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PROCEDIMENTOS ESPECIAIS DE JURISDIÇÃO CONTENCIOSA.

Observações iniciais:

Fundamento: Existe o procedimento especial para um ajuste entre forma e objeto da ação.

Objetivo: Simplificação/agilização do trâmite processual.

Tem uma restrição dos pedidos em alguns procedimentos especiais e, até mesmo, restrição na
defesa.

Existem requisitos para se utilizar o procedimento.

Os prazos são uniformizados.

*Ler Vicente.

Crítica ao procedimento especial: falta de razão clara para sua existência, pode se resumir em
um simples detalhe diferente do início. Ex: faz tal ato e segue para o procedimento comum.

Os que foram suprimidos pelo CPC/15 não deixaram de existir, a parte só irá encontrar outro
meio de conseguir o seu objetivo.

* Ler Humberto.

Características conforme a literatura tradicional:

(1) Legalidade: apenas se a lei prever e é uma opção do legislativo.


(2) Taxatividade.
(3) Excepcionalidade: a regra é pelo procedimento comum.
(4) Indisponibilidade: as partes não possuem escolha, tem que seguir o procedimento.
(5) Inflexibilidade: o procedimento especial é rígido. Existem críticas acerca dessa
característica (Art. 139, VI do CPC/15), prevalência da finalidade sobre a forma (Art.
277 do CPC/15). Pas de nullite’sans grief (Art. 282, §1 do CPC/15) - Quer dizer que
não se declara a nulidade se for possível demonstrar a inocorrência de prejuízo.
Passamos a demonstrar.
(6) Infungibilidade: rito especial. Não pode ser substituído por outro especial, nem pelo
comum. (Mesmas críticas da característica acima).
(7) Exclusividade: impossibilidade de uso de regras especiais no rito comum (crítica:
cumulação do art. 327 §2º do CPC - pegar detalhes do procedimento especial).

1- AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO.

Direito do credor de obter o pagamento, e também, direito do devedor de obter a quitação.

Efeito liberatório: ainda que o valor não seja entregue diretamente ao devedor, por exemplo, às
vezes é depositado nos autos, no banco, etc.

Principal objetivo: cessação da mora (art. 540 do CPC/15).

Competência territorial: no lugar do pagamento (art. 540 do CPC/15).

Cabimento: nos casos previstos em lei. (Art. 539 do CPC/15).

O Código Civil em seu artigo 335 discorre acerca das hipóteses de cabimento:

(1) se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar
quitação na devida forma.

(2) se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição
devidos.

(3) se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir
em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil.

(4) se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento.

(5) se pender litígio sobre o objeto do pagamento.

Depósito: Tem que ocorrer dentro de 5 (cinco) dias, sob pena de extinção. É indispensável o
pagamento. (Art. 542, parágrafo único).

Se o objeto da prestação for coisa indeterminada: Se a escolha couber ao credor, ele é citado
para escolher em 5 (cinco) dias, se outro prazo não constar de lei ou do contrato, ou aceitar
que o devedor o faça, devendo o juiz, ao despachar a petição inicial, fixar lugar, dia e hora em
que se fará a entrega, sob pena de depósito. (Art. 543 do CPC/15).

Dúvida sobre a legitimidade do credor: se o devedor sabe que há litígio e, mesmo assim, paga
ao credor errado, ele assume o risco (Art. 344 do CC). (Todos os que ele tem dúvida se ser ou
não o credor, serão réus no processo, trata-se de litisconsórcio passivo necessário).

Prestações sucessivas: depositada uma, pode continuar depositando, em até 5 (cinco) dias de
cada vencimento (Art. 541 do CPC/15).

Enunciado 60 FPPC: Sem maiores formalidades, enquanto não tiver decisão diversa, ou seja,
não precisa ficar requerendo ao juízo sempre o depósito.

Se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o pagamento, o autor requererá o
depósito e a citação dos possíveis titulares do crédito para provarem o seu direito.

Dúvida de quem deve receber:

(1) Revelia dos réus (credores): depósito será convertido em arrecadação de coisas
vagas (Art. 548, I do CPC/15) em caso de procedência do pedido inicial.

(2) Um dos credores comparece: se for procedente, o juiz extingue a obrigação para
ambas as partes (Art. 548, II do CPC/15).

(3) Vários réus comparecem:


- Sendo admitido o depósito: extinta a obrigação com relação ao autor/devedor.
- Continua unicamente entre os credores, observado o procedimento comum (Art. 548,
III do CPC/15).

Matérias defensivas (limitação da cognição horizontal). (Art. 544 do CPC/15).

O réu (credor) poderá alegar que:

(a) não houve recusa ou mora em receber a quantia ou a coisa devida.


(b) foi justa a recusa.
(c) o depósito não se efetuou no prazo ou no lugar do pagamento.
(d) o depósito não é integral (neste caso, a alegação somente será admissível se o réu
indicar o montante que entende devido.

No caso do item “d” dispensa reconvenção, pois a ação tem caráter dúplice, o simples pedido
contraposto. Ainda, alegada a insuficiência do depósito, é lícito ao autor completá-lo, em 10
(dez) dias, salvo se corresponder a prestação cujo inadimplemento acarrete a rescisão do
contrato.
Se ficarem discutindo no processo acerca do real valor, o juiz irá decidir e a sentença irá valer
como título executivo para o ingresso de cumprimento de sentença.

Se o pagamento deve ser em dinheiro: a primeira parte do procedimento pode ser extrajudicial.
Assim, tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o valor ser depositado em
estabelecimento bancário, oficial onde houver, situado no lugar do pagamento, cientificando-se
o credor por carta com aviso de recebimento, assinado o prazo de 10 (dez) dias para a
manifestação de recusa. (Art. 539, §1º do CPC/15).

Do pagamento acima, o silêncio significará a concordância. Contado do retorno do aviso de


recebimento, sem a manifestação de recusa, considerar-se-á o devedor liberado da obrigação,
ficando à disposição do credor a quantia depositada. (Art. 539, §2º do CPC/15).

Ocorrendo a recusa, manifestada por escrito ao estabelecimento bancário, poderá ser


proposta, dentro de 1 (um) mês, a ação de consignação, instruindo-se a inicial com a prova do
depósito e da recusa. (Art. 539, §3º do CPC/15).

Não proposto o processo no prazo acima: ficará sem efeito o depósito, podendo levantá-lo o
depositante. (Art. 539, §4º do CPC/15).

Observação: Algumas hipóteses de consignação em leis especiais: (1) Art. 67 da lei 8.245/91
(2) art. 164 do CTN.

Observação: Julgado sobre cumulação: 645756 (RESP).

2- AÇÃO DE EXIGIR CONTAS

Finalidades: Verificar a existência do dever de alguém prestar contas a outrem, condenando-a


a prestá-las e, ainda, verificar se o pagamento está correto.

Observação: Tema 908 STJ e REsp n. 1064.257.

Hipóteses de cabimento: conforme previsões legais. Alguns exemplos são:

(1) art. 33 do CC. O descendente, ascendente ou cônjuge que for sucessor provisório do
ausente, fará seus todos os frutos e rendimentos dos bens que a este couberem; os
outros sucessores, porém, deverão capitalizar metade desses frutos e rendimentos,
segundo o disposto no art. 29, de acordo com o representante do Ministério Público, e
prestar anualmente contas ao juiz competente.
(2) Art. 668 do CC (mandatário). O mandatário é obrigado a dar contas de sua gerência ao
mandante, transferindo-lhe as vantagens provenientes do mandato, por qualquer título
que seja.
(3) Art. 1.348, VIII do CC. Síndico deve prestar contas à assembleia, anualmente e quando
exigidas.
(4) Art. 1.020 do CC. Os administradores são obrigados a prestar aos sócios contas
justificadas de sua administração, e apresentar-lhes o inventário anualmente, bem
como o balanço patrimonial e o de resultado econômico.
(5) Arts. 1.755 e 1.781 do CC. Os tutores, embora o contrário tivessem disposto os pais
dos tutelados, são obrigados a prestar contas da sua administração. (Aplica-se a
curatela).
(6) Art. 553 do CC. Inventariante, tutor, curador, etc, devem prestar contas em apenso aos
autos em que foram nomeados.

Súmula 259 do STJ: A ação de prestação de contas pode ser proposta pelo titular de conta-
corrente bancária.

Info 558 do STJ: Não cabimento em caso de contratos de mútuo e financiamento. Obrigação se
encerra com a entrega da coisa.

Procedimento bifásico:
(1) Réu é obrigado a prestar contas?

Em caso positivo: decisão interlocutória de mérito.

Em caso negativo: por sentença.

(2) Reconhecido o dever de prestar contas: determina-se sua prestação e examina-se a


regularidade das contas prestadas (por sentença).

Forma das contas: As contas do réu serão apresentadas na forma adequada, especificando-se
as receitas, a aplicação das despesas e os investimentos, se houver. (Art. 551 do CPC/15).

Impugnação: De forma específica. Havendo impugnação específica e fundamentada pelo autor,


o juiz estabelecerá prazo razoável para que o réu apresente os documentos justificativos dos
lançamentos individualmente impugnados. (Art. 551, §1º do CPC/15).

Condutas do réu.

(1) Réu revel (Art. 550 §4º do CPC/15), não contesta.


(2) Réu presta contas: vai direto para a 2º fase.
(3) Réu contesta sua obrigação de prestar contas: instrui o processo, para ver o dever de
prestar contas.
(4) Presta contas e protesta, não o dever em si, mas outro motivo da relação entre o autor
e o réu: passa para a 2º fase mas as alegações são analisadas, importante para fins de
sucumbência.

Sentença reconhece o crédito: vai para 2º fase: cumprimento de sentença.

Ação de natureza dúplice.

Se o réu, na 2º fase, descumpre com o dever de prestar contas: não poderá impugnar as que o
autor apresentar (Art. 550, §5º do CPC/15). A decisão que julgar procedente o pedido
condenará o réu a prestar as contas no prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de não lhe ser
lícito impugnar as que o autor apresentar.

Possível a adoção de medidas coercitivas? Sim, as previstas no art. 536, §1º do CPC/15. “A
imposição de multa, a busca e apreensão, a remoção de pessoas e coisas, o desfazimento de
obras e o impedimento de atividade nociva, podendo, caso necessário, requisitar o auxílio de
força policial.”

A adoção da medida coercitiva é posição majoritária: baseada no risco de falta de efetividade.


Aplicado o artigo supra por analogia ao procedimento.

3- AÇÕES POSSESSÓRIAS.

Primeiramente, insta salientar que, para proteger a propriedade utiliza-se o procedimento


comum. As ações possessórias são para defender a posse, se discute quem é o possuidor.
Cognição sumária no sentido horizontal.

Vedação ao ingresso de ação petitória na pendência de possessória, exceto se for contra


terceiro (Art. 557, caput do CPC e enunciados 65 e 443 do FPPC).

Exceção: Súmula 487 do STF. Será deferida a posse a quem, evidentemente, tiver o domínio,
se com base neste for ela disputada. Admite a cumulação.

*Ler Luiz Guilherme.

Inviável interdito proibitório para proteger direito autoral: Súmula 228 do STJ.

Art. 1.210 do CC complementa o art. 557 do CPC/15: O possuidor tem direito a ser mantido na
posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver
justo receio de ser molestado + Na pendência de ação possessória é vedado, tanto ao autor
quanto ao réu, propor ação de reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão for deduzida
em face de terceira pessoa. Não obsta à manutenção ou à reintegração de posse a alegação
de propriedade ou de outro direito sobre a coisa.

Ações possessórias:

REINTEGRAÇÃO - Perda.

MANUTENÇÃO - Turbação.

INTERDITO PROIBITÓRIO - Receio.

Fungibilidade: art. 554 do CPC/15. A propositura de uma ação possessória em vez de outra
não obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela
cujos pressupostos estejam provados.

Ação de imissão: petitória (reaver a coisa do poder de quem a tem injustamente) e não
possessória (direito de ser mantido).

Característica: possibilidade de liminar sem ouvir o réu, ou se na inicial não tiver provas o
suficiente, após audiência de justificação (art. 562 do CPC/15).

- Não é antecipação da instrução, mas sim forma admitida para que o autor comprove,
sumariamente, sua posse e/ou os requisitos para concessão da liminar

Ação de força nova (dentro do prazo correto) vai para o procedimento especial. Quando a ação
for proposta dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho afirmado na petição inicial. (Art.
558 do CPC/15).

Para ações de "força velha" (além desse prazo), segue rito comum, sem perder caráter possessório (558, p.
único) → juiz pode conceder tutela de urgência, com base na regra geral (art. 294 e ss.), se presentes os
requisitos.

Natureza dúplice (art. 556 do CPC/15) - Existe divergência a respeito. Réu pode dizer que ele
que sofreu o ato.

Para boa parte da doutrina, são dúplices porque o réu pode pleitear idêntica tutela jurisdicional
à requerida pelo autor, na própria contestação. Todavia, o réu deve formular pedido (cf. o
próprio art. 556).

Para outra parte da doutrina, ação "verdadeiramente" dúplice propicia tutela jurisdicional ao réu
independentemente de pedido seu.

As ações dúplices são as ações (pretensões de direito material) em que a condição dos
ligantes é a mesma, não se podendo falar em autor e réu, pois ambos assumem
concomitantemente as duas posições. Esta situação decorre da pretensão deduzida em
juízo. A discussão judicial propiciará o bem da vida a uma das partes, independentemente de
suas posições processuais. A simples defesa do réu implica exercício de pretensão; não
formula pedido o réu, pois a sua pretensão já se encontra inserida no objeto de uma equipe
com a formulação do autor. É como uma luta em cabo de guerra: a defesa de uma equipe já
é, ao mesmo tempo, também o seu ataque. São exemplos: a) as ações declaratórias; b) as
ações divisórias; c) as ações de acertamento, como a prestação de contas e oferta de
alimentos.

Ação executiva lato sensu: sentenciou já deve cumprir, não precisa de 2º fase. A execução
independe de um novo processo/fase (sincretismo processual).
Sentença da reintegração: prevalentemente executiva (determina medidas sub-rogatórias,
inclusive ampicas).

Sentença da manutenção e do interdito proibitório: prevalentemente mandamental (ordena


abstenção de condutas de turbação).

Possibilidade de cumular, ao pedido possessório:

(a) condenação em perdas e danos.


(b) indenização dos frutos.

Pode o autor requerer, ainda, imposição de medida necessária e adequada para:

(a) evitar nova turbação ou esbulho.


(b) cumprir-se a tutela provisória ou final.

Vedação à liminar contra pessoas jurídicas de direito público, sem sua prévia oitiva (art. 562, p.
único). Presunção de legitimidade dos atos do Poder Público.

Paralelo: decisão do STF acerca da Lei do MS (Art. 22, § 2º): "É inconstitucional ato normativo
que vede ou condicione a concessão de medida liminar na via mandamental" (Info 1021).

Pela similitude, parece haver possibilidade de analogia. De toda forma, a literatura destaca a
possibilidade de concessão de tutela de urgência com base na regra geral do CPC.

Ocupação indevida de bem público: descabe proteção possessória contra ente público, porque
há mera detenção (STJ, AgRg no REsp 1470182/RN).

Construção não é considerada benfeitoria, mas mera acessão.

Súmula 619, STJ: A ocupação indevida de bem público configura mera detenção, de natureza
precária, insustentável de retenção ou indenização por acessões e benfeitorias.

Entretanto, ainda que relativamente a bens públicos, é possível contra outros particulares: "É
cabível o ajuizamento de ações possessórias por parte de invasor de terra pública contra
outros particulares" (STJ, REsp 1.484.304-DF). Ex: A mora em um bem público de forma
indevida, B invade, A pode intentar contra B, mesmo sendo um bem público.

4- AÇÃO DE DIVISÃO E DEMARCAÇÃO DE TERRAS PARTICULARES.

Arts. 1.297 e 1.320 do CC - Divisão. Ninguém é obrigado a permanecer coobrigado.

Legitimidade ativa (Art. 569 do CPC):

(a) Proprietário único, para demarcar. Ao proprietário a ação de demarcação, para obrigar o
seu confinante a estremar os respectivos prédios, fixando-se novos limites entre eles ou
aviventando-se os já apagados. ao

(b) Coproprietário, para dividir. Condômino a ação de divisão, para obrigar os demais consortes
a estremar os quinhões.

(c) Enunciado 68 FPPC: Também possuem legitimidade para a ação demarcatória os titulares
de direito real de gozo e fruição, nos limites dos seus respectivos direitos e títulos constitutivos
de direito real. Assim, além da propriedade, aplicam‐se os dispositivos do Capítulo sobre ação
demarcatória, no que for cabível, em relação aos direitos reais de gozo e fruição.

Divisão e demarcação: são ações distintas mas cumuláveis entre si. É possível primeiro
demarcar (contra os confinantes), e depois dividir (contra os condôminos). (Art. 570 do CPC/15)

Feita a demarcação, confinantes são terceiros, quanto à divisão; mas podem reclamar (o
terreno, ou indenização) se houver invasão posterior (art. 572 do CPC/15.
Possível via extrajudicial (art. 571 do CPC/15), se todos são maiores, capazes e concordes.

Petição inicial da demarcação (art. 574 do CPC/15) deverá ser:

(a) instruída com o título de propriedade.


(b) conter a individualização do bem.
(c) descrever a linha demarcatória que o autor entende correta.
(d) indicar todos os confinantes.

Publicação de edital: apenas se os réus forem incertos ou desconhecidos. (Arts. 576, p.ú e 259,
III do CPC/15).

Resposta: no prazo comum de 15 dias (art. 577 do CPC/15).

Após a resposta, segue procedimento comum (art. 578 do CPC/15), com a observação de que
o CPC prevê que o juiz necessariamente nomeará perito (art. 579 do CPC/15. que será
agrimensor/topógrafo.

Exceção: imóvel georreferenciado, com averbação no registro de imóveis, pode o juiz


dispensar a realização de prova pericial (art. 573 do CPC/15).

Os trabalhos técnicos dividem-se em duas partes:

1) Primeiro se define a individualização, com identificação dos limites do bem.

2) Depois, colocam-se os marcos e rumos.

Observações do procedimento:

Enunciado 70 do FPPC: Partes devem ser intimadas para manifestação sobre laudo, para
contraditório e ampla defesa.

A sentença, além de acertar os limites ("traçado da linha"), pode outorgar proteção possessória
e/ou dominial (art. 581, p. único do CPC/15).

Com o trânsito em julgado da sentença que traça os limites, inicia-se a demarcação em si.
Acaba o primeiro momento e começa a demarcação em si. "Transitada em julgado a sentença,
o perito efetuará a demarcação e colocará os marcos necessários" - Art. 582 do CPC/15.

Marcos são indispensáveis na estação inicial (marco primordial) e nos vértices dos ângulos,
"salvo se algum desses últimos pontos for assinalado por acidentes naturais de difícil remoção
ou destruição" (art. 584 do CPC/15).

Após o cumprimento, os peritos apresentam relatório; prazo às partes (15 dias) (art. 586 do
CPC/15); efetuadas necessárias correções, se houver, lavra-se auto (art. 586, p. único do
CPC/15), seguido de uma segunda sentença, homologatória da demarcação (art. 587 do
CPC/15).

Cabe apelação das duas sentenças; da segunda, não terá efeito suspensivo (1.012, § 1º, I).

DIVISÃO.

Finalidade: extinguir o condomínio.

Pressupõe que o bem seja divisível.

Se indivisível: É vendido e repartido. O condomínio terá preferência (art. 1.322, CC).

Imóvel rural: necessária observância do módulo rural. Art. 65, Lei n. 4.504/1964 (Estatuto da
Terra): "O imóvel rural não é divisível em áreas de dimensão inferior à constitutiva do módulo
de propriedade rural". Ou seja, hipótese de indivisibilidade jurídica.

Módulo de propriedade rural: deriva do conceito de propriedade familiar, constituindo uma


unidade de medida, expressa em hectares, que busca exprimir a interdependência entre a
dimensão, a situação geográfica dos imóveis rurais e a forma e condições do seu
aproveitamento econômico. É calculado para cada imóvel rural em separado, e sua área
reflete o tipo de exploração predominante no imóvel rural, segundo sua região de localização.
O tamanho varia para cada local, é o mínimo para a família conseguir explorar.

Petição inicial da divisão (art. 588 do CPC/15):

(a) acompanhada de prova da propriedade.


(b) indicar origem da comunhão.
(c) identificar o imóvel e seus limites.
(d) identificar os condôminos, nominando os estabelecidos no imóvel com benfeitorias e
culturas.
(e) especificar benfeitorias comuns.

Partes podem indicar pedido de quinhão, ou seja, dizer a área que preferem (art. 591 do
CPC/15).

Nomeação de perito (590, p. único do CPC/15); deve "indicar as vias de comunicação


existentes, as construções e as benfeitorias, com a indicação dos seus valores e dos
respectivos proprietários e ocupantes, as águas principais que banham o imóvel e quaisquer
outras informações que possam concorrer para facilitar a partilha". O perito irá ver a melhor
forma de dividir.

Não havendo impugnação da demarcação do perito, o juiz determinará a divisão geodésica do


imóvel (592, § 1º CPC/15).

Havendo impugnação, o juiz houve as partes e decide sobre os quinhões em 10 (dez) dias (§
2º).

Peritos propõe a forma da divisão, "devendo consultar, quanto possível, a comodidade das
partes, respeitar, para adjudicação a cada condômino, a preferência dos terrenos contíguos às
suas residências e benfeitorias e evitar o retalhamento dos quinhões em glebas separadas"
(art. 595 do CPC/15).

Regras para partilha: "I - as benfeitorias comuns que não comportarem divisão cômoda serão
adjudicadas a um dos condôminos mediante compensação; II - instituir-se-ão as servidões que
forem indispensáveis em favor de uns quinhões sobre os outros, incluindo o respectivo valor no
orçamento para que, não se tratando de servidões naturais, seja compensado o condômino
aquinhoado com o prédio serviente; III - as benfeitorias particulares dos condôminos que
excederem à área a que têm direito serão adjudicadas ao quinhoeiro vizinho mediante
reposição; IV - se outra coisa não acordarem as partes, as compensações e as reposições
serão feitas em dinheiro" (art. 596 do CPC/15).

Memorial descritivo (art. 597 do CPC/15); auto de divisão (§ 1º); folha de pagamento (§ 4º), que
é o título para registro no CRI.

A Divisão segue as mesmas regras procedimentais da demarcação (art. 598 CPC/15).

5- AÇÃO DE DISSOLUÇÃO PARCIAL DE SOCIEDADE.

Finalidade: preservação da sociedade comercial para os demais sócios, quantificando os


haveres daquele que, pelas razões previstas no direito material ou no próprio contrato, retira-se
ou é excluído. É para evitar o fim da sociedade. Preserva para os sócios que irão permanecer.

Objeto:
(1) a resolução da sociedade empresária contratual ou simples em relação ao sócio
falecido, excluído ou que exerceu o direito de retirada ou recesso; e

(2) a apuração dos haveres do sócio falecido, excluído ou que exerceu o direito de
retirada ou recesso; ou

(3) somente a resolução ou a apuração de haveres.

Aplicação: sociedades empresárias contratuais; sociedades simples; e S/A fechadas que não
possam atingir sua finalidade (acionistas mínimo 5% do capital; devem demonstrar o fato).

Legitimidade ativa (art. 600 do CPC/15).

(a) pelo espólio do sócio falecido, quando a totalidade dos sucessores não ingressar na
sociedade;
(b) pelos sucessores, após concluída a partilha do sócio falecido;
(c) pela sociedade, se os sócios sobreviventes não admitirem o ingresso do espólio ou dos
sucessores do falecido na sociedade, quando esse direito decorrer do contrato social;
(d) pelo sócio que exerceu o direito de retirada ou recesso, se não tiver sido
providenciada, pelos demais sócios, a alteração contratual consensual formalizando o
desligamento, depois de transcorridos 10 (dez) dias do exercício do direito;
(e) pela sociedade, nos casos em que a lei não autoriza a exclusão extrajudicial; ou
(f) pelo sócio excluído.

Observação: O cônjuge ou companheiro do sócio cujo casamento, união estável ou


convivência terminou poderá requerer a apuração de seus haveres na sociedade, que serão
pagos à conta da quota social titulada por este sócio.

Legitimidade passiva: sócios e sociedade (art. 601 CPC/15).

Hipótese de substituição processual (p. único): sociedade não será citada se todos os sócios
forem, mas fica sujeita à decisão.

Possibilidade de pedido indenizatório, compensável com os haveres a apurar, pela sociedade


(art. 602 CPC/15). Hipótese de pedido contraposto.

Possibilidades durante o processo:

(a) Réus concordam de forma unânime e expressa com a dissolução: o magistrado a


decretará, passando-se à fase de liquidação de sentença.

Para incentivar o consenso, o §1º do 603 isenta as partes (e não somente os réus) do
pagamento dos honorários advocatícios sucumbenciais; e as custas serão rateadas entre as
partes, na proporção da participação dos sócios na sociedade

(b) Réus contestam: segue-se o procedimento comum para o reconhecimento das


causas que justificam a dissolução parcial da sociedade.

Procedente o pedido, a liquidação dos haveres seguirá na forma dos arts. 604 a 609 do CPC.

Parâmetros para apuração dos haveres (art. 604 CPC/15). Juiz:

(a) Fixa data da dissolução (cf. 605);


(b) Define critérios (com base no contrato, ou, no silêncio, cf. art. 606: "balanço de
determinação");
(c) Nomeia perito.
Os dois primeiros podem ser revistos posteriormente (art. 607 CPC/15), a pedido da parte,
antes do início da perícia.

Determinação de depósito da parte incontroversa (604, § 1º), a ser logo levantado pelo ex-
sócio, espólio ou sucessores (§ 2º): espécie de tutela de evidência.

Pagamento (art. 609 CPC/15): na forma do contrato, ou cf. CC (1.031, § 2º: " quota liquidada
será paga em dinheiro, no prazo de noventa dias, a partir da liquidação, salvo acordo, ou
estipulação contratual em contrário").

6- INVENTÁRIO E PARTILHA.

Objetivo.

verificação dos bens integrantes do patrimônio da pessoa falecida, pagamento de eventuais


dívidas a credores, pagamento de tributos devidos, e divisão do que sobejar às pessoas que
tenham direito sucessório.

Suprimiu-se a possibilidade de instauração de ofício pelo juiz (art. 989, CPC/73); e de citação
de herdeiros residentes fora da Comarca, é desde logo, por edital.

Possibilidade de inventário negativo, ou seja, sem bens para: declarar que não possui bens,
demonstrar para credores e para fins de casamento do viúvo.

Modalidades.

(a) inventário extrajudicial (se todos forem capazes e concordes, 610, § 1º CPC/15);
(b) inventário judicial;
(c) arrolamento comum (valor até mil salários mínimos, art. 664 CPC/15)
(d) arrolamento sumário (amigável entre partes capazes, ou herdeiro único, 659, § 1º
CPC/15).

Prazo para abertura (art. 611 CPC/15): dois meses após o óbito.

Súmula 542/STF: “Não é inconstitucional a multa instituída pelo estado-membro, como sanção
pelo retardamento do início ou da ultimação do inventário”.

Limite de cognição (questão de "alta indagação").

art. 612. O juiz decidirá todas as questões de direito desde que os fatos relevantes estejam
provados por documento, só remetendo para as vias ordinárias as questões que
dependerem de outras provas.

art. 627, § 3º. Verificando que a disputa sobre a qualidade de herdeiro a que alude o inciso III
demanda produção de provas que não a documental, o juiz remeterá a parte às vias
ordinárias e sobrestará, até o julgamento da ação, a entrega do quinhão que na partilha
couber ao herdeiro admitido.

art. 643. Não havendo concordância de todas as partes sobre o pedido de pagamento feito
pelo credor, será o pedido remetido às vias ordinárias.

Parágrafo único. O juiz mandará, porém, reservar, em poder do inventariante, bens suficientes
para pagar o credor quando a dívida constar de documento que comprove suficientemente a
obrigação e a impugnação não se fundar em quitação.

Administrador provisório (art. 614 CPC/15).

Atua até o compromisso do inventariante. Ele "representa ativa e passivamente o espólio, é


obrigado a trazer ao acervo os frutos que desde a abertura da sucessão percebeu, tem direito
ao reembolso das despesas necessárias e úteis que fez e responde pelo dano a que, por dolo
ou culpa, der causa".
Inventariante.

Representa espólio, zelando e defendendo os bens que o compõem, tanto para a instauração
do processo, quanto durante sua tramitação (funções: 618, de óficio; e 619, com autorização
judicial).

- Presta compromisso (art. 617, p. único CPC/15) e pode ser removido do munus (art.
622 CPC/15), passível de multa (art. 625 CPC/15), mediante incidente (art. 623
CPC/15) em apartado (através de decisão recorrível por agravo de instrumento).

Incumbe a inventariança (e legitimidade para requerer o inventário) a quem estiver na posse e


administração do espólio (art. 615 CPC/15).

Ordem de nomeação para a função de inventariante: art. 617 CPC/15 (não absoluta).

Legitimidade para requerer inventário: concorrente (art. 616 CPC/15).

Procedimento do inventário.

(1) Petição inicial com a certidão de óbito.


(2) Inventariante presta compromisso.
(3) Inventariante traz as primeiras declarações em 20 dias.
(4) Citações.
(5) Prazo de 15 dias para manifestações e colações.
(6) Decisão sobre as impugnações e retificação das primeiras declarações, se for o caso.
(7) Avaliações, podendo ser dispensadas (art. 633 do CPC/15) e a decisão a respeito.
(8) Últimas declarações pelo inventariante e manifestação a respeito.
(9) Cálculo do tributo e decisão a respeito.
(10) Pagamento das dívidas vencidas e exigíveis.

Exige prova literal (642, § 1º), e concordância de todos; não havendo, remessa às vias
ordinárias (643) - reservando o juiz bens, se houver prova suficiente da dívida e impugnação
não se fundar em quitação (643, p. único). - Se ainda não vencida a dívida, mas houver
concordância, juiz determina separação de bens para futuro pagamento (644, p. único).

Procedimento da partilha.

(1) Pedido de quinhão e decisão a respeito (o que gostaria de ficar).


(2) Pagamento do imposto.
(3) Sentença.
(4) Formal de partilha (ou certidão), após o trânsito em julgado.
(5) Possibilidade de emenda, se convirem as partes, mesmo após o trânsito em julgado,
por erro de fato na descrição dos bens.
(6) Invalidação da partilha extrajudicial: através de ação anulatória (art. 657, pú do
CPC/15).
(7) Possibilidade de ação rescisória: ação de petição de herança (via judicial).
(8) Sobrepartilha: bens sonegados, litigiosos, liquidação difícil ou morosa, descobertos
após partilha, situados em local remoto da sede do inventário.

Sentença só pode ser proferida após pagos os tributos de transmissão (654, CPC; 192, CTN)

Inventário não pode ser extinto por abandono do processo. Desídia causa remoção do
inventariante - ou arquivamento administrativo (sem extinção).

(art. 672 do CPC/15). Será possível a cumulação de inventários se há:

(a) identidade de pessoas entre as quais devam ser repartidos os bens.

(b) heranças deixadas pelos dois cônjuges ou companheiros.

(c) dependência de uma das partilhas em relação à outra.


No caso do item “b” se a dependência for parcial, por haver outros bens, o juiz pode ordenar a
tramitação separada, se melhor convier ao interesse das partes ou à celeridade processual.

Os processos são apensados. Nomeia-se um só inventariante em ambos os inventários;


tramitam perante o mesmo Juízo; aproveitamento de atos processuais; sentença única.

ARROLAMENTO.

Procedimento simplificado. Pode ser:

(a) Comum: (valor até mil salários mínimos - art. 664 CPC/15): possível ainda que haja
incapaz, desde que todos concordem, inclusive MP (art. 665 CPC/15)
(b) Sumário (amigável entre partes capazes, ou herdeiro único, 659, § 1º)

Principais características do arrolamento.

(1) Bens, valores e herdeiros devem constar na petição inicial (660).


(2) Dispensa termos (660) e pagamento prévio dos tributos de transmissão (haverá
lançamento posterior, 659, § 2º e 662, não ficando o Fisco, na seara administrativa,
adstrito aos valores constantes no arrolamento - 662, § 2º)
(3) Demais tributos em aberto, contudo, continuam sendo exigíveis, por força do art. 192
do CTN
(4) Não há avaliação, salvo se credor impugnar estimativa (663, p. único)
(5) No arrolamento comum, se impugnada a estimativa, há avaliação, com deliberação a
respeito da partilha em audiência (664, § 2º).

Menção equivocada do CPC.

§4º do art. 664 do CPC cita o art. 672 (porém o artigo 672 fala sobre cumulação de inventários
e não sobre o arrolamento). Assim, o enunciado 131 do CJF vem para dizer que foi um erro
material e o correto é a remissão ao art. 662 CPC/15.

Alternativa: Levantamento de valores por meio de alvará (Lei n. 6.858/1980): Dispensa


inventário ou arrolamento (666). Procedimento ainda mais simplificado. Basta simples pedido
de alvará para recebimento de:

(a) Valores devidos aos empregados (verbas trabalhistas);


(b) Saldo em contas do FGTS;
(c) Saldo do PIS-PASEP;
(d) Restituições IR e outros tributos, recolhidos por pessoa física; e
(e) Saldos em contas bancárias e de cadernetas de poupança, além de fundos de
investimento até o valor de 500 (quinhentas) OTN’s (Obrigações do Tesouro Nacional)
(+- dez mil reais).
(f) Também é aceito pela jurisprudência para o levantamento de valores constantes do
inventário, ou alienação de algum bem de fácil deterioração (normalmente veículos),
especialmente se de baixo valor.

Súmula 161, STJ: É da competência da Justiça Estadual autorizar o levantamento dos valores
relativos ao PIS/PASEP e FGTS, em decorrência do falecimento do titular da conta.

Alvará: também utilizado para os bens de valores muito baixos.

7- EMBARGOS DE TERCEIRO

Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de constrição sobre bens
que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato constritivo, poderá requerer
seu desfazimento ou sua inibição por meio de embargos de terceiro.
Em geral, não é possível que a constrição judicial recaia sobre bens de quem não é parte no
processo. Os embargos de terceiros são a ação atribuída àquele que não é parte, para fazer
cessar a constrição judicial que indevidamente recaiu sobre um bem do qual é proprietário ou
possuidor.

Eles constituem uma nova ação, e um novo processo, embora estejam ligados àquele no qual
se deu a apreensão judicial. Não são meros incidentes da execução, mas têm natureza de
processo de conhecimento, de natureza constitutiva negativa, que visam desfazer a constrição
judicial indevida.

São atos de apreensão judicial, entre outros: a penhora, o depósito, o arresto, o sequestro, a
alienação judicial, a arrecadação, o arrolamento, o inventário e a partilha, bem como qualquer
outro do qual possa resultar esbulho ou turbação da posse do bem de terceiro.

Pressupostos:

(1) haja um processo em curso, no qual tenha ocorrido uma constrição judicial.
(2) que essa constrição tenha recaído sobre um bem de alguém que não participa do
processo.

CPC/73 tinha as hipóteses de cabimento (art. 1046) ao contrário do atual CPC, que fala de
forma genérica.

CPC/73 tinha a proteção apenas em caráter repressivo, apenas após a constrição efetuada e
no CPC atual permite também para ameaça, ou seja, está em vias de ocorrer a constrição.

Súmula 84 do STJ: É admissível a oposição de embargos de terceiro fundados em alegação


de posse advinda do compromisso de compra e venda de imóvel, ainda que desprovido do
registro.

Ou seja, tem legitimidade ativa para a ação de embargos de terceiro o promissário comprador
cuja promessa não se encontra ainda inscrita no registro de imóveis.

LEGITIMIDADE ATIVA (Art. 674, §2º do CPC/15)

Os embargos podem ser de terceiro proprietário, inclusive fiduciário, ou possuidor.

Considera-se terceiro, para ajuizamento dos embargos:

(a) Proprietário ou possuidor.


(b) o cônjuge ou companheiro, quando defende a posse de bens próprios ou de sua
meação, pois para defender o do cônjuge não teria legitimidade, pois, “ninguém pode
pleitear direito alheio, em nome próprio, salvo lei em contrário”, ressalvado o disposto
no art. 843 que fala sobre o bem indivisível, a quota-parte recai sobre o produto de
alienação, assim, atualmente é possível realizar leilão judicial do imóvel em sua
integralidade independente de ser cônjuge ou condômino e, o cônjuge ou
cooproprietário alheio ao processo tem direito a sua quota-parte sobre o valor da
avaliação.
(c) o adquirente de bens cuja constrição decorreu (ou está na iminência de decorrer) de
decisão que declara a ineficácia da alienação realizada em fraude à execução.

Por isso, determina o art. 792, § 4º, do CPC que o terceiro adquirente deverá ser intimado,
antes da declaração da fraude, para, querendo, opor embargos de terceiro. A intimação não é
para que o adquirente integre a execução e nela se manifeste ou defenda, mas para que,
querendo, oponha embargos de terceiro.

Exemplo: Se A executa B por determinada dívida, e o executado, depois de citado, aliena a C


vários bens, tornando-se com isso insolvente, o juiz autorizará que sejam penhorados os bens
alienados fraudulentamente, ainda que agora eles pertençam a C. O juiz não desfaz o negócio,
mas permite que a penhora atinja os bens transferidos a terceiro, estendendo a este a
responsabilidade, no limite dos bens que lhe foram vendidos.

O adquirente que teve os bens atingidos sem integrar a execução poderá valer-se dos
embargos de terceiro, para livrá-los da constrição. Para que esses sejam bem-sucedidos, terá
de demonstrar que a alienação não foi fraudulenta, seja porque feita antes da citação ou da
averbação da penhora ou de outro ato constritivo, seja porque não foi capaz de reduzir o
devedor à insolvência.

(d) quem sofre constrição judicial de seus bens por força de desconsideração da
personalidade jurídica, de cujo incidente não fez parte.
(e) o credor com garantia real para obstar expropriação judicial do objeto de direito real de
garantia, caso não tenha sido intimado, nos termos legais dos atos expropriatórios
respectivos. (Arts. 799, 886, 675 p. único do CPC/15).

Súmula 134 do STJ: Embora intimado da penhora em imóvel do casal, o cônjuge do


executado pode opor embargos de terceiro para defesa de sua meação.
Como expõe o inciso I do artigo supracitado, não pode defender o imóvel inteiro e sim sua
parte. O fato de ele ser intimado da penhora sobre bem imóvel não o torna coexecutado. A
intimação do cônjuge é necessária, mesmo que ele não figure no polo passivo da execução. E
isso não impede que ele se valha dos embargos de terceiro

Enunciado 186 do FPPC: (art. 677; art. 678; art. 681) A alusão à “posse” ou a “domínio” nos
arts. 677, 678 e 681 deve ser interpretada em consonância com o art. 674, caput, que, de
forma abrangente, admite os embargos de terceiro para afastar constrição ou ameaça de
constrição sobre bens que possua ou sobre quais tenha “direito incompatível com o ato
constritivo”.
Vem para ampliar a legitimidade ativa e diz que o artigo quando fala: “em quem não sendo
parte no processo” ainda que não seja o proprietário ou possuidor, mas se o autor tiver um
direito incompatível com o ato constritivo, diz o enunciado que ele tem legitimidade para
impetrar os embargos de terceiro.

LEGITIMIDADE PASSIVA - Art. 677, §4º do CPC/15

A legitimidade passiva é, em princípio, do autor da ação em que foi determinada a constrição


judicial, porque ele é o beneficiário do ato. Mas, se, de alguma forma, o réu da ação principal
tiver concorrido para a constrição, será incluído no polo passivo, como litisconsorte necessário.
É o que ocorre quando, nos processos de execução, o executado nomeia à penhora bem de
terceiro.

Se o bem objeto dos embargos já tiver sido alienado, o adquirente do bem também comporá o
polo passivo, na condição de litisconsorte, já que seu acolhimento implicará a desconstituição
do negócio jurídico do qual ele participou.

Súmula 303 do STJ: Em embargos de terceiro, quem deu causa à constrição indevida deve
arcar com os honorários advocatícios."
Observação: Quem deu causa, é quem indicou o bem.

PRAZO.

(a) Em ação de conhecimento: em qualquer tempo, antes do trânsito em julgado.


(b) Cumprimento de sentença ou execução: 5 (cinco) dias depois da adjudicação, da
alienação por iniciativa particular ou da arrematação, mas sempre antes da assinatura
da respectiva carta. (Art. 675 do CPC/150. Expirado, admite-se ação anulatória. Juiz de
ofício pode determinar a intimação das pessoas dos arts 799, 886, 675 p. único do
CPC/15.

Enunciado 184 FPPC: (art. 675) Os Enunciado 185 FPPC: (art. 675, parágrafo
embargos de terceiro também são oponíveis único) O juiz deve ouvir as partes antes de
na fase de cumprimento de sentença e determinar a intimação pessoal do terceiro.
devem observar, quanto ao prazo, a regra do
processo de execução.

COMPETÊNCIA - Art. 676 do CPC/15

Regra: no mesmo juízo do processo originário, em autos apartados, não se fará o


apensamento. (Trata-se de regra de competência funcional absoluta).

Exceção: carta precatória. Nos casos de ato de constrição realizado por carta, os embargos
serão oferecidos no juízo deprecado, salvo se indicado pelo juízo deprecante o bem constrito
ou se já devolvida a carta.

Os opostos pela União, suas autarquias ou empresas públicas federais são de competência da
Justiça Federal, onde correrá também o processo em que foi determinada a apreensão. Ainda
que ele estivesse na Justiça Estadual, com a oposição dos embargos de terceiro a
competência será deslocada para a Federal.

PETIÇÃO INICIAL - Art. 677 do CPC/15

(1) Requisitos do art. 319: Ela deve preencher os requisitos do art. 319. Nela, o
embargante descreverá a apreensão judicial, as circunstâncias em que ela foi
ordenada e sua condição de terceiro, postulando ao juiz que determine a liberação dos
bens especificamente indicados.
(2) Valor da causa: Deve ainda apontar o valor da causa, que corresponderá ao bem cuja
liberação se pretende.
(3) Rol de testemunhas: Caso o embargante pretenda ouvir testemunhas na audiência
preliminar, o rol deve vir na petição inicial. Se na audiência de instrução e julgamento,
deve ser apresentado no prazo fixado pelo juiz, observado o disposto no art. 357, § 4º,
do CPC, aplicando-se, supletivamente, as regras do procedimento comum.
(4) Fazer prova sumária de sua posse ou domínio: Todos os documentos que tenha,
hábeis a comprovar a posse ou a propriedade e a qualidade de terceiro, devem ser
juntados. Eles não são indispensáveis para o recebimento da petição inicial, mas úteis
apenas para que o autor obtenha a liminar. Ainda que não provada a posse ab initio, o
juiz receberá a inicial, podendo, se for o caso, designar audiência preliminar, para dar
ao autor a oportunidade de obter a liminar

A lei não fala em propriedade e sim posse, porque a posse em regra não é documentada. Essa
audiência não pode ser indeferida pelo juiz.

(Art. 677 §2). O possuidor direto pode alegar, além da sua posse, o domínio alheio: trata-se
de uma exceção do artigo 18 do CPC/15, que aduz: “Ninguém poderá pleitear direito alheio
em nome próprio, salvo quando autorizado pelo ordenamento jurídico.”
LIMINAR.

A decisão que reconhecer suficientemente provado o domínio ou a posse determinará a


suspensão das medidas constritivas sobre os bens litigiosos objeto dos embargos, bem como a
manutenção ou a reintegração provisória da posse, se o embargante a houver requerido.

O juiz poderá condicionar a ordem de manutenção ou de reintegração provisória de posse à


prestação de caução pelo requerente, ressalvada a impossibilidade da parte economicamente
hipossuficiente. É facultativa, no CPC/73 era obrigatória.

Caso seja deferida a liminar, há a suspensão do bem objeto dos embargos, porém o processo
principal continua com outros bens. É uma espécie de tutela de evidência.

Mas, se os embargos forem indeferidos liminarmente, não chega a haver a suspensão. Esta
perdura até o julgamento, embora possa ser revogada se no curso dos embargos surgirem
fatos novos que justifiquem a modificação do convencimento do juiz. Caso o processo principal
esteja no tribunal, o juiz não terá poderes para suspender a constrição, cabendo-lhe apenas
comunicar ao relator a interposição dos embargos, para que ele o faça.

Contra a decisão que apreciar a liminar cabe agravo de instrumento.

CITAÇÃO - Art. 677, §3º do CPC/15

Citação na pessoa do advogado do embargado nos autos principais, e, se não tiver advogado,
será feita a citação pessoal.

Observação: não se exige que a procuração tenha expressamente o poder de citação, pois a
lei já autoriza.

RESPOSTA DO RÉU E O RESTANTE DO PROCEDIMENTO - Art. 679 e ss do CPC/15

O prazo de contestação é de quinze dias, nos termos do art. 679 do CPC, aplicando-se o
disposto nos arts. 180, 183 e 229 do CPC.

Não se admite reconvenção, dadas as peculiaridades do procedimento. Parece-nos, ainda, não


ser cabível intervenção de terceiros, com exceção da assistência, dada a finalidade da ação,
que visa apenas desconstituir constrição determinada em outro processo.

Após a resposta, o procedimento é o comum. Se houver contestação, e for necessária a


produção de provas em audiência, o juiz designará data para sua realização. Do contrário,
procederá ao julgamento antecipado do mérito. Caso seja designada audiência de instrução e
julgamento, poderão ser arroladas, no prazo fixado pelo juiz, as testemunhas, observadas as
regras do art. 357, § 4º, do CPC. O autor poderá arrolar novas, porque o rol da petição inicial
era daquelas que seriam ouvidas na justificação prévia. Embora a lei não o mencione
expressamente, é admissível a produção de prova pericial nos embargos de terceiro. Não há
nenhum tipo de restrição a provas.

SENTENÇA.

Tem eficácia desconstitutiva (constitutiva negativa) e mandamental, isso significa que ela
desfaz, vai tornar sem efeito, uma constrição que foi determinada por uma outra ação judicial. A
constrição será anulada e desfeita, com a manutenção, reintegração, se for o caso. Sem
necessidade de uma outra fase de cumprimento de sentença.

Cognição é exauriente, juiz analisa todas as provas, mas com corte horizontal, limitando as
matérias que podem ser alegadas pelo embargado, no caso do credor com garantia real (art.
680 do CPC/15) nesses casos, ele pode só alegar o que está expresso no artigo:

(a) que o devedor comum é insolvente.


(b) que o título é nulo ou não obriga terceiro
(c) que outra coisa é dada em garantia.
Súmula 195 do STJ: Em embargos de terceiro não se anula ato jurídico, por fraude contra
credores.
Observação: isso precisa de uma ação própria. Fraude contra credores, precisa de uma ação
pauliana.

Se for fraude à execução é admissível a discussão nos embargos, pois não se trata de ação
própria (ação paulina) mas de ato atentatório à dignidade da justiça (774, I). ALUNO FALOU
QUE PODIA E TROUXE A DISCUSSÃO EM SALA:- 0307834-70.2018.8.24.0045 – a princípio
é cabível mas o alienante precisa participar.

Com a discussão em sala, o professor localizou que a literatura defende a superação da


súmula pelo CPC/15, ante arts. 679 e 343, §3º. (REsp 1.578.848 - 19-6-2018 e, ainda,
Enunciado CJF 133).

Mas admissível discussão acerca da fraude à execução, pois aqui não se trata de tema que
exija ação própria (ação pauliana), mas de ato atentatório à dignidade da justiça (art. 774, I).

Tema repetitivo 872 do STJ: Nos Embargos de Terceiro cujo pedido foi acolhido para
desconstituir a constrição judicial, os honorários advocatícios serão arbitrados com base no
princípio da causalidade, responsabilizando-se o atual proprietário (embargante), se este não
atualizou os dados cadastrais. Os encargos de sucumbência serão suportados pela parte
embargada, porém, na hipótese em que esta, depois de tomar ciência da transmissão do
bem, apresentar ou insistir na impugnação ou recurso para manter a penhora sobre o bem
cujo domínio foi transferido para terceiro.
Observação: atual proprietário não atualizou os dados cadastrais, os honorários advocatícios
serão arbitrados com base no princípio da causalidade e ele vai pagar, mesmo tendo
procedência nos embargos, pois ele que deu causa ao processo (se tivesse atualizado os
dados, não teria sido penhorado o bem) – no caso de desconstituir a constrição judicial.

8- OPOSIÇÃO

CPC/73: era forma de intervenção de terceiro, hoje é um procedimento especial.

Crítica: única peculiaridade é a citação na pessoa do advogado com prazo comum para defesa,
ou seja, desnecessidade de ser um procedimento especial apenas para isso (683, p único).

Quem pretender, no todo ou em parte, a coisa ou o direito sobre que controvertem autor e réu
poderá, até ser proferida a sentença, oferecer oposição contra ambos.É demanda em que o
terceiro vem apresentar ao juízo uma pretensão que choca com o interesse do autor e do réu
em outro processo perante aquele juiz. Ou seja, terceiro fala: nem autor e nem réu estão
certos, eu que estou.

O autor (opoente) constitui um litisconsórcio passivo necessário simples (não unitário) contra
autor e réu do processo originário.

ESPÉCIES.

(a) Oposição interventiva: antes da audiência de instrução e julgamento


(b) Oposição autônoma: após o início da audiência de instrução e julgamento e antes da
sentença.
Neste caso tem a suspensão do processo originário ao fim das provas, salvo se a instrução
única for medida mais célere. Art. 685 p. único do CPC.

Seja apresentada antes ou depois do início da audiência de instrução, a oposição será


distribuída por dependência e autuada em apenso. A inicial deve preencher os requisitos dos
arts. 319 e 320 do CPC. O juiz determinará a citação dos opostos, que são os autores e os
réus da ação. Apesar do litisconsórcio, em que os procuradores serão diferentes, já que atuam
em polos opostos na ação principal, o prazo de contestação é de quinze dias. Não se aplica o
art. 229 do CPC por força da regra específica do art. 683, parágrafo único, que prevalece sobre
a regra geral. Mas, como tal dispositivo é específico para contestação (resposta do réu), o
prazo dos opostos será em dobro para os demais atos.

São apensados e julgados conjuntamente, sentença única.

Cabendo ao juiz decidir simultaneamente a ação originária e a oposição, desta conhecerá em


primeiro lugar: a oposição é prejudicial com relação ao originário, a qual deve ser apreciada
antes da principal.

PROCESSOS E PROCEDIMENTOS QUE CABEM

A oposição é própria do processo de conhecimento, porque só neste haverá um julgamento em


favor de alguma das partes, que o opoente tentará impedir, procurando obter uma decisão
favorável a si. Não cabe oposição em processo de execução.

Dentre os processos de conhecimento, só caberá oposição naqueles que sigam o


procedimento comum, ou especial que se converta em comum após a citação.

9- HABILITAÇÃO

Objetivo: Nos arts. 687 a 692 o CPC trata do processo de habilitação, que tem por finalidade
promover a sucessão do autor e do réu que vêm a falecer no curso do processo. Só se justifica
se o falecimento tiver ocorrido durante o processo. Não se o precedeu ou é posterior a seu
término.

Em casos de ação intransmissível, por sua natureza, não pode ocorrer a habilitação, a solução
é a extinção do feito. Ex: divórcio, pedido de medicamentos, alimentos.

Não há substituição processual, que consiste na possibilidade de alguém ir a juízo em nome


próprio para postular ou defender direito alheio. O que ocorre é a transmissão dos direitos e
obrigações ao espólio ou aos herdeiros, de forma que eles vão a juízo não para defender o
direito alheio, mas o adquirido por sucessão. Trata-se de verdadeira sucessão processual. O
espólio ou os herdeiros sucedem o de cujus em todos os direitos e obrigações por ele
deixados, e nas posições processuais que ocupava, nos processos em andamento.

LEGITIMIDADE.

O art. 688 do CPC atribui legitimidade ativa à parte, em relação aos sucessores do falecido, e
aos sucessores do falecido, em relação à parte. A lei permite que a habilitação seja requerida
pela parte contrária, ou pelos próprios sucessores do de cujus. Por exemplo, se falece o réu,
pode o autor propor a habilitação para requerer sua sucessão pelo espólio ou herdeiros, ou
podem os próprios herdeiros do de cujus ajuizar a habilitação, para poder assumir o polo
passivo. Tanto a parte contrária quanto os sucessores do falecido podem ter interesse em dar
continuidade ao processo, regularizando o polo em que figurava o de cujus. (Art. 110 do
CPC/15).

Regra geral: ocorre nos próprios autos. Proceder-se-á à habilitação nos autos do processo
principal, na instância em que estiver, suspendendo-se, a partir de então, o processo. (Art. 689
do CPC/15).

PROCEDIMENTO.

(1) Petição notícia o óbito: Cuidará o autor da habilitação de descrever o ocorrido,


comprovando o falecimento e a qualidade dos herdeiros ou sucessores. O
requerimento será entranhado nos autos do processo em curso, no qual ocorreu o
falecimento.
(2) Suspensão do processo (art. 689 CPC/15).
(3) Citação e defesa em 5 dias (art. 690 caput e §único do CPC/15): citação através do
advogado constituído, ainda que sem poderes na procuração.
(4) Decisão a respeito (art. 691 do CPC/15) juiz decide de forma imediata acerca da
habilitação, salvo se houver discordância e precisar de dilação probatória diversa da
documental, normalmente é um exame de DNA ou prova testemunhal.

Petição e contestação devem se cingir à questão da sucessão processual, não adianta


agora falar da pretensão do processo, apenas sucessão processual.

Havendo necessidade de dilação, terá um incidente em apartado (art. 691 do CPC/15).

Se houver necessidade de instrução processual, vai para o procedimento comum, diante


do silêncio do CPC a respeito. CPC/73 falava que ia ao procedimento cautelar mas hoje
não existe mais este procedimento.

Transitada em julgado a sentença de habilitação, o processo principal retomará o seu


curso, e cópia da sentença será juntada aos autos respectivos (Art. 692 do CPC/15).

10- AÇÕES DE FAMÍLIA

Art. 693. “As normas deste Capítulo aplicam-se aos processos contenciosos de divórcio,
separação, reconhecimento e extinção de união estável, guarda, visitação e filiação”.

Enunciado 72 FPPC: O rol do art. 693 não é exaustivo, sendo aplicáveis os dispositivos
previstos no Capítulo X a outras ações de caráter contencioso envolvendo o Direito de
Família.

Observações: (importante ler as leis)

(a) Lei de Alimentos: lei 5.478/68.


(b) Alimentos gravídicos: lei 11.804/08.

ESFORÇO INTENSIFICADO PARA SOLUÇÃO CONSENSUAL - Art. 694 do CPC/15

Nas ações de família, todos os esforços serão empreendidos para a solução consensual da
controvérsia, devendo o juiz dispor do auxílio de profissionais de outras áreas de conhecimento
para a mediação e conciliação.

A requerimento das partes, o juiz pode determinar a suspensão do processo enquanto os


litigantes se submetem a mediação extrajudicial ou a atendimento multidisciplinar.

Enunciado 187 do FPPC: (arts. 649, 165, § Enunciado 639 do FPPC: arts. 695 e 334,
2º, 166) No emprego de esforços para a §4º, II) O juiz poderá, excepcionalmente,
solução consensual do litígio familiar, são dispensar a audiência de mediação ou
vedadas iniciativas de constrangimento ou conciliação nas ações de família, quando
intimidação para que as partes conciliem, uma das partes estiver amparada por medida
assim como as de aconselhamento sobre o protetiva.
objeto da causa. (Ninguém pode ser
obrigado a realizar acordo).

CITAÇÃO.

Citação para audiência de conciliação/mediação. Citação somente mandado, sem cópia da


petição, apenas data de audiência (art. 695, §1º do CPC/15), tal ato fica prejudicado ante
processo eletrônico, pois as partes possuem a chave eletrônica do processo.

A princípio o mandado não teria a petição, para a parte contrária não ler e ficar com raiva e não
querer fazer acordo em audiência, porém, como dito, isso ficou prejudicado com o processo
eletrônico.
Citação com antecedência de 15 dias (quando no procedimento comum a citação deverá ser
feita com antecedência de vinte dias).

“Na pessoa do réu” (art. 685, §3º do CPC/15). Fica o questionamento se é impossível por
procurador ou por hora certa.

Nas “ações de estado” (político/familiar/cap civil) não pode ser por meio eletrônico ou ofício (art.
247, I do CPC/15)

Assistência de advogado é obrigatória em audiência (art. 695 §4º CPC/15)

Infrutífero acordo, segue procedimento comum (art. 687 CPC/15).

MINISTÉRIO PÚBLICO.

Atua quando há incapaz (art. 178, II CPC/15) e se tiver violência doméstica contra a mulher.

Previsão no Estatuto do Idoso (art. 74, II): O Ministério Público também atua em ações judiciais
com direito ao idoso em condição de risco, não é qualquer idoso, é aquele que está em
condição de risco. Ex: risco financeiro, principalmente acerca da capacidade civil ou residência.

ABUSO OU ALIENAÇÃO PARENTAL.

Art. 699 do CPC/15. Quando o processo envolver discussão sobre fato relacionado a abuso ou
a alienação parental, o juiz, ao tomar o depoimento do incapaz, deverá estar acompanhado por
especialista.

11- AÇÃO MONITÓRIA

É um atalho de um credor que não tem título executivo judicial pronto mas parece que tem
algo que demonstre a existência de um crédito contra alguém. Meio termo da ação de
conhecimento e uma execução. (Aparência do crédito – via facultativa).

Cabível contra Fazenda Pública (art. 700, §6º e Súmula 339 STJ)

OBJETO DA AÇÃO:

A ação monitória pode ser proposta por aquele que afirmar, com base em prova escrita sem
eficácia de título executivo, ter direito de exigir do devedor capaz:

(a) o pagamento de quantia em dinheiro.


(b) a entrega de coisa fungível ou infungível ou de bem móvel ou imóvel.
(c) o adimplemento de obrigação de fazer ou de não fazer.

O CPC atual ampliou as hipóteses. No CPC/73 não tinha obrigação de fazer (entrega de coisa
e adimplemento de obrigação).

Súmula 292 do STJ - A reconvenção é Súmula 282 do STJ - Cabe a citação por
cabível na ação monitória, após a conversão edital em ação monitória.
do procedimento em ordinário.

Observação: vedado o oferecimento de reconvenção à reconvenção.

Enunciado 446 do FPPC: Cabe ação monitória mesmo quando o autor for portador de título
executivo extrajudicial. (O enunciado vai contra o artigo 700 do CPC/15).

DA PROVA.
É indispensável documento escrito, sem força executiva, que embase a monitória; e que seu
objeto seja a entrega de soma em dinheiro, coisa fungível ou infungível, bem móvel ou imóvel
ou o adimplemento de obrigação de fazer ou não fazer. Não há requisitos específicos quanto
aos sujeitos da ação. Ela pode ser ajuizada por, e em face de, pessoas jurídicas ou naturais,
capazes ou incapazes, de direito público ou de direito privado.

Inovação do CPC/15: A prova escrita pode consistir em prova oral documentada, produzida
antecipadamente. Exemplos de documentos admitidos:

Título de crédito prescrito, duplicata sem comprovante de entrega da mercadoria, contrato de


abertura de crédito em conta corrente, instrumento de confissão de dívida não assinado por 2
testemunhas, nota fiscal, etc.

Observação: é bem comum os documentos serem títulos prescritos.

Súmula 233 STJ - O contrato de abertura de Súmula 247 STJ - O contrato de abertura de
crédito, ainda que acompanhado de extrato crédito em conta-corrente, acompanhado do
da conta-corrente, não é título executivo. demonstrativo de débito, constitui documento
hábil para o ajuizamento da ação monitória.

Súmula 299 STJ - É admissível a ação monitória fundada em cheque prescrito.

Dúvida contra a idoneidade da prova documental apresentada pelo autor: juiz intima para o
querendo emendar a inicial, adaptando ao procedimento comum (§5º).

REQUISITOS ESPECÍFICOS DA INICIAL:

(a) Cálculo da importância devida.


(b) Valor atual da coisa reclamada.
(c) Conteúdo patrimonial em discussão ou proveito econômico perseguido. (obrigação de
fazer).

Enunciado 188 FPPC - Com a emenda da inicial, o juiz pode entender idônea a prova e
admitir o seguimento da ação monitória.
Observação: Juiz após a emenda, pode ver que o documento foi o suficiente para continuar
com a ação monitória e não ir para o procedimento comum.

EVIDENTE O DIREITO DO AUTOR - Art. 701 CPC

Sendo evidente o direito do autor, o juiz deferirá a expedição de mandado de pagamento, de


entrega de coisa ou para execução de obrigação de fazer ou de não fazer, concedendo ao réu
prazo de 15 (quinze) dias para o cumprimento e o pagamento de honorários advocatícios de
cinco por cento do valor atribuído à causa.

Alguns relatam ser uma espécie de tutela de evidência, fora dos casos já previstos no Código
de Processo Civil.

Após citações, o réu pode:

(1) Não fazer nada (Estará concluído de pleno direito, o autor tem a possibilidade de seguir
com cumprimento de sentença).
(2) Cumprir a obrigação: fica isento de custas mas deve honorários de 5%, conforme
artigo 701 (no CPC anterior: ficava isento também dos honorários).
(3) Apresenta sua defesa por embargos monitórios (art. 702 do CPC/15)

DEFESA DO RÉU - Art. 702 do CPC/15


Os embargos monitórios:

(a) dispensam garantia.


(b) nele podem ser alegados qualquer matéria cabível no procedimento comum.
(c) se reclamar de excesso, deve apontar o valor que entende correto.
(d) se descumprir o comando do código e a única alegação for sobre o valor, os embargos
serão rejeitados, se houver outra alegação, vai ser analisada, mas aquela não é
conhecida.
(e) a simples oposição dos embargos suspende a eficácia da decisão inaugural até a
sentença de 1º grau, o réu não precisa pedir.

O autor será intimado para responder aos embargos no prazo de 15 (quinze) dias.

Os embargos monitórios são nos mesmos autos (podendo ser apartado, se parciais e o juiz
assim determinar ou seja, é uma obrigação de pagar e o réu reconhece uma parte, assim, irá
continuar o cumprimento do valor incontroverso.

Rejeitados os embargos: O título executivo judicial está constituído, segue o cumprimento de


sentença.

Sentença: recorrível por apelação.

Má-fé: 10% para ambas as partes.

Cabe intervenção de terceiro? Alguns dizem que sim, outros não. Ponto polêmico.

LETRA C – O CPC ATUAL ADMITE A PROVA ORAL DOCUMENTADA PRODUZIDA


ANTECIPADAMENTE.

12- HOMOLOGAÇÃO DO PENHOR LEGAL

O penhor é um direito real de garantia que, em regra, recai sobre bem móvel e consuma-se
com a tradição da coisa, que permanecerá em mãos do credor até a extinção da obrigação.
Sua finalidade é fazer com que a execução da obrigação, em caso de inadimplemento, recaia
preferencialmente sobre o bem. Como direito real, assegura ao seu titular o direito de sequela e
de preferência, em caso de excussão. Tem natureza acessória e extingue-se com a dívida.

O penhor legal não deriva da vontade das partes, de um contrato, mas de determinação do
legislador. Cabe nas hipóteses do art. 1.467 do CC: “São credores pignoratícios,
independentemente de convenção: I – os hospedeiros, ou fornecedores de pousada ou
alimento, sobre as bagagens, móveis, jóias ou dinheiro que os seus consumidores ou
fregueses tiverem consigo nas respectivas casas ou estabelecimentos, pelas despesas ou
consumo que aí tiverem feito; II – o dono do prédio rústico ou urbano, sobre os bens móveis
que o rendeiro ou inquilino tiver guarnecendo o mesmo prédio, pelos aluguéis ou rendas”.
OBJETO.

Definir quais são os bens que recairão no penhor legal, ante o valor da dívida e dos bens.
Exemplo de penhor legal: art. 1.467 CC.

A lei atribui genericamente o penhor, a ação serve para delimitar os bens que formarão
concretamente a garantia.

POSSIBILIDADE DA VIA EXTRAJUDICIAL.

A homologação do penhor legal poderá ser promovida pela via extrajudicial mediante
requerimento, que conterá os requisitos previstos no § 1º do art. 703, do credor a notário de
sua livre escolha. É uma via facultativa, neste caso, se o réu impugnar, procedimento se
judicializa (§3º) Caso contrário, o notário formalizará a homologação do penhor legal por
escritura pública.

Enunciado 73 do FPPC - No caso de homologação do penhor legal promovida pela via


extrajudicial, incluem-se nas contas do crédito as despesas com o notário, constantes do §2º
do art. 703.

REQUISITOS ESPECÍFICOS - Art. 703, §1º do CPC/15

Na petição inicial, instruída com o contrato de locação ou a conta pormenorizada das


despesas, a tabela dos preços e a relação dos objetos retidos, o credor pedirá a citação do
devedor para pagar ou contestar na audiência preliminar que for designada.

A partir da audiência preliminar, segue para o procedimento comum.

DEFESA - Art. 704 do CPC/15.

Só pode alegar (limite horizontal de cognição).

(a) Nulidade.
(b) Extinção.
(c) Não estar a dívida compreendida em lei ou os bens não estão sujeitos a penhor legal.
(d) Alegar ter sido ofertada caução idônea, rejeitada pelo credor (NOVIDADE).

Outra hipótese admitida:

Art. 1.468. A conta das dívidas enumeradas Enunciado 74 FPPC. No rol do art. 704, que
no inciso I do artigo antecedente será enumera as matérias de defesa da
extraída conforme a tabela impressa, prévia homologação do penhor legal, deve-se incluir
e ostensivamente exposta na casa, dos a hipótese do art. 1.468 do Código Civil, não
preços de hospedagem, da pensão ou dos tendo o CPC revogado o citado dispositivo.
gêneros fornecidos, sob pena de nulidade do
penhor. “I -os hospedeiros, ou fornecedores Comentário: Se houver disparidade entre o
de pousada ou alimento, sobre as bagagens, valor publicizado pelo hospedeiro e o valor
móveis, jóias ou dinheiro que os seus que ele ta cobrando, o artigo permite
consumidores ou fregueses tiverem consigo alegação de nulidade.
nas respectivas casas ou estabelecimentos,
pelas despesas ou consumo que aí tiverem
feito”.

EFEITOS DA SENTENÇA - Art. 706 do CPC/15

(1) Procedência do pedido inicial: consolidar a posse do bem em nome do autor, deixando
de ter posse precária para a definitiva.
(2) Improcedência: o objeto será entregue ao réu, ressalvado ao autor o direito de cobrar a
dívida pelo procedimento comum, salvo se acolhida a alegação de extinção da obrigação.

Contra a sentença caberá apelação, e, na pendência de recurso, poderá o relator ordenar que
a coisa permaneça depositada ou em poder do autor.

13- REGULAÇÃO DE AVARIA GROSSA - art. 707 do CPC/15

Avaria: instituto de direito material, previsto no código comercial – comércio marítimo (Artigo
761 e ss do código comercial).

Avaria é todo dano ou despesa do transporte marítimo.

ESPÉCIES.

(a) Simples ou particulares (art. 766 do código comercial): custos suportados pelo dono do
navio ou dono da carga que sofreu o dano.
(b) Grossas ou comuns (art. 764 do código comercial): custos suportados
proporcionalmente entre o dono do navio, contratante do frete e o dono da carga (art.
673 do Código Comercial). Normalmente são fatos extraordinários.

Diferença fundamental: A espécie simples é decorrida do tempo. As grossas derivam de


providências adotadas pela tripulação para proteger a embarcação e minimizar danos.

OBJETIVO.

O cálculo das avarias e quem deve arcar com ela proporcionalmente, é uma ação dúplice.

Somente se examina a questão dos custos (cognição parcial).

PETIÇÃO INICIAL.

Deve constar os documentos que configuram a avaria grossa, com registro de bordo,
ratificação de eventual protesto marítimo.

Recebida a inicial:

(1) Juiz nomeia um regulador com notório conhecimento ou as partes podem eleger. O
regulador declarará justificadamente se os danos são passíveis de rateio na forma de
avaria grossa e exigirá das partes envolvidas a apresentação de garantias idôneas
para que possam ser liberadas as cargas aos consignatários.

Se o consignatário não apresentar garantia idônea a critério do regulador, este fixará o valor da
contribuição provisória com base nos fatos narrados e nos documentos que instruírem a
petição inicial, que deverá ser caucionado sob a forma de depósito judicial ou de garantia
bancária.

Recusando-se o consignatário a prestar caução, o regulador requererá ao juiz a alienação


judicial de sua carga na forma dos arts. 879 a 903.É permitido o levantamento, por alvará, das
quantias necessárias ao pagamento das despesas da alienação a serem arcadas pelo
consignatário, mantendo-se o saldo remanescente em depósito judicial até o encerramento da
regulação - Dar um caráter mais célere.

Enunciado 75 FPPC - (art. 707) No mesmo ato em que nomear o regulador da avaria
grossa, o juiz deverá determinar a citação das partes interessadas.
(2) A parte que não concordar com o regulador quanto à declaração de abertura da avaria
grossa deverá justificar suas razões ao juiz, que decidirá no prazo de 10 (dez) dias.
(3) As partes deverão apresentar nos autos os documentos necessários à regulação da
avaria grossa em prazo razoável a ser fixado pelo regulador.
(4) O regulador apresentará o regulamento da avaria grossa no prazo de até 12 (doze)
meses, contado da data da entrega dos documentos nos autos pelas partes, podendo
o prazo ser estendido a critério do juiz.

Oferecido o regulamento da avaria grossa, dele terão vista às partes pelo prazo comum de 15
(quinze) dias, e, não havendo impugnação, o regulamento será homologado por sentença.

Havendo impugnação ao regulamento, o juiz decidirá no prazo de 10 (dez) dias, após a oitiva
do regulador.

14- RESTAURAÇÃO DE AUTOS

Objetivo de repor o caderno processual que foi desaparecido. Diminuiu muito com o processo
eletrônico, que é mais seguro, mas é possível Ex: hacker.

INICIATIVA.

Da parte, Ministério Público ou o Juiz de ofício. (art. 712 do CPC/15).

PETIÇÃO INICIAL - Art. 713 do CPC/15

Na petição inicial, declarará a parte o estado do processo ao tempo do desaparecimento dos


autos, oferecendo:

(a) certidões dos atos constantes do protocolo de audiências do cartório por onde haja
corrido o processo.
(b) cópia das peças que tenha em seu poder.
(c) qualquer outro documento que facilite a restauração.

LEGITIMIDADE PASSIVA.

A parte contrária no processo original (desaparecido). Nada impede que o réu que entre, ai o
autor de lá, seja réu aqui.

PROCEDIMENTO - Art. 714 do CPC/15.

A parte contrária será citada para contestar o pedido no prazo de 5 (cinco) dias, cabendo-lhe
exibir as cópias, as contrafés e as reproduções dos atos e dos documentos que estiverem em
seu poder.

Se a parte concordar com a restauração, lavrar-se-á o auto que, assinado pelas partes e
homologado pelo juiz, suprirá o processo desaparecido.

Se a parte não contestar ou se a concordância for parcial, observar-se-á o procedimento


comum. O silêncio não significa concordância.

MOMENTO DA PERDA DOS AUTOS - Art. 715 do CPC/15.

Se a perda dos autos tiver ocorrido depois da produção das provas em audiência: o juiz, se
necessário, mandará repeti-las.

Serão inquiridas as mesmas testemunhas, que, em caso de impossibilidade, poderão ser


substituídas de ofício ou a requerimento.

Não havendo certidão ou cópia do laudo, far-se-á nova perícia, sempre que possível pelo
mesmo perito.
Não havendo certidão de documentos, esses serão reconstituídos mediante cópias ou, na falta
dessas, pelos meios ordinários de prova.

Os serventuários e os auxiliares da justiça não podem eximir-se de depor como testemunhas a


respeito de atos que tenham praticado ou assistido.

Se o juiz houver proferido sentença da qual ele próprio ou o escrivão possua cópia, esta será
juntada aos autos e terá a mesma autoridade da original.

Enunciado 76 FPPC - Localizados os autos originários, neles devem ser praticados os atos
processuais subsequentes, dispensando-se a repetição dos atos que tenham sido ultimados
nos autos da restauração, em consonância com a garantia constitucional da duração
razoável do processo (CF/88, 5º, LXXVIII) e inspiração no art. 964 do Código de Processo
Civil Português.

PROCEDIMENTOS ESPECIAIS CONTENCIOSOS EM LEGISLAÇÕES EXTRAVAGANTES:

1- AÇÃO DE DESPEJO – Lei 8.245/91 (cai em provas a lei)

Tripla função.

Rescindir o contrato de Retomar a posse direta do bem Cobrar aluguéis eventualmente


locação. locado. em atraso e outras verbas (+
verbas pendentes) - E. 505 FPPC

Enunciado 505 FPPC - (art. 323; Lei 8.245/1991) Na ação de despejo cumulada com
cobrança, julgados procedentes ambos os pedidos, são passíveis de execução, além das
parcelas vencidas indicadas na petição inicial, as que se tornaram exigíveis entre a data de
propositura da ação e a efetiva desocupação do imóvel locado. (Grupo: Impacto nos Juizados e
nos procedimentos especiais da legislação extravagante).

Em caso de abandono do imóvel pelo inquilino, pode continuar porque tem uma tríplice função.

Ação de despejo para uso próprio pode ser ajuizada no JEC.

Enunciado 513 FPPC - (art. 356; Lei 8.245/1991) Postulado o despejo em cumulação com
outro(s) pedido(s), e estando presentes os requisitos exigidos pelo art. 356, o juiz deve julgar
parcialmente o mérito de forma antecipada, para determinar a desocupação do imóvel
locado. (Grupo: Impacto nos Juizados e nos procedimentos especiais da legislação
extravagante).

Art. 356. O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou mais dos pedidos formulados ou
parcela deles:

(a) mostrar-se incontroverso.


(b) estiver em condições de imediato julgamento, nos termos do art. 355. (Não houver
necessidade de outras provas, o réu for revel e não houver requerimento de prova).

Rito ordinário: Procedimento comum, com modificações da lei específica. - Art. 5: Seja qual for
o fundamento do término da locação, a ação do locador para reaver o imóvel é a de despejo. O
disposto neste artigo não se aplica se a locação termina em decorrência de desapropriação,
com a imissão do expropriante na posse do imóvel”.

LEGITIMIDADE.

(a) Ativa: O locador do imóvel.


(b) Passiva: Inquilino, fiador.

TUTELA DE EVIDÊNCIA.

A liminar é uma espécie de tutela de evidência.

Observação: “purgar a mora” (pagar o que deve).

PERDAS E DANOS.

É cabível a cumulação com perdas e danos.

DA PREFERÊNCIA.

O Locatário tem direito de preferência de compra em iguais condições: ser notificado e tem um
prazo para se manifestar.

Art. 27. No caso de venda, promessa de venda, cessão ou promessa de cessão de


direitos ou dação em pagamento, o locatário tem preferência para adquirir o imóvel locado,
em igualdade de condições com terceiros, devendo o locador dar - lhe conhecimento do
negócio mediante notificação judicial, extrajudicial ou outro meio de ciência inequívoca.

Parágrafo único. A comunicação deverá conter todas as condições do negócio e, em


especial, o preço, a forma de pagamento, a existência de ônus reais, bem como o local e
horário em que pode ser examinada a documentação pertinente.

Art. 28. O direito de preferência do locatário caducará se não manifestada, de


maneira inequívoca, sua aceitação integral à proposta, no prazo de trinta dias.

ERA A LETRA A ALTERNATIVA MAS A QUESTÃO FOI ANULADA.POIS A LEI FALA EM COMPETÊNCIA
TERRITORIAL.
2- RECUPERAÇÃO JUDICIAL E FALÊNCIA

COMPETÊNCIA.

Do juízo do local do principal estabelecimento do devedor ou da filial de empresa que tenha


sede fora do Brasil (art. 3º, LF). (critério do volume de operações).

PARTICIPAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO.

Obrigatória (52, V; 99, XIII; 167-A, § 5º).

PREVENÇÃO.

Juízo falimentar fica prevento; e todas as ações e execuções contra o falido devem ser
reunidas, no mesmo juízo, ressalvados os créditos trabalhistas, fiscais e demandas ilíquidas
(76, 6º, § 1º, LF) (vis attractiva – força atrativa). O devedor pode pedir recuperação judicial
diretamente, ou no prazo da defesa em processo de falência (art. 95)

LINHAS GERAIS DO PROCEDIMENTO.

(a) Petição inicial: instruída conforme art. 51.


(b) Juiz pode nomear perito para constatação da empresa (51-A), inclusive de forma
liminar, sem ciência da parte contrária (§ 3º).
(c) Deferimento do processamento: nomeia-se um administrador (52, I); suspendem-se as
ações contra a recuperanda, com exceções (52, III); editais (§ 1º).
(d) Apresentação do plano, em 60 dias (53).
(e) Manifestação dos credores, em 30 dias (55).
(f) Se há oposição ao plano, juiz convoca assembleia geral dos credores (56).
(g) Sem oposição, ou rejeitada pela assembleia, o juiz defere a recuperação judicial.
(h) cram down: "imposição" de plano não aprovado (58, § 1º)
(i) Vencido o prazo respectivo e cumpridas as obrigações, o juiz extingue o procedimento,
encerrando a rec. judicial (63)
(j) Caso contrário, descumpridas, poderá ser convolada a rec. em falência (73) - ME e
EPP: procedimento simplificado (70).
(k) Possibilidade de recuperação extrajudicial (161)

LEGITIMIDADE ATIVA (Art. 97).

(a) Credor: deve demonstrar condição de empresário e regularidade de suas atividades, e


petição deve estar acompanhada de: (a) títulos executivos e respectivos instrumentos
de protesto para fim falimentar; (b) certidão expedida pelo juízo em que se processa a
execução; ou (c) descrição da prática de atos de falência (94, III), com provas ou meio
de demonstrá-los.
(b) Próprio devedor (autofalência) - art. 105.
(c) Cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou o inventariante.
(d) Cotista ou acionista do devedor na forma da lei ou do ato constitutivo da sociedade.

O réu é citado (exceto autofalência), podendo (art. 98), em 10 dias:

(1) contestar.
(2) depositar o valor total do crédito + acréscimos legais ou;
(3) requerer a recuperação judicial.

No caso de pedido de RJ, a falência fica suspensa, aguardando o juízo de admissibilidade. Se


positivo, a falência perde o objeto, devendo ser extinta por sentença.

Sentença que decreta falência: requisitos e comandos específicos (art. 99).


Art. 100. “Da decisão que decreta a falência cabe agravo, e da sentença que julga a
improcedência do pedido cabe apelação”. (decisão interlocutória de mérito, para parte da
doutrina; art. 99 fala em "sentença"

PROCEDIMENTO DA SEGUNDA FASE:

(a) Arrecadação e avaliação dos bens (108).


(b) Realização de ativo , por meio da venda judicial dos bens (139).
(c) Verificação dos créditos. Nesta fase, admitem-se impugnações e habilitações de
créditos, caso em que os incidentes são autuados em separado e julgados pelo Juiz
(7º).
(d) Composição, publicação e homologação do quadro-geral dos credores (14)
(e) Pagamento dos credores, na proporção da realização dos ativos e observando-se as
ordens de preferências, dada pela classificação legal dos créditos (149).
(f) Concluída a realização de todo o ativo, administrador judicial presta contas, julgadas
pelo juiz (154).
(g) Após o julgamento das contas, administrador apresenta relatório final, “indicando o
valor do ativo e o do produto de sua realização, o valor do passivo e o dos pagamentos
feitos aos credores, e especificará justificadamente as responsabilidades com que
continuará o falido” (155).
(h) Em seguida, processo falimentar é encerrado por sentença (156), da qual cabe
apelação.
(i) Se houver extinção das obrigações do falido (causas do art. 158): sentença declara a
exTnção (159, § 3º).
(j) Dessa sentença, também cabe apelação; e ação rescisória, em caso de sonegação
(159-A).

PROCEDIMENTOS ESPECIAIS DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA

Seria uma administração pública de interesse privado: algumas situações precisam de um


encaminhamento por parte do estado (atuação de agente público) e a lei entendeu por bem
que essa solução deveria ser dita pelo juiz e, então, o que ocorre é a jurisdição voluntária.

Existência de interesse público para solução das questões, vai além do interesse privado.

Não se trata de uma jurisdição propriamente dita, mas uma função administrativa (magistrado
resolver).

Seria um negócio jurídico e não uma lide, com interessados e não parte, com pedido e não
uma ação.
Juiz não está adstrito à legalidade: solução mais conveniente ou oportuna (723§2º) o que não
exige o juiz do dever de fundamentar suas decisões, mas não está “preso” a lei (art. 489, §§1º
e 2° (FPPC 640). – Art. 6 do CPC. – Juiz pode julgar conforme a equidade, mas ele tem que
passar segurança e compreensão do seu entendimento.

Cabe apelação da sentença (art. 724).

Cabível em algumas situações de ofício pelo juiz, exceção ao princípio da inércia.

Não há coisa julgada material, apenas formal: Ou seja, a coisa julgada formal, significa que
naquele processo acabou a discussão, mas a literatura diz que não é formação de coisa
julgada material, o que implica dizer que, se a situação de fato se alterar, a decisão pode ser
revista e proferida uma nova decisão em um outro processo. COISA JULGADA SE DÁ PELO
REBUS SIC STANTIBUS (Sentença se mantém então não se modificar o quadro fático) Ex:
pensão alimentícia, permanece igual o valor, entanto não se alterar a necessidade da criança
ou a possibilidade dos pais.

1) NOTIFICAÇÃO E INTERPELAÇÃO

Inclui o protesto (conforme art. 729 §2º).

Notificação: Cientificar alguém para produção de algum efeito prático ou jurídico, incidente
sobre relação jurídica preexistente entre promovente e promovido. Em suma, informar
outra pessoa acerca de seu propósito. Ex: lei de locações: preferência do imóvel, o locador
notifica o locatário se ele tem essa necessidade de compra do imóvel. Ex: mandado de
segurança.

Interpelação: O autor (interpelante) que quer exigir que o interpelado faça ou deixe de
fazer algo, que considera seu direito. Não quer apenas a ciência, quer que alguém faça ou
deixe de fazer algo. Ex: art. 525 CC (vem nesse caso para demonstrar a mora). Ex2: art.
397 §ú do CC (constituição em mora, relativo à obrigação sem prazo fixado).

Protesto: Documentação residual, que não versa sobre cumprimento de obrigação


(interpelação) e nem notificação. Serve para conservar direito (Ex: protesto que interrompe
prescrição), prevenir responsabilidade (engenheiro que percebe que não estão seguindo a
obra conforme seu projeto) ou ressalvar direito seu (ver exemplo).

Possibilidade de edital (726 §1º) se houver necessidade de conhecimento ao público: juiz


só deixa se for em caráter excepcional (fundada e necessária ao resguardo do direito).

Não há contraditório e citação, e por isso, não tem réu.


Se o notificado/interpelado/protestado discordar, pode formular sua defesa
(contranotificação/contrainterpelação/contraprotesto) em um procedimento distinto.

ESPÉCIE DE CONTRADITÓRIO

Oitiva da parte adversa, se acontecer uma das duas situações dos incisos do artigo abaixo.

Art. 728. O requerido será previamente ouvido antes do deferimento da notificação ou do


respectivo edital:

(a) se houver suspeita de que o requerente, por meio da notificação ou do edital, pretende
alcançar fim ilícito.

(b) se tiver sido requerida a averbação da notificação em registro público.

Deferido e cumprido o ato, os autos serão entregues ao requerente: previsão já superada, pois
hoje temos processos digitais, que estarão a todo momento disponíveis para as partes, ainda
que arquivado. Hoje normalmente se determina o cumprimento e o arquivamento.

2- ALIENAÇÃO JUDICIAL

Art. 730 do CPC/15 - Se não há acordo entre qual bem vai ser alienado, o juiz pode, de ofício,
mandar alienar para leilão. Normalmente ocorre quando o bem é:

(1) De fácil deterioração (perecível ou semovente).


(2) Avariado.
(3) Necessária grande despesa para deixar o bem guardado.

Art. 1.691 CC: Visa a segurança dos incapazes, preservando seus bens. Pode apenas por
prévia determinação do juiz, que se dará por meio da alienação judicial. Ex: portador de
necessidades especiais, que tem desconto para aquisição de veículo automotor e querem
comprar com desconto. Tanto para móveis ou imóveis.

Em se tratando de bem imóvel do menor, a venda será depositada na conta bancária e para
tirar o dinheiro depende de autorização judicial, até que ele complete a maioridade, ressalvadas
situações excepcionais de seu interesse.

Remissão geral as normas gerais da jurisdição voluntária e de forma subsidiária as regras da


alienação executiva (leiloeiro, necessidade de intimação de terceiros, etc. Evitando a nulidade).

Serve o procedimento como forma de vender uma coisa que é indivisível, se existir um
condomínio (art . 504 CC).

Pode ocorrer também no curso de um processo (Ex: inventário) ou um procedimento próprio


para essa finalidade.

Regra geral: alienação por leilão. Todavia, se os interessados forem capazes e concordem,
pode ocorrer a venda direta.

Após o pagamento das despesas e não havendo ônus sobre o bem, o valor pode ser levantado
pelo interessado.

3- AÇÕES DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA AFETAS AO DIREITO DE FAMÍLIA

Divórcio consensual, separação consensual, extinção consensual de união estável, alteração


consensual de regime matrimonial de bens: Procedimento para todos é bem parecido.
Em relação a separação ou divórcio consensual: EC 66/2010 – Prevalece que permanece
existindo separação e divórcio no sistema jurídico pátrio, apenas não há mais necessidade de
prévia separação antes do divórcio (ou seja, possível divórcio direto). Obs: pode decidir se
divorciar no mesmo dia do casamento.

VIA EXTRAJUDICIAL.

Possível pela via extrajudicial, sem nascituro ou filhos incapazes, com advogado ou defensor
público (art. 733 do CPC/15).

Art. 733. O divórcio consensual, a separação consensual e a extinção consensual de união


estável, não havendo nascituro ou filhos incapazes e observados os requisitos legais,
poderão ser realizados por escritura pública, da qual constarão as disposições de que trata o
art. 731 .
§ 1º A escritura não depende de homologação judicial e constitui título hábil para qualquer
ato de registro, bem como para levantamento de importância depositada em instituições
financeiras.
§ 2º O tabelião somente lavrará a escritura se os interessados estiverem assistidos por
advogado ou por defensor público, cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial.
A vontade das partes manifestada no tabelião, já tem força para no caso de partilha de bens, a
parte consiga levantar sua meação ou cota parte, não precisa de um alvará judicial. Isso
também serve para atos de registros, onde foi a averbação do casamento, pode levar a
escritura, para averbar o divórcio.

DA PETIÇÃO INICIAL.

A petição inicial deve ser assinada por ambos os cônjuges em todas as páginas (art. 731
CPC/15). Antes precisava de uma audiência de ratificação de vontade, que hoje pelo CPC/15
foi suprimida.

Petição inicial pode ter:

(a) Descrição dos bens e plano de partilha.


(b) Guarda/visitas/alimentos dos filhos menores.
(c) Alimentos entre cônjuges.
(d) Alteração do nome de um dos cônjuges.

Se os cônjuges não acordarem sobre a partilha dos bens, far-se-á esta depois de homologado
o divórcio, (Art. 731, p. único, CPC/15). E os demais pontos? Poderiam também ficar para o
momento posterior? O professor acredita que sim, pelo divórcio ser um direito potestativo.

Se o Juiz se convence que o acordo não preserva o interesse dos filhos ou cônjuges pode
recusar a homologação (art. 34 §2 da lei 6.565/77 – art. 1.574, p. ú do CC).

A sentença deve ser averbada no Registro Civil e, se houver partilha, no Registro de Imóveis.

AÇÃO DE ALTERAÇÃO DE REGIME DE BENS.

NOVIDADE!!. Segue o mesmo rito acima, mas tem um destaque: presença do MP, mesmo sem
incapaz. Necessidade de expedição de editais (que pode ser substituído por meio alternativo, a
ser sugerido pelos cônjuges). Para evitar prejuízo para terceiros, pois tem possibilidade que um
deles esteja tentando fraudar alguém, por isso a necessidade de publicidade. Efeitos ex nunc.

Art. 734. A alteração do regime de bens do casamento, observados os requisitos legais,


poderá ser requerida, motivadamente, em petição assinada por ambos os cônjuges, na qual
serão expostas as razões que justificam a alteração, ressalvados os direitos de terceiros.

4- TESTAMENTOS E CODICILOS
O Código Civil prevê testamentos ordinários (público, cerrado e particular) e especiais
(marítimo, aeronáutico e militar). E, ainda, o codicilo (arts 1.864 e ss).

O procedimento do CPC (arts 735 a 737) objetiva verificar o cumprimento dos requisitos legais
do testamento. Não há contraposição, há simplesmente a verificação da regularidade do
testamento e não ao conteúdo, cláusulas, etc. (conteúdo seria no inventário).

CERRADO.

O testador ou alguém por ele indicado que redige e, depois, submetido à aprovação do tabelião
(que não lê).

Então, o procedimento tem início quando o testamento é apresentado ao Juiz, o qual verifica se
não existem sinais de violação da carta (art. 735 CPC/15). Basta uma suspeita, para que o Juiz
anule.

Art. 735. Recebendo testamento cerrado, o juiz, se não achar vício externo que o torne
suspeito de nulidade ou falsidade, o abrirá e mandará que o escrivão o leia em presença do
apresentante.

Estando regular, o juiz abre e lavra o termo de abertura do testamento (requisitos do §1 do


735), ouve o Ministério Público e não havendo irregularidades, determina o registramento,
cumprimento e arquivamento do testamento.

Por outro lado, se houver vício, o juiz declara nulidade e nega o cumprimento do testamento.

TESTAMENTO PÚBLICO.

Não tem sigilo e é trazido por qualquer interessado ao juiz, que pede ao juiz que determine o
cumprimento do testamento. No mais, o procedimento é semelhante ao cerrado.

Art. 1.864. São requisitos essenciais do testamento público:


(a) ser escrito por tabelião ou por seu substituto legal em seu livro de notas, de acordo com
as declarações do testador, podendo este servir-se de minuta, notas ou apontamentos;
(b) lavrado o instrumento, ser lido em voz alta pelo tabelião ao testador e a duas
testemunhas, a um só tempo; ou pelo testador, se o quiser, na presença destas e do oficial;
(c) ser o instrumento, em seguida à leitura, assinado pelo testador, pelas testemunhas e pelo
tabelião.
O testamento público pode ser escrito manualmente ou mecanicamente, bem como ser feito
pela inserção da declaração de vontade em partes impressas de livro de notas, desde que
rubricadas todas as páginas pelo testador, se mais de uma.

Art. 1.865. Se o testador não souber, ou não puder assinar, o tabelião ou seu substituto legal
assim o declarará, assinando, neste caso, pelo testador, e, a seu rogo, uma das testemunhas
instrumentárias.

Art. 1.866. O indivíduo inteiramente surdo, sabendo ler, lerá o seu testamento, e, se não o
souber, designará quem o leia em seu lugar, presentes as testemunhas.

Art. 1.867. Ao cego só se permite o testamento público, que lhe será lido, em voz alta, duas
vezes, uma pelo tabelião ou por seu substituto legal, e a outra por uma das testemunhas,
designada pelo testador, fazendo-se de tudo circunstanciada menção no testamento.

PARTICULAR, MARÍTIMO, AERONÁUTICO, MILITAR OU NUNCUPATIVO.

Se destina não a verificar o estado do documento mas sim a confirmação de se os requisitos


formais dos testamentos previstos na lei civil estão presentes, tendo em conta que nessas
modalidades não tem uma intervenção de notário.
O herdeiro, legatário ou testamentário, depois da morte, peticiona ao juízo, com cópia do
testamento, requerendo a publicação em juízo do testamento particular (art. 737 do CPC/15)

Autuado o juiz manda intimar os herdeiros que não requereram a publicação.

Ouvido o Ministério Público e não tendo irregularidades, o juiz confirma o testamento e


determina o cumprimento.

A execução do testamento se dá com o testamenteiro cumprindo-o, junto ao inventário,


prestando as contas e defendendo a posse dos bens do testamentário. É possível seguir o
inventário nos mesmos autos? O professor acha que sim, mas há divergência.

Enunciado 51. Ele vem dizer que podemos desdobrar o procedimento de verificação do
testamento (regularidade) como uma fase judicial, mas verificada, o juiz poderia remeter as
partes para um procedimento extrajudicial se todas as partes forem maiores e concordem.

Enunciado 77. Vai se aplicar quando o inventário já começou, ou seja, em algum momento, as
partes verificaram que estão de acordo e podem finalizar o processo de uma forma mais prática
e barata, que é o extrajudicial. Ou seja, notificam no processo judicial, que irão migrar para o
extrajudicial.

Enunciado 600. Mesma coisa do 51, reafirma com outras palavras.

LETRA B

Obs: REsp n. 1951.456/RS

5- HERANÇA JACENTE

Quando o falecido não deixou testamento, nem herdeiros legítimos conhecidos (1.819 CC).
Deve ocorrer a arrecadação e guarda dos bens (para evitar dissipação), até a vacância ou
entrega ao sucessor (com possibilidade de pagamento de dívidas aos credores, até as forças
da herança cf. 1.821 CC).

Nos casos em que a lei considere jacente a herança, o juiz em cuja comarca tiver domicílio o
falecido procederá imediatamente à arrecadação dos respectivos bens. (Art. 738 CPC/15).

O artigo 739 do CPC/15 diz que fica com um curador, competente para a guarda e
administração e conservação dos bens. O curador tem que cumprir algumas coisas, presentes
no art. 740 CPC/15.

Juiz ou autoridade judicial vai ordenar que o oficial de justiça vá até a residência para fazer
arrecadação e arrolamento dos bens, lavrando-se o auto circunstanciado. Quando o juiz não
puder, manda o oficial com duas testemunhas (art. 740 CPC/15).
Durante a arrecadação, vão ser perguntados para moradores da casa e vizinhos, para obter
informações sobre o falecido, se tem sucessores, outros bens, etc. (art. 740 §3 CPC/15).

Documentos de ordem privada são examinados, de forma reservada, pelo juiz, para empacotar
e lacre. Aparecendo herdeiro, é entregue, em caso de vacância é destruído (art 740 §4
CPC/15).

Possível fazer arrecadação de bens por carta precatória.

Feita a arrecadação é expedido edital, publicado 3x em intervalos de 30 dias, fixando o prazo


de 6 meses (da 1 publicação) para eventuais sucessores se habilitarem (art. 741 CPC/15).

Se tiver sucessor conhecido: citado pessoalmente. Falecido estrangeiro: comunica o


consulado. Admitida a habilitação de sucessor: transforma-se em um inventário (art. 741 §3
CPC/15).

Casos que o juiz pode autorizar alienação.

(a) de bens móveis, se forem de conservação difícil ou dispendiosa.

(b) de semoventes, quando não empregados na exploração de alguma indústria.

(c) de títulos e papéis de crédito, havendo fundado receio de depreciação

(d) de ações de sociedade quando, reclamada a integralização, não dispuser a herança


de dinheiro para o pagamento.

(e) de bens imóveis:

(1) se ameaçarem ruína, não convindo a reparação;

(2) se estiverem hipotecados e vencer-se a dívida, não havendo dinheiro para o


pagamento.

Após 1 ano, contado do primeiro edital de arrecadação dos bens, se nenhum herdeiro se
habilitar, haverá declaração de vacância, por sentença. Após o TJ, os bens passarão para
administração dos entes públicos (art. 743 CPC/15). Isso também ocorre se o juiz negar
alguma habilitação de herdeiro.

Depois disso, o interessado só pode postular a herança por ação própria. (§2)

Art. 1.822 CC: declaração de vacância da herança não prejudicará os herdeiros que
legalmente se habilitarem; mas, decorridos cinco anos da abertura da sucessão, os bens
arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas
respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União quando situados em território
federal.

6- BENS DOS AUSENTES

Proteção dos bens da pessoa que foi declarada ausente, que é a pessoa que desapareceu do
seu domicílio sem deixar representante ou, havendo mandamentário, este não queira ou não
possa continuar a exercer o mandato (art. 744 CPC/15)

Admite-se pedido de autorização judicial, formulado pelo curador, para alienação de bens, para
evitar sua deterioração, nos mesmos moldes da herança jacente, o que modifica é a ordem dos
herdeiros.
Publicação de edital (art. 745 CPC/15). Findo o prazo, os interessados podem pedir sucessão
provisória (§1º) Requerendo a citação dos herdeiros presentes e curador, e, por edital dos
ausentes (§2).

Incidente de abertura de sucessão provisória será encerrado por sentença, a qual determina a
abertura da sucessão definitiva, abrindo-se, então, inventário.

Se o ausente (descendente ou ascendente) comparecer aos autos, no prazo de 1 ano,


contados do 1 edital, quanto durante o inventário, cessam os efeitos da sucessão provisória,
podendo retomar a posse dos bens. Nesse caso, o juiz manda citar os sucessores, Ministério
Público e Fazenda Pública, seguindo-se o procedimento comum (art. 744, §4 CPC/15).

7- COISAS VAGAS

Se destina a tocar um bem móvel achado (art. 746 CPC/15). Tende a destinar a propriedade de
um bem móvel achado.

Apresentado ao juízo ou autoridade judicial, será lavrado auto, com a descrição minuciosa
deste, estado de conservação e as declarações de quem encontrou (descobridor).

Para a tentativa de localização do proprietário é publicado o edital (art. 746 §2 CPC/15).

O prazo para o proprietário reclamar é de 60 dias (art. 1.237 CC). Nesse meio tempo o juiz
nomeia depositário para guarda do bem.

Se o proprietário ou possuidor comparecer: juiz determina devolução.

Ninguém apareceu ou não comprovado o direito é negado o pedido: venda judicial do bem.

O produto da venda é destinado ao Município, reduzindo os gastos e a recompensa de quem


achou. O Município pode destinar ao descobridor, se for bem de pequeno valor (1.237 CC).

Art. 1.237. Decorridos sessenta dias da divulgação da notícia pela imprensa, ou do edital,
não se apresentando quem comprove a propriedade sobre a coisa, será esta vendida em
hasta pública e, deduzidas do preço as despesas, mais a recompensa do descobridor,
pertencerá o remanescente ao Município em cuja circunscrição se deparou o objeto perdido.

8- INTERDIÇÃO

Com alteração no CC pela Lei 13.146/2015, o único caso que temos de incapacidade absoluta
é o menor de 16 anos.

O art. 1.767 do CC, prevê a curatela dos seguintes sujeitos:

(a) aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade.
(incapacidade física (falar, escrever) ou incapacidade mental).
(b) ébrios habituais e viciados em tóxico.
(c) pródigos: dilapidando sua fortuna.

Os deficientes mentais e pessoas sem completo desenvolvimento mental foram revogados).

Já o Estatuto da pessoa com deficiência prevê que a pessoa com deficiência será submetida a
curatela, quando necessário.

A pessoa com deficiência não é incapaz e a curatela pode servir, portanto, para simplesmente
auxiliá-la nos atos negociais do dia a dia, caso não possa praticá-los. Ainda é possível a
tomada de decisão apoiada (1.783-A CC).

Enunciado 640- Essa tomada de decisão apoiada não é cabível se o caso concreto
recomenda a curatela.
Objetivo: nomear curador para auxiliar ou praticar os atos em nome e interesse da pessoa
curatelada.

A curatela, a partir do estatuto da pessoa com deficiência, é medida protetiva extraordinária,


sendo proporcional às necessidades (laudo médico, juiz vê em que atos precisa) e deve ser
temporário, no menor tempo possível (art. 84).

Conforme art. 85 a curatela atinge somente direitos patrimoniais e negociais. Não o próprio
corpo, sexualidade, matrimônio, privacidade, educação, saúde, trabalho e ao voto.

Quanto ao pródigo, só o privará, de sem o curador, praticar atos relacionados ao dinheiro


(emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado e praticar
em geral, atos que não sejam de mera administração) – art. 1.782 CC.

Legitimidade ativa (747 CC).

(a) cônjuge ou companheiro.

(b) parentes ou tutores.

(c) representante da entidade em que se encontra abrigado o interditando.

(d) Ministério Público (somente se há doença mental grave, e demais pessoas não existirem,
não promover ou forem incapazes - regramento no 748 e incisos)

Obs: MP apenas com doença mental grave e as demais pessoas acima não existirem, não
promoverem ou forem incapazes. Art. 748 e incisos.

Interpretação em conjunto com o 1.782: art. 1775 CC. Ordem da curatela:

Na falta do cônjuge ou companheiro, é o curador legítimo o pai ou a mãe; na falta destes, o


descendente que se demonstrar mais apto.

Entre os descendentes, os mais próximos precedem aos mais remotos.

Competência: domicílio do interditando. Até para permitir que o juiz fale diretamente. MP atua
como custos juris – fiscal da ordem jurídica (art. 752, §1º CPC/15)

A pessoa pode vir a juízo, contratar advogado e pedir sua própria interdição, inclusive, depois,
pedir que acabe a interdição, mostrando o porque ela foi interditada e porque não precisa mais
ser. (e. 680, FPPC)

Enunciado 638. A ordem de preferência deve ser observada quando atender o melhor
interesse do curatelado, observando suas necessidades. Juiz pode fundamentar e selecionar
dentro da ordem, quem é a pessoa mais apta para desempenhar esse encargo, inclusive,
atendendo o melhor interesse do curatelado.

DA INICIAL.

Deve descrever os fatos que demonstrem a incapacidade e em que momento ela surgiu (art.
749 CPC/15). Deve estar acompanhada de laudo médico ou explicar a impossibilidade de obter
o laudo (art. 750 CPC/15).

Tutela de urgência: se justificada a urgência (p.u). Geralmente, decorre da necessidade de


movimentar valores e/ou requerer benefícios previdenciários.

Citação: réu citado para comparecer em uma entrevista (art. 751 CPC/15). Juiz vai perguntar
sobre bens, negócios, vida, vontades, preferências... Para ver se a pessoa é capaz ou não.
Tudo gravado. (Ainda que a pessoa não consiga responder, juiz tem que perguntar diretamente
para ela). Juiz vai na casa da pessoa (entrevista in loco), caso a pessoa não consiga se
deslocar ao Fórum (§1).

Poderá ouvir, também, parentes e pessoas próximas (§ 4º).

Feita a audiência, começa o prazo de 15 dias que o entrevistado pode contestar (art. 752
CPC/15).

Se não contestar, a inércia não gera revelia e é nomeado curador especial (art. 752 §2
CPC/15). Prevalece que a falta de nomeação de curador especial (ainda que MP atue no feito
como custos iuris) é causa de nulidade absoluta (há divergência). PREVALECE QUE
PRECISA.

Perícia: após a resposta. Para avaliar capacidade do interditando para praticar atos da vida
civil (geralmente, por psiquiatra).

Poderá ser por equipe multidisciplinar (art. 753, § 1º CPC/15).

Possibilidade de dispensa de perícia? Polêmico. “Prova tarifada”? A redação do artigo é


taxativa, fala que o juiz “determinará” mas nem sempre precisa de perícia, só olhando para
pessoa seria suficiente mas a lei exige a perícia.

Após, pode ser realizada AIJ, se necessário; se não, após manifestações das partes, tem a
sentença.

Sentença que decreta interdição:

1. Nomeia curador (quem melhor possa atender os interesses do curatelado - art. 755, § 1º
CPC/15 - e do incapaz que estava sob guarda dele, se houver - art. 755, § 2º CPC/15)

2. Especifica limites da curatela (exemplo: incapacidade para exercer os atos da vida civil,
como administrar seus bens e valores, celebrar contratos, praticar atos negociais e demandar e
ser demandado judicialmente). Vide art. 1.782 do CC quanto ao pródigo.

3. Considerará as características pessoais do interdito, observando suas potencialidades,


habilidades, vontades e preferências.

Inscrição no Registro Civil (art. 755, § 3º CPC/15).

Efeitos ex nunc; atos anteriores não são nulos, mas anuláveis (compete a quem alega,
demonstrar que naquele tempo existia aquele vício).

Levantamento da curatela: art. 756 CPC/15. Se dá em processo apensado. Vai ter perícia e
AIJ. Pode ser levantamento parcial, se o interdito pode praticar alguns atos (§ 4º).

Legitimidade: todos que podem pedir a interdição + o próprio curatelado (e. 57, CFJ)

9 - ORGANIZAÇÃO E FISCALIZAÇÃO DAS FUNDAÇÕES

Fundação: patrimônio destinado a um fim de interesse público ou social que adquire


personalidade jurídica, na forma da lei civil.

Criada a fundação, cabe ao instituidor ou alguém por ele indicado elaborar o estatuto, com
aprovação prévia do MP (que tem função de fiscalizá-las).

Se ninguém criar o estatuto, pode o MP elaborá-lo (art. 65, CC). Alterações estatutárias
seguem idêntico procedimento

CPC regulamenta, assim, o "requerimento ao juiz" (ação de suprimento) mencionado no art. 65


do CC, aplicando-se quando o interessado discorda:

(a) da negativa do MP.


(b) das modificações determinadas pelo MP, ou

(c) do estatuto elaborado pelo MP (art. 764).

O juiz (além de manter ou reformar a decisão anterior do MP), pode determinar modificações a
fim de adaptá-lo ao objetivo do instituidor (art. 764, § 2º).

CPC prevê, ainda, hipóteses de extinção da fundação, promovida pelo MP ou qualquer


interessado:

(a) Objeto se torna ilícito;


(b) A manutenção se torna impossível.
(c) Prazo de existência vence.

Quarta hipótese: e. 189 FPPC: "O art. 765 deve ser interpretado em consonância com o art. 69
do Código Civil, para admitir a extinção da fundação quando inútil a finalidade a que visa".

10 - AÇÃO DE RATIFICAÇÃO DOS PROTESTOS MARÍTIMOS E DOS PROCESSOS


TESTEMUNHÁVEIS FORMADOS A BORDO

O objetivo deste procedimento especial é dar publicidade adequada e assegurar lisura do


Diário de Navegação (arts. 501 e 504, CCom), dando concretude, desta forma, ao disposto no
art. 505 do mesmo Estatuto.

Dar veracidade e publicidade ao diário de navegação e avaliar sinistros.

Publicidade e lisura do Diário de Navegação podem ser relevantes para proteger direitos da
tripulação e de terceiros, principalmente consignatários das cargas carregadas pela
embarcação, que podem sofrer dano.

Protestos e processos testemunháveis devem ser apresentados ao juiz do 10 primeiro porto,


em 24 horas da chegada da embarcação (art. 766).

Petição inicial conterá (767):

(a) transcrição dos termos lançados no livro Diário da Navegação.


(b) cópias das respectivas páginas
(c) documentos de identificação do comandante e das testemunhas arroladas.
(d) rol de tripulantes: documento de registro da embarcação

Quando for o caso, manifesto das cargas sinistradas e a qualificação de seus consignatários,
traduzidos, se o caso, de forma livre para o português (exceção à regra do art. 192, p. único –
que exige juramentada)

Distribuída com urgência e recebida a inicial, o comandante e as testemunhas (2 a 4) arroladas


nesta peça deverão ser ouvidas, comparecendo à audiência independentemente de intimação
(768)

Se houver necessidade de tradutor, poderá ser trazido pelo próprio autor; se não trouxer, juiz
nomeará (768, § 2º)

E. 79 FPPC: “Não sendo possível a inquirição tratada no art. 768 do CPC sem prejuízo aos
compromissos comerciais da embarcação, o juiz expedirá carta precatória itinerante para a
tomada de depoimentos em um dos portos subsequentes de escala”.

Trata-se de audiência de instrução simplificada, destinada à inquirição das pessoas indicadas


na inicial (consignatários e terceiros interessados).

Se houver ausentes, o juiz nomeará curador, na pessoa do Defensor Público (769 c/c 72, p.
único).
Efetuadas as inquirições, estando o juiz convencido das alegações, proferirá sentença
ratificando as informações constantes do Diário de Bordo, dispensado relatório (770)

Independentemente do trânsito em julgado, os autos respectivos serão entregues ao autor (ou


seu procurador), mediante traslado. (Mais se aplica ao processo físico).

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