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A invenção da normalidade
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Textoproduzidopara o Museu do Amanhã, em 2012.
essência, o desvio em relação a ele denunciava insucesso, falha,
degeneração.
A normalidade contestada
Não há como pensar numa sociedade sem normas. Por isso em toda
sociedade normas e antinormas serão responsáveis pela distribuição de
lugares sociais de reconhecimento e pela criação de espaços de exclusão.
Preconceito, intolerância e opressão são o efeito inevitável de qualquer
ordenamento humano com base em valores ─ o que inclui qualquer formação
social. Portanto, o melhor a fazer é manter aceso o debate em torno das
novas linhas de repartição entre normal e não-normal, ampliando as
possibilidades de construir um futuro com cenários ao menos mais
interessante do que os que possuímos no presente.
Não há um modo único de ser normal, porque não existe um tipo único
de corpo, assim como não há apenas um tipo de ambiente. A normalidade,
na vida biológica como na vida cultural, é apenas uma convenção transitória.
Os valores e sentidos que regem nossa existência se transformam junto com
nosso conhecimento das coisas e nosso desejo de inventar mundos mais
interessantes. Exercitar a imaginação e a invenção para produzir espaços
urbanos, tecnologias de uso pessoal e sentimentos compartilhados
favoráveis à aceitação do diferente, do outro, é a melhor maneira de imaginar
futuros mais próximos de nossas melhores intenções.