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TIPOS TEXTUAIS

MEDIADORA: MAISA AVELINO


POLO COPS
TIPOS TEXTUAIS

• Tratam da forma como um texto se organiza.

• Variam de acordo com o objetivo e a finalidade do texto.

• São definidos por propriedades linguísticas intrínsecas (aspectos lexicais,


sintáticos, relações lógicas, tempo verbal).

• Classificam-se em cinco tipos: narrativo, descritivo, expositivo, injuntivo e


argumentativo.

• São sequências de enunciados que compõem o interior dos gêneros.


de Extraído
Dissertativo
Modo Descritivo Narrativo Argumentativo Informativo/ Injuntivo
Expositivo
Agente Observador Narrador Argumentador Expositor Instrucional

Conteúdo Seres, objetos, cenas, Ações ou Opiniões ou Informações Instruções, conselhos,


processos acontecimentos argumentos objetivas ensinamentos, ordens

Tempo Momento único Sucessão Atemporalidade Atemporalidade Atemporalidade

Objetivo Identificar, localizar e Relatar Discutir, defender Transmitir Instruir o leitor a


qualificar uma ideia informações proceder de acordo com
o que é dito

Classes Substantivos, adjetivos Verbos, advérbios e Conectores Conectores Sujeito indeterminando,


Gramaticai (ou locuções adjetivas) e conjunções temporais linguagem objetiva
s verbos de estado,
Tempos Presente ou pretérito Presente ou pretérito Presente do Presente do Imperativo, infinitivo ou
Verbais imperfeito do indicativo perfeito do indicativo indicativo Indicativo presente do indicativo
1. (ENEM – 2018)

Qualquer que tivesse sido o seu trabalho anterior, ele o abandonara, mudara de profissão e passara
pesadamente a ensinar no curso primário: era tudo o que sabíamos dele. O professor era gordo, grande e
silencioso, de ombros contraídos. Em vez de nó na garganta, tinha ombros contraídos. Usava paletó curto
demais, óculos sem aro, com um fio de ouro encimando o nariz grosso e romano. E eu era atraída por ele.
Não amor, mas atraída pelo seu silêncio e pela controlada impaciência que ele tinha em nos ensinar e que,
ofendida, eu adivinhara. Passei a me comportar mal na sala. Falava muito alto, mexia com os colegas,
interrompia a lição com piadinhas, até que ele dizia, vermelho:
— Cale-se ou expulso a senhora da sala.
Ferida, triunfante, eu respondia em desafio: pode me mandar! Ele não mandava, senão estaria me
obedecendo. Mas eu o exasperava tanto que se tornara doloroso para mim ser objeto do ódio daquele
homem que de certo modo eu amava. Não o amava como a mulher que eu seria um dia, amava-o como
uma criança que tenta desastradamente proteger um adulto, com a cólera de quem ainda não foi covarde
e vê um homem forte de ombros tão curvos.

(LISPECTOR, C. Os desastres de Sofia. In: A legião estrangeira. São Paulo: Ática, 1997)
Entre os elementos constitutivos dos gêneros está a sua própria estrutura composicional, que pode
apresentar um ou mais tipos textuais, considerando-se o objetivo do autor. Nesse fragmento, a
sequência textual que caracteriza o gênero conto é a
a) expositiva, em que se apresentam as razões da atitude provocativa da aluna.
b) injuntiva, em que se busca demonstrar uma ordem dada pelo professor à aluna.
c) descritiva, em que se constrói a imagem do professor com base nos sentidos da narradora.
d) argumentativa, em que se defende a opinião da enunciadora sobre o personagem professor.
e) narrativa, em que se contam fatos ocorridos com o professor e a aluna em certo
tempo e lugar
Analisando a estrutura do conto, percebemos que o texto se caracteriza como narrativo, uma
vez que o relato possui os elementos característicos deste tipo textual:
• Sucessão de acontecimentos
• Personagens
• Marcação de tempo
• Enredo
• Narrador

Conforme o enunciado nos diz, é muito comum encontrarmos textos que possuem mais de um
tipo textual presente. Neste caso, observamos que, apesar de haver a presença de trechos
descritivos, o tipo textual que predomina é o narrativo. Além disso, estamos lidando com o
gênero textual conto, que possui o tipo textual narrativo como uma das suas características
principais.
2. (ENEM – 2017)

Doutor dos sentimentos


Veja quem é e o que pensa o português António Damásio, um dos maiores nomes da neurociência atual, sempre em
busca de desvendar os mistérios do cérebro, das emoções e da consciência.
Ele é baixo, usa óculos, tem cabelos brancos penteados para trás e costuma vestir terno e gravata. A surpresa
vem quando começa a falar. António Damásio não confirma em nada o clichê que se tem de cientista.
Preocupado em ser o mais didático possível, tenta, pacientemente, com certa graça e até ironia, sempre que
cabível, traduzir para os leigos estudos complexos sobre o cérebro. Português, Damásio é um dos principais
expoentes da neurociência atual. Diferentemente de outros neurocientistas, que acham que apenas a ciência
tem respostas à compreensão da mente, Damásio considera que muitas ideias não provêm necessariamente
daí.
Para ele, um substrato imprescindível para entender a mente, a consciência, os sentimentos e as emoções
advém da vida intuitiva, artística e intelectual. Fora dos meios científicos, o nome de Damásio começou a ser
celebrado na década de 1990, quando lançou seu primeiro livro, uma obra que fala de emoção, razão e do
cérebro humano.

TREFAUT, M. P. Disponível em: http://revistaplaneta.terra.com.br. Acesso em: 2 set. 2014 (adaptado).


Na organização do texto, a sequência que atende à função sociocomunicativa de apresentar
objetivamente o cientista António Damásio é a
a) descritiva, pois delineia um perfil do professor.
b) injuntiva, pois faz um convite à leitura de sua obra.
c) argumentativa, pois defende o seu comportamento incomum.
d) narrativa, pois são contados fatos relevantes ocorridos em sua vida.
e) expositiva, pois traz as impressões da autora a respeito de seu trabalho.
A organização textual, isto é, o tipo textual tem por objetivo descrever o cientista
António Damásio. Ao longo do texto, percebemos que há diversos trechos que
procuram apresentar as características físicas e comportamentais do homem.
3. (ENEM – 2018)
Reclame
se o mundo não vai bem
a seus olhos,
use lentes
...ou transforme o mundo.
ótica olho vivo
agradece a preferência.
(CHACAL. Disponível em: www.escritas.org. Acesso em: 14 ago. 2014)
Os gêneros podem ser híbridos, mesclando características de diferentes composições textuais que circulam
socialmente. Nesse poema, o autor preservou, do gênero publicitário, a seguinte característica:
a) Extensão do texto.
b) Emprego da injunção.
c) Apresentação do título.
d) Disposição das palavras.
e) Pontuação dos períodos.
Como o próprio enunciado informa, a questão nos traz um texto que possui uma
intertextualidade Intergêneros, isto é, a incorporação de características de um
determinado gênero em outro. Assim, nos deparamos com um texto que possui o
formato do gênero poema, mas se estabelece como um texto de gênero
publicitário, haja vista que tem o intuito de dar uma sugestão ao leitor.
A injunção se apresenta nos verbos no imperativo, dando uma sugestão ao leitor
(use lentes / transforme o mundo).
4. (ENEM – 2018)

Cores do Brasil
Ganhou nova versão, revista e ampliada, o livro lançado em 1988 pelo galerista Jacques Ardies,
cuja proposta é ser publicação informativa sobre nomes do “movimento arte naïf do Brasil”,
como define o autor. Trata-se de um caminho estético fundamental na arte brasileira, assegura
Ardies. O termo em francês foi adotado por designar internacionalmente a produção que no
Brasil é chamada de arte popular ou primitivismo, esclarece Ardies. O organizador do livro
explica que a obra não tem a pretensão de ser um dicionário. “Falta muita gente. São muitos
artistas”, observa. A nova edição veio da vontade de atualizar informações publicadas há 26
anos. Ela incluiu artistas em atividade atualmente e veteranos que ficaram de fora do primeiro
livro.A arte naïf no Brasil 2 traz 79 autores de várias regiões do Brasil.

WALTER SEBASTIÃO. Estado de Minas, 17 jan. 2015 (adaptado).


O fragmento do texto jornalístico aborda o lançamento de um livro sobre arte naïf no Brasil.
Na organização desse trecho predomina o uso da sequência
a) injuntiva, sugerida pelo destaque dado à fala do organizador do livro.
b) argumentativa, caracterizada pelo uso de adjetivos sobre o livro.
c) narrativa, construída pelo uso de discurso direto e indireto.
d) descritiva, formada com base em dados editoriais da obra.
e) expositiva, composta por informações sobre a arte naïf.
O autor tem o propósito de informar o leitor acerca do relançamento de um livro,
cujo tema versa sobre o movimento artístico denominado naif. Logo, por ser tratar de
um texto que busca informar o leitor, caracteriza-se como um texto expositivo.
5. (ENEM – 2020) O sol nas bancas de revista
Caminhando contra o vento, Me enche de alegria e preguiça
Sem lenço e sem documento Quem lê tanta notícia
No sol de quase dezembro Eu vou
Eu vou
VELOSO, C. Alegria, alegria In Caetano Veloso. São Paulo.
Philips. 1967 (fragmento).
O sol se reparte em crimes
Espaçonaves, guerrilhas
Em cardinales bonitas
Eu vou

Em caras de presidentes
Em grandes beijos de amor
Em dentes, pernas, bandeiras
Bombas e Brigitte Bardot
É comum coexistirem sequências tipológicas em um mesmo gênero textual. Nesse
fragmento, os tipos textuais que se destacam na organização temática são
a) descritivo e argumentativo, pois o enunciador detalha cada lugar por onde passa,
argumentando contra a violência urbana.
b) dissertativo e argumentativo, pois o enunciador apresenta seu ponto de vista sobre as
notícias relativas à cidade.
c) expositivo e injuntivo, pois o enunciador fala de seus estados físicos e psicológicos e
interage com a mulher amada.
d) narrativo e descritivo, pois o enunciador conta sobre suas andanças pelas
ruas da cidade ao mesmo tempo que a descreve.
e) narrativo e injuntivo, pois o enunciador ensina o interlocutor como andar pelas ruas da
cidade contando sobre sua própria experiência.
No trecho da música, podemos observar a presença de dois tipos textuais: o narrativo e o
descritivo. Isso porque, observamos que há o objetivo de narrar o que o eu lírico está
fazendo, bem como detalhar como ele estava: “Sem lenço, sem documento”. Como o
próprio enunciado nos informa, é muito comum encontrarmos mais de um tipo textual
presente no texto, como podemos observar nesta música.
6. (ENEM – 2013)
A tirinha denota a postura assumida por seu produtor frente ao uso social da tecnologia
para fins de interação e de informação. Tal posicionamento é expresso, de forma
argumentativa, por meio de uma atitude
a) crítica, expressa pelas ironias.
b) resignada, expressa pelas enumerações.
c) indignada, expressa pelos discursos diretos.
d) agressiva, expressa pela contra argumentação.
e) alienada, expressa pela negação da realidade.
A tirinha se caracteriza como um gênero textual que tem como função retratar – de modo
crítico e/ou irônico – fatos sociais, político-ideológicos e comportamentais da sociedade;
consequentemente, se há uma crítica em relação a um fato, há a defesa de uma opinião.
Como já vimos anteriormente, o texto argumentativo é caracterizado por um autor que
defende um ponto de vista e tenta dissuadir o leitor a respeito dessa opinião.
Neste caso, de modo critico, o autor ironiza a falsa ideia de que as pessoas não são
preconceituosas, ignorantes e covardes ao utilizarem a internet.
7. (UERJ – 2010)
Viagem ao centro da Terra
De início, não enxerguei nada. Havia muito tempo sem verem a luz, meus olhos imediatamente se fecharam.
Quando consegui ver de novo, fiquei mais assustado que admirado:
– O mar!
– É – respondeu meu tio –, o mar Lidenbrock, e espero que nenhum navegador vá me contestar a honra de tê-lo
descoberto e o direito de batizá-lo com meu nome!
Um enorme lençol de água, o começo de um lago ou de um oceano, estendia-se até onde minha vista não podia
alcançar. As ondas vinham bater numa praia bastante recortada, formada por uma areia fina e dourada, salpicada por aquelas
conchinhas que abrigaram os primeiros seres da criação. As ondas quebravam com aquele barulho característico dos
ambientes muito amplos e fechados. Uma espuma leve era soprada por um vento moderado, e uma garoa me batia no
rosto. A cerca de duzentos metros das ondas, naquela praia ligeiramente inclinada, estavam as escarpas de rochedos
enormes, que se elevavam a uma altura incalculável.
Alguns deles, cortando a praia com sua aresta aguda, formavam cabos e promontórios desgastados pelos dentes
da arrebentação. Mesmo ao longe, seus contornos podiam ser vistos em contraste com o fundo nebuloso do horizonte. Era
realmente um oceano, com o contorno irregular das praias terrestres, mas deserto, com um aspecto selvagem assustador.
Se minha vista podia passear ao longe naquele mar, era porque uma luz “peculiar” iluminava seus menores detalhes. Não a
luz do Sol, com seus fachos brilhantes e sua irradiação plena, nem a da Lua, com seu brilho pálido e impreciso, que é apenas
um reflexo sem calor. Não, aquela fonte de luz tinha uma propagação trêmula, uma claridade branca e seca, uma
temperatura pouco elevada e um brilho de fato maior que o da Lua, evidenciando uma origem elétrica. Era como uma
aurora boreal, um fenômeno cósmico permanente numa caverna capaz de conter um oceano.
Júlio Verne Viagem ao centro da Terra. São Paulo: Ática, 2000.
Não, aquela fonte de luz tinha uma propagação trêmula, uma claridade branca e seca, uma
temperatura pouco elevada e um brilho de fato maior que o da Lua, evidenciando uma origem
elétrica.
A passagem transcrita acima revela uma característica na descrição do cenário que pode
ser definida como:
a) exemplificação do tema do diálogo entre personagens
b) intensificação do envolvimento do narrador com a cena
c) contraposição com os aspectos visuais relativos à paisagem
d) enumeração de elementos díspares na composição do espaço
Lembrem-se: no texto narrativo, o autor tem como objetivo central contar uma história.
Para isso, faz uso de elementos textuais como: sucessão de acontecimentos, personagens,
marcação de tempo, enredo, narrador etc.
Após uma leitura atenta do fragmento, percebe-se que o narrador/personagem se envolve
com a paisagem que está retratando, de forma que a descrição ganha um aspecto mais
emocional. Além disso, a repetição do termo “Não” reforça o descarte das descrições feitas
anteriormente, uma vez que aproximação emocional se intensifica.
8. (UERJ – 2015)

A EDUCAÇÃO PELA SEDA


Vestidos muito justos são vulgares. Revelar formas é vulgar. Toda revelação é de uma vulgaridade
abominável.
Os conceitos a vestiram como uma segunda pele, e pode-se adivinhar a norma que lhe rege a vida ao
primeiro olhar.
(Rosa Amanda Strausz, Mínimo múltiplo comum: contos. Rio de Janeiro: José Olympio, 1990).
O conto contrasta dois tipos de texto em sua estrutura. Enquanto o segundo parágrafo se configura
como narrativo, o primeiro parágrafo se aproxima da seguinte tipologia:
a) injuntivo
b) descritivo
c) dramático
d) argumentativo
O primeiro parágrafo se caracteriza como argumentativo, pois apresenta a opinião do autor em
relação ao conceito de vulgaridade. Vejam que ao longo do trecho há um desencadeamento de
ideias, característica pertencente ao tipo argumentativo: “Vestidos muito justos são vulgares.
Revelar formas é vulgar. Toda revelação é de uma vulgaridade abominável”. Seguindo a lógica da
autor,a chega-se à conclusão de que todo tipo de revelação é vulgar.
9. (UERJ – 2016)
No texto, a autora narra fatos e expõe suas opiniões relacionados à vinda de sua família para o Brasil.
Uma dessas opiniões está explícita em:
a) Havia chegado a hora de Antônio se alistar, e o pai decidiu que não perderia seu filho. (l.5-6)
b) No início dos anos 1990 cogitamos reivindicar a cidadania italiana. (l. 13)
c) Antes de ingressar com a documentação, seria preciso corrigir o erro do burocrata do governo
imperial que substituiu um “n” por um “m”. (l. 14-16)
d) Quando Pietro Brun atravessou o mar deixando mortos e vivos na margem que se
distanciou, ele não poderia ser o mesmo ao alcançar o outro lado. (l. 28-29)
A autora relata a história da vinda da sua família para o Brasil através de uma narração, um
relato dos fatos. O enunciado da questão pede que encontremos a alternativa que apresente
um trecho com a narração da autora, bem como a opinião dela acerca de algum fato. É o que
vemos na letra D, pois em: “Quando Pietro Brun atravessou o mar deixando mortos e vivos
na margem que se distanciou, ele não poderia ser o mesmo ao alcançar o outro lado”, é
possível ver que ela expõe a sua opinião sobre a mudança de Pietro Brum durante a sua
travessia.
10. (UERJ – 2012)
“Acabar com a escravidão não basta. É preciso acabar com a obra da escravidão”
(l. 5-6)

No início do texto, o autor cita entre aspas as frases de Joaquim Nabuco para, em seguida, se
posicionar pessoalmente perante seu conteúdo. Para o autor, a obra da escravidão
caracteriza-se fundamentalmente por:
a) manter-se através da educação excludente
b) atenuar-se em função da distribuição de renda
c) aumentar por causa do índice de analfabetismo
d) enfraquecer-se graças ao acesso à escolarização
O texto da questão é argumentativo, uma vez que o autor defende a ideia de que, por
mais que a abolição tenha ocorrido há muito tempo, os efeitos da escravatura perduram na
nossa sociedade até os dias atuais. Ainda: para ele, o ato de escravizar outras pessoas
corresponde à falsa ideia veiculada na época – mas que muitos ainda acreditam, mesmo que
de forma velada – de que existem pessoas superiores em relação a outras.
Ao longo do texto, vemos que o Cristovam Buarque acredita que a obra da escravidão com a
qual convivemos ainda nos tempos atuais se dá através da educação (ou a falta dela). Nesse
sentido, é muito cômodo para muitas camadas da sociedade que essa desigualdade não seja
interrompida, pois favorece os mais abastados, isto é, os mais escolarizados.
O TEXTO ARGUMENTATIVO – PARTE 1
ELEMENTOS BÁSICOS DA ARGUMENTAÇÃO:

TESE: ponto de vista defendido pelo enunciador

CONTRATESE: tese contrária (nem sempre está explícita)

ARGUMENTOS: é a fundamentação da tese, do ponto de vista defendido


Questão 1

A conquista do Brasil
“Por gerações, o brasileiro se acostumou a ver o seu país, sua história e sua cultura como exemplos de
paz e confraternização sem paralelo entre as nações. A imagem do brasileiro como um povo cordial que
aceita melhor a miscigenação e é mais tolerante com as diferenças sociais e políticas, num país
conciliador, que não se envolve em guerras e se mantém neutro diante de conflitos, se sobrepõe como
traço cultural, sem grandes traumas nem contestações.

Os brasileiros se orgulham de pensar que o Brasil não precisou de uma guerra com a que separou os
Estados Unidos da Inglaterra, nem passou por conflitos internos sangrentos como a Secessão. Manteve-se
afastado das conflagrações, a começar pelas duas guerras mundiais que marcaram a primeira metade do
século XX – na segunda delas, meio pró-forma, enviou expedicionários à Itália, numa fase em que o
conflito já se encaminhava para o fim. O país manteve-se neutro na maioria dos grandes conflitos
passados, recentes e contemporâneos. E saiu pacificamente de uma ditadura militar de 21 anos, em 1985,
com o restabelecimento do governo civil e, depois, da democracia.
Ao construir um modelo de concórdia, que combina com a fachada do povo pobre, mas alegre, que
se expressa pelo carnaval, o samba e o futebol, o Brasil esqueceu muita coisa. Foi o último país do
mundo a abolir a escravidão, em 13 de maio de 1888. Um dos seus maiores heróis nacionais,
Tiradentes, foi esquartejado. O Brasil dizimou a população masculina de um país vizinho na Guerra
do Paraguai. Deixou uma esteira de mortos nos porões do regime militar, que pela via do golpe
havia derrubado em 1964 o presidente João Goulart.

Aliviaram-se tensões sociais latentes e sepultou-se o passado beligerante sobre o qual foi
construída uma nação homogênea, mesmo em meio a tanta diversidade. O Brasil acomodou-se à
versão oficial de sua história, em que foram escondidas as rupturas, as questões sociais e os fatos
que não interessam tanto a sua autoimagem dentro do mundo civilizado.”
(Thales Guaracy)

Se tivéssemos que separar por parágrafos onde predominam tese, contratese e argumentos,
como poderíamos dividir esse texto?
Questão 2

A charge, por conta do seu viés crítico e voltado à reflexão, pode ser caracterizada em sua ideia
estrutural como um texto argumentativo. A partir dessa consideração, qual seria a tese e o
argumento da charge acima?
Tese: Em vez de pensar em redução da maioridade penal, o governo deve investir em educação e
lazer para as crianças e adolescentes.

Argumento: Espaços de lazer são uma mecanismos muito mais eficiente para resolver o
problema da criminalidade entre os jovens
“Eu aposto que nos últimos dias alguém lhe contou que não aguenta mais a vida. Que sente o
tempo passar de maneira descontrolada e que, mal a semana começa, já chega a quinta- feira e
com ela, o final de semana, mal aproveitado, diga-se de passagem.
E, ao que tudo indica, é muito possível que não apenas seu amigo se sinta assim, mas você
também, assim como eu, todos nós, sentimos que a vida, literalmente, escorre pelas mãos.”

(Cristiano Nabuco, psicólogo)

Identifique a tese e os argumentos do texto em questão e extraia a ideia atribuída a cada um,
apontando o fragmento relacionado:
Questão 4 (ENEM –2019)
Você vende uma casa, depois de ter morado nela durante anos; você a conhece necessariamente
melhor do que qualquer comprador possível. Mas a justiça é, então, informar o eventual
comprador acerca de qualquer defeito, aparente ou não, que possa existir nela, e mesmo,
embora a lei não obrigue a tanto, acerca de algum problema com a vizinhança. E, sem dúvida,
nem todos nós fazemos isso, nem sempre, nem completamente. Mas quem não vê que seria
justo fazê-lo e que somos injustos não o fazendo? A lei pode ordenar essa informação ou
ignorar o problema, conforme os casos; mas a justiça sempre manda fazê-lo. Dir-se-á que seria
difícil, com tais exigências, ou pouco vantajoso, vender casas... Pode ser. Mas onde se viu a justiça
ser fácil ou vantajosa? Só o é para quem a recebe ou dela se beneficia, e melhor para ele; mas só
é uma virtude em quem a pratica ou a faz. Devemos então renunciar nosso próprio interesse?
Claro que não. Mas devemos submetê-lo à justiça, e não o contrário. Senão? Senão, contente-se
com ser rico e não tente ainda por cima ser justo.

COMTE-SPONVILLE, A. Pequeno tratado das grandes virtudes. São Paulo: Martins Fontes, 1995.
No processo de convencimento do leitor, o autor desse texto defende a ideia de que
e) o interesse do outro deve se sobrepor ao interesse pessoal.
b) a atividade comercial lucrativa é incompatível com a justiça.
c) a criação de leis se pauta por princípios de justiça.
d) o impulso para a justiça é inerente ao homem.
e) a prática da justiça pressupõe o bem comum.
Questão 5 (ENEM – 2021)

A verdade sobre o envelhecimento das populações

Tem se tornado popular produzir grandes projeções de redução de prosperidade baseada no


envelhecimento demográfico. Mas será que isso é realmente um problema?
A média de idade nos Estados Unidos é atualmente de 36 anos. Na Etiópia, a média é de 18 anos. O
país com maior número de idosos é a Alemanha, onde a média de idade é de 45 anos. Países em que a
população mais jovem domina são mais pobres, e aqueles com a população dominante mais idosa são
mais ricos. Então por que temer o envelhecimento da população?
Existem pelo menos duas razões. A primeira é psicológica: em analogia ao envelhecimento das pessoas,
sugere que, à medida que as populações envelhecem, tornam-se mais fracas e perdem acuidade mental.
A segunda decorre dos economistas e de um indicador conhecido como razão de dependência, que
pressupõe que todos os adultos com menos de 65 anos contribuem para a sociedade, e todos com
mais de 65 anos são um peso. E a proporção de pessoas com mais de 65 anos tende a aumentar.

LUTZ, W. Azul Magazine, ago. 2017 (adaptado).


A articulação entre as informações do texto leva à compreensão de que ele propõe
um(a)
a) levantamento das causas do envelhecimento das populações.
b) análise dos dados demográficos de diferentes países do mundo.
c) comparação entre a idade da população economicamente ativa no mundo.
d) questionamento sobre o impacto negativo do envelhecimento da
população.
e) alerta aos economistas sobre as contribuições da população abaixo dos 65 anos.
Questão 6 (ENEM – 2019)
Nesse cartaz, o uso da imagem do calçado aliada ao texto verbal tem o objetivo de
a) criticar as difíceis condições de vida dos refugiados.
b) revelar a longa trajetória percorrida pelos refugiados.
c) incentivar a campanha de doações para os refugiados.
d) denunciar a situação de carência vivida pelos refugiados.
e) simbolizar a necessidade de adesão à causa dos refugiados.
Questão 7 (ENEM – 2019)

O debate sobre o conceito de saúde refere-se à importância de minimizar a simplificação que


abrange o entendimento do senso comum sobre esse fenômeno. É possível entendê-lo de modo
reducionista, tão somente, à luz dos pressupostos biológicos e das associações estatísticas
presentes nos estudos epidemiológicos. Os problemas que daí decorrem são: a) o foco centra-
se na doença; b) a culpabilização do indivíduo frente à sua própria doença; c) a crença na
possibilidade de resolução do problema encerrando-se uma suposta causa, a qual recai no
processo de medicalização; d) a naturalização da doença; e) o ceticismo em relação à
contribuição de diferentes saberes para auxiliar na compreensão dos fenômenos relacionados à
saúde.

BAGRICHEVSKY, M. et al. Considerações teóricas acerca das questões relacionadas à promoção


da saúde.In: BAGRICHEVSKY, M.; PALMA, A.; ESTEVÃO, A. (Org.). A saúde em debate na
educação física. Blumenau: Edibes, 2003.
O texto apresenta uma reflexão crítica sobre o conceito de saúde, que deve ser entendida
mediante
a) dados estatísticos presentes em estudos epidemiológicos.
b) pressupostos relacionados à ausência de doenças nos indivíduos.
c) responsabilização dos indivíduos pela adoção de hábitos saudáveis.
d) intervenção da medicina nos diferentes processos que acometem a saúde.
e) compreensão dos fenômenos sociais, políticos e econômicos relacionados à saúde.
Questão 8 (UERJ – 2019)
É mais fácil para nós entender que a depressão é uma espécie de buraco negro e
que o DNA é o manual de instruções de cada ser vivo. (l. 18-19)

Na argumentação do segundo parágrafo, a frase citada configura um recurso de:


a) ênfase
b) causalidade
c) conceituação
d) exemplificação

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