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GESTÃO DE CRÉDITOS

DE PIS E COFINS

Fabio Rodrigues de Oliveira


Advogado; Mestre em Ciências Contábeis; Coordenador, autor e coautor de diversos
livros em matéria contábil e tributária, tais como “Manual do PIS e da COFINS” e “PIS e
COFINS na Prática”; Palestrante e professor em cursos de pós-graduação;
Pesquisador do grupo de pesquisas em Controladoria e Gestão Tributária da USP, com
trabalhos apresentados em diversos países; Avaliador da Revista Brasileira de
Contabilidade e do EnANPAD; Sócio da SYSTAX Sistemas Fiscais.

Programa
• Previsão constitucional bens do ativo não circulante
– Frete (compra, venda e
transferência)
• Corrente constitucionalista x
– Vale-transporte, vale-refeição ou
corrente legalista vale alimentação, fardamento ou
uniforme
• Gestão dos créditos – Riscos
e oportunidades • Estratégias para
– Bens para revenda aproveitamento de créditos
– Insumos
• Visão legal, fiscal e
jurisprudencial
– Energia elétrica
– Aluguel
– Arrendamento mercantil
(leasing)
– Depreciação e amortização de

Previsão Constitucional
• IPI
Art. 153
§ 3º
II - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas
anteriores;

• ICMS
Art. 155
§ 2º
I - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de
mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado
ou pelo Distrito Federal;

• PIS/COFINS
Art. 195
§ 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições
incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão não-cumulativas.

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Correntes de interpretação
• CORRENTE CONSTITUCIONALISTA
– A relação de créditos contida nas Leis nºs
10.637/2002 e 10.833/2003 é exemplificativa (ou,
então, inconstitucional!)
• Toda despesa necessária à geração da
receita deveria permitir a apropriação de
créditos.

• CORRENTE LEGALISTA
– A relação de créditos contida nas Leis nºs
10.637/2002 e 10.833/2003 é taxativa.
• Somente aquilo que está previsto no art. 3°
permite a apropriação de créditos

Gestão dos créditos


Riscos e oportunidades
• Bens para revenda

Art. 3º [...]
I - bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos
produtos referidos:
a) no inciso III do § 3º do art. 1º desta Lei; e [substituição tributária]
b) nos §§ 1º e 1º-A do art. 2º desta Lei; [incidência monofásica]

Gestão dos créditos


Riscos e oportunidades
Atenção!

 O IPI incidente na aquisição integra o custo dos bens, exceto quando recuperável.

 O ICMS integra o custo dos bens e das mercadorias, exceto quando cobrado pelo
vendedor na condição de substituto tributário.

 Integram o custo de aquisição dos bens e das mercadorias o seguro e o frete pagos
na aquisição, quando suportados pelo comprador.

– Ver: IN RFB nº 404/2004 e Solução de Consulta Cosit nº 106/2014

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Gestão dos créditos
Riscos e oportunidades
• Insumos

Art. 3º [...]
II - bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na
produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive
combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º
da Lei nº 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao
concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas
posições 87.03 e 87.04 da TIPI;

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Riscos e oportunidades
Visão Fiscal
IN SRF n° 404/2004
Art. 8º, § 4º [...] entende-se como insumos:
I - utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda:
a) a matéria-prima, o produto intermediário, o material de embalagem e quaisquer
outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de
propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o
produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado;
b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou
consumidos na produção ou fabricação do produto;
II - utilizados na prestação de serviços:
a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não
estejam incluídos no ativo imobilizado; e
b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou
consumidos na prestação do serviço.

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Riscos e oportunidades
Visão Fiscal
Encargo Fundamentação
Alimentação, vale-transporte e Soluções de Divergência nºs 8/2006,
fardamento 15/2008, 17/2008, 24/2008, 25/2008,
33/2008 e 43/2008
Direitos autorais Solução de Divergência nº 14/2011
Equipamento de Proteção Individual Solução de Divergência nº 9/2011
(EPI)
Fretes para o transporte de produtos Soluções de Divergência nºs 11/2007,
acabados ou em elaboração 12/2008, 26/2008 e 2/2011
Rastreamento de veículos e cargas, Soluções de Divergência nºs 15/2007,
seguros de qualquer espécie e 14/2008, 18/2008, 19/2008 e 20/2008
pedágio
Telefonia para a execução de serviços Solução de Divergência nº 10/2011
contratados

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Riscos e oportunidades
Visão jurisprudencial
Fase Definição Justiça (ex.) CARF (ex.)
1ª IPI Apelação Cível nº Acórdão nº 201-79.759,
Fase 200772010007910 (TRF 4ª) da 1ª Câmara do 2º CC
2ª IRPJ Apelação Cível nº 0029040- Acórdão nº 3202-00.226,
Fase 40.2008.404.7100/RS (TRF 4ª) da 2ª Câmara do 2º CC
3ª Própria Apelação em MS nº Acórdão nº 930301.740
Fase (custo de 200332000008496 (TRF 1ª) da 3ª Turma da CSRF
produção)

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Riscos e oportunidades
Divergências no CARF
ACÓRDÃO: 3401-002.547 ACÓRDÃO: 3101-001.606
Data de decisão: 16/05/2014 Data de decisão: 28/08/2014
Necessidade de avaliação da Dispensa de avaliação da necessidade
essencialidade

“Para definir o conceito de insumo no “Não cabe ao intérprete dimensionar


PIS e na COFINS não-cumulativos, é a necessidade ou a essencialidade
necessário constatar a material dos bens e serviços
essencialidade do bem ao processo adquiridos, mas tão somente verificar
produtivo do contribuinte. Assim, se foram ou não UTILIZADOS “na
geram crédito do PIS e da COFINS prestação de serviços ou na
não-cumulativos somente as produção ou fabricação de bens e
despesas com materiais produtos” inerentes à atividade
considerados essenciais”. submetida à não cumulatividade.”

Gestão dos créditos


Riscos e oportunidades
Recurso especial nº 1.246.317 - MG (2011/0066819-3)
3. São ilegais o art. 66, §5º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 247/2002 - Pis/Pasep
(alterada pela Instrução Normativa SRF n. 358/2003) e o art. 8º, §4º, I, "a" e "b", da Instrução
Normativa SRF n. 404/2004 - Cofins, que restringiram indevidamente o conceito de "insumos"
previsto no art. 3º, II, das Leis n. 10.637/2002 e n. 10.833/2003, respectivamente, para efeitos
de creditamento na sistemática de não-cumulatividade das ditas contribuições.
4. Conforme interpretação teleológica e sistemática do ordenamento jurídico em vigor, a
conceituação de "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei
n. 10.833/2003, não se identifica com a conceituação adotada na legislação do Imposto sobre
Produtos Industrializados - IPI, posto que excessivamente restritiva. Do mesmo modo, não
corresponde exatamente aos conceitos de "Custos e Despesas Operacionais" utilizados na
legislação do Imposto de Renda - IR, por que demasiadamente elastecidos.
5. São "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n.
10.833/2003, todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo
produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente
empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou
da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade da empresa, ou implica em substancial
perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes.

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Gestão dos créditos
Riscos e oportunidades
• Energia

Art. 3º [...]
III - energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas
nos estabelecimentos da pessoa jurídica;

Gestão dos créditos


Riscos e oportunidades
Atenção!

 Abrange energia elétrica do setor produtivo, administrativo e demais áreas


da empresa
 Erro comum: utilizar apenas energia do setor produtivo

 Não inclui a Contribuição de Iluminação Pública (CIP) e outros possíveis


valores cobrados junto à conta de energia, a exemplo de multa e juros.

 Não abrange potência garantida de energia elétrica (Processo de Consulta


nº 17/11. Órgão: SRRF / 6a. Região Fiscal)

Gestão dos créditos


Riscos e oportunidades
• Aluguéis

Art. 3º [...]
IV - aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica,
utilizados nas atividades da empresa;

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Gestão dos créditos
Riscos e oportunidades
Atenção!

 Abrange gastos ligados às atividades da empresa


 Não é preciso restringir à área produtiva

 Não abrange aluguel de veículos

 Opção à aquisição de máquinas e equipamentos, cujos créditos estão restritos à área


produtiva

 O bem não pode ter integrado o patrimônio da empresa (art. 31 da Lei nº 10.865/2004)

 No caso de imóvel alugado de PF, sugerir ao locador mudança para PJ


 Tributação no Lucro Presumido: 11,33%

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Riscos e oportunidades
• Leasing

Art. 3º [...]
V - valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa
jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e
Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - SIMPLES;

Gestão dos créditos


Riscos e oportunidades
Atenção!

 Amplo: abrange qualquer bem, utilizado em qualquer área


 Inclusive veículos

 Abrange tanto leasing financeiro quanto operacional

 Opção à aquisição de máquinas e equipamentos, cujos créditos estão restritos à área produtiva

 Bem objeto de leasing não permite aproveitamento a partir de depreciação

 O bem não pode ter integrado o patrimônio da empresa (art. 31 da Lei nº 10.865/2004)

 Não abrange o Valor Residual Garantido (VRG)

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Gestão dos créditos
Riscos e oportunidades
• Bens do ativo não circulante

Art. 3º [...]
VI - máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado,
adquiridos ou fabricados para locação a terceiros ou para utilização na produção de
bens destinados à venda ou na prestação de serviços.
VII - edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas
atividades da empresa;
[...]
XI - bens incorporados ao ativo intangível, adquiridos para utilização na produção
de bens destinados a venda ou na prestação de serviços.

Gestão dos créditos


Riscos e oportunidades
Atenção!
 Edificações: qualquer área da empresa
 Aproveitamento em 24 meses se adquiridos ou construídos para utilização na produção
de bens destinados à venda ou na prestação de serviços (art. 6º da Lei nº 11.488/2007).

 Máquinas, equipamentos e outros bens: restrito à área produtiva


 Aproveitamento imediato para máquinas e equipamentos destinados à produção de bens
e prestação de serviços (art. 1º da Lei nº 11.774/2008).
 Aquisição à prazo: forma de redução do tributo sem desembolso imediato

 Não aplicável a bens adquiridos por arrendamento mercantil

 Não alcança encargos de exaustão (SD n 3/2011 e ADI 35/2011)

 Considerar sempre valor histórico

Gestão dos créditos


Riscos e oportunidades
• Devolução

Art. 3º [...]
VIII - bens recebidos em devolução cuja receita de venda tenha integrado
faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei;

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Gestão dos créditos
Riscos e oportunidades
Atenção!

 Tratamento distinto do regime cumulativo


 Cumulativo: exclusão da base de cálculo

 Aplicar alíquota incidente na venda


 Aplicar alíquota do monofásico, p. ex.

Gestão dos créditos


Riscos e oportunidades
• Armazenagem e frete

Art. 3º [...]
IX - armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos
incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor.

Gestão dos créditos


Riscos e oportunidades
Hipóteses de frete:

 Frete vinculado à operação de venda e pago pelo vendedor (inciso


IX do art. 3º da Lei nº 10.833 de 2003);
 Integrante do custo do insumo (inciso II do art. 3º); ou
 Integrante do custo da mercadoria adquirida para revenda (inciso I
do art. 3º).

Fretes polêmicos:

 Transferência de produtos em elaboração.


 Inciso II?

 Transferência de produtos acabados.


 Inciso IX?

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Gestão dos créditos
Riscos e oportunidades
• Vale-transporte, vale-refeição ou vale alimentação, fardamento ou
uniforme

Art. 3º [...]
X - vale-transporte, vale-refeição ou vale-alimentação, fardamento ou uniforme
fornecidos aos empregados por pessoa jurídica que explore as atividades de
prestação de serviços de limpeza, conservação e manutenção.

Gestão dos créditos


Riscos e oportunidades
Atenção!

 Restrito para as empresas de limpeza, conservação e manutenção

 Jurisprudência favorável para os demais segmentos


 Desde que ligados à área produtiva
 Classificar como insumo (inciso II)

Estratégias para
aproveitamento de créditos
1º PASSO: Aproveitar os créditos com previsão específica – incisos I e III a
XI (energia elétrica, aluguel, leasing, etc).

2º PASSO: Verificar quais créditos podem ser incluídos na definição de


insumos – inciso II.
 Avaliar definição fiscal e posição jurisprudencial

3º PASSO: Propor alternativas (reorganização interna) para as despesas


que não se enquadram nas hipóteses legais de créditos
 – planejamento tributário.

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Estratégias para
aproveitamento de créditos
Exemplo de planejamento tributário

Terceirização de atividades

 Frota própria para entrega de mercadorias


 Não se enquadra em nenhuma das hipóteses de créditos

 Contratação de transportadora gera crédito


 Frete na venda

 Possibilidade de criação de empresa dentro do grupo econômico


 Regime cumulativo: tributa 3,65% e gera crédito de 9,25%
 Regime não cumulativo: possibilidade de crédito sobre aquisição
dos veículos, combustível, manutenção, peças de reposição, etc.
 É necessário haver propósito negocial.

Até breve!

Obrigado!

“Na vida, só existem duas coisas certas:


os impostos e a morte”

Benjamin Franklin

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