Você está na página 1de 27

Agrupamento de Escolas de Mértola

Escola Básica e Secundária de São Sebastião


Ano Letivo de 2022/2023
Curso Científico-Humanístico de Línguas e Humanidades
10º ano – Turma B
Disciplina: Filosofia
RACIONALIDADE ARGUMENTATIVA DA FILOSOFIA E
A DIMENSÃO DISCURSIVA DO TRABALHO
FILOSÓFICO
Princípios lógicos da razão

• Princípio da Identidade: o que é, é; o que não é, não é – uma coisa


é idêntica a si própria; uma coisa é aquilo que é;

• Princípio da não-contradição: uma mesma coisa não pode ser e


não ser ao mesmo tempo; A não pode ser A e não-A
simultaneamente;

• Princípio do terceiro-excluído: o conteúdo proposicional do nosso


pensamento é verdadeiro ou é falso, o terceiro valor, a
indeterminação, é excluído.
Princípios lógicos da razão

Princípio do terceiro-excluído:
- o conteúdo proposicional do nosso Princípio da Identidade:
pensamento é verdadeiro ou é falso, - o que é, é; o que não é, não é
o terceiro valor, a indeterminação, é
excluído - uma coisa é idêntica a si própria
- Não se pode afirmar e negar algo - uma coisa é aquilo que é
simultaneamente

Princípio da não-contradição:
- uma mesma coisa não pode ser e
não ser ao mesmo tempo
- A não pode ser A e não-A
simultaneamente
A LÓGICA COMO ESTUDO DAS CONDIÇÕES DE
COERÊNCIA DO PENSAMENTO E DO DISCURSO

Termo que provém do vocábulo grego


“logos”, que significa razão,
pensamento, discurso, palavra.
É a área da filosofia ou disciplina
filosófica que se dedica ao estudo do Ao pensar e ao falar utilizamos palavras,
discurso racional, da razão no construímos frases e relacionamos ideias,
discurso, das regras, leis, princípios do elaborando um discurso.
pensamento e do discurso As palavras, frases, discursos só têm
válido/correto/coerente. sentido na medida em que traduzem um
pensamento organizado, com nexo.
Importa, pois, seguir os princípios da lógica
para que esse sentido se verifique.
A LÓGICA COMO ESTUDO DAS CONDIÇÕES DE COERÊNCIA DO PENSAMENTO E DO DISCURSO

A lógica é a ciência que estuda os princípios gerais do pensamento válido, ou seja, as regras que
devem proporcionar um uso adequado da razão.
É possível pensar corretamente sem conhecer as regras da lógica, tal como é possível tocar
um instrumento sem se ser músico. Contudo, quem aprende lógica pensa de um modo mais
preciso, sendo os seus argumentos mais exatos.
A lógica é necessária para corrigir os erros do pensar e para introduzir rigor e precisão no
pensamento. O estudo da lógica põe ao dispor do Homem um conjunto de padrões de
raciocínios e de técnicas argumentativas que tornam mais eficazes as suas capacidades
intelectuais.
A lógica supõe, para além da formulação dos princípios e das regras do pensamento válido,
a adoção de uma linguagem formal, liberta da complexidade, da ambiguidade e da falta de rigor
das línguas naturais que se desenvolvem no interior de uma cultura e da vida concreta dos
Homens.
A linguagem formal de que a lógica se serve consiste numa linguagem artificialmente
construída (simples, unívoca e rigorosa) que, para além de nos permitir pensar corretamente,
nos permite, também, expressar de forma correta os nossos raciocínios.
A LÓGICA COMO ESTUDO DAS CONDIÇÕES DE COERÊNCIA DO PENSAMENTO E DO DISCURSO

A primeira sistematização de uma lógica foi-nos deixada


por Aristóteles (séc. IV a.C), numa obra intitulada
“Organon”, palavra grega que significa instrumento. Ao
estabelecer os princípios da lógica clássica, Aristóteles
pretendia criar um instrumento que permitisse construir
raciocínios corretos e, por isso, deveria ser utilizado por
todas as ciências.
Uma vez que as ciências se distinguem umas das
outras por possuírem objetos e, consequentemente,
conteúdos diferentes, um instrumento que se pudesse
aplicar a todas elas deveria, necessariamente, abstrair-se
de qualquer conteúdo. Assim, a lógica surge como uma
teoria sobre a forma dos raciocínios corretos.
OS INSTRUMENTOS LÓGICOS DA RAZÃO :
O CONCEITO, O JUÍZO E O RACIOCÍNIO

O pensamento começa por conceitos,


relaciona-os através de ligações para formar
juízos, estabelecendo relações predicativas,
afirmando algo acerca de algo. O
conhecimento que formamos do mundo é
representado por juízos. Conhecer é formular
ou emitir juízos.
Ao ligar os juízos entre si para expor razões e
atingir um novo juízo, chamado conclusão,
estamos a raciocinar.
O CONCEITO

O conceito é considerado como o elemento lógico básico do pensamento: sem conceitos,


não formamos juízos nem elaboramos raciocínios.
O conceito é a representação mental (ideia) da essência de um objeto/conjunto de
objetos. É o conteúdo significativo da palavra.
Conceptualizar é a capacidade da razão que consiste em pensar um conjunto de
propriedades/caraterísticas como fazendo parte de um determinado conjunto de seres e
radica na aptidão da razão para separar o idêntico do diverso, o essencial do acidental,
considerando apenas os aspetos idênticos e essenciais.
Por exemplo, quando nomeio o objeto livro, posso estar a referir-me a um manual, a um
diário ou a um dicionário que, sendo diferentes, têm algo em comum – a essência. Por
abstração, separo o essencial (características que fazem com que as coisas sejam aquilo
que são) do acidental (os aspetos secundários, o acessório), o idêntico do diverso. Da
reunião das características comuns – retangular, com capa e folhas, com letras, números
ou figuras – dei-lhe um nome (livro) que convém/é aplicado a todos os objetos da mesma
classe, apesar da diversidade de objetos concretos e particulares.
A DEFINIÇÃO DOS CONCEITOS

De um modo geral, definir é explicar o


significado de uma palavra ou explicitar o
conteúdo de um conceito ou a natureza
de um objeto. Em sentido estrito, a
definição lógica consiste em delimitar
exatamente a compreensão de um
conceito, dito de outro modo, definimos
quando dizemos claramente o que o
objeto é, o que a coisa é.
A DEFINIÇÃO DOS CONCEITOS

Há algumas condições/regras para obter uma boa definição:

1. A DEFINIÇÃO DEVE SER MAIS CLARA DO QUE O DEFINIDO.

• Definir é dizer claramente o que a coisa é. Para o cumprimento desta regra, a definição
não deve recorrer a metáforas, analogias ou outros termos ambíguos. Ex.: a beleza é
uma promessa de felicidade.
• As definições não devem ser feitas pela negativa. Ex.: dizer que uma banana não é uma
pera, nada nos diz acerca da banana.
• Não devem ser circulares. Ex.: saúde é o contrário de doença; nacional é o que não é
estrangeiro.
• Aquilo que se quer definir não deve entrar na definição. Ex.: a justiça é a qualidade do
que é justo. O triângulo é uma figura geométrica triangular.
A DEFINIÇÃO DOS CONCEITOS

2. A DEFINIÇÃO DEVE CONVIR AO DEFINIDO E APENAS AO DEFINIDO

• Isto significa que a definição deve aplicar-se a todos os seres que estão a ser definidos e
só a eles. Para tal, a definição deve ser convertível ao definido, ou seja, devemos poder
inverter os termos (definido e definição) sem ferir a verdade.

• Ex.: O homem é um ser de cabelos loiros.

• Ex.: As plantas são seres vivos.

• O amor é a aspiração dos seres humanos.


A DEFINIÇÃO DOS CONCEITOS

Boas definições:

• O animal racional é homem.

• Os hexágonos são polígonos regulares de seis lados.

• A venda é um contrato consensual pelo qual um vendedor se compromete a


transferir a propriedade de uma coisa a um comprador mediante um
determinado preço.

• A pressão atmosférica é a força exercida pelo ar.


A DEFINIÇÃO DOS CONCEITOS
O CONCEITO E O TERMO

O conceito é uma ideia, uma representação mental da essência de um ser ou conjunto


de seres.
Exemplo de conceitos: ‘os filósofos gregos’; ‘barco a vapor’; ‘seres de quatro patas’;
‘caixa de música’; ‘cão’; ‘quadrúpede’; ‘ser humano’; etc.

Estes conceitos (ideias) são constituídos apenas por uma palavra? – Não, o que
significa que para expressarmos uma ideia, um conceito, podemos utilizar várias
palavras.

As palavras que utilizamos para exprimir uma ideia/conceito designam-se, em


lógica, TERMOS.

Um termo pode ser constituído por uma palavra ou por várias palavras, porque por vezes
precisamos de usar várias palavras para exprimir uma única ideia (conceito).
O CONCEITO

Biblioteca
Nacional de
Lisboa
O C O N C E I T O E O TERMO

Vejamos a seguinte frase:

‘A Biblioteca Nacional de Lisboa é a mais importante biblioteca portuguesa”

TERMO 1 VERBO: ELO DE TERMO 2


LIGAÇÃO ENTRE
SUJEITO E
PREDICADO -
CÓPULA

Esta frase relaciona 2 conceitos (ou ideias), que em lógica se designam termos e que
exprimimos mediante 11 palavras: substantivos, adjetivos, artigos, verbo ‘ser’,…
O JUÍZO

Vejamos a seguinte frase:

‘A Biblioteca Nacional de Lisboa é a mais importante biblioteca portuguesa”

As relações entre conceitos chamam-se juízos.

• Um juízo é uma operação mental através da qual afirmamos ou negamos algo acerca de
alguma coisa.

Ex.: A casa é branca.

• O sujeito (a casa) é o ser ao qual se atribui o predicado (branca).


• O predicado (branca) é aquilo que se diz acerca do sujeito (casa), podendo ser afirmado
ou negado.
A casa não é branca.
O JUÍZO E A PROPOSIÇÃO

• Se é verdade que os termos são os elementos básicos do discurso, também é verdade


que não existem isolados, como já vimos no diapositivo anterior.

• Os termos formam redes e, quando nos expressamos, relacionamos termos podendo,


desta forma, formar proposições.

• A proposição corresponde a um modo específico de relacionar termos.

• As frases interrogativas, exclamativas, as ordens, as frases que expressam desejos,


frases acerca do futuro, as promessas, ou as frases que se referem a estados mentais
de cada sujeito, que só podem ser acedidos pelo próprio, assim como frases absurdas
ou sem sentido, não são proposições.

• AS proposições têm valor de verdade, ou seja, podem ser verdadeiras ou falsas, e só se


aceitam frases de tipo declarativo, com sentido, que afirmam categoricamente algo
acerca de algo.
O JUÍZO E A PROPOSIÇÃO

Exercício -- Quais as frases que são proposições?

«Passa o que está no quadro para o caderno!»


«Quem me dera que chegue a Feira da Caça.»
«Eu gosto da Feira da Caça.»
«Eu detesto a Feira da Caça.»
«Amanhã vai chover bastante em Mértola.»
«Mas o que é que estás a fazer ao meu caderno?»
«Prometo sair contigo no fim-de-semana se me ajudares a fazer o TPC de filosofia.»
«Não existe um sistema único de lógica para explicar a complexidade do pensamento
humano.»
«Existem seres inteligentes extraterrestres.»
«Só sei que nada sei.»
«Se os extraterrestres quiserem entrar no nosso país têm de pagar impostos e nós vamos
construir um muro no espaço - e o México é que vai pagar a conta!»
O CONCEITO E O TERMO -- O JUÍZO E A PROPOSIÇÃO
O JUÍZO E A PROPOSIÇÃO

• Se é verdade que os termos são os elementos básicos do discurso, também é verdade


que não existem isolados, como já vimos no diapositivo anterior.

• Os termos formam redes e quando nos expressamos relacionamos termos podendo,


desta forma, formar proposições.

• A proposição corresponde a um modo específico de relacionar termos.

• As frases interrogativas, exclamativas, as ordens, as frases que expressam desejos,


frases acerca do futuro, as promessas, ou as frases que se referem a estados mentais
de cada sujeito que só podem ser acedidos pelo próprio, assim como frases absurdas,
não são proposições.

Os juízos/proposições têm valor de verdade, podem ser verdadeiros ou falsos, podem ser
classificados pela quantidade e pela qualidade, e só se aceitam frases de tipo declarativo
com sentido que afirmam categoricamente algo acerca de algo.
Exercício. Quais as frases que são proposições?

«Passa o que está no quadro para o caderno!»


«Quem me dera que chegue a Feira da Caça.»
«Eu gosto da Feira da Caça.»
«Eu detesto a Feira da Caça.»
«Amanhã vai chover bastante em Mértola.»
«Mas o que é que estás a fazer ao meu caderno?»
«Prometo sair contigo no fim-de-semana se me ajudares a fazer o TPC de
filosofia.»
«Não existe um sistema único de lógica para explicar a complexidade do
pensamento humano.»
«Existem seres inteligentes extraterrestres.»
«Só sei que nada sei.»
«Se os extraterrestres quiserem entrar no nosso país têm de pagar impostos
e nós vamos construir um muro no espaço - e o México é que vai pagar a
conta!»
OS JUÍZOS E AS PROPOSIÇÕES
Como vimos anteriormente, as relações entre conceitos chamam-se juízos,
cuja expressão linguística designa-se proposições:

“Nenhum filósofo foi matemático”


“Alguns filósofos foram escritores”
“Descartes foi um filósofo matemático francês”
“Toda a lógica é bivalente”
“Alguns filósofos não são racionalistas”

Formular (ou emitir) um juízo é atribuir um termo do sujeito a


um termo do predicado através de um verbo ou cópula do juízo.
A forma geral: “S é/não é P”.
OS JUÍZOS E AS PROPOSIÇÕES
As proposições categóricas podem ser classificadas pelas letras vogais latinas A, E,
I e O, de acordo com a sua quantidade e qualidade

«Todos os filósofos são seres racionais»


Proposição universal afirmativa (tipo A)

«Nenhum pensador relativista é objetivista»


Proposição universal negativa (tipo E)

«Alguns filósofos são empiristas»


Proposição particular afirmativa (tipo I)

«Alguns cientistas não são filósofos»


Proposição particular negativa (tipo O)
As proposições categóricas A, E, I e O relacionam-se entre si por
oposição lógica (quadrado lógico das oposições)
As relações entre proposições categóricas estabelecem regras para atribuir
valores de verdade

As linhas diagonais indicam a relação lógica de negação ou


contraditoriedade. As proposições dos tipos A e O são contraditórias, no
sentido em que se negam mutuamente: não podem ser ambas verdadeiras
nem podem ser ambas falsas. O mesmo acontece com as proposições dos
tipos E e I.
Só as proposições universais (A e E) são refutáveis, por via das suas
contraditórias (0 e I, respetivamente).
Só as proposições particulares refutam as proposições universais.

Exemplo – Refute a seguinte tese, apresentando a contraditória:

«Todos os portugueses são alentejanos» - Tipo A - F


«Alguns portugueses não são alentejanos» - Tipo O - V

Você também pode gostar