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01/12/2022 09:49 Contabilidade - Benfeitorias em Imóveis de Terceiros

CONTABILIDADE
Boletim Imposto de Renda n° 09 - 1ª Quinzena. Publicado em: 12/05/2022

 Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.

BENFEITORIAS EM IMÓVEIS DE TERCEIROS


Aspectos Gerais

Roteiro 

1. Introdução
2. Conceitos
2.1. Benfeitorias Voluptuárias
2.2. Benfeitorias Úteis
2.3. Benfeitorias Necessárias
3. Classificação Contábil
3.1. Ativo Imobilizado
3.2. Despesa
4. Tipos de Benfeitoria e Contabilização
4.1. Benfeitoria Reembolsada
4.2. Benfeitoria Não Reembolsada
4.3. Benfeitorias Reembolsadas Parcialmente
5. Depreciação e Amortização
6. Dedutibilidade
7. Crédito de Pis e Cofins
8. EFD-Contribuições

1. Introdução
Nesta matéria iremos abordar as benfeitorias efetuadas em imóveis de terceiros.

É comum no setor empresarial a locação de imóveis para exploração das atividades atividades, seja pela localização, pela área disponível ou pelo custo.

Considerando que os imóveis são construídos sem que se tenha conhecimento da atividade que será explorada no local, quando ocorre a locação, surge a
necessita de ajustes para que a atividade pretendida possa ser executada naquele local, a chamada benfeitoria em imóveis de terceiros.

Há também situações em que a benfeitoria ocorre com o imóvel já alugado, ou seja o locatário já esta estabelecido no local, e este efetua as benfeitorias no
imóvel de terceiros a fim de atender as determinações do contrato de locação, que impõe tal condição.

Nos próximos tópicos serão apresentadas algumas considerações quanto a aspectos contábeis e tributárias referentes a benfeitoria efetuada em imóveis de
terceiros.

2. Conceitos
As benfeitorias em imóveis de terceiros são classificadas em três tipos, sendo determinados na Lei n° 10.406/2002 (Código Civil) em voluptárias, úteis e
necessárias, os quais trazemos as definições neste tópico.

2.1. Benfeitorias Voluptuárias


As benfeitorias voluptuárias são aquelas que embelezam e deixam o ambiente mais atrativo visualmente, e ainda que não aumentem a vida útil do bem o
tornam mais agradáveis, e por consequência elevam seu valor. (Código Civil, artigo 96, § 1°)

Por exemplo a construção de lago e jardim interno no estabelecimento, para fins decorativos.

2.2. Benfeitorias Úteis


As benfeitorias úteis são aquelas que aumentam a vida útil ou facilitam o uso do bem, no entanto não são necessárias para este desempenhar sua função.
(Código Civil, artigo 96, § 2°)

Pode-se citar as ampliações dos banheiros do estabelecimento, aumentando a capacidade de utilização de 2 para 4 pessoas ao mesmo tempo.

Logo a ampliação além de aumentar a vida útil do imóvel, devido a inclusão de paredes, vasos sanitários e cubas novas, facilitam a utilização do ambiente
pelos clientes do estabelecimento.

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2.3. Benfeitorias Necessárias


As benfeitorias necessárias são aquelas que possuem a finalidade de conservar o bem em bom estado para uso, evitando a deterioração desse bem, e ainda
tem por finalidade ajustar o bem para desempenhar a função que lhe será atribuída. (Código Civil, artigo 96, § 3°)

Para as benfeitorias necessárias podemos citar como exemplo a troca da fiação elétrica para evitar curtos-circuitos, ampliando a capacidade dos aparelhos
ligados a energia.

Além da classificação das benfeitorias precisamos saber o prazo de locação do imóvel, se por prazo indeterminado (não há um prazo estipulado e nem
previsto no contrato de locação para o término da mesma, devolução e desocupação do imóvel) ou por prazo determinado (no contrato constam cláusulas
que estabelecem término da locação)

3. Classificação Contábil
A classificação contábil de valores gastos em um bem, será determinado em razão do prazo que a pessoa jurídica pretende utiliza-lo e da finalidade a que
este se destina.

3.1. Ativo Imobilizado


Para fins contábeis de acordo com a Resolução CFC n° 1.177/2009, considera-se ativo imobilizado o bem tangível que a entidade:

a) mantém para uso na produção, fornecimento de mercadorias ou serviços, ou disponibiliza-o para aluguel a terceiros, ou ainda para fins administrativos; e

b) espera utilizar por mais de um período.

A mesma Resolução em seu item 11, define que os melhoramentos e as benfeitorias efetuadas nas instalações poderão ser reconhecidas como ativo, pois
sem estes a entidade não estaria em condições de desempenhar a função ao qual é destinada e não produziria benefícios econômicos futuros relacionado
ao seus outros ativos.

Supondo que a pessoa jurídica possui um contrato de locação de 5 anos e efetua benfeitoria no sistema hidráulico do estabelecimento, no valor de R$
20.000,00 o qual será utilizado por todo esse período, deste modo o lançamento contábil poderá ser o seguinte:

Pelo reconhecimento da benfeitoria:

D- Benfeitorias em Imóveis de Terceiros (Sistema Hidráulico) (Ativo Imobilizado)

C- Fornecedor a Pagar (Passivo Circulante) R$ 20.000,00

Pelo pagamento:

D- Fornecedor a Pagar (Passivo Circulante)

C- Caixa ou Banco (Ativo Circulante) R$ 20.000,00

3.2. Despesa
Quando os gastos com as benfeitorias não se caracterizarem nas condições mencionadas no item 3.1, estes serão considerados despesas para a pessoa
jurídica, ou seja, se o prazo de vida útil for inferior a 1 ano, ou o bem não for utilizado para produção, fornecimento de mercadorias ou serviço, locação ou uso
administrativo.

A NBC TG Estrutura Conceitual, evidencia em seu item 4.69 que as despesas são reduções nos ativos, ou aumentos nos passivos, os quais resultam em
reduções no patrimônio líquido, com exceção aos que se referentes a distribuições aos detentores de direitos sobre o patrimônio.

O lançamento contábil da despesa será efetuada da seguinte maneira:

Pelo reconhecimento da despesa:

D- Despesa com Benfeitorias em Imóveis de Terceiros (Sistema Hidráulico) (Conta de Resultado)

C- Fornecedor a Pagar (Passivo Circulante) R$ 20.000,00

Pelo pagamento da despesa:

D- Fornecedor a Pagar (Passivo Circulante)

C- Caixa ou Banco (Ativo Circulante) R$ 20.000,00

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4. Tipos de Benfeitoria e Contabilização


As benfeitorias podem ser classificadas de três maneiras na contabilidade, como reembolsável, não reembolsável ou reembolsável parcialmente.

O reembolso é efetuado via de regra pelo proprietário do imóvel locado, o qual pode ser efetuado em moeda corrente, bens, ou desconto no pagamento do
aluguel a ser pago.

Nos exemplos mencionados nos próximos tópicos, utilizaremos a benfeitoria efetuada no valor de R$ 20.000,00 e aluguel a ser pago no prazo de cinco anos
por valor mensal de R$ 3.000,00.

4.1. Benfeitoria Reembolsada


A benfeitoria reembolsável é aquela em que a pessoa jurídica locatária efetua a melhoria no imóvel, no entanto, o proprietário do imóvel devolve o valor da
melhoria ao locatário ou efetua desconto no mesmo valor do aluguel a ser pago.

Pelo reconhecimento da benfeitoria:

D- Benfeitorias Efetuadas a Receber (Ativo Circulante - 12 meses) R$ 4.000,00

D- Benfeitorias Efetuadas a Receber (Ativo Não Circulante - 48 meses) R$ 16.000,00

C- Caixa ou Banco (Ativo Circulante) R$ 20.000,00

Pelo reembolso efetuado com desconto no aluguel:

D- Aluguel a Pagar (Passivo Circulante) R$ 3.000,00

D- Benfeitorias Efetuadas a Receber (Ativo Circulante) R$ 333,33

C- Caixa ou Banco (Ativo Circulante) R$ 2.666,67

Cabe destacar que conforme o artigo 178, § 1°, inciso II da Lei n° 6.404/76 e o item 13 do Parecer Normativo n° 3/2018, os Ativos Realizáveis a Longo Prazo
serão classificados no Ativo não Circulante.

4.2. Benfeitoria Não Reembolsada


Já a benfeitoria não reembolsável é aquela em que o locatário arca com o custo total da benfeitoria. No entanto, não há valores devolvidos, tampouco
descontados do valor do aluguel.

Pelo reconhecimento da benfeitoria:

D- Benfeitorias Efetuadas em Imóveis de Terceiros (Ativo Não Circulante) R$ 20.000,00

C- Caixa ou Banco (Ativo Circulante) R$ 20.000,00

Pelo reconhecimento da amortização:

D- Despesa com Amortização (Conta de Resultado) R$ 333,33

C- Amortização Acumulada (Ativo Não Circulante - Conta Redutora) R$ 333,33

Nos casos da pessoa jurídica ser tributada pelo regime não cumulativo do Pis e da Cofins, a contabilização será efetuada da seguinte forma em relação a
amortização:

Pelo reconhecimento da amortização:

D- Despesa com Amortização (Conta de Resultado) R$ 302,50

D- Pis a Recuperar (Ativo Circulante) R$ 5,50

D- Cofins a Recuperar (Ativo Circulante) R$ 25,33

C- Amortização Acumulada (Ativo Não Circulante - Conta Redutora) R$ 333,33

4.3. Benfeitorias Reembolsadas Parcialmente


As benfeitorias reembolsadas parcialmente são classificadas pela devolução de parte do valor gasto na benfeitoria, onde, este é feito mediante acordos onde
estipulam valores fixos ou percentuais de devolução.

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 Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.

Neste caso, consideraremos que a pessoa jurídica irá devolver 50% do valor utilizado para as benfeitorias nos prazo do contrato de locação.

Pelo reconhecimento da benfeitoria:

D- Benfeitorias Efetuadas a Receber (Ativo Circulante - 12 meses) R$ 2.000,00

D- Benfeitorias Efetuadas a Receber (Ativo Não Circulante - 48 meses) R$ 10.000,00

D- Benfeitorias Efetuadas em Imóveis de Terceiros (Ativo Não Circulante) R$ 10.000,00

C- Caixa ou Banco (Ativo Circulante) R$ 20.000,00

Pelo reembolso efetuado com desconto no aluguel:

D- Aluguel a Pagar (Passivo Circulante) R$ 3.000,00

D- Benfeitorias Efetuadas a Receber (Ativo Circulante) R$ 166.66

C- Caixa ou Banco (Ativo Circulante) R$ 2.833,34

Pelo reconhecimento da amortização da parte não reembolsável:

D- Despesa com Amortização (Conta de Resultado) R$ 166,66

C- Amortização Acumulada (Ativo Não Circulante - Conta Redutora) R$ 166,66

Nos casos da pessoa jurídica ser tributada pelo regime não cumulativo do Pis e da Cofins a contabilização será efetuada da seguinte forma em relação a
amortização:

Pelo reconhecimento da amortização:

D- Despesa com Amortização (Conta de Resultado) R$ 151,25

D- Pis a Recuperar (Ativo Circulante) R$ 2,75

D- Cofins a Recuperar (Ativo Circulante) R$ 12,66

C- Amortização Acumulada (Ativo Não Circulante - Conta Redutora) R$ 166,66

5. Depreciação e Amortização
Embora semelhantes a depreciação e a amortização são utilizadas em situações distintas, a fim de elucidar tal entendimento, a Receita Federal do Brasil
(RFB) se posiciona trazendo a principal distinção destas, sendo: (Perguntas e Respostas Imposto de Renda Pessoa Jurídica, Capitulo VIII - Lucro Operacional,
pergunta 69 e Decreto n° 9.580/2018, artigo 317 e 330)

a) A depreciação incidente sobre bens físicos de propriedade do próprio contribuinte; e

b) A amortização relacionada com a recuperação do capital aplicado na aquisição de direitos com duração ou utilização limitada contratualmente.

A amortização da benfeitoria efetuada em bens de terceiros, será determinada mediante sua vida útil ou o prazo restante do contrato de locação
estabelecido entre as partes, desde que a benfeitoria não seja indenizável, podendo haver inclusive um contrato indeterminado entre as partes. (RIR/2018,
artigo 330, aprovado pelo Decreto n° 9.580/2018)

Nos contratos indeterminados o Parecer Normativo CST n° 869/71 esclarece que os custos de construções ou benfeitorias, uma vez incabível a amortização,
pelo fato do contrato não haver uma estipulação de término, poderão ser corrigidos e depreciados às taxas normais sobre imóveis.

Cabe mencionar que nos casos de contratos indenizáveis não haverá a amortização, pois, ao efetuar a benfeitoria, gera-se também um direito ao
recebimento dos valores pelo locador, o qual foi exemplificado no item 4.1.

6. Dedutibilidade
A amortização dos custos das benfeitorias em bens locados ou arrendados, ou em bens de terceiros, quando não houver direito ao ressarcimento de seu
valor pelo locador, poderá ser deduzido da apuração do IRPJ e da CSLL como custo ou encargo. (RIR/2018, artigo 330)

No entanto, somente será permitida depreciação de bens móveis e imóveis intrinsecamente relacionados com a produção ou a comercialização dos bens e
dos serviços. (Lei 9.249/95, artigo 13 e inciso III)

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Cabe destacar que para a amortização somente poderá ser utilizada se houver prazo limitado no contrato, conforme destacam os artigos 330 e 331 do
RIR/2018.

7. Crédito de Pis e Cofins


A Lei n° 10.637/2002 e a Lei n° 10.833/2003 definem em seus respectivos artigos 3°, que a pessoa jurídica poderá auferir créditos, referente às benfeitorias
efetuadas em imóveis de terceiros, utilizados nas atividades da empresa. (Lei n° 10.637/2002, artigo 3°, inciso VII e Lei n° 10.833/2003, artigo 3°, inciso VII)

Os encargos tanto de depreciação quanto de amortização das benfeitorias efetuadas, serão descontados conforme ocorram, ou seja, de acordo com os
meses que estes incorrerem.

Ainda na Solução de Consulta Cosit n° 98/2019, há menção que para as empresas no regime de apuração não cumulativa, o crédito calculado em relação ao
valor de edificações e benfeitorias em imóveis de terceiros, desde que utilizados nas atividades da pessoa jurídica, poderá ser descontado em 24 meses ou
com base na depreciação dos bens conforme mencionado acima.

8. EFD-Contribuições
As benfeitorias em imóveis de terceiros poderão tanto ser consideradas como despesa ou como ativo imobilizado, conforme mencionado no item 3.1 e 3.2.

Portanto, o lançamento do crédito do Pis e da Cofins poderá ser efetuado no registro F120 da EFD-Contribuições, conforme demonstrado abaixo:

O exemplo dado segue as informações prestadas no item 3.1 deste material.

Cabe destacar que o campo 3 (Identificação do bem do ativo imobilizado) deve-se informar o código correspondente à identificação dos bens incorporados
ao Ativo Imobilizado, no qual o encargo de depreciação ou amortização é permissível o crédito de acordo com as Leis n° 10.637/2002 e 10.833/2003. (Guia
Prático da EFD-Contribuições, página 237)

Autor: Equipe Técnica Econet Editora

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS


Nos termos da Lei n° 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que regula os direitos autorais, é proibida a reprodução total ou parcial, bem como a produção de
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