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Desenvolvimento
1.1. Os princípios da razão
Os princípios da razão: identidade, não-contradição, terceiro excluído e razão suficiente.
A Lógica assenta em três princípios fundamentais sem os quais não haveria pensamento
possível. A Lógica clássica formula-os em termos de coisas, enquanto a Lógica moderna
e a logística exprimem-nos em termos de proposições. Entretanto, cada um dos
princípios lógicos será enunciado nos dois sentidos: um ontológico (ou em relação aos
seres e coisas), por um lado; e, por outro, no sentido proposicional.
1.2. Princípio de identidade
No sentido ontológico:
Uma coisa é o que é.
O que é, o que não é, não é.
A é A (A designando qualquer objecto de pensamento).
No sentido proposicional:
Uma proposição é equivalente a si mesma.
Uma observação que deve ser tomada em conta é que um conceito sozinho não pode ser
considerado verdadeiro nem falso, porque nele nada se afirma e nada se nega.
Como operação lógica, a definição, de uma maneira geral, consiste em analisar ideias
pela sua compreensão. Assim, definir é dizer o que uma ideia ou a coisa é, é analisar a
sua compreensão; por outra, é indicar, de entre as mais importantes propriedades de um
objecto, aquelas que bastam para dizer o que a coisa é, e distinguir do que não é.
Estabeleceu-se uma distinção entre definição verbal (nominal) e definição real. Uma
definição verbal da no definiens uma palavra ou um conjunto de palavras que podem
usar-se para simbolizar exactamente o que o definiendum simboliza. Nas definições
reais, o definiens representa uma análise do definiendum. Uma definição é sempre urna
equação: uma palavra ou um conjunto de palavras e equivalente a outra palavra ou
conjunto de palavras.
Susan Stebbing in A Modernn introduction to Logic, 1969.
A definição Real diz o que uma coisa ou ser é. Ela se subdivide em metafísica também
chamada essencial, descritiva e física.
A definição real essencial atinge os caracteres essenciais da coisa. Ela é feita indicando-
se o seu género próximo e a diferença especifica. Se mais acima já expusemos o
conceito de género próximo, o de diferença especifica refere-se à característica
exclusiva que permite determinar a singularidade.
Exemplo: o conceito Homem define-se como animal (género próximo) racional
(diferença específica).
Existem outros autores que, para além dos dois tipos de definição referidos no texto em
análise, consideram ainda a definição genética que consiste em definir algo pelo modo
como se produz. Nesse sentido, por exemplo, o cone seria a figura que se gera pela
rotação de um triângulo retângulo sobre um dos seus catetos.
a) A definição deve ser mais Clara que o definido — esta regra desdobra-se em
quatro seguintes especificações:
1) O termo a definir (ou um termo da sua família) não deve entrar na definição.
Exemplo: A pressão atmosférica é a pressão exercida…
2) A definição deve ser feita em termos precisos e distintos, isto é, deve evitar
ambiguidades e divagações e mesmo eventuais dúvidas que conduziriam a nova
definição. Exemplo: O Homem é um animal racional.
3) A definição deve ser breve tanto quanto possível. Exemplo: O triângulo é um
polígono de três lados.
4) A definição não pode feita em termos negativos, salvo o caso dos termos privativos,
como cegueira. Exemplo: Um pobre é uma pessoa não rica.
b) A definição deve convir a todo o definido e sé ao definido. Ou seja, a definição
não deve excluir nem incluir nenhum individuo que não faça parte da extensão do
definido: a definição e o definido devem ter a mesma extensão universal, daí o nome
de regra de extensão da definição.
Exemplo: O triângulo é um polígono. (definição muito restrita); triângulo é um polígono
de três lados e três ângulos iguais. (definição demasiado ampla).
c) Esta regra é consequência da anterior. A definição deve ser recíproca, isto é,
sendo o definido o primeiro membro de uma igualdade e a definição o segundo, devem
poder trocar de lugar. Essa é a prova de que a regra anterior foi rigorosamente
observada.
Exemplo: dizer que todo o Homem é animal racional, equivale a afirmar que todo o
animal racional é Homem.
1.14. Divisão e classificação
Divisão – é a análise das ideias sob o ponto de vista da sua extensão. Portanto,
dividir um conceito significa indicar a quantos seres ou objectos diferentes ele se
aplica. Divisão é, assim, a decomposição de um todo nas suas partes.
A divisão pode ser dicotómica ou politómica. Mas a divisão lógica mais perfeita é a
dicotómica, que consiste em passar de um género a duas espécies, das quais uma tenha
um atributo que não existe na outra.
Texto 01
A Semântica contemporânea caracteriza-se por um interesse marcado pelas relações
entre a linguagem e o pensamento. Já não se considera a linguagem como um mero
instrumento de expressão dos nossos pensamentos, mas sim como uma influência
especial, que os molda e pré-determina, dirigindo-os para vias especificas.
Houve (v..) uma alteração considerável nas relações entre a Linguística e a Filosofia. A
ligação entre as duas disciplinas não é nova; é significativo, contudo, que os filósofos
contemporâneos estejam a tal ponto preocupados com os problemas do significado que
tenham desenvolvido a sua própria e particular concepção de Semântica. Para os mais
esotéricos, a semântica filosófica é um ramo da lógica simbólica ou, mais
especificamente, da teoria dos signos. Para os mais práticos, é uma técnica de corrigir
certos abusos da linguagem tais como o uso indiscriminado de abstrações mal
definidas.
Têm sido, até agora, ténues as relações entre a Linguística e a Semântica Filosófica,
mas de modo mais geral, não pode haver dúvida de que os filósofos e os linguistas se
podem ajudar mutuamente, e que têm muitos problemas em comum, embora tendam a
abordá-los de pontos de vista diferentes.
Stephen Utmann, A Semântica, F C. Gulbenkian, Lisboa, pp 24-26.