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Universidade de Brasília

Faculdade de Direito
Disciplina Atualização e Prática do Direito 5
Código FDD0258
Turma F
Tipo Optativa/Módulo Livre
Pré-Requisitos N/A
Período 1º/2021
Professor Otávio Souza e Rocha Dias Maciel
Contato oe.maciel@gmail.com
Horário Terças e Quintas, 19h-20h40

Curso de Teoria dos Sistemas


Edição: Teoria do Direito e Realismo Sociológico dos Sistemas Sociais

Apresentação e Justificativa do Curso

O propósito este curso é tentar responder à seguinte pergunta de pesquisa: seria a Teoria
dos Sistemas, de matriz luhmanniana, equipada e capaz de se conectar à contemporânea
redescoberta do realismo por parte das teorias sociais? Tentando responder antecipadamente,
poderíamos especular que não – ou, pelo menos, não imediatamente. A obra do sociólogo alemão
Niklas Luhmann se inseriu, desde seu giro autopoiético no decorrer dos anos 80, numa tradição
notadamente construtivista e pós-estruturalista. Não obstante, o próprio Luhmann jamais se sentiu
inteiramente confortável com estes rótulos, preferindo dizer que sua teoria social descreve um
tipo de objeto, a saber, a comunicação, e não algo como a “realidade imutável em si”.
A organização da comunicação, construída socialmente, geraria um amálgama
indiferenciado de comunicações razoavelmente caóticas. É com a evolução social que elas
progressivamente se diferenciariam funcionalmente em sistemas sociais autopoiéticos, cada um
com formas, códigos e programas próprios. No entanto, seria isso o suficiente para exibir um
inabalável comprometimento metafísico com o antirrealismo? Será que o problema não é, em
verdade, a própria concepção viciada, demasiado moderna, de “realidade”?
O antirrealismo nas ciências humanas e sociais geralmente não é um comprometimento
com um irrealismo, tal como seria dizer que o mundo não passa de ilusão, ou de negar que exista
algo fora da mente. Defensores do antirrealismo, em geral, não querem assumir o compromisso
com uma realidade “feita de” coisas tais como um Grande Todo monolítico, composto de
essências eternas, imutáveis, não raro manipuladas e monopolizadas por este ou por aquele grupo
social para manter seus privilégios. Contrariamente, os grandes antirrealistas da teoria sociológica
descobriram, por assim dizer, que a realidade é socialmente construída, não sendo pré-fabricada
em modelos essenciais eternos. Se “realismo” for ser entendido como a defesa deste Grande Todo
imutável, ser antirrealista certamente foi um ato acadêmico importante de resistência, de crítica,
de reformas, de reinvenção da teoria sociológica.
A renovação veio pela metafísica, pela ontologia, pela abstração filosófica. Esta mesma,
que tanto os realistas do estático-eterno, como também os defensores do construtivismo social
achavam que estava morta, derrotada, obsoleta. O renascimento da metafísica na
contemporaneidade não é apenas uma grande ironia histórica contra décadas de suposta morte
presumida, mas é também uma oportunidade sem igual para a renovação na sociologia do direito
e na filosofia do direito. Grandes nomes da metafísica do século XX, com Alfred N. Whitehead
e Nicolai Hartmann, começam a ressurgir, bem como novos movimentos despoletados no século
XXI depois do realismo especulativo. Dentre estes, o materialismo especulativo de Quentin
Meillassoux e a ontologia orientada a objetos de Graham Harman têm implicações altamente
revolucionárias para se voltara pensar a realidade.
Em épocas de fake news, negacionistas de toda estirpe, alucinações coletivas da
inescapabilidade da experiência, do antropocentrismo desenfreado e da catástrofe climática,
repensar o que significa verdade, ciência, sociedade, justiça e confiança se torna uma tarefa para
anteontem. O retorno do realismo científico e metafísico certamente não é o retorno a um
realismo ingênuo, que acredita candidamente em qualquer suposta figura de autoridade – não é
exatamente disso feito o negacionista de WhatsApp ou Facebook? Como combater apologistas da
tirania e ignorâncias anti-vacinação se o antirrealismo nos forçou a abandonar a realidade? Como
dizer da verdade se o pós-modernismo disse que tudo é construção da pós-verdade? Como
defender a ciência se o pós-estruturalismo diz que a ciência é só discurso? Numa inversão maligna
digna do escritor russo Ivan Illich, as armas de outrora da velha luta antirrealista agora se viraram
contra a universidade e contra a ciência, e “construção social” se tornou modus operandi do
definhamento da possibilidade da racionalidade.
É muito difícil pensar que Luhmann corroboraria com este cenário trágico de para onde
foi a academia e a intelectualidade. A intuição de pesquisa deste curso é de que Luhmann ter
optado outrora por certo antirrealismo não deve ser lido como um mero “produto do contexto
histórico” que explicaria tudo. Sua estratégia pode ser entendida de outra maneira. Sociólogo,
Luhmann percebeu que o estado-da-arte da filosofia em sua época não era muito animador,
pressupondo que a sociedade é “feita de” luta de classes, de liberdade do mercado, de
inconscientes, de poder ou outros artefatos da intersubjetividade humana. Preferiu focar na
comunicação, uma unidade de análise presente em humanos, máquinas, robôs e sistemas sociais
abstratos, tais como o Direito, a Arte, a Religião, a Economia etc.
Descobrimos aqui a hipótese de nosso curso: o que acontece se conectarmos a Teoria dos
Sistemas de Luhmann com um tipo de realismo filosófico? Como se comporta a Teoria dos
Sistemas quando o que se entende por “realidade” é algo radicalmente diferente daquilo que os
velhos modernos achavam ser? Para explorarmos estas e outras perguntas vamos entender o que
se entende por realidade por duas avenidas. A primeira é negativa, de conhecermos o que não se
quer dizer quando dizemos da realidade nesta forma de realismo complexo contemporâneo.
Apesentaremos as críticas do filósofo e físico inglês Alfred N. Whitehead contra a bifurcação da
natureza e contra a falácia da concretude mal-alocada. Em seguida, veremos como Nicolai
Hartmann antecipa diversas críticas contemporâneas ao correlativismo filosófico, dando diretrizes
extremamente interessantes para o que podemos recepcionar como realismo filosófico.
A conexão entre o realismo com a sociologia e com o direito começa a se tornar mais
evidente com a poderosa crítica de Quentin Meillassoux a todas as formas de metafísica da
intersubjetividade. Radical propositor de um conhecimento inteiramente inumano e avesso à
humanidade e à vida, comentadores e críticos de suas obras inspiraram o surgimento do realismo
especulativo desde 2007. Antes mesmo desta catálise, Graham Harman já trabalhava nos
primórdios da ontologia orientada a objetos (OOO), se juntando à crítica de Meillassoux,
embora não aceite os direcionamentos propostos pelo francês. Harman recentemente tem levado
a OOO para a Teoria Social, analisando a Companhia das Índias Ocidentais holandesa e a Guerra
Civil Americana em seus livros mais recentes. Seu aliado na OOO, Levi Bryant já tem escrito
sobre a conexão do realismo do tipo OOO com a teoria dos sistemas de Luhmann.
Para investigarmos se esta conexão se sustenta, e como ela pareceria de fato no sistema
do direito, vamos começar brevemente com o debate acerca do ressurgimento do realismo na
academia contemporânea. Em seguida, vamos adentrar à Teoria dos Sistemas de Luhmann,
seguida de sua aplicação na Sociologia do Direito. A tese de leitura será a de que Luhmann
descreve um tipo de realismo sociológico avant la lettre, dizendo que, na realidade, há coisas tais
como o sistema do direito, o sistema biopsíquico do leitor deste programa, a comunicação tal
como ente que há-aí, e assim sucessivamente. Para sustentarmos isso, adentraremos à crítica ao
antirrealismo sociológico ortodoxo e ao construtivismo social pós-estruturalista tal como tem sido
encabeçada por Bruno Latour. Por fim, concluiremos pela conexão da teoria dos sistemas de
matriz luhmanniana com o realismo contemporâneo, especificamente, aquele fruto das ontologias
orientadas a objetos do século XXI. As implicações desta pesquisa para própria pesquisa
transdisciplinar da teoria do direito são fascinantes e dignas de investigações mais profundas.

Metodologia
• Este é um curso de pesquisa. O curso está estruturado em aulas expositivas virtuais,
um estudo dirigido e um artigo final.
• As aulas expositivas visam apresentar o pensamento dos autores estudados de
maneira mais coordenada para que os discentes possam articular conceitos e chaves
de leitura que lhes aprouverem em suas pesquisas individuais. Elas ocorrerão de
forma remota, até segunda notícia, pela plataforma do Google Meets
(https://meet.google.com/tha-zgcv-ghj).
• As instruções para o estudo dirigido e eventuais tarefas virtuais serão disponibilizadas
aos discentes na pasta online da disciplina.
• O artigo final deverá trabalhar, a partir de algum dos marcos teóricos apresentados,
algum tema numa comedida liberdade de escolha. Pode-se acoplar uma pesquisa
anterior, fazer alguma análise jurisprudencial, promover uma comparação teórica
com os autores da disciplina ou externos, ou até mesmo um exercício
exegético/hermenêutico de algum dos textos em particular. O professor se
disponibiliza na semana do dia 4 de outubro a marcar uma videoconferência com cada
discente para decidir o tema de cada artigo. Na ocasião, deverá ser apresentado um
pré-projeto de até duas páginas via PDF, constando um título provisório, objetivos
gerais e uma bibliografia preliminar para se desenvolver no artigo final.
• Os encontros dos dias 26 e 28 de outubro serão reservadas para os discentes que
queiram apresentar suas pesquisas, seus projetos de artigos e debater para fazer os
ajustes finais antes da entrega.
• O estudo dirigido e o artigo final devem ser entregues pelo e-mail do professor em
formato PDF nas respectivas datas estipuladas no cronograma.
• Os textos obrigatórios e alguns complementares serão disponibilizados por pasta
virtual no Google Drive (bit.ly/TS-RCO).
• O atendimento aos discentes será feito de forma online, preferencialmente marcado
previamente pelo e-mail que o professor disponibiliza na presente ementa.
Avaliação dos Alunos
A avaliação será dividida em três modos:
1) Participação: Presença virtualmente auferível, questionamentos pertinentes durante
os debates e participação dos encontros em geral.
2) Entrega de estudo dirigido: Comentário com a devida coerência, estruturação,
correção linguística, exposição adequada e aceitável do conteúdo, comparação e
avaliação crítica de trechos propostos pelo professor.
3) Entrega de Artigo final: Coerência, estrutura textual, correção linguística, exposição
dos argumentos dos autores estudados e das articulações pensadas pelo discente entre
os textos. O tema do artigo final deverá ser previamente discutido com o professor
até a data-limite de 8 de outubro.
Obs. 1: As instruções técnicas relevantes para todos os trabalhos escritos são: papel
A4, fonte Times New Roman/Calibri tamanho 12, espaçamento 1,5. Pode-se adotar a
convenção de citação que preferir, contando que mantenha a estrutura pelo texto. Sugere-
se o formato “Autor, Ano, Página”, com referências bibliográficas ao final do documento.
Obs. 2: Cada um dos modos terá nota de 0 a 10. É necessário que o discente consiga
algum desempenho em cada um dos modos. Caso um destes três modos não tenha
rendimento algum, será atribuída automaticamente menção final da disciplina SR. Casos
de plágio total ou parcial será atribuído menção II automaticamente na atividade. A
conversão da nota final se dará por média aritmética em menções seguindo o regime
estabelecido pela Universidade de Brasília. Em casos graves, haverá a possiblidade de
reavaliação na forma de prova oral.

Conteúdo Programático

1º Encontro 20/jul.
Introdução ao curso.
O Direito “é” alguma coisa? O velho debate entre Realidade e Aparência. Realismo
ingênuo e construção social: “o mundo é a minha correlação”. Quentin Meillassoux e a
crítica ao correlacionismo.
MEILLASSOUX, Quentin. ‘O Tempo sem o Tornar-se’ in. Anãnsi: Revista de
Filosofia, v. 1, n. 1, p. 196-219, 13 set. 2020.
2º Encontro 22/jul.
Meillassoux, contingência e o problema de Hume. O lugar ambíguo de Kant. Críticas e
expansões do realismo especulativo. Contingência na Teoria dos Sistemas. Como fazer
teoria do direito, filosofia e sociologia depois do antropocentrismo?
MEILLASSOUX, Quentin. ‘O Tempo sem o Tornar-se’ in. Anãnsi: Revista de
Filosofia, v. 1, n. 1, p. 196-219, 13 set. 2020.
3º Encontro 27/jul.
O que significa dizer que o Direito “é” um ordenamento? Que o Direito “é” um sistema?
Renascimento da ontologia como área de pesquisa. Nicolai Hartmann e a ontologia dos
valores. Direito, ética e personalidade na ontologia de Hartmann.
HARTMANN, Nicolai. ‘Como é possível uma ontologia crítica?’ in. Anãnsi: Revista de
Filosofia, v. 1, n. 2, p. 159-212, 30 dez. 2020.
4º Encontro 29/jul.
Reformas da ontologia. Alfred N. Whitehead e a crítica à bifurcação da natureza e à
falácia da concretude mal-alocada. Ontologia, processo e sistema do direito. Repensando
a velha separação moderna entre “Sociedade” e “Natureza”. Consequências para o
Direito: ciências de causação, ciências de imputação.
WHITEHEAD, Alfred N. O Conceito de Natureza. São Paulo: Martins Fontes, 1994
(Capítulo 2 – Teorias da Bifurcação da Natureza)
KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito. São Paulo: Martins Fontes, 2006 (Capítulo
III – Direito e Ciência, §§1 ao 9)
5º Encontro 3/ago.
Ontologia do Ser Espiritual/Sociocultural. Teoria da estratificação da realidade.
Multiplicidade do que há: seres ideais, físicos, orgânicos, psíquicos e espirituais. O lugar
do Direito e da Teoria dos Valores na filosofia de Nicolai Hartmann. Realismo crítico e
teoria da complexidade.
MACIEL, Otávio S. R. D. ‘Ensaio introdutório à filosofia de Nicolai Hartmann’ in.
Anãnsi: Revista de Filosofia, v. 1, n. 2, p. 131-158, 30 dez. 2020.
6º Encontro 5/ago.
Whitehead e Hartmann na pré-história da Teoria dos Sistemas. Histórico da Teoria dos
Sistemas: sistemas abertos, input/output, cibernética. Trajetórias históricas, jurídicas e
sociológicas de Niklas Luhmann
LUHMANN, Niklas. ‘Aulas I e II’ in. Introdução à Teoria dos Sistemas. Petrópolis,
RJ: Vozes, 2010
7º Encontro 10/ago.
Introdução à Teoria dos Sistemas de Niklas Luhmann: Conceitos fundamentais: sistema,
ambiente. Forma e distinção. Mudança de Paradigma na Teoria dos Sistemas: o giro
autopoiético como diferença-guia. O Sistema como diferença.
LUHMANN, Niklas. ‘Prefácio’ e ‘Introdução’ in. Sistemas Sociais – esboço de uma
teoria geral. Petrópolis, RJ: Vozes, 2016
8º Encontro 12/ago.
Análise de Forma (Formanalyse). Sistema como forma de dois lados. Quatro
contribuições do cálculo de formas de George Spencer-Brown para a Teoria dos Sistemas.
Teoria do reingresso.
LUHMANN, Niklas. ‘Aula III’ in. Introdução à Teoria dos Sistemas. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2010
9º Encontro 17/ago.
Encerramento operativo e autopoiese. Máquinas triviais e não-triviais. Emergência de
estruturas e a auto-organização. Gradação da autopoiese?
LUHMANN, Niklas. ‘Aula IV’ in. Introdução à Teoria dos Sistemas. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2010
10º Encontro 19/ago.
Acoplamentos estruturais. Autorreferência e heterorreferência. Linguagem como
acoplamento estrutural. Teoria da Informação. Evolução da sociedade. O cruzamento das
formas.
LUHMANN, Niklas. ‘Aula V’ in. Introdução à Teoria dos Sistemas. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2010
11º Encontro 24/ago.
O problema do observador: como fazer teoria social se estamos em sociedade? Níveis de
observação e pontos-cegos. A ideia de complexidade e de sua redução. Gradação de
níveis. Perspectivismo e hipercomplexidade.
LUHMANN, Niklas. ‘Aulas VI e VII’ in. Introdução à Teoria dos Sistemas. Petrópolis,
RJ: Vozes, 2010
12º Encontro 26/ago.
Tempo na Teoria dos Sistemas. Série A e Série B de John MacTaggart. Tempo, diferença
e memória. Tempo e sentido. Substrato medial e emergência do sentido. Três dimensões
do sentido.
LUHMANN, Niklas. ‘Aulas VIII e IX’ in. Introdução à Teoria dos Sistemas.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2010
13º Encontro 31/ago.
A constituição do sentido da comunicação dos sistemas psíquicos e sociais. Problemas
com as “Teorias da Ação”. Emergência e interpenetração da autopoiese.
LUHMANN, Niklas. ‘Aulas X e XI’ in. Introdução à Teoria dos Sistemas. Petrópolis,
RJ: Vozes, 2010
14º Encontro 7/set.
Teoria da Comunicação. Unidade tripartite de análise da comunicação. O teorema da
dupla contingência. Estruturas sociais e conflito. Processo e sistema. Integração, inclusão,
diferenciação. A reserva do dissenso e a importância do direito.
LUHMANN, Niklas. ‘Aulas XII e XIII’ in. Introdução à Teoria dos Sistemas.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2010
15º Encontro 9/set.
Sistema Autopoiético do Direito. Positividade, normatividade e operações. Fechamento
operativo do Direito. Diferenciação funcional e codificação jurídica.
LUHMANN, Niklas. ‘Capítulo 2 – O Fechamento Operativo do Sistema do Direito’ in.
O Direito da Sociedade. São Paulo: Martins Fontes, 2016 (parte 1)
Divulgação do Estudo Dirigido
16º Encontro 14/set.
Autonomia do Direito e operações codificadas. Expectativas cognitivas e normativas.
Acoplamentos do Direito. Validade como símbolo do Direito.
LUHMANN, Niklas. ‘Capítulo 2 – O Fechamento Operativo do Sistema do Direito’ in.
O Direito da Sociedade. São Paulo: Martins Fontes, 2016 (parte 2)
17º Encontro 16/set.
Função do Direito da Sociedade. Diferenciação entre Direito e Política. Generalização
congruente de expectativas normativas. O que falta de empírico para a Teoria dos
Sistemas?
LUHMANN, Niklas. ‘Capítulo 3 – A função do direito’ in. O Direito da Sociedade. São
Paulo: Martins Fontes, 2016
18º Encontro 21/set.
Introdução ao pensamento de Bruno Latour. Sociologia das ciências naturais.
Antropologia das ciências humanas. Princípio das Irreduções. Crítica à Modernidade.
HARMAN, Graham. Prince of Networks – Bruno Latour and Metaphysics.
Melbourne: re.press, 2009 (Parte I)
19º Encontro 23/set.
Para além da sociologia do contexto e da sociologia crítica: o projeto sociológico da
Teoria do Ator-Rede (ANT). Como se alimentar das controvérsias na teoria social.
LATOUR, Bruno. Reagregando o social: uma introdução à Teoria do Ator-Rede.
Salvador-Bauru: EUDFBA e EDUSC, 2012 (Introdução)
20º Encontro 28/set.
Agrupamentos, não grupos. Ação transbordada. A agência dos actantes e o projeto da
ontologia plana.
LATOUR, Bruno. Reagregando o social: uma introdução à Teoria do Ator-Rede.
Salvador-Bauru: EUDFBA e EDUSC, 2012 (Parte I, Fontes de Incerteza 1 e 2)
21º Encontro 30/set.
A ação dos objetos, dos actantes, e o movimento de seguir os atores. Questões de Fato vs.
Questões de Interesse. O abandono do “construtivismo”.
LATOUR, Bruno. Reagregando o social: uma introdução à Teoria do Ator-Rede.
Salvador-Bauru: EUDFBA e EDUSC, 2012 (Parte I, Fontes de Incerteza 3 e 4)
Entrega do Estudo Dirigido.
22º Encontro 5/out.
Escrever relatos de risco. Definição da categoria da Rede. Interlúdio sobre a dificuldade
de fazer ANT. Como rastrear o social? O projeto da ontologia plana. Três movimentos
para a ANT. Primeiro Movimento: localizando o global. Teoria do oligóptico e os
panoramas.
LATOUR, Bruno. Reagregando o social: uma introdução à Teoria do Ator-Rede.
Salvador-Bauru: EUDFBA e EDUSC, 2012 (Parte I, Fonte de Incerteza 5, Introdução à
Parte II, Primeiro Movimento)
23º Encontro 7/out.
Segundo Movimento: redistribuindo o local. Rastreadores latourianos. Terceiro
Movimento para a ANT: coletores e mediadores. Teoria do Plasma: massas perdidas.
Conclusão: como o social pode ser reagregado? Críticas ao realismo estrito de Latour.
LATOUR, Bruno. Reagregando o social: uma introdução à Teoria do Ator-Rede.
Salvador-Bauru: EUDFBA e EDUSC, 2012 (Parte II e Conclusão)
24º Encontro 12/out.
Introdução à Ontologia Orientada a Objetos. Ontologia plana e Princípio Ôntico.
Autonomia dos Sistemas e relações indiretas. Uma nova teoria do tudo?
HARMAN, Graham. Object-Oriented Ontology: A New Theory of Everything.
London: Pelican Books, 2018 (Capítulos 1 e 2)
BRYANT, Levi. ‘The Ontic Principle: Outline of an Object-Oriented Ontology’ in.
BRYAT, Levi et. al. The Speculative Turn. Melbourne: re.press, 2011
25º Encontro 14/out.
Teoria Social e a ontologia orientada a objetos de Graham Harman. Imaterialismo, recuo
dos objetos e ênfase na autonomia sistêmica. Redes e simbioses subsequentes. Como seria
uma teoria do direito orientada a objetos?
HARMAN, Graham. Object-Oriented Ontology: A New Theory of Everything.
London: Pelican Books, 2018 (Capítulo 3)
HARMAN, Graham. Immaterialism. Malden, MA: Polity Press, 2016
26º Encontro 19/out.
Ontologia orientada a objetos e Teoria dos Sistemas na obra de Levi Bryant. Objeto
dessubjetivado? Latour e Luhmann em direção a uma ontologia realista. Substância do
sistema do direito ou Ser-Propriamente-Virtual?
BRYANT, Levi. The Democracy of Objects. Ann Harbour MI: Open Humanity Press,
2011 (Capítulos 1 a 3)

27º Encontro 21/out.


O interior dos objetos. O que há “dentro” do objeto espiritual “Sistema do Direito”?
Luhmann e os regimes de atração e de estruturação.
BRYANT, Levi. The Democracy of Objects. Ann Harbour MI: Open Humanity Press,
2011 (Capítulos 4 e 5)

28º Encontro 26/out.


(Apresentações dos projetos de pesquisa dos discentes)
29º Encontro 28/out.
(Apresentações dos projetos de pesquisa dos discentes)
30º Encontro 2/nov.
Teoria dos Sistemas, autopoiese no estrato sociocultural e realismo ampliado. Realismo
complexo e caminhos da transdisciplinaridade. O Direito e a complexidade.
31º Encontro 4/nov.
Encerramento do Curso e observações finais.
Entrega do artigo final

Bibliografia Adicional

AMATO, Lucas Fucci; BARROS, Marco Antonio Loschiavo Leme de. Teoria Crítica dos
Sistemas? – Crítica, teoria social e direito. Porto Alegre, Editora Fi, 2018
BARRETO, Ricardo de Macedo Menna. Da autopoiese ao hiperciclos do sistema jurídico.
Direito & Práxis, Rio de Janeiro, v. 7, n. 15, p. 340-375, 2016.
BLOK, Anders; FARÍAS, Ignacio & ROBERTS, Celia (eds.). The Routledge Companion to
Actor-Network Theory. New York: Routledge, 2020
BRAUN, Andreas Christian. Latours Existenzweisen und Luhmanns Funktionssysteme –
Ein soziologischer Theorienvergleich. Wiesbaden: Springer, 2017
BRITO, Miguel Nogueira de; CALABRIA, Carina; ALMEIDA, Fábio Portela L. (eds.). Law as
Passion – Systems Theory and Constitutional Theory in Peripheral Modernity. Cham:
Springer Nature Switzerland, 2021
CALGARO, Cleide; PEREIRA, Agostinho Oli Koppe. O sistema autopoiético e seus
paradoxos. Sequência, v. 31, n. 60, p. 275-290, julho de 2010
CAMPILONGO, Celso Fernandes; AMATO, Lucas Fucci; BARROS, Marco Antonio
Loschiavo Leme de. Luhmann and Socio-Legal Research – An Empirical Agenda for Social
Systems Theory. New York: Routledge, 2021
CICOVACKI, Predrag. The Analysis of Wonder: An Introduction to the Philosophy of
Nicolai Hartmann. London: Bloomsbury, 2014
CZARNIAWSKA, Barbara. ‘Bruno Latour and Niklas Luhmann as organization theorists’ in.
European Management Journal, 35 (2017) pp. 145-150
FILHO, Willis Santiago Guerra. Da epistemologia metafísico-teológica medieval à teoria dos
sistemas sociais autopoiéticos. Revista Eletrônica Direito e Sociedade, v. 1, n. 1, p. 177-193,
2013
HARTMANN, Nicolai. New Ways of Ontology. Chicago, IL: Henry Regnery Company, 1953
KING, Michael; THORNHILL, Chris. Niklas Luhmann’s Theory of Politics and Law.
London: Palgrave Macmillan, 2003
LUHMANN, Niklas. Theory of Society, vols. 1 and 2. Stanford, CA: University Press, 2012
LUHMANN, Niklas. ‘Deconstruction as Second-Order Observing. New Literary History, Vol.
24, No. 4, Papers from the Commonwealth Center for Literary and Cultural Change (Autumn,
1993), pp. 763-782
MACIEL, Otávio S. R. D. ‘Razão e Experiência: uma introdução metafilosófica ao pensamento
especulativo de Alfred N. Whitehead’ in. Das Questões, Vol.7. n.2, janeiro de 2021, p.34-65
MACIEL, Otávio S.R.D. ‘Correlacionismo Revisitado: uma leitura heterodoxa a partir de Quentin
Meillassoux’ in. VALDERIO, Francisco et.al. Ceticismo, dialética e filosofia contemporânea
(Coleção ANPOF 2019). São Paulo: ANPOF, 2019
MACIEL, Otávio S.R.D. Curso de Teoria dos Sistemas de Niklas Luhmann. Compilado de
Roteiros de Aula disponibilizados no Academia.edu – UnB. Brasília, 2018
MACIEL, Otávio S.R.D. Meta-metafísica e correlacionismo. Dissertação (dissertação em
Filosofia) – UnB. Brasília, 2017 – Seções I.§1, I.§2, e III.D
MARTINS, Rafael Ferreira. A bifurcação da natureza: história, exemplificação, definição e
crítica na filosofia whiteheadiana. RECIMA21 - Revista Científica Multidisciplinar, v. 2, n. 4,
p. e24224, 2021.
MATURANA, Humberto; VARELA, Francisco. A Árvore do Conhecimento – as bases
biológicas do entendimento humano. Campinas, SP: Editora Psy II, 1995
NEVES, Marcelo. NEVES, Marcelo. Entre Têmis e Leviatã – Uma Relação Difícil. São Paulo:
Martins Fontes, 2008
SPENCER-BROWN, George. Laws of Forms. New York: The Julian Press, 1972
STICHWEH, Rudolf. ‘Elementos-chave de uma teoria da sociedade mundial’ in. Revista
Sociedade e Estado, v. 33, n. 2, Maio/Agosto 2018 pp. 389-406
VESTING, Thomas. Teoria do Direito: Uma Introdução. Coord. Ricardo Campos. São Paulo:
Saraiva, 2015
VON FOERSTER, HEINZ. Understanding Understanding – Essays on Cybernetics and
Cognition. Urbana, IL: Springer, 2002
WHITEHEAD, Alfred N. Processo e Realidade. Lisboa: Centro de Filosofia da Universidade
de Lisboa, 2010

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