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Artigo

STUKER, Paola
CONFLUÊNCIAS
Revista Interdisciplinar de Sociologia e Direito
ISSN 1678-7145 || EISSN 2318-4558

JUSTIÇA PELO DEVER OU PELO BEM?


UMA DISCUSSÃO A CERCA DA MORAL NOS SISTEMAS
DE JUSTIÇA RETRIBUTIVA E RESTAURATIVA

Paola Stuker
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul (PPGS-UFRGS).
E-mail: stukerp@gmail.com

RESUMO
Justiça e moral são dois temas que acompanham o desenvolvimento das ciências humanas e sociais,
especialmente da sociologia. Neste trabalho, analisam-se estes dois temas relacionalmente, com o
objetivo de identificar como conceitos de moral contemplam a lógica de funcionamento dos dois
sistemas de justiça contemporâneos, retributivo e restaurativo. Para tanto, apresentou-se o conceito
de moral na filosofia, a partir de Kant, e na sociologia, com Durkheim; em um segundo momento,
apresentam-se o sistema de justiça retributiva e o sistema de justiça restaurativa, indicando a relação
que cada um tem com a moral; por fim, foi realizada a discussão através de um objeto empírico: a
violência doméstica e familiar contra a mulher. O trabalho permitiu perceber que a teoria kantiana,
da moral como um dever, parece estar presente em nosso atual sistema de justiça, enquanto a moral
durkheimiana, que vê este ato pela associação do bem ao dever, é perceptível na justiça restaurativa.
Palavras-chave: Moral; Justiça Retributiva; Justiça Restaurativa.
ABSTRACT
Justice and morality are two themes that accompany the development of human and social
sciences, especially sociology. In this paper, we analyze these two relationally themes, in order
to identify how moral concepts include the operating logic of the two contemporary justice
systems, retributive and restorative. Therefore, we presented the concept of moral philoso-
phy from Kant, and sociology with Durkheim; in a second moment, we present the retrib-
utive justice system and restorative justice system, indicating the relationship that each has
with morality; Finally, the discussion was conducted through an empirical object: domestic
and family violence against women. The work allowed to realize that the Kantian theory of
morality as a duty, seems to be present in our current justice system, while Durkheim’s moral,
which sees this act by the Association and the duty, is noticeable in restorative justice.
Keywords:
28 Moral;| Revista
CONFLUÊNCIAS Retributive justice; Restorative
Interdisciplinar de Sociologia eJustice.
Direito. Vol. 17, nº 2, 2015. pp. 28-40
JUSTIÇA PELO DEVER OU PELO BEM?

INTRODUÇÃO Apresentando-se sobre diferentes lógi-


A moral e a justiça são objetos da cas de funcionamento, prevê-se que há
sociologia desde os seus primórdios diferentes morais que guiam estes siste-
como ciência. Todavia, é em um pe- mas. É esta relação que se propõe inves-
ríodo recente que ganharam maior vi- tigar neste trabalho.
sibilidade, constituindo campos socio- De forma a atender esta proposta,
lógicos específicos: sociologia da moral este artigo estrutura-se em três seções:
e sociologia jurídica, respectivamente. na primeira será apresentado o concei-
Estes dois objetos têm se apresentado to de moral na filosofia e na sociologia,
como recorrentes na sociologia contem- especialmente o seu desenvolvimento
porânea, havendo um espaço pertinente a partir de Durkheim; em um segundo
para estuda-los relacionalmente. Esta é momento, apresentam-se o sistema de
a proposta deste artigo, que tem como justiça retributiva, representado pelo
objetivo identificar como os conceitos de sistema penal tradicional, e o sistema
moral contemplam a lógica de funciona- de justiça restaurativa, nova vertente
mento dos dois sistemas de justiça con- no direito contemporâneo, indicando a
temporâneos, retributivo e restaurativo. relação que cada um tem com a moral;
O tema da moral sempre esteve pre- por fim, de forma a tornar mais palpá-
sente na filosofia, destacando-se entre veis os argumentos desenvolvidos, será
duas correntes: o utilitarismo e kantis- realizada a discussão através de um ob-
mo. Em contato com estas abordagens, jeto empírico que se apresenta como
o sociólogo Émile Durkheim (1858- polêmico aos dois sistemas de justiça: a
1917) percebeu suas limitações e propôs administração judicial da violência do-
uma “Ciência da Moral”, entendendo a méstica e familiar contra a mulher.
moral como um fato social que precisa-
va ser investigada sobre as premissas do DA “FILOSOFIA DA MORAL”
indutivismo sociológico, resultando em À “CIÊNCIA DA MORAL”
uma redefinição do conceito. A moral é um objeto clássico da filo-
Conforme Durkheim, a moral está sofia, adotada e reavaliada pela sociolo-
presente em todas as esferas da socieda- gia através de Durkheim. Na França do
de e se apresenta como necessária para século XIX, duas grandes teorias filosó-
a vida social. Claramente, entre estas es- ficas destacaram-se na discussão desta
feras está o direito, que se apresenta so- temática: o utilitarismo e o kantismo. A
bre diferentes sistemas desde o contexto primeira afirmava que o fundamento
do autor até o momento contemporâ- da moral seria única e exclusivamente
neo, neste caso polarizado pelos siste- o interesse, dada através da razão como
mas de justiça retributiva e restaurativa. cálculo e do bem; enquanto a segun-
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da restringia a moral ao plano da pura forma tautológica, a moral para o


racionalidade, apresentada pela razão utilitarismo representa aquilo que é útil
como imperativo categórico e pelo dever. para o indivíduo, logo, o que lhe agracia
Rejeitando estas duas proposições, com felicidade e ausência de dor. Nesse
Durkheim defendeu outra maneira de en- sentido, o indivíduo seria movido
tender a moral, realizando aquilo que, por moralmente pelo interesse. Contudo,
analogia à descoberta de Copérnico de conforme problematiza Weiss (2011),
que os astros e a terra giram em torno do
sol e não estes em torno da terra como se a consequência mais ime-
acreditou por muito tempo, Weiss (2011) diata reside num problema cen-
chamou de “revolução copernicana”, pois tral para a filosofia utilitarista,
o sociólogo realizou um deslocamento na que consiste na conclusão difi-
definição de moral de sua origem, de seu cilmente contornável de que a
fundamento e de sua finalidade. vida em sociedade, repleta de
Para Durkheim a sociologia é a interdições, com suas regras e
ciência dos fatos sociais, caracteriza- normas, formais e informais,
dos pela coletividade, exterioridade e ao impor limites às ações indi-
coercitividade. Nesse sentido, para ser viduais e, consequentemente, à
objeto desta ciência, a moral precisa ser busca desenfreada pelo prazer
tratada como um fato social, diferente- pessoal, inviabilizaria o ideal
mente do que ocorre na filosofia, que de felicidade contido nessa filo-
tem na dedução o princípio epistemoló- sofia (Weiss 2011: 131).
gico para o desenvolvimento de teorias.
Obviamente, a dedução da filosofia foi Nesse sentido, além da refutação
um dos alvos da crítica de Durkheim, durkheimiana a esta teoria através do
segundo o qual, desta forma haveria fato de que existem coisas que são úteis,
inconsistência entre as proposições mas não morais e vice versa - torna-se
teóricas e a realidade dos fatos. Nesse complicado afirmar que o interesse é o
sentido, o autor se propôs a desenvol- único fator que move uma ação moral
ver uma “Ciência da Moral”, diferen- do indivíduo, tendo em vista que há re-
ciando-se da “Filosofia Moral”, reali- gras e normas que se apresentam como
zada pelo utilitarismo e pelo kantismo. obstáculos. Por outro lado, conforme
A crítica durkheimiana não se defende a teoria Kantiana, as regras e
restringe ao caráter dedutivo das normas são exclusivamente os estímu-
teorias filosóficas, mas também ao los da moral, que guiam os indivíduos
exclusivismo que cada corrente denota pelo dever.
a um fator para explicar a moral. De Kant defendeu que a moral se apre-
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senta através de regras que guiam os desejabilidade é uma outra carac-


indivíduos pelo dever. Conforme o au- terística, não menos essencial que
tor, as regras morais tomam a forma de a primeira (Durkheim 2004: 48).
imperativos categóricos que indicam o
que tem que se fazer, independente de Assim, para Durkheim o fato mo-
vontades e de inclinações. Assim, Kant ral apresenta-se através de dois traços,
restringiu a moral ao plano da racio- o dever e o bem. O primeiro é a forma,
nalidade, afirmando-a como um dever, enquanto o segundo é o conteúdo da
onde o indivíduo é ordenado pela so- moral. Ou seja, as normas são impor-
ciedade como agir. Sendo assim, a mo- tantes para a execução da moral, mas
ral é de caráter impositivo para o autor. elas não bastam por si só para fazerem
Durkheim reconheceu o mérito de os indivíduos agirem moralmente. Estes
Kant de perceber a moral como um de- precisam acreditar nelas como um bem e
ver. No entanto, advertiu que o dever contemplá-las através do desejo de cum-
não é o único mobilizador das ações pri-las, mesmo que inconscientemente.
dos indivíduos, como defendeu o filó- O dever é o primeiro e o mais evi-
sofo. Conforme o autor, há outro com- dente elemento da moralidade. A mo-
ponente importante para a consumação ral é um sistema de regras que prede-
de um ato moral, a desejabilidade. Nas terminam a conduta para Durkheim.
palavras de Durkheim (2004), Essas regras aparecem ao indivíduo
como um dever, precisamente pela
(...) contrariamente ao que exterioridade e coercitividade destas.
disse Kant, a noção de dever Assim, agir moralmente corresponde a
não extingue a noção de moral. opor-se aos seus impulsos para respei-
É impossível que consumemos tar uma norma. Contudo, o indivíduo
um ato unicamente porque ele obedece esta norma porque tem a per-
nos é comandado, sem levar- cepção de que existe algo por trás da re-
mos em consideração o seu gra que o motiva. Sem isto, Durkheim
conteúdo. Para que possamos afirma que a sociedade não seria mais
nos tornar seu agente, é preci- do que uma prisão, onde as pessoas só
so que ele interesse em alguma agem sobre coerção (Weiss, 2007).
medida a nossa sensibilidade, Sendo assim, a moral também é
que ele nos apareça sob algum um bem, sem o qual o indivíduo não
traço como desejável. A obriga- transcenderia o estatuto de mera ani-
ção ou o dever exprime somente, malidade. Portanto, o homem deseja a
portanto, um dos traços, e um tra- regra, porque é a própria condição para
ço abstrato, da moral. Uma certa qualquer outro bem que possa desejar.
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Sob estas condições, Durkheim apre- quências penosas. Umas resultam me-
senta a “letra” e o “espírito” da moral: canicamente do ato de violação, como
a primeira seria o seu caráter coerciti- por exemplo, a doença resultante da
vo e nos remete a definição da moral violação da regra de higiene; outras,
enquanto dever, enquanto o segundo é geram a consequência da sanção, como
aquilo que verdadeiramente a anima, a censura e o castigo, imposta para o
os sentimentos coletivos, os laços que agente que infringe uma regra formal,
ligam os indivíduos e os grupos, as as- como por exemplo, a que ordena não
pirações sociais, as tradições a que se matar. Segundo o autor, a sanção é de-
tem apego e respeito, que dão sentido terminada pela existência dessa regra e
à regra, que anima a maneira pela qual pela relação que o ato mantém com ela.
ela é aplicada (Weiss, 2007). Em outras palavras, a sanção não resul-
Nesse sentido, Durkheim (2004) ta do conteúdo do ato, mas em razão do
argumenta que a posição de Kant do ato não estar conforme a regra.
ato moral é parcialmente correta, pois Tomemos como exemplo a violência
nos mostra somente um dos aspec- doméstica e familiar contra a mulher:
tos da realidade moral, sendo por isto invisível na esfera privada até meados
insuficiente e incompleta. Suprindo da década de 70, somente passou a ser
esta falha, Durkheim acrescenta ao reconhecida como um problema social
dever, o bem. Assim, ele afirma que é nesse período, atingindo a esfera jurídi-
preciso, portanto, que, ao lado do seu ca nos anos 80 e criminalizada em 2006
caráter obrigatório, o fim moral seja com a Lei Maria da Penha; sendo assim,
desejado e desejável; essa desejabilidade uma violência que antes era naturaliza-
é um segundo traço de todo ato moral da e aceita, hoje é um crime, que prevê
(Durkheim 2004: 58) e complementa punição com pena de prisão aos agres-
defendendo que jamais existiu um ato sores. Contempla-se assim a definição
que fosse puramente cumprido por dever; de crime para Durkheim (2004a), como
sempre foi preciso que ele aparecesse como os atos reprimidos por castigos definidos
bom em alguma maneira (Durkheim (Durkheim 2004a: 40) e a criminalida-
2004: 59). Sendo assim, poderíamos di- de como a imoralidade particular que
zer que o ato moral é, para Durkheim, a sociedade reprime por meio de penas
aquele realizado para cumprir uma nor- organizadas (Durkheim 2004a: 51).
ma, mas ao mesmo tempo, visto como Esta discussão abre caminho para a
bom e desejável pelo indivíduo. próxima seção, que apresentará os dois
Paralelamente, Durkheim (2004) grandes sistemas de justiça do mundo
indicará que, quando uma regra é vio- e suas relações com a moral.
lada, são produzidas aos agentes conse- JUSTIÇA RETRIBUTIVA E
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JUSTIÇA RESTAURATIVA: a seguir seu corpo será puxado e


a moral implícita nas suas lógicas desmembrado por quarto cavalos
de funcionamento e seus membros e corpo consumi-
Fazer justiça é uma tarefa que ultra- dos ao fogo, reduzidos a cinzas,
passa os tempos e territórios. Sempre e em e suas cinzas lançadas ao vento
todos os lugares existiram atos reprovados (Focault 2010: 9).
socialmente, sobre os quais se responsabi-
lizou os infratores. Este papel, apesar de No decorrer do livro, Foucault
também ser realizado pela própria socie- (2010) relata que esta forma de puni-
dade, cabe legitimamente ao Estado atra- ção mostrou-se inaceitável nos séculos
vés do direito, como descreveu o sociólo- seguintes, dando lugar a outros tipos de
go Weber. Desde os tempos mais remotos, punição que não tinham mais como cen-
isto foi realizado através de castigos. tralidade o sofrimento físico, mas sim o
O trecho clássico de “Vigiar e Punir” de que ele chamou de “sofrimento da alma”.
Foucault que relata um suplício no século Assim, as prisões foram originariamente
XVIII, nos mostra a forma como os crimi- criadas como alternativas mais humanas
nosos eram castigados naquele contexto: aos castigos corporais e à pena de mor-
te. Todavia, poucos anos depois de sua
[Damiens fora condenado] a implementação, tornaram-se sedes de
pedir perdão publicamente dian- horrores, deixando de lado o objetivo de
te da porta principal da igreja de reeducação dos agressores. Do mesmo
Paris [aonde devia ser] levado a modo, a lógica do cárcere parece ser a
acompanhar numa carroça, nu, mesma que a do suplício: desviar o indi-
de camisola, carregando uma to- víduo do crime pela certeza de que será
cha de cera acesa de duas libras; punido e punir por vingança. É nisso que
[em seguida], na dita carroça, na se baseia o sistema de justiça retributiva.
Praça de Greve, e sobre um patí- A justiça retributiva é o sistema de jus-
bulo que aí será erguido, atena- tiça tal qual nós conhecemos, representado
zado nos mamilos, braços, coxas pelo sistema penal tradicional, tendo com
e barrigas das pernas, sua mão centralidade a punição com pena de prisão
direita segurando a faca com que àqueles que infringem alguma norma pré-
cometeu o dito parricídio, quei- -estabelecida, ou seja, uma lei. Conforme
mada com fogo de enxofre, e às Zehr (2008), nesse sistema o crime é visto
partes em que será atenazado se como uma violação ao Estado e suas leis e
aplicarão chumbo derretido, óleo não, como se poderia imaginar, às vítimas;
fervente, piche com fogo, cera e en- o foco da justiça é o estabelecimento da
xofre derretidos conjuntamente, e culpa; para que se possa administrar doses
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de dor, ou seja, punir; a justiça é buscada 70 e início da década de 80, no Canadá e na


através de um conflito entre adversários; Nova Zelândia. Esse movimento originou-
no qual, o ofensor está contra o Estado; re- -se da insatisfação com as práticas penais
gras e intenções valem mais que os resulta- da justiça e motivou-se pelos resultados de
dos; e, um lado ganha e o outro perde. estudos de antigas tradições desses países
Sendo assim, Zehr (2008) afirma que que se baseavam em diálogos pacificado-
em nossa sociedade, a justiça é defini- res e construtores de consensos. Em 1989,
da pela aplicação da lei e, por sua vez, o a justiça restaurativa foi positivada no or-
crime define-se como a violação ou in- denamento jurídico da Nova Zelândia, fato
fração desta lei, como já havia teorizado que deu notoriedade à metodologia no ce-
Durkheim. Nesse sentido, o indivíduo nário internacional (Orsini; Lara; 2013).
deve agir conforme a norma para não ser Desde então, este sistema de justiça
penalizado. O que define a ofensa e dá vem ganhando espaço no cenário jurídico
início ao processo criminal é este come- e social mundial, tendo experiências em di-
ter um ato definido em lei como crime – ferentes países e sendo recomendada pela
e não propriamente o dado ou o conflito. Organização das Nações Unidas (ONU)
Esta forma de encarar e resolver, pela através da Resolução 2002/12, que apre-
justiça retributiva, um ato considerado senta princípios básicos para utilização de
criminoso, tem se mostrado há muito programas de justiça restaurativa em maté-
tempo fracassada, levando a uma crise do ria criminal, buscando encorajar os Estados
sistema penal. O aumento da criminali- Membros no desenvolvimento e implemen-
dade e os grandes índices de reincidência tação de programas de justiça restaurativa.
criminal comprovam que a prisão não Em 2006, a ONU publicou um manual
coíbe o crime e nem recupera os crimino- sobre programas de justiça restaurativa
sos, além de ser considerada, pelos movi- (Handbook on Restourativa Justice Program-
mentos de direitos humanos, uma forma mes), definindo-a como um processo para
inapropriada de revolver os conflitos so- resolver o crime, com o objetivo de reparar
ciais. O reconhecimento destes fatos tem os danos causados às vítimas, mantendo os
feito emergir no mundo uma nova via no infratores responsáveis por suas ações.
Direito: a justiça restaurativa. Em comparação a definição dada à
A justiça restaurativa constitui-se justiça retributiva, Zehr (2008) caracteri-
como método alternativo, e muitas vezes za a justiça restaurativa, como o sistema
complementar, ao sistema penal tradicio- que considera o crime uma violação de
nal, representado pela justiça retributiva. pessoas e relacionamentos e não neces-
O movimento internacional de reconheci- sariamente uma violação da lei; a justiça
mento e desenvolvimento de práticas res- visa identificar necessidades e obrigações;
taurativas iniciou-se no final da década de para que as coisas fiquem bem; a justiça
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fomenta o diálogo e atendimento mútuo; lha-se com as necessidades da vítima e do


dá as vítimas e ofensores papéis princi- ofensor, fazendo este compreender a nor-
pais; e, é avaliada pela medida em que ma que protege a primeira como desejável.
responsabilidades foram assumidas, ne- Assim, enquanto na justiça que re-
cessidades atendidas, e cura promovida. presenta o sistema penal tradicional o
O autor afirma que a justiça restaura- indivíduo é punido por ter descumprido
tiva é o sistema que percebe o crime como um dever estabelecido pelo Estado, na
uma violação de pessoas e relacionamen- justiça restaurativa, há uma compreen-
tos e que cria a obrigação de corrigir os são social e pessoal do caso, fazendo
erros; esta justiça envolve a vítima, o ofen- com que o ofensor entenda os malefí-
sor e a comunidade na busca de soluções cios do seu erro e deseje não atuar mais
que promovam reparação, reconciliação e nele. Nesse sentido, a teoria kantiana, da
segurança. Para Zehr (2008), enquanto na moral como um dever, parece estar pre-
justiça restaurativa o foco sugestivamente sente em nosso atual sistema de justiça,
está na restauração das relações, na justiça enquanto a moral durkheimiana, que vê
restributiva a centralidade é a punição do este ato pela associação do bem ao dever,
infrator, onde o crime é visto como uma é perceptível na justiça restaurativa.
violação contra o Estado, definida pela Tendo em vista a argumentação
desobediência à lei e pela culpa; a justiça durkheimiana de que os indivíduos
retributiva determina a culpa e inflige dor não realizam um ato puramente pelo
no contexto de uma disputa entre ofensor dever, necessitando haver algo que de
e Estado, regida por regras sistemáticas. alguma maneira lhe pareça bom e de-
Diferentemente da justiça retributiva, sejável em agir de determinada manei-
na justiça restaurativa as necessidades e ra, percebe-se a maior capacidade de
direitos das vítimas e as dimensões inter- eficácia da justiça restaurativa frente
pessoais entre os envolvidos são a preocu- à justiça retributiva, pois a ação mo-
pação central. A justiça restaurativa con- ral do indivíduo dirá respeito aos seus
segue passar aos envolvidos no conflito, sentimentos, ânimos e aspirações e
internalizando nestes, que as regras de- não apenas ao cumprimento de uma
vem ser respeitadas para manter a ordem, norma que ele possa nem entender na
respeitar o próximo, conservar as relações totalidade a sua razão de existência.
e não, simplesmente, para obedecer uma Esta discussão nos faz refletir sobre
norma definida pelo Estado. Claramente, um problema social que passou a ser
existem leis e punições na justiça restau- administrado há apenas oito anos pela
rativa, mas estas não são a exclusividade justiça retributiva no Brasil, tornando-
deste sistema, como ocorre na justiça re- -se crime deste então: a violência do-
tributiva. Nesta nova via do direito traba- méstica e familiar contra a mulher.
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JUSTIÇA RETRIBUTIVA E Nesse sentido, alguns pesquisadores


JUSTIÇA RESTAURATIVA NA indicam a justiça restaurativa como uma
ADMINISTRAÇÃO DA VIOLÊNCIA possibilidade pacificadora para se resol-
CONTRA A MULHER ver os conflitos de violência conjugal.
A criminalização da violência do- Para Costa (et al, 2011), através do diá-
méstica e familiar contra a mulher no logo este sistema proporciona à vítima e
Brasil, através da Lei Maria da Penha ao acusado a possibilidade de restaurar as
(Lei 11.340/06), tornou este tipo de cicatrizes deixadas pela violência. Segun-
violência responsabilidade da justiça do a autora, não se propõe o restabeleci-
retributiva, representada pelo sistema mento do vínculo conjugal, e sim se busca
penal tradicional, atendendo as reivin- alternativas que possam ser eficientes de
dicações dos movimentos sociais, em acordo com cada caso. Costa (et al, 2011)
especial do movimento feminista, que confia neste modelo de justiça para o
exigiam maior rigidez na aplicação de pe- rompimento do ciclo da violência conju-
nas aos acusados de violência doméstica e gal, afirmando que a restauração possibi-
familiar contra a mulher (Dias, 2012). litará a reinserção da cidadania e da dig-
Nesse sentido, a Lei Maria da Pe- nidade humana, transformando práticas
nha rompeu com o sistema consensual e colaborando para a cultura da paz.
de justiça ao instituir a condenação do No mesmo sentido, Giongo (2011)
agressor através de detenção, não se afirma que são necessárias novas respostas
aplicando mais a Lei 9.099/95 dos Jui- ao conflito conjugal. Para a autora, a ine-
zados Especiais Criminais, que propu- ficácia do sistema penal diante da violên-
nha a conciliação entre os envolvidos cia contra a mulher se deve à natureza dos
e reparava o dano através de pena não conflitos domésticos e familiares que, an-
privativa de liberdade. No entanto, pas- tes de serem conflitos de direito, são psico-
sados oito anos da promulgação da Lei lógicos e relacionais. Sendo assim, ela indi-
Maria da Penha os impactos sobre a ca que uma solução eficaz só seria possível
violência doméstica e familiar contra a com a observação central dos aspectos
mulher são insuficientes. Segundo da- emocionais e afetivos dali advindos, o que
dos divulgados em setem bro do ano é possível através da justiça restaurativa e
passado pelo Instituto de Pesquisa Eco- impossibilitado pela justiça retributiva.
nômica Aplicada (IPEA), a Lei Maria Em contrapartida, segundo Pallamolla
da Penha não diminuiu a mortalidade (2009), o movimento feminista concebe
de mulheres por agressão. Além disso, o direito penal (justiça retributiva) como
pesquisas têm indicado que a detenção um aliado na proteção às mulheres víti-
do acusado não é o desejo das vítimas mas de violência conjugal. Para a autora,
de violência conjugal (Azevedo, 2011). este posicionamento do movimento femi-
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nista contribuiu para legitimar o uso do Segundo a ONU (2006), o argumento


direito penal e afastar a busca de outros dos grupos contrários à aplicação da justiça
meios para lidar com os problemas da vio- restaurativa aos casos de violência contra a
lência contra a mulher, resultando na Lei mulher é a possibilidade de uma vitimiza-
Maria da Penha, que utiliza uma série de ção secundária, devido à provável vulne-
instrumentos punitivos e barra a solução rabilidade da mulher ocupa no marco das
do conflito por meio de mediação e conci- negociações conjugais. Todavia, conforme
liação (procedimentos restaurativos). contra argumenta Larrauri (2008), toda a
Diante destas divergências, a ONU, intervenção com a vítima pode contribuir
embora recomende o desenvolvimento e para revitimização desta. Esta é uma preo-
implementação de programas de justiça res- cupação que enfrenta todos os sistemas
taurativa, alerta que a sua aplicação é con- que tratam de violência contra a mulher.
troversa em casos de violência doméstica: Nesse sentido, Larrauri (2008) in-
dica que tanto o sistema de justiça re-
the use of restorative justice in tributiva, quanto o sistema de justiça
cases of domestic violence and sex- restaurativa, apresentam vantagens e
ual assault, for instance, is often inconvenientes no que diz respeito à ga-
controversial. Some advocates of rantia da segurança e da erradicação da
restorative justice see it as appro- violência contra a mulher e condena a
priate, subject to carefully thought percepção de feministas que defendem
out practices and safeguards, for a prisão como única resposta válida à
all types of offences and advocate violência doméstica. Segundo Larrauri,
the extension of restorative justice o sistema penal não atende as necessida-
programmes to domestic violence de das vítimas, todo el sistema parece estar
and sexual assaults. Others, in- más interesado en servir su propia lógica
cluding some women’s organiza- interna que en servir a las víctimas (Lar-
tions, have expressed concerns rauri 2008: 97). Mesmo assim, a autora
that a restorative approach may adverte que as críticas e resistência acerca
re-victimize women victims and da justiça restaurativa se dão em razão do
not provide adequate denuncia- desconhecimento sobre este sistema.
tion of the offending behaviour Sob mesma perspectiva, Ptacek
(ONU, 2006, p. 45)1. (2010) discorre a cerca do confronto
1
entre algumas correntes do movimento
Tradução: “o uso da justiça restaurativa em casos de violên-
cia doméstica e de abuso sexual, por exemplo, é muitas vezes
feminista e o movimento da justiça res-
controverso. Alguns defensores da justiça restaurativa a veem méstica e agressões sexuais. Outros, incluindo algumas organi-
como apropriada, sujeita a práticas cuidadosamente pensadas zações de mulheres, têm expressado preocupações de que uma
e salvaguardas, para todos os tipos de crimes e defendem a ex- abordagem restaurativa pode revitimizar as mulheres e não
tensão de programas de justiça restaurativa para a violência do- oferecer denúncia adequada do comportamento ofensivo”.

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taurativa, apresentando discursos con- coibir o crime. É nesse sentido que Zehr
trários e favoráveis a este sistema. Diante afirma que teremos que ir muito além de
deste confronto, o autor constata que há simples penas alternativas, mas princi-
um grande potencial para a combinação palmente teremos que buscar formas al-
da justiça restaurativa com abordagens ternativas de ver o problema e a solução.
feministas antiviolência. Nas palavras de Do mesmo modo que Laurrauri
Ptacek, it is hoped that, when considered (2008), Ptacek (2010) e a publicação da
together, these different perspectives might ONU (2006), Zehr (2008) vê com otimis-
inspire new thinking, new ways to create mo a conciliação entre procedimentos de
justice for victims, offenders, and their justiça restaurativa e métodos do sistema
communities, and new forms of social ac- penal, pois afirma que talvez seja impos-
tion against women (Ptacek 2010: 285)2. sível eliminar inteiramente a punição
Segundo o autor, as práticas restaurativas dentro da abordagem restaurativa, mas
têm muito a aprender com a visão femi- segundo o autor, ela não deve ser nor-
nista acerca da hierarquia existente entre mativa, e sua utilização e propósitos de-
homens e mulheres, expressão da socie- veriam ser indicados com cuidado. Para
dade patriarcal. Ao mesmo tempo, mui- Zehr (2008), se há lugar para a punição
tas correntes do movimento feminista na abordagem restaurativa, ela não dever
têm muito que aprender com os profis- ser um lugar central; a punição precisaria
sionais restauradores e compreender as ser aplicada sob condições em que a dor é
limitações do sistema jurídico criminal. controlada e reduzida a fim de manter a
Na perspectiva de Zehr (2008), o maior restauração e a cura como objetivos.
desafio que a justiça restaurativa enfrenta é Diante do que foi exposto e tendo
o paradigma da justiça retributiva que difi- como base a relação feita na seção an-
culta às pessoas pensarem em justiça sem terior entre os dois tipos de justiça e a
pensar em pena privativa de liberdade. moral, a justiça restaurativa apresenta-
Segundo o autor nós vemos o crime atra- -se como uma alternativa interessante
vés da lente retributiva. O processo penal, à administração da violência contra a
valendo-se dessa lente, não consegue aten- mulher que poderia apresentar resulta-
der a muitas das necessidades da vítima dos satisfatórios aos conflitos conjugais,
e do ofensor. O processo negligencia as uma vez que além de atender as neces-
vítimas enquanto fracassa no intento de- sidades da vítima e de responsabilizar
clarado de responsabilizar os ofensores e o agressor, trabalharia nele a gravidade
2
Tradução: “espera-se que, quando considerados em
de seus atos, fazendo-o compreender
conjunto, essas diferentes perspectivas possam inspirar o respeito à norma de não violência às
novo pensamento, novas formas de criar justiça para as
vítimas, infratores e suas comunidades, e novas formas
mulheres como desejável. A violência
de ação social para as mulheres”. contra a mulher é resultado de uma
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JUSTIÇA PELO DEVER OU PELO BEM?

cultura machista e patriarcal e mudan- que o indivíduo perceba o respeito à


ças de ordem cultural não ocorrem por regra como algo desejável, atingindo
meio, exclusivamente, do sistema penal. a definição de Durkheim da moral
como um dever e um bem.
CONSIDERAÇÕES FINAIS Quando se trata de uma violên-
A moral, independente de qual cia que ocorre devido a uma cultura
definição conceitual se está falando, é de opressão fortemente enraizada na
um instrumento de conter e estimular sociedade, como é o caso da violência
ações consideradas desaprovadas ou contra a mulher, isto se torna ainda
estimadas pela sociedade, respectiva- mais evidente. Afinal, simplesmente
mente. O que os teóricos da moral fi- prender um agressor não o fará com-
zeram foi indicar o que a movimenta. preender sua ação como incorreta, uma
Em outras palavras, o que move um vez que o sistema machista e patriar-
indivíduo a agir conforme a sociedade cal é algo que está internalizado nele.
espera ou o Estado impõe. Então, ele dificilmente agirá de forma
Enquanto a corrente do utilita- diferente para cumprir uma lei, neste
rismo defendeu que os sujeitos agem caso a Lei Maria da Penha. É necessário
moralmente porque há algo de útil que isto seja visto como um bem para
neste tipo de ação, sendo a moral um ele, não apenas como um dever.
bem, e a teoria desenvolvida por Kant Desse modo, conforme a “Ciên-
afirma que a moral é a ação conforme cia da Moral” desenvolvida por
o dever, Durkheim não se limitou a Durkheim, acredita-se que somente
um único elemento, definindo a mo- quando o indivíduo desejar o bem e
ral como a associação entre estes dois não faze-lo simplesmente para cum-
componentes. Sendo assim, o indiví- prir um dever é que o cenário social
duo age de forma moral para cumprir de violências e criminalidades, tanto
um dever e satisfazer um bem. no âmbito doméstico quanto no âm-
Na discussão sobre os dois siste- bito público, mudará. É nesse sentido
mas de justiça, foi possível perceber que deve atuar a justiça.
que a justiça retributiva parece acre-
ditar que os indivíduos são capazes de BIBLIOGRAFIA
agir moralmente exclusivamente para AZEVEDO, Rodrigo Ghiringhelli de
respeitar uma regra, contemplando a (org.). “Relações de Gênero e Sistema Pe-
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