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Resumo: A sociedade já vivenciou um período muito grande quando a regra era a intolerância
em todos os esteios. A lei era pálida frente a enormidade de preconceitos, de racismo em sua
mais diversa ordem e, não raro, premiava e glorificava quem fazia de sua vida a prática deste
conceito tão aterrador. Conviver com o diferente, com até algo que não compreendemos expõe
nossa urbanidade estendendo-se ao âmago de nossa raiz mais humana e profunda. Negar que
pessoas possam pensar diferente, possam agir diferente, possa até querer viver suas vidas de
forma livre e responsável não é digno de uma sociedade minimamente organizada; é salutar,
afinal, perceber que o igual, a maioria, nem sempre são aqueles que possuem razão, ao contrário
a diversidade, seja de que forma for manifesta, eleva ao sublime, pois demonstra personalidade
e liberdade de escolha. Outrossim, rever a história mais sombria, mais assustadora quando
qualquer comportamento, pensamento, manifestação fosse oposta as normas ditadas por uns
poucos, era suficiente para levar inclusive para as fogueiras, e não surpreende quando se
percebe que alguns poucos ainda pensem desta maneira.
Abstract: Society has already experienced a very long period when the rule was intolerance in
all its mainstays. The law was pale in the face of the enormity of prejudice, of racism in its most
diverse order, and often rewarded and glorified those who made their lives the practice of this
terrifying concept. Living with the different, with even something we don't understand, exposes
our urbanity extending to the core of our most human and deepest root. To deny that people can
think differently, can act differently, may even want to live their lives freely and responsibly is not
worthy of a minimally organized society; it is salutary, after all, to realize that the equal, the
majority, are not always those who are right, unlike diversity, in whatever form is manifested,
elevates it to the sublime, as it demonstrates personality and freedom of choice. Furthermore,
reviewing the darkest, most frightening story when any behavior, thought, manifestation was
contrary to the norms dictated by a few, was enough to take even to the bonfires, and it is not
surprising when one realizes that a few still think this way.
Introdução
Se pode se chamar de novos tempos algumas expressões que ainda não foram
avaliadas pela Lei, e nem tem o viés de trazer soluções aos problemas gerados
pelas mudanças bruscas sofridas nos últimos tempos e com a finalidade também
de ampliar ao alcance do que se pode presenciar todos os dias se busca, novos
termos, novas palavras para que se possa alcançar uma amplitude dos atos e
falas praticados.
Se faz necessário apontar que houve censura a TV, cinema, teatro e livros (nem
tudo podia ser visto, lido ou assistido). É bom que se diga que não era
intolerância, era apenas uma forma de governo centralizado.
Dessa forma o Brasil foi sobrevivendo a este período por quase um período de
vinte anos, sem mudanças expressivas, sem se questionar os porquês.
E seria absurdo imaginar não cumprir a lei em detrimento de quem seja, daí a
importância de não haver separação de qualquer espécie: políticos, ricos,
famosos, jogadores de futebol, artistas, etc.
Destarte, observar o etiquetamento frente a cultura do cancelamento, quando
uma deixa uma marca indelével na pessoa (ou grupos de pessoas), e a cultura
do cancelamento, quando se foca numa pessoa discretamente sem deixar visível
uma marca, ao contrário, sutilmente, destaca a pessoa praticando atos que se
aproxima muito do assédio psicológico.
Numa forma de quase defesa (há de se enxergar mais ataque), as prisões foram
se enchendo de pessoas que cultivavam o hábito criminoso, contudo, e ao
mesmo tempo, surgiram presos políticos que passaram a doutrinar vários destes
encarcerados, e que aprenderam muito sobre guerrilhas e como praticamente se
misturar no mundo político, e conseguir através de doações buscar aqueles que
tivessem disposição para flexibilizar o movimento que começava a surgir dentro
dos presídios: o crime organizado.
Como não bastasse os crimes em suas diversas versões, esta facção criminosa
começou a adentrar na política, e por óbvio não foi difícil encontrar pessoas com
este perfil querendo se candidatar e sem dinheiro, se socorrerem nesta nova
organização que necessitava de espaço para poder crescer (AMORIM, Assalto
ao poder. 2012).
Percebe-se que a princípio este não foi um motivo de alarde nos meios
investigativos da segurança pública das duas cidades.
Tudo corria razoavelmente bem, sem alarde destas facções dentro dos Presídios
até maio de 2006.
Pode se dizer que até então, ao menos para a população em geral, não havia
uma noção exata do que acontecia atrás das grades, porque tudo que se
noticiava era rebeliões, quando na verdade, se descobriu mais tarde era o
controle dos Presídios paulistas por esta facção.
Ninguém circulava nas ruas, todos com receio ficaram em casa para verificar o
governo tomando providências, que não foram imediatas.
No Brasil até aquela data, nunca havia acontecido um ataque tão orquestrado,
tão pontual, pois os alvos eram os policias militares, e de forma tão sistemática
que parou São Paulo.
A maior cidade do país cair de joelhos para o crime organizado gerou sem dúvida
efeitos devastadores, podendo se observar: 1. Força; 2. Armamento melhores;
3. Preparo; 4. Organização; 5. Um contingente considerável. Poderia se apontar
outros aspectos, contudo, há de se convir ser humilhante demais ter havido tudo
isso, vindo todas as ordens e planos de pessoas que estavam presos.
E nenhuma autoridade poderia menosprezar como foi feito o que estava
ocorrendo, porque quase 10 anos atrás, perceba o que já escrevia sobre o crime
organizado;
Na senda sinuosa do que se tentou fazer sem sucesso, percebe-se que só esta
cultura de cancelamento em matéria de pessoas presas, pode funcionar
aparentemente, e a sociedade num todo, pode até concordar com algumas falas,
discursos e atos demonstrando o fosso que existe entre as pessoas, marcadas
pela sua cor, pelo seu posicionamento político, por não ter votado neste ou
naquele candidato, e pelo que alguns tentam sem sucesso chamar de ideologia,
sem se quer saber o que significa a palavra em seu sentido mais amplo.
Assim como o sistema não conseguiu criar uma “sociedade paralela”, entre
presos e livres, não há condições de criar uma engenharia por mais que se fale
e discurse, que haverá uma mudança radical na forma de toda uma população
mudar seus princípios e valores adquiridos em suas casas, nas escolas livres de
substituir uma ideologia por outra, por universidades que fazem os alunos pensar
e decidir, dentro dos seus critérios o que é mais adequado.
Como foi transcrito, pelo Dr. Ferraz, um poder que precisa a todo momento pôr
na rua pessoas para defende-lo, já perdeu seu poder. Afinal, um estadista
quando fala em rede nacional, consegue convencer, no mínimo seu eleitorado.
Outrossim, quando o líder apela, não assume a culpa por suas decisões, sempre
tem alguém como bode expiratório, não assume suas incoerências, o que se
pode esperar?
O governo que se propõe a lutar por mais liberdade para ele próprio não está
pensando no povo, está pensando em si mesmo e aqueles que o servem, é foi
e será sempre um descalabro, buscar tal governo para controlar a corrupção,
para deter a ordem e, principalmente para afirmar que está começando algo
novo.
Quando se Cancela algo, significa que praticamente deixa de existir, não tem
mais sentido fazer parte de, não tem objetivo, não serve para nada de
importante.
O que se pode admitir ser a troca de uma expressão por outra muito mais forte,
mais ampla e de alcance muito maior.
Não há a tão sonhada evolução, nem mesmo em meio uma pandemia mundial.
(2020/2021)
E como se não bastasse, ainda se pode verificar nas redes sociais esta cultura
do cancelamento em massa e de maneira muito mais veloz, destruir a reputação
da pessoa, por algo que disse, ou sua opinião, se transformou em algo tão
comum (é bom que se diga normalmente por alguma espécie de preconceito),
que tem se tornado banal.
O pior é quando para manter seu público leal, a pessoa que se elege falando de
forma tão contundente, sobre Cancelar “aqueles que são minorias, e que a
maioria tem que se impor” (parafraseada).
A história da vacina é antiga, não é essa contra esse vírus que deu origem a
vacina;
Quantas pessoas foram salvas por meio desta vacina e não contraíram varíola?
Mas não foi fácil aquela época e, parece em época nenhuma vacinar, havia
sempre alguém que se levantava contra e criava as estórias mais mirabolantes
possíveis.
O número final desta doença é assustador, e faz um alerta sonoro para aqueles
que mal informados se dedicam a retransmitir informações falaciosas,
mentirosas, e que não se adequam ao problema maior que é relembrar a história
e verificar que ela tem algo a nos ensinar.
Considerações Finais
E de forma alguma isso pode ser tolerado em nenhuma hipótese, nem mesmo
como paródia (piada), nem como meio de se dirigir a pessoa, e rotula-la, por
preconceitos hoje não aceitos no mundo civilizado.
Não há como tolerar como país, sociedade e como pessoas mais este cordel de
impropérios falados sem haver ao menos uma manifestação contrária, se
opondo a este discurso que perdeu há muito o sentido.
Referências Bibliográficas
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DUARTE, Marcos. Breve Ensaio sobre o Nascimento da Biopolítica de Foucault.
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