Você está na página 1de 6

CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Empréstimo: Comodato
Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br

EMPRÉSTIMO: COMODATO
EMPRÉSTIMO

INTRODUÇÃO
O contrato de empréstimo pode ser conceituado como o negócio jurídico pelo qual
uma pessoa entrega uma coisa a outra, de forma gratuita, obrigando-se esta a devol-
ver a coisa emprestada ou outra de mesma espécie e quantidade.
O negócio em questão é um exemplo claro de contrato unilateral e gratuito, abran-
gendo duas espécies;

• Comodato: empréstimo de bem infungível e inconsumível, em que a coisa empres-


tada deverá ser restituída findo o contrato (empréstimo de uso).
• Mútuo: empréstimo de bem fungível e consumível, em que a coisa é consumida e
desaparece, devendo ser devolvida outra de mesma espécie e quantidade (emprés-
timo de consumo).

Os dois contratos de empréstimo, além de serem unilaterais e gratuitos (benéficos), são


negócios comutativos, informais e reais. São reais porque decorrem do fato de que esses
contratos têm aperfeiçoamento com a entrega da coisa emprestada (tradição ou traditio).
5m

001. (2021/FADESP/CÂMARA DE MARABÁ/PA/FADESP/ADVOGADO) Os chamados contratos


reais são aqueles que só se formam com a entrega efetiva da coisa. Podem ser classificados
como contratos reais:
a. comodato e depósito.
b. compra e venda e doação.
c. locação e fiança.
d. seguro e transporte.
e. empreitada e corretagem.

O comodato é o empréstimo de coisas infungíveis, isto é, que não podem ser substituídas
outras da mesma espécie, qualidade e quantidade. A matéria é tratada a partir do art. 579
e seguintes do CC.

www.grancursosonline.com.br 1
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
Empréstimo: Comodato
Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br

O depósito é o contrato em que o depositário recebe do depositante uma coisa móvel,


para guardá-la, com a obrigação de restituí-la no momento combinado ou quando lhe
for reclamada.
Os contratos podem ser reais ou consensuais:

• Os contratos consensuais são aqueles que se formam unicamente pelo acordo de


vontades, independentemente da entrega da coisa, enquanto nos contratos reais
a manifestação de vontade não é o bastante, exigindo-se a entrega do bem para
o seu aperfeiçoamento.
– São contratos reais o depósito, comodato e mútuo. Caio Mario chama isso de
romantismo injustificável e a maioria da doutrina não encontra praticidade
alguma nesta classificação.

Do comodato (arts. 579 a 585 do CC)


Conceito: o comodato é um contrato unilateral, benéfico e gratuito em que alguém
entrega a outra pessoa uma coisa infungível, para ser utilizada por um determinado
tempo e devolvida findo o contrato.
Em regra, o comodato terá como objeto bens não fungíveis e não consumíveis.
Entretanto, a doutrina aponta a possibilidade de o contrato ter como objeto bens
fungíveis utilizados para enfeite ou ornamentação, sendo denominado comodato
ad pompam vel ostentationem. Ilustrando, esse contrato está presente quando “se
empresta uma cesta de frutas exóticas ou garrafas de uísque para ornamentação ou
exibição numa exposição, hipóteses em que a convenção das partes tem o condão de
transformar a coisa fungível por sua natureza em infungível, pois só dessa maneira será
possível, findo o comodato, a restituição da mesma coisa que foi emprestada”.
10m

Art. 579. O comodato é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis. Perfaz-se


com a tradição do objeto.

Objeto: bens móveis ou imóveis.


Partes:Comodante e comodatário;
Forma: O contrato é intuitu persona. Não exige sequer forma escrita, sendo con-
trato não solene e informal, mas também baseado na fidúcia, na confiança do como-
dante em relação ao comodatário.

• Pode, assim sendo, ser simplesmente verbal.

www.grancursosonline.com.br 2
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
Empréstimo: Comodato
Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br

Prazo: convenção entre as partes. Há o prazo convencional e o necessário para o uso da


coisa. A ideia de reaver comportará a exceção, pois, como regra, só não pode reaver durante
prazo estipulado, salvo imprevisibilidade, ou seja, necessidade imprevista e urgente.
15m

Art. 581. Se o comodato não tiver prazo convencional, presumir-se-lhe-á o necessá-


rio para o uso concedido; não podendo o comodante, salvo necessidade imprevista
e urgente, reconhecida pelo juiz, suspender o uso e gozo da coisa emprestada, an-
tes de findo o prazo convencional, ou o que se determine pelo uso outorgado.

TARTUCE
Ainda do art. 581 do CC podem ser retiradas algumas conclusões práticas. De início,
quanto ao comodato com prazo determinado, findo esse, será devida a devolução da
coisa, sob pena de ingresso da ação de reintegração de posse e sem prejuízo de outras
consequências previstas em lei.
Em casos tais, encerrado o prazo, haverá mora automática do devedor (mora ex re),
nos termos do art. 397, caput, do CC. Aplica-se a máxima dies interpellat pro homine (o
dia do vencimento interpela a pessoa).

Art. 397. O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo, cons-


titui de pleno direito em mora o devedor.
Parágrafo único. Não havendo termo, a mora se constitui mediante interpelação
judicial ou extrajudicial.

DESPESAS COM O USO E GOZO


O comodatário terá de arcar.

Art. 584. O comodatário não poderá jamais recobrar do comodante as despesas


feitas com o uso e gozo da coisa emprestada.

RESPONSABILIDADE
O comodatário é obrigado a conservar, como se sua própria fora, a coisa empres-
tada, não podendo usá-la senão de acordo com o contrato ou a natureza dela, sob pena
de responder por perdas e danos.
O comodatário constituído em mora, além de por ela responder, pagará, até resti-
tuí-la, o aluguel da coisa que for arbitrado pelo comodante (art. 582, CC).

Art. 585. Se duas ou mais pessoas forem simultaneamente comodatárias de


uma coisa, ficarão solidariamente responsáveis para com o comodante.

www.grancursosonline.com.br 3
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
Empréstimo: Comodato
Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br

Então, uma vez constituídos em mora, ambos responderam solidariamente, inclusive


pelo aluguel que poderia estar sendo arbitrado.
20m
Se, correndo risco o objeto do comodato juntamente com outros do comodatário,
antepuser este a salvação dos seus abandonando o do comodante, responderá pelo dano
ocorrido, ainda que se possa atribuir a caso fortuito, ou força maior (ART. 583, CC).

• Como regra, não tem de abandonar e não tem de dar prioridade para aquilo que é
dele, pois deve buscar sempre a noção de manutenção e de evitar os riscos da coisa.

Art. 580. Os tutores, curadores e em geral todos os administradores de bens


alheios não poderão dar em comodato, sem autorização especial, os bens confia-
dos à sua guarda.

002. (2021/VUNESP/CODEN/SP/ADVOGADO) O comodato é uma espécie de empréstimo


que tem as seguintes características:
a. é gratuito, tem por objeto coisas fungíveis, perfaz- -se com a tradição do objeto, tem prazo
determinado e, no caso de dois comodatários simultâneos, a responsabilidade é solidária.
b. é gratuito, tem por objeto coisas não fungíveis, perfaz-se na data de assinatura, não tem
prazo determinado e, mesmo no caso de dois comodatários simultâneos, a responsabilidade
é subsidiária, respondendo primeiro o responsável pela assinatura do comodato.
c. é gratuito, tem por objeto coisas não fungíveis, perfaz-se com a tradição do objeto e, no
caso de dois comodatários simultâneos, a responsabilidade é solidária.
d. é oneroso, tem por objeto coisas não fungíveis, perfaz- -se na data de assinatura, não tem
prazo determinado e, mesmo no caso de dois comodatários simultâneos, a responsabilidade
é subsidiária, respondendo primeiro o responsável pela assinatura do comodato.
e. é oneroso, tem por objeto coisas fungíveis, perfaz- -se com a tradição do objeto, tem prazo
determinado e, no caso de dois comodatários simultâneos, a responsabilidade é solidária.

a. O comodato é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis e nem sempre tem prazo
determinado, ocasião em que valerá a disposição do art. 581.
b. O comodato perfaz-se na data da tradição do objeto e não da assinatura do contrato (até
porque ele pode ser verbal), e, no caso de comodatários simultâneos, a responsabilidade
é solidária;

c. Art. 579. O comodato é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis. Perfa-


z-se com a tradição do objeto.

www.grancursosonline.com.br 4
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
Empréstimo: Comodato
Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br

Além do mais, sobre o prazo do comodato, é preciso conhecer o dispositivo do art. 581:

Art. 581. Se o comodato não tiver prazo convencional, presumir-se-lhe-á o necessá-


rio para o uso concedido; não podendo o comodante, salvo necessidade imprevista
e urgente, reconhecida pelo juiz, suspender o uso e gozo da coisa emprestada, an-
tes de findo o prazo convencional, ou o que se determine pelo uso outorgado.
25m

Por fim, quanto ao comodato simultâneo, deve-se observar o art. 585:

Art. 585. Se duas ou mais pessoas forem simultaneamente comodatárias de


uma coisa, ficarão solidariamente responsáveis para com o comodante.

d. O comodato é gratuito, perfaz-se na data de tradição do objeto e, no caso de comodatários


simultâneos, a responsabilidade é solidária.
e. O comodato tem por objeto coisas não fungíveis e nem sempre tem prazo determinado,
ocasião em que valerá a disposição do art. 581.

JURISPRUDÊNCIA – BENFEITORIAS
Por ser o comodatário possuidor de boa-fé – diante da existência de um justo título
(art. 1.201, parágrafo único, do CC) –, em regra, terá direito à indenização e direito de
retenção pelas benfeitorias necessárias e úteis, conforme o art. 1.219 do CC.
Além disso, poderá levantar as benfeitorias voluptuárias, se isso não dani-
ficar o bem.
Contudo, podem as partes, em contrato paritário, prever o contrário, sendo per-
feitamente válida a cláusula nesse sentido em tais contratos plenamente discutidos.
De toda a sorte, há julgados que apontam que o comodatário não tem direito a ser inde-
nizado por tais benfeitorias, pela norma do art. 584 do CC:

• Trata-se de um tema que possui divergências.

“Reintegração de posse. Comodato verbal. Imóvel utilizado para exercício de ativi-


dade empresarial. Benfeitorias realizadas em proveito do comodatário, cuja finalidade
era adequar o imóvel à atividade exercida. Inexistência do dever de indenizar. Desne-
cessidade de prova pericial. Inteligência do artigo 584 do Código Civil. Manutenção da
sentença. Desprovimento do apelo” (TJRJ, Apelação 2009.001.16394, 1ª Câmara Cível,
Rel. Des. Vera Maria Soares Van Hombeeck, j. 14.04.2009, DORJ 27.04.2009, p. 116).

www.grancursosonline.com.br 5
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS
Empréstimo: Comodato
Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br

“Contrato. Comodante. Imóvel. Pretensão a indenização por benfeitorias. Inadmis-


sibilidade, mesmo em face da revelia dos réus, que apresentaram contestação e recon-
venção intempestivas. Inteligência do disposto no art. 584 do Código Civil” (TJSP, Apela-
ção Cível 7276634-2, Acórdão 3590228, 14.a Câmara de Direito Privado, São Paulo, Rel.
Des. José Tarcisio Beraldo, j. 25.03.2009, DJESP 02.06.2009).

Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias ne-
cessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a
levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito
de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis.
Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias.
§ 1º São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso ha-
bitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor.
§ 2º São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem.
§ 3º São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore.

GABARITO
1. a

2. c

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Concursos, de acordo com a aula
preparada e ministrada pela professora Cristiny Mroczkoski Rocha.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do con-
teúdo ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela lei-
tura exclusiva deste material.

www.grancursosonline.com.br 6

Você também pode gostar