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COMO CITAR

GUIMARÃES, Claudio Alberto Gabriel, RAMOS, Paulo Roberto Barbosa, VIANA,


Pedro Nilson Moreira. Metodologia da pesquisa aplicada ao Direito: o fazer científico no
Núcleo de Estudos de Direito Constitucional do Programa de Pós-Graduação em Direito
da Universidade Federal do Maranhão. In: Dinâmica e efetividade das Instituições do
Sistema de Justiça: em homenagem aos 10 anos do PPGDIR / Roberto Carvalho Veloso
(organizador). – São Luís: EDUFMA, 2022, p. 467 – 488.
METODOLOGIA DA PESQUISA APLICADA AO DIREITO: o fazer científico no
Núcleo de Estudos de Direito Constitucional do Programa de Pós-Graduação em Direito
da Universidade Federal do Maranhão

Cláudio Alberto Gabriel Guimarães 1


Paulo Roberto Barbosa Ramos 2
Pedro Nilson Moreira Viana3

SUMÁRIO: 1. Introdução; 2. Conhecimento científico, método e pesquisa jurídica


aplicada; 3. Comunidade de pesquisadores e o contexto brasileiro. 4. O Núcleo de Estudos
de Direito Constitucional do Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade
Federal do Maranhão; 5. Conclusão

RESUMO: O presente estudo busca analisar a pesquisa científica aplicada ao direito a


partir do contexto histórico de seu desenvolvimento e de suas teorias. Partindo de uma
metodologia de análise qualitativa, o artigo científico se fundou na análise conceitual do
desenvolvimento da ciência, do método e da pesquisa jurídica, evidenciando os entraves
presentes na atualidade. Analisa-se ainda a formação da comunidade de pesquisadores a
partir da importância do Núcleo de Estudos de Direito Constitucional do Programa de
Pós-Graduação em Direito da Universidade Federal do Maranhão para o aprimoramento
da produção de conhecimento da comunidade de pesquisadores local. Para tanto, o estudo
foi guiado, predominantemente, por meio de pesquisas bibliográficas relacionadas ao
estudo da metodologia, método e procedimento científico no contexto brasileiro.

Palavras-chave: Teoria do Conhecimento. Metodologia da Pesquisa no Direito. Núcleo


de pesquisa.

ABSTRACT: The present study seeks to analyze scientific research applied to law from
the historical context of its development and its theories. Starting from a qualitative
analysis, the article was based upon the conceptual analysis of science’s development,
method and legal research, highlighting the obstacles present today. It also analyzes the
formation of a research community based on the importance of creating University
Research Centers. For this purpose, the study was guided, predominantly, by means of
bibliographic researches related to the study of the brazilian scientific methodology,
method and procedure.

Key-words: Theory of knowledge. Methodology applied to law research. Study group.

1
Professor Permanente da Pós-Graduação em Direito e Instituições do Sistema de Justiça da Universidade
Federal do Maranhão e do Programa de Mestrado em Direito e Afirmação de Vulneráveis da Universidade
CEUMA. Pós-Doutor pela Universidade de Lisboa. Doutor em Direito pelas Universidades Federal de
Santa Catarina e Federal de Pernambuco. Promotor de Justiça. E-mail: calguimaraes@yahoo.com.br
2
Professor Titular no Curso de Direito na Universidade Federal do Maranhão. Coordenador do Núcleo de
Estudos de Direito Constitucional do Mestrado em Direito da Universidade Federal do Maranhão.
Promotor de Justiça. Doutor em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. E-mail:
paulorbr@uol.com.br
3
Advogado-licenciado. Assessor Jurídico do Desembargador Corregedor-Geral da Justiça do Maranhão.
Mestrando em Direito e Instituições do Sistema de Justiça da Universidade Federal do Maranhão. Membro
pesquisador do Núcleo de Estudos de Direito Constitucional da Universidade Federal do Maranhão. E-
mail: pedro.moreira.viana@hotmail.com
1 INTRODUÇÃO

Por muito tempo persistiram no Brasil teorias alicerçadas no paradigma


dogmático aplicado na pesquisa do direito, pautadas no estudo isolado da norma de forma
que pouco se preocupavam com a problematização dos fenômenos sociais e econômicos
ligados ao fenômeno jurídico.
Em resposta a tal entrave científico, contudo, pesquisadores da ciência do direito
começaram a arquitetar novas teorias aplicadas à pesquisa científica jurídica, tendo em
vista que a dogmática estrita não era capaz de solucionar, ao fim e ao cabo, os problemas
da sociedade.
Assim, o modelo tradicional da pesquisa no direito foi ganhando uma nova
roupagem, permitindo que o pesquisador passasse a ter uma atitude analítica e mais crítica
em relação ao seu estudo.
Assim sendo, de um contexto dogmático acrítico, cujo objeto de pesquisa se
resumia a norma e questões afetas à sua aplicabilidade e decidibilidade, paulatinamente,
foi sendo inserida uma visão mais crítica, zetética, sobre as relações entre a sociedade e
o Direito, com a ampliação do objeto de pesquisa para todo e qualquer fenômeno social
que trouxesse repercussões ao campo jurídico.
Um exemplo dessa nova realidade de produção do saber jurídico são os Grupos
de Pesquisas Universitários, que possuem um papel fundamental no tripé ensino, pesquisa
e extensão, tendo em vista que são o locus ideal para o discente colocar em prática o
conhecimento adquirido através das aulas expositivas, além de compartilhar habilidades
e experiências na iniciação científica.
Os Núcleos de Pesquisas, neste aspecto, possuem considerável importância para
consolidação da ideia de comunidade jurídica de pesquisadores posto que se tornaram um
verdadeiro “projeto coletivo”, contemplando o agrupamento de docentes e discentes,
todos articulados em prol da produção de conhecimento científico de qualidade em uma
perspectiva zetética.
O Núcleo de Estudos de Direito Constitucional da Universidade Federal do
Maranhão, não foge dessa realidade. Instituído em 1998, hoje o NEDC é um dos
principais Núcleos de Pesquisa da Universidade Federal do Maranhão, conquistando
notoriedade nacional e internacional a partir de suas produções científicas.
Com o objetivo de sistematizar a importância do Núcleo e do Programa de Pós
Graduação ao qual está vinculado é que o presente artigo se divide em três seções: na
primeira, apresenta-se um estudo conceitual do conhecimento científico, do método e da
pesquisa aplicada ao direito; na segunda, estuda-se a comunidade de pesquisadores no
contexto brasileiro; na terceira parte, por fim, analisa-se a história, composição e função
do Núcleo de Estudos de Direito Constitucional para o aprimoramento do Mestrado em
Direito da Universidade Federal do Maranhão e da comunidade de pesquisadores do
direito.
Para tanto, o estudo foi guiado, predominantemente, por meio de pesquisas
bibliográficas relacionadas ao estudo da metodologia, método e procedimento científico
no contexto brasileiro a partir de um viés estritamente qualitativo.

2 CONHECIMENTO CIENTÍFICO, MÉTODO E PESQUISA JURÍDICA


APLICADA

Todo ser humano conduz-se nas suas ações rotineiras consoante a um


conhecimento ou diferentes conhecimentos, aproximando-se de seu mundo por
intermédio de sua capacidade de conhecê-lo e de, em alguma medida, transformá-lo.
Essa assertiva preliminar, presente em qualquer momento histórico, deriva da
constatação de que os sujeitos encontram-se diretamente ligados a um conjunto complexo
de informações sobre os mais diversos temas da realidade, dados estes que serão
submetidos a um processo subjetivo de aplicação pela experiência da tentativa, erro e
acerto.
Segundo Marques Neto (2003, p. 12), para quem esta é uma verdade constante,
o processo de conhecer pode assumir várias formas, isto é, pode se apresentar em várias
perspectivas durante o tempo, desde “as mais rudimentares, como o conhecimento mítico,
mágico, chegando até conhecimentos de graus mais elevados como o conhecimento
artístico, religioso, ético, filosófico ou científico.”
No campo da ciência da epistemologia, a questão do conceito de conhecimento
e de seu processo de constante (re)construção parece restar bem dividida entre dois
grandes campos de reflexão: um empirista e outro racionalista que pretendem dialogar,
afinal, de qual modo o sujeito humano conhece4.

4
Sobre o tema, em profundidade, Cunha (2016), para quem o conceito de Ciência foi sendo construído de
forma que, a partir da modernidade, tornou-se o denominador comum de todas as áreas de produção do
conhecimento que buscavam alguma forma de legitimidade baseadas na ideia de verdade. Na visão de Reale
(1987, p. 33) “conhecer é trazer para nossa consciência algo que supomos ou pressupomos fora de nós. O
Recorrendo ao magistério de Marques Neto (2003), é possível afirmar, em rápida
síntese, que a principal característica do empirismo reside na ideia de que “o
conhecimento nasce do objeto”, isto é, concepção segundo a qual o sujeito consciente
apenas analisa, descreve e registra o objeto tal como ele se apresenta, e, assim, a partir
desta perspectiva, o conhecimento surge com a constatação.
Significa dizer, de outro modo, que os ideólogos empiristas, à exemplo de
Augusto Comte, John Locke e John Stuart Mill, acreditam que conhecimento deve ser
“dotado de determinações observáveis” (MENEZES, 1964, p. 192).
Do contrário, a doutrina racionalista compreende que o objeto da apreciação
humana é mera representação, ou seja, ponto de referência, de modo que o conhecimento
não advém de determinações observáveis mas sim de ideias a que Radbruch (1974, p.
186) chama de “verdades da razão”.
Certo que em grande medida, a dualidade em questão, embora longe de ser
superada, pode ser redimensionada por alguns filósofos da escola fenomenológica
contemporânea, a exemplo de Georg Wilhelm Friedrich Hegel (em Fenomenologia do
Espírito), Martin Heidegger (em Ser e o Tempo) e Hans-Georg Gadamer (em Verdade e
Método) para quem o conhecimento está estritamente ligado à atividade cognoscitiva da
linguagem, uma espécie de proposta conciliatória que oferece a ideia de que o
conhecimento se relaciona ativamente tanto com o sujeito quanto com o objeto5.
Marques Neto (2003), acerca do tema, sintetiza com precisão ao afirmar que para
tais autores, há uma espécie de “fusão entre o eu e o não-eu”, isto é, entre sujeito e objeto,
união por meio da qual questionar e responder as dúvidas sobre o ser e sobre a natureza
das coisas, por meio da linguagem, revela-se caminho para o sujeito relacionar-se com
sua própria existência e das coisas ao seu redor – o dasein de que tanto Heidegger se
dedicou em Ser e Tempo.
Mas, afinal, qual a diferença entre a produção de conhecimento do homem em
seu cotidiano e a produção de conhecimento com objetivos científicos?

conhecimento é uma conquista, uma apreensão espiritual de algo. Conhecer é abranger algo tornando-nos
senhores de um ou de algum de seus aspectos”.
5
Um exaustivo trabalho sobre o processo de construção do conhecimento pode ser encontrado em Andery
et al (2002), para quem, o saber se constrói pela incorporação das experiências e conhecimentos adquiridos,
produzidos e transmitidos de geração em geração, por meio da educação e da cultura, permitindo que as
novas gerações não voltem ao ponto de partida daquelas que a precederam.
Assim como variadas as noções acerca do conceito de conhecimento, variadas
também são as perspectivas acerca dos elementos que distinguem o dito senso comum da
ciência6.
Por exemplo, Gustin e Dias (2002) compreendem que o conhecimento cotidiano
é essencialmente “vivencial, isto é, sensitivo”, ao passo que a ciência é dotada de uma
“exigência de conduta, voltada para a sistematicidade de procedimentos necessários para
o aprofundamento do conhecimento”.
Já para Japiassu (1977, p. 69), cujo pensamento coincide com o de Escobar
(1971, p. 164) o fator de distinção reside no “procedimento de autoconstituição que
constitui a ciência”, enquanto que para Weber (1969, p. 40) o método é o elemento pelo
qual “nasce uma ciência nova”.
Certo é que o método e os procedimentos, apesar das várias visões sobre o tema,
são elementos convergentes quanto a constituição da cientificidade do conhecimento,
este, que, por sua vez, submete-se a um constante processo de crítica, refutação e
retificação a que Popper (1975, p. 56) chamou de “interminável jogo da ciência”.
Especificamente, quanto a característica da constante mutabilidade do
conhecimento científico – elemento adicional que o distingue do senso comum, Cardoso
(1971, p. 23) explica bem quando aduz:

Jamais um pesquisador diz, ao concluir seu trabalho: Agora sim,


conheço. Sua posição exige um rigor maior e ele dirá: Agora o
conhecimento é mais perfeito do que aquele de que partimos.
Continuemos logo as pesquisas para, numa crítica incessante,
transformá-lo e torná-la ainda mais verdadeiro.

Assim, por resultar de um trabalho de construção, a ciência é sempre retificável,


posto que se encontra aliada às várias perspectivas de visão, constantemente modificáveis
em razão de condições históricas, políticas, econômicas e sociais.
Por isso mesmo é que Marques Neto (2003, p. 59) considera que o projeto e seu
corpo teórico “supõem todo processo de investigação, dando-lhe forma, orientação e
significado”, haja vista que neles o pesquisador é capaz de reunir e evidenciar à crítica
renitente, suas hipóteses e procedimentos sobre o fenômeno que se pretende
compreender.

6
Especificamente em relação à produção de conhecimento na área do Direito, em profundidade, Diniz
(2005), cuja abordagem parte do caráter problemático da temática “Ciência Jurídica”.
Portanto, o projeto e seu corpo teórico estão para a investigação assim como as
páginas estão para o livro, eis que além de constituírem sua natureza, lhe dão sentido,
servindo, assim, de verdadeiro canal de comunicação entre os sujeitos pesquisadores e a
comunidade na qual ele se encontra inserido.
Esta dinâmica também se aplica quando da pesquisa localizada no âmbito das
ciências sociais7. Santos (2002, p. 49), entende que a pesquisa na área das Ciências
Sociais Aplicadas interessa-se primordialmente, pela natureza moral de nossa sociedade
e pela qualidade dessa moralidade8.
O conhecimento desenvolvido propriamente pela ciência do direito, por seu
turno, volta-se, segundo o acima referido autor, à procura de “possibilidades
emancipatórias dos grupos sociais e dos indivíduos, pelo conteúdo ético dessa
emancipação” (SANTOS, 2002, p. 263).
Nesse sentido, o direito e a produção de seu conhecimento científico não se
restringem a compreender a disciplina do indivíduo, a sociedade e o Estado, mas volta-
se, principalmente, à construção de verdadeiros sistemas de controle social9.
A produção de um conhecimento aplicado ao direito, conforme entendimento de
Santos (2002, p. 264), origina-se, necessariamente, a partir de um problema – em regra,
socialmente presente em um dado momento histórico e de caráter complexo, dessa forma,
“os indivíduos devem utilizar seus próprios conhecimentos e o conhecimento disperso na
sociedade para lograrem maior êxito nos empreendimentos de que necessitam” (RAMOS;
OLIVEIRA, 2016, p. 88).
Significa dizer, de outro modo, que surge a partir de um problema ou conflito de
grande importância que, em alguma medida, se configura a partir de um fenômeno

7
Para uma diferenciação entre as Ciências Sociais e as Ciências Naturais, consultar Feijó (2003) para quem
a diferença basilar encontra-se no objeto de pesquisa de cada uma delas: nas Ciências Naturais os objetos
não são resultantes da ação humana, embora possam por esta ser modificados ou alterados. Leis e processos
a comandar fenômenos físicos, químicos e biológicos não podem ser vistos como consequentes da ação
humana.
8
Nessa perspectiva, Minayo (2016) adverte que a pesquisa científica deve ultrapassar o senso comum pela
via da reconstrução da realidade, através do método científico, visto que este método permite que a
realidade social seja reconstruída enquanto objeto de conhecimento, com procedimentos e técnicas que se
ocupem de características específicas do objeto estudado, possibilitando, assim, a necessária operabilidade
que leva do teórico ao empírico, a utilização prática do saber produzido.
9
Um aprofundado estudo sobre controle social pode ser encontrado nas obras de Guimarães (2013), (2014),
(2019), (2021). A partir de um referencial epistemológico alicerçado no Contratualismo, cujo corpo teórico
é desenvolvido no âmbito do pensamento liberal clássico, o autor se utiliza do método de procedimento
dialético para cotejar tal pensamento com as teorias que a este se opõem, como a visão marxista de controle
social, para ao final, em uma perspectiva pragmática, elaborar a necessária síntese afeta a tal metodologia.
compreendido em uma dimensão tridimensional em sentido: a) fático, b) axiológico, isto
é, de valores morais e c) normativo10.
Ante a evidente complexidade das questões postas à investigação científica do
direito, a produção do conhecimento aplicado à esta ciência em particular deve submeter-
se, com mais razão, a um conjunto amplo de métodos e procedimentos, isto é, de regras
pelas quais uma inquietação precisa seguir tanto para obter forma quanto validade.
Do ponto de vista histórico, é possível verificar com clareza de que modo a
metodologia se apresentou nas questões da pesquisa cientifica do direito. Muito embora
neste campo a produção de conhecimento não esteja pautada exclusivamente no saber
dogmático (GUSTIN; DIAS; NICÁCIO, 2020, p. 48), esta foi uma compreensão
dominante do processo de reflexão sobre as questões jurídico-sociais11.
Até muito recentemente, no início do século XX, alguns autores defendiam que
a pesquisa normativa limitava-se a um conjunto de teorias sobre as normas vigentes e
suas exigências no caso prático, ou seja, para esses teóricos, a cientificidade do direito
estava limitada a um aspecto regulatório, do direito posto12.
Nessa época, entendia-se o direito formado unicamente por normas proibitivas,
permissivas, obrigações, direitos, deveres e, consequentemente, relegando de certo modo
a ciência do direito a um papel meramente sistematizador de um conjunto normativo,
graças a considerável influência do juspositivismo Kelseniano13.

10
Nessa seara, clássica a lição de Reale (2002), para quem não se deve estudar o Direito como simples
coordenação de normas, como sistema de cânones normativos nos quadros de uma jurisprudência
dogmática, fundada no princípio de autoridade do Estado. O Direito é antes de tudo, fato social, realidade
social em perene transformação. Para um maior aprofundamento na temática, cfr., Reale (1987).
11
Na percepção de Andrade (1996) O compromisso central da Dogmática Jurídica não é com a produção
de conhecimento de seu objeto e isto porque, a Ciência não se propõe, de modo imediato, a um fim prático,
e o seu compromisso intrínseco é com o incremento incessante do conhecimento (objetivo e desinteressado)
de seu objeto, enquanto que a Dogmática encontra-se intrínseca e imediatamente empenhada numa função
prática e seus enunciados têm sua validade dependente de sua relevância prática. O compromisso dogmático
não é com a busca da verdade científica – embora ela aspire a tal – mas com a decidibilidade dos conflitos.
Os enunciados dogmáticos, consequentemente, não são descritivos, como os enunciados tipicamente
científicos, mas prescritivos. Sobre o tema, em estudo específico e aprofundado, cfr. Machado Segundo
(2008).
12
As íntimas ligações entre a perspectiva dogmática para construção do conhecimento científico no Direito
e as necessidades de legitimação dos sistemas jurídico-políticos, podem ser encontradas em Andrade (1996)
e Diniz (2006), que esmiuçam a temática no sentido de discutir o referencial de legitimidade do Estado
Moderno/Contemporâneo pautado na máxima de que é legítimo o que é legal.
13
Para maior aprofundamento no tema, cfr. Cunha (2016), em cujo conjunto de artigos sobressai a crítica
ao modelo normativista-positivista – herança e vetor de legitimação do pensamento liberal clássico para
formação dos sistemas jurídico-políticos que lhe são peculiares – como referência à produção do
conhecimento científico na área do Direito, deixando claro que não se pode confundir, ou englobar, o
conhecimento científico com e pelo conhecimento dogmático.
A produção de conhecimento a partir dessa lógica dogmática, ao longo do tempo,
especialmente diante da compreensão de que o direito encontra-se em constante
intercomunicação com outros subsistemas da realidade, como a política e a economia, foi
considerada limitadora do saber jurídico, tendo em vista que deixava de se preocupar com
a “problematização dos fenômenos sócio jurídicos” (GUSTIN; DIAS; NICÁCIO, 2020,
p. 48).
As novas teorias desenvolvidas, após o paradigma dogmático, adotaram uma
perspectiva que, simultaneamente, supriu as necessidades de compreensão do sistema
jurídico de normas sem, contudo, desprezar o importante e complexo papel que as
relações sociais desempenham no direito, de modo que a ciência jurídica na atualidade
guiou-se por um viés eminentemente crítico, pautado na constante reflexão do conceito
de justiça.
Assim é que Santos (2002, p. 267) aduz ser o direito “uma ciência que tem como
fundamento a emancipação dos grupos sociais e a partir das relações sócios-jurídicas.
Nesse mesmo sentido, Justras (2000, p. 788) expõe uma incisiva crítica, propondo uma
nova forma de ciência do direito, pautada, antes de tudo, na formação deontológica de
pesquisadores do direito.
[...] não existem mais juristas que tenham um conhecimento
enciclopédico de seu direito nacional, nem de suas práticas ou
instituições. A instrumentalização recente da formação jurídica
produziu uma geração de operadores do direito que sabem menos
sobre a história, os fundamentos sociais, políticos ou econômicos
de sua tradição jurídica que os comparatistas que o estudam no
exterior, que se desculpam por sua subjetividade.

Para fundamentar essa nova realidade metodológica, novamente recorrendo-se


ao magistério de Gustin, Dias e Nicácio (2014, p. 48), é possível compreender quatro
modelos de produção do saber jurídico: a) analítico, b) hermenêutico, c) empírico e o d)
argumentativo.
Em síntese, o modelo analítico possui caráter formalístico e que se dedica a
sistematizar as regras e as normas, isto é, o emprego desse modelo restringe-se às questões
voltadas ao ordenamento jurídico e às suas relações internas.
Já o modelo hermenêutico estrutura a ciência do direito a partir da compreensão
da conduta humana pela atividade discursiva-interpretativa da linguagem, isto é,
compreende o direito como espécie de sistema de comunicação.
O modelo empírico, por seu turno, constitui-se como teoria da decisão jurídica
no sentido de investigar normas de convivência, no interior ou no exterior do
ordenamento jurídico, para facilitar os procedimentos decisórios formais e não
formalizados.
Por fim, o modelo da teoria da argumentação jurídica é aquele que sustenta a
necessidade de convencimento, por meio da atribuição de validade aos argumentos
utilizados e empregados por procedimentos decisórios14.
Importante observar que esses modelos ou visões do fenômeno do direito não
podem ser entendidos como produção do saber jurídico de forma isolada, muito pelo
contrário. Cada um desses modelos deve ser compreendido dentro de suas especificidades
e, na aplicação, podem ser complementares e inclusivos, apesar de se distinguirem em
suas perspectivas.
A ciência do direito, portanto, é um conjunto de saberes coerentes,
metodologicamente fundamentados, demonstrados e sistematizados, de modo que a
pesquisa no seu âmbito precisa ser estruturada a fim de que seus resultados, além de
válidos, sejam, em alguma medida, úteis aos problemas que se propõem solucionar15.

3 COMUNIDADE DE PESQUISADORES E O CONTEXTO BRASILEIRO

O conhecimento humano, por certo, apresenta-se de forma extremamente


dinâmica, tanto em conteúdo, quanto em forma. Esta ideia de saber, perpassa desde a
visão religiosa, percorre pelo dito conhecimento popular, alcança, em seu ápice, o
conhecimento científico16.

14
Importante ressaltar que todos os modelos que se propõem à produção do saber científico,
necessariamente, devem estar conectados com métodos e técnicas que guardem coerência com aquilo que
pretendido pelo pesquisador desde o início do processo de construção do conhecimento, ou seja, a partir
mesmo da construção do objeto de pesquisa – primeiro passo da investigação – já devem ser buscados os
métodos e técnicas adequados para o propósito de reconhecimento da cientificidade do saber a ser
produzido. Nesse sentido, Fonseca (2009), Gustin e Dias (2014) e Queiroz (2017).
15
Minayo (2016) adverte para as críticas, segundo as quais, a ciência não passa de um mito moderno com
a sua pretensão de único promotor e critério de verdade, haja vista que ao mesmo tempo em que se
desenvolve, cria novos riscos sociais. Ademais, para os problemas essenciais com os quais a humanidade
convive há séculos, tais como a pobreza, a violência, a miséria e a fome, a ciência continua sem respostas
e sem propostas exequíveis, o que é agravado pelo fato de depender, também, para implemento de técnicas
e decisões da inteligência, do poder político.
16
Nesse sentido Badaró (2019), para quem o tema da verdade e a própria possibilidade epistêmica de se
atingir um conhecimento verdadeiramente amplo, fazem parte de um campo de pesquisa milenar e
inesgotável da filosofia. Assim sendo, a partir da filosofia epistemológica é perfeitamente possível que se
admita o conhecimento da verdade, desde que pela via de um exame crítico das bases do conhecimento
humano, de seus pressupostos e condições gerais.
Todo esse conjunto de informações, técnicas e saberes é paulatinamente
construído e, principalmente, testado ao longo de muitos anos – como é o caso, por
exemplo, daquilo que acontece mais visivelmente em áreas da natureza como a física, a
química e a biologia.
O mesmo também pode ser dito em relação à área das chamadas ciências sociais,
e, especificamente, em relação ao direito. Neste recorte do conhecimento, é possível
verificar, do ponto de vista histórico, que desde os idos da Pólis socrática já se discutiam
– com profundidade –, as implicações entre ética, racionalidade, moral e direito na
sociedade, reflexões tais que condicionam a forma como o direito é pensado e estruturado
até mesmo nas sociedades de hoje17.
Nesse contexto, toda e qualquer pessoa inserida na sociedade “conta com uma
ordem não criada intencionalmente, a qual se manifesta na vida social e estabelece
correspondência entre as intenções e expectativas que norteiam as ações dos indivíduos”
(RAMOS; OLIVEIRA, 2016. p. 98).
Em síntese, dentro da visão relacionada aos processos históricos enquanto
referencial de desenvolvimento epistemológico das ciências, entende-se que a construção
do saber, qualquer que seja sua vertente ou momento na história, encontra-se
intrinsecamente relacionada à faculdade da razão, isto é, da reflexão sobre o mundo, sobre
o homem e seu destino.
Assim sendo, como consequência necessária e inafastável de tal perspectiva
calcada na razão humana, chega-se a importância da linguagem e dos processos
comunicacionais para a estruturação de um locus adequado ao desenvolvimento da
sociedade e, por via de consequência, da própria ciência, vez que a racionalidade cultural
deve permear o mundo da vida 18.
Nesta senda, ao adotar-se como referencial principal a teoria da ação
comunicativa de Jürgen Habermas é possível verificar que a racionalidade é capaz de
estabelecer um elo entre aqueles que participam do longo processo de criação e teste de

17
Para uma melhor compreensão do desenvolvimento epistemológico da Ciência, em especial viés
histórico, cfr. Feijó (2003) que, em uma perspectiva cronológica sincrônica, enfrenta a temática a partir da
filosofia de Aristóteles.
18
Na visão de Habermas (2011), a possibilidade de legitimação dos sistemas jurídico-políticos a partir da
legalidade á absolutamente dependente do grau de liberdade de um povo, refletido ou imanente ao grau de
desenvolvimento da liberdade comunicativa. Assim sendo, para o autor em referência, o sistema dos
direitos assume, a partir da perspectiva da ação comunicativa, uma nova dinâmica e estrutura interna, ou
seja, é imprescindível que o cidadão participe efetivamente dos processos de legitimação da normatização
da sua convivência em comunidade pela via da formação discursiva da opinião e da vontade.
conhecimentos, eis que “o pensamento nasce da reflexão sobre a razão corporificada no
conhecimento, na linguagem e na ação” (Habermas, 1987, p. 15).
A razão, para o filósofo alemão, é o principal recurso, senão o único, de que a
humanidade dispõe para apreensão da realidade, resolução de seus conflitos e definição
de alternativas para seus problemas19.
Para ele, a racionalidade deve ser entendida, antes de tudo, como a “disposição
dos sujeitos capazes de falar e de agir, de buscar um entendimento acerca do mundo,
orientando-se pelas pretensões de validade que estão assentadas no reconhecimento
intersubjetivo" (Habermas, 2000, p. 437).
A busca deste entendimento e, de grande medida, do próprio conhecimento, se
realiza em uma esfera em que as realidades subjetivas podem ser compartilhadas,
comparáveis e combatidas.
Significa dizer, de outro modo, que na visão habermasiana a racionalidade é um
processo que se desenvolve na intersubjetividade, no diálogo e na capacidade de os
participantes responsáveis dos processos comunicativos produzirem verdades.
O local em que tudo isso ocorre, para Habermas, é a chamada “comunidade de
falantes”. Nela, as competências desenvolvidas pela espécie humana de produzir
entendimentos sobre as várias realidades são expostas à validação por meio da linguagem
que permite traduzir aos demais as percepções de mundo e de saber.
Acerca do tema, Mühl (2011, p. 4) registra que:
A racionalidade comunicativa se apresenta como uma alternativa
crítica a essa concepção introspectiva e intuitiva do
conhecimento. A concepção comunicativa de razão encontra nas
expressões gramaticais elementos que tornam possível o
conhecimento por atos de fala. A pragmática da linguagem parte
do pressuposto de que é possível certificar-se da realidade externa
e interna através da análise das representações e dos pensamentos,
seguindo as formações gramaticais por meio das quais eles são
expressos.

19
Para Habermas (2002), a interação é a forma de alcançar uma sociedade mais democrática, ou seja, pela
via da interação social deve ser substituída a razão prática pela razão comunicativa e, através de um discurso
com bases éticas construir e fundamentar uma comunicação da qual possa emergir uma razão partilhada
pelos sujeitos. Assim sendo, o diálogo é o caminho para a construção de uma sociedade mais igualitária e
tolerante, sempre mediada pela linguagem. Tomando por referência a ética do discurso, os argumentos
apresentados pelos participantes da construção de um consenso possível não podem ser vazios de sentido
ou falsos porque, se assim forem, não se sustentarão e, consequentemente, serão descartados pelos outros
componentes do diálogo.
Portanto, a linguagem não é apenas um recurso de representação da ideia, mas
um recurso de interação dos seres humanos, vez que por meio dela o sujeito da reflexão
se relaciona com os demais, o que permite “avançar na compreensão do processo de
constituição do mundo e no entendimento da construção dos saberes através da
abordagem pragmática” Mühl (2011, p. 4), vertente esta, conhecida, também, como
teórico-comunicativa da racionalidade.
A comunidade de falantes se assemelha, em grande medida, com outras espécies
de associações presentes na sociedade – como é o caso, por exemplo, da família porquanto
pautada na ideia de co-pertencimento, isto é, na forma pela qual os indivíduos percebem-
se a si mesmos como partes de uma determinada reunião identificada, encontrando-se
mutuamente submetidos a uma espécie de validação pelos seus pares.
O mesmo aplica-se à ideia de comunidade científica do direito que, para Queiroz
(2017, p. 8), significa não apenas fazer um trabalho que seja reconhecido como
metodologicamente científico20, mas compartilhar “dos critérios de reconhecimento
propriamente intelectuais sobre o que vale, e o que não vale, como conhecimento jurídico
que mereça o rótulo de “científico”21.
Na visão do Autor, esses critérios desempenham papel considerável na qualidade
dos trabalhos daqueles que podem ser considerados aptos à produzir conhecimento
acadêmico e, neste ponto específico, que se revela importante compreender como esses
padrões são internalizados pelos pesquisadores do direito, especialmente no contexto da
organização dos Núcleos de Pesquisa Universitários.
Do ponto de vista subjetivo, é possível verificar que os critérios de
reconhecimento são compartilhados entre vários sujeitos da comunidade, especialmente
professores, pesquisadores, discentes e editores que, ao fim e ao cabo, compõem a grande
estrutura “da comunidade científica do direito”. (QUEIROZ, 2017, p. 15).

20
Importante a delimitação elaborada por Reale (1987), segundo a qual o trabalho científico é sempre de
cunho ordenatório, vez que realiza uma ordem ou uma classificação, com a construção concomitante de
uma necessária síntese, cujo objetivo maior é o desvelamento dos nexos ou laços que unem os fatos. Assim
sendo, o conhecimento científico é um conhecimento metódico, enfatizando que é o método que faz a
ciência.
21
Sobre o tema, com o devido detalhamento, cfr. Diniz (2005), para quem é a filosofia do Direito, enquanto
epistemologia jurídica, vai enfrentar os problemas afetos à Ciência do Direito, com o objetivo de solucioná-
los, a partir da delimitação do sentido de “ciência”, com a correta especificação do objeto e do método de
investigação jurídico-científica mas, principalmente, distinguindo a Ciência do Direito de outras Ciências
que, igualmente, têm como objeto de pesquisa o fenômeno jurídico.
De regra, estes sujeitos interagem, por excelência, no âmbito acadêmico das
universidades, eis que este o locus de desenvolvimento prático do tripé ensino, pesquisa
e extensão, muito embora os pesquisadores não estejam restritos à esta área.
Após estarem submetidos por algum tempo às práticas compartilhadas nas
rotinas de estudo, membros da comunidade passam a internalizar, gradativamente, alguns
aspectos relacionados à redação, à forma e ao método de pesquisa – o que lhes permite,
em certa medida, reproduzi-los em seus próprios trabalhos, interações e manifestações.
Contudo, do ponto de vista objetivo, como o conhecimento científico é
desenvolvido neste âmbito?
Atendo-se ao contexto da organização dos Núcleos de Pesquisa Universitários,
é possível verificar que a comunidade dos pesquisadores do direito se estabelece de forma
coordenada. Nesses grupos, em regra, um pesquisador mais experiente estrutura planos
individuais ou coletivos de estudos, pautados, inicialmente, na transmissão de
conhecimentos acerca da metodologia da pesquisa, “enfoque construtivista esse que
considera possível a construção pensada de instituições de pesquisa, de modo que possam
ser orquestrados objetivos comuns na sociedade” (RAMOS; OLIVEIRA, 2016, p. 102).
Neste estágio ainda preliminar, embora extremamente importante, os novos
pesquisadores são iniciados às regras fundamentais de condução de pesquisa, expondo-
se algumas regras fundamentais da ética científica do direito, a saber: a) o argumento
científico não deve se apoiar apenas nas opiniões que o pesquisador tem, servindo a
pesquisa, portanto, para descobrir aquilo que não se conhece, b) o pesquisador não deve
discriminar dados e argumentos com base em suas preferências subjetivas, c) os
argumentos de um trabalho científico devem ser passíveis de “verdade” ou “falsidade”
testável por procedimentos racionalmente controláveis22.
Inserido ainda no âmbito do planejamento, o pesquisador coordenador das
atividades de pesquisa estrutura o plano de estudos, definindo de forma unilateral ou
conjunta, os referenciais teóricos que serão não apenas objeto de leitura como, também,
de discussão.
No decorrer da execução do plano de pesquisa, os membros destes núcleos de
pesquisa são levados a produzir suas próprias reflexões – o que geralmente é viabilizado

22
Como um trabalho introdutório à pesquisa no Direito no Brasil, cuja leitura é de grande valia, indicamos
Fonseca (2009), que parte de uma divisão em dois grandes eixos para a caracterização da produção do saber
no âmbito jurídico: o da pesquisa jurídico-científica, voltada para a produção acadêmica e o da pesquisa
jurídico-operacional, com o propósito de elaboração de trabalhos técnicos, ligados à prática jurídica.
por meio de artigos científicos que a depender do atendimento de critérios metodológicos,
podem ser veiculados em periódicos acadêmicos, passando a integrar, efetivamente,
como interlocutores da comunidade científica quanto ao tema analisado.
Neste ponto específico, a metodologia se apresenta como um conjunto de regras
voltadas à fornecer, do ponto de vista prático, “orientações que importam para a
preservação das características científicas do texto da pesquisa, seja ele um artigo, uma
dissertação, uma tese ou uma monografia. Dizem respeito à linguagem e ao tom do texto,
principalmente” (QUEIROZ, 2017, p. 16).
Além disso, as regras metodológicas buscam também convencionar ainda, por
exemplo, o modo de referenciar ideias e textos de terceiros ou a quaisquer elementos não
originais do texto, facilitando, ao fim e ao cabo, a forma de produção do conhecimento.

4 NÚCLEO DE ESTUDOS DE DIREITO CONSTITUCIONAL DO PROGRAMA


DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO
MARANHÃO

O Programa de Pós-Graduação em Direito e Instituições do Sistema de Justiça


da Universidade Federal do Maranhão (PPGDIR/UFMA), teve a sua proposta
apresentada à CAPES em 2012, constituindo-se até hoje, como o único Programa de Pós-
Graduação Stricto Sensu em Direito do Estado do Maranhão a ofertar um mestrado
acadêmico nesta área.
A partir de agosto de 2012, as primeiras aulas passaram a acontecer. A demanda
pela melhor qualificação dos juristas da região aumentou e o Programa progressivamente
passou a implementar uma série de alterações em sua organização.
Assim foi que, a partir de 2014, o Mestrado em Direito da Universidade Federal
do Maranhão iniciou a contratação de vários professores visitantes internacionais,
desenvolvendo, dessa forma, uma rede internacional de pesquisadores com o objetivo de
aliar forças com os professores permanentes para construírem juntos uma pós-graduação
pautada na qualidade e no desenvolvimento humano e científico.
Com a capacitação técnica dos professores e a modernização ocorrida desde o
inicia de suas atividades, o Programa de Mestrado consolidou-se como um dos mais
conceituados do nordeste, obtendo no triênio 2014 a 2017, conceito três de avaliação da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), resultado do
sucesso do amplo aperfeiçoamento e estruturação ocorridos desde sua criação.
Em seu processo evolutivo, o Programa estabeleceu linhas de pesquisa
estruturadas nas seguintes áreas: Direito e Instituições do Sistema de Justiça, Política e
Instituições do Sistema de Justiça, Discurso, Linguagem, Cultura e Instituições do
Sistema de Justiça.
As linhas de pesquisa, atualmente, estão estruturas em um verdadeiro “projeto
coletivo”, contemplando o agrupamento de docentes, discentes e apoio técnico,
articulando, dessa forma, em uma integração de propósitos, a produção de conhecimento
científico de qualidade.
Certo é que a base de toda a estrutura do Mestrado é compreendida pela reunião
de seus núcleos de pesquisa. Os Núcleos representam uma comunidade de pesquisa, ou
seja, é verdadeira união de professores e estudantes em torno de uma ou mais linhas de
pesquisa de uma área do conhecimento.
É nesse cenário acadêmico que o Núcleo de Estudos de Direito Constitucional
da Universidade Federal do Maranhão (NEDC/UFMA) está situado. O Grupo de Pesquisa
está vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Direito e Instituições do Sistema de
Justiça se reunindo periodicamente desde o final da década de 1990 para estudar questões
relacionadas ao Direito Constitucional, a partir da abordagem transdisciplinar,
principalmente do Direito e da Ciência Política23.
As atividades de estudo realizadas pelo NEDC/UFMA apontam para
necessidade de um trabalho de pesquisa sistemático para reunir e analisar informações
sobre temas relacionados a matriz constitucional, como por exemplo, federalismo,
diálogo constitucional, direito e envelhecimento, proteção constitucional do direito à
saúde, direito e instituições do sistema de justiça, controle de constitucionalidade das leis
na América Latina e corrupção, com objetivo de qualificar e dar mais densidade aos
debates sobre estes temas no cenário local e nacional.
Diante da necessidade de estudar tais questões foi que o Professor Titular de
Direito Constitucional da Universidade Federal do Maranhão, Paulo Roberto Barbosa
Ramos, iniciou, ainda em 1998, o processo de criação do Núcleo de Estudos de Direito
Constitucional, consagrado em 2003 com a publicação de sua resolução de instalação,
após aprovação do Conselho Universitário.

23
Em tal contexto de transdisciplinaridade, imprescindível a lição de Reale (1987), para quem não é
possível que se construa conhecimento científico sem que se leve a efeito a enunciação de juízos e a
combinação destes entre si, vez que a ciência implica sempre uma coerência entre juízos que se enunciam,
não sendo permitido choques ou conflitos entre os mesmos, mas que se ordenem de tal maneira que tais
enunciados produzam um nexo comum que lhes assegure coerência e validez.
Inicialmente estabelecido nas salas do Centro de Ciências Sociais (CCSo), o
Núcleo de Estudos de Direito Constitucional se tornou logo nos anos 2000 um dos
Núcleos de Apoio à Pesquisa de destaque da Universidade Federal do Maranhão,
juntamente com o Programa de Educação Tutorial (PET), o que garantiu ao alunado da
graduação iniciar em atividades de pesquisa, local em que é preparado à docência.
Tal arranjo indica que alguns dos elementos marcantes na trajetória do Núcleo
estiveram presentes desde a sua formação: a vocação para a realizar um trabalho em
diversos campos do Direito e para incorporar, à pesquisa, um compromisso de
intervenção na realidade24.
As primeiras pesquisas desenvolvidas já sinalizavam o interesse por uma
abordagem a respeito de questões como direitos humanos e suas garantias.
Um dos primeiros projetos de investigação realizados no âmbito do NEDC, por
exemplo, de título “O Controle de Constitucionalidade no Estado do Maranhão” –
analisou o controle de constitucionalidade das leis ou atos normativos estaduais e
municipais contestados em face da Constituição Maranhense entre 1989 a 2005, com o
objetivo de avaliar se o Tribunal de Justiça estava desempenhando efetivamente o seu
papel de guardião da Constituição Estadual, tendo em vista os princípios fundamentais
estabelecidos na Constituição Federal de 198825.
Posteriormente, o projeto “Normas Internacionais de Direitos Humanos e a
Jurisdição Nacional” buscou verificar se a inserção dos tratados e convenções
internacionais sobre direitos humanos por meio de emendas constitucionais revelava-se
em um mecanismo mais eficiente de introdução do Brasil no sistema internacional de
defesa da dignidade da pessoa humana. Definindo os critérios para a compreensão dos
tratados e convenções internacionais como exclusivos de temática de direitos humanos26.

24
Para um maior aprofundamento no tema, cfr. Nobre et alii (2005), em cujos textos explicitam-se questões
afetas à pesquisa no Direito em uma concepção alargada da dogmática, com pretensões de compreender e
explicar o funcionamento do sistema jurídico e de suas instituições a partir das relações sociais enquanto
fenômenos jurídicos.
25
Projeto financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico
do Maranhão (FAPEMA), que resultou na publicação do livro “Direitos Fundamentais, Democracia e
Cidadania”, obra em homenagem a Elimar Figueiredo de Almeida Silva – Procuradora-Geral de Justiça
pelo Estado do Maranhão, e, na publicação na revista do artigo “ Controle de Constitucionalidade no Estado
do Maranhão: controle de constitucionalidade das leis e atos normativos estaduais e municipais contestados
em face da Constituição do Estado do Maranhão de 2006 a 2009” nos Cadernos de Pesquisa da
Universidade Federal do Maranhão.
26
Fomentado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), o Núcleo de
Estudos de Direito Constitucional (NEDC), publicou na revista internacional de Derecho Constitucional
Europeu “Tratados Internacionales de Proteción de los Derechos Humanos: su impacto em el ordenamento
jurídico brasileño” e o livro “Direitos Humanos e Políticas Públicas no Maranhão” por meio do selo
editorial da Universidade Federal do Maranhão (EDUFMA).
Aliado ao trabalho de pesquisa e extensão, o NEDC teve papel fundamental
também na criação da Revista do Curso de Direito da Universidade Federal do Maranhão
e da Revista Publius, como forma de divulgar à sociedade as produções científicas
produzidas.
Cumpre observar que os integrantes do Núcleo de Estudos de Direito
Constitucional realizam ainda eventos científicos com o objetivo de divulgar seus
trabalhos de pesquisa.
Por exemplificativo, nos últimos anos, os integrantes do NEDC realizaram a I
Mesa Redonda: Direito Constitucional Americano em debate, realizada aos 17 de janeiro
de 2017, em cooperação com o Conselho de pesquisa e Pós-Graduação em Direito, o
XXVI Congresso do CONPEDI de 15 a 17 de novembro de 2017, e, mais recentemente,
realizaram virtualmente o Congresso Pacto Federativo e Sistema Político no dia 29 de
abril de 2021, bem como outro considerável número de lives27.
Importante destacar, nesse contexto, o financiamento da Fundação de Amparo à
Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA) que
permanece sendo primordial para institucionalização e operacionalização do NEDC e do
próprio Programa de Pós-Graduação, pois garante estabilidade e permite o
desenvolvimento de uma pesquisa multidisciplinar de longo prazo, além do investimento
em atividade de educação, transferência e difusão de conhecimento voltadas para um
público não acadêmico.
A colaboração do NEDC com outras instituições nacionais e estrangeras levou a
realizar diversos intercâmbios acadêmicos, outra evidência da verdadeira comunidade de
pesquisadores que este Núcleo representa. Em 2019, por exemplo, os pesquisadores
discentes do Núcleo puderam realizar estágio internacional na Universidade Autónoma
de Lisboa, onde puderam criar contatos com professores e alunos portugueses, ampliando
consideravelmente a comunidade de pesquisadores.
Todas essas atividades desenvolvidas pelo Núcleo contribuem, portanto, para a
formação de uma comunidade de pesquisadores, em todos os níveis acadêmicos.

27
Por meio dos eventos organizados pelo Núcleo de Estudos de Direito Constitucional (NEDC), os
discentes puderam produzir pesquisas acerca dos temas tratados e tiveram aceitos os seus artigos publicados
em importantes revistas nacionais e internacionais, por ilustrativo, “Uma Abordagem Conceitual da Teoria
do Diálogo Institucional na Jurisdição Portuguesa”, na revista de Direito e Economia da Universidade
Autónoma de Lisboa (UAL) e “A Suprema Corte Americana e o Judicial Review: contribuições à teoria do
controle de constitucionalidade” na Revista de Direito Constitucional e Internacional (RDCI).
Para além da constituição de bancos de dados e acervo documental especializado
e intervenções no debate público e na formulação de políticas públicas de segurança,
justiça e direitos humanos compatíveis com o Estado Democrático de Direito, a
comunidade criada nesses grupos de pesquisa tem potencial para o aprimoramento
permanente da realidade local por meio da reflexão crítica e cientificamente qualificada.

5 CONCLUSÃO
A partir das considerações levantadas no artigo, pode-se concluir que a produção
de conhecimento desenvolvida pela ciência do direito, apresenta importantes
contribuições para reflexão sobre as questões jurídico-sociais.
O direito e a produção de seu conhecimento científico não são limitados a
compreender a disciplina do sujeito, sociedade e Estado, mas também estão voltados,
especialmente, à construção de sistemas de controle social justos e equânimes.
Até meados do século XX, porém, alguns autores defendiam que a pesquisa
normativa se limitava a um conjunto de teorias sobre as normas vigentes e suas exigências
no caso prático, ou seja, para esses pesquisadores, a cientificidade do direito estava
limitada a um aspecto meramente normativo.
Nesse período, entendia-se o direito formado unicamente por normas, isto é, a
ciência jurídica servia para, tão somente, sistematizar as condutas humanas por meio de
direitos e deveres e, consequentemente, afastando-se da sociedade que é diretamente
afetada pelo regramento posto.
Os intelectuais que se debruçam acerca da metodologia, dos métodos e dos
procedimentos científicos acerca do Direito enquanto ciência perceberam que essa estrita
dogmatização não era suficiente para entender e buscar formas de soluções aos problemas
sociais na sociedade vigente.
Dessa forma, desenvolveram uma nova técnica de produção de conhecimento,
não pautada na dogmática restrita do texto legal, mas sim, na análise dos fenômenos
sociais e do conjunto normativo vigente.
Assim, após o paradigma dogmático, a ciência jurídica na contemporaneidade se
guia a partir de um viés eminentemente crítico, pautado na constante reflexão do conceito
de justiça.
O conhecimento advindo da análise da ciência jurídica origina-se a partir de um
problema, apresentado em um determinado momento histórico e de caráter social.
Significa dizer, que as pesquisas desenvolvidas pelos pesquisadores da ciência
jurídica devem estar diante de problemáticas concretas, que afetem um número
determinado ou indeterminado de pessoas, por meio dos seguintes critérios: a) fático, b)
axiológico e c) normativo.
A complexidade das questões apresentadas à investigação científica do direito,
o conhecimento aplicado à esta ciência deve submeter-se à diversas estratégias de
métodos e procedimentos capazes de obter forma, validade e qualidade.
A pesquisa do direito demanda, portanto e antes de tudo, uma verdadeira rede de
pessoas. Os sujeitos pertencentes à esta rede, que aqui se atribui a ideia de comunidade
de pesquisadores, em regra, estão inseridos no âmbito da universidade, tendo em vista
que é nesse locus acadêmico que é possível desenvolver o tripé ensino, pesquisa e
extensão.
Os Grupos de Pesquisa Universitários, na atualidade, representam um verdadeiro
“projeto coletivo” contemplando a união de docentes, discentes e apoio técnico,
articulando dessa forma em uma integração de mentes em prol da produção de
conhecimento científico.
Na instituição de ensino superior, os Núcleos de Pesquisa agregam diversos
sujeitos em diferentes formação e titulação, dispondo de um tutor-coordenador que cabe
a atribuição de estruturar o plano de estudos dos mestrandos ou graduandos, definindo a
base teórica que são objeto de leitura para correta consecução da pesquisa. É nesse
contexto que o Núcleo de Estudos de Direito Constitucional está inserido.
Vinculado ao Mestrado em Direito da Universidade Federal do Maranhão, o
Núcleo é formado por três professores-tutores e dez discentes, entre eles mestrandos e
graduandos, que juntos estudam o direito constitucional no Brasil e no mundo, bem como
desenvolvem projetos de pesquisa com cooperação científica nacional e estrangeira.
Tal comunidade de pesquisadores beneficia o avanço e o desenvolvimento
educacional, científico, metodológico da pesquisa jurídica brasileira, tendo em vista que
a coletividade de pensamentos, ideias e conhecimento desenvolvida em seu âmbito
permite o desenvolver de um saber jurídico crítico e de qualidade, apto a atender as
problemáticas sociais que são inerentes ao fenômeno do Direito.
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