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12/03/2023, 21:07 Órgão Consultivo

Órgão Consultivo
Categoria: Informações em Processos de Consulta
Número: 024/2023 – CDCR/SUCOR
Data da Aprovação: 31-01-2023
Assunto: Desincorporação do Ativo Imobilizado
Locação
Comodato
Equipamento Médico-Hospitalares/Programa Saúde

Nota Explicativa :
Nota: " Os documentos contidos nesta base de dados têm caráter meramente informativo. Somente os
textos publicados no Diário Oficial estão aptos à produção de efeitos legais."

Texto
INFORMAÇÃO Nº 024/2023 – CDCR/SUCOR

A empresa acima indicada, por seu estabelecimento localizado na Av. ..., ..., Sala ...,
Andar ..., Ed. ..., Bairro ..., .../MT, inscrita no CNPJ sob o nº ... e no Cadastro de
Contribuintes deste Estado sob o nº ..., formula consulta sobre os temas a seguir
descritos:

1º) A consulente tem incentivo de redução de base de cálculo do ICMS para venda de
bens imobilizados?

2º) A consulente eventualmente aluga equipamentos para clientes conforme contrato


de locação. Com referência a esta atividade formula os seguintes questionamentos:

2.1) Qual a natureza da operação e qual CFOP utilizar nessa transação, tanto na ida
quanto no retorno?

2.2) Por se tratar de aluguel e não de venda, não haverá incidência de ICMS?

3º) A consulente efetua a criação própria de kit, exemplo: compra seus produtos para
revenda em unidades, transforma em kits com três ou quatro unidades de produtos, de
forma que o cliente adquire o kit e não os produtos em separado, conforme descritos
na Nota Fiscal de entrada. Nesse caso indaga como deve proceder para:

3.1) Baixar estoque da unidade adquirida na entrada do produto e gerar novo estoque
por kit de produto A ou B?

3.2) Como a Sefaz visualiza o estoque da empresa?

4º) A consulente informa que há clientes que, a priori, não tem a quantidade certa
de produtos que serão utilizados em cirurgia, sendo assim, pedem uma
quantidade de produto para ficar à disposição, de modo que a Nota Fiscal de
venda será emitida somente com os produtos que forem utilizados, para tanto,
indaga sobre as operações a serem efetuadas, tanto na ida como no retorno:

4.1) que tipo de Nota Fiscal de remessa deve emitir?

4.2) Qual CFOP?

4.3 Consignado ou demonstração?

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Declara a consulente que, não se encontra sob procedimento fiscal iniciado ou já


instaurado para apurar fatos relacionados com a matéria objeto da presente consulta e
que as dúvidas suscitadas não foram objeto de consulta anterior ou de decisão
proferida em processo administrativo já findo, em que tenha sido parte.

É a consulta.

Inicialmente, cumpre informar que, em pesquisa ao Sistema de Informações Cadastrais


desta Secretaria, constata-se que a consulente está atualmente cadastrada na CNAE
principal: 4645-1/01 - Comércio atacadista de instrumentos e materiais para uso
médico, cirúrgico, hospitalar e de laboratórios, e em diversas CNAE secundárias,
dentre as quais: 4773-3/00 - Comércio varejista de artigos médicos e ortopédicos;
7729-2/03 - Aluguel de material médico; 7739-0/02 - Aluguel de equipamentos
científicos, médicos e hospitalares, sem operador, bem como que se encontra
enquadrada no regime de apuração normal do ICMS.

Tendo em vista que a consulta trata de temas diversos, a informação será dividida em
tópicos para melhor compreensão, respondendo às dúvidas pertinentes, logo após a
abordagem de cada um dos assuntos.

1. DESINCORPORAÇÃO DO ATIVO IMOBILIZADO

No que tange ao primeiro questionamento da consulente sobre esse tema, convém


informar que a operação de venda do bem usado tem previsão de hipótese de
incidência e fato gerador no Regulamento do ICMS, aprovado pelo Decreto nº
2.212/2014, RICM, respectivamente, no artigo 2°, inciso I, e artigo 3°, inciso I:
Art. 2° (...)
I – operações relativas à circulação de mercadorias, inclusive fornecimento
de alimentação e bebidas em bares, restaurantes e estabelecimentos
similares;
(...)
Art. 3° Considera-se ocorrido o fato gerador do imposto no momento: (cf.
caput do art. 3° da Lei n° 7.098/98)
I – da saída da mercadoria, a qualquer título, de estabelecimento de
contribuinte, ainda que para outro estabelecimento do mesmo titular;
(...).

Sobre as saídas de veículos usados, desincorporado do ativo imobilizado, como


comentado pela consulente, há previsão de redução de base de cálculo, disciplinada
no artigo 54 do Anexo V do RICMS, o qual dispõe que:
Art. 54 .......................................
(...)

§ 5° Relativamente à saída de máquinas, aparelhos e veículos usados,


decorrente de desincorporação do ativo fixo ou imobilizado, realizada
por estabelecimento de contribuinte do ICMS, a base de cálculo
corresponderá a:
I – 20% (vinte por cento) do valor da operação, desde que ocorra após o
uso normal a que se destinarem e decorridos, ao menos, 12 (doze)
meses da respectiva entrada, vedado o aproveitamento de crédito do
imposto e atendidas as condições estabelecidas nos incisos II e III do § 1°
deste artigo;
II – 40% (quarenta por cento) do valor da operação, desde que ocorra
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após o uso normal a que se destinarem e decorridos, no mínimo, 6


(seis) meses e inferior a 12 (doze) meses da respectiva entrada,
vedado o aproveitamento de crédito do imposto e atendidas as condições
estabelecidas nos incisos II e III do § 1° deste artigo;
(...)

Como se observa, a fruição do benefício fica condicionado a vedação ao


aproveitamento do crédito do imposto, bem como ao atendimento das exigências
contidas nos incisos II e III do § 1° do aludido artigo 54 do Anexo V do RICMS:
Art. 54 .......................................
(...)

§ 1° O benefício fica condicionado a que:


(...)
II – a entrada e a saída sejam comprovadas mediante emissão de
documento fiscal próprio;
III – as operações estejam regularmente escrituradas.
(...)

Do texto do § 5º do artigo 54 transcrito, depreende-se que, na operação de saída de


bem desincorporado do ativo fixo ou imobilizado, realizada por estabelecimento de
contribuinte do ICMS, desde que atendidas as demais condições previstas na norma, a
base de cálculo do ICMS, poderá ser reduzida a: i) 20% (vinte por cento) do valor da
operação de saída de máquinas, aparelhos e veículos usados, quando decorrido o
prazo de 12 (doze) meses da respectiva entrada; ii) 40% (quarenta por cento) do
valor da operação, desde que ocorra após o uso normal a que se destinarem e
decorridos, no mínimo, 6 (seis) meses e inferior a 12 (doze) meses da respectiva
entrada.

Conclui-se, portanto, que pode ser aplicada a redução de base de cálculo prevista no
artigo 54 do Anexo V do RICMS, na desincorporação do ativo imobilizado, desde que
sejam cumpridas as condições previstas no dispositivo.

2 - DAS SAÍDAS DE EQUIPAMENTOS EM CUMPRIMENTO DE CONTRATO DE


LOCAÇÃO OU COMODATO

O artigo 5º do RICMS traz previsão de não incidência do ICMS nas operações de


locação de equipamentos, nos seguintes termos:

Art. 5° O imposto não incide sobre: (v. caput do art. 4° da Lei n° 7.098/98)
(...)
XV - as saídas de máquinas, equipamentos, ferramentas e objetos de uso
do contribuinte, bem como de suas partes e peças, com destino a outros
estabelecimentos para fins de lubrificação, limpeza, revisão, conserto,
restauração ou recondicionamento, ou em razão de empréstimo ou
locação, desde que os referidos bens retornem ao estabelecimento de
origem, no prazo de 120 (cento e vinte) dias, contados da data de remessa:
a) nos casos de locação ou de empréstimo, quando a operação estiver
identificada mediante consignação do CFOP específico fixado no Anexo II
deste regulamento na correspondente Nota Fiscal Eletrônica - NF-e, a qual
deverá ser referenciada, para fins de baixa, na NF-e que acobertar o
respectivo retorno ao estabelecimento remetente;​​
b) nos demais casos, podendo ser prorrogado, desde que previamente
requerido e justificado pelo sujeito passivo, mediante prova documental
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inconteste e indicação da localização atual do bem;​


XVI – as saídas, em retorno ao estabelecimento de origem, dos bens
mencionados no inciso XV deste artigo, ressalvadas as hipóteses previstas
nos incisos IV e V do artigo 2°, desde que consignado o CFOP específico
na NF-e correspondente, bem como o referenciamento da NF-e que
acobertou a respectiva entrada no estabelecimento;​
XVII – a saída do bem e o respectivo retorno, em decorrência de
comodato, quando a operação estiver identificada mediante consignação
do CFOP específico, conforme Anexo II deste regulamento, na
correspondente NF-e, devendo ainda, para fins de baixa, ser observado na
NF-e emitida para acobertar o retorno o referenciamento da NF-e que
acobertou a respectiva entrada no estabelecimento;
(...)

§ 14 A não incidência não dispensa o sujeito passivo do cumprimento das


obrigações acessórias e, quando depender do cumprimento de
determinada condição, o não atendimento tornará exigível o imposto, o qual
será considerado devido com correção monetária e demais acréscimos
legais, inclusive multas, desde o momento em que ocorreu a operação ou
prestação. (cf. § 1° do artigo 35 c/c o § 2° do art. 5° da Lei n° 7.098/98)

(...)

Por oportuno, cabe informar que o Decreto nº 1.528/2022, de 24/11/2022, acrescentou


o § 16 ao artigo 5º do RICMS, com efeitos a partir de 25/11/2022, que prevê a
possibilidade de prorrogação de prazo para os contratos de locação, efetuados nos
termos do inciso XV do artigo 5º em comento, com a seguinte redação:
§ 16 Desde que atendidas as condições fixadas nos respectivos preceitos,
admite-se a prorrogação de prazo para permanência do bem fora do
estabelecimento remetente, quando as saídas forem efetuadas com fins de
locação ou de empréstimo, nos termos da alínea a do inciso XV, bem como
para fins de comodato, nos termos do inciso XVII, ambos do caput deste
artigo.

Dos dispositivos transcritos, pode-se inferir que a locação de equipamentos não enseja
a incidência do ICMS. Entretanto, devem ser observadas as exigências específicas
previstas na alínea a do inciso XV do artigo 5° do RICMS, a saber: (a) contrato de
locação firmado previamente à remessa dos bens locados e (b) retorno ao
estabelecimento locador ao final do prazo previsto no contrato.

Além das exigências específicas tratadas anteriormente, o § 14 do artigo 5° do RICMS


nos lembra também que devem ser cumpridas as obrigações acessórias pertinentes a
operação, tais como por exemplo: a remessa dos bens para locação deve ser
acobertada pelo documento fiscal pertinente. Já o § 16 veio reforçar a possibilidade de
prorrogação do prazo para devolução do bem locado.

Para a remessa de bens, em cumprimento de contrato de locação, conforme previsão


no Anexo II do RICMS, utiliza-se, no documento fiscal, os seguintes CFOPs: 5.908
quando o locatário for estabelecido no território mato-grossense ou 6.908 quando o
destinatário for estabelecido em outra unidade da Federação:
5.908 - Remessa de bem por conta de contrato de comodato ou
locação (cf. Ajuste SINIEF 20/2019 - efeitos a partir de 1° de março de
2020 - ver Ajuste SINIEF 34/2019)​
Classificam-se neste código as remessas de bens para o cumprimento de
contrato de comodato ou locação.​

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6.908 - Remessa de bem por conta de contrato de comodato ou


locação (cf. Ajuste SINIEF 20/2019 - efeitos a partir de 1° de março de
2020 - ver Ajuste SINIEF 34/2019)
Classificam-se neste código as remessas de bens para o cumprimento de
contrato de comodato ou locação.

Já a entrada do bem no estabelecimento da consulente em retorno de locação deve


ser registrado nos seguintes CFOPs: 1.909 no caso de o locatário ser estabelecido
dentro do território mato-grossense ou 2.909, se o locatário for estabelecido em outra
unidade da Federação.
1.909 - Retorno de bem remetido por conta de contrato de comodato
ou locação (cf. Ajuste SINIEF 20/2019 - efeitos a partir de 1° de março de
2020 - ver Ajuste SINIEF 34/2019)
Classificam-se neste código as entradas de bens recebidos em devolução
após cumprido o contrato de comodato ou locação. ​

2.909 - Retorno de bem remetido por conta de contrato de comodato


ou locação (cf. Ajuste SINIEF 20/2019 - efeitos a partir de 1° de março de
2020 - ver Ajuste SINIEF 34/2019)
Classificam-se neste código as entradas de bens recebidos em devolução
após cumprido o contrato de comodato ou locação. ​

Cabe ressalvar que na hipótese de se tratar de remessa de instrumental para utilização


nos procedimentos de realização de implantes ou próteses de que trata o Ajuste
SINIEF nº 11/2014, pertencentes ao ativo fixo da consulente, há previsão de regime
especial para celebração de contrato de comodato, devendo a Nota Fiscal ser emitida
nos termos da cláusula quarta do mencionado Ajuste SINIEF:
Cláusula quarta Na hipótese de remessa de instrumental, vinculado a
aplicação dos implantes e próteses a que se refere este ajuste, que
pertença ao ativo fixo da empresa remetente, para utilização pelo
destinatário, a título de comodato, deverá ser emitida NF-e que, além dos
demais requisitos exigidos, conterá:
I - como natureza da operação "Remessa de bem por conta de contrato de
comodato";
II - a descrição do material remetido;
III - número de referência do fabricante (cadastro do produto);
IV - a quantidade remetida, o valor unitário e o valor total.

§ 1º A adoção do procedimento previsto no caput desta cláusula é


condicionada à prévia celebração de contrato de comodato entre a
empresa remetente e o hospital ou clínica destinatários.

§ 2º Na NF-e de devolução do instrumental de que trata o caput desta


cláusula deverá constar o número da NF-e de remessa de que trata o caput
no campo "chave de acesso da NF-e referenciada".

3 – FORMAÇÃO DE KITS – TRATAMENTO TRIBUTÁRIO

A emissão de documentos fiscais deve atender aos requisitos previstos na legislação


tributária, que exige a descrição detalhada e individualizada de cada mercadoria objeto
da operação. Para tanto, o artigo 180, inciso IV, do RICMS, prescreve as indicações
que a Nota Fiscal deve conter, no quadro dados do produto, conforme transcrição a
seguir:

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Art. 180 A Nota Fiscal conterá nos quadros e campos próprios, observada
a disposição gráfica dos modelos 1 e 1-A, as seguintes indicações: (cf. art.
19 do Convênio SINIEF s/n°, de 15/12/70, redação dada pelo Ajuste SINIEF
3/94 e respectivas alterações)
(...)
IV – no quadro "DADOS DO PRODUTO":
a) o código adotado pelo estabelecimento para identificação do produto;
b) a descrição dos produtos, compreendendo: nome, marca, tipo,
modelo, série, espécie, qualidade e demais elementos que permitam sua
perfeita identificação;
c) o código estabelecido na Nomenclatura Comum do Mercosul – NCM, nas
operações realizadas por estabelecimento industrial ou a ele equiparado,
nos termos da legislação federal, e nas operações de comércio exterior; (cf.
alínea c do inciso IV do art. 19 do Convênio S/N°, de 15/12/1970, alterada
pelo Ajuste SINIEF 11/2009)
d) o Código de Situação Tributária – CST;
e) a unidade de medida utilizada para a quantificação dos produtos;
f) a quantidade dos produtos;
g) o valor unitário dos produtos;
h) o valor total dos produtos;
i) a alíquota do ICMS;
j) a alíquota do IPI, quando for o caso;
k) o valor do IPI, quando for o caso;

Cabe destacar que, a palavra "kit", no sentido em que foi empregada pela consulente,
corresponde, segundo o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, "Embalagem que
contém tudo o que é necessário para determinada ação ou atividade", "kit", in Dicionário
Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2021, https://dicionario.priberam.org/kit
[consultado em 21-07-2022]. e, conforme o Dicionário Michaelis "Estojo com ferramentas,
instrumentos ou equipamentos para fins específicos". https://michaelis.uol.com.br ' busca '
português-brasileira

De forma que, inexiste, no caso em tela, novo produto ou produto aperfeiçoado, mas
tão somente, a reunião de vários produtos em um só recipiente, sem alterar a
composição ou a destinação de cada produto, sendo assim, cada item do kit mantém
suas próprias características, e, portanto, deve ser discriminado individualmente na
Nota Fiscal de saída, permanecendo, por conseguinte, o tratamento tributário conferido
a cada produto.
De modo que, quando da saída dos produtos, a Nota Fiscal deve ser emitida de forma
que contenha as informações necessárias para a perfeita identificação das
mercadorias.

Dessa forma, em resposta ao questionamento da consulente, informa-se que a simples


reunião de produtos para compor um kit, não constitui mercadoria autônoma, portanto,
para fins de tributação, quando da emissão da Nota Fiscal, além dos demais requisitos
exigidos pela legislação, a Consulente deve indicar todos os dados identificadores das
mercadorias, de forma individual, inclusive com a descrição do produto e respectiva
classificação fiscal.

4 – REMESSA DE MATERIAIS MÉDICOS HOSPITALARES PARA REALIZAÇÃO DE


CIRURGIAS

Inicialmente cumpre esclarecer que a consignação mercantil é operação realizada


entre contribuintes do ICMS, que envolve o envio de mercadorias do consignante ao
consignatário, para que esse último efetue a venda dessas mercadorias a terceiros,
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não havendo previsão de sua utilização na remessa de mercadorias a não contribuinte


do imposto.

Portanto, verifica-se que a situação consultada não se amolda neste tipo de operação.

Neste item a consulente não informa o tipo de produto que remete para hospitais e
clínicas.

No entanto, convém esclarecer que, em se tratando de implantes e próteses médico-


hospitalares, destinados à utilização em atos cirúrgicos a serem realizados em
hospitais ou clínicas, foi celebrado entre as unidades Federadas o Ajuste SINIEF nº 11,
de 15/08/2014, que estabeleceu um regime especial para a remessa interna e
interestadual destes produtos com a referida destinação, que apresenta similaridade
com as regras já existentes para o instituto da consignação mercantil. Eis, os termos
do citado ato normativo:
Cláusula primeira Fica instituído regime especial na remessa interna e
interestadual de produtos médico-hospitalares, exceto medicamentos,
relacionados a implantes e próteses médico-hospitalares, para utilização
em ato cirúrgico por hospitais ou clínicas. (Redação dada pelo Ajuste
SINIEF Nº 3 DE 27/07/2015).

§ 1º A empresa remetente deverá emitir Nota Fiscal Eletrônica - NF-e e


imprimir o respectivo Documento Auxiliar da Nota Fiscal Eletrônica -
DANFE para acobertar o trânsito das mercadorias.

§ 2º A NF-e de que trata o § 1º deverá, além dos demais requisitos


exigidos:
I - ser emitida com o destaque do imposto, se houver;
II - conter como natureza da operação "Simples Remessa";
III - constar a observação no campo Informações Complementares:
"Procedimento autorizado pelo Ajuste SINIEF 11/2014".

Cláusula segunda As mercadorias a que se refere este ajuste deverão ser


armazenadas pelos hospitais ou clínicas em local preparado especialmente
para este fim, segregadas dos demais produtos médicos, em condições
que possibilite sua imediata conferência pela fiscalização.

Parágrafo único. As administrações tributárias poderão solicitar, a qualquer


tempo, listagem de estoque das mercadorias armazenadas de que trata o
caput desta cláusula em cada hospital ou clínica.

Cláusula terceira A utilização do implante ou prótese em ato cirúrgico, pelo


hospital ou clínica, deve ser informada à empresa remetente que emitirá,
dentro do período de apuração do imposto:
I - NF-e de entrada, referente a devolução simbólica, contendo os dados do
material utilizado pelo hospital ou clínica, com o respectivo destaque do
ICMS, se houver;
II - NF-e de faturamento que deverá, além dos demais requisitos exigidos
na legislação tributária:
a) ser emitida com o destaque do imposto, se houver;
b) indicar no campo Informações Complementares a observação
"Procedimento autorizado pelo Ajuste SINIEF 11/2014";
c) indicar o número da chave de acesso da NF-e prevista no § 1º da
cláusula primeira no campo "chave de acesso da NF-e referenciada".
(...)

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É importante frisar, contudo, que o referido regime é aplicável apenas às operações


com "implantes e próteses médico-hospitalares" (observadas as demais disposições do
Ajuste).

Nas operações com os demais produtos, que não estão albergados pelo Ajuste SINIEF
nº 11/2014, a emissão dos documentos fiscais deve obedecer a regra geral prevista no
Regulamento do ICMS, quanto ao cumprimento das obrigações principal e acessórias.

Nesta hipótese, a Nota Fiscal referente a venda da mercadoria deve conter o destaque
do valor do imposto da operação e a indicação do CFOP 5.102 (Venda de mercadoria
adquirida ou recebida de terceiros), nas operações internas, ou o 6.108 (Venda de
mercadoria adquirida ou recebida de terceiros, destinada a não contribuinte), nas
interestaduais, quando for o caso.

Em caso de devolução da mercadoria por parte do hospital ou clínica não contribuintes


do ICMS, a emissão da documentação fiscal correspondente deverá, por regra, ser
realizada pela própria Consulente, (artigo 178, III c/c artigo 201, I , ambos do RICMS),
com a indicação do CFOP 1.202 – Devolução de venda de mercadoria adquirida ou
recebida de terceiros, para operações internas e 2.202 – Devolução de venda de
mercadoria adquirida ou recebida de terceiros para operações interestaduais.
1.202 – Devolução de venda de mercadoria adquirida ou recebida de
terceiros
Classificam-se neste código as devoluções de vendas de mercadorias
adquiridas ou recebidas de terceiros, que não tenham sido objeto de
industrialização no estabelecimento, cujas saídas tenham sido classificadas
como "Venda de mercadoria adquirida ou recebida de terceiros".

2.202 – Devolução de venda de mercadoria adquirida ou recebida de


terceiros
Classificam-se neste código as devoluções de vendas de mercadorias
adquiridas ou recebidas de terceiros, que não tenham sido objeto de
industrialização no estabelecimento, cujas saídas tenham sido classificadas
como "Venda de mercadoria adquirida ou recebida de terceiros".

Com esses esclarecimentos, considera-se respondidos os questionamentos da


Consulente.

Por fim, cabe ressalvar que o entendimento exarado na presente Informação vigorará
até que norma superveniente disponha de modo diverso, nos termos do parágrafo
único do artigo 1.005 do RICMS.

Convém também esclarecer que não produzirá os efeitos legais previstos no artigo
1.002 e no parágrafo único do artigo 1.005 do RICMS a consulta respondida sobre
matéria que esteja enquadrada em qualquer das situações previstas nos incisos do
caput do artigo 1.008 do mesmo Regulamento.

Alerta-se, que, em sendo o procedimento adotado pela consulente diverso do aqui


indicado, deverá, no prazo de 15 (quinze) dias úteis, contados da ciência da presente,
regularizar suas operações, inclusive, se devido, recolher o imposto ou eventuais
diferenças, ainda sob os benefícios da espontaneidade, com acréscimo de correção
monetária, juros e multa de mora, calculados desde o vencimento da obrigação até a
data do efetivo pagamento.

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Após o transcurso do prazo anotado, a consulente ficará sujeita ao lançamento de


ofício, nos termos do artigo 1.004 do RICMS.

Assinala-se que esta resposta não se enquadra nas hipóteses das alíneas do inciso I
do § 2º do artigo 995 do RICMS, conforme redação dada pelo Decreto n° 1.076, de 24
de agosto de 2021, não se submetendo, portanto, à análise da Câmara Técnica
pertinente.

É a informação, ora submetida à superior consideração, com a ressalva de que os


destaques apostos nos dispositivos da legislação transcrita não existem nos originais.

Coordenadoria de Divulgação e Consultoria de Normas da Receita Pública da


Superintendência de Consultoria Tributária e Outras Receitas, em Cuiabá/MT, 31 de
janeiro de 2023.

Marilsa Martins Pereira


FTE

DE ACORDO:

Elaine de Oliveira Fonseca


Coordenadora – CDCR/SUCOR

APROVADA.

José Elson Matias dos Santos


Superintendente de Consultoria Tributária e Outras Receitas

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