Você está na página 1de 16

DIREITO EMPRESARIAL- CONTRATOS 2

CONTRATO DE LEASING
➢ Este contrato objetiva a locação de um bem por determinado período, com opção de compra
ao final. O bem arrendado, que pode ser móvel ou imóvel, pertencerá à arrendadora, que o
arrendará ao arrendatário por um determinado tempo.
Ao final do prazo de arrendamento o arrendatário terá três opções:
1) adquirir o bem, mediante o pagamento do valor residual;
2) devolver a posse direta do bem ao arrendador;
3) renovar o contrato de arrendamento.
➢ É um contrato atípico; complexo; misto; fiduciário; nominado; consensual; sinalagmático
➢ MODALIDADES:
1) Leasing Financeiro: Inexiste resíduo expressivo; Geralmente envolve um período mais
longo; A locatária tem a opção de comprar o ativo ao final do contrato com um valor
residual; A locatária assume a responsabilidade pela manutenção e segurança do ativo;
É frequentemente usado quando a locatária tem a intenção de manter o ativo por um
longo prazo.
2) Leasing Operacional: Há expressivo resíduo a ser pago pela arrendatária; Tende a ter
um período de locação mais curto; Geralmente não inclui uma opção significativa de
compra ao final do contrato; A locadora geralmente é responsável pela manutenção e
segurança do ativo; Pode ser uma escolha preferida quando a locatária quer atualizar
para novos ativos regularmente sem responsabilidade de propriedade.
➢ O que é este resíduo? É o valor que resta a pagar para a arrendadora
➢ PARTES DO CONTRATO: Arrendadora: Proprietária do bem; Arrendatária: Arrenda o bem.
• EXEMPLO:
▪ João possui um bem
▪ Marcos deseja alugar este bem, mas pretende um dia comprá-lo
▪ Marcos e João optam pelo contrato de arrendamento mercantil, ao invés de
contrato de locação
▪ Marcos paga, conforme combinado em contrato, uma quantia mensal para João
▪ Passados 5 anos, a quantia paga totaliza R$500.000,00 e Marcos deseja adquirir
o bem que vale R$750.000,00
▪ Marcos deve pagar a João somente o valor residual R$250.000,00 para se tornar
proprietário do bem
➢ OBSERVAÇÕES:
▪ Obs 1: O resíduo pode ser pago antecipadamente, nesta hipótese, o arrendador fica
obrigado a restituir o arrendatário se este não optar pela aquisição do bem. Prática
conhecida como VRG (valor residual garantido)
▪ Obs 2: A compra não é uma obrigação, mas sim uma FACULDADE.
▪ A cobrança antecipada do valor residual garantido (VRG) não descaracteriza o contrato
de arrendamento mercantil. (SÚMULA 293, CORTE ESPECIAL, julgado em 05/05/2004,
DJ 13/05/2004, p. 183.
▪ Não confundir compra e venda a prazo com arrendamento mercantil (leasing).
▪ Considera-se arrendamento mercantil, para os efeitos desta Lei, o negócio jurídico
realizado entre pessoa jurídica, na qualidade de arrendadora, e pessoa física ou
jurídica, na qualidade de arrendatária, e que tenha por objeto o arrendamento de bens
adquiridos pela arrendadora, segundo especificações da arrendatária e para uso próprio
desta
▪ Dessa forma, se o contrato não obedecer aos critérios fixados em lei para ser
considerado arrendamento mercantil, poderá ser caracterizado como compra e venda
a prazo (para fins tributários).
▪ Essa diferenciação é importante para o direito tributário. Para os contratantes prevalece
as cláusulas fixadas no respectivo instrumento, ainda que a disciplina das obrigações
dos contratantes perante o fisco seja diversa!
▪ Ou seja,
A. Entre os contratantes = arrendamento mercantil
B. Entre os contratantes e o fisco > cumpre os requisitos da lei >
arrendamento mercantil > não cumpre os requisitos da lei > compra
e venda a prazo.
➢ RESPONSABILIDADE CIVIL:
• A quem cabe a responsabilidade pela coisa arrendada? “Outro aspecto a acentuar é o
da responsabilidade pelos danos decorrentes do uso da coisa arrendada. Enquanto a
arrendatária não exerce a opção de compra, a arrendadora tem a posição contratual de
locadora e a situação jurídica de proprietária do bem. Em princípio, portanto, deveria
responder por danos provenientes do uso do bem de sua propriedade. Mas, não
obstante, a jurisprudência tem entendido que não se pode responsabilizá-la neste caso.
A Súmula 492 do STF, referente à responsabilização dos locadores de veículos, não tem
sido aplicada às sociedades operadoras de leasing.” (ULHOA, 2020, p.60).
• O contrato de leasing como contrato jurídico fiduciário: Há de se concordar com Fábio
Ulhoa quando apregoa que o contrato de leasing possui natureza bancária, pois a “opção
de compra pelo arrendatário importa a caracterização do pagamento dos aluguéis como
verdadeiro financiamento” No entanto, para este jurista, se o arrendatário não se vale da
possibilidade de adquirir o bem, afasta-se a natureza bancária, por falta de elementos
para caracterizá-la. (Se não há a compra do bem, não há possível financiamento).
• O legislador não exige que a arrendadora seja uma instituição financeira, é perfeitamente
possível (e comum) a celebração de contratos de leasing (arrendamento mercantil) sem
a participação de bancos Para Iran Furtado filho, o leasing não é somente locação com
promessa de venda, mas sim uma locação com consignação de promessa de compra,
com um elemento novo: o financiamento. Ou seja, é uma alternativa de financiamento.
➢ O que pode ser objeto de contrato de leasing? VEÍCULOS; MÁQUINAS; EQUIPAMENTOS DE
FABRICAÇÃO; BENS IMÓVEIS.
➢ SUMULAS: No caso de reintegração de posse em arrendamento mercantil financeiro, quando
a soma da importância antecipada a título de valor residual garantido (VRG) com o valor da
venda do bem ultrapassar o total do VRG previsto contratualmente, o arrendatário terá direito
de receber a respectiva diferença, cabendo, porém, se estipulado no contrato, o prévio desconto
de outras despesas ou encargos pactuados. No contrato de arrendamento mercantil (leasing),
ainda que haja cláusula resolutiva expressa, é necessária a notificação prévia do arrendatário
para constituí-lo em mora.
➢ A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, em precedente de caráter vinculante, assentou
a existência de três modalidades de arrendamento mercantil, quais sejam, o leasing financeiro,
o leasing operacional e o lease-back:
▪ uma instituição financeira arrendadora adquire um bem e, posteriormente, cede o seu
uso temporário ao arrendatário mediante o pagamento de determinada quantia a título
de aluguel, facultando-se, ao final do prazo pactuado, a opção entre renovação da
avença, a aquisição do bem pelo arrendatário ou sua devolução à arrendadora.
▪ o bem já integra o patrimônio da arrendadora, a qual o transfere onerosamente a
terceiros com a exigência de contraprestação pelo uso da coisa e pela prestação de
serviços específicos manutenção e conservação.
▪ uma sociedade empresária aliena determinado bem à arrendadora que, posteriormente,
cede a coisa de volta em arrendamento mercantil à alienante, mecanismo normalmente
utilizado para incrementar o capital de giro da arrendatária.
➢ JURISPRUDÊNCIAS:
▪ É possível a descaracterização do contrato de arrendamento mercantil (leasing) se o
prazo de vigência do acordo celebrado não respeitar a vigência mínima estabelecida
de acordo com a vida útil do bem arrendado.
▪ o prazo mínimo de vigência do contrato de arrendamento mercantil financeiro é de (i)
dois anos, quando se tratar de bem com vida útil igual ou inferior a cinco anos, e (ii)
de três anos, se o bem arrendado tiver vida útil superior a cinco anos.
▪ A RESPONSABILIDADE CIVIL PELO EVENTO CULPOSO É EXCLUSIVA DO
ARRENDATÁRIO.
▪ a instituição financeira arrendadora ou proprietária de veículo envolvido em acidente
de trânsito não tem legitimidade para responder por demanda na qual se pleiteia
indenização pelos danos decorrentes do sinistro.
CONTRATO DE COMPRA E VENDA MERCANTIL
➢ Trata-se do contrato que melhor retrata a atividade de intermediação característica do comércio:
por meio dele, o empresário obtém as mercadorias que irá revender com lucro. Também é
mercantil a compra e venda de insumos (matéria-prima, máquinas, energia etc.) para
incorporação em processos produtivos ou equipagem de estabelecimento empresarial. A cadeia
de circulação de mercadorias é uma sucessão de contratos de compra e venda mercantis: a
indústria química vende produtos para a farmacêutica, que vende remédios para o atacadista,
que os revende para farmácias e drogarias; a siderúrgica fornece aço para a montadora de
automóveis, que vende os veículos para as concessionárias; a fábrica têxtil vende tecido para
a confecção, que comercializa suas roupas para o importador, que as negocia com lojistas no
shopping center etc. Não são mercantis os contratos de compra e venda situados fora da cadeia
de circulação de mercadorias (compra e venda entre não empresários) ou no elo final da cadeia
(compra e venda entre empresário e consumidor).
➢ Como distinguir a compra e venda da compra e venda mercantil? A compra e venda mercantil
depende de um requisito SUBJETIVO, ou seja, dos sujeitos são parte deste contrato, portanto,
será considerada mercantil somente a compra e venda celebrada entre DOIS EMPRESÁRIOS.
➢ Obs.: O regime jurídico da compra e venda mercantil não possui diferença nas delimitações dos
direitos e obrigações em relação a compra e venda cível.

➢ Objetos suscetíveis a compra e venda mercantil: moeda, valores imobiliários, quotas de


sociedade limitada.
➢ OBJETIVO DO COMPRADOR: O comprador tem o objetivo de dispor da mercadoria comprada
como insumo de sua atividade econômica, de forma transformada ou não, ou seja, pode ser
matéria-prima para transformar em um novo produto, ou já o produto final para ser
comercializado. Exemplo: Indústria de esmalte que adquire pigmentos.
-Quando o comprador adquire bem que não é estritamente relacionado com o desenvolvimento da
atividade empresarial que exerce, este não será considerado insumo, e, portanto, pode ser
caracterizado como relação de consumo (a depender do caso concreto). Exemplo: Indústria de
esmalte que adquire material de escritório
- Entretanto, há bens que não são incorporados à cadeia de circulação de riquezas, mas são
indispensáveis para o desenvolvimento da atividade econômica do comprador, nestes casos, o
produto adquire característica de insumo. Exemplo: Indústria de esmalte que adquire máquinas de
envase.
➢ ELEMENTOS DO CONTRATO:
1. COISA: é o objeto do contrato, necessariamente é uma mercadoria, este é o requisito
objetivo. Porém, a mercadoria não precisa existir no momento da contratação, pode ser
coisa futura.
2. PREÇO: no sistema brasileiro de livre iniciativa, o princípio geral é o da liberdade de
composição dos preços, logo, comprador e vendedor combinam o preço entre si, sem
interferência da lei ou regulamentos.
3. CONDIÇÕES: cabe ao comprador e vendedor ajustar as condições do contrato, que
podem ser suspensivas ou resolutivas.
➢ OBSERVAÇÕES SOBRE O PREÇO: Qualquer interferência é inconstitucional, pois a livre
iniciativa é um princípio constitucional.
-SITUAÇÕES EXCEPCIONAIS, como, por exemplo, durante a vigência de planos de estabilização
econômica, é possível que haja intervenção estatal nesse aspecto, através de dispositivos legais
de natureza provisória e excepcional. Este controle do Estado sobre os preços pode ser de forma
direta ou indireta Direta: a lei interfere através de congelamentos, tabelamentos, autorização ou
homologação e monitoramento. Indireta: influência nos preços por benefícios fiscais, políticas
monetárias, mantendo ou administrando estoques reguladores OBSERVAÇÕES SOBRE O
PREÇO DESPESAS COM A TRADIÇÃO VOLUME DA OPERAÇÃO CONDIÇÕES DE
PAGAMENTO.
➢ Aspectos considerados para a fixação do preço:
1. VOLUME DA OPERAÇÃO: Se o comprador pretende comprar 100 unidades de um
produto, ele possivelmente obterá um preço melhor do que se comprasse apenas 10
unidades.
2. DESPESAS COM A TRADIÇÃO VOLUME DA OPERAÇÃO: Se o vendedor precisará
contratar uma transportadora para entrega da mercadoria, possivelmente o preço será
mais alto diante do custo mais elevado para a tradição.
3. CONDIÇÕES DE PAGAMENTO: Se o comprador pretende pagar à vista terá um custo
menor do que o pagamento parcelado ou a prazo.
➢ Institui o Código Civil:
1. Art. 406. Quando os juros moratórios não forem convencionados, ou o forem sem taxa
estipulada, ou quando provierem de determinação da lei, serão fixados segundo a taxa
que estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda
Nacional.
2. Art. 591. Destinando-se o mútuo a fins econômicos, presumem-se devidos juros, os
quais, sob pena de redução, não poderão exceder a taxa a que se refere o art. 406,
permitida a capitalização anual. Institui o Código Civil Portanto, não é admitido os juros
remuneratórios superiores aos cobrados pela Fazenda Nacional no atraso de impostos
em virtude do prazo concedido ao comprador. Ou seja, na hipótese de juros
remuneratórios por conta do prazo, estes devem respeitar a taxa SELIC.
➢ FORMAÇÃO DO CONTRATO: A compra e venda mercantil é um contrato consensual, ou seja,
o vínculo entre os sujeitos que são parte do contrato se forma pelo encontro de vontades sobre
os três requisitos (coisa, preço e condições).
- Não são requisitos de constituição do contrato a instrumentalização em documento e nem a
entrega da mercadoria.
- O acordo de vontades pode ser oral, escrito ou virtual.
-As declarações de vontade que constituem o contrato são chamadas de PROPOSTA e
ACEITAÇÃO, logo, as partes são: PROPONENTE (aquele que propõe) e ACEITANTE (aquele que
aceita).
➢ Institui o Código Civil:
1. Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos
termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso.
2. Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta: ·I - se, feita sem prazo a pessoa presente,
não foi imediatamente aceita. Considera-se também presente a pessoa que contrata por
telefone ou por meio de comunicação semelhante; ·II - se, feita sem prazo a pessoa
ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do
proponente; ·III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro
do prazo dado; ·IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da
outra parte a retratação do proponente.
➢ OBRIGAÇÕES DO VENDEDOR:
1. Transferir o domínio da coisa objeto do contrato;
2. Responder por vícios;
3. Responder por evicção (exceto se o comprador tinha conhecimento)
-A obrigação de transferir o domínio da coisa representa a execução do contrato, para o
cumprimento o comprador pode entregar ou deixar a disposição do comprador, a depender do
acertado no contrato, nesse sentido, a tradição se opera com a exclusão da mercadoria do
patrimônio do vendedor e inclusão no patrimônio do comprador, ainda que a coisa continue no
estabelecimento do vendedor.
-Após a transferência da mercadoria ao comprador, este deve suportar os riscos a que se expõe a
coisa, por exemplo, uma distribuidora de livros vende mil exemplares de um determinado livro a
uma livraria, contudo, durante o trânsito para a entrega destes ao comprador, o caminhão sofre um
acidente (perca total) e a mercadoria é perdida, os prejuízos devem ser suportados pela livraria e
não pela distribuidora. Ademais, os frutos e rendas também pertencem ao comprador.
➢ OBRIGAÇÕES DO COMPRADOR: O comprador tem como principal obrigação a de pagar o
preço combinado entre este e o vendedor, se não houver sido estipulada condições específicas
como prazo e local, o pagamento deve ocorrer no momento da entrega da mercadoria (à vista)
e no local em que ela ocorre.
- Também é obrigação do comprador receber a mercadoria no tempo, lugar e modos contratados.
➢ CONTRATO DE FORNECIMENTO:
1. São contratos de compra e venda mercantil que possuem execução periódica ou
contínua, estes contratos garantem ao comprador maior segurança de suprimento dos
insumos em caso de escassez no mercado.
2. Possui a função de ESTABILIZAR aspectos da relação negocial, já que os contratantes
estipulam as condições para a execução contínua do contrato, evitando a renegociação
periódica, o que gera uma economia de tempo, esforços e custos.
3. Benefícios ao comprador: garantia do suprimento de insumos em condições semelhantes
(evita preços altos, escassez e outros)
4. Benefícios ao vendedor: garantia de demanda
➢ CONTRATO DE EXPORTAÇÃO:
1. Se um dos empresários que são sujeitos do contrato de compra e venda mercantil é
estabelecido no exterior, a compra e venda é denominada de EXPORTAÇÃO ou
IMPORTAÇÃO.
2. Exportação: O vendedor é empresário estabelecido no Brasil e o comprador é empresário
estabelecido no exterior.
3. Importação: O vendedor é empresário estabelecido no exterior e o comprador é
empresário estabelecido no Brasil.
CONTRATO DE FRANQUIA OU FRANCHISING
➢ É o acordo em que o detentor de propriedade industrial concede permissão para determinada
empresa produzir e comercializar de forma direta, produtos de marcas consolidadas no
mercado. Sob a ótica empresarial, trata-se de um método de distribuição de produtos e/ou
serviços através de parcerias entre empresas, que trocam suas experiências e competências
desenvolvidas relacionadas a esses produtos.
➢ o contrato pelo qual o titular de uma marca de indústria, comércio ou serviço (franqueador)
concede o seu uso a outro empresário (franqueado), posicionado ao nível da distribuição,
prestando-lhe assistência no que concerne aos meios e métodos para viabilizar a exploração
dessa concessão, mediante o pagamento de uma entrada e um percentual sobre o volume de
negócios realizados ao franqueado”.
➢ A expressão dada ao contrato em língua portuguesa, franquia, é muito inexpressiva para ser
aceita; por essa razão, conceitua franchising como "a operação pela qual um empresário
concede a outro o direito de usar a marca de produto seu com assistência técnica para sua
comercialização, recebendo, em troca, determinada remuneração".
➢ ART 1º Esta Lei disciplina o sistema de franquia empresarial, pelo qual um franqueador autoriza
por meio de contrato um franqueado a usar marcas e outros objetos de propriedade intelectual,
sempre associados ao direito de produção ou distribuição exclusiva ou não exclusiva de
produtos ou serviços e também ao direito de uso de métodos e sistemas de implantação e
administração de negócio ou sistema operacional desenvolvido ou detido pelo franqueador,
mediante remuneração direta ou indireta, sem caracterizar relação de consumo ou vínculo
empregatício em relação ao franqueado ou a seus empregados, ainda que durante o período
de treinamento.
➢ Em grande parte das franquias, há o controle dos distribuidores para maior padronização dos
estabelecimentos, produtos ou serviços. Este controle é um sinal de alerta para alguns juristas
como Waldirio Bulgarelli, que visualiza a franchising como uma forma de dominação do
mercado. Obs: Deve-se atentar ao respeito ao princípio constitucional da livre concorrência
(inciso IV do art. 170 da Constituição Federal).
➢ CARACTERÍSTICAS:
▪ Consensual
▪ Bilateral
▪ Comutativo
▪ Oneroso
▪ De execução continuada
▪ intuito personae
▪ Pode ser classificado também como eclético, complexo ou de natureza híbrida.
➢ É um contrato de adesão elaborado pelo franqueador, e, portanto, deve ser interpretado da
forma mais favorável ao franqueado (aderente), de acordo com o Código Civil.
▪ ART 423: É um contrato de adesão elaborado pelo franqueador, e, portanto, deve ser
interpretado da forma mais favorável ao franqueado (aderente), de acordo com o
Código Civil.
O franqueado é independente, não há relação de subordinação com o franqueador em

relação ao exercício do negócio.
➢ PRINCIPAIS ESPÉCIES:
▪ Franquia de distribuição de espécies: O franqueado obtém do franqueador produtos
para que sejam vendidos, é a modalidade mais comum. São exemplos a
comercialização de automóveis, livros, eletrodomésticos e etc.
▪ Licença de fabricação: Nessa modalidade o franqueado fabrica o produto a partir de
orientações minuciosas do franqueador, para que ocorra podem ser cedidas fórmulas,
métodos de fabricação, marca dos produtos e outros. São exemplos: comercialização
de alimentos de preparo rápido.
▪ Uso do título do estabelecimento: É utilizado o título do estabelecimento para
prestação de serviços, há menor controle do franqueador com o franqueado. Exemplo:
A fabricação de aparelhamento para lavagem de veículos.
▪ Franchising do produto: cede o uso da marca e os mecanismos de fabricação, não há
delimitação do território de atuação do franqueado.
▪ Franchising do negócio: cede a técnica para o exercício da atividade e também delimita
o território.
▪ Franquia-mestre/ franquia-piloto: o franqueador original outorga poderes para que uma
empresa local possa subfranquear em uma determinada área.
▪ Franquia de desenvolvimento de área: o franqueador original busca um franqueado
que possa encontrar potenciais franqueados em determinada área, no entanto, o
contrato será realizado entre o novo franqueado e o franqueador original.
▪ Franquia de canto ( ou corner franchising) – é uma espécie de franquia em que um
estabelecimento utiliza de parte de seu espaço para a abertura de uma franquia, tem
sido cada vez mais comuns em grandes lojas de departamento.
➢ OBRIGAÇÕES DO FRANQUEADOR:
▪ As obrigações do franqueador se iniciam antes mesmo de o contrato ser assinado,
pois o art. 2º da Lei nº 13.966/2019 estabelece que o franqueador deve fornecer ao
interessado uma Circular de Oferta de Franquia, ou seja, há uma obrigação pré-
contratual.
▪ Circular de Oferta de Franquia = é um documento que visa proteger o possível
franqueado de enganos, para isto a circular deve conter as informações importantes
acerca do franqueador, como, por exemplo, dados financeiros, quadro societário,
empresas que estabelece relações, pendências judiciais, valor da taxa de filiação,
entre outros.
▪ Em caso de descumprimento desta obrigação, ou de informações falsas na circular de
oferta de franquia, possibilita o franqueado de suscitar a anulabilidade do contrato e
exigir a devolução das quantias pagas (tanto ao franqueador como a terceiros por ele
indicados.
▪ ART 2º , § 2º: Na hipótese de não cumprimento do disposto no § 1º , o franqueado
poderá arguir anulabilidade ou nulidade, conforme o caso, e exigir a devolução de
todas e quaisquer quantias já pagas ao franqueador, ou a terceiros por este indicados,
a título de filiação ou de royalties, corrigidas monetariamente.
▪ Além da Circular de Oferta de Franquia, o franqueador tem a obrigação de fornecer o
aparato para o correto funcionamento da franquia conforme o contrato de franquia
celebrado, mas de modo geral, deverá conceder o uso da marca e estrutura negocial.
➢ OBRIGAÇÕES DO FRANQUEADO:
▪ Pagar ao franqueador uma taxa de franquia/ taxa de filiação, como também
remuneração periódica pelo uso do sistema e outros aparatos, conforme o contrato.
▪ Comercializar somente os produtos franqueados.
▪ Adquirir matéria-prima indicada pelo franqueador.
▪ Seguir o layout e padrões exigidos pelo franqueador.
▪ Precificar os produtos/serviços conforme determinação do franqueador.
▪ Treinar os funcionários conforme determinação do franqueado.
➢ EXTINÇÃO DO CONTRATO:
▪ Ocorre pela expiração do prazo convencionado ou pelo distrato, resilição unilateral ou
anulabilidade do contrato.
CONTRATO DE KNOW-HOW (“SABER COMO SE FAZ ALGO”)
➢ É uma convenção pela qual uma pessoa, física moral se obriga a fazer o contratante fruir dos
direitos que ela possui sobre certas fórmulas e processos secretos, durante um certo tempo e
de acordo com um certo preço que esta se obriga a lhe pagar.
➢ Com a especialização dos conhecimentos foram descobertos novos métodos que
impulsionavam a atividade econômica, seja necessitando de menos recurso financeiro,
reduzindo o tempo de produção, aprimorando a organização industrial ou outros benefícios.
Fato é que o interesse em utilizar destas técnicas fez surgir um mercado interessado em adquirí-
los, e, portanto, a necessidade de um tratamento jurídico para a transferência de conhecimento,
o contrato de know-how.
➢ Além disso, este tipo contratual teve ascensão juntamente com os bens imateriais, como, por
exemplo, a informação, o conhecimento de técnicas e a tecnologia.
➢ O KNOW-HOW É ESPÉCIE DO GÊNERO “CONTRATOS DE TRANSFERÊNCIA DE
TECNOLOGIA”.
➢ O pacto que se presta a transferir conhecimentos ou técnicas especializadas e não reveladas,
empregados na comercialização de bens ou serviços, mediante o pagamento de
contraprestação, sob a forma de royalties.
➢ O objeto do contrato de know-how é uma série de conhecimentos técnicos que possuem
valor econômico, no entanto, não necessita ser uma própria invenção, basta que
possibilite a quem os conhece exercer de forma melhor o procedimento industrial.
➢ Exemplos de know-how: sistema contábil, modo de organização das vendas, lista de clientes e
demais procedimentos que possibilitem melhores resultados na comercialização de produtos.
➢ CLASSIFICAÇÃO:
▪ Bilateral
▪ Oneroso
▪ Consensual
▪ Personalíssimo
➢ CONSTITUI ELEMENTO ESSENCIAL PARA A CARACTERIZAÇÃO DO KNOW-HOW A
ORIGINALIDADE DA TÉCNICA?
▪ Não, pois neste contrato não é imprescindível o ineditismo absoluto da técnica
transferida, mas somente o seu domínio como método próprio e revolucionário. A
técnica não necessariamente precisa ser patenteada, pode ser transferida sob simples
cláusula de sigilo, logo, pode ser guardada por mais de um transmitente.
▪ O OBJETO DO CONTRATO DE KNOW-HOW NÃO PRECISA DE PATENTE.
▪ O OBJETO DO CONTRATO DE KNOW-HOW NÃO PRECISA DE EXCLUSIVIDADE
DA TÉCNICA
▪ O OBJETO DO CONTRATO DE KNOW-HOW PRECISA SER REVOLUCIONÁRIO
▪ O OBJETO DO CONTRATO DE KNOW-HOW PRECISA SER UM MÉTODO
PRÓPRIO DO TRANSMITENTE.
➢ NATUREZA JURÍDICA E DISTINÇÕES:
▪ O contrato de know-how se assemelha a outras modalidades dos contratos de
transferência de tecnologia, no entanto, possui características autênticas que
permitem diferenciá-lo dos demais.
▪ SEGREDO DE FABRICAÇÃO OU SEGREDO INDUSTRIAL X KNOW-HOW:
Enquanto que para o segredo industrial é imprescindível o absoluto sigilo (guardado
para e com o criador da tecnologia/procedimento), o know-how não possui esta mesma
característica, pela sua própria natureza de transmissão contratual, ou seja, outros
além do criador tem acesso as técnicas criadas.
▪ ASSISTÊNCIA TÉCNICA X KNOW-HOW: A assistência técnica é uma prestação de
serviços, já o know-how é uma espécie de locação ou cessão de bem incorpóreo, a
depender da sua modalidade.
▪ INFORMAÇÃO TÉCNICA X KNOW-HOW: A informação técnica viabiliza a entrega de
planos, manuais, desenhos e outros, já o know-how abrange os meios materiais de
condução do conhecimento transmitido.
▪ CONTRATO DE CONSULTORIA X KNOW-HOW: Ao contrato de consultoria incube a
transferência de informações opinativas e pareceres técnicos, enquanto que o know-
how transfere procedimentos de organização logística.
▪ CONTRATOS DE FRANCHISING X KNOW-HOW: O know-how é uma composição
do contrato de franquia, no entanto, é possível diferenciar a franquia pois inclui também
a venda de uma marca conhecida e os conceitos associados a esta.
▪ CONTRATO DE ENGINEERING X KNOW-HOW: O contrato de engineering vincula o
transmitente a execução, com objeto na assistência técnica especializada em
engenharia, o que não ocorre no know-how.
➢ ASPECTOS LEGAIS:
▪ É um contrato atípico.
▪ Por analogia são utilizados os regramentos da lei de propriedade industrial (lei. nº
99279/96), e portarias, resoluções e atos normativos do inpi (instituto nacional de
propriedade industrial).
➢ ESPÉCIES:
▪ LICENÇA DE UTILIZAÇÃO: Ocorre a transferência temporária de tecnologia, com
isto, após a extinção do contrato o licenciado deve interromper o uso da tecnologia
recebida. É possível realizar contratos de licença de know-how por prazo
indeterminado, neste o licenciador (transmitente) deve conceder ao licenciado
(adquirente) prazo para readaptação de seus processos produtivos, possibilitando
que o adquirente liquide seus estoques e finalize os contratos existentes, assim
apregoa Maria Amélia Machado e Eugênio Kruschewsky.
▪ CESSÃO DE DIREITOS: Nesta hipótese, a transferência de conhecimentos é
definitiva. No entanto, o adquirente não poderá divulgar a técnica sem a autorização
do transmitente.
➢ FORMALIZAÇÃO DO CONTRATO DE KNOW-HOW:
▪ Quando se tratar de troca de informações entre Estados, a formalização será por
TRATADOS INTERNACIONAIS.
▪ Quando a troca de informações não for entre Estados, a formalização será através de
CONTRATOS PARTICULARES.
▪ Na contratação por instrumento particular, recomenda-se a averbação no INPI, para
adquirir eficácia perante terceiros. Como também para: legitimar pagamentos, fim de
controle fiscal, abatimentos tributários e para compor a efetiva exploração da marca
ou patente.
▪ No entanto, se não houver a averbação não são subtraídos os efeitos que se
irradiaram sobre os contratantes. Ou seja, a averbação é uma garantia perante
terceiros, no entanto, ainda que não seja averbado, o contrato possui plena eficácia
entre os contratantes.
➢ FORMAS DE EXTINÇÃO DO CONTRATO:
▪ De acordo com Maria Helena Diniz, o contrato de knowhow pode ser extinto das
seguintes formas:
1. Pelo vencimento do prazo de sua duração;
2. Pelo distrato;
3. Pela violação de cláusula contratual;
4. Pela modificação essencial no seu objeto (p. ex.: se o know-how perder seu valor);
5. Pela mudança da pessoa que recebe o know-how, na medida em que se trata de contrato
personalíssimo. De acordo com Maria Helena Diniz, o contrato de knowhow pode ser
extinto das seguintes formas: Trata-se, pois, de um personalíssimo mitigado ou unilateral.
➢ JURISPRUDÊNCIAS:
▪ Transferência de know-how sem autorização.
▪ O Tribunal estadual afirmou, com base no contrato e na prova dos autos, que houve
efetiva apropriação ou utilização indevida de know-how. Impossível, assim,
ultrapassar essa conclusão sem ultrapassar as Súmulas n.ºs 5 e 7 do STJ.
▪ Comercialização de produto similar. possibilidade. usurpação de know-how e
concorrência desleal.
▪ Cinge-se a controvérsia a definir (i) se a criação de nova espécie de seguro (RC
TRANS AMBIENTAL) possui a proteção da Lei de Direitos Autorais e (ii) se a
seguradora, ao recusar parceria com a corretora de seguros que desenvolveu o
seguro inédito e comercializar apólice similar, praticou conduta vedada, como a
concorrência desleal por desvio de clientela e por uso de conhecimentos e
informações sigilosos (knowhow), enriquecendo ilicitamente.
▪ Inexiste usurpação de know-how quando seguradora e corretora trabalham em
conjunto para desenvolver produto com a expertise de cada uma.
▪ Não configura quebra de confiança legítima ou enriquecimento ilícito a
comercialização, por seguradora, de apólice nova, diversa da idealizada por corretora,
mesmo sendo de mesma temática.
CONTRATO DE SEGURO
➢ “Pelo contrato de seguro, o segurador se obriga, mediante o pagamento do prêmio, a garantir
interesse legítimo do segurado, relativo a pessoa ou a coisa, contra riscos predeterminados".
Parágrafo único. Somente pode ser parte, no contrato de seguro, como segurador, entidade
para tal fim legalmente autorizada.
➢ “A função do seguro é socializar entre as pessoas expostas a determinado risco as
repercussões econômicas de sua verificação”.
➢ Característica da atividade securitária: MUTUALISMO
➢ A operação de seguro consiste no pagamento de um prêmio, pago pelos segurados para as
seguradoras, e estas por sua vez se obrigam a pagar o ressarcimento dos danos de
possíveis acidentes, dentro do limite contratado.
➢ Portanto, o seguro proporciona ao segurado eventual economia, pois a quantia paga a
seguradora é menor do que aquela que poderá precisar desembolsar em caso de um sinistro
(evento futuro e incerto).
➢ SISTEMA NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS:
▪ O Sistema Nacional de Seguros Privados é composto por:
1. Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP).
2. Superintendência dos Seguros Privados (Susep).
3. Instituto de Resseguros do Brasil S/A (IRB-Brasil Re).
4. Sociedades autorizadas a operar no ramo de seguro privado, resseguro,
capitalização, entidades de previdência aberta e corretores de seguro
habilitados
▪ *O seguro saúde é controlado e disciplinado pela ANS (Agência Nacional de Saúde
Suplementar).
Procedimento: Os fundadores de sociedades que visam explorar a atividade

securitária devem requerer ao CNSP a autorização, e se concedida comprovar o
atendimento das formalidades de constituição e exigências específicas para a
SUSEP. Feito isso, será expedida a carta-patente.
▪ Institui o Decreto-Lei nº 73/66:
1. Art 74. A autorização para funcionamento será concedida através de Portaria
do Ministro da Indústria e do Comércio, mediante requerimento firmado pelos
incorporadores, dirigido ao CNSP e apresentado por intermédio da SUSEP.
2. Art 75. Concedida a autorização para funcionamento, a Sociedade terá o prazo
de noventa dias para comprovar perante a SUSEP, o cumprimento de todas as
formalidades legais ou exigências feitas no ato da autorização.
3. Art 76. Feita a comprovação referida no artigo anterior, será expedido a carta-
patente pelo Ministro da Indústria e do Comércio.
▪ Autorização: A autorização para funcionamento pode ser limitada a determinadas
operações (art. 78 da LS) Art 78. As Sociedades Seguradoras só poderão operar em
seguros para os quais tenham a necessária autorização, segundo os planos, tarifas
e normas aprovadas pelo CNSP.
▪ Alteração no estatuto: As sociedades seguradoras não podem alterar o estatuto sem
prévia autorização Art 77. As alterações dos Estatutos das Sociedades Seguradoras
dependerão de prévia autorização do Ministro da Indústria e do Comércio, ouvidos a
SUSEP e o CNSP. Obs: Estatuto, pois as sociedades seguradoras precisão ser
Sociedades Anônimas, há exceção apenas para as cooperativas, que podem operar
com seguros agrícolas ou de acidente do trabalho.
▪ Corretores: Os corretores de seguro possuem como atividade econômica a
aproximação entre seguradores e segurados, é uma profissão fiscalizada pela
SUSEP. Podem ser pessoas naturais ou jurídicas. É necessário registro e habilitação.
➢ NATUREZA DO CONTRATO DE SEGURO:
▪ O seguro é contrato de adesão, comutativo e consensual.
▪ É um contrato extensamente disciplinado pela legislação e autoridades securitárias.
o - Cláusulas geralmente definidas por normas/órgãos governamentais
o - Estreita margem para negociação entre as partes
▪ “A atividade securitária pressupõe a realização de negócios em massa. Ou seja, se
um empresário, por hipótese, assumisse a obrigação contratual de indenizar os
prejuízos sofridos por uma única pessoa, em razão de evento futuro e incerto,
configurar-se-ia, na verdade, o contrato de jogo ou aposta, mas não o seguro. Nesta
situação hipotética, estaria ausente o requisito da mutualidade (distribuição de certo
risco entre as pessoas a ele expostas).”
➢ OBRIGAÇÕES DAS PARTES:
▪ Seguradora: Obrigação de garantir o interesse do segurado contra os riscos
indicados contrato. Organizar-se empresarialmente e gerir os recursos provenientes
do pagamento do prêmio para atender os segurados ou beneficiários. Em caso de
sinistro, a seguradora deve pagar-lhe a importância determinada.
▪ O segurado: Evitar ou atenuar efeitos danosos; Pagar o prêmio; Prestar informações
verídicas; Comunicar à seguradora tanto a verificação de incidente que aumente o
risco como a do próprio sinistro.
▪ Obs: A comunicação em caso de sinistro deve ser imediata, sob risco de a seguradora
não cobrir com os custos dos danos causados.
▪ CC, Art. 771. Sob pena de perder o direito à indenização, o segurado participará o
sinistro ao segurador, logo que o saiba, e tomará as providências imediatas para
minorar-lhe as consequências. Parágrafo único. Correm à conta do segurador, até o
limite fixado no contrato, as despesas de salvamento consequente ao sinistro. Obs:
em caso de atraso do pagamento do prêmio, haverá a incidência de juros e correção
monetária previstos no contrato. Além disso, se ocorrer um sinistro no período em
que o segurado está inadimplente, este não terá o direito de receber da seguradora
a importância prevista no contrato.
▪ Art. 763. Não terá direito a indenização o segurado que estiver em mora no
pagamento do prêmio, se ocorrer o sinistro antes de sua purgação.
• A jurisprudência tem atenuado o rigor dessas normas em favor da
defesa do interesse do consumidor, entretanto, ressalta-se que quando
o bem objeto do contrato de seguro for insumo do segurado (e este for
evidentemente empresário) não se aplica o CDC.
▪ Art. 766. Se o segurado, por si ou por seu representante, fizer declarações inexatas
ou omitir circunstâncias que possam influir na aceitação da proposta ou na taxa do
prêmio, perderá o direito à garantia, além de ficar obrigado ao prêmio vencido.
Parágrafo único. Se a inexatidão ou omissão nas declarações não resultar de má-fé
do segurado, o segurador terá direito a resolver o contrato, ou a cobrar, mesmo após
o sinistro, a diferença do prêmio.
▪ Art. 768. O segurado perderá o direito à garantia se agravar intencionalmente o risco
objeto do contrato. Ou seja, se o proprietário do automóvel segurado o empresta para
um motorista sem habilitação, há o aumento intencional dos riscos de acidente, e
pode perder o direito ao seguro.
➢ ESPÉCIES DE SEGURO:
▪ Há duas espécies de contratos de seguros, são elas:
• De dano (ou ramos elementares).
• De pessoas (conhecido como seguro de vida).
▪ SEGURO DE DANO: Nesta categoria se enquadram quase todos os seguros, com
exceção apenas do de vida e de acidentes pessoais com morte Tem como objeto
interesses relacionados ao patrimônio, obrigações, saúde e integridade física do
segurado A característica principal deste tipo de seguro é a natureza
INDENIZATÓRIA do pagamento devido pela seguradora. Ou seja, não pode haver
enriquecimento através do ressarcimento da seguradora, mas somente reparação de
perdas.
• Por essa razão, não é permitido contratar pelo valor integral mais um
seguro de dano referente ao mesmo interesse, essa prática é conhecida
como sobresseguro e é irregular. Também não é lícito segurar um bem
por importância superior ao seu valor, conforme institui o art. 778 do CC.
• Art. 778. Nos seguros de dano, a garantia prometida não pode
ultrapassar o valor do interesse segurado no momento da conclusão do
contrato, sob pena do disposto no art. 766, e sem prejuízo da ação penal
que no caso couber.
• “Note-se que a vedação do sobresseguro funda-se no caráter
indenizatório da prestação devida pela seguradora. Ou seja, se
inexistisse essa proibição legal, a perda de bens segurados passaria a
ser mais vantajosa, ao beneficiário do seguro, do que a sua
conservação, estimulando-se, em certa medida, a negligência na
guarda daqueles. O sobresseguro, incompatível com a natureza
indenizatória da prestação devida pela seguradora, no caso de
operação em ramo elementar, não se confunde com o cosseguro ou
com o seguro cumulativo, modalidades admitidas pelo direito. Entende-
se por cosseguro aquele em que diversas seguradoras se
responsabilizam por uma parte da indenização devida em razão do
sinistro ( CC, art. 761); e por seguro cumulativo aquele em que
segurados, cada qual motivado por interesse próprio, celebram
contratos de seguro referentes a um mesmo bem. ”
▪ SEGURO DE PESSOA: Este seguro não tem caráter indenizatório, pois a vida não
pode ser objeto de avaliação, não é possível estabelecer um valor pela vida de
determinada pessoa. Dessa forma, apregoa Fábio Ulhoa:
• “O devido pelas seguradoras, ao se verificar o evento descrito no
contrato de seguro (a morte do segurado antes de certo termo, sua
sobrevivência após certo termo ou acidente pessoal com morte), não
tem a natureza de ressarcimento ao beneficiário por dano sofrido.
Cuida-se, simplesmente, do adimplemento de obrigação pecuniária
decorrente de contrato de garantia contra riscos. Por esta razão, o valor
devido por contrato pela seguradora não é chamado, na lei, de
indenização (como no caso dos seguros de dano), mas sim de capital.”
• Por não se tratar de indenização, não é vedado o sobresseguro.
➢ RESSEGURO: “O resseguro é instrumento de distribuição da cobertura de risco entre duas
companhias, sendo uma delas a seguradora, que contrata com os segurados, e a outra, a
resseguradora, que cobre parte da prestação na hipótese de verificação do sinistro.”
➢ JURISPRUDÊNCIAS:
• SEGURO DE VIDA. INDENIZAÇÃO NEGADA. CONHECIMENTO DA
DOENÇA PREEXISTE E OMITIDA QUANDO DA CONTRATAÇÃO DO
SEGURO. MÁ-FÉ.
• CONTRATO DE SEGURO - EMBRIAGUEZ DO CONDUTOR -
COMPROVAÇÃO - AGRAVAMENTO INTENCIONAL DO RISCO -
INDENIZAÇÃO SECURITÁRIA AFASTADA. - A embriaguez do condutor
do veículo segurado constitui hipótese de agravamento intencional do
risco, nos termos do art. 768 do Código.
CONTRATO DE TRANSPORTE
➢ Contrato de transporte é aquele em que o transportador se obriga a levar, de um local para
outro, pessoas ou coisas, mediante remuneração (CC, art. 730). É também chamado
contrato de frete.
➢ Art. 720. Se o contrato for por tempo indeterminado, qualquer das partes poderá resolvê-lo,
mediante aviso prévio de noventa dias, desde que transcorrido prazo compatível com a
natureza e o vulto do investimento exigido do agente. Parágrafo único. No caso de
divergência entre as partes, o juiz decidirá da razoabilidade do prazo e do valor devido.
➢ Se houver relação de consumo entre o transportador e o tomador do serviço, por ser este
considerado destinatário final da prestação de serviço, haverá a aplicação do CDC.
➢ Se for o caso de um contrato de transporte enquanto um insumo para o desenvolvimento de
atividade empresarial, aplicar-se-á apenas as regras ordinárias ao caso, mas não o CDC.
➢ O contrato de transporte pode ser de pessoas ou de coisas, e transporte cumulativo.
▪ Pessoas: envolve o deslocamento, de um local para outro, de pessoas
(passageiros) e suas bagagens por um transportador.
-ART 734: o transportador responde por danos causados aos passageiros e às suas bagagens,
podendo ser exigido declaração de valor da bagagem a fim de fixar o limite de indenização.
-ART 742: o transportador tem direito de reter a bagagem ou objetos pessoais do passageiro para
garantir o pagamento do valor da passagem.
-ART 735: a responsabilidade contratual do transportador por acidente com o passageiro não pode
ser afastada, por culpa de terceiro, contra o qual a empresa de transporte tem ação regressiva.
-ART 736: prevê que o transporte realizado gratuitamente, por cortesia ou amizade não se
subordina às normas do contrato de transporte. Entretanto, o transporte não será considerado
gratuito quando, mesmo realizado sem remuneração direta, o transportador obtiver vantagens
indiretas.
▪ Transporte de coisas: é a operação de conduzir bens, de um lugar para outro,
por um transportador.
-ART 743: No contrato de transporte de coisas, deve haver nome e endereço do destinatário, e a
coisa deve ser caracterizada pela sua natureza, quantidade, peso, valor etc., a fim de não ser
confundida com outras.
-ART 747: O transportador não está obrigado a levar coisas cujo transporte ou comercialização
sejam proibidos, como drogas.
-ART 744: o transportador, ao receber a mercadoria, emitirá um conhecimento de frete/transporte
com as informações da carga.
▪ Transporte cumulativo: é aquele em que, para a carga chegar ao seu destino
final, é necessário que existam vários transportadores, e cada um se
encarregará de determinado trecho. Cada transportador poderá realizar um
tipo de transporte (rodoviário, ferroviário, marítimo ou aéreo) ou não, podendo,
por exemplo, o percurso aéreo ser dividido em dois ou mais trechos entre
transportadores diversos.
-ART 733: É comum o transporte cumulativo, cujos transportadores respondem, cada qual, pelos
danos causados à coisa, no respectivo trecho em que se obrigou. Salvo, se por disposição
contratual, o transportador se obrigou por todo o percurso, mesmo aquele realizado por outra
empresa de transporte.
- Quando o frete envolver mais de uma modalidade de transporte (aéreo, rodoviário, ferroviário e
marítimo), dá-se o nome de modal de cargas, aplicando-se a Lei n. 9.611/98. Remetemos o leitor
ao item deste livro “conhecimento de transporte”.
➢ Natureza jurídica dos contratos de transporte: Bilaterais ou sinalagmáticos; Onerosos;
Cumulativos; Consensuais; Típicos e nomeados; De duração; Não solenes.
➢ A responsabilidade civil nos contratos de transporte: De acordo com a jurisprudência, tem-
se portanto a responsabilidade objetiva do transportador.
- No caso do transporte de coisas, a responsabilidade do transportador está diretamente
relacionada ao valor declarado no documento emitido no momento do recebimento da coisa que
será transportada. Pode-se considerar ainda responsabilidade do transportador guardar e garantir
a integridade da coisa transportada.
- No transporte de pessoas, o cenário é mais complexo, uma vez que o transportador pode ser
responsável por quaisquer danos aos passageiros ou a suas bagagens, por eventuais atrasos, por
ceder franquia de bagagem ou contratar seguro para os passageiros, entre outras
responsabilidades. Nesse caso, é cabível afirmar que a responsabilidade se estende à integridade
física do passageiro e às condições acordadas com ele no momento da assinatura do contrato.
➢ Direitos e deveres passageiros:
▪ é direito rescindir o contrato de transporte antes do início da viagem, recebendo
a restituição do valor pago, desde que tenha comunicado a rescisão ao
transportador em tempo hábil;
▪ desistir da viagem quando esta já foi iniciada, recebendo então restituição de
valor equivalente ao trajeto não percorrido, desde que comprove que outro
passageiro foi conduzido em seu lugar;
▪ ainda, é direito do passageiro ter o transporte contratado concluído, mesmo
que a viagem seja temporariamente interrompida por motivos alheios a
vontade do transportador;
▪ é dever do passageiro respeitar o horário estabelecido no contrato de
transporte, bem como se sujeitar a outras regras definidas nesse documento
ou afixadas pelo transportador em local visível;
➢ direitos e deveres dos transportadores de pessoas:

• é dever do transportador responder por quaisquer danos causados aos passageiros e às


suas bagagens;
• cumprir horários e itinerários previstos no contrato (inclusive bilhete de passagem) ou
afixados em locais visíveis aos passageiros;
• aceitar todos os passageiros, recusando apenas os que infringirem alguma outra
regulamentação existente ou dispuseram de condições de higiene e saúde que não
justifiquem o transporte;
• ainda, é dever do transportador concluir a viagem contratada, mesmo que esta seja
interrompida por eventos imprevistos e contratempos alheios a sua vontade;
• no caso acima mencionado, o transportador deverá fornecer veículo de transporte de igual
categoria para a conclusão da viagem ou, com a anuência do passageiro, custear
modalidade de transporte diferente;
• ainda acerca dos casos de interrupção, é dever do transportador custear e garantir condições
de estadia e alimentação ao passageiro que aguarda novo transporte;
• em caso de rescisão do contrato de transporte por parte do passageiro e havendo condições
para reembolso, é direito do transportador reter até 5% do valor da restituição, a título de
multa compensatória;
• é direito do transportador reter a bagagem ou outros objetos do passageiro, com o intuito de
garantir o pagamento do valor devido, quando este não foi efetuado no início ou durante o
transporte.

➢ Direitos e deveres do remetente:


▪ Deve o remetente discriminar a coisa a ser transportada, pela sua natureza,
valor, peso e quantidade, evitando que se confunda;
▪ Deve indicar ainda o destinatário final da coisa transportada, explicitando ao
menos o nome e endereço dele;
▪ É dever ainda promover o correto acondicionamento da coisa a ser
transportada, em embalagem adequada. O transportador pode se recusar a
realizar o transporte caso a embalagem seja inadequada ou ofereça riscos.
▪ É direito do remetente desistir do transporte da coisa e pedi-la de volta, ou
ordenar que seja entregue a outro destinatário, desde que o transporte da
mesma ainda não tenha sido concluído.
▪ Em caso de ocorrer a situação acima descrita, é dever do remetente arcar com
eventuais custas, perdas e danos advindos da contra-ordem;
➢ Direitos e deveres dos transportadores de coisas:
▪ É dever transportar a coisa ao destino acordado, tomando cuidado para mantê-
la em bom estado e entregá-la no prazo previsto.
▪ É obrigatório também que o transportador se recuse a conduzir elementos cujo
transporte ou comércio não sejam permitidos – ou, que infrinjam alguma lei ou
regulamentação vigente;
▪ Ainda, deve o transportador emitir conhecimento da coisa recebida para
transporte, por meio dos dados que a identificam ou de documento descritivo
específico para tal (Art. 744);
▪ É dever do transportador solicitar instruções ao remetente sempre que, por
qualquer motivo, o transporte sofrer longa interrupção ou não puder ser feito.
▪ Da mesma forma, é dever do transportador zelar pela coisa enquanto o
transporte seguir interrompido, podendo responder pelo seu perecimento ou
deterioração;
▪ Caso deposite em juízo ou venda a coisa, frente a impossibilidade de concluir
o transporte, é dever do transportador informar o remetente acerca da ação
tomada;
▪ É direito do transportador ser indenizado quando os dados que identificam a
coisa a ser transportada se mostrem inexatos ou a descrição fornecida em
documento de conhecimento se revelar falsa (Art. 745);
▪ É direito do transportador receber remuneração correspondente quando lhe
couber a guarda, em seu próprio depósito ou armazém, de coisa a ser
transportada;
➢ Contrato de transporte rodoviário de cargas ou bens
▪ O transporte rodoviário de cargas, assim como os respectivos contratos
atrelados a essa atividade, são regulados por legislação específica. Estamos
falando da Lei 11.442/07 que, entre outros pontos:
▪ regulamenta as relações entre o Transportador Autônomo de Cargas (TAC), a
Empresa de Transporte Rodoviário de Cargas (ETC) e eventuais Cooperativas
de Transporte Rodoviário de Cargas (CTCs);
▪ estabelece a não-caracterização de vínculo empregatício entre os
transportadores e as empresas contratantes (Art. 5º);
▪ determina que o contrato de transporte deve conter, explicitamente, as
informações de identificação das parte, dos serviços a serem prestados e da
natureza fiscal destes (Art. 6º);
▪ dá à Justiça Comum a competência para julgar conflitos decorrentes desses
contratos (Art. 5º, § 3º);
▪ define explicitamente as responsabilidades de transportadores e empresas
contratantes;
➢ Contrato de transporte escolar
▪ Os contratos de transporte escolar são um tipo de contrato de transporte de
pessoas. Contudo, eles tem algumas especificidades, já que os passageiros
transportados são, em sua maioria, menores de idade.
▪ Uma das principais diferenças em relação ao transporte de passageiros
convencional é que, no transporte escolar, o transportador pode assumir
responsabilidades relacionadas ao embarque e desembarque dos alunos,
desde a residência até à escola.
▪ Além disso, os contratos de transporte escolar precisam ser feitos à luz das
disposições gerais do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
▪ E, por fim, em se tratando de instituições de ensino públicas, os contratos de
transporte escolar podem estar submetidos a procedimentos licitatórios,
conforme determinado na nova Lei de Licitações e Contratos (Lei 14.133/21),
e em legislações estaduais e municipais específicas.
➢ Contrato de agregamento de transporte
▪ Os contratos de agregamento são uma modalidade extremamente comum, no
transporte de cargas brasileiro. Nesse modelo contratual, as empresas de
transporte garantem a prestação de serviços por meio de transportadores
autônomos de cargas (TACs).
▪ Esses TACs, em geral, estão livres para firmar contratos de transporte com
mais de uma empresa. Assim como ocorre nos contratos de transporte
rodoviário de cargas em geral, os contratos de agregamento também estão
regulados pela Lei 11.442/07.

Você também pode gostar