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Esquema de resolução casos práticos - Direito Executivo

direito executivo (Universidade de Lisboa)

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Esquema de resolução – Direito Processual Civil III

Gabriel Nogueira Calado

1º PASSO: A Legitimidade

- A ilegitimidade é fundamento de oposição à execução (artigo 729º c) cpc);

- Entre o credor e devedor primários? Fiador? – É aplicável o artigo 53º cpc;

- Sucessão Mortis Causa / Sucessão por cessão de créditos ou transmissão de dívidas /


Endosso? – artigo 54º/1 cpc;

- Garantia real sobre bens de terceiro? – artigo 54 nº2 e nº3 cpc. Se o terceiro que
constitui garantia sobre a dívida do executado não for demandado, o seu bem dado
como garantia não pode ser indicado à penhora, porque este não é executado (735/2
cpc). Se se proceder à penhora de bens de terceiro, a penhora é ilegal, podendo o
terceiro deduzir embargos (342º cpc), ação de reivindicação (1311º CC), enquadrando-
se ainda a hipótese de protesto (840º cpc) e, para além do mais, no caso das coisas
móveis não sujeitas a registo, é possível a oposição mediante requerimento (764/3 cpc);

Se o terceiro que constituiu garantia sobre a dívida do executado não for demandado, tal
não implica a renuncia, por parte do exequente, à garantia;

Este terceiro garante só pode ser demandado se houver título executivo para tal (703º/1
cpc). No caso da hipoteca, haverá sempre título executivo atendendo à forma desta
(artigo 714º cc), já por exemplo no caso do penhor, como este pode ser dado sem
observância de forma, há que aferir se há ou não título executivo para demandar o
terceiro.

A penhora não tem de começar pelo bem dado como garantia por terceiro, visto não se
aplicar o 752/1cpc a essa situação.

- há um arrendatário ou comodatário com posse? – é possível traze-lo à ação executiva


pelo artigo 54/4 cpc. Se este for trazido à ação executiva, deixa de poder deduzir
embargos de terceiro (342º cpc), podendo, contudo, opor-se à execução e à penhora;

- Efeito da sentença condenatória sobre o terceiro adquirente: artigo 55º cpc;

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- Litisconsórcio necessário? (atender à doutrina de RP, de obrigatoriedade de


litisconsórcio necessário dos cônjuges – artigo 34º nº1 e nº3 – no caso de dívidas
comuns. Vício que é sanável, e que, portanto, pode não implicar a procedência do
fundamento de oposição à execução do 729 c))

- Litisconsórcio voluntário? Se existe possibilidade, (por ex., através dos desvios à


legitimidade do artigo 54º, que permitem que se demande também terceiro) indicar
sempre o artigo 32º cpc.

2º PASSO: Exequibilidade

Exequibilidade extrínseca (artigo 703º/1 CPC): há um título executivo que incorpore


uma obrigação exigível em sede de ação executiva?

- Verificar sempre os artigos 703º até 711º cpc para aferir da exequibilidade extrínseca.

Exequibilidade intrínseca (artigo 713º CPC): certeza, liquidez e exigibilidade da


obrigação representada pelo título executivo.

Certeza:

- a obrigação é genérica? – artigo 539º e 542º CC para que haja concentração da


obrigação, porque caso contrário será incerta e não haverá exequibilidade intrínseca;

- a obrigação é alternativa? – artigo 543º cc e 714º CPC para que seja feita a escolha da
prestação, porque caso contrário será incerta e não haverá exequibilidade intrínseca;

- É dinheiro que está em causa? – artigo 550º CC, princípio do nominalismo. A


prestação exigida é certa.

Exigibilidade:

- obrigação pura? – artigo 777º/1 CC  não se interpelou o devedor antes da


execução?  interpela-se já na ação executiva artigo 610/2 b) cpc

- obrigação cum potuerit? – artigo 778/1 CC  depende de prova de que o devedor


pode cumprir;

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- obrigação cum valuerit? – artigo 778/2 CC  o devedor só paga quando quiser;

- obrigação com prazo certo? – artigo 805º/2 a) CC – mora e exigibilidade


independentemente de interpelação;

- obrigações futuras ou eventuais? – Em ação executiva só são admitidas no âmbito do


artigo 707º CPC (contratos quoad constitutionem, como mútuos);

- obrigação dependente de condição ou prestação? – artigo 715º cpc;

- obrigação liquidável em prestações? – artigo 781 vs. 934º CC + prova em ambos os


casos, por aplicação analógica do 715º CPC;

Liquidez:

- simples cálculo aritmético? (por ex., uma soma? Uma contagem de juros, ex do 806º
CC?) – artigo 716/1 CPC;

- título extrajudicial + liquidação que não depende de simples cálculo aritmético? –


716/4 cpc, sendo o executado citado a contestar;

- título judicial + liquidação que não depende de simples cálculo aritmético + não se
exigir que se proceda a liquidação no processo declarativo? – artigo 716 nº5 e nº4;

- Iliquidez + Universalidade? – artigo 716º nº8 e nº9

- Título judicial de condenação genérica, porque não havia elementos para fixar o objeto
ou a quantidade + liquidação que não dependente de simples cálculo aritmético +
obrigação de liquidação no processo declarativo? – 704/6 CPC + possibilidade de
incidente de liquidação póstuma (ver 358 nº1 e nº2, 359º nº1 e 556º cpc);

3º PASSO: OPOSIÇÃO À EXECUÇÃO

- É um incidente declarativo;

- impede a produção de efeitos pelo titulo executivo e extingue a execução se


procedente (artigo 732º nº4 cpc);

- é uma ação constitutiva, pois visa extinguir o efeito pretendido pela execução e título
executivo. Há, contudo, quem defenda que é uma ação de simples apreciação negativa
de um pressuposto processual;

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- Fundamentos quando o titulo executivo é uma sentença: 729º CPC [fundamentos


taxativos];

- Fundamentos quando o título executivo é extrajudicial: 731º + 729º;

- Fundamentos quando o titulo é de injunção: 857º cpc + 729º cpc. Por força da
inconstitucionalidade do nº1 do 857º, são também admitidos os fundamentos do 731º
cpc (acórdão TC 264/2015 + artigo 20º da Constituição)

- Pressupostos para deduzir oposição à execução (artigo 728º CPC): (1) ser executado;
(2) prazo de 20 dias após citação no processo ordinário (neste âmbito ver ainda: artigos
191º cpc, 138º nº1, 732º nº1 a) cpc, e o disposto quanto ao processo sumário (886/2
cpc); (3) fundamento do 729 se sentença, ou 729 e 731 se extrajudicial ou injunção;

- Pode haver indeferimento liminar (732/1 cpc);

- O exequente pode contestar (732/2 cpc). Há confissão dos factos não contestados (ver
ainda assim o disposto para revelia inoperante), quando estes não estejam em
contradição com o disposto no requerimento do exequente (artigo 732/3 cpc);

- Discussão em torno do caso julgado da oposição à execução: 732/5 cpc. MTS e


LEBRE DE FREITAS consideram haver caso julgado material, atendendo à letra do
732/5 + 619º e 621º cpc e 91/2 cpc.

- possibilidade de suspensão da execução – 733º cpc

- disposição quanto à casa de habitação efetiva do embargante (733/5 cpc);

4º PASSO: OPOSIÇÃO À PENHORA

- incidente declarativo, funcionalmente acessório da ação executiva;

- Ação constitutiva (pedido de revogação da penhora de um bem do executado) – artigo


785º/6 cpc;

- prazo: 785/1 cpc, 10 dias a contar da notificação do ato de penhora. Se estiver em


causa processo sumário, a citação tem lugar no ato de penhora, 856/2 cpc;

- funciona em torno das impenhorabilidades do objeto (artigos 735º a 739º cpc)

- determina o levantamento do bem penhorado (785º cpc)

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5º PASSO: EMBARGOS DE TERCEIRO (342º e seguintes, cpc)

- Ação declarativa de oposição à penhora, que corre por apenso à ação executiva (artigo
344/1 cpc);

- conceito de terceiro para os embargos (342/1 cpc), “quem não é parte na causa”;

- fundamento (342/1 cpc): (1) a penhora ofende a posse; (2) há um direito incompatível
com a penhora. Um direito de terceiro será incompatível com a penhora se esse direito
for suscetível de impedir a realização da venda executiva ou se não se extinguir com
essa venda. O terceiro pode deduzir embargos contra a penhora se o direito de que for
titular sobre o bem penhorado for suscetível de impedir a venda executiva ou não se
extinguir com essa venda;

- O direito incompatível ou posse têm de ser constituídos antes da penhora (artigo 819º
cc);

- prazo: 30 dias subsequentes à penhora ou ao posterior conhecimento do embargante


(344/2 cpc);

- são deduzidos contra o exequente e executado (348/1 cpc), e há fase contraditória;

- referência à fase introdutória (345º a 347º cpc);

- efeito da procedência dos embargos: 349º cpc – é determinado o levantamento da


penhora; forma-se caso julgado material;

- suspendem a execução quanto aos bens que dizem respeito (artigo 347º cpc), bem
como a restituição provisória da posse;

6º PASSO: AÇÃO DE REIVINDICAÇÃO (1311º CC)

- ação declarativa comum, autónoma face à ação executiva;

- legitimidade ativa do titular do direito real, que seja ofendido pela penhora (artigo
1311º e 1315º cc);

- a ação de reivindicação é aplicável à proteção de todo o direito real (artigo 1315º cc);

- a sua procedência leva a (1) um reconhecimento do direito real de gozo; (2) à


restituição do bem – artigo 1311/1 cc;

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- a sua procedência leva à anulação da venda executiva (artigo 839º nº1 d) cpc);

- se a reivindicação for feita antes da venda (protesto prévio) ou antes da entrega dos
bens móveis ao comprador – artigos 840º e 841º cpc;

- Sendo a ação de reivindicação uma ação declarativa autónoma, não suspende a


execução, sem prejuízo do que decorre do protesto (artigo 840 cpc);

Nota: EMBARGOS DE TERCEIRO VS. AÇÃO DE REIVINDICAÇÃO

Sob pena de exceção de litispendência ou caso julgado, há que recorrer alternativamente


aos embargos de terceiro ou à ação de reivindicação. Apenas poderiam ser usados
cumulativamente se os embargos de terceiro se fundassem na posse.

7º PASSO – A RECLAMAÇÃO DE CRÉDITOS

- citação dos credores por via do 786/1 b) cpc;

- prazo para a citação dos credores reclamantes: 786º nº9, 5 dias a contar do termo do
prazo de que o executado dispõe para deduzir oposição à penhora (artigo 785º nº1 cpc);

- se não for citado o credor reclamante: 788º nº3 e 786 nº6 cpc

- requisitos para se poder reclamar um crédito: (1) ser credor com garantia real; (2) a
reclamação ter por base título exequível (e se não o tiver, por ex., no caso de quem tem
direito de retenção, tal título exequível poderá ser obtido – artigo 792/1 cpc; (3) prazo
de 15 dias a contar da citação do reclamante (788 nº2); (4) exige-se que a obrigação seja
certa e líquida (788 nº7), não tendo de ser exigível. Se a obrigação for incerta ou
ilíquida, tem o credor a prerrogativa de a torna certa e líquida. Se for inexigível, há
benefício da antecipação e consequente desconto (791/3 cpc).

- a reclamação de créditos corre no processo declarativo, por apenso ao processo


executivo (788/1 cpc);

- verificação e graduação dos créditos (791º cpc)

- possibilidade de os credores impugnarem os créditos uns dos outros (789º cpc).

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8º PASSO – A GRADUAÇÃO

Importa aferir a ordem de concurso, entre os direitos caducados nos termos do artigo
824º nº2 + 604º CC.

1º - pagamento dos direitos reais de garantia reclamados, ordenados entre si pela


sentença de graduação de créditos, incluindo, por conseguinte, o arresto, a penhora de
terceiro ou hipoteca judicial posteriores à penhora;

2º - pagamentos dos direitos reais menores de gozo e locação, “pela ordem


decorrente das datas de constituição (ou registo)”

3º - pagamento de eventual remanescente sobrante ao executado

Regras especiais de graduação (apenas as regras mais comuns nos exames):

[IMPORTANTE PARA EVITAR CONFUSÕES: A Graduação faz-se bem a bem!


Nada de misturas]

a) Prevalência, sobre todas as garantias, dos privilégios por despesas de justiça


(746º CC);
b) Direito de retenção sobre coisa imóvel (759 nº1 e nº2 CC) – o titular deste
direito de retenção, enquanto não entregar a coisa retida, tem a faculdade de a
executar, nos mesmos termos que o credor hipotecário, e de ser pago com
preferência aos demais credores do devedor, prevalecendo neste caso sobre a
hipoteca, ainda que tenha sido registada anteriormente. Em sede de reclamação
de créditos, exige-se que haja título executivo, pelo que o credor terá de usar da
faculdade do 792/1 cpc. A teleologia da prevalência da retenção à hipoteca é a
de proteção dos consumidores.
c) Direito de retenção sobre coisa móvel (artigo 758º CC) – tem direito a reclamar
o seu crédito em ação executiva, e tem um direito real de garantia que lhe
permite ser pago com preferência. Contudo, não se prevê uma prevalência face
aos outros direitos reais de garantia, como sucede na retenção de imóveis, pelo
que o critério será a data de constituição da garantia;
d) A hipoteca é uma garantia real que está sujeita a forma legal (714º CC), pelo que
só por si vale como título executivo (703/1 b) CPC). Esta confere ao credor o
direito de ser pago pelo valor de certas coisas imóveis, ou equiparadas, com
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preferência sobre os demais credores que não gozem de privilégio ou prioridade


de registo;
e) O penhor (666º CC) confere ao credor o direito à satisfação do seu crédito, bem
como da totalidade dos juros devidos, se os houver, com preferência sobre os
demais credores, pelo valor de certa coisa móvel, ou pelo valor de créditos ou
outros direitos não suscetíveis de hipoteca, pertencentes ao devedor ou a
terceiro. Valerá neste caso, também, a regra da data de constituição para aferir da
sua prevalência face a outros direitos reais de garantia.

QUESTÕES ACESSÓRIAS / QUE SAEM BASTANTE NOS EXAMES

- Natureza da venda executiva:

Para ROMANO MARTINEZ é uma autêntica compra e venda. Indicar os efeitos da


vontade. Indicar a norma da compra e venda e a norma da venda executiva.

Para RUI PINTO: a venda executiva é um ato de direito público, onde se transmitem
onerosamente direitos privados penhorados, em ordem ao pagamento da obrigação
exequenda.

Um contrato supõe um acordo de vontades (874 cc) que não existe na venda executiva.
O transmissário pode ter vontade de adquirir, todavia o transmitente é substituído pelo
Estado, pelo que nenhuma vontade pode ser imputada ao executado.

A autoria do ato processual de venda não é do executado e os eventuais vícios sobre a


coisa ou quanto a ónus ocultos também só podem ser apontados ao autor do ato
processual, o Estado.

NOTAS quanto às INOPONIBILIDADES

Os atos de disposição e oneração que o executado pratique não têm efeitos enquanto os
bens estiverem penhorados 819 e 820 CC) – é como se não tivesse havido qualquer
disposição ou oneração do bem ou direito penhorado. Mas, aplicar-se-á o 824 nº2 e nº3.

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Os direitos do terceiro que adquiriu os bens em momento em que estes estavam


penhorados transferem-se para o produto da venda (estão em 2º lugar no concurso de
direitos caducados do artigo 824/2 CC, no mesmo patamar que os credores que tendo
garantias reais, não as reclamaram atempadamente).

A ineficácia abate-se sobre os atos posteriores à penhora, de acordo com o 819 e 820
CC. E, portanto, esse efeito não se abata sobre os atos anteriores à penhora – que
dependendo do direito em causa, que pode ser incompatível com a realização da
penhora (ex do gozo de um usufruto), levam à admissibilidade de embargos de terceiro
ou ação de reivindicação.

São sempre ineficazes a constituição, de pois da penhora, de direito real de gozo menor,
como o usufruto, superfície, time-sharing, ou arrendamento. É certo que a sua
posterioridade à penhora determina, por força do 824/2 CC, a caducidade respetiva pelo
que dir-se-ia não haver incompatibilidade com a execução. No entanto, a posse dada por
esses direitos implica uma tradição da coisa que é contrária ao interesse em manter a
coisa em bom estado e sem extravios.

Já quanto à constituição de direito real de garantia, privilégio creditório geral, penhora


ou arresto – o 822º CC permitirá que o exequente beneficiário da penhora venha a ser
graduado antes deles, pelo que são sempre eficazes, ainda que posteriores à penhora.

Títulos Injuntórios

- para além do DL 269/98 (obrigações pecuniárias emergentes de contratos de valor não


superior a 15€; há também outras relevantes tais como os contratos celebrados com a
CGD que são títulos injuntórios e as Atas de Condomínio.

ATA DE REUNIÃO DE CONDOMÍNIO [DL 268/94]

A ata da reunião de condomínio constitui titulo executivo avulso para execução da


obrigação de pagamento da quota-parte do proprietário de fração autónoma nas
despesas necessárias à conservação e fruição das partes comuns e ao pagamento dos
serviços de interesse comum.

São condições de exequibilidade das atas de condomínio:

1- Aprovar o montante das despesas e valores;

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2- Estabelecer o prazo de vencimento;


3- E a quota-parte de cada condómino;
4- Identificação dos condóminos (e especialmente do condómino que se pretende
executar)
5- O condómino tem de ser convocado para a assembleia de condomínio e tem de
ter recebido a comunicação da deliberação. Mas não tem de estar presente na
assembleia, nem de assinar a ata para que esta ganhe força executiva.

Discussões em torno da LOCAÇÃO / ARRENDAMENTO (critérios de exame)

- explicação da discussão doutrinária e jurisprudencial sobre a manutenção ou


caducidade da locação com a venda executiva (1057º CC e 824/2 CC);

- se se entendesse que o arrendamento deveria ser tratado como um direito real de gozo
menor, ele caducaria com a venda executiva e seria inoponível à execução porque
posterior à penhora.

- A regra geral é a de que os titulares de direitos pessoais de gozo não podem deduzir
embargos de terceiro com fundamento na titularidade de um direito incompatível com a
penhora, já que esses direitos extinguem-se com a venda executiva, não sendo, por isso,
incompatíveis com a penhora (824/2 CC).

- Não é possível deduzir embargos de terceiro com fundamento na titularidade de um


direito real, porque este existe, nem com a titularidade de um direito de crédito, pois
este cede perante a penhora. Não parece de admitir que se possa deduzir embargos de
terceiro com base na posse, atendendo a que o arrendatário / locatário é apenas
depositário ou possuidor precário (artigo 1253 a) b) CC)

- encontrando-se o imóvel penhorado, o arrendatário deve ser considerado depositário


do mesmo (756/1 b) cpc)

- Há porem divergências na doutrina. Há quem defende que o locatário ou arrendatário


pode deduzir embargos de terceiro, mesmo que possua em nome do executado, desde
que a relação juridica de locação tenha sido constituída antes da penhora do bem objeto
de locação – tese da substituição processual ao executado;

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- De acordo com o 1057 CC, o adquirente do bem objeto de locação sucede nos direitos
e obrigações do locador, sem prejuízo das regras de registo, isto é, a Compra e Venda
não afeta a locação. Por conseguinte, se o prédio penhorado se encontrar onerado com
um arrendamento a favor de terceiro, o adquirente desse bem em sede executiva sucede
na posição juridica de locador, sem que seja afetada a situação juridica do locatário,
porquanto o arrendamento não caduca com a venda executiva.

O PROBLEMA DAS CONDENAÇÕES IMPLÍCITAS (703/1 a) CPC)

- No artigo 703/1 b) estão incluídas sentenças condenatórias

- excluem-se do 703/1 b) as sentenças de simples apreciação, que não impõem qualquer


comando de atuação;

- condenações implícitas: sentença em que o autor não pediu a condenação do réu, mas
tacitamente este é condenado na realização de uma prestação em consequência do
pedido do autor. É uma questão semelhante à dos juros moratórios legais, que o
legislador se preocupou em plasmar na lei (703/2 cpc).

Princípios em causa na discussão de condenações implícitas: dispositivo, segurança


juridica, economia processual, contraditório

Princípios contra as condenações implícitas: respeito pelo pedido e pelo contraditório

Princípio a favor das condenações implícitas: admissíveis, na medida em que se


verifique um pedido que não tem utilidade económica distinta e em que a sentença
constitua obrigação que não dependa de mais nenhum pressuposto; basta a oposição à
execução para assegurar o contraditório.

DISCUSSÃO EM TORNO DA INCONSTITUCIONALIDADE DO 857/1 CPC

- referência à taxatividade dos fundamentos de OE baseada em sentença (729 cpc, por


remissão do 857/1 cpc);

- O justo impedimento (857/2 cpc) possibilita os fundamentos do 731

- Podem ainda ser invocadas situações de conhecimento oficioso (857/3 cpc)

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- Basicamente, é necessário falar de todo o 857º cpc e das suas possibilidades;

- TC n 264/2015, que declara o 857/1 inconstitucional quando interpretado “no sentido


de limitar os fundamentos de oposição à execução instaurada com base em
requerimentos de injunção à qual foi aposta a fórmula executória;

- violação do princípio da proibição da indefesa (20/1 crp);

- discutir a inconstitucionalidade da equiparação da injunção à sentença (a sentença


assegura um nível de contraditório superior).

NAS SITUAÇÕES DE RESERVA DE PROPRIEDADE (409 CC) ou LOCAÇÃO


FINANCEIRA

1- A penhora incide sobre a expectativa de aquisição (778 cpc) e não sobre o


direito de propriedade;
2- Se incidir sobre a propriedade, há penhora de direito de terceiro à execução;
3- Indicar como funciona a penhora de expectativa de aquisição – remissão 773
cpc. Possibilidade de substituição do executado (776 cpc).

SE HOUVER UM CONTRATO-PROMESSA

- se não tiver eficácia real, é uma mera expectativa de aquisição;

- mesmo com eficácia real, não é possível embargar de terceiro (342/1 cpc), porque o
direito não é incompatível com a penhora. O contrato de promessa com eficácia real
valerá como preferência na fase de venda (831º cpc ex.)

- o contrato-promessa sem eficácia real goza apenas de tutela obrigacional.

NOS CASOS DE SUCESSÃO / HERANÇA (2098 CC)

- artigo 54/1 cpc – A execução corre entre os sucessores das pessoas que figuram no
titulo como credor ou devedor da obrigação exequenda;

- só os bens recebidos na sucessão podem ser penhorados (744/1 cpc);

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- se a penhora recair sobre outros bens do sucessor, que não os recebidos por sucessão,
pode o executado deduzir oposição à penhora (744/2 + 784/1 a) cpc);

- se o exequente se opor ao levantamento da penhora (744/3), o executado pode obter o


levantamento da penhora sobre os bens se (1) a herança tiver sido aceite pura e
simplesmente; (2) e desde que alegue e prove a) que os bens penhorados não provêm da
herança; b) que não recebeu da herança mais bens do que indicou ou que estes foram
usados para solver encargos da herança;

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