Você está na página 1de 6

Impactos da reforma do imposto de renda das Pessoas Jurídicas e Pessoas Físicas

segundo a proposta PL 2.337/2021

Cláudia Santos Zanardi

Resumo

O objetivo deste trabalho é analisar os impactos da reforma do imposto de renda

Palavras-chave

Abstract
Uma tradução ao Inglês do resumo feito acima.
Keywords: Tradução das palavras-chave.
2

Introdução
A política fiscal busca a eficácia e equilíbrio entre a arrecadação tributária e o gasto do
setor público, a arrecadação de tributos financia as medidas para atingir determinados
objetivos macroeconômicos e sociais.
Segundo Assaf Neto (2009) o governo ao modificar a carga tributária dos consumidores
influencia também a renda disponível e, em consequência, o consumo agregado. Logo,
um aumento de impostos tem por contrapartida esperada uma redução do consumo da
população, já a elevação da cobrança de tributos das empresas tem duas repercussões
importantes previstas, a redução dos resultados, tornando o capital investido menos
atraente, e a redução da capacidade de investimento.
De acordo com Orair e Gobbet (2018) o sistema tributário afeta de várias maneiras o
padrão de crescimento econômico e a competitividade nacional, e pode atuar tanto
como um elemento de suporte quanto um obstáculo ao desenvolvimento, já para Pêgas
(2018) o sistema tributário é uma ferramenta de redução das desigualdades sociais e
fator decisivo na distribuição de renda.
Ponto unânime também é a necessidade de uma reforma para melhorar a qualidade do
sistema tributário nacional, dentre os problemas do atual sistema tributário Araújo
(2017) destaca que, no Brasil, a tributação é desigual, pois discrimina injustificadamente
contribuintes, concede inúmeros benefícios fiscais, é regressivo, porque retira, na forma
de tributos, maior proporção da renda dos contribuintes mais pobres, evidenciado
sobretudo pelo fato de que 40% de toda a arrecadação é sobre a tributação do consumo,
alivia a carga sobre a renda dos mais ricos e desorganiza a economia por meio de
desonerações mal planejadas.
Há muitos anos discute-se a complexidade e peso dos tributos no Brasil a crescente
necessidade de uma reforma tributária levou a criação de vários projetos, dentre eles
destaca-se o Projeto de Lei 2.337, apresentado em Junho de 2021, que prevê a reforma
do imposto de renda das pessoas físicas e jurídicas.
Segundo o Ministério da Economia, autor do projeto, a necessidade de reorganizar o
sistema para evitar que a maior carga recaia sobre os brasileiros de menor renda é
urgente, o objetivo das propostas apresentadas é simplificar o sistema tributário e torná-
lo mais justo e menos desigual, a meta é gradualmente substituir o atual modelo, que é
injusto, caro e complexo, por mecanismos mais eficazes e equânimes.
3

A proposta em questão já passou pela Câmara e sofreu várias alterações, analisaremos


os principais pontos da atual proposta, seus impactos, os resultados previstos e alcance
das metas estabelecidas.

1. Atual modelo
1.1 Tributação sobre o consumo
1.2 Tributação sobre a renda
1.2.1 Tributação Pessoas Físicas

O cenário dos países participantes da Organização para a Cooperação e


Desenvolvimento (OCDE) mostra que a alíquota média para a tributação das pessoas
físicas é 41,58% e no Brasil a alíquota máxima chega a 27,5%, comparativamente a
alíquota brasileira está abaixo também das médias da América Latina e da média global.

Alíquota Pessoas Físicas


45.00%
40.00%
35.00% Brasil
30.00% América Latina
25.00% Global
20.00% OECD
15.00%
10.00%
5.00%
0.00%
2017 2018 2019 2020 2021

Gráfico 1 – Alíquota Pessoas Físicas, fonte dados KPMG elaborado pela autora.

O valor utilizado para comparação é a alíquota da maior faixa salarial, pois a tabela
do IRPF é progressiva, portanto quanto maior o rendimento maior deveria ser o
imposto pago, tanto em valor quanto em percentual.
Em contraponto a progressividade da tabela há a ausência da correção dos valores
das faixas salariais e das deduções permitidas por lei desde 2015, ao analisar a série
histórica da tabela de IRPF percebemos que a defasagem é uma constante e segundo
estudo da Diretoria de Estudos Técnicos do Sindifisco Nacional (2021) devido à
ausência de reajuste e às correções abaixo da inflação, medida pelo IPCA, a
defasagem média acumulada é de 113,09% de 1996 até 2020.
4

Dentre os impactos negativos estão a redução da parcela da população na faixa


isenta e o aumento do imposto pago, visto que, o contribuinte de baixa renda está
pagando mais imposto a cada a ano.
Pessoas físicas acionistas de empresas contam atualmente com a isenção dos
dividendos

e a dedutibilidade do JCP que foram os principais instrumentos de atração de


investimentos do país desde o plano Real

1.2.2 Tributação Pessoas Jurídicas

Já as alíquotas de tributação das pessoas jurídicas atualmente são 15% de imposto de


renda com um adicional de 10% e 9% de CSLL para empresas em geral perfazendo um
total de 34%.

Alíquota Pessoas Jurídicas


40.00%
35.00%
30.00% Brasil
25.00% América Latina
20.00% Global
15.00% OECD
10.00%
5.00%
0.00%
2017 2018 2019 2020 2021

Gráfico 2 – Alíquota Pessoas Jurídicas, fonte dados KPMG elaborado pela autora.

Podemos observar que a alíquota brasileira para as pessoas jurídicas está entre as mais
altas, no sentindo inverso, temos que as alíquotas para pessoas físicas estão abaixo da
média.

1. Projeto de Lei
5

Principais pontos da proposta

Em relação as pessoas físicas o projeto prevê o um aumento na faixa de isenção de R$


1.903,98 para R$ 2.500 mensais, uma correção de 31,3%, porém não há correção dos
valores de dedução permitidas em lei, houve a redução no valor do desconto
simplificado, o retorno da tributação sobre a distribuição de lucros, alíquota de 15%, e
dividendos das empresas e o fim dos Juros sobre Capital Próprio (JCP).
Para as pessoas jurídicas haverá a redução da alíquota de IRPJ de 15% para 8%, não
havendo alteração no adicional de 10%, e a alíquota de CSLL passará de 9% para 8%
para empresas em geral, de 15% para 14% para instituições financeiras variadas e de
20% para 19% para os bancos.
As reduções estão condicionadas à implantação de um adicional de 1,5% da
Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) e à redução de
incentivos tributários à indústria farmacêutica, gás natural canalizado, carvão mineral,
produtos químicos, farmacêuticos e hospitalares.
As empresas optantes pelo Simples Nacional e Lucro Presumido não serão taxadas por
imposto de renda sobre os lucros.
1. Conclusão
O ajuste da tabela de IRPF não sana o problema da defasagem  A correção da Tabela do
IRPF busca um estado de maior justiça fiscal, evitando o aumento da regressividade de
nossa tributação, fator este um indutor das desigualdades sociais.
6

Referências

ARAUJO, José E. C. Sistema Tributário como entrave para o desenvolvimento


nacional. Cadernos ASLEGIS, Brasília, nº 52 (Mai/Ago 2014), p. 19 – 37. 2017.

Appy, Bernard. “Por que o sistema tributario brasileiro precisa ser reformado?”.
Interesse Nacional, v. 8, n. 31, pp. 65–81, 2015.

https://www.gov.br/economia/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/reforma-
tributaria consultado em 01/09/2021

https://www.gov.br/receitafederal/pt-br/acesso-a-informacao/dados-abertos/receitadata/
estudos-e-tributarios-e-aduaneiros/estudos-e-estatisticas/11-08-2014-grandes-numeros-
dirpf/grandes-numeros-dirpf-capa

https://stats.oecd.org/Index.aspx?DataSetCode=REV consultado em 01/09/2021

https://home.kpmg/xx/en/home/services/tax/tax-tools-and-resources/tax-rates-online/
individual-income-tax-rates-table.html

https://www.gov.br/receitafederal/pt-br/assuntos/orientacao-tributaria/tributos/irpf-
imposto-de-renda-pessoa-fisica#calculo_mensal_IRPF

https://economia.uol.com.br/imposto-de-renda/noticias/redacao/2021/02/27/ir-2021-
defasagem-de-113-na-tabela-obriga-105-milhoes-a-pagarem-imposto.htm

Você também pode gostar