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Mauro Fernando Gallo

Como fazer uma boa gestão


do Imposto de Renda das
Pessoas Físicas – IRPF
SUMÁRIO
04 Apresentação do autor

05 1. Introdução

06 2. Carga tributária e alíquotas legal


e efetiva

14 3. Declaração simplificada
ou completa

16 4. Declaração em conjunto ou
em separado

17 5. Previdência privada

21 5.1 Vida Gerador de Benefício


Livre – VGBL

24 5.2. Plano Gerador de


Benefício Livre – PGBL
SUMÁRIO
30 6. Pensão alimentícia

34 7. Pró-labore

37 8. Aposentadoria de maiores
de 65 anos

39 9. Profissionais liberais

45 10. Rendimentos de aluguéis

50 11. Venda de imóvel

56 12. Operações com ações


na Bolsa de Valores

62 13. Atividade rural


Mauro Fernando Gallo

Formado em Ciências Econômicas pela FECAP, pós-graduado


em Administração de Empresas pela FAAP, Mestre em Controladoria
e Contabilidade Estratégica pela FECAP e Doutor em Ciências
Contábeis pela FEA – USP.  Trabalhou como executivo durante 12
anos nas áreas de Administração, Finanças e Gerência Geral em
empresas multinacionais – Rockwell do Brasil e Union Special
1
(Chicago – USA). No setor público, foi Agente Fiscal do Estado do
Paraná e Auditor Fiscal Tributário da Prefeitura Municipal de Bauru,
até aposentar-se como Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil.
Também foi professor de Gestão Tributária na BSSP Centro
Educacional. Autor de livros na área tributária e de vários artigos
científicos em congressos nacionais e internacionais. Membro da
Academia Paulista de Contabilidade.
1. Introdução

São muitas as reclamações geradas pelo pagamento dos


encargos que compõem a chamada carga tributária, à qual estão
sujeitas tanto as empresas quanto as pessoas físicas que atuam
profissionalmente, não só em grupos de funcionários de entidades
privadas e de instituições de serviço público federal, estadual e
municipal, mas também como profissionais liberais, empresários,
autônomos, aposentados e pensionistas, capitalistas, rentistas e
outros.

Como é do conhecimento de muitos, a mídia divulga anualmente a


carga tributária média da sociedade. No ano de 2017, por exemplo,
o nível dessa carga foi de 32,43% (MINISTÉRIO DA FAZENDA,
2018). Deve-se destacar que, apesar de esse item ser calculado
com base na arrecadação total de tributos no ano, dividida pelo
Produto Interno Bruto – PIB do mesmo ano, trata-se de uma média
aritmética, englobando tanto os tributos pagos pelas empresas
(pessoas jurídicas), como os pagos pelas pessoas físicas.

Ademais, convém mencionar que, por se tratar de uma média, há


empresas ou pessoas físicas que arcaram com uma carga
tributária superior à média apurada, bem como há as que pagam
abaixo dela. Assim sendo, sempre que se pensar em termos de
gestão tributária, deve-se apurar a carga tributária efetiva da
empresa ou da pessoa física em questão.

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Outro fato importante a ser destacado, antes de se adentrar
especificamente nos detalhes, é que a gestão tributária, ou o
planejamento tributário, como é denominado por alguns, não deve
se restringir às pessoas jurídicas, ou seja, principalmente às
empresas com fins lucrativos, mas, da mesma maneira, deve
contemplar
1
as pessoas físicas, as quais também podem e devem
aplicar a gestão tributária em seus rendimentos, como forma de
reduzir legalmente seus encargos fiscais. Importante salientar que
quando se fala em gestão tributária ou planejamento tributário
trata-se sempre de ser dentro da legalidade, o que implica em
risco zero.

2. Carga tributária e
alíquotas legal e efetiva

Não resta dúvida, por tudo que já foi publicado, de que a carga
tributária no Brasil se encontra em patamares superiores aos
existentes em países com níveis de desenvolvimento
semelhantes, sendo que há até países com desenvolvimento
superior ao nosso e que apresentam índices menores de carga
tributária. É o caso dos Estados Unidos, que, em 2016, apresentou
uma carga de 26%, conforme dados da OCDE (MINISTÉRIO DA
FAZENDA, 2018).

A tabela na página a seguir apresenta a evolução da carga


tributária no Brasil na última década:

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ANO CARGA TRIBUTÁRIA EM %
2007 33,7
2008 33,5
2009 32,3
2010 32,5
2011 33,4
2012 32,6
2013 32,6
2014 31,9
2015 32,1
2016 32,3
2017 32,43

É importante lembrar que pior até do que os índices de carga


tributária enfrentados pela sociedade brasileira é o destino dado
aos recursos arrecadados. Inegavelmente, a qualidade dos
serviços prestados à nossa população é de um nível sofrível, não
só na saúde, mas também na educação e inclusive na segurança,
fazendo com que tanto as pessoas físicas quanto as empresas,
além de arcarem com pesados gastos tributários, sejam obrigadas
a assumir elevadas despesas nesses setores, se desejarem um
serviço com a mínima qualidade – fato facilmente comprovável –,
bastando acompanhar a divulgação diária nas várias mídias.

Considerando a carga tributária divulgada pelo Ministério da

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Fazenda (2018) correspondente ao ano de 2017, que foi de 32,43%,
pode-se inferir que as pessoas trabalham 118 dias do ano em
média somente para pagar tributos, ou seja, aproximadamente
quatro meses.

Esse cálculo está levando em conta a fórmula como nossos


governantes calculam a carga tributária média no país. Convém
lembrar que infelizmente esse modelo apresenta algumas
imperfeições, conforme demonstrado na tese de doutorado do
autor, em 2008, a qual pode ser consultada com maiores detalhes
no site da FEA/USP-SP.

De forma resumida, podem-se citar alguns aspectos de tais


imperfeições, como, por exemplo, a fórmula utilizada por nossos
governantes no cálculo da carga tributária bruta, a saber:
ARRECADAÇÃO
CTB =
PIB

Onde:

CTB: carga tributária bruta

ARRECADAÇÃO: refere-se ao valor de todos os tributos recebidos


pelas esferas governamentais – União, Estados, Municípios - e
ainda o Distrito Federal, apurado pela contabilidade pública de
cada nível dos diversos entes governativos responsáveis.

PIB: Produto Interno Bruto – refere-se a toda a riqueza gerada na


economia brasileira no período.

Portanto, considerando o modelo acima destacado de apuração

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da carga tributária bruta, primeiramente deve-se salientar que a
contabilidade pública dos diversos órgãos governamentais
registra a arrecadação pelo chamado regime de caixa, isto é,
somente contabiliza o que foi recebido efetivamente em cada
esfera do governo.

Assim sendo, na apuração da carga tributária bruta, o montante de


arrecadação utilizado no modelo desconsidera os valores não
arrecadados, por várias razões, dentre as quais:

i) a inadimplência dos contribuintes que podem ter declarado os


valores devidos e não tenham tido condição de efetuar o
pagamento correspondente;

ii) a questão de o contribuinte discordar da cobrança que lhe foi


apresentada e estar discutindo os referidos valores
administrativamente, ou judicialmente;

iii) o fato de o contribuinte ter parcelado o valor devido e estar


pagando apenas uma pequena parcela a cada mês do
tributo devido.

Além das situações citadas, convém mencionar também que a


sonegação de valores que se constitui em crime contra a ordem
tributária, de acordo com a Lei 8.137/1990.

No que se refere à sonegação fiscal, sem dúvida existem várias


formas, as quais podem afetar somente a arrecadação e não a
mensuração do PIB, ou impactar tanto a arrecadação quanto a
mensuração do PIB, podendo ser na mesma proporção tanto no
numerador como no denominador, ou não.

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Dessa forma, com relação ao Imposto sobre a Propriedade de
Veículos Automotores – IPVA, fica claro que, de todo o montante
lançado pelos Estados e pelo Distrito Federal, o valor que não
tenha sido pago por alguma das razões anteriormente expostas
não foi computado no cálculo da carga tributária bruta. O mesmo
ocorre com o Imposto sobre a Propriedade Territorial Urbana –
IPTU, cujos carnês foram lançados pelas prefeituras dos diversos
municípios brasileiros e pelo Distrito Federal, ou seja, os valores
não pagos pelos contribuintes também não integraram o cálculo
da CTB, podendo ter ocorrido o mesmo inclusive com outros
impostos e taxas estaduais e municipais.

Na esfera do governo federal, a falta de arrecadação pode


acontecer em relação ao Imposto de Renda das Pessoas Físicas –
IRPF, se os contribuintes entregarem a declaração, mas não
realizarem os respectivos pagamentos. O mesmo pode se dar com
relação ao Imposto Territorial Rural – ITR, no caso de produtores
rurais ou proprietários de imóveis rurais haverem declarado os
respectivos impostos devidos, porém não terem efetuado os
pagamentos correspondentes; pode ocorrer também o fato de
estarem discutindo administrativa ou juridicamente algum auto de
infração que tenha sido lavrado, ou ainda terem parcelado tributos
devidos e estarem pagando em pequenas parcelas mensais.

Caso os governos nas três esferas – federal, estadual e municipal,


bem como o Distrito Federal – considerassem os valores devidos
pelos contribuintes e não pagos, sem dúvida haveria uma carga
tributária bruta mais elevada do que a normalmente publicada, o
que seria mais realista.

Sem dúvida nenhuma, os valores não recebidos em determinado

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ano-calendário poderão ser recebidos em outro ano no futuro,
porém, da mesma forma, estaria sendo distorcida a informação de
quanto é o real montante de carga tributária bruta que os governos
impõem à sociedade brasileira, pois há valores que nunca serão
pagos e nem por isso deixariam de compor a carga tributária.

Sabe-se que os governos nas três esferas – apesar de terem


aperfeiçoado muito o controle fiscal eletrônico – não conseguem
combater a totalidade da sonegação de tributos, pois
desconhecem o total de negociações realizadas pelos agentes
econômicos. No entanto, os valores dos tributos que estão sendo
discutidos administrativa e judicialmente, bem como os valores
lançados e que não foram pagos, são de pleno conhecimento dos
órgãos de fiscalização tanto federais, como estaduais e
municipais, e, assim sendo, poderiam ser incluídos no cálculo da
carga tributária bruta para que se obtenha um índice com
maior precisão.

Por outro lado, com base nos montantes das autuações fiscais por
omissão de receitas ou outros tipos que tenham reduzido os
valores dos tributos devidos, além de outros tributos tais como
ICMS, IPI, PIS e COFINS, os órgãos de fiscalização poderiam
utilizar-se do ferramental estatístico para poder ao menos efetuar
uma estimativa dos montantes sonegados pelos agentes
econômicos, o que possibilitaria a obtenção de um índice de carga
tributária bruta ainda com maior acurácia.

De forma geral, o que se tem na prática é que o índice divulgado de


carga tributária bruta não deve ser utilizado na gestão tributária de
cada pessoa física ou empresa, e sim a carga tributária efetiva do
agente econômico (pessoa física ou jurídica) em estudo.

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Como, no caso, estamos tratando de pessoa física, vamos
exemplificar com o IRPF do exercício 2020, ano-calendário 2019. É
muito comum uma pessoa dizer que seus rendimentos situam-se
na faixa de 27,5% do imposto, como se realmente pagasse essa
alíquota de IRPF, a qual é denominada de alíquota legal ou nominal,
porém, a seguir, vamos demonstrar o cálculo da alíquota efetiva
que iria compor sua carga tributária efetiva:

a) considerando a tabela do IRPF do exercício 2020,


ano-calendário 2019, para cálculo da retenção mensal, no caso de
a pessoa física ter salário de R$ 15.000,00 e não possuir
dependentes, resultariam os seguintes dados:

BASE DE CÁLCULO ALÍQUOTA PARCELA A DEDUZIR


(R$) (%) DO IR (R$)

RENDIMENTO % DEDUÇÃO

Até 1.903,98 - -
De 1.903,99 até 2.826,65 7,5 142,80
De 2.826,66 até 3.751,05 15 354,80
De 3.751,06 até 4.664,68 22,5 636,13
Acima de 4.664,68 27,5 869,36
Fonte: Receita Federal do Brasil (2020).

b) primeiramente, nota-se o desconto do INSS, que teria a


alíquota legal ou nominal de 11%, limitada ao máximo de R$
671,12, o que resultaria em um salário líquido a ser tributado de
R$ 14.328,88 = R$ 15.000,00 - R$ 671,12;

2016 32,43
12
c) dessa forma, uma renda tributável de R$ 14.328,88 enquadra-se
na faixa de alíquota legal ou nominal de 27,5%, por ser um
rendimento superior a R$ 4.664,68, conforme tabela progressiva
do IRPF;

d) calculando o Imposto de Renda Retido na Fonte – IRRF, resulta


em: R$ 14.328,88 x 27,5% - R$ 869,36 (parcela de dedução) = R$
3.940,44 - R$ 869,36 = R$ 3.071,08;

e) para calcular as alíquotas efetivas do INSS e IRRF, deve-se


dividir cada um dos valores pelo rendimento bruto de R$ 15.000,00
e multiplicar por 100, a saber:
R$ 671,12
1) Alíquota efetiva do INSS = R$15.000,00
x 100 = 4,47%

R$ 3.071,08
2) Alíquota efetiva do IRRF = R$ 15.000,00
x 100=20,47%

Do acima exposto, tem-se que a alíquota legal ou nominal do INSS


de 11% demonstrou corresponder a uma alíquota efetiva de 4,47%,
enquanto a alíquota legal ou nominal do IRRF de 27,5%
representou uma alíquota efetiva de 20,47%. Isso é importante,
pois, ao se efetuar uma gestão tributária, devem-se analisar os
tributos sempre com base nas alíquotas efetivas e não nas
alíquotas legais ou nominais, que são as publicadas na legislação,
pois estas podem não significar o quanto realmente os tributos
pagos estariam pesando sobre os rendimentos recebidos.

Após tais esclarecimentos sobre a gestão e o planejamento


tributário, bem como sobre a mensuração da carga tributária bruta
efetiva, seguem alguns casos práticos com pessoas físicas e
formas de reduzir legalmente seus encargos fiscais.

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3. Declaração simplificada
ou completa

Um dos primeiros aspectos a ser considerado na gestão tributária


da Declaração do Imposto de Renda de Pessoa Física – DIRPF
anual é quanto e qual será a forma de declaração que pagará
menos IRPF, isto é, a que propicie a maior restituição possível dos
valores retidos. Nesse aspecto, não se pode culpar o governo se
pagarmos a mais, pois o próprio programa da DIRPF demonstra
qual das duas opções é melhor para cada pessoa.

A DIRPF simplificada possibilita uma dedução automática de 20%


sobre o rendimento tributável bruto até determinado limite anual,
sem a comprovação de nenhum pagamento efetuado. No caso do
exercício de 2020, ano-calendário 2019, esse limite é de R$
16.754,34, portanto é um sistema muito interessante para quem
não possui muitas despesas dedutíveis, tais como: dependente(s),
despesas com educação própria ou de dependente(s), despesas
médicas ou de planos de saúde, despesas hospitalares, despesas
com dentistas, pensões alimentícias judiciais, INSS, previdência
privada, entre outros.

Por outro lado, a DIRPF completa possibilita um maior volume de


deduções sem o limite de 20%, porém, para tanto, é necessário
possuir os documentos hábeis que comprovem os referidos
gastos; ademais, há limites no caso de dependente(s), das
despesas educacionais e da previdência privada em PGBL (com
benefícios fiscais).

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É possível saber em que casos é mais interessante apresentar a
declaração simplificada ou a completa. Supondo-se o caso de
uma pessoa solteira, sem dependente, que não esteja estudando,
que tenha um plano de saúde pelo qual pagou R$ 200,00 por mês,
totalizando R$ 2.400,00 no ano de 2019 e que obteve de renda
tributável no ano R$ 48.000,00, com retenção de INSS de R$
5.280,00, a seguinte situação se apresentaria:

DIRPF DIRPF
ITENS
COMPLETA SIMPLIFICADA

Rendimentos tributáveis R$ 48.000,00 R$ 48.000,00


(-) Desconto simplificado 20% (R$ 9.600,00)
(-) Retenção do INSS (R$ 5.280,00) -
(-) Despesas c/ plano de saúde (R$ 2.400,00) -
= Renda tributável R$ 42.320,00 R$ 38.400,00
Alíquota do IRPF 22,5% 15,0%
Valor do IRPF devido R$ 2.598,05 R$ 1.912,78
ECONOMIA TRIBUTÁRIA - 26,38%

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4. Declaração em conjunto ou
em separado

Ao elaborar a Declaração do Imposto de Renda de Pessoa Física –


DIRPF anual, é muito importante avaliar se o casal ou
dependente(s) devem declarar em conjunto ou em separado, pois
não se pode esquecer que, ao incluir o cônjuge ou o(a, s) filho(a, s),
ou ainda os genitores como dependentes, o titular deve incluir em
sua declaração também os rendimentos tributáveis, isentos e
tributáveis exclusivamente na fonte desses dependentes. Essa
inclusão poderá causar a mudança de faixa na tributação dos
rendimentos totais, pois esses dependentes poderiam estar na
faixa de rendimentos tributáveis com alíquota zero, porém, ao
somar seus rendimentos ao do rendimento tributável do
declarante, o total poderá ficar na faixa de 27,5%, o que por si só já
elevaria a tributação.

Por outro lado, os valores deduzidos por dependente são limitados


anualmente e inferiores à faixa de alíquota zero na tabela
progressiva, caso as declarações sejam feitas em separado.

Somente poderia ser vantajosa a declaração em conjunto caso os


dependentes possuíssem despesas dedutíveis superiores aos
rendimentos tributáveis de cada um deles, principalmente no que
se refere a despesas sem limites, tais como despesas médicas,
odontológicas, com plano de saúde, dentre outras.

No caso de cônjuges, os rendimentos de aluguéis constituem-se

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em um item que deve ser analisado quanto a efetuar DIRPF em
conjunto ou em separado, pois é permitido declarar 50% desses
valores para cada cônjuge ou 100% para um deles apenas. Assim
sendo, caso um deles não possua renda, ou mesmo possua um
nível de renda que esteja em faixa mais baixa na tabela
progressiva, pode-se declarar 100% em seu nome, sendo que isso
pode ser alterado a cada ano sem nenhum problema, como será
visto mais adiante.

Outro ponto importante a ser considerado é que, no caso de


casais, tanto o homem quanto a mulher podem ser o dependente,
situação que também pode ser alterada a cada exercício.

Supondo um determinado ano em que o marido ou companheiro


passou por um longo período de desemprego, por exemplo, ele
pode ser declarado como dependente da esposa ou companheira.
Atualmente, os programas da Receita Federal do Brasil permitem
simular com facilidade as declarações e comparar qual a melhor
alternativa – fazer a declaração em conjunto ou em separado, seja
entre o casal ou entre seus demais dependentes.

Convém mencionar que, caso um casal adote a opção pela DIRPF


em separado, cada um dos cônjuges poderá incluir seus próprios
dependentes, inclusive os genitores; é necessário atentar para o
fato de que não é permitido incluir sogro e/ou sogra como
dependentes, o que somente é possível quando a DIRPF do casal
for em conjunto.

Outro detalhe é que os filhos do casal somente podem ser


incluídos em uma das DIRPFs, do pai ou da mãe, não podendo o
mesmo filho ser incluído na declaração de ambos, mesmo que

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considerando 50% de suas despesas; caso o casal possua mais de
um(a) filho(a), os cônjuges podem decidir qual filho será incluído
nas DIRPFs do pai e da mãe, como, por exemplo, dois filhos com o
pai e um com a mãe, ou vice-versa.

Para facilitar o entendimento, suponha-se que o mesmo


contribuinte do exemplo citado no capítulo anterior fosse casado
ao invés de solteiro, com as seguintes condições: sua esposa
possui uma renda tributável de R$ 36.000,00, com retenção do
INSS de R$ 3.960,00; como despesa, possui apenas a de um plano
de saúde de R$ 1.800,00 no total do ano; não possui outros
dependentes – tais como filhos, genitores, etc. –, e nenhum dos
dois está estudando.

Dessa forma, no caso de apresentarem DIRPF em conjunto, teriam


a seguinte situação, já considerando que, devido às poucas
despesas dedutíveis, a declaração simplificada seria a melhor
opção para o casal:

ITENS VALORES EM R$
Rendimentos tributáveis 84.000,00

(-) Desconto simplificado de


(16.754,34)
20% limitado a R$ 16.754,34

= Renda tributável 67.245,66


Alíquota do IRPF – dedução 27,5% – 10.432,32
= IRPF devido no ano 8.060,24

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Caso o mesmo casal efetuasse as DIRPFs em separado, a seguinte
situação se apresentaria:

ITENS CÔNJUGE 1 CÔNJUGE 2


Rendimentos tributáveis 48.000,00 36.000,00

(-) Desconto simplificado de


(9.600,00) (7.200,00)
20% limitado a R$ 16.754,34

= Renda tributável 38.400,00 28.800,00


Alíquota do IRPF – dedução 15,0% – 4.198,16 7,5% – 1.687,43
= IRPF devido no ano 1.561,84 472,57
TOTAL DE IRPF DEVIDO NO ANO 2.034,41

Comparando a carga tributária do casal em termos de IRPF, caso


efetuasse a DIRPF em conjunto ou em separado, resulta em:

ITENS CARGA TRIBUTÁRIA IRPF


DIRPF em conjunto R$ 8.060,24
DIRPF em separado (total) R$ 2.034,41
Economia tributária R$ 6.025,83
REDUÇÃO DA CARGA TRIBUTÁRIA 74,76%

Como pode ser verificado na tabela anterior, no caso do casal em


questão haveria uma economia de 74,76% na carga tributária do
IRPF, somente pelo fato de o casal efetuar suas DIRPFs em
separado, em vez de fazê-lo em conjunto.

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5. Previdência privada

A previdência privada pode se destinar a vários objetivos, desde a


formação de uma aposentadoria privada até fazer parte da gestão
tributária, passando inclusive pela simplificação na sucessão
familiar, entre outros.

Será dado enfoque à gestão tributária, por se tratar do objetivo


central desta obra, o que não significa que não serão analisados
alguns aspectos não tributários, para um melhor entendimento por
parte do leitor.

Primeiramente, deve-se mencionar que existem previdências


privadas fechadas e abertas, sendo as fechadas aquelas
compostas por grupos de funcionários privados ou públicos de
determinadas empresas ou entidades públicas, as quais não serão
analisadas, tendo em vista que somente quem faz parte dessas
organizações pode participar, além de essas previdências
possuírem regras próprias para entrada, saída e outros.

Assim sendo, serão analisadas as previdências privadas abertas


por serem ligadas ou não a bancos comerciais, porém todas as
pessoas podem entrar e sair de acordo com regras gerais
estabelecidas pelo Banco Central e SUSEP, sendo que as variações
de uma para outra podem ser pequenas, principalmente no que se
refere aos rendimentos e custos operacionais. Convém lembrar,
ainda, que muitas regras das previdências privadas abertas

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podem ser válidas para as previdências privadas fechadas, assim,
quem necessitar pode analisar por similaridade e entender melhor
o seu caso em questão.

Analisando-se então as previdências privadas abertas, estas


normalmente apresentam dois tipos de planos:

a) Vida Gerador de Benefício Livre – VGBL;

b) Plano Gerador de Benefício Livre – PGBL.

5.1 Vida Gerador de Benefício


Livre – VGBL

O VGBL é um plano de previdência privada que não apresenta


nenhum benefício tributário, sendo que as pessoas podem
depositar qualquer quantia mensalmente ou até mesmo
esporadicamente, visando principalmente aos aspectos de
aposentadoria, aplicação financeira e sucessão familiar, entre
outros, porém jamais visando à gestão tributária.

Os resgates poderão ocorrer de duas formas – ou mediante o


início da aposentadoria, conforme data estabelecida junto ao
plano, ou por resgates avulsos a cada 60 dias durante o período de
capitalização, ou seja, períodos em que se efetuam os depósitos
antes da idade estabelecida para a aposentadoria.

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Com relação à aposentadoria, é sempre útil pensar na previdência
privada como um complemento da aposentadoria oficial, que é
limitada a R$ 6.101,06 pelo INSS. Muitos profissionais têm renda
superior a esse limite quando em atividade e, como seus
recolhimentos ao INSS são baseados no limite estabelecido em lei,
em contrapartida irão conseguir, no máximo, uma aposentadoria e
pensão para seu cônjuge dentro do referido limite, lembrando,
ainda, que será muito difícil alcançar esse limite máximo, tendo em
conta que a nova formula de cálculo reduz o recebimento, bem
como a redução das pensões para quem não possui dependentes
menores.

Dentre os contribuintes enquadrados nas circunstâncias


mencionadas, encontram-se os profissionais liberais, tais como
médicos, dentistas, engenheiros, arquitetos, economistas,
contadores e psicólogos, entre outros, além de sócios e
proprietários das empresas, bem como funcionários qualificados,
como gerentes e diretores contratados pela Consolidação das Leis
do Trabalho – CLT.

No caso de resgates efetuados nos planos VGBL, somente os


rendimentos serão tributados pelo IRPF, e não o valor total do
resgate, pois, como não houve nenhum incentivo fiscal para que se
realizassem os depósitos, não há por que tributar o valor do
principal (montante depositado) quando de seu resgate, e sim
somente os rendimentos obtidos pelos referidos depósitos.

Assim, supondo-se hipoteticamente que uma pessoa faça uma


aplicação de R$ 100.000,00 em um plano VGBL e, após um período
de 10 anos, queira fazer o resgate total da aplicação, no valor de R$
160.000,00 (R$ 100.000,00 do capital investido, acrescidos de R$

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60.000,00 de rendimentos de todo o período), a tributação do IRPF
incidirá somente sobre esse valor do rendimento.

Caso esse aplicador, em vez de resgatar o valor da aplicação de


uma única vez, retire valores parciais ou mesmo passe a recebê-lo
em forma de aposentadoria mensal, da mesma forma só será
tributado o rendimento correspondente a cada parcela recebida.

Quanto à forma de tributação dos respectivos resgates, existem


duas maneiras distintas, denominadas regressiva e progressiva,
sendo que a pessoa, ao iniciar seu plano, deve fazer a opção, não
podendo alterá-la posteriormente. Caso pretenda optar por uma
forma distinta da anterior, deve dar início a um novo plano, que até
pode ser na mesma instituição financeira, porém, quanto aos
resgates do primeiro plano existente, haverá sempre a tributação
na forma escolhida originalmente.

O funcionamento na tributação desses dois planos será explicado


após a exposição do funcionamento do plano PGBL, pois a forma
de tributar é a mesma em ambos os planos, variando apenas a
base de cálculo, como será demonstrado na ocasião.

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5.2. Plano Gerador de
Benefício Livre – PGBL

O Plano Gerador de Benefício Livre – PGBL é o plano de


previdência privada que, além de todos os aspectos oferecidos
pelos planos VGBL, possibilita também benefícios fiscais para o
contribuinte que entrega a Declaração do Imposto de Renda de
Pessoa Física – DIRPF no modelo completo, e que também esteja
vinculado a alguma previdência oficial, seja ela do INSS ou de
algum outro órgão público.

Esse plano pode ser interessante para a gestão tributária de vários


tipos de profissionais, tais como funcionários de empresas
privadas, de economia mista ou de órgãos públicos, além de
profissionais liberais de qualquer área, bem como sócios,
proprietários de empresas, rentistas que recebam aluguéis,
aposentados, pensionistas, e até mesmo por recebedores de
pensão alimentícia, desde que enquadrados no modelo
mencionado no parágrafo anterior.

Assim sendo, respeitados os quesitos mencionados no primeiro


parágrafo deste subitem, a pessoa física poderá depositar até 12%
do rendimento tributável bruto, reduzindo esse montante do total
de rendimento tributável no ano-calendário em que efetuar o
depósito, o qual pode ser feito mensalmente, em um único
depósito anual ou ainda em alguns depósitos avulsos durante o
ano.

24
Supondo-se, então, um rendimento tributável bruto anual de R$
100.000,00, que compreenda, por exemplo, salários e aluguéis, a
seguinte situação se apresentaria, tendo a pessoa efetuado ou não
depósitos em um plano PGBL de previdência privada:

ECONOMIA
ITENS SEM PGBL COM PGBL
TRIBUTÁRIA

Rendimento tributável bruto anual R$100.000,00 R$ 100.000,00


(-) INSS R$ 8.053,44 R$ 8.053,44
(-) Depósito de 12% em PGBL R$ 0,00 R$ 12.000,00

= Rendimento tributável líquido R$ 91.946,56 R$ 79.946,56 R$ 12.000,00


IRPF DEVIDO NO ANO R$ 14.852,98 R$ 11.552,98 R$ 3.300,00
Alíquota efetiva anual do IRPF 14,85% 11,55% 22,22%

A partir dos dados acima demonstrados, nota-se que uma pessoa


com rendimento tributável bruto anual de R$ 100.000,00 que
depositar 12% desse valor – limite máximo de benefício em um
plano PGBL de previdência privada – poderá gerar uma redução de
3.30 pontos percentuais na alíquota efetiva do IRPF devido, o que
significa uma diminuição de 22,22% nos encargos fiscais de IRPF
dessa pessoa, no ano-calendário em que efetuou os respectivos
depósitos.
No momento do resgate de um plano PGBL da previdência privada,
a diferença em relação ao resgate de um plano VGBL é que,
enquanto neste somente é tributado o rendimento obtido, no plano
PGBL a tributação incide sobre o total da retirada ou retiradas,
englobando tanto os valores aplicados quanto os rendimentos
obtidos, uma vez que, quando foram efetuados os depósitos, estes
foram deduzidos do rendimento tributável total.

25
Como mencionado anteriormente, a tributação no resgate de
qualquer dos planos, PGBL ou VGBL, pode ocorrer de duas
maneiras – progressiva ou regressiva –, conforme opção no
momento de contratação do plano. No caso da tributação
progressiva, será a mesma adotada na tabela anual do IRPF,
havendo no momento do resgate a retenção na fonte de IRRF com
a alíquota de 15%.

Posteriormente, o declarante deverá incluir nos rendimentos


tributáveis da Declaração do Imposto de Renda da Pessoa Física
anual o montante bruto do resgate, se o plano for PGBL, ou o valor
dos rendimentos resgatados se for um plano VGBL, descontando
do IRPF a pagar o valor do IRRF de 15% retido no momento do
resgate.

Dessa forma, na realidade, o benefício fiscal que a pessoa obteve


com o tipo de aplicação em plano PGBL com tributação
progressiva foi um mero diferimento do momento da tributação,
passando do ano do depósito para o ano dos resgates.

Porém, no caso da opção pela tributação regressiva, temos um


benefício fiscal significativo, mesmo considerando que o IRPF
incidirá tanto sobre os valores depositados quanto sobre os
rendimentos obtidos. Essa tributação regressiva constitui-se em
uma forma de incentivo à aplicação de longo prazo, uma vez que a
alíquota do IRPF reduz 5,0 pontos percentuais a cada dois anos em
que a aplicação for mantida no plano, conforme tabela que
veremos na página a seguir:

26
QUANTIDADE DE ANOS
ALÍQUOTA FINAL
ATÉ O RESGATE

Até 2 anos 35%


Mais de 2 até 4 anos 30%
Mais de 4 até 6 anos 25%
Mais de 6 até 8 anos 20%
Mais de 8 até 10 anos 15%
Mais de 10 anos 10%

Dessa forma, a tributação regressiva pode ser adotada tanto nos


planos VGBL como nos PGBL, sendo que neste último caso o
benefício fiscal torna-se mais significativo quanto maior for o
tempo em que a pessoa mantiver os depósitos sem efetuar
resgates. Nesse sistema de tributação, caso a pessoa efetue
resgates até o quarto ano após o depósito, haverá uma perda
tributária; se considerarmos o exemplo já mencionado do depósito
de R$ 12.000,00 efetuado, gerando uma redução de 27,5%, ou seja,
R$ 3.300,00, o mesmo valor poderia ser tributável em 35% até o
segundo ano, ou em 30% após o segundo e até o quarto ano.

No entanto, após o quarto ano já começa a se apresentar algum


benefício fiscal, o qual segue de forma crescente em relação ao
tempo do depósito sem resgate, até ultrapassar 10 anos, quando
ocorre a menor tributação, ou seja, 10%. Assim, nesse caso em
particular, a economia de R$ 3.300,00 de IRPF no ano do depósito
irá gerar uma tributação de apenas R$ 1.200,00, se resgatado após
10 anos de permanência no plano.

27
Somente esse aspecto gera uma redução de 17,5 pontos
percentuais na alíquota do IRPF (27,5% - 10,0%), o que representa
um benefício de 63,6%, devendo ser adicionados a isso, ainda, os
rendimentos do período, os quais também serão tributados pela
alíquota de 10% de IRPF. Portanto, tanto o valor do principal
(depósito) quanto os rendimentos são classificados como
tributáveis exclusivamente na fonte, sem que esses rendimentos
sejam incluídos na tabela progressiva.

Para melhor entendimento, suponha-se que esse valor de R$


12.000,00 depositado em um plano PGBL obtivesse um
rendimento (já deduzidas as taxas de administração do plano) no
valor de R$ 8.000,00 nesses mais de 10 anos e que tenha havido
um único resgate no valor de R$ 20.000,00 – o que, pela
sistemática da tributação regressiva, estaria incluída na alíquota
de 10%, portanto, o IRRF seria de R$ 2.000,00 no total;
considerando que no ato do depósito houve a economia de R$
3.300,00 no IRPF, resultaria uma economia líquida de IRPF da
ordem de R$ 1.300,00. Caso essa previdência privada fosse
efetuada com a finalidade de uma aplicação financeira, deveria ser
adicionada ao rendimento de R$ 8.000,00 a economia líquida de
IRPF de R$ 1.300,00.

Essa mesma aplicação, se efetuada em um fundo de renda fixa


pelo mesmo prazo e não em um plano PGBL, resultaria em uma
tributação de IRRF de 15% sobre os R$ 8.000,00, o que implicaria
em um pagamento de R$ 1.200,00; esse valor, quando comparado
à economia líquida de IRPF de R$ 1.300,00 no PGBL, demonstra
um benefício total da ordem de R$ 2.500,00, se considerado o
plano PGBL como uma aplicação financeira.

28
Vale mencionar que a tributação regressiva também vale para
resgates por meio de saques parciais ou mesmo com
recebimentos mensais a título de aposentadoria.

É muito importante destacar um ponto que a maioria das


instituições financeiras não explica a quem aplica em previdência
privada, tanto no VGBL como no PGBL: a inclusão de beneficiários,
para fins de recebimento do valor depositado no caso de
falecimento do aplicador, só é válida para a ocorrência antes da
data preestabelecida para recebimento mensal da aposentadoria;
em decorrência disso, muitos escolhem a idade de 45, 50 ou
55 anos.

Entretanto, se o aplicador alcançar essa data preestabelecida,


passar a receber mensalmente a aposentadoria pela previdência
privada e vier a falecer, todo o montante que ainda tiver no plano
passará a pertencer à instituição de previdência privada, não
havendo nada a ser recebido pelos beneficiários incluídos
no plano.

Para evitar tal ocorrência, o aplicador deve escolher aposentar-se


com 99 anos, que é a idade máxima aceita por alguns planos e,
dessa forma, poderá fazer saques parciais a cada 60 dias sem se
aposentar. Caso o aplicador tenha optado por uma idade menor
ele pode alterar se ainda não alcançou a idade escolhida e tenha
começado a receber o benefício.

29
6. Pensão alimentícia

A pensão alimentícia, como quase tudo na vida, apresenta sempre


dois lados; um deles é o de quem paga, sendo que a pensão
representa uma despesa dedutível sem limite estabelecido, desde
que paga conforme valor determinado pela Justiça, no respectivo
processo judicial amigável ou não, sendo que quem paga não
poderá incluir os recebedores como seus dependentes. Do outro
lado, o beneficiário da pensão alimentícia deve estar atento por se
tratar de rendimento tributável, que deve ter o IRPF calculado com
base na tabela progressiva do ano.

O ponto importante a se atentar é quem realmente deve receber a


pensão de acordo com a sentença do juiz no processo da Justiça,
pois é muito comum que a ex-esposa com filho(s) menor(es)
receba uma pensão creditada em sua conta corrente bancária, por
ser a única que é maior de idade e que possui conta bancária.

Porém, de acordo com a sentença judicial, na realidade, deverá


caber um determinado percentual a cada um dos filhos e uma
parte à ex-esposa. Sendo assim, o ideal é providenciar a emissão
do CPF de cada um dos filhos, mesmo que algum deles seja
recém-nascido – a Receita Federal do Brasil emite esse
documento sem nenhum problema.

Dessa forma, aquele rendimento recebido como pensão


alimentícia creditado na conta corrente da ex-esposa, quando

30
declarado somente em nome dela, pode representar uma faixa de
renda passível de ser tributada pela alíquota legal ou nominal de
27,5%, e, como os valores a descontar seriam baixos, mesmo
incluindo o(s) filho(s) como dependente(s), isso poderia gerar um
valor significativo de IRPF a pagar.

Por outro lado, o valor recebido como pensão alimentícia, mesmo


que depositado totalmente na conta bancária da ex-esposa, pode
ser declarado em separado, de acordo com o estabelecido na
sentença judicial; nesse caso, nem a ex-esposa ou o ex-marido
poderão incluir o(s) filho(s) como dependente(s), mas, sem dúvida,
isso torna o valor do IRPF a ser pago muito menor, podendo até
chegar à isenção tanto para a ex-esposa como para seu(s) filho(s).

Para melhor compreensão, suponha-se a separação de um casal


com dois filhos menores e que tenha sido determinada na Justiça
a pensão alimentícia total de R$ 100.000,00/ano, considerando-se
que a renda anual do ex-marido é de R$ 330.000,00; o total da
pensão, conforme determinação judicial, será dividido nos
percentuais de 25% para cada um dos filhos menores e 50% para a
ex-esposa.

Como os filhos são menores e não possuem conta bancária, o


valor total é depositado na conta corrente da ex-esposa, porém,
considerando a possibilidade de gestão tributária, deve-se avaliar
também a possibilidade de solicitar a emissão de CPF para os dois
filhos menores e fazer três DIRPFs em separado, sendo uma da
ex-esposa e uma para cada filho, para verificar se haveria
alteração da carga tributária caso fosse feita uma única DIRPF em
nome da ex-esposa.

31
Para comparação, suponha-se que seja elaborada somente a
DIRPF simplificada, por não ser um caso de grande volume de
despesas dedutíveis. Considerando-se que toda a pensão fosse
declarada em nome da ex-esposa, teríamos a seguinte situação:

ITENS VALORES EM R$
Rendimentos tributáveis 100.000,00

(-) Desconto simplificado de


(16.754,34)
20% limitado a R$ 16.754,34

= Renda tributável 83.245,68


Alíquota do IRPF – dedução 27,5% – 10.432,3
= IRPF devido no ano 12.460,24

Caso a mesma pensão fosse declarada em três DIRPFs em


separado, teríamos a seguinte situação:

ITENS EX-ESPOSA FILHO 1 FILHO 2


Rendimentos tributáveis 50.000,00 25.000,00 25.000,00

(-) Desconto simplificado de


(10.000,00) (5.000,00) (5.000,00)
20% limitado a R$ 16.754,34

= Renda tributável 40.000,00 20.000,00 20.000,00


Alíquota do IRPF – dedução 15,0% – 4.257,57 Isento Isento
= IRPF devido no ano 1.742,22 - -
TOTAL DE IRPF DEVIDO NO ANO 1.742,22

32
Para verificar a diferença de carga tributária da pensão alimentícia
no caso do IRPF da ex-esposa e dos dois filhos do casal, segue a
visualização dos cálculos, comparando-se a declaração
elaborada em conjunto e em separado:

ITENS CARGA TRIBUTÁRIA IRPF


DIRPF em conjunto R$ 12.460,24
DIRPF em separado (total) R$ 1.742,22
Economia tributária R$ 10.718,02
REDUÇÃO DA CARGA TRIBUTÁRIA 86,02%

Como pôde ser verificado anteriormente, no caso da ex-esposa e


dos dois filhos do casal em questão, haveria uma economia de
86,02% na carga tributária do IRPF somente pelo fato de os três
efetuarem suas DIRPFs em separado em vez de fazê-lo em
conjunto, uma vez que dessa forma os dois filhos ficariam na faixa
de isenção de IRPF e somente a ex-esposa pagaria o IRPF.

Observação importante deve ser feita sobre os casos de falsas


separações judiciais, uma vez que não se constituem em gestão
ou planejamento tributário por se tratar de simulação; elas podem
ser anuladas, pois constituem crime contra a ordem tributária,
conforme determina a Lei 8.137/1990.

33
7. Pró-labore

O pró-labore, que constitui a remuneração pelo trabalho dos


sócios nas empresas, deve ser tratado com muita atenção, por
dois aspectos tributários. Trata-se de um rendimento tributável
para efeito do IRPF, o qual deve ser apurado com base na tabela
progressiva desse tributo, podendo chegar à alíquota de 27,5%.

Logicamente, o pró-labore é uma despesa dedutível para a


empresa, o que irá reduzir o Imposto de Renda Pessoa Jurídica –
IRPJ e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL a serem
pagos pela empresa, redução essa que pode chegar a um
percentual total de aproximadamente 34%.

Por outro lado, em termos da tributação previdenciária, no que se


refere ao INSS há duas situações: a primeira é quanto ao valor a
ser pago pelo sócio, pois incide a alíquota legal ou nominal de 11%,
limitada aos 10 salários de referência, que em 2020 representa R$
6.101,06. Esse valor corresponde ao recolhimento de R$ 671,12
por parte do sócio, desde que o pró-labore seja igual ou superior a
R$ 6.101,06.

Porém, pelo lado da empresa, esta deverá pagar 20% sobre o valor
bruto do pró-labore, independentemente de qualquer limite, ou
seja, no caso de um valor de R$ 25.000,00 mensais, implicaria um
recolhimento de INSS pela empresa no valor de R$ 5.000,00 por
mês. O pior, porém, é que o futuro rendimento da aposentadoria do

34
sócio ficará limitado ao valor de R$ 6.101,06, que é o teto
estabelecido pelo INSS, o que significaria que todo o recolhimento
por parte da empresa não proporcionaria, em contrapartida,
nenhum benefício a esse sócio.

Deve-se também atentar que toda essa situação provocaria uma


redução no montante de lucros da empresa, sendo que estes
poderiam ser distribuídos aos sócios totalmente isentos tanto de
IRPF, como de contribuição ao INSS, tendo em vista que a empresa
já foi tributada pelo IRPJ e pela CSLL no que se refere aos seus
lucros.

Para melhor visualização desse dado, suponha-se então que o


sócio de uma empresa, em vez de receber pró-labore mensal de R$
6.101,06, receba um pró-labore de R$ 25.000,00. No quadro a
seguir, pode-se verificar qual seria a carga tributária total sobre
essa remuneração durante um ano, englobando tanto os tributos
pagos pelo sócio, pessoa física, como pela empresa, a saber:

ITENS VALORES EM R$ VALORES EM R$


Pró-labore mês 25.000,00 6.101,06
(-) Retenção do INSS mês (1) (671,12) (671,12)
= Pró-labore líquido 24.328,88 5.429,94
TOTAL PRÓ-LABORE LÍQUIDO ANO 291.946,56 65.159,28
(-) Desconto simplificado 20% limitado a R$ 16.754,34 (16.754,34) (13.031,86)
= Renda anual tributável 275.192,22 52.127,42
Alíquota do IRPF – dedução 27,5% – 10.432,32 15,0% – 4.198,26
= IRPF devido no ano (2) 65.245,54 3.620,85

INSS da empresa (3) 60.000,00 14.642,54


Distribuição de lucro isenta - 226.787,28
Carga tributária total PF e PJ (1+2+3) 133.298.98 26.316,83
Economia tributária - 106.982,15
REDUÇÃO DA CARGA TRIBUTÁRIA TOTAL - 80,26%

35
A redução da carga tributária demonstrada no quadro anterior
ocorreria desde que a empresa fosse tributada pelo lucro
presumido, ou seja, as despesas de pró-labore e INSS patronal não
provocariam redução no IRPJ e na CSLL a serem recolhidos pela
empresa, pois em ambas situações o IRPJ e a CSLL a serem
recolhidos pela empresa apresentariam o mesmo valor.

Contudo, mesmo considerando que a empresa fosse tributada


pelo lucro real, ou seja, poderia descontar de seu IRPJ e de sua
CSLL as despesas de pró-labore e de encargos da empresa ao
INSS, resultaria a seguinte situação:

Despesa dedutível pró-labore (anual) 300.000,00 73.212,72


Despesa dedutível INSS na PJ (anual) 60.000,00 14.642,54
Total despesas dedutíveis na PJ (anual) (1) 360.000,00 87.855,26
Considerando lucro da PJ (anual) (2) 500.000,00 500.000,00
Lucro tributável na PJ (anual) (3=2-1) 140.000,00 412.144,74
IRPJ e CSLL sem adicional (24% sobre 3) 35.000,00 98.914,74
Adicional de IRPJ (10% sobre 172.144,74) 0,00 17.214,47
IRPJ e CSLL da PJ total (anual) 35.000,00 116.129,21

Carga tributária total PF e INSS da PJ (1+2+3 do quadro anterior) 133.298.98 26.316,83


Carga tributária total PF e PJ FINAL 168.298,98 142.446,04
Economia tributária - 25.852,94
REDUÇÃO DA CARGA TRIBUTÁRIA TOTAL - 15,36%

Dessa forma, fica claro que uma boa gestão tributária deverá ter
muita atenção, no sentido de que o pró-labore de cada sócio da
empresa não ultrapasse o limite do que terá direito como
remuneração da aposentadoria ou pensão. Também é importante
considerar que, no caso de a pessoa ser sócia de mais de uma
empresa, o seu pró-labore total deve ser estabelecido de forma
dividida entre as empresas, sem que a soma deles ultrapasse os
R$ 6.101,06 – neste ano de 2020.

36
Além disso, considerou-se que a diferença entre o pró-labore bruto
anual de uma para outra opção em ambos os casos poderia ser
distribuída como lucro ao sócio, o que seria isento tanto de IR
como de INSS, tanto para o sócio como para a empresa.

Apesar de estarmos tratando da gestão tributária de pessoa física


torna-se importante a análise dos efeitos que determinada
decisão provocarão na empresa, pois de nada adiantaria reduzir os
encargos tributários para os sócios e gerar um acréscimo mais
que proporcional na empresa, razão pela qual fizemos questão de
demonstrar que os benefícios de redução da carga tributária no
caso engloba tanto os sócios como a empresa.

8. Aposentadoria de maiores
de 65 anos

As pessoas físicas aposentadas ou pensionistas, seja pelo setor


público ou privado, gozam de uma isenção adicional a partir do
mês em que completem 65 anos, tanto o homem quanto a mulher.

Dessa forma, no que se refere ao recebimento apenas dos


rendimentos de aposentadoria ou pensão até o valor da primeira
faixa da tabela progressiva do IRPF, que nesse ano de 2020 é de R$
1.903,98, a pessoa terá isenção mensalmente e de forma
acumulada na declaração anual.

37
Porém, quanto aos demais rendimentos tributáveis recebidos
pelas pessoas físicas, será aplicada sobre eles a tabela
progressiva do IRPF, considerando novamente a faixa de isenção
mensal de R$ 1.903,98. Esses rendimentos citados compreendem:
remuneração salarial por ter continuado a trabalhar; pró-labore
por trabalhar na empresa em que tem participação societária;
aluguéis; honorários e parcela da aposentadoria ou pensão que
supere a faixa de isenção, dentre outros.

Assim sendo, após completar 65 anos, as pessoas aposentadas


ou pensionistas, tanto do sexo feminino como masculino, gozam
de uma faixa de isenção mensal de R$ 3.807,96, a qual, em termos
anuais, representa uma isenção de R$ 45.695,52, sendo que 50%
desse valor referem-se somente aos rendimentos de
aposentadoria ou pensão.

Para exemplificar, se for considerada a situação hipotética de duas


pessoas, em que uma delas tem mais de 65 anos e a outra 63 anos,
recebendo uma aposentadoria igual anual total de R$ 60.000,00,
não possuindo nada para deduzir, utilizando-se da declaração
simplificada, resultaria a seguinte situação:

APOSENTADO APOSENTADO
ITENS
COM 63 ANOS COM 66 ANOS

Rendimentos isentos - 24.751,74


Rendimentos tributáveis 60.000,00 35.248,26
(-) Desconto simplificado de 20 % limitado a R$ !6.754,34 R$ 12.000,00 R$ 7.049,65

= Renda tributável R$ 48.000,00 R$ 28.198,61


Alíquota do IRPF – dedução 22,5% - 7.633,51 7,5% - 1.713,58

= IRPF devido no ano R$3.166,49 R$401,32

Economia tributária - R$ 2.765,17


REDUÇÃO DA CARGA TRIBUTÁRIA 87,33%

38
Comparando a carga tributária do aposentado com mais de 65
anos, em termos de IRPF, haveria uma redução nesse caso de
86,91%. Pode-se também considerar o caso de aposentados que
tenham o total da renda como isenta serem incluídos como
dependentes de um de seus filhos na declaração de IRPF para
reduzir a tributação do filho.

9. Profissionais liberais

Podem trabalhar como profissionais liberais os médicos,


dentistas, advogados, engenheiros, arquitetos, administradores,
economistas e contadores, entre outros. Nessa situação, os
rendimentos recebidos são tributados na categoria de pessoa
física, portanto, pela tabela progressiva do IRPF. Os rendimentos
recebidos pelos profissionais liberais, referentes a serviços
prestados, podem ser provenientes tanto de pessoas físicas
quanto de pessoas jurídicas.

Quando o recebimento for de pessoa física, normalmente o


profissional liberal deve fornecer recibo em que conste seu nome
completo, CPF, endereço, número de seu registro profissional
(CRM, CRC, CRA ou outro), data e assinatura. O total dos
rendimentos recebidos em cada mês deve ser declarado no
programa de “carnê leão” e apurado mensalmente com base na
tabela progressiva do IRPF, e, se o rendimento estiver sujeito ao

39
recolhimento do “carnê leão” no respectivo mês, ele deve ser pago
até o último dia útil do mês subsequente.

Já no caso de valores recebidos de pessoas jurídicas,


normalmente o profissional liberal deve fornecer o chamado
Recibo de Pagamento de Autônomo – RPA, no qual haverá
retenção de IRRF, calculada com base na tabela progressiva desse
tributo, se for o caso.

Assim, haverá retenção de IRRF se o valor pago estiver acima da


faixa de isenção mensal, que em 2020 é de R$ 1.903,98. Também
haverá a retenção de 11% de INSS, caso o profissional não tenha
fornecido declaração à empresa pagadora informando já ter
recolhido o limite legal ao INSS, referente ao mês e correspondente
aos dez salários de referência. Convém lembrar que o rendimento
a ser tributado pela tabela progressiva do IRPF deve ser o valor
bruto a ser recebido, descontado do valor retido de INSS.

No caso dos recebimentos pagos por pessoas jurídicas, não há


necessidade de serem incluídos no “carnê leão”, uma vez que já se
sujeitaram às retenções no RPA por parte da empresa pagadora,
mesmo que os valores recebidos estejam na condição de isenção
tanto do IRPF como do INSS.

Em ambas as situações, seja no recebimento de pessoas físicas


ou de pessoas jurídicas, deve haver a incidência de Imposto sobre
Serviços – ISS. Por se tratar de um tributo municipal, há
aproximadamente 5.500 situações que podem ser distintas,
portanto, deve-se verificar na prefeitura do domicílio fiscal do
profissional liberal qual é o correto procedimento, pois poderá
inclusive ter que ser pago no município do tomador do serviço; em
muitos casos, quando o tomador é pessoa jurídica, poderá haver
retenção no pagamento.

40
Esse imposto também poderá ter incidência de um valor fixo por
mês, trimestre ou ano, ou, ainda, um percentual que pode variar de
2 a 5%, com base nos rendimentos recebidos pelo profissional
liberal, dependendo da legislação específica do município.

É importante alertar para as deduções que os profissionais liberais


podem utilizar na sua declaração do IRPF para tributar
corretamente sua renda – são todas as normais de qualquer
pessoa física, tais como: dependentes, despesas com educação,
saúde, pensão alimentícia, previdência pública ao INSS,
previdência privada PGBL etc.

Além disso, há ainda as deduções específicas referentes aos


custos necessários à execução dos serviços dos profissionais
liberais, como os gastos com contratação de funcionários
(devidamente registrados), aluguel de imóveis, condomínio, água,
luz, IPTU, telefone, internet, além de despesas com materiais de
limpeza e de trabalho, não podendo, contudo, descontar o valor de
compra de equipamentos.

Para poder se beneficiar dessas deduções, todo profissional liberal


fica obrigado pela legislação do Imposto de Renda a escriturar o
Livro-Caixa, com base em todos os documentos hábeis, tais como
notas fiscais, faturas, recibos de aluguéis, folha de pagamento,
guias dos encargos sociais etc.

Porém, há casos em que o profissional liberal executa seus


serviços na própria residência, utilizando-se de uma sala
específica ou não, podendo a residência ser própria ou alugada.

41
Porém, há casos em que o profissional liberal executa seus
serviços na própria residência, utilizando-se de uma sala
específica ou não, podendo a residência ser própria ou alugada.
Nesses casos, como ocorre uma mescla entre as despesas
residenciais e operacionais do profissional liberal, a legislação do
Imposto de Renda permite que, ao efetuar o Livro-Caixa, além das
despesas operacionais específicas da prestação de serviços, tais
como folha de pagamento dos funcionários registrados, os
correspondentes encargos sociais e despesas com materiais de
escritório ou necessários para os serviços prestados, a pessoa
possa deduzir 20% correspondentes às despesas que são
conjuntas com as residenciais, tais como condomínio, IPTU, luz,
água, internet, telefone e aluguel, no caso de não ser imóvel
próprio.

É muito importante salientar que as despesas a serem deduzidas


no Livro-Caixa são somente aquelas do profissional liberal como
pessoa física, pois caso ele tenha constituído uma empresa, tais
despesas serão referentes a ela, esteja no Lucro Real, Lucro
Presumido ou outro regime de tributação.

Para melhor visualização, considere-se um profissional liberal que


trabalhe em sua própria residência, alcance uma renda anual de R$
35.000,00 e possua as seguintes despesas anuais:

DESPESAS VALORES EM R$
Funcionário 12.000,00
Encargos sociais sobre funcionário 3.360,00
TOTAL DE DESPESAS 100% DEDUTÍVEL (1) 15.360,00
Aluguel 8.400,00
IPTU 150,00
Telefone 1.200,00
Luz 960,00
Água 480,00

TOTAL DESPESAS 20% DEDUTÍVEL 11.190,00


Parcela dedutível 20% (2) 2.236,00
TOTAL DESPESAS DEDUTÍVEIS LIVRO-CAIXA (1) + (2) 17.596,00

42
Partindo desses dados, resultaria a seguinte situação:

ITENS PROFISSIONAL LIBERAL


Rendimentos tributáveis 35.000,00
(-) Despesas dedutíveis pelo Livro-Caixa (17.596,00)
= Renda tributável 17.404,00
Alíquota do IRPF – dedução Isento
= TOTAL DE IRPF DEVIDO NO ANO 0,00

Dessa forma, pode-se verificar que a carga tributária do


profissional liberal em termos de IRPF, caso efetuasse o
Livro-Caixa na sua DIRPF, tornaria seus rendimentos totalmente
isentos de IRPF, podendo deduzir despesas tais como aluguel,
IPTU, telefone, luz e água, as quais não poderiam ser deduzidas se
não trabalhasse como profissional liberal.

Sem dúvida, o profissional liberal que constitui uma empresa não


estará impedido de prestar serviços também como pessoa física,
podendo ter rendimentos pela empresa e pela pessoa física,
apenas não poderá considerar as despesas da empresa no
Livro-Caixa; contudo, se os serviços que prestar como pessoa
física forem realizados em sua residência, poderá deduzir no
Livro-Caixa apenas os 20% das despesas conjuntas residenciais e
operacionais, o que poderá reduzir a carga tributária como um
todo.

Dessa forma, o profissional liberal tanto poderá prestar serviços


como pessoa física quanto como pessoa jurídica. Normalmente,
no início da atividade, quando o rendimento ainda é baixo, pode ser
interessante para esse profissional prestar serviço como pessoa
física, evitando maiores custos operacionais, tais como

43
contabilidade e encargos tributários. Fica, então, sujeito somente
ao pagamento de IRPF, INSS e ISS, situando-se muito
provavelmente na faixa de isenção do IRPF, ou mesmo tendo uma
carga tributária inferior do que se operasse como uma empresa.

Por outro lado, à medida que os rendimentos do profissional liberal


se elevam, alcançando as faixas mais altas da tabela progressiva
do IRPF, tais como 22,5% e 27,5%, poderá se tornar interessante ele
constituir uma empresa que, conforme o tipo de serviço prestado,
poderá ser enquadrada no Simples Nacional ou no Lucro
Presumido e, mesmo estando incluídos nessas tributações
diversos tributos, tais como IRPJ, CSLL, PIS, Cofins, INSS e ISS,
poderá vir a pagar menos de carga tributária do que se
continuasse a operar como pessoa física. Há inclusive casos que
até mesmo a tributação pelo Lucro Real pode ser mais
interessante do que a tributação como pessoa física.

Caso o profissional liberal constitua uma empresa para a


prestação de serviços e obtenha uma receita anual de R$
135.000,00, considerando as mesmas despesas anteriores como
pessoa física e que a empresa seja tributada pelo Lucro
Presumido, tratando-se de prestação de serviços de profissão
regulamentada, resultaria a seguinte situação:

EMPRESA PROFISSIONAL
ITENS
LUCRO PRESUMIDO LIBERAL

Receita de prestação de serviços 135.000,00 135.000,00


(-) Despesas dedutíveis do Livro-Caixa - (17.596,00)
= Resultado líquido do Livro-Caixa - 117.404,00

(-) Desconto simplificado de 20% limitado a R$ 16.754,34 - (16.754,34)


= Renda tributável na PF - 100.649,66

Alíquota do IRPF – dedução - 27,5% – 10.432,32

IRPF devido no ano (5) - 17.246,3365


Base de cálculo do IRPJ 32% 43.200,00 -
IRPJ devido no ano 15% (1) 6.480,00 -
Base de cálculo da CSLL 32% 43.200,00 -

CSLL devida no ano 9% (2) 3.888,00 -


PIS devido no ano 0,65% (3) 877,50 -

Cofins devida no ano 3,0% (4) 4.050,00 -

CARGA TRIBUTÁRIA TOTAL (1 A 5) 15.295,50 17.246,33

Economia tributária 1.950,83 -

REDUÇÃO DA CARGA TRIBUTÁRIA 11,31% -

Conforme se pode notar na demonstração acima, quando o valor


das receitas é mais elevado, a prestação de serviços pode ser mais
interessante se feita por pessoa jurídica (empresa) em vez de
pessoa física, o que, no caso, representou uma economia
de 11,31%.

44
10. Rendimentos de aluguéis

Os rendimentos de aluguéis são tributáveis, tanto para as pessoas


físicas quanto para as jurídicas, independentemente de serem
provenientes de pessoas físicas ou jurídicas (empresas).

Tais rendimentos, quando recebidos por pessoas físicas, sejam


pagos por outras pessoas físicas ou por empresas, devem ser
adicionados aos demais rendimentos tributáveis da pessoa física,
tais como salários, aposentadorias, pensões, pró-labore,
honorários etc.

Entretanto, os aluguéis têm algumas particularidades que podem


fazer com que a pessoa possa reduzir sua carga tributária
correspondente ao IRPF; assim, para quem é casado ou participa
de uma união estável, há três alternativas para declarar os
aluguéis recebidos como pessoa física – poderá declarar 100%
adicionados aos seus demais rendimentos tributáveis, ou declarar
100% adicionados aos demais rendimentos tributáveis de sua/seu
companheira(o), ou, ainda, 50% adicionados aos seus demais
rendimentos tributáveis e 50% adicionados aos demais
rendimentos tributáveis de sua/seu companheira(o).

Como exemplo, suponha-se um casal que declare em separado,


que o marido tenha uma renda de salário de R$ 55.000,00 no ano e
a esposa uma renda anual de salário de R$ 24.000,00 e que eles
tenham um imóvel alugado para outra pessoa física

45
por R$ 1.500,00 por mês, com o total da renda de aluguel de R$
18.000,00 no ano. Considera-se somente para efeito de
demonstração que as despesas dedutíveis de ambos sejam
pequenas, o que torna as DIRPFs simplificadas mais
interessantes.

Para calcular qual é a melhor forma de declarar essa renda de


aluguel, deve-se considerar que há três possibilidades:

a) 100% em nome do marido;

b) 100% em nome da esposa;

c) 50% em nome de cada um dos cônjuges.

Assim, surgiriam as seguintes situações:

ITENS MARIDO ESPOSA MARIDO ESPOSA


Rendimentos de salários 55.000,00 24.000,00 55.000,00 24.000,00
Rendimentos aluguéis 100% em um deles 18.000,00 18.000,00 0,00 0,00
= Rendimento tributável total 73.000,00 42.000,00 55.000,00 24.000,00
(-) Desconto simplificado de 20% limitado a R$ 16.754,34 (14.600,00) (8.400,00) (11.000,00) (4.800,00)
= Renda tributável 58.400,00 33.600,00 44.000,00 19.200,00
Alíquota do IRPF – dedução 27,5% – 10.432,32 7,5% – 1.713,58 15,0% - 4.257,57 0% - 0,00
= IRPF devido no ano 5.627,68 806,42 2.342,43 0,00
Total do IRPF de ambos quando aluguel declarado
apenas por um dos cônjuges R$ 5.627,68 R$ 3.148,85

Economia tributária - R$2.478,83

REDUÇÃO DA CARGA TRIBUTÁRIA - 44,05%

ITENS MARIDO ESPOSA


Rendimentos de salários 55.000,00 24.000,00
Rendimentos aluguéis 50% em cada um deles 9.000,00 9.000,00
= Rendimento tributável total 64.000,00 33.000,00

(-) Desconto simplificado de 20%, limitado a R$ 16.754,34 (12.800,00) (6.600,00)


= Renda tributável 51.200,00 26.400,00

Alíquota do IRPF – dedução 22,5% – 7.633,51 7,5% – 1.713,58

= IRPF devido no ano 3.886,49 266,42


CARGA TRIBUTÁRIA TOTAL 4.152,91
CARGA TRIBUTÁRIA C/ 100% EM CADA UM 5.627,68 3.148,85
Economia (acréscimo) tributário com declaração de
1.474,77 (1.004,06)
50% para cada um versus 100% para o marido e a esposa

Economia tributária da maior para a menor opção entre as três - 2.478,83

REDUÇÃO DA CARGA TRIBUTÁRIA 44,05%

46
Logicamente, a escolha pela opção mais interessante, ou seja,
aquela em que se pague menos Imposto de Renda, deve ser
considerada em conjunto com as duas declarações, pois há casos
em que a companheira ou o companheiro naquele determinado
ano não tenha obtido outros rendimentos tributáveis e o valor total
– 100% ou parcial – 50% dos aluguéis pode se constituir em
rendimentos da faixa de isenção do IRPF, ou pelo menos com
tributação de uma faixa mais baixa, tal como 7,5% ou 15%. Essa
escolha deve valer para todo o ano-calendário, podendo ser
diferente em cada ano a ser declarado.

Todos os rendimentos de aluguéis que pessoas físicas recebem de


outras pessoas físicas, sejam eles divididos ou não entre os
cônjuges ou companheiros(as), devem ser mensalmente
informados no programa do “carnê leão“ para verificar se há
recolhimento mensal a ser efetuado de acordo com a tabela
progressiva do IRPF, pois o seu recolhimento, caso alcance as
faixas de tributação, é obrigatório.

Porém, caso os rendimentos de aluguéis recebidos por pessoas


físicas sejam pagos por pessoas jurídicas (empresas), não há
necessidade de recolher o “carnê leão”, pois, com base na tabela
progressiva do IRPF, as empresas pagadoras têm a
responsabilidade de calcular o IRRF e recolhê-lo à Receita Federal
do Brasil.

O mecanismo acima exposto é o que deve ser observado como


forma de declaração dos rendimentos de aluguéis por pessoa
física, visando a uma redução, de forma legal, na carga tributária
do contribuinte em termos do IRPF.

47
Contudo, não se constitui essa a única forma de reduzir a carga
tributária sobre o recebimento de rendimentos de aluguéis. Há
também a possibilidade de passar os rendimentos de aluguéis a
serem recebidos para uma pessoa jurídica (empresa), o que pode
tornar bem menor a carga tributária sobre tais rendimentos,
mesmo considerando que tenha que pagar IRPJ, CSLL, PIS e
Cofins.

Para melhor compreensão, considere-se uma pessoa que possua


diversos imóveis locados, que proporcionem uma renda anual de
aluguéis de R$ 240.000,00, e que esse seja seu único tipo de
rendimento, somente para efeito de demonstração do benefício
específico entre tributar na pessoa física ou constituir uma pessoa
jurídica (empresa) para a locação de bens imóveis próprios.

Dessa forma, a seguinte situação se apresentaria:

ITENS EMPRESA PESSOA


LUCRO PRESUMIDO FÍSICA

Receita de locação de imóveis 240.000,00 240.000,00


(-) Despesas dedutíveis do Livro-Caixa - (17.596,00)

= Resultado líquido do Livro-Caixa - 222.404,00


(-) Desconto simplificado de 20% limitado a R$ 16.754,34 - (16.754,34)

= Renda tributável na PF - 207.206,98

Alíquota do IRPF – dedução - 27,5% – 9.486,91


IRPF devido no ano (5) - 47.495,01
Base de cálculo do IRPJ – 32% 76.800,00 -

IRPJ devido no ano – 15% (1) 11.520,00 -

Base de cálculo da CSLL – 32% 76.800,00 -


CSLL devida no ano – 9% (2) 6.912,00 -

PIS devido no ano – 0,65% (3) 1.560,00 -

Cofins devida no ano – 3,0% (4) 7.200,00 -

CARGA TRIBUTÁRIA TOTAL (1 A 5) 27.192,00 47.495,01


Economia tributária 20.303,01 -

REDUÇÃO DA CARGA TRIBUTÁRIA 42,75% -

48
Como pode ser verificado, na empresa a carga tributária diminuiria
em 42,75% ao ano, o que, sem dúvida, em curto prazo de tempo,
cobriria os custos de transferência dos imóveis porventura
incidentes.

Assim sendo, a pessoa jurídica que já possua uma empresa, seja


ela industrial, comercial ou prestadora de serviços, poderá
transferir para ela o imóvel de sua propriedade na pessoa física
como aumento de capital da empresa, passando a receber os
aluguéis pela pessoa jurídica e não mais tributando pela tabela
progressiva do IRPF. Na alteração contratual da empresa pelo
aumento de capital, deve também ser incluída no objeto social da
empresa a locação de bens imóveis próprios.

É importante destacar que, no caso de a empresa ser industrial,


comercial ou prestadora de serviço não ligada ao ramo imobiliário,
ou seja, a receita que ela irá receber de aluguéis for menor do que
50% do que as demais receitas da empresa, ela ficará isenta do
recolhimento de Imposto de Transmissão de Bens Imóveis – ITBI
pela transferência do(s) imóvel(eis) para aumento de capital.

Porém, mesmo que a pessoa física não possua uma empresa e


tenha um rendimento de aluguéis muito significativo, poderá
constituir uma empresa de administração de bens próprios,
transferindo seus imóveis pessoais para a empresa como
composição do capital social. Contudo, nesse caso, por se tratar
de uma empresa especificamente do ramo imobiliário, não haverá
isenção de ITBI.

Em ambas as situações, ou seja, de empresa já existente ou de


empresa constituída, os imóveis devem ser transferidos como
capital destas, com valores idênticos aos que se encontram na
declaração de bens dos sócios, para evitar a tributação sobre
ganho de capital que é da ordem de 15%, no mínimo.

49
11. Venda de imóvel

Muitas pessoas reclamam demais por pagar Imposto de Renda


sobre o ganho de capital na venda de imóvel, uma vez que os
valores de aquisição não podem ser corrigidos desde o ano de
1996, quando foi extinta a correção monetária.

O Imposto de Renda incidente sobre o ganho de capital nas


pessoas física é de no mínimo 15%, porém há possibilidade de
reduções e até mesmo isenções sobre os ganhos de capitais
obtidos nas vendas de imóveis, conforme mostrado a seguir.

Primeiramente, haverá isenção de pagamento de IR sobre o ganho


de capital se houver a venda de todo e qualquer imóvel ou parte de
imóvel que se possua em sociedade, por valor inferior a R$
35.000,00, correspondente à sua parcela na sociedade ou como
único proprietário, e, se no mesmo mês da venda não for vendido
nenhum outro bem cuja soma total ultrapasse esse valor. Essa
isenção poderá ser utilizada 12 vezes durante um ano-calendário,
uma vez que é mensal o limite de R$ 35.000,00.

Dessa forma, caso a pessoa possua diversos terrenos para vender,


ou mesmo pequenas casas com valores abaixo de R$ 35.000,00,
basta tomar o cuidado de não vender dois ou mais imóveis no
mesmo mês para não ultrapassar o limite de isenção. Assim,
planejando adequadamente as vendas durante o ano – uma por
mês –, poderá ao longo do ano vender imóveis, cuja soma total
corresponda a R$ 420.000,00, sem ter que pagar IR sobre ganho de
capital.

50
Por outro lado, há também a isenção sobre o ganho de capital
quando a pessoa for possuidora de um único imóvel e não tenha
efetuado nenhuma venda de imóvel nos últimos cinco anos. Essa
isenção será concedida para imóvel vendido até o valor máximo de
R$ 440.000,000; caso supere esse valor, deverá ser pago IR sobre
o ganho de capital, calculado com base no total da venda e não
somente no montante que superar o limite de R$ 440.000,00.

Há também a possibilidade de obter isenção, ou mesmo redução


na tributação do ganho de capital sobre a venda de imóveis, se o
vendedor adquirir outro no prazo de 180 dias; poderá até comprar
mais de um imóvel residencial, desde que, para isso, empregue
todo o montante recebido na venda do anterior e, ainda, que não
tenha utilizado esse mesmo tipo de benefício nos últimos cinco
anos.

Convém atentar para algumas particularidades, como, por


exemplo, no caso de alguém que tenha vendido seu imóvel por R$
600.000,00 (desde que não seja apenas o terreno) e tenha
adquirido um único imóvel residencial de R$ 400.000,00, deverá
pagar o IR correspondente a um terço do ganho de capital (R$
200.000,00), uma vez que não utilizou na compra o valor total da
venda do imóvel anterior. Além disso, se o imóvel adquirido for
comercial, o beneficio não será válido – somente haverá isenção
para os valores aplicados nas transações de imóveis residenciais,
observando, ainda, que deve haver uma construção, pois não se
aplica à compra ou venda de terrenos.

Deve-se salientar que também podem ser considerados os


seguintes gastos nas negociações imobiliárias:

a) no caso de venda de imóvel, a parcela paga como comissão de


venda para o corretor ou imobiliária poderá ser deduzida do valor
recebido, desde que haja comprovante hábil dessa despesa e seja
devidamente declarada nos pagamentos efetuados na DIRPF;

51
b) no caso da compra, poderão ser incluídos no custo do imóvel o
valor pago a título de ITBI, bem como todos os gastos efetuados
com reforma do imóvel, desde que o comprador possua as
respectivas notas fiscais, faturas, folha de pagamento dos
empregados registrados para efetuar a reforma, tudo em seu nome
e CPF e no endereço do imóvel como obra.

É importante salientar que ambas as situações contribuem para


reduzir o ganho de capital na venda do imóvel, minimizando,
assim, a tributação sobre este.

Além desses gastos mencionados, há outras reduções sobre o


ganho de capital na venda de imóveis por pessoas físicas,
condicionadas à data de aquisição, a saber:

a) para os imóveis adquiridos até o ano de 1969, a redução é de


100% do ganho de capital, portanto, reduzindo-o a zero, o que não
geraria encargo tributário; a partir de 1969 até o ano de 1988, a
redução diminui 5% a cada ano, conforme tabela a seguir,
lembrando que a alíquota de 15% incidirá somente sobre o valor
líquido do ganho de capital:

CENTUAL DE REDUÇÃO
DA COMPRA DO IMÓVEL
DO GANHO DE CAPITAL
1969 100%
1970 95%
1971 90%
1972 85%
1973 80%
1974 75%
1975 70%

52
1976 65%
1977 60%
1978 55%
1979 50%
1980 45%
1981 40%
1982 35%
1983 30%
1984 25%
1985 20%
1986 15%
1987 10%
1988 5%

b) a partir de outubro de 2005, foram criados dois fatores de


redução (FR1 e FR2) para determinação da base de cálculo, a
serem aplicados sobre o ganho de capital na venda de imóveis por
pessoas físicas, o que também reduz a incidência da tributação,
lembrando que o programa de apuração desse ganho de capital já
calcula automaticamente os fatores de redução acima
mencionados. Tais fatores tomam por base a quantidade de
meses decorrentes entre as datas de compra e venda, sendo que o
FR1 considera o período decorrido entre a data da compra do
imóvel até o mês de novembro de 2005, e o FR2 considera o
período entre dezembro de 2005 e a data da venda do respectivo
imóvel.

Deve-se destacar que, no caso de imóveis que tenham sido


adquiridos como terreno até dezembro de 1995 e cuja construção,
reformas ou até mesmo ampliações tenham sido iniciadas até 31
de dezembro desse ano, mesmo que seu término tenha ocorrido
em anos posteriores, a aplicação dos fatores de redução

53
sobre o ganho de capital será baseada no ano da compra do
terreno, o que, sem dúvida, é um benefício na redução da carga
tributária sobre o ganho de capital. Isso ocorrerá desde que tudo
tenha sido devidamente declarado na Declaração de Imposto de
Renda de Pessoa Física – DIRPF, de acordo com os documentos
hábeis comprobatórios.

Quando há venda de imóvel por pessoa física e ganho de capital a


ser tributado, sobre este incidirá a alíquota mínima de 15%, e, em
caso de venda à vista, o valor deverá ser recolhido até o último dia
útil do mês seguinte, para que não ocorra a incidência de multa e
SELIC.

Caso a venda seja a prazo, o ganho de capital deve ser calculado


como total no mês da venda do imóvel, porém os recolhimentos do
Imposto de Renda sobre esse ganho deverão ser proporcionais às
parcelas recebidas, sempre no último dia útil do mês seguinte ao
do recebimento. Assim sendo, caso o vendedor receba 50% de
entrada e duas parcelas de 25%, uma a cada 30 dias, deverá
recolher 50% do IR sobre o ganho de capital no último dia útil do
mês subsequente ao recebimento e posteriormente da mesma
forma, a cada recebimento de 25%.

Como exemplo, suponha-se a situação de um imóvel que tenha


sido comprado por R$ 700.000,00 e vendido por R$ 1.000.000,00.
Após essa transação, o vendedor adquiriu dois outros imóveis
residenciais, sendo um no valor de R$ 250.000,00 e outro no valor
de R$ 400.000,00, ambos comprados antes de completar 180 dias
da venda do seu imóvel possuído anteriormente.

54
No quadro a seguir, pode-se observar a comparação entre a
tributação do ganho de capital com a ocorrência da compra dos
dois imóveis residenciais e sem a compra deles. Não foram
considerados os fatores de redução FR1 e FR2 em ambos os
casos, para deixar bem claros os efeitos tributários nessas
situações.

Considera-se que, na venda do imóvel, houve o pagamento de 5%


de comissão para a imobiliária, conforme nota fiscal de prestação
de serviços, e também que tanto a venda quanto as compras
foram pagas à vista. Dessa forma, surgiria a seguinte situação:

SEM COMPRAR COMPRANDO IMÓVEIS


ITENS
IMÓVEIS RESIDENCIAIS RESIDENCIAIS

Venda de imóvel em 30.01.2013 R$ 1.000.000,00 R$ 1.000.000,00


(-) Comissão paga 5% (R$ 50.000,00) (R$ 50.000,00)
= Valor líquido da venda (1) R$ 950.000,00 R$ 950.000,00

Compra imóvel 20.06.2013 R$ 250.000,00


Compra imóvel 15.07.2013 R$ 400.000,00

= Total de compras (3) R$ 650.000,00

Valor não aplicado em compras (1) – (3) R$ 300.000,00


(-) Custo aquisição do imóvel vendido (2) R$ 700.000,00
= Ganho de capital (1) – (2) R$ 250.000,00
IR sobre ganho de capital – 15% (4) R$ 37.500,00

% Investimento em compra de imóveis (3)/(1) 68,42%


IR devido com compra 31,58% X (4) R$ 11.842,50

ECONOMIA TRIBUTÁRIA COM COMPRAS R$ 25.657,50

REDUÇÃO DA CARGA TRIBUTÁRIA 68,42%

O valor do IR devido sobre o ganho de capital na venda de imóvel


deve ser pago no último dia útil do mês seguinte ao recebimento
do valor da venda, a qual, se parcelada, provoca inclusive o
recolhimento proporcional do IR sobre o ganho de capital de
acordo com cada parcela recebida da venda do imóvel.

55
12. Operações com ações
na Bolsa de Valores

No que se refere às operações com ações na Bolsa de Valores de


São Paulo – Bovespa, convém informar primeiramente que
existem vários tipos de operações que podem ser realizadas, tais
como:

a) mercado à vista de ações;

b) mercado a termo;

c) mercado de opções;

d) operações de day-trade.

O mercado à vista de ações trata da compra e venda de ações à


vista, ou seja, operações que devem ser pagas e recebidas em até
quatro dias. Já o mercado a termo trata de negociações a prazo, e
também da compra ou venda de determinada ação por preço e
prazo preestabelecidos em contrato, para liquidação futura com
prazo de, no máximo, seis meses ou 180 dias.

O mercado de opções é um mercado de derivativos, pois, na


realidade, são negociados direitos de compra ou venda derivados
de determinados ativos, no caso, ações.

56
Quanto aos tipos de operações nos respectivos mercados,
destacam-se os seguintes:

a) operações do mercado comum;

b) operações de day-trade.

As operações do mercado comum são aquelas de compra e venda


de ações no mercado à vista, no mercado de opções e no mercado
a termo, considerando que a venda das mesmas ações, opções e
contratos de mercado a termo não ocorra no mesmo dia em que
forem comprados.

No caso das operações de day-trade, são aquelas com ações e


opções, cuja compra e venda ocorra no mesmo dia, não existindo
operações day-trade para o mercado a termo. Como a maioria das
operações que ocorrem – portanto, as mais comuns – são com
ações, seja em operações do mercado comum à vista ou no
mercado de day-trade, serão comentados praticamente esses
dois tipos de negociação de ações, as respectivas tributações e
suas possibilidades de gestão tributária nas pessoas físicas.

Primeiramente, deve-se informar que os dois tipos de mercado


têm tributação diferente e são tratados separadamente; além
disso, desde o ano de 2005 a Receita Federal do Brasil criou o
chamado “dedo duro”, passando a exigir das corretoras que
operam na Bovespa que efetuem a retenção do Imposto de Renda
em ambos os tipos de operações.

57
Nas operações no mercado de day-trade, somente ocorre a
incidência do Imposto de Renda Retido na Fonte – IRRF, pela
alíquota de 1%, quando há lucro na operação no dia, tendo em
conta que a compra e venda das ações ocorrem no mesmo dia.
Porém, no caso de operações de ações no mercado comum à
vista, a incidência do IRRF é pela alíquota de 0,005% sobre o valor
da venda, desde que no mês a totalidade de vendas supere R$
20.000,00. Caso esse valor não seja superado, não ocorrerá a
incidência do IRRF.

Analisando-se primeiramente a tributação das operações no


mercado day-trade, verifica-se que este não possui nenhuma
isenção, ou seja, qualquer ganho ocorrido nesse mercado deve ser
tributado; por ser considerado um tipo de operação especulativa,
incide sobre ela uma alíquota mais elevada do IR sobre o ganho de
renda variável, devendo ser somado o resultado total de todas as
operações desse tipo ocorridas no mês, ou seja, somam-se as que
deram lucros e diminuem-se as que resultaram em prejuízo.

Caso o resultado final do mês seja positivo, sobre ele incide a


alíquota do IR de 20%, podendo descontar os valores retidos pelo
“dedo duro” de 1% durante o mesmo mês. O valor devido em cada
mês deve ser recolhido até o último dia útil do mês subsequente.

Caso as operações do mês tenham resultado em prejuízo, este


poderá ser abatido em resultados com lucros nos próximos meses
e até anos, porém com o mesmo tipo de operação day-trade.

No que se refere a operações no mercado comum à vista, também


é necessário apurar os resultados mensalmente, somando-se os
lucros obtidos em cada negociação e diminuindo-se os prejuízos

58
ocorridos nas negociações no mesmo mês. Se o resultado final do
mês for positivo (lucro), deve incidir sobre ele a alíquota de 15% de
IR sobre o ganho de renda variável; caso o total das vendas
somente no mercado comum à vista supere no mês o valor de R$
20.000,00, do valor de IR devido pode-se descontar o “dedo duro”,
ou seja, o IRRF de 0,005%, e o valor a recolher deverá ser pago até
o último dia útil do mês subsequente.

Caso a totalidade das operações no mercado comum à vista de


ações resulte em prejuízo no mês, esse total poderá ser deduzido
dos resultados positivos (lucros) nos meses subsequentes, ou até
mesmo anos, desde que no mesmo tipo de operações. No entanto,
como apurar os resultados positivos (lucros) ou negativos
(prejuízos) em cada operação de venda realizada?

Em se tratando de operações no mercado de day-trade, desde que


a compra e a venda tenham sido realizadas pela mesma corretora
da Bovespa, o resultado já vem apurado na nota de corretagem do
dia, até mesmo porque haverá a incidência do “dedo duro” do IRRF
de 1% sobre o resultado positivo, se houver.

Porém, nas operações com ações no mercado comum à vista, há


necessidade de o próprio investidor, ou algum contador ou
consultor apurar os resultados nas respectivas operações para
verificar se houve lucros ou prejuízos, analisando se há ou não a
incidência tributária do IR sobre ganho na renda variável.

Conforme já mencionado, caso a totalidade das negociações com


ações em operações comuns no mercado à vista no mês seja de
até R$ 20.000,00, não haverá tributação de IR sobre ganho em
renda variável, mesmo que apure resultado positivo (lucro).

59
A apuração do resultado em cada operação deve considerar o
custo médio de compras, adicionado das despesas de corretagem
e outras constantes das notas de corretagem e cobradas do
comprador, conforme demonstrado a seguir:

PETROBRAS PN – PETR4

Data Operação Quantidade Preço unitário Valor total R$ Preço unitário


+ despesas R$ médio R$

10.02.2013 Compra 3.000 22,18 66.540,00 22,18

20.10.2013 Compra 2.000 18,25 36.500,00 20,61


10.04.2014 Compra 3.000 13,70 41.100,00 18,02

30.04.2014 Compra 5.000 15,60 78.000,00 17,09

30.04.2014 Estoque total 13.000 222.140,00 17,09

Na tabela acima, pode-se verificar que a cada nova compra a


preços diferentes reduz-se o preço unitário médio, que é obtido
dividindo-se o valor total do estoque pela quantidade total em
estoque.
Quando da venda das ações, deve-se apurar a receita líquida para
poder comparar se houve lucro ou prejuízo na operação, ou seja,
do valor total das vendas devem ser deduzidas as despesas de
corretagem e outras pagas pelo investidor e constantes na nota de
corretagem.

No quadro anterior, caso o investidor realize uma venda de ações


no mercado comum à vista das 13.000 ações, em 02.05.2014, por
R$ 18,50 cada ação, já descontadas as despesas gerais e de
corretagem constantes na nota de corretagem, resultaria em um
total de receita líquida de R$ 240.500,00 e o valor de IRRF
de R$ 12,05.

60
Cada operação de venda realizada deve ter seu resultado
devidamente apurado, sendo necessário verificar a cada mês o
resultado total mensal para poder analisar se há ou não a
incidência do IR sobre ganho de renda variável devido.

No caso, considerando-se que, durante o mês de maio de 2014,


essa foi a única negociação de ações no mercado comum à vista
do investidor, ocorreria a seguinte situação tributária:

VENDA DE 13.000 AÇÕES DA PETROBRAS PN – PETR 4 – MAIO/2014


Receita líquida de venda R$ 240.500,00
(-) Custo das ações compradas (R$ 222.140,00)
= Resultado no mês (1) R$ 18.360,00
IR sobre ganho de renda variável – 15% (2) R$ 2.754,00
(-) IRRF (R$ 12,05)
= IR DEVIDO R$ 2.741,95
Lucro líquido no mês (1) – (2) R$ 15.606,00

Por se tratar de negociação de ações no mercado comum à vista,


como há isenção de IR sobre ganho de renda variável para vendas
de até R$ 20.000,00 por mês, caso esse mesmo total fosse
dividido em 12 meses, mesmo que com um preço R$ 0,05 menor
por ação, a receita líquida total do ano seria de 13.000 ações a R$
18,45 cada, totalizando R$ 239.850,00. Considerando-se o custo
total de R$ 222.140,00, resultaria para o investidor um lucro total
no ano de R$ 17.710,00, isento de IR, portanto, com uma
lucratividade 13,48% maior.

61
13. Atividade rural

A atividade rural exercida por pessoa física apresenta algumas


situações, por meio das quais é possível determinar a melhor
forma de tributação na DIRPF desse produtor rural – pessoa física.

É importante destacar que todo produtor rural que for pessoa


física deve efetuar um cadastro junto à Receita Federal do Brasil,
após o que receberá um número de Cadastro Nacional de Pessoa
Jurídica – CNPJ; apesar disso, continuará sendo considerado
pessoa física e fará a declaração de seus rendimentos na
Declaração de Imposto de Renda de Pessoa Física – DIRPF.

O produtor rural – pessoal física poderá apurar os resultados


mediante apenas prova documental, ficando dispensado de
escrituração do Livro-Caixa desde que sua receita anual não
exceda R$ 56.000,00, apurando-se o resultado pela diferença entre
o total das receitas e as despesas/investimentos da atividade rural
no ano-calendário.

Quando o produtor rural exceder o valor de R$ 56.000,00 em suas


receitas da atividade no ano-calendário, ficará obrigado à
escrituração do Livro-Caixa, em ordem cronológica em relação às
datas do recebimento das receitas e pagamento das
despesas/investimentos.

O produtor rural – pessoa física ainda tem a liberdade de efetuar a

62
apuração de seus resultados pela forma contábil, devendo efetuar
os lançamentos nos livros contábeis (Diário, Razão etc.), de
acordo com as normas contábeis e fiscais.

Quando uma mesma propriedade rural é explorada por mais de


uma pessoa física, cada uma delas como produtor rural deve
escriturar as parcelas a si correspondentes, tanto das receitas
como das despesas e investimentos.

Há três hipóteses para apuração do resultado, dentre as quais o


produtor rural poderá fazer a sua opção, conforme for o seu caso:

a) apuração documental (receita anual até R$ 56.000,00);

b) apuração por Livro-Caixa; e

c) apuração contábil.

Além disso, o produtor rural poderá optar por uma das seguintes
formas de tributação na DIRPF:

a) pelo resultado apurado por uma das formas acima;

b) pelo limite de 20% sobre a receita bruta total.

A opção pelo resultado deve ser adotada quando a pessoa física


na atividade rural incorreu em mais despesas e investimentos do
que receitas no ano-calendário, o que resultaria em um resultado
negativo, ou seja, prejuízo, o qual poderá ser compensado em
anos-calendário futuros com tributação pelo resultado, quando
houver lucro.

63
Nesse tipo de apuração, as receitas da atividade rural referem-se à
venda de produtos agropecuários, devendo-se destacar que, se
uma pessoa física possuir terra com pasto e alugá-la para outros,
o rendimento do aluguel não se constitui em receita de atividade
rural, devendo ser tributado como os demais rendimentos
tributáveis normais, ou seja, da mesma maneira que seria o
recebimento de aluguel de um imóvel urbano residencial ou
comercial.

Como despesas de custeio, podem ser consideradas as


correspondentes aos empregados devidamente registrados e os
demais gastos operacionais da atividade, desde que devidamente
comprovados com notas fiscais, recibos, contratos de prestação
de serviços e outros.

Consideram-se como despesas de investimentos a formação de


pastagens, florestas e culturas permanentes; a compra de
tratores, implementos agrícolas, motores, utensílios e utilitários e
veículos de carga; animais de trabalho, produção e engorda, dentre
outros.

Deve-se destacar que a compra da terra nua não constitui


despesa de investimento na atividade rural. Por outro lado, se as
despesas de custeio e investimento superarem as receitas brutas
da atividade, logicamente isso indica insuficiência de caixa,
devendo esta ser suportada com base nas informações de
disponibilidades financeiras das demais atividades da pessoa
física produtor rural.

Todas as compras efetuadas a prazo, ou seja, em parcelas, devem


ser consideradas como despesa no mês de pagamento de cada

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uma delas, seja das despesas de custeio ou de investimento.
Porém, no caso de compras com financiamento, estas serão
consideradas como despesa no mês do pagamento da compra e
não no mês do pagamento das parcelas do financiamento.

Dessa forma, suponha-se um produtor rural com um montante de


receitas e despesas de custeio e investimento, conforme a tabela
a seguir:

DEMONSTRATIVO DE ATIVIDADE RURAL – BRASIL

RECEITA BRUTA DESPESAS DE CUSTEIO/


MÊS
EM R$ INVESTIMENTO EM R$

Janeiro 10.000,00 6.000,00


Fevereiro 15.000,00 8.800,00
Março 12.000,00 10.000,00

Abril 18.000,00 50.500,00


Maio 10.000,00 7.000,00

Junho 11.000,00 8.000,00

Julho 12.000,00 10.000,00


Agosto 9.000,00 12.000,00
Setembro 15.000,00 12.000,00
Outubro 12.000,00 10.500,00

Novembro 13.000,00 9.000,00


Dezembro 11.000,00 18.000,00

TOTAIS 148.000,00 161.800,00

Com base nos dados da tabela anterior referente a atividade rural


no ano-calendário, a apuração do resultado poderia se dar da
seguinte forma:

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APURAÇÃO DO RESULTADO – BRASIL

APURAÇÃO DO RESULTADO TRIBUTÁVEL VALORES EM REAIS


Receita bruta total 148.000,00
Despesas de custeio e investimento totais 161.800,00

Resultado I - 13.800,00

Saldo de prejuízo(s) de exercício(s) anterior(es) 0,00

Resultado após compensação do prejuízo - 13.800,00

Limite de 20% sobre a receita bruta 29.600,00


RESULTADO TRIBUTÁVEL 0,00

INFORMAÇÕES PARA O EXERCÍCIO SEGUINTE


Saldo de prejuízo(s) a compensar 13.800,00
APURAÇÃO DO RESULTADO NÃO TRIBUTÁVEL
Adiantamento(s) recebido(s) ano anterior por conta de venda para entrega futura 0,00
Receita(s) de produto(s) entregue(s) no ano anterior referente a adiantamento(s)
0,00
recebido(s) até dois anos antes

RESULTADO NÃO TRIBUTÁVEL 0,00

Do exposto anteriormente, pode-se notar que, com base nas


informações da atividade rural do ano-calendário desse produtor
rural, caso ele optasse pela tributação pelo limite de 20% sobre a
receita bruta total, incorreria no montante de R$ 29.600,00 de
receita bruta tributável da atividade rural a ser adicionada às
demais receitas tributáveis do ano-calendário, sendo que sobre a
totalização destas incidiria a tabela progressiva do IRPF.

Todavia, nota-se que o sistema de tributação mais interessante


para esse produtor rural seria pelo resultado, uma vez que a
atividade apresentou prejuízo no ano; portanto, não haveria
rendimento tributável da atividade rural (R$ 0,00) a ser adicionado
aos demais rendimentos tributáveis da pessoa física para a
incidência da tabela progressiva do IRPF.

66
Não resta dúvida de que, em muitos casos, a tributação pelo limite
de 20% sobre a receita bruta pode ser mais interessante do que a
tributação pelo resultado.

Considerando esse mesmo caso, supondo que não houvesse sido


efetuada a despesa de investimento de R$ 45.000,00 com a
compra de um trator no mês de abril, as despesas totais do ano
seriam de R$ 116.800,00, as quais, comparadas com as receitas
brutas de R$ 148.000,00, resultariam em um lucro da atividade
rural no ano-calendário de R$ 31.200,00.

Contudo, com base na tributação pelo limite de 20% sobre a receita


bruta, o montante a ser adicionado aos demais rendimentos
tributáveis seria de R$ 29.600,00, portanto, inferior ao apurado por
resultado em R$ 1.600,00; esse montante seria considerado como
rendimento isento e não tributável, possibilitando uma redução na
base de cálculo do IRPF de 5,13%.

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Referências bibliográficas
Crepaldi, Silvio A. Planejamento tributário – Teoria e prática. São
Paulo: Saraiva, 2012.

Ferrero, Gilberto. Imposto de renda nas bolsas de valores. São


Paulo: Saint Paul, 2011.

Gallo, Mauro F. A relevância da abordagem contábil na


mensuração da carga tributária das empresas. 2007. 407p. Tese
(Doutorado em Ciências Contábeis) – Faculdade de Economia,
Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São
Paulo, 1990.

Patu, Gustavo. Carga tributária brasileira vai a 35,85% da renda e


bate recorde. Folha de São Paulo, Caderno Mercado, São Paulo,
21 dez. 2013, p. B-5.

Reis, Luciano G. dos; Gallo, Mauro F.; Pereira, Carlos A. Manual


de contabilização de tributos e contribuições sociais. 2. ed. São
Paulo: Atlas, 2012.

MINISTÉRIO DA FAZENDA. Carga tributária no Brasil 2017. 2018.


Disponível em:
<http://www.fazenda.gov.br/portugues/releases/2003/NOTA%2
0PIS%20SE%20-%2004-12c.pdf>. Acesso em: 19 fev. 2020.

Shingaki, Mário. Gestão de impostos para pessoas físicas e


jurídicas. 8. ed. São Paulo: Saint Paul, 2012.

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