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LACERDA CONSULTORIA LTDA

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AMOSTRAGEM DE GRÃOS

Adilio Flauzino de Lacerda Filho, D.Sc.

Trabalho destinado a cursos de treinamento


intensivo para profissionais atuantes na área
de pré-processamento de produtos agrícolas,
objetivando o recebimento e manuseio de
produtos com qualidade.

Viçosa – MG
Abril/2014
Lacerda Filho, A. F. de (2014).
Amostragem de Grãos

1. INTRODUÇÃO

Adilio Flauzino de Lacerda Filho, D.Sc.1

O emprego de técnicas adequadas para realizar a operação de amostragem é de


fundamental importância para os trabalhos de análise das características dos grãos.
A massa de grãos possui características heterogêneas, podendo existir variações
qualitativas entre os grãos localizados em pontos distintos de um lote ou de uma carga. As
amostragens que não representarem o lote de origem podem resultar em erros nas
avaliações posteriores, tais como medidas do teor de água, percentual de impurezas, massa
específica (peso hectolítrico), contagem de insetos etc.
Deve-se considerar que o pré-processamento dos grãos não altera as suas qualidades
originais. Apenas visa preservar as características que o produto adquiriu na lavoura.
Quando é recebido um produto de qualidade inferior é certo que o pré-processamento e a
armazenagem resultarão em um produto de má qualidade.
A finalidade da amostragem é obter amostras de tamanho adequado aos testes
propostos e que, nela, estejam presentes, nas mesmas proporções, as componentes variáveis
dos lotes que lhes deram origem. Normalmente, a quantidade de produto da amostra de
trabalho é muito pequena em relação ao tamanho do lote original. Entretanto, a
probabilidade de ocorrência de qualquer defeito deve ser determinada em igual proporção,
ao grau de ocorrência, no lote original. Contudo, por mais técnico e criterioso que seja o
procedimento de amostragem, ela deve ter a representação real do seu conteúdo e, por isto,
corresponder, fielmente, à composição do lote que lhe deu origem.
Ao homogeneizar e dividir as amostras, em laboratório, o analista deverá se precaver
de que as mesmas representem, com fidelidade, o lote de origem, considerando as
diferentes determinações.
Os profissionais responsáveis pelos serviços de amostragens devem ser pessoas de
idoneidade e honestidade reconhecidas, de competência técnica avaliada, tendo em vista
que a qualificação do produto recebido depende, neste momento, do bom desempenho de
suas atividades.
No caso de grãos agrícolas, entende-se por lote o conjunto de mercadorias de mesma
natureza e de mesma espécie sem, contudo, referir-se à espécie botânica, mas ao conjunto
de mercadorias pertencentes à mesma variedade ou a variedades distintas. Durante o
recebimento de um determinado produto, um lote pode ser definido como a carga de um
veículo ou o produto de um determinado produtor e, até mesmo, o conjunto de mercadorias
de uma determinada loja, indiferente de ser ou não produto agrícola.
Em um armazém podem existir, em diferentes localidades, um ou mais lotes
pertencentes ao mesmo produtor. Entretanto, estes lotes devem ser perfeitamente
identificados por meio de etiquetas próprias, localizadas em pontos visíveis, contendo,
principalmente, informações sobre qualidades e quantidades, possuindo características e
uniformidade tal que, para certos limites de tolerância, possam atender a um padrão de
classificação.

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Consultor da Lacerda Consultoria Ltda.

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No caso de recebimento ou expedição de produtos, além das amostras conterem as


identificações correspondentes aos lotes que lhes deram origem, elas devem ser
acondicionadas em invólucros e armazenadas em ambiente que lhes permitam manter a
integridade preservada durante um tempo prolongado.

2. DENOMINAÇÃO DAS AMOSTRAS

Entende-se por amostra a quantidade de produto retirada de um determinado lote ou


de uma carga que se deseja analisar. Esta quantidade deve representar, com a máxima
fidelidade, a qualidade do produto.
Vários são os tipos de amostras:
a) amostras simples:
É a quantidade de produto correspondente à soma de pequenas porções, obtidas
individualmente por meio de equipamentos específicos, em um veículo durante o
recebimento, ou em uma pilha durante o armazenamento;
b) amostras compostas:
É o conjunto de várias amostras simples, coletadas e homogeneizadas em recipientes
adequados a esta finalidade;
c) amostra média:
A amostra composta é, normalmente, constituída por uma quantidade maior de produto
que a necessária para as determinações. A amostra composta, depois de homogeneizada
e dividida, passa a ser caracterizada como amostra média. Esta é a amostra que será
enviada ao laboratório para ser submetida as análises; e
d) amostra de trabalho:
É aquela obtida a partir da divisão da amostra média. Caracteriza-se pela quantidade de
produto que se presta ao serviço das análises propriamente ditas.
Após obter uma série de amostras simples, de um lote ou de uma carga, este material
é coletado em um recipiente e receberá o nome de amostra média. Em laboratório, a
amostra média deverá ser homogeneizada e divida, empregando-se processos mecânicos,
até que se obtenha a amostra de trabalho. A partir da amostra de trabalho serão feitas as
análises necessárias à caracterização qualitativa do produto.
É de fundamental importância que a subdivisão ou redução da amostra média seja
feita a partir de material homogêneo, a fim de que as porções menores (amostra de
trabalho) sejam representativas dos lotes ou cargas.

3. TAMANHO DAS AMOSTRAS

3.1 Amostra a granel

As cargas de grãos a granel devem ser amostradas em diferentes pontos, ao acaso, e


em cada um destes pontos, em diferentes níveis.

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Conforme o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, as


amostras de grãos ou sementes, armazenadas ou para processamento, devem ser coletados
nas seguintes quantidades mínimas:
a) lotes de até 50 kg: não menos que três amostras simples;
b) lotes de 51 a 500 kg: não menos que cinco amostras simples;
c) lotes de 501 a 3.000 kg: uma amostra simples para cada 300 kg, porém não menos que
cinco amostras simples;
d) lotes de 3001 a 20.000 kg: uma amostra simples para cada 500 kg, porém não menos que
dez amostras simples.
Na Tabela 1 apresenta-se, em resumo, o tamanho das amostras em função do tamanho
dos lotes de diferentes produtos a granel.

Tabela 1. Tamanho das amostras, em exigências mínimas, para lotes de sementes, a granel

Produto Tamanho do lote – kg Amostra média - g


Milho 20.000 1.000
Soja 20.000 2.000
Sorgo 12.000 1.000
Trigo 20.000 1.000
Arroz 20.000 1.000
Fonte: BRASIL (1992).

As exigências mínimas para as quantidades amostradas a granel, de produtos que não


se destinam a sementes, devem atender aos seguintes critérios do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento.
Para milho e sorgo:
a) em quantidades inferiores a 500 toneladas, deve-se retirar, no mínimo, 40 kg por
amostra;
b) em quantidades superiores a 500 toneladas, deve-se retirar 40 kg para cada 500
toneladas ou fração.
Para arroz, centeio, aveia, cevada, feijão, soja e trigo:
a) deve-se retirar no mínimo 500 gramas de amostra, ao acaso, por tonelada de grãos.

3.2 Amostra em sacaria


Quando o produto está ensacado, ou acondicionado em invólucros semelhantes, o
tamanho das amostras devem atender às seguintes exigências mínimas:
a) lotes com a té 5 sacos: cada saco deve ser amostrado coletando-se cinco amostras
simples;
b) lotes com 6 a 30 sacos: uma amostra para cada três sacos, porém não menos que cinco
amostras simples;
c) lotes com 31 a 100 sacos: uma amostra para cada cinco sacos, porém não menos que
dez amostras simples; e
d) lotes com 101 ou mais sacos: no mínimo 30 sacos deverão ser amostrados.

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Na Tabela 2 indica-se o número de sacos que deverão ser amostrados em função do


tamanho dos lotes. Entretanto, estes valores não excluem a possibilidade de se fazer
amostragem em todos os volumes, indiferente do tamanho do lote, como se pratica em
algumas unidades armazenadoras. Sugere-se a adoção desta prática, sempre que possível,
uma vez que o seu emprego poderá prevenir possíveis fraudes em invólucros durante o
recebimento.

Tabela 2. Número mínimo de sacos a serem amostrados segundo o tamanho dos lotes
Tamanho do lote Amostra Tamanho do lote Amostra Tamanho do lote Amostra
sacos sacos sacos sacos sacos Sacos
1 1 24 a 26 8 75 a 79 15
2 2 27 a 29 9 80 a 84 16
3 3 30 a 54 10 85 a 89 17
4 4 55 a 59 11 90 a 94 18
5 a 17 5 60 a 64 12 95 a 99 19
18 a 20 6 65 a 69 14 mais de 100 30

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4. EQUPAMENTOS UTILIZADOS

4.1 A Granel

a) Pelicano
É um tipo de equipamento utilizado para a obtenção de amostra simples, em lotes de
grãos em queda livre, na saída de transportadores, ou durante a descarga, em alguns
modelos de carrocerias. Deve ser posicionado perpendicularmente em relação ao fluxo de
grãos e movido em sentidos de esquerda e direita e vice-verso, e não para frente e para trás.
Por meio da Figura 1 ilustra-se este tipo de amostrador.

(a) (b)

Figura 1. Amostrador do tipo "pelicano" (a) e exemplo da sua utilização em uma fita
transportadora (b).

b) Amostrador do tipo duplo

É constituído por um tubo metálico, de superfície polida ou niquelada, que se ajusta


perfeitamente em outro tubo de mesma natureza. Uma das extremidades do tubo externo é
afilada, a fim de facilitar a sua introdução na massa de grãos. A outra extremidade serve de
apoio para realização desta introdução. Estes tubos são concêntricos e dotados de aberturas
que podem se justaporem ou não, em função do movimento de rotação que imprimir em um
dos tubos.
Alguns destes amostradores possuem divisões ao longo do tubo interno, o que
permite a obtenção das amostras em pontos localizados no interior da massa. Os que não
possuem estas divisões coletam as amostras de forma generalizada em toda a sua extensão
longitudinal. Na Figura 2 ilustra-se este tipo de amostrador, fornecendo as suas dimensões.

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Fonte: www.medidordeumidade.com.br.
(em 30/04/2014)

(a) (b)
Figura 2. Croqui: amostrador do tipo duplo, com tubos concêntricos (a) e foto ilustrativa do
respectivo instrumento (b).

Para sacaria estes amostradores têm dimensões variadas, conforme as características


do produto trabalhado:
b.1) para sementes ou grãos de dimensões inferiores à de alfafa:
. comprimento: 762 mm;
. diâmetro: 127 mm; e
. número de aberturas: 9
b.2) para sementes ou grãos de cereais:
. comprimento: 762 mm;
. diâmetro: 254 mm; e
. número de aberturas: 6
b.3) para produtos a granel:
. comprimento: 1.500 a 2.000 mm;
. diâmetro: 40 mm; e
. número de abertura: 6 a 9.

c) Amostrador do tipo sonda:

É constituído por um cilindro de ponta cônica, em cuja extremidade oposta existe


uma tampa de encaixe com adaptação de um cabo rosqueável, permitindo a conexão de
várias extensões. Desta forma a sonda pode penetrar na massa de grãos à profundidade de

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até 4 metros, com certa facilidade. A capacidade destas sondas variam entre 125 e 264
gramas, para cada amostra simples. Na Figura 3 ilustra-se este tipo de amostrador.

Figura 3. Amostrador do tipo sonda, para grãos a granel.

d) Amostrador pneumático

Amostradores pneumáticos ou de sucção são utilizados para a amostragem de grãos a


granel, em que o produto é succionado através de uma ponta de prova. Por meio de um
aspirador, o produto é transportado até ao compartimento coletor. Alguns destes tipos de
amostradores permitem a obtenção de amostras até a uma profundidade de 30 m. Na Figura
4 ilustra-se este tipo de amostrador e todos os seus componentes. Em alguns modelos
encontrados no mercado, existe a tendência de sucção de impurezas leves, durante o
procedimento de amostragem. Neste caso, o operador deve estar consciente deste fato, a
fim de não obter amostras que não sejam representativas dos respectivos lotes.

Figura 4. Amostrador do tipo pneumático.

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e) Amostrador de fluxo

São equipamentos que permitem a obtenção de amostras em sistemas cujo fluxo de


grãos é contínuo. Por não permitir a interferência manual no processo, pode-se obter
amostras de maior representatividade. A sua utilização pode ser feita nos seguintes pontos,
considerando uma linha de fluxo:
e.1) tubos condutores:
Este tipo de amostrador de fluxo, é montado em orifícios de saída de grãos como, por
exemplo, o ponto de descarga de uma fita ou a cabeça de um elevador de caçambas.
Constitui-se, basicamente, de um dispositivo coletor, do tipo pelicano, com movimento
contínuo e perpendicular ao fluxo de grãos. Um regulador de tempo permite estabelecer o
número de passagens pelo ponto de amostragem, em frequência definida. A Figura 5 ilustra
este tipo de coletor de amostras.

Figura 5. Coletor de amostras para tubos condutores.

e.2) correia transportadora:


O equipamento é instalado diretamente sobre uma fita transportadora. Consta de duas
polias, alinhadas verticalmente, sobre as quais movimenta-se uma fita ou uma corrente (tipo
"woodside"). Nesta fita ou corrente, são fixadas as caçambas.
No ponto de coleta das amostras, a fita transportadora possui um rolete com o
objetivo de elevar o nível normal da fita, entre 10 e 15 mm com o objetivo de facilitar a
coleta de amostras.
O número de fitas ou de correntes com caçambas amostradoras é função da largura da
fita transportadora. Um amostrador com três correntes pode ser utilizado em uma fita com,
no mínimo, 750 mm (30 polegadas). O número de caçambas por corrente é função do
tamanho da amostra a ser coletada.
No caso de fitas com largura igual ou superior a 750 mm, em que se utilizam
amostradores com três correntes, o número de caçambas por corrente deve ser o mesmo.
Entretanto, a sequência de coleta deve ser alterada em cada corrente, de modo a não
permitir que duas ou três caçambas coletem amostras no mesmo instante. A Figura 6
ilustra o esquema deste amostrador.

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(a) (b)
Figura 6. Coletor de amostras em fluxos, em correias transportadoras, vista lateral (a) e
frontal (b). (Fonte: Christensen, 1974).

4.2 Em sacarias

a) amostrador do tipo simples


Constitui-se de um tubo oco, pontiagudo, com forma cônica e uma abertura próximo
à extremidade pontiaguda. Na extremidade oposta possui um cabo por onde se empunha o
equipamento e por onde os grãos amostrados são descarregados. O comprimento total deve
ser de 500 mm, sendo que o cabo possui 100 mm e a extremidade pontiaguda 60 mm. Desta
forma, 340 mm são deixados livres para a coleta de amostras. Para a amostragem de
cereais, o diâmetro deste amostrador deve ser de 14 mm e, para sementes ou grãos menores
que os de cereais, o diâmetro de ser de 10 mm. Por meio da Figura 7 ilustra-se este tipo de
amostrador, com as respectivas dimensões.

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Figura 7. Amostrador simples, para sacarias.

b) amostrador do tipo duplo para sacos:


Apresenta as mesmas características do amostrador do tipo duplo para produtos a
granel, variando apenas as suas dimensões. O comprimento mínimo deve ser
aproximadamente igual ao da diagonal dos sacos, o diâmetro deve ter dimensões entre 120
e 250 mm, com 6 a 9 aberturas.

5. HOMOGENEIZAÇÃO E DIVISÃO DE AMOSTRAS

A homogeneização das amostras pode ser feita manual ou mecanicamente.


Entretanto, deve-se dar preferência ao processo mecânico.
Dentre os equipamentos utilizados pode-se mencionar os homogeneizadores e
divisores cônicos, os centrífugos e os tabuleiros divisores.
Sugere-se que, no caso de se fazer a homogeneização manual, o operador deverá estar
calçado com luvas a fim de evitar a possibilidade de alteração no teor de água do produto,
contaminando-o com suor ou gorduras.

5.1) divisores cônicos:


Conhecido como divisor do tipo Boerner, é encontrado em dois tamanhos. O maior é
utilizado para homogeneizar e dividir amostras de sementes cujo tamanho seja igual ou
superior à do trigo. É constituído pelos seguintes componentes:
a) moega para alimentação do equipamento;
b) registro de moega para contenção da amostra;
c) cone composto por aletas metálicas equidistantes, formando os canais de divisão e
homogeneização;
d) duas bicas para a descarga das partes das amostras divididas;

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e) dois coletores, de igual volume, para receber as amostras, já divididas em partes iguais.
O divisor de maior tamanho possui 38 canais, sendo 19 para cada bica, com 25,4 mm
de largura, 812,8 mm de altura e 363,8 mm de diâmetro. O divisor menor possui 44 canais,
com 7,9 mm de largura e 406,4 mm de altura. Por meio da Figura 8 apresenta-se o croqui
deste tipo de divisor de amostras.

Figura 8. Croqui: homogeneizador de amostras do tipo Boerner.

5.2 Divisor centrífugo


É conhecido como homogeneizador do tipo Gamet. Utiliza-se de força centrífuga
para misturar e espalhar os grãos sobre a superfície divisora. Os grãos são conduzidos da
moega para um compartimento em forma de taça que, acionado por um motor elétrico e
girando à velocidade constante, joga o produto em um compartimento circular fechado.
Este compartimento é dividido em dois setores, ligados a bicas individuais, proporcionando
a divisão da amostra original, aproximadamente, em partes iguais.

5.3 Tabuleiro divisor


Tem a forma retangular ou quadrada, tendo o interior dividido em número par de
compartimentos iguais, em tamanho. Estes compartimentos possuem fundos em posição
alternada com outros que não os possuem. O tamanho do tabuleiro e dos compartimentos é
função do tamanho dos grãos.
O produto obtido na amostra composta é colocado sobre o tabuleiro e distribuído em
camada uniforme. Ao ser levantado, aproximadamente a metade da amostra composta fica
retida no tabuleiro e a outra metade ficará sobre a mesa de apoio. Na Figura 9 ilustra-s o
tabuleiro divisor de amostras.

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Figura 9. Tabuleiro para divisão de amostras.

6 OPERAÇÃO DE AMOSTRAGEM

O Gerente de uma Unidade Armazenadora deve estar atento ao processo de


amostragem, principalmente durante as operações de recebimento do produto. Nesta fase
serão estabelecidas as características que definirão os seus valores qualitativos. A partir
destes resultados serão definidas as operações de pré-processamento ou de armazenagem.
O operador deverá ser hábil o suficiente para observar a carga, ainda no veículo, e
detectar odores estranhos, produtos alterados por contaminação de fungos, bactérias ou
outros microrganismos. Produtos com estas características devem ser, previamente,
rejeitados, antes mesmo dos procedimentos de pesagem.
A mistura de produtos de mesma espécie, porém de variedades diferentes, também
podem ser rejeitadas, desde que as operações de pré-processamento subsequentes não
possibilitarem a separação por forma e tamanho, e o produto não se verificar a
possibilidade de mistura, considerando os padrões da sua classificação comercial.
No caso de veículos com cargas semelhantes às de caminhões ou de vagões
ferroviários, deve-se estabelecer "mapas" que definirão os pontos a serem amostrados, para
o operador responsável pela execução direta deste serviço. Estes pontos devem ser
alterados em cada turno operacional, a fim de permitir a Unidade Armazenadora de
prevenir-se de fraudes dolosos ou não.
Sugere-se as seguintes alternativas, para o sistema de amostragem, durante o
recebimento de uma carga a granel:
a) em cargas com até 15 t devem-se retirar amostras em, pelo menos, cinco pontos
aleatórios, e em diferentes espessuras da camada de produto, para cada ponto (Figura
10).

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Figura 10. Número mínimo de pontos a serem amostrados em veículos com capacidade de
carga igual ou inferior a 15 t.

c) veículos com carga entre 15 e 30 t devem ser amostrado, no mínimo, em oito pontos, ao
acaso, em diferentes espessuras na massa de grãos, para cada ponto (Figura 11).

Figura 11. Número mínimo de pontos a serem amostrados, em veículos com capacidade de
carga entre 15 e 30 t.

d) veículos com cargas superiores a 30 t devem ser amostrados, no mínimo em onze


pontos aleatórios e em diferentes alturas, para cada ponto (Figura 12).

Figura 12. Número mínimo de pontos de amostragem em veículos com capacidade mínima
de carga superior a 30 t.

6.1 Equipamentos utilizados em cargas a granel

a) durante o recebimento de produto a granel:


Podem ser utilizados os amostradores do tipo duplo ou o amostrador pneumático,
cujas operações devem atender os seguintes critérios:

a.1) amostrador do tipo duplo

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. o amostrador deverá ser introduzido na massa de grãos mantendo as aberturas de ambos os


tubos desencontradas, isto é, o amostrador deverá estar fechado. A posição estabelecida
para a penetração na massa de grãos deve ser vertical, sendo tolerante uma inclinação
máxima de até 30° (Figura 13).

Figura 13. Introdução do amostrador, do tipo duplo, na massa de grãos.

. depois de introduzido, ao tocar o fundo da carroceria, o tubo interno do amostrador será


girado, até que seus orifícios coincidam com os do tubo externo (Figura 14).

Figura 14. Coleta de amostra com o amostrador de tubos concêntricos.

. promover pequenas oscilações no amostrador até que o mesmo fique cheio de grãos
(Figura 15).

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Figura 15. Oscilações feitas no amostrador, com o objetivo de proporcionar o enchimento


com grãos.

. girar novamente o tubo interno, agora cheio de grãos, para promover o desencontro entre
os seus furos e impedir o derramamento da amostra coletada (Figura 16).

Figura 16. Retirada da amostra com o amostrador de tubos concêntricos.

. repetir o procedimento quantas vezes for necessário, atendendo ao número de pontos


definidos para a carga (Figura 17).

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Figura 17. Amostragem do veículo a granel.

. homogeneizar e dividir a amostra, até obter a amostra de trabalho (Figura 18)

Figura 18. Homogeneização e divisão da amostra.

a.2) amostrador pneumático

É constituído por uma ponta de prova, um sistema de sucção e uma caixa coletora. No
ato da amostragem, a ponta de prova é introduzida na massa de grãos, ao mesmo tempo em
que o sistema de sucção é acionado. Conforme a velocidade e a posição de introdução da
ponta de prova, pode ocorrer a possibilidade da sucção de maior ou de menor quantidade de
impurezas, principalmente as mais leves que os grãos. Além deste inconveniente, a ponta
de prova possui um cone na sua extremidade, com extensão aproximada de 50 mm, cujo
objetivo é facilitar a sua penetração na massa do produto. Este cone localiza-se anexo aos
orifícios de capitação da amostra, portanto, impede que, em toda a área correspondente ao
fundo do compartimento de carga, fique uma camada de produto, impossibilitada de ser
amostrada, cuja espessura correspondente a 50 mm, aproximadamente.

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É importante ressaltar que, em face deste problema, o mercado apresenta


equipamentos modernos, cuja sonda é revestida por uma espécie de cilindro, o qual obriga a
coleta de amostra em pontos localizados e mantém a mesma facilidade de penetração, por
acionamento hidráulico.
Durante a coleta de amostras, o operador deve tomar os seguintes cuidados:

. introduzir a sonda em vários pontos da carga, aleatoriamente (Figura 19)

(a) (b)
Figura 19. Esquema da introdução da ponta de prova na massa de grãos (a) e vista do
equipamento com detalhe da ponta de prova (b).

. ao introduzir a sonda, manter o sistema de sucção ligado, proporcionando a coleta de


amostra, em igual intensidade, em todos os pontos correspondentes à espessura da carga

Figura 20. Croqui: coleta de amostras em um veículo de carga.

. a quantidade de amostra a ser coletada, em cada ponto, dependerá do tamanho da carga


que, por sua vez, determinará o número de pontos a serem amostrados.
. homogeneizar e dividir a amostra composta, até obter a amostra de trabalho.

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Em função de obter maior eficiência nos procedimentos amostrais, foi desenvolvido


um equipamento para realizar a amostragem pneumática, cuja operação é realizada sem que
o operador tenha a necessidade de subir no veículo com o objetivo de obter as amostras
simples. Este procedimento, pelo fato do operador não ter contato direto com a carga, torna
a operação de amostragem menos comprometedora de qualquer tendência, mesmo que
aleatoriamente. Na Figura 21 é ilustrado este tipo de amostrador.

Fonte: www.google.com.br. Busca: Imagens de amostradores (29/04/2014).


(a) (b)
Figura 21. Croqui: sistema de amostragem pneumática, montado em plataforma externa (a)
e detalhe da sonda de sucção de amostras (b).

Figura 21. Homogeneização e divisão da amostra composta em amostra de trabalho.

b) durante a operação de secagem:


. nos secadores, a amostragem deve ser feita no sistema de descarga, em intervalos de
tempo definidos. Sugere-se a obtenção de duas a três amostragens, por hora. Observar a
necessidade de homogeneização e divisão das amostras, conforme a Figura 21.
. por meio da Figura 22 ilustra-se o sistema de descarga de um secador – existem outros
modelos – utilizados para a obtenção das amostras durante a operação de secagem.

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Amostragem de Grãos

Figura 22. Esquema do sistema para a amostragem de grãos durante a secagem.

. esfriar os grãos, até à temperatura ambiente ou, no máximo 5 °C acima da mesma, antes
de proceder a determinação do teor de água

Figura 23. Resfriamento da amostra para a determinação de umidade.

. retornar com o remanescente da amostra de trabalho para o secador


. repetir a operação de amostragem, quantas vezes for necessário, durante todo o período
de secagem.

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Amostragem de Grãos

c) durante o período de armazenagem:

. escolher o equipamento adequado ao serviço, em função do tipo de produto e


características do sistema de armazenagem

Figura 24. Escolha do equipamento adequado à operação de amostragem.

. demarcar, aleatoriamente, os pontos a serem amostrados;


. homogeneizar e dividir as amostras compostas, até a obtenção das amostras de trabalho,
para a posterior análise (Figura 21).

d) durante a expedição do produto:


. coletar as amostras, preferencialmente, durante o carregamento do veículo, evitando
amostragens com a carga pronta.

Figura 25. Amostragem durante a carga do veículo.

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Amostragem de Grãos

. obter a quantidade total de amostra composta, conforme as normas pré estabelecidas para
cada tipo e finalidade de grãos (item 3)
. homogeneizar e dividir as amostras compostas até a obtenção da amostra de trabalho
(Figura 21).
. acondicionar e lacrar as amostras de trabalho em invólucros herméticos.

Figura 26. Acondicionamento das amostras em recipientes herméticos.

. etiquetar as amostras a fim de permitir sua perfeita identificação

Figura 27. Etiquetagem das amostras.

. acomoda-las em arquivo apropriado, em atmosfera com temperatura amena e baixa


umidade relativa, pelo período correspondente à validade do laudo de classificação
(conforme portaria em vigor)

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Amostragem de Grãos

Figura 28. Acomodação das amostras de trabalho, obtidas durante a expedição.

6.2 Produto ensacado

a) durante a recepção
Quando o produto estiver ensacado a amostragem deverá ser feita utilizando
amostradores apropriados, conforme especificações contidas no item 3, respeitando-se as
característica do instrumento utilizado para realizar a operação e as quantidades
especificadas para o produto.
De modo geral deve-se atender aos seguintes procedimentos básicos:
. escolher o amostrador adequado

Figura 29. Escolha do equipamento adequado para a operação de amostragem.

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Amostragem de Grãos

. verificar o número de volumes e retirar as amostras, em diferentes níveis, para cada ponto
definido, considerando o número mínimo de pontos, em função do tamanho da carga.

Figura 30. Amostragem de produto ensacado, ainda no veículo de carga.

. sempre que possível, introduzir o amostrador no sentido longitudinal ou diagonal da


sacaria, com o objetivo de obter melhor representatividade da massa amostrada. Não é
aconselhável a introdução do amostrador no sentido transversal do invólucro.

Figura 31. Introdução do amostrador no sentido longitudinal do invólucro.

. retornar a malha da secaria à posição original, considerando-se que as fibras foram


removidas da posição original em função da introdução do amostrador.
. se possível, fazer a amostragem de todos os volumes, quando o produto for descarregado
na moega (Figura 32).

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Amostragem de Grãos

Figura 32. Amostragem do produto ensacado, durante a descarga na moega.

b) durante o período de armazenagem

. verificar o número de volumes a serem amostrados (Figura 33)

Figura 33. Verificação do número de invólucros para definir a quantidade de sacos a serem
amostrados.

. demarcar, aleatoriamente na pilha, os pontos a serem amostrados (Figura 34).

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Amostragem de Grãos

Figura 34. Escolha aleatória dos pontos de amostragem, em uma pilha.

. no caso da pilha estar isolada, deve-se fazer a amostragem em todas as faces.


. no caso de uma pilha, com divisão de lotes, fazer a amostragem nas faces expostas.
. o armazenista não poderá obter amostras para o serviço de classificação considerando, ser
esta, uma tarefa de responsabilidade específica daquele serviço.

c) durante a expedição
. se possível, amostrar todos os invólucros componentes da carga.

Figura 35. Amostragem dos invólucros durante a expedição.

. observar os critérios de quantidades de volumes a serem amostrados e já descritos

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Amostragem de Grãos

Figura 36. Verificação do número de volumes do lote para a posterior amostragem.

. homogeneizar e dividir a amostra composta, até obter a amostra de trabalho.

Figura 37. Homogeneização e divisão das amostras.

. acondicionar a amostra de trabalho em recipiente hermético e etiqueta-la de forma a


permitir a sua perfeita identificação.

Figura 38. Acondicionamento e etiquetagem da amostra, remanescente da carga expedida.

. guardar a amostra em arquivo próprio, em ambiente adequado à boa conservação, durante


o período de validade do laudo de classificação.

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Figura 39. Guarda da amostra, em ambiente apropriado.

NOTA:
O tamanho de qualquer amostra deve atender às recomendações do Ministério da
Agricultura e do Abastecimento.

REVISÃO DE LITERATURA

BRASIL. Amostragem. In_ Regras para análise de sementes. Brasília: Ministério da


Agricultura, Pecuária e Abastecimento – DNDV, p. 14 –54, 1992.
HALL, C. W. Drying farm crops. Ann Arbor: Edwards Brothers, Inc., 1957. 336 p.
BAUWIN, G. R.; RYAN, H. L. Sampling, ispection, and Grading of grain.
CHRISTENSEN, M.C.: Storage of cereal grains and their products. St. Paul: American
Association of Cereal Chemist, p115-134. 1974.

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