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COMO CITAR:

GUIMARÃES, Cláudio A. G.; SANTOS, Bruna D. P. C.; SALES, Aline A. S.; NUNES, Alexandre L.
Vulnerabilidade socioespacial e crime. Inter-relações criminológicas para explicação do fenômeno. Revista
Observatorio de la Economia Latinoamericana. Curitiba, v.22, n.2, p. 01-23. 2024. ISSN: 1696-8352.
DOI: https://doi.org/10.55905/oelv22n2-178. Disponível em:
https://ojs.observatoriolatinoamericano.com/ojs/index.php/olel/article/view/3372. Acesso em:
XX/XX/XXXX.
REVISTA OBSERVATORIO DE LA ECONOMIA LATINOAMERICANA
Curitiba, v.22, n.2, p. 01-23. 2024.

ISSN: 1696-8352

Vulnerabilidade socioespacial e crime - inter-relações criminológicas


para explicação do fenômeno

Socio-spatial vulnerability and crime - criminological interrelations to


explain the phenomenon

Vulnerabilidade socioespacial y criminalidade - interrelaciones


criminológicas para la explicación del fenómeno
DOI: 10.55905/oelv22n2-178

Originals received: 01/02/2024


Acceptance for publication: 02/09/2024

Cláudio Alberto Gabriel Guimarães


Doutor em Direito Público com área de concentração em Direito Penal
Instituição: Universidade Federal do Maranhão
Endereço: Av. dos Portugueses, 1966, Bacanga, São Luís – MA, CEP: 65080-805
E-mail: calguimaraes@yahoo.com.br

Bruna Danyelle Pinheiro das Chagas Santos


Mestranda em Direito e Instituições do Sistema de Justiça com área de concentração em
Criminologia e Instituições do Sistema de Justiça Penal
Instituição: Universidade Federal do Maranhão
Endereço: Av. dos Portugueses, 1966, Bacanga, São Luís – MA, CEP: 65080-805
E-mail: brunasantos.geo@hotmail.com

Aline Acássia da Silva Sales


Mestranda em Direito e Instituições do Sistema de Justiça com área de concentração em
Criminologia e Instituições do Sistema de Justiça Penal
Instituição: Universidade Federal do Maranhão
Endereço: Av. dos Portugueses, 1966, Bacanga, São Luís – MA, CEP: 65080-805
E-mail: alinesalesadv@gmail.com

Alexandre Lobato Nunes


Mestrando em Direito e Instituições do Sistema de Justiça com área de concentração em
Criminologia e Instituições do Sistema de Justiça Penal
Instituição: Universidade Federal do Maranhão
Endereço: Av. dos Portugueses, 1966, Bacanga, São Luís – MA, CEP: 65080-805
E-mail: alexandrelobato@outlook.com

RESUMO
Os espaços urbanos são desencadeadores de vulnerabilidades, haja vista as configurações
socioespaciais que vão se estabelecendo nesses ambientes, oriundas de processos

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econômicos-sociais históricos. Essa realidade, embora exposta desde o início da


Revolução Industrial, é uma pauta política contemporânea de grande importância para
diversos setores da sociedade, razão pela qual fundamentos teóricos que apontem aportes
epistemológicos e metodológicos, sobretudo, para a compreensão da criminalidade
espacialmente determinada, devem ser apresentados, debatidos e atualizados, motivo que
reputamos imprescindível à releitura e atualização das Escolas Sociológica de Chicago
no âmbito da Ecologia Humana e da Criminologia Crítica, objetivando, através dessas
duas escolas criminológicas, demonstrar em que medida as vulnerabilidades
socioespaciais, entendidas como violência estrutural, refletida como desorganização
social e urbana, apresentam ligações com a prática de crimes, a criminalização e a
vitimização. Para alcance de tal pretensão foi adotado o método indutivo para construção
do argumento, com procedimento descritivo/diagnóstico, a partir da técnica de pesquisa
exclusivamente bibliográfica.

Palavras-chave: vulnerabilidades social e criminal, criminalidade espacialmente


determinada escola de Chicago, criminologia crítica, inter-relações.

ABSTRACT
Urban spaces are triggers of vulnerabilities, given the socio-spatial configurations that are
established in these environments, arising from historical economic and social processes.
This reality, although exposed since the beginning of the Industrial Revolution, is a
contemporary political agenda of great importance for various sectors of society, which
is why theoretical foundations that point to epistemological and methodological
contributions, above all, to the understanding of spatially determined criminality, must be
presented, debated and updated, which is why we believe it is essential to re-read and
update the Sociological Schools of Chicago in the scope of Human Ecology and Critical
Criminology, aiming, through these two criminological schools, to demonstrate to what
extent socio-spatial vulnerabilities, understood as structural violence, reflected as social
and urban disorganization, present links with the practice of crimes, criminalization and
victimization. To achieve this claim, the inductive method was adopted to construct the
argument, with a descriptive/diagnosis procedure, based on an exclusively
bibliographical research technique.

Keywords: social and criminal vulnerabilities, spatially determined criminality Chicago


school, critical criminology, interrelationships.

RESUMEN
Los espacios urbanos son desencadeadores de vulnerabilidades, tiene vista como
configuraciones socioespaciales que se van a establecer nesses ambientes, oriundas de
procesos económicos-sociales históricos. Esta realidad, embora exposta desde el inicio
de la Revolución Industrial, es una pauta política contemporánea de gran importancia para
diversos sectores de la sociedad, razón por los fundamentos teóricos que aponemos
aportes epistemológicos y metodológicos, sobretudo, para a comprender la criminalidad
espacialmente determinada, devem ser presentados, debatidos e atualizados, motivo que
reputamos imprescindível à releitura e atualização das Escolas Sociológica de Chicago

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no âmbito da Ecologia Humana e da Criminologia Crítica, objetivando, através dessas


dos escolas criminológicas, demostrando em que medida as vulnerabilidades
socioespaciais, entendidas como violência estrutural, reflejada como desorganização
social e urbana, apresentam ligações com a prática de crime, a criminalização e a
vitimização. Para alcanzar tal pretensão foi adotado o método indutivo para construcción
do argumento, com procedimento descritivo/diagnóstico, a partir de la técnica de pesquisa
exclusivamente bibliográfica.

Palabras clave: vulnerabilidades social e criminal, criminalidade espacialmente


determinada escuela de Chicago, criminología crítica, inter-relações.

1 INTRODUÇÃO
A criminologia tem sido moldada ao longo do tempo por diferentes paradigmas
que se adaptaram às realidades sociais de cada período. Na maioria das vezes, embora
esses paradigmas tenham divergido em certos pontos, eles não se excluem mutuamente,
mas sim se complementam, proporcionando uma visão abrangente do fenômeno criminal
a partir de diversas perspectivas.
No século XX, novas abordagens sobre o fenômeno criminal emergiram passando
a fundamentarem-se em paradigmas como o funcionalismo, o organicismo e o
materialismo histórico-dialético, dentre tantos outros. Essas abordagens ganharam
destaque, principalmente, ao considerarem a influência do processo de urbanização nas
cidades e as dinâmicas de poder intrínsecas a esses espaços.
A sociologia de Chicago, por exemplo, promoveu uma ruptura teórica com os
cânones da criminologia positivista ao relacionar certos tipos de delitos a contextos
específicos das cidades partindo do estudo da desorganização socioespacial estabelecida
nesses espaços urbanos. Essa abordagem inovadora da sociologia de Chicago abriu
caminho para uma compreensão mais ampla da complexidade da criminalidade e suas
raízes profundas nas dinâmicas sociais e espaciais das comunidades urbanas, ainda hoje
influenciando o desenvolvimento de teorias criminológicas.
E nesse caminhar histórico, as ancoragens epistemológicas e as possibilidades
metodológicas de duas importantes Escolas Sociológicas da Criminologia, como a já
mencionada Escola de Chicago, e a Criminologia Crítica, apesar de estabelecerem

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abordagens distintas sobre o desvio criminal, apresentam pontos de interconexão entre


ambas. Uma leitura atualizada dos preceitos de tais estudos pode nos levar a uma
discussão não apenas sobre a existência de uma população propensa a cometer desvios
criminais em certos ambientes urbanos, mas, sobretudo, sobre as causas políticas que
tornam possível esse contexto.
Essas inter-relações permitem analisar as conexões entre os indivíduos e o
ambiente em que vivem, com todas as dinâmicas referentes às sociedades capitalistas.
Embora a teoria ecológica não conecte claramente vulnerabilidades sociais e sistemas
jurídico-políticos, ela lança luz sobre a dinâmica complexa das relações espaciais e sociais
na compreensão da sociedade conflituosa em que vivemos tal como proposto pela
Criminologia Crítica.
A partir desse entendimento, é possível utilizar as teses formuladas pela Escola
Sociológica de Chicago para compreender o fenômeno do crime em sua dimensão
espacial, de modo que as desorganizações social e urbana apontadas como vetores
criminais possam ser reconhecidas como traços inerentes da violência estrutural teorizada
pela Criminologia Crítica.
Nesse sentido, objetiva-se neste ensaio demonstrar em que medida as
vulnerabilidades socioespaciais, entendidas como violência estrutural que se reflete
enquanto desorganização social e urbana, apresentam ligações com a prática de crimes,
com o processo de criminalização, assim como, com a vitimização nesses espaços
urbanos determinados.
Para tanto, os caminhos metodológicos percorridos para a construção da referida
reflexão consistem na utilização do raciocínio indutivo na construção do argumento, em
uma ambiência de pesquisa jurídico-acadêmica permeada pelo método sociojurídico
crítico – que lhe é imanente –, concretizada através de procedimentos descritivo e
diagnóstico, com técnica de pesquisa exclusivamente bibliográfica.

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2 ANCORAGEM EPISTEMOLÓGICA E POSSIBILIDADES


METODOLÓGICAS DA PESQUISA NO ÂMBITO DA VULNERABILIDADE
SOCIOESPACIAL URBANA
O presente trabalho tem como fim traçar um paralelo entre as vulnerabilidades
socioespaciais urbanas, o cometimento de crimes espacialmente determinados, a
criminalização seletiva e, consequentemente, o processo localizado de vitimização.
Para alcançar o desiderato proposto, respeitando as exigências de produção de um
conhecimento que se proponha científico, imprescindível que seja delineada, de forma
clara, a ancoragem epistemológica, bem como as possibilidades metodológicas que
descortinam a tecitura dos argumentos utilizados para comprovação da hipótese aqui
sustentada. Tais procedimentos, para além das preocupações epistemológicas e
metodológicas, também se propõem a facilitar a compreensão do leitor, seja para a revisão
deste trabalho, seja para colaborar com o aprimoramento do debate relacionado aos
objetos aqui tratados (Japiassu, 1992).
Nesse diapasão, no presente escrito, epistemologicamente, há o cruzamento de
vertentes aparentemente antagônicas, vez que, em ordem cronológica, utilizaremos a
Sociologia da Escola de Chicago, claramente contratualista, com várias categorias
ecológicas desenvolvidas a partir da cooperação simbiótica, nas quais as relações entre
os componentes do corpo social, quer individuais, quer institucionais, devem convergir
para um proveito comum, que a todos seja benéfico (Park1, 1948).
Não obstante a ancoragem epistemológica ser realizada a partir de uma sociedade
harmônica, de viés liberal clássico, na qual prevaleceria o consenso, posto que não
enfrentou pela via da teoria política os problemas estudados pela própria Sociologia de
Chicago, tais como a desigualdade social, periferização, prevalência do poder econômico
para configuração espacial das cidades, criminalidade espacialmente determinada pela
desorganização social e urbana, dentre tantas outras temáticas relacionadas a conflitos

1
Robert Ezra Park é considerado um dos mais importantes sociólogos à frente dos estudos desenvolvidos
pela Universidade de Chicago, concebendo a cidade como um grande laboratório para a pesquisa das
relações sociais. Park (1967b) parte da concepção de que a prática de delitos está muito mais relacionada a
fatores sociais e urbanísticos, a relação das pessoas com o meio no qual vivem e convivem, do que originada
em fatores patológicos encontrados no próprio infrator das normas legais.

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sociais, o certo é que a teoria desenvolvida pelos sociólogos da Universidade de Chicago


se propôs a estudar problemas sociais típicos de uma sociedade marcada pelo conflito,
completamente desarmônica, apresentando soluções para o enfrentamento de tais
problemas que também se distanciavam de uma visão linear e estável de sociedade
(Guimarães, 2023).
Assim sendo, naquilo que aqui nos interessa debater, a criminalidade
espacialmente localizada – atualmente denominada de hot spots – foi fundamentada
cientificamente pelos estudiosos de Chicago a partir da percepção de que tais locais
violentos eram permeados por uma intensa desorganização social e urbana,
invariavelmente encravados nas periferias das cidades e, naquela época, precipuamente
habitados pelos imigrantes.
Nesse ponto encontramos um importante ponto de convergência com a segunda
ancoragem epistemológica proposta neste ensaio, qual seja, os estudos desenvolvidos pela
Criminologia Crítica de viés marxista, que denominou a desorganização social e urbana
a qual está exposta a parcela vulnerável das sociedades capitalistas de “violência
estrutural” (Baratta, 2011).
A partir de tal perspectiva, partindo-se de uma realidade absolutamente
conflituosa e reconhecendo interesses divergentes dentro dos grupos sociais que formam
a sociedade, parte-se da sociedade do conflito, como explicado pela Criminologia Crítica,
adotando-se, entretanto, a maioria das teses formuladas pela Escola Sociológica de
Chicago para a explicação do fenômeno criminal espacialmente determinado,
compreendendo-se que desorganização social e urbana são características da violência
estrutural, vetor de desencadeamento das vulnerabilidades socioespaciais, há muito
apontadas pelos sociólogos de Chicago, assim como mais recentemente pelos
criminólogos críticos, como intrinsicamente ligadas aos fenômenos da criminalidade,
criminalização e vitimização daqueles que ali habitam.
Construído o referencial epistemológico, importante refletir sobre as
possibilidades metodológicas para investigação das relações entre vulnerabilidades
socioespaciais e crime, levando-se em conta o cometimento de delitos, as possibilidades

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de criminalização e a consequente vitimização em espaços determinados caracterizados


por significante violência estrutural.
Antes da determinação da abordagem ou raciocínio a ser adotado no
desenvolvimento do trabalho de investigação aqui proposto, deve ser esclarecida a
imperiosa necessidade de compatibilização do que proposto como métodos – abordagem,
procedimento e técnicas – e o tipo de pesquisa almejado (Marques Neto, 2001).
Sob tal ponto de vista, pelo próprio recorte temático, fácil perceber que não se
trata de uma investigação que se proponha a auxiliar o processo de decidibilidade, ou
seja, não será explorado o campo do direito positivo e, sim, no sentido oposto será
desenvolvida pesquisa jurídico acadêmica, cuja preocupação é a busca da verdade e não
a construção de teses jurídicas em procedimentos judiciais que auxiliem o julgador no ato
decisório (Ferraz Júnior, 2010).
Nesse diapasão, importante explicar que a pesquisa na amplitude que é imanente
ao direito pode ser dividida em duas grandes vertentes: jurídico-dogmática, que como
dito acima, se propõe a construir teses que auxiliem no processo de decidibilidade,
privilegiando o sistema jurídico positivado como objeto de estudo e a pesquisa jurídico-
sociológica, cujo objetivo é abordar o sistema jurídico a partir dos fenômenos sociais que
lhe dão vida, investigam-se, pois, fenômenos sociais com repercussões jurídicas, na
ambiência das universidades, dos grupos de pesquisa, dos institutos, de maneira
eminentemente crítica, caracterizando, assim, a também denominada pesquisa jurídico-
acadêmica (Fonseca, 2009; Oliveira, 2004; Carvalho, 2009).
Nesse sentido, o ponto de partida metodológico aqui adotado está alicerçado em
uma perspectiva de investigação jurídica acadêmica e sociojurídica crítica, que levam,
necessariamente, a três questões que devem condicionar a escolha dos demais
procedimentos no âmbito da pesquisa no Direito aqui proposta, ou seja, devem ficar
patentes as posições políticas, econômicas e éticas adotadas para o questionamento da
realidade positivada no sistema jurídico vigente que, por consequência, irão estabelecer
o viés ideológico do trabalho. Essas questões devem emanar dos pressupostos conceituais
delineados e conectados à ancoragem epistemológica (Gustin; Dias, 2013).

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Logo, partindo-se da definição de determinadas categorias, que tenham a


possibilidade de delinear o viés teórico adotado pelo pesquisador, coerente e linear, a
partir mesmo do referencial epistemológico adotado, chega-se a um campo indicativo,
bem claro, daquilo que fundamentará o texto. No caso deste, os pressupostos conceituais
denominados de violência estrutural, vulnerabilidade socioespacial urbana, criminalidade
e controle social (Guimarães et al, 2021).
Não obstante todo o exposto acima, o estudo do fenômeno criminal a partir de
uma determinada contextualização teórico-ideológica, com todas as características que
lhe permeiam, marcadamente as provenientes da violência estrutural indefectivelmente
ligada às camadas mais pobres da população e, por isso mesmo, diagnosticadas como
grupos vulneráveis, somente guardará coerência metodológica caso a investigação do
referido fenômeno esteja amparada em métodos compatíveis com a construção da
hipótese que se quer comprovar.
Sob tal compreensão – visceralmente ligada com as possibilidades de
interpretação dialética do fenômeno estudado, a partir mesmo da ancoragem
epistemológica construída – é pela investigação das contradições que se desenvolverá o
método de abordagem que, embora estruturado a partir da dialética e dos antagonismos
que lhe são imanentes, possui, também, um caráter indutivo, no sentido de inserção e
ampliação em outras situações semelhantes das conclusões aqui alcançadas (Marques
Neto, 2001).
Logo, esboçada a importância de uma coerente construção metodológica, assim
como o tipo de raciocínio a ser utilizado, necessário definir de modo mais concreto o
caminho a ser trilhado para construção do argumento proposto. Para concretizar o
presente trabalho, utilizou-se o método de procedimento jurídico-descritivo em um viés
diagnóstico, sublinhando-se, é importante frisar, a ênfase na investigação jurídico
diagnóstica, no sentido de descrever o contexto com o objetivo maior de compreender o
problema de maneira aprofundada.
Nesse desiderato, para compreender o significado de vulnerabilidade
socioespacial urbana no âmbito criminológico, descreve-se a teoria, levando em
consideração a própria construção do conceito de vulnerabilidade na perspectiva

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sociológica mais ampla, até chegar ao conceito de violência estrutural e, portanto, de


vulnerabilidade socioespacial urbana elaborado pela criminologia crítica, claramente
influenciado pelos estudos da Escola Sociológica de Chicago (Park, 1967a; Baratta,
2011).
Descrita toda a teoria que alicerça e fundamenta o argumento que se propõe a
comprovação da hipótese levantada, passa-se para o diagnóstico das causas que levam às
interseccionalidades apontadas como responsáveis pelas aproximações entre
vulnerabilidade socioespacial, desorganização social, desorganização urbana, violência
estrutural e contexto criminal, com ênfase nos processos de criminalização e vitimização2.
Aqui ganha força o método de procedimento jurídico-diagnóstico.
Por fim, necessário que se busquem técnicas de pesquisa que sejam consentâneas
com todo o procedimento metodológico anteriormente construído, melhor explicando, se
o raciocínio ou método de abordagem é dialético e indutivo, com método de procedimento
jurídico-descritivo e jurídico-diagnóstico, as técnicas de pesquisa devem ser coerentes
com tal construção. Assim sendo, imprescindível que seja realizada pesquisa
bibliográfica, com o fim de fixar as ferramentas teóricas que serão utilizadas para
construção do argumento, assim como, caso necessário, pesquisa documental,
jurisprudencial ou mesmo pesquisa de campo – survey, entrevistas, imersão, dentre outras
–, que permitam robustecer o fenômenos estudado, corroborando e fortalecendo aquilo
que inicialmente apontado como hipótese provisória.

2
Deve-se à Criminologia Crítica, com especial atenção a Baratta (2011), a lapidação das teorias que se
opuseram à ideologia da defesa social e sua naturalização no processo de criminalização, alertando tal
vertente criminológica que desde o processo de tipificação penal existe todo um direcionamento repressivo
para as classes vulneráveis social e economicamente, fenômeno esse que vai ficando cada vez mais visível
com o avanço da atuação dos órgãos de controle social formal que praticamente só investigam, processam,
condenam e encarceram determinados tipos de pessoas. Nesse sentido, cfr. também, Andrade (2003),
Guimarães e Rego (2009).

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3 VULNERABILIDADE CRIMINAL: O CRIME, O CRIMINOSO, A


CRIMINALIZAÇÃO E A VÍTIMA
Propomos neste tópico, inicialmente, a utilização da premissa epistemológica da
ausência da igualdade material distributiva3 para a aproximação dos contextos de
vulnerabilidade socioespacial e a incidência do fenômeno criminal enquanto prática e
vitimização dos vulneráveis.
Para tanto, é necessário compreender que a vulnerabilidade social abarca uma
ampla parcela daqueles que se encontram à margem, desconectados ou alienados dos
principais processos sociais, popularmente conhecidos como excluídos sociais. Esse
cenário suscita debates que se estendem a conceitos como o capitalismo excludente e
todas as suas consequências na esfera da produção, industrialização, urbanização e
controle social, entre outras áreas que alimentam o vigor e a tradição do diálogo sobre a
falta de inclusão de grupos significativos da população nos benefícios proporcionados
pelo desenvolvimento econômico em países periféricos e subdesenvolvidos, como é o
caso do Brasil. Essas questões instigam reflexões cruciais sobre a incorporação social das
camadas mais vulneráveis em meio ao crescimento econômico (Kowarick, 2009).
A visão acima exposta revela que a vulnerabilidade social se manifesta quando
surgem circunstâncias prejudiciais no convívio humano, tais como exploração,
marginalização, desigualdades na distribuição de recursos e bens, bem como a imposição
cultural. Em essência, a vulnerabilidade social constitui uma barreira ao pleno exercício
da cidadania de forma equitativa (Azevedo, 2021).
Embora o contexto das vulnerabilidades sociais, historicamente, seja inerente às
sociedades, devido a própria composição social desigual, mas, sobretudo, pela má gestão
que permeia grande parte dos sistemas jurídico-políticos no mundo, mormente daqueles
situados nos países emergentes, é no período do pós-guerras que são voltadas as atenções
à necessidade de promoção e universalização de direitos básicos aos grupos vulneráveis
(Séguin, 2002).

3
Em relação as conexões jurídico-políticas entre vulnerabilidade e exclusão social, ressaltamos a interpre-
tação de Azevedo (2021), que utiliza, entre outras, a “ausência da igualdade material distributiva” como
premissa epistemológica para a compreensão da vulnerabilidade social.

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E nesse caminhar histórico assimétrico, as desigualdades sociais claramente


refletidas no âmbito das vulnerabilidades vão, paulatinamente, ganhando visibilidade e
espaço no debate político, mormente pelo fato proveniente da própria evolução do Estado
Moderno que adquiriu dois importantes adjetivos no decurso do tempo: Democrático e
de Dirieto.
Entretanto, a frustração dos ideais democráticos, materializada a partir das
mazelas geradas pelas desigualdades sociais, entre as quais os déficits alimentar,
educacional, de moradia, de transporte e de pleno emprego, características das sociedades
contemporâneas, evidenciadas sobretudo, nos ambientes urbanos, têm inviabilizado a
pacificação da convivência pública4.
Da mesma forma os sistemas jurídico-políticos não têm conseguido lograr êxito
em sua missão de concretizar as promessas do contratualismo fundadas no liberalismo
clássico, fazendo com que suas premissas de fraternidade, igualdade e liberdade pareçam
tão fora de alcance como os ideais democráticos do mínimo existencial para uma vivência
digna, resultando na até agora falaciosa denominação de Estado Democrático de Direito
(Guimarães, 2023).
Todo esse processo histórico, contrário às promessas da modernidade,
caracterizado pela ausência de condições básicas para o exercício da cidadania, que trouxe
a reboque diversos problemas no âmbito do controle social formal, possibilitou novos
parâmetros para estudo da criminologia, os quais inserem a violência estrutural 5,
principalmente no cenário de desorganização socioespacial dos ambientes urbanos, como
fator para a existência de uma população propensa e exposta à criminalidade.

4
Para maior aprofundamento da temática da convivência pública pacífica, no contexto dos debates a
respeito da segurança pública, que de modo tangencial está sendo abordado neste tópico, consultar Moreira
Neto (1988), para quem a ordem pública representa um estado de equilíbrio atingido por meio da
coexistência pacífica entre os indivíduos, de modo que, ainda que seja teoricamente possível alcançar tal
harmonia sem a intervenção estatal, é somente por meio do Estado que a transformação da atual dinâmica
de convivência pública, marcada pela insegurança, pode ser efetuada.
5
Para Baratta (2011), violência estrutural é uma categoria associada à segregação social de pessoas decor-
rente da estrutura do sistema socioeconômico capitalista, geradora da má distribuição e compartilhamento
de recursos que, por sua vez são responsáveis pelos índices de desigualdade social elevados, fruto da ine-
fetividade do Estado em promover a inclusão de indivíduos no contexto do gozo da cidadania.

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Kowarick (2009) expõe que no Brasil a considerável parcela da população pobre


se encontra em situação de vulnerabilidade socioeconômica pela carência de garantias no
que tange ao trabalho e aos direitos sociais básicos, o que resulta no que ele denomina de
vulnerabilidade civil, que consiste, inclusive, na incapacidade dos indivíduos em
manterem sua integridade física, haja vista sua desproteção contra a violência praticada
por delinquentes e pela própria polícia, colocando a própria preservação da vida em
questão.
Nesse mesmo sentido, conforme Zaluar (2002), os vulneráveis socioeconômicos
por necessitarem residir em locais com pouca ou nenhuma infraestrutura, bem como com
ausência de segurança pública, acabam se tornando vítimas duas vezes, seja da ausência
de Estado, seja da criminalidade, uma vez que nestes ambientes há soberania de
organizações criminosas, o que gera uma limitação espacial principalmente para os jovens
que acabam, reiteradamente, se tornando alvos fáceis de captação desses criminosos, o
que no âmbito da análise sociológica demonstraria a existência de vulnerabilidade
criminal.
Percebe-se, pois, para além de uma análise etiológica e determinista6 sobre o
fenômeno criminal que abriga máximas como: “a pobreza é a causa da criminalidade” ou
“a desigualdade é a explicação da violência criminal”, há a compreensão de que na
realidade estabelecem-se espaços que estimulam o estabelecimento de indivíduos
vulneráveis social e criminalmente, configurando um crescente cenário de violências, de
modo que as figuras do criminoso, dos processos de criminalização e da vítima nesses
determinados contextos acabam por se mesclar no âmbito da análise sociológica da
vulnerabilidade social (Zaluar, 2002; Misse, 2006).
Nessa mesma linha, Hidalgo et al. (2021) concorda que o fenômeno da
criminalidade tem estreita relação com a vulnerabilidade socioespacial urbana, na medida
em que se observam vários fatores que são determinantes para o estado de insegurança

6
Felix (2002), ao abordar questões referentes à geografia do crime, demonstra preocupação ao
reducionismo determinista na análise do fenômeno criminal, de modo que compreende que a perspectiva
teórica da criminalidade não deve se restringir a uma única perspectiva, pois exige abordagens distintas
para diferentes grupos sociais. Nesse sentido, a autora conclui que é crucial o afastamento de associações
simplistas entre pobreza e criminalidade, sendo necessário, efetivamente, adotar uma abordagem crítica e
abrangente para compreender a complexidade desse fenômeno social.

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de uma comunidade, pois a violência resultante do processo de segregação espacial


perpassa as barreiras do urbanismo, formando bolhas de exclusão dos direitos
constitucionais mais básicos.
Dantas (2022), ao tratar sobre a teoria da ambiência restritiva, a qual engloba três
fatores de vulnerabilidades, a saber: social, desordem e renda, assevera que o criminoso
se utiliza de um ambiente vulnerabilizado social e geograficamente para assim manter-se
no controle daquele local e sobre aquele grupo de pessoas, mediante a proliferação do
medo ou utilizando-se da força para criar uma barreira de proteção contra fatores externos
àquele ambiente e que possam oferecer riscos ao seu poder, gerando assim a chamada
violência inercial. Aliado a isso, conforme o mesmo autor, está toda a desestrutura
ambiental (ruas sem asfalto ou de péssima qualidade, esgotos a céu aberto, pouca ou falta
de iluminação, dentre outros) que resguarda o criminoso naquele ambiente.
Imperioso destacar, que a criminalidade – compreendida de forma mais genérica
– pode ocorrer em qualquer ambiente, desde os mais organizados espacialmente aos mais
desestruturados, a diferença está na manutenção deste fenômeno, pois, quanto mais
vulnerável e degradada uma comunidade se encontra, maior será a desordem e a
facilidade de manutenção de atuação do criminoso frente a um ambiente propício (Dantas,
2022).
A partir dessa perspectiva, temos que o problema criminal é, também, um
fenômeno social que reflete certas condições de vida, diferenciadas por situações
socioeconômicas e espaciais, o que não exclui as demais perspectivas sobre a causa do
desvio criminal, historicamente instituídas, mas que no âmbito do Controle social formal
penal, opera de forma seletiva, impactando somente certos indivíduos pertencentes a
grupos específicos da sociedade, legitimando as instituições de justiça, e a própria
sociedade a estabelecer um processo de criminalização recrudescente dos vulneráveis
(Andrade, 2003; Batista, 2007; Baratta, 2011).
Nesse sentido, a criminologia sociológica vem teorizando a respeito da
compreensão do fenômeno criminal como consequência da intrincada interação entre os
indivíduos e o meio em que estão inseridos, buscando estabelecer relações entre esses
cenários das vulnerabilidades, descritos acima, e o comportamento delinquencial, de

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modo que tais teorias, embora oriundas do contexto das transformações urbanas pelas
quais passavam as cidades desde o início do século passado, demonstram atualidade em
suas abordagens e, sobretudo, há muito chamam a atenção para as conexões entre os
sistemas jurídico-políticos, suas permissividades omissivas e a acentuação das
vulnerabilidades7.

4 A SOCIOLOGIA URBANA E A CRIMINOLOGIA CRÍTICA:


INTERRELAÇÕES CRIMINOLÓGICAS PARA ANÁLISE DA
CRIMINALIDADE ESPACIALMENTE DETERMINADA
A Sociologia Urbana em muito é tributária dos estudos desenvolvidos na
Universidade de Chicago, cujos desdobramentos acabaram por levar ao estudo do crime,
se constituindo a Escola Sociológica de Chicago como um dos mais importantes
referenciais para explicação do fenômeno criminal, sobretudo, no que diz respeito à
compreensão da criminalidade como um fenômeno urbano, haja vista sua produção
científica estar baseada em evidências sociais empíricas fundamentadas na realidade das
cidades, locus privilegiado de suas investigações à época (Park, 1967a).
Dentro dessa perspectiva, a Criminologia desenvolvida pela Escola de Chicago
introduziu no debate a análise do impacto que as interações produzidas no espaço urbano
podem ter no comportamento das pessoas – ecologia criminal –, levando-as a cometer
delitos. Essa abordagem considera fatores como a desordem estrutural do local,
abrangendo aspectos físicos, sociais e econômicos (Becker, 1996).
A partir de tal compreensão, os sociólogos de Chicago defendiam a tese, segundo
a qual, nas regiões mais organizadas social e urbanisticamente das cidades o controle
social é algo mais efetivo e eficaz, até mesmo pela manutenção dos laços sociais morais
entre os componentes daquele grupo social, com forte impacto no controle da
criminalidade. Em sentido inverso, apontavam para o fato da não ocorrência de tal tipo

7
Para autores como Felix (2002), Andrade (2003), Batista (2007) e Baratta (2011), sob o prisma da relação
criminalidade e exclusão social, estes sugerem uma relação de causa e efeito, haja vista que os atributos
que definem ambas têm raízes em processos históricos que marginalizam vastos segmentos da população,
privando-os da participação no aparato produtivo da sociedade e relegando-os à margem dos setores
dominantes.

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de controle nas áreas menos organizadas dos aglomerados urbanos, com uma alta
incidência da prática de determinados tipos de delitos (Park, 1921; Cullen; Wilcox, 2015).
Ademais, teorizavam que na ambiência caracterizada pela desorganização
estrutural um fator de grande relevância para compreensão do fenômeno diz respeito aos
importantes deslocamentos humanos – ainda hoje correntes em âmbito local e global –
rumo aos espaços urbanos mais promissores, cuja dinamização e concentração das
atividades econômicas eram fatores preponderantes para o esvaziamento dos ambientes
rurais e/ou de cidades e países sem potencial de manter seus autóctones, seja por motivos
socioeconômicos, seja por motivos políticos ou, ainda, pela concorrência de ambos
(Coulon, 1995; Lefebvre, 1999).
Nesse passo, dois importantes representantes da Escola de Chicago, Park e
Burgess (1921), afirmavam que esses movimentos migratórios estavam condicionados a
uma realidade conflituosa, haja vista que a mudança de status das pessoas ao ingressarem
em ambiente diverso ao de suas origens (alóctones) as condicionavam à marginalidade
ou periferização espacial, com todas as desvantagens advindas do contexto social dessa
nova estadia, além de ter que competir com quem é próprio do lugar (Park, 1928).
Assim sendo, a partir dos referidos processos migratórios, mas, sobretudo, das
consequências acarretadas por tal fenômeno na configuração das cidades – contribuintes
para a revolução urbana –, esse tipo de deslocamento humano massivo acabou por
contribuir para a concentração de riquezas, necessidade de força de trabalho para a
produção e, consequentemente, no estabelecimento de padrões de existência díspares.
Resumindo, o crescente processo de urbanização acarretou a configuração de áreas com
predomínio produtivo, outras com padrões de riqueza e gozo das benesses da urbanização,
e aquelas onde imperam as mazelas inerentes às áreas pobres das cidades, mormente a
desorganização social e a desorganização urbana (Coulon, 1995; Lefebvre, 1999).
McKenzie (1948), pioneiro no estudo de tais contextos, observou a existência de
cinco principais processos de ecologia humana relacionados a organização social urbana,
denominadas de concentração, centralização, segregação, invasão e sucessão, dentre os
quais chama a atenção para a segregação, cujo traço mais geral é, em primeiro lugar, o
fator econômico, posto que as pessoas menos favorecidas economicamente eram

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direcionadas para as áreas periféricas e pobres das cidades, fazendo, a partir de então, a
aproximação definitiva entre o fator econômico, o fator socioespacial e as possíveis
vulnerabilidades daí derivadas..
Partindo dessa realidade, para tais estudiosos, havia um processo de esfacelamento
das estruturas comunitárias e enfraquecimento das relações provenientes do controle
social primário atribuído às instituições: família, igreja, escola, devido ao modelo social
que ia se estabelecendo nas Cidades, marcado por intensa competitividade, exploração e
acentuação das desigualdades.
Em síntese, a sociologia urbana inaugurada e desenvolvida no âmbito da
Universidade de Chicago, cujo principal objeto de estudo era o fenômeno contínuo e
crescente da urbanização, buscou nas cidades, através das relações de interação entre seus
habitantes, as explicações para diversos fenômenos sociais, aproximando o social do
geográfico, possibilitando assim formular proposições frente aos desafios socioespaciais
resultantes do referido processo, caracterizado pela ocorrência do aumento populacional
nessas localidades, a ocupação desordenada de espaços sem estrutura, a dificuldade de
absorver toda a mão de obra disponível, a concentração de poder nas mãos dos detentores
de maior capital, bem como a marginalização dos trabalhadores que não conseguem
inserção no mercado, intensificando, assim, tais características, as desigualdades sociais
(Park,1967a; Castells, 2000).
Tais estudos levaram, de forma inexorável, a percepção de que ambientes
desestruturados, posto que desorganizados social e urbanisticamente, se tornaram
propensos a incidência de determinado tipo de criminalidade, entretanto, embora tenham
tido a clara percepção das conexões entre vulnerabilidades sociais, espaciais e
econômicas relacionadas à tais crimes, não avançaram a ponto de investigar esse estado
de coisas e os sistemas jurídico-políticos responsáveis pela gestão daquela ambiência,
assim como, as conexões entre tal estado de coisas e o funcionamento do sistema de
controle social formal – Polícias, Ministério Público, Magistratura e órgãos da execução
penal.
Essa compreensão desconectada dos sistemas jurídico-políticos tem suas bases em
uma perspectiva liberal, considerando os valores da sociedade emergirem de um acordo

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entre seus integrantes, convivendo em consenso moral, de modo que o descumprimento


de tal acordo resulta em consequências também estabelecidas no contrato social. Entende-
se, a partir dessa teoria, que há uma aplicação imparcial das leis, colocando os interesses
coletivos acima das demandas individuais dos grupos. É, portanto, uma criminologia que
investiga as raízes do comportamento criminoso que destoa do consenso estabelecido
(Garcia-Pablos de Molina, 1999).
Ocorre que análises sociológicas do período de apogeu da Escola de Chicago
quando projetadas a processos de urbanização globais hodiernos, passam a depender de
atualizações próprias do movimento histórico de mudanças das relações sociais inerentes
às sociedades (Guimarães, 2023).
Isso porque, considerar tal contexto sem uma análise crítica do papel do Estado
na configuração espacial que se constitui devido a processos sociais que perversamente
vão estabelecendo contextos de vulnerabilidades certamente estará fadada a uma
incompletude teórica com características deterministas evidentes e pouco aceitas (Felix,
2002; Zaluar, 2002).
A partir da concepção acima esposada, há uma virada epistemológica e
metodológica paradigmática no âmbito contextual da desorganização social dos espaços
urbanos, haja vista que para muito além do processo ecológico natural, foi posta em
evidência a acentuação das desigualdades sociais originadas pela concentração de riqueza
e poder próprias do sistema capitalista de produção, propagadas pela violência estrutural,
entendida como vetor originário das vulnerabilidades imanentes a tais espaços urbanos.
(Baratta, 2011)
Nesse diapasão, várias são as teorias elaboradas para contestar a ideologia da
defesa social que permeia os estudos de Chicago – e a naturalização do crime e da
criminalização pela via ecológica –, cujo extrato aponta para as estreitas conexões entre
o crime, a criminalização e os sistemas de poder assentes, chegando mesmo os pensadores
da Criminologia Crítica a advertirem que as tipificações penais, assim como os processos
de criminalização daí derivados, se originam e servem às relações de poder estabelecidas,
culminando com a atribuição aos grupos vulneráveis social e criminalmente tipificações
específicas de crimes (Andrade, 2003).

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Ademais, importante ressaltar, a Criminologia Crítica emergiu em um contexto de


grandes disrupções sociais, marcado por um panorama multifacetado no qual os sistemas
jurídico-políticos passaram a ser questionados em razão de uma cada vez mais frequente
ausência do cumprimento das promessas do Estado Democrático, Social e de Direito.
Destaca-se, assim, o esforço em construir uma teoria criminológica voltada para o viés
econômico-político do desvio, comportamentos socialmente negativos e criminalização.
É, na realidade, uma teoria que incorpora conceitos e hipóteses concebidos dentro do
marxismo (Baratta, 2011).
E é por dentro dessa perspectiva de um controle social formal comprometido com
a manutenção do poder constituído, com a criminalização dos estratos mais vulneráveis
da população e imunização daqueles que se encontram em situação privilegiada política,
jurídica e economicamente, que se elabora a aproximação entre as vulnerabilidades
socioespaciais apontadas pela Escola de Chicago como conectadas à produção de
determinados crimes e à violência estrutural como vetor gerador de tais vulnerabilidades,
incorporando, de forma definitiva, os sistemas jurídico-políticos nessa discussão.
Melhor explicando, embora não enfrentadas pela sociologia de Chicago as
questões inerentes às relações de poder, não há como negar a constituição de uma
sociedade conflituosa que se organiza em um espaço e estabelece fenômenos sociais,
entre os quais o crime, a partir de um contexto de segregação, cujo ponto de partida diz
respeito às desigualdades socioeconômicas. Tal sociedade caracteriza-se a partir de
sistemas jurídico-políticos que contribuem para a geração de vulnerabilidades sociais por
meio da violência estrutural (Guimarães, 2023).
Em síntese, as concepções acerca de vulnerabilidades socioespaciais, desvios
localizados de conduta e do funcionamento do sistema de controle social formal sob a
perspectiva das duas escolas criminológicas aqui estudadas, fazem parte do contexto das
sociedades contemporâneas que experenciaram a evolução tecnológica das revoluções
industriais e sua influência na composição das cidades urbanas atuais, marcadas por
complexas relações sociais, evidenciando as intrínsecas conexões entre os sistemas
econômico, jurídico e político de exercício do poder, a exclusão social caracterizada pelo
local habitado e suas vulnerabilidades imanentes à violência estrutural, o cometimento de

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determinados crimes, o processo seletivo e desigual de criminalização e a vitimização


daqueles que lá habitam.

5 CONCLUSÃO
O processo de construção do conhecimento é uma jornada em constante evolução,
moldada pelo tempo e espaço, e é exatamente por essa natureza em constante fluxo que
ele assume um caráter provisório. Por esse motivo, reexaminar teorias sociais pode se
tornar uma oportunidade valiosa para realizar conexões e atualizações a partir de
perspectivas teóricas mais contemporâneas e críticas.
O ponto de partida proposto neste ensaio diz respeito à importante compreensão
do antagonismo da sociologia de Chicago em relação a qualquer abordagem teórica
positiva de explicação do fenômeno criminal. Ao invés disso, a abordagem dessa Escola
recai sobre as circunstâncias sociais oriundas da interação complexa entre os indivíduos
e o ambiente em que vivem, de modo a estabelecer conexões de tais cenários com o
comportamento delinquencial.
As vulnerabilidades socioespaciais acentuadas por fatores como renda e acesso a
oportunidades criam espaços onde a desorganização social, a desorganização urbana e a
falta de coesão comunitária se multiplicam, fornecendo terreno fértil para o florescimento
de crimes e manifestações diversas de violência. Portanto, a interligação entre
desigualdades socioeconômicas e o contexto de desorganização social e urbana ressalta a
necessidade imperativa de abordagens holísticas que abordem tanto as causas implícitas
quanto as manifestações visíveis desses problemas.
Portanto, tornou-se evidente a importância de uma crítica necessária e da
atualização teórica dessa Escola sob uma perspectiva contextual que levasse em conta
além da dimensão espaço-social, o contexto jurídico-político das cidades cujo processo
de urbanização comprometiam a configuração física e, consequentemente social, de modo
que esta traduzia-se em significativos cenários de desigualdades sociais e
vulnerabilidades socioespaciais, entendidas, hodiernamente, como violência estrutural,
categoria cuja ancoragem epistemológica reside na Criminologia Crítica de viés marxista.

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As atualizações realizadas não comprometem de forma alguma os pilares


fundamentais da sociologia urbana estabelecidos pelos teóricos da Escola de Chicago,
especialmente no que pertine a compreensão do fenômeno criminal. No entanto, essas
atualizações têm o papel crucial de adicionar nuances substanciais, enriquecendo assim a
compreensão desses conceitos e possibilitando uma aplicação ainda mais efetiva da teoria
em contextos contemporâneos.
A conclusão central deste estudo reafirma as complexas inter-relações entre a
desorganização social, a desorganização urbana e a incidência de crimes específicos em
locais determinados do espaço urbano, compreendendo-se, outrossim, que emerge uma
conexão inegável entre tais vulnerabilidades socioespaciais intrínsecas a tais espaços e as
diversas manifestações de violência, englobando tanto as de caráter estrutural, oriundas
das históricas relações de poder, conectadas ao modelo capitalista de produção, quanto
aquelas vinculadas a atividades criminosas e ao seu controle.

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