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1.

CPC 06 (R2) – ARRENDAMENTOS


1.1. Definições
Inicialmente é interessante estudar algumas definições presentes no Apêndice A do CPC 06:
Arrendamento é o contrato, ou parte do contrato, que transfere o direito de usar um ativo (ativo
subjacente) por um período de tempo em troca de contraprestação.
Ativo subjacente é o ativo que é o objeto de arrendamento, para o qual o direito de usar esse
ativo foi fornecido pelo arrendador ao arrendatário.
Arrendador é a entidade que fornece o direito de usar o ativo subjacente por um período de tempo
em troca de contraprestação.
Arrendatário é a entidade que obtém o direito de usar o ativo subjacente por um período de
tempo em troca de contraprestação.
Investimento bruto no arrendamento é a soma:

a) dos pagamentos do arrendamento a receber pelo arrendador em arrendamento financeiro; e


b) de qualquer valor residual não garantido de responsabilidade do arrendador.
Investimento líquido no arrendamento é o investimento bruto no arrendamento descontado à taxa
de juros implícita no arrendamento.
Arrendamento financeiro é o arrendamento que transfere substancialmente todos os riscos e
benefícios inerentes à propriedade do ativo subjacente.
Arrendamento operacional é o arrendamento que não transfere substancialmente todos os riscos
e benefícios inerentes à propriedade do ativo subjacente.
Outras definições estudaremos conforme a necessidade ao longo da nossa aula.

(CRF-RO) De acordo com a NBC TG 06 – Operações de Arrendamento Mercantil, a soma dos


pagamentos mínimos do arrendamento mercantil a receber pelo arrendador segundo um
arrendamento mercantil financeiro e de qualquer valor residual não garantido atribuído ao
arrendador, é denominada:
a) custos diretos iniciais.
b) receita financeira não realizada.
c) investimento bruto no arrendamento mercantil.
d) pagamento contingente.
e) investimento líquido no arrendamento mercantil.
Comentários

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Trata-se de questão que exige conhecimentos sobre as definições descritas no CPC 06,.
Investimento bruto no arrendamento é a soma:
a) dos pagamentos do arrendamento a receber pelo arrendador em arrendamento financeiro; e
b) de qualquer valor residual não garantido de responsabilidade do arrendador.
Gabarito: C

1.2. Isenção de Reconhecimento


Segundo o CPC 06, o arrendatário pode decidir não aplicar os requisitos de reconhecimento e
mensuração a:

§ arrendamentos de curto prazo; e

§ arrendamentos para os quais o ativo subjacente é de baixo valor.

Arrendamento de Curto Prazo: é o arrendamento que, na data de início, possui o prazo de


arrendamento de 12 meses ou menos. O arrendamento que contém opção de compra não é
arrendamento de curto prazo.
Arrendamento de Baixo Valor: o CPC 06 esclarece que o ativo subjacente pode ser de baixo valor
somente se:
§ o arrendatário puder beneficiar-se do uso do ativo subjacente por si só ou juntamente com
outros recursos que estiverem imediatamente disponíveis ao arrendatário; e
§ o ativo subjacente não for altamente dependente de outros ativos ou não estiver altamente
inter-relacionado a outros ativos. Exemplos (CPC 06): computadores pessoais, tablets,
pequenos itens de mobiliário de escritório e telefones.
Se o arrendatário decidir não aplicar os requisitos de reconhecimento e mensuração a
arrendamentos de curto prazo ou de baixo valor, o arrendatário deve reconhecer os pagamentos
de arrendamento associados a esses arrendamentos como despesa em base linear ao longo do
prazo do arrendamento ou em outra base sistemática.

1.3. Identificação de Arrendamento


Segundo o CPC 06, na celebração de contrato, a entidade deve avaliar se o contrato é, ou contém,
um arrendamento.
O contrato é, ou contém, um arrendamento se ele transmite o direito de controlar o uso de ativo
identificado por um período de tempo em troca de contraprestação.
Para avaliar se o contrato transfere o direito de controlar o uso de ativo identificado por um período
de tempo, nos termos do CPC 06, a entidade deve avaliar se, durante todo o período de uso, o
cliente possui o seguinte:

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§ o direito de obter substancialmente todos os benefícios econômicos do uso dos ativos
identificados; e
§ o direito de direcionar o uso dos ativos identificados.
O CPC 06 destaca que a entidade deve reavaliar se o contrato é, ou contém, um arrendamento
somente se os termos e condições do contrato forem alterados.
O CPC 06 usa a expressão “ativo identificado”. Você pode estar se perguntando, o que seria
de fato esse tal de ativo identificado?
Basicamente, ele é identificado, regra geral, quando está expressamente especificado no
contrato. Porém, o ativo pode implicitamente ser identificado no momento em que for
disponibilizado para uso pelo cliente. Logo, a ausência de disposição contratual não
necessariamente irá desqualificar o ativo como identificável. Caso o ativo, ao ser usado possa
ser distinguido dos demais ativos, a característica de identificado será atendida.
O ativo identificado é específico, possui caráter de exclusividade. Caso o contrato/operação
permita possíveis trocas do ativo, a característica de identificado não estará atendida.
Como exemplo, vamos imaginar um espaço em um shopping para a instalação de um quiosque.
Caso, esse espaço seja exclusivo, ou seja, o quiosque sempre estará na ala X em frente à porta
B, não podendo ser alterado esse espaço, teremos um ativo identificado. Agora, caso esse
espaço (direito de uso de um local no shopping) possa ser substituído, o ativo não pode ser
considerado identificado.
Outro exemplo bem tranquilo de visualizar seria um contrato de locação de veículo. Imagine
que a entidade realize um contrato por 2 anos de um veículo, motor 1.0, na cor preta, com ar
condicionado. O contrato prevê o uso de segunda a sexta-feira, com retirada na segunda e
devolução na sexta.
Nesse exemplo, o veículo não é um ativo identificado, pois o locatário poderá utilizar vários
tipos de veículo que atendam ao disposto no contrato. Não há exclusividade. A locadora pode
toda a segunda disponibilizar um veículo diferente, desde que atenda aos requisitos
contratuais.
Nesses dois exemplos acima, os contratos não podem ser considerados de arrendamento, pois
o ativo não é identificável.
Vale destacar que, nos termos do CPC 06 (R2), se o cliente não puder determinar
imediatamente se o fornecedor tem direito substantivo de substituição, o cliente deve presumir
que qualquer direito de substituição não é substantivo e, portanto, estaremos diante de um
ativo identificado.

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1.4. Arrendatário
1.4.1. Reconhecimento Inicial
Na data de início, o arrendatário deve reconhecer o ativo de direito de uso e o passivo de
arrendamento.

1.4.2. Mensuração Inicial


Na data de início, o arrendatário deve mensurar:
a. o ativo de direito de uso ao custo;
b. o passivo de arrendamento ao valor presente dos pagamentos do arrendamento que não
são efetuados nessa data.
O custo do ativo de direito de uso deve compreender:
a) o valor da mensuração inicial do passivo de arrendamento;
b) quaisquer pagamentos de arrendamento efetuados até a data de início, menos quaisquer
incentivos de arrendamento recebidos;
c) quaisquer custos diretos iniciais incorridos pelo arrendatário; e
d) a estimativa de custos a serem incorridos pelo arrendatário na desmontagem e remoção do
ativo subjacente, restaurando o local em que está localizado ou restaurando o ativo subjacente à
condição requerida pelos termos e condições do arrendamento, salvo se esses custos forem
incorridos para produzir estoques. O arrendatário incorre na obrigação por esses custos seja na
data de início ou como consequência de ter usado o ativo subjacente durante um período
específico.
Os pagamentos do arrendamento incluídos na mensuração do passivo de arrendamento
compreendem os seguintes pagamentos:
a) pagamentos fixos, menos quaisquer incentivos de arrendamento a receber;
b) pagamentos variáveis de arrendamento, que dependem de índice ou de taxa, inicialmente
mensurados utilizando o índice ou a taxa da data de início;
c) valores que se espera que sejam pagos pelo arrendatário, de acordo com as garantias de valor
residual;
d) o preço de exercício da opção de compras e o arrendatário estiver razoavelmente certo de
exercer essa opção; e
e) pagamentos de multas por rescisão do arrendamento, se o prazo do arrendamento refletir o
arrendatário exercendo a opção de rescindir o arrendamento.
Exemplo: Arrendamento mercantil financeiro de um veículo no valor de R$ 40.000,00 (custo de
aquisição/valor presente) a ser pago em 60 prestações de R$ 750,00. O arrendatário possui a opção

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de compra ao final do contrato por R$ 3.000,00. O valor justo na data de aquisição é de R$
35.000,00.

D – Veículo (imobilizado) ... 40.000


D – Encargos financeiros a transcorrer (retificadora passivo) ... 8.000
C – Leasing a pagar (passivo) ... 48.000*

* (750 x 60) + 3.000 = 48.000

Antes da revisão 2 do CPC 06 (até 31/12/2018), a contabilização inicial do


arrendamento era o valor presente ou o valor justo, dos dois o menor! Atualmente,
usamos o valor presente das obrigações assumidas.

(SABESP) Em uma aquisição de ativo por meio de um contrato de arrendamento mercantil


financeiro, na data de início do contrato de arrendamento, a empresa arrendatária
a) deve registrar um ativo pelo valor presente das obrigações assumidas.
b) deve registrar um ativo pelo valor presente das obrigações assumidas ou pelo valor justo nesta
data, dos dois o maior valor.
c) deve registrar um ativo pelo valor correspondente à soma das obrigações assumidas.
d) não deve fazer qualquer registro.
e) deve registrar um ativo pelo valor presente das obrigações assumidas ou pelo valor justo nesta
data, dos dois o menor valor.
Comentários
Para fixar! Antes da revisão 2 do CPC 06 (até 31/12/2018), a contabilização inicial do arrendamento
era o valor presente ou o valor justo, dos dois o menor! Atualmente, usamos o valor presente das
obrigações assumidas.
Gabarito: A

A empresa “Detonando tudo” (arrendatária) contratou no início do mês, na forma de


arrendamento, um veículo. As características do contrato são:
• Valor da contraprestação mensal, vencível no final de cada mês = R$ 1.000,00;
• Prazo de arrendamento = 36 meses

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• Valor residual a ser pago ao final do 36º mês = R$ 120,00
• Taxa de juros implícita no contrato = 1,03679% ao mês
• Vida útil do veículo = 5 anos
• Valor justo = R$ 32.000,00
• Valor Presente = R$ 30.000,00
Vamos efetuar a contabilização sob a ótica da arrendatária.
Conforme estudamos, o reconhecimento inicial é feito pelo valor presente dos pagamentos, no
caso R$ 30.000,00. Usando-se os dados do exemplo temos o seguinte cenário:

Data Dívida de Pagamento Despesa de Redução da


Arrendamento Mensal Juros Dívida
A B C D E
Na 30.000,00
contratação
1 29.311,04 1.000,00 311,04 688,96
2 28.614,93 1.000,00 303,89 696,11
3 27.911,61 1.000,00 296,68 703,32
4 27.200,99 1.000,00 289,38 710,62
5 26.483,01 1.000,00 282,02 717,98
6 25.757,58 1.000,00 274,57 725,43
7 25.024,63 1.000,00 267,05 732,95
8 24.284,09 1.000,00 259,45 740,55
9 23.535,86 1.000,00 251,78 748,22
10 22.779,88 1.000,00 244,02 755,98
11 22.016,06 1.000,00 236,18 763,82
12 21.244,32 1.000,00 228,26 771,74
13 20.464,58 1.000,00 220,26 779,74
14 19.676,75 1.000,00 212,17 787,83
15 18.880,76 1.000,00 204,01 795,99
16 18.076,51 1.000,00 195,75 804,25
17 17.263,93 1.000,00 187,42 812,58
18 16.442,92 1.000,00 178,99 821,01
19 15.613,40 1.000,00 170,48 829,52
20 14.775,28 1.000,00 161,88 838,12
21 13.928,47 1.000,00 153,19 846,81
22 13.072,87 1.000,00 144,41 855,59
23 12.208,41 1.000,00 135,54 864,81
24 11.334,99 1.000,00 126,58 873,42

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25 10.452,51 1.000,00 117,52 882,48
26 9.560,88 1.000,00 108,37 891,63
27 8.660,01 1.000,00 99,13 900,87
28 7.749,79 1.000,00 89,79 910,21
29 6.830,14 1.000,00 80,35 919,65
30 5.900,95 1.000,00 70,81 929,19
31 4.962,14 1.000,00 61,18 938,82
32 4.013,58 1.000,00 51,45 948,55
33 3.055,19 1.000,00 41,61 958,39
34 2.086,87 1.000,00 31,68 968,32
35 1.108,51 1.000,00 21,64 978,36
36 0,00 1.120,00 11,49 1.108,51
Somatório 36.120,00 6.120,00 30.000,00
Legenda:
B=B-E
C = valor definido no contrato de arrendamento
D = dívida x a taxa
E = Pagamento efetuado (coluna C) - despesa de juros (coluna D)
O lançamento da operação é o seguinte:

D – Ativo Imobilizado (veículos arrendados) ... 30.000,00


D – Encargos Financeiros a Transcorrer (passivo circulante) ... 3.244,32
D – Encargos Financeiros a Transcorrer (passivo não circulante) ... 2.875,68
C – Arrendamento financeiro a pagar (passivo circulante) ... 12.000,00
C – Arrendamento financeiro a pagar (passivo não circulante) ... 24.120,00

Observe que o Imobilizado fica mensurado pelo valor presente calculado da mesma forma que o
Passivo. Entretanto, nele é evidenciado o valor do compromisso total assumido pela arrendatária
(R$ 36.120,00) menos o valor dos juros contabilizados na conta retificadora - Encargos Financeiros
a Transcorrer (R$ 6.120,00 = R$ 36.120,00 - R$ 30.000,00) lançada no passivo.
A segregação dos juros (R$ 6.120,00) em circulante (R$ 3.244,32) e não circulante (R$ 2.875,68)
deve corresponder à despesa financeira a ser reconhecida pelo Regime de Competência, cuja
mensuração deve ser feita com utilização do cálculo exponencial e pro rata, isto é, os juros são
compostos e determinados em função da decorrência do tempo. Nesse exemplo foram
considerados como curto prazo os primeiros 12 meses do contrato, portanto, de acordo com o
quadro anterior, a soma dos juros das primeiras doze parcelas totaliza R$ 3.244,32 ficando o
restante registrado no longo prazo.

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Vamos ver como fica a contabilização subsequente ao final do 1º mês:

D – Arrendamento financeiro a pagar (passivo circulante)


C – Disponibilidades ... 1.000,00
(pelo pagamento da primeira prestação)

D – Arrendamento financeiro a pagar (passivo não circulante)


C – Arrendamento financeiro a pagar (passivo circulante) ... 1.000,00
(pelo decurso do tempo)

D – Despesa Financeira
C – Encargos Financeiros a Transcorrer (passivo circulante) ... 311,04
(pelo reconhecimento da despesa financeira)

D – Encargos Financeiros a Transcorrer (passivo circulante)


C – Encargos Financeiros a Transcorrer (passivo não circulante) ... 220,26
(pelo decurso do tempo)

D – Despesa de Depreciação
C – Depreciação acumulada (veículos arrendados) ... 500,00
(pela depreciação do bem)

Observações:
a) Para o cálculo da depreciação, assumiu-se que o valor residual, após a vida útil de 5 anos, será
igual a zero, porque esse veículo terá um uso totalmente fora do comum. Se, por exemplo, o valor
residual do veículo tivesse sido fixado em R$ 5.000,00 a depreciação mensal seria de R$ 416,67,
ou seja, R$ 25.000,00 divididos por 60, que é a quantidade de meses prevista como vida útil desse
veículo.
b) Adicionalmente, a despesa financeira foi efetivamente reconhecida pro rata e pelo cálculo
exponencial, daí por que se transferiram do longo para o curto prazo R$ 220,26 correspondentes
aos juros relativos ao décimo terceiro mês.

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(SABESP) Em 01/01/2013, a empresa Full S.A. adquiriu um caminhão pipa por meio de
arrendamento mercantil financeiro. O caminhão será pago em 4 prestações anuais, iguais e
consecutivas de R$ 50.000 cada, vencendo a primeira em 31/12/2013. Na data da aquisição o valor
justo era R$ 173.000 e o valor presente das prestações era R$ 170.000.
Sabendo que a taxa efetiva de juros era de 6,83% ao ano, que a vida útil do caminhão pipa era 10
anos e que a empresa pretende ficar com o bem no final do contrato, a empresa Full S.A.
reconheceu, no ano de 2013, uma despesa
a) financeira de R$ 13.660.
b) financeira de R$ 11.611.
c) financeira de R$ 11.816.
d) de depreciação de R$ 17.300.
e) financeira de R$ 7.500.
Comentários
Primeiramente, devemos saber que no arrendamento o reconhecimento inicial é feito pelo valor
presente dos pagamentos, no caso R$ 170.000,00.
Considerando 4 prestações x 50.000,00 = 200.000,00 devemos efetuar o seguinte registro:
D – Ativo imobilizado (veículos arrendados... 170.000,00
D – Encargos Financeiros a transcorrer (redutora passivo... 30.000,00
C – Arrendamento financeiro a pagar (passivo) ... 200.000,00
Observe que reconhecemos um ativo em 01/01/2013 no valor de 170.000,00 e um passivo de igual
valor, conforme determina o CPC 06.
Para calcular a despesa financeira, devemos multiplicar o valor inicial pela taxa efetiva fornecida
pela questão:
170.000,00 x 6,83% = 11.611,00
Para o cálculo da depreciação, sabemos que a vida útil do caminhão é de 10 anos. Assim, a
depreciação anual será de:
170.000/10 = 17.000 ao ano.
Dúvida de aluno:
Não consigo entender os lançamentos anuais referentes as despesas financeiras, no valor de R$
11.611,00, pois se eu creditar encargos financeiros (passivo) e debitar despesa financeira (no
resultado) em R$ 11.611,00 no primeiro ano, quais serão os lançamentos nos anos seguintes?
Questiono isso, pois o valor que tenho em encargos financeiros a transcorrer (passivo - R$
30.000,00) é menor que o valor das minhas despesas financeiras anuais (R$ 11.611,00 X 4 = R$
46.444,00).

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A questão aqui é que a cada ano diminui o saldo devedor e os juros incidem sobre o novo
saldo devedor. A tabela a seguir ilustra a ideia. Para fechar o cálculo utilizamos a taxa efetiva
com todas as casas decimais: 6,833267% (claro que usei o excel para isso J). Assim, em
vez de 11.611,00 na tabela constará 11.616,55. Caso utilizasse a taxa arredondada fornecida pela
banca sobraria em torno de R$ 16,00 a pagar.

Data Dívida de Pagamento Despesa de Redução da


Arrendamento Mensal Juros Dívida
A B C D E
Na 170.000,00
contratação
1 131.616,55 50.000,00 11.616,55 38.383,45
2 90.610,2 50.000,00 8.993,71 41.006,29
3 46.801,91 50.000,00 6.191,64 43.808,36
4 0,00 50.000,00 3.198,10 46.801,90
Somatório 200.000,00 30.000,00 170.000,00

Legenda:
B=B-E
C = valor definido no contrato de arrendamento
D = dívida x a taxa
E = Pagamento efetuado (coluna C) - despesa de juros (coluna D)
Observe que no ano 1 a taxa incide sobre os 170.000 dando uma despesa financeira de 11.616,55
(arredondando a taxa daria os 11.611,00 – gabarito da questão). Já no ano 2 incide sobre
131.616,55 (170.000 - 38.383,45) e assim sucessivamente.
Gabarito: B

1.4.3. Mensuração Subsequente


Após a data de início, o arrendatário deve mensurar o ativo de direito de uso, utilizando o método
de custo. Essa é a regra.
Como exceções, o CPC 06 destaca o seguinte:
a. Se o arrendatário aplicar o método de valor justo no CPC 28 – Propriedade para Investimento
à sua propriedade para investimento, o arrendatário também deve aplicar esse método de valor
justo aos ativos de direito de uso que atendem à definição de propriedade para investimento no
CPC 28.
b. Se ativos de direito de uso referem-se à classe do ativo imobilizado à qual o arrendatário aplica
o método de reavaliação no CPC 27, se permitido por lei (no Brasil, a Lei n. 6.404/76 não permite!),
o arrendatário pode decidir aplicar esse método de reavaliação a todos os ativos de direito de uso,
que se referem a essa classe do imobilizado.

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1.4.3.1. Método de Custo
Nos termos do CPC 06, para aplicar o método de custo, o arrendatário deve mensurar o ativo de
direito de uso ao custo:
a) menos qualquer depreciação acumulada e quaisquer perdas acumuladas por redução ao valor
recuperável; e
b) corrigido por qualquer remensuração do passivo de arrendamento (descrito na sequência).
Após a data de início, o arrendatário deve mensurar o passivo de arrendamento:
a) aumentando o valor contábil para refletir os juros sobre o passivo de arrendamento;
b) reduzindo o valor contábil para refletir os pagamentos do arrendamento efetuados; e
c) remensurando o valor contábil para refletir qualquer reavaliação ou modificações do
arrendamento.
Regra geral, após a data de início, o arrendatário deve reconhecer no resultado (despesa) os juros
sobre o passivo de arrendamento.
Além disso, o CPC 06 informa que o arrendatário deve remensurar o passivo de arrendamento para
refletir as alterações nos pagamentos do arrendamento. Essas alterações decorrem geralmente
pela mudança no prazo ou na taxa do arrendamento.
Nesse sentido, o arrendatário deve reconhecer o valor da remensuração do passivo de
arrendamento como ajuste ao ativo de direito de uso. Contudo, se o valor contábil do ativo de
direito de uso for reduzido a zero e houver uma redução adicional na mensuração do passivo de
arrendamento, o arrendatário deve reconhecer qualquer valor remanescente da remensuração no
resultado (despesa).
1.4.3.1. Modificação do arrendamento
Segundo o CPC 06, o arrendatário deve contabilizar a modificação do arrendamento como
arrendamento separado se:
a) a modificação aumentar o alcance do arrendamento ao acrescentar o direito de utilizar um ou
mais ativos subjacentes; e
b) a contraprestação pelo arrendamento aumentar em valor compatível com o preço individual
para o aumento no alcance e quaisquer ajustes apropriados a esse preço individual para refletir as
circunstâncias do contrato específico.

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1.5. Arrendador

O tratamento do arrendamento é diferente sob a ótica do arrendatário e do arrendador!


Arrendatário: o arrendamento é o contrato, ou parte do contrato, que transfere o direito de usar
um ativo por um período de tempo. O tratamento contábil independe de ser arrendamento
financeiro ou operacional.
Arrendador: deve classificar cada um de seus arrendamentos como arrendamento operacional ou
arrendamento financeiro.

1.5.1. Classificação de arrendamento


Nos termos do CPC 06, o arrendador (diferentemente do arrendatário) deve classificar cada um de
seus arrendamentos como arrendamento operacional ou arrendamento financeiro.
O arrendamento é classificado como arrendamento financeiro se transferir substancialmente todos
os riscos e benefícios inerentes à propriedade do ativo subjacente.
O arrendamento é classificado como arrendamento operacional se não transferir substancialmente
todos os riscos e benefícios inerentes à propriedade do ativo subjacente.
A ideia é a seguinte: no arrendamento mercantil financeiro temos em essência uma compra
financiada/a prazo (financiamento).
Imagine que determinada empresa esteja precisando adquirir um veículo para transportar suas
mercadorias e não possui grana para tanto (o que é normal no atual cenário em que vivemos, não
é mesmo?) ou, por questões estratégicas, não quer “torrar” a grana com o veículo. Sendo assim,
vai até uma instituição financeira e faz o seguinte negócio: a instituição financeira compra o veículo
e aluga (arrenda) esse veículo para a empresa que, por sua vez, vai pagando os “aluguéis” (as
prestações) mensalmente ao banco. Observe que, na essência o banco está vendendo o veículo
para a empresa de maneira financiada. Trata-se de uma aquisição disfarçada de aluguel e, por isso,
veremos na sequência da aula, que esse veículo, mesmo não pertencendo à empresa, deve ser
reconhecido no ativo da empresa e, em contrapartida, também reconhecemos a dívida junto ao
banco no passivo da empresa. Nesse tipo de arrendamento, ao final da última prestação, a
empresa possui a opção de adquirir o bem (no nosso exemplo, o veículo) geralmente por um valor,
irrisório, bem próximo de zero. Assim, após esse último pagamento residual, finalmente o banco
transfere a propriedade para a empresa.
Mas porque a empresa não efetua um financiamento “normal”? Objetivamente, essa
operação é interessante para ambas as partes:

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Para o arrendador (instituição financeira) à o bem objeto da transação é uma espécie de garantia
da operação. Assim, caso a empresa não efetue o pagamento acordado, fica muito mais fácil para
a instituição financeira reaver o prejuízo, pois ela “pega” o bem de volta, afinal a propriedade é
dela.
Para o arrendatário à tendo em vista a garantia acima comentada e o fato de que no
arrendamento não há desconto por quitação antecipada total ou parcial de parcelas futuras
(diferentemente do financiamento normal), as taxas de juros praticadas no arrendamento financeiro
(leasing) é mais baixa.
Já no arrendamento mercantil operacional, de fato, temos na essência um aluguel.
Esquematicamente, temos:

Classificação dos Arrendamentos

Arrendamento Arrendamento
Mercantil FINANCEIRO Mercantil
OPERACIONAL

Há transferência dos riscos e Não há transferência dos


benefícios inerentes à riscos e benefícios inerentes à
propriedade propriedade

Possui essência de uma compra Possui essência de um aluguel


financiada

E se no arrendamento mercantil operacional não há a transferência dos benefícios, qual a


vantagem para o arrendador? E para o arrendatário?
Para o arrendador a principal vantagem é de ordem tributária. De forma objetiva é o seguinte: a
vantagem decorre em função da não incidência de ICMS nas remessas de Bens para locação e da
não incidência do ISS nas contraprestações mensais. Assim, na comparação com uma operação de
venda interestadual, em que há incidência de alíquota do ICMS média de 12%, resta evidenciada
essa vantagem na operação de arrendamento mercantil operacional.
Para o arrendatário a principal vantagem está atrelada ao custo de oportunidade, ou seja, com o
dinheiro que a empresa deixa de aplicar na aquisição do objeto sob arrendamento, poderá aplicar
em outras atividades que gerem maior retorno. Além disso, geralmente as despesas de
manutenção são assumidas pelo arrendador, ou seja, a empresa não precisa se preocupar com a
manutenção do objeto arrendado. Estragou, liga para o arrendador e fala: “Cara, a máquina
parou... dá teu jeito”!

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Por fim, não poderia deixar de citar a questão tecnológica... com a intensa evolução tecnológica
que estamos vivenciando, os produtos tornam-se obsoletos em pouco tempo, tornando-se inviável
o emprego do capital de giro de uma empresa na compra desse tipo de equipamento.

(TJ-RR) O arrendamento mercantil é classificado como financeiro ou operacional. No arrendamento


operacional, há transferência substancial de todos os riscos e benefícios inerentes à propriedade,
ao passo que, no financeiro, não há transferência substancial de riscos e benefícios inerentes à
propriedade.

Comentários
A questão inverteu os conceitos. Corrigindo, temos:
No arrendamento operacional financeiro, há transferência substancial de todos os riscos e
benefícios inerentes à propriedade, ao passo que, no financeiro operacional, não há transferência
substancial de riscos e benefícios inerentes à propriedade.

Gabarito: Errado
Segundo o CPC 06, o fato de o arrendamento ser arrendamento financeiro ou arrendamento
operacional depende da essência da transação, em vez da forma do contrato.
Trata-se de aplicação da Primazia da Essência sobre a Forma, prevista no CPC 00. Assim, por
exemplo, pode acontecer uma situação em que um contrato é elaborado como arrendamento
operacional, mas suas cláusulas possuem características de arrendamento financeiro. Sendo assim,
o arrendamento deve ser classificado como financeiro, observando-se a essência da operação
(arrendamento financeiro) em detrimento da forma (arrendamento operacional).
I
(SEFAZ-SP) O contador da empresa Inova S.A. conseguiu condições financeiras vantajosas para
comprar dois caminhões por meio de arrendamento mercantil (leasing). Como a empresa tem a
intenção de ficar com os veículos no final do prazo do contrato e a compra se enquadra dentro dos
conceitos de leasing operacional, a empresa contabilizou como ativo imobilizado os dois
caminhões. Referido procedimento atende ao conceito da essência sobre a forma.

Comentários
Observe que no caso apresentado pela questão, o arrendamento formalmente se enquadra dentro
dos conceitos de leasing operacional. Porém, como a empresa tem a intenção de ficar com os
veículos no final do prazo (o que é uma situação indicativa de um arrendamento mercantil
financeiro, conforme veremos na sequência), de acordo com a premissa da Primazia da Essência
sobre a Forma, a empresa deve contabilizar como ativo imobilizado os dois caminhões. Observe
que na essência a operação envolve uma compra e venda, justamente pela intenção da entidade
de adquirir os bens ao final do arrendamento.
Gabarito: Certo

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O CPC 06 destaca alguns exemplos de situações que individualmente ou em conjunto levariam
normalmente um arrendamento mercantil a ser classificado como arrendamento mercantil
financeiro:
(a) o arrendamento transfere a propriedade do ativo subjacente ao arrendatário ao final do prazo
do arrendamento;
(b) o arrendatário tem a opção de comprar o ativo subjacente a preço que se espera que seja
suficientemente mais baixo do que o valor justo na data em que a opção se tornar exercível, para
que seja razoavelmente certo, na data de celebração do arrendamento, que a opção será exercida;
(c) o prazo do arrendamento é equivalente à maior parte da vida econômica do ativo subjacente,
mesmo se a propriedade não for transferida;
(d) na data da celebração do arrendamento, o valor presente dos recebimentos do arrendamento
equivale substancialmente à totalidade do valor justo do ativo subjacente; e
(e) o ativo subjacente é de natureza tão especializada que somente o arrendatário pode usá-lo sem
modificações importantes.
Além desses exemplos, o CPC fornece, ainda, indicadores de situação que, individualmente ou em
combinação, também poderiam levar o arrendamento a ser classificado como arrendamento
financeiro:
(a) se o arrendatário puder cancelar o arrendamento mercantil, as perdas do arrendador associadas
ao cancelamento são arcadas pelo arrendatário;
(b) ganhos ou as perdas provenientes da flutuação no valor justo do residual são gerados para o
arrendatário (por exemplo, na forma de desconto no aluguel que seja equivalente à maior parte
dos rendimentos de venda no final do arrendamento); e
(c) se o arrendatário tiver a capacidade de continuar o arrendamento por período secundário, com
aluguel que seja substancialmente menor que o aluguel de mercado.
O CPC 06 destaca que esses exemplos e indicadores nem sempre são conclusivos. Se ficar claro,
a partir de outras características, que o arrendamento não transfere, substancialmente, todos os
riscos e benefícios inerentes à propriedade do ativo subjacente, o arrendamento deve ser
classificado como arrendamento operacional. Por exemplo, esse pode ser o caso se a propriedade
do ativo subjacente for transferida, no final do arrendamento, por recebimento variável equivalente
ao seu então valor justo, ou se houver recebimentos variáveis de arrendamento, como resultado
dos quais o arrendador não transfere, substancialmente, todos esses riscos e benefícios.

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