Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
® Legitimidade
Regra geral
A oposição à execução só pode ser deduzida por quem figure na ação executiva com a
qualidade de executado e contra quem assuma, na execução, a qualidade de exequente. Assim,
a oposição não pode ser deduzida por um terceiro, ou seja, por quem não seja parte na execução.
Contudo, as partes do incidente de oposição à execução não têm necessariamente de serem as
mesmas que na ação executiva (exemplo: ação executiva ser intentada contra vários executados
e apenas 1 deles opta por deduzir oposição à execução).
Por outro lado, não é admissível, em princípio, a dedução de um incidente de
intervenção principal provocada, sob pena de violação do princípio da legitimidade formal
vigente na ação executiva. Contudo, sendo suscitada na oposição a exceção dilatória de
ilegitimidade, a jurisprudência tem vindo a admitir a possibilidade de haver lugar a uma
intervenção principal de terceiros, desde que essa modificação subjetiva da instância seja
fundamental para assegurar a eficácia processual da oposição à execução ou o efeito útil da
decisão a ser proferida.
® Oportunidade e prazo
AE para pagamento de quantia certa sob a forma de PROCESSO ORDINÁRIO
A oposição à execução poderá ser apresentada na sequencia do despacho de citação
do executado (antes da realização das diligências de penhora de bens - art.726º/nº6). Mas, se o
exequente tiver requerido a dispensa de citação prévia do executado e se o juiz de execução
tiver deferido o pedido (art.727º), a oposição terá lugar depois da penhora.
AE para pagamento de quantia certa sob a forma de PROCESSO SUMÁRIO
A oposição à execução só será apresentada depois da penhora, sendo cumulada com a
eventual dedução de oposição à penhora (art.856º/nº1).
1
Apontamentos teóricos de Executivo - 2º teste
Catarina Serra | A91478
® Fundamentos
Os fundamentos variam de acordo com o título executivo que serviu de base à execução.
2
Apontamentos teóricos de Executivo - 2º teste
Catarina Serra | A91478
3
Apontamentos teóricos de Executivo - 2º teste
Catarina Serra | A91478
4
Apontamentos teóricos de Executivo - 2º teste
Catarina Serra | A91478
® Formalidades
Constituindo os embargos de executado uma verdadeira “ação declarativa em que a
petição funciona como oposição ao requerimento inicial de execução”, a respetiva petição
deve obedecer, com as devidas adaptações, às formalidades previstas no art.552º.
® Efeito
Regra geral
Tanto no processo executivo ordinário, como no sumário, o recebimento dos
embargos não suspende o processo executivo – EM REGRA NÃO TEM EFEITO
SUSPENCIVO (art.733º/nº1, a contrario). Assim, é irrelevante a alegação, pelo executado, de
que o prosseguimento da execução é suscetível de causar-lhe prejuízos irreparáveis. A
justificação desta regra encontra fundamento no favorecimento da celeridade do processo
executivo e na satisfação do crédito exequendo, e na necessidade de se impedir a dedução de
embargos com a finalidade meramente dilatória, visando apenas a suspensão da execução.
De todo o modo, nem o exequente, nem qualquer outro credor podem obter o
pagamento sem a prestação de uma caução (art.733º/nº4). Esta medida visa proteger o
executado na eventualidade de a oposição à execução vir a ser julgada procedente. Ademais, se,
entretanto, for penhorada a casa de morada efetiva do executado, este pode requerer ao juiz
de execução que esse bem não seja vendido enquanto não for proferida uma decisão, em 1ª
instancia, sobre os embargos, desde que, para o efeito, comprove que essa venda é suscetível de
causar-lhe prejuízo grave e dificilmente reparável (art.733º/nº5).
Exceções
Excecionalmente, a lei prevê a possibilidade de a instância ficar suspensa até ao
transito em julgado da decisão de mérito que vier a ser proferida no incidente de embargos de
executado, no entanto, essa suspensão não produz efeitos absolutos ou irreversíveis
(art.733º/nº2 e 3). A execução suspensa prossegue se os embargos estiverem parados durante
5
Apontamentos teóricos de Executivo - 2º teste
Catarina Serra | A91478
mais de 30 dias, por negligencia do embargante, ou seja, a lei sanciona, com o prosseguimento
das diligencias executivas, a atuação culposa, abusiva e dilatória do embargante. Ademais,
ainda que a execução esteja suspensa, nada impede a prática de atos urgentes, que se destinem a
evitar dano irreparável – venda antecipada de bens penhorados (art.814º). Caso tenha sido
penhorado um rendimento periódico auferido pelo executado (salário, rendas ou pensão) a
suspensão não obsta à continuação dessa penhora até ao pagamento total da dívida exequenda
(art.735º/nº3).
Situações excecionais:
a. Prestação de caução (art.733º/nº1 (a))
O recebimento dos embargos de executado determina a suspensão do prosseguimento da
execução se o embargante prestar caução, garantindo o pagamento da dívida exequenda e das
despesas previsíveis da execução (juros de mora, custas da execução e honorários e despesas do
agente de execução), uma vez que o exequente fica salvaguardado em virtude da paralisação da
execução. Caso a oposição à execução veja a ser julgada improcedente, a quantia exequenda e
as despesas da execução poderão ser satisfeitas através da caução que tiver sido prestada pelo
exequente (art.650º/nº3 e 4 ex vi art.733º/nº6). A caução pode ser prestada através de
qualquer meio idóneo que garanta a sua efetividade (art.623º/nº2 CC).
Se a ação executiva seguir a forma sumária e se a penhora realizada já permitir o
pagamento da totalidade da dívida e despesas da execução (art.735º/nº3), o executado pode
requerer ao juiz de execução a dispensa da prestação de caução. Caso a penhora permitir o
pagamento parcial da dívida e das despesas, pode requerer o apenas a caução dessa diferença.
b. Impugnação da genuinidade da assinatura (art.733º/nº1 (b))
Sendo uma execução fundada em documento particular (cheque, letra ou livrança), os
embargos de executado suspendem a execução se o embargante tiver impugnado a
genuinidade da assinatura. Sendo que o embargante deve, no próprio articulado de oposição à
execução, apresentar documento que constitua prova (CC, passaporte, carta de condução). No
entanto, o recebimento dos embargos do executado só determinará a suspensão da execução
desde que o juiz, depois de ouvir o embargado, entenda que se justifica a suspensão da
execução sem prestação de caução. Assim, é necessário que o juiz se convença da séria
possibilidade de a assinatura não ser do devedor e que a impugnação da autenticidade da
assinatura é séria e minimamente consistente com base num juízo de probabilidade quanto a
essa ingenuidade.
c. Impugnação da exigibilidade ou da liquidação da obrigação (art.733º/nº1 (c))
O recebimento dos embargos de executado suspende a execução se o executado tiver
impugnado a exigibilidade ou a liquidação da obrigação exequenda, sendo necessário o
juiz considerar, ouvido o embargado, que se justifica a suspensão da execução, sem
necessidade de prestação de caução.
d. Falta absoluta de intervenção do réu no processo de declaração (art. 733º/nº1 (d))
O recebimento dos embargos suspende o prosseguimento da execução se a oposição tiver
por fundamento, nos termos do art.729º (d), qualquer das situações previstas no art.696 (e), ou
seja, a condenação do réu em situação de revelia absoluta. A sua justificação encontra
fundamento no direito a um processo justo e equitativo (art.10º DUDH, art.6º CEDH, art.4º
CRP e art.3º CPC), já que a execução não pode prosseguir os seus termos sem antes se apurar se
o réu, ora executado, teve ou não possibilidade de exercer adequadamente o seu direito de
6
Apontamentos teóricos de Executivo - 2º teste
Catarina Serra | A91478
defesa no âmbito do processo de declaração do qual resultou o título que serve de base á
execução.
® Tramitação
Apresentada oposição à execução e não havendo motivo para recusa, esta deve ser
autuada por apenso ao processo executivo, sendo que a secretaria remete o oposição ao juiz
para apreciação liminar.
OPOSIÇÃO LIMINARMENTE INDEFERIDA
O juiz pode indeferir liminarmente a oposição à execução em 3 situações
(art.732º/nº1):
1. Se a oposição tiver sido deduzida fora do prazo (prazo perentório de 20 dias);
2. Se os fundamentos invocados pelo executado não se encontrarem previstos no
art.729º a 731º e 857º;
3. Se a oposição for manifestamente improcedente. Aqui, para além de a decisão
dever ser devidamente fundamentada, está reservada às “situações de evidente e
absoluta certeza jurídica de que os fundamentos invocados nunca poderiam
proceder qualquer que seja a interpretação jurídica que se faça dos preceitos legais,
ou seja, quando não haver na doutrina ou na jurisprudência quem os defenda”.
OPOSIÇÃO LIMINARMENTE DEFERIDA
Sendo liminarmente recebida a oposição à execução, a secretaria de execução deve
proceder à notificação do exequente para que este, querendo, apresente contestação, dentro
do prazo de 20 dias, seguindo-se os termos do processo comum declarativo (art.732º/nº2), ou
seja, nem o exequente pode deduzir defesa por reconvenção (art.266º), em sede de contestação,
nem o executado pode apresentar réplica (art.584º) ou proceder à ampliação do pedido (art.264º
e 265º).
Assim o exequente pode ou não apresentar contestação.
Se o exequente APRESENTAR CONTESTAÇÃO aos embargos, o executado
pode impugnar os documentos apresentados pelo exequente (art.444º e 446º) e
responder, no início da audiência prévia ou da audiência final, às exceções
deduzidas pelo exequente no seu articulado de contestação (art.3º/nº4).
Se o exequente NÃO APRESENTAR CONTESTAÇÃO, aplica-se o regime da
revelia relativa (art.567º/nº1), não se considerando confessados os factos
alegados na oposição à execução que estiverem em contradição com os
alegados pelo exequente no requerimento executivo. Ou seja, a falta de
contestação aos embargos não tem, necessariamente, efeito cominatório.
A PROCEDÊNCIA DOS EMBARGOS do executado extingue total ou parcialmente
a execução conforme a oposição seja julgada total ou parcialmente procedente (art.732º/nº4).
No entanto, se a procedência se fundar na falta de intervenção do réu no processo declarativo
(art.696º (e) e 729º (d), o exequente pode requerer, no prazo de 3o dias a contar do transito em
julgado da decisão dos embargos, a renovação da instancia desse processo, isto é, do processo
em que se tenha verificado a revelia absoluta do réu (art.732º/nº5). Nos termos do
7
Apontamentos teóricos de Executivo - 2º teste
Catarina Serra | A91478
Penhora
® Noção
Enquanto garantia especial das obrigações, a penhora traduz-se numa apreensão judicial
do património do executado, com vista à sua posterior venda executiva e subsequente
satisfação da dívida exequenda e das despesas da execução, através do produto da venda.
Assim, se o devedor não cumprir voluntariamente a obrigação a que se encontra vinculado, o
credor tem o direito de exigir judicialmente o seu cumprimento e de executar o seu património
(art.817º CC).
A lei consagra o princípio da patrimonialidade, segundo o qual todos os bens do
devedor, que sejam suscetíveis de penhora, respondem em regra, pela obrigação (art.601º
CC e 735º/nº1 CPC), ou seja, o património do devedor é a garantia do credor/es. Excetuam-se
deste princípio as situações em que a lei preveja a impenhorabilidade dos bens (regimes de
impenhorabilidade absoluta, relativa ou parcial – art.736º a 739º) ou a autonomia
patrimonial decorrente da separação de patrimónios (regimes da responsabilidade pelas
dividas dos cônjuges – art.740º a 742º-, de penhora em caso de comunhão ou de
compropriedade – art-743º-, de execução contra o herdeiro – art.744º- e de penhorabilidade
subsidiária – art.745º).
® Efeitos
Ineficácia da disposição, oneração ou arrendamento de bens penhorados
A penhora, enquanto ato preparatório da venda executiva, vincula os bens por ela
atingidos à satisfação do direito do credor (art.817º CC). Assim, visando impedir que o
executado pudesse diminuir o valor dos bens penhorados ou inutilizar a sua venda executiva, a
lei substantiva determina que, sem prejuízo das regras do registo, são inoponíveis à execução
os atos de disposição, oneração ou arrendamento dos bens penhorados (art.819º CC), assim
como a extinção dos créditos penhorados, por causa dependente da vontade do executado ou
do seu devedor (art.820º CC e 773º CPC). Ou seja, a disposição, oneração ou o arrendamento de
um bem penhorado, ou a extinção do crédito penhorado por causa dependente da vontade do
executado ou do seu devedor, são atos válidos - a penhora não extingue o direito de
propriedade do executado ou a titularidade do direito de crédito-, mas a eficácia plena desses
atos fica dependente do desfecho da execução, sendo inoponível à própria execução. Trata-
se de uma eficácia relativa.
Tratando-se da penhora de BENS IMÓVEIS OU MÓVEIS SUJEITOS A REGISTO,
regem as regras gerais do registo. Com efeito, a subordinação dessa eficácia às regras do
registo tem por fim proteger a boa-fé de terceiros, aos quais é inoponível a penhora, enquanto
não registada. Assim, são inoponíveis à execução os atos de disposição, oneração ou
8
Apontamentos teóricos de Executivo - 2º teste
Catarina Serra | A91478
arrendamento que tenham sido constituídos ou registados após o registo da penhora dos
bens.
Tratando-se da penhora de BENS MÓVEIS NÃO SUJEITOS A REGISTO são
inoponíveis à execução os atos de disposição, oneração ou aluguer que sejam praticados
em momento posterior à data e hora mencionadas no auto de penhora (art.766º/nº1). O
mesmo ocorre com a penhora de créditos do devedor (art.773º/nº1).
Uma vez que a indisponibilidade do bem após a penhora pode trazer prejuízos para o
executado, a jurisprudência tem admitido a possibilidade de este requerer o pagamento de uma
indemnização por esses danos, nomeadamente quando a penhora tenha sido ilicitamente
efetuada.
® Limites da penhora
Objeto da execução (art.735º)
Nº1: “Estão sujeitos à execução todos os bens do devedor suscetíveis de penhora que, nos
termos da lei substantiva, respondem pela dívida exequenda”. Assim, a regra geral vigente é a
de que só podem ser penhorados bens que pertençam ao devedor.
Nº2: “Nos casos especialmente previstos na lei, podem ser penhorados bens de terceiro, desde
que a execução tenha sido movida contra este”. Em regra, só podem ser penhorados bens do
devedor que tenha sido demandado em sede executiva, o certo é que a lei prevê, em
determinados casos excecionais, a possibilidade de serem penhorados bens de terceiro
(art.818º CC e 735º/nº2 CPC). É o que sucede nos casos em que os bens do terceiro estejam
vinculados à garantia do crédito (através de penhor ou de hipoteca) ou quando tenham sido
objeto de um ato de disposição patrimonial praticado em prejuízo do credor, que este haja
impugnado de forma procedente, através de uma impugnação pauliana (art.616º/nº1 818º CC).
Em todo o caso, a execução patrimonial de bens de terceiro só é admissível desde que a ação
executiva tenha sido intentada contra ele, sendo essa a razão pela qual a lei prevê a existência de
exceções ao princípio da legitimidade formal (art.54º/nº2).
Nº3: “A penhora limita-se aos bens necessários ao pagamento da dívida exequenda e das
despesas previsíveis da execução, as quais se presumem, para o efeito de realização da
penhora e sem prejuízo de ulterior liquidação, no valor de 20%, 10% e 5% do valor da
9
Apontamentos teóricos de Executivo - 2º teste
Catarina Serra | A91478
10
Apontamentos teóricos de Executivo - 2º teste
Catarina Serra | A91478
11
Apontamentos teóricos de Executivo - 2º teste
Catarina Serra | A91478
Estes limites, apesar de existirem, observam exceções, pelo que, podemos, na realidade,
estar perante valores nos termos do nº1, sejam impenhoráveis, possam ser alvo de penhora.
Nº4 - O disposto nos números anteriores não se aplica quando o crédito exequendo for
de alimentos, caso em que é impenhorável a quantia equivalente à totalidade da pensão social
do regime não contributivo.
O nº8 deste artigo, que compreende várias alíneas, está relacionado com o
esclarecimento do que é deduzido nos salários e nos montantes do nº1: já foi alvo de imensa
jurisprudência.
Quando se fala em penhora, existem vários casos específicos que devemos ter em consideração
…
12
Apontamentos teóricos de Executivo - 2º teste
Catarina Serra | A91478
contitular do património autónomo ou do bem indiviso não pode alienar nem onerar uma parte
especificada desse património ou da coisa comum sem autorização dos demais contitulares
(art.1408º/nº1 e 2091º CC), sob pena de alienação ou oneração de coisa alheia (art.892º e
1408º/nº2 CC).
Apenas pode ser penhorado o direito do executado no património autónomo ou a
quota parte do executado no bem indiviso, na proporção dos respetivos titulares. Não sendo
este regime respeitado, os demais contitulares podem reagir contra a penhora através de um
incidente de embargos de terceiro, sem prejuízo da possibilidade de ser intentada uma ação
de reivindicação.
13
Apontamentos teóricos de Executivo - 2º teste
Catarina Serra | A91478
14
Apontamentos teóricos de Executivo - 2º teste
Catarina Serra | A91478
Tramitação
Processo comum ordinário – o executado deve deduzir oposição à penhora no prazo
de 10 dias a contar da notificação do ato da penhora (art.785º/nº1 e 753º/nº2 e 4).
Processo comum sumário ou processo comum ordinário em que o juiz tenha
dispensado a citação prévia (art.727º) – uma vez concretizada a penhora, o executado
deve ser citado para a execução e, simultaneamente, notificado do ato de penhora, caso
em poderá deduzir, em cumulação e no prazo de 20 dias, embargos de executado e
oposição à penhora (art.856º/nº1).
15
Apontamentos teóricos de Executivo - 2º teste
Catarina Serra | A91478
Natureza
Os embargos de terceiro surgem configurados como um incidente de intervenção de
terceiros numa instância já constituída, na medida em que permitem a um terceiro intervir na
ação executiva para fazer valer um direito próprio, total ou parcialmente incompatível, com o
exequente ou executado.
Modalidades
Repressivos quando são utilizados como meio de reação contra a penhora de um
bem ou direito, que ofenda a posse ou direito incompatível com a penhora
(art.342º/nº1).
Preventivos quando visam proteger a posse ou o direito de terceiro incompatível
com a penhora, que ainda não tenha sido realizada, mas está em vias do o ser
(art.350º/nº1), desempenhando uma função cautelar.
Requisitos
a. O embargante seja terceiro;
Os embargos de terceiro não podem ser deduzidos pelo executado, nem por quem tenha
sido citado para a execução, tal como sucede, por exemplo, com o seu cônjuge, no caso de ter
sido citado para requerer a separação de bens, em virtude da penhora de bens comuns do casal
(art.740º/nº1), ou com o possuidor dos bens pertencentes ao devedor, quando a execução, nos
termos do art.54º/nº4, tenha sido movida contra os 2.
O cônjuge do executado que tenha a posição de terceiro, isto é, que não tenha sido citado
para a ação executiva, pode, sem autorização do executado, defender por meio de embargos os
direitos relativamente aos bens próprios e aos bens comuns que tenham sido indevidamente
atingidos pela penhora (art.343º). É o que sucede nos casos em que, em execução movida
apenas contra 1 dos cônjuges, por divida própria deste, tenham sido penhorados os bens
próprios do outro cônjuge ou bens comuns do casal, não tendo o outro sido citado para requerer
a separação de bens (art.1696º CC e 740º/nº1). O outro cônjuge tem então o ónus de alegar e
comprovar a natureza, própria ou comum, dos bens penhorados.
b. Que o terceiro tenha a posse do bem ou seja titular de um direito incompatível com a
penhora desse bem;
c. Que essa posse ou esse direito tenha sido ofendido, ou possa vir a sê-lo, pela penhora
ou por uma diligência judicial de apreensão ou entrega de bens.
Prazo
O prazo varia consoante os embargos revistam natureza preventiva ou repressiva.
Natureza preventiva
Aqui os embargos de terceiro podem ser deduzidos antes de realizada, mas depois de
ordenada, a diligência de penhora ou de apreensão de bens. Só podem ser deduzidos
enquanto a penhora não for realizada, pois não podem ocorrer depois de realizada a penhora.
Natureza repressiva
Aqui os embargos de terceiro devem ser deduzidos no prazo de 30 dias após a data em
que a penhora foi efetuada ou em que o embargante deva ter conhecimento, mas nunca
depois de os respetivos bens terem sido judicialmente vendidos ou adjudicados (art.344º/nº2).
Este prazo reveste natureza judicial, suspendendo-se nas férias judiciais (art.138º/nº4).
Se os embargos de terceiro forem deduzidos depois de decorridos 30 dias após a
concretização da penhora, caberá ao embargante alegar os factos atinentes à data em que teve
conhecimento efetivo da diligência – sob pena de, não o fazendo, o juiz poder indeferir
16
Apontamentos teóricos de Executivo - 2º teste
Catarina Serra | A91478
liminarmente a petição de embargos, nos termos do art.345º - mas o ónus de prova de que os
embargos são extemporâneos recai sobre os embargados (art.343º/nº2 CC).
Legitimidade passiva
O terceiro que deduza embargos contra a penhora de um bem assume no processo
executivo uma posição oposta à do exequente (pois o terceiro procura impedir que o exequente
obtenha a satisfação do seu crédito através da venda executiva) e do executado (pois o
executado obterá uma vantagem patrimonial com a satisfação da dívida à custa de um bem que,
alegadamente, pertence a um terceiro).
Assim, os embargos de terceiro devem ser deduzidos contra o exequente e o
executado, os quais são as partes primitivas da execução, em regime de LITISCONSÓRCIO
NECESSÁRIO LEGAL (art.348º/nº1).
Tramitação
o Fase introdutória
A petição de embargos no processo executivo onde foi ou irá ser realizada a penhora do
bem de que é possuidor ou titular de um direito incompatível com essa diligencia, sendo os
embargos de terceiro tramitados por apenso a esse processo (art.344º/nº1).
Posteriormente, este é remetida ao juiz de execução, o qual pode proferir um de 3
despachos: (a) despacho de indeferimento liminar, quando seja manifesta a falta da qualidade
de terceiro do embargante ou a inexistência de um direito incompatível com a penhora ou de
posse; (b) despacho de convite ao aperfeiçoamento da petição de embargos, quando entenda
ser necessário o suprimento de insuficiências ou de imprecisões na exposição ou concretização
da matéria de facto ou a junção de algum documento; (c) despacho de realização das
diligencias probatórias que tiverem sido requeridas pelo terceiro ou que o juiz considere
relevantes (art.345º).
Produzida essa prova oferecida pelo embargante, o juiz, sem a audiência previa dos
embargados, profere um despacho de recebimento ou de rejeição dos embargos de terceiro
consoante, com base num juízo sumário (mero juízo de probabilidade séria quanto à
existência desse direito), conclua ou não pela probabilidade séria da existência da posse ou de
um direito incompatível do embargante com a penhora.
Sendo este um juízo sumário, o despacho do juiz não se encontra sujeito ao princípio da
extinção do poder jurisdicional (art.613º/n1), nem faz caso julgado formal, podendo o juiz
modificar oficiosamente o despacho por si proferido, designadamente rejeitando os embargos
que tenham sido liminarmente admitidos.
o Efeitos da rejeição ou do recebimento dos embargos
Caso os embargos forem rejeitados, tal decisão não produz efeito de caso julgado quanto
à eventual inexistência do direito de que o embargante se arroga titular (art.346º).
Caso os embargos forem recebidos, o juiz determina a suspensão da execução quanto aos
bens penhorados que tenham sido objeto dos embargos – prosseguindo, por isso, a execução em
relação a outros bens – assim como a restituição provisória da posse desses bens ao
embargante, se este houver requerido na petição inicial, podendo, todavia, condicionar essa
restituição à prestação de uma caução (art.347º). A imposição de caução constitui uma
importante medida de salvaguarda nos casos em que o juiz tenha dúvidas, no quadro do juízo
sumário inerente à fase introdutória dos embargos, quanto à probabilidade séria de existência do
direito de que o embargante se arroga titular. Assim, o valor da caução deve corresponder ao
valor do direito do embargante ou ao valor dos bens a que os embargos digam respeito.
17
Apontamentos teóricos de Executivo - 2º teste
Catarina Serra | A91478
o Fase subsequente
Sendo recebidos os embargos de terceiro, o exequente e o executado devem ser
notificados para, querendo, deduzirem contestação, seguindo-se os termos do processo
comum de declaração. Constituindo uma verdadeira ação autónoma, o prazo é de 30 dias
(art.596º), podendo as partes defenderem-se por impugnação e por exceção (art.571º, 576º e
577º), ou deduzir reconvenção (art.266º e 583º).
Fundamentando-se os embargos apenas na posse do terceiro (art.342º/nº1), as partes podem
impugnar esta posse ou pedir ao tribunal que declare e reconheça que o executado é o
proprietário efetivo do bem (art.348º/nº2) - pedido reconvencional.
O exequente pode optar por requerer ao agente de execução a substituição da penhora do
bem por um outro bem do executado, sendo que a instância de embargos de terceiro
extingue-se, por inutilidade superveniente, logo que se verifique o levantamento da penhora
(art.754º/nº1 (d) e nº6).
o Decisão e efeitos
A sentença de mérito proferida nos embargos de terceiro constitui caso julgado material
quanto à existência da titularidade do direito invocado pelo embargante ou por algum dos
embargados. Se os embargos forem julgados procedentes, o juiz deve determinar o
levantamento da penhora que recaiu sobre os bens objeto de embargos. Se os embargos forem
julgados improcedentes, a execução prossegue os seus termos quanto a esses bens.
Concurso de credores
® Citação do cônjuge do executado e dos credores (art.786º/nº1)
Realizada a penhora de bens do devedor, segue-se a fase do concurso de credores, que tem
a finalidade de permitir a intervenção do cônjuge do executado no processo executivo, bem
como os credores do executado, para estes reclamarem os seus créditos e obterem a satisfação
dos mesmos através do produto da venda dos bens penhorados.
Este chamamento à execução é efetuado pelo agente de execução, através de citação, que
pode ser realizada por qualquer uma das modalidades previstas no art.225º, exceto a citação
edital.
Assim, deve ser citado:
Al. a “O cônjuge do executado, quando a penhora tenha recaído sobre bens imóveis
ou EC que o executado não possa alienar livremente (atento o disposto no art.1682ºA
CC), ou quando se verifique o caso previsto no art.740º/nº1 (quando tenha sido
penhorados bens comuns do casal, em execução movida apenas contra um dos
cônjuges, por não serem conhecidos bens próprios do executado que sejam suficientes
para garantir o pagamento da dívida exequenda e das despesas de execução)”. Ou
quando tenha sido invocada a comunicabilidade da divida pelo exequente ou pelo
executado (art.741º e 742º). Caso o cônjuge tiver sido citado pelo facto de a penhora ter
recaído sobre bens imoveis ou EC, este pode, no prazo de 20 dias, deduzir oposição à
penhora e, cumulativamente, invocar eventuais fundamentos de oposição à execução
(art.729º a 731º), e pode ainda exercer, nas fases da execução posteriores à sua citação,
todos os direitos processuais conferidos ao executado. Nos outros casos, o cônjuge do
executado apenas pode requerer a separação de bens ou juntar certidão comprovativa da
pendencia da ação em que a separação já tenha sido requerida (art.740º/nº1) e os demais
direitos previstos para o incidente de comunicabilidade da dívida (art.741º e 742º).
Al. b “Os credores que sejam titulares de direito real de garantia (art.604º/nº2 CC),
registado ou conhecido, sobre os bens penhorados, incluindo penhor cuja constituição
18
Apontamentos teóricos de Executivo - 2º teste
Catarina Serra | A91478
19
Apontamentos teóricos de Executivo - 2º teste
Catarina Serra | A91478
O importante neste âmbito é a ideia de que, quem tem um privilégio creditório geral,
não pode proceder à reclamação de créditos, e a razão de ser disto é a proteção dos legítimos
interesses do exequente, uma vez que um credor com privilégio creditório geral se iria
sobrepor ao exequente (o mesmo não significa que este credor com privilégio não pode ser
pago, apenas não irá concorrer para a graduação de créditos).
O exequente pode estar em concurso, a lutar pelo pagamento da quantia com outros
credores. Temos de saber quando os credores são convocados, para que efeitos e que nem todos
podem ser convocados, há requisitos que têm de estar preenchidos (ex. ter o título executivo).
20
Apontamentos teóricos de Executivo - 2º teste
Catarina Serra | A91478
Art. 796/nº3 CPC: “Sem prejuízo da exclusão do n.º 4 do artigo 788.º, a quantia a receber
pelo credor com privilégio creditório geral, mobiliário ou imobiliário, é reduzida até 50% do
remanescente do produto da venda, deduzidas as custas da execução e as quantias a pagar aos
credores que devam ser graduados antes do exequente, na medida do necessário ao pagamento
de 50 % do crédito do exequente, até que este receba o valor correspondente a 250 UC.”
(ninguém vai perguntar isto num caso prático, mas 1UC = 102euros!) – ao exequente é
garantido o pagamento do seu crédito até 250 UC. O exequente, no caso de haver concurso de
credores com privilégio creditório geral, mobiliário ou imobiliário, tem direito a pelo menos
50% do remanescente do produto da venda, reduzido das custas de execução e quantias a
pagar aos credores que devam ser graduados antes do exequente, nunca ultrapassando os 250
UC. Quase que há uma atenuação aqui aos privilégios creditórios. Mas aqui não diz que quando
o exequente credor concorre com alguém que tem um direito de garantia real, ele tem sempre de
receber alguma coisa, esta norma está apenas para privilégio creditório geral mobiliário ou
imobiliário.
*operação aritmética: vende-se o bem, desse dinheiro que surge vamos reduzir as custas, depois
ver quem é pago antes do exequente a nível de direitos reais de garantia (ex. hipoteca), paga-se
a esse credor que possui direito real de garantia, do valor que temos aqui vamos pegar em pelo
menos 50% sem ultrapassar os 250 UC e pagar ao credor exequente e só depois aos que tinham
privilégio creditório geral.
Também não incluímos aqui credores com privilégios creditórios especiais, estes
também têm privilégio em relação ao credor exequente, não se reduzindo nada antes de lhes
pagar, assim como os credores com garantia real, desde que cumpridos os requisitos de
privilégio creditório especial. Então o credor exequente corre o risco de não receber nada,
mesmo existindo a salvaguarda do art. 796º/nº3 CPC.
Art. 796º/nº4 CPC – “O disposto no n.º 3 não se aplica aos privilégios creditórios dos
trabalhadores.” – os trabalhadores têm privilégios gerais e especiais, os especiais já não
entravam na redução do nº3, os gerais também não entram de acordo com esta norma, uma vez
que o legislador não considera que seria justo os trabalhadores cederem em relação ao
credor exequente, oferecendo um lugar privilegiado aos créditos laborais do trabalhador.
Temos de saber que existe esta norma do 796º/nº3 CPC que salvaguarda o credor
exequente, na medida em que este receba alguma coisa no processo de execução.
Pagamento
A ação executiva para pagamento de quantia certa visa permitir a satisfação da dívida
exequenda, bem como os demais créditos eventualmente reclamados e reconhecidos na
execução. Relativamente ao pagamento do crédito exequendo e dos demais créditos reclamados
na execução, o art. 795º CPC determina que este pode ser efetuado através da entrega de
dinheiro (inclui cheque e transferência bancária), adjudicação dos bens penhorados (em vez
de vender o bem ele é dado ao credor para pagar a dívida), consignação dos seus rendimentos
(a quantia é paga através dos rendimentos que advêm da coisa penhorada) ou pelo produto da
respetiva venda, sem prejuízo da possibilidade de celebração de um acordo de pagamento
em prestações com o exequente e/ou todos os credores, nos termos previstos nos arts. 806º a
810º CPC (bastante usado na execução até para evitar a venda do bem).
Acordo de pagamento em prestações
Relativamente ao acordo de pagamento em prestações, não há grande problema em
relação a este meio de pagamento se não houver concurso de credores, ou seja, se o exequente
21
Apontamentos teóricos de Executivo - 2º teste
Catarina Serra | A91478
estiver sozinho na execução, por outro lado, a situação já muda se houver credores reclamantes
que não irão ver o seu crédito satisfeito. É por isso que o legislador só permite que este meio
seja usado ouvindo os restantes credores que já estejam como parte na execução, não permite
que isto seja feito apenas entre o executado e o exequente. Acordado o pagamento em
prestações e definido o plano de pagamento, o exequente e o executado devem comunicar o
acordo ao agente de execução (até à transmissão do bem penhorado, ou no caso de venda
mediante propostas em carta fechada, até à aceitação da proposta apresentada). A celebração de
um acordo de pagamento em prestações determina a extinção da execução. – art. 806º e 849º/1
f) CPC.
Sendo celebrado o acordo o exequente pode ou não prescindir da penhora feita na execução.
Se prescindir antecipadamente da penhora, ou seja, sem que o crédito exequente se encontre
satisfeito, o credor fica, em princípio, desprotegido quanto à garantia que lhe advinha da
penhora do património do executado, sem prejuízo de convencionar com o executado outras
garantias adicionais. Se o exequente declarar que não prescinde da penhora, o que acontece na
maior parte das vezes, pois ele não sabe se o executado vai mesmo pagar as prestações, “aquela
converte-se automaticamente em hipoteca ou penhor (o agente de execução deve comunicar
esse facto à conservatória competente), beneficiando estas garantias da prioridade que a
penhora tenha, sem prejuízo do disposto no artigo 809º (possibilidade de renovação da
instância executiva, a requerimento de algum credor reclamante)” – art. 807º/1 CPC.
Art. 809º/1 CPC – “Renova-se a instância caso algum credor reclamante, cujo crédito
esteja vencido, o requeira para satisfação do seu crédito.” O credor reclamante pode requerer
renovação da instância, quase que ele agora vai ser o credor principal, para ver o seu crédito
satisfeito (torpedear o acordo feito entre o executado e o exequente). Nº2 - “é notificado o
exequente para, no prazo de 10 dias, declarar se: a) Desiste da garantia a que alude o n.º 1 do
artigo 807.º; b) Requer também a renovação da instância para pagamento do remanescente do
seu crédito, ficando sem efeito o pagamento em prestações acordado.” O credor exequente vai
ter de tomar uma posição, saber se larga a penhora para o credor reclamante que requereu
renovação da instância, ou se desiste do acordo de pagamento em prestações, continuando a
prosseguir na penhora. Neste caso ele não pode ter a penhora e o acordo ao mesmo tempo.
Assim, é mais cauteloso tentar fazer o acordo de pagamento a prestações quando ainda não se
chegou à fase de reclamação de créditos, uma vez que se não houver credores reclamantes não
vamos ter problemas.
NOTA: As consequências do não cumprimento do acordo do pagamento em prestações
encontram-se no art. 808º do CPC.
O CPC prevê igualmente a possibilidade de ser celebrado um acordo global, isto é, um
acordo que abranja, simultaneamente, o exequente, o executado e os credores reclamantes, nos
termos do art. 810º/nº1 CPC – “O executado, o exequente e os credores reclamantes podem
acordar num plano de pagamentos, que pode consistir nomeadamente numa simples moratória,
num perdão, total ou parcial, de créditos, na substituição, total ou parcial, de garantias ou na
constituição de novas garantias”. Os restantes números do artigo estabelecem regras para este
acordo!
O legislador tentou então arranjar algumas soluções que não levassem o processo a
acabar em venda ou adjudicação dos bens, mas estas soluções pressupõem vontade de uma
pessoa ou de todos os credores e quando não existe essa vontade a execução tem de acabar e aí
vamos pelos outros meios já referidos para o pagamento.
22
Apontamentos teóricos de Executivo - 2º teste
Catarina Serra | A91478
23
Apontamentos teóricos de Executivo - 2º teste
Catarina Serra | A91478
individuo que fez a adjudicação pode também fazer proposta em carta fechada para, por
exemplo, aumentar o preço e tentar garantir que fica com o bem.
Termos da adjudicação
A abertura das propostas deve ter lugar perante o juiz de execução sempre que
adjudicação tenha por objeto um bem imóvel ou, se assim for determinado, um estabelecimento
comercial. Nos demais casos a abertura das propostas é efetuada perante o agente de execução,
aplicando-se, com as devidas adaptações, o disposto no art. 820º quanto às formalidades a ser
observadas em relação à abertura das propostas.
Artigo 801º - “1 - Se não aparecer qualquer proposta e ninguém se apresentar a
exercer o direito de preferência, aceita-se o preço oferecido pelo requerente.
2 - Havendo proposta de maior preço, observa-se o disposto nos artigos 820º e 821º.” (venda
por proposta em carta fechada – então, as propostas que tiverem sido apresentadas são
apreciadas pelo executado, pelo exequente e pelos credores que tiverem comparecido a essa
diligencia. Se ninguém comparecer considera-se aceite a proposta de maior preço, salvo se esta
for inferior a 85% do valor base dos bens).
Consignação de rendimentos
Consignação de rendimentos – não há transferência de propriedade. Estando em causa a
penhora de bens imóveis ou de bens móveis sujeitos a registo, a lei prevê a possibilidade de o
exequente requerer ao agente de execução que lhe sejam consignados os rendimentos desses
bens, em pagamento do seu crédito (art. 656º/nº1 CC e 803º/nº1 CPC).
O pressuposto para haver consignação de rendimentos é que existam rendimentos, ou seja,
ou foram diretamente penhorados rendimentos (direitos de crédito), ou foram penhorados bens
que produzam eles próprios rendimentos (quando penhoro um bem imóvel, também estão
penhorados os seus frutos – art. 758º/nº1 CPC).
“2 - Sobre o pedido é ouvido o executado, sendo a consignação de rendimentos efetuada, se
ele não requerer que se proceda à venda dos bens.” (apresentado o pedido, o agente de
execução deve notificá-lo ao executado. Em princípio, o executado não terá interesse em
deduzir oposição à consignação de rendimentos, uma vez que esta modalidade de pagamento do
crédito exequendo pode evitar a venda efetiva dos bens penhorados, protegendo-se assim o seu
património).
“3 - Não tem lugar a citação dos credores quando a consignação seja antes dela requerida
e o executado não requeira a venda dos bens.” (o exequente tem interesse em fazer o pedido de
consignação de rendimentos antes da citação de credores. Regra geral, ele recorre a este método
quando entende que com certo número de consignação de bens ele consegue obter o pagamento
dos seus créditos, e só vai fazer isso quando ainda os outros credores não estejam envolvidos na
penhora, ou seja, o mais cedo possível).
Artigo 804º/1 CPC: “A consignação de rendimentos de bens que estejam locados é
notificada aos locatários.” (para que paguem diretamente ao credor).
Art. 805º/1 e 849º/1 b) CPC: “Efetuada a consignação e pagas as custas da execução, a
execução extingue-se, levantando-se as penhoras que incidam em outros bens.” – regra geral,
quem extingue formalmente a execução é o juiz de execução, com informação do agente de
execução.
Venda executiva
Venda - art 811º CPC
A venda pode ter várias modalidades: “a) Venda mediante propostas em carta
fechada; b) Venda em mercados regulamentados; c) Venda direta a pessoas ou entidades que
tenham direito a adquirir os bens; d) Venda por negociação particular; e) Venda em
estabelecimento de leilões; f) Venda em depósito público ou equiparado; g) Venda em leilão
eletrónico.” A modalidade a aplicar depende do caso concreto, quando a lei não disponha de
forma diversa (art. 812º/nº1 CPC)!
24
Apontamentos teóricos de Executivo - 2º teste
Catarina Serra | A91478
25
Apontamentos teóricos de Executivo - 2º teste
Catarina Serra | A91478
CPC – havendo um direito legal ou convencional de preferência que goze de eficácia real
sobre os bens penhorados (art. 421º CC), os respetivos titulares devem ser notificados, de
acordo com as formalidades previstas para a citação, do dia, hora e local de abertura das
propostas, para poderem exercer o seu direito no próprio ato, se alguma proposta for aceite.
*Pessoas com certo grau de parentesco podem estar presentes para remir a venda, ou seja,
adquirir pelo mesmo valor da maior proposta, gozam do direito de remição – art. 842º CPC –
benefício de caráter familiar.
Depois de ter sido a venda (em bom rigor o dia em que alguém fez a proposta e ela foi
aceite) dá-se o prazo para o pagamento, ou seja, sendo aceite alguma das propostas, o
proponente ou preferente é notificado para, no prazo de 15 dias, depositar a totalidade ou a parte
do preço em falta – art. 824º/nº2 CPC.
26
Apontamentos teóricos de Executivo - 2º teste
Catarina Serra | A91478
novamente os mesmos bens e perdendo o valor da caução constituída nos termos do n.º 1 do
artigo anterior; ou
c) Liquidar a responsabilidade do proponente ou preferente remisso, devendo ser promovido
perante o juiz o arresto em bens suficientes para garantir o valor em falta, acrescido das custas
e despesas, sem prejuízo de procedimento criminal e sendo aquele, simultaneamente, executado
no próprio processo para pagamento daquele valor e acréscimos.”
Faz todo o sentido que o potencial preferente esteja no ato de abertura e aceitação das
propostas, mas a lei permite que caso não esteja, ele prefira em determinado prazo – art.
825º/nº3 CPC – “O preferente que não tenha exercido o seu direito no ato de abertura e
aceitação das propostas pode efetuar, no prazo de cinco dias, contados do termo do prazo do
proponente ou preferente faltoso, o depósito do preço por este oferecido, independentemente de
nova notificação, a ele se fazendo a adjudicação”.
Logo que se mostre integralmente pago o preço e uma vez satisfeitas as obrigações
fiscais inerentes à transmissão, é necessário fazer a adjudicação, ou seja, um documento que
prova que eu sou o proprietário e que paguei os impostos inerentes à transmissão – art. 827º/nº1
CPC – “Mostrando-se integralmente pago o preço e satisfeitas as obrigações fiscais inerentes
à transmissão, os bens são adjudicados e entregues ao proponente ou preferente, emitindo o
agente de execução o título de transmissão a seu favor, no qual se identificam os bens, se
certifica o pagamento do preço ou a dispensa do depósito do mesmo e se declara o
cumprimento ou a isenção das obrigações fiscais, bem como a data em que os bens foram
adjudicados”.
Quando estejamos perante imóvel esta modalidade de venda por carta fechada é a
primeira que ocorre ao agente de execução. Quando estejamos perante estabelecimento
comercial depende do valor do EC, o legislador diz no art. 829º CPC – “A venda de
estabelecimento comercial de valor superior a 500 UC* tem lugar, sob proposta do exequente,
do executado ou de um credor que sobre ele tenha garantia real, mediante propostas em carta
fechada”.
*500 UC = 51000 euros
27
Apontamentos teóricos de Executivo - 2º teste
Catarina Serra | A91478
É relativamente fácil o meio de venda a que se recorre primeiramente ser a venda por
carta fechada e depois acabar por ter de ser passar para venda por negociação particular, por
exemplo por não existirem propostas na venda por carta fechada. O perigo da negociação
particular é que permite acordos, diminuindo a transparência do negócio.
28
Apontamentos teóricos de Executivo - 2º teste
Catarina Serra | A91478
E se um tribunal arbitral emana uma sentença de que A deve a B e não pagou? Esta vale o
mesmo que qualquer outra sentença, mas não vai ser executada pelo tribunal arbitral, vai entrar
no sistema público, num tribunal do Estado/público.
29