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CURSO: PSICOLOGIA

ANO: 2º
1º Semestre 2023/2024
DISCIPLINA: LÓGICA
André Kalupesi Tchilulu
Aula # 01
1. PRELIMINARES
Pensamento e Linguagem
Lógica Natural
Distinção entre Pensamento e Pensar
A palavra LÓGICA não nos é desconhecida.
Frequentemente a utilizamos ao fazer referência a
situações do pensar, do falar e do agir em que se notam
precisamente faltas de coerência ou incongruência naquilo
que parece não ser o normal, naquilo que parece estar fora
do lugar! Quantas e quantas vezes não dizemos que em
tal coisa ou situação ou facto há ou não lógica, a nível da
vida, da política, do futebol, da guerra, da sociedade, da
religião, da economia, da psicologia, etc, etc, etc?
COERÊNCIA, CONGRUÊNCIA: CONDIÇÕES DO
PENSAR, FALAR E AGIR LÓGICOS

Vejamos o seguinte caso: «O despertador tocou. Zé saltou


da cama, correu à casa de banho. Olhou pela janela para
ver como estava o tempo: Ih, que chuvada! Assim posso
deixar o capote e o guarda-chuva em casa! Veste-se
rapidamente. Toma o pequeno-almoço. Olha para o relógio
e diz: “Faltam apenas dois minutos para o toque da
campainha. Não é preciso tanta pressa, pois só levo dez
minutos para chegar à escola».
Analisando o discurso de Zé, vemos que não é compatível
com a verdade. É incoerente, incongruente, ilógico.

O homem normal estrutura o seu pensar e o seu falar


segundo critérios, regras, leis, princípios. São estes que
tornam o pensamento e o discurso coerentes, lógicos. Eles
são, pois, condições sem as quais o ser humano não
consegue articular, relacionar, organizar o que pensa, o
que diz e o que faz.
Na verdade, o pensamento e a linguagem estão
presentes em todos os domínios da vida e em todos os
domínios da actividade humana. São mesmo
considerados os sinais mais evidentes da superioridade do
homem em relação aos animais. “Os animais não pensam
porque não falam”. (Descartes)
Ao pensar e ao falar que é que fazemos? Utilizamos
palavras, construímos frases, fazemos interrogações,
exclamações e pedidos, damos ordens, expressamos
desejos, etc. Mas, sobretudo, fazemos afirmações.
Relacionamos as palavras, as ideias, as afirmações,
os factos, os acontecimentos, etc. e argumentamos
construindo um discurso coerente e lógico.

É com um discurso organizado e lógico que transmitimos e


expressamos aos outros os nossos saberes e as nossas
experiências. É falando que defendemos as nossas ideias,
ou mostramos a falta de fundamento ou coerência de
opiniões diferentes das nossas. “Uma boa linguagem é a
própria essência do pensamento”. (Peirce)
As palavras, as frases, as argumentações, os discursos têm
sentido na medida em que traduzem um pensamento
coerente; este, por sua vez, adquire sentido na sua relação
com a realidade.

Dizer que o pensamento e o discurso coerentes resultam de


uma aplicação espontânea, natural de leis e princípios
lógicos, apesar de não termos consciência de que os

estamos a utilizar: é a lógica natural na linguagem, no


pensar, coadunando com a realidade. Naturalmente,
falamos e pensamos com lógica.
O falar é tão natural ao homem que com frequência
falamos sem pensar. Afirmamos mesmo, por vezes, a
necessidade de parar para pensar. Acontece também que,
inversamente, pensamos sem falar, não expressamos
exteriormente os nossos pensamentos e não
comunicamos a ninguém. Isto não significa, porém, que
possamos pensar sem palavras, ou sem linguagem, mas
tão-só que não existe, nesse caso, a dimensão exterior do
pensamento, falamos connosco mesmos: “Pensar é o
diálogo da alma consigo mesma”. (Platão)
DISTINÇÃO ENTRE PENSAMENTO E PENSAR

Há, todavia, que distinguir entre pensamento e pensar.


Enquanto o pensamento é um produto resultante da
actividade de pensar, já o pensar é uma actividade e um
processo. Torna-se, pois, necessário esclarecer que em
todo o pensamento há:

 Uma pessoa que pensa(o agente produtor do


pensamento, o pensante, o pensador)
 Um objecto pensado (o que se pensa, a matéria, o
conteúdo)

 O acto/a actividade (o pensar)

 O produto/resultado (o pensamento)

 A forma (a estrutura)

 A expressão (a palavra, o enunciado, a proposição)

 A situação (as diferentes circunstâncias e os diferentes


contextos)
Que é pensar?

Os dicionários dizem: «Pensar é: “meditar, julgar, discorrer,


cogitar, reflectir, supor, formar uma ideia, raciocinar, fazer
tenção de”...»

Desta primeira abordagem resulta que a actividade de


pensar, ao nível da linguagem comum, entendida com o
significado de formar ou combinar ideias, isto é,
estabelecer relações entre os novos pensamentos. Pensar
seria, fundamentalmente, julgar, formar juízos.
Esta maneira de caracterizar o pensar esquece, todavia,
uma dimensão que já estava presente na origem
etimológica da palavra pensar. Com efeito, pensar deriva
do étimo ‘pensare’ que significa “pesar, medir, avaliar,
comparar”. Cruzando essas duas descrições obtemos
como resultado que pensar é “julgar segundo uma certa
medida”, isto é, segundo regras e princípios.

A análise da linguagem corrente aponta para uma das


características essenciais daquilo que se chama:
raciocinar, o articular de modo coerente.

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