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Epistemologia da Avaliação

Os Significados da Avaliação sob uma


abordagem fundamentada no uso.

Equipe:

Lincon Rodrigues Dias Simões


Marta Maria dos Santos Dantas
Pressupostos,Objetivos e
Questões da Pesquisa
● Qual o campo conceitual da avaliação
educacional?
01 Questões ● Quais os significados associados à
avaliação educacional, na perspectiva
dos pesquisadores da área?
Investigar quais as concepções de
avaliação educacional manifestadas
02 Objetivos por pesquisadores em avaliação, a
fim de identificar o campo conceitual
do termo.
● A maioria dos pesquisadores relaciona
a avaliação a um INSTRUMENTO para
03 Hipóteses guiar discentes, cursos ou instituições.
Há uma associação negativa com um
JULGAMENTO
Polo epistemológico
Ludwig Wittgenstein (1899-1951)
Soldado raso; Jardineiro; Professor de
escola primária; Cambridge; Porteiro

Única obra publicada em vida: Tractatus


Logico-Philosophicus (1921), trata da
relação linguagem-realidade.
O prefácio “insultou e desiludiu Wittgenstein, que considerou que Russell não tinha
entendido o livro. Wittgenstein insistiu na inclusão de uma introdução sua [...] onde
modestamente destaca que sua obra contém “a inatacável e definitiva…verdade… a
solução final do problema (da filosofia). [...] Tendo posto um fim à filosofia,
Wittgenstein, de forma bastante lógica, não viu razão para persistir no assunto”
(Strathern, 1996, p.16)
Concepção Agostiniana (ou
essencialista) de linguagem

O que é Avaliação?
O que significa avaliar?
Há uma ideia de que as palavras denominam objetos (de que são os nomes das coisas),
ideia que contém uma imagem da essência da linguagem: cada palavra tem um significado
que está agregado a ela e representa o objeto que a palavra substitui. Wittgenstein defende
que nossa linguagem não tem apenas a função de representar o mundo e que o significado
das palavras é definido pelo seu uso. A concepção de linguagem como modelo referencial
dos objetos no mundo é útil para casos específicos, mas falha quando pretende abranger a
“essência” do que é representado, ou a totalidade dos usos.
As dificuldades de querermos atribuir um
significado definitivo, único e exclusivo para as
palavras, são melhor percebidas em perguntas
como:

“O que é o tempo?”
“O que é o significado?”
“O que é o comprimento?” ou
“O que é o número um?”

Nos causam certo constrangimento, pois são


alheias ao uso.
O tempo parece algo difícil de Ao procurar explicações únicas e
Alguém pode
conceituar, mas todos sabemos definitivas (essência), a filosofia leva
descrever o Aroma
do que se trata (sabemos usar a do Café? a dificuldades infindas,
palavra), pois tudo o que nos impedindo-nos de ver o que está à
interessa sobre o tempo está nossa frente quando usamos os
exposto diante de nós. conceitos, a saber, as aplicações das
respectivas palavras em situações
Ao nos interrogarmos sobre a específicas de uso da linguagem.
natureza do tempo (encontrar
sua essência) “perdemos de vista
o que sabíamos antes de nos A diversidade de aplicações
perguntarem – e que contrasta com a suposta
continuamos sabendo, mas Todos sabemos o exclusividade do que deve ser a
deixamos de perceber – isto é, as que é o aroma do essência do conceito. (MORENO,
aplicações efetivas que fazemos café! 2012).
das palavras” (MORENO, 2012)
“Vamos então explicar a palavra “tove” apontando
para um lápis e dizendo “isto é tove”. (Em vez de “isto é
tove” poderia aqui ter dito “isto chama-se
‘tove’.”Chamo a atenção para isto para eliminar, de
uma vez por todas, a idéia de que as palavras da
definição ostensiva predicam algo do definido[...] Ora, a
definição ostensiva “isto é tove” pode ser interpretada
de muitas maneiras:

“Isto é um lápis”,
“Isto é redondo”,
“Isto é madeira"
“Isto é um”,
“Isto é duro”, etc.
o que deve existir para que um Na ausência de um método,
nome possa ser aplicado é um Wittgenstein admite que sejam
instrumento da linguagem e não desenvolvidos diferentes
algo que esteja fora da linguagem procedimentos de descrição para cada
(IF.§§50-56). Esse é o resultado a tipo de caso – diferentes comparações
que se deve chegar através da e exemplos de aplicação das palavras,
descrição dos usos, tal como nos diferentes analogias etc.
propõe Wittgenstein. A ausência de um método único revela
Mas, para isso, será preciso passar que, nesse ambiente pragmático, não
pelas minuciosas, e entediantes, se poderia esperar que houvesse uma
como ele próprio o diz (B/F,§295), Não há, contudo, um método única forma essencial da linguagem,
descrições de aplicações das único, mas várias formas de como que à espera do bom método.
palavras. (MORENO, 2012) compreensão dos significados (MORENO, 2012)
e vários procedimentos de
descrição dos usos, já que
uma linguagem é algo
dinâmico.
Polo Teórico
Teoria da Metáfora Postula que nossa cognição é estruturada
Contemporânea metaforicamente: o entendimento de
conceitos abstratos ocorre por associação
com objetos concretos (há uma correlação
entre as experiências sensório-motoras com
experiências emocionais e intelectuais (menos
delineadas).
Assim, conceitos abstratos são estruturados
em termos de substância, de modo que
possamos quantificá-los, situá-los, enfim,
compreendê-los.
Amantes são entendidos como viajantes e seu
relacionamento como o veículo em que viajam,
para um destino comum.
Veja onde chegamos. Não dá mais para
continuar. Percorremos uma longa jornada, mas
não há mais como voltar atrás. Nosso
relacionamento não vai chegar em lugar nenhum
e agora temos que seguir por caminhos
separados.

Amor (abstrato, complexo);


Viagem (concreto, mais
simples e mais estruturado).
Tipos de metáforas
TEORIAS/IDEIAS SÃO EDIFICIOS
-Quais as fundações de sua teoria?
Estruturais -Como a teoria não foi construída com
argumentos fortes, foi demolida.
Orientacionais/es
paciais IMPORTANTE É GRANDE
-Ele é um gigante entre os escritores;
-Foi apenas uma pequena mentira;
Ontológicas
TEORIAS/IDEIAS SÃO SERES VIVOS
-A teoria da relatividade nasceu em 1905, seu
pai foi A. Einstein;
-Ele semeou (plantou) uma grande ideia e hoje
colhe seus frutos.
Mapeamento Conceitual

Domínio Fonte Domínio Alvo


Metáfora: IDÉIAS SÃO ALIMENTO

ALIMENTO IDEIA
Engolir Aceitar
Mastigar/Ruminar Considerar
Digerir Compreender

Estou digerindo os argumentos; Não engoli essa história; Essa conversa me


deixou com gosto amargo na boca; Devorei o Livro

AVALIAÇÃO É ...
Polo Morfológico
1- Realizar uma investigação sobre os Significados da Avaliação
encontrados na Literatura (Pesquisadores renomados)

2- Definir quais os Modelos Cognitivos Idealizados presentes na


Literatura

3- Extrair artigos (30) da Plataforma Scientific Electronic


Library Online (SciELO), de periódicos da área da Educação,
que têm no título o termo “Avaliação”

4- Extrair trechos com definições de Avaliação (Descrições de


Usos)

5- Verificar em quais Modelos as definições se encaixam


Polo Técnico
Avaliação - Significados na Literatura
Tyler (Princípios Básicos de Stufflebeam.
Currículo e Ensino). Avaliação como
Scriven -
Avaliação como Instrumento para
Avaliação como
instrumento de auxílio Decisão
juízo de valor.
para alcance de objetivos

… 1963 1967

1949 1966 1974


Docimologia - Cronbach - Stake.
Avaliação como Avaliação para Avaliação como
Teste ou Melhoria do Descrição e
Medida Curso Julgamento
Modelos Cognitivos Idealizados presentes na Literatura:

AVALIAÇÃO é INSTRUMENTO

AVALIAÇÃO é MEDIDA (mensuração, diagnóstico)


AVALIAÇÃO é DESCRIÇÃO (observação, verificação)
AVALIAÇÃO é JULGAMENTO (valoração, premiação, punição)

FINALIDADES

MELHORIA (auxiliar, apoiar, guiar, desenvolver)


DECISÃO (informar, explicar)
CERTIFICAÇÃO (reconhecer, regular)
Referências
BARATA, Maria, Clara, Carelli, Magalhães. Crenças sobre avaliação em língua inglesa: um estudo de caso a partir
das metáforas no discurso de professores em formação. Tese (Doutorado em Linguística Aplicada) Programa de
Pós-Graduação em Estudos Lingüísticos, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2006.

GOTTSCHALK, Cristina Maria Cornélia. Uma concepção pragmática de ensino e aprendizagem. Educação e
Pesquisa, v. 33, n. 3, p. 459-470, 2007.

KÖVECSES, Zoltan. Metaphor: a practical introduction. New York: The University of Chicago Press, 2010.

LAKOFF, George; JOHNSON, Mark. Metaphors We Live By. London: The University of Chicago Press, 1980.

LIMA, Paula Lenz Costa. Desejar é ter fome; novas idéias sobre antigas metáforas conceituais. Tese (Doutorado em
Linguística). Instituto de Estudos da Linguagem. Universidade Estadual de Campinas, 1999.
Referências
MORENO, Arley Ramos. Introdução a uma Epistemologia do Uso. Caderno CRH, v. 25, n. spe 02, p. 73-95, 2012.

SEARLE, John. Filosofia Contemporânea nos Estados Unidos. In: BUNNIN, Nicholas. TSUI-JAMES, E. P (Orgs.).
Compêndio de filosofia. 3 ed. Tradução de Luiz Paulo Rouanet. São Paulo: Loyola, 2010. p. 1-23.

SCHRÖDER, Ulrike. A mesclagem metafórica de Fauconnier & Turner e as teorias de Karl Bühler e Wilhelm
Stählin: antecipações e complementos. Revista da ABRALIN, v. 9, n. 1, 2017.

VIANNA, Heraldo Marelim. Avaliação educacional: teoria, planejamento, modelos. São Paulo: IBRASA, 2000.

WITTGENSTEIN, Ludwig. Investigações Filosóficas. Tradução: José Carlos Bruni. São Paulo: Editora Nova
Cultural, 1999 (Coleção Os Pensadores: Wittgenstein).

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