Você está na página 1de 21

Impressão gerada em 04/10/2013

FISCOSoft
Impresso

Publicado em nosso site em 13/06/2012

Arrendamento Mercantil (Leasing) - Aspectos Contábeis - Roteiro de Procedimentos


Roteiro - Federal - 2012/3359
Introdução
I - Conceito
II - Modalidades
II.1 - Arrendamento mercantil financeiro
II.2 - Arrendamento mercantil operacional
III - Contratos de arrendamento e prazos mínimos
IV - Principais aspectos sobre dedutibilidade das contraprestações
V - Contabilização e a dedutibilidade das contraprestações - comentários
VI - Técnica contábil
VI.1 - Modalidades de arrendamento mercantil
VI.2 - Definições técnicas
VI.3 - Riscos, benefícios e classificação do arrendamento mercantil
VI.4 - Arrendamento mercantil de terrenos e edifícios - classificação
VI.5 - Arrendamento mercantil nas demonstrações contábeis do arrendatário
VI.5.1 - Arrendamento mercantil financeiro
VI.5.1.1 - Reconhecimento inical
VI.5.1.2 - Contabilização das transações e outros eventos
VI.5.1.3 - Mensuração subsequente
VI.5.1.4 - Depreciação
VI.5.1.5 - Divulgação
VI.5.1.6 - Exemplo
VI.5.2 - Arrendamento mercantil operacional
VI.5.2.1 - Divulgação
VI.6 - Arrendamento mercantil nas demonstrações contábeis do arrendador
VI.6.1 - Arrendamento mercantil financeiro
VI.6.1.1 - Reconhecimento inicial e custos
VI.6.1.2 - Reconhecimento subsequente
VI.6.1.3 - Divulgação
VI.6.2 - Arrendamento mercantil operacional
VI.6.2.1 - Reconhecimento
VI.6.2.2 - Divulgação
VI.7 - Transação de venda e leaseback
VI.7.1 - Reconhecimento
VI.7.2 - Leaseback como arrendamento mercantil financeiro
VI.7.3 - Leaseback como arrendamento mercantil operacional
VI.7.4 - Divulgação
VII - Adoção inicial da Lei nº 11.638/2007
VIII - Aspectos tributários
VIII.1 - Arrendadora
VIII.1.1 - IRPJ e CSLL

FISCOSoft On Line 1
FISCOSoft Impresso
VIII.1.2 - PIS/PASEP e COFINS
VIII.2 - Arrendatária
VIII.2.1 - IRPJ e CSLL
VIII.2.2 - Forma de dedutibilidade e RTT
VIII.2.3 - FCONT
VIII.2.4 - PIS/PASEP e COFINS
VIII.2.4.1 - Desconto de crédito das contribuições
VIII.2.4.2 - Bens integrados ao patrimônio da pessoa jurídica

Introdução

O arrendamento mercantil, também conhecido como leasing, é a operação em que o proprietário de um bem cede a terceiro
o uso desse bem por prazo determinado, recebendo por isso uma contraprestação.
As contratações de leasing são muito comuns nas empresas, principalmente pelo benefício tributário que elas podem
proporcionar, que acarreta, inclusive, algumas polêmicas.
As regras aplicáveis ao arrendamento mercantil foram aprovadas pela Lei nº 6.099/1974, que trata principalmente dos
aspectos tributários, contratuais e fiscalizatórios dessas operações.
As políticas contábeis e divulgações apropriadas a serem aplicadas em relação a arrendamentos mercantis, atualmente,
encontram-se no Pronunciamento Técnico 06 editado pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis, aprovado pela Comissão
de Valores Mobiliários através da Deliberação CVM nº 554/2008, pelo Conselho Federal de Contabilidade através da
Resolução CFC nº 1.304/2010, e ainda pela SUSEP com base na Circular SUSEP nº 379/2008 (anexo I), ANEEL, pelo
Despacho nº 4.796/2008 e Ofício-Circular nº 2.775/2008-SFF/ANEEL e ANTT - Comunicado SUREG nº 1/2009.
Neste Roteiro são analisados alguns aspectos tributários e contábeis concernentes ao arrendamento mercantil,
principalmente em relação à questão da contabilização e dedutibilidade de suas contraprestações.

I - Conceito

Não é função da lei definir conceitos, assim defende a doutrina, que toma para si tal função. O legislador, no entanto, para
facilitar ou evitar discussões, muitas vezes assume essa tarefa. Assim ocorre, por exemplo, com o arrendamento mercantil,
como se verifica no parágrafo único do art. 1º da Lei nº 6.099/1974, abaixo transcrito:
"Considera-se arrendamento mercantil, para os efeitos desta Lei, o negócio jurídico realizado entre pessoa jurídica, na
qualidade de arrendadora, e pessoa física ou jurídica, na qualidade de arrendatária, e que tenha por objeto o arrendamento
de bens adquiridos pela arrendadora, segundo especificações da arrendatária e para uso próprio desta."

As operações de arrendamento mercantil também foram conceituadas pelo Pronunciamento Técnico do CPC nº 06, como se
verifica a seguir:
"Arrendamento mercantil é um acordo pelo qual o arrendador transmite ao arrendatário em troca de um pagamento ou série
de pagamentos o direito de usar um ativo por um período de tempo acordado."

O Banco Central, assim o define (www.bcb.gov.br):


"O leasing é um contrato denominado na legislação brasileira como arrendamento mercantil. As partes desse contrato são
denominadas "arrendador" e "arrendatário", conforme sejam, de um lado, um banco ou sociedade de arrendamento
mercantil e, de outro, o cliente. O objeto do contrato é a aquisição, por parte do arrendador, de bem escolhido pelo
arrendatário para sua utilização. O arrendador é, portanto, o proprietário do bem, sendo que a posse e o usufruto, durante a
vigência do contrato, são do arrendatário. O contrato de arrendamento mercantil pode prever ou não a opção de compra,
pelo arrendatário, do bem de propriedade do arrendador."

Dos conceitos acima, destacamos portanto as seguintes figuras:


a) arrendadora: pessoa jurídica (empresa de arrendamento mercantil), proprietária do bem objeto do arrendamento;
b) arrendatária: pessoa física ou jurídica (cliente), que usufruirá o bem objeto do arrendamento.

Nota:

FISCOSoft On Line 2
FISCOSoft Impresso
Até 1983, as operações de arrendamento mercantil eram admitidas somente entre pessoas jurídicas. Por força da Lei nº 7.132/1983, o

conceito de leasing foi alterado para permitir que a pessoa física também se configure como arrendatária.

Fundamentação legal: art. 2º da Lei nº 6.099/1974.

II - Modalidades

O Banco Central do Brasil estabelece que as operações de arrendamento mercantil podem ser dos tipos financeiro e
operacional, conforme definido a seguir.
Fundamentação: art. 1º, parágrafo único, do Anexo da Resolução CMN/BACEN nº 2.309/1996.

II.1 - Arrendamento mercantil financeiro

Considera-se arrendamento mercantil financeiro a modalidade em que:


a) as contraprestações e demais pagamentos previstos no contrato, devidos pela arrendatária, sejam normalmente suficientes
para que a arrendadora recupere o custo do bem arrendado durante o prazo contratual da operação e, adicionalmente,
obtenha um retorno sobre os recursos investidos;
b) as despesas de manutenção, assistência técnica e serviços correlatos à operacionalidade do bem arrendado sejam de
responsabilidade da arrendatária;
c) o preço para o exercício da opção de compra seja livremente pactuado, podendo ser, inclusive, o valor de mercado do
bem arrendado.
Fundamentação: art. 5º do Anexo da Resolução CMN/BACEN nº 2.309/1996.

II.2 - Arrendamento mercantil operacional

Considera-se arrendamento mercantil operacional a modalidade em que:


a) as contraprestações a serem pagas pela arrendatária contemplem o custo de arrendamento do bem e os serviços inerentes
a sua colocação à disposição da arrendatária, não podendo o valor presente dos pagamentos ultrapassar 90% (noventa por
cento) do custo do bem;
b) o prazo contratual seja inferior a 75% (setenta e cinco por cento) do prazo de vida útil econômica do bem;
c) o preço para o exercício da opção de compra seja o valor do mercado do bem arrendado;
d) não haja previsão de pagamento de valor residual garantido.
Fundamentação: art. 6º do Anexo da Resolução CMN/BACEN nº 2.309/1996, com redação dada pela Resolução nº
2.465/1998.

III - Contratos de arrendamento e prazos mínimos

Os contratos de arrendamento mercantil devem ser formalizados por instrumento público ou particular, devendo conter, no
mínimo, as especificações relacionadas na Resolução CMN/BACEN nº 2.309/1996.
Os contratos devem estabelecer, ainda, os seguintes prazos mínimos de arrendamento:
a) para o arrendamento mercantil financeiro:
a.1) 2 (dois) anos, compreendidos entre a data de entrega dos bens à arrendatária, consubstanciada em termo de aceitação e
recebimento dos bens, e a data de vencimento da última contraprestação, quando se tratar de arrendamento de bens com
vida útil igual ou inferior a 5 (cinco) anos;
a.2) 3 (três) anos, observada a definição do prazo constante acima, para o arrendamento de outros bens;
b) para o arrendamento mercantil operacional, 90 (noventa) dias.
Observa-se que a operação de arrendamento mercantil será considerada como de compra e venda a prestação se a opção de
compra for exercida antes de decorrido o respectivo prazo mínimo estabelecido acima.
Fundamentação: arts. 7º, 8º e 10 da Resolução CMN/BACEN nº 2.309/1996.

IV - Principais aspectos sobre dedutibilidade das contraprestações

FISCOSoft On Line 3
FISCOSoft Impresso
A legislação tributária prevê que serão consideradas, como custo ou despesa operacional da pessoa jurídica arrendatária, as
contraprestações pagas ou creditadas por força de contrato de arrendamento mercantil. Ou seja, o valor das contraprestações
poderão ser dedutíveis no cálculo do IRPJ e da CSLL.
Essa dedutibilidade exige que a operação de arrendamento mercantil esteja em sintonia com a Lei nº 6.099/1974. Caso
esteja em desacordo, a operação será considerada como compra e venda a prazo. Como conseqüência, as importâncias já
deduzidas pela adquirente, como custo ou despesa operacional, deverão ser adicionadas ao lucro líquido, para efeito de
determinação do lucro real (IRPJ) ou resultado ajustado (CSLL), no período de apuração em que foi efetuada a respectiva
dedução. O imposto devido nessa hipótese será recolhido com acréscimo de juros e multa.
Faz-se importante verificar ainda que as contraprestações de arrendamento mercantil somente serão dedutíveis quando o
bem arrendado estiver relacionado intrinsecamente com a produção e comercialização dos bens e serviços.

Nota:
Ver subtópico V acerca das demais regras a serem observadas para fins de dedutibilidade das contraprestações pagas ou creditadas por

força de contrato de arrendamento mercantil

Fundamentação: art. 11 da Lei nº 6.099/1974; art. 356 do RIR/1999.

V - Contabilização e a dedutibilidade das contraprestações - comentários

A possibilidade de dedução das contraprestações prevista na legislação tributária faz com que as pessoas jurídicas não
registrem o bem arrendado no ativo imobilizado. As contraprestações são registradas diretamente em contas de resultado.
Em termos de economia tributária, essa técnica é mais vantajosa, pois o prazo de arrendamento do bem, em regra, é inferior
ao prazo de depreciação. Ou seja, o arrendatário conseguirá se recuperar em menor prazo das despesas relacionadas a essa
operação.
Esse procedimento não guardava sintonia, entretanto, com a Resolução CFC nº 921/2001, que previa, em alguns casos, o
registro dos bens arrendados no ativo da arrendadora. Esse, inclusive, foi o início das discussões em relações à
contabilização das operações de leasing.
Na prática, era observado que o critério previsto na Resolução CFC nº 921/2001 não era adotado por todas as empresas,
justamente em decorrência da legislação tributária, que aceita a dedutibilidade dos valores pagos ou creditados pelas
arrendatárias na apuração da base de cálculo do IRPJ e da CSLL em ambas as modalidades de arrendamento mercantil.
Essas empresas se valiam, inclusive, da Resolução CFC nº 732/1992 revogada pela Resolução CFC nº 1.283/2010, a qual
preconizava que na hipótese de conflito entre a norma contábil e a legal, esta deveria prevalecer. Não obstante essa
possibilidade, verificava-se que a adoção de critérios distintos dificultava a análise comparativa entre empresas.
Em defesa ao critério contábil, ressalta-se ainda que este guarda sintonia aos padrões internacionais de contabilidade,
compatibilizando as informações produzidas pela empresa às necessidades do mercado externo.
Em 28.12.2007 foi editada a Lei nº 11.638/2007 trazendo grandes modificações no cenário contábil brasileiro ora definido
pela Lei nº 6.404/1976. Dentre essas alterações a referida norma mudou o conceito do ativo imobilizado, onde, até então,
era definido pelos direitos que tinham por objeto bens destinados à manutenção das atividades da companhia e da empresa,
ou exercidos com essa finalidade, inclusive os de propriedade industrial ou comercial (art. 179, IV da Lei nº 6.404/1976).
Após a alteração trazida pela Lei nº 11.638/2007 ao art. 179 da Lei nº 6.404/1976, o conceito do ativo imobilizado ficou da
seguinte forma:
(...)
IV - no ativo imobilizado: os direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à manutenção das atividades da
companhia ou da empresa ou exercidos com essa finalidade, inclusive os decorrentes de operações que transfiram à
companhia os benefícios, riscos e controle desses bens; (...)

A partir dessa nova definição, que vigora desde 01.01.2008, destaque deve ser dado à menção de que devem ser incluídos
nesse grupo aqueles bens que sejam decorrentes de operações que transfiram à companhia seus benefícios, riscos e controle.
Após essa breve análise e com base na legislação, pode-se concluir que a partir de 01.01.2008 as pessoas jurídicas devem
observar a obrigação de classificar no grupo do Ativo Imobilizado também aqueles bens que não sejam de sua propriedade,
mas são utilizados em suas atividades com transferência de seus benefícios, riscos e controle. Aqui se enquadra a
modalidade de arrendamento mercantil financeiro.
Quanto à dedutibilidade das contraprestrações, continua havendo a permissão conforme o artigo 356 do RIR/99. Trataremos

FISCOSoft On Line 4
FISCOSoft Impresso
esse assunto em tópico específico.

Nota:
A Resolução CFC nº 921/2001 foi revogada pela Resolução CFC nº 1.141/2008, que foi revogada pela Resolução CFC nº 1.304/2010.

VI - Técnica contábil

O Conselho Federal de Contabilidade, por meio da Resolução CFC nº 1.304/2010 e em decorrência do CPC nº 06, aprovou
a Norma Brasileira de Contabilidade NBC T 10.2 - Operações de Arrendamento Mercantil. O objetivo desta norma é
estabelecer, para arrendatários e arrendadores, políticas contábeis e divulgações apropriadas a serem aplicadas em relação a
arrendamentos mercantis.

Nota:
Atente-se, que a sigla e a numeração "NBC T 10.2" passou a ser "NBC TG 06", conforme a Resolução CFC nº 1.329/2011.

A aprovação dessa NBC buscou compatibilizar os registros das operações de arrendamento mercantil à sua natureza, que se
assemelha, em alguns casos, a uma operação de compra e venda a prazo. Essa técnica contábil também está em sintonia com
as normas internacionais de contabilidade (IAS 17 do IASB).

VI.1 - Modalidades de arrendamento mercantil

A NBC TG 06, de forma semelhante ao Banco Central, também classifica o arrendamento mercantil como financeiro ou
operacional.
Classifica-se como arrendamento financeiro aquele em que há transferência substancial dos riscos e benefícios inerentes à
propriedade de um ativo. O título de propriedade pode ou não vir a ser transferido.
O arrendamento operacional, por sua vez, é um arrendamento mercantil diferente de um arrendamento mercantil financeiro,
ou seja, não guarda a mesma correlação sobre a transferência de riscos e benefícios inerentes à sua propriedade.
Em que pese ter adotado a mesma divisão do Banco Central, os conceitos de arrendamento financeiro e operacional do CFC
são distintos daquele. Dessa forma, para fins de adoção de uma técnica ou outra de contabilização, como será visto a seguir,
deve-se ter em mente sempre o conceito do próprio CFC.
Fundamentação: Resolução CFC nº 1.304/2010, item 4.

VI.2 - Definições técnicas

Além das definições sobre as modalidades de arrendamento mercantil, a NBC TG 06 traz outras importantes definições:
Arrendamento mercantil não cancelável é um arrendamento mercantil que é cancelável apenas:
a) após a ocorrência de alguma contingência remota;
b) com a permissão do arrendador;
c) se o arrendatário contratar um novo arrendamento mercantil para o mesmo ativo ou para um ativo equivalente com o
mesmo arrendador; ou
d) após o pagamento pelo arrendatário de uma quantia adicional tal que, no início do arrendamento mercantil, a continuação
do arrendamento mercantil seja razoavelmente certa.
Início do arrendamento mercantil é a mais antiga entre a data do acordo de arrendamento mercantil e a data de um
compromisso assumido pelas partes quanto às principais disposições do arrendamento mercantil. Nessa data:
a) um arrendamento mercantil é classificado como arrendamento mercantil financeiro ou arrendamento mercantil
operacional; e
b) no caso de arrendamento mercantil financeiro, as quantias a reconhecer no começo do prazo do arrendamento mercantil
são determinadas.
Começo do prazo do arrendamento mercantil é a data a partir da qual o arrendatário passa a poder exercer o seu direito de
usar o ativo arrendado. É a data do reconhecimento inicial do arrendamento mercantil .
Prazo do arrendamento mercantil é o período não cancelável pelo qual o arrendatário contratou o arrendamento mercantil do
ativo juntamente com quaisquer prazos adicionais pelos quais o arrendatário tem a opção de continuar a arrendar o ativo,
com ou sem pagamento adicional, quando no início do arrendamento mercantil for razoavelmente certo que o arrendatário
exercerá a opção.

FISCOSoft On Line 5
FISCOSoft Impresso
Pagamentos mínimos do arrendamento mercantil são os pagamentos durante o prazo do arrendamento mercantil que o
arrendatário faça, ou que lhe possam ser exigidos que faça, excluindo pagamento contingente, custos relativos a serviços e
impostos a serem pagos pelo arrendador e a ele serem reembolsados, juntamente com:
a) para arrendatário, quaisquer quantias garantidas pelo arrendatário ou por parte relacionada a ele; ou
b) para arrendador, qualquer valor residual garantido ao arrendador:
(i) pelo arrendatário;
(ii) por parte relacionada com o arrendatário; ou
(iii) por terceiro não relacionado com o arrendador que seja financeiramente capaz de dar cumprimento às obrigações
segundo a garantia.
Contudo, se o arrendatário tiver a opção de comprar o ativo por um preço que se espera seja suficientemente mais baixo do
que o valor justo na data em que a opção se torne exercível, para que, no início do arrendamento mercantil, seja
razoavelmente certo que a opção será exercida, os pagamentos mínimos do arrendamento mercantil compreendem os
pagamentos mínimos a pagar durante o prazo do arrendamento mercantil até à data esperada do exercício dessa opção de
compra e o pagamento necessário para exercê-la.
Valor justo é o valor pelo qual um ativo pode ser negociado, ou um passivo liquidado ou transferido, entre partes
interessadas, conhecedoras do negócio e independentes entre si, com a ausência de fatores que pressionem para a liquidação
da transação ou que caracterizem transação compulsória.
Vida econômica é:
a) o período durante o qual se espera que um ativo seja economicamente utilizável por um ou mais usuários; ou
b) o número de unidades de produção ou de unidades semelhantes que um ou mais usuários esperam obter do ativo.
Vida útil é o período remanescente estimado, a partir do começo do prazo do arrendamento mercantil, sem limitação pelo
prazo do arrendamento mercantil, durante o qual se espera que os benefícios econômicos incorporados no ativo sejam
consumidos pela entidade.
Valor residual garantido é:
a) para um arrendatário, a parte do valor residual que seja garantida por ele ou por parte a ele relacionada (sendo o valor da
garantia o valor máximo que possa, em qualquer caso, tornar-se pagável); e
b) para um arrendador, a parte do valor residual que seja garantida pelo arrendatário ou por terceiro não relacionado com o
arrendador que seja financeiramente capaz de satisfazer as obrigações cobertas pela garantia.
Valor residual não garantido é a parte do valor residual do ativo arrendado, cuja realização pelo arrendador não esteja
assegurada ou esteja unicamente garantida por uma parte relacionada com o arrendador.
Custos diretos iniciais são custos incrementais que são diretamente atribuíveis à negociação e estruturação de um
arrendamento mercantil, exceto os custos incorridos pelos arrendadores fabricantes ou comerciantes.
Investimento bruto no arrendamento mercantil é a soma:
a) dos pagamentos mínimos do arrendamento mercantil a receber pelo arrendador segundo um arrendamento mercantil
financeiro; e
b) de qualquer valor residual não garantido atribuído ao arrendador.
Investimento líquido no arrendamento mercantil é o investimento bruto no arrendamento mercantil descontado à taxa de
juros implícita no arrendamento mercantil.
Receita financeira não realizada é a diferença entre:
a) o investimento bruto no arrendamento mercantil; e
b) o investimento líquido no arrendamento mercantil.
Taxa de juros implícita no arrendamento mercantil é a taxa de desconto que, no início do arrendamento mercantil, faz com
que o valor presente agregado:
a) dos pagamentos mínimos do arrendamento mercantil; e
b) do valor residual não garantido seja igual à soma (i) do valor justo do ativo arrendado e (ii) de quaisquer custos diretos
iniciais do arrendador.
Taxa de juros incremental de financiamento do arrendatário é a taxa de juros que o arrendatário teria de pagar num
arrendamento mercantil semelhante ou, se isso não for determinável, a taxa em que, no início do arrendamento mercantil, o
arrendatário incorreria ao pedir emprestado por prazo semelhante, e com segurança semelhante, os fundos necessários para
comprar o ativo.
Pagamento contingente é a parcela dos pagamentos do arrendamento mercantil que não seja de quantia fixada, e sim

FISCOSoft On Line 6
FISCOSoft Impresso
baseada na quantia futura de um fator que se altera sem ser pela passagem do tempo (por exemplo, percentual de vendas
futuras, quantidade de uso futuro, índices de preços futuros, taxas futuras de juros do mercado).
Fundamentação: Resolução CFC nº 1.304/2010, item 4.

VI.3 - Riscos, benefícios e classificação do arrendamento mercantil

A classificação de arrendamentos mercantis baseia-se na extensão em que os riscos e benefícios inerentes à propriedade do
ativo arrendado permanecem no arrendador ou no arrendatário. Os riscos incluem as possibilidades de perdas devidas à
capacidade ociosa ou obsolescência tecnológica e de variações no retorno em função de alterações nas condições
econômicas. Os benefícios podem ser representados pela expectativa de funcionamento lucrativo durante a vida econômica
do ativo e de ganhos derivados de aumentos de valor ou de realização do valor residual.
Um arrendamento mercantil é classificado como financeiro se ele transferir substancialmente todos os riscos e benefícios
inerentes à propriedade. Um arrendamento mercantil é classificado como operacional se ele não transferir substancialmente
todos os riscos e benefícios inerentes à propriedade.
Dado que a transação entre o arrendador e o arrendatário se baseia em um acordo de arrendamento mercantil entre eles, é
apropriado usar definições consistentes. A aplicação dessas definições em diferentes circunstâncias do arrendador e do
arrendatário pode ocasionar situação em que o mesmo arrendamento mercantil seja classificado diferentemente por ambos.
Por exemplo, esse pode ser o caso se o arrendador se beneficiar de uma garantia de valor residual proporcionada por uma
parte não relacionada ao arrendatário.
A classificação de um arrendamento mercantil como arrendamento mercantil financeiro ou arrendamento mercantil
operacional depende da essência da transação e não da forma do contrato.

Nota:
Neste sentido, o Manual de contabilidade das sociedades por ações dispõe que "à luz dos princípios contábeis, a essência deve prevalecer

sobre a forma".

Exemplos de situações que individualmente ou em conjunto levariam normalmente a que um arrendamento mercantil fosse
classificado como arrendamento mercantil financeiro são:
a) o arrendamento mercantil transfere a propriedade do ativo para o arrendatário no fim do prazo do arrendamento
mercantil;
b) o arrendatário tem a opção de comprar o ativo por um preço que se espera seja suficientemente mais baixo do que o valor
justo à data em que a opção se torne exercível de forma que, no início do arrendamento mercantil, seja razoavelmente certo
que a opção será exercida;
c) o prazo do arrendamento mercantil refere-se à maior parte da vida econômica do ativo mesmo que a propriedade não seja
transferida;
d) no início do arrendamento mercantil, o valor presente dos pagamentos mínimos do arrendamento mercantil totaliza pelo
menos substancialmente todo o valor justo do ativo arrendado; e
e) os ativos arrendados são de natureza especializada de tal forma que apenas o arrendatário pode usá-los sem grandes
modificações.
Os indicadores de situações que individualmente ou em combinação também podem levar a que um arrendamento mercantil
seja classificado como arrendamento mercantil financeiro são:
a) se o arrendatário puder cancelar o arrendamento mercantil, as perdas do arrendador associadas ao cancelamento são
suportadas pelo arrendatário;
b) os ganhos ou as perdas da flutuação no valor justo do valor residual são atribuídos ao arrendatário (por exemplo, na
forma de abatimento que equalize a maior parte do valor da venda no fim do arrendamento mercantil); e
c) o arrendatário tem a capacidade de continuar o arrendamento mercantil por um período adicional com pagamentos que
sejam substancialmente inferiores ao valor de mercado.

Nota:
Os exemplos e indicadores enunciados nem sempre são conclusivos. Se for claro com base em outras características que o arrendamento

mercantil não transfere substancialmente todos os riscos e benefícios inerentes à propriedade, o arrendamento mercantil é classificado como

operacional. Isso pode acontecer se, por exemplo, a propriedade do ativo se transferir ao final do arrendamento mercantil mediante um

pagamento variável igual ao valor justo no momento, ou se há pagamentos contingentes, como resultado dos quais o arrendatário não tem

substancialmente todos os riscos e benefícios.

FISCOSoft On Line 7
FISCOSoft Impresso
A classificação do arrendamento mercantil é feita no início do arrendamento mercantil. Se em qualquer momento o
arrendatário e o arrendador concordarem em modificar as disposições do arrendamento mercantil, exceto por renovação do
contrato, de tal maneira que resultasse numa classificação diferente do arrendamento mercantil segundo os critérios
enunciados neste subtópico caso os termos alterados tivessem estado em vigor no início do arrendamento mercantil, o
acordo revisto é considerado como um novo acordo durante o seu prazo. Contudo, as alterações nas estimativas (por
exemplo, alterações nas estimativas relativas à vida econômica ou ao valor residual da propriedade arrendada) ou as
alterações nas circunstâncias (por exemplo, descumprimento por parte do arrendatário) não originam uma nova classificação
de um arrendamento mercantil para fins contábeis.
Fundamentação: Resolução CFC nº 1.304/2010, itens 7 ao 13.

VI.4 - Arrendamento mercantil de terrenos e edifícios - classificação

Quando o arrendamento mercantil contempla tanto terreno quanto edifícios, a entidade deve avaliar individualmente cada
elemento objeto do contrato de arrendamento para fins de classificação e enquadramento como arrendamento operacional
ou financeiro, em consonância com o subitem VI.3.
Ao julgar se um dos elementos objeto do contrato é um arrendamento operacional ou financeiro, um aspecto importante a
ser considerado é o fato de que o terreno, via de regra, apresenta uma vida útil econômica indefinida.
Para classificar e contabilizar um arrendamento mercantil de terreno e edifícios, os pagamentos mínimos do arrendamento
mercantil (incluindo qualquer pagamento inicial, antecipado), sempre que for necessário, devem ser alocados no início do
período do arrendamento mercantil entre os elementos terreno e edifícios na proporção dos valores justos relativos das
participações no terreno e nas edificações objeto do arrendamento no início do arrendamento mercantil. Se os pagamentos
do arrendamento mercantil não puderem ser alocados com confiabilidade entre esses dois elementos, a totalidade do
arrendamento mercantil deve ser classificada como arrendamento mercantil financeiro, a não ser que esteja claro que ambos
os elementos são arrendamentos mercantis operacionais, em cujo caso a totalidade do arrendamento mercantil deve ser
classificada como arrendamento mercantil operacional.
Para um arrendamento mercantil de terreno e edifícios no qual a quantia que seria inicialmente reconhecida para o elemento
terreno seja imaterial conforme subitem VI.5.1.1 deste Roteiro, o terreno e os edifícios podem ser tratados como uma única
unidade para a finalidade da classificação do arrendamento mercantil e classificados como arrendamento mercantil
financeiro ou operacional. Em tal caso, a vida econômica dos edifícios é considerada como a vida econômica da totalidade
do ativo arrendado.
A mensuração separada dos elementos terreno e edifícios não é exigida quando os interesses do arrendatário tanto com o
terreno quanto com os edifícios forem classificados como propriedade de investimento, de acordo com a NBC T 19.26 -
Propriedade para Investimento, e for adotado o modelo do valor justo. São necessários cálculos pormenorizados para essa
avaliação apenas se a classificação de um ou de ambos os elementos for incerta.

Nota:
De acordo com a NBC T 19.26 - Propriedade para Investimento, é possível a um arrendatário classificar uma propriedade detida mediante

um arrendamento mercantil operacional como propriedade para investimento. Se assim fizer, a propriedade deve ser contabilizada como se

fosse um arrendamento mercantil financeiro e, além disso, o modelo do valor justo deve ser aplicado ao ativo reconhecido. O arrendatário

deve continuar a contabilizar o arrendamento mercantil como arrendamento mercantil financeiro, mesmo que um evento posterior altere a

natureza do interesse na propriedade do arrendatário que já não esteja mais classificada como propriedade para investimento. Esse é o caso

se, por exemplo, o arrendatário:

a) ocupar a propriedade, que venha a ser depois transferida para ocupação pelo proprietário por um custo considerado igual ao seu valor

justo à data da alteração no uso; ou

b) conceder um subarrendamento mercantil (sublease) que transfira substancialmente todos os riscos e benefícios inerentes à propriedade

para parte não relacionada. Um subarrendamento mercantil deve ser contabilizado pelo arrendatário como arrendamento mercantil financeiro

a um terceiro, embora possa ser contabilizado como arrendamento mercantil operacional pelo terceiro.

Fundamentação: Resolução CFC nº 1.304/2010, itens 15-A ao 19.

VI.5 - Arrendamento mercantil nas demonstrações contábeis do arrendatário

VI.5.1 - Arrendamento mercantil financeiro

FISCOSoft On Line 8
FISCOSoft Impresso

VI.5.1.1 - Reconhecimento inicial

No começo do prazo de arrendamento mercantil, os arrendatários devem reconhecer, em contas específicas, os


arrendamentos mercantis financeiros como ativos e passivos nos seus balanços por quantias iguais ao valor justo da
propriedade arrendada ou, se inferior, ao valor presente dos pagamentos mínimos do arrendamento mercantil, cada um
determinado no início do arrendamento mercantil.
A taxa de desconto a ser utilizada no cálculo do valor presente dos pagamentos mínimos do arrendamento mercantil é a taxa
de juros implícita no arrendamento mercantil, se for praticável determinar essa taxa; se não for, deve ser usada a taxa
incremental de financiamento do arrendatário.

Nota:
Quaisquer custos diretos iniciais do arrendatário são adicionados à quantia reconhecida como ativo.

Fundamentação: Resolução CFC nº 1.304/2010, item 20.


VI.5.1.2 - Contabilização das transações e outros eventos

As transações (de arrendamento) e outros eventos são contabilizados e apresentados de acordo com a sua substância e
realidade financeira e não meramente com a sua forma legal. Embora a forma legal de um acordo de arrendamento
mercantil seja a de que o arrendatário possa não adquirir a propriedade legal do ativo arrendado, no caso dos arrendamentos
mercantis financeiros, a substância e a realidade financeira são as de que o arrendatário adquira os benefícios econômicos
do uso do ativo arrendado durante a maior parte da sua vida econômica em troca da celebração de obrigação de pagar por tal
direito uma quantia que se aproxima, no início do arrendamento mercantil, do valor justo do ativo e do respectivo encargo
financeiro.
Se tais transações de arrendamento mercantil não forem refletidas no balanço do arrendatário, os recursos econômicos e o
nível de obrigações de uma entidade estão registrados a menor, distorcendo dessa forma os índices financeiros. Portanto, é
apropriado que um arrendamento mercantil financeiro seja reconhecido no balanço do arrendatário não só como ativo, mas
também como obrigação de efetuar futuros pagamentos do arrendamento mercantil.

Nota:
No começo do prazo do arrendamento mercantil, o ativo e o passivo dos futuros pagamentos do arrendamento mercantil são reconhecidos

no balanço pelas mesmas quantias, exceto no caso de quaisquer custos diretos iniciais do arrendatário que sejam adicionados à quantia

reconhecida como ativo.

Não é adequado que os passivos originados da contabilização de ativos arrendados sejam apresentados nas demonstrações
contábeis como dedução dos ativos arrendados. Se os passivos forem apresentados no balanço patrimonial classificados
como passivos correntes e não correntes, a mesma classificação deve ser feita para os passivos do arrendamento mercantil.
Custos diretos iniciais são freqüentemente incorridos em relação às atividades específicas de arrendamento mercantil. Tais
custos, como os de negociação e os de garantia de acordos de arrendamento mercantil, se identificados como diretamente
atribuíveis às atividades executadas pelo arrendatário, são adicionados ao ativo.
Fundamentação: Resolução CFC nº 1.304/2010, item 20 ao 24.
VI.5.1.3 - Mensuração subsequente

Os pagamentos mínimos do arrendamento mercantil devem ser segregados entre encargo financeiro e redução do passivo
em aberto. O encargo financeiro deve ser imputado a cada período durante o prazo do arrendamento mercantil de forma a
produzir uma taxa de juros periódica constante sobre o saldo remanescente do passivo.

Nota:
Os pagamentos contingentes devem ser contabilizados como despesa nos períodos em que são incorridos.

Na prática, ao imputar o encargo financeiro aos períodos durante o prazo do arrendamento mercantil, o arrendatário pode
usar alguma forma de aproximação para simplificar os cálculos.
Fundamentação: Resolução CFC nº 1.304/2010, item 25 e 26.
VI.5.1.4 - Depreciação

Um arrendamento mercantil financeiro dá origem a uma despesa de depreciação (amortização) relativa a ativos depreciáveis

FISCOSoft On Line 9
FISCOSoft Impresso
(amortizáveis), assim como uma despesa financeira para cada período contábil.
A política de depreciação (amortização) para os ativos arrendados depreciáveis (amortizáveis) deve ser consistente com a
política dos demais ativos depreciáveis (amortizáveis) sobre os quais se detenha a propriedade e a depreciação reconhecida
deve ser calculada de acordo com a NBC T 19.1 - Ativo Imobilizado, ou para o caso de amortização, de acordo com a NBC
T 19.8 - Ativo Intangível. Se não houver certeza razoável de que o arrendatário virá a obter a propriedade no fim do prazo
do arrendamento mercantil, o ativo deve ser totalmente depreciado durante o prazo do arrendamento mercantil ou da sua
vida útil, o que for menor
O valor depreciável de ativo arrendado é alocado a cada período contábil durante o período de uso esperado em base
sistemática consistente com a política de depreciação que o arrendatário adote para os ativos depreciáveis de que seja
proprietário. Se houver certeza razoável de que o arrendatário virá a obter a propriedade no fim do prazo do arrendamento
mercantil, o período de uso esperado é a vida útil do ativo; caso contrário, o ativo é depreciado durante o prazo do
arrendamento mercantil ou da sua vida útil, dos dois o menor.
A soma da despesa de depreciação do ativo e da despesa financeira do período é raramente igual ao pagamento da prestação
do arrendamento mercantil durante o período, sendo, por isso, inadequado simplesmente reconhecer os pagamentos da
prestação do arrendamento mercantil como despesa. Por conseguinte, é improvável que o ativo e o passivo relacionado
sejam de valor igual após o começo do prazo do arrendamento mercantil.

Nota:
Para determinar se um ativo arrendado está desvalorizado, entidade aplica a NBC T 19.10 - Redução ao Valor Recuperável de Ativos.

Para melhor ilustrar este subtópico em relação ao critério de depreciação, pode ser estabelecido que:

Se não houver certeza de que o arrendatário obterá a Se houver certeza razoável de que o arrendatário virá a obter a
propriedade do bem no fim do prazo do contrato: propriedade do bem no fim do prazo do contrato:
Ativo deve ser totalmente depreciado durante o prazo do Ativo deve ser depreciado de acordo com as regras aplicáveis
arrendamento ou sua vida útil, dos dois o menor. aos ativos imobilizados em geral.

Fundamentação: Resolução CFC nº 1.304/2010, item 27 ao 30.


VI.5.1.5 - Divulgação

Os arrendatários, além de cumprir os requisitos da NBC T 19.34 - Instrumentos Financeiros: Evidenciação, devem fazer as
seguintes divulgações para os arrendamentos mercantis financeiros:
(a) para cada categoria de ativo, valor contábil líquido ao final do período;
(b) conciliação entre o total dos futuros pagamentos mínimos do arrendamento mercantil ao final do período e o seu valor
presente.
Além disso, a entidade deve divulgar o total dos futuros pagamentos mínimos do arrendamento mercantil ao final do
período, e o seu valor presente, para cada um dos seguintes períodos:
(i) até um ano;
(ii) mais de um ano e até cinco anos;
(iii) mais de cinco anos.
(c) pagamentos contingentes reconhecidos como despesa durante o período;
(d) valor, no final do período, referente ao total dos futuros pagamentos mínimos de subarrendamento mercantil que se
espera sejam recebidos nos subarrendamentos mercantis não canceláveis;
(e) descrição geral dos acordos materiais de arrendamento mercantil do arrendatário incluindo, mas não se limitando, o
seguinte:
(i) base pela qual é determinado o pagamento contingente a efetuar;
(ii) existência e condições de opção de renovação ou de compra e cláusulas de reajustamento; e
(iii) restrições impostas por acordos de arrendamento mercantil, tais como as relativas a dividendos e juros sobre o capital
próprio, dívida adicional e posterior arrendamento mercantil.

Nota:
Os requisitos para divulgação de acordo com a NBC T 19.10 - Redução ao Valor Recuperável de Ativos, a NBC T 19.8 - Ativo Intangível, a

NBC T 19.1 - Ativo Imobilizado, a NBC T 19.26 - Propriedade para Investimento e a NBC T 19.29 - Ativo Biológico e Produto Agrícola devem

ser observados pelos arrendatários de ativos sob arrendamentos mercantis financeiros..

FISCOSoft On Line 10
FISCOSoft Impresso
Fundamentação: Resolução CFC nº 1.304/2010, item 31.
VI.5.1.6 - Exemplo

No arrendamento financeiro, o valor do bem arrendado integra o Imobilizado, grupo do Ativo Não Circulante, devendo ser
identificado como sendo objeto de arrendamento financeiro, em contrapartida ao valor total das contraprestações e do valor
residual que deve ser registrado no Passivo Circulante ou Não Circulante, conforme o caso.

Nota:
As obrigações da companhia, inclusive financiamentos para aquisição de direitos do ativo não circulante, serão classificadas no passivo

circulante, quando se vencerem no exercício seguinte, e no passivo não circulante, se tiverem vencimento em prazo maior (art. 180 da Lei nº

6.404/1976).

A depreciação deve ser consistente com a depreciação aplicável a outros ativos de natureza igual ou semelhante.Se não
houver certeza de que o arrendatário obterá a propriedade do bem no fim do prazo do contrato, o ativo deve ser totalmente
depreciado durante o prazo do arrendamento ou sua vida útil, dos dois o menor. Se houver certeza razoável de que o
arrendatário virá a obter a propriedade do bem no fim do prazo do contrato, o ativo deve ser depreciado de acordo com as
regras aplicáveis aos ativos imobilizados em geral.
Os pagamentos mínimos do arrendamento mercantil devem ser segregados entre encargo financeiro e redução do passivo
em aberto. O encargo financeiro deve ser imputado a cada período durante o prazo do arrendamento mercantil de forma a
produzir uma taxa de juros periódica constante sobre o saldo remanescente do passivo.
Na prática, ao imputar o encargo financeiro aos períodos durante o prazo do arrendamento mercantil, o arrendatário pode
usar alguma forma de aproximação para simplificar os cálculos.
Para ilustrar o disposto acima, elaboramos um simples exemplo. Admitamos que determinada pessoa jurídica tenha
adquirido uma máquina para utilizar em seu processo produtivo, bem assim os seguintes dados:
a) valor da contraprestação mensal: R$ 1.000,00
b) prazo de arrendamento: 36 meses
c) valor residual a ser pago ao final do contrato: R$ 120,00
d) valor da apropriação dos encargos incorridos: (1.000,00 X 36 + 120 - 30.000) / 36 = R$ 170,00
O mencionado bem, adquirido à vista, custa R$ 30.000,00. O valor total pago ao longo do contrato, dessa forma, será
superior ao valor do bem (36 x 1.000,00 + 120). O valor residual ao final do contrato também é infinitamente inferior ao
valor que custaria o bem. As características do contrato enquadram-se no arrendamento mercantil financeiro. O encargo
financeiro desta operação é R$ 6.120,00 (R$ 36.120,00 - R$ 30.000,00).
Considerando o exposto, deverão ser feitos os seguintes registros:
a) No recebimento do bem objeto de arrendamento e pelo registro dos encargos financeiros
D - Imobilizado (Ativo Não Circulante) R$ 30.000,00
D - Arrendamento Mercantil - Encargos a Apropriar (Cta. Redutora do PC) R$ 6.120,00
C - Arrendamento Mercantil a Pagar (Passivo Circulante) R$ 36.120,00
b) Pela apropriação dos encargos incorridos (regime de competência)
D - Encargos Financeiros (Resultado) R$ 170,00
C - Arrendamento Mercantil - Encargos a Apropriar (Cta. Redutora do PC) R$ 170,00
c) Pelo pagamento mensal das contraprestações
D - Arrendamento Mercantil a Pagar (Passivo Circulante) R$ 1.000,00
C - Caixa/Bancos (Ativo Circulante) R$ 1.000,00
d) Pelo pagamento do valor residual, conforme disposição contratual
D - Arrendamento Mercantil a Pagar (Passivo Circulante) R$ 120,00
C - Caixa/Bancos (Ativo Circulante) R$ 120,00

Nota:
As contas "Arrendamento mercantil - Encargos a Apropriar" e "Arrendamento Mercantil a Pagar" devem ser segregadas em Passivo

Circulante e Não Circulante, pelo critério pro rata dia, mediante a utilização do método exponencial, observado o Princípio da Competência.

Para fins didáticos, optamos por registra-la somente no Passivo Circulante.

Por meio dessa técnica contábil, observa-se que as contraprestações mensais não serão registradas em conta de resultado e,
logo, não são deduzidas no lucro líquido. Em contrapartida, no entanto, o bem registrado no ativo imobilizado poderá ser
depreciado, na forma aplicável aos demais ativos de natureza igual ou semelhante. Também serão registradas em conta de

FISCOSoft On Line 11
FISCOSoft Impresso
resultado os encargos financeiros, calculados na forma acima detalhada.
Faz-se importante ressaltar que serão classificados nessa modalidade, pelo arrendatário, somente os arrendamentos
mercantis financeiro que se enquadrem nos requisitos relacionados no subtópico VI.3.
VI.5.2 - Arrendamento mercantil operacional

Os pagamentos da prestação do arrendamento mercantil segundo um arrendamento mercantil operacional devem ser
reconhecidos como despesa em base linear durante o prazo do arrendamento mercantil, exceto se outra base sistemática for
mais representativa do modelo temporal do benefício do usuário.
Para os arrendamentos mercantis operacionais, os pagamentos da prestação (excluindo os custos de serviços tais como
seguro e manutenção) são reconhecidos como despesa em base linear, salvo se outra base sistemática for representativa do
modelo temporal do benefício do usuário, mesmo que tais pagamentos não sejam feitos nessa base
Fundamentação: Resolução CFC nº 1.304/2010, itens 33 e 34.
VI.5.2.1 - Divulgação

Os arrendatários, além de cumprir os requisitos da NBC T 19.34 - Instrumentos Financeiros: Evidenciação, devem fazer as
seguintes divulgações relativas aos arrendamentos mercantis operacionais:
a) total dos pagamentos mínimos futuros dos arrendamentos mercantis operacionais não canceláveis para cada um dos
seguintes períodos:
(i) até um ano;
(ii) mais de um ano e até cinco anos;
(iii) mais de cinco anos.
b) total dos pagamentos mínimos futuros de subarrendamento mercantil que se espera que sejam recebidos nos
subarrendamentos mercantis não canceláveis ao final do período;
c) pagamentos de arrendamento mercantil e de subarrendamento mercantil reconhecidos como despesa do período, com
valores separados para pagamentos mínimos de arrendamento mercantil, pagamentos contingentes e pagamentos de
subarrendamento mercantil;
d) descrição geral dos acordos de arrendamento mercantil significativos do arrendatário, incluindo, mas não se limitando, o
seguinte:
(i) base pela qual é determinado o pagamento contingente;
(ii) existência e termos de renovação ou de opções de compra e cláusulas de reajustamento; e
(iii) restrições impostas por acordos de arrendamento mercantil, tais como as relativas a dividendos e juros sobre o capital
próprio, dívida adicional e posterior arrendamento mercantil.
Fundamentação: Resolução CFC nº 1.304/2010, item 35.

VI.6 - Arrendamento mercantil nas demonstrações contábeis do arrendador

VI.6.1 - Arrendamento mercantil financeiro

VI.6.1.1 - Reconhecimento inicial e custos

Os arrendadores devem reconhecer os ativos mantidos por arrendamento mercantil financeiro nos seus balanços e
apresentá-los como conta a receber por valor igual ao investimento líquido no arrendamento mercantil.
Num arrendamento mercantil financeiro, riscos e benefícios inerentes à propriedade legal são substancialmente transferidos
pelo arrendador e, portanto, os pagamentos do arrendamento mercantil a serem recebidos são tratados pelo arrendador como
amortização de capital e receita financeira para reembolsá-lo e recompensá-lo pelo investimento e serviços.
Os custos diretos iniciais são muitas vezes incorridos por parte dos arrendadores e incluem valores como comissões,
honorários legais e custos internos que sejam incrementais e diretamente atribuíveis à negociação e estruturação do
arrendamento mercantil. Esses custos excluem gastos gerais como aqueles que são incorridos por equipe de vendas e
marketing.
Para arrendamentos mercantis financeiros que não sejam os que envolvem arrendadores fabricantes ou comerciantes
(quando isso for permitido legalmente), os custos diretos iniciais são incluídos na mensuração inicial da conta a receber de

FISCOSoft On Line 12
FISCOSoft Impresso
arrendamento mercantil financeiro e reduzem o valor da receita reconhecida durante o prazo do arrendamento mercantil.
A taxa de juros implícita no arrendamento mercantil é definida de tal forma que os custos diretos iniciais são
automaticamente incluídos na conta a receber de arrendamento mercantil financeiro e não há necessidade de adicioná-los
separadamente. Os custos incorridos pelos arrendadores fabricantes ou comerciantes relacionados com a negociação e a
estruturação de um arrendamento mercantil estão excluídos da definição de custos diretos iniciais. Como resultado, os
referidos custos são excluídos do investimento líquido no arrendamento mercantil e são reconhecidos como despesa quando
o lucro da venda for reconhecido.
Normalmente, em um arrendamento mercantil financeiro, esse lucro é reconhecido no começo do prazo do arrendamento
mercantil.
Fundamentação: Resolução CFC nº 1.304/2010, itens 36 ao 38.
VI.6.1.2 - Reconhecimento subsequente

O reconhecimento da receita financeira deve basear-se em modelo que reflita a taxa de retorno periódica constante sobre o
investimento líquido do arrendador no arrendamento mercantil financeiro.
Um arrendador tem como meta apropriar a receita financeira durante o prazo do arrendamento mercantil em base
sistemática e racional. Essa apropriação da receita baseia-se em modelo que reflete o retorno periódico constante sobre o
investimento líquido do arrendador no arrendamento mercantil financeiro. Os pagamentos do arrendamento mercantil
relacionados ao período, excluindo custos de serviços, são aplicados ao investimento bruto no arrendamento mercantil para
reduzir tanto o principal quanto as receitas financeiras não realizadas.
Os valores residuais não garantidos estimados usados no cálculo do investimento bruto do arrendador em arrendamento
mercantil são revisados regularmente. Se tiver ocorrido redução no valor residual estimado não garantido, a apropriação da
receita durante o prazo do arrendamento mercantil é revista e qualquer redução relacionada a valores apropriados é
imediatamente reconhecida.
Um ativo objeto de um arrendamento mercantil financeiro que é classificado contabilmente como mantido para venda (ou
incluído em um grupo de ativos dessa natureza, que é classificado como mantido para venda), de acordo com a NBC T
19.28 - Ativo Não Circulante Mantido para Venda e Operação Descontinuada, deve ser contabilizado em consonância com
a citada norma.
Os arrendadores fabricantes ou comerciantes devem reconhecer lucro ou prejuízo de venda no período, de acordo com a
política seguida pela entidade para vendas definitivas. Se forem fixadas taxas de juro artificialmente baixas, o lucro de
venda deve ser restrito ao que se aplicaria se a taxa de juros do mercado fosse utilizada. Os custos incorridos pelos
arrendadores fabricantes ou comerciantes relacionados à negociação e estruturação de arrendamento mercantil devem ser
reconhecidos como despesa quando o lucro da venda for reconhecido.
Os fabricantes ou comerciantes, quando legalmente permitido, oferecem muitas vezes a clientes a escolha entre comprar ou
arrendar um ativo. Um arrendamento mercantil financeiro de ativo por arrendador fabricante ou comerciante dá origem a:
a) lucro ou prejuízo resultante de venda definitiva do ativo a ser arrendado, refletindo quaisquer descontos aplicáveis por
quantidade ou comerciais; e
b) receita financeira durante o prazo do arrendamento mercantil.
A receita de vendas reconhecida no começo do prazo do arrendamento mercantil por arrendador fabricante ou comerciante é
o valor justo do ativo, ou, se inferior, o valor presente dos pagamentos mínimos do arrendamento mercantil devidos ao
arrendador, calculado a uma taxa de juros do mercado. O custo de venda reconhecido no começo do prazo do arrendamento
mercantil é o custo, ou o valor contábil se diferente, da propriedade arrendada menos o valor presente do valor residual não
garantido. A diferença entre a receita da venda e o custo de venda é o lucro bruto da venda, que é reconhecido de acordo
com a política seguida pela entidade para as vendas definitivas.
Arrendadores fabricantes ou comerciantes utilizam frequentemente taxas de juros artificialmente baixas a fim de atrair
clientes. O uso de tal taxa resultaria numa parte excessiva da receita total da transação sendo reconhecida no momento da
venda. Se forem fixadas taxas de juros artificialmente baixas, o lucro de venda fica restrito ao que se aplicaria se fosse
utilizada uma taxa de juros do mercado.
Os custos incorridos por arrendador fabricante ou comerciante relacionados com a negociação e estruturação de
arrendamento mercantil financeiro são reconhecidos como despesa no começo do prazo do arrendamento mercantil porque
estão principalmente relacionados com a obtenção do lucro de venda do fabricante ou do comerciante.
Fundamentação: Resolução CFC nº 1.304/2010, itens 39 ao 46.

FISCOSoft On Line 13
FISCOSoft Impresso
VI.6.1.3 - Divulgação

Os arrendadores, além de cumprir os requisitos da NBC T 19.34 - Instrumentos Financeiros: Evidenciação, devem fazer as
seguintes divulgações para os arrendamentos mercantis financeiros:
a) conciliação entre o investimento bruto no arrendamento mercantil no final do período e o valor presente dos pagamentos
mínimos do arrendamento mercantil a receber nessa mesma data. Além disso, a entidade deve divulgar o investimento bruto
no arrendamento mercantil e o valor presente dos pagamentos mínimos do arrendamento mercantil a receber no final do
período, para cada um dos seguintes períodos:
(i) até um ano;
(ii) mais de um ano e até cinco anos;
(iii) mais de cinco anos.
b) receita financeira não realizada;
c) valores residuais não garantidos que resultem em benefício do arrendador;
d) provisão para pagamentos mínimos incobráveis do arrendamento mercantil a receber;
e) pagamentos contingentes reconhecidos como receita durante o período;
f) descrição geral dos acordos relevantes de arrendamento mercantil do arrendador.
Como um indicador de crescimento, é muitas vezes útil divulgar também o investimento bruto menos a receita não realizada
em novos negócios realizados durante o período, após a dedução dos valores relevantes dos arrendamentos mercantis
cancelados.
Fundamentação: Resolução CFC nº 1.304/2010, itens 47 e 48.
VI.6.2 - Arrendamento mercantil operacional

VI.6.2.1 - Reconhecimento

Os arrendadores devem apresentar os ativos sujeitos a arrendamentos mercantis operacionais nos seus balanços de acordo
com a natureza do ativo.
A receita de arrendamento mercantil proveniente de arrendamentos mercantis operacionais deve ser reconhecida na receita
em base linear durante o prazo do arrendamento mercantil, a menos que outra base sistemática seja mais representativa do
modelo temporal em que o benefício do uso do ativo arrendado seja diminuído.
Os custos, incluindo a depreciação, incorridos na obtenção da receita de arrendamento mercantil são reconhecidos como
despesa. A receita de arrendamento mercantil (excluindo recebimentos de serviços proporcionados tais como seguro e
manutenção) é reconhecida em base linear durante o prazo do arrendamento mercantil mesmo se os recebimentos não forem
em tal base, a menos que outra base sistemática seja mais representativa do modelo temporal em que o benefício de uso do
ativo arrendado seja diminuído.
Os custos diretos iniciais incorridos pelos arrendadores ao negociar e estruturar um arrendamento mercantil operacional
devem ser adicionados ao valor contábil do ativo arrendado e reconhecidos como despesa durante o prazo do arrendamento
mercantil na mesma base da receita do arrendamento mercantil.
A política de depreciação (amortização) para ativos arrendados depreciáveis (amortizáveis) deve ser consistente com a
política de depreciação (amortização) normal do arrendador para ativos semelhantes, e a depreciação deve ser calculada de
acordo com a NBC T 19.1 - Ativo Imobilizado, ou para o caso de amortização, de acordo com a NBC T 19.8 - Ativo
Intangível.

Nota:
Para determinar se o ativo arrendado está sujeito a uma redução ao seu valor recuperável, a entidade deve aplicar a NBC T 19.10.

O arrendador fabricante ou o comerciante não reconhecem qualquer lucro de venda ao celebrar um arrendamento mercantil
operacional porque não é o equivalente a venda.
Fundamentação: Resolução CFC nº 1.304/2010, itens 49 ao 55.
VI.6.2.2 - Divulgação

Os arrendadores, além de cumprir os requisitos da NBC T 19.34 - Instrumentos Financeiros: Evidenciação, devem fazer as
seguintes divulgações para os arrendamentos mercantis operacionais:
a) pagamentos mínimos futuros de arrendamentos mercantis operacionais não canceláveis no total e para cada um dos

FISCOSoft On Line 14
FISCOSoft Impresso
seguintes períodos:
(i) até um ano;
(ii) mais de um ano e até cinco anos;
(iii) mais de cinco anos.
b) total dos pagamentos contingentes reconhecidos como receita durante o período;
c) descrição geral dos acordos de arrendamento mercantil do arrendador.

Nota:
Os requisitos para divulgação de acordo com a NBC T 19.10 - Redução ao Valor Recuperável de Ativos, a NBC T 19.8 - Ativo Intangível, a

NBC T 19.1 - Ativo Imobilizado, a NBC T 19.26 - Propriedade para Investimento e a NBC T 19.29 - Ativo Biológico e Produto Agrícola devem

ser observados pelos arrendadores para ativos fornecidos em um arrendamento mercantil operacional.

Fundamentação: Resolução CFC nº 1.304/2010, itens 56 e 57.

VI.7 - Transação de venda e leaseback

VI.7.1 - Reconhecimento

Uma transação de venda e leaseback (retroarrendamento pelo vendedor junto ao comprador) envolve a venda de um ativo e
o concomitante arrendamento mercantil do mesmo ativo pelo comprador ao vendedor. O pagamento do arrendamento
mercantil e o preço de venda são geralmente interdependentes por serem negociados como um pacote.
O tratamento contábil de uma transação de venda e leaseback depende do tipo de arrendamento mercantil envolvido.
Fundamentação: Resolução CFC nº 1.304/2010, item 58.
VI.7.2 - Leaseback como arrendamento mercantil financeiro

Se uma transação de venda e leaseback resultar em arrendamento mercantil financeiro, qualquer excesso de receita de venda
obtido acima do valor contábil não deve ser imediatamente reconhecido como receita por um vendedor-arrendatário. Em
vez disso, tal valor deve ser diferido e amortizado durante o prazo do arrendamento mercantil.
Se o leaseback for um arrendamento mercantil financeiro, a transação é um meio pelo qual o arrendador financia o
arrendatário, com o ativo como garantia. Por essa razão, não é apropriado considerar como receita um excesso de vendas
obtido sobre o valor contábil. Tal excesso é diferido e amortizado durante o prazo do arrendamento mercantil.
Fundamentação: Resolução CFC nº 1.304/2010, itens 59 e 60.
VI.7.3 - Leaseback como arrendamento mercantil operacional

Se uma transação de venda e leaseback resultar em arrendamento mercantil operacional, e se for claro que a transação é
estabelecida pelo valor justo, qualquer lucro ou prejuízo deve ser imediatamente reconhecido. Se o preço de venda estiver
abaixo do valor justo, qualquer lucro ou prejuízo deve ser imediatamente reconhecido, exceto se o prejuízo for compensado
por futuros pagamentos do arrendamento mercantil a preço inferior ao de mercado, situação em que ela deve ser diferida e
amortizada proporcionalmente aos pagamentos do arrendamento mercantil durante o período pelo qual se espera que o ativo
seja usado. Se o preço de venda estiver acima do valor justo, o excesso sobre o valor justo deve ser diferido e amortizado
durante o período pelo qual se espera que o ativo seja usado.
Se o leaseback for um arrendamento mercantil operacional, e os pagamentos do arrendamento mercantil e o preço de venda
estiverem estabelecidos pelo valor justo, na verdade houve uma transação de venda normal, e qualquer lucro ou prejuízo é
imediatamente reconhecido.
Para os arrendamentos mercantis operacionais, se o valor justo no momento de transação de venda e leaseback for menor do
que o valor contábil do ativo, uma perda igual ao valor da diferença entre o valor contábil e o valor justo deve ser
imediatamente reconhecida.

Nota:
Para arrendamentos mercantis financeiros, tal ajuste não é necessário salvo se tiver ocorrido uma redução do valor recuperável, caso em

que o valor contábil é reduzido ao valor recuperável, de acordo com a NBC T 19.10.

Fundamentação: Resolução CFC nº 1.304/2010, itens 61 ao 64.


VI.7.4 - Divulgação

FISCOSoft On Line 15
FISCOSoft Impresso
Os requisitos de divulgação para arrendatários e arrendadores aplicam-se igualmente a transações de venda e leaseback. A
descrição exigida dos acordos de arrendamento relevantes leva à divulgação de disposições únicas ou incomuns do acordo
ou dos termos das transações de venda e leaseback.
As transações de venda e leaseback podem acarretar critérios de divulgação separados, conforme as regras aplicáveis à
apresentação de Demonstrações Contábeis.
Fundamentação: Resolução CFC nº 1.304/2010, itens 65 ao 66.

VII - Adoção inicial da Lei nº 11.638/2007

A NBC T 10.2 aprovada pela Resolução CFC nº 1.141/2008 esteve em vigência para as demonstrações contábeis dos
exercícios sociais encerrados a partir do exercício findo em 31 de dezembro de 2008.
A Resolução CFC nº 1.304/2010 é aplicada aos exercícios encerrados desde dezembro de 2010, quando foi revogada a
Resolução CFC nº 1.141/2008.
Por essa norma, a Essência precisa prevalecer sobre a forma na classificação e na contabilização das operações de
arrendamento mercantil, como deve ocorrer, aliás, em todas as transações.
Considerando que a nova Lei Contábil (assim chamada a Lei nº 11.638/2007) incorporou ao ativo imobilizado os direitos
que tenham por objeto bens destinados à manutenção das atividades da entidade, ou exercidos com essa finalidade, inclusive
os decorrentes de operações que transfiram à entidade os benefícios, os riscos e o controle desses bens, o Imobilizado
passou a abranger inclusive os bens que não são de propriedade da entidade, mas cujos controles, riscos e benefícios são por
ela exercidos.
Sendo assim, para os contratos vigentes na data de transição e que apresentarem as características de arrendamento
mercantil financeiro, em sua forma legal ou em sua essência econômica, considerados os fatos e as circunstâncias existentes
nessa data, a entidade arrendatária, para fins de elaboração de suas demonstrações contábeis, deve:
a) registrar no ativo imobilizado, em conta específica, o bem arrendado pelo valor justo ou, se inferior, pelo valor presente
dos pagamentos mínimos do arrendamento mercantil, na data inicial do contrato, ajustado pela depreciação acumulada
calculada desde a data do contrato até a data da transição;
b) registrar, em conta específica, a obrigação por arrendamento mercantil financeiro pelo valor presente das
contraprestações em aberto na data da transição; e
c) registrar a diferença apurada em (a) e (b) citada, líquida dos efeitos fiscais, nos termos do item 55 da Resolução CFC nº
1.152/2009, contra lucros ou prejuízos acumulados na data da transição.

Nota:
O item 55 da Resolução CFC nº 1.152/2009 trata que os eventuais efeitos tributários da aplicação, pela primeira vez, da Lei nº 11.638/2007 e

Medida Provisória nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009 devem ser registrados conforme as normas existentes, mais precisamente a

que trata da Contabilização do Imposto de Renda e da Contribuição Social.

Cabe observar que quaisquer custos diretos iniciais do arrendatário anteriormente reconhecidos no resultado do período não
podem ser incorporados ao valor do ativo no balanço patrimonial na data de transição.
A entidade arrendadora, por outro lado, para fins de elaboração de suas demonstrações contábeis, deve:
a) efetuar a baixa do custo do ativo imobilizado e da correspondente depreciação acumulada, contra lucros ou prejuízos
acumulados na data da transição; e
b) registrar o instrumento financeiro decorrente do arrendamento financeiro como ativo realizável (contas a receber), contra
lucros ou prejuízos acumulados, pelo valor presente das contraprestações em aberto na data de transição.
Fundamento: Resolução CFC nº 1.152/2009, item 19.

VIII - Aspectos tributários

VIII.1 - Arrendadora

VIII.1.1 - IRPJ e CSLL

As empresas de arrendamento mercantil estão obrigadas à apuração do imposto de renda pelo lucro real. Em decorrência

FISCOSoft On Line 16
FISCOSoft Impresso
dessa obrigatoriedade, também ficam sujeitas a apurar a CSLL com base no resultado ajustado.
No cálculo do IRPJ e da CSLL devem ser aplicadas as regras gerais pertinentes aos demais contribuintes, observadas as
especificidades constantes da Lei nº 6.099/1974.
Fundamentação legal: art. 246, II, do RIR/1999; art. 36 da Instrução Normativa SRF nº 390/2004.
VIII.1.2 - PIS/PASEP e COFINS

As empresas de arrendamento mercantil, apesar de estarem obrigadas ao lucro real, permanecem sujeitas ao regime
cumulativo de apuração das contribuições sociais.
Fundamentação: art. 8º, I, da Lei nº 10.637/2002; art. 10, I, da Lei nº 10.833/2003.

VIII.2 - Arrendatária

VIII.2.1 - IRPJ e CSLL

Como já disposto, são consideradas como custo ou despesa operacional da pessoa jurídica arrendatária as contraprestações
pagas ou creditadas por força do contrato de arrendamento mercantil (art. 11 da Lei nº 6.099/1974 e art. 356 do RIR/1999).
Lembra-se, ainda, que a aquisição pelo arrendatário de bens arrendados em desacordo com as disposições da Lei nº
6.099/1974 será considerada operação de compra e venda a prestação. O preço de compra e venda, neste caso, será o total
das contraprestações pagas durante a vigência do arrendamento, acrescido da parcela paga a título de preço de aquisição.
Na hipótese acima, as importâncias já deduzidas, como custo ou despesa operacional pela adquirente, deverão ser acrescidas
ao lucro tributável pelo IRPJ e pela CSLL, no exercício correspondente à respectiva dedução. O imposto não recolhido neste
caso será devido com acréscimo de juros e correção monetária, multa e demais penalidades legais.
Por fim, observa-se ainda que as contraprestações de arrendamento mercantil somente serão dedutíveis quando o bem
arrendado estiver relacionado intrinsecamente com a produção e comercialização dos bens e serviços.
Neste sentido, as ementas de decisões abaixo transcritas:
"DESPESAS OPERACIONAIS. ARRENDAMENTO MERCANTIL. DEDUTIBILIDADE. Somente serão dedutíveis as
contraprestações pagas ou creditadas por força de contrato de arrendamento mercantil, desde que comprovado estarem os
bens arrendados intrinsecamente relacionados com a produção e comercialização dos bens e serviços, bem como as
despesas relacionadas com referidos bens. Corretas as glosas efetuadas." Decisão nº 9.903, de 22.12.2005 - DRFJ em
Curitiba - 1ª Turma.

"CONTRAPRESTAÇÃO DE ARRENDAMENTO MERCANTIL - É vedada a dedução de dispêndios relativos à


contraprestação de arrendamento mercantil de veículo utilizado no transporte de administradores, diretores, gerentes e seus
assessores ou de terceiros em relação à pessoa jurídica, quando os beneficiários não forem devidamente identificados."
Acórdão nº 105-14.764, de 20.12.2004 - 1º Conselho de Contribuintes - 5ª Câmara.

Não se faz demasiado mencionar que o fisco tem glosado muitas despesas deduzidas por parte do contribuinte, por entender
que em determinadas operações a natureza da operação de arrendamento mercantil não se encontra presente. Muitas dessas
autuações têm alcançado o Conselho de Contribuintes, que tem se posicionado em algumas situações a favor do fisco e em
outras do contribuinte. Abaixo transcrevemos algumas ementas de decisões para posicionar o leitor acerca da situação
presente:
"ARRENDAMENTO MERCANTIL - Incabível a descaracterização da operação de arrendamento mercantil, para conceitua-la
como de compra e venda a prestação, sob pretexto de que nos contratos são fixados valores residuais mínimos, quando
estão presentes todas as condições legais que regulam esse tratamento fiscal favorecido." Acórdão nº 108-06.136, em
07.06.2000 - 1º Conselho de Contribuintes / 8ª Câmara.

"ARRENDAMENTO MERCANTIL A fixação de valor residual ínfimo, bem como o prazo contratual inferior ao prazo de vida
útil do bem, mas dentro do previsto na legislação específica, não descaracteriza os contratos de "leasing", sendo dedutíveis
as correspondentes contraprestações." Acórdão nº 103-19.917, em 16.03.1999 - 1º Conselho de Contribuintes / 3ª Câmara.

"IRPJ - ARRENDAMENTO MERCANTIL (LEASING) - São indedutíveis as contraprestações pagas relativas a contratos de

FISCOSoft On Line 17
FISCOSoft Impresso
arrendamento mercantil (leasing) em desacordo com a Lei nº 6.099/74, como os celebrados com arrendadoras que não
preencham os requisitos desse diploma legal para atuar como tais." Acórdão nº 101-92.418, em 12.11.1998 - 1º Conselho
de Contribuintes / 1ª Câmara.

"ARRENDAMENTO MERCANTIL - 1) A previsão de valor residual ínfimo, por si só, não justifica a glosa da despesa
correspondente. 2) A disposição que obriga à arrendatária a antecipar o valor residual garantido em prestações revela o
caráter apriorístico e definitivo da opção. Esta cláusula fere o disposto no art. 5º letra "c", da lei 6.099/74, descaracterizando
o contrato de arrendamento mercantil." Acórdão nº 101-84.818, em 17.02.1993 - 1º Conselho de Contribuintes / 1ª Câmara.

"IRPJ - LEASING - OPÇÃO DE COMPRA - ANTECIPAÇÕES DO PREÇO - NÃO DESCARACTERIZAÇÃO DO CONTRATO


- A operação não é considerada de compra e venda se o adquirente/arrendatário fizer a opção pela aquisição do bem ao
final do contrato de arrendamento, ainda que efetue antecipações do valor residual nas mesmas datas e em mesmas
parcelas que dos pagamentos da parte do valor do leasing." Acórdão nº 108-05642, em 17.03.1999 - 1º Conselho de
Contribuintes / 8ª Câmara.

"CUSTOS, DESPESAS OPERACIONAIS E ENCARGOS - Descaracterizada a figura do arrendamento mercantil por estar o
contrato em desacordo com as disposições da Lei 6.099/74, o contribuinte deve adicionar ao lucro líquido, para efeito de
determinação do lucro real, do exercício correspondente a respectiva dedução como despesa operacional." Acórdão nº
779890, em 14.09.1988 - 1º Conselho de Contribuintes / 1ª Câmara.

Fundamentação legal: arts. 11 e 14 da Lei nº 6.099/1974; art. 356 do RIR/1999.


VIII.2.2 - Forma de dedutibilidade e RTT

Para os valores lançados no resultado como custo ou despesa referente aos contratos de arrendamento mercantil operacional,
observados os requisitos para tal, é garantida a dedutibilidade do IRPJ e CSLL, para empresas sujeitas a apuração do
imposto de renda pelo lucro real.
Quanto aos dispêndios com o arrendamento mercantil financeiro, cabem importantes observações.
Como já disposto, a partir da Lei nº 11.638/2007, os bens objetos de arrendamento mercantil financeiro têm o tratamento de
imobilizado. O Conselho Federal de Contabilidade, por meio da Resolução CFC nº 1.304/2010 e em decorrência do CPC nº
06, aprovou a Norma Brasileira de Contabilidade NBC TG 06 - Operações de Arrendamento Mercantil, já estabelecendo,
portanto, os procedimentos para tal reconhecimento.
Diante disso, resta o impasse: como considerar a despesa dedutível, vez que o bem consta no ativo imobilizado da empresa?
Nesse sentido, podemos dividir os aspectos tributários do arrendatário na situação de optante ou não pelo Regime Tributário
de Transição (RTT).
O Regime Tributário de Transição - RTT foi criado pela Lei nº 11.941/2009 e tem por finalidade a obtenção pelas pessoas
jurídicas de uma neutralidade fiscal das mudanças efetuadas no padrão de contabilidade brasileiro de acordo com Lei nº
11.638/2007 (art. 15 da Lei nº 11.941/2009).
A neutralidade fiscal, em regra, é obtida efetuando ajustes específicos ao lucro líquido do período no Livro de Apuração do
Lucro Real - LALUR, do que influenciaria em tributação superior àquela que ocorreria se não houvesse as alterações na
contabilidade, além dos ajustes nas bases de cálculo da CSLL, PIS/PASEP e COFINS, conforme cada caso.
Isto significa que, dependendo de cada caso, se as mudanças ocorridas nos padrões contábeis influenciarem na apuração dos
tributos, o contribuinte, para manter a neutralidade fiscal, pode optar pelo RTT. Essa é uma análise a ser efetuada por cada
empresa, levando em conta se as mudanças contábeis efetivamente influenciarão na apuração dos tributos de forma onerosa,
sendo o benefício de sua adoção a neutralidade tributária.
O RTT vigerá até a entrada em vigor de lei que discipline os efeitos tributários dos novos métodos e critérios contábeis.

Nota:
Para saber mais sobre o RTT consulte o Roteiro Federal sob o título: IRPJ, CSLL, PIS e COFINS - Regime Tributário de Transição - RTT -

Lei nº 11.941 de 2009.

Neste sentido, recomendamos observar a ementa da decisão abaixo transcrita:


SOLUÇÃO DE CONSULTA Nº 5, DE 20 DE FEVEREIRO DE 2009
ASSUNTO: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica -IRPJ

FISCOSoft On Line 18
FISCOSoft Impresso
EMENTA: ARRENDAMENTO MERCANTIL FINANCEIRO.
MUDANÇAS NO CRITÉRIO DE CONTABILIZAÇÃO. EFEITOS FISCAIS.
Os lançamentos na contabilidade da arrendatária referentes aos contratos de arrendamento mercantil devem estar em
conformidade com a nova regra do inciso IV do art. 179 da Lei nº 6.404, de 1976, alterado pela Lei nº 11.638, de 2007.
Contudo, tais mudanças no critério de escrituração contábil não afetarão a base de cálculo do IRPJ apurada pela pessoa
jurídica optante pelo Regime Tributário de Transição (RTT). Ou seja, os ajustes decorrentes do critério anterior e do atual
devem ser implementados extracontabilmente na empresa optante pelo referido regime, objetivando buscar a neutralidade
fiscal.
Na hipótese de a consulente não optar pelo RTT, a contabilização dos contratos de arrendamento mercantil na arrendatária
também segue a determinação do inciso IV do art. 179 da Lei nº 6.404, de 1976, alterado pela Lei nº 11.638, de 2007, sendo
vedada a realização de ajustes extracontábeis.
DISPOSITIVOS LEGAIS: Lei nº 6.404, de 1976, art. 179, inciso IV, alterado pela Lei nº 11.638, de 2007; MP nº 449, de
2008, arts. 15 a 18.
ASSUNTO: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
EMENTA: ARRENDAMENTO MERCANTIL FINANCEIRO.
MUDANÇAS NO CRITÉRIO DE CONTABILIZAÇÃO. EFEITOS FISCAIS.
Os lançamentos na contabilidade da arrendatária referentes aos contratos de arrendamento mercantil devem estar em
conformidade com a nova regra do inciso IV do art. 179 da Lei nº 6.404, de 1976, alterado pela Lei nº 11.638, de 2007.
Contudo, tais mudanças no critério de escrituração contábil não afetarão a base de cálculo da CSLL apurada pela pessoa
jurídica optante pelo Regime Tributário de Transição (RTT). Ou seja, os ajustes decorrentes do critério anterior e do atual
devem ser implementados extracontabilmente na empresa optante pelo referido regime, objetivando buscar a neutralidade
fiscal.
Na hipótese de a consulente não optar pelo RTT, a contabilização dos contratos de arrendamento mercantil na arrendatária
também segue a determinação do inciso IV do art. 179 da Lei nº 6.404, de 1976, alterado pela Lei nº 11.638, de 2007, sendo
vedada a realização de ajustes extracontábeis.
DISPOSITIVOS LEGAIS: Lei nº 6.404, de 1976, art. 179, inciso IV, alterado pela Lei nº 11.638, de 2007; MP nº 449, de
2008, arts. 15 a 18. CRISTINA DE ALMEIDA ACCIOLY Chefe da Divisão

O procedimento a ser adotado por empresas optantes pelo RTT, concernente ao IRPJ e CSLL é:
a) Para contratos anteriores vigentes na data da transição dos novos padrões contábeis, observar o seguinte tratamento a
partir de 2008:
a1) Registrar no ativo imobilizado, em conta específica, o bem arrendado pelo valor justo ou, se inferior, pelo valor presente
dos pagamentos mínimos do arrendamento mercantil, na data inicial do contrato, ajustado pela depreciação acumulada
calculada desde a data do contrato até a data da transição; registrar, em conta específica, a obrigação por arrendamento
mercantil financeiro pelo valor presente das contraprestações em aberto na data da transição; e registrar a diferença apurada
entre os dois itens , líquida dos efeitos fiscais, contra lucros ou prejuízos acumulados na data da transição;

Nota:
Ver subtópico VII e Resolução do CFC nº 1.152/2009, item 19

a2) Excluir do lucro líquido e da base de cálculo da CSLL o valor da contraprestação de arrendamento mercantil financeiro;
a3) Adicionar ao lucro líquido e à base de cálculo da CSLL o valor do encargo de depreciação sobre o bem, lançado no
resultado;
a4) Adicionar ao lucro líquido e à base de cálculo da CSLL o valor do encargo financeiro da operação, lançado no resultado.
b) Para contratos posteriores a 2008:
b1) Excluir do lucro líquido e da base de cálculo da CSLL o valor da contraprestação de arrendamento mercantil financeiro;
b2) Adicionar ao lucro líquido e à base de cálculo da CSLL o valor do encargo de depreciação sobre o bem, lançado no
resultado;
b3) Adicionar ao lucro líquido e à base de cálculo da CSLL o valor do encargo financeiro da operação, lançado no
resultado.
Para as empresas não optantes pelo RTT, a contabilização dos contratos de arrendamento mercantil na arrendatária também
segue a determinação do inciso IV do art. 179 da Lei nº 6.404/1976, alterado pela Lei nº 11.638/2007, ou seja, os bens
objetos de contratos de arrendamento mercantil devem integrar o imobilizado, sendo vedada a realização de ajustes

FISCOSoft On Line 19
FISCOSoft Impresso
extracontábeis.
VIII.2.3 - FCONT

Por meio da Instrução Normativa RFB nº 949/2009, foi instituído o Controle Fiscal Contábil de Transição (FCONT) para
fins de registros auxiliares conforme previsão do inciso II do § 2º do art. 8º do Decreto-Lei nº 1.598/1977 (que trata de
livros fiscais), destinado obrigatória e exclusivamente às pessoas jurídicas sujeitas cumulativamente ao lucro real e ao RTT.
O FCONT é uma escrituração, das contas patrimoniais e de resultado, em partidas dobradas, que considera os métodos e
critérios contábeis aplicados pela legislação tributária.
A utilização do FCONT é necessária à realização dos ajustes relativos às diferenças entre os critérios contábeis e os
tributários provocados pelas novas normas contábeis da Lei das S/A, não podendo ser substituído por qualquer outro
controle ou memória de cálculo.
Nesse sentido, os arrendatários que optarem pela neutralidade tributária oferecida pelo RTT devem também observar o
FCONT.
A elaboração do FCONT é obrigatória, mesmo no caso de não existir lançamento com base em métodos e critérios
diferentes daqueles prescritos pela legislação tributária, baseada nos critérios contábeis vigentes em 31 de dezembro de
2007.

Nota:
1. Por meio do art. 2º da Instrução Normativa nº 1.139/2011, a partir de 29.3.2011, tornou-se obrigatória a entrega do FCONT, mesmo não

existindo os referidos lançamentos.

2. Anteriormente à 29.3.2011, na hipótese de inexistência de lançamentos com base em métodos e critérios diferentes daqueles prescritos

pela legislação tributária, baseada nos critérios contábeis vigentes em 31 de dezembro de 2007, ficava dispensada a elaboração do FCONT.

O prazo de entrega dos dados contidos no FCont será até o último dia útil do mês de junho do ano seguinte ao
ano-calendário a que se refira a escrituração.

Nota:
1. Excepcionalmente para dados relativos ao ano calendário de 2008, o prazo inicialmente previsto encerrava-se às 23h59min, horário de

Brasília, do dia 30 de novembro de 2009. Com a publicação da Instrução Normativa RFB nº 975/2009, referido prazo foi prorrogado para

23h59m do dia 18 de dezembro de 2009 e, os dados relativos ao relativos ao ano calendário de 2009, por meio da Instrução Normativa RFB

nº 1.046/2010, foi prorrogado para 23h59min59s do dia 30.7.2010, abrangendo os casos de cisão, cisão parcial, fusão, incorporação ou

extinção ocorridos em 2009 e em 2010, até o mês de junho de 2010.

2. Os prazos para entrega dos dados contidos no FCont encontram-se previstos na Instrução Normativa RFB nº 1.272/2012.

3. Sobre o assunto veja o Roteiro "Controle Fiscal Contábil de Transição (FCont) - Roteiro de Procedimentos"

VIII.2.4 - PIS/PASEP e COFINS

VIII.2.4.1 - Desconto de crédito das contribuições

As pessoas jurídicas sujeitas à não cumulatividade do PIS/PASEP e da COFINS poderão descontar créditos relativos ao
valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica. O crédito será determinado mediante
a aplicação das alíquotas de 1,65% (PIS/PASEP) e 7,6% (COFINS) sobre o valor dessas despesas incorridas no mês.
Também é previsto que podem ser descontados créditos relativos às contraprestações de arrendamento mercantil de prédios,
máquinas equipamentos, embarcações e aeronaves, utilizados na atividade da empresa, pagos a pessoas jurídicas
domiciliadas no exterior. O direito ao crédito, no entanto, aplica-se somente em relação às contribuições efetivamente pagas
na importação. Verifica-se, nesse sentido, que foram reduzidas a 0 (zero) as alíquotas das contribuições incidentes sobre os
valores destinados ao exterior, referentes a contraprestações de arrendamento mercantil de máquinas e equipamentos,
embarcações e aeronaves, utilizados na atividade da empresa.
Dessa forma, no caso dos pagamentos a pessoas jurídicas domiciliadas no exterior, somente será permitido o desconto de
créditos das contribuições em relação ao arrendamento mercantil de prédios utilizados na atividade da empresa, haja vista
que nas demais hipóteses os valores pagos estão abrangidos pela alíquota 0 (zero) das contribuições.
No caso de bens objetos de arrendamento mercantil financeiro, entendemos que o crédito das contribuições pode ser
descontado com base na depreciação mensal, haja vista que nesta hipótese o bem é incorporado ao patrimônio da pessoa
jurídica.

FISCOSoft On Line 20
FISCOSoft Impresso
Nota:
Ressalte-se que a pessoa jurídica não poderá tomar o crédito concomitantemente sobre as contraprestações e com base na depreciação ou

custo de aquisição, devendo, portanto, fazer sua opção.

A pessoa jurídica também poderá optar pela recuperação acelerada de créditos prevista no §§ 14 e 16, primeira parte, do art.
3º e no inciso II do art. 15 da Lei nº 10.833/2003, e art. 2º da Lei nº 11.051/2004, art. 1º da Lei nº 11.774/2008, observadas
as regras específicas de cada norma. Nestes casos, os créditos poderão ser descontados de 1 a 48 meses, conforme o caso.
Fundamentação: art. 3º, V, VI e § 1º da Lei nº 10.637/2002; art. 3º, V, VI e § 1º da Lei nº 10.833/2003; Instrução Normativa
SRF nº 457/2004; art. 8º da Lei nº 10.865/2004, e os citados no texto.
VIII.2.4.2 - Bens integrados ao patrimônio da pessoa jurídica

É vedado, desde 31.07.2004, o crédito relativo a contraprestação de arrendamento mercantil de bens que já tenham
integrado o patrimônio da pessoa jurídica.
Essa medida visa impedir possível planejamento tributário. Algumas pessoas jurídicas, na tentativa de auferirem créditos,
estavam alienando para empresas de leasing bens já totalmente depreciados em seu patrimônio, ou seja, que não geravam
mais créditos. Em seguida, arrendavam esses mesmos bens da empresa arrendadora e, assim, se apropriavam de créditos
relativos às contribuições sociais.
Hoje esse planejamento não é mais possível, haja vista a vedação ao desconto de créditos relativos a contraprestação de
arrendamento mercantil que já tenham integrado o patrimônio da pessoa jurídica.
Fundamentação: art. 31 da Lei nº 10.865/2004.

FISCOSoft On Line 21

Você também pode gostar