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AULA: COLETA, TRANSPORTE, RECEPÇÃO E PREPARO DE AMOSTRAS PARA

ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS

Durante a coleta ➔ precauções devem ser tomadas para que a amostra seja representativa.
As amostras, tanto quanto possível, devem ser coletadas e enviadas ao laboratório em sua embalagem
original, para evitar alterações em sua característica.
Se impossível ➔ fracionamento da amostra deverá ser realizado de forma asséptica ➔ rotulagem e
identificação.

Definições importantes a saber:


Lote: número de unidades de amostra em uma batelada ou produzido em algum período específico de
tempo, de forma que as unidades terão aproximadamente a mesma qualidade.
Partida: conjunto de lotes.
Unidade amostral: é a menor parte definível de um lote. Pode ser uma lata ou um pacote.

• Qualquer unidade representa o lote, porém,


pode não representar adequadamente;
• Quanto maior o ‘n’, melhor é a
representatividade do lote;
• Quanto mais aleatória é a amostra, melhor é
a representatividade do lote;
• A sistematização das coletas é
operacionalmente melhor, pode viciar e
comprometer a representatividade.

COLETA DAS AMOSTRAS


Orientações gerais para as coletas de amostras:
- Confiabilidade dos resultados analíticos depende do procedimento adequado de coleta e transporte das
amostras.
- O material coletado deve representar de forma fidedigna o local amostrado.
- A seleção criteriosa dos pontos de amostragem e a escolha de técnicas adequadas de coleta e preservação
de amostras são primordiais para a confiabilidade e representatividade dos dados.

Exemplo: Amostra de Peixe congelado

À nível da Industria/Produção (RTIQ À nível de comércio (IN 60/2019 - ANVISA):


2017/MAPA)
- Coleta de Alimentos em embalagens individuais
Sempre que possível, coletar as amostras na embalagem original, fechada e intacta;
Se a embalagem unitária tiver uma quantidade de alimento 2x menor do que a unidade analítica = coletar
várias embalagens;
Juntar o conteúdo de diversas embalagens em um único frasco, misturar e retirar a unidade analítica.

- Coleta de Alimentos em embalagens não individuais


Transferir porções representativas da massa total para frascos ou sacos estéreis, sob condições assépticas.

 Seleção e preparação de frascos para coleta de alimentos e água acondicionados em embalagens não
individuais
✓ Utilizar frascos ou bolsas com tampa à prova de vazamentos, material não tóxico, aprovado para
contato com alimentos;
✓ Autoclaváveis ou pré-esterilizados.
✓ Com tamanho adequado para a quantidade de alimento a ser coletada;
✓ Coletar no mínimo 500g ou 500mL de material (alimentos).
✓ O frasco nunca deve ser completamente preenchido ➔ permitir a posterior mistura da amostra.

Importante!
Os frascos e utensílios devem ser esterilizados (autoclave, estufa, flambagem em chama)

- Coleta de amostras de água


Realizar a higienização da torneira antes da coleta, utilizando álcool 70º ou hipoclorito de sódio 0,01% v/v;

✓ Enxaguar bem a torneira após o procedimento, deixar escoar a água em vazão alta por cerca de 2 a
3 minutos, que tem por objetivo eliminar os possíveis resíduos do desinfetante utilizado e a água
estagnada na tubulação;
✓ Ajustar a abertura da torneira em fluxo baixo de água e coletar o volume necessário para os ensaios
solicitados;
✓ Remover a tampa do frasco de vidro esterilizado junto com o papel protetor, com todos os cuidados
de assepsia, tomando precaução para evitar a contaminação da amostra pelos dedos ou outro
material;
✓ Encher o frasco com água até o volume de 200mL. O espaço vazio deixado destina-se a
homogeneização da amostra antes da análise (Frascos de 300 mL);
✓ Fechar o frasco imediatamente após a coleta, fixando bem o papel protetor ao redor do seu gargalo.
OBS. A amostra de água potável clorada, para microbiologia, necessita da adição de 0,1% de Tiossulfato
de Sódio a 10% para neutralizar a ação do cloro, por isso, os frascos de coleta contém pastilhas desta
substância.
Para amostras de gelo, recomenda-se coletar 500 g de amostra.

- Retirada da Unidade Analítica pela técnica do esfregaço em superfície


Em alimentos cuja contaminação é predominantemente superficial (carcaças de bovinos, suínos, aves,
peixes) ou mesmo superfícies de bancadas, equipamentos e mãos de manipuladores.
Uso de swabs estéreis ou esponjas estéreis (no caso da área amostrada grande);
Tubos contendo 10 mL de diluente (água peptonada 0,1%);
Molde estéril (10 ou 50 cm2) ➔ delimitar a área amostrada;
Transferir para o tubo, quebrando a parte manuseada na borda interna do tubo antes de mergulhar o restante
do swab.

 Informações que devem acompanhar as amostras


✓ Tipo de amostra e processo utilizado na fabricação (pasteurização, concentração, etc.);
✓ Fabricante/data fabricação/ código lote;
✓ Interessado solicitante da análise;
✓ Data e local da coleta da amostra;
✓ Razão da análise (controle de qualidade, avaliação da conformidade com padrões legais, registro
de novo produto, amostra envolvida em surto, etc.)
 Quando Não Coletar a Amostra
Não realizar a coleta da(s) amostra(s) nos seguintes casos abaixo relacionados:
• Produto com o prazo de validade vencido;
• Com embalagem rasgada, furada, amassada, enferrujada ou estufada;
• Produto alimentar parcialmente consumido, salvo no caso de surto vinculado a DTA, para o
rastreamento de microrganismos patogênicos ou toxinas;
• Produto alimentar visivelmente adulterado ou deteriorado;
• Produto armazenado fora das condições ideais da TºC recomendada pelo fabricante ou que conste
na embalagem.

TRANSPORTE DAS AMOSTRAS


Acondicionadas adequadamente para evitar qualquer alteração nas mesmas, até sua chegada no laboratório.
De regra geral: deve-se transportar e estocar as amostras de alimentos da mesma forma como o produto é
normalmente transportado e estocado durante a comercialização.

- Alimentos comercialmente estéreis em embalagens herméticas ➔ Tº ambiente;

- Alimentos comercializados sob refrigeração ➔ transportados e mantidos sob refrigeração: cuidado com
o gelo (mantido dentro de sacos). Não devem ser congeladas. Tempo máximo entre a coleta e análise: 36
hs.

- Alimentos congelados: mantidos da mesma forma. Não devem sofrer descongelamento total ou parcial.
- Alimentos perecíveis comercializados à T ambiente ➔ devem ser transportados e mantidos sob
refrigeração até o momento da análise e analisados o + rápido possível;

Tempo decorrido entre a coleta da amostra e sua chegada no laboratório deve ser o mais breve possível.

 E nesse caso???

RECEPÇÃO DAS AMOSTRAS NO LABORATÓRIO


Verificar condições do transporte, da embalagem e da amostra
Somente serão aceitas amostras que chegarem aos laboratórios nas seguintes condições:
• Adequadamente lacradas e sem sinais de violação;
• Em embalagens e recipientes adequados;
• Em estado de conservação aceitável;
• Dentro do prazo de validade do produto;
• Em quantidade suficiente;
• Acompanhadas de documentação adequada e devidamente preenchida;

Produto congelado: devem ser avaliadas unicamente por meio de avaliação tátil, devendo mostrar-se
sólidas, sem sinais de descongelamento em nenhuma parte do produto ➔ satisfeita esta condição, o
laboratório deve registrar a condição de recebimento da amostra como “congelado sólido”.
Produtos resfriados e rotulados: Temperatura de recebimento deve estar de acordo com a indicada no rótulo,
devendo-se rejeitar qualquer amostra que apresente T de recebimento divergente da especificada.
➔ Produtos resfriados sem especificação de condições de conservação devem ser descartados se a T no ato
do recebimento estiver fora do intervalo de 2 a 8ºC.

 Não há sentido analisar amostras de alimentos resfriados ou congelados transportados em T


ambiente e alimentos que se encontrem em estado de deterioração.

Amostras de Água e Gelo


Amostras de água devem chegar ao laboratório protegidas da luz solar e com T de 2 a 8 ºC.
Amostras de gelo podem chegar congeladas ou resfriadas até 8 ºC.
PREPARO DAS AMOSTRAS
Envolve 2 etapas
1°. Retirada da unidade analítica
2°. Preparo das diluições decimais

Retirada da Unidade Analítica


Deve ser feita de forma a garantir que a porção removida seja representativa de todo o conteúdo da amostra.
Todo material utilizado deverá ser estéril.
Desinfetar a área externa da embalagem com álcool 70%.
Abrir embalagem dentro da capela de fluxo laminar.
Peso da unidade analítica: 25g.
Evitar que o produto entre em contato com o ambiente externo;
Alimentos sólidos: auxílio de uma tesoura para cortar pedaços pequenos de várias parte do produto.
Alimentos congelados: descongelamento na embalagem original e sob refrigeração (<4,4ºC) (não mais que
18 hs).

Preparo das diluições

Preparo da diluição inicial: 25g ou mL da amostra retirada em condições assépticas, seguido da adição de
225 mL do diluente.
Uso de diluente: geralmente água peptonada tamponada 0,1%; água salina peptonada ou tampão fosfato pH
7,2%;
Agitação manual: 25x
Stomacher: agitador 1-2 min

Preparo das diluições decimais


 Intervalo entre a homogeneização da unidade analítica e a preparação das diluições posteriores não
deve ultrapassar 3 minutos!!

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