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Mesmo que a instância esteja extinta renova-se a instância com este acidente. Por força
da sentença genérica não se constitui um título executivo suficiente em termos formais –
tutela declarativa – incidente de liquidação.
Consequência -
Não faria sentido despacho de aperfeiçoamento porque não há nada a aperfeiçoar no
título executivo – liminar indeferido – nos termos do art. 726º nº1 a) CPC.
Exigibilidade -
Nem sempre uma condenação genérica tem de ser procedida de pedido genérico.
Art. 704º nº6 – exequibilidade das condenações genéricas; logo não existia
exequibilidade extrínseca
06/03
Hipótese 2 caso 1
Base legal:
Art. 703º nº1 a);
Art. 704º nº1;
Art. 728º; Art. 713º nº2;
Art. 627º nº2;
Art. 727º nº2;
Art. 713º nº2
Parte final do art. 704 nº1;
Art. 647º nº1
Art. 747º nº2 e Art. 647º nº3;
Art. 648º nº4
Hipótese 4 – Juros de mora
Art. 703º nº2;
Art. 806º CC;
Art. 805º nº3 CC - (interpretação deste artigo alterou com o Ac de 11 de maio
2002; alteração por jurisprudência de uniformização)
Não era necessário entrar nas condições implícitas;
Se o autor não formular um pedido os juros de mora não são incluídos no título
executivo, tem de ser sempre expressamente pedido;
Art. 806º nº1 – a mora implica o pagamento de juros à taxa legal;
Art. 559º nº1 CC – 291/2003 – portaria que fixa a taxa;
Art. 805º nº3 – quando é que há mora;
Liquidação ou citação para a ação (declarativa) – neste caso seria aqui a citação
por ação declarativa; mas vem o Ac de 2002 fazer interpretação restritiva –
visava combater a inflação, era o objetivo do 805º nº3 – deixou de fazer sentido.
Porém, é um acórdão de uniformização de jurisprudência, não tem força de lei –
art. 629º nº2 c) – tem muita força, mas não é lei.
Não faz sentido a questão de constituição de mora antes da liquidação; por isso
deveria proceder-se à liquidação.
Há efeitos que decorrem da própria lei; o exemplo clássico é a ação de anulação
de negócio jurídico – envolve necessariamente por força da lei a restituição do
valor – há divergência uns consideram haver condenação implícita outros não.
Resolução
1.
Art. 703º nº1 c) – exequibilidade extrínseca do cheque;
Noção de cheque/ caracterização do cheque/ Requisitos – legislação dos cheques
– art. 1º - Lei Uniforme dos Cheques
Títulos de crédito – tentar sempre fazer um esquema (relação triangular): há o
sacado (o banco), o sacador (emite a ordem – neste caso a Raquel); beneficiário
(quem recebe o valor, Pedro)
Os cheques devem ser apresentados a pagamento até 8 dias após a sua
apresentação;
Requisitos cumulativos para o cheque sem provisão (na prática sem dinheiro
suficiente) constituir título executivo: Apresentado devido a pagamento; Recusa
do pagamento é feito por ato formal.
Para efeitos do 703 nº1 c) pode ser apresentado um cheque sem provisão? Sim, o
art. 3º da LUCH diz isto: não havendo provisão não influência na validade do
título;
Sobre o imóvel - art. 40º LUCH tem de satisfazer estes requisitos e artigos
subsequentes – a data parece que foi apresentado a tempo; o Pedro podia propor
a ação desde que tivesse elaborado o protesto; art. 52º - prescrição LUCH –
relevância sobre ter de propor uma ação declarativa
Quando à aquisição do imóvel: Obrigações abstratas – apresentação do cheque a
título executivo; o crédito é caracterizado pela abstração – o título de crédito é
autónomo à relação subjacente; ou seja, o contrato de compra e venda do imóvel
até podia ser nulo, não afeta o título de crédito. O cheque é usado como uma
dacio pro solvendo – art. 840º nº1 – uma coisa é a relação cambiária ou cartular
outra coisa é a relação subjacente; quando é apresentado o cheque no entanto é
para extinguir uma dívida relativa à relação subjacente, por isso ainda que
autónomo estão relacionadas.
11-03
Condenações Implícitas
Sentenças – O exequente pretende executar uma obrigação que não tenha
expressamente pedido (ex: nulidade de um contrato de compra e venda de um
imóvel e o exequente pretende condenar o devedor à entrada do imóvel não
tenho havido declaração expressa)
o MTS – seria admissível a dedução deste pedido, porque entende que
decorre da lei (289º nº1 CC – devem ser restituídas todas as obrigações
ao abrigo do contrato);
o Rui Pinto – Primeiro distinguir título executivo judicial e extrajudicial:
Extrajudicial – Escritura de um contrato compra e venda de
imóvel – título executivo válido para executar obrigações
expressamente enunciadas no título e todas que integram o tipo
legal, todos os efeitos são executáveis mesmo que não
expressamente enunciados no título (no contrato compra e venda
a obrigação de entrega do imóvel, se decorre da lei, uma escritura
será suficiente para executar esta obrigação), isto porque as
obrigações típicas não têm de ser contratualmente previstas;
Judicial – Não podemos falar de efeitos ou condenações
implícitas / efeitos constitutivos impolíticos, efeitos que derivam
da própria procedência de uma ação; por exemplo compra e
venda do imóvel e entrega da coisa, se a declaração negocial for
substituída e houver a celebração do contrato por força da ação
executiva teríamos a obrigação de executar a entrega do imóvel?
Se fosse tipo extrajudicial sim, mas sendo sentença não – isto
porque o Professor entende que não se enquadra no art. 703º nº1
a) – havendo sentença tem de haver uma condenação expressa
nessa obrigação. Se o tribunal condenasse a entrega com base na
sentença esta decisão seria nula – violação do art. 609º nº1;
nulidade 615º nº1 e) + art. 695º violação do princípio do
contraditório – o réu não se pode defender.
609º - limites de pronúncia nas sentenças que o juiz profere.
2.
Situação de desigualdade. Estão em causa duas obrigações distintas:
Obrigação cartular;
Obrigação subjacente
Imaginemos que são apresentados cheques fora do prazo; ó devedor é executa 3 ou 4
anos depois; embora o cheque não valha como título executivo para a obrigação cartular
vou estar a executar a obrigação subjacente. Quando assino um cheque estou a vincular-
se a uma obrigação específica. 458º - não é razoável a sua aplicação; para além de que
foge um pouco a lei porque podemos executar documentos particulares que não é
permitido pela alínea d)
O Prof. Rui Pinto entende que devem estar preenchidos os 4 pressupostos:
- Preenchimento (pressuposto formal)
- Expressar a obrigação concreta da relação causal
- Factos constitutivos da relação causal (pressuposto material)
- Domínio das relações imediatas;
Não se verificando um dos pressupostos haveria nulidade to título 726º nº1 a).
O exequente começa por executar a obrigação cartular (os títulos executivos funcionam
como titulos de crédito) e agora o executado pretende executar esse mesmo título, mas
como mero quirof da relação subjacente – Quid Iuris
R. Havendo alteração da causa de pedir tem de existir acordo, porque a instância já
estava estabelecida . não podia haver correlação na pendência da ação.
3. Regente – assino um cheque quero vincular me em termos específicos e não
quero fazer uma confissão de dívida ao abrigo dos termos gerais; mas temos de
aceitar a exequibilidade deste título não para a relação cambiária, mas par aa
relação subjacente (como título de crédito).
4. Endosso – transmissão do título de crédito; qual é a obrigação que se transmite
– a obrigação cambiária – art. 14º e 17º da LUC;
18-03
Art. 934º CC OU CPC – não sabemos se houve ou não entrega, por isso não podíamos
aplicar.
Incompetência Absoluta - ? -
Caso 14
Existe ou não uma situação plurilocalizada? – temos sempre de discutir isto, mas à
partida nunca há este problema – tese abrangente e tese restritiva
Competência interna:
- Jurisdição;
- Hierarquia;
- Território (existiu alguma sentença ou não) + critérios;
- Matéria – matéria especializada – definir qual é o tribunal competente;
- Juízo de execução se não houver – perceber qual é o valor da causa.
- Decreto de lei ver se há ou não juízos de execução na específica comarca.
03-02
Caso Prático n.º 4 (Versão 2022)
Em 2021, ano pandémico, Beatriz, hipocondríaca, redigiu, levando-o posteriormente a
aprovação do notário, um testamento nos seguintes termos: “i) Deixo à Carolina a
minha mansão em Vilamoura, a qual se encontra hipotecada a favor de João. ii) Todos
os meus restantes bens deverão ficar para a minha única herdeira, a minha filha Eva. iii)
Reconheço que a hipoteca que recai sobre a mansão em Vilamoura a favor de João é
garantia dos € 500.000,00 que lhe devo a título de pagamento do preço de uma
empreitada que executou.” Beatriz vem a morrer em janeiro de 2022, tendo Carolina e
Eva, aceitado o legado e a herança, respetivamente. Já após a partilha da herança e
atribuição dos legados, com receio de perder as suas garantias, João decide intentar uma
ação executiva para obter o pagamento nos € 500.000,00 que Beatriz lhe devia.
1. Imagine que, exatamente por conhecer da aceitação do legado e da herança por
Carolina e Eva, João intentou ação executiva apenas contra Eva apresentando como
título executivo o testamento. Eva veio defender-se dizendo que sempre a ação
executiva deve iniciar-se pelo bem hipotecado, a mansão em Vilamoura. Quid iuris
2. Já na pendência da ação executiva, João constata que os bens herdados por Eva serão
insuficientes para cobrir e satisfazer o valor total da obrigação exequenda, pretendendo
agora demandar também Carolina que se defende dizendo que ao ter executado apenas
Eva, João renunciou tacitamente à hipoteca. Terá Carolina razão?
3. Aproveitando a circunstância, João pretende agora executar Eva, numa única ação,
por uma sua dívida própria por uma empreitada no valor de € 100.000,00 que nunca
pagou e pela qual até já foi devidamente condenada por sentença em ação declarativa,
bem como pela dívida de Beatriz nos termos já descritos. Pode?
4. Ainda na pendência da ação executiva, o Agente de Execução informa que os bens
herdados indicados à penhora não foram encontrados, até porque Eva terá, de má-fé,
alienado os mesmos a Marta pelo valor irrisório de € 20,00. João executa, por isso,
Marta que se arroga parte ilegítima.
Quid iuris?
Resolução:
10-04
Oposição à Execução
Bill Bites, conhecido entusiasta da Inteligência Artificial (IA), decide expandir o seu
negócio para o mundo do Direito e criar uma ferramenta tecnológica designada de
“Lawyer Governance Portugal”, assente em Large Language Models, smart contracts e
DAOs, também conhecida como LawGPT. Utilizando a sua ampla rede de contactos
celebra um contrato de mútuo com o famoso investidor Wayne “The Rock” Son. Após a
adesão massiva ao seu novo produto, Bill Bites declara que a “Lawyer Governance
Portugal” lhe permite vencer qualquer ação executiva e não procede ao reembolso do
capital nem ao pagamento de juros, no prazo estipulado. Frustrado, Wayne “The Rock”
Son propôs ação executiva contra Bill Bites e Melissa Bites, casados, no regime de
comunhão de adquiridos, apresentando como título executivo o contrato de mútuo, no
valor de 250.000 euros.
1. Bill Bites deduz oposição à execução passados 15 dias, negando força executiva ao
contrato de mútuo dizendo que ele não foi autenticado e que a sua assinatura no mesmo
havia sido forjada, pedindo a imediata suspensão da execução na pendência da decisão
sobre a oposição à execução. Pronuncie-se sobre a procedência das pretensões de Bill
Bites.
2. Melissa declara que sempre se opôs à ideia de negócio do seu marido por acreditar
que o desenvolvimento da IA é um perigo existencial para a humanidade e também que
lhe parece “um disparate” o seu marido não pagar as dívidas, pelo que se considera
parte ilegítima, deduzindo oposição à execução com esse fundamento. Pronuncie-se
sobre o fundamento de Melissa e sobre a adequação do meio de reação.
3. Se o título executivo apresentado por Wayne “The Rock” Son, na ação executiva
contra Bill Bites e Melissa Bites, fosse um cheque assinado por Bill para adquirir um
iate, o que deveria fazer para conseguir atingir o património de ambos os membros do
casal?
4. Caso Bill e Melissa se tivessem divorciado após a celebração do contrato de mútuo e
Bill se tivesse voltado a casar com a personalidade mediática Dolores Ovar no regime
da comunhão geral de bens, mudaria a sua resposta?
5. Imagine que o contrato de mútuo, celebrado entre Bill e Wayne, incluía uma cláusula
compromissória que atribuía competência ao tribunal arbitral de Lisboa e que o tribunal
arbitral condena Bill ao reembolso do capital e ao pagamento dos juros. Caso Wayne
apresentasse como título executivo a sentença, na ação executiva contra Bill Bites e
Melissa Bites, quais seriam os argumentos favoráveis a Wayne? E como poderiam
reagir Melissa e Bill?
1. (correção)
2. (correção)
Identificar o tipo de bem – bem móvel sujeito a registo – regime próprio – art. 768º
Casos
2.2
O agente de execução, aquando da penhora do recheio da casa, lavrou auto da penhora,
atribuindo um valor de 10,00 EUR a um jarrão decorativo que, na verdade, vale
5.000,00 EUR, dado que é feito de porcelana chinesa muito valiosa.
Quid juris?
Concluídos os atos de penhora nos termos da lei – registo, apreensão ou notificação –
lavra o agente de execução um ato como impõe o art. 753º CPC.
Da penhora realizada é lavrado um auto pelo agente de execução, em que se regista a
hora da diligência, se relacionam os bens por verbas numeradas e se indica, sempre que
possível, o valor aproximado de cada verba, de acordo com os artigos 766º nº1 e 753
nº1 do CPC. Trata-se de um documento que certifica a realização do ato de penhora, ou
seja, o objeto, a data e eventuais incidentes.
De acordo com o art. 766º nº2 CPC o agente pode recorrer à ajuda de um perito em caso
de avaliação que dependa de conhecimentos especializados.
O art. 723º nº1 c) determina que compete ao juiz “julgar, sem possibilidade de recurso,
as reclamações de atos e impugnações de decisões do agente de execução, no prazo de
10 dias. Portanto temos dois meios: reclamação dos atos e impugnação das decisões do
agente de execução. Este meio é um meio de defesa específico; existem outros meios de
defesa contra atos do agente de execução, como sejam a oposição à penhora, os
embargos de terceiro ou a arguição de nulidades; mas no âmbito desses não há lugar a
reclamação do ato do agente de execução.
A reclamação tem como fundamento a ilegalidade processual ou material do ato ou
despacho do agente de execução; tratando-se de despacho, soma-se um outro
fundamento: erro de julgamento. No entanto esta causa de pedir é comum a outros
meios de impugnatórios, pelo que poderia em abstrato ocorrer um concurso de meios de
defesa de um mesmo ato processual. ´
O Regente considera que a reclamação do ato do agente de execução não pode ser
deduzida quando a lei preveja um meio processual mais adequado ao fundamento
invocado pelo interessado – prevalece o meio processual de âmbito especial. Assim:
- As ilegalidades materiais de penhora (impenhorabilidades objetivas e subjetivas) são
já objeto tanto de oposição à penhora (784º)
Princípio da proporcionalidade – a penhora deve-se limitar-se aos bens necessários a
satisfazer a dívida. O assistente não vê um problema a penhorar este bem, por isso não
haveria um vício neste ato de penhora. O meio de reação é a o da reclamação do ato de
execução. Violação dos deveres de diligência do agente de execução.
2.3.
De acordo com o art. 753º nº1 do CPC, só estão sujeitos à penhora os bens do devedor.
Contudo é necessário ter em conta o art. 764º nº3 CPC (porque estamos no âmbito da
penhora de bens móveis não sujeitas a registo) – de acordo com este artigo presumem-se
que pertencem ao executado todos os bens que foram encontrados em seu poder; esta
presunção, no entanto, é ilidível perante o juiz, quer pelo executado, quer por alguém
em seu nome, quer por terceiro, mediante prova documental inequívoca do direito de
terceiro sobre eles, sem prejuízo da faculdade de dedução de embargos de terceiro.
Esta presunção coincide com aquela que se encontra estabelecida no art. 1268 nº.1 do
CC, apenas com a diferença de que a sua ilisão só pode ser feita através de prova
documental inequívoca, como dito anteriormente. Para além disso o Professor Regente
salienta que a distinção destes dois artigos vai mais longe – o Professor refere que a
titularidade do direito do artigo 1268º nº1 do CC decorre da posse, e não é totalmente
líquido que “em seu poder” signifique “em sua posse”, o que consta do art. 764º nº3. O
Regente explica que para o legislador, os bens móveis estão em poder do executado
quando se achem num local identificado no processo como sendo objeto de gozo, real
ou pessoal do executado – o seu domicílio, seja uma casa inteira ou apenas um quarto
arrendado, a sede social, o estabelecimento ou o seu local de trabalho. Não interessa o
porquê de a coisa estar naquele local. Isto significa que a presunção não funcionará se o
local não está identificado como sendo um dos enumerados anteriormente, pelo que a
penhora não pode ser feita. Aqui funcionava, uma vez que a máquina foi encontrada em
casa de Maria.
A presunção do art. 764º nº3 é alvo de divergências doutrinárias - assim:
- De acordo com o Professor Lebre de Freitas, o agente de execução não deve realizar a
penhora “quando seja confrontado, no próprio ato, com a evidência do direito de
terceiro”; isto é: quando for clara a titularidade de terceiro, não há lugar à presunção;
- O Professor Regente considera que o nosso direito não prevê nenhuma ressalva como
a apontada pelo Professor Lebre de Freitas, e desta forma o bem deve ser penhorado
mesmo que não se tenha a certeza que o bem pertence ao executado. Efetivamente, o
Professor ressalva que o agente de execução não tem competência para ilidir a
presunção, por si, ou por protesto do interessado. Por isso seria nula uma decisão do
agente de execução de recusa da penhora de bem que esteja na posse do executado. Por
isso, o agente deve ser penhorar, os móveis domiciliares, sem restrições, cabendo ao
executado, terceiro, cônjuge ou familiar, impugnar a penhora, ilidindo a presunção,
embargando de terceiro ou reivindicando.
Neste caso não é prova suficiente de que a máquina pertence a terceiro, o facto de a
mesma estar com inúmeros autocolantes de reparo. O que significa que, neste caso a
Repara Tudo, Lda poderia deduzir embargos de terceiro, nos termos do art. 342º nº1 do
CPC. Dispõe o n.º 1 do artigo 342.º do CPC que um lesado que não seja parte numa
causa, mas que veja a sua posse ou qualquer direito incompatível com a realização ou
âmbito da diligência serem ofendidos por uma penhora ou qualquer ato judicialmente
ordenado de apreensão ou entrega de bens, pode fazê-lo valer mediante embargos de
terceiro, ressalvando, porém, o seu n.º 2 que tal dedução não é admitida “relativamente
à apreensão de bens realizada no processo de insolvência”. – Este mecanismo permite
desta forma que se paralise a penhora quando este seja suscetível de ofender a posse ou
qualquer direito incompatível com a realização ou o âmbito de diligência que esse
terceiro exerça sobre o bem penhorado. De acordo com o art. 344º nº2, a Repara deve
deduzir a sua pretensão no prazo máximo de 30 dias a contar da data de realização da
penhora ou da data em que o embargante teve conhecimento da realização da penhora.
Prova inequívoca – neste caso, juntava a fatura da reparação da máquina, titulo que
aquele máquina foi entregue para um período especifico de substituição.
Divergências doutrinárias – prova documental inequívoca
Incidente processual e nominal seguem as regras do art. 293º e seguintes – antigamente
protesto no ato de penhora; hoje foi suprimido e hoje chama-se protesto do ato de
penhora.
Fazer ambas as coisas: embargos + logo no processo o protesto do ato de penhora (com
prova inequívoca 100%) + ação de reivindicação (meio mais demoroso, por isso
costuma ser mesmo a última hipótese)
Natureza da Presunção
Paula Costa e Silva entende que este artigo não reflete uma presunção, mas sim uma
verdadeira ficção jurídica. Enquanto na presunção, a inferência de um facto
desconhecido (a titularidade) é aferida a partir de um facto conhecido (estar sob o poder
do executado); aqui, a lei impõe a dita presunção mesmo quando a titularidade é
conhecida ao agente de execução
• Rui Pinto defende uma natureza mista consoante a perspetiva:
o Da perspetiva do agente de execução é uma ficção visto que ele devia
oficiosamente averiguar a qualidade de ser, ou não, do executado com base na regra do
art. 1268.º do CC
o Do ponto de vista do legitimado é uma presunção ilidível; o executado pode
afastar a presunção, não no próprio ato de penhora, mas num determinado prazo e
perante o tribunal
o A função deste preceito é afastar o funcionamento de uma presunção e não
alegar a falta de pressupostos da penhora
2.4
Carlos – locatário
Maria – locatária
José – locador/proprietário
O locatário é ou não titular de um direito incompatível para embargos de terceiro?
O que é um direito incompatível?
Prof. Rui Pinto - Incompatibilidade com a penhora e não
Embargos de terceiro
Noção: Incidente pelo qual quem não é parte no processo pede a extinção de penhora,
apreensão ou entrega judiciais ofensivas de posse ou direitos seus. Trata-se de um meio
de defesa perante uma penhora ou apreensão subjetivamente ilegais e que não se conge
aos estritos limites de uma ação executiva.
Requisito principal: Que o autor dos embargos de terceiro, seja um terceiro ao processo
– o titular do direito ou posse que se pretende defender da penhora, não deve estar no
processo como parte, sendo por isso terceiro – “quem não é parte na causa” – lê-se no
art. 342º nº1 CC. Isto significa que, o embargante não pode ser nem o executado, nem o
exequente, nem o cônjuge citado, nem o reclamante.
Por isso, conclui-se que a qualidade de terceiro nada tem que ver com a legitimidade
processual, interesse direito, nem com a procedência do pedido; a qualidade de terceiro
parece dizer respeito à admissibilidade subjetiva do meio de defesa, ao interesse
processual. O legislador quis reservar um procedimento com esta estrutura e regime
para um terceiro.
Causa de Pedir dos Embargos de Terceiro: A letra do art. 342º CPC, enuncia que: “Se a
penhora ou qualquer ato judicialmente ordenado de apreensão ou entrega de bens,
ofender a posse ou qualquer direito incompatível com a realização ou o âmbito da
diligência, de que seja titular quem não é parte na causa, pode o lesado fazê-lo valer,
deduzindo embargos de terceiro.”
Retira-se daqui que o autor deve, sob pena de improcedência, alegar e provar o seguinte: