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Questionário - Revisão - AV2

Profa. Rossana Fisciletti


Direito Civil III

Questão 1) Classifique o contrato de compra e venda:

a) oneroso; b) bilateral (sinalagmático) (art. 491, CC/2002). c) típico; d) não solene (exceção à
compra e venda de imóvel que exceda a trinta salários mínimos, conforme o art. 108, CC/2002);
e) consensual (art. 482, CC/2002) f) comutativo ou aleatório.

Questão 2) Diferencie as modalidades especiais de venda de bem imóvel: venda ad corpus e


ad mensuram.

Art. 500, CC:


venda ad corpus: o bem imóvel é vendido como coisa certa e individuada, independente de
suas medidas, que, nesta hipótese, têm caráter meramente enunciativo e é irrelevante para a
formação da vontade contratual. Toda vez que a diferença entre as medidas for inferior a 5%
(cinco por cento) da área total constante do instrumento contratual, há presunção juris tantum
de que a venda foi ad corpus.

venda ad mensuram: as medidas do bem imóvel são determinantes para a formação da vontade
contratual, de sorte que uma eventual discrepância entre o discriminado no contrato e as
medidas reais do bem pode ensejar extinção contratual.

Questão 3) O que são cláusulas especiais da compra e venda? Quais são elas?

As cláusulas especiais de compra e venda consistem em elementos acidentais do negócio


jurídico (cláusulas adjetas da compra e venda), provocando, assim, alterações eficaciais no
contrato. Em outros palavras, em decorrência da aposição ou não das cláusulas adjetas, pode a
transferência da propriedade ser resolúvel ou definitiva. São modalidades especiais de compra e
venda:

A) Preferência (preempção ou prelação) - arts. 513 a 520, CC. Decorre de cláusula contratual
que impõe a preferência do alienante em readquirir o bem transferido, caso o comprador
futuramente o venda.
B) Retrovenda (arts. 505 a 508, CC) É a cláusula que possibilita ao alienante readquirir a coisa
pelo preço que pagou, mais as despesas que o comprador teve com o bem, dentro do prazo
estipulado para o resgate (direito de retratação). O prazo de resgate é decadencial e não pode ser
superior a 3 anos.
C) Venda a contento e venda sujeita à prova (arts. 509 a 512, CC) Na venda a contento, a
transmissão inicialmente feita é da posse, e não da propriedade - a transferência da propriedade
só se dará no momento em que o adquirente manifestar-se em sentido favorável dentro do prazo
ajustado.
D) Venda com reserva de domínio (arts. 521 a 528, CC) A transferência incide inicialmente
sobre a posse, só havendo transferência da propriedade quando houver o pagamento integral do
contrato. Propriedade resolúvel do alienante sobre o bem. Deve ser feita sempre sob a forma
escrita e deve ser registrada no domicílio do comprador. A venda com reserva de domínio não
precisa ser feita sobre bens infungíveis, mas sim sobre bens individualizáveis.
E) Venda sobre documentos (arts. 529 a 532, CC).

Questão 4) Conceitue o contrato de doação, citando os elementos, pressupostos, requisitos


e legitimidades específicas:

Art. 538. Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu
patrimônio bens ou vantagens para o de outra.
Elementos A) Animus donandi (elemento subjetivo); B) Transferência de bens e/ou vantagens
do doador ao donatário; C) Aceitação do donatário.
Espécies de aceitação: - tácita - presumida (art. 539, CC/02) - ficta (art. 543, CC/02 - doação a
absolutamente incapazes). Por ter natureza contratual, é imprescindível a capacidade das partes,
com exceção da hipótese de aceitação ficta do art. 543, CC/02 (doação feita a absolutamente
incapaz), da doação feita a nascituro (art. 542, CC/02) e a da doação a entidade futura (art. 544,
CC/02). Classificação a) consensual; b) unilateral; c) gratuito; d) formal; e) típico.
Forma: O contrato de doação exige escritura pública ou instrumento particular (CC, 541).
Contudo, nos termos do parágrafo único do referido artigo, a doação verbal será válida, se,
versando sobre bens móveis e de pequeno valor, se lhe seguir incontinenti a tradição.

Pressupostos e requisitos
Sendo contrato, a doação segue os mesmos requisitos de validade dos negócios jurídicos. É
importante atentar para a aceitação ficta (art. 539, CC), para a dos absolutamente incapazes (art.
543, CC) e para as legitimidades específicas que seguem abaixo:
Doação feita de ascendente a descendente Art. 544.
Doação entre cônjuges art. 544, CC/02.
Doação feita por pessoa adúltera ao seu cúmplice Art. 550.
Doação inoficiosa Art. 549.
Doação da totalidade dos bens Art. 548.
Observar a cláusula de reversão: Art. 547, CC
Observar as causas de revogação da doação: Art. 555 e seguintes, CC

Questão 5) Disserte sobre os seguintes contratos: fiança, empréstimo (comodato e mútuo),


prestação de serviços e de comissão:

- Fiança: Art. 818. Pelo contrato de fiança, uma pessoa garante satisfazer ao credor uma
obrigação assumida pelo devedor, caso este não a cumpra. Gustavo Tepedino et. al.: contrato
pelo qual se estabelece um tipo de garantia pessoal, em que alguém (fiador) se obriga ao
cumprimento da obrigação de terceiro (afiançado), se este faltar à sua prestação. Classificação
a) consensual; b) unilateral; c) gratuito. Existem fianças que são onerosas, como a fiança
bancária. Súmula 214, STJ: O fiador na locação não responde por obrigações resultantes de
aditamento ao qual não anuiu.

- Empréstimo:

Flávio Tartuce define o empréstimo como "negócio jurídico pelo qual uma pessoa entrega uma
coisa a outra, de forma gratuita, obrigando-se esta a devolver a coisa emprestada ou outra de
mesma espécie". Espécies Há duas espécies de empréstimo contempladas pelo direito contratual
brasileiro: a) comodato: empréstimo de bens infungíveis e inconsumíveis. b) mútuo: empréstimo
de bens fungíveis e consumíveis. Classificação O contrato de empréstimo é: a) gratuito (exceção:
mútuo feneratício - art. 591, CC/2002); b) unilateral; c) típico (artigos 579 a 592, CC/2002); d)
não solene; e) real (antes da tradição pode haver promessa de comodato ou promessa de mútuo -
contrato preliminar); f) comutativo. 2. Comodato (empréstimo de uso).
Comodato: Art. 579. O comodato é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis. Perfaz-se
com a tradição do objeto. Maria Helena Diniz: contrato unilateral, a título gratuito, pelo qual
alguém entrega a outrem coisa (imóvel ou móvel) infungível, para ser usada temporariamente e
depois restituída. São características elementares do contrato de comodato: A) Gratuidade: A
gratuidade faz parte do próprio conceito legal de comodato, inexistindo, por isso, comodato
oneroso. É possível a existência de comodato modal (com encargo). B) Infungibilidade do bem
Em caráter de exceção, o comodato pode recair sobre bens fungíveis e consumíveis. É o
chamado comodato ad pompam vel ostentationem. C) Tradição do bem D) Temporariedade.
O contrato de comodato classifica-se em:
a) gratuito; b) unilateral; c) típico (artigos 579 a 585, CC/2002); d) não solene; e) real (antes da
tradição pode haver promessa de comodato - contrato preliminar); f) comutativo.

Cuidado: se o objeto perecer na vigência do comodato:

Art. 393, CC: o devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força
maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado.

Art. 238, CC: Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se
perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus
direitos até o dia da perda.

Art. 239, CC: Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente,
mais perdas e danos.

Art. 583, CC. Se, correndo risco o objeto do comodato juntamente com outros do comodatário,
antepuser este a salvação dos seus abandonando o do comodante, responderá pelo dano
ocorrido, ainda que se possa atribuir a caso fortuito, ou força maior.

Cuidado: Os contratantes podem transformar bens fungíveis e consumíveis em infungíveis, ex:


empréstimo de esculturas de chocolate para exposição, neste caso seria contrato de comodato e
não de mútuo.

Mútuo:
Mútuo (empréstimo de consumo) Conceito e características Art. 586. O mútuo é o empréstimo
de coisas fungíveis. O mutuário é obrigado a restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa
do mesmo gênero, qualidade e quantidade. Roberto Senise Lisboa: contrato por meio do qual
uma pessoa (o mutuário) obtém de outra (o mutuante) a transferência provisória de um bem
fungível e consumível. São características elementares do contrato de mútuo: A) Transferência
da propriedade; Carlos Roberto Gonçalves: constitui empréstimo para consumo, pois o mutuário
não é obrigado a devolver o mesmo bem, do qual se torna dono (pode consumi-lo, aliená-lo,
abandoná-lo, p.ex.), mas sim coisa da mesma espécie. Por transferir a propriedade, os riscos
decorrentes da perda/deterioração da coisa são do mutuário desde a tradição (art. 587). Além
disso, não cabe ao mutuário ser ressarcido pelas benfeitorias, nem ao mutuante ajuizar
reintegração de posse. Apesar de ser contrato translativo de domínio, o mútuo não é um contrato
de alienação. B) Fungibilidade e consuntibilidade do bem; C) Temporariedade Sujeitos e
legitimidade Os sujeitos do mútuo são: A) Mutuante: aquele que empresta. Deve ser o
proprietário do bem, já que o mútuo é um contrato translativo da propriedade. B) Mutuário:
aquele que recebe o bem para consumo. Tem o dever de restituir não o bem que recebeu, mas
sim outro da mesma espécie e na mesma quantidade. Mutuário menor de 18 anos: em regra, em
conformidade com o art. 588, CC/2002, o mútuo feito a menor de 18 anos, sem a devida
representação ou assistência, é obrigação natural (inclusive para os fiadores), exceto as
hipóteses contempladas no art. 589: - se a pessoa, de cuja autorização necessitava o mutuário
para contrair o empréstimo, o ratificar posteriormente. O contrato de mútuo classifica-se em:
a) gratuito (exceção: mútuo feneratício - art. 591, CC/2002); b) unilateral; c) típico (artigos 586
a 592, CC/2002); d) não solene; e) real (antes da tradição pode haver promessa de mútuo -
contrato preliminar); f) comutativo.

- Prestação de serviços:
Para Caio Mário da Silva Pereira, a prestação ou locação de serviço é o contrato em que uma
das partes se obriga para com a outra a fornecer-lhe a prestação de uma atividade, mediante
remuneração. Classificação: bilateral, oneroso, consensual.
O Objeto da prestação de serviços é uma obrigação de fazer, ou seja, a prestação de atividade
lícita, não vedada pela lei e pelos bons costumes, oriunda da energia humana aproveitada por
outrem, e que pode ser material ou imaterial (CC, 594). Observe que, conforme art.602, do CC:
O prestador de serviço contratado por tempo certo, ou por obra determinada, não se pode
ausentar, ou despedir, sem justa causa, antes de preenchido o tempo, ou concluída a obra.
Contrato de prestação de serviço, sem prazo estipulado: Art. 599, CC, aviso prévio (resilição
unilateral) e prazos.
Falta de habilitação para prestar o serviço. Consequências. Art. 606, CC.

- Comissão:
Para Flávio Tartuce o contrato de comissão é aquele pelo qual o comissário realiza a aquisição
ou venda de bens, em seu próprio nome, à conta do comitente (Curso de direito civil. Vol. 3.
5.ed. São Paulo: Método, 2010. pp. 519-520). É característica marcante do contrato de comissão
o exercício em nome próprio dos poderes contratuais. É, por isso, contrato personalíssimo. Em
virtude da semelhança, ao contrato de comissão são aplicáveis, no que couber, as regras
atinentes ao mandato. Características a) bilateral; b) oneroso; c) consensual; d) comutativo; e)
típico; f) não-solene; g) fiduciário.

Questão 6) Conceitue a locação e cite os deveres dos sujeitos da relação contratual:

Na locação de coisas, uma das partes se obriga a ceder à outra, por tempo determinado ou não, o
uso e gozo de coisa não fungível, mediante certa retribuição (Art. 565). O locador é obrigado: I
- a entregar ao locatário a coisa alugada, com suas pertenças, em estado de servir ao uso a que se
destina, e a mantê-la nesse estado, pelo tempo do contrato, salvo cláusula expressa em contrário;
II - a garantir-lhe, durante o tempo do contrato, o uso pacífico da coisa (art. 566, CC). O
locatário é obrigado: I - a servir-se da coisa alugada para os usos convencionados ou
presumidos, conforme a natureza dela e as circunstâncias, bem como tratá-la com o mesmo
cuidado como se sua fosse; II - a pagar pontualmente o aluguel nos prazos ajustados, e, em falta
de ajuste, segundo o costume do lugar; III - a levar ao conhecimento do locador as turbações de
terceiros, que se pretendam fundadas em direito; IV - a restituir a coisa, finda a locação, no
estado em que a recebeu, salvas as deteriorações naturais ao uso regular (art. 569, CC)

Questão 7) Fale sobre o direito de preferência na locação:

As cláusulas de vigência (ex: preferência), só têm eficácia erga omnes se houver averbação no
Cartório competente.

- Direito de preferência - contrato averbado - na locação: Art. 33, Lei 8245/91: O locatário
preterido no seu direito de preferência poderá reclamar do alienante as perdas e danos ou,
depositando o preço e demais despesas do ato de transferência, haver para si o imóvel locado, se
o requerer no prazo de seis meses, a contar do registro do ato no cartório de imóveis, desde que
o contrato de locação esteja averbado pelo menos trinta dias antes da alienação junto à matrícula
do imóvel.

Art. 8º, da Lei 8.245/91: Se o imóvel for alienado durante a locação, o adquirente poderá
denunciar o contrato, com o prazo de noventa dias para a desocupação, salvo se a locação for
por tempo determinado e o contrato contiver cláusula de vigência em caso de alienação e estiver
averbado junto à matrícula do imóvel.

- Direito de preferência - contrato não averbado - na locação: o locatário preterido poderá


reclamar perdas e danos. No entanto, deve ser apontado o efetivo prejuízo, que não decorre
simplesmente do descumprimento da norma por parte do locador ou de expectativas, futuras,
sem referência ao momento da celebração do negócio.

Ver também o direito de retenção: Art. 35, Lei 8245/91.

Questão 8) Diferencie a denúncia vazia e a denúncia cheia nas locações residenciais e não
residenciais:

- LOCAÇÃO RESIDENCIAL (arts. 46 e 47, da Lei 8245/91) - Denúncia vazia e denúncia


cheia
Os contratos de locação, quanto à forma, podem ser verbais ou por escrito. Os contratos por
escrito serão sempre inicialmente celebrados por prazo determinado, conforme as espécies:
a) prazo igual ou superior a 30 meses: há prorrogação do contrato caso, ao final do prazo
estabelecido, não seja requerida a extinção e o locatário permaneça na posse do imóvel por mais
de 30 dias, sem oposição. A prorrogação, portanto, é a regra, devendo a intenção de extinção
ocorrer por manifestação inequívoca. Uma vez prorrogado, o contrato passará a prazo
indeterminado.
Importante referir que, depois de prorrogado o contrato, o locador poderá denunciá-lo a
qualquer tempo, por qualquer motivo, desde que comunique o locatário com 30 dias de
antecedência (denúncia vazia). Nos contratos superiores a 10 (dez) anos, há necessidade de
vênia conjugal (outorga uxória ou outorga marital), consoante o art. 3º da Lei.

b) prazo inferior a 30 meses: há prorrogação automática do contrato se, ao final do prazo


estabelecido, não for o imóvel reclamado de volta pelo locador ou devolvido pelo locatário (não
se exige, aqui, posse de mais de 30 dias pelo locatário). Uma vez prorrogado, o contrato passará
a prazo indeterminado.
Cabe atentar para relevante diferença com relação ao contrato com prazo superior a 30
meses: após a prorrogação, o contrato somente poderá resilido pelo locador se este estiver
motivado por uma das hipóteses elencadas no art. 47 (denúncia cheia).

- LOCAÇÕES NÃO RESIDENCIAIS - Denúncia vazia e denúncia cheia.


Como regra, aplica-se o art. 4º para determinar que os contratos de locação não residencial não
poderão ser denunciados,conquanto por prazo determinado, pelo locador. Todavia, uma vez
transformados em contratos por prazo indeterminado poderá ser resilido pelo locador através de
denúncia vazia, desde que seja o locatário comunicado por escrito com 30 dias de antecedência
(art. 57).
Por outro lado, dada a relevante função sócio-econômica desempenhada pelos contratos de
locação não residencial em que funcionam hospitais, unidades sanitárias oficiais, asilos,
estabelecimentos de saúde e de ensino autorizados e fiscalizados pelo Poder Público, bem como
por entidades religiosas devidamente registradas, é exigida denuncia cheia, e apenas será
admitida a resilição pelo locador com fundamento em nas causas elencadas no artigo 54 da Lei
8245/91.

Questão 9) Em que consiste a ação de despejo?

Ação de despejo (art. 59 a 66, da Lei de Locações (8.245/91)


Tem por finalidade retirar o locatário (ou sublocatário) da posse do imóvel, de acordo com
causas de diversas naturezas. Os motivos mais comuns para o despejo são: - inadimplemento do
locatário, não apenas com a obrigação de pagar os alugueres, mas também com outras
obrigações decorrentes do vínculo contratual; - termo final do contrato, sem que tenha havido
prorrogação (o que não deixa de ser violação à obrigação de restituir o imóvel); - extinção do
contrato de trabalho; - falecimento do locatário; - necessidade de reparações urgentes no imóvel;
- não oferecimento de nova garantia.

A Lei prevê hipóteses nas quais é cabível a concessão de liminar na ação de despejo (art. 59 §
1º, da Lei 8.245/91).

Importante:
Valor da causa nas ações de despejo: Art. 58, III, Lei 8.245/91 (o valor da causa corresponderá a
doze meses de aluguel, ou, na hipótese do inciso II do art. 47, a três salários vigentes por
ocasião do ajuizamento);

Liminar para desocupação em quinze dias: Art. 59, § 1º, da Lei de Locações.

Despejo por falta de pagamento quando o contrato não prevê as garantias do artigo 37 da Lei de
Locações (I - caução; II - fiança; III - seguro de fiança locatícia) - Art. 59, IX, da Lei de
Locações. Neste caso, o locatário poderá evitar a rescisão da locação e elidir a liminar,
conforme art. 59, § 3 da Lei 8.245/91.

Questão 10) Em que consiste a evicção?


A evicção é a perda total ou parcial de um bem em razão de sentença que o atribui a outrem por
direito anterior ao contrato. A garantia contra a evicção é obrigação do alienante que deriva
automaticamente do contrato. Assim, nos contratos onerosos pelos quais se transfere o domínio,
posse ou uso, o alienante deve garantir o adquirente dos riscos da evicção e indenizá-lo na
eventualidade de vir a perder o bem por força de sentença que reconheceu direito de outrem.
Art. 447 do Código Civil. Requisitos da evicção a) a onerosidade da aquisição do bem, o que
afasta a figura nos contratos gratuitos; b) a perda, total ou parcial, da propriedade ou da posse da
coisa alienada pelo adquirente; c) sentença judicial com trânsito em julgado, reconhecendo a
evicção, salvo as exceções mencionadas no parágrafo anterior (p.ex., apreensão policial).

Questão 11) Citar causas de resolução do contrato:


a) resolução, como consequência do seu inadimplemento voluntário, involuntário ou por
onerosidade excessiva;
b) resilição, pela vontade de um ou de ambos os contratantes;
c) morte de um dos contratantes, se o contrato for personalíssimo; e
d) rescisão, modo específico de extinção de certos contratos.

Questão 12) Em que consiste o princípio da conservação dos negócios jurídicos?

Nos termos do art. 170 do CC, se o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro,
subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se
houvessem previsto a nulidade. Seria a hipótese de contrato de compra e venda de imóvel
celebrado sem a observância da forma prevista em lei, gerando a nulidade do contrato (CC, 166,
IV); no caso, poderá o juiz considerar o contrato de compra e venda nulo como uma promessa
de compra e venda, em atenção ao princípio da conservação do negócio jurídico. É a
denominada conversão do negócio jurídico.

Questão 13) Quais seriam os efeitos da resolução do contrato de promessa compra e


venda?
Se não houver cláusula de arrependimento: Art. 463, CC: Concluído o contrato preliminar, com
observância do disposto no artigo antecedente, e desde que dele não conste cláusula de
arrependimento, qualquer das partes terá o direito de exigir a celebração do definitivo,
assinando prazo à outra para que o efetive.

Adjudicação: Art. 464. Esgotado o prazo, poderá o juiz, a pedido do interessado, suprir a
vontade da parte inadimplente, conferindo caráter definitivo ao contrato preliminar, salvo se a
isto se opuser a natureza da obrigação.

Se o estipulante não der execução ao contrato preliminar, poderá a outra parte considerá-lo
desfeito, e pedir perdas e danos: Art. 465, CC.

Questão 14) O que é Cláusula resolutiva?

Na execução do contrato, cada contraente pode pedir a resolução do acordo, se o outro não
cumpre as obrigações avençadas. Essa faculdade pode resultar de estipulação ou de presunção
legal. Quando as partes convencionam, diz-se que estipulam cláusula resolutiva expressa ou
pacto comissório expresso. Na ausência de estipulação, tal pacto é presumido pela lei, que
subentende a existência da cláusula resolutiva. É a denominada cláusula resolutiva implícita ou
tácita. Em todo contrato bilateral ou sinalagmático presume-se a existência de uma cláusula
resolutiva tácita, autorizando o lesado pelo inadimplemento a pleitear a resolução do contrato,
com perdas e danos.
Conforme artigo Art. 475, CC. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do
contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento,cabendo, em qualquer dos casos,
indenização por perdas e danos.
Nestes termos, o contratante pontual tem, diante do inadimplente, duas alternativas: pleitear a
resolução do contrato ou exigir-lhe o cumprimento mediante execução específica (CPC, art.
461). Em qualquer das hipóteses, terá direito a indenização por perdas e danos.
Nos termos do art. 474 do CC/2002, a cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a
tácita depende de interpelação judicial. Em ambos os casos, tanto no de cláusula resolutiva
expressa quanto tácita, a resolução deve ser judicial, ou seja, precisa ser pronunciada pelo juiz.
A sentença que reconhecer a cláusula expressa e o direito à resolução terá efeito meramente
declaratório, ex tunc, portanto. Sendo a cláusula tácita, a sentença tem efeito desconstitutivo,
dependendo de interpelação judicial, ou seja, a cláusula só produz efeitos após a interpelação.

Questão 15) Em que consiste a exceção do contrato não cumprido?

Exceção do contrato não cumprido. Vem prevista no art. 476 do CC/2002, nestes termos: nos
contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir
o implemento da do outro. A sede natural da exceção em comento encontra-se nos contratos
bilaterais ou sinalagmáticos, que envolvem prestações recíprocas, atreladas umas às outras. Se
uma das prestações não é cumprida, deixa de existir causa para o cumprimento da outra.
Repugna ao direito que o contratante inadimplente, nestas condições, pretenda compelir a outra
parte a cumprir com a sua prestação. Caso o faça, sua pretensão será paralisada pela exceptio
non adimpleti contractus. Nenhuma das partes, sem cumprir o que lhe cabe, pode exigir da
outra que o faça.
Para o manejo da exceção do contrato não cumprido é fundamental que, além de recíprocas, as
prestações sejam simultâneas, pois, caso contrário, sendo diferente o momento da exigibilidade
de cada prestação, não podem as partes invocar tais defesas. Quando as prestações não são
simultâneas, mas sim sucessivas, a exceção não pode ser oposta pela parte a quem caiba prestar
primeiro. Se não foi estipulado o momento da execução, entendem-se simultâneas as prestações.
Se um dos contraentes cumpriu apenas em parte, ou de forma defeituosa, a sua obrigação,
quando se comprometera a cumpri-la integral e corretamente, cabível se torna a oposição, pelo
outro, da exceção do contrato parcialmente cumprido, ou exceptio non rite adimpleti
contractus. Diferencia-se da exceção non adimpleti contractus porque essa pressupõe completa
e absoluta inexecução do contrato. Na prática, contudo, a primeira é abrangida pela segunda.
Questão 16) Explique e fundamente a promessa de fato de terceiro:

A promessa de fato de terceiro é fonte de uma obrigação de fazer, qual seja, fazer com que
uma pessoa integre relação jurídica com outra. O adimplemento dessa obrigação, portanto,
ocorre com a formação da relação jurídica entre o terceiro e o credor (da relação originária),
motivo pelo qual o devedor (aquele que prometeu fato de terceiro) não se compromete com o
cumprimento do negócio celebrado com o terceiro.

Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, quando
este o não executar. Parágrafo único. Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o
cônjuge do promitente, dependendo da sua anuência o ato a ser praticado, e desde que, pelo
regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha a recair sobre os seus
bens.
Art. 440. Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem, se este, depois de
se ter obrigado, faltar à prestação.

Questão 17) Na hipótese de um contrato atípico é aplicado o princípio da boa-fé objetiva?


Sim. Art. 422, CC. A boa-fé objetiva deve constar em qualquer tipo de contrato, sejam típicos
ou atípicos.

Regras esparsas no código civil.


Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á
adotar a interpretação mais favorável ao aderente.
Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.
Art. 819. A fiança dar-se-á por escrito, e não admite interpretação extensiva.
Art. 843. A transação interpreta-se restritivamente, e por ela não se transmitem, apenas se
declaram ou reconhecem direitos.
Art. 1.899. Quando a cláusula testamentária for suscetível de interpretações diferentes,
prevalecerá a que melhor assegure a observância da vontade do testador.

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