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1º PASSO: A Legitimidade
- Garantia real sobre bens de terceiro? – artigo 54 nº2 e nº3 cpc. Se o terceiro que
constitui garantia sobre a dívida do executado não for demandado, o seu bem dado
como garantia não pode ser indicado à penhora, porque este não é executado (735/2
cpc). Se se proceder à penhora de bens de terceiro, a penhora é ilegal, podendo o
terceiro deduzir embargos (342º cpc), ação de reivindicação (1311º CC), enquadrando-
se ainda a hipótese de protesto (840º cpc) e, para além do mais, no caso das coisas
móveis não sujeitas a registo, é possível a oposição mediante requerimento (764/3 cpc);
Se o terceiro que constituiu garantia sobre a dívida do executado não for demandado, tal
não implica a renuncia, por parte do exequente, à garantia;
Este terceiro garante só pode ser demandado se houver título executivo para tal (703º/1
cpc). No caso da hipoteca, haverá sempre título executivo atendendo à forma desta
(artigo 714º cc), já por exemplo no caso do penhor, como este pode ser dado sem
observância de forma, há que aferir se há ou não título executivo para demandar o
terceiro.
A penhora não tem de começar pelo bem dado como garantia por terceiro, visto não se
aplicar o 752/1cpc a essa situação.
2º PASSO: Exequibilidade
- Verificar sempre os artigos 703º até 711º cpc para aferir da exequibilidade extrínseca.
Certeza:
- a obrigação é alternativa? – artigo 543º cc e 714º CPC para que seja feita a escolha da
prestação, porque caso contrário será incerta e não haverá exequibilidade intrínseca;
Exigibilidade:
Liquidez:
- simples cálculo aritmético? (por ex., uma soma? Uma contagem de juros, ex do 806º
CC?) – artigo 716/1 CPC;
- título judicial + liquidação que não depende de simples cálculo aritmético + não se
exigir que se proceda a liquidação no processo declarativo? – artigo 716 nº5 e nº4;
- Título judicial de condenação genérica, porque não havia elementos para fixar o objeto
ou a quantidade + liquidação que não dependente de simples cálculo aritmético +
obrigação de liquidação no processo declarativo? – 704/6 CPC + possibilidade de
incidente de liquidação póstuma (ver 358 nº1 e nº2, 359º nº1 e 556º cpc);
- É um incidente declarativo;
- é uma ação constitutiva, pois visa extinguir o efeito pretendido pela execução e título
executivo. Há, contudo, quem defenda que é uma ação de simples apreciação negativa
de um pressuposto processual;
- Fundamentos quando o titulo é de injunção: 857º cpc + 729º cpc. Por força da
inconstitucionalidade do nº1 do 857º, são também admitidos os fundamentos do 731º
cpc (acórdão TC 264/2015 + artigo 20º da Constituição)
- Pressupostos para deduzir oposição à execução (artigo 728º CPC): (1) ser executado;
(2) prazo de 20 dias após citação no processo ordinário (neste âmbito ver ainda: artigos
191º cpc, 138º nº1, 732º nº1 a) cpc, e o disposto quanto ao processo sumário (886/2
cpc); (3) fundamento do 729 se sentença, ou 729 e 731 se extrajudicial ou injunção;
- O exequente pode contestar (732/2 cpc). Há confissão dos factos não contestados (ver
ainda assim o disposto para revelia inoperante), quando estes não estejam em
contradição com o disposto no requerimento do exequente (artigo 732/3 cpc);
- Ação declarativa de oposição à penhora, que corre por apenso à ação executiva (artigo
344/1 cpc);
- conceito de terceiro para os embargos (342/1 cpc), “quem não é parte na causa”;
- fundamento (342/1 cpc): (1) a penhora ofende a posse; (2) há um direito incompatível
com a penhora. Um direito de terceiro será incompatível com a penhora se esse direito
for suscetível de impedir a realização da venda executiva ou se não se extinguir com
essa venda. O terceiro pode deduzir embargos contra a penhora se o direito de que for
titular sobre o bem penhorado for suscetível de impedir a venda executiva ou não se
extinguir com essa venda;
- O direito incompatível ou posse têm de ser constituídos antes da penhora (artigo 819º
cc);
- suspendem a execução quanto aos bens que dizem respeito (artigo 347º cpc), bem
como a restituição provisória da posse;
- legitimidade ativa do titular do direito real, que seja ofendido pela penhora (artigo
1311º e 1315º cc);
- a ação de reivindicação é aplicável à proteção de todo o direito real (artigo 1315º cc);
- a sua procedência leva à anulação da venda executiva (artigo 839º nº1 d) cpc);
- se a reivindicação for feita antes da venda (protesto prévio) ou antes da entrega dos
bens móveis ao comprador – artigos 840º e 841º cpc;
- prazo para a citação dos credores reclamantes: 786º nº9, 5 dias a contar do termo do
prazo de que o executado dispõe para deduzir oposição à penhora (artigo 785º nº1 cpc);
- se não for citado o credor reclamante: 788º nº3 e 786 nº6 cpc
- requisitos para se poder reclamar um crédito: (1) ser credor com garantia real; (2) a
reclamação ter por base título exequível (e se não o tiver, por ex., no caso de quem tem
direito de retenção, tal título exequível poderá ser obtido – artigo 792/1 cpc; (3) prazo
de 15 dias a contar da citação do reclamante (788 nº2); (4) exige-se que a obrigação seja
certa e líquida (788 nº7), não tendo de ser exigível. Se a obrigação for incerta ou
ilíquida, tem o credor a prerrogativa de a torna certa e líquida. Se for inexigível, há
benefício da antecipação e consequente desconto (791/3 cpc).
8º PASSO – A GRADUAÇÃO
Importa aferir a ordem de concurso, entre os direitos caducados nos termos do artigo
824º nº2 + 604º CC.
Para RUI PINTO: a venda executiva é um ato de direito público, onde se transmitem
onerosamente direitos privados penhorados, em ordem ao pagamento da obrigação
exequenda.
Um contrato supõe um acordo de vontades (874 cc) que não existe na venda executiva.
O transmissário pode ter vontade de adquirir, todavia o transmitente é substituído pelo
Estado, pelo que nenhuma vontade pode ser imputada ao executado.
Os atos de disposição e oneração que o executado pratique não têm efeitos enquanto os
bens estiverem penhorados 819 e 820 CC) – é como se não tivesse havido qualquer
disposição ou oneração do bem ou direito penhorado. Mas, aplicar-se-á o 824 nº2 e nº3.
A ineficácia abate-se sobre os atos posteriores à penhora, de acordo com o 819 e 820
CC. E, portanto, esse efeito não se abata sobre os atos anteriores à penhora – que
dependendo do direito em causa, que pode ser incompatível com a realização da
penhora (ex do gozo de um usufruto), levam à admissibilidade de embargos de terceiro
ou ação de reivindicação.
São sempre ineficazes a constituição, de pois da penhora, de direito real de gozo menor,
como o usufruto, superfície, time-sharing, ou arrendamento. É certo que a sua
posterioridade à penhora determina, por força do 824/2 CC, a caducidade respetiva pelo
que dir-se-ia não haver incompatibilidade com a execução. No entanto, a posse dada por
esses direitos implica uma tradição da coisa que é contrária ao interesse em manter a
coisa em bom estado e sem extravios.
Títulos Injuntórios
- se se entendesse que o arrendamento deveria ser tratado como um direito real de gozo
menor, ele caducaria com a venda executiva e seria inoponível à execução porque
posterior à penhora.
- A regra geral é a de que os titulares de direitos pessoais de gozo não podem deduzir
embargos de terceiro com fundamento na titularidade de um direito incompatível com a
penhora, já que esses direitos extinguem-se com a venda executiva, não sendo, por isso,
incompatíveis com a penhora (824/2 CC).
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- De acordo com o 1057 CC, o adquirente do bem objeto de locação sucede nos direitos
e obrigações do locador, sem prejuízo das regras de registo, isto é, a Compra e Venda
não afeta a locação. Por conseguinte, se o prédio penhorado se encontrar onerado com
um arrendamento a favor de terceiro, o adquirente desse bem em sede executiva sucede
na posição juridica de locador, sem que seja afetada a situação juridica do locatário,
porquanto o arrendamento não caduca com a venda executiva.
- condenações implícitas: sentença em que o autor não pediu a condenação do réu, mas
tacitamente este é condenado na realização de uma prestação em consequência do
pedido do autor. É uma questão semelhante à dos juros moratórios legais, que o
legislador se preocupou em plasmar na lei (703/2 cpc).
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SE HOUVER UM CONTRATO-PROMESSA
- mesmo com eficácia real, não é possível embargar de terceiro (342/1 cpc), porque o
direito não é incompatível com a penhora. O contrato de promessa com eficácia real
valerá como preferência na fase de venda (831º cpc ex.)
- artigo 54/1 cpc – A execução corre entre os sucessores das pessoas que figuram no
titulo como credor ou devedor da obrigação exequenda;
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- se a penhora recair sobre outros bens do sucessor, que não os recebidos por sucessão,
pode o executado deduzir oposição à penhora (744/2 + 784/1 a) cpc);
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