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1ª Prática

Casos do livro da aafdl


1 - Caso 12 até a 6)
2- Caso 1 e 5
Caso 15
- Art. 703º CPC
- Art. 10º nº3 CPC
O que é uma garantia autónoma –
Independente –
Inexistência de cláusula on first demand – questão de prova, se tivesse havido
estipulação de prova não era isto necessário
- art. 10 nº5 CPC – tem de existir um título, suficiente porque existindo já não é
necessário recurso ao processo declarativo.
- Tendo em conta o elenco do art. 703º (a partir de 2003) ~
Reconhecimento presencial de assinatura – não confere autenticidade ao documento, é
um documento particular. Qual é a relevância deste mecanismo? – Para uma questão de
prova, inversão do ónus da prova quando iniciar uma ação declarativa caberia a
contraparte provar a inexistência da dívida.
Reconhecimento de dívida – 458º CC, contar de documento escrito, negócio jurídico
unilateral.
Era necessário indicar a relação causal relativa ao reconhecimento de dívida? Tenho de
indicar a fonte desse valor? Não implica a prova da relação causal subjacente; temos é
uma inversão do ónus da prova, cabe à contraparte alegar a inexistência dessa obrigação
e assim a relação causal.
Não está autenticada, a assinatura. O que é que é documento autenticado? – Art. 363º
nº2 e art. 35º Código Notariado
Documento autêntica – dotada de fé pública, a lei confere um valor porbatório especial
(ex. escritura pública)

Documento autenticado – particulares, mas confirmados perante notário ou outro
competente para o ato (atualmente advogados e solicitadores têm também essa
competência)
Exequibilidade extrínseca garantida não havia neste caso – não é admitido que
documentos particulares sejam considerados títulos executivos.
Razão da alteração legislativa (sobre a exequibilidade em relação aos documentos
particulares autenticado) – segurança jurídica forte, risco de existirem execuções
injustas, deixou-se de prever a possibilidade de documentos particulares constituírem
títulos executivos.
Ata da reunião
 DL 268/94;
 Teremos exequibilidade extrínseca, mas não é pacífico
 Falta de assinatura e falta de presença, problema;
 Ler as redações da norma, nas leis avulsa.
 Atas de condomínio – requisitos:
o Aprovação da despesa e do montante;
o Prazo de vencimento bem estabelecimento;
o Quota à parte dos condóminos tem de estar bem identificado.
o Quanto à questão de não estar a presente e não assinar à partida é
irrelevante.
o Regime da propriedade horizontal.
 Art. 703º b) CPC

Ata lavrada por notário


Porque é que a mera referência não poderia satisfazer o requisito da exequibilidade? A
mera referência não é nem referência nem constituição.
Contraídas (dívidas) verbalmente – relevância? Regime do CC – Art. 458º nº2; a faltar
de forma tem relevância na exequibilidade intrínseca deste título executivo? Nulo, por
falta de forma, relação subjacente ao reconhecimento de dívida. Afeta o título
executivo?
04/03
Nota:
Reconhecimento de dívida – Para haver exequibilidade extrínseca tenha de resultar o
reconhecimento de uma obrigação (indicação da relação subjacente).
O exequente tem o ónus de alegar a relação subjacente? Tem, o reconhecimento de
dívida não vale só por si; de não fizer há duas interpretações diferentes:
- Ineptidão do requerimento por ausência da causa de pedir: o assistente considera esta a
melhor via, indeferimento.
- Caso não seja alegada a relação causal gera um melhor convite ao aperfeiçoamento
Tínhamos a inversão do ónus da prova; nestes casos cabe ao executado provar a
ineficácia do requerimento.
O reconhecimento não pode ser oral, seria nulo. Se existir claros nulidades formais, o
próprio do negócio contamina o próprio título executivo – indeferimento liminar. –
Insuficiência do título executivo.
(V) – Temos problemas ao nível da determinação qualitativa – determinação do preço; o
assistente considera que depende de condição – o que falta para se poder quantificar a
obrigação? Avaliação da vindima, causa de pedir complexa. A liquidação dependia de
simples cálculo aritmético ou não? A determinação quantitativa da obrigação carece de
avaliação; o título executivo não dá parâmetro objetivos – vai ter de existir interrogação
do título do executado. Art. 715º nº1 – terá de ser demonstrada a verificação dessa
mesma condição, isto se entendermos que há condição. + Art. 716º nº4 CPC
Quer a exigibilidade ou exequibilidade? quer a liquidez estão em falta. Consequência:
(?)
(VI) – Nos termos do art. 724º nº4 a) tem de ser junto o título executivo; o pacto de
preenchimento seria ou não um requisito fundamental para existir exequibilidade
extrínseca; o pacto de preenchimento é um mero negócio excartular, nada interferindo
com a exequibilidade extrínseca; não afeta a qualidade da letra enquanto título
executivo.
O pacto de preenchimento à partida não retira exequibilidade extrínseca do título
podemos alegar que a obrigação não é líquida.
O que é a letra? Ordem de pagamento difere da livrança. O teor literal do documento
limita e define o direito; os títulos de crédito são autónomos, independente da relação
contratual subjacente; Sujeitos: emitente da ordem de pagamento (sacador); quem
recebe a ordem de pagamento (sacado), e o que vai pagar (tomador), beneficia do
pagamento.
Direito carturlar – direito de exercer o direito.
Não posso opor ao beneficiário quaisquer meios de defesa que resultam da relação
subjacente, dai a autonomia da relação carturlar face à relação subjacente.
Pedido e a Causa de Pedir
Causa de pedir – divergência doutrinária entre o Professor Rui Pinto e Prof MTS
Pedido – Art. 817º
Aula teórica – pg. 3
Características do título:
Tipicidade dos títulos executivos – só são títulos executivos os que constam na lei;
Autonomia - Uma coisa é o próprio título outra coisa é o negócio subjacente ao título,
por exemplo a obrigação subjacente ao negócio pode já estar extinta; e em certos casos
uma coisa pode contaminar a outra; mas o título regra geral vale por si, se tenho título
executivo já houve discussão no âmbito de um processo declarativo há segurança na
existência da obrigação. À partida o título será suficiente para executar o devedor.
Resolução:

Mesmo que a instância esteja extinta renova-se a instância com este acidente. Por força
da sentença genérica não se constitui um título executivo suficiente em termos formais –
tutela declarativa – incidente de liquidação.
Consequência -
Não faria sentido despacho de aperfeiçoamento porque não há nada a aperfeiçoar no
título executivo – liminar indeferido – nos termos do art. 726º nº1 a) CPC.
Exigibilidade -
Nem sempre uma condenação genérica tem de ser procedida de pedido genérico.
Art. 704º nº6 – exequibilidade das condenações genéricas; logo não existia
exequibilidade extrínseca

06/03
Hipótese 2 caso 1
Base legal:
 Art. 703º nº1 a);
 Art. 704º nº1;
 Art. 728º; Art. 713º nº2;
 Art. 627º nº2;
 Art. 727º nº2;
 Art. 713º nº2
 Parte final do art. 704 nº1;
 Art. 647º nº1
 Art. 747º nº2 e Art. 647º nº3;
 Art. 648º nº4
Hipótese 4 – Juros de mora
 Art. 703º nº2;
 Art. 806º CC;
 Art. 805º nº3 CC - (interpretação deste artigo alterou com o Ac de 11 de maio
2002; alteração por jurisprudência de uniformização)
 Não era necessário entrar nas condições implícitas;
 Se o autor não formular um pedido os juros de mora não são incluídos no título
executivo, tem de ser sempre expressamente pedido;
 Art. 806º nº1 – a mora implica o pagamento de juros à taxa legal;
 Art. 559º nº1 CC – 291/2003 – portaria que fixa a taxa;
 Art. 805º nº3 – quando é que há mora;
 Liquidação ou citação para a ação (declarativa) – neste caso seria aqui a citação
por ação declarativa; mas vem o Ac de 2002 fazer interpretação restritiva –
visava combater a inflação, era o objetivo do 805º nº3 – deixou de fazer sentido.
Porém, é um acórdão de uniformização de jurisprudência, não tem força de lei –
art. 629º nº2 c) – tem muita força, mas não é lei.
 Não faz sentido a questão de constituição de mora antes da liquidação; por isso
deveria proceder-se à liquidação.
 Há efeitos que decorrem da própria lei; o exemplo clássico é a ação de anulação
de negócio jurídico – envolve necessariamente por força da lei a restituição do
valor – há divergência uns consideram haver condenação implícita outros não.
Resolução
1.
 Art. 703º nº1 c) – exequibilidade extrínseca do cheque;
 Noção de cheque/ caracterização do cheque/ Requisitos – legislação dos cheques
– art. 1º - Lei Uniforme dos Cheques
 Títulos de crédito – tentar sempre fazer um esquema (relação triangular): há o
sacado (o banco), o sacador (emite a ordem – neste caso a Raquel); beneficiário
(quem recebe o valor, Pedro)
 Os cheques devem ser apresentados a pagamento até 8 dias após a sua
apresentação;
 Requisitos cumulativos para o cheque sem provisão (na prática sem dinheiro
suficiente) constituir título executivo: Apresentado devido a pagamento; Recusa
do pagamento é feito por ato formal.
 Para efeitos do 703 nº1 c) pode ser apresentado um cheque sem provisão? Sim, o
art. 3º da LUCH diz isto: não havendo provisão não influência na validade do
título;
 Sobre o imóvel - art. 40º LUCH tem de satisfazer estes requisitos e artigos
subsequentes – a data parece que foi apresentado a tempo; o Pedro podia propor
a ação desde que tivesse elaborado o protesto; art. 52º - prescrição LUCH –
relevância sobre ter de propor uma ação declarativa
 Quando à aquisição do imóvel: Obrigações abstratas – apresentação do cheque a
título executivo; o crédito é caracterizado pela abstração – o título de crédito é
autónomo à relação subjacente; ou seja, o contrato de compra e venda do imóvel
até podia ser nulo, não afeta o título de crédito. O cheque é usado como uma
dacio pro solvendo – art. 840º nº1 – uma coisa é a relação cambiária ou cartular
outra coisa é a relação subjacente; quando é apresentado o cheque no entanto é
para extinguir uma dívida relativa à relação subjacente, por isso ainda que
autónomo estão relacionadas.

11-03
Condenações Implícitas
 Sentenças – O exequente pretende executar uma obrigação que não tenha
expressamente pedido (ex: nulidade de um contrato de compra e venda de um
imóvel e o exequente pretende condenar o devedor à entrada do imóvel não
tenho havido declaração expressa)
o MTS – seria admissível a dedução deste pedido, porque entende que
decorre da lei (289º nº1 CC – devem ser restituídas todas as obrigações
ao abrigo do contrato);
o Rui Pinto – Primeiro distinguir título executivo judicial e extrajudicial:
 Extrajudicial – Escritura de um contrato compra e venda de
imóvel – título executivo válido para executar obrigações
expressamente enunciadas no título e todas que integram o tipo
legal, todos os efeitos são executáveis mesmo que não
expressamente enunciados no título (no contrato compra e venda
a obrigação de entrega do imóvel, se decorre da lei, uma escritura
será suficiente para executar esta obrigação), isto porque as
obrigações típicas não têm de ser contratualmente previstas;
 Judicial – Não podemos falar de efeitos ou condenações
implícitas / efeitos constitutivos impolíticos, efeitos que derivam
da própria procedência de uma ação; por exemplo compra e
venda do imóvel e entrega da coisa, se a declaração negocial for
substituída e houver a celebração do contrato por força da ação
executiva teríamos a obrigação de executar a entrega do imóvel?
Se fosse tipo extrajudicial sim, mas sendo sentença não – isto
porque o Professor entende que não se enquadra no art. 703º nº1
a) – havendo sentença tem de haver uma condenação expressa
nessa obrigação. Se o tribunal condenasse a entrega com base na
sentença esta decisão seria nula – violação do art. 609º nº1;
nulidade 615º nº1 e) + art. 695º violação do princípio do
contraditório – o réu não se pode defender.
 609º - limites de pronúncia nas sentenças que o juiz profere.

 Quanto à obrigação de juros de mora, antes da introdução do nº2 do art. 703º


não se podia executar esta obrigação, tinha de ser expressamente pedido a
condenação dos juros. Se o autor não pedir condenação em sede declarativa
juros de mora o tribunal não pode condenar no pagamento desse juro; mas se
não condenar em sede executiva o exequente pode pedir a condenação em juros
de mora. Há uma desoneração de pedir juros de mora em sede declarativa, mas
depois tem de pedir em sede executiva.
Quando é que o cheque não pode servir como título executivo (quando falar uma das
seguintes formalidades / requisitos:
Formalidades / processo:
 Tem de estar preenchido;
 8 dias para o apresentar a pagamento, a contar da data que está no cheque;
 Se houver uma recusa de pagamento por parte da entidade bancária a mesma
tem de ser formalizada – ato formal que conforme a recusa do banco em pagar
por falta de fundos – ato de protesto. Deve ter lugar naquele prazo de 8 dias.
Esqueceu-se do protesto – formalidade necessária tem de ser cumprida;
 6 meses – a contar do termo do prazo dos 8 dias, para instaurar a ação
executiva / ação cambiária.

2.
Situação de desigualdade. Estão em causa duas obrigações distintas:
 Obrigação cartular;
 Obrigação subjacente
Imaginemos que são apresentados cheques fora do prazo; ó devedor é executa 3 ou 4
anos depois; embora o cheque não valha como título executivo para a obrigação cartular
vou estar a executar a obrigação subjacente. Quando assino um cheque estou a vincular-
se a uma obrigação específica. 458º - não é razoável a sua aplicação; para além de que
foge um pouco a lei porque podemos executar documentos particulares que não é
permitido pela alínea d)
O Prof. Rui Pinto entende que devem estar preenchidos os 4 pressupostos:
- Preenchimento (pressuposto formal)
- Expressar a obrigação concreta da relação causal
- Factos constitutivos da relação causal (pressuposto material)
- Domínio das relações imediatas;
Não se verificando um dos pressupostos haveria nulidade to título 726º nº1 a).
O exequente começa por executar a obrigação cartular (os títulos executivos funcionam
como titulos de crédito) e agora o executado pretende executar esse mesmo título, mas
como mero quirof da relação subjacente – Quid Iuris
R. Havendo alteração da causa de pedir tem de existir acordo, porque a instância já
estava estabelecida . não podia haver correlação na pendência da ação.
3. Regente – assino um cheque quero vincular me em termos específicos e não
quero fazer uma confissão de dívida ao abrigo dos termos gerais; mas temos de
aceitar a exequibilidade deste título não para a relação cambiária, mas par aa
relação subjacente (como título de crédito).
4. Endosso – transmissão do título de crédito; qual é a obrigação que se transmite
– a obrigação cambiária – art. 14º e 17º da LUC;

18-03
Art. 934º CC OU CPC – não sabemos se houve ou não entrega, por isso não podíamos
aplicar.
Incompetência Absoluta - ? -
Caso 14
Existe ou não uma situação plurilocalizada? – temos sempre de discutir isto, mas à
partida nunca há este problema – tese abrangente e tese restritiva
Competência interna:
- Jurisdição;
- Hierarquia;
- Território (existiu alguma sentença ou não) + critérios;
- Matéria – matéria especializada – definir qual é o tribunal competente;
- Juízo de execução se não houver – perceber qual é o valor da causa.
- Decreto de lei ver se há ou não juízos de execução na específica comarca.
03-02
Caso Prático n.º 4 (Versão 2022)
Em 2021, ano pandémico, Beatriz, hipocondríaca, redigiu, levando-o posteriormente a
aprovação do notário, um testamento nos seguintes termos: “i) Deixo à Carolina a
minha mansão em Vilamoura, a qual se encontra hipotecada a favor de João. ii) Todos
os meus restantes bens deverão ficar para a minha única herdeira, a minha filha Eva. iii)
Reconheço que a hipoteca que recai sobre a mansão em Vilamoura a favor de João é
garantia dos € 500.000,00 que lhe devo a título de pagamento do preço de uma
empreitada que executou.” Beatriz vem a morrer em janeiro de 2022, tendo Carolina e
Eva, aceitado o legado e a herança, respetivamente. Já após a partilha da herança e
atribuição dos legados, com receio de perder as suas garantias, João decide intentar uma
ação executiva para obter o pagamento nos € 500.000,00 que Beatriz lhe devia.
1. Imagine que, exatamente por conhecer da aceitação do legado e da herança por
Carolina e Eva, João intentou ação executiva apenas contra Eva apresentando como
título executivo o testamento. Eva veio defender-se dizendo que sempre a ação
executiva deve iniciar-se pelo bem hipotecado, a mansão em Vilamoura. Quid iuris
2. Já na pendência da ação executiva, João constata que os bens herdados por Eva serão
insuficientes para cobrir e satisfazer o valor total da obrigação exequenda, pretendendo
agora demandar também Carolina que se defende dizendo que ao ter executado apenas
Eva, João renunciou tacitamente à hipoteca. Terá Carolina razão?
3. Aproveitando a circunstância, João pretende agora executar Eva, numa única ação,
por uma sua dívida própria por uma empreitada no valor de € 100.000,00 que nunca
pagou e pela qual até já foi devidamente condenada por sentença em ação declarativa,
bem como pela dívida de Beatriz nos termos já descritos. Pode?
4. Ainda na pendência da ação executiva, o Agente de Execução informa que os bens
herdados indicados à penhora não foram encontrados, até porque Eva terá, de má-fé,
alienado os mesmos a Marta pelo valor irrisório de € 20,00. João executa, por isso,
Marta que se arroga parte ilegítima.
Quid iuris?
Resolução:
10-04
Oposição à Execução
Bill Bites, conhecido entusiasta da Inteligência Artificial (IA), decide expandir o seu
negócio para o mundo do Direito e criar uma ferramenta tecnológica designada de
“Lawyer Governance Portugal”, assente em Large Language Models, smart contracts e
DAOs, também conhecida como LawGPT. Utilizando a sua ampla rede de contactos
celebra um contrato de mútuo com o famoso investidor Wayne “The Rock” Son. Após a
adesão massiva ao seu novo produto, Bill Bites declara que a “Lawyer Governance
Portugal” lhe permite vencer qualquer ação executiva e não procede ao reembolso do
capital nem ao pagamento de juros, no prazo estipulado. Frustrado, Wayne “The Rock”
Son propôs ação executiva contra Bill Bites e Melissa Bites, casados, no regime de
comunhão de adquiridos, apresentando como título executivo o contrato de mútuo, no
valor de 250.000 euros.
1. Bill Bites deduz oposição à execução passados 15 dias, negando força executiva ao
contrato de mútuo dizendo que ele não foi autenticado e que a sua assinatura no mesmo
havia sido forjada, pedindo a imediata suspensão da execução na pendência da decisão
sobre a oposição à execução. Pronuncie-se sobre a procedência das pretensões de Bill
Bites.
2. Melissa declara que sempre se opôs à ideia de negócio do seu marido por acreditar
que o desenvolvimento da IA é um perigo existencial para a humanidade e também que
lhe parece “um disparate” o seu marido não pagar as dívidas, pelo que se considera
parte ilegítima, deduzindo oposição à execução com esse fundamento. Pronuncie-se
sobre o fundamento de Melissa e sobre a adequação do meio de reação.
3. Se o título executivo apresentado por Wayne “The Rock” Son, na ação executiva
contra Bill Bites e Melissa Bites, fosse um cheque assinado por Bill para adquirir um
iate, o que deveria fazer para conseguir atingir o património de ambos os membros do
casal?
4. Caso Bill e Melissa se tivessem divorciado após a celebração do contrato de mútuo e
Bill se tivesse voltado a casar com a personalidade mediática Dolores Ovar no regime
da comunhão geral de bens, mudaria a sua resposta?
5. Imagine que o contrato de mútuo, celebrado entre Bill e Wayne, incluía uma cláusula
compromissória que atribuía competência ao tribunal arbitral de Lisboa e que o tribunal
arbitral condena Bill ao reembolso do capital e ao pagamento dos juros. Caso Wayne
apresentasse como título executivo a sentença, na ação executiva contra Bill Bites e
Melissa Bites, quais seriam os argumentos favoráveis a Wayne? E como poderiam
reagir Melissa e Bill?
1. (correção)

 Título executivo extrajudicial – contrato mútuo – forma especial (para efeitos da


constituição de título executivo, Art. 143º, validade da obrigação exequenda);
 Tinha de existir um processo contraditório – art. 415º - princípio do contraditório
respeitante à produção da prova – princípio de prova (juiz tem de se convencer
da falta de autenticidade, genuinidade para efeitos de oposição à execução) –
tem de haver uma dúvida séria quanto à existência de uma assinatura genuína.
 Alínea a) 729º - procedência da exceção /consequência

2. (correção)

 Distinguir entre: Responsabilidade Subjetiva conjugal e responsabilidade


objetiva conjugal – uma questão é saber se a dívida é própria ou comum; questão
diferente é saber quais os bens que respondem por essa dívida – sendo que o
regime de bens só releva para este segundo momento – art. 1691º e seguintes do
CC;
 Situação que poderia estar em causa:
o Dívida comum e que resultasse do próprio título executivo – contrato
mútuo celebrado por ambos os cônjuges – ambos devedores, ambos
executados, independentemente do regime de bens – discute-se se é litis
necessário passivo ou voluntário – art. 34º nº3 CPC (maioria da doutrina
incluindo o regente considera existir litis necessário) – o que poderia
haver se fosse o caso, Melissa podia ser chamada à execução (Lebre de
Freitas entende que configura litis voluntário, não havendo necessidade
de chamar o cônjuge); despacho de saneamento, se não fosse sanada era
uma exceção dilatória;
o Dívida é própria – Melissa seria terceiro á execução. Teríamos de ver se
surge o problema de ser penhorado um bem do cônjuge, ver art. 740º
CPC – não haveria legitimidade de Melissa, se fosse penhorado um bem
próprio dela tinha várias maneiras de se opor à penhora – nomeadamente
embargo de terceiro.
 O que acontece – dívida própria face ao título; quem é parte legítima é Bill, mas
a execução é movida também contra Melissa porque em princípio o exequente
pretende demonstrar comunicabilidade da dívida – o que é que cabe ao
exequente fazer? Art. 741º nº1 – (deduzir um pedido de incidente de
comunicabilidade), há um pormenor – o pressuposto do 741º é que tem de
existir um título executivo diverso de sentença, é o caso, mas LER SEMPRE
os pressupostos do artigo; 2º requisito – momento da dedução do incidente – ou
é no próprio requerimento executivo ou em momento posterior, mas sempre até
ao início da venda (por exemplo pode ser um requerimento autónomo dirigido
ao efeito);
 O que é que Melissa pode ou devia ter feito? Deveria impugnar, nos termos do
art. 741º nº3 a) CPC – podia fazê-lo em sede de oposição à execução.
 Efeitos da dedução do incidente? Art. 741º nº4 CPC + nº5 – se a dívida for
considerada comum a execução também se refere ao cônjuge – penhora de bens
próprios e subsidiários;
 Se for julgado improcedente o incidente? – Art. 741º nº6 CPC – o executado ou
o cônjuge do executado deve requerer a separação dos bens – ónus processual
por parte do cônjuge do executado;
 Eles estão casados em comunhão de adquiridos – o incidente seria procedente ou
não? Tendo em conta os factos? Duas hipóteses:
o Responsabilidade Subjetiva - Direito material – 1691º CC –
possibilidade da alínea d) (dívida contraída no exercício do comércio
salvo se se provar que foram contraídas para proveito comum, aqui o
proveito comum já tem de ser invocado por Melissa – art. 15º C.Com –
como é que sabemos se a dívida é comercial? Objetivamente ou
Subjetivamente à partida B será comerciante, à partida é administrador
da sua empresa; objetivamente também parece ser comercial, o contrato
mútuo) - ou alínea c) (esta convoca uma dificuldade adicional – incumbir
ao próprio exequente o proveito comum do casal – art. 1691º nº3 CPC –
o ónus da prova cabe ao próprio exequente) – Consequências disto (d)):
proveito comum do casal pressupõe-se. Fundamentos invocados por
Melissa não parecem convencer muito; o que parece tentar fazer é
invocar a inexistência de proveito comum – porém não muito bem
sucedido.
 Conclusão: Responsabilidade Subjetiva é de ambos os cônjuges – pela
procedência do incidente de comunicabilidade da dívida; Responsabilidade
Objetiva (que bens respondem) – Art. 1695º 1º bens comuns do casal; 2º bens
próprios de cada um. Melissa não iria ter sucesso na sua oposição à execução e
podia sujeitar-se á penhora.
3. (correção)

 Formalmente quanto ao cheque, não há problema, tendo em conta o art. 741º


CPC; Está a ser executada a relação jurídica cambiária e não a relação jurídica
subjacente – não suscita aqui problemas? Questão da autonomia da relação
cambiária face à subjacente. O cheque foi sacado e entregue; é muito
questionável que se possa suscitar comunicabilidade de dívida quando há
relações jurídicas autónomas/ diversas entre si. No entanto, seria discutível com
o argumento de que é um meio alternativo de pagamento – cheque. Não sabe
quando é a posição do Regente quanto a isto – mas à partida não é admitido.
Sendo certo que neste caso estamos no âmbito das relações imediatas. Quem
comprou o IATE e quem assinou o cheque. Problematizar a questão.
4. (Resolução)
5. (resolução)
Á partida, 705º nº2 as sentenças arbitrais são equiparadas às sentenças coletivas,
proferidas por tribunais comuns. Qual é o fundamento desta limitação? 734º nº3 CPP
Só as partes é que podem ser demandadas; à partida a Melissa não pode intervir no
processo arbitral.
101º CCom – se a dívida for comercial, não há possibilidade ao benefício da excussão
prévia. Por isso ver sempre se a fiança é comercial ou civil
641º nº2 – em principio todos os meios de defesa poderão ser invocados em sede de
ação executiva; em oposição à penhora, o Zito deixaria de poder invocar o benefício da
excussão prévia.
Hipótese 3
Direito potestativo que qualquer fiador goza – a execução comece primeiro pelo
devedor principal; alargamento quantitativo dos bens que respondem pela dívida; todos
os do património do devedor subsidiário. Já garantias reais,

Em que medida a insuficiência de bens pode ter influência no benefício da excussão


prévia. Próximo caso.
Caso 29-A
Rodrigo propôs uma ação executiva contra Maria para pagamento de
uma quantia em dívida que ascende a 200.000,00 EUR.
Considere as seguintes hipóteses autónomas.

1. Suponha que, no decurso da ação, o agente de execução identificou os


seguintes bens no património de Maria e pronuncie-se sobre a sua
penhorabilidade:

Identificar o tipo de bem – bem móvel sujeito a registo – regime próprio – art. 768º

A lei considera três limitações à penhorabilidade de bens: bens absolutamente


impenhoráveis (art. 736º CPC) – nunca podem ser penhorados; bens relativamente
penhoráveis (art. 737º CPC) – podem ser penhorados em certas situações e bens
parcialmente penhoráveis (art. 738º CPC) – só podem ser penhorados em parte.

(i) Um Porsche, o único automóvel de Maria, e que esta utiliza todos os


dias para levar os filhos ao colégio e para se deslocar até ao seu local de
trabalho
Este caso considerei que se inseria na previsão do art. 737º nº2 – estão isentos de
penhora os instrumentos de trabalho e os objetos indispensáveis ao exercício da
atividade ou formação profissional do executado – neste caso o carro de Maria. Este
artigo prevê a penhorabilidade adstrita que compreende dois casos:
- Primeiro caso, o caso em que os bens à partida são impenhoráveis e se tornam
penhoráveis pela sua afetação a uma determinada dívida – neste caso a penhorabilidade
adstrita é uma exceção à impenhorabilidade – 737º nº2 b); 737º nº1; 737º nº3
- Segundo caso, aquele em que a uma dívida ficam adstritos apenas determinados bens –
aqui já é uma exceção à penhorabilidade de quaisquer bens – 744º nº1 (herança – 2071º
e 2098º do CC)
Aqui o automóvel só poderia ser penhorado se – a execução de destina-se ao pagamento
do preço da sua aquisição ou do custa da sua reparação. (nº2 b)) Por isso é
impenhorável.
O automóvel não é necessário para o exercício da atividade profissional, por isso podia
ser considerado penhorável. Normalmente, só não consideram impenhoráveis quando o
carro por exemplo é um caso de um táxi, Uber. Aqui era um Porsche.
(ii) Uma coleção de selos digna de um verdadeiro filatelista, que a Maria,
após a celebração de um mandato sem representação (para adquirir)
com o seu primo Daniel, adquiriu, na qualidade de mandatária, à sua
amiga Leonor, comprometendo-se a transmitir a coleção a Daniel;
O art. 1184º do CC prevê expressamente que o mandatário que haja adquirido em
execução do mandato certos bens, que devam ser transferidos ao mandante nos termos
doa art. 1181º nº1 não respondem pelas obrigações do mandatário, neste caso maria,
desde que o mandato conste de documento anterior à data da penhora desses bens e não
tenha sido feito o registo da aquisição, quando esta sujeito a registo.
O bem era um não era dela? – Adquire, mas não no seu interesse, o interesse é o do
mandante – tipicamente fiduciário. Há uma dissociação entre a titularidade formal e
material; ela é titular do bem, formalmente, mas materialmente o bem destina-se ao
mandatário. Nestes casos, podemos chamar de propriedade fiduciária, não deverão
responder os bens pelas dívidas do mandatário. Tínhamos aqui uma impenhorabilidade
relativa, porquê? – O que é que Daniel poderia fazer?? – Embargos de terceiro; quem é
que poderia penhorar estes selos?? – Havendo credores de Daniel, sendo que neste caso
o que estaríamos a penhorar seria uma expectativa de aquisição (situação jurídica ativa
penhorável).
Maria poderia opor-se à execução e/ ou à penhora, com fundamento na alínea c) do art.
784º CPC.

(iii) O salário mensal que Maria declara à Administração Tributária,


que ascende a 8.000,00 EUR.
Bem parcialmente penhorável. De acordo com o art. 738º nº1 – são impenhoráveis dois
terços da parte líquida dos vencimentos, salários, prestações periódicas pagas (…) –
aqui falávamos do salário – por isso só poderia ser penhorado 2/3 ou seja – cerca de
5333€ (o resto tinha de ficar 2860). Ainda de acordo com o art. 738º nº 3 a
impenhorabilidade tem como limite máximo o montante equivalente a 3 salários
mínimos nacionais à data de cada apreensão e como limite mínimo, quando o executado
não tenha outro rendimento o montante equivalente a um salário mínimo nacional.
Neste momento o salário mínimo é de 820€, 3 salários = 2460€, pelo que ultrapassa, só
seriam impenhoráveis 2460€. (isto se fosse mesmo os 8000€ líquidos…)
2.
2.1.
Recheio da casa pode ser penhora – art. 736º c) – proteção da dignidade do executado;
limites aplicáveis – Art. 737º nº2 b); Art. 738º nº6 (cláusula de escape, no fundo confere
um poder discricionário ao juiz, de ponderando diversos fatores poder ou não isentar de
penhora alguns bens)
4. No caso concreto estamos perante uma situação de penhorabilidade subsidiária, o que
significa que só é admissível na falta ou insuficiência de outros bens penhoráveis do
executado. Está prevista no art. 745º nº5
Podia opor-se à penhora o fiador? –

Havia duas questões:


- a insuficiência do património do devedor principal não é fundamento bastante para se
poder penhorar os bens do fiador – só responde perante a insuficiência total dos bens do
devedor. Penhorabilidade subsidiária objetiva – à partida não podemos aplicar o nº5 às
situações em que está em causa o fiador. Questões de dívidas conjugais, em que
respondem primeiro os bens comuns e só depois os bens de cada um dos cônjuges.
Nº4 – poderia o fiador requerer a (…)
O exequente deveria ter indicado esses bens há execução; O agente de execução ao
penhorar os bens do fiador, estaria a proceder a uma penhora ilegal porque foi invocado
o benefício da excussão prévia.
5.
Crédito de 50000€ garantido pela hipoteca e pela fiança; sendo que a hipoteca é
posterior à fiança.
6. Será no caso da garantia real incidir sobre os bens do devedor principal, é indiferente para o
fiador, pois, ele reclamará a excussão prévia dos bens do devedor principal. Contudo, o devedor
principal possui a faculdade de invocar em sede de oposição à penhora nos termos do disposto
do art. 697.º do CC – benefício de excussão real. Cfr. PINTO, Rui, Notas ao Código de Processo
Civil…, ob cit, P. 544. 254

Casos

2.2
O agente de execução, aquando da penhora do recheio da casa, lavrou auto da penhora,
atribuindo um valor de 10,00 EUR a um jarrão decorativo que, na verdade, vale
5.000,00 EUR, dado que é feito de porcelana chinesa muito valiosa.
Quid juris?
Concluídos os atos de penhora nos termos da lei – registo, apreensão ou notificação –
lavra o agente de execução um ato como impõe o art. 753º CPC.
Da penhora realizada é lavrado um auto pelo agente de execução, em que se regista a
hora da diligência, se relacionam os bens por verbas numeradas e se indica, sempre que
possível, o valor aproximado de cada verba, de acordo com os artigos 766º nº1 e 753
nº1 do CPC. Trata-se de um documento que certifica a realização do ato de penhora, ou
seja, o objeto, a data e eventuais incidentes.
De acordo com o art. 766º nº2 CPC o agente pode recorrer à ajuda de um perito em caso
de avaliação que dependa de conhecimentos especializados.
O art. 723º nº1 c) determina que compete ao juiz “julgar, sem possibilidade de recurso,
as reclamações de atos e impugnações de decisões do agente de execução, no prazo de
10 dias. Portanto temos dois meios: reclamação dos atos e impugnação das decisões do
agente de execução. Este meio é um meio de defesa específico; existem outros meios de
defesa contra atos do agente de execução, como sejam a oposição à penhora, os
embargos de terceiro ou a arguição de nulidades; mas no âmbito desses não há lugar a
reclamação do ato do agente de execução.
A reclamação tem como fundamento a ilegalidade processual ou material do ato ou
despacho do agente de execução; tratando-se de despacho, soma-se um outro
fundamento: erro de julgamento. No entanto esta causa de pedir é comum a outros
meios de impugnatórios, pelo que poderia em abstrato ocorrer um concurso de meios de
defesa de um mesmo ato processual. ´
O Regente considera que a reclamação do ato do agente de execução não pode ser
deduzida quando a lei preveja um meio processual mais adequado ao fundamento
invocado pelo interessado – prevalece o meio processual de âmbito especial. Assim:
- As ilegalidades materiais de penhora (impenhorabilidades objetivas e subjetivas) são
já objeto tanto de oposição à penhora (784º)
Princípio da proporcionalidade – a penhora deve-se limitar-se aos bens necessários a
satisfazer a dívida. O assistente não vê um problema a penhorar este bem, por isso não
haveria um vício neste ato de penhora. O meio de reação é a o da reclamação do ato de
execução. Violação dos deveres de diligência do agente de execução.

2.3.
De acordo com o art. 753º nº1 do CPC, só estão sujeitos à penhora os bens do devedor.
Contudo é necessário ter em conta o art. 764º nº3 CPC (porque estamos no âmbito da
penhora de bens móveis não sujeitas a registo) – de acordo com este artigo presumem-se
que pertencem ao executado todos os bens que foram encontrados em seu poder; esta
presunção, no entanto, é ilidível perante o juiz, quer pelo executado, quer por alguém
em seu nome, quer por terceiro, mediante prova documental inequívoca do direito de
terceiro sobre eles, sem prejuízo da faculdade de dedução de embargos de terceiro.
Esta presunção coincide com aquela que se encontra estabelecida no art. 1268 nº.1 do
CC, apenas com a diferença de que a sua ilisão só pode ser feita através de prova
documental inequívoca, como dito anteriormente. Para além disso o Professor Regente
salienta que a distinção destes dois artigos vai mais longe – o Professor refere que a
titularidade do direito do artigo 1268º nº1 do CC decorre da posse, e não é totalmente
líquido que “em seu poder” signifique “em sua posse”, o que consta do art. 764º nº3. O
Regente explica que para o legislador, os bens móveis estão em poder do executado
quando se achem num local identificado no processo como sendo objeto de gozo, real
ou pessoal do executado – o seu domicílio, seja uma casa inteira ou apenas um quarto
arrendado, a sede social, o estabelecimento ou o seu local de trabalho. Não interessa o
porquê de a coisa estar naquele local. Isto significa que a presunção não funcionará se o
local não está identificado como sendo um dos enumerados anteriormente, pelo que a
penhora não pode ser feita. Aqui funcionava, uma vez que a máquina foi encontrada em
casa de Maria.
A presunção do art. 764º nº3 é alvo de divergências doutrinárias - assim:
- De acordo com o Professor Lebre de Freitas, o agente de execução não deve realizar a
penhora “quando seja confrontado, no próprio ato, com a evidência do direito de
terceiro”; isto é: quando for clara a titularidade de terceiro, não há lugar à presunção;
- O Professor Regente considera que o nosso direito não prevê nenhuma ressalva como
a apontada pelo Professor Lebre de Freitas, e desta forma o bem deve ser penhorado
mesmo que não se tenha a certeza que o bem pertence ao executado. Efetivamente, o
Professor ressalva que o agente de execução não tem competência para ilidir a
presunção, por si, ou por protesto do interessado. Por isso seria nula uma decisão do
agente de execução de recusa da penhora de bem que esteja na posse do executado. Por
isso, o agente deve ser penhorar, os móveis domiciliares, sem restrições, cabendo ao
executado, terceiro, cônjuge ou familiar, impugnar a penhora, ilidindo a presunção,
embargando de terceiro ou reivindicando.
Neste caso não é prova suficiente de que a máquina pertence a terceiro, o facto de a
mesma estar com inúmeros autocolantes de reparo. O que significa que, neste caso a
Repara Tudo, Lda poderia deduzir embargos de terceiro, nos termos do art. 342º nº1 do
CPC. Dispõe o n.º 1 do artigo 342.º do CPC que um lesado que não seja parte numa
causa, mas que veja a sua posse ou qualquer direito incompatível com a realização ou
âmbito da diligência serem ofendidos por uma penhora ou qualquer ato judicialmente
ordenado de apreensão ou entrega de bens, pode fazê-lo valer mediante embargos de
terceiro, ressalvando, porém, o seu n.º 2 que tal dedução não é admitida “relativamente
à apreensão de bens realizada no processo de insolvência”. – Este mecanismo permite
desta forma que se paralise a penhora quando este seja suscetível de ofender a posse ou
qualquer direito incompatível com a realização ou o âmbito de diligência que esse
terceiro exerça sobre o bem penhorado. De acordo com o art. 344º nº2, a Repara deve
deduzir a sua pretensão no prazo máximo de 30 dias a contar da data de realização da
penhora ou da data em que o embargante teve conhecimento da realização da penhora.
Prova inequívoca – neste caso, juntava a fatura da reparação da máquina, titulo que
aquele máquina foi entregue para um período especifico de substituição.
Divergências doutrinárias – prova documental inequívoca
Incidente processual e nominal seguem as regras do art. 293º e seguintes – antigamente
protesto no ato de penhora; hoje foi suprimido e hoje chama-se protesto do ato de
penhora.
Fazer ambas as coisas: embargos + logo no processo o protesto do ato de penhora (com
prova inequívoca 100%) + ação de reivindicação (meio mais demoroso, por isso
costuma ser mesmo a última hipótese)
Natureza da Presunção
Paula Costa e Silva entende que este artigo não reflete uma presunção, mas sim uma
verdadeira ficção jurídica. Enquanto na presunção, a inferência de um facto
desconhecido (a titularidade) é aferida a partir de um facto conhecido (estar sob o poder
do executado); aqui, a lei impõe a dita presunção mesmo quando a titularidade é
conhecida ao agente de execução
• Rui Pinto defende uma natureza mista consoante a perspetiva:
o Da perspetiva do agente de execução  é uma ficção visto que ele devia
oficiosamente averiguar a qualidade de ser, ou não, do executado com base na regra do
art. 1268.º do CC
o Do ponto de vista do legitimado  é uma presunção ilidível; o executado pode
afastar a presunção, não no próprio ato de penhora, mas num determinado prazo e
perante o tribunal
o A função deste preceito é afastar o funcionamento de uma presunção e não
alegar a falta de pressupostos da penhora
2.4
Carlos – locatário
Maria – locatária
José – locador/proprietário
O locatário é ou não titular de um direito incompatível para embargos de terceiro?
O que é um direito incompatível?
Prof. Rui Pinto - Incompatibilidade com a penhora e não
Embargos de terceiro
Noção: Incidente pelo qual quem não é parte no processo pede a extinção de penhora,
apreensão ou entrega judiciais ofensivas de posse ou direitos seus. Trata-se de um meio
de defesa perante uma penhora ou apreensão subjetivamente ilegais e que não se conge
aos estritos limites de uma ação executiva.
Requisito principal: Que o autor dos embargos de terceiro, seja um terceiro ao processo
– o titular do direito ou posse que se pretende defender da penhora, não deve estar no
processo como parte, sendo por isso terceiro – “quem não é parte na causa” – lê-se no
art. 342º nº1 CC. Isto significa que, o embargante não pode ser nem o executado, nem o
exequente, nem o cônjuge citado, nem o reclamante.
Por isso, conclui-se que a qualidade de terceiro nada tem que ver com a legitimidade
processual, interesse direito, nem com a procedência do pedido; a qualidade de terceiro
parece dizer respeito à admissibilidade subjetiva do meio de defesa, ao interesse
processual. O legislador quis reservar um procedimento com esta estrutura e regime
para um terceiro.
Causa de Pedir dos Embargos de Terceiro: A letra do art. 342º CPC, enuncia que: “Se a
penhora ou qualquer ato judicialmente ordenado de apreensão ou entrega de bens,
ofender a posse ou qualquer direito incompatível com a realização ou o âmbito da
diligência, de que seja titular quem não é parte na causa, pode o lesado fazê-lo valer,
deduzindo embargos de terceiro.”
Retira-se daqui que o autor deve, sob pena de improcedência, alegar e provar o seguinte:

 Penhora ou qualquer ato judicialmente ordenado da apreensão ou entrega de


bens;
 Ofensa;
 Aquisição de direito ou posse;
 Incompatibilidade desse direito ou posse com a realização ou âmbito da
diligência
Não basta a inibição, ainda que parcial, ao exercício do direito pelo terceiro. – essa
restrição é um efeito concreto da penhora, que resulta da incompatibilidade, como se
disse, entre a realização do direito e o âmbito ou a realização da apreensão executiva ou
cautelar.
Alguma doutrina tem definido como direito incompatível por relação com a venda
executiva.
MTS: Os Direitos incompatíveis são “aqueles que impedem que os bens penhorados
possam ser incluídos naqueles que, por pertencerem ao património do executado, devem
responder pela dívida exequenda”, como critério concreto “são incompatíveis com a
realização ou o âmbito da penhora os direitos de terceiros sobre os bens penhorados que
não se devem extinguir com a sua venda executiva”
Por força do artigo 824º CC – extinguem-se com a venda executiva, além de outros “os
direitos reais de gozo que não tenham registo anterior ao de qualquer arresto, penhora
ou garantia, exceto aqueles que, constituídos em data anterior, produzam efeitos em
relação a terceiros independentemente de registo”, então “não pode embargar de
terceiro o titular de um direito real de gozo cuja constituição ou registo posterior
ao da penhora, do arresto convertido em penhora ou da garantia real exercida na
ação executiva.” Por exemplo, um usufrutuário posterior à hipoteca executada não
poderia embargar de terceiro.
Em sentido adverso (MTS), já poderiam defender os seus direitos em embargos de
terceiro o titular de um direito real de gozo constituído ou registado antes do arresto ,
penhora ou garantia real.
Lebre de Freitas: Entende que o direito incompatível será “todo o direito de terceiro,
ainda que derivado do executado, suja existência, tido em conta o âmbito em que é feita,
impediria a realização desta função, isto é, a transmissão forçada do objeto apreendido”.
Por outras palavras, Lebre de Freitas entende que o direito incompatível com a penhora
é aquele que, por nos termos do art. 840º CC nº1, é incompatível com a transmissão, e
como tal. Podendo fundar um protesto de reivindicação da coisa.
Em qualquer destas posições, a incompatibilidade é aferida não pela penhora, mas pela
venda executiva. Isto é: Os direitos incompatíveis seriam sempre direitos que não
caducam com a venda e que, por isso, poderiam ser opostos ao adquirente tanto em
embargos de terceiro, quanto em ação de reivindicação.
O Professor tem uma opinião diversa. É certo que, a penhora não pode incidir sobre o
que possa ser um “direito (…) incompatível com a transmissão”, como decorre do
regime de protesto de reivindicação do art. 840º CC. Se seguirmos apenas isto, uma
penhora subjetivamente ilegal é, antes de mais, uma penhora que ofende direito
incompatível com a transmissão de quem não é parte na causa. Neste sentido, direito
incompatível com a penhora seria sinónimo de direito incompatível com a venda. – Se
nula é a alienação de coisa alheia, nula seria a respetiva e prévia penhora.
O Professor Regente considera esta interpretação incompleta.

 O Professor defende que o que ofende o direito de terceiro não é a venda


executiva, mas a “penhora”, ou fora da execução para pagamento de quantia,
“qualquer ato judicialmente ordenado de apreensão ou entrega de bens”. É esse
ato, ilegal e ofensivo, como está na letra do art. 342º nº1 CPC;
 A lei postula um critério que apele aos efeitos

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