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falência do sistema
Abstract: This article's central theme is the Labeling Approach and criminal
selectivity as a consequence of the failure of the prison system, which is currently
in decline; it is a broken system. From this principle, it can be seen how the
labeling theory contributes to this fact and how resocialization could reverse or at
least alleviate this situation which, when it comes to a social fact; therefore, of
public interest and enormous relevance for law and society. It can be seen that
there is no interest in changing this criminal policy, since it does not serve
government political interests, which has brought problems in the sphere of
security, family, society as a whole, and, mainly, the impossibility of treating those
who practice the crime. crime, with egress in the community where he lived;
These facts alone already highlight the current problem and the importance of a
change in this approach.
Keywords: Stigmatization. Selectivity. System. Prison. Labeling.
Introdução
O crime como fenômeno social tem estabelecido seu papel dentro da sociedade,
como ponto marcante dos conflitos existenciais conviventes, dos seres
humanos. Numa análise teleológica , torna-se essencial, fazer com que aqueles
que são praticantes de atos delituosos, sejam levados às raias da justiça, a fim
de responder por seus atos; todavia, para que este ciclo criminoso possa
realmente ter um desfecho, faz-se necessário, apontar de fato e de verdade,
quem reproduziu a materialidade do crime, sem que haja nenhuma sombra de
dúvidas; afinal, indicar um ser humano como criminoso, pode mudar toda sua
vida, porque a partir desse momento, erroneamente, possuirá uma etiqueta
social, difícil de ser removida; daí a importância da apuração: séria, científica,
objetiva e realística, para não haver dúvida alguma sobre autoria.
Outrossim, segurança não tem atingido o prisma necessário, uma vez que nosso
sistema prisional, contempla a ideia basilar de não haver prisão de caráter
perpétuo; ou seja, aqueles que serão aprisionados voltarão para a sociedade.
Perante a ideia de retorno daquele que foi uma vez condenado e aprisionado, o
quadro que se tem a frente, é claramente desanimador, uma vez que a
sociedade não está preparada para receber o egresso na comunidade, tornando-
o novamente marginalizado; agora não mais pela prática de um crime, e sim;
porque ao pagar sua dívida com a sociedade, agora tem que ser reconduzido a
uma vida social, podendo fazer com que tenha trabalho e possa não voltar mais
para o crime. Nesta senda o que cumpriu sua pena, não consegue emprego, não
consegue se recolocar e, muito menos, não se sente mais pertencente à cidade,
ao bairro onde morou. Desta feita, percebe-se que há uma desconexão entre a
proposta de não haver prisão perpétua, e como a sociedade deverá tratar
aqueles que saem do sistema prisional.
O direito penal é, assim, elitista e seletivo, fazendo cair seu peso sobre as
classes sociais menos favorecidas; não atuando devidamente naquelas que
detêm o poder de fazer as leis. Portanto, o sistema nada mais é do que uma
estrutura vertical, dominada por poderes existentes na sociedade, com tempo de
desigualdade e provocadora de desigualdade.
Sendo assim, a presente pesquisa tem como objetivo analisar o sistema
prisional, onde ocorre uma seletividade penal, tendo como consequência um
etiquetamento; pois funciona segundo os estereotípicos do criminoso, os quais
são confirmados pelo próprio sistema.
Essa separação, esse etiquetamento, não ocorre com qualquer pessoa, e muito
menos em qualquer classe social. Não é diferente o que acontece com tais
indivíduos de classe menos favorecida; que em algum momento em suas vidas,
devido à determinadas circunstâncias, fazem com que fiquem propícios para
infringir as leis; ou seja, as regras impostas pela sociedade e pelo ordenamento
jurídico.
Nesta mesma direção pode se observar como há descrição desta condição nas
seguintes palavras;
Todos os grupos sociais fazem regras, em certos momentos e em
algumas circunstâncias, impô-las. Regras sociais definem situações e
tipos de comportamento a elas apropriados, especificando algumas
ações como “certas” e proibindo outras como “erradas”. Quando uma
regra é imposta, a pessoa que presumivelmente a infringiu pode ser
vista como um tipo especial, alguém de quem não se esperava viver
de acordo com as regras estipuladas pelo grupo. Essa pessoa é
encarada como um outsider. (HOWARD, 2008, p. 15).
É evidente que não se pode fazer o que quiser, muito menos imaginar ser cada
pessoa única, até porque, quando se trata de sociedade, vive-se com toda
variação de pessoas; multiculturais, com pensamento e comportamentos
diferentes do que se pode pensar ou desejar, contudo, mesmo assim, há de se
respeitar, manter a tolerância em destaque e aceitar, mesmo o que se imagina
ser diferente.
Há, sem margem de dúvidas, uma disposição atual e eminente sobre a questão
de etiquetar e rotular a pessoa indicada como autor do crime, todo cuidado deve
ser tomado, uma vez ser esta a postura da sociedade, o simples fato de estar
respondendo por crime, gera um cenário aterrador, e se não, a pessoa acusada,
o autor do crime, o estigma que se coloca sobre seus ombros, faz com que nem
uma vida inteira de práticas boas possa retirá-lo. Infelizmente esta pessoa estará
rotulada para sempre.
Há, sem dúvida, um momento em que a pessoa percebe estar etiquetada, que
há um controle absoluto sobre sua vida, que aceita esta rotulação e passa a viver
sob esta égide sem se preocupar de estar ou não fazendo o que indicam ser o
correto, seus valores assumem uma estrutura diferenciada, e fica sugestionado
a entender que sua existência é capitaneada por um código distinto daquele
seguido pela sociedade num todo. Como afirma Howard Becker, assume uma
conduta desviante que será seu Norte doravante.
Assim sendo, fica por óbvio, claro, que vencer esse sistema de coisas não é algo
de natureza fácil, ao contrário, é uma lástima de que admitir, mas várias pessoas
que passaram por essa seletividade, dificilmente conseguirão se sair bem,
quando sair da prisão; será um ser humano marcado, etiquetado e, dificilmente
conseguirá sair do ciclo, crime/condenação igual prisão, ficando nesse ciclo
vicioso, sem conseguir progredir e se afastar definitivamente do crime, como
retrata;
Neste elã é possível imaginar o seguinte quadro, estereotipado por aquele que
segundo a sociedade assume uma conduta desviante;
Contribuindo para esta dicção, encontra-se que do alto de sua filosofia histórica
e arquitetônica, traz lampejos de como se originou esta trama a respeito do
castigo e punição àqueles que desobedeciam às leis;
O que realmente importava era o Estado demonstrar seu poder através de seus
tentáculos e escrutínios; afinal, dominar é seu grande objetivo, como se pode
observar na citação;
Abandonando o arcabouço dessas ideias medievais, o Estado assume
a política interna e há então necessidade de um poder de polícia. Surge
um Estado de polícia voltado às pessoas residentes no Estado e que
necessitam serem controladas. Surgem tratados de polícia, com
diferentes normas sistematizando o objeto da polícia – sendo este
quase infinito. Em suma, quem governa o Estado e tem que controlar
os súditos através do poder público, passa a ter um objetivo ilimitado,
pois se trata de um estado de equilíbrio sempre desequilibrado para
manutenção de seu povo, em que a relação Estado/ Súdito é sempre
frágil, deixando assim os habitantes do Estado sempre a necessitar do
governo de forma total e segura – não para o povo, mas para quem
governa. Nesse Estado de polícia não há limitação em seus objetivos,
demonstrando ser a razão do Estado atingir em seu apogeu uma forma
ilimitada de controlar seus habitantes. (DUARTE, 2014, p. 33).
[...]. Pode-se reiterar que as normas são resultados dos conflitos e das
relações de poder que se desenvolvem na sociedade, e que, por
consequência, os grupos com maior poder estabelecem normas que
os favorecem, prejudicando outros que, ainda majoritários, têm menos
ou nenhum poder social. (ALBERTO, 2009, p. 171):
Política criminal: para uns é ciência; para outros, apenas uma técnica
ou um método de observação e análise crítica do direito penal. Parece-
nos que política criminal é um modo de raciocinar e estudar o direito
penal, fazendo-o de modo crítico, voltado ao direito posto, expondo
seus defeitos, sugerindo reformas e aperfeiçoamentos, bem como com
vistas à criação de novos institutos jurídicos que possam satisfazer as
finalidades primordiais de controle social desse ramo do ordenamento.
“Todo Direito penal responde a uma determinada Política criminal, e
toda Política criminal depende da política geral própria do Estado a que
corresponde” (MIR PUIG, Estado, pena y delito, p. 3). A política
criminal se dá tanto antes da criação da norma penal como também
por ocasião de sua aplicação. Ensina HELENO FRAGOSO que o nome
de política criminal foi dado a importante movimento doutrinário,
devido a VON LISZT, que teve influência como “tendência técnica, em
face da luta de escolas penais, que havia no princípio deste século na
Itália e na Alemanha. Essa corrente doutrinária apresentava soluções
legislativas que acolhiam as exigências de mais eficiente repressão à
criminalidade, mantendo as linhas básicas do Direito Penal clássico”.
(NUCCI, 2017, p. 21).
Há uma indicação não tão antiga que demonstra como o sistema carcerário em
sua plenitude, na maioria dos países se encontra fragmentado, veja o comentário
que parece contemporâneo, mas é da década de 70/80, que Foucault faz sem a
menor cerimônia;
Não tão longe do tempo que se chama hoje, o presente não tem em nada,
mudado este cenário que carrega por si, um misto de apreensão e pessimismo,
aparentando que o ser humano num todo não consegue se sobrepor, subir e não
retornar às origens horrendas.
Sabe-se que o sistema prisional brasileiro se encontra falido, pois não é de hoje
que os meios de comunicação divulgam constantemente imagens de presos em
quase todos os Estados do nosso país, cumprindo pena em situações
desumanas e convivendo com o problema da superlotação carcerária.
A sociedade de forma geral não se importa com esse fato, pois acreditam que
os presidiários merecem tais tratamentos, esquecendo-se que todos nós
estamos sujeitos a entrar nesse sistema, ou ainda, que, aquelas pessoas, um
dia voltarão ao convívio em sociedade.
A Constituição Federal assegura em seu artigo 5o, caput e inciso lll, que a vida
é inviolável e ninguém será submetido à tratamento desumano e degradante
atendendo assim, o princípio da dignidade humana, um dos fundamentos da
República Federativa do Brasil disposto no art. 1º, inciso lll, da Carta Magna.
A Lei n. 7.210/84 (Lei de Execução Penal), por seu turno, dispõe, em seu artigo
85 que: “O estabelecimento penal deverá ter lotação compatível com sua
estrutura e finalidade”.
O Estado tornou-se ausente, pois visa levar para o lado penal. É muito fácil
colocar culpa no modelo penal do que mudar realmente nosso sistema, nosso
modelo, e ressocialização. Falta mais interesse entre o Estado, visar a devida
adequação que os presos realmente necessitam, pois, uma hora ou outra eles
sairão das cadeias e caberá ao Estado, se sairão da mesma forma que entraram
ou se quer foram ressocializados.
Por si só, essa é uma realidade condenável, mas a torna ainda mais inaceitável,
o agravante de que esses detentos são despejados num sistema viciado,
dominado por facções criminosas e pela promiscuidade entre presos e agentes
públicos corruptos, no qual, em vez de ações efetivamente correcionais,
prevalecem práticas que acabam transformando os réus de baixa periculosidade
em bandidos irrecuperáveis. Mantê-la vai de encontro a movimentos, defendidos
e levados a efeito por órgãos da Justiça, para reduzir a alta ebulição de um
caldeirão que tem emitido, à custa de violência e tragédias humanas, sinais de
combustão.
Não obstante o art. 38 do Código Penal diz que “o preso conserva todos
os direitos não atingidos pela perda da liberdade, impondo-se a todas
as autoridades o respeito à sua integridade física e moral”.
Consoante Goffman;
Todo ser humano é capaz de cometer um delito, o que falta para que o mesmo
prossiga em diante é a oportunidade. Levando em conta tal consideração, é que
analisamos que esses indivíduos estigmatizados tiveram a oportunidade, a qual
resultou em um delito, conforme;
Para Ferri, o homem era uma verdadeira máquina, condicionada por distintos
fatores, e não podia escolher seus comportamentos. As teses de Ferri (apud
ELBERT, 2009, p. 71) sobre a conduta delitiva afirmavam que o homem é uma
máquina, que não fornece em seus atos nada mais do que recebe do meio físico
e moral em que vive.
Conforme observa;
Considerações finais
O presente artigo buscou analisar a importância de um estudo minucioso no
processo de construção das ideias no que diz respeito à seletividade e
etiquetamento de pessoas que vão para os presídios sem pelo menos ter tido
um verdadeiro diagnóstico de seu crime e/ou delito, porque depois que a mesma
é levada para o presídio, é praticamente impossível retirar a marca de preso,
bandido, criminoso. Visto que a sociedade de certo modo se tornou parceira na
contribuição, fazendo de modo direto ou indireto que o preso entre num ciclo
vicioso de criminalidade, não lhe dando oportunidade de refazer a vida ao sair
dos presídios.
Não obstante, ao receber a liberdade, continua carregando o estereótipo de
delinquente; tirando dela a possibilidade de regeneração e/ou ressocialização. A
sociedade não perdoa o infrator e não vê que se o sistema prisional oferecer o
melhor para ele; isso irá refletir de forma positiva dentro da mesma.
Por outro lado, os governantes não têm como objetivo melhorar as condições de
vida de quem cometeu uma infração, porque são eles que criam as normas e
regras, sendo assim, esse conjunto de princípios regem interesses, não de
todos, mas apenas da minoria privilegiada. Essa minoria compreende aqueles
que possuem um padrão de vida elevado na sociedade. E por mais que as leis
mudem, nunca chegam à homogeneidade.
Portanto, faz-se necessário que o sistema prisional do nosso país, passe por
uma formulação no pensamento filosófico de que o infrator tem o que merece; e
tenha um comprometimento maior com a sociedade, de forma geral, a fim de
apresentar propostas de melhoramento, não só para o preso, mas visando
combater essa apreensão e insegurança que o sistema prisional tem causado à
sociedade; fazendo com que a mesma se sinta refém não só do delinquente,
mas daqueles que detêm o poder.
Referências