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Apontamentos teóricos de Executivo - 2º teste

Catarina Serra | A91478

Oposição à Execução por Embargos


® Noção
A oposição à execução por embargos encontra-se regulada:
 Quanto à ação para pagamento de quantia certa (processo ORDINÁRIO) - art.728º
a 734º CPC;
 Quanto à ação para pagamento de quantia certa (processo SUMÁRIO) – art.856º a
857º CPC.
Trata-se de um incidente de natureza declarativa, onde o executado requer ao Tribunal a
improcedência total ou parcial da execução, devido ao não preenchimento dos pressupostos
processuais da exequibilidade extrínseca ou intrínseca, ou pela verificação de um vício formal
que obsta ao prosseguimento da execução. O executado “contesta o direito da parte a proceder à
execução forçada”.
Existe uma relação de total dependência entre a execução e os embargos do executado,
razão pela qual a eventual extinção da execução, por inutilidade superveniente da lide, atento o
facto de não terem sido identificados bens penhoráveis, acarreta, de igual modo, a extinção dos
embargos de executado, sem prejuízo da sua eventual renovação, caso a instância executiva
venha a ser renovada.

® Legitimidade
Regra geral
A oposição à execução só pode ser deduzida por quem figure na ação executiva com a
qualidade de executado e contra quem assuma, na execução, a qualidade de exequente. Assim,
a oposição não pode ser deduzida por um terceiro, ou seja, por quem não seja parte na execução.
Contudo, as partes do incidente de oposição à execução não têm necessariamente de serem as
mesmas que na ação executiva (exemplo: ação executiva ser intentada contra vários executados
e apenas 1 deles opta por deduzir oposição à execução).
Por outro lado, não é admissível, em princípio, a dedução de um incidente de
intervenção principal provocada, sob pena de violação do princípio da legitimidade formal
vigente na ação executiva. Contudo, sendo suscitada na oposição a exceção dilatória de
ilegitimidade, a jurisprudência tem vindo a admitir a possibilidade de haver lugar a uma
intervenção principal de terceiros, desde que essa modificação subjetiva da instância seja
fundamental para assegurar a eficácia processual da oposição à execução ou o efeito útil da
decisão a ser proferida.

® Oportunidade e prazo
AE para pagamento de quantia certa sob a forma de PROCESSO ORDINÁRIO
A oposição à execução poderá ser apresentada na sequencia do despacho de citação
do executado (antes da realização das diligências de penhora de bens - art.726º/nº6). Mas, se o
exequente tiver requerido a dispensa de citação prévia do executado e se o juiz de execução
tiver deferido o pedido (art.727º), a oposição terá lugar depois da penhora.
AE para pagamento de quantia certa sob a forma de PROCESSO SUMÁRIO
A oposição à execução só será apresentada depois da penhora, sendo cumulada com a
eventual dedução de oposição à penhora (art.856º/nº1).

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Nas 2 situações o prazo perentório para deduzir oposição à execução é de 20 dias


(art.728º/nº1 e 856º/nº1), contado a partir da citação, sem prejuízo de eventuais prazos
dilatórios (art.245º). No entanto, se estiver em causa a execução de uma sentença condenatória
nos próprios autos (art.85º/nº1 e 626º) ou a cumulação sucessiva de execuções (art.711º), sendo
que nesses casos o executado já é parte na execução, este apenas é notificado para deduzir
oposição (art.626º/nº2 e 728º/nº4), presumindo-se notificado no 3º dia posterior à notificação ou
no 1º dia útil seguinte a esse (art.247º a 249º).
Regra geral, a contagem do prazo rege-se, subsidiariamente, pelas regras gerais do
processo civil. Contudo, no processo executivo, mesmo que se verifique uma pluralidade de
executados, cada um deles deve oferecer a sua oposição dentro do respetivo prazo
(art.728º/nº3), pois não se aplica o princípio do benefício do prazo (art.569º/nº2). Se a matéria
da oposição à execução for objetivamente superveniente o prazo conta-se a partir do momento
em que se tenha verificado o facto que serve de fundamento; se a matéria for subjetivamente
superveniente o prazo conta-se a partir do momento em que o executado tenha conhecimento
dele.

® Fundamentos
Os fundamentos variam de acordo com o título executivo que serviu de base à execução.

1. Fundamentos de oposição à execução baseada em sentença condenatória


Nos termos do art.729º CPC, no caso de sentença condenatória os fundamentos para a
oposição da execução são taxativos, uma vez que já existiu uma fase declarativa prévia, em
que as partes tiveram a oportunidade de discutir o mérito da causa.

A. Inexistência ou inexequibilidade do título (art.729º (a) CPC)


A inexistência do título executivo verifica-se quando:
 Não seja apresentado qualquer título executivo;
 Exista uma contradição entre o pedido e o título executivo”;
 O documento que serve de base à execução não se enquadre no elenco taxativo do
art.703º;
 O executado não figure como devedor no título executivo que serve de base à execução.
A inexequibilidade do título verifica-se quando o mesmo não reúna os requisitos formais e
substanciais exigidos pela lei para ser considerado título executivo.

B. Falsidade do processo ou do translado ou infidelidade deste, quando uma ou


outra influa nos termos da execução (art.729º (b) CPC)
O executado pode invocar que o processo declarativo onde foi proferida a sentença
objeto de execução é falso, contudo, só é suscetível quando diga respeito à totalidade do
processo declarativo ou à sentença nele proferida e influa nos termos da execução. Assim, não
pode deduzir oposição à execução com fundamento na falsidade de um ato ou documento
constante no processo declarativo. Ademais, o executado pode invocar a falsidade do
translado (falsidade da certidão emitida pelo Tribunal, donde consta a sentença, com indicação
da data do transito em julgado), ou da infidelidade deste (existência de uma divergência/
desconformidade entre a certidão e o documento original). No entanto, só é suscetível de
constituir fundamento de oposição quando esse vício possa influir nos termos da execução.
Em suma, o executado pode deduzir oposição com fundamento num processo judicial
em falta/ falso ou a sua translação contém uma falsidade, desde que isso afete a execução.

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C. Falta de qualquer pressuposto processual de que dependa a regularidade da


instância executiva, sem prejuízo do seu suprimento pelo juiz de execução nos
casos em que esteja em causa um vício sanável (art.729º (c) CPC)
Tratam-se de situações em que se verifique a falta de um pressuposto processual,
referente ao Tribunal, às partes ou ao objeto, que seja suscetível de comprometer a
regularidade da instância executiva, dando lugar à absolvição do executado da instância ou à
remessa do processo para o Tribunal competente (art.278º, 576º e 577º) – Exemplos: falta de
personalidade judiciária (art.11º a 14º); falta de capacidade judiciária (15º a 29º);
ilegitimidade (art.53º a 55º); coligação ilegal (art.56º), falta de patrocínio judiciário
obrigatório (art.58º); cumulação indevida de execuções (art.709º a 711º); incompetência
absoluta do Tribunal (art.96º a 101º); litispendência (art.580º a 582º) e a nulidade de todo o
processo, por ineptidão do requerimento executivo (art.186º).

D. Falta de intervenção do réu no processo de declaração, verificando-se alguma


das situações previstas na al. e do art.696º (art.729º (d) CPC)
Na execução de uma sentença condenatória, em cujo processo o réu, agora executado,
tenha estado em situação de revelia absoluta (art.566º), este pode invocar a falta de citação
(art.188º a 190º) ou a nulidade da citação no processo declarativo (art.191º), o
desconhecimento da citação, por facto que não lhe seja imputável, ou a impossibilidade de ter
apresentado a contestação, por motivo de força maior. Assim, a lei permite ao executado
apresentar oposição à execução com os mesmos fundamentos do art.696º (E). No entanto, não
pode ter sido o próprio executado a colocar-se voluntariamente naquela situação de facto
suscetível a inviabilizar a citação, o desconhecimento da mesma ou a impossibilidade de
contestação, sob pena de se verificar um abuso de direito, na modalidade de venire contra
factum proprium.
A lei determina que estes fundamentos só são atendíveis desde que o processo tenha
corrido à revelia, por falta absoluta do réu no processo, até ao proferimento da sentença
condenatória.

E. Incerteza, inexigibilidade ou iliquidez da obrigação exequenda, não suprida na


fase introdutória da execução, nos termos do art.713º a 716º (art.729º (e) CPC)
A obrigação exequenda deve ser certa, líquida e exigível, razão pela qual o processo
executivo inicia-se pelas diligencias destinadas a tornar a obrigação certa, líquida e exigível,
quando esta ainda não o seja em face do título executivo (art.713º). Para além da existência de
um titulo executivo (exequibilidade extrínseca), a execução só pode seguir os seus termos se a
obrigação exequenda se encontrar perfeitamente determinada em relação à sua quantidade e
qualidade e se já estiver vencida ou se o seu vencimento depender de simples interpelação do
devedor (exequibilidade intrínseca). Assim, quando estas deficiências não tenham sido
supridas na fase inicial da ação executiva, o executado pode deduzir embargos com esse
fundamento.

F. Caso julgado anterior à sentença que se executa, nos termos do art.625º


(art.729º (f) CPC)
A invocação do caso julgado anterior é admissível, quando não apreciada na fase
declarativa, pois uma vez apreciada aí a questão, há apenas que respeitar o caso julgado já
informado. Assim, se tiverem sido proferidas 2 decisões contraditórias sobre a mesma
pretensão, o executado poderá deduzir oposição à execução por embargos, se estiver em
causa a execução da decisão que tiver transitado em julgado em 2º lugar. Porque, nos

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termos do art.625º/nº1, havendo 2 decisões contraditórias sobre a mesma pretensão, cumpre-se a


que passou em julgado em 1º lugar.
G. Qualquer facto extintivo ou modificativo da obrigação, desde que seja
posterior ao encerramento da discussão no processo de declaração e se prove
por documento (art.729º (g))
Exemplos: invocação pelo executado da caducidade, da prescrição, do pagamento, da
dação em cumprimento, da novação, da remissão ou da confusão.
O facto extintivo ou modificativo da obrigação só pode ser invocado em sede de
oposição à execução desde que seja posterior ao encerramento da discussão no processo
declarativo. Uma vez que no processo declarativo vigora o princípio da concentração da
defesa na contestação (art.573º/nº1), o executado não pode invocar, em sede de oposição à
execução, algum facto modificativo ou extintivo da obrigação que já se verificasse aquando do
decurso do prazo de contestação no processo declarativo ou que fosse superveniente à
contestação, mas anterior ao encerramento da fase de discussão e julgamento.
Por outro lado, os factos modificativos ou extintivos da obrigação só podem, em
princípio, ser provados através de documento, o qual deve ser junto, de imediato, com a
petição de embargos. Excetua-se desta regra a prescrição do direito ou da obrigação, a qual
pode ser provada por qualquer meio (art.729º (g)).

H. Contracrédito sobre o exequente, com vista a obter a compensação de créditos


(art.729º (h))
O executado só pode invocar a titularidade de um contracrédito sobre o exequente desde
que se encontrem preenchidos os requisitos da compensação (art.847º CC): (a) que o crédito
seja exigível; (c) que as 2 obrigações tenham por objeto coisas fungíveis da mesma espécie e
qualidade.
Torna-se necessário que o executado seja credor do exequente, liberando a dívida
exequenda com base no seu crédito. O executado só pode invocar a compensação de créditos
em sede de oposição à execução desde que essa invocação não fosse possível no âmbito do
processo declarativo em que se formou o titulo executivo judicial. E esta compensação só pode
ser invocada tendo em vista a extinção parcial ou total da execução, estando vedada a
possibilidade de pedir, em sede reconvencional, a condenação do exequente no pagamento da
diferença entre os créditos quando o credito do executado exceda o do exequente.

I. Tratando-se de sentença homologatória de confissão ou translação, qualquer


causa de nulidade ou anulabilidade desses atos (art.729º (i))
Nestes casos, não houve julgamento, o juiz ratifica/aceita uma transação feita pelas
partes ou uma confissão pelo réu, ou seja, estas não decorrem de uma convicção do juiz. Isto
significa que, tratando-se destes tipos de sentenças, podem ser invocadas causas de
nulidade/anulabilidade destas como fundamento, sendo essas causas as mesmas de qualquer
negócio jurídico. Enquadram-se aqui a incapacidade, o erro, o dolo, a coação ou a simulação,
bem como os casos em que a nulidade da confissão ou da transação resulte da falta de poderes
do mandatário judicial ou da irregularidade do mandato, não tendo a sentença homologatória
sido notificada pessoalmente ao mandante para efeitos de ratificação do ato praticado pelo
mandatário (art.291º/nº3).

2. Fundamentos de oposição à execução baseada em requerimento de injunção

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O art.857º/nº1 estabelece que se fundamentando a execução em requerimento de injunção


no qual tenha sido aposta fórmula executória, para além dos fundamentos previstos no
art.729º, aplicados com as devidas aplicações, o executado pode igualmente invocar em sede
de oposição os meios de defesa que não devem considerar-se precludidos, nos termos do
art.14ºA do anexo do DL nº269/98, de 1 setembro.
Ao equiparar o requerimento de injunção no qual tenha sido aposta a fórmula executória à
sentença condenatória, a lei obriga o requerido a concentrar a sua defesa na oposição à
injunção, sob pena de, não o fazendo, ser-lhe vedada a possibilidade de se defender com a
mesma amplitude em sede de oposição à execução.
Em particular, relativamente à alegação de factos modificativos e extintivos da obrigação, a
lei apenas permite que o executado invoque factos que sejam posteriores ao termo do prazo de
oposição no procedimento de injunção. De acordo com o art.857º/nº1, o requerido no âmbito de
um procedimento de injunção, que seja pessoalmente notificado através de alguma das formas
do art.255º/ nº2 a 5, deve ser expressamente advertido do efeito cominatório que resulta da não
dedução de oposição à injunção, consubstanciado no facto de ficarem precludidos os meios de
defesa que nela poderiam ser invocados. Ou seja, o requerido deve ser avisado de que, se não
deduzir oposição à injunção, ficará impedido de, em sede de oposição à execução, invocar
factos extintivos ou modificativos que sejam anteriores à aposição da fórmula executória no
requerimento de injunção.

® Formalidades
Constituindo os embargos de executado uma verdadeira “ação declarativa em que a
petição funciona como oposição ao requerimento inicial de execução”, a respetiva petição
deve obedecer, com as devidas adaptações, às formalidades previstas no art.552º.

® Efeito
Regra geral
Tanto no processo executivo ordinário, como no sumário, o recebimento dos
embargos não suspende o processo executivo – EM REGRA NÃO TEM EFEITO
SUSPENCIVO (art.733º/nº1, a contrario). Assim, é irrelevante a alegação, pelo executado, de
que o prosseguimento da execução é suscetível de causar-lhe prejuízos irreparáveis. A
justificação desta regra encontra fundamento no favorecimento da celeridade do processo
executivo e na satisfação do crédito exequendo, e na necessidade de se impedir a dedução de
embargos com a finalidade meramente dilatória, visando apenas a suspensão da execução.
De todo o modo, nem o exequente, nem qualquer outro credor podem obter o
pagamento sem a prestação de uma caução (art.733º/nº4). Esta medida visa proteger o
executado na eventualidade de a oposição à execução vir a ser julgada procedente. Ademais, se,
entretanto, for penhorada a casa de morada efetiva do executado, este pode requerer ao juiz
de execução que esse bem não seja vendido enquanto não for proferida uma decisão, em 1ª
instancia, sobre os embargos, desde que, para o efeito, comprove que essa venda é suscetível de
causar-lhe prejuízo grave e dificilmente reparável (art.733º/nº5).

Exceções
Excecionalmente, a lei prevê a possibilidade de a instância ficar suspensa até ao
transito em julgado da decisão de mérito que vier a ser proferida no incidente de embargos de
executado, no entanto, essa suspensão não produz efeitos absolutos ou irreversíveis
(art.733º/nº2 e 3). A execução suspensa prossegue se os embargos estiverem parados durante

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mais de 30 dias, por negligencia do embargante, ou seja, a lei sanciona, com o prosseguimento
das diligencias executivas, a atuação culposa, abusiva e dilatória do embargante. Ademais,
ainda que a execução esteja suspensa, nada impede a prática de atos urgentes, que se destinem a
evitar dano irreparável – venda antecipada de bens penhorados (art.814º). Caso tenha sido
penhorado um rendimento periódico auferido pelo executado (salário, rendas ou pensão) a
suspensão não obsta à continuação dessa penhora até ao pagamento total da dívida exequenda
(art.735º/nº3).
Situações excecionais:
a. Prestação de caução (art.733º/nº1 (a))
O recebimento dos embargos de executado determina a suspensão do prosseguimento da
execução se o embargante prestar caução, garantindo o pagamento da dívida exequenda e das
despesas previsíveis da execução (juros de mora, custas da execução e honorários e despesas do
agente de execução), uma vez que o exequente fica salvaguardado em virtude da paralisação da
execução. Caso a oposição à execução veja a ser julgada improcedente, a quantia exequenda e
as despesas da execução poderão ser satisfeitas através da caução que tiver sido prestada pelo
exequente (art.650º/nº3 e 4 ex vi art.733º/nº6). A caução pode ser prestada através de
qualquer meio idóneo que garanta a sua efetividade (art.623º/nº2 CC).
Se a ação executiva seguir a forma sumária e se a penhora realizada já permitir o
pagamento da totalidade da dívida e despesas da execução (art.735º/nº3), o executado pode
requerer ao juiz de execução a dispensa da prestação de caução. Caso a penhora permitir o
pagamento parcial da dívida e das despesas, pode requerer o apenas a caução dessa diferença.
b. Impugnação da genuinidade da assinatura (art.733º/nº1 (b))
Sendo uma execução fundada em documento particular (cheque, letra ou livrança), os
embargos de executado suspendem a execução se o embargante tiver impugnado a
genuinidade da assinatura. Sendo que o embargante deve, no próprio articulado de oposição à
execução, apresentar documento que constitua prova (CC, passaporte, carta de condução). No
entanto, o recebimento dos embargos do executado só determinará a suspensão da execução
desde que o juiz, depois de ouvir o embargado, entenda que se justifica a suspensão da
execução sem prestação de caução. Assim, é necessário que o juiz se convença da séria
possibilidade de a assinatura não ser do devedor e que a impugnação da autenticidade da
assinatura é séria e minimamente consistente com base num juízo de probabilidade quanto a
essa ingenuidade.
c. Impugnação da exigibilidade ou da liquidação da obrigação (art.733º/nº1 (c))
O recebimento dos embargos de executado suspende a execução se o executado tiver
impugnado a exigibilidade ou a liquidação da obrigação exequenda, sendo necessário o
juiz considerar, ouvido o embargado, que se justifica a suspensão da execução, sem
necessidade de prestação de caução.
d. Falta absoluta de intervenção do réu no processo de declaração (art. 733º/nº1 (d))
O recebimento dos embargos suspende o prosseguimento da execução se a oposição tiver
por fundamento, nos termos do art.729º (d), qualquer das situações previstas no art.696 (e), ou
seja, a condenação do réu em situação de revelia absoluta. A sua justificação encontra
fundamento no direito a um processo justo e equitativo (art.10º DUDH, art.6º CEDH, art.4º
CRP e art.3º CPC), já que a execução não pode prosseguir os seus termos sem antes se apurar se
o réu, ora executado, teve ou não possibilidade de exercer adequadamente o seu direito de

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defesa no âmbito do processo de declaração do qual resultou o título que serve de base á
execução.

® Tramitação
Apresentada oposição à execução e não havendo motivo para recusa, esta deve ser
autuada por apenso ao processo executivo, sendo que a secretaria remete o oposição ao juiz
para apreciação liminar.
OPOSIÇÃO LIMINARMENTE INDEFERIDA
O juiz pode indeferir liminarmente a oposição à execução em 3 situações
(art.732º/nº1):
1. Se a oposição tiver sido deduzida fora do prazo (prazo perentório de 20 dias);
2. Se os fundamentos invocados pelo executado não se encontrarem previstos no
art.729º a 731º e 857º;
3. Se a oposição for manifestamente improcedente. Aqui, para além de a decisão
dever ser devidamente fundamentada, está reservada às “situações de evidente e
absoluta certeza jurídica de que os fundamentos invocados nunca poderiam
proceder qualquer que seja a interpretação jurídica que se faça dos preceitos legais,
ou seja, quando não haver na doutrina ou na jurisprudência quem os defenda”.
OPOSIÇÃO LIMINARMENTE DEFERIDA
Sendo liminarmente recebida a oposição à execução, a secretaria de execução deve
proceder à notificação do exequente para que este, querendo, apresente contestação, dentro
do prazo de 20 dias, seguindo-se os termos do processo comum declarativo (art.732º/nº2), ou
seja, nem o exequente pode deduzir defesa por reconvenção (art.266º), em sede de contestação,
nem o executado pode apresentar réplica (art.584º) ou proceder à ampliação do pedido (art.264º
e 265º).
Assim o exequente pode ou não apresentar contestação.
 Se o exequente APRESENTAR CONTESTAÇÃO aos embargos, o executado
pode impugnar os documentos apresentados pelo exequente (art.444º e 446º) e
responder, no início da audiência prévia ou da audiência final, às exceções
deduzidas pelo exequente no seu articulado de contestação (art.3º/nº4).
 Se o exequente NÃO APRESENTAR CONTESTAÇÃO, aplica-se o regime da
revelia relativa (art.567º/nº1), não se considerando confessados os factos
alegados na oposição à execução que estiverem em contradição com os
alegados pelo exequente no requerimento executivo. Ou seja, a falta de
contestação aos embargos não tem, necessariamente, efeito cominatório.
A PROCEDÊNCIA DOS EMBARGOS do executado extingue total ou parcialmente
a execução conforme a oposição seja julgada total ou parcialmente procedente (art.732º/nº4).
No entanto, se a procedência se fundar na falta de intervenção do réu no processo declarativo
(art.696º (e) e 729º (d), o exequente pode requerer, no prazo de 3o dias a contar do transito em
julgado da decisão dos embargos, a renovação da instancia desse processo, isto é, do processo
em que se tenha verificado a revelia absoluta do réu (art.732º/nº5). Nos termos do

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art.732º/nº6, a sentença proferida produz igualmente caso julgado quanto à existência,


validade e exigibilidade da obrigação exequenda, ou seja, sob pena de violação do caso
julgado, o exequente não pode repetir a causa contra o mesmo executado e com base na mesma
obrigação exequenda, sendo que, do mesmo modo, o executado não pode voltar a abrir a
discussão.

Penhora
® Noção
Enquanto garantia especial das obrigações, a penhora traduz-se numa apreensão judicial
do património do executado, com vista à sua posterior venda executiva e subsequente
satisfação da dívida exequenda e das despesas da execução, através do produto da venda.
Assim, se o devedor não cumprir voluntariamente a obrigação a que se encontra vinculado, o
credor tem o direito de exigir judicialmente o seu cumprimento e de executar o seu património
(art.817º CC).
A lei consagra o princípio da patrimonialidade, segundo o qual todos os bens do
devedor, que sejam suscetíveis de penhora, respondem em regra, pela obrigação (art.601º
CC e 735º/nº1 CPC), ou seja, o património do devedor é a garantia do credor/es. Excetuam-se
deste princípio as situações em que a lei preveja a impenhorabilidade dos bens (regimes de
impenhorabilidade absoluta, relativa ou parcial – art.736º a 739º) ou a autonomia
patrimonial decorrente da separação de patrimónios (regimes da responsabilidade pelas
dividas dos cônjuges – art.740º a 742º-, de penhora em caso de comunhão ou de
compropriedade – art-743º-, de execução contra o herdeiro – art.744º- e de penhorabilidade
subsidiária – art.745º).

® Efeitos
Ineficácia da disposição, oneração ou arrendamento de bens penhorados
A penhora, enquanto ato preparatório da venda executiva, vincula os bens por ela
atingidos à satisfação do direito do credor (art.817º CC). Assim, visando impedir que o
executado pudesse diminuir o valor dos bens penhorados ou inutilizar a sua venda executiva, a
lei substantiva determina que, sem prejuízo das regras do registo, são inoponíveis à execução
os atos de disposição, oneração ou arrendamento dos bens penhorados (art.819º CC), assim
como a extinção dos créditos penhorados, por causa dependente da vontade do executado ou
do seu devedor (art.820º CC e 773º CPC). Ou seja, a disposição, oneração ou o arrendamento de
um bem penhorado, ou a extinção do crédito penhorado por causa dependente da vontade do
executado ou do seu devedor, são atos válidos - a penhora não extingue o direito de
propriedade do executado ou a titularidade do direito de crédito-, mas a eficácia plena desses
atos fica dependente do desfecho da execução, sendo inoponível à própria execução. Trata-
se de uma eficácia relativa.
Tratando-se da penhora de BENS IMÓVEIS OU MÓVEIS SUJEITOS A REGISTO,
regem as regras gerais do registo. Com efeito, a subordinação dessa eficácia às regras do
registo tem por fim proteger a boa-fé de terceiros, aos quais é inoponível a penhora, enquanto
não registada. Assim, são inoponíveis à execução os atos de disposição, oneração ou

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arrendamento que tenham sido constituídos ou registados após o registo da penhora dos
bens.
Tratando-se da penhora de BENS MÓVEIS NÃO SUJEITOS A REGISTO são
inoponíveis à execução os atos de disposição, oneração ou aluguer que sejam praticados
em momento posterior à data e hora mencionadas no auto de penhora (art.766º/nº1). O
mesmo ocorre com a penhora de créditos do devedor (art.773º/nº1).
Uma vez que a indisponibilidade do bem após a penhora pode trazer prejuízos para o
executado, a jurisprudência tem admitido a possibilidade de este requerer o pagamento de uma
indemnização por esses danos, nomeadamente quando a penhora tenha sido ilicitamente
efetuada.

Preferência resultante da penhora


O art.822º/nº1 estipula que “salvo nos casos especialmente previstos na lei, o exequente
adquire pela penhora o direito de ser pago com preferência a qualquer outro credor que não
tenha garantia real anterior”, ou seja, o exequente adquire um direito legal de preferência.

Perda do poder de fruição ou limitação ao seu exercício


A penhora pode implicar a perda da posse do executado sobre os bens penhorados,
os quais são apreendidos, removidos e entregues a um fiel depositário. É o que sucede com a
penhora de bens móveis não sujeitos a registo que sejam encontrados na posse do executado
(art.764º/nº1) já que a penhora implica a transferência para o tribunal dos poderes de gozo que
integram o direito do executado, perdendo este o poder de fruição da coisa derivado do direito
de propriedade.

® Limites da penhora
Objeto da execução (art.735º)
Nº1: “Estão sujeitos à execução todos os bens do devedor suscetíveis de penhora que, nos
termos da lei substantiva, respondem pela dívida exequenda”. Assim, a regra geral vigente é a
de que só podem ser penhorados bens que pertençam ao devedor.

Nº2: “Nos casos especialmente previstos na lei, podem ser penhorados bens de terceiro, desde
que a execução tenha sido movida contra este”. Em regra, só podem ser penhorados bens do
devedor que tenha sido demandado em sede executiva, o certo é que a lei prevê, em
determinados casos excecionais, a possibilidade de serem penhorados bens de terceiro
(art.818º CC e 735º/nº2 CPC). É o que sucede nos casos em que os bens do terceiro estejam
vinculados à garantia do crédito (através de penhor ou de hipoteca) ou quando tenham sido
objeto de um ato de disposição patrimonial praticado em prejuízo do credor, que este haja
impugnado de forma procedente, através de uma impugnação pauliana (art.616º/nº1 818º CC).
Em todo o caso, a execução patrimonial de bens de terceiro só é admissível desde que a ação
executiva tenha sido intentada contra ele, sendo essa a razão pela qual a lei prevê a existência de
exceções ao princípio da legitimidade formal (art.54º/nº2).

Nº3: “A penhora limita-se aos bens necessários ao pagamento da dívida exequenda e das
despesas previsíveis da execução, as quais se presumem, para o efeito de realização da
penhora e sem prejuízo de ulterior liquidação, no valor de 20%, 10% e 5% do valor da

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execução”. Este número pressupõe o princípio da proporcionalidade e, neste sentido, o


processo executivo surge enquanto instrumento que visa introduzir limite jurídicos e
económicos do património do devedor, suscetíveis de pagar a quantia exequenda e despesas de
execução. O legislador estabeleceu um limite das despesas presumíveis, objetivisada neste nº3
(5%, 10% ou 20%, do valor da execução, sendo o mesmo definido pelo agente da execução no
final da mesma, e em função dos valores da alçada do tribunal constantes do artigo ). Assim, o
princípio da proporcionalidade evidencia-se, desta forma, pelo facto de o limite da penhora ser
sempre o limite da quantia exequenda, mais as taxas.

Bens absoluta ou totalmente impenhoráveis (art.736º)


A lei prevê, em determinados casos, a impossibilidade absoluta de penhora de
determinados bens do executado, consagrando uma exceção ao princípio geral da
responsabilidade patrimonial do devedor (art.817ºCC e 735º/nº1 CPC), na medida em que
limita a possibilidade de o credor atingir todo o património do seu devedor. A lei procura
conciliar os interesses antagónicos do credor e do devedor.
Situações excecionais de total impenhorabilidade:
 Coisas ou direitos inalienáveis (al. a) – Exemplos: direitos de personalidade ou direito
de uso e habitação;
 Os bens de domínio público do Estado e das restantes pessoas coletivas públicas ( al. b);
 Objetos cuja apreensão seja ofensiva dos costumes ou careça de justificação económica,
pelo seu diminuto valor venal (al. c). A jurisprudência tem vindo a entender que o
conceito de “bons costumes” reveste natureza indeterminada, necessitando de ser
analisada casuisticamente, em função da moral social dominante. Assim, a penhora será
ofensiva dos bens costumes quando pode ser qualificada como imoral (exemplo:
penhora da aliança de casamento; de objetos que possuem pouco valor económico e
que sejam lembranças de família). A 2ª parte da norma abrange quer os bens que não
têm qualquer valor comercial, quer os casos em que as despesas com a alienação desses
bens sejam superiores ao próprio valor dos bens.
 Os objetos especialmente destinados ao exercício de culto público ( al. d) – Exemplos:
mobiliários religiosos, imagens sagradas, paramentos religiosos e demais objetos. Não
se incluem neste âmbito os edifícios destinados ao exercício de culto público.
 Os túmulos (al. e) – Exemplos: caixões, sepulturas, jazigos, campas ou mausoléus,
apenas se se encontrarem no cemitério, independentemente de estarem ou não
ocupados.
 Instrumentos e objetos indispensáveis aos deficientes e ao tratamento dos doentes ( al.
f);
 Os animais de companhia (al. g).

Bens relativamente impenhoráveis (art.737º)


Os bens relativamente impenhoráveis são aqueles que, em princípio, não podem ser
penhorados, salvo em algumas situações legalmente previstas:
 “Bens do Estado e das restantes pessoas coletivas públicas, de entidades
concessionárias de obras ou serviços públicos ou de pessoas coletivas de utilidade
pública, que se encontrem especialmente afetados à realização de fins de utilidade
pública” (Nº1).
Estes bens estão isentos de penhora, exceto quando esteja em causa uma ação executiva
para pagamento de uma dívida que beneficie de garantia real.

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 “Instrumentos de trabalhos e os objetos indispensáveis ao exercício da atividade ou


formação profissional do executado” (Nº2).
Estes bens estão isentos de penhora, exceto se…
a) O executado os indicar para penhora – sendo impenhoráveis, tornam-se
penhorados por vontade do próprio executado, que os indica para penhora.
b) A execução se destinar ao pagamento do preço da sua aquisição ou do custo da
sua reparação – seriam impenhoráveis, mas se a execução é para cobrar dívida da aquisição
desses instrumentos de trabalho, automaticamente, tornam-se penhoráveis relativamente a essas
circunstâncias.
c) Forem penhorados como elementos corpóreos de um estabelecimento
comercial – quando bens, corpóreos e incorpóreos (muitas vezes), estão integrados num
estabelecimento comercial, quando se penhora o EC, enquanto universalidade de facto, esses
bens são considerados para a penhora (imagine-se um computador estar dento de um EC, tal
considera-se para efeitos de penhora, neste caso em concreto).
 “Estão ainda isentos de penhora os bens imprescindíveis a qualquer economia
doméstica que se encontrem na casa de habitação efetiva do executado” (Nº3).
Estes bens estão isentos de penhora, salvo quando se trate de execução destinada ao
pagamento do preço da respetiva aquisição ou do custo da sua reparação.
Deve entender-se aqui aqueles bens que são absolutamente imprescindíveis à satisfação das
necessidades básicas e diárias da generalidade das pessoas. Assim, a jurisprudência tem vindo a
considerar que o conceito de bens imprescindíveis a uma economia doméstica tem variado,
razão pela qual deve ser aferido em função do nível sociocultural e económico de qualquer
família média portuguesa (exemplos: televisão, frigorífico, computador, mesa da cozinha,
mesa da sala, cadeiras, cómoda, desde que não se tratem de objetos valiosos ou decorativos e
sem utilidade na satisfação das necessidades básicas).
Ademais, só não são penhorados os bens imprescindíveis à economia doméstica que se
encontrem depositados na casa de habitação efetiva do executado, pois existindo uma casa de
férias o caso muda de figura.

Bens parcialmente penhoráveis (art.738º)


Nº1 - “São impenhoráveis dois terços da parte líquida dos vencimentos, salários,
prestações periódicas pagas a título de aposentação ou de qualquer outra regalia social,
seguro, indemnização por acidente, renda vitalícia, ou prestações de qualquer natureza que
assegurem a subsistência do executado.”
O legislador apenas considerou a parte líquida, descontados os impostos, porque
representa a parte que ele efetivamente pode dispor (=o que efetivamente recebe).
A leitura do nº1 deve ser articulado com o nº3:
“A impenhorabilidade prescrita no n.º 1 tem como limite máximo o montante
equivalente a três salários mínimos nacionais à data de cada apreensão e como limite
mínimo, quando o executado não tenha outro rendimento, o montante equivalente a um salário
mínimo nacional.”
Precisamos então de saber qual o montante equivalente a um salário mínimo –
imaginando um executado que não tem rendimento, esse executado, nestas condições, se ganhar
o salário mínimo, tal representa para o exequente uma impenhorabilidade, não se aplicando o
nº2 - se o limite é o salario mínimo, e se este existe para garantir o mínimo de existência, este
não pode ser considerado para efeitos de penhora.

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Estes limites, apesar de existirem, observam exceções, pelo que, podemos, na realidade,
estar perante valores nos termos do nº1, sejam impenhoráveis, possam ser alvo de penhora.

Nº4 - O disposto nos números anteriores não se aplica quando o crédito exequendo for
de alimentos, caso em que é impenhorável a quantia equivalente à totalidade da pensão social
do regime não contributivo.

Nº5 - Na penhora de dinheiro ou de saldo bancário, é impenhorável o valor global


correspondente ao salário mínimo nacional ou, tratando-se de obrigação de alimentos, o
previsto no número anterior.
Em bom rigor, convém saber qual a origem do dinheiro que está numa conta bancária;
no entanto, a verdade é que se pode traduzir no salário de uma pessoa – significa que se tem de
partir do princípio que aquele depósito apenas pode ser penhorado até ao limite do salário
mínimo nacional e, nessa medida, tem de se aplicar aos depósitos bancários e ao dinheiro o
mesmo regime do nº1: mais uma vez, caso não haja outro rendimento, na medida em que,
fazendo, já não se irá aplicar este regime.
Existem casos em que se pode fazer uma ligação direta entre o salário e o depósito
(como ocorre nos casos do vencimento que é pago mediante IBAN, para a conta bancária );
nesses casos, ainda que se deva respeitar o limite previsto no nº1, o que se verifica na prática
é que, regra geral, o banco congele a conta toda, pelo que se entende que o agente de execução
deve requerer o congelamento da conta, deixando-se de fora o valor correspondente a 2/3 do
salário mínimo nacional.

Nº6 - Ponderados o montante e a natureza do crédito exequendo, bem como as


necessidades do executado e do seu agregado familiar, pode o juiz, excecionalmente e a
requerimento do executado, reduzir, por período que considere razoável, a parte penhorável
dos rendimentos e mesmo, por período não superior a um ano, isentá-los de penhora.
A professora considera que, nestes casos, deve ainda ter-se em atenção às condições do
exequente, pois podemos estar perante casos em que, por exemplo, o executado seja uma
pessoa reformada, a habitar numa casa arrendada e que viva só daquele rendimento.
Esta ponderação casuísta do juiz presente neste nº6 é extremamente importante.

Nº7- Não são cumuláveis as impenhorabilidades previstas nos nº 1 e 5.


Quando se penhora simultaneamente, o salário e conta bancaria, a verdade é que A
conta bancária poderá ser salário, e, como tal, não pode ser toda penhorada quando o executado
demonstre dizer respeito a salário.

O nº8 deste artigo, que compreende várias alíneas, está relacionado com o
esclarecimento do que é deduzido nos salários e nos montantes do nº1: já foi alvo de imensa
jurisprudência.

Quando se fala em penhora, existem vários casos específicos que devemos ter em consideração

Penhora em caso de comunhão ou de compropriedade (art. 743º)


Sendo movida uma ação executiva apenas contra algum dos contitulares do património
autónomo ou bem indiviso, não podem ser penhorados os bens compreendidos no património
comum ou na fração de qualquer deles, nem uma parte específica do bem indiviso. Isto porque o

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contitular do património autónomo ou do bem indiviso não pode alienar nem onerar uma parte
especificada desse património ou da coisa comum sem autorização dos demais contitulares
(art.1408º/nº1 e 2091º CC), sob pena de alienação ou oneração de coisa alheia (art.892º e
1408º/nº2 CC).
Apenas pode ser penhorado o direito do executado no património autónomo ou a
quota parte do executado no bem indiviso, na proporção dos respetivos titulares. Não sendo
este regime respeitado, os demais contitulares podem reagir contra a penhora através de um
incidente de embargos de terceiro, sem prejuízo da possibilidade de ser intentada uma ação
de reivindicação.

Bens a penhorar na execução contra o herdeiro (art.744º)


A ação executiva pode ser promovida, ab initio ou na sua pendencia, contra o sucessor
na obrigação, quando essa sucessão revista uma natureza mortis causa (art.54º/nº1). Se uma
ação executiva tenha sido proposta contra o herdeiro do devedor que tenha aceite a herança
(art.2062º a 2067º CC), só podem ser penhorados os bens que ele tiver recebido do autor da
herança (art.744º/nº1), à luz do princípio segundo o qual, pelas dívidas da herança, apenas
respondem os bens dessa mesma herança.
Consequentemente, se a penhora recair sobre outros bens que o herdeiro não tenha
recebido do autor da herança, este pode requerer ao agente de execução o levantamento da
penhora desses bens, sendo a penhora levantada, desde que o exequente não se oponha e o
herdeiro indique os bens que tenha efetivamente recebido pela herança.
Se o exequente se opuser ao levantamento da penhora, tudo dependerá do modo como
o herdeiro aceitou a herança – aceitação pura e simples ou aceitação a benefício de inventário
(art.2052º/nº1 CC). Se a herança tiver sido aceite de forma pura e simples, recai sobre o
herdeiro o ónus de prova de que os bens penhorados não pertencem à herança , perante o
juiz de execução, nos termos do art.744º/nº3. Se a herança tiver sido aceite a benefício de
inventário, caberá ao exequente comprovar a existência de outros bens que não foram
inventariados (art.2071º/nº1 CC) ou que os bens penhorados provieram efetivamente da
herança.

Penhorabilidade subsidiária (art.735º)


o Subjetiva
A penhorabilidade subsidiária subjetiva significa que o património de uma determinada
pessoa só pode ser penhorado na falta ou insuficiência do património de uma outra (caso
paradigmático – fiança).
A fiança traduz-se numa garantia pessoal da obrigação, sendo que esta não pode exceder a
dívida principal, nem ser contraída em condições mais onerosas do que aquela (art.631º CC). O
fiador goza, em regra, do benefício da excussão prévia, ou seja, pode recusar o cumprimento
enquanto o credor não tiver excutido todos os bens do devedor sem obter a satisfação do seu
crédito, salvo se tiver renunciado a esse benefício (art.638º e 640º (a) CC).
De acordo com o regime da penhorabilidade subsidiária subjetiva, se for movida ação
executiva apenas contra o devedor subsidiário e se este invocar, de forma fundamentada, o
benefício da excussão prévia (art.641º/nº1CC e 745º/nº1) – seja contestando a alegação da
renúncia feita pelo exequente, seja indicando bens do devedor principal – não podem ser
penhorados os seus bens enquanto não estiverem excutidos todos os bens do devedor
principal. Assim, sendo instaurada a execução apenas contra o devedor subsidiário
(art.641º/nº1 CC) e invocando este, em sede de oposição à execução, o benefício da excussão

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prévia, o exequente pode requerer, no próprio processo, o chamamento à execução do devedor


principal, o qual será citado para proceder ao pagamento integral da dívida ou deduzir oposição
(art.745º/nº2). Se a execução tiver sido movida apenas contra o devedor principal e os bens
deste se revelarem insuficientes, pode o exequente requerer, no mesmo processo, mediante a
dedução de um incidente de intervenção principal provocada, a execução contra o devedor
subsidiário, que será citado para o efeito (art.745º/nº3). Art.638º/nº1CC + art.745º/nº4.
o Objetiva
A penhorabilidade subsidiária objetiva verifica-se nos casos em que a penhora só pode
recair sobre um determinado bem depois de ter sido penhorado um outro bem, cuja
execução não foi suficiente para garantir a satisfação da dívida exequenda e das suas
despesas (exemplos: art.1695º CC; art.1696º CC e 740º/nº1 CPC; art.752º/nº1 CPC).
Assim, a penhora deve iniciar-se pelos bens que, de acordo com a lei, respondam
primeiramente pela dívida, sob pena de ilegitimidade da penhora. O exequente pode requerer
a penhora imediata de bens que só subsidiariamente responderiam pela dívida, desde que, para
isso, demonstre a manifesta falta ou insuficiência dos bens que deviam responder
prioritariamente (art.745º/nº4).

Meios de reação à penhora


Existem 5 meios de reação contra a penhora ilegal:
 Oposição por simples requerimento (art.764º/nº3);
 Oposição à penhora (art.784º e 785º);
 Embargos de terceiro (art.342ºss);
 Ação de declaração da titularidade do direito que obste à realização ou ao âmbito da
penhora (art.10º/nº3 (a) e 346º);
 Ação de reivindicação (art.1311º CC e 346º, 840º e 841º CPC).

 Oposição à penhora (art.784º e 785º)


Âmbito e fundamentos
A oposição à penhora constitui um meio processual privativo do executado (art.784º/nº1)
e, nos casos previstos no art.786º/nº1 (a) e 787º/nº1, do seu cônjuge, ou seja, trata-se de um
meio de defesa do património do executado. Assim, a oposição à penhora pode ser deduzida
quando esta viole a lei, podendo ter como fundamentos … (art.784º/nº1):
a. A inadmissibilidade da penhora dos bens concretamente apreendidos ou da extensão
com que ela foi realizada:
 Tenham sido penhorados bens absolutamente impenhoráveis (art.736º) ou bens
relativamente impenhoráveis, fora das hipóteses em que a lei permite a penhora
(art.737º);
 Tenham sido penhorados bens parcialmente penhoráveis fora dos limites
previstos (art.738º);
 Tenham sido penhorados bens superiores ao valor da dívida, em violação do
princípio da proporcionalidade (art.735º/nº3 e 751º); …
b. A imediata penhora de bens que só subsidiariamente respondem pela dívida
exequenda. Exemplo: art.1696ºCC e art.740º/nº1; art.1695ºCC; art.745º/nº1CC;
art.752º/nº1. Contudo, a oposição fundada neste argumento apenas será procedente se o
executado indicar, nesse articulado, quais os bens concretos que deviam ser penhorados
em 1º lugar e não o foram. Pois, inexistindo esses bens não há nenhuma ilegalidade na
penhora. Por outro lado, a oposição à penhora será julgada improcedente se o exequente

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demonstrar a insuficiência manifesta dos bens que deveriam responder em 1º pela


dívida (art.745º/nº5).
c. A incidência da penhora sobre bens que, não respondendo, nos termos do direito
substantivo, pela dívida exequenda, não deviam ter sido atingidos pela diligência.
Exemplos: art.744º; art.602º CC; art.603º CC; art.1184º CC; art.2294º CC. Fica
excluída deste fundamento a alegação, pelo executado, de que os bens não podiam ser
penhorados, pelo facto de pertencerem a um terceiro, pois resulta claramente do
art.784º/nº1 que a oposição à penhora só pode ser deduzida quando tenham sido
penhorados “bens pertencentes ao executado”.

Tramitação
 Processo comum ordinário – o executado deve deduzir oposição à penhora no prazo
de 10 dias a contar da notificação do ato da penhora (art.785º/nº1 e 753º/nº2 e 4).
 Processo comum sumário ou processo comum ordinário em que o juiz tenha
dispensado a citação prévia (art.727º) – uma vez concretizada a penhora, o executado
deve ser citado para a execução e, simultaneamente, notificado do ato de penhora, caso
em poderá deduzir, em cumulação e no prazo de 20 dias, embargos de executado e
oposição à penhora (art.856º/nº1).

À luz do art.732º/nº1 ex vi art.785º/nº2, a oposição à penhora deve ser indeferida


liminarmente pelo juiz de execução quando se verifique algum dos casos: (1) tenha sido
deduzida fora do prazo; (2) o fundamento não se enquadre em nenhuma das situações do
art.785º/nº1; (3) a oposição à penhora seja manifestamente improcedente.
Sendo recebida pelo juiz de execução, o exequente é notificado para apresentar
contestação no prazo de 10 dias (art.293º/nº2 ex vi 785º/nº2), mas se esta for cumulada com
oposição à execução, o exequente tem o prazo único de 20 dias para contestar as 2
(art.732º/nº2 ex vi 856º/nº3).
A oposição à penhora só suspende a execução se o executado prestar caução e
circunscreve-se aos bens a que a oposição diga respeito, podendo prosseguir sobre os bens que
não foram objeto de oposição (art.785º/nº3). Assim, se a execução prosseguir, nem o
exequente, nem outro credor podem obter pagamento na pendencia da oposição, sem
prestar caução (art.785º/nº5). No entanto, se a penhora incidir sobre a CASA DE
HABITAÇÃO EFETIVA do executado, este pode requerer ao juiz que a venda desse bem fique
a aguardar pela decisão a ser proferida em 1ª instância quanto ao mérito da oposição à penhora
(art.733º/nº5). Sendo a oposição à penhora julgada procedente, o agente de execução deve
proceder ao levantamento da penhora (art.785º/nº6).

 Embargos de terceiro (art.342ºss)


Âmbito
Os embargos de terceiro constituem um meio de defesa da posse ou de um direito
incompatível do terceiro sobre um determinado bem, traduzindo-se num meio de reação contra
a penhora desse bem. Para além de constituírem um meio possessório, destinado à tutela do
possuidor em nome próprio (art.1285º CC), os embargos de terceiro podem igualmente ser
deduzidos por qualquer terceiro que seja titular de um direito incompatível com a
penhora, isto é, que obste à venda do bem e subsequente satisfação do crédito exequendo pelo
produto resultante dessa venda.

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Apontamentos teóricos de Executivo - 2º teste
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Natureza
Os embargos de terceiro surgem configurados como um incidente de intervenção de
terceiros numa instância já constituída, na medida em que permitem a um terceiro intervir na
ação executiva para fazer valer um direito próprio, total ou parcialmente incompatível, com o
exequente ou executado.

Modalidades
 Repressivos  quando são utilizados como meio de reação contra a penhora de um
bem ou direito, que ofenda a posse ou direito incompatível com a penhora
(art.342º/nº1).
 Preventivos  quando visam proteger a posse ou o direito de terceiro incompatível
com a penhora, que ainda não tenha sido realizada, mas está em vias do o ser
(art.350º/nº1), desempenhando uma função cautelar.
Requisitos
a. O embargante seja terceiro;
Os embargos de terceiro não podem ser deduzidos pelo executado, nem por quem tenha
sido citado para a execução, tal como sucede, por exemplo, com o seu cônjuge, no caso de ter
sido citado para requerer a separação de bens, em virtude da penhora de bens comuns do casal
(art.740º/nº1), ou com o possuidor dos bens pertencentes ao devedor, quando a execução, nos
termos do art.54º/nº4, tenha sido movida contra os 2.
O cônjuge do executado que tenha a posição de terceiro, isto é, que não tenha sido citado
para a ação executiva, pode, sem autorização do executado, defender por meio de embargos os
direitos relativamente aos bens próprios e aos bens comuns que tenham sido indevidamente
atingidos pela penhora (art.343º). É o que sucede nos casos em que, em execução movida
apenas contra 1 dos cônjuges, por divida própria deste, tenham sido penhorados os bens
próprios do outro cônjuge ou bens comuns do casal, não tendo o outro sido citado para requerer
a separação de bens (art.1696º CC e 740º/nº1). O outro cônjuge tem então o ónus de alegar e
comprovar a natureza, própria ou comum, dos bens penhorados.
b. Que o terceiro tenha a posse do bem ou seja titular de um direito incompatível com a
penhora desse bem;
c. Que essa posse ou esse direito tenha sido ofendido, ou possa vir a sê-lo, pela penhora
ou por uma diligência judicial de apreensão ou entrega de bens.
Prazo
O prazo varia consoante os embargos revistam natureza preventiva ou repressiva.
 Natureza preventiva
Aqui os embargos de terceiro podem ser deduzidos antes de realizada, mas depois de
ordenada, a diligência de penhora ou de apreensão de bens. Só podem ser deduzidos
enquanto a penhora não for realizada, pois não podem ocorrer depois de realizada a penhora.
 Natureza repressiva
Aqui os embargos de terceiro devem ser deduzidos no prazo de 30 dias após a data em
que a penhora foi efetuada ou em que o embargante deva ter conhecimento, mas nunca
depois de os respetivos bens terem sido judicialmente vendidos ou adjudicados (art.344º/nº2).
Este prazo reveste natureza judicial, suspendendo-se nas férias judiciais (art.138º/nº4).
Se os embargos de terceiro forem deduzidos depois de decorridos 30 dias após a
concretização da penhora, caberá ao embargante alegar os factos atinentes à data em que teve
conhecimento efetivo da diligência – sob pena de, não o fazendo, o juiz poder indeferir

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Apontamentos teóricos de Executivo - 2º teste
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liminarmente a petição de embargos, nos termos do art.345º - mas o ónus de prova de que os
embargos são extemporâneos recai sobre os embargados (art.343º/nº2 CC).

Legitimidade passiva
O terceiro que deduza embargos contra a penhora de um bem assume no processo
executivo uma posição oposta à do exequente (pois o terceiro procura impedir que o exequente
obtenha a satisfação do seu crédito através da venda executiva) e do executado (pois o
executado obterá uma vantagem patrimonial com a satisfação da dívida à custa de um bem que,
alegadamente, pertence a um terceiro).
Assim, os embargos de terceiro devem ser deduzidos contra o exequente e o
executado, os quais são as partes primitivas da execução, em regime de LITISCONSÓRCIO
NECESSÁRIO LEGAL (art.348º/nº1).

Tramitação
o Fase introdutória
A petição de embargos no processo executivo onde foi ou irá ser realizada a penhora do
bem de que é possuidor ou titular de um direito incompatível com essa diligencia, sendo os
embargos de terceiro tramitados por apenso a esse processo (art.344º/nº1).
Posteriormente, este é remetida ao juiz de execução, o qual pode proferir um de 3
despachos: (a) despacho de indeferimento liminar, quando seja manifesta a falta da qualidade
de terceiro do embargante ou a inexistência de um direito incompatível com a penhora ou de
posse; (b) despacho de convite ao aperfeiçoamento da petição de embargos, quando entenda
ser necessário o suprimento de insuficiências ou de imprecisões na exposição ou concretização
da matéria de facto ou a junção de algum documento; (c) despacho de realização das
diligencias probatórias que tiverem sido requeridas pelo terceiro ou que o juiz considere
relevantes (art.345º).
Produzida essa prova oferecida pelo embargante, o juiz, sem a audiência previa dos
embargados, profere um despacho de recebimento ou de rejeição dos embargos de terceiro
consoante, com base num juízo sumário (mero juízo de probabilidade séria quanto à
existência desse direito), conclua ou não pela probabilidade séria da existência da posse ou de
um direito incompatível do embargante com a penhora.
Sendo este um juízo sumário, o despacho do juiz não se encontra sujeito ao princípio da
extinção do poder jurisdicional (art.613º/n1), nem faz caso julgado formal, podendo o juiz
modificar oficiosamente o despacho por si proferido, designadamente rejeitando os embargos
que tenham sido liminarmente admitidos.
o Efeitos da rejeição ou do recebimento dos embargos
Caso os embargos forem rejeitados, tal decisão não produz efeito de caso julgado quanto
à eventual inexistência do direito de que o embargante se arroga titular (art.346º).
Caso os embargos forem recebidos, o juiz determina a suspensão da execução quanto aos
bens penhorados que tenham sido objeto dos embargos – prosseguindo, por isso, a execução em
relação a outros bens – assim como a restituição provisória da posse desses bens ao
embargante, se este houver requerido na petição inicial, podendo, todavia, condicionar essa
restituição à prestação de uma caução (art.347º). A imposição de caução constitui uma
importante medida de salvaguarda nos casos em que o juiz tenha dúvidas, no quadro do juízo
sumário inerente à fase introdutória dos embargos, quanto à probabilidade séria de existência do
direito de que o embargante se arroga titular. Assim, o valor da caução deve corresponder ao
valor do direito do embargante ou ao valor dos bens a que os embargos digam respeito.

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o Fase subsequente
Sendo recebidos os embargos de terceiro, o exequente e o executado devem ser
notificados para, querendo, deduzirem contestação, seguindo-se os termos do processo
comum de declaração. Constituindo uma verdadeira ação autónoma, o prazo é de 30 dias
(art.596º), podendo as partes defenderem-se por impugnação e por exceção (art.571º, 576º e
577º), ou deduzir reconvenção (art.266º e 583º).
Fundamentando-se os embargos apenas na posse do terceiro (art.342º/nº1), as partes podem
impugnar esta posse ou pedir ao tribunal que declare e reconheça que o executado é o
proprietário efetivo do bem (art.348º/nº2) - pedido reconvencional.
O exequente pode optar por requerer ao agente de execução a substituição da penhora do
bem por um outro bem do executado, sendo que a instância de embargos de terceiro
extingue-se, por inutilidade superveniente, logo que se verifique o levantamento da penhora
(art.754º/nº1 (d) e nº6).
o Decisão e efeitos
A sentença de mérito proferida nos embargos de terceiro constitui caso julgado material
quanto à existência da titularidade do direito invocado pelo embargante ou por algum dos
embargados. Se os embargos forem julgados procedentes, o juiz deve determinar o
levantamento da penhora que recaiu sobre os bens objeto de embargos. Se os embargos forem
julgados improcedentes, a execução prossegue os seus termos quanto a esses bens.

Concurso de credores
® Citação do cônjuge do executado e dos credores (art.786º/nº1)
Realizada a penhora de bens do devedor, segue-se a fase do concurso de credores, que tem
a finalidade de permitir a intervenção do cônjuge do executado no processo executivo, bem
como os credores do executado, para estes reclamarem os seus créditos e obterem a satisfação
dos mesmos através do produto da venda dos bens penhorados.
Este chamamento à execução é efetuado pelo agente de execução, através de citação, que
pode ser realizada por qualquer uma das modalidades previstas no art.225º, exceto a citação
edital.
Assim, deve ser citado:
 Al. a  “O cônjuge do executado, quando a penhora tenha recaído sobre bens imóveis
ou EC que o executado não possa alienar livremente (atento o disposto no art.1682ºA
CC), ou quando se verifique o caso previsto no art.740º/nº1 (quando tenha sido
penhorados bens comuns do casal, em execução movida apenas contra um dos
cônjuges, por não serem conhecidos bens próprios do executado que sejam suficientes
para garantir o pagamento da dívida exequenda e das despesas de execução)”. Ou
quando tenha sido invocada a comunicabilidade da divida pelo exequente ou pelo
executado (art.741º e 742º). Caso o cônjuge tiver sido citado pelo facto de a penhora ter
recaído sobre bens imoveis ou EC, este pode, no prazo de 20 dias, deduzir oposição à
penhora e, cumulativamente, invocar eventuais fundamentos de oposição à execução
(art.729º a 731º), e pode ainda exercer, nas fases da execução posteriores à sua citação,
todos os direitos processuais conferidos ao executado. Nos outros casos, o cônjuge do
executado apenas pode requerer a separação de bens ou juntar certidão comprovativa da
pendencia da ação em que a separação já tenha sido requerida (art.740º/nº1) e os demais
direitos previstos para o incidente de comunicabilidade da dívida (art.741º e 742º).
 Al. b  “Os credores que sejam titulares de direito real de garantia (art.604º/nº2 CC),
registado ou conhecido, sobre os bens penhorados, incluindo penhor cuja constituição

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conste do registo informático de execuções, para reclamarem o pagamento dos seus


créditos”. Art.824ºCC. O objetivo de citar o credor é ele vir dizer que é credor e que a
execução sirva para pagar a sua dívida também, e, como sabemos, nos termos do artigo
824º do CC, a venda executiva extingue os ónus – art. 786º/1 b) CPC.
 NOTA: A ATA e o ISS são sempre citados.

® Reclamação de créditos (art.788º)


Pressupostos
1. Garantia real sobre os bens penhorados
Apenas o credor que goze de garantia real sobre os bens penhorados pode
reclamar, pelo produto destes, o pagamento dos respetivos créditos (art.788º/nº1). O
credor reclamante só pode ser pago na execução pelos bens que tiver garantia e
conforme a graduação do seu crédito (art.796º/nº2). Não existindo causas legítimas de
preferência, os credores têm o direito de ser pagos proporcionalmente pelo preço dos
bens do devedor, quando ele não chegue para integral satisfação dos débitos (art.604º
CC).
2. Título executivo
O credor deve dispor igualmente de um título executivo em relação ao crédito reclamado
(art.788º/nº2; 10º/nº5 e 703º/nº1). Mas, mesmo que o credor não esteja munido de um título
executivo, este pode, mesmo assim, obter um titulo executivo na pendencia da execução. Ou
seja, o credor pode requerer no prazo de 15 dias apos a citação (art.788º/nº2) que a gradação de
créditos fique a aguardar pela obtenção do título em falta (art.792º/nº1). Note-se que isto não faz
com que os bens não sejam vendidos, nem com que se pare a verificação dos créditos
adjudicados, apenas obsta à sua graduação.
Uma vez recebido esse requerimento, a secretaria notifica o executado para que este, no
prazo de dez dias, se pronuncie sobre a existência do crédito invocado, nos termos do artigo
792º/nº2 CPC. Depois de notificado, o executado pode adotar um de três comportamentos:
a) Reconhece expressamente a existência do crédito , considerando-se formado o título
executivo e reclamado o crédito nos termos do requerimento do credor;
b) Nada diz dentro do prazo legal, caso em que o silêncio produz os mesmos efeitos do
reconhecimento expresso da existência do crédito;
c) Nega expressamente a existência do crédito, sendo que o credor tem de obter o título
executivo em ação declarativa própria, consistindo esse em sentença judicial
condenatória e reclamar posteriormente o seu crédito na execução.
Os bens do executado podem ser insuficientes, daí ser importante qual o título executivo em
causa, pois alguns são mais fortes que outros, havendo um concurso entre os mesmos.

® Verificação e graduação de créditos


Apresentadas as reclamações de créditos, e sendo caso disso, as respetivas impugnações,
compete ao juiz de execução proceder à verificação e gradação dos créditos reclamados, ou
seja, cabe ao juiz reconhecer ou não a existência desses créditos e, reconhecendo-os, proceder
à sua graduação, definindo a ordem pela qual os mesmos serão satisfeitos em função do
produto da vendo dos bens sobre os quais beneficiem de garantia real. A sentença de
graduação de créditos não é definitiva, já que a graduação pode carecer de ser refeita se,
entretanto, vier a ser reclamado espontaneamente um crédito por um credor que não tenha sido
citado, nos termos do art. 788º/nº3 CPC. O credor reclamante só pode ser pago na execução
pelos bens sobre que tiver garantia e conforme a graduação do seu crédito.

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Não é, no entanto, admitida a reclamação de créditos, ainda que preenchidos todos os


requisitos, quando se verifique uma das situações previstas no Art. 788º/nº4, CPC:
“Não é admitida a reclamação do credor com privilégio creditório geral, mobiliário ou
imobiliário, quando:
a) A penhora tenha incidido sobre bem só parcialmente penhorável, nos termos do artigo
738.º, renda, outro rendimento periódico, veículo automóvel, ou bens móveis de valor inferior a
25 UC (2.550€); ou
b) Sendo o crédito do exequente inferior a 190 UC (19.380€), a penhora tenha incidido
sobre moeda corrente, nacional ou estrangeira, depósito bancário em dinheiro; ou
c) Sendo o crédito do exequente inferior a 190 UC (19.380€), este requeira
procedentemente a consignação de rendimentos, ou a adjudicação, em dação em cumprimento,
do direito de crédito no qual a penhora tenha incidido, antes de convocados os credores.”
NOTA: É o CC que define quando existe privilégio creditório – Art. 737º, CC.

O importante neste âmbito é a ideia de que, quem tem um privilégio creditório geral,
não pode proceder à reclamação de créditos, e a razão de ser disto é a proteção dos legítimos
interesses do exequente, uma vez que um credor com privilégio creditório geral se iria
sobrepor ao exequente (o mesmo não significa que este credor com privilégio não pode ser
pago, apenas não irá concorrer para a graduação de créditos).

O exequente pode estar em concurso, a lutar pelo pagamento da quantia com outros
credores. Temos de saber quando os credores são convocados, para que efeitos e que nem todos
podem ser convocados, há requisitos que têm de estar preenchidos (ex. ter o título executivo).

Finalizar a execução: saber o que acontece depois de verificados e graduados os créditos


(nem todas as execuções têm isto, se não houver mais credores a reclamar créditos não vai haver
sentença de verificação e sentença de graduação. Pode não haver mais credores citados para
além da AT e da ISS, e aí o exequente vai continuar sozinho). Mas se esta fase tiver tido lugar,
paralelamente com a execução (penhora e venda) pode haver este incidente de reclamação de
créditos para saber se o crédito invocado existe e em que lugar está posicionado (graduação).
Porque em paralelo está a correr o processo de execução e em algum momento vai ser preciso
pagar ao exequente e credores reclamantes e tenho de saber a quem pago e a quem pago
primeiro. E o pagamento pode ser feito de várias maneiras e está regulado no art. 795º ss. CPC
– é uma matéria muito detalhada e só vamos dar o mais essencial.

Temos de ter especial atenção a duas ideias:


I. Quais são os meios pelos quais o dinheiro chega ao exequente?
II. Há uma cláusula de salvaguarda para garantir que o exequente, no caso de haver
insuficiência de bens para lhe pagar a sua divida e havendo concurso de credores, e o
produto não chegar para ambos, não fica sem receber nada. Antes de 2013 não era
assim, havia um risco na execução, se o executado fosse insolvente e fosse
ultrapassados no concurso de credores por outros credores podia acontecer de a penhora
não chegar para pagar à pessoa que teve custos e trabalho em mover o processo de
execução (credor exequente). Com a reforma de 2013 determina-se que o credor tem de
ser protegido porque deu início à execução, mas no CC temos as regras de graduação e
de benefícios creditórios, e é por isso que é importante o art. 796º/nº3 CPC. É este
artigo que corporiza este privilégio do credor exequente que permite ao exequente “não
ficar a ver navios” uma vez que tal não seria justo. O legislador faz aqui uma correção,
quando é necessário porque o dinheiro não chega para todos, porque se fossemos pelo
CC não seria justo para o exequente.

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Art. 796/nº3 CPC: “Sem prejuízo da exclusão do n.º 4 do artigo 788.º, a quantia a receber
pelo credor com privilégio creditório geral, mobiliário ou imobiliário, é reduzida até 50% do
remanescente do produto da venda, deduzidas as custas da execução e as quantias a pagar aos
credores que devam ser graduados antes do exequente, na medida do necessário ao pagamento
de 50 % do crédito do exequente, até que este receba o valor correspondente a 250 UC.”
(ninguém vai perguntar isto num caso prático, mas 1UC = 102euros!) – ao exequente é
garantido o pagamento do seu crédito até 250 UC. O exequente, no caso de haver concurso de
credores com privilégio creditório geral, mobiliário ou imobiliário, tem direito a pelo menos
50% do remanescente do produto da venda, reduzido das custas de execução e quantias a
pagar aos credores que devam ser graduados antes do exequente, nunca ultrapassando os 250
UC. Quase que há uma atenuação aqui aos privilégios creditórios. Mas aqui não diz que quando
o exequente credor concorre com alguém que tem um direito de garantia real, ele tem sempre de
receber alguma coisa, esta norma está apenas para privilégio creditório geral mobiliário ou
imobiliário.

*operação aritmética: vende-se o bem, desse dinheiro que surge vamos reduzir as custas, depois
ver quem é pago antes do exequente a nível de direitos reais de garantia (ex. hipoteca), paga-se
a esse credor que possui direito real de garantia, do valor que temos aqui vamos pegar em pelo
menos 50% sem ultrapassar os 250 UC e pagar ao credor exequente e só depois aos que tinham
privilégio creditório geral.

Também não incluímos aqui credores com privilégios creditórios especiais, estes
também têm privilégio em relação ao credor exequente, não se reduzindo nada antes de lhes
pagar, assim como os credores com garantia real, desde que cumpridos os requisitos de
privilégio creditório especial. Então o credor exequente corre o risco de não receber nada,
mesmo existindo a salvaguarda do art. 796º/nº3 CPC.

Art. 796º/nº4 CPC – “O disposto no n.º 3 não se aplica aos privilégios creditórios dos
trabalhadores.” – os trabalhadores têm privilégios gerais e especiais, os especiais já não
entravam na redução do nº3, os gerais também não entram de acordo com esta norma, uma vez
que o legislador não considera que seria justo os trabalhadores cederem em relação ao
credor exequente, oferecendo um lugar privilegiado aos créditos laborais do trabalhador.

Temos de saber que existe esta norma do 796º/nº3 CPC que salvaguarda o credor
exequente, na medida em que este receba alguma coisa no processo de execução.

Pagamento
A ação executiva para pagamento de quantia certa visa permitir a satisfação da dívida
exequenda, bem como os demais créditos eventualmente reclamados e reconhecidos na
execução. Relativamente ao pagamento do crédito exequendo e dos demais créditos reclamados
na execução, o art. 795º CPC determina que este pode ser efetuado através da entrega de
dinheiro (inclui cheque e transferência bancária), adjudicação dos bens penhorados (em vez
de vender o bem ele é dado ao credor para pagar a dívida), consignação dos seus rendimentos
(a quantia é paga através dos rendimentos que advêm da coisa penhorada) ou pelo produto da
respetiva venda, sem prejuízo da possibilidade de celebração de um acordo de pagamento
em prestações com o exequente e/ou todos os credores, nos termos previstos nos arts. 806º a
810º CPC (bastante usado na execução até para evitar a venda do bem).
Acordo de pagamento em prestações
Relativamente ao acordo de pagamento em prestações, não há grande problema em
relação a este meio de pagamento se não houver concurso de credores, ou seja, se o exequente

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estiver sozinho na execução, por outro lado, a situação já muda se houver credores reclamantes
que não irão ver o seu crédito satisfeito. É por isso que o legislador só permite que este meio
seja usado ouvindo os restantes credores que já estejam como parte na execução, não permite
que isto seja feito apenas entre o executado e o exequente. Acordado o pagamento em
prestações e definido o plano de pagamento, o exequente e o executado devem comunicar o
acordo ao agente de execução (até à transmissão do bem penhorado, ou no caso de venda
mediante propostas em carta fechada, até à aceitação da proposta apresentada). A celebração de
um acordo de pagamento em prestações determina a extinção da execução. – art. 806º e 849º/1
f) CPC.
Sendo celebrado o acordo o exequente pode ou não prescindir da penhora feita na execução.
Se prescindir antecipadamente da penhora, ou seja, sem que o crédito exequente se encontre
satisfeito, o credor fica, em princípio, desprotegido quanto à garantia que lhe advinha da
penhora do património do executado, sem prejuízo de convencionar com o executado outras
garantias adicionais. Se o exequente declarar que não prescinde da penhora, o que acontece na
maior parte das vezes, pois ele não sabe se o executado vai mesmo pagar as prestações, “aquela
converte-se automaticamente em hipoteca ou penhor (o agente de execução deve comunicar
esse facto à conservatória competente), beneficiando estas garantias da prioridade que a
penhora tenha, sem prejuízo do disposto no artigo 809º (possibilidade de renovação da
instância executiva, a requerimento de algum credor reclamante)” – art. 807º/1 CPC.
Art. 809º/1 CPC – “Renova-se a instância caso algum credor reclamante, cujo crédito
esteja vencido, o requeira para satisfação do seu crédito.” O credor reclamante pode requerer
renovação da instância, quase que ele agora vai ser o credor principal, para ver o seu crédito
satisfeito (torpedear o acordo feito entre o executado e o exequente). Nº2 - “é notificado o
exequente para, no prazo de 10 dias, declarar se: a) Desiste da garantia a que alude o n.º 1 do
artigo 807.º; b) Requer também a renovação da instância para pagamento do remanescente do
seu crédito, ficando sem efeito o pagamento em prestações acordado.” O credor exequente vai
ter de tomar uma posição, saber se larga a penhora para o credor reclamante que requereu
renovação da instância, ou se desiste do acordo de pagamento em prestações, continuando a
prosseguir na penhora. Neste caso ele não pode ter a penhora e o acordo ao mesmo tempo.
Assim, é mais cauteloso tentar fazer o acordo de pagamento a prestações quando ainda não se
chegou à fase de reclamação de créditos, uma vez que se não houver credores reclamantes não
vamos ter problemas.
NOTA: As consequências do não cumprimento do acordo do pagamento em prestações
encontram-se no art. 808º do CPC.
O CPC prevê igualmente a possibilidade de ser celebrado um acordo global, isto é, um
acordo que abranja, simultaneamente, o exequente, o executado e os credores reclamantes, nos
termos do art. 810º/nº1 CPC – “O executado, o exequente e os credores reclamantes podem
acordar num plano de pagamentos, que pode consistir nomeadamente numa simples moratória,
num perdão, total ou parcial, de créditos, na substituição, total ou parcial, de garantias ou na
constituição de novas garantias”. Os restantes números do artigo estabelecem regras para este
acordo!
O legislador tentou então arranjar algumas soluções que não levassem o processo a
acabar em venda ou adjudicação dos bens, mas estas soluções pressupõem vontade de uma
pessoa ou de todos os credores e quando não existe essa vontade a execução tem de acabar e aí
vamos pelos outros meios já referidos para o pagamento.

Pagamento por entrega de dinheiro


Pagamento em dinheiro - art. 798º CPC: “1 - Tendo a penhora recaído em moeda
corrente, depósito bancário em dinheiro ou outro direito de crédito pecuniário cuja
importância tenha sido depositada, o exequente ou qualquer credor que deva preteri-lo é pago
do seu crédito pelo dinheiro existente. 2 - Constitui entrega de dinheiro o pagamento por
cheque ou transferência bancária.”

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NOTA: Pode haver no mesmo processo de execução vários tipos de pagamento!

Adjudicação de bens penhorados


Adjudicação – não é propriamente uma venda, é quase como se fosse uma dação em
pagamento, não baseada no consenso, mas baseada na coatividade. Baseia-se na possibilidade
que é concedida ao exequente ou a qualquer outro credor reclamante de ser pago através da
entrega de bens penhorados por conta do respetivo crédito.
Art. 799º CPC
Requerimento para adjudicação
“1 - O exequente pode pretender que lhe sejam adjudicados bens penhorados, não
compreendidos nos artigos 830.º e 831.º, para pagamento, total ou parcial, do crédito.” (desde
que não estejam em causa bens que devam ser vendidos em mercados regulamentados ou de
forma direta a uma determinada entidade ou a quem tenham sido prometidos vender, com
eficácia real)
“2 - O mesmo pode fazer qualquer credor reclamante, em relação aos bens sobre os quais
tenha invocado garantia; mas, se já houver sido proferida sentença de graduação de créditos, a
pretensão do requerente só é atendida quando o seu crédito haja sido reconhecido e graduado.
3 - O requerente deve indicar o preço que oferece, não podendo a oferta ser inferior ao valor a
que alude o n.º 2 do artigo 816.º.” (o requerente tem de fazer o preço porque se o bem tiver
valor muito superior ao crédito, ele vai ter de pagar o restante, ou seja, a adjudicação vai ter
lugar principalmente quando o valor do bem seja idêntico ao valor do crédito)

Neste caso, o bem é entregue ao próprio credor, em dação em cumprimento do seu


crédito, ou seja, o credor obtém uma satisfação direta do crédito mediante a integração, no seu
património, dos bens previamente penhorados ao devedor. O credor deve apresentar um
requerimento junto do agente de execução, indicando expressamente o preço que oferece, o qual
não deve então ser inferior a 85% do respetivo valor base dos bens (art. 799º/nº3 e 816º/nº2
CPC).

“4 - Cabe ao agente de execução fazer a adjudicação; mas, se à data do requerimento já


estiver anunciada a venda por propostas em carta fechada, esta não se susta e a pretensão só é
considerada se não houver pretendentes que ofereçam preço superior.” (o requerimento de
adjudicação pode ser apresentado em qualquer altura do processo executivo, enquanto os bens
penhorados não forem vendidos, no entanto, estrategicamente. o ideal é fazer a adjudicação
antes de o agente de execução convocar a venda por propostas em carta fechada uma vez que o
requerimento não suspende a venda em carta fechada que já se encontre anunciada).
NOTA: No caso de a venda por proposta em carta fechada já ter sido anunciada, o pedido de
adjudicação só pode ser aceite se não existirem pretendentes que ofereçam um preço maior pelo
bem penhorado.
Publicidade do requerimento
A lei pretende a total transparência do pagamento através da adjudicação de bens
penhorados. Por isso, sendo requerida a adjudicação de bens penhorados, o agente de execução
deve publicitar esse pedido, com a antecedência mínima de dez dias relativamente à data
prevista para a abertura de eventuais propostas, devendo o anúncio ser feito nos termos do art.
817º CPC. - Artigo 800º: “1 - Requerida a adjudicação, é esta publicitada nos termos do
artigo 817.º, com a menção do preço oferecido.”
“2 - O dia, a hora e o local para a abertura das propostas são notificados ao executado,
àqueles que podiam requerer a adjudicação e bem assim aos titulares de direito de preferência,
legal ou convencional com eficácia real, na alienação dos bens.”
Depois de receber a proposta de adjudicação, o agente de execução publicita e abre a
possibilidade de serem oferecidas propostas em carta fechada para adquirirem o bem. O próprio

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individuo que fez a adjudicação pode também fazer proposta em carta fechada para, por
exemplo, aumentar o preço e tentar garantir que fica com o bem.
Termos da adjudicação
A abertura das propostas deve ter lugar perante o juiz de execução sempre que
adjudicação tenha por objeto um bem imóvel ou, se assim for determinado, um estabelecimento
comercial. Nos demais casos a abertura das propostas é efetuada perante o agente de execução,
aplicando-se, com as devidas adaptações, o disposto no art. 820º quanto às formalidades a ser
observadas em relação à abertura das propostas.
Artigo 801º - “1 - Se não aparecer qualquer proposta e ninguém se apresentar a
exercer o direito de preferência, aceita-se o preço oferecido pelo requerente.
2 - Havendo proposta de maior preço, observa-se o disposto nos artigos 820º e 821º.” (venda
por proposta em carta fechada – então, as propostas que tiverem sido apresentadas são
apreciadas pelo executado, pelo exequente e pelos credores que tiverem comparecido a essa
diligencia. Se ninguém comparecer considera-se aceite a proposta de maior preço, salvo se esta
for inferior a 85% do valor base dos bens).

Consignação de rendimentos
Consignação de rendimentos – não há transferência de propriedade. Estando em causa a
penhora de bens imóveis ou de bens móveis sujeitos a registo, a lei prevê a possibilidade de o
exequente requerer ao agente de execução que lhe sejam consignados os rendimentos desses
bens, em pagamento do seu crédito (art. 656º/nº1 CC e 803º/nº1 CPC).
O pressuposto para haver consignação de rendimentos é que existam rendimentos, ou seja,
ou foram diretamente penhorados rendimentos (direitos de crédito), ou foram penhorados bens
que produzam eles próprios rendimentos (quando penhoro um bem imóvel, também estão
penhorados os seus frutos – art. 758º/nº1 CPC).
“2 - Sobre o pedido é ouvido o executado, sendo a consignação de rendimentos efetuada, se
ele não requerer que se proceda à venda dos bens.” (apresentado o pedido, o agente de
execução deve notificá-lo ao executado. Em princípio, o executado não terá interesse em
deduzir oposição à consignação de rendimentos, uma vez que esta modalidade de pagamento do
crédito exequendo pode evitar a venda efetiva dos bens penhorados, protegendo-se assim o seu
património).
“3 - Não tem lugar a citação dos credores quando a consignação seja antes dela requerida
e o executado não requeira a venda dos bens.” (o exequente tem interesse em fazer o pedido de
consignação de rendimentos antes da citação de credores. Regra geral, ele recorre a este método
quando entende que com certo número de consignação de bens ele consegue obter o pagamento
dos seus créditos, e só vai fazer isso quando ainda os outros credores não estejam envolvidos na
penhora, ou seja, o mais cedo possível).
Artigo 804º/1 CPC: “A consignação de rendimentos de bens que estejam locados é
notificada aos locatários.” (para que paguem diretamente ao credor).
Art. 805º/1 e 849º/1 b) CPC: “Efetuada a consignação e pagas as custas da execução, a
execução extingue-se, levantando-se as penhoras que incidam em outros bens.” – regra geral,
quem extingue formalmente a execução é o juiz de execução, com informação do agente de
execução.

Venda executiva
Venda - art 811º CPC
A venda pode ter várias modalidades: “a) Venda mediante propostas em carta
fechada; b) Venda em mercados regulamentados; c) Venda direta a pessoas ou entidades que
tenham direito a adquirir os bens; d) Venda por negociação particular; e) Venda em
estabelecimento de leilões; f) Venda em depósito público ou equiparado; g) Venda em leilão
eletrónico.” A modalidade a aplicar depende do caso concreto, quando a lei não disponha de
forma diversa (art. 812º/nº1 CPC)!

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Exemplo: se eu tiver efetuado um contrato-promessa com eficácia real e esse bem


tiver sido penhorado, eu só posso vender esse bem ao promitente comprador, pois o contrato
tinha eficácia real, então íamos diretamente para a alínea c); se tivermos venda de ações na
bolsa, judicialmente só as posso vender no mercado regulamentado de ações, ou seja, vamos
diretamente para a alínea b).
Art. 812º CPC:
“1 - Quando a lei não disponha diversamente, a decisão sobre a venda cabe ao agente de
execução, ouvidos o exequente, o executado (e, eventualmente do seu cônjuge) e os credores
com garantia sobre os bens a vender. (direito de audição prévia)
2 - A decisão tem como objeto:
a) A modalidade da venda, relativamente a todos ou a cada categoria de bens penhorados;
b) O valor base dos bens a vender;
c) A eventual formação de lotes, com vista à venda em conjunto de bens penhorados.
3 - O valor de base dos bens imóveis corresponde ao maior dos seguintes valores:
a) Valor patrimonial tributário, nos termos de avaliação efetuada há menos de seis anos;
b) Valor de mercado.”
A venda em leilão, em depósito público ou em leilão eletrónico são modalidades que
não têm muito a ver com os bens, têm a ver com a conveniência. O depósito público é um sítio
para onde só vão bens penhorados que depois são vendidos com as regras de leilão ou com
outras regras, não é uma modalidade muito usada uma vez que praticamente não existem
depósitos públicos.
Por via de regra, se tiver de haver venda e, sobretudo relativamente a certos bens, ela
vai ser feita por propostas em carta fechada (ex. imóveis, certos estabelecimentos comerciais,
etc.), quem propõe a venda em propostas em carta fechada é o agente de execução. Há um aviso
com o bem, o preço, possibilidade de visitar o imóvel, etc., e as pessoas fazem propostas em
cartas fechadas e enviam em simultâneo um sinal/caução sem conhecerem as propostas das
outras pessoas, o que potencia a que o preço seja mais favorável e que não haja
arranjos/combinações. Há uma eficácia pelo facto de se pedir o sinal/caução, porque já não é um
ato inconsequente, se a proposta não for a escolhida o sinal/caução é devolvido.

Relativamente a venda mediante proposta em carta fechada – Art. 816º/nº2 CPC –


“O valor a anunciar para a venda é igual a 85% do valor base dos bens.” O bem penhorado
não pode ser vendido por valor inferior a 85% do seu valor base, salvo se, nos termos do art.
816º/nº3 CPC, o exequente, o executado e todos os credores com garantia real sobre o bem
acordarem na aceitação de uma proposta de valor inferior.
Esta venda por propostas em carta fechada tem de obedecer a regras de publicidade.
Art. 817º CPC: “Determinada a venda mediante propostas em carta fechada, o juiz designa o
dia e a hora para a abertura das propostas, devendo aquela ser publicitada, pelo agente de
execução, com a antecipação de 10 dias: a) Mediante anúncio em página informática de acesso
público, nos termos de portaria do membro do Governo responsável pela área da justiça; e b)
Mediante edital a afixar na porta dos prédios urbanos a vender.” (Há um dia em que as
propostas vão ter de ser abertas, o deslacramento das propostas de venda tem de ser feito pelo
juiz, na presença das pessoas interessadas – são convocadas, mas podem não ir).
Artigo 817º/nº4 CPC: “Se a sentença que se executa estiver pendente de recurso ou
estiver pendente oposição à execução ou à penhora, faz-se menção do facto no edital e no
anúncio.” – a pessoa que vai adquirir tem de ter noção do que está a adquirir para conseguir
medir o risco de apresentar o sinal/caução e pagar o preço e depois a sentença poder vir a ser
revogada e ficar sem nada. Se não estiver no anúncio gera uma nulidade.
Até ao dia de abertura das propostas, o depositário é obrigado a mostrar os bens a quem
pretenda examiná-los, nos termos do art. 818º CPC.
No caso de existir pessoa com direito de preferência que queira preferir, deve estar
presente nesse momento para ver a maior proposta e se quiser adquirir por esse valor – art. 819º

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CPC – havendo um direito legal ou convencional de preferência que goze de eficácia real
sobre os bens penhorados (art. 421º CC), os respetivos titulares devem ser notificados, de
acordo com as formalidades previstas para a citação, do dia, hora e local de abertura das
propostas, para poderem exercer o seu direito no próprio ato, se alguma proposta for aceite.

*Pessoas com certo grau de parentesco podem estar presentes para remir a venda, ou seja,
adquirir pelo mesmo valor da maior proposta, gozam do direito de remição – art. 842º CPC –
benefício de caráter familiar.

Art. 822º CPC – “1- As irregularidades relativas à abertura, licitação, sorteio,


apreciação e aceitação das propostas só podem ser arguidas no próprio ato” (é importante
estar lá no ato de abertura e deliberação sobre as propostas, para alertar no caso de existir uma
irregularidade).
*No caso de não haver proponentes ou não sendo aceites as propostas apresentadas procede-se à
venda por negociação particular (art. 822º/nº2 CPC).

Exercício do direito de preferência - Artigo 823.º


“1 - Aceite alguma proposta, são interpelados os titulares do direito de preferência presentes
para que declarem se querem exercer o seu direito.
2 - Apresentando-se a preferir mais de uma pessoa com igual direito, abre-se licitação entre
elas, sendo aceite o lance de maior valor.
3 - Aplica-se ao preferente, devidamente adaptado, o disposto no n.º 1 do artigo seguinte.”
(necessidade de prestar caução).

Caução e depósito do preço - Artigo 824.º


1 - Os proponentes devem juntar obrigatoriamente com a sua proposta, como caução, um
cheque visado*, à ordem do agente de execução ou, nos casos em que as diligências de
execução são realizadas por oficial de justiça, da secretaria, no montante correspondente a 5 %
do valor anunciado ou garantia bancária no mesmo valor.
*cheque visado – é um cheque emitido pelo próprio banco, o banco já confirmou que existe o
valor dos 5%, verificou que a pessoa tinha cobertura.

Auto de abertura e aceitação das propostas - Artigo 826.º


“Da abertura e aceitação das propostas é, pelo agente de execução, lavrado auto em
que, além das outras ocorrências, se mencione, para cada proposta aceite, o nome do
proponente, os bens a que respeita e o seu preço; os bens identificam-se pela referência à
penhora respetiva.” (isto mostra que o legislador quer que a abertura das propostas seja algo
muito formal).

Depois de ter sido a venda (em bom rigor o dia em que alguém fez a proposta e ela foi
aceite) dá-se o prazo para o pagamento, ou seja, sendo aceite alguma das propostas, o
proponente ou preferente é notificado para, no prazo de 15 dias, depositar a totalidade ou a parte
do preço em falta – art. 824º/nº2 CPC.

Art. 825º/nº1 CPC


Findo o prazo referido no art. 824º/nº2 CPC, se o proponente ou preferente não tiver
depositado o preço, o agente de execução, ouvidos os interessados na venda, pode:
“a) Determinar que a venda fique sem efeito e aceitar a proposta de valor imediatamente
inferior, perdendo o proponente o valor da caução constituída nos termos do n.º 1 do artigo
anterior; ou
b) Determinar que a venda fique sem efeito e efetuar a venda dos bens através da modalidade
mais adequada, não podendo ser admitido o proponente ou preferente remisso a adquirir

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novamente os mesmos bens e perdendo o valor da caução constituída nos termos do n.º 1 do
artigo anterior; ou
c) Liquidar a responsabilidade do proponente ou preferente remisso, devendo ser promovido
perante o juiz o arresto em bens suficientes para garantir o valor em falta, acrescido das custas
e despesas, sem prejuízo de procedimento criminal e sendo aquele, simultaneamente, executado
no próprio processo para pagamento daquele valor e acréscimos.”

Faz todo o sentido que o potencial preferente esteja no ato de abertura e aceitação das
propostas, mas a lei permite que caso não esteja, ele prefira em determinado prazo – art.
825º/nº3 CPC – “O preferente que não tenha exercido o seu direito no ato de abertura e
aceitação das propostas pode efetuar, no prazo de cinco dias, contados do termo do prazo do
proponente ou preferente faltoso, o depósito do preço por este oferecido, independentemente de
nova notificação, a ele se fazendo a adjudicação”.

Logo que se mostre integralmente pago o preço e uma vez satisfeitas as obrigações
fiscais inerentes à transmissão, é necessário fazer a adjudicação, ou seja, um documento que
prova que eu sou o proprietário e que paguei os impostos inerentes à transmissão – art. 827º/nº1
CPC – “Mostrando-se integralmente pago o preço e satisfeitas as obrigações fiscais inerentes
à transmissão, os bens são adjudicados e entregues ao proponente ou preferente, emitindo o
agente de execução o título de transmissão a seu favor, no qual se identificam os bens, se
certifica o pagamento do preço ou a dispensa do depósito do mesmo e se declara o
cumprimento ou a isenção das obrigações fiscais, bem como a data em que os bens foram
adjudicados”.

Na venda executiva apesar de várias teorias discutirem o tema de quando é que o


comprador se torna proprietário, a central e mais acolhida é a que dita que eu só passo a ser
proprietário quando tenho o título de transmissão que se fala no art. 827º/nº1 CPC.

Quando estejamos perante imóvel esta modalidade de venda por carta fechada é a
primeira que ocorre ao agente de execução. Quando estejamos perante estabelecimento
comercial depende do valor do EC, o legislador diz no art. 829º CPC – “A venda de
estabelecimento comercial de valor superior a 500 UC* tem lugar, sob proposta do exequente,
do executado ou de um credor que sobre ele tenha garantia real, mediante propostas em carta
fechada”.
*500 UC = 51000 euros

Então quando usamos a negociação particular? Estabelecimento Comercial abaixo de


500 UC e Art. 832º CPC: - “A venda é feita por negociação particular:
a) Quando o exequente propõe um comprador ou um preço, que é aceite pelo executado e
demais credores;
b) Quando o executado propõe um comprador ou um preço, que é aceite pelo exequente e
demais credores;
c) Quando haja urgência na realização da venda, reconhecida pelo juiz; (art. 814º CPC)
d) Quando se frustre a venda por propostas em carta fechada, por falta de proponentes, (art.
822º/2 CPC) não aceitação das propostas (art. 821º CPC) ou falta de depósito do preço pelo
proponente aceite; (art. 825º CPC)
e) Quando se frustre a venda em depósito público ou equiparado, por falta de proponentes ou
não aceitação das propostas e, atenta a natureza dos bens, tal seja aconselhável; (art. 836º
CPC)
f) Quando se frustre a venda em leilão eletrónico por falta de proponentes; (art. 837º CPC)
g) Quando o bem em causa tenha um valor inferior a 4 UC*.”
*102x4 = 408euros.

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Artigos 832 ss. Do CPC – regras e maneira como se dá esta venda!


Art. 833º/nº6 CPC há uma exceção ao regime geral, um alívio das regras de venda, sendo que
no regime geral a casa só pode ser vendida com licença de utilização ou de construção, regras
que não se aplicam no caso de venda executiva, desde que devidamente avisado ao comprador
que posteriormente tem de legalizar a casa.

É relativamente fácil o meio de venda a que se recorre primeiramente ser a venda por
carta fechada e depois acabar por ter de ser passar para venda por negociação particular, por
exemplo por não existirem propostas na venda por carta fechada. O perigo da negociação
particular é que permite acordos, diminuindo a transparência do negócio.

Agente de execução, Juiz de execução e Secretaria de execução (1º teste)


A generalidade das diligencias executivas está a cargo do agente de execução, ao qual cabe o
“poder de direção do processo”. As suas funções estão no art. 129º/1 do ESOAE e conclui-se
que tem uma competência de natureza subsidiária, efetuando as diligencias do processo
executivo que não estejam atribuídas à secretaria ou sejam da competência do juiz (art. 719º
CPC). Ele é designado pelo exequente de entre os registados em lista oficial devendo a
designação ser feita no requerimento executivo (art. 720º/1 e 724º/1 c) CPC), o agente de
execução não é mandatário do exequente nem o representa (art. 162º/3 EOSAE) devendo ser
imparcial e independente e servir os interesses públicos. Se o exequente não designar um agente
de execução, ou se a designação ficar sem efeito (art. 720º/8 CPC), sendo que aqui tem 5 dias
para designar um substituto, e se não o fizer o agente de execução é designado pela secretaria.
Ao juiz de execução cabe a prática de atos processuais sujeitos ao princípio da reserva de juiz
ou que possam eventualmente colidir com direitos fundamentais das partes ou de terceiros, para
além das suas competências exclusivas (inclusive importantes funções sancionatórias – art.
723º/2 CPC).
A secretaria de execução deve assegurar o expediente, a autuação e a regular tramitação dos
processos executivos na fase liminar, a menos que esteja em causa uma ação executiva para
pagamento de quantia certa sob forma de processo sumário em que essas competências cabem
ao agente de execução (art. 855º CPC), bem como nos procedimentos ou incidentes de natureza
declarativa (art. 719º/3 CPC) e também a citação do executada, já que esse ato processual é da
competência do agente de execução (art. 719º/3 e 726º/8 CPC). Cabe ainda à secretaria de
execução as funções de que fala o art. 719º/4 do CPC.
Assim não temos um sistema completamente público de coação uma vez que há interferência
por delegação de funções públicas de um privado (agente de execução), mas não há tribunais
arbitrais executivos. Este privado está sujeito ao controlo de um juiz. Se o processo de execução
correr normalmente ele nem vai ao juiz. Quando não corre bem com o agente de execução
alguém se queixa ao juiz e aí como ainda estamos num sistema público intervém, e in extremi o
agente de execução pode vir a ser responsabilizado. E questiona-se aqui se vai ser acionado em
termos civis ou se, como exerce funções públicas apesar de ser uma entidade privada, vai ser
acionado no tribunal administrativo com a lei da responsabilidade civil (a prof. Defende a
segunda opção, mas a tese dominante é a primeira). Os grandes credores defendem um sistema
em que existe um agente de execução uma vez que é mais fácil mandar/dominar nele do que
num juiz uma vez que ele é escolhido pelo credor e está nas mãos deste (este sistema facilita a
corrupção – a prof. É claramente hater).

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E se um tribunal arbitral emana uma sentença de que A deve a B e não pagou? Esta vale o
mesmo que qualquer outra sentença, mas não vai ser executada pelo tribunal arbitral, vai entrar
no sistema público, num tribunal do Estado/público.

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