Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
INTRODUÇÃO
A padronização da coleta por parte do médico veterinário através de um manual que contenha todos os passos a
serem seguidos, é uma forma de garantir a qualidade do resultado dos exames. A confiabilidade dos testes
laboratoriais realizados e a interpretação dos resultados dependem, primariamente, da qualidade da amostra
recebida. Para cada exame há uma forma correta de coleta, conservação e envio. Tem que se pensar em todas
as variáveis que possam vir a interferir nos exames:
Coleta inadequada;
Tempo entre a coleta e a realização do exame;
Relativo ao paciente: idade, raça, sexo, gestação;
Stress (animal bravio);
Volume inadequado;
Conservantes (físico e químicos) inadequados;
Contaminação da amostra;
Tempo de jejum;
Garroteamento prolongado;
Temperatura ideal de armazenamento da amostra;
Para clínicas no Município do Rio de Janeiro as amostras colhidas deve ser acondicionada de forma adequada
para cada exame até que o funcionário do laboratório as recolha.
Quando a clínica estiver localizada fora do município, o material deve ser enviado em caixas de isopor, contendo
quantidade suficiente de gelo reciclável ou cubos de gelo embalados em plástico ou jornal. O material não deve
ter contato direto com o gelo. Esta caixa deve ser vedada corretamente.
Existem alguns exames que exigem o congelamento da amostra até o momento da execução. Para esses
exames é ideal utilizar gelo seco, para melhor conservação. Caso não tenha gelo seco, deve-se fazer um
"sanduíche", ou seja, colocar a amostra entre dois gelos recicláveis e congelá-los juntamente.
Alguns exames devem ser mantidos à temperatura ambiente, já que a refrigeração ou congelamento pode
alterar a amostra e consequentemente impedir a realização do exame.
É importante lembrar, também, que para a realização de alguns exames necessitamos que o material biológico
venha protegido da luz (frasco âmbar, papel alumínio ou carbono).
Estes materiais devem ser colhidos e enviados imediatamente. Quando chegam ao Laborlife Análises Clínicas,
têm um tratamento diferenciado para garantir a execução do exame no prazo adequado.
Estes materiais exigem todo cuidado por vários motivos:
EXAMES HEMATOLÓGICOS
A hematologia é uma especialidade médica que tem uma grande dependência dos métodos de laboratório sem
geral e das técnicas citológicas em particular, lembrando que a última resolve 80% das patologias sangüíneas.
As células do sangue são de fácil obtenção em geral e seu estudo é de grande utilidade diagnóstica em
processos patológicos. Por essa razão o hemograma é uma das análises mais solicitadas pelo clínico. Em
Medicina Veterinária os estudos hematológicos têm como finalidade:
1 - A primeira premissa a respeitar para realizar uma análise é que o sangue obtido e transferido para um tubo
com anticoagulante não tenha coágulo.
2 - A segunda premissa é conservar sempre a proporção entre sangue e anticoagulante.
Não deve ser utilizado material reciclado. Os produtos utilizados para limpeza podem levar a uma destruição
generalizada das hemácias e degeneração de todas a s formas sangüíneas. Todas as amostras obtidas sob estas
condições deveriam ser descartadas já que se perde confiabilidade diagnóstica, tempo e dinheiro.
A - ESFREGAÇO SANGUÍNEO:
Usado para pesquisa de hemoparasitos (Anaplasma, Babesia, Filaria, Ehrlichia e Trypanosoma), deve-se colher
sangue periférico. Realizados ainda para verificar as características morfológicas dos eritrócitos, para contagem
diferencial de leucócitos, contagem de plaquetas, eritroblastos.
Como fazer um Esfregaço:
1. Manter a lâmina horizontalmente entre o polegar e o indicador.
2. Colocar uma pequena gota de sangue na extremidade da lâmina.
3. Com uma segunda lâmina (extensora) colocar o seu rebordo livre contra a superfície da primeira, em frente à
gota de sangue, formando um ângulo de 45 .
4. Realizar um movimento para trás de modo que entre em contato com a gota de sangue, pressionando-a até
que a gota se espalhe por toda a borda da lâmina.
5. Impelir a lâmina, guardando sempre o mesmo ângulo, em um só movimento, firme e uniforme, sem separar
uma lâmina da outra. Forma-se então uma delgada camada de sangue.
6. Secar rapidamente ao ar, e enviar em porta-lâminas fornecidos pelo Laborlife.
*** Esta mesma técnica pode ser utilizada para remessa de material citológico.
Observações:
- É conveniente fazer, pelo menos, três esfregaços ao mesmo tempo.
- O esfregaço deve ser feito com sangue recém colhido sem anticoagulante.
- A lâmina tem que estar limpa e desengordurada.
- A gota de sangue não deve ser muito grande e proporcional a 5 microlitros de sangue. Quanto maior for a
gota, tanto mais espesso será o esfregaço.
- A distensão deve ser feita rapidamente, antes que comece a coagulação.
- Com uma gota de tamanho adequado à distensão medirá mais ou menos 3 cm.
- A espessura da distensão está na dependência do ângulo formado pelas duas lâminas, da pressão exercida e
da velocidade da mesma.
- O esfregaço não deve cobrir toda a lâmina, devendo apresentar cauda ou franja.
- O aspecto da distensão deve ser liso e nivelado, sem ondulações, poros ou saliências.
- A identificação pode ser feita diretamente na lâmina a lápis ou em etiquetas de papel.
- Os esfregaços em camada delgada permanecem em ótimas condições técnicas por algumas semanas.
Os esfregaços não devem ser deixados expostos sem proteção, evitando o contato dos mesmos com poeira,
insetos e impressões digitais.
B - SANGUE TOTAL:
Indicado para hemograma completo (contagem global de hemácias, leucócitos, plaquetas, determinação do
hematócrito, VCM; HCM; CHCM, e dosagem de hemoglobina), dosagem de PH e de metabólitos sangüíneos
(glicose, corpos cetônicos, ácido láctico, amônia), presença quantitativa de algum metal (chumbo, zinco,
manganês, molibdênio e cádmio), pesquisa de células LE, dosagem de hemoglobina glicosilada para controle do
diabetes, etc.
ANTICOAGULANTES:
EDTA:
comercializado em forma de sal di-potássio, di-sódico e tri-potássico sendo os dois últimos os mais utilizados. É o
anticoagulante de eleição para hematologia, se utiliza 1mg para 1ml de sangue ou 0,5 ml de solução a 1% para
5 ml de sangue ou 0,1 ml de solução a 1% para 1 ml de sangue. A coagulação se evita pela eliminação do cálcio
do sangue. Podem ser feitas contagens 24 a 36 horas após a coleta se a amostra estiver mantida em uma
temperatura de refrigeração de 4 C, nunca deve ser congelado, nem sofrer temperaturas superiores a 37 C,
nestes casos a amostra é totalmente inviável. Um tempo excessivo da amostra com anticoagulante leva a
vacuolização dos monócitos, seguido do inchamento dos linfócitos, presença de vacúolos nos neutrófilos que são
confundidos com as inclusões tóxicas. Pode ocorrer ainda destruição das hemácias. Consequentemente
recomenda-se esfregaço sangüíneo se o prazo entre a coleta e o exame for maior que 24 horas. É também o
anticoagulante de eleição para o teste de imunohematologia: teste de Coombs.
HEPARINA:
É um anticoagulante natural. Não é o anticoagulante de eleição para hematologia. Atua interferindo na
conversão de protombina em trombina. É usada uma concentração de 0,2 ml de heparina saturada por cada ml
de sangue. Embora as contagens 12 a 24 horas após a coleta possam ser feitas, produzem sérios danos nos
esfregaços o que faz totalmente inviável. O esfregaço deve ser feito imediatamente. As alterações que ocorrem
são: degeneração nuclear dos neutrófilos, degeneração citoplasmática dos neutrófilos e monócitos. Os leucócitos
não têm uma forma tão clara em comparação com outros anticoagulantes. Se tiver um excesso de heparina
ocorre formação de corpúsculos de Heinz, alteração na coloração vital para reticulócitos, formação de agregados
plaquetários. Se o esfregaço for realizado 24 a 36 horas após a coleta, não se distingiram os possíveis corpos de
inclusão vírica, parasitas hemáticos, corpos de inclusão de erlichias em monócitos e neutrófilos. Não é um
anticoagulante utilizado para estudos imunohematológicos: Teste de Coombs. Uma das vantagens da heparina é
que é excelente para determinações de perfis bioquímicos. Como desvantagens assina-se seu custo mais
elevado que os outros anticoagulantes.
CITRATO DE SÓDIO:
É o anticoagulante ideal para estudos de coagulação. Se utiliza a concentração de uma parte de citrato de sódio
para 9 partes de sangue total. É imprescindível manter a relação anticoagulante/sangue para realizar as provas
de coagulação. Os valores obtidos sem esta relação não têm nenhum valor diagnóstico. Atuam quebrando o
cálcio, formando um complexo com o mesmo e impedindo o processo de coagulação.
FLUORETO:
Similar ao citrato, recomendado especificamente para a dosagem de glicose, pois inibe o processo de glicólise
que ocorre nas hemácias, mantendo os níveis in vitro deste metabólito por mais tempo. Colher por punção
venosa utilizando o frasco a vácuo ou puncionar a veia com seringa e colher no mínimo 2 ml de sangue.
Este procedimento deve demorar no máximo 2 minutos. Tampar e homogeneizar por movimento pendular por
no mínimo 30 segundos. caso haja disponibilidade de centrífuga, o sangue também poderá ser colhido em tubo
de tampa vermelha ou em tubo de tampa roxa, contanto que a amostra seja imediatamente centrifugada e o
coágulo/sangue separado da amostra evitando o consumo de glicose e produção de ácido láctico. A dosagem
deverá ser feita em até 6 horas após a coleta quando não se tem condições de separar o plasma antes de
chegar ao laboratório, pois o processo de glicólise continua, mesmo com a presença de fluoreto de sódio que
retarda este processo.
Observação:
Quando utilizar seringa, abrir a tampa e aspirar o anticoagulante do tubo e, então, realizar a coleta, retirar a
agulha e transferir o sangue para o tubo deixando-o escorrer pela parede do frasco.
C - SORO SANGUÍNEO:
É a porção do sangue após a separação do coágulo. O soro puro, é preferível para exames. Cuidados devem ser
tomados com seringas, agulhas ou tubos que, molhados, são causas de hemólise. Colher de 2 a 5 ml de sangue
de cada animal (a quantidade dependerá da espécie e do porte do animal).
D - PLASMA SANGUÍNEO:
É o sobrenadante do sangue após centrifugação das células do sangue animal com anticoagulante. É indicado
para determinar os fatores de coagulação e certos metabólitos.
COLETA DE SANGUE
Local indicado para coleta de sangue nos animais domésticos:
Técnicas de punção:
A "ordem de coleta" recomenda segundo a NCCLS (National Committee for Clinical Laboratory Standard),
quando há necessidade de se coletar várias amostras de um mesmo paciente, durante uma mesma punção é a
seguinte:
Tubo para hemocultura (quando houver);
Dificuldades na coleta:
Algumas dificuldades podem surgir pela inexperiência do uso do sistema a vácuo, sendo mais freqüente a falta
de fluxo sangüíneo para dentro do tubo.
Colabamento da veia.
SOLUÇÃO: Diminuir a pressão do garrote.
Coleta de sangue/Conservação/Interferência/Remessa:
Com amostras de sangue, deve se tomar cuidado na sua coleta, conservação, tempo de
estocagem, temperatura de acondicionamento, volume necessário e anticoagulante correto. Normalmente,
quando não são observadas algumas normas podem ocorrer hemólise ou lipemia (principalmente para
exames bioquímicos) ao escolher o material de coleta deve-se pensar no calibre da agulha que será utilizada
pois se o calibre for menor que 25x07 pode ocorrer um excesso de sucção levando a hemólise. A hemólise
causa alterações nas dosagens de enzimas (ex. AST, ALT, Fosf. Alcalina)
A presença de lipemia também pode levar a hemólise. A lipemia é observada visualmente por sua
coloração esbranquiçada, enquanto que a hemólise requer uma centrifugação prévia. A hemólise causa no
plasma um aumento dos constituintes que estão contidos dentro da hemácia (ex. AST) ou diminui os
elementos presentes no soro (ex. colesterol). A lipemia pós-prandial pode ser eliminada pelo jejum do
animal (12 horas) antes de se colher a amostra. Homogeinizá-lo lentamente e enviar ao laboratório no prazo
máximo de 24 horas. Utilizar gelo como conservador. Podemos encontrar hemólise em algumas doenças,
mas normalmente é verificado que resulta de dificuldade com o manuseio da amostra por vários motivos,
como aplicação de pressão excessiva na seringa ao se transferir o sangue para frascos, agitação excessiva,
estocagem prolongada do sangue, principalmente se tiver sido exposto a altas temperaturas.
PREPARAÇÃO DO TECIDO:
Os tecidos devem ser acondicionados, após serem lavados do sangue em frascos de boca larga,
dependendo da quantidade do material. Envolver os tecidos que tendem a flutuar (pulmão e medula óssea)
com gaze ou algodão. Para a histopatologia convencional o fixador mais comum é a solução aquosa de
formalina, formol a 10% (1 parte de formol para 9 partes de água). Particularmente para o sistema nervoso,
deve ser realizada a fixação em formol a 20% (1 parte de formol em 4 partes de água), para preservar
melhor a integridade do órgão. O volume ideal corresponde à cerca de 20 vezes o volume da peça a ser
fixada. Cortar o tecido em fatias finas (1 a 2 cm), incluindo a lesão e algum tecido adjacente com aspecto
normal. Após 24 horas o fixador deve ser trocado ou pode ser escorrido para evitar que venha a ser
derramado durante o transporte.
Os frascos devem estar rotulados com a correta identificação do paciente. Anexar sempre história
clínica, espécie, raça, sexo, idade e outras informações que julgar necessário. Enviar o material juntamente
com o relatório de necrópsia, o que é essencial no estabelecimento do diagnóstico, especialmente porque o
patologista que fará a leitura das lâminas não teve acesso à necrópsia.
O relatório deve fornecer uma descrição detalhada e objetiva das lesões macroscópicas, de tal forma que
retrate claramente o que foi visto. É necessário ainda explicitar as peças que compõem o material enviado. A
requisição deve ir protegida por plástico do restante do material. Desta forma evitaremos derrames, borrões,
desaparecimento da escrita e dos informes. Estes procedimentos facilitarão nosso entendimento agilizando
portanto a entrega dos laudos.
CÁLCULO URINÁRIO (coletor universal)
Colocar os cálculos em frasco limpo e seco. Manter a temperatura ambiente. Não é necessário uso de
conservantes.
EXAME CITOLÓGICO
O exame citológico é uma excelente ferramenta para auxiliar o médico veterinário no diagnóstico e
no prognóstico. O exame citológico apresenta como característica principal a rapidez no diagnóstico quando
comparado ao exame histopatológico; necessitada de pequena quantidade de material. A sua maior
limitação é que muitas vezes o exame citológico deve ser confirmado através de um exame histopatológico
por não proporcionar a visualização da arquitetura do tecido alterado, como ocorre no histopatológico. É
indicada para diferenciar processos inflamatórios agudos ou crônicos e neoplásicos benignos e malignos.
- Citologia Esfoliativa -
Remove-se as células mais superficiais da lesão através de esfoliação (raspagem), sendo indicada na avaliação
de epitélios, para caracterizar exsudatos ou para visualização de agentes infecciosos e parasitários. Esta técnica
é usada, por exemplo, na determinação da fase do ciclo estral de cadelas, de processos inflamatórios uterinos,
habronemoses, lesões cutâneas em geral, otites, etc.
Para colheita de material de pele em animais de pêlos longos realizar tricotomia parcial, deixando pêlos com no
máximo 0,5 a 1,0 cm de comprimento. Pode-se pesquisar ectoparasitas e fungos.
Fazer um raspado profundo da borda da lesão colocando o material entre 2 lâminas limpas com álcool absoluto.
Quando a suspeita é de sarna demodécica deve-se comprimir fortemente a pele com os dedos e arrancar os
pelos com o bulbo pois este parasito se localiza profundamente na pele. O material do raspado para pesquisa de
ectoparasito pode ser colocado em frasco limpo e seco ou com solução salina.
Para cultura de lesões profundas enviar a secreção em seringa ou "swab" da secreção manter entre 2°e 8°C.
Colher amostra de fezes frescas, não expostas ao sol. O ideal é coletar diretamente do reto, caso não seja
possível, coleta-se da porção que não entrou em contato com o solo. A amostra deve ser coletada em recipiente
apropriado. As amostras podem ser destinadas a exames parasitológicos e químicos.
Em caso de rebanho pode-se fazer o O.P.G (ovos por gramas de fezes) que é um exame apenas quantitativo.
Deve-se colher uma pequena amostra de alguns animais do mesmo lote e juntá-las num só recipiente ("pool").
Refrigerar imediatamente (2-8°C). Nunca congelar amostras de fezes.
Quantidade: 10 a 20g ou 10 a 20 ml.
Colher o fluído com uma seringa plástica e passar cerca de 2 ml para o frasco de tampa vermelha e cerca de 2ml
em frasco de tampa roxa. Manter em geladeira (2-8°C). Realizar também um esfregaço fino (interrompido, sem
cauda) e secá-lo ao ar, colocá-lo em porta lâmina e manter à temperatura ambiente.
Realizar tricotomia, antissepsia de pele, deixar secar. Atenção para não palpar novamente a pele sobre a veia a
ser puncionada. Se a coleta não for feita à vácuo proceder à desinfecção da tampa do frasco antes da inoculação
de pelo menos 2 ml de sangue. Informar ao laboratório a suspeita diagnóstica. Os frascos para hemocultura
deve ser solicitado ao laboratório antes da coleta.
Colher amostra de urina preferencialmente com sonda ou por cistocentese (mais recomendado). Acondicionar
em recipiente apropriado. Amostra tem que ser coletada de maneira asséptica. Refrigerar imediatamente (2°-
8°C). Obs.: Para se fazer análise bacteriologia é importante que não haja nenhuma contaminação da amostra.
Nunca colher comswab, pois inviabiliza a contagem de colônias.
A coleta para realização de Elementos Anormais do Sedimento (EAS) de urina não necessita de assepsia total,
podendo ser recolhida do local onde o animal urinou com a ajuda de uma seringa sem agulha e em seguida
deve ser transferida para o frasco adequado, limpo e seco.