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UNIVERSIDADE LUSIADA DE LUANDA

MESTRADO EM CIÊNCIAS JURÍDICAS E EM CIÊNCIAS


ECONÓMICAS

EFEITOS DA EVASÃO FISCAL DAS EMPRESAS NA CIDADE DE


LUANDA DURANTE O PERIODO DE 2015 A 2020

ELABORADO POR:
Ivanov Teodoro Vicente Walaca

ORIENTADO POR:
Professor Poutor Adlézio Agostinho

LUANDA-ANGOLA
2023
UNIVERSIDADE LUSIADA DE LUANDA
MESTRADO EM CIÊNCIAS JURÍDICAS E EM CIÊNCIAS
ECONÓMICAS

EFEITOS DA EVASÃO FISCAL DAS EMPRESAS NA CIDADE DE


LUANDA DURANTE O PERIODO DE 2015 A 2020

Dissertação Submetida ao
Departamento Pós-Graduação
em Ciências Jurídicas e
Econômica para obtenção do
grau de Mestre em Direito
Económico.

LUANDA-ANGOLA

2023
DEDICATORIA
AGRADECIMENTO
LISTA DE TABELAS
LISTA DE GRAFICOS
LISTA DE QUADROS
EPIGRAFE

“Existem dois tipos de pessoas numa


nação: aqueles que pagam seus
impostos e aqueles que recebem e
vivem dos impostos.” Benjamin
Franklin (1706-1790)
RESUMO

A fuga ao fisco representa um problema antigo enfrentado pelas autoridades e,


desde então, vem sendo amplamente estudada a fim de ser eliminada. Para
melhor compreensão deste fenômeno é preciso estudá-lo sob diversos pontos
de vista, dentre eles o comportamental e o psicossocial. Na existência de um
conflito interno entre a decisão de pagar ou evadir, a Teoria da Dissonância
Cognitiva (TDC) explica que os indivíduos buscam meios para reduzir o conflito.
Esta dissertação objetiva Analisar Efeitos Evasão Fiscal sobre actividade
Economica , durante o período de 2015-2020. A amostra da pesquisa é
composta por 165 funcionarios das empresas em analise. Em relação aos dados
coletados, foi realizada uma análise descritiva, para identificar a associação
existente entre as variáveis coletadas. Entre os principais resultados, encontrou-
se que há dissonância cognitiva, mas que a mesma não exerce influência na
evasão fiscal em Angola. Isso quer dizer que, apesar da dissonância
experimentada, os indivíduos não permitem que ela influencie nas suas
decisões. Constatou-se que os principais fatores motivadores da evasão fiscal
são a corrupção e a percepção de má utilização das receitas tributárias. Contudo,
os respondentes se mantêm inclinados para a conformidade fiscal. A pesquisa
contribui para que as autoridades levem em consideração os fatores
psicossociais e comportamentais no combate à evasão fiscal.

Palavras-chave: Evasão Fiscal. Dissonância Cognitiva. Angola. Tributos.


ABSTRACT

Tax evasion represents an old problem faced by the authorities and, since then,
has been widely studied in order to eliminate it. For a better understanding of this
phenomenon, it is necessary to study it from different points of view, including
behavioral and psychosocial. In the existence of an internal conflict between the
decision to pay or to evade, the Theory of Cognitive Dissonance (CDT) explains
that individuals seek ways to reduce the conflict. This dissertation aims to analyze
the effects of tax evasion on economic activity, during the period 2015-2020. The
research sample is composed of 165 employees of the companies under
analysis. Regarding the collected data, a descriptive analysis was performed to
identify the existing association between the collected variables. Among the main
results, it was found that there is cognitive dissonance, but that it does not
influence tax evasion in Angola. This means that, despite the dissonance
experienced, individuals do not allow it to influence their decisions. It was found
that the main motivating factors of tax evasion are corruption and the perception
of misuse of tax revenues. However, respondents remain biased towards tax
compliance. The research helps authorities to take into account psychosocial and
behavioral factors in the fight against tax evasion.
Keywords: Tax Evasion. Cognitive Dissonance. Angola. Tributes
ÍNDICE
INTRODUÇÃO

Como nota introdutoria consideramos pertinente trazer a baila aspectos


inerentes Estado, que por sua vez, depende de receitas para o financiamento
de suas atividades. É por meio delas que se presta o atendimento das
necessidades coletivas da população.

Estas receitas são denominadas de tributos e são consideradas


elementos próprios à existência do Estado, pois financiam a prestação de
serviços públicos, infraestruturas que melhoram a produtividade e a
redistribuição dos rendimentos (Grzybovsk & Varvarigos, 2016).

O presente trabalho de investigação cientifica tem como finalidade a


obtenção do grau de Mestre em Direito Jurídico Económico, subordinado ao
tema: Efeitos da evasão fiscal sobre as empresas na cidade de luanda durante
o periodo 2015 a 2020, tema de relevante valor no âmbito público, em que
salientamos a importância da tributação como principal fonte de receitas
públicas.

O Estado para que possa desempenhar o seu papel de provedor do povo,


isto é garantir o bem - estar de toda a nação necessita de arrecadar receitas,
pois que não é possível realizar despesas sem que haja disponibilidade
financeira (receitas), e para garantir que haja tal disponibilidade o Estado faz o
uso da política fiscal, exigindo assim tributos aos seus cidadãos.

A tributação é um mecanismo criado pelas sociedades organizadas, que


consiste numa prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela
se possa exprimir, que não constitua sansão de acto ilícito, instituída por lei e
cobrada mediante actividade administrativa plenamente vinculada. Se de um
lado temos a imposição do Estado que obriga aos seus cidadãos o pagamento
de tributo, de outro temos alguns destes cidadãos que procurando se desfazer
destas obrigações recorrem a meios muitas vezes ilícitos, ao qual denominamos
de evasão fiscal ou fuga ao fisco.

Tal açcão torna a política do Estado ineficaz pois que com isto o Estado
não consegue arrecadar receitas suficientes para a satisfação das necessidades
colectivas. A dissertação será constituída por duas partes, uma parte teórica e

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outra empírica, na qual apresentaremos uma abordagem sobre a tributação no
seu âmbito geral, uma análise das causas que estão na base da evasão fiscal
das empresas, analisar os seus efeitos e reflexos nas Receitas arrecadadas na
cidade do Luanda, e finalmente, propor possíveis soluções que contribuem para
melhor Aplicação da Política Fiscal por formas a contribuir para o combate a
evasão fiscal.

Importa salientar que a evasão fiscal consiste em práticas que infringem


as leis, como o não pagamento de algum imposto ou fraude por parte do
contribuinte (Pilati & Theiss, 2016).

Para Frey e Torgler (2007), a decisão de evadir aos impostos não é


determinada apenas por considerações racionais avaliando o custo-benefício,
mas também por fatores e influências sociais e morais, que por sua vez, podem
ser moldados pela percepção que os contribuintes têm em relação aos outros
contribuintes cumprirem as obrigações fiscais.

Outrossim, é visto que o comportamento do contribuinte é influenciado por


fatores sociais e morais, deve-se observar o comportamento dos mesmos face
a decisão do não pagamento de algum imposto.

Há cidadãos que almejam cumprir as obrigações fiscais, portanto devido


a diversos argumentos e informações procuram maneiras de não cumprir com
as mesmas ou sentem-se tentados a evadir (Rocha, 2018).

Na tentativa de evasão, estes indivíduos podem se ver diante de um


conflito interno. A teoria da dissonância cognitiva explica que diante da
dissonância, ou seja, diante de um conflito, este mesmo indivíduo procurará
reduzir e evitar situações que aumentem a dissonância (Festinger, 1957).

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Problemática

A bono da verdade, levantar a tematica evasão fiscal é de suma


importancia por se tornar um dos principais factores responsáveis pela perda de
receitas fiscais nos mais variados tipos de impostos.

Considerando que em muitos casos, a actual situação económica e social,


não se deve essencialmente ao abrandamento da actividade económica mas sim
ao forte movimento de ilicitude fiscal, consubstanciando com a impunidade que
hoje se assiste na sociedade.

Desta forma, torna-se imprescindível encontrar alternativas para


minimizar os seus feitos nas receitas públicas, para tal, é necessário que se
eduque o cidadão sobre a responsabilidade de pagar impostos e que o judiciário
tome de facto o seu lugar e exerça o seu poder, nos termos da Constituição e da
Lei. Os objectivos que aqui se plasma é o de abordar as várias formas em que
esta fraude pode consubstanciar-se.

Por conseguinte, podemos ter uma constituição a certos níveis credível,


que consagra a separação de poderes, direitos, liberdades e garantias, podemos
ter boas leis, decretos-lei e outros regulamentos, mas sem a aplicação das
mesmas pelos agentes da Policia Nacional, Magistrados do Ministério Público e
do Judicial, bem como o cumprimento das mesmas pela sociedade no geral,
para nada serve.

Pergunta de Pesquisa

 Quais são as causas que estão na base da evasão fiscal por parte das
empresas na cidade de Luanda?

Hipótese

Assim sendo, traçamos as seguintes hipóteses que dão respostas ao nosso


problema:

As causas que estão na base da evasão fiscal por parte das empresas na cidade
de Luanda?

 H1 : Falta de fiscalização dos orgão reguladores;

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 H2: Desconhecimento das funções do estado e o não cumprimento das
obrigações tributárias;
 H3: Os comportamentos fiscalmente evasivos e fraudulentos.

Objectivo

Objectivo geral

 Analisar Efeitos Evasão Fiscal sobre actividade Economica , durante o


período de 2015-2020.

Objectivos específicos:

 Identificar os factores condicionantes da Evasão fiscal;


 Identificar as Normas legais que garantem o Combate a Evasão Fiscal na
actividade económica em Angola;
 Caracterizar as normas legais que garantem o Combate Evasão Fiscal na
actividade económica em Angola;
 Conhecer as razões que levam as empresas a fuga ao Fisco;
 Propor possíveis soluções que contribuem para melhor Aplicação da
Politica Fiscal Sobre actividade económica por formas a contribuir para o
combate a evasão fiscal com vista a garantir uma boa qualidade de vida
para Angolanos.

Justificativa da pesquisa

A escolha do tema “efeitos da evasão fiscal das empresas na cidade de


luanda durante o periodo 2015 a 2020”, deve-se ao facto de verificarmos um
dilema entre o objectivo do Estado e o objectivo dos particulares, de um lado
temos o interesse em promover o bem - estar comum e do outro lado apenas o
interesse de maximizar a sua riqueza individual respectivamente.

Assim, esta investigação justifica-se por procurar promover um ponto de


entendimento entre os interesses do Estado e dos particulares, dando maior
conscientização a população do seu contributo para a melhoria das suas próprias
condições de vida.

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CAPITULO I – FUNDAMENTAÇÃO TÉORICA

O referido capítulo, aborda os conceitos teóricos fundamentais,


desenvolvidos com maior profundidade sobre a temática em causa, resultante
de um longo processo de pesquisa com base em aspectos teóricos, históricos e
técnicos com relevância para o trabalho.

1.1. Definição de termos e conceitos

Para perceber o desfecho total da evasão fiscal, é crucial encarar a


evasão fiscal sobre duas perspectivas: o ponto de vista governamental e o ponto
de vista do sonegador fiscal (Ozili, 2020).

A evasão fiscal é um padrão ilegal de redução fiscal e que mostra um


grande combate para as entidades governamentais em respeito a sua
identificação e abolição. Por tanto, ainda que seja considerada ilegal e esteja
sujeita à censura, não impede a transgressão das leis (Mihóková & Kralik, 2018).

O procedimento do contribuinte pode ser visto como produto de um


cálculo racional, produto de uma avaliação criteriosa dos custos e benefícios da
evasão fiscal”. (Siqueira & Ramos, 2005, p. 556),

Os contribuintes têm duas formas de reduzir sua carga tributária, a elisão


ou a evasão fiscal (Pilati &Theiss, 2016).

A elisão fiscal envolve a redução de impostos de formas não previstas


pelos legisladores, mas não claramente definidas e proibidas por lei (Siqueira &
Ramos, 2005).

Muitas vezes, envolve a escolha da dedução fiscal legal mais fácil.


(Carvalho et al., 2013).

A evasão fiscal é uma manifestação mundial que representa um mistério


milenar para as autoridades fiscais, que por sua vez prejudica o funcionamento
da economia. Devido à sua natureza ilegal, é inerentemente difícil de medir,
dificultando a compreensão do fenômeno. complexidade ( Cruz et al., 2018; La
Feria, 2020).

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Entretanto, a manifestação da evasão fiscal vem sendo amplamente
estudado ao logo do tempo, tanto em termos de seus fatores implícitos, mas
também do ponto de vista social, comportamental e estrutural (Cristea et al.,
2020).

A evasão fiscal é uma atividade ilegal que visa reduzir a carga tributária.
(Mihóková & Kralik (2018)

Trata-se de uma atividade ilegal que afeta não apenas os países em


desenvolvimento, mas também os desenvolvidos (Bethencourt; Kunze, 2018) e,
portanto, deixa de arrecadar recursos significativos para a prestação de serviços
básicos à população (Korndörfer &Schmukle, 2014).

Sob o mesmo ponto de vista, Torgler (2005) acrescenta que a evasão


fiscal reduz a capacidade do governo de fornecer serviços adequados e realizar
os investimentos necessários ao bom desempenho de suas funções.

Segundo Fochmann e Wolf (2019), para garantir o comprometimento do


contribuinte é necessário analisar criteriosamente as decisões sobre quem e o
que auditar e para isso é importante um sistema tributário eficiente.

As inadequações no próprio sistema tributário são um dos fatores que


contribuem para a evasão fiscal (Carvalho et al., 2013), e muitos países em
desenvolvimento carecem de boa capacidade institucional e de um grande setor
informal, de modo que não podem responder efetivamente à redução da evasão
fiscal melhorando tributação (Epaphra & Massawe, 2017).

Tão importante quanto melhorar o sistema tributário, lembre-se que a


tributação também depende da confiança no governo, estabilidade pública,
administração organizada e satisfação do contribuinte (Epaphra & Massawe,
2017).

Vários argumentos e razões são utilizados para justificar a evasão fiscal,


nomeadamente desvio de dinheiro dos impostos, injustiça do sistema tributário,
elevada carga fiscal, percepção de desperdício ou mau uso do dinheiro recebido,
percepção de desigualdade, falta de honestidade no governo, corrupção, etc.
(Ozili & Poço, 2013).
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No entanto, boa governança, boas instituições governamentais e
administração tributária eficaz fazem com que um país tenha um sistema
tributário eficiente, o que, por sua vez, aumenta a disposição dos contribuintes
para pagar impostos, a ética tributária e permite que a população pague impostos
de maneira eficiente. Epafra & Massavi, 2017).

A ética tributária é a normas social internalizadas de conformidade fiscal,


que ampliam os custos incorridos pelos sonegadores para incluir não apenas
multas quando pegos, mas também certas considerações não pecuniárias.
(Bethencourt & Kunze, 2018)

Varvarigos (2016) acrescenta que esse custo adicional não monetário é


psicológico, envolvendo a vergonha, a dor e os danos à reputação que podem
resultar da exposição de suas transgressões.

Em países com baixa moral tributária, a evasão fiscal é considerada um


comportamento aceitável por indivíduos que observam que outros na sociedade
não pagam impostos e, portanto, consideram razoável e razoável não pagar
impostos (Kemme & Sandmo, 2005).

1.2. Contextualização

Embora o eminente estudioso italiano Victor Ukemar1 aponte para a


existência de diversos fatos que tendem a sugerir que o princípio da legalidade
remonta a uma época anterior, é certo que o surgimento da legalidade como
regra escrita do direito, no sentido clássico Acima, “os sujeitos da carga tributária
devem, por meio de seus representantes, concordar previamente em impô-la”, o
que aconteceu na Carta Magna durante o reinado de João Sem Terra.

Reza a lenda que, devido à pesada carga de tributos, os nobres pegaram


em armas contra D. João Sem Terra, procurando enfraquecer o poder deste
último, sobretudo no que diz respeito às formas excessivas como cobrava
tributos.

11UCKMAR, Victor. Princípios comuns de direito constitucional tributário. 2. ed. São Paulo: Malheiros,
1999, p. 21-24.

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De acordo com o artigo 12 da Carta Magna, a aprovação do subcomitê
era obrigatória para solicitações de assistência fiscal ou financeira. "

Logo, o referido Conselho também passou a ter o direito de conhecer o


uso dos recursos que autorizava a exercer, tornando-se, posteriormente, um
verdadeiro órgão de representação popular como a Câmara dos Comuns.

Em junho de 1788, na França, em 3 de setembro de 1791, a legalidade


foi elevada aos princípios básicos da Constituição. De fato, o Artigo 1, Seção 8
da Constituição dos Estados Unidos, conforme também previsto na Magna Carta
da Bolívia, "dá ao Congresso, o corpo de representantes do povo, o direito
exclusivo de decidir e cobrar execuções, impostos e taxas". permissão
explícita.Outro momento de consagração do Princípio da Legalidade foi com a
Declaração de Direitos, do ano de 1789, que, também exigia a instituição de
impostos por meio de órgãos de representação popular.

Deve-se lembrar também que, devido à complexidade das burocracias


estatais modernas, o princípio da legalidade não pode mais ser visto apenas nos
termos de sua noção clássica, qual seja, a necessidade de consentimento
popular.

Hoje, esse princípio deve ser visto como garantia de estabilidade,


segurança e transparência nas relações entre contribuintes e Estados. Por fim,
também é importante mencionar que o princípio da legalidade existe em
praticamente todas as cartas políticas existentes, v.g., China, Dinamarca2,
Luxemburgo3, Paraguai 4 etc.

2 Art. 46. Nenhum imposto por ser instituído, modificado e suprimido a não ser por lei [...].” (UCKMAR,
1999, p. 36)
3 Art. 99. Nenhum imposto a favor do Estado pode ser introduzido a não ser por uma lei.” (UCKMAR,
1999, p. 37)
4 Art. 44. Nadie estará obligado al pago de tributos ni a la prestación de servicios personales que no hayan
sido estabelecidos por la ley.” (Oliveira Júnior, 2000, p. 29)

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1.3. A Economia e os Impostos

Nas economias modernas, os impostos sobre o consumo e o rendimento


afectam o crescimento económico. Para Bujanget al. (2013), a tributação tem um
impacto negativo no investimento e conduz a um abrandamento do crescimento
económico de um determinado país.

De acordo com Elena (2015), a cobrança de impostos e contribuições sociais


permite ao Estado implementar políticas de desenvolvimento económico e
social.

Para que um Estado possa assegurar padrões económicos e sociais que


garantam o bem-estar dos seus cidadãos, deve existir uma relação direta e forte
entre os impostos cobrados e as necessidades dos cidadãos em causa. (Elena,
2015a)

No entanto, factores subjectivos como o nível de analfabetismo e decisões


inconsistentes de promoção do desenvolvimento económico e social devem ser
sempre tidos em conta numa análise deste tipo.

1.4. Grau de fiscalidade dos países em via de desenvolvimento

Existem diferenças significativas a longo prazo entre os países desenvolvidos


e os países em desenvolvimento no que respeita aos níveis de tributação e ao
desempenho económico. (Bujang et al., 2013).

Os indicadores do denominador fiscal nos países em desenvolvimento, como


o produto interno bruto (PIB), a poupança bruta e o investimento directo
internacional, são afectados pelo sistema fiscal e têm um impacto negativo no
crescimento económico.

Estes indicadores não são afectados pelo comércio internacional. Nos países
em desenvolvimento, verifica-se o contrário: o PIB, a poupança bruta e o IDE
internacional não são afectados pela política orçamental, mas sim pelo comércio
internacional (Sari et al., 2013).

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De acordo com Kedir (2014), as receitas fiscais em percentagem do PIB nos
países em desenvolvimento, como Angola, são tipicamente inferiores a 15% do
rendimento dos países mais ricos do mundo.

O autor considera que tal se deve à prevalência da economia paralela, à


ineficácia da cobrança de impostos, à evasão e à fraude fiscais.

Segundo Castro & Camarello (2015), estes indicadores são os principais


factores explicativos da pressão orçamental e são mais relevantes nos países
em desenvolvimento, onde os governos estão mais preocupados com o
crescimento económico, a especialização da produção, o nível de IDE, o
comércio externo, a dívida pública, a estabilidade política, a educação, a saúde
e o crescimento económico.

De acordo com Sari et al (2015), os países em desenvolvimento podem


superar os desafios que enfrentam aumentando a competitividade e a vantagem
competitiva através de incentivos.

Para os autores, a política fiscal é também um dos factores incentivadores, e


os seus efeitos podem resultar no seguinte:

 A potencial perda dos impostos: a curto e médio prazo, os Estados


perdem impostos que afectam as receitas globais, mas o fundamental é
que esta perda deve ser considerada como temporária;
 As perdas de receitas fiscais a curto e médio prazo assegurarão o
crescimento económico ao longo prazo e incentivarão o efeito
multiplicador da economia e seguido do aumento das receitas fiscais.

Portanto, esta teoria ilustra a contradição entre o Estado e os contribuintes.


O Estado quer reduzir a sua dependência da ajuda externa, sobretudo da dívida,
e aumentar a despesa pública no domínio social e económico, mas para atingir
estes objectivos tem de pressionar os contribuintes a cumprirem as suas
obrigações fiscais, e os contribuintes que não concordam com as suas
obrigações fiscais reagem de forma pouco ética perante o fisco.

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1.5. Comportamento dos contribuintes

Os contribuintes beneficiam de bens públicos produzidos e fornecidos pelas


autoridades públicas, como hospitais e escolas, pelo que é natural que os
contribuintes paguem impostos (Ganglet al, 2015).

No entanto, de acordo com Mas'udet al. (2014), o cumprimento fiscal é


geralmente explicado por uma obrigação legal de pagar impostos quando o
pagamento de impostos é exigido por lei.

Com efeito, o não pagamento dos impostos sujeita o contribuinte a um


controlo fiscal e a sanções por eventuais irregularidades.

Para Gongl et al. (2015), o comportamento dos contribuintes é resultante das


suas expectativas, isto é, em função dos bens produzidos e fornecidos pelos
Estados.

Para Kedir (2014), em situações, em que estes bens não satisfazem as


necessidades esperadas, os contribuintes adoptam comportamentos pouco
éticos para fazer face à obrigação fiscal.

Para Mas´udet al. (2014), a essência do pagamento do imposto, sem esforçar


os contribuintes seria a melhor forma, porque resultaria de um contrato entre os
contribuintes e o fisco.

Mas para Kedir (2014) e Gangl et al. (2015), existe um dilema entre o
pagamento e não pagamento dos impostos, em que este dilema seria
ultrapassado, caso os governos apresentassem confiança nas suas acções a fim
de promoverem a justiça e a igualdade fiscal.

De acordo com Gangl et al. (2015), para ultrapassar este dilema social e
garantir um elevado nível de confiança do público, as autoridades fiscais
recorrem a duas medidas.

Em primeiro lugar, a implementação de medidas destinadas a reduzir as


iniciativas de comportamento inaceitável contra as autoridades fiscais através de
auditorias fiscais e sanções; e, em segundo lugar, a promoção de medidas que

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incentivem um elevado nível de confiança entre as autoridades fiscais e os
contribuintes.

1.6. Evasão fiscal

O aumento das receitas fiscais é uma prioridade para a maioria dos países
africanos. O aumento das receitas é uma forma de os governos africanos criarem
espaço orçamental e prestarem serviços públicos essenciais aos seus cidadãos,
bem como de reduzirem a sua dependência da ajuda externa e da produção
monopolista (Ali et al., 2014).

Ainda os autores salientam que as bases fiscais dos países africanos estão
minadas em geral pela evasão fiscal.

A evasão fiscal causa graves problemas à maioria dos países africanos e os


seus efeitos afectam a maioria da população em benefício de uma minoria. Além
disso, resulta numa transferência de recursos financeiros dos países africanos
para os países desenvolvidos através desta via, em detrimento dos recursos
financeiros destes países, em maior ou menor grau (Kedir, 2014).

De acordo a Ledoux (2012), na atual conjuntura económica, aumentar o nível


de tributação é uma tarefa difícil para a manutenção do desenvolvimento
económico.

Isto porque os indivíduos e as empresas procuram formas de obter maiores


lucros, maior liberdade no desempenho dos seus negócios e maiores vantagens
sobre as oportunidades oferecidas pela conjuntura económica.

Nessas situações, a elevada tributação dos rendimentos dos contribuintes


conduz a fluxos de capitais para países com impostos baixos. A evasão fiscal é
um fenómeno económico e social muito importante no estudo de situações de
forte cooperação internacional e de desenvolvimento entre Estados com regimes
fiscais diferentes (Rizea et al.)

De acordo com Grgic'eTerzic' (2014), este fenómeno decorre da fragilidade


dos sistemas fiscais e do nível de desenvolvimento de cada país, ocorrendo em
todas as sociedades do mundo. Por isso, a análise não deve incluir apenas a
situação económica, mas sim alguns dos factores que explicam este fenómeno.

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1.7. A evasão fiscal entre a legalidade e a criminalidade

A evasão fiscal é geralmente um ato ou uma operação legítima, mas o direito


fiscal classifica-a como não legítima em função do conteúdo da realidade
económica subjacente. Já a evasão fiscal é ilegal ou criminal, quando a
diminuição da carga tributária pode concretizar-se através do que se designa por
fraude fiscal (Pereira, 2013).

De acordo com Miskam et al. (2013), a evasão fiscal é um ato ilegal em que
o contribuinte não declara intencionalmente os seus rendimentos reais e é
tratada pelas autoridades fiscais como uma infração penal.

Não existe consenso sobre o conceito de evasão fiscal e são necessárias


visões interdisciplinares para traçar as fronteiras entre o direito e a economia.
Tal deve-se à multiplicidade de termos como fraude fiscal, fraude fiscal
legalizada, evasão fiscal internacional e abuso de direito, o que dificulta a
interpretação efectiva do fenómeno (Lazar, 2013).

Ainda o autor acrescenta que, evasão fiscal hoje toma uma linha entre o lícito
e o ilícito.

1.7.1. Causas da evasão fiscal

Pode dizer-se que a evasão fiscal é determinada pela própria existência


do imposto e pelo desejo natural da população de minimizar a carga fiscal
(Pereira, 2013; Grgic'e Tarzic, 2014).

As razões da evasão fiscal dividem-se em quatro categorias: razões


políticas, razões económicas, razões psicológicas e razões técnicas.

Lewis (2006) acrescenta que a evasão fiscal também pode ser explicada
por aspectos culturais, confiança e religião.

Um estudo realizado por Ismael et al (2014) sobre a evasão fiscal em


África concluiu que grande parte das razões para a evasão fiscal pode ser
claramente atribuída à corrupção e à incapacidade de vários dirigentes aplicarem
corretamente as leis fiscais.

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De acordo com Lazar (2013), uma das semelhanças da evasão fiscal nos
países deste continente é o resultado de um sistema fiscal ineficiente; outra é o
facto de os contribuintes verem a evasão fiscal como um comportamento normal
e uma consequência das normas sociais.

Para Stankeneius e Leonas (2015), um factor fundamental da explicação


da evasão fiscal é o nível de insatisfação dos contribuintes em função dos
serviços prestados pelos Estados.

Para Mawejje e Okumu (2014), as características da envolvente dos


negócios tais como: a má gestão dos fundos públicos, a burocracia e a
ineficiência da aplicação das leis, são as causas da evasão fiscal.

De acordo com Christansem (2012), existem várias barreiras nos sistemas


fiscais africanos que criam uma pobreza progressiva no sistema fiscal. Estas
barreiras incluem o sector informal, o poder político e a riqueza de algumas elites
que estão isentas de impostos.

1.8. Grau de evasão fiscal nos países em via de desenvolvimento

O conceito de taxa de evasão fiscal parte do princípio da determinação da


taxa de tributação, que é o rácio entre o montante total dos impostos cobrados e
um dos indicadores económicos, como o PIB ou o PNB, multiplicado por 100%.

Com base nesta relação, pode dizer-se que o nível de evasão fiscal é
calculado a partir do rácio entre o montante total dos impostos devidos devido à
evasão ou à fraude fiscal e qualquer um dos indicadores económicos, como o
PIB ou o PNB, multiplicado por 100%.

De acordo com Kedir (2014), a perda potencial de receitas fiscais da


economia paralela em África está estimada em 62,2 dólares, quando a economia
informal representa 41% do PIB.

Foi igualmente demonstrado que o grande peso da economia informal em


alguns países africanos conduziu a perdas significativas de receitas fiscais,
especialmente em países como Angola, Botsuana, Camarões, Gana, Costa do
Marfim, Quénia, Senegal e Zâmbia (Omar & Zolkaflil, 2015).

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De acordo com Omar e Zolkaflil (2015), a evasão fiscal por parte das
empresas multinacionais é a principal razão para as baixas receitas fiscais nos
países em desenvolvimento.

Mawejje et al. (2008) concluíram que a dimensão do sector informal, os


baixos níveis de educação e a economia paralela explicam os elevados níveis
de evasão fiscal, mas o principal problema é que estes factores não explicam
claramente as razões do comportamento das empresas que operam no mercado
informal.

1.9. Problema de evasão fiscal em Angola

A fraude fiscal tem surgido como matéria prioritária de consultadoria da


administração tributária e da justiça em geral. A corrupção inevitavelmente
distorce as atividades de vários atores econômicos, limita a capacidade de
prestação de serviços e a dimensão social do governo e leva a um aumento da
carga tributária suportada pelos contribuintes cumpridores.

Na prática, a evasão e a fraude fiscais sustentam a chamada economia


paralela, tornando mais difícil a construção de estados constitucionais sociais e
levando implicitamente ao aumento de déficits e dívidas.

Portanto, Os artigos 172.º e 173.º da Lei 21/14 da Lei Geral Tributária


(CGT), assim, são convertidos em pena de prisão por incumprimento de
obrigações fiscais, tendo em conta o que infra se refere:

 Quem, visando a não liquidação, entrega ou pagamento de prestação


tributária, falsifique, vicie documentos ou incorra em simulação de acto ou
negócio jurídico e tiver obtido, em virtude da falsificação, viciação ou
simulação, uma vantagem patrimonial ilegítima é punível com pena de
prisão de 6 (seis) meses até 3 (três) anos ou pena de multa 360 (trezentos
e sessenta) dias;
A fraude fiscal pode ter lugar por:
 Ocultação ou alteração de factos ou valores que devam constar dos livros
de contabilidade ou escrituração, ou das declarações apresentadas ou

27
prestadas a fim de que a administração tributária especificamente
fiscalize, determine, avalie ou controle a matéria colectável;
 Ocultação de factos ou valores não declarados e que devam ser revelados
à administração tributaria; Celebração de negócios simulados, quer
quanto ao valor, quer quanto a natureza, quer por interposição, omissão
ou substituição de pessoas.
 Os factos previstos nos números anteriores, não são puníveis
criminalmente se a vantagem patrimonial ilegítima for inferior a kz
1.500.000.00;
 Os valores a considerar, para efeitos do disposto nos números anteriores,
são os que, nos termos da legislação aplicável, devam constar de cada
declaração a apresentar à administração tributária.

1.9.1. Medidas de prevenção da evasão fiscal por parte da administração


Tributária angolana

Podemos Destacar as seguintes medidas de prevenção:

 Reforço das medidas de controlo dos investimentos privados com isenção


de impostos;
 Agravamento de multas para os infratores;
 Imposição de taxas liberatórias a factos patrimoniais pouco claros ou sem
o pagamento do respetivo tributo;
 Obrigatoriedade de emitir fatura e documento equivalente;
 Reforço das medidas de combate ao branqueamento de capitais, nos
termos das convenções internacionais dais quais a angolana é membro;
 Reforço das medidas de segurança e vigilância nos postos fronteiriços;
 Reforço dos efetivos da administração fiscal com especialidade em
matéria de Fiscalidade,Contabilidade,Auditoria,Direito,Economia,Etc;
 Suspensão do Nif para os contribuintes que tenham dividas tributarias há
mais de (um) ano, caso não regularizem a sua situação fiscal acarretando,
desta forma as seguintes consequências:
 Impossibilidade de realizar exportações;
 Impossibilidade de tratar de embaraço aduaneiro no caso de importações;

28
 Impossibilidade de poder enviar remessas para o exterior nas operações
de invisíveis correntes; -Impossiblidade solicitar vistos de trabalhos;
 Propostas de alterações legislativas de acordo com a realidade fiscal do
país.

1.10. O Estado de Direito e Princípios da Legalidade Fiscal em Angola

Os artigos 101.º12 e 102.º13 do CRA demonstram a necessidade jurídica


dos princípios da legalidade tributária ao afirmarem que os impostos só podem
ser criados por lei. Não se trata aqui de discutir a abrangência do significado de
legalidade.

No ensino e na jurisprudência contemporâneos há um consenso de que


os princípios em questão abrangem não só os jurídicos, mas também os
constitucionais conferem alto grau de subjetividade às instituições que controlam
a ação administrativa ( apesar da existência e crescente consciência de técnicas
hermenêuticas constitucionais). da força normativa do princípio).

Fala-se até hoje em vincular a administração à legalidade e não mais à


legalidade. Mas tratarei das tentativas de esclarecer o conceito geral que prega
a existência da afirmação de que o direito próprio prevalece sobre as normas
emanadas do poder executivo, como se fosse uma norma da natureza do
legislativo. Normas decorrentes do poder regulador.

Citando Norberto Bobbio, Odete Medauar lembra que a democracia se


caracteriza por um conjunto de regras que determinam quem tem poderes para
tomar decisões coletivas e por quais procedimentos. Ao contrário do que muitos
advogados têm argumentado, parece incontroverso que a representatividade do
poder legislativo é ``um pouco'' maior do que a do poder executivo ou da
corporação5.

5 Este facto é bastante ilustrativo em debates no emicículo, visto que mesmo depois do alcance da paz em
2002, mesmo com a inauguração de uma estrutura moderna da Assembleia Nacional, não existe vontade
de se transmitir os debates, para que o povo que o elegeu possa apreciar os conteúdos em debate, facto que
depois da conquista de um país democrático em 1992, se fazia. O pior, é a submissão aos jornalistas numa
sala pequena sem acesso ao emiciculo, tendo apenas algumas telas que vão transmitindo algumas imag ens

29
Os mesmos vícios que podem prejudicar o Poder Executivo ao minar a
representatividade de sua conduta normativa, e constantemente invocados
pelos defensores do sentido formal do princípio da legalidade, são os mesmos
vícios que o Legislativo frequentemente encontra na elaboração de atos formais
leis.

Também é importante observar que o Poder Legislativo não está imune


a tais atos ilícitos, pois teoricamente tem mais representantes do que o Poder
Legislativo.

Além disso, deve-se observar que os atos normativos emanados dos


poderes executivos podem ser formulados por mais representantes. Nesse
contexto, o que é que a lei em sentido estrito é superior aos atos normativos
emanados do poder executivo?

Para tanto, precisamos entender as prerrogativas previstas na Carta


Magna como obrigações relativas que atingem também os atos normativos não
legislativos dos representantes democraticamente eleitos.

1.10.1. Princípio da Obrigação Fiscal e Direito à Eficiência Fiscal

A fiscalidade visa satisfazer as necessidades financeiras dos governos e


outras instituições públicas e assegurar uma distribuição equitativa dos
rendimentos e da riqueza (artigo 88.º do CRA).

Esse dever fundamental não pode, nos conceitos atuais, ser entendido
como um dever constitucional meramente obrigando os contribuintes a contribuir
com os gastos públicos por meio do pagamento de seus tributos, e estende-se
às próprias instituições públicas, e exigiu papel ativo em sua elaboração..

A violação deste dever essencial para a consecução dos objectivos


nacionais pode ser assegurada pela aplicação de sanções penais, como afirmam

e estes retransmitirem para o país no geral. Este comportamento e outros, observados por investidores
estrangeiros, inibe o investimento no país, não havendo investimento a produção baixa e sem produção não
há impostos, sem produção não há impostos, sem impostos, não há receitas do Estado, porque é a
Assembleia Nacional que deveria dar os primeiros passos de transparência ao cidadão e não só.

30
Canotilho & Moreira, (2007, 1088): . Relevância constitucional do sistema
tributário.

Na observação explícita de Vítor Faveiro, ``Se é claro que as


necessidades colectivas devem ser satisfeitas passivamente, é essencial o
Estado ou a comunidade política ou administrativa organizada para o efeito.

E como as partes individuais das necessidades coletivas são atendidas


passivamente, i.H. se o indivíduo não precisar criar ou buscar os meios, bens ou
serviços a ele destinados, o país ou o correspondente É essencial, lógico e lícito
que cada indivíduo seja obrigados a participar da criação, manutenção e ações
pelas quais as autoridades públicas são responsáveis.

Esta obrigação é baseada na parte da função financeira do governo que


é ou é atribuível a impostos.

Do ponto de vista constitucional, esta doutrina expõe os perigos da


descontrole e da sobretributação, enriquecendo a elite política, econômica e
financeira em detrimento do trabalho árduo, em vez de servir à finalidade
constitucional do estado de bem-estar. e dela decorrem os direitos gerais e
especiais de autonomia individual que servem para minar as desigualdades
sociais.

A responsabilidade tributária fundamental interpreta o preço da nossa


cidadania como uma manifestação de obrigações de todos por todos com base
no princípio da capacidade contributiva, e também configura o direito dos
cidadãos à eficiência administrativa tributária para todos os contribuintes. apoio
Cargo financeiro público do estado de bem-estar.

Noel Gomes, defende “A responsabilidade tributária fundamental é


apresentada como uma dúbia obrigação constitucional decorrente de uma
obrigação geral de solidariedade na esfera econômica, política e social..

O contribuinte regular é o titular do direito à validade do imposto, pelo que


as autoridades fiscais (princípio da investigação) atribuem particular importância
ao princípio da legalidade de modo a não impedir a possibilidade de suborno no

31
processo penal tributário. obrigação de agir. Representando o princípio
constitucional da isonomia financeira do contribuinte.

1.11. Componentes do direito penal.

A lei classifica como infrações penais determinadas infrações fiscais, que


são consideradas particularmente graves e estão sujeitas a pena de prisão ou
multa nos termos do artigo 176.º da CGT.

Da mesma forma, a Lei também é um excelente exemplo de uma série de


infrações não fiscais puníveis com multas que não podem substituir a prisão nos
termos da seção 65 do CRA, como a seção 201 dos Princípios Fundamentais da
CGT, que constituem o Código Penal.

Correia, (2010, p.1) começa por definir o direito penal como "um conjunto
de normas jurídicas que estabelecem os pressupostos para a aplicação de
determinadas respostas jurídicas: respostas penais que incluem penas e outros
tipos de medidas, que incluem, por por exemplo, a chamada medida de
segurança”.

Com efeito, o direito penal tem como principal função proteger os bens
jurídicos e reintegrar os agentes na sociedade. Considerando os princípios
fundamentais da legalidade descritos por Dias, (2012, p. 177), “os rígidos
princípios fundamentais da legalidade, cujo conteúdo essencial é que os crimes
e penas que não cumpram o resultado é que a lei por si só , e somente a lei, é
responsável por estabelecer os limites entre a atividade criminosa e a lícita. A
culpa, em qualquer caso, pode transcender a situação.

Importa, por isso, referir Costa, (2010). O direito penal, disse ele, é
construído sobre duas realidades fundamentais e inseparáveis: crime e punição. 6

6 Quanto à natureza jurídica do direito penal tributário, no ensinamento dos autores, Alécio Adão Lovatto
e Susana Aires de Sousa, existem quatro correntes teóricas, quais sejam: a teoria administrativa, a tributária,
a dualista e, por fim, a teoria penalista. A teoria administrativa entende que o ilícito fiscal preenche todas
as características próprias do ilícito administrativo, desta maneira o direito penal tributário cuidaria,
fundamentalmente, de infrações administrativas. As condutas, reguladas pelo direito penal tributário,
seriam ofensivas meramente a normas instrumentais, não havendo subversão ao ordenamento nem ofensa

32
Nesse sentido, ampliou-se o alcance jurídico do Código Penal. Ou seja,
ao nível da relação entre crime e pena, surgiu outra que afeta a crise do direito
penal através de medidas de segurança.

Para entender essa segunda relação, precisamos enfatizar a definição de


risco criminal. Para Ferreira, (2010, p. 15), afirma: “Risco de crime é a
probabilidade de um crime futuro”.

Neste sentido, para Dias, (2011, p.414), “medida de segurança é qualquer


resposta criminosa, apreendida ou não, associada à incumbência de agentes de
ilícitos típicos, finalidade das suas instalações e contramedidas, pelo menos
prioritariamente para efeitos de defesa social relacionada com os seus perigos e
especial prevenção, seja na forma de pura segurança ou de (re)socialização.

O objetivo das sanções penais (punição e medidas de segurança)


resultantes da prática de um ato objetivamente ilícito é, portanto, mais completo
e composto por dois aspectos importantes: prevenção geral (proteção de bens
jurídicos); positiva no sentido) e prevenção específica (no sentido sentido de
proteger interesses jurídicos). sentido de reintegração dos agentes na
sociedade).

Como tal, estes são os valores fundamentais que o Congresso pretende


que sejam concretizados no sistema de justiça criminal de Angola.

1.12. Relação entre Direito Penal e Direito Tributário - Direito Penal

de bens jurídicos fundamentais, por isso a sua natureza administrativa. As infrações fiscais, ao atingirem
bens coletivos do Estado, não teriam nada de semelhante com as infrações penais comuns, que atingem
bens individuais, estas seriam imorais, enquanto aquelas, apenas infrações de ordem. Deste modo, as
consequências jurídicas dos ilícitos tributários, pela óptica da teoria administrativa, deveriam ser apenas
sanções pecuniárias e jamais, penas privativas de liberdade. Segundo a teoria tributa rista, o direito tributário
possuiria uma unidade e especificidade que impediriam a sua desintegração em ramos autônomos. O direito
penal tributário, por ser um ramo do direito tributário, seria parte integrante desta unidade, e a tipificação
dos delitos fiscais, com a consequente cominação de penas, seria mera derivação do poder tributário do
Estado. Sob a visão desta teoria, o direito penal tributário seria, por natureza, um direito tributário penal, e
não ao contrário, na medida em que tem raízes tributárias e não, penais. (Lovatto, 2000, p. 26-29; AIRES
de Souza, 2006, p. 241-255)

33
Segundo Nabais, (2003), existe uma relação clara e importante entre o
direito penal e o direito tributário. Pois o primeiro foi formado e desenvolvido no
valor da liberdade, o último no valor da propriedade.

Dado que os valores acima referidos são também direitos fundamentais


em qualquer Estado de Direito, podemos assim afirmar que estamos perante
duas jurisdições que são 'gémeas'”.

No direito tributário, como no direito penal, suas normas visam


reconhecer certos tipos de comportamento, representados por ação ou omissão,
como contra-ordenações e fixar as sanções cabíveis.

Portugal tem modernizado o seu sistema fiscal e os serviços de


segurança social nos últimos anos, utilizando meios informáticos para reduzir o
nível de evasão fiscal ilegal, aumentando significativamente o risco de sanções
para os contribuintes em incumprimento.

Como resultado, as receitas fiscais e previdenciárias aumentaram uma


em relação à outra, indicando que em algumas áreas o efeito preventivo geral
depende muito da eficiência administrativa na aplicação do direito penal.

Ao mesmo tempo, no entanto, a falta não essencial de sentimento público


correspondente à “responsabilidade tributária fundamental” da seção 88 do CRA,
que uma proporção significativa de contribuintes ainda considera como uma
responsabilidade menor, é combinada com a noção de injustiça. Tem sido. Na
cobrança de receitas públicas pelos servidores públicos, a utilização compulsória
da dívida fiscal para gerar as receitas necessárias à cobertura dos diversos
encargos financeiros actualmente suportados pelo Estado Social, ou seja, os
relacionados com a saúde, a educação, etc. direito penal como instrumento de
cobrança eficaz. , investimentos, pensões e benefícios.

O professor Carlos Rosado de Carvalho diz em artigo na revista Expansão


que a lei penal tributária exige intervenção criminal. Os contribuintes, sejam
pessoas físicas ou jurídicas, se empenham em aumentar seus rendimentos.
Como tal, os contribuintes muitas vezes evitam, de forma consciente e
intencional, pagar suas contas fiscais – sua alta carga tributária existente.

34
Ao mesmo tempo, a complexidade da legislação tributária não permite
que os contribuintes cumpram rigorosamente suas obrigações tributárias. Isso
ocorre porque os contribuintes geralmente não entendem suas obrigações
fiscais e as autoridades fiscais não estão dispostas a controlar todos os
contribuintes, facilitando assim a evasão fiscal.

Ao praticar atos de sonegação e fraude fiscal, classificados legalmente


como fatos típicos e ilícitos, o colunista auxilia os contribuintes a garantir a
isonomia e a legalidade dos tributos, a justa distribuição de renda e riqueza, e
disse estar deliberadamente violando os princípios básicos da sociedade.
Solidariedade e solidariedade financeira.

Portanto, como parte da reforma tributária em curso neste país, a questão


dos crimes tributários deve receber atenção especial para responsabilizar os
contribuintes por estarem fora da lei, contrariando todo esse movimento
reformista. all quer criar uma cultura de cumprimento voluntário das obrigações
fiscais para que todos beneficiem ao cumprir as suas obrigações fiscais cívicas.

1.12.1. O problema da lei Tributaria na actualidade

A Lei n.º 22/14, de 5 de dezembro, que aprovou as disposições actuais


em matéria de processo fiscal, não especifica os tribunais competentes para a
resolução de litígios fiscais.

Como já foi referido, a distinção entre o conceito de imposto e o âmbito de


aplicação do direito fiscal reveste-se de especial importância a vários níveis,
nomeadamente delimitação do âmbito de competência do tribunal.

Em primeiro lugar, há a questão da "terminologia de base". Devemos dizer


"Tribunal Fiscal" ou "Tribunal Tributário"? A resposta a esta pergunta só pode
ser a seguinte.

Precisa saber quais são os conflitos que se enquadram no âmbito de


aplicação e, abstraindo deles, pode prever uma de duas soluções possíveis,
resolvendo a outra, o que parece provisório e presciente:

35
 Por um lado, entende-se que esses tribunais só são competentes para
resolver os conflitos de pretensões relativos a relações jurídicas em
matéria fiscal e, como tal, são designados por "tribunais fiscais". Por
conseguinte, considera-se que os conflitos de créditos relativos à
tributação ou a outras relações jurídicas de natureza fiscal devem ser
resolvidos por outros tribunais, como os "tribunais administrativos;

 Por um lado, está implícito que este tribunal só pode resolver os litígios
relativos a todas as relações jurídicas fiscais e, em rigor, a designação
"tribunal fiscal" seria a mais adequada;

 O adjetivo "direito fiscal" refere-se à aplicação do direito fiscal a casos


específicos em que os principais intervenientes são as autoridades fiscais,
os tribunais fiscais e os cidadãos;

 A prática de efetuar inquéritos fiscais, liquidar determinados impostos,


aprovar pedidos de isenção, indeferir reclamações administrativas, iniciar
processos de execução fiscal contra um contribuinte devedor de impostos
ou a autorização de pagamento em prestações das dívidas dos devedores
de impostos são exemplos de acções realizadas pelas autoridades da
administração fiscal;

 O conhecimento de uma impugnação judicial intentada pelo contribuinte,


a autorização, mediante certos pressupostos, para a Administração ter
acesso aos dados bancários de um determinado sujeito passivo ou a
resolução de uma oposição à execução fiscal, são exemplos de actos
praticados pelo Tribunal tributário (máxime, o Juiz7);

 A apresentação de declarações à Administração Geral Tributaria, a


prestação de informações e a retenção na fonte por parte das entidades
patronais e dos bancos são exemplos de acções realizadas por
particulares.

7 Lições de procedimento e processo tributário, Joaquim Freitas Da Rocha 5.ª Edição, pag. 13

36
1.13. Sistema fiscal angolano

A Lei Geral Tributária Angolana (Angola, 2021), no seu artigo 2.º, inciso x,
define o imposto da seguinte forma: Tudo o que não tenha natureza de sanção
imposta por lei pública ou concessionário de serviço público para satisfazer uma
necessidade colectiva e prosseguir o interesse público.

Os impostos podem ser estaduais ou locais, dependendo da titularidade


do crédito específico (Artigo 3(1) CGT). Os impostos nacionais são para a
administração direta do governo nacional ou suas instituições de gestão indireta,
e os impostos locais são para as atividades dos municípios, organizações entre
governos locais ou outras autoridades locais do país (Artigo 3 Artigo 2). e 3 CGT)
.

De acordo com a CGT de Angola, podem ser cobrados impostos como


direitos, taxas e sobretaxas. A seguinte Lei Geral Tributária prevê os pontos
abaixo:

 Impostos: “São impostos de natureza unilateral porque as obrigações não


correspondem a decisões individuais dos estados e outras autoridades
públicas:
 As contribuições especiais são as seguintes: Contribuições financeiras na
forma de benefícios pecuniários e comunitários de natureza tributária
exigidas por órgãos públicos para compensar benefícios induzidos ou
usufruídos e passíveis de serem induzidos por grupos específicos. ou
usufruído pelos contribuintes a ela pertencentes. "
 Taxas: “Representam dinheiro ou pagamentos em dinheiro exigidos pelas
autoridades públicas nos termos do direito público para a prestação de
serviços públicos personalizados, específicos e eficazes e uso de bens
públicos.

O parlamento aprovou uma nova lei tributária geral (juntamente com a


reforma tributária) com o objetivo de alinhar a legislação tributária de Angola com
a prática internacional e dotar o país de um sistema tributário mais moderno.

37
Proporcionou uma nova forma de trabalho para a administração tributária
(PRODESI/governo de Angola). De acordo com o artigo 10.º da Lei Geral
Tributária de Angola (CGT), o sistema tributário angolano destina-se a satisfazer
as necessidades financeiras do Estado, a satisfazer as políticas económicas e
sociais do Estado e demais poderes públicos e a assegurar a distribuição
equitativa de rendimentos. destina-se a garantir Riqueza Nacional.

De acordo com o governo do PRODESI/Angola, ele consiste em normas


legais constitucionais, espalhadas por códigos e leis separados.

De acordo com o Guia Fiscal de Angola (2021), a CGT tem três regimes
fiscais. Regime fiscal geral, regime fiscal especial e regime fiscal das
microempresas, PME, investimento privado, mecenas, jogos de azar e faturas.
e documentos equivalentes, e autofaturamento.

A Lei Geral Tributária regula o imposto comercial, o imposto sobre os


salários, o imposto sobre as aplicações de capital, o imposto sobre o valor
acrescentado, o imposto especial sobre o consumo, o imposto do selo, o imposto
predial, o imposto sucessório, o imposto sobre doações, o imposto automóvel e
o regime aduaneiro.

O regime especial de tributação possui leis e regulamentos voltados à


tributação do setor de petróleo e mineração. um imposto sobre a produção de
petróleo, comércio e rendimentos do petróleo, um imposto sobre a terra, um
imposto sobre o artesanato, um imposto sobre os rendimentos do setor mineiro
e um imposto sobre o valor do petróleo. recursos minerais.

Micro, Pequenas e Médias Empresas, Investimento Privado e


Regulamentos de Patrocínio contém, inter alia, leis sobre esquemas de
investimento privado, patrocínio, faturamento e autofaturamento.

1.14. A Teoria da dissonância da Cognição

São vários os factores que influenciam o comportamento do contribuinte.


Segundo Siqueira e Ramos (2005), os indivíduos pagam impostos porque
valorizam o que recebem em troca e porque os governos dão a eles o que eles
querem, dando-lhes um retorno mais efetivo.
38
Se os contribuintes sentirem que estão recebendo menos do governo do
que estão pagando em impostos, acabarão percebendo o sistema como injusto
e, se a igualdade fiscal for reconhecida, é mais provável que os contribuintes o
evitem (Lee, 2016).

Uma pessoa pode saber que a evasão fiscal é errada e imoral, mas o faz
quando tem a oportunidade. Observando esse acontecimento, nota-se que essa
pessoa se comporta com certa contradição, o que, segundo Festinger (1957),
causa insatisfação psicológica.

Portanto, os indivíduos que sabem que evitar é errado e ainda assim


evitam, buscam informações e meios para reduzir ou eliminar a dissonância.
Segundo Festinger (1957), a dissonância cognitiva é um estado de desconforto
psicológico. H. Presença de dissonância entre as percepções.

Essas cognições são conhecimentos, opiniões ou crenças sobre o


ambiente, o comportamento e as próprias pessoas, e para McKimmie (2015)
representam os estímulos psicológicos que os motivam a reduzi-los, como a
fome e a sede.

De acordo com a teoria da dissonância cognitiva, há consistência entre o


que as pessoas acreditam e o que fazem, e as pessoas se esforçam para ser o
mais consistente possível em seu comportamento.

No entanto, as tentativas de alcançar algum grau de coerência ou


harmonia muitas vezes falham no início do tratamento, levando a sofrimento
psicológico (Hinojosa et al., 2016).

A ocorrência de desconforto psicológico motiva os indivíduos a reduzir o


nível de dissonância que vivenciam (Hinojosa et al., 2016). Quanto maior o
desconforto, mais intensas as ações tomadas para reduzir a dissonância e maior
a evitação de situações que aumentam a dissonância. (Festinger, 1957, p. 25)

Festinger (1957, p. 12) faz duas hipóteses:

 A presença de dissonâncias psicologicamente desagradáveis motiva as


pessoas a reduzi-las e alcançar a consonância.

39
 Se houver dissonância, a pessoa não apenas tenta reduzi-la, mas evita
ativamente situações e informações que aumentem a dissonância.
As pessoas podem ser expostas à dissonância por meio de divulgação
acidental, violência, mídia e interações sociais com outras pessoas (Brady; Clark;
Davis, 1995).

Por exemplo, andando pela rua, uma pessoa que acredita que os
impostos não estão sendo reembolsados na forma de benefícios ao público
pode se deparar com uma notícia em um jornal anunciando algo que indica o
reembolso de impostos. Diante disso, você pode optar por não ler o jornal o dia
todo ou buscar uma discussão para reduzir a cacofonia.

Festinguer (1957, p. 17) enfatiza que a coisa mais importante a ser


lembrada é a pressão para estabelecer relações consonantes entre as
percepções e evitar ou reduzir a dissonância.

40
CAPITULO II – PROPOSTA DA SOLUÇÃO DO PROBLEMA

A degradação das condições sociais causada pelo desemprego e o


aumento dos impostos sobre o consumo, a propriedade e o rendimento levam
as pessoas a recorrer à fraude e à evasão fiscal.

Parece haver uma resistência inata à redução do património que os


impostos e as doações implicam e, por conseguinte, uma tendência para uma
economia paralela. Existe a perceção de que não há retorno direto dos
pagamentos ao Estado ou a outros organismos públicos.

Esta resistência natural pode dar origem a uma evasão fiscal total ou
parcial, que pode assumir a forma de uma variedade de acções. Dependendo do
facto de o procedimento ser ilegal ou legal, pode constituir uma fraude ou evasão
fiscal.

A evasão fiscal tem origem num comportamento pouco escrupuloso dos


contribuintes. A evasão fiscal implica a utilização de um sistema jurídico mais
favorável. Existem vários exemplos de evasão fiscal em ambos os casos e os
limites nem sempre são claros e óbvios.

Uma vez que os exemplos conhecidos são muito diversos, a classificação


de fraude ou de evasão fiscal pode ser medida pelas medidas legais contra a
evasão fiscal que o legislador atribuiu às leis fiscais e que ajudam a combater a
economia paralela. Em todo o caso, os efeitos observados são semelhantes em
ambos os casos: as receitas fiscais do Estado são reduzidas e a carga fiscal
sobre os contribuintes é aumentada.

Por conseguinte, é importante começar por identificar os motivos que


levam os contribuintes sem escrúpulos a cometer fraude e evasão. Os motivos
podem ser económicos, políticos, técnicos ou psicológicos. No primeiro caso, o
fator decisivo é a situação socioeconómica. Prevê-se que a evasão fiscal
aumente em períodos de recessão económica.

A degradação das condições sociais devido ao desemprego e o aumento


da tributação do consumo, do património e dos rendimentos conduzem à
tentação de evitar o pagamento de impostos. Associada a esta tendência para
fugir aos impostos e aos donativos está a perceção do risco que cada

41
contribuinte tem em relação a este fenómeno. Quanto maior for o risco de ser
apanhado em fuga aos impostos, menor será a tendência para fugir aos
impostos.

Em termos de razões políticas, a perspetiva da justiça social, da igualdade


de oportunidades e da eliminação das desigualdades na distribuição da riqueza
e do rendimento é importante para o contribuinte. Este conjunto de factores
subjacentes à finalidade da tributação nem sempre é óbvio para os contribuintes,
persistindo a perceção de que a justiça fiscal não existe.

Por exemplo, quando se torna claro que a carga fiscal recai mais
pesadamente sobre uma parte da população, quando se assinala a existência
de grupos de pressão que influenciam a aplicação do sistema fiscal ou quando
se considera que as despesas públicas financiadas pelas receitas fiscais não
são dirigidas, aumenta a resistência ao cumprimento das obrigações fiscais e
aumentam os incentivos à fraude e à evasão fiscal.

As razões técnicas decorrem da complexidade da legislação fiscal e das


suas constantes mutações. Esta complexidade e mutação da realidade
legislativa é responsável, por exemplo, pela falta de atratividade, sobretudo para
o investimento estrangeiro.

No entanto, a complexidade afecta naturalmente a vontade de cumprir as


obrigações fiscais e pode levar à negligência. É de notar que a própria falta de
clareza da situação fiscal impede os contribuintes de cumprirem as suas
obrigações fiscais. Além disso, é evidente que quanto mais instável for o sistema
fiscal, mais fácil se torna a utilização abusiva da redação da lei, que é a base da
evasão fiscal.

Convém igualmente notar que as expectativas dos contribuintes em


relação a certas realidades podem ser gravemente afectadas por alterações
permanentes da legislação, o que pode causar incerteza no sistema fiscal.

Por último, no âmbito das razões psicológicas, vale a pena mencionar a


formação cívica e os antecedentes culturais do contribuinte. A desaprovação
social da evasão fiscal é mais forte se o infrator for um contribuinte socialmente
conhecido.

42
Este facto não é surpreendente, uma vez que se espera destes
contribuintes um comportamento exemplar. Pelo menos no que respeita ao
comportamento de alguns dos seus representantes, este comportamento conduz
a uma falta de confiança na instituição soberana.

O repúdio das infracções fiscais não parece ser partilhado por todos ou
contra todos. Para o contribuinte médio, existe mesmo um sentimento de
heroísmo social na prática da fraude e da evasão fiscal.

Como razão psicológica, vale a pena recordar os efeitos perniciosos das


repetidas amnistias fiscais (ou amnistias, amnistias fiscais). Encarada como um
regime excecional de regularização fiscal, é um eufemismo para legalizar
capitais que antes fluíam para o estrangeiro sem serem tributados, a troco da
isenção total de juros e de sanções por crimes como a fraude fiscal e o
branqueamento de capitais, e de receitas fiscais necessárias ao cumprimento de
objectivos orçamentais. Isto é nada mais nada menos do que.

Por conseguinte, a aplicação recorrente deste tipo de medidas faz


perdurar a ideia de que a fraude e a evasão fiscais, mais cedo ou mais tarde,
conhecerão um ponto de fuga legislativo que permitirá a legitimação. O resultado
é a desmotivação dos contribuintes cumpridores para manterem a conduta.

Os motivos que levam à fuga aos impostos e às contribuições através da


fraude e da evasão fiscal geram consequências de natureza diferente, tal como
os próprios motivos, para a economia, a política e a sociedade.

A primeira consequência, porém, é a redução das receitas fiscais. Esta


consequência começa com a criação de sanções para o cumprimento dos ideais
de tributação consagrados na Constituição da República e leva a outras
consequências. Com efeito, tanto as necessidades fiscais do Estado como a
distribuição equitativa das receitas são postas em causa.

Por exemplo, em consequência de uma diminuição das receitas fiscais, o


Estado ajusta o montante das despesas públicas reduzindo-as ou, pior ainda,
fazendo recair o ónus sobre os contribuintes como forma de compensar as
quebras de receitas fiscais devidas aos não contribuintes.

43
Por conseguinte, o ajustamento do montante das despesas acaba por
penalizar os contribuintes quando estes precisam de receber as prestações
sociais que merecem. Por outro lado, a redução das receitas devido à existência
da economia subterrânea transfere alguns dos custos de funcionamento da
economia subterrânea para a economia formal, fazendo recair o ónus sobre as
actividades dos contribuintes honestos.

Um último aspeto tem um efeito de distorção da concorrência. Isto porque


os elevados custos de transação da economia subterrânea (bem como de outros
tipos de economia subterrânea), que são cobertos pelo pagamento de impostos,
não permitem que os operadores da economia formal sejam competitivos no
mercado e reduzem ou abandonam as suas actividades comerciais, ou porque
muitas vezes desviam recursos para os serviços da economia subterrânea.

A evasão fiscal gerada pela economia paralela compromete a estabilidade


da atividade económica global ao afetar os indicadores económicos oficiais, que
constituem a base da tomada de decisões políticas e económicas a nível
nacional.

O nível de tributação é, por conseguinte, diretamente influenciado pela


dimensão da economia paralela, ou mesmo pela dimensão da evasão e da
fraude fiscais.

Por conseguinte, importa referir que a evasão fiscal constitui uma


derrogação à cidadania. Com efeito, o pagamento de impostos e contribuições
é um dever cívico que permite ao Estado cumprir as suas obrigações e garantir
a qualidade do ambiente social.

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CAPITULO III – METODOLOGIA

Este estudo objetiva analisar efeitos evasão fiscal sobre actividade


Economica em Angola, durante o período de 2015-2020. Desse modo, busca
averiguar Identificar os factores condicionantes da Evasão fiscal; Identificar as
Normas legais que garantem o Combate a Evasão Fiscal na actividade
económica em Angola; Caracterizar as normas legais que garantem o Combate
Evasão Fiscal na actividade económica em Angola; Conhecer as razões que
levam as empresas a fuga ao Fisco e Propor possíveis soluções que contribuem
para melhor Aplicação da Politica Fiscal Sobre actividade económica por formas
a contribuir para o combate a evasão fiscal com vista a garantir uma boa
qualidade de vida para Angolanos.

Neste sentido, considera-se descritiva quanto aos objetivos, pois as


pesquisas deste tipo descrevem as características de uma determinada
população, fenômenos ou estabelecimento de relações entre variáveis, levantam
opiniões, atitudes e crenças de uma população (Gil, 2008).

Utilizou-se o levantamento como procedimento técnico por meio de survey


(Gil, 2008) e quanto à abordagem do problema esta pesquisa é classificada
como quantitativa, que de acordo com Richardson (1999) a mesma emprega a
quantificação quer na coleta de informações como no tratamento delas por meio
de técnicas estatísticas desde as mais simples as mais complexas.

3.1. Coleta de dados

Nesta pesquisa foi utilizado como instrumento de coleta de dados um


questionário do tipo semiaberto e estruturado, incluindo um breve texto que
contém conceitos importantes para melhor entendimento do questionário.

O instrumento de coleta teve por base o modelo de Rocha (2018), sendo


adaptado para esse estudo. O questionário apresenta 6 questões fechadas
modo que os respondentes pudessem expor sua visão sobre o tema.

Como resposta foi solicitado aos respondentes se posicionarem por meio


de escala do tipo Likert, de cinco pontos, quais sejam: (1) discordo totalmente,
(2) discordo parcialmente, (3) indiferente, (4) concordo parcialmente e (5)
concordo totalmente.

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Inicialmente, foram obtidas informações referentes ao sexo, faixa etária,
ano e curso de graduação e, por fim, se os mesmos exercem atividade
remunerada ou não.

Ademais, em relação as assertivas, buscou-se analisar o posicionamento


dos respondentes em relação aos tributos, a susceptibilidade a evasão, a
existência de dissonância e identificar os motivos e justificativas relacionadas a
evasão fiscal.

O questionário foi aplicado no período de janeiro a fevereiro de 2023, em


Angola, na província de Luanda, aos funcionarios das empresas ATC paulino
(consultoria de RH), empresa PAGIDOFT (engenharia informatica e prestação
de serviços) e a empresa ELOS (comercio e serviços).

Foram distribuídos 250 questionários, onde 85 foram descartados por não


terem sido preenchidos ou entregues de volta. Após a obtenção das respostas
foi realizada uma análise descritiva e verificada a associação entre as variáveis
por meio da análise de homogeneidade.

3.2. Amostra e perfil dos participantes

A amostra do estudo foi constituída por 155 escolhidos aleatoriamente nas


diversas instituições de ensino superior em Luanda, o perfil sócio-demográfico
dos participantes do estudo. A amostra foi constituída por 72 homens (47%) e 83
mulheres (53%).

Quadro 1 - Perfil Sociodemográfico

Características dos respondentes Frequên %


cia
Masculino 72 46%
Gênero
Feminino 83 54%
Até 21 anos 26 16%
22 a 26 anos 68 42%
Idade 27 a 31 anos 21 16%
Acima de 32 40 26%
anos
Administração 66 39%
Ciências 47 28%
Curso Contábeis
Direito 41 27%
Psicologia 7 6%

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1 49 31%
2 39 30%
Ano do curso 3 36 22%
4 26 20%
5 5 7%
Sim 83 51%
Trabalha Não 72 49%
Total de respondentes 155
Fonte: Elaboração própria com base no questionário.

Relativamente a faixa etária, a maior percentagem de inquiridos situa-se


entre os 22 e os 26 anos (42%). Em termos de cursos, os inquiridos concentram-
se em cursos de gestão geral (39%), contabilidade (28%) e direito (27%). A
maioria dos inquiridos estava no primeiro ano de estudos (31%). Quanto à
atividade profissional, 48% trabalham e 45% não trabalham.

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