza, ressalta-
se a redução de sacos plásticos que eram utilizados dentro destas lixeiras. As lixeiras
que foram retiradas foram guardadas e poderão ser utilizadas para a revitalização e
substituição de lixeiras quebradas.
Tendo em vista que boa parte dos ambientes geravam resíduos orgânicos, surgiu a
ideia de implementar as vermicomposteiras para que esses fossem compostados por meio
de minhocários, transformando matéria orgânica em humos de minhoca e chorume (líquido
produzido no processo de compostagem), que servem como uma rica adubagem para
jardins e canteiros da Universidade. O projeto possibilitou também a implementação de
composteiras em formatos de leiras e cilindros para compostar o resíduo produzido nos
biotérios da Universidade, economizando recursos que podem ser destinados a outras

1077
ações.
As atividades realizadas proporcionaram aos bolsistas a compreensão do quão
importante é o papel do Sistema de Gestão Ambiental dentro da Universidade,
contribuindo ativamente na formação acadêmica dos extensionistas. Tendo em vista que, a
educação ambiental, além de atingir os docentes da Universidade, chega também aos
extensionistas e ao público que o rodeia, contribuindo com sustentabilidade e
avançandoem direção à consolidação de ser Universidade Verde.

Considerações Finais
O projeto é relevante tendo em vista tudo o que foi alcançado no desenvolvimento
de ações de sustentabilidade da Universidade. Além das modificações implementadas nos
setores administrativos e de todo o processo de sensibilização com as pessoas que estão
envolvidas, o projeto possibilitou a aplicação de técnicas de compostagem em todos os
campi da Universidade.
Com a implementação das vermicomposteiras conseguiu-se compostar o resíduo
orgânico gerado nos ambientes administrativos do segundo andar do Bloco K da FURB, e
com as composteiras em formato de leiras e cilindros foi possível compostar os resíduos
gerados nos biotérios e produzidos pelos grandes animais do Hospital Escola, assim
reduzindo despesas relacionadas à destinação deles.
O projeto possui uma função muito importante na trajetória acadêmica, tendo em
vista que possibilitou ao acadêmico extensionista trabalhar sua oratória em público,
desenvolver o seu desempenho na produção de escrita e melhorar suas relações
interpessoais, tendo contato com a prática de sua profissão.

Referências
BORTOLOSSI, Fernando; ALVES, Flávia Keller; ZANELLA, Geovani. Programa de
Gestão de Resíduos Sólidos. Disponível
em:
http://www.furb.br/web/upl/arquivos/201509161405520.cartilha_residuos_solidos_fur
b.pdf?20201007192139. Acesso em: 03 de ago de 2021.

1078
BRASIL. Política nacional dos resíduos sólidos. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de2010.
Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso em: 03 de ago de 2021.

DE CONTO, Suzana Maria. Gestão de Resíduos em universidades. Caxias do Sul, RS.


EDUCS, 2010.

FURB. Sistema de Gestão Ambiental, 2021. Disponível


em: <http://www.furb.br/web/1655/institucional/gestao-ambiental/apresentacao>. Acesso
em: 03 de ago de 2021.

Órgão financiador:
Art. 171 , FUMDES

1079
RELATO DE EXPERIÊNCIA NO PROCESSO DE CERTIFICAÇÃO DO
PRIMEIRO MEL ORGÂNICO DO PROGRAMA PARANÁ MAIS ORGÂNICO

Área Temática: Meio ambiente


Coordenador da atividade: Jackson KAWAKAMI 1
Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO)
Autores: G. F. FERNANDES 2; L.M. JACK 3; M.F. SEBBEN4; S.C. HARTINGER5;
T.A.V. SOUZA6.

Resumo:
O Programa Paraná Mais Orgânico (PMO) é iniciativa da Superintendência Geral de
Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) sendo composto por acadêmicos
extensionistas de agronomia e agrônomos formados. Possui a finalidade de realizar a
certificação orgânica de produtos agrícolas diversos e prestar assistência técnica gratuita
para agricultura familiar. O primeiro contato para certificação do mel orgânico dos
produtores de Mato Rico foi em 2017, tornando-se grande aprendizado para a equipe do
PMO. O mel orgânico vem ganhando espaço e sendo muito valorizado tanto no mercado
interno quanto internacional, já que garante um produto com as qualidades benéficas do
mel, sem resíduos de antibióticos, agrotóxicos e demais contaminações químicas que
podem estar presentes no mel tradicional. Sendo assim essa ação extensionista teve como
objetivo certificar o primeiro mel orgânico do PMO. Esse processo de certificação possui
grande importância já que tem potencial de ser difundido na região. Para os produtores de
Mato Rico que moram próximo à área de preservação ambiental é importante poder
produzir e garantir sua subsistência preservando a região.

1
Jackson Kawakami, coordenador do Programa Paraná Mais Orgânico (PMO), núcleo UNICENTRO,
professor do departamento e Agronomia da Universidade Estadual do Centro-Oeste.
2
Gabriela Frigo Fernandes, acadêmica de Agronomia na Universidade Estadual do Centro-Oeste
(UNICENTRO), bolsista do Programa de Educação Tutorial (FNDE) do curso de Agronomia.
3
Larissa Maria Jack, Bolsista da graduação (acadêmica de Agronomia da faculdade Guarapuava).
4
Marcos Fernandes Sebben, bolsista graduado do PMO.
5
Suelen Cristina Hartinger, bolsista graduada do PMO.
6
Tais Augusta Vieira de Souza, bolsista graduada do PMO.

1080
Palavras-chave: Agricultura familiar; Agroecologia; Apicultura; legislação; Plano de
manejo.
Introdução
O Programa Paraná Mais Orgânico (PMO) é uma iniciativa da Superintendência de
Estado da Ciência Tecnologia e Ensino superior (SETI), em parceria com o Instituto
Tecnológico do Paraná (TECPAR), o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná
(IDR) e as universidades estaduais. Um dos núcleos das universidades tem sede na
Universidade Estadual do Centro-Oeste, UNCENTRO, sendo composto por acadêmicos de
agronomia, agrônomos formados e professor orientador. Possui a finalidade de realizar a
certificação orgânica pública e gratuita de produtos vegetais, animais, agroindústrias e
extrativismo sustentável, oriundos da agricultura familiar. Também presta assistência
técnica gratuita para agricultura familiar do Estado do Paraná e dessa forma promove o
crescimento da agricultura orgânica na região.
O consumo de orgânicos pode garantir uma melhora na qualidade de vida do
produtor e da sua família, tanto por não utilizar insumos tóxicos, quanto por possuir menor
custo de produção e maior valor agregado. Os consumidores têm aumentado a procura por
produtos orgânicos, estando atentos ao modo de produção e buscando por alimentos que
garantam a segurança alimentar e que sejam cultivados levando em consideração os
impactos que podem causar ao meio ambiente.
A produção de alimentos orgânicos permite a conservação da variabilidade
ecológica, além de ajudar na conservação do solo e dos recursos hídricos. Nesse contexto o
mel orgânico vem ganhando espaço e sendo valorizado, tanto no mercado interno quanto
internacional, já que garante um produto com as qualidades benéficas do mel, sem resíduos
de antibióticos, agrotóxicos e demais contaminações químicas que podem estar presentes
no mel convencional (ALVES, 2008). A região de produção de mel está situada em local
de preservação ambiental. No Brasil é possível aproveitar as floradas naturais das áreas de
preservação ambiental (APA) para produção de mel, sendo uma prática agropecuária de
baixo impacto ambiental e bom retorno financeiro.
O PMO já conta com ampla experiência em certificação orgânica, mas esta é a
primeira demanda de certificação orgânica de mel. A certificação do mel possui

1081
características específicas no manejo das abelhas, fato que exigiu intensa pesquisa por
parte dos extensionistas do projeto. O mel orgânico, por ser um produto de alto valor
agregado e de muita importância regional, tem potencial de ser um agente transformador
na vida de vários agricultores familiares.
O processo de certificação fornece a garantia de que o produto segue as
especificações e recomendações de produção exigidos pela legislação e fornece ao
consumidor a garantia de que está recebendo um alimento seguro, porém sendo burocrático
e necessitando de várias comprovações, pode ser demorado. Os produtores da região estão
organizados em uma cooperativa: COOAPMEL (Cooperativa dos Apicultores Familiares
de Mato Rico). A COOAPMEL possui um entreposto de mel e trabalha com exportação de
produtos apícolas. Dessa maneira a certificação orgânica pode trazer benefícios para os
produtores e para a região, uma vez que o mel certificado possui maior valor de venda.
Além disso é muito importante que os extensionistas ganhem experiência com o processo
para poder difundi-lo, sendo assim essa ação extensionista teve como objetivo certificar de
maneira pública e gratuita a produção de mel de produtores do município de Mato Rico.

Metodologia
O primeiro contato com os produtores de mel do município de Mato Rico – PR
aconteceu em 2017. Em 2018 foram realizadas as primeiras visitas para marcação de todas
as caixas de abelhas. Essa marcação é importante para verificar se não há produção
convencional nas áreas de voo das abelhas. As caixas de abelhas devem estar distantes em
mais de 3 km de culturas manejadas convencionalmente. Além disso, devem obedecer ao
manejo orgânico. Verificou-se também o material utilizado na confecção das caixas, que
deve ser oriundo de extração sustentável e não utilizar substâncias tóxicas, como as
coberturas de amianto utilizadas em algumas caixas tradicionais. O bem-estar dos animais,
incluindo sua alimentação na entressafra das floradas é outro item importantíssimo para
produção de mel orgânico. As abelhas não podem sofrer mutilações e devem ter liberdade
de expressar seu comportamento natural. Todo processo pós-colheita também deve ser
averiguado e seguir as normas sanitárias vigentes para produção de mel. Após a verificação
e de acordo com a legislação brasileira Lei 10.831/03 e a Instrução Normativa 46/2011, os

1082
documentos (plano de manejo e estudo de caso) foram elaborados, e enviados à empresa
certificadora (TECPAR CERT).
Sendo assim, após a coleta de informações e documentações, o PMO deu entrada
no pedido da certificação e alguns itens foram considerados em inconformidade. A partir
desse ocorrido, foi repassado a necessidade de elaborar um novo modelo de plano de
manejo orgânico específico para a apicultura, já que o PMO ainda não possuía esse modelo
de documento. O plano de manejo orgânico é o documento em que o agricultor descreve
todo o processo produtivo da atividade desenvolvida. É um dos documentos que são
avaliados durante o processo de certificação orgânica. Com o ajuste desses itens o processo
foi novamente anexado e atualmente encontra-se em análise.

Desenvolvimento e processos avaliativos


O processo de certificação está ocorrendo com a participação dos produtores e dos
membros do PMO, com discussões acerca do manejo e das adaptações a serem realizadas.
Esse processo possui grande importância porque é o primeiro processo de certificação de
mel orgânico e por esse motivo apresenta algumas dificuldades. Porém pode ser um
primeiro passo para ampliação da criação de abelhas em modo orgânico, o que pode ser
benéfico para toda região devido à importância da produção apícola, fomentando a
agricultura familiar e melhorando a qualidade de vida dos agricultores. Para os acadêmicos
o acompanhamento do processo de certificação orgânica é muito importante porque não
existem disciplinas específicas sobre cultivo orgânico e nem sobre produção de mel na
grade dos cursos de graduação da região. Para os profissionais formados e para o PMO, a
elaboração de um modelo de plano de manejo orgânico facilita os futuros processos de
certificação orgânica de mel do Estado do Paraná, ao mesmo tempo que permite à equipe a
compreensão de todos os aspectos que um plano de manejo deve conter.

Considerações Finais
A primeira certificação de mel orgânico está sendo o primeiro passo de um projeto
com potencial de modificar a vida de vários agricultores familiares. Graças ao esforço e
competência técnica dos envolvidos, o processo está correndo com sucesso, agregando

1083
conhecimento técnico aos acadêmicos e aos graduados. Para os produtores que moram
próximo à uma região de APA, é muito importante poder produzir e garantir sua
subsistência preservando a região. Para o programa PMO, a disponibilidade de um plano
de manejo orgânico específico para a apicultura irá favorecer as próximas demandas de
certificação da atividade, uma vez que será só preencher com as informações da unidade de
produção apícola a ser certificada.

Referências
ALVES, E. M. Identificação da flora e caracterização do mel orgânico de abelhas
africanizadas das ilhas floresta e laranjeira, do Alto Rio Paraná. Tese (Doutorado em
Zootecnia) - Centro de Ciências Agrárias, Universidade Estadual de Maringá. Maringá, p.
77. 2008.

1084
REVISÃO DO PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DO
MUNICÍPIO DO RIO GRANDE/RS

Área Temática: Meio Ambiente


Coordenadora da atividade: Carla SILVA DA SILVA
Universidade Federal do Rio Grande (FURG)
Autores: T. DE OLIVEIRA DUTRA 1; J. F. A. DE SOUZA 2.

Resumo:
O Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB) é uma ferramenta de planejamento com
instrumentos de participação social, que visa traçar metas e estratégias para melhoria das
condições de saúde, qualidade de vida, desenvolvimento local e proteção do meio
ambiente. Tem como objetivo estimular a conscientização da população, quanto a
importância do saneamento básico como medida de prevenção às doenças e base para uma
vida mais saudável. O PMSB tem com princípios a universalização do acesso a todos os
quatro eixos componentes do Saneamento Básico: abastecimento de água; esgotamento
sanitário; drenagem e manejo das águas pluviais e limpeza urbana e gestão de resíduos
sólidos. O projeto Revisão do Plano Municipal de Saneamento Básico do Município de Rio
Grande teve como objetivo principal revisar o PMSB de 2014 aprovado pelo Decreto
Municipal No 12.802 de 30 de maio de 2014, visando atender o estabelecido na Lei Federal
No 7.217/2010. A metodologia adotada pelo corpo técnico da FURG foi baseada na
captação e uso de dados secundários, visitas técnicas a todos os sistemas dos quatro eixos,
atualização de todas as leis, verificação se os objetivos e metas foram cumpridos no PMSB
de 2014, gerar novo diagnóstico e prognósticos de todos os eixos trabalhados. Todos os
objetivos do projeto de extensão foram atingidos o que gerou o PMSB 2020.

Palavras-chave: saneamento básico, PMSB.

1
Tuane de Oliveira Dutra, Estudante de Graduação
2
José Francisco Almeida de Souza, Servidor Docente

1085
Introdução
O PMSB constitui-se em ferramenta indispensável de planejamento e gestão para
alcançar a melhoria das condições sanitárias e ambientais do município e, por
consequência, da qualidade de vida da população. A grande luta dos gestores é alcançar a
universalização do acesso ao saneamento básico, isto é, fazer com que todas as pessoas
tenham acesso a rede de água, a coleta e tratamento dos esgotos, sistemas de drenagem e
coleta dos resíduos sólidos. Na atualidade todos os municípios enfrentam esse desafio. O
Plano Municipal de Saneamento Básico é um instrumento que elenca diretrizes e ações
para que estes serviços cheguem a todos, ou pelo menos a grande parte da população,
trazendo dignidade aos munícipes que muitas vezes se encontram em situação de
vulnerabilidade.
No ano de 2014 foi aprovado o Plano Municipal de Saneamento Básico do
Município do Rio Grande. As diretrizes que nortearam a construção do referido Plano
constam na Lei Nº 11.445/2007, em especial no tocante à ampla participação das
comunidades, dos movimentos e das entidades da sociedade civil. Esta lei determinou a
formação de um Comitê Executivo, o qual acompanhou e fiscalizou a elaboração do plano.
O PMSB deveria ter sido revisado em 2018, e isso justifica a iniciativa da Prefeitura em
fazer uma parceria com a Universidade Federal do Rio Grande (FURG) para a revisão. O
projeto de extensão tem por finalidade revisar o Plano Municipal de Saneamento Básico do
município de Rio Grande, e foi viabilizado a partir de um termo de cooperação técnica
entre a FURG e a Prefeitura Municipal – Secretaria de Município do Meio Ambiente
(SMMA).
Com a finalidade de definir prazos e ações para a melhoria contínua do sistema de
abastecimento de água, de esgotamento sanitário, drenagem urbana e manejo das águas
pluviais e limpeza urbana e manejo de resíduos e buscando o atendimento a todos ou a
maior parte dos domicílios do município de Rio Grande, é que foram realizados novos
diagnósticos e prognósticos para estes quatro eixos.
A equipe executora do projeto contou com a participação de professores da Escola
de Engenharia e Instituo de Ciências Contábeis, Economia e Administração, técnicos,

1086
acadêmicos de graduação e pós-graduação e pesquisador externo. Desta parceria foram
produzidos trabalhos técnicos e científicos.
O presente estudo teve por finalidade revisar o PMSB do município de Rio Grande.
Os objetivos específicos do projeto foram a (1) revisão Documental do PMSB/2014, (2) a
elaboração de programas, projetos e ações em Saneamento, a revisão dos diagnósticos
integrados do abastecimento de água; esgoto sanitário; da limpeza urbana e manejo dos
resíduos sólidos e da drenagem urbana e manejo de águas pluviais assim como os
prognósticos em relação a estes quatro componentes do saneamento básico integrados, tais
como atualização dos dados e projeções. (3) Definição de novos programas, projetos e
ações, para o cumprimento dos objetivos e metas para assegurar a sustentabilidade da
prestação dos serviços a curto, médio e longo prazo. (4) Estabelecimento de mecanismos e
procedimentos para a avaliação sistemática da eficácia e efetividade das ações do PMSB.
(5) Determinação de ações para emergência e contingências. (5) Garantir a participação
popular na construção do plano. (6) Apresentar a Revisão do PMSB para a apreciação nos
Conselhos municipais da Habitação, da Saúde, do Meio Ambiente, do Plano Diretor
Participativo, com emissão de parecer e apresentar a redação final do plano.

Metodologia
A metodologia utilizada para a revisão foi definida criteriosamente pelo corpo
técnico da FURG que definiu rotinas e procedimentos baseando-se na obtenção e uso de
dados secundários disponibilizados pelo Comitê de Coordenação, tendo como
consequência o alcance dos seus objetivos e metas, apontando quais foram cumpridas ou,
quais ainda não foram atingidas no PMSB de 2014. Foi feito um levantamento e
verificação da conformidade legal dos documentos em questão. O Comitê de Coordenação
da Revisão do PMSB, foi responsável pela integração dos dados de todas as Secretarias
Municipais de Rio Grande, bem como serviu de interlocutor entre todas as empresas
envolvidas na prestação dos serviços de saneamento, como a Companhia Riograndense de
Saneamento - CORSAN e agentes responsáveis pela coleta, triagem e disposição dos
resíduos sólidos do município.

1087
Além da coleta dos dados a equipe da FURG fez várias visitas técnicas, observando
o estado de conservação de todos os reservatórios de água da cidade, do canal adutor, das
estações elevatórias de água e das elevatórias de esgoto. Visitou também a estação de
tratamento de água, as estações de tratamento de esgoto e o antigo Lixão dos Carreiros.
A participação da comunidade teve início com a aplicação de um questionário para
coleta de informações sobre os quatro eixos do saneamento básico. A aplicação do
questionário foi realizada na plataforma Google Forms, e o objetivo foi captar a percepção
da comunidade sobre a qualidade dos serviços prestados em cada um dos quatro eixos. Foi
também realizada uma audiência pública, de forma remota, onde participaram membros da
comunidade representando os vários seguimentos da sociedade. Tanto o questionário como
a audiência pública contribuíram para a validação do trabalho de revisão.

Desenvolvimento e processos avaliativos


A participação da população ficou bem evidenciada com o número grande de
manifestações no questionário de percepção social do saneamento básico elaborado na
plataforma Google Forms. Tivemos um total de 750 respondentes do questionário e um
número expressivo na audiência virtual. Todas a considerações foram discutidas com a
equipe técnica, com a Prefeitura e com as concessionárias e prestadores de serviços. O
PMSB atualizado e aprovado pela Câmara dos Vereadores permite ter um documento com
metas e objetivos bem delineados em prol da universalização dos serviços. A extensão
universitária tem papel relevante no processo de aprendizagem dos acadêmicos, permite
aos participantes colocar em prática seus conhecimentos, traz um impacto na sua formação
profissional e cidadã.
Considerações Finais
O trabalho de revisão do Plano Municipal de Saneamento Básico do Município de
Rio Grande foi concluído e 100 % dos objetivos foram atingidos. Recomenda-se que na
próxima revisão, seja atualizada toda a parte que envolve o Plano Diretor da cidade. No
momento da execução do projeto, este, estava em revisão e não tinha prazo para ser
concluído e, sendo assim, a revisão do PMSB foi baseada no Plano Diretor vigente.
Recomenda-se que novas modelagens hidrológicas sejam realizadas, tendo em vista que

1088
não puderam ser contempladas nesta revisão, devido a cidade ainda não possuir um
levantamento topográfico com o refinamento exigido neste tipo de trabalho. A equipe
considerou os dados de topografia utilizados na modelagem, de baixa qualidade em relação
a sua precisão.
Este projeto de extensão propiciou aos estudantes que participaram diretamente do
projeto, uma visão dos sistemas de saneamento básico, estes tiveram a oportunidade de
aprendizado, desenvolvendo e praticando os conteúdos que foram vistos em seus cursos.

Referências
BRASIL. Lei nº 11.445, de 05 de janeiro de 2007. Brasília, 2007. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11445.htm>. Acesso em:
27 jul. 2020.

RIO GRANDE. Decreto nº 12.802, de 30 de maio de 2014. Rio Grande, 2018.


Disponível em: <https://leismunicipais.com.br>. Acesso em: 21 jul. 2021.

RIO GRANDE. Plano Municipal de Saneamento Básico do Rio Grande – RS. Rio
Grande:2014. p.1537.

Instituição financiadora:
Prefeitura Municipal do Rio Grande

1089
SOS RIACHOS: PROMOVENDO A CIDADANIA AMBIENTAL

Área Temática: Meio Ambiente


Coordenadora da atividade: Evanilde BENEDITO
Universidade Estadual de Maringá (UEM)
Autores: M. M. R. SCOARIZE 1; N. C. OSÓRIO 2; B. B. CONTIERI 3; M. S. R. ARITA 4;
E. BENEDITO 5.

Resumo:
Ações extensionistas de educação ambiental e interação entre ciência e comunidade são
fundamentais para mitigar problemas ambientais. Dentre os urbanos, a conservação de
fundos de vale é um dos temas que podem ser trabalhados com a comunidade para
estimular a cidadania ambiental. Assim, o objetivo do projeto é sensibilizar a população
sobre a urgência da conservação dos riachos urbanos, visando à melhoria da qualidade de
vida e à saúde integral na região de Maringá. Para isso, foram desenvolvidas atividades
para públicos diversos: mutirões, palestras, mostras científicas e jogos teatrais em escolas e
espaços públicos. A efetividade da mostra foi avaliada por desenhos e a dos jogos por
testes. Os desenhos evidenciaram que após a mostra, as crianças passaram a se reconhecer
como integrantes do meio ambiente. A partir dos testes, foi observado desenvolvimento na
percepção dos alunos sobre os temas. Os demais eventos resultaram em trocas de
experiências, interação com a comunidade, parcerias, divulgação em mídias e publicações.
Assim, a diversidade de ações e públicos sensibiliza mais pessoas e contribui para a
construção da cidadania ambiental e desenvolvimento de habilidades interpessoais.

Palavras-chave: ecologia urbana; responsabilidade socioambiental; multidisciplinaridade.

1
Matheus Maximilian Ratz Scoarize, aluno de doutorado em Ecologia de Ambientes Aquáticos Continentais.
2
Nicolli Cristina Osório, aluna de doutorado em Ecologia de Ambientes Aquáticos Continentais.
3
Beatriz Bosquê Contieri, aluna de doutorado em Ecologia de Ambientes Aquáticos Continentais.
4
Maria Salete Ribelatto Arita, servidora técnico-administrativa.
5
Evanilde Benedito, servidora docente.

1090
Introdução
Muitos problemas ambientais estão atrelados à falta de ações eficazes de população
e governo, além da dificuldade de comunicação entre ciência e políticas públicas
(STOKSTAD, 2019). Dessa forma, é imprescindível o desenvolvimento de projetos de
extensão universitária para a educação ecológica como forma mitigadora de problemas
ambientais, tendo em vista a sensibilização da comunidade para atividades mais
sustentáveis. Para os acadêmicos envolvidos, a integração com a sociedade é oportunidade
prática para usar pesquisas e experiências em aulas para resolução de problemas regionais
e para desenvolver habilidades interpessoais. Essa interação propicia o senso de cidadania
(ARITA et al., 2016) e comunicação, permitindo que os envolvidos se apropriem
criticamente da posição que ocupam perante problemas socioambientais (FREIRE, 1979).
A conservação de fundos de vale, que se encontram degradados na região,
associada ao desenvolvimento da cidadania ambiental em ecossistemas urbanos, está
diretamente relacionada com a sociedade e seus problemas, abrangendo os objetivos do
desenvolvimento sustentável 3, 6, 15 e 17. Assim, ações ambientais implementadas
regionalmente afloram movimentos coletivos para a conservação dos ecossistemas. O
objetivo do projeto é sensibilizar a população sobre a urgência da conservação dos riachos
urbanos, visando à melhoria da qualidade de vida e à saúde integral na região de Maringá.

Metodologia
A equipe multidisciplinar (arquitetura, artes cênicas, biologia, comunicação,
design, ecologia, economia, geografia, psicologia) e multi-institucional (UEM, associações
de bairros, escolas) elaborou ações para abranger o maior número possível de faixas etárias
e atores da sociedade (membros das comunidades, estudantes, grupos religiosos, servidores
públicos etc.). As principais atividades ocorreram no ensino fundamental público. Em
2018, foram realizadas mostras científicas (materiais biológicos fixados (escorpiões,
peixes), microscópios (microalgas e zooplâncton), resíduos sólidos descartados em fundos
de vale) em 36 escolas da cidade, antes e depois das mostras foram solicitados aos alunos
desenhos sobre suas percepções sobre fundos de vale. Critérios avaliados: pertencimento,
evolução do desenho, foco na temática. Em 2019 foram realizados jogos teatrais em 20

1091
escolas de Maringá, Paiçandu e Sarandi, e os alunos preencheram pré- e pós-testes. Assim,
foi possível estabelecer como as crianças percebem os fundos de vale de duas maneiras
diferentes. Além disso, ações abrangeram outros públicos (eventos em parques e igrejas,
palestras, disciplinas, divulgação em mídias, artigos e cartilhas) entre 2018 e 2021.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Nas escolas, estudantes da UEM (licenciatura, bacharelado, mestrado e doutorado)
e demais instituições desenvolveram principalmente a habilidade de colaboração e
paciência, especialmente nas mostras e no jogo teatral, que demandavam elevada interação
dos voluntários. O principal resultado dos desenhos foi que depois das mostras as crianças
passaram a se reconhecer como integrantes dos ecossistemas. O principal resultado dos
testes foi o desenvolvimento de maior percepção dos alunos nos três municípios, sendo que
o município com menor IDH-M (Sarandi) teve o maior valor (SCOARIZE et al., 2021).
A realização de eventos de sensibilização (mostras científicas e mutirões de
limpeza) em parques, igrejas, feiras agropecuárias foi sempre planejada e executada em
conjunto com comunidades locais, principalmente na escolha dos riachos que receberiam
mutirões e nas melhores datas para moradores dos bairros. Esses eventos colaboraram para
o desenvolvimento de flexibilidade e proatividade por parte dos estudantes da UEM, que
precisaram dialogar com diversos públicos de todas as faixas etárias e diferentes setores.
Ademais, manusearam diferentes materiais de ensino da graduação e pós-graduação,
tornando a extensão parte da prática cotidiana dos estudantes. O principal resultado dessas
ações foi a formulação de uma cartilha focada no público infantil, sobre a importância dos
fundos de vale, construída por integrantes de diferentes áreas (design, ecologia, geografia,
psicologia) (ANDREUSSI et al., 2021).
Palestras e apresentações para instituições do Paraná e de São Paulo (UFPR,
UNICESUMAR, IFSP, colégios particulares) exploraram a habilidade de saber ouvir
porque muitos inscritos tinham excelentes contribuições às discussões. Um dos resultados
das interações com outros palestrantes e instituições será a publicação de uma cartilha (em
preparação) voltada para gestores de bacias hidrográficas, elaborada pelo Instituto Federal
de São Paulo em conjunto com autores de diversos setores, como a embaixada australiana.

1092
Foram ofertadas disciplinas “Ecologia de riachos urbanos” para a graduação em
ciências biológicas e “Geoprocessamento para ecologia” aos cursos de mestrado e
doutorado em ecologia da UEM. Foi ministrado curso para a comunidade externa, focado
nas comunidades do Jardim Piatã e Santa Izabel, as mais engajadas com o projeto. Os
temas foram definidos pelas comunidades para sanar dúvidas em relação aos fundos de
vale. Alunos da UEM puderam aprender sobre a perspectiva de quem reside próximo a
fundos de vale e conhecer os problemas ambientais locais. Moradores dos bairros
coparticiparam e realizaram essa troca de experiências e aprenderam termos científicos.
A divulgação científica em diversas mídias contribuiu para o desenvolvimento da
comunicação eficaz por parte dos alunos da UEM, que prepararam materiais de divulgação
em múltiplas plataformas: série de reportagens (https://globoplay.globo.com/v/7675545/),
Instagram (@sos.riachos), Facebook (SOS Riachos de Maringá), sites de notícias,
apresentações em intercâmbios internacionais (SCOARIZE et al., 2020) etc. Por fim, a
realidade da primeira comunidade parceira do projeto era descarte irregular de resíduos
(entulho) em um dos fundos de vale do bairro. As ações e dezenas de reuniões conjuntas
entre comunidade, universidade e prefeitura resultaram na construção de ecoponto, viveiro
de mudas (cooperativa de 15 famílias da comunidade) e parque linear justamente no local
onde foi realizado o primeiro mutirão de limpeza em parceria entre UEM e comunidade.

Considerações Finais
As parcerias com as comunidades locais dos bairros e cidades criam oportunidades
ímpares para que a comunidade e demais atores da sociedade cresçam juntos
sinergicamente, compondo experiências em que todos aprendem mutuamente e
promovendo as três dimensões da sustentabilidade. Os voluntários desenvolveram várias
habilidades no planejamento e na execução das ações, em especial o trabalho em equipe.
Portanto, ações de diversas naturezas e que abrangem múltiplos públicos sensibilizam mais
pessoas e contribuem para alcançar o objetivo de construção da cidadania ambiental
regional e para a formação integral dos estudantes da UEM e instituições parceiras.

1093
Referências
ANDREUSSI, A. C. B.; CONTIERI, B. B.; LAURENTI, C.; BENEDITO, E.; MARTINS,
F. B.; SCOARIZE, M. M. R. SOS Riachos: Uma aventura pelos riachos urbanos.
EDUEM, 2021. Disponível em:
https://drive.google.com/file/d/1jZHqTt0ca70_bJB5S_W3vkGccIRejZTx/view.

ARITA, M. S. R. et al. Socialização do conhecimento - Programa de Pesquisas Ecológicas


de Longa Duração na Planície de Inundação do Alto Rio Paraná (PELD/sítio PIAP 6). In:
FÓRUM DE INTEGRAÇÃO ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO (FORINT UEM), 1.,
28-30/04/2016, Maringá-PR. Resumos... Maringá: UEM/PEC/PPG, 2016.

FREIRE, P. Extensão ou comunicação? 4o ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.

SCOARIZE, M. M. R.; BENEDITO, E.; CONTIERI, B. B.; ZANCO, B. F.; OLIVEIRA,


L. H. Projeto “SOS Riachos”: ciência como ferramenta para sensibilização ambiental.
Bioika, v. 2, p. 1-11, 2020.

SCOARIZE, M. M. R.; CONTIERI, B. B.; DELANIRA-SANTOS, D.; ZANCO, B. F.;


BENEDITO, E. An interdisciplinary approach to address aquatic environmental
issues with young students from Brazil. International Research in Geographical and
Environmental Education, publicado online, 2021.

STOKSTAD, E. Can a dire ecological warning lead to action? Science, v. 364, n. 6640, p.
517-518, 2019.

1094
A EXTENSÃO EM TEMPOS DE PANDEMIA: AS MÍDIAS SOCIAIS COMO
FERRAMENTAS DE DIVULGAÇÃO DE TRILHAS ECOLÓGICAS

Área Temática: Meio Ambiente


Coordenador(a) da atividade: Sandro Augusto RHODEN
Instituto Federal Catarinense (IFC) – Campus São Francisco do Sul - IFC
Autores: D. SFAIR 1; de L. R. OLIVEIRA 2; C. de CARLI 3; P.D. NEUNFELDT 4; S.A.
RHODEN 5

Resumo:
A Pandemia do COVID-19 interrompeu uma série de atividades humanas rotineiras, entre
elas, o ensino e, consequentemente, as atividades de Extensão. O Município de São
Francisco do Sul-SC possui belíssimas praias, porém o Ecoturismo é ainda pouco
explorado. O projeto “Trilhando São Francisco do Sul” surgiu para superar essa demanda
social. Atualmente o projeto já realizou o uma série de atividades, destacando-se: a)
levantamento das trilhas; b) mapeamento das trilhas; c) mapeamento das alterações
antrópicas; d) divulgação das trilhas nas escolas; e) sinalização de duas trilhas; f)
divulgação nas mídias sociais (Instagram, Blog, Youtube). As mídias sociais são
ferramentas essenciais em tempos de pandemia, permitem que a informação, o
conhecimento sobre determinado assunto, rapidamente se disseminem na sociedade. A
nossa experiência no projeto em tempos de pandemia demonstrou a importância das mídias
sociais, mostrou-se um importante canal de comunicação. O projeto agora na sua terceira
edição continuará divulgando as etapas do projeto nas mídias sociais, principalmente
enfocando as etapas do projeto, a importância das trilhas e a fauna e flora local.

Palavras-chave: Extensão; Mídias Sociais; Trilhas Ecológicas.

1
Dara Sfair – Discente do Curso Técnico em Turismo Integrado ao Ensino Médio;
2
Laís Ramalho de Oliveira - Discente do Curso Técnico em Turismo Integrado ao Ensino Médio;
3
Camila de Carli - Docente do IFC- Campus São Francisco do Sul
4
Patricia Devantier Neuenfeldt – Docente do IFC- Campus São Francisco do Sul;
5
Sandro Augusto Rhoden - Docente do IFC- Campus São Francisco do Sul.

1095
Introdução
O Município de São Francisco do Sul-SC possui belíssimas praias e uma rica
biodiversidade na Mata Atlântica e na restinga. Existem várias trilhas ecológicas nestes
biomas, que ainda são pouco exploradas no ecoturismo. Esta demanda social originou o
projeto “Trilhando São Francisco do Sul”, que é baseado no tripé Ensino (divulgação nas
escolas); Pesquisa (levantamento sobre o conhecimento das trilhas ecológicas com os
servidores do IFC – Campus São Francisco do Sul) e Extensão (Sinalização e divulgação
nas mídias sociais das trilhas ecológicas).
O projeto foi divulgado em eventos incialmente com a sua proposta de educação
ambiental e qualidade de vida (Santos et al., 2018). Em seguida com a divulgação da Trilha
Morro da Cruz (Santos et al., 2019). No ano de 2020, início da pandemia, ocorreu a
divulgação da segunda edição (Oliveira et al., 2020). O projeto atualmente na terceira
edição contou com a variável da pandemia, desta forma a divulgação está focada nas
mídias sociais (Instagram, Blog e Youtube).
Estruturalmente o projeto já contou com cinco bolsistas, atualmente são dois
bolsistas que estão aptos e capacitados para a divulgação nas mídias sociais. Todos eles
oriundos do Ensino Médio Técnico Integrado. Dentre as atividades desempenhadas pelos
bolsistas, destacam-se: a) levantamento das trilhas; b) Mapeamento das trilhas; c)
mapeamento das alterações antrópicas; d) divulgação das trilhas nas escolas; e) sinalização
de duas trilhas; f) divulgação nas redes sociais (Instagram, Blog, Youtube).
Atualmente observa-se o crescimento da tecnologia no âmbito educacional e da
formação de pessoas. Vários cursos foram criados e, concomitantemente, também muitas
matrizes em processo de alteração para o enquadramento e as adaptações tecnológicas
foram efetivadas devido aos respectivos desenvolvimentos de novos processos (Galvez-
Júnior, 2014).
Desta forma, levando em consideração a importância do turismo em São Francisco
do Sul, a baixa visibilidade das trilhas ecológicas na cidade, das mídias sociais, da
tecnologia e da pandemia; o presente trabalho objetivou a divulgação das trilhas utilizando
as mídias sociais, focando nas seguintes temáticas: a) etapas do projeto “Trilhando São

1096
Francisco do Sul”; b) as trilhas (como chegar); c) cuidados ao realizar a trilha; d) aspectos
da fauna e flora da trilha.

Metodologia
Dentre as atividades desempenhadas pelos bolsistas, destacam-se: a) levantamento
das trilhas; b) Mapeamento das trilhas; c) mapeamento das alterações antrópicas; d)
divulgação das trilhas nas escolas; e) sinalização de duas trilhas. Cabe salientar que as
trilhas foram sinalizadas e nelas incluídas um QR code que remete diretamente para o Blog
(https://trilhandosaofranciscodosul.blogspot.com/) do projeto “Trilhando são Francisco do
Sul”.
As etapas desenvolvidas pelos alunos foram divulgadas posteriormente no Blog,
juntamente com informações a respeito das trilhas, como por exemplo: a) como chegar; b)
cuidados na realização das trilhas e c) aspectos da fauna e da flora. As trilhas também
foram divulgadas na conta do Instagram (@trilhando_sfs). Esta conta permitiu de maneira
efetiva a interação com os usuários das trilhas.
A divulgação contou também com a criação de um vídeo para o evento “VIII Feira
de Pesquisa, Ensino e Extensão – FEPEX” que está disponível em uma conta do Youtube.
A produção deste material objetivou a inserção do assunto na comunidade
acadêmica, na sociedade de São Francisco do Sul e nos turistas que visitam São Francisco
do Sul.

Desenvolvimento e processos avaliativos


O fechamento temporário das unidades e o isolamento social transformaram
subitamente o modo de vida no qual estávamos acostumados, propiciando, na área da
educação, desconstruções sociais voltadas às formas de ensino e aprendizagem. Diante
deste cenário, o âmbito escolar torna-se um espaço de risco potencial de transmissão, tendo
em vista que sua heterogeneidade e multiplicidade geram vínculos entre os jovens, que
constituem o grupo menos propício a desenvolver a sintomatologia grave da doença, e os
demais que podem ser mais vulneráveis. Dessa forma, estudantes e docentes podem tornar-
se os principais transmissores do novo Coronavírus (Arruda, 2020).

1097
A produção do material online (mídias sociais) foi elaborada pelos estudantes
bolsistas. Os estudantes utilizaram as fotos tiradas nas trilhas (Figura-1), material
bibliográfico e as normativas, neste caso, para sinalização das trilhas.

Figura-1: sinalização da Trilha com Qrcode que remete para o Blog

Também foi criado um vídeo para a divulgação do projeto que está disponível no link:
https://www.youtube.com/watch?v=CjzEmCSIq7w&t=47s

Considerações Finais
O Projeto “Trilhando São Francisco do Sul”, na sua concepção multidisciplinar,
buscou investigar, dialogar e divulgar juntamente com a sociedade sobre a importância das
trilhas ecológicas em São Francisco do Sul, principalmente no que tange ao ecoturismo.
Este diálogo, determinado pela pandemia, foi realizado utilizando-se das mídias sociais.
A nossa experiência na divulgação demonstrou a importância das mídias sociais,
um importante canal de comunicação com a sociedade e os turistas. O projeto, agora na sua
terceira edição, continuará divulgando as etapas do projeto nas mídias sociais,
principalmente enfocando as a importância da utilização das trilhas, a fauna e a flora ao
longo das trilhas, expandindo, desta forma, as opções turísticas em São Francisco do Sul.

1098
Referências
SANTOS, J., BECK M.V., GARCIA, A., IGREJA, A., NEUENFELDT, P. D., RHODEN,
S.A. Trilhando São Francisco do sul: uma proposta de educação ambiental e qualidade de
vida. v. 1 (2018): Anais VI FEPEX, 2018. DOI: doi.org/10.21166/fepex-sfs.v2i.

SANTOS, E., DE OLIVEIRA M.R., CARDOSO, S.B., CANUTO, V. R. NEUENFELDT,


P. D., RHODEN S. A. Trilhando São Francisco do Sul: A Trilha Do Morro da Cruz. v. 1 n.
1, Anais VII FEPEX, 2019. DOI. https://doi.org/10.21166/fepex-sfs.v1i1

OLIVEIRA, M. R., CANUTO, V. R., NEUENFELDT, P. D., RHODEN, S.A. Trilhando


São Francisco do Sul: Educação, Esporte e qualidade de vida, segunda edição. Anais VIII
FEPEX, 2020.

GALVEZ-JÚNIOR, P. E. Impacto das Mídias Sociais no Processo de Ensino


Aprendizagem. Revista Eletrônica Saberes da Educação (5): 1, 2014

ARRUDA, E. P. Educação Remota Emergencial: elementos para políticas públicas na


educação brasileira em tempos de Covid-19. Revista de Educação a Distância, 7:1, 257-
275, 2020.

1099
6.
SAÚDE

SEURS
Seminário de Extensão Universitária
da Região Sul
AÇÕES DE SAÚDE PARA PESSOAS IDOSAS EM MOMENTO DE
PANDEMIA: REINVENTANDO POR MEIO DE FERRAMENTAS VIRTUAIS

Área Temática: Saúde


Coordenadora da atividade: Cenir Gonçalves TIER 1
Instituição: Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA)
Autores: J. J. da ROSA ; A.F. de MENEZES 3; M. A. B. de JESUS; 4; L. G. LIRA 5; L.
2

DALLA LANA 6

Resumo:
São diversas as hipóteses que tentam compreender o processo de envelhecimento e que
buscam de algum aspecto, maneiras de atingi-lo no meio do entendimento da saúde e da
qualidade de vida. Objetivo: propor ações de saúde por meio das redes sociais no modelo
remoto, de forma quinzenal por meio de Podcasts (Facebook®, Instagram®, Youtube)
com as ações: Família e Idoso, Alimentação, polifarmácia, doenças crônicas, saúde mental
na pandemia, exercícios físicos na quarentena, Fake News, e breves videos com
depoimentos, dentre outros. Os idosos relatam que as ações estão auxiliando de forma
positiva, bem como vem possibilitando crescimento profissional dos discentes e docentes,
dispondo de momentos de reflexão teórico-prática, principalmente ao transpor uma
linguagem científica em linguagem popular.

Palavras-chave: Idoso; Pandemia; Saúde.

1
Cenir Gonçalves Tier. Doutora em Enfermagem, Docente curso Enfermagem UNIPAMPA.
2
Joana Jorge da Rosa. Discente curso Enfermagem UNIPAMPA, Bolsista do Programa de Desenvolvimento
Acadêmico da Unipampa – PDA 2021.
3
Ariane Ferreira de Menezes. Discente curso Enfermagem UNIPAMPA.
4
Maria Amanda Bibiano de Jesus. Discente curso Enfermagem UNIPAMPA.
5
Leticia Gonçalves Tier. Discente curso Enfermagem UNIPAMPA
6
Letice Dalla Lana. Doutora em Enfermagem, Docente curso Enfermagem UNIPAMPA.

1101
Introdução
Destaca-se que são diversas as hipóteses que tentam compreender o processo de
envelhecimento e que buscam de algum aspecto, maneiras de atingi-lo no meio do
entendimento da saúde e da qualidade de vida. A formação do saber se dá ao meio de
teorias biológicas, fisiológicas e sociais que são reconhecidas, reparadas ou recusadas,
inclusas no andamento de uma construção continuada que dá sustentáculo ao acolhimento a
essa tão enigmática fase da vida (MEDEIROS et al., 2015).
Associa-se que inúmeros daqueles que passam a idade de 60 anos possuíram, no
decorrer da sua vivência, costumes indesejáveis, como o sedentarismo, tabagismo, má
alimentação e a utilização descomedida de bebidas alcoólicas (SILVA et al., 2020). Entre
as patologias mais preponderantes estão o Diabetes Mellitus (DM) e a Hipertensão Arterial
Sistêmica (HAS), predominantes justificativas de óbitos e inabilidades físicas nestes
(SILVA et al., 2020).
Neste sentido, o projeto de extensão denominado “Envelhecer com Arte e Saúde”,
precisou se reiventar desenvolvendo ações no formato remoto, pois se sabe que as pessoas
idosas por integrarem o grupo de risco da doença, eles têm ficado bastante tempo em casa,
como medida preventiva contra o coronavírus. Para tanto, as tecnologias online podem ser
uma grande aliada para fornecer redes de apoio social e um sentimento de pertencimento,
mesmo que haja na população desigualdades no acesso ou na alfabetização para o uso de
recursos digitais (THOME, 2019).
Neste interim, as diretrizes da Política de Extensão Universitária da UNIPAMPA
destaca a interação dialógica da comunidade acadêmica com a sociedade,
interdisciplinaridade e interprofissionalidade, indissociabilidade do ensino, pesquisa,
extensão, impacto na formação do estudante, impacto e transformação social, promoção de
iniciativas que expressem o compromisso social da universidade com as áreas de
conhecimento, promoção da reflexão ética quanto à dimensão social do ensino e da
pesquisa, atuação na produção e na construção de conhecimentos (RESOLUÇÃO
N°104/2015- CONSUNI-UNIPAMPA). Diante do contexto ora apresentado teve-se como
objetivo, propor ações de saúde por meio das redes sociais e, caso possível ofertar escuta

1102
ativa via telefone aos idosos.
Metodologia
O projeto envelhecer com Arte e Saúde vem ocorrendo há seis de forma presencial
e, com apoio das Estratégias de Saúde da Família do municipio de Uruguaiana. Diante da
necessidade de isolamento, desde setembro de 2020 as atividades foram adaptadas para
formato remoto, quinzenalmente por meio de Podcasts (Facebook®, Instagram®, Youtube).
Com ações sobre: Família e Idoso, Alimentação, polifarmácia, doenças crônicas, saúde
mental na pandemia, exercícios físicos na quarentena, Fake News, Coronavirus, Quedas,
violência, bem como breves videos com depoimento das pessoas idosas, dentre outros.
Para cada tema é elaborado um vídeo de uns 15 minutos e, para estes são convidados
profissionais ou elaborados pela própria equipe do projeto. Destaca-se que as páginas
servem para que ocorra integração entre a população e a equipe executora. Semanalmente
realizam-se encontros virtuais com a equipe executora para dicussão e definição dos temas
a ser abordados, bem como formas de apresentar o projeto e a ações em eventos científicos.
Também estão sendo disponibilizados alguns números de telefone nas redes sociais para
aqueles idosos que desejam ligar e conversar como forma de oferta da escuta ativa.

Desenvolvimento e processos avaliativos


As ações em saude estão sendo desenvolvidas tanto para o público idoso quanto
para demais pessoas que se interessem em conhecer sobre o processo de envelhecimento,
tendo como foco incentivar as pessoas a adquirirem hábitos saudáveis durante estes
momentos de isolamento social. A primeira postagem nas redes sociais, teve enfoque na
divulgação das ações do projeto, bem como sobre o processo de envelhecimento. Na
mesma semana, foi incluso um questionamento à população sobre os principais temas em
que desejavam obter maior conhecimento. O intuito do questionamento visou contemplar a
participação da comunidade, bem como construir o planejamento das atividades de
extensão. Dado o planejamento, as pessoas idosas estão atuando de forma efetiva trazendo
e participando das ações, principalmente nos temas de maior interesse, por meio de
mensagens nas redes sociais.
As pessoas idosas relatam que as ações estão auxiliando de forma positiva para que

1103
haja uma melhor qualidade de vida neste momento pandemico. Contudo, entende-se que
ainda poderia-se ter maior alcance caso não houvesse a exclusão digital, bem como o
analfabetismo por grande parte dos idosos.
Os discentes compreendem a importância da continuidade das ações de extensão e,
o impacto que as mesmas provocam na vida das pessoas idosas e seus familiares, pois a
partir de alguns depoimentos foi possivel perceber que este modelo está auxiliando para
que a família também tenha acesso a conteúdos e, assim compreendam melhor o processo
de envelhecimento e demais situações que podem estar causando problemas na vida e
saúde dos idosos.
O impacto proporcionado pela atividade de extensão tem possibilitado o
crescimento profissional dos discentes e dos docentes, dispondo de momentos de reflexão
teórico-prática, principalmente ao transpor uma linguagem científica em linguagem
popular. Na sociedade, o impacto está relacionado com a transformação social da
população, ao dispor de informações que proporcionaram melhoria no processo de
envelhecimento saudável e ativo. O impacto é mensurado pela participação da população,
seja por mensagens, ligações e/ou número expressivo de visualizações.
Por fim, destaca-se a Extensão Universitária, como uma nova estratégia que
favorece o processo de ensino aprendizagem, o qual articula saberes que envolvem o meio
acadêmico, científico e a comunidade, colaborando para a formação de cidadãos com
novas formas de pensar e agir na saúde (SILVA; RIBEIRO; SILVA JUNIOR, 2013), bem
como a importância de ações de saúde com pessoas idosas.

Considerações finais
As ações de extensão desenvolvidas em prol da saúde das pessoas idosas tiverem
êxito em todos os anos e, desta forma vem se cumprindo de forma efetiva o compromisso
social e ético da universidade federal atuando de forma consistente no ensino, pesquisa e
extensão junto à comunidade.
As ações propostas vêm alcançando seus objetivos com enfoque na promoção de
um envelhecimento ativo e com melhor qualidade de vida. Assim, observa-se o grande
desafio, que se dá com a continuidade do projeto, de direcionar suas ações para o início de

1104
uma caminhada que estimule o desenvolvimento da autonomia entre os sujeitos
envolvidos. Nesse sentido, alguns avanços puderam ser observados ao longo de 2015, com
a participação mais ativa dos idosos na condução das atividades.

Referências
MEDEIROS, F. A. L. et al. Contextualização do envelhecimento saudável na produção
científica brasileira. Rev enferm UFPE online, recife, 9, supl.2:985-93,fev, 2015. DOI:
10.5205/reuol.6391-62431-2-ED.0902supl201526. Disponível em:
https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/view/10424/11214. Acesso
em: 29 jul. 2021.

SILVA, K. R; MARTINS, C. I; SOUZA, F. G; et al.. Perfil epidemiológico de pacientes


idosos atendidos em um pronto socorro. Rev enferm UFPE online, 14:e244796 2020.
DOI: 10.5205/1981-8963.2020.244796. Disponivel em:
https://periodicos.ufpe.br/revistas/revis taenfermagem. Acesso em: 29 jul.2021.

UNIPAMPA. Universidade Federal do Pampa. CONSUNI. Regulamenta a Política de


Extensão Universitária da Universidade Federal do Pampa. Resolução nº 015/2019.
Disponível em: https://sites.unipampa.edu.br/proext/files/2015/05/res--104_2015-normas-
de-extensao-e-cultura.pdf. Acesso em: 29 jul. 2021.

SILVA, A. F. L. da; RIBEIRO, C. D. M.; SILVA JÚNIOR, A. G. da. Pensando extensão


universitária como campo de formação em saúde: uma experiência na Universidade
Federal Fluminense, Brasil. Interface-comunicação, saúde, educação, Botucatu, v. 17, n.
45, p. 371-384, 2013. Disponível em:
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-
32832013000200010&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt. Acesso em: 28 maio 2021.

1105
ARMAZENAMENTO E DESCARTE DE MEDICAMENTOS: AÇÕES
DE CONSCIENTIZAÇÃO EM GRUPOS DE PROMOÇÃO DA SAÚDE

Área temática: Saúde


Coordenadora da atividade: Valéria Maria Limberger BAYER
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
Autores: J. BARBOSA DA SILVA 1; E. F. RIES2 ; V. M. P. ROCHA3 ; L. SOARES
CAPA4; A. L. PEDROSO PACHECO SOARES5.

Resumo:
O armazenamento adequado de medicamentos é fundamental para assegurar sua qualidade
e o descarte de medicamentos, vencidos ou em desuso, é uma preocupação de saúde
pública, posto que estes podem ocasionar danos a longo prazo. Tendo em vista este
cenário, o grupo extensionista MedicAção - Práticas Relacionadas a Medicamentos em
Saúde Coletiva objetiva a conscientização da comunidade de Santa Maria/RS e região
sobre este tema. Para isso, são planejadas oficinas de debates visando o aprendizado, a
conscientização e a aderência às práticas propostas, impactando na saúde pública local. O
resultado é considerado positivo, pois além de conscientizados, os grupos se tornam
potenciais propagadores de conhecimento. Por outro lado, a extensão torna-se, assim,
ferramenta fomentadora de mudanças no modo tradicional de ensino, pois incentiva o
estudante a analisar a situação de saúde da população e elaborar aplicações do
conhecimento adquirido, visando o intercâmbio de saberes entre academia e comunidade.

Palavras-chave: medicação; armazenamento; descarte.

1
Jhonathan Barbosa da Silva, aluno [Medicina].
2
Edi Franciele Ries, servidor docente [Farmácia].
3
Verginia Margareth Possati Rocha, servidor docente [Farmácia].
4
Luísa Soares Capa, aluna [Medicina]
5
Ana Lara Pedroso Pacheco Soares, aluna [Farmácia].

1106
Introdução
O século XX foi marcado por grandes transformações na sociedade brasileira. A
partir de então, a expectativa de vida aumentou acentuadamente, bem como o acesso da
população aos cuidados de saúde pública em geral. Como consequência desse cenário, a
prevalência de doenças crônicas ampliou-se, gerando maior consumo de medicamentos e
de serviços relacionados à saúde (RÊGO, 2000).
O consumo de fármacos está atrelado a uma série de cuidados que não são
transmitidos à sociedade satisfatoriamente. Sendo assim, essas substâncias acabam sendo
armazenadas nos domicílios de forma incorreta, em locais inapropriados, de fácil acesso
para crianças, podendo causar acidentes potencialmente fatais (SCHENKEL, 2005).
Ademais, com o vencimento ou desuso destes, uma parcela considerável é destinada ao
lixo comum, ou descartada no meio ambiente causando contaminação dos solos, rios e
mares (ZUCCATO et al, 2006).
Diante disso, o grupo extensionista MedicAção - Práticas Relacionadas a
Medicamentos em Saúde Coletiva (MedicAção) surgiu com o fim de conscientizar a
comunidade de Santa Maria/RS e região quanto ao armazenamento e descarte de
medicamentos de forma correta, alertando a comunidade quanto aos cuidados necessários
com as medicações no ambiente doméstico, bem como aos seus efeitos nocivos ao
ambiente a longo prazo quando descartados de forma inadequada. Tais ações, surgem
como resposta às necessidades locais destacadas no Fórum de Extensão da UFSM (2019),
em que se foi visto a necessidade de ações, por parte dos setores acadêmicos, voltadas para
as questões de saúde pública locais. Atualmente, as ações do grupo MedicAção já
impactaram diretamente mais de 2.000 pessoas em toda a região de Santa Maria/RS
(FAIOLLA et al, 2020). Assim, a extensão universitária encontra a sua função social
trazendo o debate e propondo a inovação por meio de ações dialógicas entre conhecimento
científico e popular, promovendo a transformação comunitária (NUNES; SILVA, 2011).
Considerando que o armazenamento adequado de medicamentos é fundamental
para assegurar sua qualidade e o descarte ambientalmente correto de medicamentos,
vencidos ou em desuso, é uma preocupação para a saúde pública, posto que estes podem
ocasionar danos à saúde e ao meio ambiente, respectivamente, este trabalho visa relatar a

1107
experiência de ações de conscientização com grupos de promoção da saúde sobre a forma
correta de armazenamento e descarte de medicamentos.

Metodologia
As ações de extensão universitária foram promovidas pelo Grupo MedicAção,
formado por professores e alunos do Departamento de Saúde Coletiva do Centro de
Ciência da Saúde (CCS) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Por meio de
atividades nos campos do ensino, pesquisa e extensão, o grupo busca atingir interação
dialógica entre sociedade e universidade desenvolvendo ações voltadas para a comunidade
e embasadas nos resultados do Fórum de Extensão da UFSM (2019). As atividades foram
realizadas em dois grupos de promoção em saúde de um município do interior do Rio
Grande do Sul, envolvendo homens e mulheres pertencentes à terceira idade. As ações
foram planejadas e organizadas pelos extensionistas, que abordaram as temáticas por meio
de perguntas orais e orientação dialogada, com apoio de recurso audiovisual. As ações
foram organizadas em seis momentos: o primeiro envolveu a apresentação dos
participantes; o segundo, a exposição do tema; o terceiro, a discussão do tema; o quarto, a
elucidação dos métodos de armazenamento correto e descarte ambientalmente adequado de
medicamentos com entrega de cartilhas; o quinto, os esclarecimentos das dúvidas e relatos;
e o sexto, a realização da atividade prática com a personalização das caixas de
armazenamento de medicamentos. As cartilhas entregues nas ações foram elaboradas e
validadas pelo Grupo MedicAção (PANOSSO. et al, 2018) (OLIVEIRA. et al, 2020),
reforçando a indissociabilidade entre a pesquisa e a extensão.

Desenvolvimento e processos avaliativos


O impacto social causado pelas atividades pôde ser percebido desde o início das
atividades. O público, de aproximadamente 28 pessoas, participou com relatos iniciais de
práticas adotadas em suas residências. Durante as apresentações o grupo de extensionistas
foi positivamente surpreendido com os relatos trazidos pelos participantes, em que foi
notado preocupação, por parte dos moradores locais, pela preservação do meio ambiente,

1108
especialmente no que se referia a preservação da água proveniente de lençóis freáticos que
banham a região. Por se tratar de uma região predominantemente rural, em que a qualidade
do solo e água esteja diretamente ligada a fatores socioeconômicos locais, a preocupação
dos participantes pelo tema pode ter sido fator facilitador para adesão às práticas ali
debatidas. Além disso, pelo fato de o grupo ser composto por indivíduos idosos, o relato de
polifarmácia (termo utilizado para referir às pessoas que usam pelo menos 5
medicamentos de forma crônica e concomitante) era comum, demonstrando ainda mais a
importância do debate. Vale ressaltar que o sexto momento, aquele destinado à confecção
dos porta-medicamentos, era peça-chave para garantir a adesão às medidas de
armazenamento domiciliar consciente. Pois, como defende Sabino (2016), as atividades
lúdicas são importantes ferramentas que corroboram para o processo ensino-aprendizagem.
O resultado alcançado foi considerado positivo pelo grupo de extensionistas, pois,
além da boa aceitação, do interesse e do comprometimento do público com o assunto, a
mudança de postura dos participantes ficou evidente ao longo da realização das ações, o
que ressalta a importância da conscientização. Faz-se necessário destacar o impacto
formativo da ação sobre a população atingida em relatos concedidos, em que houve a
citação de situações-problema envolvendo o armazenamento incorreto e descarte
ambientalmente inadequado de medicamentos. Há de se destacar também o potencial
disseminador das informações por parte dos indivíduos envolvidos, fazendo com a
informação chegue a lugares menos acessíveis às redes de saúde.
Cabe, ainda, enfatizar o papel crucial que a extensão tem na formação dos
acadêmicos envolvidos. Esta, deve ser vista como importante ferramenta fomentadora de
mudanças no modo tradicional de ensino, pois incentiva o estudante a analisar a situação
de saúde da população e elaborar aplicações do conhecimento adquirido, visando o
intercâmbio de experiências e saberes entre academia e comunidade.

Considerações Finais
Diante do exposto é evidente a necessidade de estimular o debate sobre os efeitos
nocivos à saúde da poluição e ao meio ambiente decorrente do armazenamento inadequado
e descarte ambientalmente incorreto de medicamentos, portanto essas ações devem ser

1109
realizadas de forma consciente e ecológica. Portanto, as discussões promovidas pelo grupo
de extensão MedicAção nas comunidades são consideradas positivas, pois além de
transmitirem o conhecimento acadêmico de forma inovadora, o grupo atinge seu objetivo
que é transformar positivamente os indicadores de saúde da região de Santa Maria,
atendendo as necessidades locais. Ademais, o grupo considera a extensão como peça-chave
para a formação acadêmica, pois é através da extensão que o aluno consegue visualizar seu
potencial transformador para as demandas sociais.

Referências:
RÊGO, E. C. L. Políticas de regulação do mercado de medicamentos: a experiência
internacional. Revista do BNDES, Rio de Janeiro, v. 7, n. 14 , p. 367-399, dez. 2000.

SCHENKEL, E. P. Como São Armazenados Os Medicamentos Nos Domicílios? Acta


farmacéutica bonaerense, Buenos Aires, AR, v. 24, n. 2, p. 266-270, 2005.

ZUCCATO, E., CASTIGLIONI, S., FANELLI, R. et al. Pharmaceuticals in the


Environment in Italy: Causes, Occurrence, Effects and Control. Env Sci Poll Res Int, 13,
p. 15-21, 2006.

FAIOLLA, F. P. Grupo Medicação: promoção e educação em saúde sobre armazenamento


e descarte de medicamentos em Santa Maria/RS. Londrina, PR. Anais 38º SEURS. p. 640-
643, nov. 2020.

NUNES, A. L. P. F.; SILVA, M. B. C. A extensão universitária no ensino superior e a


sociedade. Mal-Estar e Sociedade, Ano IV, n. 7, p. 119-133- jul./dez. 2011.

JESUS, P. R.; ZUCCO, B. S.; OLIVEIRA D. M., et al. Descarte de medicamentos:


contextualização e desenvolvimento de material educativo. In: Torres VLG, organizadora.
Princípios e Fundamentos das Ciências da Saúde 2. Belo Horizonte: Atena; 2018. p. 61-76.

PANOSSO, E. S. ; OLIVEIRA, D. M. ; BAYER, V. M. L. ; FLORES, L. M. ; ROCHA, V.


M. P. ; RIES, E. F. . Validação de material educativo sobre descarte de medicamentos. In:
TORRES, V. L. G. (org.). Princípios e Fundamentos das Ciências da Saúde 2. 1. ed.
Ponta Grossa: Atena Editora, 2018, v. 2, p. 44-60.

OLIVEIRA, D. M. D.; JESUS, P. R. D.; ZUCCO, B. D. S. ; PANOSSO, E. D. S.;


ROCHA, V. M. P.; BAYER, V. M. L.; RIES, E. F. Desenvolvimento, validação e
utilização de material educativo sobre armazenamento correto de medicamentos. Revista
Saúde e Pesquisa, v. 13, p. 461-473, 2020.

1110
SABINO, S. F. O auxílio lúdico-tecnológico para a metodologia de ensino. Revista
Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento, Ano 1. v. 9. pp. 107-117,
out./nov. 2016.

Trabalho apoiado pelo programa FIEX-CCS

1111
INCONTINÊNCIA URINÁRIA EM IDOSAS PRATICANTES DE PILATES
ONLINE
Área temática: Saúde
Coordenadora da atividade: Patricia Tyski SUCKOW
Instituição: Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO)
Autores: M. FONSECA 1; Y. MOKOCHINSKI 2; F.F. MOREIRA3; T. V. GÓES4; K.
BRAGNHOLO5.

Resumo:
Ainda que a incontinência urinária (IU) não seja uma condição que leve a um risco de vida,
ela afeta diretamente o bem-estar físico, emocional e social. Nesse contexto, os exercícios
de Pilates, melhoram a força abdominal e do assoalho pélvico, melhorando a qualidade de
vida das pessoas acometidas pela IU. Objetivo deste trabalho é verificar a incidência de IU
em idosas praticantes do Pilates on-line em e em idosas não-praticantes. Foi analisado um
grupo de mulheres que participaram dos exercícios físicos propostos (de forma online) e
outro grupo de mulheres que não realizaram tais atividades físicas. A avaliação foi por
meio do questionário Pelvic Floor Bother Questionnaire (PFBQ). Participaram desta
pesquisa 40 mulheres, sendo 22 mulheres praticantes e 18 não praticantes. No PFBQ, as
mulheres que praticaram os exercícios propostos obtiveram como média a pontuação de
7,36, enquanto no grupo de mulheres não praticantes de exercícios a média foi de 7,72.
Mulheres praticantes do pilates online obtiveram maior incidência de IU de esforço e IU de
urgência, enquanto as mulheres não praticantes o número foi maior de incontinência fecal,
frequência miccional, desconforto para urinar e perda acidental de fezes ou gases.

Palavras-chave: Incontinência Urinária; Idoso; Pilates.

1
Maiara Fonseca, aluna do curso de Fisioterapia da Universidade Estadual do Centro-Oeste.
2
Yasmim Mokochinski, aluna do curso de Fisioterapia da Universidade Estadual do Centro-Oeste.
3
Felipe Figueiredo Moreira, aluno do curso de Fisioterapia da Universidade Estadual do Centro-Oeste.
4
Thairiny Vach de Góes, aluna do curso de Fisioterapia da Universidade Estadual do Centro-Oeste.
5
Ketllin Bragnholo, aluna do curso de Fisioterapia da Universidade Estadual do Centro-Oeste.

1112
Introdução
A incontinência urinária (IU) tem como definição a perda involuntária de urina pela
uretra e atualmente é considerada como um problema de saúde pública. O tipo mais
comum é a incontinência urinária por esforço (IUE) tendo uma prevalência de 86%. Pode
ocorrer em qualquer faixa etária, tanto no homem, como na mulher, porém é mais comum
entre as mulheres, especialmente as mulheres mais velhas (1).
Segundo Baracho (2018), a IU afeta 27% da população mundial de ambos os sexos,
sendo que nas mulheres é duas vezes mais frequente que nos homens e cerca de 30 a 70%
são mulheres na pós menopausa. Isso se deve aos efeitos cumulativos dos sistemas, como
cirurgias, deformidades pélvicas, número de paridades e o hipoestrogenismo, que afeta de
forma negativa a função do esfíncter da bexiga (2).
Outro fator que pode levar ao aparecimento da IU nas mulheres é a própria
anatomia. Além da uretra, a mulher ainda apresenta duas falhas naturais no assoalho
pélvico, que fazem com que a musculatura que dá a sustentação pélvica e que produz a
contração da uretra, sejam mais frágeis nas mulheres (3). Ainda que a IU não seja uma
condição que leve a um risco de vida, ela afeta diretamente o bem-estar físico, emocional e
social dessas mulheres acometidas. Fazendo com que elas deixem de praticar atividades
físicas e de sair de casa, por medo da eliminação involuntária de urina (1).
Os exercícios de Pilates, segundo Hein et al. (2020), melhoram a força abdominal e
do assoalho pélvico e podem ser executados com trabalho de respiração. O transverso do
abdome e o assoalho pélvico se contraem durante a expiração, enquanto, durante a
inspiração, o assoalho pélvico se alonga e o diafragma se contrai.
Desta forma, o presente estudo teve como objetivo verificar a incidência de IU nas
idosas praticantes do Pilates on-line em comparação com as idosas não-praticantes.

Metodologia
No presente estudo, foram analisados dois grupos de mulheres que fazem parte da
Universidade Aberta à Terceira Idade – UNATI, o primeiro grupo participou de exercícios
físicos propostos e orientados por acadêmicos de fisioterapia, e o segundo grupo não
realizou tais atividades físicas, onde os dados das participantes do estudo foram coletados

1113
após 14 semanas de exercícios. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa
da Universidade Estadual do Centro Oeste - UNICENTRO, onde todos os participantes
foram informados sobre os procedimentos da pesquisa.
As atividades físicas foram por meio da plataforma online (Google Meet), a
frequência de prática de exercícios foi de 3 dias na semana de 40 a 50 minutos de duração,
durante 14 semanas. Os exercícios propostos foram exercícios de aquecimento no início e
desaquecimento no final, sendo compostos de alongamentos e exercícios de mobilidade.
A avaliação foi por meio do questionário Pelvic Floor Bother Questionnaire
(PFBQ) via digital, que contém 9 questões sobre IU de esforço, frequência, urgência
miccional, IU de urgência, disúria, prolapso genital, disfunção defecatória e dispareunia
(5). A análise de dados foi feita de forma quantitativa e qualitativa a partir dos
questionários online aplicados em cada participante da pesquisa.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Participaram desta pesquisa 40 mulheres, sendo o grupo de praticantes com 22
mulheres e não praticantes com 18 mulheres. A idade média das participantes foi de
69,67±10 anos para no grupo de não praticantes e de 69,1±15 anos no grupo de praticantes
de exercícios físicos.
De acordo com o questionário PFBQ, o grupo de mulheres não praticantes de
exercícios ficaram com uma média superior (7,72) ao grupo de mulheres que praticaram os
exercícios propostos (7,36).
Foi notado uma maior prevalência de incontinência urinária no grupo de mulheres
praticantes de exercícios, o que indica a possibilidade de que mulheres com disfunções
pélvicas tenham interesse em tratamentos que possam melhorar o seu estado geral de saúde
(7).

1114
Gráfico 1 - Pelvic Floor Bother Questionnaire (PFBQ)

Sobre a frequência miccional aumentada, desconforto para urinar e perda acidental


de fezes ou gases, foi mais prevalente no grupo de não praticantes (Gráfico 2), conclui que
a frequência de perda de urinária está relacionada com os baixos níveis de atividade física
(4)

Gráfico 2 - Pelvic Floor Bother Questionnaire (PFBQ)

Considerações Finais
Conclui-se com esse estudo que as mulheres praticantes do pilates online obtiveram
maior incidência de IU de esforço e IU de urgência, enquanto as mulheres não praticantes
o número de incontinência fecal, frequência miccional, desconforto para urinar e perda
acidental de fezes ou gases foi maior.

Referências
BARACHO, Elza. Fisioterapia aplicada à saúde da mulher. 6. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2018.

1115
CARNEIRO, Jair Almeida et al. Prevalência e fatores associados à incontinência urinária
em idosos não institucionalizados. Cad. Saúde Colet, Rio de Janeiro, v. 25, p. 268-277,
2017.

GOMES, Ludimilla Barbosa; SILVA, Solange Teixeira. Avaliação da qualidade de vida


em relação à incontinência urinaria nas alunas dos cursos de Educação Física e
Enfermagem. E-RAC, Minas Gerais, v. 9, ed. 1, 2019.

MENEZES, Enaiane Cristina; VIRTUOSO, Janeisa Franck; MAZO, Giovana Zarpellon.


Mulheres idosas com incontinência urinária apresentam menor nível de atividade física
habitual. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano, v. 17, n. 5,
p. 612-620, 2015.

PINTO, Thais Villela Peterson Ambar. Validação em português de questionário de


avaliação global de sintomas relacionados às disfunções do assoalho pélvico. Programa
de Obstetricia e Ginecologia, São Paulo, 2017.

HEIN, Jane T. et al. Effect of a 12-Week Pilates Pelvic Floor-Strengthening Program on


Short-Term Measures of Stress Urinary Incontinence in Women: A Pilot Study. The
journal of alternative and complementary medicine, Rochester, MN, 2020.

MAIA, Mariana; DA ROZA, Thuane; MASCARENHAS, Teresa. Female athlete pelvic


floor–urogynecological overview O pavimento pélvico da mulher atleta–perspectiva
uroginecológica. Acta Obstet Ginecol Port, v. 9, n. 1, p. 56-64, 2015.

1116
A IMPORTÂNCIA DE GRUPOS DE AJUDA E SUPORTE MÚTUOS
ONLINE PARA A POPULAÇÃO EM SOFRIMENTO MENTAL NA
PANDEMIA DE COVID-19

Área temática: Saúde


Coordenador(a) da atividade: Tatiana DIMOV
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
Autores: N. RODRIGUES 1; AP. DELLBRÜGGER. 2 E. RICCI 3

Resumo:
A pandemia da COVID-19 causou impactos e rupturas abruptas no cotidiano dos sujeitos a
nível mundial e teve muitas consequências psicológicas negativas. Usuárias/os de serviços
de saúde mental foram especialmente afetadas/os. Assim, por meio de uma ação coletiva
de extensão, ofertou-se um grupo focal de ajuda e suporte mútuos para essa população.
Busca-se, com o presente trabalho, apresentar os resultados dessa ação para as/os
usuários/as, bem como a importância dessa ação extensionista aliada à pesquisa e ao ensino
para a formação das acadêmicas. Cada encontro durou 1h30min e teve a participação
média de 4 usuários/as de saúde mental. A partir das narrativas elencaram-se cinco
categorias de análise as quais serão comentadas brevemente. Os objetivos da extensão
associadas à pesquisa e ao ensino foram alcançados tanto para os/as usuárias de serviços da
saúde mental, que tiveram seus estados emocionais melhorados significativamente, em
especial aqueles/as com maior assiduidade de participação quanto para as acadêmicas, pois
permitiu a vivência prática do cuidado grupal estudado teoricamente nas disciplinas do
curso de Terapia Ocupacional.

Palavras-chave: Saúde mental; Grupos de apoio; Telessaúde.

1
Nathália Rodrigues, Universidade Federal de Santa Maria (aluna [Terapia ocupacional]).
2
Ana Paula Dellbrügger, Universidade Federal de Santa Maria (aluna [Terapia Ocupacional]).
3
Ellen Ricci, Universidade Federal de Pelotas (servidor docente).

1117
Introdução
O distanciamento social para conter a disseminação do coronavírus (COVID-19),
apesar de ser uma medida importante de prevenção contra o coronavírus, causou impactos
e rupturas abruptas no cotidiano dos sujeitos a nível mundial e teve muitas consequências
psicológicas negativas. Tais impactos afetaram, de forma singular e acentuada, pessoas que
já apresentavam quadros de sofrimento psíquico, um grupo vulnerável para o agravamento
de sintomas (INCHAUSTI et al., 2020).
Uma das ações para atender a essa população refere-se ao grupo focal de ajuda e
suporte mútuos para usuárias/os de serviços de saúde mental compõe a pesquisa base
“Pandemia de COVID- 19 no Brasil: avaliação de estados emocionais, cotidianos e
dispositivos virtuais de ajuda e suporte mútuo à população” desenvolvida conjuntamente
pela Universidade Federal de Pelotas e Universidade Federal de Santa Maria.
Tal ação se configurou como uma simbiose entre um projeto de extensão, pesquisa
e ensino e o auxílio à comunidade, em específico, usuários/as de serviços da saúde mental.
Participaram desta atividade de extensão acadêmicas do curso de Terapia Ocupacional e de
Psicologia da Universidade Federal de Santa Maria, residentes de Terapia Ocupacional em
saúde mental e docentes de Terapia Ocupacional das duas instituições. Assim, o presente
trabalho pretende apresentar os resultados dessa ação para as/os usuários/as, bem como a
importância dessa ação extensionista aliada à pesquisa e ao ensino para a formação das
acadêmicas.
Metodologia
Os grupos foram realizados semanalmente durante seis semanas, entre setembro e
outubro de 2020, totalizando seis encontros. Com duração média de 1h30min, e
participação média de 4 integrantes por encontro. Após o término do grupo focal as falas
foram transcritas e analisadas na íntegra. A partir da análise do discurso os conteúdos
foram categorizados para propiciar a elaboração de uma narrativa hermenêutica que
buscasse compreender os efeitos da pandemia entre usuárias/os de serviços da saúde
mental. Tal recurso metodológico proporcionou compreender de forma mais complexa a
realidade a partir dos atores envolvidos (DIMOV, T.; RICCI E., 2016).

1118
Com base nas narrativas elencaram-se cinco categorias de análise, as quais serão
comentadas brevemente: mudanças no cotidiano; estratégias para lidar com os sintomas e
isolamento social; estados emocionais; importância do apoio mútuo/entre pares e as
repercussões do grupo de ajuda e suporte mútuo; e vinculação dos participantes para com o
grupo.

Desenvolvimento e processos avaliativos


A partir de uma demanda vinda principalmente de universitários, uma professora e
uma estudante do curso de Terapia Ocupacional da UFPel desenvolveram grupos de ajuda
e suporte mútuos no início da pandemia em formato de Rodas de Conversa Virtuais os
quais mostraram-se bastante efetivos no cuidado à população. Assim, essa proposta foi
ampliada para outros grupos populacionais como estratégia de largo alcance adequada ao
enfrentamento dos riscos psíquicos decorrentes da pandemia de COVID-19.
O grupo teve uma boa adesão (88,88%), com apenas uma desistência, e contou com
a participação média de 4 usuárias/os por encontro. Os diagnósticos psiquiátricos foram
variados, sendo os principais ansiedade e depressão. Nas narrativas, em relação às
mudanças na vida cotidiana, algumas questões foram trazidas de forma bastante enfática e
na maioria dos encontros como, por exemplo, mudanças na rotina de trabalho e de estudo,
novas demandas e cobranças do trabalho excessivas como se não existisse a pandemia,
frustração pela pandemia adiar os planos, cobranças excessivas do trabalho e, por fim,
sobrecarga de quem exerce funções de cuidado, em especial, de uma mulher com filhos e
pais idosos.
Outra categoria refere-se aos estados emocionais em que os participantes relataram
o agravamento dos sintomas de ansiedade, depressão e estresse já existentes, aumento das
doses de medicamentos, além de efeitos colaterais negativos das medicações como: perda
de memória; fome exagerada; fala lenta associada ao pensamento acelerado, gerando um
“delay” na comunicação; preconceito devido à associação da medicação como um sinal de
fraqueza; dificuldade dos familiares de aceitarem o transtorno; dificuldade para dormir;
medo de pegar covid e de transmitir para a família; além de irritação com as pessoas
negacionistas que fingem estar “tudo bem”.

1119
Como estratégias para lidar com essas situações, os participantes relataram que o
acompanhamento psicológico contínuo durante a pandemia, seja de forma particular, nas
UBSs ou em projetos voluntários, foram de grande relevância para a manutenção da saúde
mental, assim como a companhia de um animal de estimação e permitir-se realizar
atividades significativas. Outra estratégia interessante foi a da “bolha social” para haver o
mínimo de convivência com outras pessoas da família ou amigos que mantinham contato
desde o início da pandemia. Ademais, viajar e/ou fazer turismo para aliviar a tensão,
seguindo as recomendações de saúde, bem como voltar à rotina de estudos e trabalho foi
um facilitador para cuidar da saúde mental. Além disso, muitos participantes tinham
expectativas para o futuro como: novo emprego, viagens, formatura, intercâmbio, volta aos
estudos, etc.
No que se refere à importância do grupo de ajuda e suporte mútuo desenvolvido
pela atividade de extensão, percebeu-se pelas narrativas que o mesmo teve um impacto
significativo no cotidiano dos participantes, que relataram que os encontros foram espaços
importantes para conversar, se identificar com outras pessoas e não se sentir só, e trocar
experiências. Também frisaram a importância de ações deste tipo para suprir a demanda de
saúde mental dos serviços especializados, os quais não estavam conseguindo atender toda a
população durante a pandemia, sobretudo pessoas de baixa renda ou desempregados.
Um desafio encontrado foi a vinculação dos participantes, que não se fizeram
presentes em todos os encontros. Apesar de ter ocorrido apenas uma desistência, a
participação foi pequena, pois apenas 3 dos 9 participantes estiveram presentes em mais da
metade dos encontros. Supõe-se que as pessoas com histórico de sofrimento psíquico
teriam uma vinculação e uma participação mais ativa se fossem atendidas por serviços de
referência e base territorial.
Durante os encontros as acadêmicas extensionistas puderam observar, manejar ou
ajudar a manejar o grupo focal ofertado, seguindo a proposta do grupo de ajuda e suporte
mútuo, além de se colocarem como participantes do grupo, trocando as suas experiências.
Assim, pode-se visualizar o processo grupal, as relações que são estabelecidas e os papéis
desempenhados por cada um nesse processo, agregando experiência prática aos conteúdos
teóricos visualizados anteriormente em sala de aula.

1120
Considerações Finais
Os objetivos foram alcançados em relação a todo o processo e para todos os atores
envolvidos. O grupo de ajuda e suporte mútuo contribuiu para melhorar significativamente
os estados emocionais dos/as participantes, sobretudo daqueles/as que tiveram uma maior
assiduidade de participação. A atividade de extensão realizada também teve um grande
impacto positivo na formação das acadêmicas envolvidas, pois as mesmas puderam ter
contato com uma modalidade grupal de cuidado à saúde mental, podendo vivenciar na
prática a teoria aprendida e discutida em sala de aula.

Referências
DIMOV, T.; RICCI E. A Pesquisa Acadêmica Como Atividade Humana: Participação de
usuários da saúde mental e as contribuições da Terapia Ocupacional. Cad Ter Ocup da
UFSCar. v. 24, n.3, p. 651-658, 2016.

INCHAUSTI, F. et al. Psychological interventions and the Covid-19 pandemic. [s.l.]


PsyArXiv, 2 abr. 2020. Disponível em: <https://osf.io/8svfa>. Acesso em: 05 abr. 2021.

1121
A INFLUÊNCIA DA LIGA ACADÊMICA DE NEUROCIÊNCIAS NA
FORMAÇÃO ACADÊMICA E NA COMUNIDADE

Área temática: Saúde


Coordenadora da atividade: Zuleide Maria IGNÁCIO
Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS)
Autores: H. J. IBRAHIM 1; R. V. F. SILVA 2; T. I. T. DO CARMO 3; S. J. B. SOARES 4;
J. D. SCHRODER 5; Z. M. IGNÁCIO 6.

Resumo:
A LANEU surge com intuito de abordar assuntos da área da neurociência: psiquiatria,
neurologia, neurocirurgia etc. Para tanto, realiza diversas atividades de modo presencial e,
neste momento da Pandemia, de forma remota, via Google Meet ou YouTube. Ela tem o
intuito de complementar a formação acadêmica do discente, além de contribuir com a
promoção de saúde na comunidade. Para tanto, realizou diversas atividades, como aulas
teóricas, cine-debate, dois simpósios de divulgação científica, palestras com a participação
de organizações, como a Associação Regional de Esclerose Lateral Amiotrófica de SC
(ARELA-SC). Nesse aspecto, ela cumpre sua proposta, considerando os preceitos traçados
pelas novas diretrizes curriculares nacionais (DCN), que visam a formação de um
profissional técnico, crítico-reflexivo e humanista.

Palavras-chave: Liga Acadêmica; Neurociência; Espaço ativo de aprendizagem.

Introdução
A presença de ligas acadêmicas nas graduações dos cursos da área da saúde tem a
sua relevância no contexto de propiciar um espaço para que o acadêmico possa

1 Hélio Jungkenn Ibrahim, aluno do curso de graduação em Medicina.


2 Raíssa Victorino Faria Silva, aluna do curso de graduação em Medicina.
3 Thiago Inácio Teixeira do Carmo, aluno do curso de graduação em Medicina.
4 Sílvio José Batista Soares, aluno do curso de graduação em Medicina.
5 Jéssica Daniela Schroder, aluna do curso de graduação em Medicina.
6 Zuleide Maria Ignácio, docente dos cursos de graduação em Enfermagem e Medicina e do Programa de Pós
Graduação em Ciências Biomédicas.

1122
desenvolver seu conhecimento teórico-prático, em que as atividades visam tanto
complementar a formação acadêmica quanto levar intervenções para a comunidade que
sirvam como promotoras de saúde (QUEIROZ et al, 2014).
A Liga Acadêmica de Neurociências (LANEU) possui o intuito de trabalhar temas
relacionados à psiquiatria, à neurologia e à neurocirurgia, e, assim, incentivar as linhas de
pesquisa, além de promover debates em eventos de divulgação científica, aulas e
discussões de casos clínicos, propiciando ao discente a possibilidade de ter um método
ativo de aprendizado para complementar a formação. Além disso, em consonância com os
preceitos de uma liga acadêmica, apresenta também propostas em parceria com a
comunidade externa para que possam ser, por exemplo, traçados propostas de promoção
em saúde. A LANEU é composta por professores e alunos advindos dos cursos de
Enfermagem e Medicina da Universidade Federal da Fronteira Sul – campus Chapecó,
tendo, atualmente, o aluno Silvio José Batista Soares como presidente.

Metodologia
Durante o ano de 2020 e 2021 foram realizados debates e ensinamentos acerca da
neurociência por meio de atividades fechadas ao público da LANEU e outras atividades
abertas ao público geral, como exposição e discussão de filmes, além de estudos de casos
clínicos. Tendo em vista o período de pandemia vivenciado, as atividades foram
desenvolvidas em formato remoto, de forma a sempre manter os integrantes atualizados e
interessados. Entre as diversas atividades abertas estão a organização e realização de dois
simpósios, sendo um de neurociências e outro de suicídio.
Durante a pandemia, as atividades estão sendo realizadas por meio da plataforma
Google Meet ou YouTube, com duração entre 60 a 120 minutos. As atividades que
ocorrem pela plataforma de vídeos do YouTube ficam registradas no canal da LANEU.
Os temas das propostas são centrados nos pilares de ensino, extensão e cultura. São
escolhidos temas de relevância para a formação do profissional de saúde e para
profissionais que estão no cenário regional ou nacional. A partir disso, convida-se
profissionais de referência no assunto abordado para que possam ministrar as atividades
aos ligantes.

1123
Os eventos são divulgados e organizados pelos integrantes da direção da liga sob a
tutela dos docentes vinculados. Além disso, ao final das atividades, disponibiliza-se espaço
para comentários e questionamentos diretos aos coordenadores da atividade. Da mesma
maneira, ainda se disponibiliza formulário de presença para que os discentes possam
preencher - garantindo a presença no evento e a possibilidade de certificação.

Desenvolvimento e processos avaliativos


As atividades propostas pela LANEU envolvem discussões de casos clínicos, com
efetivo embasamento teórico, seguida da formulação de hipóteses diagnósticas e
terapêuticas dos membros vigentes. Essas atividades têm o objetivo pedagógico de colocar
o acadêmico como centro do aprendizado a partir da discussão de uma situação problema
apresentada, de modo a incitar a formação de um raciocínio clínico. O estabelecimento de
diagnóstico sindrômico, etiológico e diferencial, por exemplo, são fundamentais para a
familiarização com as mais diversas manifestações das doenças.
Além disso, é realizada a exposição de filmes, com posterior debate guiado por
profissionais da saúde. A atividade do cine-debate tem o intuito de fomentar uma formação
humanista a partir da sensibilização do discente pela arte. A discussão de uma obra
cinematográfica às luzes do conhecimento teórico construído ao longo da formação
propicia a oportunidade de reflexão sobre a realidade que é apresentada, de modo a formar
um profissional crítico e reflexivo (BIASCO et al., 2005). Também são oferecidas aulas
abertas, com a oportunidade de participação da comunidade que não compõe a liga, a fim
de promover maior conhecimento, acessibilidade e envolvimento de todos.
Além das atividades de discussão acadêmica, no ano de 2020 foram realizados o I
simpósio de Neurociência Clínica e Experimental – Neuroinflamação e Neuroinfecção e o
IV Simpósio “Suicídio: uma morte evitável”. Importante ainda mencionar a atividade em
parceria com instituições como a Associação Regional de Esclerose Lateral Amiotrófica de
Santa Catarina (ARELA/SC). O evento que contou com a participação da ARELA foi um
evento que conciliou o meio científico com a divulgação das ações da instituição para a
comunidade acadêmica. Nesse aspecto, a LANEU exerceu a função da divulgação de
projetos que visam a promoção de saúde a portadores de esclerose lateral amiotrófica

1124
(ELA), além de propiciar o espaço para debate da própria doença e da realidade dos seus
portadores, de modo a colaborar com a sensibilização do futuro profissional de saúde.
Dadas as atividades propostas, é visível a influência que a LANEU exerce na
comunidade acadêmica, tendo em vista a promoção do conhecimento de forma clara e
dinâmica, além de proporcionar aos integrantes, oportunidades relacionadas ao
desenvolvimento de trabalhos, participação em pesquisas e elaboração de congressos e
simpósios.

Considerações Finais
A LANEU é uma liga acadêmica cujas propostas aos discentes e à comunidade são
baseadas nos pilares de ensino, pesquisa, cultura e extensão, de modo a propiciar uma
formação em conformidade com as DCN, dando a possibilidade de uma formação que seja
condizente com o perfil profissional esperado a partir das diretrizes (BRASIL, 2014).
Nesse aspecto, podemos citar que, com as atividades realizadas, os ligantes são
sensibilizados para serem críticos-reflexivos perante as adversidades existentes. Além
disso, o ligante complementa sua formação técnica, refinando-a a partir das próprias
discussões dos casos clínicos, de forma a aprimorar o próprio raciocínio clínico e, também,
as maneiras de adaptar o manejo clínico à realidade do usuário da rede de saúde. No
âmbito da relação com a comunidade acadêmica, a liga se posta de forma ativa e atuante,
com intervenções e atividades que visam a disseminação de conhecimento e o incentivo da
proatividade por parte dos ligantes. Portanto, a LANEU acaba por ser efetiva na formação
complementar dos acadêmicos da Universidade Federal da Fronteira Sul - Campus
Chapecó e na atuação perante a comunidade acadêmica.

Referências
BIASCO, P. G. et al. Cinema para o Estudante de Medicina: um Recurso Afetivo/Efetivo
na Educação Humanística. Revista Brasileira de Educação Médica, v. 29, n. 2, p. 119–
128, ago. 2005.

BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação


Superior. Resolução nº. 3 de 20 de junho de 2014. Institui diretrizes curriculares nacionais
do curso de graduação em Medicina e dá outras providências. Diário Oficial da União,
Brasília, 23 jun. 2014; Seção 1, p. 8-11.

1125
QUEIROZ, S, V. et al. A importância das ligas acadêmicas na formação profissional e
promoção de saúde. Fragmentos de Cultura, v. 24, p. 73-78, dez. 2014.

Apoio – Universidade Federal da Fronteira Sul – Bolsa de Extensão.

1126
A TELEMEDICINA COMO FERRAMENTA DE ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO
PARA DOENÇAS CARDIOVASCULARES E POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO
NA PANDEMIA DE COVID-19

Área temática: Saúde


Coordenador(a) da atividade: Ricardo Zanetti GOMES
Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)
Autores: J. G. F. VARGAS ; F. C. FERREIRA 2; J. P.W. DE CASTRO; L.B. BOSSO4; N.
1

NABOZNY5

Resumo:
O presente artigo apresenta um relato de experiência do projeto extensionista “Telessaúde -
Paraná: Um Projeto Piloto”, desenvolvido pela Universidade Estadual de Ponta Grossa
(UEPG), utilizando-se da telemedicina como modo de atenuar a transmissão do vírus
SARS-CoV-2 e desafogar os setores de emergência e atenção básica de saúde na cidade de
Ponta Grossa - PR. Em uma amostra de pacientes hipertensos de uma unidade básica de
saúde, foram realizados teleconsulta e exames domiciliares de sinais vitais e
eletrocardiograma para estratificação de risco, por auxílio de equipamento. Foi realizada a
teleorientação sobre uso de medicamentos e hábitos de vida adequados, bem como outras
condutas situacionais mediadas à distância pelo médico responsável. Com o treinamento
adequado e integração desses procedimentos aos demais serviços já disponíveis no
atendimento primário, o projeto atua como uma ação preventiva para pacientes hipertensos,
sem sobrecarregar um sistema de saúde já colapsado pela pandemia.

Palavras-chave: telessaúde; COVID-19; hipertensão.

1
João Gustavo Franco Vargas, aluno [medicina].
2
Felipe Camargo Ferreira, aluno [medicina]
3
João Pedro Wardani de Castro, aluno [medicina]
4
Lucas Bressan Bosso, aluno [medicina]
5
Nathan Nabozny, aluno [medicina]

1127
Introdução
Desde o início da pandemia já havia evidências de que os atendimentos por
doenças não relacionadas à COVID-19 teriam diminuição, devido ao medo dos pacientes
de se deslocarem até a unidade de saúde, expondo-se à contaminação pelo SARS-CoV-2,
como também pela falta do próprio estímulo por parte das instituições de saúde, frente à
superlotação observada nos setores de urgência e atenção primária (Appleby, 2020).
Pelos dados do Registro Civil, pode-se identificar no Brasil um aumento geral de
aproximadamente 20,49% no número de óbitos por causas cardiovasculares de 2019
(632.293 óbitos) para 2020 (761.828 óbitos). Destaca-se o aumento no número de óbitos
por causas cardiovasculares inespecíficas, que passou de 71.323 (2019) para 92.943
(2020), um acréscimo de aproximadamente 30,31%. Percebe-se que grande parte das
mortes não é relacionada diretamente ao coronavírus, mas sim à situação que a pandemia
proporciona (CAMPOS et al, 2020), com possibilidade de prevenção por monitoramento.
Diante disso, o grupo de autores participou do projeto “Telessaúde - Paraná: Um Projeto
Piloto”, pela Universidade Estadual de Ponta Grossa. A equipe atuou nas 2ª e 3ª fases do
projeto, sendo o grupo responsável pela intervenção utilizando a telemedicina. O presente
trabalho objetiva relatar a experiência com o projeto, bem como abordar as alternativas que
essas estratégias disponibilizam para a crise sanitária mundial.

Metodologia
Em uma Unidade Básica de Saúde, foi realizado um estudo experimental
exploratório, com o objetivo de comprovar ou não a hipótese de que a utilização de
plataformas digitais é eficaz para o atendimento do paciente com hipertensão e melhora o
processo de trabalho em saúde.
A equipe foi treinada para: realização de exames por Centro de Diagnóstico
Móvel(CDM); anamnese via plataforma digital; estratificação de risco segundo a Linha
Guia de Hipertensão Arterial, da Secretaria de Estado da Saúde do Paraná; cuidados
antissépticos importantes para proteção de todos os envolvidos. Em seguida, a equipe
realizou, em duplas, telemonitoramento de 90 pacientes cadastrados no acompanhamento
para hipertensos de uma UBS, no decorrer de cinco semanas, através de um sistema de

1128
rodízio no qual dois extensionistas eram acompanhados por agentes comunitárias de saúde
ou enfermeiras.
Após o upload, os dados eram analisados pelo médico responsável, associando os
dados qualitativos e quantitativos observados obtidos com a visita. Irregularidades no
eletrocardiograma ou sinais vitais (especialmente pressão arterial descompensada)
poderiam implicar na realização de uma teleconsulta ou agendamento de consulta
presencial com o próprio médico.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Durante as visitas, questões pontuais poderiam imediatamente ser intervidas
conforme orientação do profissional da saúde responsável no momento, com destaque
para: orientação para hábitos de vida e medicações já prescritas; pacientes com queixas
diversas tiveram consultas marcadas; exames de sangue não realizados ou muito
desatualizados eram informados à enfermeira responsável; pacientes descompensados
tiveram consulta marcada ou apoio imediato (uma paciente seriamente descompensada foi
atendida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência - SAMU).
Foi notado que 18% dos pacientes incluídos não tinham realizado exames de rotina
há mais de um ano, e alguns estavam há semanas sem ter sua pressão arterial aferida em
casa ou na UBS, sendo que 30% estavam com PAS>150 mmHg no momento da visita.
Ademais, a maioria não tinha realizado um eletrocardiograma nos últimos 3 anos. Esses
intervalos eram maiores em pacientes acamados, que moravam sozinhos ou mais longe da
UBS. Pela estratificação de risco de doença cardiovascular, que foi fornecida para conduta
a longo prazo, 4,4% dos pacientes foram categorizados em risco baixo, 30% em risco
moderado e 65,5% em risco alto.
Para os alunos, o treinamento em campo foi extremamente valioso, bem como a
oportunidade de contribuir para o desafogamento do sistema. Para os pacientes, a presença
de um profissional e estagiário da saúde em seu ambiente propiciava uma sensação de
acolhimento, atenção e importância com sua saúde, e os exames sempre foram recebidos
de forma positiva. O trabalho foi muito facilitado pela presença dos agentes comunitários

1129
de saúde, que traziam uma sensação de familiaridade e confiança para o paciente e
forneciam informações úteis à coleta de dados, por acompanhar os pacientes há anos.

Considerações Finais
O projeto extensionista viabiliza para a comunidade o atendimento eficiente e
acessível, já que o examinador se desloca para a casa do paciente. Vale ressaltar que as
UBS normalmente possuem registro dos pacientes com HAS, doenças cardiovasculares,
diabetes mellitus, doenças hepáticas, transtornos psiquiátricos, condições que já têm
estudos demonstrando efetividade no seu acompanhamento por telemedicina (TIMPEL et
al, 2020; MAURO et al, 2020).
Tal modalidade de medicina propicia maior acessibilidade aos pacientes acamados
ou com dificuldades de locomoção, haja vista que diversas dificuldades de transporte são
constatadas em razão das enfermidades presentes. Já no contexto da saúde da família, até
mesmo quando há facilidade de acesso à unidade de saúde, existem casos de baixa adesão
ao atendimento, que podem ser resolvidas levando o sistema, de forma conveniente, ao
paciente. Dessa forma, aumenta-se a taxa de adesão a tratamentos e acompanhamento do
estado geral do paciente, tornando as ações que visam sua melhora mais efetivas.
A partir de um projeto bem estruturado, no qual profissionais capacitados elaborem
um processo de anamnese e exame físico padronizado, junto ao uso do CDM, é possível
que extensionistas sem capacitação suficiente para atuar diretamente no combate à
COVID-19 atuem na telemedicina como modo indireto de desafogar o sistema de saúde.

Referências
APPLEBY, John. What is happening to non-covid deaths? The BMJ, v. 369, 2020.

CAMPOS, Luisa; BRANT, Caldeira; RAMOS NASCIMENTO, Bruno et al. Excess of


cardiovascular deaths during the COVID-19 pandemic in Brazilian capital cities
Healthcare delivery, economics and global health. Heart, v. 106, p. 1898–1905, 2020.

Portal da Transparência - Registro Civil. Disponível em:


<https://transparencia.registrocivil.org.br/especial-covid>. Acesso em 01 ago 2021.

1130
PARANÁ. Secretaria de Estado da Saude do Parana. Superintendencia de Atencao a
Saude. P223l Linha guia de hipertensão arterial / SAS. 2. ed. Curitiba : SESA, 2018.

MAURO, E.; MARCIANO, S.; TORRES, M. C.; ROCA, J. D.; NOVILLO, A. L.;
GADANO, A. Telemedicine Improves Access to Hepatology Consultation with High
Patient Satisfaction. J Clin Exp Hepatol. 2020

TIMPEL, P.; OSWALD, S.; SCHWARZ, P. E. H.; HARST, L. Mapping the Evidence on
the Effectiveness of Telemedicine Interventions in Diabetes, Dyslipidemia, and
Hypertension: An Umbrella Review of Systematic Reviews and Meta-Analyses. J Med
Internet Res. 2020.

1131
AÇÕES EDUCATIVAS REMOTAS PARA GRUPOS VULNERÁVEIS À COVID-
19: ADAPTAÇÕES EM TEMPOS DE PANDEMIA

Área temática: Saúde


Coordenadora da atividade: Maria Antonia Ramos COSTA
Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR)
Autores: I. F. TRINDADE 1; A.G.M. SANTOS 2; C.M.G. LABEGALINI 3; B.A.S.
LIBERATI 4.

Resumo:
Introdução: A pandemia da COVID-19 exigiu medidas de distanciamento social nunca tão
intensas em nossa sociedade. O desconhecimento da doença e a disseminação de notícias
falsas fez-se urgente a elaboração de materiais educativos sobre tal temática, em especial
para os grupos mais vulneráveis. Objetivo: Realizar ações educativas para grupos
vulneráveis em relação a pandemia da COVID-19. Metodologia: Pesquisa-ação realizada
com idosos, gestantes e puérperas. Na fase de pesquisa foram levantadas as informações
acerca dos participantes, suas demandas educativas e forma de realização da atividade. Na
fase de ação elaborou-se os vídeos, os quais foram avaliados por especialistas na área, e em
seguida divulgados junto aos participantes e toda comunidade por meio de redes sociais.
Tais ações foram elaboradas no âmbito de projetos de extensão, e possuem autorização
ética, sob parecer n°. 4.437.235/2020. Conclusões: Os participantes do estudo demostraram
fragilidades em relação aos conhecimentos de prevenção da doença, o que ressalta a
necessidade de elaboração constante de ações de educação para a saúde, por meio de
materiais educativos sobre tal temática, com linguagem clara e concisa, bem como a
reorganização de formas de ações, especialmente apoiadas por tecnologias da
comunicação.

Palavras-chave: Educação em Saúde; Pandemia; Video educativo.

1
Isabelle Felippe Trindade, bolsista PIBEX , aluna do curso de Enfermagem.
2
Ana Gabriela Moreno dos Santos, bolsista PIBIS, aluna do curso de Enfermagem.
3
Célia Maria Gomes Labegalini, servidor docente colaborador do curso de Enfermagem.
4
Bárbara Andreo dos Santos Liberati, co-orientadora, docente colaborador do curso de Enfermagem.

1132
Introdução
A COVID-19 causou a primeira pandemia dos últimos cem anos, e por se tratar de
infecção viral transmitida por aerossóis exigiu medidas de distanciamento social nunca tão
intensas em nossa sociedade. Diante desse contexto, a educação em saúde é
imprescindível para a promoção do autocuidado, por propiciar o acesso à informação de
qualidade, em destaque para públicos vulneráveis (PALÁCIO; TAKENAMI, 2020;
SOUZA, et al. 2020).
Nesse sentido, a pesquisa-ação foi conduzida por discentes e docentes do curso de
enfermagem, a fim de identificar as principais dúvidas desta população para a elaboração
de uma ação educativa crítica-reflexiva e contextualizada a realidade populacional
(SOUZA, et al. 2020). O desenvolvimento do projeto e seu desfecho se deu por meio de
mídias sociais e plataformas de comunicação, objetivando não apenas reduzir a exposição
dos idosos, gestantes e puérperas ao vírus, como também disseminar as repercussões
positivas geradas pela pesquisa. Visto que a tecnologia se tornou elemento integrante do
cotidiano social, transfigurando-se uma conexão entre o conhecimento, cuidado em saúde e
a população ((PALÁCIO; TAKENAMI, 2020; SOUZA, et al. 2020).
Assim, o desconhecimento da doença e a disseminação de notícias falsas fez-se
urgente a elaboração de materiais educativos sobre tal temática, em especial para os grupos
mais vulneráveis. Dessa forma, objetivou-se realizar ações educativas para grupos
vulneráveis em relação a pandemia da COVID-19.

Metodologia
Pesquisa-ação realizada com trinta e um participantes, sendo: quatorze idosos,
quatorze gestantes e três puérperas. Na fase de pesquisa foram levantadas as informações
acerca dos participantes, suas demandas educativas e forma que preferem a realização de
ações educativas. Tal etapa se deu por meio de formulário eletrônico, este foi divulgado
junto a grupos de WhatsApp®, e nas redes sociais Facebook® e Instagram®.
Na fase de ação elaborou-se dois vídeos educativos a partir das demandas dos
participantes, sendo um voltado especificamente aos idosos e o outro as gestantes e

1133
puérperas. Em seguida os vídeos foram avaliados por especialistas na área, e foram
realizados ajustes quanto ao conteúdo, linguagem e designe. Em seguida os materiais
foram divulgados junto aos participantes e toda comunidade por meio de redes sociais.
Tais ações foram elaboradas no âmbito dos projetos de extensão: Educação
Popular: construindo saberes e práticas para o combate a Covid-19 com idosos e Educação
em saúde na atenção as gestantes e puérperas na pandemia de SARS-Cov-2, estes projetos
são vinculados ao curso de Enfermagem de uma universidade pública, e o grupo de
trabalho é composto por três docentes e duas discentes. A fim de resguardar os princípios
éticos, tal estudo possui autorização sob parecer n°. 4.437.235/2020, e seguiu-se os
preceitos das resoluções n° 466/2012 e n° 510/2016.

Desenvolvimento e processos avaliativos


O processo de elaboração do material educativo se deu de forma contextualizada as
demandas do público-alvo. Assim, buscou-se conhecer os participantes e seus anseios.
Participaram da pesquisa 31 indivíduos, dos quais 14 são idosos, 14 gestantes e três
puérperas, com idades entre 18 e 78 anos.
Quanto a escolaridade, quatro possuem ensino fundamental, nove ensino médio,
nove ensino superior e nove a pós graduação, dos quais 68% trabalham e 55% recebem de
dois a três salários mínimos. Em relação ao estado de residência, 58% moram no Paraná,
39% em São Paulo e 3% em Santa Catarina. A maioria são casados ou estão em união
estável e metade possuem filhos.
No que se refere as dúvidas e temas que desejam compor a atividade educativa os
participantes solicitaram: transmissão do vírus; vacinação; sintomas; período de incubação
do vírus; sequelas após a contaminação em idosos e materno-fetais; medidas de prevenção;
conduta em caso de infecção; e desenvolvimento da doença no organismo. A forma de
realização da atividade educativa escolhida foi vídeo. Assim, participação da comunidade
se deu durante o planejamento da ação na escolha dos temas e da forma de realização.
A partir desses dados foram elaborados dois vídeos, sendo um específico para
idosos e outro para gestantes e puérperas. Para sua realização foram realizadas buscas em

1134
artigos científicos recentes, e em seguida foram avaliados por oito experts na área, os quais
sugeriram alterações quanto a forma, conteúdo e linguagem, estas foram incorporadas aos
vídeos. Os materiais foram disponibilizados para os participantes e demais comunidade,
por meio de redes socias, conseguindo ampliar a sua abrangência, disseminando
informações de qualidade sobre a temática e podendo contribuir para a prevenção da
doença.
Ainda, tal atividade de extensão contribuiu na formação acadêmica dos estudantes
envolvidos ao promover a experiência de prestar o cuidado de forma inovadora, inserindo a
tecnologia na atenção à saúde, com foco na promoção e prevenção da saúde. Bem como,
aprendizados em relação a enfermagem baseada em evidencias, na elaboração de
tecnologias educativas, balizadas no pensamento crítico-reflexivo e da dialogicidade.

Considerações Finais
Os participantes do estudo demostraram fragilidades em relação aos conhecimentos
sobre a COVID-19, especialmente em relação a forma de contaminação e prevenção da
doença. Tal fato ressalta a necessidade de elaboração constante de materiais educativos
sobre tal temática, com linguagem clara e concisa, bem como a reorganização de formas de
ações educativas, especialmente apoiadas por tecnologias da comunicação.
As ações por meio remoto podem ampliar a sua disseminação, e o vídeo é uma
estratégia que pode ser acessada várias vezes pelo mesmo usuário, auxiliando na
compreensão dos temas. Dessa forma, pode contribuir para a prevenção da COVID-19 e
aumenta da literacia em saúde.
Para os discentes e docentes envolvidos a elaboração de material educativo
balizado nas demandas do público-alvo permitiu a compreensão das reais demandas, bem
como aprofundamento e atualização em temas sobre a doença, bem como a apropriação de
conhecimentos sobre elaboração de vídeos quanto materiais educativos.

1135
Referências
PALÁCIO, M.A.V.; TAKENAMI, I. Em tempos de pandemia pela COVID-19: o desafio
para a educação em saúde. Visa em Debate: Sociedade, Ciência & Tecnologia, v. 8, n. 2,
p. 10-15, 2020.
SOUZA, T.S et al. Mídias sociais e educação em saúde: o combate às Fake News na
pandemia da COVID-19. Enfermagem em Foco, v. 11, n. 1. p. 124-130, 2020.

Instituição financiadora
Fundação Araucária, por meio de bolsas de extensão.

1136
AÇÕES PREVENTIVAS DA COVID-19 EM HOMENS COM FATORES DE
RISCO CARDIOVASCULAR

Área Temática: Saúde


Coordenadora da atividade: Natália Maria Maciel GUERRA SILVA
Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP)
Autores: J. A. T. da SILVA 1; M. J. de LIMA 2; B. K.³ ELIAS; N. M. de SILOS4.

Resumo:
A COVID-19 possui alta transmissibilidade, incidência e gravidade. A saúde do homem
torna-se importante, pois, muitos homens são portadores de hipertensão arterial, diabetes
mellitus e/ou doenças cardiovasculares, que são grupo de risco para a COVID-19. O
trabalho teve como objetivo realizar busca ativa dos homens com fatores de risco
cardiovascular e orientá-los sobre os fatores agravantes da COVID-19. Na metodologia foi
utilizada a busca ativa via telefone e redes sociais, para os homens com hipertensão arterial
sistêmica, diabetes mellitus e risco cardiovascular moderado e alto pelo Escore de
Framingham atendidos anteriormente no projeto “Saúde do Homem”, nos quais
aproximadamente 600 possuíam alterações. Foram coletados os dados pessoais e
esclarecido sobre o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, e sua participação
voluntária. Acrescentou-se as perguntas: peso atual, sintomas ou teste positivo para
COVID-19, se houve internação, intubação e sequela, queixa em relação a saúde, seguido
de orientações. As orientações sugeridas foram: higienização das mãos, uso de máscara,
distanciamento social e possíveis complicações, entre outras oportunas ao momento, os
participantes manifestaram diversas dúvidas, trazendo orientações complementares ao
atendimento no intuito de melhorar a qualidade de vida dos homens. Conclui-se que esse
trabalho possui alto impacto para a área da saúde e para a sociedade, pois os participantes
possuem fatores de risco para formas graves da COVID-19, portanto, precisam receber

1 Jullyendre Alves Teixeira da Silva, (aluno [Enfermagem])


2 Maria Julia de Lima, (aluno [Enfermagem]).
³ Beatriz Krull Elias, (aluno [Enfermagem]).
4
Nathália Marques de Silos, (aluno [Enfermagem]).

1137
orientações sobre sua saúde durante a pandemia, a teleconsulta consegue levar essas
informações para a população masculina sem ocasionar riscos.

Palavras-chave: Saúde do Homem; COVID-19; prevenção de doenças.

Introdução
A saúde do homem em tempos de pandemia da COVID-19 é de grande importância
pois esses, são portadores de um estilo de vida menos saudável, o que influencia na
predisposição a doenças cardiovasculares e crônicas (como hipertensão e diabetes)
(SHARMA et al., 2020). Indivíduos do sexo masculino com idade mais avançada e com
patologias pré-existentes fazem parte do grupo de risco para COVID-19 e requerem
maiores cuidados clínicos e terapêuticos e abordagem de questões como vigilância e
prevenção (KAI, KAI, 2020).
O projeto de Saúde do Homem tem interação entre ensino, pesquisa e extensão,
com alunos bolsistas e voluntários, este, desenvolvido na UENP, já atendeu mais de 1.100
homens, sendo que muitos possuíam fatores de risco para doenças cardiovasculares.
Os casos de COVID-19 apresentam-se numa escala crescente, o Paraná registrou
1.323.845 casos confirmados e 32.779 óbitos em 13/07/2021. Diante dos números
apresentados, os homens equivalem a 47% dos infectados e 58% dos óbitos (PARANÁ,
2020).
Apesar da prevalência parecida da COVID 19 entre homens e mulheres, estudos
mostram que os homens correm maior risco de agravo da infecção e ocorrência de morte
(JIN et al.,2020).
O objetivo deste trabalho foi realizar a busca ativa dos homens fatores de risco
cardiovascular por telefone e mídias sociais e orientá-los sobre a correlação com os fatores
agravantes da COVID-19. Além disso, pode-se fornecer informações para controle das
doenças pré-existentes e orientá-los sobre possíveis complicações da COVID-19 com
ênfase nas doenças de maior prevalência nos homens.

1138
Metodologia
Os dados para a análise do risco cardiovascular e Covid-19 foram aprovados pelo
comitê de ética da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP) sob o número
4.466.192.
Os homens com alterações nos exames clínicos e laboratoriais atendidos pelo
projeto de saúde do Homem desde 2014 apresentaram aproximadamente 600 pessoas, que
foram atendidos por Teleconsulta de enfermagem (Do total 1.100 homens atendidos desde
2014). Os municípios abrangidos pelo projeto são do norte do Paraná: Bandeirantes,
Abatiá, Santa Amélia, Itambaracá e Andirá.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Ao realizar as buscas (novembro de 2020 a julho 2021) foram obtidas 732 respostas
(entre ligações e busca em redes sociais), onde 422 homens que faziam parte do grupo de
comorbidades [72 Diabetes e 242 Hipertensão arterial e 108 Escore de Framingham com
risco moderado e alto (72 Moderados e 36 altos)]. Constatou-se que 19 homens foram a
óbito, sendo 06 devido a causas externas, 04 por doença cardiovascular, e dos 50 homens
que contraíram a COVID-19, 04 faleceram pelas complicações dela e 05 morreram por
outras causas. Após a tabulação completa é possível perceber associação entre o óbito por
COVID-19 associado ao escore de Framigham, Diabetes e/ou Hipertensão, reforçando a
importância de realizar ações preventivas com essa população para reduzir óbitos e
agravos.
Surgiram muitas dúvidas, como, o uso de medicações para COVID, quando
chegaria a sua vez na vacinação e sobre testes. Alguns pacientes também relataram ter
recebido a vacina, pois fazem parte do grupo de comorbidades, a maior dúvida foi sobre a
necessidade de continuar com os cuidados sugeridos. Com cada dúvida levantado pela
comunidade externa, os alunos envolvidos na busca ativa puderam pesquisar e se
aprimorar nos fatores de agravamento da COVID-19 e assim orientar os homens sobre a
importância da prevenção de comorbidades pré-existentes. O que exigiu um estudo
complementar para fornecer informações confiáveis nas orientações. Diante disso houve
um reforço maior na continuidade das ações preventivas.

1139
Considerações Finais
Ao finalizar essa etapa de trabalho no ano de 2021 houve aceitação da população
masculina, que acolheu as informações com atenção. Entre as reflexões do projeto de
extensão, as orientações, mesmo que de forma remota, são imprescindíveis para melhor a
saúde dos homens, e mostram que medidas preventivas, em especial a vacinação contra a
Covid-19, que ocorreu de forma emergencial quando o trabalho já estava em andamento,
culminou com números expressivos de redução de mortalidade (FIOCRUZ, 2021).
Assim, cumprindo os objetivos de identificar os pacientes com riscos maiores,
orientar sobre as possíveis complicações com ênfase nas doenças de maior prevalência,
levar informações oportunas a cada fase de desenvolvimento da doença e por fim,
incentivar o autocuidado na população masculina.
Verificou-se que esse projeto possui alto impacto para a saúde e sociedade, pois os
participantes possuem fatores de risco para formas graves da COVID-19, portanto,
precisam receber orientações sobre sua saúde nesta pandemia, a teleconsulta consegue
levar essas informações para a população masculina sem ocasionar riscos.

Agradecimentos
Agradeço à Professora Doutora Natália por toda orientação e apoio na execução do
projeto, a Universidade Estadual do Norte do Paraná pela bolsa PIBIC/UENP, a Fundação
Araucária pelas bolsas PIBIS extensão/PIBEX e ao CNPq pela bolsa PIBIC.

Referências
FIOCRUZ. Boletim do Observatório COVID-19. Ministério da Saúde. 2021. Disponível
em: https://portal.fiocruz.br/documento/boletim-do-observatorio-covid-19-semanas-25-e-
26 Acesso em: 13 jul. 2021

JIN, JIAN-MIN et al. Gender Differences in Patients With COVID-19: focus on severity
and mortality. Focus on Severity and Mortality. Frontiers In Public Health, v. 8, p. 1-6,
29 abr. 2020.

KAI H, KAI M. Interactions of coronaviruses with ACE2, angiotensin II, and RAS
inhibitors-lessons from available evidence and insights into COVID-19. Hypertens Res.
2020:1-7.

1140
PARANÁ. Informe epidemiológico: coronavirus (covid 19). 2021. Disponível em:
https://www.saude.pr.gov.br/sites/default/arquivos_restritos/files/documento/2021-
07/informe_epidemiologico_13_07_2021.pdf. Acesso em: 13 jul. 2021.

SHARMA G.; SANTOS, A. V.; MICHOS, E. D. Sex Differences in Mortality from


COVID-19 Pandemic: are men vulnerable and women protected?: Are Men Vulnerable
and Women Protected?. Jacc: Case Reports, 15 jul. 2020; 2 (9): 1407–1410.

1141
ACOLHIMENTO EMOCIONAL PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE MENTAL:
RELATO DE EXPERIÊNCIA COM ALUNOS DO ENSINO MÉDIO

Área temática: Saúde


Coordenadora: Edna Aparecida Lopes Bezerra KATAKURA
Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP)
Autores: L. GONÇALVES¹; V. ABRANCHES²; R. MOREIRA³; C. TASHIMA4; A.
GRANDI5; E. KATAKURA6.

Resumo:
As abordagens preventivas e de promoção à saúde são consideradas estratégias
potencialmente transformadoras, na redução da incidência de doenças, em jovens que estão
em risco de desenvolver algum transtorno mental. A ação de extensão teve como objetivo
promover acolhimento psicológico, por meio da roda de conversa, com alunos do ensino
médio, no intuito de promover a melhora dos transtornos mentais de pessoas já
diagnosticadas e a saúde mental dos adolescentes que estão em risco de desenvolver algum
transtorno. Foram realizadas 12 rodas de conversa, via remota, agendadas previamente
com o grupo. Ao final de cada encontro os alunos foram convidados a expressarem seus
sentimentos (satisfação) em relação à ação. Os alunos manifestaram certa dificuldade com
aulas remotas, sensação de solidão, dificuldade em conciliar a atividade acadêmica com os
afazeres domésticos e interesse em conhecer mais sobre os sintomas de ansiedade e
depressão. O acolhimento psicológico foi essencial, no momento pandêmico, para dar
vazão aos sentimentos e dificuldades mencionados nas rodas de conversa.

Palavras-chave: Adolescentes; Acolhimento psicológico; Saúde mental.

¹Letícia Maria Montoia Gonçalves (aluna [Enfermagem]).


²Vitória Cristina de Oliveira Abranches (bolsista UNIMED Norte Pioneiro).
³Ricardo Castanho Moreira (servidor docente).
4 Cristiano Massao Tashima (servidor docente).
5Ana Lúcia De Grandi (servidor docente).
6Edna Aparecida Lopes Bezerra Katakura (servidor docente).

1142
Introdução
As abordagens preventivas recentemente ganharam força para melhorar a saúde
mental da população, há evidências que apoiam a prevenção primária de transtornos
mentais e a promoção da boa saúde mental como potenciais estratégias transformadoras, na
redução da incidência de doenças em jovens que estão em risco de desenvolver transtornos
mentais (FUSAR-POLI et al, 2021).
Geralmente, o início dos sintomas dos transtornos ocorre na adolescência
(AUERBACH et al, 2018), além da vulnerabilidade para ansiedade e depressão, estudos
apontam que os adolescentes e jovens são altamente vulneráveis ao suicídio (RIBEIRO e
MOREIRA, 2018; FERNANDES et al, 2020), e com taxas de mortalidade ascendente, no
Brasil, entre 1997 e 2016 (FERNANDES et al, 2020).
Para o enfrentamento das questões em saúde mental as intervenções psicológicas e
psicoeducacionais, em subgrupos, são potencialmente indicadas para melhorar os sintomas
de ansiedade e depressão e as abordagens universais de saúde pública que visam o clima
escolar ou os determinantes sociais (demográficos, econômicos, de vizinhança, ambientais,
sociais /culturais) dos transtornos mentais têm maior potencial para reduzir o perfil de risco
da população como um todo (FUSAR-POLI et al, 2021).
Para tanto, a ação de extensão teve como objetivo promover o acolhimento
psicológico, por meio da roda de conversa, com alunos do ensino médio, no intuito de
promover a melhora dos transtornos mentais de pessoas, possivelmente, diagnosticadas e a
saúde mental dos adolescentes que estão em risco de desenvolver algum transtorno.

Metodologia
Trata-se de um relato de experiência sobre o acolhimento emocional a partir de
rodas de conversa com alunos de uma escola do ensino médio, no município de
Bandeirantes-PR. A roda de conversa promove a fala de maneira livre a partir do interesse
dos participantes, estruturada da seguinte forma: 3 rodas de conversa para cada série
escolar, a primeira roda teve como objetivo apresentação da proposta da ação extensionista
e levantamento de temas de interesse do grupo para debate, a segunda e terceira roda foram
destinadas ao desenvolvimento dos temas sugeridos pelo grupo. Todas as rodas de

1143
conversa foram realizadas de forma remota, por meio de encontros virtuais na modalidade
coletiva, em plataforma digital da própria escola, agendados previamente, com duração de
50 minutos, todos os encontros foram conduzidos por uma psicóloga e uma acadêmica de
enfermagem. A participação dos alunos era livre e balizada por questionamentos da
psicóloga a respeito dos discursos apresentados e/ou a partir de alguma questão norteadora.
Ao final de cada roda de conversa era feita uma avaliação oral sobre a satisfação dos
participantes com o encontro.

Desenvolvimento e processos avaliativo


O primeiro passo foi realizar um mapeamento, por telefone, das escolas públicas de
ensino médio na cidade de Bandeirantes, para divulgarmos nossa proposta de intervenção.
Em seguida, contactamos a direção da escola, de forma remota, que recebeu a proposta de
maneira participativa e com alta expectativa. Em razão do momento no qual a educação
está inserida, ela considerou o acolhimento psicológico uma ação essencial, em período de
pandemia, já que tem observado problemas emocionais e comportamentais em alguns
alunos. A própria direção da escola se ofereceu para confeccionar um cartaz, online,
convidando os alunos para participarem da roda de conversa. A coordenação e direção da
escola tiveram um papel importante na divulgação e planejamento dessa ação
extensionista.
Ao todo foram realizadas 12 rodas de conversas com um total de 15 alunos do
ensino médio de uma escola pública. As rodas de conversa com as turmas do período
matutino foram organizadas por série, foram realizadas três rodas de conversa com alunos
do 1ºano, três com alunos do 2ºano e três com alunos do 3ºano, a faixa etária variou entre
14 a 18 anos. Inicialmente os grupos revelaram sentir o impacto do isolamento social, com
as aulas remotas e contexto geral da pandemia, a falta de contato com os colegas corrobora
para agravar a falta de socialização e comunicação no manejo das angústias e
compartilhamento dos afetos negativos e positivos, subjacentes às relações interpessoais.
Essa foi uma queixa majoritária nas rodas de conversa.
No decorrer da ação verificamos também que os grupos tinham algo em comum,
todos mencionaram interesse sobre o tema ansiedade e depressão, alguns apenas tinham

1144
curiosidade em saber mais sobre o assunto, em contrapartida, outros queriam saber do
assunto por terem vivenciado algum dos transtornos ou porque conhecem alguém que sofre
com a ansiedade e a depressão. Outra característica importante desse grupo foi a crença de
normalização do “adoecimento psicológico”, alguns adolescentes sentem solidão, não
sabem o que fazer com ela e acreditam que é um sentimento “normal”, usam da
racionalização para explicar esse sentimento “[... muitas pessoas sentem solidão]”.
Com os alunos do período vespertino foram realizados apenas três encontros, nesse
turno funciona a modalidade formação de docentes, assim uma característica do grupo foi a
diferença de idade em alunos da mesma turma, por isso optamos juntamente com a direção
da escola, em juntar as três séries. A maior dificuldade relatada pelos participantes era
conciliar a vida acadêmica com os afazeres domésticos, uma vez que a maioria são
mulheres, mais velhas, e algumas com filhos.
Em todos os grupos notamos uma resistência em expor o rosto, às vezes justificado
como vergonha ou porque tinham que fazer mais de uma atividade ao mesmo tempo,
dificultando a abertura da câmera. Ponto que requer reflexão a respeito dos impactos da
autoestima ao se apresentar e no pensamento a respeito do acúmulo de funções domésticas
e o impacto delas na vida educacional.
Quanto ao nível de satisfação com as rodas de conversa, os alunos relataram que a
ação foi muito boa e que deveria ter mais intervenções como essa, porém, notamos alguns
posicionamentos ambivalentes, ao serem abordados sobre quais assuntos queriam tratar em
um próximo encontro, se esquivava não dizendo sobre o que gostariam de conversar.
O ambiente escolar além de sua função educacional tem um papel importante nos
processos de socialização, momento em que a existência do sujeito pode ser manifestada
com mais liberdade, o que vem a ser retirado com o regime remoto. Por isso, a importância
de promover uma escuta direcionada ao que está latente em cada aluno, como uma
estratégia de cuidado à saúde mental.
O projeto teve um impacto importante na formação acadêmica dos alunos, por meio
do contato direto com os alunos do ensino médio, o acadêmico foi estimulado a pensar
sobre a realidade e propor soluções aplicáveis para as necessidades de saúde,
especialmente a saúde mental. Além disso, o acadêmico pôde verificar a importância que

1145
tem a fala, o diálogo, na conduta terapêutica. Ademais, há uma contribuição à respeito da
formação de vínculo profissional, com o estabelecimento de relações confiáveis, para uma
escuta eficaz sobre as demandas de saúde do paciente/cliente.
Essa ação de extensionista está vinculada ao projeto de extensão “Ações de
promoção da saúde e bem-estar para comunidade”, que tem como parceiro a Unimed Norte
Pioneiro.

Considerações Finais
Diante do momento pandêmico em que a comunidade está inserida o acolhimento
psicológico se tornou necessário, pois todos estão sendo afetados de alguma forma.
Através dos relatos a vulnerabilidade emocional dos adolescentes foi aparecendo, crenças
errôneas sobre saúde foram desveladas, demonstrando a necessidade de criar espaços de
escuta especializada, para desmistificar a saúde mental com informação de qualidade.
Ressaltamos a importância da continuidade dessas ações, pouco trabalhadas em sociedade,
muitas vezes por falta de preparo técnico e profissional, baixo investimento financeiro nas
categorias capazes de amparar tais questões ou por mistificação de tais demandas, por parte
da comunidade em geral, como no caso de temáticas acerca do suicídio, ansiedade,
depressão e questões sociais a elas ligadas. Com esses espaços de discussão e escuta pode-
se possibilitar um âmbito relacional mais saudável, sensível e preparado frente a tais
queixas a longo prazo, e a curto prazo o que se tem é uma comunidade estudantil sendo
tratada e possivelmente capacitada para dar seguimento com os objetivos aos quais se
propõe.

Referências
AUERBACH, Randy P. et al. WHO World Mental Health Surveys International College
Student Project: Prevalence and distribution of mental disorders. Journal of abnormal
psychology, v. 127, n. 7, p. 623, 2018.

FERNANDES, Fabiana Yanes et al. Tendência de suicídio em adolescentes brasileiros


entre 1997 e 2016. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 29, p. e2020117, 2020.

FUSAR-POLI, Paolo et al. Psiquiatria preventiva: um projeto para melhorar a saúde


mental dos jovens. Psiquiatria Mundial , v. 20, n. 2, pág. 200-221, 2021.

1146
RIBEIRO, José Mendes; MOREIRA, Marcelo Rasga. Uma abordagem sobre o suicídio de
adolescentes e jovens no Brasil. Ciência & Saúde Coletiva 2018, v. 23, n. 9, 2021.

Letícia Maria Montoia Gonçalves, acadêmica de Enferma,em e bolsista da Fundação


Araucária.

1147
ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO: ATENÇÃO À SAÚDE, FORMAÇÃO E
FORTALECIMENTO DE REDES DE CUIDADO

Área temática: Saúde


Coordenadora da atividade: Ana Lúcia Mandelli de MARSILLAC
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Autores: D. PINOTTI 1; D. Z. PICHETTI 2; H. LINK 3; N. GOULART 4;
P. R. A. MIRANDA 5; A. L. M. MARSILLAC 6.

Resumo:
O Projeto de extensão Acompanhamento Terapêutico: clínica e criação na cidade busca
constituir um espaço de formação teórica e prática sobre a clínica psicanalítica das psicoses
e de atenção à saúde, vinculando a Universidade Federal de Santa Catarina às redes de
saúde e assistência social do município de Florianópolis através do curso de Psicologia.
Objetiva-se como função do extensionista, através da clínica ampliada, secretariar os
sujeitos em suas andanças no espaço social; os locais onde ocorrem os atendimentos
variam de acordo com a disponibilidade e condição de cada acompanhado. O projeto faz-se
potente à medida que coloca em questão a norma dominante vigente, convidando
extensionistas e usuários a construir formas outras de estar no laço social. Além disso,
permite a experiência da escuta, acolhimento e testemunho aos casos graves, contribuindo
com a qualificação da formação e o fortalecimento de redes de cuidado.

Palavras-chave: acompanhamento terapêutico; psicanálise; formação.

1
Davi Guilherme Facin Pinotti, aluno [Psicologia].
2
Daniella Zichtl Pichetti, aluna [Psicologia].
3
Hellen Link, aluna [Psicologia].
4
Natália Dias Goulart, aluna [Psicologia].
5
Paulo Ricardo de Araújo Miranda, aluno [Psicologia].
6
Ana Lúcia Mandelli de Marsillac, docente [Psicologia].

1148
Introdução
Inaugurado em 2014, o Projeto de extensão Acompanhamento Terapêutico: clínica
e criação na cidade (Projeto AT) já é integrante da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS)
de Florianópolis e busca constituir um espaço de a) reflexão e formação teórica sobre a
clínica das psicoses; e b) atenção à saúde, vinculando a Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC) às redes de saúde e assistência social do município de Florianópolis
através do curso de Psicologia. A relevância do Projeto reside na expansão da maneira
como estão estruturadas teoria e técnica na atuação clínica com sujeitos em sofrimento
agravado fora do setting terapêutico tradicional.
A modalidade clínica adotada é o Acompanhamento Terapêutico, uma proposta de
clínica ampliada que aponta para um secretariar como função do extensionista, cuja marca
é a deriva através da polis como produto da escuta do alienado enquanto sujeito impassível
de normalização ou direcionamento que partisse de um outro. O Laboratório de
Psicanálise, Processos Criativos e Interações Políticas (LAPCIP) da UFSC é quem torna
toda a atuação possível. O grupo que compõe o Projeto AT, coordenado pela Profa. Dra.
Ana Lúcia Mandelli de Marsillac, conta com extensionistas, alunos(as) que estão
realizando observações de pesquisa para disciplinas cursadas na Psicologia, outras(os)
professoras(es) do curso, psicanalistas e pós-graduandos. Além disso, conta com a
frequência periódica de uma psicóloga do CAPS II, o que permite a operação do projeto
como “lugar de borda” (METZGER, 2017, p.45) institucional 一 entre o dentro e o fora 一
, fazendo furo nos discursos instituídos.

Metodologia
Considerando a psicanálise como um campo híbrido por excelência
(MARSILLAC; TANCREDI; SOUSA, 2018), a metodologia está fundamentada na clínica
psicanalítica freudo-lacaniana das psicoses (CALLIGARIS, 1989/2013; FREUD,
1911/2010; LACAN, 1958/1998) articulada a outras áreas do conhecimento. Nesse
sentido, o projeto de extensão e pesquisa “Acompanhamento Terapêutico: clínica e criação
na cidade” é o resultado - sempre parcial - do sucessivo desdobramento da dialética entre

1149
teoria e prática psicanalítica, ou seja, da tensão constante entre a formalização das
categorias clínicas e a inventividade radical do encontro terapêutico.
São acompanhados pelo projeto, sujeitos que demandam algum tipo de
intensificação de cuidado em saúde mental, geralmente casos de neuroses graves ou
psicoses. Embora a clínica diferencial seja fundamental para as reflexões sobre a direção
do tratamento e suas formas de manejo, o sujeito com o qual se trabalha em psicanálise não
pode ser reduzido a uma generalidade nosográfica. O sujeito escutado pela clínica
psicanalítica é sempre singular.
No que tange ao fluxo de encaminhamentos, o projeto AT recebe demandas para
acompanhamentos de diversos pontos da RAPS, sobretudo do CAPS II. Os locais onde
ocorrem os atendimentos variam de acordo com a disponibilidade e condição de cada
acompanhado, ora por videochamada (em função da Sars-Cov-2), ora nos espaços públicos
ou privados da cidade. As etapas do tratamento modulam-se de acordo com a
temporalidade lógica de cada acompanhamento, avaliadas em supervisão coletiva.

Desenvolvimento e processos avaliativos


O Projeto AT é uma estratégia clínica que tem em vista a circulação dos sujeitos no
laço social nas suas diferenças em relação a uma suposta normalidade não-louca.
A clínica do AT desenvolve-se em diálogo com o sujeito e seu entorno, tendo em
vista a dimensão de testemunho presente no secretariar o sujeito em atividades cotidianas.
Sob esta ótica, levamos em conta o construir as direções do tratamento em conjunto ao
acompanhado e sua rede. Assim, o acompanhamento do sujeito por jornadas no espaço
social se mostra rico para o trabalho, fazendo surgir relações deste com o espaço habitado.
Da mesma forma, o que se apresenta como trabalho no AT online, intermediado pelas
telas, também emerge como possibilidade de percorrer caminhos trilhados pelas falas dos
sujeitos.
Tratando-se de um projeto acadêmico que intenciona promover a inclusão da
alteridade no laço social simultaneamente à formação profissional pautada na ética do
cuidado e no fortalecimento da Reforma Psiquiátrica, seu êxito provém fundamentalmente
da articulação de dispositivos que integram tais princípios. A direção do tratamento se

1150
delineia na relação entre acompanhante e acompanhado, que justamente por se dar neste
cenário em movimento que é a cidade, torna-se planejável apenas na medida que acontece.
A própria possibilidade de interação com o espaço público e seus componentes, rompendo
a lógica da exclusão é, em si, a execução da atividade. É no movimento e na inserção em
territórios nunca antes pisados que se apresentam novas aberturas das quais o sujeito
participa ativamente na transfiguração de possibilidades de existência. Nos espaços
dialogados (supervisão, reuniões intersetoriais e multiprofissionais) que compõem a
tecedura do tratamento, o acompanhante, através da narrativa, põe em questão os caminhos
trilhados nos encontros, o que comove a partilha de diferentes pontos de vista dos
membros envolvidos no projeto.

Considerações Finais
Pensando no AT como um articulador do trabalho em rede, promotor de saúde que
visa uma escuta singularizada do sujeito em seu contexto social, suas relações com a
cidade, com a circulação nos espaços públicos e coletivos e, principalmente, de sua
história, consideramos que o projeto é potente em sua função de tensionar as normas
sociais e interrogar as lógicas de exclusão. Importante destacar ainda a promoção de uma
escuta atenta que visa bordejar a cadeia significante trazida pelos acompanhados, de forma
a construir, sempre em conjunto (acompanhado e acompanhante), um enlace social
possível àqueles que fogem do que se entende na sociedade como “normal”.
Quanto aos ganhos acadêmicos, destacamos o reconhecimento local, nacional e
internacional do projeto. Além disso, o trabalho possibilita aos extensionistas formação
teórica e prática. Através do projeto, torna-se possível experienciar e qualificar a escuta, o
acolhimento, as redes e principalmente, não recuar frente às psicoses.

Referências

CALLIGARIS, C. Introdução a uma clínica diferencial das psicoses. São Paulo:


Zagodoni, 1989/2013.

1151
FREUD, S. Observações psicanalíticas sobre um caso de paranoia (dementia
paranoides) relatado em autobiografia (“o caso Schreber”), 1. ed. Trad. Paulo César de
Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2010 (em Obras Completas volume 10).
LACAN, J. De uma questão preliminar a todo tratamento possível da psicose. 1. ed.
Trad. Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1958/1998 (em Escritos).
MARSILLAC, A. L. M. d.; TANCREDI, T. d. C.; SOUSA, J. G. N. d. Políticas do corpo:
Arte e Psicanálise despindo as imagens. Revista Subjetividades, 18, 68-80, 2018.
METZGER, C. Clínica do Acompanhamento Terapêutico e Psicanálise. 1. ed. São
Paulo: Aller Editora, 2017.

1152
ALINHAVANDO CIDADANIA: UMA VIVÊNCIA DE EXTENSÃO DO IFSC E
CRAS COMASA/JOINVILLE-SC

Área Temática: Saúde


Coordenador(a) da atividade: Andrea HEIDEMANN
Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC)

Autores: A. HEIDEMANN 1; C.O. BRILINGER 2; A.K. SCHUCHARDT 3; E.F.


BRENNEISEN 4; G.E. SILVA 5; L.C. L. GURKEWICZ 6.
Resumo:
O projeto de extensão Alinhavando Cidadania foi desenvolvido pelo IFSC – Campus
Joinville, em parceria com o CRAS do bairro Comasa, Joinville/SC. O objetivo do projeto
foi realizar oficinas socioeducativas temáticas sobre cidadania, saúde e meio ambiente com
os usuários do grupo intergeracional do CRAS. Em decorrência da pandemia de Covid-19,
as atividades aconteceram de maneira assíncrona a partir do acesso a produções
audiovisuais. Como suporte para os usuários acompanharem os vídeos e complementarem
as informações, foi elaborado uma apostila com cada tema apresentado nos vídeos. Essa
ação atendeu diretamente 35 usuários do CRAS Comasa e gerou uma nova ferramenta para
as atividades socioeducativas das equipes desse serviço.
Palavra-chave: extensão; assistência social; cidadania.

Introdução
O projeto de Extensão Alinhavando Cidadania surgiu a partir de uma demanda do
Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) Comasa, Joinville/SC, e buscou

1
Andrea Heidemann, servidor docente.
2
Caroline Orlandi Brilinger, servidor docente.
3
Amanda Kethlin Schuchardt, aluna do Curso Superior de Tecnologia em Gestão Hospitalar.
4
Eduardo Filippe Brenneisen, aluno do Curso Superior de Tecnologia em Gestão Hospitalar.
5
Gabrieli Engelmann da Silva, aluna do Curso Superior de Tecnologia em Gestão Hospitalar.
6
Letícia Caroline Leber Gurkewicz, aluna do Curso Superior de Tecnologia em Gestão Hospitalar.

1153
contribuir com o enfrentamento de problemas existentes no território atendido pela referida
instituição a partir da criação de espaços de acesso à informação.
O CRAS é uma unidade pública que executa serviços de proteção social básica no
âmbito da política de assistência social e atua visando a orientação e o convívio sócio
familiar e comunitário (BRASIL, 2005). O CRAS em questão situa-se no bairro Comasa,
um bairro predominantemente residencial, localizado a 5km do centro da cidade de
Joinville, com cerca de 24 mil habitantes. Quando à renda, para 54,5% dos moradores é de
1 a 3 salários mínimos e, para 38,4% é de até 1 salário mínimo (JOINVILLE, 2017).
Participaram do projeto uma equipe composta por quatro professores com
formações nos campos das Ciências Sociais Aplicadas e da Saúde, 10 acadêmicos dos
cursos de Tecnologia em Gestão Hospitalar e Bacharelado em Enfermagem, e duas
assistentes sociais do CRAS Comasa. O objetivo geral deste projeto de extensão foi
realizar oficinas socioeducativas temáticas sobre cidadania, saúde e meio ambiente com os
usuários do grupo intergeracional.
Desta forma, o projeto Alinhavando Cidadania possui vinculação com o ensino e a
pesquisa ao exercitar a interdisciplinaridade e estreitar diálogos entre disciplinas de
diferentes áreas do conhecimento e das áreas entre si. Bem como, pela utilização de
tecnologias sociais na busca de respostas que contribuam para o enfrentamento das
demandas mapeadas no cenário do CRAS Comasa.

Metodologia
O referido projeto teve como público-alvo os usuários do CRAS Comasa
participantes de grupos intergeracionais. Os grupos intergeracionais são espaços para a
troca de experiências entre usuários de diferentes idades, visando a construção de novos
conhecimentos que podem ser multiplicados nas comunidades.
Inicialmente, pretendia-se realizar oficinas presenciais nos espaços do CRAS
Comasa e do IFSC. Contudo, diante do contexto da pandemia de Covid-19, foi preciso
adaptar a proposta. Entendeu-se que o melhor caminho seria o envio de produções
audiovisuais semanalmente via aplicativo de mensagens WhatsApp por já ser uma
ferramenta utilizada pelo CRAS para se comunicar com os usuários. Também foi prevista a
elaboração de uma apostila, para dar suporte ao conteúdo dos vídeos, e um kit com

1154
materiais didáticos e de higiene para sensibilizar os usuários para a participação. A
execução do projeto seguiu as etapas metodológicas dispostas na Figura 1:

Figura 1 – Etapas metodológicas do projeto de extensão Alinhavando Cidadania

Definição dos Preparação do Produção


temas Conteúdo Audiovisual

Organização Montagem Distribuição


da Apostila dos kits dos kits

Fonte: Autores (2021).

Para a realização de reuniões virtuais entre os atores envolvidos utilizou-se o


Google Meet. Quanto à produção audiovisual, para a edição foram utilizados os aplicativos
Genially e Shotcut, e para compartilhamento a plataforma YouTube.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Em reunião virtual com a equipe responsável pelo projeto foram discutidas
características da população atendida pelo CRAS Comasa e definidos os temas a partir das
demandas mais latentes na realidade do território. Foram elencados nove temas: a) projeto
de vida, b) participação política, c) controle social e os conselhos locais de saúde, d) o
mundo em que vivo e o meio ambiente, e) saúde financeira, f) consumo consciente e meio
ambiente, g) como usar a rede de atendimento sus, h) saúde e higiene pessoal, i) cuidados
com o bebê.
A preparação do conteúdo para as produções audiovisuais e para a apostila
envolveu professores e alunos extensionistas. Os professores elaboraram roteiros para
vídeos curtos, cerca de cinco minutos. A narração e a diagramação foram realizadas pelos
alunos bolsistas. Essa etapa culminou em 11 produções que foram disponibilizados em um
canal específico para o projeto na plataforma YouTube. A apostila recebeu, ainda,
ilustrações elaboradas pelos bolsistas e produzidas a partir da técnica de pintura em
aquarela e, posteriormente, digitalizadas e incluídas em cada tema.
A medida que cada participante do grupo intergeracional realizava um atendimento
presencial no CRAS, as técnicas do CRAS realizavam a entrega dos kits (Figura 2) e as

1155
orientações para visualização dos vídeos. As produções audiovisuais foram encaminhadas
uma de cada vez, semanalmente, pelos técnicos do CRAS aos participantes do projeto.

Figura 2 – Alunos e professores na entrega dos kits para as técnicas do CRAS

Fonte: Autores (2021).

O projeto de extensão gerou impactos relevantes na formação dos alunos, tendo em


vista que estimulou a busca de alternativas e estratégias para contribuir para a problemática
encontrada. Desmistificou concepções acerca da assistência social, valorizando-a enquanto
direito e dever do Estado. Além de evidenciar possibilidades de interdisciplinaridade e
intersetorialidade de políticas públicas no que se refere ao binômio saúde-meio ambiente.

Considerações Finais
No que tange aos objetivos apresentados pelo projeto de extensão Alinhavando
Cidadania considera-se que, apesar dos desafios colocados pela pandemia de Covid-19, as
atividades remotas foram uma ótima alternativa para alcançar os usuários da assistência
social vinculados ao CRAS. Também entregou a equipe multiprofissional deste importante
serviço materiais que poderão ser utilizados em outros momentos de socioeducação, que
são a maior razão da proteção básica no contexto do Sistema Único de Assistência Social.

Referências
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria Nacional
de Assistência Social. Política Nacional de Assistência Social (PNAS/ 2004): Norma
Operacional Básica (NOB/SUAS). Brasília: Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome, 2005.

1156
JOINVILLE. Secretaria de Planejamento Urbano e Desenvolvimento Sustentável.
Joinville Bairro a Bairro: 2017. Joinville: Prefeitura Municipal, 2017.

PROJETO ALINHAVANDO CIDADANIA. Canal do projeto no youtube em 2021.


Disponível em: <Projeto Alinhavando Cidadania - YouTube>. Acesso em: 30 jul. 2021.

Instituição Financiadora:

IFSC – Campus Joinville

1157
AS MÍDIAS SOCIAIS E A PROPAGAÇÃO DE INFORMAÇÕES EMTEMPOS DE
PANDEMIA

Área Temática: Saúde


Coordenador da atividade: Rui Gonçalves Marques ELIAS
Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP)
Autores: M. MALAGUTI FERNANDES 1; B. DOS SANTOS SILVEIRA 2; A. LOPES
DOS REIS 3; J. H. DE SOUZA 4; S. OLIVIERI PARREIRAS 5; S. C. C. S. DE MELO6.

Resumo:
As mídias sociais são fontes de informações utilizadas no mundo todo, apresentam fácil
acesso e rapidez na divulgação de informações. Contudo, é necessário avaliar as vantagens
e desvantagens nessa grande disseminação de conteúdo, pois as informações transmitidas
podem não serem atuais, válidas ou verdadeiras. O objetivo do projeto Núcleo de Estudos e
Enfrentamento da Covid-19 (NEECOVID), da Universidade Estadual do Norte do Paraná
(UENP), foi transmitir à população informações com embasamento científico a respeito da
pandemia do novo Coronavírus, por meio de ações nas plataformas digitais, Facebook e
Instagram, e divulgação de podcasts. O compartilhamento responsável de informações
contribuiu na rápida divulgação de dados e protocolos corretos, a fim de auxiliar a população
a desempenhar práticas adequadas para o controle da pandemia.

Palavras-chave: Social Media; COVID-19; Social Networking.

Introdução
Com as plataformas digitais é possível compartilhar rapidamente ideias e
informações com os usuários do mundo todo. Essa facilidade de troca de conhecimentos
desempenha papel significativo, principalmente durante uma pandemia, como a que ocorre

1
Marcela Malaguti Fernandes, aluno [odontologia].
2
Bruna dos Santos Silveira, aluno [odontologia].
3
Alex Lopes dos Reis, aluno [fisioterapia].
4
Jonathan Henrique de Souza, profissional de educação física.
5
Sibelli Olivieri Parreiras, servidor docente.
6
Simone Cristina Castanho Sabaini de Melo, servidor docente.

1158
atualmente com o COVID-19. Por meio das redes sociais, os profissionais e estudantes da
área da saúde são capazes de influenciar ações e comportamentos da população, como por
exemplo: a importância da higienização correta das mãos, isolamento social,
conscientização sobre a doença e seus sintomas (DEPOUX et al., 2020). Apesar de ser um
meio de comunicação que permite um acesso global às informações (VENEGAS-VERA et
al., 2020), muitos pesquisadores, mas também leigos utilizam esse recurso para divulgação
de informações (GUPTA et al., 2020).
Com isso, a disseminação de desinformações nas mídias sociais sobre a doença, sua
origem, formas de prevenção e tratamento (RAMAN, 2020) também estão disponíveis
nesses meios. Infelizmente, essas notícias falsas impedem que a população desempenhe
práticas adequadas para o controle da pandemia, como os hábitos citados anteriormente,
resultando no aumento da disseminação do vírus (TASNIM et al., 2020). Devido a
necessidade de sanar dúvidas da população diante à COVID-19, o atual projeto
desenvolveu um protocolo de atendimento, por meio da mídia, para propagar informações
atualizadas e embasadas cientificamente, alcançando profissionais de saúde e a população
em geral.

Metodologia

O atual projeto foi desenvolvido na Universidade Estadual do Norte do Paraná, em


parceria com a Secretaria de Estado da Ciência Tecnologia e Ensino Superior (SETI) e
ITAIPU Binacional, juntamente com a Fundação Araucária. Por meio das principais basesde
dados, foram realizadas buscas de evidências científicas para embasamento sobre o assunto
e preparação dos discentes, profissionais e docentes dos cursos de Educação Física,
Fisioterapia e Odontologia, envolvidos no projeto.

O projeto iniciou-se com o objetivo de auxiliar no combate a pandemia do novo


Coronavírus, por meio de publicações informativas e divulgação de programas ofertados
pelo governo do estado voltados à atenção e cuidados psicológicos para indivíduos com
necessidade de apoio pós contaminação pela Covid-19. A equipe foi dividida em grupos, os
quais realizavam uma publicação por dia nas plataformas digitais, Facebook e Instagram,

1159
de segunda à quinta-feira, com os temas: Reabilitação, atividades físicas e treinamento pós
Covid-19; Grupos especiais (gestantes, idosos, entre outros); Vacinas; Prevenção e
cuidados para a população em geral e profissionais da saúde (Figura 1). Nas sexta-feiras, era
aberto uma caixa de perguntas no Instagram para sanar dúvidas e interagir com os
internautas. Além das publicações, também foi implementada a realização de lives no
Instagram com profissionais capacitados, sendo eles, fisioterapeutas, dentistas, educadores
físicos e psicólogos, de modo que compartilhassem seus conhecimentos aos internautas. O
projeto contou também com um telefone celular com WhatsApp disponível para atender
dúvidas da população e dois telefones com linha 0800 para o mesmo objetivo.

Figura 1: Publicações realizadas na página do Instagram @neecovid_uenp.

Desenvolvimento e processos avaliativos

De modo geral, a população atendida demonstrou-se satisfeita com as informações e


respostas obtidas de maneira clara e objetiva fornecidas pelo projeto, agregando
conhecimento sobre o assunto e, consequentemente, contribuindo para o controle da
pandemia. Houve uma interação positiva dos internautas com as publicações,
compartilhamentos e bom alcance. O público de maior interação concentrou-se na região
do norte do Paraná, com a faixa etária entre 18 e 34 anos, sendo 75% constituído por

1160
mulheres.

Houve uma ascensão no alcance das publicações com o passar dos meses, iniciando
com 121 contas alcançadas na primeira publicação no mês de setembro de 2020, chegandoa
607 contas alcançadas em uma publicação no mês de março de 2021. As lives realizadas
com os profissionais da área da saúde oscilaram seu alcance, variando de 68 à 768
telespectadores, com uma média geral de 304 telespectadores. Ao mesmo tempo, esta
interação entre o público e os acadêmicos, somada aos estudos para a realização das
publicações, proporcionou muito conhecimento sobre os temas abordados, tanto para os
estudantes, quanto para os profissionais constituintes do projeto.

Uma das dificuldades encontradas refere-se aos temas a serem abordados nas
publicações. Com o decorrer das semanas, a equipe percebeu que as publicações diárias
estavam escassas de temas e essas passaram a ser realizadas três vezes na semana. Também
novas estratégias foram implementadas, como a confecção de materiais informativos, em
formato de panfleto, destinados a um público específico, como escolas, gestantes e unidades
básicas de saúde. Além disso, foram realizadas gravações de podcasts sobre os temas mais
pertinentes do momento em que se encontrava a pandemia, juntamente com a divulgação
das redes sociais e telefones para contato do projeto, para transmitir nas rádios regionais.

Considerações Finais

O projeto conseguiu atingir o objetivo proposto de levar à comunidade informações


com embasamento científico por meio das plataformas digitais, para que os indivíduos
tenham conhecimento básico sobre a pandemia da covid-19. Além disso, contribuiu para a
formação acadêmica dos estudantes e profissionais envolvidos no projeto.

1161
Referências

DEPOUX, Anneliese; MARTIN, Sam; KARAFILLAKIS, Emilie; PREET, Raman;


WILDER-SMITH, Annelies; LARSON, Heide. The pandemic of social media panic travels
faster than the COVID-19 outbreak. Journal of Travel Medicine, v.27, n.3, p.1-2, 2020.

GOTTLIEB, Michael; DYER, Sean. Information and Disinformation: Social Media in the
COVID‐19 Crisis. Academic Emergency Medicine, v. 27, n.7, p-640-641, 2020.

GUPTA, Latika; GASPARYAN, Armen Yuri; MISRA, Durga Prasanna; AGARWAL,


Vikas; ZIMBA, Olena; YESSIRKEPOV, Marlen. Information and misinformation on
COVID-19: a cross-sectional survey study. Journal of Korean medical science, v. 35, n.
27, e.256, 2020.

RAMAN, Sandhya. Public health experts worry about spread of COVID-19


misinformation: some say federal agencies should do more to stamp out
misconceptions, 2020. Disponível em: https://www.rollcall.com/2020/03/18/public-health-
experts-worry-about-spread-of-covid-19-misinformation/. Acesso em: 23 jul. 2021.

TASNIM, Samia; HOSSAIN, Md Mahbub; MAZUMDER, Hoimonty. Impact of rumors and


misinformation on COVID-19 in social media. Journal of preventive medicine and public
health, v. 53, n. 3, p. 171-174, 2020.

VENEGAS-VERA, Verner; COLBERT, Gates; LERMA, Edgar. Positive and negative


impact of social media in the COVID-19 era. Reviews in cardiovascular medicine, v. 21,
n. 4, p. 561-564, 2020.

Instituição financiadora:
Fundação Araucária Paraná

1162
SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM POR MEIO DE
TELECONSULTAS PARA MULHERES COM CÂNCER DE MAMA

Área Temática: Saúde


Coordenadora da atividade: Eliane G.RABIN
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA)
Autores: A. S, LOURENÇO1 ; T. S, FREITAS2 ; G. L, CASTRO3; I. C, ALLIATTI4, C. E,
SILVA5 e E. G., RABIN6

Resumo:
O câncer de mama é uma das doenças mais prevalentes entre as mulheres e, se
diagnosticado precocemente, pode ter um bom prognóstico. Considerando o cenário da
pandemia da COVID-19, as teleconsultas têm sido uma opção para continuar o cuidado,
mesmo que a distância. Dessa forma, torna-se possível prestar um atendimento de
enfermagem qualificado, o que minimiza a necessidade de consultas presenciais nas
unidades de saúde. Tem-se como objetivo descrever as teleconsultas de enfermagem.
Trata-se de um relato de experiência sobre as teleconsultas de enfermagem realizadas para
mulheres com câncer de mama, de maneira voluntária, com acompanhamento da
professora orientadora e alunas bolsistas, por meio do projeto de extensão da Universidade
Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), em parceria com um hospital
referência em oncologia do Sul do Brasil. Durante as teleconsultas, são registrados os
dados subjetivos, os Diagnósticos de Enfermagem (DE) elencados, as condutas e os
resultados esperados, após as intervenções. Desta forma, as mulheres assistidas pela
telenfermagem podem ter um espaço para o acolhimento das suas demandas, com escuta
ativa, educação em saúde e esclarecimento de dúvidas em relação a sua condição. Até o
momento, foram realizadas cerca de 19 teleconsultas, com pacientes já em
acompanhamento pelo projeto de extensão. Em suma, a Teleconsulta de Enfermagem vem
fazendo a diferença nas vidas dessas mulheres, entretanto não substitui o atendimento
presencial, mas soma-se a ação do cuidado. Destaca-se a relevância da capacitação do
enfermeiro para atuar efetivamente nessa área inovadora da tecnologia, ainda pouco
estudada na literatura.

1163
Palavras-chave: Consulta de Enfermagem; Teleconsulta; Câncer de mama.

Introdução
De acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia, em um levantamento
realizado em hospitais de algumas capitais do país, que atendem pelo Sistema Único de
Saúde (SUS), mulheres em tratamento de câncer de mama sofreram uma diminuição nos
atendimentos em cerca de 75% entre março e abril de 2020, em comparação ao mesmo
período do ano de 2019. A diminuição desse serviço pode implicar em um aumento no
número de tumores em estágios mais avançados e com menores chances de cura (SBM,
2020).
O crescente aparecimento de novas Tecnologias de Informação e Comunicação
(TICs) em saúde tem colaborado no acesso e na disseminação de importantes informações
sobre temas que circundam a saúde. À vista disso, com a pandemia da COVID-19, a
teleconsulta ganha também a função de proteger pacientes e profissionais da exposição ao
novo coronavírus (OHANNESSIAN et. al.; CAETANO et.al, 2020).
Portanto, os cuidados prestados pela enfermagem não podem deixar de acontecer
pelo distanciamento físico. Para efetivação da telenfermagem é necessário a incorporação
de tecnologias, como computadores, telefones, diversas mídias que possibilitam a interação
e outros dispositivos (JUNIOR et. al, 2017). As intervenções são relacionadas a fim de se
chegar ao melhor resultado, no menor tempo possível. Para isso, objetiva-se relatar sobre
as teleconsultas de enfermagem realizadas por um projeto de extensão, durante o período
de pandemia do novo coronavírus.

Metodologia
Relato de experiência que tem por motivação apresentar a vivência de uma ação
voluntária realizada com mulheres em tratamento para o câncer de mama e que oferece
consultas de enfermagem virtuais, com o objetivo de dar seguimento aos cuidados diante
do período de isolamento social devido à pandemia da COVID-19. Essa proposta surgiu do
grupo de alunas bolsistas e voluntárias e, da professora coordenadora do Projeto de

1164
Extensão “Sistematização e Implantação da Consulta de Enfermagem para Mulheres com
Câncer de Mama” da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
(UFCSPA) em março de 2020, logo após as atividades extensionistas da universidade
serem suspensas presencialmente.
O objetivo principal desta ação de extensão foi prestar uma assistência de
qualidade, ouvindo as demandas das pacientes, mesmo que à distância. Assim, a equipe do
projeto, em março, após a resolução do COFEN Nº 634/2020 entrou em contato com as
pacientes via chamada por telefone e mensagens de texto por WhatsApp e viabilizaram
junto a elas a possibilidade de consultas online, de forma síncrona, pela ferramenta de
vídeo do WhatsApp (COFEN, 2020). Para organizar as demandas organizou-se uma
programação de atendimentos em que houvesse, no mínimo, uma aluna do projeto
participando junto com a professora e com a paciente. As teleconsultas foram registradas
na plataforma Google Forms, conforme dados do subjetivo, objetivo, diagnósticos de
enfermagem e condutas; e, avaliadas rotineiramente pela equipe.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Com o advento da pandemia, o seguimento dos cuidados prestados às mulheres
pela equipe do projeto no Ambulatório SUS, do hospital Santa Rita foi dificultado, mas,
também, proporcionou uma nova estratégia de assistência: a teleconsulta. Até o momento,
foram realizadas cerca de 20 teleconsultas, com pacientes já em acompanhamento e
também foi realizado contato com novas pacientes. Várias mulheres em atendimento
relatam suas angústias, seus medos e seus anseios logo no início da consulta. A partir
disso, são determinados os diagnósticos e as intervenções de enfermagem e, desta maneira,
além de evidenciar o estado de saúde mental e física das pacientes, também se torna
possível prestar a assistência adequada a fim de melhorar sua qualidade de vida.
A equipe elencou novos Diagnósticos de Enfermagem (DE), os quais têm relação
direta com o atual momento de isolamento social. Atualmente, 80% das pacientes, em
atendimento, sentem-se mais ansiosas neste momento pandêmico, tanto pelo

1165
distanciamento social, quanto pela redução das consultas médicas, que resultou na
limitação do vínculo entre o profissional e o paciente.
Durante as teleconsultas, buscou-se motivar as pacientes a inserirem em suas
rotinas, cuidados à saúde mental e espiritual constantemente. Com isso, os recursos
terapêuticos das Práticas Integrativas e Complementares (PICs) foram aplicados, como
musicoterapia, meditação e fitoterapia. Ademais, mensagens motivacionais, dicas de
alimentação e autocuidado foram enviadas às pacientes semanalmente via WhatsApp com
retornos sempre positivos.

Considerações Finais
Diante dessa ação virtual, percebe-se uma forte mudança no posicionamento dessas
mulheres no enfrentamento do câncer de mama e também evidenciou-se, ao longo das
teleconsultas, o quão valioso, único e importante tem sido cada momento com elas. Por
esses motivos, a Teleconsulta de Enfermagem vem fazendo a diferença nas vidas das
pacientes, visto que, apesar de não substituir o atendimento presencial, complementa-o.
Ainda é um campo novo para a enfermagem, sobre o qual não há registros concretos na
literatura científica. Dessa forma, mostra-se uma ferramenta significativa no cuidado
integral e humanizado a ser ampliada e explorada pelos profissionais.

Referências
CAETANO, Rosângela et al. Desafios e oportunidades para telessaúde em tempos da
pandemia pela COVID-19: uma reflexão sobre os espaços e iniciativas no contexto
brasileiro. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 36 n. 5, jun. 2020. Disponível:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
311X2020000503001&lng=en&nrm=iso. Acesso em 20 set. 2020.

COFEN - CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Resolução COFEN nº


634/2020. Autoriza e normatiza a teleconsulta de enfermagem como forma de combate à
pandemia provocada pelo novo coronavírus. Brasília, DF: COFEN, 2020. Disponível
em:http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-0634-2020_78344.html. Acesso em 20
set. 2020.

JUNIOR, Valtuir Duarte de Souza et al. Manual de telenfermagem para atendimento ao


usuário de cateterismo urinário intermitente limpo. Esc. Anna Nery, Rio de Janeiro, v. 21

1166
n. 4, 9 nov. 2017. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1414-
81452017000400237&script=sci_arttext&tlng=pt. Acesso em: 20 set. 2020.

OHANNESSIAN, Robin; DUONG, Tu Ahn; ODONE, Anna. Global Telemedicine


implementation and integration within health systems to fight the COVID-19 pandemic: a
call to action. JMIR Public Health Surveill, Toronto, v. 6, n. 2, abr. 2020. Disponível
em:https://publichealth.jmir.org/2020/2/e18810/. Acesso em 20 set. 2020.

SBM - Sociedade Brasileira de Mastologia. Covid-19: o tratamento do câncer em tempos


de pandemia Rio de Janeiro, 18 de junho de 2020. Disponível
em:https://www.sbmastologia.com.br/noticias/covid-19-o-tratamento-do-cancer-em-
tempos-de-pandemia/. Acesso em 20 de setembro de 2020.

1167
AT WORK: A IMPORTÂNCIA DE UM PROJETO DE EXTENSÃO
UNIVERSITÁRIA NO CUIDADO DA SAÚDE DO TRABALHADOR PARA A
COMUNIDADE INTERNA DA UFCSPA

Área temática: Saúde


Coordenadora da atividade: Adriana Torres de LEMOS
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA)
Autores: E. PEREIRA 1; K. SOBREIRO 2; G. PRIMAZ 3; J. CARVALHO 4; A.T. LEMOS 5.

Resumo:
As condições do ambiente de trabalho, incluindo desde as relações entre colegas até
aspectos ergonômicos, geram repercussões físicas, psíquicas e sociais na vida dos
trabalhadores. O objetivo desse trabalho é relatar as atividades desenvolvidas pelo projeto
At Work durante o teletrabalho imposto pela pandemia de Covid-19. O projeto tem como
objetivo desenvolver um programa continuado de atenção à saúde do trabalhador. Para
tanto, oferece à comunidade interna cinesioterapia laboral, exercícios cognitivos,
atividades para integração do grupo e educação em saúde buscando a promoção do
autocuidado, melhora na qualidade de vida e a interação do grupo. Participam do projeto
servidores e estudantes da UFCSPA, sendo os primeiros avaliados no início e ao final do
ano (qualidade de vida, estresse no trabalho e ocorrência de dor musculoesquelética) e
realizada avaliação de satisfação com o projeto para todos. A partir do projeto At Work,
tem sido possível contribuir na qualidade de vida dos participantes, ao mesmo tempo que a
formação profissional dos extensionistas é qualificada.

Palavras-chave: atenção à saúde do trabalhador; qualidade de vida; cinesioterapia laboral.

1
Elisa Pereira, aluna do curso de fisioterapia UFCSPA. Bolsista PROBEXT UFCSPA.
2
Karyne Sobreiro, aluna do curso de fisioterapia UFCSPA.
3
Gabriella Primaz, aluna do curso de fisioterapia UFCSPA.
4
Juliana Carvalho, aluna do curso de fisioterapia UFCSPA.
5
Adriana Torres de Lemos, docente do Departamento de Fisioterapia.

1168
Introdução
As condições do ambiente de trabalho, incluindo desde as relações entre colegas até
aspectos ergonômicos, geram repercussões físicas, psíquicas e sociais na vida dos
trabalhadores. Estudos têm avaliado a efetividade da modificação das estações de trabalho
para a redução do tempo sentado (HALL et al, 2019; SHARMA et al., 2019; DUPONT et
al., 2019). No entanto, ainda que esta seja uma preocupação relevante, tendo em vista que
permanecer sentado tem sido considerado como “o novo tabagismo” (BADDLEY et al.,
2016) em termos de danos à saúde, estimular os sujeitos a serem fisicamente ativos, por
meio de programas de saúde na empresa, parece ser de menor custo e mais rápido
resultado. Os autores ainda salientam que é hora de priorizar e pesquisar atividades que
melhorem (ao invés de esgotar) nossa saúde e bem-estar no trabalho. Assim, o projeto de
extensão At Work – Cuidando da Saúde do trabalhador encontra motivação,
principalmente, em três aspectos: 1) Auxiliar no desenvolvimento de ambientes de trabalho
mais saudáveis através de práticas de cuidado em saúde; 2) Possibilitar aos discentes maior
inserção e prática na área de Saúde do Trabalhador e 3) Fomentar a pesquisa na área de
saúde do trabalhador, tendo em vista que carecemos de estudos sobre a efetividade de
intervenções para a realidade brasileira.
Conversamos sobre as demandas dos participantes da comunidade interna
trabalhadora da UFCSPA (docentes e técnicos administrativos) e, anteriormente à
pandemia, as atividades eram realizadas presencialmente, nas dependências da
universidade em encontros semanais, para realização de ginástica laboral e funcional,
educação em saúde e atividades de relaxamento e de meditação. Para os discentes, o
acompanhamento de diferentes setores ao longo do ano, com distintas exigências laborais,
planejando e ministrando atividades de promoção da saúde e prevenção de doenças, auxilia
na sua formação acadêmica por colocar em prática conteúdos trabalhados em disciplinas
curriculares.
Assim, o objetivo desse trabalho é relatar as atividades desenvolvidas pelo referido
projeto de extensão durante a migração para o teletrabalho imposta pela pandemia de
Covid-19.

1169
Metodologia
O projeto tem como objetivo desenvolver um programa continuado de atenção à
saúde do trabalhador. Para tanto, oferece à comunidade interna cinesioterapia laboral,
exercícios cognitivos, atividades para integração do grupo e educação em saúde buscando a
promoção do autocuidado, a redução de sintomas de origem musculoesquelética, a melhora
da qualidade de vida e a interação social dos trabalhadores. Devido à pandemia e à
necessidade de migração para o teletrabalho, as atividades passaram a acontecer de forma
remota e domiciliar, com a utilização de materiais de fácil acesso e que os participantes
possuíssem em casa (como toalhas, pesos adaptados, cabos de vassoura, entre outros). As
atividades síncronas são desenvolvidas em dois encontros semanais de uma hora cada e as
assíncronas são realizadas pelo envio de desafios cognitivos semanais e de temas diversos
relacionados à saúde do trabalhador, além de integração do grupo por aplicativo de
mensagens. Os participantes são avaliados quanto à qualidade de vida, estresse no trabalho
e ocorrência de dor no início e final de cada ano. Além disso, é realizada pesquisa de
satisfação em relação ao projeto, com questões fechadas e abertas. A equipe executora é
composta por uma docente e quatro acadêmicas do curso de fisioterapia e os servidores
participantes são docentes e técnicos administrativos. Atualmente, o projeto conta com 29
participantes, além daqueles que acessam os conteúdos de educação em saúde do
trabalhador que são postados nas mídias sociais do projeto.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Verificamos as demandas da comunidade interna, bem como a aceitação sobre o
planejamento realizado. A partir de então, e considerando a Política Nacional de
Humanização (BRASIL, 2004), que preconiza um olhar biopsicossocial sobre o
“paciente”, a equipe executora foi desafiada a integrar os conhecimentos de disciplinas
curriculares às demandas elencadas pela comunidade, além da necessidade de formulação
de questões de pesquisa que respondam às necessidades da prática.
O projeto engloba, dentre os objetivos propostos na Agenda de 2030 da ONU, o
objetivo quatro, educação de qualidade, e o objetivo três, saúde e bem-estar. Do ponto de
vista acadêmico, através do planejamento e discussão das atividades ministradas, da

1170
participação em reuniões do grupo, da elaboração de materiais para divulgação e do estudo
sobre programas de qualidade de vida no trabalho, são adquiridos novos conhecimentos,
habilidades e competências para a formação profissional na prática, de forma que o
extensionista conquista contatos com diferentes profissionais e acadêmicos, contribuindo
com sua formação como cidadão. Do ponto de vista dos trabalhadores participantes,
salientamos dois relatos que exemplificam os resultados alcançados em relação à satisfação
dos com o projeto: “Vocês me auxiliaram a adaptar o meu ambiente em casa [...], no
começo eu sentia muitas dores nas costas e depois desses ajustes melhorou. Tive alterações
de humor e as charadinhas, o estímulo para fazermos as aulas ajudaram muito. Inclusive
passei as charadas pros meus pais [...]. Divertiu a família inteira. E os exercícios são
fundamentais, [...] os alongamentos e exercícios de reforço me auxiliam muito, [...] adorei
a criatividade de vocês” e “[...] A gente se sente realmente fazendo parte e sendo acolhida
por esse projeto!!!”. Os comentários apresentados demonstram algumas contribuições
positivas do projeto, tanto físicas quanto emocionais.

Considerações Finais
A extensão universitária é de extrema importância para a troca de saberes entre
acadêmicos, professores e comunidade. A partir do projeto At Work, tem sido possível
contribuir na qualidade de vida dos participantes, ao mesmo tempo que a formação
profissional dos extensionistas é qualificada. A estrutura da educação superior de qualidade
e gratuita é fundamental para fomentar esse ambiente extensionista de experiências
positivas, incentivando a educação em seu sentido mais amplo.

Referências
BADDELEY, B et al. Sitting is the new smoking: where do we stand? Br J Gen Pract.
66(646): 258, 2016.

BRASIL. Política Nacional de Humanização. Brasília, Ministério da Saúde, 2003.

DUPONT F, et al. Health and productivity at work: which active workstation for which
benefits: a systematic review. Occup Environ Med Epub, 2019.

1171
HALL, J. et al. Why would you want to stand?” an account of the lived experience of e
mployees taking part in a workplace sitstand desk intervention. BMC Public Health,
19:1692, 2019.

PLATAFORMA AGENDA 2030. Disponível em: <http://www.agenda2030.org.br>.


Acesso em: 6 de agosto de 2021.

SHARMA, P. P. et al. Sit-Stand Desk Software Can Now Monitor and Prompt Office
Workers to Change Health Behaviors. Human Factors, v. 61, n. 5, 2019.

1172
ATENÇÃO À SAÚDE DA MULHER:
PROMOÇÃO DA SAÚDE E DA AUTONOMIA PARA A VIDA DURANTE A
PANDEMIA POR COVID-19

Área Temática: Saúde


Coordenadora da atividade: Emiliana Cristina MELO
Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP).
Autores: S. G. P. SANTOS 1; M. P. CORTEZ2; I. A. D. CAVALHEIRO 3; M. E. L.
OLIVEIRA 4; F. P. MARINHO 5

Resumo:
O câncer cervical é o terceiro câncer mais incidente em mulheres no Brasil. Já o câncer de
mama, é a quinta causa de morte por câncer em geral. Este trabalho teve como objetivo
promover a prevenção e detecção do câncer de colo do útero e de mamas e seus
desencadeantes. Devido a pandemia por COVID-19, os atendimentos presenciais do
projeto “Atenção à Saúde da Mulher: Promoção da saúde e da autonomia para a vida –
Fase II” foram suspensos. Para dar continuidade, tornou-se necessário a criação de perfis
em redes sociais, visando a acessibilidade da população às informações a respeito da
prevenção dos cânceres de colo de útero e de mamas. Deste modo, foi elaborado um
cronograma de publicações, no qual foram selecionados 40 temas. As publicações
alcançaram um total de 4.705 internautas. Outra atividade desenvolvida pelo projeto foi o
1º Encontro de Saúde da Mulher da UENP, contando com a presença de 4 palestrantes e 92
participantes, o qual até momento (22 de julho) consta 390 visualizações no Youtube.

Palavras-chave: Saúde da Mulher; Câncer de Mama; Câncer do Colo do Útero.

1
Sandy Gabrielle Pelegrini dos Santos. Graduanda do curso de Enfermagem da Universidade Estadual do
Norte do Paraná (UENP). Bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Extensão (PIBEX) fomentado pela
Fundação Araucária.
2
Milena Passarelli Cortez. Graduanda do curso de Enfermagem da UENP.
3
Iara Alarcão Duarte Cavalheiro. Graduanda do curso de Enfermagem da UENP.
4
Maria Eduarda Lúcio Oliveira. Graduanda do curso de Enfermagem da UENP.
5
Fernanda Prado Marinho. Enfermeira. Graduada em Enfermagem pela UENP.

1173
Introdução
A atenção à saúde da mulher tem como objetivo promover uma atenção integral,
aludindo os determinantes sociais que afetam diretamente na saúde das mulheres. Deste
modo, as políticas públicas priorizam uma assistência qualificada em todos os níveis de
atenção. (BRASIL, 2020).
O câncer cervical é um dos principais problemas de saúde pública da população
feminina do mundo. No Brasil, o câncer do colo do útero é a quarta principal causa de
morte por câncer no sexo feminino no país (VAZ, 2020). Estima-se que para cada ano do
triênio de 2020-2022, ocorrerá 16.710 casos novos de câncer de colo do útero com risco
estimado de 16,35 casos a cada 100 mil mulheres (BRASIL, 2020).
O câncer de mama é o mais incidente em mulheres, representando 11,7% do total
de casos no mundo em 2020 e a quinta causa de morte por câncer em geral (SUNG, et
al.2021). No Brasil, o câncer de mama também é o mais incidente, estimando-se 66.280
casos novos para o ano de 2020, o que representa uma taxa de incidência de 43,74 casos
por 100 mil mulheres (BRASIL, 2020).
Diante disso, este projeto teve como objetivo promover a prevenção e detecção do
câncer de colo do útero e de mamas e seus desencadeantes.

Metodologia
Devido a pandemia por COVID-19 ter uma das principais medidas de contenção o
distanciamento social, os atendimentos presenciais do projeto intitulado “Atenção à Saúde
da Mulher: Promoção da saúde e da autonomia para a vida – Fase II”, tendo como público
alvo mulheres que residam em Bandeirantes-PR, com idade entre 16 e 69 anos, que ocorria
todas as quintas-feiras na Clínica Multiprofissional de Enfermagem da Universidade
Estadual do Norte do Paraná no período não comercial (das 18h às 21h) foram suspensos.
Para dar continuidade ao desenvolvimento do projeto, tornou-se necessário a criação de
perfis em redes sociais (Instagram e Facebook), visando a acessibilidade da população às
informações a respeito da saúde da mulher com enfoque na prevenção dos cânceres de colo
de útero e de mamas.

1174
Deste modo, foi elaborado um cronograma de publicações, no qual, foram
selecionados 40 temas sendo divididos entre os membros da equipe. A partir das pesquisas,
foram elaborados folders informativos, stories de mitos e verdades e quizzes, utilizando de
uma linguagem didática para que fosse de fácil compreensão dos internautas.
Outra atividade desenvolvida pelo projeto foi o 1º Encontro de Saúde da Mulher da
UENP: Prevenindo e Superando o Câncer de Colo do Útero e de Mamas, realizado no dia
21 de outubro de 2020, via Google Meet, transmitido pelo Youtube, das 18:30h às 22:00h.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Devido ao atual contexto de pandemia por COVID-19, tornou-se necessário a busca
por novas estratégias para manter as atividades do projeto durante o distanciamento social,
oportunizando o fornecimento de informações fidedignas a população e possibilitando uma
maior proximidade destes com o trabalho realizado pelos enfermeiros(as).
No decorrer do desenvolvimento do projeto foram publicados 28 folders
informativos dos 40 temas propostos e realizadas seis publicações para a divulgação do 1º
Encontro de Saúde da Mulher da UENP. As publicações alcançaram um total de 4.705
internautas, sendo 3.527 no Facebook e 1.178 no Instagram. No Facebook o público
atingido foi de 75,7% mulheres e 24,3% homens, compreendida por uma população com
faixa etária de 18 a 65 anos ou mais. Já no Instagram, a porcentagem foi de 88,1%
mulheres (18 a 65 anos) e 11,9% homens (18 a 54 anos). A interação entre os internautas e
a equipe é contínua, quando perguntas e respostas ocorrem diariamente.
Além disso, foi realizado o 1º Encontro de Saúde da Mulher da UENP- Prevenindo
e superando o câncer de colo do Útero e de Mamas, proporcionando um espaço de reflexão
e discussão sobre a prevenção do câncer de mama e de colo do útero, possibilitando aos
participantes, um momento de trocas de informações e relatos de vivencias, contribuindo
na formação de um novo olhar a respeito dos canceres em questão.
O encontro teve duração de três horas, contando com a presença de quatro
palestrantes, 92 participantes e até o presente momento (22 de julho) conta com 390
visualizações no Youtube. Foi desenvolvido para o encontro um formulário de presença

1175
através do Google Forms contendo um espaço com as opções “ruim”, “regular”, “bom” e
“ótimo” para os participantes avaliarem o evento. Oitenta e dois participantes avaliaram
como “ótimo”, nove pessoas como “bom” e uma pessoa avaliou o evento como “regular”.
Vinte e um participantes acrescentaram um comentário sobre a sua avaliação.

Considerações Finais
O desenvolvimento deste projeto revela-se de extrema importância para as
mulheres que não puderam comparecer aos serviços de saúde para a realização de seus
exames e orientações acerca da sua saúde, tanto por questão de trabalho quanto por conta
da pandemia por COVID-19. Destaca-se ainda, que as acadêmicas do curso de
enfermagem da Universidade Estadual do Norte do Paraná, Campus Luiz Meneghel, que
tiveram oportunidade de aprimorar seus conhecimentos técnicos e científicos a respeito da
saúde da mulher, possibilitando desenvolver suas habilidades profissionais. Sendo assim,
consideramos os objetivos do projeto como alcançados, apesar das adaptações necessárias
devido a pandemia.

Referências:
BRASIL. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva- INCA. Estimativa
2020: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2020. Disponível em:
https://www.inca.gov.br/numeros-de-cancer. Acesso em: 6 out. 2020.

BRASIL. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva- INCA. Estimativa
2020: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2019. Disponível em:
https://www.inca.gov.br/numeros-de-cancer. Acesso em: 22 set. 2020.

BRASIL. Secretaria da Saúde. Saúde da Mulher. 2020. Disponível em:


https://saude.rs.gov.br/saude-da-mulher. Acesso em: 22 jul. 2021.

SUNG H, FERLAY J, SIEGEL RL et al. Global cancer statistics 2020: GLOBOCAN


estimates of incidence and mortality worldwide for 36 cancers in 185 countries. CA
Cancer J. Clin. fev. 2021. Disponível em:
https://acsjournals.onlinelibrary.wiley.com/doi/10.3322/caac.21660. Acesso em: 7 abr.
2021.

1176
VAZ, D. W. N., OLIVEIRA, J. D. de; EVAGELISTA, H. I., et al. Avaliação
Epidemiológica do Câncer do Colo do Útero no Estado do Amazonas. Revista Amazônia
Science & Health. ISSN: 2318-1419, v. 8, n. 3, 2020.

Instituição financiadora:
Fundação Araucária - bolsa de iniciação a extensão (PIBEX).

1177
ATENDIMENTO REMOTO EM UMA UNIDADE DE FARMÁCIA-ESCOLA:
UMA ALTERNATIVA PARA A MANUTENÇÃO DO CONTATO COM O
PACIENTE EM TEMPOS DE PANDEMIA

Área Temática: Saúde


Coordenador da atividade: Daniel DE PAULA
Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná (UNICENTRO)
Autores: H. B. GUERRA 1; D. M. K. DA CRUZ1; K. R. DOS SANTOS1; J. S. BONINI2;
T. B. SAMPAIO2

Resumo:
O atendimento remoto é a prestação de serviços preponderantemente fora das
dependências do empregador, com a utilização de tecnologias de informação e de
comunicação que, por sua natureza, não se constituam como trabalho externo. Este
trabalho objetiva relatar a experiência do atendimento farmacêutico remoto na Farmácia-
Escola da Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná - campus Cedeteg
(FARMESC-UNICENTRO) durante a pandemia da Covid-19. Inicialmente, utilizou-se o
prontuário digital dos pacientes polimedicados que retiraram medicamentos na
FARMESC-UNICENTRO no ano de 2020. A seguir, realizou-se o cadastro de cada
paciente no aparelho celular e definiu-se a utilização do aplicativo de mensagens
instantâneas WhatsApp como meio de comunicação. Dos 309 pacientes que retiraram
medicamentos em 2020, 60,2% eram do sexo feminino e 39,8% eram do sexo masculino.
Destes, 39,9% utilizam o aplicativo WhatsApp, 35,1% possuem cadastro incompleto,
19,2% não possuem o aplicativo, 2,6% mudaram de cidade de domicílio, 1,9% não foram
encontrados no sistema e 1,3% faleceram. O atendimento remoto tem sido utilizado para
informar a comunidade sobre os horários de atendimento, a reposição de medicamentos,
responder dúvidas dos pacientes sobre os medicamentos e divulgar a realização serviços

1
Heloise Buskievicz Guerra, Deyse Maiara Ksiazek da Cruz, Karine Ribas dos Santos, alunas do curso de
graduação em Farmácia da UNICENTRO.
² Juliana Sartori Bonini, Tuane Bazanella Sampaio, docentes do Departamento de Farmácia da
UNICENTRO.

1178
farmacêuticos. Portanto, o atendimento farmacêutico remoto tem se consolidado como um
canal de comunicação da FARMESC-UNICENTRO com a comunidade. Somado a isto,
tem agregado para a formação profissional da discente envolvida no projeto, que
permanece realizando a assistência farmacêutica mesmo a distância.

Palavras-chave: atendimento remoto; assistência farmacêutica; Covid-19.

Introdução
No Brasil, diante da pandemia da doença causada pelo novo coronavírus (Covid-
19), reconheceu-se a possibilidade de serem adotadas no país algumas modalidades da
telemedicina (BRASIL, 2020). O atendimento remoto é a prestação de serviços
preponderantemente fora das dependências do empregador, com a utilização de tecnologias
de informação e de comunicação que, por sua natureza, não se constituam como trabalho
externo (AMAZONAS, 2021). Esta forma de atendimento à comunidade tem se
consolidado como uma ferramenta de grande utilidade para situações como a atual,
facilitando o distanciamento social.
A assistência farmacêutica é o conjunto de ações voltadas à promoção, proteção e
recuperação da saúde, tanto individual como coletiva, tendo o medicamento como insumo
essencial e visando tanto o acesso como o uso racional deste. Este conjunto envolve a
pesquisa, o desenvolvimento e a produção de medicamentos e insumos, bem como a sua
seleção, programação, aquisição, distribuição, dispensação, garantia da qualidade dos
produtos e serviços, acompanhamento e avaliação da sua utilização, na perspectiva da
obtenção de resultados concretos e da melhoria da qualidade de vida da população
(BRASIL, 2004).
Neste contexto, considerando a dificuldade de contato entre o profissional
farmacêutico e os pacientes causada pelo distanciamento social decorrente da pandemia da
Covid-19, emergiu o projeto de extensão para a inserção do atendimento remoto na
Farmácia-Escola da Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná – campus
CEDETEG (FARMESC-UNICENTRO), localizada no município de Guarapuava/PR.
Portanto, este trabalho visa relatar a experiência do atendimento remoto prestado por

1179
estudantes e professores, juntamente com a assistência farmacêutica, na FARMESC-
UNICENTRO durante a pandemia da Covid-19.

Metodologia
Trata-se de um relato de experiência sobre a implementação do atendimento
farmacêutico remoto na FARMESC-UNICENTRO, localizada no município de
Guarapuava/PR, acrescido das percepções das discentes do 4º e 5º ano do curso de
graduação em Farmácia da UNICENTRO envolvidas neste projeto. As ações descritas
ocorreram no período de abril a agosto de 2021, nas instalações da FARMESC-
UNICENTRO. Inicialmente, utilizou-se o prontuário digital, obtido através do software
Fast Medic - Sistema de Gestão de Saúde Pública, dos pacientes polimedicados que
retiraram medicamentos na FARMESC-UNICENTRO no ano de 2020. A seguir, realizou-
se o cadastro de cada paciente no aparelho celular, contendo nome e número de telefone, e
definiu-se a utilização do aplicativo de mensagens instantâneas WhatsApp como meio de
comunicação. Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa – COMEP/
UNICENTRO, parecer número 3.231.846, de 29 de março de 2019.

Desenvolvimento e processos avaliativos


O atendimento farmacêutico remoto foi iniciado na FARMESC-UNICENTRO no
dia 26 de abril do ano de 2021, visando criar um canal de comunicação entre o profissional
farmacêutico e a comunidade, principalmente com os pacientes já atendidos anteriormente.
Segundo o prontuário digital do Fast Medic - Sistema de Gestão de Saúde Pública, 309
pacientes polimedicados retiraram medicamentos na FARMESC-UNICENTRO no ano de
2020, sendo 60,2% deles do sexo feminino e 39,8% do sexo masculino. Em relação a
disponibilidade do aplicativo de mensagens instantâneas WhatsApp, 39,9% utilizam o
aplicativo, 35,1% possuem o cadastro incompleto não sendo discriminado o número de
telefone, 19,2% não possuem acesso ao aplicativo no número informado no prontuário,
2,6% mudaram de cidade de domicílio, 1,9% não foram encontrados no sistema e 1,3%
faleceram.

1180
Uma vez que o contato farmacêutico-paciente foi impactado pelo distanciamento
social decorrente da pandemia da Covid-19, o atendimento remoto tem sido utilizado para
informar os pacientes sobre os horários de atendimento da FARMESC-UNICENTRO,
avisar sobre a disponibilidade de medicamentos, responder dúvidas sobre medicamentos e
divulgar os serviços farmacêuticos prestados, como a realização de aferição da pressão
arterial e glicemia capilar. Neste sentido, uma das principais dificuldades encontradas é o
acesso a alguns pacientes, já que muitos cadastros estão incompletos ou possuem números
de telefones em que não há o aplicativo WhatsApp. Entretanto, enfatiza-se que o projeto
encontra-se em andamento e espera-se sanar estas dificuldades e ampliar o cadastro de
pacientes atendidos de forma remota, buscando se tornar um exemplo tanto para a
assistência farmacêutica remota como para ações de outros profissionais da área de saúde.
Por fim, conforme relato das discentes envolvidas neste projeto, a implementação
do atendimento remoto na FARMESC-UNICENTRO está sendo de grande aprendizagem
tanto profissional como pessoal, pois conseguiu-se manter contato com os pacientes
mesmo à distância, podendo exercer as atividades relacionados ao serviço farmacêutico.
Ademais, destaca-se o grande conhecimento adquirido que auxiliarão para o atendimento
ao paciente em um futuro próximo quando as mesmas ingressar no mercado de trabalho.

Considerações Finais
Considerando que o atendimento farmacêutico remoto foi idealizado e
implementado na FARMESC-UNICENTRO devido ao distanciamento social decorrente
da pandemia da Covid-19, conclui-se que este tem se consolidado como um canal de
comunicação entre o profissional farmacêutico e a comunidade. Por fim, de especial
importância, a discente envolvida no projeto relata que a possibilidade de realizar o serviço
de assistência farmacêutica mesmo à distância tem conferido grande aprendizagem tanto
profissional como pessoal.

1181
Referências
AMAZONAS. ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO AMAZONAS. Lei nº
5.405, de 24 de fevereiro de 2021. Disponível em:
<https://sapl.al.am.leg.br/media/sapl/public/normajuridica/2021/11233/5405.pdf>. Acesso
em 02 de agosto de 2021.

BRASIL. CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE. Resolução nº 338, de 06 de maio de


2004. Disponível em:
<https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/2004/res0338_06_05_2004.html>. Acesso
em 02 de agosto de 2021.

BRASIL. PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Lei nº 13.989, de 15 de abril de 2020.


Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-
2022/2020/lei/L13989.htm>. Acesso em 02 de agosto de 2021.

1182
ATUAÇÃO DAS CENTRAIS DE INFORMAÇÕES DA UNIOESTE NO COMBATE
AO CORONAVÍRUS 1

Área Temática: Saúde


Coordenadora da atividade: Adriane de Castro MARTINEZ
Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste)
Autores: A. C. MARTINEZ2; E. P. GÓES3; F. A. C. FOLLADOR 2; M. A. M.
ARCOVERDE 3; V. VEDANA 4; M. C. PEREIRA 5

Resumo:
Em 11 de março de 2020, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declara a infecção pela
Covid-19 como pandemia. Nesse mesmo mês, foi dado início ao Projeto de Combate ao
Coronavírus no Estado do Paraná. Mediante a isso, as universidades de todo o estado
foram desafiadas a também colaborarem a partir de edital específico para projetos de
extensão com foco no combate ao COVID-19. A Universidade Estadual do Oeste do
Paraná (UNIOESTE), ao atender a chamada pública registrou o projeto dentro da
instituição como “Contribuição das Ações de Extensão da Unioeste no Combate a
Pandemia do Novo Coronavírus nas Regiões Oeste e Sudoeste do Paraná”. Nesse sentido,
tendo o objetivo relatar o desenvolvimento e a aplicabilidade de ações de extensão no
atendimento em centrais de informações (Call Center). Estudo descritivo do tipo relato de
experiência do desenvolvimento do projeto de extensão nas Regiões Oeste e Sudeste do
Paraná, referente às centrais de informação. Os atendimentos das centrais de informação
revelaram as dúvidas e incertezas vividas pela população, devido à emergência do
surgimento da doença. Além das informações, também eram realizados encaminhamentos
para os locais de atendimento. Em Foz do Iguaçu, a central da UNIOESTE conseguiu se

1 Projeto Financiado pela Fundação Araucária, Chamada 009/2020, Convênio 028/2020-FA.


2 Adriane de Castro Martinez, servidora docente. E-mail: adriane.martinez@unioeste.br 3
Eliane Pinto de Góes, servidora docente.
2 Franciele Ani Caovilla Follador, servidora docente.
3 Marcos Augusto Moraes Arcoverde, servidor docente.
4 Vinícius Vedana, aluno [Medicina], Bolsista Fundação Araucária 2020.
5 Mirian Caroline Pereira, aluna [Mestrado Saúde Pública em Região de Fronteira], Bolsista Fundação

Araucária 2020, CAPES 2021.

1183
inserir na rede de assistência do município, além de experimentar diferentes estratégias
para o atendimento e encaminhamento. A modalidade de assistência não presencial está se
tornando uma ferramenta de apoio significativa para os profissionais da saúde.

Palavras-chave: Ações; Informações Públicas; Combate ao Coronavírus.

Introdução
Com os casos de COVID-19 se espalhando pelo Mundo e chegando ao Brasil, o
estado do Paraná acompanhou casos suspeitos desde o mês de fevereiro de 2020,
confirmando os primeiros casos no dia 12 de março, sendo 05 casos na capital (Curitiba) e
um caso em cidade do noroeste do estado (PARANÁ, 2020). Neste cenário, foi dado início
ao Projeto de Combate ao Coronavírus no Estado do Paraná. Dentre as ações realizadas, foi
planejado um projeto de extensão envolvendo todas as universidades estaduais, o qual foi
coordenado pela Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI),
em parceria com Secretaria de Estado da Saúde (SESA), Secretaria de Segurança Pública
(SSP) e Fundação Araucária lançaram a Chamada 009/2020 para ações de extensão fossem
desenvolvidas pelas Instituições de Ensino Superior Públicas.
A Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), ao atender a chamada
pública “09/2020/Fundação Araucária - Ação de Extensão Contra o Novo Coronavírus”,
registrou o projeto dentro da instituição como “Contribuição das Ações de Extensão da
Unioeste no Combate a Pandemia do Novo Coronavírus nas Regiões Oeste e Sudoeste do
Paraná”. Assim como sugerido pelo título, a universidade ficou responsável pela região
Oeste e Sudoeste do estado, atuando nas cidades de Cascavel, Foz do Iguaçu, Francisco
Beltrão, Guaíra, Pato Branco e Toledo.
Foram desempenhadas ações de extensão em três frentes de atuação: em ações de
prevenção nas divisas rodoviárias do Estado do Paraná; na assistência à saúde junto as
Regionais de Saúde e no atendimento em centrais de informações (Call Center). Todavia, o
objetivo deste trabalho é “relatar o desenvolvimento e a aplicabilidade de ações de
extensão no atendimento em centrais de informações (Call Center) na Universidade
Estadual do Oeste do Paraná.

1184
Metodologia
Estudo descritivo do tipo relato de experiência desenvolvido a partir do processo de
implantação e desenvolvimento das centrais de atendimento implantadas nos Campi de
Cascavel e Francisco Beltrão, no período de abril a dezembro de 2020, e no Campus de
Foz do Iguaçu no período de abril de 2020 a junho de 2021.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Para o atendimento nas centrais de informações (Call Center), inicialmente
realizou-se a seleção de alunos bolsistas através de edital publicado com formulário online
sob responsabilidade da Fundação Araucária. Ao serem convocados para o trabalho, os
bolsistas participantes de cada Campi se organizaram em grupos de três turnos de 6 horas
cada, atuando das 6 às 24h horas. Cada equipe de bolsistas contava com quatro estudantes
de graduação e um orientador, sendo docente ou aluno de pós-graduação da UNIOESTE.
Posteriormente, todos foram submetidos a sessões de treinamento nas duas frentes
de trabalho: o telefônico via 0800 e a plataforma online Victória Paraná, lançados pelo
governo do Estado do Paraná. O treinamento para os atendimentos na Plataforma online
seguiu um material elaborado para todos os bolsistas do estado do Paraná.
Nos atendimentos via plataforma Victoria, os bolsistas realizavam perguntas para
os usuários visando o processo de triagem final e registros de notificações de casos
suspeitos da covid-19. Porém, para se utilizar do atendimento na plataforma, o usuário
precisava baixar em seu celular o app Telemedicina Paraná, fazer o cadastro e preencher
um formulário sobre sua condição de saúde. O sistema do app fazia uma triagem inicial por
meio da Inteligência Artificial e caso o usuário não fosse identificado com possíveis
sintomas de coronavírus, recebia orientações de como se prevenir.
Se fosse identificado com algum sintoma, o usuário era encaminhado para nova
triagem (final) com os bolsistas da área da saúde, através de atendimento online via
WhatsApp. Se os sintomas não fossem de Covid-19, ele recebia novas orientações de
prevenção e havendo a possibilidade de ser a doença, ele era encaminhado ao atendimento
com um médico por vídeo, áudio ou chat (PIA, 2020). Essa atividade foi desenvolvida
durante o período de abril a dezembro de 2020.

1185
A central de informações de Foz do Iguaçu atuou da mesma forma que as demais,
mas além destas ações, desde o início do trabalho conseguiu inserir-se na rede municipal
de enfrentamento ao COVID-19, fazendo encaminhamento direto para o hospital de
referência. Também ocorreu o atendimento de pessoas que utilizam o aplicativo CovidPR,
disponível apenas para cidade de Foz do Iguaçu, desenvolvido por professores e alunos do
curso de Ciências da Computação da UNIOESTE, em Foz do Iguaçu (PEREIRA et al.
2020). O aplicativo permitia uma autoavaliação de sintomas realizada pelo usuário, além
de fornecer orientações sobre saúde e orientar sobre os serviços de saúde do município de
Foz do Iguaçu. O aplicativo possuía um lembrete diário para o usuário fazer a
autoavaliação. Assim, conforme o registro de cada autoavaliação, o aplicativo enviava um
alerta para uma plataforma que a central de informações da Unioeste tinha acesso, quando
os bolsistas agiam proativamente, ligando para o usuário e fazendo uma nova avaliação,
confirmando ou nãos a suspeita e realizando orientações ou encaminhamentos para os
serviços de saúde quando necessário. Essa ação vinculada ao aplicativo CovidPR foi
desenvolvida de abril de 2020 a junho de 2021.

Considerações Finais
A modalidade de assistência não presencial, está se tornando uma ferramenta de
apoio significativa para os profissionais da saúde desempenharem algumas funções de
forma ágil, devido sua aplicabilidade no cotidiano. Pode-se pensar que este modelo de
atendimento irá se manter nos serviços de saúde, bem como em outros serviços, tanto na
esfera pública quanto privada, devido aos benefícios percebidos ao longo dos atendimentos
e acompanhamentos dos casos.

Agradecimentos
Agradecemos os orientadores e os bolsistas que atuaram nesta ação, que foram
essenciais para que os resultados fossem alcançados, e a direção dos Campi que
forneceram a estrutura física e tecnológica necessária para o funcionamento das Centrais
de Atendimento.

1186
Referências
PARANÁ. Secretaria de Estado da Saúde. Departamento de Vigilância e Controle em
Agravos Estratégicos - DECA. Centro de Informações Estratégicas e respostas de
Vigilância em Saúde.

Boletim do COVID19 de 12/03/2020/SESAPR. Disponível em:


https://www.saude.pr.gov.br/sites/default/arquivos_restritos/files/documento/202004/coron
a_12032020.pdf. Acesso em: 26 jul. 2021.

PEREIRA, Mirian Caroline et al. Telessaúde e Covid-19: experiências da enfermagem e


psicologia em Foz do Iguaçu. Revista de Saúde Pública do Paraná, v. 3, n. Supl. 2020.
Disponível em: https://doi.org/10.32811/25954482-2020v3sup1p198. Acesso em: 26 jul.
2021.

PIA – Paraná Inteligência Artificial. APP Telemedicina Paraná. Disponível em:


<http://www.coronavirus.pr.gov.br/Campanha/Pagina/APP-COVID-19PARANA>. Acesso
em: 10 jul. 2021.

1187
CICLOS FORMATIVOS DE PROFESSORES ONLINE: PROMOÇÃO DE
DIÁLOGOS SOBRE EDUCAÇÃO

Área temática: Educação


Coordenadora da atividade: Keiciane C. DREHMER-MARQUES 1
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
Autores: Bruna R. BRITES ; N. Larissa LUNARDI 3; Sabrina Gabriela KLEIN 4; José
2

Francisco Z. MARQUES 5; Diuliana Nadalon PEREIRA 6.

Resumo:
O presente trabalho busca relatar a discutir as atividades realizadas pelo projeto “Ciclos
Formativos de Professores Online”, idealizado por estudantes do Programa de Pós-
Graduação em Educação em Ciências: Química da Vida e Saúde (PPGECQVS), da
Universidade Federal de Santa Maria com a suspensão das atividades presenciais na
Instituição devido à pandemia do novo coronavírus. O projeto, que iniciou em 2020, tem
como objetivos principais a ampliação e flexibilização dos espaços de formação por meio
de ferramentas digitais e divulgação do PPGECQVS. Assim, o projeto consistiu na
promoção de encontros online (ao vivo) na plataforma Youtube, com a participação de
diversos profissionais tratando de temáticas da Educação, especialmente da Educação em
Ciências. No ano de 2021 o projeto passou por mudanças, passando a ser organizado na
forma de série, em formato de mesa redonda, sendo gravados e editados antes da
divulgação no Youtube. Em 2020, o projeto contou com a participação de 58 palestrantes
das cinco regiões do Brasil e com a presença de um público variado, envolvendo

1
Keiciane Canabarro Drehmer-Marques, Doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Educação em
Ciências: Química da Vida e Saúde, Departamento de Biologia, Técnica em Laboratório/Biologia.
2
Bruna da Rosa de Brites, Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática e Ensino de
Física.
3
Larissa Lunardi, Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências: Química da Vida e
Saúde, Bolsista de extensão universitária.
4
Sabrina Gabriela Klein, Doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências: Química da
Vida e Saúde.
5
José Francisco Zavaglia Marques, Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências:
Química da Vida e Saúde
6
Diuliana Nadalon, Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências: Química da Vida
e Saúde.

1188
estudantes de graduação e pós-graduação, professores da rede básica e superior, além de
participantes da comunidade em geral, tendo sido emitidos 75 certificados. Desse modo,
entende-se que a partir dos ciclos formativos, que proporcionam o diálogo entre
pesquisadores de diferentes regiões do Brasil, favoreceu-se o enriquecimento formativo
profissional de todos os envolvidos.

Palavras-chave: COVID-19; Educação; Formação de professores.

Introdução
O projeto de extensão, intitulado: “Ciclos formativos de professores online:
promoção de diálogos sobre educação”, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
foi idealizado pelos estudantes, após a suspensão das atividades presenciais devido à
pandemia do novo coronavírus. Atualmente, é organizado pelos discentes do Programa de
Pós-Graduação em Educação em Ciências: Química da Vida e Saúde (PPGECQVS),
professores colaboradores, Técnico Administrativo em Educação (TAE), além das
bolsistas.
Neste projeto os organizadores promoveram encontros online através do canal do
YouTube “Educação em Ciências UFSM” 7, contando com a participação de especialistas
em diferentes temas de educação, em especial voltados ao campo da Educação em
Ciências. Os encontros online permitem a disseminação do conhecimento científico e das
experiências produzidas pelas comunidades escolares e universidades com temas ligados à
Educação e ao Ensino.
Dentre os objetivos do projeto, estão: ampliar e flexibilizar os espaços de formação
por meio de ferramentas digitais; e, b) divulgar o PPGECQVS, possibilitando reflexões
sobre o conhecimento científico, abordando temas diversos acerca da Educação. Em vista
da implementação do projeto, dos encontros realizados e das contribuições oportunizadas a
partir dele, esse estudo busca relatar e analisar as atividades do projeto durante o período
de 2020 a 2021.

7
Para saber mais acesse: https://www.youtube.com/channel/UCFH79rnc0qQcQu18zvLPlRQ

1189
Metodologia
Os encontros online ocorreram ao vivo por meio da plataforma de vídeos YouTube
com a participação de palestrantes de diversas instituições do país, com a mediação dos
representantes da organização do projeto. O diálogo ocorreu por meio do chat –
disponibilizado na própria plataforma do YouTube – na finalidade de abrir espaço para a
realização de questionamentos aos palestrantes ou, ainda, para a tessitura de diálogos entre
os participantes. Os vídeos dos encontros foram disponibilizados na plataforma após a
transmissão. Isso ocorreu no intuito de possibilitar que as palestras ficassem disponíveis
para aqueles que não puderam assistir ao vivo.
O público-alvo para desenvolvimento do projeto foram profissionais da educação,
em especial, professores, atuantes na educação básica ou superior; estudantes de pós-
graduação, como também em formação inicial. Os temas para os ciclos formativos online
foram obtidos por meio de levantamentos com os participantes das lives, bem como
sugestões dos discentes do programa.

Desenvolvimento e processos avaliativos


O canal possui, atualmente, 4158 inscritos, 44 vídeos produzidos ao vivo no ano de
2020, somando 80 horas de gravação e mais de 12.700 horas exibidas. No ano de 2020, o
projeto contou com a participação de 58 palestrantes das cinco regiões do Brasil e uma
pesquisadora de Portugal. Assim, percebe-se que o projeto e o PPGECQVS obtiveram
visibilidade local, regional, nacional e até internacional. Destaca-se que em 2020 foram
emitidos 75 certificados ao público participante, sendo esses, os sujeitos que responderam
aos questionamentos criados nas lives, para contabilização de horas.
As transmissões tiveram grande aceitação e participação para além do PPGECQVS,
contando com adesão de discentes da graduação, pós-graduação e professores da Educação
Básica e Ensino Superior de diferentes regiões do país. Isso se torna evidente nos dados
apresentados anteriormente, considerando o número de inscritos, acesso às lives e alcance.
Todavia, no decorrer do ano de 2020, as participações ao vivo diminuíram, necessitando a
adoção de estratégias que auxiliassem a aumentar o alcance e participação nos encontros.

1190
Dessa forma, em 2021, o projeto foi organizado em forma de série denominada “Encontros
virtuais: diálogos sobre educação”, em que os episódios possuem de 35 a 50 minutos, são
gravados (pelo Google Meet e OBS Studio) e editados (por meio do MiniTool Movie
Maker) antes de serem publicados no canal. Os encontros são estruturados no formato de
mesa redonda em que os convidados da área discutem sobre o assunto. Cada temporada
possibilita que o público participante assista aos episódios, responda aos questionamentos
e, sendo cumpridos todos os requisitos, garantam certificação.
Diante do exposto, o canal buscou a constituição de um “espaço de formação
permanente que permitiu uma aproximação entre a universidade, escolas e a comunidade
interessadas no assunto, promovendo experiências formativas em torno da educação básica
e superior” (MARQUES et al., 2021, p. 15). Esses movimentos formativos nos permitem
repensar sobre os modelos de formação docente e reafirmam a indissociabilidade entre
ensino, pesquisa e extensão. Os encontros trazem reflexões com o público presente sobre
teorias, práticas e relatos da Educação em Ciências, envolvendo diversos temas que
potencializam e ampliam as experiências e vivências docentes. Sendo assim, trata-se de um
convite para uma reflexão crítica sobre sua prática docente, possibilitando repensar,
modificar e compartilhar as estratégias utilizadas pelo público presente no evento.

Considerações Finais
O projeto apresenta uma possibilidade de formação alcançando outros espaços,
como o online, em um momento de adaptação como o de realização do ensino remoto. Por
isso, os ciclos formativos continuam acontecendo em 2021, mas com modificações, como
a estruturação em mesas redondas, episódios gravados e organizados em temporadas.
Desse modo, os ciclos apresentam ganhos formativos para organização e participantes por
permitir diálogos com pesquisadores de diferentes partes do Brasil, encurtando distâncias
por meio da comunicação virtual. Processos como esse enriquecem a formação docente e
qualificam o desenvolvimento profissional de todos os participantes e envolvidos.
As plataformas online ampliam os espaços e o acesso aos conhecimentos
científicos e as experiências produzidas nos espaços acadêmicos e escolares. Além disso,
promovem aproximação de diferentes regiões do país trazendo transformação, motivação e

1191
interesse na prática docente de qualidade e na busca para a formação continuada de forma
presencial e online nos cursos de pós-graduação. Portanto, diante da situação apresentada
pela pandemia, o canal do YouTube “Educação em Ciências UFSM” possibilitou a
aproximação da universidade com a comunidade a partir dos ciclos formativos. Assim, a
plataforma se tornou um meio de comunicação, diálogo e divulgação de pesquisas sobre o
ensino e a educação em Ciências.

Referências
MARQUES, J. F. Z.; DREHMER-MARQUES, K. C.; KLEIN, S. G.; PEREIRA, D. N.;
SILVA, J. M.; OLIVEIRA, N. M.; GRAFFUNDER, K. G. Processos formativos online em
tempos de pandemia: Promoção de diálogos sobre educação e ensino. Research, Society
and Development, v. 10, n. 4, p. 1-16, 2021. Disponível em
https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/14415/12997. Acesso em: 03 ago 2021.

Bruna da Rosa de Brites* 2020 Bolsista de Extensão Universitária de Enfrentamento à


Pandemia da Covid-19- Edital 07/2020, bolsa financiada pela Pró-Reitoria de Extensão da
Universidade Federal de Santa Maria, RS

Larissa Lunardi 2021* Bolsista de Extensão Universitária de Enfrentamento à Pandemia da


Covid-19- Edital 010/2021, bolsa financiada pela Pró-Reitoria de Extensão da
Universidade Federal de Santa Maria, RS

1192
CIDADANIA EM ÉPOCAS DE PANDEMIA: O BLOG MICROBIOLOGANDO
COMO VEÍCULO DE DISSEMINAÇÃO DE INFORMAÇÕES CONFIÁVEIS
SOBRE A COVID-19

Área Temática: Saúde


Coordenadora da atividade: Patricia VALENTE
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Bolsa de Extensão: Pró-Reitoria de Extensão/UFRGS
Autores: B. L. BREDA 1; N. M. CERVA 2; T. D. VEIT3; C. E. SILVA4; P. VALENTE5.

Resumo:
O impacto da infodemia no contexto da pandemia de COVID-19 é extremamente
preocupante, já que estamos lidando com ações para combate à principal emergência
sanitária dos nossos tempos, que estão sendo prejudicadas pela sobrecarga de
desinformação e Fake News. Nesse contexto, foi criado o Microbiologando, blog
administrado por docentes da UFRGS. O objetivo do Microbiologando é levar informação
confiável sobre Microbiologia e ciências correlatas para o público em geral, atuando como
um veículo de educação científica capaz de minorar os impactos negativos causados pela
infodemia. O conteúdo do Microbiologando é selecionado a partir de fontes relevantes
cientificamente. Entre março de 2020 e 17/07/2021, foram publicados 304 posts e 25
páginas, cujo principal tema foi a COVID-19. O grande número de acessos e comentários
reflete o interesse do público-alvo sobre assuntos relacionados à pandemia. A maioria dos
acessos foi feita a partir das diversas regiões do Brasil, mas tivemos muitos acessos
provenientes de outros países, evidenciando o impacto social do Microbiologando e
demonstrando que o blog tem desempenhado um papel relevante no contraponto à
infodemia durante a pandemia de COVID-19.

Palavras-chave: Covid-19; fake news; blog científico.

1
Bruno Lopes Breda, aluno do curso de Medicina.
2
Natália Morél Cerva, aluna do curso de Enfermagem.
3
Tiago Degani Veit, servidor docente.
4
Carlos Eugenio Silva, servidor docente.
5
Patricia Valente da Silva, servidor docente.

1193
Introdução
Blogs de divulgação científica são canais de comunicação que visam disseminar o
conhecimento produzido em instituições de pesquisa para o público leigo, utilizando uma
linguagem adequada à sua compreensão. Esse público é muito suscetível à desinformação
e disseminação do que é conhecido como Fake News. A produção de notícias falsas sobre
assuntos de relevância pública não é fato novo, porém elas têm proliferado com grande
abundância durante a pandemia de COVID-19, tendo originado até uma nova palavra:
infodemia (https://www.academia.org.br/nossa-lingua/nova-palavra/infodemia). Na
verdade, a infodemia abrange, além das Fake News em senso estrito, informações
imprecisas que se multiplicam em grande velocidade e causam prejuízos às pessoas que as
consomem. A própria Organização Mundial da Saúde reconhece a infodemia e fornece
orientações e treinamentos para que possamos lidar com ela
(https://www.who.int/teams/risk-communication),

O impacto da infodemia no contexto da pandemia de COVID-19 é extremamente


preocupante, já que estamos lidando com ações para combate à principal emergência
sanitária dos nossos tempos, que estão sendo prejudicadas pela sobrecarga de
desinformação e Fake News (Al-Zaman, 2021; Barcelos et al., 2021). Nesse contexto, em
março de 2020 foi criado o blog Microbiologando (www.ufrgs.br/microbiologando). O
blog é administrado por docentes do Departamento de Microbiologia, Imunologia e
Parasitologia (Instituto de Ciências Básicas da Saúde, Universidade Federal do Rio Grande
do Sul) e conta com três discentes de Graduação em sua equipe: dois de cursos na área de
Saúde (Medicina e Enfermagem) e um aluno do curso de Jornalismo, evidenciando a
interdisciplinaridade desse tipo de ação de extensão, que se posiciona na fronteira entre
Ciência e Comunicação.
O objetivo do Microbiologando é levar informação confiável sobre Microbiologia e
ciências correlatas, embasada em pesquisas cientificas, para o público em geral. Esse
objetivo foi reforçado pela necessidade de contrapor a infodemia disseminada durante a
atual pandemia de COVID-19. Pretendemos que o blog seja um veículo de educação

1194
científica para a população e seja capaz de minorar os impactos negativos causados pela
infodemia.

Metodologia
O Microbiologando foi idealizado pela Prof. Patrícia Valente, coordenadora do
projeto de extensão. Ele foi criado em WordPress e encontra-se hospedado no servidor da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O blog apresenta conteúdos na forma de posts
(apresentação mais usual) ou de páginas (conteúdos com textos mais extensos, ligados a
alguns dos posts). Para avaliação das métricas de visitação, foi instalado o plugin
Advanced Page Visit Counter, Versão 4.1.0, de Ankit Panchal.
O conteúdo do Microbiologando é selecionado a partir de artigos publicados em
revistas científicas e em repositórios de preprints (medRixv e bioRixv), além de outras
fontes relevantes (Organização Mundial da Saúde, ANVISA, entre outras). Os critérios de
inclusão dos conteúdos são: relevância, atualidade e teor educacional. Os conteúdos
selecionados são distribuídos entre os membros da equipe para a elaboração das postagens.
Todo conteúdo para postagem elaborado por um dos discentes da equipe do blog é
revisado por um dos docentes da mesma equipe antes da publicação.
O público-alvo atendido pelo blog é bem amplo e não segmentado. O formato
digital possibilita que pessoas de diferentes localidades tenham acesso às postagens,
inclusive no exterior. A linguagem utilizada contempla a recepção do conteúdo por parte
de leitores com diferentes níveis de escolaridade.
Recentemente, iniciamos a divulgação dos conteúdos postados no Microbiologando
pela rede social Twitter (https://twitter.com/microbiologando) e pretendemos expandir a
divulgação para outras redes sociais em breve.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Entre março de 2020 e 17/07/2021, foram publicados 304 posts e 25 páginas, cujo
principal tema foi a COVID-19. Apenas nos últimos 12 meses, o blog teve 2.047.258
visitas, sendo mais de 64 mil no último mês. O grande número de comentários (1.483)
reflete o interesse do público-alvo sobre assuntos relacionados à pandemia. Como

1195
esperado, a maioria dos acessos ao blog foi feita a partir das diversas regiões do Brasil,
mas tivemos muitos acessos provenientes de outros países, evidenciando o impacto social
do Microbiologando. Os dez principais países com acesso ao Microbiologando no período
analisado foram, além do Brasil, EUA, Portugal, Irlanda, Alemanha, Rússia, Angola,
França, Reino Unido e Polônia.
Os conteúdos publicados englobaram todas as áreas de interesse acerca da
pandemia, como epidemiologia (grupos mais afetados, influência do clima, padrão de
espalhamento dos casos), diagnóstico, fisiopatologia (transmissibilidade, tempo de
incubação, órgãos afetados, aspectos imunológicos), medidas preventivas (uso de
máscaras, distanciamento social, quarentena), tratamentos e ecologia viral, entre outros. No
ano de 2021, marcado pelo surgimento das novas variantes do SARS-CoV-2, o assunto
predominante passou a ser o impacto das novas variantes no curso da pandemia.
Os três estudantes de Graduação que atualmente fazem parte da equipe do
Microbiologando estão tendo a oportunidade de vivenciar experiências ligadas às suas
áreas de formação. Os estudantes da área de Saúde (cursos de Medicina e de Enfermagem)
estão auxiliando na escolha de material e elaboração de conteúdo escrito para publicação
no blog, enquanto o aluno do curso de Jornalismo está atuando na divulgação do
Microbiologando nas redes sociais. O Microbiologando, enquanto atividade de extensão
interdisciplinar, é atividade formativa muito relevante para o currículo acadêmico desses
alunos.

Considerações Finais
Consideramos que os objetivos propostos para o Microbiologando estão sendo
atingidos com sucesso. O impacto social do Microbiologando demonstra que o blog tem
desempenhado um papel relevante no contraponto à infodemia durante a pandemia de
COVID-19.

Referências
AL-ZAMAN, Sayeed. Prevalence and source analysis of COVID-19 misinformation of
138 countries. medRixv. Disponível em:

1196
https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2021.05.08.21256879v1.full-text. Acesso em:
18 jul. 2021.

BARCELOS, Thainá do Nascimento de et al. Análise de fake news veiculadas durante a


pandemia de COVID-19 no Brasil. Revista Panamericana de Salud Publica.
Washington, v. 45: e65. 2021. Disponível em:
https://iris.paho.org/bitstream/handle/10665.2/53907/v45e652021.pdf. Acesso em: 18 jul.
2021.

1197
MUSICOTERAPIA: DA PRESERVAÇÃO À RECUPERAÇÃO DA SAÚDE

Área temática: Saúde


Coordenadora da atividade: Cláudia Roberta BRUNNQUELL
Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP)
Autores: N. P. M. DA SILVA ; P. R. M. RIBAS 2; I. D. ALVES 3; F. SCZEPANSKI 4.
1

Resumo:
A música destaca-se como um recurso para ações de promoção e prevenção em saúde. Para
idosos, a musicoterapia se sobressai por proporcionar efeitos significativos nas esferas
psicoemocionais, físicas e sociais, repercutindo na melhora da autoestima e da
socialização. Portanto, o objetivo deste projeto é facilitar a comunicação, relacionamento,
aprendizagem, mobilização, expressão e organização (física, emocional, mental, social e
cognitiva) dos internos do Asilo São Vicente de Paula – Jacarezinho, promovendo saúde,
além de desenvolver um espírito mais humanista nos acadêmicos. São realizadas sessões
presenciais de musicoterapia no Asilo São Vicente de Paula – Jacarezinho, por 29
acadêmicos do Curso de Fisioterapia, com duração de duas horas e 30 minutos, com violão
e canto, uma vez por semana, com cinco acadêmicos em cada sessão, equipados com Face
Shields e máscaras Pff2, além de reuniões semanais para preparação das sessões, no
formato remoto. Acredita-se que o projeto de musicoterapia tem alcançado seu objetivo,
melhorando a comunicação, relacionamento, aprendizagem, mobilização, expressão e
organização física, emocional, mental, social e cognitiva dos internos do asilo,
promovendo saúde e qualidade de vida, além de trazer benefícios para os acadêmicos, que
trabalham a capacidade de humanizar o atendimento, essencial para sua futura vida
profissional.

Palavras-chave: idosos; musicoterapia; saúde.

1
Náthali Poliani Moisés da Silva, vínculo (aluno [Fisioterapia].
2
Pedro Ress Marostica Ribas, vínculo (aluno [Fisioterapia].
3
Izabella Delazari Alves, vínculo (aluno [Fisioterapia].
4
Felipe Sczepanski, vínculo (servidor docente).

1198
Introdução
O envelhecimento ativo e saudável é definido como o processo de otimização das
oportunidades para a saúde, participação e segurança, para a melhoria da qualidade de
vida, pautando-se no desenvolvimento e manutenção da capacidade funcional do
indivíduo, permitindo o bem estar em idade avançada. Assim, a Organização Mundial da
Saúde (OMS) pretende substituir modelos de tratamento curativos, baseados na doença,
pela prestação de atenção integrada e centrada nas necessidades das pessoas idosas (OMS,
2015).
Com o envelhecimento, ocorrem modificações morfofuncionais que reduzem a
vitalidade e favorecem o aparecimento de doenças crônicas não transmissíveis, além de
transformações de natureza psicológica, emocional, social e espiritual (Pscheidt & Pereira,
2021).
Assim, o campo do ensino e pesquisa sobre geriatria e gerontologia reforça a
importância de intervenções terapêuticas, preventivas e de reabilitação, promovendo o
envelhecimento ativo e funcional, e, consequentemente, melhorando as condições de vida e
saúde desta população.(Araújo et al., 2016)
Dentre as terapias integrativas e complementares utilizadas, a música destaca-se
como um recurso para ações de promoção e prevenção (Gomes & Amaral, 2012).
Atividades musicais regulares são muito promissoras, melhorando o humor e
impactando positivamente na qualidade de vida e no bem-estar dos idosos, promovendo
empoderamento, autonomia e coesão social dos mesmos. (Clementes-Cortés 2020)
Assim, o objetivo do projeto é facilitar a comunicação, relacionamento,
aprendizagem, mobilização, expressão e organização (física, emocional, mental, social e
cognitiva) dos internos do Asilo São Vicente de Paula – Jacarezinho, promovendo saúde,
além de desenvolver um espírito mais humanista nos acadêmicos.

Metodologia
Descrever a metodologia utilizada, destacando o público-alvo da atividade
desenvolvida, o local, os materiais utilizados, as etapas e o universo abordado.

1199
O projeto conta com a participação de 29 acadêmicos do Curso de Fisioterapia que,
inicialmente, devido ao distanciamento social exigido pela Pandemia, gravavam vídeos
cantando e tocando instrumentos, que eram levados aos internos, tanto da ala feminina
quanto da masculina, do Asilo São Vicente de Paula – Jacarezinho. Após algumas
semanas, o projeto passou a ocorrer presencialmente, com a participação de cinco
acadêmicos, devidamente paramentados com Face Shields e máscara Pff2.
O público alvo são os internos do Asilo São Vicente de Paula – Jacarezinho, do
sexo feminino e masculino, que, com consentimento, participam de sessões de
musicoterapia, com duração de duas horas e trinta minutos. As músicas são escolhidas
pelos integrantes do projeto e pelos internos e trazem mensagens de esperança e fé, com
intuito de restaurar a perseverança dos participantes, além de promover qualidade de vida
aos mesmos.
Para as sessões, o material utilizado é o violão, disponibilizado pelos participantes.
Após cada sessão, os acadêmicos se reúnem no formato remoto para discutirem sobre as
músicas apresentadas na próxima sessão.

Desenvolvimento e processos avaliativos


A participação da comunidade ocorre através de reuniões semanais para
planejamento das atividades com ensaios das canções escolhidas pelo grupo e pelos
internos e, durante as sessões, nas quais todos os internos são convidados à participar,
assim como os funcionários do Lar São Vicente de Paula- Jacarezinho/PR, cantando ou
tocando os instrumentos disponibilizados pelos acadêmicos.
As atividades proporcionam aos participantes bem estar; facilitam a comunicação e
expressão; proporcionam uma vida mais harmoniosa, dinâmica, atrativa, com a
participação e envolvimento das pessoas idosas; e, possibilitam a amplificação da relação
sonora musical.
Através da música e da atenção oferecida, principalmente neste momento de
pandemia do COVID-19, em que as visitas estão proibidas, a presença dos acadêmicos
leva a mudança na rotina dos idosos, causando alegria e, consequentemente melhor
organização emocional e mental, promovendo saúde e qualidade de vida.

1200
Esses resultados também podem ser observados quando os internos questionam,
durante os atendimentos de fisioterapia, quando o “pessoal da música” irá vir. Também,
quando os idosos se reúnem, cantam e dançam de forma interativa, e escolhem a música
que gostariam de ouvir, fazendo os idosos buscarem na memória uma música em que eles
gostavam e assim reviver o sentimento bom que aquela música trás. Desta forma, acredita-
se que esta população está sendo atingida favoravelmente.
Para os estudantes, o projeto proporciona socialização, melhor conhecimento de um
possível futuro ambiente de trabalho, além de desenvolver humanização, por contribuir
com a melhora do ambiente em que os internos vivem, levando alegria e diversão.

Considerações Finais
O projeto tem alcançado seus objetivos, melhorando a comunicação,
relacionamento, aprendizagem, mobilização, expressão e organização física, emocional,
mental, social e cognitiva dos internos do asilo, promovendo saúde, além de trazer
benefícios aos acadêmicos, que trabalham a capacidade de humanizar o atendimento,
essencial para sua futura vida profissional.
Assim, podemos concluir que o projeto está contribuindo para a modificação da
realidade dos idosos do Asilo São Vicente de Paula- Jacarezinho/PR e dos acadêmicos
envolvidos.

Referências
ARAÚJO, L. F.; SANTOS, L. M. S.; AMARAL, E. de B.; CARDOSO, A. C. A.;
NEGREIROS, F. A musicoterapia no fortalecimento da comunicação entre idosos
institucionalizados. Revista Kairós-Gerontologia. v. 19, n. 22, p. 191-205, 2016.

CLEMENTES-CORTÉS, A. Understanding the Continuum of Musical Experiences for


People With Dementia. Music and Dementiap. p. 3-23, 2020.

GOMES, L.; AMARAL, J. B. Os Efeitos da Utilização da Música para os Idosos: Revisão


Sistemática. Revista Enfermagem Contemporânea. v. 1, n. 1, p. 103-117, 2012.

OMS (Organização Mundial da Saúde). Resumo do Relatório Mundial de


Envelhecimento e Saúde, 2015.

1201
PSCHEIDT, T. S.; PEREIRA, P. A. A. Música como Prática Integrativa Complementar em
Idosos Institucionalizados. Saúde Meio Ambiente, v. 10, p. 16-28, 2021.

Instituição financiadora:
Programa de Apoio à Inclusão Social (PIBIS) da Fundação Araucária.

1202
COMO A CRIAÇÃO DE UMA HASHTAG NAS REDES SOCIAIS DE UM
PROJETO DE EXTENSÃO CONTRIBUIU PARA DESMISTIFICAR O USO DE
MÉTODOS CONTRACEPTIVOS ENTRE A POPULAÇÃO EM IDADE
REPRODUTIVA

Área Temática: Saúde


Coordenadora da atividade: Juliana TREVISAN DA ROCHA
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA)
Autores: I. B. GHIORZI 1; T.P. COMISSOLI 2; B.C. DIAS 3; J. T. DA ROCHA 4.

Resumo:
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU asseguram o acesso
universal aos serviços de saúde sexual e reprodutiva, incluindo o planejamento familiar e
os direitos a informação e educação. Nesse sentido, o presente trabalho objetiva relatar a
experiência do projeto de extensão Conversando sobre Saúde Reprodutiva no
desenvolvimento de uma ação educativa com vistas a fornecer informações completas e em
linguagem acessível sobre anticoncepção e planejamento reprodutivo através publicação de
cards na rede social Instagram. Avaliando-se o engajamento dos seguidores com as
postagens feitas, observou-se uma média de 71 curtidas e 10,3 compartilhamentos em cada
uma das oito publicações, sugerindo que os seguidores do projeto estão atuando também
como multiplicadores das informações recebidas. Assim sendo, o desenvolvimento de
ações de extensão universitária como a relatada no presente trabalho se mostra cada vez
mais alicerçado no diálogo e na troca de experiências, possibilitando a indivíduos em idade
reprodutiva o acesso a informações e orientações sobre métodos seguros de planejamento
reprodutivo, como forma de contribuir para a autonomia dos indivíduos na tomada de
decisão em relação à própria saúde.

1
Isadora Bueloni Ghiorzi, acadêmica do curso de Medicina.
2
Thomas Pagot Comissoli, acadêmico do curso de Medicina, bolsista PROBEXT-UFCSPA.
3
Bruna Cristina Dias, acadêmica do curso de Enfermagem.
4
Juliana Trevisan da Rocha, docente.

1203
Palavras-chave: métodos contraceptivos; saúde reprodutiva; mídias sociais

Introdução
Os direitos sexuais e reprodutivos são parte integrante dos direitos humanos e,
basicamente, abrangem o exercício da vivência da sexualidade sem constrangimento, da
maternidade voluntária e da contracepção auto decidida (Lemos, 2014). Nesse contexto,
apesar do grande progresso ocorrido ao longo das últimas décadas, mais de 120 milhões de
mulheres no mundo todo desejam evitar a gravidez, porém nem elas nem seus parceiros
estão fazendo uso dos métodos contraceptivos. Os temores dos efeitos colaterais e as
preocupações com a saúde assustam algumas pessoas; a outras, falta conhecimento sobre
as opções de contracepção e suas formas de uso (SRP/OMS, 2007).
A Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), na descrição da Meta
3.7 do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) número 3, assegura o acesso
universal aos serviços de saúde sexual e reprodutiva, incluindo planejamento familiar,
informação e educação (ONU, 2015).
Dessa maneira, a atenção em planejamento reprodutivo (denominação atualmente
mais adequada que planejamento familiar) também deve incluir, além da oferta, a
orientação sobre métodos e técnicas tanto para a anticoncepção como para a concepção, a
depender da livre escolha das pessoas quanto a ter ou não filhos (Brasil, 2013). Nesse
sentido, o presente trabalho tem como objetivo relatar a experiência do projeto de extensão
Conversando sobre Saúde Reprodutiva no desenvolvimento de uma ação educativa de
caráter participativo e interativo com vistas a fornecer informações completas e em
linguagem acessível sobre anticoncepção e planejamento reprodutivo através publicação de
cards na rede social Instagram.

Metodologia
Considerando que 87,9% dos seguidores da página do projeto no Instagram
(@saudereprodutivaufcspa) possuem entre 18 e 44 anos, sendo considerados, portanto, em
idade reprodutiva, foi elaborada uma estratégia para confecção e publicação semanal de

1204
cards informativos sobre os diferentes métodos contraceptivos. A estratégia em questão
envolveu duas etapas: na primeira delas, os seguidores (público-alvo da ação) enviavam
dúvidas sobre métodos contraceptivos em resposta aos stories publicados na página do
projeto. Na segunda etapa, foi criada a hashtag #saudereprodutivaresponde, contendo uma
identidade visual própria, através da qual as dúvidas enviadas pelos seguidores na etapa
anterior foram respondidas através da publicação semanal de cards educativos na página do
projeto. Essa ação ocorreu entre os meses de fevereiro e março de 2021.

Desenvolvimento e processos avaliativos


A ação de extensão descrita nesse relato buscou incentivar o diálogo e a troca de
informações, através do uso de uma rede social, proporcionando um ambiente dinâmico e
participativo para que os seguidores se sentissem à vontade para enviar suas dúvidas a
respeito do uso de métodos contraceptivos. Essa interação dialógica com o público-alvo
possibilitou a criação de oito postagens, com temáticas tais como “Quando devo começar a
usar métodos contraceptivos”, “Até que ponto a pílula do dia seguinte funciona”,
“Anticoncepcional oral: o que é mito e o que é verdade”, entre outros.
Avaliando-se o engajamento dos seguidores com as postagens feitas, observou-se
uma média de 71 curtidas e 10,3 compartilhamentos em cada uma das oito publicações,
sugerindo que os seguidores do projeto estão atuando também como multiplicadores das
informações recebidas, algo extremamente desejável como resultado de ações
extensionistas. Cabe ressaltar que o acesso do público-alvo a informações claras e livres de
preconceitos contribui para criar condições de que eles possam realizar suas escolhas em
relação ao planejamento reprodutivo de maneira livre, informada e responsável.
Além disso, um outro resultado bastante importante dessa ação extensionista se deu
sobre os próprios integrantes do projeto, uma vez que pensar e vivenciar a extensão
universitária pressupõe também trabalhar o processo de formação acadêmica através de
uma pedagogia crítica que facilite a construção de novos conhecimentos, percebendo o
contexto social no qual os alunos estão inseridos. O desenvolvimento desse tipo de
atividades mostra-se útil para inserir as práticas extensionistas nos currículos dos cursos de
graduação, especialmente da área da saúde. Adotando essa posição, é possível fazer a

1205
interface entre o saber acadêmico e o saber popular, construindo assim uma relação de
criticidade e de intercâmbio de experiências (Cruz et al., 2010). Dessa forma, o
aprendizado através da extensão universitária se constrói de maneira bilateral, tal qual
proposto por Paulo Freire (1971): o educador e os educandos ensinam e aprendem ao
mesmo tempo por meio da troca de conhecimentos.

Considerações Finais
Se por um lado, os desafios à saúde em geral, no mundo inteiro, são muitos e
bastante sérios, por outro, a necessidade de divulgação de informações sobre como
gerenciar a própria fertilidade afeta mais vidas do que qualquer outro problema de saúde,
refletindo diretamente no bem-estar das pessoas, especialmente no das mulheres
(SRP/OMS, 2007). Assim sendo, o desenvolvimento de ações de extensão universitária
como a relatada no presente trabalho se mostra cada vez mais alicerçado no diálogo e na
troca de experiências, possibilitando a indivíduos em idade reprodutiva o acesso a
informações e orientações sobre métodos seguros de planejamento reprodutivo, como
forma de contribuir para a autonomia dos indivíduos na tomada de decisão em relação à
própria saúde.

Referências
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção
Básica. Saúde sexual e saúde reprodutiva; 1. ed., 1. reimpr. – Brasília: Ministério da Saúde,
2013 (Cadernos de Atenção Básica, n. 26).

Cruz BPA, Melo WS, Malafaia FCB, Tenório FG. Extensão Universitária e
Responsabilidade Social: 20 anos de Experiência de uma Instituição de Ensino Superior.
Anais do XXXIV ANPAD, Rio de Janeiro: 2010.

Freire, P. Extensão ou comunicação? Rio de janeiro: Paz e Terra, 1971.

Organização das Nações Unidas (ONU). Transformando Nosso Mundo: A Agenda 2030
para o Desenvolvimento Sustentável, 2015. Disponível em
http://www.itamaraty.gov.br/images/ed_desenvsust/Agenda2030-completo-site.pdf.

Departamento de Saúde Reprodutiva e Pesquisa (SRP) da Organização Mundial da Saúde


(OMS) e Escola Bloomberg de Saúde Pública/Centro de Programas de Comunicação

1206
(CPC) da Universidade Johns Hopkins, Projeto INFO. Planejamento Familiar: Um Manual
Global para Prestadores de Serviços de Saúde. Baltimore e Genebra: CPC e OMS, 2007.

Lemos, A. Direitos sexuais e reprodutivos: percepção dos profissionais da atenção primária


em saúde. Saúde em Debate [online]. 38(101), 244-253, 2014.

1207
COMO A PANDEMIA DO COVID-19 MUDOU A FORMA DE TRABALHO DO
PROGRAMA DE EXTENSÃO BANCO DE DENTES HUMANOS DA UFPR

Área temática: Saúde


Coordenador(a) da atividade: Ivana Froede Neiva
Universidade Federal do Paraná (UFPR)
Autores: W. F. TAMBURI ; J. C. MARCINIACK2; P. H. P. VIEIRA3; A. C.
1

OBICI4; Y.M. PUPO.

Resumo:
O Biobanco de Dentes Humanos da UFPR, desde sua fundação, se preocupou na
propagação do conhecimento aos estudantes e comunidade geral, visando não apenas levar
informação, mas também gerar interesse da sociedade sobre discussões científicas,
novidades tecnológicas e práticas acadêmicas. Depois de um ano de atividades remotas por
conta da pandemia, houve um grande impacto no desenvolvimento do programa,
que fazia 100% das suas atividades presenciais, e passou a desenvolver conteúdo virtual
em mídias sociais, e principalmente, elaboração de materiais institucionais e atualizações
técnicas internas do programa, mudanças essas, propiciadas por algo que carecia nas
atividades presenciais, o tempo hábil. Durante as atividades do projeto, foram
desenvolvidas práticas na elaboração de mídias de divulgação, estruturação de livros e e-
books e uso de ferramentas digitais voltadas para realização de eventos online como uma
nova maneira de interagir com a comunidade em relação à divulgação do projeto e ações.
Sendo assim, mesmo com o isolamento social, continuamos desenvolvendo e adaptando
formas de levar conteúdo de qualidade para os alunos, profissionais e a comunidade
externa.

Palavras-chave: informatização; mídias sociais, materiais institucionais.

Introdução
O programa de extensão Banco de Dentes Humanos da Universidade Federal do
Paraná: educação em saúde ampara as atividades do Biobanco de Dentes Humanos da

1208
UFPR (BDH-UFPR), visando, como extensão, estabelecer o vínculo entre universidade e
sociedade, fazendo assim, parte da tríade acadêmica junto com a pesquisa e o
ensino, buscando desenvolver democracia, equidade e ética. No BDH-UFPR são
armazenados dentes extraídos e suas respectivas polpas dentárias e, para isso, o programa
se respalda nas leis, resoluções e portarias contendo os aspectos éticos e legais para
obtenção, doação e disponibilização, além da formulação de Termos de Consentimento
Livre e Esclarecido e Assentimento para funcionalidade e aplicabilidade.
Outras ações que o BDH desenvolve são as campanhas de
conscientização para as comunidades científica e leiga, por meio de palestras e seminários,
especialmente sobre a importância de preservar as células-tronco provindas de polpas
dentárias e da doação espontânea de dentes extraídos por indicação profissional em
Unidades de Saúde e Curso de Odontologia. Além disso, uma ação concomitante é a visita
a escolas para captação de dentes decíduos, presenteando as crianças com um quebra-
cabeça desenvolvido por acadêmicos no BDH. A estratégia visa motivar as crianças e seus
pais na doação destes dentes.
Por conta da pandemia do COVID-19, houve a necessidade de adequação do
projeto, visando alcançar de outra forma a comunidade externa e interna do curso,
passando assim a realizar suas atividades por meio de divulgações nas mídias sociais e
elaboração de materiais institucionais, para que eles possam ser divulgados durante o
período de isolamento social e também utilizados quando as atividades presenciais forem
retomadas. Assim, durante e após o período de pandemia, um grande portfólio
de materiais produzidos já estarão disponíveis e serão muito úteis para os alunos e a
comunidade externa tais como folder, cartilha, Livros, E-books, Guia prático e Manual
de Anatomia Dentária. Portanto, o programa tem como principal objetivo, impactar
positivamente na formação do cirurgião dentista pela interdisciplinaridade, visando utilizar
novas tecnologias de interesse para a sociedade e para a comunidade acadêmica,
caracterizando assim, a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.

1209
Metodologia
Todas as atividades desenvolvidas por alunos, professores e equipe técnica
ocorreram de forma remota, a partir da formação de equipes que ficaram encarregadas
da produção de cada material. Os materiais produzidos foram o E-Book BDH, o
qual apresenta uma visão geral de tudo que é feito no programa, o Livro Infantil, com o
objetivo de conscientizar as crianças e os seus pais da importância da doação dos dentes
decíduos por meio de uma história, o Manual de Anatomia Dental, que visa ajudar os
acadêmicos na identificação dentária durante o processo de catalogação dos dentes do
acervo do BDH-UFPR, e a Cartilha e o Folder do Dente Presente que também possui o
objetivo de conscientizar os pais e as crianças. São realizadas reuniões semanais na
plataforma Microsoft Teams® para o desenvolvimento dos materiais, principalmente para
discussões sobre os livros e manuais para aprimorar as ideias e assim conseguir um melhor
resultado. A produção do Livro Infantil que precisava de uma maior habilidade nos
programas de design como o Canva, PowerPoint e o Photoshop, necessitaram de um
treinamento interno dos alunos. Assim, além das reuniões semanais gerais, todos os alunos
que participavam na produção desse material também se reuniam semanalmente com sua
respectiva equipe para aprimorarem seus conhecimentos nos programas e assim
conseguirem realizar todas as atividades necessárias.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Com equipes específicas de trabalho, foi realizada a elaboração de uma cartilha,
que possui como finalidade informar para as crianças que estão em período de troca de
dentição decídua para dentição permanente, sobre a destinação correta dos dentes de forma
lúdica e informativa. Além disso, apresenta o que é feito com os dentes no Biobanco de
Dentes (BDH) e também recomendações sobre higiene oral. Ela foi elaborada através
do Canva, software de elaboração de design, e está disponível tanto de forma digital, como
de forma impressa. Foi realizada também a elaboração de um livro infantil, escrito e
ilustrado completamente pelos discentes do projeto, onde conta a história da fada do dente,
com o intuito de incentivar as crianças a serem doadores mirins. Ademais, estão sendo

1210
desenvolvidos outros materiais com o intuito de auxiliar acadêmicos de odontologia em
seu dia a dia de prática clínica por meio de um guia de identificação dos dentes e guia
prático sobre como promover a doação de dentes de leite. Com isso, a continuidade das
atividades de extensão possibilitou a realização de várias produções que estavam apenas
sob planejamento, contribuindo de forma significativa para minimizar os impactos da
pandemia.
Portanto, as ações extensionistas colocam em prática planos de ação elaborados
pela equipe, no intuito de fomentar suas práticas de ensino e aprendizagem, assim como de
adquirir e produzir novos conhecimentos.

Considerações Finais
No processo de adaptação das atividades de extensão do BDH-UFPR ao
mecanismo digital, os alunos de graduação do curso de odontologia tiveram a oportunidade
de realizar a elaboração de diversos materiais, que aprimoram habilidades de criatividade,
escrita e organização, além disso, os alunos participaram como autores de publicações
importantes como livros e outros materiais institucionais, que impactam positivamente em
seus currículos, aumentando as produções acadêmicas e oportunizando assim, a divulgação
dos trabalhos realizados, para que a comunidade acadêmica e o público em geral,
conheçam as diferentes produções que o programa desenvolve. Assim, mostrando a
importância que as instituições de ensino, de pesquisa e de fomento científico de
qualidade, produzem por seus professores, pesquisadores e estudantes.

Referências
MÉLO, Cláudia Batista et al. A extensão universitária no Brasil e seus desafios durante a
pandemia da COVID-19. Research, Society And Development, [S.L.], v. 10, n. 3, p. 0-0,
3 mar. 2021. Research, Society and Development.

MIRANDA, Geraldo Elias; BUENO, Fernanda Carneiro (comp.). Banco de dentes


humanos: uma análise bioética. Revista Bioética (impr.), Brasília, v. 20, p. 255-266, fev.
2012. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/3615/361533259008.pdf. Acesso em:
20 jul. 2021.

1211
CONHECIMENTO DE TERRITÓRIO E ELABORAÇÃO DE UM MAPA DE
ESTRATIFICAÇÃO EM SAÚDE RURAL

Área temática: Saúde


Coordenador(a) da atividade: Roberto Shigueyasu YAMADA
Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE)
Autores: R. S. YAMADA 1; M. L. K. LUCCHINI 2; R. A. H. CORREA 3; F.A.C.
FOLLADOR 4; J. P. SANTOS 5; T. P. MOREIRA 6

Resumo:
O projeto nasceu para aproximar a universidade com a população rural. Foram realizadas
atividades na comunidade de Nova Concórdia, Francisco Beltrão. O objetivo inicial foi
aproximar os estudantes, as equipes locais e os moradores. Foram realizados encontros
com os agentes comunitários de saúde para criação de um mapa de estratificação de risco
familiar e visitas domiciliares. Após algumas visitas, as atividades presenciais foram
suspensas devido à pandemia e foram realizados encontros virtuais.

Palavras-chave: Estratificação; Medicina rural; Territorialização.

Introdução
O projeto de extensão “Interiorização da Saúde”, realizado na Unioeste de
Francisco Beltrão, teve como uma de suas primeiras atividades a elaboração de um mapa
representativo da estratificação de risco familiar, a qual foi coletada e preenchida pelos
agentes comunitários de saúde da comunidade de Nova Concórdia - situada na cidade de
Francisco Beltrão, Paraná. O objetivo inicial foi aproximar os estudantes da unidade básica
de saúde (UBS) da sede Progresso que, até então, não era alcançada pela universidade.

1
Roberto Shigueyasu Yamada, servidor docente do curso de Medicina, Unioeste
2
Maria Luisa Kechichian Lucchini, aluno do curso de Medicina, Unioeste
3
Renato Adiel Hammes Correa, aluno do curso de Medicina, Unioeste
4
Franciele Ani Caiovilla Follador, servidor docente do curso de Medicina, Unioeste
5
Jean Pierre dos Santos, aluno do curso de Medicina, Unioeste
6
Thiago Poss Moreira, aluno do curso de Medicina, Unioeste

1212
A criação desse mapa levou em consideração uma demanda da equipe de saúde,
uma vez que os territórios alcançados pela unidade ainda não estavam representados em
um registro geográfico. Isso é importante pois a utilização de mapas com subdivisões de
microáreas é uma ferramenta eficiente dentro da territorialização. De acordo com o
Ministério da Saúde, o território é um espaço vivo, delimitado geograficamente e habitado
por uma população que compartilha identidades comuns - incluindo aspectos sociais e
culturais. (BRASIL, 2009, p.371).
Após verificar a disponibilidade material e humana da criação do mapa, os
acadêmicos e os ACS iniciaram o trabalho. Os ACS são responsáveis por uma microárea
inserida na área territorial sendo designados a atualizar os cadastros dos habitantes, orientar
famílias a respeito do acesso aos serviços de saúde, além de desenvolver atividades de
promoção da saúde, de vigilância e prevenção de doenças. Na maior parte do tempo, o
trabalho desses profissionais ocorre fora da unidade da saúde - realizando o intermédio
entre usuários e serviços do SUS, principalmente por meio de visitas domiciliares e diálogo
direto com a comunidade.

Metodologia
O mapa foi confeccionado utilizando duas placas de isopor unidas por fita adesiva e
posteriormente forradas com folhas A4. A fim de possuir uma base geográfica da
localidade, os estudantes imprimiram imagens de satélite coletadas do serviço de pesquisa
e identificação de mapas e imagens de satélite “Google Maps”, com representações das
estradas e dos rios. A partir disso, iniciou-se o processo de traçar a lápis as estradas no
mapa, utilizando as imagens como referência, mas sempre com a participação e o
conhecimento dos ACS sobre o local, uma vez que faz parte de suas rotinas diárias
percorrerem aqueles locais, seja a pé, de bicicleta, ou com um automóvel como moto.
Após traçar as linhas representativas das estradas, os rios foram esboçados e as
casas começaram a ser posicionadas. Como o mapa por satélite não trazia quais eram os
locais específicos de cada residência, os agentes foram de extrema importância para
localizá-las na representação. A representação das residências era dividida em duas partes
principais: a estratificação de risco familiar e as características individuais dos moradores.

1213
Para representar a estratificação de risco familiar foram utilizadas pequenas peças
retangulares confeccionadas em etil vinil acetato, e para representar as características
individuais, foram utilizados círculos menores feitos do mesmo material. O mapa de
estratificação foi realizado com base na estratificação de risco de famílias, de acordo com a
presença de comorbidades como: Hipertensão Arterial Sistêmica, Diabetes, Problemas em
Saúde Mental (depressão), presença de deficiências físicas e intelectuais dentre outras.
A partir disso, há uma determinação a partir de determinadas cores, seguindo um
protocolo de estratificação de risco. As cores são “azul” (sem risco), “verde” (baixo risco),
“amarelo” (médio risco), “laranja” (alto risco) e “vermelho” (altíssimo risco). A partir
dessa classificação, é possível que os ACS estabeleçam quantas visitas terão que realizar
em cada local ao longo dos meses.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Como os ACS e toda a equipe de saúde já haviam adquirido um conhecimento
profundo da população local e suas condições de saúde, o foco das atividades consistiu em
aumentar a eficiência com que a população seria vinculada à área de cada ACS, levando
em consideração o aumento populacional e facilitando as mudanças dentro das categorias
de estratificação.
Assim, a territorialização destaca-se como um caminho de reconhecimento do
território, considerando a organização das práticas de saúde e dos modos de vida.
(MONKEN; BARCELLOS, 2005).
Logo, com a criação do mapa enquanto ferramenta manual de organização, foi
possível contribuir para potencializar, otimizar e organizar melhor a rotina de trabalho – a
qual conta diariamente com a interação junto à comunidade.

Considerações Finais
À medida que os ACS compartilhavam suas experiências profissionais de contato
com a comunidade em que vivem, os acadêmicos puderam perceber, na prática, o vínculo
dos agentes com a população. Tal proximidade revela o potencial de construir uma
compreensão de saúde ampliada, que supere a dicotomia entre protocolos técnicos e

1214
saberes da comunidade e leve em consideração os acontecimentos e hábitos cotidianos -
informações valiosas para uma melhor prática médica. Assim, a exposição precoce à
verificação dos serviços de saúde em uma área rural se destaca como um incentivo para
atrair mais estudantes interessados e promover melhor compreensão da prática médica
rural para os acadêmicos em geral.
O mapeamento da área da Secção Progresso configurou-se como uma estratégia de
gestão das informações ao nível da atenção básica, porque possibilita que a equipe
monitore e avalie os resultados de suas ações a partir de uma dimensão espacial. (PINTO;
ROCHA, 2016). Por fim, a elaboração do mapa, bem como o estabelecimento de diálogo
com os agentes constituíram uma atividade de relevância para a mudança da perspectiva do
profissional da saúde em formação, demonstrando de forma elucidativa a importância dos
pilares que sustentam o modelo ecossistêmico da atenção primária: a equidade, a
integralidade, a gestão participativa, a interprofissionalidade e intersetorialidade (JUNIOR,
2019).
Na formação profissional, o contato com o trabalho em conjunto e a proximidade
com uma comunidade nos confere sensibilidade para ouvir e desenvolver uma observação
crítica. É muito importante que a população tenha contato com a estrutura acadêmica,
tendo um espaço de troca de conhecimentos e de acompanhamento além dos termos
técnicos.

Referências
Ministério da Saúde. O SUS de A a Z: garantindo saúde nos municípios. 3. ed. Brasília,
DF: Ministério da Saúde, 2009.

MONKEN, M.; BARCELLOS, C. Vigilância em saúde e território utilizado:


possibilidades teóricas e metodológicas. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 21, n. 3,
p. 898-906, jun. 2005.

PINTO, L. F.; ROCHA, M. F. Inovações na Atenção Primária em Saúde: o uso de


ferramentas de tecnologia de comunicação e informação para apoio à gestão local. Ciência
& Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 21, n. 5, p. 1433-1448, 2016.

1215
JUNIOR, F. E. B. Implantação de um Modelo Ecossistêmico de Governança em Saúde
na Atenção Primária. Secretaria Municipal de Saúde do Crato - CE, 20ª Coordenadoria
Regional de Saúde - CE, 2019.

1216
CONSULTA DE PUERICULUTRA NO ESPAÇO DA EXTENSÃO
UNIVERSITÁRIA

Área Temática: Saúde


Coordenador da atividade: Leonardo Bigolin JANTSCH
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
Autores: L. BARTSCH ; B. S. SCHEID 2; A.C. RUPP; 3 L. B. JANTSCH 4.
1

Resumo:
No sistema de saúde atual é essencial que seja realizado o cuidado a criança como
protocolo e rotina nas unidades de saúde, desde o início da gestação com o pré-natal,
quanto após o nascimento até a adolescência. Neste âmbito o objetivo é relatar a vivência
de acadêmicos de enfermagem na extensão universitária em atividades de puericultura.
Para o desenvolvimento utilizou-se o método descritivo, sendo o estudo uma experiência
vivida por acadêmicos de enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria Campus
Palmeira das Missões, nas consultas de puericultura em unidades básicas de saúde, em um
município localizado no sul do Brasil. Entre 2019 e 2021, foram realizados mais de mil
atendimentos entre acompanhamentos de rotina e demandas emergentes de saúde da
população pediátrica nesses locais. As contribuições, na percepção dos acadêmicos,
tangenciam aspectos formativos, de assistência à saúde bem como organização e gestão
dos serviços de saúde. São inegáveis as contribuições de projetos de extensão universitária
para as comunidades, destacando-se o comprometimento social que as instituições de
educação têm, para com a sociedade que a acolhe e envolve sociodemograficamente.

Palavras-chave: Saúde da Criança; Consulta de Enfermagem; Relações Comunidade-


Instituição; Mudança Social.

1
Luana Bartsch, Acadêmica de Enfermagem da UFSM campus Palmeira das Missões, Bolsista FIEX/202
2 Bruna Segabinazzi Scheid, Acadêmica de Enfermagem da UFSM campus Palmeira das Missões, Bolsista
FIEX/2021.
3 Andressa Castelli Rupp. Acadêmica de Enfermagem da UFSM campus Palmeira das Missões, Bolsista
ODH/UFSM/2021.
4
Professor adjunto da UFSM campus Palmeira das Missões, coordenador do projeto.

1217
Introdução
No sistema de saúde atual, reconhece-se que é essencial que seja realizado o
cuidado a criança, por meio de protocolos e rotinas nas unidades de saúde, no que se refere
à saúde da criança as consultas de puericultura servem para acompanhar o crescimento e
desenvolvimento das crianças (FERREIRA et al., 2018). Uma atribuição exclusiva do
enfermeiro é realizar a consulta de enfermagem, vivência que o acadêmico precisa
aprender durante a graduação para exercer sua profissão, então unir a experiência dos
profissionais com a disposição e vontade dos acadêmicos, o serviço pode prestar um
atendimento mais qualificado e especializado no que se refere a consultas de puericultura
assim como outras atividades. (VIEIRA 2018). Dessa forma, os acadêmicos de
enfermagem têm em seu currículo disciplinas que envolvem o cuidado à criança podendo
então participar de projetos de extensão que podem contribuir, ainda mais, para a sua
formação e experiência dentro da puericultura.
A extensão universitária tem um papel integrador na promoção do conhecimento e
no desenvolvimento de habilidades e atitudes para uma formação profissional ética,
qualificada e em sintonia com a realidade brasileira, inclusive a formação em enfermagem
(FERREIRA et al., 2018). Nessa perspectiva que as ações de extensão universitárias
colaboram no processo formativo direto e de que a Atenção Primária a Saúde, por meio da
Estratégia de Saúde da Família (ESF) é a porta de entrada da população aos serviços de
saúde, desse modo o acolhimento realizado pela equipe e pelo enfermeiro é fundamental
para a prevenção e promoção da saúde. Assim, o presente relato tem por objetivo relatar
ações extensionistas desenvolvidas nas consultas de puericultura por acadêmicos de
enfermagem em uma Estratégia de Saúde da Família.

Metodologia
Trata-se de um relato de experiência acerca de um projeto de extensão que vem
sendo realizado em unidades básicas de saúde do município de Palmeira das Missões há
dois anos. As consultas são realizadas dentro do projeto de extensão intitulado: Consulta
em Puericultura: Contribuições para a saúde, serviço e formação. Semanalmente são
atendidas aproximadamente 30 consultas, que possuem supervisão direta do professor

1218
orientador e seguem as recomendações dos protocolos ministeriais e das rotinas municipais
de saúde.
As consultas acontecem desde fevereiro de 2019 e atualmente, em situação
COVID, são realizadas e possuem fomento pelo edital CORDE/UFSM/PM (2020), Edital
OHD/UFSM (2021) e FIEX/UFSM (2019 e 2021), ambos fomentos institucionais. As
consultas são realizadas dentro da estrutura físicas das unidades básicas já existentes, sob
agendamento prévio da equipe. São realizadas estratégias de busca ativa em
crianças/lactentes faltantes ou que necessitam de cuidados/atenção domiciliar. Em situação
de COVID-19, todos as precauções de biossegurança são tomadas, tanto para proteção dos
integrantes do projeto, quanto para os pacientes, durante os atendimentos em saúde.
As consultas eram agendadas por meio de demanda espontânea e busca ativa de
crianças de 0 a 12 anos, em um turno uma vez por semana. As consultas foram realizadas
por acadêmicos de enfermagem, sendo um deles bolsista do projeto. Devido a consulta de
Enfermagem ser uma atividade privativa do Enfermeiro, as consultas sempre foram
realizadas com a presença do professor orientador/supervisor do projeto. O embasamento
teórico que guiou as consultas era o preconizado pelo Ministério da Saúde, por meio da
Caderneta de Saúde da Criança (BRASIL, 2012).

Desenvolvimento e processos avaliativos


O projeto teve início em fevereiro de 2019, teve em mais de dois anos de atuação a
realização de mais de 1000 consultas e acompanhamentos. Houve a participação de dois
docentes do curso de Enfermagem, sendo que um docente sempre esteve presente durante a
realização das atividades. Participaram um total de 15 acadêmicos de enfermagem durante
esse ano de realização das atividades. Cabe destacar que o projeto contribuiu de forma
direta para três aspectos: Contribuição direta para a saúde das crianças e famílias;
Contribuição para os serviços de Saúde; Contribuição para a formação em Enfermagem.
Na perspectiva das acadêmicas de enfermagem, a consulta de puericultura além de
dar visibilidade aos processos de enfermagem e da autonomia ao profissional enfermeiro,
diante sua atuação profissional, melhoram a assistência das crianças a medida que:
aumento do retorno e manutenção dos acompanhamentos. Outra contribuição direta foi o

1219
aumento no número de atendimentos no município e acompanhamento infantil; permite a
possibilidade de sanar dúvidas quanto à introdução alimentar; diminuir a taxa de
internações hospitalares no município; incentivar a unidade a manter como rotina as
consultas de puericultura;
É possível perceber o aumento entre o vínculo da Universidade com a ESF e
demais serviços de atenção à saúde do município. A medida que a puericultura uma
ferramenta de cuidado usada na atenção básica para acompanhar o crescimento e o
desenvolvimento saudável das crianças podemos perceber que as consultas realizadas
contribuíram diretamente no cuidado, em síntese os cuidados realizados pela equipe do
projeto foram: Identificação precoce dos agravos prevalentes na infância, por meio da
anamnese e exame físico; medidas antropométricas e avaliação de crescimento e
desenvolvimento infantil; prescrição e realização de cuidados de rotina e suplementação,
padronizadas pelo ministério da saúde, em Puericultura (cuidados com coto umbilical,
higiene, alimentação/amamentação, etc); verificação calendário vacinal das crianças e
adequações de vacinas em atraso; busca ativa por meio da visita domiciliar que pode ser
realizado a primeira visita ao recém-nascido; referência do profissional para a família que
pode se aproximar do enfermeiro nas consultas reforçando o vínculo com o profissional e o
procurar como uma referência de saúde na unidade;
Na APS, após o nascimento de um bebê inicia-se os cuidados com a primeira
semana de vida do mesmo. Espera-se garantir uma visita domiciliar do agente de saúde
com o acompanhamento do enfermeiro ou médico a mãe e ao RN no contexto familiar para
orientação de todos os cuidados em ambos e também para marcar a consulta dos dois a
APS para a mesma data, estimulando sempre que possível o acompanhamento do pai e
após o acompanhamento do desenvolvimento e crescimento da criança através das
consultas de puericultura (BRASIL, 2012).

Considerações Finais
Conclui-se que a extensão universitária, além da contribuição direta na formação de
recursos humanos para o SUS e para a formação do enfermeiro generalista, contribui de
forma direta na melhoria da saúde da população. As contribuições para os serviços foram

1220
diretas, melhorando número de atendimentos, acolhimento e fluxo dentro da rede de
atenção. Permitiu-se (re)conhecer demandas de saúde infantil existentes, porém ocultas,
que antes passavam por despercebidas pelos profissionais, devido às altas demandas e
rotinas dos serviços de saúde.

Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção
Básica. Saúde da criança: crescimento e desenvolvimento. (Cadernos de Atenção Básica,
nº 33). Brasília/DF, 2012. 272 p.: il.

FERREIRA PB, SURIANO MLF, DE DOMENICO EBL. Contribuição da extensão


universitária na formação de graduandos em Enfermagem. Revista Ciência em Extensão,
2018; 14(3), 31-49.

VIEIRA DS, SOARES AR, NÓBREGA VM, FRANÇA JRFS, COLLET N, REICHERT
APS. Ações Implementadas por Enfermeiros na Consulta de Puericultura: revisão
integrativa da literatura. Revista Enfermagem Atual In Derme, 2018; 86(24).

Fomento:
COREDE/ Rio da Várzea (UFSM); Fundo de Incentivo a Extensão (FIEX/2021 UFSM);
Edital ODH/UFSM 2021

1221
CONVERSANDO SOBRE MENSTRUAÇÃO: A IMPORTÂNCIA DO
ACOLHIMENTO E DA ORIENTAÇÃO AOS FAMILIARES DE PRÉ-
ADOLESCENTES E ADOLESCENTES

Área Temática: Saúde


Coordenadora da atividade: Juliana Trevisan DA ROCHA
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA)
Autores: A. A. MOURA 1; D.H. ESPINDULA 2; C.A.E. da SILVA 3; A.S. RIBEIRO 4; G.
O. G. MOLINO 5; J. T. da ROCHA 6.

Resumo:
A implementação de ações visando assegurar acesso a informações de qualidade sobre
saúde reprodutiva fazem parte da atenção integral à saúde. Nesse sentido, o presente
trabalho objetiva relatar a experiência de um projeto de extensão na organização de uma
ação direcionada aos familiares de meninas, na faixa dos 10 aos 16 anos, pertencentes ao
Distrito Docente Assistencial (DDA) Eixo Norte-Baltazar, da cidade de Porto Alegre, RS,
para ajudá-los a vencer os mitos e tabus envolvendo o tema menstruação, de modo que eles
possam desenvolver um diálogo aberto e livre de preconceitos com suas
filhas/netas/enteadas. Os integrantes do projeto têm elaborado materiais e vídeos
educativos sobre o assunto menstruação, os quais são submetidos à avaliação pela gerência
distrital do DDA antes de serem compartilhados com os familiares das meninas via grupos
de WhatsApp. Embora a ação extensionista aqui descrita ainda não esteja finalizada,
encontrando-se, atualmente, em plena fase de execução, a avaliação pela gerência distrital
sobre os materiais elaborados tem sido positiva. Espera-se que com a divulgação desses
materiais entre os familiares das meninas, seja possível contribuir para o estabelecimento
de um diálogo franco e saudável, de modo a enfatizar a importância do acolhimento e
orientação a elas durante o período menstrual.

1
Andreza Ávila de Moura, acadêmica do curso de Biomedicina-Noturno.
2
Daniely Hamer Espindula, acadêmica do curso de Medicina.
3
Camila Almeida Estácio da Silva, acadêmica do curso de Biomedicina-Noturno.
4
Andressa da Silva Ribeiro, acadêmica do curso de Medicina.
5
Gabriela Oliveira Gonçalves Molino, acadêmica do curso de Medicina.
6
Juliana Trevisan da Rocha, docente.

1222
Palavras-chave: menstruação; saúde reprodutiva; adolescentes.

Introdução
Os direitos à saúde sexual e reprodutiva são reconhecidos como Direitos Humanos
em leis nacionais e documentos internacionais (Brasil, 2015). A Agenda 2030 da ONU, em
suas metas 3.7 e 5.6 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelece que,
até 2030, as nações devem assegurar o acesso universal aos serviços de saúde sexual e
reprodutiva (ONU, 2015). Dessa forma, a implementação de ações direcionadas às
singularidades da população pré-adolescente e adolescente, no intuito de assegurar-lhes
acesso a informações de qualidade envolvendo saúde reprodutiva, compõe uma visão
voltada à atenção integral à saúde (Brasil, 2015).
Em meio a esse cenário, a primeira menstruação (menarca), apesar de ser um marco
na vida de qualquer menina, ainda é considerada um tabu pela sociedade, fazendo com que
muitas meninas em situação de vulnerabilidade praticamente não tenham acesso a
informações e orientações sobre como gerenciar sua saúde menstrual e, consequentemente,
reprodutiva. O desconhecimento sobre a menstruação e a falta de infraestrutura e de
produtos adequados de higiene prejudicam suas vidas, fazendo com que elas por vezes
acabem faltando à escola por terem vergonha ou se sentirem “sujas” por estarem
menstruadas. Nesse sentido, é extremamente importante ajudar, não apenas essas meninas
a passar por esta fase da vida, mas, principalmente, orientar seus familiares (mães, pais,
avós, etc), desmistificando, de maneira simples e objetiva, que a menstruação não deve ser
encarada como uma doença ou como algo vergonhoso. Acolher os familiares que vivem
com essas meninas de modo a torná-los sujeitos ativos nesse processo e ajudá-los a vencer
os mitos envolvendo a menstruação é fundamental para que eles possam desenvolver um
diálogo aberto, livre de preconceitos e estereótipos, a fim de amparar as meninas em meio
à insegurança e às dúvidas que surgem nessa fase da vida.
Nesse sentido, partindo da concepção Freireana de que a extensão deve ser um
processo transformador, emancipatório e democrático, desenvolvida com base no diálogo e
no respeito a cultura local (Serrano, 2012), o presente trabalho objetiva relatar a
experiência do projeto de extensão Conversando sobre Saúde Reprodutiva na organização

1223
de uma ação extensionista direcionada aos familiares de meninas pré-adolescentes e
adolescentes na faixa etária dos 10 aos 16 anos, a fim ajudá-los a vencer os mitos e tabus
envolvendo o tema menstruação, de modo que eles possam desenvolver um diálogo aberto
e livre de preconceitos com suas filhas/netas/enteadas.

Metodologia
O público-alvo da ação encontra-se constituído pelos familiares (mães, pais, avós,
etc) que convivem com meninas na faixa etária dos 10 aos 16 anos, matriculadas em
escolas de ensino fundamental ou médio, pertencentes aos territórios atendidos pelas
Unidades de Saúde Assis Brasil, Nova Gleba, Santa Rosa e São Cristóvão, do Distrito
Docente Assistencial (DDA) Eixo Norte-Baltazar, da cidade de Porto Alegre, RS.
Considerando o contexto atual da pandemia de Covid-19, em um primeiro
momento as atividades extensionistas estão sendo planejadas e realizadas de maneira
remota (on-line). Para tanto, os integrantes do projeto de extensão supracitado estão
confeccionando cards educativos e vídeos curtos sobre questões envolvendo o tema
menstruação. Os materiais elaborados são submetidos à avaliação pela gerência distrital do
DDA antes de serem compartilhados com os familiares das meninas via grupos de
WhatsApp. Esses materiais educativos visam orientar e acolher os familiares, além de
responder dúvidas simples, como por exemplo, “Minha filha/neta/enteada menstruou e eu
não sei o que fazer”, “Menstruação é uma doença?”, “Quando eu devo começar a
conversar com minha filha/neta/enteada sobre menstruação?” entre outros, a fim de
instrumentalizá-los para que eles possam conversar abertamente com as meninas e explicar
a elas que não há nada de vergonhoso ou feio em “ficar menstruada”. Além disso, nesses
materiais, os familiares são sempre orientados a procurar as unidades de saúde para buscar
maiores informações em caso de dúvidas.

Desenvolvimento e processos avaliativos


A interação dialógica entre os integrantes do projeto de extensão, a gerência
distrital do DDA, a equipe de saúde multidisciplinar atuante nos territórios participantes e a
coordenadora da UFCSPA para ações no DDA tem sido fundamental para estabelecer os

1224
objetivos e definir as estratégias que vêm sendo adotadas para a implementação da ação. É
importante mencionar que, embora a ação extensionista aqui descrita ainda não esteja
finalizada, encontrando-se, atualmente, em plena fase de execução, a avaliação pela
gerência distrital sobre os materiais elaborados tem sido positiva.
Faz-se necessário ressaltar que a participação dos acadêmicos integrantes do projeto
na presente ação contribui de maneira significativa para o desenvolvimento da empatia,
tornando-os capazes de compreender as mais diversas realidades. Além disso, o papel
desempenhado pelas atividades de extensão universitária nos currículos dos cursos de
graduação da área da saúde constitui um aporte decisivo para a formação profissional dos
estudantes, seja pela ampliação do universo de referência que ensejam, seja pelo contato
direto com as grandes questões contemporâneas e sociais.

Considerações Finais
Espera-se que com a divulgação dos materiais educativos entre os familiares das
pré-adolescentes e adolescentes seja possível contribuir para o estabelecimento de um
diálogo franco e saudável, de modo a enfatizar a importância do acolhimento às meninas
durante o período menstrual. Com essa ação também acredita-se ser possível contribuir
para o fim da discriminação e do preconceito contra as mulheres e meninas, especialmente
durante o período menstrual, conforme estipulado pela meta 5.1 dos ODS (ONU, 2015).
Assim sendo, a universidade pública, através do estabelecimento de um diálogo
inclusivo, participativo e transparente com a comunidade na qual está inserida, cumpre seu
papel extensionista para a transformação social ao promover a atenção integral à saúde
reprodutiva, atendendo às necessidades específicas da adolescência.

Referências
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção em Saúde. Departamento de Ações
Programáticas Estratégicas. Cuidando de Adolescentes na Rede Cegonha: orientações
básicas para a saúde sexual e a saúde reprodutiva – Brasília: Ministério da Saúde, 2015.

1225
Organização das Nações Unidas (ONU). Transformando Nosso Mundo: A Agenda 2030
para o Desenvolvimento Sustentável, 2015. Disponível em
http://www.itamaraty.gov.br/images/ed_desenvsust/Agenda2030-completo-site.pdf

Serrano, Rossana Maria Souto Maior. Conceitos de extensão universitária: um diálogo com
Paulo Freire. PINAB UFPB, 2012. Disponível em
https://issuu.com/praticasintegraisnutricao/docs/conceitos_de_extens__o_universit__r

1226
DESAFIOS ENFRENTADOS NAS AÇÕES DE EXTENSÃO DURANTE A
PANDEMIA PELA EQUIPE DE ACOMPANHAMENTO DO GRUPO DA
TERCEIRA IDADE DE UM MUNICÍPIO DO NORTE DO PARANÁ

Área Temática: Saúde


Coordenador(a) da atividade: Cristiano Massao TASHIMA
Nome da Universidade: Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP)
Autores: Thays Lienddry ROSA BERGAMO 1; Wesley VELOZO DE CARVALHO1;
Edna Aparecida Lopes Bezerra KATAKURA2; Cristiano Massao TASHIMA 2

Resumo:
O novo coronavírus é um microrganismo que leva à COVID-19, uma infecção respiratória
aguda, que afeta a população de várias faixas etárias, sendo mais grave em pessoas idosas e
aqueles com comorbidades. O objetivo deste trabalho é orientar o grupo da terceira idade
sobre a COVID-19, quanto às medidas de prevenção, bem como sanar suas dúvidas
referentes à doença, uso de medicamentos e vacinação. Foram produzidos vídeos e folders
informativos sobre a COVID-19 e disponibilizados nas redes sociais. Para uma maior
interação com os membros do grupo da terceira idade, foram efetuadas ligações telefônicas
para orientações e esclarecimento de possíveis dúvidas. Os vídeos e folders impressos
produzidos foram divulgados entre os integrantes do grupo através da responsável técnica.
Quanto às ligações, estas ainda então sendo realizadas. O grupo é composto por 38 idosas.
Até o momento, quatorze pessoas responderam aos telefonemas. A principal dúvida/queixa
apresentada pelos pacientes foi relacionada aos efeitos colaterais da vacina, que ocorreram
tanto após a primeira dose, quanto após a segunda dose. Uma paciente relatou ainda não ter
tomado a vacina. Outras dúvidas foram relacionadas a vacinação de pacientes com
comorbidades, ingestão de bebida alcoólica após a vacina e grupos prioritários da
vacinação. As ações realizadas possibilitaram os acadêmicos a colocar em prática os
conhecimentos adquiridos durante a graduação, no intuito de salvar vidas, acolher os
idosos em tempos de medo e ansiedade, além de auxilia-los com ações que visam diminuir
o avanço do vírus.
1
Graduando do Curso de Enfermagem da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP)
2
Docente do Curso de Enfermagem da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP)

1227
Palavras-chave: Enfermagem; Coronavírus; Idoso.

Introdução
Em 2020 tivemos um aumento no número de casos pelo novo coronavírus (Sars-
CoV-2) onde se trata de uma doença que causa uma infecção aguda, afetando
principalmente o sistema respiratório, podendo levar o paciente a óbito.
A chance de morrer pela COVID-19 aumenta em idosos, por geralmente serem
portadores de alguma comorbidade. Além disso, com a imunossenescência do idoso ocorre
a diminuição da capacidade do organismo se defender contra patologias. Essa diminuição
do sistema imunológico é normal na fase do envelhecimento, aumentando assim as
chances do idoso adquirir doenças infectocontagiosas como gripe, resfriados comuns e a
própria COVID-19 (NUNES, 2020).
Segundo Hammerschmidt e Santana (2020), no mundo, há 1,1 bilhão de idosos,
com projeção para 3,1 bilhões em 2100, o que converge com o cenário brasileiro, que
apresenta 29,9 milhões em 2020 e previsão de 72,4 milhões de idosos em 2100. Porém as
incidências de morte pelo novo coronavírus vem atingindo pacientes de diversas faixas
etárias, sendo os idosos um dos grupos mais fragilizados, com maiores chances de óbito.
Desta forma este projeto teve como objetivo criar ações que tranquilizassem os
idosos acompanhados pela equipe do Envelhecimento Ativo da UENP, bem como
desenvolver materiais didáticos voltados a prevenção e orientação dos pacientes e da
população em geral.

Metodologia
A população atendida pela equipe é formada pelo grupo da terceira idade do
município de Bandeirantes-PR, sendo estes maiores de 60 anos, do sexo feminino,
circunscritos à Clínica Multiprofissional-UENP, no campus Luiz Meneghel. Todos os
pacientes do grupo da terceira idade cadastrados na Unidade de Saúde foram convidados a
participar do projeto de extensão. A proposta original era acompanhar os idosos quanto sua
farmacoterapia.

1228
Foram excluídos das ações extensionistas pacientes que possuíam diagnóstico de
doença mental, mulheres grávidas ou em período de lactância ou aqueles que não
desejassem participar.
Os pacientes incluídos no projeto foram cadastrados utilizando um formulário
estruturado. Durante o preenchimento, os voluntários foram acompanhados pelos alunos do
curso de Enfermagem e/ou pelos docentes.
Em virtude da pandemia pelo coronavírus as ações realizadas foram suspensas,
devido a Clínica Multiprofissional-UENP ser utilizada como referência para o atendimento
de pacientes com casos suspeitos e confirmados para COVID-19 e pelas ações envolver
indivíduos do grupo de risco. Por isso, foram criadas ações alternativas que possibilitassem
manter o contato dos pacientes com os membros da equipe. Foram produzidos materiais
didáticos como vídeos informativos, folders de prevenção, manual para os profissionais da
área da saúde, além de ligações telefônicas e envios de mensagens para realização de
orientações e tirar dúvidas dos pacientes.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Foram cadastrados no projeto 38 pacientes, sendo todos do sexo feminino. A
grande parte possuía algum tipo de comorbidade, como por exemplo Diabetes Mellitus e
Hipertensão Arterial Sistêmica.
Os pacientes cadastrados não puderam ser atendidos devido à reestruturação da
Unidade Multiprofissional da UENP frente a COVID-19 e pelas ações incluírem pacientes
classificados como grupo de risco, seja pela idade ou devido à comorbidades. Os pacientes
foram orientados a permanecerem em suas residências e manterem o distanciamento social.
Além disso a Universidade Estadual do Norte do Paraná decidiu pela suspensão das
atividades presenciais dos alunos por tempo indeterminado como forma preventiva para
contenção da propagação do novo coronavírus.
Desta forma, com as novas demandas na Unidade de Saúde, utilizada no projeto,
advindas da pandemia em virtude do Sars-CoV-2, bem como a suspensão das atividades na
universidade, as ações de extensão sofreram um grande impacto.

1229
Assim novas ações foram elaboradas, tendo em vista o período vivenciado pela
população como o distanciamento social, quarentena ou isolamento, a redução de
estímulos e alterações significativas na rotina relacionados principalmente à higiene e
saúde.
As ações exigiram da equipe um maior empenho na aprendizagem de novas
ferramentas e no desenvolvimento dos produtos finais, uma vez que foram elaboradas
completamente de forma remota.
Os materiais gerados buscaram trazer um maior acolhimento aos pacientes e a
sociedade em geral. Foram elaborados materiais didáticos como vídeos, folders
informativos, estes foram disponibilizados em redes sociais bem como compartilhados
como mídias sociais. O coordenador auxiliou na produção do Manual para Profissionais de
Saúde: Atendimento da Central de Informações COVID-19 da UENP. Também foram
realizadas ligações telefônicas e envios de mensagens para orientações das pacientes e tirar
possíveis dúvidas, além de tranquiliza-los.
Quanto às ligações, estas ainda então sendo realizadas. Até o momento, quatorze
pessoas responderam aos telefonemas. A principal dúvida/queixa apresentada pelos
pacientes foi relacionada aos efeitos colaterais da vacina, que ocorreram tanto após a
primeira dose, quanto após a segunda dose. Uma paciente relatou ainda não ter tomado a
vacina por estar com medo de possíveis reações adversas. Esta paciente foi orientada a
tomar a vacina, pois seus benefícios superam os riscos dela ter COVID-19. Outras dúvidas
foram relacionadas a vacinação de pacientes com comorbidades, ingestão de bebida
alcoólica após a vacina e grupos prioritários da vacinação.
Todas essas ações pretendiam tranquilizar os idosos bem como orientá-los quanto à
prevenção e a não propagação da COVID-19.

Considerações Finais
Perante a pandemia pelo novo coronavírus, as ações originais precisaram ser
suspensas, sendo necessário criar novas ações devido às recentes demandas advindas da
população. Desta forma foram desenvolvidos vídeos e folders informativos, manual

1230
técnico, além de ligações telefônicas e envio de mensagens para tranquilizar, orientar e
sanar dúvidas dos pacientes.

Referências
DE ALMEIDA HAMMERSCHMIDT, K. S.; SANTANA, R. F. Saúde do idoso em
tempos de pandemia Covid-19. Cogitare enfermagem, 25, n. e72849, p. 1-10, 2020.

NUNES, V. M. d. A. COVID-19 e o cuidado de idosos: recomendações para instituições


de longa permanência. RIUFRN, 2020.

Instituição financiadora:
Fundação Araucária

1231
DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO AO CONHECIMENTO CIENTÍFICO PELO
PROJETO DE EXTENSÃO PROMOVENDO A SAÚDE BUCAL: BOCA A BOCA

Área Temática: Saúde e Educação


Coordenador(a) da atividade: Prof Marilene de Cruz Magalhães BUFFON
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ (UFPR)
Autores: R. CENI ; M.C. MIRANDA 2; J. FABRIS³; I. DAMBISKI4; A.B.P e SILVA5;
1

M.C.M. BUFFON6.

Resumo:
Durante a pandemia de COVID-19, o acesso à Odontologia, que já era restrito, tornou-se
ainda mais difícil. Pensando nisso, o projeto de extensão “Promovendo a saúde bucal:
Boca a Boca” teve inicio em agosto de 2020, com objetivo de levar informações sobre
saúde bucal para a população.São utilizadas as redes sociais como meio de propagação de
informações científicas, adequadas a uma linguagem acessível à população.Os integrantes
do projeto realizam reuniões semanais, para planejamento e execução sobre o tema e
forma de abordagem (post, stories, vídeos ou enquetes). Por meio de grupos no WhatsApp,
as tarefas são divididas entre: pesquisa, criação de legenda, design e revisão. Após esse
processo,o conteúdo é publicado. Os temas já abordados foram:principais doenças bucais
(cárie e doença periodontal), métodos de higienização bucal, saúde bucal por ciclo de vida,
halitose, dor dentária, prevenção com base no tema COVID-19.Os recursos das redes
sociais, permitiram o levantamento de insights do público, uma vez que o acesso a dados
como engajamento, compartilhamento e visualizações ficam disponíveis. Algumas
enquetes e quizzes foram realizadas, com a finalidade de perceber as necessidades futuras e
assimilação dos conteúdos já repassados para a comunidade. Atualmente o projeto conta
com 1200 seguidores, na faixa etária de 18 a 24 anos.Temas como halitose, higienização
bucal e ciclo da gengivite foram os temas mais visualizados. Portanto, é possível dizer que

1
Renata Ceni, discente do curso de Odontologia acadêmica UFPR.
2
Maria Cecília Miranda, discente do curso de Odontologia, acadêmica bolsista PROEC/UFPR.
3
Júlia Fabris, discente do curso de Odontologia acadêmica UFPR
4
Isabela Dambiski, discente do curso de Odontologia, acadêmica bolsista PROEC/UFPR.
5
Ana Beatriz Pinheiro e Silva, acadêmica do curso de Odontologia UFPR.
6
Marilene da Cruz Magalhães Buffon, docente do curso de Odontologia UFPR.

1232
o propósito de democratizar o conhecimento científico proposto pelo projeto está se
concretizando a cada novo conteúdo produzido.

Palavras-chave: Saúde bucal; Educação em saúde; Promoção à saúde.

Introdução
A saúde bucal é um componente intrínseco da saúde geral do ser humano e está
relacionada a condições socioeconômicas, os “determinantes sociais em saúde”. Dessa
forma, aspectos relacionados aos cuidados em saúde, em especial à saúde bucal, precisam
ser melhor compreendidos a fim de promovermos a saúde e controlarmos a doença.
A relevância do assunto e a necessidade de entendimento da saúde bucal no
decorrer dos ciclos de vida são fundamentais para a formação do profissional da área da
saúde. Dessa maneira, o projeto Boca a Boca entende a necessidade de investir na
promoção em saúde bucal para as comunidades de maior vulnerabilidade social e na
educação continuada de discentes acadêmicos do curso de Odontologia da UFPR, a fim de
formar profissionais generalistas, humanistas, com visão crítica e ponderada, para atuar em
todos os níveis de atenção à saúde bucal, com base no rigor técnico-científico.

A promoção da saúde é entendida como um campo conceitual, político e


metodológico para analisar e atuar sobre as condições sociais que são
importantes para melhorar a situação de saúde e de vida das pessoas (BRASIL,
2006, BUFFON, 2012).

Em vista disso, o projeto propõe ações definidas a partir de necessidades coletivas,


dirigidas a grupos específicos de pessoas. No contexto da pandemia do novo Coronavírus,
o projeto restringe-se às redes sociais (Facebook, Twitter e Instagram), fazendo com que a
interação dialógica com o público alvo ocorra remotamente, por meio da pesquisa em
bases de dados científicos para disseminação de conteúdos digitais sobre saúde bucal e
geral. Para Vasconcelos (2001), educar em saúde é procurar compreender os problemas
que acometem determinada comunidade e fazer com que a população tenha consciência
desses problemas e busque soluções. Desse modo, a educação deve estar baseada no

1233
diálogo, na troca de experiências, e deve haver uma ligação entre o saber científico e o
saber popular; Posto isso, o ‘’Boca a Boca’’ visa a promoção da saúde com foco na
comunicação efetiva com aqueles que mais precisam, visando atingir os resultados
esperados e atenuar as disparidades socioeconômicas no acesso à saúde.

Metodologia
Durante o período pandêmico os recursos virtuais são amplamente explorados.
Por meio de grupos no Whatsapp, os discentes organizaram-se em distintas funções de
pesquisa, elaboração de legendas, design e revisão textual. Com o auxílio da plataforma
Google Meets, foram desenvolvidas reuniões semanais para decisão de temas a serem
abordados, e apresentados ao público-alvo, podendo variar entre post, stories, vídeos ou
enquetes. Com o tema definido, uma pesquisa em bases de dados científicos (Pubmed,
Scielo e Google Acadêmico) era efetuada, enviada para os grupos para a produção da
legenda e design. Para a criação das artes elaboradas, os recursos visuais disponibilizados
pela plataforma Canva foram amplamente utilizados. A versão final do material passava
pela correção dos docentes sendo enfim disponibilizada para o público por meio das redes
sociais Instagram e Facebook.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Ao longo do último ano, o projeto desenvolveu aproximadamente 100 matérias
digitais, entre publicações com fotos e/ou vídeos, acompanhados de legendas com
explicações aprofundadas e QR Codes contendo as referências utilizadas. Nas publicações,
preocupou-se com a apresentação de uma sequência lógica para os conteúdos expostos,
pois além da linguagem acessível, era necessário relacionar os temas para demonstrar
como os sistemas são interligados e dependentes. Os principais conteúdos abordados
foram: métodos de higiene bucal, saúde bucal por ciclos de vida, halitose, principais
doenças bucais (cárie e doença periodontal), dor dentária, terceiros molares, próteses e
implantes, câncer de boca e prevenção com base no tema COVID-19.Após a postagem,
com auxílio das ferramentas de insights, disponibilizadas pelas próprias redes sociais
Instagram e Facebook, foi possível avaliar o impacto e interesse da população, por meio

1234
do número de curtidas, compartilhamentos, comentários, salvamentos, novos seguidores e
alcance geral. De acordo com dados coletados, em média, cada publicação atingiu 740
pessoas, sendo maior alcance até o momento foi o tema halitose, com alcance de 1771
contas distintas. Outros dados passíveis de levantamento, são em relação ao público alvo, o
qual é formado 74,2% por mulheres e 25,8% por homens, com idades predominantes entre
18 e 24 anos (54,8%) e principalmente residentes em Curitiba (51,6%).
Neste contexto, é possível prever mudanças com impacto e transformação social,
pois, a educação em saúde bucal deve fornecer instrumentos para fortalecer a autonomia
dos usuários e conscientização sobre a condução de seus hábitos. Sua finalidade é difundir
elementos, respeitando a cultura local, que possam contribuir com o empoderamento dos
sujeitos coletivos, tornando-os capazes de autogerirem seus processos de saúde-doença,
com vista à melhoria da sua qualidade de vida. Entretanto, além do impacto positivo para a
população externa, o projeto trouxe grande contribuição para os acadêmicos envolvidos,
por meio da aproximação da pesquisa cientifica.

Considerações finais
Tendo em vista os dados supracitados, é notório que o projeto obteve grande
visibilidade nas redes sociais e, por consequência, um relevante impacto nas
transformações sociais relacionadas à promoção da saúde. Visibilidade essa, que nos
possibilita refletir sobre o avanço da conscientização dos processos saúde-doença por parte
dos indivíduos que acompanham a página, bem como a evolução da comunicação entre
Universidade e a população em geral. Houve também o progresso dos discentes
participantes na capacidade de trabalhar em grupo, sempre buscando as necessidades e a
compreensão das demandas da comunidade, foi a marca distinta do projeto. É de
consciência dos participantes do “Boca a Boca” que nem todos os setores da sociedade que
necessitam dessas informações possuem acesso à internet e redes sociais para obtê-las.
Dessa forma, o projeto tem o objetivo de reiterar esses indivíduos nas futuras atividades
presenciais, as quais ainda não se apresentam seguras para execução, devido à pandemia
por COVID-19.

1235
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção
Básica. Política Nacional de Promoção da Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2006.
Disponível em
:https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_promocao_saude_3ed.pdf.
Acesso em: 28 jul. 2021.

BUFFON, M. D. C. M. et al. Práticas coletivas em saúde bucal. Curitiba: Imprensa da


VASCONCELOS, R.; MATTA, M. L.; PODERDEUS, I. A.; PAIVA, S. M. Escolas: um
espaço importante de informação em saúde bucal para a população infantil. Rev Fac
Odontol, São José dos Campos, v. 4, n. 3, p. 43-48, 2001. Disponível em:
https://bds.ict.unesp.br/index.php/cob/article/view/131. Acesso em: 28 jul. 2021.

1236
DESAFIOS E POSSIBILIDADES DO VÍNCULO EXTENSIONISTA COM IDOSOS
E CUIDADORES DURANTE A PANDEMIA

Área Temática: Saúde


Coordenadora da atividade: Celita Salmaso TRELHA
Universidade Estadual de Londrina (UEL)
Autores: J. A. F. N. SANTOS 1; J. J. JUNIOR 2, L. F. P. OLIVEIRA 3;
R. S. ALMEIDA 4; J. L. NOGUEIRA 5

Resumo:
O objetivo deste resumo é relatar as estratégias usadas em um projeto de extensão
direcionado a idosos dependentes, visando mitigar os efeitos da Pandemia. Método: Relato
de Experiência de um projeto existente desde 2018, que tem como objetivo desenvolver
ações para a formação e apoio psicoemocional a cuidadores familiares e profissionais de
idosos de alta dependência. Resultado: no início do ano de 2020, muitas atividades do
projeto foram interrompidas, devido à necessidade de proteção desses idosos por meio do
isolamento. Entretanto, gradativamente, a equipe foi migrando as atividades para
alternativas online e hoje consegue realizar três principais ações: estudos de temas e de
caso de idosos institucionalizados online com participação de acadêmicos, docentes e
profissionais, realização de lives online com temas relacionados ao cuidado de idosos com
Alzheimer, e apoio emocional e de orientação técnica a cuidadores familiares de idosos
com Alzheimer, por meio de um grupo de WhatsApp, que, com regras claras e participação
efetiva de profissionais, tornou-se um espaço de cuidado e ajuda mútua. Conclusão: a
adequação de atividades ao contexto da Pandemia não impediu que o projeto alcançasse
seus objetivos; entretanto, todas elas realizam-se, hoje, de maneira online, sofrem com o
impacto da sobrecarga de trabalho dos profissionais e com a limitação de atender a
usuários que enfrentam dificuldades de acesso a esse tipo de tecnologia.

1
Jorge Antônio Francisco das Neves SANTOS, UEL (aluno [fisioterapia]).
2
Jair de Jesus JUNIOR, UEL (aluno [medicina]).
3
Luiz Felipe Pires de OLIVEIRA, UEL (aluno [medicina]).
4
Renata da Silva ALMEIDA, UEL (aluno [medicina]).
5
Julia Lorenzetti NOGUEIRA, UEL (aluno [fisioterapia]).

1237
Palavras-chave: Cuidadores familiares e profissionais; Idosos alta dependência; Educação
em saúde.

Introdução
O processo de envelhecimento tem sido um fenômeno mundial que foi gravemente
afetado pela Pandemia da COVID-19. Todos os idosos foram surpreendidos pela
necessidade urgente de se isolarem para se protegerem de um inimigo de alta letalidade, o
vírus SARS-CoV2 (WERNECK, 2020).
Assim, milhares de idosos em todo o mundo tiveram suas atividades sociais,
terapêuticas e laborais interrompidas, o que desencadeou uma série de prejuízos
incalculáveis, em sua liberdade, independência e autonomia.
Neste contexto, todos os serviços voltados a essa faixa etária acima de 60 anos,
tiveram que encontrar estratégias variadas para manter o vínculo e o cuidado que essas
pessoas precisavam.
Entre as principais dificuldades, estavam: a falta de serviços em geral que
pudessem suprir suas necessidades no domicílio, o que gerou demandas extras a familiares.
No caso de idosos com demência e dependência, o contexto do cuidador familiar foi
diretamente afetado pela pandemia, pois esses cuidadores tiveram que se isolar junto com o
idoso em casa, tendo também suas atividades e qualidade de vida diretamente afetadas.
O objetivo deste trabalho é relatar as estratégias usadas em um projeto de extensão
direcionado a idosos dependentes, visando mitigar os efeitos da Pandemia.

Metodologia
Trata-se de um relato de experiência de um projeto de Extensão intitulado
“Aprimoramento da Linha de cuidado ao idoso”, iniciado em 2018, tendo, como objetivo
principal, o de desenvolver ações para a formação e apoio psicoemocional a cuidadores
familiares e profissionais de idosos.
No momento, conta com 17 alunos e 5 docentes envolvidos em suas atividades. A
equipe do projeto é composta por docentes da área de saúde integrantes do Grupo de

1238
Estudo sobre Envelhecimento da UEL (GESEN-UEL), das áreas de enfermagem,
medicina, fisioterapia e educação física.
Efetua-se o relato das atividades desenvolvidas nos anos de 2020 e 2021,
procurando demonstrar as mudanças realizadas nas ações do projeto neste período.

Desenvolvimento e processos avaliativos


O projeto realizava discussões de caso online, com serviços da Atenção Básica
(AB) em Saúde, até o ano de 2019, por meio do Núcleo de Telemedicina do Hospital
Universitário e Centro de Ciências da Saúde da UEL. Em todos os casos, os idosos eram
oriundos de serviços da AB da 17º Regional de Saúde. Porém, devido a todo o processo de
alta demanda nos serviços de saúde provocada pela pandemia da COVID-19, no ano de
2020, esta atividade ficou paralisada. Em 2021, as atividades retornaram com casos
oriundos de Instituições de Longa Permanência a Idosos (ILPIs) ou com a discussão
teórica de temas relacionadas ao envelhecimento. Especialmente as discussões de caso das
ILPIs ajudam na definição de terapias mais assertivas o que ajuda os idosos a manter suas
condições de saúde controlada.
Até 2019, essas discussões de caso de idosos institucionalizados eram realizadas
presencialmente e com direto envolvimento dos graduandos, que faziam avaliação in loco,
assim, aprendiam e desenvolviam habilidades de avaliação da saúde da pessoa idosa.
Todavia, as restrições sanitárias impedem a manutenção desta atividade. Por isso, a opção
atual da discussão online procura ajudar as equipes das instituições e estimula o estudo
dos temas pelos acadêmicos.
Outra importante atividade, promovida na forma presencial até 2019, eram os
encontros de cuidadores familiares, realizados mensalmente com momentos de formação e
partilha de experiências.
Para manter as ações, a opção foi oferecer palestras online. Esta ação é realizada
atualmente com a parceria do Instituto Não Me Esqueça. Trata-se de uma ONG que
trabalha com a conscientização sobre a doença de Alzheimer, cuja parceria permite maior
divulgação e alcance de pessoas pelas redes sociais.

1239
Quanto à ação de apoio, ela passou a ser realizada por meio de um grupo de
WhatsApp que, até 2019, tinha função somente de divulgação das ações do projeto. Em
2020, flexibilizou-se a disseminação de postagens no grupo, o que permitiu que os
familiares de idosos com Alzheimer, enviem suas dúvidas e recebam informações
atualizadas sobre aspectos importantes para o cuidado ao idoso.
A equipe do projeto, com a ajuda de profissionais da rede de saúde, responde e
ajuda com condutas sobre agravos dos idosos, indicação de serviços e profissionais, e, foi
essencial na orientação para o cadastro e efetivação da vacinação contra a COVID-19 nos
idosos e seus familiares.
Com respeito e muita ética, o grupo controlou manifestações de cunho político ou
racista, e, informações sem fundamentação científica robusta. Os cuidadores respeitam as
normas de participação e se unem no apoio humano e emocional entre eles. Com
efetividade, o grupo recentemente gerou doações de lãs para confecção de roupas de frio
aos idosos carentes.

Considerações Finais
A adequação de atividades ao contexto da Pandemia não impediu que o projeto
alcança-se seus objetivos; entretanto, como todas elas hoje se realizam de maneira online,
sofrem com o impacto da sobrecarga de trabalho dos profissionais e com a limitação de
atender a usuários com dificuldades de acesso a esse tipo de tecnologia.

Referências
WERNECK, Guilherme Loureiro; CARVALHO, Marilia Sá. A pandemia de COVID-19
no Brasil: crônica de uma crise sanitária anunciada. Cadernos de Saúde Pública [online].
2020, v. 36, n. 5 e00068820. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/0102-
311X00068820>. Acesso em: 18 jun. 2021.

1240
PROGRAMA DESENVOLVER: DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR
DE CRIANÇAS ATRAVÉS DO EMPODERAMENTO DE PAIS E CUIDADORES

Área temática: Saúde


Coordenadora da atividade: Caren Luciane BERNARDI
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA)
Autores: E. COSTA 1; F. PEREIRA 2; M. KLEIN3

Resumo:
O atraso no desenvolvimento neuropsicomotor pode repercutir negativamente em
oportunidades futuras de crianças, sendo ocasionado pela falta de experiências motoras e
sociais. Logo, o objetivo do projeto é empoderar famílias a partir da participação em um
programa de estimulação do desenvolvimento através do cuidado fisioterapêutico o qual,
pelas restrições da pandemia, se iniciou com a divulgação semanal nas mídias sociais de
estratégias que potencializam o desenvolvimento infantil para pais e cuidadores. A
plataforma do Instagram conta atualmente com 151 seguidores e, até o momento, foram
realizadas 5 postagens sobre o tema. Pretende-se em setembro de 2021 dar início às
atividades presenciais que consistem em atendimentos fisioterapêuticos semanais para as
crianças, no Centro de Saúde IAPI e no Ambulatório do Desenvolvimento do Hospital
Santo Antônio, e rodas de conversa mensais que visem sanar as dúvidas de pais e
cuidadores. A fase da infância é crucial para o desenvolvimento, logo, ao compreender
estratégias para a promoção de um maior ganho de experiências ao fornecer informação de
qualidade para pais é fundamental para a promoção da saúde da criança em seu núcleo
familiar.

Palavras-chave: Família; Desenvolvimento Infantil; Estimulação.

1
Eduarda Costa, aluno [Fisioterapia].
2
Francisca dos Santos Pereira, aluno [Fisioterapia].
3
Manoela Klein Raupp, aluno [Fisioterapia].

1241
Introdução
O atraso no neurodesenvolvimento psicomotor é oriundo de fatores ambientais ou
físicos que, associados à falta de experiências motoras, sociais, do apoio do sistema de
saúde e da educação, gera repercussões nas oportunidades futuras de crianças na sua
adolescência e na vida adulta, prejudicando seu desenvolvimento global e sua qualidade de
vida (DORNELAS et al., 2015). Logo, há a necessidade de pais e cuidadores terem o
conhecimento sobre o desenvolvimento neuropsicomotor e estimularem essas experiências
com o apoio de profissionais que promovam a saúde dos seus filhos nas esferas cognitiva e
social (EIKEN et al., 2015). Essas estratégias podem evitar ou minimizar problemas físico-
emocionais e acadêmicos-profissionais com atividades que estimulem esse
desenvolvimento (DORNELAS et al., 2015).
Nesse contexto, o programa DesEnvolver objetiva promover uma melhor qualidade
de vida dessas crianças e suas famílias através da participação em um programa de
estimulação ao desenvolvimento pelo cuidado fisioterapêutico centrado na família junto a
atividades físicas e recreativas que oportunizem espaços de troca de saberes entre
profissionais e familiares. Além disso, permitirá a vivência de experiências práticas e de
aprendizado específico para os graduandos que não as vivenciaram, devido à pandemia, da
disciplina de Fisioterapia Neurofuncional Pediátrica do Curso de Fisioterapia da UFCSPA
e o surgimento de problemas de pesquisa que poderão ser sanados por estudos científicos.
As atividades iniciaram na modalidade remota com a capacitação dos acadêmicos para a
atuação no programa e a criação de materiais educativos para contribuir com a estimulação
de crianças. Diante do exposto, o objetivo deste trabalho é salientar a importância de um
programa de atenção integral à criança com foco no cuidado centrado na família e na
disseminação de informações sobre o tema, a fim de auxiliar pais e cuidadores na
promoção do desenvolvimento infantil.

Metodologia
O programa DesEnvolver: atenção em saúde com abordagem centrada na família
para crianças com disfunção neuromotora e/ou atraso no neurodesenvolvimento surgiu
com o objetivo de oferecer às crianças com atraso no desenvolvimento ou desenvolvimento

1242
atípico, de 0-8 anos, oriundas da comunidade atendida pelo Centro de Saúde do IAPI e do
Ambulatório do Desenvolvimento do Hospital Santo Antônio, e as suas famílias, a
participação em um programa de estimulação integral do desenvolvimento com ações de
empoderamento dos familiares para promovê-lo. Consiste em atendimentos
fisioterapêuticos semanais centrados na família (com a participação de acadêmicos de
outros cursos para promoção de orientação aos pais de acordo com a sua expertise),
atividades físicas e lúdicas para as crianças (semanais), rodas de conversa entre as famílias,
profissionais de saúde e monitores do projeto (mensais) a fim de empoderar as famílias
para promover a estimulação de seus filhos, sanar as suas dúvidas e incentivar a promoção
do autocuidado dos seus membros para melhora da qualidade de vida, de forma que estes
pais possam ser disseminadores de informações contribuindo para a saúde biopsicossocial
de outras famílias. O projeto contempla alunos do curso de Fisioterapia e profissionais das
áreas de Fisioterapia, Medicina e Enfermagem.
Em razão da pandemia, o grupo de acadêmicos da UFCSPA que integram o
programa, junto à coordenadora, iniciaram a postagem de materiais informativos nas
mídias sociais e encontros online semanais a fim de realizar a capacitação para as
atividades presenciais do programa.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Em razão da pandemia do Sars-CoV-2 as atividades do programa iniciaram com a
postagem de cards objetivos nas redes sociais sugerindo estratégias para potencialização do
desenvolvimento de crianças e incentivando as famílias a utilizá-las. A equipe realiza
reuniões semanais online a fim de discutir temas para a capacitação dos atendimentos,
desenvolvendo a ficha de avaliação a ser utilizada no programa com enfoque na abordagem
centrada na família e no modelo teórico da Classificação Internacional de Funcionalidade
Incapacidade em Saúde. Além disso, a equipe trabalha na elaboração de cartilhas para
serem distribuídas para a comunidade, relacionadas à estimulação e ao incentivo da
participação social das crianças, bem como o incentivo ao autocuidado e às boas relações
dos membros da família. Os materiais informativos do projeto se dão via Instagram, que
conta com 151 seguidores, 5 publicações, 123 curtidas e 19 interações. A primeira

1243
postagem apresenta o Programa à comunidade; a segunda – “Por você e por mim”, salienta
a importância da vacinação; a terceira relata a importância da leitura infantil para
imaginação, ampliação do vocabulário e desenvolvimento da linguagem; a quarta traz a
importância do contato das crianças com a natureza e a última aborda o papel do brincar no
desenvolvimento intelectual, da autonomia e concentração.
A partir de setembro de 2021 pretende-se dar início às atividades presenciais do
programa com atendimentos fisioterapêuticos semanais utilizando a abordagem centrada na
família sendo esta parceira essencial no processo de tratamento, que tem por objetivo
promover o empoderamento dos pais para que possam responder às necessidades
específicas das crianças sem que sejam dependentes dos serviços de apoio. Para
contemplar as dúvidas trazidas por pais e cuidadores e promover o entendimento sobre a
importância da participação da família no cuidado da criança serão realizadas rodas de
conversa mensais. A equipe executora prevê o oferecimento de cursos para a comunidade
externa sobre a produção de brinquedos e adequadores posturais de baixo custo para
crianças com deficiência. Neste programa os discentes poderão conhecer o paciente além
do contexto clínico; conhecerão a dinâmica familiar e, assim, desenvolverão competências
como a comunicação, a empatia e o trabalho em equipe.

Considerações Finais
Apesar do surgimento recente do programa, é essencial salientar o quão necessário
ele se faz perante às demandas da comunidade. Um ganho de experiências para as crianças,
junto a vivências com seus pais e cuidadores, a melhora das questões de vínculo, a inclusão
e o exercício de as habilidades motoras, possivelmente contribuirá para uma maior
qualidade de vida das famílias e para um um futuro mais saudável e feliz para as crianças
com atraso no desenvolvimento ou desenvolvimento atípico. Fornecer informação de
qualidade e empoderar as famílias quanto ao cuidado com suas crianças, abrir espaço para
o diálogo e para a troca de saberes entre os profissionais, os acadêmicos e as famílias, é
fundamental para a promoção da saúde da criança e de seu núcleo familiar. Para os
acadêmicos, este programa permitirá a valorização de um modelo que reconhece o
conhecimento do paciente e da sua família, sendo os pais protagonistas das decisões sobre

1244
a saúde de seus filhos e conhecer a realidade das famílias que convivem com a exclusão
social e o pouco acesso a informações em saúde.

Referências

ARROYO, Claudia Teixeira et al. Atividade aquática e a psicomotricidade de crianças


com paralisia cerebral. Motriz, Rio Claro, Bebedouro SP Brasil, v. 13, ed. 2, abr/jun 2007.

EYKEN, E. B. B. dell’Orto et al. Conhecimento sobre desenvolvimento neuropsicomotor


da criança. HU Revista, [S. l.], v. 41, n. 1 e 2, 2015.

DORNELAS, Lílian de Fátima et al. Atraso do desenvolvimento neuropsicomotor: mapa


conceitual, definições, usos e limitações do termo. Revista Paulista de Pediatria, [s. l.], v.
33, ed. 1, 7 fev. 2015.

1245
DESENVOLVIMENTO DE VÍDEOS E MATERIAIS EDUCATIVOS PARA
SENSIBILIZAÇÃO E EDUCAÇÃO DA PUÉRPERA E SUA FAMÍLIA SOBRE O
ALEITAMENTO MATERNO

Área temática: Saúde


Coordenadora da atividade: Carolina Fordellone Rosa CRUZ
Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP)
Fundação Araucária (FA)
Autores: G.S. LALIER ; M.J.F.F. JUSTINO ; G.D. DINIZ3; V.Y.R. CHIESA4 C.F.R.
1 2

CRUZ5

Resumo:
Além das intercorrências mamárias, outro fator associado à não aderência ao aleitamento
materno exclusivo e ao desmame precoce é a falta de informações/orientações para as
gestantes e puérperas. O objetivo deste trabalho é confeccionar vídeos e materiais
educativos sobre a temática do aleitamento materno. Trata-se de um projeto em andamento
contendo as seguintes etapas: (1) levantamento das principais dúvidas e dificuldades sobre
o aleitamento materno em referências nacionais e internacionais em bancos de dados da
internet; (2) elaboração de um roteiro; (3) confecção dos vídeos e materiais educativos; (4)
disponibilização por meio de dvd’s e mídias sociais; (5) divulgação dos materiais e (6)
publicação dos resultados. Até o momento foram realizadas as seguintes ações:
levantamento científico de informações sobre aleitamento materno, criação e aprovação do
roteiro dos vídeos educativos, do logotipo e das vinhetas de abertura e de encerramento dos
vídeos; compra de materiais essenciais para gravação e confecção do estúdio de gravação
caseiro; gravação teste do primeiro vídeo do roteiro; gravação de onze vídeos oficiais até o
momento que estão passando por edições pelos alunos de ciências da computação. O
projeto terá continuidade com outras ações, tais como, gravação e edição dos demais
vídeos, gravação em DVDs e disponibilização do material. Todas as etapas concluídas até
o momento oportunizaram aumento do saber científico na temática aleitamento materno

1
Geovanna dos Santos Lalier, aluna do curso de enfermagem.
2
Maria Júlia Francisco Abdalla Justino, aluna do curso de enfermagem.
3
Gabriela Domingues Diniz, aluna do curso de enfermagem.
4
Victor Yuri dos Reis Chiesa, aluno do curso de ciências da computação.
5
Carolina Fordellone Rosa Cruz, docente do curso de enfermagem.

1246
por todos participantes do projeto. Além disso espera-se sensibilizar às puérperas e seus
familiares, promovendo o conhecimento e incentivando a prática de amamentação de
forma saudável e correta.

Palavras-chave: Educação em saúde; Aleitamento materno; Pré-natal.

Introdução
Embora o leite materno seja considerado o alimento ideal para o recém-nascido, o
aleitamento materno exclusivo continua sendo uma tarefa difícil. Além das intercorrências
mamárias, outro fator associado à não aderência ao aleitamento materno exclusivo e ao
desmame precoce é a falta de informações/orientações para as gestantes e puérperas
(NASCIMENTO et al., 2021; ORSO et al.; 2016).
O enfermeiro tem um papel fundamental na utilização de Tecnologias em Saúde
para alcançar melhores indicadores na promoção do aleitamento materno, e empregar
estratégias inovadoras e recursos tecnológicos na atuação no campo da educação em saúde
pode contribuir em demasia para a aprendizagem das mulheres acerca de comportamentos
preventivos e para promoção do aleitamento materno (SOUZA et al., 2020).
Diante disso, torna-se necessário levar conteúdo didático, educativo, grátis e de
fácil acesso a fim de alcançar o número máximo de mulheres adeptas ao aleitamento. Este
projeto tem como objetivo confeccionar vídeos e materiais educativos sobre a temática do
aleitamento materno, abrangendo as dúvidas mais recorrentes e informações pertinentes a
uma prática segura para todas as puérperas e suas famílias pertencentes aos municípios da
18ª regional de saúde do Estado do Paraná.

Metodologia
Trata-se de um projeto em andamento com apoio financeiro da Fundação Araucária
em parceria com a Universidade Estadual do Norte do Paraná. Inicialmente foi realizado
um levantamento das principais dúvidas e dificuldades sobre o aleitamento materno em
referências nacionais e internacionais disponíveis nos bancos de dados da internet. Depois
foi elaborado um roteiro para a organização dos vídeos e materiais educativos.

1247
Os vídeos a serem gravados terão no máximo 5 minutos cada e serão editados de
forma que fiquem chamativos e de entretenimento. Todos os vídeos serão objetivos,
gravados em alta resolução, na posição horizontal por câmera semiprofissional ou celular
com fundo verde para edição em chroma key. Os vídeos poderão ser gravados em ambiente
domiciliar ou em salas de aula e laboratórios da UENP quando permitido.
Após a confecção, edição e aprovação, os vídeos e os materiais didáticos serão
gravados em DVDs e serão disponibilizados para todas as secretarias municipais dos
municípios da 18ª Regional de Saúde do Estado do Paraná que tiverem interesse em
receber o material. Além disso todos os materiais produzidos serão postados e divulgados
na rede social do Instagram: @aleitamentouenp.
A princípio o material será disponibilizado à todas as puérperas e seus familiares
pertencentes aos municípios da 18ª Regional de saúde do Estado do Paraná, inclusive às
puérperas indígenas pertencentes à aldeia indígena de Santa Amélia, Paraná. E
posteriormente todo o conteúdo poderá ser divulgado e disponibilizado para quem tiver
interesse.

Desenvolvimento e processos avaliativos


O projeto ainda está em andamento seguindo o formato domiciliar pela situação
pandêmica da covid-19, e até o momento foram realizadas as seguintes ações:
levantamento científico de informações sobre o aleitamento materno, criação e aprovação
do roteiro dos vídeos educativos; criação e aprovação do logotipo e das vinhetas de
abertura e de encerramento dos vídeos; compra de materiais essenciais (suporte de fundo,
tecido, painel de iluminação, tripé) para gravação e confecção do estúdio de gravação
caseiro; gravação teste do primeiro vídeo do roteiro; gravação de onze vídeos oficiais até o
momento que estão passando por edições pelos alunos de ciências da computação
participantes do projeto.

Considerações Finais
Conclui-se que até o momento já foram percorridas várias etapas previstas no
projeto. O projeto terá continuidade com outras ações previstas, tais como, gravação e

1248
edição dos demais vídeos, gravação em DVDs, disponibilização do material aos
municípios da 18ª Regional de Saúde do Paraná e por rede social.
Todas as etapas concluídas até o momento oportunizaram aumento do saber
científico na temática aleitamento materno por todos participantes do projeto. Além disso
espera-se sensibilizar às puérperas e seus familiares, promovendo o conhecimento e
incentivando a prática de amamentação de forma saudável e correta.

Referências
NASCIMENTO, A. L. S. et al. Factors that contribute to Early weaning: na integrative
review. Society and Development, São Paulo, v. 10, n. 1, p.1-10, jan. 2021. Disponível
em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/11218

ORSO, L. F. et al. Percepção de mulheres quanto ao cenário de cuidado em saúde na


promoção do aleitamento materno. Rev Cient de Enferm, São Paulo, v.6, n.17, p.3-12.
Jul. 2016. Disponível em: https://www.recien.com.br/index.php/Recien/article/view/143

SOUZA, E. F. C. et al. Efeito de uma intervenção educativa para o aleitamento materno:


ensaio clínico randomizado. Rev Latino-Am de Enfermagem, v. 28, e3335, 2020.
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
11692020000100407&lng=en&nrm=iso

1249
EDUCAÇÃO EM SAÚDE NA PUERICULTURA

Área temática: Saúde


Coordenadora da atividade: Ludymilla RODRIGUES FURLAN
Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA)
Autores: M. C. S. FERREIRA 1; A. D. COSTA 2

Resumo:
A puericultura acompanha de forma integral as crianças, promovendo crescimento
saudável e desenvolvimento pleno. Dessa maneira, o projeto de extensão “Educação em
Saúde na Puericultura” da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA)
visa fortalecer o vínculo entre a universidade e a sociedade através do ensino, da
capacitação e do conhecimento levado à população atendida. Assim, possui como objetivo
a educação em saúde, com a finalidade de tratar assuntos estratégicos da saúde da criança,
como: amamentação, introdução alimentar, cuidados com recém-nascidos, imunização
infantil e prevenção de acidentes domésticos. Por conseguinte, ao fim do projeto, os
extensionistas terão proporcionado a construção de conhecimento compartilhado seguro,
técnico e científico com os usuários, visando a autonomia e o empoderamento dos mesmos
e, assim, garantindo uma melhora na qualidade de vida das crianças e de toda a família.

Palavras-chave: puericultura; educação em saúde; atenção primária.

Introdução
O “Educação em Saúde na Puericultura” é um projeto de extensão da Universidade
Federal da Integração Latina-Americana, cuja equipe é composta por acadêmicos de
Medicina e pela coordenadora pediatra. Possui como público-alvo a comunidade de Foz do
Iguaçu, especialmente responsáveis por crianças. As ações são realizadas com apoio do
serviço de saúde e demais profissionais a fim de promover uma atividade interprofissional,

1
Maria Clara Serapião Ferreira, aluna (Medicina).
2
Analúcia Da’Campo Costa, aluna (Medicina).

1250
a qual é fundamental para consolidar o trabalho em equipe, objetivando a transformação
das práticas de saúde e com enfoque nas demandas do usuário (PEDUZZI et al., 2013).
A puericultura visa acompanhar a criança, avaliando seu crescimento e
desenvolvimento, a fim de promover saúde, reduzir incidência de doenças e aumentar as
chances de a criança atingir o pleno desenvolvimento (BRASIL, 2012a). Nesse viés, o
projeto aborda sobre o aleitamento materno, fundamental na criação de vínculo e de
nutrição para as crianças e na redução da morbimortalidade infantil. Ademais, fala sobre
introdução alimentar, pois, após os 6 meses, a criança necessita complementar o leite
materno. Discute, também, as estratégias de prevenção e proteção a acidentes domésticos,
além de debater a importância da imunização infantil e os cuidados iniciais com o bebê.
Ressalta-se, portanto, que a educação em saúde é fundamental para a promoção de
saúde, pois reconhece o usuário como um sujeito da educação e orienta a formação de
processos educativos emancipatórios, visando à autonomia e ao empoderamento dos
usuários, à horizontalidade entre os conhecimentos populares e científicos, à construção de
consciência crítica e ao respeito às diversidades (BRASIL, 2012b). No tripé universitário, a
extensão deve influenciar o ensino e a pesquisa, com saberes entrelaçados, e reconhecer os
anseios da comunidade e, assim, promover a criação de um elo fundamental entre a
universidade e a sociedade (SANTOS JUNIOR, 2013). Logo, o projeto tem como objetivo
proporcionar à população atendida informações científicas e práticas sobre a promoção da
saúde dos infantes, aproximando à comunidade acadêmica à população.

Metodologia
O projeto se organiza com reuniões entre os extensionistas com o fito de se
estipular as metas, solidificar o conteúdo estudado por textos do Ministério da Saúde e da
Sociedade Brasileira de Pediatria e organizar materiais para a comunidade, além de
treinamentos junto da coordenadora, com práticas de técnica de aleitamento, cuidados com
recém-nascido e outros. Visando um contato também no meio digital, o projeto conta com
um perfil no Instagram, no qual divulga-se informações com linguagem de fácil
entendimento, vídeos explicativos e entrevistas virtuais com mães convidadas pelo projeto.

1251
Nas intervenções nas USF, o projeto reúne-se com pais, gestantes e qualquer
usuário que desejar participar. Com o apoio interprofissional, são utilizados bonecos para
demonstrações durante toda a ação, materiais de higiene do recém-nascido, coletes de
mamas de tecido para ensino da técnica de aleitamento, uso de cueiros e fraldas para
exibição de maneiras de enrolar o bebê e para confecção de protetores de mamilo. Ao
começar a ação, esclarece-se que a extensão é voltada para a comunidade, de modo que os
usuários se sintam à vontade para participar ativamente e contribuir com seu conhecimento
prévio. Ao final, a equipe convida os participantes para praticarem as técnicas ensinadas,
distribui panfletos e discute sobre a contribuição do projeto, buscando sugestões e críticas.
Inicialmente, havia-se a ideia de aplicação de questionários a fim de servir como
base para se compreender a eficácia da intervenção. Devido à pandemia, não foi possível a
realização da coleta de dados, mas o projeto analisa se conseguirá efetivar essa atividade.
Ao final, será desenvolvido material, de caráter visual ou textual, direcionado à população
a fim de se divulgar os resultados conquistados de forma ampla. Assim, assegura-se que a
sociedade conheça a extensão da UNILA, fortalecendo o elo entre a comunidade e a
universidade. Ademais, almeja-se a publicação e/ou a apresentação das experiências em
eventos com os resultados do projeto, demonstrando a importância da educação popular.

Desenvolvimento e processos avaliativos


A partir de demandas visualizadas na Atenção Primária à Saúde (APS), percebeu-se
que, principalmente, em áreas de vulnerabilidade social, o cuidado básico com o recém-
nascido e com crianças menores de 6 anos era deficitário. Dessa forma, a intenção dessa
extensão é levar conhecimento diretamente ao público que precisa e, assim, construir uma
rede de informações que levará mais saúde e menos riscos às crianças - que constituem
uma população extremamente dependente de cuidados e de atenção.
Nesse contexto, os temas abordados no atual projeto representam conceitos básicos,
porém fundamentais para a promoção do cuidado e o crescimento saudável das crianças.
Assim, as intervenções surgiram a partir das demandas da APS de Foz do Iguaçu, na qual a
população atendida possuía diversos questionamentos relacionados à puericultura. Dessa
maneira, o grupo de extensionistas se capacitou, juntamente com a coordenadora, e atuou

1252
diretamente com gestantes, mães, pais e responsáveis. Foram mais de 15 famílias que
saíram satisfeitas de uma intervenção muito especial, que contribuiu para a saúde e bem-
estar daquelas pessoas e, direta e indiretamente, de tantas outras. São conhecimentos
fundamentais que, além de prevenir doenças, poderão salvar vidas em uma emergência e
contribuir com a autonomia dos responsáveis em prol da qualidade de vida dos seus filhos.
Por fim, quem mais ganha com esses momentos são os extensionistas, que puderam
impactar significativamente na vida dos participantes e tiveram a oportunidade de construir
saberes de forma prática e sólida. Assim, todos treinaram em manequins manobras que
salvarão as crianças de um engasgamento e perguntaram sobre diversos assuntos
abordados. Tudo isso de forma horizontal, com abertura e vontade dos extensionistas.

Considerações Finais
O projeto de extensão teve seu primeiro objetivo alcançado durante as primeiras
intervenções, que consiste em aproximar a universidade e a comunidade. Entretanto, esse é
só o primeiro dos tantos que foram traçados pela equipe, que visa estabelecer a construção
de um canal forte de comunicação entre a universidade e a comunidade ao capacitar e
empoderar os usuários, impactando diretamente na saúde pública de Foz do Iguaçu.
Por conseguinte, os ganhos acadêmicos, com o uso de artigos e referências
confiáveis nos estudos pré-intervenção, vão além de conhecimento técnico e científico: as
vivências práticas com a comunidade que só a extensão viabiliza, possibilitando o
compartilhamento de experiências entre os discentes e a sociedade. Portanto, os
extensionistas têm a oportunidade de aprender o que não é ensinado durante o curso,
saindo do mundo acadêmico para atuar em vidas reais, colecionando momentos,
experiências e aprendizagens.
Infere-se, pois, que o projeto ainda não está finalizado e, assim, apenas os primeiros
objetivos foram conquistados. Logo, ao longo do ano e das intervenções que serão
realizadas, outros resultados serão alcançados, tanto para a comunidade de Foz do Iguaçu,
quanto para a equipe do Educação em Saúde na Puericultura.

1253
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Cadernos de atenção básica – saúde da criança:
crescimento e desenvolvimento. Secretaria de atenção à saúde. Brasília, 2012a.

BRASIL, Ministério da Saúde. Política Nacional de Educação Popular em Saúde.


Comitê Nacional de Educação Popular em Saúde. Brasília, 2012b.

PEDUZZI, M. et al. Educação interprofissional: formação de profissionais de saúde para o


trabalho em equipe com foco nos usuários. Revista da Escola de Enfermagem da USP,
v. 47, n. 4, p. 977-983, 2013.

SANTOS JÚNIOR, A. L. A extensão Universitária e os entre-laços de saberes. UFBA.


Salvador, 2013.

M.C.S. FERREIRA é bolsista do Programa de Bolsas de Extensão da Universidade Federal


da Integração Latino-Americana – PROBEX/UNILA.

1254
PROJETO EDUCAÇÃO EM SAÚDE: OS 10 ANOS DE CONTRIBUIÇÃO PARA A
EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA

Área temática: Saúde


Coordenadora da atividade: Gerusa Clazer Halila POSSAGNO
Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)
Autores: M. E. GRABOSKI ; C. M. W. F. OLIVEIRA2; A. P. VEBER3; G. C. H.
1

POSSAGNO4

Resumo:
Em 2021, o projeto de extensão “Educação em Saúde” completa 10 anos de história, que
colaboraram efetivamente na formação de acadêmicos do curso de Farmácia da
Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), articulando ensino, pesquisa e extensão.
O objetivo deste trabalho é apresentar as contribuições do projeto de extensão Educação
em Saúde à comunidade assistida e à formação dos acadêmicos do curso de Farmácia da
UEPG. A metodologia aplicada foi construída conforme a necessidade dos usuários das
Unidades Básicas de Saúde, com a prestação dos serviços farmacêuticos pelos acadêmicos
extensionistas acompanhados de professor supervisor. Portanto, o Projeto Educação em
Saúde contribui significativamente para que os serviços farmacêuticos clínicos sejam
ofertados aos usuários no município de Ponta Grossa, colaborando para uma melhor
qualidade de vida da população assistida; além de contribuir para o desenvolvimento
institucional através da integração serviço-ensino e na formação dos acadêmicos
envolvidos.

Palavras-chave: extensão universitária; cuidado farmacêutico; integração serviço-ensino.

1
Mayara Elza Graboski, acadêmica do curso de Farmácia, bolsista Fundação Araucária
2
Carolina Moura Wagner Ferreira de Oliveira, acadêmica do curso de Farmácia, bolsista PROEX
3
Ana Paula Veber, docente do curso de Farmácia
4
Gerusa ClazerHalilaPossagno, docente do curso de Farmácia

1255
Introdução
Nos últimos anos, o conceito de responsabilidade social esteve presente na
academia a partir da Extensão Universitária, com a contribuição ativa das Instituições de
Ensino Superior para o desenvolvimento da cidadania (CRUZ et al., 2011). Neste sentido,
a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) cumpre este papel social embasado nos
três principais pilares, ensino, pesquisa e extensão, a partir de projetos como o “Educação
em Saúde”, vinculado ao Departamento de Ciências Farmacêuticas e cadastrado naPró-
Reitoria de Extensão e Assuntos Culturais (PROEX).
Em 2021, o projeto completa 10 anos de história, que contribuíram efetivamente na
formação de acadêmicos do curso de farmácia. No início do projeto, em 2011, o público-
alvo eram os alunos do Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos
(CEEBJA), que por meio de palestras e discussões ocorridas na própria escola tinham o
objetivo de esclarecer sobre os direitos aos serviços de saúde. Entretanto, considerando que
a participação ativa do farmacêutico nas equipes multiprofissionais é vista como
necessidade para o redesenho de atenção às condições crônicas, particularmente no nível
de cuidados primários (MENDES, 2011), no ano seguinte foi firmada parceria com a
Fundação Municipal de Saúde de Ponta Grossa. Desta forma, o público-alvo das ações
passou a ser os usuários das Unidades Básicas de Saúde (UBS) que possuem doenças
crônicas não transmissíveis (DCNT), principalmente diabetes mellitus (DM), considerando
a alta morbidade destas condições. Assim, a equipe do projeto de extensão “Educação em
Saúde” auxiliou na implantação do Cuidado Farmacêutico, um modelo de prática que
orienta a provisão de serviços farmacêuticos clínicos (CFF, 2016) nas UBS do município
de Ponta Grossa, Paraná, de modo que os acadêmicos extensionistas pudessem colocar em
prática os ensinamentos obtidos em sala de aula.
O objetivo deste trabalho é apresentar as contribuições do projeto de extensão
Educação em Saúde à comunidade assistida, residente no município de Ponta Grossa,
Paraná, e na formação dos acadêmicos do curso de Farmácia da UEPG durante esses 10
anos.

1256
Metodologia
A metodologia de trabalho do projeto foi construída conforme a necessidade dos
usuários das UBS, com a prestação dos serviços farmacêuticos estabelecidos pelo
Conselho Federal de Farmácia (CFF): acompanhamento farmacoterapêutico, rastreamento
em saúde, educação em saúde, revisão da farmacoterapia, gestão da condição de saúde e
conciliação de medicamentos (CFF, 2016). Estes serviços eram prestados por meio de
consulta farmacêutica na própria UBS ou no domicílio do usuário, pelos acadêmicos
extensionistas acompanhados de professor supervisor. Além das consultas farmacêuticas,
foram realizadas atividades de rastreamento em saúde para diversos grupos comunitários
em risco aumentado para DCNT, e atividades educativas para usuários e para trabalhadores
em saúde.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Nestes 10 anos de vigência, o projeto de extensão Educação em Saúde contou com
a participação de 9 farmacêuticos professores do curso de farmácia da UEPG, 9
farmacêuticas da Fundação Municipal de Saúde de Ponta Grossa e 46 acadêmicos
extensionistas. As ações sempre foram delineadas conforme as necessidades encontradas,
com a realização de consultas farmacêuticas, individualizadas, em consultório na UBS,
para a prestação dos serviços farmacêuticos clínicos. Os usuários com DM insulinizados
receberam atendimento por meio de visita domiciliar, onde questões relacionadas ao
cuidado com as insulinas foram priorizadas, pois o transporte, armazenamento inadequado
e problemas na administração podem comprometer a efetividade do tratamento.
Os serviços de rastreamento e educação em saúde também aconteceram em grupo,
com atividades realizadas nas UBS direcionadas aos usuários, como rastreamento de
síndrome metabólica, rodas de conversa sobre uso de medicamentos em gestantes e
cuidados com a saúde de pessoas com DM. Também foi realizada a capacitação de
profissionais, médicos e farmacêuticos, no que se refere à insulinoterapia, com vistas a
otimizar o tratamento dos usuários. Da mesma forma, as agentes comunitárias de saúde
(ACS) receberam capacitação sobre o uso de medicamentos no DM, uma vez que são
profissionais que auxiliam na promoção à saúde dos usuários.

1257
Anualmente, a equipe do projeto organiza e executa o evento de extensão “Mutirão
da Saúde”, em parceria com o Lions Clube de Ponta Grossa, com foco no rastreamento e
educação em saúde. Neste evento, o público-alvo são as pessoas que circulam em um local
de grande movimento no centro da cidade, aos quais são ofertados os procedimentos de
verificação da pressão arterial, determinação de glicemia capilar e distribuição de material
educativo.
A partir de março de 2020, devido à pandemia da Covid-19, as atividades passaram
a acontecer por meio remoto, e as situações clínicas dos usuários de uma das UBS
assistidas pelo projeto eram enviadas pela farmacêutica para discussão via plataforma
Google Meet. Ainda, algumas atividades foram direcionadas para a Farmácia Escola
Professor Horácio Droppa, que atende usuários do Componente Especializado da
Assistência Farmacêutica (CEAF), com a elaboração de Procedimentos Operacionais
Padrão e materiais de apoio para o atendimento dos usuários.
Certamente, o projeto traz contribuições importantes, tanto para a comunidade que
se beneficia com o cuidado farmacêutico, melhorando os desfechos em saúde, quanto para
os acadêmicos que desenvolvem habilidades imprescindíveis para o trabalho em serviço de
saúde. Com os treinamentos recebidos os futuros farmacêuticos tornam-se disseminadores
de ações em saúde, além de se sentirem diferenciados no que se refere a parte clínica da
profissão.

Considerações Finais
O Projeto Educação em Saúde, ao longo destes 10 anos, contribuiu
significativamente para que os serviços farmacêuticos clínicos fossem ofertados aos
usuários no município de Ponta Grossa, por meio do seu trabalho em UBS, Farmácia
Escola e eventos à comunidade, colaborando para uma melhor qualidade de vida da
população assistida; além de contribuir para o desenvolvimento institucional por meio da
integração serviço-ensino e na formação dos acadêmicos envolvidos, aperfeiçoando suas
habilidades.

1258
Referências
CFF. Conselho Federal de Farmácia. Serviços farmacêuticos diretamente destinados ao
paciente, à família e à comunidade contextualização e arcabouço conceitual, 2016.

CRUZ, Breno de Paula Andrade et al. Extensão universitária e responsabilidade social: 20


anos de experiência de uma instituição de ensino superior. Environmental & Social
Management Journal/Revista de Gestão Social e Ambiental, v. 5, n. 3, 2011.

MALTA, Deborah Carvalho et al. Noncommunicablediseasesandthe use


ofhealthservices: analysisoftheNational Health Survey in Brazil. Revista de saúde
pública, v. 51, 2017.

MENDES, Eugênio Vilaça. As redes de atenção à saúde. Brasília: Organização


PanAmericana da Saúde; 2011.

Instituição financiadora:

Fundação Araucária e PROEX/UEPG.

1259
EDUCAÇÃO SEXUAL INCLUSIVA NA ESCOLA: UMA ABORDAGEM
GEOGRÁFICA DA SEXUALIDADE

Área temática: Saúde


Coordenador da atividade: Gonzalo Jaime Cofre COFRE
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Autores: M. MISTURA 1; K. SPRINGER 2; G. J. C. COFRE 3.

Resumo:
O estigma da sexualidade, nas pessoas com deficiência, reforça estereótipos e preconceitos
que muitas vezes excluem esta população das ações de educação sexual, aumentando
também sua vulnerabilidade frente a situações relacionadas à violência sexual, infecções
sexualmente transmissíveis e a gravidez na adolescência. Este trabalho teve como objetivo
a inclusão de escolares com deficiência nas ações de educação e promoção de saúde
sexual. Oficinas com materiais flexibilizados foram as bases metodológicas utilizadas para
garantir o direito destes estudantes de acesso ao conhecimento que possibilite o
autocuidado e a vivência de sua sexualidade de forma segura. As oficinas foram planejadas
e executadas por estudantes participantes do Programa Institucional de Iniciação a
Docência da Geografia. Participaram da pesquisa sete escolares com deficiência intelectual
e/ou Transtorno do Espectro Autista matriculados numa escola pública. A partir de uma
abordagem qualitativa, utilizou-se como instrumentos de coleta de dados a observação
sistemática em sala de aula e entrevistas semiestruturadas. Neste trabalho apresentamos os
resultados das ações e as sugestões para elaboração de atividades e metodologias de fácil
implementação e acesso a professores/as e escolas.

Palavras-chave: geografia da saúde; educação sexual; educação inclusiva.


Introdução
A inclusão das pessoas com deficiência no ensino regular é oriunda dos
movimentos em prol dos Direitos Humanos, sendo fortalecida a partir da Declaração de
1
Michele Mistura, aluna [Medicina], bolsista UFSC.
2
Kalina Springer, docente [Geografia].
3
Gonzalo Jaime Cofre Cofre, docente [Biologia Celular, Embriologia e Genética].

1260
Salamanca em 1994. No documento, Brasil e diversos países assumiram o compromisso de
oferecer educação de qualidade a todas as crianças, garantindo o direito à educação
independente de deficiências ou transtornos. Contudo ações e projetos de educação sexual
para este público são incipientes(GLAT, 1992; MAIA, 2001).
É neste contexto que se insere esta pesquisa, cujo objetivo principal foi a inclusão
dos estudantes com deficiência nas ações de educação e promoção da saúde sexual. Esta
inclusão perpassa a formação de professores com aprimoramento teórico e prático. As
discussões teóricas perpassaram temas como Geografia da Saúde, Sexualidade (prevenção
e cuidado com o corpo, gravidez e infecções sexualmente transmissíveis como o
HIV/AIDS), Educação Inclusiva e modelo social da deficiência. Já, a prática envolveu o
planejamento e criação de estratégias pedagógicas, materiais flexibilizados e metodologias
de ensino direcionadas ao público alvo da Educação Especial.

Metodologia
O trabalho realizou-se em cinco etapas: 1) seleção da escola, 2) observação, 3)
planejamento didático, 4) preparação dos materiais, 5) execução e acompanhamento das
oficinas. A escola estadual Getulio Vargas foi selecionada considerando presença dos
estudantes participantes do Programa Institucional de Bolsas a Iniciação a Docência
(PIBID -Geografia). Foram feitas observações sistemáticas dos estudantes com deficiência
em sala de aula. Durante três meses, a bolsista do projeto acompanhou o desempenho e
observou o comportamento das turmas em que estavam inseridos.
As observações foram realizadas em turmas do sétimo (ensino fundamental) ao
primeiro ano do ensino médio. O intuito era conhecer os estudantes e suas especificidades,
compreendendo as deficiências, entendimentos, gostos e preferências individuais. Para o
registro do cotidiano escolar, foi utilizado um diário de campo. Concomitante a esta etapa
foram realizadas entrevistas com os professores das turmas e também com o NEPRE 4. As
entrevistas se constituíram em perguntas abertas possibilitando o surgimento de
informações não condicionadas e não padronizadas. Para analisar os dados das entrevistas,
foi realizada uma análise de discurso (DE SOUZA MINAYO; COSTA, 2018).

Desenvolvimento e processos avaliativos

4
Núcleo de Prevenção, Atenção e Atendimento às Violências na Escola. O NEPRE envolve-se em
discussões sobre educação sexual, ISTs (infecções sexualmente transmissíveis), entre outros assuntos
relevantes para as escolas.

1261
Os estudantes com deficiência acompanhados apresentavam-se em média dois anos
mais velhos que os seus colegas de turma. Com idades entre 13 e 16 anos, frequentavam
entre 7º ano do ensino fundamental e 1º ano do ensino médio. Com idade biológica
superior aos colegas e comportamentos compatíveis com a idade, possuíam características
de uma adolescência mais desenvolvida, o que instigava a curiosidade dos demais.
Durante o período de observação dos escolares foi possível conhecê-los:
compreendendo os tipos de deficiências, gostos/preferências e como explorar
pedagogicamente os sentidos (principalmente tato, visão, audição). Percebeu-se que quase
todos eles não aceitam realizar atividades que fossem diferentes daquelas feitas pelos
colegas.
Os estudantes com deficiências demonstraram curiosidade pelas discussões
realizadas nas oficinas assim como foi perceptível o desejo de saber sobre o corpo. Essas
impressões corroboram com a bibliografia que fundamenta a pesquisa no que tange à
sexualidade destes estudantes (GLAT, 1992; MAIA, 2001).
Durante o processo identificou-se questões problemáticas, como por exemplo, o
desconhecimento dos professores especialistas a respeito dos estudantes com deficiência.
Em entrevista os profissionais disseram não receber auxílio, orientação, ou ainda formação
para trabalhar com os estudantes com deficiência. Alguns não sabiam nem o diagnóstico
do estudante.
Ao final do projeto, elaboramos um documento para a escola, que descreve os
estudantes com deficiência e suas especificidades: gostos, aversões, facilidades e
dificuldades. O documento traz também sugestões pedagógicas (de metodologia e recursos
didáticos) e ainda dicas de interação social com estes estudantes, dimensão importante no
processo de inclusão.

Considerações Finais
Nesse artigo apresentamos algumas estratégias simples e de fácil acesso a
professores e escolas que podem facilitar a inclusão dos estudantes com deficiência.
Procuramos demonstrar também a importância da inclusão destes estudantes nas ações de
educação sexual e promoção de saúde sexual e como fazê-lo a partir da perspectiva
geográfica e seguindo as orientações curriculares vigentes (SANTA CATARINA, 2014).
A estrutura da pesquisa envolveu também extensão e formação docente. Este tripé
possibilitou a sensibilização do olhar do futuro docente para o atendimento e a inclusão de
todos seus alunos. Na perspectiva geográfica qualificou e instrumentalizou este futuro

1262
docente para a discussão de questões relacionadas a educação sexual, em conformidade
com as normativas curriculares considerando ainda os aportes teóricos metodológicos da
Geografia da saúde (FARIA; BORTOLOZZI, 2009; SANTOS, 2003).
A aproximação com a extensão possibilitou a vivência nos espaços escolares e o
contato direito com os estudantes com deficiência, proporcionando a este público, a
participação nestas ações de educação sexual e consequentemente qualificando seu
processo de aprendizagem.
Propondo ações pedagógicas desvinculadas do ideal normativo e padronizado de
acesso ao currículo foi possível incluir todos/as os estudantes nas ações de promoção à
saúde garantindo o direito destes indivíduos à educação.

Referências:

DE SOUZA MINAYO, M. C.; COSTA, A. P. Fundamentos teóricos das técnicas de


investigação qualitativa. Revista Lusófona de Educação, v. 40, n. 40, 2018.
FARIA, R. M.; BORTOLOZZI, A. Espaço, território e saúde: contribuições de Milton
Santos para o tema da geografia da saúde no Brasil. Raega-O Espaço Geográfico em
Análise, v. 17, 2009.
GLAT, R. A sexualidade da pessoa com deficiência mental. Revista Brasileira de
Educação Especial, v. 1, n. 1, p. 65–74, 1992.
MAIA, A. C. B. Reflexões sobre a educação sexual da pessoa com deficiência. Revista
Brasileira de Educação Especial, v. 7, n. 1, p. 35–46, 2001.
SANTA CATARINA. Proposta Curricular de Santa Catarina: formação integral na
educação básica. Florianópolis: Secretaria do Estado da Educação, 2014.
SANTOS, M. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência
universal. Rio de Janeiro: Record, 2003.

1263
ELABORAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE MATERIAL BILÍNGUE PARA
ATENDIMENTO DE IMIGRANTES HAITIANOS NOS POSTOS DE SAÚDE DE
SÃO JOSÉ

Área temática: Saúde


Coordenadora da atividade: Ana Paula Pruner de SIQUEIRA
Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC)
Autores: S. ALBUQUERQUE REIS FACHINELLO¹; L. C. FARIAS²

Resumo:
O presente projeto teve como objetivo elaborar material bilíngue (português e creole) para
ser utilizado em programas de saúde da família. Sabemos que a saúde é um direito
garantido e universal no Brasil e que nosso país é signatário de diversos tratados
internacionais de direitos humanos, fazendo-o um local importante de destino de
imigrantes, refugiados e apátridas. O acesso aos serviços de saúde também é um direito
garantido a estes sujeitos. Contudo,este acesso encontra também barreiras linguísticas para
se tornar efetivo. Essas barreiras se fazem presentes desde o simples fato de preencher o
cadastro inicial para a confecção do Cartão Nacional de Saúde até na hora do atendimento
médico. Assim, facilitar a comunicação entre os usuários do sistema e os profissionais da
saúde é o objetivo do produto final deste projeto. Para tanto, estabelecemos parcerias com
a secretaria de saúde bem como com os centros de referência de assistência social (CRAS)
de São José para compreendermos quem são esses imigrantes e quais serviços de saúde
procuram para, assim, elaborarmos um material direcionado às demandas dos migrantes
haitianos e dos profissionais que os atendem. Distribuímos até o momento 29 conjuntos
com 5 temas cada um: Violência doméstica, Puerpério (primeiros meses de vida do bebê e
amamentação), Introdução Alimentar, Exames disponíveis no SUS para as mulheres e
planejamento familiar (métodos anticoncepcionais), anamnese infantil, para emergência e
para covid e a vacinação. Além disso, o material está disponível para livre acesso e
reprodução na página do projeto, na wiki do IFSC-SJ.

Palavras-chave: Imigrantes haitianos; Acesso à saúde; Cidadania

1264
Introdução
O Brasil se tornou uma alternativa para milhares de haitianos que tiveram suas
vidas destroçadas pelos inúmeros eventos traumáticos pelos quais passou e passa o Haiti.
Certamente o terremoto de 2010 intensificou a saída dos migrantes haitianos que
encontraram no nosso país a possibilidade de refazerem suas vidas. Desta forma, o Brasil
recebeu na última década milhares de haitianos e haitianas que se estabeleceram nos mais
diversos estados da federação. Santa Catarina não passou incólume a este processo. E essa
chegada num novo ambiente traz a esperança de uma vida nova mas também muitos
desafios. Além da dificuldade de entrar no mercado de trabalho, de vivenciar episódios de
xenofobia, os entraves com a língua do novo país limitam o acesso aos direitos mais
básicos e essenciais como a saúde. Diversas pesquisas apontam que os postos de saúde são
menos procurados do que as emergências por estas apresentarem menos dificuldades
quanto à língua (DATOLLI, 2019). Assim, o desconhecimento da língua vernácula implica
na não aplicação dos fundamentos primordiais da política de promoção e proteção da
saúde: universalidade, integralidade e equidade.
Sabemos que tanto com a Constituição de 1988 como com a Lei Orgânica de Saúde
de 1990, que implementou o Sistema Único de Saúde (SUS), a saúde é um direito
garantido e universal no Brasil. Da mesma forma, o Brasil é signatário de diversos tratados
internacionais de direitos humanos, fazendo-o um local importante de destino de
imigrantes, refugiados e apátridas. O acesso aos serviços de saúde também é um direito
garantido a estes sujeitos.
Além disso, a Lei de Migração publicada em 2017 (BRASIL, 2017) garante acesso
aos serviços públicos de saúde aos migrantes da mesma forma que o Estado oferece aos
nacionais. Na última década vimos um crescimento significativo do número de chegada
imigrantes haitianos no Brasil. Entre 2011 a 2018, haviam registrados 106,1 mil haitianos
morando há mais de um ano no Brasil. Em 2018, Santa Catarina emitiu mais de 6 mil
carteiras de trabalho para migrantes. (Cavalcanti, 2019) Apesar desse número não
restringir-se aos haitianos, observamos no dia-a-dia que nosso estado é destino desses

1265
imigrantes. Assim, conforme a Lei de Migração, devemos garantir um atendimento médico
qualificado e respeitoso para esses sujeitos o que pressupõe a compreensão dos símbolos e
sentidos da nossa língua, possibilitando assim, a criação de vínculos e a humanização da
relação paciente-médico. E é nesta perspectiva que nosso projeto se insere, uma vez que
visa construir ferramentas para ampliar o rol de estratégias para o cumprimento do papel
do Estado Brasileiro na promoção da saúde de todos.
O objetivo central deste trabalho é facilitar a comunicação entre os usuários do
sistema único de saúde e os profissionais da área com o intuito de garantir a promoção da
saúde aos imigrantes haitianos. Para tanto, buscamos: identificar o perfil dos imigrantes
haitianos que utilizam o serviço de saúde pública do município de São José; identificar
quais das 21 unidades básicas de saúde de São José são procuradas pelos haitianos;
compreender os serviços mais utilizados nos postos de saúde, observando se são
atendimento mais relacionados a retirada de medicamentos, atendimento médico,
vacinação e selecionar e traduzir as expressões necessárias para a construção do material
bilíngue.
Este projeto foi contemplado pela chamada interna do IFSC, Câmpus São José - 2a
Chamada 2020 e, desta forma, pudemos contar com a aluna/bolsista extensionista e a taxa
de bancada para impressão do material e para contratação da intérprete em criole. Além
disso, o projeto dialoga com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, os
quais o IFSC e o IFSC câmpus São José são signatários.

Metodologia
O desenvolvimento deste projeto levou a produção de material em português e
creole para distribuição nas unidades básicas de saúde de São José mais utilizadas pelos
imigrantes haitianos. Essa produção se deu tanto no papel quanto em meio digital. O
arquivo do material encontra-se na base de dados dos servidores do município.
Compreendemos que a atenção primária em saúde abarca múltiplas áreas do conhecimento,
envolvendo, assim, muitos termos e expressões. Por isso, tivemos que identificar quais
expressões, doenças, sintomas, prescrições médicas são mais frequentes, elegendo as que

1266
foram traduzidas. Esta identificação se deu em parceria com os profissionais dos postos de
saúde e da assistência social do município. Em participação prévia numa reunião do CRAS
de Areais em São José, observamos a dificuldade de conversar com as mulheres haitianas
sobre métodos contraceptivos. Portanto, entendemos que saúde da mulher é um conteúdo
que deveria constar no nosso projeto. Após pesquisa e diálogo com os nossos parceiros da
área da saúde e da assistência social, delimitados os seguintes pontos: Violência doméstica,
Puerpério (primeiros meses de vida do bebê e amamentação), Introdução Alimentar,
Exames disponíveis no SUS para as mulheres e planejamento familiar (métodos
anticoncepcionais), anamnese infantil, para emergência e para covid e a vacinação.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Com o auxílio da bolsista, elaboramos o material gráfico para impressão e para o
meio digital. O material impresso conta com ilustrações, vocábulos e pequenas frases nos
dois idiomas e foram distribuídos 29 conjuntos para as unidades básicas de saúde e área de
assistência social do município. O material digital tem o mesmo conteúdo do material
impresso, mas tem como objetivo atender os próprios imigrantes haitianos uma vez que
este conteúdo poderá ser divulgado via redes sociais e meios de comunicação como o
whatsapp. Para a tradução, contratamos uma intérprete com fluência nas duas línguas.
Os objetivos deste projeto estão relacionados à formação cidadã dos nossos
estudantes que é uma das missões da nossa instituição bem como relaciona-se aos valores
que pregamos como o compromisso social e a sustentabilidade social. A aprendizagem por
meio deste projeto contou, para além dos conteúdos de design, de elaboração textual e de
temas específicos da área de saúde, com conteúdos de cidadania, de princípios de justiça e
construção de uma sociedade mais equânime. Propomos um projeto interdisciplinar, com
temas transversais que tem a pesquisa como fio condutor para gerar um produto final de
extensão demandando pela sociedade civil e que garantirá um dos direitos básicos da
população: o acesso universal à saúde pública.

1267
Considerações Finais
O projeto atendeu os imigrantes haitianos que fazem parte do público que frequenta
a escola do IFSC. Conseguimos encaminhar os materiais para a rede pública de saúde e
assistência social do município de São José. Em função da boa repercussão do projeto,
encaminhamos um segundo que tem como objetivo atualizar, ampliar e disponibilizar, via
aplicativo (app), o material bilíngue (português e creole) já produzido para ser utilizado em
programas de saúde da família, emergências, SAMU e acolhimento dos imigrantes pela
assistência social para além de São José. Para tanto, ampliamos nossa rede de parceiros,
envolvendo agora mais servidores do município bem como servidores de outro câmpus do
IFSC.

Referências
BRASIL. Institui a Lei de Migração. Lei nº 13.445, de 24 de maio de 2017.

CAVALCANTI, L; OLIVEIRA, T.; MACEDO, M., Imigração e Refúgio no Brasil.


Relatório Anual 2019. Série Migrações.

DATTOLI VCC, L. DS, CHAVES ITS. A utilização da atenção primária à saúde por
imigrantes em Florianópolis. Revista Brasileira Medicina de Família e Comunidade.
2019;14(41):1786. http://dx.doi.org/10.5712/rbmfc14(41)1786.

MAGALHÃES, L. F. A. O Haiti é aqui: Sub Imperialismo Brasileiro e Imigrantes


Haitianos em Santa Catarina. In: 38º Encontro Anual da Anpocs, 2014, Caxambu - MG.
Anais do 38º Encontro Anual da Anpocs. São Paulo - SP: ANPOCS, 2014. p. 1-30.

1268
PROMOÇÃO DE SAÚDE E BEM-ESTAR ATRAVÉS DE UM PROJETO DE
EXTENSÃO

Área temática: Saúde


Coordenadora da atividade: Annie Jeanninne BISSO LACCHINI
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA)
Autores: D. BOSSARDI RAMOS 1; D. DO ROSÁRIO DINIZ 2; C. BUSATTO3; B.L.
RIBEIRO DE ALMEIDA4

Resumo:
O uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) possibilita um novo modelo
de diálogo e ação extensionista entre acadêmicos, sociedade e universidade, favorecendo o
acesso às informações científicas sobre saúde mental. Dessa forma, o Projeto de Extensão
Educação Permanente em Enfermagem na Saúde Mental da Universidade Federal de
Ciências da Saúde de Porto Alegre reinventou-se na pandemia de COVID-19 para que as
informações científicas fossem compartilhadas nas redes sociais do projeto a fim de
agregar conhecimento sobre os assuntos para a população em geral. O objetivo deste
trabalho é apresentar as readaptações de um projeto de extensão durante a pandemia do
COVID-19. O projeto adaptou as ações de extensão para as redes sociais, elaborando
publicações, podcast e eventos on-line com temáticas sobre saúde mental. As adaptações
seguem os objetivos da Política Nacional de Extensão Universitária, de 2012, a qual prevê
atividades de relações entre Universidade e sociedade. Com as atividades, foi possível
alcançar os objetivos propostos, indo de encontro com o objetivo 3 da Agenda 2030.

Palavras-chave: Enfermagem; Saúde Mental; Tecnologias de Informação e Comunicação.

Introdução
A Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS), de 2004, busca a
adesão de novas práticas assistenciais para a qualificação ao acesso à saúde dos usuários, a

1
Domênica Bossardi Ramos, acadêmica do curso de Enfermagem.
2
Desireé do Rosário Diniz, acadêmica do curso de Enfermagem.
3
Caroline Busatto, acadêmica do curso de Enfermagem.
4
Bruna Luísa Ribeiro de Almeida, acadêmica do curso de Enfermagem.

1269
partir do ensino, atenção à saúde, gestão do sistema, participação e controle social
(BRASIL, 2018). Dessa forma, a educação continuada propõe melhorias na prática dos
profissionais de saúde, visando evidências científicas que possam somar para a saúde e o
bem-estar dos usuários, tanto físico quanto mental.
As Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) tornaram-se espaços, ainda
que virtuais, acessíveis para o compartilhamento de conhecimentos. Ou seja, possibilita a
democratização ao acesso às informações científicas para a população em geral, além de
tornar-se um meio facilitador para a realização e a manutenção de educação continuada
entre os profissionais de saúde (FRANÇA, RABELLO, MAGNAGO, 2019; MIRANDA,
ROCHA, 2018). A partir disso, as tecnologias de informação e comunicação podem
agregar em mudanças assistenciais em saúde e, também, sociais, como os objetivos
preconizados na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). O objetivo 3 é
sobre saúde e bem-estar, o qual busca assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar
para todos em todas as idades, sendo a meta ‘’3.d’’ sobre a redução de riscos e
gerenciamento de riscos nacionais e globais à saúde.
Visto isso, o Projeto de Extensão Educação Permanente em Enfermagem na Saúde
Mental reinventou-se durante a pandemia de COVID-19 para que as atividades de
educação permanente continuassem acontecendo de forma virtual. Com isso, as
informações de cunho científico foram disseminadas através das mídias sociais do projeto,
a fim de contribuir para a construção de conhecimentos e aprendizados, indo ao encontro
com o objetivo 3 da Agenda 2030 da ONU. Logo, o objetivo deste trabalho é apresentar as
readaptações de um projeto de extensão durante a pandemia do COVID-19.

Metodologia
O Projeto de Extensão "Educação Permanente em Enfermagem na Saúde Mental",
da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), realizava, em
2019, encontros presenciais com a equipe de enfermagem da internação psiquiátrica do
Hospital Materno-Infantil Presidente Vargas (HMIPV). Durante os encontros, os
acadêmicos de enfermagem elaboravam e ministravam atividades com esses profissionais
sob supervisão da professora coordenadora. Diante do surgimento e agravamento da

1270
pandemia de Coronavírus, em 2020, as ações presenciais foram suspensas. A partir disso,
foi necessário readaptações nas ações extensionistas dos discentes com os profissionais de
saúde e, também, com o público em geral. As adaptações consistiram com o
desenvolvimento de um podcast chamado ‘’ConectadaMente’’ na plataforma SoundCloud,
obtendo 13 seguidores com as 19 faixas produzidas que, atualmente, é encontrado no
Spotify.
Houve, também, a elaboração de materiais com embasamento científico
relacionados à saúde mental na conta do Instagram do projeto de extensão, tanto para
profissionais quanto para sociedade geral. Por fim, eventos online, disponíveis a toda
comunidade, foram realizados para democratizar o acesso à informação às pessoas,
auxiliando na disseminação de temas relevantes na área da saúde mental.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Antes da pandemia, as temáticas abordadas com os profissionais eram retiradas dos
rounds que aconteciam semanalmente para discutir questões de saúde e de doença das
pacientes internadas. Nos encontros com os profissionais eram realizados, com cunho
avaliativo, o pré-teste para avaliar o conhecimento prévio e o pós-teste para verificar o
aprendizado após as atividades propostas.
Atualmente, os discentes elaboram conteúdos que possuem datas comemorativas e
notórias na sociedade em relação à saúde mental para os posts, eventos on-line e podcasts.
A partir disso, os alunos exercem os objetivos da Política Nacional de Extensão
Universitária, de 2012, como atividades que impliquem em relações multi, inter e/ou
transdisciplinares e interprofissionais de setores da Universidade e da sociedade. Além
disso, as atividades extensionistas contribuem na construção acadêmica dos futuros
profissionais por estimular a adequação das linguagens técnicas ao público sobre saúde
mental.
O projeto de extensão abordou temas como: saúde mental da população negra e da
população LGBTQIA +, campanhas janeiro e julho branco, luta antimanicomial, trabalho
infantil, violência contra a mulher, entre outros. Essas ações geram impacto positivo na
sociedade, visto que contribuem para disseminar e facilitar o acesso a informações sobre

1271
assuntos que os indivíduos não teriam contato no cotidiano. A transformação social
realizada, através da educação permanente, ocorre pelo rompimento de estigmas que
perduraram por anos na sociedade e da construção de pessoas com comportamentos que
auxiliam na concretização da Reforma Psiquiátrica, visando um modelo de assistência
psicossocial. Com isso, temos a importância do projeto de extensão na formação
acadêmica, visto que o engajamento nas ações torna os estudantes mais comprometidos
com as demandas da sociedade, fornecendo conteúdos com embasamento científico e
contribuindo com as Instituições de Ensino Superior que formam inúmeros cientistas com
a educação gratuita e de qualidade. Além disso, o projeto de extensão contribui de modo
significativo para a promoção de saúde e bem-estar para todos e em todas as idades,
conforme proposto no objetivo 3 da Agenda 2030 da ONU.

Considerações Finais
Observa-se que os objetivos foram alcançados, visto que os discentes conseguiram
adaptar o projeto de extensão às tecnologias de informação e comunicação, ampliando o
conhecimento sobre saúde mental para as pessoas em geral. Assim, sendo seu crescimento
exponencial por ouvintes e seguidores. Em relação aos ganhos acadêmicos, foi possível
obter bons resultados para os estudantes envolvidos que, diante da suspensão das
atividades presenciais da extensão na instituição envolvida, têm a oportunidade de manter-
se em contato com a sociedade, promovendo atividades de promoção e, consequentemente,
de prevenção da saúde. Dessa forma, reitera um dos objetivos estabelecidos pela Agenda
2030 da ONU que, por meio das tecnologias de informação e comunicação, pode
influenciar positivamente na aplicação e no cumprimento das metas, tanto pelos discentes
quanto pelos profissionais da saúde e população geral.

Referências
FRANCA, Tania; RABELLO, Elaine Teixeira; MAGNAGO, Carinne. As mídias e as
plataformas digitais no campo da Educação Permanente em Saúde: debates e propostas.
Saúde debate, Rio de Janeiro, v. 43, n. spe1, p. 106-115, ago. 2019. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
11042019000500106&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 04 ago. 2021.

1272
MIRANDA, Fernanda Santana; ROCHA, Dais Gonçalves. O uso do Facebook na
promoção da saúde: uma revisão bibliográfica sobre empoderamento e participação
popular. Rev Eletron Comun Inf Inov. Saúde, v. 12, n. 2(2018). Disponível em:
https://www.reciis.icict.fiocruz.br/index.php/reciis/article/view/1331. Acesso em: 04 ago.
2021.

1273
ENFRENTAMENTO À COVID-19 NAS 4ª E 6ª REGIONAIS DE SAÚDE DO
PARANÁ
Área Temática: Saúde
Coordenador da atividade: Gustavo ZAMBENEDETTI
Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO)
Autores: G. ZAMBENEDETTI 1; E.A.P. SANTOS 2; L. CARNEVALE 3; S.S.
COUTINHO 4.

Resumo:
Em março de 2020, a OMS caracterizou a covid-19 como uma pandemia, demandando
esforços conjuntos para o seu enfrentamento. Vinculado a um edital da Fundação
Araucária, visando apoiar ações de enfrentamento a covid-19, este projeto extensionista
teve como objetivo apoiar e subsidiar a 4ª e a 6ª Regionais de Saúde (RS) do Paraná nas
ações de promoção da saúde, prevenção e assistência no combate a covid-19. Foram
selecionados bolsistas de extensão nas áreas de enfermagem, técnico de enfermagem,
medicina, psicologia e educação física, os quais foram integrados às equipes de linha de
frente e/ou retaguarda à covid-19 nos municípios das duas RS, no período de abril de 2020
a janeiro de 2021. O projeto desempenhou importante função no cenário regional da
pandemia de covid-19, ampliando e qualificando o escopo de ações das equipes de saúde,
assim como possibilitando uma importante interface da universidade pública na resposta à
pandemia, evidenciando sua função social perante a comunidade.

Palavras-chave: Covid-19; Assistência; Prevenção.

Introdução
Em março de 2020, a Organização Mundial da Saúde caracterizou a covid-19 como
pandemia (OMS, 2020). Neste mesmo mês, foi decretada a situação de emergência

1
Gustavo Zambenedetti, professor do Departamento de Psicologia e do Programa de Pós-Graduação
Interdisciplinar em Desenvolvimento Comunitário.
2
Emalline Angélica de Paula Santos, doutoranda no Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em
Desenvolvimento Comunitário – Bolsista CAPES.
3
Luciana Branco Carnevale, professora do Departamento de Fonoaudiologia.
4
Silvano da Silva Coutinho, professor do Departamento de Educação Física.

1274
sanitária no estado do Paraná, levando a uma série de medidas que visavam à contenção da
propagação do vírus. Naquele momento, sabia-se que se tratava de um vírus com alta
capacidade de transmissão e que os casos graves poderiam demandar suporte hospitalar,
sobrecarregando ou até mesmo podendo colapsar sistemas de saúde.
Visando antecipar e planejar uma resposta aos possíveis impactos da covid-19, a
Fundação Araucária, em parceria com a SETI, a SESA e as universidades públicas
paranaenses, publicou a chamada pública 09/2020 - Programa de Apoio Institucional para
Ações Extensionistas de Prevenção, Cuidados e Combate à Pandemia do Novo
Coronavírus. Neste contexto, obtivemos a aprovação de uma proposta extensionista com o
objetivo de apoiar e subsidiar a 4ª e a 6ª Regionais de Saúde (RS) do Paraná nas ações de
promoção da saúde, prevenção e assistência no combate a covid-19.
O Estado do Paraná é composto por 22 regionais de saúde. A 4ª e a 6ª regionais
estão localizadas na região sudeste, sendo que cada uma delas é composta por 9
municípios, totalizando, respectivamente, 176.074 habitantes e 178.227 habitantes (SESA,
2021).

Metodologia
O projeto foi orientado pela perspectiva da saúde coletiva (PAIM, ALMEIDA-
FILHO, 2014), integrando conhecimentos de áreas como epidemiologia e saúde pública
com as contribuições das ciências sociais e humanas.
Foi formada uma equipe de coordenação na universidade (3 professores da área da
saúde e uma aluna de doutorado) e delimitado um técnico de referência em cada uma das
RS para viabilizar as articulações com os municípios, levantamento de demandas de
atuação, etc. O edital previu 40 bolsistas (8 médicos, 16 enfermeiros e 16 técnicos de
enfermagem), com carga horária de 20h a 40h. Ao longo do processo, houve
remanejamento de verbas, ampliando as vagas, assim como as áreas de atuação (acréscimo
de psicólogo e educador físico).
Ao entrar no projeto, os bolsistas passavam por um encontro formativo, sendo
então direcionados aos locais de atuação.

1275
Em relação às formas de acompanhamento, os bolsistas enviavam relatos semanais
descritivos, abordando os seguintes aspectos: disponibilidade das EPIs e demais condições
para a atuação, atividades realizadas, reflexões sobre as atividades. Ao fim de cada mês,
cada bolsista enviava um relatório mensal. Foram realizados encontros em cada uma das
RS, visando à atualização de protocolos, compartilhamento das experiências desenvolvidas
em cada município e avaliação das ações desenvolvidas no âmbito extensionista. Também
eram realizadas reuniões da equipe de coordenação do projeto com as referências nas
regionais, assim como havia trocas constante de mensagens via whatsapp entre todos os
participantes do projeto, como forma de articulação e suporte contínuo.
O projeto teve vigência inicial de 4 meses, com duas prorrogações, totalizando 9
meses (7 de abril de 2020 a 6 de janeiro de 2021). O projeto de extensão também
promoveu articulações com o ensino e a pesquisa. No âmbito do ensino, o tema covid-19 e
das ações do projeto perpassaram a disciplina de “Saúde coletiva e interdisciplinaridade”,
ofertada para os cursos do Setor da Saúde/Campus Irati, sendo que um dos trabalhos da
disciplina envolveu a escuta aos relatos de atuação dos bolsistas e articulação com a
perspectiva da saúde coletiva (PAIM, ALMEIDA-FILHO, 2014). No âmbito da pesquisa,
também foram desdobrados projetos acerca da covid-19 no âmbito da Iniciação Científica.
Ao final do projeto, tanto gestores e coordenadores de serviços quanto os bolsistas
preencheram um formulário de avaliação da participação no projeto.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Os bolsistas foram inseridos em oito municípios da 4ª RS e 5 municípios da 6ª
RS, atuando em Unidades de Pronto Atendimento (PA), Unidades específicas de
atendimento à Covid-19 (Unidades Sentinela); Unidades Básicas de Saúde (UBS), Setores
de Epidemiologia, formação de equipe volante e de retaguarda na 4ª Regional de Saúde;
formação de equipe de apoio na 6ª Regional de Saúde. Estas inserções responderam aos
diferentes desenhos de resposta à covid-19 efetuados pelos municípios. As ações
desenvolvidas foram articuladas em quatro eixos: 1) Assistência e prevenção (acolhimento
e triagem de casos suspeitos de covid-19; observação, administração e dispensação de
medicamentos, orientação de pacientes com sintomas gripais e sobre isolamento

1276
domiciliar; coletas de exames RT-PCR, grupos de atenção psicossocial junto aos
profissionais de saúde; ações nas ILPI; orientações de prevenção nos serviços de saúde e
em contextos comunitários, como empresas, fábricas e comércio); 2) Educação em saúde
(revisão de protocolos de atendimento à covid-19; vídeoconferências para os municípios da
6ª RS acerca dos temas: origem do vírus, tratamento, uso de EPIs, conceitos da covid-19,
técnica de coleta de exames: swab de rino e orofaringe para RT-PCR); 3) Gestão (auxílio
na organização de fluxos de atendimento nos serviços; elaboração de estratificação de
risco; vistoria de leitos; apoio técnico à RS); 4) Vigilância em saúde (boletim
epidemiológico regional, notificação e monitoramento de casos suspeitos e confirmados de
covid-19).
Em avaliação final realizada junto aos gestores municipais e coordenadores de
serviços de saúde, as palavras citadas com mais frequência nos relatos foram “suporte”,
“apoio”, “auxílio” e “extremamente importante”.
Em avaliação final realizada com os bolsistas, os relatos destacaram os seguintes
aspectos: “muito aprendizado”, “procedimentos novos, valorização”; “adquirir alguns
conhecimentos práticos de outras profissões”; “agregou conhecimento”; “Aprendizado na
área de enfermagem de linha de frente”; “não tinha conhecimento algum sobre essa área
tão importante”; “me deu conhecimentos que até então não tinha e me deu experiência”.
Destacaram também expressões relacionadas ao crescimento pessoal e profissional: “um
crescimento pessoal”, “postura mais aberta para mudanças”; “exigindo jogo de cintura da
equipe, o que fez sair da zona de conforto e aprender muito mais”; “agregação de valor
quanto à profissão”; “valorizar a importância do trabalho dos profissionais da saúde”.

Considerações Finais
O projeto possibilitou incrementar a resposta de enfrentamento à covid-19,
qualificando e diversificando as ações, impactando diretamente na saúde das populações
assistidas. Também possibilitou uma via de aproximação da Universidade em relação ao
SUS, fortalecendo o compromisso social da universidade pública no enfrentamento a uma
situação de emergência sanitária.

1277
Referências
OMS. Folha informativa sobre covid-19 - histórico da pandemia. 2021. Disponível em:
https://www.paho.org/pt/covid19/historico-da-pandemia-covid-19

PAIM, J. S.; ALMEIDA-FILHO, N. de. (Orgs.) Saúde Coletiva: teoria e prática. 1. Ed.
Rio de Janeiro: MedBook, 2014.

SESA. Informe epidemiológico - coronavírus (covid-19), 03 ago. 2021. Disponível em:


https://www.saude.pr.gov.br/sites/default/arquivos_restritos/files/documento/2021-
08/informe_epidemiologico_03_08_2021.pdf

1278
ESPORTE NA UENP PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Área temática: Saúde


Coordenadora da atividade: Flávia Évelin BANDEIRA-LIMA
Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP)
Autores: M. B. CARVALHO ; M. A. COCO2; W. FERREIRA-LIMA3; S. B. SILVA-
1

LIMA4; F. E. B. LIMA5.

Resumo:
O Projeto “ESPORTE NA UENP PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES” originou-se com
o propósito de unificar três projetos de extensão. A finalidade do projeto é ofertar tanto
para a comunidade acadêmica, como para a comunidade externa oportunidades para
melhora do seu nível de atividade física, além de estimular a mudança positiva de
comportamento. A proposta engloba a oferta de diversas atividades, nas quadras, campo e
piscina da UENP, em diferentes horários, que possibilitem diminuir as barreiras
relacionadas à falta de tempo, de motivação, companhia; além de estimular e integrar a
comunidade universitária (discente, docente e técnico-administrativo) e externa da UENP,
por meio das atividades esportivas (coletivas e individuais). Em consequência da extensão
inesperada do Covid-19, a aplicação dos projetos se tornou, temporariamente, inviável de
maneira presencial. No entanto, como via de solução e aproveitando a disseminação dos
meios de comunicação e mídias sociais, foi criado um cronograma de postagens nas
páginas (mídias sociais) do Grupo de Estudos em Desempenho Motor, Esporte e Saúde –
GEDMES de uma forma que possa conquistar parte significativa da comunidade da UENP.

Palavras-chave: Atividade Física; Comportamento; Saúde.

1
Mateus Benedito Carvalho – aluno 4º ano do curso de Educação Física Bacharelado.
2
Mariane Aparecida Coco – egresso curso de Educação Física Bacharelado e Licenciatura.
3
Walcir Ferreira Lima – docente curso Educação Física Bacharelado e Licenciatura.
4 Silvia Bandeira Silva Lima - docente curso Educação Física Bacharelado e Licenciatura.
5 Flávia Évelin Bandeira Lima - docente curso Educação Física Bacharelado e Licenciatura.

1279
Introdução
O desenvolvimento tecnológico que vem ocorrendo nas últimas décadas vem
alterando a estrutura social das populações, influenciando significativamente que
indivíduos, de diferentes faixas etárias e classes sociais, passassem a adotar um estilo de
vida cada vez menos saudável. Ainda que haja o reconhecimento da importância da adoção
de comportamentos positivos à saúde, a incidência e a prevalência de comportamentos não
tão positivos está cada vez mais elevada (BARBOSA; CASOTTI; NERY, 2016). Entre os
desfechos que sinalizam as mudanças no estilo de vida pode-se citar o crescimento da
prevalência de excesso de peso no Brasil, superior a 200% nas últimas três décadas,
especificamente, estima-se que cerca de 18% de crianças e adolescentes do sexo masculino
e 15,4% de crianças e adolescentes do sexo feminino apresentem sobrepeso ou obesidade
(WANG; MONTEIRO; POPKIN, 2002; IBGE, 2009). Em crianças e adolescentes
brasileiros a prevalência de excesso de peso passou de 4%, em 1974 (WANG;
MONTEIRO; POPKIN, 2002). O estilo de vida está diretamente relacionado com o
ambiente em que se vive. Atualmente, este ambiente pode ser considerado, muitas vezes,
obesogênico, uma vez que as pessoas são influenciadas, por vários meios, a adotar
comportamentos não saudáveis (FERREIRA-LIMA et al, 2018).
Percebe-se que a prática de atividades físicas é um passaporte para um modo de
vida saudável, trazendo consigo diversos privilégios no que tange a promoção de saúde e
desenvolvimento motor de crianças e adolescentes. Em todas as idades, é considerado um
hábito importante para a manutenção da saúde, prevenção de doenças, bem-estar e
desenvolvimento psicomotor, apresentando relação com o balanço energético e o controle
da massa corporal (COSTA et al., 2014). Hábitos de atividade física, incorporados na
infância e adolescência possivelmente podem acompanhar o indivíduo até a vida adulta
(GUEDES et al., 2001).
Dessa forma, o Projeto ESPORTE NA UENP PARA CRIANÇAS E
ADOLESCENTES tem como objetivo ofertar tanto para a comunidade acadêmica, como
para a externa da UENP oportunidades para melhora do Nível de Atividade Física, além de
estimular o abandono ao Comportamento Sedentário. O projeto engloba a oferta de
diversas atividades, nas quadras, campo e Piscina da UENP – Centro de Ciências da

1280
Saúde, em diferentes horários, que possibilitem diminuir a barreira relacionada à falta de
tempo; estimular e integrar a comunidade interna universitária (discente, docente e técnico-
administrativo) e externa, por meio das atividades esportivas (coletivas e individuais), de
uma forma que a população perceba ser possível gerir melhor o seu tempo e que possam
investir neste tipo de atividade sem prejuízo dos estudos, trabalhos e com ganho
significativo de saúde.

Metodologia
O Esporte na UENP desenvolverá o gosto pela cultura corporal do movimento “ao
longo da vida”, desenvolvendo ações de planejamento, capacitação (acadêmicos e
profissionais de Educação Física recém-formados), executando e avaliando aulas e
treinamentos de Esportivas, tais como o Tênis de Campo, Basquetebol, Futsal e Atividade
Aquáticas (Natação, Hidroginástica, Aquathlon, Pólo Aquático; Biribol), da iniciação ao
alto nível, de forma intencional, responsável, sistematizada e dinâmica, com atividades e
materiais variados, de caráter lúdico e recreativo.
Em decorrência da inviabilidade da aplicação dos protocolos propostos de maneira
presencial perante o vírus Covid-19, todas a atividades estão acontecendo de maneira
online. Todavia, após a vacinação de grande parte da população e a liberação estadual
quando for seguro, o projeto retornará de maneira presencial. Após um reajuste do
cronograma, o projeto, iniciou efetivamente em janeiro de 2021 e se estenderá até
dezembro de 2022, tendo sido contemplado no Universidade Sem Fronteiras – Fundo
Paraná – SETI.
As atividades serão desenvolvidas com aulas / treinos práticas e teóricas,
objetivando: Ensinar esportes a todos; Ensinar esporte bem a todos; Ensinar mais do que
esportes e Ensinar a gostar de atividade física e da prática esportiva de uma forma geral
(FREIRE, 2003).
Avaliações bimestrais serão realizadas para acompanhar e analisar o
desenvolvimento dos participantes e das atividades. Os dados coletados nos projetos serão
socializados com os participantes das atividades e, poderão ser utilizados pelos docentes e

1281
discentes para elaboração de Trabalhos de Conclusão de Curso, Iniciação Científica,
Artigos Científicos.
Reuniões semanais serão realizadas com os docentes coordenadores, estagiários e
monitores para o planejamento de atividades, cronogramas, planos de unidades, aulas /
treinos, avaliação, acompanhamento e manutenção do projeto. Capacitações dos
envolvidos com o projeto serão realizadas bimestralmente, estão previstas realização de
eventos e cursos de curta duração para atender toda comunidade interna e externa da
UENP.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Em decorrência da extensão inesperada do Covid-19, a execução do projeto, no
presente momento, se tornou inviável de maneira presencial, no entanto, aproveitando a
disseminação dos meios de comunicação e mídias sociais, foi criado um cronograma de
postagens nas páginas do GEDMES no Instagram (@gedmesuenp), Facebook (Gedmes) e
grupos no Whatsapp, onde são publicados diariamente conteúdos sobre Tênis de Campo,
Basquetebol, Futsal, Atividade Aquáticas, Danças e Atividades Físicas e Esportivas.
Os temas são publicados de forma individual semanalmente, possuindo conteúdos
informativos, propostas de exercícios e tutoriais, para serem realizados em casa, são
elaborados pelos discentes de Educação Física. O modelo online será incorporado ao
projeto mesmo com a volta das atividades presenciais, como uma com forma dinâmica de
compartilhamento com a comunidade interna externa da UENP.

Considerações Finais
O projeto “ESPORTE NA UENP PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES” tem por
objetivo principal aproximar os cursos de Educação Física, tanto de Bacharelado como de
Licenciatura, à comunidade interna e externa da UENP, proporcionando o
desenvolvimento das habilidades físicas, psicomotoras, cognitivas, sociais, afetivas e de
autoestima, oportunizando benefícios tais com a melhora do nível de atividade física e
diminuição de comportamentos sedentários nocivos à saúde. Outrossim, a socialização e
democratização das atividades físicas e esportivas proporcionará vivência aos acadêmicos

1282
e profissionais recém-formados de Educação Física para atuarem com diferentes atividades
esportivas e físicas, além de experienciarem situações significativas relacionadas à
programação, planejamento, execução e ensino, além de disponibilizar oportunidades de
execução do estágio supervisionado. Ademais, contribuirá para produção científica de
informações relevantes para participação em eventos científicos, elaboração de artigos
científicos, iniciação científica, monografias, contribuindo para a formação integral do
corpo discente, por meio da participação no Grupo de Estudos em Desempenho Motor,
Esporte e Saúde - GEDMES.

Referências
BARBOSA, F. N. M.; CASOTTI, C. A.; NERY, A. A. Health risk behavior of adolescent
scholars. Texto & Contexto-Enfermagem, v. 25, n. 4, 2016.

COSTA, C. L. A.; NOBRE, G. C.; NOBRE, F. S. S.; VALENTINI, N. C. Efeitos de um


programa de intervenção motora sobre o desenvolvimento motor de crianças em situação
de risco social na região do Cariri – CE. Revista da Educação Física/UEM, v. 25, p. 353-
364, 2014.

FERREIRA-LIMA, W. et al. Associated indicators to abdominal obesity in brazilian and


spanish students aged 11 to 16 years. Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e
Emagrecimento, v. 12, n. 74, p. 756-767, 2018.

FREIRE, J. B. Pedagogia do futebol. Autores Associados, 2003.

GUEDES, D. P.; GUEDES, J. E. R. P.; BARBOSA, D. S.; OLIVEIRA, J. A. Níveis de


prática de atividade física habitual em adolescentes. Revista Brasileira de
Medicina Esportiva. v.7, n.6, 2001.

WANG, Y.; MONTEIRO, C.; POPKIN, B. M. Trends of obesity and underweight in older
children and adolescents in the United States, Brazil, China, and Russia. The American
journal of clinical nutrition, v. 75, n. 6, p. 971-977, 2002.

Instituição Financiadora do Bolsista:


Bolsa de iniciação científica UENP - PIBIC
Instituição Financiadora do Programa:
Universidade Sem Fronteiras – Fundo Paraná – SETI

1283
ESTRATÉGIAS DE COMERCIALIZAÇÃO DA AGRICULTURA FAMILIAR, EM
TEMPOS DE COVID-19: O FEIRÃO COLONIAL DE SANTA MARIA-RS

Área Temática: Saúde


Coordenador(a) da atividade: Gisele Martins Guimarães, GUIMARÃES
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
Autores: V. L. PICOLOTTO 1; G. M. GUIMARÃES 2.

Resumo:
O texto aborda a temática da agricultura familiar e produção de novidades no contexto da
Covid-19. Buscando compreender as estratégias de resiliência desta frente aos desafios
impostos pela pandemia foi desenvolvida uma pesquisa junto aos agricultores familiares do
Feirão Colonial de Santa Maria. Com o objetivo de conhecer o impacto da pandemia nas
vendas, foram entrevistados 40 agricultores que a partir de questionários semiestruturados
apontaram diminuição nas vendas dos produtos e construção de novidades nas formas de
comercialização de seus produtos a partir do uso de tecnologias digitais. Tais alternativas
vêm agregando conhecimentos aos agricultores e maior aproximação destes, de seus
consumidores trazendo desafios de inclusão digital para efetivação de alternativas e-
commerce para os agricultores.

Palavras-chave: Agricultura Familiar; Comercialização de produtos; Covid-19

Introdução
A crise sanitária instaurada pela chegada do Covid-19 ao Brasil exigiu adoção de
medidas de prevenção para conter a propagação do vírus, como a decretação de
quarentena, fechamento de comércio, suspensão de aulas em redes públicas e privadas e
proibição de realização de eventos que promovam aglomeração de pessoas. Tais medidas,
fundamentais para conter a propagação do coronavírus, mas de impactos diretos e

1
Vanessa Lazzaretti Picolotto, aluna do Programa de Pós-Graduação em Extensão Rural.
2
Gisele Martins Guimarães, docente do Programa de Pós-Graduação em Extensão Rural/UFSM

1284
perversos nas atividades econômicas de diversos setores produtivos, com destaque para os
serviços de alimentação como bares, restaurantes e Feiras de Comercialização direta.
Neste contexto, o setor de produção e distribuição de alimentos ganha destaque
através da preocupação iminente de um possível desabastecimento de alimentos, que nos
meses iniciais da pandemia no Brasil, provocaram intensas “corridas” de consumidores até
os supermercados. O medo da falta de alimentos e mesmo a preocupação com os riscos de
contágio presentes nestes espaços de alta circulação de pessoas, incentivou compras para
estoques em casa, onde os alimentos de maior vida de prateleira tiveram preferência, como
congelados, processados e enlatados.
Em um segundo momento da pandemia, já com o avanço da ciência e as
descobertas sobre o comportamento do novo vírus, a alimentação passa a ter destaque nas
discussões sobre imunidade e saúde e buscas por suplementos vitamínicos e alimentos
mais saudáveis, passam a se destacar na preferência dos consumidores com maior nível de
informação e poder aquisitivo. Este cenário colocou a agricultura familiar e a produção de
alimentos de base ecológica em uma posição de preferência por muitos consumidores, seja
pela qualidade dos produtos, percebidos por estes como “mais saudáveis”, ou pelas
possibilidades de receberem seus alimentos em casa, a partir de uma série de “novas”
estratégias de comercialização de produtos acionadas pelos agricultores familiares que
comercializam seus alimentos nas Feiras.
No entanto as restrições de circulação e o medo gerado pelas possibilidades de
agravamento da doença afetaram demasiadamente a circulação de consumidores nestes
espaços, provocando necessidade de mudanças e adaptações, tanto para os agricultores que
viram seu público consumidor diminuir, como para os consumidores que passaram a ter
dificuldades de acesso aos alimentos da agricultura familiar. O presente trabalho apresenta
os impactos ocasionados pela pandemia nas vendas dos agricultores familiares do Feirão
Colonial de Santa Maria-RS, e revela as estratégias adotadas por estes, em busca de
superação.

1285
O Feirão Colonial de Santa Maria-RS como objeto de análise
O Feirão Colonial acontece há mais de 27 anos todos os sábados pela manhã em
Santa Maria. Reúne empreendimentos rurais e urbanos para comercialização de produtos a
partir dos princípios da Economia Solidária. São cerca de 100 empreendimentos que
atraem cerca de 1500 consumidores a cada manhã de sábado, em busca de hortaliças,
queijos, derivados cárneos, panificados, geleias, bebidas probióticas etc..
Frente a esta situação da pandemia a prefeitura municipal, objetivando o não
fechamento das feiras estabeleceu medidas complementares de prevenção ao contágio pelo
COVID-19, através do Decreto Municipal Nº 62, de março de 2020 que estabelece
medidas restritivas para a realização de feiras livres. O decreto instituiu medidas como a
manutenção de distanciamento de, no mínimo, 2 (dois) metros entre as bancas; cada banca
tendo que funcionar com apenas 1 (um) feirante, o qual não poderá estar enquadrado no
grupo de risco para o contágio da COVID-19; rodízio entre os expositores, reduzindo em
30% o número de feirantes por cada feira e disponibilização de álcool em gel nas bancas.
Estas medidas foram fundamentais para assegurar o funcionamento e segurança nas
feiras, porém muitas dificuldades ainda precisaram ser superadas pelos feirantes para
superação dos problemas impostos pela diminuição de consumidores na Feira.

Metodologia do trabalho
Com o intuito de conhecer a situação das vendas durante o período da pandemia,
foram aplicados questionários semiestruturados como instrumento de pesquisa, estes
caracterizados por apresentarem questões abertas onde os entrevistados podem responder
livremente e questões fechadas que apresentam respostas pré-definidas para escolha do
entrevistado (GIL, 2008).
O questionário foi estruturado em três partes buscando revelar o perfil
socioeconômico dos feirantes, a ocorrência de redução nas vendas e ainda as formas de
comercialização e as estratégias adotadas pelos feirantes para minimizar as perdas
financeiras durante a pandemia. Participaram da pesquisa 40 feirantes inseridos na
economia solidária, que comercializam no Feirão Colonial de Santa Maria. As entrevistas
foram realizadas durante o mês de julho de 2020.

1286
Geração de novidades no Feirão Colonial: novas estratégias de comercialização
Como forma de resgatar o público consumidor, os agricultores passaram a adotar
novas estratégias de vendas, construindo canais alternativos para distribuição de seus
produtos com destaque para o uso de instrumentos digitais de comunicação a partir da
internet, smartphones e entregas em casas ou condomínios. Muitos relataram a criação de
grupos de consumidores no WhatsApp, com encomenda semanal e entregas acordadas,
utilização do facebook para pedidos e contatos, modalidade de cestas entregues em casa
com os produtos disponíveis da semana e divulgação em mídias sociais.
Também foram descritas experiências de vendas online a partir de plataformas e
aplicativos, estes com um grande número de oferta de produtos caracterizando delivery na
agricultura familiar. Ainda destaca-se no Feirão Colonial o nascimento de uma CSA
(Comunidade que Sustenta a Agricultura), grupo de consumidores que pagam
antecipadamente para que os agricultores produzam seus alimentos, estes passam a ser co-
agricultores e podem receber seus produtos em casa a partir de um rodízio entre os
membros da CSA. Estas estratégias, ainda em aperfeiçoamento e estudo, vêm garantindo o
abastecimento de clientes já consolidados e agregando novos públicos pelas possibilidades
de compras online e entregas em casa.

Considerações Finais
O impacto da Covid-19 não se limita à ameaça direta que o vírus representa para a
vida humana, ele se estende às questões de segurança alimentar revelando importantes
conexões entre segurança alimentar e nutricional e a saúde integral das pessoas (BÉNÉ,
2020).
O caso estudado revelou a importância da agricultura familiar e a produção de
alimentos saudáveis, abastecendo os mercados locais. As estratégias e novidades geradas
pelos feirantes parecem estar atenuando as perdas financeiras presentes no início da
pandemia, juntamente com a escoação da produção e a concomitante manutenção da
segurança alimentar das famílias. Estas estratégias além de mitigar as perdas financeiras
estão oferecendo à população urbana mais um canal de acesso aos alimentos, fortalecendo

1287
a importância de investimentos nos circuitos curtos de produção e consumo, onde a
formação e inclusão digital dos produtores pode trazer benefícios e alternativas via
estratégias e-commerce.

Referências
BÉNÉ, Christophe. Resilience of local food systems and links to food security – A review
of some important concepts in the context of COVID-19 and other shocks. Food Security,
[S.L.], v. 12, n. 4, p. 805-822, 11 jul. 2020. Springer Science and Business Media LLC.
http://dx.doi.org/10.1007/s12571-020-01076-1.

GIL, A. C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6. ed. São Paulo, Atlas, 2008

1288
EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA RURAL: COMO O APOIO TÉCNICO PODE
AUXILIAR NO DESENVOLVIMENTO DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE?

Área Temática: Saúde


Coordenador da atividade: MARCELO MARCONDES SENEDA
Universidade Estadual de Londrina (UEL)
Autores: G. D. GONÇALVES 1; A. C. C. SOUZA 2; A. K. S. CANDOTTI3;
A. F. ZANGIROLAMO4; M. M. SENEDA5.

Resumo:
A extensão universitária permite a integração entre ensino e pesquisa. É um processo
educativo, cultural e científico que possibilita a relação entre população e universidade. O
projeto Reprodução Pró-leite tem como principal objetivo levar a extensão universitária ao
campo e agregar novas experiências para produtores rurais e outros profissionais da área no
âmbito da reprodução animal. Desta maneira, o projeto promove palestras e outros eventos,
assessorias biotecnológicas e prestação de serviços para propriedades leiteiras que tenham
interesse no projeto. Com o auxílio de parcerias, tem-se a transferência de novos
conhecimentos, possibilitando o aperfeiçoamento da mão de obra do projeto. No entanto,
com a pandemia do COVID-19, algumas atividades se tornaram restritas e o enfoque nos
anos de 2020 e 2021 foram direcionados aos atendimentos nas propriedades e palestras
virtuais. Mesmo em decorrência de adversidades, o projeto tem se mostrado muito bem-
sucedido.

Palavras-chave: bovinocultura de leite; biotecnologia; extensão rural.

Introdução
A extensão universitária permite a integração entre ensino e pesquisa. É um
processo educativo, cultural e científico que possibilita a relação entre população e

1
Gabrieli Dutra Gonçalves, Aluna, Medicina Veterinária
2
Ana Clara Canto, Residente em Reprodução Animal, Medicina Veterinária.
3
Anne Kemmer Souza Candotti, Colaboradora Externa, Medicina Veterinária.
4
Amanda Fonseca Zangirolamo, Colaboradora Externa, Medicina Veterinária.
5
Marcelo Marcondes Seneda, Docente, Medicina Veterinária.

1289
universidade. Desta maneira, a extensão funciona como uma via de duas mãos, a
universidade leva informação e/ou assistência à comunidade e recebe dela feedbacks para o
desenvolvimento do projeto, demonstrando suas reais necessidades, aflições e pretensões
(NUNES & SILVA, 2011).
A produção leiteira no Brasil tem grande impacto econômico, o país é considerado
o terceiro maior produtor mundial de leite, segundo dados da Organização das Nações
Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, 2019). Neste cenário, o estado do Paraná
é responsável por produzir cerca de 5 milhões de litros de leite por ano (IBGE, 2015), o
segundo maior produtor do Brasil. No entanto, o número de produtores vem caindo de
forma expressiva (IBGE, 2019), e uma das possíveis causas da queda pode ser explicada
pelo pouco retorno financeiro da atividade. Uma das maneiras para que o produtor obtenha
lucro e permaneça atuando na produção leiteria é a busca do aprimoramento do manejo
reprodutivo dos animais. O ganho financeiro resultante do aperfeiçoamento dos índices
reprodutivos pode ser três vezes maior que o esperado pelo melhoramento genético dos
animais e até cinco vezes superior ao esperado pelo aumento da qualidade do leite
(DRÖHER, 2018).
O projeto de extensão “Reprodução Pró-Leite, em colaboração com o projeto
INCT_Leite” tem como objetivo proporcionar orientação e prestação de serviços,
envolvendo assessoria, cursos de capacitação, atendimento e o desenvolvimento de
biotecnologias reprodutivas, no setor de produção leiteira, favorecendo veterinários de
campo, empresas agropecuárias e produtores leiteiros do Paraná com o auxílio de alunos da
graduação e pós-graduação do curso de Medicina Veterinária.

Metodologia
O projeto Reprodução Pró-Leite em colaboração com INCT para cadeia produtiva
do leite tem promovido, desde o início, ações de caráter social. O principal objetivo do
projeto é ampliar o acesso de produtores e profissionais de campo a novas experiências e
benefícios ofertados da Universidade à população. O projeto tem promovido palestras e
outros eventos de difusão de informação ao público interessado. Além disso, tem-se

1290
incrementado biotecnologias da reprodução, por meio de assessorias, atendimentos
reprodutivos em propriedades rurais e promoção de cursos e treinamentos para
profissionais liberais, residentes, alunos de graduação e pós-graduação. Todos os serviços
prestados em propriedades rurais foram acordados entre as partes e desenvolvido um
cronograma que abrangesse as suas reais necessidades. Quanto à promoção de eventos de
difusão ou cursos, todos foram realizados conforme a demanda ou casuísticas encontradas
nos atendimentos realizados.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Uma das primeiras ações desenvolvidas ocorreu em outubro de 2018, quando
estudantes de graduação e pós-graduação envolvidos no projeto participaram do evento
“Dia “C” da ciência: Ciência para a redução das desigualdades”, promovido no Aterro do
Lago Igapó em Londrina para a população geral. Em abril de 2019, foi realizado o
Simpósio de produção e reprodução animal na Exposição Agropecuária de Londrina, onde
ocorreram oficinas e palestras para estudantes, produtores e outros profissionais da área. O
evento atingiu capacidade máxima nas oficinas e público estipulado em 200 pessoas ao
todo.
A parceria com o setor privado fomentou o projeto. Empresas como ABS Global e
Vytelle, ambas especialistas em desenvolvimento de biotecnologias e aplicação de novas
tecnologias no campo possibilitaram o melhor desenvolvimento do projeto. A parceria com
a Globalgen VetSciente disponibilizou produtos desenvolvidos pela empresa para a
reprodução de bovinos de leite.
Além do setor privado, a Sociedade Brasileira de Tecnologia de Embriões (SBTE)
permitiu a formação dos alunos através da participação em eventos, tornando acessível a
expansão do conhecimento adquirido no projeto de extensão para o restante da comunidade
científica. Além disso, também foi possível levar o conhecimento adquirido no evento para
a comunidade geral, como para os proprietários rurais e profissionais do campo. A
University of Montreal e a University of Purdue se articularam informalmente com o

1291
projeto, tornando possível a integração da empresa Vitelly para o fornecimento de material
de estudo na área da Reprodução Animal.
Com a pandemia do COVID-19 em 2020, a maior parte das atividades foi
restringida, e as atividades se concentraram no atendimento aos produtores rurais pelos
residentes em Reprodução de Grandes animais. Mesmo diante do impacto da pandemia, o
programa de residência ligado ao projeto proporcionou o atendimento de mais de vinte
propriedades vinculadas ao projeto de extensão, realizando serviços como diagnóstico de
gestação, inseminação artificial em tempo fixo, palpação retal e outros. Foram realizados
outros atendimentos no estado do Paraná, a partir da parceria com médicos veterinários de
campo, ao todo, cinco propriedades, duas nas regiões de Guarapuava e Turvo e outras três
em Castro.
Com a continuidade da pandemia em 2021, as atividades do projeto se concentram
nos atendimentos a campo e em palestras proferidas no formato virtual. Uma dessas
ocorreu na disciplina de pós-graduação “Tópicos Avançados em Biologia da Reprodução”
da Universidade Federal de Pampa, onde o coordenador do projeto ministrou a primeira
aula da disciplina. Além disto, participou como palestrante do ciclo de palestras “IATF: do
zero ao resultado”. É muito importante destacar a importância da extensão para a
Universidade, uma vez que o projeto tem resultado em uma grande coleta de dados que
proporcionaram três trabalhos completos e duas teses de mestrado do programa de pós-
graduação em Ciência Animal.

Considerações Finais
O projeto Reprodução Pró-leite em colaboração com o INCT-Leite tem alcançado
um grande sucesso ao estabelecer novos vínculos e estimular o desenvolvimento da cadeia
leiteira. Mesmo com a pandemia do COVID-19, suas ações se mostraram como adaptáveis
e resistentes, executando todas as atividades possíveis durante a época. Espera-se que a
pandemia se encerre logo, para a retomada da participação integral dos alunos da
graduação e das atividades suspensas.

1292
Referências
DRÖHER, R. G. Características Produtivas e Reprodutivas de Vacas Holandesas de
Alta Produção com Diferentes Contagens de Folículos Antrais. 2018. Dissertação
(Mestrado em Ciência Animal) - Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2018.

FAO - Food and Agriculture Organization of the United Nations. FAO STAT - Livestock
Primary. Roma, Italy, 2019. Disponível em: http://www.fao.org/faostat/en/#data/QL&gt;.
Acesso em: 23 jul. 2021.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Censo Agro. Rio de Janeiro,
RJ, 2019. Disponível em: https://sidra.ibge.gov.br/pesquisa/censo-
agropecuario/censoagropecuario-2017&gt. Acesso em: 23 jul. 2021.

Nunes, A. L. de P. F.; Silva, M. B. da C. A extensão universitária no ensino superior e a


sociedade. Mal-Estar e Sociedade - Ano IV, Ano IV (7), n.1, 119–133, dez. 2011.

1293
PROJETO PETMAMA: A EXTENSÃO PROMOVENDO A SAÚDE ÚNICA POR
MEIO DA CONSCIENTIZAÇÃO DE TUTORES

Área temática: Saúde


Coordenadora da atividade: Fabíola DALMOLIN
Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS)
Autores: V. CARDOSO DE OLIVEIRA 1; F. DALMOLIN 2; J. SCHMITZ
BASCHEROTTO 3.

Resumo:
A proximidade entre animais de estimação e tutores aumentou e junto a isso, medidas de
posse responsável e saúde animal têm grande importância. Dessa forma, este projeto visa o
tratamento dos animais acometidos por alterações mamárias, a conscientização e a
disseminação de informações acerca destas e de saúde única de forma clara e objetiva à
população. Atendimento clínico, realização de exames laboratoriais e de imagem,
procedimentos cirúrgicos, divulgação de informações em redes sociais, campanhas e
palestras ao público são algumas das atividades desenvolvidas. Verifica-se disseminação
de informações sobre as alterações, o diagnóstico e o tratamento das afecções que
impactam no nível de bem-estar animal por meio da conscientização e participação ativa
dos tutores.

Palavras-chave: Alterações mamárias malignas; Animais de estimação; Bem-estar animal.

Introdução
Sustenta-se a ideia de que a vida humana compartilhada com os animais está
instituída como uma nova forma de viver, visto que o número de cães e gatos de estimação
é crescente (ANDERLINE, 2007). Esta aproximação exige medidas básicas de manejo e
posse responsável, a fim de garantir a saúde física, psicológica e comportamental dos
animais e a saudável relação entre ambos (CIAMPI, 2004).

1
Vinícius Cardoso de Oliveira, Acadêmico de graduação de Medicina Veterinária.
2
Fabíola Dalmolin, Professora adjunta do curso de Medicina Veterinária.
3
Juliana Schmitz Bascherotto, Acadêmica de graduação de Medicina Veterinária.

1294
A manutenção da qualidade de vida animal deve ser o objetivo principal do
tratamento de doenças (OGLIVIE, 2004), pois o paciente doente ou imunologicamente
comprometido tem baixo grau de bem-estar (BROOM; MOLENTO, 2004). Associado à
imunossupressão, a redução da expectativa de vida e aos danos corporais, as doenças
implicam na diminuição do bem-estar (BROOM; JHONSON, 1993). Assim, é consenso
que o tratamento de neoplasmas é a exérese junto a tratamento paliativo das complicações
associadas, de modo a amenizar os distúrbios (OGLIVIE, 2004).
Neoplasmas mamários são frequentemente diagnosticados em caninos e felinos,
sendo o tipo mais comum em fêmeas caninas e o terceiro mais comum em felinas
(CASSALI, 2019). Em estudo realizado na Superintendência Unidade Hospitalar
Veterinária Universitária (SUHVU), local de desenvolvimento deste projeto, verificou-se
alto índice de malignidade de neoplasmas mamários, em torno de 100%, sendo que 88%
eram carcinomas, 8% mistos e 4% fibrossarcomas (STAZIAK et al., 2015).
A exposição de organismos a agentes químicos, dentre eles os agrotóxicos, é uma
das condições potencialmente associadas ao desenvolvimento do câncer (KOIFMAN;
HATAGIMA, 2003). Neste sentido, o município de Realeza-PR produziu mais de 59
toneladas de soja em 2019, destacando-se esta como a maior cultura de grãos no local
(IBGE, 2019). Este dado vai ao encontro do estudo de Carneiro et al. (2012), os quais
afirmam que o cultivo de soja é o que mais consome agrotóxicos no Brasil.
Considerando o atendimento oncológico na SUHVU, verificou-se que as ações,
precisavam ser ampliadas quanto ao atendimento médico cirúrgico destes pacientes, mas
principalmente com relação à conscientização dos tutores. Animais de companhia
compartilham o mesmo ambiente e são expostos a situações semelhantes às de seus tutores,
sendo o cão um importante modelo de ocorrência natural e estudo do câncer em humanos
(JUNIOR, H., 1978; ROWELL et al., 2011). Projetos de extensão em locais como o
Sudoeste do Paraná se mostram de extrema importância para a comunidade, uma vez que
contribuem com a manutenção da saúde e bem-estar animal, além da saúde pública e
educação da população (GONÇALVES, 2017).

1295
Desta forma. o projeto Petmama tem objetivo de realizar atendimento veterinário à
pacientes caninos e felinos com alterações mamárias a fim de proporcionar o bem-estar
animal junto à educação e conscientização dos tutores acerca do tema.

Metodologia
Na SUHVU são realizadas as atividades de atendimento dos animais, consultas,
exames laboratoriais e de imagens, e procedimentos cirúrgicos. Com relação à
conscientização dos tutores, são realizadas palestras, eventos, bate-papos, esclarecimento
durante o atendimento dos animais e entrega de panfletos educacionais.
Visando alcançar um público maior e de diversas idades, são desenvolvidas de
forma online, palestras e bate papos com a população e integrantes de uma associação não
governamental dedicada a animais do município, além de publicações educativas em redes
sociais. Nestes eventos realizados pelos integrantes do projeto são abordados temas como
identificação das alterações mamárias pelos tutores e os possíveis riscos a estes e humanos.
Os eventos são divulgados em redes sociais (Instagram, Facebook e YouTube), as quais
contam com mais de 1100 seguidores e atingiu a média de 2140 contas em julho de 2021.
O projeto contou com a colaboração da “Injectcenter Produtos Estéreis e
Homeopáticos” no fornecimento do corante azul de metileno, utilizado no tratamento dos
animais.

Desenvolvimento e processos avaliativos


As ações desenvolvidas compreendem o âmbito médico, assim como o social.
Busca-se proporcionar melhora do bem-estar animal e aos tutores o entendimento da
interferência das relações humanas na saúde animal, introduzindo o conceito de saúde
única. Aos integrantes do projeto, oportuniza-se o ensino técnico, humanístico e social por
meio do contato com os problemas de saúde dos animais e as suas implicações no meio
social e de saúde pública, de competência do Médico Veterinário. Desta forma, oportuniza-
se a participação ativa na educação e conscientização da população.

1296
Considerações Finais
O projeto de extensão está atingindo os objetivos propostos mesmo durante período
de pandemia, ao realizar o atendimento de animais com alterações mamárias junto à
conscientização e educação dos tutores. Destaca-se neste contexto a contribuição na
formação técnica, humanística e social dos discentes envolvidos.

Referências
ANDERLINE, G.P.O.S., ANDERLINE, G. A. Benefícios do envolvimento do animal de
companhia (cão e gato), na terapia, na socialização e bem estar das pessoas e o papel do
médico veterinário. Revista CFMV. Ano XIII, n. 41, p. 70-75, 2007.

BROOM, D.M.; JOHNSON, K.G. Stress and Animal Welfare. London: Chapman and
Hall, 1993.

BROOM, D. M.; MOLENTO, C. F. M. Bem-estar animal: Conceito e questões


relacionadas – Revisão. Archives of Veterinary Science. v. 9, n. 2, p. 1-11, 2004.

CASSALI, G. et al. Consensus regarding the diagnosis, prognosis and treatment of canine
and feline mammary tumors. Brazilian Journal of Veterinary Pathology, 2019.
CARNEIRO, F. F et al. Uma alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde. Dossiê
ABRASCO, Rio de Janeiro, 2012.

CIAMPI, M. Amigo para presente? Não!!... Revista Clínica Veterinária. Ano IX, n. 53,
p. 28, 2004.

GONÇALVES, G. F. et al. Atendimento clínico, cirúrgico e laboratorial aos animais de


Realeza -PR e região. Anais do 35° Seminário de Extensão Universitária da Região
Sul, Foz do Iguaçu: UNILA, 2017.

IBGE, Produção Agrícola Municipal 2019. Rio de Janeiro: IBGE, 2020.

JUNIOR, H. M.The comparative epidemiology of selected neoplasms between dogs,


cats.A review. European Journal of Cancer. 1978.
KOIFMAN, S; HATAGIMA, A. Exposição aos agrotóxicos e câncer ambiental /
Exposition to the pesticides and ambient cancer. In: Peres, Frederico; Moreira, Josino
Costa. É veneno ou é remédio: agrotóxicos, saúde e ambiente. Rio de Janeiro, p.75-99.,
FIOCRUZ, 2003.

1297
OGILVIE, G. K. Síndromes paraneoplásicas. In: ETTINGER, S.J.; FELDMAN, E.C.
Tratado de medicina interna veterinária. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan,
cap.97, p. 529-537, 2004.

ROWELL, J. L. et al. Dog models of naturally occurring câncer. Trends in Molecular


Medicine, v. 17, p.380-388. 2011.

STAZIAK, A. Avaliação dos aspectos patológicos, clínicos e epidemiológicos das


neoplasias de glândula mamária, diagnosticadas em cães e gatos no município de Realeza-
PR. Repositórios UFFS, 2015.

Instituição financiadora
Fundação Araucária
Apoio e Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Paraná

1298
HORTALIÇAS SEGURAS DO CAMPO À MESA: AÇÃO SOCIOEDUCATIVA EM
UMA POPULAÇÃO CARENTE DE LONDRINA - PARANÁ

Área Temática: Saúde


Coordenadora da atividade: Prof. Dra. FERNANDA PINTO FERREIRA
Universidade Estadual de Londrina (UEL)
Autores: G. D. GONÇALVES 1; J. ALCANTARA1; K. LOURENÇO1;
L. PERRI 2; F. P. FERREIRA1

Resumo:
A extensão universitária exerce um papel de grande importância, quando se trata de
contribuições para o desenvolvimento da sociedade. O cultivo doméstico de hortaliças
possibilita uma alimentação saudável e rica em nutrientes para a população humana. Esses
alimentos, quando não higienizadas de forma adequada, podem servir como via de
transmissão de patógenos. O objetivo da ação socioeducativa realizada pelo projeto foi
promover educação em saúde e incentivar o cultivo doméstico de hortaliças em
comunidades de Londrina, Paraná. Desta forma, a visita à comunidade propiciou a
apresentação de palestras educativas, disseminando informações quanto à segurança
alimentar e dos alimentos, manejo e produção de mudas, de forma econômica e
sustentável, e formação de hortas domésticas, com o objetivo de informar os participantes
sobre boas práticas de manipulação de vegetais e sua conscientização na prevenção de
doenças de origem alimentar. Além disso, realizou vermifugação dos animais presentes na
localidade. O projeto alcançou o seu objetivo, isto é proporcionar a essas famílias a
oportunidade de cultivar seu próprio alimento, de maneira saudável e segura, em hortas
domiciliares, e difundir informações e experiências entre comunidade universitária e
população geral.

Palavras-chave: interdisciplinaridade; segurança alimentar; horta domiciliar.

1
Gabrieli Dutra Gonçalves, discente, Medicina Veterinária.
2
Jéssica Alcantara, discente, Medicina Veterinária.
3
Kamilla Lourenço, discente, Medicina Veterinária.
4
Leonardo Perri, discente, Medicina Veterinária.
5
Fernanda Pinto Ferreira, docente, Medicina Veterinária

1299
Introdução
A extensão universitária exerce um papel de grande importância, quando se trata de
contribuições para o desenvolvimento social. O estabelecimento de uma relação entre
universidade e população beneficia ambos os lados, levando novos conhecimentos e
experiências para a sociedade. Diante disso, a universidade possibilita a formação
complementar do acadêmico, o aproximando das reais demandas da sociedade e
desenvolvendo nele um olhar crítico e reflexivo (CARNEIRO, 2011).
As hortaliças são um grupo composto por todos os vegetais cultivados em hortas,
são consideradas alimentos de alta qualidade nutritiva. Além disso, apresentam baixa
densidade energética, fazendo de seu consumo, em níveis adequados, um importante
protetor contra morbidade (doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes e alguns tipos
de câncer) e mortalidade (WANG et. al, 2014). Deve-se lembrar que são alimentos aptos
de cultivo em diferentes residências, seja em áreas abertas ou mesmo em locais fechados
(como apartamentos).
Embora os vegetais sejam extremamente nutritivos, quando não higienizadas de
forma adequada, podem servir como via de transmissão de microrganismos patogênicos. A
contaminação pode ocorrer durante a produção, transporte, armazenamento,
comercialização e preparo (CHAIDEZ et al., 2005; DIXON, 2016; FERREIRA et al.,
2018; PINTO-FERREIRA et al., 2019).
Desta forma, o projeto “Hortaliças Seguras: do Campo à mesa” tem dois principais
objetivos: promover educação em saúde e incentivar o cultivo doméstico de hortaliças, por
meio de palestras e demonstrações práticas ou de ações sociais organizadas e
desenvolvidas por acadêmicos e docentes da Universidade Estadual de Londrina, em
comunidades da região de Londrina.
Metodologia
A ação social foi promovida mediante a intercessão da Igreja Presbiteriana Central
polo Leonor, onde possibilitou a entrada dos integrantes do projeto Campo à mesa na
comunidade carente do Jardim São Jorge, localizada na zona norte de Londrina, Paraná.
Para a execução da ação social, foram necessários mudas de hortaliças, inchada,
explicações teórico-práticas para a população e vermífugos para os animais da localidade.

1300
Primeiramente, foram apresentadas as explicações teóricas, seguidas por explicações
práticas e, por fim, procederam-se à doação das mudas e vermifugação dos cães presentes
na localidade.

Desenvolvimento e processos avaliativos


A ação socioeducativa foi realizada em julho de 2021, durante a pandemia do
COVID-19, ocasião em que os integrantes do Projeto de Extensão Hortaliças Seguras do
Campo à Mesa visitaram a comunidade do Jardim São Jorge, seguindo todas as precauções
recomendadas diante da pandemia. A ação contou com a participação interdisciplinar de
médicos veterinários e agrônomos, todos com o mesmo objetivo: auxiliar na promoção da
saúde única e desenvolvimento social.
Um total de 15 famílias participaram de palestras breves, abordando temas como:
segurança alimentar e dos alimentos, manejo e produção de mudas de forma econômica e
sustentável e formação de hortas domésticas, com o objetivo de informar os participantes
sobre boas práticas de manipulação de vegetais e sua conscientização na prevenção de
doenças de origem alimentar.
Essas ações foram promovidas de forma dinâmica, permitindo a interação,
esclarecimento de dúvidas e troca de experiência entre o público universitário e população
residente da comunidade. Posteriormente, os docentes do curso de graduação em
Agronomia demonstraram, em um ambiente aberto de uma das residências do bairro, a
forma adequada do plantio das mudas, como escolher e cuidar do local destinado à horta,
bem como utilizar restos de alimentos na compostagem e adubar a terra de forma
sustentável.
Por fim, sementes e mudas foram distribuídas pelos docentes e graduandos aos
moradores da comunidade. Enfatizou-se que mudas e sementes partilhadas a essas famílias
podem produzir alimentos saudáveis e frescos, por pelo menos três meses, tornando-as
aptas a criar e manter uma horta domiciliar. Durante a ação, médicos veterinários do
programa de pós-graduação fizeram um trabalho de educação em saúde a tutores de
animais de companhia. Também, foi feita a vermifugação de cães, com intuito de reduzir a

1301
contaminação ambiental a longo prazo e promover a integração da saúde ambiental, animal
e humana.
É muito importante mencionar como a extensão auxiliou no desenvolvimento dos
alunos envolvidos, uma vez que esses participaram de um ambiente completamente
diferente do universitário, os aproximando das realidades e necessidades da sociedade.
Além disso, os moradores se mostraram satisfeitos com a ação, o que resultou em uma
experiência gratificante a todos os participantes.

Considerações Finais
Em meio à adversidade da pandemia do COVID-19, o projeto de extensão
Hortaliças Seguras do Campo à Mesa demonstrou-se flexível, assegurando a disseminação
de conhecimento e a articulação entre universidade e comunidade. Conclui-se que os
objetivos foram alcançados, já que a população do Jardim São Jorge mostrou-se apta e
interessada na continuidade das hortas domiciliares e consciente da necessidade de
produzirem seus próprios alimentos. Tutores dos animais desverminados levaram para suas
casas comprimidos dosados para cada animal, para a conclusão da vermifugação.
Estudantes e docentes do projeto puderam também trocar experiências e implementar seus
conhecimentos técnicos a fim de proporcionar qualidade de vida a esses moradores.

Referências
CARNEIRO, J. A. et al. Unimontes Solidária: Interação Comunitária e Prática Médica
com a Extensão. Revista Brasileira de Educação Médica, jun. 2011. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rbem/a/Np543p5p7ndhp8KwjWq4nhx/?lang=pt. Acesso em 04 de
agosto de 2021.

CHAIDEZ, C et al. Occurrence of Cryptosporidium and Giardia in irrigation water and its
impact on the fresh produce industry. International Journal of Environmental Health
Research, 58, v. 15, n. 5, p. 339–345, 2005.

DIXON, Brent R. Parasitic illnesses associated with the consumption of fresh produce - an
emerging issue in developed countries. Current Opinion In Food Science, v. 8, p. 104–
109, 2016.

1302
FERREIRA, F P et al. The effect of water source and soil supplementation on parasite
contamination in organic vegetable gardens. Revista Brasileira de Parasitologia
Veterinaria, 18, v. 27, n. 3, p. 327–337, 2018.

PINTO-FERREIRA, F. et al.: a current demand, whose proper management is the only


guarantee of safe food Resumo. Biotemas, v. 32, n. 3, p. 43–50, 2019.

WANG, X; OUYANG, Y; LIU, J; ZHU, M; ZHAO, G; BAO, W. et al. Fruit and vegetable
consumption and mortality from all causes, cardiovascular disease, and cancer: systematic
review and dose-response meta-analysis of prospective cohort studies. BMJ, jul. 2014.

1303
INCLUSÃO SOCIAL E ESPORTE: AS AÇÕES DO FESTIVAL PARALÍMPICO
DO VALE DO IVAÍ

Área Temática: Saúde


Coordenadora da atividade: Andréia Paula BASEI
Universidade Estadual de Maringá (UEM)
Autores: Fernanda Carolina Oliveira CARVALHO 1; Andréia Paula BASEI 2; Ricardo
Alexandre CARMINATO 3; Ewerton Davy Marques SILVA 4; João Pedro Ribeiro
DEMARCO 5.

Resumo:
Este texto é um relato de experiência do “Festival Paralímpico do Vale do Ivaí”, vinculado
ao projeto de extensão “Atividades Físicas Adaptadas do Vale do Ivaí”. O evento tem
como objetivo promover a integração e a inclusão social de alunos com deficiências de
escolas de educação especial e ensino regular, por meio da vivência para-desportiva do
atletismo, além de proporcionar aos acadêmicos o conhecimento teórico-prático para
atuação profissional. A organização conta com o apoio dos acadêmicos e professores do
curso de Educação Física e com a parceria de instituições públicas e público-privadas.
Observou-se ao longo das edições, o aumento no número de escolas e alunos participantes,
bem como o engajamento acadêmico e da comunidade em geral. O Festival configura-se
como uma prática bem sucedida para a promoção da atividade física e esportiva, para a
integração e inclusão social e, para a formação acadêmica/profissional qualificada.

Palavras-chave: Esporte adaptado; Festival Paralímpico; Inclusão social.

1
Fernanda Carolina Oliveira Carvalho, acadêmica do curso de Licenciatura em Educação Física, do
Departamento de Ciências do Movimento Humano, Universidade Estadual de Maringá, Campus Regional do
Vale do Ivaí, bolsista Fundação Araucária.
2
Andréia Paula Basei, docente e coordenadora do Projeto de extensão “Atividades Físicas Adaptadas do
Vale do Ivaí”, Departamento de Ciências do Movimento Humano, Universidade Estadual de Maringá,
Campus Regional do Vale do Ivaí.
3
Ricardo Alexandre Carminato, docente do Departamento de Ciências do Movimento Humano,
Universidade Estadual de Maringá, Campus Regional do Vale do Ivaí.
4
Ewerton Davy Marques Silva, coordenador técnico da disciplina de educação física do Núcleo Regional de
Educação de Ivaiporã, PR.
5
João Pedro Ribeiro Demarco, acadêmico do curso de Licenciatura em Educação Física, do Departamento de
Ciências do Movimento Humano, Universidade Estadual de Maringá, Campus Regional do Vale do Ivaí.

1304
Introdução
O Censo Demográfico 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), aponta que aproximadamente 45,6 milhões de brasileiros possuem alguma
deficiência, representando 23,9% da população do país. Entretanto, ao abordar a prática de
atividades físicas e esportivas por pessoas com deficiência, o cenário se revela com poucas
oportunidades de engajamento, seja com a finalidade competitiva, recreativa, educacional,
social entre outras de interesse dos próprios praticantes.
Neste contexto, a extensão universitária se coloca como uma estratégia importante
para a aproximação entre universidade e comunidade, possibilitando suprir determinadas
demandas e gerar benefícios para ambas. De acordo com Freire (2006, p. 36) “o
conhecimento não se estende do que se julga sabedor até aqueles que se julga não saberem;
o conhecimento se constitui nas relações homem-mundo, relações de transformação, e se
aperfeiçoa na problematização crítica destas relações”.
Com estes propósitos e a partir da constatação de uma carência de projetos de
atividades físicas e esportivas para pessoas com deficiência, bem como de eventos para-
desportivos, cujas finalidades voltam-se a promoção da integração e inclusão social, saúde
e qualidade de vida por meio do estímulo à prática esportiva na região do Vale do Ivaí,
Paraná, em 2014, foi criado o evento de extensão “Festival Paralímpico do Vale do Ivaí”.
O evento configura-se como uma das ações do projeto de extensão “Atividades
Físicas Adaptadas do Vale do Ivaí - AFAVI”, do Departamento de Ciências do Movimento
Humano da Universidade Estadual de Maringá, Campus Regional do Vale do Ivaí. Assim,
o objetivo deste trabalho é relatar as experiências de realização do evento de extensão
“Festival Paralímpico do Vale do Ivaí”, atualmente, com seis edições já realizadas.

Metodologia
O “Festival Paralímpico do Vale do Ivaí” é realizado anualmente no Complexo
Desportivo Leovegildo Barbosa Ferraz e Estádio Manoel Fernandes Silva - Complexo
Esportivo UEM/Sapecadão - no município de Ivaiporã, PR. A realização do Festival,
voltado para alunos com deficiências das escolas de educação especial e ensino regular
com idades a partir dos 10 anos, ocorre em um único dia, contando com a abertura, a

1305
realização das provas nos períodos da manhã e tarde, cerimonial de premiação e
encerramento. Optou-se pela modalidade de atletismo por se tratar de um esporte
individual de fácil acesso a prática e adaptabilidade de espaços físicos e materiais.
A primeira etapa desta ação de extensão trata-se do planejamento, o qual ocorre
durante do ano letivo pelos acadêmicos do curso de Licenciatura em Educação Física, com
o apoio dos professores participantes do projeto de extensão e de outras disciplinas
curriculares. Na segunda etapa ocorre a execução das ações planejadas realizando ajustes,
adequações e tomadas de decisão de acordo com as demandas reais/efetivas durante a
realização do evento. Na terceira etapa realiza-se a avaliação das ações executadas,
contando com a participação de todos os envolvidos: acadêmicos, professores, alunos e
professores das escolas participantes e voluntários.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Nas primeiras edições, o evento contava com a participação de escolas de educação
básica e especial apenas dos municípios do Núcleo Regional de Educação de Ivaiporã, PR.
A partir da terceira edição houve a expansão entre os municípios da região centro-norte do
estado, com a participação de municípios de outros Núcleos de Educação, tais como:
Pitanga, Apucarana, Campo Mourão, Guarapuava, Ibaiti, Londrina e Maringá. Os dados
apresentados na Tabela 1 corroboram para a visualização da expansão do evento. Vale
ressaltar que, no ano de 2020 o evento não foi realizado devido à pandemia da Covid-19.

Tabela 1 – Número de participantes das edições do Festival


Ano Edição Número de Número de Número de Professores Voluntários
APAES alunos envolvidos com a APAES
participantes participantes organização
2014 1ª 8 100 45 15 6
2015 2ª 13 230 60 30 4
2016 3ª 21 350 65 50 8
2017 4ª 24 500 70 80 10
2018 5ª 30 530 80 150 30
2019 6ª 36 650 80 140 20
Fonte: Arquivos do evento

1306
No Festival, os alunos tem a oportunidade de vivenciar a modalidade do atletismo
em provas de pista: 80m, 100m, 250m, 400m, 800m, 1.500m, 4x100m, 100m para autistas
e caminhada 50m e; provas de campo: arremesso de peso, dardo, lançamento de pelota e
salto em distância, de acordo com a idade e classe funcional de cada deficiência. Ao final
das atividades todos os participantes recebem premiação, sem distinção de classificação e
resultados, além de brindes como forma de reconhecimento e incentivo de participação.
A realização do evento é sempre marcada por inúmeros desafios, que vão desde o
planejamento, a logística, a infraestrutura e, especialmente, aos recursos disponíveis para
atender todas as demandas. Entretanto, a consolidação e credibilidade possibilitou ampliar
os parceiros e patrocinadores suprindo as demandas crescentes de participantes, se
tornando em um dos maiores eventos do Brasil nesse formato para essa população.

Considerações Finais
Apresentar as ações do evento de extensão “Festival Paralímpico do Vale do Ivaí”,
com um percurso já consolidado, é um modo de registrar e reconhecer as potencialidades
que despontam a partir de ações extencionistas que constroem legados para diferentes
esferas sociais. No âmbito da universidade, para os acadêmicos do curso de Educação
Física articula-se ao ensino e a produção do conhecimento, a reflexão sobre os conteúdos
curriculares voltados a uma aprendizagem significativa no processo formativo. Os
acadêmicos tem a oportunidade de ter contato com os alunos com deficiência,
possibilitando uma visão abrangente sobre as suas capacidades, habilidades e
potencialidades como possível campo de atuação profissional. Para o público alvo,
apresenta-se como meio de integração e inclusão, não só em atividades físicas e esportivas,
mas na sociedade. As ações articuladas permitem o desenvolvimento humano exponencial
de habilidades técnicas, capacidades físicas e, sobretudo, competências sociais, construção
de valores e atitudes, que reverberam na melhoria da qualidade de vida desta população.
O evento é aberto para a comunidade assistir e prestigiar e, através disso, refletir
“[...] no sentido de contribuir para a percepção de que quando uma pessoa com deficiência
tem oportunidades, pode realizar as mesmas coisas que pessoas sem deficiência realizam
de forma diferente (nem melhor nem pior)” e a partir disso, “[...] enxerguem uma forma de

1307
valorizar um indivíduo a partir do que ele pode fazer, do que ele consegue fazer” (SERON;
GREGUOL, 2020, p. 46). Para finalizar, o Festival Paralímpico do Vale do Ivaí, se tornou
um marco no curso de Educação Física, configurando-se como uma prática bem sucedida
para a promoção da atividade física e esportes para as pessoas com deficiência, para a
integração e inclusão social e para a formação acadêmica/profissional qualificada.

Referências
FREIRE, P. Extensão ou Comunicação. 13. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2006.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo Demográfico


2010. Resultados gerais da amostra. Rio de Janeiro: IBGE, 2010.

MANTOAN, M. T. E. Inclusão escolar. São Paulo: Moderna, 2003.

SERON, B. B.; GREGUOL, M. Esporte paralímpico na educação física: um facilitador


no processo de inclusão. Rio de Janeiro: Instituto Benjamin Constant, 2020.

1308
INSTRUÇÃO DE MEDIDAS PROFILÁTICAS À DISSEMINAÇÃO DO
CORONAVÍRUS EM TUTORES POSITIVOS PARA CORONAVÍRUS E
DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÕES SOBRE A INTERAÇÃO HOMEM-ANIMAL
NO CONTEXTO PANDÊMICO NA REGIÃO SUDOESTE DO PARANÁ

Área temática: Saúde


Coordenadora da atividade: Tatiana CHAMPION
UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL (UFFS)
FUNDAÇÃO ARAUCÁRIA (FA)
Autores: S. LAZZARETTI ; J. P. SILVA ; D. O. LOEVE³; T. MINUZZO4; E.
1 2

GIANEZINI5, T. CHAMPION6.

Resumo:
Diante de incertezas em torno do Coronavírus – 2 (SARS-CoV-2) e do crescente vínculo
entre animais de companhia e humanos, este projeto teve como objetivo realizar a
instrução de medidas profiláticas e divulgar informações corretas quanto a relação entre
SARS-CoV-2 e animais de companhia para a população de Realeza-PR e região. Com
apoio da Secretaria Municipal de Saúde do Município de Realeza, os extensionistas
confeccionaram materiais informativos em diversos formatos, que foram divulgados nas
redes sociais, imprensa local e em locais públicos, com banners, vídeos e um canal de
atendimento remoto à sociedade. Com o desenvolvimento do projeto, foi possível integrar
a sociedade à Universidade, a fim de promover conhecimento e minimizar os impactos da
pandemia, sobretudo na relação homem-animal, visando a Saúde Única, com impacto na
saúde pública regional.

Palavras-chave: animais domésticos; SARS-COV-2; pandemia.

1 Stefanie Lazzaretti, acadêmica do curso de Medicina Veterinária – Bolsista PIBEX – UFFS.


2 Julia Pereira da Silva, acadêmica do curso de Medicina Veterinária – Bolsista PIBIS– UFFS.
3
Danielli de Oliveira Loeve, acadêmica do curso de Medicina Veterinária – Bolsista PIBIS– UFFS.
4
Tainá Minuzzo, mestranda do PPG-SBPAS– UFFS/ Bolsista do Programa de Demanda Social CAPES.
5
Estela Dall Agnol Gianezini, mestranda do PPG-SBPAS – UFFS/Bolsista do Programa de Demanda Social
CAPES.
6.
Tatiana Champion, servidora docente do curso de Medicina Veterinária e PPG-SBPAS – UFFS.

1309
Introdução
O SARS-CoV-2 pode ser definido tanto como zoonose quanto antropozoonose, de
modo que o salto interespécies contribui para adaptações e mutações do vírus (He; Han;
Lichtfouse, 2021). Com a pandemia, veio à tona o medo de tutores quanto ao potencial de
transmissão da doença entre eles e seus animais de companhia. Estudos recentes
demostram que estes animais possuem certa susceptibilidade, porém quando infectados,
são apenas hospedeiros acidentais, com baixo risco de serem reservatórios virais ou
transmissores (Morais et al., 2020; Kim et al., 2020).
Com relação às medidas profiláticas para reduzir o risco de transmissão entre
humanos e animais, instituições como o Centro de Controle e Prevenção de Doenças
(CDC) dos Estados Unidos, a World Small Animal Veterinary Association (WSAVA), a
Associação Pan-Americana da Saúde (OPAS) e a World Organisation for Animal Health
(OIE) recomendam restringir a interação dos animais com pessoas fora do seu ambiente
domiciliar, principalmente se o tutor estiver positivado; na realização de passeios, garantir
distância entre outros animais e humanos; procurar um veterinário sobre produtos e
métodos seguros e eficazes para higienização; observar sinais clínicos respiratórios ou
gastrointestinais do cão ou gato, principalmente se a alteração coincidir com o tutor estar
positivo; além de deixar claro que o risco de transmissão é baixo (OPAS; OMS, 2020).
A fim de integrar a Universidade ao meio no qual está inserida, no contexto de
pandemia, integrando ensino, pesquisa e extensão, o projeto está vinculado a pesquisas
sobre a interação homem-animal e Saúde Única durante o isolamento social, que se
encontra em fase de execução e integra alunos de graduação e pós-graduação da UFFS.
Este projeto teve o objetivo de instruir corretamente a comunidade quanto as medidas
profiláticas do SARS-CoV-2, com ênfase às relacionadas aos animais de companhia,
visando melhorar interação homem-animal durante o período de isolamento social e seus
impactos para ambos, com vistas à Saúde Única da população de Realeza-PR e região.

1310
Metodologia
O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal
da Fronteira Sul pelo parecer número 4.718.519. Para divulgação das medidas profiláticas
do SARS-CoV-2 e esclarecimento de dúvidas da comunidade quanto a relação da doença
com animais de companhia, as autoras confeccionaram materiais para divulgação em
diversos meios de comunicação, bem como disponibilização de um canal de atendimento
remoto, via Whatsapp, específico para esta finalidade.
Com o apoio e aprovação da Secretaria Municipal de Saúde do Município de
Realeza, o material foi divulgado à sociedade. Os vídeos com medidas profiláticas e a
divulgação do canal de atendimento do projeto de extensão foram compartilhados pelo
Serviço Municipal de Saúde, às pessoas com diagnóstico positivo para coronavírus que
foram atendidas pela Unidade de Saúde de Realeza. O município de Realeza concentrou o
atendimento de pessoas suspeitas em apenas uma Unidade Sentinela, no Posto de Saúde
“Irmão Aldo Menghi”. Foram colocados banners com imagens de medidas profiláticas e
instruções em relação aos animais de companhia nas recepções desta Unidade Sentinela
Municipal, bem como na Superintendência Unidade Hospitalar Veterinária Universitária
em Realeza-PR.
Ademais, foram divulgados imagens e vídeos pelas redes sociais da Universidade e
compartilhadas à sociedade, com posterior interesse de canais jornalísticos locais (um em
Realeza e outro em Planalto), além da Assessoria de Comunicação do Campus Realeza da
UFFS, que divulgaram o projeto à comunidade regional.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Por meio do projeto de extensão, houve interlocução da Universidade com a
sociedade, visando esclarecimentos e minimização dos impactos da pandemia sobre a
saúde humana e animal, como informações errôneas que poderiam acarretar em abandono
e maus tratos animais. Durante o planejamento e execução do projeto de extensão, foram
confeccionados materiais informativos, com supervisão da coordenadora do projeto,
aprovação e apoio da Secretaria de Saúde do Município de Realeza.

1311
O interesse sobre o papel dos animais de companhia foi crescente, sobretudo após a
informação sobre a possibilidade de animais de companhia testarem positivamente ao
coronavírus. Neste momento, as informações visando a Saúde Única e o papel dos animais
na transmissão do coronavírus foram ressaltadas para minimizar os impactos negativos de
informações equivocadas (fakenews), como abandono e maus tratos a animais.
O projeto despertou interesse do jornalismo regional (em Realeza e Planalto),
pelos quais o projeto foi divulgado e a Universidade se colocou à disposição da
comunidade para sanar dúvidas em relação à temática, com disseminação de informações
adequadas quanto à relação entre COVID-19 e animais de companhia. As autoras também
foram convidadas a publicarem um capítulo de um livro no formato e-book por uma
editora de alcance nacional, o qual foi encaminhado, com previsão de publicação em
agosto de 2021. A contribuição do projeto para formação acadêmica dos estudantes
envolvidos foi intensa, uma vez que os acadêmicos vivenciaram o papel do médico
veterinário na saúde, realizaram pesquisas e produção científica, além das atualizações
constantes sobre a temática, que ainda possui diversas lacunas e necessidade de divulgação
do conhecimento correto, minimizando impactos negativos de equívocos de interpretação
de matérias divulgadas por meios não científicos. Os extensionistas vivenciaram troca de
conhecimento entre a graduação e pós-graduação, além da integração da Universidade com
um órgão público municipal de saúde e a comunidade no desenvolvimento das atividades.

Considerações Finais
Com o desenvolvimento do projeto, foi possível integrar a sociedade à
Universidade, contribuir com a formação acadêmica das extensionistas, promover
conhecimento e minimizar os impactos da pandemia, sobretudo na relação homem-animal,
visando a Saúde Única e contribuição para saúde pública regional.

Referências
HE, S.; HAN, J.; LICHTFOUSE, E. Backward transmission of COVID-19 from humans to
animals may propagate reinfections and induce vaccine failure. Environmental
Chemistry Letters, 2021.

1312
MORAIS, H. A., et al. Natural Infection by SARS-CoV-2 in Companion Animals: A
Review of Case Reports and Current Evidence of Their Role in the Epidemiology of
COVID-19. Frontiers in Veterinary Science, 2020.

ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE; ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA


SAÚDE. COVID-19: declaração conjunta sobre o novo coronavírus e cães e gatos.
2020.

Instituição Financiadora
Este projeto é apoiado pela Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento
Científico e Tecnológico do Estado do Paraná, com bolsa PIBEX e bolsas PIBIS. As
mestrandas possuem bolsa Demanda Social da CAPES, PPG-SBPAS – UFFS.

1313
ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO NA PROMOÇÃO DE SAÚDE BUCAL EM
PACIENTES EM QUIMIOTERAPIA

Área Temática: Saúde


Coordenadora da atividade: Iris SAWAZAKI CALONE
Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE)
Autores: M. PASE 1; F. C. HIRATA 2; P. H. SINGER3; S. J. D. KLEIN4.

Resumo:
A quimioterapia é um tratamento sistêmico que se utiliza de medicamentos para o combate
das neoplasias malignas, podendo trazer complicações bucais como: desconforto, dor,
limitações das funções mastigatórias e fonéticas. O presente trabalho é realizado pelos
acadêmicos do curso de Odontologia desde 2015, cujo objetivo é a orientação dos
pacientes e acompanhantes em tratamento quimioterápico acerca dos cuidados bucais, a
realização de exames intra-orais e encaminhamentos para intervenções odontológicas caso
haja necessidade. Esse tratamento pode ser responsável por desenvolver uma a grande
variedade de complicações orais devido à redução da capacidade da defesa imunológica,
permitindo que alterações bucais como mucosite, xerostomia, osteorradionecrose e
candidose se instalem. O autocuidado realizado pelo paciente auxilia tanto na prevenção do
surgimento de lesões bucais quanto na eficácia terapêutica da quimioterapia, favorecendo a
melhora do seu quadro clínico.

Palavras-chave: saúde bucal; equipe hospitalar de odontologia; oncologia.

Introdução
O termo câncer se refere às doenças malignas com crescimento desordenado de
células, podendo invadir tecidos adjacentes ou órgãos a distância (Floriano et al, 2017).
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA) a incidência estimada de tumores, no ano

1
Marilia Pase, aluna (Odontologia).
2
Francielle Carneiro Hirata, servidor docente.
3
Paulo Henrique Singer, aluno (Odontologia).
4
Sara Julia Derossi Klein, aluna (Odontologia).

1314
de 2020, foi de 309.750 casos para o sexo masculino e de 316.280 casos para o sexo
feminino (INCA, 2020). A quimioterapia é um método para o manejo da doença
oncológica através de um fármaco que adentra a corrente sanguínea, destruindo as células
malignas formadoras do tumor e impedindo que elas se espalhem pelo corpo (Zanini et al,
2016). O tratamento quimioterápico na região de cabeça e pescoço possui potencial de
gerar efeitos colaterais na cavidade bucal, os quais podem levar a complicações sistêmicas,
aumentando a permanência do paciente no ambiente hospitalar, os custos do tratamento e
redução da qualidade de vida. Estas são oriundas da resposta à intensa imunossupressão
causada pelo fármaco, e seu grau de complexidade depende do tipo, da dosagem e da
frequência que o agente quimioterápico é utilizado, podendo acarretar o desenvolvimento
de lesões orais, as quais comprometem a capacidade da fala, deglutição e mastigação do
indivíduo (Hespanhol et al, 2010).

Metodologia
Trata-se de um projeto inserido dentro da equipe multidisciplinar da União Oeste
Paranaense de Estudos e Combate ao Câncer (UOPECCAN) de Cascavel, desenvolvido
pelos acadêmicos de graduação do 2º, 3º, 4º e 5º ano do curso de odontologia da
UNIOESTE, os quais atuam no setor ambulatorial de quimioterapia, instruídos pela
coordenadora do projeto e pela enfermeira chefe. O atendimento é realizado em duplas,
onde um indivíduo é responsável pela execução do exame clínico e o outro pelo
preenchimento de uma ficha odontológica padronizada para a atividade. O exame clínico é
realizado com o auxílio de um foco de luz e espátulas de madeira descartáveis, com um
biombo limitando o local. O paciente será instruído acerca da realização da higiene oral e
sobre as possíveis complicações que o tratamento quimioterápico possa vir a oferecer,
ressaltando a importância do cuidado oral durante esse período. Caso apresente alguma
alteração bucal como fator predisponente para o comprometimento do tratamento, ele será
encaminhado para uma avaliação odontológica realizada pelo dentista vinculado à
instituição, para o serviço de odontologia da UNIOESTE ou para a unidade de saúde do
seu respectivo município de residência.

1315
Desenvolvimento e processos avaliativos
O projeto oferece oportunidade de ensino-aprendizado a seus participantes, bem
como fomenta a pesquisa nesta área, sendo que um projeto de pesquisa já iniciado utiliza
os dados gerados nos atendimentos desse projeto de extensão. Projeto de pesquisa:
Levantamento da condição de saúde bucal dos pacientes em quimioterapia na
UOPECCAN, aprovado no CEP sob número CAAE: 14097219.0.0000.0107.
O aluno integrante do projeto coloca em prática todo o aprendizado adquirido na
graduação para detectar problemas bucais, realizar correta formulação da hipótese
diagnóstica e orientar ou realizar um encaminhamento. Este atua de forma inter e
multidisciplinar com um paciente de alta complexidade, correlacionando sua doença de
base e seu tratamento com a alteração bucal e a melhor forma de intervir. O autocuidado
auxilia na detecção precoce de lesões bucais e focos infecciosos que possam interferir no
tratamento antineoplásico, minimizando dores, infecções ou dificuldades de alimentação,
reduzindo possíveis internações e gastos com medicamentos.
O projeto de extensão “Saúde Bucal na Quimioterapia” atua desde setembro de
2015, data da sua criação, ultrapassando a marca de 1000 atendimentos diretos realizados.
Estima-se que ao menos mais de 1000 pessoas foram indiretamente contempladas com
informações de saúde bucal, através dos cuidadores ou familiares que acompanham o
paciente. Nos meses de janeiro e fevereiro de 2020 foi realizada uma divulgação de
chamada para novos integrantes, e em março, quando o projeto teria início prático clínico,
foi decretado o estado de pandemia, paralisando as atividades práticas de extensão,
pesquisa e ensino na UOPECCAN. No período de março até o presente momento os alunos
participantes do projeto foram incentivados a estudar sobre o assunto através de lives e
congressos online, que foram divulgados através do Whatsapp do grupo. Para aumentar a
divulgação de informações online acerca da saúde bucal às pessoas em quimioterapia, foi
criada uma página no Instagram, além da página já existente no Facebook.

Considerações Finais
O projeto tem promovido saúde bucal dentro do contexto do tratamento
antineoplásico, realizando busca ativa de alterações bucais decorrentes do tratamento ou

1316
que possam interferir na qualidade de vida do paciente e encaminhando para tratamento
odontológico. Além do benefício direto aos pacientes, há também o desenvolvimento de
pesquisa acerca do perfil de saúde bucal destes pacientes que orienta e atualiza
constantemente as ações do projeto.
É uma unanimidade o relato de crescimento pessoal das pessoas que compõem ou
compuseram este projeto. Um hospital oncológico é sempre um desafio emocional para as
pessoas que nele trabalham. Há um dizer máximo que corre entre os pacientes que
enfrentam a doença: “O que não me mata, me fortalece”. A coragem implícita nesta frase
traduz o momento delicado de vida que a pessoa se encontra e contagia a todos que por
este paciente trabalham na restauração de sua saúde. O aluno que tem a oportunidade de
vivenciar esta experiência leva consigo a gratidão pela vida, por cada momento com saúde
e, principalmente a gratidão por poder contribuir com esta luta.

Referências
Instituto Nacional de Câncer (INCA). Coordenação Geral de Ações Estratégicas.
Coordenação de Prevenção e Vigilância. Estimativa de Câncer no Brasil, 2020.

FLORIANO, Deivid de Freitas et al. Complicações Orais em Pacientes Tratados com


Radioterapia ou Quimioterapia em um Hospital de Santa Catarina. Revista de
Odontologia da Universidade Cidade de São Paulo, São Paulo, v. 29, n. 3, p. 230-236,
setembro, 2017.

OLIVEIRA, Carla Ramos de et al. Condição de Saúde Bucal, Acesso aos Serviços
Odontológicos e Avaliação do Cuidado Ofertado a Pacientes Pediátricos Oncológicos em
um Hospital de Referência. Revista Brasileira de Ciências da Saúde, João Pessoa, v. 23,
n. 1, p. 5-14, março, 2019.

ZANINI, Luara et al. Conhecimento dos Cirurgiões-Dentistas do Município de Capão da


Canoa Sobre o Atendimento a Pacientes Oncológicos. Revista da Faculdade de
Odontologia, Passo Fundo, v. 21, n. 3, p. 373-380, setembro, 2016.

MACÊDO, Thuanny Silva de; MELO, Maria Cecília Freire de; VIDAL, Aurora Karla
Lacerda. Hospital and Oncological Dental Care: a Series of Cases. Revista Gaúcha de
Odontologia, Porto Alegre, v. 67, n. 1, p. 1-7, setembro, 2019.

HESPANHOL, Fernando Luiz et al. Manifestações bucais em pacientes submetidos à


quimioterapia. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 15, n. 0, p. 1085-1094,
junho, 2010.

1317
LEVANTAMENTO DE DADOS DOS CASOS POSITIVOS PARA COVID-19 COM
ENFOQUE NA BUSCA E ENCAMINHAMENTO ADEQUADO DE CASOS
VULNERÁVEIS EM FOZ DO IGUAÇU

Área temática: Saúde


Coordenadora da atividade: Dra. Maria Leandra TERENCIO
Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA)
Autores: W. B. COSTA 1; M. R. SEIXAS 2; A. D. MENDOZA 3; B. L. ALESSI 4;

Resumo:
O contexto de pandemia de COVID-19 e o conseguinte isolamento social contribuíram de
modo multicausal para a intensificação de transtornos mentais e da violência doméstica.
Através de uma análise qualitativa e quantitativa, a ação selecionou e contatou pacientes
com teste positivo dentre os testados pelo Laboratório de Testes COVID-19 do Hospital
Municipal Padre Germano Lauck no município de Foz do Iguaçu-PR. Formulários digitais
foram encaminhados para a elaboração do perfil de vulnerabilidade dos participantes e
subsequente encaminhamento para os serviços de psicologia e Delegacia da Mulher. Foram
contatadas 1598 pessoas via WhatsApp para encaminhamento do formulário. Dessas, 166
aderiram ao projeto e 147 permitiram a utilização do formulário. Foram identificados: 11
participantes em situação de fragilidade psicológica devido/durante o período de
isolamento; 2 participantes em situação de violência doméstica, abuso psicológico ou risco
de vida. O projeto alcançou seus objetivos propostos, facilitando o contato dos casos
positivos em situação de vulnerabilidade com suas autoridades competentes. O projeto
também possibilitou ganhos acadêmicos na formação biopsicossocial médica.

Palavras-chave: Isolamento social; Saúde Mental; Violência contra a Mulher.

1
Welisson Barbosa Costa, Discente do curso de Medicina UNILA
2
Marcos Renck de Seixas, Discente do curso de Medicina UNILA
3
Arthur Dias Mendoza, Ex-Discente do curso de Medicina
4
Bianca Lima Alessi, Discente do curso de Medicina UNILA

1318
Introdução
A pandemia de COVID-19 criou condições mundiais excepcionais, como o
fechamento de fronteiras, imposição de medidas restritivas pelos países e diversas outras
para que houvesse contenção do vírus. Porém, além das novas situações e adversidades
criadas pelos vírus, foi perceptível que algumas já existentes foram acentuadas. Como visto
em PIRES BRITO et al., (2020), o principal meio de transmissão viral é por gotículas e
contato com o infectado, sendo o isolamento social essencial para evitá-la.
No entanto, apesar do lado benéfico, isso contribuiu para um aumento de
transtornos mentais e estresse durante o período de isolamento, por inúmeros motivos, tais
como: medo de infecção, frustração, tempo de isolamento e quarentena, informação e
suprimentos inadequados e insuficientes, urgindo a necessidade de intervenções em todos
os âmbitos, mas principalmente digitais (BROOKS et al., 2020; PAVANI et al., 2021).
Ademais, nota-se que economicamente os impactos da pandemia são sentidos de
diferentes maneiras por diferentes grupos sociais, sendo essa distribuição desigual (BARDI
et al., 2020). A questão de gênero também pode ser destacada, haja visto que houve um
aumento da violência doméstica em decorrência do isolamento social (VIEIRA; GARCIA;
MACIEL, 2020).
O projeto de extensão apresentado visa, principalmente, encaminhar os pacientes
com diagnóstico positivo para COVID-19 do Hospital Municipal para as autoridades
competentes de sua situação de vulnerabilidade. Não somente, objetiva um ensino voltado
para o modelo biopsicossocial da medicina e também para a realidade dos cidadãos
presentes na sua realidade (BISCARDE; PEREIRA-SANTOS; SILVA, 2014).

Metodologia
A ação de extensão foi voltada para pacientes que tiveram diagnóstico positivo de
COVID-19 no Hospital Municipal Padre Germano Lauck (HMPGL), no município de Foz
do Iguaçu-PR, e que se enquadrem em situações de vulnerabilidade mental, de gênero ou
social em período de isolamento. Para construção do perfil dos participantes, o meio digital
foi o de escolha e, também, por questão de distanciamento social. Através da ferramenta
WhatsApp, efetuou-se o envio de um formulário do Google Forms, pelo qual foi possível

1319
encaminhar o paciente através do fornecimento de serviços de psicólogos voluntários e da
Prefeitura no fim do mesmo, além de dados da Delegacia da Mulher. Pacientes que
optaram por não participar do projeto foram excluídas da análise.

Desenvolvimento e processos avaliativos


De modo a mitigar as situações supracitadas, foi elaborado um modelo de
apresentação de inúmeros serviços de voluntários e da prefeitura que prestavam serviços de
psicologia, além de informações de serviços como Delegacia da mulher pra situações
aplicáveis. No período de vigência da ação, foram-se contatadas 1598 pessoas, com uma
taxa de adesão de 166 (9.98%). Dentre os 147 participantes que permitiram a utilização do
formulário, 101 (69%) eram mulheres e 46 (31%) eram homens, com uma idade média
geral de 33 anos.
No que diz respeito à saúde mental, 7,5% dos pacientes relataram fragilidade
psicológica durante o período de isolamento preconizado, entre os quais a maioria era do
gênero feminino, menor que o encontrado em outros trabalhos com mais participantes,
como em WANG et al. (2020), que obteve 53.8% de todos os participantes com tal relato.
Como visto em FREIRE; RACHID (2020), foi percebido aumento de 18% das denúncias
no número 180 no mês de março de 2020 enquanto em nossa ação de extensão, 2%
relataram violência doméstica, abuso psicológico ou risco de vida no período de
isolamento.
Na questão socioeconômica, percebeu-se que 16% dos participantes eram
desempregados, 22% eram trabalhadores informais, mostrando-se os nichos que mais
sofreram com o impacto econômico advindo da pandemia (DE MORAES, 2020). Nesse
sentido, 38% dos nossos participantes enquadravam-se nesse nicho.
De maneira retrospectiva, foi possível perceber que, por além de estatísticas, o
projeto conseguiu alcançar os objetivos propostos ao proporcionar à pessoas nessas
situações de vulnerabilidade, o conhecimento de serviços e a opção de usá-los em um
período tão delicado o qual se passou, considerando que no fim de todo formulário foi
fornecido números de contato de autoridades competentes.

1320
Considerando um modelo de formação médica biopsicossocial, o projeto contribuiu
para a formação dos discentes ao aproximar o conhecimento de serviços à comunidade e
considerando não somente o aspecto clínico e biológico para promoção em saúde, mas seu
meio (PIRES, 2008).

Considerações Finais
Apesar dos entraves governamentais e dificuldades por questões de restrições pela
pandemia de COVID-19, os objetivos propostos pela ação ocorreram de maneira
satisfatória, com a realização do fornecimento de serviços aptos a lidar com cada situação
supracitada. Não somente, considerando a inserção de uma nova formação médica, o
projeto foi além da clínica e permitiu aos discentes a prática de um modelo biopsicossocial
de atenção, pensando além de situações clínicas para influência de sua realidade e saúde.

Referências
BISCARDE, D. G. DOS S.; PEREIRA-SANTOS, M.; SILVA, L. B. Formação em saúde,
extensão universitária e Sistema Único de Saúde (SUS): conexões necessárias entre
conhecimento e intervenção centradas na realidade e repercussões no processo
formativo. Interface - Comunicação, Saúde, Educação, v. 18, n. 48, p. 177–186, 2014.

BROOKS, S. K. et al. The psychological impact of quarantine and how to reduce it: rapid
review of the evidence. The Lancet, v. 395, n. 10227, p. 912–920, mar. 2020.

DE MORAES, R. F. Prevenindo conflitos sociais violentos em tempos de pandemia:


Garantia da renda, manutenção da saúde mental e comunicação efetiva. n. 27, p. 26,
mar. 2020.

FREIRE, C. H.; RACHID, P. DE S. O impacto da COVID-19 na exacerbação dos casos


de violência contra a mulher: reflexão à luz da literatura. v. 12, n. 4, p. 20, 2020.

PAVANI, F. M. et al. Covid-19 and repercussions in mental health: a narrative review of


literature. Revista Gaúcha de Enfermagem, v. 42, n. spe, p. e20200188, 2021.

PIRES BRITO, S. B. et al. Pandemia da COVID-19: o maior desafio do século


XXI. Vigilância Sanitária em Debate, v. 8, n. 2, p. 54–63, 29 maio 2020.

PIRES, R. O. M. O pensamento crítico social de Paulo Freire sobre humanização e o


contexto da formação do enfermeiro, do médico e do odontólogo. Doutorado em
Enfermagem Psiquiátrica—Ribeirão Preto: Universidade de São Paulo, 28 fev. 2008.

1321
VIEIRA, P. R.; GARCIA, L. P.; MACIEL, E. L. N. Isolamento social e o aumento da
violência doméstica: o que isso nos revela? Revista Brasileira de Epidemiologia, v. 23, p.
e200033, 2020.

WANG, C. et al. Immediate Psychological Responses and Associated Factors during the
Initial Stage of the 2019 Coronavirus Disease (COVID-19) Epidemic among the General
Population in China. International Journal of Environmental Research and Public
Health, v. 17, n. 5, p. 1729, mar. 2020.

Instituição Financiadora: Universidade Federal da Integração Latino-Americana

1322
LIGA ACADÊMICA DE ENFERMAGEM EM ESTOMATERAPIA COMO
MECANISMO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL E CIDADANIA

Área Temática: Saúde


Coordenador(a) da atividade: Shirley BOLLER
Universidade Federal do Paraná (UFPR)
Autores: S. R. BRUECKHEIMER1; M.L. KÜCHLER2; A. BLITZKOW SCHERER
TELES³.

Resumo:
A Liga Acadêmica de Enfermagem em Estomaterapia da Universidade Federal do Paraná –
LAENFE configura-se como uma atividade extensionista, buscando promover ações
preventivas e educacionais em saúde voltadas à comunidade. O objetivo deste trabalho é
relatar as atividades extensionistas da estomaterapia e importância do vínculo
entre discente-docente, discente-discente e discente-profissional no desenvolvimento
regional e da cidadania. Trata-se de um relato de experiência das vivências dos integrantes
do projeto extensão, realizado por meios digitais no período entre janeiro a junho
de 2021.As atividades foram realizadas de forma remota, por meio da plataforma
Google Meet e a rede social Instagram. A divulgação dos conteúdos relacionados
a estomaterapia foram realizadas pelos discentes extensionistas da Laenfe. A comunidade
tem se demonstrado favorável e adepto quanto aos trabalhos remotos desenvolvidos
pela Laenfe, demonstrando interesse por meio das interações virtuais.
A Laenfe proporcionou a disseminação de informações em saúde, baseadas na ciência, de
forma didática e com uma linguagem de fácil compreensão para a comunidade
atingida possibilitando a reflexão dos discentes quanto ao impacto das
ações extecionistas na comunidade local como forma de viabilizar o desenvolvimento
regional, cidadania e o bem-estar da população. Além disso, fomentou nos discentes,
um conhecimento ampliado da área de estomaterapia concedendo a eles a
segurança necessária para o mercado de trabalho.

Palavras-chave: Estomaterapia; Ações educativas; Enfermagem

1323
Introdução
Considerando a estomaterapia uma especialidade exclusiva do enfermeiro, que
aborda o cuidado de pessoas com lesões de pele, estomizadas e com incontinência anal
e/ou urinária (SHOJI et al, 2017), a Liga Acadêmica de Enfermagem
de Estomaterapia (Laenfe) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), criada em fevereiro
de 2020, tem como objetivo promover aos discentes-ligantes o desenvolvimento de
atividades extensionistas, aprofundamento do conteúdo teórico e aplicação dos
conhecimentos em estomaterapia para a comunidade.
A Laenfe, configura-se como uma atividade extensionista (SEPT,
2021), tendo como base os princípios norteadores de fortalecimento do tripé ensino,
pesquisa e extensão, além do desenvolvimento de ações preventivas e educacionais
voltadas à comunidade, baseadas em atividades extensionistas fundamentadas na ciência.
Para tanto, as ações promovidas pela Laenfe, direcionadas a comunidade externa, tem
potencial disseminador de conhecimentos, contribuindo também na prestação de serviços,
que podem refletir positivamente no desenvolvimento regional.
O papel das universidades no desenvolvimento regional tem crescido nos últimos
anos, a relação sociedade-academia possibilita uma reflexão sobre a produção de
conhecimento, inovação e a forma com que a universidade intervém em problemas sociais.
Desse modo, a universidade é vista como um agente transformador da realidade social, o
qual contribui para a produção de conhecimentos estruturados e a transmissão destes, para
a comunidade local (FLORIANO, 2019).
Em março de 2020, com o advento da pandemia da Covid-19, a Laenfe se desafiou
a desenvolver suas ações de forma remota, conforme as recomendações da PORTARIA
Nº13/2020, DE 26 DE MAIO DE 2020. Vale ressaltar que a prevenção da propagação da
Covid-19, depende da adesão de medidas de higiene e distanciamento social, o
que resulta em adaptações nos estilos de vida como a adoção de atividades à distância,
aulas online e telemedicina. (CELUPPI et al. 2021).
Desse modo, foram planejadas atividades que pudessem ser desenvolvidas na
modalidade remota, por meio de plataformas virtuais e redes sociais, a fim de possibilitar o
aprofundamento em conteúdos relativos às temáticas abordadas na estomaterapia, visando

1324
fundamentar a produção de material educativo baseado em evidências científicas. As
atividades desenvolvidas contaram com a realização de aulas de atualização
em conteúdo de estomaterapia, como a aromaterapia e curativos, além de reuniões para
discussões de artigos científicos, proporcionadas pelas ligantes.
Com base no exposto, o objetivo deste artigo foi relatar as
atividades extensionistas da estomaterapia e a importância do vínculo entre discente-
professor, discente-discente e discente-profissional para impulsionar o desenvolvimento
regional e da cidadania.

Metodologia
Trata-se de um relato de experiência das ações extensionistas da Laenfe ocorridas
entre janeiro a junho de 2021. Participaram destas ações os ligantes discentes do curso de
graduação de enfermagem da Universidade Federal do Paraná, professores, profissionais
enfermeiros e coordenadoras do projeto. Os locais para o desenvolvimento das ações
educativas foram a plataforma Google Meet e a rede social Instagram para os
compartilhamentos de informações científicas à comunidade.
Com o intuito de subsidiar a elaboração dos produtos decorrentes das ações ligadas
aos campos da estomaterapia, os membros da Laenfe participaram de uma atualização
na temática com uma Enfermeira Estomaterapeuta. As aulas da atualização foram
realizadas no modelo expositiva-dialogada, de forma remota, por meio da
plataforma Google Meet.
Devido a pandemia de Covid-19, o fortalecimento de ações remotas impulsionou os
ligantes à promover a divulgação de conteúdos relacionados à temática
da estomaterapia por meio da rede social Instagram, uma ferramenta acessível e gratuita
com a finalidade de alcançar um número expressivo de pessoas. As postagens foram
elaboradas semanalmente pelos ligantes e o conteúdo abordado em cada publicação foi
decidido em reunião.
Segundo Buarque (2008, p.9) o desenvolvimento regional é “um processo
endógeno registrado em pequenas unidades territoriais e agrupamentos humanos capaz
de promover o dinamismo econômico e a melhoria da qualidade de vida da

1325
população” Nesse prisma a Laenfe desenvolveu, durante a pandemia, atividades
educativas, sendo uma delas a postagem de 65 posts informativos e orientativos na
plataforma Instagram, com diversos assuntos que envolvem a temática da estomaterapia. O
intuito foi disseminar informações adequadas para estabelecer a manutenção ou
alguma melhoria da qualidade de vida da comunidade em tempos de distanciamento social,
uma vez que este cenário foi o principal responsável pela queda significativa do
atendimento presencial à saúde em todos os níveis de cuidado.
No período observado a liga obteve uma crescente visibilidade nas redes sociais,
alcançando uma média de 4.196 perfis diferentes por mês. O número de seguidores
do Instagram cresceu 32%, sendo esse público majoritariamente do sexo feminino, entre
18 a 34 anos, e residentes na cidade de Curitiba e regiões metropolitanas. Nesse sentido, o
conhecimento sobre a estomaterapia oferecido através das ações de extensão, cumprem o
objetivo de inserção de atividades extensionistas no processo de crescimento da região na
qual está inserida.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Entende-se que para exercer a cidadania, é necessário articular e integrar um
conjunto de direitos e deveres pelo qual o cidadão está sujeito no seu relacionamento com
a sociedade em que vive. Nesse sentido, a Laenfe assume seu papel como protagonista em
promover a saúde por meio da educação em saúde na disseminação de informações seguras
sobre o cuidado integral na estomaterapia e na busca pelo bem estar da comunidade.
Na vigência da pandemia, a disseminação de conteúdos e ações de extensão se deu
por via remota. Para tanto foi criada uma conta em rede social para compartilhar
informações pertinentes na área de estomaterapia. Os conteúdos abordados pela Laenfe em
suas ações nas redes sociais e nas capacitações envolvem o cuidado com a pele, as
incontinências urinária e fecal, ostomias e demais áreas abordadas na estomaterapia.
A incorporação dos discentes ao projeto de extensão permite diferenciar a formação
profissional no futuro, pois vincula a cientificidade da enfermagem em todas ações em
saúde por eles executadas. Ou seja, a extensão consolida e amplia os conhecimentos e
viabiliza a praticar as competências de enfermagem desencadeadas no processo formativo.

1326
A essência da extensão é a reinserção do conhecimento acadêmico no meio social por meio
da transformação da relação entre a universidade e a sociedade, o que não se limita à
formação de novos conhecimentos, mas sim a uma grande intervenção no meio social.
Quando integrados em ações ampliadas, os discentes vivenciam uma relação professor-
discente mais flexível, o que se reflete em uma formação mais crítica e esclarecedora, além
de um diálogo mais estreito com a sociedade, permitindo a construção de novos saberes.
O desenvolvimento regional, segundo Penna (2006) “é visto como um processo de
mudanças multifacetado relativo a aspectos sociais, econômicos, políticos, ambientais,
culturais que ocorrem em determinado espaço e tempo [...]”. Uma vez que uma
das atribuições de uma universidade é desenvolver o local onde atua, podemos medir
seu impacto e importância observando o ambiente circundante. “Um ponto marcante na
atuação da extensão se faz à medida que ela produz um conhecimento que contribua para a
superação da desigualdade e da exclusão social, este enfoque em suma, contribuirá para
melhoria da empregabilidade de seu aluno, assim como para o desenvolvimento regional,
considerando que o conhecimento adquirido possa ser colocado em prática [...]”.
(LACERDA,2014)
Inicialmente identificou-se a carência de informações baseada em ciência
sobre assuntos que envolvem a estomaterapia nas redes sociais, e suas interações
demonstravam pouco conhecimento sobre a área. A comunidade tem se demonstrado
positiva quanto aos trabalhos remotos, demonstrando mais interesse por meio das
interações virtuais, tendo no período observado, mais de 335 perfis seguidores. Dessa
forma, tais dados demonstram aspectos positivos das ações extensionistas, com grande
potencial de consolidação de informação baseada na ciência, que tem a capacidade de
impulsionar o desenvolvimento da região na qual estamos inseridos.

Considerações Finais
A Laenfe entende que promover a saúde e a cidadania faz parte da integralidade do
cuidado o que significa capacitar a comunidade a atuar na melhoria de sua qualidade de
vida. Assim sendo, concluímos que os objetivos foram alcançados a medida em que houve
uma facilidade na compreensão dos assuntos que englobam a estomaterapia por meio dos

1327
post informativos e orientativos acerca da incontinência urinária, estomias e lesões de pele
baseadas na ciência. Além disso, firmou-se a importância do vínculo entre discente-
docente, discente-discente e discente-profissional e constatou-se um ganho de
conhecimento técnico-científico por parte dos discentes, concedendo a eles a
segurança necessária para o mercado de trabalho e incentivando-os para a importância
do desenvolvimento regional, haja vista que o conhecimento adquirido deve ser executado
na prática profissional.

Referências
BUARQUE, Sergio C. Construindo o desenvolvimento local sustentável. 4 ed. Rio
de Janeiro:Garamond, 2008.

CELUPPI, Ianka Cristina et al. Uma análise sobre o desenvolvimento de tecnologias


digitais em saúde para o enfrentamento da COVID-19 no Brasil e no mundo. Cad.
Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 37, n. 3, e00243220, 2021. DOI:10.1590/0102-
311x00243220. Acesso em: 28 jul. 2021.

FLORIANO, Mikaela Daiane Prestes et


al. Extensão universitária e desenvolvimento
regional: uma discussão pela perspectiva da comunidade. Revista Interdisciplinar
Científica Aplicada, Blumenau, v.13, n.1, p.22-44, 2019. ISSN 1980-7031. Disponível
em:<https://rica.unibes.com.br/rica/article/view/954/754> Acesso em: 28 jul. 2021.

LACERDA, Waleska Portela de. A extensão universitária e o desenvolvimento regional:


um estudo sobre a Região do Médio Paraíba Fluminense. Gestão de desenvolvimento
regional, Taubaté, p. 1-14, 3 jun. 2016.

PENNA, REJANE; TOALDO, ANNA MARIA; SABEDOT, SIDNEY. Conhecimento,


sustentabilidade e desenvolvimento regional. Canoas: Unilasalle, 2006

SEPT – Setor de Educação Profissional e Tecnológica. O que é Extensão. SEPT/UFPR,


2021. Disponível em: <http://www.sept.ufpr.br/portal/entendendo-a-extensao>. Acesso
em: 28 jul. 2021 .

SHOJI, Shino et al. O cuidado de enfermagem em Estomaterapia e o uso das


tecnologias. ESTIMA, v. 15 n. 3, p. 169-177, 2017. DOI:10.5327/Z1806-
3144201700030008. Acesso em: 28 jul. 2021.

1328
ASSISTÊNCIA REMOTA AOS PORTADORES DE DOENÇA PULMONAR
OBSTRUTIVA CRÔNICA E ASMA DO MUNICÍPIO DE JACAREZINHO-PR:
AÇÃO DE EXTENSÃO CONTRA O NOVO CORONAVÍRUS

Área temática: Saúde


Coordenadora da atividade: Mahara-Daian Garcia Lemes PROENÇA
Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP)
Fundação Araucária
Autores: L. DA SILVA 1; P. SANCHES 2; R. SOUZA 3; K. SOUZA 4; F. MARTINI 5;
M. PROENÇA 6.

Resumo:
Atualmente os níveis de atenção à saúde estão voltados para o combate da pandemia de
COVID-19. Visto que com o isolamento social há uma restrição dos atendimentos eletivos
nos serviços públicos de saúde, paciente com DPOC e asma podem não ter uma assistência
ideal quanto a sua doença base, sendo essa população considerada mais propensa a
desenvolver casos mais graves de COVID-19. Assim, ações que adotam atenção para estes
grupos devem ser tomadas. Desse modo, o atual projeto teve como objetivo a promoção de
medidas de suporte remoto através da telecomunicação para pacientes com DPOC e asma
grave, cadastrados no SUS e residentes do município de Jacarezinho-PR, durante o período
de pandemia de COVID-19; visando identificar sintomas respiratórios, assim como dados
referentes a seu agravo/exacerbação, esclarecer dúvidas, e, caso necessário encaminhado
para cuidados específicos. Foi realizada uma série de contatações via telefônica com os
pacientes participantes do projeto ao longo de todo o período de isolamento social até
então, dentre os contatos, foram aplicados questionários específicos determinados pela
equipe atuante, e posteriormente a isso, um acompanhamento dos sintomas de doenças
base desta população. Houve uma adesão de 29 participantes efetivos, que atenderam a
pelo menos a um telecontato. Desses, apenas 1 paciente apresentou diagnóstico clínico

1
Leandro Luiz da Silva, Aluno, Bacharelado em Fisioterapia
2
Paolla de Oliveira Sanches, Servidora Docente.
3
Rafaela Maria de Souza, Aluna, Mestranda em Ciências do Movimento Humano.
4
Karina Arielle da Silva Souza, Servidora Docente.
5
Fábio Antonio Néia Martini, Servidor Docente.
6
Mahara-Daian Garcia Lemes Proença, Servidora Docente.

1329
positivo para COVID-19, o qual não evoluiu negativamente. Dos demais contatos, não
houveram nenhuma outra intercorrência.

Palavras-chave: Consulta remota; Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica; Asma.

Introdução
O surgimento da COVID-19 ocorreu na China no final de 2019 e adjunto a chegada
da doença observou-se que algumas morbidades se incluíam como parte do grupo de risco,
sendo pessoas que possuem propensos a desenvolverem os casos mais graves da
COVID19, estando entre elas, as Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNR),
(ALQAHTANI et al., 2020). As DCNT compõem-se do grupo de doenças que são
responsáveis pelas maiores taxas de mortalidade no mundo (MELO et al., 2019).
Dentre as DCNT, se incluem as Doenças Respiratórias Crônicas (DRC), que
ocupam a terceira colocação dentre as causas de internações no Brasil (SÃO JOSÉ et al.,
2014). Classificam-se como DRC aquelas que afetam as vias aéreas superiores e inferiores
do sistema respiratório, sendo as mais conhecidas a asma e a Doença Pulmonar Obstrutiva
Crônica (DPOC) (BRASIL, 2010). Atualmente os níveis de atenção à saúde estão voltados
para o combate da pandemia de COVID-19. Diante desse cenário, com isolamento social e
restrição dos atendimentos eletivos nos serviços públicos de saúde, os portadores de DPOC
e asma tiveram sua assistência reduzida quanto sua doença de base.
Portanto, estratégias que visem manter contato com estes pacientes, dando suporte
remoto e identificando suas necessidades individuais, tanto nesse momento de pandemia
quanto após, devem ser propostas. Diante disso o objetivo do projeto foi oferecer suporte
remoto aos pacientes com DPOC e asma, afim de identificar a presença de sintomas
respiratórios, esclarecimento de dúvidas, e/ou encaminhamento à maiores cuidados quando
necessário, no período da pandemia do COVID-19.

Metodologia
O projeto foi desenvolvido pela Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP)
em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde do Paraná, e por intermédio da 19º

1330
Regional de Saúde do Estado do Paraná, sendo o público-alvo pacientes cadastrados na
Farmácia Especial que fazem uso de medicamentos para DPOC e asma residentes de
Jacarezinho – PR via SUS.
Os pacientes eram contatados previamente pela equipe da Farmácia Especial da 19º
Regional de Saúde para agendamento de entrega do medicamento. Nesse dia, o paciente
passava por uma consulta farmacêutica, e adicionalmente era informado sobre a existência
do projeto, seus objetivos e metodologia, ressaltando que a entrega de medicamento não
era vinculada sua participação no projeto. Por fim, os pacientes eram convidados a
participar e quando em concordância, assinavam um Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE) para disponibilização do contato telefônico.

Telecomunicação
A abordagem telefônica era realizada por alunos da graduação e pós-graduação do
Curso de Fisioterapia da UENP após a liberação dos contatos pela Farmácia Especial da
19º Regional de Saúde e aceite dos pacientes. As ligações eram realizadas em sala
disponibilizada no Centro de Ciência da Saúde – UENP (CCS) ou para aqueles que
preferiam, em suas residências. Para aqueles que optaram por utilizar o telefone do CCS,
por ser considerado local público, foram disponibilizados álcool para higienização dos
aparelhos telefônicos e mãos, além de máscaras de proteção.
Os contatos foram realizados com a finalidade de: A) coletar os dados pessoais do
paciente e informações sobre sua doença base, sintomas recentes e/ou presentes de
COVID19; B) questionar com relação a especificidade da doença, com a utilização dos
questionários (Controle da asma e Teste de controle de Asma (Asthma Control Test -
ACT) para portadores de asma; Escala de dispneia modificada do Medical Research
Council (mMRC); Teste de avaliação da DPOC (COPD Assessment Test™– CAT) e
Questionário do Hospital Saint George na Doença Respiratória (SGRQ) para DPOC;
Medical Outcomes Study 36 - Item Short-Form Health Survey (SF-36). Após isto, as
ligações foram efetuadas quinzenalmente, com objetivo informativo, bem como para
verificar ocorrência de agudização doença de base ou sinais de COVID-19.

1331
Desenvolvimento e processos avaliativos
Durante o período de atividades do projeto, uma lista contendo os pacientes que
aceitaram participar do programa e suas respectivas informações (nome completo, contato
e diagnóstico). 29 atenderam as primeiras chamadas e foi dado início ao processo de coleta
de dados pessoais e confirmação da doença base. Seguida da aplicação dos questionários
específicos para suas comorbidades. De todos os participantes inclusos apenas 7 pacientes
mantiveram-se em acompanhamento, sendo realizado em média 3 a 6 acompanhamentos.
Somente 1 participante teve diagnóstico médico positivo para COVID-19, mas teve uma
boa recuperação. Tais atividades atuaram de forma a acrescentar aos alunos envolvidos no
projeto, como forma de gerar um contato mais próximo, mesmo que de forma remota, com
pessoas da comunidade que necessitam da atenção fornecida, os pacientes muitos
necessitam de aparelhos móveis de familiares ou vizinhos para manter o acompanhamento,
isto explica a baixa adesão, porém, em todas as ligações que estiveram disponíveis se
manifestaram interessados em manter o acompanhamento.

Considerações Finais
Como forma de expressar as experiências vivenciadas ao longo do projeto de
extensão, mesmo nesse período atípico, foi possível manter um contato e disponibilizar
atenção aos pacientes que estão inclusos dentro de um grupo de risco para agravamento da
COVID-19, público este carente de atenção de diversas formas. Felizmente, não houveram
pioras dos quadros já existentes e nenhuma outra intercorrência foi percebida, assim
nenhum paciente foi encaminhado para cuidados específicos.

Referências
ALQAHTANI, J. S. et al, Prevalence, Severity and Mortality associated with COPD and
Smoking in patients with COVID-19: A Rapid Systematic Review and Meta-Analysis,
PLOS ONE, v. 15, n. 5, p. 1–13, 2020.

BRASIL, Ministério da Saúde. Doenças respiratórias crônicas. Brasília: 2010.

SÃO JOSÉ, B. P. et al, Diagnostic accuracy of respiratory diseases in primary health units,
Revista da Associação Médica Brasileira, v. 60, n. 6, p. 599–612, 2014.

1332
MELO, S. P. S. C. et al. Doenças crônicas não transmissíveis e fatores associados em
adultos numa área urbana de pobreza do nordeste brasileiro, Ciência & Saúde Coletiva,
v. 24, n. 8, p. 3159–3168, 2019.

Projeto com bolsa financiada pela Fundação Araucária (PIBIS extensão).

1333
MANIPULAÇÃO: MANIPULANDO COSMÉTICOS E TRANSFORMANDO
VIDAS

Área temática: Saúde


Coordenadora da atividade: Patrícia Mathias DÖLL-BOSCARDIN
Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)
Autores: F. L. P. PACHECO 1; P. M. DÖLL-BOSCARDIN2

Resumo:
As associações de catadores de materiais recicláveis são uma alternativa no processo de
separação e comercialização de resíduos. Grande parte dos trabalhadores dessas
associações não possui escolaridade e tem pouco acesso a serviços de saúde. Visando
melhorar a qualidade de vida desse grupo populacional, o projeto “ManipulAÇÃO:
Manipulando cosméticos e transformando vidas”, tem por objetivo promover atividades e
ações de promoção a saúde numa associação de catadores de materiais recicláveis,
localizada próximo ao campus Uvaranas da UEPG. Nesse sentido, são desenvolvidas
atividades como rodas de conversa e oficinas onde são trabalhados diversos temas. Além
disso, são oferecidos a eles alguns produtos cosméticos manipulados pelos acadêmicos
extensionistas na Farmácia Escola da UEPG no sentido de incentivá-los e fidelizá-los a
participar de todas as atividades desenvolvidas.

Palavras-chave: Reciclagem; Catadores; Qualidade de Vida.

Introdução
Nas últimas décadas, o Brasil transformou seu tipo de lixo em quantidade e
qualidade, sendo muito diferente daquele lixo produzido há quarenta anos. Nesse sentido,
houve um aumento expressivo no número de catadores de materiais recicláveis nas ruas.
Em sua maioria são homens e mulheres que devido a sua condição social, baixa

1
Fernanda Letícia Paes Pacheco, aluna (Farmácia).
2
Patrícia Mathias Döll-Boscardin, docente do Departamento de Ciências Farmacêuticas.

1334
escolaridade ou idade, não conseguem mais ingresso no mercado de trabalho formal. Dessa
forma, a organização de cooperativas e associações de materiais recicláveis surge como
uma alternativa no processo de separação e comercialização de resíduos, com a finalidade
de melhorar as condições de vida e de trabalho dos catadores (IPESA, 2013).
Existem atualmente em Ponta Grossa quatro associações de catadores de materiais
recicláveis. Dentre elas está a Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de
Uvaranas (ACAMARUVA), localizada próxima a Universidade Estadual de Ponta Grossa
– campus de Uvaranas. Nessa associação trabalham homens e mulheres com idades entre
19 e 68 anos realizando a seleção e a separação do lixo reciclável.
O projeto “ManipulAÇÃO: Manipulando cosméticos e transformando vidas” é
desenvolvido na ACAMARUVA desde o início de 2019 por meio de ações e atividades de
promoção da saúde realizadas pelos acadêmicos de Farmácia. Também são oferecidos aos
trabalhadores alguns produtos cosméticos manipulados pelos acadêmicos extensionistas na
Farmácia Escola da UEPG no sentido de incentivá-los e fidelizá-los a participar de todas as
atividades desenvolvidas. Dessa forma, o objetivo do projeto é a aplicação do
conhecimento técnico-científico dos acadêmicos para a manipulação dos produtos
cosméticos e no planejamento e execução das ações envolvendo a conscientização e
orientação dos trabalhadores da ACAMARUVA sobre cuidados básicos com a saúde,
promovendo assim melhorias na qualidade de vida desse grupo.

Metodologia
Todas as ações e atividades são executadas por meio de comunicação oral com
apresentação de slides de forma que todas as informações repassadas sejam feitas
utilizando imagens e de maneira muito clara e didática. A duração das atividades é de
aproximadamente 45 minutos.
Além disso, são confeccionados materiais didáticos para serem distribuídos entre os
trabalhadores da ACAMARUVA. Os alunos extensionistas participantes do projeto
também realizam a manipulação dos produtos cosméticos e de higiene pessoal (álcool gel,
creme para mãos, gel para contusões, xampu anti-queda) no Setor de Manipulação da

1335
Farmácia Escola da UEPG para serem distribuídos aos trabalhadores ao final de cada
atividade.
Aproximadamente 40 pessoas, entre homens e mulheres, com idade entre 19 e 68
anos, fazem a seleção de materiais recicláveis nesta associação, sendo que nem todos são
escolarizados.

Desenvolvimento e processos avaliativos


No início do projeto foi realizada uma roda de conversa para discutir com eles as
principais dificuldades encontradas por eles durante a execução do trabalho com material
reciclável, como a população contribuiria com o trabalho deles e também o que eles
poderiam fazer para melhorar o ambiente de trabalho. Nesse mesmo dia também passamos
um questionário com algumas perguntas relacionadas à moradia, escolaridade, tempo de
serviço na seleção de lixo reciclável, a satisfação ou não em realizar esse tipo de trabalho e
outros. A partir das respostas dos questionários foi possível conhecer os associados e
perceber as principais necessidades que deveriam ser abordadas nas próximas atividades.
Algumas respostas dos questionários nos surpreenderam bastante como a satisfação com o
trabalho de seleção de material reciclável, na qual 95% dos cooperados disseram gostar do
trabalho que realizam na associação.
Dessa forma, foram desenvolvidas palestras e oficinas com os seguintes temas:
“Higienização das Mãos”, “Saúde da Mulher”, “Plantas Medicinais” (com distribuição de
mudas) e “Hipertensão Arterial e Diabetes” (com aferição da pressão arterial e glicemia
capilar). Também foram apresentados a eles outros projetos de extensão realizados na
UEPG: “Falando em Família” e “Núcleo Maria da Penha (Numape)”, que podem ajudá-los
a resolver problemas familiares.
Durante a apresentação do tema “Plantas Medicinais” muitos perceberam que
conseguem resolver problemas simples de saúde com a utilização de espécies que podem
ser plantadas em casa. Na oficina de “Higienização das Mãos” os trabalhadores ficaram
impressionados com a quantidade de doenças que podem ser evitadas com um hábito tão
simples.

1336
Considerações Finais
Modificar a realidade e melhorar a qualidade de vida de pessoas que trabalham com
a seleção de materiais recicláveis não é uma tarefa fácil e é um processo que envolve várias
questões. No entanto, levar um mínimo de atenção, informações e conhecimentos a esses
trabalhadores faz com que eles possam ser os agentes de transformação de suas próprias
vidas, cultivando hábitos mais saudáveis e evitando o risco de adoecimento por diversas
doenças.
As ações extensionistas executadas a partir desse projeto beneficiaram tanto os
trabalhadores da associação quanto os alunos envolvidos. As pessoas que trabalham com a
seleção de materiais recicláveis em associações geralmente tem um baixo nível de
escolaridade e pouco acesso a informações relacionadas à saúde. E, nesse sentido, o projeto
consegue levar a essas pessoas informações de forma simples e clara e dentro do próprio
ambiente de trabalho, os quais já estão acostumados e se sentem mais à vontade inclusive
para esclarecer dúvidas. Além disso, a possibilidade de receber um produto cosmético
manipulado incentivou os trabalhadores a participarem de todas as ações propostas pelo
projeto. Dessa forma, compartilhar conhecimento sobre questões relacionadas à saúde e
qualidade de vida com esses trabalhadores, fortaleceu e valorizou o trabalho
desempenhado por eles e reforçou a responsabilidade social e humana que os acadêmicos
têm como profissionais de saúde.

Referências
IPESA. Instituto de Projetos e Pesquisas Sócio ambientais. Do lixo à cidadania: guia
para a formação de cooperativas de catadores de materiais recicláveis. Organização
Júlio Ruffin Pinhel; ilustrado por Luciano Irrthum, São Paulo: Peirópolis, 2013.

1337
MINUTO CORONA: UMA AÇÃO DE EXTENSÃO COM CIÊNCIA, AMOR E
COMUNICAÇÃO

Área temática: Saúde


Coordenadora da atividade: Claudia Giuliano BICA
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA)
Autores: K. BUENO 1; C. VIEIRA 2; M. ORTOLAN 3; R. DE MORAIS 4; A. DOS REIS 5

Resumo:
A COVID-19 chegou ao Brasil no ano de 2020, trazendo, consigo, sentimentos de medo,
angústia e diversas incertezas à população, visto o crescente número de contaminados no
mundo. Diante da situação pandêmica, veículos específicos de internet começaram a
divulgar, defender e incentivar tratamentos e técnicas de prevenção sem embasamento
científico, os quais a população, buscando alternativas para lidar com o desconhecido,
utilizava como fonte confiável, tendo em vista que, muitas vezes, eram incentivadas por
figuras públicas. Observando o cenário, nasceu o “Minuto Corona”, uma ação de extensão,
que tem como ênfase a comunicação acessível, rápida e eficaz. O objetivo principal era
responder dúvidas da população e publicar nas redes sociais conteúdos científicos
alinhados à pandemia, de forma interativa e responsável, com caráter atencioso e
acolhedor. Ao todo, já alcançamos cerca de 211.167 contas nas plataformas digitais,
participamos de congressos, publicamos um livro e um artigo científico. Desde abril de
2020 promovemos saúde através de uma verdadeira ponte, que se estendeu entre ciência e
sociedade.

Palavras-chave: Promoção da Saúde; COVID-19; Redes Sociais.

1
Kimberly Bueno, graduanda em Enfermagem.
2
Carlos Daniel Vieira, graduando em Medicina.
3
Mariana Arenson Ortolan, graduanda em Gestão em Saúde.
4
Rahuany Velleda de Morais, graduanda em Biomedicina.
5
Aline Poltronieri dos Reis, graduanda em Fisioterapia.

1338
Introdução
No início do ano de 2020, a Organização Mundial da Saúde declarou pandemia de
COVID-19, uma doença infecciosa de transmissibilidade acelerada causada pelo vírus
SARS-CoV-2, que se disseminou rapidamente pelo Brasil, ocasionando mudanças
drásticas na realidade de todos os brasileiros, os quais, ainda, careciam de veículos de
comunicação qualificados e de fácil acesso para elucidar as dúvidas e combater as fake
news acerca do novo coronavírus, o que implicaria no enfrentamento deste.
Inúmeros estudos científicos foram realizados e logo evidenciou-se que as medidas
de proteção adotadas - distanciamento social e uso de máscaras - estavam surtindo efeito
positivo para frear a transmissão e que deveriam ser cumpridas pela sociedade, contudo, a
linguagem intelectual nem sempre alcançava a todos. Ademais, veículos de internet,
específicos mas com grande alcance, começaram a divulgar, defender e incentivar
tratamentos e técnicas de prevenção sem embasamento científico, os quais a população,
buscando alternativas para lidar com o desconhecido, utilizava como fonte confiável, tendo
em vista que, muitas vezes, eram incentivadas por figuras públicas. Assim, fazia-se
necessário um meio de comunicação que agisse tendo em vista diálogos rápidos, eficazes e
qualificados com aqueles que assistiam a tudo sem saber o que fazer e a quem recorrer.
Dessa forma, alunos, professores e egressos da Universidade Federal de Ciências da
Saúde (UFCSPA) se uniram, voluntariamente e sob coordenação da professora Claudia
Bica, em um projeto denominado “Minuto Corona”, uma ação de extensão do Núcleo
Rondon UFCSPA, para produzir e divulgar conhecimento científico de forma que essas
informações fossem descomplicadas e pudessem chegar a todos. Foram desenvolvidas
diversas ações por meio de diferentes plataformas digitais, a fim de responder dúvidas da
população e publicar nas redes sociais conteúdos científicos e epidemiológicos acerca da
COVID-19, de forma popular e acessível, construindo um canal de orientação e apoio.

Metodologia
Para organizar a ação, foram criados dois grupos para uso da equipe no WhatsApp:
o Grupo 01 para planejamento de atividades; e o Grupo 02 para discussão das perguntas

1339
que chegavam através do WhatsApp do Minuto Corona ou por outra rede social, como
Twitter, Facebook, Instagram e YouTube.
Com o WhatsApp, foram empregadas ferramentas de telemedicina e tele-orientação.
As perguntas do público, em geral, eram respondidas pelo médico e pelas enfermeiras da
equipe, ou então com o aval dos mesmos, e para perguntas mais específicas, parceiros
externos eram consultados. Nesta plataforma, as pessoas enviavam mensagens, eram
cadastradas nas listas de transmissão e passavam a receber, diariamente, os conteúdos
construídos pelo grupo: boletins epidemiológicos, banners e vídeos. Além disso, a
população podia retirar, de forma individual, dúvidas sobre a pandemia, que eram
encaminhadas para o Grupo 02.
Nas outras redes sociais, foram publicados cards e vídeos com enfoque em sinais e
sintomas, máscaras, limpeza e desinfecção, vacinas, prevenção, e outros assuntos
relacionados à pandemia. A pandemia e suas condições despertaram sentimentos de
tristeza, por isso, também foram produzidos conteúdos mais humanizados, carregados de
amor, carinho e respeito, o que foi realizado por meio dos “Minuto Carinho”, “Minuto
Cinema” e “Minuto Receita”, portanto, destaca-se que as ações vão além da ciência,
buscou-se, também, promover saúde através do carinho e do acolhimento.
Todos os conteúdos são feitos de forma democrática, onde cada material é
confeccionado conforme tempo e habilidade de cada membro do projeto e, por fim, passa
por uma checagem completa pela equipe, sempre respeitando os direitos autorais através
do uso de plataformas abertas e utilização de imagens livres. Outro fator importante para a
publicação dos materiais é a acessibilidade: cores, tamanhos e tipos de fonte adequados;
descrição #PraTodosVerem; e vídeos com legenda, sempre que possível.

Desenvolvimento e processos avaliativos


O maior desafio durante a ação foi o ato de transformar os conteúdos científicos em
materiais acessíveis aos diferentes públicos que nos acompanhavam. No entanto, a equipe
da ação trabalhou incansavelmente para ser um elo entre as ciências da saúde e a
comunidade, de forma virtual. Assim, o projeto se tornou referência e fonte de informações

1340
seguras, tanto para leigos quanto para especialistas, esclarecendo dúvidas, amparando
angústias e medos, e realizando tele-orientação.
O Minuto Corona chegou em 142 cidades distribuídas por 20 estados brasileiros e
realizou contatos em Laguna (Angola) e Texas (EUA). 2.407 contatos foram cadastrados
no WhatsApp, 1.248 dúvidas foram respondidas, 534 publicações foram realizadas, 94.011
interações foram realizadas no Instagram, 66.487 contas foram alcançadas no Facebook,
2.042 visualizações foram obtidas no YouTube e 160 mil impressões foram obtidas no
Twitter. No entanto, a ação é muito mais do que números, é sobre cuidado e promoção da
saúde, portanto, além de informar, também foi possível construir uma rede de apoio e afeto
com os seguidores do projeto, principalmente com aqueles que precisaram se manter
isolados por fazerem parte do grupo de risco da COVID-19.
Dessa forma, conseguimos alcançar nosso objetivo de popularizar e acessibilizar
conteúdos científicos e epidemiológicos acerca da COVID-19, construindo um canal de
orientação e apoio. Com isso, destaca-se a importância dessa ação para a vida acadêmica e
profissional dos envolvidos, visto que foi possível desenvolver a comunicação com o
público e experienciar a teleorientação em saúde. E, por fim, conclui-se que o segredo do
sucesso por trás dessa ação, com certeza, foi o amor e a promoção da acessibilidade, o que
gerou, até o momento, aproximadamente 211.267 interações totais nas plataformas digitais,
a publicação de um livro intitulado “Minuto Corona: conectando ciência e sociedade”
(Editora da UFCSPA) e um capítulo sobre o projeto, além de participações em eventos,
incluindo a 12ª Bienal da União Nacional dos Estudantes (UNE), ficando entre os 10
selecionados para a amostra de extensão, e a publicação de artigos e resumos.

Considerações Finais
A experiência de construir um projeto tão grandioso impactou nossas vidas e nossas
perspectivas como profissionais da saúde em formação, experimentando a teleorientação, o
carinho e a responsabilidade na construção dos nossos materiais. Não é à toa que já
alcançamos um público tão grande, que sempre retorna com um feedback positivo. Isso nos
motiva a seguir em frente. O professor adjunto e pesquisador no Centro de Educação,
Comunicação e Artes (CECA) da Universidade Estadual de Londrina (UEL), André

1341
Azevedo da Fonseca, externou seu sentimento sobre o Minuto Corona, caracterizando-o
como um trabalho "fabuloso e encantador". A extensão segue viva no Brasil e ela está
sendo muito importante nesta pandemia. O Minuto Corona é tudo isso: comunicação,
ciência, amor e extensão.

Projeto contemplado com bolsa PROBEXT-UFCSPA

1342
NASP – NÚCLEO DE APOIO SOCIAL E PSICOLÓGICO DA UENP

Área Temática: Saúde


Coordenador(a) da atividade: Simone Cristina Castanho Sabaini de MELO
Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP)
Autores: A. C. S. AMARAL ; B. G. BRUGNARI2; C. A. COSTA3; N. SANCHES4;
1

P. S. WELTER5; S. C. C. S. MELO⁶

Resumo:
O Núcleo de Apoio Social e Psicológico – NASP – é um projeto de extensão da
Universidade Estadual do Norte do Paraná que conta com financiamento da
Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior por meio do edital
Universidades Sem Fronteiras. O objetivo é proporcionar bem-estar a comunidade
oferecendo atendimento psicológico, intervenções em escolas públicas e disseminação de
conteúdos sobre saúde mental nas redes sociais. Durante o período de outubro de 2020 a
julho de 2021, os atendimentos beneficiaram 116 pessoas, totalizando 1313 sessões. As
intervenções nas escolas tiveram 76 alunos participantes, alcançando 7 turmas de Ensino
Médio em 3 municípios do Paraná. As redes sociais alcançaram 255 compartilhamentos e
530 seguidores. O NASP é uma referência para comunidade interna e externa pois
desempenha um papel fundamental na construção do bem-estar.

Palavras-chave: Saúde Mental; Pandemia; Atendimento Psicológico.

Introdução
A Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP) é organizada de maneira
multicampi em três cidades do Paraná: Bandeirantes, Cornélio Procópio e Jacarezinho.
Dentre cursos de graduação, pós-graduação lato e stricto sensu oferecidos pela instituição,

1
Ana Caroline da Silva Amaral, aluna do curso de Ciências Biológicas, bolsista graduanda NASP
2
Bruna Gama Brugnari, aluna do curso de Letras Português/ Inglês, bolsista graduanda NASP
3
Carla Aparecida da Costa, aluna do curso de Ciências Biológicas, bolsista graduanda NASP
4
Natália Sanches, bolsista recém-formada, Psicóloga do NASP.
5
Paula Schwengber Welter, bolsista recém-formada, Psicóloga do NASP
6
Simone Cristina Castanho Sabaini de Melo, docente, coordenadora do projeto

1343
sua comunidade acadêmica é composta, em média, por 5000 discentes, 431 docentes e 132
agentes universitários. Nesse contexto, a saúde mental é um importante tema de pesquisa-
intervenção, visando o bem-estar comunitário.
A pressão produtivista, sobrecarga de trabalho, contexto macro político e os
próprios fatores estressores das relações interpessoais contribuem no comprometimento da
saúde mental. Com a pandemia da COVID-19 as adaptações no processo de ensino-
aprendizagem e atividades técnico administrativas são fatores atrelados às dificuldades
vivenciadas pela comunidade acadêmica (MOTA et al. 2021; SANTOS, SILVA e REGO,
2021; SILVA et al., 2020; OIKAWA, 2019).
Dessa forma, o Núcleo de Apoio Social e Psicológico – NASP/UENP, financiado
pela Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior por meio do edital
Universidades Sem Fronteiras, é um importante projeto de extensão que visa a construção
da saúde mental no cotidiano. Para isso, oferece atendimentos psicológicos à comunidade
universitária, ações psicoeducativas nas escolas públicas e a disseminação de conteúdos
sobre saúde mental nas redes sociais.

Metodologia
O NASP desenvolveu três frentes de trabalho buscando atingir seu público-alvo: a
comunidade acadêmica da UENP a partir dos atendimentos psicológicos e a comunidade
externa por meio de intervenções nas escolas e criação de conteúdo para redes sociais.
Com a pandemia da Covid-19, os atendimentos psicológicos passaram a ocorrer de
maneira online. Diante da crescente demanda por atendimentos, a equipe precisou ser
modificada e conta com 3 psicólogos que atendem a comunidade acadêmica. Este terceiro
psicólogo é um residente técnico que veio para somar nas ações do projeto.
As intervenções nas escolas foram realizadas por meio da plataforma Google Meet,
em turmas de Ensino Médio de escolas estaduais. Com o tema “Respeito à Diversidade e
ao Outro”, as bolsistas debateram os conceitos de respeito e bullying utilizando a
Declaração Universal dos Direitos Humanos como parâmetro. Para complementar a

1344
discussão, houve a apresentação de fatos históricos que violaram a integridade humana,
como guerras, escravidão e o holocausto.
A criação de conteúdos nas redes sociais ficou a encargo das bolsistas graduandas,
divulgando temas relacionados à saúde mental e cotidiano através do Instagram e
Facebook. As referências utilizadas são artigos científicos, dados de órgãos oficiais e
materiais disponibilizados pelo Conselho Regional de Psicologia do Paraná (CRP/PR). O
aplicativo Canva é utilizado para criação das artes da postagem.

Desenvolvimento e processos avaliativos


O número de atendimentos psicológicos realizados no período de outubro de 2020
até julho de 2021 foi contabilizado em 1313 atendimentos, atingindo 116 pessoas da
comunidade acadêmica. Comparando ao período anterior à pandemia, foi registrado um
aumento de 13% nos atendimentos.
Quanto as intervenções nas escolas foram realizadas em 7 turmas de 6 instituições
de ensino, localizadas nos 3 municípios dos campi da UENP, totalizando 76 alunos
participantes. A perspectiva é que se atinja 12 turmas ao final da intervenção. Constatou-se
que o debate sobre respeito e diversidade é um assunto amplamente bem-recebido no
ambiente escolar. Segundo Lira (2020), a compreensão do ser humano através do diálogo
entre a Psicologia e os Direitos Humanos é essencial para construção de uma sociedade
mais justa, tendo como princípio norteador o respeito à dignidade humana.
Atualmente o Instagram possui 531 seguidores, com uma média de 461 contas
alcançadas e 349 que interagem mensalmente. O Facebook apresenta 97 seguidores. Foram
criadas 47 publicações, totalizando 1224 curtidas e 255 compartilhamentos. A utilização
das redes sociais para disseminação de conteúdos proporcionou acesso a informações
confiáveis, gratuitas e rápidas utilizando conhecimentos adquiridos na graduação com a
comunidade, reforçando a união de ensino, pesquisa e extensão (MUNHOZ, et al, 2021).

1345
Considerações Finais
Conclui-se que o NASP é uma referência para comunidade interna e externa pois
desempenha um papel fundamental na construção do bem-estar. Por meio de suas ações, os
bolsistas graduandos e profissionais desenvolvem habilidades necessárias ao mercado de
trabalho e alcançam públicos historicamente afastados de apoio psicológico e social. O
projeto visa integrar à comunidade externa os conhecimentos de ensino/pesquisa
adquiridos na graduação, possibilitando um intercâmbio enriquecedor. Apesar das
dificuldades decorrentes da pandemia, o NASP continua produzindo conteúdos e ofertando
os atendimentos.

Referências

LIRA, Kalline Flávia Silva de. Direitos humanos, educação e psicologia: relato de
experiência docente. Revista Interritórios, Caruaru, v. 6, n. 10 (2020). Disponível em:<
https://periodicos.ufpe.br/revistas/interritorios/article/view/244912/34878> Acesso em: 17
jul. 2021.

MOTA, Daniela Cristina Belchior; SILVA, Youry Vazconcellos da; COSTA, Thaís
Aparecida Ferreira; AGUIAR, Magna Helena da Cunha; MARQUES, Maria Eduarda de
Melo; MONAQUEZI, Ricardo Manes. Saúde mental e uso de internet por estudantes
universitários: estratégias de enfrentamento no contexto da COVID-19. Ciência & Saúde
Coletiva [online]. v. 26, n. 6, 2021, pp. 2159-2170. Disponível em:
<https://doi.org/10.1590/1413-81232021266.44142020>. Acesso em: 20 jul. 2021.

MUNHOZ, Tiago Neuenfeld; MAGALHÃES, Eduarda Pizarro de; SOARES, Larissa da


Silveira; OLIVEIRA, Luise Machado da Silva Zanette de; SILVEIRA, Mariana Gouvêa;
MARQUES, Vanessa de Araújo. A utilização de mídias digitais para divulgação de
conhecimento científico sobre saúde mental durante a pandemia do Covid-19. Expressa
Extensão, Pelotas, v. 26, n. 1, p. 182-192, jan-abr, 2021. Disponível em:<
https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/expressaextensao/article/view/19667/pdf >.
Acesso em: 17 jul. 2021.

OIKAWA, Fabiana Midori. Implicações do contexto universitário na saúde mental dos


estudantes. 2019. 130 p. Dissertação (mestrado em educação) -- Universidade Federal de
São Carlos, campus Sorocaba. 2019. Disponível em:
<https://repositorio.ufscar.br/bitstream/handle/ufscar/11522/Disserta%c3%a7%c3%a3o%2
0Final%20Fabiana.pdf?sequence=3&isAllowed=y>. Acesso em: 20 jul. 2021.

1346
SANTOS, Geórgia Maria Ricardo Félix dos; SILVA, Maria Elaine da; BELMONTE,
Bernardo do Rego. COVID-19: Emergency remote teaching and university professors’
mental health. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil [online]. 2021, v. 21, n.
Suppl 1, pp. 237-243. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1806-9304202100S100013>.
Epub 24 Fev 2021. Acesso em: 20 jul. 2021.

SILVA, Andrey Ferreira da et al. Saúde mental de docentes universitários em tempos de


pandemia. Physis: Revista de Saúde Coletiva [online]. 2020, v. 30, n. 02, e300216.
Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0103-73312020300216>. Epub 24 Jul 2020.
Acesso em: 20 jul. 2021.

Unidade Gestora do Fundo Paraná - Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e


Ensino Superior – UGF/SETI

1347
NÚCLEO DE IMPLEMENTAÇÃO DA EXCELÊNCIA ESPORTIVA E
MANUTENÇÃO DA SAÚDE - NIEEMS

Área Temática: Saúde e Educação


Coordenador(a) da atividade: Luiz Fernando CUOZZO LEMOS
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
Autores: N. ROSSI JÚNIOR 1

Resumo:
O Núcleo de Implementação da Excelência Esportiva e Manutenção da Saúde (NIEEMS)
da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), têm como finalidade desenvolver o
esporte em todos os seus âmbitos, desde a iniciação até alto nível, promovendo estratégias
que viabilizem a manutenção da saúde em seus praticantes, em distintas faixas etárias.
Através do desenvolvimento dos três pilares da UFSM, o Ensino, a Pesquisa e a Extensão,
o NIEEMS busca a qualificação de bolsistas e voluntários, para obter uma maior aderência
social de indivíduos, de modo que ocorra a formação de profissionais que possuem uma
visam de interação e de senso crítico para com a comunidade em que atuam, oferecendo
nesse processo dez modalidades esportivas diferentes, dentro e fora da UFSM, a
acadêmicos e não acadêmicos, visando a transformação social, utilizando o esporte como
ferramenta. Desde a criação do NIEEMS em 2017, mais de 500 pessoas foram
beneficiadas de forma direta através do projeto.

Palavras-chave: ensino; esporte; saúde.

Introdução
O Núcleo de Implementação da Excelência Esportiva e Manutenção da Saúde, foi
criado em 2017, pelos professores Luiz Fernando Cuozzo Lemos e Gabriel Ivan Pranke,
docentes do Centro de Educação Física e Desportos (CEFD) da Universidade Federal de
Santa Maria (UFSM).

1
Nestor Rossi Júnior, aluno do curso de Educação Física Licenciatura

1348
O NIEEMS desenvolve ações em diferentes perspectivas dentro do Ensino,
Pesquisa e Extensão. No quesito Pesquisa, o Núcleo atua tanto em nível de graduação
como pós-graduação, desenvolvendo estudos e novos conhecimentos, visando aumentar a
qualidade e a quantidade de conhecimentos dos educandos. Com relação à Extensão, o
NIEEMS executa a implementação de equipes esportivas e o treinamento das mesmas,
sempre focado, além do incremento de desempenho, na manutenção da saúde dos
envolvidos. Além disso, a atuação Multidisciplinar de acadêmicos e profissionais auxilia
no desenvolvimento do projeto, desta forma, distintas temáticas estão presentes em todas
as discussões do núcleo, como, por exemplo, política antidopagem, aspectos fisiológicos e
biomecânicos do treinamento, avaliação física, entre outros. No quesito de Ensino, o
núcleo fornece o suporte teórico e prático para a atuação de profissionais em formação,
disponibilizando as equipes esportivas para a realização de estágios e aplicação de
metodologias de treinamento, bem como para a aprendizagem de forma geral, ampliando
os campos de atuação dos acadêmicos.
O objetivo do NIEEMS é proporcionar o ambiente para que o máximo de pessoas
se desenvolvam, sejam esses docentes, atletas, dirigentes, acadêmicos, voluntários,
bolsistas, treinadores, fisioterapeutas entre outros. Com a formação dos envolvidos no
NIEEMS, em pouco tempo, a UFSM estará exportando para cidades do Brasil,
profissionais capazes e preparados para desenvolver os mais distintos esportes, e assim, os
benefícios sistemáticos do núcleo poderão ser sentidos no país como um todo. O
descobrimento e formação de talentos esportivos que poderão representar o país em
competições internacionais em cada modalidade que o núcleo atua e vier a atuar, aliado a
todo o suporte que o NIEEMS consiga dar para a realização de sua prática. Objetivamos
também produzir e fornecer artigos e estudos científicos para que o conhecimento alcance
mais pessoas, seja disperso na sociedade, e cada vez mais profissionais capacitados sejam
formados.

Metodologia
O Núcleo atua em diferentes contextos, visando objetivos diferentes. Dentro das
equipes desportivas, que atualmente são dez, sendo elas: Atletismo, Futsal Masculino,

1349
Handebol Feminino, Voleibol Feminino, Judô, Orientação, Tênis de Mesa, Basquete,
Rúgbi e Canoagem, o objetivo é fomentar a participação e inclusão dos acadêmicos e da
comunidade em geral no esporte, transformando as suas vidas pelos valores do esporte,
dando oportunidade de prática e de evolução. As equipes dispõem das instalações da
UFSM como seu local de treinamento, onde os participantes têm a chance de treinar e
participar de competições universitárias e não universitárias, masculinas, femininas e das
mais diferentes faixas etárias.
Além das equipes esportivas, o Núcleo engloba outros projetos de extensão, que
visando a transformação social através do esporte, como a Escolinha de Canoagem, no
Balneário de Nova Palma, vinculada ao Geoparque da Quarta Colônia; Atividades
Atléticas e Aulas de Canoagem para as crianças do bairro Camobi, que acontecem na praça
Adhemar Cantarelli e no lago do Centro de Educação Física e Desportos respectivamente;
o ensino das modalidades de atletismo, canoagem e tênis de mesa para jovens de cumprem
medidas socioeducativas, em parceria com o Observatório dos Direitos Humanos(ODH) e
o Polo de Atletismo na cidade de São Sepé. Algumas atividades estão temporariamente
paradas, devido a pandemia do COVID-19.

Desenvolvimento e processos avaliativos


. Esses projetos são desenvolvidos pelos acadêmicos, voluntários e bolsistas, sobre
a coordenação dos professores. Para a capacitação desses indivíduos, o NIEEMS oferece
cursos, como a Formação de Treinadores nível I da World Athletics (WA), órgão que rege
o atletismo mundial, e da Confederação Brasileira de Atletismo (CBaT), no ano de 2018 e
do Curso para Treinadores de Hóquei da Confederação Brasileira de Hóquei sobre as
Grama e Indoor, no ano de 2019.
Além dos cursos, o Núcleo possui sob sua tutela o Grupo de Estudos em Excelência
Esportiva e Manutenção da Saúde (GEEMS), que conta com acadêmicos e docentes
responsável por pesquisas e publicações. Ademais, as atividades teóricas e práticas
contribuem para formação dos acadêmicos envolvidos, pois é ofertado o acesso a uma
ampla gama de oportunidades, podendo se desenvolver nas mais diversas áreas, tanto no

1350
campo esportivo, com os conhecimentos técnicos e particularidades de cada modalidade,
como também no contexto global, com a oratória, comunicação, postura, liderança etc.
O impacto para a sociedade é visível tanto em infraestrutura como na mudança de
paradigmas. Ao inserir o esporte nos projetos sociais, os envolvidos são expostos aos
valores do esporte, que de forma geral podem ser resumidos em: ética, jogo limpo e
honestidade. Através desse contato com o meio esportivo, que sabemos ser muito precário
no Brasil, os alunos incorporam esses valores em sua vida, sendo útil para o restante dela
nas diferentes áreas que forem seguir como também podem ver no esporte um futuro
alternativo. Os alunos são orientados em relação aos cuidados com a saúde, de forma a
poderem ter uma vida mais saudável.
Quanto a infraestrutura, um dos primeiros impactos que podemos perceber nesses
poucos anos do Núcleo, é a implementação de uma pista sintética oficial de Atletismo no
Campus da UFSM em Santa Maria, de forma que os acadêmicos de todos os cursos e a
comunidade em geral tenha acesso a esse recurso, que existe em poucas cidades do país. O
benefício se estende para a cidade, pois com essa atualização, a cidade passa a poder
receber competições oficiais, que movimentarão todo o comércio da região.

Considerações Finais
Em pouco menos de quatro anos da criação do NIEEMS, já podemos perceber o
impacto na cidade e na sociedade, com o desenvolvimento de profissionais mais
qualificados, mais eventos de formação para acadêmicos, mais espaços qualificados para a
prática esportiva de toda a sociedade e oportunidades de desenvolvimento.
Com a expansão do NIEEMS e a consolidação dos projetos já existentes, a tendência é que
cada vez mais acadêmicos, docentes, profissionais, e participantes sejam impactados de
forma positiva
Referências
Núcleo de Implementação da Excelência Esportiva e Manutenção da Saúde (NIEEMS)
[recurso eletrônico: a extensão universitária em destaque / organizadores Gabriel Ivan
Pranke, Leandra Costa da Costa, Luiz Fernando Cuozzo Lemos. – Santa Maria, RS : Ed.
UFSM : Pró_Reitoria de Extensão, 2020. 1 e-book. – (Série Extensão)

1351
O CUIDADO AO LUTO NO CONTEXTO DA PANDEMIA PELA COVID-19: O
PROTAGONISMO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

Área temática: Saúde


Coordenadora da Atividade: Ivânia Jann LUNA
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Autores: M. L. K. MARCELLINO 1; S. C. H. HEINZELMANN 2; M. B. ENGELMANN 3;
P. C. SCHUELER 4; M. L. D. BRASIL 5; I. J. LUNA 6.

Resumo:
Apoiar e cuidar dos lutos individuais e coletivos, construindo atitudes para a reorganização
de um novo cotidiano diante da crise de saúde pública, tal qual a provocada pela pandemia
de Covid-19, é um dos desafios das Universidades Públicas. Este artigo tem como objetivo
descrever e refletir o protagonismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) no
que concerne às ações de extensão com pessoas enlutadas. Neste sentido, realiza-se um
projeto de extensão no escopo do Laboratório de Processos Psicossociais e Clínicos no luto
da UFSC. Utiliza-se da metodologia da pesquisa-ação para planejar as ações
psicoeducativas e terapêuticas de cuidado ao luto, avaliadas por meio de questões abertas e
questionários que obtiveram resultados satisfatórios. As ações do projeto deram suporte à
expressão coletiva e elaboração dos lutos individuais que impactaram os processos de vida
e de trabalho em diversos âmbitos da vida universitária e externa à UFSC.

Palavras-chave: luto; suporte psicológico; universidade pública.

Introdução
A pandemia por Covid-19, deflagrada no Brasil em meados de março de 2020,
instaurou uma situação de crise na saúde pública, permeada por medidas para diminuir a
circulação do vírus Sars-cov-2, como também, lutos coletivos a partir de múltiplas perdas

1
Maria Laura Kellermann Marcellino, aluna [Psicologia].
2
Samíris Coral Hoepers Heinzelmann, aluna [Psicologia].
3
Mateus Bellotto Engelmann, aluno [Psicologia].
4
Paula Cardoso de Schueler, aluna [Psicologia].
5
Matheus Leoni Dultra Brasil, aluno [Psicologia].
6
Ivânia Jann Luna, docente [Psicologia].

1352
simbólicas e concretas. À medida que a situação de pandemia foi tomando proporções
amplas, devido ao descontrole e agravamentos provocados pela Sars-Cov-2, perdeu-se a
saúde e muitas vidas (SCHMIDT et al., 2020). Por sua vez, é possível refletir sobre o
aumento exponencial de vítimas da Covid-19 e de familiares e amigos enlutados, que
buscaram enterrar os seus mortos, bem como, organizar e enfrentar os impactos psíquicos,
financeiros, físicos e sociais de lutos repentinos e traumáticos (LUNA, 2020).
Especialmente no âmbito das Universidades Públicas, os efeitos da crise na saúde
pública e dos lutos individuais e coletivos também estão presentes. Destaca-se o aumento
da sensação de insegurança diante de um novo modo de estudar e trabalhar, à distância.
Esta situação significou insegurança e preocupação e, por isso, ativou o sistema de apego
de discentes, docentes e corpo técnico administrativo: a busca por conforto e proteção em
serviços de apoio à saúde mental (DOS SANTOS et al, 2020; CASELLAT0, 2020).
Este artigo destaca a importância de se promover cuidados psicológicos
emergenciais às pessoas enlutadas. É nessa direção que a coordenadora do Laboratório de
Processos Psicossociais e Clínicos no Luto (LAPPSILu) propôs, juntamente com
estudantes do Curso de Psicologia e a psicóloga do Hospital Universitário Ernani Polydoro
de São Thiago, o projeto de extensão “Intervenções no luto: psicoeducação e suporte
psicológico no contexto da pandemia por Covid-19”. Este projeto se refere às ações
psicoeducativas, terapêuticas, de pesquisa e ensino nos mais diversos âmbitos da
comunidade interna e externa à UFSC. Destacam-se a articulação das ações de extensão
aos conteúdos disciplina de Psicologia do Luto e a pesquisa sobre a adequação da
metodologia dos grupos reflexivos e de apoio ao luto ao formato online.
Considerando os aspectos demonstrados, este artigo tem como objetivo descrever e
refletir o protagonismo da Universidade Federal de Santa Catarina no que concerne às
ações de extensão com pessoas enlutadas.

Metodologia
O projeto de extensão pauta-se na metodologia da pesquisa-ação, que, de acordo
com Thiollent (1992), é um método e estratégia de pesquisa cujo objetivo implica na busca
de soluções para determinados problemas práticos da realidade social, bem como na

1353
produção de conhecimento que não seja exclusivamente útil para a coletividade
considerada na investigação. Para a implementação do projeto foram delineadas as
seguintes etapas: 1) Criação das parcerias com a definição do público-alvo do projeto:
usuários do Hospital Universitário Ernani Polydoro de São Thiago (HU-UFSC); usuários
do Serviço de Atenção Psicológica (SAPSI); servidores da Pró-reitora de Desenvolvimento
e Gestão de Pessoas (PRODEGESP); discentes do Programa Institucional de Apoio ao
estudante Universitário (PIAPE); docentes do Programa de Formação Docente (PROFOR)
e discentes do Comitê de Atenção Psicossocial do campus Araranguá; 2) Divulgação e
realização das ações de extensão e sua avaliação junto ao público-alvo por meio da
plataforma Google Meet.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Neste tópico, apresentam-se os resultados das ações psicoeducativas e terapêuticas
realizadas de agosto de 2020 a agosto de 2021, conforme quadro 1.

QUADRO 1 - Ações realizadas pelo projeto

Ações psicoeducativas Ações terapêuticas

1 live para discentes da UFSC- 70 entrevistas de acolhimento com


PIAPE . usuários do SAPSI/HU-UFSC.

2 webinars para a comunidade 4 encontros reflexivos com


UFSC - Comitê de Atenção Psicossocial de docentes e servidores técnicos da
Araranguá e SAPSI. PRODEGESP.

1 informativo digital para docentes 2 encontros reflexivos com


e gestores da UFSC - Comitê de Atenção discentes de Araranguá e usuários do
Psicossocial de Araranguá. SAPSI.

2 oficinas de capacitação para 4 grupos reflexivos e de apoio ao


discentes e docentes - PROFOR e SAPSI. luto com usuários do SAPSI/ HU-UFSC.
Fonte: Elaboração do autor (2021)

Os participantes das oficinas de capacitação responderam a lista de frequência e


realizaram relatos ao final da atividade, considerando uma questão avaliativa: quais os

1354
benefícios desta atividade para o seu bem-estar. Os resultados auferidos atestam a
importância de receber informações sobre luto para fazer algo para o próprio bem-estar
mental e cuidado pessoal, bem como a importância de se divulgar locais de atendimento
em saúde mental. Nos grupos reflexivos e de apoio ao luto, os participantes preencheram
um questionário que avalia a adequação desta metodologia de apoio grupal ao formato on-
line. Observaram-se resultados satisfatórios, com percentual superior a 80% quanto à
estrutura dos encontros, os temas tratados no grupo, os recursos para a condução dos
grupos, o apoio mútuo dado por todos os grupos e o engajamento no processo de luto.
As atividades psicoeducativas e terapêuticas no luto têm impactos na comunidade e
possibilitam a transformação social na medida em que se proporcionou sentimento de
empatia e compreensão sobre a experiência de luto, apoio mútuo, local seguro para
expressar sentimentos, medos e inseguranças e a construção de recursos de enfrentamento
do luto. Para a formação acadêmica dos estudantes, destaca-se a contribuição referente à
construção de conhecimentos, atitudes de apoio e de espaços para o acolhimento seguro de
pessoas enlutadas no formato on-line. No que concerne à disciplina de Psicologia do Luto,
destaca-se que esta é disponibilizada a discentes de todos os cursos da UFSC e as vagas
remanescentes estão sendo preenchidas por pessoas da comunidade externa.

Considerações Finais
Neste artigo busca-se destacar a legitimação do cuidado, do ensino e da pesquisa
sobre os lutos individuais e coletivos vividos no contexto da pandemia pela Covid-19.
Conclui-se que o protagonismo da UFSC significa construir formas de lidar com o
sofrimento diante de uma crise na saúde pública, bem como, produzir atitudes de apoio e
de espaços para o acolhimento seguro de pessoas enlutadas no formato online.

Referências
CASELLATO, Gabriela. Posfácio - Os lutos de uma pandemia. In: CASELLATO,
Gabriela (org) Luto por perdas não legitimadas na atualidade. São Paulo: Summus
Editorial, 2020, p. 231-253.

1355
LUNA, Ivânia Jann. Conversadores do luto em tempos de pandemia da Covid-19:
observações iniciais. In: A quem confiar minha tristeza? Faces e perspectiva do cuidado
ao luto. Curitiba: Brazil Publishing, 2020, p. 219-234.

THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo: Cortez, 1992.

SANTOS, Valdicleia Batista dos; ALMEIDA, Giovanna Cecília de Melo;


ALBUQUERQUE, Camila Morais de; SILVA, Yasmin Palyohanne Ezequiel; ARAÚJO,
Suzana de Macedo; MEDEIROS, Emmanuela Costa. GANHOS E PERDAS NO
APRENDIZADO PELA SUSPENSÃO DAS AULAS DEVIDO A PANDEMIA DO
COVID -19. Revista Diálogos em Saúde, v. 3, n. 1, p. 33-46, 2020.

SCHMIDT, Beatriz; CREPALDI, Maria Aparecida; BOLZE, Simone Dill Azeredo;


NEIVA-SILVA, Lucas; DEMENECH, Lauro Miranda. Saúde mental e intervenções
psicológicas diante da pandemia do novo coronavírus (COVID-19). Estudos de Psicologia
(Campinas), v. 37, 2020.

1356
O IMPACTO DA ABSORÇÃO EMBRIONÁRIA NO DESEMPENHO
REPRODUTIVO DE FÊMEAS BOVINAS: O QUE O PRODUTOR PRECISA
SABER?

Área Temática: Saúde


Coordenador(a) da atividade: Carla Fredrichsen MOYA-ARAUJO
Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO)
Autores: L. F. KACHINESKI KRAVUSTSCHKE 1; M. GOMES RODRIGUES2.

Resumo:
A absorção embrionária é uma afecção que acomete fêmeas bovinas culminando com a
perda precoce da prenhez, geralmente no período crítico, em que ocorre o reconhecimento
materno da gestação. Sua etiologia é multifatorial, enfatizam-se fatores como a deficiência
de progesterona e as doenças infectocontagiosas como a Rinotraqueíte Infecciosa Bovina
(IBR), Diarreia Viral Bovina (BVD), Tricomoníase e Campilobacteriose. O objetivo do
presente trabalho foi levar informação até a comunidade de produtores rurais, alertando-os da
importância em diagnosticar estas perdas precoces, tanto para controle, tratamento e prevenção
dos animais, bem como o fornecimento de dados para a comunidade científica. Para realização
do projeto foram confeccionados panfletos informativos sobre o tema, ressaltando a
importância, principais causas e medidas profiláticas. Estes foram distribuídos em
cooperativas, sindicato e lojas agropecuárias na cidade de Guarapuava – PR. Logo, o impacto
gerado na comunidade compreende a chegada de um assunto que muitas vezes é de pouco
conhecimento pelos criadores e que gera prejuízos econômicos substanciais. Conclui-se que os
propósitos do trabalho foram atingidos, pois os alunos envolvidos no projeto levaram as
informações necessárias a comunidade não acadêmica, e o público alvo demonstrou grande
interesse pelo tema abordado. Ações semelhantes a esta devem ser realizadas com maior
frequência, em que se preconiza abordar temas de pouco conhecimento pelos produtores e que
podem trazer prejuízos econômicos.

Palavras-chave: perda gestacional; extensão universitária; produtores rurais.

1
Leticia de Fatima Kachineski Kravustschke, (aluna [Medicina Veterinária], Carla Fredrichsen Moya-
Araujo).
2
Mateus Gomes Rodrigues, (aluno [Medicina Veterinária], Carla Fredrichsen Moya-Araujo).

1357
Introdução
A lucratividade dos rebanhos bovinos está diretamente relacionada a eficiência
reprodutiva das fêmeas, que está consideravelmente baixa a nível nacional, tendo como
desfecho prejuízos substanciais. De modo que, em animais Bos taurus taurus foram
observadas taxas de fertilização em torno de 96 a 100%, contudo somente 50 a 55% dos
animais inseminados uma única vez chega a parir, podendo concluir que há considerável
ocorrência de perda de gestação em consequência a mortalidade embrionária ou fetal
(BARBOSA et al., 2006).
A principal responsável por esses baixos índices (cerca de 40% das perdas) é a
absorção embrionária, fenômeno em que ocorre a perda precoce do embrião,
principalmente entre o 7º e o 16º dia gestacional, no chamado período crítico, em que
ocorre o reconhecimento materno da gestação. Para que isso aconteça, o concepto necessita
ter um crescimento expressivo no interior do corno uterino, possibilitando a ocupação dos
receptores de ocitocina presentes no endométrio, e simultaneamente, a liberação de
Interferon δ, um sinalizador que evita a produção de PGF2α. Assim, são impossibilitadas a
luteólise e a interrupção da gestação (GOFERT; VASCONCELOS; DOS SANTOS, 2005).
Dessa forma, o sucesso no estabelecimento da gestação depende de um delicado equilíbrio
entre os mecanismos luteolíticos, gerados pela mãe, e os mecanismos antiluteolíticos
comandados pelo concepto (BINELLI et al., 2006).
Sua etiologia é multifatorial, destacando-se fatores ambientais, como o estresse
térmico, fatores endógenos e genéticos, como a deficiência de progesterona, a endogamia,
a gestação múltipla, a incompatibilidade, as aberrações cromossômicas e além disso,
algumas doenças infectocontagiosas como a Rinotraqueíte Infecciosa Bovina (IBR),
Diarreia Viral Bovina (BVD), Campilobacteriose e Tricomoníase.
Portanto, é de extrema importância atentar o produtor sobre a ocorrência de tal
afecção, visto que ocorre de modo precoce e na maioria dos casos é imperceptível.
O objetivo do presente trabalho foi levar informação até a comunidade de
produtores rurais, alertando-os da importância em diagnosticar estas perdas gestacionais

1358
precoces, tanto para controle, tratamento e prevenção dos animais, mesmo para
fornecimento de dados para a comunidade científica.

Metodologia
Baseado na vivência de casos de retorno ao cio após inseminações artificias em
vacas pertencentes a Unidade Didática de Bovinocultura de Leite (UDBL) da
UNICENTRO, e ainda, considerando que alguns dos animais são positivos para Diarreia
Viral Bovina (BVD), doença infectocontagiosa, a qual pode causar quadros de absorção
embrionária, despertou-se o interesse em pesquisar sobre as possíveis causas desta afecção,
que possui tamanha importância dentro dos rebanhos devido as associadas perdas
econômicas.
Como as atividades desenvolvidas na Unidade Didática de Bovinocultura de Leite
(UDBL) da UNICENTRO, pertencem ao projeto extensionista, o PRODUTERRA, o qual
trata-se de uma empresa Júnior responsável por prestar atendimento à produtores de leite
assentados, ressaltou-se ainda mais a importância em levar informações aos criadores, com
o objetivo de conectar a comunidade acadêmica a comunidade não acadêmica.
Deste modo, para concretização do trabalho foram confeccionados panfletos
informativos sobre a absorção embrionária em vacas, contemplando seu significado,
importância, principais causas e medidas de profilaxia, instigando o leitor a relacionar o
conteúdo lido com a realidade da sua propriedade.

Desenvolvimento e processos avaliativos


A ação desenvolvida envolveu a confecção e entrega de panfletos com o tema
absorção embrionária, os quais foram distribuídos em locais estratégicos, como
cooperativas, sindicato e lojas agropecuárias na cidade de Guarapuava – PR, com o
objetivo de atingir o público-alvo: os produtores rurais. As pessoas abordadas mostraram-
se acessíveis e interessadas no tema em questão.
Ainda, durante a entrega foram realizados questionamentos ao público presente nos
locais citados acima sobre o conhecimento, importância e ocorrência do assunto abordado,
além da incidência na procura de vacinas para afecções reprodutivas pelos produtores.

1359
Quanto ao impacto proporcionado à comunidade, cabe destacar a introdução de um
assunto relativamente desconhecido pela maioria dos produtores, já que sua ocorrência é
precoce e quase sempre imperceptível, portanto, acarreta em consideráveis perdas
econômicas.
Diante de todo o exposto, foi possível destacar a importância do tema para o auxílio
da comunidade, assim como para a formação pessoal dos acadêmicos envolvidos no
projeto, pois foi possível aproximar duas realidades distintas e além disso contribuir para o
desenvolvimento socioeconômico da categoria.

Considerações Finais
Deste modo, conclui-se que os objetivos do projeto foram alcançados, pois o
público abordado considerou o tema importante, demonstrou interesse em conhecer mais
sobre o assunto e ainda, relatou sobre a falta de conhecimento da maioria dos produtores.
Quando questionados sobre a procura das vacinas para afecções reprodutivas, uma das
medidas de prevenção da absorção embrionária, foi relatada a procura em maior parte por
produtores mais tecnificados, reforçando ainda mais a importância de levar o
conhecimento até todas as categorias dos mesmos.
Por conseguinte, foi de grande valia a participação dos acadêmicos no projeto, visto
que se verificou um significativo contato com a comunidade, em que se adquiriu
experiência fora das salas de aula e trouxe a oportunidade de levar conhecimento aos
produtores, como forma de retribuição.
Portanto, ações como esta devem ser continuadas, com o objetivo de levar novos
temas que muitas vezes são recorrentes nas propriedades, e de pouco conhecimento dos
criadores.

Referências

RIZZONI, L. B. Perda embrionária precoce em bovinos. Revista Científica Eletrônica de


Medicina Veterinária. Ano X- Número 19. Jul. 2012. Disponível em:
http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/5GpH6xdNU3wxWvd_2013
-6-24-15-10-49.pdf. Acesso em: 28 de jul. de 2021.

1360
BESKOW, A. Mortalidade embrionária em bovinos de leite. Monografia UFRGS. Porto
Alegre. 2009. Disponível em:
https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/22910/000733776.pdf?sequence=1.
Acesso em: 28 de jul. de 2021.

GOFERT, L. F.; VASCONCELOS, J. L. M.; DOS SANTOS, R. M. Estratégias para


diminuir a taxa de reabsorção embrionária precoce em fêmeas bovinas. Milkpoint, 2005.
Disponível em: https://www.milkpoint.com.br/colunas/jose-luiz-moraes-vasconcelos-
ricarda-santos/estrategias-para-diminuir-a-taxa-de-reabsorcao-embrionaria-precoce-em-
femeas-bovinas-23177n.aspx. Acesso em: 28 de jul. de 2021.

PERDAS de gestação em bovinos: qual a melhor forma de prevenir? Educapoint, 2019.


Disponível em: https://www.educapoint.com.br/blog/pecuaria-geral/perdas-gestacao-
bovinos-prevenir/. Acesso em: 28 de jul. de 2021.

1361
PARCERIA PÚBLICO-INSTITUCIONAL PARA ANÁLISE DE DADOS DA
PANDEMIA DE COVID-19 EM CIDADES PARANAENSES – PROJETO DE
EXTENSÃO BRDATA – BRASIL EM DADOS

Área Temática: Saúde


Coordenadora da atividade: Mariana Ragassi URBANO
Universidade Estadual de Londrina (UEL)
Autores: A. S. OLAK 1; A. M. SUSUKI2, M. F. I. TOMIMATSU3;
M. R. URBANO4; R. R. PESCIM5

Resumo:
O surgimento da COVID-19, no final de 2019, alterou significativamente a rotina da
população ao redor do mundo. Sua rápida disseminação implicou demandas inéditas para a
gestão pública. O projeto de extensão da Universidade Estadual de Londrina BRData –
Brasil e Dados tem o objetivo de auxiliar essa demanda de apoio técnico à gestão pública
na análise de dados da COVID-19. Para isso, os dados relacionados à COVID-19 das
cidades que compõem duas Regionais de Saúde do Paraná, 16ª e 17ª, têm sido
sistematicamente levantados, analisados estatisticamente, georreferenciados, e os
resultados provenientes das análises são semanalmente apresentados às Secretarias de
Saúde dos municípios de Londrina e Arapongas, ambas cidades do Paraná. Além disso,
publicações científicas são produzidas e divulgadas nas redes sociais os boletins semanais
(https://www.facebook.com/BRDataBoletinsCovid19 e no instagram
@brdata_boletins_covid_19). Todas essas ações analíticas têm auxiliado a tomada de
decisões mais assertivas pelo poder público, de forma a minimizar custos humanos e
econômicos provocados pela pandemia da COVID-19, além de fortalecer vínculos público-
institucionais na produção científica e prestação de serviços à comunidade.

1
André Silva Olak, aluno do Doutorado em Arquitetura e Urbanismo da UEL, bolsista do NIGEP e
colaborador do Projeto BRDATA: Brasil em dados.
2
Aline Midori Susuki, aluna do Mestrado em Arquitetura e Urbanismo da UEL, bolsista CAPES e
colaboradora do Projeto BRDATA: Brasil em dados.
3
Maria Fátima Iwakura Tomimatsu, médica da Secretaria Municipal de Saúde/Vigilância Epidemiológica da
cidade de Londrina.
4
Mariana Ragassi Urbano, Docente do Departamento de Estatística, membro do programa de pós-graduação
em Arquitetura e Urbanismo da UEL/UEM e consultora do Projeto BRDATA: Brasil em dados.
5
Rodrigo Rosseto Pescim, Docente do Departamento de Estatística e Coordenador do Projeto BRDATA:
Brasil em dados.

1362
Palavras-chave: análises estatísticas; COVID-19; vacinação.

Introdução
O advento da pandemia de Sars-CoV2, comumente conhecida como COVID-19,
tornou-se uma das maiores crises sanitárias das últimas décadas, atingindo todos os
continentes, em diversas escalas geográficas. Pelo rápido avanço da disseminação do novo
vírus e gravidade dos pacientes infectados, a Organização Mundial da Saúde elencou como
pandemia global, em 11 de março de 2020, após três meses do primeiro caso ocorrido da
doença, que em 117 países já haviam confirmado um total de 125.048 casos e 46.130
óbitos.
Com o passar dos meses, muitas ocorrências ainda moldam o atual cenário
pandêmico, resultando em consequências imensuráveis na saúde pública, na economia,
dentre outros setores. Em meio ao caos, os impactos dessa doença se mostram muito além
da taxa de mortalidade, e ficam mais evidentes, as distopias e desigualdades estruturais
existentes entre os países (WILKINSON, 2020), e até mesmo entre cidades, que têm
enfrentado a pandemia de maneiras diferentes.
Diante do surgimento de novas cepas e inconstâncias geradas pela doença, após
mais de um ano de pandemia, os governos e tomadores de decisões dependem de estudos
mais detalhados e projeções para ditar os direcionamentos a serem tomados. Dessa
maneira, este estudo tem como objetivo fornecer subsídios técnicos e acadêmicos às
gestões em saúde das cidades de Londrina e Arapongas, ambas do Estado do Paraná.

Metodologia
Neste projeto, os dados de COVID-19 são disponibilizados pelas Secretarias de
Saúde das cidades de Londrina e Arapongas, sendo que, além destes, são coletados
também os dados dos boletins municipais das cidades que compõem duas Regionais de
Saúde do Paraná, 16ª e 17ª, e divulgados pela Secretaria da Saúde do Governo do Estado
do Paraná (https://www.saude.pr.gov.br/Pagina/Coronavirus-COVID-19).

1363
Dos números de casos diários de COVID-19, curados e óbitos (constantes dos
boletins municipais), são acrescidos os disponibilizados pelas Secretarias de Saúde que
incluem mais informações sobre os casos confirmados de COVID-19, como: idade, gênero,
data de início de sintomas, evolução (curados/óbitos), endereços dos casos confirmados e
situação vacinal.
A análise estatística dos dados é realizada usando-se o software R Core Team
(2021), e as análises espaciais são feitas por meio do georreferenciamento dos endereços
dos casos confirmados, cujos objetivos são de apresentar a configuração da doença, tal
como identificação das áreas mais acometidas, concentração de óbitos e locais de surtos. O
geoprocessamento dos dados é realizado no software ArcGis 10.6, em que são extraídos os
mapas que compõem as análises complementares.
A partir das análises estatísticas e dos mapas gerados, são realizadas reuniões
semanais com os membros do projeto de extensão BRData – Brasil e funcionários das
equipes técnicas das Secretarias de Saúde, e os resultados e interpretações são discutidos.

Desenvolvimento e processos avaliativos


O projeto de extensão tem contribuído, por meio das análises periódicas e
sistemáticas dos dados, para melhor compreensão das características intrínsecas da
COVID-19, bem como em estratégias de combate lideradas pelo poder público.
As análises estatísticas dos dados descrevem a evolução e o panorama atual da
infecção viral na população, sendo que os resultados envolvem o perfil de contágio, taxa de
reprodução (Rt), projeções de ocupação de leitos hospitalares e análises dos dados das
Regionais de Saúde do Estado do Paraná. A partir dos resultados das análises, é possível
direcionar estratégias públicas de combate à doença, como a definição de grupos
prioritários para vacinação e de restrições na mobilidade da população. As análises
espaciais, por sua vez, são capazes de evidenciar padrões espaciais da doença, como
incidência por bairros, padrões espaciais de incidência por grupos específicos (como por
faixa etária ou gênero) e análises integradas com demais problemas de saúde pública
concomitantes (como a dengue), indicando bairros com maior fragilidade social. Além das
informações fornecidas periodicamente por reuniões para as gestões municipais, boletins

1364
semanais de COVID-19 das cidades de Londrina, Arapongas, e das duas Regionais de
Saúde do Paraná, 16ª e 17ª, são publicados nas redes sociais Facebook e instagram
(https://www.facebook.com/BRDataBoletinsCovid19 e no instagram
@brdata_boletins_covid_19) como apresentado na Figura 1.

Figura 1: Exemplo de boletim da COVID-19 publicado nas redes sociais


(https://www.facebook.com/BRDataBoletinsCovid19 e no instagram
@brdata_boletins_covid_19).

Fonte: Os autores.

Duas publicações científicas já foram geradas a partir dos dados envolvidos na


execução do projeto de extensão: “Evolution of COVID-19 in Londrina (State of Paraná –
Brazil) between March and August of 2020”, (Susuki et al., 2021) e “Risk factors
associated with COVID-19-induced death in patients hospitalized in intensive care units
(ICUs) in a city in Southern Brazil”, artigo aceito pela revista Toxicology Reports em julho
de 2021.

Considerações Finais
O trabalho analítico do projeto com os dados da COVID-19 tem proporcionado
embasamento técnico para dimensionamento do status da pandemia e tomada de decisões
assertivas, em momentos delicados e inéditos de fragilidade social e na saúde pública, nos
municípios de Londrina e Arapongas, ambas cidades do Paraná. Ainda, destacam-se as
novas demandas proporcionadas pelas diferentes fases da pandemia, como o surgimento de
novas variantes e o avanço da vacinação, que reafirmam a necessidade da continuação do
projeto. Os resultados desta pesquisa têm contribuído, em curto prazo, para o avanço

1365
científico do combate à pandemia da COVID-19, principalmente, no fortalecimento de
vínculos público-institucionais.

Referências
R Core Team (2021). R: A language and environment for statistical computing. R
Foundation for Statistical Computing, Vienna, Austria. URL https://www.R-project.org/.
MANRIQUE-ABRIL et al. Modelo SIR de la pandemia de Covid-19 en Colombia. Rev.
Salud Pública, 2020.

SUZUKI, A. M., et al. Evolution of COVID-19 in Londrina (State of Paraná – Brazil)


between March and August of 2020. Semina Ciências Exatas e Tecnológicas, 2021.

WILKINSON, A. What is the impact of COVID-19 in informal settlements? London


School of Economics and Political Science – LSE 13 March 2020. 2020.

1366
PRÉ-NATAL E HUMANIZAÇÃO: INTERVENÇÃO PSICOSSOCIAL COM
GESTANTES E ENFERMEIROS NO ÂMBITO DO SUS

Área Temática: Saúde


Coordenadora da atividade: Luciana Suárez GRZYBOWSKI
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA)
Autores: A. V. P. PADILHA 1 ; L.S. GRZYBOWSKI²

Resumo:
A gestação é um período na vida da mulher que requer uma atenção especial, visto as
transformações e repercussões na saúde materna, fetal e familiar. Nesse sentido, o presente
projeto propõe duas ações centrais na direção da qualificação da assistência no período
gestacional: a realização de uma intervenção psicossocial com gestantes e familiares no
contexto do pré-natal no SUS, possibilitando trocas de experiências e uma discussão
ampliada sobre aspectos emocionais, familiares, sociais e culturais do ciclo gravídico-
puerperal, e a realização de um aprimoramento profissional sobre a temática com
enfermeiras que trabalham nesse contexto. Para tanto, ocorrem seis oficinas com gestantes
e curso de capacitação sobre pré-natal psicossocial para enfermeiros com seis encontros
temáticos, ambos na sede da Gerência Distrital do território docente assistencial da
UFCSPA. Ambas as ações contam com uma avaliação processual qualitativa e indicadores
quantitativos. Busca-se a consolidação desta proposta ampliada de pré-natal, assentada na
ideia de pré-natal psicossocial, trazendo benefícios diretos e indiretos à saúde do local, em
nível individual, conjugal, parental, familiar, social e comunitário.

Palavras-chave: Gestantes; Intervenção psicossocial; Pré-natal.

Introdução
O ciclo gestacional é um momento marcado por grandes transformações em nível
biopsicossocial. Para além de mudanças físicas e biológicas, a gestação caracteriza-se por

1
Aléxia Victória Pereira Padilha, aluna do curso de Psicologia da UFCSPA; ² Luciana Suárez Grzybowski,
professora do curso de Psicologia da UFCSPA

1367
um fenômeno psicossocial – o que exige estratégias e intervenções que deem conta desta
demanda. Contudo, na esfera da saúde pública, o pré-natal ainda centra-se no cuidado
físico da gestante e do feto. Dito isto, há a necessidade de desenvolver instrumentos no
âmbito do pré-natal que abordem temáticas psicossociais relacionadas a este período
(ARRAIS & ARAUJO, 2016; PICCININI et al., 2008). Assim, ações de saúde voltadas ao
ciclo gravídico-puerperal constituem-se como uma estratégia efetiva na promoção e
prevenção da saúde comunitária, com impacto positivo na qualidade de vida da gestante e
sua família.
Considerando os impactos de fatores psicossociais nos desfechos em saúde
perinatal e a necessidade da qualificação da assistência pré-natal no âmbito do SUS, o
projeto “E Lá Vem o Bebê: Conversando sobre as Transformações da Gravidez e do
Nascimento dos filhos na Família”, vem sendo realizado há 4 anos na região norte de Porto
Alegre/RS. Constituído, até o momento, por 6 oficinas com temáticas pré-estabelecidas,
realizadas com gestantes nas US do território.
Após esses anos de atuação neste contexto, observou-se que é também de grande
relevância fornecer subsídios teóricos e práticos para que enfermeiros que atuam no pré-
natal possam abarcar aspectos psicossociais nas suas ações, qualificando seu fazer e
alcançando autonomia nesta ação em relação à Universidade. Para tanto, a proposta atual
amplia as ações deste projeto, utilizando-se também do princípio norteador do SUS
Educação Permanente em Saúde (EPS), definida como um conjunto de ações educativas
que buscam alternativas para a transformação de práticas em saúde vivenciadas pelo
coletivo. Assim, o pré-natal é o momento adequado para desenvolver ações educativas que
utilizem como ferramentas o diálogo, o vínculo e a escuta da gestante e de seu
companheiro, podendo fortalecer o conhecimento e sanar dúvidas. Apesar de haver boa
cobertura, é evidente o pouco espaço que há para a abordagem de aspectos psicossociais e,
consequentemente, torna-se um entrave para a humanização do pré-natal (GOMES et al,
2015).
Para além do contexto das US e evidenciando a interdependência ensino-pesquisa-
extensão, é necessário destacar que o projeto de extensão nasceu de ações de ensino (PET
Rede Cegonha) e de pesquisa (realizadas no contexto do projeto, resultando em dois

1368
trabalhos de conclusão de curso - inclusive com artigos publicados), reverberando na
necessidade de uma ação de extensão, que após quatro anos foi aprimorada e ampliada. Em
relação à pesquisa, houve a associação de duas mestrandas, que estão avaliando a
qualidade da intervenção e as concepções e práticas dos enfermeiros da região sobre o pré-
natal. Referente ao ensino, disponibilizou-se a disciplina eletiva "Novas abordagens no
Pré-Natal: ampliando o olhar sobre a saúde materno infantil" em 2020/2, ministrada para
alunos da Psicologia, Enfermagem e Medicina da UFCSPA.
Assim, considerando as demandas da comunidade, este projeto tem por objetivo
aplicar e avaliar uma intervenção que inclua aspectos psicossociais, familiares, culturais e
de direitos com gestantes e aprimorar o conhecimento de enfermeiros na realização de um
programa de Pré-Natal que englobe esses aspectos.

Metodologia
O projeto é executado presencialmente na Gerência Distrital de Saúde Eixo Norte
Baltazar (GDNEB) e conta com dois cenários e dois públicos-alvo.
O grupo de gestantes atinge 13 gestantes usuárias de 7 US distintas. A intervenção
psicossocial é composta por seis oficinas temáticas de discussão com gestantes, com
duração de 2 horas cada encontro, de periodicidade semanal. Nestes encontros, existem três
momentos distintos: a) apresentação do tema e estímulo ao assunto dentro do grupo; b)
discussão do tema feito por meio de dinâmicas, vídeos, textos e imagens, articuladas com
opiniões, experiências e informações trazidas pelo grupo acerca da temática em questão; e
c) momento de relaxamento e avaliação do encontro.
Quanto ao curso de aperfeiçoamento, tem-se como público-alvo os enfermeiros da
gerência distrital diretamente envolvidos com a política de pré-natal. O curso possui seis
encontros temáticos, com duração de três horas cada, totalizando a carga horária de dezoito
horas. Conforme acordado com a gerência, os enfermeiros são liberados em horário de
trabalho para a capacitação e ao término do mesmo receberão um certificado de curso de
extensão.

1369
Desenvolvimento e processos avaliativos
No âmbito das oficinas com as gestantes, os encontros estão organizados em: 1 –
Estar grávida: compreendendo esse novo momento; 2 – Mãe e bebê: vinculação e mitos da
maternidade; 3 – Relações conjugais: as mudanças na relação do casal com a chegada do
filho; 4 – Parentalidade: tornar-se mãe e pai; 5 – Rede de apoio: família, comunidade e
direitos das gestantes; 6 – Integração sociofamiliar e fechamento. Trabalha-se numa
perspectiva interacionista, por meio de metodologias ativas participativas, partindo das
experiências das participantes e construindo um diálogo exponencialmente crescente em
aprofundamento teórico-vivencial. Dessa forma, espera-se contribuir com uma melhor
vivência do período.
Em relação ao curso de aperfeiçoamento, os temas que serão trabalhados são os
seguintes: 1. O enfermeiro e o pré-natal: compreendendo a mulher gestante; 2. O pré-natal
psicossocial: aspectos significativos; 3. Mãe e bebê: vinculação e mitos da maternidade; 4.
Relações conjugais e parentais: as mudanças na relação do casal com a chegada do filho; 5.
Promovendo saúde mental na família: o enfermeiro ajudando no desenvolvimento de
competências emocionais e parentais; 6. Aspectos presentes na maternidade e as relações
com o ambiente da gestante. A proposta é trabalhar numa perspectiva de metodologias
ativas, partindo da experiência dos trabalhadores no campo e na assistência direta das
usuárias gestantes, realizando uma capacitação teórico-prática, contribuindo com a
qualificação do pré-natal e da atenção integral à saúde da mulher.
No que tange à pesquisa e ensino, o presente projeto de extensão impacta de forma
positiva a formação dos alunos participantes no âmbito das políticas públicas, do pré-natal,
do SUS e da ética do cuidado. O projeto possibilita, ainda, uma ampliação da visão de
atuação do psicólogo, pois integra aspectos clínicos e comunitários em psicoeducação.

Considerações Finais
Em fase de implementação, espera-se obter como resultado uma melhor vivência da
gravidez e puerpério, no grupo de gestantes, bem como a ampliação da atuação na atenção
à saúde da mulher, com uma visão biopsicossocial. No que se refere aos ganhos

1370
acadêmicos, ressalta-se a possibilidade de integração de aspectos clínicos e sociais a partir
das intervenções.

Referências
ARRAIS, A. da R; ARAUJO, T. C. C. F. de. Pré-Natal Psicológico: perspectivas para
atuação do psicólogo em Saúde Materna no Brasil. Rev. SBPH, Rio de Janeiro, v. 19, n.
1, p. 103-116, jun. 2016. Disponível em
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-
08582016000100007&lng=pt&nrm=iso.

GOMES, C. B. de A; DIAS, R. S; SILVA, W. G. B; PACHECO, M. A. B; SOUSA, F. G.


M; LOYOLA, C. M. D. Prenatal Nursing Consultation: Narratives of Pregnant Woman na
Nurses. Texto & Contexto - Enfermagem [online]. 2019, v. 28, e20170544. Disponível
em: https://doi.org/10.1590/1980-265X-TCE-2017-0544.

PICCININI, C. A; LOPES, R. S; GOMES, A. G; NARDI, T. de. Gestação e a constituição


da maternidade. Psicologia em Estudo [online]. 2008, v. 13, n. 1, pp. 63-72. Disponível
em https://doi.org/10.1590/S1413-73722008000100008.

Financiamento:
PROBEXT /UFCSPA

1371
PREVENÇÃO E COMBATE À OBESIDADE INFANTIL ATRAVÉS DE
PROJETOS DE EXTENSÃO NO NORTE PIONEIRO DO PARANÁ

Área temática: Saúde


Coordenador(a) da atividade: Berlis RIBEIRO DOS SANTOS MENOSSI
Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP)
Autores: G. YAMASHITA 1; I. BOZELLI 2; C. C. DE CAMARGO 3 ; G. S H. SANTOS 4;
M. E. L. CUENCA 5; B. R. S. MENOSSI 6.

Resumo:
A obesidade infantil é uma doença inflamatória crônica, caracterizada pelo acúmulo
excessivo de gordura corporal. Segundo IBGE em 2010, 33,5% das crianças brasileiras
entre 5 e 9 anos apresentavam excesso de peso, sendo de extrema importância a
intervenção precoce, que pode ser realizada através de Projetos de Extensão. Este trabalho
busca levar à comunidade resultados de projetos anteriores, disseminar informações sobre
os riscos da obesidade infantil, orientações sobre a prática de atividade física, alimentação
saudável e combate ao COVID-19, além de quantificar seu alcance através das Mídias
Sociais. Nos projetos anteriores os participantes foram avaliados longitudinalmente com
intuito de prevenir doenças crônicas, levantando o perfil de saúde das crianças, além de
informar a comunidade envolvida por meio das páginas “Saúde da Criança” sobre os
desfechos obtidos na execução dos projetos. Atualmente, realiza-se a disseminação de
informações à população por meio das páginas “Saúde da Criança” (Facebook e
Instagram), e elaboração de e-books e concursos. Notou-se o aumento do excesso de peso
de 2015 (31%), para 2019 (44,2%), contribuindo para o desenvolvimento de Projeto de Lei
Municipal. Foram realizadas 68 postagens nas páginas “Saúde da Criança”, obtendo-se um
crescimento de 25,2% no número de seguidores, atingindo diversas regiões e estados do
país, além dos profissionais envolvidos. O projeto vem alcançando seus objetivos

1
Gabriel Yamashita, Aluno, Bacharelado em Fisioterapia.
2
Isabela Bozelli, Aluna, Bacharelado em Fisioterapia.
3
Caroline Coletti de Camargo, Mestranda em Ciências do Movimento, Bacharelado em Fisioterapia.
4
Gabriel Sgotti Hanczaryk dos Santos, Aluno, Bacharelado em Fisioterapia.
5
Maria Eduarda Lucas Cuenca, Aluna, Bacharelado em Fisioterapia.
6
Berlis Ribeiro dos Santos Menossi, Servidora Docente, Doutorado em Atividade Física Adaptada
(UNICAMP), Bacharelado em Fisioterapia e Educação Física.

1372
incentivando o desenvolvimento de programas públicos de saúde, disseminando os riscos
da obesidade infantil e estimulando um estilo de vida saudável através de novas ações e
notando a aderência pelo crescimento de seguidores.

Palavras-chave: Obesidade Infantil; Saúde da Criança; Saúde Pública.

Introdução
A obesidade infantil é uma doença metabólica inflamatória crônica, de etiologia
multifatorial envolvendo causas como predisposições genéticas, hormonais e de fatores de
riscos adquiridos, como a má alimentação, sedentarismo e excesso de peso corporal. A
obesidade é caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal colaborando para o
desenvolvimento de doenças metabólicas crônicas, sendo estas as principais causas de
óbito no mundo (GREYDANUS et al.,2018; HENRIQUES et al., 2018; CARDOSO et al.,
2021).
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em
2010, 33,5% das crianças brasileiras entre 5 e 9 anos apresentavam excesso de peso, sendo
de extrema importância a intervenção precoce, a qual pode ser realizada através de Projetos
de Extensão na área, como vem sendo desenvolvido há alguns anos na região do Norte
Pioneiro do Paraná, uma vez que notou-se um aumento crescente na prevalência da
obesidade infantil entre os anos de 2015 a 2019 (SANTOS et al., 2020).
Diante disto, este projeto tem como objetivo levar à comunidade resultados
importantes de projetos anteriores, disseminar informações baseadas em evidência sobre os
riscos da obesidade infantil, assim como orientações sobre a prática de atividade física
regular, alimentação saudável e prevenção e combate ao COVID-19. Utilizando as Mídias
Sociais Facebook e Instagram “Saúde da Criança” como meio de propagação das
informações, além de quantificar o alcance destas informações por meio de métricas.

Metodologia
O projeto de extensão atualmente desenvolvido é intitulado “Prevenção da
Obesidade Infantil Durante e Após a Pandemia” realizado com apoio da Fundação

1373
Araucária (FA) através do Programa Institucional de Bolsas de Extensão Universitária
(PIBEX). Tal projeto foi aprimorado e reformulado com base em projetos desenvolvidos
desde 2013 por meio do Grupo de Estudos e Pesquisas em Atividade Física e Saúde
(GEPAFS), são eles: “Saúde da Criança: Conscientização de Todos” (2013-2016), CAAE:
UNICAMP: 0971313.0.0000.5404, “Saúde da Criança” (2016-2017) “Obesidade Infantil e
Saúde” (2018) e “Obesidade? Tô Fora!” (2019-2020), todos em parceria com as Secretarias
Municipais de três cidades do Norte Pioneiro do Paraná.
Nos projetos anteriores os participantes foram avaliados longitudinalmente, sendo
estes escolares de 6 a 9 anos. Foi analisado e trabalhado com os dados biométricos, de
maturação, testes de coordenação motora, aptidão física e avaliação sanguínea com intuito
de prevenir doenças crônicas, levantando o perfil de saúde das crianças possibilitando a
orientação de atividade física regular, alimentação equilibrada, níveis controlados de
pressão arterial sistêmica, e proporcionando mudanças de comportamento promovendo
condições saudáveis. Além de informar a comunidade envolvida por meio das páginas
“Saúde da Criança” medidas educativas, preventivas e de controle contra a obesidade
infantil, publicando resultados estatísticos embasados nos desfechos obtidos durante os
anos de execução dos projetos, com discussões da literatura de forma objetiva e clara o que
facilita a formação de agentes multiplicadores auxiliando nos programas de saúde pública.
O projeto atual realiza em face de pandemia, a disseminação de informações
baseadas em evidência à população por meio das mídias sociais Facebook e Instagram
“Saúde da Criança”, com base em resultados importantes de projetos anteriores, realizando
publicações semanais a respeito dos riscos da obesidade infantil, brincadeiras lúdicas de
maior gasto energético, receitas saudáveis e gostosas, além de orientações sobre prevenção
e combate ao COVID-19. Tem como objetivo também a produção de dois e-books sendo
um deles de atividades físicas e outro resultante de um Concurso de Receitas Saudáveis e
Gostosas, que será proposto às Escolas Municipais das cidades participantes, sendo este
realizado de maneira remota, respeitando as normas de saúde de prevenção ao COVID-19.
Todo o processo de alcance das publicações e o crescimento das páginas nas mídias
sociais são analisados através das métricas disponibilizadas gratuitamente nas plataformas.

1374
Desenvolvimento e processos avaliativos
Com os dados analisados longitudinalmente desde os projetos anteriores foi
possível notar o aumento do excesso de peso (sobrepeso + obesidade), sendo este de 31,4%
em 2015 e 44,2% em 2019. O que contribuiu para o encaminhamento de programas de
saúde para votação como Projeto de Lei Municipal beneficiando a população como um
todo.
Além disso, as páginas de Facebook e Instagram nas quais já foram realizadas
cerca de 68 postagens informativas e preventivas, obtiveram uma média de crescimento de
25,2% no número de seguidores durante a vigência do projeto atual, atingindo pessoas de
diversas regiões e estados do país, principalmente da região Norte Pioneiro do Paraná
(26,6% no Facebook e 31,5% no Instagram), além dos acadêmicos e profissionais que
colaboram na produção destes materiais, uma vez que estes buscam trazer conteúdos
inéditos extraídos de fontes científicas de alta qualidade.

Considerações Finais
Conclui-se que o Projeto atual vem alcançando seus objetivos informando a
população sobre os resultados de Projetos anteriores, retornando dados às Secretarias
Municipais que incentivam o desenvolvimento de programas públicos de saúde. Além de,
realizar a disseminação dos riscos da obesidade infantil por meio de informações baseadas
em evidência, estimulando as crianças a adotarem um estilo de vida mais saudável com a
prática de atividade física regular, dicas de alimentação saudável, elaboração de e-books e
realização de concurso nas Escolas Municipais. Além disso, nota-se que há aderência em
relação ao conteúdo das páginas sendo verificada através das taxas de crescimento no
número de seguidores (25,2%) principalmente de pessoas do Norte Pioneiro do Paraná
(26,6% no Facebook e 31,5% no Instagram), o que contribui para formação de agentes
multiplicadores em saúde por meio da mídia digital principalmente em face de pandemia.

Referências:
BRASIL. IBGE. Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009: antropometria e estado
nutricional de crianças, adolescentes e adultos no Brasil, 2010.

1375
CARDOSO, L. S. M.; TEIXEIRA, R. A. et al. Premature mortality due to non-
communicable diseases in Brazilian Municipalities estimated for the three-year periods of
2010 to 2012 and 2015 to 2017. Revista Brasileira de Epidemiologia, v. 24, 2021.

GREYDANUS, D. E; AGANA, M. et al. Pediatric Obesity: Current Concepts. Disease-a-


Month, v. 64, 2018.

HENRIQUES, P.; O’DWYER, G. et al. Políticas de Saúde e de Segurança Alimentar e


Nutricional: desafios para o controle da obesidade infantil. Ciência e Saúde Coletiva,
v.23, n.12, 2018.

DOS SANTOS, G. S. H.; DE CAMARGO, C. C.; DOS SANTOS MENOSSI, B. R.


Projeto de extensão universitário no combate a obesidade infantil através das mídias
sociais em face de pandemia por COVID-19: Um estudo transversal. Brazilian Journal of
Development, v. 6, n. 9, 2020.

Instituição Financiadora:
Fundação Araucária (FA)

1376
PROFISC – PROMOVENDO QUALIDADE DE VIDA

Área temática: Saúde


Coordenador da atividade: Alessandro GUEDES
Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB)
Autores: A. GUEDES 1; I. CERATTI FOLETTO 2; R. MOREIRA 3; S. NEMETZ 4.

Resumo:
A construção da aliança entre o homem e as espécies vegetais se desenvolveu
paralelamente à gênese da humanidade, sustentando-se a partir de aspectos culturais,
históricos e políticos. As civilizações, a partir da experimentação, acumularam saberes
acerca do emprego das plantas nos processos de cura, alimentação, arte e subsistência.
Nesse sentido, o objetivo do presente projeto de extensão diz respeito à atuação na
promoção da saúde por meio do resgate, da conservação e do uso adequado da terapêutica
a partir das plantas medicinais. Para tanto, utiliza-se de metodologias ativas, materializadas
a partir de rodas de conversa (15), oficinas participativas (9) e atendimentos em saúde
mental (7). A aplicação das propostas do projeto se desdobrou em avaliações positivas por
parte da equipe proponente e dos participantes. Atestou-se notável interesse popular no
envolvimento com a disseminação e a promoção das práticas integrativas nos espaços
sociais de maneira plural. Além disso, apontou-se para a necessidade de viabilização das
práticas integrativas nos serviços de atenção à saúde no Brasil.

Palavras-chave: práticas integrativas; saúde; comunidade.

Introdução
A aplicação das plantas medicinais como prática curativa se constitui como saber
histórico, remontando às raízes da medicina e sendo sustentada a partir de tradições
populares e orais de forma geracional (BRASIL, 2005b). Historicamente, a prosperidade
1
Alessandro Guedes, servidor docente de Farmácia da FURB.
2
Isadora Ceratti Foletto, aluna do 2º semestre de Psicologia da FURB e bolsista de extensão.
3
Roseli Moreira, servidora docente de Artes Visuais da FURB.
4
Stella Maris Martins Cruz Castelo de Souza Nemetz, servidora docente de Arquitetura e Urbanismo da
FURB.

1377
da medicina subjugou esse procedimento à alopatia, cenário que a ciência e as políticas
atuais de saúde buscam reverter a partir do retorno ao uso das plantas medicinais pelo
corpo social (FEIJÓ et al., 2012). Nesse cenário, a universidade, a partir de seus três pilares
de formação - ensino, pesquisa e extensão - firma seu compromisso com a produção
científica por meio de pesquisas e projetos (GLAT e PLETSCH, 2004).
O presente projeto ancora-se na tríade constitutiva da universidade para atuar como
iniciativa de continuidade e fortalecimento das políticas públicas voltadas à reafirmação
das práticas integrativas, tais como: ações individuais e coletivas relativas às PICs;
veiculação de informações buscando a produção do autocuidado; incentivo à criação de
espaços de inclusão social, com ações que ampliem o sentimento de pertinência social nas
comunidades, por meio das ações individuais e coletivas (BRASIL, 2008).
Para tanto, conta-se com a atuação do corpo docente - 3 professores coordenadores
das áreas de Farmácia, Artes Visuais e Arquitetura e Urbanismo - e discente - 14 bolsistas
voluntários e 1 bolsista extensionista -, para além da participação ativa da comunidade a
partir das hortas comunitárias.
Nesse sentido, o presente projeto objetiva o resgate das práticas das medicinas
tradicionais e a preservação desses saberes milenares nas dinâmicas contemporâneas,
promovendo a fitoterapia e as artes na atenção à saúde e, também, atuando como suporte
no planejamento e desempenho de hortas medicinais e alimentícias.

Metodologia
O presente projeto se faz valer de metodologia ativa voltada à abordagem
comunicativo-crítica para a concretização dos objetivos previstos, ocorrendo de maneira
virtual e presencial. O percurso metodológico da iniciativa se desenvolve a partir de rodas
de conversa, oficinas participativas, assessorias técnicas às hortas medicinais e alimentícias
e atendimentos grupais e individuais. As atividades se desenvolvem para além do cenário
universitário, concretizando-se em espaços externos como as Estratégias de Saúde da
Família de Blumenau e o Ambulatório Geral da Fortaleza, onde são realizadas as
assessorias técnicas das hortas medicinais.

1378
Virtualmente, utilizou-se as plataformas Microsoft Teams e Instagram.
Presencialmente, em oportunidades como oficinas, utilizou-se câmera filmadora para
registro e transmissão, telas, papel reciclado, pincéis, tintas naturais, aparelho projetor de
slides e amostras de plantas medicinais e alimentícias.
As etapas para a execução das propostas consistem em: análise conjunta das
demandas acerca das temáticas trabalhadas, recorte do tema em específico a ser abordado
na atividade em questão, divulgação da atividade nas mídias sociais e espaços internos e
externos à comunidades, execução da proposta e avaliação dos resultados a partir de
reuniões internas e de mecanismos como questionários respondidos pelos participantes.

Desenvolvimento e processos avaliativos


As ações promovidas pelo presente projeto estão descritas no quadro abaixo:

Quadro 1 - Detalhamento das ações desenvolvidas pelo projeto.

Ação Quantidade Descrição

3 (Ambulatório Geral da Momentos de formação conjunta


Fortaleza, ESF Alfredo Hoess, aos agentes comunitários a
Assessorias ESF Nair Neves Pereira e ESF respeito da execução e
Gustavo Tribess) manutenção das hortas.

4 (atendimento grupal) Espaço de escuta e acolhimento


Atendimento em saúde mental 3 (atendimento individual) dentro do contexto das práticas
individual e em equipe. integrativas.

Espaços de trocas horizontais de


7 (Arteterapia) conhecimento e de reafirmação
Oficinas participativas 2 (Fitoterapia) das práticas integrativas a partir da
ponte universidade-comunidade.

15 Debate de temas em saúde junto à


Rodas de conversa comunidade, com momentos de
meditação e acolhimento.
Fonte: Os autores (2021)

A partir desse contexto, ponderou-se que no ano de 2020 o projeto contou com a
participação direta de 643 pessoas (comunidade interna e externa à universidade), valor

1379
obtido a partir da compilação do número de participações e visualizações das atividades do
mesmo ano. O impacto social do projeto é avaliado a partir do retorno positivo recebido do
corpo social e das parcerias firmadas com entidades como a Sociedade Brasileira de
Farmacognosia e a Associação Catarinense de Plantas Medicinais, consolidando o
compromisso com as temáticas propostas. Ademais, de acordo com a seção Dimensão
SINAES do Relatório de Projeto de Extensão de Ação Contínua do PROFISC (2020), as
atividades do projeto de extensão propiciam integração acadêmica aos discentes
envolvidos a partir do diálogo com as disciplinas relacionadas à iniciativa, de estágios na
área e da participação nas ações do projeto.

Considerações Finais
A partir da análise dos dados levantados acima, infere-se que o presente projeto
alcançou os objetivos propostos à medida que foi capaz de promover ações no sentido do
resgate e da reafirmação do conhecimento popular e das artes na atenção à saúde. As
atividades desenvolvidas atuaram na manutenção do vínculo entre universidade e
comunidade, oferecendo escuta e apoio às demandas sociais e possibilitando relação
dialética com os espaços de promoção de saúde a nível regional.

Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Práticas Integrativas e
Complementares no SUS - PNPIC-SUS. Brasília: Ministério da Saúde, 2005. 91p.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS nº 2.960, de 9 de dezembro de 2008.


Aprova o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos e cria o Comitê
Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. Disponível em:
Http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2008/pri2960_09_12_2008.html>. Acesso
em: 01 ago. 2021.

FEIJÓ, A.M. et al. Plantas medicinais utilizadas por idosos com diagnóstico de Diabetes
mellitus no tratamento dos sintomas da doença. Revista Brasileira de Plantas
Medicinais, [s.l.], v. 14, n. 1, p.50-56, 2012.

Fundação Universidade Regional de Blumenau. Relatório - Projeto de Extensão de Ação


Contínua. Blumenau; 2019.

1380
GLAT, R.; PLETSCH, M. D. O papel da universidade frente às políticas públicas para
educação inclusiva. Benjamin Constant, n. 29, 22 mar. 2017.

Instituição financiadora:
Fundação Universidade Regional de Blumenau

1381
EXPERIÊNCIA EXTENSIONISTA EM TEMPOS DE COVID-19: O PROGRAMA DE
EXTENSÃO CUIDANDO DA FARMÁCIA CASEIRA

Área Temática: Saúde


Coordenadora da atividade: Kellen Cristhinia Borges DE SOUZA
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA)
Autores: M. V. M. NUNNENKAMP 1; M. S. LUCCA 2; A.P. ANDRADE 3; E.S. RAMIRES 4

Resumo:
O Programa de Extensão Cuidando da Farmácia Caseira visa a promoção do uso racional de
medicamentos e o uso correto de plantas medicinais. Com a pandemia de COVID-19 foi
necessária a organização de ações à distância de forma rápida e produtiva, readequando a
forma de trabalho para manter o vínculo estabelecido com os beneficiários. As redes sociais
tornaram-se a principal ferramenta de trabalho em extensão. Além dos temas trabalhados pelo
Programa foram abordados: o cuidado com os medicamentos e o uso de plantas medicinais
aliados a informações e cuidados de prevenção ao coronavírus. Vídeos orientativos sobre a
prevenção do contágio pelo COVID-19 foram produzidos para pacientes e seus familiares
hospedados na Casa de Apoio Madre Ana. Em evento pelo youtube foram abordados temas
relacionados ao coronavírus e sua interface com uso e acesso de medicamentos e saúde
mental.

Palavras-chave: farmácia caseira; uso racional de medicamentos; plantas medicinais;


COVID-19.

Introdução
O Programa de Extensão Cuidando da Farmácia Caseira é um programa
multidisciplinar que visa a promoção do uso racional, guarda e descarte adequado de
medicamentos e o uso correto e seguro de plantas medicinais. As ações do Programa
iniciaram-se em 2012, e atualmente participam estudantes dos cursos de Biomedicina,
Farmácia, Enfermagem e Toxicologia Analítica, atuando no planejamento e na execução de
atividades de cuidado e promoção à saúde, e no desenvolvimento de materiais voltados à
educação em saúde, elaborados juntamente com a comunidade.

1
Martha van den Mosselaar Nunnenkamp, aluna do curso de Biomedicina.
2
Martina Salini Lucca, aluna do curso de Farmácia.
3
Ana Paula Andrade, aluna do curso de Farmácia.
4
Emanuelle Silva Ramires, aluna do curso de Farmácia.

1382
O Programa habitualmente desenvolvia ações educativas para os usuários e equipes
de Unidades de Saúde e Farmácia Distrital da Zona Norte de Porto Alegre, pacientes, em
tratamento na Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, e seus familiares hospedados na
Casa de Apoio Madre Ana, e comunidade interna da Universidade Federal de Ciências da
Saúde de Porto Alegre (UFCSPA). Com a pandemia de COVID-19 foi necessária a
organização de atividades à distância de forma rápida e produtiva, readequando a forma de
trabalho da equipe do programa para manter o vínculo já estabelecido com os beneficiários.
O presente trabalho tem como objetivo apresentar ações do Programa de Extensão Cuidando
da Farmácia Caseira no momento da pandemia de COVID-19

Metodologia
As reuniões de equipe, que ocorriam de modo presencial, aconteceram mensalmente
pela plataforma Google Meet, permitindo com que a equipe compartilhasse dúvidas, ideias e
organizasse as ações. As redes sociais Facebook (@cuidandodafarmaciacaseira), Instagram
(@farmaciacaseira) e WhatsApp tornaram-se a principal ferramenta de trabalho em extensão.
A produção de materiais para as redes sociais contou com temas que abordassem o cuidado
com os medicamentos e o uso de plantas medicinais aliados a informações e cuidados de
prevenção ao coronavírus. As publicações tiveram como tema desmistificar algumas
situações como preparação de álcool em gel 70% de forma caseira, higienização de mãos, uso
de medicamentos sem comprovação científica, uso inadequado de plantas medicinais para
profilaxia e tratamento da infecção pelo novo coronavírus. As postagens foram baseadas nas
demandas dos seguidores, através de enquetes e caixas de perguntas nos stories do Instagram.
Com diálogo constante com a equipe da Casa de Apoio Madre Ana optou-se por planejar
novas formas para manter o vínculo com os hóspedes da Casa. Foram produzidos e enviados
materiais, principalmente vídeos orientativos e com conteúdo relevante para a prevenção do
contágio pelo COVID-19. Anualmente, o programa realiza, no mês de maio, um evento na
Semana do Uso Racional de Medicamentos (URM). Foi realizado evento online pelo
Youtube da UFCSPA com o tema “Uso racional de medicamentos e medicalização da saúde
mental na pandemia”. O evento contou com a participação de farmacêutica, médico da

1383
família e psicóloga que abordaram temas relacionados ao coronavírus e sua interface com uso
e acesso de medicamentos e saúde mental.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Através das redes sociais obtivemos interação e atingimos pessoas da comunidade
interna e externa da UFCSPA. Nossas postagens foram produzidas utilizando linguagem fácil
e acessível, colaborando para o entendimento de todas e qualquer pessoa interessada no
assunto. No perfil no Instagram os seguidores são de Porto Alegre e de outras cidades do Rio
Grande do Sul, principalmente mulheres, de 18 a 34 anos. O perfil tem um total de 1.040
interações, como curtidas, comentários, salvamentos e compartilhamentos em nossas
publicações em nosso perfil e story. As publicações realizadas no feed do perfil têm maior
alcance em comparação às demais ações no perfil, como vídeos e stories. Todo conteúdo
postado no Instagram também é compartilhado no Facebook, onde atingimos pessoas acima
de 34 anos. Foram produzidos quatro vídeos com temas sobre os cuidados com o coronavírus,
lavagem de mãos, uso e descarte de máscaras e comemorativo ao aniversário da Casa de
Apoio Madre Ana. O evento realizado em maio tem atualmente 1.448 visualizações.

Considerações Finais
Durante o período da pandemia a equipe do programa percebeu ter desenvolvido a
sensibilidade para reconhecer dúvidas e necessidades da população, e, assim, desenvolver
materiais informativos, sempre visando a facilitar a receptividade e a compreensão do público
leigo. A criticidade e a habilidade em obter informações confiáveis e que podem estimular o
desenvolvimento do raciocínio científico foram trabalhadas por parte da equipe durante a
elaboração de materiais informativos, buscando se familiarizar com as redes sociais utilizadas
e seus meios para alcançar um maior público, bem como explorar conhecimentos sobre
design para mídia social. Observou-se a capacidade de adaptação à uma nova realidade,
estímulo à criatividade e necessidade de organização, oportunizando análise crítica e reflexão
sobre o contexto para promover ações extensionistas conectadas com o momento. Tais
experiências terão impacto na formação de profissionais da saúde engajados no seu

1384
compromisso social e cidadão. O compartilhamento do conhecimento científico, adquirido
pelos alunos extensionistas, com a população e a ampliação do contato com o público-alvo do
programa, através do aumento do número de postagens, demonstraram a importância das
mídias sociais na disseminação de materiais voltados para educação em saúde.

1385
PROGRAMA DE EXTENSÃO SAÚDE E EQUILÍBRIO

Área Temática: Saúde


Coordenador(a) da atividade: Kiciosan BERNARDI GALLI.
Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC).
Autores: Letícia STAKE SANTOS 1; Renata MENDONÇA RODRIGUES 2; Kiciosan
BERNARDI GALLI3.

Resumo:
Na política de saúde brasileira, desde 2006 há um olhar mais detalhado para as Práticas
Integrativas e Complementares (PIC), com o foco em um estilo de vida saudável e na
diminuição do estresse, depressão e outras morbidades decorrentes do mundo
contemporâneo. O Ministério da Saúde publicou orientações para o resgate do saber
popular e das tradições populares no uso de fitoterapia, bem como autorizou diversas PICs
no Sistema Único de Saúde. Nesta perspectiva, este Programa de Extensão tem o objetivo
geral voltado a promover ações envolvendo as PICs na região Oeste Catarinense, com
atividades que vão ao encontro do preconizado pelo Ministério da Saúde, abordando os
temas de Plantas Medicinais, Dança Circular Sagrada e Turismo Holístico em encontros no
formato de oficinas, rodas de conversa e vivências. O envolvimento dos profissionais de
saúde e da comunidade foi produtivo e impactou positivamente na saúde da população
atendida através dos relatos das mesmas, bem como com a implantação de duas Rotas
Turísticas: Caminhos aromas e Chás e Cicloturismo Velho Oeste, o Oeste catarinense
entrou para o mapa turístico e com isso fortaleceu a agricultura familiar da região.

Palavras-chave: Extensão Universitária; Práticas Complementares; Enfermagem.

1
Letícia Stake dos Santos, aluno [graduação em enfermagem UDESC].
2
Renata Mendonça Rodrigues, servidor docente [UDESC].
3
Kiciosan Bernardi Galli, servidor docente [UDESC].

1386
Introdução
Desde a antiguidade o ser humano mantém a preocupação com o controle das
doenças, melhoria do ambiente físico, provisão e abastecimento de água e alimentos. Para
cuidar da saúde, recorriam a elementos naturais, como as plantas (Galli et al., 2019).
Os cuidados de saúde não reconhecidos pela medicina convencional são designados
no Brasil pelo termo Prática Integrativa e Complementar (PIC) e estão divididas em quatro
categorias, conforme o National Center for Complementary and Alternative Medicine:
produtos naturais, medicina corpo-mente, práticas manipulativas e baseadas no corpo, e
outras práticas e sistema médicos não ocidentais (TESSER, 2018, BRASIL, 2015). A
Organização Mundial de Saúde (2002), dita que as PICs se referem às terapias com
medicamentos à base de ervas, partes de animais e/ou vegetais e minerais e também as
terapias sem medicação, como Acupuntura, Terapias Manuais e terapias Espirituais.
Compreendem crenças e práticas terapêuticas de atenção à saúde não alopática, holística e
estabelecendo a confiança e vínculo terapeuta/usuário (GALLI et al., 2019). Os motivos de
se estudar e utilizar as PICs são à valorização da relação paciente e profissional da saúde, o
olhar integral do ser humano e o enfoque na promoção da saúde (TESSER, 2018).
Em 2006, o Ministério da Saúde (MS) aprova a Política Nacional de Práticas
Integrativas e Complementares (PNPIC), com objetivo de incorporar e implementar as
PICs no Sistema Único de Saúde (SUS). Atualmente 29 PICs podem ser ofertadas no SUS.
Neste cenário de PICs no SUS, este programa objetivou promover o uso das PICs
através de sensibilizações e acesso às práticas de Dança Circular Sagrada, Plantas
Medicinais e Fitoterápicos, além de promover o turismo holístico na região Oeste de SC.

Metodologia
Este programa conta com dois docentes da UDESC, quatro bolsistas com dez
horas/semanais e 17 acadêmicos voluntários com oito horas/semanais. Tem parceria da
Assembleia Legislativa de Santa Catarina (ALESC), Polícia Militar de Santa Catarina
(PMSC), Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina
(EAPGRI), Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) e a Prefeitura de Cunha Porã.
Estruturado em três ações: 1. Resgatar o saber popular sobre Plantas Medicinais; 2.

1387
Instituir o Turismo Holístico no Oeste catarinense; 3. Promover a Dança Circular Sagrada.
Foram ofertadas oficinas, rodas de conversa e vivências em grupo na forma híbrida (on
line e presencial). Aproximadamente 3.000 pessoas beneficiadas (discentes da
enfermagem, pessoas da comunidade e profissionais de saúde). Prima-se pela
indissociabilidade da extensão, ensino e pesquisa e está vinculada a três disciplinas da
graduação em enfermagem, que abordam as PICs, educação popular e meio ambiente, e
ainda permitiu a elaboração de trabalhos de conclusão de curso na linha do cuidado em
saúde com as PICs.

Desenvolvimento e processos avaliativos


A Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos visa “garantir aos
brasileiros o acesso seguro e o uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos,
promovendo o uso sustentável da biodiversidade, o desenvolvimento da cadeia produtiva e
da indústria nacional“ (BRASIL, 2015, p. 20). A OMS estima que 80% da população de
países em desenvolvimento usam plantas medicinais para tratar problemas simples, mas
nem sempre ocorre de forma segura (BRASIL, 2015).
As Plantas Medicinais remetem aos conhecimentos ancestrais, que constituíram os
saberes sobre o tema no nosso país. Nas regiões do Brasil, é marcante o uso de Plantas
Medicinais, exigindo dos profissionais o reconhecimento de seu uso no contexto histórico
e cultural. Conforme o MS, a Planta Medicinal é toda “espécie cultivada ou não, utilizada
com propósitos terapêuticos” (BRASIL, 2015, p. 96). Para resgatar o saber popular e
compartilhá-lo com profissionais de saúde, realizou-se sensibilizações e capacitações com
estes profissionais que atuam na Atenção Básica dos municípios do oeste de SC, além de
apoiar a implantação de hortos medicinais vinculados ao SUS.
A Dança Circular Sagrada é realizada em círculo, de mãos dadas, com músicas de
todos os povos. As mãos dadas significam o pertencer ao grupo e estar no círculo denota a
ausência de hierarquias. Passos simples incentiva o participante a continuar na roda e o
erro não é valorizado, pois o fundamental é sentir a música e focar a atenção no momento,
tornando a dança circular sagrada meditação em movimento. Para demonstrar o benefício

1388
das rodas de dança à saúde, são realizadas bimestralmente no curso de graduação em
Enfermagem e mensalmente em Cunha Porã/SC. Durante a pandemia a ação foi suspensa.
O turismo em SC é um ponto forte da economia. O ecoturismo presente na região
oeste vem ao encontro do desenvolvimento sustentável e como uma alternativa de renda
viável para os municípios, com muitas propriedades de agricultura familiar (TELLES,
2018). A região Oeste de SC possui muitos grupos comunitários que estudam e cultivam
plantas medicinais e aromáticas, bem como hortos medicinais. Percebeu-se, a possibilidade
de instituir o turismo holístico como ferramenta de divulgar as PICs, além de agregar renda
aos produtores rurais e aos municípios. Estão implantadas duas rotas turísticas na região:
Caminhos Aromas e Chás e Cicloturismo Velho Oeste. Esta iniciativa colocou os
municípios no mapa do turismo e foram publicados dois documentários sobre a rota.

Considerações Finais

Em SC há oferta de PICs em diversas Unidades Básicas de Saúde e grupos que


estudam e utilizam as PICs bo cuidado à saúde. Tal fato caracteriza a região como um
território importante para a inserção de ações extensionistas, integrando a universidade à
comunidade, permitindo compartilhar conhecimentos e realizar ações que promovam o
autocuidado e um estilo de vida saudável.
Neste sentido, o programa de extensão caracteriza-se como compromisso social da
UDESC e da Enfermagem ao possibilitar o desenvolvimento de ações com profissionais da
saúde e comunidade e, de maneira inovadora, o turismo holístico envolvendo a agricultura
familiar e o cicloturista. Ao inserir o acadêmico no programa de extensão com atuação em
cidades do interior, estar-se-á despertando–o para o reconhecimento das forças e das
fragilidades deste setor da sociedade com limitações de acesso à informação e aos serviços
de saúde. Os objetivos foram cumpridos, pois sensibilizou e capacitou profissionais de
saúde e a comunidade, instituiu o Circuito de Cicloturismo Velo Oeste e fomentou o
turismo regional, resultado que pode ser verificado no documentário disponível no
endereço eletrônico: https://www.youtube.com/watch?v=kpi11G08D9U

1389
Referências
TESSER, Charles Dalcanale, SOUSA, Islandia Maria Carvalho de, NASCIMENTO,
Marilene Cabral do. Práticas Integrativas e Complementares na Atenção Primária à Saúde
brasileira. Saúde em Debate [online]. 2018, v. 42, n. spe1 [Acessado 9 Agosto 2021], pp.
174-188. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/0103-11042018S112>. ISSN 2358-
2898. https://doi.org/10.1590/0103-11042018S112.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção


Básica. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS: atitude
de ampliação de acesso. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2015.

ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD. Estratégia de la OMS sobre medicina


tradicional 2014-2023. Ginebra: OMS, 2013. Disponível em
https://digicollections.net/medicinedocs/#d/s21201es Acesso em: 09 ago. 2021.

TELLES, Rodrigo. Cicloturismo: lazer e mobilidade sustentável. União de cicloturistas


do Brasil. 2018.

GALLI, Kiciosan S. B. et al. O cuidado à saúde por meio das práticas integrativas e
complementares. In: Ciências da saúde (recurso eletrônico): da teoria à prática 7.
Benedito Rodrigues da Silva Neto (org.). Ponta Grossa, PR: Atena Editora, 2019. p. 2009 –
2020. Disponível em: https://www.atenaeditora.com.br/post-artigo/15488 Acesso em: 09
ago. 2021.

Instituição financiadora:
Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC).

1390
PROGRAMA DIVERPET: SAÚDE ÚNICA E RECRIAÇÃO DAS AÇÕES
EXTENSIONISTAS NA PANDEMIA DO COVID-19

Área temática: Saúde


Coordenadora da atividade: Eunice Akemi KITAMURA 1
Instituto Federal Catarinense (IFC) - Câmpus Araquari
Autoras: Karla Rafaela MIRANDA 2; Clara Beatriz SILVA2; Ana Letícia
BAGGENSTOSS 3; Hariany Branco Ferreira DA SILVA3; Maria Giovanna de Araújo
MENEZES3.

Resumo:
O advento da pandemia do COVID-19 a manutenção das ações extensionistas passou por
remodelamento e necessitando muita criatividade e determinação para continuidade da
interação do Programa DiverPet com a comunidade. Na Medicina Veterinária a saúde e o
bem-estar dos animais são temas importantes e praticados, desta forma, a educação da
comunidade principalmente de crianças em escolas públicas é o foco deste programa. A
saúde ambiental também está associada na prática extensionistas e com isto, praticando a
saúde única. As atividades extensionistas por meio de mídias digitais é novidade, pois o
predomínio é de atividade presencial, no entanto, revelou mais uma opção de trabalhar a
extensão e obtendo excelentes resultados. A metodologia, desenvolvimento e processos
avaliativos ocorreram de forma remota respeitando as medidas sanitárias, utilizou como
ferramenta principal a internet e plataformas como Facebook® e Instagram® com a análise
dos dados obtidos pelos acessos e manifestações da comunidade. As postagens eram
periódicas e organizadas sobre COVID-19, saúde e bem-estar de cães e gatos, vídeos
tutoriais de brinquedos DiverPet e demais postagens. O evento de ação social recriado com
a doação de itens alimentícios aos funcionários terceirizados do IFC-Araquari. O objetivo
foi transmitir a sociedade os conhecimentos acerca do bem-estar animal em conjunto com
o humano e ambiental, por meio de publicações em redes sociais. Concluiu-se que a
adaptação e excelente qualidade em atividades no formato remoto promoveu maior alcance

1
Eunice Akemi Kitamura, Coordenadora do Programa e Profa Dra de Clínica Médica de Pequenos Animais,
Curso de Medicina Veterinária – IFC – Câmpus Araquari.
2
Aluna Bolsista de Medicina Veterinária – IFC – Câmpus Araquari, Edital 41/2020 - PROEX - IFC.
3
Aluna de Medicina Veterinária – IFC – Câmpus Araquari

1391
de público em comparação com as ações presenciais. A utilização de mídias digitais e
plataformas de redes sociais ampliou a prática extensionista.

Palavras-chave: animais de companhia; enriquecimento ambiental; meio ambiente.

Introdução
O conceito saúde única compreende que a saúde humana e a animal são
interdependentes e vinculadas à saúde dos ecossistemas em que existem (OIE, 2021).
Neste cenário de pandemia da COVID-19 fortaleceu ainda mais a colaboração destes três
pilares (LIMONGI e DE OLIVEIRA, 2020). O enriquecimento ambiental para cães e gatos
impacta positivamente no bem-estar dos animais de estimação e dos seus tutores, com isto,
a prática da reciclagem nas confecções de brinquedos contribui também para a manutenção
da saúde do meio ambiente.
O Programa DiverPet iniciou suas ações extensionistas com a comunidade em 2017
de forma presencial, mas em 2020 devido a pandemia de COVID-19 reinventou e recriou-
se para manter as atividades junto a comunidade, ocorrendo principalmente pelo uso da
internet com publicações digitais e evento de ação social com dinâmicas sem aglomerações
de pessoas. No formato presencial o objetivo era de ensinar as crianças de escolas públicas,
os conceitos de bem-estar animal e sustentabilidade através da confecção de brinquedos de
enriquecimento ambiental para cães e gatos utilizando materiais recicláveis.
O objetivo deste trabalho adaptado em formato remoto e com o auxílio das mídias
digitais foi transmitir a sociedade os conhecimentos acerca do bem-estar animal em
conjunto com o humano e ambiental, por meio de publicações em redes sociais,
participações em eventos científicos e realização de evento de ação social.

Metodologia
As plataformas Facebook® e Instagram® foram utilizadas nas postagens abordando
temas como COVID-19, cuidados com a saúde e manejo de cães e gatos, vídeos tutoriais
de brinquedos para cães e/ou gatos com materiais recicláveis, participações em eventos
científicos e demais informativos e atividades com a comunidade. Os dados sobre o perfil

1392
da comunidade atingido pelas publicações nas redes sociais do Programa DiverPet foram
obtidos por meio da ferramenta “Insights” disponibilizado pelas próprias plataformas das
redes sociais (Tabela 1).

Tabela 1 – Perfil dos seguidores das redes sociais Facebook® e Instagram®, de acordo com os
dados fornecidos pela ferramenta Insights das plataformas.
Variável Seguidores do Facebook® Seguidores do Instagram®
Gênero
Mulheres 53% 75,3%
Homens 47% 24,7%
Faixa etária (anos)
13 a 17 0,0% 1,2%
18 a 24 59,0% 46,2%
25 a 34 19,5% 26,5%
35 a 44 5,7% 16,2%
45 a 54 8,6% 6,7%
55 a 64 4,8% 2,8%
65+ 2,4% 40,0%
Principais localizações
Joinville/SC 14,8% 38,7%
Jaraguá do Sul/SC 2,4% 6,3%
Araquari/SC 4,8% 5,9%
São Paulo/SP 9,0% 4,3%
São Francisco do Sul/SC 0,0% 3,6%
Cruzeiro/SP 10,5% 0,0%
Indaial/SC 4,3% 0,0%
Itajaí/SC 4,3% 0,0%
Navegantes/SC 4,3% 0,0%
Curitiba/PR 2,4% 0,0%

O público atingido de ambos os gêneros possuem o destaque na faixa etária de 18 a


24 anos demonstrando a participação de jovens, com predomínio de municípios
catarinenses, principalmente do município de Joinville a maior cidade vizinha à Araquari.
Para as produções dos vídeos tutoriais, priorizaram-se os brinquedos que
utilizassem materiais recicláveis de fácil acesso e baixo custo coletados em domicílio, nas
gravações dos vídeos participaram individualmente todas as alunas integrantes e as edições
dos vídeos pela aluna bolsista, bem como as publicações. Na comemoração do Natal de
2020 organizou-se um sorteio de dois kits contendo brinquedos DiverPet para cães e gatos
confeccionados pelas alunas integrantes do Programa, utilizando as redes sociais para o
sorteio. Foi incentivada a participação de todos os integrantes do Programa DiverPet em
eventos científicos on line ocorrendo também as apresentações orais de trabalhos.

1393
Desenvolvimento e processos avaliativos
A rede social Instagram® obteve maior alcance e interações (Quadro 1),
provavelmente devido o proporcional da quantidade de seguidores nas duas plataformas,
sendo de 400 no Instagram® e 210 no Facebook®. A transmissão de informações que antes
se restringia às ações presenciais com crianças das escolas de Araquari/SC, com o auxílio
das mídias digitais demonstrou o alcance maior de pessoas e municípios, ampliando a
educação sobre o bem-estar de cães e gatos e enriquecimento ambiental.

Quadro 1 - Dados das redes sociais Facebook® e Instagram® no período de Outubro de 2020 à
Junho de 2021.
Facebook Instagram
Alcance Reações Comentários Alcance Curtidas Comentários
4153 314 17 5646 1125 87

No total de seis vídeos tutoriais de confecção de brinquedos publicados, o com


maior alcance no Facebook® foi o brinquedo “Saturno” com 139 pessoas e no Instagram® o
brinquedo “Balanço” com 183 pessoas, ambos os brinquedos recicláveis são indicados para
o enriquecimento ambiental de cães e gatos.
No evento “Brinquedoteca DiverPet - Recriação para ação social na pandemia de
COVID-19” contou com a participação dos funcionários da empresa terceirizada do IFC –
Araquari e seus familiares, a ação social com doações de itens alimentícios e atividades
domiciliares na produção de brinquedos com materiais recicláveis envolvendo os seus
familiares e animais de estimação.
Nas atividades remotas a equipe DiverPet participou de eventos científicos como
apresentações orais de trabalhos que contribuíram no desenvolvimento das habilidades de
oratória e redação das acadêmicas deste Programa.

Considerações finais
A adaptação e excelente qualidade em atividades no formato remoto promoveu
maior alcance de público em comparação com as ações presenciais. Os conceitos sobre
saúde única foram divulgados amplamente em território nacional, atingiu diversas faixas

1394
etárias principalmente por meio de evento de ação social. A utilização de mídias digitais e
plataformas de redes sociais ampliou a prática extensionista.

Referências
LIMONGI, J. E.; DE OLIVEIRA, S. V. COVID-19 e a abordagem One Health (Saúde
Única): uma revisão sistemática. Vigilância Sanitária em Debate: Sociedade, Ciência &
Tecnologia, v. 8, n. 3, p. 139-149, 2020.

OIE - WORLD ORGANISATION FOR ANIMAL HEALTH. One Health. Disponível


em: https://www.oie.int/en/what-we-do/global-initiatives/one-health/. Acesso em: 27 jul.
2021.

1395
PROGRAMA SAÚDE BUCAL DA UENP: ATUAÇÃO E INTERVENÇÃO EM
ESCOLAS DA REDE PÚBLICA DE EDUCAÇÃO

Área Temática: Saúde


Coordenador da atividade: João Lopes Toledo NETO
Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP)
Autores: C. A. COSTA 1; D. A. VALIAS 2; G. R. ANTUNES³; M. S. I. FUKUDA4; S. O.
PARREIRAS5; J. L. T. NETO⁶

Resumo:
O Programa Saúde Bucal é um projeto de extensão da Universidade Estadual do Norte do
Paraná, que exerci suas atividades no campus de Jacarezinho e Luiz Meneghel, sendo
contemplado com bolsas da Secretaria de Ciência e Tecnologia por meio do edital
Universidades Sem Fronteiras. Tendo como objetivo a conscientização e a reorganização
da prática e a qualificação das ações e serviços oferecidos, reunindo uma série de ações em
saúde bucal para as crianças do ensino fundamental I de escolas públicas, fazendo com que
elas adquiram desde cedo o hábito de cuidar da saúde bucal. Com as intervenções nas
escolas da rede pública da educação básica foram beneficiados diversos alunos do
município de Bandeirantes - Paraná e suas regiões. O Programa Saúde Bucal é um projeto
muito importante para a formação de todos participantes e para a comunidade escolar.

Palavras-chave: saúde bucal; escola pública; materiais lúdicos.

Introdução

A cárie e o biofilme dental são os principais fatores etiológicos de doenças bucais,


constituindo-se de acúmulo de bactérias colonizadoras na cavidade oral. A má higiene oral,
leva a comportamentos prejudiciais para a saúde, principalmente em crianças. Por isso, há

1
Carla Aparecida da Costa, aluna do curso de Ciências Biológicas, estagiária Saúde Bucal
2
Debora Aparecida Valias da Silva, aluna do curso de Ciências Biológicas, estagiária Saúde Bucal
³ Geovanna Rodrigues Antunes, aluna do curso de Odontologia, estagiária Saúde Bucal
4
Michelle Sayuri Ikegami Fukuda, aluna do curso de Ciências Biológicas, estagiária Saúde Bucal
5
Sibelli Olivieri Parreiras, docente
⁶ João Lopes Toledo Neto, coordenador do projeto

1396
a necessidade de implantação de atividades educativas, visando a prevenção e estimulando
o indivíduo a adotar comportamentos sobre a escovação. Apesar disso, só a informação
não é suficiente para a mudança de hábitos, sendo assim, necessário uma relação dialogal,
em que as crianças estejam envolvidas em todo o processo. Por meio de ações de
promoção da saúde, pode-se captar o indivíduo e ensiná-lo a melhorar a própria saúde,
tornando-o empoderado, possibilitando a transformação desse sujeito, em ator principal do
autocuidado (KUSMA SZ,et al., 2012).
Dessa forma, o ambiente escolar é propício para a construção de hábitos de higiene
bucal, pois os alunos podem ser acessados facilmente durante os anos escolares. As
crianças são predominantemente favoráveis durante esse período e, quanto mais cedo os
hábitos são estabelecidos, o impacto é mais duradouro (SADANA G,et al., 2017).
Tratando-se de um público infantil, é muito importante que as atividades sejam
prazerosas, sendo lúdico. A ludicidade, enquanto método educativo, tem se mostrado
eficaz, pois atrai a atenção e gera motivação nas crianças no processo de aprendizagem e
estimula a mudança na adoção de novos comportamentos que contribuam na melhora da
qualidade de vida. Notado então que para a manutenção faz-se necessário a construção de
comportamentos saudáveis.
O presente trabalho tem o objetivo de proporcionar intervenções educativas com o
propósito de promover mudanças favoráveis de comportamentos relacionados à saúde
bucal.

Metodologia
O projeto Saúde Bucal dispunha da participação das estagiárias e bolsistas em duas
escolas públicas no município de Bandeirantes: Escola Municipal Santa Terezinha e Escola
Municipal Leda de Lima Canário, contava com turmas de 1º ao 5 º ano, onde as
intervenções eram realizadas uma vez a semana, com duração de 2 horas/aula.

1397
Para a estruturação do programa Saúde Bucal, contamos com uma equipe formada
por duas bolsistas e 15 voluntárias, sendo acadêmicas do curso de Enfermagem, Ciências
Biológicas, do campus Luiz Meneghel. Para elaboração do projeto foram incluídos alunos
do município de Bandeirantes - Paraná, de ambos os sexos, com idade entre 6 a 10 anos
matriculados nas escolas municipais.
A intervenção nas escolas de ensino fundamental I, era por meio de atividades
lúdicas com discussões, teatros, músicas, dinâmicas, participação dos alunos nas atividades
e escovação supervisionada pelas estagiárias. O projeto constituiu-se em atividades
presenciais, com administração de palestras animadas com manequins lúdicos e interativos
com os temas de importância da saúde bucal, abrangendo desde a correta higienização até
as doenças bucais que mais afetam a população.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Essas intervenções ocorreram no início do ano de 2017 e foram concluídas no final
de 2018, nas escolas Escola Municipal Santa Terezinha e Escola Municipal Leda de Lima
Canário, porém, as atividades do projeto estão em andamento até hoje, incluindo o campus
de jacarezinho, realizando a intervenção em escolas da rede pública da educação básica,
seguindo a mesma metodologia. O projeto tem como iniciativa ensinar os alunos a cuidar
da saúde da boca de forma divertida e lúdica.
No presente momento o projeto conta com divulgação de vários conteúdos com o
tema saúde bucal em uma conta criada no Instagram, onde teve sua abertura no dia 21 de
julho de 2020 e está em atividade até o presente momento.
Os materiais lúdicos utilizados nas intervenções eram fornecidos pela universidade,
dispondo de um kit bocão lúdico de aproximadamente 225 cm quando aberta, com 20
dentes, língua com velcro, gengivas, que acompanhava 08 cáries 06 bactérias 04 brilhos 01
escova dental lúdica 01 pasta dental lúdica 01 fio dental lúdico.
Os kits eram montados pelas estagiárias, contendo no pacote uma pasta de dente,
uma escova de dente e fio dental, onde ao final das práticas era distribuído a todos os

1398
alunos da turma, foram atendidos um total de mais 600 alunos do município de
Bandeirantes.
Com as publicações realizadas por meio da rede social obteve-se um total 4.236
pessoas atingidas com 12 publicações, gerando uma média de alcance de 303 pessoas por
publicação.
Considerações Finais
Conclui que o Projeto Saúde Bucal tem muita influência para a comunidade
externa, sendo importante sua intervenção em escolas públicas do município de
bandeirantes e região, de modo, que os bolsistas e estagiários participantes conseguem
desenvolver atividades, transmitir conhecimentos e conscientizar as crianças sobre a
importância da higiene bucal pode-se atingir não somente pais e crianças mas indivíduos
de todas as idades, incluindo adolescentes, idosos, profissionais da saúde e profissionais da
educação.

Referências
KUSMA, Solena Ziemer; MOYSÉS, Simone Tetu; MOYSÉS, Samuel Jorge. Promoção da
saúde: perspectivas avaliativas para a saúde bucal na atenção primária em saúde. Cadernos
de Saúde Pública, v. 28, p. s9-s19, 2012. Disponível em:
https://www.scielosp.org/article/ssm/content/raw/?resource_ssm_path=/media/assets/csp/v
28s0/03.pdf

SADANA, Gunmeen et al. Evaluation of the impact of oral health education on oral
hygiene knowledge and plaque control of school-going children in the city of Amritsar.
Journal of International Society of Preventive & Community Dentistry, v. 7, n. 5, p.
259, 2017. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5629854/

Instituição financiadora:
Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior - SETI - Fundo Paraná

1399
ATIVIDADES DO PROJETO DANÇA PARA PESSOAS COM PARALISIA
CEREBRAL DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19: UM RELATO DE
EXPERIÊNCIA

Área temática: Saúde e Educação


Coordenadora da atividade: Caren Luciane BERNARDI
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA)
Autores: R. RODRIGUES 1; A. SANTOS 2; E. PEREIRA 3; P. OLOVATE 4; P.RADTKE 5

Resumo:
Introdução: Dentre as dificuldades que crianças e adultos com Paralisia Cerebral (PC)
experienciam, destacam-se os problemas relacionados à funcionalidade e participação
social, que impactam negativamente na qualidade de vida. Estudos indicam que a dança é
uma ferramenta útil para promoção de benefícios físicos, psicológicos e sociais para
pessoas com PC. Durante a pandemia do Coronavírus, as atividades de dança para pessoas
com PC foram interrompidas e o projeto de extensão teve que reinventar-se para acontecer
no formato online. Objetivo: relatar a experiência de desenvolvimento do projeto de
extensão durante a pandemia, onde teve como objetivo a promoção da qualidade de vida às
pessoas com deficiência através da criação de formas alternativas de disseminação de
conhecimento e educação em saúde. Metodologia: Foram desenvolvidos materiais para
postagem em redes sociais, eventos científicos online, grupos de estudo acadêmico,
palestras e lives, abertos à comunidade externa, com o tema deficiência, curso de formação
continuada para professores da educação especial, dentro outros. Desenvolvimento:
Evidenciou-se grau elevado de satisfação dos acadêmicos participantes do projeto, dos
usuários nos eventos online e grande interação com o público-alvo nas redes sociais.
Conclusão: A pandemia trouxe muitas dificuldades, entretanto o projeto conseguiu
elaborar estratégias que permitissem dar continuidade ao trabalho de forma a alcançar seus
objetivos.
1
Rayane da Silva Rodrigues, aluna [Fisioterapia]. Bolsista PROEXT
2
Anghelis Silveira dos Santos, aluna [Fonoaudiologia].
3
Eduardo Antônio Pereira, aluno [Fisioterapia].
4
Pedro Valladao Olovate, aluno [Fisioterapia].
5
Pietra Ticiana Radtke, psicóloga voluntária.

1400
Palavras-chave: Paralisia cerebral; Pessoa com deficiência; Pandemia do COVID-19.

Introdução
A Paralisia Cerebral (PC) é definida como um conjunto de desordens, que
impactam negativamente o desenvolvimento infantil, comprometendo a mobilidade, a
postura, a cognição, a comunicação e a socialização do indivíduo que, consequentemente,
limitam as suas atividades funcionais e participação social (SHIKAKO-THOMAS et al.,
2008). A dança é um instrumento de expressividade e de lazer que vem sendo utilizada
como ferramenta terapêutica para pessoas com PC. Ela permite o trabalho sobre as
limitações psicomotoras e a promoção de uma melhor qualidade de vida a esta população
(REBELO P., 2014). Com este objetivo, o projeto de extensão Dança para pessoas com PC
foi criado em 2015. O projeto foi desenvolvido, até março de 2020, junto à escola de
Educação Especial do Centro de Reabilitação de Porto Alegre (CEREPAL) e contava com
alunos de diversos cursos de graduação da Universidade Federal de Ciências da Saúde de
Porto Alegre (UFCSPA). Eram desenvolvidas atividades de ensino e pesquisa, junto à
prática extensionista.
Devido à pandemia da COVID-19, houve necessidade de adoção de medidas de
distanciamento social por parte da população. Nas universidades, as atividades de ensino,
pesquisa e extensão, que ocorriam de forma presencial, foram suspensas e substituídas pela
modalidade remota. O projeto de extensão precisou se reinventar pois as aulas de dança
não puderam ser oferecidas no formato online devido ao fato de que a maioria dos
participantes com PC não possuíam acesso a equipamentos eletrônicos e internet, e havia a
preocupação de não gerar mais uma demanda para os seus familiares que poderiam estar
sobrecarregados devido ao home-office e ao cuidado diário dos filhos. Desta forma, o
projeto de extensão adaptou-se à nova realidade e passou a ter o objetivo de (1) promover a
qualidade de vida para pessoas com deficiência através da divulgação de materiais
informativos e educacionais à distância, e (2) a formação continuada de acadêmicos e
profissionais em temas que envolvem a deficiência física e/ou mental.

1401
Metodologia
Este trabalho é um relato de experiência sobre as atividades desenvolvidas pelo
projeto de extensão Dança para pessoas com PC, durante a pandemia do Coronavírus. O
projeto é multidisciplinar, composto por uma monitora bolsista e 17 monitores voluntários
dos cursos de graduação em Fonoaudiologia, Psicologia, Física Médica, Fisioterapia e
Enfermagem. A pandemia demandou da equipe uma transformação rápida para a
manutenção do projeto.
O contato com o público-alvo composto por pessoas com deficiência e seus
familiares, passou a ocorrer a partir da interação promovida pela postagem de materiais
informativos nas redes sociais. O público-alvo composto por acadêmicos e profissionais da
área da saúde foi atingido através das redes sociais e através de eventos científicos abertos
à comunidade interna e externa à UFCSPA. Semanalmente, ocorreram encontros síncronos
para estudo de temas relacionados ao projeto, para os monitores, via Google Meet.
A pesquisa foi evidenciada a partir da elaboração de resumos para congressos,
publicação de artigos, e pela aplicação de formulários investigativos na comunidade. As
atividades de ensino ocorrem nos encontros semanais de estudo com os acadêmicos e nos
encontros mensais de capacitação para os professores e profissionais do CEREPAL, bem
como nos eventos científicos. A criação dos conteúdos para as redes sociais foi realizada
com enfoque no uso de uma linguagem acessível e inclusiva, utilizando-se legenda e
audiodescrição, quando pertinente. Os conteúdos eram focados na visibilidade à causa e
desmistificação das ideias do senso comum sobre a deficiência, proporcionando
informações com embasamento científico. As postagens de conteúdos oportunizaram
esclarecimentos à população através de trocas de mensagens com as ferramentas
disponíveis nas próprias redes sociais. Foram realizadas “lives” no Instagram e palestras, a
convite de universidades, tendo como temas o projeto de extensão e orientações às pessoas
com deficiência sobre a COVID-19.

Desenvolvimento

1402
Este novo formato online permitiu a adesão de um maior número de alunos ao
projeto, provenientes de diferentes regiões do Rio Grande do Sul, oportunizando a
formação de uma equipe multiprofissional e, consequentemente, a discussão de temas que
envolvem as deficiências sob diferentes pontos de vista; também possibilitou o
desenvolvimento de eventos científicos abertos à comunidade externa no formato de
ensino à distância, abrangendo um público maior do que, possivelmente, seria atingido no
formato presencial. Além disso, foram elaborados diversos materiais informativos que
foram publicados nas redes sociais do projeto abordando temas como “Coronavírus e as
pessoas com deficiência”, cuidados com a saúde mental das pessoas com deficiência
durante a pandemia, Paralisia Cerebral, benefícios da dança para a vida das pessoas com
deficiência, dentre outros, que tiverem forte repercussão nas redes sociais e solicitações, do
público atingido, para que fosse produzido material impresso para divulgação em escolas.
Neste novo contexto, foi publicado um capítulo no livro Extensão Universitária da
UFCSPA: mídias sociais e COVID-19. O “Encontro multiprofissional sobre atividade
física e pessoas com deficiência”, foi realizado em julho de 2021, enfatizou a importância
da atividade física para pessoas com deficiência. Obteve-se como resultado que 90,7% dos
participantes mostraram grande satisfação com o evento e que apenas 42,7% tinham
conhecimento anterior sobre a temática abordada, o que mostra a relevância de eventos
como este. O projeto está em processo de organização de outros eventos com temáticas
solicitadas pela comunidade, através das redes sociais. Foi realizada uma avaliação com os
acadêmicos membros do projeto medindo o grau de satisfação dos mesmos com as
atividades desenvolvidas até o momento e obteve-se 100% de satisfação, o que demonstra
um direcionamento correto do projeto no novo formato.

Considerações Finais
A pandemia trouxe muitas dificuldades, entretanto, o projeto Dança para pessoas
com PC conseguiu elaborar estratégias que permitissem dar continuidade ao trabalho de
forma a alcançar seus objetivos. É notável o desenvolvimento do projeto em sua versão
online, conseguindo manter-se em contato com a comunidade, contribuindo para o
desenvolvimento (pessoal e de conhecimentos) do público-alvo do projeto e da

1403
comunidade externa à UFCSPA, contribuindo para a inclusão social das pessoas com
deficiência e, consequentemente, para a sua qualidade de vida.

Referências
Shikako-Thomas K, Majnemer A, Law M, Lach L. Determinants of participation in
leisure activities in children and youth with cerebral palsy: systematic review. Phys
Occup Ther Pediatr. 2008 May;28(2):155-69. doi:10.1080/01942630802031834. PMID:
18846895.

REBELO P. A Importância da Dança enquanto terapia, na Inclusão de Crianças com


Paralisia Cerebral, Lisboa, 2014.164p. Tese (Mestrado em Ciências da Educação na
Especialidade em Educação Especial: Domínio Cognitivo Motor) - Escola Superior de
Educação João de Deus.

1404
PROMOÇÃO DA SAÚDE BUCAL E FONOAUDIOLÓGICA NO COMBATE AO
TABAGISMO 2021: PRODUÇÕES E DESAFIOS EM UM ANO AINDA
PANDÊMICO

Área temática: Saúde


Coordenadora da atividade: Rafaela Soares RECH
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA)
Autores: Lucas FERREIRA 1; Cibele BOSCOLO2; Marcia MAAHS²; Deisi VIDOR².

Resumo:
Há anos o tabagismo é considerado uma das maiores causas de morte evitável em todo
mundo. Este trabalho busca conscientizar a comunidade sobre a importância da cessação
do hábito tabágico através de um projeto de extensão universitária na modalidade virtual
em 2021. Devido a continuidade da pandemia da COVID-19 o projeto manteve-se atuante
nas redes sociais. Utilizou-se de ferramentas como o Instagram e o Youtube para
disseminar informações atualizadas sobre o tabagismo e suas diversas interfaces, assim
como ações de cuidados em saúde e prevenção. A partir da interação do público,
feedbacks, comentários e resultados de questionários após eventos observaram-se que
desfechos positivos foram alcançados, evidenciando que as redes sociais são instrumentos
eficientes e eficazes para a divulgação científica em saúde. Por fim, os resultados
encontrados foram satisfatórios visto que há participação e interesse da comunidade. A
divulgação virtual é um instrumento eficaz de disseminação da informação, atingindo um
número maior de pessoas.

Palavras-chave: Tabagismo; Extensão; Fonoaudiologia.

1
Lucas Gabriel dos Anjos Ferreira, aluno bolsista UFCSPA do curso de Fonoaudiologia da UFCSPA.
² Marcia Angelica Peter Maahs, servidora docente do curso de Fonoaudiologia UFCSPA.
² Deisi Cristina Gollo Marques Vidor, servidora docente do curso de Fonoaudiologia da UFCSPA.
² Cibele Cristina Boscolo, servidora docente do curso de Fonoaudiologia da UFCSPA.
2
Rafaela Soares Rech, servidora docente do curso de Fonoaudiologia da UFCSPA.

1405
Introdução
O tabagismo é considerado uma das maiores causas de morte evitáveis em todo
mundo e precursor de agravos em saúde incapacitantes. É responsável por mais de 8
milhões de mortes anualmente (WHO, 2019). Além de atingir todas as esferas sociais,
impacta também em aspectos fisiológicos, psicológicos, econômicos e cognitivos (JESUS
et al., 2016).
Na perspectiva fonoaudiológica, o tabagismo afeta tanto as funções vitais do ser
humano, como mastigação, deglutição, respiração, audição e voz; quanto às percepções
aferidas por meio dos sentidos (olfato, gustação e visão), desencadeantes de piora da
qualidade de vida (DA RE et al., 2017; CUNHA et al, 2020).
O trabalho no combate ao tabagismo é árduo e exige persistência. Deve centrar-se
em todo o escopo do sistema de saúde e educacional, e ser realizado de forma
multidisciplinar, buscando tanto a cessação como a prevenção quanto à entrada no vício.
Para isso, é necessário que exista forte vínculo entre ensino, pesquisa e extensão, uma vez
que para a prática extensionista é necessário um arcabouço teórico capaz de sustentar suas
ações e um aprofundamento em pesquisa a fim de elucidar as diretrizes propostas por meio
da prática baseada em evidências.
Para atuar nas questões relativas à problemática do tabaco, foi proposto o Projeto
de Extensão Promoção da Saúde Bucal e Fonoaudiológica no Combate ao Tabagismo
(PEPSBFCT), devido a demandas internas dos profissionais do curso de Fonoaudiologia da
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA). No ano de 2021, o
projeto se voltou completamente ao eixo digital, elaborando posts e desenvolvendo
atividades que integrassem a comunidade e os bolsistas participantes do projeto. Diante
disso, objetivou-se a continuidade da criação dos materiais informativos e de encontros
digitais para o debate e apresentação de temas relacionados aos malefícios do tabagismo na
luta em prol do combate ao tabagismo pela sociedade.

Metodologia
A maioria das ações extensionistas ocorreram nas redes sociais do projeto através
de posts e vídeos informativos. Estes foram confeccionados pelos integrantes do grupo a

1406
partir de discussões sobre a temática e artigos científicos, com o objetivo de traduzir
conhecimento de forma fácil para a comunidade. A partir do princípio da saúde baseada em
evidências visou-se tornar o conhecimento sobre os malefícios do tabagismo e suas
interfaces com prevenção e promoção da saúde acessível a toda a população. Os conteúdos
abordados no ano de 2021, todos relacionados ao tabagismo, foram: voz, covid-19, redução
da mortalidade materna, drogas e câncer de cabeça e pescoço. Um vídeo informativo com
o depoimento de um laringectomizado total foi disponibilizado para reflexão sobre as
consequências do hábito tabágico. Foram produzidos também materiais informativos em
lembrança ao Dia Mundial sem Tabaco, Dia Mundial da Voz e mês da conscientização
sobre o câncer de cabeça e pescoço.
Além disso, promoveu-se um evento síncrono intitulado: “Webnário: o tabagismo e
suas interfaces em tempos de pandemia da covid-19” que contou com diferentes
profissionais da saúde (pneumologista, otorrinolaringologista, fonoaudiólogo e dentista)
como palestrantes abordando de forma simples e sucinta as seguintes temáticas
relacionadas com o tabagismo: covid-19, anosmia e ageusia, audição, odontologia e
amamentação.
Para a comunidade científica foram produzidos resumos para apresentação em
diferentes eventos, assim como foram produzidos dois capítulos de livro intitulados:
“Mitos e verdades sobre o tabagismo e a amamentação” e “Promoção da Saúde Bucal e
Fonoaudiológica no Combate ao Tabagismo no cenário da Covid-19”. Nestes capítulos
foram abordados, sendo no primeiro os principais aspectos sobre a relação entre tabagismo,
gestação e amamentação e no segundo as ações do projeto durante a pandemia.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Com o objetivo de centralizar o trabalho no eixo digital, um planejamento
envolvendo os pilares de ensino, pesquisa e extensão foi aplicado nas propostas do projeto.
Através da rede social Instagram, cujo quantitativo de seguidores ultrapassa a marca de
500 seguidores, foram elaborados 13 posts de caráter informativo e preventivo onde o
enfoque final se centrava na comunidade em geral, tanto estudantes de graduação como

1407
também leigos no assunto com vistas ao combate do tabagismo de forma popular, tornando
simples e de fácil entendimento o conhecimento sobre a temática.
Com isso, cerca de 705 interações foram obtidas por meio do interesse dos
seguidores nas informações contidas no projeto. Dentre as interações foram computadas as
quantidades de curtidas, comentários, compartilhamentos e salvamentos das publicações.
Além disso, aproximadamente 3926 impressões foram obtidas no quantitativo geral das
publicações, demonstrando que há um grande interesse no público alvo do projeto nos
posts elaborados.
Além da grande interação dos seguidores, também foi elaborado um webinário com
o intuito de esclarecer e descrever sobre as diferentes interfaces do tabagismo e a forma
como, nocivamente, esse impacta no organismo do ser humano. O webinário contou com
mais de 415 visualizações totais, atingindo públicos com diferentes idades, escolaridades,
gêneros e regiões e foi muito bem avaliado.
Outro ponto interessante a se destacar, foi a elaboração de dois capítulos de livros
que envolviam a temática do tabagismo em perspectivas diferentes, o tabagismo e a covid-
19 e o tabagismo e a amamentação. Tal ponto foi de extrema importância para a formação
dos discentes envolvidos, visto que concluiu um ciclo importante acerca da transformação
da extensão no rigoroso ambiente científico.
Além disso, para os extensionistas foi uma oportunidade de construir um percurso
próprio autônomo e se reinventar durante o período pandêmico tentando aproximar-se da
comunidade mesmo que digitalmente, conforme seu interesse e necessidades
pessoais/profissionais para seu aprendizado e ao campo profissional desejado.

Considerações Finais
O uso das redes sociais possibilitou uma maior visibilidade às ações desenvolvidas
pelo projeto, alcançado diferentes públicos, faixas etárias e regiões. Entre os pontos
negativos gerados pela pandemia, está a impossibilidade da realização de atividades
práticas na atuação da promoção de saúde diretamente com fumantes e seus familiares
atingindo amplamente por esse hábito nocivo à saúde e as desigualdades em saúde que
fazem com que não se atinja as pessoas mais vulneráveis.

1408
Referências
CUNHA, Samara Barreto et al. Factors associated with current tobacco use among
adolescents and young students. Jornal de pediatria, v. 96, p. 447-455, 2020.

DA RÉ, Allessandra Fraga et al. Tobacco influence on taste and smell: systematic review
of the literature. International archives of otorhinolaryngology, v. 22, p. 81-87, 2018.

JESUS, Maria Cristina Pinto de; SILVA, Marcelo Henrique da; CORDEIRO, Samara
Macedo; et al. Compreendendo o insucesso da tentativa de parar de fumar: abordagem da
fenomenologia social. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 50, n. 1,
p. 73-80, 2016. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S0080-623420160000100010.

WHO report on the global tobacco epidemic, 2019: Offer help to quit tobacco use.
World Health Organization, Geneva 2019.

1409
PROMOÇÃO DA SAÚDE ÚNICA EM ESCOLAS DE CURITIBA

Área Temática: Saúde


Coordenadora da atividade: Larissa REIFUR1
Universidade Federal do Paraná (UFPR)
Autores: B.A. SHIMIDT ; E.Y.M.C. da CUNHA3; A.C.I. COLLERE4; V.I.C. OLIVO5;
2

E.S.S. SPAKI6

Resumo:
A educação em saúde representa um importante passo rumo ao bem-estar do ser humano,
dos animais e do meio ambiente. Dentro desta perspectiva, visando atender o contexto
educacional atual afetado pela pandemia COVID - 19, as propostas do projeto de extensão
foram reestruturadas para continuar cumprindo a função social e acadêmica. Os temas
abordados, incluindo piolho de humanos, higiene pessoal, pets e COVID-19, zoonoses e
guarda responsável, se adequam às necessidades do público escolar. Atendendo às
necessidades do ensino e do desenvolvimento infantil, bem como, as especificidades da
educação remota, cada tema foi trabalhado em etapas. As primeiras etapas contam com
um vídeo para apresentar a equipe extensionista e um vídeo introdutório ao tema. Em
seguida, vídeos abordando o conteúdo teórico, contendo dialogicidade, troca de saberes e
interação com as crianças. Os vídeos incluem propostas lúdicas, interações e brincadeiras
no contexto familiar, que proporcionam o aprendizado eminente e
prático. Serão solicitadas devolutivas avaliativas mediante registros das atividades com
fotos, áudios, vídeos, depoimentos e desenhos. Por meio de depoimentos de profissionais
da educação, que tiveram a oportunidade de vivenciar as ações no formato presencial,
observou-se que o projeto tem resultados positivos e de grande relevância social, por isso a
necessidade de continuidade no formato remoto uma vez que é visível o aprendizado
mútuo decorrente da interação entre os extensionistas e as escolas parceiras. Ainda,
almejamos sistematizar um banco de dados com o material produzido pelos envolvidos,
como fonte de pesquisa com perspectivas futuras de publicações e expansão das
colaborações.

Palavras-chave: Saúde Única; escolas; ações remotas.

1410
Introdução
Na Conferência Internacional de Promoção da Saúde (1986), foi ressaltada a
“capacitação da comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde” e a
importância de espaços comunitários, como as escolas, que podem ser meios de
propagação de conhecimento de saúde.
Durante a pandemia, Tomaz (2020) afirmou que a quebra na educação brasileira
acelerou a inovação, mas aumentou os desafios. Durante a reestruturação do processo de
educação, o presente projeto, que era exclusivamente de atuação presencial, foi repensado,
mantendo os mesmos objetivos, porém planejando ações extensionistas remotas,
abordando temas da saúde relevantes à comunidade escolar e em prol da saúde única.

Metodologia
A partir do início da pandemia de COVID-19, o público alvo principal do projeto
de extensão “Promoção da saúde animal, humana e ambiental” passou a ser crianças e
estudantes, seus responsáveis e a equipe pedagógica de escolas públicas de Ensino
Fundamental e Infantil, localizadas em Curitiba, Estado do Paraná.
A metodologia utilizada compreende as abordagens participativa e de pesquisa-
ação. Inicialmente foram realizadas reuniões virtuais com as equipes pedagógicas das
escolas parceiras para apresentar o histórico, princípios e valores do projeto, formando um
elo entre as partes. Cerca de 45 acadêmicos extensionistas dos cursos de Enfermagem,
Farmácia, Medicina, Medicina Veterinária, Psicologia, Teatro e Zootecnia, além de uma
pedagoga e duas professoras da área da saúde trabalharam em sete temas: piolho de
humanos, ectoparasitos de cães e gatos, pets e COVID-19, malária e arboviroses, zoonoses,
higiene pessoal e guarda responsável. Os assuntos foram selecionados por serem da
necessidade da comunidade escolar ou por serem relevantes e recentes. Atendendo
as necessidades educacionais no contexto pandêmico, a equipe extensionista preparou uma
ação educativa de cinco etapas para cada um dos temas, as etapas são descritas a seguir.
A primeira etapa envolve a apresentação de um vídeo à comunidade educativa
abordando a relevância do projeto para promoção da saúde coletiva e seus impactos no

1411
desenvolvimento emocional e social da criança/estudante e da comunidade em seu entorno.
A segunda etapa compreende o início da proposta de intervenção com as crianças através
de um vídeo que desperta nelas a curiosidade e os saberes já existentes acerca do tema. O
objetivo é instigá-las a interagir posteriormente com os extensionistas. Já a terceira etapa é
definida pelo recebimento, por whatsapp, dos relatos dos saberes e curiosidades das
crianças.
As devolutivas destas questões serão por vídeos juntamente com uma abordagem
teórica do tema. Na quarta etapa, após evocar o conhecimento das crianças, os mesmos
comunicarão suas ideias, aprendizados e saberes por meio de desenhos, confecção de
materiais com recicláveis, jogos de descoberta e jogos em família, visando a disseminação
dos conhecimentos adquiridos em seu contexto familiar. Na quinta e última etapa há a
avaliação do projeto, através de questionários online para a equipe pedagógica das escolas,
pais e responsáveis. Todas as etapas descritas contarão com a parceria e mediação dos
professores e apoio das famílias. O material produzido pelas crianças, famílias,
extensionistas e unidade educativa será armazenado em ambiente virtual como acervo para
futuras pesquisas e futuros ajustes.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Até o momento, o projeto contatou 184 escolas e estabeleceu parceria com seis
delas, que enfatizaram a importância do projeto para a realidade onde estão inseridas. Em
andamento, está a aprovação junto à Secretaria Municipal de Educação, o qual referenda a
relevância do projeto à comunidade, impactando no desenvolvimento integral da criança.
Dentro desta proposta pedagógica no formato remoto, já iniciou-se a aplicação na
perspectiva de experimentação, participando a diretoria ativamente no planejamento de
cada etapa. A proposta de intervenção de cada tema, bem como o cronograma, estão sendo
finalizados para dar início às atividades com as crianças no segundo semestre de 2021. Por
meio da avaliação do material devolvido pelas crianças e de questionários respondidos
por seus responsáveis e professores, as perspectivas preveem impacto no desenvolvimento
emocional e social das crianças e da comunidade em seu entorno.

1412
O impacto do projeto na formação dos acadêmicos extensionistas já é notável no
que tange à aprimoração de conhecimentos específicos, aquisição de novos conhecimentos
multidisciplinares e desenvolvimento de habilidades com recursos digitais. Além disso,
houve ampliação das capacidades de comunicação, empatia, sensibilidade e trabalho
coletivo, faculdades bases do crescimento como cidadãos. Os dados obtidos por meio deste
projeto serão utilizados no ensino, em disciplinas universitárias da graduação e pós-
graduação e serão divulgados em eventos científicos e de extensão.

Considerações Finais
Até o momento os objetivos foram alcançados, feedbacks positivos das escolas e da
secretaria da educação foram recebidos, sinalizando que a metodologia está adequada e a
relevância do projeto em gerar uma mudança de comportamento e promover a saúde e
bem-estar das crianças e estudantes, bem como de seus familiares, que muitas vezes são
desprovidos de informações tão relevantes para manutenção da vida pessoal e coletiva.
O diálogo com professores e diretores de todas as escolas está sendo enriquecedor
para todas as partes, com os extensionistas desenvolvendo soft skills como adaptabilidade,
comunicação e trabalho em equipe. Os produtos gerados incluem vídeos, material da
devolutiva das atividades, além de informações que serão publicadas em outros eventos e
em revistas de extensão. É possível afirmar que é plausível a relação entre a universidade e
a comunidade sem necessariamente haver um contato físico, o que possibilitará expandir o
projeto para outras cidades e estados, rompendo as fronteiras do tradicional.

Referências
CONFERÊNCIA INTERNACIONAL SOBRE PROMOÇÃO DA SAÚDE, 1., 1986,
Ottawa. Carta de Otawa. In: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de
Saúde. Projeto Promoção da Saúde. As cartas da promoção da saúde. Brasília, DF,
2002.

TOMAZ, J. B. C. Educação na saúde em tempos de pandemia: desafios e oportunidades.


Cadernos ESP - Revista Científica da Escola de Saúde Pública do Ceará, 2020.

1413
Financiamentos:
Edital Nº 01 UFPR/PROEC 2021 (bolsa, B.A. SHIMIDT). Editais PROEC UFPR Nº 03-
2019 e Nº 04-2020 Fortalecimento de Atividades Contínuas de Extensão.

1414
PROMOÇÃO DAS RELAÇÕES SOCIAIS ENTRE IDOSOS: CONSTRUÇÃO
COLETIVA DE UM LIVRO DE CULINÁRIA ON-LINE EM TEMPOS DE
PANDEMIA

Área Temática: Saúde


Coordenadora da atividade: Jackeline Tiemy Guinoza SIRAICHI
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná (IFPR)
Autores: A. M. GALLO 1; J. P. ARAUJO 2; C. S. SOARES 3; D. A SOUZA 4; J.T.G.
SIRAICHI 5

Resumo:
O momento de afastamento do convívio social presencial, ocasionado pela pandemia de
Covid-19, abriu possibilidade para uma nova forma de entretenimento e lazer aos idosos
participantes do Projeto de Extensão "Vovôs e vovós conectados: ligados na internet e na
qualidade de vida- 2a edição". O objetivo deste trabalho é relatar a importância da
elaboração de um livro de receitas em modo on-line, em tempos de pandemia. Para isso, 53
receitas culinárias utilizadas pelos idosos foram compartilhadas por mensagem de áudio,
digitadas ou fotografadas e compiladas na obra intitulada "Livro de Receitas dos Vovôs e
Vovós Conectados". O processo possibilitou a inclusão e interação social, elevação da
autoestima e o exercício da cidadania paralelamente ao processo de inclusão digital dos
idosos, que fizeram uso de tecnologias de informação e comunicação, por meio do uso do
aplicativo Whatsapp®. Conclui-se que a atividade possibilitou a promoção da saúde
mental dos longevos mediante suporte motivacional da realização do livro de receitas, em
tempos pandêmicos e de distanciamento social.

Palavras-chave: Idoso; Livro de Culinária; COVID-19.

1 Docente do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico, IFPR, Campus Avançado Astorga.


2 Docente do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico, IFPR, Campus Londrina.
3
Docente do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico, IFPR, Campus Avançado Astorga.
4
Discente do Curso Técnico em Desenvolvimento de Sistemas, IFPR, Campus Avançado Astorga. Bolsista
PIBEX Jr./IFPR
5
Docente do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico, IFPR, Campus Avançado Astorga.

1415
Introdução
A pandemia ocasionada pelo novo Coronavírus impôs uma condição de
distanciamento social à população como uma das medidas protetivas, a fim de evitar a
disseminação do vírus e seu contágio. Durante o período de distanciamento social foi
necessário repensar sobre os cuidados destinados aos idosos, a fim de garantir não somente
a saúde física deste público, mas também a saúde emocional (TAVARES et al., 2020).
É neste contexto que emerge o Projeto de Extensão "Vovôs e Vovós conectados:
ligados na internet e na qualidade de vida- 2a edição", que contempla uma bolsista do
Programa Institucional de Bolsas de Extensão Júnior do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Paraná (PIBEX Jr./IFPR). O projeto vincula as ações
extensionistas de inclusão digital dos idosos mediante o uso dos smartphones e seus
aplicativos, especialmente o WhatsApp®, às atividades de ensino e pesquisa, por meio de
propostas de atividades cognitivas e de manutenção da saúde mental dos longevos.
O momento de afastamento do convívio social presencial abriu possibilidades para
o desenvolvimento de novas maneiras de entretenimento e lazer. Neste sentido, a partir da
valorização do diálogo realizado no grupo de rede social com os idosos, estimulando a
autonomia e o desenvolvimento de uma atividade lúdica prazerosa e interativa, promoveu-
se a troca de receitas culinárias e a concretização de um livro de receitas.
Visando a promoção das relações sociais e o exercício da cidadania mediante a
inclusão digital, o objetivo deste trabalho é relatar a importância da construção coletiva de
um livro de receitas de modo on-line em tempos de pandemia.

Metodologia
Para o desenvolvimento das atividades do projeto de extensão, um grupo virtual no
Whatsapp® foi consolidado e as atividades interativas on-line oferecidas diariamente, com
média de 95 participantes em três momentos distintos do dia. Pela manhã é realizada a
transmissão de informações sobre saúde, à tarde são prestadas orientações sobre o uso do
WhatsApp® e a noite são propostas entre 10 e 20 atividades cognitivas e de atenção.

1416
Nestas intervenções on-line, diversos materiais são compartilhados com os idosos a
fim de auxiliar no processo de promoção à saúde, bem como facilitar o uso das tecnologias
digitais mediante o incentivo da interação social como cartilhas, manuais e materiais
específicos com informações sobre datas alusivas destacadas pelo Ministério da Saúde.
Estas ações possibilitam aos idosos uma dinâmica de vivência em sociedade diferenciada,
à distância, fato que encorpa a responsabilidade do projeto em promover a saúde, mesmo
em tempos de pandemia e distanciamento social.
Constata-se a participação dos idosos no grupo, que trocam diariamente em torno
de 300 à 350 mensagens pelo WhatsApp®, momento em que as dúvidas são sanadas,
elogios são feitos, novas demandas são levantadas, ou seja, a interação social ocorre à
distância. A partir das conversas on-line iniciou-se a troca de receitas culinárias pelo grupo,
o que proporcionou um momento prazeroso que fortaleceu as relações afetivas entre os
integrantes. Surge, mediante esta conjuntura, a proposição para que os idosos
compartilhassem uma receita no grupo virtual a fim de compilar todas, para a elaboração
de um livro.
A ideia foi aceita prontamente e logo iniciaram as trocas de receitas feitas por
mensagens de áudio, imagens das receitas registradas do caderno e as receitas digitadas.
Todas as receitas culinárias foram transcritas para a elaboração do livro, sendo feito
somente a substituição de marcas comerciais, pelo nome do produto. De modo coletivo,
discutiu-se sobre a capa do livro e a arte, e com uso do programa Canvas®, o "Livro de
Receitas dos Vovôs e Vovós Conectados" foi confeccionado. O livro contempla 53 receitas
culinárias, sendo 18 receitas de bolos, 16 de doces, 5 de massas, 3 de proteínas, 2 de
saladas, 2 de temperos e conservas e 7 de tortas salgadas.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Como preceitos para a construção do livro de receitas foi valorizado o diálogo on-
line, considerando as especificidades que partiram das experiências prévias dos idosos e de
ações práticas que poderiam realizar, no caso as receitas, que já tenham feito e agradado o
paladar de outras pessoas e/ou que representam uma referência ou tradição familiar, como

1417
por exemplo, a torta de legumes que a mãe preparava, a sopa que tomava na casa da avó ou
o bolo de laranja que fazia no café da tarde para as amigas.
No momento da construção do livro de receitas, assim como no projeto
desenvolvido por Penha et al. (2018), foi valorizada a cultura alimentar, as experiências
dos idosos e a intenção de provocar novos sabores, contemplando diversas técnicas
culinárias que contemplassem a simplicidade e praticidade no preparo.
Foi possível observar o resgate de momentos afetivos importantes com a realização
de atividade culinária, que paralelamente incentivou o uso de tecnologias de comunicação
e informação ao alcance do idoso, como o aplicativo do WhatsApp® que alavancou a
propagação das receitas entre os colegas. Segundo Silveira et al. (2010) o processo de
inclusão digital dos idosos possibilita a recuperação da autoestima, reinserção e interação
social e o exercício da cidadania, sendo esta uma alternativa para a abertura de novas
possibilidades e oportunidades.
Por se tratar de um projeto de extensão com fomento, uma estudante bolsista atuou
diretamente com os idosos, propiciando rica experiência e o desenvolvimento da
conscientização e valorização do idoso mediante as trocas de saberes intergeracionais, com
a prática comunitária em ações coletivas e cotidianas em um grupo virtual. Além disso,
promoveu-se as habilidades com uso de recursos tecnológicos e de comunicação visual
pertinentes à formação do técnico em desenvolvimento de sistemas, integrando o
conhecimento técnico ao da formação humana, integral e cidadã.

Considerações Finais
A construção coletiva e on-line do livro com as receitas disponibilizadas pelos
idosos, em tempos de pandemia, promoveu a autonomia e inclusão digital, que gerou o
empoderamento dos longevos no sentido de serem protagonistas e atuantes nas escolhas
que influenciam o seu estado de saúde física e mental, assim como na sua inserção social.
Somado a isso, proporcionou novas experiências intergeracionais à estudante
bolsista associada à prática técnica na utilização de tecnologias de informação e
comunicação mediante vivência profissional em um projeto de extensão.

1418
Referências
PENHA, Raiane Silva da et al. Feito à mão tem mais sabor e valor: a construção coletiva
de um livro de receitas no contexto da promoção da alimentação saudável com idosos.
Revista da Associação Brasileira de Nutrição, São Paulo, v. 9, n. 2, p. 60- 68, jul./dez.
2018. Disponível em: https://www.rasbran.com.br/rasbran/article/view/845/224. Acesso
em: 6 jul. 2021.

SILVEIRA, Michele Marinho da et al. Educação e inclusão digital para idosos. Revista
Novas Tecnologias na Educação, Porto Alegre, v. 8, n. 2, jul. 2010. Disponível em:
https://seer.ufrgs.br/renote/article/view/15210/9523. Acesso em: 6 jul. 2021.

TAVARES, Nayana Pinheiro et al. Atenção à saúde da pessoa idosa e Covid-19:


orientações para um enfrentamento saudável. Recife: EDUFRPE, 2020. Disponível em:
https://idososcovid19.fiocruz.br/sites/idososcovid19.fiocruz.br/files/cartilha_saude_da_pes
soa_idosa_e_a_covid-19_0.pdf. Acesso em: 6 jul. 2021.

1419
RADIOLOGIA NA COMUNIDADE E ISOLAMENTO SOCIAL: UM NOVO
MODO DE FAZER EXTENSÃO?

Área Temática: Saúde


Coordenador(a) da atividade: Juliana Almeida Coelho de MELO
Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC)
Autores: C. SILVA ; B. SANTOS NASCIMENTO 2; D. MARIA MULLER 3
1

Resumo:
O projeto “Radiologia na Comunidade” promove a interação dialógica entre a universidade
e a comunidade por meio de ações de educação e promoção à saúde sobre o câncer de
mama e osteoporose. O objetivo do relato é compartilhar a experiência do projeto
Radiologia na Comunidade frente aos desafios vivenciados no período de isolamento
social impostos pela pandemia de Covid-19. A proposta é caracterizada como uma
pesquisa-ação de natureza educativa. Os alunos foram desafiados a produzir durante a
disciplina “Atividade de Extensão II'' um curso a distância, um circuito de palestras virtual
direcionado a atuação profissional da enfermagem palestras e vídeos para o Curso de
Formação Continuada (FIC) em Proteção Radiológica para os profissionais das técnicas
radiológicas. A partir do projeto, verifica-se que a instituição de ensino cumpre seu papel
social de proporcionar a mudança por meio do conhecimento científico. Além de melhorar
a assistência e a condição de saúde da população.

Palavras-chave: extensão comunitária; saúde da mulher; isolamento social.

Introdução
O projeto de extensão “Radiologia na Comunidade” foi desenvolvido a fim de
promover a interação dialógica entre a instituição de ensino e a comunidade por meio de
ações de educação e promoção à saúde sobre o câncer de mama e osteoporose para
mulheres e idosos. O projeto acontece durante o segundo semestre letivo do Curso
1
Charlene da Silva, docente do Curso Superior de Tecnologia (CST) em Radiologia.
2
Bruno dos Santos Nascimento, aluno bolsista do CST em Radiologia do Instituto Federal de Santa Catarina.
3
Daniela Maria Muller, aluno bolsista do CST em Radiologia do Instituto Federal de Santa Catarina.

1420
Superior de Tecnologia (CST) em Radiologia do Instituto Federal de Santa Catarina
(IFSC) na disciplina “Atividade de Extensão II”, quando os alunos desenvolvem as
práticas extensionistas sob a supervisão dos docentes, reforçando a indissociabilidade da
tríade ensino-pesquisa-extensão.
Na ação são executadas práticas de promoção à saúde, tais como palestras,
relacionadas à saúde da mulher e do idoso, tratando essencialmente acerca do câncer de
mama e a osteoporose. Ao longo dos anos, foram promovidas diversos eventos presenciais
(MELO; MEDEIROS, 2013; MEDEIROS et al., 2014; JESUS et al., 2019). Logo, o pilar
do projeto é a educação, onde o indivíduo se coloca como ator principal na manutenção de
sua saúde. O projeto discute o conceito da doença, prevenção, condutas de rastreamento e
tratamento, os conteúdos são elaborados a partir de pesquisas executadas pelos estudantes.
Contudo, no ano de 2020, devido a epidemia de Covid-19, o IFSC suspendeu as
atividades acadêmicas presenciais e manteve o calendário de ensino não presencial. Dessa
forma, o projeto de extensão precisou ser repensado de modo a permitir a execução no
sistema remoto. Nesse momento, visualizava-se um desafio a ser superado: como
compartilhar conhecimento com a comunidade em um período onde estava estabelecido o
distanciamento social? Diante desta problemática, a proposta foi reestruturada para
execução online. Portanto, o objetivo do relato é compartilhar a experiência do projeto
Radiologia na Comunidade frente aos desafios vivenciados no período de isolamento
social impostos pela pandemia de Covid-19.

Metodologia
O relato de experiência trata sobre a execução do projeto Radiologia na
Comunidade, caracterizada como uma pesquisa-ação de natureza educativa. O mesmo está
vinculado ao Sistema Integrado de Gestão e Atividade Acadêmica de Extensão por meio
de dois projetos (CR012-2021 e PJ101-2021) e um evento (EV043-2021). A ação de
extensão encontra-se em execução desde março de 2020, com participação de estudantes
da 5º fase do CST de Radiologia mediados por docentes responsáveis pela unidade
curricular (UC) “Atividade de Extensão II”. Apesar do período imposto de isolamento

1421
social, o grupo de docentes e estudantes vislumbrou uma oportunidade de refletir e criar
novas conexões para a manutenção do vínculo entre a instituição de ensino e o setor
social. A primeira etapa da ação foi a identificação do público alvo, em seguida discutiu-se
a forma de abordagem da temática educação em saúde mediada pelas tecnologias de
informação .
No ano de 2020, foi produzido e executado o curso “Radiologia na Comunidade”
na modalidade de ensino a distância (EaD) por meio de um ambiente virtual de
aprendizagem. O curso de acesso livre e gratuito permitiu atingir um público de 147
participantes, com diferentes idades e níveis de escolaridade (MELO et al., 2020).
Participaram da elaboração da ação 19 discentes da UC e dois bolsistas com supervisão de
três docentes. Já em 2021, os discentes extensionistas estiveram à frente da organização e
execução de um circuito de palestras virtual direcionado a atuação profissional da
enfermagem com a temática promoção da saúde e prevenção do câncer de mama e
osteoporose, este evento contou com 169 inscritos. Paralelo ao evento, foram
desenvolvidos vídeos para o Curso de Formação Continuada (FIC) em Proteção
Radiológica, direcionado aos profissionais das técnicas radiológicas. O material elaborado
tem como escopo os exames radiológicos de detecção das doenças (mamografia e
densitometria óssea) e assuntos correlatos. Para o desenvolvimento de ambas as ações
participaram 25 discentes, dois bolsistas extensionistas com a coordenação de dois
docentes.
Desenvolvimento e processos avaliativos
O gerenciamento da construção do curso bem como o desenvolvimento do circuito
de palestras e produção dos vídeos para o curso FIC foi realizado pelos docentes,
determinando responsabilidades e atribuições aos discentes. Estes formaram equipes com
objetivo de realizar a pesquisa sobre os conteúdos relacionados à temática com vistas a
apropriar-se do assunto. A todo momento os alunos foram convidados a refletir sobre a
necessidade da moldar escrita para atender o público de cada ação.
Entre as principais atividades desenvolvidas destaca-se o curso, com a gravação das
videoaulas, construção dos materiais complementares de estudo, livro digital e questionário

1422
avaliativo. Já para o circuito de palestras e videoaulas destinadas ao FIC houve a produção
de material audiovisual, bem como a criação de apresentações e treinamento da arguição
oral dos palestrantes. Para o evento, os discentes extensionistas participaram da
divulgação, e, da organização e gerenciamento dos inscritos.
Na esfera da atualização profissional, o projeto impacta no processo de educação
continuada dos profissionais da saúde, estimulando o aperfeiçoamento e a assertividade
dos serviços prestados nos setores de radiologia por meio do compartilhamento do
conhecimento científico. Para a comunidade, as ações nesta vertente contribuem para a
diminuição de casos graves pelo diagnóstico precoce, bem como do número de internações
decorrentes da osteoporose e do câncer de mama.
Para o discente, a atividade de extensão permite uma experiência de interação
profissional com o público alvo, a construção de uma relação próxima com os docentes e
aperfeiçoamento de habilidades de escrita, comunicação e o raciocínio interdisciplinar. Por
meio dos conhecimentos adquiridos nas disciplinas essenciais do curso os alunos
produzem os materiais baseados nas necessidades de determinado setor da sociedade e
estendem o processo educativo, cultural e científico. Intervindo em um processo social
problemático a fim de auxiliar determinado setor da sociedade na sua resolução,
colaborando para o fortalecimento da tríade ensino-pesquisa-extensão.

Considerações Finais
Por meio do projeto “Radiologia na Comunidade", a instituição de ensino cumpre
seu papel social de proporcionar a mudança por meio do conhecimento científico
compartilhado. Embora tenha ocorrido mudanças em sua oferta, o projeto evidenciou que o
ensino remoto tornou-se fundamental para manter o diálogo entre a instituição de ensino e
os setores da sociedade. Destaca-se que até o momento o projeto atingiu 316 participantes
externos, tanto no curso como no evento. Isso demonstra a necessidade dos profissionais e
estudantes da área da saúde participarem de atualizações sobre esses temas.
Por fim, vislumbra-se que o projeto “Radiologia na Comunidade”, por meio das
ações de educação em saúde, contribui indiretamente na melhoria da assistência em saúde,

1423
dos processos de garantia de qualidade e por fim, da condição de saúde da população como
um todo.

Referências

JESUS, Kethylen da Silva de et al. Projeto Extensionista sobre Câncer de Mama e


Osteoporose para Idosos:: relato de experiência. Cidadania em Ação, Florianópolis, v. 2,
n. 3, p. 111-131, dez. 2019.

MELO, Juliana Almeida Coelho de; MEDEIROS, Caroline de. RADIOLOGIA E


COMUNIDADE: extensão em um curso superior de tecnologia. In: Simpósio Internacional
sobre Interdisciplinaridade no Ensino, na Pesquisa e na Extensão, 1., 2013, Florianópolis.
Conhecimento Interdisciplinar. Florianópolis: Ufsc, 2013. p. 1-10.

MELO, Juliana Almeida Coelho de et al. Extensão Universitária na Pandemia de Covid-


19: Projeto Radiologia na Comunidade, o uso da rede social e ambiente virtual de
aprendizagem. Saberes Plurais: Educação na Saúde, Florianópolis, v. 4, n. 2, p. 49-60, 01
dez. 2020. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/saberesplurais/article/view/108759/60000.
Acesso em: 16 jul. 2021.

1424
REIKI NA UNIVERSIDADE - UMA EXPÉRIENCIA COM PRÁTICAS
INTEGRATIVAS EM SAÚDE

Área temática: Saúde


Coordenador da atividade: Caio Mauricio MENDES DE CORDOVA
Universidade de Blumenau (FURB)
Autores: C. M. M. de CORDOVA 1; C. VALENTE 2; M. KRETZSCHMAR 3; M. T. C.
JOHN 4; Y. F. FLORES 5

Resumo:
O Reiki é uma filosofia e técnica de cura trazida do Japão que busca a utilização da
Energia Vital (ki), para o realinhamento das vibrações e chacras, buscando o reequilíbrio
dos processos físicos, emocionais, mentais e sutis, principalmente através da imposição das
mãos. É considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como método de
tratamento complementar e integrado na Política Nacional de Práticas Integrativas e
Complementares (PNPIC). Apesar de disseminadas em praticamente todos os países, as
PICs são ainda subestimadas no cuidado à saúde. Este projeto visa contribuir para uma
maior humanização do atendimento à saúde, com atenção à espiritualidade, à paz interior e
à realização pessoal, desenvolvendo uma filosofia de vida individual e coletiva que possa
transformar nossos corpos e o ambiente externo instável e desequilibrado em que vivemos,
num ambiente acolhedor e harmonioso. Realizamos cursos de formação em Reiki na
universidade, bem como atendimentos individualizados ou via redes sociais. Foram
também desenvolvidas mídias para as redes sociais, de forma a divulgar e esclarecer a
população sobre as diferentes PICs. As atividades foram avaliadas por formulários
preenchidos pelos participantes, e também pela interação via redes sociais. Pudemos
observar uma adesão crescente da comunidade externa, e mesmo interna, à prática
oferecida, e que pelos relatos das pessoas, tem contribuído sobremaneira à qualidade de
vida das mesmas, em várias dimensões, notadamente neste período de pandemia viral.

1
Caio Mauricio Mendes de Cordova, ([cursos de Farmácia e Biomedicina] docente).
2
Caroline Valente, vínculo ([curso de Biomedicina], docente).
3
Morgana Ktrezschmar, ([curso de Farmácia], docente).
4
Mirele Titon Claderari John, ([curso de Farmácia], docente).
5
Yahzmin Feuser Flores, vínculo (aluno [curso de Psicologia]).

1425
Palavras-chave: Reiki; Práticas Integrativas e Complementares; Medicinas Tradicionais e
Complementares; Qualidade de Vida.

Introdução
O Reiki é uma prática holística que visa o equilíbrio energético das dimensões
física, emocional, mental e espiritual através da imposição das mãos por parte de um
reikiano treinado. Vários grupos ao redor do mundo têm se dedicado a estudar práticas
holísticas do ponto de vista científico. Ainda que o Reiki nem sempre ‘cure' e a prática de
fato não chame para si essa responsabilidade, ele acalma e conforta, e essa condição
favorece a cura (POTTER, 2013). Em nossa IES, já conduzimos estudos avaliando os
efeitos do Reiki na qualidade de vida das pessoas (SEHNEM et al, 2019), e também sobre
a ansiedade e depressão (em andamento).
As práticas holísticas estão ainda inseridas na formação de vários cursos de nossa
IES, notadamente em Medicina (Acupuntura), Fisioterapia (Acupuntura e Auriculoterapia),
Biomedicina (Acupuntura e Auriculoterapia), e Farmácia (Homeopatia e Práticas
Integrativas). Nossas iniciativas contribuem ainda com a curricularização da extensão,
notadamente dos cursos da Saúde. Essas atividades resultam também em Trabalhos de
Conclusão de Curso de Graduação, e a participação dos alunos na publicação de artigos
científicos.
O objetivo geral deste projeto é contribuir para uma maior humanização do
atendimento à saúde, com atenção à espiritualidade, à paz interior e à realização pessoal,
desenvolvendo uma filosofia de vida individual e coletiva que possa transformar nosso
corpo e o ambiente externo instável e desequilibrado em que vivemos, num ambiente
acolhedor e harmonioso. Para isso, buscamos conduzir cursos de formação e práticas,
notadamente em Reiki, para a comunidade interna e externa à universidade, bem como a
sua divulgação.

Metodologia
As atividades do projeto foram sistematizadas em três eixos. O primeiro consiste
em Cursos de formação em Reiki, em ciclos semestrais. Em momentos de restrição do

1426
convívio social divido à pandemia COVID19, os cursos são realizados de forma remota,
utilizando a plataforma Zoom Meetings (www.zoom.us).
O segundo eixo consiste em atendimentos que visam difundir o Reiki e as demais
PICs. No período pré-pandemia, os atendimentos eram realizados de forma presencial, na
universidade, em espaço dedicado ao desenvolvimento do projeto. No contexto da
COVID19, os atendimentos estão sendo feitos de forma remota, notadamente via
Instagram, uma vez que o Reiki é uma prática que possibilita a intervenção energética nas
pessoas mesmo ‘a distância’.
O terceiro eixo de atividades consiste na produção de mídias e divulgação do Reiki
e das PICs nas redes sociais, notadamente no perfil do projeto no Instagram, e também no
Facebook.
O público-alvo de nosso trabalho constitui-se não só da comunidade externa, mas
também da comunidade interna, sejam alunos, docentes ou servidores, uma vez que o
estado de adoecimento físico, emocional e mental é geral, atingindo também com grande
intensidade o universo das instituições de ensino.
As atividades são avaliadas pelo público-alvo através de um formulário, bem como
através das interações registradas pelas redes sociais, de forma a determinar o impacto das
práticas desse projeto na vida das pessoas. As respostas a estes questionários e avaliações
são também utilizadas para avaliação interna do projeto, para eventuais ajustes de rumo ou
procedimentos.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Nossa presença nas mídias sociais tem contribuído muito para a divulgação das
atividades do projeto. Contamos com um website específico (www.reikinafurb.org), por
onde divulgamos e organizamos as inscrições para os cursos. Além das avaliações gerais
via formulário enviado aos participantes, temos como avaliação objetiva o questionário
WHOQOL-BREF, para a determinação do impacto da formação em Reiki na qualidade de
vida dos reikianos, e também do questionário da Escala de Ansiedade e Depressão (HAD).
Temos tido a participação de cerca de 70 pessoas nos cursos de Reiki nível I, 50 pessoas no
nível II, e 45 pessoas no nível III-A, além de 80 a 90 pessoas no Curso de Aprimoramento,

1427
a cada semestre. As avaliações são extremamente positivas, desde os primeiros cursos em
2012, o que nos motiva a continuar, mesmo porque o número de pessoas que procura os
cursos de Reiki não declina, demonstrando o crescente interesse das pessoas pela prática.
Nos atendimentos presencias com Reiki, realizados uma vez por semana na
universidade, a procura também é grande, ficando nossa capacidade limitada pelo número
de docentes e bolsistas participantes. Presencialmente atendemos cerca de 6 pessoas por
semana. Por outro lado, com a migração dessa atividade para o Instagram, na forma de
envio de Reiki ‘à distância’ numa ‘live’ realizada também semanalmente, a procura tem
sido na ordem de 50 pessoas a cada sessão. Cerca de 90 pessoas ao todo passam ao menos
um momento pela ‘live’, o que também contribui para a divulgação da prática.
A contribuição dos alunos na produção de mídias para as redes sociais tem sido
essencial. Produzimos material esclarecendo e divulgando os benefícios não só do Reiki,
mas também de outras PICs, como a auriculoterapia, Florais, aromaterapia, Yoga,
meditação, etc.
Os depoimentos dos participantes, notadamente nas atividades nas redes sociais,
têm demonstrado os benefícios que o Reiki tem apresentado a elas, especialmente nesse
momento emocional e mentalmente conturbado de pandemia. Muitos tem reiterado seu
interesse em atendimentos presenciais, assim que for possível a sua realização com
segurança.
Os alunos que participaram das atividades, na produção das mídias para as redes
sociais, relataram também um sentimento de gratificação, por virem a conhecer práticas
novas e de cuidado holístico em saúde e bem-estar, que antes não tinham oportunidade de
entrar em contato, abrindo inclusive novos horizontes em sua formação e futura atuação
profissional.
Considerações Finais
Temos testemunhado uma importância relevante da divulgação e da prática do
Reiki para o bem-estar das pessoas, através das atividades deste projeto. De forma
interessante, a adoção de tecnologias de redes sociais, no período de pandemia, permitiu o
alcance de pessoas em diferentes regiões do país, não ficando o projeto limitado à região

1428
geográfica onde nossa universidade está inserida. Nossas atividades contribuíram inclusive
para o estabelecimento da Política Municipal de PICs, que inexistia.

Referências
POTTER, P. J. Energy therapies in advanced practice oncology: an evidence-informed
practice approach. J Adv Pract Oncol. v. 4, n. 3, p.139-51, 2014.

SEHNEM, F. C. et al. Mudanças na percepção da qualidade de vida durante o aprendizado


do Reiki. Revista Brasileira de Qualidade de Vida, v. 11, n. 4, e9897, 2019.

1429
RELATO SOBRE O I SIMPÓSIO DE NEUROCIÊNCIAS CLÍNICA E
EXPERIMENTAL: NEUROINFLAMAÇÃO E NEUROINFECÇÃO

Área temática: Saúde


Coordenadora da atividade: Zuleide Maria IGNÁCIO
Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS)
Autores: N. M. CORDEIRO ; I. M. V. DIAS 2; J. C. H. FARIAS 3; T. C. BOFF 4; S. J. B.
1

SOARES 5; Z. M. IGNÁCIO 6.

Resumo:
O I Simpósio de Neurociências Clínica e Experimental: Neuroinflamação e Neuroinfecção
foi idealizado pelos graduandos de Enfermagem e Medicina da UFFS e teve como intuito
divulgar e destacar os estudos e práticas clínicas mais recentes referentes aos processos
fisiopatológicos e estratégias terapêuticas sobre doenças neuroinflamatórias e
neuroinfecciosas. Considerando a Pandemia, também foi abordada a COVID-19 e
implicações neurológicas. Esse evento foi virtual e dividido em quatro dias, possibilitando
a participação de excelentes profissionais cientistas e vários estudantes brasileiros da área
da saúde. A comunidade acadêmica da UFFS atuou na organização e intermediação das
atividades, ao passo que a comunidade externa teve importante função na difusão do
evento à população em geral. O I Simpósio contribuiu de forma relevante na integração da
comunidade às atividades acadêmicas e científicas, proporcionando maior visibilidade
regional, por se tratar de um evento virtual com divulgação nacional.

Palavras-chave: Simpósio; Neurociência; Neuroinfecção; Neuroinflamação.

1 Nágilla Moreira Cordeiro, aluna do curso de graduação em Medicina.


2 Isabella Martins Vieira Dias, aluna do curso de graduação em Medicina.
3 Juliano Cesar Huf Farias, aluno do curso de graduação em Medicina.
4 Talia Cassia Boff, aluna do curso de graduação em Medicina.
5 Sílvio José Batista Soares, aluno do curso de graduação em Medicina
6 Zuleide Maria Ignácio, docente do curso de graduação em Enfermagem e do Programa de Pós Graduação
em Ciências Biomédicas.

1430
Introdução
O I Simpósio de Neurociências Clínica e Experimental: Neuroinflamação e
Neuroinfecção foi realizado pela Liga Acadêmica de Neurociências (LANEU) da
Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS). A neuroinflamação está envolvida na
promoção de microambientes nervosos pró-inflamatórios, os quais implicam em várias
patologias do Sistema Nervoso Central (SNC). O objetivo do simpósio foi proporcionar
aos acadêmicos e profissionais um enriquecimento do repertório técnico-científico, com
relação à fisiopatologia, abordagem clínica e métodos diagnósticos das principais
condições clínicas no SNC, com foco nas doenças infecciosas, bem como nas doenças que
envolvem processos neuroinflamatórios.
Além da integração da comunidade acadêmico-científica com profissionais da
saúde e comunidade externa em geral, os graduandos desenvolvem habilidades e
conhecimentos extra-classe. O evento também possibilita a participação científica ativa de
estudantes por meio de apresentação de pesquisas e publicação de resumos nos anais do
simpósio. A comunidade externa se fez presente por meio de empresas apoiadoras, dando
maior visibilidade ao evento. Assim, as ações realizadas vão ao encontro com as Diretrizes
Curriculares Nacionais de 2014 que reforçam a participação ativa dos graduandos, visando
capacitá-los para atuarem nos diversos níveis de atenção à saúde (BRASIL, 2014).

Metodologia
O evento foi realizado de forma virtual e transmitido pelo canal da LANEU. Foi
dividido em quatro dias, entre 21 e 24 de outubro de 2020. Quanto ao público-alvo, foi
direcionado para todos os estudantes da área da saúde, além de alunos da pós-graduação e
profissionais de saúde. Em relação a divulgação do simpósio foi feita pelos membros da
LANEU e ligas parceiras por meio de redes sociais e e-mails institucionais. Os
interessados foram direcionados para uma página online de inscrição e submissão dos
resumos.
No primeiro dia, foram abordadas as doenças infecciosas tropicais e
comprometimento cognitivo, principais infecções do SNC e consequências neurológicas da
COVID-19. No segundo dia foram abordados temas sobre meningite induzida e

1431
diagnóstico experimental, e cirurgia do Parkinson e a relação entre neuroinflamação,
neuroinfecção e doenças neurodegenerativas. Já no terceiro dia de evento, exames de
imagem e suas alterações na neuroinfecção e neuroinflamação, além da análise laboratorial
do líquido cefalorraquidiano e correlações clínicas. Por fim, o último dia abordou temas
relacionados à neuroinflamação e transtornos de humor, e o evento foi finalizado com uma
mesa redonda sobre meningite bacteriana. Os resumos submetidos foram selecionados e
apresentados de forma oral nos intervalos de cada palestra, e ao final do evento, foram
premiados os melhores classificados.

Desenvolvimento e processos avaliativos


O Simpósio permitiu um aprofundamento sobre doenças neuroinflamatórias e
neuroinfecciosas a partir de palestras ministradas por profissionais com excelência em
pesquisas e na clínica. A comissão organizadora formada por docentes e discentes da
LANEU, oriundos dos cursos de Medicina e Enfermagem, atuou no planejamento das
palestras, elaboração de material artístico, divulgação em mídias sociais e institucionais,
desenvolvimento de meio eletrônico para inscrição e submissão de artigos e preparação de
plataforma virtual para apresentação das palestras e artigos. Além disso, contou com apoio
de parceiros internos, como as ligas acadêmicas, membros da comunidade acadêmica da
UFFS, e externos, como estudantes de outras instituições de ensino e ligas acadêmicas,
para a realização e divulgação do evento, o que possibilitou maior evidência. O evento
também foi divulgado durante a XLIII Reunião Anual da Sociedade Brasileira de
Neurociências e Comportamento no dia 17 de outubro de 2020.
O evento teve mais de 400 inscritos e certificou 219 participantes. Com relação à
submissão de resumos e apresentação oral de trabalhos científicos pelos participantes, 26
foram apresentados, receberam certificação, e foram publicados nos anais da UFFS.
Como critério avaliativo do Simpósio, optou-se pelo envio de formulário para o e-
mail dos participantes inscritos, a fim de obter um retorno sobre o evento no ponto de vista
dos espectadores. A partir das respostas computadas, 85,4% avaliaram o evento como
ótimo, acerca das palestras, 78,9% as classificaram como ótimas. Nos pontos positivos

1432
foram mencionados as palestras e palestrantes, a disponibilidade de formulário de
perguntas, a mediação, os benefícios do formato online e a apresentação dos trabalhos.
Cabe ressaltar que o evento teve um alcance importante entre estudantes,
profissionais e cientistas na área, contando também com profissionais de órgãos gestores
de saúde do município de Chapecó-SC. O formato on-line proporcionou a divulgação de
conhecimento em nível nacional, acolhendo palestrantes, participantes e trabalhos oriundos
de todas as regiões do país.
Além disso, o evento contextualizou a temática de neuroinfecção e
neuroinflamação com as informações mais atuais e relevantes sobre o SARS-CoV-2,
contribuindo para um melhor entendimento sobre a COVID-19 e todas as suas implicações
biopsicossociais.
Sendo assim, acredita-se que o evento tenha exercido um papel significativo na
formação e experiência dos participantes, tendo em vista que a compreensão das
informações veiculadas possibilita a aplicação prática desses conhecimentos, o que
promove uma melhor assistência em saúde para a população, bem como inspira nos
profissionais da saúde um senso de responsabilidade social e de cidadania e o estímulo à
busca de mais conhecimento. Tais percepções são observadas em estudos envolvendo
atividades extensionistas, que sugerem a função benéfica e edificante de sua aplicação
junto às atividades de ensino e pesquisa para a formação universitária (COELHO, 2014).

Considerações Finais
E evento recebeu ótima avaliação do público. Além dos participantes, a comissão
organizadora considerou que os objetivos foram alcançados com sucesso e ultrapassaram
as expectativas iniciais.
Acredita-se, também, que o evento ampliou as fronteiras do conhecimento para os
ouvintes e permitiu a aproximação regional, em razão do modelo on-line de transmissão
possibilitar um acompanhamento em tempo real do evento a partir de qualquer lugar.
É importante ressaltar que o Simpósio estimulou a produção científica e buscou
inserir o acadêmico nesses espaços desde a graduação, permitindo com que o

1433
conhecimento seja adquirido também pelo ensino e pesquisa, que, juntos com a atividade
de extensão, formam a base educacional desejável ao pleno conhecimento.

Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Resolução Nº. 3 de 20 de junho de 2014. Institui
diretrizes curriculares nacionais do curso de graduação em Medicina e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Brasília, Seção 1, p. 8-11, 23 jun. 2014.

COELHO, G. O papel pedagógico da extensão universitária. Revista Em Extensão, p. 11–


24, 31 dez. 2014.

Apoio:
Universidade Federal da Fronteira Sul – Bolsa de Extensão

1434
RELATO SOBRE O IV SIMPÓSIO DO SUICÍDIO: UMA MORTE EVITÁVEL

Área temática: Saúde


Coordenador(a) da atividade: Marcela Martins Furlan DE LÉO
Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS)
Autores: S. J. B. SOARES ; G. H. R. CURTY 2; V. E. M. SOARES 3; J. B. DE ARAUJO 4;
1

A. G. BERTOLLO 5; M. M. F. DE LÉO 6.

Resumo:
O suicídio é um problema de saúde pública global. Estima-se que mais de 703.000 pessoas
morrem por suicídio todos os anos. A adoção de medidas para a redução da mortalidade
por suicídio é tida como uma das prioridades pela Organização Mundial da Saúde (OMS),
por meio de um Plano de Ação de Saúde Mental – 2013/2020, prorrogado até 2030. Além
disso, a prevenção do suicídio está entre as metas e indicadores globais preconizados nos
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ODS). No Brasil, a região
Sul lidera as estatísticas de suicídio, tornando-se imperativo trabalhar essa temática com a
comunidade regional. O IV Simpósio do Suicídio: Uma Morte Evitável teve como objetivo
sensibilizar o público alvo sobre a relevância de trabalhar saúde mental de forma contínua
em todo o ciclo vital e também sobre a importância das políticas públicas na prevenção do
adoecimento mental e do suicídio a partir de ações de extensão universitária. As quatro
palestras ocorreram de forma remota em três dias do mês de setembro de 2020. A atividade
foi organizada pelos estudantes da Liga Acadêmica de Neurociências. Ao final do evento,
que contou com a participação de aproximadamente 300 pessoas, foi disponibilizado
formulário de avaliação, tanto para os inscritos, quanto para os organizadores da ação. Por
fim, a atividade proporcionou um espaço de discussões e construção de conhecimento
sobre aspectos relacionados ao comportamento suicida e à sua prevenção em nível regional
e global.

1 Silvio José Batista Soares, aluno do curso de graduação em Medicina.


2 Gustavo Henrique Ridão Curty, aluno do curso de graduação em Medicina.
3 Victor Emanuel Miranda Soares, aluno do curso de graduação em Medicina.
4 Julia Biatrice de Araújo, aluna do curso de graduação em Medicina.
5 Amanda Gollo Bertollo, aluna do curso de graduação em Enfermagem.
6 Marcela Martins Furlan de Léo, docente do curso de graduação em Enfermagem.

1435
Palavras-chave: Suicídio; Saúde Mental; Prevenção

Introdução
Globalmente, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a
cada 40 segundos uma pessoa morre por suicídio e que mais de 703.000 pessoas morrem
por suicídio no mundo anualmente. Entre indivíduos dos 15 aos 29 anos de idade, o
suicídio representa a segunda maior causa de morte. Nos últimos 10 anos, houve um
aumento de cerca de 35% nas taxas de mortalidade por suicídio, especialmente na
adolescência e idade adulta jovem. (OMS, 2014; 2021). Nesse sentido, diversos esforços
tem sido realizados por essa organização com a finalidade de reduzir esses indicadores,
como o Programa Geral de Trabalho 2019-2023, bem como o Plano de Ação de Saúde
mental da OMS de 2013 a 2020, que foi prorrogado até o ano de 2030 (OMS, 2021).
A Organização das Nações Unidas (ONU), também tem abordado de forma
ampla a questão da prevenção do suicídio e promoção da saúde mental no planeta. Nota-
se que na “Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”, dentre os 17 objetivos, o
terceiro visa assegurar uma vida saudável e também promover o bem estar para todos,
independentemente da idade. Uma das finalidades é a redução dos indicadores de taxa de
mortalidade por suicídio (MUNDO, 2016).
O comportamento suicida é, por si só, de natureza complexa e multidimensional e,
portanto, incapaz de ser explicado sob um ponto de vista isolado e comum a todos os
indivíduos. São vários os fatores de risco descritos que se inter-relacionam na condução de
um ser humano ao seu autoextermínio, sendo alguns deles modificáveis e outros não.
Segundo Hawton e van Heeringer (2009), nove em cada dez pessoas que cometeram
suicídio apresentavam um transtorno mental no momento da morte que pode não ter
recebido a devida atenção ou o tratamento mais adequado para sua situação. Logo, a
detecção precoce de fatores de risco que levam ao suicídio e a correta abordagem por uma
rede de apoio devidamente qualificada e aberta à escuta do paciente em crise são atitudes
que podem evitar mortes futuras decorrentes do suicídio.
As Diretrizes Curriculares Nacionais de 2014 para os cursos da área da saúde sugerem

1436
a utilização de metodologias que privilegie a interação entre ensino, pesquisa e extensão, e
de acordo com Bastos et al. (2012), as ligas acadêmicas são ambientes que proporcionam
essa interação. Pensando nisso, a Liga Acadêmica de Neurociências (LANEU) foi criada
em junho de 2019 e cadastrada como programa de Extensão no sistema PRISMA, propõe
um enfoque em aspectos básicos e específicos dentro dos saberes que englobam as
neurociências, entre elas a psiquiatria e a saúde mental, além de fomentar iniciativas
científicas e de extensão que visam à educação em saúde tanto para a comunidade
acadêmica quanto para a comunidade regional.
Em alusão ao “Setembro Amarelo”, mês de conscientização sobre a prevenção do
suicídio, a LANEU promoveu o IV Simpósio do Suicídio: Uma morte evitável, sendo uma
ação organizada pelos estudantes e com orientação/coordenação dos professores. Esse
simpósio teve como finalidade promover um evento interdisciplinar, através de ações de
extensão universitária, com a finalidade de conscientização e qualificação de profissionais
e acadêmicos envolvidos com o campo da saúde a respeito do fenômeno suicídio e dos
fatores que aumentam a vulnerabilidade da população para o suicídio e a importância das
políticas públicas na promoção de saúde.

Metodologia
O IV Simpósio do Suicídio: Uma Morte Evitável, contou com quatro palestras
entre os dias 24 a 26 de setembro de 2020. As seguintes atividades foram realizadas: Dia
24/09/2021: Evidências da correlação entre o suicídio e a exposição crônica aos defensivos
agrícolas. Dia 25/09/2021: Velho demais para morrer: O suicídio na terceira Idade. Dia
26/09/2021: O uso de drogas e o suicídio sob uma perspectiva psicanalítica, e por fim,
Trauma, dor e suicídio sob o olhar da psicanálise. Esse evento foi gratuito e direcionado
para estudantes, profissionais da saúde e também para a comunidade regional, através de
uma linguagem acessível. O simpósio foi transmitido através do Youtube da LANEU e as
palestras estão disponíveis para o público em geral no canal da liga.

1437
Desenvolvimento e processos avaliativos
Durante o planejamento do evento foi levado em consideração aspectos da
comunidade regional, pois os dados epidemiológicos apontam que os Estados da região Sul
do Brasil lideram as estatísticas de suicídio no país. Nesse sentido, aspectos regionais
como a expressiva utilização de agrotóxicos e o uso de drogas lícitas e ilícitas foram
abordados e relacionados à temática do suicídio. A divulgação foi feita na comunidade
através da divulgação em redes sociais e também por meio de convites enviados para as
secretarias de saúde municipais da região. A realização desse evento contou com o
protagonismo dos acadêmicos, desde o planejamento até o processo de pedido de
certificação, indo ao encontro dos objetivos preconizados nas DCNs e nos programas de
extensão universitária. Ao final do evento, foi disponibilizado formulário de avaliação
tanto para os mais de 300 participantes da ação quanto para os organizadores. Apesar de
alguns pontos destacados, como dificuldades de conexão de internet em alguns momentos,
observou-se que o evento teve avaliações positivas, tanto pelas temáticas abordadas,
quanto pela organização do evento e foi sinalizado nas avaliações para a manutenção dessa
atividade nos anos seguintes.

Considerações Finais
É observado que a temática da promoção da saúde mental e a prevenção do suicídio
é recorrente nas políticas e programas de organizações como OMS e ONU. Durante o IV
Simpósio do Suicídio: Uma Morte Evitável buscou-se evidenciar essas políticas por meio
de atividades que integrasse o contexto/realidade da comunidade regional através de ações
de extensão comunitária. Os objetivos do evento foram alcançados, ao ser ofertado
conteúdo de qualidade e embasados cientificamente para acadêmicos, profissionais da
saúde e também para a comunidade regional. As discussões levantadas por diferentes
profissionais sensibilizaram o público sobre a importância de abordar de forma ampla
aspectos da prevenção do suicídio e da promoção de saúde mental, indo ao encontro de
propostas como os ODS das Nações Unidas (ODS).

1438
Referências
DE BASTOS, Mayara Lisboa Soares et al. O papel das ligas acadêmicas na formação
profissional. Jornal Brasileiro de Pneumologia, v. 38, n. 6, p. 803-805, 2012.

HAWTON K, VAN HEERINGEN K. Suicide. Lancet, v.18, n. 373(9672), p. 1372-81,


2009.

MUNDO, Transformando Nosso. A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.


v. 15, 2016.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Preventing suicide: a global imperative


[Internet]. Geneva: World Health Organization, 2014.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Suicide worldwide in 2019: Global Health


Estimates. World Health Organization, 2021.

Apoio:
Universidade Federal da Fronteira Sul – Bolsa de Extensão

1439
REPERCUSSÕES SOCIAIS E ACADÊMICAS DAS ATIVIDADES DO PROJETO
DE EXTENSÃO SAÚDE BUCAL INCLUSIVA DURANTE A PANDEMIA

Área Temática: Saúde


Coordenador(a) da atividade: Yasmine Mendes PUPO
Universidade Federal do Paraná (UFPR)
Autores: L. M. O. de CARVALHO1; C. D. de MACEDO2; I. B. SANCHEZ3; I. S.
de QUEIROZ 4; L. I. MAGALHÃES5.

Resumo:
Em tempos de pandemia, o Projeto Saúde Bucal Inclusiva da Universidade Federal do
Paraná reinventou-se para manter seu propósito de aliar ensino, pesquisa e extensão e
promover o contato de alunos da graduação com o universo das pessoas com deficiência
(PDs), proporcionando uma visão humanizada e compartilhando informações
para um maior domínio das técnicas para o atendimento. A equipe criou o perfil do
Instagram “@sbi_ufpr” para divulgar os materiais desenvolvidos, visando ampliar o
público, compartilhando conteúdos acessíveis sobre a saúde bucal inclusiva. Foi idealizada
a I Jornada Acadêmica de Saúde Bucal Inclusiva, que contou com palestras e apresentação
de trabalhos acadêmicos. Atualmente a equipe está elaborando três livros, um de caráter
científico e outros dois, infantis. Todas as atividades e encontros foram
realizados remotamente, com o auxílio de plataformas online. A interação entre o público
e o projeto cresceu devido às estratégias digitais desenvolvidas, refletindo um aumento
significativo do engajamento no Instagram do projeto. Dessa maneira, observou-se a
importância de conciliar essas ações, mesmo com o retorno das atividades presenciais, uma
vez que se tornaram uma ponte entre a universidade e a comunidade, auxiliando na
disseminação de informações relacionadas à odontologia e às PDs.

Palavras-chave: comunicação em saúde; inclusão social; educação em odontologia

Introdução
O Projeto de Extensão Saúde Bucal Inclusiva (SBI), foi idealizado em 2015, com o
objetivo de integrar os alunos do curso de Odontologia da Universidade Federal do

1440
Paraná – UFPR ao atendimento de pessoas com deficiência (PDs) por meio de atividades
extensionistas em centros de educação especial na região de Curitiba, onde realizavam-se
atividades lúdicas com intuito de fornecer instruções básicas de saúde bucal aos alunos e
responsáveis, coletar dados para pesquisa e encaminhar pacientes para atendimento
na Clínica de Odontologia da instituição.
Com as atividades presenciais suspensas devido à pandemia da Covid-19, fez-
se necessária a adaptação para a modalidade remota. Em 2020, pensando no regresso do
trabalho nas escolas, iniciou-se o preparo de dois livros infantis – “Malu e Cadu em: uma
aventura no Dentista” e “Malu e Cadu em: o teatro do Dr. Dentão”. Além disso, foi
publicado o e-book “Manual de cuidados e atendimentos odontológicos a pessoas com
necessidades especiais” e, como estratégia de divulgação, criou-se o perfil
no Instagram @sbi_ufpr.
Com o agravamento da pandemia e sem perspectiva de retorno das atividades
presenciais, em 2021, surgiram novas estratégias para disseminar conhecimento sobre PDs,
como a I Jornada Acadêmica de Saúde Bucal Inclusiva – UFPR (I JASBI) e
a elaboração do livro “Abordagem odontológica da pessoa com deficiência: uma visão
clínica e humanizada”. Outrossim, este trabalho visa relatar a experiência do projeto de
extensão e as oportunidades e experiências que ele suscitou, ainda que em isolamento
social.

Metodologia
Para o planejamento e discussão das atividades, são realizadas reuniões
semanais pela plataforma Microsoft Teams®. Buscando democratizar a informação a
respeito das PDs, a inclusão social e expandir o público, alguns membros do projeto são
responsáveis pelo Marketing, elaborando posts para o Instagram por meio da ferramenta de
design Canva.
Com o intuito de atingir mais acadêmicos de odontologia e disseminar os valores
do projeto, a I JASBI foi um evento digital gratuito que contou com seis palestras e
apresentação de trabalhos acadêmicos, os quais serão publicados nos Anais da
Revista Archives of Health Investigation. A inscrição no evento, submissão de resumos e

1441
confirmação da presença para emissão de certificado foram realizadas por meio
de formulários do Google Forms. Para a transmissão das palestras, foram utilizadas as
plataformas Microsoft Teams®, Open Broadcaster Software (OBS) e YouTube. Por fim, os
certificados foram emitidos pela plataforma Even3 e enviados para o e-mail dos inscritos.
O livro “Abordagem odontológica da pessoa com deficiência: uma visão clínica e
humanizada” está em fase de diagramação e conta com dez capítulos que abordam
diferentes deficiências e seus respectivos atendimentos odontológicos. A fim de garantir a
qualidade do material, foram utilizadas as plataformas Pubmed, Portal de periódicos
Capes, Biblioteca virtual da UFPR e o gerenciador de referências Mendeley, adaptado à
norma Vancouver. A diagramação está sendo realizada pelo Microsoft Word e
pelo Canva.
As histórias dos livros infantis foram desenvolvidas por alunos e colaboradores do
projeto e encontra-se em processo de diagramação e ilustração por profissional da área,
pelo programa Procreate.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Para atrair inscritos na I JASBI, o Marketing organizou uma série de postagens no
Instagram divulgando o evento. Em um ano de perfil, fruto da dedicação, consistência dos
participantes e do sucesso da Jornada, o @sbi_ufpr atraiu 1.568 seguidores. O evento
obteve 1.200 inscritos de todas as regiões do Brasil e 113 resumos aprovados, alcançando
3.900 visualizações no total. Foram abordados temas como a contribuição do
fonoaudiólogo na vida das PDs, tratamento
restaurador atraumático, odontogeriatria, sedação inalatória com óxido nitroso, tratamento
das fissuras labiopalatinas e a saúde bucal em PDs. Essa iniciativa elucidou a importância
do conhecimento básico sobre o atendimento de PDs, uma vez que o número de
profissionais capacitados é escasso em comparação à demanda. Além disso, trouxe
benefícios tanto para os organizadores – que desenvolveram habilidades que transcendem a
clínica, como o domínio de artifícios digitais e comunicação com o público – quanto para
os inscritos, que, pelo feedback, demonstraram curiosidade, entusiasmo e satisfação em
participar do evento e aprofundar seus conhecimentos.

1442
Da mesma forma que a quantidade de profissionais especializados é restrita, há um
déficit de materiais científicos para o auxílio do atendimento desse grupo. Isto posto, o
livro “Abordagem odontológica da pessoa com deficiência: uma visão clínica e
humanizada”, surge como uma alternativa de referência para a odontologia, reduzindo
barreiras entre o cirurgião dentista e PDs. Os capítulos orientam desde o atendimento com
sedação com óxido nitroso; o atendimento odontológico no âmbito hospitalar; e a
odontologia minimamente invasiva para o controle da cárie, até a atenção e o manejo de
pacientes idosos; oncológicos; com fissuras labiopalatinas; com alterações neurológicas
e/ou neurodegenerativas; com alterações sensoriais; e com alterações endócrino-
metabólicas e imunológicas. A partir desse material, procedimentos que antes eram de
difícil acesso são viabilizados, reduzindo o tempo de atendimento, além de torná-lo mais
inclusivo e qualificado, e contribuindo para que mais pessoas em situação de
vulnerabilidade tenham acesso a tratamentos e orientações que lhes proporcionem
melhor qualidade de vida.
As histórias infantis, que apresentam personagens com características físicas e
comportamentais de pacientes com Síndrome de Down e Transtorno do Espectro
Autista, têm como propósito representar, orientar e instruir a criança, de forma sutil e
lúdica, sobre higiene e cuidados com a saúde bucal, além de ser um recurso para ambientar
e distrair o paciente durante o atendimento. Pretende-se no retorno das atividades
presenciais utilizar os livros como roteiro de teatros dentro das escolas. Além
disso, almeja-se viabilizar os livros em forma de áudio books pensando na limitação dos
pacientes com deficiência visual.

Considerações Finais
Mediante a situação imposta pela pandemia da Covid-19, o projeto manteve
seu objetivo e conseguiu ampliar suas ações. Conhecimentos e experiências, que antes
eram restritos aos participantes do SBI e pacientes dos centros de educação especial,
atingiram acadêmicos e profissionais de outras instituições. Isso se deve à repercussão da I
JASBI, que superou as expectativas da equipe organizadora e motivou o grupo a realizar
novas atividades online, incluindo outras edições da JASBI, mantendo esse canal de

1443
comunicação ativo. É importante ressaltar o aprendizado, as oportunidades e experiências
que geraram diversos frutos ao SBI e aos discentes e docentes envolvidos, como a
participação em eventos, o contato com profissionais conceituados e a experiência na
escrita acadêmica.

Referências
PUPO, Y. M. et al. Manual de cuidados e atendimentos odontológicos a pessoas com
necessidades especiais [recurso eletrônico]. Curitiba: Ed. UFPR, 2020.

VARELLIS, M. L. Z. O Paciente com Necessidades Especiais na Odontologia - Manual


Prático, 3. ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2017.

1444
SAMDOF: CIÊNCIA E EDUCAÇÃO EM SAÚDE EM TEMPOS DE
DISTANCIAMENTO SOCIAL

Área temática: Saúde e Educação


Coordenadora da atividade: Priscila Brenner Hilgenberg SYDNEY
Universidade Federal do Paraná (UFPR)
Autores: L. Y. ODA1; A. O. FARIAS2; L. B. OLIVEIRA3; M. B. COPPINI4;
P. H. P. VIEIRA5

Resumo:
O SAMDOF (Serviço Ambulatorial em Dor Orofacial) da Universidade Federal do Paraná
é um projeto de extensão do curso de Odontologia, composto por professores, graduandos,
egressos e externos à universidade. O objetivo é promover saúde à comunidade acadêmica
e geral, prevenindo e tratando Disfunção Temporomandibular (DTM), Dor Orofacial e
Distúrbios do Sono por meio de atendimento clínico ambulatorial e elaboração de material
educativo visando gerar interesse da sociedade sobre discussões científicas. A pandemia do
COVID-19 impactou o desenvolvimento do projeto, que realizava suas atividades na forma
presencial. Assim, passou-se a desenvolver conteúdo virtual nas mídias sociais, através da
abordagem multiprofissional em diálogos com especialistas sobre temas relacionados à
DTM e Dor Orofacial. As atividades são realizadas de forma remota, com a disseminação
do conteúdo informativo por plataformas digitais, como publicações semanais no
Instagram, vídeos no Youtube e podcasts no Spotify. Ainda, há o desenvolvimento de
um e-book e uma página do SAMDOF no site do curso de Odontologia da Universidade.

Palavras-chave: promoção de saúde; serviço ambulatorial; dor orofacial.

Introdução
As dores orofaciais se referem às dores associadas aos tecidos moles e duros da
cabeça, face e pescoço. São condições prevalentes e debilitantes, que impactam
significativamente a qualidade de vida dos pacientes. O profissional da área de saúde

1445
exerce um papel fundamental no diagnóstico e tratamento dessas condições, mas também
na difusão de conhecimento para que a comunidade possa se tornar mais esclarecida.
O Projeto de Extensão SAMDOF (Serviço Ambulatorial em Dor Orofacial) –
Diagnóstico e Tratamento Multidisciplinar em Dor Orofacial e Distúrbios do Sono, realiza
atendimento clínico ambulatorial na clínica de Odontologia da Universidade Federal do
Paraná (UFPR) a pacientes da comunidade, sendo uma referência no estado do Paraná.
Apresenta grande demanda de pacientes que sofrem com dores na face e distúrbios do
sono, e grande procura de acadêmicos e profissionais de diversas áreas da saúde com
interesse em aprofundar os seus conhecimentos nesta área. No entanto, com a pandemia do
COVID-19 e a impossibilidade de realizar os atendimentos presencialmente, foi necessário
realizar as atividades de forma on-line, assim como o diálogo com a comunidade.
O Projeto usufrui de uma verba destinada ao fortalecimento das atividades
extensionistas, através do Edital 04/2020 PROEC-UFPR. Com esta verba é possível
adquirir materiais de consumo, de identificação individual e divulgação, além de
equipamentos de proteção individual, que serão necessários para o retorno às atividades
presenciais, seguindo as normas e orientações da Comissão de Controle de Infecção
Odontológica (CCIO) da UFPR. Recentemente, o Projeto também foi contemplado com
uma bolsa via Edital 01/2021 PROEC-UFPR, o que estimula as atividades do grupo e do
bolsista contemplado.
Com uma equipe multidisciplinar da área da saúde, o objetivo do projeto é:
promover saúde e conhecimento à comunidade acadêmica e geral sobre DTM, Dor
Orofacial e Distúrbios do Sono; produzir materiais educativos e informativos por meio de
redes sociais e publicação de e-book; estimular a participação em eventos científicos para a
divulgação de conhecimento e do Projeto SAMDOF.

Metodologia
As atividades foram desenvolvidas de forma remota, com encontros semanais pela
plataforma Microsoft Teams®. O cronograma de atividades foi dividido por temas, sendo
4 semanas para cada tema. Na primeira semana, eram compartilhados artigos científicos

1446
pelos professores para a equipe realizar a leitura. Na segunda semana, de forma on-line, era
feita uma discussão entre a equipe a fim de esclarecer dúvidas e organizar as próximas
atividades. Na terceira semana, era escrito o texto para o e-book e realizada uma postagem
no Instagram® para a comunidade, desenvolvido através de programas de ilustração
(Canva® e Adobe Illustrator®). Na quarta semana, era aberta uma caixa de perguntas no
Instagram® para a comunidade registrar suas dúvidas e era convidado um professor da
UFPR ou externo para responder essas perguntas e outras elaboradas pela equipe. Esse
momento era gravado e, posteriormente, essa gravação era editada com o programa Sony
Vegas® para publicação como vídeo no Youtube® e podcast no Spotify®. A entrevista era
planejada para ter de 10 a 20 minutos, pois o objetivo era compilar as principais
informações e dúvidas sobre o tema para serem acessadas de forma rápida, pois o assunto
mais aprofundado estava sendo desenvolvido no e-book. O intuito de divulgar o conteúdo
em diversas plataformas visou atingir variados públicos e aumentar o alcance do projeto.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Os temas abordados nesse primeiro semestre foram: Zumbido Somatossensorial,
Odontologia do Esporte, Cefaleia por Abuso de Medicação e Toxina Botulínica. Além
disso, outros temas foram abordados no Instagram com caráter de alerta para profissionais
e comunidade, como: Uso da Radiografia Panorâmica na Especialidade, Bruxismo da
Vigília, Exercícios Físicos e Dor Crônica e Uso de Canabinoides para Dor Crônica. Com o
estudo da literatura atualizada, foi possível ampliar os conhecimentos de acadêmicos e
profissionais, despertando o interesse pela busca da modernização e contemporaneidade
científica. Nos meses seguintes, serão abordados temas como: Distúrbios do Sono (Ronco
e Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono), Dor Miofascial, Disfunção Cervical e DTM,
Tratamentos Conservadores, entre outros.
No Instagram®, houve um alcance de 11.299 contas acumuladas no mês de julho
de 2021, 1.064 seguidores e 21.984 impressões (número de vezes que seu conteúdo é
exibido). O tema com mais engajamento foi “Toxina Botulínica e DTM”. No Spotify®,
os podcasts atingiram 130 reproduções, alcançando ouvintes nos Estados Unidos,

1447
Alemanha, Portugal, Paraguai e Argentina. No Youtube®, os vídeos somaram 172
visualizações. Isso destaca o papel fundamental das mídias sociais na divulgação de
informação.
A participação da comunidade nas redes sociais possibilitou direcionar o nosso
conteúdo com base na sua demanda, respondendo às principais dúvidas e criando novos
posts sobre assuntos que verificávamos serem pertinentes, o que também mantinha esse
vínculo.
A adaptação do projeto propiciou o desenvolvimento de habilidades antes não
contempladas nas atividades presenciais, como uso de ferramentas digitais para as reuniões
e interação com a comunidade. Além disso, as atividades desenvolvidas possibilitaram o
aprimoramento de conhecimento científico, que impactam positivamente na construção de
um profissional da saúde. Com o isolamento social, tivemos que desenvolver novas formas
de continuarmos o vínculo com a instituição e comunidades que atendemos, com o intuito
de somar forças e detectar e solucionar, ainda mais, os problemas encontrados.

Considerações Finais
Na adaptação das atividades, a equipe pode desenvolver habilidades de
comunicação, organização, aperfeiçoamento do processo criativo e uso de tecnologias,
além de aprofundar conhecimento sobre DTM, Distúrbios do Sono e Dor Orofacial.
Contamos com a participação de integrantes dos cursos de Odontologia, Fisioterapia e
Educação Física, possibilitando o trabalho em equipe e a abordagem multiprofissional.
Apesar do distanciamento social, foi possível interagir com a comunidade por meio
das redes sociais. Os relatórios métricos gerados pelas plataformas possibilitaram verificar
os tipos de conteúdo mais acessados (post, story, IGTV, vídeos, podcast) e quais foram os
temas com maior engajamento, o que nos direciona em relação às próximas atividades que
serão desenvolvidas. Além disso, até o final de 2021, o objetivo é terminar a elaboração
do e-book com o conteúdo assimilado durante o ano e o desenvolvimento de uma página
do SAMDOF no site do curso de Odontologia da UFPR. Sendo assim, será levado

1448
conteúdo de qualidade, expandindo o conhecimento de alunos, profissionais da saúde e
comunidade.

Referências
BROWNSON, R. C.; EYLER, A. A.; HARRIS, J. K.; MOORE, J. B. et
al. Getting the Word Out: New Approaches for Disseminating Public Health Science.
J Public Health Manag Pract, 24, n. 2, p. 102-111, 2018.

DELEEUW, R; KLASSER, G. D; AMERICAN ACADEMY OF OROFACIAL PAIN.


Orofacial pain: guidelines for assessment, diagnosis, and management. Sixth edition.
Hanover Park, IL: Quintessence Publishing Co, Inc., 2018.

JOHANNSSON, H.; SELAK, T. Dissemination of medical publications on social media –


is it the new standard? Anaesthesia, 75, n. 2, p. 155-157, 2020.

WRIGHT, K. B. New Technologies and Health Communication. In: The


Handbook of Applied Communication Research, 2020. p. 863-878.

1449
SERVIÇO DE CLÍNICA CIRÚRGICA ANIMAL: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL,
AÇÕES SOCIOEDUCATIVAS E APRIMORAMENTO PROFISSIONAL

Área temática: Saúde


Coordenadora da atividade: Fabíola DALMOLIN
Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS)
Autores: V. MENDES DE OLIVEIRA 1; F. DALMOLIN 2; I. MOUTINHO 3.

Resumo:
A Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) é um ponto de apoio ao ensino, pesquisa
e extensão em diferentes áreas do conhecimento. O projeto de Extensão Clínica Cirúrgica
Animal, vinculado ao curso de Medicina Veterinária do Campus Realeza têm objetivo de
prestar atendimento clínico-cirúrgico a animais e contribuir com a educação da população
acerca de temas ligados à saúde única. Este relato apresenta a importância do projeto na
formação acadêmica, o impacto e a transformação social na comunidade alcançada pelo
projeto. O atendimento é buscado na região Sudoeste do Paraná e os alunos atuam em
todas as fases dos atendimentos, além de produzirem materiais técnico-informativos para
tutores. Por meio das atividades realizadas, verifica-se que o projeto proporciona
experiências valiosas para os integrantes quanto à formação acadêmica, além de
desempenhar papel primordial no bem-estar e saúde animal na região, garantindo o
atendimento a comunidade de diferentes classes sociais. A produção e divulgação de
informação para tutores tem grande importância no acesso à informação.

Palavras-chave: Extensão Universitária; Clínica Cirúrgica Veterinária; Saúde Única.

Introdução
A partir da implementação do Curso de Medicina Veterinária na Universidade
Federal da Fronteira Sul (UFFS) na cidade de Realeza-PR, a região sudoeste do Paraná
passou a ser beneficiada por inúmeros projetos que proporcionam o aprimoramento técnico

1 Victor Mendes de Oliveira, Acadêmico do curso de Medicina Veterinária.


2 Fabíola Dalmolin, Professora Adjunta do curso de Medicina Veterinária.
3 Izabelle Moutinho, Acadêmica do curso de Medicina Veterinária.

1450
e científico dos discentes junto à comunidade regional. Integrando ensino, pesquisa e
extensão, esses projetos buscam atender a população carente, a qual possui íntima relação
com os animais, porém, com pouco acesso ao tratamento e pouco conhecimento sobre
posse responsável, zoonoses e afecções (GONÇALVES et al., 2017).
Deste modo, o Serviço de Clínica Cirúrgica Animal (SCCA) é um projeto de
extensão que têm como objetivo oferecer atendimento clínico-cirúrgico a animais de
companhia e silvestres de Realeza/PR e região, além de contribuir com a educação da
população sobre temas de importância para a saúde e bem-estar de animais, como posse
responsável e prevenção de doenças importantes e zoonoses, entre outras. O projeto está
vinculado a Superintendência Unidade Hospitalar Veterinária Universitária (SUHVU) da
UFFS – Campus Realeza e propicia desenvolvimento de atividades técnicas, científicas e
sociais dos alunos do Curso de Medicina Veterinária.
Os procedimentos cirúrgicos em animais são de extrema importância e tem carência
significativa na região, além de que a qualificação dos alunos nesta área é importante para
a carreira profissional (GONÇALVES et al., 2017). Desta forma, o objetivo deste relato é
apresentar as atividades do projeto SCCA, relatar a participação da comunidade regional
na execução das atividades, o impacto e transformação social proporcionados, assim como
as atividades dos alunos envolvidos e a contribuição na formação acadêmica e pesquisa.

Metodologia
O atendimento médico veterinário de urgência e emergência, consultas clinicas e
atendimentos especializados na área de clínica cirúrgica, como oftalmologia, ortopedia,
neurologia, traumatologia, oncologia, dentre outras na SUHVU é requisitado na região do
Sudoeste do Paraná pela população de Realeza e proximidades. A população de baixa
renda é a que mais procura os serviços, visto que os custos de atendimentos e
procedimentos são mais acessíveis do que clínicas particulares.
Os integrantes do projeto atuam em todas as etapas dos atendimentos, desde a
chegada do animal até a alta médica. Durante o processo, acompanham o médico
veterinário responsável nas práticas e participam de discussões acerca do planejamento
diagnóstico e terapêutico, da anamnese, exame físico geral e específico, monitoração de

1451
internados e procedimentos diversos. Se necessário, participam e acompanham exames
laboratoriais e de imagem, como radiografia e ultrassonografia. Nos casos cirúrgicos, os
discentes passam por treinamentos prévios para realizarem todas as etapas do pré, trans e
pós-operatório. Após, realizam a preparação do paciente para o procedimento, organizam o
material necessário e auxiliam no momento da cirurgia como auxiliar, instrumentador ou
volante. No pós-cirúrgico, monitoram os parâmetros vitais do animal e acompanham a
recuperação anestésica, a prescrição e a alta hospitalar.
O projeto tem papel educacional, não só para a população regional, mas como de
todo o país, por meio de material técnico e informativo produzido e divulgado em redes
sociais e panfletos. As publicações são realizadas pelos acadêmicos, sempre com base em
artigos científicos e informações técnicas, e são divulgadas após a revisão da coordenadora
do projeto. Nessas publicações, são abordados temas como a prevenção de tumores
mamários, importância da vacinação, alimentos tóxicos para cães e gatos, dentre outros.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Nos cursos de medicina veterinária, a extensão permite aos alunos a vivência da
prática profissional com reflexos positivos na vida profissional, além contextualizar o
ensino (MOREIRA; MEYER, 2004). Este projeto oportuniza além do ensino técnico o
papel social da profissão, quando são colocados em contato com casos de animais que têm
implicações sociais. As atividades também possibilitam aprofundar os conhecimentos
técnicos e práticos de clínica cirúrgica, o que por vezes é deficitário na carga horária da
disciplina, o que possibilita ao aluno maior confiança e segurança nas atividades.
O estado do Paraná possui população com extrema desigualdade social, sendo os
diferenciais de escolaridade a principal explicação para a desigualdade na distribuição de
renda (CUNHA; VASCONCELOS; BRAMBILLA, 2020). Com a baixa escolaridade,
observa-se pouco conhecimento sobre o bem-estar animal e enfermidades que os atingem,
principalmente zoonoses, que podem significar risco à saúde pública (LIMA et al., 2010).
O projeto tem alta demanda da população da cidade e região, sendo que a
população de baixa renda comprovada pelo Cadastro Único (Secretaria de Assistência
Social) tem gratuidade nos serviços. Pelos acordos de cooperação técnica entre a SUVHU

1452
e a Prefeitura Municipal de Realeza/PR são realizadas castrações a fim de promover
controle populacional, com participação dos alunos.
Em relação à saúde animal, os tutores têm utilizado cada vez mais a internet como
fonte de consulta (MOSQUETE, 2020). Ressalta-se que, no Brasil, mais de 80% dos
internautas participam de alguma mídia social, sendo que o impacto dessa participação é
enorme, tanto na criação quanto no consumo de materiais midiáticos (TELLES, 2011).
Atrelado a isso, a produção de materiais técnico-informativos para tutores em redes sociais
é realizada com o intuito de combater Fake News e levar informações confiáveis, sendo
que os principais públicos alcançados pelas publicações do projeto são de Realeza/PR,
Francisco Beltrão/PR, São Paulo/PR, Cascavel/PR e Curitiba/PR, respectivamente.

Considerações Finais
O projeto desempenha papel fundamental no crescimento pessoal, aprimoramento
técnico acadêmico e manutenção da saúde e bem-estar animal na região Sudoeste do
Paraná. Ainda, desempenha papel importante para a educação de tutores de animais,
combatendo notícias falsas e divulgando informações importantes, fidedignas e científicas.

Referências
CUNHA, M. S.; VASCONCELOS, M. R.; BRAMBILLA, M. A. Pobreza e desigualdade
na distribuição de renda no Paraná: Uma análise para o período 1995-2015. Revista de
Economia, v.41, n.76, p. 345-371, 2020.

GONÇALVES, G. F. et al. Atendimento clínico, cirúrgico e laboratorial aos animais de


Realeza -PR e região. Anais do 35° Seminário de Extensão Universitária da Região
Sul, Foz do Iguaçu: UNILA, 2017.

LIMA, N. B. et al. Principais enfermidades em cães e gatos atendidos no ambulatório


veterinário – UFPel. Anais XIX CIC, XII ENPOS, Pelotas, 2010.

MOREIRA, J. L.; MEYER, V. Extensão universitária: Uma análise da experiência do


curso de medicna veterinária da PUCPR. Revista Acadêmica: ciências agrárias e
ambientais, Curitiba, v.2, n.4, p. 55-61, 2004.

MOSQUETE, C. O Brasil é dos pets. Revista Cães e Gatos, ano 36, n°255, novembro,
2020. p.18-23.

1453
TELLES, André. A revolução das mídias sociais. 2. Ed. São Paulo: M. Books do Brasil,
2011.

THORSON, E. A. The Science of fake news. Science, vol. 359, n. 6380, p. 1094-1096,
2018.

UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL. Câmara de Pesquisa, Pós-


Graduação, Extensão e Cultura do Conselho Universitário. Resolução nº 23, de 13 de
agosto de 2019. Aprova o Regulamento da Extensão e Cultura da Universidade Federal da
Fronteira Sul.

Instituição financiadora:
Universidade Federal da Fronteira Sul

1454
SERVIÇO DE DIAGNÓSTICO ANATOMOPATOLÓGICO VETERINÁRIO EM
REALEZA E REGIÃO

Área temática: Saúde


Coordenadora da atividade: Fabiana ELIAS
Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS)
Autores: B. OLIVEIRA 1; J. JESUS 2; G. ALMEIDA3; A. BORTOLINI4; F. ELIAS5.

Resumo:
O curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) presta diversos
serviços veterinários no município de Realeza – PR e região. O projeto de Prestação de Serviço
Diagnóstico Anatomopatológico contribuí para que se atendam às necessidades desta região,
facilitando a assistência médico-veterinária a animais de produção, companhia e silvestres. A
realização destes serviços vem em conjunto com a necessidade de uma investigação sobre a saúde
do animal, auxiliando médicos veterinários, tutores e proprietários nas tomadas de decisão para
tratamento, controle e profilaxia das enfermidades, garantindo assim, a saúde animal e como
consequência a saúde humana, uma vez que, algumas enfermidades possuem caráter zoonótico. As
atividades foram realizadas na Superintendência Unidade Hospitalar Veterinária Universitária e nas
propriedades rurais, com auxílio de docentes, discentes e servidores da instituição. Foram
oferecidos exames como análise de líquidos cavitários, exames citológico, histológico e
procedimentos de necropsia. Os exames descritos são utilizados como auxílio ao diagnóstico de
enfermidades, além de servir como avaliação da gravidade de doenças, das respostas a
tratamentos, e de estabelecimento de prognósticos. Esse contato entre acadêmicos e
servidores com a comunidade local possibilita não só o aprendizado como a utilização de
exames diagnósticos na rotina veterinária, além da inserção dos discentes no meio social e
prestação de serviços à comunidade de Realeza e região, contribuindo assim, para uma
aproximação entre comunidade acadêmica e regional e uma formação acadêmica técnica e
humanística.

1
Bárbara Cardoso de Oliveira, acadêmica do curso de Medicina Veterinária.
2
Jacqueline de Jesus, acadêmica do curso de Medicina Veterinária.
3
Gabriela Corrêa de Almeida, acadêmica do curso de Medicina Veterinária.
4
Andrieli Bortolini, acadêmica do curso de Medicina Veterinária.
5
Fabiana Elias, servidora docente do curso de Medicina Veterinária.

1455
Palavras-chave: Patologia; Saúde Animal; Formação Acadêmica.

Introdução
A Superintendência Unidade Hospitalar Veterinária Universitária da Universidade
Federal da Fronteira Sul (SUHVU) funciona como local de formação profissional dos
acadêmicos do curso de medicina veterinária. Neste ambiente são realizados atendimentos
clínicos, cirúrgicos, exames laboratoriais e projetos de pesquisa, ensino e extensão. Essas
atividades também contribuem com a comunidade de Realeza – PR e região, pois
proporcionam a oportunidade de atendimento de animais a baixos custos para a
comunidade. Assim, a extensão Universitária serve como instrumento de inserção social,
aproximando a academia da sociedade.
A realização de exames de diagnóstico anatomopatológicos é fundamental para
determinação de um diagnóstico rápido e estabelecimento do tratamento mais adequado
para cada paciente, possibilitando também, a contribuição à sociedade em que a UFFS está
instalada, além da qualificação dos acadêmicos e veterinários da região. Os procedimentos
laboratoriais que podem ser realizados para investigação da saúde animal incluem exames
como: análises de líquidos cavitários; exames parasitológicos de endoparasitos e
ectoparasitos; exames citológicos para diversas alterações, entre elas merece destaque as
neoplasias, principalmente os de glândula mamária que apresenta alta casuística na região;
e exames histológicos. Além disso, quando da perda de um animal, é de fundamental
importância a realização de necropsia, afim de esclarecer a causa morte do animal e desta
forma poder estabelecer estratégias de controle e profilaxia, assim como proteger a
sociedade daquelas enfermidades importantes em saúde pública.
Os exames descritos são utilizados como auxílio ao diagnóstico de enfermidades,
além de servir como avaliação da gravidade de doenças, das respostas a tratamentos e de
prognóstico. Tais procedimentos também possuem importância na avaliação pré-cirúrgica,
para investigação da sanidade do animal.
O município de Realeza, onde está localizado o curso de Medicina Veterinária da
UFFS, está inserido na região sudoeste do Paraná, a qual possui predominantemente
propriedades rurais de pequeno porte, que desenvolvem a agricultura familiar, onde a

1456
principal fonte de renda é a bovinocultura leiteira. Sabe-se que o tamanho da área rural é
significante e a área urbana está em desenvolvimento, o que faz com que os pequenos
municípios da região apresentem parte da população em situação de vulnerabilidade
econômica, portanto, este projeto atua atendendo as necessidades desta região, facilitando a
assistência médico-veterinária. O objetivo desse trabalho é apresentar as atividades
desenvolvidas na prestação do serviço de diagnóstico anatomopatológico aos animais
atendidos na Superintendência Unidade Hospitalar Veterinária Universitária (SUHVU) da
Universidade Federal da Fronteira Sul campus Realeza - PR.

Metodologia
Todas as atividades do presente projeto foram realizadas no laboratório de patologia
a partir de amostras encaminhadas pela SUHVU ou quando solicitado, por veterinários ou
produtores rurais, a partir de coletas de amostras em propriedades rurais pertencentes a
agricultura familiar de Realeza e região.
Os acadêmicos bolsistas e voluntários envolvidos foram treinados para a realização
de colheita, recebimento e processamento do material, realização de necropsias, avaliação
microscópica e elaboração de relatórios. Os discentes envolvidos realizam as atividades em
diferentes turnos de acordo com os horários livres da grade curricular do curso para
totalizar a carga horária de 20 horas semanais para os bolsistas e 12 horas semanais para os
alunos voluntários. As atividades envolveram desde o processamento de amostras a partir
da coloração de lâminas citológicas e a confecção de lâminas histopatológicas, discussões
dos diagnósticos com o orientador e elaboração de laudos que foram entregues ao
proprietário do animal e ao médico veterinário requisitante.
Sempre que requisitado, foram realizadas necropsias de animais que foram a óbito.
A necropsia é o exame minucioso e sistemático do cadáver e de todos os tecidos e órgão, a
fim de identificar a causa morte.
Ao final de cada mês, realizou-se o levantamento da casuística dos exames
realizados, para a confecção de relatórios mensais. Sendo assim, os acadêmicos puderam
expor o que vivenciaram na rotina veterinária com discussão dos casos mais relevantes.

1457
Devido a pandemia as atividades foram interrompidas. Atualmente, as mesmas estão
retornando gradativamente seguindo os critérios de segurança estabelecidos pela
Instituição.

Desenvolvimento e processos avaliativos


A realização desses exames de diagnóstico, como necropsia, citológico,
histopatológico, contribui para o diagnóstico definitivo de uma infinidade de doenças que
afetam animais, serve de auxílio para a identificação, estadiamento e tratamento precoce de
neoplasias e outras enfermidades que acometem os animais. Assim, auxiliam na tomada de
decisões para ajudar as pessoas menos favorecidas com métodos diversificados e assertivos
para o tratamento de seus animais.

Ainda, observa-se a contribuição para os acadêmicos, pois o projeto torna-se uma


oportunidade da vivência de casos da rotina de atendimentos na medicina veterinária o que
contribui para sua futura carreira profissional. Além disso, a atividade de extensão, na
prestação serviço, se mostra um processo transformador, que permite ao acadêmico exercer
a Universidade em suas várias funções: acadêmica, social e articuladora (DE MELO
NETO, 2020; SERRANO, 2013). As atividades desenvolvidas também permitiram a
submissão e publicação de artigos científicos em revistas da área, demonstrando a
indissociação entre ensino, pesquisa e extensão.

Considerações Finais
As atividades desenvolvidas pelo Serviço de Diagnóstico Anatomopatológico é
uma ferramenta fundamental para a rotina da SUHVU - UFFS no auxílio de médicos
veterinários, em suas tomadas de decisões para com seus pacientes, contribui para o
processo de aprendizado e formação de conhecimentos dos acadêmicos envovidos. Além
disso, a atividade de extensão permite contribuir para a comunidade local com a prestação
de serviços aos animais do município de Realeza e região, contribuindo para a
aproximação entre comunidade acadêmica e regional.

1458
Referências
DE MELO NETO, José Francisco. Extensão Universitária: bases ontológicas. Extensão
universitária: diálogos populares, p. 13, 2002.

SERRANO, R. M. S. M. Conceitos de extensão universitária: um diálogo com Paulo


Freire. Grupo de Pesquisa em Extensão Popular, v. 13, n. 8, 2013.

Instituição financiadora:
Fundação Araucária – Apoio e Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Paraná.

1459
VISÕES DO RURAL: UMA EXPERIÊNCIA DE CURRICULARIZAÇÃO DA
EXTENSÃO EM TEMPOS DE PANDEMIA

Área Temática: Cultura


Coordenadora da atividade: Renata MENASCHE
Universidade Federal de Pelotas (UFPEL)
Autores: G. R. LAMAS ; G. R. RODRIGUES 2; R.T.A. RIBEIRO 3; F.W. TAVARES 4;
1

R. MENASCHE 5

Resumo:
Esta ação extensionista faz parte do processo de curricularização da extensão do
Bacharelado em Antropologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). A atividade
realizada foi uma exposição imagética virtual, nomeada como Exposição Visões do Rural,
de forma online, publicada no site do Museu Histórico da Bibliotheca Pública Pelotense.
Com a ação promovemos o fortalecimento das relações entre alunos e comunidade,
superando desafios de trabalho com criatividade em tempos pandêmicos. Para a realização
desta exposição foram ministradas oficinas fotográficas com as turmas da disciplina de
Antropologia Rural do referido curso e da Escola Família Agrícola da Região Sul
(EFASUL), localizada no município de Canguçu, Rio Grande do Sul. A exposição conta
com imagens de autoria desses discentes envolvidos, além de educadoras e organizadores
do projeto.

Palavras-chave: Curricularização da extensão; Visões do Rural; Antropologia Rural;


EFASUL; Fotografia.

1
Gabriela Richter Lamas, aluna do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da UFPel.
2
Guilherme Rodrigues de Rodrigues, aluno do Curso de Gastronomia e do Programa de Pós-Graduação em
Antropologia da UFPel.
3
Renata Tomaz do Amaral Ribeiro, aluna do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural da
UFRGS.
4
Flor Tavares Wienke, aluna do curso de Antropologia da UFPel.
5
Renata Menasche, docente da UFPel.

1460
Introdução
Visões do Rural 6 é uma exposição fotográfica virtual, estabelecida como um ação
extensionista, realizada com a Escola da Família Agrícola do Sul – EFASUL -, em
conjunto com a disciplina de Antropologia Rural, ministrada pela professora Renata
Menasche, do Bacharelado em Antropologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).
Esta ação extensionista ocorreu a partir do início do segundo semestre letivo de
2020, entre os meses de abril de julho de 2021. Quando em uma realidade não-pandêmica,
era uma praxe das turmas de Antropologia Rural realizar visitas a comunidades rurais e,
como resultado, exposições fotográficas de imagens registradas no contexto destas saídas
de campo. A iniciativa tem vínculo ao Laboratório de Estudos Agrários e Ambientais –
LEAA e ao Grupo de Estudos e Pesquisas em Alimentação, Consumo e Cultura – GEPAC.
Em tempos pandêmicos, de ensino remoto, partindo do desejo não só de
continuidade desta ação extensionista, mas também de reinvenção da mesma para novas
formas de se relacionar em um ambiente virtual, a exposição virtual Visões do Rural foi o
caminho encontrado para colocar em interlocução graduandas/os da UFPel e estudantes da
EFASUL, escola localizada no interior de Canguçu, Rio Grande do Sul, estruturada a partir
da pedagogia da alternância, que acolhe jovens originários da agricultura familiar,
assentamentos rurais e comunidades quilombolas de municípios de toda a região. Na
graduação, a ação extensionista contou com alunos de diferentes cursos, tais como
Antropologia, Ciências Sociais e Agronomia, coordenada por um grupo de alunos de
graduação, pós-graduação e educadoras da EFASUL.
Foram realizadas oficinas de imagem tanto para os alunos da EFASUL quanto para
os alunos de Antropologia Rural, a fim de orientar os autores em como produzir suas
fotografias. A partir do registro fotográfico, como resultado dessas oficinas, foi realizada a
exposição imagética, de forma online, publicada no site do museu virtual da Bibliotheca
Pública Pelotense. A exposição conta com cerca de 60 imagens, das quais pouco mais de
50 têm autoria igualmente distribuída entre estudantes da UFPEL e da EFASUL, enquanto
as demais foram produzidas pela equipe organizadora e por educadoras da EFASUL.

6
Veja a exposição aqui.

1461
A interface da extensão está na relação entre os alunos da disciplina de
Antropologia Rural, da UFPel, e estudantes da EFASUL, moradores de áreas rurais do
interior de Canguçu. O desafio criativo esteve presente o tempo todo ao lidar com métodos
de comunicação e trabalho no ensino remoto. A partir desse desafio, buscou-se colocar em
diálogo múltiplas visões do rural através das imagens produzidas pelos autores.

Metodologia
Para a realização desta ação extensionista, partimos de ações relacionadas tanto
com a turma de Antropologia Rural quanto com a turma da EFASUL. Dentre os conteúdos
vistos na disciplina, foi trabalhada a temática sobre juventude rural. Além disso, foi
realizada com os acadêmicos uma oficina de técnica em fotografia ministrada pelo técnico
de imagem Hamilton Bittencourt, a qual tinha o intuito de pensar sobre narrativa
fotográfica.
Em paralelo com os alunos da EFASUL foram realizadas oficinas de mídias,
ministradas pela mestranda do Programa de Pós Graduação em Antropologia da UFPEL,
Gabriela Richter Lamas, a qual possui graduação em Cinema e Audiovisual. Entre abril de
2021 e o lançamento da exposição, em julho de 2021, foram realizadas quinzenalmente
cinco oficinas, sendo elas: Introdução à Fotografia, Introdução ao Vídeo, Gêneros de
Cinema, Vídeo Dança e uma oficina especialmente voltada para a proposta da Exposição
Visões do Rural.
Essas atividades, realizadas com as duas turmas, deram base ao processo de
construção de um corpo de imagens que constitui a exposição, provocando a interlocução a
partir de diferentes olhares sobre o rural. Com as fotografias recebidas, a equipe da ação
extensionista realizou reuniões online para gestão do acervo recebido. Para criar o layout
artístico da exposição contamos com o trabalho da designer Carolina Clasen.
No último dia de aula da disciplina Antropologia Rural, em 24 de junho de 2021,
realizamos, em ambiente de web conferência da UFPEL, uma pré-exibição da exposição,
apresentando o trabalho e ouvindo avaliações para modificações necessárias. A exposição
Visões do Rural teve sua estreia em 07 de Julho de 2021, no site do Museu Histórico da

1462
Bibliotheca Pública Pelotense, incorporando parte da programação da Semana de Pelotas,
em comemoração ao aniversário da cidade.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Dentre as ações desenvolvidas estão as oficinas que foram realizadas com a turma
de Antropologia Rural e com alunos e educadores da EFASUL. A oficina fotográfica com
os discentes da disciplina universitária teve aderência à sua proposta, tornando-se de suma
importância para a produção de imagens, além de ser um aprendizado técnico adicionado a
formação acadêmica.
As oficinas de mídias com a EFASUL foram bem recebidas pelos alunos e
professores e seguem acontecendo como parte do aprendizado dentro da grade curricular
da escola. Tal conhecimento se desenvolve na produção de imagens para divulgação de
marcas de produtos agroecológicos, produzidos pelos próprios estudantes. Cabe salientar a
importância das educadoras da EFASUL, as quais estiveram presentes em todo o processo,
na articulação entre alunos e equipe de organização, disponibilizando tempo de suas aulas
para que as oficinas fizessem parte dos conteúdos trabalhados.
O acesso à exposição é aberto à comunidade pelo site do Museu Histórico da
Bibliotheca Pública Pelotense. O apoio desta instituição à realização da ação extensionista
também se tornou fundamental. Dessa forma, usufruímos de um ambiente que acessado
pela comunidade em geral, fora do círculo acadêmico.

Considerações Finais
Consideramos que a exposição Visões do Rural é uma ação extensionista bem
sucedida, a qual contribuiu na formação dos estudantes envolvidos de ambos centros de
ensino (UFPel e EFASUL). Dentro do processo de restituição do trabalho executado, ainda
em caráter de pré-estreia, pudemos observar a satisfação e encantamento de todos
envolvidos com o resultado atingido. Através de algumas manifestações foi possível
compreender a dimensão do ensino e da extensão universitária imbricados um ao outro,
efetivando resultados na formação de cada aluno. A repercussão significativa da exposição
em diferentes meios, além da continuidade das oficinas n a EFASUL, por demanda dos

1463
alunos, são evidências da efetivação de nossa proposta no processo de curricularização da
extensão.

Referências
Exposição Visões do Rural, Museu Histórico da Bibliotheca Pública Pelotense. Acesso
em 13 de agosto de 2021. Disponível em:
http://museuhistoricobpp.com.br/index.php/2021/07/06/exposicao-virtual-visoes-do-rural-
ufpel-e-efa-sul/

UFPEL. LEAA Laboratório de Estudos Agrários e Ambientais. Acesso em 13 de agosto de


2021. Disponível em: https://wp.ufpel.edu.br/leaa/inicio/

UFRGS. GEPAC Grupo de Estudos e Pesquisas em Alimentação Consumo e


Cultura. Acesso em: 09 de agosto de 2021. Disponível em: https://www.ufrgs.br/gepac/

Gabriela Richter Lamas – Bolsista CAPES

1464
SÍNDROME RESPIRATÓRIA AGUDA GRAVE (SRAG) E O CONTEXTO DA
PANDEMIA PELA COVID-19: AÇÕES DE APOIO AO SISTEMA DE SAÚDE EM
FOZ DO IGUAÇU

Área temática: Saúde


Coordenador(a) da atividade: Flávio Luiz TAVARES
Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA)
Autores: T. SILVA ARAUJO 1; F. L. TAVARES 2.

Resumo:
A Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) resulta em quadros severos de obstrução
da passagem do ar a nível nasal, bronquiolar e pulmonar, produzindo altas taxas de
mortalidade. Agentes etiológicos virais diversos podem ser causa de SRAG. Foz do Iguaçu
e região apresentam uma casuística importante para a síndrome, cuja relevância aumenta
diante do contexto desafiador da pandemia pelo novo coronavírus. Nesse sentido,
objetivou-se realizar ações em saúde pública voltadas para o melhor conhecimento,
prevenção e melhora do panorama epidemiológico da SRAG, causada por vírus
respiratórios em pacientes internados no Hospital Municipal Padre Germano Lauck
(HMPGL). As ações aproximaram universidade, serviço e comunidade por meio de
atividades integrativas entre acadêmicos, pacientes e colaboradores da instituição de saúde.
Durante a execução do projeto, treinamentos foram ofertados às equipes multiprofissionais
do hospital a fim de aumentar a qualidade das informações registradas nos prontuários e
nas fichas de notificação SRAG. Mensalmente, um relatório foi elaborado pelo aluno
bolsista a fim de analisar o perfil dos pacientes acometidos pela síndrome, sendo
posteriormente encaminhado para a equipe de gestores do HMPGL. O trabalho de
orientação das equipes foi fundamental para otimização do processo de coleta de
informações. Já os relatórios elaborados, evidenciaram para os gestores o impacto da
COVID-19 mês a mês, correlacionando com variáveis como vacinação, comorbidades e
tipo de transmissão. Conclusão: Por meio dos treinamentos e relatórios, foi possível

1
Tiago da Silva Araujo, aluno do curso de Medicina, bolsista remunerado PROEX UNILA.
2
Flávio Luís Tavares, servidor docente do curso de Medicina.

1465
conhecer o perfil epidemiológico dos pacientes admitidos no hospital, além de minimizar
erros técnicos entre os colaboradores.

Palavras-chave: Síndrome Respiratória Aguda Grave; SUS; Pandemia por COVID-19.

Introdução
As doenças respiratórias são definidas como doenças ou infecções que afetam o
trato respiratório, tanto superior como inferior, obstruindo a passagem do ar a nível nasal,
bronquiolar e pulmonar. Abrangem largo espectro de eventos mórbidos de gravidade
distinta e agentes etiológicos diversos. As doenças respiratórias podem ser divididas em
dois grupos, doenças infecciosas (resfriado comum e pneumonias) e doenças não
infecciosas (rinite alérgica e asma), sendo que nem sempre será possível fazer essa
distinção (VASCONCELOS; FRIAS, 2017).
Nos países de alta renda, parte das internações ocorre devido às doenças
respiratórias, sendo 80% delas causadas por agentes de etiologia viral (MONTEIRO;
DEZANET; FRANÇA, 2016). Dentre os principais agentes que resultam em Síndrome
Respiratória Aguda Grave (SRAG), estão os vírus da Influenza A, Vírus Sincicial
Respiratório, Adenovírus, Hantavírus e Coronavírus (PAOH, 2009). Porém, após o
surgimento do SARS-CoV-2 (Coronavírus 2 da Síndrome Respiratória Aguda Grave),
também conhecido como COVID-19, em dezembro de 2019, em Wuhan, na China, o perfil
epidemiológico de infecções respiratórias tem sido alterado e agravado em todo o planeta.
Sabe-se que hospitais são centros onde há encontro de vários nichos da
comunidade. Diante disso, seu contexto se torna propício para a execução de atividades de
educação e sensibilização em saúde, sendo esses os objetivos do projeto.

Metodologia
O presente projeto de extensão atuou de forma concomitante e interligada com o
Serviço de Epidemiologia e Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Municipal Padre
Germano Lauck (SECIH-HMPGL) no município de Foz do Iguaçu, Paraná. Dentre as
ações, pode-se pontuar as seguintes etapas metodológicas: Identificação das principais

1466
dificuldades quanto ao preenchimento das fichas de notificações para SRAG por parte da
equipe de saúde, em período anterior e de vigência da pandemia pela COVID-19;
Elaboração de oficinas e capacitações para profissionais e equipes responsáveis, a fim de
aumentar a qualidade dos documentos/registros; Criação e sugestões de estratégias de
aprimoramento às campanhas de vacinação junto ao Sistema de Saúde local; Elaboração de
relatórios, de estratégias e ações junto aos órgãos competentes, como Secretaria Municipal
de Saúde e Fundação Municipal de Saúde, além da coordenação do HMPGL; Obtenção de
dados e elaboração de um projeto de pesquisa a fim de investigar o perfil epidemiológico
dos pacientes internados por SRAG na instituição hospitalar entre os anos de 2019 e 2020;
Participação em eventos científicos da área de infectologia e epidemiologia com exposição
de banner; Reuniões periódicas entre extensionistas e profissionais de referência na área;
Integração do tripé ensino-pesquisa-extensão de maneira a aproximar a universidade da
comunidade leiga e dos profissionais da saúde.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Em outubro de 2020, o plano de trabalho começou a ser executado. Juntamente
com a equipe médica e de enfermagem do Serviço de Epidemiologia e Controle de
Infecção Hospitalar (SECIH), com o apoio do professor orientador, foram definidos eixos
de atuação. O primeiro deles correspondia à coleta mensal de dados sobre os pacientes
internados e notificados para SRAG no hospital. Após isso, os dados eram analisados e
comparados com mesmo período do ano anterior e, em seguida, transformados em
gráficos. A partir disso, relatórios eram confeccionados e veiculados para os gestores e
órgãos interessados. No segundo eixo, foram ofertados treinamentos para as equipes
multiprofissionais atuantes em setores COVID-19 da instituição. Dentre esses
treinamentos, abordou-se as seguintes temáticas: higienização das mãos, paramentação e
desparamentação seguras, atualização de protocolos de emergência, notificação e coleta de
SWAB nasofaringe para SARS-CoV-2 e outros vírus.
Durante a coleta de dados, percebeu-se que informações importantes nem sempre
eram coletadas de maneira adequada. Nesse sentido, o trabalho de orientação das equipes
pelos extensionistas foi fundamental para otimização desse processo. Com o aumento do

1467
número de casos da doença ao longo dos meses, conseguiu-se auxiliar o setor, atuando
diretamente sobre as demandas, trazendo benefícios para os pacientes e profissionais da
saúde (comunidade). Aprimorou-se os instrumentos de coletas de dados e as formas de
busca pelas informações, o que deixou a etapa mais direta e objetiva. Os relatórios
evidenciaram para os gestores o impacto da doença mês a mês, correlacionando com
variáveis como vacinação prévia, comorbidades e tipo de transmissão.
Em relação aos treinamentos, constatou-se que muitos colaboradores enfrentavam
dificuldades mediante aos novos cuidados indispensáveis devido ao contexto da pandemia.
Nesse sentido, trabalhar questões básicas, porém decisivas para a segurança do
profissional, fortaleceu os elos entre os membros da equipe, bem como trouxe informações
atualizadas e coerentes com suas práticas de rotina, criando um canal de comunicação e de
escuta ativa entre colaboradores-gestores-extensionistas.
Por fim, em parceria com o SECIH, o projeto de extensão esteve presente, com
exposição de banner, no XVII Congresso Brasileiro de Controle de Infecção e
Epidemiologia Hospitalar. Ademais, durante as preparações para os treinamentos, a equipe
de extensionistas pode aprofundar o conhecimento nas temáticas abordadas, o que
contribuiu de maneira efetiva para sua formação acadêmica.

Considerações Finais
Por meio do levantamento de dados e da confecção dos relatórios, foi possível
conhecer o perfil epidemiológico dos pacientes admitidos e tratados no hospital.
Conseguiu-se, também, aferir o impacto das campanhas de vacinação sobre os números de
casos e óbitos. Em relação aos treinamentos, erros foram minimizados, a equipe foi
empoderada e o paciente beneficiado. Ademais, as ações tiveram impactos positivos na
formação dos extensionistas e o tripé ensino-pesquisa-extensão foi fortalecido.

Referências
MONTEIRO, Cristiane Campos; DEZANET, Lorenza Nogueira Campos; FRANÇA,
Elisabeth Barboza. Monitoramento de vírus respiratórios na região metropolitana de Belo
Horizonte, 2011 a 2013. Epidemiologia e Serviços de Saúde, [s.l.], v. 25, n. 2, p. 1-2, jun.
2016. Instituto Evandro Chagas.

1468
Pan American Health Organization – PAHO [homepage on the Internet]. Washington:
World Health Organization [cited 2009 Apr 1]. Health Establishments Preparation for
Unusual or Unexpected Cases or Clusters of Severe Acute Respiratory Infection
(SARI).

VASCONCELOS, Camila Soares de; FRIAS, Paulo Germano de. Avaliação da Vigilância
da Síndrome Gripal: estudo de casos em unidade sentinela: estudo de casos em unidade
sentinela. Saúde em Debate, [s.l.], v. 41, p. 259-274, mar. 2017. FapUNIFESP (SciELO).
http://dx.doi.org/10.1590/0103-11042017s19.

1469
TELEREABILITAÇÃO EM IDOSOS COM OSTEOARTRITE DE JOELHO EM
TEMPOS DE PANDEMIA – UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Área temática: Saúde


Coordenadora da atividade: Kelly Mônica Marinho e LIMA
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Autores: L. S. GUIMARÃES 1; A. C. J. LAMPE 2; A.C. TAMBORINDEGUY3, K. M.
M. LIMA4.

Resumo:
Este trabalho tem como objetivo relatar a experiência das participantes do projeto
''Abordagem fisioterapêutica de indivíduos com osteoartrite do joelho no município de
Araranguá (SC)'', por meio da telereabilitação. A metodologia incluiu a determinação de
critérios de inclusão e exclusão, aplicação de ficha de avaliação, aplicação do questionário
WOMAC, e do teste de sentar e levantar de 30s (TSLC30s). A telereabilitação foi
executada por meio de vídeo chamada, duas vezes por semana, 50 min por sessão, por
quatro meses. Inicialmente foram incluídos três pacientes, mas houve uma desistência. A
abordagem consistiu em exercícios terapêuticos e educação aos pacientes. Ambas as
pacientes apresentaram melhoras no escore do WOMAC e TSL30s quando comparado a
pré-telereabilitação e pós-telereabilitação. As participantes do projeto adquiriram
conhecimentos sobre abordagem ao paciente, principalmente em relação a comunicação e
estruturação de atendimentos, sendo um período muito enriquecedor.

Palavras-chave: telereabilitação; idoso; osteoartrite do joelho.

Introdução
A osteoartrite (OA) é a causa mais frequente de incapacidade global entre as
doenças musculoesqueléticas, com impacto significativo na qualidade de vida e capacidade

1
Letícia Silvano Guimarães, aluna [Fisioterapia], bolsista PROBOLSAS 2020.
2
Ana Clara Jablonski Lampe, aluna [Fisioterapia].
3
Aline Cavalheiro Tamborindeguy, docente UDESC.
4
Kelly Mônica Marinho e Lima, docente [Ciências da Saúde].

1470
funcional do indivíduo (LEÃO et al., 2014). É uma condição majoritariamente associada a
idosos, devido a sua característica degenerativa que pode impactar negativamente a
capacidade física (PANELLA, 2020). Assim a educação e promoção de auto manejo, bem
como exercícios terapêuticos com objetivo de melhora de dor e função são recomendados
(PETER, 2011).
A telereabilitação é utilizada para avaliação, intervenção, monitorização e educação
em saúde de várias condições clínicas, superando as barreiras geográficas, físicas e
cognitivas (GALEA, 2019). Esta modalidade de atendimento foi implementada pelo
Projeto "Abordagem fisioterapêutica de indivíduos com osteoartrite do joelho no município
de Araranguá (SC)", da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em parceria com
a Clínica Municipal de Araranguá. O público-alvo do projeto, pacientes com OA de joelho,
constituem aproximadamente 10% da demanda da prefeitura de Araranguá. Este trabalho
tem como objetivo relatar a experiência de um programa de telereabilitação destinado a
pacientes com o diagnóstico de OA de joelho, destacando os pontos positivos, dificuldades
e aderência do mesmo.

Metodologia
O projeto foi adaptado para o formato de telereabilitação entre agosto e dezembro
de 2020. Os critérios de inclusão da telereabilitação foram: ter o diagnóstico de OA de
joelho, apresentar cognitivo preservado e condições clínicas estáveis, possuir o acesso a
recursos tecnológicos e internet, compatibilidade de horários e assinatura do termo de
consentimento livre e esclarecido (TCLE). Foram excluídos os pacientes que
apresentassem bandeiras vermelhas clínicas e relacionadas a OA e pós-operatórios de
artroplastia de joelho.
Inicialmente, foram elaborados o TCLE, ficha de avaliação composta de dados
pessoais, história clínica da doença, hábitos de vida e lazer, fatores ambientais e
disponibilidade de recursos tecnológicos. A Avaliação específica da condição de saúde foi
realizada através da aplicação do questionário Western Ontario and McMaster Universities
(WOMAC), bem como, pela estimativa da força de membros inferiores, por meio do teste
de sentar e levantar de 30s (TSLC30s). Os teleatendimentos foram realizados de forma

1471
síncrona através de videochamada por meio do aplicativo “WhatsApp”, com duração de 50
min, duas vezes na semana, durante quatro meses, totalizando no máximo 28 sessões.
Desenvolvimento e processos avaliativos
Apenas três dos vinte e um pacientes contatados aceitaram participar do projeto,
sendo que houve uma desistência. As características dos pacientes e sua participação no
programa são apresentadas na tabela 1.

Tabela 1 – Características dos pacientes e adesão

Altur
Sex a Peso IMC Acometimento Histórico Adesão
Nome o Idade (cm) (Kg) (Kg/cm2) OA de Quedas Sessões (%)

EJR F 67 1,63 81 30,56 Bilateral Presente 23 82,14

LRM F 65 1,63 84 31,69 Bilateral Ausente 25 89,28

Fonte: Autores (2021)

A intervenção foi baseada na individualidade dos pacientes, com objetivo de


disponibilizados, também foi realizada uma palestra síncrona abordando o hábito melhorar
a mobilidade, flexibilidade, coordenação motora, força e resistência muscular, equilíbrio,
capacidade funcional, assim como estimulação da cognição, através de exercícios com
dupla tarefa cognitiva. Associado ao programa de exercícios, cartilhas e vídeos
informativos de educação em dor foram disponibilizados às pacientes e à comunidade
através da página do Instagram (@fisiooa.ufsc). Além disso, foi realizada uma palestra
síncrona abordando o hábito alimentar saudável e seus benefícios para a OA.
Em relação aos resultados obtidos, a paciente EJR reduziu 10 % no somatório total
do Womac, sendo 40% nos domínios de dor e rigidez, e aumento de 2% no domínio de
atividade física. No que diz respeito ao TSL 30s, executou dez repetições pós-
telereabilitação, comparado a seis repetições pré-telereabilitação. A paciente LRM, reduziu
22% no somatório total do Womac, sendo 45%, 40% e 10% nos domínios dor, rigidez e

1472
atividade física, respectivamente. Em relação ao TSL30s, executou cinco movimentos pré-
telereabilitação, comparado a treze repetições pós-telereabilitação.
Os pontos positivos do programa foram a inserção dos pacientes à prática de
atividade física e adesão a um estilo de vida mais ativo e saudável, assim como melhora da
saúde mental e sintomas depressivos advindos do isolamento social. Esta modalidade
possibilitou uma visão holística do paciente, incluindo o contexto familiar e fatores
ambientais.
Os desafios encontrados foram a dificuldade para realizar a avaliação por meio de
testes físicos, visto que a maioria requer contato direto com o paciente. Além disso, a
explicação dos exercícios precisou ser aprimorada para reprodução remota destes, para que
ficasse claro e de fácil entendimento. Ademais, a execução correta dos exercícios com a
contração muscular efetiva. A ausência de acompanhantes durante a sessão impossibilitou
a execução de algumas intervenções destinadas a melhora do equilíbrio, por questão de
segurança.
A atividade de extensão contribuiu para a formação acadêmica e futura carreira
profissional dos estudantes envolvidos, visto que o projeto oportunizou experiências
enriquecedoras, únicas e desafiadoras, como a telereabilitação, na qual aperfeiçoou as
habilidades de comunicação. Ou seja, proporcionou aprendizado de como abordar um
paciente, filtrar e captar informações importantes durante a avaliação fisioterapêutica,
desenvolver raciocínio clínico, e criatividade para o planejamento dos exercícios com os
materiais disponíveis. Além disso, possibilitou a busca de estratégias para motivar os
pacientes durante a telereabilitação.

Considerações Finais
O programa de telereabilitação possibilitou o atendimento dos pacientes com
osteoartrite do joelho, gerando controle dos sintomas e melhora da qualidade de vida.
Apesar das barreiras encontradas, a telereabilitação se mostrou viável e com importância
para inserção dos indivíduos em hábitos de vida saudáveis e ativos, de forma segura e
assistida.

1473
Referências
LEÃO, M.G.S., et al. Avaliação da qualidade de vida em pacientes submetidos à
artroplastia total do joelho em Manaus. Revista Brasileira de Ortopedia, v. 49, n. 2, p.
194–201, 2014.

GALEA, MD. Telemedicine in Rehabilitation. Physical medicine and rehabilitation


clinics of North America, v. 30, n. 2, p. 473–483, 2019.

PANELLA, L., et al. A bio-psycho-social approach in elderly population: outcome of


adapted physical activity in patients with osteoarthritis. Clinical Therapy, v. 170, n. 1, p.
e74-7, 2020.

PETTER W.F., ey al. Physiotherapy in hip and knee osteoarthritis: development of a


practice guideline concerning initial assessment, treatment and evaluation. Acta
Reumatologica Portuguesa., v. 36, n. 3, p. 268-81, 2011.

1474
UEL PELA VIDA CONTRA O CORONAVÍRUS: CONTRIBUIÇÕES DA
EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA

Área Temática: Saúde


Coordenadora da atividade: Mara Solange Gomes DELLAROZA
Universidade Estadual de Londrina (UEL)
Autores: G. O. SANTOS 1; G. R. MUNARO 2; I. S. BEGALE 3;
T. K. JUNQUEIRA 4 ; R. B. A. REIS 5;.

Resumo:
A pandemia da COVID-19 tem sido um desafio na elaboração e implantação de estratégias
de enfrentamento. Este trabalho tem por objetivo compartilhar as experiências
desenvolvidas no projeto de extensão “UEL pela Vida contra o novo Coronavírus”. Trata-
se de um relato de experiência. Dentre as atividades e ações desenvolvidas, destacaram-se:
a criação de Call Center, organização de postos de fronteira, confecção de face shields em
impressão 3D, estruturação do Disk Coronavírus, apoio à criação do sistema de
atendimento médico online, organização de ações junto a várias Secretarias, Produção de
matérias científicas, orientação a trabalhadores de todas as categorias profissionais por
meio de treinamentos online, apoio à Telesaúde do Estado do Paraná. As ações permitiram
que os participantes pudessem concretizar a rede de cuidado, informação e criação de
serviços novos, fundamentada na interdisciplinaridade e interinstitucionalidade, com
pactuações e colaborações dos envolvidos.

Palavras-chave: extensão universitária; infecções por Coronavírus; rede de cuidado.

Introdução
A pandemia da COVID-19 tem sido um desafio mundial. As universidades em sua
função social de educação, impulsionadas pelo potencial dos seus recursos humanos,

1
Geovana Oliveira dos SANTOS, UEL, aluno [farmácia] Bolsista Fundação Araucária.
2
Giovana Ribeiro MUNARO, UEL (aluno [fisioterapia], Bolsista Fundação Araucária.
3
Isadora Santana BEGALE, UEL (aluno [enfermagem], Bolsista Fundação Araucária.
4
Thaynara Kristine JUNQUEIRA, UEL (aluno [Jornalismo] Bolsista Fundação Araucária.
5
Roziane Borges Alves dos REIS, UEL (aluno [Enf], Bolsista Fundação Araucária.

1475
disseminaram a produção científica, ativando os meios possíveis para criar, direcionar e
apoiar ações dos setores públicos. Especialmente, a extensão recriou-se rapidamente e
desenvolveu ações cruciais para fazer frente aos desafios impostos pelos contextos
sanitário e econômico. Imediatamente criaram-se frentes de ações que procuraram
aumentar a proteção e apoiar os profissionais que atuavam na linha de frente naquele
momento de emergência sanitária e social.
No Paraná, em março de 2020, durante o primeiro período de isolamento social, as
universidades interromperam o ensino presencial. A Secretaria de Ciência e Tecnologia
SETI do Paraná, em conjunto com a Fundação Araucária, lançou a Chamada 09/2020, com
o objetivo organizar ações de Extensão destinadas a criar serviços de maneira rápida, para
atender à urgência sanitária da COVID-19. O objetivo deste trabalho é relatar a experiência
do projeto de extensão “UEL pela Vida contra o novo Coronavírus” no enfrentamento à
pandemia da COVID-19 com articulação de diversos setores da sociedade.

Metodologia
Relato de experiência do projeto de Extensão realizado para o controle dos efeitos
da pandemia. Na Universidade Estadual de Londrina (UEL), as ações do projeto “UEL
pela Vida, contra o novo Coronavírus”, de março de 2020 a abril de 2021, permitiram que
se concretizasse uma rede de cuidado, informação e criação de serviços novos,
fundamentada na interdisciplinaridade e interinstitucionalidade, com a participação de 66
docentes, 195 graduandos e 25 pós-graduandos, 26 agentes universitários e 180
colaboradores externos.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Dentre as ações desenvolvidas, destacam-se as parcerias envolvidas:
1) Organização de postos de fronteira para tentar controlar a disseminação e entrada
do vírus com abordagem e orientação da população em trânsito sobre autoproteção,
e, identificando casos suspeitos, orientação sobre as condutas de isolamento e busca
de serviços para confirmação diagnóstica. Foram realizadas parcerias com as

1476
secretarias municipais, para fornecimento de kits de testes rápidos e vacinas, e com
órgãos de Segurança Pública.
2) As ações de apoio à 17ª. Regional de Saúde se concentraram nos setores de
Epidemiologia, para a implementação de uma adequada e atualizada organização
dos sistemas de informação de casos confirmados e suspeitos de COVID-19 e
outras doenças. Esses dados foram essenciais às tomadas de decisões sobre
alocação de recursos humanos para que os atendimentos aos usuários pudessem ser
estruturados pelos gestores de saúde.
3) Contato e orientação aos idosos que residiam sozinhos constantes de uma lista da
Assistência Social. Foi realizado contato telefônico para uma avaliação inicial e,
quando confirmada uma situação de vulnerabilidade social e de déficit de
autoproteção, os dados do idoso eram repassados a grupos de apoiadores que, sob a
coordenação de um docente, continuava a manter os contatos periodicamente.
4) Esses grupos eram constituídos por acadêmicos e servidores (docentes, técnicos e
operacionais). Criaram-se parcerias e vinculações com diversos órgãos,
organizações e pastorais, para agilizar o atendimento necessário aos idosos em
situação de vulnerabilidade. A rede se fortaleceu com o apoio do Conselho
Municipal e das Secretarias Municipais do Idoso, de Assistência Social, de Saúde,
Caritas e de uma rede de doações com entidades privadas e da UEL;
5) Organizações de redes sociais promoveram campanhas e produziram, com muita
eficiência, pequenos vídeos que eram amplamente disseminados. As ações contam,
desde o começo, com a equipe de comunicação oficial e de gestão da UEL, e, uma
equipe própria do projeto. Foram realizados programas de rádio que, de maneira
acessível e dinâmica, transmitiram informações importantes para idosos.
6) Confecção de 2.000 face shields com impressão 3D para os trabalhadores do
Hospital Universitário da UEL. A atividade envolveu impressores 3D, professores,
estudantes e pós-graduandos do Curso de Fisioterapia da UEL, professoras do
Curso de Design de Moda da UEL, pessoas voluntárias, empresas, CODEL e
Penitenciária Estadual de Londrina;

1477
7) Estruturação da Central de Informações intitulada Disk Coronavírus, onde bolsistas
e acadêmicos, apoiados e orientados por pós-graduandos e docentes, atendiam as
ligações e prestavam orientações precisas aos usuários sobre estratégias de
autoproteção, formas de isolamento, em casos sintomáticos, condutas em empresas.
Esse atendimento foi imediatamente vinculado aos serviços de saúde, já que
número 0800 foi criado pela prefeitura e cedido à Universidade para ser o número
totalmente gratuito. Realizou também orientação quanto cadastramento à vacinação
e, juntamente com 70 membros apoiadores do projeto, garantiu-se acesso ao
cadastro da vacina a muitos idosos da região.
8) Apoio à criação do sistema de atendimento médico online da Secretaria Municipal
de Saúde de Londrina cujo agendamento dos usuários foi assumido pelos bolsistas
do Disk Coronavírus, que funcionava das 7 às 22 h de segunda a sábado, garantindo
o atendimento a usuários que, sem sair de sua casa, eram orientados e atendidos,
evitando a busca de serviços de saúde e movimentação de casos suspeitos.
9) Inclusão de bolsistas profissionais para atuarem em dois hospitais estaduais de
nível secundário e no Hospital Universitário da UEL, referência para atendimento à
COVID-19. Bolsistas de diversas categorias profissionais atuaram no cuidado
direto para atendimento aos usuários, neste momento complexo de cuidado à saúde.
Em dezembro de 2020, a Secretária de Saúde do Estado assumiu a gestão destas
ações.
10) Bolsistas de enfermagem e técnicos de laboratório no Instituto Médico Legal – IML
- realizaram Campanhas de humanização e educação em saúde sobre câncer de
mama e de próstata, suicídio e Alzheimer para servidores e população atendida.
Atuaram na organização do POP que melhorou a biossegurança para equipe de
servidores do IML.
11) Produção de matérias científicas que sistematizavam as principais evidências e
normas publicadas. Este grupo constitui hoje um novo Projeto de Extensão
denominado Safety.
12) Orientação a trabalhadores de todas as categorias, por meio de treinamentos online,
informando as ações e protocolos para a segurança no trabalho, evitando surtos que

1478
pudessem inviabilizar o funcionamento e causar ônus econômicos incalculáveis.
Profissionais do Núcleo Ampliado a Saúde da Família com professores da
Fisioterapia realizaram capacitações e a produção de materiais educativos para as
mídias sociais.
13) Coordenação da Telesaúde do Paraná, com atendimento online de médicos,
psicólogos e enfermeiro,s que ofereceu serviço a todo o Estado, com capacidade de
emissão de receitas e atestados, além do acompanhamento psicológico e de
enfermagem para os cuidados, durante isolamento e acompanhamento da evolução
dos quadros clínicos de COVID;

Considerações Finais
As ações deste projeto permitiram que os participantes pudessem concretizar uma
rede de cuidado, informação e criação de serviços, fundamentada na interdisciplinaridade e
na organização interinstitucional, com pactuações e colaborações dos envolvidos.

Referências
Paraná. Fundação Araucária... Março 2020. CHAMADA PÚBLICA 09/2020. Ação de
extensão contra o novo Coronavirus. PROGRAMA DE APOIO INSTITUCIONAL PARA
AÇÕES EXTENSIONISTAS DE PREVENÇÃO, CUIDADOS E COMBATE À
PANDEMIA DO NOVO CORONAVÍRUS.

1479
ATUAÇÃO DA LIGA ACADÊMICA DE ESTOMATOLOGIA NO CONTEXTO DA
PANDEMIA

Área temática: Saúde e Educação


Coordenador(a) da atividade: Melissa Rodrigues de ARAUJO
Universidade Federal do Paraná (UFPR)
Autores: A. C. N. LEUTZ1; A. R. S. FLORIANO2; J. G.
BOAL3; L. A. CUNICO4; P. H. P. VIEIRA5

Resumo:
As ligas acadêmicas são atividades extracurriculares que buscam promover mudanças
através da promoção de atividades complementares na formação acadêmica. A Liga
Acadêmica de Estomatologia da Universidade Federal do Paraná (LAE-UFPR) representa
a união de um projeto com ações extensionistas e as atividades acadêmicas de uma Liga.
Tem como objetivo capacitar os discentes quanto à prevenção, diagnóstico e tratamento
das condições que afetam o aparelho estomatognático e orientar a população quanto às
lesões que podem acometer a boca. As atividades desenvolvidas são a organização de
aulas, seminários e eventos científicos direcionados à comunidade acadêmica e externa à
universidade através de palestras, materiais didáticos, publicações e informações acessíveis
a todos por meio das redes sociais. Durante a pandemia, as ações do projeto sofreram
modificações e diversos materiais educacionais foram publicados. As ações promovidas
pelo projeto de extensão levam o conhecimento da Estomatologia tanto a comunidade
acadêmica, como para a sociedade em geral, estimulando a promoção de saúde bucal.

Palavras-chave: Estomatologia; Liga Acadêmica; Extensão.

Introdução
As Ligas Acadêmicas surgiram com o intuito de sanar as carências curriculares e
promover atividades que preenchessem as lacunas na formação acadêmica. Na grade
curricular do curso de odontologia da Universidade Federal do Paraná, estomatologia é a
especialidade que tem por objetivo a prevenção, diagnóstico e o tratamento das doenças

1480
próprias do complexo maxilo-mandibular e das manifestações bucais de doenças
sistêmicas. Em 2019 foi fundada a Liga Acadêmica de Estomatologia (LAE-UFPR), uma
iniciativa sem fins lucrativos, constituída por professores, mestrandos e acadêmicos do
curso. A LAE-UFPR possui 19 membros discentes da graduação e pós-graduação e 7
professores preceptores.
O objetivo da LAE-UFPR é o desenvolvimento do pensamento crítico e
refinamento da correlação teórico-prática pelos alunos. E ainda, apresentar ações para a
comunidade externa, por meio da promoção e prevenção de saúde. Através dessas ações,
membros acadêmicos da LAE têm a oportunidade de aprimorar seus conhecimentos nas
áreas englobadas pela estomatologia, além de aperfeiçoar suas habilidades
para o diagnóstico de lesões que afetam a cavidade oral, estimulando a interação dos
alunos a desenvolverem projetos baseados na tríade universitária.
O objetivo do presente trabalho é expor as experiências desenvolvidas pelo projeto
de Extensão LAE-UFPR durante a pandemia do COVID-19.

Metodologia
A LAE-UFPR desenvolve eventos voltados aos discentes e profissionais da
Odontologia, com enfoque na estomatologia, além disso, desenvolve também ações a fim
de levar informação de qualidade à comunidade externa, seja por meio do desenvolvimento
de palestras ou através de materiais didáticos. Devido à pandemia, a LAE-UFPR se
adaptou, passando a desenvolver todas as suas atividades online, atuando ativamente em
organizações de eventos com outras instituições de ensino, tendo participação de inscritos
de todas as regiões do Brasil e também de outros países. Além dos eventos, foram
realizadas aulas remotas para os acadêmicos de odontologia, com o intuito de fomentar
discussões científicas e suprir a paralisação das aulas presenciais. Foram
desenvolvidos materiais didáticos pelo Canva®, que além de sanar dúvidas recorrentes na
área da estomatologia, abrangeram ações de esclarecimento sobre a COVID-19. Foram
realizadas reuniões semanais através da plataforma Microsoft Teams®, nas
quais discutiram-se artigos e casos clínicos, em forma de seminários com temas da

1481
especialidade. Os temas discutidos são abordados nas mídias sociais como Instagram® e
Facebook®, sendo esses, os principais meios de divulgação das atividades da liga.
Desenvolvimento e processos avaliativos
Em meio a pandemia, a LAE-UFPR promoveu diversos eventos e postagens com
conteúdo científico nas redes sociais, para o público interno e externo à instituição, além
disso, aulas expositivas abertas ministradas por professores e pós-graduandos. O evento
intitulado “Jornada Nacional Online de Estomatologia” foi o primeiro evento online
promovido pela LAE-UFPR, que atingiu 3612 participantes, incluindo estudantes,
cirurgiões dentistas e outros profissionais da área da saúde, de diversos estados do Brasil e
de outros países. A grade do evento contou com palestras de 5 professores externos à
UFPR. O evento de extensão foi gratuito e certificado pela LAE-UFPR.
A LAE-UFPR também participou da organização de eventos em parceria com
outras Ligas Acadêmicas Brasileiras: o “I IntegraOdonto” foi promovido em parceria com
outras 21 ligas acadêmicas de Odontologia do Brasil, de diferentes especialidades
odontológicas; o “I Simpósio Brasileiro das Ligas Acadêmicas de Estomatologia
(SBLAE)”, que foi idealizado e criado pelas LAE-UFPR e UNIT de Pernambuco e contou
com a colaboração de 10 ligas acadêmicas de Estomatologia das 5 regiões do país e outras
ligas foram apoiadoras do evento. A LAE foi a primeira liga acadêmica do curso de
Odontologia da UFPR, novas ligas surgiram durante o ano de 2020 outras ligas acadêmicas
surgiram e a LAE organizou o evento Interligas Odontologia UFPR que reuniu
as outras ligas acadêmicas do curso de Odontologia da Universidade Federal do Paraná.
Este evento promoveu a interação com outras áreas do conhecimento como Radiologia,
Estomatologia, Odontopediatria, Periodontia, Endodontia, Cirurgia e Prótese. Após o
evento foi publicado um e-book produzido por palestrantes e ligantes envolvidos.
Além dos eventos voltados para profissionais e estudantes de Odontologia, a LAE-
UFPR produziu um folder para a comunidade externa sobre o uso correto das máscaras de
proteção em meio a pandemia e também um vídeo explicativo com informações básicas de
como manipular a máscara, como posicioná-la, higienizá-la e descartá-la. A divulgação foi
realizada pelo Instagram® e o folder postado na íntegra no site do curso de Odontologia da

1482
Universidade Federal do Paraná, onde está disponível para download, e registrado no
Acervo Digital do Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal do Paraná.

Considerações Finais
O projeto de extensão LAE-UFPR tem contribuído com o aumento de experiência e
conhecimento científico para os discentes do curso e para o público externo. As ações
realizadas pelos acadêmicos da extensão universitária permitiram a atualização dos
participantes sob a forma de educação planejada, continuada e de forma que novos
conhecimentos foram construídos. A criação da Liga foi baseada na importância do
aprofundamento do conhecimento em Estomatologia além de beneficiar a população
através de programas de prevenção das doenças que podem acometer a boca. Ainda, foi
modelo para a criação de outras Ligas Acadêmicas dentro do curso de Odontologia na
Universidade Federal do Paraná que antes não existiam. Na adaptação do projeto frente a
pandemia, foi necessário esforço de toda equipe, para encontrar formas de continuar
levando informação para a comunidade de forma rápida, acessível e de qualidade. Em
contrapartida, aos ligantes, foi possível desenvolver várias habilidades, tais como
comunicação eficaz, escrita, organização e planejamento, o que impacta positivamente na
formação do futuro profissional da saúde.

Referências
MELO, TS; BERRY, MC; SOUZA, MI. Ligas acadêmicas de Odontologia: uma
revisão de literatura. Revista da ABENO. v. 19, n. 1, p. 10-19, 2019.

SILVA, ALB et al. The importance of University Extension in vocational


training: Canudos Project. J Nurs UFPE online. 2019.

MORAES, S.L. et al. Impact of an extension experience in university education. Rev


Cir Traumatol Buco-maxilo-fac. v. 16, n. 1, p. 39-44, 2016.

1483
PROJETO MÃOS LIMPAS

Área temática: Saúde e Educação


Coordenadora da atividade: Flávia de Souza FERNANDES 1
Instituto Federal Catarinense (IFC)
Autores: B. SMANIOTTO PELLEGRIN 2 (IFC); K. FERRAZ LEAL² 3 (IFC).

Resumo:
Com o advento da pandemia ocasionada pelo novo coronavírus, nota-se a importância dos
cuidados preventivos. Um destes cuidados é a higienização das mãos, que evita infecções e
a transmissão da COVID-19. O objetivo deste projeto visa conscientizar a comunidade
interna e externa sobre as formas de prevenção da COVID-19. O projeto Mãos Limpas
também sofreu adaptação para a modalidade online, utilizando redes sociais e e-mails
institucional para divulgar os informes. Com estes meios, a informação é levada para as
comunidades através de materiais educativos produzidos pelos estudantes extensionistas.
Desta forma, pretende-se com o projeto utilizar-se de estratégias de educação e saúde,
levando para as comunidades ações educativas e preventivas importantes para controle da
COVID-19.

Palavras-chave: Saúde. Prevenção da COVID 19. Higienização das Mãos.

Introdução
A COVID-19 é a doença infecciosa que se tornou o mais grave problema de saúde
pública no mundo. Segundo a estatística global (2021), esta doença acometeu mais de 182
milhões de pessoas e matou mais de 3, 95 milhões até a data do dia 1 de julho de 2021. Por
isso, faz-se necessário uma tomada de medidas urgentes para a prevenção e controle da
doença e a higienização das mãos é uma delas.
As nossas mãos são as primeiras a tocar em praticamente tudo que observamos,
fazendo com que estejam sempre em contato com as mais variadas bactérias e vírus. Por

1
Flávia de Souza Fernandes, Professora Ensino Básico, Técnico e Tecnológico.
2
Bernardo Smaniottto Pellegrin, aluno Ensino Médio Integrado em Agropecuária.
3
Ketlyn Ferraz Leal, aluna do Ensino Superior de Agronomia.

1484
conseguinte, torna-se essencial a correta higienização das mãos para amenizar o risco de
infecção pelo novo coronavírus. Esta medida é orientada pelo Ministério da Saúde (MS)
para toda a população, no sentido de reforçar a importância da prevenção da doença e
diminuir a transmissão do coronavírus entre as pessoas. Esta é considerada a forma mais
simples de prevenir as doenças, podendo ser realizada com produtos baratos e com pouca
infraestrutura.
Nesse sentido, a educação como fonte teórica e prática em saúde, busca elencar na
teoria de Paulo Freire o ser humano como um ser social, influenciador de suas relações
com o mundo e sua forma de estar no mundo. Pois além do processo educativo que
acontece no dia a dia, é na prática que a educação se concretiza. Sendo assim, a educação
voltada para a saúde deve estar intimamente associada à tomada de consciência da situação
real vivida neste momento de pandemia.
Contudo, este projeto visa orientar a comunidade acadêmica e estudantes das
escolas da Rede pública de Camboriú sobre a correta lavagem das mãos na prevenção da
COVID 19, dado que, os adolescentes/jovens são o grupo que mais precisa de orientação
quanto às medidas de prevenção, pois são um dos maiores transmissores do vírus (FOX;
MASCARENHAS, 2021).

Metodologia
O presente projeto está sendo realizado de forma online. O público-alvo da
atividade desenvolvida são as escolas públicas do município de Camboriú, na qual são
encaminhados todos os materiais produzidos pelos pesquisadores. Além disso, toda
comunidade acadêmica recebe semanalmente material educativo.
Como veículo para transmissão das informações deste projeto, foram criadas
páginas nas redes sociais, que seguem sendo atualizadas semanalmente com
informações/materiais/vídeos educativos/folders e cards sobre a higienização das mãos e
medidas de prevenção da COVID 19. A cada atualização da página, as informações são
encaminhadas para as escolas por meio das redes sociais e por e-mail. Toda a comunidade
acadêmica recebe o material via e-mail institucional. Foi também criado um site que
permanece atualizado semanalmente com todas as informações de prevenção da doença

1485
(técnica de lavagem das mãos, uso de máscaras, produtos que podem ser utilizados e onde
buscar ajuda caso esteja com sintomas da doença). O projeto apresenta caráter
exploratório, pela qual os materiais produzidos tiveram embasamento em pesquisas
bibliográficas, principalmente na página do Ministério da Saúde (MS) e em artigos da
revista Questões de Ciência.
A comunicação entre os participantes do projeto se dá através de reuniões semanais
na plataforma Google Meet, com debate de ideias e produção de materiais. No final de
cada semana é produzido um relatório contendo as ações desenvolvidas. Ao final de cada
mês, estes relatórios são unificados formando um relatório mensal e encaminhado para a
coordenação de extensão do IFC, na qual realizava a avaliação e faz o pagamento das
bolsas. Com isso, os alunos dedicam-se ao projeto com a ideia-força de Paulo Freire,
transformar o mundo por meio da educação preventiva (MIRANDA; BARROSO, 2004).

Desenvolvimento e processos avaliativos


O objetivo principal deste projeto está de acordo com o que Paulo Freire pensava
sobre o objetivo da educação, conscientizar os alunos (MIRANDA; BARROSO, 2004).
Em termos mais específicos, este projeto visa a conscientização da comunidade acadêmica
e alunos de escolas públicas sobre a importância da lavagem correta das mãos. Sendo
assim, foi produzido um banner informativo pelos bolsistas, instigando-os a investigação,
criação e produção de material a cerca do tema. Com os valores disponibilizados foi
encaminhado as artes para impressão.
Todos os materiais produzidos, foram publicados nas seguintes páginas:
https://maoslimpas166302522.wordpress.com/
https://www.instagram.com/projetomaoslimpasifc/
https://www.facebook.com/projetomaoslimpasifc/
Para os estudantes que se envolvem neste projeto, além do aprendizado, são incentivados à
leitura crítica e a pesquisa constante. Ou seja, à educação crítica, referenciada por Paulo
Freire em capacitar o oprimido para a livre e total interpretação na leitura e escrita,
tornando-o um cidadão com opinião própria (MIRANDA; BARROSO, 2004).

1486
Considerações finais
Levando em consideração que o projeto ainda se encontra em andamento, ele vem
sendo bem divulgado e acompanhado pela comunidade nas mídias sociais, obtendo-se, até
então, uma quantidade significativa de seguidores e interações nas publicações nas
páginas. Os alunos se encontram cada vez mais inteirados da temática do projeto, com
ambos seguindo a filosofia de Paulo Freire, na qual apresentam atitudes críticas no sentido
de haver mudança na realidade (MIRANDA; BARROSO, 2004), ou seja, procuram
realizar esta mudança levando a informação até as comunidades.
No entanto, referente às escolas do município de Camboriú, ainda não foi obtido
um retorno referente ao sucesso dos materiais enviados para divulgação, mas foram
recebidos pelas instituições com boa aceitação.
Conclui-se que o projeto já conta com ganhos significativos e notável receptividade
pelo público, mesmo ainda em andamento.

Referências
Estatística Global. Coronavírus (COVID-19). 2021. Disponível em:
<obalhttps://news.google.com/covid19/map?hl=pt-
BR&mid=%2Fm%2F02j71&gl=BR&ceid=BR%3Apt-419>. Acesso em: 01 jul. 2021.

FOX, M; MASCARENHA, L. Estudo: pessoas entre 20 e 49 anos são as grandes


transmissoras de Covid-19. 2021. Disponível em:
<Shttps://www.cnnbrasil.com.br/saude/2021/02/04/estudo-pessoas-entre-20-e-49-anos-
sao-as-grandes-transmissoras-de-covid-19>. Acesso em: 01 jul. 2021.

MIRANDA, Karla Corrêa Lima; BARROSO, Maria Grasiela Teixeira. A contribuição de


Paulo Freire à prática e educação crítica em enfermagem. Revista Latino-Americana de
Enfermagem. São Paulo, v. 12, n. 4, p. 631-635, 2004. Disponível em:
<https://doi.org/10.1590/S0104-11692004000400008>. Acesso em 15 jul. 2021.

1487
TELESSAÚDE COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM DIABETES: UMA
POSSIBILIDADE DE MONITORAMENTO EM TEMPOS DE COVID-19

Área temática: Saúde


Coordenador(a) da atividade: Deisi Maria VARGAS
Universidade Regional de Blumenau (FURB)
Autores: F. JUNGLOS ; E. KLUTCKOWSKI 2; S. BITTENCOURT3; L. AZEVEDO4; D.
1

M. VARGAS5

Resumo:
A Teleconsulta é uma estratégia de monitoramento em saúde que permite o
acompanhamento dos pacientes à distância, por meio da ligação telefônica. Assim, diante
das restrições impostas pela pandemia da COVID-19, a ferramenta da telessaúde foi
aplicada com pais ou responsáveis das crianças e adolescentes que encontravam-se em
acompanhamento pelo Projeto Doce Alegria em um dos seus campos de prática, o Núcleo
de Apoio ao Diabetes (NAD). Esta abordagem permitiu a continuidade do
acompanhamento, oferecendo atendimento clínico e nutricional do Diabetes Mellitus tipo 1
durante o período de pandemia. Por meio da telenconsulta, encontrou-se uma possibilidade
de manter contato com os pacientes sem a necessidade do encontro presencial, permitindo
ainda a realização de atividades educativas além do atendimento de rotina. Ainda, o
telemonitoramento, possibilitou aos extensionistas e bolsistas experienciar uma abordagem
de acompanhamento por via telefônica, e uma possibilidade de promover educação em
saúde.

Palavras-chave: COVID -19; Diabetes Mellitus tipo 1; Teleconsulta.

1 Fernanda Garcia Giordani Junglos, acadêmica do curso de Nutrição e bolsista de extensão FURB.
2 Eloize Helena Klutckowski, acadêmica do curso de Nutrição e bolsista de extensão FURB.
3
Stéfanie Costa Bittencourt, acadêmica do curso de Nutrição.
4
Luciane Coutinho de Azevedo, docente do curso de Nutrição e professor extensionista.
5
Deisi Maria Vargas, docente do curso de Medicina e professor extensionista.

1488
Introdução
O Projeto Doce Alegria – Atenção integral à criança e ao adolescente com Diabetes
da Universidade Regional de Blumenau (FURB) é um projeto de extensão que desenvolve
práticas de cuidado e educação em saúde para crianças e adolescentes com Diabetes
Mellitus tipo 1 (DM1). Tem como principal objetivo desenvolver práticas
interprofissionais e intersetoriais de monitoramento e de educação em saúde para a
promoção da atenção integral do autocuidado em crianças e adolescentes com diabetes.
O DM1 é diagnosticado com maior frequência na infância ou adolescência e
necessita de uso diário de insulina injetável, monitoramento invasivo e diário da glicemia
capilar, planejamento alimentar e atividade física regular (ZAJDENVERG, 2019). Assim,
o acompanhamento periódico com a equipe de saúde é essencial para auxiliar no
cumprimento das metas terapêuticas. Além disso, é fundamental que o profissional de
saúde busque desenvolver a autonomia dos pacientes, necessária para o manejo da doença
(ALVES et al., 2021). Manter uma relação estreita entre o profissional em saúde e o
paciente permite o desenvolvimento de um trabalho compartilhado, definindo as metas e
um plano de cuidado de acordo com as necessidades individuais do paciente. O
desenvolvimento de ações educacionais e que promovam o empoderamento do paciente
auxiliam-no a cuidar de si mesmo. Essa estratégia é definida como autocuidado apoiado e
permite que a pessoa com doença crônica tenha mais autonomia sobre sua condição de
saúde (COLLET et al., 2018).
No ano de 2020, o Brasil foi paralisado por conta da pandemia do novo
Coronavírus. Com isso, alguns estados decretaram situação de emergência e adotaram
medidas extremas, como o lockdown. A cidade de Blumenau-SC seguiu os decretos do
estado e, assim, foram suspensas as atividades consideradas não essenciais como
atendimentos de saúde eletivos, impactando no acompanhamento periódico de pessoas
com doenças crônicas. Após alguns meses de suspensão do acompanhamento periódico e
na ausência de previsão de retomada nos atendimentos presenciais eletivos, o Projeto Doce
Alegria buscou adaptar-se à nova realidade, uma vez que não estava sendo possível
cumprir seu plano de trabalho. Diante disso, analisou-se estratégias que poderiam ser

1489
aplicadas no monitoramento de crianças e adolescentes com DM1 que recebiam
acompanhamento pelo projeto antes da pandemia e optou-se pela ferramenta telessaúde. A
Telessaúde mostrou-se uma ferramenta útil para o enfrentamento da pandemia por
COVID-19, pois possibilita reduzir os riscos de contaminação e propagação da doença,
sendo possível sua aplicação nos campos de promoção à saúde, assistência e educação
(CAETANO et al., 2020).
O objetivo deste relato de experiência é descrever a realização de telessaúde com
pais ou responsáveis das crianças e adolescentes com DM1 durante o período de pandemia
por COVID-19.
Metodologia
A estratégia utilizada na telessaúde foi o telemonitoramento via telefone. Utilizou-
se um roteiro de entrevista que foi aplicado aos pais ou responsáveis de crianças e
adolescentes com DM atendidos pelo projeto no Núcleo de Atenção em Diabetes de
Blumenau (NAD). O roteiro foi elaborado pelos extensionistas em reunião de equipe
interprofissional formada por docentes e bolsistas dos cursos de graduação em nutrição,
medicina, farmácia e odontologia. A entrevista foi estruturada com perguntas sobre dados
antropométricos, cumprimento do esquema de insulina prescrito (dose, horário, tipo de
insulina), rodízio dos locais de aplicação, monitoramento da glicemia capilar (valores,
frequência), alimentação, hábitos de vida (atividade física, sono, higiene bucal) e consumo
de serviços de saúde (Figura 1).
Figura 1: Roteiro de Entrevista

1490
Desde 2018 o projeto atua junto ao NAD. Antes da pandemia estavam em
acompanhamento 31 crianças e adolescentes com DM1 com idades entre 6 e 18 anos. Os
contatos telefônicos dos pais ou responsáveis foram extraídos do cadastro no sistema
PRONTO (sistema gerencial de saúde pública da prefeitura municipal de Blumenau). Seis
pacientes foram excluídos da lista de telemonitoramento pois haviam completado 19 anos e
outros seis pacientes por contato inexistente ou falta de resposta. O telemonitoramento foi
realizado por médico endocrinologista pediátrico, docente da FURB e extensionista do
projeto, com auxílio de estagiário do curso de Nutrição, no período de julho a agosto de
2020.
Desenvolvimento e processos avaliativos
Foi possível realizar o telemonitoramento em 19 crianças e adolescentes (76%) dos
31 antes atendidos pelo serviço. Foram identificadas demandas relevantes em relação ao
cuidado em diabetes. Dentre elas, destaca-se baixo consumo de serviços de saúde, onde 13
(68,4%) pacientes não buscaram nenhum tipo de assistência. Além disso, 13 (68,4%)
relataram a piora do controle glicêmico. A falta de prática de atividade física foi vista em

1491
10 (52,63%) pacientes. A conversa com o profissional de saúde abriu espaço para que a
família esclarecesse dúvidas e/ou relatasse suas preocupações. Por meio desta ferramenta,
foi possível realizar ajuste nas doses de insulina, orientar renovação de receitas e formas de
manter a alimentação saudável e o estilo de vida ativo em tempos de distanciamento social.
Estas ações não seriam possíveis sem o telemonitoramento que permitiu manter o contato
direto com crianças/adolescentes com DM1 e seus familiares. O suporte dos profissionais
de saúde é essencial no fortalecimento do autocuidado de crianças e adolescentes com
DM1 na medida em que apoia e estimula a autonomia na tomada de decisões sobre a sua
saúde e o seu tratamento.
Considerações Finais
O telemonitoramento mostrou-se útil para o acompanhamento de pacientes com
DM1 em uma realidade de distanciamento social, uma vez que possibilitou realizar, à
distância, o acompanhamento antes realizado em atendimentos de saúde eletivos. Esta
abordagem possibilitou contato com 19 (76%) dos pacientes atendidos no NAD,
demonstrando ser uma possibilidade de acompanhamento, com orientações para condições
clínicas no momento da ligação, auxilio para o autocuidado e controle do DM1. Além
disso, com o contato direto com os cuidadores, é possível estabelecer uma linha de
informação direta entre paciente/cuidador e profissional de saúde. A adesão positiva dos
pais ou responsáveis para atividades educativas a distância foi bastante significativa,
mostrando ser mais uma possibilidade de abordagem de acompanhamento e meio
educativo. Ainda, o telemonitoramento, possibilitou aos extensionistas e bolsistas
experienciar uma abordagem de acompanhamento por via telefônica, e uma possibilidade
de promover educação em saúde.

Referências
ALVES, Larissa de F. P. Aguiar; MAIA, Manoel Miqueias; ARAÚJO, Márcio F. Moura
de et al. Desenvolvimento e validação de uma tecnologia MHEALTH para a promoção do
autocuidado de adolescentes com diabetes. Ciênc. saúde coletiva, v. 26, n. 5, 2021.

CAETANO, Rosângela; SILVA, Angélica Baptista; GUEDES, Ana C. C. Menezes et al.


Desafios e oportunidades para telessaúde em tempos de pandemia pela COVID-19: uma

1492
reflexão sobre os espações e iniciativas no contexto brasileiro. Cad. Saúde Pública, v. 36,
n. 5, 2020.

COLLET, Neusa; BATISTA, Annanda Fernandes de Moura Bezerra; NÓBREGA,


Vanessa Medeiros da et al. Autocuidado apoiado no manejo da Diabetes tipo 1 durante a
transição da infância para adolescência. Rev. esc. enferm., v. 52, 2018.

ZAJDENVERG, Lenita. Tipos de Diabetes. Disponível em: <


https://www.diabetes.org.br/publico/diabetes/tipos-de-diabetes > Acesso em: 08 abr. 2021.

1493
7.
TECNOLOGIA E
PRODUÇÃO

SEURS
Seminário de Extensão Universitária
da Região Sul
UNIVERSIDADE, COMUNIDADE E DISCENTES NA CONSTRUÇÃO
DO APLICATIVO “PEIXES DO RIO URUGUAI”

Área Temática: Tecnologia e Produção


Coordenador da atividade: Jeferson Rafael BUENO
Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA)
Autores: E. F. M. BENITES 1; J. R. BUENO 2; C. F. C. LANES 3; C. A.
VEIVERBERG 4; A. ROCHA 5

Resumo:

Em 2020, completou-se 500 anos que a circum-navegação de Fernão de Magalhães passou


pelo Rio Uruguai, aliás, a primeira navegação europeia no rio. Neste meio milênio muito
foi aprendido sobre sua história e sua grande diversidade de espécies de peixes. O que este
projeto de extensão almeja é divulgar toda essa riqueza da ictiofauna presente no Rio
Uruguai para toda a comunidade através de um aplicativo chamado “Peixes do Rio
Uruguai”, gratuito e acessível. O aplicativo está sendo desenvolvido para dispositivos
Android e para demais sistemas estará disponível a versão App Web que poderá ser
acessada via negador de internet (iPhone, laptop e outros).

Palavras-chave: Inovação; Android; Ictiofauna.

Introdução

O projeto de extensão “Desenvolvimento de aplicativo para Bacia do Rio


Uruguai” está desenvolvendo, desde 2020, um aplicativo para a plataforma Android, via
programação em linguagem Java, com o propósito de apresentar as características das

1
Eduardo Felipe Matos Benites, aluno do curso de Aquicultura. Bolsista do Programa de Desenvolvimento
Acadêmico da Unipampa – PDA 2021.
2
Jeferson Rafael Bueno, Doutor em Engenharia Civil, Docente do curso de Aquicultura.
3
Carlos Frederico Ceccon Lanes, Doutor em Aquicultura, Docente do curso de Aquicultura.
4
Cátia Aline Veiverberg, Doutora em Zootecnia, Docente do curso de Aquicultura.
5
Argemiro Rocha, Colaborado Externo, representante da ONG Atelier Saladero.
*Observação: o projeto também conta com a participação de técnicos administrativos em educação (TAE’s)
da Unipampa e a participação voluntária de outros discentes. Por limitação do número de autores, estes não
puderam ser citados neste artigo.

1495
espécies de peixes da bacia do rio Uruguai. Dessa forma, irá possibilitar que a população
tenha acesso fácil, rápido, interativo e gratuito à toda diversidade aquícola do rio Uruguai.
O “App Peixes do Rio Uruguai” está sendo desenvolvido por docentes, discentes e
a comunidade ligada a atividades na bacia do médio Uruguai. Como representante da
comunidade, o projeto conta com a participação da ONG Atelier Saladero. Os docentes
contribuem com o conhecimento de programação e técnico sobre as espécies de peixes, os
discentes atuam ativamente no desenvolvimento do projeto, fazendo a “ponte” entre
universidade e comunidade, com o levantamento de informações; e a comunidade
contribuí com o conhecimento, informações e vivências na bacia do rio Uruguai.
A motivação para o projeto resulta do fato de uma parcela da população
uruguaianense desconhecer as espécies de peixes que existem na bacia do rio Uruguai.
Além disso, muitos possuem um conhecimento superficial sobre as espécies de peixes,
mas não conseguem identificar ou diferenciar as espécies. Ademais, turistas não possuem
um meio de acesso prático e gratuito para buscar informação sobre toda a diversidade de
peixes e informações de pesca no rio. Ainda, na comunidade, espera-se que o App Peixes
do Rio Uruguai venha a ser utilizado nas escolas para ensino das espécies de peixes e
conscientização da proteção do rio Uruguai, podendo ser utilizado por toda a população
do Brasil, Argentina e Uruguai (QUEROL et al., 2018; SERRA et al., 2019).

Metodologia
O App Peixes do Rio Uruguai utiliza apenas programas livres em seu
desenvolvimento, como o Android Studio que usa as linguagens de programação Java,
Kotlin, C++. Também se utiliza a programação em HTML para o desenvolvimento de
algumas funções. Para testes de funcionalidade faz-se uso do software Genymotion Virtual
Devices. Ademais, alguns testes estão sendo feitos com a ferramenta Grasshopper da
Google, para o treinamento de programadores iniciantes (novos discentes no projeto).
Para as informações no aplicativo, embasou-se em algumas referências voltadas a
ictiofauna do rio Uruguai, como Serra et al. (2019), Querol et al. (2018) e Volcan, Lanés e
Cheffe (2010). Para as imagens utilizadas no aplicativo, está se seguindo as
recomendações de García-Melo e Jorge et al. (2019). Para algumas imagens entrou-se em

1496
contato com os autores solicitando a autorização do uso. Muitas outras foram cedidas por
pescadores profissionais e amadores, além das imagens do arquivo da ONG Atelier
Saladero e do curso de Aquicultura da Universidade Federal do Pampa.

Desenvolvimento e resultados parciais

Primeiramente realizou-se a definição conceitual do aplicativo de modo totalmente


remoto. Para isso, utilizou-se o Google Meet, para reuniões do grupo, e o Google
Apresentações para criar um documento colaborativo com as informações para o
aplicativo. A partir disso, uma ideia inicial foi definida, como mostra a figura 1 e
implementada na figura 2. As figuras 2 e 3 apresentam a versão de teste do aplicativo, que
foi instalada via APK nos smartphones Android dos participantes do projeto. Nesta etapa,
devido à participação da comunidade, constatou-se a necessidade de adicionar
informações sobre o turismo de pesca, as quais serão adicionadas após a verificação com
as partes interessadas na temática, como secretaria de turismo, pescadores e empresários.

Como principal impacto do aplicativo, espera-se que o App Peixes do Rio Uruguai
consiga mostrar a toda comunidade a riqueza da ictiofauna presente no Rio Uruguai, os
levando a valorizar mais o que se tem aqui na Fronteira Oeste. As figuras 4, 5 e 6 mostram
a contribuição deste projeto na formação acadêmica dos estudantes envolvidos. Pode-se

1497
verificar que devido ao engajamento na busca de informações, análise e síntese o discente
necessita aplicar o conhecimento visto em diversas disciplinas do curso de Aquicultura.

Além disso, foi preciso que o discente desenvolvesse habilidades e competências


relacionadas às diferentes tecnologias e ferramentas utilizadas no projeto.

Considerações Finais
O App Peixes do Rio Uruguai, como apresentado neste trabalho, busca apresentar e
informar a comunidade sobre a diversidade da ictiofauna no rio Uruguai. O projeto ainda
está em desenvolvimento, por meio do tripé da extensão: servidores + discentes +
comunidade, ou seja, docentes e TAE’s da Unipampa, alunos e alunas do curso de
Aquicultura e a comunidade, que hoje é representada pela ONG Atelier Saladero.

Referências
GARCÍA-MELO, JORGE E. et al. Photafish system: An affordable device for fish
photography in the wild. Zootaxa, [s. l.], v. 4554, n. 1, p. 141, 2019. Disponível em:
https://doi.org/10.11646/zootaxa.4554.1.4

QUEROL, Marcus Vinicius Morini et al. (org.). Rio Uruguai: contribuições científicas.
Uruguaiana: Universidade Federal do Pampa, 2018. E-book.

1498
SERRA, Sebastián et al. Peces del bajo Río Uruguay - Especies destacadas. 1. ed.
Paysandú: Comisión Administradora del Río Uruguay, 2019.

VOLCAN, Matheus Vieira; LANÉS, Luis Esteban Krause; CHEFFE, Morevy Moreira.
Distribuição e conservação de peixes anuais (Cyprinodontiformes: Rivulidae) no
município do Chuí, sul do Brasil. Biotemas, [s. l.], v. 23, n. January, p. 51–58, 2010.
Disponível em: https://doi.org/10.5007/2175-7925.2010v23n4p51

1499
A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA COMO FORMA DE APRESENTAÇÃO
MERCADO DE TRABALHO AO ESTUDANTE

Área temática: Tecnologia


Coordenador da atividade: Cristiano ALVES
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Autores: M. ZAPAROLI 1; A. GARCIA 2; M. M. GONÇALVES 3; C. ALVES 4

Resumo:
A universidade é em sua atividade principal, um espaço do saber, o qual deve ser
compartilhado com a comunidade através de suas ações de ensino, pesquisa e extensão. Na
universidade Federal de Santa Catarina, as atividades de extensão são realizadas segundo
alguns preceitos e valores, dentre os quais destaca-se a possibilidade de oferecer ao
estudante a possibilidade de aprimorar fora do espaço da universidade as competências
necessárias à sua formação profissional. Na área de Design de Produto, o contato com
empresas reais, ou seja, que estejam atuando no mercado, enriquecem muito a formação do
estudante. Com este intuito, estudantes do curso exercitaram metodologia de projeto de
Design ao propor nova carenagem para uma lavadora de alta pressão em parceria com a
empresa Jacto Clean. O processo de projeto é apresentado neste artigo. Para tanto, além de
uma pesquisa exploratória, foi realizado um estudo prático – a proposta da carenagem.

Palavras-chave: lavadora de alta pressão; design de produto.

Introdução
Uma das características das universidades se dá pelo fato de que nelas devem
coexistir atividades ensino, pesquisa e extensão. No caso das atividades de extensão, que
são uma forma da universidade demonstrar perante a sociedade aquilo que vem sendo

1
Moisés Zaparoli, aluno [Design de Produto], bolsista FEESC.
2
Artur Garcia, aluno [Design de Produto], bolsista FEESC.
3
Marília Matos Gonçalves, docente [Design e Design de Produto], bolsista FEESC.
4
Cristiano Alves, docente [Design e Design de Produto], bolsista FEESC.

1500
realizado em salas de aula ou ainda em projetos de pesquisa diversos. Um dos valores
cultivados pela extensão universitária na UFSC está o impacto que elas causam na
formação do estudante. Através dela, os estudantes enriquecem seus saberes e contribuem
de alguma maneira para a sociedade.
O perfil desejado para os estudantes do curso de Design de Produto da UFSC
pressupõe que este, ao se formar atue criativamente na identificação e resolução de
problemas, considerando componentes políticos, econômicos, sociais, ambientais,
históricos e culturais de um mercado específico. Dessa maneira, é essencial que tenha
contato não só com práticas advindas as aulas. Assim sendo, uma maneira de exercitar suas
habilidades projetuais é através de sua participação em empresas que desenvolvam
produtos para a sociedade. Assim, atingirá a sociedade por meio dos produtos que são
disponibilizados no mercado. Isso vem de encontro com outro valor a ser preservado nas
atividades de extensão da UFSC, que é estabelecer uma relação entre a universidade e
outros setores da sociedade.
A participação em projetos reais, além de ser uma forma de enriquecer a formação
do estudante, é uma maneira de colocá-lo frente a frente com o mercado de trabalho. Isto
posto, o objetivo deste artigo é apresentar uma experiência de estudantes de Design em
uma empresa fabricante de equipamentos de lavação de alta pressão.

Metodologia
Por caracterizar-se como um projeto de Design, a metodologia empregada é uma
metodologia de projeto, composta das seguintes etapas: pesquisas (mercado/concorrentes e
público-alvo); definição de requisitos; ideação e definição.

Desenvolvimento
Para melhor definição do problema a ser solucionado, foram realizadas reuniões de
briefing (entender as necessidades do cliente) e pesquisas diversas com o intuito de
conhecer e entender concorrentes e mercado. O produto desenvolvido foi uma lavadora de
alta pressão para a empresa paulista JactoClean. Dentre os principais concorrentes
destacam-se IPC Brasil; WAP e Karcher.

1501
Com relação ao público-alvo, após pesquisas e análise de documentos utilizou-se a
ferramenta “mapa de empatia”. De acordo com Marques (2018), o mapa de empatia é uma
ferramenta desenvolvida pela empresa de consultoria americana Xplane. Seu objetivo é
facilitar a organização de informações acerca de uma pessoa, com o intuito de visualizar
seus desejos e necessidades. Dois perfis de personas representativas do público-alvo foram
desenvolvidos: Juliana (governanta paranaense de 44 anos) e Jailson (lavador de carros
mato-grossense de 28 anos).
Com estes definidos passou-se à etapa de definição de conceitos e requisitos de
projeto. Como conceitos foram definidos: força, durabilidade, praticidade e robustez.
Dentre os requisitos destacam-se: facilitar o uso, pega, ergonomia e limpeza do mesmo,
facilitar o armazenamento e transporte do produto para além do uso e possuir suporte para
componentes adjacentes. Com isso em mente, partiu-se para a geração de alternativas,
como podem ser observadas na figura 1.

Figura 1: Geração de alternativas

Fonte: autores

No total foram 4 rodadas de geração de alternativas. Após cada uma delas, havia
um feedback da empresa, cujo resultado eram proposições de aperfeiçoamentos visando a
melhoria da proposta final. Ao final, foram definidas as 02 propostas finais de

1502
“carenagem” para lavadora de alta pressão. Assim tais propostas foram finalizadas e
ambientadas no seu contexto de uso. São apresentas a seguir as propostas finais (figura 2).

Figura 2: Propostas testes de ambientação e produto final

Fonte: autores

Considerações Finais
Ao final desta atividade de extensão acredita-se que o objetivo principal,
oportunizar aos estudantes envolvidos a possibilidade de vivenciar o dia a dia de sua futura
profissão foi cumprido com êxito. Para a empresa na qual o projeto foi realizado –
JactoClean – a parceria com a universidade se mostrou uma atividade que superou suas
expectativas, pois, mesmo sendo ainda estudantes na metade de sua formação acadêmica, a
responsabilidade, seriedade e profissionalismo com que conduziram as atividades. Com
relação ao produto desenvolvido – a carenagem da lavadora de alta pressão – conclui-se
que os requisitos de projeto e conceitos foram alcançados. Quanto aos estudantes, mesmo
sendo poucos, acredita-se que foram os que mais se beneficiaram da experiência, pois
tiveram mais certeza de estavam no curso certo e ainda perceberam o potencial criativo que
possuíam, pois muitas vezes em projetos realizados em sala de aula, esse potencial existe,
mas não é evidenciado.

1503
Referências
MARQUES, José Roberto. Saiba o que é mapa de empatia e sua importância para
empreendedores. 2018. Disponível em: <https://www.ibccoaching.com.br/portal/saiba-o-
que-e-mapa-de-empatia-e-sua-importancia-para-empreendedores/>. Acesso em: 15 jun.
2018.

1504
A PRODUÇÃO DO ARROZ DE BASE ECOLÓGICA EM ASSENTAMENTOS DE
REFORMA AGRÁRIA DO RS

Área Temática: Tecnologia e Produção


Coordenador da atividade: Paulo César do Nascimento
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Autores: Gustavo Ristow Vodzik 1, Maiz Bortolomiol Dias 2,
Gabriela Rodriguez Machado 3; Cássio Martinez Machado 4; Marthin Zang 5

Resumo:
A produção de base agroecológica busca a maior qualidade dos produtos e dos recursos
naturais utilizados, além de novas relações envolvendo os produtores, consumidores e o
meio ambiente. Em assentamentos rurais, este sistema de produção é priorizado, mas é
ainda um desafio, sob os aspectos técnico, econômico, ambiental e social. A busca da
consolidação desse sistema, especificamente na cultura do arroz, tem sido um objetivo de
uma articulação de instituições e representantes dos assentados. Diagnósticos realizados de
forma participativa têm conseguido definir alguns pontos de maior vulnerabilidade, e
orientar trabalhos de pesquisa e extensão para os avanços nos diferentes aspectos. Apesar
da característica de médio a longo prazo desse trabalho, alguns avanços já vêm sendo
obtidos, tanto em termos técnicos como na maior participação e envolvimento dos
assentados.

Palavras-chave: agroecologia; assentamentos rurais; sistemas de produção.

1
Estudante de Graduação em Agronomia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (bolsista de extensão
– UFRGS)
2
Estudante de Graduação em Agronomia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (bolsista de extensão
– UFRGS)
3
Estudante de Graduação em Agronomia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (bolsista de Apoio
Técnico em Extensão – CNPq)
4
Estudante de Graduação em Agronomia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (bolsista de Apoio
Técnico em Extensão – CNPq)
5
Estudante de Pós-Graduação (Msc) em Ciência do Solo. Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

1505
Introdução
A produção agrícola de base agroecológica busca o redesenho da matriz produtiva,
integrando os sistemas de produção aos conhecimentos de diversos campos da ciência e às
percepções e saberes dos produtores locais, resultando em novos paradigmas que
consolidem uma agricultura mais sustentável (Caporal, 2009). Na Região Metropolitana
de Porto Alegre (RMPA), apesar da grande taxa de urbanização, esse sistema de produção
tem sido utilizado de forma destacada nos assentamentos de reforma agrária, na produção
de frutas, verduras e arroz. Assim, a evolução desta atividade tem se constituído em um
processo que envolve os produtores organizados, instituições de ensino, pesquisa e
extensão. Com base nessa organização, estabeleceu-se o Programa Estadual de Produção
de Arroz de Base Ecológica (PEPABE), que vem desenvolvendo estudos e avaliações de
forma participativa, envolvendo esses setores. O presente trabalho tem como objetivo
relatar e avaliar as atividades do PEPABE até o momento, bem como a participação de
instituições e seus profissionais (pesquisadores, professores e técnicos extensionistas) e
estudantes, apontando as perspectivas para a continuidade desse trabalho.

Metodologia
No ano de 2018 foi iniciado o projeto intitulado “Segurança hídrica, energética e
alimentar em localidades de produção de base agroecológica da região Metropolitana de
Porto Alegre” (SHEA-RMPA), sob o apoio financeiro do CNPq, por meio do Edital
NEXUS 20-2017. As articulações para o trabalho no desenvolvimento e consolidação da
produção do arroz de base agroecológica foram coordenadas pelo Instituto Riograndense
do Arroz (IRGA), com participação do Instituto Federal de Ensino, Ciência e Tecnologia
(IFECT-RS) campus Viamão, a EMATER, e os produtores assentados, representados pelo
Grupo Gestor do Arroz Agroecológico (GGAA). A UFRGS teve participação com
estudantes e professores da Faculdade de Agronomia, e dos Programas de Pós Graduação
em Ciência do Solo, Fitotecnia e Desenvolvimento Rural.
As ações se iniciaram com a realização de reuniões de avaliação participativa, sobre
as características, problemas e demandas dos produtores, formando-se um grupo focal para
a abordagem desse tema (Minayo, 2010). Nesse processo, realizado principalmente nos

1506
assentamentos “Filhos de Sepé” (FS), em Viamão, e no assentamento COOPAN (Nova
Santa Rita), ficaram definidos alguns problemas encontrados na produção agroecológica
do arroz: a produtividade aquém do potencial da cultura, os impactos negativos na
qualidade do solo e água, e a necessidade de maior participação e envolvimento dos
assentados como um todo, nessa atividade. Esse diagnóstico indicou a necessidade de uma
abordagem interdisciplinar, envolvendo aspectos técnicos e também a organização dos
produtores.
Foram organizados alguns estudos, visando caracterizar mais detalhadamente os
impactos da qualidade do solo e da água, nos anos de 2018 a 2020. Outra iniciativa foi a
instalação de Unidades de Observação e Demonstração (UODS), em Viamão, Nova Santa
Rita, e São Jerônimo), onde são testados e avaliados, com a participação dos técnicos,
pesquisadores e produtores envolvidos, diversos sistemas de rotação e sucessão de culturas
na produção de arroz, com o intuito de melhoria das características de qualidade do solo e
aumento da produtividade. Com base nessas iniciativas e na participação dos diversos
setores, se constituiu o Programa Estadual de Produção de Arroz de Base Ecológica
(PEPABE), sob a coordenação do IRGA, como forma de possibilitar uma atuação
contínua, participativa e interdisciplinar na consolidação dos sistemas de produção de base
agroecológica.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Os estudos envolvendo características e qualidade da água e solo foram feitos nas
áreas do FS, mas também com algumas amostragens no COOPAN. Alguns resultados
importantes foram obtidos, resultando em subsídios para o uso e manejo desses recursos
naturais na produção do arroz.
O impacto do uso e manejo na qualidade do solo é variável, de acordo o tipo de
solo trabalhado. Percebe-se a carência em teores de alguns nutrientes fundamentais, como
potássio e fósforo, o que exige estratégias de reposição e suprimento desses nutrientes. Em
relação á água, o uso na lavoura do arroz implica em aumento de teores de alguns
nutrientes, além de turbidez, o que implica no não cumprimento de requisitos para o seu
retorno ao Rio Gravataí (Zang et al., 2021). Assim, as novas formas de manejo dessa água

1507
devem considerar a possibilidade de reciclagem, com a permanência da água dentro dos
limites do assentamento.
A divulgação e discussão desses resultados, entre os produtores, ficou um pouco
prejudicada no que diz respeito ao trabalho sobre os solos, uma vez que essa atividade se
encerrou em abril de 2020, quando já se vivia a situação de Pandemia, o que dificultou
atividades e reuniões em conjunto. Apesar disso, o GGAA teve contato com esses
resultados, tendo a oportunidade de avaliar junto aos assentados e representantes das
instituições envolvidas.
A partir desses dados obtidos, pode-se organizar melhor o funcionamento das
UODs, de forma a atender demandas que já se expressavam nas avaliações dos produtores,
e foram confirmados em boa parte nos trabalhos de campo. Assim, as observações feitas
nessas áreas de experimentação procuram alternativas para a melhoria da fertilidade do
solo, e a manutenção de características físicas favoráveis. O conhecimento e a experiência
adquiridos pelo grupo permitiu a sua sistematização por meio da elaboração de material
técnico, que também se apresenta como um subsídio para a produção do arroz de base
ecológica (Anghinoni et al., 2020).

Considerações Finais
Os trabalhos de Pesquisa e Extensão para a consolidação da produção do arroz de
base ecológica são uma construção em andamento, com seus progressos e desafios. Avalia-
se que este trabalho, concebido para realização de médio a longo prazo, já tem apresentado
resultados positivos, não só pelos avanços técnicos obtidos, mas também pela maior
participação e envolvimento dos produtores, e pela consolidação da parceria entre
instituições. Cabe também destacar a importância na formação de estudantes da Graduação
e Pós-Graduação, por meio do acompanhamento do trabalho em toda a sua concepção e
execução, inclusive com a elaboração de uma dissertação de Mestrado e uma tese de
Doutorado junto ao Programa de Pós Graduação em Ciência do Solo.

1508
Referências
ANGHINONI, I. et al., 2020. Fundamentos, manejo e perspectivas da produção de
arroz irrigado de base ecológica no Rio Grande do Sul. Grupo Gestor de Arroz
Agroecológico – Instituto Rio Grandense do Arroz, 74 p.

CAPORAL, F. R. Agroecologia: uma nova ciência para apoiar a transição a agriculturas


mais sustentáveis. Min. Des. Agrário, Brasília, 2009. 30 p.

MINAYO, M. C. S. et al. Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. Rio de Janeiro:


Editora Vozes, 2010. p. 61-78.

ZANG, M. Qualidade dos solos hidromórficos sob arroz ecológico. Programa de Pós-
graduação em Ciência do Solo, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 113 p.
(Dissertação de Mestrado)

ZANG, M. et al. Quality of drained Waters of the irrigated rice frames during the
establishment of pre-germinated cultivation system. Ambiente e Água, v. 16, n. 2, e2642,
2021.

1509
APOIO AOS PEQUENOS PRODUTORES RURAIS DA REGIÃO DOS CAMPOS
GERAIS

Área temática: Tecnologia e Produção


Coordenador da atividade: Guilherme de Almeida Souza TEDRUS
Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)
Autores: L. A. F. LIMA 1; L. C. RUTHS 2; G.A.S. TEDRUS 3.

Resumo:
O trabalho se refere a um estudo de caso de uma pequena produtora rural de Carambeí -
PR, desenvolvido desde o primeiro semestre de 2021, sendo que faz parte de projeto de
extensão da UEPG e tem, como parceiro, o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná
(IDR-PR),o qualindicou uma produtora rural que iniciou produção de iogurte. Os pequenos
produtores apresentam dificuldades para conseguirem equilibrar os custos com as receitas
vindas de suas atividades. O diagnóstico foi realizado pela equipe do projeto através de
visita técnica na propriedade, junto com o IDR, visando verificar os possíveis problemas
enfrentados na produção de iogurte com o foco de preparar um treinamento sobre técnicas
de produção de iogurte, bem como sobre Boas Práticas de Fabricação (BPF).Foram
programados e ministrados os cursos de BPF e de Produção de Iogurtes para produtores
nas instalações da produtora.O objetivo principal do trabalho é efetivar ações para melhoria
de renda e vida do agricultor familiar, através de apoio técnico, buscando o aprimoramento
dos conhecimentos de BPF e de produção de iogurte. Conclui-se que as orientações dadas
durante a visita e nos cursos, foram importantes para a produtora rural.

Palavras-chave: empreendimento rural; iogurte; legislação.

1
LaysaAdriely Ferreira de Lima, aluna (engenharia de alimentos).
2
Luana Carolina Ruths, aluna (engenharia de alimentos).
3
Guilherme de Almeida Souza Tedrus, coordenador (engenharia de alimentos).

1510
Introdução
Os pequenos produtores rurais apresentam diversas dificuldades para conseguirem
equilibrar os seus custos com as receitas vindas de suas diferentes atividades. Cada vez
mais, eles tentam diversificar as atividades, e uma das alternativas é produzir produtos
derivados. A Resolução SESA 004/2017 regulamenta a produção de alimentos da
agricultura familiar, visando o controle sanitário e garantindo alimentos de maior
qualidade, sendo assim, para a valorização e formalização dos produtos desenvolvidos no
empreendimento familiar rural, é necessária a orientação dos produtores para a adequação
dos aspectos legais do empreendimento.
Após contatar o IDR de Carambeí, para verificação de possíveis pequenos
produtores que estariam necessitando de auxílio na fabricação de seus produtos, foi
indicada uma produtora rural que iniciou a produção de iogurte. O diagnóstico foi
realizado através da visita técnica na propriedade rural em conjunto com o IDR, visando
verificar os possíveis problemas enfrentados na produção de iogurte com o foco de
preparar um treinamento sobre técnicas de produção de iogurte, bem como sobre BPF. Foi
realizada a pesquisa dos assuntos técnicos e legais e elaborados os materiais necessários
para a realização dos cursos.O objetivo principal do trabalho é efetivar ações para melhoria
de renda e vida do agricultor familiar, através de apoio técnico, buscando o aprimoramento
dos conhecimentos de BPF e de produção de iogurte.

Metodologia
O projeto possui uma equipe composta por acadêmicas de engenharia de
alimentos e um professor de engenharia de alimentos que coordena as atividades, e tem,
como parceiro, o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR). As ações
desenvolvidas nesse trabalho tiveram início com a indicação da produtora rural de iogurte
pelo IDR de Carambeí, que estava no início das atividades e estava com diversas
dificuldades no processo de fabricação. Foi realizada uma visita de diagnóstico pela equipe
do projeto, e,com base nesse diagnóstico inicial, foram propostos e programados dois
cursos, um de BPF e outro de Produção de Iogurtes direcionados ao atendimento das
necessidades específicas, tanto nos aspectos legais como técnicos.

1511
A equipe do projeto elaborou um manual para o Curso Teórico - Prático de
Produção de Iogurtes e uma cartilha de apoio para os participantes do curso, com
fluxograma de produção e formulação de cada produto (iogurte natural, iogurte batido com
polpa de fruta e petitsuisse). Foram preparados também os slides necessários, tanto para o
curso de iogurte como para o curso de BPF, e os questionários de avaliação dos cursos.
Foi realizado um curso de boas práticas de fabricação de alimentos processados
pelo empreendimento familiar rural e um curso teórico-prático de produção de iogurtes. O
curso ocorreu em dois dias na propriedade da produtora rural e contou com 9 participantes,
dentre eles havia produtores de mel, conservas e geleias. Inicialmente, foi aplicado um
questionário pré-curso em cada curso, com objetivo de avaliar de forma simples e rápida os
conhecimentos prévios dos participantes a respeito dos assuntos que seriam abordados, de
forma a podermos verificar os pontos que necessitavam de um maior aprofundamento. No
final de cada curso, foi entregue o mesmo questionário para os participantes, para
verificação da aprendizagem. Foram entregues também questionários para avaliação da
dinâmica dos cursos para verificar se estesatenderam às expectativas dos participantes.

Desenvolvimento e processos avaliativos


A parceria com o IDR trouxe a indicação que uma pequena produtora ruralestava
com dificuldades na produção de iogurte, e foi acertada uma primeira visita
àprodutorarural para avaliar a situação e preparar as possibilidades de auxiliar o
empreendimento familiar rural. Inicialmente, foram programados e ministrados os cursos
de modo a atender essa produtora e, ao mesmo tempo, foram indicados outros produtores
para participar dos cursos.
O curso contou com a realização de dinâmicas e abordagem dos conteúdos de
forma prática e de fácil entendimento. Foi uma troca de experiências entre os produtores e
a equipe do projeto em busca da aprendizagem de forma correta dos processos a serem
seguidos na produção de iogurtes. Como forma de avaliação do curso oferecido, foi
elaborado um questionário, com uma escala de notas de 1 a 5, a fim de avaliar o conteúdo
ministrado e a objetividade e preparação dos palestrantes. Em uma escala de 1 a 5 (péssimo
a excelente), a avaliação média do conteúdo ministrado foi considerada 4,5 para o curso de

1512
BPF e de 4,4 para o curso de Iogurte, ou seja, para os dois cursos a avaliação ficou entre
bom e excelente.
Em relação à produtora de iogurte, foi perceptível a sua facilidade e interesse em
acatar as mudanças sugeridas a fim de que seu estabelecimento se adeque as normas
estabelecidas na legislação, ter um cuidado ainda maior com as Boas Práticas de
Fabricação e naProdução de Iogurtes. O curso foi muito bem avaliado por ela,
especialmente por ter respondido às principais dúvidas que tinha sobre o processo de
fabricação e controle, mostrado as alternativasde outros tipos de iogurte que podem ser
produzidos e a demonstração da produção de petitsuisse.
Os cursos realizados foram bem avaliados pelos participantes (avaliação média
entre bom e excelente), que mostraram interesse, tanto na parte teórica como na parte
prática, e atingiram os objetivos de aprimoramento dos conhecimentos, bem como mostrar
outros tipos de iogurte que podem ser produzidos. Além disso, o curso de BPFatendeu os
requisitos estabelecidos na Resolução SESA 004/2017de capacitação de empreendedores
familiares rurais,capacitação essa essencial para regularização da atividade.

Considerações Finais
As atividades desenvolvidas foram muito importantes para toda a equipe do
projeto, mas em especial para as alunas de engenharia de alimentos, que vivenciaram toda
a elaboração da atividade, ou seja, participaram e visualizaram a importância de realizar
uma análise inicial de forma a preparar os cursos conforme as necessidades da produtora e
também trazer as orientações legais de empreendimento familiar rural, pesquisar os
assuntos, preparar os slides dos cursos, bem como os materiais entregues aos participantes,
uma cartilha e um manual de produção de iogurte, e ministrar os cursos em conjunto com o
Coordenador do projeto.
Sendo assim, incentivados pelo projeto, a produtora que aderiu a proposta, buscou
construir uma ótica diferenciada sobre a importância da qualidade e das práticas adequadas
de fabricação de alimentos. A parceria com o IDR de Carambeí tem demonstrado ser
importante para que possamos contribuir com a melhoria na produção dos

1513
empreendimentos familiares rurais, e existe o interesse mútuo na continuidade do projeto,
com permanência da equipe nessa mesma comunidade rural.

Referências
BRASIL. Resolução SESA 004. Empreendimento familiar rural. Secretaria de Estado
da Saúde do Paraná, 2017. Disponível em:
<https://www.saude.pr.gov.br/sites/default/arquivos_restritos/files/documento/2020-
04/resolucaofamiliarrural0042017_0.pdf>. Acesso em 07 ago. 2021.

1514
AUXÍLIO TÉCNICO PARA ADEQUAÇÃO DE BOAS PRÁTICAS DE
FABRICAÇÃO NAS AGROINDÚSTRIAS FAMILIARES DE SANTO ANTÔNIO
DA PATRULHA/RS PARA CONTER A Covid-19

Área temática: Tecnologia e Produção


Coordenadora da atividade: Fernanda Arnhold PAGNUSSATT
Universidade Federal do Rio Grande (FURG)
Autores: G.N. LULY 1; A.M. PARCIANELLO 2; M.V.G.GUND3; L.O.SCHMATZ4; A.
RUIVO5; F.A. PAGNUSSATT6.

Resumo:
Diante da pandemia, diversas medidas de controle foram recomendadas para garantir a
segurança dos trabalhadores e clientes e evitar a transmissão do vírus na cadeia produtiva
de alimentos. Assim, este projeto objetivou prestar auxílio técnico aos produtores rurais de
Santo Antônio da Patrulha/RS que produzem alimentos nas agroindústrias do município e
os comercializam na feira agroecológica (AgriSAP), em relação às adequações das Boas
Práticas de Fabricação (BPF) recomendadas para conter a Covid-19. Com este trabalho foi
possível elaborar e divulgar materiais informativos contendo orientações higiênico-
sanitárias e propor medidas de controle durante a feira. Além disso, os manuais de BPF de
duas agroindústrias familiares foram atualizados e uma lista de verificação foi aplicada, o
que permitiu a detecção de apenas 3 não conformidades. Desta forma, foi possível auxiliar
os processadores de alimentos em agroindústrias e também os clientes com informações e

1
Guilherme Nunes Luly, guilhermeluly@hotmail.com, 03907097009, aluno [Engenharia Agroindustrial –
Industrias Alimentícias], bolsista CNPq- Chamada MCTIC/MAPA/MEC/SEAD-Casa Civil/CNPq n°
21/2016.
2
Adriana Masson Parcianello, adriana.massonp@gmail.com, 02469463909, aluno [Engenharia
Agroindustrial – Agroquímica], bolsista CNPq- Chamada MCTIC/MAPA/MEC/SEAD-Casa Civil/CNPq n°
21/2016.
3
Marcos Vinícius Gust Gund, mgustgund@gmail.com , 05206852104, aluno [Engenharia Agroindustrial –
Agroquímica].
4
Livia Oliveira Schmatz, livia.schmatz@hotmail.com , 85554405053, aluno [Engenharia Agroindustrial –
Industrias Alimentícias], bolsista EPEC FURG 2020.
5
Alessandra Ruivo, alessandraruivo97@hotmail.com, 04326265060, aluno [Engenharia Agroindustrial –
Agroquímica].
6
Fernanda Arnhold Pagnussatt, fapagnussatt@furg.br, 00507184017, servidor docente.

1515
medidas técnicas, possibilitando que os ambientes usados para a produção e
comercialização de produtos oriundos da agricultura familiar estivessem dentro das normas
estabelecidas pelos órgãos regulamentadores e os protocolos sanitários fossem cumpridos
pela população.

Palavras-chave: Sars-COV-2; segurança de alimentos; agroindústria familiar.

Introdução
A agricultura familiar tem se apresentado como um elemento insubstituível capaz
de promover os objetivos de inclusão social e redução das desigualdades econômicas
(GODOY; ANJOS, 2007). Desde 2010, os agricultores familiares de Santo Antônio da
Patrulha/RS são amparados com auxílio técnico da Universidade Federal do Rio Grande –
FURG, que atua em parceria com a Emater/RS-Ascar, Prefeitura Municipal e Sindicato dos
Trabalhadores Rurais no sentido de contribuir com o fortalecimento e a expansão do setor
agroindustrial. Em 2020, em função da pandemia causada pelo novo Coronavírus, o grupo
de professores e alunos da FURG continuou prestando o auxílio técnico, porém, nas
questões que envolvem a agricultura familiar, as ações estavam voltadas para conter a
Covid-19. A orientação aos agricultores para as melhorias nas questões de qualidade e
segurança de alimentos envolve conhecimento técnico de engenharia e tecnologia de
alimentos, estando fortemente relacionada ao ensino. Desse modo, a continuidade de uma
interação entre as comunidades acadêmica e externa permitiu uma troca de diversidade de
saberes e estas ações mobilizaram professores, alunos e técnicos em atividades
interdisciplinares de pesquisa e extensão, contribuindo para a mudança positiva da atual
realidade, em função da pandemia de Covid-19.
Dentro do contexto da pandemia, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA), divulgou diversas recomendações que apresenta em detalhes as medidas que
devem ser adotadas na fabricação e manipulação de alimentos (BRASIL, 2020b). Desta
forma, é imprescindível a continuidade da execução fiel das Boas Práticas de Fabricação
(BPF) pelas unidades produtoras e comercializadoras, mesmo já estando comprovado que
o alimento não é vetor dessa contaminação (BRASIL, 2020b). Sendo assim, este trabalho
objetivou a prestação de apoio e capacitação técnica aos agricultores familiares para que as
medidas de controle cabíveis ao momento fossem implementadas da melhor forma
possível, atendendo as exigências sanitárias impostas pela Covid-19, contribuindo desta
forma, com a expansão da renda das famílias envolvidas, a manutenção da qualidade dos

1516
alimentos e a segurança dos trabalhadores e clientes da feira durante este período de
pandemia.
Metodologia
Os materiais informativos como banner, cartazes e folders, foram elaborados e
distribuídos para os clientes da feira e agricultores familiares, além de ser compartilhado
em redes sociais. Com o apoio do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santo Antônio da
Patrulha, que gentilmente cedeu um horário dentro do programa “Tá na Mesa” da rádio
Itapuí (1170 AM), de SAP, foi criado o quadro denominado “Momento Covid-19”. Foram
realizadas visitas à AgriSAP, para acompanhar a rotina dos agricultores e também observar
o comportamento dos clientes. Dois manuais de BPF de agroindústrias familiares de SAP
foram atualizados e adequados de acordo com a Nota Técnica nº 48/2020 da ANVISA
(BRASIL, 2020a). Foi solicitado aos agricultores que gravassem vídeos que mostrassem as
instalações industriais e a rotina durante a produção, e encaminhassem via e-mail. Após a
realização do levantamento das adequações necessárias, foi definido juntamente com o
responsável pela agroindústria, quais os procedimentos que deveriam ser adotados para
adequar as BPF nas ações de contenção da Covid-19 no que tange a produção de alimentos
seguros e sua comercialização. Durante a execução das atividades extensionistas, um
trabalho de conclusão no curso de Engenharia Agroindustrial-Indústrias Alimentícias foi
realizado e defendido (LULY, 2020). Além disso, resumos para eventos científicos foram
elaborados, bem como a realização do relatório final de atividades e a divulgação dos
resultados.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Ao longo das visitas na AgriSAP, materiais informativos foram expostos na feira e
também ocorreu a distribuição de folhetos aos clientes. Estes materiais enfatizaram a
importância das medidas de controle da doença, além de salientar para que as pessoas
respeitassem a capacidade da feira. Durante a realização do quadro “Momento Covid-19”,
os ouvintes do programa de rádio receberam orientações higiênico-sanitárias. Em função
da divulgação via imprensa falada, o alcance dado ao projeto foi muito maior e contribuiu
de forma significativa para que essa importante atividade extensionista tivesse seu público-
alvo atendido. Durante o 2° semestre de 2020, foram realizadas visitas na AgriSAP, onde
foi verificada a falta de demarcações no chão que auxiliassem o distanciamento social e a
organização de filas. Este problema foi corrigido, contribuindo de forma significativa para
evitar aglomerações. Os manuais de BPF de duas agroindústrias familiares foram

1517
atualizados, sendo inseridos os procedimentos como a forma correta de lavar máscaras
respiratórias e a necessidade de sua utilização. Nos requisitos operacionais, foi adicionada
a necessidade de implementação de rotinas de higienização das matérias primas recebidas.
Por fim, foi adicionado o dever da agroindústria de capacitar o quadro de funcionários para
que reconheçam os sintomas da Covid-19. Estes manuais de BPF revisados foram enviados
para a Emater de SAP. Sobre a lista de verificação aplicada na agroindústria avaliada, as
não conformidades observadas foram: falta de utilização de luvas pelos funcionários (item
não obrigatório, mas recomendado), a utilização de adornos pelos funcionários durante a
produção, e também a falta de orientação das rotinas de higiene no lavatório.

Considerações Finais
Com o presente trabalho, foi possível reforçar a importância das atividades
extensionistas da Universidade Federal do Rio Grande- FURG, que contribuem
positivamente com ações que geram resultados diretos para a sociedade, evidenciados
nesse projeto com as orientações e divulgação de medidas higiênico-sanitárias necessárias
durante a pandemia, a atualização dos manuais de BPF e a verificação das conformidades
previstas pela legislação. Aos estudantes envolvidos, fica destacada a oportunidade de
vivenciar a integração com diferentes setores da sociedade, contribuindo para o
compartilhamento de saberes a partir da realidade local e da situação atual que envolve as
questões sobre a pandemia de Covid-19.

Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Coronavírus: sobre a doença. 2020a.

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA. Nota


Técnica nº 48/2020/SEI/GIALI/GGFIS/DIRE4/ANVISA Documento orientativo para
produção segura de alimentos durante a pandemia de Covid-19.2020b.

LULY, G. N. Medidas de controle da qualidade para conter a COVID-19 no âmbito


da agricultura familiar em Santo Antônio da Patrulha/RS. 2020. Trabalho de
Conclusão (Curso de Engenharia Agroindustrial- Indústrias Alimentícias) - Universidade
Federal do Rio Grande - FURG, Rio Grande/RS, 2020.

1518
CheckIn@UFSC: SISTEMA DE AVISO DE EXPOSIÇÃO À COVID-19 USANDO
DISPOSITIVOS MÓVEIS PARA QUARENTENA INTELIGENTE E TESTAGEM
SELETIVA

Área temática: Tecnologia e Produção


Coordenador da atividade: Jônata Tyska CARVALHO
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Autores: L. G. ROSA 1; B. M. LIMA 2; G. GERONIMO 3;
M. G. SILVA 4; J. T. CARVALHO 5.

Resumo:
Enquanto toda a população não estiver vacinada, garantindo a imunidade de rebanho e
salvando milhares de vidas, a nossa melhor arma contra a COVID é o conhecimento. É
através dele que podem-se tomar decisões informadas, adotando políticas eficazes de
testagem inteligente e isolamento de pessoas infectadas e expostas ao vírus. Este trabalho
busca validar uma plataforma tecnológica desenvolvida por pesquisadores e estudantes da
UFSC que usa dispositivos móveis para detectar contatos com pessoas infectadas e
posteriormente notificar usuários expostos ao vírus. Através de um aplicativo para Android
e de uma plataforma web, o sistema opera de forma completamente anônima, protegendo a
privacidade dos usuários, mas garantindo que eles sejam notificados caso estejam em risco.
Uma versão piloto do sistema foi desenvolvida e encontra-se em fase de testes. Esta
abordagem permite uma rápida resposta objetivando a quebra da cadeia de transmissão. De
forma geral, espera-se fornecer aos órgãos sanitários a ferramenta certa para implementar
uma política inteligente de isolamento e testagem seletiva, reduzindo as chances de novos
surtos da COVID-19 e principalmente de futuras pandemias.

Palavras-chave: isolamento inteligente; aviso de exposição; testagem seletiva.

1
Larissa Gremelmaier Rosa, aluna [Ciências da Computação], bolsista PROEX.
2
Bryan Martins Lima, aluno [Ciências da Computação], bolsista PROEX
3
Guilherme Arthur Geronimo, técnico-administrativo [SeTIC].
4
Mateus Grellert da Silva, docente [Informática e Estatística].
5
Jônata Tyska Carvalho, docente [Informática e Estatística].

1519
Introdução
Em meio à pandemia da COVID-19, o uso da tecnologia é fundamental para
minimizar o número de pessoas contaminadas e evitar o colapso da economia e do sistema
de saúde nacional. Portanto, são necessários mecanismos que garantam tanto o isolamento
de pacientes diagnosticados, como a quarentena de pessoas que entraram em contato com
esses pacientes, assim diminuindo o contato entre indivíduos infectados e saudáveis,
consequentemente reduzindo a taxa de transmissão do vírus e os efeitos indesejados, como
a sobrecarga dos sistemas de saúde (OLIVEIRA, LUCAS, IQUIAPAZA, 2020).
Sob essa óptica, o rastreamento de contatos é de extrema relevância, já que
permite uma detecção antecipada de casos pré-sintomáticos e assintomáticos. O
rastreamento de contato já acontece no protocolo de tratamento da COVID e é usualmente
feito através de entrevistas entre agentes de saúde e indivíduos infectados. No entanto, tal
abordagem depende da capacidade limitada desses indivíduos recordarem e identificarem
todos os contatos que ocorreram nos dias que antecederam a infecção (AHMED et al,
2021). Assim, o rastreamento digital de contatos foi proposto, utilizando-se da capacidade
que dispositivos móveis possuem de emitir e ler sinais Bluetooth ou de compartilhar sua
localização. Tal método, em comparação com a forma manual, faz desse processo mais
rápido e menos propenso a produzir falsos negativos (RASKAR et al, 2020).
Dessa forma, o presente trabalho se caracteriza como uma atividade de extensão
que propõe a elaboração e utilização de um sistema para rastreamento de contatos dentro
da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Esse sistema, intitulado
CheckIn@UFSC, foi construído em duas frentes: um aplicativo para dispositivos móveis e
uma plataforma web acessada via QR-Codes. Os dados coletados são armazenados de
forma anônima e poderão ser utilizados para a construção de políticas inteligentes de
isolamento, baseadas em evidências de contágio, e também na definição de um processo
de testagem seletiva, contribuindo para maior segurança dos membros da comunidade
interna e externa à Universidade.

1520
Metodologia
O projeto foi desenvolvido por uma equipe de 2 alunos bolsistas, em conjunto com
docentes e servidores da UFSC, campus Florianópolis. O projeto teve início em junho de
2020 e seguirá em andamento durante todo o ano de 2021, com seus objetivos divididos
em diferentes etapas, visando construir o sistema, testá-lo, aperfeiçoá-lo e utilizá-lo.
Para a construção do sistema, utilizaram-se ferramentas tecnológicas, conhecimento
de domínio apoiado em evidências científicas, bem como sugestões da comunidade de
teste. Para fazer o rastreamento de forma anônima, escolheu-se utilizar a tecnologia
Bluetooth Low Energy (BLE), já que existe um consenso de que a solução para
rastreadores deve ser baseada em BLE utilizando beacons (O’Neill 2020). O
desenvolvimento do aplicativo foi feito na linguagem Java, e a plataforma web foi
desenvolvida utilizando o framework Bootstrap e o aplicativo Mobirise para a construção
da interface com os usuários (front-end). O sistema administrativo (back-end) da
plataforma web foi elaborado com o framework Django, enquanto que a versão Android
conta com um servidor desenvolvido em Flask. Os contatos são processados no servidor de
aplicação e armazenados em um banco de dados SQL.

Desenvolvimento e processos avaliativos


A partir dos recursos mencionados na seção anterior, foi desenvolvido um
aplicativo para Android (em fase de submissão para a loja de aplicativos), uma plataforma
web 6, assim como vídeos de instrução 7,8 disponíveis na página da plataforma. A Figura 1
apresenta uma visão geral do sistema implementado.

6
Disponível em https://checkin.ufsc.br/
7
https://www.youtube.com/watch?v=aA-c_2OyAfQ
8
https://www.youtube.com/watch?v=AEIAei9-zZE

1521
Figura 1 - Visão geral do sistema desenvolvido.

Fonte: Autores (2021)

O sistema desenvolvido conta com 5 etapas (numeradas na Figura 1): (1) detecção
de encontros através do aplicativo ou do mecanismo de check-in, (2) registro desses
encontros no servidor de aplicação, (3) autodiagnóstico, (4) processamento de contatos e
(5) notificação de exposição. O aplicativo detecta encontros entre dispositivos móveis por
um protocolo baseado na tecnologia BLE. A plataforma web permite que indivíduos sem o
aplicativo também possam ter seus encontros registrados através de um mecanismo de
check-in/check-out utilizando QR-Codes fixados nas dependências da Universidade. Os
contatos são processados e armazenados de forma anônima no servidor de aplicação. Ao
perceberem sintomas da COVID-19 ou ao testarem positivo, os usuários poderão se
autodiagnosticar através de uma tela em que informam o resultado do teste (se houver)
e/ou que sintomas estão apresentando. Ao receber um autodiagnóstico, o servidor busca
todos os encontros registrados pelo usuário nos últimos dias, notificando esses indivíduos
através do aplicativo ou da plataforma web.
O sistema está completamente operacional e encontra-se em fase de testes no
Centro de Ciências da Saúde da UFSC. Nesta fase os dados do sistema permitirão avaliar
as melhores formas de conter a pandemia dentro dos campi da Universidade.

Considerações Finais
A etapa de prototipação foi finalizada com sucesso e os requisitos iniciais do
sistema foram atendidos. Neste momento, monitora-se a fase de testes, a ser realizada até

1522
outubro de 2021, com parte da comunidade. Uma vez validado, o sistema estará disponível
para toda a comunidade. Os dados coletados permitirão a descoberta de padrões de
transmissão da doença que servirão como suporte à tomada de decisão. Ademais, destaca-
se que o sistema pode ser escalado e utilizado em outras universidades e até mesmo
municípios, sendo grande a sua utilidade no controle desta e de futuras pandemias.

Referências
AHMED, Nadeem et al. A survey of COVID-19 contact tracing apps. IEEE access, v. 8,
p. 134577-134601, 2020.

OLIVEIRA, Adriana Cristina de; LUCAS, Thabata Coaglio; IQUIAPAZA, Robert Aldo.
O que a pandemia da COVID-19 tem nos ensinado sobre adoção de medidas de
precaução?. Texto & Contexto-Enfermagem, v. 29, 2020.

O’Neill, P.H. Bluetooth contact tracing needs bigger, better data. MIT Technology
Review. April 22, 2020.

RASKAR, Ramesh et al. Comparing manual contact tracing and digital contact advice.
arXiv preprint arXiv:2008.07325, 2020.

1523
Clube do Rádio - Radioamadorismo na Universidade

Área temática: Tecnologia e Produção


Coordenador(a) da atividade: Lucas C. SEVERO
Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA)
Autores: L. C. SEVERO ; H. FINATTO2; G. P. PAULENA3; R. FACCO4; B. C.
1

CARVALHO5; L. C. SANTOS6.

Resumo:
Este trabalho detalha a criação do Clube do Rádio na Universidade Federal do Pampa
Campus Alegrete. O Clube do Rádio é um ambiente propício para o desenvolvimento de
experimentos científicos envolvendo radioamadorismo. O objetivo do projeto é fazer com
que alunos dos cursos de engenharia de telecomunicações e de engenharia elétrica
coloquem em prática os conceitos estudados em sala de aula para desenvolver
experimentos que sirvam como ferramentas de incentivo para atrair jovens para as áreas de
engenharia e, ao mesmo tempo, colaborar para a redução dos níveis de evasão e retenção.

Palavra-chave: experimentos práticos; inclusão de jovens; redução da evasão e retenção.

Introdução
A vida acadêmica nos cursos de engenharia possui uma grande carga horária
teórica e densa nas áreas de matemática e física, exigindo um grande comprometimento por
parte dos alunos para acompanhar e desenvolver estratégias de estudo. Devido a estas
características, muitos dos discentes acabam desistindo do curso nas fases iniciais ou
migrando para cursos com menor carga horária nestas áreas. Por outro lado, todos os anos
1
Lucas Compassi-Severo, servidor docente.
2
Henrique Finatto, aluno engenharia de telecomunicações.
3
Gabriel Pardinho Paulena, aluno engenharia de telecomunicações.
4
Rodrigo Facco, aluno engenharia de telecomunicações.
5
Bruno da Cruz Carvalho, aluno engenharia de telecomunicações.
6
Leonardo Carpes dos Santos, aluno engenharia de telecomunicações.

1524
inúmeros estudantes formados no ensino médio deixam de seguir seus estudos por não
conhecerem as áreas e os cursos de graduação das universidades que os rodeiam. Neste
sentido, este trabalho visa também demonstrar e compartilhar os experimentos práticos
com alunos das escolas da cidade de Alegrete-RS para divulgar as atividades
desenvolvidas, atraindo potenciais futuros alunos para os cursos de engenharia.
Com isso, este trabalho apresenta a criação do “Clube do Rádio” no campus
Alegrete da Unipampa, um projeto que visa possibilitar aos alunos dos cursos de
engenharia elétrica e engenharia de telecomunicações o envolvimento com aplicações
práticas desde o início do curso, colaborando para a redução dos índices de evasão e
elevando o grau de motivação dos discentes. Este clube está voltado ao desenvolvimento
de experimentos de radioamadorismo, tais como radiocomunicação, captação e
processamento de sinais de satélites e sondas meteorológicas, montagem de antenas e
circuitos eletrônicos de comunicação e estudo de diversas aplicações das ondas de rádio
(NETO, 2015).
O objetivo do Clube do Rádio na universidade é desenvolver uma série de
experimentos e demonstrações em encontros (presenciais ou virtuais) envolvendo alunos
de graduação, alunos do ensino fundamental e médio e demais pessoas da comunidade
interna e interessadas pelo assunto. Além disso, como objetivos específicos deseja-se criar
um ambiente saudável e organizado para que os membros do clube colaborem no
desenvolvimento dos experimentos, motivar alunos de graduação através das atividades
práticas do curso e sua relação com a teoria estudada, demonstrar aos alunos do ensino
fundamental e médio que todos os conceitos estudados nas componentes curriculares de
física e matemática podem ser aplicados em experimentos, divulgar os cursos e as
atividades realizadas pela universidade para a comunidade externa e criar a cultura de
desenvolvimento científico e tecnológico na região.

Metodologia
A e desenvolvimento de experimentos, teste dos experimentos, divulgação e
demonstração dos experimentos, encontros presenciais e virtuais e publicidade.

1525
A parte de projeto e desenvolvimento de experimentos é a fase mais técnica e
complexa das atividades. Nela os membros do projeto desenvolvem e montam circuitos
eletrônicos e antenas para a realização dos experimentos. Entre os projetos desenvolvidos
estão: receptores de rádio, estação para monitoramento em tempo real de aeronaves,
estação para monitoramento de balões meteorológicos e satélite educacional.
Na fase de teste dos experimentos, os dispositivos desenvolvidos são colocados em
teste e os resultados são publicados no site e redes sociais do clube. Além disso, nesta fase
os dados gerados são compartilhados com a comunidade externa interessada pelo assunto.
Após a finalização das etapas de testes, os experimentos são demonstrados para a
comunidade interna e externa de forma presencial (antes da pandemia) e virtual (durante a
pandemia). Na forma presencial são realizados encontros no campus da universidade,
palestras em escolas da região e participação em eventos locais. No formato virtual são
realizadas reuniões via plataforma Google Meet, permitindo com que pessoas de diversas
regiões do país participem dos encontros.
A última fase da metodologia se dá pela publicidade das atividades realizadas
através de postagens no site do clube (sites.unipampa.edu.br/clubedoradio/) e nas páginas
no Facebook e Instagram.

Desenvolvimento e processos avaliativos

Primeiramente foram desenvolvidos circuitos eletrônicos simples de receptores de


rádio AM (FRENZEL, 2014) e tais experimentos foram demonstrados em 3 eventos locais
nos anos de 2019 e 2020 (antes da pandemia). Durante o período de distanciamento social,
os eventos passaram a ser realizados no formato virtual, possibilitando a participação de
radioamadores de outras regiões do Brasil. Foi também implementada uma estação de
recepção de sinais provenientes de balões meteorológicos, cujos dados monitorados são
divulgados à comunidade por meio de plataformas online. Também foram instalados
receptores para o monitoramento de aeronaves que alimentam as principais bases de dados
internacionais, colaborando para o rastreamento e aumento da segurança dos voos.
Encontra-se em fase de desenvolvimento também um nanosatélite educacional com parte

1526
da participação do Clube do Rádio em uma competição nacional.
Todos os projetos desenvolvidos contam com a participação de discentes da
Unipampa de diversas fases do curso, desde semestres iniciais até alunos concluintes. Os
projetos também contam com alunos de escolas da cidade de Alegrete e radioamadores de
diversas regiões do Brasil. Os estudantes envolvidos no projeto demonstraram grande
empenho e motivação no desenvolvimento das atividades, uma vez que puderam
comprovar na prática os conceitos teóricos estudados em sala de aula. Verificou-se também
que a rede de contatos com participantes de diversas regiões do Brasil possibilitou uma
grande troca de conhecimento. Alguns dos alunos do clube prestaram provas da Agência
Nacional de Telecomunicações (ANATEL) e se tornaram radioamadores (HALÁSZ,1993).
Com a evolução das atividades do clube do rádio foi notado que tanto estudantes de
graduação do campus, como estudantes de ensino médio de Alegrete, demonstraram
grande interesse em participar e acompanhar os experimentos. A comunidade de
radioamadores recebeu muito bem o projeto, inclusive colaborando com diversas ideias e
contribuições para as atividades. Deste modo, verifica-se um grande potencial do clube
para gerar impacto nas áreas de desenvolvimento científico e tecnológico.

Considerações Finais
O projeto cumpriu com os objetivos propostos, criando o Clube do Rádio na
UNIPAMPA, realizando alguns experimentos práticos, participando de alguns eventos
locais e realizando alguns eventos virtuais. O site do clube e as páginas nas redes sociais
vem apresentando um aumento significativo no número de acessos e participação, fazendo
com que as atividades desenvolvidas alcancem um maior número de pessoas e os projetos
da universidade sejam divulgados.
A atual pandemia dificultou a execução do projeto devido a necessidade de
montagem de experimentos físicos nos laboratórios da universidade e interrompeu a
participação em eventos presenciais. Por outro lado, o uso massivo de tecnologias de
videoconferência fez com que as atividades do Clube do Rádio tenham sido projetadas
para outras regiões do Brasil, abrindo um amplo espaço de colaboração entre estudantes,

1527
professores e entusiastas da área de telecomunicações.

Referências

VICENTE SOARES NETO, Sistemas de Comunicação – Serviços, Modulação e Meios


de Transmissão. Ed. Érica, 2015.

LOUIS E., FRENZEL JR, Fundamentos de Comunicação Eletrônica – v. 1: Modulação,


Demodulação e Recepção, 3. ed., McGraw-Hill, 2014.

IWAN THOMAS HALÁSZ. Handbook do Radioamador. EDUSP, 1993.

Instituição financiadora:
Pró-Reitoria de Extensão (PROEXT) da Universidade Federal do Pampa.

1528
ESTUDO DA REOCUPAÇÃO DAS SALAS DE AULA DA REDE MUNICIPAL DE
ENSINO EM LONDRINA-PR, A PARTIR DA VENTILAÇÃO NATURAL

Área Temática: Tecnologia e Produção


Coordenador(a) da atividade: Camila Gregório ATEM
Universidade Estadual de Londrina (UEL)
Autores: P. H. B. DECKER 1; G. D. ARAUJO 2; J. W. L. MACEDO 3; V. TRIGUEIROS 4

Resumo:
Em janeiro de 2020, a OMS declarou o surto de COVID-19, uma emergência de saúde
pública de interesse internacional. Logo, muitos estabelecimentos foram fechados, entre
eles, as escolas, devido às suas características intrínsecas de aglomeração. A ventilação
natural se configura como um importante mecanismo de diluição e remoção dos aerossóis
que contêm o vírus SARS-CoV-2, transportados pelo ar. Este trabalho teve como principal
objetivo dar suporte aos gestores das escolas municipais da cidade de Londrina-PR, quanto
às questões ligadas à ventilação natural das salas de aula, no período vigente da pandemia,
visando à segurança sanitária aos alunos, professores e funcionários na reocupação dos
espaços. Assim, duas ações integradas à Secretaria Municipal da Educação da cidade
foram realizadas: a criação de um vídeo educativo de apoio ao protocolo de biossegurança
da prefeitura, destacando a importância da ventilação natural dentro das salas de aula; e
estudos técnicos de cálculo da renovação de ar em salas de aula, com a determinação do
número máximo de alunos por sala. As análises finais foram norteadas pelo número de
trocas de ar de cada ambiente, comparados a parâmetros técnicos definidos pela Anvisa e
por estudos internacionais. Como conclusão do estudo, sugere-se a limitação diferenciada
da ocupação máxima de alunos nas salas, de acordo com as condições de ventilação de
cada uma, para reduzir as chances de contaminação por COVID-19.

1
Pedro Henrique Bruder Decker, discente do mestrado em Engenharia Civil -UEL.
2
Giovanna Domingos Araujo, discente do curso de engenharia civil -UEL.
3
Jhony Wesley Lemes Macedo, discente do curso de engenharia civil -UEL.
4
Vitor Trigueiros, discente do curso de engenharia civil -UEL.

1529
Palavras-chave: Sala de aula; Ventilação Natural; Covid-19.

Introdução
Uma das formas de transmissão da COVID-19 ocorre de maneira semelhante a
outros patógenos respiratórios, ou seja, por meio de gotículas que podem ir diretamente à
pessoa infectada ou ficar algum tempo em suspensão no ar e depois infectar outras pessoas
(OMS, 2020). Van Doremalen et al (2020) relatam que o SARS-COV 2 permanece estável
em aerossóis aéreos por pelo menos três horas. Sendo assim, as escolas, onde predominam
os ambientes fechados, com pouca ventilação natural e grande número de usuários
realizando atividades coletivas, são locais propícios à disseminação do vírus. Por esta
razão, foram fechadas logo no início da pandemia e permaneceram assim durante muitos
meses.
A ventilação natural move o ar externo para dentro de um edifício, distribui este ar
dentro dos ambientes e depois faz sua retirada. Um dos objetivos da ventilação é fornecer
um ar saudável para a respiração, diluindo e removendo os poluentes e agentes infecciosos
originários no interior do edifício (LAMBERTS et al, 2014).
Este trabalho visou contribuir com o planejamento da reocupação das salas de aula
na retomada das aulas na pandemia de COVID-19, mediante estudos de ventilação natural
e de disseminação do conhecimento para os usuários.

Metodologia
Este Projeto de Extensão envolveu três docentes e dez discentes dos cursos de
Arquitetura e Urbanismo e Engenharia Civil da Universidade Estadual de Londrina. O
estudo foi realizado em parceria com a Secretaria Municipal da Educação do município de
Londrina, Paraná, responsável pela gestão de 88 Escolas Municipais e 33 Centros
Municipais de Educação Infantil (CMEI). Duas ações foram demandadas pela Secretaria:
a) elaboração de um vídeo educacional, com foco na ventilação natural, para treinamento
quanto ao protocolo de biossegurança a ser seguido na reocupação das salas de aula; e b)

1530
estudo de dimensionamento de ocupação máxima para as salas de aula de duas escolas
municipais modelo, para serem a base para o planejamento da retomada das aulas.

Resultados
O vídeo educacional, direcionado aos professores, pais, alunos e gestores das escolas,
foi desenvolvido com foco no treinamento e conscientização quanto à importância da
ventilação natural de salas de aula, como medida para reduzir a transmissão aérea do vírus
Sars-CoV-2.
O material resultante expressa a necessidade de se pensar, não somente nos cuidados
básicos do distanciamento, lavagem de mãos e uso de máscaras, mas também na ventilação
natural das salas de aula, visando à renovação do ar interno. Atualmente, o vídeo já
conquistou mais de 8.500 visualizações e pode ser acessado pelo Youtube através do link:
https://www.youtube.com/watch?v=0W1IzIY4PsM&t=6s.
Os resultados dos estudos de ventilação, realizados em duas escolas modelo
(Edmundo Odebrecht e CMEI Tarumã), foram apresentados ao corpo técnico do setor de
projetos da Secretaria Municipal da Educação, composta por engenheiros e equipe técnica.
A apresentação foi realizada de forma virtual, com a participação de toda equipe do Projeto
de Extensão.
O primeiro resultado apresentado à equipe técnica foram os estudos realizados com o
Software Fluxovento. Procurou-se entender como o vento incidiria sobre os dois edifícios
analisados. A Figura 01 mostra o resultado do estudo da escola Edmundo Odebrecht.
Também foram realizados estudos das salas individualmente.

1531
Figura 1 – Exemplo de estudo de direção do vento no Fluxovento.
Fonte: Autores

Foram apresentadas ainda tabelas que demonstram os resultados de fluxo do ar,


renovação de ar de cada sala de aula e o número máximo de alunos, baseados nos valores
indicados pela ANVISA (2003). No Gráfico 01, é possível visualizar a classificação da
ventilação das salas segundo Allen et al (2020), sendo possível perceber que a maior parte
das salas, neste caso, apresenta uma ventilação ruim, necessário, portanto, reduzir o
número de alunos por sala de aula.

Gráfico 1 – Número de trocas de ar por ambiente com ventilação cruzada e unilateral e sua classificação.
Fonte: Autores.

1532
Considerações Finais
A parceria consolidada com este trabalho foi importante, tanto para a Universidade
quanto para a Secretaria de Educação, pois gerou conhecimentos valiosos neste momento
tão crítico. Este estudo possibilitou identificar que os diferentes projetos de escolas
proveem distintas qualidades de ventilação e que, em uma mesma escola, pode haver salas
de aula com mais ou menos ventilação. Essa conclusão ajudou a nortear o trabalho dos
técnicos da Secretaria.
O trabalho corroborou com soluções propostas para a reocupação das salas de aula,
principalmente no seu período inicial, beneficiando indiretamente alunos, professores e
funcionários das escolas municipais da cidade de Londrina.

Referências
ALLEN, Joseph et al. 5-step guide to checking ventilation rates in classrooms. [S.L.]:
Harvard T.H. Chan School of Public Health, 2020. 46 slides.

ANVISA. Resolução RE/ANVISA nº 09 de 16 de janeiro de 2003. [S.L.]: Ministério da


saúde, 2003.

LAMBERTS, Roberto; DUTRA, Luciano; PEREIRA, Fernando. Eficiência energética na


arquitetura. 3. ed. Rio de Janeiro: Eletrobras, 2014. p. 173-192.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Transmission of SARS-CoV-2 –


implications for infection prevention precautions: Scientific brief, jul. 2020b.
Disponível em: https://www.who.int/publications/i/item/modes-of-transmission-of-virus-
causing-covid-19-implications-for-ipc-precaution-recommendations. Acesso em: 15 out.
2020.

VAN DOREMALEN et al (2020). Aerosol and Surface Stability of SARS-CoV-2 as


Compared with SARS-CoV-1. The New England Journal of Medicine. Diponível em:
https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/nejmc2004973. Acesso em 9 jul. 2020.

1533
FORTALECIMENTO DA AGRICULTURA FAMILIAR E DO
COOPERATIVISMO SOLIDÁRIO ATRAVÉS DA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA

Área Temática: Tecnologia e Produção


Coordenadora da atividade: Zenicléia Angelita DEGGERONE
Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS)
Autores: G. MARIGA 1; L. MORESCO 2; R. FONTANELI 3; K. C. T. BANDEIRA 4; Z. A.
DEGGERONE 5

Resumo:
Este trabalho tem por objetivo apresentar a experiência da Incubadora Social on-line da
Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) na Unidade Universitária em
Erechim no assessoramento de empreendimentos econômico solidários. Este estudo de
caso se caracteriza como uma pesquisa qualitativa e descritiva, que analisa a Incubadora
Social On-line da UERGS – Unidade Universitária de Erechim. Foram utilizados dados
secundários (fontes documentais) que foram fornecidas pela incubadora, baseadas
majoritariamente em relatórios de assessoramento. A Incubadora foi criada em Abril de
2021 e tem oferecido serviços de assessoria, formação e a aprimoramento de gestão em
marketplace para organizações; agricultura familiar, economia solidária e
microempreendedores individuais (MEIs). O primeiro empreendimento assessorado é a
Cooperativa de Desenvolvimento Regional Ltda (COOPERFAMILIA), localizada na
cidade de Erechim-RS. As atividades de assessoramento tem buscado prestar assessoria em
marketing para promover a divulgação dos produtos agroalimentares comercializados pela
cooperativa, além de reforçar a importância da Cooperativa para a inclusão social e
produtiva dos agricultores familiares na Região do Alto Uruguai - RS.

Palavras-chave: Cooperativa. Comercialização. Incubadoras.

Introdução
As incubadoras sociais segundo Culti (2007) constituem espaços de troca de
experiências em autogestão e autodeterminação para conectar empreendimentos solidários

1
Gabriela Mariga. Acadêmica do Curso de Administração. Universidade Estadual do Rio Grande do Sul –
UERGS.
2
Larissa Moresco. Acadêmica do Curso de Administração. Universidade Estadual do Rio Grande do Sul –
UERGS.
3
Roberto Serena Fontaneli. Docente. Universidade Estadual do Rio Grande do Sul – UERGS.
4
Katlen Crhistian Tribuzy Bandeira. Servidora técnica. Universidade Estadual do Rio Grande do Sul –
UERGS.
5 Zenicléia Angelita Deggerone. Docente. Universidade Estadual do Rio Grande do Sul – UERGS.

1534
de produção, serviços, comercialização, financiamento, consumidores e outras
organizações populares que possibilitam um crescimento conjunto autossustentável.
No campo acadêmico, as às incubadoras sociais são um dos exemplos de extensão,
que possuem a função de servir como ambientes de articulação para desenvolvimento ou
assessoramento de empresas, cooperativas, associações, instituições sociais, entre outros
tipos de organizações (TASKIN, RAONE E VAN BUNNEN, 2013).
Este tipo de ação extensionistas, segundo Vannucchi (2004) proporciona à
academia a geração de novos conhecimentos, a criação de novas modalidades de pesquisa,
além da integração entre teoria e prática. Já para a sociedade permite uma melhor
percepção dos problemas sociais, econômicos e políticos, auxiliando também nos
processos de desenvolvimento regional.
Haja vista a importância das incubadoras sociais, este resumo expandido tem por
objetivo geral, apresentar a experiência da Incubadora Social on-line da Universidade
Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) na Unidade Universitária em Erechim no
assessoramento de empreendimentos da agricultura familiar.
A importância dessa experiência é notória, haja vista a oportunidade que os
acadêmicos do curso de Administração e Gestão Ambiental da Unidade Universitária terão
a possibilidade de auxiliar e assessorar empreendimentos da agricultura familiar, da
economia solidária e pequenos e microempreendedores individuais (MEIs) em âmbito
regional. Além disso, este projeto de extensão procura contribuir para a minimização dos
efeitos da pandemia do Coronavírus (Sars-Covid19) na comunidade regional.
E por fim, as ações proporcionadas por este projeto contribuem para atender os
objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS) das Organização das Nações Unidas
(ONU). Entre os principais objetivos, citam-se o apoio aos empreendimentos coletivos e
individuais da agricultura familiar (ODS - Fome Zero e Agricultura Sustentável); apoiar as
atividades produtivas, geração de emprego decente, empreendedorismo, criatividade e
inovação (ODS -Trabalho Decente e Crescimento Econômico); Empoderar e promover a
inclusão social (ODS - Redução das desigualdades); assegurar padrões de produção e de
consumo sustentáveis (ODS - Consumo e Produção Responsáveis).

1535
Metodologia
Este estudo se caracteriza como uma pesquisa qualitativa e descritiva. Ela se baseia
em um estudo de caso da Incubadora Social On-line da Universidade Estadual do Rio
Grande do Sul (UERGS) – Unidade Universitária de Erechim, localizada no estado do Rio
Grande do Sul.
Para o desenvolvimento desse trabalho se empregou como método principal o
estudo de caso, que, como observa Gil (1991, p. 58), “[...] é caracterizado pelo profundo e
exaustivo conhecimento de um ou de poucos objetos” e no qual se analisa o objeto sem
necessariamente interferir no mesmo. Assim, procurou-se conhecer o trabalho realizado
pela Incubadora Social On-line/UERGS-Erechim junto à comunidade regional.
Para a coleta das informações foram utilizados dados secundários (fontes
documentais) que foram fornecidas pela incubadora. Estas fontes foram baseadas
majoritariamente em documentos internos da incubadora que se referem aos relatórios de
assessoramento.

Desenvolvimento e processos avaliativos


A Incubadora Social On-line, da UERGS da Unidade de Erechim, foi criada em
Abril de 2021 e tem oferecido serviços de assessoria, formação e a aprimoramento de
gestão em marketplace para organizações; agricultura familiar, economia solidária e
microempreendedores individuais (MEIs).
A Incubadora conta com o trabalho desenvolvido por seis professores que atuam
nos curso de Administração e Gestão Ambiental da Unidade Universitária, duas
acadêmicas bolsistas de extensão e uma servidora técnica.
O primeiro empreendimento assessorado pela Incubadora é a Cooperativa de
Desenvolvimento Regional Ltda (COOPERFAMILIA), localizada na cidade de Erechim-
RS. As atividades de assessoramento são desenvolvidas de modo virtual e tem buscado
prestar assessoria em marketing, para promover a divulgação dos produtos agroalimentares
comercializados pela cooperativa, através da feira permanente e virtual. Além disso, busca-

1536
se reforçar a importância da Cooperativa para a inclusão social e produtiva dos agricultores
familiares na Região do Alto Uruguai - RS.
As atividades de assessoramento realizadas pela Incubadora envolveram:
1. Realização de um diagnóstico situacional do empreendimento;
2. Análise das potencialidades e fragilidades do empreendimento;
3. Estruturação de um plano de assessoria ao empreendimento;
4. Apresentação de um plano de assessoria do empreendimento;
5. Implementação das assessorias acordadas com o empreendimento;
6. Acompanhamento semanal das sugestões apresentadas ao empreendimento;

A partir do diagnóstico realizado junto ao ponto de comercialização da


Cooperativa, foram apresentadas as ações que a Incubadora deverá realizar:
1. Ampliar a divulgação dos produtos oferecidos pela Feira Permanente nas
redes sociais;
2. Realizar uma pesquisa de mercado com o objetivo de conhecer o perfil dos
consumidores;
3. Produzir conteúdo digital sobre a cooperativa para serem divulgados nas
redes sociais.
Estas ações passarão a ser executadas a partir do mês de Agosto/2021 pelos
discentes bolsistas e equipe técnica que atua na incubadora. Espera-se com a realização
dessas ações ampliar as vendas no ponto de comercialização de alimentos, aumentar o
número de agricultores familiares fornecedores e expandir o número de clientes.

Considerações Finais
A realização deste estudo demostrou a importância da experiência deste projeto de
extensão da Incubadora Social para a cooperativa, tendo em vista a oportunidade que os
acadêmicos do curso de Administração e Gestão Ambiental da Unidade Universitária terão
a possibilidade de auxiliar e assessorar empreendimentos da agricultura familiar, da
economia solidária e pequenos e microempreendedores individuais (MEIs) em âmbito
regional.

1537
Verificou-se também que a Incubadora Social On-line, da UERGS da Unidade de Erechim,
foi criada em Abril de 2021 e realizou as seguintes ações: diagnóstico situacional do
empreendimento; análise das potencialidades e fragilidades do empreendimento; estruturação de
um plano de assessoria ao empreendimento; apresentação de um plano de assessoria do
empreendimento; implementação das assessorias acordadas com o empreendimento;
acompanhamento semanal das sugestões apresentadas ao empreendimento.
Espera-se com a realização dessas ações, ampliar as vendas no ponto de
comercialização de alimentos da cooperativa, aumentar o número de agricultores familiares
fornecedores e expandir o número de clientes. Além disso, espera-se que estas ações
possam minimizar os efeitos da pandemia do Coronavírus (Sars-Covid19) na comunidade
regional.

Referências
CULTI, M. N. Economia Solidária: incubadoras universitárias e processo educativo.
Proposta, Rio de Janeiro, v. 31, n. 111, p.16-22, jan. 2007. Disponível em:
http://www.unitrabalho.uem.br/-administracao/bd_artigos/arquivos/010614153016.pdf.
Acesso em: 09 jul. 2021.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1991.

ODS - OBJETIVOS DO DESENVOLVIMTO SUSTENTÁVEL. Plataforma Agenda


2030. Acelerando as transformações para a Agenda 2030 no Brasil, 2021. Disponível em:
http://www.agenda2030.com.br/. Acesso em: 09 jul. 2021.

TASKIN, L.; RAONE, J.; VAN BUNNEN, G. Institutionnalisation et dérive des


entreprises sociales: Le cas des incubateurs sociaux en Wallonie. In: Economies et
sociétés. Série K, Economie de l’Entreprise, v. XLVII, n.22, p. 93-122, 2013.

VANNUCCHI, A. A Universidade comunitária: o que é, como se faz. São Paulo:


Loyola, 2004.

1538
PRÁTICAS PARA MELHORIAS DA QUALIDADE E HIGIENE DO LEITE

Área temática: Tecnologia e Produção


Coordenadora da atividade: Carla DIEFENBACH
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul
- Campus Sertão (IFRS)
Autores: A. CASTELLI1; H. SPAGNOL 2; J. BETANIN 3; P. ANZANELLO 4

Resumo:
A bovinocultura de leite é um setor que auxilia no abastecimento alimentar das cidades,
com isso, os cuidados com a qualidade do leite, torna-se indispensável. Observa-se na
prática que em algumas propriedades a deficiência na qualidade e higiene estão
relacionadas apenas a pequenos ajustes e treinamentos de mão de obra bem como
orientação quanto ao uso correto de produtos. Assim sendo, a presente atividade, teve
como objetivo, buscar reconhecer as principais dificuldades encontradas pelo produtor em
alcançar bons parâmetros de higiene e qualidade em suas respectivas propriedades, e levar
conhecimentos a respeito das questões abordadas para garantir que esteja dentro dos
quesitos exigidos pela legislação. A metodologia deu-se por meio da aplicação de
formulários nas propriedades selecionadas, dos municípios de Montauri, Nova Prata, Santo
Antônio do Palma e Sertão, localizados no estado do Rio Grande do Sul e estudos
bibliográficos a respeito do tema. Conclui-se que, realizar a produção e processamento de
leite com excelente qualidade, propicia uma situação favorável tanto para os produtores
como para a indústria, além de contribuir com a garantia de segurança alimentar aos
consumidores e a competitividade no mercado.

Palavras-chave: extensão; bovinocultura de leite; biosseguridade.

1
Amanda Castelli, acadêmica no Curso Bacharelado em Zootecnia.
2
Hérika Spagnol, acadêmica do Curso Técnico em Agropecuária.
3
Júlia Betanin, acadêmica no Curso Bacharelado em Zootecnia.
4
Patrícia Anzanello, acadêmica no Curso Bacharelado em Zootecnia.

1539
Introdução
O leite está entre os produtos mais importantes da agropecuária brasileira, presente
na maioria das regiões. Assim a cadeia se destaca social e economicamente,
desempenhando um papel relevante no suprimento de alimentos e na geração de emprego,
renda e desenvolvimento, contribuindo para a permanência dos agricultores no meio rural.
Há inúmeras oportunidades para a incorporação de soluções tecnológicas na cadeia
produtiva, o que poderá ampliar a produtividade, eficiência e rentabilidade (EMBRAPA,
2016).
Ainda que as estatísticas apresentem médias de produtividade e eficiência que não
refletem o dinamismo que ocorre no campo, é possível notar mudanças significativas na
profissionalização dos produtores, empresas e técnicos, novos investimentos, aumentos na
escala de produção e consolidação da produção familiar com mudanças positivas para o
setor (SANTOS; FONSECA,2019).
No ano de dois mil e vinte, deparamo-nos com o surgimento do vírus coronavírus
(Covid-19), culminando em uma pandemia, que de certa forma, diretamente ou
indiretamente, impactou nosso país influenciando muito a pecuária nacional, mais
especificamente na bovinocultura de leite que é um setor que auxilia no abastecimento
alimentar das cidades.
Com isso, procedeu-se a um cuidado ainda maior com a biosseguridade no que
tange a qualidade do leite. Buscando melhorar a qualidade dos lácteos produzidos no
Brasil, mudanças no setor estão sendo implantadas constantemente, de modo a atender as
exigências da legislação vigente e dos consumidores, que estão na busca de produtos com
altos padrões de qualidade higiênica.
Assim sendo, a presente atividade, teve como objetivo, buscar reconhecer as
principais dificuldades encontradas pelo produtor em alcançar bons parâmetros de higiene
e qualidade em suas respectivas propriedades, e levar conhecimentos a respeito das
questões abordadas para garantir estar dentro dos quesitos exigidos pela legislação.

Metodologia
Devido ao momento crítico vivido pelas complicações da Covid-19 no ano de 2020,

1540
juntamente ao período de execução do trabalho, as medidas de precaução foram aderidas.
A metodologia deu-se por meio da coleta de dados na forma de formulários aplicados aos
produtores das propriedades selecionadas, nos municípios de Montauri, Nova Prata, Santo
Antônio do Palma e Sertão, localizados no estado do Rio Grande do Sul e estudos
bibliográficos a respeito do tema.
Destas 4 propriedades, 3 eram fornecedoras de leite para laticínios e 1 propriedade
somente para consumo próprio. Aplicou-se um formulário de questionamentos que contava
81 perguntas. Tais perguntas foram divididas nos temas sobre identificação do perfil do
produtor, identificação do perfil da propriedade, rotinas de ordenha, manejo,
procedimentos de limpeza e manutenção dos equipamentos.
De forma totalmente remota, por meio de canais de comunicação, após a aplicação
dos formulários, os dados obtidos foram analisados, sendo observado os pontos que
estavam sendo realizados de forma incorreta e a possibilidade de implantação de novos
ajustes. Essas observações foram apresentadas aos produtores e sugerido que as
realizassem.
Posterior a isso, através de uma abordagem educativa elaborou-se uma cartilha,
buscando orientar para a produção de uma matéria-prima de qualidade e segura em todas
as etapas da cadeia do leite, proporcionando, assim, o bem-estar e a saúde dos
consumidores. A cartilha oferece aos produtores as orientações sobre como estes objetivos
podem ser alcançados em suas respectivas propriedades, para produzir leite de qualidade,
que atenda os padrões estabelecidos.

Desenvolvimento e Processos Avaliativos

Ao averiguar o perfil das propriedades, observa-se que se trata de propriedades


heterogêneas, mão de obra exclusivamente familiar e que executam algum outro tipo de
atividade com renda, além da bovinocultura de leite.
Quanto ao número de animais envolvidos, variaram de 3 a 15 animais em lactação,
se tratando de residências com mão de obra exclusivamente familiar, no qual três realizam
a comercialização do leite para indústria e apenas uma o leite era para consumo familiar.

1541
Averiguou-se que existem alguns pontos a serem melhorados. Dentre eles, a realização da
análise e cloração da água utilizada para limpeza dos utensílios provinda de poços
artesianos das propriedades, visto que esta pode ser uma fonte de contaminação.
Outro fator observado que pode contribuir para melhores resultados, foi o
estabelecimento de uma sequência de ordenha. Por se tratar de uma quantidade
relativamente pequena de animais, as propriedades não realizavam a divisão em grupos dos
animais e não contava com manejo de ordem de ordenha. O momento da ordenha é uma
etapa crítica na transmissão de mastite contagiosa de vacas doentes para vacas sadias.
O uso de toalhinhas de pano é uma das maiores resistências entre os produtores e
nas propriedades encontramos elas, as toalinhas por mais que sejam muito bem
higienizadas e cuidadas são uma grande fonte de contaminação, foi sugerida a troca dessas
toalhinhas por papel toalha, mas a proposta não foi aceita em todas.
De modo a complementar os manejos listados acima, foi proposto a inclusão de
teste da caneca e CMT na rotina de ordenha, etapa no qual não era realizada na rotina de
ordenha até o momento. O teste tem por finalidade reconhecer o mais brevemente possível
problemas com mastite. O CMT é um método indireto, que avalia a quantidade de células
somáticas do leite, sob a ação de um detergente aniônico capaz de romper a membrana
celular.
Ao observar os resultados de CCS pode-se observar que os resultados dos últimos
meses que antecipavam a avaliação vinham se elevando, saindo do padrão exigido, porém
intensificando os cuidados em todos os processos de produção e principalmente a
prevenção contra casos de mastite recomendados, a tendência é que os parâmetros
diminuam.

Considerações Finais

A realização desta atividade propiciou um conhecimento mais específico sobre as


questões que envolvem a qualidade do leite, auxiliando nas melhorias da qualidade do leite
nas propriedades das discentes envolvidas.
Percebeu-se também resistências quanto a mudanças devido a questões culturais,

1542
mas observou-se que com a demonstração de resultados práticos realizados em outras
propriedades e o motivo da realização de determinados manejos obteve-se sucesso no
processo de extensão, podendo-se levar as famílias das discentes conhecimentos por elas
obtidos na instituição.

Referências

EMBRAPA Clima Temperado. Tecnologias para sistemas de produção de leite: Mastite


e contagem de células somáticas. 1. ed. Cap.20. Brasília, DF. Ano 2016.

SANTOS, M. V.; FONSECA, L. F. L. Controle de mastite e qualidade do leite –


Desafiose soluções. Pirassununga-SP, 2019. 106p.

1543
ROBÓTICA NAS ESCOLAS: TREINAMENTO PARA DOCENTES DA REDE
MUNICIPAL DE ENSINO DE SANTA MARIA (RS)

Área temática: Tecnologia e Produção


Coordenador(a) da atividade: Saul AZZOLIN BONALDO
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
Autores: V. M. JUNKHERR 1; S. A. BONALDO 2; D. CAMPONOGARA 3, A. P.
GONÇALVES 4; E. A. S. VARGAS 5; E. F. IENSEN 6; G. G. SARTURI 7.

Resumo:
Este artigo descreve as atividades desenvolvidas no projeto de Extensão “Robótica nas
Escolas: Treinamento para Docentes da Rede Municipal de Ensino”, que teve como
objetivo capacitar os docentes da rede municipal de ensino de Santa Maria a trabalharem
com kits de robótica em suas aulas nas escolas da cidade. Para tal, alunos do Colégio
Técnico Industrial de Santa Maria (CTISM) elaboraram um treinamento, no qual foram
abordados conceitos básicos de eletricidade, eletrônica e programação, além de oficinas
práticas com os kits didáticos disponíveis na rede municipal de ensino de Santa Maria. Este
treinamento foi aplicado entre os meses de novembro e dezembro de 2019, e buscou
capacitar os docentes das escolas municipais de ensino fundamental e médio de Santa
Maria participantes do treinamento para que possam não somente operar os kits de
robótica, mas também desenvolver conteúdo e aulas práticas através deles.

Palavras-chave: Robótica Educacional; Automação; kits didáticos.

1
Vithor Mateus Junkherr (aluno [Engenharia de Controle e Automação], Centro de Tecnologia/UFSM).
2
Saul Azzolin Bonaldo (docente, Colégio Técnico Industrial de Santa Maria (CTISM), UFSM).
3
Douglas Camponogara (docente, Colégio Técnico Industrial de Santa Maria (CTISM), UFSM).
4
Andrei Piveta Gonçalves (aluno [Curso Superior de Tecnologia em Eletrônica Industrial], (CTISM/UFSM).
5
Eduardo Augusto Schmidt Vargas (aluno [Curso Superior de Tecnologia em Eletrônica Industrial],
(CTISM/UFSM).
6
Eduardo Fontana Iensen (aluno [Curso Superior de Tecnologia em Eletrônica Industrial], (CTISM/UFSM).
7
Geise Gulart Sarturi (aluna [Engenharia de Controle e Automação], Centro de Tecnologia/UFSM).

1544
Introdução
De acordo com MORAN (2006), as novas Tecnologias Educacionais permitem
“ampliar o conceito de aula, de espaço e tempo, estabelecer pontes novas entre o presencial
e o virtual, entre o estar juntos e o estarmos conectados a distância”. SOUZA (2003)
destaca ainda que a incorporação de novas tecnologias na educação permite a
potencialização do acesso a informação tanto do aluno quanto do educador, estendendo as
possibilidades de interação, de colaboração e de autonomia.
Os kits educacionais ganham destaque quando a proposta didática tenta conciliar
intervenções teóricas e práticas. Pesquisadores preocupados e engajados com a utilização
destas tecnologias têm proposto o desenvolvimento de kits didáticos de baixo custo,
construídos a partir de materiais de consumo ou até mesmo de descarte. São exemplos os
trabalhos publicados por MAXIMO, FERREIRA e PINTO (2011) e FILHO e ARAUJO
(2012) na área de Automação, e também por SOUZA, REIS e TAVARES (2014), e
KATO, BRAGA e PAZMINO (2015) na área de Robótica.
Neste cenário, pode-se verificar na literatura que a Automação e a Robótica são as
áreas com maior número de trabalhos desenvolvidos com o emprego de kits didáticos. Isto
pode ser justificado pela característica multidisciplinar destas áreas, permitido que as
ferramentas desenvolvidas sejam utilizadas também em disciplinas correlatas, como
Eletrônica, Eletricidade, Física e Matemática, promovendo a aprendizagem de forma lúdica
e prazerosa (SOUZA, REIS, TAVARES, 2014).
Desta forma, o objetivo geral deste projeto foi formar disseminadores de
conhecimento nas escolas municipais de Santa Maria, capazes de lecionar aulas de robótica
com o auxílio de kits didáticos específicos para tal finalidade.
Dentre os objetivos específicos, pode-se citar:
● capacitar os docentes da rede municipal de ensino não só a repetir um
conhecimento, mas também a desenvolver e aprimorar os conteúdos;
● Instigar o pensamento crítico e lógico para solução de problemas e
desenvolvimento de novas estratégias de ensino através da robótica;
● Demonstrar, de forma prática, a montagem dos kits, bem como sua programação;

1545
● Discutir e solucionar possíveis problemas, bem como situações rotineiras para o
ensino da robótica.
● Fornecer ao discente do CTISM a oportunidade de aplicar na comunidade os
conhecimentos adquiridos no decorrer do seu curso técnico ou tecnológico.

Metodologia
Com os objetivos do projeto em mente, passou-se ao desenvolvimento da
metodologia de trabalho, que se desenvolveu em quatro etapas, descritas a seguir.
Preparação dos alunos do CTISM: os alunos passaram por uma rodada de
treinamento com o kit de robótica disponível nas escolas. Nesta etapa, eles desenvolveram
não só os exercícios propostos pelo material, mas também novos desafios adaptados aos
conteúdos vistos em sala de aula;
Elaboração do plano de ensino e preparação dos materiais: Foi elaborado, em
conjunto com os alunos do CTISM, o plano de ensino das aulas a serem lecionadas aos
professores da rede municipal;
Aplicação do treinamento: O curso foi ministrado utilizando-se os kits de robótica
já adquiridos para as escolas. O local onde foram desenvolvidos os treinamentos foi o
Núcleo de Tecnologia Educacional Municipal (NTEM) de Santa Maria, localizado na Av.
Rio Branco, n°: 66, 3° andar, salas 6, 7 e 8, em Santa Maria (RS);
Avaliação e feedback: Por fim, foi distribuído aos docentes participantes do
treinamento um questionário anônimo, no qual eles puderam avaliar a atuação dos alunos e
o desenvolvimento do curso, podendo oferecer sugestões para futuras edições do curso.

Desenvolvimento e processos avaliativos


O principal indicador de avaliação deste trabalho foi a execução da atividade em si,
ou seja, a capacitação das turmas previstas nesta edição do curso. Também, ao final do
curso, foi distribuído aos docentes participantes do treinamento um questionário anônimo,
no qual eles avaliaram a atuação dos alunos e o desenvolvimento do curso, utilizando-se da
ferramenta Google Forms. Os elementos quantitativos da avaliação demonstraram, de
forma estatística, a qualidade do trabalho apresentado à comunidade. Já os elementos

1546
qualitativos forneceram sugestões valiosas do que se deve mudar, aperfeiçoar ou
acrescentar nas próximas edições do curso.
O curso foi ofertado para duas turmas, cada uma delas com 16 professores
participantes. Um total de 19 participantes responderam ao questionário. Dentre os
respondentes, 84,2% concordaram totalmente com a metodologia adotada no curso; 73,6%
concordaram totalmente que os conhecimentos trabalhados no curso podem fomentar o
desenvolvimento de Metodologias Ativas de Ensino no Espaço Maker de suas escolas;
78,9% concordam totalmente que os conhecimentos trabalhados podem vir a criar
oportunidades para alunos com diferentes habilidades, a fim de estimular seu aprendizado.

Considerações Finais
O principal resultado deste projeto foi atender a uma demanda da comunidade no
sentido de capacitar docentes da rede municipal de ensino em Santa Maria, de forma que
consigam entender e usar em sala de aula kits de robótica. Muito embora este projeto tenha
sido um curso de curta duração, o feedback foi muito positivo, pois 100% dos respondentes
afirmaram que gostariam de participar de novos treinamentos na área de robótica
educacional promovidos pelo CTISM. Desta forma, foi registrado um novo projeto,
intitulado “CTISM na Educação Básica: Cursos de Robótica na Rede Municipal de
Ensino”, com duração inicial prevista de dois anos, focando na capacitação de mais
docentes da rede municipal de Santa Maria e até mesmo oficinas diretas com os alunos da
rede municipal de ensino.

Referências
FILHO, A. M. da S.; ARAUJO, S. G. Desenvolvimento de kits didáticos para o
aprendizado da automação. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO EM
ENGENHARIA, 40. Anais do COBENGE... Belém, 2012.

KATO, L.; BRAGA, R.; PAZMINO, A. V. Kit didático para ensino de robótica. In:
CONGRESSO DA SOCIEDADE IBERO-AMERICANA DE GRÁFICA DIGITAL, 19.
Anais do SIGraDi... Florianópolis, 2015.

1547
MAXIMO, P. H. M.; FERREIRA, R. P.; PINTO, V. P. Desenvolvimento de um kit
didático para utilização em aulas de laboratório de controle e automação. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA, 39. Anais do
COBENGE... Blumenau, 2011.

MORAN, J. M. Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica. 12. ed. Campinas: Papirus,


2006.

SOUZA, C. H. M. Comunicação, Educação e Novas Tecnologias. Campos dos


Goytacazes, RJ: Editora FAFIC, 2003.

SOUZA, L. F. F.; REIS, G. L.; TAVARES, M. P. Kit de robótica educacional baseado em


hardware livre. Revista Triângulo, v. 7, n. 1. p.32-45, 2014.

1548
SISTEMA DE PLANTIO DIRETO EM HORTALIÇAS (SPDH) NAS HORTAS
COMUNITÁRIAS DE MARINGÁ

Área temática: Tecnologia e Produção


Coordenador da atividade: Ednaldo MICHELLON
Universidade Estadual de Maringá (UEM)
Autores: G. ACETI DE AVILA ; E. NOGUEIRA MACHADO 2; L. EDUARDO
1

BACHINI 3; A. PAULA RICCI PELAIS 4; L. MAGRO BELONCI 5.

Resumo:
A luta pela segurança alimentar e nutricional no Brasil vem de longa data e, neste sentido,
surgiu o projeto de Hortas Comunitárias (HCs) a partir de 2007 em Maringá, tendo à frente
da Assistência Técnica e Extensão Rural e Urbana (ATER) a prefeitura do município em
parceria com o Centro de Referência em Agricultura Urbana e Periurbana da Universidade
Estadual de Maringá (CerAUP/UEM). Com o auxílio dos extensionistas na linha da
pesquisa-ação, juntamente com os agricultores urbanos, conduziu-se um experimento do
Sistema de Plantio Direto em Hortaliças (SPDH). O experimento foi instalado na Horta
Comunitária do Jardim Guaiapó, em Maringá, conduzido pela Prefeitura Municipal em
parceria com o CerAUP/UEM. Analisou-se o desenvolvimento da cultura da alface sobre
diferentes sistemas de produção e os resultados foram favoráveis, mostrando que o maior
peso de alface foi obtido nas combinações com a cobertura vegetal e adubação orgânica
proveniente da compostagem fornecida pela prefeitura.

Palavras-chave: sustentabilidade; agroecologia; agricultura urbana.

1
Gustavo Aceti de Avila, aluno de Agronomia e bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Extensão
Universitária da Fundação Araucária-SETI/UEM.
2
Elian Nogueira Machado, aluno de Agronomia e bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Extensão
Universitária da Fundação Araucária-SETI/UEM.
3
Luis Eduardo Bachini, aluno de Agronomia e bolsista do Paraná Mais Orgânico.
4
Ana Paula Ricci Pelais, aluna de Agronomia e bolsista do Programa Institucional de Apoio à Inclusão
Social, Pesquisa e Extensão Universitária da Fundação Araucária – FA/UEM.
5
Letícia Magro Belonci, aluna de Engenharia de Alimentos e bolsista de Extensão Universitária DEX/UEM.

1549
Introdução
As Hortas Comunitárias de Maringá são um projeto social, econômico, cultural e
agroecológico que proporciona às pessoas mais carentes uma forma de alimentação mais
saudável e, também, geram uma fonte de trabalho e renda extra para os participantes.
Atualmente, o município possui 39 hortas comunitárias, totalizando 1.050 agricultoras e
agricultores urbanos, nas quais eles são os responsáveis pela condução das mesmas e
recebem auxílio tanto da prefeitura municipal quanto do Centro de Referência em
Agricultura Urbana e Periurbana (CerAUP/UEM). Assim, o CerAUP visa promover
Assistência Técnica e Extensão Rural e Urbana (ATER) na linha da agroecologia e da
economia solidária, que contribuem para o empoderamento social dos atores envolvidos
nos programas de AUP na Região Metropolitana de Maringá (RMM), trazendo inúmeros
benefícios na melhoria da alimentação e na geração de trabalho e renda às famílias
envolvidas (MICHELLON, 2016).
O CerAUP, em parceria com a prefeitura e com o intuito de gerar conhecimentos
locais, junto aos integrantes das HCs, foi realizado um experimento sobre o Sistema de
Plantio Direto em Hortaliças (SPDH), na linha da pesquisa-ação extensionista. O SPDH é
conceituado como uma forma de manejo conservacionista, pois envolve técnicas para
aumento da produtividade e fertilidade do solo, tendo como princípio a não utilização de
equipamentos para o revolvimento dos canteiros (FAYAD, 2018).
A adoção desse sistema de produção exige o entendimento de seus fundamentos e a
inclusão de uma visão e de planejamento mais amplos que a adotada pela maioria dos
produtores rurais. Sua prática está relacionada com o sistema de rotação de culturas junto
com a formação de palhada para cobertura do solo (SILVEIRA, 2007).

Metodologia
O experimento de SPDH foi desenvolvido pelos bolsistas do Centro de Referência
em Agricultura Urbana e Periurbana (CerAUP/UEM) em parceria com a diretoria de
agricultura da prefeitura de Maringá, no estado do Paraná. O local escolhido para a
execução da atividade foi na Horta Comunitária do Jardim Guaiapó, localizado no
perímetro intra-urbano do município.

1550
Os materiais e instrumentos utilizados para a realização do experimento foram:
trado para coletas de solo; motocultivador para revolvimento do solo; pás cortadeiras;
enxadas para destorroarem de grandes torrões para partículas menores; rastelos; carriolas;
adubo de esterco bovino oriundos do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná;
Yoorin; compostagem disponibilizada pela prefeitura de Maringá; sementes de aveia
(cultivar PRA 61); mudas de alfaces; mangueiras microperfuradas para a irrigação; e,
balanças para pesagens das alfaces e das sementes da aveia.
O método de experimento escolhido consiste em 4 tratamentos: T1: testemunha,
T2: semeadura da aveia, T3: semeadura da aveia mais adubação proveniente do Instituto de
Desenvolvimento Rural do Paraná, composto de esterco bovino mais Yoorin; e, T4:
compostagem disponibilizada pela prefeitura local. Isso tudo com 6 repetições em cada
tratamento.
A área experimental consiste em um espaço de 96 m², divididos em 3 canteiros com
24 metros de comprimento por 1 metro de largura. Estes foram subdivididos em 8 parcelas
para receber os tratamentos. Os tratamentos T2 e T3 receberam a cultura da aveia (cultivar
PRA 61), 60 dias antes dos transplantes das mudas de alface, sendo Lucy Brown a cultivar
selecionada. O tratamento T3 recebeu a adubação composta por 4kg/m² de esterco bovino e
100g/m² de Yoorin, 3 dias antes da semeadura da cobertura.
Ao fim dos estágios fisiológicos da aveia, foi realizado o corte desta, por meio de
roçadeira manual e executado o transplante das mudas de alface em todos os canteiros.
Com o passar de 45 dias após o transplante da alface foi realizada a colheita da
mesma, sendo pesadas com balanças precisas e feitas anotações desses dados. Por fim,
esses dados foram organizados conforme seus respectivos tratamentos em tabelas e
gráficos para a conclusão dos resultados.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Ao realizar os procedimentos práticos experimentais com os bolsistas, foram
analisados os benefícios da cobertura vegetal sobre o solo como, por exemplo, o aumento
da matéria orgânica, melhoria da estrutura física e proteção do solo. Foram analisados os

1551
benefícios do plantio em cobertura no controle de plantas daninhas, manutenção da
umidade com menor consumo de água e o desenvolvimento da alface que foi plantada,
após o crescimento e corte da aveia.
Além disso, também se observou a física do solo dos 3 canteiros deste experimento e
notou-se significativas diferenças quanto à estrutura do solo. Nos tratamentos que
receberam a cobertura de aveia suas partículas tinham morfologia mais granular, pouco
coesivas e com presença de umidade em toda a área da repetição. Diferentemente dos
tratamentos que não possuíam cobertura vegetal de aveia, suas repetições estavam com
falta de umidade, baixa atividade biológica e partículas muito coesivas, com formação de
grandes torrões.
Contudo, com base no experimento objeto deste trabalho e fazendo-se as análises nos
tratamentos, notou-se que, entre os resultados obtidos, o SPDH possui maior produtividade
comparada às hortaliças que foram usadas como controle, dando a percepção que o uso
desse método de cultivo beneficia não só a planta, mas também a estrutura e agregação das
partículas do solo. Com o apoio da comunidade, o experimento busca ampliar seus locais
de implementação, levando através dele o conhecimento técnico e científico para a
população exterior à universidade.

Considerações Finais
Uma vez realizado esse experimento agronômico, com foco na agricultura
orgânica, pode-se concluir que as alfaces com a cobertura de aveia tiveram um índice de
pesagem e média muito melhor do que as alfaces de controle. Ressalva-se, também, que os
dados das alfaces nos tratamentos T2, semeadura de aveia, e T3, aveia + adubação, foram
os de melhores resultados, como esperado, em relação aos demais.
Por fim, o experimento realizado também possibilitou que os bolsistas do
CerAUP/UEM adquirissem conhecimentos tanto teóricos quanto práticos, possibilitando,
ainda, uma maior integração entre alunos e alunas e agricultores e agricultoras das hortas
comunitárias de Maringá, promovendo-se uma troca de saberes entre ambos, cumprindo-
se, assim, o papel da tríade ensino, pesquisa e extensão em nossa universidade.

1552
Referências
FAYAD, J.A.; COMIN, J.J.; KURTZ, C.; MAFRA, A. Sistema de Plantio Direto de
Hortaliças (SPDH): O cultivo da cebola. Florianópolis: Epagri, 2018. 78 p.

MICHELLON, E. Hortas Comunitárias em Maringá: um modelo de agricultura urbana.


Maringá: Clichetec, 2016.

SILVEIRA, J. C. Sistema de plantio direto de hortaliças (SPDH): Fundamentos e


estratégias para um desenvolvimento rural sustentável. TCC (graduação em Agronomia) –
Universidade Federal de Santa Catarina. UFSC. Florianópolis, 2007. 38p. Disponível em:
https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/119018>. Acesso em: 8 jun. 2021.

1553
SYLLABUS UEM – APRESENTANDO OS CURSOS DE GRADUAÇÃO COM
UMA LINGUAGEM VISUAL VOLTADA PARA OS MEIOS DIGITAIS

Área Temática: Tecnologia e Produção


Coordenador(a) da atividade: Fabiano BURGO
Universidade Estadual de Maringá (UEM)
Autores: D. COMITRE 1; F. BURGO 2; A. SCARATE 3;
V. MARTINS 4; F. SGOBERO 5.

Resumo:
O Projeto de Extensão Syllabus, da Universidade Estadual de Maringá, tem como o
objetivo a busca por uma linguagem contemporânea para despertar um maior interesse no
público que busca informações sobre seus cursos de graduação. Com esse propósito, a
intenção principal é fazer com que as pessoas possam obter mais informações essenciais
sobre os mesmos. Seus métodos de desenvolvimento empregados foram guiados pela ótica
do design - definir um problema, gerar ideias e, com base em sua seleção e refinamento,
elaborar uma proposta final. De início, foram levantadas informações sobre os cursos
existentes e, em seguida, selecionadas imagens/referências visuais compatíveis, de forma
que fossem bem diretas e objetivas no processo de criação das peças gráficas finais. Após
isso, foram geradas alternativas com o intuito de estabelecer um padrão gráfico para os
materiais. Em seguida, foram determinadas cinco peças principais: imagem de perfil para
as redes sociais, imagem de capa para redes Facebook e Google e um padrão para
postagem nos stories e no feed do Instagram. Como etapa final, será ainda realizada uma
análise e adaptações que se mostrarem necessárias, além da publicação de um catálogo de
cursos que será disponibilizado para suas coordenações. Em uma era na qual o acesso a
informações de qualidade é crucial para a sociedade, acredita-se que tal projeto será de
grande importância e utilidade para a Universidade Estadual de Maringá.

1
Danielle Comitre, aluna [Design].
2
Fabiano Burgo, servidor docente.
3
André Scarate, servidor técnico-administrativo.
4
Vagner Martins, servidor docente.
5
Flavia Sgobero, aluna [Design].

1554
Palavras-chave: cursos de graduação; catálogo; comunicação contemporânea.

Introdução
A Universidade Estadual de Maringá (UEM) apresenta um conjunto de
características orgânicas que a tornam única - uma coleção de culturas, ideias e valores
distintos que juntos constituem-se numa identidade própria. Atualmente a mesma é
composta por 82 cursos de graduação, entre bacharelados e licenciaturas, divididos entre
campus sede e regionais.
Em seu processo de comunicação, a universidade deve sempre evitar transmitir uma
imagem instável e inconstante, pois essa pode ser prejudicial à sua percepção perante seu
público. Faz-se necessário, portanto, que aspectos de comunicação coesos, uniformes e
claros se façam presentes em aspectos de sua gestão e em mecanismos de administração do
seu discurso, além se serem adotadas ferramentas que possibilitem a coordenação da
produção e reprodução do conteúdo de suas informações tornadas públicas (ASSIS, 2007;
SOUSA, 2010).
Com as novas tecnologias e formas de comunicação entre as pessoas e o
compartilhamento de diferentes tipos de conteúdo por meio de dispositivos digitais, o
modo como a comunidade externa olha para órgãos públicos mudou, pois essa passou a ter
um maior acesso a informações que antes eram bem mais difíceis de serem obtidas
(SOUSA, 2010). O modo como tais informações da UEM é apresentado para essas
pessoas, no entanto, não tem sido o ideal. Dados sobre estrutura curricular e duração dos
cursos de graduação, por exemplo, só podem ser obtidos de 3 formas - pelo Manual do
Candidato do Vestibular UEM (que ocorre duas vezes ao ano), por livretos distribuído na
Mostra de Profissões (de periodicidade anual) e pelo site institucional. Essas iniciativas
não costumam serem alinhas, prejudicando ainda mais sua correta compreensão.
Desta forma, o Projeto Syllabus adotou duas abordagens distintas à organização e
apresentação desse conteúdo: primeiro partiu-se para a organização do mesmo e, em
sequência, fez-se o planejamento de como apresentá-lo. Traçou-se o objetivo de que as
informações deveriam ser apresentadas de um modo mais acessível, apropriado ao seu teor,
sempre de forma atraente, confiável, objetiva, sucinta, relevante e oportuna para o seu

1555
público. O ideal é que o conteúdo apresentado convidasse o indivíduo a interagir com ele,
e não apenas estivesse lá para ser visualizado (QUINTÃO & TRISKA, 2014).
Com isso, este projeto buscou encontrar uma linguagem contemporânea e objetiva,
de maneira a despertar um interesse real do seu público. Além disso, as redes sociais, por
sua vez, são ferramentas importantes para a divulgação da universidade e dos cursos,
devendo ser devidamente exploradas a nível institucional. Neste sentido, as peças gráficas
de cada curso deveriam manter certa independência que permita serem utilizadas em outras
situações que não apenas nas mídias digitais inicialmente previstas neste projeto.

Metodologia
O método empregado neste projeto foi orientado pela ótica do design: definição do
problema, geração de ideias e elaboração do projeto final. (LUPTON, 2013).
De início, levantou-se as informações existentes sobre os cursos de graduação da
UEM, assim como dados sobre o público pretendido. Em segundo passo, realizou-se uma
pesquisa na qual foram coletadas referências visuais, e então foram apresentados exemplos
gráficos e de mídias que se mostravam adequados ao conteúdo a ser veiculado e ao público
a ser atingido. A partir disso, foram elaborados projetos gráficos para as peças
determinadas, sendo que os mesmo serão ainda analisados quanto à interação entre
conteúdo e público, com o objetivo de se providenciar os ajustes necessários para que esta
forma de comunicação realmente apresente um avanço na forma com a qual os futuros
alunos da UEM, e a comunidade de forma geral, compreendam de forma prática, clara e
objetiva as informações sobre os cursos ofertados pela instituição.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Levantou-se uma série de informações sobre os cursos de graduação da UEM, por
meio de um formulário online encaminhado aos coordenadores dos cursos. Com base nesta
coleta foi possível compilar um catálogo também online, no qual consta, atualmente, o
registro de 57 cursos de graduação
(http://www.cpr.uem.br/index.php/catalogos/graduacao). Foram levantadas e selecionadas
imagens/referências visuais compatíveis com cada curso, de forma a tornar mais assertivo

1556
o processo de criação das peças gráficas. Após isso, realizou-se uma geração de
alternativas de peças gráficas que teve como objetivo estabelecer um padrão gráfico para
os materiais. Definiu-se, então, cinco peças gráficas (Figuras 1 e 2) para cada curso
(imagem de perfil para redes sociais, imagem de capa para as redes Facebook e Google,
padrão de postagem e de stories para a rede Instagram) buscando-se sempre estabelecer
uma referência simbólica, uma cor específica (de acordo com uma relação de áreas
fornecida pelo Cerimonial da UEM) e uma imagem para cada um, estabelecendo um
padrão tipográfico alinhado à identidade visual da UEM. Com as peças finalizadas e
preparadas, a próxima etapa será a de avaliação final das mesmas e, após as adaptações
necessárias, o desenvolvimento de um mecanismo complementar no site onde consta o
catálogo de cursos para implementá-las, sendo que por fim as mesmas serão
disponibilizadas às coordenações dos cursos para que possam ser utilizadas.

Figura 1: Exemplo imagem de perfil

Fonte: autores

Figura 2: Exemplo capa de Facebook

Fonte: autores

1557
Considerações Finais
Conclui-se que o projeto é de suma importância para a universidade e para as
pessoas que querem obter informações essenciais sobre seus cursos de graduação. A
divulgação das peças irá proceder de acordo com a decisão de cada curso e da forma com a
qual acharem mais adequada, mas sempre seguindo padrões estabelecidos para que a
unidade visual criada, alinhada à da universidade, seja preservada.
Para dar continuidade no projeto, para a avaliação final serão realizados testes e
adaptações, caso necessárias, com as peças desenvolvidas. Para concluir, será elaborado
um mecanismo complementar para incluir as peças desenvolvidas no site onde consta o
catálogo de cursos da universidade, com a intenção de facilitar a busca por informações e o
entendimento de futuros acadêmicos sobre os cursos desejados.

Referências
ASSIS, L. C. A. Imagem e reputação da gestão da identidade organizacional. Organicom -
Revista Brasileira de Comunicação Organizacional e Relações Públicas, São Paulo, v. 4 n.
7, p. 84-87, 2007.

LUPTON, Ellen (Org.). Intuição, ação, criação: graphic design thinking. São Paulo:
Editora G. Gili, 2013.

QUINTÃO, F. S.; TRISKA, R. Design de informação em interfaces digitais: origens,


definições e fundamentos. Infodesign, São Paulo, n.1 v. 11, p. 117-118, 2014.

1558
8.
TRABALHO

SEURS
Seminário de Extensão Universitária
da Região Sul
AÇÕES TERRITORIAIS

Área temática: Trabalho


Coordenadora da atividade: Claudia Sombrio FRONZA
Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB)
Autores: Jaison HINKEL 1; Valmor SCHIOCHET 2; Petra Beatrice LICKFELD 3; Sabrina
Alice SCHMITZ 4

Resumo:
Diante do aumento da concentração de renda e empobrecimento dos trabalhadores, nota-se
a recorrente precarização das condições e das relações de trabalho e de viver. Essas
desigualdades são manifestadas em um conjunto de expressões sociais, econômicas,
culturais, étnica, raciais, entre outros. Neste contexto, constata-se a necessidade de pensar
possíveis estratégias de geração de trabalho e renda, melhores condições de trabalho e
complementação de renda. A Economia Solidária, por meio das formas associativas e
colaborativas promove desenvolvimento destes territórios, contribui para enfrentamento
desta situação, gerando processos participativos e emancipatórios de desenvolvimento e
inclusão socioeconômica. O projeto tem como objetivos fortalecer iniciativas de Economia
Solidária na região de Blumenau e prestar assessoria a empreendimentos econômicos
solidários no município de Blumenau e região, em diversos segmentos produtivos, com
foco na capacitação socioprofissional. A equipe atua de forma interdisciplinar e
intersetorial, envolvendo processos de assessoria na organização, planejamento e gestão,
além de ações socioeducativas e pedagógicas, como dinâmicas organizativas do trabalho
associativo. As ações se viabilizam por meio de reuniões, oficinas e formações com
Empreendimentos de Economia Solidária. Os processos avaliativos ocorrem de maneira
sistemática e processual no desenvolvimento das atividades realizadas pelo projeto,
envolvendo os integrantes dos grupos assessorados e também pela equipe da ITCP/FURB.

1
Jaison Hinkel, servidor docente
2
Valmor Schiochet, servidor docente
3
Petra Beatrice Lickfeld, aluna de Serviço Social e bolsista de extensão da FURB.
4
Sabrina Alice Schmitz, servidora técnico-administrativo

1560
Palavras-chave: Economia Solidária; Emprego e renda; Assessoria.

Introdução
Em Blumenau, não diferente do que é vivenciado em escala global, constata-se o
aumento da concentração de renda e empobrecimento dos trabalhadores coadunada a
recorrente precarização das condições e das relações de trabalho e de viver. Essas
desigualdades são manifestadas em um conjunto de expressões sociais, econômicas,
culturais, étnica, raciais, entre outros.
Oriundo do fenômeno do empobrecimento e das desigualdades sociais vivenciadas,
verifica-se no município de Blumenau o crescimento do processo de favelização e de
segregação urbana e demandas relacionadas ao trabalho e a geração de renda tornam-se
fundamentais para as famílias excluídas do mercado de trabalho. Por sua vez, a Economia
Solidária, por meio das formas associativas e colaborativas de promover o
desenvolvimento destes territórios, contribui para enfrentamento desta situação, gerando
processos participativos e emancipatórios de desenvolvimento, inclusão produtiva e
socioeconômica.

Metodologia
Para a viabilização da proposta aqui apresentada, delimitou-se os territórios da
Velha, Escola Agrícola, Garcia e Fortaleza, pelas perspectivas de desenvolvimento
territorial da Economia Solidária considerando os acúmulos já obtidos pela Universidade
na implementação do projeto que foi executado no âmbito do Convênio com a Secretaria
Nacional de Economia Solidária, Ações Integradas (SENAES/MTE) e Projeto CNPq
Permacultura, outras Projetos Ações Territoriais desenvolvidos em 2017, 2018 e 2019, via
as ações do Programa de Extensão Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares
(ITCP/FURB).
Ao longo do desenvolvimento destas ações foi possível estabelecer vínculos com
representações de instituições públicas, organizações da sociedade civil e comunidade em
geral, muitos desses, público da Política de Assistência Social no município, sinalizando a
necessidade de continuidade e intensificação das atividades, considerando as demandas
desses trabalhadores por ampliação de ações produtivas e de comercialização coletiva.
Dentre as atividades desenvolvidas, estão reuniões de assessoria sobre
comercialização, participação democrática em redes e fóruns, autogestão e levantamento

1561
de demandas. Além de oficinas temáticas sobre aprimoramento de produtos e gestão
financeira.
Todas as atividades foram previamente planejadas em reuniões de equipe. As
oficinas ocorreram de forma presencial, utilizando-se de métodos como roda de conversa,
aula expositiva, atividades artísticas práticas, seguindo os protocolos de biossegurança.
Para a realização das reuniões, em vista da pandemia Covid-19, foram utilizadas como
ferramentas plataformas virtuais, tais como Google Meet e Microsoft TEAMS.

Desenvolvimento e processos avaliativos


As ações de extensão desenvolvidas pelo projeto centraram-se em:
Ações Público-alvo Forma de execução Atividades

Assessoramento Conselheiros Realização reuniões (uma vez Reuniões mensais com


do Conselho Gestores do Centro por mês) com o Conselho conselho gestor.
Gestor do Centro Público Vitrine da Gestor do Centro Público
Público Vitrine da Economia Solidária. Vitrine da Economia Solidária
Economia de Blumenau e Região-
Solidária. Vitrine ECOSOL e assessoria
no processo organizativo,
planejamento e gestão.
Assessoramento Artesãos dos EES Oferta oficinas para criação e Oficina sobre Programa do
em Produção vinculados ao CRAS desenvolvimento de produtos Artesanato Brasileiro (PAB)
Artesanal e assessorados pela de base artesanal, com foco
ITCP. no Programa do Artesanato
Brasileiro (PAB).
Assessoramento Artesãos dos EES Oferta oficinas sobre os temas Oficina sobre Gestão
em Gestão vinculados ao CRAS da gestão financeiras aos Financeira; oficina sobre
Financeira e e assessorados pela gestores responsáveis pelo Cuidando das minhas
Comercialização ITCP. Centro Público da Economia Finanças.
Solidária - Vitrine ECOSOL.
Assessoria em Artesãos dos EES Reuniões com os atores Participações nas Reuniões
gestão para os vinculados ao CRAS sociais dos territórios e de Fórum dos Usuários do
grupos e assessorados pela assessoria gestão dos SUAS; reunião nos Centros
beneficiários. ITCP. Empreendimentos de Referência de Assistência
Econômicos Solidários Social (CRAS).
Realização de Artesãos dos EES Oficinas de qualificação de Roda de Conversa sobre:
Oficinas de vinculados ao CRAS produtos existentes para Manipulador de alimentos e
qualificação de e assessorados pela adequar técnicas e materiais, Doenças Transmitidas por
produtos. ITCP. criação e desenvolvimento de Alimentos; Roda de
novos produtos de base Conversa sobre: A
artesanal com foco na importância da higiene
funcionalidade do produto pessoal, das mãos e das
superfícies de contato dos
alimentos; oficina sobre
marcenaria e tornearia
Formação em Artesãos dos EES Reuniões com as instituições Acolhimento e roda
Economia vinculados ao CRAS públicas municipais e a de conversa sobre
Solidária para os e assessorados pela sociedade civil organizadas. ECOSOL para novos
grupos ITCP, funcionários artesãos do Centro Público
beneficiários. públicos municipais de Economia Solidária
e sociedade civil.

1562
A avaliação ocorrerá de maneira sistemática, processual nas atividades realizadas
(cursos, oficinas, reuniões, feiras, mostras, entre outros) pelo projeto e pela adoção de um
instrumento de avaliação, que será um roteiro a ser aplicado em reunião com os integrantes
dos grupos assessorados e também pela equipe da ITCP/FURB, responsáveis pela
incubação em cada grupo acompanhado.

Considerações Finais
Diante das ações realizadas, concluímos que os objetivos têm sido alcançados. Uma
vez que as ações de assessoria, formações e oficinas têm se materializado. Esbarramos em
alguns empecilhos gerados por conta da pandemia Covid-19, tais como a dificuldade de
acesso à tecnologia das plataformas virtuais utilizadas para a realização de reuniões e a
baixa adesão do público-alvo às oficinas ofertadas.
No entanto, para os que aderem e participam, notamos um maior envolvimento e
engajamento com o movimento da Economia Solidária no município de Blumenau, bem
como a promoção e do Centro Público Vitrine da Economia Solidária e suas estratégias de
comercialização, assim oportunizando a inclusão produtiva com foco na capacitação
socioprofissional e consequentemente o fortalecimento dos grupos associativos e das
práticas intersetoriais e interdisciplinares.
No tocante aos ganhos acadêmicos, nota-se a aproximação dos universitários à
comunidade externa e a possibilidade de intervenção junto aos usuários da política de
assistência social.

Referência
FRONZA, Claudia Sombrio (et al) Apoio à Política de Trabalho, Emprego e Renda e
Qualificação em Empreendimentos Solidários. Projeto de Extensão. FURB, Blumenau,
SC, 2020/21. Disponível em: https://www.furb.br/pqex/projeto. Acesso em 04 ago. 2021.

Órgão Financiador:
Governo do Estado de Santa Catarina/ Secretaria de Estado do Desenvolvimento
Econômico Sustentável / Convênio n.º 2020TR000467 - SDE/FURB - Apoio a Política de
Trabalho, Emprego e Renda e Qualificação em Empreendimento Solidários.

1563
A AGROECOLOGIA EM SANTO ANTÔNIO DA PATRULHA-RS E O PAPEL
DAS INSTITUIÇÕES

Área Temática: Trabalho


Coordenador da atividade: Carlos Roberto de Menezes PEIXOTO
Universidade Federal do Rio Grande (FURG)
Autores: R. B. ILHA 1; M. S. FERREIRA 2; G. A. SIQUEIRA 3; J. A. S. FRAIBERGER 4;
R. E. S. FRANCO 5.

Resumo:
Neste trabalho é feito um relato das atividades voltadas à agroecologia no município de
Santo Antônio da Patrulha-RS, que resultaram na criação da Feira dos Agricultores
(AgriSAP), e no Núcleo de Estudos em Agroecologia de Santo Antônio da Patrulha na
FURG. Sob coordenação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, com participação da
EMATER/RS-ASCAR, Secretaria Municipal da Agricultura e Meio Ambiente e FURG foi
iniciado em 2012 o projeto “Propriedade Destaque”, visando a formação de um grupo de
12 famílias de agricultores familiares, por um período de um ano, para melhorias em suas
propriedades e transição agroecológica. Foram realizadas reuniões periódicas com o grupo,
oferecidas oficinas de formação e assistência técnica nas propriedades para montagem e
execução de um projeto de melhorias. O “Propriedade Destaque” foi repetido
posteriormente, tendo sido realizadas ao total quatro edições. Hoje em dia 12 das famílias
participantes dessas edições fazem parte da AgriSAP, sendo que 07 delas possuem
certificação orgânica concedida pela Rede de Agroecologia Ecovida, que usa o Sistema
Participativo de Garantia. As famílias também conseguiram acessar outros mercados, como
PNAE e PAA, além de consumidores privados. Alunos de graduação e pós-graduação da
Universidade têm participado, e as atividades têm sido importante em suas formações.

1
Rafael Bortolotto Ilha, aluno do curso de Engenharia Agroindustrial Indústrias Alimentícias.
2
Mariana de Sousa Ferreira, aluna do curso de Engenharia Agroindustrial Agroquímica.
3
Gustavo Aguiar Siqueira, aluno do curso de Engenharia Agroindustrial Agroquímica.
4
João Alfredo Silva Fraiberger, aluno do curso de Engenharia Agroindustrial Indústrias Alimentícias.
5
Rômulo Emanuel de Sousa Franco, aluno do curso de Engenharia Agroindustrial Indústrias Alimentícias.

1564
Trabalhos de Conclusão de Curso desses alunos têm sido desenvolvidos usando temas
relacionados às atividades com os agricultores.

Palavras-chave: agricultura familiar; produção orgânica de alimentos; núcleo de


agroecologia.

Introdução
O modelo agrícola convencional ou industrial tem sido amplamente questionado
por estar associado a uma série de problemas ecológicos e socioambientais. Entre os mais
relevantes, citam-se a dependência crescente de combustíveis fósseis, baixa eficiência
energética, degradação dos recursos naturais, contaminação de alimentos e meio ambiente,
uso crescente de agrotóxicos e fertilizantes químicos, o impacto negativo sobre a saúde dos
agricultores e consumidores, erosão genética (perda de variedades crioulas), diminuição da
biodiversidade com a simplificação dos agroecossistemas, a perda de técnicas, da cultura e
de saberes tradicionais dos agricultores e, o aumento do êxodo e da pobreza rural
(MATTEI e MICHELLON, 2021). A agroecologia é uma boa alternativa ao modelo
convencional, sustentando seus princípios na ecologia. A agroecologia privilegia, num
primeiro momento, as dimensões agronômica e ecológica e, em seguida, as dimensões
sociológica e política.
Em Santo Antônio da Patrulha – RS a produção agroecológica de alimentos se deve
a um projeto iniciado em 2012, chamado “Propriedade Destaque”. Este projeto teve a
coordenação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, com participação da EMATER/RS-
ASCAR, Secretaria Municipal da Agricultura e Meio Ambiente (SEMAM), FURG-
Campus Santo Antônio da Patrulha (FURG-SAP), além de outras entidades como Polo
Universitário, SICCOB e IFRS-Campus Rolante. A participação da Universidade teve
como foco o auxílio aos produtores, mas também a inserção das atividades do projeto nas
atividades acadêmicas de ensino, pesquisa e extensão, melhorando a formação dos alunos e
fazendo com que estes se tornassem profissionais mais conscientes da realidade social da
comunidade.
Este trabalho tem como objetivo descrever a experiência e os resultados obtidos em
termos de benefícios aos produtores e consumidores do município, e o papel das
instituições envolvidas.

1565
Metodologia
O projeto “Propriedade Destaque”, que foi iniciado em 2012 e repetido por quatro
edições, envolvia o convite/seleção de um grupo de famílias de agricultores, as quais
recebiam, por um período de um ano, toda orientação e formação para organização das
propriedades e transição agroecológica. Foram oferecidas oficinas nas áreas de gestão das
propriedades, tratamento dos solos, controle de pragas usando manejo orgânico, entre
outras. A FURG-SAP também realizou análises de amostras de solos, análises físico-
químicas, microbiológicas e de resíduos de agrotóxicos nos alimentos produzidos, e
ofereceu cursos de Boas Práticas de Fabricação. Eram realizadas reuniões mensais, e
visitas periódicas da equipe técnica para orientação nas propriedades. As famílias eram
desafiadas a construir um projeto para suas propriedades, e iniciar a implementação deste
projeto durante o este ano. As famílias com melhor desempenho durante o ano recebiam
uma premiação.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Em cada edição do “Propriedade Destaque” participaram em torno de dez famílias
de agricultores. Essas famílias foram desafiadas a criar uma feira dos agricultores para
venda direta aos consumidores. Até o momento não havia feira dos agricultores no
município. Foi então criada a AgriSAP, a feira dos agricultores de Santo Antônio da
Patrulha-RS, envolvendo um grupo de aproximadamente 12 produtores.
Sete famílias envolvidas conseguiram a certificação orgânica concedida pela Rede
de Agroecologia Ecovida, que usa o Sistema Participativo de Garantia. As demais famílias
participantes da AgriSAP ainda não conseguiram a certificação, mas vêm trabalhando de
forma a seguir os princípios da agroecologia. Cinco destas famílias certificadas e duas não
certificada também participaram de um outro programa criado no município pelas mesmas
instituições, o programa Puro Engenho. O Puro Engenho havia sido criado no município
em 2006, e visava o auxílio às agroindústrias familiares, propiciando às mesmas condições
para obtenção dos alvarás necessários para sua legalização. Com isso, além de produtos in
natura (hortaliças, frutas, aipim), na AgriSAP são vendidos produtos processados, como
doces (geleias, chimias, doces em compotas e em conservas, rapaduras), melado, açúcar
mascavo, produtos da panificação, queijo e doces de leite, ovos, filés de tilápia, sucos e
vinhos.
O faturamento médio mensal por família na AgriSAP é em torno de R$ 2.750,00.
Os produtores também conseguiram acessar mercados institucionais como PNAE

1566
(Programa Nacional de Alimentação Escolar) e PAA (Programa de Aquisição de
Alimentos). Outros mercados privados, tanto no município, como em municípios vizinhos
têm sido acessados, o que tem sido uma fonte permanente de renda.
Projetos de pesquisa e extensão da universidade têm sido realizados envolvendo
temas relacionados às atividades deste grupo de produtores, envolvendo inclusive auxílio
de agências financiadoras. Além de docentes e técnicos, um grande número de alunos tem
participado destes projetos com a comunidade. Estes alunos são, principalmente, dos
cursos de graduação em “Engenharia Agroindustrial Agroquímica” e “Engenharia
Agroindustrial Indústrias Alimentícias”, além de alunos dos cursos pós-graduação Lato
sensu oferecidos no Campus FURG-SAP, “Especialização em Qualidade e Segurança de
Alimentos” e “Especialização em Gestão Agroindustrial”. Temas relacionados às
agroindústrias têm sido utilizados nos componentes curriculares. Na disciplina de “Tópicos
Especiais” os alunos conhecem a realidade das pequenas agroindústrias, tanto na parte
técnica como na gestão. Diversos Trabalhos de Conclusão de Curso tem sido realizados em
temas relacionados ao setor produtivo, envolvendo tanto estudos teóricos como práticos.

Considerações Finais
Grande parte dos objetivos propostos pelas instituições e pelas famílias têm sido
atingidos. As melhorias nas propriedades e na produção de alimentos orgânicos, tanto in
natura como processados, tem sido uma ótima fonte de renda para as famílias. Isso tem
propiciada a permanência em suas propriedades, e também a permanência de filhos de
várias famílias na continuidade das atividades.
A participação da Universidade tem sido importante para os produtores e
instituições parceiras, mas também tem sido de grande importância para a própria
Universidade. Os temas têm sido usados nas atividades acadêmicas de extensão, ensino e
pesquisa, propiciando aos alunos maior visualização da aplicação de seus conhecimentos
no setor produtivo, além de uma visão social da realidade destas comunidades.

Referências
MATTEI, T. F.; MICHELLON, E.; Panorama da agricultura orgânica e dos agrotóxicos no
Brasil: uma análise a partir dos censos 2006 e 2017. Revista de Economia e Sociologia
Rural, v. 59, n. 4, 2021.

1567
Agradecimentos
Os autores receberam auxílios financeiros dos Editais PROEXT 2013 e 2014 –
MEC/SESu, Edital de Chamada Pública DCIT Nº 01/2017 da SDECT e Chamada
MCTIC/MAPA/MEC/SEAD-Casa Civil/CNPq Nº 21/2016. Os alunos receberam bolsas
dentro da Chamada MCTIC/MAPA/MEC/SEAD-Casa Civil/CNPq Nº 21/2016 e do PDE
da FURG.

1568
O NÚCLEO DE ATIVIDADES E PROTEÇÃO AO DIREITO TRABALHISTA E A
PESQUISA NO DIREITO DO TRABALHO DURANTE A PANDEMIA: O
RECONHECIMENTO DO VÍNCULO EMPREGATÍCIO PARA ATLETAS DE
ESPORTE ELETRÔNICO

Área temática: Trabalho


Coordenador da atividade: Antônio José SAVIANI DA SILVA 1
Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP)
Autor: L. M. A. E 2

Resumo:
O presente artigo tratará da atuação do NUTRABB na pesquisa acadêmica, delimitando o
conteúdo da investigação ao vínculo empregatício e os atletas profissionais de esporte
eletrônico. Os objetivos envolvem demonstrar se existe o vínculo empregatício nesta
profissão, e se for constatado, verificar como ele é comprovado e se existe alguma
fragilidade nos contratos. O trabalho é embasado pela pesquisa doutrinária, de jornais
eletrônicos e da legislação brasileira, e para aferir a reação da comunidade acadêmica foi
realizada uma apresentação sobre o tema. Finalmente, foi constatada a existência do
vínculo empregatício, mas também a existência de fragilidades.

Palavras-chave: lei pelé; vínculo empregatício; contratos.

Introdução
3
O Núcleo de Atividades e Proteção ao Direito Trabalhista (NUTRABB) da
Universidade Estadual do Norte do Paraná tem como um de seus principais objetivos
inserir os alunos da universidade em uma atuação jurídica em busca da efetivação da
Justiça do Trabalho para contribuir com a sociedade. Devido à pandemia e a

1
Antônio José Saviani da Silva, servidor docente, Curso Bacharelado em Direito.
2
Lucas de Moura Alves Evangelista, aluno, Curso Bacharelado em Direito.
3
Projeto cadastrado como “Escritório modelo UENP com atividades relativas aos direitos trabalhistas” no
Campus de Jacarezinho com Registro junto a Pró-Reitoria de Extensão e Cultura sob número 5308

1569
impossibilidade de atendimento presencial, o coordenador professor Saviani incentivou os
alunos do NUTRABB à pesquisa acadêmica on-line com foco para o Direito do trabalho,
para contribuir com o crescimento profissional, acadêmico, e pessoal dos estudantes.
Com base neste incentivo, a presente pesquisa relaciona um tema conhecido para o
Direito do Trabalho, o vínculo empregatício, com um grupo de uma modalidade esportiva
em ascensão no Brasil, chamada de “esporte eletrônico” (esports). Justifica-se esta relação
pela carência de pesquisa, doutrina, legislação, e jurisprudência sobre este tipo de conteúdo
já consolidado em livros e revistas norte-americanas. O esporte eletrônico possui uma
enorme quantidade de telespectadores para assistir jogadores de alto desempenho
competirem em equipes ou entre si por premiações em valores pecuniários, o que contribui
para a profissionalização de jogadores convencionais em atletas de esporte eletrônico
(GOIS, 2017, p. 55). Desta forma, este lazer tecnológico é transformado em uma atividade
esportiva profissional, ocorrendo consequentemente a intersecção do esporte eletrônico e o
Direito do Trabalho para profissionalização do atleta.
Diante disto, o NUTRABB propôs a seguinte investigação: é possível a existência
do vínculo empregatício entre jogador profissional de esports e empregador? Caso seja
constatada a existência deste vínculo, como ele é reconhecido ou deveria ser reconhecido?
Ademais, buscam-se por possíveis brechas para fragilização dos direitos destes
profissionais dentro da legislação brasileira e identificar possíveis soluções.

Metodologia
A pesquisa desenvolveu-se pelo método dedutivo, com a procura de materiais de
doutrina, jurisprudências e leituras específicas sobre o esporte eletrônico, porém, devido à
escassez do material, os autores optaram pela análise da legislação trabalhista, desportiva e
civil para realização das abordagens com embasamento jurídico apropriado. Em sequência,
identificaram-se quais modalidades contratuais são adequadas para a profissão em análise e
as justificativas. Por fim, apresenta-se uma possível solução para o problema identificado.
A atividade, desenvolvida on-line, tem a intenção de alcançar juristas, doutrinadores,
pesquisadores e principalmente os atletas de esportes eletrônicos.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Para compreender o funcionamento do Direito do Trabalho relacionado ao Esporte
Eletrônico, os autores desenvolveram outro artigo tratando desde a origem do atletismo
profissional do esporte eletrônico no Brasil até a abordagem de suas repercussões jurídicas.

1570
O conteúdo jurídico do artigo focou nas modalidades contratuais utilizadas atualmente para
a contratação destes atletas e a pesquisa comprovou que existe um vínculo empregatício
nesta relação de atleta de esporte eletrônico e empregador.
Da pesquisa mencionada, os autores encontraram três modalidades contratuais
utilizadas no Brasil para contratação destes atletas: o contrato especial de trabalho
desportivo da Lei Pelé (BRASIL, 1998), o contrato formal de trabalho também
mencionado na Lei Pelé, que corresponde ao artigo 442 da Consolidação das Leis do
Trabalho (BRASIL, 1943), e o contrato de prestação de serviços disposto nos artigos 593 e
594 do Código Civil (BRASIL, 2002). Constatou-se que a modalidade da prestação de
serviços é inadequada para os atletas de esporte eletrônico devido rotina e atividade
exercida, que possui todos os elementos em relação ao vínculo empregatício: trabalho por
pessoa física, pessoalidade, eventualidade, onerosidade e a subordinação (DELGADO,
2019, p. 337).
Para verificar como a comunidade acadêmica reagiria a um tema diferente e pouco
abordado, o autor apresentou no evento I º Encontro PROJURIS/UNIFIO/UNIMAR o
resumo expandido intitulado “Atletas de esporte eletrônico e a possível insegurança
jurídica no Brasil” (EVANGELISTA; FOLONI, 2021). O tema foi bem recebido pelos
acadêmicos, porém com dúvidas se de fato o esporte eletrônico é uma profissão, e durante
as explicações um dos advogados manifestou a experiência pessoal com o irmão jogador
profissional e o sentimento de frustração de não ter o devido reconhecimento pela própria
nação, mas ter sua profissão reconhecida em outros países que competiu. O evento foi
importante para demonstrar a receptividade quanto ao tema e qual direção seguir com a
pesquisa, além de inserir os autores no meio da apresentação e diálogo com acadêmicos.

Considerações Finais
Em relação ao contrato formal de trabalho, o vínculo empregatício é reconhecido
pela anotação da carteira profissional, conforme o artigo 456 da CLT (BRASIL, 1943),
enquanto o contrato especial de trabalho desportivo da mesma forma e pelo registro do
contrato na entidade de administração da modalidade desportiva, conforme o artigo 34 da
Lei Pelé (BRASIL, 1998). Estas possibilidades não foram encontradas na modalidade da
prestação de serviços. Das três modalidades analisadas, os autores avaliaram que apenas o
contrato de prestação de serviços prejudica o reconhecimento do vínculo empregatício do
atleta de esporte eletrônico, pois não há anotação da carteira de trabalho e o recolhimento

1571
de direitos trabalhistas, como o FGTS, e tampouco existe um registro formal na entidade
de administração da modalidade desportiva, conforme consta na Lei Pelé.
Conclui-se que a presente pesquisa pode ser uma solução para um problema pouco
discutido por juristas e acadêmicos. Os objetivos foram alcançados, pois os autores
verificam a existência de vínculo empregatício entre atleta profissional de esports e
empregador. Entretanto, permanece a hipótese de o contrato de prestação de serviços
continuar sendo utilizado indevidamente, pois o Estado brasileiro não reconhece o esporte
eletrônico como um esporte, portanto, o contratante pode alegar que a Lei Pelé é
facultativa. A solução mínima é o reconhecimento do Estado em relação à modalidade
esportiva, pois desta forma as contratações teriam de ocorrer de acordo com a CLT ou Lei
Pelé, não havendo alternativas para o contratante optar por um contrato menos oneroso.

Referências
BRASIL. Decreto-lei nº 5452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do
Trabalho. Diário Oficial da União: seção 1, Rio de Janeiro, 9 agos. 1943. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del5452.htm>. Acesso em: 15 jun.
2021.

BRASIL. Lei nº 9.615, de 24 de março de 1998. Institui normas gerais sobre desporto e dá
outras providências. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, 25 mar. 1998.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9615consol.htm>. Acesso em:
16 jun. 2021.

BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial
da União: seção 1, Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em:
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406compilada.htm>. Acesso em:
18 jun. 2021.

DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 18 ed. São Paulo: LTr,
2019.

EVANGELISTA, Lucas de Moura Alves; FOLONI, Marcela Luísa. Atletas de esporte


eletrônico e a possível insegurança jurídica no Brasil. In: Iº ENCONTRO
PROJURIS/UNIFIO/UNIMAR. Ourinhos/Marília: PROJURIS, 2021. Disponível em:
<http://encontro.projuriscursos.com.br/2021/>. Acesso em: 10 jul. 2021.

GOIS, Jéssica Caramuru. O regime jurídico trabalhista dos cyber-atletas brasileiros.


2017. Monografia (Graduação em Direito). Bacharel em Direito, Faculdade de Direito da
Universidade Federal da Bahia, 2017.

1572
ATUAÇÃO DA INCUBADORA DE EMPREENDIMENTOS ECONÔMICOS
SOLIDÁRIOS (EES) NA FRONTEIRA DA PAZ, SANTANA DO
LIVRAMENTO/RS

Área temática: Trabalho


Coordenador da atividade: Altacir BUNDE
Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA)
Autores: A. BUNDE 1; C. DA COSTA 2; S. C. V. CAMACHO 3

Resumo:
No contexto de pandemia de Covid-19 que vivemos, a economia solidária nos ensina que o
dinheiro não deve ser a prioridade, mas sim as pessoas e o cuidado com a natureza. Diante
disso, o objetivo deste trabalho é descrever, de forma resumida, algumas atividades de
incubação, capacitação, intercâmbio e prestação de assessoria técnica e tecnológica
prestados aos EES em Santana do Livramento/RS pela Incubadora de Empreendimentos
Econômicos Solidários na Fronteira da Paz. Para isso, foram resgatados elementos
conceituais sobre economia solidária e apresentadas as análises realizadas a partir de
relatórios de atividades desenvolvidas pela Incubadora. Temos a certeza de que a
incubadora deve continuar, ser fortalecida e acompanhar a caminhada desse movimento
social que é resistência diante das desigualdades que corroem as sociedades capitalistas.

Palavras-chave: Economia solidária; incubação; autogestão.

1
Professor da Universidade Federal do Pampa - Unipampa, Campus de Santana do Livramento/RS
2
Profa. da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul – UERGS, unidade Santana do Livramento/RS
3
Discente do curso de Tecnologia em Gestão Pública da Universidade Federal do Pampa - Unipampa,
Campus de Santana do Livramento/RS, e bolsista de extensão do projeto: Incubação de empreendimentos
econômicos solidários (EES) na fronteira da paz – Santana do Livramento – RS, comtemplado pelo Edital Nº
40/2021.

1573
Introdução
Criada em 2015, a Incubadora de Empreendimentos Econômicos Solidários na
Fronteira da Paz é fruto de uma parceria entre as instituições de ensino Universidade
Federal do Pampa (Unipampa), Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs) e
Instituto Federal Sul Rio-Grandense (IFSul), que possuem campus em Santana do
Livramento/RS. A incubadora teve apoio em dois períodos, através de editais do CNPQ.
Mas, mesmo em momentos em que não se teve apoio, a incubadora nunca parou, atuando
junto à Casa de Economia Solidária e a vários EES no município. A relação construída ao
longo do tempo com os EES é de troca de saberes e de confiança. Nesse sentido, as
metodologias participativas e a autogestão sempre tiveram destaque.
A Economia solidária é uma forma de produção, consumo e distribuição de riqueza
centrada na valorização do ser humano e não do capital. Preconiza o entendimento do
trabalho como um meio de libertação humana dentro de um processo de democratização
econômica, criando uma alternativa à dimensão alienante e assalariada das relações do
trabalho capitalista. Possui uma finalidade multidimensional, envolvendo a dimensão
social, econômica, política, ecológica e cultural. As experiências de Economia Solidária se
projetam no espaço público, no qual estão inseridas, tendo como perspectiva a construção
de um ambiente socialmente justo e sustentável. Não se confunde com o chamado
"Terceiro Setor" que substitui o Estado nas suas obrigações legais e inibe a emancipação
de trabalhadoras e trabalhadores, enquanto sujeitos protagonistas de direitos. Ela reafirma a
emergência de atores sociais, ou seja, a emancipação de trabalhadoras e trabalhadores
como sujeitos históricos.
Desde sua criação, o objetivo da Incubadora é prover incubação, capacitação e apoio
técnico e tecnológico aos EES do município. Entende-se que a economia solidária tem
importante papel no desenvolvimento local. Tal importância se reflete no envolvimento de
cada pessoa que, através da coletividade de seu trabalho, atua no desenvolvimento social,
econômico e ambiental; como resultado obtém-se inclusão, geração de trabalho e renda.

1574
A atuação da incubadora de empreendimentos econômicos solidários fronteira da paz
Nesses mais de cinco anos de atividades da incubadora, trabalhamos com vários
EES, como a Casa de Economia Solidária de Santana do Livramento, Associação de
Catadores Novo Horizonte, Associação Teares do Sul, Associação Remanescente de
Quilombo Ibicuí da Armada, Associação Santanense de Costureiras e Artesãs – Costu’Art,
Cooperativa dos Profissionais de Fiação e Tecelagem de Santana do Livramento –
COOFITEC, Grupo Vera Lúcia de Tecelagem entre outras. Nas duas oportunidades em
que tivemos apoio financeiros do CNPQ, organizamos uma equipe ampla, com vários(as)
bolsistas, e conseguimos apoio para realizar muitas atividades e se deslocar até os EES,
assim abrangemos vários empreendimentos. Nos períodos sem apoio de projetos CNPQ
reduzimos bastante a equipe e os recursos para custeio, priorizando o trabalho em
empreendimentos como Associação de Catadores Novo Horizonte e Casa de ECOSOL,
que demandam maior atenção atualmente.
A atuação da incubadora também incentivou a formação de novos
empreendimentos, como a Associação dos Amigos da Casa da Economia Solidária, que
está legalizada, e Grupo de Mulheres Assentadas do Cerro das Munhoz, que está em etapa
final da construção de uma agroindústria coletiva de lácteos. O processo de incubação de
EES precisa acontecer de forma coerente aos conceitos de economia solidária. Assim, é
necessário utilizar ferramentas metodológicas que se adequem à realidade local e aos
interesses das pessoas que fazem parte dos EES, que favoreçam a autogestão e que
promovam a participação. No nosso caso, atuamos no sentido de construir coletivamente
junto aos EES incubados, um mecanismo para que os mesmos possam construir sua
própria metodologia de aplicação levando em conta sempre as características de cada
grupo a ser incubado. Acreditamos que ao se utilizar este mecanismo, contribuímos no
fortalecimento do processo de produção do conhecimento científico e da ação na realidade
social pelos sujeitos envolvidos no projeto.

1575
Considerações finais
Em Santana do Livramento, os EES podem contar com o apoio da Incubadora de
Empreendimentos Econômicos Solidário da Fronteira da Paz. A Incubadora vem
desenvolvendo suas atividades desde 2015 através de metodologias participativas. Os
integrantes da incubadora, bolsistas, voluntários e professores das instituições de ensino
envolvidas atuam prestando assessoria técnica e tecnológica. Nos últimos meses, os
trabalhos têm se intensificado mais junto a Associação de Catadores Novo Horizonte e a
Casa de ECOSOL. Nesse contexto, apesar de enfrentar diversas dificuldades, seja pela
situação econômica vivenciada pelo país somadas ao período de Pandemia da COVID-19,
a Incubadora continua apoiando os EES.
A Incubadora é parte de uma aproximação das universidades e do Instituto Federal
aos EES do município, configurando-se como importante projeto de extensão universitário,
relacionando ensino, pesquisa e extensão por meio da troca experiências. Embora enfrente
algumas dificuldades, como a falta de recursos e a falta de institucionalização junto às três
instituições de ensino, a incubadora precisa continuar e fortalecer sua atividade,
colaborando com a troca de saberes e a promoção da economia solidária na Fronteira
Brasil – Uruguai.

Referências
BUNDE, A. (Coord. 2019) Relatório de atividades do Projeto de incubação de
empreendimentos econômicos solidários (EES) na Fronteira da Paz – Santana do
Livramento – RS. Chamada CNPq/MTb-SENAES Nº 27/2017. Santana do Livramento,
2019.

BUNDE, A et al. A experiência da Incubadora de Empreendimentos Econômicos


Solidários (EES) na Fronteira da Paz, Santana do Livramento/RS. Anais do VII
Simpósio Internacional Desigualdades, Direitos e Políticas Públicas: Saúde, Corpos e
Poder na América Latina. Disponível em:
http://www.guaritadigital.com.br/casaleiria/acervo/cienciassociais/viisiddpp/4/index.html

COSTA, C. (Coord. 2016) Relatório de atividades do Projeto de incubação de


empreendimentos econômicos solidários (EES) em Santana do Livramento/RS.
CHAMADA MCTI-SECIS/MTE-SENAES/CNPq Nº 21/2015. Santana do Livramento,
2016.

1576
GAIGER, L. (org.). Sentidos e experiências da economia solidária no Brasil. Porto
Alegre, UFRGS, 2004.

SINGER, P. Introdução à Economia Solidária. São Paulo: Editora Fundação Perseu


Abramo, 2002.

SINGER, P. “Economia solidária: um modo de produção e distribuição”. In: SINGER, P.;


SOUZA, A. R. (orgs.) A economia solidária no Brasil: a autogestão como resposta ao
desemprego. São Paulo: Contexto, 2000.

1577
EDUCAÇÃO FINANCEIRA E AUTONOMIA ECONÔMICA DAS MULHERES

Área Temática: Trabalho


Coordenadora da atividade: Raquel Virmond Rauen DALLA VECCHIA
Universidade Estadual do Centro Oeste (UNICENTRO)
Autores: Raquel V. R. DALLA VECCHIA 1; Nelson Luiz BRANDALISE FILHO 2

Resumo:
Este projeto de extensão buscou a parceria com a Secretaria de Políticas para Mulheres de
Guarapuava, no Paraná, que possui um projeto social “Projeto Orquídea” desenvolvido
através de cursos de artesanatos voltados para as mulheres de baixa renda, algumas vítimas
de violência doméstica moradoras de vários bairros e Distritos do Município, visando a
promoção da autonomia social e econômica. A ação extensionista tem como objetivo
informar e educar as mulheres participantes do Projeto Orquídea sobre a importância do
planejamento das finanças pessoais e controle do orçamento familiar, bem como noções
básicas de empreendedorismo e informática básica. Esta ação extensionista desenvolve
palestras, oficinas, e exercícios práticos sobre as atividades desenvolvidas, de acordo com
o cronograma já estabelecido pelo “Projeto Orquídea” nos Distritos e Bairros. A avaliação
das ações é realizada por meio de questionários aplicado às participantes sobre o
aproveitamento prático das palestras e oficinas. Os resultados mostraram que houve
aplicabilidade do planejamento cotidiano das finanças pessoais na busca do equilíbrio do
orçamento doméstico. Na possibilidade de se profissionalizar no artesanato, e torná-lo
como uma possível fonte de renda, é uma perspectiva de 87% das participantes. Algumas
participantes do Projeto já estão comercializando seus artesanatos em espaços cedidos pelo
poder público.

Palavras-chave: finanças; autonomia; artesanato.

1
Raquel Virmond Rauen Dalla Vecchia, Docente. Curso de Ciência Econômicas
2
Nelson Luiz Brandalise Filho, Aluno. Curso de Ciências Econômicas

1578
Introdução
A presente ação extensionista intitulada Educação e Planejamento de Finanças
Pessoais já teve duas edições desenvolvidas junto à população feminina em situação de
vulnerabilidade social e econômica, do Município de Guarapuava no Estado do Paraná, por
meio de parceria com a Secretária de Políticas Públicas para Mulheres que possui um
projeto social “Projeto Orquídea”.
O Projeto Orquídea oferece curso de artesanato, orientações da Lei Maria da Penha,
orçamento familiar e empreendedorismo para mulheres de baixa renda, algumas vítimas de
violência doméstica moradoras de vários bairros Distritos do Município, que recebem
assistência social da Secretária da Mulher, visando a promoção da autonomia social e
econômica. Esses bairros são atendidos durante o período de três meses, de acordo com o
planejamento e cronograma da Secretaria.
Ressalta-se a relevância e articulação desta ação extensionista no ensino e pesquisa
propiciando a troca de saberes e construção de conhecimento a partir de metodologias
participativas, no formato pesquisa-ação, resultando em produção acadêmica. No processo
de aprendizagem trouxe contribuições significativas na atuação dos estudantes
socializando e praticando seus conhecimentos que irá refletir na sua formação profissional.
Buscando a interação dialógica entre a Universidade, a comunidade e agentes
públicos, o Curso de Economia reconhece a importância da participação de docentes e
discentes em levar a estas mulheres questões econômicas, com objetivo informar e educar
as mulheres participantes do Projeto Orquídea sobre a importância do planejamento das
finanças pessoais, controle e equilíbrio do orçamento familiar. E a partir das noções
básicas de empreendedorismo transformem o artesanato em uma fonte renda, aplicando ao
artesanato a prática do planejamento e equilíbrio financeiro. Contribuindo para a
implementação das políticas públicas da Secretaria com foco no empoderamento das
mulheres, promovendo sua autonomia econômica e social.

Metodologia
As práticas extensionistas para as mulheres participantes do Projeto Orquídea,
aconteceram nos espaços comunitários dos Bairros, realizadas por meio de palestras,
esclarecimentos e exercícios práticos, elaborados pela equipe executora com a participação
dos acadêmicos.
A palestra ministrada sobre educação financeira abordou os conceitos básicos de
economia, planejamento financeiro e orçamento familiar. Após, foi aplicado exercícios

1579
explicando como fazer um orçamento. Além desta palestra, seguiram-se outras como:
empreendedorismo, formação de preços, tendências de mercado específico ao artesanato e
atendimento ao público.
Após a execução das palestras, foi aplicado um questionário para a avaliação e
aproveitamento do curso, para que a equipe executora pudesse analisar os resultados. Foi
aplicado também, um questionário, para conhecer o perfil socioeconômico das
participantes e com isso trabalhar o orçamento familiar de acordo com a realidade deste
público, bem como a percepção de suas expectativas em relação ao artesanato como fonte
de renda.
Ao encerrar as atividades no Bairro, as participantes eram convidadas a
participarem da oficina de informática básica por dois meses, ministrada pelos acadêmicos
no laboratório de informática da Secretaria. Após dominarem as noções básicas, o enfoque
foi a navegação na internet, criar páginas nas redes sociais, para auxiliar na divulgação e
venda de seus produtos, bem como buscar cursos de atualização no artesanato.
Os conteúdos abordados nas palestras foram pesquisados pelos discentes utilizando
metodologias participativas, no formato pesquisa-ação. Assim como a tabulação e
sistematização dos dados dos questionários, concretizando a relação ensino-extensão,
utilizando dos conhecimentos técnicos na análise e avaliação dos resultados, para produção
de relatórios, artigos e apresentações em eventos. Consolidando nesta ação extensionista a
indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.

Desenvolvimento e processos avaliativos


De acordo com Silva (2011) a relação da universidade com a comunidade se
fortalece pela Extensão Universitária, ao proporcionar diálogo entre as partes e a
possibilidade de desenvolver ações que priorizam a superação das condições de
desigualdade.
Neste contexto, este projeto buscou a parceria com a Secretaria de Políticas para
Mulheres de Guarapuava, para contribuir com as perspectivas transformadoras e
emancipadoras das políticas públicas para as mulheres enfatizando o empoderamento social
e econômico das mulheres, por meio de ações efetivas de capacitação e de acesso a tecnologias
de informação e comunicação.
Durante a realização das palestras buscou-se estimular a interação com as
participantes, para que contribuíssem com suas experiências pessoais. Fazendo com que

1580
professores e acadêmicos conheçam e reflitam melhor a realidade destas mulheres para
trabalhar o orçamento familiar e planejamento financeiro adequado a este meio.
Na avaliação das participantes o conhecimento adquirido, foi considerado útil para
a aplicação prática cotidiana do planejamento de finanças pessoais e na busca do equilíbrio
no orçamento doméstico. Na perspectiva do artesanato como profissão, consideraram que
os conhecimentos adquiridos no curso são aplicáveis na atividade. Sobre a possibilidade de
se profissionalizar no artesanato, e torná-lo como uma possível fonte de renda, 87%
afirmaram que pretendem fazer do artesanato uma profissão. Os conhecimentos e a prática
das oficinas de informática possibilitaram atualizar e diversificar seus artesanatos e a
divulgação e venda dos seus produtos.
A Secretaria de Políticas Públicas das Mulheres em conjunto com a Secretaria de
Agricultura, providenciaram e organizaram espaços para venda dos produtos da agricultura
familiar e do artesanato realizado pelas participantes do Projeto Orquídea.
Ao participar dessa ação extensionista o acadêmico passa a ser protagonista de sua
formação técnica e processo de obtenção de competências necessárias à atuação
profissional, bem como de sua formação cidadã.

Considerações Finais
Considerando o perfil socioeconômico das participantes dos bairros seus limites e
restrições orçamentárias, a educação financeira ofereceu uma oportunidade de organizar e
controlar as finanças pessoais. Assim como, as noções de empreendedorismo estimularam
a atividade artesanal como uma possibilidade de transformá-la em uma fonte de renda. De
tal modo que, esta ação extensionista em consonância com os objetivos do Projeto
Orquídea em fomentar o empoderamento social e econômico das mulheres, buscou
contribuir para promover a autonomia social e econômica destas mulheres.
A participação no Projeto foi importante para que os acadêmicos conheçam e
reflitam sobre diferentes realidades que fazem parte do universo do Município. Neste
sentido, reconhecer como a Universidade pode contribuir para transformação social e
econômica, na busca de uma melhor qualidade de vida para a comunidade.

Referências
SILVA, V. Ensino, pesquisa e extensão: uma análise das atividades desenvolvidas no
GPAM e suas contribuições para a formação acadêmica. Vitória, 2011. Disponível em:
www.prac.ufpb.br/copac/extelar. Acesso em: 10 ago. 2020.

1581
EMPREENDEDORISMO SOCIAL, APROXIMAÇÃO DA OFERTA E DEMANDA
DE RECURSOS: CASO DE FINANCIAMENTO COLETIVO PELA
PLATAFORMA BENFEITORIA.

Área temática: Trabalho


Coordenador da atividade: Wagner Leal ARIENTI
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Autores: J. A. A. BIROLO ; A. D. S. MACHADO 2; G. LEMIN 3; L. F. MARTINS 4;
1

L. L. ROSA 5; W. L. ARIENTI 6

Resumo:
Empreendedorismo deve ser conceito aplicado também a inovações em projetos sociais.
Propostas inovadoras devem ser aplicadas para superar problemas na implementação de
projetos sociais. Organizações sociais enfrentam, em sua maioria, dificuldades financeiras
para implementar seus projetos sociais. A atividade de extensão proposta e realizada visa
aproximar as demandas financeiras das organizações sociais com a oferta de recursos
possibilitada por editais de empresas, governos, instituições nacionais e internacionais. De
início, se observou que as organizações sociais têm dificuldades de atender as exigências
legais e burocráticas dos editais. Houve conhecimento da plataforma de financiamento
coletivo Benfeitoria, com menores exigências, e as informações foram passadas para
organizações sociais. Três organizações se mostraram interessadas, o que permitiu que os
estudantes realizassem ações de formulação de orçamento, apresentação de texto e vídeo
sobre o projeto de captação de recursos na plataforma. Duas ações atingiram a meta e a
terceira ainda está em fase de captação. A atividade possibilitou que os estudantes
conhecessem problemas concretos enfrentados pelas organizações sociais e realizassem
uma ação para viabilizar seus projetos através de financiamento coletivo.

1
Jhonny Alves Bez Birolo, aluno [Ciências Econômicas], bolsista PROEX-UFSC.
2
Andrei Dal Sent Machado, aluno [Ciências Econômicas].
3
Gabriella Lamin, aluna [Relações Internacionais].
4
Luis Felipe Martins, aluno [Relações Internacionais].
5
Luiza Lopes Rosa, aluna [Relações Internacionais].
6
Wagner Leal Arienti, docente [Economia e Relações Internacionais].

1582
Palavras-chave: captação de recursos; financiamento coletivo; empreendedorismo
econômico-social.

Introdução
Empreendedorismo é um conceito aplicado a negócios privados com ações
inovadoras visando impacto no mercado e obtenção de lucro que permita sua
sustentabilidade econômica e financeira (Schumpeter, 1982). Rees (1988) ampliou o
conceito para o campo social. Podemos, assim, considerar o empreendedorismo social
como as ações de inovação com impacto social que venham a permitir a sustentabilidade
de organizações com projetos sociais. Anastácio et all. (2008) aborda este conceito para o
contexto brasileiro. Empreendedorismo social serviu de referência não apenas conceitual,
mas para orientar ações de extensão. O que podemos fazer para apoiar, de forma
inovadora, organizações sociais? Primeiro, temos que conhecer organizações sociais de
nossa comunidade. Em seguida, conhecer seus problemas e demandas.
Atividades de extensão anteriores permitiram conhecer organizações não
governamentais que desenvolvem projetos sociais. A observação destas atividades permitiu
diagnosticar que estas organizações tinham fluxo de recursos financeiros irregular, o que,
por vezes, prejudicava a implementação de projetos sociais. De outro lado, houve a
pesquisa de que havia várias possibilidades de fontes de financiamento para projetos
sociais através de editais e em plataformas digitais de financiamento coletivo. Ciente desta
situação, houve contato com organizações não governamentais sobre a disposição da
atividade de extensão em conhecer suas necessidades de recursos financeiros e de
contribuir para captação de recursos via atendimento de editais e de apresentação de
projetos em plataforma de financiamento coletivo. Em termos acadêmicos, os objetivos
eram colocar os estudantes em contato com organização sociais para conhecerem seus
problemas, principalmente, financeiros. Para as organizações sociais, o objetivo era
auxiliá-las com o apoio do conhecimento dos estudantes na elaboração de propostas para
captação de financiamento.

1583
Metodologia
Primeiramente, houve uma pesquisa nos editais de financiamento de projetos
sociais lançados por várias empresas privadas e organizações sociais. Houve também
pesquisa sobre as plataformas de financiamento coletivo. Com estas informações, houve
contatado com organizações não governamentais da Grande Florianópolis, público alvo da
atividade, para apresentação da atividade de extensão e a disposição em auxiliá-los em se
candidatarem aos editais.
O número de respostas das organizações sociais foi pouco pois tais editais fazem
muitas exigências de documentos legais, o que nem sempre são atendidos pelas
organizações. Frente esta reduzida resposta, houve mais pesquisa sobre as plataformas de
financiamento coletivo e informações para as organizações sociais.
Foi escolhido a plataforma Benfeitoria, pois suas informações para colocação de
projetos eram mais fáceis e não havia exigências de documentação legal e burocrática. Esta
opção foi colocada para as organizações sociais e três mostraram interesse: Instituto
Çarakura, ligado a educação ecológica, Centro para Democratização da Informática
(CPDI), na área de educação digital para população carente, e Centro Cultural Escrava
Anastácia (CCEA), com projeto Rito de Passagem de preparação para jovens aprendizes.

Desenvolvimento e Processos Avaliativos


Conhecer as plataformas de financiamento coletivo e, em sequência, passar estas
informações para as organizações sociais interessadas foram as primeiras atividades de
desenvolvimento dos estudantes. O financiamento coletivo, ou crowdfunding, como é
conhecido, é um mecanismo menos burocrático de captação de recursos desenvolvido por
plataformas digitais. O site das plataformas anuncia vários projetos, seja de indivíduos ou
organizações, em várias áreas, culturais, ecológicas, educacionais, sociais, que esperam
doações dos internautas para arrecadação de recursos que venham a viabilizar projeto
anunciado. Não há as exigências legais e burocráticas encontradas nos editais de
financiamento, no entanto, é preciso uma boa apresentação do projeto pois para alcançar o
objetivo de arrecadação é necessário (i) uma boa apresentação do projeto e sua causa; (ii)

1584
qualidade da informação prestada do projeto e (iii) passar confiança na organização que irá
realizar o projeto com os recursos, (Universidade do Financiamento Coletivo, 2011)
Os estudantes envolvidos na atividade tiveram que conhecer o projeto da
organização social, fazer o orçamento do projeto a ser anunciado, fazer o orçamento das
recompensas a serem dadas a título de agradecimento pelas contribuições dos doadores e
fixar um prazo para a arrecadação. Recebida estas informações e realizadas estas tarefas, é
importante fazer uma boa apresentação tanto de texto, quanto de imagem para atrair a
atenção dos possíveis doadores. Uma plataforma de crowfunding anuncia vários projetos,
portanto, há certa competição por atrair doadores e, principalmente, mostrar a relevância
do projeto e a respeitabilidade da instituição.
Com as informações tanto da plataforma Benfeitoria, quanto das organizações
sociais, os estudantes organizaram, primeiro, o orçamento: o que deve incluir (i) o
financiamento do projeto, portanto, a estimativa de despesas, (ii) as despesas de
recompensas aos doadores e (iii) as taxas de serviço à plataforma, no caso da Benfeitoria
há um pedido, não obrigatório, de 7% do total arrecadado. Houve também a indicação que
as organizações deveriam utilizar a opção de arrecadação ‘tudo ou nada’, isto é, caso o
total arrecadado não atinja a meta estabelecida a contribuição é devolvida aos doadores.
A campanha de arrecadação do Instituto Çarakura, com o projeto De Volta a
Floresta, tinha proposta de arrecadação de R$ 23.590 e atingiu 1025 da meta, o que
viabilizou sua implantação. O CPDI, com projeto Eureka, Eu Faço Jogos e Sites,
arrecadou 100% da meta de R$ 20.565. O CCEA, com o projeto Rito de Passagem, está
com anúncio de arrecadação em andamento. É importante que o engajamento de estudantes
em campanha de arrecadação seja voltado para projetos com impacto social, por isto, a
seleção das organizações sociais, através de apresentação inicial dos objetivos da atividade,
deve ser precedida por critérios para que a atividade de extensão tenha impacto social.

Considerações Finais
O impacto social da atividade foi a viabilização financeira das organizações sociais
que abriram suas informações para a atividade e, com a ação dos estudantes, tiveram
sucesso no financiamento coletivo e implementaram seus projetos. Conhecer problemas

1585
concretos de organizações sociais e realizar ações para implementar seus projetos foi um
aprendizado para os estudantes proporcionado pela extensão universitária. Não mudamos o
mundo, mas aprendemos uma lição de como mudar o mundo, e para melhor.

Referências
ANASTACIO, M. R.; CRUZ FILHO, P. R. A.; MARINS, J. (Org.). Empreendedorismo
social e inovação social no contexto brasileiro. Curitiba: PUCPRESS, 2018.

SCHUMPETER, J. Teoria do Desenvolvimento Econômico. SP: Abril Cultural, coleção


Os Economistas, 1982. Publicado pela Primeira vez em 1911, em alemão.

Universidade do Financiamento Coletivo. Guia Completo de Crowdfunding. Benfeitoria,


2011. Disponível em: <https://ufc.benfeitoria.com/>. Acesso em: 15 jun. 2020.

1586
EMPRESA JUNIOR: EXTENSÃO E PROFISSIONALIZAÇÃO INDISSOCIÁVEIS

Área temática: Trabalho


Coordenador da atividade: Claudio Raimundo de Bastos BRASIL
Instituto Federal Farroupilha, campus São Vicente do Sul (IFFar)
Autores: B. R. SILVA 1;S. G. de. VARGAS 2; A. P. FIALHO 3; N. P. DORNELES4.

Resumo:
O empreendedorismo possibilita a idealização de projetos novos ou implementação de
mudanças, assim a CultivaSul Jr. é uma Empresa Júnior sem fins lucrativos, formada por
estudantes dos cursos de Agronomia e Análise e Desenvolvimento de Sistemas do Instituto
Federal Farroupilha Campus São Vicente do Sul, sob a orientação de professores e, tem
como objetivo levar tecnologia ao meio rural, dessa forma, preparando os universitários
para serem futuros profissionais capacitados a partir de experiências práticas. As ações
desenvolvidas na Empresa são as assessorias, reuniões, capacitações e eventos,
destacando-se as atividades já realizadas como o “Programa de Trainees" e “Curso de boas
práticas agrícolas para produtores do PNAE”, o qual proporciona que os alunos coloquem
em prática os ensinamentos adquiridos em seus respectivos cursos, além de contribuir
positivamente com o empreendedorismo, o desenvolvimento econômico local e regional,
fomentando a extensão como propulsor de conhecimento para sociedade.

Palavras-chave: Empreendedorismo; CultivaSul Jr; Empresa Júnior.

Introdução
No contexto atual muitas oportunidades de desenvolvimento de negócios crescem,
é possível introduzir novos produtos e/ou serviços, melhorar processos, fomentar ideias e
alavancar o negócio. Segundo a Global Entrepreneurship Monitor (GEM, 2001) quando
um indivíduo ou um grupo de pessoas cria um novo negócio ou expande um já existente

1
Bruno da Rosa da Silva, aluno do curso Bacharelado em Agronomia.
2
Sabrina Guimarães de Vargas, aluna do curso Bacharelado em Administração.
3
Andrieli Pacheco Fialho, aluna do curso Bacharelado em Agronomia.
4
Nayara Pelegeiro Dorneles, aluna do curso Bacharelado em Agronomia.

1587
isso caracteriza-se como empreendedorismo. Já para Hisrich e Peters (2002) o
empreendedorismo é visto como um processo que cria mais riqueza, sendo o
produto/serviço novo ou não, vinculando a ciência à economia de mercado.
Dessa forma, a Empresa Júnior (EJ) é considerada a maior ferramenta de educação
empreendedora no ambiente acadêmico (BRASIL JÚNIOR, 2020), sendo uma associação
sem fins lucrativos que conta com a participação e administração de alunos de cursos
superiores que buscam através de ações de diagnóstico, consultoria e assessoria auxiliar
empresas dos mais diversos segmentos e atividades, utilizando-se assim das teorias e
técnicas adquiridas em sala de aula.
Sabendo disso, o Instituto Federal Farroupilha (IFFar) - Campus São Vicente do
Sul, a cerca de três anos desenvolve um trabalho de criação da sua Empresa Júnior, a fim
de fazer com que seus estudantes continuem buscando experiências inovadores através do
ensino x aprendizagem, contribuindo ativamente para o desenvolvimento da sociedade e da
região a qual está inserido, oferecendo serviços de baixo custo.
No ano de 2020 a CultivaSul Jr. foi oficializada e formalizada como a primeira EJ
instituída no IFFar, sendo um trabalho conjunto que envolveu alunos e professores dos
cursos de Análise e Desenvolvimento de Sistemas (ADS) e Agronomia do Campus, da
Pró-Reitoria de Extensão e da Diretoria de Pesquisa, Extensão e Produção do Campus. A
CultivaSul Jr. é uma empresa formada por estudantes sob a orientação de professores com
objetivo de levar tecnologia ao meio rural. As ações previstas pela CultivaSul Jr. visam a
aplicação prática dos conhecimentos na área de formação dos estudantes, o
aperfeiçoamento, fomento e promoção do espírito empreendedor, contato com empresas,
produtores, profissionais e empreendedores ligados ao meio rural e já vem realizando
algumas atividades desde de sua criação.
A realização deste projeto justifica-se em função de que o mercado de trabalho tem,
cada vez mais, buscado por pessoas com diferencial e que se destacam em suas áreas de
atuação, a participação em uma EJ pode auxiliar os estudantes a adquirirem experiências
no meio empresarial, através de projetos e atividades profissionais prestadas que requerem
metas, prazos e resultados a serem atingidos.

1588
Metodologia
Para as atividades deste ano, acredita-se que a maioria no formato online, propõem-
se a seguinte metodologia: reunião de sensibilização e revisão atividades 2020; término de
execução dos contratos de serviços no projeto do Programa Nacional de Alimentação
Escolar (PNAE); prospecção de novos clientes para o serviço de assessoria especializada;
processo seletivo e ingresso de trainee's; capacitações pontuais durante o ano; participação
de eventos online do Movimento Empresa Júnior (MEJ) e Federação das Empresas
Juniores do Estado do Rio Grande do Sul (FEJERS); reunião de avaliação do ano 2021,
entre outros. Nas ações propostas, o público-alvo para as assessorias são os agricultores,
futuros clientes da Empresa Jr., já nas reuniões, capacitações e eventos o universo será os
alunos integrantes da Empresa, professores e demais público interessado.

Desenvolvimento e processos avaliativos


A vivência dos empresários juniores prepara os universitários para serem futuros
profissionais capacitados, com experiências práticas em empresas de micro, pequeno e
médio porte, além de contribuírem com o empreendedorismo, o desenvolvimento local e
regional, especialmente no COREDE Vale do Jaguari. Dentre as atividades já
desenvolvidas pela Empresa destaca-se o “Programa de Trainees", que consistiu em um
processo de seleção de novos associados, os quais passaram por um período de avaliação
dentro da empresa visando identificar os alunos com perfis adequados a empresa e o
“Curso de boas práticas agrícolas para produtores do PNAE” com o objetivo de instruir
produtores da região para que pudessem se adequar às exigências do programa.
Assim, os projetos citados acima e os demais, proporcionam a articulação dos
extensionistas da Empresa Júnior no funcionamento da organização, proporcionando,
segundo Vale, Cândido e Andrade (2017), a capacitação profissional e o desenvolvimento
pessoal, estes de extrema relevância para a preparação e atuação no mercado de trabalho.
Além disso, desenvolve-se a cooperação, liderança, gestão do tempo, a comunicação,
relacionamento interpessoal, entre outros.

1589
Considerações Finais
A CultivaSul Jr. apesar de ser uma experiência ainda nova, busca disseminar e
fomentar oportunidades para os jovens universitários, no qual colocam em prática os mais
diversos ensinamentos adquiridos em seus respectivos cursos, além de constituir-se num
espaço onde se aprende o voluntarismo, a iniciativa, a criatividade e a responsabilidade
para executar projetos e apresentar resultados concretos. Durante esses três anos de
existência já houveram muitos avanços e objetivos alcançados, como processo seletivo
para o recrutamento de novos membros, imersões, elaboração de portfólio da EJ, cadastro
em cartório do estatuto e regulamento, treinamentos e capacitações e consultorias à
comunidade externa.
A prática diária das atividades profissionais pelos associados, neste caso específico
na forma de prestação de serviços de consultoria, assessoria e treinamentos através do
desenvolvimento de projetos, diagnósticos, pareceres e estudos em geral, objetiva atender
os mais diversos empreendedores rurais da região do Vale do Jaguari, visando
principalmente estabelecer uma relação de transferência de conhecimentos entre a
comunidade externa e a instituição.
Destaca-se ainda que, mesmo com o ensino remoto devido a situação pandêmica, as
atividades da CultivaSul Jr. oportunizam não apenas a contratação de serviços
especializados, de qualidade e custos acessíveis, mas, também buscam contribuir com o
progresso econômico local e regional, fomentando o empreendedorismo e a apresentando
as ações de extensão como propulsores de conhecimento para sociedade em geral.

Referências
BRASIL JÚNIOR. Universidades como porta de entrada para o mercado de trabalho.
2020. Disponível em: https://brasiljunior.org.br/conteudos/universidades-como-porta-de-
entrada-para-o-mercado-de-trabalho. Acesso em: 10 ago. 2021.

GEM – GLOBAL ENTREPRENEURSHIP MONITOR. Empreendedorismo no Brasil –


2000: Relatório Nacional. Curitiba: IBQP, 2001.

HISRICH, R. D.; PETERS, M. P. Entrepreneurship. 5. ed. McGraw-Hill, 2002.

1590
VALE, M. A.; CÂNDIDO, A. C.; ANDRADE, A. R. de. Contribuições de Empresas
Juniores para o Ensino. REBECIN, v. 4, n. 2, p. 58-76, jul./dez. 2017. Disponível em:
http://abecin.org.br/portalderevistas/index.php/rebecin. Acesso em: 10 ago. 2021.

1591
EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA COM A AGRICULTURA FAMILIAR DA
FRONTEIRA OESTE DO RS EM TEMPO DE COVID-19

Área temática: Trabalho


Coordenadora da atividade: Luciana Zago ETHUR
Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA)
Autores: C. S. ALDERETE ; L. S. DUNKER 2; L. B. MIRANDA 3; E. F. ALFONSO 4; A.
1

M. CORRÊA 5; L. Z. ETHUR 6

Resumo:
O isolamento social ocasionado pelo COVID-19 inviabilizou o convívio social e
desencadeou limitações para a atuação profissional de diversos setores da sociedade, como
o da agricultura familiar. As atividades de extensão universitária também sofreram
limitações e tiveram que ser reprogramadas. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho foi
incentivar, gerar visibilidade, informar sobre assuntos relacionados ao agronegócio e
manter a relação amistosa e de parceria com os agricultores familiares da fronteira oeste do
RS. Para isso, utilizaram-se as mídias sociais, Facebook e Instagram, do grupo PET
Agronomia na realização do presente trabalho. As atividades propostas obtiveram êxito em
sua realização, porque na medida em que as postagens eram efetuadas, tanto no “Agro
Rotina” quanto no “MURAL PET - Notícias Agro”, o debate e a troca de informações
entre os membros virtuais acontecia de imediato, promovendo a interação dos componentes
e a aproximação em tempos de pandemia. Além disso, o ambiente virtual permitiu que
diversas áreas agrícolas fossem abordadas, maximizando assim o contexto de estudo e
sanando dúvidas referentes aos diversos assuntos, com a certeza que a parceria com os
agricultores familiares da região permanecerá para a continuidade do trabalho.

1
Camila da Silva Alderete, Acadêmica do Curso de Agronomia da UNIPAMPA, bolsista PET. 2 Laura Silva
Dunker, Acadêmica do Curso de Agronomia da UNIPAMPA, bolsista PET
2
Laura Silva Dunker, Acadêmica do Curso de Agronomia da UNIPAMPA, bolsista PET.
3
Lucas Biscaglia Miranda, Acadêmico do Curso de Agronomia da UNIPAMPA, bolsista PET.
4
Eduardo Fernandes Alfonso, Acadêmico do Curso de Agronomia da UNIPAMPA, bolsista PET.
5
Aparecida Miranda Corrêa, Acadêmica do Curso de Agronomia da UNIPAMPA, bolsista PET.
6
Luciana Zago Ethur, docente no Campus Itaqui/UNIPAMPA.

1592
Palavras-chave: isolamento social; agropecuária; mídias sociais.

Introdução
A pandemia do coronavírus (COVID-19) acometeu as distintas nações do mundo,
com milhares de contaminados e muitos óbitos, provocando impactos nos mais variados
setores da sociedade e economia. O Brasil adotou medidas de prevenção seguindo
orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e dentre estas medidas está o
isolamento social, sendo uma estratégia para minimizar o contágio, evitar a superlotação
nos hospitais e um colapso na saúde pública (BREITENBACH, 2021).
O isolamento social inviabilizou o convívio social e desencadeou limitações para o
comércio e reduziu ou impossibilitou o funcionamento de diversos estabelecimentos como
as feiras livres, restaurantes e bares, shopping, estabelecimentos de beira de estrada, entre
outros. Estas medidas foram de urgência, não sendo possível, para muitos comerciantes e
produtores, se adequarem a este novo cenário no mercado (FUTEMMA et al., 2021).
O grupo PET Agronomia desenvolve trabalhos de extensão com a agricultura
familiar na fronteira oeste do RS, mais especificamente, no município de Itaqui. De acordo
com diagnóstico realizado no decorrer das atividades, observou-se que a agricultura
familiar necessita de incentivo, atenção, diversidade de produção e visibilidade social.
Com as dificuldades impostas pelo isolamento social e os impactos econômicos da
pandemia afetando diretamente a cadeia produtiva de alimentos, constatou-se que a
agricultura familiar sofreu com a impossibilidade de interação presencial e enfrentou
desafios para a produção e comercialização de seus produtos. De acordo com o exposto, o
objetivo deste trabalho foi incentivar, gerar visibilidade, informar sobre assuntos
relacionados ao agronegócio e manter a relação amistosa e de parceria com os agricultores
familiares da fronteira oeste do RS. Para isso, respeitando o distanciamento social,
utilizaram-se as mídias sociais, Facebook e Instagram, do grupo PET Agronomia na
realização do presente trabalho.

1593
Metodologia
As atividades do projeto de extensão: “PET Agronomia e a agricultura familiar de
Itaqui, RS - desenvolvimento e valorização social”, foram realizadas por meio das mídias
sociais do grupo, que possuem um público variado: discentes do Curso de Agronomia,
agricultores familiares e produtores em geral, profissionais ligados à agropecuária, dentre
outros. As atividades denominadas: “Agro Rotina” e “MURAL PET - Notícias Agro”, têm
o propósito de compartilhar conteúdos e informações e manter a relação amistosa e de troca
de experiências com os agricultores familiares da fronteira oeste do RS.
Na plataforma digital Facebook foi criada, em janeiro de 2021, a página “Agro
Rotina”, como grupo fechado, com o intuito de deixar os integrantes mais à vontade para
realizar as publicações e comentários. Os administradores convidaram acadêmicos do
curso de Agronomia, integrantes da agricultura familiar e público ligado ao setor agrícola,
sendo que os próprios integrantes foram convidando amigos para participarem. O objetivo
do grupo/página foi servir como um ambiente de compartilhamento de fotos, vídeos e
comentários sobre diversos assuntos do dia a dia do agronegócio.
O “MURAL PET - Notícias Agro” foi criado em abril de 2020 e ocorre desde
então, postagem semanal (sexta-feira), de notícia atual sobre o agronegócio, no Instagram e
Facebook do grupo. A notícia está de acordo com o que está influenciando a agropecuária
na semana, com o objetivo de trazer informações sobre atualidades, diferentes cultivos,
tecnologias utilizadas, tradição, história, política econômica e conhecimento geral. Além
de deixar um canal aberto para comentários e discussão sobre os diversos temas postados.

Desenvolvimento e processos avaliativos


O grupo do facebook “Agro Rotina” possui atualmente 334 membros e continua
crescendo, pois novos integrantes são convidados ou solicitam sua inserção, comprovando
que a atividade está alcançando o objetivo de agregar conhecimento e aperfeiçoar as
atividades rotineiras dos participantes. Até o momento foram realizadas 34 publicações,
alcançando um total de 833 curtidas e 86 comentários. Esses resultados foram considerados
positivos, pois através da postagem de publicações que envolveram temas relacionados ao

1594
sistema agropecuário, possibilitou que os membros trocassem vivências e aprendizados,
tais como: aprender novos métodos de cultivo, sanar dúvidas referentes a plantas
ornamentais, reconhecer insetos, acompanhar a semeadura e a colheita de grandes culturas
(soja, trigo e arroz) e conhecer espécies de fungos, insetos e plantas. Deste modo, a
presente atividade promoveu a troca de saberes entre os participantes da plataforma e do
grupo colaborador (PET Agro), contribuindo para o enriquecimento do conhecimento.
Outra atividade importante dentro do desenvolvimento do projeto foi a realização
do "MURAL PET - Notícias Agro”, no Facebook e Instagram. Toda sexta-feira foi
realizada postagem de uma notícia especial, do setor agropecuário, sobre um assunto
recorrente na semana, totalizando 52 publicações que somadas obtiveram 861 curtidas.
Desse modo, a atividade de publicação das notícias tinha como propósito aproximar os
seguidores das mídias sociais do grupo PET, das inovações, agregando conhecimento para
auxiliar nas atividades dentro de suas respectivas áreas de atuação, além de informação
sobre a atualidade e de caráter histórico, tradicional e de conhecimento geral. Mesmo que
tenham ocorrido poucos comentários, constatou-se que a atividade proporcionou contato
interpessoal pelas curtidas obtidas, além de mostrar ao público que o grupo está engajado
no tema “agricultura familiar x agropecuária” e quer manter a parceria com os agricultores
familiares da região da fronteira oeste do RS.
Cabe ressaltar que as mídias sociais, como o Facebook e Instagram, são importantes
ferramentas para o desenvolvimento de trabalhos de extensão universitária, principalmente
nesse período de isolamento social, porém constatou-se que existe dificuldade dos
agricultores quanto ao acesso à internet no interior do município e da região da fronteira
oeste do RS, de disponibilidade de equipamentos (telefone, computador ou similares) e de
utilizar os equipamentos e acessar plataformas e sites. Estas dificuldades ficam registradas
como demandas para futuras ações de extensão universitária.

Considerações Finais
Portanto, pode-se inferir que as atividades propostas pelo grupo PET Agronomia
obtiveram êxito em sua realização, porque na medida em que as postagens eram efetuadas,

1595
tanto no “Agro Rotina” quanto no “MURAL PET - Notícias Agro”, o debate e a troca de
informações entre os membros virtuais acontecia de imediato, promovendo a interação dos
componentes e a aproximação em tempos de pandemia. Além disso, o ambiente virtual
permitiu que diversas áreas agrícolas fossem abordadas, maximizando assim o contexto de
estudo e sanando dúvidas referentes aos diversos assuntos, com a certeza que a parceria
com os agricultores familiares da região permanecerá para a continuidade do trabalho.
Além do público, o grupo executor beneficiou-se por estar à frente das atividades,
pesquisando, analisando e buscando informações atualizadas e importantes do setor
agropecuário e por compreender a importância das atividades realizadas para a agricultura
familiar da região da fronteira oeste do RS.

Referências

BREITENBACH, R. Estratégias de enfrentamento dos efeitos da pandemia na agricultura


familiar. Desafio Online, Campo Grande, v. 9, n. 1, p. 188-211, 2021.

FUTEMMA, C. et al. A pandemia da Covid-19 e os pequenos produtores rurais: superar


ou sucumbir? Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, v. 16, n. 1, p. 26, 2021.

1596
GESTÃO INTERSETORIAL DE SERVIÇOS PÚBLICOS

Área Temática: Trabalho


Coordenador da atividade: Sérgio Marian
Nome da Universidade: UDESC
Autores: Sérgio Marian 1; Diego Rafael Stüpp 2; Cadine Louize Silva Capucho 3.

Resumo:
O programa tem como objetivo trabalhar ações que envolvem os três setores, público,
privado e entidades sem fins lucrativos com o envolvimento da sociedade, partindo da
premissa de que é necessário o envolvimento de todas as pessoas e organizações para
disponibilizar serviços públicos de qualidade e está dividido em cinco ações, a saber: Ação
1 - Gestão de Projetos; Ação 2 - Transparência contábil; Ação 3 - Seminário de gestão
intersetorial de serviços públicos; Ação 4 - Contabilidade para não contadores ; e Ação 5 -
Núcleo de Apoio Contábil e Fiscal - NAF - Auxiliar contribuintes, seja pessoa física ou
Jurídica, a utilizar os serviços disponibilizados pela Receita Federal do Brasil na Internet e
prestar orientações sobre tributos. As metodologias utilizadas envolvem atendimento in
loco, oficinas e palestras. As avaliações são efetuadas por atividade com o retorno dos
participantes. O programa teve início em 2010 e até o momento atendeu mais de 20
organizações sem fins lucrativos, foram 10 eventos, atendimentos e orientações à gestores
públicos, participação em campanhas de arrecadação para o FIA – Fundo da infância e
adolescência, orientações a gestores de entidades na inscrição de projetos para captação de
recursos e orientações a pessoas físicas e empresas na destinação para utilizar os incentivos
fiscal do Imposto de Renda.

Palavras-chave: gestão; serviços públicos; educação fiscal.

1
Sérgio Marian, (servidor docente, Curso de Ciências Contábeis).
2
Diego Rafael Stüpp, (servidor docente, Curso de Ciências Contábeis).
3
Cadine Louize Silva Capucho (Aluna do Curso de ciências Contábeis).

1597
Introdução
O programa permite uma perfeita interação da universidade com a sociedade, em
que, a Udesc vai ao encontro da solução de um problema junto da sociedade. Todos os
setores estão envolvidos nas atividades do programa, seja 1º (público), 2º (privado), 3ª
(sociedade organizada), e a sociedade em geral tanto que o nome do programa o justifica.
Os impactos sociais do programa são esperados com a gestão intersetorial e comunitária de
problemas sociais que afetam o bem estar e qualidade de vida das comunidades, bem como
a relação entre as partes, tais como órgão público e cidadão. Diante dos atuais desafios
sociais, econômicos e ambientais, os processos colaborativos reforçam a esperança por
uma mudança diante de um Estado que não consegue, sozinho, atender à todas as
demandas.
A capacitação de gestores e público em geral, em aspectos relacionados aos
aspectos de gestão de projetos, permitirá maior colaboração nos processos críticos de
desenvolvimento das comunidades que serão atendidas pelo programa.
A terminologia sociológica adotada para distinguir as organizações, é apresentada
por Tachizawa (2014) que denomina de Primeiro Setor, o conjunto de organizações
governamentais da administração direta e indireta que prestam serviço público, de Segundo
Setor o mercado, ou seja, organizações privadas que visam lucros e retorno dos
investimentos e ainda, de Terceiro Setor, as organizações privadas da Sociedade Civil sem
fins lucrativos e com fins públicos. No estudo destaca-se a parceria pública e privada (PPP)
considerando os dois primeiros setores, e trata da colaboração entre os setores.
O desenvolvimento de políticas públicas sustentáveis nas suas diversas dimensões,
será objeto de formação de gestores e lideranças, que visa levar novos conceitos de gestão
pública que permitem a integração intersetorial e comunitária na efetiva consolidação de
políticas públicas. Enfim, espera-se atingir os objetivos propostos, seguindo a metodologia
que deverá conduzir cada uma das atividades aos resultados esperados, ou superá-los,
afinal, a comunidade acadêmica e externa nesta parceria terá efetivamente cumprido com
seu papel se as expectativas de ambas forem atendidas ou superadas.

1598
O programa tem permitido abrir espaços para a realização de estágios, trabalhos de
conclusão de cursos – TCCs, fomentar atividades do ensino, em especial nas disciplinas de
Contabilidade do terceiro setor e contabilidade tributária, bem como artigos publicados

Metodologia
O método é o caminho utilizado para se chegar a determinado objetivo (GIL,
1999). E neste programa o método utilizado será o dedutivo, que consiste em aplicar
princípios gerais, encontrados nas bibliografias pesquisadas referente ao caso específico.
As ações desenvolvidas no programa fizeram uso das seguintes metodologias para
atingir os objetivos propostos: Visitas In Loco, com atendimento individual;
Evento/seminário; Palestras e Cursos.

Desenvolvimento e processos avaliativos


As avaliações foram aplicadas ao final de cada atividade, junto ao público
participante, por meio de um questionário de satisfação, que servirá para obter retorno
sobre a atividade bem como para coletar sugestões para futuras atividades. A comunidade
participa em todas as etapas no planejamento com sugestões de atividades e temas na
execução indicando melhor local e forma de execução. Ao longo dos anos diversas
organizações, de todos os setores, foram beneficiadas, seja estruturando melhor seus
projetos, obtendo recursos financeiros não financeiros. A comunidade acadêmica esteve
envolvida na relação das atividades com disciplinas do curso de Ciências Contábeis,
artigos e TCCs foram desenvolvidos com temas da área, bem como viabilizou bolsas de
extensão e créditos de atividades complementares aos participantes das atividades.

Considerações Finais
Esta ação de extensão iniciou em 2010 com uma única ação, atendendo in loco
duas entidades sem fins lucrativos, a partir desses nos anos seguintes foi transformada em
programa incluído um seminário para viabilizar a discussão do tema trazendo profissionais
da área e permitindo a participação do público em geral no evento.

1599
Novas etapas e reconstruções do projeto foram efetuadas trazendo para a discussão
no programa atividades de orientação para captação de recursos, haja visto que fora
detectada tal necessidade tanto do gestor público, quanto das entidades sem fins lucrativos
bem como as organizações do setor privado, isso viabilizou a arrecadação de recursos, por
exemplo pelo Fundo da Infância e Adolescência, por meio do uso do benefício fiscal. Tal
recurso, gerido pelas entidades públicas e sem fins lucrativos, atenderam crianças e
adolescentes da região. A seguir serão detalhados os principais resultados de cada ação.
Ação 1 - Gestão de Projetos - Auxilio as organizações do terceiro setor na
elaboração de projetos e envio dos mesmos aos editais abertos em diversas áreas, em
especial da saúde e assistência social. Também houve auxílio aos gestores públicos na
elaboração de editais para destino de recursos captados via incentivos fiscais.
Ação 2 - Transparência contábil – orientação aos gestores de organização do
terceiro setor na gestão financeira e patrimonial da entidade, bem como orientações aos
contabilistas para o correto cumprimento das exigências fiscais e contábeis
Ação 3 - Seminário de gestão intersetorial de serviços públicos – evento realizado
anualmente para discutir temas técnicos contábeis e de gestão, sobre tudo de entidades do
terceiro setor, tias como voluntariado e incentivos fiscais.
Ação 4 - Contabilidade para não contadores – cursos e palestras, em parceria com
associações comerciais da região para falar de assuntos contábeis e fiscais.
Ação 5 - Núcleo de Apoio Contábil e Fiscal - NAF – Trata-se de uma parceria com
a Receita Federal do Brasil que visa orientar contribuintes para acessar serviços
disponibilizados pela receita de modo on-line, tais como regularização de CPF e ao MEI –
Micro Empreendedor Individual. Essa atividade, desde 2020, início da pandemia COVID-
19, vem sendo realizado com a disponibilização das redes sociais e e-mail.

Referências
GIL, A. C. Metodos e tecnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999.

TACHIZAWA, T. NGOs and third sector: operational strategies. 5. ed. São Paulo: Atlas,
2014.

1600
Instituição financiadora:
UDESC – Universidade do Estado de Santa Catarina

1601
IF + EMPREENDEDORES – IFFAR JC

Área temática: Trabalho


Coordenadora da atividade: Luci Ines SCHUMACHER
Instituto Federal Farroupilha (IFFAR)
Autores: A. GOMES MAIDANA ; I. da LUZ DIAS 2; J.B. SILVA de OLIVEIRA 3; N.
1

SCHERER 4; S. BALEM 5.

Resumo:
O presente artigo tem como intuito apresentar a proposta e as atividades realizadas a partir
do projeto de extensão “IF + EMPREENDEDORES”, o mesmo pertence ao Instituto
Federal Farroupilha Campus Júlio de Castilhos, RS, tem como objetivo minimizar
impactos gerados pela Pandemia COVID-19 a pequenos e médio empreenderes locais, teve
início em junho de 2021, estão vinculados as atividades voluntários externos, professores e
estudantes dos cursos de Bacharelado em Administração, Técnico em Informática e
Técnico em Comércio (PROEJA), os quais atuam diretamente no desenvolvimentos da
proposta. Esta publicação objetiva compartilhar o processo de desenvolvimento das
atividades propostas pelo projeto acima mencionado. Em um primeiro momento foram
realizados diagnósticos da situação atual das cinco empresas contempladas pelo projeto,
posteriormente será elabora um plano de ação buscando auxiliar na resolução de problemas
diagnosticados. São perceptíveis as dificuldades e desafios desses empreendedores, nas
mais diversas áreas, em especial financeira, o que pode ter sido majorado pelo momento
pandêmico. No contexto de oportunidades, destaca-se o auxílio gerado aos
empreendedores e o crescimento acadêmico e profissional oportunizado aos alunos
participantes que, a partir do acompanhamento de empreendedores, percebem a relevância

1
Amanda Gomes Maidana, vínculo (aluno [Curso Superior Bacharelado em Administração]).
2
Indira da Luz Dias, vínculo (aluno [Curso Superior Bacharelado em Administração]).
3
João Batista de Oliveira, vínculo (aluno [Curso Superior Bacharelado em Administração]).
4
Nandria Scherer, vínculo (aluno [Curso Superior Bacharelado em Administração]).
5
Sidnei Balem, vínculo (aluno [Curso Superior Bacharelado em Administração]).

1602
de ligar a teoria e prática, auxiliando os empresários a manter-se no mercado buscando
minimizar impactos gerados pela pandemia.

Palavras-chave: empreendedores; pandemia Covid-19; oportunidades.

Introdução
O Instituto Federal Farroupilha, Campus Júlio de Castilhos (IFFar–JC) possui como
meta administrativa da atual gestão (2021-2024) a sua maior inserção na comunidade
castilhense e objetiva ser referência regional em transferência de conhecimento e
tecnologia. Também é recorrente o apontamento da falta de inserção do IFFar–JC na
comunidade, realidade constatada por meio de uma ferramenta de avaliação própria
aplicada anualmente pela Comissão Permanente de Avaliação (CPA), inclusive, tal
apontamento, motivou a meta da Gestão do Campus.
Para isso, torna-se necessário o planejamento, o desenvolvimento e a execução de
ações que vislumbrem resultados concretos de melhorias no entorno. Dessa forma, o
projeto “IF + EMPREENDEDORES”, apresenta-se como uma oportunidade de execução
de atividades na região surgindo como uma possibilidade para a concretização de ações
entre a comunidade acadêmica e os Micros e Pequenas Empresas (MPEs) em busca do
maior desenvolvimento sustentável da região, com o apoio da prefeitura municipal, com
necessidade de reestruturação de negócios, ainda mais no momento de pandemia.
As MPEs correspondem a 54% dos empregos formais gerados e por 27% de todo o
PIB nacional (SEBRAE, 2018). Para minimizar os prejuízos causados pela pandemia
foram destinados créditos junto ao BNDES e outras entidades para a restruturação do
capital de giro e também convênios para reforças as atividades econômicas dos territórios
mais afetadas pela epidemia (Temporão, 2010).
Participam do projeto de extensão alguns voluntários externos, professores do Eixo
de Gestão e Negócio, acadêmicos do curso de Bacharelado em Administração e estudantes
do ensino médio integrado a informática. Os alunos do curso superior são responsáveis
pelo contato direto com os empresários, entrevistas, diagnóstico e formulação do plano de
ações para minimizar os impactos gerados pela pandemia as empresas participantes, os
estudantes de informática cuidam do gerenciamento de tecnologias da informação e

1603
comunicação que se tornaram mais importantes aos empreendimentos neste momento de
distanciamento social.
Neste sentido, esse artigo tem por objetivo compartilhar o processo de
desenvolvimento do projeto intitulado IF + EMPREENDEDORES – IFFAR/JC.
Metodologia
O projeto IF+EMPREENDEDORES foi proposto pelo IF Minas com o intuito de
realizar ações voltadas ao atendimento, apoio e orientação a Micro e Pequenas Empresas
(MPEs) e aos Empreendedores Individuais, por meio de ações de remodelagem de
negócios que foram afetados negativamente pela Pandemia da Covid-19. O IFFar campus
Júlio de Castilhos têm como instituições parceiras a Prefeitura Municipal de Júlio de
Castilhos e a Associação Comercial Cultural e Industrial de Júlio de Castilhos (ACIJUC)
que juntos buscam auxiliar a classe empresária e apresentar aos acadêmicos.
Diante disso, o projeto está sendo desenvolvido em cinco etapas, na primeira foi
realizada a divulgação do projeto e a busca por empresas dispostas a participar das ações.
A etapa ocorreu de forma online com a união de forças oriundas da Prefeitura, da
ACIJUC e do IFFar–JC. A segunda etapa contou com a definição dos cinco
empreendimentos participantes do projeto, empresas o ramo de comércio e serviços da
cidade de Júlio de Castilhos, sendo eles: duas lojas de venda de locação de automóveis
(Empresa 1 e 2), uma loja de venda de confecções, bazar e material escolar (Empresa 3),
uma clínica de fisioterapia (Empresa 4) e uma de psicologia (Empresa 5).
A terceira etapa está em processo de finalização, sendo que os estudantes
fizeram um diagnóstico da situação atual, as fragilidades de cada empreendimento e as
suas perspectivas para a melhoria do negócio. A próxima etapa consiste na elaboração de
estratégias e no desenvolvimento de ferramentas gerenciais. Essa tarefa será um esforço
de toda a equipe do IFFar–JC e se define como uma ação técnica, podendo englobar
ações, tais como planejamentos financeiro, mercadológico, de gestão de pessoas, entre
outros.
A etapa cinco consiste na capacitação dos empresários para a utilização das
ferramentas gerenciais previstas. Desta maneira, cada empreendimento apresentará um

1604
plano a curto, a médio e a longo prazo, como referência para a aplicação das ações do que
foi tecnicamente proposto e planejado.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Atualmente o desenvolvimento do projeto está na terceira etapa de execução, foi
realizado o diagnóstico da situação atual, está sendo preparado um relatório que será
apresentado aos empreendedores para posterior organização do plano de ação em busca do
enfrentamento das maiores dificuldades apontas. Durante as ações realizadas foram
perceptíveis alguns desafios e dificuldades por parte das empresas, como por exemplo:
Na empresa 1, foram observados problemas financeiros, onde o proprietário não
controla suas receitas e gastos, não separa o caixa da empresa e pessoal, além disso, realiza
o acúmulo de funções e não consegue suprir as demandas dos setores.
A empresa 2, do mesmo ramo da empresa 1, demonstra as mesmas dificuldades
com relação a separação do caixa empresarial e pessoal. E outra questão apontada é a
padronização de atendimento aos clientes que sua empresa não possui.
Na empresa 3, pode-se observar um acúmulo de funções do proprietário, pois é
responsável pela administração, compras, vendas, cobrança. As dificuldades apontadas
inicialmente são os atrasos nos pagamentos de seus clientes, o que dificulta a organização
financeira e renovação de estoques.
Na empresa 4, observou-se que não há um padrão de atendimento e concessão de
tarefas, o que causa preocupação ao proprietário em relação funcionamento da empresa e
diferenciação de atendimento a clientes de mesmo serviço.
E na empresa 5, o proprietário possui dificuldades em determinar seu público-alvo,
o que impossibilita e implantação do marketing digital adequado como é de interesse da
empresa.

Considerações Finais
Em suma, esse artigo tem por objetivo compartilhar o processo de desenvolvimento
do projeto intitulado IF + EMPREENDEDORES – IFFAR/JC, dessa forma, acredita-se
que o desenvolvimento desse projeto auxiliará os empreendedores a identificar os impactos

1605
e buscar estratégias para minimizar os problemas que os empreendedores estão enfrentando
no decorrer da pandemia. Para os estudantes abre um leque de conhecimentos às questões
mais pertinentes do setor empresarial sendo possível mensurar o grau de dificuldade que o
empresário encontra para se manter ativo no mercado, aliando a teoria a prática.

Referências
SEBRAE. Panorama dos pequenos negócios 2018. São Paulo: Sebrae. Disponível em:
<https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/UFs/SP/Pesquisas/Panorama_dos_P
equenos_Negocios_2018_AF.pdf> Acesso em: 19 jul. 2021.

TEMPORÃO, J. G. Plano Brasileiro de Preparação para o Enfrentamento de uma


Pandemia de Influenza. 2010. Brasília, DF: Ministério da Saúde, Governo Federal.
Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/plano_brasileiro_pandemia_influenza_IV.pdf,
2010>. Acesso em: 19 jul. 2021.

OBSERVAÇÃO: O projeto está vinculado ao Programa IF Mais Empreender Nacional,


Edital 05/2021 da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da
Educação (SETEC) e do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul de Minas
Gerais (IFSULDEMINAS) e é financiado pela Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da
Extensão, Pesquisa, Ensino Profissionalizante e Tecnológico (FADEMA), o coordenador e
5 alunos receberão bolsa durante 6 meses.

1606
JORNADA EMPREENDEDORA NA UNILA: DESPERTANDO O LADO
EMPREENDEDOR QUE HÁ EM VOCÊ

Área temática: Trabalho


Coordenador da atividade: Daniel Teotonio do NASCIMENTO
Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA)
Autores: G. G. S. L. OLIVEIRA 1; D. T. NASCIMENTOG 2.

Resumo:
A ação de extensão 'Jornada Empreendedora' emergiu-se do interesse da Universidade
Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) em contribuir para o desenvolvimento
local e regional por meio do fomento à inovação e ao empreendedorismo. Com a
coordenação do Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT-UNILA) e apoio do Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) objetivou-se estimular os
participantes através de capacitações que lhes permitam desenvolver capacidades técnicas
para se tornarem potenciais empreendedores. Foram desenvolvidos três eventos: Maratona
Empreendedora, Garage Sprint e Startup Garage, com metodologias próprias e
consultorias. Alcançou-se como principais resultados: a) participantes mais confiantes,
motivados e tecnicamente preparados para o empreendedorismo; b) oferta de capacitações
práticas para os discentes permitindo vinculação entre teoria e prática.

Palavras-chave: empreendedorismo; inovação; tríplice-hélice.

Introdução
Em 2020 a UNILA realizou de maneira informal o programa Maratona
Empreendedora em parceria com o SEBRAE, obtendo significativa adesão por parte dos
acadêmicos e docentes. Em base a esses resultados positivos, a UNILA celebrou um
convênio com o SEBRAE, com o intuito de incentivar acadêmicos, pesquisadores e a

1
Gabriel Gusttavo de Souza Lauton Oliveira, discente de Especialização em Relações Internacionais
Contemporâneas, bolsista de apoio técnico ao Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT-UNILA).
2
Daniel Teotonio do Nascimento, Administrador no Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT-UNILA).

1607
comunidade externa visando despertar a curiosidade dos participantes e orientá-los sobre
os caminhos para conquistar seus objetivos profissionais. Objetivava portanto, auxiliar
esses participantes nos processos de criação e validação de startups, e contavam com o
acompanhamento e orientações dos mentores, de atividades práticas e de networking.
Nota-se que essa ação está em sintonia com o relacionamento esperado de uma
universidade pública com a sociedade que deve levar em conta os três pilares: o ensino, a
pesquisa e a extensão. Nesse sentido, espera-se das universidades relacionamentos que
estejam além de seus muros, como por exemplo a relação com governos e empresas. Esse
relacionamento é essencial em virtude das demandas de uma nova sociedade, sendo
necessário pesquisas, desenvolvimentos tecnológicos e ferramentas competitivas para os
futuros empreendedores (BERNI et al., 2015).
Observa-se que as universidades e os institutos científicos-tecnológicos públicos
também devem ter em sua missão o fornecimento de mão de obra qualificada para o
mercado. De fato, as chances de interação entre as universidades, governo e empresas
aumentam quando as necessidades da sociedade também aumentam (MATIAS-PEREIRA;
KRUGLIANSKAS, 2005). Nesse sentido, ações de qualificação profissional, como deste
projeto desenvolvido na UNILA, contribuem ao desenvolvimento local.
Em consequência às mudanças que estão ocorrendo nos sistemas globais de
produção, as formas de interação entre a universidade, governos e empresas têm gerado um
interesse crescente por parte dos acadêmicos, empresas, governos, formuladores de
políticas em países desenvolvidos e em desenvolvimento. Etzkowitz e Leydesdorf (2000)
desenvolveram uma forma de caracterizar a relação entre a universidade, empresa e estado.
Esse modelo é conhecido como Tripla Hélice, e é utilizado como justificativa para políticas
de investimentos de governos em diferentes países. As interações que formam uma hélice
tríplice, via inovação e empreendedorismo são fundamentais para compreender o
desenvolvimento social por conhecimento, este conceito analítico expõe a
instrumentalização do terceiro ator, a Universidade, como mediador de produção,
disseminação e criação de novos conhecimentos sob a forma de ideias e novas tecnologias,
sendo esse um processo de desenvolvimento contínuo.

1608
Observa-se na UNILA um ambiente propício para o fortalecimento desse tipo de
interação universidade, governo e empresas por meio de algumas iniciativas que vêm
sendo promovidas pela instituição, a partir do trabalho desenvolvido pelo NIT-UNILA.
Nesse contexto, este projeto de extensão teve como objetivo estimular e capacitar os
participantes – acadêmicos, pesquisadores e membros externos – através de ações que lhes
permitam desenvolver capacidades técnicas para se tornarem potenciais empreendedores.

Metodologia
As ações desenvolvidas pelo Projeto foram ofertadas em formato on-line, via
plataforma RNP, tendo em vista as restrições sanitárias em virtude da pandemia da Covid-
19. Todas as ações foram realizadas em parceria com a equipe do SEBRAE, no qual foram
desenvolvidos três eventos, sendo eles: Maratona Empreendedora, Garage Sprint e Startup
Garage, esse último ainda em fase de execução. Cada módulo dos eventos contou-se com a
participação de especialistas indicados pelo SEBRAE, tendo a oportunidade de colocar
suas ideias à prova, através de capacitação de negócios, produtos, protótipos, mercado,
marketing, comunicação, vendas e questões jurídicas. Em todas as ações houve vagas para
discentes de instituições, bem como para a comunidade externa.

Desenvolvimento e processos avaliativos


O programa Maratona Empreendedora foi uma estratégia para sensibilizar os
participantes, através de palestras e talks com empresários locais. Foram quatro encontros
durante o mês de junho, sendo uma hora de duração por encontro, possibilitando interação
como o NIT-UNILA, palestrantes e empresários. O público-alvo foram acadêmicos
entusiastas e interessados na temática. Alcançou-se 29 participantes nesta etapa, sendo sua
grande maioria estudantes de graduação de distintas regiões do Brasil.
No mesmo sentido, o programa Garage Sprint teve como foco estimular os
acadêmicos para o pensamento lean e de startups, preparando o ambiente e a formação dos
times para o Programa Startup Garage. Em dois encontros dinâmicos e interativos
estimulou-se os participantes a se conhecerem e interagirem a partir de suas ideias em
comum. Contabilizou-se 25 participantes nesta etapa.

1609
O programa Startup Garage visa aprofundar as discussões iniciadas nas outras
etapas de forma teórica e prática, possibilitando uma experiência empreendedora aos
participantes, fornecendo capacitações necessárias para a criação de uma startup. Aplicado
em 3 fases – descoberta, produto e mercado – cada uma com aproximadamente 15 horas,
divididas em 11 encontros, acompanhadas de consultorias especializadas e a possibilidade
de colocar suas ideias à prova. O público-alvo, nesta fase atingiu também a comunidade
externa, como exemplos microempresários iniciantes, além dos discentes previamente
interessados e participantes do Maratona e Sprint. Essa sequência de eventos possibilitou
maior engajamento acadêmico e nesta etapa conta de 53 participantes ativos, formando
cerca de 12 times iniciais que percorrerão a Jornada Empreendedora durante os próximos
meses.
Cabe destacar que ao final dos encontros os mediadores da UNILA e do SEBRAE
se reúnem para discutir sobre as percepções do encontro ocorrido, levantando pontos
comuns propostos pelos participantes e singularidades presentes na nossa instituição.
É possível detectar que os participantes dos eventos se sentiram mais confiantes e
motivados a “tirarem” suas ideias do papel, perder o medo de expô-las, e com mais
motivação para empreender, e na hipótese de um infortunado fracasso, considerando o
aprendizado. Por outro lado, um impacto positivo e direto se dá pela formação de 12 times
multidisciplinares e transnacionais em plena Jornada Empreendedora no laboratório virtual
de empreendedorismo e inovação da UNILA.

Considerações Finais
Considera-se que os objetivos foram alcançados uma vez que aproximadamente
100 participantes estão despertando para o empreendedorismo – discentes, empresários
inciantes, entusiastas da comunidade externa – com motivação suficiente para arriscar e
continuar o processo de aprendizagem sobre inovação e empreendedorismo.
Conclui-se também que a ação está suprindo uma lacuna que havia na UNILA, no
sentido de oportunizar capacitação prática para os discentes em relação ao
empreendedorismo, sendo uma oportunidade a mais de inserção no mercado de trabalho.

1610
Isso possibilita desenvolvimento profissional e impactos positivos no desenvolvimento
local e regional.

Referências
BERNI, J. C. A. et al. Interação universidade-empresa para a inovação e a transferência de
tecnologia. Revista Gestão Universitária na América Latina-GUAL, p. 258-277, 2015.

ETZKOWITZ, H.; LEYDESDORFF, L. The dynamics of innovation: from National


Systems and “Mode 2” to a Triple Helix of university–industry–government relations.
Research policy, v. 29, n. 2, p. 109-123, 2000.

MATIAS-PEREIRA, J.; KRUGLIANSKAS, I. Gestão de inovação: a lei de inovação


tecnológica como ferramenta de apoio às políticas industrial e tecnológica do Brasil. RAE
eletrônica, v. 4, n. 2, 2005.

1611
O CAMPO NO CAMPUS: ESTRATÉGIA DE COMERCIALIZAÇÃO PARA
GERAÇÃO DE RENDA AOS AGRICULTORES FAMILIARES DE
IVAIPORÃ-PR E REGIÃO

Área Temática: Trabalho


Coordenadora da atividade: Vanessa STEGANI 1
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná (IFPR)
Autores: V. STEGANI; E. M. OLIVEIRA 2 F. B. FREITAS 3.

Resumo:
Em Ivaiporã – Pr. e região existe uma grande preocupação e demanda por alimentos mais
saudáveis, abrindo espaço no mercado, criou-se mais uma oportunidade de renda para os
produtores familiares. Este trabalho objetivou transformar a realidade rural e urbana de
Ivaiporã e região, para gerar oportunidades de trabalho e renda para os agricultores
familiares com a oferta de produtos orgânicos certificados e/ou agroecológicos e coloniais
(alimentos livres de agrotóxicos) para a população. A estratégia de comercialização foi via
grupo de whatsapp, com a participação de 130 consumidores e 09 produtores (02 com
certificado orgânico, 02 em conversão orgânica e os demais em transição agroecológica).
A produção de frutas, verduras, legumes, produtos artesanais e coloniais eram entregues
direto na casa do consumidor e outros marcavam local e horário para o consumidor realizar
a retirada dos alimentos. Este tipo de organização e processo de comercialização gerou
impactos em diferentes dimensões: Social: melhoria da relação campo-cidade, com
sensibilização dos consumidores para as questões com bases sustentáveis; Ambiental:
apoio à agricultura de base ecológica, com redução da poluição gerada pelo transporte de
produtos, no consumo de embalagens e na produção de lixo; Saúde: mudanças de hábitos
alimentares; Econômica: maior segurança para os agricultores através de garantia de
venda, preço acessível aos consumidores (Mercado justo e solidário); Cultural: valorização
1
Vanessa Stegani, servidora docente.
2
Érika Maria de Oliveira, estudante bolsista/Programa Institucional de Bolsas de Extensão - PIBEX
Graduação/IFPR. (aluna do curso de Engenharia Agronômica).
3
Fabiane Beatriz de Freitas, estudante bolsista/Programa Institucional de Bolsas de Extensão - PIBEX
Graduação/IFPR. (aluna do curso de Engenharia Agronômica).

1612
da produção familiar, com o resgate da tradição; Pedagógica e Formativa: propiciou aos
estudantes aprendizagem sobre as formas de comercialização.

Palavras-chave: agricultura familiar; agroecologia; produção de hortaliças.

Introdução
Os dados do censo agropecuário brasileiro mostram a expressiva participação da
agricultura familiar, sendo esta responsável por garantir boa parte da segurança alimentar
do país, como importante fornecedora de alimentos para o mercado interno. Apesar dessa
importância, a agricultura familiar enfrenta vários obstáculos, entre eles a dificuldade de
acesso a mercados e obtenção de preços justos pela produção, que possibilitem a
capitalização do agricultor, a ampliação da sua produção, a melhoria da produtividade e a
possibilidade de retomada da fixação das novas gerações no campo (IBGE, 2006).
Com a chegada da pandemia (Covid-19), aumentou a preocupação e busca por
alimentos mais saudáveis, abrindo espaço no mercado para os produtores de base familiar,
surgindo uma oportunidade de renda para estes. Existem produtores campesinos de
Ivaiporã e região que produzem produtos agroecológicos, coloniais e orgânicos
certificados, mas por falta de pontos de comercialização, com excedentes de produção,
muitas vezes, assumem perdas e prejuízos. Esses produtores possuem potencial para
aumento da produção de alimentos de base agroecológica, sejam de origem vegetal
(hortifrutícolas, grãos e cerais) ou de suas criações (gado de leite, aves, suínos e abelhas),
assim como doces, compotas e panificados.
O fortalecimento e apoio à comercialização de produtos agroecológicos da
Agricultura Familiar é um dos eixos que compõe, além do Plano Nacional de
Agroecologia e Produção Orgânica (PLANAPO II), também o Plano de Ação do
Programa Estadual “Paraná Agroecológico”, ressaltando que esforços conjuntos devem se
dirigir às ações de consumidores e suas organizações (BRASIL, 2016; PARANÁ, 2011).
Assim, para que este fortalecimento ocorra é fundamental que a indissociabilidade e a
integração, principalmente entre ensino, pesquisa, extensão e inovação tenham a

1613
participação dos estudantes, juntamente com a comunidade agrícola familiar, comunidade
urbana, professores e pesquisadores.
Dessa forma, este trabalho objetivou transformar a realidade rural e urbana de
Ivaiporã e região, para gerar oportunidades de trabalho e renda para os agricultores
familiares com a oferta de produtos orgânicos certificados e/ou agroecológicos e coloniais
(alimentos livres de agrotóxicos) para a população.

Metodologia
As ações fizeram parte do projeto de extensão acadêmica “O Campo no Campus:
Estratégia de comercialização para geração de renda aos agricultores familiares de Ivaiporã
- PR. e região”, no qual foi contemplado no Programa Institucional de Bolsas de Extensão
(PIBEX) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná (IFPR).
O marco inicial das ações era a realização de uma feira semanal de produtos
orgânicos, agroecológicos, no IFPR campus de Ivaiporã. Porém, em meio à pandemia
(Covid-19), foram suspensas as atividades, impedindo a realização da feira. Sendo assim,
foi necessário reorganizar os trabalhos com um modelo alternativo de comercialização via
grupo de whatsapp (consumidores e produtores de Ivaiporã e região).
Houve o desenvolvimento de uma página de divulgação do projeto nas redes sociais
Instagram e Facebook e foram realizadas palestras online pelo google meet para os
estudantes, agricultores familiares e comunidade em geral com o objetivo de melhorar a
relação campo-cidade, apoiar à agricultura de base ecológica, criar mudanças de hábitos
alimentares e valorizar a produção familiar, com o resgate da tradição. Tais ações tiveram
o protagonismo dos estudantes de Engenharia Agronômica.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Fizeram parte do grupo de whatsapp 130 consumidores e 09 produtores (02 com
certificado orgânico, 02 em conversão orgânica e os demais da agricultura familiar) os
quais produzem frutas, verduras, legumes, produtos artesanais e coloniais. Os estudantes
estabeleceram regras para os produtores e consumidores. Alguns produtores entregavam os
alimentos direto na casa do consumidor e outros marcavam um local e horário para o

1614
consumidor retirar os alimentos. As entregas ocorreram de acordo com a possibilidade de
cada produtor, sendo estas semanais, quinzenais ou mensais. O pagamento dos alimentos
era diretamente consumidor/produtor.
As redes sociais (Instagram e Facebook) tiveram uma abrangência de
aproximadamente 400 seguidores e 105 publicações. Também foram realizadas 04
palestras online via google meet, que atingiram um público de 82 pessoas, entre elas os
estudantes, agricultores familiares e comunidade em geral. O intuito das postagens e
palestras foi de disseminar a importância de produzir alimentos orgânicos com qualidade;
do uso racional dos recursos naturais, das questões ambientais em nossa sociedade; de
estratégias de comercialização para uma melhor qualidade de vida aos agricultores
familiares; da certificação orgânica (por Auditoria e Participativa), entre outros.
Em abril deste ano, foi realizado um questionário com 29 consumidores adeptos ao
grupo de whatasapp “O campo no campus”, e as respostas foram que 62,1% aumentaram
seu consumo com alimentos orgânicos/agroecológicos durante a pandemia; 41,4% de 3 a 4
vezes/semana em média, consomem alimentos orgânicos/agroecológicos; e cerca de 96,6%
consideraram satisfeitos com os produtos ofertados.
Este trabalho teve um papel fundamental no processo dialógico, em informar,
incentivar e apoiar a organização do grupo de consumidores e dos produtores da
agricultura familiar. Assim, um dos aspectos mais importantes na formação do grupo de
consumidores foi possibilitar um espaço de diálogo e de participação de todos os atores
envolvidos no processo de produção e consumo. Ainda, os estudantes participaram de
diversas atividades que fizeram despertar o pensamento crítico, científico e o raciocínio
sistêmico ao lidar com o contexto das complexidades técnicas e sociais.

Considerações Finais
As ações deste trabalho foram transformadoras da realidade local e regional,
porque foram criadas oportunidades para os agricultores escoarem sua produção,
diversificarem e gerarem renda justa. Os consumidores tiveram acesso a produtos mais
saudáveis, criou-se um fortalecimento com o produtor e um elo entre a formação

1615
acadêmica dos estudantes e o mundo do trabalho, contribuindo para o desenvolvimento
científico do estudante, integrando-se, assim, ensino, pesquisa, extensão e inovação.

Referências
BRASIL, Ministério do Desenvolvimento Agrário. Plano Nacional de Agroecologia e
Produção Orgânica – PLANAPO 2016-2019. Câmara Interministerial de Agroecologia e
Produção Orgânica, Brasília, DF, 2016.

IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Brasileiro de 2006. Rio de


Janeiro: IBGE, 2006.

PARANÁ, Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento. Documento-Base


para o Programa Paraná Agroecológico/Secretaria de Estado da Agricultura e do
Abastecimento. Curitiba: DIOE, 2011. Disponível em:
http://www.iapar.br/arquivos/File/zip_pdf/agroecologia/documentos/pragroecologicofinal.
pdf: Acesso em 05 ago. 2021.

1616
O IMPACTO DA PANDEMIA DE COVID-19 EM UM GRUPO DE ECONOMIA
SOLIDÁRIA E UMA EMPRESA SOCIAL

Área Temática: Trabalho


a a
Coordenadora da atividade: Prof . Dr . Camila Santos Doubek LOPES
Universidade Estadual de Londrina (UEL)
Autores: B. M. COSTANZI 1; N. A. PEREIRA2; M. J. SARTOR3.

Resumo:
O presente trabalho faz parte do Projeto de Extensão Lonarte, que visa à reutilização de
banners de PVC destinada a gerar renda para dois grupos de costura de Londrina, sendo
um empreendedoras sociais e outro pertencente à Economia Solidária de Londrina.
Inicialmente, seriam confeccionadas ecobags e pastas para eventos universitários, mas,
com o advento da pandemia de Covid-19 e a necessidade de isolamento social, observou-se
a diminuição das vendas e renda dos grupos de costura, e a necessidade de EPIs das
cooperativas de catadores de materiais recicláveis. Diante disso, o Projeto articulou a
produção de aventais de banner como EPI para os cooperados. Logo, o objetivo desta
pesquisa foi avaliar os impactos da pandemia na produção e dinâmica dos grupos, bem
como comparar o desempenho entre eles. Quanto à metodologia, este trabalho é um estudo
de caso, dialético e exploratório, que compreendeu pesquisa bibliográfica e entrevistas
semiestruturadas. A análise dos resultados obtidos nas diversas entrevistas evidenciou a
necessidade de uma oficina de precificação em um dos grupos. Para estimular a demanda,
foi criada uma segunda produção de aventais. A análise comparativa entre os grupos
evidenciou os problemas e virtudes formativas e como isso afeta o desempenho comercial.

Palavras-chave: Empreendedorismo social; Economia Solidária; pandemia Covid-19.

1
Beatriz Mariana Costanzi, Universidade Estadual de Londrina (aluna [administração]).
2
Nathália Azorli Pereira, Universidade Estadual de Londrina (aluna [design de moda]).
3
Maria José Sartor, Universidade Estadual de Londrina , (servidora técnico-administrativo).

1617
Introdução
O Brasil foi construído em um contexto de desigualdade social extrema, e carrega
até hoje consigo as marcas de sua história. Segundo o site do Senado Brasileiro (2021), o
Brasil se encontra entre os 10 países com mais desigualdade social no mundo. O número
de pessoas em insegurança alimentar quase dobrou após a pandemia (UOL, 2021).
O empreendedorismo social e a economia solidária são formas de reduzir a
pobreza, gerando renda e movimentando a economia. Para Dees (1998), empreendedores
sociais são pessoas que “criam valores”, agentes que mudam a economia, que conseguem
fazer de uma nova maneira as coisas velhas, trazendo inovação na comercialização dos
produtos. A economia solidária tem uma base de princípios igualitários, e busca gerar
renda, emprego e desenvolvimento por meio de associações coletivas como cooperativas.
Por mais que ambas tenham o mesmo objetivo, a prática do empreendedorismo social e da
economia solidária se diferem, principalmente pela economia solidária ter surgido para
combater falhas geradas pelo capitalismo, e o empreendedorismo social se utilizar de ideais
capitalistas para sua formulação (ESTEVES, 2011; NEVES, 2019).
O Projeto de Extensão Lonarte visa gerar renda para um grupo de costureiras da
Economia Solidária e para outro grupo de empreendedoras sociais de Londrina. Utilizou,
para isso, a solução de outro problema: a reutilização de banner de PVC. Antes da
pandemia de COVID-19, o objetivo seria a produção de ecobags, mas surgiu a
oportunidade de costurar banner de PVC para as cooperativas de catadores de Londrina,
que necessitavam de EPI para o manejo de materiais possivelmente contaminados. A
proposta deste trabalho é avaliar os impactos da pandemia na produção dos grupos, bem
como comparar o desempenho dos grupos de costura.

Metodologia
Por ser voltada à transformação da realidade social, a natureza desta pesquisa é
prática ou aplicada. Seu método científico é dialético e, quanto aos objetivos, a pesquisa é
exploratória. Pode-se classificar esta pesquisa como um estudo de caso. Quanto aos meios
técnicos ou procedimentos da investigação, cada etapa de trabalho contou com uma

1618
tipologia metodológica específica. Inicialmente, a pesquisa bibliográfica e,
sequencialmente, foram realizadas pesquisas de campo qualitativas. A técnica empregada
foi a entrevista semiestruturada, que aconteceu em maio de 2020, começo da pandemia, e
em março de 2021. As perguntas foram norteadas pelas seguintes temáticas: estrutura de
segurança sanitária; gestão de produção; marketing, mercado e finanças (PRODANOV;
FREITAS, 2013).

Desenvolvimento e processos avaliativos


Os frutos das entrevistas foram sumarizados na Tabela 1.

Tabela 1: Resultados das entrevistas com os grupos

Fonte: Projeto Lonarte

1619
O primeiro desdobramento dos resultados foi agendar uma entrevista com a
Designer de Moda Bianca Baggio, objetivando compreender o processo formativo do
grupo Retraço Novo, que obteve melhor desempenho em termos de gestão e renda.
Por fim, a análise das entrevistas nos colocou dois desafios a serem resolvidos
prontamente: a dificuldade do grupo Marrecas em precificar seus produtos e a falta de
demanda, devido ao desaquecimento da economia durante a pandemia. Foram organizadas
2 oficinas virtuais de precificação de 3 horas cada com o Professor Dr. Cássio Chia Jang
Tsay do Depto de Administração da UEL. A segunda ação foi a criação de uma campanha
para angariar recursos para custear a mão de obra dos grupos de costura para a produção de
aventais a serem distribuídos aos trabalhadores de todas as cooperativas de reciclagem de
Londrina. A campanha se chamou "Adote um avental" e ainda está em curso. A
expectativa dos dois grupos é angariar uma receita de R$ 4 mil em encomendas.

Considerações Finais
Os objetivos do Projeto de Extensão Lonarte foram superados, mesmo em um
cenário de pandemia, já que, além de reutilizar banners, trazer uma oportunidade de renda
aos grupos, também está ofertando EPIs para as cooperativas de catadores.
Adicionalmente, foi possível entrever o papel da boa formação que ocorreu no
Retraço Novo, fato que legou ao grupo bom acabamento nos produtos, autonomia para a
gestão financeira, de produção e pró-atividade para lograr novas encomendas. Entretanto,
não é possível afirmar que iniciativas de empreendedorismo social alcancem mais êxito
que as de Economia Solidária de forma generalizada.
As estudantes puderam vivenciar conteúdos com os grupos, mesmo remotamente,
como por exemplo, o desenho técnico dos aventais, a oficina de custos e toda a gestão da
produção.

Referências
CHADE, J. Insegurança alimentar no Brasil quase dobra, dizem entidades internacionais.
UOL notícias, jul. 2021. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/colunas/jamil-
chade/2021/07/12/inseguranca-alimentar-no-brasil-quase-dobra-dizem-entidades-
internacionais.htm. Acesso em: 10 jul. 2021.

1620
BRASIL. Recordista em desigualdade, país estuda alternativas para ajudar os mais pobres.
Senado Federal, mar. 2021. Disponível em:
https://www12.senado.leg.br/noticias/infomaterias/2021/03/recordista-em-desigualdade-
pais-estuda-alternativas-para-ajudar-os-mais-pobres Acesso em: 18 jul. 2020.

DEES, J. G. The Meaning of “Social Entrepreneurship”. Stanford, 1998, Stanford


University. Disponível em:
http://www.redalmarza.cl/ing/pdf/TheMeaningofsocialEntrepreneurship.pdf. Acesso em:
18 jul. 2020.

ESTEVES, A. G. Economia solidária e empreendedorismo social: perspectivas de


inclusão social pelo trabalho. 2011, O Social em Questão, v. 14, n. 25/26, p. 237-260.
http://osocialemquestao.ser.puc-rio.br/media/12_OSQ_25_26_Esteves.pdf Acesso em: 18
jul. 2020.

NEVES, E. F. Economia solidária e empreendedorismo: uma análise preliminar.


Economia e desenvolvimento. Santa Maria, v. 31, e. 12, p. 01-15, 2019.

PROVANOV, C. C.; FREITAS, E. C. Metodologia do trabalho científico: métodos e


técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. 2. ed.: Feevale, 2013.

1621
O TRABALHO DA INCUBADORA DE EMPREENDIMENTOS SOLIDÁRIOS
IESOL/UEPG FRENTE ÀS DEMANDAS DA PANDEMIA

Área Temática: Trabalho


Coordenador(a) da atividade: Reidy ROLIM DE MOURA 1.
Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)
Autores: C. A. S. ALBACH 2; V. L. GALVÃO 3; J. M. M. SANTIAGO 4

Resumo:
O Programa de Extensão Incubadora de Empreendimentos Solidários (IESol) da
Universidade Estadual de Ponta Grossa teve origem em 2005, e desde então, vem
contribuindo de maneira participativa nos processos de incubação dos mais diversos
empreendimentos econômicos solidários (EES). Considerando o atual cenário pandêmico,
a IESol está utilizando novas práticas de metodologias de trabalho, realizando o
acompanhamento com os grupos incubados e buscando novos meios de incluir o debate
acerca da economia solidária no meio acadêmico e na sociedade civil, tendo em vista a
pouca visibilidade do tema. Neste sentido, consideramos a apresentação do trabalho que
vem sendo desenvolvido pela incubadora com o objetivo de promover os princípios da
economia solidária para dentro da própria instituição de ensino e da comunidade em geral.

Palavras-chave: Economia Solidária; Pandemia; Empreendimentos Econômicos.

Introdução
Desde o ano de 2005, a Universidade Estadual de Ponta Grossa conta com o
Programa de Extensão de Economia Solidária, a Incubadora de Empreendimentos
Solidários - IESOL, que desenvolve ações com o objetivo de atuar na perspectiva da

1
Professora do Departamento de Serviço Social e Programa de Pós Graduação em Ciências Sociais Aplicadas
da UEPG e coordenadora da IESOL.
2
Camila Aparecida da Silva Albach, Extensionista Voluntária e Estagiária Obrigatória IESol(Aluna de
Serviço Social).
3
Virgínia Luiza Galvão, Pesquisadora e Extensionista Voluntária IESol (Aluna de Serviço Social).
4
Júlia Maria Müller Santiago, Extensionista Voluntária e Estagiária Obrigatória IESol (Aluna de Serviço
Social).

1622
economia solidária e de reforçar a importância dos empreendimentos econômicos
solidários (EES).
O objetivo do presente artigo é apresentar a experiência e prática do cotidiano do
trabalho da IESol/UEPG, em especial, frente às demandas da pandemia da COVID-19 e
demonstrar a efetividade que se tem quando o trabalho é realizado em equipe juntamente
com a comunidade acadêmica e a comunidade em geral, articulando o ensino, a pesquisa e
a extensão para se chegar a resultados concretos e impactar na vida dos trabalhadores dos
empreendimentos solidários. A Economia Solidaria, segundo aponta Singer (2004, p.11)
“não pretende opor-se ao desenvolvimento, que mesmo sendo capitalista, faz a
humanidade progredir. O seu propósito é tornar o desenvolvimento mais justo, repartindo
seus benefícios e prejuízos de forma mais igual e menos casual” (SINGER,2004,p.11).
A economia solidária considera a livre participação de todos os cidadãos no
comércio e respeita a grande diversidade de cada um, seguindo os princípios básicos de
solidariedade, cooperação e autogestão e as ações relatadas abaixo assim demonstrarão.

Metodologia
A metodologia da IESOL parte da premissa de pré-incubação, incubação e pós
incubação, além das ações de disseminação dos princípios da ecosol por metodologias
ativas, participativas e populares. O público alvo das atividades desenvolvidas pela
incubadora é formado por trabalhadores de empreendimentos solidários que são
incorporados entãopor meio de associações, feiras solidárias, clubes de troca, iniciativas de
associativismo, que buscam desenvolver atividades com experiências voltadas para a
geração de trabalho e renda dentro dos princípios e parâmetros da economia solidária.
A pandemia mudou a forma como olhamos para a vida. Fez o mundo e repensar
como estamos conduzindo como faríamos para conduzir. Com os grupos de economia
solidária e a IESol não foi diferente! O isolamento e o risco de contaminação fez os grupos
incubados e a equipe da IESol pensar estratégias para manter a produção e o trabalho.
Mostrando que é possível trabalhar com a economia solidária e precisávamos fomentar a
geração de renda dos empreendedores solidários durante a pandemia da Covid-19 e,

1623
posteriormente, garantir a autossustentação dos grupos incubados,precisávamos atender as
demandas emergenciais e pensar a longo prazo.
Nesse sentido, a IESol/UEPG seguiu realizando suas atividades de forma remota
com o apoio e organização de toda a equipe multiprofissional por meio de encontros
virtuais, como reuniões, debates, formações e a aproximação com os grupos dos
empreendimentos incubados. Manteve-se as atividades (reuniões semanais, contato com os
grupos, com instituições parceiras e a própria UEPG), intensificando as ações de extensão
e de pesquisa. Reforçou-se as redes de apoio da economia solidária como outras
incubadoras do Brasil e da região do Paraná, assim como estabelecemos prioridades em
atendimentos que demandavam a IESOL para atendimentos das necessidades básicas e
emergenciais dos grupos e da própria equipe.

Desenvolvimento e processos avaliativos


Considerando os princípios da economia solidária (ECOSOL), o projeto de
extensão busca inovar e contribuir para com seus empreendimentos incubados, planejando
e aplicando ações que concedem experiência direta da prática de trabalho para toda a
equipe técnica da incubadora; vale ressaltar que os acadêmicos extensionistas participam
de todo o processo e utilizam da autonomia para gerenciar a autogestão e consolidar na
atuação os conhecimentos adquiridos por meio do ensino e da pesquisa. Dito isto, cabe
demonstrar a execução das ações que estão sendo desenvolvidas em meio a pandemia nos
empreendimentos incubados, sendo eles, a AFESOL - Feira, o Acampamento Maria Rosa
do Contestado e a Jardinagem.
A feira de economia solidária (AFESOL), grupo que, anterior a pandemia, realizava
semanalmente suas atividades em um dos blocos da UEPG - Campus Central. Todavia,
neste momento, outras medidas estão sendo realizadas pela equipe, para que se possa
contribuir com os feirantes e suceder o processo de incubação. A AFESOL integra e
participa do próprio trabalho de incubação, com cooperação e autonomia, para que não seja
algo desagregado, e que possa incorporar com vitalidade a disseminação da economia
solidária e a comercialização dos produtos, criados de forma individual e coletiva.

1624
Nesse período de trabalho remoto, a feira foi uma das grandes atingidas; a
comercialização era feita de forma presencial e surgiu a grande dificuldade de prosseguir o
trabalho. Após reflexão, a equipe da IESol responsável pela feira, arquitetou um plano de
marketing, o qual está sendo aplicado via redes sociais para dar continuidade às ações.
O acampamento Maria Rosa do Contestado, associa a prática da economia solidária
com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Localizado em Castro
(PR), sua prática se pauta no exercício voltado para cooperação, solidariedade, autogestão
e sustentabilidade e se aproxima da IESOL a partir do apoio à rede de comercialização de
produtos agroecológicos. Neste cenário pandêmico, a comercialização precisou se adaptar
às novas mudanças, considerando todos os protocolos de segurança de distanciamento
social.Novos consumidores começaram a fazer parte da nossa rede de comercialização e
adotaram novos hábitos, como o consumo consciente e responsável, passamos de 50 para
130 pessoas cadastradas, contudo com diferentes momentos de aumento e diminuição de
encomendas. Fato esse que a equipe da IESOL está sempre atenta.
O grupo da Jardinagem e Saboaria, nascido no ano 2000, também foi afetada
economicamente. A procura de serviços decaiu, e, diante da adversidade da Feira não
poder mais ser realizada por conta de medidas sanitárias, a produção e venda de produtos
de saboaria foi impactada. A IESol acionou entidades para disponibilizar cestas básicas e
arrecadação de fundos por meio de financiamento coletivo online, viabilizando que as
consequências do declínio das vendas fossem complementadas de forma parcial.
Atualmente está se verificando quais ações são necessárias para este grupo em especifico.
As ações da IESOL em 2021, já tem em sua agenda a perspectiva de planejar o
retorno das atividades no presencial o tão logo possa isso vir a acontecer.

Considerações Finais
Diante do exposto, a partir do que foi destacado acima dos trabalhos junto aos
grupos incubados pela IESOL, considera-se que a IESOL tem cumprido com seus
objetivos mesmo diante de uma crise de pandemia.
Com readaptação dos instrumentais de trabalho, formas de abordagem e atuação,
temos alcançado os objetivos do programa de extensão na medida em que as ações têm

1625
impactado, mesmo que minimamente no cotidiano das pessoas e do grupo em si. Destaca-
se também a importância das orientações sobre proteção e sobre o próprio coronavírus.
Destaca-se ainda o apoio no acesso ao auxílio sócio-assistencias e sobre atendimento à
saúde dos grupos sempre que foi necessário.
Cabe por fim ressaltar que todas essas ações da IESOL impactaram nos grupos, nas
famílias, na comunidade e para a própria equipe, no que tange aos ganhos acadêmicos e o
grau de alteração da situação para os grupos e famílias vinculados a IESOL.

Referências
IESOL. Catálogo de Economia Solidária dos Campos Gerais. 1 ed. Ponta Grossa:
Universidade Estadual de Ponta Grossa,2016. Acesso em: 18 de julho de 2021.

MACHADO, Gabriele Petroski; FRAGOSO, Tifanny Soares. ESPAÇOS DE


TRANSFORMAÇÃO: AS FEIRAS SOLIDÁRIAS DA IESOL/UEPG. In: 36° SEURS-
SEMINÁRIO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA DA REGIÃO SUL, 2018, Ponta
Grossa, v. 1, p. 1-4. Acesso em: 21 jul. 2021.

SINGER, Paul. Desenvolvimento capitalista e desenvolvimento solidário. Estudos


Avançados, São Paulo, v. 18, n. 51, p. 7-22, ago. 2004. Disponível em:
http://www.revistas.usp.br/eav/article/view/9997. Acesso em: 21 jul. 2021.

1626
PRÁTICAS TOPOGRÁFICAS COMO AÇÕES EDUCATIVAS

Área Temática: Trabalho


Coordenador da atividade: Lucas BASTIANELLO SCREMIN
Instituto Federal de Santa Catarina/Campus Florianópolis (IFSC)
Autores: Lucas BASTIANELLO SCREMIN 1; Anderson ANDRADE MINICHIELLO 2;
Gabriele DE CARVALHO 3; Elódio SEBEM 4; Flávio BOSCATTO 5.

Resumo:
O Departamento Acadêmico da Construção Civil (DACC) do IFSC Campus Florianópolis
recebe da comunidade solicitações de trabalhos técnicos. Considerando que algumas
dessas atividades fazem parte das práticas de Unidades Curriculares de Topografia
ministradas nos cursos do DACC, há assim a possibilidade de articulação de parcerias que
permitem aos alunos dos cursos executarem na prática os conhecimentos adquiridos em
sala de aula e auxiliar as entidades parceiras em suas demandas. Assim, neste artigo
apresenta-se o relato da parceria com a Associação de Amigos da Casa da Criança e do
Adolescente do Morro do Mocotó – ACAM que possibilitou o desenvolvimento de um
projeto de extensão intitulado “Práticas topográficas como ações educativas na ACAM”, o
qual tem por objetivo ao atender as demandas da ACAM envolver os adolescentes
atendidos pela instituição por meio da oferta de oficinas de formação na área de topografia
e levantamento topográfico/arquitetônico, ou seja, ofertar uma formação aos adolescentes.
A metodologia do projeto é dividida em cinco etapas, as quais incluem o desenvolvimento
de materiais didáticos para realização das oficinas, realização das oficinas com os
adolescentes, planejamento dos serviços a serem executados, execução dos levantamentos
topográficos/arquitetônicos e, por fim, o processamento dos dados e elaboração do produto
final (plantas dos levantamentos). O projeto encontra-se em fase inicial de execução, mas

1
Lucas Bastianello Scremin, Docente.
2
Anderson Andrade Minichiello, Aluno do curso de Técnico em Agrimensura.
3
Gabriele de Carvalho, Aluna do curso de Engenharia.
4
Elódio Sebem, Docente.
5
Flávio Boscatto, Docente.

1627
já foram atendidas algumas demandas da instituição, bem como dado início na elaboração
dos materiais para realização das oficinas.

Palavras-chave: Extensão; Práticas Topográficas; Projeto.

Introdução
O Departamento Acadêmico da Construção Civil (DACC) do IFSC Campus
Florianópolis oferta cursos técnicos (Agrimensura, Edificações e Saneamento) e de
graduação (Engenharia Civil) e têm na topografia uma de suas bases de conhecimento para
o desenvolvimento das demais áreas específicas de cada curso. Ainda, o DACC atende por
meio de parcerias as demandas/solicitações de Instituições e membros da comunidade para
a solução de problemas que envolvem a elaboração de projetos de reforma, readequação de
espaços físicos e ampliação, regularização de imóveis, entre outros. Neste artigo registra-se
a parceria realizada com a Associação de Amigos da Casa da Criança e do Adolescente do
Morro do Mocotó – ACAM a partir da necessidade de um projeto de reforma em uma de
suas propriedades. No desenvolvimento desse projeto surgiu a possibilidade de envolver os
adolescentes atendidos pela instituição resultando na proposta do projeto “Aulas práticas
de topografia e geodésia aliadas às necessidades da comunidade” com o objetivo de ofertar
oficinas de introdução ao levantamento arquitetônico e desenho auxiliado por computador
para adolescentes atendidos pela ACAM.
O desenvolvimento desse projeto possibilita ao IFSC socializar o conhecimento e
disponibilizar seus serviços, exercendo a responsabilidade social, ou seja, cumprir sua
missão no que tange ao compromisso com a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos e
possibilitar aos alunos matriculados nas unidades curriculares de topografia participar de
atividades de extensão aplicando os conhecimentos adquiridos no IFSC em prol da
comunidade e, ao mesmo tempo, participar de trabalhos reais fora de ambientes de estudo
controlados, o que contribui para sua formação profissional. Por fim, despertar nos
adolescentes participantes do projeto o interesse pela área da construção civil e conhecer a
instituição (IFSC) como possibilidade de serem nossos futuros alunos e profissionais que
possam voltar às suas comunidades como agentes de mudança social.

Metodologia
A metodologia adotada para o projeto estrutura-se no modelo didático-prático
proposto por Amorim (1992), o qual busca colocar o aluno numa situação real onde ele

1628
mesmo pode ter contato direto com a realidade organizacional, funcional e física de um
local, e assim relacionar as demandas e oportunidades de melhorias.
Considerando a metodologia adotada, a execução do projeto foi prevista em 5 etapas:
1. Produção de material didático necessário à capacitação dos adolescentes, sendo
esse material produzido pelos alunos bolsistas;
2. Realização de três oficinas de capacitação com os adolescentes atendidos pela
ACAM sobre conhecimentos básicos de medições topográficas, confecção de
plantas baixas e modelos tridimensionais. Essas oficinas serão ministradas pelos
bolsistas do projeto com o auxílio dos alunos da disciplina de Topografia e
Geodésia do curso de engenharia civil do IFSC/Campus Florianópolis nas
atividades práticas das oficinas. As oficinas serão ministradas preferencialmente no
IFSC (se as atividades presenciais retornarem).
3. Planejamento da execução da atividade de campo conforme demanda. A demanda é
discutida em sala com os alunos e, se possível realizada uma visita in loco para
reconhecimento do local objeto do trabalho (terreno/edificação para levantamento
topográfico/arquitetônico) e programada a atividade de campo;
4. Execução do levantamento topográfico/arquitetônico em campo nas aulas práticas
das disciplinas correlatas, caso as atividades presenciais retornem, caso contrário os
levantamentos serão realizados pelos professores e técnicos envolvidos no projeto.
5. Processamento dos dados coletados em campo, realizado em parte pelos alunos e
finalizado pelos bolsistas, gerando o produto final (plantas
topográficas/arquitetônicas da edificação);

Desenvolvimento e processos avaliativos


O projeto, objeto de apresentação desse artigo encontra-se em fase inicial de
desenvolvimento (início em 05/2021), até o momento foi realizado o levantamento
topográfico de um terreno da ACAM e iniciada a produção dos materiais para as oficinas.
Dessa forma esperamos como resultados: 1) Atender as demandas da ACAM no que se
refere aos levantamentos topográficos/arquitetônicos. 2) Possibilitar aos alunos
matriculados nas unidades curriculares de topografia participar de atividades de extensão
aplicando os conhecimentos adquiridos no IFSC em prol da comunidade e, ao mesmo
tempo, participar de trabalhos reais fora de ambientes de estudo controlados, o que
contribui para sua formação profissional. 3) Despertar nos adolescentes participantes do
projeto o interesse pela área de engenharia/edificação e conhecer a instituição (IFSC) como

1629
possibilidade de serem nossos futuros alunos e profissionais que possam voltar as suas
comunidades e como agentes de mudança social.

Considerações finais
O projeto teve início em 05/2021 e até o momento, a partir de reunião com os
dirigentes da ACAM para levantamento das demandas, foi realizado o levantamento
topográfico de um terreno/edificação que já possuía levantamento arquitetônico realizado
em um projeto anterior e, dado inicio ao desenvolvimento de materiais para as oficinas.
Em virtude da suspensão das atividades presenciais por conta da pandemia, o
levantamento topográfico foi realizado pelos professores integrantes do projeto e, para
socializar essa atividade prática com os alunos de disciplinas correlatas, será apresentado o
trabalho como um estudo de caso.
No momento, têm-se duas possibilidades para desenvolvimento do projeto: 1) Com
o retorno das atividades presenciais na instituição, assim que as condições permitirem,
retomar o projeto a partir dos objetivos propostos inicialmente. 2) Caso se mantenha as
atividades não presenciais, prosseguir com os objetivos readequados, realizando as oficinas
de forma online, e as atividades de campo realizadas pelos integrantes do projeto e
posterior repasse aos alunos como forma de estudo de caso.
Dessa forma espera-se, ao cumprir com a missão do IFSC, atender as demandas da
comunidade, no que se refere aos levantamentos topográficos/arquitetônicos, possibilitar
aos alunos matriculados nas unidades curriculares de topografia participar de atividades de
extensão aplicando os conhecimentos adquiridos no IFSC em prol da comunidade e, ao
mesmo tempo, participar de trabalhos reais fora de ambientes de estudo controlados, o que
contribui para sua formação profissional. Despertar nos adolescentes participantes do
projeto o interesse pela área de engenharia/edificação e conhecer a instituição (IFSC) como
possibilidade de serem nossos futuros alunos e profissionais que possam voltar as suas
comunidades e como agentes de mudança social.

Referências
AMORIM, T. N. G. F. A universidade indo ao encontro das empresas: uma iniciativa da
UFPe. In: XVI Encontro Nacional da Associação Nacional de Pós Graduação e
Pesquisa em Administração, Salvador, 1992. Anais. v. 3, p, 142-154.

1630
O PROJETO "MÚSIC@S EM PAUTA: TRABALHO, MERCADO E NEGÓCIOS"
E A DIFUSÃO DO CONHECIMENTO SOBRE O TRABALHO MUSICAL

Área Temática: Trabalho


Coordenadora da atividade: Laíze Soares GUAZINA
Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR)
Fundação Araucária
Autores: K. G. HOEFELMANN 1; L. S. GUAZINA 2.

Resumo:
O presente artigo aborda o projeto Músicos em Pauta: Trabalho, mercado e negócios, que
é composto pela plataforma digital e por um canal no Youtube, com a mesma
denominação. O projeto tem o objetivo de divulgar e debater o conhecimento produzido e
as realidades do trabalho musical e suas conexões com a cadeia produtiva da música, frente
a um momento em que os músicos têm se revelado uma categoria profissional fortemente
impactada pelas consequências da COVID-19. As experiências do projeto apontam para a
importância da ampliação do acesso aos estudos sobre o trabalho musical e o debate sobre
esse tema.

Palavras-chave: trabalho musical; trabalhadores da música; COVID-19.

Introdução
Músic@s em Pauta: trabalho, mercado e negócios é um projeto de extensão ligado
à pesquisa Trajetórias de músicos e de musicistas e o trabalho musical em Curitiba,
coordenada pela Profª Drª Laíze Guazina. O projeto é composto por uma plataforma
digital 3 e por um canal 4 no Youtube, ambos com a mesma denominação. A plataforma tem
o objetivo de reunir e divulgar conteúdos sobre o mundo do trabalho, o mercado e os

1
Kleber Gonçalves Hoefelmann (aluno do 5º período do Curso de Licenciatura em Música do Campus II-
Faculdade de Artes do Paraná da UNESPAR).
2
Profª Drª Laíze Soares Guazina (docente do Curso de Bacharelado em Música Popular do Campus II-
Faculdade de Artes do Paraná da UNESPAR).
3
Ver em https://musempauta.wordpress.com.
4
Ver em https://www.youtube.com/channel/UCZ6O-nJAu6uYNRyXiJml3zA/featured.

1631
negócios da música no Brasil, disponibilizados em diferentes fontes de acesso livre, e que
dedica especial atenção à produção acadêmica sobre esses temas. O canal tem o objetivo de
disponibilizar vídeos de entrevistas com convidados, abordando assuntos relacionados à
profissão de músico, trabalho musical e à cadeia produtiva da música.
Reconhecida oficialmente em 20 de março de 2020, por meio do Decreto
Legislativo nº6 (BRASIL, 2020), a pandemia de COVID-19 trouxe muitas transformações
e dificuldades em todos os âmbitos da sociedade. Diante de tal cenário, o distanciamento
social e a evitação de aglomerações se tornaram algumas das estratégias imprescindíveis
para conter a propagação do vírus.
Nessa situação, as atividades e os locais mais comuns de trabalho dos músicos
(como bares, casas de shows e teatros) foram fechados, e as festas populares foram
canceladas, acarretando uma grande diminuição de trabalho e de renda dos músicos
(LIMA; REQUIÃO; SANDRONI; FERREIRA; SANDRONI, 2021). Desse modo, a
pandemia tornou ainda mais desafiadora a subsistência destes trabalhadores, cujas
realidades laborais já vinham sendo fragilizadas por um contexto histórico marcado pela
informalidade e desvalorização (REQUIÃO, 2020; 2016).
Canedo e Paiva Neto (2020) demonstraram algumas dessas consequências através
dos dados da pesquisa Impactos da Covid-19 na Economia Criativa. Segundo os autores,
até aquele momento, a grande maioria dos profissionais da cultura não possuía vínculo
empregatício formal e 71,2% dos indivíduos só tinham reservas financeiras para garantir
sua subsistência por um período máximo de três meses, demonstrando uma série de
agravos à subsistência dos trabalhadores do setor.
Segundo Lima, Requião, Sandroni, Ferreira e Sandroni (2021), entre os músicos
sem vínculo formal de trabalho a chance de perda da renda é de aproximadamente oito
vezes maior quando comparados aos músicos com vínculo formal de trabalho. Para os
autores, “estas associações põem em evidência as vantagens da escolarização na inserção
no mercado de trabalho formal e no aumento de chances para evitar situações de
fragilidade e instabilidade socioeconômica” (LIMA; REQUIÃO; SANDRONI;
FERREIRA; SANDRONI, 2021, p. 16).
Apesar disso, ainda são poucas as pesquisas que têm o trabalho musical como tema
no Brasil e são raros os debates sobre as condições e as relações de trabalho na área de
música entre músicos e nos cursos de graduação em Música. Considerando o momento de
pandemia que atravessamos e a importância do acesso às pesquisas e ao necessário
estímulo ao debate desse tema, Músic@s em Pauta, busca reunir, compilar e divulgar

1632
pesquisas acadêmicas e conteúdos dedicados ao mundo do trabalho, mercado e os negócios
da música no Brasil, além de fomentar o debate sobre o tema por meio de entrevistas com
profissionais da música e pesquisadores dedicados ao estudo do trabalho musical.

Metodologia
O projeto teve início em setembro de 2020, a partir da estruturação da plataforma
online, que funciona como uma base de dados, hospedado no Wordpress 5. A plataforma foi
inaugurada em janeiro de 2021. Ela está estruturada por tópicos e é alimentada por meio
dos materiais identificados e coletados a partir de uma pesquisa documental (GIL, 2012)
sistemática e constante, que permite que o site seja permanentemente ampliado.
O conteúdo divulgado é proveniente de fontes de livre acesso dedicadas à produção
acadêmica sobre o tema no Brasil. Também são inseridos itens relacionados ao mercado e
aos negócios da música, estudos sobre a cadeia produtiva da música, as instituições
formadoras e organizações representativas dos atores que compõem o mundo da música no
Brasil, devido às conexões entre esses temas e sua relevância. Cada material é adicionado à
plataforma evidenciando-se sua natureza, ano de publicação, autor e título, e por meio de
seu endereço eletrônico (link), o que permite que a publicação seja acessada em sua fonte
original de publicação.
O canal do projeto no YouTube foi inaugurado em abril de 2021 e veicula as
entrevistas produzidas originalmente no âmbito do projeto. As entrevistas, organizadas por
pauta (GIL, 2012), são realizadas com convidados que atuam profissionalmente na área de
música, e abordam assuntos relacionados ao trabalho musical e à cadeia produtiva da
música. A escolha dos convidados, a data de gravação, o roteiro e as pautas das entrevistas
são discutidos e decididos nas reuniões de equipe 6 do projeto. Após a gravação, o vídeo é
editado e é realizada a inserção da identidade visual especificamente elaborada para o
projeto. A partir da consulta e aprovação do entrevistado, o vídeo é postado no canal do
projeto e então é feita a divulgação do novo vídeo, em conjunto à divulgação da
plataforma, em diversos meios. Tanto a plataforma quanto o canal têm como público-alvo
os trabalhadores da música e interessados no tema.

5
Sistema de gerenciamento de conteúdo para internet, livre, gratuito e aberto.
6
Também participam do projeto, como membros da equipe, o Prof. Dr. Julio Erthal (Curso de Bacharelado
em Música Popular/UNESPAR) e Aline Cebulski Silva (graduada em Música Popular/UNESPAR)

1633
Desenvolvimento e processos avaliativos
A plataforma foi organizada contendo seis tópicos centrais (abas organizadoras),
sendo elas: "Inicial" (apresentação da plataforma); "Sobre" (apresentação da equipe,
vinculação institucional e da instituição de apoio); e outras três abas, denominadas
"Textos", "Sites Institucionais" e "Cursos", que comportam o conteúdo da base de dados.
A aba "Textos" inclui artigos científicos sobre trabalho musical, mercado e
negócios da música; trabalhos acadêmicos sobre trabalho musical, mercado e negócios da
música; relatórios de pesquisa sobre impacto da Covid 19 na economia criativa/música,
indústria/mercado da música; livros, leis e outros documentos legais relativos ao trabalho
musical.
A aba "Sites Institucionais" disponibiliza o acesso aos sites das associações de
pesquisa em música; à lista atualizada de cursos de graduação e pós-graduação em música
(mestrado/doutorado) em Música no Brasil por estado/cidade; ao Escritório Central de
Arrecadação (ECAD) e às associações de direitos autorais relativas ao mercado da música
no país. Também disponibiliza o link e informa o acesso a instituições para registro de
obras; à formalização de trabalho e de empresas; à Ordem dos Músicos do Brasil (OMB) e
suas regionais; aos sindicatos patronais, de trabalhadores e outras organizações de caráter
representativo da área.
Já a aba "Cursos" disponibiliza o acesso a cursos permanentes, gratuitos e que
fornecem certificação. Eles atendem a interesses no campo do direito autoral, da economia
criativa/música e da capacitação para Micro Empreendedor Individual.
O canal no Youtube tem, até o momento, três entrevistas originais realizadas
especificamente para o projeto, sendo elas: entrevista com a musicista Janine Mathias
sobre o tema Mulheres negras na música e o trabalho musical na pandemia; com o músico
Tonho Costa sobre o Trabalho musical em Londrina/PR e os impactos da pandemia; e
com a musicista e pesquisadora Profª Drª Luciana Requião (UFF), sobre a Pesquisa sobre
o trabalho musical no Brasil.
Conforme nosso levantamento indica, Músicos em Pauta: Trabalho, mercado e
negócios é o primeiro projeto acadêmico integral e sistematicamente dedicado à
compilação e divulgação das pesquisas e debates sobre o trabalho musical no Brasil. A
ampliação do interesse na plataforma e no canal tem se mostrado paulatinamente, no
âmbito acadêmico e no meio musical em geral, uma vez que permite o acesso ao
conhecimento relativo a vários elementos da cadeia produtiva da música e a experiências
de profissionais da área. Nesse sentido, o projeto contribui na formação acadêmica nos

1634
âmbitos da pesquisa em música e na socialização do saber, tanto para acadêmicos quanto
para todos os interessados no tema.

Considerações finais
Com o desenvolvimento e a ampliação constante do projeto, evidenciou-se que
existe uma produção acadêmica ainda reduzida sobre o trabalho musical no Brasil, mas
que, frente à pandemia da Covid-19, ganhou ainda mais relevância. Dada a importância da
atividade musical em termos culturais e econômicos no país, o grande número de
trabalhadores envolvidos nesse setor econômico e a pouca valorização desses profissionais,
concluímos que existe a necessidade de ampliação das pesquisas e debates sobre o tema.
Frente a isso, o projeto busca contribuir com a difusão e a ampliação do conhecimento
sobre as realidades do trabalho musical, um tema emergente e necessário. Contudo, fica
claro que esse esforço de maior compreensão sobre o trabalho musical precisa seguir sendo
realizado pela universidade e demais atores envolvidos nessa atividade, para a construção
de novas oportunidades aos trabalhadores da música hoje e no “pós” pandemia.

Referências
BRASIL. Decreto Legislativo Nº 6, 20 de março de 2020. Reconhece, para os fins do art.
65 da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, a ocorrência do estado de
calamidade pública, nos termos da solicitação do Presidente da República encaminhada por
meio da Mensagem nº 93, de 18 de março de 2020. Diário Oficial da União: seção 1
extra, edição 55-C, Brasília, p. 1, 20 de março de 2020. Disponível em:
https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/decreto-legislativo-249090982. Acesso em: 10 out.
2020.

CANEDO, D. P.; PAIVA NETO, C. B. (Coords). Pesquisa Impactos da Covid-19 na


Economia Criativa: relatório final de pesquisa. Salvador: Observatório da Economia
Criativa: Santo Amaro: UFRB, 2020. Disponível em:
https://ufrb.edu.br/proext/images/pesquisa_covid19/RELAT%C3%93RIO_FINAL_Impact
os_da_Covid-19_na_Economia_Criativa_-_OBEC-BA.pdf. Acesso em: 10 jul. 2021.

GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2012.

LIMA, M. G. et al. Relatório da Pesquisa EPI-Música: o trabalho do musicista durante a


pandemia de Covid-19. 2020. Disponível em:
https://www.fcm.unicamp.br/fcm/sites/default/files/2021/page/relatorio_epi_pag_seguida.p
df. Acesso em: 20 jun. 2021.

REQUIÃO, L. Mundo do trabalho e música no capitalismo tardio: entre o reinventar-se e o


sair da caixa. Opus, v. 26 n. 2, p. 1-25, maio/ago. 2020. Disponível em:
https://www.anppom.com.br/revista/index.php/opus/article/view/808. Acesso em: 20 jun.
2021.

1635
REQUIÃO, L. Festa acabada, músicos a pé: um estudo crítico sobre as relações de trabalho
de músicos atuantes no estado do Rio de Janeiro. Revista do Instituto de Estudos
Brasileiros, São Paulo, n. 64, p. 259-274, maio/ago., 2016.

1636
VIABLIZANDO A PARTICIPAÇÃO DE COMUNIDADES QUILOMBOLAS DO
CENTRO-SERRA NA 26ª FEICOOP*

Área temática: Trabalho


Coordenador da atividade: José Marcos FROEHLICH 1
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
Autores: G. B. SAWARIS 2; H. S. FACCO 3; L. M. S. D. VIEIRA 4.

Resumo:
O Núcleo de Estudos e Extensão em Desenvolvimento Territorial e Territorialidades
(NEDET-UFSM) desenvolve suas ações extensionistas no assessoramento e
desenvolvimento de organizações do Território Centro Serra do Rio Grande do Sul,
relacionando-se com o Consórcio Intermunicipal do Vale do Jacuí e outras duas
comunidades Quilombolas: a Associação Comunitária Remanescentes de Quilombo Júlio
Borges (Salto do Jacuí); e a Associação Quilombola Linha Fão (Arroio do Tigre). No ano
de 2019 juntamente com a Incubadora Social da UFSM foram realizadas ações para
participação das duas comunidades quilombolas na 26ª Feira Internacional do
Cooperativismo e Economia Solidária (26ª FEICOOP), possibilitando a comercialização de
seus produtos, além do intercâmbio cultural e a geração de conhecimentos mútuos aos
participantes.

Palavras-chave: Extensão Universitária; Desenvolvimento Territorial; Economia


Solidária.

Introdução

1
José Marcos Froehlich, Docente no Programa de Pós-Graduação em Extensão Rural/PPGExR-UFSM., e no
Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais/PPGCS-UFSM
2
Gabriel Boemo Sawaris, Graduando no Curso Superior em Tecnologia em Gestão Ambiental, Bolsista no
Programa de Extensão em Desenvolvimento Territorial do Território Centro Serra do RS, aprovado no Edital
FIEX-UFSM, 2020.
3
Hector Santos Facco, Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Extensão Rural/PPGExR-UFSM.
4
Lucas Moretz-Sohn David Vieira, Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Extensão
Rural/PPGExR-UFSM.

1637
O princípio do desenvolvimento sustentável consiste em atuar para atender as
necessidades da geração atual sem prejudicar as futuras gerações (FERNANDES, 2002).
Tendo como base o princípio do desenvolvimento sustentável, a política extensionista da
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) tem suas diretrizes orientadas para a
promoção do desenvolvimento regional e da sustentabilidade, dando prioridade às ações
que buscam auxiliar na superação de fragilidades econômicas, sociais, ambientais e
educacionais; fatores esses que levaram a criação de projetos de extensão que visam ao
desenvolvimento de comunidades e territórios em sua área de influência.
O Núcleo de Estudos e Extensão em Desenvolvimento Territorial e
Territorialidades (NEDET-UFSM), teve sua implementação a partir da Política Territorial
Brasileira, no ano de 2014, para prestar assessoria ao Território Centro Serra do Rio
Grande do Sul. Manteve sua atuação mesmo quando houve a extinção da política territorial
e do financiamento direto do governo federal, o que ocorreu em 2017, embora com muitas
restrições. Isto só foi possível pela atuação do NEDET-UFSM com recursos provenientes
do Fundo de Incentivo à Extensão da UFSM (FIEX-UFSM), contando com dois bolsistas
de graduação, estudantes voluntários da graduação e pós-graduação, além da participação
de docentes da instituição, mantendo suas ações junto ao Colegiado de Desenvolvimento
Territorial do Centro Serra do RS (CODETER Centro Serra) (FROEHLICH et al, 2019;
FACCO et al, 2019). Além disso, passou a focar suas ações em duas comunidades
Quilombolas do referido território, sendo a Associação Comunitária Remanescentes de
Quilombo Júlio Borges (Salto do Jacuí) e a Associação Quilombola Linha Fão (Arroio do
Tigre), que em 2017, tiveram seus projetos acolhidos junto a Incubadora Social da UFSM
(IS-UFSM).
Os projetos das comunidades quilombolas acolhidos junto à IS-UFSM visavam a
inclusão e organização socioprodutiva, buscando a diversificação dos produtos e a
construção de canais de comercialização, como por exemplo na Feira Internacional do
Cooperativismo e Economia Solidária (FEICOOP), que ocorre anualmente em Santa Maria
– RS, desde 1994. Neste sentido, o NEDET-UFSM, a IS-UFSM e as Associações das
Comunidades Quilombolas, construíram um conjunto de ações para possibilitar a
participação das comunidades quilombolas na 26ª FEICOOP, desde oficinas de

1638
qualificação, até a viabilização de transportes para os membros e os produtos das
comunidades.
Metodologia
Para preparar a participação das comunidades quilombolas na 26ª FEICOOP, o
NEDET e a Incubadora Social da UFSM, organizaram oficinas de trabalho com as
comunidades quilombolas, como a de identidade visual, quando a equipe do NEDET-
UFSM, explicando a lógica de criar uma identidade visual, incentivaram os participantes
da oficina a desenhar as ideias do que gostariam de representar, servindo como base para a
criação das identidades visuais. E a oficina de precificação dos produtos, que serviu para
as comunidades saberem exatamente como calcular o preço de cada produto, através dos
custos de produção. Além disso, foram realizadas reuniões de organização para o
transporte e participação na feira. Essas ações ocorreram junto às comunidades
quilombolas, localizadas no Território Centro Serra do RS, distando aproximadamente 120
km de Santa Maria – RS.

Desenvolvimento e processos avaliativos


A participação de comunidades quilombolas do Centro Serra na 26ª FEICOOP
A FEICOOP é um espaço que possibilita a comercialização de produtos, incentiva
o consumo ético, trocas solidárias e proporciona espaços de diálogos sobre variadas
temáticas, essas ligadas ao cooperativismo e a economia solidária. A 26ª FEICOOP,
ocorreu entre os dias 11 e 14 de julho de 2019 em Santa Maria – RS, proporcionou a
comercialização de produtos oriundos da Agricultura Familiar baseados no
Cooperativismo e Economia Solidária, fortalecendo o Desenvolvimento Territorial e a
Sustentabilidade.
Os transportes para as feirantes e a hospedagem foram organizados juntamente com
a IS-UFSM, que disponibilizou um veículo exclusivamente para o deslocamento entre as
comunidades e a feira, e outro veículo para o deslocamento em Santa Maria no trajeto hotel
- feira – hotel.
Durante a feira foi disponibilizado uma tenda para UFSM, onde as feirantes
puderam expor seus produtos desde o primeiro dia da feira, juntamente com outros grupos

1639
acompanhados pela IS-UFSM, como o coletivo de arte e cultura negra Ará Dudu e o Grupo
de produtores orgânicos da região central. No mesmo espaço ocorreram palestras e painéis,
onde o NEDET-UFSM promoveu o painel “A agenda étnico-racial no Brasil e os desafios
da conjuntura atual”, com a participação de uma representante da comunidade quilombola
e uma do NEDET-UFSM. Por fim, uma excursão também foi organizada para que mais
membros das comunidades quilombolas pudessem visitar a feira, viabilizando assim uma
maior participação comunitária na 26ª FEICOOP.

Considerações Finais
Tendo em vista que o principal objetivo foi viabilizar a participação das
comunidades quilombolas na 26ª FEICOOP, entende-se que o objetivo maior foi
alcançado. As referidas comunidades conseguiram comercializar grande parte de seus
produtos e angariar renda. Ressalta-se a importância da extensão universitária na melhoria
dos processos socioprodutivos e no poder de mobilização dessas comunidades, assim
possibilitando-as de acessarem novos mercados e estabelecerem novas redes de relações,
aspectos presentes nas feiras. Ao proporcionar esta experiência, espera-se que no futuro as
próprias comunidades tenham condições de serem autônomas no processo de mobilização
e organização para participar das próximas edições da FEICOOP e mesmo de outros
eventos que julgarem importantes.

Referências
FACCO, H. S.; VIEIRA, L. M. D. ; ZARNOTT, A. V. ; FROEHLICH, J. M. Reflexos da
política de desenvolvimento territorial no reconhecimento e inclusão social e produtiva de
comunidades tradicionais: o caso de duas comunidades quilombolas no território Centro
Serra? RS. In: VIII Encontro da Rede de Estudos Rurais, 2019, Florianópolis. Anais
VIII Encontro da Rede de Estudos Rurais. Rio de Janeiro: REDE DE ESTUDOS RURAIS,
2019. p. 1082-1096.

FERNANDES, M. Desenvolvimento sustentável. Raízes: Revista de Ciências Sociais e


Econômicas, v. 21, n. 2, p. 246-260, 13 dez. 2002.

FROEHLICH, J. M.; FACCO, H. S.; VIEIRA, L. M. S. D.; ZARNOTT, A. V.; HUBNER,


J.. Do NEDET à incubação: trajetória das ações de extensão universitária no âmbito da

1640
abordagem territorial do desenvolvimento. Conexão UEPG, v. 15, n. 2, p. 135-141, Mai-
ago 2019.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA


MARIA. Política de Extensão da UFSM nº006/2019, de 29 de abril de 2019. Anexo da
Res. [S. l.], 29 abr. 2019.

1641

Você também pode gostar